roberto schwarz - fim de século

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    Fim de sculo

    Roberto Schwarz

    No comeo da dcada de 60 um crtico observava que no Brasil se faziam filmes que,

    embora tendo pblico numeroso e entusiasta, no eram considerados propriamente cinema pelos

    seus produtores e espectadores. Cinema de verdade era o que nos vinha dos Estados Unidos ou

    talvez da Europa, muito diferente das nossas chanchadas. Cinema era somente o que no

    produzamos, e que valorizvamos de modo alis um tanto subalterno. o que o crtico chamava a

    situao colonial do cinema brasileiro .

    Esta situao tinha prolongamentos tambm na reflexo, a qual com toda naturalidade

    tomava como objeto o cinema-arte, quer dizer, o cinema feito fora. Assim, enquanto o crtico

    americano ou europeu escrevia em dilogo virtual com os diretores dos filmes que comentava, o

    brasileiro no dispunha desta referncia importante. Na ausncia dela no lhe restava seno a

    afirmao das mitologias e manias de um aficionado. Seuverdadeiro interlocutor eram a ignorncia

    do pblico, a estupidez da censura, o mau gosto dos distribuidores, alm da simpatia do grupinho

    dos adeptos. Tratava-se de um bem-engrenado sistema de alienaes, que em palavras do prprio

    crtico imprimia a marca cruel do subdesenvolvimento em todos que se ocupassem do assunto

    durante algum tempo. No era uma ironia fcil, pois quem assim se expressava vinha se ocupando

    de cinema em tempo integral h muitos anos.

    O autor de que falamos Paulo Emilio Salles Gomes, e o escrito em questo foi apresentado

    como contribuio Primeira Conveno Nacional de Crtica Cinematogrfica em 1960.1 Expus

    alguma coisa de seu argumento porque resume com felicidade a situao que o nacionalismodesenvolvimentista queria superar no campo da cultura. Note-se que o divrcio entre aspirao

    cultural e condies locais um trao comum, e quase se diria lgico, da vida em colnias ou ex-1 P. E. Salles Gomes, Uma Situao Colonial ,Arte em Revista, n 1, So Paulo: Kairs, 1981. Ver ainda, do mesmo

    autor, A Criao de uma Conscincia Cinematogrfica Nacional ,Arte em Revista, n 2, So Paulo: Kairs, 1983. A

    publicao mencionada rene uma boa documentao sobre o perodo.

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    colnias. Neste sentido no se tratava de nada novo ou exclusivo ao cinema. Devido sua

    componente industrial, entretanto, este ltimo levaria a reformular aquele divrcio em termos

    atualizados, propcios intervenodeliberada e poltica.

    Posto como objetivo prtico, o desenvolvimento nacional reorganizava o espao da

    imaginao e do pensamento crtico em torno de um eixo interno. Cheia de dificuldades, a relao

    entre asaspiraes de modernidade e a experincia efetiva do pas se tornava umtpico obrigatrio,

    desmanchando o bovarismo endmico e convidando areflexo a tocar terra.No limite tratava-se de

    arrancar a populao aos enquadramentos semicoloniais em que se encontrava, e de traz-la, ainda

    que de forma precria, ao universo da cidadania, do trabalho assalariado e da atividade econmica

    moderna, industrial sobretudo, contrariando o destino agrrio a que o imperialismo como se dizia

    nos forava (o que alis naqueles anos 60 deixara de ser verdade). Isto na tica justificadora e

    como que responsvel do projeto nacional. Com menos simpatia e mais acento nairresponsabilidade e na cegueira, pode-se dizer igualmente que os novos tempos desagregavam

    distncia o velho enquadramento rural, provocando a migrao para as cidades, onde os pobres

    ficavam largados disposio passavelmente absoluta das novasformas de explorao econmica e

    de manipulao populista.

    Afastada de suas condies antigas, posta em situaes novas e mais ou menos urbanas, a

    cultura tradicional no desaparecia, mas passava a fazer parte de um processo de outra natureza. A

    sua presena sistemtica no ambiente moderno configurava um desajuste extravagante, cheio de

    dimenses enigmticas, que expressava e simbolizava em certa medida ocarter pouco ortodoxo do

    esforo desenvolvimentista. Com a sua parte de simpatia e de tolerncia, mas tambm de absurdo e

    de primitivismo, esta mescla do tradicional e do moderno se prestava bem a fazer de emblema

    pitoresco da identidade nacional. Por outro lado certo que o ritmo e a sociabilidade tradicionais

    lanavam por sua vez uma luz crtica sobre as pautas do progresso econmico dito "normal",

    criando a presuno de que nas condies brasileiras a sociedade moderna seria mais cordial e

    menos burguesa que noutras partes. Com a distncia no tempo e a ampliao da perspectiva,

    entretanto, esta mesma mescla sofre mais outra viravolta: deixa de funcionar como emblema

    nacional, para indicar um aspecto comum dasindustrializaes retardatrias, passando a representar

    um traocaracterstico da cena contempornea tomada em seu conjunto.

    Seja como for, o nacionalismo desenvolvimentista armou um imaginrio social novo, que

    pela primeira vez se refere nao inteira, e que aspira, tambm pela primeira vez, a certa

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    consistncia interna: um imaginrio no qual, sem prejuzo das falcias nacionalistas e populistas,

    parecia razovel testar a cultura pela prtica social e pelo destino dos oprimidos e excludos. De

    passagem seja dito que a derrocada posterior das promessas daquele perodo no invalidou ao

    menos no por completo o sentimento das coisas que se havia formado, reflexo agora meio irreal

    de uma responsabilidade histrica, cujas derrotas assinalam outros tantos avanos da nova

    dessolidarizao social.

    Nascido na conjuno de mercado interno e industrializao, o ciclo desenvolvimentista

    adquiriu certo alento de epopia patritica a partir da construo de Braslia; o seu ponto de

    chegada seria a sociedade nacional integrada, livre dos estigmas coloniais e equiparada aos pases

    adiantados. um fato que nas prprias elites existia a convico de que essa trajetria incluiria

    momentos de frico com os interesses norte-americanos. Ocorre entretanto que no incio dos anos

    60 se foi firmando mais outra convico, esta explosiva, segundo a qual a firmeza doantiimperialismo dependia de uma modificao na correlao de fora entre as classes sociais

    dentro do prprio pas. O nacionalismo s alcanaria os seus objetivos se fosse impulsionado pelo

    acirramento da luta de classes. Comeava a radicalizao social que seria cortada em 64 pelo golpe

    militar.

    Noutras palavras, surgia a conscincia de que a explorao de classe interna e as grandes

    desigualdades na ordeminternacional se alimentavam reciprocamente e que era necessrioenxergar

    as duas um conjunto. Pouco tempo depois Glauber Rocha formularia a sua "esttica da fome", na

    qual reivindicaria a feira e misria do Terceiro Mundo, mas para lan-las cara dos cinfilos

    europeus, como parte do mundo deles, ou melhor, como um momento significativo do mundo

    contemporneo, e no mais como um exotismo prprio a regies distantes ou a sociedades

    atrasadas. Por aquelesmesmos anos foi elaborada a Teoria da Dependncia, que estudava ovnculo

    de estrutura entre a ordem mundial e as distintas situaes de subdesenvolvimento. Como se v, foi

    um momento forte de tomada de conscincia contempornea, nacional e de classe, que se traduziu

    por uma notvel desprovincianizao do pensamento. No foi por acaso que o Cinema Novo, a

    Teoria da Dependncia ou a obra de Celso Furtado tiveram a repercusso internacional que tiveram.

    guisa de contraprova, note-se como a perda deste dinamismo devolveu a cultura do pas sua

    irrelevncia tradicional, da qual hoje todos sofremos.

    Com o golpe de 64 a dimenso democratizante do processo chegava a seu fim. Mas no o

    prprio nacionalismo desenvolvimentista, que depois de uma curta interrupo um momento

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    inicial de submisso direta aos interesses norte-americanos voltava e at se intensificava, agora

    sob direo e com caractersticas de direita. A tal ponto que uma frao da intelectualidade, mais

    desenvolvimentista e antiimperialista que democrtica, acompanhou com certa simpatia o projeto

    dos generais de transformar o Brasil numa grande potncia. O ciclo chegou ao fim com os dois

    choques do petrleo, a crise da dvida e sobretudo com os novos saltos tecnolgicos e a

    globalizao daeconomia, que somados levantaram uma muralha e transformaram a paisagem.Nos

    anos 80 ficava claro que o nacionalismo desenvolvimentista se havia tornado uma idia vazia, ou

    melhor, uma idia para a qual no havia dinheiro. Nas novas condies de tecnologia, as inverses

    necessrias para completar a industrializao e a integrao social do pas se haviam tornado to

    astronmicas quanto inalcanveis. O nacional-desenvolvimentismo entrava em desagregao e

    comeava o perodo contemporneo, que para os efeitos deste seminrio poderamos chamar de

    nosso fim-de-sculo .Como estamos entre crticos literrios, interessante notar que a realidade comeava a se

    parecer com a filosofia, no caso, com a terra movedia postulada pelo desconstrucionismo. O

    processo da modernizao, com dinamismo prprio, longo no tempo, com origens e fins mais ou

    menos tangveis, no se completou e provou ser ilusrio. Nestas circunstncias, a desestabilizao

    dos sujeitos, das identidades, dos significados, das teleologias especialidades enfim do exerccio

    de leitura ps-estruturalista adquiriu uma dura vigncia prtica. Assim, o desenvolvimento

    nacional pode no ter sido nem desenvolvimento nem nacional, nem muito menos uma epopia. O

    motor da industrializaopatritica esteve na Volkswagen e os esforos de integrao da sociedade

    brasileira resultaram num quase-apartheid. A burguesia nacional aspirava associao com o

    capital estrangeiro, que lhe parecia mais natural que uma aliana com os trabalhadores de seu pas,

    os quais por sua vez tambm prefeririam as empresas de fora. O que parecia acumulao se perdeu

    ou no serviu aos fins previstos. A verificao recproca e crtica entre as culturas tradicional e

    moderna no se deu, ou melhor, deu-se nos termos lamentveis dasconvenincias do mercado. Etc.

    etc.

    Entre parntesis, no custa observar que as idias de Derrida chegaram ao Brasil antes que

    se instalasse esse clima. Recordo um ensaio do amigo Silviano Santiago, aqui presente, que data de

    1971, cujo horizonte ainda era outro, anterior desmobilizao, e alis bastante pior. Naquela

    oportunidade a desconstruo servia como objeo ao paroxismo autoritrio da ditadura, assim

    como rigidez da esquerda envolvida na luta armada, alm de incluir um ligeiro toque de

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    reivindicao latino-americanista, quando questiona o primado do centro sobre a periferia, o que

    talvez fosse um modo paradoxal de dar continuidade aonacionalismo do perodo anterior.2 Silviano

    me corrigir se for o caso.

    Voltando contudo ao argumento, a desintegrao do projeto desenvolvimentista deixou por

    terra um conjunto impressionante de iluses. Procurei indicar a afinidade que existe entre esta

    desautorizao macia de uma experincia histrica e o teor de ambigidade que a nova crtica

    injetou nas categorias histricas tradicionais. Tanto que a desconstruo filosfica, apesar do

    esoterismo, chega a se parecer a uma descrio vulgarmente emprica da atualidade e de seus

    equvocos e desenganos contemporneos. Contudo basta pensar um pouco mais concretamente

    naquela desintegrao para lhe notar a materialidade prtica, um peso de catstrofe real que no se

    compagina com o estatuto apenas discursivo da crtica filosfica e deseu objeto.

    Assim, por exemplo, o desenvolvimentismo arrancou populaes a seu enquadramentoantigo, de certo modo as liberando, para as reenquadrar num processo s vezes titnico de

    industrializao nacional, ao qual a certa altura, ante as novas condies de concorrncia

    econmica, no pde dar prosseguimento. J sem terem para onde voltar, estas populaes se

    encontram numa condio histrica nova, de sujeitosmonetrios sem dinheiro, ou de ex-proletrios

    virtuais, disponveis para a criminalidade e toda sorte de fanatismos. Passando ao esforo nacional

    de acumulao, o que se v so sacrifcios fantsticos para instalar usinas atmicas que nunca iro

    funcionar, estradas que no vo a parte alguma, ferrovias imensas entregues ferrugem,

    edificaes-fantasma que entretanto no se desmancham com as iluses ou negociatas que as

    tiraram do nada. Que fazer com elas? Inclusive o crescimento da universidade pode ser visto em

    termos anlogos. Digamos ento que os resultados dailuso so fatos sociais efetivos.

    Um estudioso alemo da modernizao, Robert Kurz, de quem tomamos emprestado as

    frmulas, os argumentos eexemplos do pargrafo anterior, chama ps-catastrficas as sociedades

    que se mobilizaram a fundo para o desenvolvimento industrial e no o conseguiram viabilizar.3 O

    colapso da modernizao , que consiste exatamente na seqncia de arregimentao profunda e

    fracasso, para o autor j um fato nestas sociedades, ao passo que a normalidade passou a no ser

    mais que um verniz. Noutras palavras, a falncia do desenvolvimentismo, o qual havia revolvido a

    sociedade de alto a baixo, abre um perodo especfico, essencialmente moderno, cuja dinmica a

    2 Silviano Santiago, "O entre-lugar do discurso latino-americano", in Uma Literatura nos Trpicos, So Paulo:Perspectiva, 1978.3 Robert Kurz, O Colapso da Modernizao, So Paulo, Paz e Terra, 1992.

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    desagregao. Se for assim, o que est na ordem do dia no o abandono das iluses nacionais,

    mas sim a sua crtica especificada, o acompanhamento de sua desintegrao, a qual um dos

    contedos reais emomentosos de nosso tempo.

    Considerada deste ngulo, alis, a desintegrao nacional no umaquesto nacional, e sim

    um aspecto da inviabilizao global das industrializaes retardatrias, ou seja, da impossibilidade

    crescente, para os pases atrasados, de se incorporarem enquanto naes e de modo socialmente

    coeso ao progresso do capitalismo. As fragmentaes locaisso o avesso do avano contemporneo

    e de seu curso cada vez mais destrutivo e unificado. (Assim, o discurso desconstrucionista sobre os

    preconceitos e enganos embutidos na idia abstrata de nao tem pouca relevncia e passa

    margem do processo efetivo. A presente desintegrao nacional uma realidade material da

    histria contempornea, e a distncia que separa as suas condicionantes tcnico-econmicas dos

    trocadilhos filosficos em moda, talvez j ex-moda, pattica).Este prisma tem interesse tambm para o fundo do debate intelectual brasileiro. A partir da

    Independncia, este ltimo deve a sua inspirao tarefa inconclusa da formao nacional, qual

    se vincula o imperativo de participar da modernidade um imperativo com aceitao geral.4 Com o

    ciclo desenvolvimentista a questo adquire as feies de hoje: trata-se de industrializar o pas,

    trazendo a populao rural a formas incipientes de trabalho assalariado e cidadania, de consumo e

    cultura atuais, a fim de equipar-lo ao progresso do mundo. A reflexo a este respeito costuma

    tomar carter diferencial: em quais pontos e por que razes devidas ao passado colonial o pas

    discrepa da norma civilizada? De certa maneira, apesar dos obstculos, o sentimento de

    modernidade correspondente a tal reflexo no muito aflito nem problemtico, pois a

    modernidade no caso se apresenta como estvel, espera e ao alcance da mo, alm de encarnada

    positivamente nas naes que nos servem de modelo. Se j no sculo passado soubemos trocar a

    escravido pelo trabalho mais ou menos livre, nada parece impedir agora que a elite se auto-

    reforme e passe do clientelismo conduta racional, do mandonismo cidadania, da corrupo

    virtude republicana, do protecionismo livre concorrncia etc., quando ento faremos parte digna

    do concerto das naes evoludas.

    Entretanto, se historicizarmos a modernizao, como necessrio, e a tomarmos no como

    coleo de normas abstratas, disposio geral, mas como processo mundial efetivo, com seu

    4 Antonio Candido, "Uma literatura empenhada", inFormao da Literatura Brasileira, So Paulo: Martins, 1969, vol.I.

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    desenho real, onde possivelmente no haja lugar para ns, e muito menos para todos,

    desestabilizamos aquelas esperanas. Contrariamente ao que diz a ideologia como bem observa

    Kurz o mercado no para todos. De passagem fica clara quanto era estreita e provinciana a

    nossa idia de modernizao, para a qual o problema no estava na marcha do mundo, mas apenas

    em nossa posio relativa dentro dela. Se verdade que a modernizao tomou um rumo que no

    est ao alcance de nossos recursos, alm de no criar o emprego e a cidadania prometidos, como

    ficamos? O que pensar dela? O mito da convergncia providencial entre progresso e sociedade

    brasileira em formao (ou latino-americana) j no convence. E se a parte da modernizao que

    nos tocou for esta mesma dissociao agora em curso, fora e dentro de ns? E quem somos ns

    neste processo?

    As sociedades que no alcanaram a integrao moderna so afetadas de modo diferenciado

    pela nova ordem global. No Brasil corremos o risco de ver reprisado o desastre da Abolio,quando os senhores, ao se modernizarem, se livraram dos escravos e os abandonaram sua sorte.

    sabido que o novo padro competitivo, ngreme em face das realidades da vida popular, se compe

    maravilha com o nosso descaso secular pelos pobres. Em seu despreparo , estes esto deixando

    de interessar at como fora de trabalho quase gratuita. Passou o tempo em que incorpor- los

    parecia um imperativo econmico. Diante das novas tendncias estruturais, mais segmentadoras

    que integradoras, com as suas desqualificaes sociais duras e sobretudo o desemprego tecnolgico,

    no ser fcil as elites decidirem e entenderem,at para uso particular, em que consista ser parte de

    um pas ou govern-lo. S por corao cristo ou deformao esquerdista antiga os cidados da

    faixa atualizada, alis policlassista, sentiro afinidade com os que sobraram. O divrcio entre

    economia e nao uma tendncia cujo alcance ainda mal comeamos a imaginar. A pergunta no

    retrica:o que , o que significa uma cultura nacional que j no articule nenhumprojeto coletivo

    de vida material, e que tenha passado a flutuar publicitariamente no mercado por sua vez, agora

    como casca vistosa, como um estilo de vida simptico a consumir entre outros? Essa estetizao

    consumista das aspiraes comunidade nacional no deixa de ser um ndice da nova situao

    tambm da... esttica. Enfim, o capitalismocontinua empilhando vitrias.

    (*) Salvo alguns acrscimos, comunicao apresentada ao colquio sobre "As culturas do fim do sculo na Amrica

    Latina", na Universidade de Yale, em abril de 1994. Tratando-se de um panorama, retomei formulaes de trabalhos

    anteriores. Publicado em Josefina Ludmer (org.), Las culturas de fin de siglo en Amrica Latina, Rosario: Beatriz

    Viterbo Editora, 1994 e republicado em Roberto Schwarz, Seqncias brasileiras, So Paulo: Cia. das Letras, 1999.

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