GUIA DE EPISÓDIOS DO SERIADO DE ANIMAÇÃO MUSSUMET

Miguel Carqueija

MUSSUMET: UMA RESENHA

Miguel Carqueija

Japão, 2004. Produção Machiu Hattori. Supervisor: Kei Arisugawa. Direção: Shigeru Kimiya. História original Juzo Matsuki. “Planning” Ryuzo Shoji.

Personagens e vozes:

Kurenai (Mussumet Vermelha) – Avano Matsumoto

Midori (Mussumet Verde) – Chiaki Ohsawa.

Aoi (Mussumet Azul) – Akiko Kawase

Muresaki (a loura) - Yurika Hino

Nako Seijo (a ruiva) – Miyu Matsuki

Modoki (o ET) – Nana Inove

Yamato Shirai – Kyousei Tsukui

Dr. Kishida – Ken Narita

(as três irmãs Saltomi)

Shion — Atsuko Enomoto

Marcia — Haruko Momoi

Kou — Bakuto

George (mordomo) — Takuma Suzuki

“Dominam os céus, a terra é seu reino e a água é seu elemento.”

(bordão de abertura)

“É uma avião? É um OVNI? Não! São as justiceiras!

(idem)

Em algum momento cairam no Japão meteoritos negros que transformavam pessoas em monstros relacionados com os seus desejos. Um casal de cientistas desenvoveu um projeto para controlar os meteoritos através da organização MET, que após a sua morte ficou a cargo do Dr. Kishida. As três filhas adolescentes, Aoi, Midori e Kurenai, concordaram em utilizar os capacetes de poder contendo meteoritos, trasnformando-se nas Mussumets (mussume = filha + met = capacete ou meteoro, as “filhas dos meteoros” ou “filhas de capacete”), capazes de operar poderes incríveis. Também fazem parte da organização as mulheres Muresaki e Nako (esta, obsecada por dinheiro), o alienígena anão Modoki, vindo de um planeta destruído, e o Sr. Yamato Shirai, cobiçado pelas garotas, inclusive pelas irmãs Shion, Marcia e Kou, que estudam no colégio vizinho e mantém uma pinimba com Midori, Aoi e Kurenai.

“Mussumet” lembra aspectos de Sailor Moon, e até do Super-Homem, não é uma série bem desenhada mas é muito divertida, com aquele charme do animê shojo.

1 — SÓ VOCÊ: UM ARDENTE CORAÇÃO DE MENINA

A história já começa iniciada. O que aconteceu antes — a queda de meteoros, a formação do grupo MET, a chegada do alienígena — tudo vai sendo referido ou relembrado aos poucos e sem explicar muito.

Um avião está em pane nos céus japoneses. Entretanto, é salvo e estacionado por três garotas com uniformes de super-heroínas, dotadas de super-força e poder de voar. Uma traja vermelho,outra verde, outra azul. Elas não ficam para receber agradecimentos, deixando após si o mistério da sua origem.

Mas a verdade é que elas são três irmãs adolescentes e repletas de sonhos românticos que emanam de seus corações sensíveis – os corações de meninas repetidamente mencionados nos títulos dos episódios. Órfãs, são vistas como filhas pelo líder do grupo, o Dr. Kishida, um sujeito meio ridículo, mas o sentimento não é recíproco.

Assim, naquela manhã após o grandioso salvamento, coisas banais acontecem na casa do Dr. Kishida — como as meninas implicarem entre si, ou Kurenai não apreciar a omelete. Mas quando a água falta durante o banho conjunto das meninas, as coisas começam a mudar. É chamado um bombeiro jovem e bonito, Michi, por quem Kurenai imediatamente se apaixona. Depois ele atende no colégio das rivais (Shion, Marcia e Kou). Ansiosa por tê-lo perto Kurenai se transforma em mussumet só para dar um nó no cano do banheiro de seu colégio, gerando o pretexto para chamar Mishi. Aí porém manifesta-se um meteoro negro no encanamento e possui Mishi, transformando-o num grande monstro metálico, destruidor e voador.

As mussumets têm de intervir; Kurenai porém sente grande repugnância em lutar contra o monstro, por saber que ele é de fato o Mishi, por quem ela se apaixonou instantâneamente.

Após as dificuldades iniciais as três garotas obtém sucesso unindo os seus poderes, conseguindo “desencantar” Mishi. As bolas de energia que elas lançam partem de seus corações, como é comum nesses animês

“shojo”; passa-se a mensagem de que o verdadeiro poder vem de dentro, da força de caráter e dos bons sentimentos.

Também é interessante a maneira como o início se une com o final. No princípio do episódio a doce Kurenai rejeita a omelete; no fim, no dia seguinte, melancólica porque Mishi lhe revelara ser casado, ela come silenciosamente a mesma comida — enquanto uma lágrima rola em seu rosto.

2 – TINJA-ME COMO QUISER: UM DELICADO CORAÇÃO DE MENINA

A equipe Met rastreia um meteorito amarelo. O espalhafatoso, vaidoso e depressivo Kishida fica forçando as mussumets a buscarem a pedra já tarde da noite, até que elas se cansam e recusam continuar. Midori, porém, descobriu que um dos estudantes, Iuti, movido por acendrado amor à natureza, vai sozinho no bosque recolher lixo. Ela começa a se enamorar pelo rapaz. Entretanto as três irmãs ricas — as “princesas” no dizer do diretor — obtém permissão para que o bosque seja derrubado e trocado por um ginásio. Iuti acaba correndo aflito e revoltado pela floresta até perder o equilíbrio e, caindo ao chão, ser possuído pelo meteoro; transforma-se então numa árvore falante e móvel, investindo furiosa contra os trabalhadores que se encontram no bosque para derrubá-lo.

Desa vez é a Midori, a verde, que se destaca na batalha, passando uma lição de moral na árvore antes do ataque final das três, com suas bolas luminosas tidas como o “poder das estrelas”. Midori, com seus panfletos, consegue salvar o bosque, mas sofre a decepçao de saber que Iuti tem namorada.

3 – JOGUE-SE NA ÁGUA: UM CORAÇÃO DE MENINA NUM DIA DE VERÃO

Episódio com algumas cenas ridículas. Kurenai, Midori e Aoi estão na praia com o Professor Shirai. Elas se irritam porque desejam atrair os rapazes, mas estes passam por elas em bandos sem nem olharem e vão paparicar as três irmãs rivais. Exageros de Nelson Rodrigues.

Aoi acaba se interessando por um moço chamado Hiroki, que queria satisfazer a sua auto-estima provando que poderia pescar um tubarão. Aoi o segue devotadamente, mas as coisas se complicam quando o anzol se engancha num dos tais meteoros. O rapaz se transforma numa espécie de monstro que deseja fisgar o fundo do mar (sic). De alguma forma o seu anzol começa a abalar a placa tectônica (?). As mussumets são obrigadas a intervir, e quem se destaca desta vez é a Aoi, por ser a mussumet aquética, de cor azul.

Uma decepção aguarda também esta menina, quando Hiroki declara que um homem do mar não precisa de uma mulher.

4 — VOU TE PROTEGER COM TERNURA: UM SAUDOSO CORAÇÃO DE MENINA

Episódio do “Nanja Men”: quando Kurenai e Modoki descobrem uma exibição ao ar livre do ator que, no passado, estrelara os filmes do herói da justiça, o “Nanja Men”, Kurenai recorda-se do tempo em que, criança, brincava com o pai, inspirada no herói de tv; e nos ensinamentos que o pai lhe dera. Ela consegue conversar com o ator, que lhe revela, para breve, a volta do Nanja Men em vários episódios.

Infelizmente no dia seguinte tudo vai por água abaixo, pois as irmãs ricas Shion, Marcia e Kou, que também pretendem estrelar um seriado, conseguem a chance no lugar de Holde, o veterano ator. Este, revoltado, é atingido por um dos tais meteoros (sempre coincidências absurdas) e se transforma numa criatura blindada e com jeito de inseto gigantesco.

De início Kurenai não quer lutar com o Nanja Men transformado e que dirige a sua revolta em atos de violência, inclusive contra as mussumets. Mas Kurenai termina por decidir-se: “Tenho que proteger aqueles que eu amo.” É notável o seu discurso ao monstro, que ainda pretende ser o defensor da justiça. Kurenai, inspirada, declara: “A justiça não é só dar golpes, nem mesmo repetir essa palavra. A justiça nasce ao proteger as pessoas que estão em seu coração. O senhor só luta pelo senhor mesmo. Não é um herói de verdade!”

Agora decidida, Kurenai impacta em pleno ar com o adversário e leva a melhor. Com a ajuda das outras mussumets, captura o meteorito e liberta o ator. Mas, deprimida, afasta-se murmurando: “Eu gostaria muito se os meteoritos não existissem.”

5 – ONDE ESTOU? UM CORAÇÃO CEGO DE MENINA

O grupo faz uma festa porém Kurenai, em depressão, se retira á francesa e se apodera dos meteoritos em suas ampolas. Como a Mussumet Vermelha, voa com eles até uma ponte. Enquanto isso George, o mordomo das irmãs Saltomi, descobre coisas sobre as mussumets.

Alcançada pelos amigos na ponte, a deprimida Kurenai não os escuta — nem ao doce Midoki — e atira a mochila com os meteoritos no rio. Como se isto não bastasse, as irmãs Shion, Kou e Marcia, colocam-se voluntariamente numa situação perigosa para serem salvas por Shirai, mas quem vem salvá-las são as mussumets Aoi e Midori. Elas se ofendem com isso e dizem saber que são as Irmãs Michina.

Shirai encontra um dos meteoritos e é dominado por ele. Enquanto isso, em consequência de suas travessuras, Shion quase é morta pela queda de uma viga de um prédio em construção, sendo salva por Midoki, que colocou o capacete de Kurenai. Mas não tendo a mesma experiência, Midoki acaba gravemente ferido.

6 – POR QUE? UM CORAÇÃO ERRANTE DE MENINA

A situação se complica muito neste episódio. Kurenai continua em depressão e recusando-se a lutar; o paspalhão do Shirai é dominado pelo meteorito, que fala (sic) com ele. O sistema da organização MET é invadido por um Shirai ensandecido, obrigando as duas moças (Murasaki e Nako) a bater em retirada. Também George, a soldo das irmãs rivais, consegue acesso aos meteoros. Já o “capitão”, ou seja Kishida, apesar da pose inicial, já não consegue tomar nenhuma iniciativa. Shirai ataca com uma névoa e Murasaki, após tentar em vão obter o auxílio de Kurenai, chegando a esbofeteá-la (e Kurenai permanece sentada no chão: “Não colocarei o capacete só porque você me bateu”) – resolve por o capacete e virar uma mussumet. Aoi, Midori e Murasaki constatam o surgimento de um portal para a “dimensão do nada” e, por fim, aparecem as “otomets” — Shion, Marcia e Kou, portanto capacetes aperfeiçoados e usufruindo de super-poderes.

Uma situação terrível para as justiceiras. Kurenai em depressão, Shirai dominado pelos meteoros e as Irmãs Saltomi, metidas a besta e que não gostam das heroínas, por hakeamento obtiveram capacetes mais poderosos e resolveram ser elas próprias as novas heroínas.

Cabe aqui uma pequena digressão. Embora infantil em seu enredo, visual e psicologia das personagens, embora tanto o enredo como as heroínas sejam muito inocentes, “Mussumet” possui certa carga de erotismo visual que poderia não ter (e não deveria ter). Especialmente Kurenai, Aoi e Midori, as três adolescentes super-heroínas, muitas vezes aparecem com as calcinhas à mostra, principalmente quando voam. Usam saias curtas que facilitam tais visões. Contrasta com isso o caráter inocente das três, que não dizem uma anedota suja, uma frase debochada, ou mesmo qualquer insinuação sexual. Estão sempre procurando namorado, mas o fazem com um grau de romantismo adolescente que exclui a lubricidade ou luxúria. Também não fazem movimentos provocantes ou sensuais. É como se a sua seminudez fosse mostrada como uma coisa natural e sem maldade (comparece-se com a

Sininho dos desenhos de Walt Disney e John Lasseter ou os cupidos de “Fantasia”). Em suma, um fator de difícil análise ou compreensão do que os produtores tinham em mente.

Vale dizer que não há comparação possível com a lascívia dos humorísticos nacionais, shows realistas, carnaval ou a nudez esmagadora (masculina e feminina) das praias.

7 — ESTOU AQUI, MEU AMOR: UM CORAÇÃO APAIXONADO DE MENINA

Shirai, possuído pelo meteorito, planejou tudo: as cores turquesa, magenta e amarela para as novas super-heroínas, as Otomets; e reunir a todas visando os seus poderes. Trava-se nos ares o primeiro confronto entre as Mussumets e as Otomêts. Ressentindo-se de seus capacetes serem menos aperfeiçoados as Mussumets levam a pior até que, num lance surpreendente, as Otomets ficam sem roupa e sem poderes e caem desastradamente. Só então George revela que os novos capacetes têm ação curta.

Nato revela, na sede da MET, que os capacetes das Otomets baseiam-se em seus desenhos, que foram roubados.Diante do ataque ao quartel-general da organização Nato foge com Murasaki e o comatoso Midoki.

Aoi e Midori, em desvantagem, têm de enfrentar as otomets. Kurenai, recordando a promessa feita aos pais, sai da depressão, coloca seu capacete e, transformando-se na vermelha, sai voando para ajudar as irmãs.

Na análise psicológica deste episódio podemos observar que, como no cômputo geral da série, Kurenai continua sendo a personagem mais importante. Quando ela cai em depressão e recusa agir, a situação de desequilibra. A Mussumet Vermelha demonstra a sua vulnerabilidade de adolescente, mesmo sendo super-heroína. A pouca idade leva-na a avaliar de forma emocional e não racional o fato de pessoas estimadas serem transformadas em criaturas malignas pelos meteoros negros. Para ela, ao invés de controlar as pedras, seria preciso jogá-las fora, e não quer mais utilizar o capacete. Não pensa que há um ser maligno por trás de tudo e que, com todo o sofrimento, não pode abdicar da luta. Mas ela cai em si lembrando-se de ter jurado, aos seus falecidos pais, que lutaria pela justiça. E que as três irmãs, com a morte dos pais, haviam se oferecido para operar com os capacetes, assumindo a missão de seus genitores. É uma cena especialmente bonita quando Kurenai reassume a missão e coloca o capacete, voltando a ser uma super-heroína do bem.

8 – FINALMENTE EU ENTENDO: UM CORAÇÃO ABERTO DE MENINA

Um dos mais movimentados e significativos episódios de “Mussumet”.

Refeita da depressão, Kurenai consegue levar as irmãs para longe das Otomets, depois de atacá-las de surpresa. A briga porém continua em três locais diferentes, e a monitoração por “laptop” de Murasaki convence Kurenai e Midori a se retirarem, deixando Aoi prisioneira na própria sede ocupada da MET. Com seus capacetes mais evoluídos as Otomets são muito mais rápidas e as Mussumets ficam em desvantagem.

Planeja-se então um resgate através da tubulação, do túnel de ventilação. Midori se faz de isca e Kurenai penetra no encanamento aparentemente sem ser percebida, mas logo se vê perseguida pelo grandalhão George que repete um repulsivo “bon jour”, nma cena que parece de assédio sexual. Kurenai porém consegue sair do túnel e descobre o local do cativeiro de Aoi, que se encontra amordaçada, amarrada e pendurada. Quando Kurenai afasta a mordaça trava-se um curioso diálogo entre as duas, evocando a costumeira implicância de Aoi contra a caçula.

— O que você está fazendo aqui? — pergunta logo Aoi.

— Como assim, o que estou fazendo aqui? Vim te resgatar!

— Eu posso me salvar sozinha!

— Você sozinha? Por que tem que ser assim? Nós somos três irmãs, ou você já se esqueceu? Nós sempre resolvemos nossos trabalhos nos ajudando, Aoi!

Tocada pela manifestação de amor da irmã, Aoi se enternece e, sorrindo, murmura...

— Kurenai...

Mas não há tempo para mais conversas. George abre a porta, ainda zombando, nas Kurenai, já com seu capacete de Mussumet Vermelha, recebe-o com um soco na cara que o atira longe (esta cena é muito engraçada).

Elas descobrem o capacete de Aoi mas são surpreendidas por Shirai, que as retém com uns membros ectoplásmicos; de repente aparecem as Otomets trazendo Midori aparentemente desfalecida; mas ela se levanta e, contando com o fator surpresa, as três Mussumets atacam para valer; infelizmente acabam sendo jogadas para fora do prédio, arrojadas pelo poder superior das Otomets.

O último embate provoca uma cratera e as irmãs Shion, Marcia e Kou, buscam inutilmente as adversárias com os olhos; subito uma substância branca ven caindo em pequenos fragmentos.

— Neve? — diz uma delas.

— Não. É o traje da “sem-peito”.

Referia-se a Kurenai. O episódio termina assim, melancolicamente, com a estrondosa derrota das heroínas.

NOTA: em séries japonesas, carregadas de sentimentos e soluções invulgares, é comum que se focalize a fragilidade de heroínas e heróis, que muitas vezes são fragorosamente derrotados pelos vilões; apesar disso sobrevivem e de algum modo dão a volta por cima. Esta mini-série, em seus capítulos finais, reservas algumas surpresas. Quanto à doce e valorosa Kurenai, ela é sem duvida, com todas as suas limitações, a personagem de maior carisma em “Mussumet”.

9 — OLÁ, BELAS SENHORITAS

“Você quer dizer quer não tem a responsabilidade de proteger o seu filho?”

(Kou)

“O que há de ais importante pra proteger que a sua família e as pessoas que você ama?”

(Shion)

Muito interessante o nono episódio de “Mussumet”, tendo em vista uma nova e grande reviravolta na história. De fato as irmãs Saltomi nem de longe eram figuras simpáticas e, por despeito e inveja, obtiveram o segredo dos capacetes MET e os clonaram, aperfeiçoados pelo mordomo faz-tudo George. Tornadas as Otomets, desafiaram e venceram as Mussumets numa batalha, usurpando a sua posição de super-heroínas. Com isso a equipe Met ficou destroçada: as Mussumets impotentes, com seus capacetes rachados; Shirai separado delas e com o espírito possuído pela entidade que controla o meteoro negro; Modoki em coma e aparentemente morto; o Dr. Kishida depressivo, quase catatônico, nem fala mais, só pensa (o seu pensamento é ouvido pelos espectadores). Só as duas cientistas seguram a barra, tratando de recompor os capacetes e aumentar a sua capacidade. Como porém o grupo ficou sem dinheiro as três adolescentes Kurenai, Aoi e Midori são obrigadas a arranjar um emprego, enquanto os capacetes não ficam prontos.

Porém algo acontece que irá modificar a situação. Chamadas para salvar um ônibus escolar que oscilava na beira de um abismo, as Otomets descobrem que é gratificante praticar boas ações. E como um dos garotos, após o salvamento, mostra-se triste, elas se interessam pelo seu drama familiar, abandonado que fôra pelo pai e, agora, também pela mãe. Kou, Marcia e Shion vão à casa do garoto, localizam seu pai e descobrem que

tudo se relaciona com dívidas. A mãe do menino teria, por generosidade, dado fiança a diversas pessoas que não honraram seus compromissos. Ela ficou com as dívidas, e os credores estavam aparecendo na empresa do marido. Este se divorciou, e alegou para as Otomets que tinha a responsabilidade de proteger a empresa — o que provocou a irada interpelação: e não era sua responsabilidade proteger o filho?

Afinal George descobre que a mulher não fugira, estava trabalhando muito para pagar as dívidas e sem tempo para ir em casa. Enfim, a família volta a se reunir e já sem dívidas pois as Otomets, sendo ricas, pagaram aos credores.

É aqui que as Otomets começam a se tornar simpáticas, embora as Mussumets ainda não saibam.

Observação: o personagem George não me agrada. É chato e inconveniente. Francês, trata as irmãs Saltomi de “mademoiselles”.

10 — Eu quero o amor verdadeiro, por favor

Este décimo episódio não acrescenta grande coisa, e se perde mostrando excessivamente o pegajoso e espaçoso mordomo George, que vive bajulando as irmãs milionárias, Saltomi, que se tornaram as Otomets. No campo das Mussumets estas esperam que Nako Seijo termine de desenvolver os capacetes, para igualá-los à “performance” daqueles utilizados pelas rivais. Shirai continua catatônico tendo comunicação apenas com a entidade do meteoro negro, e o Dr. Kishida não saiu de sua depressão muda, pois apenas se “ouve” o seu pensamento. Uma boa parte do episódio se passa no ridículo programa de tv “Vou jogar na sua cara” com o casal de repórteres que vive bisbilhotando as super-heroínas. No fim, é ainda Kurenai quem salva o espetáculo, com seu otimismo e idealismo, pois mesmo não podendo ainda se transformar ela confia que voltará a ser uma Mussumet, com as suas irmãs; basta esperar que Nako termine o seu trabalho. Agora aproxima-se a hora da verdade e as Otomets, apesar de sua frivolidade, terão de fazer a sua opção: ou combatem as Mussumets, por invejá-las, ou unem-se a elas para proteger a Terra...

11 – Adeus, meu amor

“Se estivermos unidas não seremos derrotadas!”

(Kurenai)

O episódio 11 de Mussumet (já resenhamos aqui os dez anteriores) é um episódio de transição. Pode-se dizer que, nos dois trios de heroínas — as Mussumets e suas rivais Otomets — a ficha ainda não caiu. As Irmãs Kishida (Mussumets) e as Irmãs Saltomi (Otomets) ainda se vêem como inimigas, mas o fato é que Shirai ainda se encontra no interio de um prédio em estado catatônico, sob controle do ser ou entidade que veio com os meteoritos negros à Terra, um ser maligno que deseja o domínio de nosso planeta. Ele ainda não consegue fazer Shirai agir, mas o cientista está paralisado, envolvido por energia maligna. O “meteoro negro” pretendo utilizá-lo como instrumento para o seu plano sombrio.

Não entendendo o que está havendo com Shirai as Otomets ficam à espera, e deslumbradas por se terem tornado heroínas e receberem os aplausos e agradecimentos do povo e da mídia. Mas as duas cientistas que dão suporte às Mussumets conseguem aperfeiçoar os capacetes de Kurenai, Aoi e Midori. Como relatado em episódios anteriores, elas foram usurpadas pelas irmãs rivais, quando estas conseguiram clonar seus capacetes e aperfeiçoar os capacetes clonados, obtendo assim poderes mais eficazes. Agora as Mussumets estão com os novos capacetes e partem para o acerto de contas. As Otomets não esperavam por isso e apanham feio no novo confronto. As Mussumets conseguem mesmo anular o campo de energia que produzia os uniformes das Otomets, que se vêem caidas ao chão, despojadas das roupas. O confronto porém é interrompido por uma efusão de energia vinda do prédio onde se encontra Shirai.

O desenrolar dos acontecimentos mostrará bem que não são as Otomets as verdadeiras vilãs, e sim o ser misterioso do meteorito negro.

Subjaz uma lição de moral na história: se você está ao lado do bem não brigue com quem também está: unam as forças contra o mal...

12 - PENETRE NA ESCURIDÃO E ENVIE O AMOR DOS CORAÇÕES DAS MENINAS

O décimo-segundo e penúltimo eposódio da mini-série de animação “Mussumet” traz em seu bojo uma quantidade extraordinária de emoção e ação. Aqui finalmente acontece o que antes parecia impossível: os dois trios de super-heroínas abandonam a rivalidade e estabelecem uma aliança ditada pelo bom senso. As Mussumets (mussumet = garota), isto é, Kurenai (Mussumet Vermelha), Midori (Mussumet Verde) e Aoi (Mussumet Azul) e as Otomets (otomet = donzela), ou seja, Shion (Otomet Turquesa), Marcia (Otomet Magenta) e Kou (Otomet Amarela) esquecem as muitas agressões morais e físicas mútuas e se unem para resgatar Yamato Shirai, o cientista que todas as seis estimavam apaixonadamente.

O demônio que controla o meteoro negro, ou se identifica com ele (isso nunca foi de todo esclarecido) depois de se abastecer com bastante energia no que sobrou do colégio destruído e do laboratório da Equipe MET, num verdadeiro cataclismo emerge da Terra e se dirige celeremente para a Lua, levando Shirai numa câmara de estase. As meninas quase são tragadas pelo desabamento geral, mas salvam-se num subterrâneo arranjado pelo esquisito mordomo das Otomets, George (sujeito cheio de habilidades, e útil em diversas ocasiões, porém um espiador por vezes inconveniente).

“Se todas unirem as suas forças poderão lacrar o meteorito.”

(Modoki)

“Ele planeja tragar toda a Terra.”

(Modoki)

“Todos se deixarão levar pelos seus desejos e acabarão extintos, como no meu planeta.”

(Modoki)

“Desde o início os meteoritos vermelho, azul, verde, turquesa, magenta e amarelo existiram para anular o poder do meteorito negro e para preencher o espaço que o negro deixaria. Então, se os seus pensamentos se tornarem um só...”

(Modoki)

“Garotas apaixonadas enfrentam qualquer coisa!”

(Dr. Kishida)

“Vamos atrás do Yanato!”

(Shion)

“Vamos todas juntas, atrás dele!”

(Kurenai)

Depois de tranquilizarem Muresaki e Nako, as esforçadas cientistas do grupo, e informadas de certos detalhes pelo alienígena Modoki, as Mussumets e Otomets, agora pacificadas, planejam voar até a Lua e salvar Shirai, mas resta um obstáculo. Shion se obstina em fazer tudo sozinha, porque “Só existe um Senhor Shirai”. Kurenai, porém, faz ver que Shion nem se declarara a ele, aliás, nenhuma delas. É claro que Shirai só poderia casar com uma delas, mas que impedia se fossem todas resgatá-lo? Shion até tenta sozinha, mas fracassa.

É uma cena singela quando Kurenai e Shion, ambas em balanços mas balançando em direções opostas para pdoerem conversar se olhando, confraternizam numa bela cena, eis que as Irmãs Saltomi (Otomets) abandonaram a antiga atitude hostil e soberba. Já nenhuma delas chama Kurenai de “sem peito”. Mas enfim, só a doçura e bondade de Kurenai, a Mussumet Vermelha (de longe a personagem mais doce e bondosa da série) conseguem amolecer o coração de Shion, que abandonando seu egoísmo resolve colaborar com todas.

O clímaxo ocorre quanto o sexteto parte para o espaço numa astronave pilotada por George (onde um mordomo aprendeu a ser astronauta?).

Quando se aproximam da Lua, o demônio de forma humana porém sinistra, o Meteoro Negra, ataca com uma chuva meteórica; George consegue repelir a primeira salva mas as seis têm de sair do veículo para a batalha final. Enquanto George retorna à Terra, as Mussumets e as Otomets, resolvidas a salvar a Terra e libertar seu amado, partem para cima do monstro com tudo o que elas têm, revezando seu grito de guerra:

“Vamos mostrar pra ele” (Shion) “o poder do amor” (Marcia) nenhuma força pode deter (Kou) as garotas apaixonadas (Aoi) me espere (Midori) Senhor Shirai! (Kurenai)”.

Não é preciso dizer que a vitória final, nesta sequência sensacional, pertence às seis heroínas, que enfim, numa bela formação geométrica em pleno espaço, todas de mãos dadas formando um círculo, aguardam Shirai que, ainda na cápsula de estase, flutua em direção a elas.

MUSSUMET 13 FINAL: ADEUS, DOCE KURENAI

“O poder da justiça é o amor.”

(Kurenai)

Resenha do episódio 13 – “Corações singelos e corações puros”(final) – do seriado japonês de animação “Mussumet”:

“Dominam os céus, a terra é seu reino e a água é seu elemento.”

(bordão de abertura)

“É uma avião? É um OVNI? Não! São as justiceiras!

(idem)

O desfecho da mini-série em animê “Mussumet” é um tanto decepcionante, não podendo igualar o clímax alcançado no capítulo 12, quando o grande vilão é derrotado pelo esforço conjunto das Mussumets e das Otomets. Neste último episódio vemos como nada se resolve com Shirai, o supostamente charmoso cientista que todas as donzelas heroínas amam mas não se decide por nenhuma, mesmo que elas continuem brigando com ele (e sai uma ligeira pancadaria nesse episódio).

Entretanto elas logo são chamadas para salvar pessoas presas numa montaha russa desgovernada e depois para enfrentar um gorila gigante surgido do nada. Afinal, descobrem que alguns fragmentos do meteoro negro ainda subsistem. O humor continua presente, com o intrometido apresentador de tv Mitsuki sendo rebaixado a repórter.

A série “Mussumet” (também existe o mangá) poderia ser excelente, de tal maneira a Mussumet Vermelha (Kurenai) é simpática e nobre, se não fosse por dois defeitos. Um é técnico: o traço do desenho é tosco, bem como a movimentação. Outro incide no lado moral: piadinhas eróticas dispensáveis. De mau gosto a cena em que o ridículo e gigantesco mordomo das Irmãs Saltomi (as Otomets), George, aparece cozinhando, vestido como uma coelhinha playboy (sic) escandalizando a cientista Muresaki (toda a equipe MET, após a destruição do laboratório, hospedou-se temporariamente na mansão das Otomets).

O que salva a série são os sentimentos altruístas e nobres das três Mussumets e seu modo íntegro de agir, bem como a evolução positiva das Otomets, que a princípio agiam apenas por inveja das Mussumets mas acabam se aliando a elas, reconhecendo que os dois trios não deviam brigar mas agir em conjunto.

E especialmente a Vermelha, a doce e singela Kurenai, de sentimentos fortes, atitudes positivas e frases marcantes, cativa os espectadores.

Também existem cenas de humor inteligente. Quando o Dr. Kishida sai do seu mutismo depressivo para comentar sobre a chuva de meteoros, as Otomets, que o conheciam pouco, se espantam: “Ele fala!”, “É a primeira vez que ouço a sua voz!”

Afinal, uma nova chuva de estrelas cadentes, muito bonita, traz em seu bojo alguns dos meteoritos negros e as heroínas ficam sabendo que terão de catar um por um antes que eles causem dano, o que leva Kurenai a perguntar pateticamente: “Quantos anos vamos levar nisso?” Pois é, super-heroínas não podem se aposentar, muitos menos aos 16 anos...

“Mussumet” parece não ter feito muito sucesso, mas Kurenai é uma personagem que deixa saudade. Retornará algum dia?