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riscos hidrogeomorfológicos impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS

riscos hidrogeomorfológicos

impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas

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Índice7 IMPACTOS E VULNERABILIDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

9 1. Introdução

13 2. O Contexto Pluviométrico Recente e Futuro

13 2.1. Metodologia14 2.2. APrecipitaçãoAnualeEstacional19 2.3. APrecipitaçãoDiária

25 3. Cheias e Aluviões

25 3.1. HistóricodasCheiaseAluviõesnaIlhadaMadeira25 3.1.1. Metodologia

26 3.1.2. Resultados

28 3.2. FatoreseCaraterizaçãodascondiçõesatuais33 3.3. ImpactosFuturossobreasCheiaseAluviões

37 4. Movimentos de Massa em Vertentes

38 4.1. HistóricodosMovimentosdeVertentenaIlhadaMadeira40 4.2. FatoreseCaraterizaçãodascondiçõesatuais44 4.3. ImpactosFuturossobreosMovimentosDeVertente

47 5. Impactos da subida do Nível Médio das Águas do Mar

47 5.1. HistóricodosGalgamentosOceânicosnaIlhadaMadeira49 5.2. CaraterizaçãodascondiçõesatuaiseImpactosfuturos

51 6. Referências bibliográficas

55 ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

57 1. Introdução

59 2. Capacidade adaptativa: revisão das medidas de adaptação definidas em estudos anteriores

59 2.1. Cheias/aluviões64 2.2. MovimentosdeMassaemVertentes65 2.3. Galgamentosoceânicos

67 3. Identificação e distribuição espacial das medidas de adaptação consumadas ou em curso

67 3.1. Levantamentodasaçõesrealizadas,emcursoouplaneadas

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70 3.2. Açõesidentificadasemedidasdeadaptaçãopropostas:análisecomparativa71 3.2.1. Cheias/Aluviões

73 3.2.2. Movimentosdemassaemvertentes

74 3.2.3. Galgamentos

77 4. Propostas para reforço da capacidade de adaptação

83 5. Referências bibliográficas

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impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas

RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS

AUTORES

Eusébio Reis, Rafaello Bergonse,

Eduardo Simões, Paulo Filipe

Page 5: RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS · 2020. 1. 17. · RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 9 1. Introdução O presente relatório tem como finalidade avaliar as condições que explicam a suscetibilidade

RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 9

1. IntroduçãoOpresenterelatóriotemcomofinalidadeavaliarascondiçõesqueexplicamasuscetibilidadedailhadaMadeiraadiversosperigosnaturais–cheias,movimentosdemassaemvertentesesubidadonívelmédiodaságuasdomar–,comafinalidadedeidentificarecaraterizar,nocon-textodasalteraçõesclimáticas,osimpactosnossistemasnaturais,comvista,emúltimaanálise,àidentificaçãodasprincipaisvulnerabilidadesnaatividadeeocupaçãohumanas.

Dadoassuascaraterísticasnaturaiseaespecificidadesnaocupaçãodoterritório,ailhadaMadeiraéparticularmentevulneráveladiversosfenómenosnaturaise,naturalmente,aaltera-çõesquepossaminduzirmodificaçõesnascondiçõesdossistemas.Torna-se,assim,necessárioeprementepromoveraavaliaçãodosimpactosprovocadospelasalteraçõesclimáticassobreessesfenómenosnaMadeira,nosentidodeproporasmedidasdeadaptaçãomaisadequadasparaminimizarosefeitospotenciaisnefastosdestasituação,casoseconfirmem.

Nestecontexto,otrabalhodesenvolve-secomincidênciaem3fenómenos,enquadradosem2tarefasdopresenteprojeto:avaliaçãodosimpactospotenciaisdasalteraçõesclimáticasnaocor-rênciadecheiasenaocorrênciademovimentosdevertente(deslizamentoseescoadas)(ambosincluídosnaTarefa2.3.1);avaliaçãodoimpactodasubidadonívelmédiodomarnascheiaseinundações,nasáreascosteiras(incluídonaTarefa2.3.2).

OpresenteestudotemcomoobjetivoatualizarosresultadosobtidosanteriormentenocontextodoprojetoCLIMAATII(SantoseAguiar,2006)eanalisaroimpactodasalteraçõesclimáticassobreosfenómenosreferidos,permitindo,noseuseguimento,preverasimplica-çõessobreoterritório.

Todavia,orelatóriodoprojetoCLIMAATIIépraticamenteomissoemrelaçãoàquestãodaavaliaçãodosfenómenosnaturaisperigosos(nãoháqualqueravaliaçãodosimpactospotenciaisdasalteraçõesclimáticasnaocorrênciadecheiasedeslizamentosdeterraseareferênciaàsubidadoníveldomarémuitoténue),peloque,maisqueumaatualização,opresenterelatórioconsisteemumtrabalhodebase,assentenosdadosdisponíveisenostrabalhos(técnicosecientíficos)publicadosemanosmaisrecentes.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS10

Numaprimeirafase,começou-seporumarevisãodaliteraturapublicadaacercadaincidênciadestesfenómenosnaRegiãoAutónomadaMadeira,afimdeestabelecerosseusfatoresdecontroloedistribuiçãoespacial.Osresultadosforamdepoisarticuladoscomoconhecimentodaevoluçãoprevistaparaaprecipitaçãonaavaliaçãodosimpactospotenciaisquepoderãoseresperadosnaspróximasdécadas.Deseguida,oconhecimentoresultantedafaseanteriorfoiaplicadoaosfenómenosdascheiasedosdeslizamentosdeterras,bemcomodasinundaçõesassociadasàsubidadonívelmédiodaságuasdomar.

EstaanáliseincidiuessencialmentesobreailhadaMadeira;sãofeitasalgumasreferênciasàilhadoPortoSanto,quandoassituaçõesojustifiquemeadisponibilidadedeinformaçãoopermita.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 13

2. O Contexto Pluviométrico Recente e Futuro

2.1. Metodologia

Apósaconsideraçãodoconjuntodasvariáveisatmosféricasmodeladasnocontextodoprojeto,centrou-seaanálisenaprecipitação,constituindoestaaúnicavariávelcomumarelaçãodiretafaceaosfenómenosdecheiaemovimentosdemassaemvertentes.

Nametodologiaseguida,procedeu-seàanálisedaprecipitaçãoanualeestacional,utilizadacomoinformaçãodeenquadramentoparaailhadaMadeira.Deseguida,incidiu-seaanálisenaprecipitaçãodiária,tendoemcontaasuaimportâncianodesencadeamentodecheiasealuviõesnasbaciashidrográficas,asquaisdevidoàssuascaraterísticasedimensão,possuemtemposdeconcentraçãodeapenasalgumashoras.

Nestecontexto,foramanalisadasasváriassériesdevaloresdeprecipitaçãodiáriamodeladas.Foramcomparadososvaloresrelativosaoperíododecontrolo(1970-1999)eàsprevisõesdecurto,médioelongoprazo(correspondendoaosperíodos2010-39,2040-69e2070-99)permi-tindodefinirospadrõesdeevoluçãoesperadosparaaprecipitaçãodiáriaaolongodaspróximasdécadas.Emordemavalidareagarantiraconsistênciadassériesmodeladas,osresultadosforamcomplementadoscomaanálisedesériesdevaloresdeprecipitaçãodiáriamedidasemumconjuntodeoitoestaçõesdaredemeteorológicaregionaleestendendo-seemalgunscasospormaisde50anos.

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) Figura 2 – Evolução da precipitação (em mm) em Janeiro ( J), Novembro (N) e Dezembro (D) na ilha da Madeira, modelada para o período de controlo (1970-1999)..

2.2. A Precipitação Anual e Estacional

Emordemacaraterizaraevoluçãorecente(i.e.nasúltimasdécadas)daprecipitaçãonaRegiãoAutónomadaMadeira,começou-sepelaanálisedasériedevaloresdeprecipitaçãoanualmodeladaparaoperíodo1970-1999,operíodode30anosdefinidocomocontrolo.Umaprimeiraanálise,centradanosquantitativosdeprecipitaçãoanual(Figura1)mostrouquenãoépossíveldefiniraolongodestastrêsdécadasumatendênciaclara.Seporumladoparecehaverumatendênciaténuededecréscimodostotaisanuaisentre1970e1992(apesardosvaloresmuitoele-vadosem1978,1979e1986),entre1992e1999atendênciaéclaramenteascendente,peloque,noconjunto,constata-semesmoumapequenatendênciaparaoaumentodaprecipitaçãoanual.

Considerandodepoisatendênciaevolutivaàescalamensal,incidiu-senostrêsmesesque,deacordocomasériedevaloresutilizada,apresentam,emmédia,precipitaçõesmaisabundantes:Janeiro(366,1mm),Novembro(221,6mm)eDezembro(318,8mm).Estesmesesafiguram-secomoparticularmenterelevantes,dadoqueosfenómenosnaturaisemqueestaanálisesecentra relacionam-sediretamentecomepisódiosouperíodosdeprecipitaçõesrelativamenteabundantes.

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Figura 1 – Evolução da precipitação anual média (em mm) na ilha da Madeira modelada para o período de controlo (1970-1999).

AFigura2apresentaaevoluçãodassériesdevaloresparaostrêsmesesaolongodoperíododecontrolo.Oseucomportamentosegue,deformamuitopróxima,oquejáfoidescritoparaosvaloresanuais;noentanto,assériesreferentesaJaneiroeaNovembroparecemnãoapresentar,noconjunto,qualquertendência,enquantoemDezembroatendênciageraléclaramentedeumaumentodaprecipitação,emparticulardevidoaofactodosdoisanoscomprecipitaçãomaiselevadaocorreremnasegundametadedasérie.

N

D

J

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS16 17

Figura 4 – Precipitação anual (mm) modelada para o período de controlo e os três períodos futuros, de acordo com os dois cenários IPCC considerados (A2 e B2).

Estavariaçãoapresentaumpadrãoespacialclaro,talcomoépossívelconstatarquandosecon-sideraadiferençaentreosvaloresmédiosanuaisparaoperíododecontroloeparaosrestantesperíodosemrelaçãoacadaumadascélulasde1kmemqueomodeloatmosféricoadotadoestruturaoespaçodailha.AFigura5apresentaestavariaçãoemrelaçãoaosperíodosdecurto(2010-2039)edelongoprazo(2070-2099),tornandoclaroqueasreduçõesmaissignificativastenderãoaocorrernoslocaisdemaioraltitudedailha,ondeosquantitativosanuaisdeprecipi-taçãosãomaiselevados.

Comparou-sedepoisoperíododecontrolocomostrêsperíodosfuturos.AFigura3mostra,emsíntese,aevoluçãoesperadaemtermosdeprecipitaçãoanualmédiaparaosdoiscenáriosIPCCconsiderados(A2eB2)etornaevidenteque,aolongodaspróximasdécadas,seprevêumareduçãoprogressivadosvaloresmédiosdeprecipitaçãoanual.NaFigura4sãoapresentadosdeformasequencialosvaloresanuaisprevistos,evidenciandoclaramenteatendênciadecrescentee,adicionalmente,permitindoobservarquenãoépossívelpreverqualquertendênciaevolutivaquantoàirregularidadeinter-anual.

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al (m

m)

Cont A2 B2

Figura 3 – Precipitação média anual (mm) para o período de controlo (Cont) e os três períodos futuros, de acordo com os dois cenários IPCC considerados (A2 e B2).

y = -4,82x + 1543 R² = 0,106

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y = -4,51x + 1544,5 R² = 0,099

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Previsão

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS18 19

2.3. A Precipitação Diária

Procurou-sedepoisfocaraanálisedosvaloresmodeladosnosdiasdeprecipitaçõesrelativa-menteelevadas,assumindo-se,naindisponibilidadededadossub-diários,queestesserãotam-bémaquelesdiasemqueocorremosepisódiosdemaiorintensidade.NaFigura6apresenta-se,paracadaumdoscenáriosIPCCconsideradoseaolongodoperíodoabrangidopeloprojeto,aevoluçãodoPercentil90daprecipitaçãodiáriaporano,i.e.ovalordeprecipitaçãoabaixodoqualestão90%dosdiasdecadaano.Odecréscimoprogressivodosvaloreséevidente,mostrandoque,atéaofimdoséculoXXI,serádeesperarqueosdiascomprecipitaçõesmaiselevadasocorramcomfrequênciacadavezmenor.

y = -0,049x + 10,5 R² = 0,136

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Previsão

y = -0,043x + 10,45 R² = 0,112

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B2 Controlo

Previsão

Figura 6 – Evolução do Percentil 90 da precipitação diária em cada ano para os quatro períodos considerados (Controlo: 1970-1999; Curto Prazo: 2010-2039; Médio Prazo: 2040-2069; Longo Prazo: 2070-2099), e para os dois cenários IPCC (A2 e B2).

Figura 5 – Variação na precipitação anual média (mm) entre o período de controlo e os períodos de curto (2010-2039) e longo prazo (2070-2099) para os cenários A2 e B2.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS20 21

Quadro 1 – O conjunto de estações meteorológicas utilizado e os períodos abrangidos pelas séries de valores diários.

ESTAÇÃOLATITUDE (GRAUS)

LONGITUDE (GRAUS)

ALTITUDE (m)

PERÍODO ABRANGIDO

ENTIDADE RESPONSÁVEL

Sta.Catarina/Aeroporto 32,69 -16,78 49 1961-2013

IPMA

Funchal/Observatório 32,65 -16,89 58 1960-2013

PortoSanto/Aeroporto 33,08 -16,35 78 1961-2013

BicadaCana 32,76 -17,06 1560 1961-2009

Santana 32,81 -16,89 380 1960-2009

SantodaSerra 32,73 -16,82 660 1970-2009

PontadoSol/LugardeBaixo 32,68 -17,09 40 1961-2001

Areeiro 32,72 -16,92 1590 1961-1994

Asanálisesdasséries,algumasabrangendomaisdecinquentaanos,mostraraminvariavelmenteumdecréscimoclarodosvaloresdoPercentil90daprecipitaçãodiáriaaolongodotempo,con-firmandoatendênciaacimadescritaparaosvaloresmodelados.ÉtambémdesalientarqueasériedevaloresparaaúnicaestaçãonailhadePortoSantoapresentouumatendênciaidêntica,permitindoassumirainexistênciadecontrastesentretendênciasclimáticasparadiferentesilhas.DoisexemplossãoapresentadosnaFigura8.

Avariaçãoespacialdessadiminuiçãopareceestaremconsonânciacomavariaçãoparaosvaloresanuais,jádescritaanteriormente(Figura5),comalteraçõesquaseirrelevantes(emter-mosabsolutos)nafaixacosteira(<4mm),mascomdiminuiçãoimportante(>18mm)nasáreasinterioresdemaioraltitudedailhadaMadeira(Figura7).

Figura 7 – Variação espacial do Percentil 90 da precipitação diária (mm) entre o período de controlo (1970 a 1999) e o período de médio prazo (2040-2069) para o cenário A2.

Asanálisesrealizadasatéestepontopermitiramchegaraduasconclusõesessenciais.Porumlado,osvaloresdeprecipitaçãoanual,bemcomoosquantitativosmensaisparaosmesesmaischuvosos,nãoevidenciamaolongodoperíododecontroloumatendênciaclara.Poroutro,háumaevidentetendênciadecrescentequandoseconsideramconjuntamenteoperíododecontroloeostrêsperíodosfuturos,independentementedocenárioIPCCemcausa.Dadoesteaparentecontrasteentrevaloresreaiseprevistos,elevandoemcontraaincertezainerenteàmodelaçãodevaloresdiáriosdeprecipitação(aumentandocomadistânciatemporalentreosdadosconhecidoseasprevisões),considerou-seimportanteprocurarvalidaremalgumamedidaatendênciadecrescentedelongoprazoencontrada.Paraisso,recorreu-seasériestãolongasquantopossíveldevaloresdiáriosregistadosemumconjuntodeestaçõesmeteorológicasdaRegiãoAutónomadaMadeira(identificadasnoQuadro1),comvistaaaferiremquemedidaosdadosreaisestãoemsintoniacomatendênciadecrescentedetetadanosvaloresmodelados.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS22

y = -0,032x + 4,8 R² = 0,064

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) Funchal/Observatório/Madeira (1960-2013)

y = -0,239x + 25,9 R² = 0,156

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Areeiro (1961-1994)

Figura 8 – Evolução do Percentil 90 da precipitação diária em cada ano para duas das séries analisadas, respetivamente com 54 e 34 anos. A tendência decrescente é clara.

Emconclusão,espera-seumadiminuiçãoprogressivadosvaloresdeprecipitaçãoanualaolongodaspróximasdécadas.Estadiminuiçãoserámaismarcadanoslocaisdealtitudemaiselevada,correspondendoaossetoresmaisamontantenaredehidrográfica,eteráexpressãonumamenorfrequênciadediasdeprecipitaçõesabundantes.

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3. Cheias e AluviõesAilhadaMadeirapossui,graçasaoscontextosorográficoeclimático,umapropensãonaturalparaaocorrênciadecheiasrápidas(nasquaisseincluemas“aluviões”).Baciashidrográficaspequenascomdeclivesacentuadosoriginamtemposdeconcentraçãoreduzidos,aquesejuntamprecipitaçõescomelevadaintensidadeparaoriginarcomfrequênciaelevadoscaudaisdepontadecheia(SRA/INAG,2003:82).Estassituaçõespodemseragravadaspelorebentamentoacidentaldegrandescondutasadutorasepelaobstruçãoacidentaldecanaisdetransportedeágua(levadas),esãopromovidaspeladeficienteaçãosistemáticadedesobstruçãoelimpezadosleitos(DecretoLegislativoRegionalnº38/2008/4,DiáriodaRepúblicanº16/2008,SérieI,de20/08/2008).

Aolongodospontosseguintes,efetua-seacaraterizaçãodasuadistribuiçãoespacialetemporalcombasenasocorrênciasregistadas(comumabrevereferênciaaomontantedeindeminiza-ções),acaraterizaçãodasuscetibilidadeevulnerabilidadedeacordocomascondiçõesatuaise,napartefinal,avaliam-seospossíveisimpactosfuturosdasalteraçõesclimáticassobreascheiasealuviões.

3.1. Histórico das Cheias e Aluviões na Ilha da Madeira3.1.1. Metodologia

Nestepontoprocurou-sedefinir,combaseemocorrênciasregistadas,adistribuiçãomensaldasocorrênciasdecheia,bemcomoasuaincidênciaespacial.

Olevantamentodeocorrênciasregistadasassentounaconsultadetrêsfontes.Quintal(1999)centrou-senofenómenodasaluviões,jádefinidascomocheiasrápidasemqueofluxoadquireumacomponentesólidamuitosignificativa,incluindodetritosdegrandesdimensões.Esteautorrefere31eventos,entre9deOutubrode1803e6deMarçode2001.Silva(2010)realizouumlevantamentodeepisódiosdecheias/aluviões,movimentosdevertenteesituaçõesdedanoscausadospelaondulação(entreoutrosfenómenosoriginadoresdeperdas)estendendo-sedesde1593atéàaluviãode20deFevereirode2010.Finalmente,Fernandes(2009)realizouumlevantamentohistóricosemelhante,abrangendooperíodoentre1601eDezembrode2008.

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eRibeiradaJanela.AilhadePortoSanto(nãorepresentadanomapaporumaquestãodeescala)apresentouapenasduasocorrênciasregistadas(classe1a5).

Figura 9 – Número de ocorrências de cheia referenciadas por mês (1601–2010).

Figura 10 – Ocorrências de cheias registadas por freguesia (1803–2010).

DeacordocomaAssociaçãoPortguesadeSeguradores(APS,2014),ototaldeindeminizaçõesassociadasaestesfenómenos,noperíodo2000a2011,correspondeua7.454.872euros,dosquais98,7%pertencemaosanosmaisrecentes,de2008a2011(Figura11).

Aanálisedestasfontespermitiuconstruirumatabeladesínteseparacadatipodefenómeno(vd.Também4.1e5.1),associandoacadaeventoreferenciadoadatadeocorrênciae,semprequepossível,asáreasafetadas,adotandoafreguesiacomounidadeespacialdereferência.Noscasosemqueainformaçãoserevelougeneralizadaaoníveldomunicípio,assumiu-seumareferênciaatodasasfreguesiasdessemunicípio.

Atítulodeexemplo,umeventodecheiareferidocomoafetandoasfreguesiasdeRibeiraBravaeSerradeÁguateriasidocontabilizadocomoumaocorrênciaacadaumadestasfreguesias.UmeventoreferidocomoafetandosobretudoosconcelhosdeRibeiraBravaeCâmaradeLobosteriasidocontabilizadocomoumareferênciaacadaumadasquatrofreguesiasdomunicípiodaRibeiraBravaedascincofreguesiasdomunicípiodeCâmaradeLobos.

Aanálisedastabelasassimconstruídaspermitiudescreverafrequênciacaraterísticadasocorrênciasaolongodosmesesdoanoe,atravésdasomadonúmerodereferênciasassociadoacadafreguesia,estabelecerumaaproximaçãoàquelasquetendemasermaisafetadaspelosfenómenosaquiconsiderados.

Éimportantelevaremcontaaslimitaçõesdeumaanálisedestetipo.Porumlado,oseventosregistadossãotendencialmenteosqueafetaramáreasmaisdensamentehabitadas.Comotal,seumelevadonúmerodereferênciasindicaclaramenteumaincidênciaelevadadofenómenoconsideradonumadadafreguesia,ainexistênciademuitasreferênciassóindicariaoopostodeformaclaracasoambasasfreguesiastivessemdensidadespopulacionaisequivalentesedistribuiçõesdaocupaçãohumanasemelhantes.

Poroutrolado,énecessáriolevaremcontaageneralizaçãoespacialdasreferênciasaoseventos,porvezesreferindoapenasosmunicípiosmaisafetadosnocontextodedeterminadascondiçõesmeteorológicas.Ainterpretaçãodestassituaçõescomoumareferênciaacadaumadasrespeti-vasfreguesiasimplicaaassunçãodequetodasforamigualmenteafetadas,oqueevidentementenãoécomprovável.

Finalmente,éimportantereferirageneralizaçãorelativaàpróprianaturezadoseventosconside-rados;nestecaso,ofenómenodascheiasfoiassimconsideradojuntamentecomodasaluviões.

3.1.2. Resultados

Emrelaçãoaosresultadosobtidosparaascheias/aluviões,noperíodo1601-2010considerado,oseventostenderamaconcentrar-senotrimestredeOutubroaDezembro,comrespetivamente25%e23,3%dasocorrênciasconcentradasnestesdoismesesespecíficos(63%dototal)(Figura9).

AFigura10mostraaquantidadedeocorrênciasdecheias/aluviõesregistadasporfreguesia,observando-seumamaiorconcentraçãonosulelestedaIlha,queafetousobretudoasfregue-siasdoFunchal(comvaloresentre25e26ocorrênciasregistadasparaoperíodo1803-2010considerado),Machico(valoresentre11e13ocorrências)eafreguesiadaRibeiraBrava(11ocorrências).NãoseencontrouqualquerocorrênciaregistadaparaasfreguesiasdePortoMoniz

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humanatendeu,porconseguinte,aprivilegiaraolongodotempoossetoresterminais(conesdedejeção)dasribeiras,expostosaperigossignificativos,sendoesteocasodasprincipaislocalida-deseáreasurbanasconsolidadasdailha(IST/UM/LREC,2010:8).

Emcontrastecomascheiasquenormalmenteafetamorestantedoterritórionacional,estefenómenodistingue-secomfrequêncianaMadeirapelaimportânciadacomponentesólidadoescoamento.Aoseracompanhadapelaocorrênciademovimentosdevertentetipoescoadaepelamobilizaçãodemateriaisdisponíveisnasvertenteseleitosdasribeiras,asubidarápidadoscaudaisoriginaescoamentosmistoságua-sólidocomconcentraçõesdedetritosdegrandesdimensões,quepodemconstituir80%dofluxoemmovimento.Estasescoadas,regionalmentedesignadascomoaluviões,têmumhistorialregistadodedanosevítimasmortaisnailhaquerecuapelomenosaoanode1803(e.g.IST/UM/LREC,2010:6;QuintalePolicarpo,2012:58).

Otransportesólidoresultantedaerosãohídrica,queafetavastasáreasnaMadeira(SRA/INAG,2003:198),constituiumimportantefatorcondicionantedascheiasealuviões(paramaisinfor-maçõessobreesteassunto,veroponto4).Estecondicionamentoocorre,porumlado,atravésdoassoreamentodesectorespoucodeclivososdosleitosdasribeiras,provocandoestrangula-mentosnaslinhasdeágua.Poroutro,atravésdacriaçãodosjáreferidosdepósitosfacilmentemobilizáveispeloescoamento.OestudodetalhadoquefoidedicadoaoriscodealuviõesnailhadaMadeiranasequênciadograveeventode20deFevereirode2010(responsávelpordezenasdevítimasmortaiseelevadosdanosmateriais)indicouquediferentestiposdedepósitos(alu-vionares,decobertura,devertenteedeaterro)constituíramamaioriadomaterialmobilizadoduranteoeventoreferido,econstituemamaiorfontedematerialasermobilizadoemeventosfuturos(IST/UM/LREC,2010:15).Nestecontexto,eparaalémdosfatorespordetrásdocom-portamentohidrológicodasbacias(morfometria,topografia,litologia,tipodesolos,vegetação,contextoclimático,açãohumana)osfatoresdecontrolodaerosãohídricaedadestabilizaçãodosmateriaisnasvertentesconstituem-secomofatoresadicionaisdecontrolo(indireto)sobreaocorrênciadecheias/aluviões.

Nocasodaerosãohídrica,salientam-seosacentuadosdecliveseaerodibilidadedossolos,bemcomoadeflorestaçãoearecessãodaatividadeagrícola,associadaàdegradaçãodeestruturasdecontençãodossolos(poios)construídasaolongodeséculos(SRA/INAG,2003:198).ÉaquidesalientarqueoPRAMsalientaapastoríciaexcessivaemalgumaszonaseaocorrênciadeincêndiosflorestaiscomofatorescausadoresdediminuiçãodacapacidadedeinfiltraçãonossectoresdecabeceiradasbaciashidrográficas,econsequentementedaaceleraçãodaspontasdecheia(SRA/INAG,2003:125).

FaceàinexistênciadecartografiadeáreasinundáveisparaatotalidadedaIlha,utilizou-seumaabordagemrelativamenteexpeditaàdistribuiçãoespacialdasuscetibilidadeàocorrênciadecheias.Omodeloutilizado(Figura12)encontra-sedescritoemReis(2011).

Oobjetivodautilizaçãodestemodelonãofoi,nestecaso,identificardeformaexaustivaasáreasinundáveis(oúltimopassodomodelonãofoiconsiderado),nemtampoucotodosostroçosda

Derealçaroano2010(essencialmenteligadoaoeventodefevereiro),quefoiresponsávelpor94,6%(7052757euros)dovalordasindeminizaçõesdoperíodo2000a2011.

Figura 11 – Indeminizações no ramo segurador associadas a cheias e aluviões, na R. A. da Madeira, para o período 2000 a 2011 (APS, 2014).

3.2. Fatores e Caraterização das condições atuais

AincidênciadecheiasrápidascaraterizaailhadaMadeiraemgeral,afetandoostroçosterminaisdasprincipaisribeiraseocorrendocommaiorfrequêncianossetoresSuleSudoestedailha.OPlanoRegionaldaÁguadaMadeira(PRAM)(SRA/INAG,2003)identificaoslocaisafetadoscommaiorfrequência,referindoabaixadoFunchal(ribeirasdeSantaLuziaedeJoãoGomes),aRibeiraBrava,asribeirasdaMadalenaedosSocorridos,oMachicoeSantaCruz(navertenteSul)easribeirasdeS.Vicente,Seca,daMetadeedeMaçapez(navertenteNorte)(op.cit.:84).AilhadePortoSanto(emparticular,acidade)étambémafetadaporcheias,emboracommenorrelevância.

OmesmoPRAM,norespetivoAnexoCartográfico(p.65e66)identificaos“leitosdeenxurrada”eas“áreascomriscodeinundação”,assimcomoasuafrequênciaclassificada,baseadosemQuin-tal(1999)ePereira(1989).Emrelaçãoaosprimeiros,sãoidentificados7troçosdecursosdeáguacomaquelascaraterísticas,asaber:ossetoresjusantedasribeirasdaJanela,daMadalena,dosSocorridos,daMetade/Faial,deS.JorgeedeS.Vicente;eosetorintermédiodaribeiradoSeixal.Emrelaçãoàsáreasafetadasporinundações,sãoidentificados32locaiscorrespondentesacercade90ocorrências;destesregistosdestaca-seofactodagrandemaioriasesituaraolongodapartesuldailhadaMadeira,entreaCalhetaeMachico(27locais),eestarembastantepróximodadesembocaduradosrespetivoscursosdeágua(cercade2/3doslocaisede4/5dasocorrências).

Peloquesepercebepeloparágrafoanterior,emparalelocomapropensãoparaaocorrênciadecaudaiselevados,osvalesencaixadosquecaraterizamaredehidrográficadaMadeiraconstran-gemadisponibilidadedeáreasplanasadequadasàexpansãourbanaouindustrial.Aocupação

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Osresultadosdaaplicaçãodomodelo,deacordocomoscritériosdefinidos,estãopresentesnaFigura13.Comoseriadeesperar,nãoháumacorrespondênciatotalentreosresultadosdomodeloeasfreguesiasmaisafetadasporcheias(verponto3.1.2;Figura10).Defacto,aribeiradaJanela,napartenoroestedaIlha,apesardasuscetibilidademuitoelevadadoseutroçojusante,escoapelasduasúnicasfreguesiasemquenãoforamencontradosregistosdeocorrênciasdecheias;pelocontrário,napartesul,naáreadoFunchal,asribeirasdeSãoJoão,SantaLuziaedeJoãoGomes,emboracomsuscetibilidademoderadaeenquadradasembaciashidrográficasdepequenadimensão,têmsidoresponsáveisporgrandepartedasocorrênciasregistadasnailhadaMadeira.Estecontrasteexplica-se,comoéóbvio,pelofactodaribeiradaJanelaatravessaráreascomocupaçãohumanapoucodensaesituada,quasesempre,foradoleitodeinundação(emboraasuscetibilidadesejaelevada,afaltadeelementosexpostoslevaàfaltaderegistos),enquantoemgrandepartedafaixalitoralsul,comocupaçãohumanamuitomaisdensa,aconteceexatamenteocontrário.

Figura 13 – Suscetibilidade à ocorrência de cheias na ilha da Madeira (apenas estão identificados os troços da rede hidrográfica com suscetibilidade mais elevada); as manchas a violeta representam todas as áreas construídas de acordo com a COS 2007.

Estasituaçãopõeemevidênciaaimportânciadasquestõesligadasaoordenamentodoterritório,comoformadediminuiroriscoassociadoàscheias,mastambémanecessidadedeconhecer,previamente,ascondiçõesqueexplicamofuncionamentodossistemasfluviais,deformaaevitarnovasocupaçõesdesajustadas.

Nestesentido,agestãodoriscodecheianaMadeiraécomplicadaporlacunasimportantesaoníveldainformação.ConformesalientadonoPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadoArqui-pélagodaMadeira(PGRHAM)(NEMUS/HIDROMOD,2014:1068),estaslacunastêmexpressãonareduzidadensidadedaredehidrométrica(concentradanavertentenortedailhadaMadeirae

redehidrográficaquepodemoriginarcheias,masapenasrealçarostroçosdoscursosdeáguaque,segundoestaabordagem,apresentarammaioresvaloresdoíndicedesuscetibilidade.

Figura 12 – Modelo de avaliação da suscetibilidade à ocorrência de cheias na ilha da Madeira (extraído de Reis, 2011: 5).

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3.3. Impactos Futuros sobre as Cheias e Aluviões

Aarticulaçãodaevoluçãoprevistaparaaspróximasdécadasemtermospluviométricos(2.2e2.3)comoenquadramentorelativoaofenómenodascheias(3.1e3.2)tornaclaroque,conside-randoapenasaprecipitaçãocomofator,osimpactosaesperarnãosãonosentidodoagrava-mentodofenómeno.Umadiminuiçãodosvaloresdiáriosmaiselevadosatingidosedafrequên-ciadosdiascomprecipitaçõeselevadasimplica,seconsideradosconstantesosrestantesfatores,umadiminuiçãodafrequênciadosepisódiosdecheia/aluviões.

ÉimportanteterpresentequeascheiasnaRegiãoAutónomadaMadeiraestãonormalmenteassociadasaepisódiosdeprecipitaçãointensaemperíodosdeapenasalgumashoras.Importaportantoexplicitarqueasconsideraçõesaquitecidas,combaseemvaloresdiários,implicamaassunçãodequeumadiminuiçãofuturadafrequênciadediascomprecipitaçõeselevadasimplicaumadiminuiçãodafrequênciadeepisódiossub-diárioscomprecipitaçõeselevadas(eventualmente,naproporçãodefinidaparaaestaçãodoFunchal,noestudodeIST/UM/LREC,2010,referidonopontoanterior).Estaassunçãotorna-senecessáriapelofactodeosmodelosclimáticosatuaisnãopermitiremobterresultadosfiáveisparaduraçõesinferioresaodia(cf.SantoseAguiar,2006:49),e,mesmoparaperíodosdiários,ofereceremaindabastantesdúvidas.

Aomesmotempo,porém,éfundamentalconsiderarque,emboramenosfrequentes,osepisódiosdeprecipitaçãoelevadacontinuarãoaocorrer.Importa,portanto,manteraênfasenaaquisiçãodeinformaçãojáantessalientadaeminstrumentosdeplaneamentoterritorial,sejanaformadedadoshidrométricos,climáticosesedimentológicos,sejaatravésdamonitorizaçãodosestrangulamentosnosleitosfluviais(SRA/INAG,2003:197,200).

Emsegundolugar,importaconsiderarqueumamenorfrequênciadeeventosdeprecipitaçãoelevadaimplicapotencialmenteumaacumulaçãosuperiordedepósitosnasvertentesenosleitosfluviais,podendofazercomqueascheias/aluviõesqueefetivamentevenhamaocorreraquandodessasprecipitaçõesadquiramumaseveridadeaumentada,nãosópelaquantidadedematerialdisponívelcomopeloefeitodeestrangulamentodosleitos.Aevoluçãofuturadaerosãodosolopoderátambémterumpapelrelevantenestecontexto.

Emterceirolugar,éimportanteterpresenteque,emboraseespereumamenorfrequênciadoseventosdecheia,ossectoresterminaisdasribeirascontinuarãoaser,pornatureza,locaisdeelevadasuscetibilidade.Éfundamentalqueestefactocontinueaserlevadoemcontanoplanea-mentodosusosaatribuiraestasáreas.

Finalmente,importaconsiderarque,talcomoficouimplícitonoenquadramentosintéticodascheiasrealizadoem2.2.,estefenómenoéinfluenciadopelocobertovegetal,sobretudoatravésdoseuefeitosobreosmovimentosdemassaassociadosàsaluviões.Aevoluçãofuturadossetoresflorestaleagrícolapoderá,portanto,contrariaraocorrênciadofenómeno(aumentandoaáreaflorestadaoucobertaporvegetaçãodensa)oupromovê-la(diminuindoaáreaflores-tadaeaumentandoasáreasdereduzidocobertovegetal).Aevoluçãofuturadafrequênciae

inexistenteemPortoSanto)enareduzidaextensãodassériesdedadoshistóricas(amaioriadasestaçõestemmenosde5anosdedados).Aoníveldaclimatologia,aslacunasprendem-secomareduzidadensidadedastrêsredesexistentes,sobgestãodaIGA(InvestimentoseGestãodaÁgua,S.A.),doInstitutoPortuguêsdoMaredaAtmosferaedoLaboratórioRegionaldeEngenha-riaCivil,faceàcomplexidadetopográficadailha.Acresceofactode,noqueconcerneàprecipi-tação,asestaçõesmediremapenastotaisdiários,constituindoexceçãoaestaçãodoFunchal(daresponsabilidadedoIPMA).EstalimitaçãoadquirerelevânciaconsiderandoqueamaioriadasprecipitaçõesintensasnaMadeiraseconcentraemperíodosrelativamentecurtos:osautoresdoEstudodeAvaliaçãodoRiscodeAluviõesnaIlhadaMadeirabasearam-seemdadoshoráriosdaestaçãodoFunchalparaconstatarque,quaseindependentementedoperíododeretorno,asprecipitaçõesmáximasem1,3e6horasrepresentamcercade40,60e75%darespetivaprecipitaçãodiária(IST/UM/LREC,2010:52).

OPRAMsalientaadicionalmenteainexistênciadeumaredesedimentológicaquepossibiliteobterconhecimentosrelevantessobreotransportesólidoassociadoàscheiaseaofenómenodaerosãohídrica(SRA/INAG,2003:199).Aomesmotempo,sublinhaodesconhecimentodasituaçãoemtermosdeestrangulamentodoscursosdeágua,cujasconsequênciassefazemsentirnoagravamentodassituaçõesdeinundação(op.cit.:87,197).Tambémnocontextodaerosãohídrica,oPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadoArquipélagodaMadeira(NEMUS/HIDROMOD,2014:1068)refereaslimitaçõesdosdadosexistentessobreaspropriedadesfísicasdossolosdailha(texturaeprofundidade).

Emsuma,asatuaislimitaçõesaoníveldasredesdemonitorizaçãofazemcomquenãohajainformaçãodebase(meteorológica,hidrométrica,sedimentológica)quepermitamodelarepreverconvenientementeosprocessosrelacionadoscomoescoamentofluvialeosseusefeitos(SRA/INAG,2003:120).Deacordocomestascondicionantes,asabordagenspassadasaoestudodascheiasnamadeiratêmassentadoemgrandepartenocálculodecaudaisdepontadecheiacomdeterminadosperíodosderetornoanosparadiferentesbacias,apartirdedadosdepreci-pitação(op.cit.:82;FariaeGodinho,1983).Oestudorealizadonasequênciadoeventode20deFevereirode2010incluiuestaabordagememordemaestimaroscaudaisdepontaatingidosapartirdoconhecimentodostemposdeconcentraçãoedaintensidadedasprecipitaçõesregista-das(IST/UM/LREC,2010:85).

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intensidadedosincêndiosflorestaisétambémumfatorateremcontanestecontexto,dadaasuacapacidadeparaalterardeformadrásticaocobertovegetalemáreasextensas.

Emresumo,comoafirmamSantoseAguiar(2006),nãoépossívelconcluirsobreumatendênciaacercadaperigosidadedascheias,poisosmodelosclimáticossubestimamosvaloreseleva-dosdeprecipitaçãoemcurtosperíodosdetempo(horários,porexemplo).Poroutrolado,éesperadoumaumentodascheiasemovimentosdevertentenailhadaMadeira,maisligadosàatividadehumanadoqueafatoresnaturais(Baioni,2011).

Destemodo,revela-sefundamentalumaarticulaçãopermanente,emcontextodebaciahidrográfica,entrediversossetoresdeatividade:açõesouacontecimentosquepossaminduzirmodificaçõesnosistema,queraoníveldaimpermeabilizaçãoqueraoníveldadisponibilidadedesedimentosparaoscursosdeágua(alteraçõesdeusodosolo,incêndios,etc.),devemlevaraumareavaliaçãoimediatadascondiçõesdeescoamentofluvial,comvistaasalvaguardarossetoresmaissuscetíveisaaluviões.

Nestesentido,anasequênciadojáreferidoanteriormente(2.3),torna-sejustificável(e,emalgunscasos,atépremente)aimplementaçãodesistemasdealerta,queincorporemestaçõespluviométricas(e,adicionalmente,quandosejustifique,estaçõeshidrométricas),combasenasquaisasentidadesresponsáveispossamacompanharasituaçãoemtemporealnassituaçõesquepossamenvolvermaiorriscoparaaspopulações.

Paraalémdisso,tendoemcontaascondiçõesdadinâmicafluvialnamaiorpartedasbaciashidrográficasdailhadaMadeira,assimcomoascaraterísticasdeocupaçãodoterritório,enaimpossibilidadepráticadeprocederàrelocalizaçãodepessoaseinfraestruturas,justificam-seintervençõespesadasnossetoresmontanteeintermédiodasbaciashidrográficasmaisperi-gosasequeenvolvemmaiorriscoparaaspopulações.Estasintervençõestêmcomoobjetivoaretençãodematerialsólidodediferentesdimensões,impedindo-odealcançarossetoresjusantedasbaciashidrográficas,talcomojáestáprevistoparaasobrasdereabilitaçãoeregu-larizaçãodastrêsprincipaisribeirasdoFunchal(RibeiradeJoãoGomes,RibeiradeSantaLuziaeRibeiradeSãoJoão),daresponsabilidadedaSecretariaRegionaldoEquipamentoSocial,atravésdaDireçãoRegionaldeInfraestruturaseEquipamentos.

Aconstruçãodestasinfraestruturas(açudes,barreirasfendidas,murosdeproteção,etc.),desdequedevidamentelocalizadosedimensionados,terão,certamente,umpapelimportantenadiminuiçãodasvulnerabilidades.

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4. Movimentos de Massa em VertentesTalcomoemrelaçãoàscheiasrápidas,ailhadaMadeirapossuiumapropensãonaturalparaaocorrênciademovimentosdemassaemvertentes.

Osmovimentosdevertentequeafetamoterritóriomadeirensedividem-seporcincotipologiasessenciais(NEMUS/HIDROMOD,2014:45).DeacordocomaterminologiapropostapelaUNESCO(WPWLI,1993),estassão:

›› Desabamentos,bastantecomunsedistribuindo-seemgeralportodaailha;ocorremcommaisexpressãosobretudonasarribascosteiras(correspondendoàsquebradasnaterminologiaregional),ouaolongodosvalesmaisencaixados;

››Tombamentos,associadosemgrandeparteaáreasdedesenvolvimentosdeescoadasvulcâni-cascomdisjunçãoprismáticabemdesenvolvida(comparticularexpressãonoPaúldaSerra);

››Deslizamentos,ocorrendoaolongodosvalesenafaixacosteira,podendoserdegrandesdimensões;

›› Escoadas,queadquiremparticularmagnitudeeincidêncianailhadaMadeira,ocorrendosobretudoemassociaçãoaperíodosintensosdeprecipitação.

Estesmovimentosassumem,nasuamaioria,importânciaadoisníveis:porumlado,peloimpactopotencialmentedanosoqueprovocamnolocaldeocorrência;poroutro,pelocontri-butofundamentalquetêmnaproduçãodematerialsólido,dediversasdimensões,quechegaaosfundosdevaleealimentaoscaudaisduranteosperíodosdeprecipitaçõesintensas.Nesteúltimonível,asescoadasconstituememgrandeparteacomponentesólidadoseventosdeescoamentoextraordináriodesignados“aluviões”,econsideradosnocontextodascheiasnocapítuloanterior.Assim,estaanálisecentra-senestetipodemovimentosenosdeslizamentos,distinguindotipologiassemprequeostrabalhoscitadosopermitam.

Aolongodospontosseguintes,efetua-seacaraterizaçãodasuadistribuiçãoespacialetemporalcombasenasocorrênciasregistadas,acaraterizaçãodasuscetibilidadeevulnerabilidadede

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS38 39

Figura 14 – Número de ocorrências de movimentos de vertente referenciadas por mês (1856–2010).

Figura 15 – Ocorrências de movimentos de vertente registadas por freguesia (1856–2010).

acordocomascondiçõesatuaise,napartefinal,avaliam-seospossíveisimpactosfuturosdasalteraçõesclimáticassobreosdeslizamentoseasescoadas.

4.1. Histórico dos Movimentos de Vertente na Ilha da Madeira

Ametodologiautilizadaparaoconhecimentodasocorrênciasregistadasdemovimentosdevertente,comvistaaoconhecimentodasuadistribuiçãomensaledasuaincidênciaespacial,seguiuoquejáfoidescritoparaocasodascheias/aluviões(ver3.1.1),tendoporbaseduasdastrêsfontesreferidas(Silva,2010;Fernandes,2009).

Todavia,numerososmovimentosdevertenteestiveramassociadosatroçosdeestradaenãoapovoaçõesoulugaresfacilmentereferenciáveisaumafreguesia,peloquenãoforamconside-rados.Ainclusãodesteseventosnolevantamentorealizadoimplicariaumainvestigaçãomaisaprofundadadolocalespecíficodaocorrência,comrecursoafontesdocumentais(e.g.jornais),registosdasassociaçõesdebombeirose/oudoServiçoRegionaldeProteçãoCivil,queultra-passaoobjetivorelativamentegeneralizadodapresenteanálise.Assumiu-se,portanto,queasuainclusãonãoalterariasignificativamenteospadrõesespaciaisetemporaisencontrados,masapenasasuafrequência.

Édereferir,ainda,queageneralizaçãorelativaàpróprianaturezadoseventosconsideradoslevouaqueasdiferentestipologiasdemovimentosdemassa(e.g.escoadas,deslizamentos,desabamentos)fossemconsideradasconjuntamente,nãosendopossível,namaioriadoscasos,fazerasuadistinção.

Quandocomparadoscomascheias,osregistosdemovimentosdevertenteapresentamumadistribuiçãomaisdispersaaolongodoano(Figura14),comumaclaraconcentraçãonosemestredeOutubroaMarço(74%doseventosregistados),mascomocorrênciasemtodososmeses.

Dopontodevistageográfico,osmovimentosdevertentemostramumaconcentraçãomaismarcadanosetorsuldailhadaMadeira(Figura15),afetandosobretudoasfreguesiasdosmunicípiosdoFunchal,CâmaradeLoboseRibeiraBrava,emboracomexceções(freguesiadoCampanário,municípiodaRibeiraBrava).Salientam-setambémasfreguesiasdoPortodaCruz(Machico)eCamacha(SantaCruz),ambascom11ocorrênciasregistadas.NãoseencontrouqualquerregistorelativoaPortoSanto.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS40 41

Numaabordagemaofatordesencadeante,osautorescompararammapasdonúmerodehorascomprecipitaçãosuperiora10ea30mmcomomapadasáreasafetadas,sugerindoumaasso-ciaçãoentreodesencadeamentodedeslizamentoseaocorrênciadeprecipitaçõessuperioresa30mmnumperíodosuperiora3horas(op.cit:132).

Porseulado,Neves(2010:30)salientaalitologia,naformadebasaltosaltamentefraturados.Oestudodedicadoaoeventode20deFevereirode2010(IST/UM/LREC,2010)incluiuamode-laçãodascondiçõeshidrológicasocorridasemdoistiposdedepósitosfrequentesnaIlha.Foiassimpossívelassociar,numdostipos,contextosdegrandeschuvadasàformaçãodetensõesintersticiaispositivas,reduzindoaresistênciatangencial.Nooutro,contrastesnacapacidadedeinfiltraçãocomaprofundidadepermitirampreverdiminuiçõesdastensõesefetivasnascamadassuperficiais,promovendodeslizamentospoucoprofundos(op.cit:96).Alémdocomportamentomecânicodosmateriaisnasvertentes,omesmoestudopermitiuassociarumamaiorquanti-dadedeáreadeslizadaatopografiacomdecliveselevados(op.cit.:125)eaclassesdeusodosolocujocobertovegetaléquaseoutotalmentedesprovidodeárvores(op.cit.:121),salientandoopapeldavegetaçãonaresistênciatangencialdosmateriais.Deformaanáloga,oPRAMsalientaas“práticasagrícolaspoucoadequadas”,apastoríciaexcessivaemalgumaszonaseaocorrênciadeincêndiosflorestaiscomofatoresdeocorrênciadedeslizamentos(SRA/INAG,2003:329),estesdoisúltimostambémjáreferidoscomoimportantesparaaaceleraçãodaspontasdecheia(op.cit.:125),porprovocaremadiminuiçãodacapacidadedeinfiltraçãonossetoresdecabeceiradasbaciashidrográficas.

Numtrabalhomaisrecente,Almeida(2013)centrou-senosconcelhosdePortoMoniz,RibeiraBrava,SantanaeSãoVicente,delimitandoatravésdefoto-interpretação1257deslizamentos,numtotalde31,3hadeáreadeslizada.Aanálisedasrelaçõesentreasáreasafetadasediferen-tesfatorespermitiuconfirmaraimportânciadosdeclives(74%daáreadeslizadasituou-seemdeclivesiguaisousuperioresa35graus)edalitologia,associandodeslizamentosamateriaispoucoconsolidadosemuitoalterados,eportantomaisbrandosemenosresistentes(e.g.rochasmáficasalteradasedepósitospiroclásticos).

Emsuma,ostrabalhosreferidosdeixamclaroqueoseventosdeprecipitaçãorelativamenteintensasãoofatordesencadeanteessencialdaocorrênciademovimentosdevertentenaMadeira.Aomesmotempo,háumconjuntodefatorescondicionantesdofenómenoqueincluientreosprincipaisodeclive,ascaraterísticasdosmateriais(superficiaisesub-superficiais),eocobertovegetal.

Talcomorealizadoparaascheias,procurou-semostraradistribuiçãoespacialdasuscetibilidadeàocorrênciadedeslizamentosnailhadaMadeira(Figura16),refletindoosfatorescondicionan-tes(Filipe,2015).Adicionalmente,etendosidopossívelestabeleceraforterelaçãoentreescoa-dasedeslizamentosnosetorcentraldailhadaMadeira(Simões,2015),apresenta-se,também,eparaessaárea,asuscetibilidadeàocorrênciadeescoadas(Figura17).

Osmapasapresentados,devidamentevalidadoscombasenasocorrênciasinventariadas,

4.2. Fatores e Caraterização das condições atuais

Naconsideraçãodosfatoresassociadosàocorrênciademovimentosdemassa,importadesdeoiníciodefinirdoisgrupos:fatorescondicionantes,quedefinemograudepredisposi-çãodomaterialparaainstabilidade;efatoresdesencadeantes,efetivamentedespoletandoomovimento.ConformeJuliãoet al.(2009:64),osmovimentosdevertenteemPortugalsãogeralmentedesencadeadospelaprecipitação,porsismosouporredefiniçãotopográfica.Éassimevidenteque,numcontextodealteraçõesclimáticas,aprecipitaçãoseráoparâmetroateremconta.

Noquedizrespeitoaosfatorescondicionantes,salientam-sealitologia,asformaçõessuper-ficiais,odeclive,aexposiçãoeacurvaturadasvertentes,eanaturezadocobertovegetal/usodosolo(op.cit.:64).NocontextoespecíficodaMadeira,oPlanoRegionaldaÁgua(SRA/INAG,2003:88)salientacomofatoresalitologia,práticasagrícolaspoucoadequadas,oabandonodoscampos,pastoríciaexcessivaemalgumaszonaseincêndiosflorestais.Énotóriaaimpor-tânciadadaimplicitamenteaocobertovegetal/usodosolo,salientandooseucontrolosobreoteoremáguadasformaçõessub-superficiaiseoefeitodasraízessobreasuaresistênciamecânica.Aomesmotempo,oPlanoreferecomoúnicofatordesencadeanteaocorrênciadeprecipitaçõesintensas.

OPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadaMadeira(NEMUS/HIDROMOD,2014:44)salientacomofatorescondicionantesalitologia(incluindoaalternânciadeformaçõescomdiferentesresistências,fracturaçãoeespessura),osdeclivessignificativoseaatividadehumana.Presumi-velmente,esteúltimofatorenglobaasintervençõesnasvertentes(e.g.construçãodeviasdecomunicação,desaterros)eosusosdosolo.Comofatordesencadeante,énovamentesalientadaaprecipitação,ocorrendodeformaintensaemperíodoscurtos.

NoEstudodeAvaliaçãodoRiscodeAluviõesnaIlhadaMadeira(IST/UM/LREC,2010:100)foirealizadoumlevantamento,atravésdainterpretaçãodeimagensdesatéliteeortofotomapas,dosdeslizamentosemváriasbaciasdosconcelhosdoFunchal(RibeiradeJoãoGomes,RibeiradeSta.Luzia,RibeiradeSãoJoão)edaRibeiraBrava(RibeiraBrava,RibeiradaTábua)originadosemfunçãodoeventode20deFevereirode2010.Foiassimpossíveldelimitarcercade8400deslizamentos,numtotaldeáreadeslizadademaisde100ha,evidenciandobemapropensãodoterritóriodailhaparaserafetadoporestefenómeno.Estesmovimentosforamdepoisanalisadosconjuntamentecomumasériedefatoresafimdeinvestigarrelações.Osresultadosmostraramque,numaperspetivageral,asáreasmaisafetadastenderamaapresentarcobertosvegetaisquaseoutotalmentedesprovidosdeárvores.Aomesmotempo,observou-seumarelaçãoentredeslizamentosedecliveselevados,sendoestaapontadaparaexplicarparcial-menteofactodeasbaciasdaRibeiraBrava(declives30-45graus)apresentaremquaseodobrodosdeslizamentosdasbaciasdoFunchal,apesardeteremumaáreaapenas20%superior.Emsimulaçõeshidrológicasrealizadasparadoistiposdedepósitossuperficiais,foipossíveldeter-minarque,emcondiçõesdeescoamentoeinfiltraçãoabundante,asresistênciastangenciaissereduzemsignificativamente,potenciandoaocorrênciadecolapsos(op.cit:96).

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS42 43

Figura 17 – Suscetibilidade à ocorrência de escoadas associadas a deslizamentos, no setor central da ilha da Madeira (extraído de Filipe, 2015)

refletemclaramenteadistribuiçãodosdeclivesmaislevadoseapresençadeformaçõessuperfi-ciaispoucoconsolidadas,peloqueadistribuiçãoespacialdasuscetibilidadeàocorrênciadestesdoistiposdemovimentosdevertentedevesertidaemconta,emcontextodebaciahidrográfica,naavaliaçãodopotencialdetransportesólidoemsituaçãodecheiasrápidas.

Figura 16 – Suscetibilidade à ocorrência de deslizamentos (superiores a 100 m²) para ilha a Madeira (extraído de Filipe, 2015).

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS44

4.3. Impactos Futuros sobre os Movimentos De Vertente

Combasenaconsideraçãodaevoluçãoprevistaparaaspróximasdécadasemtermospluvio-métricos(2.1)podeassumir-seque,comadiminuiçãodafrequênciadosdiascomprecipitaçõeselevadas,serádeesperarumadiminuiçãodosquantitativosdeprecipitaçãoregistadoseminter-valossub-diários(ajustificaçãoparaestaassunçãofoijádadacomrelaçãoaosimpactossobreascheias;vd.3.3).Poroutraspalavras,paraamesmafrequênciaeduração,serádeesperarumadiminuiçãodosvaloresatingidosporepisódiodeprecipitação.Umavezqueaforteprecipitaçãoacumulada,conjugadacomaocorrênciadeepisódiosdeprecipitaçãointensa,éofatordesenca-deanteessencialparaosmovimentosdevertentenaMadeira,osimpactosaesperarserão,emigualdadedosrestantesfatores,nosentidodeumadiminuiçãodafrequênciadestefenómeno.

Talcomofoiconsideradocomrelaçãoàscheias,importalevaremcontaque,apesardamenorfrequênciaexpectável,osepisódiosdeprecipitaçõesintensascapazesdedesencadearmovi-mentosdevertentecontinuarãoaocorrer.Nestesentido,nãodevedescurar-seanecessidadedaelaboraçãodecartografiaderisco,emharmoniacomoObjetivoEstrutural40(O.E.40)definidonoâmbitodoPlanoRegionaldaÁguadaMadeira:realizar cartografia de riscos geológicos/geotécnicos para a minimização dos riscos de deslizamento ou de queda de blocos para as ribeiras, para os sistemas de levadas ou outros sistemas de adução e de tratamento de águas residuais(SRA/INAG,2003:201).

Emigualparalelocomasconsideraçõestecidasemrelaçãoàscheias,étambémderelevaraevo-luçãofuturadocobertovegetalenquantofatorcondicionantepassíveldereforçar(atravésdoaumentodaresistênciatangencialdomaterial)oucontrariar(atravésdasuadiminuição)oefeitodadiminuiçãoesperadadaprecipitação.Chama-seassimnovamenteaatençãoparaossetoresflorestaleagrícola,bemcomoparaofenómenodosincêndiosflorestais.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 47

5. Impactos da subida do Nível Médio das Águas do Mar

5.1. Histórico dos Galgamentos Oceânicos na Ilha da Madeira

Comrelaçãoàsubidadonívelmédiodomar,consideraram-seasreferênciasàocorrênciadegalgamentoscosteiros,partindodoprincípiodequeoslocaisatualmentemaisafetadosemcontextosdeondulaçãoforteserãoosmaispropensosaointensificardestaaçãonumcontextodesubidadonívelmédiodaságuasdomar.

Ametodologiautilizadaparaoconhecimentodasocorrênciasregistadasdegalgamentos,comvistaaoconhecimentodasuadistribuiçãomensaledasuaincidênciaespacial,seguiuoquejáfoidescritoparaocasodascheias/aluviões(ver3.1.1),tendoporbaseduasdastrêsfontesreferidas(Silva,2010;Fernandes,2009).

AsocorrênciasdegalgamentocosteiroapresentamumamarcadaconcentraçãonomêsdeDezembro(41%detodasasocorrênciasregistadas),nãohavendoqualquerregistodeocorrên-ciasnosmesesdeMaioaAgosto(Figura18).

Oseventosdegalgamentosregistadosconcentram-sedeformadescontínuanossetoressulelestedailha,sendoaúnicaexceçãoafreguesiadePortoMoniz(sectorNW),com2eventosregistados(Figura19).Asfreguesiasmaisafetadasaolongodoperíodoconsiderado(1985-2010)foramaRibeiraBrava(valormáximoregistadode18ocorrências),PontadoSol(8ocorrências)eSãoMartinho(municípiodoFunchal),com6ocorrências.NãoseencontraramreferênciasaPortoSanto.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS48 49

5.2. Caraterização das condições atuais e Impactos futuros

OPRAM(SRA/INAG,2003)nãolevaemcontaumasubidapotencialdoníveldomar.Consideraapenasasinundaçõesporaçãodomar,referindoqueastempestadesfustigamhabitualmenteolitoralemconjugaçãocomaprecipitação,originandoqueomarinundeaszonasbaixas(p.201).Poroutrolado,oPGHRAM(NEMUS/HIDROMOD,2014)referequenãoexisteumestudoespecíficodoefeitodasalteraçõesclimáticassobreonívelmédiodomarobservadonoArquipélagodaMadeira.

Dumaformageral,oscenáriosclimáticosparaaregiãodaMadeirapreveemumasubidadonívelmédiodomarde35cmatéfinaldesteséculo(IPCC,2007,inEC,2014).NocontextodoprojetoCLIMAATII,osautoresconsideraramrazoávelassumirumaumentode50cmatéaofinaldoséc.XXI(SantoseAguiar,2006:46).

Nãoobstanteafaltadecontextualizaçãonumcenáriodesubidadoníveldomar,oPRAM(SRA/INAG,2003)definecomoumproblemadegrandeseveridadeavulnerabilidadeàsinundaçõesnosconcelhosdaRibeiraBravaedoMachico,ondeasáreasurbanascosteirassesituamacotasmuitobaixas,sempossibilidadedeescoamentodeáguasemperíodosdeprecipitaçãointensaedemarésvivas(p.119).Subsequentemente,édefinidocomoobjetivoestrutural(O.E.42;p.201)aminimizaçãodosefeitosdasinundaçõesnasvilasribeirinhas.

Estasituaçãopoderáacentuar-seemperíodosemquehajacoincidênciatemporaleespacialdetempestadesmarítimasecheias,emqueestainteraçãolevaráàintensificaçãodosimpactosdestasúltimasnosaglomeradosurbanoscosteirosatravessadosporribeiras.

Porisso,eemboranocontextoregionalosimpactosdasalteraçõesclimáticasnasubidadoníveldomarenasinundaçõescosteirasassociadassejamaindadesconhecidos,estefenómenotemconstituídoumagrandepreocupaçãoparaaMadeira,vistoosmaioresaglomeradosurbanosdoArquipélago(Funchal,RibeiraBrava,PontadoSol,SãoVicente,MachicoeSantaCruz)eamaioriadasinfraestruturassesituarememáreasjuntoàcosta(SantoseAguiar,2006;EC,2014).Umaconstataçãodestefactoadvémde,noperíodo1998a2008,teremsidogastosmaisde135milhõesdeeurosemobrasdeproteçãocosteiraemáreasportuáriasnaMadeira(EC,2014).

Aavaliaçãodosimpactosdasubidadoníveldaáguadomarsobreacosta,considerandoumcontextodeelevaçãodentrodosvaloresanteriormentereferidos(35a50cmatéfinaldoséc.XXI),deveráserfeita,obviamente,comumníveldedetalhecompatívelcomofenómenoemcausa.Emboraasubidadoníveldomarsejarelativamentelenta,aestratégiadeverápassar,desdejá,pelaidentificaçãodetodososlocaisvulneráveis,pelasuaclassificaçãodeacordocomaimpor-tânciaestratégicaepeladefiniçãodasaçõesatomaracurtoemédioprazo,asquaispassam,essencialmente,pelaconstruçãooumelhoriadeestruturasdeproteçãoepelarelocalizaçãodeinfraestruturas,devendo,nestecaso,identificarem-seoslocaisalternativosparaasuaconstrução.

Figura 18 – Número de ocorrências de galgamentos costeiros referenciadas por mês (1926–2010).

Figura 19 – Ocorrências de galgamentos costeiros registadas por freguesia (1985–2010).

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS52 53

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[9] ›IST/UA/LREC(2010)–Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha de Madeira. Relatório Base. SecretariaRegionaldoEquipamentoSocial,Funchal.

[10] ›Julião, R. P.;Nery,F.;Ribeiro,J.L.;CasteloBranco,M.;Zêzere,J.L.(2009)–Guia Metodoló-gico Para a Produção de Cartografia Municipal de Risco e Para a Criação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) de Base Municipal.AutoridadeNacionaldeProteçãoCivil.

[11] ›NEMUS/HIDROMOD(2014)–Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (RH10). Volume 1 – Relatório. Parte 2 – Caraterização e diagnóstico.DirecçãoRegionaldoOrdenamentodoTerritórioeAmbiente,Funchal.

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[15] ›Reis, E. (2011)–Análise de bacias hidrográficas, susceptibilidade à ocorrência de cheias e Sistemas de Informação Geográfica: da definição do quadro conceptual até à proposta de um modelo de avaliação.VIIICongressodaGeografiaPortuguesa,RepensaraGeografiaparaNovosDesafios,Comunicações,Lisboa, pp.1-6.

[16] ›Santos, D.;Aguiar,R.(Eds.)(2006)–Impactos e Medidas de Adaptação às Alterações Climáticas no Arquipélago da Madeira – Projecto CLIMAAT II.DireçãoRegionaldoAmbientedaMadeira,Funchal.

[17] ›Simões, E. (2015)–Análise integrada da dinâmica de deslizamentos e escoadas nas bacias hidrográficas do setor central da Ilha da Madeira.DissertaçãodoMestradoemSistemasdeInfor-maçãoGeográficaeModelaçãoTerritorialAplicadosaoOrdenamento,InstitutodeGeografiaeOrdenamentodoTerritório,UniversidadedeLisboa.

[18] ›SRA/INAG(2003)–Plano Regional da Água da Madeira. Relatório Técnico(versãoparaconsultapública).SecretariaRegionaldoAmbienteeInstitutodaÁgua,Funchal.

[19] ›Silva, J. L. (2010)–Desastres Naturais no Arquipélago da Madeira - Resenha Histórica.Postpublicadonoblogue“MadeiraGenteseLugares”.http://madeira-gentes-lugares.blogspot.pt/2007/08/desastres-naturais-no-arquiplago-da.html(consultadoa13-1-2015)

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adaptação às alterações climáticas

RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS

AUTORES

Eusébio Reis

Rafaello Bergonse

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1. IntroduçãoApósseterincidido,emrelatórioanterior,nasvulnerabilidadesatuaisefuturasdaRegiãoAutónomadaMadeiranocontextodasalteraçõesclimáticas,opresenterelatóriotemcomofinalidadeavaliaremquemedidaoarquipélagosetemvindoaprepararequaisasadaptaçõesquedevemsertidasemconsideraçãoporformaadiminuiravulnerabilidadeadiversosperigosnaturais–cheias,movimentosdemassaemvertentesesubidadonívelmédiodaságuasdomar.

Aprimeirapartedorelatórioincidenarevisãodasmedidasdeadaptaçãodefinidasemestudosanteriores,quepermitammelhoraracapacidadeadaptativadoarquipélago.Numasegundaparte,procedeu-se,comumperíododereferênciaposteriora2010,aumlevantamentoexaus-tivodasobrasouiniciativasjáconcluídas,emfasedeconclusãooudeprojetosjáaprovadosparaexecução,queincidissemsobreostrêstiposdefenómenosaquianalisados,fazendoaligaçãocomasmedidasdeadaptaçãoprevistas.Numterceiroponto,reforçam-sealgunsaspetosdasmedidasdeadaptação,resultantesdotrabalhoefetuadoaolongodesteprojeto,ondeseincluemoscontributosfornecidosporváriosatoresparticipantesnoWorkshop“VulnerabilidadedaRegiãoAutónomadaMadeiraàsAlteraçõesClimáticas”realizado,nocontextodopresenteprojeto,emfevereirode2015,noFunchal.

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2. Capacidade adaptativa: revisão das medidas de adaptação definidas em estudos anterioresRealizou-seumaanálisedosinstrumentosdeplaneamentodeescalaregionalexistentes,desig-nadamenteoPlanoRegionaldaÁguadaMadeira(PRAM;SRA/INAG,2003)eoPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadoArquipélagodaMadeira(PGRHAM;NEMUS/HIDROMOD,2014)afimdedeterminaratéquepontoasaçõesporestespropostasfaceaosfenómenosdascheias/aluviões,movimentosdevertenteegalgamentosoceânicosconfigurammedidasdeadaptaçãoajustadasaosimpactospotenciaisdefinidosnopresenteprojeto.Considerou-seadicionalmenteoEstudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha de Madeira(IST/UA/LREC,2010),namedidaemqueestedocumento,elaboradoemrespostaaoeventode20deFevereirode2010paraaSecretariaRegionaldoEquipamentoSocialdaRegiãoAutónomadaMadeira(SRES),constituiomaiscom-pletotrabalhorealizadosobreofenómenodasaluviõesatéàdata.Emboraoâmbitoespecíficodoestudosecircunscrevaàscincobaciasmaisafetadaspeloreferidoevento(ribeirasdeJoãoGomes,SantaLuzia,SãoJoão,RibeiraBravaeTábua),esteteveumobjetivodeextrapolaçãodaanáliseparatodooterritóriodailhadaMadeira(op.cit.:148),ondeasuscetibilidadeàocorrênciadealuviõesestáamplamentedifundida.

Cadaumdostrêsfenómenosestudadoséconsideradoemseparado.

2.1. Cheias/aluviões

OPRAM(SRA/INAG,2003:197)atribui11objetivosoperacionais(O.Op.)àproblemáticadascheias1,soboseuObjetivoEstrutural3.1de“Prevenirasocorrênciasdecheiaeminimizarosseusefeitos”.OPlanonãodáatençãoparticularaofenómenodasaluviões,emqueoescoa-mentoseassociaaumacargasólidamuitosignificativacomdetritosdegrandesdimensões.Assim,incluíram-senapresenteconsideraçãoos5objetivosdefinidosemrelaçãoàErosão

1 Dototalde13objetivosoperacionaisdefinidosparaascheias,2relacionam-secomainfluênciadebarragens(4.11e4.13),nãosendoaquiconsiderados.

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Nº OBJETIVO OPERACIONAL

4.10Estudaroseventuaisefeitosdacriaçãodealbufeirasnasprincipaisribeiras,nocontrolodascheiasnaturaisdessaslinhasdeágua,bemcomodasestruturasdeamortecimentodecheias.

4.12DarcumprimentoaoD.L.nº364/98queestabeleceaobrigatoriedadeporpartedosPMOTdaelaboraçãodecartasdeZonasInundáveisnosmunicípioscomaglomeradosurbanosatingidosporcheias.

EROSÃO HÍDRICA

4.18 Implementarmedidasdeintervençãoprioritáriasporbaciahidrográfica.

4.19 Procederàconservaçãodospoioselevadasnasbaciascommaiorriscodeerosão.

4.20Reforçodosprogramasdereflorestaçãodasbaciashidrográficasondeoriscodeerosãoémaiselevado,sobretudonoflancoSuldailhadaMadeiraeilhadoPortoSantoeparacombateaosfogosflorestais.

4.21Implementarobrasdecorreçãonasbaciashidrográficascommaiorriscodeerosãoedespren-dimentodeterras.

4.22Incluirrecomendaçõesrelativamenteàsáreascríticasderiscoaintroduzirnosplanosdeproteçãocivil.

TRANSPORTE SÓLIDO

4.23Melhoraroconhecimentosobreofenómenodetransportesólidoatravésdamonitorizaçãoeanálisededados.

OEstudo de Avaliação do Risco de Aluviões definedepoisumconjuntodeseisprincípiosorienta-doresdeproteção,cadaumdestesenglobandováriasmedidas,dasquaisseapresentaabaixoumasíntese.

Osprimeirosdoisprincípiosorientadoresprendem-secomaretençãoeocontrolodotransportedematerialsólidonasbacias,eincluemmedidasrelacionadascom(IST/UA/LREC,2010:155):

›› ousodocobertovegetalparapromoveraestabilizaçãodostaludesearesistênciaàerosãodepequenasravinaselinhasdeágua;

›› aimplementaçãodesistemasdedrenagemeficazesemzonascríticasnasvertentes,deformaaimpedirconcentraçõesdoescoamentosuperficialpromotorasderavinamentosoumovimentosdemassa;

›› medidasestruturais,comoamodelaçãodoterrenoafimdeestabilizarpreventivamenteasvertentes,amanutençãoativadezonasdeterraçosjáexistentes,eaestabilizaçãodetrechosdosleitosdasribeirasparticularmentesuscetíveisàerosãoatravésdeestruturastransver-sais(diquesoudegraus)edaproteçãolocalizadadedepósitosmarginaisporestruturaslongitudinais;

HídricaeoúnicoquefoiassociadoaoTransporteSólido(op.cit:198-199),sendoevidentequetodosserelacionamdepertocomadisponibilizaçãodematerialnecessáriaàformaçãodealuviões.TodososobjetivosoperacionaissãoreproduzidosnoQuadro1.

Em2010,oEstudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha de Madeira(IST/UA/LREC,2010)veioconsideraremprofundidadeestefenómenodestruidor,produzindoumconjuntoalargadoderecomendações.Emtermosgerais,edopontodevistadaavaliaçãodoriscoedasmedidasdeproteção,foirecomendadooaprofundamentodaavaliaçãoeanálisedoriscoemdiferentesbaciashidrográficasdailhadaMadeira,comvistaapermitirummelhorconhecimentodadistri-buiçãoespacialdaexposiçãoedasvulnerabilidadesassociadasaoriscodealuviões.Osautoressalientaramtambémaimportânciadaelaboraçãodeestudosespecíficossobreacaracterizaçãoprobabilísticadasprecipitaçõesedosescoamentoslíquidos.

Estasrecomendaçõesdeâmbitogeralabrangemváriosdosobjetivosmaisespecíficosjáante-riormentedefinidosnoPRAM(Quadro1:O.Op.4.2,4.3,4.4,4.6,4.12),erefletemlacunasimpor-tantesdoconhecimentorelativoàscheias/aluviõeseaosseusfatoresdecontrolo,tambémjáfocadasnoPlano(O.Op.4.1e4.23).

Quadro 1 – Objetivos operacionais definidos no âmbito do PRAM com implicações no fenómeno das cheias/aluviões.

Nº OBJETIVO OPERACIONAL

CHEIAS

4.1 Atuaçãourgenteaníveldaaquisiçãodeinformação,comênfaseparaahidrométrica.

4.2Aprofundamentodosestudosinerentesàcaracterizaçãodecheiaseàconsequenterealizaçãodemapasdeinundação.

4.3Levantamentodasituaçãoexistentenoquerespeitaàdelimitaçãodosleitosdecheiaeàidentificaçãoecaracterizaçãodasinfraestruturasqueinterferemcomodomíniohídrico.

4.4Levantamentodasituaçãoexistentenoquerespeitaaobstáculos,naturaiseartificiais,responsáveisporestrangulamentosnaslinhasdeágua,comconsequenteagravamentodosproblemasdeinundaçãoeelaboraçãodepropostasdeatuação.

4.5 Atuaçãocontinuadadelimpezaedesassoreamentodaslinhasdeágua.

4.6Análisedaadequaçãodasredesdedrenagemdeáguaspluviaiseseueventualreequacionamento.

4.7Análisedaviabilidadedeimplementaçãodesistemasdevigilânciaealertadecheiaserealiza-çãodecampanhasdesensibilização/educaçãodapopulação.

4.8Atuaçãonosentidodedisciplinareordenaraocupaçãodoterritórioe,nomeadamente,dodomíniohídrico.

4.9Estudaracriaçãodeeventuaisbaciasderetenção,tendoemvistaaatenuaçãodoscaudaisdepontadecheia.

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›› Elaboraçãoeaplicaçãodecartasdezonamentodavulnerabilidadeedorisco,emparticularnasáreasemdesenvolvimentooudeexpansãourbanística,afimdeorientarotipodeocupaçãodoterritório;

››Definiçãodecritériosdeocupaçãodezonasperigosastendoemcontaoconceitoderisco tolerável máximo.Esteconceitopressupõe,noscasosemqueumamaiorreduçãodorisconãosejasocialmentejustificávelousuportável,aaceitaçãocondicionadadedeterminadostiposdeocupação(nacondiçãodenãoagravamentodoriscoparajusante);

››Deslocaçãodeinfraestruturasebenssensíveisque,estandoemzonascríticas(deriscoconsi-deradointolerável),nãopossamserprotegidasaumcustorazoável.

Anecessidadegeraldeatuarnosentidodedisciplinareordenaraocupaçãodoterritório(eemparticularodomíniohídrico)játinhasidodefinidacomoumdosObjetivosOperacionaisdoPRAM(O.Op.4.8).Nomesmocontexto,aquelePlanojásalientaraaimportânciadarealizaçãodeestudosrelativosàcaracterizaçãodecheiasquepermitissemproduzirmapasdeinundação(O.Op.4.2),aimportânciadadelimitaçãodosleitosdecheiaedaidentificação/caracterizaçãodasinfraestruturaseminterferênciacomodomíniohídrico(O.Op.4.3)eanecessidadededarcumprimentoaoD.L.364/98,estabelecendoaobrigatoriedadeporpartedosPMOTdaelabo-raçãodecartasdezonasinundáveisnosmunicípioscomaglomeradosurbanosatingidosporcheias)(O.Op.4.12)2.

Oquintoprincípioorientadorcentra-senagestãodoriscoatravésdeumsistema de previsão e aviso ou alerta precocequepossibiliteamobilizaçãoatempadadasautoridadescompeten-teseagentesdaproteçãocivile,emcasodeeventosexcecionais,aevacuaçãodapopulaçãodeáreasexpostas(op.cit:167).RessalvandoquejáexisteumsistemadeavisometeorológiconailhadaMadeiraemligaçãocomosserviçosdeProteçãoCivil,oestudoindicaumconjuntodemedidasnecessáriasàimplementaçãodetalsistemaparaofenómenodasaluviões,incidindoestasmedidassobreamonitorizaçãodocomportamentodasbacias,otratamentodosdadosresultanteseacalibraçãodemodelosdesimulação.Apesardeoestudoincidiremparticularsobreasaluviões,asmedidassãocondicionadasporlacunasdeconhecimentocomunsaofenómenodascheias,jásalientadasnoPRAM(O.Op.4.1e4.23).AimplementaçãodeumsistemaanálogofocadonascheiasemgeraljátinhasidoconsideradanoO.Op.4.7doPRAM.

Porúltimo,osextoprincípioorientadorrelaciona-secomaformação e informação ao público,eassentananoçãodeque,emordemalidarcomaincidênciadealuviões,apopulaçãodeverápossuirumaperceçãoadequadadofenómenoedosprocessosassociados,oquepermitiráumaprevençãomaiseficiente(op.cit:170).Aformaçãopropostadeveráabrangerdiferentesníveisdeensino,porumladocapacitandoosserviçosenvolvidosematividadesdegestãodorisco,eporoutropermitindoaoscidadãos,eventualmenteexpostos,enfrentardemodoadequadoas

2 Juntamentecomestediploma,oD.L.115/2010de22deOutubro(queestabeleceumquadroparaaavaliaçãoegestãodosriscosdeinundação,comoobjetivodereduzirassuasconsequênciasprejudiciais)transpõeparaalegislaçãonacionalaDiretivaComunitária2007/60/CEnocontextodosrecursoshídricos.

›› controloeanálisecuidadadacolocaçãodeaterros,enquantofontespotenciaisdematerialfacilmentemobilizável,eproteçãoadequadadosaterrosexistentes.

EstasmedidasenglobamosO.Op.4.20e4.21doPRAM(Quadro1).

Oterceiroprincípioorientadoréfocadonaatenuação da vulnerabilidade das áreas expos-tas (op.cit:160).Incluiumconjuntodemedidasdestinadasagerirorisconosentidodediminuirograudeperdadasestruturasexistentesemcasodealuviões.Asmedidasestãoassociadasadiferentestiposdecontextos:

›› Zonas urbanas:medidaspossíveisincluemaconstruçãodemurosdimensionadosdeformaaconterumescoamentoexcecionaldereferência(éindicadocomoreferênciaoeventode20/2/2010)eareavaliaçãodascondiçõesdevazãodesecçõescríticasdetrechosdasribeirasjácanalizados.

›› Habitações e instalações dispersas:oconjuntodemedidaspropostoincluiaremoçãodehabitaçõesisoladasquetenhamsofridodanosgravesnoeventodereferênciade20/2/2010ouqueestejamemzonasdeinundaçãoedeimpactoprevisívelcomelevadorisco;odesviodoescoamentoouamelhoriadassuascondiçõesjuntodeinfraestruturasemrisco,eaconstruçãodemurosdeproteçãoouacolocaçãodeestruturasderetenção“leves”oudedesviodesólidosparaaproteçãocontraoimpactodiretoemhabitaçõesouinstalaçõesestratégicas.

›› Áreas suscetíveis de instabilização geotécnica:asmedidaspropostasincluemaconsolida-çãoouestabilizaçãodetaludes,aimplementaçãodesistemasdedrenagemeficazes,apromoçãodeumcobertovegetalestabilizador,ocontrolodenovasconstruçõestendoemcontaoriscogeotécnico,emesmoaremoçãodehabitaçõesconsideradasemsituaçãoderiscointolerável.

›› Vias de comunicação:oestudopropõeváriasmedidasdestinadasareduziravulnerabilidadedasviasrodoviáriasemzonassuscetíveisdeocorrênciadealuviões.Estascentram-senaadapta-çãodasituaçãoatualàscaracterísticasespecíficasdosescoamentosdereferência(associadosaoeventode20/2/2010),eincidemsobreascaracterísticasdasprópriasvias(adaptaçãodascotasdarasanteàscotasmáximasprevisíveisparaoescoamentoemviasquemarginamouatravessamtrechoscríticosdelinhasdeágua;adaptaçãodassecçõeshidráulicasdepassagemsobasviasàscaracterísticasdoescoamento);sobreostaludesondeassentam(proteçãofaceàcapacidadeerosivadoescoamentoeeventualsubstituiçãoporsoluçõesestruturaisempilares);esobretaludesmarginaissuscetíveisdedeslizamento(recursoabarreirasderetençãooudedesvio).

Éaindasugeridaaimplementaçãodeumsistemaautomáticodeavisoeinterrupçãodacircula-çãoemtrechosdeviasrodoviáriasparticularmentesensíveisduranteperíodosdecrise.

Oquartoprincípioorientadorincidesobreocontrolo da exposição ao riscoatravésdemedi-daspassivasdeprevenção,sustentadasnumaprofundamentodaavaliaçãoeanálisedorisconasdiferentesbacias(op.cit:165).Sobesteprincípiogeral,sãopropostasváriasmedidas:

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Emordemaatingiresteobjetivo,definidocomosendodecurtoprazo(implementaçãoaté2006),oPRAMdefiniucomoprojetooestudoecontrolodezonasderiscodedeslizamentos(op.cit:246).

Maisrecentemente,oPGRHAM(NEMUS/HIDROMOD,2014:Parte2,Cap.7,p.5),noseudiagnós-ticoreferenteàanálisederiscos,veiosalientarquenãoexisteaindanaRegiãoAutónomadaMadeiraumzonamentodoriscodeinstabilidade,sejaemrelaçãoavertentesouaarribas,equenãoestáimplementadoumprogramasistemáticodemonitorizaçãodezonascommaiorsuscetibilidadeàinstabilidadedevertentes.OobjetivooperacionaldefinidonoPRAMmantém--se,portanto,atual.

2.3. Galgamentos oceânicos

Talcomoparaosmovimentosdemassa,oPRAMdefineumúnicoobjetivooperacional(O.Op.4.25)relacionadocomosgalgamentosoceânicos,ouinundaçõesporaçãodomar(SRA/INAG,2003:201):

“Desenvolverestudossobreosefeitosdasinundaçõesnasáreasribeirinhasporaçãodomar”

DeacordocomoPRAM,esteéumobjetivodeMédio/Longoprazo,tendocomoreferênciaumhorizontetemporalaté2020.EstetipodeinundaçõeséabrangidopelojáreferidoD.L.115/2010de22deOutubro,devendoestarrefletidonacartografiaenosplanosdegestãodoriscodeinundaçõesaproduzir.

Aocontráriodoqueocorrecomosfenómenosdascheiasedosmovimentosdevertente,oPGRHAMnãoconsideraespecificamenteosgalgamentosoceânicos,assumindo-sequeaneces-sidadedeobtençãodeconhecimentoatravésdarealizaçãodeestudossalientadanoPRAMsemantémpertinente.

situaçõesdecrise,compreendendoeapoiandoasmedidasdeproteçãoquevenhamaserpro-postaseimplementadas.Aformaçãodeverásercomplementadacomcampanhasdeinformação,incluindoporexemploaafixaçãodepainéisoucartazesnasáreasmaisperigosas.

Anecessidadedeeducaçãoesensibilizaçãodaspopulações(emrelaçãoàscheiasemgeral)játinhasidoanteriormentealvodoO.Op.4.7doPRAM.

Maisrecentemente,enasequênciadosdoistrabalhosacimaconsiderados,oPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadoArquipélagodaMadeira(NEMUS/HIDROMOD,2014)veioestabeleceremrelaçãoaofenómenodascheias/aluviõesumdiagnósticoatualizado.Aanálisedestedocu-mentopermiteconstatarque:

›› Persistemaslacunasdeconhecimentoreferentesàhidrografiaehidrologia,bemcomoainexis-tênciadeumaredesedimentológicaquepermitacaracterizaracomponentesólidadoseventosdecheia(op.cit.,Parte2,Cap.7,p.1-2);

›› ExistemPlanosMunicipaisdeEmergênciadeProteçãoCivilparaosconcelhosdoFunchal,RibeiraBravaeSantana(op.cit.,Parte2,Cap.6,p.62);

›› Existemdelimitaçõesdezonasinundáveisemalgunsmunicípios(nãosãoespecificados),per-mitindocondicionarolicenciamentodeoperaçõesdeloteamento,deobrasdeurbanizaçãoouparticulares.Nestecontexto,asaçõesprevistasnosD.L.364/98de21deNovembroe115/2010de22deOutubrosãodefinidascomoestandoparcialmentecumpridas,sendoque,àdatade2013,estudosespecíficosestãoaindaemcurso(op.cit.,Parte2,Cap.6,p.52).Aesterespeito,ésalientadoqueoEstudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha de Madeira(IST/UA/LREC,2010)incluiujáaelaboraçãodeváriosdoselementosconstituintesdaavaliaçãopreliminarderiscosdeinundaçõesestipuladanoD.L.115/2010(NEMUS/HIDROMOD,2014:Parte2,Cap.2.9,p.24).

Porúltimo,oPGRHAMidentificaalgumasoportunidadesaexplorarfaceaofenómenodascheias,querepetemesóvêmreforçarmedidasjápropostasnosdocumentosanteriormenteanalisados(medidasestruturaisenãoestruturais;açõesdeformaçãoeinformação,conduzindoaumaperceçãoadequadadoriscodealuviões;criaçãodeumsistemaregionaldeprevisãoeproteçãocontraaluviões;definiçãodeindicadoresdeprevisãoedealarmecalibradosparaascondiçõeslocaisdailhadaMadeira).

2.2. Movimentos de Massa em Vertentes

OPlanoRegionaldaÁguadaMadeira(PRAM)dedicaoseuObjetivoOperacional4.27aosmovi-mentosdevertente(SRA/INAG,2003:201):

“Realizarcartografiaderiscosgeológicos/geotécnicosparaaminimizaçãodoriscodedesliza-mentooudequedadeblocosparaasribeiras,paraossistemasdelevadasououtrossistemasdeaduçãoetratamentodeáguaresiduais”

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3. Identificação e distribuição espacial das medidas de adaptação consumadas ou em cursoEnumeraram-senocapítuloanteriorasmedidasdeadaptaçãoconsideradasrelevantesnoâmbitodosinstrumentosdeplaneamentoterritorialemvigor(PRAM,PGRHAM)edoEstudodeRiscodeAluviõesdoArquipélagodaMadeira.Deformacomplementar,pretendeu-senopresentecapítuloidentificaraçõescomconsequênciasterritoriaisdiretasouindiretasque,tenhosidolevadasacabonosúltimosanosouestandoatualmenteemcurso,possamtervindoemmaioroumenorgraucontribuirparatornartaismedidasefetivas.Consideraram-sedeigualformamedidasplaneadasparaofuturopróximo,desdequetornadasexplícitasdeformaoficialpeloGovernoRegional3.

Aanáliserealizadaorganizou-seemduasfases.Naprimeira,foirealizadoumlevantamentodasaçõesrealizadas,emcursoouplaneadas,bemcomoacaracterizaçãodestasações.Numasegundafase,asaçõesidentificadasforamcomparadascomasmedidasdeadaptaçãoconside-radasrelevantesnoâmbitodoPRAM,doPGRHAMedoEstudodeRiscodeAluviõesdoArqui-pélagodaMadeira(enumeradasnocapítuloanterior)afimdedefiniremquemedidavieramouvirãoacontribuirtotalouparcialmenteparaasuaimplementação.

3.1. Levantamento das ações realizadas, em curso ou planeadas

Olevantamentoassentouemtrêstiposdefontes:(1)sítiosdigitaisepáginasdaadministraçãoregional(GovernoRegional,Vice-PresidênciadoGovernoRegional,MunicípioseorganismospúblicoscomoaSecretariaRegionaldosEquipamentosSociais(SRES)ouoLaboratórioRegionaldeEngenhariaCivil(LREC)),incluindopublicaçõesoficiaisemredessociais(Facebook);(2)notíciaspublicadas,tantoporperiódicosdenaturezaprivada(e.g.JornaldaMadeira)comopública( JornalOficialdaRegiãoAutónomadaMadeira);e(3)outrosdocumentos,designadamenteRelatóriosdeContasdeempresasresponsáveisporintervenções.

3 Incluem-senestacategoriaasmedidasprevistasnoPlanoeProgramadeInvestimentoseDespesasdeDesenvolvimentodoArquipélagodaMadeira(PIDDAR)para2015.

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Emcomparaçãocomascheias/aluviões,osrestantesfenómenostêmsidooalvodeumnúmeroreduzidodeações.Osmovimentosdevertenteincluíramapenasduastipologiasdeação:esta-bilizaçãodevertentes(11açõesidentificadas),eespacializaçãodoriscoouperigosidadecomomedidadeapoioàdecisão(2açõesincluindo,talcomoparaascheias/aluviões,aelaboraçãodeumSistemadeInformaçãoGeográficaedemapasdeperigosidade).

Finalmente,ofenómenodosgalgamentosoceânicosfoiapenasalvodeumatipologia(obrasdeproteçãodafrentemarítima),associadaa2ações.

Numbalançogeral,identificaram-se52açõesrelacionadascomcheias/aluviões,13commovimentosdevertente,eapenas2centradasnosgalgamentosoceânicos.Ototal(67)excedeovaloranteriormentereferidoporduasações,jáqueduasdasintervençõesidentificadasincidi-ramemsimultâneosobredoisfenómenosdistintos.FoiocasodasobrasrealizadassobreazonalitoraledossectoresterminaisdasribeirasdeJoãoGomeseSantaLuzia(cheias/aluviõesegalga-mentosoceânicos)edaintençãodoGovernoRegionaldeconstruir,durante2015,umSistemadeInformaçãoGeográfica(SIG)centradonosriscosgeológicosegeomorfológicos(cheias/aluviõesemovimentosdevertente),manifestadanapropostadoPlanoeProgramadeInvestimentoseDespesasdeDesenvolvimentodaRegiãoAutónomadaMadeira(PIDDAR)para2015.

AdistribuiçãoespacialdasaçõesidentificadasésintetizadanoQuadro3portipodefenómenoconsideradoetendocomounidadeespacialdereferênciaomunicípio4.Asuaanálisetornaclaroopredomíniodasaçõescentradasnascheias/aluviões–79%–,comosmovimentosdevertenteassociadosa18%eosgalgamentosoceânicosaapenas3%.

Quadro 3 – Nº de ações identificadas por âmbito espacial e tipo de fenómeno. As ações incidentes sobre mais do que um município estão assinaladas num tom mais escuro.

ÂMBITO ESPACIAL

FENÓMENO

TOTALCheias/ Aluviões

Movimentos de Vertente

Galgamentos Oceânicos

Funchal 16 1 17

SantaCruz 13 13

RibeiraBrava 6 1 7

PontadoSol 2 3 5

CâmaradeLobos 3 2 5

Calheta 1 1 2

4 Édenotarqueonúmerototaldeaçõeséde68,poroposiçãoaos67noQuadro2,porqueumadasaçõesincidesobredoismunicípios(implementaçãodosistemaautomáticodemonitorizaçãodasRibeirasdeJoãoGomes,SantaLuzia,SãoJoãoeRibeiraBrava),tendosidodesagregadaemduasparaestaanálisedeâmbitoespacial.

Olevantamentopermitiuidentificarumtotalde65açõesconcluídas,emcursoouplaneadas(identificadasnoAnexo1).Estainformaçãofoidepoiscaracterizadaemfunçãodetrêscritériosfundamentais.Emprimeirolugar,levou-seemconsideraçãoanaturezadecadaintervenção(e.g.canalizaçãodelinhadeágua,estabilizaçãodevertente)afimdedefinirasprincipaistipologias.Emsegundolugar,cadaaçãofoiassociadaaofenómenooufenómenosperigosossobreoqualincide(cheias/aluviões,movimentosdevertenteegalgamentosoceânicos).Finalmente,foidefinidaaincidênciaespacialdecadaação,tendocomounidadedereferênciaomunicípio.Pre-tendeu-seassimaferiremquemedidaosdiferentesfenómenosforamalvodemaioroumenoratenção,eaomesmotempodefinirocarácterdispersoouconcentradodestasintervençõesatravésdoterritórioregional,semprejuízodofactodeváriasdasaçõesdefinidasincidiremsobreasuatotalidade.

Aanáliseconjuntadasaçõesidentificadaspermitiudistinguirumconjuntode9tipologias,nasuamaiorparterelacionadascomofenómenodascheias/aluviões(Quadro2).Destas,atipologiamaisfrequenteconsisteemintervençõessobreosleitosecanaisfluviais,incluindoasuaregu-larização,oredimensionamentodassecçõeshidráulicase/ouacanalizaçãodelinhasdeágua,areconstruçãodepassagenshidráulicas,operaçõesdedesassoreamento,oumesmoodesviodoprópriocursodalinhadeágua.

Asrestantestipologiasincluíramaçõescentradasnaretençãodesedimentos(construçãodeestruturasderetenção),nocontrolodaerosão/torrencialidade(florestaçãodesectoresdecabeceira),naimplementaçãodesistemasdevigilânciaealerta(centradosnocomportamentohidrológicoderibeirasenaprevisãodecheias/aluviões),naespacializaçãodoriscoouperigosi-dadecomomedidadeapoioàdecisão(implementaçãodeSistemasdeInformaçãoGeográficaeelaboraçãodecartografia),efinalmentenasensibilização/formaçãodapopulaçãoemrelaçãoaofenómenodasaluviões.

Quadro 2 – Nº de ações relacionadas com o fenómeno das cheias/aluviões, por tipologia.

TIPOLOGIA Nº AÇÕES

Intervençãosobreleitos/canaisfluviais 40

Retençãodesedimentos 3

Controlodaerosão/torrencialidade 1

Sistemasdevigilância/alerta 3

Sensibilização/Formação 1

Espacializaçãodoriscoouperigosidade/apoioàdecisão 4

Total 52

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS70 71

3.2.1. Cheias/Aluviões

Noqueconcerneàscheias/aluviões,asaçõesrealizadasouarealizarconsistemsobretudoemintervençõessobreosleitosecanaisfluviais,sejacanalizandooescoamentoeredimensionandoassecçõesepassagenshidráulicas,sejaremovendoobstruçõesaoescoamento.Acontinuaçãodestasaçõesdeformasistemáticaestáprevistaa(cf.Anexo1,açãonº53).Asaçõesarealizarincidemaindasobreocontrolodaproduçãodecargasólidaamontante,atravésdarefloresta-çãodesectoresdecabeceiraemáreasparticularmentesuscetíveis.

Umapartedasaçõesidentificadasestácentradanaaquisiçãodeconhecimentossobreofenó-menodascheias/aluviõesenagestãodoriscorespetivo.Estasaçõesincidemespecificamentesobreaeducação/sensibilizaçãodapopulação,amonitorizaçãodocomportamentohidrológicodasribeirasmaisvulneráveisàscheiasrápidas,adistribuiçãoespacialdoriscodecheias/alu-viões,eacriaçãodesistemasdealertaprecoce.

Deformaafacilitarascomparações,apresentam-senoQuadro4asmedidasprevistas(naformadeobjetivosoperacionais)noPlanoRegionaldaÁguadaMadeiraemrelaçãoàscheias/aluviões(jámostradasnoQuadro1),bemcomoasuacorrespondênciafaceàsaçõesdeadaptaçãoaofenómenojáimplementadasouaimplementar,identificadasnoAnexo1.

Ficaclaroqueumapartesignificativadasmedidasfoijáalvodealgumaação,emboramuitassemantenhamaindaporcumprir.

ConsiderandodeseguidaasnumerosasmedidasprevistasnoEstudodeAvaliaçãodoRiscodeAluviõesdoArquipélagodaMadeira(IST/UA/LREC,2010),ficaclaroquemuitasdaspropostasforamjáalvodeconsideração,encontrando-seoutrasaindaporefetivar.Paraalémdaestabiliza-çãodesecçõesdasvertentes(taludes)edesecçõesdasviasrodoviáriasedousodavegetaçãoparacontrolaraproduçãodesedimentos(ações41a51,Anexo1),asmedidasqueforamalvodeconsideraçãoincluemacriaçãodeumsistemadeprevisãoealertaprecoce(açõesnos10e57),parcialmenteassentenoconhecimentodocomportamentohidrológicodasribeiras(açãonº61),eaconsciencializaçãodapopulaçãofaceaofenómeno(açãonº55).

ÂMBITO ESPACIAL

FENÓMENO

TOTALCheias/ Aluviões

Movimentos de Vertente

Galgamentos Oceânicos

PortoMoniz 1 1 2

Machico 1 1 2

SãoVicente 1 1

Santana 1 1

Madeiraemgeral 10 2 12

PauldaSerra,zonasobranceiraaoFunchalePortoSanto

1     1

Total 54 12 2 68

Noquedizrespeitoaopadrãoespacialdasações,háumaconcentraçãoevidentenosmunicípiosdoFunchal(17ações)eSantaCruz(13),seguidospelaRibeiraBrava(7),PontadoSoleCâmaradeLobos(5açõescada).ACalheta,PortoMonizeoMachicoregistaram2açõescada,comosmunicípiosdeSãoVicenteeSantanaaapresentaremapenasumaação.

Éimportantereferirque,emparalelocomasintervençõesjárealizadasouemcursoemmunicípiosespecíficos,numerosasaçõestêmcomoâmbitoespacialageneralidadedoterritóriomadeirense.EsteéocasodasmedidasprevistasnaPropostadoPlanoeProgramadeInvesti-mentoseDespesasdeDesenvolvimentodaRegiãoAutónomadaMadeira(PIDDAR)para2015,tendoestascomoúnicaexceçãoaaçãodeflorestaçãodesectoresdecabeceiradestinadaacontrolaraerosãoeatorrencialidadedaslinhasdeáguaqueestáprevistaparaoPauldaSerra,paraazonasobranceiraaoFunchaleparaPortoSanto.

3.2. Ações identificadas e medidas de adaptação propostas:

análise comparativa

As65açõesdeintervençãoidentificadas,discriminadasnoAnexo1,foramcomparadascomasmedidasconsideradasrelevantesnoâmbitodoPlanoRegionaldaÁguadaMadeira(SRA/INAG,2003),doPlanodeGestãodaRegiãoHidrográficadoArquipélagodaMadeira(NEMUS/HIDRO-MOD,2014),edoEstudodeRiscodeAluviõesdoArquipélagodaMadeira(IST/UA/LREC,2010),jádescritasanteriormente.Acomparaçãomostraqueumaboapartedasmedidaspropostasnestesdocumentosfoijácumpridaemalgumamedida.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS72 73

Nº OBJETIVOS OPERACIONAISAÇÕES REALIZADAS

OU A REALIZAR

4.20Reforçodosprogramasdereflorestaçãodasbaciashidrográficasondeoriscodeerosãoémaiselevado,sobretudonoflancoSuldailhadaMadeiraeilhadoPortoSantoeparacombateaosfogosflorestais

59

4.21Implementarobrasdecorreçãonasbaciashidrográficascommaiorriscodeerosãoedesprendimentodeterras

 

4.22Incluirrecomendaçõesrelativamenteàsáreascríticasderiscoaintroduzirnosplanosdeproteçãocivil

 

TRANSPORTE SÓLIDO

4.23Melhoraroconhecimentosobreofenómenodetransportesólidoatravésdamonitorizaçãoeanálisededados

61

Código de cores: Verde – ações cumprem a medida na totalidade; Amarelo: ações cumprem parcialmente a medida; Vermelho – Não há qualquer correspondência entre a medida e as ações identificadas.

Pareceparticularmenterelevanteaintençãodeestenderaavaliaçãodoriscodealuviões(reali-zadapeloEstudoapenasparaascincoribeirasmaisafetadaspeloeventode20/02/2010)atodaaMadeira(ação56).JuntamentecomaintençãomanifestapeloGovernoRegionaldeconstruirumSIGcentradonosriscosgeológicos/geomorfológicos(ação54),estamedidadeverácontribuirsignificativamenteparaumconhecimentoaprofundadoeintegradodadistribuiçãodoriscodecheias/aluviõesnoterritóriomadeirense,permitindo(emharmoniacomasmedidaspropostasnoEstudodeAvaliaçãodoRiscodeAluviõesnoArquipélagodaMadeira),orientarotipodeocupaçãodoterritório,definircritériosdeocupaçãodezonasperigosasdeacordocomoriscoassociado,eeventualmentedeslocarinfraestruturasebenssensíveisque,estandoemzonascríticas,nãopossamserprotegidasaumcustorazoável.Emsuma,oconhecimentopossibilitadoporestasduasmedidasespecíficasdeverápermitirdelimitarparaageneralidadedoterritóriomadeirensezonasinundáveis,leitosdecheiaeinfraestruturaseminterferênciacomodomíniohídrico(objetivosoperacionais4.2e4.3;Quadro1),efinalmenteconstruiracartografiadezonasinundáveiscujaobrigatoriedadeparaosmunicípiosafetadosporcheiasestáprevistanalei(D.L.364/98,de21deNovembro)econtempladapeloobjetivooperacional4.12doPRAM.

3.2.2. Movimentos de massa em vertentes

Nocasodosmovimentosdevertente,asaçõesnos54e58(Anexo1)vêmcumprirnatotalidadeoúnicoObjetivoOperacionalestabelecidonoPRAM(O.Op.4.27),centradonarealizaçãodecarto-grafiaderiscosgeológicos/geotécnicos.Asaçõesacimareferidas,ambasconstantesdoPIDDAR2015,incluemnãosóaintençãodeelaboraçãodemapasdeperigosidadededeslizamentos,mastambémaintegraçãodesteriscocomascheias/aluviõesnumúnicoSIG,comevidentesbenefíciosnumcontextodeapoioàdecisão.

Quadro 4 – Correspondência entre as medidas de adaptação às cheias/aluviões previstas no PRAM (designados como “Objetivos Operacionais”) e as ações de adaptação ao fenómeno identificadas. O número das ações (Nº) tem correspondência no Anexo 1.

Nº OBJETIVOS OPERACIONAISAÇÕES REALIZADAS

OU A REALIZAR

CHEIAS

4.1Atuaçãourgenteaníveldaaquisiçãodeinformação,comênfaseparaahidrométrica

61

4.2Aprofundamentodosestudosinerentesàcaracterizaçãodecheiaseàconsequenterealizaçãodemapasdeinundação

54;56;61

4.3Levantamentodasituaçãoexistentenoquerespeitaàdelimitaçãodosleitosdecheiaeàidentificaçãoecaracterizaçãodasinfraestruturasqueinterferemcomodomíniohídrico

54;56;61

4.4

Levantamentodasituaçãoexistentenoquerespeitaaobstáculos,naturaiseartificiais,responsáveisporestrangulamentosnaslinhasdeágua,comconsequenteagravamentodosproblemasdeinundaçãoeelaboraçãodepropostasdeatuação

54;61

4.5 Atuaçãocontinuadadelimpezaedesassoreamentodaslinhasdeágua 60;62

4.6Análisedaadequaçãodasredesdedrenagemdeáguaspluviaiseseueventualreequacionamento

 

4.7Análisedaviabilidadedeimplementaçãodesistemasdevigilânciaealertadecheiaserealizaçãodecampanhasdesensibilização/educaçãodapopulação

10;55;57

4.8Atuaçãonosentidodedisciplinareordenaraocupaçãodoterritórioe,nomeadamente,dodomíniohídrico

55;63

4.9Estudaracriaçãodeeventuaisbaciasderetenção,tendoemvistaaatenua-çãodoscaudaisdepontadecheia

 

4.10Estudaroseventuaisefeitosdacriaçãodealbufeirasnasprincipaisribeiras,nocontrolodascheiasnaturaisdessaslinhasdeágua,bemcomodasestruturasdeamortecimentodecheias

 

4.12DarcumprimentoaoD.L.nº364/98queestabeleceaobrigatoriedadeporpartedosPMOTdaelaboraçãodecartasdeZonasInundáveisnosmunicí-pioscomaglomeradosurbanosatingidosporcheias

54;56

EROSÃO HÍDRICA

4.18 Implementarmedidasdeintervençãoprioritáriasporbaciahidrográfica 64

4.19Procederàconservaçãodospoioselevadasnasbaciascommaiorriscodeerosão

 

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS74

3.2.3. Galgamentos

O único Objetivo Operacional do PRAM relativo aos galgamentos oceânicos prende-se com a necessidade de

“desenvolver estudos sobre os efeitos das inundaçõesnasáreasribeirinhasporação do mar”. As duas

ações identificadas relativamente a este fenómeno consistem ambas em obras de reforço da proteção da

frente marítima (no Funchal e na Calheta; ações nos 2 e 52 no Anexo 1), pelo que este objetivo é cumprido

apenas marginalmente. Não há indicação de qualquer intenção de desenvolvimento de estudos sistemáticos.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 77

4. Propostas para reforço da capacidade de adaptaçãoComosedepreendedolevantamentoefetuadonoscapítulosanteriores,osdiversosestudosefetuados,particularmenteapósoeventodefevereirode2010(IST/UA/LREC,2010;NEMUS/HIDROMOD,2014),incorporamjáumconjuntorelevantedepropostasque,devidamenteimple-mentadas,poderiamconstituiravançossignificativosnoprocessoadaptativodaRegiãoAutó-nomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticas.Comoseverificou,também,muitasdessaspropostas,particularmenteasdenaturezaestrutural,quasetodasfocadasnoscursosdeágua,foramjáconcretizadasnoterreno,faltando,noentanto,avaliarasuacapacidadeefetivadecumprirospropósitosparaqueforamconstruídas.

Daavaliaçãodasvulnerabilidadesatuaisefuturas,emergeanoçãoclaraqueéfundamentalinvestirnoaprofundamentodosconhecimentosenamonitorizaçãodosprocessos;aliás,estanecessidadeestájápresenteemestudosanteriores,mas,aocontráriodasobrasmais“pesa-das”,estáaindalongedesercumprida.Destacam-se,deseguida,asmedidasdeadaptaçãoconsideradasmaisrelevantespararesponderaosdesafiosambientaisatuaisefuturosnasilhasdaMadeiraedePortoSanto.Tendoemcontaadiversidadedepropostasjáenquadradasemestudosanteriores,maisdoqueapresentaçãodenovasaçõesdeadaptação,retomam-sealgumasdasjáefetuadas,emalgunscasosamplificando-aseaprofundando-as,numaperspetivaintegradaqueseconsideraessencialnocontextodosfenómenosnaturaisaquianalisados.

Estudos de dinâmicas de vertentes, sedimentar e fluvial

Considera-seimprescindívelaintensificaçãoeaprofundamentodosestudosdedinâmicafluvial,numaperspetivasistémica,interrelacionandoosprocessosdeerosãohídrica,dinâmicademassaemvertentes,transportesedimentareescoamentofluvial.Naverdade,váriosestudosreferemaimportânciadosmovimentosdevertente–deslizamentoseescoadas–naquanti-dadedesedimentosquealimentamoescoamentofluvialemperíododecheias,dandoorigemàsaluviões.Outros,maisrecentes(Simões,2015),confirmamagrandeimportânciadosdesliza-mentosnodesencadeamentodasescoadas,quesepropagamatéaosfundosdevale.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS78 79

Nestecontexto,deveserdadaatenção particular à ilha de Porto Santo,devidoàexistên-ciadecondiçõeslitoraisespecíficas,comumafaixacosteiradepraiaedunas,demuitobaixaaltitude,queseestendeaolongodamaiorpartedosetorsudestedailha.

Sistema de alerta contra as cheias e movimentos de vertentes

TendoemcontaascondiçõesnaturaisehumanasdailhadaMadeira,quesetraduzemembaciashidrográficascomtemposderespostaetemposdeconcentraçãomuitopequenos,fortesdinâmicasdoescoamentoegrandeabundânciadetransportedematerialsólidodoscursosdeágua,aexistênciadeumsistema de alerta contra cheias e movimentos de massa em vertenteassume-secomoimprescindível.Devidoaostempos de concentração muito bai-xosdageneralidadedasbaciashidrográficasdailhadaMadeira,namaiorparteinferioresa2h,masfrequentementecomapenascercade1h,talcomoacontececomamaioriadaspequenasbaciasquedrenamparaacostasuldailha,nasquaissedestacamasquedrenamparaoFunchal(IST/UA/LREC,2010),este sistema de alerta deve revestir-se de algumas especificidades. Nestecontexto,tãooumaisimportantedoqueoconhecimentoemtemporealdosquantitati-vosdeprecipitaçãosobreasbaciashidrográficasoudoscaudaisemdiversassecçõesdoscursosdeágua,éacapacidade para antever, em algumas horas, a aproximação de sistemas atmosféricos depressionários capazes de gerar precipitações muito intensas na ilha da Madeira.Nestesentido,esemdiminuiraimportânciadaexistênciadeestaçõeshidrométricasepluviométricasnestesistemadealerta,deveseranalisadaainclusãodeumRadar Meteoro-lógicocomvistaafornecerumainformaçãorelativamenteprecisaefiável,comaantecipaçãodeapenasalgumashoras,emcomplementocomasprevisõesmaisalargadas(superioresa1dia),igualmenteimportantes,quepodemserobtidasapartirdemodelos de previsão numéricos com resolução adequada,daresponsabilidadedoIPMA.

Obviamente,umsistemadeacompanhamentoealertadevefuncionarassentenoconhecimentodosmecanismosgeotécnicosehidrológicosquegeremosmovimentosdemassaemvertenteseadinâmicadoescoamentonasbaciashidrográficas,peloqueoseuenquadramentonoconhe-cimentoobtidoapartirdosestudosdasdinâmicasdevertentes,sedimentarefluvial(referidosanteriormente)éimprescindívelparagarantirumaotimizaçãodosrecursostecnológicoseparaalcançarosresultadospretendidos.

Construção de estruturas de proteção

Acurtoprazo,asobrasdeproteçãoemvertentes,nasribeirasenafaixacosteirapodemserconsideradasessenciaisparacorrigirproblemasgravesdetetadoscombasenofuncionamentorecentedossistemas.Emtodoocaso,comosecomprovapeloAnexo1eemváriosdocumentosdisponíveis(veja-se,porexemplo,oJornaldaMadeira,de4dedezembrode20145),asváriasdezenasdeaçõesdesdefevereirode2010têmincididomaioritariamenteemobrasdeproteçãocosteira(2ações),deestabilizaçãodevertentes(11ações)e,principalmente,associadasaos

5 http://www.jornaldamadeira.pt/flips/frentemar/FLASH/index.html.

Osestudosdosmovimentos de massa em vertentesdevemcentrar-seemduasabordagenscomplementares:porumlado,aavaliaçãodascondiçõesdoterritório,comvistaàidentificação das áreas com maior suscetibilidade;poroutro,aidentificação de limiares de precipita-ção,quepermitamanteciparasuaocorrência.

Noprimeirocaso,ocálculodasuscetibilidadepermiteobterasuadistribuiçãonoterritório,identificandoasinfraestruturasmaisvulneráveis(habitações,estradas,levadas,etc.),deformaapermitirumagestãomaiseficazdoperigo.Adicionalmente,permitiráumaatuaçãomaisdirecionadaeeficazatravésdemedidas de prevenção e de implantação de estruturas de proteção(reflorestação,estabilizaçãodevertentes,localizaçãodebarreirasderetençãodesedimentos,etc.).Aidentificaçãodeáreascomgrandepropensãoparagerarsedimentosdeveráserenquadrada em cada bacia hidrográfica,dandorelevânciaàsmedidasdeadaptaçãonaquelasquecoincidamcomsetoresemqueadinâmicafluvialéelevadaepropiciadoradaocorrênciadecheias,comvistaadiminuiroimpactodasaluviões.

Nosegundocaso,éexigidoumacompanhamento(automáticoounão)dasvertentes,identifi-candooseucomportamentoemconfrontocomosregistosdeprecipitaçãoacumulada.Paratal,énecessárioinvestimento em estações pluviométricas,estrategicamentelocalizadas,ecomregistoscontínuos,idealmentecomtransmissãodedadosportelemetria,quepoderãoestarenquadradasemumsistemamaisamplodealertaàocorrênciademovimentosdemassaemvertentesecheias(referidomaisadiante).

Emqualquerdoscasos,eparaosdiversosfenómenos–deslizamentos,escoadas,cheiasealuviões–,seriaimportanteumarecolha sistemática e metódica de ocorrênciasassociadasacadaeventometeorológico,baseadaemdiversasfontesdeinformação,emqueseprocedesseaolevantamentodadatadeocorrência,localizaçãomaisaproximadapossíveleidentificaçãodosimpactosassociados.

Comoseverificadeseguida,oconhecimentoresultantedosdiversosestudosservirá,também,parasuportarmedidasnosdomíniosdasocioeconomia,dagovernançaedatecnologia.

Estudos de dinâmica marítima

Asubidadonívelmédiodaságuasdomarconstituiumdosfactosmaisseguros,nocontextodasalteraçõesclimáticas.Osvaloresdereferênciaencontradosnosdiversosestudos,naordemde40a50cmdeelevaçãoatéfinaldopresenteséculo,emborapossamserconsidera-dosmoderados,vão,certamente,levaraumaalteraçãodascondiçõesdadinâmicamarítimaeaumreajustamentodasatividadeshumanasjuntoàcosta.Nestesentido,seráimportantedesenvolverestudos de modelação da dinâmica marítima para vários cenários futuros,identificarasatividadeseasinfraestruturasquepossamviraser,dealgumaforma,afetadase,nestasequência,avaliarasmedidasatomar,quepoderãopassarpeloreforçodasestruturasdeproteçãocosteira,relocalizaçãodeinfraestruturase,emalgunscasos,abandonodasatividades,quandoarelaçãocusto-benefícioassimodeterminar.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS80

cursosdeágua(44ações),emquesedestacaclaramenteaIntervençãosobreleitos/canaisfluviais(40dasanteriores).

Tendoemcontaoreferido,oconhecimentodofuncionamentodossistemasnaturais,quernascondiçõesatuaisqueremcontextodealteraçõesclimáticas(talcomodescritoempontoanteriores),permitirá,acurtoemédioprazo,ações direcionadas e com maior capacidade de efeito adaptativo às condições atuais e futuras.Porexemplo,acolocaçãodeestruturasderetençãodesedimentosnosleitosdasribeirasteráumefeitomaiseficazseforconhecidapreviamente,combasenamodelaçãoeanálisedesuscetibilidade,ondeselocalizamossetoresdasbaciashidrográficasmaispropensosparaacedênciadematerialsólido,queratravésdeerosãohídricaqueratravésdemovimentosdemassaemvertentes.

Conservação e alteração do uso e ocupação do solo

Asmedidasdeconservaçãooudealteraçãodeusosdosolopodemconstituiraçõesimportan-tesnosentidodediminuiraerosãohídricadosoloe,emalgumamedida,osmovimentossuper-ficiaisdemassaemvertentes,atenuandoassimaquantidadedesedimentostransportadosparaoscursosdeágua.Incluem-seaquiduasações:medidasdeapoio à agricultura com vista à manutenção dos poios;medidasdereflorestação.Nesteúltimocaso,devempreviamenteserfeitosestudosnosentidodeavaliar as espécies e as formações vegetais mais adequadas,ouseja,quefornecemumamaiorproteçãoaosolo.

Formação e sensibilização das populações para a perceção

do risco

Aeducação da população para o riscodeveenglobarumconjuntodeaçõesmuitodiversifi-cadas,particamentetransversalatodaasociedademadeirense.Umdessesníveisconstituia(re)educação de técnicos com vista à sensibilização para as questões de riscos naturais na Região Autónoma da Madeira;esteníveléparticularmenteimportante,poissão,muitasvezes,estestécnicosquefuncionamcomoagentestransmissoresdeinformaçãoentreasentida-desoficiaiseosindivíduosecomoagentesquecontrolamasaçõesdestesindivíduosnoterreno.

Outronívelincidenasações de formação e sensibilização das populações quanto às áreas de risco.Estenívelpretendechegaràsociedadeemgeral,atravésdegruposdeindivíduos,masconsiderando,emúltimaanálise,cada pessoa como um ator fundamental no processo de proteção civil,quernoquedizrespeitoaoconhecimentodosfatoresderiscoquernoquedizrespeitoaoreconhecimentodascondiçõesqueantecipamasuaocorrência.Nestecontexto,ecomocomplemento,aconselha-seaintensificaçãodestasações de perceção do risco em determinadas populações-alvo,ouseja,empequenosgruposderiscoselecionados(criançasemescolas,idosos,etc.),tendoporbase,numaprimeirafase,populaçõesamostrais(determi-nadoconjuntodeindivíduosemcontextoderiscosespecíficos)quepossamserextrapoladasparaorestodoterritório.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 83

5. Referências bibliográficas›› IST/UA/LREC(2010)–Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha de Madeira. Relatório Base. SecretariaRegionaldoEquipamentoSocial,Funchal.

››NEMUS/HIDROMOD(2014)–Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (RH10). Volume 1 – Relatório. Parte 2 – Caraterização e diagnóstico.DireçãoRegionaldoOrdena-mentodoTerritórioeAmbiente,Funchal.

›› Simões,E.(2015)–Análise integrada da dinâmica de deslizamentos e escoadas nas bacias hidrográ-ficas do sector central da Ilha da Madeira.DissertaçãodoMestradoemSistemasdeInformaçãoGeográficaeModelaçãoTerritorialAplicadosaoOrdenamento,InstitutodeGeografiaeOrdena-mentodoTerritório,UniversidadedeLisboa.

›› SRA/INAG(2003)–Plano Regional da Água da Madeira. Relatório Técnico(versãoparaconsultapública).SecretariaRegionaldoAmbienteeInstitutodaÁgua,Funchal.

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 85

Anexo 1

Ações de adaptação aos fenómenos (FEN) das cheias/

aluviões (CH), movimentos de vertente (MV) e galgamentos

oceânicos (GA) concluídas, em curso ou previstas (1). As

ações incidentes sobre mais do que um município são

colocadas em baixo, com fundo cinzento.

Nº FEN MEDIDA TIPOLOGIA MUNICÍPIO NOTAS

1 CH

ObrasdeproteçãodafrentemarítimadoFunchal-troçoterminaldaribeiradeS.João.Aobraincluiureposicionamento,aprofundamentoereforçodoleito

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluída.Inauguradaa

28/11/14

2 CH/GA

ObrasdazonalitoraldaempreitadadostroçosterminaisdasribeirasdeJoãoGomeseSantaLuzia

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais;Proteçãodefrentemarítima

Funchal Concluída

3 CH Construçãode4estruturasderetenção(açudes)naribeiradeS.João

Retençãodesedimentos Funchal Concluída(inauguraçãoa

17/10/2014)

4 CH Construçãode4estruturasderetenção(açudes)naribeiradeSta.Luzia

Retençãodesedimentos Funchal Concluída(inauguraçãoa

18/9/2013)

5 CH Construçãode4estruturasderetenção(açudes)naribeiradeJoãoGomes

Retençãodesedimentos Funchal Concluída(inauguraçãoa

13/09/2013)

6 CH RegularizaçãoecanalizaçãodaRibeiradaVargem Intervençõessobreleitos/canaisfluviais S.Vicente Concluídaem5/2014

7 CH RegularizaçãoecanalizaçãodaRibeiradoVascoGil

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem5/2014

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RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS86 87

Nº FEN MEDIDA TIPOLOGIA MUNICÍPIO NOTAS

23 CH RegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodaCorujeira-2.ªfase-Monte,Funchal.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal

Emcurso.Expropriaçãodeclaradadeutilidadepúblicaem29/07/2014

24 CH RegularizaçãoeCanalizaçãodaRibeiradaJanela Intervençõessobreleitos/canaisfluviais PortoMoniz Concluída.Inauguradaa

23/10/2014

25 CH ObradedesviodoRibeirodaPenaparaaRibeiradeJoãoGomes

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem06/2011

26 CH CanalizaçãoealargamentodoribeirodasBabosas

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem06/2011

27 CH DesviodoribeirodaQuintadasFreiras-Caniço Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz

Emcurso.Repartiçãodosencargosorçamen-taiscomexpropriaçãoautorizadaa29/07/2014

28 CH RegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodasEiras-Caniço

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz 1ºFaseconcluídaem

09/2013

29 CH ExecuçãodemurosdecanalizaçãoetravessõesnoRibeirodoValeParaíso

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

30 CH Intervençãonasecçãodevazão,construçãodemurosesoleirasnoRibeirodoPalheiroFerreiro

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

31 CHReconstruçãodapassagemhidráulica,murosdecanalizaçãoeoutrasintervençõesnoRibeiroSeco

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

32 CH CanalizaçãodoribeiroSerrão Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

33 CH Desassoreamento,construçãodemurosdecanalizaçãonoribeiroLareão

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

34 CH ConstruçãodemurosedarededeesgotosnaribeiradosBois

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

35 CH Execuçãodepassagenshidráulicas,murosetravessõesnaribeiradoCastelejo

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

36 CH Execuçãodemurosdecanalização,travessõeseumpontãonaribeiradeBoaventura

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

37 CHRibeiradeSantaCruz-Reforçodasfundaçõesdamuralha,construçãodetravessõeseproteçãodosmurosedosapoiosdeponte.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz Concluídaem07/2011

38 CH

RibeiradeMachico,RibeirosdoCaramachão,Pestana,LajesePicoQueimado-reforçodefundações,construçãodemurosdecanalizaçãoedetravessões

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Machico Concluídasa08/2011

39 CH ReconstruçãodepassagenshidráulicasemurosdecanalizaçãonoribeirodoTareco

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais PontadoSol Concluídaem2011

Nº FEN MEDIDA TIPOLOGIA MUNICÍPIO NOTAS

8 CH CanalizaçãodaribeiradaTábua Intervençõessobreleitos/canaisfluviais RibeiraBrava

Ribeiraestácanalizadaatéaosectorterminalem3/2014.Intervençãoespecíficanafozinaugu-radaem18/11/2014

9 CH RegularizaçãoecanalizaçãodaribeiradaRibeiraBrava

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais RibeiraBrava Conclusãoprevista:

Março2015

10 CHImplementaçãodeumsistemaautomáticodemonitorizaçãodasribeirasdeJoãoGomes,SantaLuzia,S.JoãoeRibeiraBrava.

Sistemasdevigilânciaealerta

Funchal,RibeiraBrava

AtivadesdeOutubro2014

11 CH RegularizaçãoecanalizaçãodoRibeirodoMonteamontantedoLargodaFonte

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Despesaautorizadaa

7/8/2014

12 CH RegularizaçãodacanalizaçãodaribeiradaTábuaamontantedaE.R.222,nosítiodaTerça

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais RibeiraBrava Despesaautorizadaa

7/8/2014

13 CH RegularizaçãoecanalizaçãodasribeirasdaFajãdasÉguas,daPereiraedaEirinha

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais RibeiraBrava Despesaautorizadaa

7/8/2014

14 CH RegularizaçãoecanalizaçãodotroçofinaldaribeiradaMadalenadoMar

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais PontadoSol Despesaautorizadaa

7/8/2014

15 CHRegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodeSan-tanaedoribeirodaÁguadeMel,desdeaszonasaltasdeSãoRoqueatéàPenteada.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídas.Inauguradas

em02/10/2014

16 CHReconstruçãodapassagemhidráulicaemurosdecanalizaçãodo1.ºribeirodoLazareto-S.Gonçalo.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem07/2011

17 CHRegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodaCarneAzeda,ajusantedaruaDr.ÂngeloAugustoSilva-Funchal.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem07/2013

18 CH CanalizaçãodoribeirodaChega,naVeredadasLajes

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais Funchal Concluídaem09/2013

19 CH RegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodaCapela,noCurraldasFreiras.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais

CâmaradeLobos

Concluída.Inauguradaem18/09/2013

20 CH RegularizaçãoecanalizaçãodosribeirosdocaminhodoLombodoMoleiro-SerradeÁgua.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais RibeiraBrava

Emcurso.Expropriaçãodeclaradadeutilidadepúblicaem21/10/2014

21 CHRegularizaçãoecanalizaçãodeumafluentedoribeiroSerrãonaPontedePau,naCamacha-SantaCruz.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz

Emcurso.Expropriaçãodeclaradadeutilidadepúblicaem21/10/2014

22 CH RegularizaçãoecanalizaçãodaribeiradoVigário-CâmaradeLobos.

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais

CâmaradeLobos

Emcurso.Repartiçãodosencargosorçamen-taiscomexpropriaçãoautorizadaa27/07/2014

Page 45: RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS · 2020. 1. 17. · RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS 9 1. Introdução O presente relatório tem como finalidade avaliar as condições que explicam a suscetibilidade

RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS RISCOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS88 89

Nº FEN MEDIDA TIPOLOGIA MUNICÍPIO NOTAS

53 CH Intençõesderedimensionarpassagenshidráuli-caselinhasdeáguademenordimensão

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais

Madeiraemgeral

MedidasprevistasnoPlanoeProgramadeInvestimentoseDespe-sasdeDesenvolvimentodaRegiãoAutónomadaMadeira(PIDDAR)2015

54 CH/MV

IntençõesdeconstruirumSIGcentradonosriscosgeológicosegeomorfológicospara2015(cheias/aluviões/movimentosdevertente)

Espacializaçãodoriscoouperigosi-dade/apoioàdecisão

55 CHIntençõesdedesenvolvimentodeaçõesdedivulgaçãopúblicaeformaçãosobreoriscodealuviões

Sensibilização/Formação

56 CHIntençõesdeestenderaavaliaçãodoriscodealuviõesrealizadapeloISTatodaailhadaMadeira

Espacializaçãodoriscoouperigosi-dade/apoioàdecisão

57 CH Intençãodeconceberosistemadeprevisãoealertadealuviões

Sistemasdevigilânciaealerta

58 MV Intençãodeelaboraçãodemapasdeperigosi-dadededeslizamentos

Espacializaçãodoriscoouperigosi-dade/apoioàdecisão

59 CHIntençãodeprosseguimentodasaçõesdecon-trolodaerosãoetorrencialidadenossectoresdecabeceira,recorrendoareflorestação

Controlodaerosão/torrencialidade

PauldaSerra,zonassobranceirasaoFunchal,PortoSanto

60 CHIntençõesdeprosseguimentodasaçõesdelim-pezaegestãopreventivadasribeiras,incluindooredimensionamentodepassagenshidráulicas

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais

Madeiraemgeral

61 CHIntençõesdemonitorizaçãohidrológicadasbaciashidrográficascommaiorgraudevulnera-bilidadeàscheiasrápidas

Sistemasdevigilânciaealerta

62 CH

Monitorizaçãodofuncionamentodasinfraestru-turashidráulicasdecontrolodotransportedematerialsólidoemanutençãoelimpezadasmes-mas(açudeseoutrasestruturasderetenção);

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais

63 CH Intençõesdeavaliaroscondicionalismossociaisnaprevençãodoriscodealuviões

Espacializaçãodoriscoouperigosi-dade/apoioàdecisão

64 CH ElaboraçãodeCartasdeErosãoEspecíficaparaaIlhadaMadeira

Espacializaçãodoriscoouperigosi-dade/apoioàdecisão

(1) Foi ainda ser considerada a “Recuperação e canalização dos ribeiros do Trapiche e do Laranjal, em Santo António no Funchal (Bacia hidrográfica de São João) e respetivas passagens hidráulicas”, que se encontra contabilizada nas estatísticas presentes neste relatório.

Nº FEN MEDIDA TIPOLOGIA MUNICÍPIO NOTAS

40 CH RegularizaçãoecanalizaçãodoribeirodaAbegoaria

Intervençõessobreleitos/canaisfluviais SantaCruz

Contratadaa18/12/2014.Finalizaçãoprevistapara07/2015

41 MV ConsolidaçãodotaludedasBalseiras Estabilizaçãodevertentes

CâmaradeLobos Concluídaem2011

42 MV EstabilizaçãodotaludedoGarachico,emCâmaradeLobos

Estabilizaçãodevertentes

CâmaradeLobos Concluídasem07/2013

43 MV FixaçãodotaludedaMaiata Estabilizaçãodevertentes Machico Concluídasem08/2011

44 MV EstabilizaçãodaplataformarodoviáriadeumtroçodaEstradaRegional107

Estabilizaçãodevertentes

CâmaradeLobos

Emcurso.Expropriaçãodeclaradadeutilidadepúblicaa25/06/2014

45 MV EstabilizaçãodotaludemarginalàribeiradaFajãdasÉguas

Estabilizaçãodevertentes RibeiraBrava Concluídadesde01/2012

46 MV EstabilizaçãodotaludedaE.R.222-Moledos Estabilizaçãodevertentes PontadoSol

Emcurso.Despesaauto-rizadapeloGov.Regionalem22/05/2014

47 MV ConsolidaçãodotaludelestedaestradadeacessoàviladaPontadoSol

Estabilizaçãodevertentes PontadoSol Concluídaa07/2011

48 MV EstabilizaçãodotaludesobranceiroaocaisdaPontadoSol

Estabilizaçãodevertentes PontadoSol Concluída

49 MV EstabilizaçãodaEstradaRegional101-Quebra-das-ArcodeSãoJorge

Estabilizaçãodevertentes Santana Concluídaem2011

50 MV EstabilizaçãodaescarpasobranceiraàMarginaldaCalheta-1ºFase

Estabilizaçãodevertentes Calheta Concluídaem2012

51 MV EstabilizaçãodaEstradaRegional221-Seixal Estabilizaçãodevertentes PortoMoniz Concluída

52 GA ReforçodaproteçãomarítimadapraiadaCalheta Proteçãodefrentemarítima Calheta Concluída

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