risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

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1 Universidade Federal de Juiz de Fora FISIOTERAPIA Lucas Cavalcanti Leite Milton Souza da Silva Júnior RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA TAREFA DE DIRIGIR ÔNIBUS URBANO Juiz de Fora 2010

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Universidade Federal de Juiz de Fora FISIOTERAPIA

Lucas Cavalcanti Leite Milton Souza da Silva Júnior

RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA TAREFA DE DIRIGIR ÔNIBUS URBANO

Juiz de Fora

2010

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Lucas Cavalcanti Leite Milton Souza da Silva Junior

RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA TAREFA DE DIRIGIR ÔNIBUS URBANO

Orientador: Eduardo de Castro Assis

Juiz de Fora

2010

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial

para conclusão do curso de

Graduação em Fisioterapia pela

Universidade Federal de Juiz de Fora

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3

FICHA CATALOGRÁFICA

A ficha catalográfica está sendo confeccionada e será anexada à versão final do trabalho de conclusão de curso II.

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4

AGRADECIMENTOS

GOSTARÍAMOS DE AGRADECER AOS NOSSOS PAIS QUE PRIMEIRAMENTE NOS DERAM A

OPORTUNIDADE DE VIVER, SE DEDICARAM PARA NOS VER CRESCER E SEMPRE CONFIARAM EM

NOSSAS ESCOLHAS. PAIS ESTES QUE, PESSOAL OU VIRTUALMENTE SE FIZERAM PRESENTES

NO NOSSO CORRIDO DIA-A-DIA PARA NOS SERVIR DE ESPELHO, DE BONS EXEMPLOS E DE

ADMIRAÇÃO. EM SEGUIDA AGRADECER AOS TANTOS PROFESSORES QUE PASSARAM POR NÓS NA

METEÓRICA VIDA ACADÊMICA, QUE NOS APRESENTARAM VASTAS POSSIBILIDADES DE NOS

DESCOBRIR, DE ACHAR O PRAZER NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO. PROFESSORES QUE

ATRAVÉS DE UMA RELAÇÃO MENOS “MESTRE-ALUNO” E MAIS “AMIGO-AMIGO” NOS FAZIAM

SENTIR MAIS PRÓXIMOS E MAIS SEGUROS. EM ESPECIAL, AGRADECEMOS AO PROFESSOR ORIENTADOR EDUARDO ASSIS PELAS

IDEIAS PROPOSTAS, PELAS DÚVIDAS ESCLARECIDAS ATRAVÉS DOS MAIS VARIADOS MEIOS DE

COMUNICAÇÃO MESMO DURANTE FINS DE SEMANA E HORÁRIOS IMPRÓPRIOS. ASSIM COMO

TAMBÉM AGRADECEMOS AO PROFESSOR DANIEL E À PROFESSORA VANUSA POR SE

COLOCAREM À NOSSA DISPOSIÇÃO. AOS COLEGAS DA TURMA E DA FISIOTERAPIA EM GERAL, UMA VEZ QUE O CÍRCULO DE

AMIZADES ENVOLVE MUITO MAIS DO QUE OS COLEGAS DA PRÓPRIA CLASSE. AGRADECEMOS

AOS MOMENTOS DE PAZ, DE FESTA, DE LUTO, DE BRIGA. A PRÁTICA DA CONVIVÊNCIA É UMA

GRANDE EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA DURANTE O CURSO GRAÇAS A TODOS VOCÊS. COM MAIS ÊNFASE, AGRADECEMOS AOS COLEGAS BRUNO, LARISSA E ANA ELISA QUE

DESPENDERAM DO PRECIOSO TEMPO DE ESTUDO OU DE DESCANSO DO FIM DE SEMANA E NOS

AJUDARAM NA COLETA DOS DADOS. ALÉM DELES, AGRADECEMOS TAMBÉM LEANDRO E

ANALU QUE NOS AJUDARAM NA FORMATAÇÃO FINAL DO TRABALHO. AGRADECEMOS AINDA AO FERNANDO, PRESIDENTE DA EMPRESA DE ÔNIBUS GORETTI

& IRMÃOS LTDA. NA QUAL FOI REALIZADA A PESQUISA, PESSOA QUAL SEM O CONSENTIMENTO

ESSE ESTUDO NÃO TERIA SIDO REALIZADO, ASSIM COMO SEUS FUNCIONÁRIOS QUE NOS

RECEBERAM COM TAMANHA SIMPATIA E FACILITARAM A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO QUE NOS

ERA DISPONÍVEL. E, NÃO MENOS IMPORTANTE, AOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS QUE ACEITARAM

PARTICIPAR DO NOSSO ESTUDO E FIZERAM ESSE TRABALHO SER TÃO ENRIQUECEDOR.

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RESUMO

Trata-se de um estudo qualitativo transversal realizado em uma empresa de ônibus

urbano de Juiz de Fora – MG. Foram entrevistados 106 motoristas que

correspondem a 72% dos motoristas relacionados pela empresa. Foi utilizado o

Diagrama de Corlett para avaliação de queixas de dor e o método RULA para

análise biomecânica. Resultados: dos 106 motoristas, 78 eram elegíveis para a

pesquisa (n = 78). Destes, 59 referiram alguma queixa de dor. Os segmentos

corporais mais citados foram: lombar, perna esquerda, perna direita e ombro direito.

O risco ergonômico é caracterizado como 3, necessitando nível de ação 2.

Conclusão: as dores podem ter influência do posto de trabalho. Novas pesquisas

são necessárias para melhor investigação do posto de trabalho.

(150 a 500 palavras, palavras chaves, palavras chaves tem ser registrado na

bireme)

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ABSTRACT

This is a qualitative study done in an urban bus company in th city of Juiz de For a –

MG. We interviewed 106 bus drivers that corresponds 72% of the drivers listed by the

company. We used the Corlett diagram for evaluating complaints of pain and the

RULA method for biomechanical analysis. Results: Of the 106 drivers, 78 were

eligible for the study (n = 78). Of these, 59 reported some degree of pain. The body

parts most frequently cited were: lower back, left leg, right leg and right shoulder. The

ergonomic risk is characterized as 3, requiring action level 2. Conclusion: the pain

may be influenced by the job. Further research is needed.

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7

SUMÁRIO

Página

Introdução .............................................................................................. 01

Revisão Bibliográfica ............................................................................ 04

Objetivos ................................................................................................ 08

Metodologia ........................................................................................... 09

Resultados.............................................................................................. 11

Discussão................................................................................................ 16

Conclusão............................................................................................... 18

Referências Bibliográficas.................................................................... 19

Apêndice I – Termo de Consentimento................................................ 21

Apêndice II – Questionário de Identificação........................................ 22

Apêndice III – Figuras............................................................................ 24

Anexo I – Diagrama de Corlett.............................................................. 33

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INTRODUÇÃO

Estudar a saúde dos trabalhadores com enfoque cinético e funcional constitui

uma das práticas profissionais do fisioterapeuta. Dela derivam orientações e as

ações elencadas para a prevenção de agravos osteomusculares. A reflexão acerca

de medidas mitigantes a serem direcionadas aos trabalhadores passa não só pela

análise de posturas e sobrecargas, como também por compreender a tarefa

executada (RES.COFFITO 259, 2003)

Avaliar a tarefa de dirigir ônibus remete-nos a olhar e focar nossa atenção a

partir do posto de trabalho do motorista de ônibus urbano. Este é o ponto de partida

para compreender o que fazem como fazem e porque fazem. Desta forma

acreditamos compreender como as posturas e acionamentos podem impactar na

saúde funcional destes trabalhadores.

Observamos um crescente aumento da frota automobilística em todo o país,

sendo que o transporte interno de produtos agrícolas, industrializados, matéria-prima

e o transporte urbano de passageiros são realizados quase que em sua totalidade

por meio de transportes rodoviários dirigidos por motoristas profissionais

(QUEIRÓGA e MICHELS, 1999; SILVA, et al, 2005).

O posto de trabalho é caracterizado como a menor unidade produtiva dentro

de uma organização e envolve a relação do trabalhador com o seu local de trabalho.

Portanto para que o trabalhador possa realizar sua tarefa de forma saudável é

importante que o posto funcione bem (IIDA, 1995).

O trabalho do motorista de transporte urbano consiste em fazer contínuos

deslocamentos levando e trazendo pessoas aos destinos predeterminados. Nenhum

outro profissional sofre tanto as pressões do ambiente viário quanto os motoristas,

pois possui um “macro” local de trabalho que é o trânsito, e um “micro”, que é o

ônibus (BATISTTON, 2006).

A avaliação preliminar do risco ergonômico a partir do posto de trabalho

permite identificar de forma abrangente, como determinadas atividades produtivas

poderem representar potenciais riscos para a saúde do trabalhador. Para isso as

técnicas aplicadas para análise ergonômica possuem formatação ajustada para

identificar e avaliar os potenciais riscos na execução da tarefa a partir do posto de

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9 trabalho. Compõe da análise da demanda, da avaliação dos acionamentos e da

interpretação dos resultados á luz das normas de trabalho (SANTOS, 2006).

Neste contexto a análise de risco ergonômico para disfunções

osteomusculares constitui a primeira fase de todas as metodologias empregadas

para a análise ergonômica do trabalho (WISNER,1997).

Para que se identifique o riscos ergonômicos diversas ferramentas podem

ser empregadas e aplicadas, variando de acordo com o tipo de atividade, tipo de

risco e realidade observada na organização da tarefa. Através da aplicação de

ferramentas de auxílio à identificação de riscos ergonômicos, alguns autores

propõem a classificação das situações de risco em níveis ou mesmo classificam as

situações em condições ergonômicas a partir dos níves que variam de excelentes a

péssimas (COUTO, 1996).

Para entendermos o perfil do adoecimento musculoesquelético associado ao

trabalho, é fundamental explorar as condições laborais e abordar a dor no seus

componentes sensoriais e emocionais. Essa abordagem é articulada à perspectiva

de uma análise de risco ergonômico que parte do posto de trabalho (ASSUNÇÃO,

2009).

No nível de cada empresa em particular, esperam-se esforços entre os

atores para diagnosticar os determinantes internos dos fatores de risco, com ênfase

para as inadequações do posto de trabalho, a incorporação de novas tecnologias,

degradação das instalações e equipamentos, fluxo de produção, divisão do trabalho

e sincronia das metas de produção. Os casos incluem a análise do conteúdo das

tarefas, dos modos operatórios, do ritmo e da intensidade do trabalho. Ainda, dos

fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho para identificação

precoce de disfunções osteomusculares ou das primeiras evidências destas no

trabalhador (ASSUNÇÃO, 2009).

A ergonomia é a disciplina que torna possível entender a atividade dos

trabalhadores. É também a disciplina científica que trata da compreensão das

interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema de produção.

Assim, é a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que

visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas (VIDAL,

2002).

Neste contexto de risco ergonômico para DORTs, o nosso estudo realizou

uma pesquisa de campo em uma empresa da cidade de Juiz de Fora que

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10 possibilitou o detalhamento do perfil do motorista de ônibus urbano e suas queixas

osteomusculares.

O estudo da saúde do trabalhador sob esse escopo torna sempre possível

relacionar a prática de medidas laborais preventivas para agravos osteomusculares

com a intervenção do fisioterapeuta no campo da saúde do trabalhador.

A observação deste setor de serviços e do quanto importante essa área é

para o desenvolvimento da população da cidade de Juiz de Fora e do país, pode ser

traduzida na intensidade das relações entre a sociedade, o poder público municipal

e as empresas de ônibus, por vezes tensa e sempre seguida de reinvidicações da

população usuária. O motorista de ônibus urbano quase sempre é reativo e pivô de

uma disputa social e não ator social nessa luta de interesses.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O tema doenças osteomusculares relacionadas com o trabalho é amplamente

estudado dada a sua relevância e grande incidência em diferentes ocupações

profissionais. Martins e Duarte (2000) definem o termo DORT (distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho) como transtornos funcionais, transtornos

mecânicos e lesões de músculos e/ou de tendões e/ou de fáscias e/ou de nervos

e/ou de bolsas articulares e pontas ósseas nos membros superiores, ocasionados

pela utilização biomecanicamente incorreta dos membros superiores, que resultam

em fadiga, queda do desempenho no trabalho e incapacidade temporária. Conforme

o caso podem evoluir para uma síndrome dolorosa crônica, nessa fase agravada por

todos os fatores psíquicos, inerentes ao trabalho ou não, capazes de reduzir o limiar

de sensibilidade dolorosa do indivíduo.

Barbosa, Santos e Trezza (2007) destacam o impacto na qualidade de vida

dos trabalhadores entrevistados quando citam que a instalação insidiosa das

doenças ocasionadas pelo trabalho que produz LER/DORT as fizeram mudar o jeito

de viver e as levaram a percorrer um calvário, até a definição do diagnóstico, sendo

este calvário representado pelos sintomas próprios, pelo preconceito, pelo medo de

perder a função ou gratificação.

Diversos estudos evidenciam que existe uma maior incidência dos sintomas

de LER/DORT em certas ocupações. Estes estariam mais suscetíveis a esse tipo de

afecção em função do posto de trabalho. Martins e Duarte (2000) citam que os

DORT costumam manifestar-se em trabalhadores que utilizam microcomputadores

acima de quatro horas diárias por, em média, dez anos.

Os primeiros trabalhadores a fazerem parte do grupo de risco para

desenvolvimento dos DORT foram os digitadores, pela existência dos fatores

repetitividade, postura indevida e teclados excessivamente duros, obrigando os

trabalhadores a dispensarem muita força nas mãos, ocasionando lesões (MARTINS

& DUARTE, 2000).

Outra categoria profissional estudada é a de motoristas de transporte urbano

e em um estudo realizado na cidade de Hong Kong com motoristas de ônibus

urbano, que trabalham em média nove a dez horas diárias, cinco dias seguidos com

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12 um dia folga demonstra uma alta incidência de queixas de desconforto

principalmente em pescoço, costas, ombros e joelhos nos últimos 12 meses sendo

que estas chegam a totalizar 90% das queixas totais desses profissionais. (SZETO;

LAM, 2007).

Um ponto de vista muito relevante em diversos estudos dessa área é a

análise do posto de trabalho. Battiston, Cruz e Hoffman (2006) afirmam que a

caracterização do posto de trabalho do motorista de transporte urbano por si só já se

difere da grande maioria das profissões. O trabalho do motorista de transporte

coletivo urbano está diretamente relacionado ao ambiente no qual o mesmo é

realizado. Diferentemente das pessoas que desempenham suas atividades

profissionais em ambientes fechados como salas ou lojas, algumas vezes

climatizados e confortáveis, esse profissional desempenha suas atividades num

ambiente público, o trânsito. Não possui, portanto, um local restrito e bem definido

para realizar suas tarefas; ao contrário, trabalha fora dos portões da empresa,

estando sujeito a intempéries como o clima, as condições de tráfego e do trajeto das

vias.

As condições físico-ambientais à qual os motoristas estão expostos também

influenciam diretamente na saúde desses profissionais. Em seu estudo, Gonçalves

(2003) descreve sobre a relação de fatores como o conforto térmico, conforto

acústico e vibrações além do conforto visual como relevantes às condições de

trabalho dos motoristas de ônibus urbano.

Zanelato e Oliveira (2004) encontraram grande insatisfação dos motoristas

quanto ao calor excessivo, que apontaram ser insuportável devido também ao calor

que sai do motor dianteiro dos ônibus. Esse fato também foi evidenciado por

Battiston; Cruz e Hoffman (2006) afirmando que a temperatura no posto de trabalho

de motoristas de ônibus urbano deve estar a 27ºC para encontrar-se em uma

situação de bem-estar; mas, no verão, a temperatura dentro de um veículo lotado

chega a 50ºC.

Em relação ao conforto acústico, no local de trabalho do motorista de ônibus,

a intensidade de ruído, pode ser no máximo até valor de 85 decibéis (dB-A).

Segundo Nascimento (2003), esta intensidade de ruídos não é o objetivo a ser

atingido, mas sim um limite que não deve ser ultrapassado conforme estabelece as

normas ABNT 10152, ISO/ R 1996 e NR-15. Corrêa Filho et al (2002) adicionam que

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13 um motorista experiente tem grandes chances (32,7%) de ter lesão auditiva

provocada pelo trabalho.

Alguns estudos relacionam a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) com

um fator importante a ser analisado em diferentes postos de trabalho. Silva e

Mendes (2005) demonstram que o posto de trabalho de motorista de ônibus urbano,

sobretudo naqueles com motor dianteiro, comporta risco de desenvolvimento de

PAIR, em virtude dos níveis de exposição ao ruído.

A exposição à vibração também é um fator preocupante. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil (Portaria nº 1339, de

1999) consideram as vibrações como agentes de risco de natureza ocupacional e

esse último não determina limites de tolerância para vibrações ocupacionais, mas

vale ressaltar que a exposição a baixas frequências — 5 a 20 Hz — é

potencialmente mais perigosa do que a de alta frequência — 6,3 a 1250 Hz

(SEBASTIÃO; MARZIALE; ROBAZZI, 2007). O mesmo estudo defende ainda que,

no que tange à questão da vibração em corpo inteiro, estudos com motoristas de

ônibus e de caminhão e com corredores de rally relatam que esses trabalham sob

níveis de vibração fora das normas, entre quatro e oito Hz, e potencialmente

danosos à saúde, principalmente devido à inadequação dos assentos, o que traz

sequelas diretas à coluna vertebral.

A ISO 2631, 1974 normatiza os níveis aceitáveis de vibração que o corpo

humano pode ser exposto sem danos à saúde. Balbinot (2001) evidencia que, na

faixa de frequência de 4 a 6,3Hz, considerando-se uma exposição de 8 horas por

dia, os motoristas apresentaram, independente do tipo de piso níveis de vibração

superiores ao estabelecido na norma supracitada.

Os fatores relacionados ao posto de trabalho propriamente dito são

fundamentais para análise das condições de saúde de qualquer trabalhador.

Estudos tem sido realizados especificamente com motoristas de transporte urbano a

fim de evidenciar as condições a que esses trabalhadores estão expostos. Battiston,

Cruz e Hoffman (2006) citam que a manutenção em posturas forçadas e a exposição

a movimentos repetitivos do membro superior afetam diretamente os motoristas

profissionais. Eles defendem que as tarefas que requerem posturas forçadas

implicam fundamentalmente o tronco, os braços e as pernas e sua principal

consequência são os transtornos musculoesqueléticos. Devido ao lento

aparecimento dos transtornos e sua aparência inofensiva, são, muitas vezes,

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14 subestimados até que o sintoma seja crônico e o dano permanente. Nesse mesmo

estudo os autores discorrem sobre os movimentos repetitivos e o impacto à saúde

dos trabalhadores: Entendem por movimento repetitivo um grupo de movimentos

contínuos, mantidos durante o trabalho. A carga de trabalho tanto estática quanto

dinâmica, junto a fatores psicológicos e orgânicos do próprio trabalhador, além de

um ambiente desagradável e pouco gratificante se somam para a formação da

fadiga muscular. Conforme sua cronicidade aparecem as contraturas, a dor e a

lesão, formando um ciclo vicioso.

Em um estudo com trabalhadores que trabalham na posição sentada e com a

necessidade de atenção de destreza manual, Assunção e Lima (2000) afirmam que

repetitivas tarefas realizadas com solicitação de destreza e movimentos firmes e

precisos dos membros superiores impõem uma carga estática à musculatura na

região proximal e solicita, assim, o conjunto do aparelho músculo-esquelético dos

membros superiores.

As abordagens tradicionais da saúde ocupacional já foram objeto de críticas

oriundas de várias disciplinas que ressaltam a insuficiência de sua prática e dos

modelos, diante dos determinantes do processo produtivo. Assunção (2003) destaca

que frequentemente profissionais se deparam com as suas tentativas de estabelecer

o perfil de morbidade coerente com as queixas dos trabalhadores relacionados, por

exemplo, ao desconforto do posto de trabalho, ou seja, o estudo da relação risco-

doença é frutífero quando se trata de fatores específicos relacionado ao posto de

trabalho.

Guérin et al (2001) afirma que é possível através da análise do trabalho

entender a atividade dos trabalhadores, incluindo por exemplo a análise da postura,

os esforços, as condições ambientais e através de verbalização dos próprios

trabalhadores compreender como uma resposta pessoal a uma série de

determinantes impactam na sua saúde e capacidade produtiva.

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15

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto sobre a saúde osteomuscular considerando a biomecânica , o

posto de trabalho e a complexidade da tarefa em motoristas de ônibus urbano.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1 - Analisar as queixas de dor e desconforto osteomuscular relativo a tarefa de dirigir

ônibus urbano.

2 - Analisar a carga de trabalho fisico dos motoristas profissionais relacionadas à

atividade de dirigir ônibus urbano na cidade de Juiz de Fora-MG.

3 - Analisar a postura e a frequência dos acionamentos com impacto na saúde

osteomuscular da função de motorista profissional de ônibus urbano.

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16

METODOLIGA

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, de base populacional

desenvolvido com todos os motoristas de ônibus urbano que exercem suas

atividades profissionais na empresa Goretti & Irmãos Ltda, localizada na cidade de

Juiz de Fora-MG. Este estudo tem o apoio da Associação Profissional das

Empresas de Transporte de Passageiros de Juiz de Fora e da diretoria da empresa

Goretti & Irmãos Ltda.

O estudo foi realizado nas dependências da empresa Goretti & Irmãos Ltda

onde, após esclarecimentos, os participantes assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido (anexo 1) que foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da

UFJF.

Todos os participantes da pesquisa foram entrevistados a fim de elencar

dados pessoais e profissionais relacionados com a função de motorista como tempo

de função, tempo de permanência na função especifica de dirigir ônibus urbanos,

dados pessoais e sócio-econômicos aspectos gerais de saúde (anexo 2).

Estes dados foram coletados dentro da empresa, antes, durante e após a

jornada de trabalho, na hora das trocas e “rendições”. Utilizamos um questionário de

identificação que de modo individual foi preenchido pelos entrevistadores treinados e

envolvidos na pesquisa. Esta atividade aconteceu em uma sala, devidamente

preparada para proporcionar a coleta destas informações.

O critério de inclusão dos sujeitos na pesquisa foi exercer a função de

motorista profissional de ônibus urbano a mais de três anos, atuando em linhas

centro-bairro-centro. Foram excluídos do estudo os sujeitos que não exercem a

função de motorista profissional de ônibus urbano de modo externo, centro-bairro-

centro ou exercer a menos de três anos a função de motorista de ônibus urbano.

As queixas de dor, e desconforto foram avaliadas através de um inventário

para registro de queixas, contendo uma figura humana, identificados os diversos

segmentos corporais, e uma escala visual analógica. Este instrumento, o diagrama

de Corllet (Corllet, 1979) serviu para o levantamento de desconforto e/ou dor por

segmento corporal. Estes foram respondidos pelos motoristas profissionais,

individualmente e nas dependências da empresa.

Page 17: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

17

Para avaliação do posto de trabalho foi realizada uma visita à garagem da

empresa, na qual foram levantadas algumas informações dos veículos e

funcionamento da empresa, além de uma analise do risco ergonômico da tarefa.

Para a avaliação do risco ergonômico da tarefa foram tiradas e analisadas

fotos nas possíveis posturas adotadas pelo motorista durante a jornada de trabalho.

São eles: A mudança de marcha, o momento que o motorista olha para o retrovisor

esquerdo e/ou retrovisor direito e a posição neutra em que o mesmo passa o maior

tempo da jornada de trabalho.

As análises biomecânica foram feitas no software “Ergolândia 3.0”

desenvolvido pela FBF SISTEMAS no ano de 2008 através da ferramenta “análise

de imagem” e os resultados do risco ergonômico puderam ser calculados através da

ferramenta “Rula (Rapid Upper Limb Assessment)” nos momentos acima descritos.

Page 18: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

18

RESULTADOS

A empresa conta com uma frota de 29 veículos adaptados (piso rebaixado e 3

portas) e 39 veículos comuns (piso alto e 2 portas). Todos ônibus são da

Volkswagen com carroceria CAIO, comportando 33 passageiros sentados e 37 em

pé com lotação máxima. Foi informado ainda que o tempo médio de viagem Centro

– Bairro e Bairro – Centro é de 25 minutos. Pelas normas da empresa, a velocidade

máxima dos ônibus é de 55 km/h controlada por tacógrafo.

A lista de motoristas fornecida pela empresa continha 148 profissionais, todos

os motoristas em serviço. Destes 106 foram entrevistados, 3 se recusaram a

participar, enquanto os outros 39 não puderam ser encontrados (Figura 1).

Tabela 1 Participantes da pesquisa

n %

total de motoristas relacionados pela empresa 148

total de motoristas abordados

106

72%

total de motoristas não abordados

42

28%

n %

motoristas abordados

106

excluídos do estudo

25

23

recusaram participar

3

3

aptos para pesquisa 78 74

Tabela 2 Faixa etária dos participantes

27 a 36 anos

16

37 a 46 anos

33

47 a 56 anos

22

57 a 67 anos

7

Dos entrevistados, 25 motoristas foram excluidos do estudo, os demais

totalizaram 78 motoristas incluidos na pesquisa (Tabela 1). Todos os indivíduos são

do sexo masculino sendo 16 motoristas com idade de 27 anos a 36 anos, 33

motoristas de 37 anos a 46 anos, 22 motoristas de 47 anos a 56 anos e 7 motoristas

de 57 anos a 67 anos (Tabela 2). Destes, a média de tempo de trabalho como

Page 19: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

19 motorista de ônibus é de 11,94 anos enquanto a média de tempo de trabalho na

empresa, independente da função é de 11,33 anos(SD de 7,45) sendo a média de

tempo de expediente de trabalho de 9,18 horas (SD 0,77).

Dos motoristas, 85,8% declararam que residem em casa própria. Quanto ao

estdo civil 71,8% são casados, 16,7% solteiros e 11,5% divorciados. Quando

pesquisados sobre a escolaridade, 14,1% completaram o segundo grau, 15,4%

possuem segundo grau incompleto, 24,4% primeiro grau completo e 46,2% primeiro

grau incompleto (Figura 3).

Quando questionados sobre o número de filhos, 42,3% declarou ter 2 filhos,

33,3% 1 filho e 11,5% 3 filhos. É importante ressaltar que 88,5% relatam não exercer

qualquer outra atividade de trabalho remunerada fora da empresa e 96,2% relatam

não possuir qualquer plano de saúde privado que não o oferecido pela empresa

(Figura 4).

Quando indagados sobre terem sido submetidos a algum tipo de treinamento

ou orientação sobre a postura correta na realização do trabalho 66,7% relataram

terem sido treinados/orientados na empresa atual, 9% relatam terem sido

treinados/orientados em outra empresa, 23,1% relatam nunca terem sido

treinados/orientados enquanto 1,3% relataram outros tipos de treinamento, sendo

citado na maioria das vezes cursos profissionalizantes. Questionados sobre

afastamento do trabalho por razões de saúde, 76,9% relatam nunca terem sido

afastados, 15,4% foram afastados uma vez, 2,6% foram afastados três veses

enquanto 5,1% foram afastado mais de quatro vezes.

Foi observado ainda que 84,6% relatam não sentir cãimbras, 9% a sentem

mesmo fora do ambiente de trabalho, 2,6% sentem no meio da jornada de trabalho e

3,8% sentem após o término da jornada de trabalho. Além disso, foi observado que

84,6% relatam não sentir fomigamento/dormência em alguma parte do corpo, 10,3%

sentem mesmo fora do trabalho e 5,1% relatam sentir no meio da jornada de

trabalho. (Tabela 2).

No Diagrama de Corlett, o corpo humano é subdividido em 22 segmentos nos

quais é perguntado ao participante se ele sente dor/desconforto. De todos os 78

participantes, 19 (24,1%) não relataram dor/desconforto em nenhuma parte do

corpo. Os outros 59 participantes (75,9%) relataram sentir dor/desconforto em pelo

menos um dos 22 segmentos analisados. (Tabela4)

Page 20: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

20

Tabela 4 número de motoristas que relataram dor ou desconforto

N %

Relataram alguma

dor 59

75,6

Não relataram

dor

19

24,4

Usando a média dos valores obtidos por segmento no Corlett, obteve-se os

resultados do gráfico 1:

Gráfico 1 - Diagrama de Corlett

É possível observar na tabela 2 que alguns dos segmentos corporais

apresentam os maiores queixas de dor/desconforto, no qual a coluna vertebral

possui o percentual mais elevado de 52,6% do total dos entrevistados, sendo que

desses 75,6% em coluna lombar, 34,1% em região torácica baixa, 31,7% em

torácica alta e 29,3% em região cervical.

Os membros inferiores apresentam um alto percentual sendo que 38,5% dos

entrevistao queixaram-se de dor/desconforto em membros inferiores, desses 76,7%

em MIE (membro inferior esquerdo) e 83,3% em MID (membro inferior direito). Já os

membros superiores apresentam um percentual de 37,2% de relatos de dor, sendo

que desses 58,6% em MSE e 75,9% em MSD.

Em relação ao quadril 14,1% dos entrevistados queixaram-se de

dor/desconforto.

Page 21: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

21

Tabela 5 Número de ocorrências para valores do Diagrama de Corlett

Segmento valor no Corlett

n %

costas

inferior 2 (algum desconforto) 15 25,4

3 (dor moderada)

15 25,4

4 (bastante dor)

2 3,4

5 (dor

insuportável)

0 0

perna

esquerda 2 (algum desconforto) 12 20,3

3 (dor moderada)

9 15,3

4 (bastante dor)

0 0

5 (dor

insuportável)

0 0

perna direita 2 (algum desconforto) 12 20,3

3 (dor moderada)

11 18,6

4 (bastante dor)

2 3,4

5 (dor

insuportável)

0 0

ombro direito 2 (algum desconforto) 4 6,8

3 (dor moderada)

9 15,3

4 (bastante dor)

0 0

5 (dor

insuportável)

0 0

Em relação ao quadril 14,1% dos entrevistados queixaram-se de

dor/desconforto. (Tabela 5)

No diagrama de Corlett o voluntário indica a dor do segmento corporal

pesquisado através de uma escala progressiva na qual quanto maior o valor, maior a

intensidade da dor vide anexo I.

Quanto ao relato de dor nos segmentos estudados, selecionamos Perna

Esquerda, Perna Direita, Costas Inferior, Pescoço e Ombro Direito como sendo os

mais significativos para a pesquisa em questão.

No segmento de maior ocorrência de dor, a região lombar (descrita como

Costas Inferior), houve 31 queixas de dor. Destas, o escore 5 não foi citado

Page 22: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

22 enquanto houveram 2 relatos de escore 4 (bastante desconforto/dor), 15 deram

escore 3 (dor moderada) e 14 deram escore 2 (algum desconforto).

N a Perna Direita, houve 24 relatos de dor. Destes, o escore 5 não foi citado

enquanto houveram 2 relatos de escore 4 (bastante desconforto/dor), 11 relatos de

escore 3 (dor moderada) e 11 de escore 2 (algum desconforto).

Na Perna Esquerda, houve 21 relatos de dor. Destes, os escores 4 e 5 não

foram citados. Já o escore 3 (dor moderada) foi relatado 9 vezes e o escore 2

(algum desconforto) foi citado 12 vezes.

N o Pescoço, foi relatado dor 16 vezes. Mais uma vez os escores 4 e 5 não

foram citados. O escore 3 (dor moderada) foi relatado 6 vezes e o escore 2 (algum

desconforto), 10 vezes.

No Ombro Direito, foram obtidos 12 relatos de dor. Novamente, os escores 4

e 5 não foram citados. O escore 3 (dor moderada) foi relatado 4 vezes e o escore 2

(algum desconforto) foi citado 8 vezes.

Na avaliação do risco ergonônomico pode-se observar que nas 3 imagens

analisadas o resultado do risco foi 3, que segundo o próprio RULA necessita de um

nível 2 de ação, onde necessita-se de uma melhor observação e pode-se necessitar

de alguma mudança. (Imagens 15, 16 e 17)

Page 23: risco ergonômico para ler/dort na tarefa de dirigir ônibus urbano

23

DISCUSSÃO

Na literatura é possível observar que alguns segmentos corporais em

motoristas de ônibus urbano apresentam acometimentos mais frequêntes.

Em seu estudo Moraes (2002), cita que as maiores queixas de desconforto

relatadas pelos MTC (motoristas de transporte coletivo) se concentram em região de

coluna, sendo a coluna lombar a região mais acometida. A mesma autora diz ainda

que em ordem decrescente, os segmentos mais acometidos além da coluna são

membros inferiores, destacando-se o MID, seguido pelos relatos em membros

superiores, destacando-se o MSD e por ultimo queixas em quadil. Esse achado vai

de encontro aos dados obtidos em nossa pesquisa onde é possível observar um alto

índice de queixas principalmente na região da coluna. Fato esse que pode estar

relacionado com a permanência prolongada na postura sentada, sugeita a vibrações

potencialmente danosas Balbinot (2001).

Por outro lado, Carneiro et al (2007) diz em seu estudo que a frequência de

dor em alguma região do corpo em doze meses de acompanhamento com

motoristas de ônibus urbano foi de 70%. As maiores prevalências considerando os

últimos doze meses foram observadas nos ombros (32,5%), fato esse que não vai

de encontro aos nossos achados.

É importante destacar ainda que quando comparados especificamente hemi-

corpos direito e esquerdo, é possível oservar um maior índice de queixas de

desconforto no lado direito. Se faz necessário para a compreensão desse achado

que cada membro seja analisado indivudualmente.

Em seu estudo Baltazar (2008) destaca que após um determinado tempo de

trabalho começa a se desenvolver no pé direito (usado no acelerador do veículo)

uma semi-inverção na articulação médio-tarcica, o que pode justificar o alto ídice de

desconforto do MID encontrado em nosso estudo.

Segundo o ministério da saúde (Brasil, 2001) a exposição a movimentos

repetitivos é um dos fatores causais de doenças ocupacionais. A maior queixa de

dor/desconforto no MSD dessa forma pode estar relacionada ao grande número de

trocas de marcha durante a jornada de trabalho.

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24

De acordo ainda com Baltazar (2008) essa atividade exige uma total

coordenação entre MSD e MIE, sendo que não foi observada no pé esquerdo a

adoção da mesma posição inadequada que o direito, fato esse que justifica um

índice consideravel de queixas de dor/desconforto em MIE, porém um pouco menor

caso comparado com o MID.

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CONCLUSÃO

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RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Wisner, A.; Por dentro do trabalho. Ergonomia: método e técnica. Ed FTD/Oboré. São Paulo.SP.1997.

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28

APÊNDICE I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome do Serviço do Pesquisador: UFJF Pesquisador Responsável: Eduardo de Castro Assis Endereço: Rua Joaquim de Almeida 236 - Jardim Laranjeiras CEP: 36033-160 – Juiz de Fora – MG Fone: (32) 3217 8332 - 9987 6156 E-mail: [email protected] TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Senhor (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Análise de riscos biomecânicos para desenvolvimento de LER/DORT na atividade de motorista de ônibus urbano”. Neste estudo pretendemos observar como a atividade laboral afeta a saúde do motorista

O que nos interessa neste assunto é o grande número de estudos que vêm sendo realizados a fim de identificar agentes estressantes destes profissionais e a tentativa de minimizá-los ou eliminá-los.

Para este estudo aplicaremos um questionário com questões relacionadas à condição social e aspectos gerais de saúde do motorista de ônibus urbano. Será também aplicado outro questionário no qual pretendemos saber mais especificamente a presença de queixas de dor. Este estudo não trará riscos para a saúde dos participantes e contribuirá para a compreensão da realidade destes trabalhadores.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar.

Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador Eduardo de Castro Assis.

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material

que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. O senhor não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será

arquivada pelo pesquisador responsável, na Universidade Federal de Juiz de Fora e a outra será fornecida a você.

Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo “ESTUDO DE LER/DORT E O IMPACTO FUNCIONAL NA TAREFA DE DIRIGIR ÔNIBUS URBANO”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010. Nome Assinatura participante Data Nome Assinatura pesquisador Data Nome Assinatura testemunha Data Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF/PRÓ-REITORIA DE PESQUISA - CEP 36036.900 - FONE: 32 3229 3788.

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APÊNDICE II - QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO

I. DADOS PESSOAIS: 1.1. Nome: _____________________________________Data de nascimento:_______

1.2. Estado Civil: ____________________________________ 1.3. Escolaridade: ____________________________________ 1.4. Ocupação atual: __________________________________ 1.5. Ocupação anterior: _______________________________ 1.6. Filhos:_________________________________________ 1.7. Moradia: _______________________________________ 1.8. Possui plano de saúde privado? Qual? _____________________ II. TRABALHO 2.1. Há quantos anos completos trabalha na empresa?________________________ 2.2. Há quantos anos completos trabalha como motorista de ônibus?_____________ 2.3. Quantas horas de expediente? ___________________ 2.4. Trabalha com folgas? Quantas vezes? _________________ 2.5. Exerce atualmente outra atividade de trabalho? _________________ Qual?_______________________________ 2.6. Na cabine do ônibus, você faz uso de algum ajuste (assento, pedais e volante) para dirigir? Quais? __________________ 2.7. Você recebeu algum tipo de treinamento ou orientação sobre postura correta na realização do trabalho?

(a) sim, nesta empresa (b) sim, porém em outra empresa (c) não (d) Outro

III. SAÚDE

3.1. Você já foi alguma vez dispensado do trabalho por causa de problemas de saúde relacionados ao trabalho?

(a) não (b) sim, uma vez (c) sim, duas vezes (d) sim, três vezes (e) sim, quatro vezes ou mais

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30 3.3. Sente cãibras?

(a) não (b) sim, mesmo fora do trabalho (c) sim, logo quando inicio o trabalho (d) sim, no meio da jornada de trabalho (e) sim, após o final do trabalho

3.4. Sente alguma parte do corpo com dormência (formigamento)? (a) não (b) sim, mesmo fora do trabalho (c) sim, logo quando inicio o trabalho (d) sim, no meio da jornada de trabalho (e) sim, após o final do trabalho

3.5. Você adota alguma medida para diminuir esses incômodos? ___________________________________________________________________ 3.6. A empresa oferece alguma medida ou orientações para diminuir esses incômodos?

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31

APÊNDICE III – FIGURAS

Figura 1 – Motoristas relacionados pela empresa

Figura 2 - relação de motoristas entrevistados

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Figura 3 – Grau de escolaridade

Figura 4 – relação de motoristas com plano de saúde privado

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Figura 5 - Motoristas que receberam algum tipo de orientação postural durante a atividade laboral

Figura 6 - Relação de motoristas dispensados por problemas de saúde

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Figura 7- Incidência de cãibras em relação ao trabalho

Figura 8 - Incidência de dormência em relação ao trabalho

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Figura 9 - Número de motoristas que relataram dor/desconforto

Figura 10 - Número de ocorrências para valores do diagrama de Corlett (Costas inferior)

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Figura 11 - Número de ocorrências para valores do diagrama de Corlett (Perna direita)

Figura 12 - Número de ocorrências para valores do diagrama de Corlett (Perna esqueda)

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Figura 13 - Número de ocorrências para valores do diagrama de Corlett (Pescoço)

Figura 14 - Número de ocorrências para valores do diagrama de Corlett (Ombro direito)

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Figura 15 - Análise RULA (Acionamento da marcha)

Figura 16 – Análise RULA (Olhando para os retrovisores)

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Figura 17 - Análise RULA (Dirigir)

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ANEXO I – Diagrama de Corlet