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Rio Mondego Da Nascente à Foz
Diana Moreira
Coimbra ‐ 2011
Rio Mondego Da Nascente à Foz
Trabalho de avaliação contínua no âmbito da unidade curricular
de Fontes de Informação Sociológica
Docente: Paulo Peixoto
Aluna: Diana Moreira Martins
Número de estudante: 2011143155
Imagem da capa:
http://www.google.pt/imgres?q=rio+mondego&um=1&hl=pt‐
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“Que lindas coisas a lendária Coimbra encerra!
Que paisagem lunar que é mais doce da terra!
Que extraordinárias e medievais raparigas!
E o Rio? E as fontes? E as fogueiras? E as cantigas?”
António Nobre
Sumário1. Introdução ...................................................................................................................................... 1
2. Desenvolvimento – Estado das Artes ............................................................................................. 2
2.1 Justificação da escolha do tema ............................................................................................... 2
2.2 Caracterização histórico‐social do Rio Mondego e da Cidade de Coimbra .............................. 2
2.3 Características morfológicas do Rio Mondego ......................................................................... 3
2.4 Da Nascente a Penacova .......................................................................................................... 4
2.5 De Penacova a Coimbra ........................................................................................................... 4
2.6 De Coimbra à Figueira da Foz (Baixo Mondego) ...................................................................... 6
2.7 Necessidade de Intervenção .................................................................................................... 8
2.8 Influência do Rio Mondego na Cidade de Coimbra ................................................................ 12
2.8.1 Influência climatérica ...................................................................................................... 12
2.8.2 Influência urbanística ...................................................................................................... 13
2.8.3 Influência Paisagística, Cultural, Patrimonial e de Lazer ................................................. 13
3. Ficha de Leitura ............................................................................................................................ 16
3.Avaliação de um Sítio da Internet ................................................................................................. 22
4. Conclusão ..................................................................................................................................... 23
5. Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 24
Anexo I Anexo II Anexo III Anexo IV Anexo V
1
1.IntroduçãoNo âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica procedeu‐se
à elaboração de um trabalho sobre o Rio Mondego e sobre o impacto que este tem para o
desenvolvimento das localidades das suas margens, nomeadamente do seu contributo
para a cidade de Coimbra.
Desta forma, procedemos a uma pesquisa aprofundada sobre o tema pelo qual
optámos para a concretização do trabalho, desde artigos na internet a livros, na fase
inicial para a realização da ficha de leitura.
Após a realização da mesma, ainda havia muito por pesquisar, neste sentido,
procedi a uma pesquisa adicional na internet, nomeadamente no google académico, na
tentativa de encontrar artigos académicos que poderiam vir a ser úteis para o
desenvolvimento do trabalho. Apesar de ter encontrado, a informação ainda não era
suficiente.
Assim sendo, procedi à recolha de informação em locais físicos, na cidade de
Coimbra, a pesquisa foi feita em locais pertencentes à Câmara Municipal de Coimbra,
mais concretamente o Arquivo Histórico Municipal, a Casa Aninhas e a Biblioteca
Municipal de Coimbra, onde consegui aceder facilmente a documentos oficiais, mapas,
plantas da cidade de Coimbra.
Desta forma, o trabalho desenvolvido cruza toda a informação por mim recolhida
e aborda os aspectos que julguei cruciais para perceber o Mondego que ganha assim,
identidade própria.
O trabalho está dividido em três partes relacionadas com o percurso do rio, e
assim, vou frisando as suas características principais. Contudo, a parte mais valorizada é
sem dúvida o integrar do Rio Mondego na capital de Distrito, ou seja, a parte que mais
destaque adquire no trabalho é a influência do Mondego na construção e
desenvolvimento da cidade de Coimbra.
2
2.Desenvolvimento–EstadodasArtes
2.1Justificaçãodaescolhadotema
O tema em questão, o Rio Mondego, é um foco de grande interesse e tem imensa
informação relacionada. É difícil dissociar determinados aspectos em detrimento de
outros, acabam todos por ter pequenos elos de ligação que são igualmente importantes
no fluir do trabalho e, principalmente, no decorrer de toda a pesquisa feita em torno do
mesmo. Assim sendo, o subtema pelo qual optei é o D.
O facto de relacionar o rio com questões culturais, arquitectónicas, de
sustentabilidade e de intervenção no espaço público, é bastante interessante, demonstra
uma interdisciplinaridade necessária, prova que as diferentes esferas de intervenção se
podem relacionar e que, para isso ser possível, tem de ser de forma sustentada e
equilibrada. Daqui advém a necessidade de alargar o campo de pesquisa, numa forma de
organização da própria informação.
É enriquecedor, a nível pessoal, poder compreender o impacto que o facto do Rio
Mondego atravessar Coimbra, bem como todos os outros concelhos e verificar a forma
como o rio leva as localidades a desenvolver, os recursos que potencializa entre outras
variáveis.
2.2 Caracterização histórico‐social do Rio Mondego e da Cidade de
Coimbra
Quando se fala do Rio Mondego, não se pode esquecer ou negar a importância de
ser o maior rio inteiramente português, é o maior rio cujo nascente e foz são em
território nacional. O Rio Mondego nasce na Serra da Estrela (consultar imagem 1‐ anexo
I), a uma altitude de 1425 metros e desagua na Figueira da Foz, onde se forma um
estuário de cerca de 3,5 km2.
No seu todo, o Rio tem cerca de 234 quilómetros de extensão, atravessando
concelhos com características muito diferentes entre si.
A cidade de Coimbra (desde sempre) adquiriu muita importância, não só devido à
sua localização privilegiada, como também pelo facto de ser atravessada pelo Rio
3
Mondego. Outrora, Coimbra foi, durante algum tempo, a capital do nosso reino. O facto
de se situar no Centro do país era uma mais‐valia importante, estabelecia a ligação entre
o Norte e o Sul do país, entre a faixa Litoral e o Interior, entre a serra e o mar. O facto de
ter o porto da Figueira da Foz era importante na entrada e saída de mercadorias e o Rio
proporcionava a comunicação fluvial necessária até ao porto. Durante, muitos anos, o rio
era navegável com pequenas embarcações que efectuavam transporte de bens e pessoas.
2.3CaracterísticasmorfológicasdoRioMondego
O Rio Mondego atravessa diferentes locais, com características diferentes. Desde
logo, nasce no ponto mais alto de Portugal Continental. Embora, não seja exactamente na
Serra da Estrela, nasce em Manteigas. Esta região é essencialmente granítica e de rochas
sedimentares que o rio vai “cortando” no seu percurso, por um vale bastante encaixado.
Aqui, o Rio revela‐se quase como selvagem, evidenciando toda a sua força e corrente. É
aqui que Rio tem a água no seu estado mais puro, sofrendo pouca intervenção e
proporcionando a manutenção das características das espécies aquáticas que tem o
Mondego como seu habitat. (Figueira, 2002)
Quando o Rio entra no Distrito de Coimbra perde força e corrente, o Mondego
torna‐se então mais calmo.
No seu percurso final, o rio passa por uma planície aluvial, os designados campos
do Mondego, campos bastantes férteis, região bastante afectada pela ocorrência de
cheias, muitos dos terrenos são facilmente inundáveis e alguns são mesmo pantanosos.
O Rio Mondego tem alguns afluentes ao longo de toda a sua extensão,
nomeadamente o Ceira, o Ega, o Arunca, o Dão e o Alva. A bacia hidrográfica tem uma
precipitação média anual de 1233mm e um caudal médio anual de 108.3 m3/s. ( Figueira,
2002)
Ao longo de todo o seu percurso, é possível vislumbrar espécies animais muito
interessantes de que são exemplo o milhafre (ver imagem 2 – anexo I), o pato‐real, a
cegonha, a gaivota, a lampreia, o sável, entre outros. Mas também uma flora,
incrivelmente diversificada, existência de choupos, salgueiros, freixos, amieiros,
nenúfares, que permitem uma flexibilidade e garantindo o equilíbrio do ecossistema,
reduzindo a eutrofização e dificultando a entrada de espécies exóticas.
4
2.4DaNascenteaPenacova
É entre estes dois pontos, que o traçado do rio é mais acidentado, mas é também
aqui que podemos desfrutar da intensa beleza da paisagem do rio e das suas margens,
sem grande intervenção do Homem. O facto de o Mondego atravessar o maior parque
natural do nosso país, de correr livremente por entre os granitos já perfaz uma imagem
quase idílica desta realidade e desperta/aumenta o sentimento de curiosidade face a
paisagem que pode ser observada.
Na verdade, é um privilégio poder‐se contemplar paisagens com esta amplitude e
magnificência. Neste percurso vão surgindo pequenos parques de merendas a par com o
rio, de que é exemplo o Parque de Merendas da Nascente do Mondego, espaços
relvados, que permitem usufruir de uma bela paisagem enquanto se almoça, espaços
convidativos a passar uma tarde. É de referir também, a existência do parque ecológico
que permite passear, fazer vários percursos pelo concelho de Gouveia e apreciar a fauna
e flora daquela região, tendo sempre bem presente o rio.
2.5DePenacovaaCoimbra
É neste percurso que o contacto com a natureza é de mais fácil acesso. Não
obstante, da forte intervenção do Homem, nomeadamente, no que diz respeito, à
construção de barragens limítrofes ao concelho de Penacova, como é o caso da Barragem
da Aguieira (consultar imagem 3 – anexo I) e da Barragem de Raiva, importantes
construções para atender às necessidades do ser humano, essencialmente, porque
reduziu, ainda que não da forma pretendida, a iminência de cheias na cidade de Coimbra,
pelo menos servem de mecanismos de controlo, contínua a ser conferido ao rio um
carácter natural.
Ambas, juntamente com a Barragem de Fronhas e o Açude de Coimbra são
elementos representativos do forte aproveitamento hidroeléctrico e hidroagrícola. O Rio
Mondego é das maiores bacias hidrográficas portuguesas aproveitadas, é onde se utiliza
mais os recursos hídricos. É importante, particularmente na produção eléctrica, mas
convém não esquecer da importância que adquire no abastecimento público de águas e
na utilização da água para rega. É de salientar que devido à sua extensão, dimensão e
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importância exercida sobre a população dos concelhos contíguos ao rio, foi criada uma
entidade gestora do Aproveitamento Hidráulico do Mondego, com vista a monitorizar
toda a informação e pesquisa necessária para o bom funcionamento.
Este investimento traduz igualmente um incentivo à produção agrícola (Baixo‐
Mondego) e um forte incremento do tecido industrial, potencializando o
desenvolvimento económico da região.
As actividades desportivas neste percurso são uma constante, principalmente de
desportos intimamente relacionados com o Mondego. São várias as empresas que
promovem descidas de rio em canoas e kayak (ver imagem 4 – Anexo I) que neste
percurso têm a vantagem de a corrente ser mais constante, embora seja necessário
desviarem‐se em pequenos açudes. A descida tem início em Penacova e término em
Torres do Mondego.
É nesta localidade, mais precisamente em Casal da Misarela, que se situa uma
praia fluvial (ver imagem 5 – Anexo I), mais uma forma de aproveitar o que de melhor o
Rio pode proporcionar. A praia fluvial está dotada de boas infra‐estruturas, boas
condições, constituindo uma boa alternativa para as regiões localizadas no interior do
Distrito de Coimbra. Também os parques de campismo, quer de Penacova, quer de
Coimbra se situam nas imediações do Mondego, constituindo um forte chamariz, por
todas as actividades que se pode desenvolver, desde as descidas do rio, a passeios
pedestres nas margens, a BTT ,entre outros, servindo‐se de pequenas praias fluviais,
tornando o local mais cativante à prática por exemplo, de raides nocturnos por grupos/
associações de jovens.
Com o objectivo de proteger os interesses da sua região, bem como o de todos os
turistas que os visitam, as pessoas destes locais turísticos uniram‐se num movimento que
designam de “Plataforma Mondego Vivo”, uma forma de protestarem ganhando forma e
consistência, contra o projecto de construção de uma mini‐hídrica. Este movimento tem
tomado as dimensões que pretendiam inicialmente, mobilizando cada vez mais pessoas e,
arranjando mecanismos de demonstrar o seu desagrado, desde manifestações
alternativas, ou seja, juntaram imensas pessoas que desceram o rio de canoa sob forma
de protesto, para evidenciarem as perdas que advém da construção da mini‐hídrica. Esta
forma de protesto cativou a atenção dos media, não apenas a nível local, que têm
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referido a força que esta plataforma tem vindo adquirir, salientando a sua perspicácia e
audácia, lançaram recentemente, uma petição pública, com o sentido de promover o
debate na Assembleia da República sobre o avançar ou não da construção.
Aliado às práticas de lazer anteriormente referidas, neste percurso do Mondego, a
pesca é algo recorrente. São muitos os praticantes desta modalidade no Rio Mondego,
nomeadamente, nas proximidades da Barragem da Aguieira. Espécies como sável,
lampreia e truta são bastante apreciados pelos pescadores ocasionais. Esta ligação com a
pesca já vem de há imensos anos atrás. Os concelhos vizinhos de Coimbra, como
Penacova e Santa Comba Dão (Distrito de Viseu) sempre tiveram esta ligação piscatória
com o próprio rio. Por isso se criou a Confraria da Lampreia, que visa promover e
defender a gastronomia tradicional portuguesa, mas sobretudo, a gastronomia típica
desta região – a Lampreia à moda de Penacova.
Tem ainda associado à confraria outros pratos de peixe, como o peixinho do rio
frito e peixes do rio. No entanto, não engloba apenas peixe, refere ainda a particularidade
de arroz de míscaros (arroz confeccionado com cogumelos selvagens, igualmente
tradicional em Penacova) e a chanfana e o arroz malandro de galinha, remetendo‐nos já
para a proximidade com o concelho de Vila Nova de Poiares. A nível de doçaria, a
referência prende‐se com os doces conventuais associados ao Mosteiro de Lorvão, que,
mais uma vez, se cruza com a co‐existência do rio nas suas proximidades.
Neste percurso do Rio, está bem presente a ligação das pessoas com o mesmo e a
importância que o rio adquire na forma de organização da vida da população, Penacova
por exemplo, tem as construções na parte mais alta, pois as cheias não permitem
desenvolver as construções nos espaços imediatamente contíguos ao rio, proporcionando
uma melhor e maior proximidade do Homem com a Natureza.
2.6DeCoimbraàFigueiradaFoz(BaixoMondego)
Como referi na caracterização morfológica, esta zona caracteriza‐se pela sua
extensa planície inundável, representa 40km de uma planície aluvial. Como tal, os
terrenos situados nas margens do Mondego, nesta região, constituem campos agrícolas
(imagem 6 – Anexo I). São zonas extremamente férteis e produtivas, sendo uma
referência a nível europeu no que diz respeito à produção de arroz.
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É aqui que a intervenção do Homem ganha expressão. A intensiva prática agrícola
faz com que o nível de poluição dos lençóis de água e do próprio Rio não sejam nada
favoráveis. Assiste‐se a uma degradação sistemática e à poluição progressiva das águas
do Mondego. Só o simples facto de procederem a plantações faz com que os terrenos
percam drenagem. Todavia, como se não bastasse a situação anteriormente descrita,
soma‐se ainda o uso excessivo de produtos químicos, que ajudam os agricultores a
proteger os seus produtos e que são tão prejudiciais para os próprios produtos
alimentares que são directamente alvo desses mesmos produtos, nocivos para a saúde da
população que muitas das vezes não tem qualquer tipo de preocupação em lavar bem os
produtos hortícolas por exemplo e reflecte‐se num grande impacto ambiental.
Constitui factor de poluição do rio e, consequentemente, destrói o habitat natural
das espécies. Os próprios peixes perdem qualidade, para além de estarem em águas
quimicamente contaminadas, alimentam‐se de plantas aquáticas que também elas são
obrigadas a filtrar esses maus nutrientes.
Na foz do Rio, junto à cidade da Figueira da Foz, esta preocupação ecológica e
ambiental é tida em consideração. Porém, esta inquietação devia ser alargada a todos os
concelhos e locais banhados pelo Mondego, de modo a garantir uma gestão sustentada
de um recurso tão importante para a região Centro do país.
Na Figueira da Foz, a zona do estuário do Mondego (consultar imagem 7 – Anexo
I), já constitui uma espécie de reserva ambiental e ecológica, zelando pelo bem‐estar das
espécies e pela melhor qualidade de vida. Sendo importante preservar algumas espécies
aqui existentes que não são vulgarmente encontradas em Portugal como a gaivota‐
prateada, o flamingo‐comum ou a andorinha‐do‐mar‐anã.
É igualmente importante, ressalvar, a mais‐valia do porto da Figueira e da sua
marina de recreio, é importante para o desenvolvimento da região, sendo uma referência
portuária a nível nacional na entrada e saída de mercadoria. Importante é também, a
ligação que tem com o Porto de Aveiro, quer a nível de pequenas embarcações de
pescado, quer nas de maior dimensão. Estas duas capitanias funcionam também em
conjunto no que diz respeito a operações de salvamento e resgate, seja de embarcações,
seja de pessoas, principalmente na época balnear. Unem esforços devido à proximidade e
8
ao facto de existirem locais onde a capitania de Aveiro se desloca mais facilmente que
propriamente a da Figueira da Foz, caso da Praia de Mira, por exemplo.
2.7NecessidadedeIntervenção
Ao longo do trabalho têm sido sucessivamente abordadas algumas debilidades do
Mondego, ou das suas margens, sendo que as cheias são o problema mais evidente. As
notícias mais frequentes quando se efectua uma pesquisa sobre o rio, neste caso o
Mondego, são mesmo sobre as cheias. Este é um problema que já se arrasta há muitos
séculos, mas o nível de frequência com que estes fenómenos naturais acontecem tem
vindo a aumentar. Ou seja, se ainda há não muito tempo havia, em dez anos apenas,
referência a uma cheia de grande dimensão, actualmente verifica‐se que ocorrem cada
vez mais cheias dignas de registo.
Na década de 70, de forma a colmatar esta fragilidade, procedeu‐se à construção
das barragens anteriormente referidas, mas verificou‐se que não era completamente
viável, e que o maior problema do Mondego consistia no assoreamento do rio, que já
havia melhorado aquando da criação de um novo leito.
As cheias do Rio Mondego são caracterizadas por serem rápidas e em pouco
tempo terem um forte impacto na zona ribeirinha. Esta preocupação estende‐se a todos
os concelhos cujo Mondego atravessa, bem como, a própria cidade de Coimbra. A zona
ribeirinha de Coimbra e a Baixa são potenciais alvos das cheias, daí a necessidade de
rápida intervenção, pois os prejuízos, podem ser avultados.
Outro problema que influencia directamente o curso normal do Rio e o
crescimento da cidade de Coimbra prende‐se com a deslocação das pessoas para a faixa
litoral e a concentração da população nas cidades e nos arredores. O êxodo rural
acontece porque as pessoas precisam de estar em locais onde possam ter um mais fácil,
rápido e eficaz acesso aos serviços de que necessitam e onde seja mais fácil encontrar
trabalho.
Esta situação motiva um forte crescimento da cidade, nomeadamente em termos
habitacionais. Viver no centro da cidade é caro e, por norma, o centro da cidade funciona
mais ligado ao comércio e serviços. Neste sentido, a cidade tem a necessidade de crescer,
estendendo‐se até às zonas periféricas. Coimbra não é excepção. De facto, à semelhança
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do que acontece em todas as cidades da faixa litoral do nosso país, o aumento das
construções habitacionais é visível, sendo que são construções de valor mais reduzido
face aos preços praticados no centro da cidade.
Este aumento populacional tem sido um processo muito rápido e desorganizado,
num território já por si desordenado. Que tem como uma consequência imediata, o
aumento do tráfego automóvel, uma vez que os transportes colectivos não são
suficientes para satisfazer e atender às necessidades de toda a população residente em
Coimbra e arredores. Daí ser necessária a intervenção com o objectivo de ordenação do
território. É necessário proceder a uma requalificação, reurbanização e revitalização da
Cidade de Coimbra.
Neste sentido, são vários os projectos apresentados anualmente de forma a
garantir uma melhor qualidade de vida à população. Contudo, não adianta qualquer
apresentação de projectos se não se conseguir avaliar a sua concretização e pertinência.
Existem vários mecanismos ao serviço do municípios para que possam estudar e analisar
quais as necessidades da população e de forma a garantirem intervenção, de forma a dar
respostas concretas aos problemas devidamente identificados.
O Plano Director Municipal (PDM) é o instrumento de intervenção mais utilizado
pelas autarquias, é um plano desenvolvido pela Câmara Municipal de Coimbra (neste
contexto) que permite definir linhas orientadoras para o ordenamento do território.
Identifica quais os espaços públicos existentes, quais os terrenos pertencentes à Câmara
que possam ser ou não aproveitados, neste documento é possível identificar as redes
urbanas, as redes de transporte, os sistemas de telecomunicações e a própria captação
de água da cidade de Coimbra, o PDM que actualmente vigora data de 1994, sendo que
vai sofrendo alterações sempre que seja pertinente e assim se justifique.
Outro instrumento de intervenção é o Plano Estratégico de Coimbra (PEC),
associado a um Plano de Urbanização, Coimbra tem de ser dotada de mecanismos que
possam resultar numa vitória de desafios, impostos por condicionantes externos. Desta
forma o PEC constitui um estudo daquilo que Coimbra pretende ser e reflectir aos outros
municípios com quem mantém relação directa. Coimbra pretende ser assim um pólo
dinâmico e inovador, um pólo atractivo capaz de atrair e reter investimentos e pessoas,
melhorando as suas relações com o exterior. Para possibilitar este desenvolvimento, são
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necessários agentes estratégicos, com base em pressupostos teóricos e indicadores de
cariz económico e social, caracterização da população residente, o emprego, a taxa de
emigração, o nível de educação, os equipamentos de que é dotada, as estruturas da
produção e actividades económicas, demonstrando o poder de compra da população de
Coimbra.
Assim sendo, o PEC definiu com objectivo primordial o rendimento e a qualidade
de vida, tem em conta três abrangentes dimensões: a Tecnologia e Conhecimento
(associada ao I&D – Inovação e Desenvolvimento), a Saúde e o Turismo e Património,
representando áreas estratégicas de competitividade.
Tendo em conta estas dimensões, pretendem actuar em 8 esferas de intervenção
distintas e mais específicas:
• Empreendorismo e Inovação
• Transportes, Mobilidade e Acessibilidade
• Ambiente
• Património Edificado
• Cultura e Entretenimento
• Turismo
• Marca Coimbra
• Dinâmicas Urbanas
O primeiro ponto é encarado como motor de desenvolvimento, inovação e
geração de riqueza e retrata a capacidade e audácia de criar condições de investimento
ligadas a Coimbra. Por sua vez, a questão da Mobilidade está relacionada com dois níveis
distintos. Um aponta para os melhoramentos dos fluxos supra‐regionais e o outro para a
mobilidade existente entre todo o Distrito de Coimbra, aquilo que se denomina como os
transportes suburbanos de Coimbra, que faz a ligação de Coimbra a todas as localidades.
A questão ambiental diz respeito a mecanismos de sustentabilidade que visam
promover a qualidade de vida das populações e, de certa forma, ser responsáveis pela
atracção de pessoas para práticas de turismo. A esfera de intervenção no Património
Edificado, na Cultura e no Entretenimento e o Turismo estão fortemente ligados. Com a
intervenção a nível patrimonial, pretende‐se que os turistas usufruam do património na
sua totalidade, optimizando a ligação existente da História com a cidade. A intervenção a
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nível Cultural, pressupõe a criação de novos hábitos culturais junto dos habitantes locais
bem como dos turistas. Por seu turno, a intervenção a nível do Turismo remete‐nos para
as potencialidades que a região Centro tem, principalmente Coimbra, e para a
possibilidade de as explorar de forma a garantir desenvolvimento para a cidade e
demonstrando o que de melhor Coimbra tem ou a nível patrimonial ou natural. É
importante demonstrar aqui, a importância de mão‐de‐obra especializada e do
aproveitamento da mesma potencializando os cursos de Turismo do Ensino Superior e
justificando o investimento feito na Escola de Turismo e Hotelaria.
A Marca Coimbra, vem no sentido de criar uma imagem, uma identidade ao
comércio, transformar e revitalizar o comércio tradicional. Por fim, as dinâmicas urbanas
visam compreender quais os locais com mais “vida” em Coimbra, e tentar dinamizar
outros locais potencialmente atractivos.
O PEC, configura, à semelhança do que acontece com Porto e Lisboa, uma espécie
de área metropolitana – Área Metropolitana de Coimbra (AMC) que abarca o distrito de
Coimbra com excepção dos concelhos de Oliveira do Hospital, Arganil e Pampilhosa da
Serra e inclui, o concelho da Mealhada (Distrito de Aveiro) e o de Mortágua (Distrito de
Viseu). O Plano de Urbanização fica apenas confinado ao concelho de Coimbra, composto
pelas freguesias de Sé Nova, São Bartolomeu e Almedina e Santa Cruz, Santo António dos
Olivais, Santa Clara, São Martinho do Bispo, Eiras e São Paulo de Frades de forma parcial.
O Programa Polis é um programa desenvolvido um pouco por toda a União
Europeia que pretende valorizar as cidades, constitui uma prioridade de todos os
governos, associado ao Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente
(actualmente inexistente). Este instrumento de intervenção aborda questões ambientais
e ordenamento do território – são adoptadas medidas de requalificação urbana e
valorização ambiental das cidades. Na sua génese tem o PNDES – Plano Nacional de
Desenvolvimento Económico e recebe financiamento supra‐estadual, pretende relançar a
economia, requalificar as cidades, reforçar o papel da cidade na organização do território
e melhorar substancialmente a qualidade de vida dos seus habitantes e apontam para
quatro competências diferentes mas relacionadas entre si:
• Cidades Verdes
• Cidades Digitais
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• Cidades do Conhecimento e Entretenimento
• Cidades Intergeracionais
A Cidade Verde remete‐nos para as questões ambientais. A cidade tem de criar
espaços para que as pessoas possam usufruir no seu expoente máximo da qualidade
Ambiental. Nas Cidades Digitais, o importante é criar mecanismos de comunicação digital
de forma a incentivar a nível cultural. As Cidades do Conhecimento e Entretenimento
equaciona a existência de infra‐estruturas tecnológicas, espaços culturais, espaços de
diversão, de modo a cativar a população mais jovem. Por último, as Cidades
Intergeracionais são as cidades que tentam não ter a sua população segmentada pelas
diversas faixas etárias e têm a preocupação de responder às diferentes necessidades.
Em Coimbra, este projecto passou a denominar‐se de Coimbrapolis – e prende‐se
com as Cidades Verdes. Tem como objectivos fundamentais operacionalizar a
requalificação urbana tendo em conta a valorização ambiental, requalificar e revitalizar a
Cidade de forma a promover a sua multi‐funcionalidade, melhorar a qualidade do
ambiente urbano e valorizar a presença de elementos ambientais estruturantes – o Rio
Mondego e, apoiar iniciativas que promovam os espaços verdes e as áreas pedonais. O
exemplo do projecto concretizado neste domínio é a Construção do Parque Verde do
Mondego.
Para além destas três ferramentas de intervenção, a Câmara Municipal de
Coimbra vai disponibilizando, Planos de Pormenor. São igualmente instrumentos de
intervenção, que especificam ainda mais determinados assuntos, que exijam mais clareza
e explicação, ou que tenham uma acção mais directa na vida da população e abarque
imensas áreas distintas de que mais uma vez, é exemplo o Parque Verde.
2.8InfluênciadoRioMondegonaCidadedeCoimbra2.8.1Influênciaclimatérica
O Rio Mondego é um factor importante da regulação do clima da cidade. Regula a
temperatura, nunca deixa as temperaturas subir bastante nas proximidades do Rio,
mantendo sempre os níveis de humidade altos, este impacto ao nível do clima tem
repercussões ambientais no que diz respeito à vegetação envolvente e aos animais que se
podem encontrar facilmente junto do Mondego.
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2.8.2Influênciaurbanística
A cidade de Coimbra começou a desenvolver‐se a partir do Rio. No início era por
uma questão de proximidade, daquele que constituía a principal via de comunicação com
o resto do país e mundo ‐ o próprio Mondego. Com o risco constante de cheias, a cidade
organizou‐se essencialmente na Alta, onde se localiza a própria Universidade de Coimbra
(figura 8 – AnexoI) e os principais focus habitacionais. Estas questões vêm de trás e
emergem precisamente do surgimento de Coimbra enquanto cidade e das motivações
que levavam à fixação da população. Ainda na altura das invasões bárbaras, Coimbra
estava construída na parte mais alta. Primeiro, para ser mais fácil de ver a posição dos
inimigos e criar um plano de estratégia e depois porque no cimo da colina era mais fácil
proteger a população, existindo uma muralha a circundar a cidade de modo a proteger a
urbe. Depois da fase das invasões, as principais infra‐estruturas da cidade permaneceram
neste local, até chegar ao que conhecemos hoje.
Nesses tempos, em que Coimbra estava amparada pela muralha, aquilo que
actualmente é a baixa, consistiam em arrabaldes, terrenos baldios, ou de cultivo. Daí a
tradição ligada às práticas agrícolas que ainda hoje se perpetuam no Baixo Mondego.
Hoje a baixa de Coimbra dá lugar ao comércio e aos serviços.
2.8.3InfluênciaPaisagística,Cultural,PatrimonialedeLazer
Este tipo de influência prende‐se com questões relacionadas com as práticas de
turismo. O Parque Verde do Mondego é o melhor resultado da ligação do Rio Mondego
com a Cidade de Coimbra, embora esteja presente num local bem delimitado, dá
continuidade e serve como elo de ligação a diferentes pontos da cidade, relacionando os
diferentes aspectos: culturais/patrimoniais, lazer e paisagísticos.
O Parque Verde resulta de um instrumento de intervenção – Coimbrapolis,
referido anteriormente. Nasce em 2004, fruto de uma intervenção avançada
rapidamente, tendo em conta uma enorme cheia que ocorreu em 2001. Este projecto não
é apenas importante por todo o suporte ambiental que tem por detrás de si. É também
um forma peculiar de revitalizar a zona ribeirinha, cuja única actividade desenvolvida
prende‐se com a área comercial. Este projecto é então uma requalificação da área
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marginal do Mondego, atendendo à intensificação do tráfego automóvel, de forma a
retomar a condição pedonal.
Este projecto passa pela requalificação das duas margens do Rio, encontrando‐se
ligadas pela Ponte Pedonal D. Pedro e Dona Inês. Na margem esquerda, o projecto
pretende revitalizar o Rossio de Santa Clara, requalificar o Convento de Santa Clara (ver
imagem 9 – Anexo I) e na requalificação do Convento de S. Francisco, no sentido de o
transformar num Centro de Congressos. Esta zona que já tem inerente espaços verdes
como a Mata Nacional do Choupal, onde habitam espécies como milhafres‐preto, devido
à proximidade com o Rio e a mítica Quinta das Lágrimas, que alia os espaços verdes ao
valor patrimonial e histórico de Coimbra. Ainda nesta margem, a zona do Rossio
compreende o Portugal dos Pequenitos, um local que atrai muitos visitantes. Desta
forma, este projecto vem de encontro ao artigo pelo qual optei aquando da realização da
ficha de leitura, que adverte para a necessidade de existirem tanto parques temáticos, de
que este último é exemplo, como patrimoniais, referindo‐me à Quinta das Lágrimas.
“ Da análise do panorama português, verificamos que o território nacional, em termos de
escala, e autenticidade cultural, em termos de infra‐estruturas aero‐portuárias, e face à
política oficial de apoio ao produto turístico touring cultural e paisagístico, apresenta uma
clara vocação para a criação e difusão de parques patrimoniais, em detrimento dos
parques temáticos”. (Martins; Costa, 2000)
Nesse mesmo artigo eram retratadas as vantagens, mas também os
inconvenientes de existência deste tipo de parques. Os parques temáticos e patrimoniais
são diferentes, logo não se substituem mutuamente, pelo que podem coexistir no mesmo
espaço e até servem de valorização e potencialização turística.
Por seu turno, a margem direita é toda ela relacionada com o Parque Verde do
Mondego (consultar imagem 10 – Anexo I), construído com o objectivo de ser um local
agradável e frequentado por todas a faixas etárias, tendo inclusive uma zona de bares e
restauração, frequentemente conhecida, como as Docas.
Como o objectivo primordial era abranger as diferentes faixas etárias, era
pertinente construir um local que permitisse uma enorme diversidade de actividades que
foi o que acabou por acontecer. No Parque Verde é possível desfrutar da paisagem
aproveitando para estar numa esplanada, fazendo uma caminhada, ou repousando num
15
banco de jardim, permite a prática de desporto e exercício físico. Ao domingo, é possível
alugar bicicletas e percorrer a ciclovia do parque, sendo um programa interessante para
se concretizar em família.
Outras actividades interessantes possíveis de desenvolver a partir do Parque
Verde do Mondego são os passeios no basófias, os barcos típicos de Coimbra, as barcas
serranas (visualisar imagem 11 – Anexo I), igualmente característicos, a prática de
geocaching, actividade de orientação que percorre o mundo inteiro, e visa demonstrar os
pontos fundamentais das cidades, conhecendo um pouco da história de cada região,
proporcionando momentos de contemplação face à moldura natural vigente ou aos
monumentos, dependendo dos locais escolhidos pelos praticantes para procurar as pistas
que se encontram devidamente identificadas.
Associada a estas questões de orientação está a possibilidade de fazer percursos
pedestres, urbanos e semi‐urbanos, que ligam o Parque um pouco por toda a cidade,
levam‐nos a locais como o Jardim Botânico, o Jardim da Manga, o Jardim da Sereia (que
recentemente foi feito um concurso para se também proceder à sua revitalização), o
Penedo da Saudade, a Biblioteca Geral, a Universidade, os Arcos de Almedina e os Arcos
junto ao Jardim Botânico, fazendo um roteiro turístico e cultural da cidade de Coimbra. A
margem direita do Mondego tem ainda associada alguns eventos no Parque, como o I
Festival Mundial de Papagaios.
A crescente importância do Rio Mondego e das suas margens é assim bem visível.
Tanto assim, que uma parceria da Coimbrapolis com a Câmara Municipal de Coimbra e a
associação Águas de Coimbra, resultou na transformação do antigo edifício da Estação de
Captação de Águas no Museu da Água de Coimbra, onde se pode ver exposições, assistir a
seminários e conta com programas de musicais e de educação ambiental, constituindo,
sem margem de dúvida, um ponto forte para a população de Coimbra.
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3.FichadeLeitura
Título da Publicação: Património, paisagens culturais, turismo, lazer e desenvolvimento
sustentável. Parques temáticos vs parques patrimoniais
Autores: Nuno Martins e Cláudia Costa
Data de Publicação: 2009
Número de páginas: 26
Área Científica: Ciências Sociais
Sub‐Área Científica: Geografia, Turismo, Ecoturismo, Sociologia e Antropologia
Palavras‐chave: parques temáticos; parques patrimoniais; indústrias do entretenimento;
património cultural; paisagens culturais e turismo cultural
Edição: Ana Maria Sarmento Coelho (Directora)
José Pacheco (Edição Online)
Local de Edição e Editora: Publicação electrónica semestral da Escola Superior de
Educação de Coimbra (ESEC), do Instituto Politécnico de Coimbra
Local onde se encontra: www.exedrajournal.com
ISSN – versão impressa: 1646‐9526
Data de leitura: 28 de Outubro de 2011
Resumo/ Argumento: O presente artigo está intimamente relacionado com temas como
o Turismo e Património. Aborda os Parques temáticos e patrimoniais de modo a que seja
possível fazer uma distinção entre ambos, conhecendo as origens dos conceitos e todas
as características que lhes são inerentes. A discussão desenvolve‐se assente em novos
paradigmas económicos, sociais e ambientais.
Estrutura
Introdução/Apresentação: O artigo científico denomina‐se de” Património, paisagens
culturais, turismo, lazer e desenvolvimento sustentável. Parques temáticos vs parques
patrimoniais”, de Nuno Martins da Escola Superior Artística do Porto (ESAP); da
Associação de Projecto e Desenvolvimento do Parque Patrimonial do Mondego e de
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Cláudia Costa, membro da mesma associação – APD‐PPM e do Gabinete de Investigação
em Geografia da Saúde, Departamento de Geografia da Universidade de Coimbra.
Numa primeira parte, os autores fazem uma abordagem à necessidade de se
compreender o conceito de parque temático e o de parque patrimonial no sentido, de os
conseguir distinguir. Expressam também, a forma como os parques temáticos e
patrimoniais se distribuem a nível nacional e internacional dando exemplos concretos e
conhecidos para que seja mais clara a associação dos conceitos a exemplos práticos.
Desta forma, explicam e exemplificam o que é um parque temático bem como um
patrimonial.
Posteriormente, caracterizam‐nos e sintetizam a informação em quadro para que
as diferenças sejam mais perceptíveis. Procedem ainda, à elaboração de uma avaliação
em termos de sustentabilidade e viabilidade dos projectos, numa espécie de suma de
todos os aspectos que foram referindo, apresentam um quadro onde para várias
dimensões surgem as desvantagens associadas quer a um quer a outro parque.
Desenvolvimento
Síntese: Inicialmente, os autores referem a necessidade de se compreender o conceito de
parque temático e o de parque patrimonial, no sentido de os conseguir distinguir e da
inconsequente formatação comum de que são sinónimos. Muitas vezes, utilizam estes
conceitos de forma igual ou semelhante sem atentarem bem às suas especificidades que
por si só revelam uma dicotomia existente entre ambos. Os parques temáticos são mais
um incentivo à actividade turística aliando a ilusão e a fantasia, dando asas à imaginação.
“Os parques temáticos são empreendimento de grande escala que utilizam temas
diversos, ancorados no imaginário colectivo, adoptando como estratégia de mercado o
estímulo da actividade turística.” Referem a Disneyland (1955), na Califórnia como um
importante marco nesta indústria de parques temáticos, que desde a abertura desse
parque, teve um crescimento enorme.
No artigo está ainda patente a pertinência e relevância de proceder a inúmeros
estudos antes de avançar para a concretização de um projecto desta dimensão, tendo em
conta a caracterização social, económica, urbana e comercial da zona onde pretende
arquitectar o parque temático. Ver se é uma cidade/região com capacidade atractiva de
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turistas, verificar a capacidade dos seus serviços (sector terciário) e se é dotada de boas
infra‐estruturas e acessos.
“Os parques temáticos são assim empreendimentos de animação turística inspirados em
algo histórico, cultural, etnográfico, lúdico ou ambiental, característico ou não do local
em que se insere, que ampliam a oferta ao nível do lazer, nas suas funções de recreação,
divertimento e pedagogia de uma região.” (página 54)
Por seu turno, os parques patrimoniais têm associados a si, uma forte
componente de revalorização e revitalização de paisagens a nível cultural, rural ou
urbano, é encarado como uma forma de reflectir sobre o território apostando em
projectos com recursos patrimoniais. “ Uma das lições é a de que os parques patrimoniais
revelam‐se um conceito inovador de preservação cultural, ao incorporar‐lhe uma
componente propositiva, tomando os valores patrimoniais como activos a partir dos quais
podem vir a obter benefícios económicos”.(página 56) Os parques patrimoniais tendem a
estar em consonância com o meio envolvente, relacionam o tema turístico ao tema
paisagístico, representam o legado cultural da paisagem. É importante quando se
equaciona um parque patrimonial ter em atenção a conjugação dos valores naturais e
artificiais, proporcionar o reencontro do equilíbrio entre o Homem e a Natureza. Carl
Sauer (Universidade de Berkeley) – geografia cultural – refere numa das suas obras que
“(…) a Cultura é o agente, a área natural é o meio, a paisagem o resultado.”.
Os autores evidenciam também, a forma como os parques temáticos e
patrimoniais se dispõem a nível nacional e internacional dando exemplos concretos. No
caso dos parques temáticos exemplificam com os parques do grupo Disney, o Parque da
Warner em Madrid e ,em Portugal, parques como a Bracalândia (Braga, passando depois
para Penafiel), o Visionarium (Santa Maria da Feira), o Zoomarine (Albufeira) e o Portugal
dos Pequenitos em Coimbra. Por outro lado, é difícil nomear parques patrimoniais a nível
internacional e nacional, embora Portugal tenha paisagens que fazem parte do
património da UNESCO, tendo apenas como exemplo o Parque Mineiro da Cova dos
Mouros (Algarve) e o Parque Patrimonial do Mondego (zona de Coimbra). Verifica‐se,
assim, que existem imensos parques temáticos quando equiparados com os parques
patrimoniais.
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Depois, caracterizam os Parques tendo em consideração os temas, o público‐alvo
e a comunidade (fazendo referência a parâmetros como os temas para a abordagem, os
destinatários, o tipo de cultura, a participação da comunidade, os estudos locais, a
interacção entre turistas e os residentes e as ligações institucionais); funções, modelos,
gestão e impactos (relação com os espaços de exibição e produção, modelo de referência,
sustentabilidade e propriedade e gestão); áreas de análise (parâmetros de análise);
localização e infra‐estruturas (localização, factores de localização, número de visitantes e
afectação das infra‐estruturas locais); modelo de gestão (origem, promotores e capital de
investimento e marketing) e, dimensões materiais (dimensões do lazer presentes e
dimensão antropológica do lugar), sintetizando a informação em quadro para que as
diferenças sejam mais inteligíveis.
Concretizam ainda uma avaliação em termos de sustentabilidade e viabilidade dos
projectos, numa espécie de suma de todos os aspectos que foram referindo, apresentam
um quadro onde para várias dimensões, nomeadamente os impactos ambientais, os
impactos económicos e impactos sócio‐culturais, emergem as vantagens e inconvenientes
associadas, quer a um,quer a outro tipo de parque.
Pontos fracos e Fortes do documento: Os pontos fortes do artigo prendem‐se sobretudo,
com o facto de utilizaram quadros e figuras para retratar o que vão afirmando,
principalmente no que diz respeito à utilização do quadro 2 que caracteriza de forma
clara e sucinta os dois tipos de parque e o quadro 3, que nos remete paras as vantagens e
desvantagens de cada tipo de Parque. Quanto ao ponto fraco do trabalho, está
essencialmente relacionado com a estruturação do trabalho. Os autores ao
caracterizarem separadamente o parque temático de patrimonial poderiam fazer de
imediato a referência de alguns casos e não fazer novamente essa divisão e consequente
explicação no ponto três do trabalho, denominado de “alguns casos de referência”.
Conclusão: As principais conclusões a que chegamos são de que existe uma maior
tendência para os parques temáticos apesar do panorama e das especificidades,
nomeadamente no que diz respeito ao território nacional e à própria população
portuguesa. Os parques temáticos estão mais vocacionadas para a forma como
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actualmente vemos a economia. São parques com uma vertente muito mais económica,
direccionada essencialmente para o lucro imediato e a sua rentabilidade. Daí também
sobressaírem quando equiparados com parques patrimoniais, parques mais preocupados
com valores culturais e de sustentabilidade.
Apesar dos parques temáticos serem diferentes dos parques patrimoniais, estes não são
incompatíveis.
Autores/Escolas de Pensamento
Principais autores ou eventuais protagonistas identificados no texto: Carl Sauer, Clavé,
Luque, Rivière, Dybedal & Engebretsen, Zuchi & Barleto e UNESCO
Escolas de Pensamento mencionadas no texto: Universidade de Berkeley ( Carl Sauer) – pai
da geografia cultural
Referências Histórico – Culturais (tempo, espaço, factos históricos contextualização): Ao
longo do artigo vão sendo feitas as devidas contextualizações, principalmente a nível
espacial, os autores vão exemplificando parques que situam quer em território nacional,
focam parques no Algarve, Coimbra, Santa Maria da Feira, entre outros, quer parques a
nível internacional como os parques do grupo Disney, o Futuroscope – França, SeaWorld
– EUA; Opel Livre – Alemanha e muitos mais. Fazem referência às paisagens que Portugal
tem que constam na lista do Património da UNESCO e também ao Parque Mineiro da
Cova dos Mouros, onde é possível fazer reconstituições históricas e visitar uma aldeia
primitiva de 2500 A.C..
Recursos de Estilo e Linguagem (forma, conteúdo, nível de rebuscamento e de
profundidade científica): A linguagem é cuidada, com rigor científico, procurando sempre
ilustrar as afirmações com citações de outros autores, recorrem frequentemente à
utilização de recursos de estilo, principalmente comparações para de uma certa forma
evidenciar o binómio em torno do qual se desenvolve todo o artigo.
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Conceitos (temas e problemáticas): Os conceitos que vão sendo abordados são o de
Parque temático e patrimonial; turismo cultural; paisagem cultural; sustentabilidade
(económica, social e cultural) e vantagens e desvantagens de parques temáticos e
patrimoniais. A problemática do artigo assenta na dicotomia entre parques temáticos e
patrimoniais e tudo se desenvolve precisamente desta comparação e de tudo que está
intimamente relacionado.
22
3.AvaliaçãodeumSítiodaInternet
O URL do sítio é – www.turismodecoimbra.pt/pt
O nome do sítio é Turismo de Coimbra que visa prestar informações sobre o
turismo adjacente à cidade de Coimbra a todos os que estejam de alguma forma
interessados em conhecer e explorar os recursos de Coimbra.
O sítio tem o Português como língua oficial. No entanto, a informação pode ser
consultada em Inglês, Espanhol e Francês. O facto de estar disponível nestas línguas é
uma mais‐valia no sentido de se vincular facilmente não só a turistas internos como, e
principalmente, de outros países.
O autor do sítio está devidamente identificado, sendo a própria instituição do
Turismo de Coimbra constituído por pessoas especializadas sobre a matéria abordada. Os
contactos estão disponíveis para o caso de necessidade de alguma informação adicional
ou sugestão.
O endereço de URL é de fácil acesso, curto e intuitivo. O próprio sitio está bem
estruturado, tem os menus principais, que facilmente se identificam e que se subdividem
em menus secundários, de modo a que, quem “navega”, chega facilmente a informação
mais especializada, tendo sempre em conta aquilo que efectivamente pretende. Qualquer
dificuldade pode ser facilmente colmatada através do motor de pesquisa interna
existente ou mesmo através do mapa do sítio.
O sítio disponibiliza ainda informação sobre a meteorologia da cidade de Coimbra,
permitindo uma planificação pertinente das actividades a realizar. Todas ligações do sítio
se encontram activas, destacando‐se a subscrição da newsletter e a página do Turismo de
Coimbra nas redes sociais, nomeadamente no Facebook. É importante ressalvar a função
de Travel Planner , fundamental para os turistas, principalmente não sendo nacionais.
O sítio tem muitas ligações a nível interno. Todavia, encontra‐se bem estruturado e de
fácil acesso, tornando acessível, a aparente complexa rede de ligações internas.
23
4.Conclusão A realização deste trabalho foi enriquecedora no sentido de percebermos todas a
dinâmicas de uma cidade que advêm precisamente da relação íntima entre a cidade e o
Rio.
É essencial tomar consciência de que o Rio Mondego influencia mais a cidade de
Coimbra, à semelhança do que vai acontecendo ao longo de todo o seu percurso, além
das características paisagísticas. O Rio não pode ser encarado como um mero elemento
paisagístico, quando se trata de um elemento fundamental para dar vida à cidade de
Coimbra.
Este trabalho permitiu alargar horizontes e conhecer um pouco mais de Coimbra.
Para nós, que somos de fora, é gratificante perceber a essencia desta dinâmica e
conseguir vislumbrar tudo o que nos é possível fazer nesta cidade, para além de tudo
aquilo que nos é dado como adquirido. É possível descobrir um encanto natural mais
profundo do que aquele que eventualmente poderiamos observar.
O trabalho para nós, enquanto alunos de Sociologia, é importante para entender a
organização das cidades, bem como as características que é necessário ter em conta a
quando da sua ordenação e (res)estruturação. Compreender os termos técnicos, saber
analisar planos urbanisticos é sem dúvida uma mais‐valia para compreender a nossa
sociedade
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5.ReferênciasBibliográficas
Câmara Municipal de Coimbra (s.d). Urbanismo. Obtido em 1 de Dezembro de 2011, de
Câmara Municipal de Coimbra:
http://www.cmcoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=107&
ltemid=273
Câmara Municipal de Coimbra (2005). Plano de Pormenor do Eixo Portagem/Av.João das
Regras. Coimbra.
Coimbra Polis. (2006). Plano de Pormenor do Parque Verde do Mondego. Coimbra.
Figueira, J.J. (2002). A companhia eléctrica das Beiras e o aproveitamento do rio
Mondego. XXI Encontro da Associação Portuguesa de História Económica e Social, (pp. 1‐
21). Aveiro.
Martins, N.; Costa, C. (2009). Património, paisagens culturais, turismo, lazer e
desenvolvimento. Paques temáticos vs Parques patrimoniais. Exedra, 51‐76.
Programa Polis (2003). Polis Coimbra. Obtido em 23 de Novembro de 2011, de polis:
http://polis.sitebysite.pt/coimbra/artigo.php?id=18101210&m=1
Turismo de Coimbra (2008). O que fazer. Obtido em 5 de Novembro de 2011, de Turismo
de Coimbra: http://www.turismodecoimbra.pt/pt/o‐que‐fazer/percursos‐turísticos.html
AnexoI
Nascente
Imagem 1
Fonte: valedezebro.blogspot.com
Milhafre
Fonte: steffenlinke.wordpress.com
Imagem 2
Barragem da Aguieira
Imagem 3
Fonte: motarguas.no.sapo.pt
Descida do Rio em kayak ‐ Penacova
Imagem 4
Fonte: www‐ponto‐dan.blogspot.com
Praia Fluvial – Torres do Mondego
Imagem 5
Fonte: forum.autohoje.com
Campos de Arroz no Baixo Mondego
Imagem 6
Fonte: portugalferroviario.net
Estuário da Figueira da Foz
Imagem 7
Fonte: marchadovapor.blogspot.com
Planta da Cidade de Coimbra
Imagem 8
Fonte: fpce.uc.pt
Vista para a cidade de Coimbra
Imagem 9
Fonte: avidaderita.wordpress.com
Santa Clara ‐ Coimbra
Imagem 10
Fonte: pt.wikipedia.org
Parque Verde do Mondego
Imagem 11
Fonte: skyscrapercity.com
Barca Serrana no Rio Mondego
Imagem 12
Fonte: flickr.com
AnexoII
AnexoIII
AnexoIV
AnexoV