rino curti - cristianismo de jesus a kardec

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Page 1: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

CRlSTIANISMO - deJe$~ aKardec, representa mais uma \'h,':Y~"',A1,obra, fruto do trabalho i'rlca:w~lli';::'um dos mais profundos COlli'11f:cce,;;rl:vt:1£da Doutrina dos Espiritos.que devera servir de or1:enita;;;;;azlJcurriculum das Escolas e Ltlrs«JzS·mediunicos tao carentes de ~'1f{a~. ~li:(;lil*

e de conteudo confiivd.

Nos doze capitulo'SAutar nos apresentauma ampla visaa sobre () C:r'i,S<d1S:':.;1;N')S111.

E a cada capitulo,de apresenta uma fart,} bZ.tl~).,;1Z:Z:1';h

sugere leituras co:mf:11e7"le;:r't.lk)1'",permitirao ao leiror. nm;'l :dl;lik,.;·:!:

possibilidade de api"OitllnC:::£:':i!f:;;';'::lconhecimentos.

Mais uma coritnl",m'~IiY'l'a;:J:lllffh$",rt;

quem ja orientou mlJllto'!t, p;ik;;r: :·.l:ti,. 7"1~";'?11

de urn aposrolado S~;ti.nlJ.

Rino Curti

"sliMisHi·liardet)

Page 2: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Indices para Catalogo Sistematico

Dados lnternacionais de Cataloga~ao na Publica~ao (ClP)(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Panorama

TOMO 1 - VOL. 1

(6' Ediyao Revista e Corrigida - 1998)

Prot Rino Curti(Presidente da Coliga~aoBspirita Progressista)

CDD 133.901

i. Cristianismo e Espiritismo : Doutrina espiritaKardecista 133.901

2. Espiritismo e Cristianismo : Doutrina espiritaKardecista 133.901

ISBN 85-86437-13-1

Curti, Rino, 1922-Cristianismo : de Jesus a Kardec : tomo 1, vol.

1 / Rino Curti. - - 6. ed. rev. e corr. - - Sao Paulo:Editora Panorama, 1998.

1. Cristianismo - Origem 2. Espiritismo - Estudoe ensino 3. Espiritismo - Fi1osofia 4. Espiritismo ­Hist6ria 5. Jesus Cristo - Interpreta~6es espiritas1. Titulo

98-0309

Page 3: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Escola de Educaqao Mediunica Espirita

Copyright © 1998 by PANORAMA COMUNICA<;::OESDireitos reservados. Proibida a reproduqao, mesmo parciale par qualquer processo sem autorizaqao da Editora.

Direitos Autorais desta ediqao pertencem aColigaqao Espirita ProgressistaRua Batuira, 297 - VilaN.S. das Merces .

Revisao de Ruy Cintra PaivaCapa de Sergio Amaral,A capa das ediyoes anteriores de Albertina Maiorano Coelho,inspirou a trabalho de capa desta ediyao.

Panorama Comunicaqoes Ltda.Rua Dam Jose, 17 - Vila Formosa03378-040, Sao Paulo, SPTel./Fax: (011) 6101-1165CX. Postal: 24551 - CEP : 03397-970

Impressa no Brasil- Printed in Brazil

ORRAS DO MESMO AUTOR

CURSO BASICO

Vol. 1 - Espiritismo e Reforma intimaVol. 2 - Espiritismo e Evolu,ilo

CURSO DE EDUCA<;::Ao MEDIUNICA ESPIRITA

1° Ano - Torno IVol. I - CristianismoVol. 2 - Mediunato

2° Ano - Torno IIVol. I - Dor e DestinoVol. 2 - Desenvolvimento Mediunico

3' Ano - Torno IIIVol. I - Mediunidade em A,iloVol. 2 - Mediunidade: Instrumenta,ilo da Vida

4° Ano - Torno IVVol. 1- 0 Passe (Imposi,ilo de Milos)Vol. 2 - Espiritismo e Obsessilo

CURSO DE EDUCA<;::AO EVANGELICA ESPIRITA

l' Ano - Torno IVol. I - Monoteismo e JesusVol. 2 - ...Homem Novo

2' Ano - Torno IIVol. 1 - Do Calwirio ao ConsoladorVol. 2 - Bem-Aventuran,as e Partibolas

3' Ano - Torno illVol. I - As Epistolas de Paulo e 0 Apocalipse

de Joiio (Segundo 0 Espiritismo)Vol. 2 - Espiritismo e Questiio Social

Page 4: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

4° Ano - Tomo IVVol. 1 - Espiritismo e SexualidadeVol. 2 - Espiritismo e Liberdade

CURSOS DO DIVULGADOR E EXPOSITORESPIRITAS

l' Ano - Torno IVol. 1 - 0 Surgimento da Doutrina e 0 Estudo do

. Evangelho IVol. 2 - 0 Surgimento da Doutrina e 0 Estudo do

Evangelho II2' Ano - Torno II

Vol. 1 - Espiritismo e Religiao - 1'ParteVol. 2 - Espiritismo e Religiao - 2' Parte

(A formayao das Religioes como cienciasmorais: dos prirn6rdios ao Jimiar daEra Crista)

3' Ano - Torno IIIVol. 1 - Espiritismo e Filosofia - l' ParteVol. 2 - Espiritismo e Filosofia - 2' Parte

4' Ano - Torno IV(Em preparayao)

CENTRO DE ESTUDOS

Espiritismo e ConhecimentoEstudos de Espiritismo e de Fisica - Vol. IEspiritismo e Vida - l' e 2' Partes

3' Parte (Em elaborayao)

ESCOLA PARA A INFANCIA - (4 anos)De 7 a 11 anos

Curso em nivel e acompanhando 0 1° CicIo do 1° Grau

(Texto em preparayao)

ESCOLA PARA ADOLESCENCIA - (4 anos)

De 11 a 15 anos

Curso em nivel e acompanhando 0 2° CicIo do 10 GrauPrograma e Textos: alguns elaborados, outros indicados

ESCOLA PARA JUVENTUDE - (3 anos)

De 15 a 18 anos

Curso em nivel e acompanhando 0 2° GrauPrograma e textos: alguns elaborados, outros indicados parao 10 e 2° anos. Para 0 3° ano, em elaborayao.

Page 5: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Prefacio

CRISTIANISMO - de Jesus a Kardec , representa maisurna valiosa obra, fruto do trabalho de urn dos mais eruditosconhecedores da Doutrina dos Espiritos. Trata-se de urn li­vro que devera servir de orientayao e parte do curriculumdas Escolas e Cursos, mantidos e orientados pela ColigayaoEspirita Progressista.

A obra e dividida em doze capitulos, e 0 autor, antes deentrar no tema central, que e a abordagem de aspectos inte­ressantes do Cristianismo, dedica os dois primeiros capitu­los ao enfoque de pniticas que conduziram it implantayao domonoteismo, condiyao indispensavel para 0 advento de Je­sus Cristo. AMm disso discorre sobre a mitologia, as cren­yas primitivas, a epoca pre-mosaica, a forrnayao dos mitos,o trabalho dos profetas, 0 judaismo, 0 sincretismo greco­judaico, 0 Sinedrio e a vinda de Moises.

Do terceiro capitulo em diante, ele entra no tema prin­cipal, qual sej a 0 de elucidar os fatos que se sucederam aoadvento do instituidor do Cristianismo, ate 0 curnprimento

Page 6: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

de sua promessa sobre a vinda do Espirito de Verdade,consubstanciado no aparecimento da Terceira Revelayao,atraves da Codificayao Kardeciana.

o Cristianismo sofreu varias mutayoes no decorrer dosseculos. Tudo aquilo que 0 Mestre ensinou aos seus aposto­los e as multidoes, nas margens do Tiberiades, nos montes enas cidades, sofreu 0 impacto de interesses de grupos ou depessoas, originando verdadeira degenerescencia naquilo queconstitui os seus fundamentos.

Jesus Cristo nada escreveu. Dois de seus apostolos ­Mateus e Joao - escreveram Evangelhos. Outros dois Evan­gelhos surgiram grayas ao esforyo de dois discipulos de Paulode Tarso - Marcos e Lucas. Alguns dos apostolos escreve­ram Epistolas - Pedro, Joao, Tiago Menor e Judas Tadeu.Paulo de Tarso nos legou urn manancial de Epistolas querepresenta verdadeira consolidayao das ideias libertadorasapregoadas pelo Meigo Rabi da Galileia, entretanto, apesardisso tudo os repositorios que serviram de base para a His­toria do Cristianismo, nao sao abundantes. Por isso, pode­mos afirrnar que 0 autor de Cristianismo - de Jesus a Kardecfoi de urna felicidade incomparavel, ao nos transmitir suamensagem, que representa precioso contributo a todos quedesejam conhecer urn pouco mais sobre a historia da doutri­na crista nos dezenove seculos que se sucederam apos a sua

revelayao.

Os reformadores que surgiram no cenitrio do mundo,no decorrer desses dezenove seculos, nao alcanyaram 0 pro­posito de despojar os ensinos de Jesus dos agregados exteri­ores que Ihe foram incorporados. Por sua vez, os arautos dosCeus, que tambem vieram ao mundo nesse periodo, nao en­contraram nos coracoes dos homens 0 ambiente adequado

PAULO ALVES GODOY

para a implantayao de preceitos verdadeiramente aliceryadossobre a base angular que 0 Mestre veio trazer. Em outraspalavras, 0 terreno nao estava propicio para receber as se­mentes que 0 Mundo Maior ambicionava fazer germinar naTerra.

Em face da obstinayao dos homens e da relutancia dasreligioes em aceitarem as verdades novas que vinham dosCeus, Deus, em sua infinita misericordia fez com que secumprisse 0 vaticinio e promessa de Jesus sobre 0 adventodo Consolador, tendo para isso propiciado 0 advento da fi­gura singular de Allan Kardec, 0 qual, com criterio rigorosoe analise fria, conseguiu codificar 0 Espiritismo, legando aoshomens urn mahancial de novos ensinos, que na verdaderepresentam apenas a restaurayao de tudo aquilo que Jesusnos legou.

o autor deixa bern claro que, tendo surgido sob a egidedo Espirito de Verdade, a Doutrina dos Espiritos representaurn rasgo de luz, que fara com que 0 fantasma tenebroso domaterialismo deleterio seja, de uma vez para sempre, bani­do das plagas terrenas,

Esta nova obra representa, pois, mais urnavaliosa con­tribuiyao no sentido de atualizar 0 curriculum das Escolas eCursos mediUnicos, renovayao que se fazia sentir ha muitosanos.

11Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)Rino Curti10

Page 7: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Explica~ao

Com este volume, iniciamos a serie de textos que cons­tituem 0 Curso da Escola DE EDUCACAo MEDIUNICAESPIRITA.

Pressupoe 0 Curso Basico. Ele arranca a partir do pontoem que aquele termina, conseqiiencia natural da unidadedoutrinaria que se impoe para todos os Cursos.

o conteudo deste volume diz respeito ao Cristianismodesde suas origens e fundamentos fincados no Judaismo, ateo aparecimento do Espiritismo, em nossos dias: 0

Monoteismo, 0 Messianismo, Jesus e sua Revela<;ao, a for­ma<;ao dos dogmas, os acontecimentos que fizeram e acom­panharam 0 desenvolvimento da Igreja, como institui<;ao; 0

Espiritismo como um dos frutos resultantes da renova<;ao detodo 0 conhecimento, renova<;ao iniciada pela Fisica.

o assunto e tratado sucintamente, na medida dos obje­tivos desta Escola Espirita, cuja finalidade precipua e darforma<;ao doutrinario-evangelica ao medium; dispoe-se pro­porcionar-Ihe conhecimento e orienta<;ao, para que ele, defi-

Page 8: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

o AUTOR

nidos os mmos de sua missao, possa caminhar com segu­ranya na rota do seu apostolado.

Como todo curso, ele se condiciona ao nivel de exposi­yaO e ao tempo de que dispoe, para divulgar uma Iiteraturaja de per si por demais extensa e que Ihe exige urn criterio deescolha.

Embora buscando divisar 0 fundamental, temos a cer­teza de que este criterio nao e 0 iinico. Por isto aceitamossugestoes, ou indicayoes de colaborayao efetiva, para 0 aper­feiyoamento de mais este seu trabalho didiitico.

]4 Rino Curti

Judice

PREFAcIO 9EXPLICA<;:A.O............................................. 13fNDICE 15

CAPITULO Io monotefsmo e as Leis Naturais

1.1 - Introduyao _... 231.2 - Crenyas primitivas 25].3 - A mitologia.................................................... 27] .4 - A religiao como ciencia moral

de aperfeiyoamento 29].5 - 0 conhecimento entre os gregos 3]A- Bibliografia 34B- Leituras complementares.................................. 34c- Perguntas 34D- Pn\tica de renovayao intima 35E- Recomendayoes para a aula 35

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16 Rino Curli

CAPITULO 2Judaismo primitivo

2.1 - Introduyao _ _.., __ . 372.2 - A epoca pre-mosaica 382.3 - A forma<;ao dos mitos 402.4 - Os profetas 412.5 - 0 Judaismo 422.6 - A Sinagoga e 0 sincretismo greco-judaico 432.7 - 0 Sinedrio 442.8 - As seitas 442.9 - 0 Messias 45A- Bibliografia 46B- Leituras complementares 47c- Perguntas 47D- Pnitica de renova<;ao intima :............ 47E- Recomenda<;6es para a aula.............................. 48

CAPITULO 3Jesns e a fidelidade a Dens

3.1 -Introdu<;ao 493.2 - Nascimento e corpo de Jesus 503.3 - A vida de Jesus 513.4 - A infancia de Jesus 533.5 - Joao Batista e 0 batismo 543.6 - Os milagres 563.7 - 0 reino de Deus 573.8 - Primeiro mandamento - fidelidade a Deus 60A- Bibliografia 63B- Leituras complementares 63C- Perguntas . 63D- Pratica de renova<;ao intima 64E - Recomenda<;6es para a aula 64

Crislianisl710 (De Jesus a Kardec)

CAPITULO 4Fe, amor, perdlio e remincia

4.1 -Afe 654.2 - 0 reino de Deus: realiza<;ao no cora<;ao 664.3 - 0 poder da fe 684.4 - A idade do Espirito 694.5 - Esquecimento e perdao 704.6 - Os mais aptos para a

edifica<;ao do reino de Deus 724.7 - Renuncia 74A- Bibliografia 75B- Leituras complementares 75c- Perguntas 76D- Pratica de renova<;ao intima 76E- Recomenda<;6es para a anla.............................. 76

CAPITULO 5Pedi e obtereis

5.1 - Justi<;a divina 795.2 - Reencarna<;ao 825.3 - Proselitismo 835.4 - Divergencias religiosas 845.5 - 0 comungar com Deus 865.6 - 0 valor da prece 88A- Bibliografia 90B- Leituras complementares.................................. 90C - Perguntas . 91D- Pratica de renova<;ao intima.. 91E- Recomenda<;6es para a aula 91

17

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18 Rino Curti

CAPITULO 6InvigiHincia

6.1 - Elevayao e queda 936.2 - Riquezas 976.3 - Judas Iscariotes 986.4 - A Pascoa judaica 996.5 - 0 maior de todos no reino dos Ceus 1006.6 - A negayao de Pedro 1016.7 - 0 abandono de ultima hora 1036.8 - 0 testemunho da fe 103A- Bibliografia 105B- Leituras complementares 105C- Perguntas 105D- Pratica de renovayao Intima ..............•........... ,.. 106E- Recomendayoes para a aula 106

CAPITULO?A patrfstica

7.1 - 0 destino de Roma 1077.2 - 0 Inicio da Era Crista 1097.3 - 0 sincretismo filos6fico-religioso 1127.4 - Opapado 1157.5 - A formayao dos dogmas 116A- Bibliografia 117B- Leituras complementares 117C- Perguntas 117D- Pratica de renovayao Intima 118E- Recomendayoes para a aula 118

Cristianismo (De Jesus a Kardec)

CAPITULO 8A Idade Media

8.1 - Agostinho 1198.2 - 0 fim da patristica 1218.3 - 0 Islamismo 1228.4 - 0 nascimento da Escolastica 1238.5 - 0 feudalismo 1248.6 - Novo processo de restaurayao 1258.7 - As cruzadas 1278.8 - As primeiras unlversidades 1278.9 - 0 fim: da Idade Media 129A- Bibliografia 130B- Leituras complementares 130C- Perguntas 130D- Pratica de renovayao Intima 131E - Recomendayoes para a aula 131

CAPITULO 9A retomada do desenvolvimento

9.1 - Movimentos reformadores 1339.2 - A contra-reforma 1369.3 - A nova ciencia e a nova filosofia 1389.4 - A queda do absolutismo 1399.5 - Napoleao : 1419.6 - 0 evolucionismo 1429.7 - Allan Kardec 142A- Bibllografia 144B- Leituras complementares 144C- Perguntas 144D- Pratica de renovayao intima 145E- Recornendayoes para a aula 145

19

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20 Rino Curti

CAPITULO 10Grandes transil;oes

10.1 -0 Espiritismo 14710.2 - 0 Espiritismo como Ciencia , 14910J - 0 Espiritismo e evolutivo 151lOA - 0 principio material : 153A- Bibliografia 155B- Leituras complementares 155C- Perguntas 156D- Pratica de renovayao intima 156E- Recomendayoes paraaaula 156

CAPITULO 11Materia e flnidos

11.1 - A teoria at6mica 15711.2 - Os diversos fluidos 15911.3 - Materia mental 1601104 -A aura ······················· 16111.5 - Somos avaliados pela aura 163A- Bibliografia 166B- Leituras complementares 166C- Perguntas 167D- Pratica de renovayao intima 167

E - Recomendayoes para a aula 168

CAPITULO 12Atenl;ao e concentral;ao

12.1 - A atenyao ········· 16912.2 - Fatores de que depende a atenyao 171

Cristianismo (De Jesus a Kardec)

12.3 - A concentrayao 1731204 - Condiyoes para a concentrayao 174

Decalogo para mediuns , 177A- Bibliografia 181B- Leituras complementares 181C- Perguntas 181D- Pratica de renoval;ao intima 182E - Recomendayoes para a aula 182

A vida de Allan Kardec 183

21

Page 12: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

CAPITULO 1

o MONOTEISMO E AS LEIS NATURAlS

1.1 - Introdu~ao

Segundo Andre Luiz, e como foi estudado em (l), 0

que caracteriza 0 ser, na fase humana, e a aquisiyao da pala­vra, do pensamento continuo, da razao, e da liberdade deescolha.

Com 0 pensamento continuo, a criatura, pela mente,absorve fluido c6smico, num processo vitalista, semelhanteao da respirayao, associado a varios fenomenos:

10_ 0 Espirito, pela sensibilidade (sensorial e extra­

sensorial), capta estimulos que despertam outros afins, denossa bagagem espiritual. Juntos sao transfonnados em ima­gens, em ideias, constituindo a INTurc;:Ao - a resposta ime­diata aos estimulos.

2° - Pelas ideias, 0 Espirito manifesta suas foryas, queimprime no fluido c6smico, excitando-o, tornando-o radi-

Page 13: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

ante, isto e, fonte de radiayoes transportadoras de foryas pro­dutoras de efeitos.

3° - As radiayoes que emitimos, ao atingir outras men­tes afins e sintonizadas, constituem estimulos geradores deintuiyoes, de ideias semelhantes, as diferenyas residindo nabagagem de cada um, distinta, como sao as impressoes digi­tais. Eo fen6meno da INDu<;:AO MENTAL.

Por ela as mentes se comunicam, influenciando-se mu­tuamente, permutando valores, naquilo que denominamosde ASSOCIA<;:Ao DE IDEIAS.

4° - Simultaneamente, a mente, pela reflexao, combi­na ideias, que permuta incessantemente, elaborando variasalternativas de ayao. E a COMBINA<;:Ao DE IDEIAS.

Pela vontade, 0 Espirito se decide por uma alternativaque, pela vontade, poe em ayao - um ato voluntario proprio,com liberdade de escolha, 0 que <) torna responsave!.

5° - A ayao gera influencias, que 0 Espirito detecta.Desde que resultem incompativeis com as leis que nos go­vernam, elas se refletem no Espirito, pelo pesar do insucesso,o arrependimento, 0 remorso, a dor, 0 sofrimento, que 0 obri­gam a refl<;tir, a renovar experiencias, a tentar 0 acerto.

Simultaneamente,o fluido cosmico excitado pelas nos­sas ideias, denominado agora MATERIA MENTAL, se es­praia por nossa organizayao fisiopsicossomatica, regendo-a.

Pelo teor das foryas de que se reveste, produz-se-lheequilibrio ou desequilibrio.

Nossos pensamentos, veiculadores das foryas do Espi­rito que nos anima, tornam-se as causas remotas de nossobem-estar fisico e menta!.

1.2 - Crenyas primitivas

25Cristianismo (De Jesus a Kardec)

6° - A materia mental escoa-se de nos e, Tepleta deinfluencias, aglutina-se com outras afins, criando os solosdo Plano Espiritual, 0 meio que nos acolheni, ao nele voltar,por afinidade.

E pelo cultivo de ideias progressivamente mais eleva­das, pelo estudo e pela pnitica do bem, que a mente atua nocorpo espiritual renovando-o, renovayao esta que se refleteno veiculo fisico e faz com que ele, gradativamente, se aco­mode a novos habitos.

E por este processo que 0 Plano Superior conduz 0 ho­mem no seu desenvolvimento, sugerindo-lhe, dosada e pro­gressivamente, ideias renovadoras que 0 orientam e Ihe in­fundem novos valores.

E pela INTUI<;:Ao, em contato com os desencarnadosque tem a seu cargo conduzi-lo, que ele assimila os principi­os germinativos da Religiao, da Ciencia, da Virtude, da Edu­cayao, da Industria, da Arte, pelas quais se engrandece pau­latina e progressivamente, em aptidoes e virtudes, em fun­yao do esforyo que, nisso, voluntariamente, ele emprega.

Na fase humana, para 0 ser inicia-se tambem a vida es­piritual, no que se Ihe estabelecem, como primeiras nOyoesintuitivas, as de sobrevivencia, de vida apos a morte, deMetempsicose.

As impressoes que 0 primitivo guarda, da vida espiritu­ai, 0 contato que mantem com os desencarnados que 0 gui­am, notadamente durante 0 sono, fazem-no criar uma serie

Rino Curti24

Page 14: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

As primeiras formas de conhecimento resultam das ex­periencias que a vida oferece. Aprende-se por pratica, me­lhor diriamos. Pela sensibilidade captam-se estimulos quesao transformados em ideias, as quais se associam as afinsque ja se possui, 0 resultado constituindo a INTUIyAO. Pe1areflexao estabelece-se comunicayao com outras mentes, nofenomeno da INDUyAO MENTAL, e a absoryao de maisideias e valores, 0 todo submetido a elaborayao de variasalternativas de comportamento, das quais, pela vontade, saotransformadas em ayao as que se tornaram objeto de nossa

escolha.

Epela repetiyao que 0 pensar se adequa, progressiva-

de concepyoes, pr6prias das mentes em fase inicial de de­senvolvimento. A vida infantil e, em termos de estrutura, areconstituiyao do desenvolvimento das estruturas mentais,desde as primeiras reencarnayoes ate 0 estagio atual,semelhantemente a gestayao que e a reconstituiyao das fasesque 0 corpo atravessou desde a celula ate 0 organismo hu­

mano.

As explicayoes dos fatos, dos fenomenos que 0 primiti­vo se faz, sao todas elaboradas em termos de pessoas e en­tidades. Acredita ele que, na morte; a alma sobrevive aocorpo, adquire poderes sobrenaturais e os exerce a seu bel­prazer e vontade, na produyao das ocorrencias, cuj a razao

de ser desconhece.

Toda magia e feitiyaria fundamentam-se nisso.

Os mortos sao tidos quais as vontades ocultas que, atu­ando livremente, podem agir contra ou a favor dos homens,dependendo do relacionamento que estes possam manter com

eles.

1.3 - A mitologia

27Cristianismo (De Jesus a Kardec)

mente, a realidade, por aproximayoes sucessivas, pelo pro­cesso que denominamos TENTATIVA E ERRO. Uma vezatingida a adequayao, 0 comportamento e automatizado li­berando a mente para novo aprendizado ([1], Cap. IV).

A passagem, pela terra, de homens que s~ destacam dos .outros por deixarein progresso e orientayao, da origem aconceps:ao de que, ap6s a morte, suas almas adquirirao mai­ores poderes que os outros. A posse desses poderes maioresdenomina-se DlVINDADE ([2], CAP. II, N° 17); aos seuspossuidores cognomina-se DEUSES e, gradativamente, ter­mina-se por dirigir-Ihes os cultos e rituais, com quase exclu­sividade.

Ea passagem das CRENyAS primitivas ao Politeismo,como descrito em ([1], Cap.7).

o crescer do conhecimento da vida, pela experiencia eatividades, aumenta os poderes da mente pelos quais revela­se que, certos aspectos do saber podem ser construidos pelosimples pensar, de forma abstrata, sem apoio em formas con­cretas. Por exemplo, inicia-se a contar com 0 auxilio dosdedos ou de objetos, para depois descobrir que 0 mesmopode ser efetuado mentalmente.

A ATIVIDADE pRA.TICA, que predomina inicialmenteno desenvolvimento do conhecimento, comeya a ceder ter­reno a uma ATIVIDADE TEORICA que pouco a pouco seinstaura e desenvolve. A partir disso, passa-se a conceber osfen6menos nao mais como ayoes diretas dos deuses, mas

Rino Curti/6

Page 15: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

devido as influencias dos dramas por e1es viyidos, suas con­sequencias, descritas nos MITOS ou MlSTERIOS.

As descricl)es miticas tomam-se verdadeiras explica­coes dos fen6~enos, um pretenso saber que passa a ser de­

~ominado de MlTOLOG1A.

Por exemplo: a formayao do vinho e explicada pelo Mitode Baco, no qual se diz que ele e filho de Zeus e da mortalSemele. 1sto gera a ayao do sol sobre a terra, prod~zmdo auva. Hera, esposa de Zeus, enciumada, quer destrmr Baco.Zeus, para salva-lo, 0 esconde sob uma coxa para, a segmr,oculta-lo em uma gruta, 0 que corresponde ao esmagament?da uva. Na Gruta, Baco esta a salvo - revive; 0 que e relacl­

onado a uva renascida em forma de vinho ..

A esta concepyao dos deuses, a agirem como homens,mas com poderes sobrenaturais, denomma-se. deANTROPOMORF1SMO, permanecendo 0 nome de MltO­logia para a explicayao dos fatos pelos mitos.

E a fase humana da 1nteligencia Pre-Operacional Sim­

b61ica.Com 0 aparecimento da 1nteligencia Pre-Operacional

1ntuitiva e a partir da Mitologia que desponta,gradativ~ente,aquela atividade te6rica que, aos poucos,intenta explicar os acontecimentos em termoS de causa e efel­to, induzindo, na atividade pratica, meios para melhorar 0

VlVer.E nesta fase que se formam as primeiras grand~s Reli­

gioes e as primeiras grandes civilizayoes, prenunClando 0

despertar do raciocinio 16gico.

Da mesma maneira que as atividades prMicas se subor­dinam a deterrninadas regras de execuyao, cujo acervo cons­titui a TECN1CA, analogamente a atividade te6rica devesubordinar-se a determinadas normas de pensar. Para cons­truir 0 conhecimento, pela reflexao, hi que obedecer tam­bem a certos principios, certas leis,. cuja totalidade e 0 quese denomina de METODO.

Disto surge a distinyao entre OPIN1AO e SABER. Aprimeira constitui aquele saber construido sem METODO:sem valor, portanto; 0 segundo e 0 obtido com METODO e,consequentemente, e 0 unico v;ilido.

Eo aparecimento da "lnteligencia das Opera9i5es lnte­lectuais Concretas".

Quem estabeleceu a distinyao e a nOyao de Saber nestestermos, foram os gregos, pela Filosofia, na elaborayao daL6gica e da Teoria do Conhecimento.

Pela Geometria descobrem que certos aspectos do sa­ber podem ser obtidos simplesmente pela deduyao, a partirde conceitos primitivos e de afirrn';woes intuitivas, sem quese necessite recorrer, depois, it observayao e a experiencia,com resultados que se ajustam a coisas reais, e que explicamfatos do mundo fisico, com amplo sucesso.

Entenderam, com isso, que este procedimento poderiaser adotado em todos os ramos do conhecimento; e, envere­dando por esse caminho, com esse procedimento, buscaramexplicar todos os acontecimentos, 0 mundo, sua origem, suas

29Cristianismo (De Jesus a Kardec)

1.4 - A religiao comO cienda moral deaperfei<;oamento

Rino Curti28

Page 16: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

causas, sua finalidade.

Nas construyoes te6ricas, revela-se 0 poder sintetizadorda mente, cuja tendencia e classificar, sistematizar, unificar_ reduzir as diferentes concepyoes explicativas dos fen6­menos. dos homens, dos Espiritos, dos Deuses, da Nature­za, a~a linica concepyao do mundo e das coisas, 0 que da

nascimento aFilosofia, com esse mister.

Esse poder sintetizador revela-se tarnbem nas ativida­des prMicas: no artesanato, no comercio, nas artes, na in-

dustria...

Gradualmente revela-se que os fatos sao govemadosmuito mais por LEIS NATURAlS, das quais 0 homem deveassenhorear-se, do que pela vontade de entidades ocultas; e,no que se relaciona avida individual e social, muito maisque os rituais valem: a prMica da bondade, da retidao, dasinceridade, da operosidade, do desprendimento, do desen­volvimento de aptidoes e virtudes, do arnor, enfim. E que osmales se assentarn muito mais na pratica dos vicios, na ig­norancia, na injustiya, na callinia, na difarnayao, no raubo,

no desrespeito.

As pr6prias CREN<;:AS, na elaborayao de suas inter­pretayoes sobre as escrituras, nao podem mais proceder semMETODO, sem 0 usa da razao segundo as leIs que a regem;transformarn-se, por isso, em sincretismos, em sistemas emque Filosofia e Religiao se compatibilizarn, se entrosarn, se

fundem.Nas concepyoes sintetizadoras, elaboradas pelas filo­

sofias associadas a cada crenya, as pr6prias nOyoes sobre 0

principio da vida, tendem a unificar-se, de modo a faze.-lopensar assentado em nma causa primordial- um Deus umco

1.5 - 0 conhecimento entre os gregos

o conhecimento intuitivo caracteriza-se essencialmen­te pelo aclunulo e registra de dados e resultados. E pre­operacional; isto e, efetua-se sem a aplicayao das operayoes16gicas.

o conhecimento racional, que comeya a surgir com 0

descobrimento e a aplicayao da L6gica, caracteriza-se pelaclassificOl;50, slstematlzar;50 e metodlzar;50 do conhecimen­to intuitivo e de seu desenvolvimento.

Cabe aos fil6sofos gregos, principalmente a S6crates,Platao e Arist6teles, inicia-lo no Dogmatismo, nma forma

31Cristian/smo (De Jesus a Kardec)

- 0 principio das Causas e do Bem, a govemar 0 mundo porLeis: as LEIS NATURAlS.

E com a vinda dos c;apelinos ([1], Cap. 11) que 0 pro­gresso se faz acelerado. E por sua influencia que, na IndiaVedica, na China, no antigo Egito,

"...a Religi50 assume aspecto enobrecldocomo Cii!ncla moral de APERFEIC;OAMENTOpara mals alta ascens50 da mente humana a cons­clencla c6~mlca ... ". ([4], Cap. XX).

E com 0 Bramanismo, 0 Budismo, 0 Masdeismo, 0

Confucionismo, que a ideia moral se desenvolve rumo aconcepyao de um Deus unico, que neles comeca acorporificar-se, para instaurar-se definitivamente no JUdais­mo,junto alei moral explicitada nos Dez Mandamentos - APRlMElRA REVELA<;:AO ([1] ), Cap. 11).

Rino Curti30

Page 17: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Racionalismo: 0 racionalismo Cientifico, no qual Dogma­tlsmo e Empirismo se fundem, com sucesso.

No que se relaciona as religioes ocidentais, cabe ao Ju­daismo estabelecer-Ihes os fundamentos. Nele, fixa-se pri­melro a nOyao de urn Deus unico a governar acima da atua­yao dos Espiritos, com Moises que estabelece, com os DezMandamentos, a Lei Moral.

Eo que se denomina de Primeira Revelayao, entenden­do-se, com isso, a primeira manifestayao de que, nas religi­5es, passa-se a entender existir, acima de todas as vontades,uma Vontade Superior, a governar por Leis que, no relacio­narnento entre os homens, sao constituidas pelas Leis Mo­rais, as principais codificadas nos Dez Mandarnentos, demaneira equanime e corn infinito senso de justiya.

Com Jesus as concepyoes se arnpliam. Ele revela queDeus governa por Leis sim, mas nao somente com Justica·porem, acima de tudo, corn arnoT. E, a necessidade de obe~decer aos Dez Mandamentos, acrescenta a imperiosidade decultivar a humildade, a caridade, 0 arnor ao pr6ximo, 0 per­dao, a mansuetude... ; enfim, a pnitica das virtudes expressasnas Bem-Aventuranyas.

Deixa urn novo Mandamento, "0 de que nos amemoscomoEle nos amou".

E a assim denominada SEGUNDA REVELA<;:AO.

Em Roma, pela sua religiao ainda politeista, desenvol­veu-se apenas forte sentimento de devoyao limitadarnenteao culto domestico, no que instituiu-se a farnilia romana, eda qual nasceu 0 Direito, base regularnentadora das relac5eshurnanas. >

Rino Curti

que haveria de predominar ate quase nossos dias, e cuja es­sencia e a crenya de que se pode alcanyar a verdade em sen­tido absoluto, exclusivarnente com a utilizayao da razao, doraciocinio 16gico, independentemente da observayao e daexperiencia, a partir de observayoes as mais simples e co­muns a todos.

o que os levou a crer nisto foi 0 sucesso alcanyado pe­las matem<iticas, construidas desta forma e com este meto­do, fazendo com que elas se tornassem 0 modelo de todas asciencias e de qualquer construyao de conhecimento, por mui­to tempo.

S6 bern mais tarde, no seculo XVI, esta concepyao pas­saria a ser totalmente modificada Enquanto isso, entretan­to, as ciencias permanecerarn estacionadas, mantendo-se sim­ples ramos da Filosofia, dirigidos a particulares aspectos darealidade.

Enfim, com os gregos, inicia-se 0 emprego das opera­yoes 16gicas na formayao do conhecimento, em pleno est<i­gio hurnano da Inteligencia das Operayoes Intelectuais Con­cretas.

Sao eles os iniciadores do Racionalismo, cujo metodo,a partir da Maieutica Socr<itica, da Dialetica Platonica, lheacompanha 0 desenvolvimento:

no Cartesianismo, primeiro;

no despontar da L6gica Formal,com Leibnitz, depois,urn marco no aparecimento da Inteligencia das OperayoesInte1ectuais Formais da Humanidade;

no metoda teorico-experimental de nossos dias, final­mente - 0 metodo cientifico -, na atual forma de

Cristianismo (De Jesus a Kardec) 33

Page 18: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

C - Perguntas1 _ Como 0 Plano Superior conduz 0 homem, no

seu desenvolvimento?

A - Bibliografia[1] Rino Curti - Espiritismo e EvolUl;iio[2] Allan Kardec - A Genese[3] Emmanuel - A Caminho da Luz[4] Andre Luiz - Evolur;iio em Dois Mundos

B - Leituras complementares

As dos capitulos citados no texto, e mais:Abril Cultural - MitologioAllan Kardec - Introduyao de 0 Evongelho Se-

gundo 0 Espiritismo

35Cristionismo (De Jesus 0 Kordec)

D - Pratica de renoval;ao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em prMica 0 cap. 35.

2 - Como se apresentam as explicayoes dos fatosentre os primitivos?

3 - Defina a Divindade.4 - 0 que sao mitos? 0 que e Mitologia?5 - Qual a distinyao entre Opiniao e Saber?6 - Como se inicia a ideia monoteista?7 - 0 que se entende por dogmatismo?8 - 0 que se entende por limiar da maioridade ter­

restre?. ·9 - Em que especie de sincretismo se transformam

o Judaismo e 0 Cristianismo, ap6s Jesus?

E - Recomendal;oes para a aula

A aula e uma reuniao espiritual na qual os alunos, alemde se ilustrarem, recebem o"otendimento do Plano Espiritu­aI, para 0 reequilibrio de suas emoyoes e 0 desfazimento deinfluencias indesejaveis. Neste sentido, devem atentar paraas recomendayoes de Andre Luiz"no livro Desobsessiio,Cap. I, para 0 dia da reuniao, que aqui resnmimos:

1 - cultivar atitude mental diana desde cedo''=' , ,

2 - elevar 0 nivel do pensamento, seja orando ouacolhendo ideias de natureza superior;

3 - sustentar intenyoes e palavras puras, atitudese ayoes limpas;

4 - evitar rusgas e discussoes sustentando pacien­cia e serenidade.

Rino Curti34

Ciencia e Filosofia Grega, Familia Romana eMonoteismo Judaico, marcam 0 limiar da maioridade ter­restre, 0 momento aprazado pelo Plano Superior para a vin­da do Evangelho, no sentido, inclusive, de consolidar-Ihesas conquistas ([3],Cap.XI). Com elas formam-se sincretismospelos quais as crenyas se transformam em sistemas de co­nhecimento edificados com 0 Dogmatismo, 0 metodo ja con-

sagrado.

Judaismo e Cristianismo ja nao sao nm aglomerado deaeneas fundamentadas em suas revelayoes. Constituem-se,pore~, em formas sincreticas, nm todo indissoluvel,.~corpo sistematizado de doutrina que e Filosofia e Rehgtao.

Page 19: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

CAPITULO 2

JUDAlSMO PRIMITIVO

2.1 - Introdu~ao

Judeus e Cristaos tern por livro sagrado a Biblia, com­posta de: "0 Antigo Testamento, 0 texto do Judaismo ", e de"0 Novo Testamento", 0 adendo cristao. Por ambos, ela etida como a repositorio da palavra de Deus, a comunicayaodireta de Deus para com os homens.

Para a critica historica a Bibliq e obra humana, com acontribuiyao de varias escolas, diferentes autorias, feitas emepocas diversas. Para 0 Espiritismo e repositorio de sucessi­vas revelayoes mediunicas, portadoras da Orientayao Supe­rior, que Ihe estruturam, evolutivamente,' os fundamentosreligiosos e morais, entretecidas de narrativas, interpretayoese inferencias humanas, 0 que alias acontece com todas asreligioes e 0 proprio Espiritismo ([1], Cap. I). (vide Nota I,no fim do capitulo).

Page 20: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

2.2 - A epoca pre-mosaica

Mesmo em relayao ao Decalogo diz Emmanuel em ([3],

n° 269):

_"E inconcebivel que 0 grande missiona­rio dos judeus e da humanidade pudesse ouvir 0

Espirito de Deus... a Lei... foi-Ihe ditada pelos

emissarios de Jesus".

Ea epoca em que os hebreus eram nomades, divididosem tribos e clas. Havia Animismo, sucessor de urn antenorTotemismo, com a crenya nos Espiritos, magia, culto dosancestrais, ritos de purificayao, danyas, sacrificios e festas.

Eneste periodo que a Religiao de Israel se inicia.

Narra a Biblia que Deus elegeu Abraao, a quem incurn­biu de conduzir seu grupo a tomar posse de Canaa, antigaPalestina e com 0 qual firmou urn pacto de alianya. Jaco,urn de se~s descendentes, instaura-se no Egito apos um deseus fllhos, Jose, ter-se tornado primeiro ministro. Seculosmais tarde, 0 Fara6 desencadeia persegui((ao e ordena 0 ex-

39Cristianismo (De Jesus a Kardec)

Conta a Biblia que, antes da fuga, 0 Anjo da morte pas­sa pOl' sobre as casas dos israelitas, indo ferir de morte osprimogenitos dos egipcios. Pragas, a passagem pelo MarVermelho, a submersao de carros e soldados egipcios, queperseguiam os fugitivos, sucedem-se ate Ii chegada dos ju­deus ao Sinai.

No monte, Moises recebe de Deus a Lei - 0 Decaloaob ,

"base de todo direito no mundo, sustenta­culo de todos os eodigos dajustir;a terrestre" ([3J,nO 268). (Ver a versao do Deedlogo dada porKardee em ([4], Cap. 1").

Neste momento, 0 eloim do Sina:l e identificado com 0

Deus de Abraao. Moises unifica as tribos nurn povo; fa-losadotar lave como Deus unico, adoyao esta pela qual 0 povoa Ele se une nurn pacta de Alianya, constituindo uma nayao­religiao. Em conseqiiencia proibe que se interroguem osmortos ([3], nO 274).

A Pascoa (passagem em hebraico), antiquissima festaisraelita, passa a comemorar a libertayao israelita do Egito,salvayao divina do povo eleito, 0 nascimento da nayao ju­daica, num pacta das tribos com 0 Deus unico.

lave e urn Deus nacional, entendido de formaantropomorfica. Protege e sustenta seu povo, participando

terminio de todos os primogenitos dos Israelitas.

Cabe a Moises, como novo escolhido, salvar seu povoe conduzi-Io ao pais de Canaa - a terra prometida.

Diz Emmanuel ([2], Cap. VII):

"... que 0 Antigo Testamento Ii umrepositorio de conhecimentos secretos dos inicia­dos do povojudeu... no conjunto umpoema de eter­nas claridades... a par do Evangelho, esta 0 VelhoTestamento tocado de claroes imortais para a vi­sao espiritual de todos os corar;oes ".

Rino Curti38

Page 21: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

2.3 - A formayao dos mitos

de suas lutas, s6 nao 0 fazendo quando ofendido. Rege anomeayao do rei, dos sacerdotes ou de pessoas a cargos im­portantes que, por isto, se tornam ungidos de lave - os esco-

Ihidos.

No seculo VII a.c., Salomao constroi 0 Templo, emJerusalem, que se torna 0 centro da religiao nacionaL

Adao e Eva sao induzidos adesobediencia pela serpen­te, °que se constitui no maior pe~ado - °pecado.~riginal.lsto Ihes provoca a expulsao do Eden e uma sequencia dedesventuras. Entre seus descendentes, instaura-se a depra­VayaO que Deus pune com 0 diluvio, para a preservayao dapureza moral e da obediencia. Salva Noe e sua familia, esta­

belecendo, com eles, nova Alianya.

41Cristianismo (De Jesus a Kardec)

2.4 - Os profetas

Outro fato condenado por Deus, e a construyao da torrede Babel, cujo cume deveria alcanyar os ceus (Biblia: Gen.Cap 11 :4). Deus confunde a linguagem dos homens e dis­persa-os.

Trata-se de temas miticos ja existentes, mas refundidose reinterpretados pela nova visao religiosa de Israel, que ostorna moddo para toda a humanidade ([6], Cap. VII).

Moises morre antes que seu grupo adentrasse, em 1200a.c., nas terras de Canaa, onde defrontou-se com a ReligiaoCananeia forrnando, com ela, sincretismo religioso. Adota­Ihe 0 sistema ritual, os sitios sagrados, os santuarios, a orga­nizayao sacerdotaL

Em 1020 a.c., consagra Saul como primeiro rei, segui­do por Davi. Este da nome adinastia e a realeza passa a serinterpretada como NOVA ALIAN<;:A.

Salomao, filho de Davi, constr6i 0 Templo, tomando-oo santuario nacionaL

Com a morte de Salomao, °reino divide-se em dois:Israel, ao norte; Juda, ao suI, onde estava situado 0 Templo.

Ea partir do seculo IX a.C., que se inicia 0 movimentoprofetico ([7], Cap. IX).

Elias insurge-se contra 0 sincretismo. Amos e enviadoapregayao moral, contra as injustiyas sociais e a infidelida­de religiosa. Oseias prega contra as pr<iticas sacrificat6rias,

Rino Curti

Ea partir do seculo VIII a.C., que lave comeya a serconsiderado 0 linico e verdadeiro Deus para toda a humani­dade. Do seculo X ao seculo VII a.C. sao elaborados os mi­tos da criacao do mundo, do homem, etc....

A Lei passa a ser constituida pelo Pentateuco, os cincolivros: Genese, Exodo, Numeros, Levitico e Deuteron6mio,atribuidos a Moises, fato contestado pela critica hist6rica,que aponta duas narrativas diferentes: na primeira, Deus criao Ceu e a Terra, a partir do nada, em seis dias; na segunda(Biblia: Gen. Cap. II), Deus fertiliza um deserto, modela Adaocom 0 barro, assopra-lhe a vida e, de uma sua costela, cna

Eva.

40

Page 22: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

2.5 - 0 Judaismo

No seculo VI a.C., 0 segundo Isaias proclama lave 0

para exaltar a pra.tica dos valores morais, anun~iando c~sti­go terrivel, pelo afastamento da verdadeira lei (Bzblza: Oselas,

Cap. 6:6).

43Cristianismo (Dejesus a Kardec)

2.6 - A Sinagoga e 0 sincretismo greco-judaico

unico Deus existente, 0 Criador de tudo que existe, cabendoa Israel revela-Io ao mundo, fazendo da Religiao de Israel, areligiao de todos.

Destruido 0 Templo, para os exilados na Babil6nia acontinuidade religiosa ficou entregue aos sacerdotes que, emface dos acontecimentos, reconsideraram os cuhos e a dis­tinyao entre 0 profano e 0 sagrado. Criaram Ulll santufuio­a Sinagoga -, que lembrasse 0 Templo de Jerusalem, semsupeni-Io, porem, sem sacerd6cio, nem sacrificios: com so­mente sabios e rabinos, conhecedores da lei e dos profetas,capazes de explica-Ios aos ouvintes. E, em lugar dos sacrifi­clOS, instauram um culto espiritual, composto de orayoes,cantos de salmos, leituras bibIicas e comentfuios.

Isto aUlllenta a ascendencia dos rabinos sobre 0 povo.

A vit6ria da Persia sobre a Babil6nia, permite 0 retornoit patria, por concessao persa, e a reconstruyao do Templo.

Para os refugiados no Egito, est~belece-se a influenciada cultura e dos costumes gregos, principalmente emAlexandria, onde a Biblfa e traduzida para 0 Grego.

Filao, nascido entre 30 e 20 a.C., realiza a interpretayaoda Biblia, segundo a filosofia grega, e e aqui que se passa aentender, como criador do mundo, 0 filho de Deus, 0 Logosou Verbo de Deus, identificado ao Demiurgo de Platao ([8],

Rino Curti

Denomina-se Judaismo a forma adquirida pela Religiaode Israel, ap6s a destruiyao do primeiro Templo de Jeru~a­lem. Isto marca 0 fim de Juda, que passa a ser domma a,sucessivamente, pelos babilbnios, persas, gregos e romanos.

P I t 'na parte e dispersaparte do povo permanece na a es I ,

na Babilbnia, outra no Egito.

I 's em 740 a.c. afirma que a unica devoyao e a pra­Sala, . 'd Ida

tica da justiya e do bem. A invasao da Palestma e ec ~apuniyao divina contra a iniqiiidade e e ~unclado 0 dla emque Deus j ulgara 0 mundo: 0 dla de lave.

. 626 a C preve invasao que se processajeremias, em .., "em 597 a.C. por Nabucodonosor, que i~cendeia_e destrol 0

Templo, deporta a elite judaica, e amqUlla a nayao.

Ezequiel deportado para a Babil6nia em 597 a.C., acusa

J'udeu'de infidelidade a Deus, residindo ai a causa de

o povo - Al anya deseus males; mas apregoa nova redenyao e nova I

Deus com 0 seu povo.

42

Page 23: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

2.7 - 0 Sinedrio

2.8 - As seitas

1° Torno, Vol. 1°, Cap. II).

45Cristianismo (De Jesus a Kardec)

dada, dando margem a divergencias que derarn origem a qua­tro seitas: saduceus e fariseus, representando 0 judaismo ofi­cia1; essenios e ze10tas, constituindo 0 judaismo marginal.

Os saduceus, orgulhosos e conservadores, opunham-sea qualquer inovayao, fazendo restriyoes aos profetas.

Os fariseus, piedosos, introduziram varias nOyoes no­vas: os anjos, os dem6nios, 0 Juizo Final, sob a influenciapersa do Zoroastrismo e induziram 0 povo, nas sinagogas,novamente a compreensao da Biblia e a obediencia da Lei.Com a destruiyao do II Templo, foi a linica seita que sobre­VIveu.

Os essenios constituiram comunidade em que tudo eraigualmente dividido; cuitivavam a pureza, repudiavam ossacrificios e proibiam toda atividade guerreira. Com a que­da de Jerusalem, em 70 d.C., foram exterminados.

Os zelotas, chamados sicarios (apunhaIadores), pelosromanos, mantiveram rebeliao constante contra eles, susten­tados pela ideia da proximidade do dia de lave, com a vindade urn Messias que os Iibertaria.

2.9 - 0 Messias

A ideia de urn Messias, embora atribuida ao Judaismo,e encontrada em varias crenyas e varios povos ([5], Vol. IV e[2], Cap. III e IV).

Emmanuel explica que ela teria surgido das reminis­cencias dos Capelinos, relativas ao seu planeta de origem eas promessasde Jesus, ao recebe-los, 0 que explica a previ-

Rino Curti44

ogrego Antioco III, ao vencer os egfpcios em 198 a.C.,ermite se efetue, na Judeia, dominada pelos gregos, a ~r~a­

~izacao de urn Senado de anciaos, encarregado da a<J:ll!m~­tray50 geral, do ensinamento e da interpretayao da LeI. MaIStarde entretanto, Antioco Epifanes pretende Impor ~ cultode Z~us sobre 0 de lave. Contra isto revoltam-se os JUd:us

edores em 143 a.c., reestabelecem a mdependen­que, venc, . . d M cabeuscia do Estado judaico, instauram a dmastla os. a .'tambem denominados Asmoneus, e se lanyaIll a.conqmstad Idurneia Itun\ia e costa filisteia, impondo tnbutos e aa I'sa-o' Esta ; fim de que os dominados se tornassemcIrcunc . ,

autenticos judeus.

Em conseqiiencia, a lei romana haveria de considerarjudeu todo homem marcado pelacircuncisao ([8], Cap. IV).

A dinastia dos Asmoneus terminou em 37 a:C. sob adominayao romana, com Herodes, rei dos Judeus. .

A religiao judaica nao estava completaIllente consoh-

A materia passa a ser consideracla a fonte do mal e 0bern e identificado com a Razao DIVma.

Page 24: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

A - Bibliografia

1 - Allan Kardec: A Genese2 - Emmanuel: A Caminho da Luz3 - Emmanuel: 0 Consolador4'- Allan Kardec: 0 Evangelho Segundo a Espiri-

tismo5 - Abril Cultural: As Grandes ReligiOes6 - Mircea Eliade: Historia das Grandes Relgioes7 - Felicien Challaye: Pequena Historia das Gran-

des ReligiOes8 - C.E.P - Escola de Educayao Evangelica, 10

Torno, 10 Vol. - Monote£smo e Jesus.

sao da epopeia do Evangelho alguns milenios antes da vin­da do Sublime Emissario ([2], Cap. III).

Entre os judeus, a ideia do Messias Salvador surge en­tre os seculos IV e III a.C., pelos profetas. Enquanto os sa­cerdotes limitavam-se a considerar apenas urn Messianismomoral, 0 povo esperava nm libertador que derrotaria as na­yoes infieis, restauraria a nayao eleita e imporia a Terra adominayao de Israel, fazendo dela urn paraiso. Enquanto 0

povo aguardava nm chefe poderoso, os profetas 0 entendi­am como nm servidor de lave, nascido de uma virgem, e quesofreria cruel paixao e morte, a fim de remir a Humanidade.

Em 70 d.C., em seguida a nma revolta contra Roma,Jerusalem foi tomada e destruida. Uma nova insurreiyaodirigida pela falso Messias Bar-Cochebas fracassa em 136.

Os judeus dispersam-se pelo mundo.

D - Pratica de renovac;ao intima

Andre Luiz - Sinal Verde

Estudar e por em prMica 0 cap. 36.

47Cristianismo (De Jesus a Kardec)

B - Leituras complementares

As dos capitulos citados no texto.

C - Perguntas

1-0 que significaa Biblia para Judeus e Cristaos?E para 0 Espiritismo? .

: - Qual 0 significado da Pascoa para os Judeus?J - CIte os dez mandamentos.4 - 0 que e a Alianca?5 -0 que e 0 Pentate~co?6 - Como se chama 0 sincretismo entre a ReJigiao

de Israel e a Cananeia?7 - 0 que e 0 Profetismo?8 - 0 que e 0 Judaismo?9 - 0 que e a Sinagoga?

10 - Qual a importancia do sincretismo entre 0 Ju-daismo e a Filosofia Grega?

11 - 0 que e 0 Sinedrio?12 - De que resultam as seitas?

13 - 0 que significa a ideia do Messias? Ea mesmapara todos? .

Rino Curti46

Page 25: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

NOTA 1- Para 0 Espiritismo, 0 Plano Espiritual con­duz a Humanidade atraves da Revelayao.

. A Bfblia representa a Revelayao progressiva do PlanoEspiritual, efetuada em diferentes epocas e de acordo como estagio evolutivo dos judeus.

A esta se juntam comentfuios, narray6es hist6ricas, in­terpretay6es, acrescimos, e formas sincreticas, hauridas naconvivencia dos judeus com outros povos.

E - Recomenda~oes para a aula

Recomendacoes importantes, validas para qualquer tra­balho espiritua( sao as constantes do Cap. 2 do livroDesobsessilo, de Andre Luiz, que aqui resurnimos:

I - Nas horas que antecedem a reuniao, alimenta-yao leve.

2 - Pratos ligeiros e quantidades minimas.3 - Absolutamente vetada a ingestao de alcool.4 - Furno, cafe, carne; reduzir 0 usa ao minimo, .

quando nao possa abster-se.

48 Rino Curti I

CAPITULO 3

JESUS E A FIDELIDADE A DEUS

3.1 - Introdu~ao

A vinda de Jesus, 0 Messias (Cristo, na traduyao grega)encontra seu momento aprazado, nesta circunstilncia em que

"a Terra nilo podia perder a sua posir;iloespiritual, depois das conquistas da sabedoria ter­restre e dafamilia romana" ([1J, Cap. Xl). E viriacomo Mestre, guia espiritual, tal como 0 preconi-zaram os profetas. .

Diz Emmanuel:

"No momento aprazado, Jesus reline as as­semblhas de seus emissarios... t entilo que semovimentam as entidades angelicas do sistema...Todas as providencias silo levadas a efeito. Esco-

Page 26: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

50 Rino CurtiCristianismo (De Jesus a Kardec) 51

lhem-se os instrutores, os precursores imediatos,os auxiliares divinos... e, quando reinavaAugusto...viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas mara­vilhosas... em que a manjedoura e0 teatro de 10­

das as glorijicac;oes da luz e da humildade... "([1],

Cap Xl).

3.2 - Nascimento e corpo de Jesus

Andre Luiz em ([2], Cap. 12) fala de Planejamento dereencamayoes, segundo processos altamente especIahzados

e trabalhosos.

Emmanuel em ([3J, 1a parte - 1) diz:

"Jesus, penetrando na regiiio terrestre, foicompelido a se aniquilar em sacrijicios pungen-

tes... "

Em seo-uida narra que Alcione e desligada de suas tare­fas no Plan~ Espiritual com as seguintes palavras de seu Ins-

trutor:" .. .ficas desde jli desligada de tuas obriga­

coes nesta esfera, a fim de te adaptares, vencendo~s situac;oes adversas das regWes znferzores quenos separani do mundo, nO que, press;nto-o, deve­

rlis gastar quase dez anos terrestres' .

Concluimos portanto que:

1 - ao lado de todas as providencias, deve ter havidomanifestayoes mediunicas as mais variadas e extraordinari­as; mesmo porque elas acontecem conosco diariamente;

2 - que Jesus veio a este mundo pel0 processo normalreencarnat6rio, mesmo porque nao hi! urn unico caso quepossa comprovar qualquer exceyao i! regra.

A gravidez de Maria, pel0 Espirito Santo, Deus na 3'pessoa, e figura mitol6gica, relacionada as concepyoes daepoca, segundo as quais, urn Deus - Jesus - s6 poderia sergerado por outro Deus.

Erelativamente a este conceito que alguns foram leva­dos a conceber 0 corpo de Jesus fluidico, tese ja levantadapelo Docetismo, no inicio da era crista e retomada porRoustaing, modernamente.

Kardec estuda a questao e refuta esta tese n'A Genese,Cap. XV, e em Obras P6stumas sob 0 titulo: "Estudo sobrea natureza do Cristo".

3.3 - A vida de Jesus

Muito dificil e reconstituir a vida de Jesus. Os Evange­Ihos sao, praticamente, a linica fonte de informayao, maisvoltados a descrever 0 que ele significa para a Igreja, do quea relatar fatos. Neles, Jesus e tide como Deus, a segundapessoa - 0 Filho, numa concepyao quese liga aos mitos enarrayoes biblicas, consideradas como revelayao direta deDeus aos homens. Segundo tal COnCepyaO Deus criou 0 mun­do a partir do nada, 3.761 anos antes do nascimento de Cris­to. 0 calendario judaico toma como referencia a data da cri-

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o que se mantem sem controversias, nos Evangelhos,embora as interpretayoes difiram, e a parte moral ([5], Intro­dUyao), a linica abordada por Kardec, em [5].

Nos, neste Curso, tambem, mais que aos fatos, nos cin­giremos ao significado da personalidade de Jesus no proces­so historico, em face da evoluyao, segundo 0 ponto-de-vistaespirita, apoiado nos Evangelhos, nos livros da Codificayaoe da literatura espirita, notadamente em Boa Nova, de

ayao. Em 1998 comemora-se, no ano judaico, 5.759 anos deexistencia do mundo: 0 aniversario do mundo.

Deus criou Adao e Eva que terianl ofendido a Deus porquererem assemelhar-se-Ihe. E0 pecado original, uma ofen­sa proporcional agrandeza do ofendido. Infinita, portanto.Por isto mereceram castigo que se estendeu a toda sua des­cendencia. Mas, infinitamente misericordioso que Ele e,Deus, na pessoa do seu filho, fez-se homem a fim de sofrerele proprio a dor do resgate e, com isto, redimir a humanida­de e proporcionar-Ihe salvayao.

Com a sua ressurreiyao ficou demonstrado ser ela es­tendida aos homens, que ressurgirao no dia do juizo final,no fim dos tempos. Nesse dia cada alma retomara 0 propriocorpo e cada um sera justiyado de forma definitiva.

A ciencia comprova a ideia de evoluyao e 0 Espiritismoa confirma dizendo que ela se efetua nos dois pIanos; quequem evolui e 0 Espiri"to, 0 qual se desenvolvegradativamente, ha bilhOes de anos, e atraves dos diversosreinos: 0 mineral, 0 vegetal, 0 animal, 0 hominal, sem que1he possamos divisar comeyo e fim. E, ainda, que a vidaexiste em bilhOes de outros planetas (Ver [1], Cap. IV) e([4]).

3.4 - A infiincia de Jesus

53Cristianismo (De Jesus a Kardec)

Humbelto de Campos, psicografado por Francisco CandidoXavIer.

. 0 nascimento de Jesus e narrado nos Evangelhos quereglstram, a ele relaclOnados, muitos fatos extraordinar·(Mateus, Cap. 10). Em Lucas, Cap. 1°, 0 nascimento de J~~~BatIsta tambem e re1acionado a outros fatos inusitados en­tendendo-se que 0 nascimento de ambos tera sido aco~pa­nhado de mamf~stay5es e fen6menos medilinicos excepcio­naIS pe1a escelsItude de seus Espiritos.

. Da infilncia de ambos pouco se sabe, sendo digno dereglstro a passagem de Jesus entre os doutores da lei qudo contava 12 anos (Lucas 2: 46,47). ' an-

. Conta Humberto de Campos em ([6], Cap. 2), que Ma-na e Isabel,genitoras de Jesus e Joao Batista, respectiva­mente, refenam-se a eles como predestinados a trazer

"para a Hurnanidade, a luz divina de urncarninho novo ".

. . Jesus, falando de sua comunhao com Deus, e1ucidavav~aJantes, confortava necessitados, com uma sabedoria quenao podIa provir deste mundo. Para a mae, que queria envia­10 ao Temp10, afim de educar-se, teria dito que ele ja estavacom Deus. A seguir...

"pediu a Jose que 0 adrnitisse ern seus tra­balhos, para ensinar que a rnelhor escola ea doLar e a do proprio esfon;o" ([6), Cap. 2).

Rino Curti52

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54 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 55

Dizem alguns que viveu entre os Essenios. A criticahist6rica considera 0 fato pouco provavel e Emmanuel 0 negaem ([1], Cap. XII). No Evange1ho, nada ha que reve1e esserelacionamento.

3.5 - Joao Batista e 0 batismo

Joao Batista e 0 precursor de Jesus. Adverte as pessoase exprobra-Ihes as imperfeiyoes.

"loao e a Verdade e a Verdade, na sua ta­refa de aperfei<;oamento, dilacera e magoa... "([6],Cap. 2).

Anuncia 0 Messias (Lucas 3: 17) e, dizem os Evange­Ihos (Mateus 2:13 a 17; Marcos 1:9 a 11; Lucas 3:21-22)que 0 batiza.

Os antigos criam que 0 mundo era fonnado por quatroelementos: 0 fogo, 0 ar, a agua e a terra, sendo a agua consi­derada urn principio gerador das coisas e da vida. Por isto, abatismo, existente desde longa data, era tido como meio depurificayao para a iniciayao aos deveres religiosos.

Os cat6licos the modificaram 0 significado. Tendo Je­sus redimido com 0 sacrificio os pecados da Hurnanidade,abriu a possibilidade de Deus outorgar, atraves da Igreja, agraya que remove, pelo batismo, 0 pecado original. Ninguempode salvar-se sem 0 batismo. As crianyas que morrem sembatismo ficarao num estado de felicidade natural, 0 limbo,sem entrarem no ceu.

Para 0 Espiritismo, 0 batismo e tao-somente urn ritual,

estribado em antigas concepyoes mitoI6gicas, readaptadas auma nova doutrina.

. 0 homem c::esce pelo aperfeiyoamento intima, consti­tUldo de aptIdoes e virtudes, edificadas paulatina egra~atIvamente pelo esforyo e trabalho continuos, pela aqui­SlyaO de valores efetlvamente forjados na experiencia vivi­da q~e sempre se oferece, sempre se renova, sempre e pro­porclOnada pelas leIs que nos governam.

.. E este e 0 significado da vinda de Jesus. 0 daquele quev~na esclarecer a Lei do Amor, 0 poder da sabedoria e dasvlrtudes no despertamento dos valores intimos e pessoais,delegando aseus segUldores a tarefa de continuar sua obra.

Conta Humberto de Campos em ([7], pag. 42 - A or­dem do Mestre) que Jesus, ao encontrar-se com Joao 0

Evangelista, no espayo, pede-Ihe contas deste trabalho. AOrevelar-Ihe Joao que

"suas verdades sao deturpadas... os homensl~es adicionam a extravagancia de suas concep­,oes e... que seus representantes estao... quase to­dos mergulhados nos interesses da vida material",

ordena:

"-Se os vivos nos trairam 'se trajicam como objeto sagrado de nossa casa mandarei qu~os mortos falem na Terra em meu nome... que aVerdade ressurja das mansoes silenciosas daMorte. Os que ja voltaram pelos caminhos ermosda sepultura retornarao a Terra para difundir aminha mensagem, levando aos que sofrem, com aesperan,aposta no ceu, as claridades benditas do

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56 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 57

meu amor!...E desde essa epoca memoritvel, hit mais de

50 anos, 0 Espiritismo vem, com suas lir;8es pres­tigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas ascriaturasJ].

Outra citayao evangelica refutada pelo Espiritismo, e atentayao de Jesus no deserto, pelo diabo, cuja existencia einadmissivel dentro de sua coneeituayao.

Em ([6], Cap. 3) a passagem refere-se aos primeirosdias do ano 30, em que, ap6s jejurn e penitencia no desertocom Joao Batista, Jesus se dirige a Jerusalem e, nas proxi­midades do Templo, afirma a Hana

"0 futuro juiz inclemente de sua causa"

que esta

"buscando a fundar;iio do reino de Deus...obra divina no corar;iio dos homens"

dizendo-lhe:

- "Sei qual Ii a vontade de meu Pai que estit

nos ceus".

3.6 - Os milagres

Ap6s 0 eneontro com Hana, Jesus dirige-se aCilfamaurn, onde eonvida Simao e Andre, pescadores; 0 culto

Levi (futuro Mateus), Publieano (eobrador de impostos), aimplantarem 0 Reino de Deus na Terra. Faz-Ihes uma pri­meira exposiyao e, a seguir, faz a primeira pregayao em pra­yaampla.

"Aproveitaria 0 sentimento como mitrmo­re precioso e a boa-vontade como cinzel divino.Os ignorantes do mundo, os fracos, os sofredores,os desalentados, os doentes e ospecadores seriamem suas maos 0 material de base para a sua cons­trur;ao eterna e sublime: Converteria toda misliriae toda dor num cdntico de alegria" ([6J, Cap. 3).

Em Cafamaum, Jesus realiza varios fatos extraordina­rios: a eura de urn endemoninhado, da sogra de Pedro, deurn leproso, de urn paralitieo; a pesea maravilhosa e outros,qualifieados de milagres, derrogayao das leis da natureza.

Para 0 Espiritismo, trata-se tao-somente de fenomenosmedilinieos, de leis ainda deseonheeidas, que nao sabemosexpliear ([8], Cap. IV).

3.7 - 0 reino de Deus

No que eoneerne·ao reino de Deus, Hurnberto de Cam­pos Ihe teee a eoneeituayao nurn diaJogo que narra em ([6],Cap. 4) entre Jesus e Zebedeu, pai de Tiago e Joao, outrosdois convoeados. - Nao se trata - diz Jesus - de um estadogeografieo; trata-se, porem, de realizayao intima dos homens,pela qual passarao a trabalhar pelo bem, eonstituido pelosbons sentimentos, mantido pelo combate ao mal, eonfigura-

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do nos maus sentimentos.

Trabalho arduo e dificil mesmo porque

"na Terra 0 prer;o do Amor e da Verdadetem sido 0 martirio e a morte" ([6], Cap_ 4).

Mateus 10: 8 : Curai os enfermo:" limpai os leprosos,ressuscitai os mortos (B.N: "ressuscitai os que estdo mor­tos nas sombras do crime ou das desilusiJes ingratas domundo 'j, expulsai os dem6nios (B.N: "esclarecei todos osEspiritos que se encontram em trevas'j; de graya recebestes,de graya dai.

Nesta comparayao verificamos como certas expressoesevangelicas deveriarn ser modificadas nos textos de divul­gayao espirita, a fim de esclarecer 0 leitor de modo a quenao perpetuem nOyoes pertencentes a outros credos. Eesteurn esforyH de Hurnberto de Campos, Emmanuel e ou':ros,

Interessante ecomparar, nas instruyoes que Jesus da aosAp6stolos, 0 conteudo de Mateus, Cap. 10 que transcreve­mos em parte e 0 correspondente, narrado em Boa Nova,Cap. 5 e 6 com a significayao espirita, que aqui co10carnosentre parenteses, em cada citayao.

Mateus Cap. 10:5 : Nao ireis pelo carninho das gentes(B.N: "os dos caminhosfaceis e iriferiores'j, nem entrareisnas cidades dos Sarnaritanos

(BN: "nos centros de discussiJes estereis,a moda dos Samaritanos, nos das contendas quenada aproveitam as edificar;iJes do verdadeiro rei­no nos corar;iJes com sincero esforr;o 'j.

59Cristianismo (De Jesus a Kardec)

ainda pouco entendido ou considerado pe10s divulgadoresda Doutrina Espirita.

Por exemplo, ressuscitar epalavra a ser excluida por­que. ~e.slgna fato totalmente excluido pela Ciencia e peloEspmtlsmo ([8J, Cap. XV); a palavra tern urn significadotota1mente diferente.

Nao ea morte que devemos temer, mas sim a falenciado espirito por esco1has infe1izes, nas veredas do crime oudas i1usoes dos interesses mundanos inferiores, porque.porestes, seremos alijados de tudo que nos e caro, seremos obri­gados a refazer carninhos, afastados daque1es a quem nosafeiyoarnos.

Mateus 10:28 :Nao temais os que matam 0 corpo e naopodem matar a alma; temei antes aqueles (B.N: "os senti­mentos malignos"} que podem fazer perecer no inferno (BNmergulhar no inferno da consciencia") a alma e 0 corpo.

V34 : Nao cuideis que vim trazer a paz (BN: "garan­tias exteriores") it Terra; nao vim trazer paz, mas a espada(B.N: "do conhecimento interior para a batalha do aper­feir;oamento ").

V38 : E quem nao toma a sua cruz, e nao segue ap6smim, nao edigno de mim.

V39 : Quem achar a sua vida, perde-1a-a; e quem per­der a sua vida por arnor de mim, acha-Ia-a.

Estipula Jesus que os discipulos limitem suas posses aonecessario, pois que se trata de urn meio a ser utilizado commuita sabedoria.

A Judas, que 1he apresentara coleta pequenina, obser-va:

Rino Curti58

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60 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 61

- "Sim, e pequenina, contudo permita Deusnunca sucumbas ao seu peso!" ([6], Cap. 5).

3.8 - Primeiro mandamento - fidelidade a Deus

o primeiro mandamento diz respeito ao relacionamen­to entre Deus e as criaturas. Deus govema por leis naturais,ao contrario do que se pensava na' concepyao mitologico­antropomorfa, segundo a qual Deus mimaria suas criaturascom dadivas, poderes, vantagens, sendo que a dor e 0 sofri­mento representariam seu abandono, urn castigo.

Jesus apoma 0 Reino de Deus como sendo 0 aperfeiyo­amento das pessoas: uma conquista, niio uma dadiva; edu­cayao e niio concessao ([6], Cap. 6), algo que importa ernoperosidade, esforyo e luta.

o mandamento passa a ser entendido nao como urnanorma, mas como uma qualidade a cultivar no corayao; e 0primeiro mandamento, a primeira qualidade. Diz ele, Lucas10:27: - ..."Amaras ao senhor teu Deus de todo 0 teu cora­yao", 0 que significa que "acima de todas as coisas... e pre­ciso ser fiel a Deus".

Pois como entender que Pai e Filho nao estabeleyam"como ideal de uniao a confianya integral e reciproca? N6snao podemos duvidar da fidelidade do Nosso Pai paraconosco" ([6], Cap. 6).

Mateus: 6:25 : Nao andeis cuidadosos quanto a vossavida...

V26 - Olhai as aves do ceu, que nem semeiam nem

regam, nem ajuntam em celeiros; e Vosso Pai celestial asalimenta. Nao tendes vas mais valor que elas?

A nos cabe retribuir. A lei pede que sejamos honestos.Sejamo-10 independentemente de qualquer condiyao ou con­veniencia.

Mateus: 6:24 : Ninguem pode servir a dois senhores...Nao podeis servir a Deus e a Mamon.

("Fora absurdo viver ao mesmo tempo paraos prazeres condenaveis da Terra e para as virtu­des do ceu. ")

A seguir, Hurnberto de Campos, em ([6], Cap. 6) nosmostra mais urn exemplo de como interpretar 0 Evangelhosegundo a Doutrina, remodelando a parabola do triao e do. . . b

JOIO, descnta em Mateus: 13, de 24 a 30 e explicada emMateus: 13, de 36 a 43, segundo 0 Cat01icismo.

Em Mateus se explica que 0 reino dos ceus e como urncampo em que 0 homem semeia boa semente, e 0 inimigo1he semeiajoio as escondidas; que recebe a ordem de deixaros dois crescerem juntos, para separa-10s somente na ceifa,ocasiao em que queimara 0 joio. Este simbolizando os fi­Ihos do maligno, 0 trigo representando os filhos do reino' 0. ,inimigo, 0 diabo; a ceifa, 0 dia final; os ceifeiros, os anjos.

Em ([6], Cap. 6) faz-se analogia em que 0 discipulo daBoa Nova, na conquista do Reino de Deus e comparado aolavrador.

Da mesma maneira que este luta contra 'os inimigos: ...vermes asquerosos, viboras peyonhentas, tratos de terra im­produtiva, a semelhanya, aquele tera de lutar contra as pr6-

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"brotara sempre um cdntico de alegria, por­que Deus 0 ama e segue com atenr;ao n.

Condui Humberto de Campos:

- "Humilhados eperseguidos, crucijicadosna dor e esfolados vivos, souberam ser jziis, atra­ves de todas as vicissitudes da Natureza, e, trans-

prias imperfeiyoes, mas tendencias e fraquezas.

Para os inimigos do lavrador, nada melhor que ele per­maneya a parte, isolando-se. Para 0 refestelo dos vieios, dosprazeres, das liberalidades, nada melhor que permaneyamosentregues as suas sugest5es, aos seus impulsos e dominios.

Mas, do mesmo modo que 0 lavrador operoso, ao lan­yar-se "ao trabalho com perseveranr;a e boa-vontade" en­tra "em luta silenciosa com 0 meio" sofrendo-Ihe "os tor­mentos com heroismo espiritual;" planta "uma flor ondehaja um espinho;" abre "uma senda... onde estejam... osparasitos da Terra" cava "as entranhas do solo, para quesurja uma gota d'agua onde queime um deserto;" e encon­tra alegria nas dadivosas manifestayoes com que a naturezalhe retribui 0 esforc;o, da mesma forma 0 discipulo da BoaNova, que ao lanc;ar-se ao aprimoramento de si proprio,com denodo e determinac;ao, luta contra as proprias imper­feic;oes, opondo-se-Ihes aos apelos com valor; aceita confi­ante os impositivos dajomada transmudando brados de dorem d.nticos de esperanya; esparze realizac;oes para 0 bemcomum, onde vicejam 0 ocio, a incfuia, 0 desvalor: rompeas barreiras das inferioridades abrindo-se para a luz; veraenaltecerem-se-Ihes as sendas evolutivas.

Para ele

63Cristianismo (De Jesus a Kardec)

formando suas angustias e seus trabalhos numcdntico de glorijicar;ao, sob a eterna inspiracao~; Mestre, renovaram aface do mundo" ([6), Cap.

A - Bibliografia

I - Emmanuel: A Caminho da Luz2 - Andre Luiz: Missionarios da Luz

. 3 - Emmanuel: Renuncia4 - Rino Curti: Espiritismo e Evolur;ao

5 - Allan Kardec: 0 Evangelho Segundo 0 Espiri-tzsmo

6 -Humberto de Campos: Boa Nova7 - Humberto de Campos: Palavras do lnfinito8 - Allan Kardec: A Genese

B - Leitu,ras complementares

As dos capitulos das obras citadas no texto.

C - Perguntas

I -Qual 0 momenta aprazado para a vinda de Je­sus?

2 -Como tera sido 0 nascimento de Jesus?3 - 0 que significa Jesus para os catolicos? E a Res­

surreic;ao?

4 - Conceitue 0 batismo do ponto-de-vista catolicoe do ponto-de-vista espirita.

5 -0 que significa Jesus para 0 Espiritismo?

Rino Curti62

Page 33: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

64 Rino Curti

6 - Como 0 Espiritismo considera os milagres?7 -Conceitue 0 Reino de Deus.8 - Explique por que 0 Evangelho tem interpreta­

yoes diferentes para 0 Catolicismo eo Espiritis­mo.

9 -Como se deve entender 0 primeiro mandamen­to segundo a Doutrina Espirita?

D - Pratica de renovaf;ao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 37.

E - Recomendaf;oes para a aula

Antes de se dirigirem aaula, considerar as observayoesde Andre Luiz, Desobsessao, Cap. 3, que resurnimos:

1 - Repouso externo e interno.2 - Relaxe com ideayoes edificantes.3 - Abstenha-se de pensamentos improprios.

. 4 - Aspirayoes para cima.5 - Distancia de preocupayoes inferiores.6 - Preparayao intima, podendo incluir leitura mo­

ralizadora e salutar.

CAPITULO 4

FE, AMOR, PERDAO E RENUNCIf\

4.1-Afe

Jesus, ao escolher os Ap6stolos, designa-os como in­terpretes de suas ayoes e de seus ensinos. - Ide, pregai, curai ...- sao suas exortayoes, tomando-os participes da construyaodo Reino de Deus. Entretanto, sentem eles as suas Iimita­yoes. Nao conseguem realizar 0 que Jesus pode.

Conta Mateus, no Cap. 17: 14 a 21, que urn homemchegou-se a Jesus pedindo pela cura do filho lunatico, UInavez que nao 0 tinha conseguido com os seus discipulos. Aisto, Jesus teria respondido, dizendo (Mateus 17: I7): - 6raya incredula e perversa! ate quando estarei eu convosco, eate quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. Mateus 17: I8 : - Erepreendeu Jesus 0 demonic que saiu dele e desde aquelahora 0 menino sarou.

Perguntaram-Ihe os discipulos: (Mateus 17: I9) : - Por

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66 Rino CurtiCristianis1l1o (De Jesus a Kardec) 67

que nao pudemos nos expulsa-Io?

Responde Jesus, Mateus 17:20 : - Por causa da vossapouca fe; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fecomo um grao de mostarda, direis a este monte: Passa daquipara acola - e ha de passar; e nada vos sera impossive!.

Eesta outra passagem contraditoria, falando de demo­nios, como espiritos malfazejos, eternamente voltados aomal, em luta contra Deus e seus filhos. Alem do que descre­ve uma resposta contundente, rispida, indignada, nada <;on­dizente com a sua personalidade, e que Humberto de Cam­pos, em Boa Nova, sequer faz transparecer possa ter aconte­cido. Mais ainda, faz a exaltayao da fe cega, no pressupostotacito da teoria da iluminayao, pela qual as possibilidadesdo homem resultam da iluminayao direta de Deus ao ho­mem de fe, concedendo-Ihe, por isto, a graya, contra a ideiaespirita de que faculdades, qualidades, sabedoria e amor, saoconquistas que se alcanyam evolutivamente, pela luta, ex­periencia, trabalho e pela sublimayao de tendencias.

Bem e mal sao consequencias do nosso comportamen­to no cumprimento ou nao da lei ([1], Cap. 9). Nao ha espi­ritos malfazejos em luta perene contra Deus e seus filhos.Ha apenas cspiritos emedados temporariamente nas malhasda revolta e do inconformismo, mas com a oportunidadesempre aberta, ou por vontade propria, ou pela dor e sofri­mento, Ii reconsiderayao de caminhos.

4.2 - 0 reino de Deus: realizayao no corayao

Humberto de Campos, em ([2], Cap. 7), descreve a si-

tuayao referida a Tadeu, que se perguntava a si mesmo porqual razao nao the transmitia 0 Mestre esse poder de expul­sar os demonios malfazejos, e por que, com sua autoridadenao convertia definitivamente os inimigos da luz ao Reinode Deus.

. Jesus, em tom austero, "desjaz-Ihe antes de tudo, a ideiade que existam iniinigos da luz... indispensavel se jaz reco­nhet;:amos que todos somos irmaos no mesmo caminho!... osque vestem a tunica do mal envergarao um dia a da reden­t;:ao pelo bem... 0 discipulo do Evangelho nao combatepro­p~zamente 0 seu irmao... apenas combate toda manifesta­t;:ao de ignorancia... " ([2], Cap. 7), comeyando por si mes­mo.

A incapacidade reconhecida pelo discipulo, de nao po­der reahzar como Jesus, deve-se a nao edificacao do Reinode Deus no corayao, de ainda nao ter fOljado, d~ntro de si, asconqmstas da sabedoria e do amor.

Andre Luiz, ern ([3], Cap. IV), narra episodio ern queCalderaro, ao atender caso de obsessao de duas entidades,cessa a um certo momento, surpreendendo Andre Luiz, queo mqmre. Ao que Calderaro responde:

- "Falariamos em vao, Andre, porque ain­da nao sabemos ama-Ios como se jossem nossosirmaos ou nossosfilhos... se 0 conhecimento auxi­Zia porjora, so 0 amor socorre por dentro... Enosambos, por enquanto, apenas conhecemos. semsaber amar. .. " .

Page 35: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

4.3 ~ 0 poder da fe

responde:

_ ... "necessitas da edificar;iio do reino nodmago do teu espirito, sendo este 0 objetivo de tuavida. So a luz do amor divino e bastante forte pa­ra converter uma alma it verdade" ([2J, Cap. 7).

69Cristianismo (De Jesus a Kardec)

que apresenta Bartolomeu sempre triste e amargurado, de­sanimado, e para quem todo esforyo e intiti!. Jesus fitando-obrandamente, fala-Ihe com serenidade, esclarecendo-o deque, embora ele tivesse afirmado nao ser seu reino destemundo, isto nao significava que nao desejasse estende-Ioaos que mourejam na Terra.

So que 0 alcanya-Io nao seria fruto de disposiyoes ex­cepcionais, concedidas pela Divina Vontade em circunstan­cias especiais. Mas seria uma conquista, filha do esforyo edo aperfeiyoamento intimo em que as dificuldades nao po­dem ser encaradas como uma demonstrayao de que naoestamos aptos a realizar por nos mesmos; porem, como in­dicayao das ilusoes e das imperfeiyoes que temos a desfazere que podemos efetuar desde que nos munamos de firrnezade ammo e resoluyao, sem incertezas e ansiedades, confian­tes de que quem nos criou esta tambem a nos guiar, e desdeque nos disponhamos ao crescimento proprio, produzindopara 0 bem de todos.

Alem disso, considerar que cada urn e colocado na po­siyao que the compete e que, em termos de realizayoes, aninguem edado superar 0 estagio em que se encontra, a naoser pelas obras e pelo que produz para beneficio gera!.

A pergunta forrnulada em Mateus 18:1 : ...Quem e 0

maior no Reino dos Ceus? .. responde-se que os Espiritosqualificam-se em funyao de sua capacidade de realizayao,de edificayao interior, fruto da sabedoria e da capacidade deamar alcanyadas. E que isto possa estar relacionado aidade

4.4 - A idade do Espirito

Rino Curti

Mas entao qual 0 papel da fe? Antes de tudo, 0 Espir~­tismo consagra a fe raciocinada, a fe baseada no cor;hecl­mento, que nada tern a temer do progresso, contra a fe cega

([4], Cap. XIX).

Humberto de Campos trata dela em ([2], Cap. 8), em

Esta e a realizayao maxima que devernos efetuar ern

nos mesrnos. E apergunta de Tadeu:

_ "Senhor. .. de que necessitarei para afas­tar as entidades da sombra, quando 0 seu imperio

se estabelece nas almas? .."

68

A seguir 0 caso e atendido por Cipriana, cuja atuayao edescrita em ([3], Cap. V), no qual salientamos a segumte

observayao:

_ "0 corGl;iio que ama est6 cheio de poderrenovador. .. 0 conhecimento niio basta; h6 que sero homem animado de forr;a divina, que flui do je­jum pela renitncia, e da luz da orar;iio, que nasce

do amor universal".

Page 36: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

70 Rino Curti Cristianis/l1o (De Jesus a Kardec) 7J

do Espirito, a de que alguns sejam mais velhos que outros econsiderayao que nao cabe entre nos, mesmo porque desco­nhecemos a origem do espirito.

o que ha sao espiritos integrados na seara das realiza­yoes; cada urn situado em funyao do que tenha dado a vida,em termos de

"tempo de esforr;o pessoal na construr;aodo destino, e 0 que a vida lhe deu em termos deevolur;ao" ([5J, C:aJ!. ~,

integrayao esta de que sempre poderemos desfrutar,quando nos lembremos dos fins sagrados de nossa vida,in­dependentemente do estagio em que nos encontremos.

4.5 - Esquecimento e perdao

A repercussao das pregayoes, curas e da doutrinaconsoladora, suscita as atenyoes dos sacerdotes judaicos quepassam a ver, em Jesus, uma ameaya as crenyas e institui­

yoes.

Muitos 0 vi am como urn perigoso revolucionario, urnconspirador vulgar, urn feiticeiro fora do comum. Contra istorevoltavam-se os Apostolos que ansiavam por confrontayao,debate, refutayao, a fim de fazer triunfar a Verdade. Nao en­tendiam por que 0 Mestre nao se dispusesse a contestayao.

Jesus explica que as discussoes interminaveis a nadaconduzem. Como diz 0 proverbio fuabe:

- contra a escuridao, mais vale acender aluz de um fosforo, do que todas as imprecar;oes.

A cristalizayao de ideias nao se vence com duelosverbalisticos, por6n so com a sabedoria alcaI19ada pela re­novayao de experiencias ou com a dor.

-Falammal?

... Nas ilusoes que as criaturas na Terrainventaram para a sua propria vida, nem sempreconstitui bom atestado da nossa conduta 0 fala­rem todos bem de nos... necessitamos obter a apro­var;ao legitima da consciencia, dentro de nossa le­aldade para com Deus" ([2J, C:ap. 10),

antes de qualquer outra coisa.

Certanlente ha que observarmos vigilancia, a fim dedefender a paz.

"C:omo Ii possivel preservar algumpatrimonio precioso sem vigia-Io atentamente?"([6], nO 132).

Entretanto, e precise entender que se os nossos detratoresainda nao edificaram 0 Reino de Deus em si mesmos, nostambem estamos empenhados em identica edificayao. 0 queimporta e que nao alimentemos odiosidade em nossos espi­ritos, procurando compreender e perdoar, sem retribuir 0 malcom 0 mal.

Jesus apregoou abandonar a vinganya, 0 "olho por olho,dente por dente...". Assim como se da com a reencarnayao.Nela a memoria de situayoes pregressas nos falta, 0 que seconstitui em fator de reajuste, renovayao e progresso. Damesma maIleira devemos proceder em nossas diferenyas com

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o semelhante: apagar 0 passado e reiniciar os entendimen­tos, sem a bagagem de ingredientes deteriorados, malsaos afim de possibilitar a abertura de novas oportunidades de con­fraternizayao.

Esquecer e lei da vida.

4.6 - Os mais aptos para a edifica~ao do reino deDeus

A ideia do Reino de Deus como construyao intima deaprimoramento nao e de subito entendida. Sempre seconjectura da organizayao de urn novo Estado com a estru­tura que distingue os individuos no que respeita it sua parti­cipayao no poder. Em conseqiiencia, surge a pergun~a dequem serao os mais aptos. E e 0 que se subentende na mter­pelayao de Levi a dois necessitados que queriam colaborarna edificayao do Reino.

"- Que poderas realizar, Lisandro, alei­iado como es?! E tuAquila, naofoste abandonadopela propria familia, sob 0 peso de serias acusa­t;oes?" ([2J, Cap. 11).

A construcao do Reino de Deus refere-se a realizayoes. no campo inti~o como a do estudioso que visa a alcanyarurn conhecimento constituido de luta, eivada de repetiyoes,insucessos e vitorias que the impoem trabalho e disciplina.Ou como a do artista, de quem se requerem ingentes esfor­cos a fim de educar sua propria sensibilidade e a manifesta-, ,la com fidelidade por meio de seus proprios recursos. Emtodos os casos, 0 que sustenta as determinayoes, sao a fome

de aprender, a sede de saber, a necessidade de afirmar-se emformas mais elevadas no terreno do espirito.

Os vencidos do mundo, muitas vezes, sao os antigosgozadores de seus bens, os indiferentes, os acomodados, osque jaziam saciados, incapazes de sentir ou de vibrar, nosrefestelamentos dos prazeres que a vida lhes oferecia, ounos abusos de prerrogativas que a Providencia lhes confia­Va, atrofiando legitimas possibilidades de elevayao. Por isto,hoje, sofredQres, premidos pelo redespertamento da fomede aprender, da sede de saber, da ansia de amar. Eneles quea Boa Nova encontra terreno fertil de frutificayao. Sao osque ouvem mais alto a voz de Deus.

"0 leita de dar, a exclusao de tadas as fa­cilidades da vida, a incompreensao dos mais ama­dos, as chagas e as cicatrizes do Espirita, sao lu­zes que Deus acende na noite sombria das criatu­ras... Suas almas sao a terra fecundada pelo adu­bo das lagrimas e das esperant;as mais ardentes,ande as sementes do Evangelho desabrocharaopara a luz da vida... i; tambem sobre os vencidosda sorte, sobre os que suspiram por um ideal maissanto e mais puro do que as vitoriasfaceis da Ter­ra, que 0 Evangelho assentara as suas bases divi-

I _'Jnas....

A Boa Nova, entretanto, nao encontrara acolhida entreos saciados, os gozadores dos bens da vida.

"Estes saopobres seres que caminham porentre tenebrosos abismos. "

Mas encontra-Ia-a tambem nos

"que ouvem e compreendem a palavra de

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Deus" ([2J, Cap. 11).

4.7 - Remincia

Jesus esc1arece que nao devemos contender.

Diz Emmanuel em ([7], n° 98);

- "Foge aos que buseam demanda no ser­vir;o do Senhor. .. E indispensavel a vigilaneia doaprendiz, a jim de que niio se perea no desvariodas palavras eontundentes e inuteis".

Certamente hit que resistir ao mal, a fim de que naosejam comprometidas as obras do bern, mas com

"a atitude do bem ativo, energieo, renova­dor, vigilante, operoso n.

o quese quer dizer e que 0 aprimoramento intima

- "0 Reino do Ceu no corar;iio deve ser 0

tema central de nossa vida" ([2J, Cap. 12).

E, para isto, hit que aprender a renunciar.

A vida, processando-se nos dois pIanos, nos conc1amapara 0 crescimento a diferentes experiencias, modificayaode situas;oes, separas;oes, que devemos aprender a suportar ea encarar com alegria.

Ebern conhecida a passagem do mancebo rico que per­gunta a Jesus 0 que fazer para conseguir a vida eterna (Mateus19: 16,21,22,23). Ao apregoar-lhe Jesus a renuncia aos seusbens, retirou-se triste, porque possuia muitas propriedades.

Donde a observaS;ao de Jesus (Mateus19:23):

. "- Em verdade vos digo que e difleil entrarum rzeo no Reino dos Ceus".

.Mas nao s6 devemos desprender-nos da posse dos bensconsl~e~ando-atransit6ria.Mas tambem devemos faze-lo emrelas;ao a aSSOClaS;aO com as pessoas como se depreende de:vra~eus 19:29: - E todo aquele que tiver deixado casa oulrmaos, ou pal, ou mae, ou mulher, ou filhos, ou terras, por~or do meu nome, recebeni cern vezes tanto e herdarit avIda eterna.

. Enfin:, nao s6 a posse dos bens e transit6ria, mas a pr6­pna aSSOClaS;aO com as pessoas, embora as afeicoes perma-nes;am consolidadas pelo amor. '

A - Bibliografia

I - Rino Curti - Espiritismo e Evolur;iio2 - Humberto de Campos - Boa Nova3 - Andre Luiz - No Mundo Maior

4 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri-tlsmo

5 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade6 - Emmanuel- Vinha de Luz7 - Emmanuel- Piio Nosso

B - LeitUiras complementares

As dos capitulos citados no texto.

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C - Perguntas

I - Em que se baseia, segundo 0 Catolicismo, acrenya de que na fe cega se encerra a posse depoderes?

2 - Em que reside a forya do Espirito, segundo 0

Espiritismo?3 - Qual a realizayao maxima que nos compete efe­

tuar?4 - Qual a distinyao entre fe cega e fe raciocinada?5 - Em que consiste 0 Reino dos Ceus? Como se

alcanya?6 - 0 que toma uns espiritos mais evoluidos do que

outros? Tern sentido dizer-se que urn espirito emais velho do que outro, cronologicamente fa­lando?

7 - Qual a importancia do esquecimento das faltasalheias, do perdao?

8 - 0 que entende por mais apto na realizayao doReino dos Ceus? Quem sao os mais aptos?

9 - Conceitue a renlincia.

D -Pratica de renova'rao intima

Andre Luiz - Sinal Verde

Estudar e por em pnitica 0 cap. 38.

E - Recomenda'roes para a aula

1 - Prepare-se para a aula. Antes de lit comparecer,dedique-se por alguns minutos aprece e ame­ditayao.

2 - Leia com antecedencia 0 texto e busque inspi­rayao do Alto, a fim de facilitar a compreensao.

3 - Estabeleya, de antemao, pensamentos de sim­patia e respeito em relayao aos companbeiros,dirigentes e expositores, lembrando que a boavibrayao ajuda a comunicayao e 0 entendimen­to, favorecendo a uniao e a solidariedade.

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CAPITULO 5

PEDIE OBTEREIS

5.1 - J usti~a divina

Jesus indicou o~ vencidos do mundo e os que ouvem ecompreendem a palavra do Senhor, como os mais aptos aoacolhimento da Boa Nova e aconstruyao do Reino de Deus,no corayao. Surge natural a pergunta: - E quanto aos outros?

A ideia mais generalizada, ja naquele tempo e mesmoentre nos, ea de que quando transgrydimos a lei, cometemospecados que se constituem em ofensa a Deus, que por istonos pune, nos castiga. A dor, 0 sofrimento, os azares da vidasao tidos como punic;oes divinas, provocac;oes de resgate dealguma falta cometida.

Em [1], Humberto de Campos simboliza, em Maria deMagdala, todos os pecadores, os que se opoem aos designi­os de Deus, a fim de descrever as novas noc;oes que Jesustraz em adendo ao conceito de justic;a, ate entao existente.

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Toma como ponto de partida a narrativa de Joao: 8,7, naqual se diz:

- "E como insistissem perguntando-lhe, en­direitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vasesta sem pecado, seja 0 primeiro que atire pedracontra ela ".

Dissipando-se a multidao, narra Joao em 8: 10 : "E en­direitando-se Jesus e nao venda ninguem mais do que a mu­Iher, disse-lhe: Mulher, onde estao aqueles teus acusadores?Ninguem te condenou?" - (Joao 8:11) - "E da disse: Nin­guem Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno: vai-tee nao peques mais".

A seguir nos coloca frente a frente as nOyoes renovadasde castigo e puniyao, em contraste com a doutrina das penaseternas que a apresenta como um direito de Deus, que podeser exercido par seus representantes, par delegayao divina.

Em primeiro lugar explana que aquele que se desviados caminhos do Senhor, alija-se das fontes de suas messese, par isto, transforma-se em carente, experimentando a ne­cessidade, a dar, a sofrimento; nao par castigo, mas par afas­tamento voluntirrio.

Allan Kardec, em 0 Ceu e 0 Inferno; Andre Luiz e ou­tros, contam inlimeros casos de padecimentos causados pe­los deslizes e a invigililncia da criatura. Somos nos que, aodesencadear foryas perturbadoras da ordem e da harmonia,somos obrigados a reabsorve-las e a retransforma-las para aproduyao do bern comum, denominando, a isto, de dor e so­mmento.

As quedas podem ocorrer por incllria, invigiJancia, mastambem por contirgio. Assim como hir focos de infeccao com­prometedores da sande fisica, tambern ha possibilidade decontaminayao no plano mental ([2], Cap. 40), nocivos a san­de psiquica.

o alcoolismo, a violencia, a toxicomania, a sensualida­de, sao doenyas psiquicas que, em se estabelecendo em nos­sa organizayao perispiritual, produzem, consequentemente,doenyas de ordem fisica.

. Os proprios complexos sao formas patologicas dopSlqUlsmo, para os quais ja se divisam formas de tratamen­to.

Andre Luiz, em ([3], Cap. XIV), descreve processo decura pelo hipnotismo que tern muita semelhanca com a curapelo passe. Primeiramente, observa, um doent;psiquico naoe capaz de sanar-se par si me:3mo. 0 hipnotizador, aoinfluencia-lo, revigora-lhe a onda mental que, atuando sa­bre ele mesmo, inicia a cura, que se" completa apos Uln certonlimero de sessoes.

Narra-se em [1], diirlogo entre Jesus e Tiago, nos se­guintes termos: "...Acreditas Tiago, que Deus deSya de suasabedoria e de seu amor para punir seus proprios filhos? .."

Ea criatura que "abandonando a trabalho divino paraviver ao sabor dos caprichos proprios, cria para si a situayaocorrespondente, trabalhando para reintegrar-se no plano di­vino" ([1], Cap. 13).

No caso do paralitico curado no Templo (Joao, Cap.5:14), Jesus, apos curir-lo, dirige-lhe identica admoestacaofeita a Mulher Adnltera: "... Eis quej6 esttis silo; nilopeq~esmais, para que te nilo suceda coisa pior ", numa alusao cla-

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ra de que deslizes morais, disturbios psiquicos e doenyas,sao estactios diferentes de urn mesmo processo: 0 de desen­cadearmos foryas perturbadoras que, enfim, teremos dereabsorver e neutralizar em nos mesmos, antes que injuriema ordem e a harmonia em nosso derredor, afetando os ou­tros.

5.2 - Reencarnac;ao

E na Reencarnayao que se estabelece, na liyao aNicodemos (loao 3:3), dizendo: "o..Aquele que nc70 nascerde novo, nc70 pode vel' 0 Reino de Deus"- que se completamas novas nOyoes de castigo, puni~;ao e Reino de Deus.

Nela, em primeiro lugar, a morte e apresentada comomudanya indispensavel para a renovayao e a continuayao deexperiencias. Em segundo lugar, e no renascimento que cadaurn traz de volta as causas de esciindalo, as conseqiienciasdo malbaratamento de fOf';;as, de recursos, "o.. os que abusa­ram da tunica da riqueza, vestira.o ados fdmulos e escravosmais humildes, como as mc70s que feriram podem vir a sercortadas".

Neste ponto levanta-se a questao da puniyao, do "quemcom ferro fere com ferro seraferido". Neste caso, as culpasjamais terao fim, pois para cada devedor devera sempre ha­ver outro a constituir de instrumento de cobranya e portantoa assumir a mesma divida.

Como explicar isto?

Considerar os fatos desta maneira e sustentar a ideia davalidade dalei de taliao, do "dente por dente, olho por olho ",

em que a justiya do mundo fica guindada alei suprema.

"Entretanto, coloco 0 amor acima dajusti­'lao.. e tenho ensinado que s6 ele cobre a multidc70de pecadoso.. " Basta que ambos (dois litigantes)sintam isso, para que a fraternidade divina afasteos fantasmas do escdndalo e do sofrimento ([1],Cap. 14).

Adotando 0 perdao como norma maxima de conduta,instituimos a boa-vontade e 0 esquecimento dos males rece­bidos, acima de todas as dificuldades; apressamos 0 enten­dimento e a pacificayao, com 0 que cessam as causas dosofrimento.

5.3 - Proselitismo

Com Joana de Cusa, esc!arece-se, em [l], a questao decomo proceder, quando obrigados a viver com pessoas quenao partilham da mesma crenya. Era a luta de Joana, crista,contra a posiyao do esposo, que nao lhe partilhava as ideias.

Jesus a tranqiiiliza dizendo-Ihe que os credos religiososdiferem entre si muito mais pelas interpretayoes do que pelaessencia, nao passando, muitas veze's, de "meros vicios po­pulares nos habitos exterioreso.. " Que se preocupasse,essencialmente com a sua edificacao interior: amasse 0 es-, ,

poso, propiciando-lhe as dactivas mais puras do cora9ao, afim de cultivar "nele mesmo a videira maravilhosa do amore da vida" que, enfim, haveria de frutificar.

"Nc7o sc70 os sc70s que precisam de medico. "

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No restante, imitar a Sabedoria Celeste que

"nfio extermina as paixoes: transforma-as.Aquele que semeou 0 mundo de cadaveres, des­perta, as vezes, para Deus, apenas com uma litgri­mao 0 pai nfio impoe a reforma a seus jUhos: es­clarece-os no momenta oportuno... "

"...Nfio percas tempo em discutir 0 que nfioseja razoavel. Deus nfio trava contendas com assuas criaturas... Esfor9a-te... e, quando convocadaao esclarecimento, fala 0 verbo doce ou emirgicoda salva9fio segundo as circunstdncias"([1], Cap.15).

5.4 - Divergencias religiosas

Em ([1], Cap. 17) examina-se a questao dos conflitosreligiosos calcada na passagem evangelica: Joao, Cap. 4.

Pelas divergencias religiosas, havia-se criado profundaaversao entre samaritanos e judeus ([4], Introd.). PassandoJesus por Samaria, pede agua it samaritana, que, estupefata,o interpela(Joao 4:9): - Como, sendo tujudeu, me pedes debeber, a mim, que sou mulher samaritana?

Jesus observou-Ihe que assim como judeus esamaritanos tem as mesmas necessidades de ordem materi­al, da mesma maneira tern identicas necessidades de ordemespiritual. Perante Deus, todos sao irmaos e a necessidadede virtudes, aptid6es de conformidade com as leis nao pade­cern diferenyas, so nao entendendo assim os que nao conhe­ciam as leis de Deus.

Mas assim como ela tinha agna para oferecer-Ihe a fimde saciar-Ihe a sede do corpo, ele podia propiciar-Ihe a "aguaviva que vem do amor infinito de Deus e santifica as criatu­ras"([I], Cap. 17),0 conhecimento capaz de esclarecer-Iheo entendimento de como purificar a propria vida e os propri­os atos.

E, em seguida, passou a ensinar-Ihe referindo-se a

"fatos e circunstdncias intimas de sua vidaparticular. .. 0 que se fazia necessario para que asagrada em09fio do amor divino the iluminasse aalma... " ([1), Cap. 17).

A mulher acolheu-Ihe a palavra qual profeta de Deus,buscando obter maiores conhecimentos. Nao que ela nao ostivesse buscado sempre. Mas nao os conseguia, permane­cendo em confusao, porque cada um apregoava atos exteri­ores de adorayao diferentes, relacionados a manifestay6escontrastantes, causadoras de dissens6es, provocadoras dediscordia e desavenya.

"Tens radio - observou 0 Mestre - as di­vergencias religiosas tem implantado a maior dis­sensfio... vira um tempo em que niio se adorara aDeus nem neste monte, nem no templo suntuosode Jerusalem, porque 0 Pai e Espirito e s6 em Es­pirito deve ser adorado. Por isso venho abrir 0

templo dos cora90es sinceros para que todo cultoa Deus se converta em intima comunhfio entre os

homens e 0 seu Criador"([1], Cap. 17).

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o fato espalhou-se celere entre a multidao que acorreuem busca dos comentiirios de Jesus.

- Urn triunfo - diziam alguns apostolos - que deveriaser noticiado, no retorno, em Cafarnaurn. Aos mais afoitos,recomenda Jesus que investiguem ate que ponto ele foraentendido. E diante do espanto dos discipulos, colheram-seos mais diversos comentarios, muitos deles totalmentedesprimorosos: urn explorador da piedade popular, da sabe­doria duvidosa, sem que faltassem os que maliciavam acer­ca da conversa intima que ele tivera com a mulher.

Esclarece Jesus que encontrar-se-ao sempre, por todaparte,

"discutidores atentos ao exitQ e referenci­as do mundo... Observai a estrada para naocairdes, porque 0 discfpulo do Evangelho nao sepodepreocupar senao com a vontade de Deus, como seu trabalho sob as vistas do Pai e com a apro­var;ao da sua consciencia" ([I], Cap. 17).

5.5 - 0 coniungar com Deus

Ja dissemos que cada urn se situa dentro de determina­do estagio evolutivo, fruto de experiencias vividas, do quecada urn deu a vida em obras, na construyao do destino e doque a vida lhe deu em terrnos de evoluyao.

Epor este estagio que se explicam as diferenyas exis­tentes; epor ele que cada urn se situa em funyao de suasnecessidades espirituais de aprendizado, ora em posiyao deevidencia, ora em condiyoes de pouco destaque; bafejado

pela sorte, ou amargando necessidades. Estara sempre na po­siyao de aprendizado que mais the convem, numa funyaoindispensavel a produyao do bem comum, a fim de dar con­tribuiyao e presenya as quais nao pode subtrair-se.

"Todo trabalhador honesto e de Deus.Quem escreve com a sabedoria dos pergaminhos,nao e maior do que aquele que trw;a a letra labo­riosa e fertH, com a sabedoria da terra... Achasque a casa estara completa sem as maos abnega­das que Ihe varrem os detritos ...Antes de qual­quer considerar;ao, e preciso santificar todo tra­balho util, como quem sabe que 0 mundo Ii mora­dadeDeus"([lJ, Cap. 18).

Poderemos ocupar posiyoes de diferente destaque emduas encarnayoes sucessivas, a fim de capacitar-nos a en­tender os valores das benesses que podemos usufruir.

Em ambos os casos ha que aproveitar a liyao do mo­mento,

"que disponhamos 0 corar;ao a bem servi­10, seja como rei ou como escravo, certos de que 0

Pai nos conhece a todos enos conduz ao trabalhoou aposir;ao que merer;amos" ([lJ, Cap. 18).

A posiyao evolutiva ecomo a impressao digital: eindi­vidual, propria de cada urn. Para 0 aprendizado, a vida colo­ca cada qual frente a uma problematica que the cabe e estaapto a resolver, sem oscilayoes, ternores, ou hesitayao. Qualsucede ao escolar: 0 relapso, 0 indeciso, 0 preguiyoso estasempre pronto a solicitar auxilio, declarando-se incapaz, naopara fortalecer-se, mas para que se the removam as dificul­dades, insciente de que ejustamente esta superayao que lhe

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possibilita a escalada.

Semelhantemente procede 0 homem de pouca fe. La­menta-se, entrega-se a queixa, senao a revolta, e quando sedirige a Deus nao 0 faz pela prece que Ihe expande 0 ser e 0

habilita a absorver fortalecimento, sustentayao, as inspira­yoes adequadas ao momento, para conduzir-se com acertona conquista do sucesso, mas sim 0 faz por petitorio, parasubtrair-se ao esforyo da realizayao e obter sem merecer.

A vida nao auxilia desse modo. Ninguern e subrnetidoa solicitayao superior as suas foryas, nem Ihe sao subtraidosos recursos de que necessita. Cada urn, porem, tern que con­duzir-se por si mesmo, por seu livre-arbitrio e sob a propriaresponsabilidade, edificando sua propria evoluyao. A orien­tayao e do Plano Maior, mas a construyao ~ sua.

"Cada criatura tem um santuario no pro­prio espirito, onde a sabedoria e 0 amor de Deusse manifestam, atraViis das vozes da consciencia"([iJ, Cap. 19).

Sua comunhao com Deus e a aceitayao de sua condiyaode aprendiz, da labuta, tal qual 0 estudante diante das tarefasque 0 professor Ihe recomenda, certo de que a posiyao emque se encontra e a que Ihe convem e que, dentro dela, devebuscar 0 proprio ajuste, 0 esforyo operante, a realizayao per­feita.

5.6 - 0 valor da prece

Pedir a Deus? Certamente! ...

"Acreditarias que, em todos os seculos davida humana, recorreriam as almas... se nenhumresultado obtivessem?... Nao tenhas duvida: todasas nossas orar;:i5es sao ouvidas" ([iJ, Cap. 18).Certos, porem, "de que os designios celestiais saomais sabios e misericordiosos que os caprichosproprios"([1), Cap. 19).

Pedir, sim, mas nao para eliminaras difi­culdades do aprendizado; faze-Io, porem, parabuscar os elementos capazes de suslentar-nos 0

esfort;:o e a caminhada, assumindo a tarefa que nosepropria" ([4J, Cap. XXVII, e [5J, Cap. 12).

Em ([I], Cap. 18), Humberto de Campos esclarece 0

significado do Pai Nosso, que aqui transcrevemos:

"...Elevando 0 Seu espirito magndnimo aoPai Celestial e colocando 0 Seu amor acima detodas as coisas, exclamou: Pai Nosso, que estasnos ceus, santificado seja 0 teu nome".

E, ponderando que a redent;:ao da criaturanunca se podera efetuar sem a misericordia doCriador, considerada a imensa bagagem das im­perfeit;:i5es humanas, continuou; "Venha a nos 0

teu reino".

Dando a entender que a vontade de Deus,amorosa e justa, deve cumprir-se em todas as cir­cunstdncias, acrescentou: "Seja feita a tua vonta­de, assim na terra como nos ceus". Esclarecendoque todas as possibilidades de saude, chegam da(onte sagrada da protet;:ao divina, prosseguiu: "0

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90 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 91

pao nosso de cada dia da-nos hoje n. Mostrandoque as criaturas estao sempre sob a a9ao da lei decompensa,:ijes e que cada um precisa desvencilhar­se das penosas algemas do passado obscuro, pelaexemplifica9ao sublime do amor, acentuou: "Per­doa-nos as nossas dividas, assini como nos perdo­amos aos nossos devedores". Conhecedor, porem,dasfragilidades humanaspara estabelecer 0 prin­cipio da luta eterna dos cristaos contra 0 mal, ter­minou a sua orac;ilo, dizendo com infinita simpli­cidade' "Nao nos deixeis cair em tentacilo e livra-. .nos de todo 0 malporque teus silo 0 reino, 0 podere a gloria para sempre. Assim seja".

A - Bibliografia

I - Humberto de Campos - Boa Nova2 - Andre Luiz - Os Mensageiros3 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade4 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri­

tismo5 - Rino Curti - Espiritismo e Reforma intima

B - Leituras complementares

As dos capitulos citados no texto.Emmanuel- Caminho, Verdade e Vida, nO 110; Vi­das Sucessivas; Esforyo e Orayao; nO 18: Purifica­yaO intima.

C - PerguntasI - Como se modifica 0 conceito de justiya divina,

no Espiritismo?2 - 0 que devemos entender por "pecado"?3 - Como se explica que Jesus dirija a mesma exor­

tayao: "Nao peques mais" ao paralitico, apos acura, e a adultera, apos ter-Ihe evitado 0

apedrejamento?4 - Conceitue a morte, na acepyao espirita.5 - Como cessarao as causas do sofrimento?6 - "Nao sao os saos que precisam de medico". Ex­

plique esta assertiva.7 - Conceitue 0 significado da expressao "agua

viva".

8 - Esclareya a proposiyao: "E preciso santificartodo trabalho util".

9 - Por que devemos condenar a queixa?10 - Elucide 0 sentido da expressao: "Comunhao

com Deus".II - Cite as principais caracteristicas da prece.12 - Estude 0 "Pai Nosso" com profundidade.

D - Pnitica de renovayao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 39.

E - Recomendayoes para a aula

Nao deixe de comparecer aaula, procurando supe­raros impedimentos que se apresentem. Ea conti-

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92 RinD Curti

nuidade que, alem de lhe permitir urna compreen­sao maior dos assuntos, sustenta 0 entrosamentovibratorio do aluno com 0 ambiente. Atraves do Pla­no Espiritual sempre se beneficia, procurando su­prir deficiencias e necessidades.

CAPITULO 6

INVIGILANCIA

6.1 - Eleva<;ao e queda

o conceito do Reino de Deus, como edificacao intimano corayao do homem, fruto evolutivo do esforyo emprega­do na acurnulay8.o de experiencias, na sublimayao de anseios,para a construyao do bern geral, constitui a chave do enten­dimento para interpretar as passagens evangelicas, confor­me a Doutrina.

As passagens:

Lucas: 9.18 - Quem diz a multidao que eu sou?

Lucas: 9.19 - Joao Batista, Elias e, outros, que urn dosantigos profetas ressuscitou.

Lucas: 9.20 - ...E vos quem dizeis que eu sou? E, res­pondendo-lhe, Pedro disse: - 0 Cristo de Deus.

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94 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 95

Mateus: 16.17 - Bem-aventurado es tu, Similo Barjonas,porque te nao revelou a came e 0 sangue, mas meu Pai queestanos ceus; sao descritas em ([1], Cap. 21) diferentemen­

teo Esta Ultima e posta:

"Neste momento entregaste a Deus 0 cora­r;ao e falaste a sua vOZ. Bendito sejas, pois come­r;as a edificar no espirito a fonte da fe viva".

A passagem seguinte e que em [1] esta totalmente mo­

dificada:

Mateus: 16.19 - E eu te darei as chaves dos ceus; e tudoo que ligares na tena sera ligado aos ceus, e tudo que desli­gares na tena sera desligado nos ceus.

Em ([1], Cap. 21) ela esta apresentada da seguinte ma­

nelra:

"Sobre essa fe edificarei a minha doutrinade paz e esperanr;a, porque contra ela jamais pre­valecerZio os enganos desastrosos do mundo... 0Mestre prosseguia quanto it revelar;Zio divina, nosantuario interior do espirita do homem, sobre cujagrandeza desconhecida 0 Cristianismo assentaria

suas bases no futuro" .

Jesus nada escreveu. Na propaga<;ao da Doutrina e quesuro-iram inUrneras versoes do Evangelho, das quais, no se-

b

culo IV, a Igreja decidiu escolher quatro, constituindo hoje 0

Novo Testamento.

Sao elas denominadas os Evangelhos can6nicos, por­que adotados, embora eles pr6prios tenham sofrido divers~smodificayoes, ao lange do tempo, por autores dlversos, as

vezes de inspirayao oposta.

Por isto, os espiritos refazem as narrativas estudadasno outro plano, sem se entregarem it critica, como, no caso,e feito em Boa Nova.

Em relayao ao sacrificio de Jesus, nao entendido naepoca e justificado mais tarde com base nas concepyoes dopecado original, da personalidade divina de Jesus e da res­suneiyao no fim dos tempos, explicam eles que teria sidoimprescindivel a fim de consolidar a liyao para aqueles

"que estao escravizados no cativeiro dosofrimento, do pecado, da expiar;ao ", pois, nestecampo, "as palavras dos ensinos somente saojus­tas quando seladas com plena demonstrar;ao dosvalores intimos"([lj, Cap. 21).

Exemplifiquemos. A honestidade ,S urn valor moral, urnalei que governa 0 espirito, lei natural, de Deus. Submeter­se-Ihe, e imperativo que nao admite condicionamento a qual­quer conveniencia de carMer pessoal. Neste sentido, comun­gar com Deus e submeter-se-Ihe aos preceitos. E0 sentidodo primeiro mandamento: Amar a Deus acima de todas ascoisas. Submeter-se-Ihe aos preceitos, incondicionalmente,nao importa 0 sacrificio que para isto se requeira.

Pois e esta demonstrayao que Jesus devia oferecer aosnecessitados, para ensinar-Ihes como poderiam atenuar-se­lhes as dificuldades do caminho.

E que os discipulos nao se iludissem:

"Nao espereis por triunfos, que nao os te­remos sobre a Terra de agora... Ensinarei aos me­nos fortes a passagem pela porta estreita da re­denr;ao, revelando a cada criatura que sofre 0 queepreciso fazer, a jim de atravessar as sendas do

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96 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 97

mundo, derramando as claridades eternas do Pla­no Espiritual" ([1), Cap. 21).

A esta altura surge interpelayao de Pedro que, emMateus, toma a seguinteforma:

Mateus: 16,22 : E Pedro - Senhor... de modo nenhumte aconteceni isso.

Mateus:16, 23 : Para tras de mim, Satanas, que me ser­ves de escfulda10, porque nao compreendes as coisas quesao de Deus. Mas s6 as que sao dos homens.

E, em Boa Nova, esta outra:

Pedro: - "Mestre, nao convbn exagerardesas vossas palavras... Onde estaria Deus, com ajustir;:a dos ceus? 0 Pai nao etao justo "-

Jesus: - " Pedro, retira essas palavras...Queres tambem tentar-me como os adversarios dosEvangelhos?... Aparta-te de mim, pois, neste ins­tante,falas pelo espirito do mal" ([1), Cap. 21).

Pouco antes, Pedro, 1igando-se ao ceu, havia entendidoJesus como enviado. Neste momento,

"modificando a atitude mental... deixando­se conduzir na esteira das concepr;:i5es jaliveis doseu sentimento de homem... " ([1], Cap. 21),

venda nao 0 testemunho, mas 0 interesse humano, caide padrao e manifesta incompreensao.

Isto ocorre conosco frequentemente. No mesmo instan­te em que nos soerguemos aos cimos espirituais, pela eleva-

yao do pensamento, podemos resvalar para as futilidades,em resposta aos ape10s da vida comum, em detrimento, ain­da, de nosso pouco fOlialecimento moral.

Dai a necessidade de vigilfulcia.

"...Basta UJn pensamento de amorpara quete eleves ao ceu, mas basta uma palavra jutil ouuma considerar;:ao menos digna, para que a almaseja reconduzida ao estacionamento e ao deses­pero das trevas... " ([I), Cap. 21).

6.2 - Riquezas

Amai-vos e instrui-vos e 0 preceito maximo de condu­ta, embora, ta1vez, 0 menos seguido. A falta de estudo, porexemplo, gera crista1izayao de ideias que, transformadas emcabedal intuitivo, adquirem carater de tal evidencia que pa­rece impossive1, a quem nao estuda, possam sofrer modifi­cayao. Fecha-se 0 ehtendimento a novos aspectos da rea1i­dade, e cria-se uma total irredutibilidade nos pontos-de-vis­tao

Isto e evidenciado no epis6dio relativo a Zaqueu (Lucas:19,7alO).

Para os discipu10s, a riqueza era condenaveL Entretan­to, Jesus se hospeda em casa de Zaqueu, 0 pub1icano ([2],Introd.), com afabilidade. Zaqueu desculpa-se por suas ri­quezas, dizendo porem dos beneficios que, com elas, procu­rava fazer.

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Dai Jesus ter afirmado

6.3 - Judas Iscariotes

Possui-Ia para proveito pr6prio, ou dividi-Ia entre ocio­sos e favorecer a improdutividade, a falta de iniciativa, aestagnayao, a desocupayao, a indolencia.

99Cristianismo (De Jesus a Kardec)

e born, pois dirigia-se ele as pessoas mais desclassificadas eignorantes, desconsiderando os mais altarnente colocadosaqueles com os quais ele poderia conseguir apoio para a cons~truyao de urn reino. E como faze-Io, sem suplantar os pode­rosos, ou, pior, afirmando que maior no Reino dos Ceus eaquele que: se faz 0 menor de todos?

Ele, Judas, sabia como proceder. Estabeleceria acordocom altos funcionarios e homens de importancia,

"lideraria 0 movimento renovadoJ; entre­garia 0 Mestre em troea de sua nomea<;ao oficial,com autoridade e privilegios politicos. Organiza­ria a viloria crista. Depois, no alto cargo, tiberta­ria Jesus" ([1y, Cap. 24).

E assim, pel? invigilancia do discipulo, consumar-se-iaa humilhayao e 0 escarnecimento de Jesus, sob a impotenciados reclamos de Judas, ele proprio atingido pela expro­brayao, pelo remorso, pela dilacerayao da consciencia, dian­te do Mestre que, nos ultimos estertores da agonia, aindadespende seus ultimos alentos, na sua maior manifestacaode arnor: - Perdoa-Ihes, 0 Pail Eles nao sabem 0 que faz~m.

Rino Curti98

"Bem-aventurados os que consagram suaspossibilidades aos movimentos da vida... que sa­bem servir a Deus com as riquezas que the foramconfiadas. Dai contou aformosa parabola dos ta­lentos e a Zaqueu chamou de servo bom e fiel. .. "([1], Cap. 23).

"Jesus louvou-lhe a consciencia do bemcoletivo" ([1], Cap. 23)

Para quem a ela se apega, tomando-a urn fim, certa­mente a riqueza e prejudicial. Deixa de se constituir umaferrarnenta, em oportunidade de realizayao e de crescimen­to, pelas experiencias que ela pode propiciar a quem a dete­nha.

Judas Iscariates envalveu-se com 0 mesma tipo deinvigilancia.

Nao conseguia entender urn Messias que naa detivessetadas as paderes, capaz de impar-se a tadas, dominar, sub­jugar, reestabelecer 0 reina do pava eleito e conduzi-Ia itsupremacla.

Amava a Jesus, mas considerava-o demasiado simples

6.4 - A Pascoa judaica

Jesus entra triunfante, em Jerusalem, uma semana an­tes da Pascoa, festividade judaica que, em hebraico, signifi­ca passagem. Nela camemora-se a libertacao dos israelitasdo Egita, salvayaa divina do povo eleito, u'ascimento da na­yaa judaica, nurn pacta das tribas com a Deus Unico.

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6.5 - 0 maior de todos no reino dos CellS

No primeiro dia da Pascoa, Jesus anuncia aos apostoloster chegado a hora em que ensinaria a necessidade de ser fiela Deus ate ao sacrificio, conforme as profecias da Escritura.

A ideia de salvayao, edificada sobre os conceitos daimprevidencia, da tentayao e pecados hurnanos, e substitui­da pela nOyao do individuo que, em se dedicando ao berngeral, se constitui em benfeitor da humanidade, debatendo­se, no fim, com a ingratidao e zombaria daqueles mesmosque nao 0 compreendem e que, apesar de tudo, serao os be­neficiados.

Ele, que apregoava 0 amor, sustentaria 0 ideal de amarate ao supremo sacrificio, para demonstrar que, nisto, reside

Na Biblia, a narrayao diz que 0 anjo da morte passa porsuas casas, preparando-os, indo ferir de morte osprimogenitos dos egipcios. Como festa, passa a ser urn meiopara renovar 0 vinculo de uniao dos judeus como povo san­to que lave queria para si. Recorda ao crente as verdadesbasicas de suas doutrinas, seus principais deveres e tern porfinalidade manter acesa a esperanya de que surgirao novasmanifestayoes do poder salvador de lave.

o cuho, a festa, as observancias rituais, reforyam nosjudeus sua consciencia de povo eleito, sendo 0 pontonevratgico da existencia do judaismo como religiao.

Eurna festa que dura 7 dias, tern inicio no 19° dia deNisan (maryo-abril), primeiro mes no ano religioso ([3], Vol.V, Cap. 60).

101Cristianismo (De Jesus a Kardec)

a forya que consagra 0 espirito, capacitando-o para urn mun­do melhor; nisto consiste a fidelidade a Deus, a comunhaocom Deus.

Urn dos discipulos 0 trairia. Mas isto seria para fixarque tal fidelidade encontraria muitas vezes 0 abandono a,ingratidao e 0 desentendimento dos mais achegados e queeXlgla

"a necessidade de cada qual jirmar-se noseu caminhopara Deus, por mais espinhoso e som­brio que ele seja" ([f], Cap. 25).

Em seguida, enfatizando que todos os que se devotas­sem ao Evangelho, imbuindo-se de seu espirito renovador,alcanyariam 0 Reino dos Ceus, defronta-se novamente comas limitayoes dos discipulos, a perguntar-lhe quem seria 0

maior de todos, nele.

Movido de entemecida piedade, dispos-se a lavar ospes dos discipulos, dizendo-lhes:

- "...No Reino do Bem e da Verdade 0 mai­or sera sempre aquele que se fez sinceramente 0

menor de todos" ([fJ, Cap. 25).

"... Deixo-vos um novo mandamento: - 0 deamar-vos uns aos outros como vos tenho amado...

6.6 - A negat;ao de Pedro

Jesus reafinna ter chegado a hora do testemunho e quetodos se dispersarao, mesmo porque eles ainda nao estavampreparados.

Rino Curti100

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102 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 103

sejam conhecidos como meus discipulos, niio pe­los poderes... maspela revela"iio do amor com quevos amo, pela humildade que devera ornar as vos­sas almas, pela boa disposi"iio no sacrificio pro­prio" ([1), Cap. 26)

Pedro protesta: daria a propria vida pelo Mestre.

Jesus afinlla-Ihe que 0 homem ainda nao esta prepara­do para tais embates. Ele proprio 0 negaria tres vezes antesde 0 galo cantar.

Enfim, Jesus e preso. Pedro brande a espada a fim deimpedir a prisao, pelo que e admoestado pelo Senhor. 0 co­Iegio dos apostolos dispersa-se, sem todavia compreender 0

acontecimento. Pedro e Tiago acompanham 0 Mestre de lon­ge.

Jesus e acusado das piores torpezas. Pedro perde as es­peranyas de fazer algo por ele. Enfrentar 0 movimento po­pular e sacrificar-se, sem oferecer qualquer beneficio aoMestre. Tinha familia e necessidades. Era preciso ponderar.

Envolvido por tais pensamentos, interpelado por umaserva, negou ser companheiro de Jesus; abordado por umpopular, negou ter sido seu discipulo; reconhecido por umdaqueles contra os quais havia Ievantado a espada, afinnou­Ihe que estava enganado.

Nisto 0 galo cantou trazendo-lhe a.lembranya a previ­sao do Mestre. Foi ai que ele, que jamais transigia, refletiusobre os infortunados da vida, lembrando as advertencias deJesus, quando Ihe dizia: - "Pedro, 0 homem do mundo emais fragiI do que perverso1. .."

6.7 - 0 abandono de ultima hora

Em ([IJ, Cap. 27), Humberto de Campos transcreve a. orayao de Jesus em favor de seus discipulos, de Joao, Cap.

17, apos a qual retira-se em companhia de Pedro, Joao eTiago, para 0 Monte das Oliveiras.

La, solicitou a todos que orassem e vigiassem. Sonoprofundo, entretanto, apoderou-se deles, ate que soldados,com Judas a frente, 0 prenderam. As cenas que se seguiram,diz ([IJ, Cap. 27), estao descritas no Evangelho com fidel i­dade, 0 Messias deixando-se imolar sem qualquer protesto.

Quanto ao sono, diz-se, em [1], encerrar outroensinamento: 0 de que

"cada Espirito na Terra tem de ascendersozinho ao calwlrio de sua reden"iio "

6.8 - 0 testemunho da fe

Nos uItimos instantes, Jesus da mais um ensinamentoacerca da fe.

A fideIidade e a comunhao com Deus, concebidoantropomorficamente, eram entendidas na forma das queexistem entre patri'ies e servos.

Quando acometidos por dissabores, ouvem-seimprecayi'ies ou a negayao de Sua Existencia, porque os acon­tecimentos nao se enquadram nos moldes de nossa visao do

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104 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 105

que seriam Sua Sabedoria, Onisciencia ou Onipotencia.

Era 0 que conjecturava Tome diante da infamante situ­ayao em que se encontrava Jesus. Entao alguem teria sidomais fiel do que Ele? Como podia Ele tenninar assim, Eleque fora apontado como filho dileto, sem que 0 Todo-Pode­roso viesse ali impor a ordem?

Enfim, nem Deus a impor 0 seu poder, nem os homensa solidarizarem-se com Ele: os discipulos e os que tanto be­neficios ou curas d'Ele receberam! De que valeu fazer tantobern? Teria sido tudo em vao?

Eque havia a entender Deus a reger por leis, nao comopessoa; leis estas as quais 0 homem deve submeter-se, dei­xando-se conduzir confiante nos designios do Pai, que podedar os bens e restitui-Ios em tempo oportuno ([IJ, Cap. 28);crendo nas pr6prias possibilidades, dispondo-se ao cresci­mento pr6prio, como 0 faz a planta que, ao desenvolver, fru­tifica para 0 bern de todos. Sem duvidar, pois a obra nao nospertence. Dela participamos como 0 agricultor nas suas ati­vidades: ele semeia, mas a semente, 0 crescimento, afrutificayao, pertencem a Deus.

Envolto nessa ordem de pensamentos, Tome, "na horasombria da cruz "... observou que 0 Messias lanyava agoraos olhos entemecidos sobre urn dos ladr6es que 0 fixavaafetuosamente... a voz debi!... em tom de profunda sinceri­dade:

- Senhor l ... lembra-te de mim, quando en­trares no teu Reino!...

o discipulo reparou que Jesus the endereyava, entao, 0

olhar caridoso, ao mesmo tempo que nos seus ouvidos che­gavam os ecos de sua palavra suave e esclarecedora:

- "Ves, Tome? Quando os homens da leinao me compreenderam e quando os meus pr6pri­os discipulos me abandonaram, eis que encontroa conjianr;a leal no peito de um ladriio!... "

A - Bibliografia

1 - Humberto de Campos - Boa Nova2 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri­

tismo3 -Abril Cultural- As Grandes Religioes

B - Leitlliras cornplernentares

As dos capitulos citados no texto.

C - Perguntas

I-Qual a chave do entendimento do Evangelho,segundo a Doutrina Espirita? Por que?

2 -Que significado tern 0 sacrificio de Jesus paraos espiritas?

3 - Qual 0 significado do 1: Mandamento?4 - Como justificar nossas oscilayoes, ora de ele­

vayao, ora de queda?5 - Ea riqueza urn mal, para 0 Espirito? Justifique

a resposta.6 - Seria justificavel a distribuiyao eqiiitativa das

riquezas entre todos os homens?7 - Conceitue a invigilancia.8 -0 que levou Judas Iscariotes ao seu erro?

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106 Rino Curti

9 - 0 que e a Pascoajudaica?10 - Justifique a assertiva de Jesus, quanto a quem

seja 0 maior de todos no Reino dos ceus.11 - Que liyoes deveriam encerr'lI os ultimos dias

de Jesus?12 - Explique a negayao de Pedro.13 - Explique 0 valor da Fe.

D - Pnitica de renovayao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 40.

E - Recomendayoes para a aula

Seja pontual. Nao somente freqiientador assiduo,mas cumpridor do horario. Nao se deixe atrasar porencontros de amigos ou visitas inesperadas. Falefrancamente de seu compromisso. 0 exemplo falamais alto que qualquer ayaO de proselitismo.

CAPITULO 7

A PATRISTICA

7.1 - 0 destino de Roma

No momenta aprazado para a vinda de Jesus, entre asvarias conquistas feitas pela humanidade que hi a preservar,esta a familia romana que,

"em suas tradiyi5es gloriosas, esta consti­tulda no mais sublime respeito as virtudes her6i­cas da mulher e na perftita compreensGo dos de­veres do homem, ante os seFs sucessores e os seusantepassados" ([I), Cap. Xl).

I": ela que alicerceia os fundamentos do Direito Roma­no e da organizayao que hi de conduzir Roma ao dominiodo mundo, sublimando-lhe os esteios que os prepostos d'lespiritualidade aproveitam

"no sentido de orientar-se a atividade emgeral para um grande movimento de fraternidade

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e de uniao de lodos os povos do planeta... " ([Il,Cap Xl).

Roma, entretanto, nao assimilou as orientayoes que aauiavarn para a fundacao de urn unico Estado na superficieb ,

do mundo. Embriagada pela autoridade e poder alcanyados,em breve afunda em urn mar de perversidade, de corrupyao,de quase completa dissoluyao das grandes conquistas mo­rais alcanyadas.

A aproximayao e a presenya consoladora do DivinoMestre inundarn de influencias confortadoras os corayoes.Em conseqiiencia, 0 reinado de Augusto se desenvolve cheiode luzes e gloriosas realizayoes pela manifestayao, em con­diyoes de paz, tranqiiilidade e reconhecimento, de todas asforyas do Espirito.

A agressivi,dade e a arnbiyao, entretanto, haveriarn deressurgir com Tiberio, filho adotivo de Augusto, cuja cruel­dade interrompe 0 periodo de paz e de tranqiiilidade ate aiexistentes. Ao mesmo tempo, 0 judaismo nao compreende 0

arnor e a humildade, impoe 0 martirio de Jesus, que Romave realizar impassivel e indiferente, inaugurando, a seguir,

"periodo longo de sombras, de massacrese de incendios, de devastar;ao e de sangue...

Os seguidores humildes do Nazareno inici­am, nas regioes da Palestina, as suas predicar;oese ensinamentos... De perto seguem-lhes a ativida­de os emissarios... do Senhor, preparando os ca­rrzinhos da revolur;ao ideologica do Evangelho"([1], Cap. XIIl),

enquanto dolorosas provayoes coletivas se abatem sobre aJudeia e 0 Imperio. Tito destroi Jerusalem arrasando-lhe 0

7.2 - 0 inido da Era Crista

Templo e dispersando os israelitas para sempre, para a se­guir ver-se 0 proprio Imperio sOyobrar nas suas bases, emurn mar de ruinas.

109Cristianismo (De Jesus a Kardec)

E tanto para uns, como para outros,

"quando nao mais foi possivel 0 paiiativoda misericordia dos espiritos abnegados e com­passivos, dada a galvanizar;ao dos sentimentosgerais, na mesa larga dos excessos e prazeres, ador foi chamada a restabelecer 0 fundamento daverdade nas almas".

A Filosofia Grega, que se implanta como a edificadorada verdade, bern cedo revela a importiincia de alcanya-la emsentido absoluto, exclusivarnente com Razao.

A pregayao do arnor para todos elimina as barreiras entreos homens: ea afirrnayao da igualdade dos homens, da co­ordenayao da vida moral na pureza do corayao, na bondadede intenyao, na humildade e nao no formalismo exterior dosrituais e cultos.

Colocando a esperanya de uma vida melhor no aperfei­yoarnento da intima personalidade do homem, Jesus desper­ta as consciencias para as realidades do Espirito, dirigindo­se essencialmente para os desesperanyados:

"Nao sao os saos que necessitam de medi­co, mas sim os doentes - diz Ele. Vinde a mim vosque estais cansados e oprimidos, e eu vos aiivia-

Rino Curti108

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Cabe a Paulo, com suas ayoes e suas epistolas, eviden­ciar 0 sentido universalmente humano do ensino do Evan­gelho e possibilitar sua rapida propagayiio no mundo greco­romano.

o numero de Iivros escritos pelos fieis cresce. Surgem

rei. Tomai sobre v6s 0 meujugo, e aprendei de mim,que sou manso e humilde de corac;ao, eencontrareis descanso para as vossasalmas"(Mateus 11 __ 28 e 29)-

Para as almas oprimidas, 0 novo credo torna-se novoalento de esperanya. Grupos de novos adeptos se multiplica­Yam, gerando propagayoes de ideias e interpretayoes, na cons­tituiyiio da primitiva Igreja e, consequentemente, recrudescea critica e a oposiyiio, que ha de converter-se, bern cedo, emperseguiyiio e martiroI6gio.

- "Quando a guerraformidavel da criticaprocurava minar 0 edificio imortal da nova dou­trina, os mensageiros do Cristo presidem it reda­C;iio dos textos definitivos, com vistas aofuturo, naosomentejunto aos Ap6stolos e seus disclpulos, masigualmente junto aos nucleos das tradic;i5es.

Os cristiios mais destacados trocam, entresi, cartas de alto valor doutrinario para as diver­sas igrejas" ([1], Cap. XIV).

Diz Emmanuel, em ([1], Cap. XIV), que os Ap6stolos,em funyiio de suas limitayoes, tendiam a formar seita judai­ca, restrita, sem universalizar os ensinamentos de Jesus.

"E entiio que Jesus resolve chamar 0 Espi­rito luminoso e energico de Paulo de Tarso ao exer­cicio de seu ministerio... "

mais de 60 Evangelhos, dos quais somente quatro siioadotados pela Igreja. Mateus, Mar'cos e Lucas, ditos sin6ticos,porque semelhantes, e 0 de Joiio, diferente e que se Iiga ithteratura judaica: Jesus e 0 Messias, 0 Logos, filho de Deus,que afinna a vinda do Espirito da Verdade - 0 Panicleto­que completara 0 seu ensino. Prepara a aproximayiio com ~filosofia grega na formayiio do futuro sincretismo filos6fi­co-religioso, sincretismo este que se torna responsavel pelodesvirtuamento dos principios do Cristianismo, em que 0

Evangelho quase desaparece pelas inovayoes ([2], Cap.8).

IIICristianismo (De Jesus a Kardec)

No fim do primeiro seculo, as foryas espirituais

"sob a egide de Jesus estabelecem novaslinhas de progresso para a civilizac;iio... Roma janiio representa, entiio, para 0 Plano Invisivel, se­niio um foco infeccioso que e preciso neutralizarou remover.

... 0 Divino Mestre chama aos espac;os 0 Es­pirito de Joiio que... at6nito e aI/ito Ie a linouaoemv' b b

simb6lica do Invisivel. Recomenda-lhe 0 Senhorque entregue os seus conhecimentos ao Planetacomo advertencia a todas as nac;i5es e a todos ospovos da Terra, eo velho Ap6stolo de Patmos trans­mite aos seus discipulos as advertencias doApocalipse"([I], Cap. XIV).

No Apocalipse, ficam previstos, embora demaneira simb6lica e obscura, os acontecimentosfuturos relativos as experiencias, vicissitudes econquistaspelas quais a humanidade tera de pas­sar, a fim de atingir a maturidade para a implan­tac;ao definitiva da civilizac;ao crista.

Rino Curti110

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7.3 - 0 sincretisrno filos6fico-religioso

Desta forma, a Grecia, que no seculo de Pericles atingeum apogeu de beleza e cultura poucas vezes igualado, queem Socrates recebe as mais avanyadas liyoes, semcompreende-las, e por isso 0 vilipendia e 0 mata, traya parasi dolorosas e amargas provayoes.

Israel, cuja estatura religiosa alcanya a conquista domonoteismo, cujo profetismo, mais que tudo, 0 elevou emmateria de fe, compromete seu futuro, pelo orgulho, pelavaidade exclusivista e pretensiosa, por sua incompreensao

o homem e os povos permanecem ligados as leis dodeterminismo e do livre-arbitrio. A posse de maiores pode­res, no sentido de dominar cada vez mais os recursos mate­riais e as foryas da natureza, ficam condicionados a um de­senvolvimento intelectual nos dominios da Ciencia, susten­tado por correspondente desenvolvimento moral. Ecomumouvir-se dizer do Plano Maior que ao hornem sao vedadoscertos conhecimentos pela falta de crescimento de sentimen­tos a fim de que certas possibilidades nao caiam na mao dequem nao saiba usa-las. Assim sendo, seja para os individu­os como para as coletividades, as oportunidades de realiza­yoes construtivas sao-Ihes submetidas it livre escolha. Seudesperdicio acarreta adiamento, reconstruyao de caminhos,como acontece ao escolar que, ao errar a tarefa, antes depoder refaze-Ia, tern de buscar as razoes do erro, eliminar asfalhas de conhecimento em que elas residem, refazer nOyoesque haviam permanecido obscuras, a fim de tentar de novoo sucesso.

113Cristianismo (De Jesus a Kardec)

em materia de humildade e amor.

Neste sentido, Roma foi beneficiada com a canalizadlode recursos, da sabedoria ateniense e das experiencias dospovos conquistados, a fim de que se abrissem, para 0 ho­rnern,

"mais amplos horizontes nos dominios doprogresso material" ([1], Cap. XV). Mas,correspondentemente, exigia-se-lhe que assimilas­se a "mensagem luminosa da verdade e do amoT. ..para a solw;iio de grandes problemas educativosdo corar;iio... os Evangelhos vinham trazer ao ho­mem espiritual um roteiro de novas atividades, edu­cando-o convenientemente para as suas arrojadasconquistas de ciencia e liberdade, com vistas aoporvir"([l], Cap. XV).

. Eles, que deviam ter-se orientado para um grande mo­Vlmento de fratemidade e uniao de todos os povos do plane­ta, falham pelos abusos da autoridade e do poder, provocan­do a alterayaO dos pIanos do Alto, pela necessidade dereconsiderayao de caminhos. Mas, nao so nao aceitam ospreceitos da igualdade, fundamentados na humildade e napureza de propositos, mas passam a perseguir, pelas formasmais odiosas, os adeptos da Boa Nova, que continha

"a sumula de todos os compendios de paz ede verdade para a vida dos homens" ([1], Cap.XIV).

Enquanto os cristaos eram submetidos as mais perver­sas p~rseg~iyoes, entre os filosofos gregos estabelece-se queo raclOnahsmo gregG nao poderia atingir a verdade ultimadas coisas. A verdadeira Ciencia so pertencia a Deus, que,

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Page 58: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Cabe aos Apologistas, urn grupo de escritores cristaos,restaurar a normalidade. Com a continuidade das constru­<;oes sistematicas do pensamento cristao efetuam a sintesedo pensamento cristao com 0 Neoplatonismo, segundo aqua!todo conhecimento veridico e revela<;ao de Deus aos homens;o berne identificado ao espirito e 0 mal com a materia. Aalma humana tende a livrar-se do mal para reconduzir-se aDeus, do que resulta, como ideal, 0 isolamento, a fuga dos

antros das paixoes.

"Nao atinaram que, se 0 jejum e a orar;aoconstituem uma grande virtude na soledade, maiselevada virtude representam quando levados a efei­to no torvelinho das paixi5es desenfreadas, nas lu­tas regeneradoras, a fim de aproveitar aos que os

entretanto, podia transmiti-Ia aos homens, revelando-a atra­yes da intuicao. Desta forma, seus fil6sofos passam a serconsiderado~ prepostos divinos a quem Deus revelou os co­nhecimentos que expuseram. Desta maneira a culturahelenistica transforma-se em religiao, seus fil6sofos em san­tos, atribuindo-se-Ihes profunda sentimento religioso.

Da confluencia do pensamento gregG e judaico na novadoutrina, forma-se sincretismo religioso que da origem, nela,a varias correntes intemas, as heresias, todas interessadas nabusca da verdade nos textos santos.

A heresia gn6stica e que provoca a maiar crise. Nela,por influencia plat6nica, a materia e considerada substanciadivina degradada, causa do mal. Para os cristaos Oposltores,inspirados na Biblia, tendo Deus como criador de todas ascoisas, ao contrario, a materia e boa. 0 mal e devldo ao dla­

bo.

o Cristianismo ascende Ii tarefa de Estado, comConstantino, no inicio do seculo IV, que poe fim Ii persegui­<;ao.

115

contemplam" ([1], Cap. XV).

Cristianismo (De Jesus a Kardec)

7.4 - 0 papado

"A fatalidade historica reclamava a sua co­laborar;ao nos gabinetes da politica do mundo e,ainda uma vez, a indigencia dos homens nao com­preendeu a dadiva do plano espiritual... 0 mesmoespirito de ambir;ao e imperialismo, que de longotempo trabalhava 0 organismo do imperio, domi­nou igualmente a 19reja de Roma, que se arvorouem suserana e censora de todas as demais do Pla­neta. "

Apesar dos esfor<;os empreendidos pelos mensageirosdo Cristo instaura-se sob a egide do imperador Focas, 0

Papado no ano 607, que estabelece prerrogativas e direitosinjustificados aos bispos de Roma, em detrimento dela mes­rna.

A Igreja e entregue entao ao trabalho de aperfei<;oamentopar si mesma, iniciando nesse momenta

"um periodo de 1.260 anos de amargurase violencias para a civilizar;ao que se fundava ".

Rino Curti114

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7.5 - A formal;ao dos dogmas

Sob a egido;: de Constantino, inicia-se a formayao dosdogmas cristaos. No Concilio de Niceia e fixado 0 conceitode Trindade Divina em oposiyao a Ario, que negava a divin­dade de Jesus, apresentando-o apenas como urn homem quese havia elevado acima dos outros.

Uma gerayao ap6s a morte de Constantino, 0 impera­. dor Juliano (0 Ap6stata) considera 0 Cristianismo urn pro­duto de superstiyoes judaicas e estimula urna reayao paga.

Em 381, entretanto, por Teod6sio, 0 Cristianismo e de­cIarado religiao oficial do Estado e toda participayao emqualquer dos cultos pagaos etida como' urn ato de traiyao.

A uniao com 0 Estado e a ele sobrepor-se, envolve aIgrej a no espirito de Roma decadente e faz com que os bis­pos passem a disputar-Ihe a grandeza e a prosperidade. Maisque com a educayao das massas,preocupam-se com a impo­siyao das ideias e concepyoes. Por isto, entram de acordocom a preferencia pelas solenidades exteriores, pelo cultofacil do mundo extemo.

"E assim que aparecem novos dogmas, no­vas modalidades doutrinarias, 0 culto dos [dolosnas igrejas, as espetaculares festas do culto exter­no, copiadosquase todosdaRomaanticristti" ([I),Cap. 16).

A - Bibliografia

1 - Emmanuel - A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espzrita - Vol.IlI

117Cristianismo (De Jesus a Kardec)

B - Leitrnras complementares

As dos capitulos citados no texto.Leon Denis - Cristianismo e Espiritismo - Caps.VIe VII

C - Perguntas

1 - Qual era a missao de Roma?2 - Qual 0 significado da pregayao do amor para

todos?3 - Qual a causa das perseguiyoes aos cristaos?4 - Por que Jesus conclama Paulo ao exercicio de

seu ministerio?5 - Qual 0 resultado do sincretismo filos6fico-rdi­

gioso na formayao do Cristianismo?6 - Qual 0 significado do Apocalipse?7 - Qual 0 papel do Evangelho, para que Roma pu­

desse realizar 0 Estado mundial?8 - Como a cultura heknistica se transforma em

religiao?9 - 0 que sao as heresias?

10 - Quem sao os Apologistas?11 - Quando foi instaurado 0 Papado? 0 que ele sig­

nificou para 0 Plano Maior?12 - Como foram instituidos os dogmas da Igreja?

Rino Curti116

Page 60: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

118 Rino Curti

D - Pnitica de renova~1io intima

Andre Luiz - Sinal Verde

Estudar e por em pritica 0 cap. 41.

E - Recomenda~oes para a anla

Nos impedimentos de ordem natural, para 0 compare­cimento Ii aula, tais como viagens inesperadas, enfermida­des, ou embara~os que impeyam 0 comparecimento Ii reu­niao, 0 aluno sempre pode ler a liyao e, no momento apraza­do das vibray5es, ligar-se mentalmente em prece Ii sua clas­se, porque, alem de contribuir Ii distancia para 0 trabalho,beneficia a si proprio para a sua sustentayao.

CAPITULO 8

A IDADE MEDIA

8.1 - Agostinho

Enos concilios que os dogmas cristaos sao estabeleci­dos. Em 451, no Concilio de Calcedonia fixa-se 0 conceitode que 0 Cristo tern duas naturezas distintas, conjuntas, emuma unica pessoa: Natureza Divina e Humana.

Mas 0 maior pensador desta epoca e Agostinho, cujaobra se estende entre 0 Concilio de Constantinopla, em 381,eo de Efeso, em 431. Estabelece,que a verdadeira ciencia eo conhecimento de Deus e que, conhecendo-o, 0 resto econ­sequencia. Dai 0 desprezo pelas quest5es cientificas.

Afirma que 0 homem atinge 0 saber por iluminayao di­vina, e 0 conceito de Deus efixado trino, segundo 0 dogmada Trindade.

o mal nao ecriado por Deus, mas e consequencia daperda daquilo que e born.

Page 61: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

A discussao entre 0 que sejam 0 bern e 0 mal se estendea outros seguidores, 0 que da origem a novas heresias. Agos­tillho afirma que os homens estao em pecado por solidariza­rem-se com Adao e Eva, sem saberem libertar-se pelas pr6­prias foryas. Dentre eles alguns foram eleitos por Deus, a~squais libertou por sua graya. Os outros, apenas nao estaocondenados it perdiyao.

No seculo VI da-se outra especulayao mistica segundoa qual a criayao e entendida como emanayao de Deus e 0

mundo povoa-se de entidades intermediarias: os santisslmostronos, os querubins, as potestades, as dominayoes, os pode~res e finalmente as substancias angelicas..,

Isto oferece urn modelo para a.organizayao da Igrejaque, em 607, contra os esforyos do Plano Espiritual, cria 0

Papado.

Ao mesmo tempo Roma e destituida de seus poderes e,por orientayao do Alto, ocorre sua queda, com a invasao dosbarbaros, dando origeni it desorganizayao gera!'

Comeya novo ciclo de civilizayao, a Idade Media e adecadencia intelectual da Patristica e urn lange estaclOna­mento nos processos evolutivos.

Apesar disto Jesus nao desampara. Sempre envia seusmissionarios a exemplificarem, sublimada e coraJosamente,

as liyoes do amor e da virtude,

"ensinando 0 caminho claro da evolur;iioaos povos invasores, trazendo-os ao pensamentocristiio e destinando-os aos tempos luminosos doporvir" ([1), Cap. XV1).

No seculo V as grandes missoes fazem desaparecer oscentros tradicionais da cultura e a vida espiritual refugia-senos mosteiros, onde se acreditava que, pelo jejurn e na ora­yao, em soledade, se pudesse atingir mais rapidamente a re­denyao perante 0 Cordeiro.

A filosofia grega entronizava a razao. Nao se podia maisconstruir 0 conhecimento, qualquer que ele fosse, cientifi­co, filos6fico ou religioso, a nao ser nas formas met6dicasda razao. Cabe it Patristica fixar a Revelayao crista nas for­mas l6gicas do pensamento grego.

Entretanto, a ideia de que a verdadeira ciencia reside noconhecimento de Deus favorece a incultura, desviando a aten­yao dos homens das coisas terrenas, dirigindo-a para as coi­sas do ceu. Todas as conquistas cientificas e artisticas foramsubmersas. A unidade politica fragmenta-se e fraciona-se avida social em pequenos centros divididos e independentes,constituindo-se 0 feudalismo, que atinge a pr6pria Igreja, aqual, nao conseguindo elevar sua funyao, tomou-se urn ins­trumento do governo e nao urn guia para orienta-Io.

No seculo VI, entretanto,

"aparecem grandes vultos da sabedoria ebondade, contrastando a vaidade orgulhosa dosbispos cat6licos... exerceram a funr;iio de novossacerdotes da ideia sagrada do Cristianismo, con­servando-Ihe 0 fogo divino para as futuras gera­r;8es do Planeta" ([1), Cap. XVII),

120 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec)

8.2 - 0 fim da patristica

121

Page 62: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

8.3 - 0 Islamismo

destacando-se entre eJes os missionarios beneditinos, cujomaior merito foi a cristianizayao de bitrbaros, principalmen­

te os germanos.

Simultaneamente, apos a morte de Teodosio, 0 mundodivide-se em Ocidente e Oriente, sob a regencia de seus fi­lhos Honorio e Arcadio.Com 0 desaparecimento do mundoocidental, por obra dos Herulos, em 476, Constantinoplatorna-se a sucessora de Roma imperial, formando-se 0 im­perio bizantino que so terminaria em 1453, com 0 assalto de

MaomeII.

Antes da fundayao do Papado, no seculo VI, outro gran­de movimento religioso cristao inicia-se no mundo arabe com

Maome.

Como em todos os povos, a religiao arabe provem defonnas antigas, antes totemicas, depois animistas, pelas quaisadmitiam-se Espiritos alojados em arvores, pedras e astros.Em Caaba, templo de Meca, adoravam uma pedra branca eoutra preta. Antiga divindade tribal, Hubal, venerado emMeca, passou a ser chamado Allah.

Maome nasceu no ana de 570, em Meca, pobre, tornan­do-se rico pelo casamento, com a missao de reunir as tribosarabes sob a luz dos ensinos cristaos. A ele e ditado 0 A1co­rao, tido como ultima manifestayao de uma serie de escritu­ras sagradas, 0 Pentateuco, os Salmos de Davi, 0 Evangelhode Jesus e finalmente 0 A1corao, que recebe mediunicamentee dita a seus secretarios, por ser analfabeto.

123Cristianismo (De Jesus a Kardec)

Maome nao consegue superar suas proprias fraquezas.Seus ensinos encerram flagrantes contradiyoes, revelandorun espirito belicoso, de violencia e de imposiyao ([2], Cap.11).

''porque 0 Plano Espiritual assinalara umlimite as. suas operar;i5es, encaminhando CarlosMartel para a vitoria de 732" ([i], Cap. XVII).

o Islamisl110 admite urn deus unico que deterl11ina 0destino do homem, exigindo submissao a sua vontade, ouIslam, do qual deriva 0 termo Muslim, ou Muyu1l11ano, paradefinir a nova fe.

Qualifica de infieis aqueles que nao se submetem assuas doutrinas e apregoa a violencia. A Arabia foi submeti­da a sua doutrina pela espada, que se espalha alem dela soba egide devastadora de guerras santas. Com elas conquistamtoda a Africa Setentrional no fim do seculo VII, e se insta­lam na Espanlla no inicio do seculo VIII, nao indo alem dosPirineus, .

8.4 - 0 nascimento da escoHistica

"No seculo VIII, Jesus permite a reencar­nar;ao de um dos mais nobres imperadores roma­nos, ansioso de auxiliar 0 espfrito europeu na suaamargurada decadencia... sob 0 nome de CarlosMagno" ([i], Cap. XVII).

Com ele hi um despertamento da vida europeia que sereaviva com a instaurayao de escolas, onde se ensinam assete artes liberais: 0 trivio - Gramiitica, Retorica e Dialetica;

Rino Curti122

Page 63: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

o quadrfvio - a Aritmetica, a Geografia, a Astronomia e aMusica.

Mais tarde, acima delas, colocar-se-a a Teologia, quepassa a ser denominada de Escohistica. Por ela retoma-se adiscussao dos temas religiosos transmitidos pela Patristica,com a premissa de que a verdade esta contida nos textossagrados e nos dogmas da Igreja - e com 0 intuito de conci­liar Fe e Razao. Terminam por subordinar a Razao Ii Fe.

Todas as discussoes mantem-se no estudo da naturezade Deus e da criayao do mundo, predominando as ideias gre­gas, especialmente do Neoplatonismo.

o soerguer do mundo teria pouca durayao.

semana, com 0 objetivo de comemorar as passa­gens da vida de Jesus... " ([I), Cap. XVII).

A missao de Carlos Magno foi mais urna tentativa dereorganizar 0 imperio do Ocidente. Diante da inutilidade dotentame,

"as autoridades espirituais, sob a egide doCristo, renovaram os processos educativos domundo europeu... chamando todos os homensparaa vida do campo, ajim de aprenderem melhor, notrato da terra e no contato da Natureza" ([I), Cap.XVII), que so 0 feudalismo podia realizar.

125Cristianismo (De Jesus a Kardec)Rino Curti124

8.6 - Novo processo de restaurayao

8.5 - 0 feudalismo

omundo ocidental, apos a morte de Carlos Magno, al­grms anos apos sua coroayao como imperador, em 800, recainas sombras, constituindo urn perfodo que se estende do se­culo VIII ao seculo XII, a Idade Media, sob 0 guante do Feu­dalismo. Por ele desaparece toda unidade politica, que pro­voca uma crescente importancia da propriedade individual eurn recrudescimento, jamais visto, da servidao moral.

Com tal regime, implantam-se grandes lutas fratricidasque

"somente as poucas qualidades cristas daIgreja CatDlica conseguiram atenuar, instituindo­se as chamadas "treguas de Deus", obrigando osguerreiros ao repouso em determinados dias da

Enquanto subordinada a Constantinopla, a Igreja sem­pre procurou libertar-se, conseguindo-o com 0 Papa Este­vao II, em 756, ao mesmo tempo em que os soberanos daepoca dispunham da Igreja a seu bel-prazer, conferindo dig­nidades eclesiasticas a quem mais lhes aprouvessem, urn pe­dodo que se estende alem do seculo X.

As advertencias do Plano Espiritual,entretanto, jamaiscessaram ate que, no seculo XI, inicia-se novo processo derestaurayao. 0 interesse cultural renova-se e as escolas co­meCam a dar seus primeiros fmtos.

Contemporaneamente, a partir do seculo XI, realizam­se varios movimentos no seio do Cristianismo, com a ten­dencia de reconduzi-Io a formas mais consentaneas com aprimitiva doutrina. Com 0 Papa Gregorio VII, tenta-se coi­bir, pelo Concilio de Roma em 1074, os abusos do mercado

Page 64: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

"em vez de repousarem asombra dos claus­tros, na tranqililidade e na meditar;lio, esses Espi­ritos abnegados reconheciam que a melhor ora­r;lio, para Deus, e a do trabalho construtivo, noaperfeir;oamento do mundo e dos corar;i5es" ([1J,Cap. XVlIl).

dos sacramentos e as honras eclesiasticas, que redundam nocaminho para a realizaqao da Concordata de Worms, em1122, com Henrique V, no qual a Igreja reassume a sua inde­pendencia e a regeneraqao de sua disciplina.

A leitura dos Evangelhos inicia movimentos de prega­qoes tidos como heresias pelo Vaticano, destacando-se Pedrode Vaux, homem de neg6cios que tudo lega, em Liao, aospobres, e seus seguidores, os Valdenses, que foram exco­mungados, perseguidos pela Inquisiqao, resistindo, porem,ate a Reforma.

o pretexto de combate as heresias suscita a criaqao doTribunal de Inquisiqao em 1231, com Greg6rio IX, que seconstitui em um dos maiores flagelos que a Humanidadeconheceu, exigindo prontas providencias do Espaqo para arenovaqao educativa.

Aparece 83.0 Francisco de Assis, 'Jm dos maiores ap6s­tolos de Jesus, a instaurar nova corrente reformista, funda­mentada exclusivamente no amor e na humildade e repre­sentada pela ordem dos franciscanos, que chega a congregarmais de duzentos mil rriissionarios. Repeliam eles qualquerauxilio financeiro, alheando-se dos mosteiros, exemplifi­cando que

127Cristianismo (De Jesus a Kardec)

8.7 - As cruzadas

"Na Europa a sua influencia fOiregeneradora, enfraquecendo a tirania dos senho­res feudais e renovando a solw;lio dos problemasda propriedade... Alem disso... intensificaram, so­bremaneira, as relar;i5es do Ocidente com 0 Ori­ente... " ([I], Cap XiX).

Desde Constantino, os lugares santos eram motivo degrande visitaqao permitida pelos fu·abes. Os turcos dominandoJerusalem, no seculo XI, passam a impedi-la aos cristaosque la acolTiam, expulsando-os com a maior crueldade.

Isto gera expediyoes europeias, as cruzadas, em que su­cessos e insucessos se alternam. As ultimas foram dirigidaspor Luis IX, 0 rei da Franqa, que, caindo em poder dos ini­migos, morre de peste, em 1270, defronte a Tunis.

As cruzadas foram aproveitadas pelos "mensageiros deJesus" a fim de estabelecer beneficios de ordem economicae social.

8.8 - As primeiras universidades

No seculo XIII,"sob 0 desvelado concurso do Alto ins­taura-se a monarquia que inicia a oraanizacao da unidade

b ,

politica em sentido mais amplo.

Esbana-se, porem, com a pobreza intelectual impostapelos meios escassos de instruyao. Pergaminhos e livros ti­nham preqos inacessiveis. Ciencia e Filosofia encontravam-

Rino Curti126

Page 65: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

se totalmente escravizadas aTeologia, senhoraabsoluta, compoder de vida e morte sobre as criaturas.

Novo surto de intelectualidade, entretanto, surge com afundayao de universidades, dentre as quais se destacam asde Paris e Bolonha, modelo para as de OXford, Coimbra eSalamanca.

Traduz-se Aristoteles e, contra a resistencia inicial daIgreja, ele passa a ser estudado, dando origem a novo movi­mento filosofico. Em Paris prevalecem os dominicanos; emOxford, os franciscanos.

as franciscanos aceitam 0 procedimento racionalisticode Aristoteles, mas colocam a intuiyao acima da razao, parao conhecimento das coisas divinas, criando nova forma deMisticismo.

as dominicanos aceitam 0 Aristotelismo, cabendo aTomas de Aquino estabelecer acordo entre a Filosofia e aReligiao.

Ha verdades de fe - diz ele - existentes nos textos sa­grados, e verdades de razao, obtidas com a aplicayao da 10­gica de Aristoteles. Sempre que haja contradiyoes, deve pre­va1ecer.a Fe. Baseado na concepyao de alma aristotelica, en­tende que ela e uma substancia angelica, que sobrevive aocorpo, presidindo nele as funyoes intelectuais e as sensiveis.A seguir desenvolve sistema filosofico que se enquadra nosistema da Igreja, a Escolastica, que continua a ser cultivadanas suas Escolas Teologicas, apropriada a estrutura logicados proprios dogmas.

A Igrej a Catolica conserva-se filosoficamentearistotelica e e este 0 ponto que a fara divorciar-se da Cien­cia e da Filosofia renovadas, distanciando-se do conheci-

Com 0 surgimento das universidades, do comercio e 0

crescimento das cidades, renova-se a vida intelectual, da qualBacon, franciscano ingles, e ponto culminante, como inicia­dor da revoluyao do pensamento cientifico e filosofico. Aomesmo tempo,

"inumeros mensageiros de Jesus, sob avincular;iio, iniciam largo trabalho de associar;iiodos Espiritos, de acordo com as tendencias e aji­nidades, a jim de formarem as nar;i5es do futuro,com suapersonalidade... cada uma. .. cometida dedeterminada missiio .

A Inglaterra em 1265 erige a Camara dosComuns onde a burguesia e as classes menosfavorecidas tem a palavra com a Camara dosLordes. A Italia prepara-se para a sua missiio delatinidade. A Alemanha se organiza. A PeninsulaIberica e imensa ojicina de trabalho e a Franr;aensaia os passos dejinitivos para a Sabedoria e abeleza.

...F assim que vamos encontrar antigosfenicios no. Espanha e em Portugal. .. No. antigo.Lutecia (futuro. Paris) ... vamos achar a almaateniense nas suas elevadas indagar;i5es jilos6ji­cas e cientificas, abrindo caminhos claros 0.0 di­reito dos homens e dos povos... No. Prussia, 0 espi­rito belicoso de Esparta... No. Grii-Bretanha, a

128 Rino Curti Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)

mento atual, causa da seria crise de nossos dias.

8.9 - 0 fim da Idade Media

129

Page 66: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

130 Rino Curti Cristionismo (De Jesus 0 Kordec) 131

edilidade romana, com a sua educa,ao e a suaprudencia" ([1J, Cap. XIX).

A formayiio dos Estados nacionais torna-se 0 resultadomais importante da vida politica europeia, dos ultimos secu­los da Idade Media, embora niio sem lutas e guerras amar­gas.

Na Franca, 0 Estado consolida-se com a guerra dos CernAnos, em que se consagra a figura de JoanaD'Arc; na lngla­terra, 0 feudalismo se extingue com a Guerra das Rosas; naAlemanha e na Italia, pela ayiio de Barbarosa.

Com as lutas de Gengis Khan, na unificayiio daMong61ia; de Tamerliio, na formayiio do segundo imperiomongol; e com a queda de Constantinopla, em 1453, quepermaneceria definitivamente em poder dos turcos, terminaa Idade Medieval e desponta nova era para a Humanidade.

A - Bibliografia

1 - Emmanuel- A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita - Vol. III

B - Leituras complemental'es

As dos capitulos das obras citadas no texto.

C - Pergnntas

1 - Como se formam os dogmas cristaos?2 - Qual a importiincia de Agostinho?3 - Como se forma 0 Papado?

4 - Qual a principal reaIizayiio da Patristica?5 - 0 que representa 0 Alcoriio para os islamicos?6 - 0 que e a Escoliistica?7 - 0 que eram as treguas de Deus?8 - Como surgiu 0 Tribunal da Inquisiyiio? 0 que

significava?9 - Como surgiram as Cruzadas? Que proveito de­

las tirou 0 Plano Maior?10 - Qual a importancia de Tomas de Aquino?11 - 0 que assinala 0 fim da Idade Media?

D - Pnitica de renovayao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em prMica 0 cap. 42.

E - Recomendayoes para a anla

Embora a aula e 0 eurso constituam terapeutica espiri­tuaI, ha ocasi5es em que nos sentimos vacilar, enfraquecer.

Recorra ao passe. Nem sempre podemos reerguer-nospor n6s mesmos. Necessitamos do auxilio alheio, como pre­cisamos do socorro medico na enfermidade. 0 passe e meiopelo qual os 'desencarnados oferecern recursos avanyadospara sustentar-nos 0 equilibrio. Mas niio reCOlTa ao passepor qualquer motivo. Niio espere somente pelo auxilio alheio.Utilize, sempre que possa, seus pr6prios recursos, na precee na boa-vontade.

Page 67: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

CAPITULO 9

A RETOMADA DODESENVOLVIMENTO

9.1 - Movimentos reformadores

No inicio do seculo XIII redesponta intenso movimen­to intelectual, do qual se originam as primeiras universida­des.

A vida social se renova, ern conseqiiencia de novas in­venyoes, a ampliayao do conhecimento geogrMico, 0

surgimento da burguesia que cri'a novas riquezas, novas re­layoes sociais e politicas. 0 contato corn os classicos daAntigiiidade, a criayao de novos engenhos para 0 desenvol­vimento das atividades, faz 0 homem voltar-se as conquis­tas que ele ja pode efetuar neste mundo, antes relegadas aodesprezo, na Idade Media.

"Nos albores do seculo XV.. grandes as­sembleias espirituais se reunem nasproximidades

Page 68: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

134 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 135

do Planeta, orientando os movimentos renovado­res que, em virtude das determina,oes do Cristo,deveriam encaminhar 0 mundo para uma novaera Mensageiros devotados reenCarnam noorbe Na Peninsula Iberica... jundam-se escolasde navegadores... Numerosos precursores da Re­forma surgem por toda parte, combatendo os abu­sos de natureza religiosa. Antigos mestres de Ate­nas reencarnam na Ittilia, espalhando nos depar­tamentos da pintura e da escultura as mais belasjaias do genio e do sentimento. A Inglaterra e aFran,a preparam-se para a grande missao demo­crtitica. " ([I), Cap. XA).

Diz Emmanuel queJesus e quem dirige 0 ressurgimen­to das atividades humanas, delineando 0 papel que cada povodevera exercer. Na America deposita suas maiores esperan­yas e para ai encaminharia os espiritos de boa-vontade, sele­cionados, capazes de trabalhar para a paz e a fratemidade,localizando no Norte 0 cerebro da nova Civilizayao; no SuI- no Brasil - , 0 corayao.

"A esses espiritos mais ou menos adianta­dos, aliaram-se numerosas entidades da Europa,cansadas das lutas inglarias de hegemonia e am­bir;flo... originando-se, desse modo, entre ospovosamericanos, c6digos e sentimentos mais aperjei­r;oados" ([1J, Cap. XA).

o homem entende fazer, js. deste mundo, 0 seu reino,residindo nisto 0 germe da filosofia modema. A Escolastica,pouco a pouco, vai sendo ridicularizada, para 0 que contri­buem a renovayao da ciencia, da arle, do pensamento politi­co.

Simultaneamente, um sentimento renovador de volta itpureza evangelica, invade as hostes da Igreja, induzido pe­las atividades reformadoras do Alto. Numerosos missiona­rios, enviados pelo Cristo: Lutero, Calvino, Erasmo,Melanchton e outros vem com 0 objetivo de efetuar 0

renascimento da religiao e a emancipayao da sociedade, daautoridade da Igreja. Visam purificar a fe, propagar uma re­ligiao simples, de piedade pratica, liberta de dogmatismos ede rituais. Impugnam os sacramentos e repudiam a venda deindulgencias para a absolviyao de todos os pecados e cri­mes, como estipulado no Livro das Taxas da Sagrada Chan­celaria e da Sagrada Penitencia Apostolica, criada em 15 I8pelo Papa Leao X.

Contra isto se levantam as pregayoes de Lutero, fradedominicano, e seus companheiros, mas com 0 extremismoda intolerancia; 0 que the impede de estabelecer 0 caminhoideal para as verdades religiosas. Institui 0 principio do livreexame das escrituras, a salvayao pela fe.

Este principio, entretanto, impossivel de ser seguido,pois que a propria Religiao exige estrutura racional, pela for­ma de conhecimento que ela envolve, conduziu adivisaoem varias correntes. Consequentemente gera-se um movi­mento tendente a enquadrar a nova heresia em determinadosesquemas, 0 que Ihe deterrnina nbva Igreja, nova Teologia.

Forrna-se uma Escolastica protestante, que se situa nomesmo plano do oposto dogmatismo.

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136 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 137

9.2 - A contra-reforma

A reayao da Igreja contra a Reforma toma 0 nome deContra-Reforma. Embora os historiadores vejam seu inicionos movimentos reformadores internos que tendem a coibirabusos e vicios, ela se firma e se implanta quando a nayaoalema parecia tornar-se luterana.

E embora nela se tente urna purificayao da Igreja, tam­bern se fortalece a Inquisiyao. Ela atinge 0 seu auge refor­mista no Concilio de Trento, realizado, com intermitencias,entre 1545 e 1563, concilio este em que se reafirmam osdogmas atacados pela Reforma protestante, mantem-se ossacramentos e 0 celibato dos padres.e, entre outras afirma­yoes, estabelece-se a supremacia papal sobre todos os sacer­dotes e prelados, chegando-se a sugerir ate sua superiorida­de em relayao ao concilio. Proibe-se a venda das indulgenci­as, prescreve-se a fundayao de semimirios de Teologia emcada diocese, e instituiu-se 0 index, ou lista de obras quenao deviam ser lidas ([3], Cap. 17).

Eporem com os jesuitas que a Contra-Reforma se im­poe. Constituem eles urna ordem fundada em 1534 por urnfidalgo espanhol, Imicio de Loiola, organizada de formaprevalentemente militar, disposta a divulgar e a defender afe por todos os meios, e tornando-se, com isto, 0 mais efici­ente instrumento da Inquisiyao, na guerra, sem treguas, con­

tra a heresia.

" A 19reja inaugurouperiodo dos mais tris­tes... 0 Tribunal da Inquisi<;ao fez milhares de vi­timas... A Companhia de Jesus nao importavamos meios para atingir os fins imorais a que se pro-

punha, contribuindo para 0 atraso moral em quese encontra 0 homem cientifico atual"([l}, Cap.X\:).

Como consequencia, a cristandade ocidental dividiu-seem seitas hostis. 0 norte da Alemanha e os paisesescandinavos tornaram-se luteranos; a Inglaterra, comHenrique VIII, adotou forma intermediaria; na Esc6cia, Fran­ya e SUiya, implantou-se 0 Calvinismo. Mas, apesar de tudo,houve beneficio: instaurava-se a liberdade religiosa, reno­vando 0 impulso para 0 estudo, do que se originou a cienciabiblica. Alem disso, da margem ao surgimento de movimentoracionalista que submete it critica da razao os dogmas, quepassa a entende-los como interpretayoes doutrinarias sujei­tas it instabilidade.

Nasce assim uma teologia natural que tende a negar 0

carMer divino da revelayao biblica, submetendo-a it luz dacritica, da razao humana.

o principio do livre exame, entretanto, geradiscordilncias que degeneram em guerras religiosas, agrava­das pelas criayoes do Tribunal de Penitencia. Tal situayaoprolongar-se-ia ate 0 seculo XVII, no qual, em 1648, pelotratado de Westphalia, 0 protestantismo consolidaria suasvit6rias.

Mais uma vez, 0 Plano Espiritual busca auferir vanta­gens dos acontecimentos e, destes entrechoques, propicia 0

nascimento da doutrina da tolerilncia e da liberdade religio­sa, urna das maiores conquistas daldade Media.

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9.3 - A nova ciencia e a nova fiIosofia

Aniilogo movimento de renovayao instaura-se na Cien­cia e na Filosofia. A Ciencia estabelece, como criterio deverdade, a constatayao pela observayao e experiencia. Bacon,Kepler e Galilei lanyam as bases da nova metodologia, doque se origina extraordiniirio desenvolvimento, jamais an­tes sequer imaginado.

A Filosofia liberta-se das formas gregas de pensamen­to, embora ainda permaneya muito imbuida da metodologiadogmiitica. Nela instituem-se duas correntes fundamentais:o Empirismo, que coloca 0 fundamento de todo conheci­mento nos sentidos; e 0 Racionalismo; que 0 coloca inteira­mente na razao. Ambas, porem, totalmente distanciadas de

. pressupostos misticos e religiosos.

o Racionalismo comeya com Descartes e se desenvol­ve principalmente com Leibnitz. 0 primeiro, parte da ideiafundamental de que a verdade s6 pode ser construida a partirde intuiyoes, e nao de dogmas. Com isto inaugura epoca emque todo 0 conhecimento e submetido a critica, 0 que deveriiculminar na repressao de abusos, na simplificayao de leis,na annlayao de tudo que nao se justifica perante a razao.Induz a grandes reformas e a revoluyao.

Jii 0 Empirismo contesta 0 ilimitado alcance da razao edos sentidos, restringindo 0 conhecimento a aquisiyao deexperiencias. Postula que todos os homens sao iguais, li­vres, com direitos delimitados pelos direitos dos outros. Distose infere a necessidade de um governo que garanta os direi­tos naturais de cada um, impedindo 0 exercicio daqueles in­compativeis com 0 principio de coexistencia pacifica. Lan-

9.4 - A queda do absohitisIDQ

139Cristianisl710 (De Jesus a Kardec)

ya as bases do Liberalismo. Prega a tolerancia religiosa ([2].Cap. I). .

"A esse tempo a Franr;a ja se encontravapreparadapara 0 cumprimento da sua grande mis­sao... e, sob a injluencia do Plano Invisivel, cria­vam-se os servi90S beneficos da diplomacia... Aoseu lado, a Gra-Bretanha caminhava, apassos lar­gos, para as mais nobres conquistas humanas..

A partir de Vico, a Hist6ria tambem comeca a ser enca­rada por procedimento critico cientifico, que ~ transformaem ciencia, com uma metodologia que busca entrever leisna sucessao dos fatos hist6ricos, a conduzirem a sociedad~humana segundo urn processo de evoluyao.

Emmanuel, em A Caminho da Luz, nao s6 revela estaevoluyao, a processar-se como decorrencia da pr6pria evo­luyao do bomem, mas aponta, inclusive, de acordo comKardec, a intervenyao do Plano Maior, pela qual nao somen­te este desenvolvimento e conduzido por ele, mas e planeja­do de forma que e renovada, modificada, sempre que as co­letividades, por afastamento voluntiirio, a isso 0 obriguem.

E acrescenta 0 informe de que se ao homem e dado usu­fruir do seu livre-arbitrio, com responsabilidade dos pr6pri­os atos, tal principio e estendido as pr6prias coletividades.

De modo que toda causa de sofrimento, originada peloabuso, institui circulo vicioso de reencamac5es e resoatesdolorosos, seja no plano individual, co~o n~ coletivo."

Rino Curti138

Page 71: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Ap6s urn breve reinado da dinastia dos Stuarts, de­sencadeia-se a revolw;ao que termina com a res­taurar;ao do Parlamento e a redar;ao, por ele, da"declarar;ao de direitos" definindo a emancipa­r;ao do povo e limitando os poderes reais", A In­glaterra havia cumprido um dos seus mais nobresdeveres, consolidando as formas do parlamenta­rismo, porque assim todas as classes eram cha­madas acooperar;ao efiscalizar;ao dos governos"([IJ, Cap, XXI),

Ao mesmo tempo 0 Plano Espiritual volta suas vistaspara a America, conduzindo para hi

"os espiritos sinceros e trabalhadores naonecessitados de reencarnar;8es no mundo europeupor existencia de provar;8es expiat6rias", as enti­dades conclamadas a organizar;ao do progressofuturo", Muitas haviam adquirido 0 senso defraternidade e de paz... compreendendo a verda-deira solidariedade na comunidade universal. .. Poresta razao... as organizar;8es politicas do conti­nente se tornaram baluartes de paz e defraternidade para 0 orbe inteiro" ([1J, Cap. XXI).

Contra a entronizayao da raziio insurge-se Rousseau,que the antepoe 0 valor do sentimento. Diz ele que a ciencia,de per si, e incapaz de tomar 0 homem mais feliz.

Enecessario imbui-Ia de sentimento, fundir sabedoriae virtude.

Rousseau toma-se 0 maior inspirador das teses demo­craticas que se propagam com celeridade entre 0 povo can­sado dos abusos do clero e da nobreza, incentivado pela in-

9.5 - Napoleao

141Cristianisrno (De Jesus a Kardec)

dependencia americana. Torna-se 0 pai da Revoluyao Fran­cesa; cujo sucesso e simbolizado na queda daBastilha, a 14de julho de 1789.

A Franya, ao inves de limitar-se a

"aproveitar as conquistas democraticas or­ganizando novo processo administrativo na reno­var;ao dos organismos politicos do orbe, segundoas lir;8es de seus fil6sofos e pensadores ", deixa-seenvolver por espiritos tenebrosos que hao de con­duzi-la a viver dolorosos acontecimentos e aenreda-la empenosos compromissos e a atrairparasi "dolorosas provar;8es coletivas" ([1], Cap.XXII).

Ameayada por outros povos, parte pelos crimes que viacometerem-se, parte pelas ideias de liberalismo que se de­senvolviam, a Franya recebe Napoleao, cuja missao era aorganizayao social do seculo XIX.

Napoleao, entretanto, nao compreendeu a missao e,embora sob sua egide,

"no cumprimento de sua tarefa, organiza­va-se 0 C6digo Civil, estabelecendo as mais belasf6rmulas do direito ", simultaneamente, "difundi­am-se apilhagem e 0 insulto asagrada emancipa­r;ao de outros", compelindo "0 mundo espiritual atomar energicas providencias contra 0 seu despo­tismo e vaidade orgulhosa" ([IJ, Cap. XXII).

Rino Curti140

Page 72: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

142 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) ]43

9.6 - 0 evolucionismo

Eneste momento que 0 conhecimento ha de alcanyaruma de suas maiores conquistas: a ideia de evoluyao. Vico,na ItaJia, funda 0 historicismo, segundo 0 qual ha de se porem evidencia, nos fatos historicos, a presenya de leiSevolutivas. Herda, na Alemanha, com a provocayao de grandeescandalo, afirma a evoluyao das religioes. Na Biologia, comLamark inicia-se 0 desenvolvimento cientifico da evoluyaoorganic~, preparando, para Daffi1n, as bases de desenvolvi­mento da teoria da evoluyao das especies, hoje refundida evitoriosa no neo-evolucionismo.

9.7 - Allan Kardec

Simultaneamente, a Filosofia estabelece novo marcocom Kant, distanciando-se definitivamente da forma grega,na edificacao do Idealismo, enquanto a Ciencia desfechavoos ate e~tao insuspeitados.

Nova etapa evolutiva se demarca para a humanidade,novos valores educativos haveriam de propagar-se no mun­do para a manutenyao das conquistas que se apresentavamem todos os campos da atividade humana.

"Aproximavam-se os tempos em que Jesusdeveria enviar ao mundo 0 ConsoladOl; de acordocom as suas auspiciosas promessas. Assembleiasnumerosas se reunem e se confraternizam nos es­pac;os, nas esferas mais proximas da Terra. Umdos mais lucidos discipulos do Cristo baixa ao Pla-

neta, compenetrado de sua missiio consoladora, ..nascia Allan Kardec aos 3 de outubro de 1804,com a sagrada missiio de abrir caminho 'ao Espi­ritismo, a grande voz do Consoladorprometido aomundo pela misericordia de Jesus Cristo" ([Il,Cap XXII).

E0 seculo XIX que se caracteriza por inumeras con­quistas. Cai 0 absolutismo com a implantayao de principiosliberais, tais como a igualdade dos cidadaos perante a lei, aliberdade de cultos e um regime de responsabilidade indivi­dual no mecanismo de todos os departamentos do Estado. Apropria Igreja e 0 brigada a reconhecer a limitayao de seuspoderes.

A maioria dos povos encaminha-se para a implantayaode regimes republicanos, principalmente nas Americas, emque seus Estados conquistam a independencia.

Acompanhavam Kardec uma pleiade de companheiros,colaboradores que haviam de exercer ayao regeneradora emtodos os departamentos da atividade intelectual: na arte ti­pografica, na confecyao de revistas e jomais; nas comunica­coes com 0 teJegrafo e as vias ferreas; no desenvolvimento" ~

da elctricidade, do eletromagnetismo; nas artes, na pintura,na musica' em todas as atividades, enfim., ,

Atento amissao de concordia e fraternidade da Ameri­ca, 0 Plano Invisivellocalizou ai as primeiras manifestayoestangiveis do mundo espirituaL no famoso lugarejo deHydesville, provocando os mais largos movimentos de opi­niao.

Enquanto isso, as ciencias da alma desvencilham-se dadogmatica da Igreja. A Franya envereda pelas dolorosas pro-

Page 73: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

vas conseqiientes de seus excessos na Revoluyao e nas cam­panhas napoleonicas, e a Igreja decreta definitivamente 0

inicio de sua maior crise, com a declarayao da infalibilidadedo papa, em 1870.

10- Quem e 0 Consolador?11 - 0 que significa 0 dogma da infalibilidade do

papa, para a Igreja?

144 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 145

A - Bibliografia

1- Emmanuel- A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita - T3, Vol. I3 - Eward McNall Burns - Historia da Civilizac;!J.o

Ocidental - 2 Vois.

B - LeitUiras complementar.es

As dos capitulos citados no texto.

C - Perguntas

1- Qual 0 germe da Filosofia Modema?2 - Em que consistem os movimentos renovadores

da Igreja?3 - Qual a importfulcia de Lutero?4 - 0 que e a Contra-Reforma?5 - Qual 0 papel do Jesuitismo, na Contra-Refor­

rna?6 - Quais as caracteristicas essenciais da nova Ci­

encia e da nova Filosofia?7 - 0 que e 0 historicismo?8 - 0 que representa a America, nesta fase da hu­

manidade?9 - Como surge a ideia de evoluc;:ao?

D - Pnitica de renova~ao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por empratica 0 cap. 43.

E - Recomenda~oes para a aula

o Espiritismo nao e uma religiao no sentido ritualisticoe litlirgico. Ela 0 e no sentido que estuda as coisas relaciona­das ao Espirito, suas leis e as conseqiiencias de ordem moralque dela derivam, no relacionamento que une a criatura aDeus.

Hi culto, porem, a simplicidade, a verdade, as virtudes,aos valores intimos da criatura, nosmoldes estabelecidospelo Evangelho. Cultue-o quanto possa. Nisso residem osfatores do seu desenvolvimento.

Page 74: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

CAPITULO 10

GRANDES TRANSI<;OES

10.1 - 0 Espiritismo

o seculo XIX caracteriza-se por grandes transforma­yoes.

A Ciencia derruba definitivamente toda formadogmMica em suas edificayoes. 0 que se havia iniciado coma Fisica, completa-se, hoje, por ultimo, com as ciencias hu­manas: a Psicologia, a Sociologia, a Economia, etc....

A Filosofia, ap6s novos egrandes esforyos para cons­truir 0 conhecimento em sentido absoluto, de toda a realida­de, ve suas tentativas frustradas e os sistemasfilos6ficoscairem em descredito.

A situayao inverteu-se. As ciencias que, antes de GaIileu,eram ramos da Filosofia, tornam-se 0 centro da cultura, 0

ponto iniciaI de toda e qualquer investigayao, e a Filosofia,hoje, nao pode reaIizar suas perquiriyoes, senao na forma de

Page 75: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

problemas sistematicos, a ela vinculados, e sobre os dadospor ela oferecidos.

Os sistemas religiosos, por sua vez, que nao podemdeixar de estar entrosados, fundidos com 0 conhecimentoem geral, tem que assimilar conceitos filos6ficos em reno­va<;ao, com seu suporte cientifico. De filosofia e religiao quesao, tem que transformar-se em ciencia, filosofia e religiao.

E este e 0 papel de Kardec. "Sua tarefa", diz Emmanuel,em ([I], Cap. XXIII), era

"reorganizar 0 edificio desmoronado dacrem;:a reconduzindo a civilizar;ao as suas profun­das bases religiosas... 0 orbe, com as suas insti­tuir;i5es sociais e politicas, havia atingido urn peri­odo de grandes transformar;i5es, que requeriammais de urn seculo de lutas dolorosas e remissoras,e 0 Espiritismo seria a essencia dessas conquistas

_novas, reconduzindo os corar;i5es ao Evangelhosuave do Cristianismo ".

Ao mesmo tempo "...vinha ...na hora psicol6gica dasgrandes transforma<;oes, alentando 0 espirito humano paraque nao se perdesse 0 fruto sagrado de quantos trabalharame sof,eram no esfor<;o penoso da civiliza<;ao... Com as pro­vas da sobrevivencia, vinha reabilitar 0 Cristianismo... se­meando de novo os etemos ensinamentos do Cristo no cora­<;ao dos homens... Com as verdades da reencama<;ao... vemconcluir que a Unica renova<;ao apreciavel e a do homemintimo... pugnando pela intensifica<;ao dos movimentoseducativos da criatura, Ii luz etema do Evangelho do Cns­to..." ([I], Cap. XXIV).

Tomando "a evolu<;ao como seu Unico campo de ativi-

10.2 - 0 Espiritismo como Cieucia

o Espiritismo, estabelecido em seus principios basicospelos Espiritos e codificado por Kardec, tern sua estrutura

149Cristianismo (De Jesus a Kardec)

dade e de experiencia... ensina a fraternidade legitima doshomens e das patrias, das familias e dos grupos... e prosse­gue... a sua obra educativa, junto das classes intelectuais edas massas anonimas e sofredoras, preparando 0 mundo deamanha com as luzes imorredouras da li<;ao do Cristo... paraas ...numerosas transforma<;oes que sao aguardadas... e paraa permanencia dos homens, na Terra, que puderam compre­ender a li<;ao do amor e da fraternidade, sob a egide de Je­sus".

Enfim, 0 Espiritismo e esta nova revela<;ao que vemreestruturar os alicerces da cren<;a, a primeira doutrina reli­giosa a instituir-se com fundamentos cientificos, como Ci­encia, Filosofia e Religiao, evolutiva, tal como a codificouAllan Kardec. Eevolutiva nao no sentido da reformula<;aode seus principios basicos, de seu metodo de desenvolvi­mento, mas no sentido da elabora<;ao de suas conseqtienciasque deles se podem obter para a solu<;ao dos problemas davida. Uma revela<;ao que se refere as leis que governam 0Espirito e que por isso assume 0 carater de revela<;ao cienti­fica. Indicada aos homens pelo Plano Maior, mas confiadaao seu discernimento para que a elabore e a coloque a servi­<;0 dos homens. Para que redefina os caminhos da educa<;ao,as normas de convivencia, as sendas do aprendizado, as re­gras do comportamento, a supressao dos vicios, da ignonJ.n­cia, das deficiencias que aviltam 0 ser humano.

Rino Curti148

Page 76: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

ISO Rino Curti CristianiSl710 (De Jesus a Kardec) lSI

fundamentada na afirmayao da existencia de tres principiosfundamentais: Deus, 0 principio das causas; 0 espirito, ou 0

principio inteligente, ativo; a materia, 0 principio passivo;estes dois ultimos subordinados ao primeiro, na afirmayaode que, para ambos, vale a lei de causa e efeito, sem que, noatual estigio, possamos entrever qualquer elo de dependen­cia, entre eles, que tenha sido revelado pelos fatos ([2], Ca­pitulos 1,2 e 3 - Livro 1).

Materia e Espirito obedecem a leis distintas. Uma dasdificuldades que se teve em conhecer as segundas, foi desupor que tudo seria governado pelas primeiras, fato estereconhecido inveridico, hoje, mesmo pela Parapsicologia.Por esta se afirma que as lei~ fisicas nao somente nao expli­cam os fen6menos psiquicos; mas, por elas, estes seriamabsolutamente impossiveis. Alias, Kardec ja afirmava isto,antes, em ([3], Cap. 1 ao 16), dizendo:

- "0 Espiritismo e a Cienda se completamreciprocamente; a Ciencia, sem 0 Espiritismo, seacha na impossibilidade de explicar certos feno­menos s6 pelas leis da materia; ao Espiritismo,sem a Cienda, faltariam apoio e comprovac;iio".E ainda explica-se, no mesmo numero, que "0 es­tudo das leis da materia tinha que preceder 0 daespiritualidade, porque a materia e que primeirofere os sentidos. Se 0 Espiritismotivesse vindo an­tes, teria abortado, como tudo quanta surge antesdo tempo ".

10.3 - 0 Espiritismo eevolutivo

Embora 0 Espiritismo so pudesse iniciar-se apos 0 es­tudo das leis da materia, este estudo sofreu profundas altera­yoes e extraordinario desenvolvimento nos ultimos 100 anosisto e, apos Kardec. 0 Eletromagnetismo, a Eletr6nica, ~Relatividade, a Fisica Quiintica, a Fisica Nuclear, a FisicaEstatistica, a Quimico-Fisica, a moderna Astrofisica sao to­das conquistas do nosso seculo e constituem hoje, pratica­mente, todo 0 acervo de conhecimentos acerca da estruturada materia e suas leis, inexistentes na epoca de Kardec e quenao pode ser desconhecido hoje em toda e qualquer exposi­yaO acerca da mediunidade e de seus fatos.

Alem disso, nao somente as ciencias fisicas se desen­volveram enormemente, mas todas elas e a propria Filoso­fia. A codificayao est! desenvolvida nas ciencias e na filo­sofia daquele tempo, sem que nos, os homens, tenhamoscontribuido significativamente para as remodelayoes que asnovas conquistas exigiam.

Os Espiritos tomaram a si este encargo, por meio dacomunicayao mediunica, da Revelayao, especialmente atra­yes dessa esplendorosa mediunidade de Chico Xavier. AndreLuiz, Emmanuel e outros Espiritos de elevada posiyao espi­ritual sao os que se dispuseram a este trabalho de atualiza­yaO, ampliando a Doutrina, atualizando-a em relacao aosconhecimentos de hoje, fortalecendo-lhe e valoriz~do-lhea linha kardecista e em obediencia a designios de ordem su­penor.

No que concerne it mediunidade, a tarefa e principal­mente realizada por Andre Luiz, nas suas obras, pontifican-

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152 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 153

do em Mecanismos d£I Mediunidade onde, pelaprimeira vez,esboya uma teoria dos fenomenos mediUnicos e nao somen­te urna descriyao e urna c1assificayao, como nos dos outrosautares. Baseado nos conhecimentos atuais acerca da estru­tura da materia, e ele que, hoje, orienta a compreensao, paranalogia, sobre modelos construidos com os dados da cien­cia contemporiinea a que se somam detalhes e informayoesexpostos em seus outros livros, com 0 fim de facilitar 0 en­tendimento e a introduyao no desenvolvimento do conheci­mento te6rico da mediunidade, it luz da Doutrina, que noscabe desenvolver. Alias, isto, dentro do principio estabele­cido por Kardec, em ([3], Cap. 1, n° 13), em que diz:

"Numa palavra, 0 que caracteriza a reve­lar;iio espirita, e 0 ser divina a 'sua origem e dainiciativa dos Espiritos, sendo a sua elaborar;iiofruto do trabalho do homem ".

Eo que se passanas ciencias: Galileu, Newton, Einstein,pontificam no estabelecimento de novos caminhos e novosprincipios. Espiritos de porte menor continuam-Ihes a tare­fa, completando a estrutura te6rica nos seus aspectos meno­res, mas igualmente necessarios, que completam a edificayao.

Da mesma maneira que 0 progresso, nas ciencias, sefaz nao s6 com 0 labor de genios, mas tambem com as con­tribuiyoes de Espiritos de menor envergadura, assim a Dou­trina Espirita, evolutiva que e, requer para 0 seu desenvolvi­mento a participayao de tarefeiros dos mais diferentes tipose diversos graus evolutivos.

Alias, isto e 0 que Kardec afirma em ([3], Cap. 1, n° 48em diante). AJem de afirmar que 0 ensino dos espiritos foidado simultaneamente em diversos pontos, afirma textual-

mente no n° 52:

"... Convem notar que em parte alguma 0

ensino espirita joi dado integralmente; ' .. os espi­ritos dividiram 0 trabalho, disseminando os assun­tos de estudo e observar;iio... " E ainda, no nO55: _"Um ultimo cadller da revelar;ao espirita, a res­saltar das condir;i5es mesmas em que ela se pro­duz, e que, apoiando-se em jatos, tem que sel; eniio pode deixar de ser, essencialmente progressi­va, como todas as ciencias de observar;iio ",

E no nO 58: - "Mas, nem so os Espiritossuperiores se mani[estam;jazem-no igualmente osde todas as categorias... Todos os espiritos." qual­quer que seja 0 grau de elevar;iio em que se encon­tram, alguma coisa nos ensinam, cabe-nos, porem,a nos.. , discernir 0 que hti de bom ou de mau noque nos digam, e tirar, do ensino que nos deem, 0

proveito possivel".

10.4 - 0 principio material.

A materia, como principio, algo de estavel, permanen­te, sustentaculo de tudo que existe, foi suposta existente desdeos tempos imemoriais. A Mitologia, alias, supoe que houveurn comeyo no qual ela era s6 0 que existia, da qual tudo ter­se-ia originado: a terra, 0 ceu, as coisas, os deuses, os ho­mens. MeSillO quando 0 conhecimento busca fundar-se emideias totalmente afastadas das concepcoes mitol6o-icas a

, "',nOyao de algo que seja 0 fundamento de todas as coisas sem-pre persistiu, embora tenha tido, ao longo do tempo, dife-

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154 Rina Curti Cristianisma (De Jesus a Kardec) 155

rentes formas de concepyao.

Tales sup5e que tudo e derivado da agua; Anaximenes,em luaar da agua fala de um fluido com a consistencia de" ~,

um sopro: algo como 0 ar;ja Heraelito diz que 0 sustentacu-10 de tudo tem, como substancias primordiais, a terra, a agua,oar, 0 fogo, em permanente transformayao: 0 fogo condensa­se em ar; este em agua, que, por sua vez, muda em terra, daqual, por rarefay5es sucessivas, se reproduzem a agua, 0 ar eo fogo, em cielo fechado.

Para Pitagoras ha um principio ordenador que faz ascoisas segundo as leis da matematica a partir de um fogocentral, por condensayao, no espayo e no tempo, por leisidenticas as que govemam os numeros e as formas. Dai atri­buir ele aos nlimeros qualidades, viitudes, valores que seperdem no simbolismo e vao alimentar, ao lange dos secu­los, as formas esotericas das ciencias ocultas.

Ja Parmenides faz deste principio algo mais abstrato, aque denomina substancia. Iniciando 0 pensamento logico,conelui que ela e linica, imovel, eterna, imutavel, infinita,sem identifica-la com qualquer substancia conhecida.

Contra esta concepyao op5e-se a escola heraclitiana, poisa tese parmenidica nao explica 0 movimento.

Frente a este debate, surge a concepyao de Democrito,que sup5e ser a base de tudo uma substancia linica primor­dial dividida em Momos, a ultima unidade a ser considerada.A estes e que atribui as propriedades consideradas porParmenides a substancia: eles e que seriam simples,incorruptiveis, nao gerados e etemos; invisiveis, dotados demovimento incessante, existindo, entre eles, 0 vazio. Paraos atomistas haveria diferentes especies de Momos que, reu-

nindo-se em combinayoes diferentes, dariam origem a infi­nita variedade das coisas ([4J, Cap. XX a XXI, T2, V2).

Apesar da analogia existente entre as antigas e moder­nas ideias, elas nao guardam qualquer relayao entre si. Ateoria at6mica atual e baseada em um grande numero de fa­tos experimentais de natureza fisico-quimica, desconheci­dos dos antigos. Alem disto, 0 atomismo grego e um siste­ma filosofico, nao uma teoria cientifica; e materialista, por­que cOl1sidera a propria alma constituida destes mesmos Mo­mos. Na fisica atual nao ha qualquer implicayao de carMeranimico. Finalmente, 0 Momo, tal qual e concebido hoje,nao e nem uno nem indivisivel, mas constituido de v<lriasparticulas.

Cabera ao seculo XIX lanyar as bases experimentais dateoria at6mica da materia, que tomara forma definitiva so­mente na segunda metade do seculo e no inicio do seculoXX.

A - Bibliografia

1 - Emmanuel - A Caminho da Luz2 - Allan Kardec - 0 Livro dos Espiritos3 - Allan Kardec - A Genese4 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita

B - LeitUiras complementares

Os capitulos das obras citadas no texto.

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156 Rino Curti

c ~ Perguntas

I - Qual 0 papel de Kardec, na epoca das grandestransfonnaq5es iniciadas no seculo XIX?

2 - Qual 0 papel do Espiritismo?3 - 0 que se entende por carMer evolutivo da Dou­

trina?4 - Qual a relaqao que existe entre as leis que go­

vemam 0 espirito e a materia?5 - 0 que representa Chico Xavier, hoje?6 - Qual 0 papel do homem, na edificaqao da Dou­

trina Espirita?7 - Explique 0 atomismo grego.8 - Qual a diferenqa entre 0 atomismo antigo e 0

atomismo modemo?

CAPITULO 11

MATERIA E FLUIDOS

11.1 - A teoria atomica

D - Pnitica de renova.;ao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e p6r em prMica 0 cap. 44.

E - Recomenda.;oes para a aula

A boa vibraqao e a condiqao primeira do sucesso dotrabalho. Eela que favorece a boa compreensao dos assun­tos, 0 atendimento as nossas necessidades, a cooperaqao entreos dois pIanos, as condiq5es favoraveis ao medium para acomunicaqao.

Por isto ha que manter-se em posiqao respeitosa. Nadade vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas. Nem ventilar as­suntos alheios aedificaqao propria, ou suscitadores de ima­gens menos edificantes.

As concep~;5es acerca da atomicidade da materia, fun­damentada nos fatos, tem origem com a descoberta das leisfundamentais da Quimica que, alem de definir os Momos,lhes determinam os pesos.

. A teoria corpuscular da materia foi estabelecida, pri­melro, no estudo dos gases. E foi neste estudo que 0 calor,antes entendido uma substancia; um fluido - 0 cal6rico _foi explicado a partir do movimento e do choque de molecu­las, cuja agitaqao se propaga em forma de radiaqao, na se­gunda metade do seculo XIX. A transfonnaqao do calor emtrabalho deu origem a noqao de energia e 0 proprio calorpassou a ser considerado uma de suas formas.

Aos fen6menos eletricos, entretanto, no fim do seculoXIX, caberia esclarecer melhor a natureza do Momo que,

Page 80: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

com as sucessivas descobertas, passou a ser concebido comourn sistema de varias particulas, sujeitas a leis novas. Verifi­cou-se que as leis da fisica, da mecilnica e da eletrologia,obtidas sobre corpos de dimens5es ordinarias, milh5es devezes maiores que os ,Homos nao eram validas para elas ­estavam sujeitas a outras leis, antes desconhecidas, cujo es­tudo passou a constituir a fisica quilntica.

Da mesma maneira toda representayao do ,Homo pormodelos fisicos ou geometricos, de dimens5es distinguiveispelos nossos sentidos, nao traz anossa intuicao estes novosaspectos. De modo que todo modelo deste tipo deve serconsiderado apenas urn recurso sobre 0 qual se pode apoi­ar a INTlJl<;:AO a fim de facilitar a compreensao, e naourna imagem ampliada do alomo real.

Assim, por exemplo, quando dizemos que 0 atomo seassemelha a urn sistema planetario com urn nueleo, ao redordo qual giram, em orbitas definidas, eletrons, nao entende­mos dizer que assim e 0 atomo descrito pela fisica quilntica;mas entendemos oferecer urn modelo suficiente para expli­car urn certo numero de fatos, os que, em geral, sao apresen­tados adivulgayao, fora do ambito dos especialistas.

Pois bern, as radiayoes foram atribuidas aos movimen­tos dos alomos; 0 calor, ao movimento das moleculas ou dosatomos inteiros; a luz, aos movimentos dos eletrons, de umaorbita a outra aos saltos. Com base no nosso modelo, pode­riamos explicar 0 fen6meno da seguinte maneira: os eletronsse movem sobre orbitas perfeitamente definidas, podendomudar de uma a outra, aos saltos.

Quando urn eletron salta de urna orbita a outra maisinterna, libera quantos de energia, ou granulos que, no caso

159Cristianisl710 (De Jesus a Kardec)

da luz, sao denominados fot6nios, os quais se propaaam commOVlmento ondulatorio; seu comprimento de onda"'dependedo salto.

Outras radiayoes, de comprimento de onda bern menorpartem do nueleo do alomo, constituindo os fen6menos ra~dloatlvos, sobre os quais esta erigido todo 0 estudo da radio­atividade.

Toda materia passa a ser explicada em termos de parti­culas, ondas e radlay5es.

Surge a pergunta de como seria 0 meio fisico atraves doqual as radiayoes se propagam, meio este que, suposto exis­tente, fOl denommado eter. Tal meio nao foi determinado. Ao_bten.?ao de urn modelo fisico, apto a representa-Io, e ques­tao nao resolvlda ate hoje. Supoe-se que, tal como as leisque regem as particulas diferem das leis elassicas, este meiotambem, tera propriedades distintas das propriedades meca~mcas conhecidas.

11.2 - Os diversos fluidos

Os Espiritos, atraves de Allan Kardec e Andre Luizjustificam este fato dizendo que a materia, como principi~fundamental, na constituiyao dos corpos, se apresenta emdlferentes estados de condensayao, a nos inacessiveis.

Diz Kardec ([lJ, Cap. XIV, n° 2): "0 fluidocosmico universal e, como ja joi demonstrado amateria elementarprimitiva, cujas modificar;i5e~ etransjormar;i5es constituem a inwneravel varieda­de dos corpos da natureza". E. no nO 3' ". . ... suas

Rino Cu~ti158

Page 81: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

11.3 - Materia mental

modificar;oes constituem fluidos distintos que,embora procedentes do mesmo principia, sao do­tados de propriedades especiais e dao fen6menospeculiares ao mundo invisivel ".

Isto posto, nestas diferentes fonnas de condensayao,haveria tambem fenomenos caracteristicos, cujas leis tam­bem seriam a elas relativas. Isto e, da mesma fonna que nafisica da particuIa ha fenomenos e leis nao constataveis nafisica dos corpos, da mesma maneira, nos fluidos a nos ina­cessiveis, tambem se manifestam fenomenos e leis nao exis­tentes na fisica dos corpos e das particulas.

160 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec)

fluido cosmico universal, sao, a bem dizer, a at­mosfera dos Pianos Espirituais; 0 elemento dondeeles tiram os materiais sobre que operam; 0 meio...;finalmente, 0 veiculo do pensamento, como 0 ar Iido sam II.

E, ainda, no n° 15:

- "Sendo osfluidos 0 veiculo do pensamen­to, este atua sobre os fluidos como 0 som sobre 0

ar; eles nos trazem 0 pensamento como 0 ar nostraz 0 som. Pode-se, pOis, dizer, sem receio de er­rar, que hil, nessesfluidos, ondas e raios de pensa­mentos que se cruzam sem se confundir, como hilno ar as ondas e raios sonoros ".

161

Andre Luiz, em [2], explica 0 pensamento como fluidocosmico absorvido pela mente e tornado radiante pela ener­gia que 0 Espirito Ihe infunde atraves das ideias que cultiva.Suas radiacoes se propagam alem de nos, depois de ter esta­belecido ~ua influencia na nossa organizayao fisiopsi­cossomMica. 0 fluido cosmico, assim excitado, recebe adenominayao de "materia mental" ([2], Cap. IV), e suasradiayoes tem poder indutivo em outras mentes, reproduzin­do nelas 0 mesmo teor de ideias que 0 excitaram, do mesmomodo que a onda eletromagnetica que se irradia de uma es­tayao transmissora de televisao tem seus sons e Imagens

reproduzidas num receptor.

Eo que Kardec tambem diz em ([1], Cap. XIV, n° 13):

"Os fluidos espirituais (os fluidos do Pla­no Espiritual) que constituem um dos estados do

Para a materia mental, diz Andre Luiz em ([2], Cap.IV), devemos imaginaruma estrutura corpuscular, semelhan­te a da materia fisica, com Momos e particulas diversas,embora, em fi.myao do seu estado de condensayao, apresenteaspectos para nos desconhecidos e leis nao verificadas nes­tao

Portanto, para ela, podemos falar de Momos, nucleos,protons, eletrons, etc....

1l.4-A aura

Em ([3], Cap. XIII), Andre Luiz explica 0 pensamen­to como um processo mental em que a mente absorve fluidocosmico e emite materia mental, em processo vitalista, se­melhante ao da respirayao

Page 82: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Diz ele, ainda:

E continua dizendo:

"Ai temos... a aura humana, peculiar a cadaindividuo... valendo por espelho sensivel em quetodas as ideias se evidenciam, plasmando telas vi­vas, quando perduram em vigor e semelhan9a,

163Cristianismo (De Jesus a Kardec)

como no cinemat6grafo comum.

Fotosfera psiquica... retratando-nos todosos pensamentos em cores e imagens que nos res­pondem aos objetivos e escolhas, enobrecedoresou deprimentes ".

Alias, hoje, pela fotografia Kirlian, na Parapsicologia,ja se constata 0 aspecto da aura na dependencia de fatoresintimos,

"cuja cor e consistencia dependem de do­en9a, em09iio, estados de espirito, pensamentos,cansa90 e outros fatores de carater emocional"([4], Cap. 17).

Pelo fato de a aura expor em cores e imagens verdadei­ras telas vivas que nos exibem os estados mais intimos a qu<,;nos entregamos, os Espiritos mais evoluidos, responsaveispela atribuiyao de tarefas as pessoas, podem examina-Ias porconcentrayao e avaliar-nos.

11.5 - Somos avaliados pela aura

Andre Luiz, em ([5], Cap.II) fala do psicoscopio urnaparelho destinado

"21 ausculta9fio da alma, com 0 poder dedefinir-lhe as vibra90es e com a capacidade paraefetuar diversas observa90es em torno da materia(..) Analisando a psicoscopia de uma personali­dade ou de uma equipe de trabalhadores, Ii possi­vel anotar-lhes aspossibilidades e categorizar-lhesa situa9iio. Segundo as radia90es que projetam,

Rino Curti162

"Fotosfera psiquica, entretecida em ele­mentos dindmicos, atende a cromatica variada, se­gundo a qual a onda mental que emitimos, retra­tando-nos todos os pensamentos em cores e ima­gens que nos respondem aos objetivos e escolhas,enobrecedores ou deprimentes".

"- .. absorvendo energia e transubstancian­do-a sob a pr6pria responsabilidade para influen­ciar na Cria9fio, a partir de si mesma... ".

Da mesma forma que urna corrente eletrica excita urnfilamento, irradiando lliZ, assim, a mente, no processo depensar, arroja a materia mental no meio circundante, comcaracteristicas que the foram imprimidas pela natureza dospensamentos com que se houve, espraiando-se ao redor dosindividuos, com qualidades de irradiayao, qual halo de urnachama ao redor de si mesma.

Segundo Andre Luiz ([3], Cap. XVII), todos os seresvivos, desde a celula, emitem radiayoes revestindo-se de urnhalo energetico. No homem, tais projeyoes

"...modelam-lhe 0 corpo vital ou duploeterico... duplicata mais ou menos radiante da cri­atura _._ 'J.

Page 83: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

164 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 165

planejamos a obra que podem realizar no tempo ...A moralidade, 0 sentimento, a educm;do e 0 cara­ter sdo claramente perceptiveis, atraves de ligeirainspeqdo ".

Isto e, da mesma maneira que se nos revelam os ele­mentos contidos em um corpo celeste, analisando-lhe as ra­dia<;oes pela espectroscopia, as radia<;oes que emitimos pelamente ao pensar revelam nossas possibilidades.

A emissao de materia mental, com caracteristicas de­pendentes da natureza de pensamentos que a mentecultiva,faz com que se estabeleya, para cada pessoa, atmosfera mentaltipica e caracteristica, criadora de zonas ou regioes de influ­encia tipica que se irradia e induz, em outras mentes que selhe sintonizam, a mesma ordem de id(\ias e de pensamentos.

Diz Andre Luiz em ([2], Cap. IV):

- "Emitindo uma ideia, passamos a refletiras que se the assemelham, ideia essa quepara logose corporifica, com intensidade correspondente anossa insistencia em sustenta-la, mantendo-nosassim espontaneamente em comunicaqdo com to­dos os que nos esposem 0 modo de sentir ".

Em ([5], Cap.II) Andre Luiz narra sobre um gropo depessoas comuns mas voltadas para os ideais superiores, bus­cando 0 aprimoramento intimo na pnitica do bem e no estu­do nobremente conduzido. Descreve ainda como, pelapsicoscopia, os espiritos capacitados observam as projeyoesde seus raios mentais, em via de sublimayao e como, do alto,assimilam correntes superiores que lhes fortalecem e ampli­am as qualidades do espirito.

Diferentemente, mentes desequilibradas emitem mate-

ria mental causadora de influencia prejudicial. Em ([6], Cap.40), Andre Luiz cita zonas de materia mental inferior queconstituem nuvens de bacterias variadas. Assim como umenfermo expele bafo contagiante, assim a mente enfermi<;aexpele forma<;oes amea<;adoras do equilibrio mental. E afir­rna:

- "Somente os homens de mentalidade po­sitiva, na esfera da espiritualidade superior, con­seguem sobrepor-se as influencias multiplas denatureza menos digna... Se temos nuvens de bac­terias produzidas pelo corpo doente, temos a nll­vem de larvas mentaisprodllzidaspela mente en­(erma em identidade de circunstancias... na esferadas criaturas desprevenidas de recursos espiritu­ais, tanto adoecem corpos, como almas ".

Desta forma, grupos ou certas pessoas, mesmo seengajadas em tarefas de programa elevado, podem cair emdesequilibrio e compromete-lo. Neste caso - perguntaAndreLuiz -, em virtude da psicoscopia que pode revelar a tempoessa mudan<;a de disposi<;oes, como procede 0 Plano Espiri­tual?

E-Ihe respondido que se esse e apeilas um problema deminoria, entao ela pouco a pouco, por ausencia de afinidade,termina por afastar-seda maioria empenhada na extensaodo bem. Caso contnirio tornando-se a maioria compro­missada com 0 mal, nao se estabelece nenhuma condi<;ao decerceamento de ayao, denuncia ou persegui<;ao. A semeadu­ra e livre, mas a colheita e obrigat6ria. Por ela, a vida seencarrega de colocar cada um no lugar que the compete, en­tregando-o "as forjas renovadoras do tempo e da prova­r;fio ".

Page 84: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

D - Pratica de renoval;iio intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 45.

Parte praticaa - Projetar slides mostrando a existencia da aura,

a varia<;ao do tamanho e das cores, em funcaodas disposi<;5es intimas. '

b - Reunir alguns mediullS desenvolvidos videntes

1 - 0 que e principio material? Podemos nos terconhecimento dele? Explique.

2 - 0 que sao fluidos espirituais?3 - 0 que e materia mental?4-0 que e aura?5 - Qual a dependencia da aura de fatores intimos?6 - Como os espiritos podem avaliar-nos as dispo-

si<;5es intimas?7 - Como, pelo pensamento, influenciamos e somos

influenciados?8 - Pesquisa: Medite nesta frase:

"... na esfera das criaturas desprevenidas de re­cursos espirituais, tanto adoecem cO/pos comoalmas" (Releia os Cap. 9 e 10 do Espiritismo eEvolu<;ao de Rino Curti e procure ampliar asnOyoes envolvidas recorrendo a literatura es­pirita).

167Cristianismo (De Jesus a Kardec)

C - Perguntas

Rino Curti

Em ([2], Cap. IV) diz:

"E nessa projeyiio de foryas, a determina­rem 0 compulsorio intercdmbio com todas as men­tes encarnadas ou desencarnadas que se nos mo­vimenta 0 Espirito no mundo das formas-pensa­mento, construyoes substanciais na esfera da alma,que nos liberam 0 passo ou no-Io escravizam, napauta do bem ou do mal de nossa escolha. Issoacontece porque, amaneira do homem que cons­troi estradas para a sua propria expansiio ou quetalha algemaspara si mesmo, a mente de cada um,pelas correntes de materia mental que exterioriza,eleva-se a gradativa libertayiio no rumo dos Pla­nos Superiores ou estaciona nospIanos inferiores,como quem traya vasto labirinto aospropriospes ".

1 - Allan Kardec - A Genese2 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade3 - Andre Luiz - Evoluyiio em Dois Mundos4 - Sheila Ostrander e Lynn Schroeder - Experien­

cias Psiquicas Alem da Cortina de Ferro5 - Andre Luiz - Nos Dominios da Mediunidade6 - Andre Luiz - Os Mensageiros

A - Bibliografia

B - LeitlJlras complementares

Os capitulos da bibliografia citada no texto.

166

Page 85: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

168 Rino Curti

e, ap6s preparayao conveniente, resguardada aelevayao de prop6sitos, fazer alguns exerciciosde exame de aura nos alunos, fazendo-Ihes va­riar a natureza de pensamentos (0 aluno faz pen­samentos otimistas, depois pessimistas, etc...sem alertar 0 medium, que apenas devera acu­sar mudan,;as na aura quando as perceba).

E - Recomendat;oes para a aula

Frequentemente, as companhias espirituais com que noscomprometemos, no cultivo de pensamentos que a Escolatende a modificar, procuram aproveitar os contratempos, asirritayoes, 0 descontentamento provocado por ocorrenciasvarias, para influenciar no sentido de 0 aluno deixar de com­parecer as aulas, mesmo porque isto as incomoda. Nao sedeixe vencer por desfullmo momentaneo, nem por disposi­yoes de espirito que the afrouxem a vontade e 0 interesse.

A luta pelo aperfeiyoamento, na conquista da saude es­piritual, exige deterrninayao.

CAPITULO 12

ATEN<;AO E CONCENTRA<;AO

Como ja estudamos em ([I], Cap. 4), 0 Espirito evolui. ao longo das eras, adquirindo experiencias, aptidoes, quali­dades, que se traduzem e manifestam em faculdades e dis­posiyoes que apresentamos e das quais ja descrevemos al­gumas.

Antes de prosseguirmos com 0 estudo da mediunidadee seus fatos correlatos, abordaremos os conceitos de Aten­yao e Concentrayao, atos pessoais com os quais possibilita­mos ou nao toda manifestayao medilinica.

12.1 - A atent;iio

Antes de tudo, ha a lembrar que as faculdades humanastem sede no Espirito, com 6rgaos pr6prios no corpo espiri­tual, 0 corpo fisico sendo apenas uma mera veste. Assimsendo, as funyoes psiquicas, sendo do Espirito, tem uma for-

Page 86: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

rna de desenvolvimento qne Ihes e propria e, portanto,independe dele estar encarnado ou nao. Portanto, devemosencarar a aten~ao desta forma: uma caracteristica' do espi­rito. E, para entende-Ia, basta que recorrarnos ao estudo e itinvestigayao dos fenomenos que a envoivern dia-a-dia, nes­te plano; apenas, com a visao da conceituayao espirita.

Por exemplo, exarninemos 0 fenomeno da comunica­yao entre pessoas: que seu exito depende da atenyao do ou­vinte, e fenomeno sobejarnente conhecido. Quando duaspessoas estabelecem urn diaIogo, quando urn professor ex­plana urna liyao, esta sera ou nao assimilada, na dependen­cia da atenyao que 0 ouvinte esteja prestando. E, nisto, ela eurn ato volunffirio, 0 produzir de urna tensao mental, para 0

acolhimento daquilo que e transmitido; urn abrir-se it recep­yao que, ao mesmo tempo, e 0 desenvolvimento de urn po­der de resistir a todo fa-tor que tenda a perturba-Ia ([2], Cap.II, YoU).

Sem atenyao, a comunicayao nao se institui.

Se, enquanto urn se pronuncia, 0 outro divaga e perrna­nece com a mente it matroca, entregue it recepyao de todoestimulo externo, nao ha transmissao de ideias, intercam­bio, nem assimilayao, nem compreensao. Por melhor que 0

expositor faya, por mais que exemplifique, esclareya ou es­miuce, nada podera dar a entender, caso 0 ouvinte perrnane­ya desatento; a ele cabe a responsabilidade pela falta de en­tendimento, e nao ao expositor.

Ea atenyao que regula a intensidade com que 0 estimu­10 e captado; mais atenyao prestemos, mais dados recepta­mos.

lor.

171Cristianisma (De Jesus a Kardec)

12.2 - Fatores de que depende a atenyiio

2° - Depende de nosso conhecimento acerca do assunto

jO - Depende de nossos interesses e tendencias

Urn assunto podera nao nos despertar a atenyao, em celiomomento, ate que nao se enquadre em algum objetivo quecolimarnos. A partir desse momento podera ate tornar-se desurna importancia. Exemplos comuns os verificarnos todosos dias. Quantos estudantes ha que, a principio, nao revelarnqualquer propensao para 0 estudo, e de urn momenta paraoutro se modificam e passam a aplicar-se de maneira sur­preendente. A atenyao manifestar-se-a tao pronunciadamente,em maior ou menor grau, quanto nossas inclinayoes, aspira­yoes e anseios, e relacionada as motivayoes despertadas pe­los assuntos com que nos envolvamos.

Nao ha atenyao desinteressada.

Mas a atenyao nao e tao-somente urn ato voluntario,mera disposiyao a recepyao de estimulos. Ela depende davontade, mas tambern de outros fatores.

Sera tanto maior quanto mais conheyarnos acerca doassunto ou do conteudo daquilo que nos e transmitido.

Urn quimico, pelo olfato, sera capaz de caracterizar umasubstancia, enquanto que urn leigo nao a podera. Urn musi­co percebera uma nota em falso, com muito mais precisaodo que outro que nao 0 seja.

Ficar atento a uma mensagem, ja e suspeitar do seu va-

Rina Curti170

Page 87: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

40- A atenr;iJ.o deve ser passiva

30_ Depende do grau de instrw;iJ.o

Par isto, nos cursos, a ensino e seqlienciado, feito deforma gradativa, com pre-requisitos bern estabelecidos. Paisnao havendo preparo adequado, nao poderii haver nem trans­missao nem assimilayao.

173Cristianismo (De Jesus a Kardec)

12.3 - A concentrayao

o que foi dito para atenyao, vale para a concentrayao.

Esta e tao-somente a atenyao posta no mais alto grau;aquela que nos isola de tudo que nos circunda para focali­zar-se somente no objeto em apreyo, sem que outros fatorespossam desenvolve-la.

Por exemplo, conta Stephan Zweig que, urn dia, em suamocidade, fora visitar Rodin, escultor famoso, um artista aoqual devotava profunda admirayao. Bern recebido, fora con­duzido ao atelier, onde p6de apreciar varias obras do artista,algumas em elaboracao.

No meio das explicayoes, Rodin, ao aproximar-se deuma delas, intentou corrigir alguma coisa, enquanto falava,ate que, aumentando sua fixayao, passou a corrigi-Ia, deten­do-se, com completo esquecimento do acompanhante. Aposcerto tempo, desligando-se novamente, reapercebeu-se davisita, com quem se escusou pelo momentaneo descaso.

Zweig viu nisso uma liyao.

o poder de concentrayao, nas atividades, e que conduzaos melhores resultados, it maior eficiencia.

Econcentrayao tambem aquele estado no qual, alguem,ao aproximar-se de nos, nos surpreende completamente ab­sortos em uma tarefa, sem que 0 percebamos, ate que semanifeste, e com certo estardalhayo, por vezes.

Rino Curti172

Enquanto se capta, nao se pode interpor ou rebater idei­as, elaborar criticas. Estas devem ser posteriores, nao simul­tiineas.

Epreciso saber ouvir. Numa exposiyao nao hii somente.a transmissao de imagens e de ideias: hii encadeamentos,estruturayao e raciocinios. Assim como nao captamos ideiasse nos preocupamos com outras, da mesma forma nao en­tenderemos 0 encadeamento ou os raciocinios da exposiyao,se nos ocuparmos com os nossos.

A atenyao sera tanto mais intensa, quanta mais instrui­dos formos, porque quando dirigimos nossa atenyao a urnobjeto, evocamos uma miriade de rec?J.dayoes e ideias, des­ta ou de reencarnayoes anteriores, dentro de uma faixa limi­tada da memoria, que afloram it nossa consciencia e aclaramo objeto de nossa atenyao. Esta toma-se como que um polode atrayao dos recursos de que dispomos para clarea-Io, demodo que, na atenyao, realizarnos a sintese daquilo que pos­suimos e do que nos e transmitido.

Page 88: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

12.4 - Condi~oes para a concentra~ao

175Cristianismo (De Jesus a Kardec)

dono.

Enfim, concentrayao e esta capacidade de nos fixarmosem um argumento de cada vez, com a profundidade capazde nos alhear de tudo que nos circunda, em tensao psiquica.

Por isso e que a prece elaborada por nos mesmos e amelhor de todas; porque, para efetua-Ia, exige-se de nos, es­foryo, concentrayao, tensao psiquica, com a utilizayao de nos­sos melhores sentimentos. Sao estes que, em nos fazendovibrar com 0 melhor de nos mesmos, nos poem em comuni­cayao com as hostes espirituais, as mais e1evadas que 0 nos­so merecimento alcanya, com 0 que se gera a benesse dasinfluencias que nos beneficiam.

Para desenvolver a concentrayao requer-se tempo, de­dicayao e exercicio continuado. 0 trabalho e 0 estudo dedi­cado feito em identicas condiyoes, alem do esforyo na prati­ca de virtudes, rumo a objetivos bern definidos, na constru­yao intima de valores mais altos, transformarn-se progressi­varnente num hiibito que nos automatiza a atitude, em grausde capacidade cada vez maior.

Em particular, ao medium em desenvolvimento, cujatarefa e a de servir como intennediiirio entre os dois pIanos,para a veiculayao de consolos, orientayoes, suavizayao deafliyoes, requer-se:

1° - Renovayao intima, com fortalecimento, no cum­primento dos deveres para com a familia e nas relayoes notrabalho, com chefes e subordinados.

2° - Aperfeiyoamento nas tarefas que the sao confia­das, na vida material, pela dedicayao, estudo e busca de per­feiyao.

3° - Elevayao de propositos, buscando 0 conhecimento

Rino ,Curti174

Como primeiro passo, para 0 desenvolvimentomediilnico, 0 que se requer do medium e a capacidade de

concentrayao.

Antes de tudo, portanto, aquela atitude voluntiiria parafixar a atenyao, 0 que exige desenvolvimento da vontade,efetuada sobre a eliminacao de maze1as e desvios da perso­nalidade, incompativeis com as exigencias do interdlmbiocom 0 Plano Espiritual.

Vontade, enfim, fortalecida pelo esforyo da renovayaointima, e pela priitica da prece que, alem de se constituirnum exercicio de vontade, nos habilita it concentrayao, des­ligando-nos de tudo que nos circunda, pela fixayao em idei­as que nos conduzem it elevayao intima.

E nao se pense que concentrayao exija esforyo, forcej os,ou constriyoes fisicas, como 0 foryar a vista para lobrigaralgo muito pequeno ou muito distante. Ela e a capacidade defixar a atencao em urn alvo sem que qualquer ocorrencia a

possa perturbar.

Por exemplo, como quando nos dispomos a uma leitu-

Se ao abordarmos urna pagina nao nos fixarmos no as­sunto, ou pennanecennos ligados a preocupayoes outras, delanada absorvemos; lemos sem entender, somos foryados a lerde novo. Mas se mergulharmos no conteudo a ponto de naopercebermos 0 que se passa em nosso derredor, mesmo quepara isso surjarn motivos, ai estaremos concentrados, naoimporta que 0 corpo esteja completarnente relegado ao aban-

Page 89: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

das coisas espirituais, dedicando-se ao estudo e it meditayaodas questoes doutrinarias, e procurando corrigir mazelas edefeitos, no combate aos vicios e propensoes menosedificantes.

Para que 0 poder de concentrayao se fortaleya nareceptividade das elucidayoes medilinicas, 0 sucesso depen­dera:

10- Do interesse com 0 qual se volte para as questoes

doutrimlrias, redespertando as tendencias para 0 bern, se­guramente existentes e fundamento da concessao da tarefamediUnica, segundo os compromissos assumidos antes dereencarnarmos.

2° - Do conhecimento que desenvolver nas tarefas dobern e dos sentimentos que redespertar para bern servir, lem­brando-se que, embora em esquecimento provis6rio,ja pas­samos por muitas encarnay6es, e muitas reminiscencias ehabilidades poderao ressurgir no consciente, desde queredespertaclos pela sublimayao de nossos anseios.

3° - Da instruyao que puder adquirir em todos os senti­dos, a fim de acrescer seu poder de sintonia com esferascada vez mais elevadas.

4° - Da elevay1io moral que desenvolver, em funyao doalteamento dos objetivos, pela pratica do bern, da renunciaconstrutiva, das virtudes na luta contra as sugest6esprovocadas pelos impulsos inferiores que sempre afloramem todos que, como n6s, sao espiritos em evoluyao.

5° - Para finahzar, transcrevemos, de Andre Luiz ([3],Cap.5) 0 seguinte:

177

DECALOGO PARA MEDIUNS

Cristianismo (De Jesus a Kardec)

1- Rende culto ao dever

4 - Nao esperes recompensas do mundo

As ditdivas do Senhor, como sejam 0 fulgor das estrelase a caricia da fonte, 0 lume da prece e a bencao da coraaem

, b'

nao tern preyo na Terra.

2 - Trabalha espontaneamente

A mediunidade e urn arado divino que 0 6xido da pre­guiya enferruja e destr6i.

Nao ha fe construtiva onde falta respeito ao cumpri­mento das pr6prias obrigayoes.

3 - Nao te creias maior ou menor

Como as mores frutiferas, espalhadas no solo, cada ta­lento medil1nico tern sua utilidad'e e a sua expressao.

5 - Nao centralizes a ayao

Todos os companheiros sao chamados a cooperar, noconjunto das boas obras, a fim de que se elejam it posiyao deescolhidos para tarefas mais altas.

6 - Nao te encarceres na duvida

Todo bern, muito antes de externar-se por inte=ediodesse ou daquele interprete da verdade, procede, originaria­mente, de Deus.

Rino Curti176

Page 90: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Nota:

Muito tem-se falado da prece espontanea, como se foraalgo que pudesse brotar de nosso funago, instantilnea e pIOn-

7 - Estuda sempre

A luz do conhecimento armar-te-a 0 espirito contra asarmadilhas da ignorancia.

179Cristianismo (De Jesus a Kardec)

tamente - semelhantemente a um discurso "de improviso".

Excluida aprece como manifestayao mediUnica, cabe­nos eSclarecer primeiIO, que 0 discurso puramente de im­proviso, nao existe: nada se cria do nada. 0 "discursode improviso" s6 pode ser efetuado por aquele que possuias ideias que vai externar, ja bern claras, estruturadas eencadeadas na devida sequencia, 0 todo memorizado, demodo a surgir numa fluencia e numa manifestayao adredeconstituida. Caso contriirio, tera que ser elaborado segundoos principios e tecnicas pertinentes, dado que tudo obedecea leis, para, em seguida, exp6-lo com a aparencia de "impIO­viso", "espontilneo", 0 que exige estudo, preparo, conheci­mento, tecnica.

Como uma aula: mesmo 0 que repete uma aula por va­rios anos, correra 0 risco de nao ministra-la adequadamente,sem uma preparayao previa, mesmo rapida. Poderao surgir"adendos momentilneos", eventualmente, mas nao se perde­Ia a sequencia.

Uma poesia, uma melodia, sao pIOduyoes do Espiritoque iniciam na inspirayao; mas, para produzi-las, exige-se:o dominio da arte, da tecnica, d;'l teoria pertinentes.

Parodiando Edson, no que dizia a respeito de suas in­venyoes, com 10% de inspirayao e 90% de transpirayao.

Ha duas maneiras basicas de se efetuar uma prece:

- ou pronunciar uma prece ja elaborada por outIOs, de­corada;

- ou expressar uma elaborada por n6s mesmos, comesforyo, tecnica e denodo.

No primeiro caso, ela deve ser e:fetuada com a devida

Rino Curti178

8 - Nao te irrites

Cultiva a caridade e a brandura, a compreensao e a to­lerancia, porque os mensageiros do amor encontram dificul­dade enorme para se exprimirem com seguranya atraves deum corayao conservado em vinagre.

9 - Desculpa incessantemente

o acido da critica nab te piora a realidade, a praga doelogio nao te altera 0 modo justa de ser, e, ainda mesmo quete categorizem it conta de mistificador ou embusteiIO, es­quece a ofensa com que te espanquem 0 IOsto, e, guardandoo tesouro da consciencia limpa, segue adiante, na certeza deque cada criatura percebe a vida do ponto-de-vista em quese coloca.

10 - Nao tema perseguidores

Lembra-te da humildade do Cristo e recorda que, ain­da Ele; anjo em forma de homem, estava cercado de adver­siirios gratuitos. e de verdugos crueis, quando escreveu nacruz, com suor e lagrimas, 0 divino poema da eterna ressur­reiyao.

Page 91: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

interpreta<;ao, semelhantemente a execu<;ao de uma pe<;amusical ou Ii declama<;ao de uma poesia.

o "interprete" tern que dispor-se emocional e tecnica­mente a execu<;ao.

Dizia Gardel, 0 maior cantor portenho de todos os tem­pos, justificando 0 persistente estudo que fazia das pe<;asque ia interpretar: - "No cantar, hi que por 0 cora<;ao, senaonao e cantar".

o born int':rprete, alem de adqu'irir uma tecnica apri­morada, tern que imbuir-se da emo<;ao com a qual a pe<;a foiescrita: envolver-se nela, para transmiti-Ia ao publico que 0

assiste - chorar e fazer chorar, se for 0 caso.

No segundo caso, 0 papel que 0 autor assume e seme­lhante ao do compositor: atingir 0 imago dos proprios senti­mentos; ilumini-Ios de conhecimento e amor; aprender aextemi-Ios com a tecnica devida, que pode absorver dos inu­meros exemplos existentes - 0 Pal Nosso, 0 Salmo 23, aprece de Sao Francisco, a prece de Ciritas, as preces sugeridasno Evangelho Segundo 0 Espiritismo, e inlimeras outras con­sagradas e transmitidas Ii posteridade por sua excelsitude,existentes nas virias religioes, por ser cultivada em todaselas, por sua excelencia, a fim de entender sua estrutura ecomo faze-las.

A exemplo do que faz uma secretiria, ao elaborar umacarta comercial: 0 conteudo e proprio, mas a fonna, a dispo­si<;ao e fundamentada nos modelos que qualquer livro parasecretirias expoe.

Preparar a prece no recesso da propria intimidade, con­fiando e partilhando da Inspira<;ao do Alto, com 0 devidopreparo, para, a seguir, faze-Ia "espontaneamente", e 0 que

se impoe, pois a ora<;ao e a porta de acesso as benesses doPlano Superior.

181Cristianismo (De Jesus a Kardec)

A - Bibliografia

I - Rino Curti - Espiritismo e EvoluC;i1o2 - Denis Huisman e Andre Vergez - Compendio

Moderno de Filosofia - Vol. I3 - Espiritos Diversos - 0 Espirito da Verdade

B - Leituras complementares

As dos capitulos citados no texto.Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiritis­mo, Cap. XXVI.

C - Perguntas

I - Explique por que, com os fatos relativos a esteplano, podemos estudar as leis relativas ao Es­pirito.

2 - A aten<;ao 'e um ato voluntirio. Explique.3 - Nao ha aten<;ao desinteressada. Explique.4 - Ficar atento a uma mensagem, ja e suspeitar do

seu valor. Explique.5 - Na aten<;ao realizamos a sintese daquilo que pos­

suimos e daquilo que nos e transmitido. Expli­que.

6 - Epreciso saber ouvir. Explique.7 - A concentra<;ao e desenvolvivel. Como?8 - De que depende 0 poder de concentra<;ao do me-

Rino Curti180

Page 92: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

E - Recomenda~oes para a aula

Recomendayao importante e a relativa a conversayaoantes da aula, expressa por Andre Luiz, no Cap. 12 deDesobsessi'io, que aqui reswnimos:

Em chegando mais cedo:

Evitar a dispersao de foryas em visitas a outros locais;anedotario jocoso; considerayoes injuriosas a quem quer queseja; criticas, comentarios escandalosos, queixas, azedwne,apontarnentos ironicos.

Toda referencia verbal e fator de induyao....seja a nossa palestra algo de born, edificante, que au­

xilie e pacifique 0 clima do recinto, ao inves de conturba-Io....seja a nossa palestra algo de born, edificante, que au­

xilie e pacifique 0 clima do recinto, ao inves de conturba-lo.

182 Rino Curti

diwn?9 - Explique e desenvolva cada item do "Decalogo

para mediuns".

D - Pratica de renova~ao intima

Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 46.

A VIDA DE ALLAN KARDEe

Denizard Hippolyte Leon Rivail, nasceu em Lion as 19horas do dia 311 011804, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail,juiz, e de sua esposa Jeanne Duhamel. Passou a usar 0 pseu­donimo de Allan Kardec, em 18/04/1857, quando publicouo Livro dos Espiritos pela impressora de Didier.

Rivail recebeu atraves de urn medium, uma mensagemde seu espirito protetor, informando te-lo conhecido em ou­tra existencia, no tempo dos DlUidas, vivendo nas Galias,quando Rivail havia sido urn sacerdote druida gaules cha­mado Allan Kardec.

Dez anos antes da publicayao do Livro dos Espiritos, asirmas Fox nos Estados Unidos, ja propagavam suas experi­encias mediunicas ..

William Crookes na Inglaterra, Charles Richet na Fran­ya, e sua ciencia metapsiquica, deixaram 0 mundo em pani­co pela prova de seus contatos.

A mensagem da America s6 foi compreendida pelaEuropa grayas a urn druida reencarnado, Kardec, 0

Page 93: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Codificador do Espiritismo.

A infancia de Denizard foi de urna educayao na atmos­fera correta e ate severa, tendo 0 espirito de justiya e de ho­nestidade sido-Ihe inculcado pelo pai, homem de leis (ma­gistrado) integro. Os primeiros estudos, feitos em Lion ate1814.

Devido Ii conturbada situayao politico-militar dos anos1814-1815, enquanto Paris estava ameayada ou ocupadapelas foryas aliadas contr:irias a Napoleao, ele e levado paraYverdun, na Suiya, urna escola ja muito conceituada.

Sua vida podera ser resurnida em v:irios per[odos:

I - 1804 - 1818 - Aluno de Pestalozzi2 -1818 - 1824 - Estudante3 - 1824 - 1848 - Pedagogo4 - 1848 - 1854 - Homem Universal5 - 1854 - 1869 - Periodo da Codificayao

Foi muito influenciado por seu mestre Pestalozzi, ho­mem dedicado Ii educayi'io, que foi 0 fundador da pedagogiaFilantr6pica. Dedicou sua vida a transforrnar a educayao emurna alavanca, para arrancar 0 homem do abismo e eleva-Ioaos pIanos da inteligencia.

Essa epoca foi decisiva para: Denizard, que formou alisua base para a vida futura de diretor de estabelecimentoescolar e de autor de livros did:iticos.

A did:itica de Pestalozzi, urn medico chamado JeromeJean Pestalozzi, e baseada na escola do universalismo, dafraternidade das crianyas, que mais tarde se tornarao os ho­mens de responsabilidade. Era 0 mestre severo e suave, jus­to e caridoso.

185Cristianismo (De Jesus a Kardec)

Direcionado por Rousseau, Pestalozzi fundou uma ci­encia que, educativa ou te6rica, de observayao ou de experi­mentay3.o teni sempre em primeiro lugar 0 elemento nature­za. Em seu plano, Pestalozzi reserva lugar para 0 ensino daagricultura e das artes manufatureiras.

Foi em Yverdun egrayas a Pestalozzi que Kardec apren­deu 0 justa sentido da educay3.o, que deve ser ao mesmotempo paternal e liberal.

Sabendo-se que Pestalozzi era discipulo de Rousseau,temos ai a trama hist6rica das raizes do Espiritismo.

. A escola de Pestalozzi abre as portas ao mundo inteiro,passando por cima das diferenyas de lingua, de civilizayao,de raya, ou de crenya. Percebe-se a vantagem dessa educa­yao que inculca Ii crianya 0 sentido da igualdade hurnana, dafraternidade e da tolerancia.

o apelo e para a ligayao com a natureza, influencia dadoutrina de Rousseau, com exclusao do sobni:natural.

Ai, pois, nessa familia do corayao, Kardec aprende osprincipais principios morais que regem 0 Espiritismo.

A condiyao especial de Allan Kardec leva-o ainda aosquatorze anos, a explicar aos seus pequenos camaradas,menos adiantados, as liyoes do mestre.

o primeiro livro de Denizard H. L. Rivail, foi feito quan­do ainda nao completara 20 anos: Curso Pratico e Teoricode Aritmitica, segundo 0 metoda Pestalozzi. Em seu prefa­cio, Rivail explica 0 metodo de ayao do Professor Pestalozzi.

Rivail indica na introduyao, os seis principios do siste­ma de Pestalozzi:

Rino Curti184

Page 94: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

2° Cultivar-lhes a inteligencia, para que os alunos des­cubram por si s6 as regras.

3° Proceder sempre do conhecido ao desconhecido, dosimples ao composto.

4° Evitar toda mecanica, fazendo com que a crianyacompreenda 0 alvo e a razao de tudo 0 que faz.

5° Fazer com que a crianya apalpe com os dedos, e coma vista, visualize todas as verdades.

6° Confiar amem6ria somente aquilo que ja foi capta­do pela inteligencia.

Foi nessaescola que ele aprendeu aser observador atentoe meticuloso, e pensador prudente e profundo.

o aluno de Pestalozzi tinha um sentido de familia hu­mana, ou familia universal formada por alunos vindos dosquatro cantos do mundo.

A obra completa de Pestalozzi foi impressa exatamentequando da primeira obra de Rivail- 1824.

Na sucessao de funyoes, Rivail trabalhou 30 anos paraa educayao das crianyas francesas.

Allan Kardec teve sempre 0 cuidado de partir de intui­yaO e do fato concreto, antes de estabelecer a teoria do mun­do abstrato (invisivel).

Enquanto Pestalozzi tinha sua escola reconhecida e es­palhada por toda a Europa, retirava-se paraNeuhofem 1825,onde faleceu 2 anos depois. Suas obras completas comeya­ram a serpublicadas em 1819, ano em que Rivail parece terdeixado a escola.

Fato interessante e que exatamente quando termina aimpressao da obra de Pestalozzi em 1824, e que comeyou aser publicada a primeira obra de Rivai!.

Este fato indica a passagem do bastao de mao em mao,dentro do processo evolutivo. Rivail iria trabalhar duranteos seguintes trinta anos para a educayao das crianyas france­sas, antes de se consagrar, nos seus ultimos quinze anos, aosprincfpios do Espiritismo.

Diz relato de Henri Sausse, primeiro e Unico bi6grafodo fundador do Espiritismo, que ele se contentou com 0 di­ploma de bacharel em Ciencias e Letras, e doutorou-se emMedicina com muito brilho. Consta ainda, que seria 0 subs­tituto de Pestalozzi em Yverdun, quando 0 mestre viajava adiversos lugares da Europa, a fim de fundar institutos seme­Ihantes ao de Yverdun.

Como seu objetivo parecia mais voltado aeducayao dascrianyas, teria ele se dedicado a por em pnitica os ensina­mentos e metodos de Pestalozzi em detrimento do trabalhode cura de doenyas fisicas.

A medicina estava clara em sua trajet6ria, pois que noEspiritismo pnitico, estaria aplicando a medicina das almas.

o Espiritismo deve a Allan Kardec a sua transforma­yaO em doutrina filos6fica, dotaGa de estrutura cientifica efisionomia mora!.

A modestia de Kardec, fe-lo julgar-se obscuro servidore assim pouco se sabe de sua vida.

A primeira obra 0 Livro dos Espfritos, ele a apresentoucomo sendo obra dos espiritos, e que fora apenas 0 operario:

186

vas.

Rino Curti

1° Cultivar 0 espirito natural de observayao das crian-

Cristianismo (De Jesus a Kardec) 187

Page 95: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

OPEDAGOGO

sendo ditada pelos espiritos, foi entregue ao mundo, semnada the acrescentar.

No periodo de 1824 a 1848, publicou diversos livrosdidaticos, onde exp6e pIanos e metodos para 0 ensino.

Tambem apresentou diversos projetos aos deputados,aos govemos e its universidades, dedicados it reforma do en­sino frances.

Em suas publicay6es, alem de homenagear seus anti­gos mestres, coloca-se a serviyo das crianyas de sua patria,convencido de que a instruyao e a coisa mais importanteparaum pais.

Denota-se essa destinayao na obra Curso Pratico e Te­orico de Aritmetica.

Verifica-se a influencia de Ampere, membro da Uni­versidade e idealizador dos principios do telegrafo eletrico eda lei fundamental da eletrodinfunica, pois Rivail alem defazer agradecimento a esse professor, era entusiasta do estu­do da eletricidade e do magnetismo animal. 0 Espiritismocomprova-o.

Direcionava sua atuayao, dentro do principio de que aaritrnetica nao deve ser considerada tao-somente como ci­encia, mas como um meio de desenvolver a inteligencia dacrianya, buscando-se a arte de bern raciocinar.

Desenvolve ele a ideia pestalozziana deque 0 educadore para a crianya, como 0 jardineiro e para a planta, orientador

189Cristianismo (De Jesus a Kardec)

do seu desabrochar.

Na area publica, defende a organizayao das instituiyoes,pois tudo deve ser planejado, calculado, combinado, de modoa obter-se os resultados a que se propoe.

Gastou Kardec nesse periodopedag6gico, seu tempo,no dia-a-dia, buscando 0 ganha-pao cotidiano, empenhan­do-se na aplicayao de suas teses pedag6gicas. Mais tardeteve dedicayao integral ao Espiritismo.

Resumia suas ideias em algumas frases, para indicar osmetodos destinados it educayao publica, como sejam:

I° A educayao e uma ciencia bern caracterizada.2° Se encontram-se poucas pessoas que ensinam sob 0

verdadeiro ponto-de-vista da ciencia, isto e devido it ausen­cia de estudos especiais sobre 0 assunto.

3° 0 atraso na educayao deve ser atribuido ao fato deque poucas pessoas estao capacitadas a apreciar 0 seu ver­dadeiro fim, em que consiste, 0 que poderia ser, e por conse­guinte, 0 que seria necessario fazer para melhora-Io.

A educayao acha-se atualmente no estado em que seencontrava a quimica ha urn seculo.

Rivail propoe a criayao de uma "Escola Te6rica e Prati­ca de Pedagogia", nos moldes das escolas de Direito e deMedicina. 0 curso deveria ter tres anos, sendo 0 primeirodedicado it teoria, 0 segundo it teoria e pratica, e 0 terceirounicamente it pratica.

Em seguida publica Gramatica Francesa Classica, em1831,0 novo plano, que encaminhado aos membros da co­missao de revisao da legislayao universiwia, juntando urnmemorial de preparayao para 0 projeto de lei sobre 0 ensino.

Rino Curti188

Page 96: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Sua contribuic;;ao era produto de mais de dez anos deexperiencia pedag6gica (1818 - 1831).

Com sua forma organizada e met6dica de ser, essememorial descrevia a hierarquia das aristocracias que se su­cederarn na hist6ria:

a) da forc;;ab) do direito (abolida em 1789)c) da fortuna (aristocracia burguesa)d) da inteligencia.

Rivail indica que esta ultima deve ser preparada para 0

ensino escolar, pela elite intelectua!.

Ordena e descreve toda a montagem, com nfuneros dealunos para cada instituic;;ao, limites de idade, salario de pro­fessor, etc.

Com isso f~i aureolado pela Real Academia de Arras.

Conta Hemi Sausse que Rivail conheceu em Paris, asenhorita Amelie Boudet, professora inteligente, gentil egraciosa, filha unica de pais ricos, tendo seu sorriso e grac;;aatraido Rivai!.

Contraiu matrimonio em 06 de fevereiro de 1832, ten­do ida instalar-se no Instituto Tecnico, aRua Sevres n° 35.

Pouco se sabe da vida conjugal, ;porem, Amelie 0 aju­dou muito, tanto na fase de sua atividade pedag6gica, quan­to no periodo da fundac;;ao do Espiritismo cientifico.

Rivail foi obrigado a promover a liqilidac;;ao do Institu­to Tecnico em 1834, pois seu financiador, 0 tio, era wnjoga­dor inveterado.

191Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)

Em seu discurso de fim de curso, preconiza a introdu­c;;ao das cadeiras de fisica, quimica, anatomia e fisiologiapara os cursos seguintes.

Preconiza 0 estudo do desenho geometrico, dirigindoalgwnas criticas ao estudo de hist6ria, que se limitava apar­te politica, datas sem importancia e agenealogia das casasreais. Declara que 0 verdadeiro objetivo da hist6ria deve ser"0 estudo dos usos e costwnes, do progresso artistico e cien­tifico das varias epocas".

Com a esposa, Rivaillanc;;a-se corajosarnente ao traba­Iho; passou a fazer a contabilidade de tres firmas, 0 que Iherendia cerca de sete mil francos por ano.

Anoite compunha grarn:iticas, estudos pedag6gicos, tra­duzia !ivros ingleses e alemaes, e com a ajuda de LevyAlvares, produziu muitas obras did:iticas, como:

- Gramatica Normal dos Exames; soluc;;ao dos exarnesda Sorbonne, do Hotel de Ville de Paris, de todas as acade­mias da Franc;;a.

- Curso de Calculo de Cabefa; metodo Pestalozzi, parauso das maes de familia e professores, no ensino das crian­c;;as.

- Tratado de Aritmetica; 3.000 exercicios e problemas,unico que contem 0 metodo adotado pelo comercio e ban­cos, para 0 cMculo de juros.

- Questionario Gramatical, Literario e Filos6fico.- Manual dos Exames para os Certificados de Habili-

tafao.- Catecismo Gramatical da Lingua Francesa.- Solufoes Racionais das Perguntas e dos Problemas

de Aritmetica e de Geometria Usual; propostos nos exames

Rino Curti190

Page 97: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

o HOMEM UNIVERSAL

do Hotel de Ville e da Sorbonne.- SoluC;do dos Exercicios e Problemas do Tratada Com­

pleta de Aritmetica.

Rivail organiza cursos gratuitos de quimica, fisica, deastronomia e de anatomia, em sua casa.

Recomeya a lecionar, como professor no Liceu Po­limatico, e publica as suas custas, 0 projeto de reforma, comproposta de adoyao de obras elassicas pela Universidade.

o projeto e do ano de 1847, com a indicayao: "impres­sa em casa do autor - Rua Mauconseil - 18".

No perfodo de 1848 a 1854, escreve obras de aritmeti­ca, de geometria, de quimica, de historia, de literatura, etc.

Seu metodo de pesquisa e a busca cada vez maior doconhecimento, 0 torna urn homem muito culto. Embora tra­balhando para a educayao das crianyas de seu pais, nao ces­sa de transformar-se em homem sem patria. As ciencias e 0

estudodas hurnanidades the ensinam que 0 homem para serverdadeiramente livre, deve tomar conhecimento do seuuniversalismo.

o espirito de tolerancia, de caridade, deve ser primor­dial aos de sua religiao, de sua seita ou ela, tao limitados notempo e no espayo.

Antes do Espiritismo, entre as doutrinas e sistemas deeducayao, Rivail encontra afinidades com a mayonaria.

193Cristianisma (De Jesus a Kardec)

A palavra tolerancia, que flui a todo momenta de suapena, como ensinamento ditado pelos Espiritos, e de origemmayonica.

Diz Allan Kardec em 0 Ceu eo Inferno:

mo.

A definiyao ideologica damayonaria, segundo Larousse:

- "Amayonaria tern por fim a melhoriamoral e materi­al do homem, por principios, a lei do progresso da humani­dade, as ideias filosoficas de tolerancia, fraternidade, igual­dade e liberdade, abstrayao feita da fe religiosa ou politica,das nacionalidades e das diferenyas sociais".

o Espiritismo moral e social, iria dizer a mesma coisa.Os principlos filosoficos sao os mesmos:

a) Existencia de Deusb) Imortalidade da almac) Solidariedade hurnana.

Allan Kardec reelamou a "liberdade de consciencia",como direito proprio de cada homem, e renunciou a tudoquanto e formalismo (aspecto cultural e retrogrado da inici­ay3.o mayonica).

o fundo da doutrina mayonica encontra-se no Espiritis-

"0 Universo e vasto celelro: uns destroem, outros re­CDilstroem; cada urn recorta uma pedra para 0 novo edificio,cujo plano e conhecido somente ]lelo Grande Arquiteto. So():}mpreenderemos as suas estruturas internas quando os ali­cerces comeyarem a surgir acima da superficie do solo". 0.Espiritismo dedica-se a reconstruy3.o moral do mundo.

Consta ainda que Rivail foi diretor de urn teatro no

Rina Curti192

Page 98: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

A Vida Espirita de Allan Kardec (1855 - 1869)

Allan Kardec, ainda que usando do sagrado direito pes­soa1, da privacidade, procurou manter sua vida particular 0

menos possivel imiscuida, no entanto face a tantos boatosque se geraram de que emiquecera com a venda de suas obrasespiritas, publicou vanas declarayoes na Revue Spirite, paraque os cronistas nao corressem 0 risco de alterar a verdade.

Ali ele indica que nunca morou em Lion, 0 que justificaa ideia que apos os cursos com Pestalozzi na Suiya, ele vol­tou a Paris. Tambem respondeu 210 padre caluniador, convi­dando-o a contemplar suas refeiyoes, indicando que ele ve-

195Cristianismo (De Jesus a Kardec)

rificaria serem mais magras do que as de certos dignitariosda 19reja, em periodo de jejum.

No que diz respeito 210 volume de recursos auferidoscom as publicayoes espiritas, ou porque nao deixou filhosou ainda porque nao fazia menyao de suas experiencias comopedagogo, Allan Kardec mantinha a vida de Denizard Rivailao abrigo das calunias que eram lanyadas, e que buscavamalingir sua homa pessoal, a fim de preservar a doutrinanublicada."

A vida de Rivail, como pedagogo, educador, discipulode Pestalozzi, mayom, e como estudioso pesquisador dosren6menos curiosos relatados por Mesmer, foi uma prepara­,,3.0 para 0 estudo e dedicayao dos fatos espiritas.

Utilizou para isso do conhecimento adquirido pelo es­,udo do magnetismo animal, descoberta de Mesmer, ou 0

I1uido magnetico vital.

A evolucao nipida do Espiritismo, deve-se 210 conheci­mento dos f~n6menos do magnetismo, do sonambulismo,vermitindo assim, a verificayao experimental do Espiritis­~,o. pois os fatos tem sequencia logica e racional.

A vida espirita de Allan Kardec inicia-se com muitasd'olvidas. e suas observayoes buscavam explicayoes loglcas,ou a descoberta de fraude. Sua razao repele as revelayoes,2cei,aIldo somente as observayoes objetivas e controhiveis,:2illiru'1ando pela via logica das deduyoes.

Em 1856, Allan Kardec percebeu sons provenientes desatidas na parede, mais tarde tambem ouvidas por sua espo­S2 20 chegar em casa. Depois, numa sessao em casa de aml­

Kard;c solicitou a possibilidade de ter uma explicayao eIevelado que:

Rino Curti194

Champs-Elysees, Folies-Marigny, construido pOUCO apos arevoluyao de 1848, pam servir 0 prestidigitador Lacaze. Esseteatro passou 210 musico Jacques Offenbach em meados de1855. Esse fato, portanto, deve ter acontecido no periodo de1852 a 1853, epoca em que Rivail cessou de publicar seustrabalhos pedagogicos e passou a interessar-se mais pelosproblemas sociais.

Ainda que tivesse sempre demonstrado vocayaoeducativa, por falta de recursos ou de sorte, nao pade reali­zar tudo aquilo de que era capaz 0 seu talento, chegava ago­ra 210 fim de sua vida profana.

Apesar disso, suas ideias socialistas, mayanicas e cris­tas levaram-no a realizar pelo Espiritismo 0 nobre objetivosempre demonstrado, ou seja, um'educador, um amigo dahumanidade e 0 profeta da Doutrina, cujo principal objetivoe de trazer a consolayao.

Page 99: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

- 0 fato era devido ao desejo do espirito de comunicar­se com ele, para que Kardec alterasse trecho do trabalho queredigia.

o Espirito Verdade indica que Ihe dara plena assisten­cia, lembrando no entanto que 0 atendimento dos designiosde Deus, e preciso muita humildade, modestia e desinteres-

Em 1857, 0 seu Espirito protetor, em comunicayao pes­soal, indica que 0 conheceu em existencia anterior, na epocados Druidas, pois viviam juntos nas Galias. E e 0 protetorque diz seu nome nessa vida anterior - Allan Kardec. A par­tir de entao, Denizard Rivail renasce Allan Kardec para exer­cer a chefia doutrinaria de uma ciencia ditada pelos Espiri­tos.

197Cristianismo (De Jesus a Kardec)

se, e que para lutar contra os homens e preciso coragem,perseveranya e finneza inquebrantavel, mostrando a Kardecque a missao estava subordinada a condiyoes que dependi­am apenas dele.

Kardec lanya-se pois a execuyao de 0 Livro dos Espiri­{as, que publicado em 18 de abril de 1857, ficou na hist6riado Espiritismo.

Diz Kardec que, unicamente, fez 0 papel desistematizador material, pois que 0 trabalho foi executadopelos Espiritos

Diz Kardec: "Vi, obser/ei, coordenei e procurei fazercompreender aos outras 0 que eu mesmo compreendi".

Allan Kardec renunciou sempre ao titulo de Papa doEspiritismo, e de que canegava a tiara espiritual, pois essestimlos criavam mal-entendidos, dizia ele, alem de que 0 Es­piritismo nao tinha a destinayao simplista de uma nova reli­giao. mas sim de ciencia, filosofia e religiao, do qual ele era= simples e modesto operario.

Foi em 1858, que Allan Kardec fundou a Revue Spirite~ z "Societe Parisieune des Etudes Spirites".

Scm dinheiro e sem apoio financiador e alem disso semz,,,nhum assinante, ele redigiu Q primeiro nlimero da revistae (; publicou em lOde janeiro de 1858, face as instruyoes dos::spiritos, que indicavam que ele deveria fazer 0 trabalho e2;20 se preocupar. Ele a fez por sua conta e risco, e foi um2.":mde sucesso. Esse fato foi muito positivo, pois urn even-

11nanciador poderia tentar influir com outras ideias.

o jomal era mais uma forma de c,)ntato com a comuni­espirita e de complemento e desenvolvimento das idei-

Rino Curti196

- Devido a sua indagayao, foi-lhe dito que poderia dia­logar diretamente com 0 espirito, pois ele estava presente.

- Iniciou-se assim, 0 contato de Kardec com 0 EspiritoVerdade (como ele intitulou-se), combinando-se outros en­contros para desenvolvimento do trabalho.

Em sessao subseqtiente Kardec foi indicado como res­ponsavel pela missao, tomando-se 0 operario que reconstr6io que foi demolido, e lanya-se ao trabalho.

Kardec diz que para a missao que imaginava, seriamnecessarios meios de execuyao que nao estavam ao seu al­cance. No entanto, 0 Espirito Verdade indica que ele devecumprir sua tarefa, deixando que a Providencia supra as ne­cessidades a fim de que a obra seja efetivada. E ainda, queKardec deve manter muita discriyao, a fim de atingir os ob­jetivos, e que mais tarde ele tomaria conhecimento de mui­tas coisas que 0 surpreenderiam se reveladas neste momen­to.

Page 100: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

Em 1860 Kardec, venda 0 crescimento do Espiritismoem paris, resolve fazer uma tournee de propaganda. Esco­Iheu Lion para sua primeira incursao, pois la a resistencia aoEspiritismo era grande. Chamavam Kardec de alucinado.

Emjunho, <) Espirito Verdade trarlsmite mensagem sig­nificativa a Kardec, via uma medium, incitando-o a dar con­tinuidade ao seu trabalho, pois a tarefa nao seria terminadanaquela encarna9ao, porem, deveria terminar alguns traba­Ihos antes de partir. Como seu tempo era curto, eles conce­deriam-lhe mais um pouco, somente 0 necessario para Kardec

as da Allan Kardec. Muitas das colocayi5es importantes dasobras publicadas apos 1858, tiveram trechos importantescolocados na Revue. Serve tambem para ser 0 veiculo deinformayi5es sobre fatos relevantes de manifestayao, OCOT­

rencias, previsi5es, visi5es, etc... , que ocorreram em sessi5esa que os colaboradores assistiram.

A publicayao continua ate hoje, e mantem impresso acolocayao de Allan Kardec:

"Todo efeito tern uma causa. Todo efeito inteligente ternuma causa inteligente. 0 poder da causa inteligente esta narazao da magnitude do efeito".

Allan Kardec deu sequencia a seu trabalho em 1859 eas assinaturas fluiam, e as comunicayi5es vinham de todosos lados.

Kardec agradece a Societe Parisienne des Etudes Spiriteste-lo encarregado da direyao met6dica e uniforme, indican­do que nao poderia assumir outras responsabilidades, e co­municando que essa orientayao se daria por dez anos. Cons­titui-se uma verdadeira premoniyao, pois desencarnou em1869.

Cl0S0S.

199Cristianismo (De Jesus a Kardec)

levar a cabo esta etapa da tarefa.

Em janeiro de 1861 e lanyado 0 Livro dos Mediuns.

Nesse trabalho, Allan Kardec denuncia os enganos doscharlataes, as faltas dos espiritos malevolos, .dos mediunsorgulhosos e interesseiros.

Com essa obra, a doutrina espirita transformou-se emciencia experimental. as adversarios entao soltaram sua irae Kardec recebeu as injurias. Para todo assassino ou suicida,e indicada a cUlpa do Espiritismo. Sabendo que 0 Espiritis­mo esta sendo mal ou pouco entendido, Kardec aprimora-seem explicar, respondendo a uns e outros, e continuando fir­me, apesar da movimentayao da inquisi9ao.

Kardec e acolhido entusiasticamente, em todos os lu­gares por onde passa. Voltando a Paris, inicia a 2a edi9ao doLivro dos Midiuns, e passa a ser chamado "Chefe espirita".

E nesse ano, que urn livreiro de Barcelona, amigo deKardec e entusiasta do Espiritismo, encomendou-lhe a re­messa de uma quantidade de obras espiritas.

as livros nao chegaram ao destino, ainda que cobradosos direitos alfandegarios, pois 0 bispo de lajulgou-os perni-

Kardec reclamou a devolu9ao, porem a inquisi9ao es­pannola os queimou (foram mais de 300 volumes), no localonde os condenados ao ultimo suplicio, eram executadossempre por ordem do bispo da cidade.

Em 1862 continuam as caltll1ias, agora dizendo queKardec enriquecera acusta do Espiritismo.

Kardec recebeu uma satisfa9ao postuma, pois 0 bispo

Rino Curti198

Page 101: Rino Curti - Cristianismo de Jesus a Kardec

que havia queimado seus livros, desencarnou e Ihe mandouuma mensagem, na qual dizia que quem queima id6ias, teracomo consequencia que as id6ias 0 queimarao.

Pede a Kardec que ore por ele, pois ora9ao de persegui­do a favor do perseguidor, tern grande poder. Diz finalmen­te, que nao era uma desforra, mas sim uma li9ao de carida­de, que somente 0 Espiritismo pode proporc:ionar.

Em 1863, Allan Kardec trabalha em seu livro da moralespirita Imitar;{fo do Evangelho Segundo 0 Espiritismo, erecomenda a todos os homens, que sigarn 0 ensinarnento deJesus Cristo. Posteriorrnente, 0 titulo foi modificado, supri­mindo-se a palavra "Imita9ao".

No entanto, a Igreja Cat61ica desencadeia urn bombar­deio contra 0 Espiritismo.

Nurna conferencia em Lion, bispos vindos de toda par­te, e professores de teologia, dizem que 0 Espiritismo des­tr6i a familia, avilta a mulher, prega 0 suicidio e 0 aborto,preconiza 0 comunismo e dissolve a sociedade. Allan KardecreTIna com espirito 16gico e moral todas as sandices dos te6­logos.

Depois de seis anos do nascimento da Doutrina, ja 1864,ela se espalha por toda parte, inclusive no exterior, comoBruxelas, Turim e outros lugares.

Gra9as a grande lei moral do Espiritismo, apresentadapor Kardec em seu livro Evangelho Segundo 0 Espiritismo,ate nas pris5es criminosos sao convertidos.

o Espiritismo cresce e Allan Kardec viaja para repousoit SUi9a, visitando varias cidades, inclusive Yverdun, onderelembra a vida como Denizard Rivail, discfpulo de

Pestalozzi e percebe que a vida do ser humano nunca se re­aliza satisfatoriamente, se it atividade profana e social naose acrescenta urn minima de espiritualidade, para transfor­mar tudo.

No ano da publica9ao de 0 Ceu e 0 lriferno, 1865, vari­os jornais espiritas surgem: 0 Salvador do Povo, A Luz, Vozde Alem-Tumulo, em Bordeus; 0 Futuro, em Paris; 0 Me­dium Evangelico, em Toulouse; 0 Mundo Musical, em Bru­xelas.

No livro publicado, Kardec como de costume, denun­cia tudo que e retr6grado no pensamento humano (religiao,supersti9ao, racismo, etc.), oferecendo maior liberdade, peloEspiritismo.

Usando do cora9ao do homem e pedagogo, aluno e se­guidor de Pestalozzi como educador, torna a familia espiritaurna escola, onde os homens que se formam sao melhoresdo que os ateus, preocupando-se com a funda9ao de umacaixa de socorro e de urn abrigo para indigentes.

o ano de 1866 come9a bern, com a filosofia reconhe­cendo a existencia do Espiritismo. Infelizmente Kardec ficadoente, e os espiritos consultores dizem ser fruto da falta derepouso que gera urn superaquecimento do sangue, ou seja,produto do desgaste.

Numa das vezes que caiu em estado de sonolencia, fre­quentes durante sua doen9a, sonhou estar junto de urna mul­tidao de homens na rua, e via uma inscri9ao na muralha emietras pequenas, brilhantes como fogo e que dizia: "Temosdescoberto que a borracha enrolada na roda faz urna leguaem dez minutos, contanto que a estrada ...", mas a inscri9aose apagou antes que pudesse ler seu fim.

201Cristianismo (De Jesus a Kardec)Rino Curti200

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Era pois, mais uma premoni<;ao, pais alguns anos maistarde, a tecnica descobriu a importancia da borracha no re­vestimento das rodas dos veiculos.

Inicia a produ<;ao de A Genese e realiza uma am'tlise do"Espiritismo estatistico". Verifica que para cada 5 ricos, exis­tem 95 trabalhadores. Conclui: "mais vale fazer a caridadepessoalmente, que fundar uma administra<;ao burocratica, quepode ser tomada por propaganda".

Em 1867 Kardec trabalha febrilmente, buscando termi­nar sua obra. Prepara as ideias gerais que concernem it orga­niza<;ao e ao futuro do Espiritismo.

Emjaneiro de 1868, seu ultimo grande livro A Genese,os Milagres e as Predi90es Segundo 0 Espiritismo, epubli­cado

Os Espiritos Ihe dao instru<;i5es sobre todos os proble­mas que se referem ao Espiritismo doutrinario. Dez anosforam suficientes para que Denizard Rivail conhecesse ossegredos do mundo invisivele fundasse 0 Espiritismo cien­tifico e moral.

Para seu pesar 0 Espiritismo toma 0 aspecto de Igrejaou de Partido, mas tera de ser a unica Igreja, e 0 unico parti­do livre de sectarismo ou de intoleriincia, pois 0 lema esem­pre 0 mesmo: "Fora da caridade nao hi salva<;ao".

Kardec, no crepusculo da vida, escreve 0 seu testamen­to filos6fico. Este documento trata em primeiro lugar, danova organiza<;ao da Sociedade Espirita, e que devia servirde exemplo para as demais sociedades. Nele indica as atri­bui<;i5es da sociedade, depois sua distribui<;ao aos variosmembros dos comites, conforme sua especialidade.

203Cristianismo (De Jesus a Kardec)

o Testamento expiSe ainda suas opiniiSes sobre a orga­niza<;ao moral e material da Sociedade. E traz sua contribui­<;ao concretizada:

Pela outorga dos direitos autorais dos trabalhos, es­critos e a escrever;Pela entrega de valores mobiliarios e imobiliarios.

Allan Ka.rdec foi forte personalidade que deu vida aocentro de estudos espiritas, indicando que 0 centro ja naoe uma individualidade, mas urn lugar de atividade co­letiva, trabalhando pelo bem geral e no qual a autoridadeindividual se dilui.

Allan Kardec desencarnou em 31 de mar<;o de 1869,em conseqiiencia da ruptura de um aneurisma, quando en­tregava um numero da Revista a um empregado da livraria,que acabava de compra-lo.

o sequito desfilou pela Rua de Grammont, atravessouas "randes bulevares e deu entrada no cemiterio de

b

Montmartre, entre 0 povo que se acotovelava.

Diz Camile Flamarion: "Senhores, 0 Espiritismo nao euma religiao, mas uma ciencia, da qual apenas conhecemosa ABC. A epoca dos dogmas acabou. A natureza abarca 0

universo, eo pr6prio Deus, concebido outrora it imagem dohomem, s6 pode ser considerado pela metafisica modernacomo espirito da natureza".

A Sra. Kardec, com 74 anos it epoca, e linica proprieta­ria legal das obras e da Revista, decide:

1. Doar, cada ana, it caixa geral do Espiritismo, 0 exce­dente de lucros das opera<;i5es com a livraria espirita.

2. A revista publicara todos os artigos que 0 comite cen-

Rino Curti202

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Minha CaminhadaMaria de Lourdes Nascimento Marconato

Irmlio J6

Leia:

Palavras de AlertaTeresinha de Fatima Wasta

Espiritos Diversos

Neste livro, a Autora, iluminada por urn Espirito amigo, que aacompanha em todas as horas, conta-nos urn pouco da sua caminhada nabusca de levar a esperanya e a felicidade aos que a procuram. A sua vidarelatada de forma simples como ela mesma e, faz-nos refletir sobre anecessidade de encontrar 0 equilibrio tao necessario para a evoluyao da"ossa espiritualidade. Ensina-nos a importiincia da disciplina, para quepossamos viver em urn mundo conturbado como 0 que vivemos; comorenunciar as coisas mundanas, sem contudo renunciar avida.

Ainda neste livro, encontraremos as mais belas e expressivas men­sagens de amor e chamamento avida espiritual. Mensagens que sao luzpara os nossos caminhos. Nao deixe de ler!

Euma maravilhosa contribuiyao dos amigos que jii partiram paramundo espiritual, apresentando-nos a vida como ela realmente e.

Teresinha de Fatima Wasta, consegue com sua humildade no servir, pro­belissimas piiginas contendo ensinamentos que sao verdadeiras

p81avTas de alerta para que repensemos como devemos viver a nossa7jDortunidade de vida.

Rino Curti204

Aderbal Franya Lima

A - Bibliografia

- Andre de Moreil - A Vida de Allan Kardec

tral achar {[teis a causa do Espiritismo.3. A caixa geral do Espiritismo eentregue as maos de

urn tesoureiro, sob 0 controle de comite diretor.

A viuva de Allan Kardec desencamou em 21 de janeirode 1883, aos 89 anos de idade. 0 casal nao deixou filhos,mas a obra espiritual de Allan Kardec trouxe contribuiyaoinestimiivel a hurnanidade, ao reconhecer como irmaos to­dos os seres hurnanos, independentemente de nacionalida­de, sexo, raya ou religiao.

Kardec foi urn homem universal e fundou uma morale urna filosofia universals.

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QCAsARAoGARCl:~ G,:~.M3ERO

Desde menino, Garcia Gambero consegue comunicar-se com 0 pla­no espiritual. Recebeu muitas comunicasooes que se perderam no tempo.Depois de muitos anos consegue libertar-se, abre 0 seu coraSOao e suamente aos seus amigos .espirituais para nos trazer este belissimo conto,que sem duvida agradani a todos que tiverem oportunidade de ler. GarciaGambero inicia, com certeza, atraves desta narrativa, uma ligaSOao espi­ritual maravilhosa. A historia e um resgate. Toda uma familia retorna, eajudada por um rapaz de boa indole, consegue cumprir uma promessade mais de cem anos. A forma como Garcia Gambero nos relata estahistoria, e completamente diferente de tudo aquilo que 0 leitor esta acos­tumado a ler.

Pe-de-SantoVera Malta

Pelo Esp/rito Joca

Vera Malta, e uma dessas pessoas escolhidas por Deus para nos pas­sar 0 verdadeiro sentido da espiritualidade. Com uma mediunidade ma­ravilhosa, consegue encantar aqueles que tem a oportunidade de ve-Iapintar coisas fantasticas em porcelanas. Pe-de-Santo, e um romanceque vai deixar 0 leitor muito feliz, porque e 0 encontro do ser humanecom a natureza. Vma historia empolgante, contada por um Espirito cOmmuita experiencia na arte de escrever. Joca, e apenas um pseud6nimo de

. um grande escritor brasileiro, que do plano espiritual, quer nos passartoda uma experiencia de vida. Este romance voce n{io pode deixar deler.

Magia TerapeuticaJacira Lopes Rodrigues da Cruz

"Os caminhos sao construidos por nos, e muitas vezes construi­,,";Os Iabirintos com tal complexidade que por centenas de anosemoscamo-nos em pequeno espasoo.

"Nao e facil, repetimos, repentinamente mudarmos nossas tiiticas('omportamentais, mas enecessaria que-nos alertemos quanta as verda­des que nos sao expostas. Ebem celio que sao verdades mais constata­das pelo espirito que pelo intelecto materialista, mas e a verdade queG!GS libertani das amarras intransigentes dos conceitos preconizados e':';2S angustias e tormentos que avassalam nossa existencia. A PosturaG?!emal daquele que pede, deve ser a de espera, espera com a certeza de

lima pequena amostra do conteudo desta magnifica obra. A Au­;c·,,-.., com um relata envolvente, proporciona-nos material suficiente para"" mais profundas reflexoes. A sua leitura terapeutica nos permite bus­,= ,meriormente a verdad0 libertadora.

~meandobperan~a

Maria de Lourdes Nascimeuto MarconatoIrmao J6

'F2camos deste mundo um palco' de alegria, aproveitando todos oscO'. ·n.emos, sem perder as opOltunidades que Deus nos oferece."

'Y2cC,OS dar as maos e seguir firme, sem lamentasooes e sem nos re-

':=scamos a caminho da libertasoao... palavras que nos libertarao das::EPe:::fe,-;:c;es que nos deixam presos nos labirintos da vida."

·'.cen;)S uma amostra singela do que 0 leitor encontrara neste livro,;.es CGmo finalidade, semear atraves de palavras simples a esperan­

.70s:Cf3-;:oes da humanidade.

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!pam/t;~-Jt~r

Sonia Tozzi Henriques RodriguesFalar "Amor", qualquer um fala; mas e preciso alguem mui­

to especial para falar de amor. Porque 0 amor puro esta longe deposses e medos, muito distante das escolhas humanas; para falarde amor e preciso sublirriidade, ser capaz de sentir intensamentetal sentimento, vive-Io em cada momento.

Este e um trecho inicial deste livro, em que a autora nao s6faJa de amor, mas mostra-nos, como vive-Io intensamente na ale­gria e na dor. Falando de Amor, vai mostrar a voce que Deusrealmente existe, e esta nas coisas mais simples da vida. Que voce,s6 nao 0 ve e nao 0 sente, por estar envolvido pelas futilezas queo cerca. FaJando de Amor, e um despertar, para uma vida harmo­niosa de amor a humanidade. Vamos falar de amor.