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RIMA/C - 2

OO RRIIMMAA CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARR

O presente documento foi elaborado pela Empresa MORAES & ALBUQUERQUE ADVOGADOS E CONSULTORES e corresponde ao Relatório de Impacto Ambiental Complementar, RIMA, do projeto de “IMPLANTAÇÃO DO ESTALEIRO PROMAR S.A”, que faz parte do cluster naval planejado para instalação na zona portuária do Porto de SUAPE.

Este documento corresponde ao resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental Complementar, EIAC, onde se apresentam de forma resumida os principais aspectos relacionados com o Empreendimento analisado, de tal forma a permitir que pessoas interessadas possam entender a proposta e as consequências ambientais dela, sem precisar ter um conhecimento técnico aprofundado dos assuntos abordados.

No documento poderão ser consultados os aspectos mais relevantes da etapa de diagnóstico, os prognósticos futuros com e sem o Empreendimento e a avaliação de impacto ambiental.

Para informações mais detalhadas dos estudos realizados, deverá ser consultado o estudo principal que é o EIAC na biblioteca da CPRH ou na Empresa SUAPE.

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RIMA/C - 3

PPRROOTTOOCCOOLLOO DDOO DDOOCCUUMMEENNTTOO

A. SITUAÇÃO DE LICENCIAMENTO A) N° DE PROCESSO CPRH 7742/2010

B) ETAPA DE LICENCIAMENTO Solicitação de Licença de Instalação (LI)

B. DOCUMENTO

A) TÍTULO Estudo de Impacto Ambiental Complementar – EIAC do Estaleiro PROMAR S.A

B) ESTRUTURA DO ESTUDO Volume 1 – Volume 2 do EIA + RIMA

C) VERSÃO FINAL

D) DATA 19 de novembro de 2010

C. EMPREENDEDOR

A) RAZÃO SOCIAL EMPRESA PROMAR S.A

B) ATIVIDADE Construção de embarcações de médio e grande porte

C) COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA STX Europe AS e PJMR www.stxeurope.com

D) TELEFONE 55 (81) 2122-3150 / 2122-3151

E) CNPJ / M.F 11.084.194/0001-77

F) ENDEREÇO COMERCIAL Rua Engenheiro Antonio de Góes, nº 60, Ed. JCPM Trade Center, 7º andar, sala 14, Pina, Recife/PE

G) PESSOA DE CONTATO Dail Ferreira Cardoso – Diretor

H) E-MAIL DE CONTATO [email protected]

D. COORDENAÇÃO DO ESTUDO

A) RAZÃO SOCIAL MORAES & ALBUQUERQUE ADVOGADOS E CONSULTORES

B) ATIVIDADE Consultoria especializada nas áreas jurídica e ambiental

C) TELEFONE (81) 3222-2802

D) CNPJ / M.F 05.942.843/0001-20

E) ENDEREÇO COMERCIAL Av. Agamenon Magalhães, n.° 2615, Empresarial Burle Marx, sala 606, Espinheiro, Recife/PE

F) PESSOA DE CONTATO Umbelina Moraes [email protected]

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RIMA/C - 4

EEQQUUIIPPEE TTÉÉCCNNIICCAA

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RIMA/C - 5

11.. EENNTTEENNDDEENNDDOO OO

EEMMPPRREEEENNDDIIMMEENNTTOO........................................................0066

22.. OO PPOORRTTOO DDEE SSUUAAPPEE CCOOMMOO AALLTTEERRNNAATTIIVVAA LLOOCCAACCIIOONNAALL..............................................................................2211

33.. CCOONNHHEECCEENNDDOO

AA ÁÁRREEAA DDEE IIMMPPLLAANNTTAAÇÇÃÃOO........................................................................2255

44.. AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDEE IIMMPPAACCTTOO AAMMBBIIEENNTTAALL ..............................................5544

55 OO QQUUEE FFAAZZEERR PPAARRAA MMIINNIIMMIIZZAARR OOSS IIMMPPAACCTTOOSS IIDDEENNTTIIFFIICCAADDOOSS ?? ............................................................6677

66 CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS DDOO EESSTTUUDDOO ........................................................................................7733

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RIMA/C - 6

1 - ENTENDENDO O EMPREENDIMENTO

O Empreendimento analisado e que pretende ser implantado no Porto de SUAPE, consiste de um estaleiro para fabricação de navios voltados para o apoio offshore de plataformas petroleiras principalmente.

BOX 1.1 Um estaleiro é o local onde se constroem, reparam e/ou reformam embarcações de diversas finalidades como cruzeiros para turistas, barcos pesqueiros, barcos militares, barcos de transporte de carga e barcos de apoio como os que se pretende construir no estaleiro PROMAR.

Os estaleiros têm que ter saída para o mar obrigatoriamente, por isso são construídos comumente anexos a portos como neste caso. Estas fábricas de barcos consistem basicamente de uma grande área plana aterrada, na qual se desenvolvem as atividades básicas de corte, dobragem e solda de aço, pintura, montagem de grandes blocos através de guindastes de grande porte e atividades complementares como montagem de motores, máquinas e toda a infraestrutura interna de um navio.

Algumas atividades, como os cortes de aço e a pintura, são realizadas dentro de enormes galpões que são construídos na área. Outras atividades são realizadas a céu aberto como a montagem de blocos que em conjunto vão formando o casco e a estrutura do navio.

Na industria naval, todas as atividades que se desenvolvem em terra firme se denominam como onshore e as que se desenvolvem na água, se denominam como offshore. No estaleiro igualmente, uma parte das atividades será realizada offshore, pois durante a construção e quando o navio estiver em condições de se sustentar na água, será lançado para o mar, onde será realizada grande parte do acoplamento de blocos e acabamentos.

A área proposta se localiza dentro do território do Complexo Industrial Portuário de SUAPE, mais especificamente na porção leste da Ilha de Tatuoca, estando limitada ao norte pelo Rio Massangana, ao oeste pela vertente direita do Riacho da Cana (afluente do Massangana), ao leste pelo canal que separa Tatuoca da Ilha de Cocaia e ao sul pelo Estaleiro Atlântico Sul.

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A área que ficará sob a responsabilidade da empresa PROMAR S.A será de 97,40 hectares conforme se mostra na Figura 1 , a seguir, salientando que 17 hectares serão dragados para conformação do canal de navegação, restando então 80,0 hectares onshore para construção das facilidades do Estaleiro.

Durante a primeira etapa de implantação do empreendimento serão afetados os 45 hectares de terreno localizados mais para o lado sul e oeste do terreno, não sendo requerido afetar áreas de manguezais, mas somente algumas áreas com vegetação de restinga.

Figura 1 – Localização da área na Ilha de Tatuoca

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QUE TIPO DE BARCOS SERÃO CONSTRUÍDOS NO ESTALEIRO ?

O Estaleiro PROMAR S.A terá como ponto de partida a construção de 8 navios gaseiros, sendo 4 do tipo LPG 7000 m³ , 2 do tipo LPG 4000 m³ e 2 do tipo LPG 12000 m³. Com essa demanda, o Estaleiro Promar S.A. terá sua carteira inicial de encomendas ocupada até meados de 2015. Além dos navios gaseiros, o Estaleiro Promar manterá o seu foco no segmento de construção de navios especiais para o mercado de Apoio Offshore, como navios Supridores, de Manuseio de Âncoras, de Monitoramento por ROV, de Construções Subaquáticas, de Estimulação de Poços, entre outros.

Com essas necessidades, o Empreendimento foi concebido para ser implantado gradativamente, conforme sua necessidade. Na 1ª etapa da implantação serão ocupados em torno de 45 hectares do setor oeste da área de implantação, incluindo o setor offshore que como já dito ocupa em torno de 17 hectares, nos quais foram lançadas as instalações básicas mínimas para poder executar o escopo do primeiro contrato, já assinado, de oito (8) navios gaseiros, como já mencionado.

BOX 1.2 Os navios especiais de Apoio offshore cuja construção será o foco de ação do Estaleiro PROMAR S.A, desempenam uma função relevante na indústria do petróleo, pois são estas as que se aproximam dos locais de produção em mar aberto para atendimento de diferentes situações como carga, descarga, emergências dentre outras.

As embarcações empregadas no Apoio Marítimo (offshore) devem possuir uma alta tecnologia e uma capacidade de manobra aprimorada para seu posicionamento próximo às unidades a serem atendidas. Este atendimento consiste no recebimento e fornecimento de granéis líquidos e sólidos (água, óleo, diesel, cimento, baritina, bentonita), operações de carga no convés, além das operações de manuseio de âncoras, reboque e S.O.S.

Frota de Navios de Apoio Marítimo offshore, controlam um foco de incêndio em uma plataforma da BP no Golfo do México.

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Figura 2 – Exemplos de navios de apóio marítimo a serem construídos no Estaleiro

Fonte: Projeto Básico PROMAR S.A

CONHECENDO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA INFRAESTRUTURA DO ESTALEIRO PROMAR

As principais características do empreendimento são apresentadas a seguir:

� Área industrial: entre 250.000m² e 300.000 m² na primeira etapa;

� Área coberta: 100.000m²;

� Capacidade Produtiva: 20.000 ton de aço por ano;

� Mão de obra direta: 1.500 postos de trabalho;

� Cais de acabamento: 700 metros;

� Área de edificação: 300m x 35m (para dois navios simultaneamente);

� Área de pré-edificação: 300m x 35m;

� Pórtico cobrindo as áreas de edificação e de pré-edificação: 2 X 150 t x 70m.

� Sistema de lançamento através de Load Out com dique flutuante de 150 x 40m com capacidade de içamento de 15.000 t.

� Tratamento, pintura e corte de chapas em processo automático fechado, com sistema de filtragem e reaproveitamento de granalha, sem poluentes.

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� Fabricação de estruturas metálicas em ambientes protegidos;

� Sistemas de acondicionamento, tratamento e descarte de efluentes líquidos e sólidos de acordo com os padrões requeridos pelos órgãos ambientais.

Figura 3 – Layout do Empreendimento

A. Estacionamento veicular - B. Guarita de acesso - C. Controle de Acesso (main gate); D. Vestiários - E. Administração - F. Refeitório - G. Cabines de Pintura - H. Área de Edificação - I. Cais de Acabamento - J. Dique Flutuante - K. Pátio de Estocagem de aço - L. Oficina de processamento.

O arranjo geral do projeto básico prevê a ocupação inicial de entorno de 45 hectares (incluindo aproximadamente 17 hectares da dragagem do canal) dá área, localizados do lado oeste dela, no limite confrontante com o Estaleiro Atlântico Sul. Esse setor do terreno apresenta, atualmente, cotas entre 2 e 5m, não alagáveis, as quais serão elevadas até o nível de +4,60m, coincidindo com o nível atual da plataforma do Estaleiro Atlântico Sul.

A área será aterrada preferencialmente com o material proveniente da dragagem do canal de acesso, contudo, em função das necessidades de agilizar a implantação do site, poderá ser utilizada a opção de importação de material de jazida licenciada. A área terraplenada ficará confinada pelo seu lado oeste pelo EAS e pelo lado leste com o canal de navegação que dará acesso naval ao Estaleiro, e onde está prevista uma dragagem até o nível -16,0m,

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aproximadamente. O arranjo geral do Empreendimento mostrado na Figura 3 acima, foi concebido estrategicamente para facilitar o fluxo de materiais, equipamentos, peças e matérias primas dentro da área, otimizando o percurso entre estas e minimizando as interferências com áreas de circulação. O lado norte, onde ficará localizado o acesso terrestre do local, será delimitado pela infraestrutura rodoferroviária prevista por SUAPE.

O quadro de áreas com a discriminação das unidades a serem implantadas pode ser conferido a seguir:

Quadro 1 – Relação de unidades áreas previstas no Layout do Empreendimento

N° DE UNIDADES

ALTURA / PÉ DIREITO

(m)

ÁREA (m²)

3 4,00 83,00 x 10,00 830,00

1 4,00 25,00 x 15,00 375,00

1 4,50 50,00 x 37,00 1.850,001 4,50 55,00 x 33,00 1.815,001 4,50 50,00 x 25,00 1.250,001 4,50 10,00 x 25,00 250,00

2 - 250,00 x 30,00 7.500,00

1 - 250,00 x 30,00 7.500,00

1 - 130,00 x 20,00 2.600,001 - 15,00 x 15,00 225,001 - 30,00 x 50,00 1.500,001 - 30,00 x 50,00 1.500,00

9 5,00 10,00 x 7,50 75,003 5,00 10,00 x 7,50 75,001 - 20,00 x 7,50 150,001 20,00 7,50 x 7,50 56,251 3,00 20,00 x 10,00 200,00

1 - 20,00 x 10,00 200,00

1 - 20,00 x 10,00 200,00

1 - 2063,00 15,00 30.945,00

1 10,00 55,00 x 20,00 1.100,001 10,00 50,00 x 25,00 1.250,00

1 10,00 130,00 x 25,00 3.250,001 15,00 130,00 x 25,00 3.250,001 15,00 100,00 x 20,00 2.000,001 20,00 165,00 x 45,00 7.425,001 10,00 165,00 x 15,00 2.475,00

OFICINAS

ÁREAS DE APOIO, ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA

Prédio Administrativo

Portaria Principal

VestiárioRefeitórioEscritório de ProduçãoPosto Médico

ÁREAS DE APOIO E ESTOCAGEM

Sistema Viário Interno

Oficina de ProcessamentoOficina Estrutural IOficina Estrutural IIOficina Estrutural IIIOficina de Submontagem

Almoxarifado de Acabamentos Almoxarifado de Equipamentos

DIMENSÕES (m)

Pátio de estocagem de açoPátio de estocagem de tubos

Estacionamento de veículos

Estacionamento de equipamentos

ÁREAS DE INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS

Central de estocagem de Resíduos Sólidos

Estação de Tratamento de Efluentes líquidos

ÁREAS DE PRODUÇÃO

ALMOXARIFADOS

SubestaçõesCentral de ar comprimido

DESCRIÇÃO

EDIFICAÇÕES

Castelo d’águaReservatório

Central de Gases Industriais

Pátio de andaimesPátio de sucatas

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Quadro 1 – Relação de unidades áreas previstas no Layout do Empreendimento 1 20,00 165,00 x 45,00 7.425,001 10,00 165,00 x 15,00 2.475,001 10,00 55,00 x 15,00 825,001 10,00 25,00 x 15,00 375,001 10,00 55,00 x 15,00 825,001 10,00 25,00 x 10,00 250,001 10,00 15,00 x 15,00 225,001 15,00 25,00 x 14,00 350,001 10,00 25,00 x 10,00 250,001 10,00 25,00 x 10,00 250,003 15,00 27,00 x 15,00 405,00

1 - 80,00 x 300,00 24.000,001 - 520,00 x 20,00 10.400,001 - 150,00 x 40,00 6.000,00

124.001,25

Oficina Estrutural IIIOficina de SubmontagemOficina de TubulaçãoOficina de MódulosOficina de Acessórios de AçoOficina MecânicaOficina de DecapagemOficina de Acab. AvançadoOficina de Carpintaria

TOTAL DE ÁREA PREVISTA

Área de edificaçãoCais de acabamentoDique Flutuante

Oficina de ElétricaCabines de Pintura

ÁREA DE MONTAGEM

A ETAPA DE IMPLANTAÇÃO DO ESTALEIRO PROMAR

A duração das obras de implantação do Estaleiro será de aproximadamente 28 meses, nos quais serão aplicados os métodos construtivos tradicionalmente utilizados em obras portuárias.

Em função das restrições de acesso à área, está planejado como primeira ação construtiva, a construção de um acesso rodoviário ao terreno, ou melhor, a reabilitação e utilização da antiga estrada de acesso ao Estaleiro Atlântico Sul, construída igualmente durante o período de implantação do referido Empreendimento.

O local de implantação do Canteiro de Obras ainda não foi definido, sendo objeto do Projeto Executivo, contudo, estima-se que se dará na íntegra dentro da área destinada à construção do Estaleiro, tendo em vista que na primeira etapa serão ocupados em torno de 25 hectares. No primeiro momento, deverá ser executado um canteiro provisório em um ponto de apoio de fácil acesso, até a disponibilização da área definitiva.

BOX 1.3 As obras de implantação do Estaleiro não diferem em nada das obras portuárias convencionais, envolvendo inicialmente a limpeza do terreno incluindo com supressão de vegetação das áreas a serem ocupadas, aterramento da área para elevar o nível do terreno até uma cota acima dos níveis de maré alta, sendo que este aterramento pode ser feito com material proveniente da dragagem do canal, ou com material proveniente de jazidas externas.

Nesta etapa o maior desafio é a de garantir uma fundação adequada para as estruturas, especialmente para os guindastes, dimensionados para levantar um grande número de toneladas durante as manobras de montagem do navio. Esta fundação é construída normalmente com estacas, tendo em vista que o solo na área do porto não apresenta uma boa capacidade de suporte.

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Estando a área terraplenada, seguem-se mais duas etapas da implantação: � a primeira se refere à obra civil convencional com a construção de sistema viário galpões, prédios, pátios, etc � e a segunda que se refere à montagem eletromecânica de equipamentos como guindastes e gruas.

Observe-se do cronograma de implantação abaixo, que a fabricação de navios começará antes mesmo da finalização total das obras, contudo, após que todas as unidades de controle à poluição estejam finalizadas.

t Figura 4 – Cronograma de implantação do Empreendimento

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

1) ASSINATURA DE CONTRATO COM A TRANSPETRO ok

2)CONTRATO ARRENDAMENTO DA ÁREA ok

4) LICENÇA AMBIENTAL PRÉVIA ok

5) REUNIÃO FMM

6) EFICÁCIA DO CONTRATO COM A TRANSPETRO

7) LICENÇA AMBIENTAL DE INSTALAÇÃOCumprimento das demandas da LP (Projetos de PBA)

Obtenção da LI

8) PREPARAÇÃO DA ÁREA / SERVIÇOS PRELIMINARESProjetos Básico

Seleção de Empreiteira p/ Construção (com proj. ex ecutivo)

Construção de Acesso Rodoviário provisório ao Terre no

Limpeza do Terreno e Remoção Camada Orgânica Superf icial

Levantamento Topográfico da Área

Sondagem Geotécnica detalhada e Análise de Solo

Infraestrutura Governo (Dragagem, Acessos, Água, Es goto...)

Nivelamento do Terreno

Início de Cravação de Estacas

9) PRIMEIRA LIBERAÇÃO DE RECURSOS FINANCIAMENTO

10) CONSTRUÇÃO DO ESTALEIRO

Início da Construção do Estaleiro

Oficinas

Patio de Aço

Shot Blast

Processamento

Estrutura I, II, III

TubulaçãoI

Acessórios de Aço

Módulos de Máquinas

Elétrica

Carpintaria

Manutenção

Cabines de Pintura

Almoxarifado

Carreira de Edificação do Navio

Cais de Atracação

Dique Flutuante

Elaboração do Projeto básico e detalhamento

Classificação do Projeto

Construção do Dique Flutuante

Instalações Prediais

Portaria e Segurança Patrimonial

Prédio da Administração

Posto médico

Vestiário

Refeitório

Estação de Tratamento Sanitário

Facilidades Industriais

Término da Construção do Estaleiro

11) LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO

Cumprimento de demandas da LI (PBA, Monitoramentos, etc.)

Obtenção da LO

2011 2012

CRONOGRAMA DE CONSTRUÇÃO DO ESTALEIRO PROMAR

Início da Produção no Estaleiro

Meses e Anos

Atividades

Fonte: Projeto Básico PROMAR S.A

canal de navegação até a área da PROMAR S.A.

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A PROMAR S.A, baseada na experiência em projetos similares, estima que no pico da obra serão gerados em torno de 1.000 empregos diretos atrelados à construção civil e montagem mecânica de equipamentos, envolvendo desde cargos de gerência, até operários de baixa qualificação. Nesse sentido, estima-se que durante a obra será verificada uma distribuição da seguinte forma:

Quadro 2 – Previsão de mão de obra durante implantação

PROFISSIONAL QUANTIDADE ESCOLARIDADE

Engenheiros 10 Superior

Administradores 2 Superior

Técnicos 10 Técnico

Encarregados 12 Primeiro Grau

Operários 360 Primeiro Grau

Mestre-arrais 2 Segundo Grau

Motoristas (próprios) 10 Primeiro Grau

Operadores de equip. 24 Primeiro Grau

TOTAL 430

A ETAPA DE OPERAÇÃO DO ESTALEIRO PROMAR

A etapa de operação do Estaleiro começa no momento em que se iniciem os trabalhos de construção de navios no local, com contratação de mão de obra, recepção de matérias primas, transformação desta matéria prima em módulos, depois em conjuntos e finalmente em uma embarcação, através de procedimento de corte, solda, pintura dentre outros.

BOX 1.4 O porte dos estaleiros pode ser avaliado através da sua capacidade de manuseio e processamento de aço por ano. No caso do PROMAR, esta capacidade está estimada em 30.000 toneladas de aço por ano, valor este notadamente inferior às 160.000 toneladas de aço que pode processar o Estaleiro Atlântico Sul.

A técnica construtiva que será implementada no Estaleiro PROMAR S.A, vem sendo desenvolvido e aprimorado pela Empresa ao longo da sua experiência na construção de 33 navios, só no Brasil. É um procedimento testado e considerado adequado para ser implantado na Unidade de SUAPE.

O processo todo se desencadeia a partir da elaboração de um projeto de engenharia, onde se apresenta em detalhe toda a modulação e bitolas das chapas de aço, bem como os projetos complementares elétricos, mecânicos e outros constantes em embarcações de alta tecnologia como as que se pretendem construir no local. A partir daí se desencadeia um processo produtivo

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de compra de insumos, corte, solda, pintura, montagem de blocos para construção do casco.

Quando o casco do navio está finalizado, promove-se seu lançamento no mar, através da transferência da estrutura para uma plataforma submergível, sendo que para isso se desliza sobre trilhos com ajuda de dois rebocadores. Estando na água, realizam-se as atividades de acabamento e testes de todos os equipamentos. As Figuras a seguir ilustram a seqüência construtiva do casco do navio e sua transferência para o mar.

Figura 5 – Seqüência de construção do Casco do Navio e transferência para o mar

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BOX 1.5 Observe-se na Figura acima que o sistema de transferência do navio para o mar é diferente daquele utilizado pelo Estaleiro Atlântico Sul. Neste caso não é utilizado o denominado “Dique Seco”, que consiste em uma enorme piscina que enche ou esvazia com água do mar, em função das necessidades do Estaleiro. Neste caso, e conforme se mostra na Figura, a tecnologia utilizada prevê o deslocamento do navio para uma plataforma submersível e logo depois para o mar.

Na FASE DE OPERAÇÃO do Estaleiro PROMAR S.A, estima-se que serão gerados cerca de dois mil empregos diretos (2.000 empregos), num prazo máximo de um ano após o início de sua operação, conforme se mostra no Quadro a seguir:

Quadro 3 – Distribuição de funcionários durante operação, por Grau de Escolaridade

ÁREASQTD DE

PESSOAS

Básico Médio Superior

ADMINISTRAÇÃO

PRES./V.PRES./DIRETORES/GERENTES 10 100%

SECRETÁRIA 2 100%

RECURSOS HUMANOS/SERVIÇOS GERAIS 72 30% 60% 10%

FINANCEIRO/CONTABILIDADE 14 50% 50%

COMERCIAL 6 30% 70%

PROJECT MANAGEMENT / COORDENADOR 6 30% 70%

PLANEJAMETNO 25 70% 30%

ENGENHARIA 38 60% 40%

CONTROLE DE QUALIDADE 22 70% 30%

SUPRIMENTOS 22 70% 30%

ALMOXARIFADO 14 30% 60% 10%

SUBTOTAL 231 11,2% 57,7% 31,1%

PRODUÇÃO

ADM DA PRODUÇÃO 23 30% 70%

SUPERVISÃO DA PRODUÇÃO 44 90% 10%

CONTRAMESTRES 139 100%

OPERÁRIOS 10. TURNO 1160 80% 20%

OPERÁRIOS 20.TURNO 348 80% 20%

MANUTENÇÃO 55 50% 50%

SUBTOTAL 1.769 69,8% 29,1% 1,2%

TOTAL GERAL 2.000 63,0% 32,4% 4,6%

QUADRO DE FUNCIONÁRIOS POR GRAU DE ESCOLARIDADE

GRAU DE ESCOLARIDADE

Toda esta mão de obra estará submetida ao regime de trabalho regido pela CLT, ou seja, 44 horas de trabalho semanais, sendo que as jornadas serão de 7h às 17h com uma hora de intervalo para almoço, de segunda a quinta-feira, e de 7h às 16h, as sextas-feiras, desta forma compensando a jornada dos sábados. Deverá ser implementado um sistema de transporte alternativo para todos os funcionários, devendo operar por cidades/bairros até o Estaleiro na vinda e o retorno, vice-versa. O Estaleiro será dotado de refeitório, sendo que todos os

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alimentos, tanto para o café da manhã como para as refeições diárias, almoço e jantar, deverão ser fornecidos por empresa especializada e qualificada no ramo.

Em termos de FORNECIMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS, salienta-se que o Estaleiro será abastecido via marítima e via rodoviária e ferroviária para atender sua capacidade anual de processamento de aço de 30.000 toneladas por ano, conforme discriminado no quadro a seguir:

Quadro 4 – Quantitativos de insumos esperados no Estaleiro PROMAR (mensal)

Descrição Unid. Origem Modo de transporte

Freqüência de chegada

Previsão de quantidade

Chapas de aço t Minas Gerais

São Paulo Rodovia / Ferrovia Rodovia / Marítimo

Bimensal 18.000

Perfis de aço t Minas Gerais

São Paulo Rodovia/Ferrovia Rodovia/Marítimo

Bimensal 2.000

Tubos de aço t Minas Gerais

São Paulo Rodovia/Ferrovia

Bimensal 2.000

Chapas galvanizadas

t Minas Gerais São Paulo

Rodovia Mensal 150

Equipamentos, peças, motores, etc

t Brasil Exterior

Marítimo/ Rodovia Mensal 3.000

Fios e cabos elétricos

m Rio de Janeiro Marítimo/ Rodovia Bimestral 900.000

Madeira m³ (deverá ser

compra local) Rodovia Trimestral 100

Granalha de aço t São Paulo Rodovia Semestral 12.000

Tintas litros Rio de Janeiro

São Paulo Rodovia Mensal 150.000

CONSUMÍVEIS Eletrodos, arames, outros

t Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo

Rodovia Mensal 1.100

Gases industriais (Acetileno, argônio, GLP, outros)

kg (deverá ser compra local)

Rodovia Mensal 150.000

CO2 kg (deverá ser compra local)

Rodovia Mensal 2.200.000

Oxigênio m³ (deverá ser compra local)

Rodovia Mensal 850.000

Óleo diesel t (deverá ser compra local)

Rodovia Mensal 1.500

QUAL É A GERAÇÃO DE EFLUENTES E RESÍDUOS SÓLIDOS DURANTE A OPERAÇÃO, E QUAIS OS CUIDADOS QUE SERÃO TOMADOS ?

Durante a operação do Estaleiro será verificado um fluxo constante, onde o sistema é alimentado por matérias primas e consumíveis, as quais se transformam em módulos ou unidades para a indústria naval, mas também em sub-produtos que precisam ser controlados para não gerarem impactos ambientais. Esses sub-produtos serão gerados nos estados:

� sólido em forma de resíduos sólidos;

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� líquido em forma de efluentes; � gasoso em forma de gases e vapores;

Em termos de RESÍDUOS SÓLIDOS, a experiência do Empreendedor em mais de 30 navios construídos, permitiu elaborar a previsão de geração apresentada no Quadro 5 , a seguir, salientando que o gerenciamento deles será feito através do seguimento de procedimentos constantes no sistema de gestão ambiental do Empreendimento.

Quadro 5 – Previsão de geração de resíduos sólidos durante operação

Descrição do Resíduo Quantidade gerada por

mês Unidade Destino

Resíduos sólidos domésticos 300 Metros

cúbicos

Coleta 3x por semana e destino em aterro sanitário licenciado.

Lâmpadas Fluorescentes 100 Peças

Reciclagem externa realizada por empresa especializada.

Bateria de rádios 8 Peças Acondicionadas em caixas próprias e devolvidas ao fabricante.

Tambores de óleo combustível vazios 20 Peças Tratado e reutilizado para

coleta de resíduos. Água com óleo da Central de separação Agua e Óleo (CSAO)

- - Retida no separador de água e óleo.

Lodo + Óleo da CSAO + Óleo Usado 1200 Litros Coleta realizada por

empresa especializada. Fossa séptica e caixa de gordura 40 Metros

cúbicos Coleta realizada por empresa especializada.

Cera utilizada no lançamento das embarcações

- - -

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

Pequena quantidade -

Acondicionado em caixas próprias e retirado por empresa especializada.

Tintas e solventes com prazo vencido - - Retornam ao fabricante.

Trapos sujos de óleo 200 Kg São retirados por empresa especializada.

Sucata ferrosa, pneumáticos, cera e eletrodos de solda

80 Toneladas É retirada por empresa especializada.

Ácido utilizado da decapagem química - -

É neutralizado e sua coleta é realizada por empresa especializada.

Resíduos do processo 5 Toneladas Coleta realizada por

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Quadro 5 – Previsão de geração de resíduos sólidos durante operação

Descrição do Resíduo Quantidade gerada por

mês Unidade Destino

de jateamento empresa especializada.

Já em termos de EFLUENTES LÍQUIDOS, destaca-se que o processo produtivo do Estaleiro PROMAR S.A. terá como principais poluentes nas águas residuárias o óxido de ferro e hidrocarbonetos (óleos e graxas). Em função disso, propõe-se, como sistema de tratamento de águas, um sistema baseado em dois processos físico-químicos: decantação e flotação. O processo de precipitação por agentes químicos poderá ser eventualmente utilizado.

O lodo gerado nesse processo será encaminhado a um aterro industrial. Os hidrocarbonetos retidos serão coletados periodicamente e acondicionados em tambores ou contêineres para posterior revenda e reaproveitamento por uma empresa autorizada pela CPRH para tal intento. A construção do separador de óleos e graxas será feito segundo o dimensionamento proposto pelas normas técnicas. O efluente tratado será descartado no meio ambiente, após ser garantido através de monitoramento ambiental que suas características são compatíveis com os padrões de lançamento especificados pela Resolução do CONAMA 357/05.

Salienta-se que dentro das atividades do Estaleiro é preciso realizar um tratamento químico das tubulações de aço para remover a denominada “carepa” que é uma camada de óxidos que se forma na superfície do aço. Para isso, será requerida a implantação de um processo de DECAPAGEM QUÍMICA, que consiste no mergulho da peça de aço em uma seqüência de 5 tanques, que através de diferentes produtos químicos promove: � o desengraxe da peça com solução alcalina � o enxágüe da peça com água � a decapagem propriamente dita com ácido clorídrico a 15% � um novo enxágüe da peça 5 a passivação da superfície tratada com ácido fosfórico.

As soluções nos tanques serão utilizadas por um período de 6 meses, aproximadamente, até se saturarem e serem coletadas por empresa devidamente licenciada.

A operação do Estaleiro prevê a utilização de máquinas como guindastes, geradores diesel, veículos automotores, dentre outros que GERARÃO RUÍDOS em diversos níveis. Estima-se que estes níveis de intensidade sonora não ultrapassem os 85 dB a uma distância de poucos metros da fonte de geração, o que estaria em concordância com a NR 15, Atividades e Operações Insalubres, que especifica uma exposição máxima de 8 horas para esse nível de intensidade sonora. Os equipamentos geradores de ruído serão dotados de abafadores. Igualmente, os geradores diesel estarão confinados em estruturas revestidas com materiais e isolamento acústico, de tal forma que a previsão é

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que, no perímetro do Empreendimento, não sejam superados os 70dB, que é o máximo estabelecido na NBR 10.151 para áreas industriais durante o período diurno.

As fontes de EMISSÕES GASOSAS identificadas para a operação do Estaleiro são as decorrentes da operação de motores diesel (NOx, SOx, CO e material particulado). Contudo, esta emissão será de baixo porte, não devendo superar, ao nível do solo, os padrões de imissão estabelecidos pela resolução do CONAMA 003 de 1990. Já nos galpões de corte, poderá ser verificada a geração de fumos, fuligem e vapores e VOC, no caso das cabines de pintura. Para este caso está prevista a implantação de exaustores e filtros, minimizando assim a exposição dos operários.

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2 - O PORTO DE SUAPE COMO ALTERNATIVA LOCACIONAL

SUAPE TEM CAPACIDADE FÍSICA E LOGÍSTICA PARA RECEBER MAIS UM EMPREENDIMENTO ?

Para responder este questionamento foi preciso que a equipe técnica do EIA/RIMA mergulhasse nas pesquisas voltadas à obtenção das informações existentes referentes ao planejamento futuro previsto para SUAPE. Parte-se do diagnóstico realizado pelo EIA/RIMA do “Projeto de Ampliação e Modernização do Porto de Suape” (Pires Advogados & Consultores, 2000), associado ao diagnóstico que compõe o EIA/RIMA do Estaleiro Atlântico Sul (Multiconsultoria, 2004), confrontando-os com documentos realizados recentemente, entre 2006 e 2010, tais como o “Plano do Território Estratégico de Suape”, o “Plano Estratégico de Turismo” e o “Plano de Desenvolvimento e Zoneamento de Suape, PDZ”, além de visitas e entrevistas realizadas sobre o tema no CIPS.

Da análise dos mencionados estudos, conclui-se que o formato atual que apresenta o CIPS é uma etapa transitória havia um crescimento ainda maior que deverá ocorrer na próxima década. Com efeito, o planejamento estratégico de SUAPE envolve a implantação de industrias de grande porte como a Refinaria Abreu e Lima e as empresas que entorno dela começarão a orbitar, envolve a implantação do Cluster Naval, envolve a implantação de um terminal de minério na ilha de Cocaia com acesso rodoferroviário e ligação direta com a ferrovia transnordestina, a construção de uma estação de metró para facilitar a chegada de operários, envolve a construção de um sistema de veículo leve (VL) elétrico. Adicionalmente envolve a integração rodoviária com o sistema existente e previsto, a exemplo do futuro Contorno rodoviário do Cabo de Santo Agostinho e a ligação com o futuro Arco Viário Metropolitano.

Entorno deste crescimento de SUAPE, verifica-se o crescimento da oferta de serviços de abastecimento de água, com a ampliação do Sistema Pirapama e a previsão de construção da Barragem do Engenho Maranhão. Verifica-se também a ampliação do sistema de fornecimento de energia elétrica, com a previsão de implantação de subestações e unidades termoelétricas nas proximidades de SUAPE. Verifica-se igualmente a ampliação da oferta de serviços de proteção ambiental na RMR, com empresas de coleta, recolhimento e destinação final de resíduos industriais, de tratamento de efluentes, em fim, a

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abertura de um leque de oferta de serviços voltados para o atendimento das demandas geradas em SUAPE.

Esta oferta de serviços verifica-se igualmente no campo da capacitação de mão de obra, onde a parceria entre empresa privada, prefeituras, SUAPE, entidades federais de ensino superior, dentre outros, vem promovendo a abertura de cursos técnicos voltados para a capacitação de mão de obra local, o que é igualmente um ponto importante na análise de efeitos cumulativos do empreendimento.

Diante do exposto, pode-se dizer que SUAPE possui atualmente a capacidade de absorver este novo empreendimento, não significando isto que alguns conflitos poderão ocorrer nos pontos onde os efeitos cumulativos são mais importantes, como são a mão de obra e as condições de acesso ao local. Contudo, considerando que as propostas globais do governo do estado de dotação do porto de uma infraestrutura mais adequada deverão acontecer conforme previsto, considera-se que estes eventuais atritos serão equacionados com soluções que em curto prazo, deverão permitir a total inserção regional do empreendimento ora proposto.

PORQUE NO PORTO DE SUAPE, QUAIS SERIAM OS BENEFÍCIOS PARA O ESTADO ?

Observa-se na mídia uma corrida geral de vários estados para sediar os estaleiros que em grande número vêm sendo anunciados por diferentes empresas privadas do país. A afinidade dos governos por este tipo de empreendimento está atrelada basicamente a sua capacidade de gerar empregos diretos na fase de operação, em função das características construtivas de navios. Com efeito, diferentemente das linhas de produção de veículos e outros produtos onde a robótica foi substituindo progressivamente o ser humano, na fabricação de navios ainda o operário treinado é a peça chave para os processos de corte e de solda, isto pelo fato das operações realizadas não serem repetitivas e cíclicas.

Por enquanto, e só para ilustrar a capacidade de geração de emprego deste tipo de empreendimento, compare-se a Refinaria Abreu e Lima que ocupa uma área de 600 hectares e deverá gerar durante operação em torno de 1.500 empregos diretos. Já o Estaleiro PROMAR ocupará uma área de 80 hectares com uma previsão de postos de trabalho com carteira assinada da ordem de 2.000. Isto em termos de indicadores mostra que a Refinaria gerará 2,5 postos de trabalho para cada hectare ocupada, contra 25 do estaleiro para um mesmo hectare.

A escolha do local para implantação da nova Unidade se deve aos seguintes fatores:

−− Estrutura de serviços nas áreas náutica e naval;

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−− Existência de boa infra-estrutura já desenvolvida na área industrial;

−− Custos menores nos investimentos para implantação de um Estaleiro;

−− Mão-de-obra disponível com custos inferiores aos grandes centros urbanos;

−− Logística e infra-estrutura favoráveis, tais como: aeroporto, ferrovia e porto comercial próximo ao Estaleiro, bem como, disponibilidade de energia e de fornecimento de água;

−− A mentalidade marítima verificada na região, propiciando o melhor desenvolvimento de atividades ligadas à navegação e ao setor náutico;

−− Região favorável para o acesso de embarcações de médio e grande porte;

−− Disponibilidade de Universidades, Escolas Técnicas e de formação profissional;

−− Disponibilidade de área abrigada com possibilidade de acesso marítimo de bom calado;

−− A região Nordeste do Brasil possui incentivo fiscal do Governo Federal para investimentos através dos projetos SUDENE (benefício fiscal no Imposto de Renda).

EXISTIRÁ DEMANDA PARA MAIS DE UM ESTALEIRO NO PORTO DE SUAPE?

O empreendimento proposto encontra justificativa na elevada demanda atual vs a insuficiente capacidade instalada de processamento de aço em estaleiros em território nacional. Com efeito, a Transpetro iniciou em 2005 o Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF), o qual prevê a construção de navios Suezmax, Aframax, Panamax, Produtos (Claros e Escuros) e Gaseiros: PROMEF 1 (26 Navios) e PROMEF 2 (23 Navios). Neste último grupo estão incluídos os 8 Gaseiros a serem construídos pelo Estaleiro PROMAR como contrato de arranque do empreendimento. Até 2014, a Petrobras visa o afretamento de 146 embarcações Offshore (PSVs, AHTSs e OSRVs) construídas em território nacional. Parte destas embarcações apoiará a produção no Pré-sal.

Além disso, existem outras companhias de Petróleo, por exemplo, a OGX (http://www.ogx.com.br), que busca no mercado nacional opções para construção de embarcações para logística e apoio a sua produção. Estima-se que serão necessárias vinte embarcações offshore e quatro a cinco plataformas semi-submersíveis. Para Cabotagem, estima-se 40 navios mercantes (Panamax ou menor) e para a Marinha do Brasil, quinze navios patrulha.

Estas informações de contextualização estão sumarizadas no gráfico da Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM), que mostra

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que ao longo destes anos, o número de embarcações com bandeira brasileira (construídas no Brasil) vem aumentando e substituindo as embarcações estrangeiras, sendo pela curva apresentada uma tendência que deve garantir ocupação total dos estaleiros até os anos de 2018 a 2020.

Figura 6 – Tendência de encomendas de embarcações para serem construídas em território nacional

Fonte: Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM), constante no projeto básico do empreendedor.

O EMPREENDIMENTO VEM ATENDENDO TODOS OS TRÂMITES LEGAIS ?

O Empreendimento em apreço vem seguindo rigorosamente todos os trâmites legais para implantação, no tocante ao órgão ambiental do Estado de Pernambuco CPRH (onde se encontra na etapa de Licença de Instalação (LI).

Na análise jurídica requerida no EIA, não foi identificado nenhum aspecto que confronte com a legislação ambiental em vigor, nas escalas Federal, Estadual e Municipal.

Foto 1 – Panorâmica do acesso principal atual à Ilha de Tatuoca.

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3 - CONHECENDO A ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

Foto 2 – Panorâmica da Ilha de Cocaia desde a área do Empreendimento

Neste caso do Estaleiro PROMAR, tentou-se ser objetivo nas atividades de diagnóstico, focando principalmente nos levantamentos na Área Diretamente Afetada – ADA. A metodologia de levantamento foi proposta e desenvolvida por cada especialista, mas seguindo um objetivo comum definido pela coordenação, notadamente que nos resultados obtidos pudessem ser identificados três tipos de informações: � a história das transformações ambientais do território, � o inventário ambiental com a descrição das alterações ecológicas ou ambientais existentes, e finalmente, � a valoração do estado atual do meio ambiente.

BOX 1.6 Quiçá no exista no Estado de Pernambuco um local mais estudado que o Porto de SUAPE. Com efeito, desde o ano de 2000 quando foram realizados os estudos para elaboração do EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do CIPS, onde participaram mais de 30 consultores de diversas especialidades, vem sendo desenvolvidos ano trás ano estudos de impacto para implantação de empreendimentos em SUAPE.

Este conhecimento prévio e amplo da área de implantação, é uma garantia adicional que não se terá nenhum aspecto importante que não seja considerado no diagnóstico.

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Os pontos de levantamento e amostragem utilizados estão apresentados na Figura a seguir:

Figura 7 – Pontos de Amostragem realizados na área

AS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Definiu-se como área de Influência Direta (AID) do empreendimento um recorte de terreno com aproximadamente 3.640 hectares, abrangendo a totalidade das Ilhas de Tatuoca e Cocaia, a totalidade do Rio Massangana, incluindo o canal norte e o trecho final do Rio Tatuoca. Do lado oeste, o limite da AID compartilha o limite do Cluster Naval, enquanto que do lado leste coincide com o limite

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oceânico do CIPS, muito embora os impactos possam estar restritos à área portuária.

A Área de Influencia Indireta (AII) físico – biótica foi definida como sendo o limite do CIPS, enquanto que para o meio socioeconômico considerou-se que os impactos do empreendimento positivos principalmente devem-se refletir nos municípios do entorno, tendo sido considerados os municípios de Cabo, Ipojuca, Escada, Jaboatão, Moreno, Sirinhaém e Rio Formoso.

BOX 1.7

As áreas de influência correspondem a aquelas que poderão ser impactadas de forma positiva ou negativa, com a implantação ou operação do empreendimento. A área de implantação corresponde à ÁDA (Área Diretamente Afetada), depois vem a AID (Área de Influência Direta) na qual o diagnóstico é feito com base em estudos diretos de campo, e finalmente, vem a Área de Influência Indireta (AII) na qual os impactos acontecem com menor intensidade, e onde as pesquisas se desenvolvem principalmente através da consulta de documentos existentes.

AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA ÁREA

A região de Suape experimenta clima tropical, quente e úmido, Ams’, segundo o sistema Köppen de classificação climática. A temperatura do ar é elevada, com média anual variando de 22 a 26ºC. A precipitação total acumulada situa-se entorno de 2000 mm, com estação chuvosa no período de março a agosto com uma precipitação média mensal de 250 mm. Os meses mais chuvosos são normalmente os de maio, junho e julho, quando a precipitação mensal pode atingir 400-500 mm. Na área do Complexo Estuarino de Suape, predominam os ventos alísios com intensidade média anual de 2,2 m.s-1. Os ventos mais freqüentes (72%) sopram do setor E-SSE, alternando para o setor N-ENE durante cerca de 20% do tempo, seguidos por ventos de NE (26%) (Consuplan, 1992).

Regime das Marés

As marés na Terra resultam do efeito combinado da atração gravitacional exercida por corpos celestes, em particular Lua e Sol e da força centrípeta resultante de seus movimentos relativos. Ainda contribuem para estes movimentos os efeitos meteorológicos como os ventos e as mudanças de pressão barométrica.

As marés em áreas costeiras e estuarina podem ser modificadas pela descarga fluvial e pela morfologia local do fundo marinho. As marés no Porto de Suape são mesomarés (Davies, 1964) com altura média de sizígia de 2,0 m e altura média de quadratura de 0,9 m (DHN, 2010) do tipo semidiurna, apresentando duas preamares e duas baixa-mares por dia lunar, com pouca inequalidade diurna e um período de cerca de 12,42 horas. Previsões regulares das marés no

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Porto do Recife são fornecidas pela DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação - Marinha do Brasil).

BOX 1.8

�� Mesomaré – Maré que apresenta amplitude (diferença entre a maré cheia e a seca) entre 2 e 4m.

�� Maré de Sizígia – Maré de grande amplitude, influenciada pelo alinhamento do sol e a lua em relação á terra.

�� Maré de Quadratura - Maré de pequena amplitude, que se segue ao dia de quarto crescente ou minguante.

Hidrologia, hidrodinâmica e qualidade d’água

As características hidrológicas dos ambientes costeiros e estuarinos refletem e respondem a fatores como cobertura vegetal, ação dos ventos, marés, aportes de água doce do continente, lançamento de efluentes e resíduos e da batimetria e morfologia do ambiente e estão dentre os principais fatores que limitam e condicionam a flora e fauna aí existentes.

Visando caracterizar a qualidade das águas estuarinas na região de entorno da área prevista para a instalação do Empreendimento e conhecer os padrões de distribuição de suas características, perfis verticais da distribuição da temperatura, salinidade e da capacidade de retroespalhamento ótico, foram obtidos com perfilador CTD Seabird19 munido de sonda OBS da D&A Instrument, desde a superfície até próximo ao fundo em 7 pontos do sistema.

Adicionalmente, amostras de água da camada superficial foram obtidas com uma garrafa tipo Nansen, acondicionadas, preservadas e transportadas para laboratórios especializados para determinação dos teores de oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, pH e da concentração de coliformes totais e fecais.

Paralelamente, medições instantâneas da intensidade e da direção das correntes foram efetuadas em 2 níveis de profundidade (próximo à superfície e próximo ao fundo), nas mesmas 7 estações, com uso de correntômetro Sensordata SD30, para permitir caracterizar o padrão de circulação das águas na área de influência direta do Empreendimento.

As medições in situ foram realizadas de Dez/2009 a Jan/2010 durante o período de estiagem e de modo a representarem os estágios de preamar, baixa-mar, enchente e vazante de uma maré de sizígia.

Os resultados das análises permitiram verificar que ao longo da área estudada, a coluna d’água apresenta-se bem misturada, com temperatura média de 29,0 ºC e variando em geral entre 28,5 ºC e 29,5 ºC e à superfície, entre 26,5 ºC e 32,4 ºC. As flutuações de temperatura de 2-6 ºC são verificadas na camada

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mais superficial (primeiro metro) em resposta ao ciclo diurno de insolação e ao grau de participação na mistura das águas da drenagem continental.

Nas sete estações amostradas, a salinidade das águas apresentou-se elevada, com valores médios de 36,1 e variáveis de 2,0 a 39,1 (camada mais superficial) e mais freqüentemente (abaixo de 1 m de profundidade) entre 35 e 36. Os registros de salinidade obtidos indicam um domínio das águas marinhas na área, que apresentam tipicamente salinidades de 35-37 e a restrição da influência da baixa descarga fluvial do período de estiagem ao primeiro metro da coluna d’água.

Os sensores de retroespalhamento ótico (OBS) são mini nefelometros capazes de medir a quantidade de radiação infravermelha retroespalhada pelas partículas presentes na coluna d’água. Sendo assim, a leitura do aparelho é um indicativo da quantidade de partículas na água, que por sua vez se relaciona com a turbidez.

Os valores de OBS medidos em toda a área e ao longo da coluna d’água foram sempre extremamente reduzidos, variando de 2 a 10 unidades, valores comparáveis aos encontrados em marinhas claras. Na camada mais superficial (primeiros 1-2 metro), no entanto, as concentrações de partículas em suspensão foram mais elevadas, com valores de OBS de 10-200 unidades, mas bastante inferiores aos valores de 200-800 unidades, relatados para águas superficiais do Rio Ipojuca (MULTICONSULTORIA, 2004).

Os baixos valores da capacidade retroespalhamento ótico encontradas nos levantamentos realizados no período de estiagem, confirmam igualmente o maior domínio das águas marinhas e o baixo aporte de sedimentos carreados pelos Rios Massangana e Tatuoca naquele período. Valores relativamente reduzidos, também próximos ao fundo, indicam baixa capacidade de ressuspensão do material de fundo, mesmo durante os estágios de maior dinâmica (enchente e vazante).

Em termos de parâmetros de qualidade d’água, destaca-se que nas sete estações amostrais, os valores do pH mantiveram-se na faixa alcalina, variando entre 7,6 e 8,0 durante a baixa-mar e entre 7,0 e 8,0, durante a preamar, quando é maior a influência das águas marinhas. Já os teores de oxigênio dissolvido, medidos nas estações 1 a 7, oscilaram entre 2,8 mL.L-1 e 4,3 mL.L-1, durante a baixa-mar, e entre 4,3 e 4,9 mL.L-1, durante a preamar, indicando um certo nível de depleção nas águas do Rio Massangana (estações 1 a 4) e valores mais próximos aos de saturação nas estações 5 a 7 que recebem maior influencia marinha.

Os valores da demanda bioquímica de oxigênio para a área de estudo foram relativamente reduzidos e variaram, ao longo do ciclo das marés entre 0,2 e 1,1 mL.L-1. A concentração de coliformes totais e fecais nas águas superficiais às estações 1 a 7, foi reduzida, com valores sempre iguais ou inferiores a 20 NMP/100mL, indicando um baixo nível de contaminação por esgoto.

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Já em termos de correntes marinhas na área de estudo, os resultados obtidos para as medições efetuadas nas camadas superficiais e de fundo (Figura 8), são apresentados sob forma vetorial, onde a direção da corrente é referida ao norte verdadeiro e a intensidade da corrente, proporcional ao comprimento das setas.

Figura 8 – Representação polar da intensidade e direção das correntes à superfície e no fundo no entorno da área de instalação do Estaleiro PROMAR S.A

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Figura 8 – Representação polar da intensidade e direção das correntes à superfície e no fundo no entorno da área de instalação do Estaleiro PROMAR S.A

As maiores intensidade de correntes estão associadas aos estágios de vazante e baixa-mar, quando as drenagens fluvial e correntes de maré apresentam mesmo sentido. Na região prevista para abertura do fosso permanente do Estaleiro as correntes são menos intensas, variando de 5 a 17,6 cm.s-1 à superfície e de 1,6 a 10,6 cm.s-1 próximo ao fundo.

Sedimentologia

As características granulométricas dos sedimentos existentes no entorno da área do empreendimento foram determinadas das amostras coletadas em quatro (4) pontos do Estuário conforme se mostra na Figura 7.

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Os resultados obtidos mostram que a camada mais superficial (0-15cm) dos sedimentos ativos do estuário dos rios Massagana e Tatuoca tem predominância de sedimentos lamasos, enquanto em que a fração areia aumento com a profundidade, conforme se mostra no quadro a seguir:

Quadro 6 – Variação granulométrica de amostras de sedimentos superficiais da AID

Ponto Coleta Cascalho Areia Lama

% % %

P4 2,48 8,59 88,93 P3 0,00 71,27 28,74 P2 0,13 38,53 61,35

Fonte: Coletas expeditas de campo

As análises nas amostras de sedimento incluíram também a determinação das concentrações dos principais metais. Como primeiro resultado, destaca-se que os valores das concentrações de todos os metais estão abaixo do Nível 1 da Resolução do Conama 344 de 2004, porém, quando comparados com os resultados de outros estudos (Chagas 2003 e EAS, 2007) verifica-se uma tendência crescente que deve ser observada pelo porto de Suape. Em qualquer caso e mesmo exibindo uma tendência crescente, os resultados indicam que os níveis atuais de metais traço e hidrocarbonetos (HPA e HTP) em solos e sedimentos superficiais do CIPS encontram-se abaixo da média dos valores encontrados em outras áreas portuárias no Brasil e no mundo.

OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA BIOTA AQUÁTICA DA AID

Microbiota Aquática na AID

Para identificar os organismos da fauna e flora aquáticas presentes na área costeira adjacente ao Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) foi realizado um trabalho de campo envolvendo coletas de amostras, observações e registro in loco, no dia 1/4/2010. A amostragem do plâncton ocorreu em 4 pontos previamente demarcados (Figura 7) a partir de uma embarcação, nos períodos de baixa-mar (pela manhã) e preamar (à tarde), em maré de sizígia, cobrindo toda Área de Influência Direta (AID) do Empreendimento. Na coleta foi utilizada uma rede de plâncton de 1m de comprimento, 30cm de boca e malha de 65µm, com um tempo de arrasto de 3 minutos realizado contra a corrente. Após os arrastos, as amostras foram acondicionadas em recipientes de plástico com tampa rosqueada com capacidade de 200ml contendo formol a 4%.

Anteriormente aos arrastos, foram aferidos dados de profundidade local por intermédio de uma ecossonda manual digital da Plastimo, temperatura da água

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através de termômetro comum com escala de -20 até 60˚C, salinidade através de um refratômetro manual da Atago com escala de 0 a 100‰ e transparência da água pelo uso do disco de Secchi, seguro por um cabo graduado em cm.

Os organismos do macrobentos foram identificados e devidamente registrados in situ ao longo do percurso entre os pontos de amostragem e ainda a partir de uma prospecção na Ilha de Cocaia e na margem esquerda do Rio Massangana próximo à foz.

BOX 1.9

�� Fitoplâncton – Organismos vegetais, de vida livre, em geral microscópicos que flutuam no corpo de águas marinhas, ou doces, sendo os grandes responsáveis pela produção primária em ambiente marinho.

�� Zooplâncton - Conjunto de animais suspensos (flutuadores) ou que nadam na coluna de água, em geral microscópicos, com pequena capacidade de locomoção.

�� Bentos – Conjunto de organismos microscópicos que habita nos sedimentos do fundo marinho.

�� Clorofila – Grupo de pigmentos presentes nas plantas que lhes confere a cor verde. É a molécula responsável pela conversão da energia luminosa em energia química, dentro do processo de fotossíntese.

O resultado das análises do fitoplâncton presente nas amostras coletadas indicou a presença de 63 táxons, sendo 43 espécies e 20 gêneros, divididos nas Divisões Cyanophyta, Euglenophyta, Dinophyta, Bacillariophyta e Chlorophyta.

Os valores encontrados expressam um esforço de coleta único, em baixa-mar e preamar, que evidentemente não revelam as variações sazonais que condicionam as flutuações do fitoplâncton e zooplâncton, não permitindo, portanto, comparações amplas com resultados anteriores.

Das cinco Divisões encontradas a Bacillariophyta (diatomáceas) foi a que mais contribuiu para riqueza florística do fitoplâncton local, sendo responsável por 60% de todos os táxons identificados, correspondendo a um total de 38 organismos. A Divisão Dinophyta (dinoflagelados) e a Cyanophyta (cianofíceas) ambos com 8 táxons corresponderam a 13% dos indivíduos.

A partir da análise ecológica das espécies registradas observou-se um predomínio de organismos marinhos neríticos (32%), seguidos por espécies oceânicas (30%), ticoplanctônicos (19%), estuarinas (12%) e, em menor proporção, comparando a composição da microflora encontrada com os estudos realizados anteriormente na área, observa-se que existe uma similaridade com relação à ocorrência de várias espécies identificadas no presente trabalho. No que diz respeito a espécies bioindicadoras de ambiente estuarino identificadas e encontradas também em outros trabalhos realizados na área (Koening et al., 2002; PIRES, 2000) estão: Bacillaria paxillifer, Climacosphaenia moniligera, Coscinodiscus centralis, Chaetoceros curvisetus, C. lorenzianus, Cylindrotheca closterium, Merismopodia punctata e Oscillatoria princeps. Entre os táxons

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identificados considerados potenciais causadores de blooms tóxicos estão: Tricodesmium erytraeum, T. thiebautii, Dinophysis caudata, Pseudonitzschia pungens. A presença de euglena sp. nas amostras é um indicativo de eutrofização, uma vez que as espécies desse gênero são encontradas em locais onde há alta concentração de matéria orgânica.

Quantitativamente, ficou evidente o impacto que as dragagens exercem no desenvolvimento dos produtores primários na área do ponto 2. Neste local, tanto na baixa-mar quanto na preamar, a riqueza de espécies identificadas foi inferior aos demais pontos (Figura 9).

Figura 9 – Riqueza de táxons do fitoplâncton identificado nas amostras coletadas na AID do empreendimento.

121416182022242628303234

P1BM P2BM P3BM P4BM P1PM P2PM P3PM P4PM

Ponto de Coleta/Maré

N° d

e E

spéc

ies

iden

tific

adas

Em todos os grupos de microalgas a clorofila “a” está presente, sendo o pigmento fotossintetizante mais importante. Sua quantificação é um dos métodos mais preciso e de baixo custo, possibilitando determinar a biomassa fitoplanctônica, bem como avaliar a comunidade dos produtores primários aquáticos. No presente estudo, os teores de clorofila a variaram de um mínimo de 0,38 mg.m-3, registrado no P1PM, a um máximo de 3,40mg.m-3, no P4BM. A concentração média para o período de baixa-mar foi 2,04 e 0,79 mg.m-3 para a preamar (Quadro 7). A partir desses valores de biomassa fitoplanctônica é possível inferir que o ambiente, no geral, não apresenta indicativo de eutrofização, ou seja, apresenta um padrão de mesotrofia na baixa-mar e oligotrofia na preamar.

Resumem-se a continuação os dados obtidos para parâmetros abióticos e para a biomassa de clorofila a (Quadro 7).

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Quadro 7 – Resultado das medições de dados abióticos e clorofila a coletados na área estuarina do Rio Massangana e entorno das Ilhas de Tatuoca e Cocaia em abril de 2010.

Data Hora Local Prof. (m) Secchi (m)

Temp. (ºC)

Salin. (‰)

Maré Clorofila a (mg.m -3)

01/04/10 09:25 P1 4,00 1,10 29,50 36,00 BM 1,77 01/04/10 10:00 P2 2,00 0,55 30,00 36,00 BM 1,28 01/04/10 10:35 P3 7,50 0,90 30,00 32,00 BM 1,74 01/04/10 11:10 P4 7,50 0,70 30,00 32,00 BM 3,40

01/04/10 17:20 P1 7,00 2,50 29,00 39,00 PM 0,38 01/04/10 16:50 P2 3,50 0,60 29,50 38,00 PM 0,77 01/04/10 16:30 P3 9,00 2,00 29,50 39,00 PM 0,55 01/04/10 16:10 P4 8,50 1,00 30,50 35,00 PM 1,48

Quanto aos organismos do zooplâncton identificados nas amostras, foram registrados representantes dos grupos Tintinnina, Foraminifera, Rotifera, Nematoda, Mollusca, Annelida, Crustacea (outros), Crustacea (Copepoda), Echinodermata e Chordata. No total, foram identificados 51 táxons, considerando-se a menor unidade possível para cada grupo, tendo-se destacado os Copepoda, com 18 espécies e Tintinnina com 13.

O meroplâncton, formado por estágios de organismos bentônicos e nectônicos, que passam apenas parte do ciclo de vida na coluna d’água como plâncton, foi predominante principalmente nas amostras de BM, enquanto o holoplâncton, formado pelos organismos plânctonicos que passam todo o ciclo de vida na coluna d’água, predominou nas amostras de PM e no P1_BM. A predominância de organismos meroplanctônicos nas amostras de BM ocorre, uma vez que é nesse momento que esses organismos são exportados para a área costeira adjacente ao estuário, afetando as teias alimentares pelágicas marinhas. Isso acontece com diversos organismos do zooplâncton, como por exemplo, as larvas de crustáceos decápodes.

Macrobiota Aquática na AID

A partir das prospecções realizadas na baixa-mar foi possível registrar algumas espécies de macroalgas representadas pelas três Divisões: Rhodophyta, Chlorophya e Ochrophyta. Esses organismos foram encontrados no ambiente, fixados em rochas (epilíticas), vegetação (epífitas) e sobre areia ou lama (episâmicas). O “Bostrychietum”, constituído pela associação entre macroalgas e as raízes de mangue, está representado principalmente pelas rodofíceas (Bostrychia caliptera, B. leprieurii e B. radicans) e foi registrado nos pneumatóforos de Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa (Foto 3).

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Foto 3 – Algas rodofíceas (Bostrychia spp) associadas a pneumatóforos de Laguncularia racemosa na área estuarina do Rio Massangana.

Fixadas na areia, uma grande quantidade de espécies feofíceas foi encontrada nas adjacências da Ilha de Cocaia (Foto 4).

Entre as espécies identificadas estão: Dictyopteris delicatula, Dictyopteris justii, Dyctiota bartayresiana, Dyctiota sp., Padina gymnospora e Sargassum sp,. Também foi anotada a presença da espécie de rodofícea Hypnea musciformis, além de verificado artículos de Halimeda sp. espalhados ao largo da ilha.

Foto 4 – Macroalgas feofíceas presentes no entorno da Ilha de Cocaia.

As fanerógamas marinhas, habitam áreas costeiras e nos locais onde ocorrem, tendem a formar extensos prados.

Halodule wrightii é a fanerógama mais comum no litoral de Pernambuco, ocupando sedimentos constituídos por areias quartzosas como calcárias, em lugares relativamente calmos, freqüentemente, em posições intermediarias entre os estuários e o mar, desde a linha de maré baixa até os 10 mts de profundidade.

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Os prados de angiospermas são considerados, dentre os ecossistemas marinhos, um dos mais produtivos, beneficiando significativamente à produtividade de áreas costeiras, tanto em águas temperadas como em tropicais. A área da Baía de Suape é conhecida pelos vastos prados de fanerógamas Halodule wrightii (capim agulha ou grama marinha). Tais concentrações de H. wrightii foram observadas ao largo de toda a baía, porém em maior concentração na área marginal da Ilha de Cocaia com mais ao norte da região, próximo à Praia de Paraíso.

Foto 5 – Fanerógama marinha (Halodule wrightii) registrada na Baía de Suape, próximo à Praia de Paraíso, em abril de 2010.

Crustáceos e moluscos

Nos quatro pontos analisados na área estuarina do CIPS percebe-se uma diferença espacial na distribuição das espécies de crustáceos em termos quantitativos e específicos. Nas áreas de maior influência marinha foi registrada a presença dos siris Callinectes danae e Callinectes larvatus, e marinha farinha (Ocypode quadrata). Nesta região também foram notados várias tocas de decápodos. A espécie Uca leptodactyla foi registrada na areia nos lugares ensolarados e secos. Já as espécies Uca burguesi, U. maracoani, e U. thayeri, conhecidas como chama-maré, foram mais notadas onde o sedimento é lamoso (Foto 6).

Nos ambientes mais internos do rio Massangana foram identificados espécies de crustáceos de grande valor econômico, como Ucides cordatus (caranguejo-uçá), Goniopsis cruentata (aratu-do-mangue) e Cardisoma guanhumi (guaiamum).

Algumas destas espécies preferem ambientes com condições particulares, o que permite utilizá-las como bioindicadoras.

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Nas raízes, caules e ramos de árvores de mangue foi possível detectar a presença fixa de alguns cirrípedes (cracas), organismos de importância ecológica e filtradores como o gênero Balanus spp, Chthamalus spp, Euraphia sp.

Dentre os camarões, as espécies Macrobrachium acanthurus (pitu) M. carcinus, Palaemon northropi, Palaemon pandaliformis, Penaeus brasiliensis (camarão-rosa) e Penaeus schmitti são citadas em trabalhos anteriores como presentes na área. De acordo com informações colhidas informalmente com pescadores locais, a pesca de camarão na região é hoje bastante reduzida, apontada pelos próprios pescadores como reflexo das alterações ambientais do Porto e sobrepesca.

Nos ambientes com salinidade marinha e mesohalina, Baía de Suape e estuário do Massangana, podem ser encontrados exemplares juvenis de camarões (predominantemente Penaeus spp), indicando o uso destes locais como áreas de berçários.

Foto 6 – Toca de caranguejo-uça e chama-maré, na porção interna do estuário do Rio Massangana, em abril de 2010.

Em termos de moluscos, destaca-se o estudo realizado pela Pires Advogados e Consultores (2000), que registrou naquela oportunidade a ocorrência de 94 espécies de Gastrópodes e 16 de Bivalves, totalizando 110 espécies para a área do CIPS. No presente estudo, foram identificadas na AID do empreendimento as classes de moluscos Gastropoda, Bivalvia, Scaphopoda e Amphineura.

Entre as espécies anotadas no presente estudo estão: Anomalocardia brasiliana (marisco-pedra), Tagelus plebeius (unha-de-velho), Iphigenia brasiliana (taioba), Mytella falcata (sururu), Crassostrea rhizophorae (ostra-do-mangue), o mexilhão Mytillus charruana, os gastrópodes comestíveis Neritina virginea, Pugilina morio e Teredo navalis. A espécie Littorina angulifera (mela-pau) também foi vista nas partes mais altas das árvores de mangue (Foto 7).

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Foto 7 – Moluscos (Neritina virginea e Littorina angulifera) identificados na AID do empreendimento, em abril de 2010.

Na porção mais interna do Rio Massangana, percebe-se que os substratos duros, principalmente, as raízes de Rhizophora mangle são densamente colonizadas por cracas e ostras (Foto 8).

Foto 8 – Ostras e cracas colonizando raízes de Rhizophora mangle na margem esquerda do Rio Massangana, em abril de 2010.

Esforço de Pesca na AID

De acordo com levantamento da Prefeitura do Cabo informado pela Colônia de pescadores, a área da bacia de SUAPE congrega 47 pescadores, dos 489 associados à Colônia Z-8. Tal Colônia tem jurisdição sobre o Município do Cabo de Santo Agostinho e sede na Praia de Gaibu. Abrange além de Gaibu, SUAPE, Calheitas, Itapoama e Xaréu.

47 pescadores para SUAPE e entorno da Ilha de Tatuoca é um pequeno contingente mesmo considerando que boa parte não vive exclusivamente da

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pesca dedicando-se a outras atividades como agricultura e turismo. A verdade é que a movimentação nas praias e nas águas e as informações colhidas junto aos pescadores locais indicam que o contingente pode ser menor. Essa possibilidade é reforçada pelo fato de que o defeso da lagosta protege apenas 14 pescadores em todo o Município do Cabo.

A produção local, como mencionado anteriormente, apóia-se nas capturas de moluscos (ostra, sururu, mariscão e marisquinho), de crustáceos (caranguejos, siris, aratus, guaiamu) e de peixes (tainha e agulha basicamente), sendo que as pesquisas desenvolvidas pela equipe resultaram no seguinte perfil da pesca local

MARISQUINHO

O catador do marisquinho opera nos bancos de areia que se põem à descoberto nas baixa-mares (Foto 9). O esforço de captura direcionado para este e os demais moluscos é pequeno não se conseguindo listar 15 chefes (líderes de grupos de 3 ou quatro pessoas geralmente de uma mesma família) operando nos bancos da área de SUAPE. Nesta faina utilizam canoa, balde, puçá e gálea. Com base nas operações de catadores acompanhadas pela equipe do EIA, nos meses de abril/maio, estimou-se a produtividade atual de Marisquinho com 15 pescarias/mês o que representa uma produção média de 75kg de carne do molusco/mês.

Foto 9 – Coleta de Marisquinho na ilha de Cocaia (Fotos: Aldemir Castro Barros).

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MARISCÃO

O mariscão, também chamado de lambreta, é um molusco de maior valor de venda no mercado local. Em uma jornada de trabalho pode-se obter 10 litros de mariscão que é vendido inteiro a R$4,00 (quatro reais) e R$5,00 (cinco reais) o litro. O litro local é a metade da cuia de queijo do reino.

SURURU

É coletado na lama na baixa-mar, no interior do mangue. A produção observada correspondeu a uma jornada de 4 horas, das 9h às 13h, de duas pessoas e rendeu 20kg quilos brutos que resultou em 2kg de carne que foram vendidos a R$13,00 (treze reais) o quilo. A atividade depende dos pedidos dos clientes, pois se não há a quem entregar imediatamente, perde-se o produto.

CARANGUEJO

Praticamente só pescam caranguejo na área de SUAPE durante as “andadas” do crustáceo. São muito poucas as pessoas que penetram o mangue para tirar caranguejos nos buracos onde se abrigam. Em áreas isoladas da região encontram-se pessoas dedicadas a esse affair. É o caso de Tiriri de Dentro, comunidade ao lado do “Mangue da Diamar” no qual algumas pessoas dedicam-se à tira não apenas de caranguejos, mas também de guaiamuns, siris, sururus. Pesca-se também com “laço” que é um saco desfiado que emaranha o caranguejo ao sair do buraco. Antigo pescador descreve que antigamente se pescava caranguejos onde agora está o Porto de SUAPE e em Cocaia.

Hoje a pesca é praticamente só no Tiriri, na Ilha Mercês ao lado do porto. A jornada de pesca vai da quarta até sexta-feira ou sábado, quando levam as “cordas” para a feira do Cabo no mercado público. A produção nas segundas e terças-feiras não consegue compradores correndo o risco de ser perdida. Neste ano já ocorreram três andadas de caranguejos. Na primeira andada o entrevistado capturou 110 caranguejos em jornada de seis horas, na segunda andada, 90-100 caranguejos sempre no Mangue da Diamar. O mangue do Rio Massangana possibilita a pesca de mariscão, caranguejo, aratu, siri e guaiamum.

SIRIS

O siri é capturado na maré vazante com gancho que é uma forquilha obtida de galhos de embiriba ou de mangue canoé. Também se usam covos iscados com tripa de peixe ou com caranguejo morto. Às vezes o pescador percorre três manguezais para conseguir uma baixa captura representada por 3-5 exemplares. Quando a produção é boa, consegue-se 30 siris e nesta época vêm pessoas do Cabo pescar siri e caranguejo, levando na volta até dois sacos dos crustáceos no quadro das bicicletas.

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GUAIAMUNS

Abrigam-se em buracos cavados na parte alta do mangue, no limite com a terra firme. São capturados com armadilhas denominadas “ratoeiras” em vista da semelhança do funcionamento com as verdadeiras ratoeiras. Preferem a Ilha de Cocaia para captura de guaiamuns quando uma pessoa conduz 20-30 ratoeiras pegando 20-30 guaiamuns.

OSTRAS

Os ostreiros trabalham no mangue. Aí as partes inferiores dos caules das árvores emergem nas baixa-mares permitindo o descolamento das ostras com auxilio de facões (Foto 10).

PEIXES

As principais espécies variam segundo o local de pesca e o apetrecho empregado:

No Rio Massangana usa-se rede de emalhe, com a qual se pesca uma grande variedade de espécies: camurim (robalo, Centropomus spp.), arraias, bagres, carapeba (Diapterus spp.), caranha (Lutjanus griseus), carapitanga (Lutjanus spp.), baúna (dentão jovem, Lutjanus jocu), sauna (tainha jovem, Mugil spp.), mero (Epinephelus itaiara, é devolvido à água, está proibida sua captura por estar em perigo).

Empregam rede de seda (gill net) com malhas de 20-30 mm, que eles mesmos fazem a mão. São redes de 18 a 40 metros de comprimento e 2 metros de altura, usam redes continuas alcançando até 700 metros de comprimento, segundo o local de pesca. Pescam 8 pescadores juntos, todos vão de canoa a remo. A pescaria dura 24 horas obtendo produções de 40-50 kg em cada saída de espécies misturadas, sendo realizadas 3 pescarias por semana.

Também ocorre este tipo de pescaria realizada por pescadores individuais da Ilha de Tatuoca, obtendo produções de 10-15 kg por pessoa, em 24 horas de pesca. A produção neste caso é maior, pois os pescadores mais experientes realizam duas coletas, uma às 10 pm e outra ao retirar o apetrecho para obter uma melhor qualidade da carne.

A venda da produção se realiza na feira de Cabo ou Gaibu, ou no barzinho de Tatuoca, aos trabalhadores do Estaleiro ou a turistas. Os preços variam segundo a espécie e o tamanho, sendo as melhor pagas: camorim, R$15,00 (quinze reais); carapeba, R$15,00 (quinze reais); tainha, R$8,00 (oito reais) e as mais baratas: carapitanga, R$4,00 (quatro reais); baúna, R$4,00 (quatro reais); sauna, R$4,00 (quatro reais) o quilo.

No canal de navegação emprega-se principalmente tarrafa para pescar tainha e carapeba. A tarrafa geralmente possui 32 palmos de circunferência e malha de 30 mm, e é geralmente construída com náilon fio 40. A pesca se realiza com

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duas pessoas, sendo uma quem rema a jangada e outra que lança a rede à água. O pescador lança a rede quando observa peixes passando perto da embarcação. A pescaria dura aproximadamente 5 horas, na maré baixa-enchente, obtendo produções de 6 kg, porém dependendo em grande medida do vento. A captura é vendida na feira de Cabo, no mercadão, no dia sábado. Um total de 20 kg de peixe inteiro rende R$150,00 (cento e cinqüenta reais) ao grupo de pescadores.

Baía de SUAPE, perto do arrecife, obtêm-se tainha, carapeba, peixe gato (família Serranidae), cambuba (Haemulon flavolineatum), carapau (garajuba, Caranx chrysos), canguitos (gordinho, Prepilus paru), dentão, salema.

Esta pesca, como a da agulha, é feita com rede de cerco cuja operação geralmente requer duas pessoas uma que conduz a canoa com a rede e outra que lança a rede à água. Ao cercar o cardume, batem com varas ou remos no centro da rede quando os peixes em fuga são emalhados no pano da rede. As duas últimas pescarias registradas foram realizadas, respectivamente, entre 11-16 horas e entre 8-12 horas obtendo produções de 4,0 e 4,5kg. Especificamente, para a pesca de tainha emprega-se a rede tainheira, com malhas de 35mm e a depender das condições dos pescadores o seu comprimento oscila em torno de 300 metros. O cerco ao cardume é feito com duas canoas. Juntamente com a tainha, ocorrem espécies acompanhantes como sauna, camorim e serra.

Foto 10 – (a) Pesca com tarrafa em jangada no canal de navegação de Tatuoca. (b) Pesca de tainha com covo (armadilha) na Baía de SUAPE e mar de fora. (c) Tarrafa secando-se no porão da casa.

No mar de fora pesca-se com rede e covo. Com rede obtêm-se biquara (Haemulon spp.), serra (Scomberomorus brasiliensis), garajuba, chicharro

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(Trachurus lathami) e bonito (família Scombridae). Com covo pesca-se saramunete (Pseudupeneus maculatus), xira (Haemulon spp.), ariacó (Lutjanus synagris), biquara, macaça.

Em SUAPE, muitos pescam no “mar de fora”, principalmente, além do Recife que limita a Baía de SUAPE, com embarcações de motor e 3-4 pessoas por barco. Geralmente a pescaria dura 12 horas, mas às vezes podem ficar no mar por até 3 ou 5 dias. As capturas vendem-se em barzinhos da Praia de SUAPE, na feira de Cabo o Gaibu ou na peixaria de Neném na Praia de SUAPE. A produção varia entre 50-200 kg/saída.

Segundo observações in situ, os peixes são geralmente de pequeno porte. Das capturas observadas, os maiores foram as arraias, carapebas, e salemas. Segundo os depoimentos dos pescadores, os bagres e tainhas são também os peixes de maior tamanho obtidos.

Foto 11 – (a) Arraia pintada de 38 cm de comprimento e 60 cm de envergadura. (b) Cambuba de 20 a 27 cm de comprimento.

Foto 12 – (c) Peixe gato de 29 cm de comprimento. (d) Dentão de 24 cm de comprimento.

Os principais problemas apontados pelos pescadores relacionados com os impactos na pescaria são os seguintes:

� Aumento da profundidade do canal de Tatuoca, o que prejudica a captura dos peixes.

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� Modificação da composição do sedimento, sendo cada vez mais fino, o que prejudica os bancos de mariscos. Mariscão não é mais encontrado.

� Mais pescadores que há vários anos atrás.

� Desmatamento dos manguezais para construção e expansão do Estaleiro Atlântico Sul.

OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA BIOTA TERRESTRE DA ADA

Os 97 hectares que correspondem à Área Diretamente Afetada - ADA do empreendimento, apresentam uma conformação topográfica enganosamente plana, com cotas altimétricas que variam desde o zero hidrográfico até a cota 5,0m na porção sul do terreno limitando com o EAS. Estas elevações do terreno possivelmente correspondem a aterros antrópicos efetuados por SUAPE quando da dragagem da primeira etapa do canal de navegação.

As áreas baixas do terreno correspondem, ora a áreas de manguezais, ora a planícies alagáveis onde foi verificada a presença de vegetação de restinga. O perímetro da área de implantação, percorrido desde o mar, mostra-se variado, destacando-se uma faixa de areia existente parcialmente nos lados norte e leste do terreno que, outrossim, é onde se verifica ocupação humana. Foram verificados também afloramentos de arenito do lado norte da ilha, bem com setores de pequenas barreiras arenosas, aonde vem se instalando pequenos focos de processos erosivos.

Cobertura Vegetal na Área Diretamente Afetada (ADA)

Apesar de verificarem ações antrópicas que alteraram a cobertura vegetal natural, a Ilha de Tatuoca apresenta grande parte de sua área bem conservada. Na localidade se destacam espécies típicas de ecossistemas litorâneos, formando conjunto de comunidades vegetais fisionomicamente distintas, arbóreas, arbustivas e herbáceas, sob influência marinha e flúvio-marinha, distribuídas em mosaíco.

Hoje, a cobertura vegetal da área de implantação do Estaleiro PROMAR apresenta a aparência mostrada na Figura 10 abaixo, construída com base em uma fotografia aérea captada em agosto de 2010. Observam-se basicamente dois remanescentes de restinga separados por uma área alagável de salgado e uma área de manguezal localizada na esquina nordeste do terreno. Nestas áreas de restinga focaram-se as pesquisas de campo da parte de flora, tendo em vista que sua supressão será iminente para efeitos de implantação do empreendimento.

Na orla, podem ser observados pequenos fragmentos de mangue formados por Rhizophora mangle L. (mangue vermelho ou gaiteiro) e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. (mangue branco). Próximos à praia, destacam-se indivíduos de

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Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam (maçaranduba), com aproximadamente 9,0m de altura. A maçaranduba, pertence à família das Sapotaceae, se apresentando como espécie abundante em alguns estudos sobre a floresta Atlântica do Estado de Pernambuco, possuindo grande valor comercial (SILVA-JÚNIOR et al., 2008; PESSOA et al., 2009). Nas proximidades do Bar do Biu, a típica paisagem praieira é dominada por Annacardium occidentale (cajueiro) e Cocus nucifera (coqueiro).

Foto 13 – Vegetação peridoméstica nas proximidades do Bar do Biu, predominando cajueiros.

Hoje, a cobertura vegetal da área de implantação do Estaleiro PROMAR apresenta a aparência mostrada na Figura 10 abaixo, construída com base em uma fotografia aérea captada em agosto de 2010. Observam-se basicamente dois remanescentes de restinga separados por uma área alagável de salgado e uma área de manguezal localizada na esquina nordeste do terreno. Nestas áreas de restinga focaram-se as pesquisas de campo da parte de flora, tendo em vista que sua supressão será iminente para efeitos de implantação do empreendimento.

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Figura 10 – Cobertura vegetal na área de implantação do estaleiro

Foram lançadas 7 parcelas nos dois fragmentos de restinga remanescentes da área, tendo sido reconhecidas e/ou coletadas 69 espécies vegetais pertencentes a 38 famílias botânicas. A maior riqueza de espécies foi encontrada no estrato herbáceo, com 23 espécies, seguido pelo estrato arbóreo, com 18 espécies. Epífitas e trepadeiras apresentaram baixa riqueza (Figura 11 ), devendo-se destacar que as trepadeiras observadas foram herbáceas, não se identificando espécies de lianas na comunidade.

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Figura 11 – Riqueza de espécies por hábito de crescimento nas duas áreas pesquisadas na ADA

0

5

10

15

20

25

erva

árvo

re

arbu

sto

sub-

arbusto

trepa

deira

arbu

sto/a

rvor

etaep

ífita

Núm

ero

de e

spéc

ies

Fonte: Levantamento de Campo

No Quadro 8 se relacionam as espécies encontradas no levantamento florístico realizado nas duas áreas, ao longo de percursos aleatórios, incluindo os estratos herbáceos e arbustivos.

QUADRO 8 – Espécies vegetais observadas na ADA do Empreendimento

Família Espécie Nome vulgar Obs¹ Hábito de crescimento

Anacardiaceae

Mangifera indica L. mangueira R árvore Tapirira guianensis Aubl. pau-pombo R árvore Annacardium occidentale cajueiro R árvore Spondias mombin L cajá R árvore

Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes mangaba R arbusto/ arvoreta

Araceae Anthurium affine Schott folha de urubu R erva Philodendron imbe Schott ex Endl. imbé R trepadeira Bignoniaceae Tabebuia sp ipê R árvore Arecaceae Cocos nucifera L. coqueiro R árvore Blechnaceae Blechnum sp samambaia R erva

Chrysobalanaceae Hirtella racemosa Lam. azeitona do mato R arbusto

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. murtinha R arbusto

Combretaceae Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A. Howard embiridiba R árvore

Convolvulaceae Merremia cissoides (Lam.) Hallier f. jitirana R trepadeira

Cyperaceae

Cyperus diffusus Vahl R erva Cyperus flavus (Vahl) Nees R erva Cyperus imbricatus Retz. R erva Cyperus ligularis L. R erva Eleocharis sp R erva Fimbristylis cymosa (Lam.) R. Br. R erva Remirea marítima Aubl. R erva

Dilleniaceae Curatella americana L. lixeira R árvore

Euphorbiaceae Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small

R erva

Croton sellowii Baill. R arbusto Humiriaceae Humiria balsamifera Aubl. murtinha C árvore Icacinaceae Emmotum affine Miers aderno R árvore

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QUADRO 8 – Espécies vegetais observadas na ADA do Empreendimento

Família Espécie Nome vulgar Obs¹ Hábito de crescimento

Lauraceae Ocotea sp. louro C árvore

Leguminosae Caesalpinioideae

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene R sub-arbusto

Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby canafistula R arbusto

Leguminosae Mimosoideae

Inga laurina (Sw.) Willd. ingá R árvore

Leguminosae Papilionoideae

Aeschynomene evenia C. Wright R erva Andira nitida Mart. ex Benth. angelim C árvore Crotalaria retusa L. R sub-arbusto Desmodium barbatum (L.) Benth. R erva Desmodium incanum DC. R erva Dioclea sp R trepadeira Indigofera microcarpa Desv. R sub-arbusto Indigofera spicata Forssk. R sub-arbusto Macroptilium lathyroides (L.) Urb. R erva Rhynchosia mínima (L.) DC. R trepadeira Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. R sub-arbusto

Lygodiaceae Lygodium sp R erva Malpighiaceae Stigmaphyllon paralias A.Juss. R sub-arbusto Malvaceae Pavonia cancellata (L.) Cav. R erva

Sida ciliaris L. R erva

Maranthaceae Calathea sp R erva Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Steud. canela de velho R arbusto Myrtaceae Myrcia bergiana O.Berg. cambuí C arbusto Myrcia guianensis (Aubl.) DC. C arbusto Psidium guajava L. goiaba R árvore Nyctaginaceae Guapira sp maria-mole C arbusto

Ochnaceae Ouratea sp1 R árvore Ouratea sp2 R arbusto

Orchidaceae Catasetum sp R epífita

Vanilla sp orquídea baunilha R trepadeira

Passifloraceae Passiflora sp C trepadeira Polygonaceae Coccoloba sp cauaçu R árvore

Poaceae

Avena sp R erva Cenchrus echinatus L. R erva Chloris barbata Sw. R erva Dactyloctenium aegyptium (L.) Beauv. R erva

Echinochloa sp R erva Pteridaceae Pteridium aquilinum (l.) Kuhn R erva Sapindaceae Matayba sp. C árvore

Sapotaceae Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J. Lam maçaran-duba R árvore

Solanaceae Solanum paniculatum L. jurubeba R arbusto Sterculiaceae Waltheria indica L. R sub-arbusto Rubiaceae Chioccoca sp. C arbusto Turneraceae Turnera subulata Sm. chanana R sub-arbusto Verbenaceae Aegiphila sp papagaio R arbusto

Stachytarpheta elatior Schrad. ex Schult.

R sub-arbusto

Observação 1 : R= Espécie reconhecidas em campo, a partir de material botânico fértil ou não; C= Espécie coletada e depositado no Herbário Sérgio Tavares da UFRPE (HST).

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Na parte sudeste da Ilha, mais para o interior, foram observados, além de Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam, indivíduos emergentes de Tapirira guianensis Aubl. (pau pombo), Byrsonima sericea DC (murici), Cupania revoluta Radlk (caboatã de rego), Cocos nucifera L. (coqueiro), Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira da praia),

Buchenavia capitata Eichl., Cereus fernambucensis Lem., além de Vismia sp., Guatteria sp., Psychotria sp., várias Lauraceae (espécies predominantes) e de Manihot sp.(maniçoba, espécie, segundo os moradores, introduzida na ilha). As árvores apresentam altura média de 5m, observando-se um estrato herbáceo-arbustivo aberto, presença de serrapilheira e regeneração natural. A presença da Manihot na área e em outros pontos, segundo uma moradora, comprova a existência de roça há algum tempo atrás. Trata-se, pois, de vegetação secundária em estágio processo de regeneração.

Em direção à porção central da ilha, a composição florística da vegetação mantém-se sem variações, acrescentando-se indivíduos esparsos de Cereus fernambucensis Lem., conhecida vulgarmente como cardeiro; Anacardium occidentale L., cajueiro; Andira nitida Mart. ex Benth., angelim; Pithecolobium avaremotemo Mart., espécies comuns em todos os locais da ilha, além de Clusia sp., Coccoloba sp., Cecropia sp., Tabebuia sp., e espécies das famílias Myrtaceae e Nyctaginaceae, muito comuns em todos os ambientes visitados. O porte das árvores é maior do que o observado nas áreas mais à praia, com indivíduos com mais de 8m de altura, sendo observada em vários trechos a presença de pteridófitas formando o sub-bosque herbáceo. Além disso, há um adensamento no estrato arbustivo e aumenta a espessura de serrapilheira e a quantidade de indivíduos jovens na regeneração natural.

Intercalando-se às formações arbóreas e arbustivas arbóreas, encontram-se áreas com vegetação rasteira, como o situado nas proximidades da praia, nomeada pelos moradores locais como “salinas”. As áreas de salinas são periodicamente inundadas pelo mar e contam apenas com vegetação herbácea, tendo sido registrada a presença de Conocarpus erectus L. (mangue de botão).

Foto 14 – Frutificação de Conocarpus erectus (mangue de botão) em área de salinas, na Ilha de Tatuoca, Suape, Pernambuco.

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OS PRINCIPAIS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA AID

No recorte de terreno de 97,0 hectares definido como Área Diretamente Afetada (ADA) do estudo, verifica-se a presença de 13 imóveis de pescadores, construídos em madeira e materiais alternativos. A outra ocupação mais próxima localiza-se em torno de 2 km ao sudoeste e corresponde às habitações existentes no entorno da Escola.

Segundo informações da Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio/Empresa Suape, atualmente, 48 famílias residem em Tatuoca, o que perfaz um total aproximado de 185 pessoas. Há pessoas que declararam morar na área há mais de setenta anos, ainda que haja ocupações mais recentes. Cerca de 80% das casas são de taipa, enquanto os 20% restantes correspondem a edificações de madeira, a maioria das quais situadas na porção de terras mais próximas à praia. Várias das casas localizadas no entorno da escola (Foto 15 ) têm uso misto, na medida em que, além de funcionarem como residências, abrigam atividades de comércio de alimentos e bebidas. Trata-se, na realidade, de pequenos bares e restaurantes que atendem operários que trabalham nas empresas que vêm sendo instaladas no interior do CIPS, bem como turistas que chegam de barco desde a Praia de SUAPE principalmente.

Foto 15 – (Esq.) Escola Municipal Santo André, na Ilha de Tatuoca. (Dir.) Casa de morador da Ilha de Tatuoca (área próxima à Escola).

Na parte da ilha próxima à praia, encontra-se apenas uma construção utilizada como bar e que fica aberta nos finais de semana, sobretudo no verão. Segundo o proprietário, Seu Bio, o movimento “está muito fraco”, em virtude da proibição do acesso de carros através do Estaleiro Atlântico Sul e da poluição da água, em razão da dragagem que vem sendo realizada nas proximidades.

Afirma ele que a água está suja e a praia/banco de areia, “croa”, cheia de lama. Assim, as condições da água, consideradas inadequadas para banho, têm desestimulado a ida de turistas que, antes, através de embarcações, chegavam ao local, situação que tem acarretado prejuízos financeiros ao bar.

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Atualmente, alguns moradores de Tatuoca trabalham em empresas instaladas no CIPS, embora a absorção desses trabalhadores encontre obstáculos devido ao baixo nível de qualificação da mão de obra. Na composição da renda dessas famílias, vale ressaltar a importância de programas do Governo, como o Bolsa Família.

Segundo pessoas entrevistadas na localidade, as maiores dificuldades dizem respeito às alternativas de locomoção e ao acesso à água potável. Depois da construção do Estaleiro Atlântico Sul, houve a interceptação de caminhos tradicionalmente utilizados pela população, ao que se somam as restrições, por motivo de segurança, quanto à circulação de pessoas e veículos nos espaços utilizados pela referida Empresa. Lembrou um morador da área que havia uma estrada, construída pela comunidade, indo das casas próximas à praia até a Escola de Tatuoca, permitindo a fácil locomoção das pessoas dentro da ilha. Com a interdição de alguns trechos dessa estrada, só é possível chegar às referidas casas passando-se por dentro do terreno do Estaleiro, situação que tem prejudicado, de acordo com entrevistados, os alunos que freqüentam a escola.

A diversidade de tipologias de edificações existentes na Ilha de Tatuoca pode ser visualizada na sequência de fotografias a seguir apresentadas:

Foto 16 – Tipologias de edificações verificadas na Ilha de Tatuoca

O PATRIMÔNIO CULTURAL DA ILHA DE TATUOCA

A prospecção Arqueológica de superfície realizada na área que será diretamente afetada (ADA) com a construção do Estaleiro, não constatou nenhum vestígio em superfície, salientando que a vistoria se restringiu às áreas abertas de salgado onde se tinha possibilidade de observar o terreno. Já na área do entrono, especificamente na Ilha de Cocaia e nas imediações da Escola, foram

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identificados vestígios, tanto pela equipe do EIA, como por trabalhos anteriores de SUAPE.

Foto 17 – Vestígios de cerâmica indígena e faianças portuguesa identificados nas imediações da escola de Tatuoca

BOX 1.10

Nas vistorias de superfície realizadas na área de implantação do empreendimento não foi identificado nenhum vestígio arqueológico. Contudo, deve-se ressaltar que durante a consulta de documentos realizada pela equipe, foi identificado que dentro da AID existe uma proposta de tombamento Federal que vem desde o ano de 1973 (Processo N° 875-T-73) e cujo perímetro abrange parte das ilh as de Cocaia e Tatuoca, sendo então imperioso que se tomem todos os cuidados necessários para identificação e salvamento de eventuais vestígios existentes na área;

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4 - AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

A COMPLEMENTAÇÃO DOS IMPACTOS PREVISTOS NO EIA DE 2000

A principal mudança acontecida entre 2000 e 2010 em termos de planejamento do CIPS, refere-se à proposta de modificação do layout da Zona Industrial Portuária (ZIP) para adequá-la às necessidades de implantação de um cluster naval em SUAPE. Este novo arranjo proposto no PDZ, embora pareça que se trata de uma proposta adicional ao já analisado no EIA de 2000, não é mais que uma alteração de forma, sobre o mesmo fundo já discutido e aprovado. Conforme já visto nos itens anteriores, a proposta central do Projeto de 2000 previa a urbanização total da Ilha de Tatuoca, com a respectiva necessidade de supressão, quase que total, da cobertura vegetal nativa de mangue e restinga, de fato, o arranjo proposta na época era considerado “como um mapa de intenções, portanto, passível de ajustes. A informação é de que aquele Arranjo expressa apenas a tentativa, a nível conceitual, de prever a máxima ocupação possível para a Zona Industrial Portuária (ZIP)” 1.

BOX 1.11

No Estudo de Impacto Ambiental EIA/RIMA para Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE realizado no Ano de 2000, foi estudado o cenário de urbanização total das ilhas de Tatuoca e Cocaia. Na época, foram estudados os impactos desta alternativa, vem como suas medidas mitigadoras e compensadoras, sendo os estudos abrangentes a toda a zona portuária, incluindo os 87 hectares propostos pela PROMAR para implantação do Estaleiro.

Nesse sentido, destaca-se que o fato de já terem sido analisados os impactos decorrentes da urbanização da área notadamente os impactos da implantação , é o que lhe confere a este estudo o caráter de complementar

Nesse sentido, fica claro que o PDZ de 2010 não representa uma nova proposta, mas o detalhamento de um layout conceitual cujos impactos na implantação já foram analisados com base na delimitação física da ocupação da área, prevendo a máxima ocupação.

Os layouts conceituais geralmente apresentam a situação mais desfavorável em termos de impacto ambiental, e no caso de SUAPE considera-se que a situação não foi diferente. Esta observação se sustenta quando se comparam as duas propostas, a conceitual do ano 2000 e a real do PDZ, e se observa que, em termos de supressão de vegetação as duas propostas são quase equivalentes, uma vez que o PDZ ocupa mais áreas ao oeste do Riacho da Cana, mas em compensação o layout conceitual prevê a travessia dessas áreas com sistema ferroviário e rodoviário, o que resultará no aterramento de áreas e na fragmentação dos remanescentes vegetais de mangue e restinga. Contudo, a 1 EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE (2000).

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principal mudança introduzida no PDZ e que minimiza em grande medida o conjunto de impactos ambientais, refere-se notadamente à possibilidade de restringir todas as obras sobre a bacia do Rio Tatuoca 2 , livrando o Rio Massangana de alguns impactos muito severos, como a dragagem, a alteração das margens e a navegação permanente de navios de grande porte na sua calha.

Com efeito, a nova proposta deixa de lado o conceito de anel de navegação em torno dos Rios Tatuoca, Massangana e da Cana, para uma proposta em tripé, baseada em canais de navegação paralelos, todos restritos à bacia do Rio Tatuoca. Esta nova formação permite atender uma das principais recomendações do EIA, no sentido de preservar uma faixa de mangue de 100m na margem do Massangana, o que seria impossível de se ter mantido o arranjo original.

Na nova proposta, continua sendo muito válida a evocação do princípio da “precaução”, que ficava clara no EIA de 2000 e que, de certa forma, foi atendida por SUAPE, uma vez que de 2000 para cá não houve nenhum antecedente de desmatamento no CIPS para efeitos de urbanização da ZIP.

Figura 12 – Proposta do Ano 2000 (Esq) e Proposta do PDZ (2010)

0 1km 2km

A revisão efetuada sobre o EIA/RIMA de 2000 deixa claro que, na época, foram analisados basicamente os impactos decorrentes da implantação das obras

2 O que de certa forma representa o atendimento, em caráter permanente, da recomendação do EIA de 2000, que se referia a um traçado alternativo, mesmo que considerado na época como uma etapa intermediária previa à ocupação total.

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macro, sendo que no conjunto global se insere também a área de 97,0 hectares destinada ao Estaleiro PROMAR S.A.

Essa previsão de impactos continua sendo válida, ao igual que as medidas compensatórias que foram definidas na época, uma vez que a responsabilidade pela geração dos referidos impactos continua sendo do Porto de SUAPE. Sendo assim, a identificação dos impactos para o projeto em análise estará restrita a aqueles de abrangência local, referentes especificamente às obras de construção civil propriamente ditas, que em conjunto, resultam ser pouco expressivos quando comparados com aqueles resultantes das ações de supressão de vegetação, dragagem e aterramento da área, podendo incluir inclusive o remanejamento de população.

Já na análise de Fase de Operação, a situação é um pouco diferente, uma vez que o EIA de 2000 esteve restrito quase que completamente à fase de implantação das obras de ampliação e de modernização, sem se aprofundar na fase posterior de operação. Isto porque na época não se conhecia a vocação industrial que resultaria da ocupação do porto, o que já hoje é conhecido.

Por outro lado, a avaliação ambiental do Empreendimento deve ser inserida dentro do contexto que se vivencia atualmente no Porto de SUAPE, e nos próximos 5 anos como mínimo, com previsão de grandes investimentos e profunda transformações ambientais, começando pela expectativa de implantação de um cluster naval na Ilha de Tatuoca, a implantação da Refinaria Abreu e Lima e ampliação da capacidade de recebimento de contêineres do porto.

No tocante à etapa de implantação e considerando o avanço nos licenciamentos e processos licitatórios dos diversos empreendimentos previstos para a zona portuária, considera-se que existirá uma superposição de obras de vários empreendimentos entre os anos de 2011 e 2013, conforme se mostra na Figura 13 a seguir.

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Figura 13 – Superposição de obras durante o período 2011 – 2013 na ZIP de SUAPE.

Nota: A figura acima foi construída pela equipe do EIA, com base no nível de avanço dos licenciamentos e processos licitatórios dos diversos empreendimentos, mas não necessariamente corresponde ao planejamento de SUAPE para implantação das obras que, outrossim, não estava definido à data de encerramento deste estudo, conforme informações da Empresa SUAPE.

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COMO FORAM IDENTIFICADOS OS IMPACTOS MAIS RELEVANTES DO EMPREENDIMENTO ?

A avaliação ambiental do empreendimento foi realizada de forma convencional pela metodologia conhecida como Ad-Hoc, na qual foram realizadas reuniões com a equipe técnica multidisciplinar, nas quais cada consultor se posicionou sobre os impactos referentes a sua área de conhecimento, sendo posteriormente promovida a discussão multidisciplinar para reafirmar e qualificar o conjunto de impactos pré-selecionados.

Salienta-se que o cenário de análise que embasa a identificação e avaliação de impactos deste empreendimento, considera a Implantação e Operação do Estaleiro dentro das melhores práticas da engenharia, com observância de todos os critérios técnicos definidos no projeto, bem como nas especificações técnicas do mesmo e o atendimento integral da legislação ambiental e trabalhista em vigor. Da mesma forma, considera o acompanhamento e supervisão permanente dos órgãos de controle como a CPRH e a mesma Empresa SUAPE.

Os impactos foram qualificados seguindo as diretrizes do TR da CPRH, sendo o diferencial, a definição da Importância de cada impacto obtida a partir da relação entre probabilidade de ocorrência (Remota, Pouco Provável, Provável, Muito Provável, Quase certeza, Certeza) e a Magnitude, sendo este critério definido como função dos demais critérios de qualificação. Da relação entre Probabilidade de Ocorrência e Magnitude, resulta a Importância, que seria o critério conclusivo que define, quais os impactos mais relevantes do empreendimento. Esta importância de cada impacto foi avaliada com base em uma escala de 5 categorias, mostrada no Quadro a seguir:

QUADRO 9 – Escala de importância dos impactos definida no estudo

Categoria Descrição

Muito Baixa Danos inexpressivos ao meio ambiente. O Máximo que pode ocorrer é ameaça de impactos que podem ser facilmente eliminadas com a aplicação de medidas mitigadoras.

Baixa Danos leves a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os impactos são controláveis a um baixo custo e os danos ambientais são facilmente revertidos.

Moderada Danos moderados a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os impactos são controláveis, mas se não neutralizados oportunamente, podem degenerar em situações de dano mais severos.

Alta Danos importantes a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em uma condição mais crítica.

Muito Alta Danos irreparáveis a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. O restabelecimento das condições primitivas do meio ambiente é lento ou impossível.

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QUAIS FORAM OS RESULTADOS OBTIDOS ? QUAIS OS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS ?

Do exercício de identificação e qualificação de impactos realizados de forma interdisciplinar, foram finalmente sintetizados 13 impactos positivos distribuídos nas fases de planejamento, implantação e operação e 33 impactos negativos alocados igualmente nessas três fases.

BOX 1.12

É importante destacar um aspecto fundamental para o bom entendimento do processo. O balanço algébrico entre impactos Positivos e Negativos não determina por si só a conveniência ou não de implantar um determinado projeto, nem sequer é um bom indicador na hora de basear uma decisão.

O ditame final é um processo complexo de ponderação, onde devem ser analisados globalmente todos os documentos do processo, incluindo o projeto e o EIA, com a intervenção do Órgão Fiscalizador, a Equipe do EIA, o Empreendedor e a População Civil, entre outras ferramentas dos estudos de EIA/RIMA.

De uma forma geral, o conjunto de impactos analisado esteve dentro do que se previa em função da essência do Empreendimento. Com efeito, os impactos positivos de maior relevância, ou seja, aqueles qualificados como de importância MUITO ALTA ou ALTA, estiveram associados à possibilidade de geração de emprego, renda e qualidade de vida. Estes impactos, e em geral todos os analisados de caráter Positivo, apresentam uma abrangência regional direcionada para o meio antrópico, contrariamente aos impactos negativos que em sua grande maioria apresentam abrangência pontual ou local com efeito nos meios físico–biótico.

Significa isso a socialização da riqueza ecológica de uma área, através de uma equação da forma:

Riqueza ecológica = benefícios sociais + compensaçã o + mitigação

Essa troca só será justa se a equação de fato for uma igualdade, ou seja, não é suficiente gerar benefícios sociais, tem que ser simultaneamente atendidas as medidas de compensação e mitigação propostas, o que infelizmente não vem acontecendo em SUAPE, e em geral no Brasil e no mundo.

A Figura 14 , a seguir, ilustra graficamente a distribuição de impactos na escala de importância definida para o estudo. Observa-se que três (3) dos 33 impactos (9,0%) foram considerados como de importância MUITO ALTA, e seis deles de importância ALTA (18,18%). A grande maioria (23 impactos) foram considerados com importância MODERADA (39,39%) a BAIXA (30,30%), enquanto que só um impacto, correspondente ao Risco de Favelização do entorno da área foi considerado como de importância MUITO BAIXA, em função da sua

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probabilidade remota de acontecer, tendo em vista a valorização das áreas do entorno.

Figura 14 – Resumo da avaliação de impactos negativos.

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MUITO BAIXA BAIXA MODER. ALTA MUITO ALTA

Importância dos Impactos

Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos três (3) impactos que foram classificados como de importância MUITO ALTA, está associada a ações da fase de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e que por conseguinte, já foram contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes impactos são referentes à dragagem do canal de acesso e ao remanejamento involuntário de população da comunidade que habita a Ilha de Tatuoca, com todas suas implicações culturais e econômicas.

Observe-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto da equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do Empreendimento, e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de ativos ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente do referido ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida, que, igualmente, já é precária.

O primeiro impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta refere-se à Dragagem do Canal de acesso. Com efeito, Para implantação do estaleiro PROMAR será necessária uma movimentação de terra expressiva em torno de 2.8 milhões de metros cúbicos de material dragado e 550.000m3 de aterro para que a área do empreendimento atinja a cota +4,6m. Estes valores porem, são substancialmente inferiores aos previstos para o cluster naval como um todo e estimados em 35.000.000 m³.

Boa parte do material a ser escavado/dragado está constituído por areia e será utilizado no aterro hidráulico do próprio terreno e de áreas adjacentes, enquanto que o material mais fino e argiloso, será descartado em bota-fora oceânico.

Atividades de aterro hidráulico podem impactar o entorno aquático, resultando em aumento da turbidez e propiciando transferência de contaminantes e

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particulados para a coluna d’água pela suspensão e deposição de material para o entorno estuarino, via atmosfera e/ou diretamente por escorregamento dos taludes. Atividades de dragagem são altamente impactantes aos ambientes estuarinos e costeiros conquanto alteram as características hidrológicas e hidrodinâmicas e danificam a biota do meio aquático. Impactos potenciais para o meio físico-oceanográfico estuarino marinho estão normalmente relacionados ao aumento da turbidez, reduzindo a penetração de luz e a liberação de materiais tóxicos, por ventura presente nos sedimentos, para a coluna d’água pelo revolvimento do material de fundo. O descarte de material dragado no meio aquático é com freqüência, danoso ao ambiente.

O segundo impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta refere-se ao Remanejamento Involuntário de população, especificamente a transferência da colônia de pescadores que habita hoje a Ilha de Tatuoca, para o habitacional Nova Tatuoca, localizado no vizinho município do Cabo, ainda dentro do território de Suape. Com efeito, dados do Banco Mundial indicam que uma média de dez milhões de pessoas são deslocadas de suas casas, comunidades e terras involuntariamente todos os anos para dar lugar à infra-estrutura pública. O deslocamento de pessoas é extremamente perturbador para as comunidades, tendo-se verificado em muitos casos, o empobrecimento de contingentes populacionais anos após seu remanejamento.

Neste caso, embora se considere que estas pessoas serão remanejadas para um local mais adequado de moradia e com cobertura de serviços públicos, estarão submetidas a uma grande perturbação e estresse, o que justifica a valorização deste impacto ao nível máximo de importância do estudo, justamente para garantir, que o processo de transferência seja feito de acordo a um planejamento previamente definido e aprovado pelas próprias comunidades.

O terceiro impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta, é na verdade uma derivação do anterior. Considerou-se que a possibilidade de perda de renda da população remanejada é um aspecto delicado a ser analisado. Conforme as pesquisas efetuadas com alguns moradores, a comunidade sobrevive basicamente da pesca artesanal garantida pela sua proximidade com o mar, algumas pessoas informaram ainda trabalhar em empresas de Suape, contudo, o perfil geral é de uma comunidade de pescadores. Assim, a transferência desta comunidade para um outro município, com alguma restrição de acesso ao mar, em face da distancia do conjunto Nova Tatuoca, e a competição com os pescadores da Praia do Paiva e Gaibu, pode refletir em uma perda considerável de renda por parte desta comunidade.

Em termos de impactos ambientais classificados como de importância ALTA, destaca-se a supressão de vegetação de restinga como o mais importante deles. Dentro da área destinada para o Estaleiro PROMAR, foi identificado que 31 hectares (32%) da área apresenta uma cobertura vegetal de restinga, ora arbórea densa, ora arbustiva esparsa.

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O lay-out do empreendimento prevê que 18 hectares (58%) dessa formação, terá que ser suprimida na primeira etapa para dar passo à infraestrutura do estaleiro. Destaca-se que este impacto ambiental já foi computado no EIA/RIMA do Porto de SUAPE de 2000 e faz parte do Projeto de Lei 1496/2010 que prevê a supressão de 691 hectares de vegetação de mangue, mata atlântica e restinga até o ano de 2020.

O impacto foi considerado só como de importância ALTA, pois se reservou a máxima qualificação aos processos de supressão de mangue (que não acontecerão neste empreendimento), que rebaterão diretamente na cadeia alimentar do estuário, o que não acontece com a supressão de restinga.

Outro impacto considerado como de importância ALTA refere-se ao aumento da pressão sobre a infraestrutura de transportes em decorrência das mais de 2000 pessoas que trabalharão diretamente no Estaleiro diariamente, que se somarão a visitantes e veículos de logística de abastecimento de matérias primas. Da mesma forma, considerou-se como de importância muito alta a alteração nas condições de comunicação hídrica entre os rios Tatuoca e Massangana, isto porque a abertura do canal de acesso introduz uma nova condição de correntes no estuário, que pode levar a acelerar os processos de erosão que com grande intensidade se verificam na praia de SUAPE.

Como complementação destas informações apresenta-se na integra a matriz de impacto do estudo.

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CASO O EMPREENDIMENTO NÃO SEJA IMPLANTADO, COMO SERIA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA ?

As ciências ambientais são relativamente novas, seus conceitos básicos vêm se reformulando dia a dia, fazendo-se cada vez mais abrangentes, até o ponto de dificultar a definição de questões aparentemente simples como o mesmo conceito de meio ambiente. Outrora, esse conceito tinha uma conotação eminentemente ecológica, que hoje não tem mais. A grande mudança de paradigma nos últimos tempos é considerar que o homem como espécie humana, com toda sua complexidade, também é meio ambiente. Esta nova conceituação veio dificultar ainda mais o entendimento das definições ambientais, pois foram agregados novos conceitos atrelados diretamente às atividades humanas, como por exemplo, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, os ecossistemas urbanos, os aspectos culturais e inclusive religiosos por citar só alguns deles.

Sendo assim, a mensuração desta qualidade, bem como as análises comparativas, poderão ter múltiplas abordagens, todas elas fundamentadas e todas elas possíveis. Esta situação se verifica na análise comparativa de Qualidade Ambiental nos cenários de implantação ou não do Estaleiro PROMAR S.A, partindo sempre do predicado que o cenário de implantação do Empreendimento, na área proposta, só faz sentido dentro do macroprojeto transformador do PDZ de SUAPE. Em termos gerais, as linhas mestras do futuro regional para qualquer um dos dois cenários, mostram que a região passa por um momento excepcional de oportunidades de desenvolvimento econômico, social e cultural, propulsado especialmente pela dinamização do Porto de SUAPE, mas também pela consolidação da vocação turística do Litoral Sul e não será a implantação ou não do Estaleiro PROMAR S.A que mude esta tendência que se consolida cada vez mais na região.

Nesse pano de fundo, percebe-se que a qualidade ambiental a futuro, em uma escala regional, deverá aumentar para qualquer um dos dois cenários. Não tem como ser diferente, os investimentos públicos e privados previstos nas áreas de infraestrutura, saúde, cultura, segurança e renda per capita necessariamente terão rebatimento na qualidade de vida da população, indicador este que, como já mencionado, passa a ter um peso relevante na hora de definir uma escala de Qualidade Ambiental, entendida desde uma ótica mais humanista. Assim, e considerando o leque complexo de projetos previstos para a região, o Estaleiro PROMAR S.A e o mesmo cluster naval com sua capacidade de geração e formação de mão de obra capacitada, vislumbra-se como uma proposta muito importante, mas não determinante para em definido momento chegar a alterar no futuro o cenário de Qualidade Ambiental em âmbito regional.

Já quando se considera um recorte de terreno menos abrangente, limitado às áreas de influência Indireta (AII) e Direta (AID), os cenários de Qualidade Ambiental apresentam comportamentos mais diferenciados, pois a dimensão

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biótica entra com um peso mais relevante que a variável socioeconômica. No evento de não implantação do Empreendimento, não implantação do cluster naval e considerando que nenhum outro fato extraordinário acontecerá na área, pode-se afirmar que esta continuará transformando-se lentamente, de forma quase imperceptível para curtos períodos de tempo. A área de influência prosseguiria em suas atuais tendências e, devido à estabilidade no ambiente, ocorreria naturalmente a recomposição da vegetação de manguezal, principalmente, nas áreas mais marginais da Ilha de Cocaia, refletindo positivamente no aumento da produtividade primária local, no estoque pesqueiro da área estuarina e marinha, aumentando a disponibilidade de organismos como ostras, sururu, caranguejos, aratús e espécies de peixes que são ligados ao estuário e ao manguezal.

Em termos de qualidade da água, a preservação do manguezal também atuará positivamente na ciclagem de nutrientes transformando em matéria orgânica vegetal compostos que estariam concentrados na água (nitrito, nitrato, silicato, fostato, etc.). A não dragagem dos cursos d’água importará na preservação do sistema fital composto por capim-agulha e macroalgas (garantindo a continuidade do ciclo de vida de muitas outras espécies que vivem em interdependência desses ecossistemas). A manutenção do manguezal na área também pode representar um fator importante na retenção dos sedimentos atuando na diminuição da turbidez da água e prevenindo a erosão costeira.

Já o cenário de Implantação do Empreendimento nos moldes previstos no projeto e com a implantação simultânea de outras infraestruturas em um período relativamente curto de três anos (2011 - 2013), representa a introdução de uma perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma diminuição severa da Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma transformação drástica na paisagem com supressão de grande parcela da vegetação de mangue e restinga do estuário dos Rios Massangana e Tatuoca.

Com a realização do Empreendimento, a supressão da vegetação e as ações de aterro e terraplenagem eliminarão parte da vegetação de restinga da ilha de Tatuoca, o que acarretará, por conseguinte, a eliminação de espécies da fauna associada a esses ambientes. O aumento do material em suspensão em virtude da movimentação de terras poderá causar o assoreamento de uma das áreas mais produtivas do sistema lagunar da baía que são os prados de fanerógamas marinhas. O aumento da turbidez da água poderá ainda interferir na produtividade primária com conseqüências diretas no ciclo de nutrientes.

Uma vez as obras do PDZ sejam finalizadas e os planos ambientais, medidas mitigadoras e compensações comecem a ser implementados, a AID começará um processo de resilência e de aceitação da nova paisagem, aumentando progressivamente sua Qualidade Ambiental. A partir daí e com o inicío da operação do Estaleiro, começarão a ser verificados progressivamente todos aqueles impactos positivos que em conjunto justificam o empreendimento. Nesse caso, o indicador de Qualidade Ambiental vir-se-ia reformulando,

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acompanhando a evolução dos parâmetros socioeconômicos se tornando cada vez mais importantes em detrimento dos fatores físico–bióticos da AII cuja relevância, no contexto geral, deverá decrescer na medida em que a área adquire com maior celeridade uma característica de ambiente construído com vocação industrial, o que já está determinado desde a desapropriação das terras pela Empresa SUAPE.

Aqui mais uma vez fica claro o conceito da troca que está sendo concebido pelo governo do Estado, no sentido de perder um ativo ecológico importante como é uma área estuarina, por benefícios sócias e compensação ambiental, que em teoria, devem beneficiar não só a população dos municípios abrangidos na AII, mas todo o Estado de Pernambuco.

A figura a representa um dos cenários possíveis de qualidade ambiental da área, onde inicialmente se produz uma diminuição brusca desta qualidade em decorrência da supressão de mangue e restinga para implantação do cluster naval, a qual, posteriormente, começa um processo de recuperação promovido pelo crescimento da dimensão socioeconômica e da variável biótica em decorrência das atividades de compensação. Conforme se observa na figura, a dimensão biótica deve se recuperar, mas nunca chegar a retornar à situação atual, daí a necessidade de compensação ambiental.

Figura 15 – Cenário possível /otimista de qualidade ambiental na AII.

Fonte: Moraes & Albuquerque Advogados e Consultores

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5 - O QUE FAZER PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS IDENTIFICADOS ??

BOX 1.13

Dentre os impactos ambientais avaliados em cada empreendimento, sempre existem os que podem ser evitados ou pelos menos minimizados, através de cuidados e ações direcionadas para evitar sua ocorrência ou então seu efeito adverso no meio ambiente. É o caso da geração de efluentes, por exemplo. A geração é inevitável, mas seu despejo in natura em um curso d’água é completamente evitável através da construção de um sistema de tratamento de efluentes. Esse tipo de impactos são denominados como Mitigáveis e cabe ao EIA a proposição de medidas de controle, sendo inclusive permissível a solicitação de alterações no projeto de engenharia.

Outro tipo de impactos não podem ser evitados, como por exemplo a limpeza da área com supressão de vegetação. Nesse caso, o empreendedor deve compensar os danos ambientais ocasionados, com o plantio de vegetação similar em outra área, por exemplo.

Um outro grupo de impactos, notadamente os positivos, os que traem benefícios diretos para o meio ambiente, devem ser maximizados e potencializados. É o caso da geração de emprego no Estaleiro. Esses empregos estão disponíveis mas exigem uma qualificação mínima por parte dos operários. Nesse caso, a maximização dos benefícios consistiria na abertura de cursos de capacitação da mão de obra local, para garantir que os empregos gerados sejam ocupados pela população que habita a região do empreendimento.

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VAMOS MITIGAR O QUE SEJA POSSIVEL !!!

Dentre as medidas mitigadoras propostas no EIA, ressaltam-se as seguintes no RIMA.

Mitigação de Impactos da Supressão de Vegetação

Na área do Estaleiro PROMAR será requerida inicialmente a supressão de 18 hectares de restinga, restando ainda 13 hectares, além do manguezal do extremo nordeste da área, que não será diretamente afetado com a implantação do empreendimento.

Assim, é muito importante o monitoramento permanente destes manguezais remanescentes ao longo do tempo, através da implantação por parte de SUAPE do PBA de monitoramento de manguezais remanescentes, proposto no EIA/RIMA de 2000.

Mitigação de Impactos do Aterramento da Área

Para minimizar os efeitos do carreamento de sedimentos para o Rio Massangana, considera-se que uma medida mitigadora viável seria a utilização de uma barreira flutuante colocada entre as margens das Ilhas de Tatuoca e Cocais, no ponto da futura ponte, enquanto duram os trabalhos de dragagem a aterro hidráulico. Considera-se que o uso deste tipo de cortina minimizará o transporte de sedimentos finos para o Rio Massangana.

Para minimizar o carreamento de sedimentos provenientes do aterro por efeitos da erosão hídrica, recomenda-se a proteção dos taludes norte e oeste da plataforma, ora através de enrocamento, ora através de proteção vegetal, mesmo que isso seja uma situação temporária, pois futuramente a área da PROMAR S.A ficará embebida dentro dos aterros do restante do cluster naval

Mitigação de Impactos cumulativos

A mitigação de efeitos cumulativos no contexto do projeto diz respeito primeiramente à necessidade de superar uma possível carência de mão, que seja local, mas que tenha a capacitação requerida para preencher o quadro de funcionários do estaleiro, o que se constitui no ponto de maior conflito cumulativo quando se analisa o empreendimento em conjunto com outros estaleiros previstos para o cluster naval.

Como alternativa, recomenda-se promover as parcerias de cursos de capacitação e treinamento em outras regiões do estado, como o Agreste ou a Zona da Mata, de tal forma a inverter o processo que se desenvolve atualmente, onde o interessado se desloca desde sua região de origem na procura de capacitação, para depois ser absorvido no mercado de trabalho. Nesta nova

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possibilidade, o interessado seria capacitado na sua própria região, deslocando-se só para o inicio das atividades no estaleiro.

Um segundo aspecto que poderia ser implementado como medida mitigadora para combater ou minimizar efeitos cumulativos, refere-se à otimização do recurso água. Os dados levantados não apontam para que este aspecto represente um gargalho no funcionamento simultâneo de novos empreendimentos em SUAPE, contudo, em se tratando da possibilidade de racionalizar este valioso recurso, seria pertinente cogitar no projeto executivo do Estaleiro, a implantação do sistema de captação de água de telhados para atendimento da demanda de banheiros, lavagens, irrigação de áreas verdes, etc.

A região de SUAPE apresenta uma pluviometria anual próxima dos 2000 mm e, por sua vez, o Estaleiro propõe a implantação DE enormes galpões com uma área coberta muito expressiva de entorno de 100.000 m². Nessas condições, observa-se que se teria uma potencialidade de captação muito significativa.

Mitigação de impactos sobre as comunidades

A mitigação de impactos sobre as comunidades do entorno se fundamenta na mobilização de ações voltadas a estabelecer um canal de comunicação direto com as populações em todas as fases da obra. Essa comunicação deverá ter um caráter informativo prévio e não explicativo posterior, ou seja, o plano de comunicação social a ser mobilizado deverá ter como característica a antecipação das informações, com base em um cronograma a ser estabelecido. Nesse sentido, considera-se o intercâmbio de idéias, opiniões e discussão sobre as soluções a serem adotadas como o elemento chave de condução de todo o projeto.

A discussão com as comunidades afetadas, através de suas lideranças e também diretamente com o povo, deve permear todo o projeto, em todas as suas fases. Este contato deve ocorrer de forma permanente e frequente, porque interrupções e distanciamento, de tempos em tempos, por parte das autoridades, corroem os entendimentos e à credibilidade do projeto.

Este canal de comunicação que deverá ser sintetizado em um Plano de Comunicação Social, deverá estar construído em cima das seguintes premissas:

�� Criar um mecanismo que possibilite um atendimento constante e específico para manter um canal sempre aberto com a comunidade e, assim, sempre possa se expressar e registrar suas queixas e aspirações a serem atendidas pelo respectivo projeto;

�� A equipe entende que não há como ser bem sucedido um projeto dessa natureza, se os canais de comunicação com os afetados não forem implantados ou se estiverem fechados ou burocratizados;

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�� A relação entre os afetados e o Empreendedor deve ser a mais transparente possível, de forma que a troca de informações além de esclarecer as duas partes, possa também fundamentar as soluções a serem adotadas e levar a um resultado positivo dessa ação conjunta;

�� Nesse sentido, é necessário que se identifique as lideranças e organizações locais bem como seus posicionamentos e modo de vida, e que através dessas lideranças e organizações se estabeleça um canal de comunicação com os afetados, respeitando sempre a cultura local. Esse contato pode se dar por meio de reuniões, palestras, questionários, quando houver comunidade alfabetizada, e outros instrumentos que possam propiciar o melhor contato entre o Empreendedor e a população afetada.

TIRAR DO PAPEL A COMPENSAÇÃO AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO, DEVE SER UM DOS GRANDES OBJETIVOS DE SUAPE E O PROMAR EM CURTO E MEDIO PRAZO !!!

A compensação ambiental analisada e proposta neste estudo, é decorrente de duas linhas de impacto, a saber:

I. Compensação ambiental em conformidade com a lei 9.985/2000 que estabelece o Sistema de Unidade de Conservação (SNUC);

II. Compensação ambiental por efeito da supressão de vegetação prevista no projeto;

Compensação ambiental em conformidade com a lei 9.985/2000

O grau de impacto ambiental a ser aplicado sobre o valor do Empreendimento em atendimento à lei 9.985 de 2000 foi calculado através da metodologia prevista no decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009, para efeitos de se ter uma referência, embora se entenda que a determinação final será feita pela CPRH.

MMeettooddoollooggiiaa ddee CCáállccuulloo

O grau de impacto ambiental para efeitos de compensação ambiental será calculado da seguinte forma:

GI = ISB + CAP + IUC (0 - 0,50%)

onde:

ISB = Impacto sobre a Biodiversidade;

CAP = Comprometimento de Área Prioritária; e

IUC = Influência em Unidades de Conservação.

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O grau de impacto ambiental do Empreendimento calculado em conformidade com o Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009, para efeitos da fixação da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000, é de 0,50% do valor do Empreendimento.

Compensação ambiental por Supressão de Vegetação

A supressão de vegetação prevista para a área de implantação do Empreendimento se insere dentro da lei 14.046 de 2010 e correspondente Resolução do CONSEMA 03/10. Conforme a referida resolução, a Empresa SUAPE será responsável pela supressão e os desdobramentos pertinentes em termos de compensação. O Empreendedor será co-responsável proporcionalmente à área que utilizará.

OS PROGRAMAS BÁSICOS AMBIENTAIS – PBA’S COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL DA GESTÃO AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO

A seguir, são relacionados os PBA’s que foram identificados pela equipe técnica como necessários para mitigação dos impactos ambientais, tendo sido discriminados os que estariam sob a responsabilidade da Empresa SUAPE e os que estariam sob a responsabilidade da Empresa PROMAR S.A. Salienta-se que foram considerados todos os Programas relacionados na LP do Empreendimento, bem como aqueles citados no TR da CPRH.

BOX 1.14

Os denominados PBA’s (Programas ou planos Básicos Ambientais) correspondem a documentos de controle ambiental que incorporam uma ou várias das medidas mitigadoras propostas no EIA, através de metodologias específicas de trabalho de maior complexidade.

Os PBA’s são propostos no EIA/RIMA através de diretrizes básicas de execução. Já em uma segunda etapa, estes são desenvolvidos pelo empreendedor através de uma empresa consultora, deixando-os em nível executivo que permita executá-los, ora durante a implantação do empreendimento, ora durante a operação do mesmo.

Os PBA’s ficam sob responsabilidade do empreendedor, que está na obrigação de implantá-los de acordo ao escopo detalhado, de forma oportuna e durante o período requerido por cada documento. Neste caso específico, verifica-se que parte das ações de implantação estará sob a responsabilidade da empresa SUAPE, notadamente as concernentes à supressão de vegetação e dragagem do canal, e parte estará sob a responsabilidade da PROMAR S.A, notadamente a obra civil e a montagem Mecânica de equipamentos. Nesse sentido, uma parte dos PBA’s está direcionada para ser implantada por SUAPE, e outra parte pela empresa PROMAR.

A separação de PBA’s para efeitos de apresentação deste EIA complementar, não implica na dissociação deles quando da implantação do Empreendimento, muito pelo contrário, as duas Empresas, SUAPE e PROMAR S.A devem estar

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totalmente entrosadas e focadas na mitigação conjunta dos impactos ambientais identificados neste Estudo.

Programas sob a responsabilidade de SUAPE

�� Programa de Compensação Ambiental

�� Programa de remanejamento, relocação e acompanhamento de população afetada

�� Programa de comunicação social e interação com a comunidade

�� Programa de integração com as atividades de planejamento, controle e fiscalização do uso e ocupação do solo das bacias dos Rios Tatuoca e Massangana

�� Programa de controle ambiental (PCA) durante a implantação das obras

�� Programa de proteção aos manguezais que não serão suprimidos

�� Programa de acompanhamento e monitoramento da qualidade ambiental do CIPS e áreas circundantes

�� Programa de prospecção, acompanhamento e resgate arqueológico

Programas sob a responsabilidade da PROMAR S.A

�� Programa de Gestão Ambiental;

�� Programa de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD;

�� Programa de Controle Ambiental – PCA durante Implantação;

�� Programa de Controle Ambiental – PCA durante Operação;

�� Programa de Comunicação Social e Educação Ambiental;

�� Programa de treinamento e capacitação de mão de obra;

�� Programa de condições e meio ambiente na indústria da construção, PCMAT;

�� Programa de prevenção de acidentes e riscos ambientais durante a fase de operação;

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6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO

DO PROJETO DE ENGENHARIA E A JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO

Os dados apresentados, tanto do próprio Estaleiro, como aqueles referentes à situação da indústria naval no Brasil, mostram que as encomendas da Transpetro, da Marinha Brasileira e outras empresas do setor de transporte naval, estão gerando no curto prazo uma demanda que garantirá a ocupação de todos os estaleiros que estão sendo propostos, em nível nacional, até o ano de 2018 aproximadamente, o que já justifica a proposta de implantação deste Empreendimento no curto prazo.

Contudo, a partir do ano 2018, as projeções nacionais, do SINAVAL, por exemplo, não são tão contundentes em termos da garantia da demanda para manter a ocupação de todos os empreendimentos que viessem a ser implantados durante o pico desta demanda . Prevê-se que alguns deles tenham que abrir o leque de oferta de serviços para a realização de reparos navais em embarcações existentes.

Este tipo de atividade difere da que foi analisada neste EIAC/RIMA em termos da quantidade e tipologia dos resíduos gerados, por exemplo. Assim, caso o Empreendimento no futuro acrescente atividades não consideradas neste EIAC/RIMA a seu perfil operacional, terá que informar à CPRH para definição das medidas complementares cabíveis.

O Projeto de Engenharia que subsidiou a elaboração do presente EIA/RIMA Complementar encontrava-se em Nível Básico de detalhamento, fornecendo informações suficientes em termos de layout, movimentação de terra, tecnologia a ser implementada para construção de navios, dentre outros aspectos necessários para a identificação e avaliação dos potenciais impactos ambientais.

Salienta-se que o projeto da abertura do canal de acesso marítimo para acessar à área do Estaleiro PROMAR S.A, e cuja execução é de responsabilidade da Empresa SUAPE, não estava disponível à data de encerramento deste estudo, assim, algumas abordagens da avaliação de impacto realizada poderão mudar quando da elaboração deste projeto, a exemplo das referentes à disposição do material proveniente da dragagem e que, por suas características, não possam ser usados nos retro-aterros requeridos pelo cluster naval.

Contudo, essa abordagem integral do projeto de implantação do cluster naval, que poderia se considerar como uma Avaliação Ambiental Integrada (AAI), está sendo solicitada a SUAPE pela Resolução do CONSEMA 03/10, através da exigência de estudos complementares que abordarão, dentre outras coisas, os impactos decorrentes da destinação final do material excedente.

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DA BASE DE ANÁLISE FORNECIDA PELO EIA DE 2000

Em decorrência da exigência do Termo de Referência da CPRH, tomou-se como premissa básica do estudo a análise aprofundada do EIA/RIMA DE AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO PORTO DE SUAPE ELABORADO NO ANO DE 20003, para servir como base das complementações e avaliações ambientais requeridas para consubstanciar o licenciamento ambiental do Estaleiro PROMAR S.A, daí o caráter complementar do presente Estudo.

Como primeiro aspecto conclusivo desta análise, observou-se que o novo arranjo proposto no PDZ, onde se inclui o cluster naval, embora pareça que se trata de uma proposta adicional ao já analisado no EIA de 2000, não é mais que uma alteração de forma, sobre o mesmo fundo já discutido e aprovado. Acontece que a proposta central do Projeto de 2000 previa a urbanização total da Ilha de Tatuoca, com a respectiva necessidade de supressão, quase que total, da cobertura vegetal nativa de mangue e restinga. De fato, o arranjo proposto na época era considerado “como um mapa de intenções, portanto, passível de ajustes. A informação é de que aquele Arranjo expressa apenas a tentativa, a nível conceitual, de prever a máxima ocupação possível para a Zona Industrial Portuária (ZIP)” 4.

Nesse sentido, fica claro que o PDZ de 2010 não representa uma nova proposta, mas o detalhamento de um layout conceitual cujos impactos na implantação já foram analisados com base na delimitação física da ocupação da área prevendo a máxima ocupação, mas que só agora começam a ser regularizados através da Lei Estadual n° 14.046/2010.

Neste detalhamento previsto no PDZ continua sendo muito válida a evocação do “princípio da precaução”, que ficava claro no EIA de 2000 e que, de certa forma, foi atendida por SUAPE, uma vez que de 2000 para cá não houve nenhum antecedente de desmatamento no CIPS, para efeitos de urbanização da ZIP, salvo no caso do Estaleiro Atlântico Sul, cuja implantação foi precedida pela supressão de um fragmento de restinga de 37,0 hectares regularizado pela lei estadual 13.637/08.

3 Documento elaborado em atendimento à resolução do CONAMA 001/86 e que consubstanciou a obtenção da Licença de Instalação (LI), de todas as obras de ampliação e modernização previstas por SUAPE Relacionadas no capítulo de Descrição do Empreendimento do referido EIA, e nas quais se incluía a urbanização total da Ilha de Tatuoca.

4 EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE, 2000.

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DA SINERGIA DO EMPREENDIMENTO E SUA INSERÇÃO NO CLUSTER NAVAL

O projeto da PROMAR S.A faz parte do cluster naval previsto por SUAPE para implantação na Ilha de Tatuoca, no qual se inserem mais 5 empreendimentos navais que orbitam em torno do Estaleiro Atlântico Sul, aos quais se juntam um terminal de minério de ferro e a ampliação do terminal de contêineres (TECON).

Esta junção de empreendimentos foi analisada no EIAC em termos das suas principais relações de efeito cumulativo. Os resultados apresentados no Capítulo 2 mostram que SUAPE ainda apresenta uma capacidade remanescente ampla de recepção simultânea de indústria, em termos de fornecimento de água, energia elétrica, vias de acesso e, principalmente, garantia de área. Os dados analisados não mostram que o efeito cumulativo da implantação simultânea de vários empreendimentos de grande porte, incluindo a Refinaria Abreu e Lima, cause um déficit no fornecimento destes serviços.

Um outro aspecto analisado no estudo, refere-se à disponibilidade de aço no mercado diante da demanda crescente decorrente da implantação de Estaleiros, contudo, os dados analisados mostram que esse aspecto também não será um empecilho para implantação do Empreendimento. Com efeito, o Instituto Brasileiro de Siderurgia, IBS, afirma que o parque nacional de produção de aço está preparado para atender a demanda interna até 2015, uma vez que o Brasil passará de 41 milhões de toneladas/ano de capacidade produtiva, até o final de 2007, para 63 milhões de toneladas/ano, projetada para 2015. A capacidade de processamento de aço em SUAPE, considerando os 6 estaleiros implantados trabalhando a capacidade plena, deverá orbitar em torno das 500.000 toneladas por ano, o que corresponde a 1,21% da produção de aço em 2007.

Finalmente foi analisada a variável cumulativa da demanda de mão de obra capacitada requerida para atender a demanda do Estaleiro PROMAR S.A dentro do cenário de implantação do cluster naval. Os dados socioeconômicos levantados mostram que a região vem se estruturando em termos de oferecimento de cursos técnicos e profissionais para as exigências da indústria naval. Verificam-se programas promovidos pelo governo Federal (www.prominp.com.br), promovidos por SUAPE, pela Prefeitura de Ipojuca, o EAS, a UFPE, dentre outros.

Contudo, nos dados disponíveis não é possível estimar a velocidade com que estes cursos conseguirão formar o contingente necessário para atender os vários estaleiros que se instalarão de forma quase simultânea, mais ainda, considerando que se observa na estrutura do plano de capacitação uma centralização destes cursos em torno de SUAPE.

Nesse sentido, considera-se que no curto prazo a variável de disponibilidade de mão de obra capacitada e local, constitua-se no principal desafio a ser superado

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para implantação do Empreendimento, mais ainda no cenário de implantação simultânea de vários empreendimentos. Não significa isto o comprometimento da implantação do projeto, mas a necessidade de mobilização de um conjunto de ações integradas e parcerias, que permitam o preenchimento progressivo das vagas com mão de obra local, garantindo assim que os benefícios sociais do cluster naval priorizem o Estado de Pernambuco.

Entretanto, deve-se ressaltar que pelo observado em SUAPE durante estes meses de elaboração do EIA/RIMA Complementar, a idéia de um cluster naval com mais de dois (2) estaleiros implantando-se de forma simultânea, ainda se encontra em uma etapa embrionária, dominada pelas incertezas em relação ao número real de empresas da indústria naval que poderão se instalar na zona portuária no curto prazo, as quais, por sua vez, terminam entrando no campo da especulação, diante da necessidade de equacionar os requerimentos de participação nos leilões da TRANSPETRO com os prazos de licenciamento oferecidos por cada Estado da união interessado em sediar este tipo de empreendimentos.

À data de encerramento deste estudo, verificava-se que só a PROMAR S.A e CONSTRUCAP estavam com seu processo de licenciamento ambiental em andamento. Nesse cenário mais realista, o potencial conflito pela disputa de mão de obra, torna-se menos relevante.

DO PROGNÓSTICO AMBIENTAL E DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

Do exercício de identificação e qualificação de impactos, foram sintetizados 13 impactos positivos distribuídos nas fases de planejamento, implantação e operação e 33 impactos negativos alocados igualmente nessas três fases. De uma forma geral, o conjunto de impactos analisado esteve dentro do que se previa em função da essência do Empreendimento. Com efeito, os impactos positivos de maior relevância, ou seja, aqueles qualificados como de importância MUITO ALTA ou ALTA, estiveram associados à possibilidade de geração de emprego, renda e qualidade de vida. Estes impactos, e em geral todos os analisados de caráter Positivo, apresentam uma abrangência regional direcionada para o meio antrópico, contrariamente aos impactos negativos que em sua grande maioria apresentam abrangência pontual ou local com efeito nos meios físico – biótico.

Significa isso a socialização da riqueza ecológica de uma área, através de uma equação da forma:

Riqueza ecológica = benefícios sociais + compensaçã o + mitigação

Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos cinco (5) impactos que foram classificados como de importância muito alta, estão associadas a ações da fase de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e que, por conseguinte, já foram contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes

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impactos são referentes à abertura do canal de navegação até o empreendimento e inclusive o aterramento da área, a supressão de vegetação nativa, principalmente mangue, pela sua repercussão na cadeia alimentar da fauna marinha do estuário do Rio Massangana e finalmente o remanejamento involuntário de população da comunidade que habita a Ilha de Tatuoca, com todas suas implicações culturais e econômicas.

Observa-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto da equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do Empreendimento e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de ativos ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente do referido ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida que, outrossim, já é precária.

Em se tratando de prognóstico ambiental e analisando o empreendimento dentro do contexto do cluster naval, ressalta-se e redunda-se novamente sobre o fato das informações existentes à data de encerramento deste estudo, não indicarem a necessidade, no curto prazo, de preparação integral da área proposta para 6 estaleiros. O que hoje se teria como certo para ser considerado como a primeira etapa do Cluster Naval, seria o arranjo mostrado na Figura 13 deste RIMA.

Diante dessa possibilidade de se ter uma primeira etapa do cluster com duração indeterminada, adquire ainda maior relevância a evocação do princípio da “precaução” por parte de SUAPE, tão referenciado no EIA/RIMA de 2000 e que, quando aplicado à mitigação de impactos relacionados com supressão de vegetação para o cluster naval, diz respeito à não supressão de áreas de mangue e restinga até não se ter a garantia total de que as empresas para as quais se está preparando o terreno, realmente se instalarão em terras do CIPS.

DA ANÁLISE JURÍDICA

Em observância a todos os dispositivos legais pertinentes à matéria, pode-se concluir:

�� Que a CPRH é o órgão competente para proceder com o licenciamento do Estaleiro PROMAR S.A no Complexo Industrial Portuário de SUAPE, devendo-se proceder com consultas técnicas junto aos órgãos ambientais municipais, no que couber;

�� Que a Audiência Pública, caso haja interesse da sociedade civil ou do Ministério Público ou da CPRH, deve acontecer;

�� Que a supressão de vegetação na Ilha de Tatuoca prevista no EIA de 2000, na época apresentada em nível de intenções, veio a ser recentemente delimitada, quantificada, revisada e regularizada através da Lei Estadual n° 14.046/2010 e posterior Resolução do CONSEMA 03 de 2010. Adicionalmente a isso, a área de mangue e restinga contida no recorte de 80,0 hectares requerido para a implantação do Empreendimento, encontra-

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se computada dentro dos referidos diplomas legais, assim sendo e conforme consta no texto da Resolução, a supressão da referida vegetação, bem como a implantação do empreendimento, ficarão condicionados ao atendimento por parte de SUAPE das condicionantes e exigências previstas na Resolução do CONSEMA 03 de 2010, dentre as quais se destaca a co-responsabilidade do empreendedor na referida supressão e conseqüentemente nas ações de compensação;

�� Que na AID foi identificado um processo de tombamento Federal que vem desde o ano de 1973 (N° 875-T-73), sendo então impe rioso que se tomem todos os cuidados necessários para identificação e salvamento de potenciais vestígios existentes na área;

�� Que especificamente na atividade de dragagem a Resolução CONAMA 344/08 deverá ser observada;

�� Que o empreendedor deverá elaborar manual de procedimento interno para o gerenciamento dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos diversos resíduos gerados ou provenientes das atividades de movimentação e armazenamento de óleo e substâncias nocivas ou perigosas, o qual deverá ser aprovado pelo órgão ambiental competente, em conformidade com a legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes;

�� Que deverá ser elaborado um Plano de Emergência Individual obedecendo à Resolução nº 398/08;

�� Que o empreendimento, sendo licenciado pela CPRH, deverá seguir estritamente as resoluções do CONAMA, normas da ABNT e demais legislações pertinentes, citadas ou não no corpo deste parecer.