rima final

Upload: oricnet

Post on 08-Jul-2015

113 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

NDICE03 04 06 08 10 22 26 43 52 62 64 65APRESENTAO EMPREENDEDOR PLANEJAMENTO DE UMA UHE O LICENCIAMENTO O EMPREENDIMENTO REA DE INFLUNCIA DIAGNSTICO AMBIENTAL IMPACTOS AMBIENTAIS PROGRAMAS AMBIENTAIS CONCLUSES GLOSSRIO EQUIPE TCNICACastanheiras remanescentes em rea desmatada na regio do local previsto para a implantao da Usina Hidreltica Teles Pires.

APRESENTAOEste Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA) foi elaborado a partir das concluses alcanadas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidreltrica (UHE) Teles Pires. O empreendedor Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), vinculado ao Ministrio de Minas e Energia, contratou o Consrcio Leme-Concremat para elaborao deste estudo, visando o licenciamento ambiental da Usina Hidreltrica Teles Pires, junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis IBAMA. As informaes aqui contidas permitem conhecer o empreendimento e as transformaes que esta usina poder gerar nas reas de influncia direta do rio Teles Pires, entre os estados de Mato Grosso e do Par. A Usina Hidreltrica Teles Pires est projetada para gerar 1.820 megawatts, suficiente para atender uma populao aproximada de 6.084.000 habitantes. Isto quer dizer que essa usina, sozinha, seria capaz de abastecer com energia eltrica uma cidade como o Rio de Janeiro. As informaes contidas no RIMA permitem de forma simples e objetiva apresentar um resumo dos estudos tcnicos includos no Estudo de Impacto Ambiental EIA do empreendimento em questo, para ampla divulgao dos resultados. O RIMA apresenta as principais caractersticas do empreendimento e do seu processo de planejamento, implantao e operao, bem como os programas ambientais que, uma vez executados, possibilitaro minimizar ou eliminar os possveis impactos decorrentes das obras de instalao do empreendimento. Ser possvel tambm conhecer as atividades que sero desenvolvidas para cuidar dos ecossistemas locais e dos aspectos socioeconmicos das comunidades e municpios que sero influenciados pela construo da Usina Hidreltrica Teles Pires.

3

Identificao do EmpreendedorNome e/ou Razo Social: Empresa de Pesquisa Energtica - EPE CNPJ: 06.977.747/0002-61 Telefones: (21) 3512-3120/3512-3212 / 3512-3134 Fax: (21) 3512-3198 Escritrio Central: Av. Rio Branco n 1 - 11 andar - Centro CEP: 20090-003 - Rio de Janeiro, RJ Sede: SAN - Quadra 1 - Bloco B - 1 andar - sala 100-A CEP 70041-903 - Braslia, Distrito Federal CTF: 2067629 Contato: Flavia Pompeu Serran E-mail: [email protected] Site: www.epe.gov.br

Estudos AmbientaisConsrcio: LEME-CONCREMAT

Nome e/ou Razo Social: Concremat Engenharia e Tecnologia S.A. CNPJ: 33.146.648/0001-20 Telefones: (21) 3535-4000 Fax: (21) 2589-8967 CTF: 22279 Nome e/ou Razo Social: Leme Engenharia Ltda. CNPJ: 33633561000187 Telefones: (31) 3249-7600 Fax: (31) 3273-2719 CTF: 199020 Contato: Srgio Drumond Souza

4

Vegetao marginal nativa na rea do futuro reservatrio.

5

PLANEJAMENTO DE UMA UHEestimatiVa do potencial eltrico

0,5 ano

Avaliar o potencial da bacia hidrogrfica e estimar os custos de aproveitamento.

estudos de inVentrio os benefcios energticos e menor impacto socioambiental.

2 anos

Selecionar o conjunto de projetos da bacia hidrogrfica que apresenta o melhor equilbrio entre custos de implantao,

estudos de Viabilidade e de impacto ambiental Identificar os impactos ambientais do empreendimento. Analisar a insero do empreendimento na bacia hidrogrfica.

1,5 ano

Detalhar a viabilidade tcnica, energtica, econmica e socioambiental.

Propor programas ambientais e medidas preventivas, mitigadoras ou compensatrias para os impactos negativos. Obter a Licena Prvia e declarao de Reserva de Disponibilidade Hdrica.

leilo de energia

0,5 ano

Comercializar energia eltrica garantindo o suprimento de demanda de energia pelo menor preo (livre mercado).

6

projeto bsico e projeto ambiental Detalhar as caractersticas tcnicas do projeto. Detalhar as recomendaes includas no EIA.

1 ano

Obter a Licena de Instalao e Outorga de Uso dos recursos Hdricos.

projeto executiVo e construo Detalhar as obras civis e equipamentos necessrios obra Implementar os programas socioambientais Realizar as obras e encher o reservatrio Obter a Licena de Operao

5 anos

operao Operar o empreendimento para gerao de energia

superior a 50 anos

Os Estudos de Inventrio da Bacia Hidrogrfica do Rio Teles Pires (MT/PA), aprovados pela Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) em julho de 2006, indicaram um conjunto de seis usinas hidreltricas, totalizando uma gerao de cerca de 3.600 megawatts (MW) na bacia, da qual a Usina Hidreltrica Teles Pires, com potncia instalada de 1.820 megawatts (MW), responsvel por 50,55%. A Usina Hidreltrica Teles Pires, localizada no rio Teles Pires, teve seu Estudo de Viabilidade registrado na ANEEL em junho de 2009, sob o Processo n 48500.004785/2006-17.

7

O LICENCIAMENTOO Licenciamento Ambiental foi institudo pela Poltica Nacional de Meio Ambiente (PNMA Lei n 6938/81) como um dos instrumentos necessrios proteo do meio ambiente, na medida em que verifica a possibilidade de ocorrncia de impactos ambientais negativos causados pela instalao de atividades, bem como estabelece medidas necessrias para preveno, reparao e mitigao desses impactos e ainda estabelece medidas que maximizem os impactos positivos do projeto. O objetivo do licenciamento , portanto, uma tentativa de conciliar o desenvolvimento econmico com a preservao do meio ambiente. Para a construo da Usina Hidreltrica Teles Pires a legislao brasileira exige que o empreendedor obtenha a Licena Prvia (LP), a Licena de Instalao (LI) e a Licena de Operao (LO) junto ao rgo Competente, no caso o IBAMA. Iniciado o procedimento de licenciamento, devero ser elaborados os devidos estudos ambientais. Para o recebimento do atestado de viabilidade tcnica e ambiental emisso da LP em questo o IBAMA exigiu que fosse elaborado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), conforme as exigncias de um termo de referncia emitido por esse rgo. Depois da entrega do Estudo, o rgo Ambiental poder exigir a realizao de Audincias Pblicas que tm por objetivo relatar aos interessados e comunidade o contedo do projeto esclarecendo dvidas e analisando crticas e sugestes. Aps a anlise completa, o IBAMA decidir sobre a emisso da LP. Durante toda a elaborao do EIA diversos contatos governamentais, reunies com comunidades, sindicatos e ONGs foram realizados para possibilitar uma maior compreenso da realidade local e o envolvimento da populao com o empreendimento em questo. Esse processo participativo garante a proposio de diretrizes de planejamento e aes coerentes com essa realidade, e, sempre que possvel, incorporando as sugestes dos segmentos sociais envolvidos.

CoNTaToS No mbiTo iNSTiTuCioNal

apresentao do projeto, dos objetivos do estudo e coleta de informaes junto aos rgos pblicos de nveis federal, estadual e municipal.

RECoNhECimENTo dE CamPo E ColETa dE dadoS

REuNiES E ENTREviSTaS Com SEgmENToS ESPECFiCoS:

interao entre equipe multidisciplinar, comunidade tcnica e populao local.

populao a ser afetada pelo empreendimento; populao organizada - sindicatos, associa es, oNgs; outros segmentos sociais.

8

O EIAESTUDO DE IMPACTO AMBIENTALi Conhecimento preliminar da regio e da rea do empreendimento

O mtodo de abordagem adotado para a elaborao do Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidreltrica Teles Pires est esquematicamente mostrado na Figura a seguir.

identificao preliminar de questes ambientais significativas

iv Elaborao do diagnstico ambiental(levantamento e anlise de dados e informaes)

vi identificao e avaliao de impactos ambientais

vii Proposio de programas de controle ambiental

viii Prognstico ambiental global

iii

ii descrio preliminar do empreendimento

v definio do escopo do Eia anlise integrada

9

O EMPREENDIMENTOPara que o leitor possa acompanhar todo o processo de discusso sobre a construo da Usina Hidreltrica Teles Pires, apresentamos aqui uma breve descrio de sua localizao e das obras de apoio, bem como sua rea de influncia, alm de um resumo sobre o aproveitamento das guas do rio Teles Pires para a produo de energia.

Paisagem no rio Teles Pires na rea do futuro reservatrio.

Localizao e acessosO local previsto para a implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires est situado na regio do mdio Teles Pires, na divisa dos estados de Mato Grosso e do Par, a 330 km de distncia da juno com o rio Juruena, ponto onde se forma o rio Tapajs. O barramento localiza-se na divisa dos estados de Mato Grosso e do Par, a 46 km acima da foz do rio dos Apiacs. O reservatrio ocupar reas dos municpios de Jacareacanga PA (16% do reservatrio) e Paranata MT (84% do reservatrio). O lago formado pela barragem ter cerca de 70 km de comprimento, no rio Teles Pires, ocupar uma rea de 152 km, e terminar logo abaixo da foz do rio Santa Helena. Trata-se de um reservatrio pequeno se comparado com outros de usinas de mesma potncia. Ele ter forma alongada, com um brao longo na margem esquerda, formado na vrzea do rio Paranata, e quatro braos curtos, sendo um na margem direita e os outros trs na margem esquerda. O acesso terrestre at o local do empreendimento feito por rodovia pavimentada, a BR-163, desde Cuiab (MT) at a cidade de Nova Santa Helena, em um percurso de aproximadamente 600 km. A partir deste ponto, segue-se para oeste, pela rodovia estadual pavimentada MT-320, at a cidade de Alta Floresta, em um percurso em torno de 180 km. De Alta Floresta at Paranata o percurso feito pela rodovia MT-206, em leito natural, em um trajeto de 50 km. Para se chegar ao local do empreendimento alguns acessos necessitaro de melhoramentos em alguns trechos e abertura em outros poucos. Est prevista a construo de uma ponte sobre o rio Teles Pires, de uso exclusivo para as obras, com cerca de 300 m de extenso.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

11

Descrio do EmpreendimentoAs estruturas principais do projeto da Usina Hidreltrica Teles Pires sero implantadas ao longo de um nico eixo, com extenso aproximada de aproximada de 1.200 metros. Localizam-se nesse eixo, da esquerda para a direita: as estruturas de aduo (tomada dgua) e gerao (turbinas), a estrutura de barramento no trecho central, e, na margem direita, o vertedouro e a estrutura de barramento da ombreira direita. A operao ser a fio d'gua, ou seja, no haver variao do nvel da gua do reservatrio. baRRagENS No lEiTo do Rio E Na maRgEm diREiTa Com comprimento de 450 m e 410 m respectivamente, sero construdas com blocos de rocha com ncleo argiloso. Estas so as estruturas responsveis por barrar parte da gua do rio Teles Pires que ser utilizada para a gerao de energia. Ambas tero seu topo na cota 224,00 m. vERTEdouRo O vertedouro garante que o excesso de gua seja descarregado para baixo do rio de forma segura. Ele possuir seis comportas e 12 adufas que escoaro a gua. CaSa dE FoRa Localizada na margem esquerda, ser do tipo convencional, fechada, abrigando seis unidades geradoras com turbinas do tipo Francis, de eixo vertical, com potncia instalada de 303,33 megawatts cada, totalizando 1.820 MW, quando em funcionamento na capacidade mxima. nessa estrutura que a energia das guas em movimento transformada em energia eltrica. SubESTao Instalao eltrica de alta potncia, contendo equipamentos para transmisso, distribuio, proteo e controle de energia eltrica. Haver uma subestao eltrica na margem esquerda, afastada cerca de 200 m do canal de fuga da casa de fora, na cota 202,00 m. CaNTEiRo dE obRaS Ser instalado nas proximidades do local do eixo, na margem esquerda que dever contar com diversas instalaes: guarita, subestao, oficina, almoxarifado, depsito de combustvel, carpintaria, ptio de armao, ptio eletromecnico, rea de montagem mecnica, laboratrios, depsitos, escritrios, refeitrio e ambulatrio mdico. aCamPamENTo O acampamento ser implantado na margem esquerda, a cerca de 8 km do canteiro industrial e abrigar todos os equipamentos necessrios ao uso dos trabalhadores. As construes preveem locais para as estaes de tratamento da gua e do esgoto, alojamentos, lavanderia, refeitrios, centros de lazer e ambulatrios mdicos.

12

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

7

13

Como funciona uma usina hidreltrica?Uma usina hidreltrica gera energia a partir da fora da gua que movimenta suas turbinas. Para isso, necessrio construir uma barragem, onde so instaladas as turbinas, e criar um reservatrio para fornecer a gua necessria durante todo o ano. A gua contida no reservatrio chega at as turbinas, fazendo-as girar, e a partir da segue pelo leito natural, rio abaixo. A energia gerada nesse processo, que ainda no est preparada para o consumo final, conduzida por linhas de transmisso at as cidades. Nas cidades, a energia ajustada na subestao para a tenso de consumo local, e levada pela rede de distribuio at as residncias, escolas, hospitais e indstrias.

14

Conexo da UHE Teles Pires com o Sistema Interligado Nacional SINA energia gerada pela Usina Hidreltrica Teles Pires far parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de um conjunto de linhas de transmisso (LTs) e subestaes (SEs) que sero construdas no estado do Mato Grosso, aumentando a confiabilidade e segurana do SIN como um todo. Este conjunto de linhas projetadas tem extenso aproximada de 1.000 km e atender tambm s outras 5 usinas previstas para serem implantadas na bacia do rio Teles Pires .

Conexo da UHE Teles Pires com o Sistema Interligado Nacional SIN.

15

Construo do EmpreendimentoA durao das obras civis da Usina Hidreltrica Teles Pires est estimada em 3 anos, sendo que ser necessrio um perodo adicional de 10 meses para que todas as suas unidades de gerao entrem em operao. Dessa forma, estima-se que o tempo total, entre o incio da obras e a operao de todas as turbinas, tenha durao de 46 meses, ou seja, 3 anos e 10 meses. O enchimento est previsto para acontecer aps 36 meses do incio das obras, e estima-se mais 5 meses para o incio da operao da primeira unidade. As demais unidades entraro em operao com intervalo de um ms cada. Prev-se a utilizao de mo de obra de cerca de 10.000 pessoas nos momentos de pico das atividades construtivas, entre os meses 16 e 33. O contingente de trabalhadores a ser contratado e os respectivos perfis de qualificao profissional, esto apresentados no quadro a seguir. Com base nesses parmetros sero estimadas as propores de trabalhadores que podero ser recrutados localmente ou trazidos de fora, bem como aqueles que devero ficar no acampamento, junto ao canteiro de obras, ou que devero morar nos ncleos urbanos mais prximos (Paranata e Alta Floresta).

dadoS da iNFRaESTRuTuRaEnergia Eltrica e iluminao a energia eltrica necessria execuo da obra ser fornecida pela REdE-CEmaT, atravs de linha a ser implantada a partir da lT existente que segue em paralelo rodovia mT-206. a gerao de energia eltrica de emergncia dever ser feita por meio de grupos geradores diesel. abastecimento de gua o fornecimento de gua poder ser feito a partir do prprio rio Teles Pires. Ser implantada uma Estao de Tratamento de gua que tornar potvel a gua destinada ao consumo humano. Sistema de Esgotos Sanitrios os efluentes das instalaes sanitrias sero recolhidos por meio de rede coletora e encaminhados para tratamento antes de serem lanados no rio Teles Pires, a jusante do acampamento. Sistema de drenagem de guas Pluviais Ser implantado no acampamento e no canteiro de obras, e ser constitudo por redes coletoras, superficial e subterrnea, dimensionadas de acordo com os critrios usuais em projetos desse tipo. Proteo contra incndio o canteiro de obras ser dotado de um sistema de proteo contra incndio, constitudo por redes de hidrantes de coluna e por um conjunto de extintores portteis. Plano virio o plano virio ser elaborado para atendimento do fluxo de veculos e equipamentos na rea do canteiro de obras e frentes de servio. dever ser previsto um sistema de sinalizao e orientao em funo do volume de trfego esperado.

16

QualificaoNo Qualificados Qualificados(ajudantes, serventes e faxineiros) (carpinteiros, pedreiros, mecnicos, operadores de mquina, etc.)

Percentual30 48

Contingente3.000 4.800

mo de obra necessria construo da uhE Teles Pires:11 8 2 1 1.100 800 200 100

administradores e Pessoal administrativo auxiliar Tcnicos de Nvel mdio Tcnicos de Nvel Superior Supervisores e Chefes

Total

100

10.000

17

A construo foi planejada em duas fases, cada uma delas dividida em duas etapas:

1 FASEETaPa 1

Rio em seu curso natural

Nesta etapa, as obras da usina hidreltrica so realizadas em terreno seco, sem interferncia no rio. So construdos os acessos e realizadas as escavaes para o vertedouro, casa de fora e barragem da margem direita. Na margem esquerda, iniciada a terraplenagem para a plataforma da subestao.

1 FASEETaPa 2

Rio em seu curso natural

So complementados os acessos de construo, con cludas as escavaes e iniciada a concretagem das estruturas. Tambm concluda a terraplenagem da plataforma da subestao e d-se continuidade execuo da barragem da margem direita. inicia-se a montagem da tomada dgua.

18

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

2 FASEETaPa 1

Rio passando pelas adufas

d-se continuidade concretagem das estruturas, so removidos os septos naturais de acesso ao vertedouro da margem direita, e a gua comea a passar pelas adufas. Com o desvio do rio, so lanadas as ensecadeiras de montante e jusante, no leito do rio. dada sequncia montagem dos equipamentos da casa de fora.

2 FASEETaPa 2

incio do enchimento

Nesta etapa, conclui-se a barragem central no leito do rio, a montagem dos equipamentos da casa de fora, as demais concretagens e so montadas as estruturas da subestao. os septos naturais de acesso s estruturas da margem esquerda so removidos, as adufas so fechadas e o reservatrio comea a encher.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

19

Saiba mais!aduFaS so aberturas retangulares de grandes dimenses, que permitem o fluxo dgua, e que podem ter seu fechamentocontrolado por uma comporta.

o SiSTEma dE TRaNSPoSio dE PEixES STP composto por:- elevador, constitudo por uma caamba movimentada por guincho; - canal de entrada, com uma estrutura de captura, que faz a ligao entre o elevador e a regio a jusante da barragem; - canal de sada, a montante, que faz a ligao entre o elevador e o reservatrio; e - sistema de gua de atrao, que fornece um jato no canal de entrada, que simula uma corredeira, com a finalidade de atrair os peixes para o interior do elevador.

SiSTEma dE TRaNSPoSio dE EmbaRCaESFoi elaborado um estudo para implantao de um sistema de transposio de desnvel junto barragem da usina hidreltrica Teles Pires, de forma a viabilizar a passagem de embarcaes pelo local do barramento. o sistema ser constitudo por trs eclusas e dois canais de aproximao, um a montante e outro a jusante, e dever vencer um desnvel de 59 m.

20

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

vertedouro com adufas barragem margem direita muro de transio muro de transio barragem margem esquerda

adufas para o desvio

baRRagEm (margem direita) 2 Cmara

1 Cmara

Canal de aproximao

3 Cmara

Canal de Restituio

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

21

Balsa do Cajueiro.

A REA DE INFLUENCIArea de influncia todo o espao exposto s aes do empreendimentodireta ou indiretamente, desde as primeiras obras at o momento em que a Usina Hidreltrica passa a funcionar continuamente. O conhecimento das reas de influncia fundamental para que se possa localizar e analisar os possveis impactos positivos e negativos da implantao e operao da usina. Os limites dessas reas so determinados por critrios especficos da regio, tanto de natureza fsico-biolgica quanto socioeconmicos. As reas de influncia so divididas em quatro categorias: A rea Diretamente Afetada (ADA) agrupa todas as reas de interveno direta onde sero executadas as obras da usina e haver a formao do reservatrio. A rea de influncia Direta (AID) cobre os locais onde as condies sociais, econmicas e culturais, alm das caractersticas fsicas e ambientais, sofrem as maiores influncias, podendo modificar a sua qualidade ou alterar o seu potencial. Por sua vez, a rea de influncia Indireta (AII) refere-se ao territrio onde as interferncias, reais ou potenciais, so indiretas, sentidas de maneira secundria, com menor intensidade em relao a AID. J a rea de abrangncia regional (AAR) refere-se regio de insero do empreendimento que poder de alguma forma receber benefcios ou impactos deste.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

23

REa diRETamENTE aFETada - ada A sua delimitao foi estabelecida em funo das reas permanentes, tais como barragem, reservatrio, rea de preservao permanente APP, subestao ou provisrias como canteiros de obra, acampamento, reas de emprstimo e bota-fora, necessrias para a instalao e operao do empreendimento. Sua delimitao nica para todos os meios estudados, e engloba uma rea de 237 km.

REa dE iNFluNCia diRETa - aid Para os estudos fsico-biticos, a AID foi delimitada considerando uma faixa adicional mdia de 1 km de largura ao longo de todo o permetro da ADA, compreendendo uma rea de 705 km. Para os estudos socioeconmicos, a AID est delimitada pelo limite do conjunto de estabelecimentos rurais e lotes de assentamento rural, onde ocorrem usos das terras e das guas que devero ser afetados diretamente pela implantao e/ ou operao do empreendimento. Essa rea compreende 1.610 km, ocupando pores dos municpios de Paranata (85%) e Jacareacanga (15%).

REa dE iNFluNCia iNdiRETa - aii Para os estudos do meio fsico e bitico, a AII compreende o segmento da bacia hidrogrfica que drena diretamente para o futuro reservatrio e para um trecho de 5 km do rio Teles Pires a jusante do barramento. Desta forma, a AII se estende por cerca de 70 km do rio Teles Pires e possui uma rea de 3.110 km. Para os estudos socioeconmicos, a AII engloba a superfcie total dos municpios de Paranata e Jacareacanga, que sediam o empreendimento, e ainda incorpora Alta Floresta, pela sua proximidade, facilidade de acesso rodovirio e estrutura econmica, totalizando uma rea de 67.050 km.

24

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

REa dE abRaNgNCia REgioNal - aaR Foi identificada uma nica AAR para os meios fsico e bitico, que corresponde prpria bacia hidrogrfica do rio Teles Pires e abrange uma rea de 141.279 km. Para a socioeconomia, inclui-se tambm a poro do municpio de Jacareacanga que est fora da bacia, perfazendo uma rea de 176.329 km.

25

Ao fundo, balsas de garimpo fluvial no Teles Pires.

26

DIAGNSTICO AMBIENTALO diagnstico ambiental um conjunto de estudos necessrios caracterizao das reas de influncia do empreendimento e da rea diretamente afetada pela barragem e seu reservatrio. No diagnstico so desenvolvidos os levantamentos pertinentes aos elementos fsicos, biticos, sociais, culturais e econmicos das reas direta ou indiretamente afetadas pelas obras, efetuando-se, a partir desses levantamentos, uma completa caracterizao dos ecossistemas e das atividades humanas na situao anterior implantao do empreendimento. Em sntese, o diagnstico subsidia as previses sobre os efeitos da construo da barragem e da formao do reservatrio. Tais previses, alm de permitirem que se realize a avaliao do impacto ambiental do empreendimento, serviro para orientar a proposio das medidas de controle para neutralizar ou atenuar os efeitos indesejveis. Alm disso, o diagnstico ambiental fornece todos os elementos necessrios para a adoo de medidas destinadas orientar o adequado aproveitamento das potencialidades criadas pelo empreendimento.

27

A SITUAO DO MEIO FSICOa baCia do Rio TElES PiRESLocalizada na poro centro-norte do Estado do Mato Grosso, o rio Teles Pires nasce nas Serras Azul e do Finca Faca a aproximadamente 240 km de distncia da capital Cuiab e, aps percorrer 1.431 km, se une com o rio Juruena para juntos formarem o rio Tapajs. Ao longo do seu curso apresentam como principais afluentes pela margem esquerda; os rios Verde, Paranata, Apiacs e Ximari e pela margem direita, os rios Paranatinga, Caiap, Peixoto Azevedo, Cristalino, So Benedito e Cururu-Au.

CaRaCTERSTiCaS FSiCaSA bacia hidrogrfica do rio Teles Pires situa-se na regio Centro-Oeste brasileira, com clima tpico de cerrado, para a regio climtica que caracteriza a Amaznia brasileira. A regio apresenta grande variao de temperatura, em funo dos contrastes entre suas vastas superfcies baixas (inferiores a 200 m de altura em relao ao nvel do mar), as extensas chapadas (entre 700 a 900 m de altura em relao ao nvel do mar) e as elevadas superfcies localizadas nas nascentes do rio Teles Pires (900 a mais de 1.200 m de altura em relao ao nvel do mar). O rio Teles Pires, no trecho onde se situa o eixo da UHE Teles Pires apresenta uma forte inclinao com diversos trechos de corredeiras e cachoeiras, sendo a mais conhecida a regio das Sete Quedas. Nesta regio, as principais corredeiras/cachoeiras so a do Purgatrio, Sete Quedas

28

(cuja primeira queda tem 10 m), Oscar Miranda e Vileroy. A regio onde esto inseridas as reas de influncia da Usina Hidreltrica Teles Pires apresenta uma configurao de relevo e de solos que permite o estabelecimento de trs compartimentos distintos denominados segundo o Estudo de Impacto Ambiental: 1. Compartimento Serra dos Apiacs. 2. Compartimento Colinas. 3. Compartimento Plancie Fluvial. O Compartimento Serra dos Apiacs, predominante no norte da

perodos de cheia (guas altas)e possui um mdio grau erosivo. A principal caracterstica do solo deste Compartimento o seu uso regular para o cultivo de lavouras e a atividade garimpeira de ouro. Grande parte das frentes de garimpo da regio encontra-se por sua vez hoje inativa, sendo os poucos ainda existentes desenvolvidos por meio de balsas (leito do rio) ou escavaes (plancie de inundao). O declnio da atividade garimpeira na regio decorre de fatores diversos, entre eles a baixa cotao do ouro, sinais de exausto dos depsitos e aes efetivas de fiscalizao por parte dos rgos ambientais.

rea de influncia Indireta (AII), caracterizado

pela ocorrncia de rochas arenosas, classificadas como arenitos, com relevos caracterizados por superfcies tabulares (chapadas) com bordas escarpadas. A conjugao dessas rochas e do relevo leva ocorrncia de solos bastante arenosos com elevado potencial erosivo. No Compartimento Colinas so observadas ocorrncias de rochas duras, identificadas como granitos e riolitos, e relevo dominado por colinas , morrotes e superfcies planas. Trata-se do compartimento com maior abrangncia na AII da Usina Hidreltrica Teles Pires, onde se desenvolvem solos argilosos pouco espessos com mdio grau de potencial erosivo. O Compartimento Plancie Fluvial se desenvolve ao longo do rio Teles Pires e seus tributrios, sendo representado pelas plancies de inundao. constitudo por sedimentos denominado aluvionares, oriundos de depsitos de sedimentos (areia e argila) do prprio rio nos diferentesrea de Influncia Direta (AID) - 1 km de largura ao longo do rio. rea de Influncia Indireta (AII) - rea de drenagem do futuro reservatrio. rea Diretamente Afetada (ADA) - rea da barragem, do reservatrio e rea de preservao permanente (APP).

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

29

A SITUAO DO MEIO BITICOCaRaCTERizao da PaiSagEm E da vEgETaoA bacia do rio Teles Pires marcada pelo contato entre os dois principais ecossistemas brasileiros: O Cerrado e a Floresta Amaznia. Desde a serra do Finca-faca at a cidade de Sinop, o Cerrado a vegetao predominante. A partir da, comeam a surgir manchas de florestas mais altas, principalmente ao longo do rio. Manchas de Cerrado e Floresta Amaznica se misturam na medida em que se caminha para o norte, at que as grandes florestas predominam. Na rea de influncia Indireta (AII) da Usina Hidreltrica Teles Pires podem ser encontradas quatro tipos de florestas, trs delas comuns ao ambiente amaznico e relacionadas com a abundncia de chuvas sendo elas: Floresta Ombrfila Densa Submontana - tambm chamada de Floresta de Terra Firme. Floresta Ombrfila Densa Aluvial - Floresta que inundada pelas guas do rio Teles Pires durante a estao chuvosa. Floresta Ombrfila Aberta Submontana - como a Floresta Ombrfila Densa tambm chamada de Floresta de Terra Firme. O quarto tipo de floresta, ou seja, a Floresta Estacional Semidecidual Submontana ocorre em regies onde predominam chuvas com menor intensidade e perodos de estiagem mais marcante. Esta situao faz com que muitas rvores percam parte das folhas durante o perodo seco, da o nome semidecidual. Apesar dessa diversidade de tipos diferentes de florestas, cerca de 40% da AII est tomada por reas fortemente modificadas, sem florestas, ocupadas por culturas ou pastagens. Uma anlise bem mais aproximada, ou seja, em nvel de rea Diretamente Afetada (ADA) mostra que no trecho a ser inundado pelo futuro reservatrio e no seu permetro, ocorrem somente dois tipos de florestas, a Floresta Ombrfila Densa Submontana e a Floresta Ombrfila Densa Aluvial, alm de reas j desmatadas com pastagem e agricultura. Ressalta-se que, nos estudos realizados nas ilhas existentes na regio do empreendimento, no foram identificadas diferenas entre a sua vegetao e a vegetao das margens do rio Teles Pires. Nos estudos de campo realizados, foram registradas 695 espcies de plantas. Desse total, 90 espcies foram encontradas exclusivamente na rea Diretamente Afetada. O inventrio florestal identificou que h maior quantidade de madeira na Floresta Submontana (233,1 m/ha) do que na Floresta Aluvial (176,22 m/ha). Apesar de 80% das rvores terem dimetro pequeno, menor que 30 cm, cerca de metade do volume em madeira est acumulado em rvores com dimetro acima de 50 cm. A biomassa vegetal total foi estimada em 197,83 toneladas por hectare, para a Floresta Submontana, e em 159,01 toneladas por hectare para a Floresta Aluvial. Esses valores so altos e indicam que ser necessrio fazer a limpeza parcial da rea do futuro reservatrio para evitar impactos na qualidade da gua.

30

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

Mapa de Vegetao da AII.

31

a FauNa TERRESTREOs estudos da fauna terrestre abrangeram levantamento dos insetos, anfbios (sapos, rs e pererecas), rpteis (lagartos, serpentes e tartarugas), aves e mamferos. Os levantamentos de campo revelam que a regio possui uma fauna extremamente rica e diversa, coerente para o que se espera da regio amaznica. Os principais resultados desses levantamentos so descritos a seguir.

esto presentes na regio da Usina Hidreltrica. Esse fato foi considerado na avaliao de impactos ambientais e est sendo proposto um programa de controle e preveno de doenas, principalmente para os municpios de Paranata e Alta Floresta.

aNFbioS (sapos, rs e pererecas) e RPTEiS (lagartos, cobras e tartarugas)Os anfbios dependem da gua para a desova e para o crescimento de suas larvas, conhecidas como girinos. Entre as 62 espcies catalogadas nos estudos realizados, algumas delas possuem hbitos peculiares. Uma espcie de perereca vive nas rvores, e se reproduz na gua acumulada em seus ocos e entre as folhas de bromlias. Outras espcies colocam os ovos em poas dgua formada pelas primeiras chuvas, esperando que a cheia do rio forme abrigos para os filhotes. Algumas espcies de anfbios identificadas podem ser consideradas como indicadores da boa qualidade ambiental da regio como, por exemplo, uma espcie de perereca chamada cientificamente de Trachycephalus aff. resinifictrix. Ela vive e se reproduz em pequenos ambientes onde a gua da chuva se acumula na vegetao, como bromlias e ocos de rvore. Alteraes na floresta como o corte de rvores acabam por impactar esses animais diretamente. Quanto aos rpteis, foram encontradas 73 espcies de lagartos, lagartixas, serpentes, jacars e tartarugas. Duas espcies esto citadas na lista de ameaadas de extino: o tracaj, um cgado tpico da Amaznia, e um jabuti (Chelonoidis denticulata) - na categoria Vulnervel, segundo critrios da Lista Vermelha da Unio Internacional para a Conservao da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). O primeiro costuma ser muito caado por causa da carne e dos ovos, e o segundo vendido como animal de estimao.

iNSEToSPara os insetos, os estudos focaram em dois grupos: borboletas e mosquitos. As borboletas formam um grupo de animais importante como indicadora de alteraes ambientais. Alterao no conjunto das espcies pode indicar modificaes importantes no ambiente. Os mosquitos, por sua vez, so importantes por produzirem incmodos pelas picadas, e tambm pelo risco de transmisso de doenas. Nos estudos realizados em campo, foram encontradas 109 espcies de borboletas, com ocorrncia em toda a rea de inundao do reservatrio e seu entorno, uma delas citada como ameaada de extino (Agrias claudina). A nica espcie capturada com algum grau de ameaa foi a borboleta Agrias claudina. Esta espcie consta como Em Perigo segundo a Lista das espcies da flora e da fauna ameaadas no estado do Par. Entre os mosquitos, 82 espcies foram catalogadas. A maioria delas provoca incmodos pelas picadas, mas outras podem transmitir doenas, como a febre amarela silvestre, a leishmaniose e a malria. O mosquito transmissor da malria (Anopheles darlingi) foi o mais comum dentre eles. Os estudos sobre os insetos transmissores de doenas confirmaram que os mosquitos transmissores da malria e da febre amarela silvestre

32

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

Borboleta (Agrias claudina) - fonte: http://hetrulycomes.info

Fmea adulta do mosquito Anopheles darlingi principal vetor de malria da regio amaznica.

Perereca (Trahycephalus aff. resinifictrix)

Jabuti (Chelonoidis denticulata)

Ararajuba. (Fonte: www.baixaki.com.br - Rubem Darlan Ferrari Moreira)

Mimom crenulatum (morcego)

Indivduo adulto de coat-cara-branca (Atelles marginatus)

Ona-pintada (fonte: http://oreinodosbichos.blogspot.com)

avESA regio amaznica uma das mais ricas do mundo em diversidade de aves. Isso explica por que o nmero de espcies de aves encontradas neste estudo foi muito maior que o dos outros grupos de animais. Das 485 espcies catalogadas, 153 so endmicas da regio amaznica. Uma espcie ameaada de extino foi encontrada: a ararajuba. Muitas espcies de aves costumam ser especialistas s ocorrem em determinados tipos de ambiente - principalmente as que habitam o interior da floresta, por isso costumam ser sensveis abertura de estradas e abertura de reas para plantio ou construo, seja de moradias, seja de uma usina hidreltrica. Essas aves abandonam seu territrio e buscam refgio no interior da mata. Foram encontradas tambm aves migratrias, que usam os pedrais e praias do rio Teles Pires para repouso, alimentao e at mesmo reproduo. Algumas delas, como o trinta-ris, podem ser encontradas facilmente nas praias do litoral martimo.

documentadas, 55 delas de morcegos. Os morcegos formam um grupo importante de animais, responsveis pelo controle da populao de insetos, pela polinizao das flores e pela disperso de sementes. No foram encontrados botos no trecho estudado. Doze espcies de mamferos citadas como quase ameaadas ou vulnerveis esto presentes na regio: gatomaracaj, ona-pintada, ona-parda, anta, cachorro-do-matoorelha-curta, cuxi, queixada, tamandu-bandeira, ariranha, coat-cara-preta, coat-cara-branca e tatu-canastra. Os estudos realizados foram bem desenvolvidos e tiveram sucesso em documentar a presena de 940 espcies de fauna terrestre. . NmERo dE ESPCiES idENTiFiCadaS Fauna Silvestre borboletas bioindicadoras mosquitos anfbios Rpteis aves mamferos Total Espcie (n) 109 82 62 73 485 129 940

mamFERoSOs mamferos podem ser organizados em quatro grupos genricos: aquticos (botos), semi-aquticos (lontras e ariranhas), terrestres no-voadores (gambs, tatus, onas, etc.) e voadores (morcegos). Cento e vinte e nove espcies de mamferos foram

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

35

QualidadE daS guaS E aS PlaNTaS aQuTiCaSO trecho estudado do rio Teles Pires, apesar de percorrer reas bastante alteradas pelo homem, ainda mantm bom estado de conservao. Mesmo durante o perodo chuvoso, as guas se mantm limpas, com pouco material em suspenso. Essas guas so cidas e possuem baixa concentrao de sais dissolvidos, o que indica ausncia de poluio. Apesar da insero da cidade de Paranata e do Projeto de Assentamento So Pedro nas proximidades da futura Usina Hidreltrica, no foram encontrados indcios de poluio provocada por lanamento de esgotos. A baixa concentrao de nitrognio indica pouca influncia do rebanho bovino e ausncia de lanamentos de esgotos domsticos. As anlises de metais pesados indicadores de poluio industrial e de agrotxicos, no revelaram contaminao da gua ou do leito do rio. Com relao s plantas aquticas e algas, no foi observada uma presena de algas txicas nem a predominncia de plantas aquticas, o que indica uma boa qualidade da gua do rio Teles Pires. A presena de mercrio (Hg) no foi detectada em valores significativos na gua do rio Teles Pires, em nenhuma coleta para avaliao da qualidade da gua. Isso deve ser associado ao seu grande volume e fora que o rio possui no trecho estudado, que pode ter levado o mercrio para outros locais e, associado ao fato de que a atividade garimpeira entrou em declnio no incio dos anos 90 e que o mercrio pode ter sido levado para outros locais atravs do rio.

PEixESForam capturados um total de 8.684 exemplares de peixes, pertencentes a 218 diferentes espcies. Trata-se de um nmero expressivo, demonstrando o sucesso dos levantamentos de campo. No rio Paranata, que formar um longo brao do futuro reservatrio, foram encontradas 126 espcies de peixes. Dentre as espcies migradoras de longa distncia (peixes que percorrem longas distncias ao longo do rio em busca de reas propcias para alimentao ou reproduo) foram capturados o matrinx (Brycon pesu), e alguns exemplares de grandes bagres migradores, como o sorubim (Sorubim trigonocephalus). Alm destes, j foram registrados por outros estudos, no rio Teles Pires, o ja (Zungaro zungaro). Verificou-se que a cachoeira Sete Quedas, assim como os diversos saltos e corredeiras presentes, no impedem a migrao da maioria das espcies estudadas. Entretanto, 26 espcies levantadas (12%) foram consideradas dependentes de ambientes com forte correnteza e fundo rochoso, como os piaus, aracus, cascudos, acaris, pacus e algumas espcies de oranas, piabas, lambaris e jacunds. Foram coletados exemplares de 18 espcies (cerca de 8% do total) que no tiveram identificao precisa e que podem ser espcies desconhecidas para a cincia; vrias delas, provavelmente, esto restritas aos ambientes de corredeiras. Por ltimo, cabe assinalar a ausncia de lagoas marginais ou reas inundveis no trecho estudado, importantes para o crescimento das larvas e peixes jovens.

36

Matrinx (Brycon pesu) - fonte: http://www.funpecrp. com.br/gmr/year2008/vol7-1//pdf/gmr365.pdf

Ja (Zungaro zungaro) - fonte: www.fishbase.se foto: Max van de Ven

Sorubim (Sorubim trigonocephalus) - fonte: www.fishbase.se - foto: Johnny Jensen

SOCIOECONOMIA

Um breve histrico do processo de ocupao da regioos municpios de alta Floresta e Paranata, localizados na regio centro-norte do Estado de mato grosso, diferentemente da regio do sudoeste do Par, onde se localiza Jacareacanga, situam-se no mbito de uma rede urbana estruturada a partir da bR-163, rodovia pavimentada. Essa regio tambm servida pelas rodovias mT-320, igualmente pavimentada, e a mT-206, sem pavimentao. a base econmica dessa regio, sobretudo na poro localizada em mato grosso, durante toda a dcada de 1970 esteve centrada na atividade garimpeira. Essa atividade, no entanto, sofreu forte declnio nas dcadas seguintes, at se transformar, j h vrios anos, numa atividade marginal. durante o auge do garimpo de ouro, houve um intenso e constante fluxo populacional regio, conferindo significativa expresso cidade de alta Floresta que, na dcada de 80, era considerada a capital nortista do ouro. o territrio onde se situa o municpio de alta Floresta comeou a ser colonizado na dcada de 1970, durante o processo de abertura da rodovia Cuiab-Santarm (bR-163), a qual tinha como objetivo integrar a produo de gros do Centro-oeste economia nacional. ao longo dessa rodovia, o instituto Nacional de Colonizao e Reforma agrria (iNCRa) instalou diversos ncleos de colonizao oficial. outros ncleos foram criados por empresas particulares, como a integrao, desenvolvimento e Colonizao (iNdECo S/a), que escolheu, em 1976, o local onde seria pouco depois fundada a cidade de alta Floresta. No fim da dcada de 1970 e nos primeiros anos da dcada de 1980 verificou-se a chegada de milhares de garimpeiros, que contriburam para o crescimento da regio. a ocupao de Paranata deu-se de forma semelhante de alta Floresta. a regio de Jacareacanga, de modo diferente, comeou a ser ocupada j no sculo xvii, quando uma expedio chefiada pelo capito Pedro Teixeira atingiu, pela primeira vez, o rio Tapajs. Consta que ali existia, na poca, uma aldeia indgena. desde ento, a regio, que fazia parte do territrio de itaituba, consolidou-se como um importante centro de explorao e comrcio de especiarias no alto Tapajs. J no sculo xx, a partir da dcada de 1950, a descoberta de ouro atraiu grande fluxo de pessoas para Jacareacanga, processo que foi incrementado com a abertura das rodovias bR-230 (Transamaznica) e bR-163 (Cuiab-Santarm). No entanto, Jacareacanga s deixou de ser um distrito de itaituba, passando a municpio, em 1991.

38

PoPulaoOs trs municpios que fazem parte da

movimentado, seguido pelo comrcio e servios, com

rea de

34%. A indstria participa com pouca expresso, perfazendo cerca de 12% do total. O turismo pouco representativo, tendo alguma expresso de forma muito localizada, como aquele ligado pesca esportiva junto s pousadas, sobretudo na parte norte da bacia. Os sistemas de tratamento de gua e esgotos existem em poucos municpios, sendo ainda muito precrios na maior parte deles. A falta de infraestrutura e a precariedade no atendimento mais adequado de sade pblica tm levado ocorrncia de dengue, malria e febre amarela, em diversas reas da bacia. Durante os trabalhos de campo e entrevistas nas Prefeituras Municipais e com moradores da regio, foi verificada a acentuada deficincia de infraestrutura bsica na

influncia Indireta da Usina Hidreltrica Teles Pires - AltaFloresta, Jacareacanga e Paranata - possuem 105.014 habitantes, segundo estimativas do IBGE. Em relao populao rural e urbana, Jacareacanga possui mais de 70% das residncias em reas rurais. Em Paranata, cerca de 50% das residncias se localizam em reas urbanas. Coerentemente com sua posio de municpio polo do norte-matogrossense, Alta Floresta o municpio mais urbanizado entre os trs, com mais de 80% das residncias situadas em reas urbanas. No municpio de Jacareacanga, no Par localizam-se trs Terras Indgenas (TI) Munduruku, Sai-Cinza e Kayabi sendo que nenhuma delas ser diretamente afetada pela Usina Hidreltrica Teles Pires.

rea de influncia direta.A condio precria da infraestrutura foi apontada pelos moradores como o maior entrave para o desenvolvimento da

a iNFRaESTRuTuRa E oS SERvioS ExiSTENTESA infraestrutura existente na regio do empreendimento deficiente, assim como os equipamentos sociais de educao, sade, cultura e lazer, que no atendem de modo satisfatrio a totalidade da populao. Entre os trs municpios, destaca-se Alta Floresta, que possui infraestrutura mais consolidada, e por isso atrai parte da populao de outras cidades da regio. De modo geral, os municpios que integram a bacia hidrogrfica possuem receitas financeiras limitadas e, por tal razo, uma alta dependncia de transferncias da Unio. O setor econmico mais importante a agropecuria, que detm 53% do montante total

regio e escoamento da produo.

ENERgiaAt 1997, o municpio de Alta Floresta era servido por um sistema isolado de energia eltrica. A partir de 1998, passou a ser atendido pelo sistema interligado. Paranata e Jacareacanga ainda so servidos por sistemas isolados de energia. Nos trs municpios, no entanto, existe forte demanda de rede de energia eltrica nas reas rurais. Na AID, exceo de alguns pontos isolados, onde existe rede pblica, a energia eltrica constituiu em uma iniciativa dos moradores.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

39

aTividadES ECoNmiCaSOs resultados da pesquisa de campo revelaram a existncia de 86 estabelecimentos agropecurios na AID, dos quais 27 na margem direita do rio Teles Pires e 59 estabelecimentos na margem esquerda. baixa a utilizao do territrio para atividades produtivas, uma vez que 69% da AID recoberta por matas e florestas. TiPoS dE uSo da TERRa Tipos de uso da Terra Pastagem matas e Florestas lavouras Total % 31,0 68,5 0,5 100,00 Quanto explorao de madeira, em 19 estabelecimentos agropecurios (22%) foi declarado existir explorao de rvores para produo.

As principais atividades desenvolvidas nos estabelecimentos agropecurios so a explorao de madeira e a pecuria de corte, sendo a ltima a mais importante, tanto em rea ocupada como em valor gerado.Manejo florestal na AID.

EFETivo do REbaNho boviNo PoR maRgEm margem direita Esquerda Total Efetivo de Cabeas 19.920 41.660 61.580 % 32,30 67,70 100,00

40

o gaRimPo Fluvial dE ouRoO garimpo de mergulho realizado nos rios onde possvel a navegao, por meio de suco do material de fundo operada por mergulhadores, com o apoio de balsa devidamente equipada para tanto. Tal forma de lavra a nica atualmente verificada na AID, de modo que, em julho de 2009, estavam em operao 15 balsas utilizadas para garimpo fluvial no trecho do rio Teles Pires em estudo. O esquema operativo de uma balsa de mergulho apoia-se, basicamente, em quatro mergulhadores, que mantm a suco ininterrupta por 24 horas, com cada mergulhador realizando um ciclo de 6 horas por dia de mergulho. O dono da balsa desempenha o papel de administrador ou gerente, coordenando as atividades desde antes do embarque da tripulao (proviso de combustvel e de alimentos, transporte dos mergulhadores at a balsa, entre outras). Uma vez embarcada a equipe de trabalho, cabe ao dono da balsa operar a embarcao, garantir o funcionamento dos equipamentos e cuidar da alimentao e do repouso dos mergulhadores.

Garimpo fluvial de ouro no rio Teles Pires.

41

iNiCiaTiva SoCial: PRoJETo dE aSSENTamENTo So PEdRo (iNCRa)Esse projeto, em sua totalidade, est instalado no municpio de Paranata e, portanto, no mbito da

rea de in-

fluncia Indireta da Usina HidreltricaTeles Pires. Atualmente, nele existem 774 lotes, adjudicados para 774 famlias e envolvendo cerca de 5.000 pessoas. Uma parte do projeto, no entanto, representada na pesquisa por 23 lotes localizados na comunidade Rio Jordo, com 87 pessoas, est si tuada na rea de influncia Direta (AID) do empreendimento.Casa no Assentamento So Pedro.

Estabelecimento comercial no Assentamento So Pedro.

42

Entorno do futuro reservatrio da UHE Teles Pires.

A AVALIAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

formaes ambientais mais importantes, a partir do a avaliao de impactos ambientais - aia, como um dos instrumentos da Poltica Nacional do meio ambiente, possui, como objetivo geral, identificar e avaliar os impactos ambientais decorrentes da implantao de atividades modificadoras do meio ambiente (Resoluo CoNama n 01/1986). Para a elaborao da Avaliao de Impactos Ambientais foi utilizado um modelo de visualizao dos possveis impactos gerados pela Usina Hidreltrica Teles Pires. A metodologia aplicada buscou mensurar, comparar e avaliar as transformaes que a atividade pode vir a gerar na rea de influncia. Utilizando a lgica de causa e efeito, so reunidos em um mesmo fluxograma os diferentes momentos das atividades previstas em um empreendimento. Para a implantao do empreendimento necessria a execuo de determinadas aes que interferem no meio ambiente. Essas aes so chamadas de Intervenes Ambientais. Como ao direta essas intervenes introduzem no ambiente novos elementos que podem afetar as dinmicas fsicas, biticas ou socioeconmicas anteriormente existentes. O resultado desse processo o Impacto Ambiental. A confeco da rede de interao entre causas e efeitos permite identificar os eventos responsveis pelas transEmpreendimento uhE Teles Pires Etapas e aes Planejamento implantao operao idENTiFiCao dE imPaCToS ambiENTaiS diagnstico ambiental das reas de influncia Fatores ambientais meio Fsico meio bitico meio Socioeconmico

cruzamento entre os fatores ambientais (obtidos pelo diagnstico dos meios fsico, bitico e socioeconmico), com as aes previstas do empreendimento, e definir as aes que visem prevenir, anular, minimizar, compensar, monitorar ou, em caso positivo, potencializar essas mudanas. No processo de desenvolvimento da AIA gerada uma Matriz Ambiental, ferramenta utilizada para auxiliar na tomada de deciso quanto a viabilidade do projeto. Essa matriz possibilita avaliar as medidas ambientais que sero necessrias para manuteno da qualidade ambiental da rea em questo.

44

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

Principais aes executadas na Avaliao de Impacto Ambiental

aCaracterizao das aes do empreendimento

bidentificao dos impactos previstos

Cdescrio e caracterizao dos impactos previstos

davaliao dos impactos previstos

magNiTudE grau de alterao da qualidade ambiental em termos absolutos

imPoRTNCia Relevncia da alterao no contexto da regio

EProposio de medidas e programas ambientais

45

Baixo

Mdio

Alto

imPaCToS ambiENTaiS E CENRioS dE oCoRRNCia:ampliao do Conhecimento Tcnico-Cientfico gerao de Expectativas na Populao mobilizao da Sociedade Civil

P i o

instabilizao de Encostas, ocorrncia de Processos Erosivos e Carreamento de Sedimentos alterao na Qualidade dos Solos alterao da Qualidade do ar alterao dos Nveis de Presso Sonora e vibrao alterao da Paisagem interferncias em reas de Processos minerrios Perda de Solos agricultveis alterao do Regime Fluvial aumento da Presso antrpica sobre a Flora Perda de Cobertura vegetal Perda de habitats da Fauna local aumento da Presso antrpica Sobre a Fauna Terrestre atrao e Estabelecimento de Fauna em reas antrpicas Reduo da Riqueza e abundncia de Espcies da Fauna alterao da Qualidade da gua a Jusante da barragem aumento da Presso antrpica Sobre a Fauna aqutica aprisionamento de Peixes nas reas Ensecadas valorizao e Especulao imobiliria gerao de Empregos alterao da dinmica demogrfica modificao das Relaes Sociais e Culturais aumento da demanda por Servios Pblicos e Presso Sobre a infraestrutura alterao do Sistema virio aumento da ocorrncia de acidentes de TrabalhoP - Planejamento | I - Implantao | O - Operao

46

Baixo

Mdio

Alto

imPaCToS ambiENTaiS E CENRioS dE oCoRRNCia:aumento da Prostituio aumento da incidncia e disseminao de doenas Perda de Terras e benfeitorias

P i o

interferncia em Stios com Presena de Elementos do Patrimnio Cultural, histrico e arqueolgico aumento da Suscetibilidade a Processos de instabilizao de Encostas marginais aumento da vulnerabilidade dos aquferos Contaminao alterao das Caractersticas hidrulicas do Escoamento alteraes no microclima e Emisso de gases de Efeito Estufa ocorrncia de Sismicidade induzida alterao da Estrutura dos Remanescentes Florestais alterao do Estado Trfico da gua Crescimento Excessivo de macrfitas aquticas Reduo das Condies de oxigenao da gua a montante da barragem alterao da Estrutura Populacional de vetores alterao das Comunidades Planctnicas e bentnicas Elevao das Receitas Pblicas municipais dinamizao da Economia modificao das Condies atuais para Pesca Comercial, Esportiva e de Subsistncia modificao das Condies para atividades Tursticas modificao das Condies atuais de Extrao mineral Reteno de Sedimentos no Reservatrio aumento da Presso antrpica sobre a rea de Preservao Permanente do Reservatrio alterao da vegetao da margem do Reservatrio interferncia em Rotas migratrias para a ictiofauna alterao da Estrutura Populacional da ictiofauna Contaminao da Cadeia alimentar por mercrio Reduo da demanda por bens e ServiosP - Planejamento | I - Implantao | O - Operao

47

MEIO BITICOPERda dE CobERTuRa vEgETal A implantao das diversas estruturas do empreendimento, sejam elas permanentes ou temporrias, exigir uma perda de 112 km de cobertura vegetal. Este impacto ter implicao na reduo da riqueza e abundncia de espcies da fauna. Implantar programas de desmatamento controlado e de recuperao de reas degradadas, so medidas fundamentais para a reduo do impacto. A contribuio para a implantao de unidades de conservao visa preservao de reas remanescentes dos ecossistemas regionais de valor ecolgico.

PERda dE habiTaTS da FauNa loCal Com a retirada da cobertura vegetal, no local das estruturas permanentes essa perda de habitats da fauna local ser definitiva, enquanto que nas estruturas temporrias, ela poder ser revertida. A supresso da vegetao aumentar a intensidade luminosa nas bordas da floresta, forando os animais a se deslocarem. Como medidas de controle o desmatamento ser orientado para direcionar a fuga dos animais para reas que no sero inundadas seguido de resgate e monitoramento das diversas espcies para avaliao dos efeitos da implantao do reservatrio.

aTRao E ESTabElECimENTo dE FauNa Em REaS aNTRPiCaS As atividades humanas no local proporcionam o acmulo de material orgnico, causando a atrao de alguns animais peonhentos em busca de refgio e alimento, ou at mesmo pela iluminao noturna, aumentando a incidncia de doenas e o risco de acidentes. A instalao de drenos, para manter o fluxo dos cursos dgua, a identificao de condies epidemiolgicas e a fiscalizao sanitria do canteiro de obras para evitar o acmulo de resduos, so as medidas mitigadoras a serem adotadas.

REduo da RiQuEza E abuNdNCia dE ESPCiES da FauNa Alguns fatores que justificam essa reduo so: as dificuldades de adaptao dos animais em reas diferentes; o surgimento de competies por alimento, a vulnerabilidade; e o atropelamento durante seus deslocamentos. Como medidas de controle o desmatamento ser seletivo e orientado para direcionar a fuga dos animais e ser realizado o resgate de fauna.

48

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

aumENTo da PRESSo aNTRPiCa SobRE a FauNa aQuTiCa Deriva do aumento da populao local (trabalhadores da obra), que ir gerar presso sobre os peixes por meio da pesca amadora para lazer, comrcio ou complementao alimentar, afetando o estoque populacional de algumas espcies da fauna aqutica. Para que isso no ocorra necessrio fortalecer a estrutura de fiscalizao, por parte dos rgos ambientais das esferas estaduais e federal, assim como coibir a captura de peixes no canteiro, com orientao aos operrios.

CRESCimENTo ExCESSivo dE maCRFiTaS aQuTiCaS Aps o enchimento do reservatrio, a estabilidade do nvel da gua e alterao da quantidade de nutrientes disponveis, favorecer o crescimento de plantas aquticas flutuantes nas laterais do reservatrio. Como preveno, deve-se realizar o desmatamento e a limpeza dos braos laterais do reservatrio e o monitoramento da qualidade da gua e da quantidade de plantas aquticas. Em caso de interferncia nos usos da gua, a remoo mecnica das plantas se far necessria.

REduo da oxigENao da gua aCima da baRRagEm Com o enchimento do reservatrio, durante a fase de operao, algumas reas do reservatrio podem ter suas condies de oxigenao reduzidas. A renovao de gua nesses trechos ser limitada, no havendo um retorno rpido das condies estveis de oxigenao, diferente do corpo central do reservatrio. Como preveno, deve-se realizar o desmatamento e a limpeza dos braos laterais do reservatrio e o monitoramento da qualidade da gua.

alTERao da ESTRuTuRa PoPulaCioNal dE vEToRES A formao do reservatrio sem variao do nvel dgua e o depsito de um grande volume de vegetao inundada condicionaro o crescimento de mosquitos e caramujos, podendo aumentar o risco de disseminao de doenas, como malria e esquistossomose. Ser necessrio a realizao do monitoramento da populao de mosquitos e caramujos e a identificao dos focos e outras condies epidemiolgicas.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

49

iNTERFERNCia Em RoTaS migRaTRiaS doS PEixES O enchimento do reservatrio isolar as populaes de peixes situadas acima (montante) e abaixo (jusante) da barragem, de forma a interromper a migrao dos peixes (piracema). Como medida mitigadora, prope-se a implantao de um mecanismo de transposio da barragem (elevador de peixes) e seu monitoramento quanto a eficincia. (Ver figura na pgina 21.)

alTERao da ESTRuTuRa PoPulaCioNal doS PEixES Esse impacto se manifestar aps a construo da Usina Hidreltrica Teles Pires, com reduo da ictiofauna migratria abaixo (jusante) da barragem devido pesca predatria e interferncia na rota migratria. O monitoramento da ictiofauna a jusante da barragem e no reservatrio se faz necessrio para a avaliao das alternativas a serem tomadas com vistas conservao da ictiofauna.

MEIO SOCIOECONMICOamPliao do CoNhECimENTo TCNiCo CiENTFiCo O desenvolvimento dos Estudos de Viabilidade e Ambientais da Usina Hidreltrica Teles Pires, na fase de planejamento, propiciou a realizao de diversos levantamentos e pesquisas relacionadas ao meio fsico, bitico, socioeconmico e cultural da regio de insero do empreendimento. Estas aes permitiram a divulgao desses estudos junto populao local e regional e comunidade cientfica. O conhecimento adquirido poder fomentar novas pesquisas no mbito da engenharia e dos estudos ambientais.

gERao dE EmPREgoS A obra da Usina Hidreltrica Teles Pires provocar a gerao de um nmero significativo de empregos, principalmente na fase de construo, de at 10 mil diretos e de mais de 20 mil oportunidades indiretas de gerao de renda. Como medida potencializadora pretende-se priorizar a divulgao e a contratao de trabalhadores locais e implementar um programa de capacitao da fora de trabalho local, considerando as necessidades de qualificao da mo de obra para implantao do empreendimento .

50

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

aumENTo da dEmaNda PoR SERvioS Com a instalao de empreiteiras para as obras, a migrao de trabalhadores poder causar uma presso sobre a infraestrutura existente nas reas da educao, esgotamento sanitrio, sade, habitao e segurana pblica. Estabelecer parcerias com os rgos pblicos, com o objetivo de reforar a infraestrutura dos demais setores de fundamental importncia e est previsto no Programa de Reforo Infraestrutura e Equipamentos Sociais.

aumENTo da iNCidNCia E diSSEmiNao dE doENaS Este impacto se manifestar no incio da implantao do empreendimento, com a chegada de pessoas e o incio de ocupao das reas mediante aes de desmatamento, que altera o ambiente e provoca os primeiros efeitos sobre a sade pblica. De forma a minimizar este impacto sero adotadas medidas adequadas de higiene e controle de doenas, sobretudo daquelas preexistentes e infecto-contagiosas por meio de monitoramento laboratorial, localizao e remoo de vetores e de proteo vacinal.

ElEvao daS RECEiTaS PbliCaS muNiCiPaiS Este impacto tem natureza positiva, manifestando-se durante a fase de implantao e operao do empreendimento. As atividades para implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires esto sujeitas ao recolhimento do Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza ISSQN, sendo que os recursos provenientes do recolhimento deste tributo so direcionados aos cofres das prefeituras de Paranata e Jacareacanga.

diNamizao da ECoNomia O fato gerador desse impacto positivo o processo construtivo do empreendimento, que necessita de grande nmero de trabalhadores diretos, assim como a execuo de diferentes servios de apoio ou para a obteno de insumos necessrios para as obras. Alm disso, o grande aumento da massa monetria circulante resultado do pagamento de salrios e servios diversos, intensificam fortemente a animao econmica no mbito regional.

REduo da dEmaNda PoR bENS E SERvioS Este impacto ocorrer com desmobilizao da mo de obra e desmontagem do canteiro e alojamento, que propiciaro reflexos no mercado de trabalho e na animao econmica devido diminuio acentuada na demanda de produtos e servios urbanos. Como medida preventiva estabelece-se a divulgao do cronograma das obras, com o objetivo de informar a comunidade, as associaes comerciais e de prestao de servios sobre o perodo de incio e encerramento de modo que a contratao e desmobilizao ocorra de forma estruturada.

51

MEDI PROG

Corredeira de Sete Quedas .

IDAS MITIGADORAS E GRAMAS AMBIENTAISAs aes de mitigao dos impactos gerados pela construo da Usina Hidreltrica Teles Pires constituem importantes medidas de controle dos efeitos diretamente associados ao empreendimento, que sero conduzidas atravs da implantao de Programas Socioambientais. Os principais objetivos dos Programas Socioambientais so: prevenir, minimizar, compensar, monitorar e eventualmente, eliminar os impactos negativos advindos do empreendimento, buscando maximizar os impactos positivos, reforando os efeitos benficos do projeto. Os programas propostos foram desenvolvidos e orientados para o atendimento de um plano regional, de forma a preparar a regio para o recebimento do projeto de maneira sustentvel. O conjunto de Programas Socioambientais se caracteriza como um instrumento de gesto que tem como objetivo geral garantir o cumprimento dos compromissos assumidos pelo empreendedor, no que diz respeito ao correto gerenciamento ambiental e social do empreendimento a ao atendimento legislao ambiental aplicvel. Esse conjunto de aes planejadas, denominado de Plano de Gesto Ambiental foi desenvolvido por meio de 5 eixos de ao, destinados a organizar os programas a serem desenvolvidos.

53

plano de gesto ambientalPROGRAMAS VINCULADOS DIRETAMENTE S OBRAS Plano Ambiental para Construo PAC Desmatamento e Limpeza do Reservatrio e das reas Associadas Contratao e Desmobilizao de Mo de Obra Resgate de Peixes nas reas Afetadas pelas Ensecadeiras

PROGRAMAS DE MONITORAMENTO, CONTROLE, MANEJO E CONSERVAO Monitoramento da Sismicidade (tremores) Monitoramento da Estabilidade das Encostas Marginais Sujeitas a Processos Erosivos Acompanhamento das Atividades Minerrias Monitoramento das guas Subterrneas Salvamento de Sementes e Mudas e Implantao de Viveiro de Mudas Monitoramento Hidrossedimentolgico Resgate e Salvamento Cientfico da Fauna Monitoramento Limnolgico e da Qualidade da gua Monitoramento Climatolgico Monitoramento da Fauna Controle e Preveno de Doenas Plano de Ao e Controle da Malria Preservao do Patrimnio Cultural Histrico e Arqueolgico

PROGRAMAS COMPENSATRIOS Implantao da rea de Preservao Permanente APP do Reservatrio Compensao pela Perda de Terra e Desestruturao de Atividades Econmicas Apoio Reinsero e Fomento das Atividades Econmicas Locais Compensao Ambiental Unidade de Conservao Apoio Revitalizao e Incremento da Atividade de Turismo Reforo Infraestrutura e Equipamentos Sociais Recomposio Florestal

PROGRAMAS DE APOIO E PROGRAMAS ESPECIAIS Comunicao Social Educao Ambiental Plano Ambiental de Conservao e Uso do Entorno de Reservatrio Artificial PACUERA

54

PROGRAMAS VINCULADOS DIRETAMENTE S OBRASPlaNo ambiENTal PaRa CoNSTRuo PaC O PAC um instrumento gerencial que contm as diretrizes e tcnicas bsicas recomendadas a serem empregadas durante na execuo das obras de implantao da Usina Hidreltrica e de sua infraestrutura de apoio, assim como na operao da usina. Ele far parte, obrigatoriamente do contrato do empreendedor com as empresas de construo e prestao de servios. Dessa forma, nas atividades construtivas, essas diretrizes j devero ser incorporadas para evitar que ocorram os impactos potenciais j detectados nos estudos ambientais. A implantao do PAC de suma importncia para a obteno de resultados ambientais positivos sobre o empreendimento, tendo em vista que as medidas, diretrizes e tcnicas recomendadas, quando adotadas antecipadamente, podem neutralizar ou minimizar os possveis impactos negativos.

dESmaTamENTo E limPEza do RESERvaTRio E REaS aSSoCiadaS imPlaNTao do PRoJETo O programa tem como objetivo principal reduzir a quantidade de vegetao a ser submersa, quando do enchimento do reservatrio, a fim de evitar a piora da qualidade da gua do futuro reservatrio, em funo da biodegradao da biomassa inundada e a consequente diminuio do oxignio dissolvido na gua. O programa tambm objetiva proteger os remanescentes florestais junto faixa marginal da rea de inundao, definindo a cota de desmatamento; indicando a direo do corte da vegetao de forma a induzir o deslocamento dos animais para fora da rea de inundao; e orientando o aproveitamento comercial do potencial madeireiro resultante do corte.

RESgaTE dE PEixES NaS REaS aFETadaS PElaS ENSECadEiRaS No momento da construo da barragem principal da usina ser necessrio isolar um trecho da calha do rio Teles Pires, por meio de ensecadeiras. Esse procedimento dever aprisionar muitos peixes que devero ser resgatados e devolvidos ao rio, em seu curso natural.

CoNTRaTao E dESmobilizao dE mo dE obRa O programa tem como objetivo a proposio de diretrizes para a contratao e desmobilizao de mo de obra, visando incorporar a mo de obra disponvel local e regional. Para tanto, devero ser conduzidas aes em conjunto com programas de capacitao profissional, de preferncia, em parceria com os agentes pblicos e privados. Quanto desmobilizao, esse programa orienta a formao de um Banco de Empregos, de forma a encaminhar a mo de obra para outros empregos ou atividades de empreendedorismo.

55

PROGRAMAS DE MONITORAMENTO, CONTROLE, MANEJO E CONSERVAOmoNiToRamENTo da SiSmiCidadE (TREmoRES) O monitoramento sismolgico dever registrar e caracterizar as ocorrncias de tremores naturais e induzidos pela formao do reservatrio da Usina Hidreltrica Teles Pires. Ser analisada a atividade ssmica natural na rea de influncia do reservatrio, durante um perodo anterior ao enchimento, para comparao com o nvel de atividade ssmica obtida durante e aps o mesmo. Essa comparao objetiva avaliar a eventual existncia de impactos no nvel de sismicidade natural devido ao enchimento.

moNiToRamENTo da ESTabilidadE daS ENCoSTaS maRgiNaiS SuJEiTaS a PRoCESSoS ERoSivoS A formao do reservatrio acelera ou ativa os processos erosivos das encostas devido elevao do nvel fretico e ao aparecimento de surgncias d'gua no solo. O programa prev o detalhamento da caracterizao dos processos de instabilizao das encostas marginais do reservatrio.

aComPaNhamENTo daS aTividadES miNERRiaS O programa tem como objetivo geral verificar as reais interferncias causadas pelo empreendimento, alm de propor e implantar medidas alternativas que viabilizem a explorao localizada da atividade minerria, notadamente aquela referente aos garimpos de ouro, nas partes mais rasas do reservatrio.

moNiToRamENTo daS guaS SubTERRNEaS Seu objetivo monitorar o nvel fretico dos aquferos livres de forma a avaliar as suas variaes na borda do reservatrio antes, durante e aps o enchimento. No que se refere qualidade das guas subterrneas, sero acompanhadas as possveis alteraes nos padres de qualidade ao longo do tempo de construo e operao da Usina Hidreltrica Teles Pires. Para isso, devero ser construdos poos de monitoramento no entorno do reservatrio.

RESgaTE E SalvamENTo CiENTFiCo da FauNa Durante a implantao do empreendimento, devero ser realizados, por especialistas, resgate de animais entocados, ninhos, filhotes e animais eventualmente feridos por qualquer ao do empreendedor. Esses animais devero ser soltos em reas pr-selecionadas.

56

PROGRAMAS DE MONITORAMENTO, CONTROLE, MANEJO E CONSERVAOmoNiToRamENTo ClimaTolgiCo O objetivo deste programa detectar possveis alteraes nos parmetros meteorolgicos, aps a formao do reservatrio da Usina Hidreltrica Teles Pires, a partir do conhecimento desses parmetros na fase anterior construo da usina. A anlise comparativa poder identificar os efeitos da implantao do empreendimento, ampliando o conhecimento sobre o assunto, o que poder ser de grande utilidade para futuros projetos.

moNiToRamENTo hidRoSSEdimENTolgiCo O monitoramento hidrossedimentolgico objetiva acompanhar a evoluo da deposio de sedimentos e avaliar os aportes das descargas slidas ao reservatrio da Usina Hidreltrica Teles Pires.

moNiToRamENTo limNolgiCo E da QualidadE da gua Durante a implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires haver coletas de amostras de gua para monitorar a qualidade da gua do rio Teles Pires a fim de detectar alteraes provocadas por lanamento inadequado de despejos de esgoto ou produtos qumicos do canteiro ou do alojamento. Esse monitoramento continuar durante a fase de operao da usina.

SalvamENTo dE SEmENTES E mudaS E imPlaNTao dE vivEiRo dE mudaS Nas reas utilizadas para a implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires sero coletadas sementes, mudas, bromlias e orqudeas, visando fornecer material para a produo de mudas para a recomposio de reas degradadas durante o processo construtivo da usina. Podero ser implantados viveiros para produo de mudas das espcies ameaadas de extino.

57

PROGRAMAS DE MONITORAMENTO, CONTROLE, MANEJO E CONSERVAOmoNiToRamENTo da FauNa Devido a sensibilidade da fauna s alteraes em seus habitats, o acompanhamento do comportamento dos diversos grupos da fauna aps a construo da Usina Hidreltrica Teles Pires se faz necessrio. O programa visa o monitoramento das espcies (nmero de indivduos, locais de alimentao, reproduo) dos seguintes grupos, com diferentes propsitos: insetos indicadores de alteraes ambientais, moluscos, caramujos e morcegos devido transmisso de doenas, lontras, aves, anfbios, rpteis, macacos e peixes visando estabelecer medidas para a conservao das espcies e reconstituio de ambientes. O monitoramento da comunidade de peixes do rio Teles Pires na regio acima e abaixo da barragem avaliar o sistema de transposio de peixes e as possveis alteraes nas populaes e na estrutura da comunidade.

CoNTRolE E PREvENo dE doENaS O Programa de Controle e Preveno de Doenas visa a reduo da morbidade e mortalidade decorrentes de doenas infecciosas, parasitrias, respiratrias, como a gripe e a pneumonia. Para alcanar tais objetivos, o empreendedor adotar medidas de carter preventivo, por meio de aes educativas, vacinao e remoo de vetores, alm de medidas de reforo infraestrutura de atendimento sade.

PlaNo dE ao E CoNTRolE da malRia A entrada de pessoas em ambiente de mata e o desmatamento, podero levar a uma maior exposio de seres humanos aos vetores da malria, tornando necessria a ao deste programa. O Plano de Ao e Controle da Malria - PACM tem como objetivos a reduo do contato entre humanos e vetores, o esclarecimento da populao sobre as caractersticas da malria e as precaues necessrias para evitar o contato com o mosquito, alm do estabelecimento de condies para a deteco da doena pelas autoridades de sade municipais.

PRESERvao do PaTRimNio CulTuRal hiSTRiCo E aRQuEolgiCo Na etapa anterior implantao da usina, sero executadas aes para identificao e registro de patrimnio cultural histrico e vestgio arqueolgico, e para a educao patrimonial, esclarecendo populao dos municpios envolvidos a importncia da preservao desse patrimnio.

58

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

PROGRAMAS COMPENSATRIOSimPlaNTao da REa dE PRESERvao PERmaNENTE aPP do RESERvaTRio A implantao da APP do reservatrio visa proteger o solo, preservar os recursos hdricos, a fauna, a flora e garantir a estabilidade geolgica no entorno do reservatrio de acordo com a legislao ambiental que trata do assunto o Cdigo Florestal, institudo pela Lei 4.771/1965. Caber ao empreendedor a implantao da APP do reservatrio.

REComPoSio FloRESTal As reas que sediaram as obras para implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires devem ser recuperadas quando a usina ficar pronta. Para possibilitar essa recuperao recomposta a vegetao com o plantio de espcies nativas, possibilitando sua regenerao natural. Dentre as reas a serem recuperadas esto o canteiro de obras e alojamentos, reas de emprstimo e acessos auxiliares s obras, que podero ser desativados.

ComPENSao ambiENTal uNidadE dE CoNSERvao Em razo da supresso da cobertura vegetal para implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires, o empreendedor dever promover o repasse de recursos financeiros ao IBAMA, destinados compensao para a criao de novas Unidades de Conservao - UC ou manuteno de UCs j existentes. Caber ao IBAMA definir a implantao de unidades de conservao de proteo integral. No caso da Usina Hidreltrica Teles Pires, so indicadas reas localizadas na bacia de drenagem do futuro reservatrio, alm de trechos ao norte, na Serra do Cachimbo, de forma a garantir a implementao de corredores ecolgicos.

aPoio REiNSERo E FomENTo daS aTividadES ECoNmiCaS loCaiS A implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires afetar atividades atualmente desenvolvidas na rea de influncia Direta e naquela diretamente afetada. Esse programa se destina a readequar as atividades locais de forma a promover sua reinsero ou modificao, j num cenrio em que devero se abrir novas oportunidades de negcios na regio.

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

59

PROGRAMAS COMPENSATRIOSaPoio REviTalizao E iNCREmENTo da aTividadE dE TuRiSmo As atuais prticas de turismo, recreao e lazer da populao da regio onde ser formado o lago sero transformadas quando da implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires. Alm das modificaes na pesca esportiva e de funcionamento das quatro pousadas flutuantes que operam no rio, h o FestPraia, realizado uma vez por ano numa das ilhas do Rio. Para estudar novas formas de promoo do turismo nessa regio, o empreendedor dever, em parceria com entidades locais, estabelecer um programa de implemento de novos locais para prtica de lazer, como clubes nuticos, marinas para a prtica de esportes nuticos.

REFoRo iNFRaESTRuTuRa E EQuiPamENToS SoCiaiS Este programa tem como objetivo identificar e suprir as deficincias da infraestrutura e dos equipamentos sociais pblicos nos municpios da regio prevista para implantao da Usina Hidreltrica, de modo a absorver a demanda crescente com a chegada de novo contingente populacional. Para tanto, o empreendedor dever promover reunies com os atores sociais envolvidos (associaes de bairros, sindicatos, empresrios, representantes de rgos pblicos e a populao interessada) e definir aes prioritrias atravs de grupos de trabalho para as reas de sade, educao, segurana pblica, habitao, saneamento, sistema virio e transporte.

ComPENSao PEla PERda dE TERRa E dESESTRuTuRao dE aTividadES ECoNmiCaS O empreendedor, responsvel pela execuo do programa, dever compensar financeiramente os proprietrios de terras, pousadas flutuantes, balsas de garimpo e outras benfeitorias afetadas, com base em cadastro das propriedades e avaliao de lucros cessantes. Alm disso, dever apoiar a reestruturao das atividades comprometidas.

60

PROGRAMAS DE APOIO E PROGRAMAS ESPECIAISComuNiCao SoCial O Programa de Comunicao Social decorre da busca de um relacionamento entre o empreendedor e a sociedade baseado no dilogo, transparncia e respeito. Nesse sentido, o programa se volta, prioritariamente, para a populao diretamente afetada, buscando informar e esclarecer sobre o empreendimento alm de constituir-se em um veculo para receber sugestes, dvidas e preocupaes das diversas partes interessadas. O Programa dever, ainda, articular um conjunto de aes, de forma a evitar conflitos de informaes decorrentes de atuaes diferenciadas entre diversas equipes no relacionamento com a populao. So objetivos do Programa de Comunicao Social: Garantir amplo acesso ao conjunto de informaes sobre o empreendimento, os impactos e os programas previstos; Criar um canal de comunicao contnuo entre o empreendedor e a sociedade; Dar suporte a todos os demais programas, sobretudo nas reas de socioeconomia e educao ambiental; Contribuir para a minimizao dos impactos ambientais e para a reduo dos conflitos sociais decorrentes do empreendimento; Contribuir para o estabelecimento de um relacionamento construtivo entre o empreendedor e empresas contratadas com a populao, suas entidades representativas, organizaes governamentais e no governamentais, atravs de um mecanismo de ouvidoria.

EduCao ambiENTal O Programa de Educao Ambiental tem por objetivos a sensibilizao e conscientizao da populao sobre os principais problemas ambientais da regio, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Deve ser estimulada uma postura ecolgica individual e coletiva, que se reflita tanto em questes prticas do cotidiano da populao como em atitudes mais amplas de preservao e conservao do meio ambiente para benefcio das geraes atuais e futuras. As campanhas e oficinas de educao ambiental devem estar voltados para dois principais pblicos-alvo distintos: (i) a populao dos municpios da AII; e (ii) os trabalhadores do empreendimento.

PlaNo ambiENTal dE CoNSERvao E uSo do ENToRNo dE RESERvaTRio aRTiFiCial - PaCuERa Este programa dever ser desenvolvido quando da elaborao do Plano Bsico Ambiental (PBA), conforme as Resolues 302/2002 e 006/1987 do CONAMA. Para tanto deve ser buscada a mitigao e preveno de impactos negativos da formao do reservatrio, tais como a alterao da paisagem, o aumento da presso antrpica sobre a rea de Preservao Permanente. As normas de uso da gua e do entorno do reservatrio, contemplando os apontamentos de fragilidades e potencialidades que devero ser estabelecidas.

61

CONCLUSES reconhecido que a construo de uma barragem a e formao do reservatrio para gerao de energia hidreltrica promovem alteraes definitivas na paisagem de uma determinada regio. Essas alteraes no ocorrem apenas do projeto sobre o ambiente previsto para sua implantao, mas tambm do meio circundante sobre a prpria obra, gerando impactos de diferentes nveis. A construo da Usina Hidreltrica Teles Pires no foge a esta regra. Entretanto, de uma maneira geral, a regio prevista para sua implantao no apresenta obstculos naturais ou socioeconmicos que limitem severamente a possibilidade de implantao da UHE. Com vistas identificao dos provveis efeitos da implantao da UHE Teles Pires, consideraram-se, alm do conhecimento absorvido pelo diagnstico ambiental realizado na regio, tambm os dados acumulados pelas experincias vivenciadas em outras obras semelhantes. Com base na avaliao dos impactos ambientais realizada destacam-se, a seguir, os aspectos mais relevantes: O processo de implantao da UHE exigir a remoo da cobertura vegetal existente nos terrenos, tanto para a instalao das estruturas quanto para a formao do reservatrio. Este impacto atua de forma direta na reduo local da riqueza e abundncia de espcies da fauna, cuja mitigao prevista pelo desmatamento direcionado, e cuja compensao se dar por meio da constituio de uma rea de Preservao Permanente, no entorno do reservatrio, e pelo apoio criao ou fortalecimento de unidades de conservao. Em relao s interferncias na populao local, a Usina Hidreltrica Teles Pires situa-se em uma regio de baixa ocupao humana, no abrigando aglomerados populacionais em sua rea de influncia direta, exceto no assentamento So Pedro do INCRA, com 775 lotes, no qual 23 sero afetados parcialmente. A implantao da Usina Hidreltrica provocar impactos sobre a ictiofauna do rio Teles Pires com a sobrepesca durante a construo da usina, a reduo das populaes a jusante da barragem e a migrao de peixes para outros trechos de corredeiras do rio Teles Pires e de outros afluentes. A decomposio da biomassa (material, predominantemente originrio das florestas que ficaro submersas) pela formao do reservatrio, ir promover alteraes na qualidade da gua, principalmente nos locais em que a circulao de gua ser menor. Dessa forma, do ponto de vista da sade pblica a retirada total da fitomassa recomendada. A perda de reas produtivas pela implantao da usina, em decorrncia, principalmente, da formao do reservatrio, 62

* os significados das palavras destacadas encontram-se no glossrio, pgina 64.

caracteriza um efeito cumulativo brando na regio. Atualmente, cerca de 60% das propriedades localizadas nas futuras reas afetadas pela usina, praticam a criao de bovinos de corte em regime extensivo. Diante de tais circunstncias, esto sendo propostas diversas medidas (programas ambientais) que visam a neutralizao ou atenuao de efeitos indesejveis. Algumas dessas medidas tem incio fixado com bastante antecedncia em relao ao fechamento da barragem e enchimento do reservatrio, enquanto que outras, embora previsveis, somente sero decididas na oportunidade da operao da Usina Hidreltrica. Em contrapartida, ressalta-se que a explorao do potencial hidreltrico brasileiro, no qual se inclui a Usina Hidreltrica Teles Pires, de importncia estratgica para o atendimento das necessidades de desenvolvimento socioeconmico do pas. A implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires propiciar o aporte de 978,6 MW mdios ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa quantidade de energia suficiente para atender a cerca de 1.428.756 casas ou 5.715.024 habitantes. Isso equivale a dizer que a referida usina, sozinha, seria capaz de abastecer com energia eltrica uma cidade como o Rio de Janeiro. O benefcio apontado acima faz com que o balano entre benefcio e os impactos negativos seja favorvel ao primeiro. Um ndice que d suporte a tal afirmao a relao entre rea alagada e potncia instalada. Tal ndice, no caso da UHE Teles Pires, alcana o valor de 0,08, o que a coloca, no plano nacional, entre as melhores plantas de gerao com porte equivalente. O Estudo de Viabilidade da UHE Teles Pires prev a construo em pouco menos de 4 anos, devendo ocupar, no momento de pico das atividades construtivas, cerca de 10.000 pessoas, sobre o qual se espera a criao de 20.000 empregos indiretos. Ao longo do perodo de construo do empreendimento, haver recolhimento de uma srie de impostos que reverter positivamente para os municpios da regio. Durante a fase de operao, especificamente os municpios de Paranata e Jacareacanga recebero compensao financeira pela gerao de energia, o que possibilitar a realizao de inmeras melhorias nesses municpios, gerando efeitos sinrgicos positivos em toda a regio. Por todas as questes acima expostas, entende-se que se justifica plenamente a implantao da Usina Hidreltrica Teles Pires, desde que tomadas as medidas adequadas de preveno, mitigao, compensao ou potencializao dos efeitos decorrentes de sua construo. Uma vez atendidas essas condies, conclui-se pela viabilidade tcnica, econmica, social e ambiental da implantao do citado empreendimento. 63

GLOSSRIOrea de influncia - rea de um dado territrio sobre aqual o empreendimento exerce influncia podendo trazer alte raes de ordem ecolgica e/ou socioeconmica nos processos do sistema. refere. Costuma-se empregar a expresso relevo de jusante para se descrever uma regio que est numa posio mais baixa em relao a uma mais elevada. o oposto de montante.

Casa de Fora e Canal de Fuga local onde a energia gerada. O movimento das turbinas, com a passagem da gua, aciona um gerador de energia eltrica. Depois de passar pelas turbinas, a gua sai das estruturas pelo canal de fuga e volta para o rio.

medidas mitigadoras - so aquelas destinadas a reduzira magnitude dos impactos negativos. prefervel usar a expresso "medida mitigadora" em vez de "medida corretiva", uma vez que a maioria dos danos ao meio ambiente, quando no pode ser evitada, pode apenas ser mitigada ou compensada.

Ensecadeira trata-se de uma pequena barragem deterra provisria construda dentro do rio com o objetivo de desvi-lo e garantir o sucesso de implantao das instalaes da hidreltrica como casa de fora e vertedouro. A ensecadeira seca a regio onde a estrutura ser construda, permitindo o trabalho.

montante - um lugar situado acima de outro, tomando-seem considerao a corrente fluvial que passa na regio. O relevo de montante , por conseguinte, aquele que est mais prximo das cabeceiras de um curso dgua, enquanto o de jusante est mais prximo da foz.

Fauna - conjunto de animais que habitam deter minada regio.

Piracema movimento migratrio de peixes no sentidodas nascentes dos rios, com o fim de reproduo. Ocorre em pocas de grandes chuvas.

Flora - totalidade das espcies vegetais que compreendea vegetao de uma determinada regio.

vertedouro Dispositivo que permite que a gua sejaeliminada do reservatrio impedindo que o nvel d'gua ultrapasse um limite especificado pelo projeto de engenharia, garantindo a segurana da barragem.

ictiofauna - a fauna de peixes de uma regio. Jusante - uma rea que fica abaixo de outra qual se

64

EQUIPE TCNICAEPE - EmPRESa dE PESQuiSa ENERgTiCaCTF 2067629 COORDENADOR GERAL Ricardo Cavalcanti Furtado Engenheiro Eletricista CREA/PE 6829-D CTF 1279484 Flavia Pompeu Serran Biloga CRBio-2 07621-2 CTF 5074254 COORDENADOR DO CONTRATO Paulo Roberto Amaro Arquiteto CREA/DF 621-D-12 Regio COORDENADOR DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL Carlos Frederico Silveira Menezes Bilogo CRBio-2 03023/02 CTF 4948466 Federica Natasha Ganana Abreu dos Santos Sodr Biloga CRBio-2 29423/02-D CTF 2605589 Paula Cunha Coutinho Engenheira Civil CREA/RJ 2007108756 CTF 2605614

CoNSRCio lEmE-CoNCREmaTCTF Concremat Engenharia e Tecnologia S.A.199020 CFT Leme Engenharia Ltda 22279 COORDENAO GERAL DOS ESTUDOS Srgio Drumond Souza Engenheiro Civil CREA/MG: 57992/D CTF: 4981603 COORDENAO DOS ESTUDOS DE ENGENHARIA CIVIL Mrio Gramani Guedes Gelogo CREA/SP: 52906/D CTF: 4981561 COORDENAO GERAL DE MEIO AMBIENTE Eduardo Jorge Miana Engenheiro CREA/RJ: 17428/D CTF: 1504500 COORDENAO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL Guilherme Mendes Furgler Bilogo CRBio: 018062-01/D CTF: 523261 COORDENAO DO MEIO FSICO Victria Tuyama Sollero Gegrafa CREA: 28683/D CTF: 212382 COORDENAO DO MEIO BITICO Rodrigo De Fillipo Bilogo CRBio: 03783/01 CTF: 596345

EQuiPE TCNiCaCarina Renn Siniscalchi Engenheira Ambiental CREA/RJ 2008106964 CTF 2326644 Csar Maurcio Batista da Silva Socilogo CTF 2605630 Elisngela Medeiros de Almeida Biloga CRBio-2 55637/02 CTF 324783

65

COORDENAO DO MEIO SOCIOECONMICO urea do Carmo Pimentel Morato Sociloga CTF: 314884 COORDENAO DA AVALIAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Regina Stela Nspoli Gegrafa CREA: 0601143906 CTF: 352873

Marcos Bartasson Tanns Engenheiro Gelogo Geologia e Recursos Minerais CREA/MG: 27174/D CTF: 328347 Marcos Manoel Fernandes Engenheiro Agrnomo Pedologia CREA/MG: 45452/D CTF: 318591 Ricardo Junho Engenheiro Hidrulica CREA/RJ: 85.1-02037.3 CTF: 294787 Vincius Roman Engenheiro Hidrologia CREA/MG 69540/D CTF: 1247546 MEIO BITICO Efrem Ferreira Eng. de Pesca Ictiofauna CREA 639-D - CTF: 473027 Horcio Teles Bilogo Malacofauna CRBio: 00983/01-D CTF 2021758 Humberto Jacobsen Teixeira Engenheiro Modelagem Matemtica CREA/SP 37679 CTF: 314913 Jansen Zuanon Bilogo Ictiofauna CRBio: 04708/06-D CTF: 592016 Manoel Jos Domingues Engenheiro Florestal Estudos de Flora CREA/PR:10378-D CTF: 210359 Mrcio Uehara Prado Eclogo Entomofauna (Bioindicadores) CTF: 1981993

EQUIPE DOS ESTUDOS ESPECFICOS MEIO FSICO Carlos Roberto Alves Engenheiro - Arranjos da UHE CREA/MG: 38035D - CTF: 4981635 Ceres Virgnia Renn Moreira Geloga Geomorfologia CREA/MG: 28632/D CTF: 767100 Cristiane Peixoto Vieira Engenheira Civil Hidrologia - CREA/MG: 57945/D CTF: 2010648 Joo Cesar C. Carmo Engenheiro Gelogo Hidrogeologia CREA: 29 184/D CTF: 4876736 Josie de Ftima Alves Almeida Engenheira Apoio coordenao CREA 91691D - CTF: 4983472 Marcia Couto de Melo Gegrafa Geomorfologia CREA/MG: 29891/D CTF: 4876547 Mrcio Moreira dos Santos Cruz Engenheiro Coordenao da engenharia CREA: 38550/D CTF: 4981646

66

Marcos Prsio Dantas Santos Bilogo - Avifauna CRBIO: 27.227/5-D - CTF: 289607 Paulo Urbinati Bilogo Entomofauna (Vetores) CRBio: 01343/01-D CTF:1570504 Ricardo Alexandre Kawashita Ribeiro Bilogo Herpetofauna CRBio: 035949/01-D CTF: 666182 Rodrigo Borsari Eng. Agrnomo Limnologia CREA/SP 5060488088 CTF: 284483 Tarcsio da Silva Santos Jnior Bilogo Mastofauna CRBio: 30084/04D/01 CTF: 765404 MEIO SOCIOECONMICO Delsio Natal Bilogo Sade Pblica CRBio: 00.589/01-D CTF 316758 Elisa Ramalho Rocha Arquiteta e Urbanista Anlise Tcnica CREA/SP: 5062091480 CTF: 2372926 Maria de Lourdes Pimentel