ricardo reis

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A PESSOA Fernando Pessoa

A PESSOAFernando Pessoa Nome completo: Fernando Antnio Nogueira Pessoa. Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mrtires, no prdio n. 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Diretrio) em 13 de Junho de 1888. Filiao: Filho legtimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim Antnio de Arajo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionsia Seabra; neto materno do conselheiro Lus Antnio Nogueira, jurisconsulto e que foi Diretor-geral do Ministrio do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendncia geral: misto de fidalgos e judeus. Estado: Solteiro. Profisso: A designao mais prpria ser tradutor, a mais exata a de correspondente estrangeiro em casas comerciais. O ser poeta e escritor no constitui profisso, mas vocao. Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1. Dt., Lisboa. (Endereo postal - Caixa Postal 147, Lisboa). Funes sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos pblicos, ou funes de destaque, nenhumas.

Educao: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua me ter casado, em 1895, em segundas npcias, com o Comandante Joo Miguel Rosa, Cnsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prmio Rainha Vitria de estilo ingls na Universidade do Cabo da Boa Esperana em 1903, no exame de admisso, aos 15 anos. Ideologia Poltica: Considera que o sistema monrquico seria o mais prprio para uma nao organicamente imperial como Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente invivel em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela Repblica. Conservador do estilo ingls, isto , liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionrio. Posio religiosa: Cristo gnstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante esto implcitos, Tradio Secreta do Cristianismo, que tem ntimas relaes com a Tradio Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essncia oculta da Maonaria. Posio patritica: Partidrio de um nacionalismo mstico, de onde seja abolida toda a infiltrao catlicoLisboa, 30 de Maro de 1935 romana, criando-se, se possvel for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se que no catolicismo portugus houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: Tudo pela Humanidade; nada contra a Nao.

PERSONAGENS FICTCIAS E HETERNIMOS1. Dr. Pancracio jornalista, contista, poeta e charadista. 2. Lus Antnio Congo colaborador de O PALRADOR, cronista e apresentador de Eduardo Lana. 3. Eduardo Lana colaborador de o PALRADOR, poeta luso-brasileiro. 4. A. Francisco de Paula Angard - colaborador de o PALRADOR, autor de textos scientificos. 5. Pedro da Silva Salles- colaborador de o PALRADOR, autor e director da seco de anedotas. 6. Jos Rodrigues do Valle (Scicio), - colaborador de o PALRADOR, charadista e dito director literrio. 7. Pip - colaborador de o PALRADOR, poeta humorstico, autor de anedotas e charadas. 8. Dr. Caloiro - colaborador de o PALRADOR, jornalista-reprter. 9. Morris & Theodor - colaborador de o PALRADOR, charadista. 10. Diabo Azul - colaborador de o PALRADOR, charadista. 11. Parry - colaborador de o PALRADOR, charadista. 12. Gallio Pequeno - colaborador de o PALRADOR, charadista. 13. Accursio Urbano - colaborador de o PALRADOR, charadista 14. Ceclia - colaborador de o PALRADOR, charadista. 15. Jos Rasteiro - colaborador de o PALRADOR, autor de provrbios e adivinhas. 16. Tagus - colaborador no NATAL MERCURY (Durban). 17. Adolph Moscow - colaborador de o PALRADOR, romancista, autor de Os Rapazes de Barrowby. 18. Marvell Kisch autor de A Riqueza de um Doido. 19. Gabriel Keene autor de Em Dias de Perigo. 20. Sableton-Kay autor de A Lucta Aerea. 21. Dr. Gaudncio Nabos director de O PALRADOR, jornalista e humorista. 22. Nympha Negra colaborador de O PALRADOR, charadista. 23. Professor Trochee autor de um ensaio humorstico de conselhos aos jovens poetas. 24. David Merrick poeta, contista e dramaturgo. 25. Lucas Merrick contista. 26. Willyam Links Esk personagem de fico que assina uma carta num ingls defeituoso (13/4/1905). 27. Charles Robert Anon poeta, filsofo e contista. 28. Horace James Faber ensasta e contista. 29. Navas tradutor de Horace J. Faber. 30. Alexander Search poeta e contista. 31. Charles James Search tradutor e ensasta (irmo de Alexander). 32. Herr Prosit tradutor de O Estudante de Salamanca de Espronceda. 33. Jean Seul de Mluret poeta e ensasta em francs. 34. Pantaleo poeta e prosador. 35. Torquato Mendes Fonseca da Cunha Rey autor (de um escrito sem ttulo . 36. Gomes Pipa colaborador de O PHOSPHORO e da Empresa bis como autor de Contos polticos. 37. bis personagem da infncia que acompanha Pessoa at ao fim da vida nas relaes com os seus ntimos que sobretudo se exprimiu de viva voz, mas tambm assinou poemas. 38. Joaquim Moura Costa poeta satrico, militante republicano, colaborador de O PHOSPHORO. 39. Faustino Antunes (A. Moreira) psiclogo, autor de um Ensaio sobre a Intuio). 40. Antnio Gomes - licenciado em filosofia pela Universidade dos Inteis, autor da Historia Cmica do apateiro Affonso. 41. Vicente Guedes tradutor, poeta, contista da bis, autor de um dirio. 42. Gervsio Guedes autor de A Coroao de Jorge Quinto. 43. Carlos Otto poeta e autor do Tratado de Lucta Livre. 44. Miguel Otto traduo do Tratado de Lucta Livre. 45. Frederick Wyatt poeta e prosador em ingls. 46. Rev. Walter Wyatt irmo clrigo de Frederick? 47. Alfred Wyatt mais um irmo Wyatt, residente em Paris. 48. Bernardo Soares poeta e prosador. 49. Antnio Mora filsofo e socilogo, terico do Neopaganismo. 50. Sher Henay compilador e prefaciador de uma antologia sensacionalista em ingls. 51. Ricardo Reis HETERNIMO. 52. Alberto Caeiro HETERNIMO. 53. lvaro de Campos - HETERNIMO. 54. Baro de Teive prosador, autor de Educao do Stoico e Daphnis e Chloe. 55. Maria Jos escreve e assina A Carta da Corcunda para o Serralheiro. 56. Ablio Quaresma personagem de Pro Botelho e autor de contos policiais. 57. Pero Botelho contista e autor de cartas. 58. Efbeedee Pasha autor de Stories humorsticas. 59. Thomas Crosse ingls de pendor pico-ocultista, divulgador da cultura portuguesa. 60. I.I. Crosse coadjuvante do irmo Thomas na divulgao de Campos e Caeiro. 61. A.A. Crosse charadista e cruzadista. 62. Antnio de Seabra crtico literrio do sensacionismo. 63. Frederico Reis ensasta, irmo (ou primo?) de Ricardo Reis sobre quem escreve. 64. Diniz da Silva autor do poema Loucura e colaborador de EUROPA. 65. Coelho Pacheco poeta in ORPHEU III e na revista projectada EUROPA. 66. Raphael Baldaya astrlogo e autor de Tratado da Negao e Princpios de Metaphysica Esotrica. 67. Claude Pasteur francs, tradutor de CADERNOS DE RECONSTRUO PAG . 68. Joo Craveiro jornalista sidonista. 69. Henry More autor em prosa de comunicaes medinicas - romances do inconsciente como Pessoa lhes chama. 70. Wardour poeta revelado em comunicaes medinicas. 71. J. M. Hyslop poeta revelado em comunicao medinica.

72. Vadooisf [?] poeta revelado em comunicao medinica.

RICARDO REISUma Arte de Viver

BiografiaA partir da carta a Adolfo Casais Monteiro Nasceu no Porto (1887); 1887) Foi educado num colgio de jesutas ; Mdico de profisso; profisso; Viveu no Brasil, expatriou-se voluntariamente por ser expatrioumonrquico; monrquico; Interesse pela cultura Clssica, Romana e Grega; Grega; A sua morte nunca foi anunciada anunciada.

FISICAMENTE: de um vago moreno; cara rapada; Um pouco mais baixo, mas forte, mais seco do que Caeiro;

Ricardo Reis marcado por uma profunda simplicidade da conceo da vida, por uma intensa serenidade na aceitao da relatividade de todas as coisas. o heternimo que mais se aproxima do criador, quer no aspeto fsico quer na maneira de ser e no pensamento.

Caractersticas estilsticas-Submisso da expresso ao contedo: a uma ideia perfeita corresponde uma contedo: expresso perfeita; perfeita; -Estrofes regulares de verso decasslabo alternadas ou no com hexasslabo: hexasslabo: - Estilo laboriosamente trabalhado; elegante; pesado; trabalhado; elegante; pesado; - Usa a inverso da ordem lgica, favorecendo o ritmo das suas ideias disciplinadas; disciplinadas; - Uso de latinismos (astro, nfero, insciente...) insciente...) - Preferncia pela Ode de estilo Horcio e a elegia; elegia; - Importncia dada ao ritmo. ritmo. - Irregularidade mtrica; mtrica; - Verso branco; branco; - Predomnio da subordinao; subordinao; - Preciso verbal; verbal; - Recurso frequente assonncia, rima interior e aliterao; aliterao; - Uso frequente do hiprbato - Metforas, eufemismos, comparaes, imagens - Gosto pelo gerndio; gerndio; - Uso frequente do imperativo. imperativo.

Ricardo Reis e o seu Mestre adepto do sensacionismo, Associa-se ao que herda do paganismo de Caeiro e mestre Caeiro, mas ao as suas concees do aproxim-lo do mundo vai procur-las ao neoclassicismo manifesta-o, estoicismo e ao pois, num plano distinto. epicurismo. Caeiro tem uma disciplina: as coisas devem ser sentidas taiscomo So. Ricardo Reis tem outra disciplina diferente: as coisas devem ser sentidas, no s como so, mas tambm de modo a integrarem-se num certo ideal de medida e regras Clssicas..

Motivos Poticos I

Estoicismo

Epicurismo Horacianismo

Estoicismo Considera ser possvel encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e s paixes, que so perturbaes da razo. Aceitao das leis do destino (... a vida/ passa e no fica, nada deixa e nunca regressa.); Indiferena face s paixes e dor; Abdicao; Autodisciplina.

EpicurismoConsiderava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade e de libertao do medo, assim como a ausncia de sofrimento corporal atravs do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitao dos desejos. A combinao desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Busca da felicidade relativa; Moderao nos prazeres; Fuga dor; Ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbao); Disfrutar o prazer do momento; No cede aos impulsos dos instintos; Calma, ou pelo menos, a sua iluso; Ideal tico de apatia que permite a ausncia da paixo e a liberdade;

HoracianismoExprimeExprime-se no s na construo potica e retrica mas, sobretudo, nas temticas da brevidade da vida e da passagem do tempo, da caducidade das coisas, da necessidade de imperturbabilidade perante a fora do destino, do conselho moderao, do convite a gozar cada dia que passa ou da beleza da natureza. natureza.

CARPE DIEM -- Vive o momento AUREA MEDIOCRITAS A felicidade possvel no sossego do campo MEDIOCRITAS

S o ter flores pela vista foraS o ter flores pela vista fora Nas leas largas dos jardins exactos Basta para podermos Achar a vida leve. De todo o esforo seguremos quedas As mos, brincando, pra que nos no tome Do pulso, e nos arraste. E vivamos assim. Buscando o mnimo de dor ou gozo, Bebendo a goles os instantes frescos, As mos, brincando, pra que nos no tome Translcidos como gua Em taas detalhadas, Da vida plida levando apenas As rosas breves, os sorrisos vagos, E as rpidas carcias Dos instantes volveis.

Pouco to pouco pesarei nos braos Com que, exilados das supernas luzes, Escolhermos do que fomos O melhor pra lembrar Quando, acabados pelas Parcas, formos, Vultos solenes de repente antigos, E cada vez mais sombras, Ao encontro fatal Do barco escuro no soturno rio, E os nove abraos do horror estgio, E o regao insacivel Da ptria de Pluto.

S o ter flores pela vista fora Nas leas largas dos jardins exactos Basta para podermos Achar a vida leve. De todo o esforo seguremos quedas As mos, brincando, pra que nos no tome Do pulso, e nos arraste. E vivamos assim.Carpe diem Viso epicurista

Necessida de de aproveitar as belezas da vida porque o destino e a morte j esto traados

Buscando o mnimo de dor ou gozo, Bebendo a goles os instantes frescos, As mos, brincando, pra que nos no tome Translcidos como gua Em taas detalhadas, Da vida plida levando apenas As rosas breves, os sorrisos vagos, E as rpidas carcias Dos instantes volveis.

Referncia ao clice da vida, ou seja, o destino traz o pronuncio da morte

Estoicismo

Pouco to pouco pesarei nos braos Com que, exilados das supernas luzes, Escolhermos do que fomos O melhor pra lembrar Quando, acabados pelas Parcas, formos, Vultos solenes de repente antigos, E cada vez mais sombras, Ao encontro fatal Do barco escuro no soturno rio, E os nove abraos do horror estgio, E o regao insacivel Da ptria de Pluto.

Precariedade da vida

Neopaganismo Crena no destino

Submisso ao destino

Descrio da viagem at ao inferno

Anlise Nesta ode Ricardo Reis recorre a uma certa cadncia de ritmo, recorrendo a utilizao de versos brancos (sem rima). rima). O recurso a aliteraes fundamental para marcar a cadncia e o ritmo do poema. poema. O texto todo uma alegoria em que se pode citar a referncia s flores e aos jardins que so na verdade tudo o que existe de agradvel na vida, tambm feita referncia ao carpe diem, que consiste em viver cada diem, momento como se fosse o ltimo, aproveitando ao mximo a vida enquanto estamos em momentos de felicidade. felicidade.

SimbolismoO poema influenciado pelo simbolismo. A vida vazia, despreocupada simbolismo. comparada aos jardins de flores. flores. A morte referida com recurso s sombras, ao rio Estige e a outras figuras da mitologia como as Parcas(divindades do destino) e Pluto (deus do inferno). inferno). Tambm se verificam aluses ao estoicismo e ao epicurismo, em que o destino imposto pelas Parcas aceite de forma natural sem resistncia. resistncia. Ainda que exista a conscincia do futuro da morte inevitvel, tudo aceite sem contestao. contestao.

Motivos Poticos II

Neopaganismo

Neoclassicismo

NeoclassicismoCrescente interesse pela antiguidade clssica. Sente-se um estrangeiro fora da sua ptria, a Grcia; Poesia construda com base em ideias elevada; Odes (forma mtrica por excelncia), epigrama e elegia.Exemplo:Para ser grande, s inteiro Para ser grande, s inteiro: nada Teu exagera ou exclui. S todo em cada coisa. Pe quanto s No mnimo que fazes. Assim em cada coisa a Lua toda Brilha, porque alta vive.

NeopaganismoRecorre mitologia greco latina.

Cr nos deuses; Cr nas presenas quase divinas que habitam todas as coisas.

S Esta Liberdade nos Concedem os Deuses S esta liberdade nos concedem Os deuses: submetermo-nos submetermoAo seu domnio por vontade nossa. Mais vale assim fazermos Porque s na iluso da liberdade A liberdade existe. Nem outro jeito os deuses, sobre quem O eterno fado pesa, Usam para seu calmo e possudo Convencimento antigo De que divina e livre a sua vida. Ns, imitando os deuses, To pouco livres como eles no Olimpo, Como quem pela areia Ergue castelos para encher os olhos, Ergamos nossa vida E os deuses sabero agradecer-nos agradecerO sermos to como eles.

Anlise Neste poema, o sujeito potico aceita o destino com naturalidade e aceita que os Deuses esto acima do Homem, mas que acima dos deuses est o Destino. Procura tambm alcanar a perfeio dos deuses, criando um mundo sua medida. Os deuses confundem-se connosco sempre que os imitamos Ns, imitando os deuses. Eles no so mais do que Homens aperfeioados. Est presente a temtica do neopaganismo por cultivar a crena nos deuses antigos da mitologia greco-latina.

Motivos Poticos III

Efemeridade

Intelectualizao

Efemeridade Exalta o fim inexorvel de todos os seres vivos, que a morte, e tambm a efemeridade da vida e tem conscincia da fugacidade do tempo, todavia aceita o destino e o fim com serenidade, pois nada pode fazer para os contrariar. contrariar.

Uns, com os olhos postos no passado Uns, com os olhos postos no passado Veem o que no veem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, veem O que no pode ver-se. Por que no longe ir pr o que est perto A segurana nossa? Este o dia, Esta a hora, este o momento, isto quem somos, e tudo. Perene flui a internacional hora Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morremos. Colhe O dia, porque s ele.

AnliseComo visvel no poema retrata a anttese do passado versus futuro. Os olhos fitos no passado veem o que querem ver mesmo que no seja a realidade e os de olhos postos no futuro querem ver o que no podem. O eu lrico mostra que alm destas as vises h a terceira e a mais importante, no seu entender, de aproveitar o presente, pois a vida efmera e no podem desperdiar nenhum momento, carpe diem, pois esta a hora, este o momento isto quem somos tudo. Devemos aceitar com tranquilidade as coisas da vida, como o caso da morte Que nos confessos a nulos. Termina com o clmax Colhe o dia, porque s ele demonstrando que devemos procurar os simples prazeres da vida em todos os sentidos, sem preocupaes com o futuro e sem temer a morte, aceitando a ordem universal das coisas e as limitaes e fatalidade da condio humana.

Tal como Fernando Pessoa ortnimo, tambm Ricardo Reis intelectualiza as emoes transformando-as em arte. Esta intelectualizao das emoes permite o seu controlo de modo a que possa viver sempre com serenidade.

Intelectualizao das Emoes

Objetivo

Fuga dor

Todas as filosofias adoptadas por Ricardo Reis tm como objectivo supremo a fuga dor humana.

Segue o teu DestinoSegue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto a sombra De rvores alheias. A realidade Sempre mais ou menos Do que ns queremos. S ns somos sempre Iguais a ns-prprios. Suave viver s. Grande e nobre sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses.

V de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Est alm dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu corao. Os deuses so deuses Porque no se pensam.

AnliseO uso do imperativo d um tom geral de comando moral, de ensinamento. ensinamento. como se o poeta, chegando a concluses, as fizesse perdurar no tempo, ensinando-as ensinandoaos seus discpulos. discpulos. Nas duas primeiras estrofes, Reis aconselha que se viva a vida sem pensar, porque ns nunca vamos mudar na essncia do que somos, apenas a nossa interpretao da Natureza. Natureza. sofrer. Reis procura apenas fugir da dor. Reis quer estar s e deixar de sofrer. Portanto dor. conclui que a sua dor vem de estar com os outros. A sua dor vem da sua vida outros. exterior. exterior. essa vida que d em sacrifcio do altar dos deuses. deuses. Isso confirma-se no que ele diz: "V de longe a vida/Nunca a interrogues". A confirmadiz: interrogues" resposta est alm dos deuses ou seja, absurda, existe para alm do divino, e existe apenas porque pensamos nela. nela. Antes devemos "imitar o Olimpo no nosso corao". Ou seja, ser deuses por dentro, corao" ser mestres do nosso ntimo. No pensarmos dar-nos- acesso a uma tranquilidade ntimo. dar-nosque desconhecemos. Deixaremos de sofrer. desconhecemos. sofrer.

ConclusoRicardo Reis o poeta clssico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma e lucidez, a relatividade e efemeridade de todas as coisas. coisas. Sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente dor e ao desprazer, numa verdadeira iluso da felicidade, conseguida pelo esforo estoico. estoico. Cultiva um neoclassicismo neopago, recorrendo mitologia greco-latina, e grecoconsidera a brevidade e a transitoriedade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo efmero. efmero. Em grande parte devido ao seu paganismo, aceita o destino com naturalidade, considerando que os deuses esto acima do homem por uma questo de grau, mas que acima dos deuses, no sistema pago, apenas se encontra o Fado, que tudo submete. submete. O poeta considera que a verdadeira sabedoria de vida viver de forma equilibrada e serena. serena.