ricardo reis

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Page 1: Ricardo reis
Page 2: Ricardo reis

PRINCIPAL POETA PORTUGUÊS

FERNANDOPESSOA

Page 3: Ricardo reis

"Pessoa, pessoas ! Fernando não era

um, foI muitos. Não escrevia poemas,

inventava personagens-poetas

que viviam, cresciam,

estudavam, poetavam. Com seus poetas, não viveu uma vida,

viveu muitas. Não morreu uma vez,

não morreu jamais!"

Page 4: Ricardo reis

Ricardo Reis nasceu em

Lisboa, às 11 horas da noite do dia 28 de janeiro

de 1914.Esboço de Cristiano Sardinha.

Page 5: Ricardo reis

Foi discípulo de Alberto Caeiro, de quem adquiriu a lição de paganismo espontâneo.

Constata o efêmero da vida e anseia, no íntimo, por uma eternidade terrena.

Page 6: Ricardo reis

De formação clássica, "pagão por caráter", segue Caeiro no amor da vida rústica, junto da natureza.

Reis é um ressentido que sofre e vive o drama da transitoriedade doendo-lhe o desprezo dos deuses.

Afligem-no a imagem antecipada da Morte e a dureza do Fado (destino).

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Lúcido e cauteloso, constrói para si uma felicidade relativa, mista de resignação e moderado gozo dos prazeres que não comprometam o seu interior.

É latinizante no vocabulário e na sintaxe, tem o estilo densamente trabalhado.

Utiliza a tradição clássica: estrofes regulares, quase sempre de decassílabos; referências mitológicas; frequência do hipérbato; contenção e concisão altamente expressivas e lúcidas.

Page 8: Ricardo reis

Através da intemporalidade das suas preocupações, a angústia da brevidade da vida, a inevitável

Morte e a interminável busca de estratégias

de limitação do sofrimento que

caracteriza a vida humana, Reis tenta iludir o sofrimento

resultante da consciência de que a

vida é precária.

Page 9: Ricardo reis
Page 10: Ricardo reis

Procura alcançar a quietude e a paz através do fascínio pela Natureza onde tenta encontrar a felicidade (relativa).

Faz a apologia da civilização grega, encarando a Grécia como a pátria de onde se considera exilado.

Proclama-se neo-pagão, apregoando a sua crença nos deuses e no fatum (destino), que está acima deles e que os comanda.

Utiliza, com frequência, um tom moralista, convidando à aceitação calma da ordem das coisas.

Page 11: Ricardo reis

Epicurismo (na busca dos prazeres moderados, na fuga à dor e na defesa da ataraxia, que não é mais do que a busca da felicidade com a tranquilidade) e estoicismo (na aceitação calma e serena da ordem das coisas e do destino, na auto-disciplina e na abdicação).

Versa o tema horaciano do carpe diem, isto é, do aproveitar o momento presente, o prazer de cada instante.

Preconiza a carência das idéias dogmáticas e filosóficas como meio de manter-se puro e sossegado;

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Utilização de um estilo laboriosamente construído, de uma linguagem erudita e alatinada no vocabulário e na sintaxe.

Recurso às frases subordinadas.

Uso do hipérbato, da metáfora, do eufemismo e da comparação.

Page 13: Ricardo reis

Recurso ao gerúndio e ao imperativo com carácter exortativo (de advertência, conselho), ao serviço do tom sentencioso e do carácter moralista da sua poesia.

Utilização da ode, ao estilo de Horácio.

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POEMAS PARAANÁLISE

Page 15: Ricardo reis

A Cada Qual

A cada qual, como a estatura, é dada A justiça: uns faz altos O fado, outros felizes. Nada é prêmio: sucede o que acontece. Nada, Lídia, devemos Ao fado, senão tê-lo.

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Acima da verdade

Acima da verdade estão os deuses. A nossa ciência é uma falhada cópia Da certeza com que eles Sabem que há o Universo. Tudo é tudo, e mais alto estão os deuses, Não pertence à ciência conhecê-los, Mas adorar devemos Seus vultos como às flores, Porque visíveis à nossa alta vista, São tão reais como reais as flores E no seu calmo Olimpo São outra Natureza.

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Ao Longe

Ao longe os montes têm neve ao sol, Mas é suave já o frio calmo Que alisa e agudece Os dardos do sol alto. Hoje, Neera, não nos escondamos, Nada nos falta, porque nada somos. Não esperamos nada e temos frio ao sol. Mas tal como é, gozemos o momento, Solenes na alegria levemente, E aguardando a morte Como quem a conhece.

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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos

A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles não compreendem, Os coage e obriga E eles não nos percebem, Nossa vontade e o nosso pensamento

São as mãos pelas quais outros nos guiam Para onde eles querem E nós não desejamos.

Anjos ou Deuses

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Não Queiras

Não queiras, Lídia, edificar no espaço Que figuras futuro, ou prometer-te Amanhã. Cumpre-te hoje, não esperando. Tu mesma és tua vida.

Não te destines, que não és futura. Quem sabe se, entre a taça que esvazias, E ela de novo enchida, não te a sorte Interpõe o abismo?