ribeiro, robert michels e a oligarquia do partido dos trabalhadores

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    Robert Michels e a oligarquia do Part ido dosTrabalhadores1

    Pedro Floriano Ribei ro doutor em Cincia Poltica pela Universidade Federal de SoCarlos. Professor Adjunto da Faculdade de Cincias Sociais da Universidade Federal de

    Gois.

    Endereo para correspondncia: Faculdade de Cincias Sociais / Universidade Federal de

    Gois, Campus II, FCS Caixa Postal 131 CEP: 74.001-970, Goinia, GO.

    e-mail: [email protected]

    Recebido em 11/2009. Aceito em 12/2009.

    Introduo

    O Partido dos Trabalhadores (PT) a agremiao mais estudadado atual quadro partidrio brasileiro. A atuao de seus parlamentares,as experincias governativas, a transformao das campanhas eleitorais,a pragmatizao e moderao do discurso, do projeto e dos programasde governo, o lento e constante processo de capilarizao eleitoral do

    partido rumo ao interior do pas so alguns dos temas mais recorrentesna vasta bibliografia sobre a legenda2. Embora a estrutura interna do PTseja mais conhecida que as dos demais partidos brasileiros, estacontinua sendo uma rea negligenciada nessa bibliografia, quando

    1 Este artigo desdobramento de um dos captulos de minha tese de doutorado,defendida em agosto de 2008 no Programa de Ps-Graduao em Cincia Poltica daUniversidade Federal de So Carlos foi apresentado sob o formato de paper noSeminrio Intermedirio da ABCP: A Cincia Poltica e a Interdisciplinaridade, realizado

    em novembro de 2009. Agradeo a Maria Izabel Noll e a Bruno Wanderley Reis peloscomentrios e crticas feitos na ocasio, que possibilitaram o aprimoramento dotrabalho. A pesquisa, realizada sob a orientao de Fernando Azevedo, contou com ofinanciamento de bolsas do CNPq, no pas, e da CAPES, para a realizao de doutorado-sanduche junto Universidade de Salamanca, sob orientao de Manuel Alcntara Sez.Agradeo s duas instituies de fomento e ao orientador e co-orientador da tese. Oautor, nico responsvel pelas incorrees, atualmente professor adjunto de CinciaPoltica da Universidade Federal de Gois.2 Algumas referncias bsicas dessa literatura: SADER (1986), OLIVEIRA (1987),MENEGUELLO (1989), GADOTTI E PEREIRA (1989), WEFFORT (1989), KECK (1991), VIANA(1991), NOVAES (1993), AZEVEDO (1995), COUTO (1995), HARNECKER (1995), SINGER(2001), LACERDA (2002), SAMUELS (2004), COELHO (2005), LEAL (2005) E RIBEIRO (2008).

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    comparada ao conhecimento acumulado nas demais temticas algo quese repete, de resto, quando se leva em conta o panorama geral daspesquisas, em que as organizaes partidrias constituem a caixa-preta do funcionamento de nossas instituies democrticas.

    O auge do interesse acadmico sobre o PT se deu na passagemdos anos oitenta para os noventa, quando suas primeiras experinciasgovernativas forneciam matria-prima abundante aos pesquisadores, emum momento em que ainda no se havia esgotado o interesse acerca dafundao do partido. Pari passu desiluso da intelectualidade e dosmeios acadmicos com os rumos tomados pelo PT a partir do final dosanos noventa, houve um considervel esfriamento do interesse cientficopelo partido. Esse desinteresse ganhou fora com a chegada de LuisIncio Lula da Silva Presidncia da Repblica, justamente no momento

    mais crtico e repleto de transformaes da histria petista, quandonovas pesquisas se faziam mais necessrias que nunca.

    Se a abordagem organizacional no ocupa um lugar de destaquenas pesquisas sobre o PT, no se pode da inferir a existncia de umaaridez completa nesse campo. H diversas anlises que abordaram aimplantao organizativa inicial do PT em estados e municpiosespecficos3. Para alm do conhecimento segmentado das experinciassubnacionais, essas anlise fornecem insumos abundantes aos

    pesquisadores interessados em construir panoramas efetivamentenacionaisacerca do desenvolvimento inicial do partido.No entanto, em se tratando de perspectivas nacionais e

    globalizantes sobre a organizao petista, os trabalhos de Meneguello(1989) e Keck (1991), que investigaram os anos iniciais do PT, continuamsendo as referncias fundamentais. Aps essas obras seminais, forampoucos os autores que se aventuraram a reivindicar a continuidade dessatrilha como Lacerda (2002) e Ribeiro (2008). Quando a estruturainterna petista no analisada de modo apenas subsidirio, em estudos

    que tm seu foco principal sobre outro objeto, ela costuma participardos modelos analticos como uma varivel independente dadae, o que pior, const ante. Nessa imutabilidade, no raro encontrarmos, porexemplo, trabalhos que sigam apontando os ncleos de base comoelementos garantidores de participao das bases e de democraciaintrapartidria quando, trinta anos depois de sua criao, no passam

    3 Alguns dos trabalhos que abordam experincias locais e estaduais de implantao do PTso: SIMES (1992), BRAGA (1997), PEREIRA (2002), MIRANDA (2004) e FILOMENA (2006).

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    de plidos vestgios institucionais da organizao primitiva do PT(RIBEIRO, 2008: 252).

    Outro conceito bastante disseminado at pouco tempo postulavaque o PT seria imune frente a processos de oligarquizao diretiva que,

    segundo Michels (s/d), seriam inexorveis em qualquer organizao demassa. No s o discurso dos prprios dirigentes partidrios (visvel eminmeros documentos), mas tambm diversas anlises viam na estruturadecisria petista, mais desconcentrada e permevel participao dasbases, um antdoto contra a lei de ferro da oligarquia (PERES e ROMA,2002), ou um flego de resistncia contra Michels (MENEGUELLO eAMARAL, 2008).

    No entanto, a seqncia de escndalos e denncias que eclodiramem 2005, ligados ao caso valerioduto, desvelou a existncia de uma

    slida, reduzida e discricionria elite dirigente no PT nacional, deixandoatnitos muitos analistas, militantes e simpatizantes petistas. O partidoque estaria a salvo da oligarquizao parecia, agora, ser apenas mais uma confirmar os prognsticos de Michels.

    Nesse sentido, este artigo buscou testar a hiptese deoligarquizao da direo nacional do PT. Na medida em que termoscomo burocratizao, oligarquia e oligarquizao costumam serempregados com excessiva elasticidade, convm esclarecer que o

    sentido aqui mobilizado fiel s concepes de Michels (s/d): entende-se a oligarquizao como a concentrao de poderes nas mos de umareduzida aristocracia partidria, autonomizada em relao base epraticamente inamovvel, com seus membros permanecendo longosperodos de tempo nos cargos. O ponto aqui analisado diz respeito tosomente questo da imobilidade, buscando mensurar o grau depermanncia e estabilidade dos oligarcas na direo partidria, e apossibilidade de acesso de novas elites cpula.

    Para o teste dessa hiptese, foram aplicados indicadores

    operacionais bastante objetivos sendo os mais adequados, em meuentender, para a anlise do fenmeno da oligarquizao. Os ndices deWilliam Schonfeld (1980b) foram desenvolvidos especificamente paraavaliar o grau de estabilidadede dirigentes em instncias partidrias. NoBrasil, apenas Lucas (2003) valeu-se desses instrumentos, avaliandocomparativamente o grau de estabilidade dos dirigentes nos DiretriosRegionais do PT e do PMDB do Rio Grande do Sul (e suas respectivas

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    Executivas), entre 1980 e 19954. Neste artigo, os ndices foram aplicadospara todas as renovaes da direo nacional ocorridas entre a fundaodo partido, em 1980, e as ltimas eleies internas, realizadas no finalde 2007 e que elegeram dirigentes com mandatos at as eleies de

    novembro de 2009. Os ndices foram calculados para o Diretrio Nacional(DN), Executiva Nacional (CEN), e para o aqui chamado ncleoest rat gico da CEN, que rene os cinco cargos mais nevrlgicos damquina petista: presidente nacional do PT, secretrio-geral, secretriosde organizao, de finanas e de comunicao5.

    O artigo est dividido em trs partes. A prxima seo apresentaas concepes e argumentos principais que informam a lei de ferro daoligarquia de Michels, destacando suas fontes tericas e alguns outrosautores que, posteriormente, discutiram a questo. A seo seguinte

    apresenta a metodologia de clculo dos ndices, e discute os resultadosencontrados, tanto em termos de sua oscilao temporal quanto no quediz respeito s diferenas encontradas entre as distintas instncias.Dados de agremiaes da esquerda francesa, bem como do PartidoSocialist a Obrero Espaol (PSOE), so mobilizados apenas para conferiralguma dimenso de grandeza aos dados do PT sem qualquer pretensode, com isso, adotar uma perspectiva comparada, o que exigiria rigormuito maior no tratamento dos dados (alm de sua atualizao).

    Ressalvando algumas peculiaridades, as concluses defendem que o casopetista mais um a provar que, a dois anos de completar seucentenrio, a lei de ferro da oligarquia de Michels mantm-se robusta eatual.

    4 A concluso de LUCAS (2003) aponta para a oligarquizao dos rgos regionais das duasagremiaes, com altos nveis de estabilidade dos dirigentes. No caso peemedebista,trata-se de uma oligarquizao de contornos claramente elitistas, com o domnio das

    instncias por ocupantes e ex-ocupantes de cargos pblicos eletivos. O peso dosmandatrios era menor no PT gacho, em que a oligarquizao assumia um carter maisburocrtico, com o domnio de dirigentes sem participao relevante em esferasestatais. A estabilidade era maior na Executiva que no Diretrio petista, corroborando aidia de que a oligarquizao tende a se manifestar de modo mais acentuado nos rgosexecutivos do que nas instncias deliberativas.5 Esses cinco cargos so, historicamente, os postos mais estratgicos da mquina petista,tanto em termos formais como prticos. O Regimento Interno (1984: arts. 21-24; 55; 60),por exemplo, j concentrava nesses cargos as atribuies mais importantes. Prova maiorde sua posio qualitativamente superior, esses postos sempre foram os mais cobiados edisputados em cada renovao interna, constituindo o butim principal das negociaesem torno da formao das Executivas (LACERDA, 2002; COELHO, 2005; RIBEIRO, 2008).

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    Robert Michels e a questo da oligarquia

    O marco fundador da genealogia organizacional dos estudospartidrios o trabalho de Ostrogorski (1964), publicado em 19026, no

    qual o autor analisa a emergncia dos partidos modernos na Inglaterra enos Estados Unidos. Ostrogorski chega concluso de que a mobilizaomilitarizada e a insero das camadas operrias, em contextos desufrgio universal, acabariam por conduzir oligarquizao dasestruturas dos partidos. Em lugar das mquinas partidrias permanentese rgidas, com seus programas abrangentes e genricos, que tentavamdar conta de inmeros e muitas vezes conflitantes issues, Ostrogorskiprope a formao do league system: um sistema de associaes egrupos provisrios que se constituiriam para lutar por causas especficas;

    uma vez alcanado seu objetivo, a liga seria dissolvida. Esse carter detransitoriedade impediria a excessiva profissionalizao das mquinas esua transformao de at ividade-meioem atividade-fim.

    Autor pouco comentado no Brasil, Macy (1904) foi outro pioneirodos estudos sobre as organizaes partidrias. O autor imprime umcarter comparativo em sua anlise sobre as mquinas partidrias norte-americanas, confrontando as estruturas dos Partidos Republicano eDemocrata em diversos estados principalmente Massachusetts e

    Pensilvnia. O autor inovou ao destacar os estatutos e regulamentospartidrios, o carter mais ou menos personalista das direes, acentralidade do trabalho de arrecadao financeira, e os mecanismos deseleo das candidaturas. Ao vincular as diferenas encontradas nasmquinas aos distintos matizes socioeconmicos das regies em que elasse inseriam, Macy (1904) deu uma contribuio ao campo que merece sermais bem explorada.

    Embora constantemente se destaque apenas a grande influnciaexercida pela obra pioneira de Ostrogorski sobre os escritos de Robert

    Michels, o autor alemo recebeu outros importantes influxos tericos. Asreservas de Rousseau e do sindicalista francs Sorel em relao spossibilidades da democracia representativa, a sociologia de Weber, e aselaboraes dos elitistas Mosca e Pareto tambm constituram

    6 A primeira edio de Democracia e a organizao dos part idos polt icosfoi publicadaem 1902 (OSTROGORSKI, 1964). A segunda edio, revista e atualizada pelo autor, foipublicada em 1912 com o ttulo de A democracia e os part idos polt icos(OSTROGORSKI,1979). A concluso desta segunda edio foi recentemente traduzida e publicada emespanhol (OSTROGORSKI, 2008).

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    importantes fontes tericas para a concepo de Sociologia dos Part idosPolt icos, publicado em 1911 (LIPSET, 1962; COOK, 1971).

    A partir da anlise do Partido Social-Democrata Alemo (SPD) ede sindicatos operrios, Michels (s/d) afirma que qualquer organizao

    de massa tende inexoravelmente oligarquizao de sua direo e centralizao burocrtica. Essa lei de ferro da oligarquia pode, naspalavras do prprio Michels (s/d: 247), ser assim resumida: (...) aorganizao a fonte de onde nasce o domnio dos eleitos sobre seuseleitores, dos mandatrios sobre os mandantes, dos delegados sobre osque delegam. Quem diz organizao, diz oligarquia.

    Uma reduzida elite dirigente tende a concentrar os poderesdentro da organizao, confiscando a iniciativa e a participao dosmilitantes e autonomizando-se em relao ao restante do organismo

    partidrio. Essa autonomia ser tanto maior quanto mais os chefesconsigam desenvolver aquele que o maior recurso do poder elitista: acentralizao burocrtica, ou seja, a concentrao da estruturadecisria nas mos de poucos funcionrios e dirigentes remunerados pelamquina. A remunerao de dirigentes e funcionrios com dedicaoexclusiva a principal estratgia para essa centralizao burocrtica, ea elite ter mais fora e autonomia internas quanto mais a mquinapartidria se expanda e se complexifique (ibidem).

    Como os burocratas dependem financeiramente do partido e osdirigentes passam a adotar como objetivo principal a sobrevivncia daorganizao para a manuteno de suas posies de poder, o partidodeixa de ser instrumento a servio de uma causa (o socialismo, porexemplo) para se tornar um fim em si mesmo. Visando a sobrevivnciaorganizativa, o comportamento partidrio crescentementeconservador, flexvel e adaptvel ao ambiente: estratgias deenfrentamento e programas radicais so substitudos pela aopragmtica e por plataformas mais suaves e reformistas. O aparelho fica

    a servio da oligarquia e da burocracia, e no mais disposio da basee de uma ideologia. O grupo dirigente, constitudo por ex-operrios e ex-sindicalistas, se converte em uma pequena burguesia dentro da estruturapartidria, uma aristocracia do operariado: so chefes profissionais,estveis e quase inamovveis (ibidem).

    Para Michels, a lei de ferro vlida para toda e qualquerorganizao de massa, inclusive para a prpria democracia de massacomo um todo, j que o enquadramento das camadas populares e a

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    preparao das eleies tornam as organizaes imprescindveis, e estastrazem em si os germes da oligarquizao. Ele aponta a total ineficinciados mecanismos at ento tentados contra o fenmeno daoligarquizao: consultas base sob a forma de referendos, por

    exemplo, constituem campo frtil manipulao pelos chefes e pelaburocracia (ibidem: 200-203). A cadeia argumentativa do pensamento deMichels conduz, em ltima instncia, constatao acerca daimpossibilidade da democracia enquanto governo da maioria. Numaconcluso bem mais pessimista que a de Ostrogorski que via em seusistema de ligas o antdoto ideal contra as tendncias de oligarquizaoe burocratizao Michels (s/d: 243) arremata que (...) a oligarquia como que a forma preestabelecida da vida em comum dos grandesagregados sociais (...)7.

    Michels (s/d: 1 Parte, B-C) aponta dois conjuntos de causas quedeterminam a tendncia inexorvel das organizaes de massa rumo oligarquizao. De um lado, h caractersticas psicolgicas dos chefes edos seguidores. A massa politicamente imatura e irracional, enaturalmente incompetente para decidir a respeito de seus prpriosrumos, pois a conscincia crtica do indivduo anulada pela multido.Tambm passiva, indiferente e aptica em relao poltica, desejandochefes que tomem as decises em seu lugar e que se portem como heris,

    para serem adorados e venerados. Alm disso, todo delegado possui umaautoridade moral que se baseia, de um lado, na legitimidade de seucargo, eleito pela massa, e de outro, na ameaa que coloca implcita ouexplicitamente quando v riscos de suas decises no serem aceitas: arenncia a sua funo. Os lderes tambm seduzem a massa com atributosque possuem naturalmente, como oratria, fora de vontade e ativismosuperiores, firmeza de convices, superioridade intelectual, celebridadeadquirida fora do partido, entre outras caractersticas.

    O segundo conjunto de fatores o mais importante

    compreenso da inevitabilidade da oligarquia: aspectos tcnico-administrativos inerentes a qualquer organizao complexa.Fundamentado em postulados clssicos da sociologia das organizaes(ento chamada pelo autor de psicologia das organizaes), Michels(s/d: 1 Parte, A; C) constri uma srie de relaes causais que

    7 Concluso a que chegam tambm ainda que trilhando caminhos distintos Mosca ePareto, os outros pais fundadores da teoria das elites. Para uma reviso do tema, verGRYNSZPAN (1996).

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    constituem o cerne de seu modelo8. O crescimento da organizao e abusca de eficincia tornam imperativas a diviso do trabalho e aespecializao de funes. Isso leva complexificao do aparelho pormeio de processos de diferenciao horizontal (mais rgos em um

    mesmo nvel hierrquico) e vertical (mais nveis hierrquicos), o queacaba por conformar uma extensa burocracia hierarquizada, comfuncionrios especializados e remunerados para se dedicaremintegralmente s atividades partidrias. O crescimento da organizaotorna a democracia tecnicamente impraticvel, por razes bvias dedificuldade de reunio, de falta de espao etc.; assim, a delegao depoderes torna-se uma necessidade. Esses delegados eleitos so tambmremunerados pela mquina, conformando uma elite dirigente que, ao sededicar integralmente s atividades partidrias, especializa-se e

    profissionaliza-se, incrementando uma superioridade tcnica-intelectualsobre a massa que, em alguma medida, j possua antes em umprocesso de reforo circular. Os dirigentes passam a ser vistos comoindispensveis pela massa, cuja participao se reduz legitimao desuas decises por meio de referendos assemblestas. Por essa correntede relaes causais, Michels conclui que o fortalecimento da organizaoconduz formao de uma oligarquia autnoma e afastada das bases; ademocracia intrapartidria, enquanto controle dos representados sobre

    os representantes, um fenmeno impossvel

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    .Uma das principais fontes tericas de Michels, Weber foi um dosprimeiros crticos de seu trabalho. Ele repreendeu os autores quelamentavam, desde um ponto de vista moral e normativo, aconcentrao de poderes nas mos das elites partidrias, e ironizou a(...) hostilidade perfeitamente pequeno-burguesa de todos os partidoscontra os chefes, a social-democracia inclusive (...) (WEBER, 1984:

    8 Aqui, a influncia da sociologia weberiana (principalmente da sociologia da burocracia) evidente embora Michels no cite diretamente a obra de Weber. Alm do dilogoterico, os dois autores mantiveram uma relao de amizade: Weber protestoupublicamente quando Michels foi desalojado de um cargo acadmico na Alemanha porsua militncia no SPD. A esse respeito, ver LIPSET (1969).9 MICHELS (s/d) acrescenta que, como meio de combate poltico, o partido necessita deum comando unificado e forte, para atuar com eficincia e rapidez; da que certas dosesde cesarismo e centralizao so sempre necessrias.

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    1094)10. Weber justifica que a participao constitui um direito, e noum dever; na medida em que os cidados se dividem entre politicamenteativos e politicamente passivos, previsvel que os primeiros sedestaquem em relao aos demais. A partir disso, afirma ser impossvel

    acabar com o domnio dos polticos profissionais, como os que sededicam integralmente a seus partidos (ibidem: 1081-1084).Weber (1984: 1086-1087) recusa o mecanismo monocausal de

    Michels (organizao gera oligarquia), destacando a influncia exercidapelas caractersticas ambientais sobre o arranjo partidrio. Ele defendeque alteraes nos marcos institucionais podem influenciardecisivamente a distribuio do poder no interior das agremiaes aproximando-se, nesse ponto, ao que pensava Ostrogorski (1964). NaInglaterra, por exemplo, a extenso do direito de voto a partir de 1868

    foi determinante para que os principais partidos paulatinamentetransformassem suas frgeis estruturas, assentadas nos notveis, emorganismos mais fortes, baseados no sistema do caucus, mais propcio absoro das camadas populares que progressivamente se integravam aosistema poltico. Com isso, o eixo de poder da estrutura decisria dopartido se deslocou dos lderes parlamentares em direo aos homensfortes do aparato burocrtico, cada vez mais ramificado e robusto11.

    Durante mais de trs dcadas, toda a discusso a respeito das

    organizaes partidrias resumiu-se, de um lado, a crticas de cartergeral obra de Michels, e de outro, a tentativas de verificao da lei deferro da oligarquia. Eldersveld (1964), por exemplo, refuta ainexorabilidade da oligarquia ao estudar a organizao de partidos nosEstados Unidos, afirmando que, em muitos casos, configuram-seest rat arquias, com centros de poder autnomos entre si, mais do queoligarquias centralizadas.

    10

    Vale lembrar que a obra Economia e Sociedade composta por textos redigidos emdiferentes pocas. O trecho que trata especificamente da organizao dos partidos(WEBER, 1984: 1076-1094) foi escrito entre 1918 e 1919, sete ou oito anos aps aprimeira edio do livro de Michels.11 O sistema do caucusse apoiava sobre estruturas de base, como associaes locais ecomits de bairro, que atraam indivduos interessados na poltica municipal; essesrgos escolhiam delegados que iriam represent-los nas instncias superiores. Parasustentar e articular as atividades de uma mquina crescentemente capilarizada,constituiu-se uma robusta burocracia. Nessa nova organizao, os deputados passaram aseguir estritamente a disciplina partidria, enquanto os notveis locais, outrorapoderosos, foram suplantados pelos crculos de eleitores e pelos chefes da mquinaburocrtica local (WEBER, 1984: 1086-1087).

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    Apenas em 1951 outro autor viria a reivindicar diretamente acontinuidade da linhagem organizativa dos estudos partidrios. Duverger(1970) elabora de modo sistemtico uma srie de conceitos tericos einstrumentos analticos voltados ao exame das estruturas partidrias.

    Sua tipologia dos partidos, baseada nas estruturas organizativas dasagremiaes, a classificao que mais influncia exerceu sobre essecampo da Cincia Poltica. A partir de anlises histrico-comparativas departidos da Europa ocidental, Duverger constri trs tipos ideais deorganismos partidrios: partido de quadros, partido de massa e o partidoleninista de vanguarda. diferena de Michels, Duverger (1970) v nosmecanismos modernos de enquadramento das camadas populares desenvolvidos sobretudo nos partidos de massa socialistas e social-democratas os antdotos contra as toxinas da prpria democracia, j

    que possibilitariam processos de seleo e formao de quadros, eligaes mais estreitas entre a base e seus dirigentes. Como essespartidos complexos so os mais adequados estrutura macia dasociedade moderna, refut-los seria decretar tout court aimpossibilidade da democracia no sculo vinte.

    No incio dos anos oitenta Panebianco (1995) assumiu acontinuidade dessa linhagem organizacional12, construindo um modeloesquemtico de transformao institucional dos partidos polticos.

    Partindo do pressuposto de que os partidos (...) so, sobretudo,organizaes, e a anlise organizativa deve, portanto, preceder aqualquer outra perspectiva (PANEBIANCO, 1995: 14), o autor adaptouao exame dos partidos polticos vrios instrumentos terico-analticosprovenientes da teoria das organizaes complexas.

    Panebianco (1995) rejeita o que chama de processo desubst it uio dos f ins, subjacente lei de ferro de Michels: os objetivosoficiais originais do partido seriam paulatinamente substitudos pelosobjetivos reais, ligados autoconservao organizativa; aqueles se

    tornariam, ento, apenas um vu ideolgico ocultando os fins reais. Emlugar dessa concepo, o autor prope o processo de art iculao dosfins. De um lado, os objetivos originais so sucedidos por outrosobjetivos oficiais, mais brandos e atenuados como o reformismosocialista ou a radicalizao da democracia. Geralmente resultantede processos adaptativos ao ambiente eleitoral, essa suavizao seprocessa ao conferir maior impreciso s metas oficiais, que passam de

    12 A primeira edio da obra foi publicada em 1982.

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    ideologia manifesta a ideologia latente. Esses fins oficiais atenuados so,por sua vez, articulados com objetivos de sobrevivncia, preservao efortalecimento da organizao partidria per se (ibidem: 51-52). Nesseprocesso de articulao, (...) as estratgias selecionadas, pragmticas e

    reformistas, garantem a estabilidade organizativa sem tirar, entretanto,demasiada credibilidade da tese de que se segue trabalhando paraalcanar os fins oficias (ibidem: 53). A manuteno de uma ideologia,mesmo que latente (implcita), tem como principal funo internaalimentar as lealdades organizativasdos membros do partido, por meioda distribuio de incentivos de pertencimento e de solidariedade, ouseja, incentivos coletivos de identidade (ibidem).

    Panebianco (1995: 54-55; 81) recusa a oligarquizao enquantoevoluo irresistvel das organizaes partidrias, rejeitando, assim, a

    inexorabilidade da lei de ferro. Ele assinala que a liberdade de ao daelite partidria ser tanto maior quanto forem insubstituveis os incentivoscoletivos e seletivos distribudos aos militantes. Para o autor, como ospartidos socialistas e social-democratas integravam principalmente (demodo tpico) camadas populares e operrias, e de classe mdia-baixa,seus militantes possuam poucas fontes alternativas de identidade,sociabilidade, emprego, status e ascenso social, tornando a carreira noaparato partidrio altamente atrativa. Da advinha a tendncia,

    largamente verificada nesses partidos de massa ao longo do sculo vinte, passividade e deferncia dos militantes em relao direo, que assimse convertia em oligarquia. Nos partidos burgueses, os adeptos, deextrao mdia e alta, dispunham de vrios canais alternativos demobilidade social e de pertencimento, fora do mbito partidrio; da adificuldade da direo em exercer um controle rgido sobre um partido dequadros, com notveis arredios a comandos mais firmes.

    Cabe, aqui, uma breve crtica definio de oligarquia cunhadapor Panebianco. O autor afirma que o que caracteriza as oligarquias o

    fato de serem, ao mesmo tempo, capazes de (...) resistir com xito spresses que surgem desde a base para substitu-las, e incapazes dedirigir o partido (...) convertem-se em prisioneiras das exigncias daorganizao (ibidem: 56-57, nota 70). Essa definio se ope prpriateoria dos incentivos do autor, exposta acima, alm de se chocarnitidamente contra a teoria de Michels, que caracteriza a oligarquiacomo um pequeno crculo dirigente amplamente autnomo em relao base, com grandes poderes discricionrios. Na medida em que

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    Panebianco situa a oligarquizao em funo do carter mais ou menosinsubstituvel dos incentivos fornecidos aos militantes, pareceincongruente definir a oligarquia como um crculo de dirigentes cujasaes so manietadas pela base. Ou os partidos de esquerda de massa do

    sculo vinte no eram oligarquizados contrariando o prprio autor e oque se sabe a respeito do tema; ou eles nunca integraram as camadasoperrias idem; ou eles integraram essas camadas, e a teoria dosincentivos de Panebianco que no possui sentido.

    Trata-se, a meu ver, de um problema somente na definio dePanebianco, que contraria a prpria essncia da lei de ferro daoligarquia. Mais do que apontar filigranas conceituais, essa discussopossui, como veremos na seqncia do artigo, importantes implicaesno caso da oligarquizao do Partido dos Trabalhadores.

    A oligarquizao cirrgica do PT

    So vrios os fatores que determinam o grau de renovao ou, nosentido inverso, de estabilidade dos dirigentes de uma instncia departido poltico. Como principais, devem ser destacados13:

    a) as normas estatutrias quanto permanncia dos dirigentes;b) o padro de competio conformado pelo arranjo intrapartidrio,

    em duas dimenses: a incluso dos filiados nos processos de renovao e ainstitucionalizao dos conflitos internos. Quanto maiores forem os nveisde inclusividade e liberalizao, maior ser a possibilidade de oposiointerna real, maior ser a imprevisibilidade do processo, e maiores sero aschances de renovao em cada disputa interna;

    c) a configurao interna de foras. Uma elevada volatilidadeeleitoral interna, uma grande quantidade de faces, e a ausncia deuma maioria slida tornam o ambiente eleitoral mais instvel, complexoe incerto, deixando abertas diversas combinaes possveis para a

    formao de coalizes dominantes. Obviamente, a dissoluo de umgrupo majoritrio e a formao de uma nova coalizo tendem a geraraltos ndices de renovao;

    d) presses ambientais, principalmente as oriundas da arenaeleitoral. No s as derrotas, mas tambm avanos eleitorais (um rpidocrescimento ou a conquista do governo nacional) podem conduzir substituio dos lderes do partido.

    13 A partir dos modelos tericos de Panebianco (1995) e Schonfeld (1980a; 1980b).

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    Vejamos os fatores institucionais. O regulamento do PT semprecolocou poucas restries, e bastante brandas, para frear o continusmode dirigentes nas Executivas. O filiado pode ser membro de uma mesmaExecutiva por at quatro mandatos consecutivos, ou duas gestes

    seguidas em um mesmo cargo (ESTATUTO, 2001: art. 31)14

    .Em relao ao arranjo institucional interno, a literatura clssicasobre o PT j apontava o alto grau de inclusividade dos filiados nosprocessos de renovao diretiva (MENEGUELLO, 1989; KECK, 1991). Tantoo sistema representativo, baseado no envio de delegados aos EncontrosNacionais (ENs), quanto o mecanismo de eleies diretas (Processo deEleies Diretas PED), implantado a partir da aprovao do novoestatuto, em 2001, conferem ao filiado petista canais regulados parainfluenciar decisivamente a renovao das direes. Quanto

    institucionalizao dos conflitos internos, consensual entre os analistas aconstatao da existncia de uma arena eleitoral interna competitiva, quepermite s elites petistas uma disputa regulada pelos cargos de direo e,assim, pelo controle do partido (LACERDA, 2002; RIBEIRO, 2008).

    Em termos institucionais, portanto, os principais fatores exceo da ausncia de restries continuidade dos dirigentes conformam uma expectativa de elevados nveis de renovao dasinstncias petistas ao longo do tempo suposio que caminha no

    sentido contrrio da hiptese de oligarquizao.Partindo de uma slida discusso terica acerca da lei de ferro deMichels, Schonfeld (1980a; 1980b) elabora indicadores operacionaisvoltados especificamente mensurao de fenmenos de oligarquizaopartidria. No caso aqui em anlise, o clculo das taxas foi feito, paracada rgo (DN, CEN e ncleo da CEN15), comparando-se a composioCt resultante de determinada renovao (em Encontro Nacional ouPED), com a composio escolhida na renovao imediatamente anterior

    14 A norma foi originalmente aprovada no I Congresso do PT. Ver: Part ido. Resolues doI Congresso Nacional, So Bernardo do Campo, 1991, p. 538 do REC (Resolues deEncont ros e Congressos).15 A opo de estender a anlise ao ncleo da CEN, uma instncia informal e com poucosmembros, se alicera no prprio SCHONFELD (1980b), que aplica os ndices para avaliaros Secretariados Nacionais do Partido Socialista Francs (PSF) e do Partido Comunista daFrana (PCF). Tanto para os socialistas como para os comunistas, trata-se dos seis ousete cargos nacionais mais estratgicos, com ampla influncia sobre a mquina.

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    Ct-1, e que encerrava sua gesto16. Os ndices, seus significados e suasmetodologias de clculo so descritos no Quadro 1.

    Quadro 1 Indicadores de oligarquizao: os ndices de Schonfeld

    ndice e frmulaPerguntarespondida

    Observaes

    1) Renovao simples =

    est reantes

    NCt

    onde NCt expressa o total

    de postos da composio

    recm-eleita.

    Do total de membros

    de Ct, quantos (%)

    integram a instncia

    pela primeira vez?

    2) Renovao da elit e =

    nova eli t e

    NCtonde nova elite a

    diferena entre estreantes

    e estreantes de elite.

    Do total de Ct, qual a

    proporo de

    membros (%) que,

    alm de nunca ter

    integrado a instncia,tampouco exerceram

    mandatos eletivos

    relevantes fora do

    partido?

    So subtrados dos estreantes

    aqueles que j haviam exercido

    alguma funo relevante fora do

    partido. Esses estreantes de

    elite so deputados estaduais e

    federais, senadores,

    governadores e prefeitos, e os

    ex-ocupantes desses cargos. Arenovao da elite mensura a

    chegada de membros

    efetivamente novos direo

    nacional, ou seja: a formao e

    acesso de novas elites

    partidrias. (Sempre: ndice 1

    ndice 2)

    3)Acrscimo de vagas = NCt

    - NCt-1

    NCt-1

    Qual foi a variao

    percentual daquantidade de vagas

    entre NCt - NCt-1?

    Calculado sempre em relao composio que ento terminava

    o mandato (Ct-1).

    4) Renovao inercial =

    # ,

    Da taxa de renovao

    simples, quanto (%)

    deve ser atribudo ao

    Visa descontar o efeito do

    aumento do efetivo do rgo,

    que gera uma espcie de

    16 As alteraes efetuadas na Executiva (e no seu ncleo) nos intervalos inter-Encontrosforam ignoradas.

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    est reantes

    onde # representa o

    acrscimo de vagas, em

    termos absolutos

    simples aumento da

    quantidade de vagas

    da instncia?

    renovao inercial: novos

    membros so integrados, sem

    que os antigos tenham deixado a

    instncia. (Se # 0, taxa = 0%).

    5) Taxa de permanncia =reeleitos

    NCt

    Do total de membros

    de Ct, quantos (%) j

    integravam Ct-1?

    Mede a taxa de reeleio dosmembros, sempre em

    comparao com a composio

    imediatamente anterior.

    6) Subst it uio simples =

    (est reantes + retornantes) -

    # ,

    NCt

    onde retornantesso

    aqueles dirigentes que,

    embora no estando em Ct-

    1 , j haviam participado da

    mesma instncia

    anteriormente.

    Do total de Ct, qual a

    proporo (%) de

    cadeiras em que

    houve troca de

    membros em relao

    a Ct-1?

    Mede a substituio total entre

    Ct e Ct-1, agregando tanto os

    estreantes quanto os que

    retornam instncia depois de

    um perodo de ausncia, e

    descontando-se o peso inercial

    do aumento de vagas. ndice

    capta, assim, o efeito do rodzio

    de dirigentes. (NCt =reeleitos +

    estreantes + retornantes).

    7) Subst it uio da eli t e =(nova eli t e + retornantes) -

    #

    NCt

    De total de Ct, qual a

    proporo (%) de

    cadeiras em que

    houve troca demembros em relao

    a Ct-1, descontando-

    se os estreantes que

    j haviam exercido

    cargos eletivos

    relevantes?

    Igual ao anterior,

    desconsiderando-se os

    estreantes identificados comoelite (como em 2). Mede a

    substituio da velha pela

    nova elite partidria.

    (Sempre: ndice 6 ndice 7)

    Fonte: Schonfeld (1980b: 481-483).

    A tabela seguinte apresenta os dados referentes ao DN e CEN doPT. Os ndices so expressos em taxas percentuais; os demais valoresreferem-se s quantidades absolutas de integrantes. Em virtude dadificuldade de se obter informaes biogrficas precisas sobre ascentenas de membros que j ocuparam cadeiras no DN, os ndices derenovao e de substituio da elite (2 e 7 do quadro) s foramcalculados para a CEN. Para o ncleo da CEN (examinado mais frente),foi calculada apenas a taxa de permanncia.

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    Tabela 1 Modificao dos membros do DN e da CEN do PT (1980-2007)

    Quantidades de membros Acrscimo vagas

    Ano de

    formao

    DN

    N #

    Reeleito

    s

    Estreant

    es

    Retornant.

    1- renov.simples

    3- var. % 4- renov.inercial

    5- taxa depermanncia

    6- substit.simples

    1984 67 -25 27 40 0 60 -27 - 40 97

    1986 81 14 38 39 4 48 21 36 47 36

    1987 80 -1 44 32 4 40 -1 - 55 46

    1990 82 2 39 37 6 45 3 5 48 50

    1993 82 0 39 35 8 43 - - 48 52

    1995 84 2 36 37 11 44 2 5 43 55

    1997 83 -1 41 38 4 46 -1 - 49 52

    1999 88 5 45 34 9 39 6 15 51 43

    2001 81 -7 46 22 13 27 -8 - 57 52

    2005 82 1 30 36 16 44 1 3 37 62

    2007 82 0 39 31 12 38 - - 48 52

    Mdia 81 - 39 35 8 43 - - 47 54

    Quantidades de membros Renovao Acrscimo vagas Substituio

    Ano de

    formao

    CEN

    N #Reeleitos

    E

    streantes

    Novaelite*

    Re

    tornantes

    1

    -simples

    2

    elite*

    3-

    variao%

    4

    -renov.

    Inercial

    5-taxade

    permanncia

    6

    -simples

    7

    elite*

    1984 18 0 9 7 6 2 39 33 - - 50 50 44

    1986 19 1 15 3 3 1 16 16 6 33 79 16 16

    1987 19 0 11 6 4 2 32 21 - - 58 42 32

    1990 19 0 10 8 5 1 42 26 - - 53 47 32

    1993 19 0 7 10 5 2 53 26 - - 37 63 37

    1995 18 -1 5 5 3 8 28 17 -5 - 28 78 67

    1997 19 1 7 5 3 7 26 16 6 20 37 58 47

    1999 18 -1 10 8 5 0 44 28 -5 - 56 50 33

    2001 19 1 8 6 4 5 32 21 6 17 42 53 42

    2005 19 0 5 10 5 4 53 26 - - 26 74 47

    2007 19 0 10 5 1 4 26 5 - - 53 47 26

    Mdia 19 - 9 7 4 3 35 21 - - 47 53 38

    Fonte: ndices calculados a partir de documentos do PT que trazem as composies da CEN e do DN

    a cada renovao interna. No foram computados os lderes no Congresso. * Considerados

    estreantes de elite na CEN: deputados estaduais e federais, senadores, governadores e prefeitos,

    e os ex-ocupantes desses cargos. Eles foram identificados a partir de levantamento biogrfico nas

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    seguintes fontes: documentos do partido, imprensa partidria, informaes da Cmara e do Senado

    federais, bibliografia sobre o PT. Em alguns casos, houve contato direto com o prprio (ex)

    dirigente, via correio eletrnico.

    Os dados permitem diversas interpretaes, levando em conta umindicador especfico ou as inmeras possibilidades de cruzamento entredois ou mais deles. A apresentao dos nmeros absolutos empregadosnos clculos visa disponibilizar a outros pesquisadores os dadosnecessrios para a construo de indicadores alternativos, ou para aelaborao de suas prprias concluses. A seguir, so analisados apenasos aspectos mais diretamente relacionados aos objetivos do artigo.

    1 - Em primeiro lugar, confirma-se a previso de elevadas taxasde renovao das instncias nacionais do PT, quando em comparaocom outras agremiaes. A taxa de permanncia mdia do DN, de 47%, bem menor que a do Partido Socialista Francs (PSF), cujo Comit Directeur (equivalente ao DN) apresentou uma taxa mdia de reeleiode seus dirigentes na casa dos 70% (SCHONFELD, 1980b: 484)17. A taxamdia de permanncia da CEN menor que a do Bureau Excut ifdo PSF,e do que a taxa mdia da ComisinEj ecut iva Federal do PSOE ambasacima de 60% (ibidem: 485; MNDEZ LAGO, 2000: 132)18. Se a proporode dirigentes petistas que se reelegem menor, ser maior,

    obviamente, a taxa de substituio simples dos membros. A cadarenovao do DN e da CEN, mais da metade das cadeiras (54% e 53%,respectivamente) so, em mdia, trocadas. As taxas mdias desubstituio simples do Comit Directeur e do Bureau Excutif do PSFforam de 23% e 37%, respectivamente, enquanto as do Comit Central(deliberativo) e do Bureau Poli t ique (executivo) do Partido ComunistaFrancs (PCF) ficaram na casa dos 12%. Os ndices de renovao simples,que medem a incorporao de estreantes s instncias, so muitosimilares para o PT e o PSF: ao redor dos 45% no rgo deliberativo, e

    dos 35% no executivo ambos muito superiores s taxas mdias derenovao do PCF, que ficaram em 18% e 16%, respectivamente. O ndicede substituio da elite tambm mais favorvel CEN do PT, commdia de 38%, do que ao Bureau Excutif do PSF, com mdia de apenas21% (SCHONFELD, 1980b: 484-485; 501).

    17 Todas as taxas do PSF e do PCF so referentes ao perodo entre 1967 e 1979.18 Os dados do PSOE, obtidos em MNDEZ LAGO (2000: 132), abrangem as renovaesentre 1976 e 1994.

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    Os dados dos outros partidos, embora desatualizados, conferemcerta dimenso de grandeza aos nmeros do PT; sem balizas, ficariadifcil definir se determinado ndice de renovao alto ou baixo.Nesse sentido, significativo que, a cada renovao do DN, 35

    integrantes sejam, em mdia, estreantes no rgo, de um total deaproximadamente 80. Da mesma forma, a mdia histrica de um terode estreantes entre os 19 integrantes da CEN no nada desprezvel.Nas mdias de ambas as instncias, a cada eleio interna menos dametade dos membros se reelegem, e a maioria das cadeiras trocada.Em suma, o PT conservou, ao longo desses quase trinta anos, umasignificativa capacidade de gerao e incorporao de novos membros.Sua mquina apresenta canais que permitem a efetiva ascenso dedirigentes para a cpula nacional. No total, entre 1980 e 2007, 122

    dirigentes passaram pela CEN, e 473 pelo DN. Comparado a partidos deesquerda centenrios, altamente enrijecidos, o PT ainda umaagremiao mais arejada e permevel.

    2 - O segundo ponto a se destacar que o Diretrio Nacional mais permevel a dirigentes est reantes do que a Execut iva. Esse achadovai ao encontro das concluses de Lucas (2003) acerca das instncias doPT gacho. O grfico abaixo traz a evoluo da taxa de renovaosimples das duas instncias. Quase sempre, o DN oferece mais espao a

    membros estreantes do que a CEN.Grfico 1 Renovao simples no DN e na CEN: acesso dos estreantes

    mdia DN

    mdia CEN

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    1984 1986 1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001 2005 2007

    em

    %DN

    CEN

    Fonte: elaborao a partir dos dados da Tabela 1.

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    Trs fatores ajudam a explicar o fenmeno. O tamanho reduzidoda CEN concede menor margem incorporao de novos membros. Poroutro lado, o imperativo de um mnimo de continuidade nas tarefasexecutivas , por definio, um impulso importante permanncia dos

    membros entre uma gesto e outra. Por fim, a Executiva Nacional tendea abrigar as lideranas petistas de maior capital poltico, constituindouma barreira informal que impede muitos militantes de superarem essedegrau final, passando do DN para um cargo na CEN (RIBEIRO, 2008).

    3 - O grfico anterior indica que as taxas de renovao da CENoscilam bem mais, e de modo mais brusco, que as do DN, que tendem avariar, exceo de alguns pontos de pico, ao redor da mdia. Esse no um caso isolado. Seja qual for a taxa considerada, o DN possui fluxosrelativamente estveis de substituio e incorporao de integrantes

    (novos ou retornantes), enquanto a CEN muito mais sensvel soscilaes da correlao interna de foras, refletindo as turbulncias econflitos pelo controle da direo nacional do PT. O grfico seguinteapresenta as taxas de substituio simples das duas instncias.Excetuando-se a primeira renovao, em 198419, os valores do DN sesituam ao redor da mdia (54%), enquanto os da CEN (mdia de 53%)acompanham as disputas internas, com picos em 1993, 1995 e 2005 trsmomentos de crise interna, com mudana da coalizo dominante que

    ditava os rumos do partido (LACERDA, 2002; COELHO, 2005; RIBEIRO,2008). Pode-se creditar essa associao necessidade que as coalizespossuem, em momentos de troca de guarda, de ocupar os principaiscargos na Executiva, afastando os militantes que compunham o antigoncleo dirigente.

    19 O valor de 97% de substituio no DN deve-se, em primeiro lugar, diminuio donmero de vagas, de 92 para 67, distorcendo o valor da taxa. Mas, de qualquer modo,apenas 27 dos 92 membros eleitos em 1981 foram mantidos na instncia em 1984. Deveser destacado que alguns dos militantes que participaram dos primeiros processos decriao do partido abandonaram o projeto nesse intervalo de trs anos, principalmenteaps os resultados eleitorais de 1982. Outros enxergaram nos resultados eleitorais umamensagem da necessidade de uma volta s bases, deixando em segundo plano aatuao no partido. A formao da Articulao em 1983 tambm desempenhou seupapel. Muitos dos seus fundadores ingressaram no DN somente em 1984. A ocupao deespaos era vital na estratgia de confrontar as tendncias de esquerda (KECK, 1991;RIBEIRO, 2008).

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    Grfico 2 Substituio simples no DN e na CEN: troca de cadeiras

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    1984 1986 1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001 2005 2007

    em%

    DN

    CEN

    Fonte: elaborao a partir dos dados da Tabela 1.

    O contexto interno de disputa, bem como o calendrio eleitoralexterno, explicam grande parte das oscilaes verificadas na CEN. 1986(4 Encontro Nacional) marca as menores taxas de substituio erenovao em todo o perodo, e o maior ndice de permanncia. Aps osbons resultados colhidos nas eleies de 1985, a viabilidade do PT haviadeixado de ser questionada. A liderana da Articulao, relegitimadacomo maioria no 4 EN, tratou de manter na Executiva (majoritria) seusnomes de maior expresso20; apenas trs novos membros foramincorporados. Nas renovaes seguintes verifica-se um padro ditadopelo calendrio eleitoral. Dirigentes saem da CEN para disputar e/ouassumir cargos eletivos, enquanto outros retornam aps o trmino deseus mandatos e/ou derrotas eleitorais. o efeito rodzio.

    Os picos de substituio de dirigentes na CEN, em 1993, 1995 e2005, esto completamente atrelados s disputas internas. Em 1993, a

    vitria da esquerda petista no 8 EN resultou na ascenso de novascaras ao comando petista Luci Choinacki, Jos Luiz Fevereiro, LauroMarcondes, Tatau Godinho, Arlete Sampaio e Sonia Hyplito, alm de RuiFalco. O desgaste da direo anterior incentivou alguma renovao naprpria Articulao: Jos Dirceu, por exemplo, afastou-se da instncia. Aaplicao indita da cota de gnero (de 30%) explica o grande nmero de

    20 Lula, Djalma Bom, Luiz Dulci, Jac Bittar, Francisco Weffort, Clvis Ilgenfritz, HlioBicudo e Perseu Abramo foram alguns dos dirigentes reeleitos.

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    mulheres. Somados, esses fatores geraram taxas elevadas de renovao(a maior da srie) e de substituio simples na CEN (LACERDA, 2002;COELHO, 2005; RIBEIRO, 2008).

    Dois anos depois, no 10 EN, a Articulao retomou o controle do

    PT; aliando-se Democracia Radical, selou uma unio que seriaconhecida, posteriormente, como o Campo Majori t rio do partido. Ataxa de substituio simples na CEN foi a maior de toda a srie (78%),enquanto a de renovao simples foi uma das menores (28%). Essadiscrepncia est ligada s tenses do 10 EN, e ao impasse que seseguiu. Apenas cinco dirigentes efetivamente novos ascenderam CEN,enquanto oito importantes lderes da Articulao foram chamados devolta, com destaque para vrios parlamentares e ex-parlamentares,alm de Dirceu, eleito presidente nacional do PT para a primeira de suas

    quatro gestes. Lideranas decisivas na conformao da nova maioriainterna tambm foram integradas, como Jos Genoino, Marina Silva eCndido Vaccarezza (os dois ltimos eram estreantes). Mas o fatorprincipal que impulsionou uma troca de cadeiras to elevada foi oimpasse entre a Articulao e as correntes de esquerda na formao daCEN. Epicentro do giro direita, Vaccarezza foi alado ao cargo desecretrio geral do PT, mesmo sob a oposio ferrenha das correntes deesquerda, que reivindicavam o posto para o deputado federal Arlindo

    Chinaglia (ento membro da Art iculao de Esquerda). Como a novacoalizo no abriu mo do cargo, criou-se o impasse. Nessa situao devetos mtuos, a CEN foi formada com critrio majoritrio, e a esquerdapetista ficou fora da instncia at janeiro de 1997, quando finalmenteindicou seus membros para o rgo (LACERDA, 2002; COELHO, 2005;RIBEIRO, 2008).

    A partir de 1995 o PT viveu sob a forte liderana de Jos Dirceu;a era Campo Majoritrio s seria abalada com a crise do valerioduto,em 2005. Nesse intervalo de dez anos, uma renovao controlada no

    interior do Campo Majoritrio trouxe progressivamente cpula petistadirigentes com ampla carreira na mquina (todos ligados a Dirceu).Delbio Soares ingressou na CEN em 1995, Slvio Pereira e Marcus Floraem 1999, Mnica Valente, Gleber Naime e Marcelo Sereno no incio dogoverno Lula.

    Representantes de novas faces centristas foram tambmprogressivamente incorporados CEN, naquela que foi a principalestratgia da liderana do Campo Majoritrio para manter o controle

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    partidrio: incentivar cises nas correntes esquerdistas em troca decargos na mquina (RIBEIRO, 2008). Tendncias como Movimento PT, PTde Lut a e de Massas, Novos Rumos, entre outras, foram surgindo nessesanos reunindo dissidentes da esquerda e agrupamentos marginais que se

    desprendiam do prprio Campo Majoritrio, como estratgia dereposicionamento interno (se na grande coalizo governante possuampouco espao, como lderes de correntes de centro poderiam exercer opapel de fiel da balana na construo de maiorias). Gerou-se, com isso,uma renovao tpica de partidos em que a coalizo governante se apiaem processos de cooptao interna para manter sua coeso: umarenovao lenta, limitada e contnua, que no afeta a estabilidadeorganizacional (PANEBIANCO, 1995: 467).

    A respeito dessa questo, vale resgatar uma clssica definio

    elaborada por Selznick (1978: 93), que concebe a cooptao como umprocesso de ... absoro de novos elementos na liderana ou estruturade decises polticas de uma organizao, como meio de evitar ameaas sua estabilidade ou existncia. Absorvendo ncleos de poder de elitesalternativas que tm potencial de desafiar a maioria dirigente, acooptao funciona como mecanismo de ajuste s presses internas, pormeio do qual se garante a estabilidade da coalizo dominante e daprpria organizao. Sob controle, os elementos cooptados deixam de

    ameaar o domnio da coalizo sobre as reas decisrias mais sensveis(ibidem). Assim, na era Campo Majoritrio as taxas de substituioforam mais elevadas na CEN do que no DN, como resultado daincorporao desses novos membros, alm do efeito rodzio, bastanteforte no perodo (principalmente parlamentares).

    As eleies diretas de 2005 marcam novos picos nas taxas desubstituio e renovao simples, tanto na CEN quanto no DN. A maioriados membros eleitos para a CEN chegava instncia pela primeira vez.Esses elevados nmeros refletem uma renovao em trs tempos.

    Primeiro, vrios lderes saram do comando do partido para assumircargos no governo Lula em 2003-200421. No auge da crise do valerioduto(junho de 2005), outros integrantes da elite do Campo Majoritrio foramafastados. Por fim, o PED 2005 ratificou a ascenso de novas figuras

    21 Como Ricardo Berzoini, Dirceu, Luiz Dulci, Marina Silva, Humberto Costa e Benedita daSilva.

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    cpula petista, como Maria do Rosrio, Valdemir Garreta e Jilmar Tatto importantes na formao de maiorias a partir de ento22.

    J no PED 2007 o movimento foi inverso, principalmente naExecutiva Nacional. Poucos foram os estreantes, e mais da metade dos

    dirigentes permaneceu no rgo, gerando taxas reduzidas de renovaoe de substituio simples. Alm do pouco tempo transcorrido entre umaeleio e outra, tambm pesou para a elevada continuidade o controleestrito do processo eleitoral exercido pelos grupos mais prximos aogoverno Lula, visando afastar as possibilidades de surpresas e melhorar aimagem partidria aps dois anos de seguidos escndalos.

    4 Vale destacar tambm que, cada vez mais, os est reantes quechegam CEN j so membros da elit e pet ist a, principalmenteparlamentares e ex-parlamentares. A lacuna entre as taxas de renovao

    simples e da elite tem sido crescente, o que aponta para um peso cadavez maior dos estreantes de elite nessa renovao. Aps a ltimaeleio interna, em 2007, um nico dirigente pde ser classificado comoestreante autntico na CEN; os demais eram ocupantes ou ex-ocupantes de cargos eletivos relevantes fora da mquina. No grficoseguinte, a linha inferior representa o acesso de uma nova elite Executiva (estreantes que nunca haviam ocupado cargos eletivosrelevantes fora do PT), enquanto a linha superior ilustra a renovao

    total (incluindo estreantes de elite e no-elite). Entre elas, a reasombreada representa o peso dos mandatrios e ex-mandatrios narenovao.

    22 A elevada renovao em ambas as instncias tambm reflete a migrao de algumascorrentes de esquerda para o PSOL, aps os resultados do PED 2005.

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    Grfico 3 Renovao simples e da elite na CEN: o peso dos parlamentares

    peso da elite

    renov. da elite

    (nova elite)

    renov. simples

    0

    10

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    30

    40

    50

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    1984 1986 1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001 2005 2007

    em%

    Fonte: elaborao a partir dos dados da Tabela 1.

    Esse achado vai ao encontro da tendncia, apontada por diversosautores, de parlamentarizaodas cpulas dos partidos contemporneos(KATZ e MAIR, 1995; 2002; VAN BIEZEN, 2000). Os parlamentarescontrolam fontes abundantes de incentivos coletivos e seletivos, quepodem ser mobilizados em prol de suas respectivas tendncias internas:

    contratao de militantes para os gabinetes, utilizao de publicaes aservio da faco, contribuio com parte do salrio, divulgao doprograma da corrente dentro e fora do partido etc. Valendo-se do centrode poder representado pelo mandato, o parlamentar petista constantemente relegitimado na liderana de sua corrente, ficando emposio privilegiada para, caso deseje, permanecer longos perodos detempo nas principais instncias partidrias ou sair e voltar conformesua sorte eleitoral. A liderana perante a faco se transforma, assim,em posio privilegiada no partido como um todo (LEAL, 2005; RIBEIRO,2007). Com isso, parlamentares e ex-parlamentares de todos os nveisocupam espaos cada vez mais amplos na cpula do PT, ora na condiode estreantes, ora como retornantes.

    5 Por fim, a Tabela 1 e o Grfico 2 apontam uma tendncia dedeclnio das taxas de substituio de dirigentes aps 1995, tanto para oDN quanto para a CEN. A taxa de renovao do DN tambm decresceseguidamente nesse perodo. J a mdia de renovao da elite, na CEN, maior para o perodo 1980-1993 do que para o intervalo 1995-2007. O

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    grfico seguinte indica que 1995 representa o ponto de inflexo nastaxas de reeleio dos dirigentes: em queda at ento, apresentamtendncia de alta a partir do 10 EN. Esses dados sugerem umatendncia de maior estabilidade dos dirigentes na era Campo Majoritrio

    (1995-2005).

    Grfico 4 Taxa de permanncia dos dirigentes no DN e na CEN

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

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    1984 1986 1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001 2005 2007

    em%

    DN

    CEN

    Fonte: elaborao a partir dos dados da Tabela 1.

    Os dados vistos at aqui so suficientes apenas para indicar umprocesso de oligarquizao da direo nacional. As peculiaridades dofenmeno no caso petista ficam evidentes quando se examina o ncleoestratgico da CEN (os cinco cargos-chave). Como mostra o grficoseguinte, as taxas de permanncia dos dirigentes nesse ncleo foramelevadssimas nas renovaes de 1997, 1999 e 2001.

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    Grfico 5 Taxa de permanncia dos dirigentes no ncleo da CEN

    mdia

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    1984 1986 1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001 2005 2007

    em%

    Fonte: ndice calculado a partir de dados compilados em documentos oficiais do

    PT, que trazem todas as composies da CEN. Ncleo da CEN: presidente,

    secretrios de organizao, de finanas, de comunicao e geral.

    O processo de oligarquizao, levemente indicado pelas taxas daCEN e do DN, mais claro quando se refina a anlise. No PT, a lei deferro de Michels assumiu contornos peculiares, numa espcie de

    oligarquizao cirrgica, j que afetou principalmente os cargosestratgicos da mquina, centrais no controle das zonas de incerteza dopartido. A oligarquizao o resultado previsvel de um perodo em quea coalizo dominante desfruta de elevada coeso (PANEBIANCO, 1995:316-323). Esse foi o caso do Campo Majoritrio entre 1995 e 2005, comsua coeso alimentada por processos internos de cooptao de dirigentes(RIBEIRO, 2008).

    Delbio Soares, tesoureiro entre 1999 e 2005 (secretrio sindicalentre 1995 e 1999); Slvio Pereira, secretrio de organizao entre 1999

    e 2003, e secretrio geral entre 2003 e 2005; e Ozas Duarte, secretriode comunicao entre 1997 e 2004, foram os principais dirigentes quecompuseram uma mini-oligarquia burocrtica, que ditou os rumos do PTno perodo. Comum a esses homens de partido, a carreira no aparato,o desinteresse por cargos eletivos externos, a dedicao integral ao PT,e a ampla discricionariedade com que conduziram a mquina. Eramburocratas legitimados no sistema poltico interno, j que indicados porchapas que, acima de tudo, foram referendadas seguidamente pela

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    base. O accountability interno desses oligarcas , no entanto, pfio, jque os delegados (ou filiados, a partir da implantao do PED) votam nachapa, e no nos candidatos a tesoureiro ou a secretrio de organizao.Mais que base, ao lder da faco que eles devem lealdade, pois dele

    depende sua reconduo ao cargo (PANEBIANCO, 1995: 426). Somente oterremoto interno provocado pelos escndalos de 2005 teria forasuficiente para quebrar esse ncleo burocrtico.

    Concluses

    A era Campo Majoritrio (1995-2005) foi marcada, desde seuincio, pelo signo da cooptao. A maioria interna foi retomada, em1995, cooptando-se lideranas da Articulao de Esquerda, que liderara

    a guinada esquerdista de dois anos antes, no 8 Encontro Nacional. Acoeso e a estabilidade da nova coalizo dominante seriam mantidas ereforadas com a mesma estratgia nos anos seguintes. A estratgia foito eficaz que, a partir do final da dcada de noventa, passou a produziruma espcie de gerao espontnea de novas faces. Frente a umncleo dirigente monoltico, a nica estratgia vivel de acesso a postospartidrios era a criao de novos agrupamentos, para oferecer-se cooptao pelo ncleo central. Ao longo desses dez anos, a

    fragmentao do sistema poltico e a coeso do ncleo dirigentepossuam uma relao perfeitamente simbitica.O Campo Majoritrio conquistou, consolidou e manteve o controle

    da direo nacional do PT com novos mtodos internos. A maioria decrachs substituiu os processos negociados de construo dedenominadores mnimos comuns, marca do PT at 1995 (LACERDA, 2002;RIBEIRO, 2008). Independente das pequenas oscilaes na correlaointerna de foras, o ncleo da Executiva Nacional no sofria grandesalteraes, blindado que estava pela estratgia de cooptao centrpeta

    de lideranas. Esse largo perodo de coeso s poderia conduzir oligarquizao da direo nacional. A formao de uma mini-oligarquiaburocrtica foi a culminncia desse processo. No caso petista, aoligarquizao foi cirrgica, abarcando os cargos mais estratgicos, queefetivamente controlam as zonas de incerteza da organizao.

    A ecloso do caso valerioduto em 2005 revelou as facetas dessaoligarquia petista. Nesse sentido, preciso destacar as ntimas relaesexistentes entre a oligarquizao do PT e a crescente permeabilidade do

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    partido a fenmenos de corrupo. A Executiva Nacional assumiu grauscrescentes de autonomia ao longo da era Campo Majoritrio, tantofrente ao Diretrio Nacional quanto em relao aos Encontros. Aoinstituir as eleies diretas para a escolha dos dirigentes, o estatuto de

    2001 secundarizou os Encontros, quebrando a espinha dorsal derepresentatividade interna que atravessava o PT da base cpula, viaenvio de delegados. Com isso, a direo petista desmontou os principaismecanismos internos de articulao orgnica, controle e accountability.Nesse cenrio de crescente discricionariedade, o processo deoligarquizao pde grassar sem freios no interior do partido.

    No entanto, de qual oligarquia se tratou? A que tem sua atuaotolhida pelos imperativos institucionais, segundo entende Panebianco(1995), ou a que conduz o partido com absoluta discricionariedade e

    autonomia, conforme a teoria de Michels (s/d)? Os casos que vieram apblico a partir de 2005 situam a oligarquia petista muito mais prximados postulados clssicos da lei de ferro. Em primeiro lugar, a gesto quelevou o PT maior crise de sua histria parecia desrespeitarcompletamente o quesito burocrtico de formalizao dosprocedimentos: a direo ps-2005 no encontrou qualquer registro demuitas das decises tomadas pelos oligarcas. O desrespeito hierarquiainterna tambm ficou evidente, j que muitas decises foram tomadas

    revelia de outros rgos, em especial o Diretrio Nacional. Por fim, osoligarcas que estiveram no centro dos escndalos claramenteextrapolaram as reas de competncia de seus cargos. Assim, ofortalecimento da burocracia central do PT conduziu a um cenrio dequebra de hierarquia, e de informalidade e pessoalidade na gesto dopartido e de suas relaes com o ambiente governo, empresas,publicitrios etc. O desrespeito a vrios dos preceitos clssicos daburocracia weberiana (formalizao, impessoalidade etc.) pode, primeira vista, parecer um paradoxo. No entanto, o surgimento de

    superburocratastende justamente a solapar outros atributos esperveisde uma burocracia. Quebrar hierarquias, exceder jurisdies e dispensarformalidades constituem, ao mesmo tempo, parte das causas e dosefeitos da elevada discricionariedade dos oligarcas (PANEBIANCO, 1995:373-375). Essa autonomia, que facilita a disseminao de fenmenos decorrupo, era desfrutada pela oligarquia petista.

    preciso reconhecer, no entanto, que h um fluxo contnuo deincorporao de novos dirigentes na CEN e no DN, nada desprezvel

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    quando cotejado s taxas de renovao de outros partidos de massa deesquerda. Uma arena eleitoral interna altamente institucionalizada, asoscilaes na correlao interna de foras, as opes estratgicas dacoalizo dominante, e o calendrio eleitoral externo influem nas taxas

    de incorporao de novos nomes. Uma interessante questo de pesquisaseria a comparao entre os nmeros da estabilidade dos dirigentes doPT e dos outros grandes partidos brasileiros. Trinta anos depois de suafundao, o PT ainda constitui uma singularidade no quadro partidrionacional? Certamente sim, j que as instituies de massa, embora setransformem, o fazem de modo lento e gradual, e sempre conservandomarcas indelveis de nascena. No entanto, pode-se afirmar que,resguardadas certas peculiaridades, o PT mais um partido a corroborara lei de ferro da oligarquia de Michels.

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