rf – criminologia – lfg – 02.08.12

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RF – CRIMINOLOGIA – LFG – 02/08/12 A criminologia estuda o crime, criminoso, vítima, controle social, através do modo empírico. A Política Criminal, com base nos estudos das criminologias, sugere os caminhos/soluções possíveis. O Direito Penal, emtão, coloca na norma penal, o que entende correto, mas não acata todas as sugestões da Política Penal. As 3 ciências têm vínculo entre si, não são isoladas. PRISÃO DE CURTA DURAÇÃO CRIMINOLOGIA: critica, pois concluiu que é perniciosa, sendo as desvantagens superiores às vantagens. a) Contato com a massa carcerária. POLÍTICA CRIMINAL: sugeriu dois caminhos: a) Despenalização: evitar ou suavizar a pena de prisão. b) Descriminalizar: retira o caráter de crime (mais que tirar a pena. DIREITO PENAL: Existem algumas alternativas de despenalização no Direito brasileiro: a) SURSI: primeiro instituto que acolheu a despenalização sugerida pela Política Criminal fundada nos estudos da Criminologia; b) Penas Alternativas: penas substitutivas do art. 44 do CP (são 10); c) Regime Aberto: se é dado de plano, é para evitar a cadeia para pena curta; d) Juizado Criminal – IMPO e) SCP (Suspensão Condicional do processo).

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RF – CRIMINOLOGIA – LFG – 02/08/12

A criminologia estuda o crime, criminoso, vítima, controle social, através do modo empírico.

A Política Criminal, com base nos estudos das criminologias, sugere os caminhos/soluções possíveis.

O Direito Penal, emtão, coloca na norma penal, o que entende correto, mas não acata todas as sugestões da Política Penal.

As 3 ciências têm vínculo entre si, não são isoladas.

PRISÃO DE CURTA DURAÇÃO

CRIMINOLOGIA: critica, pois concluiu que é perniciosa, sendo as desvantagens superiores às vantagens.a) Contato com a massa carcerária.

POLÍTICA CRIMINAL: sugeriu dois caminhos:a) Despenalização: evitar ou suavizar a pena de prisão.b) Descriminalizar: retira o caráter de crime (mais que tirar a pena.

DIREITO PENAL:

Existem algumas alternativas de despenalização no Direito brasileiro:

a) SURSI: primeiro instituto que acolheu a despenalização sugerida pela Política Criminal fundada nos estudos da Criminologia;

b) Penas Alternativas: penas substitutivas do art. 44 do CP (são 10);c) Regime Aberto: se é dado de plano, é para evitar a cadeia para pena

curta;d) Juizado Criminal – IMPOe) SCP (Suspensão Condicional do processo).

PORTE DE DROGA PARA USO PESSOAL

Crítica da Criminologia: diz que a prisão, neste caso, só piora a situação. Vai além, diz que é problema de saúde e não de polícia, de Direito Penal.

Política Criminal: sugeriu a despenalização e, em alguns países (Europa toda, por exemplo), descriminalizaram. Alguns, ainda, tentam legalizar.

DIREITO PENAL:o Lei 6368/76: era crime.

o Lei 11.343/06: despenalizou, deixando somente penas

alternativas, mas não há mais prisão para o usuário de drogas.o Reforma do CP: continua crime o uso em público.

o Uruguai tenta legalizar.

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Qual a diferença entre Política Criminal e Direito Penal?

VON LISZT ROXIN (anos 70 – XX)- Para ele, são duas ciências sem ligação nenhuma.- O Direito Penal é a barreira intransponível da Política Criminal.- As demandas razoáveis impelidas pela Política Criminal são acatadas pelo Direito Penal, mas nem sempre atende o que é pedido, por exemplo, a pena de morte que tem 56% de aceitação da sociedade.

- As duas ciências devem ser estudadas conjuntamente. Não há como separá-las. Estão mescladas.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS

1ª) ESCOLA DE CHICAGO: é o berço da moderna sociologia americana e é um estudo sobre criminalidade nas grandes cidades. Início do século XX. Esta Escola estudou porque as pessoas delinqüem. Conclusões:

1. Explosão demográfica;2. Industrialização;3. Migrações;4. Conflitos culturais;5. Deterioração da família;6. Relações superficiais;7. Alta mobilidade;8. Falta de raízes;9. Crise de valores;10.Desorganização Social

Conclusão da Escola: estes fatores, conjugados = alto risco de crime. A cidade produz crime, e quanto mais desorganizada, mais crime. Ex. Alagoas, Espírito Santo e Pernambuco são as que mais matam.

Resumindo a Escola: As cidades desorganizadas produzem crime.

Estudou as gangues e disse que crescem por falta de controle social. Além disso, zonas periféricas ocorre maior incidência de gangues.

2ª) TEORIA FUNCIONALISTA DE DURKHEIN: francês, escreveu que o crime é inevitável, não tem nada a ver com as cidades desorganizadas. O crime é normal, no sentido de ser freqüente. Toda sociedade tem uma cota de crime. Teoria da inevitabilidade do crime. O que se pode discutir é a quantidade. Ainda firmou os seguintes pontos:

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Teoria da Ubiquidade : todo mundo delinqüe, todas as classes sociais; O crime não deriva de anomalias individuais; O crime é funcional (daqui o nome da teoria): no sentido de que ele

integra a sociedade, que se une para castigar ou, ao menos, para pedir o castigo. O castigo reforça os valores coletivos.

3ª) TEORIA DA ANOMIA (Merton): é a crise ou a perda da efetividade das normas e dos valores. O crime decorre da anomia, da perda de valores, ou seja, se você perdeu seus valores, vira um criminoso. Decorre, então, da estrutura cultural, porque na anomia perdemos nossa consciência coletiva.

4ª) TEORIAS SUBCULTURAIS: década de 50, nos EUA. Estudou as minorias marginalizadas, especialmente a delinqüência juvenil (gangues). A teoria diz que “cada grupo ou subgrupo possui seu próprio código de valores”. Mas estes valores sustentados pela minoria não coincide com os valores dos grupos majoritários. Para eles não é a desorganização da cidade/sociedade ou a inexistência de valores que geram o crime, mas os valores/cultura sustentados por estes pequenos grupos. Ex. índio que comeu a indiazinha de 13 anos, porque era o costume da aldeia. O índio foi absolvido.

5ª) TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL (Edwin Sutherland): década de 30, nos EUA. Estudou a criminalidade do colarinho branco (criminalidade profissional e econômica – popularmente chamada de criminalidade dourada). Explica que o crime se aprende na interação com as pessoas, assim como se aprende condutas sadias. Não decorre da desorganização sócia, muito pelo contrário, os vagabundos conhecem tudo das organizações.

6ª) LABELLING APPROACH (Especialmente Becker): antes dessa teoria, estudava-se crime e criminoso. Essa teoria firmou que deveria ser estudado quem faz o controle. É uma teoria crítica, destrutiva. Algumas conclusões dessa teoria:

A justiça funciona seletivamente, e funciona mal com os poderosos; O crime, ontologicamente, não existe. É fruto de um etiquetamento, por

isso o nome. Tem natureza definitorial, isto é, não é que seja crime, mas é definido como tal.

Sustentam a teoria da ubiqüidade (todas as classes delinqüem). O que acontece é que o tratamento do sistema penal é discriminatório.

7ª) TEORIA DO CONFLITO: a sociedade é conflitiva, e não consensual. Porque é de classes, e o conflito está em todos os segmentos sociais (relacionamentos pessoais e profissionais). Para essa teoria:

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A sociedade é patológica; O crime é uma reação à desigualdade, à distribuição do poder e da

riqueza;

8ª) TEORIAS MARXISTAS: quem sustentou foram as Criminologias Críticas (Radical ou Nova Criminologia ou ainda Criminologia Marxista). Nascem na década de 70. Não estudam o crime, mas a criminalização, ou seja, quem criminaliza, como e por quê. Ela coincide com a teoria do Labelling Aproach. O vínculo entre estas teorias está em que as teorias marxistas assumem todas as críticas do labelling approach, agregam:

O método dialético: que explica a contradição CAPITAL/TRABALHO: quem tem capital explora o trabalho.

O crime é produto do capitalismo; O Direito Penal é usado pela classe capitalista para massacrar os

trabalhadores, porque a sociedade é uma luta de classes. Trabalhador e marginal tem que ser absolvido, o Direito Penal deve

condenar os ricos.

PREVENÇÃO DO CRIME

A criminologia existe para explicar e prevenir o crime.

Dois modelos de prevenção:

1. TEORIA DA PREVENÇÃO DISSUASÓRIA: prevençãose faz pela ameaça do castigo.

2. PARA A CRIMINOLOGIA MODERNA: Não acredita cegamente na intimidação da pena. A prevenção do crime é muito mais complexa, exige muito mais do que editar uma lei. Separa em 3 os tipos de prevenção:

a. PREVENÇÃO PRIMÁRIA: combate a causa do crime. Por isso se fala em prevenção etiológica (origem). Postula melhor distribuição de renda, mais justiça social. Porque na visão deles, melhor justiça social, menos crime. Deve haver política de educação. Em suma uma sociedade ideal.

b. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: cria obstáculos para o crime. Não trabalha as causas do crime. Todo ofendículo é prevenção secundária (arma de fogo em casa, cão de guarda, etc). Trabalha com o cenário do crime, com o plano urbanístico. Trabalha com a potencial vítima (Programas de Prevenção Vitimária).

c. PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Trabalhar o criminoso (preso) para não reincidir. Programas de ressocialização.

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MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME

1. MODELO DISSUASÓRIO: é o modelo mais antigo. Trabalha com a intimidação por meio da pena; Prioriza o castigo; Funciona mediante a edição de leis (quanto mais dura a lei, menos

crime); Penas aplicadas rapidamente;

2. MODELO RESSOCIALIZADOR: modelo humanista. Sustenta o seguinte:

A ressocialização do preso; Este modelo está desacreditado porque não há dinheiro para

ressocializar; Pretende evitar o efeito estigmatizante da prisão; Encontra-se com a prevenção terciária – recuperação das pessoas;

3. MODELO INTEGRADOR: tem como objetivo a reparação do dano. Logo, destina-se prioritariamente à vítima. Como? Por meio da conciliação ou do bom senso. No Brasil, um exemplo paradigmático são os Juizados Especiais, nos quais não existe pena de prisão, apenas alternativas, sendo prioridade a reparação do dano. Em outros países existe a mediação (justiça reparativa), mas não no Brasil.

4. MODELO DE SEGURANÇA CIDADÃ: populismo penal vingativo. O crime só se vence com maior repressão. Penas duras resolvem o problema. É a política da “mão dura”. Atual política latino-americana. É um modelo populista porque atende as demandas sociais (a sociedade quer penas mais duras). A mídia é o epicentro desse modelo. Trabalha com a emoção. É, hoje, a política brasileira. A ONU critica este modelo, por dois motivos:

não cuida da prevenção, somente da repressão. preserva os poderosos – raramente posiciona-se contra