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Revolução Russa

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Page 1: Revolução russa

Revolução Russa

Page 2: Revolução russa

            Em 1894, subiu ao trono russo o czar Nicolau II. Desde o século

XVI, o país era uma monarquia absolutista. A nobreza era proprietária de

25% das terras cultiváveis do país, e a grande maioria da população -

mais de 80% - estava ligada directa ou indirectamente à terra.

          As condições de vida da maior parte dos camponeses eram

péssimas. Em geral, eles habitavam moradia precária e sem ventilação.

Alimentavam-se basicamente de pão preto, batata e torta de farinha de

milho. Nas aldeias raramente havia escolas, e a maior parte da população

era analfabeta.

            No plantio e na colheita eram usados instrumentos agrícolas

antigos, como o arado de madeira e a foice. Apenas nalgumas grandes

propriedades adoptava-se uma tecnologia moderna, que permitia o

aumento da população.

Page 3: Revolução russa

            Nas cidades, a vida não era muito diferente da do campo. Em

1838, uma investigação feita pelo Conselho Municipal de Moscovo,

abrangendo milhares de casas dessa cidade, mostrou que grande parte

da população

vivia em péssimas habitações:

            "... As escadas que conduzem aos sótãos, onde o povo reside,

estão cobertas de toda espécie de imundície. As próprias habitações

estão quase cheias de tábuas sujas sobre as quais se estendem colchões

de palhas pestilentos, tendo os cantos tomados pela porcaria. O cheiro é

desagradável e asfixiante".

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Com uma economia essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas

indústrias; a maior parte delas pertencia a proprietários estrangeiros,

principalmente franceses, ingleses, alemães e belgas. No começo do

século XX, um russo descrevia assim as condições de vida dos operários:

            "Não nos é possível ser instruídos porque não há escolas, e desde

a infância devemos trabalhar além de nossas forças por um salário

ínfimo. Quando desde os 9 anos somos obrigados a ir para a fábrica, o

que nos espera? Nós vendemo-nos ao capitalista por um pedaço de pão

preto; guardas agridem-nos a socos e cacetadas para nos habituar à

dureza do trabalho; nós comemos mal, sufocamos com a poeira e o ar

viciado, até dormimos no chão, atormentados pelos vermes..."

Page 8: Revolução russa

UM CLIMA EXPLOSIVO 

Os problemas internos da Rússia agravaram-se ainda mais após a

guerra Russo-Japonesa (1904-1905). A origem do conflito foi a disputa

entre os dois países por territórios na China e por áreas de influência no

continente.

A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise

económica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos

sociais com o czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e

movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista.

          

Page 9: Revolução russa

  Num domingo de Janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo,

então capital do Império Russo, organizaram uma manifestação para

entregar a Nicolau II um documento em que reivindicavam melhores

condições de vida e melhores salários. Uma multidão de cerca de 200

mil pessoas, entre elas crianças e mulheres, dirigiu-se ao Palácio de

Inverno, residência do czar. As tropas do governo, receberam os

manifestantes com tiros .

Page 10: Revolução russa

            O incidente, que ficou conhecido como Domingo

sangrento, provocou conflitos em toda a Rússia. Tentando diminuir

as tensões sociais, o czar criou a Duma, espécie de Parlamento.

Contudo, os deputados eleitos das quatro primeiras dumas foram de

tal maneira pressionados pelo czar que pouco puderam fazer.

            Esse ambiente contribuiu para a difusão e a aceitação das

ideias socialistas - sobretudo as elaboradas pelos alemães Karl Marx

e Friedrich Engels - entre os movimentos sociais russos. Assim, essas

ideias se tornariam a base da Revolução Russa.

          

Page 11: Revolução russa

  Em 1905, surgiram os sovietes de trabalhadores, conselhos que

se encarregavam de coordenar o movimento operário nas fábricas.

Os sovietes teriam papel decisivo na revolução de 1917.

Page 12: Revolução russa

O INÍCIO DA REVOLUÇÃO

            Em Agosto de 1914 a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial

contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Nicolau II acreditava que

através da guerra pudesse expandir o Império Russo e diminuir a

insatisfação

popular.

            No entanto, o facto acentuou o descontentamento e precipitou o

processo revolucionário. A guerra agravou a situação económica e

social do país. Os soldados, mal-armados e mal alimentados, foram

dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio de guerra, a

Rússia perdeu 4 milhões de pessoas.

          

Page 13: Revolução russa

  Em 1915, o czar Nicolau II decidiu assumir pessoalmente o comando

do Exército, deixando o governo nas mãos de sua esposa, a

Imperatriz Alexandra, e de Rasputin, um monge que agia como

conselheiro do czar.

           

Em 1917, a escassez de alimentos era muito grande e provocou uma

série de greves. Em 27 de Fevereiro desse mesmo ano, uma multidão

percorreu a capital do Império pedindo pão e o fim da guerra. Os

manifestantes também criticavam o sistema monárquico.

Page 14: Revolução russa

         A polícia e o exército, agora ao lado dos manifestantes, não reprimiram o movimento. Isolado, o czar abdicou, e um governo provisório

foi constituído, chefiado pelo príncipe George Lvov. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra, com planos

de uma grande ofensiva contra a Áustria-Hungria.

            A população russa, porém, discordava dessa orientação. O governo, sem controle de seus exércitos, não tinha forças para impedir as deserções dos soldados. Havia ainda a constante elevação dos preços dos

géneros alimentícios, contra a qual o governo nada conseguia fazer.

            Nesse momento, grupos revolucionários já desenvolviam intensa actividade nas cidades, reactivando os sovietes de trabalhadores, com o

objectivo explícito de tomar o poder.

            A ofensiva do novo governou contra a Áustria-Hungria fracassou. Isso agravou ainda mais a situação e provocou uma grande manifestação

no dia 17 de Julho de 1917, na capital do Império.

Era o fim do governo provisório de Lvov, substituído por Alexander Kerenski.

Page 15: Revolução russa

            Naquele momento, três grupos e três diferentes propostas políticas se

defrontavam pelo poder:

* O Partido Democrático Constitucional, partido da burguesia e da nobreza liberal, favorável à continuação da guerra e ao adiamento de

quaisquer modificações sociais e económicas.

* Os bolcheviques - maioria, em russo - defendiam o confisco das grandes propriedades, o controle das indústrias pelos operários e a saída da Rússia da guerra. Graças ao controle cada vez maior que

exerciam sobre os sovietes de operários e soldados, sua força crescia continuamente. Os seus dois principais líderes eram Vladimiro Lenine

e Leon Trotski.

* Os mencheviques - minoria, em russo - embora contrários à guerra, não admitiam a derrota da Rússia. Divididos internamente e indecisos quanto ao rumo que o país deveria tomar, foram perdendo

importância política.

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A TOMADA DO PODER

            A partir de Agosto de 1917, os bolcheviques passaram a dominar os principais sovietes e a preparar a revolução.

            No soviete Petrogrado, novo nome de São Petersburgo, foi constituído o Comité Militar para a Realização da Revolução.

            Sob o comando de Trotski, no dia 25 de Outubro, os bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petrogrado e o Palácio do Governo.

Kerenski, abandonado por suas tropas, foi obrigado a fugir.

            Na manhã do dia seguinte, os sovietes da Rússia, reunidos em Congresso, confirmavam o triunfo da revolução, confiando o poder a um Conselho de Comissários do Povo. O Conselho era presidido por Lenine.

        :

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    As primeiras medidas do governo revolucionário foram:

* retirada da Rússia da guerra;

* supressão das grandes propriedades rurais, confiadas agora à direcção de comités agrários;

* controle das fábricas pelos trabalhadores;

* criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos.

Logo depois, os bolcheviques adoptaram o sistema de partido único: Partido Comunista.

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A DEFESA DA REVOLUÇÃO: TROTSKI E O EXÉRCITO VERMELHO

            Após a tomada do poder pelos revolucionários, a Rússia viveu ainda três anos de guerra civil. Nesse processo, a participação de Leon Trotski, um dos mais importantes líderes da revolução, foi fundamental.

            Culto e com grandes capacidades de persuasão, Trotski comunicava-se bem tanto com operários e camponeses quanto com uma

plateia de intelectuais e diplomatas.

            Quando irrompeu a guerra civil, a organização das tropas de defesa, o Exército Vermelho, ficou sob a sua responsabilidade. Em

condições extremamente precárias, com o país esgotado, recém-saído da Primeira Guerra Mundial, Trotski conseguiu formar um exército forte e

eficiente.

            Com o apoio popular, as tropas revolucionárias enfrentaram o Exército Branco, composto por antigos oficiais do czar e prisioneiros do exército austríaco. Além disso, enfrentaram tropas de países europeus, que temiam que a revolução socialista se espalhasse pelo continente.

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A CONSOLIDAÇÃO DA REVOLUÇÃO RUSSA

            Sob a direcção de Lenine e com um plano que ficou conhecido como Nova Política Económica (NEP), os bolcheviques deram início à recuperação da economia russa. Elaborada em 1921, a NEP procurou concentrar os investimentos nos sectores mais importantes da economia. Entre as medidas adoptadas encontravam-se:

* produção de energias e extracção de matérias-primas;

* importação de técnica e de máquinas estrangeiras;

* organização do comércio e da agricultura em cooperativas;

* permissão para a volta da iniciativa privada em diversos sectores da economia, como o comércio, a produção agrícola e algumas formas de actividade industrial. Todos os investimentos tinham o rígido controle do Estado, muitos deles eram feitos em empresas estatais.

            Vários Estados que se tinham separado da Rússia durante a revolução - como a Ucrânia - voltaram a integrar –se e formaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), um Estado federativo composto por quinze repúblicas.

Page 20: Revolução russa

            Com a morte de Lenine, em 1924, Estaline (secretário-geral do

Partido Comunista) e Trotski passaram a disputar o poder. Estaline defendia a ideia de que a União Soviética deveria construir o

socialismo no seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não

teria condições de sobreviver isolado.

            Estaline venceu a disputa. Trotski foi expulso da URSS. A União Soviética ingressou, então, na fase do planeamento económico. Foi a

época dos planos quinquenais, inaugurada em 1928. Os planos transformaram a União Soviética numa potência industrial.

Contudo, a violência foi amplamente empregada pelo governo para impor a sua política.