revolução boliviana

8/18/2019 Revolução Boliviana

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BOLÍVIA:UMA REVOLUÇÃO OPERARIA E

SOCIALISTA EM CURSOI PEDRO VILLA

Membro da Direção do PST (PartidoSocialista dos Trabalhadores) seçãopera!a da LIT"#I$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

Para compreender a insurreição vitoriosa que derrubou ogoverno de Sánchez de Lozada e suas perspectivas é necessário

ver em qual etapa se produziu. Desde 1!"# com a derrota damobilização revolucionária encabeçada pelos mineiros# abriu$seuma etapa reacionária no pa%s. &este per%odo 'oram aplicadoscom toda dureza os planos neoliberais# colocando ostrabalhadores e o povo em uma situação de'ensiva. (correu oque )cou conhecido como *massacre branco+, cerca de - milmineiros e 1/ mil operários 'abris 'oram demitidos. Se

impuseram dispositivos legais pelos quais se remataram asnovas riquezas naturais descobertas# como o petr0leo e o gás# ese privatizaram as principais empresas estatais. omeçou a% arecolonização do pa%s.

2sse processo encontrou pela 'rente a resist3ncia deimportantes setores camponeses# primeiro# e dos trabalhadoresdas cidades# depois. ( que determinou a mudança de etapa 'oi aluta inssurrecional de abril de / em ochabamba. 4 *guerrada água+ 'oi uma insurreição vitoriosa regional que# unindo ocon5unto da população trabalhadora de ochabamba# inaugurouuma etapa revolucionária no pa%s.

6uda a correlação de 'orças. 4s massas trabalhadoraspassam 7 o'ensiva. omeçando pelos cocaleros do hapare# dos

8ungas# do altiplano9 e logo dos trabalhadores das cidades# osaposentados# os pro'essores# os in'ormais# os trabalhadores dasa:de# os estudantes. 4s massas trabalhadoras arremetem umae outra vez# por suas reivindicaç;es# contra o governo uiroga ao largo dos anos de sua gestão que culminouem agosto de //. ( governo


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>uiroga# puderam realizar$se as eleiç;es gerais do ano /.Porém# estas eleiç;es# utilizadas como uma medida para desviaro ascenso revolucionário das massas# se realizaram# nãoobstante# sob o signo desse ascenso e no marco da crise socialinstaurada# cu5a base 'oi a grave recessão instalada desde 1

e o grande dé)cit )scal que assola o pa%s até ho5e. @á estavam marcadas pelo 'racasso estrepitoso dos planosneoliberais e pelo crescente rechaço das massas a estes mesmosplanos. Aoi por isso que o processo eleitoral esteve atravessadopor mobilizaç;es como a doscocaleiros que haviamderrotado a tentativa de'echar o mercado da coca nos

8ungas# as mobilizaç;es do

magistério urbano e#sobretudo# a espetacular lutados mineiros de Buanuni# quereestatizou a mina privatizadapor uispe# o *6allEu+.

O re%e&o !as eleiç'es(s resultados eleitorais de

- de 5unho de // 'oramuma eFpressão distorcida doascenso revolucionário dasmassas. ( 64S de 2vo

6orales é a segunda 'orçapol%tica do pa%s# s0 um pontoabaiFo do ganhador# Sánchezde Lozada CGoni# que chegaapenas a //H da votação.=riun'o que obtem graças auma 'raude eleitoral que tirou

votos do 64S que# 5unto com o6?P# de 'ato# signi)caram aprimeira 'orça pol%tica do pa%s#

deiFando para trás o6ovimento de 2squerdaIevolucionária C6?I# por suasigla em castelhano de Paz

Jamora# também a &ova AorçaIepublicana C&AI de IeKes

illa e destroçando a 4D&banzerista.

Surge assim# o segundogoverno de Sánchez de

Lozada# dependendo de umacoalizão esp:ria com o 6?I#monitorado pela embaiFadanorte americana# que mereceudesde o in%cio o rep:dio deamplos setores operários#camponeses e populares. Mmgoverno débil# questionadodesde o in%cio# 5unto com seus

planos entreguistas.2ste governo# que poderiater sido derrubado antes deoutubro# conseguiu garantircom as direç;es uma tréguade cinco meses# tempo queaproveitou para pNr em açãoseu novo plano de a5usterecolonizador# tendo comocentro do mesmo# a venda da

nova riqueza boliviana# o gás#a 'avor das empresasimperialistas. Porém# asmassas# cansadas de 1! anosde 'ome# miséria e de entregado pa%s# romperam a trégua e'oram 7 luta. (s primeiros quesa%ram 7 luta 'oram oscocaleiros e aposentados# em

5aneiro deste ano# com umbloqueio de estradas# que teveum saldo de mais de /mortos. 2sta luta


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'oi suspensa depois de umacordo# diálogo# que deu umrespiro ao governo que# depoisdesse acordo# acreditou quetinha licença para descarregar

sobre o povo trabalhador umnovo a5uste através do que sechamou o *impostaço+obrigado pelo A6? paraequilibrar o descomunal dé)cit)scal. 2sta medida lançada em'evereiro 'oi respondida pelostrabalhadores e a 5uventudemediante uma insurreição queteve seu epicentro em La Paz e

2l 4lto# porém# se eFpressoucom 'orça também no interiordo pa%s como em ochabamba#Potos% e (ruro e da qualparticipou acendendo amecha# a pol%cia# que seen'rentou a balas com o2Fército. Luta na qual seperderam mais de - vidas eresultaram em mais de /'eridos. ?nsurreição operária#camponesa e popular quederrotou o *impostaço+# gerouuma crise revolucionária ederrotou# 'erindo de morte# ogoverno de Goni e seu plano.

2sse é o quadro da novaetapa de ascensorevolucionário que precede e

prepara a nova insurreição deoutubro que# desta vez#derrubaria o governo de Goni.Per%odo no qual 5á estevecolocado o problema do podercomo uma questão de

atualidade e que seeFpressaria com crueza tantoem 'evereiro como em outubrodeste ano. 2tapa na qual aentral (perária


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organizando a pol%cia e con'ormando uma mega coalizão com aincorporação da &AI ao governo. Pensava que# dessa maneira#poderia superar a grave derrota de 'evereiro para novamentepassar 7 o'ensiva nos planos de venda do gás e novos impostossaqueadores# como o c0digo tributário# o *perdonaço+ 7s grandes

empresas evasoras de impostos# a penalização dos bloqueios deestradas# entre outras medidas. 4lentados pela vitoriosa insurreição de 'evereiro# os

sindicatos de base da (< pressionam para a realização do ???ongresso# várias vezes postergado pela direção pr0$governistade Saturnino 6allEu. 4pesar do boicote dos setores o)cialistas# ocongresso ocorre em agosto desse ano# evento que# apesar deuma série de debilidades# signi)cou um passo decisivo nareorganização do movimento operário# campon3s e popular.

2 nessas condiç;es que diversos setores operários e

camponeses se mani'estam contra a venda do gás# respondendo 7intensa campanha que o governo havia começado para convencera população da necessidade da sua sa%da via hile# para os2stados Mnidos. (s camponeses do altiplano começam# no in%ciode setembro# uma marcha de aracollo até La Paz# eFigindo umcon5unto de reivindicaç;es# tendo como centro a não venda dogás. São bloqueadas estradas e o altiplano )ca paralisado. Logo#organizaç;es encabeçadas pela (


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&este momento# oscamponeses do altiplano quehaviam chegado a 2l 4lto seinstalaram em greve de 'ome#encabeçados pelo 6allEu.

=ambém a 'e$


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pedras# mineiros armados comdinamite# lotaram a Praça SãoArancisco e rondaram dia e noite opalácio do governo.

&estes dias# o governo 5á havia

perdido o controle da situação# abriu$se# novamente# outra criserevolucionária. Gonzalo Sánchez deLozada# isolado# derrotadopoliticamente# tendo resistido até o:ltimo momento a renunciar#abandonado por seu vice$presidente# 5ásem o apoio da &AI# apoiado s0 e até o:ltimo momento pelo 6?I# pela

embaiFada norte$americana e a (24# viu$se obrigado a renunciar e 'ugir dopa%s para 6iami. &a seFta 'eira# dia 1O#7 tarde# abandonou a


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sia e do imperialismo se negam a chamar por seu nome asinsurreiç;es de 'evereiro e de outubro deste ano# para ocultar asproporç;es da sua derrota e da colossal vit0ria das massas. Gonie a (24 disseram que os acontecimentos de 'evereiro 'oram umsimples motim policial e os de outubro# chamaram de um golpe

do *narco$sindicalismo+. 4lguns analistas sustentam que setratou de uma revolta ou de uma rebelião espontUnea. &0sconsideramos que se “A característica mais indiscutível dasrevoluções é a intervenção direta das massas nosacontecimentos históricos+ C=rotsEK# essa caracter%stica estevemais que presente nas mobilizaç;es que derrubaram Goni. Porisso# sustentamos que o que realmente aconteceu na


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+ma reolção oper,ria e socialista 4ssim como se pretendeu negar que outubro 'oi uma

revolução# também se discutiu seu caráter de classe. 2 certo queas nacionalidades aKmaras e quechuas que 'azem parte domovimento campon3s participaram com 'orça e iniciaram a

insurreição de outubro. 2 certo que o componente ind%genaoriginário gerou uma corrente de massas importante na mesma.V certo que em 2l 4lto se mobilizaram os moradores dos bairros.?sto 'az com que muitos analistas caracterizem o ocorrido como*uma rebelião aKmara+# como uma insurreição de *vizinhos e

vizinhas+# de *comunitários+# e em geral como uma *rebeliãoind%gena+.

Porém# ocorre que 5unto a estes setores se mobilizaram ostrabalhadores organizados das cidades# os sindicatos e as'ederaç;es que agrupam os assalariados dos diversos setores

como os pro'essores rurais# os pro'essores urbanos# ostrabalhadores da sa:de# os administrativos# os universitários# osmineiros. 2m 2l 4lto# os vizinhos são em grande proporçãotrabalhadores de vários setores# são operários e mineirosrelocalizados em trabalhos in'ormais. (s operários 'abris# que sebem não participaram como organização# o )zeram como*vizinhos+# tanto em 2l 4lto comoem outros lugares de La Paz. 4 classe trabalhadora se mobilizou

da mesma 'orma emochabamba# Potos% e (ruro.=oda ela organizada nas centraisoperárias departamentais e an%vel nacional 5unto com ostrabalhadores do campo na (


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urbana. 4 di'erença tambémda revolução argentina# naqual a classe operáriaorganizada não teve umaparticipação central e s0

gerou embri;es de poder dual#a revolução boliviana temcomo protagonista central aclasse operária e gerou um0rgão de poder dual maisavançado e institucionalizado#que se eFpressou na (


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Porém# ao calor dos combatesde suas bases# 'oi recuperando'orças e sua recuperação se'ez poss%vel graças 7smobilizaç;es cada vez mais

contundentes deste ano# emparticular a de 'evereiro. Seu??? ongresso# realizado emagosto# 'oi consequ3ncia quasedireta dessa insurreição# naqual tiveram um papel'undamental suas basesestaduais# começando pelas deLa Paz e 2l 4lto. Se bem queeste congresso não armou com

uma pol%tica correta#restabeleceu a um n%velsuperior sua organização#derrotando as direç;es pr0$governistas# o que lhepermitiu ter um papelcentralizador e uni)cador narevolução de outubro. Aoi#como dissemos# seu chamado7 greve geral o que permitiu

dar um salto nas mobilizaç;ese que# por sua vez# 'oi esta

revolução que# por 'orça dasmobilizaç;es insurrecionais#lhe catapultou outra vez como0rgão de poder dualinstitucionalizado. 4inda que

momentaneamente congeladopela pol%tica das direç;es# nomarco da trégua concedida aonovo governo# até os analistasmais reticentes como WlvaroLinera# consideram a (<como esse organismo e asituação nacional atravessadapor um choque de doispoderes. ?sto é assim porque o

governo não pode 'azer nadaimportante ho5e semconsiderar as opini;es da (<e# nos dias de combate# a (<e suas bases do campo e dacidade eram os *donos esenhores+ da situação# a talponto que arlos 6esa teveque pedir permissão 7 (<para apresentar$se no Palácio

>uemado para 5urar e assumircomo presidente.


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A reolção boliia!a restabelece temasaba!do!ados

Por seu caráter de classe# pela transparencia ob5etiva deseus )ns# mais claramente que outras revoluç;es ocorridasnestes anos no continente# a revolução boliviana vem

restabelecer temas vitais discutidos e abandonados por grandeparte da vanguarda mundial depois da queda do 6uro de


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Mesa 1ere!s1istae pr2" imperialista

Desta 'orma# o governode arlos 6esa# é produto#em primeiro lugar# de uma

insurreição operária ecamponesa vitoriosa#portanto# é um governodébil# muito mais débil queo anterior. 2 um governoque tem diante de si umorganismo de poder dualalternativo# eFpressado na(< e nas demaisorganizaç;es operárias ecamponesas nacionais e locais. Porisso# tem as caracter%sticas t%picas deum governo XerensEista# que em umsentido é a ante sala de uma novarevolução. Por ser tambémconsequ3ncia da pol%tica das direç;esque permitiram sua assunção# é umgoverno que é sustentado por estasmesmas direç;es que assim o

eFpressaram# dando$lhe uma trégua,uns lhes deram dias como oscamponeses dirigidos por 6allEu#outros sem prazo )Fo# como a direçãoda (< que optou por um *recuoestratégico+ e 2vo 6orales que semantem com sua pol%tica de *de'esa dademocracia+ e de sustentar o governopara que cumpra seu mandato até/O.

2ste governo assim constitu%domantem as linhas mestras do planoneoliberal de seu antecessor# por isso éum governo pr0$imperialista que acataos ditames do A6?. 4 promessa dere'erendum para o gás# a revisão daLei de hidrocarbonetos e aonstituinte# são a sa%da para desviar arevolução em curso# e dar continuidade

assim# ao poder recolonizador no pa%s.

+ma !oa *ase dareolção

om a queda de Goni e a subida dearlos 6esa como presidente# oprocesso revolucionário# ao invés de'echar# se apro'unda. &ada estáresolvido a 'avor dos trabalhadores9estes v3m de obter um grande triun'o#o governo está obrigado a resolver asprincipais reivindicaç;es a curto prazo#

principalmente o problema do gás. (pa%s está em quebra econNmica e)scal. ( governo está obrigado arecorrer a a5ustes na linha do A6?. (que se abriu 'oi uma nova 'ase darevolução. 6uitos trabalhadores dizemque em outubro se ganhou s0 umabatalha e que agora trata$se de ganhara guerra. ?sto quer dizer que se bem opoder passou para as mãos daburguesia# a 'ase que se abriu# lança aluta organizada pelo poder operário#campon3s e popular. ( que estácolocado nesta etapa é a preparaçãoda luta pelo poder dos trabalhadoresdo campo e da cidade# através da (


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desmontar a revolução em curso pela via do que chamamos de *reaçãodemocrática+# quer dizer# canalizar oprocesso das lutas para um processoeleitoral# se5a através da antecipação

das eleiç;es ou# sobretudo# através daconvocação de uma 4ssembléiaonstituinte. 2sta sa%da não descartapreparativos golpistas como recurso deemerg3ncia# porém# está claro que#pela 'orça das massas# eles colocam oeiFo na sa%da democrático burguesa.

4ssim en'rentaram as revoluç;es do2quador e da 4rgentina e pensam em'azer o mesmo na


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Porém# esta sa%da apesar de contar com um apoio de amploespectro# não vai ser nada 'ácil. 6esa se comprometeu a realizar#antes da onstituinte# um re'erendum sobre o gás. >uer dizer#uma consulta vinculante# sobre se se recupera o gás para


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