revolta tenentista

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Por Antonio Gasparetto Junior A Revolta de 1924 foi o maior conflito bélico já ocorrido na cidade de São Paulo. A República Velha brasileira é marcada por ser um período de proeminência de oligarquias políticas que dominavam o país. O principal produto da pauta de exportação era o café, o que garantia poderio político e econômico aos seus produtores. Mas essa fase também é marcada por instabilidades e revoltas vindas de setores da população que desejavam modificar o restrito cenário político. A Revolta de 1924, também chamada de Revolta Paulista de 1924, é uma segunda etapa domovimento tenentista que teve início em 1922 na capital brasileira. O conflito de 1924 foi liderado pelo general Isidoro Dias Lopes. A Revolta de 1924 é chamada ainda de Revolta Esquecida, já que não possui a mesma repercussão da Revolução de 1932 , mas foi o maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo. No dia 5 de julho daquele ano, cerca de mil homens se espalharam pela cidade em locais estratégicos com o intuito de destituir Artur Bernardes da Presidência da República. Os militares permaneceram na cidade por 23 dias tentando forçar o presidente do estado, Carlos de Campos, a fugir para o interior. Houve, inclusive, um ataque ao prédio da sede do governo estadual. Enquanto o movimento de revolta se desenvolvia na capital, em diversas cidades do interior ocorriam manifestações também que incluíam a tomada de suas respectivas prefeituras. O presidente Artur Bernardes, contestado no movimento, organizou seu exército legalista e bombardeou São Paulo com seus aviões. Na incapacidade de responder ao poderio do Governo Federal, o objetivo dos tenentes não foi alcançado na cidade de São Paulo, então decidiram partir para o interior do estado sob liderança de Siqueira Campos Juarez Távora. Os revoltosos tentaram mais uma vez enfrentar as tropas legalistas que estavam sediadas no Mato Grosso do Sul, mas a derrota foi massacrante. Os remanescentes se organizaram novamente e formaram uma coluna paulista. Enquanto isso, vinha do Sul do país uma coluna liderada por Luís Carlos Prestes que contestava e combatia as tropas do Governo Federal. A coluna paulista passou a integral tal tropa que foi uma das maiores ações guerrilheiras do Brasil, a Coluna Prestes .

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como se deu a revolta tenentista na República Velha

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Page 1: revolta tenentista

Por Antonio Gasparetto Junior

A Revolta de 1924 foi o maior conflito bélico já ocorrido na cidade de São Paulo.

A República Velha brasileira é marcada por ser um período de proeminência de oligarquias políticasque dominavam o país. O principal produto da pauta de exportação era o café, o que garantia poderio político e econômico aos seus produtores. Mas essa fase também é marcada por instabilidades e revoltas vindas de setores da população que desejavam modificar o restrito cenário político.

A Revolta de 1924, também chamada de Revolta Paulista de 1924, é uma segunda etapa domovimento tenentista que teve início em 1922 na capital brasileira. O conflito de 1924 foi liderado pelo general Isidoro Dias Lopes.

A Revolta de 1924 é chamada ainda de Revolta Esquecida, já que não possui a mesma repercussão da Revolução de 1932, mas foi o maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo. No dia 5 de julho daquele ano, cerca de mil homens se espalharam pela cidade em locais estratégicos com o intuito de destituir Artur Bernardes da Presidência da República. Os militares permaneceram na cidade por 23 dias tentando forçar o presidente do estado, Carlos de Campos, a fugir para o interior. Houve, inclusive, um ataque ao prédio da sede do governo estadual.

Enquanto o movimento de revolta se desenvolvia na capital, em diversas cidades do interior ocorriam manifestações também que incluíam a tomada de suas respectivas prefeituras. O presidente Artur Bernardes, contestado no movimento, organizou seu exército legalista e bombardeou São Paulo com seus aviões.

Na incapacidade de responder ao poderio do Governo Federal, o objetivo dos tenentes não foi alcançado na cidade de São Paulo, então decidiram partir para o interior do estado sob liderança de Siqueira Campos Juarez Távora. Os revoltosos tentaram mais uma vez enfrentar as tropas legalistas que estavam sediadas no Mato Grosso do Sul, mas a derrota foi massacrante. Os remanescentes se organizaram novamente e formaram uma coluna paulista.

Enquanto isso, vinha do Sul do país uma coluna liderada por Luís Carlos Prestes que contestava e combatia as tropas do Governo Federal. A coluna paulista passou a integral tal tropa que foi uma das maiores ações guerrilheiras do Brasil, a Coluna Prestes.

Mas o movimento ocorrido em São Paulo foi mesmo derrotado nos primeiros dias de agosto de 1924. A Revolta de 1924 demonstrou ser incapaz de combater as tropas legalistas do presidente Artur Bernardes e tampouco o presidente do estado de São Paulo Carlos de Campos, que voltou ao poder logo em seguida. Mas, além disse, também revelou vários atos de vandalismo e de abusos, como estupros, nas cidades do interior do estado.

Os tenentes e demais militares que participaram e sobreviveram do movimento contra o presidente brasileiro em 1924 receberam a anistia de Getúlio Vargas após este assumir o governo do Brasil.

Fontes:http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_revolucao/http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/revolta-de-1924.htm

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A revolução de 1924 está inserida no movimento tenentista, decorrente do levante Copacabana, ocorrido em 5 de julho de 1922, na então capital do Brasil.

Liderada pelo General Isidoro Dias Lopes ocorreu em São Paulo a Revolução de 1924. No dia 5 de julho, em São Paulo, cerca de 1000 homens ficaram em locais estratégicos, o objetivo da mobilização era tirar

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do poder o presidente Artur Bernardes, no entanto, outra vez, o grupo de tenentes não sobressaiu e foi derrotado formando a coluna paulista. Logo depois de sair de São Paulo, o grupo partiu em direção ao interior do estado, liderado por Siqueira Campos Juarez Távora.

No mesmo momento, no Rio Grande do Sul, o tenente Luiz Carlos Prestes que discordava com a direção política do Brasil, liderou uma ofensiva militar em Santo Ângelo, seu comando foi em direção ao estado do Paraná encontrar com a coluna paulista.

Isso gerou a coluna Prestes que contava com uma numerosa tropa bem equipada de armamentos, tinham como finalidade levar ao interior a luta contra o governo e suas ramificações de poder, percorreram cerca de 20.000 km em doze estados.

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Revolução de 1924

Exposição online discute a Revolução de 1924

 Apesar dos estragos causados em diversas cidades, este episódio da história brasileira acabou "esquecido" pela população

 Entre os professores de história, o “Movimento Tenentista” é um assunto bastante discutido em sala de aula. Porém um episódio ainda pouco conhecido pela população pode ajudar os estudantes a entender um pouco mais esse conturbado momento da nossa história: A Revolução de 1924.

   Para isso, o Arquivo Público do Estado de São Paulo desenvolveu uma exposição online que revela um pouco mais sobre este evento marcante na história brasileira. Entre os documentos que serviram de base para esta exposição estão processos criminais instaurados contra os rebeldes após a Revolução de 1924 e cartas dos líderes deste movimento, além de jornais e revistas da época. A Revolução de 1924 é contada em 9 “salas” rica em textos e ilustrações (http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_revolucao

 O Brasil do início do século XX é marcado por um período de crise econômica, motivada pela queda das exportações causadas pela Primeira Guerra Mundial, e uma crise política gerada pela insatisfação de alguns grupos com a chamada política café com leite. Esse cenário faz eclodir uma série de levantes contra o regime no Rio de Janeiro, em 1922; em São Paulo, em 1924 e seguem até o final dos anos 1920 com a Coluna Prestes no interior do Brasil.

 Os “revolucionários” de 1924 eram em sua maioria tenentes e capitães do setor intermediário das Forças Armadas. O conflito propriamente dito aconteceu entre os dias 5 e 28 de julho e é considerado o mais violento já ocorrido na cidade de São Paulo. Essa data foi escolhida para fazer referência a outro movimento tenentista: Revolta do Forte de Copacabana, conflito armado entre o Governo Federal, representado pela figura do Presidente da República e parte das Forças Armadas, no dia 5 de julho de 1922.

A cidade de São Paulo foi escolhida como marco inicial pelos militares para começar uma Revolução que deveria tomar o Brasil. O plano dos “revolucionários” era controlar a cidade, bloquear ferrovias, telefones e 

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telégrafos, impedindo o Governo Federal de reagir. Entre as trágicas conseqüências deste conflito estão as mais de mil vítimas fatais e 4 mil 

feridos, além da destruição de bairros como Brás, Mooca, Cambuci, Belenzinho e Ipiranga, os mais atingidos. No dia 28 de julho as tropas rebeldes saem de São Paulo e a cidade tenta se recuperar os estragos.

Apesar de derrotados, os “revolucionários” não deixaram de influenciar outros movimentos da época. Parte das tropas rebeldes se juntaria à Coluna Prestes, vinda do Sul, para formar a Coluna Miguel Costa-Luis Carlos Prestes, que denuncia problemas sociais e políticos do Brasil. A Revolução de 1924 não teve o apoio dos conservadores, tampouco foi planejada pela elite paulista, como ocorreria na Revolução de 1932, o que explica o esquecimento desse episódio da história de São Paulo.

A Revolução de 1924 na sala de aula

 A exposição é um recurso pedagógico que também pode ser aproveitado pelo professor, já que possibilita discutir com os seus alunos documentos produzidos na época dos acontecimentos. Além destes documentos e textos explicativos, professores e alunos ainda têm acesso a 11 atividades pedagógicas para trabalho em sala de aula, preparadas de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para as séries do ensino fundamental.

  O Núcleo de Ação Educativa foi o responsável por pesquisar fontes bibliográficas e documentais para montar a exposição virtual, além de criar as atividades pedagógicas. Foram aproximadamente 4 meses de preparação até a exposição ir ao ar. Completam a exposição uma listagem com referência a outros documentos que tratam o tema, indicações de leitura e links interessantes sobre o período.

Sobre o Arquivo Público do Estado de São Paulo

 O Arquivo Público do Estado de São Paulo é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Vinculado à Casa Civil do Estado de São Paulo, s ua função é formular uma política estadual de arquivos e recolher, tratar e disponibilizar ao público toda documentação de caráter histórico produzido pelo Poder Executivo Paulista. A instituição mantém sob sua guarda aproximadamente 6 mil metros lineares de documentação textual permanente, 17 mil metros de documentação intermediária, 900m de material iconográfico, grande quantidade de jornais e revistas e uma biblioteca de apoio à pesquisa com 45 mil volumes.

Acesse:  http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_revolucao/

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Revolução de 24: guerra em SP por reformas políticas

Movimento que exigia fim das oligarquias políticas, e deixou 500 mortos na cidade, completa 90 anos

04 de julho de 2014 | 14h 44

Liz Batista

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Externato Mattoso, na Mooca, metralhado. Durante a Revolução de 1924, aviões despejaram bombas em várias regiões.  Acervo/Estadão

Nas primeiras horas de 05 de junho de 1924, São Paulo acordou em guerra. O Movimento Tenentista, que durante a década de 1920 mobilizou jovens oficiais do Exército contra as oligarquias políticas, deflagrava na capital paulista sua segunda revolta. A primeira ocorreu dois anos antes, no Rio de Janeiro. A Revolução Paulista de 1924, deixou um rastro de destruição pela cidade e um saldo de 5 mil feridos e mais de 500 mortos, na maioria civis.

Revolução Paulista de 1924 

A Revolta Paulista de 1924, também chamada de Revolução Esquecida e de "Revolução de 1924" foi a segunda revolta tenentista cujo motivo foi a exigência da saída do presidente Carlos de Campos a abandonar o poder. Comandada pelo general Isidoro Dias Lopes, a revolta teve a participação de numerosos tenentes, entre os quais Joaquim Távora (que faleceu na revolta), Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo Gomes, Índio do Brasil e João Cabanas. Deflagrada na Cidade de São Paulo em 5 de Julho de 1924 (aniversário da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, primeira revolta tenentista), a revolta ocupou a cidade por vinte e três dias, forçando o presidente do estado, Carlos de Campos, a se retirar para o interior do estado, depois de ter sido bombardeado o Palácio do Governo. Aconteceram rebeliões em várias cidades do interior de São Paulo, com tomada de prefeituras. Ainda sob a influência da Revolta Paulista de 1924, surgiram motins em outros estados, como o Rio Grande do Sul e o Amazonas, também exigindo a renúncia do presidente Artur Bernardes. A Cidade de São Paulo foi bombardeada por aviões do Governo Federal. O exército legalista (leal ao presidente Artur Bernardes) utilizou-se do chamado "bombardeio terrificante", atingindo vários pontos da cidade, em especial bairros operários como a Móoca e o Brás, e de classe média, como Perdizes, onde até hoje se comemora a revolução de 1924. Sem poderio militar equivalente (artilharia nem aviação) para enfrentar as tropas legalistas, os rebeldes retiraram-se para Bauru, onde Isidoro Dias Lopes ouviu notícia de que o exército legalista se concentrava na cidade de Três Lagoas, no actual Mato Grosso do Sul. 

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Isidoro Dias Lopes e Juarez Távora planejaram, então, um ataque àquela cidade. A derrota em Três Lagoas, no entanto, foi a maior de toda esta revolta. Um terço das tropas revoltosas morreram, feriram-se gravemente ou foram presas. Vencidos, os revoltosos marcharam, então, rumo ao sul, onde, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, uniram-se aos oficiais gaúchos comandados por Luís Carlos Prestes, no que veio a ser o maior feito guerrilheiro no Brasil até então: a Coluna Prestes. Um inquérito feito pelo Governo do Estado de São Paulo, logo após o fracasso do movimento subversivo de Julho de 1924, detectou inúmeros casos de vandalismo e estupros no interior do estado de São Paulo, especialmente sob os olhos do Tenente João Cabanas.//

Scarlet Allef · 6 anos atrás

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.-.A " revolução" de 1924 foi uma tentativa de golpe de Estado levada a efeito por uma ala do Exército descontente com sua situação institucional, bem como com o sistema político - descontentamento agravado pela eleição de Arthur Bernardes em 1922. Em conluio com algumas alas da Força Pública - a milícia estadual - , unidades do Exército organizaram o movimento, planejado para partir de São Paulo em direção ao Rio de Janeiro, com o intuito de derrubar o presidente da República e instalar um governo provisório capaz de realizar algumas reformas no sentido de aperfeiçoar o sistema político. Em comunicado ao povo publicado no dia 17 de julho, explicam-se os motivos do levante: " Nada pretendem os revolucionários para si senão indicar ao povo o caminho a seguir e proporcionar-lhe os meios de reivindicar os seus direitos, substituindo os atuais poderes por forma e organização mais consentâneas com os interesses gerais, e menos acessível aos abusos (...) sem substituir a forma republicana." Esse movimento, autodenominado revolução, foi também chamado de revolta, sedição, mazorca, rebelião, motim ou desordem, e o discurso legalista qualificava seus participantes como rebeldes. 

Os combatentes envolvidos no episódio revolucionário estavam divididos entre militares fiéis ao Governo Federal - os legalistas - e os chamados rebeldes - soldados do Exército e da Força Pública chefiados por Isidoro Dias Lopes. 

Apesar da intensa articulação do golpe, incidentes de natureza variada modificaram o rumo dos acontecimentos. Como afirma um memorialista, " não pensaram os organizadores da intentona isidoresca de 1924 em fator importantíssimo que sóe acontecer nestas ocasiões: o imponderável" . Informações desencontradas, atrasos na tomada dos pontos estratégicos permitiram a reação do poder legal. Assim, o

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que se pretendia que fosse um início de marcha rumo ao Rio de Janeiro transformou-se na ocupação da cidade de São Paulo. A revolução acampou por aqui, entre 5 e 27 de julho de 1924. 

Na fria madrugada do dia 5, os quartéis da Força Pública e do exército foram tomados por unidades rebeladas das duas forças; as estações de trem, o edifício do Telégrafo Nacional , as estações de transmissão de energia, enfim, os núcleos de comunicação e transportes foram alvos dos revolucionários. A estratégia consistia em tomar o controle dessas atividades, interrompendo a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediria que o Governo Federal tomasse providências para se defender. Não foi o que ocorreu. 

Os atrasos e incidentes deram tempo ao general Abílio Noronha, comandante da II Região Militar, de telefonar para o Rio de Janeiro e organizar uma reação, dificultando a tomada das estações e unidades militares. Unidades do forte de Itaipu, em Santos, e marinheiros do Rio de Janeiro foram mobilizados, chegando a São Paulo no domingo, dia 6. Nas primeiras horas reinavam boatos, notícias desencontradas ou simplesmente a desinformação. O centro da cidade, coalhado de soldados de ambos os lados, transformou-se em praça de guerra, cortado por trincheiras construídas com os paralelepípedos retirados do calçamento, fardos de feno e cercas de arame farpado . Era enorme o ruído da fuzilaria; os olhos ardiam devido à fumaça provocada pelos escombros decorrentes dos ataques de granada e tiros de canhão. Os relatos são dramáticos: " Na rua da Quitanda, esquina da rua Álvares Penteado, havia patrulhas legalistas, que atiravam, com vigor, em direção às ruas Quintino Bocayuva e José Bonifácio. No largo da Misericórdia, um soldado, atingido por uma bala, rodopia e tomba ao solo, golfando sangue... E morre. Na cascata que orna o jardim do Palácio, na cidade, dispunham-se atiradores, semigenuflexos, na atitude de fazerem fogo, ao provável surgir do inimigo" . Na confusão dos primeiros dias - quando nem os próprios soldados sabiam a quem deviam obedecer - os combates se deram em pleno centro da cidade. Soldados vestidos com o mesmo uniforme caqui lutavam entre si; marinheiros e guardas civis pró e contra o governo enfrentavam-se, ainda incertos quanto ao comando a que deviam obedecer. Em seu diário da revolução, José Carlos de Macedo Soares relata um episódio bastante ilustrativo. Dirigindo-se de automóvel ao quartel general para falar com Isidoro Dias Lopes, Macedo Soares e o prefeito Firmiano foram parados por uma patrulha que os acompanhou à Luz; o cabo da Força Pública, armado com uma carabina, a certa altura pergunta ao prefeito Firmiano : - " Afinal quem ganhou, fomos nós?"

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O Estado de S.Paulo - 06/7/1924

A tomada da cidade. Por sua localização estratégica, com grande entroncamento de ferrovias e rodovias, e por ser o maior centro industrial brasileiro, a capital paulista foi escolhida pelos líderes tenentistas como ponta de partida para sua insurreição. Buscavam atrair atenção para sua causa e, a partir de São Paulo, incitar o levante em outras capitais desencadeando uma mobilização por todo o País para derrubar o presidente Artur Bernardes.

Sob o comando do General Isidoro Dias Lopes ,  os revolucionários iniciaram o movimento de ocupação da cidade com a tomada do 4.º Batalhão de Cavalaria de Santana. Em seguida, tomaram diversas posições estratégicas e outros bastiões da defesa governista. De suas posições no Campo de Marte, os tenentistas bombardearam a residência oficial do presidente do Estado, Carlos de Campos, o Palácio dos Campos Elísios. As tropas fiéis ao governo reagiram. Para conter o levante, autorizou bombardeios aéreos à cidade para desalojar os tenentistas. São Paulo é a única cidade brasileira que sofreu bombardeio aéreo.

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O Estado de S.Paulo - 10/7/1924 e 15/7/1924

  

As marcas do conflito. Durante 22 dias a capital dormiu e acordou em meio a tiros e bombardeios. Um terço da população paulistana deixou a cidade em busca de segurança. O próprio presidente do Estado refugiou-se no interior. Trincheiras foram abertas na Avenida Paulista, no Brás, no Belenzinho, na Vila Mariana, em Perdizes, no Ipiranga, na Vila. No primeiro bombardeio com vítimas, o  Liceu Coração Jesus, que serviu de refúgio para a população desabrigada pelo conflito, teve o telhado de suas oficinas destruído por um tiro de canhão.

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Soldados tenentistas posam para foto em julho de 1924. Reprodução/Revista 'La Esfera"

Ocupada pelos rebeldes, a Igreja Nossa Senhora da Glória, no Lavapés, foi praticamente destroçada. Temendo que trabalhadores engrossassem as fileiras dos revoltosos, as forças do governo bombardearam bairros operários, como a Mooca e Brás. Famílias inteiras morreram dentro das casas atingidas. Até hoje pode-se ver as marcas dos bombardeios de 1924, os buracos de tiro de canhão na parede da chaminé da antiga usina termoelétrica na Rua João Teodoro, naLuz.

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Imagens dos bombardeios e da destruíção causada nos 22 dias de confronto . Acerov/Estadão

Com sua resistência comprometida, em 28 de julho de 1924, Isidoro Dias Lopes e as remanescentes forças tenentistas deixaram a cidade e retiraram-se para Bauru.

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O Estado de S.Paulo -  28/7/1924

  

Censura. Durante o conflito, os revolucionários permitiram que o Estado permanecesse em circulação, mas sob censura. Com a retomada da cidade pelos governistas, o jornal, que já havia elogiado em seus editoriais o idealismo do movimento tenentista e mantinha uma postura crítica em relação aos governantes do Partido Republicano Paulista e à administração federal, sofreu as consequências por manter uma posição de neutralidade. No dia 29 de julho de 1924, Julio Mesquita, diretor do jornal, foi preso e enviado para o Rio de Janeiro. O Estado teve suacirculação suspensa por 12 dias, só voltou às ruas em 17 de agosto daquele ano.

Page 12: revolta tenentista

O Estado de S.Paulo -  17/8/1924

Homenagem aos 18 do Forte. A data do início do conflito em São Paulo foi cuidadosamente escolhida para homenagear o primeiro levante tenentista, ocorrido exatamente dois anos antes no Rio de Janeiro, no episódio conhecido como a Revolta de 1922. Conhecida também como aRevolta dos 18 do Forte, foi o primeiro movimento militar armado que pregava o fim do monopólio das oligarquias paulistas e mineiras no poder e questionavam a vitória do mineiro Arthur Bernardes nas eleições presidenciais de 1922 .

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O Estado de S.Paulo - 06/7/1922

A Revolta de 1922 serviu para mostrar o descontentamento de militares com a  política do País. Em 1924, a revolução que se ergueu em São Paulo começou a desenhar um projeto político tenentista mais claro. Em sua lista de demandas, além da deposição do Presidente da República, estavam um conjunto de reformas políticas que visavam a moralização do sistema político. Pediam maior independência do Legislativo e do Judiciário, limitações para o Poder Executivo, o fim do voto de cabresto, a adoção do voto secreto e a instauração do ensino público obrigatório.

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