revolta dos malês - prof. altair aguilar

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Revolta dos Malês "Malê" é o termo que se utilizava para referir-se aos escravos muçulmanos. A Revolta dos Malês foi uma mobilização de escravos de origem islâmica, a qual registrou-se na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835 na cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia, no Brasil. Constituiu-se numa sublevação de caráter social, de escravos africanos. Sendo assim a maioria dos muçulmanos que viviam na Bahia eram nagôs. Embora outros grupos, como os haussá também fossem islamizados, coube aos nagôs o predomínio no movimento. Mais de 80 por cento dos réus escravos em 1835 eram nagôs, sendo eles apenas 30 por cento dos africanos. Outras etnias africanas presentes em Salvador na época também desempenharam papel no movimento, como a etnia haussá. Os negros nascidos no Brasil, e por isso chamados crioulos, não participaram da revolta, que foi feita exclusivamente por africanos.

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Page 1: Revolta dos Malês - Prof. Altair Aguilar

Revolta dos Malês

"Malê" é o termo que se utilizava para referir-se aos escravos muçulmanos.

A Revolta dos Malês foi uma mobilização de escravos de origem islâmica, a qual registrou-se na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835 na cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia, no Brasil.

Constituiu-se numa sublevação de caráter social, de escravos africanos. Sendo assim a maioria dos muçulmanos que viviam na Bahia eram nagôs. Embora outros grupos, como os haussá também fossem islamizados, coube aos nagôs o predomínio no movimento.

Mais de 80 por cento dos réus escravos em 1835 eram nagôs, sendo eles apenas 30 por cento dos africanos. Outras etnias africanas presentes em Salvador na época também desempenharam papel no movimento, como a etnia haussá. Os negros nascidos no Brasil, e por isso chamados crioulos, não participaram da revolta, que foi feita exclusivamente por africanos.

Uma das principais insatisfações que contribuiu para que a Revolta dos Malês tivesse início foi a escravidão dos africanos, que apesar de livres, sofriam

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muitas discriminações por serem negros e seguidores do islamismo.

De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos. Os africanos arrecadaram dinheiro e compraram armas para os combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.

A Revolta dos Malês teve fim quando uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de Salvador. Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e armados, os soldados cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates aconteceram.

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No conflito morreram 7 soldados e 70 revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais.

Os líderes foram condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites, degredo e alguns foram levados para África.

O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite, fazendo os africanos parar com a prática de suas cerimônias religiosas.

Apesar de rapidamente controlada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime vigente, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo de Dom Pedro II.