revista_ilust_16

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    ricardo antunes

    so paulo / Lisboa

    [email protected]

    www.ricardoantunes.com

    Dia 1 dia de Ilustrar...

    stamos de volta com mais uma edio da Ilustrar, e comosempre abordando vrios pontos de vista da ilustrao, do desenho e dodesign, e mais uma vez de diversas cidades tambm.

    Dessa vez entramos em uma rea que ainda no tnhamos falado desde aprimeira edio: a arquitetura, atravs do arquiteto de So Paulo EduardoBajzek, com trabalhos incrveis na seo Sketchbook.

    Trazemos tambm o mineiro Flavio Fargas e seus trabalhos cheios deinuncia infantil, no Portfolio; Paulo Brabo, de Curitiba, faz um longopasso a passo que uma aula completa, utilizando 3 programas aomesmo tempo.

    A seo 15 perguntas tem o argentino radicado no Rio de Janeiro, eum dos mais importantes artistas em atividade, Luis Trimano, comseus retratos incrveis, e na seo Internacional o jovem americanoJason Seiler, famoso pelas suas caricaturas com grande humor e tcnicaelaborada.

    Alm das tradicionais colunas de Brad Holland, contando sobre asconfuses de uma ida manso da Playboy, e de Renato Alarco, sobreos rumos atuais das artes plsticas e da ilustrao, artigo ilustrado porTiago Lacerda / ElCerdo.

    Espero que gostem... e dia 1 de julho tem mais.

    Um abrao,

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    EDITORIAL: ................................................................2

    PORTFOLIO: Flavio Fargas ............................................4

    COLUNA INTERNACIONAL: Brad Holland ...............12

    INTERNACIONAL: Jason Seiler .................................15

    SKETCHBOOK: Eduardo Bajzek ...................................24

    STEP BY STEP: Paulo Brabo ..........................................32

    COLUNA NACIONAL: Renato Alarco ........................40

    15 PERGUNTAS PARA: Luis Trimano .........................42

    CURTAS....................................................................... 54

    LINKS DE IMPORTNCIA ....................................... 55

    DIREO, COORDENAO E ARTE-FINAL: Ricardo [email protected]

    DIREO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Ricardo Antunes - [email protected]

    REDAO: Ricardo Antunes - [email protected]

    REVISO: Helena Jansen - [email protected]

    COLABORARAM NESTA EDIO:

    ILUSTRAO DE CAPA: Luis Trimano - http://luis-trimano.blogspot.com

    PUBLICIDADE: [email protected]

    DIREITOS DE REPRODUO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada,postada, distribuda e divulgada livremente, desde que seja na ntegra, gratuitamente,sem qualquer alterao, edio, reviso ou cortes, juntamente com os crditos aosautores e co-autores.

    Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seo.

    Angelo Shuman (Divulgao) - [email protected] Machado (Brad Holland) - [email protected]

    Foto:

    arquivoRicardoAntunes

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    evistaIlustrar

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    GOSTARIA DE COMPRAR AREVISTA ILUSTRAR?GOSTARIA DE COMPRAR AREVISTA ILUSTRAR?C omo se sabe, a Revista Ilustrar um projeto totalmentegratuito, por acreditarmos na importncia em se divulgar

    informao de qualidade, alm de prestigiar os maiorestalentos do mercado nacional.

    Mesmo assim, muitos amigos e leitores escrevemperguntando constantemente onde se pode comprara Revista Ilustrar, ou de que forma seria possvel enviardonativos para ajudar a revista.

    Comprar no possvel, ela continuar sendo gratuita edigital, mas j que os pedidos so tantos, ento a Ilustrarabrir um espao de mecenato.

    Todos os interessados em ajudar a manter a revistagratuita podero colaborar com donativos em qualquer

    valor, e a revista divulgar a cada edio o e-maile site dos colaboradores.

    uma oportunidade de ter seus contatos divulgadosna mais prestigiada revista de ilustrao do Brasil,e tambm ser uma forma de ajudar a mantera revista gratuita a todos.

    Para saber como proceder e receber mais detalhes,entre em contato atravs do e-mail:[email protected]

    Receba detalhes da produo e informaes extrassobre ilustrao, arte e cultura, acompanhando a

    revista de duas formas diferentes na internet:

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    Revista Ilustrar

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    FLAVIOFARGAS

    O C O M E O

    Quando garoto, adorava desenhar, massempre escutava minha me dizer: meulho, arruma uma prosso sria... depois,nas horas de folga, voc brinca de desenhar.

    Pois ... levei muito a srio estas palavrasde minha me e acabei largando o desenhoe a ilustrao de lado por muuuuito tempo.

    E entrei para o mundo do design grco.

    Foi o mais prximo que consegui cardo desenho e ter uma prosso sriaao mesmo tempo.

    Este desvio na rota durou muito maisdo que eu gostaria, quase 20 anos...

    epois de mais de 20 anos trabalhando

    como designer grco, Flavio Fargas tomou umadeciso que adiou por todos esses anos:se dedicar ilustrao.

    Uma vez tomada a deciso, o resultado claro: em 4 anos j ilustrou 23 livros,e mais alguns esto a caminho.

    Dono de uma tcnica graciosa, levemas bastante elaborada, Fargas teveuma inuncia decisiva em seu estilo:o nascimento de sua lha.

    Atravs dela Fargas pde recuperaro trao e a experimentaodespreocupada da infncia, produzindoum material repleto de misturas,

    colagens e sobreposies.

    E sobretudo de prazer no trabalho, que perceptvel nos resultados.

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    flavio fargas

    BELO HORIZONTE

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    www.fauhaus.com.br

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    Fargas

    Foto:arquivoFlavioFargas

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    O C O M E OD E V E R D A D E

    De vez em quando, muitoaleatoriamente, me arriscava fazendoilustrao e charge, quase sempre parao movimento popular, mas sem muitaregularidade.

    Bem depois, no ano 2000, nalmentecomecei minha reentrada no mundo

    da arte e da ilustrao: entrei para aEscola de Belas Artes da UFMG, ondeme graduei em Pintura e depois emDesenho.

    Mas prossionalmente continuava atrabalhar com design grco. E foio que z at 4 anos atrs (2006),quando nasceu minha lha.

    Nesta poca, por inuncia dapaternidade e inspirado por Soa,decidi voltar s minhas origens e tentaringressar no mundo da ilustrao.

    Assim, ilustrei meu primeiro livro em

    2007 (Poemares, Ed. Dimenso) quandoSoa fez 1 ano. Depois vieram outrose, at hoje, foram cerca de 20 livros.

    Sei que estou apenas no comeo daminha jornada de ilustrador, que tenhomuita coisa para aprender e um longocaminho pela frente.

    Soa, como de resto, boa parte das

    crianas, consegue uma sntese e umaespontaneidade nos seus desenhos queme fascina.

    Houve um tempo em que meagradava mais uma ilustrao, aquelamais carregada de detalhes, derepresentaes, de elementos.

    Hoje me encanta muito mais um trabalhomais sinttico como, por exemplo, o daSara Fanelli. Mas eu, particularmente,acho que chegar a esta sntese muitodifcil, exige muita dedicao. muitodifcil ser simples.

    Principalmente porque a fronteira entreo trabalho sinttico - mas expressivo - eo trabalho simplesmente pobre e vazio(desculpem o chavo) uma linha muitotnue.

    Toda vez que Soa vai para o meu ateliereu co s observando o seu jeito debrincar com os materiais e me lembro dafrase do Picasso: gastei uma vida inteirapara aprender a desenhar como umacriana.

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    M A T E R I A I SV A R I A D O S

    Foi durante minha segunda graduaona EBA, quando escolhi fazer meutrabalho de concluso de curso usandolixo e rejeitos diversos.

    Nesta poca z uma srie de esculturasusando todo um arsenal de coisas queia catando na rua, em viagens, em casa,qualquer lugar que fosse, enm. Descobrira expressividade em coisas to diversas

    foi um exerccio muito interessante edepois acabei levando isso - pelo menosem parte - para o meu trabalhode ilustrao.

    Na verdade no tive ainda oportunidadede fazer um trabalho de ilustrao usandoos materiais com a mesma liberdade quetinha na escola, mas ainda espero teressa chance.

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    O S O B J E T O S

    Meus primeiros objetos surgiram tambmna poca da Escola de Belas Artes.

    De tudo que fao, talvez o que me dmais prazer de criar so meus objetos- principalmente os livros-objeto.Trabalhar a tridimensionalidade um outro prazer.

    Nem melhor nem pior que obidimensional, apenas diferente. svezes, fazendo um trabalho desses

    acontece, por exemplo, de voc espetaro dedo numa ponta de arame sobrandoou se cortar numa farpa de madeira.

    Hoje nem xingo mais, pois percebi queisso cria uma cumplicidade maior comos materiais, uma ateno maior daminha parte com o que estou fazendo.

    Acho que a palavra certa envolvimento. No nal, o resultado um trabalho mais forte.

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    T R A B A L H A N D OE M P

    Foi um hbito que surgiu da necessidadede manusear vrias coisas ao mesmotempo enquanto trabalho.

    Tenho na minha bancada e na paredeao lado, uma srie de caixas com umsem nmero de quinquilharias queuso para trabalhar (desde palitos defsforo usados at cabo de guarda-chuva quebrado).

    Ento se eu fosse trabalhar sentado,ia ser muito difcil car levantando otempo todo para pegar as coisas. Dapra comear a desenhar em p tambm,foi um pulo.

    Normalmente fao os primeiros rafessentado, mas depois, quando vou renaro desenho na mesa de luz, e a parte detinta, fao tudo em p mesmo.

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    O M E R C A D OE D I T O R I A L

    Apesar de ter ilustrado 23 livros, eu meacho muito novo neste mercado parafalar com profundidade sobre o assunto.

    Tenho aprendido com outros ilustradoressobre os meandros e armadilhas destemercado.

    O que mais me espanta, sem dvida, a voracidade de alguns contratos que

    tenho visto (infelizmente cada vez commais frequncia) e os prazos cada vezmenores.

    Para mim, no resta dvida que aorganizao dos ilustradores (ementidades como a SIB, por exemplo) e atroca de informaes (como nas listas doIlustragrupo e da SIB) fundamentalpara aprendermos a nos resguardar.

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    O Jogo de Shelpor Brad Holland

    Shel Silverstein (escritor, poeta, compositore cartunista americano) e eu nuncatinhamos nos encontrado. Ele tinha casasem todo lado e vivia onde os agitos eramos melhores. Mas ele estava em Chicagopor um tempo, fazendo alguns negcioscom a Playboy. Kerig Pope, o assistentede diretor de arte da revista, me chamoue apresentou-nos pelo telefone.

    Naquele vero de 1978, Kerig me incumbiude ilustrar The Devil & Billy Markham, aprimeira de vrias histrias infantis paraadultos que Shel estava escrevendo emversos cmicos e que a Playboy publicouao longo de uns anos.

    Comeamos a trabalhar como se costumafazer com uma revista. Shel enviava suasrimas para a Playboy, Playboy enviava asrimas para mim, e eu enviava as imagenspara a Playboy. Era bastante simples. Mascomo as sries cresceram e Shel evocouaventuras de co similares a The Devil &Billy Markham e Gimmesome Roy, entoele conseguiu simplicar a mquina criativado nosso relacionamento.

    Um dia, Shel telefonou de algum lugardentro dos EUA. Estava pensando,disse ele. A revista tinha muitos chefesnaqueles dias. No era como nos velhos

    tempos com Hefner (Hugh Hefner, criadorda Playboy) na Ohio Street. Ele sugeriuque simplicssemos as coisas. E se elecomeasse a enviar seus manuscritos

    Sketch para a pintura: The Devil and Billy Markham - Brad Holland

    diretamente para mim? Ns poderamoscolaborar como Rodgers & Hammerstein(dupla de compositores, entre outras deA Novia Rebelde) disse ele, cortar oseditores e diretores de arte, e eu poderiaenviar as guloseimas nalisadas para aPlayboy depois que estivssemos satisfeitos.

    A ideia agradou-me. Nenhum chefe, sndios - sempre agrada quando voc umdos ndios. Alm disso, eu estava convencidode que a amizade prxima de Shel comHefner, sua longa associao com a revistae sua genialidade beatnik iria deix-lo fugircom o que quisesse. OK, Hammerstein,eu disse a ele, encontremos o Sr. Rodgers.

    Shel teve um palpite que iramos trabalharbem juntos, mas havia um problema: eleteve um perodo difcil na comunicao comos engravatados da revista. Ele pensouque tinha deixado todos nervosos. Entopediu-me para telefonar aos diretores dearte para retransmitir aos editores a notcia

    de que ele e eu ramos agora um time.Eu fui dizer que eu no sabia de onde Shelestava telefonando (isso era verdade) e fuidizer que no sabia como encontr-lo (quetambm era verdade). Ento fui explicaro acordo. Shel mandaria seus versos paramim. Eu escolheria o que eu gostava.Ento, quando estivesse pronto, eu enviariaas palavras e as imagens para a Playboy.

    Na verdade, era suposto deixar os editoressaberem que agora eu era o editor de Shele ele era o meu diretor de arte (!). Eu sabiaque isso no seria uma boa notcia para os

    editores e diretores de arte reais, e Sheladmitiu que seria delicado. Mas ele disseque tinha certeza que se eu segurasse issosem problemas, os engravatados no iriamse descontrolar muito. Eles sabiam quepodiam conar em ns. E melhor ainda,a ansiedade iria torn-los gratos por tudoo que ns nalmente enviaramos.

    O que estou fazendo? eu pensei, no dia

    seguinte, quando telefonei a Kerig Pope emChicago. Foi Shel Silverstein que festejoucom Hefner, Shel que era uma lenda vivada Playboy, Shel que eu tinha visto sedivertindo com as coelhinhas da revistaquando eu ainda estava na escola em Ohio esurrupiando as Playboys do meu pai para oceleiro. Por que eu estava de repente sendosupostamente seu porta-voz?

    Ningum na Playboy nunca me contou oque eles pensavam dessa cena boba, queestava mais para Gilbert & Sullivan (duplade compositores de pera cmica) do queRodgers & Hammerstein. Mas no demoroumuito para Kerig me dar uma sacudida, me

    delegar tarefas, e me dar as contra-ordens.Eu estava para entrar em contato com Shel(se eu pudesse encontr-lo) e conhec-lo(se possvel), e ento entret-lo para pegaros manuscritos dele. Kerig garantiu-me queShel seria um gatinho manso. Ento euestaria enviando os versos para a sede emChicago, e todos ns poderamos dispensara travessura.

    Eu achei Shel um homem verdadeiramentedoce. Mas me enviar para subtra-lo de seusmanuscritos era como o envio de um policialnovato para entregar um prisioneiro astutoa uma penitenciria.

    Tentei telefonar a Shel para os nmerosque ele tinha me dado. Ele tinha umapartamento na Hudson Street, emManhattan, um covil em Chicago, umacasa em Key West, e uma casa-barco emSausalito. Ele no estava em nenhum desseslugares e no havia secretria eletrnica. Aeu esperei e fui tratar dos meus negcios.Ento um dia eu atendi o telefone e ouvi ocoaxar familiar, bem-humorado.

    Onde est voc? Eu perguntei.

    Eu vou car no Hef , disse ele, referindo-se Manso Playboy na Califrnia.

    O pessoal da Playboy est procurandopor voc em toda parte, eu disse.

    Eles nunca vo me encontrar aqui.

    Shel estava escrevendo versos, ele tinhaum monte de coisas. Era importante quenos encontrssemos em breve. Eu deveriair para Los Angeles. Ele precisaria queeu casse por uma semana. Poderamostrabalhar na manso. Haveria muitas festas.Ento ele iria deixar os manuscritos comigo.Quo rpido eu poderia ir para o litoral?

    Quando voc pode me enviar os bilhetes?eu perguntei.

    Eu no podia acreditar no que estavaacontecendo. O que comeou como um dianormal para mim de repente foi a promessade fantasia de um jovem se tornar realidade.Eu me vi voando a caminho para o Xanadu-no-Pacico. Beber margaritas na jacuzzi com asPlaymates. Jogando Donkey Kong com Hefner.

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    Brad holland

    estados uni dos

    [email protected]

    www.bradholland.net

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    Mas depois me lembrei que eu tinha acabadode conhecer a garota dos meus sonhos.

    E disse a Shel que eu queria traz-la.

    Ele fez uma pausa. Deixe-me ver seentendi, disse ele. Voc quer levar asua prpria garota na Playboy Mansion?Voc j ouviu falar em Vender gelo paraesquim? Shel levou alguns minutospara me certicar de que eu entendiaa diferena entre sexo e amor. Mas euestava irredutvel e Shel, sem dvidacoando a cabea reluzente, fez osarranjos de viagem.

    Em uma semana, minha namorada e euestvamos instalados no Beverly HiltonHotel e dirigindo em direo MansoPlayboy de forma to natural como seestivssemos indo para a casa da vovno Natal.

    Era nal da manh quando chegamosa Hefnerlndia, mas a manso estavato quieta como um velrio. Shel nosencontrou porta vestido com um robe

    listrado at o cho e sandlias. A casaestava cheia de atividade, como a casa

    dos meus avs costumava ser quandomeu av trabalhava noite na Fbricada Whirlpool e dormia pela manh.

    Ns bebericamos suco de laranja na salade estar de Hefner enquanto empregadosaspiravam o cho e esvaziavam os cinzeirosda noite anterior. Shel tinha uma pilha demanuscritos ordenadamente datilografadoscom entrelinhas: The Perfect High,California Cs, Rosalies Good Eats Cafe.Ns passamos por eles. Pareciam letrasde baladas country procura de uma linhamusical.

    Enquanto a minha namorada desenhavagaras com cristas em seu sketchbook ese bronzeava no gramado da manso, Shele eu lamos os seus versos, linha por linha.

    Surpreendeu-me descobrir que odesprezo por seu budismo mascarouuma preocupao para que as pessoasalcanassem o contedo de suas histrias.Durante os dois anos seguintes eu iria veressa preocupao para a acessibilidadedos seus versos humorsticos repetidos tal

    como encontramos para os editoriais naslavanderias em Greenwich Village, na DanteCaffe em Macdougal Street, em WashingtonSquare Park ao meio-dia ou em vrioscantos de rua meia-noite, na companhiade mulheres que eu no conhecia e quesem dvida Shel conhecia muito melhor.

    Logo de cara me agradou muito essaansiedade sobre o efeito inspetora escolarde seus versos. Aqueles dias prenunciavamo ms seguinte em Nova York, quando Sheltelefonou e me pediu para ir para umasesso de emergncia com seus editores.Ele estava editando seu prximo livroinfantil, The Light in the Attic, e a editoraHarper & Row tinha reunido um minsculo

    grupo de foco em uma sala de confernciapara fazer um teste de mercado dos versos.Shel estava lendo para as criancinhas, disseele, e elas no pareciam estar entendendo oponto de nada. Deveria eu chegar e dar-lhea minha opinio?

    Eu no sou criana, Shel, eu disse.

    Voc mais moleque do que essesanes do cacete.

    Shel no precisava ter se preocupado.The Light in the Attic veio a se tornarum dos best-sellers surpresa de todosos tempos.

    Nossa semana de reunies e festas emLos Angeles foi rpida. Quando Judy eeu samos, Shel deixou seus manuscritoscomigo, como prometido. Ento,silenciosamente, quase sem pestanejar,ele sugeriu que depois que eu tivesse lido,deveria mand-los para os editores, emChicago.

    Era isso. O motim de sarcasmo tinha

    acabado. Mas at ento eu deduzi que omotim no tinha sido realmente o ponto.Shel e eu nunca iramos ser Rodgers &Hammerstein. Ns ramos Huck e Tom(Huckleberry Finn e Tom Sawyer), fumandocigarros, escondidos da Tia Polly numa ilhade bad boys no Mississippi.

    Por ter me convidado a participar no segredodessa intriga e por uma semana na mansoPlayboy com a minha garota, Shel tinha

    comprado a minha lealdade. No seria maisum artista contratado da revista, eu eraagora seu companheiro, seu amigo. E elesabia que isso signicava que, em algumnvel, eu no estaria trabalhando para aPlayboy, para os editores, para a diretoresde arte, ou para Hugh Hefner. De agora emdiante, quando a Playboy enviava rimasde Shel para mim, Shel sabia que eu estariatrabalhando para ele.

    Shel Silverstein morreu inesperadamenteem Key West, em 1999. Eu no o via faziaum tempo, mas lembrar dele traz de volta

    momentos felizes. Isto foi escrito para umlivro publicado em privado, produzido pormuitos dos amigos de Shel.

    Para saber mais sobre Shel Silverstein:http://tinyurl.com/36z2n39

    PinturaparaThePerfectHigh:ortheBalladofGimmesomeRoy,

    Playboy,

    1979-BradHolland

    Sketch para a pintura: California Cs - B rad Holland

    Texto e todas as imagens Brad Hollande / ou a Revista Playboy.

    Qualquer reproduo por qualquer meio, sem permissopor escrito, estritamente proibida.

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    Desenho tinta para The Devil and Billy Markham, Playboy 1978 - Brad Holland

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    JASONSEILER

    Bem, quando eu era criana, minhaprincipal inuncia artstica foi meupai. Meu pai um pintor incrvel, eucresci vendo-o desenhar e pintar todaa minha vida. No houve realmentequalquer outra inuncia artstica.

    Eu gostava de desenhar tudo, desdevida selvagem at desenhos animados.

    Passei por fases de desenhar oPernalonga, Patolino e, em seguida, euestava numas de desenhar quadrinhos,como Batman, Superman e Homem-Aranha. Tambm passei por umafase de Tartaruga Ninja... eu estava

    A partir da cidade de Chicago,onde reside, Jason Seiler, de 32 anos, tem

    se destacado no mercado de ilustraointernacional como um dos grandes nomesda caricatura, apesar de se considerarum retratista.

    Atravs de uma tcnica bastante elaborada,mas muito rpida, Jason tem trabalhado

    para vrios clientes, em especial parao mercado editorial americano.

    No entanto, recentemente fez algo quebuscava h um bom tempo: ilustrar umposter de cinema, e coincidentemente,

    com um dos seus personagenspreferidos, George Lucas.

    Jason Seiler conta aqui um pouco de sua vida,da inuncia de seu pai, da paixo pelo humore pelos retratos, do stress com os prazosapertados e muito mais.

    Q U A I S F O R A M A S S U A S I N F L U N C I A SA R T S T I C A S , Q U A N D O E R A C R I A N AE A G O R A C O M O A D U L T O ?

    obcecado em desenhar as TartarugasNinja! Aps esses anos eu comecei adesenhar da revista MAD, copiandoartistas como Mort Drucker, Don Martine Drew Friedman.

    Como adulto, o meu pai ainda continuaa inspirar-me, mas eu tambm soumuito inuenciado por Norman Rockwelle J.C. Leyendecker.

    Tambm adoro o trabalho de JohnSinger Sargent, Peter de Sve,Hermann Mejia, Nico Marlet, SeanCheetham, Phil Hale, James Jean,Jeremy Geddes e Jenny Saville.

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    JASON SEILER

    ESTADOS UNIDOS

    [email protected]

    www.JASONSEILER.com

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    Foto:arquivoJasonSeiler

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    Os prs, trabalhando com materialtradicional, que muito divertidopara mim. Eu gosto muito mais do quea pintura digital. Eu amo a experincia,as frustraes, tudo isso. Adoro teruma pea de arte original que eu possa

    vender ou emoldurar.

    As desvantagens so que levo muitomais tempo para pintar tradicionalmente.Gosto tanto do processo que realmentetiro meu tempo para isso; no gosto deapress-lo.

    Pintar tradicionalmente, para mim, mais como uma terapia, algo queeu devo fazer, ou vou enlouquecer.

    Gosto de trabalhar digitalmente tambm,mas no tanto como quando trabalho emleos ou aquarelas. Eu acho que a minhacoisa favorita para fazer fazer sketches,

    eu amo fazer sketches.

    Prero trabalhar digitalmente emtodos os meus trabalhos de ilustraoou editorial. Ainda consigo ter umasensao de pintura realista e possotrabalhar muito mais rpido. Notenho que esperar que a pintura sequeou criar camadas e camadas de tintapara produzir certos efeitos; rpido.

    Se houver mudanas que precisamser feitas, posso mud-las semnenhum problema.

    Com uma pintura tradicional, tenho de

    digitaliz-la ou tirar fotos dela, depoisdisso precisa ser corrigida a cor... muito tempo, que eu no tenho.

    Assim, para mim a pintura digital oque faz sentido para o mundo editorial,onde se tem prazos apertados.

    Os contras de trabalhar digitalmenteseriam que no h uma pea original dearte. Alm disso, eu diria que no todivertido como pintar tradicionalmente.

    V O C T R A B A L H A T A N T O C O MM A T E R I A IS T R A D I C I O N A I S C O M OD I G I T A I S . P A R A V O C , Q U A I SS O O S P R S E C O N T R A S E MC A D A M A T E R I A L ?

    M A S V O C T E M P R E F E R N C I A P O RA L G O E S P E C F I C O ?

    Se fosse para escolher um meio paratrabalhar com tudo, acho que euescolheria tinta a leo porque h muitacoisa que pode fazer com ela... e noh nada como olhar para uma pinturaa leo original.

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    R E C E N T E M E N T E F O I P U B L I C A D OO L I V R O N O R M A N R O C K W E L L- B E H I N D T H E C A M E R A , Q U EM O S T R A A S R E F E R N C I A SF O T O G R F I C A S Q U E R O C K W E L LU T I L I Z A V A . P A R A V O C , Q U E T E MU M T R A B A L H O M U I T O R E A L I S T A,T E M O H B I T O D E P R O D U Z I R S U A SR E F E R N C I A S F O T O G R F I C A S ?

    Eu ainda no tenho esse livro, mas ovi h um tempo, em uma livraria. Masdevo pegar esse livro. Eu tenho pelomenos 10 livros de Norman Rockwell, ele meu ilustrador/pintor favorito... adoroo seu trabalho.

    Respondendo sua pergunta, sim, eutrabalho muito como Norman Rockwell.

    Crio minhas referncias prprias.Tenho amigos que posam para mim, euconguro as poses, coloco a luz do jeitoque eu quero e assim por diante.

    Mas o que fao juntar refernciascomo ponto de partida. No estoucopiando uma foto, mas sim uso vriasfotos e poses para inuenciar uma peade arte. E o resultado no nal da pintura geralmente algo bastante diferente.

    Uso as minhas referncias como base,para desconstruir. Quero ver como asdobras funcionam no vesturio e osefeitos que a luz causa nelas. Tambmquero conseguir uma anatomia eestrutura precisas para trabalhar.

    E, muitas vezes, eu componhoa expresso que voc v no meutrabalho, mesmo que seja de umafamosa celebridade. Vou tirar fotosde mim mesmo fazendo a cara queeu preciso e a partir da desenharas celebridades usando as minhasexpresses.

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    E M M D I A , Q U A N T O T E M P O L E V AP A R A FA Z E R U M A I L U S T R A O ?

    Ela toma o tanto que a publicao med. Se tenho dois dias, eu uso cadaminuto que tenho; se eu tiver quatrodias, a mesma coisa.

    Voc tem que conhecer a si prprio eaquilo de que capaz de realizar dentrodo prazo que lhe dado. s vezes eupreciso simplicar e manter as coisas

    um pouco mais pinceladas.

    Outras vezes posso atrasar um poucoe planejar minha obra, gastando maistempo desenhando e desenvolvendo.Tudo depende do trabalho.

    Fiz recentemente uma capa para oNew York Observer. Tinha duas pessoasna capa, sem fundo e com poses

    simples; no era assim difcil de terminarno prazo de dois dias que me foi dado.Passei a primeiro dia desenhando equando meu esboo foi aprovado, passei oresto do meu dia pintando suas cabeas.

    No dia seguinte, eu passei pintando suasmos e simplicado de seus corpos. Euz o prazo com muito tempo de sobra.

    Na semana passada pintei uma capa parao The Miami New Times; eu tinha apenasquatro dias para pintar isso, ento passeidois dias ou mais no rosto e gura,e o resto do tempo pintando o fundo.

    Da voltei com o trabalho e juntei ofundo e personagem principal colocandotudo junto.

    M E S M O S E N D O R P I D O , O S P R A Z O SC O M O S C L I E N T E S T E N D E M A S E RI N S A N O S . C O M O V O C C O N C I L I AO S T R E S S D O S P R A Z O S C O M U MT R A B A L H O T O E L A B O R A D O ?

    Como eu disse, me conheo e sei o queposso e no posso fazer com o tempoque me foi dado. Tenho que separar

    o que precisa ser pintado em sees.Rostos e mos so os maisimportantes... depois que so pintadas,eu posso simplicar outras reas, mas importante que essas outras reaspaream igualmente fortes, que elasainda exigem cuidado e ateno...

    difcil conseguir um equilbrio, masdepois de faz-lo por um tempo, voccomea a entender esse tipo de coisa.

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    O S P R A Z O S G E R A L M E N T E A F E T A M OS E U T R A B A L H O D E A L G U M A F O R M A ?

    Sim, claro. Eu tenho que me perguntarna quantidade de tempo que eu tenho,o que posso fazer? Algumas semanasatrs eu pintei uma ilustrao de umapgina para o Weekly Standard.

    Meu tema era Nancy Pelosi, e foi um diavirado. Eu terminei toda a pea no prazode nove horas. Para este trabalho, decidique iria manter toda a obra mais soltae pincelada.

    Ela cou boa, e por causa da soltura, temuma vida que eu realmente gosto.

    Se tivessem dado dois dias ou mesmouma semana para fazer esta obra, noteria tido a mesma sensao.

    Eu a teria trabalhado de uma formamais realista, menos pincelada e commais atmosfera.

    Poderia ter sido uma obra mais vigorosa?s vezes ter muito tempo em uma obrapode matar a vida contida nela... muitasvezes adoro como os meus sketchescam, e o desejo que s publiquemo sketch! Quem sabe, talvez um dia?

    C O M O V O C C O N S I D E R A O S E U E S T I L O D E P I N T U R A ?S E R I A U M R E A L I S M O C M I C O O U U M H U M O R R E A L I S T A ?

    Sinto que meu trabalho est se tornandocada vez mais e mais como uma espciede verso moderna de Rockwell, mascom mais exagero.

    Alguns dos meus trabalhos no sointeiramente humorados; na verdade,eu vejo um monte de trevas nomeu trabalho, mesmo nas minhas

    caricaturas... e estou trabalhando emum projeto agora que muito dark, masilustrado no meu estilo de exagero ecaracterizao.

    Eu pinto como eu vejo coisas, pinto aimpresso que tenho; as coisas so maisinteressantes desta forma. Para mim, dequalquer forma.

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    A C H A Q U E O H U M O R P O D ES E R M A I S E V I D E N T E A T R A V SD A T C N I C A R E A L I S T A ?

    No. Olhe para o trabalho de JackDavis. Ele foi e um gnio. Eu acho quepintando realisticamente, uma espciede conexo feita entre o espectadore a arte. Eles veem algo que elesreconhecem e acreditam.

    C O M O O S E S T U D O S D E

    A N A T O M I A R E A L I S T A P O D E MA J U D A R N A C O N S T R U OD E U M A C A R I C A T U R A ?

    Isso to importante! Eu adoro o crnioe a anatomia e os estudo todo o tempo.Tenho vrios livros sobre o crnio, etenho vrios crnios no meu estdio.

    muito importante para um artista quedesenha e pinta as pessoas, de formarealista ou exagerada, compreender econhecer o crnio.

    Se voc no conhece o crnio, isso iraparecer em seu trabalho. Isso algoque eu ensino aos meus alunos na

    Schoolism.com

    V O C J D I S S E Q U E N O S EC O N S I D E R A C A R I C A T U R I S TA ,M A S U M A R T I S T A C O M P A I X OP E L O S R E T R A T O S . E N T O C O M OD E S E N V O L V E U A A T R A OP E L O H U M O R ?

    Eu sou um caricaturista, mas euno gosto do ttulo... isso faz algumsentido?

    Quando eu penso em caricaturas,penso nelas como os desenhos deparque ou desenhos de carnaval.

    E eu no quero dizer com issonenhum desrespeito a esse tipo dearte, eu costumava faz-las, e eutenho muitos amigos talentosos queainda as fazem.

    Vejo o que eu e outros ilustradoresfazem, como C.F. Payne, Daniel Adel,Roberto Parada, James Bennett,e Philip Burke, como ilustrao.

    Eu no me concentro apenas naface, ou o quanto posso exageraras caractersticas de uma pessoa.

    H muito mais do que isso. Estoumais interessado em captar a essnciae as caractersticas da pessoa.

    O humor entra em jogo porque ns,como humanos, temos um aspectoengraado.

    O que eu fao exagerar e empurrara verdade, e fao isso pintando aimpresso que tenho disso. Concentro-

    me sobre o meu tema e olho paradiversas fotos, recolhendo o mximode informao possvel.

    Tambm no estou interessado emdesenhar algum da mesma formaque eu j tenha visto antes. Tem queser original e fresco para eu estarinteressado.

    Eu me deno como um artista retratista.Penso que um retrato exagerado, sebem-feito, pode parecer mais com apessoa do que se voc fosse pint-lode forma realista.

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    O G R A N D E C A R T U N I S T A B R A S I L E I R O ,R O B E R T O N E G R E I R O S , D I S S E Q U EP R E F E R E D E S E N H A R P E S S O A SC O M U N S , P O R Q U E O H O M E MC O M U M M A I S E N G R A A D O P O RG E R A R E M P A T I A E M N S . E P A R AV O C , Q U A L A S U A P R E F E R N C I A ?

    Concordo com Roberto Negreiros.

    Eu tambm prero desenhar a pessoacomum. Muito mais divertido e maistocante tambm. H algo que podemos

    relacionar e compreender.

    Porque ns no temos visto essaspessoas na tela do cinema nosignica que elas no so to ou maisinteressante de se olhar ou desenhar.

    Terminei recentemente uma ilustrao dealguns homens em um caf-restaurante.Apenas pessoas normais, mas paramim muito mais interessantes do queuma pintura de Tom Cruise ou MorganFreeman.

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    EDUARDO

    BAJZEKDireto de seu estdio no centro

    da cidade de So Paulo, Eduardo Bajzekabre um novo campo de abordagem naRevista Ilustrar: o da arquitetura.

    Formado pela Faculdade de Arquiteturae Urbanismo da Universidade Mackenzie,Bajzek j produziu mais de 950 ilustraes

    artsticas de projetos de arquitetura dediversos arquitetos, permitindo assim seaprimorar numa tcnica toda prpria.

    Alm disso, tem se dedicado muito aosketchbook, em especial ao ar livre,procurando aprimorar cada vez mais seutrao e seu senso de observao.

    Com isso acabou por se tornar tambmem correspondente do Urban Sketchers,famoso blog de sketches urbanos.

    Eu comecei a desenhar emsketchbooks em 2008, por inunciade um grande ilustrador australianochamado John Haycraft. At ento, euhavia feito poucos trabalhos pessoais,e sempre com base em fotograas.

    Minha ideia inicial era aprimorar meudesenho atravs da observao e

    explorar novas tcnicas e maneirasde desenhar. Tambm pensei que seriauma tima maneira de desenharpor diverso, sem compromisso comprazos e com clientes.

    Mesmo assim, no meu primeirosketchbook eu criei uma regra:no mexer nos desenhos depoisde fechado o caderno. Assim,eu preservaria os desenhos

    com os recursos e tempo disponveisem determinado momento, e tambmpara evitar que eu fosse muitodetalhista e casse na armadilhado overwork.

    Nos outros sketchbooks passei aser um pouco mais exvel comigomesmo... mas ainda luto para no

    ser (extremamente)detalhista.

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    EDUARDO BAJZEK

    So Paulo

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    www.ebbilustracoes.blogspot.com

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    Foto:arquivoEduardoBajzek

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    Descobri que desenhar na rua,sozinho ou em grupo, umaatividade fantstica e muitoenriquecedora.

    Te fora a interagir mais com oentorno, com a cidade e com aspessoas. Passei, por exemplo, agostar muito mais de So Paulo,depois que comecei a desenharpor a.

    Quando fao desenhos de locao,meu objetivo principal conseguircolocar no papel aquilo que euestou vendo.

    No pretendo mudar ou distorcera realidade deliberadamente, pelomenos por enquanto.

    Acho que a expressividadevem carregada pela tcnica eaparecer mais concretamentecom o tempo.

    H alguns meses passei a sercorrespondente do site UrbanSketchers.

    Apesar de ser muito legal dividiros desenhos com gente do mundotodo, passei a ser um poucoexigente demais comigo mesmo.

    Acho que todo ilustrador tem umnvel de autocrtica altssimo.

    E por conta da autocrtica ques vezes eu sofro, quando deveriaestar me divertindo.

    Essa outra meta: deixar de serto exigente e parar de buscaro resultado apenas, focando noprocesso.

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    Meu trabalho tem sidoinuenciado pelo desenhode locao e vice-versa.

    Como sempre trabalhei comilustraes de arquitetura tenhofacilidade com a perspectiva.

    Por outro lado, minha gurahumana era pssima e agoraestou correndo atrs desse lado.

    Acho que devemos desenharde tudo: pessoas, edifcios,paisagens, animais, objetos e atretratos, embora cada ilustradortende a desenhar aquilo quemais tem a ver com a sua rea,com o seu mercado.

    Agora busco ampliar meushorizontes, como ilustrador,para qualquer campo, e acreditoque os sketchbooks esto meajudando a dar corpo a essabusca. Alguns desenhos feitosem cadernos podem ir para o

    portflio, inclusive.

    Acredito que as consequnciasda produo incessante vmcom o tempo, e quanto maior orepertrio, maiores as chancesde crescer.

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    BRABO

    Neste ponto o esboo pode ser nalizado dequalquer forma. Os trs programas que maisuso para ilustrar so o Painter, o CorelDraw eo Microsoft Expression. E, no importa comocomece, costumo nalizar no Adobe Photoshop.

    avegando entre a ilustraotradicional e a digital, o ilustrador PauloBrabo tem experincia acumulada hmais de duas dcadas.

    J foi arte-nalista, operador de grca,diretor de arte, estagirio de almoxarifadoe formando de Administrao de Empresas,e soma todas essas experincias para

    serem usadas como ilustrador.Alm de atuar na rea publicitria eeditorial no Brasil, ilustraes suasapareceram recentemente no Guiado Usurio do Corel Painter 11 e napublicao The Worlds Finest PainterArt, da editora Ballistic.

    O passo a passo a seguir mostra umaimagem toda digital, saltando de formainteligente e explorando todos os recursosentre os programas Painter 11, CorelDrawe Photoshop.

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    Quando convidado para contribuir com umpasso a passo para esta revista, rezei parapoder ter tempo de usar os meus truquesusuais e ao mesmo tempo fazer algo queno havia feito antes.

    Assim que sentei para esboar, ocorreu-meo desao que seria, mantendo-me el ao

    meu estilo, fazer algo numa linha romnticadesmesurada algo a meio caminho entreo terreno das princesas Disney e os musicaisde Hollywood da dcada de 1940.

    Ignoro se consegui fazer uma coisa ou outra,mas me diverti um bocado no processo.Espero que d para notar.

    Tudo comea, naturalmente, com um bomesboo. A maior parte dos meus trabalhos feita diretamente no computador, usando algumsoftware de desenho ou de pintura e uma mesadigitalizadora Wacom, mas os esboos talveza parte mais crucial de qualquer criao essesprero ainda fazer a lpis.

    Neste caso, no entanto, resolvi manter-me 100%digital e comecei fazendo o esboo diretamenteno Corel Painter 11. A desvantagem de no sefazer esboos no papel, visualizando o todo em

    um relance, ca evidente no resultado desajeitadodesta primeira verso, em que as propores esto

    to constrangedoramente erradas.

    Usei este primeiro esboo como referncia para fazeruma segunda verso, que ainda assim no me satisfez,especialmente porque no encontrei uma boa soluo

    para a posio do p esquerdo do cara depois que coloqueium vestido na mulher.

    Finalmente, mudei o eixodo movimento, altereia posio das pernasdo sujeito e resolvicomear por a.

    Para este trabalho resolvi fazer um trajeto misto,comeando pelo CorelDraw e depois nalizarnavegando entre o Painter e o Photoshop. Vocpode naturalmente partir dos mesmos princpiose usar os programas de sua preferncia.

    1- Esboo...

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    Paulo Br abo

    Curitiba

    [email protected]

    www.e-brabo.com

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    2- Ilustrao VetorialNesse tipo de ilustrao, a m de darforma a um esboo inicial, uso basicamentea ferramenta de curva Mo Livre e aferramenta de Preenchimento Inteligente doCorelDraw. Uso o CorelDraw desde a verso 5,mas como gosto de pensar que meu diferencialest na liberdade do trao, nunca curti muitoas limitaes inerentes ilustrao vetorial.

    Isso mudou quando a Corel introduziu aferramenta de Preenchimento Inteligente[Smart Fill], que uma verso vetorial dovelho baldinho de tinta do Photoshop ou doPaint: preenche com um caminho fechadoqualquer rea que esteja fechada, denidapor uma ou mais curvas sobrepostas.

    A vantagem que posso desenhar molivre linhas que se sobrepem (o que garantea rapidez do desenho e a leveza do trao),ao mesmo tempo em que obtenho comoresultado os caminhos fechados e editveis

    da ilustrao vetorial (o que garante aexibilidade e a agilidade dos resultados).Numa palavra, posso desenhar em vetorsem ser obrigado a modelar guras oumanipular ns.

    OBSERVAO: OAdobe Illustrator temuma ferramenta depreenchimento comcomportamento semelhante(Preenchimento em temporeal, ou Live Paint), mascrucialmente diferente.

    No CorelDraw o objetocriado pela ferramentatorna-se imediatamenteindependente das linhas apartir das quais foi criado.

    No Illustrator, bastamovimentar algumadas linhas para modicarinterativamente o formatodo objeto criado pelaferramenta.

    3- As LinhasA primeira coisa a fazer importar[MENU > Arquivo > Importar]o esboo que z no Painter paraa pgina de um novo documentodo CorelDraw.

    Posiciono a imagem onde achoque deve estar e crio uma linha-

    guia horizontal alinhada ao chodo desenho. Uso em seguidaa ferramenta de TransparnciaInterativa para diminuira opacidade do esboo.

    Sobre essa imagem comeo adesenhar usando a ferramenta dedesenho Mo Livre em traos soltose espontneos que correspondam aoesboo. A nica coisa que tenho deme preocupar nesse estgio queas linhas se sobreponham de modoa modelar as formas presentes noesboo. necessrio que as linhasse cruzem nas extremidades; se eudeixar alguma abertura em algummomento, o preenchimento ir maistarde vazar para alguma rea ondeno planejei, s vezes para toda area de trabalho. Se alguma curvano sai como o planejado possoajust-la em seguida com aferramenta de ajuste de ns.

    Quando as linhas que denem oscontornos do casal esto concludas,posso apagar o esboo do fundo,porque s voltarei a ele mais tarde,no Painter. Restam s as linhas limpas.

    Seleciono em seguida todas ascurvas que z, arrastando com aferramenta de seleo, e no menuescolho [Organizar > Combinar]

    para transformar todas as linhasnum nico objeto.

    Esse passo no estritamentenecessrio, mas como planejo melivrar das linhas assim que noprecisar mais delas, convenienteque estejam combinadas num objetoque eu possa apagar num passo s.

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    Uma vez que o casal est concludoposso arrastar para o lado e apagaro objeto que contm as linhasazuis de referncia, porque j crieias formas de que precisava e nopreciso mais delas.

    Daqui a pouco vou querer exportar

    este conjunto de curvas comoimagem bitmap para poder pint-la no Painter, mas devo aproveitarenquanto estou no mundo vetorial,onde tudo mais fcil de mudar,para fazer alguns ajustes.

    A primeira coisa que quero fazer ajustar o p esquerdo dodanarino, trazendo-o um poucomais para a esquerda, de modoa deixar o seu passo de danamais extremo e apaixonado. Paraisso basta selecionar apenas osobjetos que formam o p e arrast-los at onde acho que devo.Em seguida uso a ferramentade seleo de ns para selecionarapenas os dois ns que compem abarra da cala, e arrasto os ns atse alinharem nova posio do p.

    Uso a mesma ferramenta parafazer ajuste semelhante naperna direita. Agora sim, aposio do danarino me parecesucientemente dramtica eestilizada.

    Mas no estou satisfeito com a corda sua roupa. Seleciono um a umos objetos que compem a roupado danarino e substituo os tonsde preto por um vinho escuro nopalet e um verde-oliva na cala.

    A partir da o trabalho usar aferramenta de PreenchimentoInteligente para preencher osintervalos denidos pelas linhasque acabei de fazer. Nada poderiaser mais fcil: basta clicar coma ferramenta dentro de qualquer

    uma das reas delimitadas. precisamente como usar o baldinhode preenchimento no Photoshop.

    Para facilitar ainda mais a minhavida, antes de comear escolho naBarra de propriedades as opesSem preenchimento e Nenhumcontorno. Assim, cada novo objetocriado pela ferramenta no primeiromomento invisvel; porm, comocada novo objeto pr-selecionadono momento da criao, paracolori-lo basta clicar a cor desejadana paleta de cores, que deixo

    convenientemente aberta sobreo documento.

    Neste ponto estou escolhendoas cores por intuio; como nada denitivo, posso a qualquermomento (ou mesmo muito maistarde) selecionar cada um dosobjetos criados e ajustar-lhe aspropriedades e as cores. Uma coisaimportante no deixar nenhumarea da gura, por menor que seja,sem preenchimento. Dependendoda disposio das linhas quedesenhei mo livre, algumasreas a serem preenchidas podem

    querer passar despercebidas,de to pequenas que so.

    Concluir as guras trabalho meramente braal.

    4- Criando Objetos com a Fer ramentade Preenchimento Inteligente

    5- Limpezas e Ajustes

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    No Corel Painter, abro o arquivoPSD que acabei de exportar.O casal est numa camada partecom fundo transparente, o que vaifacilitar a minha vida mais tardequando eu for fazer o fundo.

    Por enquanto o que quero fazer deixar o casal com menos carade vetor. Para isso vou usar umnico pincel, o Coarse Spray,encontrado na categoriaAirbrushes (Aergrafos).

    Na janela de camadas travo atransparncia da camada em queestou trabalhando, para impedirque minhas pinceladas vazempara onde no quero, e comeoa usar o Coarse Spray paraacrescentar texturas, luzese sombras.

    Em alguns casos, para facilitaro meu trabalho, uso a ferramentaVarinha de Condo para selecionaruma nica tonalidade das coresque formam o desenho.

    Continuo acrescentando texturas,fazendo selees quandonecessrio, at daressa parte por concluda.

    At agora, vale l embrar, estamoslidando com um conjunto deformas independentes quepodem ser movidas para qualquerlado e editadas em conjuntoou individualmente.

    O ltimo ajuste que quero fazernesta fase diz respeito cabea dodanarino, que prero que estejaum pouco mais alta do que est emrelao ao corpo, para real-la nacomposio.Quando mudo a cabeade posio preciso ajustar tambmo pescoo. Uso a ferramenta deseleo de ns para selecionarapenas os ns pertinentes dos *dois*objetos que formam o pescoo; umavez selecionados, arrasto os ns atque o pescoo esteja novamentealinhado cabea.

    Agora que considero a composioconcluda, devo apenas exportar todoo conjunto em formato raster (bitmap),a m de poder continuar a edio noPainter e no Photoshop.

    Vou ao menu [Arquivo > Exportar]e escolho o tipo de arquivo PSD -Adobe Photoshop. Clico Exportare, nas opes avanadas da telaseguinte, certico-me deselecionar a caixa de opo Fundo Transparente.

    6- Texturizando as Formas

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    Assim que abro a imagemno Photoshop e vouocultando e acionandoas camadas uma a uma,percebo duas coisas:primeiro, que odeio asnuvens e decido livrar-me delas; segundo, que

    as folhagens cam muitomais interessantes sem ocaramancho que desenheipara elas. Decido apagar acamada com o camaranchoe voltar mais tarde aoPainter para desenharoutro. Apagadas as nuvense o caramancho, aplicoum gradiente de brancona camada do fundo,que representa o cu,para acrescentar algumaatmosfera.

    Hora de aplicar algumastexturas. Importo umatextura de tecido e coloconuma camada acima dadanarina.

    Mudo o modo da camadapara Overlay e crio emseguida uma mscara nacamada, preenchendo amscara de preto paraocultar a camada porcompleto.

    Depois pinto suavementecom a cor branca sobre amscara, de modo a revelarsomente parte da texturano vestido da danarina.

    Hora de pintar. A partir deagora s usarei (em diversostamanhos) um pincel que eumesmo criei, o Coker Textured -voc pode baix-lo para o Painter11 neste endereo:

    http://tinyurl.com/385reof

    Crio uma nova camada acima

    do fundo mas abaixo do casale comeo a pintar a partir dareferncia do esboo. Paradeixar a coisa mais orgnicae menos chapada, antes decomear fao deslizar algumasporcentagens (3%) de Hue eValue na janela Color Variability.

    Uma vez concluda a basedo fundo, crio outras duascamadas abaixo do casal, umapara as folhagens, outra parao caramancho, e uso o mesmopincel Coker Textured parapintar tanto um quanto o outro.

    No caso das folhagens, antes decomear a pintar aumento at4,00 (o mximo) o item Jitterda opo Random, de modo afazer com que as bolinhas quecompem cada trao quemseparadas umas das outras. Horade salvar a imagem aqui paraver o que podemos fazer comela no Photoshop.

    7- Trabalhando o FundoQuero agora fazer o fundo. Comeoaumentando o tamanho da tela[MENU > Canvas > Canvas size],de modo a deixar mais espao aoredor do casal. Em seguida pinto acamada de fundo de azul, depois criouma nova camada onde coloco umquadrado branco que me servir de

    cho. Finalmente, importo o esboooriginal numa camada prpria e deixoessa camada no modo Multiply, paraque me sirva de referncia.

    8- Detalhes, Detalhes, Detalhes

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    Crio uma nova camadaabaixo do casal, em modoScreen, e pinto uma

    nvoa de branco suaveao redor dos dois paradestac-los do fundo.

    Se necessrio, deixoessa camada maisindistinta com vriospasses de Gaussian Blur.

    Fao em seguida duascoisas: primeiro, numacamada abaixo do casalmas acima de todas asoutras, coloco uma texturade ao escovado em modoSoft Light; segundo, voltoao Painter por mais uminstante para adicionarluzes ao redor do coraoacima do casal, usandoo pincel Fairy Dust dacategoria F/X.

    Diminuo a opacidade datextura de ao escovadoe sinto que estou perto donal, mas me incomodamainda as listras na pernado danarino; aproveitopara elimin-las com opincel do Photoshop.

    Fao a mesma coisa, comoutra camada e outro padrode tecido, para acrescentaralguma textura ao paletdo sujeito.

    Neste momento volto aoPainter s por um instante,para usar o mesmo pincelCoker Textured e pintarum novo caramancho,mais estilizado, em formade corao. Voc percebeque com isso entramosdenitivamente emterritrio Disney.

    De volta ao Photoshop, faouma cpia do documentosem as camadas e numacamada parte, sobre asoutras uso essa imageminvertida horizontalmentee rotacionada 180 grauspara servir de piso.

    Aciono CTRL + T para

    transformar essa camada e,usando a tecla CTRL antesde selecionar os ns nasextremidades do retngulo,distoro o piso de modo asugerir alguma perspectiva.Transformada a camada,diminuo por m a suasaturao, ao mesmo tempoem que aumento a saturaoda camada que contmo casal.

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    Sinto, nalmente, que faltacontraste na rea ao redor dorosto dos personagens, que para onde o olhar deveria estardirecionado. Para corrigir issocomeo apagando a camada denvoa resplandecente nessaregio, de modo a deixar mais

    evidente o azul do fundo.

    Em seguida, crio uma camada

    no modo Overlay e pintosuavemente com branco sobreo rosto dos personagens, demodo a acentuar o contrastecom o fundo.

    Ei, a imagem est pronta!

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    Rockwell Nunca Andou

    na Bicicleta de Duchamp

    por Renato Alarco

    Na biograa My Adventures as anIllustrator, o artista Norman Rockwellnos conta, dentre muitos causos, sobreum devaneio seu: poder encontrar-secom Rembrandt, Drer, Vermeer e outrosmestres, para com eles confabular de igualpara igual e dizer vejam, companheiros,este o meu trabalho, o que acham?.

    Alguns diriam, como se atreve um meroilustrador colocar-se lado a lado comocolega de ofcio de guras to lapidares nahistria da arte?

    Todo mundo sabe quem foi NormanRockwell. Alm de ter retratado o ladoidlico e aucarado do American Way, elefoi tambm um dos mais bem-sucedidosilustradores da histria. No falo dodinheiro que ganhou, mas sim do poderde comunicao e da empatia que seutrabalho conquistou com o pblico. Parase ter uma ideia, toda vez que a revistaSaturday Evening Post encomendava umacapa dele, o diretor de arte tinha que ligarpara a grca para alert-los: tratem deencomendar mais papel pois vem a umaedio com capa do Rockwell!. E assim,a tiragem que normalmente j era colossal em torno de 1 milho de exemplares

    precisava ser ampliada em mais 250 milcpias.

    H mais histrias na biograa do sujeito.

    Na poca da Segunda Grande Guerra,Rockwell j estava um tanto velhinhopara alistar-se e, embora quisesse muitoajudar o Tio Sam, estava fora de cogitaopara ele pegar em armas. Resolveu entocolaborar com o esforo patritico fazendoo que sabia de melhor: ilustrar. Assim, suasrie The Four Freedoms surgiu inspirada

    em um discurso que o presidente Roosevelthavia proferido no congresso em 1941,destacando os 4 pilares da sociedadeamericana, todos apoiados na ideia deliberdade. As 4 ilustraes de Rockwellforam ento impressas em posters e seusoriginais viajaram o pas de ponta a pontaem diversas exposies, numa empreitadaque levantou mais de 130 milhes dedlares em vendas de bnus de guerrapara o governo (os chamados war bondseram papis vendidos populao parananciar os gastos com a misso blica dosEUA na Europa).

    Rockwell dizia que, desde o princpio,

    sempre desejou ser um contador dehistrias por imagens, um artista popularcujo trabalho atingisse um grandenmero de pessoas atravs dos meios dereproduo grca. No se importava como fato de que alguns artistas tentassemdiminuir a importncia do seu ofcio. Oargumento dos detratores depreciavaa ilustrao por obrigar seus artistas atrabalharem dentro de limitaes comoprazos, temas encomendados, a premissade satisfao do cliente e, nalmente,por ser uma arte com o objetivo de

    comunicao com a massa. J desde aquelapoca pretendia-se adjetivar a ilustraocomo o primo pobre nas artes visuais.

    Durante um bom tempo, o pior dos mundospara um artista plstico era ter seu trabalhorotulado de ilustrao. O termo era vistocomo altamente pejorativo e, no caso dosartistas que optassem pela veia gurativa,ser chamado de ilustrador era ter cocde cachorro na sola dos sapatos da suareputao. Um exemplo marcante disso o que ocorreu com o artista Andrew Wyeth(lho do legendrio ilustrador N. C. Wyeth),

    quando veio tona sua belssima srieHelga, um verdadeiro tesouro da arterealista americana. Levado capa de umagrande revista de arte, o rosto do artistatinha ao redor de si a manchete AndrewWyeth: gnio ou ilustrador?.

    Mas por que tamanha averso a ns? Asrespostas podem ser muitas, e variamda mera suposio mais clara certeza.E natural que junto com nossas maisprofundas reexes sobre estes porqussurjam borbulhaes de ironia, humor eat indignao (creio que voc tambmj deve ter vivenciado este fenmeno).

    Anal, por que hoje somos, criamos epensamos de modo to diferente doschamados artistas plsticos?

    Uma ida s galerias, museus e bienaispara conferir o que se apresenta comomanifestao da ps-modernidade, dacontemporaneidade e seus mil novo-novismos (sempre endossados portratados escritos em linguagem hermtica), uma curiosa experincia. Fica ntido o

    fosso que nos separa daquele universo. Asobras, em sua quase totalidade, parecemignorar tudo o que busca um ilustrador comseu trabalho: comunicar-se, estabelecerempatia, atrair o olhar, suscitar reexes,manifestar ideias, registrar o caldo culturalem que estamos imersos etc. (notem queno listei busca pelo belo, ideal que,particularmente, acho uma besteira).

    E pensar que, l atrs no tempo,caminhvamos lado a lado e fraternalmentea mesma estrada e podamos at serigualmente chamados de artistas.

    O que estou fazendo aqui? Grito nosomente que o rei est nu, mas tambmque est a rolar escadas abaixo (em clarareferncia ao quadro que Marcel Duchamppintou em 1912 Nu descendant unEscalier n2). H aqui tambm uma certaousadia de minha parte ao querer costurarDuchamp e Rockwell num mesmo artigo.Vejamos como isso evolui

    Marcel Duchamp foi um exmio jogador dexadrez e, talvez poucos se lembrem que noincio de sua carreira foi tambm cartunista.Notem que interessante, trago aqui algunsingredientes importantes que compuseram

    essa gura emblemtica na histria dasartes plsticas: o talento para o blefe ea inclinao para o humor e a pardia!

    Para encurtar uma longa histria (etambm refrescar nossas memrias), foiMarcel Duchamp um dos precursores daarte conceitual, quando criou os chamadosready made. A ideia consistia basicamenteem adotar inocentes objetos do cotidiano,acrescentar a eles novos elementos, e

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    nalmente inseri-los em um novo contexto,desta vez imbudos de uma aura de obraartstica. Foi assim com a roda de bicicletasobre o banco, de 1913, seu primeiroready-made. Outros vieram depois:em 1914 uma escultura era compostabasicamente de um escorredor metlico decopos, e em 1915, uma simples p tornou-se arte ao ganhar a assinatura de Duchampe o ttulo In advance of the broken arm.

    Duchamp foi tambm o artista que primeiro

    fez uma interveno (palavra em moda hojeem dia), ao colocar um bigode na Monalisa(obra entitulada LHOOQ). Mas talvez amais clebre obra desta srie tenha sidoFountain, um urinol de loua apresentadoem 1917 na exposio dos independentes,em Nova York. Como conhecido membrodo juri daquele evento, Duchamp preferiuinscrever sua escultura sob o pseudnimoR. Mutt. A obra foi aceita e o resto histria. Uma histria que alis vem serepetindo exaustivamente na arte ditacontempornea, tal qual uma piada que, aoser contada repetidamente, j no provocamais qualquer reao: se tudo pode serarte, o nada tambm pode ser arte.

    Joguei o urinol na cara deles como umdesao e agora eles o admiram como umobjeto de arte por sua beleza esttica,disse Marcel Duchamp em carta aoDadasta Hans Richter.

    Duchamp escancarou as portas paraum monte de novidades que vieram nasequncia de suas invenes, algumasto entediantes quanto uma la debanheiro. Cabe aqui dizer que muitaseram literalmente uma merda. Falo deobras comoMerda dartista a clebrelatinha produzida por Piero Manzoni eadquirida pela Tate Gallery por 22.300libras (faam as contas: cada grama deseu contedo custou 745 libras!). Dcadas frente surgiu outra de las, Cloaca, obrado artista belga Win Delvoye, que investiu200 mil dlares para criar uma mquinade 11 metros de comprimento por 2 dealtura cuja faanha somente produzirmerda industrialmente (e cada saquinhode coc que dela sai vendido por 1.000dlares segundo dados de 2003). Orastro fedido espalhou-se at o Brasil: no

    mais recente Salo de Artes de Natal (RN),um artista colocou-se nu na galeria e, dequatro, retirou um crucixo de dentro deseu nus. Em depoimento disse que estavadescolonizando seu corpo. Senhores,francamente parem de fazer mau uso dapalavra artista. No quero ser confundidocom um de vocs!

    Ns, ilustradores, temos muito do quenos orgulhar. No estamos buscandonovidades vs que venham a nos colocar

    em situaes ridculas. Somos herdeirosno somente de uma tradio que noslegou o conhecimento do desenho da gurahumana, da perspectiva, do chiaroscuro,das teorias da cor e das tcnicas clssicasde pintura, mas tambm da experincia dasvanguardas (impressionismo, art nouveau,expressionismo, dadasmo, modernismo,fauvismo, construtivismo, pop art etc.), dosexperimentos da colagem, da fotograa,do cinema, da msica, do teatro e deabsolutamente tudo o mais que veio antese depois. No somos guiados pela ideia deque para construir o presente e o futuroprecisamos destruir o passado, pois tudopode nos servir de inspirao e inuncia.

    A prova disso est em qualquer bomcatlogo de ilustrao: o DNA de todos osperodos da histria da arte parece estarrepresentado ali de uma forma ou de outra.

    Acredito que todo este caldo de inuncias o que bom e at o que ruim podee deve incorporar-se nossa bagagemcultural para assim fazer do contedodo nosso trabalho algo mais rico, umforte alicerce para nossa misso de criarimagens que comuniquem, informem,eduquem, emocionem, instiguem, enm,que toquem as cordas da percepodo nosso semelhante.

    Convido a todos, portanto, estudantese prossionais da ilustrao, a manterolhos abertos, ltros ativos e crebrode esponja, pois sempre h muito o queaprender, tanto nas cavernas de Lascaux,quanto nos bezerros fatiados de DamienHirst. Sejamos respeitosos, crticos ousatricos, mas sobretudo preparadostcnica e intelectualmente para defendernossos pontos de vista e, se preciso for,defender nossa arte de quem quer queouse cham-la de menor.

    A Revista Ilustrar agradece a participao especial de Tiago Lacerda / Elcerdo nasilustraes desta seo:

    http://el-cerdo.blogspot.com e http://revistabeleleu.wordpress.com

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    TRIMANOA certeza de que o desenho seria a minhaforma de expresso aconteceu por volta dos14 ou 15 anos. Nesse perodo ingressei naEscola Nacional de Belas Artes. O ambienteera mais de escola de labores prticos quede ateli de artistas, como Lino Spilimbergoou Antonio Berni, que me inuenciaram muito,principalmente nos primeiros tempos, quandoa gente lutava para dominar os materiais.

    Nesse perodo comeou uma greve contrareformas de ensino, pela implantao domodelo vivo, e os alunos comearam a jogarpelas janelas da escola os gessos que serviampara copiar formas acadmicas. Essa grevenunca iria acabar e me afastei.

    Eu devia procurar a vivncia da pintura poroutros caminhos. Sempre desenhando de formaobsessiva, lutando por expressar os temas queme interessavam, e andando pela cidade, para

    cima e para baixo, buscando e visitando osatelis dos pintores, procura de um clima dedilogo com gente que me interessasse, numclima que no senti na Escola.

    Eu era muito inuenciado por CarlosCastagnino, pintor e desenhista virtuoso,muralista e ilustrador literrio que tinhamontado em Buenos Aires, um atelier libreque foi muito importante naquele momentoe formou muita gente. Empregava o mtodo deensino de um pintor cubista francs chamadoAndr Lhote. Eu precisava de alguma coisa maisinstantnea, e o desenho era a ferramenta

    m dos mais respeitadosartistas em atividade no mercado,argentino radicado no Brasil h maisde 40 anos, Luis Trimano tem umvasto material produzido, navegandode forma natural e sutil entre ailustrao, o retrato, a caricaturae as artes plsticas.

    De tudo o que tem produzido,chama a ateno os retratos ecaricaturas que produz, com umafora e expressividade nicas.

    Por ter vivido intensamente osduros anos de ditadura militartanto no Brasil quanto naArgentina, seus trabalhosacabam por transparecer muitodo seu pensamento poltico,que Trimano explica a seguir.

    Uperfeita, que eu poderia manejar (e depois derduos trabalhos...) conseguir um domnio.

    Paralelo a este processo, ingressei na EscolaPanamericana de Arte, fundada por 12 mestresda ilustrao e do quadrinho, entre elesHugo Pratt e Enrique Breccia. Isto consolidoualgumas certezas, sobre questes que vinhamme dando voltas, a respeito da abordagemgrca da narrativa, e tambm me abriu umpanorama mais amplo sobre os quadrinhos,j que vrios dos artistas da escola eramquadrinistas, como Hugo Pratt.

    Essa vivncia em que se misturam as artesplsticas e as artes grcas me levou, depoisde organizar 4 exposies individuais dedesenho em galeria, ilustrao para imprensa,onde z uma tentativa de fundir a qualidadevisual que pode ser alcanada na prtica dasartes plsticas com o dinamismo que adquireo desenho impresso na pgina do jornal.

    A ilustrao em preto e branco, quandoa impresso era feita com clichs, sistema

    semelhante xilograa, era uma gravura.Inclusive s vezes era notrio o cunhoprovocado pela presso da matriz sobreo papel.

    A prossionalizao veio em 1967,quando publiquei a primeira ilustraono semanrio portenho Anlisis. Foium curto perodo de estria na imprensa.Em 1968 emigrei para o Brasil.

    VOC COMEOU A DESENHAR DESDE MUITOPEQUENO E SE PROFISSIONALIZOU BEMCEDO. COMO FOI ESSE COMEO?

    E A PROFISSIONALIZAO?

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    luis trimano

    Rio de janeiro

    [email protected]

    http://luis-trimano.blogspot.com

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    Foto:arquivoLuisTrimano

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    Eu gosto muito do resultado preto e branco nailustrao para jornal. No gosto da cor tal como utilizada na imprensa atual, virou um caos. Obico-de-pena, uma das tcnicas que destacou

    o meu desenho na imprensa, semelhante, nodesenho, gravura em metal, uma tcnica que

    uso desde que comecei a desenhar.

    Esta referncia gravura muito interessante porqueme levou a visitar o trabalho de gravadores e a gravurade um modo geral, no caso a xilograa, primeira tcnicade ilustrao a ser utilizada na imprensa. Nos anos 80 zuma srie de trabalhos sobre MPB. Foram capas de discode vinil e uma srie de guaches de tamanho um poucomaior que o habitual: 1,20 x 90 m, levou por ttuloMsicos de Rua, e foi exposta em 1985 no Museu deImagem e do Som do Rio de Janeiro. Tambm foicapa da revista Grca.

    Essa srie no era desenho colorido, era pinturasobre papel. Um pouco como se trabalhavamos cartes preparatrios das pinturas no sculoXIX. Esta tcnica est relacionada tambm tinta acrlica, utilizada por mim em diversasoportunidades, sobre tela, parede ou compensado,na pintura de painis murais. Existem duas

    tcnicas que nos afastam das coloraes do guachee da tinta acrlica: so as canetas descartveisesferogrcas e hidrogrcas, cujas cores estomais prximas das cores de fabricao industrial,que das tintas empregadas na pintura artstica.

    Para as composies eu uso, como sistema detrabalho, a colagem de imagens retiradas de diversasfontes, que depois de feitas as montagens, seroprojetadas e desenhadas artesanalmente a lpis,nanquim ou caneta, no papel. Tenho utilizadotambm a cmera digital para registros do real,que depois serviro de modelo nos desenhos enas ilustraes.

    A serigraa uma tcnica difcil que tem me dadobons resultados tambm. A colorao da tinta

    serigrca, utilizada tambm para ns industriais, diferente do leo, o acrlico e o guache. Sendo dedifcil execuo, os custos da tiragem serigrca so

    altos, e o seu preo aumenta de acordo com o nmerode cores empregadas. muito difcil para o artista arcar

    com os custos de uma tiragem serigrca sem patrocnio.

    Em 2006 fui contratado pela rma serigrca Arte &Naturaleza de Madrid, a realizar tiragens de 8 imagens dasrie Estigmas, conjunto de guaches que produzi, por voltade 1984/85, sobre textos do poeta peruano Csar Vallejo,que na poca foram expostos na galeria Carlos Oswalddo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

    TANTAS INFLUNCIAS PERMITIRAM QUEVOC TRABALHASSE COM QUASE TODOSOS MATERIAIS. H ALGO EM ESPECIALQUE TENHA PREFERNCIA?

    E QUAIS FORAM AS SUASINFLUNCIAS ARTSTICAS?

    Os primeiros contatos que tive com a arteforam, quando menino, o cinema, os comicse os quadrinhos locais, que na Argentina sechamam historietas.

    Nos anos 60 surgiram, em Buenos Aires,muitos bons desenhistas de quadrinhos,artistas plsticos/ilustradores e gravadores.Existia uma espcie de culto das revistasde quadrinhos e dos desenhistas que se

    confundiam com seus personagens, comoacontece com Hugo Pratt e o seu personagemautobiogrco, Colto Maltese.

    Naquele momento algumas pessoas investiramem ideias novas, correndo riscos de falncia e essa falncia aconteceu diversas vezes...Foram os lendrios alternativos da imprensados anos da ditadura militar. Foi um momentoexcepcional, foram feitas coisas excepcionais,e as posibilidades de se publicar ilustrao

    autoral eram bem maiores do que hoje.

    Sobre as inuncias: em Buenos Airese Montevidu existe um esprito de humornegro, legado dos espanhis.

    Um antecedente desse esprito negro Francisco de Goya, uma das minhas inunciasjunto com uma gravadora expressionistaalem chamada Kathe Kollwitz. E os mestres

    argentinos j citados, Spilimbergo, Bernie Castagnino. O desenho de Carlos Alonso.

    Os muralistas mexicanos Orozco, Rivera,Siqueiros e Tamayo. Os desenhos de CandidoPortinari. O Expressionismo alemo. LasCalaveras e as gravuras de cordel de JosGuadalupe Posadas. A pintura de Emiliano DiCavalcanti. O pincel de Hugo Pratt e o pinceldos desenhistas de quadrinhos. O desenhode Hokusai e as estampas japonesas.

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    O retrato sempre procurou capturar a almada pessoa. No retrato tenho procuradodignicar ou exaltar as qualidades humanasdo retratado sem abandonar um longotrabalho que venho fazendo h anos sobrea face humana, sobre a transformao daface humana, que me levou, durante algumtempo, a me afastar do retrato, e trabalharum caricato prximo das mscaras teatrais, ou

    dos anti-retratos do Expressionismo Alemo.Eram caricaturas grotescas e simiescas,um teatro de tteres aleijados e malcosa passearem pelas pginas vigiadas pelacensura. Grasmos sombrios e bestiaispara tempos sombrios e bestiais e tentandotambm incorporar as variantes e mudanasdo grasmo atual, incluindo a participaodo computador.

    Quando cheguei a So Paulo, em 1968,conheci os retratos pintados a leo por Flaviode Carvalho, entre 1920 e 1950, e tambm osdesenhos a carvo retratando a me no leitode morte. Expressionismo selvagem.

    Me impressionou a valentia com que encaravao retrato. Eu estava estudando os desenhose as pinturas do perodo gurativo de JacksonPollock, cujo trabalho, nesse momento, esteveinuenciado pela arte ritual dos ndios Navajosdo Mxico, e pelo muralista Jos ClementeOrozco.

    Tambm estava olhando os retratos pintadospor Francis Bacon, os mais violentos j

    BOA PARTE DO SEU TRABALHO SORETRATOS E CARICATURAS.O QUE BUSCA AO RETRATARAS PESSOAS?

    produzidos. Bacon me provocou forteinuncia durante um bom tempo. Datadesse perodo uma srie de pequenosdesenhos a nanquim, muito trabalhados emuito escuros que z nesses primeiros mesesde So Paulo. Eram sombras, fantasmasque se arrastavam pela Gotan-City que mepareceu So Paulo noite. O ttulo de umdos desenhos dessa srie O Fantasma doViaduto. Eu estava fazendo caricatura, comos grasmos de Pollock me dando voltas. Edessa qumica meio maluca, me lembro quesaram desenhos bem-feitos, imaginativos.

    Entre 1968 e 1974 trabalhei intensamentecomo caricaturista na imprensa comercial ena imprensa alternativa, chamada de nanica.

    Nesses anos se operou uma mudanasignicativa na visualidade dos meios decomunicao impressos no Brasil, e o meudesenho (que trazia um dado visual diferente),acabou se integrando e fazendo parte daqueleprocesso. Como inuncias no gnero doretrato posso citar alguns artistas de vriaspocas, que me impressionaram e a quemsegui, numa inuncia consciente.

    Os retratos de Rembrandt, os autorretratos deVan Gogh, os apontamentos rpidos e retratosde Toulouse Lautrec, os retratos de OskarKokoschka, as litograas produzidas para aimprensa francesa e as caricaturas modeladasde Honor Daumier, os retratos de popularese personagens da corte de Francisco deGoya. Os retratos pintados de Francis Bacon.Os retratos que Picasso fez de Dora Maare outras mulheres. Entre os contemporneosposso citar Ralph Steadman que utiliza umgrasmo muito violento e pesado para falarde temas violentos.

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    O preto e branco e a cor so dois caminhosdiferentes. O desenho em preto e branco est

    sujeito, na maior parte dos casos, quase queexclusivamente forma.

    O desenho em preto e branco se presta aoclaro-escuro e ao modelado de volumes. Aluz, a sombra e a penumbra, os cinzas. Osclimas provocados so dramticos, austeros,lacnicos.

    Essa me parece ser a expressividade do pretoe branco. E o realce na descrio da forma.

    Eu acho que a gurao e a no-guraofazem parte de um mesmo contexto, mas seremetem a interesses diferentes. Eu sempreme interessei pela gurao, por representara gura humana protagonizando suas histrias,da o posterior interesse pela ilustrao.

    Dentro da gurao existe abstrao: quandoampliamos um detalhe qualquer de umapintura gurativa, conseguiremos vizualizarquadros abstratos ou no-gurativos, e tentotrabalhar o elemento gurativo de maneiraque no deixe de representar o que quero

    dizer, mas ao mesmo tempo seja um trabalhoonde o plstico esteja em primeiro lugar, jque se trata de um trabalho visual.

    Desta forma o contedo estar sendotransmitido com maior ou menor intensidadede acordo com a intensidade, espressa nasimagens que ilustram.

    No meu caso, o interesse pelas disciplinas dasartes plsticas como a pintura e a gravura, fazcom que utilize elementos do desenho eruditoproveniente das artes, e no das redaesde jornal ou das agncias de publicidade,onde muita gente tem se formado, mas cujoesquema acaba sendo um esquema de linhade montagem.

    difcil fugir ao automatismo trabalhandodentro de uma redao ou numa agnciade publicidade.

    E GRANDE PARTE DOS SEUS TRABALHOSSO APENAS EM PRETO E BRANCO.ACHA QUE UMA ARTE EM PRETO EBRANCO POSSA SER MAIS EXPRESSIVA?

    UMA DAS CARACTERSTICAS DOSEU TRABALHO, EM ESPECIAL OSRETRATOS, O GRAFISMO UTILIZADO,SE TORNANDO QUASE UM ELEMENTO PARTE NA ILUSTRAO. ESSA BUSCAQUASE OBSESSIVA PELO GRAFISMOE PELA TEXTURA REFLETE UMA BUSCAMAIOR PELA ESTTICA?

    A cor dispensa os volumes e o desenhodemasiadamente construdo. A cor essencialmente luz. Os temas muitas vezesnos determinam a colorao das composies.

    Nos trabalhos que z para MPB e capas dedisco, a cor era muito importante porque

    a temtica se referia msica do carnavale aos compositores do samba. Outros temas,ligados problemtica social urbana, guerrasetc. creio que exigem o preto e branco.

    Tanto a cor como o preto e branco soaltamente expressivos, se estiverem deacordo com o tema ilustrado. Exemplos:um fuzilamento de Goya s pode ser em pretoe branco. Um campo orido e uma moa comsombrinha, de Monet, s pode ser de cor plena.

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    Poderamos comparar o ilustrador free-lancerao ator no contratado. Muitas vezes meperguntei de que vivem os atores quandono esto trabalhando para telenovelas,que so as nicas que pagam, porqueningum vive de fazer teatro. Os atores vofazer publicidade, vo vender apartamentos.

    Quem ontem interpretava um clssico, hojeest vendendo trs quartos e varando. Apessoa precisa viver, e vai se malograr poruns trocados, que tampouco vo resolvera sua situao, fazendo gingle ou annciode supermercado.

    O teatro que estudou, os sonhos deinterpretar, de ser ator, vo pro lixo, viatores e artistas plsticos passarem poresta ignbil situao de acabar na indignciaou na pobreza total.

    A mesma coisa podemos falar do il ustrador:ou se considera artista, porque a ilustrao( uma vergonha ter que lembrar) uma arte,

    MUITOS ILUSTRADORES CONSIDERAMA ILUSTRAO UM TRABALHOAPENAS COMERCIAL, MAS VOCJ AFIRMOU QUE A ILUSTRAOCUMPRE UMA FUNO SOCIAL.COMO SE DARIA ISSO?

    ou um burocrata que bate carto e fazo que mandam fazer, espera da hora dasada. Ento o cara que acha que a i lustrao apenas um ganha-po no um artista, um comercirio que trata de serviosonde se utiliza a ilustrao.

    Mesmo sendo um pequeno prossionalautnomo, ele faz parte do ramo dapublicidade comercial e no da arteda ilustrao.

    Eu acho que, quando um artista tem

    uma preocupao social com respeito aoseu trabalho, deve evitar ao mximo aaproximao da ilustrao comercial e colocara sua ilustrao a servio de temas polticos,culturais ou educacionais, que possam serteis s pessoas, e no vender um quadropara quem tem dinheiro, para acontemplao privada.

    Democratizar a imagem ilustrando temasque tragam cultura, e no vender objetos.

    O ilustrador cumpre uma funo social,quando o seu trabalho chega nas pessoas eprovoca uma reexo; o oposto de toda essaorgia de impactos e negcios em quese transformaram os meios.

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    Eu creio que a inteno da editora e do prprioveculo onde publicada determina a ecciada ilustrao de inteno poltica, no somentepela sua qualidade como desenho.

    Se est integrado ou no no conjunto, numapublicao dedicada a crtica da temticasocial. Se repete os vcios da imprensa

    comercial ou reivindica uma linguagemno regida por regras do mercado.

    A ilustrao de comentrio poltico noprecisa necessariamente estar publicada numveculo poltico partidrio para ser notadaou apreciada pelo leitor. A ilustrao poltica uma ilustrao opinativa, e tambm umgnero - hoje um pouco fora de contexto,de acordo com os nihilismos da moda...

    Um exemplo da prtica deste gnero oilustrador norte-americano Brad Holland,publicado regularmente durante anos pelojornal New York Time, que caracterizou oseu desenho como ilustrao de comentriopoltico com espao xo na pgina. Espao

    xo de ilustrao, no de retrato ou charge.Este hbito de criar um espao xo parao ilustrador incomum nas publicaesbrasileiras de notcias e variedades, candoum nmo espao para a ilustrao autoralde comentrio poltico, nas raras pginasilustradas sobre estes temas.

    PORTANTO, DEPENDENDO DE COMOFOR USADA, A ILUSTRAO PODE TER,DE UMA CERTA FORMA, UM PAPELTAMBM POLTICO?

    Nesse momento o ilustrador comea a servisto como artista plstico. Eu acho que estaconfuso vem do fato de o ilustrador no sernem chargista nem caricaturista, dois gnerostradicionais da imprensa escrita.

    Fora do desenho humorstico, difcilconseguir espao xo de ilustrao naimprensa comercial, por sinal a ni ca que tem.

    Os nanicos no existem mais. A tendncia a de associar a ilustrao l iteratura, ao livro

    ou revista ilustrada. Objetos de manuseioda classe mdia alta (um livro custa quase100 reais), uma revista ilustrada, mais de10 reais. As pessoas olham jornal na banca,contam moedas para viajar no nibus, oudeixam parte da compra do supermercadoem cima do balco etc.

    E esta outra contradio que se apresentaquando reivindico uma qualidade quaseluxuosa (se comparando) para o trabalhopublicado... Opinio, Versus e Pasquimforam jornais da imprensa alternativa queutilizaram principalmente desenhos em lugarde fotograas. A fotograa era publicadaesporadicamente.

    Ou seja, existia uma pr