revista_ilust_12

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    Foto:arquivoRicardoAntunes

    com imenso orgulho que a Revista Ilustrar anuncia a criaode mais dois espaos fixos na revista: as colunas nacional e internacional.

    Nelas, alguns dos mais renomados ilustradores do mercado iro expor ideias,conceitos, opinies e pontos de vista, fazendo com que a Revista Ilustrarpossa levar a todos mais cultura e informao de qualidade.

    Nesta edio n 12, o autor da coluna nacional Renato Alarco, j bastanteconhecido na revista e um dos maiores ilustradores brasileiros, onde ir falarsobre o Japonismo; e na coluna internacional teremos, como convidado fixo,a participao de Brad Holland, um dos mais brilhantes e importantesilustradores americanos da atualidade, com um artigo sobre o futuro da

    profisso de ilustrador.E os outros convidados desta edio trazem tambm muita informao etalento. Na seo Portfolio, o cartunista de Braslia Kleber Sales; no Sketchbook,o veterano Hector Gomes; na seo Memria, o queridssimo Henfil.

    O passo a passo fica a cargo do cartunista Gustavo Duarte; as 15 perguntasvo para Jos Alberto Lovetro, o Jal, falando sobre o prmio HQMix, j queele foi um dos criadores do prmio; e na seo Internacional, o divertidotrabalho de Scott Campbell.

    Espero que gostem. Dia 1 de Novembro tem mais...

    2b

    EDITORIAL ..........................................................................2 PORTFOLIO:Kleber Sales ......................................................3 COLUNA INTERNACIONAL:Brad Holland ..........................9 INTERNACIONAL:Scott Campbell ........................................11 SKETCHBOOK:Hector Gomez ...............................................19 MEMRIA:Henfil .................................................................24 STEP BY STEP:Gustavo Duarte ............................................28 COLUNA NACIONAL:Renato Alarco ...................................32 15 PERGUNTAS PARA: Jal / HQMix ...................................36 CURTAS............................................................................... 41 LINKS DE IMPORTNCIA .............................................. 42

    R

    evistaIlustrar

    DIREO, COORDENAO E ARTE-FINAL:Ricardo Antunes [email protected] DE ARTE:Neno Dutra - [email protected]

    Ricardo Antunes - [email protected]:Ricardo Antunes - [email protected]:

    COLABORARAM NESTA EDIO:

    ILUSTRAO DE CAPA:Kleber Sales - www.flickr.com/photos/klebersalesPUBLICIDADE: [email protected] DE REPRODUO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada,postada, distribuda e divulgada livremente, desde que seja na ntegra, gratuitamente,sem qualquer alterao, edio, reviso ou cortes, juntamente com os crditosaos autores e co-autores.Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seo.

    Helena Jansen - [email protected]

    As colunas da Ilustrar...

    Angelo Shuman (Divulgao) - [email protected] (Henfil) - [email protected] Tokio (HQMix) - [email protected] Machado (Brad Holland) - [email protected]

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    PORTFOLO:KLBERSALSKLEBER

    SALESex-futuro arquiteto

    Kleber Sales desistiu em tempo dacarreira de arquitetura porque,segundo seu ex-chefe, ele no tinhavocao e nem sabia desenhar.

    Quem sai ganhando so as editorase os leitores, que receberam no

    mercado um ilustrador, cartunista,caricaturista e aquarelista cheio de

    talento, em especial devido s suascaricaturas, com um trao elegantee expressivo.

    Atuando em Braslia, Kleber nosconta um pouco sobre a sua carreira

    e sobre a preferncia pela aquarelae caricatura.

    Foto:arq

    uivoKleberSales

    K

    leberSales

    F O R M A O

    Sempre gostei de desenho. Aos 17 anosvinha pensando em fazer Arquitetura, queera a coisa mais parecida com desenhode que eu tinha notcia.

    Arranjei um estgio: trabalhei uns seismeses com arquitetura, o meu chefedisse que eu no sabia desenhar, ento

    eu desisti.Na hora de fazer a inscrio do vestibularachei o curso de Artes Plsticas comespecializao em desenho na UnB

    (Universidade de Braslia), que foi timo.

    Fiz muitas horas de aulas de desenhocom modelo, tive muitas informaessobre artistas e tcnicas, timosprofessores.

    Mas infelizmente, pelo menos na minha

    poca, o curso de artes no tinhanenhuma disciplina voltada parailustrao, mesmo havendo um grandenmero de alunos interessados. Essecaminho teve que ser trilhado sozinho.

    O

    kleber sales

    braslia

    [email protected]

    www.flickr.com/photos/klebersales

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    I N C I O

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    PORTFOLO:KLBERSALS

    PORTFOLO:KLBERSALS

    Cursando a universidade procurei,com a informao de amigos, odepartamento de comunicaco, onde feito o jornal laboratrio Campus.

    L, eu e um amigo, o Amaro Junior,comeamos a fazer ilustraes para

    o jornal regularmente, o que foi muitobom pra ter noo de prazos, dimenso,essas coisas.

    Como precisava de grana, arranjeium estgio nos Correios e telgrafos.

    Fui fazer a revista de circulao interna,e l rolava de tudo: histrias emquadrinhos, ilustraes, passatempos,charges, foi um grande aprendizado.

    Em 1996 trabalhei um ano comanimaes para aulas em CDs, foibem divertido.

    Em seguida comecei a trabalhar noCorreio Braziliense, como infografista.

    Em 2001 passei a fazer apenasilustraes para o jornal.

    Essa passagem como infografista foimuito proveitosa; me deixou mais vontade com os limites de proporo

    e uso de texto no jornal, o que acabouinfluenciando muito a minha formade ilustrar.

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    A A Q U A R E L A

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    PORTFOLO:KLBERSALS

    PORTFOLO:KLBERSALS

    Durante a universidade, um artistanorte-americano, cujo nome eu no merecordo (que vergonha...), passou pelomeu departamento e ministrou um cursode aquarela de uns trs dias.

    Eu j dava umas pinceladas por contaprpria e tive contato com os princpios

    bsicos. Gostei dos resultados e no pareide tentar at hoje.

    Para falar a verdade no havia pensado muitonisso at agora. Foi uma escolha muito natural.Mesmo usando outras tcnicas, sempre usoaquarela.

    Acho que uma tcnica delicada que carecede preciso, mas ao mesmo tempo permiteo erro como expresso. Acho isso timo!

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    PORTFOLO:KLBERSALS

    PORTFOLO:KLBERSALS

    A R E AE D I T O R I A L

    Creio que o nmero de veculos temaumentado muito e a demanda detrabalho acompanha.

    Mesmo trabalhando fora dos grandescentros (Rio e So Paulo) possveltrabalhar e encontrar espao.

    Mesmo em Braslia o mercado hoje maior. Creio que a internet facilitou,encurtou as distncias.

    Nada me impede de trabalhar pra umjornal em So Paulo estando emBraslia.

    Tudo depende de compromisso eresponsabilidade, como sempre foi.

    Os problemas so os mesmos. Nemtodos levam a srio o trabalho doilustrador, propondo prazos impossveise preos impraticveis.

    Enquanto algum aceitar essascondies nada vai mudar.

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    PORTFOLO:KLBERSALS

    PORTFOLO:KLBERSALS

    A C A R I C A T U R A

    A boa caricatura traz algo alm dasemelhana com o retratado. Umaexpresso, um trao da personalidade...essa a boa caricatura.

    Mas acho que esse o papel dequalquer ilustrao: trazer algo almda explicao do texto que a

    acompanha.

    A ilustrao tambm uma opinio.Sendo assim preciso se informarsobre o retratado.

    pssimo fazer uma caricatura dealgum que voc no tem ideia dequem seja.

    A possibilidade de dizer algo que eu

    acho sobre aquela pessoa.

    Numa caricatura permitido dizercoisas que o texto no poderia ou nodeveria dizer.

    J. Carlos, Loredano, Trimano, Lan,Crcamo, Philip Burke, Kacio.

    O Q U E P E R M I T E

    O S M E L H O R E S

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    PORTFOLO:KLBERSALS

    PORTFOLO:KLBERSALS

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    ilustraoRicardoAntunes

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    COLUNANTERNACIONALBRADHOLAND

    Com computadores prontos para fazertudo para o artista, exceto limpar seuspincis, os ilustradores vm seguindoum acidentado percurso. E ainda hum longo caminho a seguir.

    Os ltimos 30 anos viram a arte decontar histrias definida por estilos queteriam feito os olhos de NormanRockwell saltar, como em um desenhoanimado. E os artistas podem agoraentregar imagens que h algumasdcadas teriam feito editores envi-lospara um psiquiatra.

    O mercado est indo bem, e ningumsabe onde tudo vai parar, mas nuncavimos tanta variedade.

    Por dcadas os ilustradores tm dadoforma ao contedo da cultura popular.

    Grande parte das imagens que vemos,sem dar a devida importncia, emfilmes e vdeos de rock, cartoonspolticos e anncios comearam comimagens feitas por artistas que optarampor trabalhar em um mundo de pedidosapressados e prazos curtos, ao invs

    de pintar quadros para os homens ricospendurarem em seus recantos ebibliotecas ou escond-los em cofresbancrios para amontoar p, comobarras de ouro.

    Foto:arq

    uivoBradHolland

    Bra

    dHolland

    Aplauso com uma mopor Brad Holland

    brad holland

    Estados unidos

    [email protected]

    www.bradholland.net

    Esta nova atitude em relao artepopular surgiu porque as pessoascriativas querem fazer trabalho quepossa ser visto por outras pessoas.

    O desejo de atingir uma audinciapopular sempre foi um atrativo aosartistas e, ao longo dos sculos elesflertaram, casaram e se prostituramcom o pblico atravs de gravuras,litografias e ilustraes.

    O desejo de ver o seu trabalho refletidonos olhos da multido no nada

    novo. Ele remonta era das cavernas,dos caadores de mamute, floreadono mundo da grande massa de artereligiosa, que , na realidade, a grandemassa mundial da ilustrao.

    A Arte como instruo nunca foi tosignificativa como quando os crentesanalfabetos viram sua f se tornarvisvel nas paredes de suas igrejas.

    Os afrescos de Madonas e Redentores,e todas as legies contorcidas dos

    salvos e dos malditos, foram exemplosde arte como uma forma de comunhotribal. Estas imagens trouxerampessoas solitrias para fora de suascabanas, as elevando, assustando,maravilhando, e ento as enviavam devolta para suas casas, muitas vezespara viver vidas que eram pouco melhordo que a de animais.

    Mas tudo isso mudou quando Luterodividiu a Igreja. Ao traduzir a Bbliaem uma lngua viva, e ao dizer quetodos que o ouvissem poderiam ler,eles mesmos, ele desencadeou oconceito moderno de individualidade.

    E, como a Reforma amadureceu comas mquinas de impresso, a ilustraose tornou a resposta protestante aogrande oramento da pintura emmurais. O humilde livro se tornou aCapela Sistina de todos, e Drer setornou Rafael, com a diferena quepodiam levar as imagens de Drer paracasa, agachar-se perto do fogo, eestudar seus anjos e demnios ecavaleiros transcendentais, vontade.

    A ilustrao trouxe a arte pblica parafora da arena da igreja, ondeverdadeiros crentes poderiam absorv-la, como fs de futebol vivendo a euforiado jogo, transformando-a em umaexperincia pessoal, contemplativa.

    O paradoxo desta converso foi quepara encontrar o indivduo no rebanho,os impressores, autores e ilustradoresde livros tinham que inundar o pblicocom os seus produtos. Encontrar o seupblico-alvo era algo como incubarovas de peixe.

    No havia como saber quais, dasinmeras imagens feitas,permaneceriam nas mentes de pessoasque jamais seriam encontradas, mas

    isto abriu as portas para uma formade comunicao que nunca haviaexistido antes. Agora, quinhentosanos depois, as ovas de peixe dosmeios de comunicao em massasaturam o planeta.

    Nas ltimas cinco geraes, as artespopulares tm falado mais alto, comintermediao mais intensa esobrepujado artes particulares, e omundo impresso, em que ilustradoresj foram estrelas, foi eclipsado pelosfilmes e pela mdia eletrnica.

    Nesta nova era, a arte da ilustraoparece ter encontrado a sua apoteoseno cinema. O cineasta, com o seuelenco, equipes e fantasmas geradospor computador agora podemrealmente dar vida s ilustraes,falando, se movendo e atuando numatela de to grandes propores, que o

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    COLUNANTRNACIONALBRADHOLAND

    COLUNANTERNACIONALBRADHOLAND

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    lustrao

    RicardoAntunes

    desenho a tinta e aquarelas de umilustrador solitrio tornou-se uma meravela no alto-forno dos efeitos especiaise oramentos de milhes de dlares.

    Perdido no meio do espetculo docinema, com o seu glamour e barulho,muitas vezes se torna difcil lembrar arazo pela qual a voz seca de um artistasolitrio importa.

    importante porque as pessoas falamumas com as outras. E se voc temalgo motivador a dizer, ainda maisimportante.

    Embora a nostalgia dos dias do artistasolitrio signifique que os crticosculturais iro atribuir a viso de umfilme a um nico autor, a lista doscrditos que rolam ao seu final contamuma histria diferente.

    Um filme uma obra de artecomunitria, com dezenas ou centenas

    de artistas congregando os seustalentos para faz-lo, e o produto mais rico exatamente por este motivo.

    Mas, em uma declarao pessoal, umfilme uma linha de montagem ondecada trabalhador aperta solitariamenteseu parafuso em uma engenhoca tribal,uma catedral medieval onde cadaarteso esculpe um grgula, ou umaparte de um grgula, para ser colocadono topo de uma coluna. Um filme umimenso afresco com grandesoramentos em som Dolby.

    Mas as vozes dos artistas que vocouve nele so vozes de um coral. Osindivduos esto dissipados.

    E por este motivo que, numa pocaem que o cinema pode fazer ilustraesmaiores do que a prpria ilustrao, ailustrao ainda sobrevive, um cactoprosperando onde outras coisas noconseguem viver.

    Ser que importa o fato da maioria dotrabalho atribudo ao moderno ilustradorser trivial? No, o que importa o que

    ele faz com isto. Noventa e nove porcento de tudo que produzido nomundo transitrio e passa

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    lustraoRicardoAntunes

    despercebido. Um mundo em que setudo valesse a pena ser preservado

    seria um mundo abarrotado de coisasmedocres.

    preciso sorte, e pelo menos umpouco de magia, para superar a notade corte. Excelncia e inovao nuncaso pr-estabelecidas. tentadorjulgar o valor de uma forma de artepopular medindo sua popularidade.

    Mas esta nunca a sua verdadeiramedida. Em teoria, a ilustrao

    sobrevive como um tipo de embalagemespecializada, com o artista criando

    mini-posters para vender um livro ouum artigo, um produto ou plano.

    Mas no final, algo mais. Umailustrao , de um lado, o som deuma mo batendo palmas, e, do outro,os artistas que lanam suas criaespessoais em um oceano indiferente,mas acreditam que elas vo encontrar,entre os bilhes de criaturas que vivemno mar, muitos que no seroindiferentes.

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    SCOTT

    CAMPBELL

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    Foto:arq

    uivoScottCampbell

    ScottCampbell

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    californiano Scott Campbellpertence mais nova gerao deartistas que tem atuado no mercadoamericano com enorme sucesso.

    Scott C. (como mais conhecido),tem conquistado uma legio de fscom um desenho simples, gracioso

    e extremamente bem-humorado,onde a expressividade da aquarelarefora mais ainda a leveza de seutrabalho.

    Atuando em diversas reas aomesmo tempo, Scott teve uma longaconversa com a Ilustrar, onde conta,entre outras coisas, a influncia queSan Francisco teve em suapersonalidade e como Nova Yorktem sido uma nova influncia.

    VOC VEIO DA CIDADE DE SAN JOSE, NA CALIFORNIA,E CRESCEU EM SAN FRANCISCO. COMO COMEOU SEUINTERESSE E SEUS ESTUDOS NAS ARTES POR L?

    Me mudei para San Francisco em 1992para estudar ilustrao na Academia deArte. Eu me concentrava em quadrinhos

    e ilustrao de livros infantis. Estavaobcecado com ambos.

    Aps a faculdade, arrumei um empregona Lucas Learning, pintando cenrios paraos jogos Star Wars para crianas.

    Principalmente porque depois da faculdadevoc s quer fazer algo com as habilidades

    O

    scott campbell

    Estados unidos

    [email protected]

    http://scott-c.blogspot.com

    artsticas que aprendeu e eu conheciaalgumas pessoas l. Eu nunca planejeicomear em concepts de jogos.

    Alm disso, na faculdade eu estavaexposto a muito mais estilos de arteatravs dos amigos que conheci l,ampliando meu mundo, de NormanRockwell e Maxfield Parrish a Paul Kleee Basquiat, e todos os outros artistascujos meios de interpretao visual domundo inspiraram mudanas em mim.

    Essa foi provavelmente a coisa maisemocionante para mim. E ainda estousedento de novas influncias todosos dias.

    UMA PERGUNTA SEMPRE IMPORTANTE: QUAIS SO ASPRINCIPAIS INFLUNCIAS ARTSTICAS QUE VOC TEVE?

    Eles esto sempre mudando, massuponho que o olhar que eu tenha agorafoi desenvolvido a partir de artistas comoPaul Klee, Jim Flora, Shag, Joe Sorren,Tim Biskup, Jason (artista dosquadrinhos), J. Otto Siebold, Chris Ware,Eyvind Earle e Mike Mignola.

    Ah, e Marcel Dzama. Essas so algumasdas minhas mais fortes influncias.

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    A maioria das coisas comeou naLucas (*n.e.: Lucas Learning, divisoda Lucas Arts).

    Foi a que eu aprendi Photoshop, tivea minha primeira conta de e-mail,aprendi a desenhar conceitos estoryboards.

    Como era uma empresa pequena,eu era capaz de fazer muitas coisasdiferentes. Esse foi um bomtreinamento. E foi a que eu conheciTim Schafer, com quem iniciamosa Double Fine Productions.

    Foi tambm onde conheci o pessoalcom quem eu comecei a RevistaHickee: Graham Annable, NathanStapley e a turma.

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    Hum... que difcil. Eu diria, porm, queas apresentaes em galerias tm sidoas mais satisfatrias nos ltimos tempos.

    Principalmente porque no h regras,e posso explorar todos os tipos de viassem muita presso.

    Se algo no funcionar, no interessa,porque em outra mostra ir apareceruma nova oportunidade para se chegara novos conceitos.

    como chegar com um milho de ideiasde pequenos livros e fazer estudos deles.

    E COMO ACONTECEU O SEU INCIO PROFISSIONAL?

    HOJE VOC DIVIDE O SEU TRABALHO ENTREQUADRINHOS PARA A REVISTA HICKEE COMICS,QUADRINHOS PARA O SEU BLOG, ILUSTRAO PARAPUBLICIDADE, TRABALHOS PARA GALERIAS DE ARTE EPRODUCTION DESIGNER PARA OS JOGOS NA DOBLEFINE PRODUCTIONS, CAMPOS COMPLETAMENTEDIFERENTES. QUAL DELES D MAIS PRAZER?

    Cerca de 4 anos atrs, voltei aexibir nas galerias, comeandocom demonstraes com JonGibson e o pessoal da I Am 8bit.

    Desde ento, tenho feitomalabarismos entre quadrinhos,apresentaes em galerias, edesign de jogos de vdeo.

    E atravs de quadrinhos tenhoencontrado algumas pessoas incrveisnas editoras e agora estoutrabalhando em um livro infantilcom a editora Simon and Schuster.

    Quanto mais oportunidades deprojetos em que voc possa tirarvantagem, mais pessoas vocconhece e mais as coisas seapresentam por si mesmas. Essa a parte mais estimulante.

    Eu sempre quis apresentar um showao vivo de algum tipo. Eu adoro me

    apresentar.

    Acho que fantoches so uma boa maneirade trazer as minhas pinturas e meusquadrinhos para a vida. Eles podemser to expressivo e as pessoas seidentificam com eles por causa desua simplicidade.

    Eu tenho 3 bonecos construdos por umcolega que trabalha para a empresa deJim Henson (Os Muppets; VilaSsamo), no comeo deste ano.

    Eles foram feitos para um show que fiz

    em Los Angeles chamado Home Slice.

    Era um show apresentando casascortadas mostrando os interiores e pisose as pessoas dentro fazendo coisas.

    Os bonecos foram feitos para a parte doshow com contato com o pblico, ondeos presentes poderiam conhecer algunsdos moradores. Uma mmia, umcavaleiro e um homem das cavernas.

    E COMO SE NO BASTASSE, AINDA TEM UMA PEQUENAPAIXO POR FANTOCHES, NO?

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    Quando eu tiver algum tempo,planejo escrever alguns pequenosshows para eles.

    Gostaria muito de descobrir comocoloc-los em algumas aventuras.Seja no palco ou no vdeo.

    Veremos. Preciso de alguns grandesmanipuladores de bonecos!

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    PRETENDE DESENVOLVER MAIS O TRABALHO COMFANTOCHES?

    Definitivamente. Atravs de todas asloucuras econmicas ao longo dos anos,os videogames s tem aumentado napopularidade.

    Acho que um meio muito interessantee original para falar sobre histriase arte.

    Isso ainda tem muito que crescer paramostrar todo o seu potencial, mas euacho que alguns desenvolvedores estoimpulsionando bastante.

    uma forma incrvel de as pessoasexperimentarem histrias que nuncativeram antes. Jogos tornaram-sedefinitivamente um negcio muito maiordesde que comecei a trabalhar nessemeio.

    Crescendo desde os jogos tipo arcadesat os mais completos sobre aventurase filmes que voc pode jogar.

    NOS GAMES VOC TRABALHOU EM PSYCHONAUTS ETAMBM EM BRUTAL LEGEND, QUE SER LANADO EMBREVE. ACHA QUE A REA DE GAMES SEJA O GRANDEMERCADO DO FUTURO?

    Sim, depois da faculdade, eu noconseguia me fixar em uma tcnica depintura ou sobre o que eu queria dizercom minha arte.

    Lutei por muitos anos com isso. Tentei

    leo, acrlica e guache e nada pareciadireito. Eu queria mesmo era oentusiasmo que eu tinha quando eracriana, desenhando.

    At que eu vi uma apresentaocom pinturas de Marcel Dzama emSan Francisco - e meus olhos foramabertos para o potencial da aquarela.

    VOLTANDO S PINTURAS, VOC DISSE RECENTEMENTEQUE AT 4 ANOS ATRS NO PINTAVA BEM COM

    AQUARELA. MESMO ESTUDANDO OUTRAS TCNICAS, PORQUE ESCOLHEU A AQUARELA COMO MEIO DE EXPRESSO?

    Suas pinturas eram to delicadase simples, mas superinteligentes eemocionantes. Adorei as cores suavese texturas.

    Ento eu explorei essas tcnicas paraas primeiras mostras I Am 8bit, usandoaquarela para pintar uma verso antigado jogo de vdeo Paperboy.

    Eu usei tons de papel que pareciamvelhos e de alguma maneira aquilome fez sentir mais relaxado do queo papel branco.

    Eu gosto quando voc pode comearcom tons muito sutis e continuar trazendoo contraste mais e mais. muito indulgente. Eu adoro.

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    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    ENTRE SEUS RECENTES TRABALHOS EM AQUARELA,VOC DESENVOLVEU A SRIE HOME SLICE.QUAL FOI O PONTO DE PARTIDA DESSA IDEIA?

    Bem, eu adorava desenhar civilizaessubterrneas quando eu era criana.Tinha conforto nos tneis e salase imaginava saindo nelas.

    Eu senti que a variedade depersonagens que eu pintei, mmias,cavaleiros, homens das cavernas,os monstros todos... todos elesdeviam viver em algum lugar legal.

    Eu queria ver como as suas casaspoderiam se parecer.

    Havia muitas oportunidades paraexplorar gags com estes personagensem suas casas.

    E os tneis escavados pareciam aquelasbonitinhas fazendas subterrneasde formigas!

    outra coisa que eu adoravaquando era garoto.

    FAZ POUCO MAIS DE UM ANO VOC SE MUDOU DESAN FRANCISCO PARA NOVA YORK. QUE DIFERENASCULTURAIS TEM SENTIDO ENTRE ESSAS DUAS CIDADES?

    A energia aqui muito mais picae produtiva. Aqui onde as pessoasesto ocupadas fazendo e criandograndes momentos e esse sentimentoest no ar.

    Estou absorvendo tudo como um louco.

    Inspira-me a trabalhar arduamentenas coisas e depois sair e desfrutar acidade entre um momento e outro.

    Encontrar esse equilbrio difcil, mastem sempre tanta coisa acontecendoaqui que sempre que voc faz pausas,pode encontrar coisas para fazer.

    A histria tambm muito inspiradora.Eu gosto dos edifcios e pontes eparques e rvores e bancos...

    Estou sempre descobrindo novoslugares. San Francisco muito bonita

    e relaxante, mas talvez um pouco mais

    E ESSA MUDANA CHEGOU A AFETAR O SEU TRABALHODE ALGUMA FORMA?

    As idias esto explodindo em todasas direes. Quanto mais shows e

    projetos se construi, mais ideias seacumulam.

    Ento, sim, meu ambiente est comcerteza sendo afetado. Eu comecei atrabalhar na biblioteca pblica principal,construda em 1911.

    Ela estrelou no filme Ghostbusters. to imensa e bela, como trabalharem um museu. Ela me leva para longe.

    Tambm fui ter aulas de improvisao,o que me ajudou a explorar a geraode ideias e desenvolvimento de

    personagens e de dilogos.

    lenta e pitoresca, em comparao comNova York. Eu gostava muito do tempoque passei l, mas uma mudana sempre uma coisa muito boa!

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    Sim, muito. Eu me sinto facilmenteanimado sobre a maioria das coisas.Meus amigos s vezes gozam comigopor isso. Mas eu no me importo.

    Isso faz com que seja to eficaz comoinspirao para mim, meus olhosficam constantemente expostos anovos estmulos.

    Eu geralmente gosto de me sentirfeliz e fazer as pessoas felizes e rirem.

    Isso o que eu mais gosto de ver,

    pessoas felizes por alguma coisa queeu crio. Gosto de ver as pessoastendo bons momentos.

    H muitas pessoas no mundo queexploram os aspectos desagradveisda vida e diversas outras emoes.

    Ento, eu me empenho em focar nascoisas alegres dos bons momentos.

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    Com certeza. Passando a maior parteda minha vida em So Francisco,isso provavelmente contribuiu parafomentar este sentimento de boasvibraes para a vida.

    No geral as pessoas so superagradveisl, mas eu sinto que as pessoas tambmso bastante agradveis aqui em

    Nova York.

    Elas falam o que pensam um poucomais, e eu gosto muito. San Franciscodefinitivamente se presta a essedescontrado estado de esprito.

    O TIPO DE TRABALHO DE UM ARTISTA NORMALMENTEREFLETE A SUA PERSONALIDADE, E NO SEU CASO OSSEUS TRABALHOS SO SEMPRE CHEIOS DE HUMOR E

    ALTO ASTRAL. ESSA A FORMA COMO V A VIDA?

    SERIAM INFLUNCIAS DE SAN FRANCISCO?

    Sempre amei trabalhar comcrianas. Eu costumava trabalhar emacampamentos de dia, quando eu eramais jovem, e fazendo oficinas de pinturapara crianas de rua em San Francisco.

    Eu gostava de observ-los vindo comideias porque quando pintavam umacena, eles estariam vivenciando essacena, uma vez que pintaram isso.Como se estivessem embarcandonuma aventura.

    Ento, quando voc v um desenhoacabado de criana, basicamente ummapa de uma incrvel aventura quetiveram, e isso se mostra de um jeitobonito. Eu quero sempre agarrar esseentusiasmo infantil em mim mesmoe nos outros.

    Acho que a melhor coisa do mundo quando algo ressoa com adultos tantoquanto com as crianas. Como piadasextras que os adultos podem captarinternamente.

    A sensao de descoberta com umapintura um dos meus outrossentimentos favoritos para proporcionars pessoas. Oh, espere... voc perguntousobre o trabalho para as crianas...livros infantis!

    Sim, eu quero fazer mais livros infantise estou trabalhando atualmente em um

    com a editora Simon and Schuster. sobre drages.

    ALM DISSO, VISUALMENTE SEU TRABALHO PARECEINFANTIL MAS DIRIGIDO AO PBLICO ADULTO.PRETENDE TRABALHAR TAMBM PARA O PBLICOINFANTIL?

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    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

    Eu tenho tanta sorte de encontrarartistas como Hiro, Gustavo Duartee Ricardo Antunes!

    Todos tm uma energia incrvelnos seus desenhos. Eu adoro ouvirsobre a comunidade dos ilustradores

    do Brasil.

    Gostaria muito de ir at a e saircom cada um e senti-los em primeiramo! Algum dia - espero queem breve!

    POR FIM, VOC CONHECE ALGUNS ILUSTRADORESBRASILEIROS. O QUE VOC ACHA DA PRODUOBRASILEIRA DE ILUSTRAO?

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    INTERNACIONALSCOTTCAMPBEL

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    HECTOR

    GOMEZ

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    Foto:arquivoHectorGomes

    He

    ctorGomes

    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    rtista veterano, opremiado ilustrador argentinoradicado no Brasil, Hector GomezAlsio, se notabilizou por conhecidasilustraes publicitrias e editoriaisque produziu ao longo da vida.

    Trabalhou tambm durante vriosanos em diversas agncias de

    publicidade como diretor de criao,alm de produzir storyboards parao cinema e histrias em quadrinhos,a maioria para o mercado americano.

    Hector usa os sketches comoferramentas rpidas para o pr-desenvolvimento de suas obras.

    Sem o glamour do Moleskine, eleutiliza cadernos comuns, mostrandoque luxo no faz diferena quandose tem talento.

    A

    hector gomes

    argentina / brasil

    [email protected]

    http://hectorgomezalisio.blogspot.com

    Desde que publiquei minha primeiraarte no Brasil, em 1977, e conquisteimeu espao no disputado e pequenomercado de ilustrao, tive de meadaptar s demandas especficas dosmercados editorial, publicitrio e dosquadrinhos, mas continuei a terideias, sonhos ou delrios que nocabiam no mercado.

    Todos eles vo parar nos meuscadernos de rabiscos, que apesar deno serem sketchbooks tradicionais,funcionam como a cozinha de umdos tipos de trabalho, o menosconhecido do pblico e dos colegas...

    A rea 51 da minha cabea dedesenhista.

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    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    Estes rascunhos podem ser vistoscomo partes de histrias que nascemde um processo totalmente intuitivo.

    Ali aparecem interiores, fachadas,objetos e mulheres que se misturame interconectam, criando interfacesde momentos.

    Nesta hora no h diretores de

    arte nem clientes ou atendimentosdando diretrizes.

    o desenho pelo puro prazerde desenhar, sem o objetivode necessariamente publicar.

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    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    A partir de anotaes ereferncias, transformoalguns destes estudos empeas definitivas.

    Antigamente passava estasideias para telas ou papel,e as finalizava em vriastcnicas (aquarela, bico-de-pena, acrlico e at litografia).

    Fiz algumas exposies emgalerias, destes trabalhos.

    Atualmente so digitais, o queme d muito mais espao deexperimentao. Trabalhonormalmente em Photoshope Painter.

    Nos ltimos tempos tenhoquase abandonado o usode papel.

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    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

    Admiro muito alguns sketchbooksfeitos da forma tradicional, montadoscom esmero e tcnica, transformando-

    se numa obra de arte em si mesmos...

    Especialmente aqueles que so feitosao vivo pelas ruas ou em viagens(Montalvo Machado para mim umbom exemplo deste tipo de obra).

    Tenho um outro caderno, este deconcept design de arte fantstica,games e science fiction, outrostemas que me atraem.

    Durante os anos 90, quando trabalheicom quadrinhos no mercado norte-americano (para Marvel, DC Comics,Darkhorse e outras editoras) e comdesign de produo para cinema (paradiretores como Hector Babenco,Guilherme de Almeida Prado, JooBatista de Oliveira e outros), etambm na dcada seguinte, quandofui absorvido pela Web e dirigi acriao da Hipermdia, Ogilvy

    Interactive e Tesla, o caderno derabiscos funcionou como um refgiopara algumas criaes autorais, eassim continua a ser atualmente, naminha carreira solo de ilustrador,retomada h quatro anos.

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    SKECTHBOOK:HECTORGOMEZ

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    HENFIL

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    Foto:ar

    quivoJal

    He

    nfil

    MEMRIA:HENFIL

    Comeou sua carreira em 1964 naextinta revista "Alterosa", de BeloHorizonte, a convite do editor eescritor Robert Dummond, ondenasceram suas personagens maisfamosas, "Os Fradinhos".

    Em 1965, comeou a fazer caricaturapoltica para o Dirio de Minas.Fez charges esportivas para o Jornaldos Sports do Rio de Janeiro, em1967, colaborando tambm nasrevistas Viso, Realidade, Placare O Cruzeiro.

    A partir de 1969, ajudou a fundaro semanrio Pasquim e passou acolaborar com o Jornal do Brasil,onde seus personagens atingiramum grande nvel de popularidade.

    m dos artistas brasileiros maisatuantes dos anos 70 e 80, Henrique de SouzaFilho ficou nacionalmente conhecido como Henfil.

    Brilhante escritor, envolveu-se com o cinema,teatro, tv (trabalhando na TV Globo como redatorda extinta TV Mulher), mas foi nos quadrinhose nos livros que ficou mais conhecido, almde sua participao ativa nos movimentospolticos e sociais, sempre com uma crtica

    mordaz ao regime militar da poca.

    Nascido a 05 de fevereiro de1944 em Ribeiro das Neves(Minas Gerais), Henfil foiembalador de queijos,office-boy em agnciapublicidade, jornalista e,finalmente, ilustradorquadrinista, no queacabou por dedicartoda a sua vida, aoda escrita.

    U

    HENFIL

    Minas gerais / rio de janeiro

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    Com a implantao do AI-5 (ato quepermitia a censura total dos meios decomunicao) e com os rgos derepresso prendendo e torturandoaqueles que eram considerados"subversivos", em 1972 Henfil lanoua revista Fradim pela editora Codecri,que tornou seus personagens maisconhecidos.

    Alm dos fradinhos Cumprido e Baixim,

    a revista tinha tambm os personagensGrana, Bode Orelana, o nordestinoZeferino e Ubaldo, o paranico. Atravsde seus personagens podia fazer umacrtica sociedade e ao regime em queo pas vivia.

    Henfil sempre teve a sade frgil, eaps trabalhar 10 anos no Rio deJaneiro, decidiu se mudar para NovaYork, onde passou dois anos emtratamento de sade, aproveitandopara tentar investir na carreira artsticapor l.

    Nesse perodo escreveu o livro "Diriode um Cucaracha", onde narra suasandanas pelos Estados Unidos,contando em especial o choque culturale as dificuldades pelas quais passou.

    MEMRIA:HENFIL

    MEMRIA:HENFIL

    De volta ao Brasil, morou algum tempono Rio e em Natal (RN), retornandonovamente ao Rio de Janeiro.

    Alm das histrias em quadrinhos ecartuns, Henfil realizou a pea de teatro"A Revista do Henfil" (em coautoria comOswaldo Mendes), escreveu, dirigiu eatuou no filme "Tanga - Deu no New YorkTimes" e teve uma incurso na televisocom o quadro "TV Homem", uma sriede piadas e gags dentro do programa"TV Mulher", na Rede Globo.

    Como escritor, publicou sete livros entre1976 e 1984: "Hiroxima, Meu Humor","Dirio de Um Cucaracha", "Dez emHumor" (coletiva), "Diretas J", "Henfilna China", "Fradim de Libertao" e "Comose Faz Humor Poltico".

    Tanto seus desenhos quanto seus textostinham algo em comum: eram soltos,livres, fludos, quase inocentes, masaltamente expressivos, inteligentes echeios de impacto.

    Sua temporada l no correu comoesperava; os americanos consideravamseus desenhos agressivos e ofensivos,e a reao do pblico americanono foi boa.

    Numa tentativa de publicar na RevistaPlayboy americana, a entrevista queteve durou bem poucos minutos:simplesmente disseram que seusdesenhos eram feios.

    Atravs de seus textos, quadrinhos edeclaraes, Henfil teve uma atuaomarcante nos movimentos polticos esociais do pas, lutando contra a ditadura,pela democratizao do pas, pela anistiaaos presos polticos e pelas Diretas J.

    Henfil e seus dois outros irmos, ChicoMrio e Herbert Jos de Souza, o Betinho,eram todos hemoflicos, e numatransfuso de sangue em um hospitalpblico, tanto Henfil quanto Betinho foramcontaminados pelo vrus HIV, Aids.

    Naquela poca praticamente no havianenhum tipo de tratamento, fato que olevou a falecer em 1988 por complicaesda doena, no auge da carreira, comreconhecimento nacional e publicandonas mais importantes revistas brasileiras.

    S no chegou a ver o fim do regimeque ele tanto combateu, mas queterminaria pouco depois. Seu irmoBetinho viria a falecer 9 anos depois,tambm devido Aids.

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    Henfil deixou uma numerosa seleode citaes famosas feitas durante avida, e duas delas dizem:

    "Quando eu fao um desenho, eu notenho a inteno que as pessoas riam.A inteno de abrir, e de tirar oescuro das coisas."

    MEMRIA:HENFIL

    MEMRIA:HENFIL

    "Se no houver frutos, valeu a belezadas flores; se no houver flores, valeua sombra das folhas; se no houverfolhas, valeu a inteno da semente."

    Fonte: parte deste texto foi inspirado em matriado Wikipedia.

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    MEMRIA:HENFIL

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    GUSTAVO

    DUARTE

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    Foto:ar

    quivoGustavoDuarte

    GustavoDuarte

    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

    Aqui est o passo apasso de comocostumo fazer os meudesenhos.

    De uma maneira geral sempre muitosimples.

    O primeiro passo criaro desenho no lpis.Com uma lapiseira 0.5e grafite 2B desenhonormalmente no papel.

    artunista e caricaturistade enorme talento, Gustavo Duarte apresentao mais simples e rpido passo a passo da Ilustrar:em apenas 4 etapas qualquer um pode aprendere fazer trabalhos to incrveis como os dele.

    Mas essa facilidade engana. Apesar dasimplicidade enorme do acabamento,ficam claros no trabalho de Gustavo

    dois pontos importantes: umacabamento simples, bem-feito eeficiente pode ter o mesmo impactoque algo mais elaborado; masacima de tudo, um timo desenhofundamental.

    Alis, justamente com umextraordinrio desenho, GustavoDuarte conseguiu conquistar umespao importante no mercadoeditorial, onde, recentemente, lanousua prpria revista, chamada C!.

    C

    Gustavo duarte

    So paulo

    [email protected]

    http://mangabastudios.blog.uol.com.br

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    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

    Ainda no papel,artefinalizo o traosobre o lpis comcaneta nanquimdescartvel.

    Os tamanhos dascanetas usados so0,2 0,8 e 1.

    Com o trao prontoscaneio e levo odesenho at ophotoshop ondecoloco as cores.

    Separo a imagemem dois layers.

    No layer de cimadeixo o trao, queno mexo durantetodo o processo.

    No de baixo, colocotodas as coresbsicas do desenho.

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    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

    Crio um ou doisnovos layers ondeaplico as cores queformam as sombras,volumes e os brilhos.

    E pronto, o desenhoest feito.

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    STEPBYSTEP:GUSTAVODUARTE

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    Foto:arquivoRenatoAlarco

    RenatoAlarco

    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    O convite para escrever para vocs,

    leitores da Ilustrar, veio na ediopassada, na qual meu livro 36 Vistasdo Cristo Redentor foi tema da colunapasso a passo.

    Mas bem antes disso j haviacolaborado na edio inaugural darevista, na seo portfolio. Esta portanto uma colaborao de longadata e espero que muitas novaspossam ocorrer em tempos vindouros.

    O Japonismopor Renato Alarco

    renato alarco

    Rio de janeiro

    [email protected]

    www.renatoalarcao.com.br

    Costumo dizer sempre que a nossa

    profisso nos abre a oportunidade deaprender coisas novas a cadatrabalho. Os textos e livros queilustramos, e principalmente apesquisa que temos que empreenderpara criar nossas imagens, nos abremesta porta para novos conhecimentos.Foi assim que surgiu o tema do artigoque inaugura este espao na RevistaIlustrar.

    Este um desdobramento do textode apresentao do 36 Vistas doCristo Redentor, j que, na pesquisaque realizei para aquele projeto,observei os precursores 36 Vistasdo Monte Fuji, do artista KatsushikaHokusai (1760-1849), e tambm as36 Vistas da Torre Eiffell do francsHenri Riviere.

    Foi durante aquele processo que topeicom o Japonismo, assunto que atento conhecia apenas vagamente.Compartilho ento com vocs, leitoresdesta revista, algo do que aprendisobre este interessante tema.

    A influncia da cultura japonesa na

    arte ocidental, em especial na Europa,encontrou na Paris do sculo XIX oseu terreno mais frtil, que resultounuma onda estilstica que ganhouo nome de Japonismo.

    Aquele foi um fenmeno que, desdeo incio, esteve ligado s chamadasvanguardas, trouxe uma profundainfluncia na pintura, no desenho,nas gravuras, no design de objetosutilitrios como porcelanas, cristais,pratarias, adornos de metal, tecidose, obviamente, tambm nas artesgrficas.

    As gravuras japonesas foram vistaspelos artistas europeus pela primeiravez em 1867, durante a ExposioUniversal de Paris.

    O Japo havia reaberto suas portaspara o comrcio exterior depois demais de 200 anos de isolacionismoe as suas artes decorativas estavamchegando com grande sucesso aoOcidente.

    Peas de porcelana eram embaladas

    e protegidas por papis de arroz nosquais estavam impressas belssimasilustraes. Por seu exotismo, aquelasimagens logo atraram a ateno doolhar de colecionadores e artistas.

    Logo a vanguarda da pintura francesafoi tomada de assalto por aquelasimpresses em cores planas eintensas.

    Artistas viram-se fascinados tambmpela sua linguagem formal, na qualse destacavam a ausncia deperspectiva e sombras, as linhas

    precisas, os padres geomtricose decorativos, e um senso decomposio inovador.

    O atrativo que a arte japonesa gerouentre os artistas parisienses deu-seem parte tambm por causa do seuconceito imbudo do esprito danatureza, o que encontrou eco nabusca que aquelas vanguardasartsticas estavam empreendendo.

    Klimt Van Gogh

    Hiroshige

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    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    Para alguns artistas o contato comas artes japonesas foi a tal pontocrucial que permitiu que elesencontrassem e definissem seusprprios caminhos.

    Van Gogh em suas cartas ao irmoTheo, manifestou sua admirao coma arte japonesa com grandeentusiasmo, elevando-a ao nvel deuma filosofia existencial, algo queinspirava sua prpria vida.

    Se voc estuda a arte japonesa, vocdescobre um homem que , semdvida sbio, filosfico e inteligente, disse ele, mas em que ele gastaseu tempo? Mede a distncia entrea Terra e a Lua? Estuda a poltica deBismarck? No. Ele simplesmenteexamina minuciosamente uma hastede grama.

    O holands prossegue a sua carta, aquela haste de grama o leva adesenhar qualquer planta, depois asestaes, e ento as grandes vistase paisagens, os animais e finalmentea figura humana.

    Assim ele empreende sua vida, e ela muito curta para que ele alcancetudo.

    Van Gogh, que como muitos artistasda poca colecionava gravurasjaponesas, concluiu ento, Veja vocque quase uma verdadeira religioisso que nos ensinam os japoneses,pessoas to simples e que vivem emcontato com a natureza como se elasmesmas fossem flores.

    Outro vanguardista europeu quenutria grande admirao pela artejaponesa, em especial pelo artistaHokusai, era o pintor Edgard Degas.

    Hokusai no apenas mais umartista dentre outros neste mundovo. Sozinho ele uma ilha, umcontinente, um mundo inteiro!,disse Degas sobre seu dolo.

    Katsushika Hokusai (1760-1849)destacava-se como o maisemblemtico, o mais prolfico e defato um dos mais virtuosos artistasjaponeses de sua poca epossivelmente de todos os tempos.

    Tamanha produo e talentocontrastam com a modstia que elefrequentemente manifestava em seusescritos. Nestes, sempre parecia estar

    esperando a graa de receber maisalguns anos de vida, para que, atravsda prtica contnua e disciplinada,pudesse atingir um razovel nvelde competncia.

    Uma personalidade ao mesmo tempoapaixonada e desencantada (tingidacom leves pinceladas de

    excentricidade) a acompanhar umtrabalho inovador e livre deconvenes, fizeram com que Hokusaifosse revestido da aura de gnio.

    A arte e as idias do japonscausaram verdadeira fascinao entreseus pares europeus, em especial oscrculos artsticos de Paris da metade

    No cartaz "Jane Avril", de Henri de Toulouse Lautrec, a influncia do trao de Hokusai e seus mangs

    A influncia da arte japonesa na gravura de Henri Jossot, que traz referncias obra "A Grande Onda" Edgar Degas em muitos momentos de sua pintura deixa transparecer a influncia da composiojaponesa, com equilbrio entre espaos cheios e vazios

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    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    do sculo XIX, que se embeberam daesttica, dos modelos iconogrficose tambm da filosofia de Hokusai.

    Os mangs lbuns de desenhos produzidos por Hokusai foram porum bom tempo considerados aquintessncia das artes grficas,

    e algumas fontes os citam como ascentelhas que inauguraram a ondado Japonismo na Europa.

    Hokusai produziu no apenas mangs,mas milhares de pinturas, gravuras,livros ilustrados e manuais de ensinode desenho.

    Muitos consideram o pice de suaproduo a srie 36 Vistas do MonteFuji (que na verdade reunia 46imagens, das quais fazia parte afamosa gravura A Onda) e depois

    os 3 volumes que compem As 100Vistas do Monte Fuji (com gravurasproduzidas inteiramente em tons depreto e cinza).

    Vale mencionar que o Monte Fuji,vem sendo, h anos, um temaextremamente popular e simblicona arte do Japo.

    A prpria histria e identidadenacionais esto vinculadas montanha, que simboliza a perfeio,a beleza e a imortalidade.Sua forma simples oferece ao

    artista infinitas possibilidades deaprimoramento, como atesta ahistria de um monge do sculo XVIII

    que fez mais de 600 tentativas deregistrar a silueta do monte com umnico e perfeito gesto de pincel.

    Um outro artista japons que, assimcomo Hokusai, criou gravurasinspiradas no Monte Fuji foi UtagawaHiroshige (1797 1858).

    Ambos foram expoentes da chamadaUkiyo-e, a grande tradio daxilogravura japonesa produzida desdeo sculo XVII.

    Com eles a tradio clssica das artes

    japonesas foi revolucionada, j que,ao invs explorar temas como xoguns,samurais, gueixas e as cenasaristocrticos de outrora, aquelesartistas optaram por representar ohomem do povo, a paisagem urbanae a vida cotidiana nas vilas e cidades.

    A arte de Hokusai e Hiroshige seguiaconquistando adeptos. Um deles, ofrancs Henri Rivire, tomou contatocom o Japonismo no legendrio caf

    Chat Noir, ponto de encontro deintelectuais e artistas de vanguarda.

    A partir dali, Rivire dedicou-se auma extensa pesquisa sobre artejaponesa, tornando-se uma figura-chave no revival das xilogravurase litografias impressas em mltiplascores.

    Inspirado pelas possibilidades tcnicasda litografia para representar imagensricas em detalhes e sutilezasatmosfricas, Rivire realizou em1897 um dos mais ambiciosos

    projetos em gravura colorida que aEuropa havia produzido at ento.

    Em colaborao com o gravadorEugne Verneau, o artista traduziusuas vistas panormicas de Paris como elegante sotaque do Japonismo emdiversas litografias, algumas delascontendo mais de uma dzia de cores(o que exigia a produo e registrode um mesmo nmero de matrizesde impresso).

    Cena das 36 Vistas da Torre Eiffel, deHenri Riviere

    Hokusai tambm se aventurou pelos caminhos do erotismo

    Duas imagens de Hokusai produzidas apartir das mesmas matrizes.

    Hokusai

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    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    COLUNANACIONALRENATOALARCO

    O projeto se chamou As 36 Vistasda Torre Eiffel.

    A influncia da gravura japonesa teveainda um profundo impacto nodesenvolvimento posterior de novosestilos na arte ocidental, em especialo Art Nouveau na Frana e oJudgenstil na ustria.

    Dentre os inmeros artistasinfluenciados pelas gravuras Ukiyo-e destacam-se tambm nomes comoDegas, Toulouse-Lautrec, Monet,Pierre Bonnard, van Gogh, Renoir,Camille Pissarro, Paul Gauguin,Aubrey Beardsley e Klimt.

    A influncia da tradio japonesapersiste at os dias de hoje.

    No necessrio muita sagacidadede esprito nem mesmo um olharmuito aguado para perceber o DNAgrfico dos mestres orientais do

    passado nas muitas formas do atualgrafitti urbano, dos quadrinhos feitosa pincel, e at mesmo na ondadecorativa e de padres ornamentaisque tem varrido a cena da ilustraocontempornea.

    Como se v, tudo tem um comeo.

    Apuro na tcnica de impresso xilogrfica ecomposio inovadora fez de Hokusai um

    artista lendrio.

    Van Gogh produziu muitos trabalhos onde ainfluncia japonesa marcante.

    Hiroshige Manual de desenhos de padronagem de tecido de Hokusai. esquerda, um estudo de Van Gogh sobre a arte da capa da revista de artes Paris Ill ustr.

    35a

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    JAL

    HQMIX

    Foto:arquivoJAL

    15PERGUNTASPARA:JAL/HQMIX

    O Trofu surgiu dentro do ProgramaTV MIX na TV Gazeta de So Paulo.Eu e o Gualberto Costa tnhamos umacoluna sobre HQ e humor grfico noprograma do Serginho Groisman e daAstrid Fontenele.

    Era tudo ao vivo e em um estdioadaptado do escritrio da emissora.Foram dois anos de entradas duasvezes por semana. Em certo momentovimos que era preciso um evento quemovimentasse mais a rea, alm doPrmioAngelo Agostini, que tambmfoi criado por ns.

    O Angelo Agostini premiava apenasalguns itens nacionais e achavamos

    que tinha que ser mais ao estilo"Oscar" contemplando diversas reasdos quadrinhos. Para haver umavotao nacional estimulamos aosoutros estados brasileiros a fundaremsuas associaes regionais.

    O primeiro evento foi no Museu daImagem e do Som - MIS. No anoseguinte foi na casa de shows Aeroantae apenas no terceiro comeamos autilizar a Choperia do Sesc Pompeia.

    Em primeiro lugar, dizer para a mdiae o mundo que existe um exrcito deartistas, editores e adoradores de HQe humor grfico no Brasil.

    Os vrios itens de premiao, quemuitos criticavam, so a constataode que existem diversos profissionaisque procuram sobreviver desse setor.

    Depois, dar um parmetro de mercadodimensionado pelo prprio artistagrfico.

    Pode ver que nesses 20 anos tem umpainel bem forte de nossa produoque ficou mais visvel em meio soutras formas artsticas como o teatro,televiso, cinema, literatura, artesplsticas, etc.

    onsiderado o Oscar dosquadrinhos do Brasil e o mais importanteprmio latino-americano na rea, o prmioHQMix completou neste ano 21 anos depremiaes em diversas reas.

    Para falar sobre o prmio e sobre suashistrias, a Ilustrar conversou com um dos

    seus criadores e um dos fundadores da ACB- Associao dos Cartunistas do Brasil, JosAlberto Lovetro, mais conhecido como Jal.

    Jal um dos mais atuantes defensores davalorizao dos quadrinhos no Brasil, e atravsdo trofu HQMix os quadrinhos tm tidoo reconhecimento justo do mercado.

    Ao longo desses 21 anos muita coisaaconteceu, com muitas histrias, almda mudana constante do prprio trofu,sempre representando um conhecidopersonagem dos quadrinhos.

    QUAL A ORIGEM DOTROFU HQMIX?

    C

    JA

    L

    HQMIX

    so paulo

    [email protected]

    www.hqmix.com.br

    QUAL O OBJETIVODO PRMIO?

    Foto:arquivoRicardoAntunes

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    15PERGUNTASPARA:JAL/HQMIX

    15PERGUNTASPARA:JAL/HQMIX

    Como disse, tivemos que estimularassociaes em outros estados paraque tivssemos uma organizaomnima para no ser um prmioapenas de So Paulo.

    H 20 anos no tnhamos essa febree facilidade da internet para facilitarnosso trabalho.

    Alguns estados tiveram associaese, de outros, tivemos representantesque reuniam desenhistas para avotao.

    Foi crescendo e a internet nos deu aferramenta para conseguirmos chegara mais de dois mil votantes. Eranecessria uma associao nacionalpara ter representatividade para osgrandes temas da rea.

    Criamos a ACB - Associao dosCartunistas do Brasil, que vemcumprindo do modo possvel a lutapelo reconhecimento do trabalho dodesenhista.

    de voluntrios e sem cobrarmensalidade, que para que todospossam participar. Alis, umaassociao funciona mais para quemquer entrar no mercado do que paraquem j conquistou o seu.

    Mas tambm ajuda ao principiante ano cometer erros que quebram omercado, como fazer trabalhos semcobrar, por exemplo.

    No incio chamvamos um artistaplstico para criar um trofu de suaprpria interpretao. Comeamoscom um meu e do Gualberto, que

    imitava um gato misturado com umpalhao.

    Para o segundo chamamos o grafiteiroMaurcio Villaa que nos presenteoucom um grafite "Mulher do Frango".

    O terceiro foi o Guto Lacaz, que criouaquela bombinha de desenho animadoe foi um tremendo sucesso. Virounosso logotipo. Matuck, Prades, Sayegforam outros artistas convidados.

    E foi assim at que comeamos ahomenagear personagens importantes

    na histria dos quadrinhos e humorgrfico nacional: Amigo da Ona,Lamparina,Perer, Reco-Reco/Boloe Azeitona, Sig, Horcio, R Bordosa,Piratas do Tiet, Rango, Madame eseu co, Garra Cinzenta, Grana esua turma, Samurai e agora a Mirza-Mulher Vampiro.

    J decidimos que o ano que vem sero Astronauta do Mauricio de Sousa.

    Bem, a foi algo que comeou a mudara nossa ideia de convidar artistasplsticos.

    Conhecemos na bienal de Quadrinhosdo Rio de Janeiro um promissor artistachamado Zarvos. Havia uma exposiodele no evento e achamos que eleprecisava de um empurrozinho paraser mais conhecido.

    Encomendamos a personagem doJ.Carlos - Lamparina. Ele fez umprojeto legal de que cada Lamparinaestaria em uma posio diferente.Nenhum trofu seria igual ao outro.Genial!

    Mas s que no dia de entrega dotrofu, ele apareceu com unscaquinhos de personagem dizendoque no havia conseguido fazernem um.

    Faltavam minutos para comearmosa entrega do trofu. O SerginhoGroisman estava esperando paraentrar e a o pessoal do Sesc Pompeiaconseguiu uma sada criativa.

    Como era o sexto trofu e o Gual tinhafeito um folder em forma de pizzadividida em sei partes, comprarammais de 40 pizzas para entregar aospremiados.

    Foi engraado depois de vermos comoficou, mas na hora estvamos piorque a muzzarela derretida das pizzas.

    Depois tivemos que produzir o trofucom outro artista e entregamos noano seguinte.

    Agora, com o Olintho Tahara umatranquilidade. Est conosco nos ltimos8 anos.

    FOI COMO CONSEQUNCIA DOPRMIO QUE SURGIU TAMBM

    A ACB - ASSOCIAO DOSCARTUNISTAS DO BRASIL?

    SOBRE O DESIGN DOTROFU, TODOS OS ANOSO SEU FORMATO MUDA,HOMENAGEANDO ALGUMPERSONAGEM DOSQUADRINHOS E SEU

    CRIADOR. QUE PERSONAGENS JSERVIRAM DE REFERNCIA?

    E O QUE HOUVE COMO TROFU QUE ERAUMA PIZZA?

    Foto:arquivoGilTokio

    Foto:arquivoGilTokio

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    Laerte ganhou todos os anos - oucomo desenhista, ou como roteirista,ou como melhor publicao de humor,ou melhor tira.

    O Angel tambm ganhou quase todosos anos e est imbatvel nos ltimos

    anos como chargista.Muitos reclamam que so sempre osmesmos que recebem o trofu. Seolharmos a histria do trofu vemosque no bem assim.

    que so figuras que a classe dosartistas gosta e ama os trabalhos. o gosto dos prprios desenhistas.

    Mas estamos estudando uma novanorma de que quem ganhar trs vezesseguidas em algum mesmo tem, ficaautomaticamente fora da competio

    no ano seguinte.Mas ainda est em discusso dentroda Comisso Organizadora.

    Como um trofu para toda a rea,os lanamentos internacionais nopoderiam ficar de fora.

    Cada vez que noticiada a premiaode algum estrangeiro na imprensainternacional, e isso vem acontecendo,

    tambm se fala dos nossos valoresbrasileiros. uma forma de entrarmosno mercado globalizado.

    Fora do Brasil preciso formar umaopinio de que temos vrios artistasque no devem nada para os grandesautores internacionais.No xadrez domercado tem peas que andam prafrente e outras para o lado.

    Temos que saber moviment-las paranos colocar como uma fora dentrodo tabuleiro. Autores como Will Eisner,Neil Gaiman, Bonelli e Milazzo j

    vieram ao Brasil receber o trofu.Outros receberam em seus pases.Isso demonstra que o HQMix j reconhecido internacionalmente.

    A grande alegria vermos que ostrabalhos de doutorado, mestrado efinal de curso das universidadesestocada vez mais sendo temticos dequadrinhos.

    Comeou como um prmio paratrabalhos de pesquisa e hoje so trscategorias. A cada ano crescem, tantono nmero de inscritos quanto naqualidade.

    A Sonia Luyten montou uma bancanacional de respeito com o WaldomiroVergueiro, Henrique Magalhes,Cristina Merlo, Andrea de AraujoNogueira e a prpria Sonia.

    Para o prximo ano a ideia que umdos vencedores, ao menos, setransforme em livro publicado.

    Todos sabem que a discusso de um

    tema nas universidades diretamenteligada ao seu valor como linguageme histrico.

    S vale analisar o que no est mortoe ainda pode arejar ideiasinteressantes, vivas.

    Para quem vive dizendo que osquadrinhos morreram, esse crescenteinteresse no meio acadmico vemjustamente no caminho contrrio.

    A cada ano analisamos o que acontececom o mercado. Tudo muitodinmico e alguns itens so superadospor outros.

    Foi assim que comeamos a premiara rea digital. Blogs, flogs, Sites e

    tudo o que foi substituindo os fanzines.Agora temos as revistas independentesque no podem mais ser chamadascomo fanzines.

    Tambm juntamos alguns itens comomdia de quadrinhos ou teriamos queter um trofu para mdia de TV, mdiainternet, mdia impressa, etc.

    Procuramos no inflar os itens masadequ-los realidade do momento.

    Cremos que isso tem funcionado,apesar de algumas reclamaes.

    As mesmas pessoas que reclamavamque havia muitos itens para dar prmiopara todo mundo, agora criticam asupresso de alguns itens.

    A verdade que passamos o ano tododiscutindo para melhorar o trofu etambm erramos na mo de vez emquando.

    Mas estamos no caminho certo.

    QUAIS FORAM OS ARTISTASMAIS PREMIADOS ATHOJE?

    MAS TAMBM CONCORREMAO HQMIX ARTISTASINTERNACIONAIS. QUAISJ FORAM PREMIADOS?

    UM LADO POUCOCOMENTADO QUE OHQMIX FAZ ORECONHECIMENTO PORTRABALHOS DE PESQUISA

    SOBRE QUADRINHOS, EM ESPECIAL PARADOUTORADOS, MESTRADOS E TCC.SENTE QUE TEM HAVIDO UM MAIORINTERESSE PELOS QUADRINHOS DENTRODO MEIO ACADMICO?

    AS CATEGORIAS QUECONCORREM AO PRMIOFORAM AUMENTANDOCOM OS ANOS, MASNESTE ANO DE 2009

    HOUVE UMA MUDANA GRANDE NAESTRUTURA DA PREMIAO. POR QUEHOUVE ESSA MUDANA?

    E DE QUE FORMA ESSEINTERESSE NOS MEIOSACADMICOS PODERIASE REVERTER COMOBENEFCIO AO MERCADO?

    Foto:arquivoRicardoAntunes

    Foto:arquivoHQMix

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    Interessante. Houve uma mudanade postura dos fanzineiros quecomearam a se organizarnacionalmente, tanto para troca deinformaes como para um esquema

    de distribuio alternativa e melhorana qualidade dos produtosapresentados.

    Creio que a internet e o maiorintercmbio por listas de discussoformou um pensamento que busqueum pblico mais amplo. As editorastambm foram nascendo epulverizando a produo.

    Os desenhistas novos entram nomercado j com bagagem feita ealguns estouram mais rapidamentedo que antes.

    Quando se levava uns 10 anos paraentrar no quadro de produoprofissional, hoje pode reduzir paradois anos ou at menos.

    Uma coisa certa, a diversidade queatingimos e a reconquista do mercadode livrarias para os quadrinhosdenotam a fora que ainda tem essalinguagem para conquistar pblico.

    Estamos em uma transio que vemdesde 2007 e acho que quase terminaem 2010.

    Muitas reunies que tomam bastanteo tempo dos envolvidos na organizaoe geralmente sem o devido

    reconhecimento da classe.

    O Gualberto e eu estamos deixandoa frente do trofu para que no tenhamais a cara de duas pessoas mas deum grupo e de toda a classe.

    Tivemos novos presidentes como oZlio, o Orlando Pedrosoe agora aSonia Luyten que realmente ajudarammuito para que tenha essa nova carade diversidade. No abandonamosnosso filho, mas sabemos que ele vaicasar e ter sua prpria vida.

    importante que todos lutem poresses eventos que evidenciem otrabalho que vem sendo desenvolvidopor nossos artistas e editores desdeAngelo Agostini.

    Somos pioneiros no mundo napublicao de quadrinhos. Se nocontarmos isso aos quatro ventos, seperde no deserto da mdia mundial.

    Mais do que deveria, pois posso noconcordar com metade dos premiadosmas tenho que aceitar uma decisode categoria. Seria mais fcil reunirdez pessoas como juri e escolher ospremiados.

    Com essa estrutura de votao paramais de dois mil profissionais houveuma exigncia de auditoria e tambmde respeito ao resultado final.

    O que preciso fazer e estamos nocaminho melhorar a qualidade devoto com o conhecimento maior doque foi publicado e feito no ano.

    Para isso estamos conseguindo que aseditoras tenham um tem no site doslanamentos no ano e uma resenhaou at degustao.

    Assim, ao invs de votar apenas noque conhece, poder analisar mais nacomparao. Ningum tem dinheiropara comprar tudo o que sai nasbancas. Vamos melhorar esse acessoe, consequentemente, a qualidade devoto.

    As reclamaes esto diminuindo anoa ano. Quando no houver nenhumatambm ter alguma coisa de erradoporque a unanimidade burra, comoalgum disse um dia.

    A decantada panelinha sempre existiuem todas as reas.

    algo normal com pessoas que lutamem conjunto para atingir algum objetivoe acabam vendo outro grupo comoconcorrente direto.

    Estamos recadastrando os votantescom mais informao de cada um paraentendermos melhor como votam.

    Mas as panelinhas vo perdendo a foracom o aumento de votantes, poisestaro num caldeiro maior.

    Primeiro planejamos ter um trofu derespeito e aceito pelo menos pelamaioria.

    Agora temos que trazer conscinciade todos que o Trofu HQMix no

    apenas um "convescote" de amiguinhosem festa, mas uma bandeira de defesade nosso trabalho. Ganhar o Trofupode ser timo para quem ganhou,mas cria centenas de frustrados porachar que deveriam ganhar no lugardaquele.

    Isso s superado quando no seencarar um colega de trabalho comoconcorrente, mas como mais um naluta pelo mercado. O Trofu maisisso. Precisamos dele.

    Nesse 21 recebemos a visita do

    Ministro da Educao para apoiarmoso Programa Nacional de Bibliotecas nasEscolas que tem porcentagem dedistribuio de quadrinhos para asescolas no Brasil.

    Ele veio porque achou importante eficou at o final do evento. Foi a maioraudincia de um Ministro para a nossaclasse em toda a histria. A conquistano de apenas um trofu, mas detodos ns.

    ESSE MAPA QUE O HQMIXMONTOU NESSES 20 ANOSDE VIDA TROUXE ALGUMAMUDANA IMPORTANTE?

    QUAL SUA ESPECTATIVAPARA OS PRXIMOS

    ANOS?

    EM RELAO AOSPREMIADOS, H MUITASRECLAMAES PELOSRESULTADOS DA VOTAO?

    MAS EXISTE O VOTO EMBLOCO OU GRUPOS QUEVOTAM EM SEUS PRPRIOSMEMBROS?

    Foto:arq

    uivoHQMix

    Foto:arquivoGilTokio

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    15PERGUNTASPARA:JAL/HQMI

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    Temos duas entidades que so osbraos e pernas do HQMix, a ACB -Associao dos Cartunistas do Brasile o IMAG - Instituto Memorial de ArtesGrficas do Brasil.

    As pessoas da comisso so chamadaspor essas entidades por

    reconhecimento de sua seriedade.

    Agora mais ainda, pois regra denosso estatuto que os participantesda Comisso no podem concorrera trofu de carter individual.

    E A COMISSOORGANIZADORA ESCOLHA DE QUEM?

    Os de carter coletivo tudo bem, pois aseria uma punio aos outros que no soda comisso.

    cortar na prpria carne para poder darseriedade ao resultado.

    Tambm recusamos patrocnio de editora,

    pois algum poderia dizer que uma ganhoupor ser patrocinadora.

    S se todas pudessem contribuir, mas isso impossvel devido volatividade de nossomercado.

    Foto:arquivoHQMix

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    CURTAS

    Site Plan 59: www.plan59.com(sensacional site dedicado s ilustraes dos anos 40 e 50)

    DICA DE BLOGS 2

    Quer saber tudo o que se passa sobre ilustrao, arte, design e cultura?Fique ligado nestes blogs bacanas de gente antenada e esperta. O volumee a qualidade de informao so imperdveis, e so s alguns de vrios blogsinteressantes disposio.

    Numa outra edio indicaremos mais alguns, mas por enquanto ficam estes:

    Blog Drawger: www.drawger.com

    Blog Illustration Art: http://illuvstrationart.blogspot.com

    Blog Todays Inpiration: http://todaysinspiration.blogspot.com(outro site para quem gosta de ilustraes dos anos 40 e 50)

    Blog do ilustrador Rafael Gramp: http://furrywater.wordpress.com

    Blog Universo HQ: www.universohq.com(premiado 8 vezes no HQMix como melhor blog sobre quadrinhos)

    Blog Impulso HQ: www.impulsohq.com.br

    Blog do ilustrador Henrique Abreu: http://shenrique.wordpress.com

    Blog The Little Chimp Society: http://thelittlechimpsociety.com

    Frum Computer Graphic Society: www.cgsociety.orgEste com certeza dos melhores fruns onde se pode encontrar o que tem sidofeito de mais interesssante na rea de computao grfica, tanto 2D quanto 3D.

    Blog Illustration Mundo: www.illustrationmundo.com

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    GUIA DO ILUSTRADOR- Guia de Orientao Profissional

    ILUSTRAGRUPO - Frum de Ilustradores do Brasil

    SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil

    ACB / HQMIX- Associao dos Cartunistas do Brasil / Trofu HQMIX

    UNIC - Unio Nacional dos Ilustradores Cientficos

    ABIPRO - Associao Brasileira dos Ilustradores Profissionais

    AEILIJ - Associao de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil

    ADG / Brasil - Associao dos Designers Grficos / Brasil

    ABRAWEB - Associao Brasileira de Web Designers

    CCSP - Clube de Criao de So Paulo

    www.guiadoilustrador.com.br

    http://br.groups.yahoo.com/group/ilustragrupo

    www.sib.org.br

    www.hqmix.com.br

    http://ilustracaocientifica.multiply.com

    http://abipro.org

    www.aeilij.org.br

    www.adg.org.br

    www.abraweb.com.br

    Aqui encontrar o contato da maior parte das agncias de publicidadede So Paulo, alm de muita notcia sobre publicidade.www.ccsp.com.br