revista visão elite 3

32
A Questão do Negro no Brasil e nos EUA: A PRÁTICA DA CIDADANIA NO BRASIL: Os 190 anos da “Constituição da Mandioca” (1823) e os 25 anos da “Constituição Cidadã” (1988) E mais: A Invasão do Mali pelas tropas francesas Por que devastar a Floresta Amazônica? A crise econômica europeia continua em 2013 125 anos da abolição brasileira e 50 anos da luta pelos direitos civis norte-americanos elite visão • A importância da construção do Canal do Panamá A aceitação da Palestina na ONU Ano 02 | N o 01 | Abril-Maio

Upload: elite-sistema-de-ensino

Post on 25-Mar-2016

225 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

revista bimestral do sistema elite

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Visão Elite 3

A Questão do Negro no Brasil e nos

EUA:

A PRÁTICA DA CIDADANIA NO BRASIL:Os 190 anos da “Constituição da Mandioca” (1823) e os 25 anos da “Constituição Cidadã” (1988)

E mais:

• A Invasão do Mali pelas tropas francesas

• Por que devastar a Floresta Amazônica?

• A crise econômica europeia continua em 2013

125 anos da abolição brasileira e 50 anos da luta pelos direitos civis norte-americanos

elitevis

ão

• A importância da construção do Canal do Panamá

• A aceitação da Palestina na ONU

Ano

02

| No 0

1 | A

bril-

Mai

o

Page 2: Revista Visão Elite 3
Page 3: Revista Visão Elite 3

24A ACEITAÇÃO DA

PALESTINA NA

ONU

29JOGOS

05A INVASÃO DO MALI

PELAS TROPAS

FRANCESAS

18A PRÁTICA DA

CIDADANIA NO

BRASIL

11A CRISE

ECONÔMICA

EUROPEIA

CONTINUA EM 2013

SUMÁ

RIO

27PARA SABER MAIS!

21A IMPORTÂNCIA

DA CONSTRUÇÃO

DO CANAL DO

PANAMÁ

08POR QUE

DEVASTAR

A FLORESTA

AMAZÔNICA?

14A QUESTÃO

DO NEGRO NO

BRASIL E NOS

EUA

Diretor de Ensino e Pesquisa:Rogério Gonçalves

Diretor Vestibular e Colégio:Helio Apostolo

Gerente de Suporte Educacional:Raphael Mantovano

Coordenação de Produção:Manuela Fernandes

Redação:Érica CoelhoRicardo Nunes LibórioRogério Gonçalves

EXPEDIENTE

Capa, Diagramação, Projeto Gráfico e Tratamento de Imagens:Ana Carla dos SantosManuela FernandesSilvia Regina Salandra

Ilustração:Luan Campos

Revisão:Anselmo DantasGervásio FilhoPaula Santanna

EDITORIAL

Queridos Alunos,

Vocês acabam de abrir a primeira Edição da Revista de Atualidades, para 2013, da nossa Instituição. As leituras devem ser componentes para aprovações em nossos concursos-chave, como UERJ e ENEM.

Os artigos versam sobre tópicos contemporâneos, fazendo, em alguns casos, links com os processos históricos. Nossa revista apresenta ainda sugestões de outras formas de aprendizado como fi lmografi a e fontes infl uentes, bem como questões de Vestibulares sobre as temáticas aqui privilegiadas.

Baseados em uma análise histórica dos concursos em questão, torna-se obrigatória a leitura de artigos que priorizem processos contemporâneos, no sentido da valorização dos Estudos do Tempo Presente.

É neste raiar de ideias que nossa revista busca amadurecer nos alunos a visão macro das estruturas sociopolíticas, socioeconômicas e socioespaciais atuais, a qual, com a participação ativa de nossos alunos, chamamos de Visão Elite.

Acreditamos que o vocabulário e a análise processual aqui priorizada podem ajudar nas provas discursivas, bem como na Redação, tão decisiva na classifi cação do SiSU. Esta busca valorizar temáticas que reforçam a análise de um Brasil jovem e moderno, vide o tema da Redação de 2012, “Imigração para o Brasil no início do século XXI”, que pegou de surpresa um grande número de candidatos no país inteiro às vagas nas principais universidades públicas. Neste sentido, torna-se fulcral o estudo de temas históricos e geográfi cos.

Destaca-se que uma das propostas dos processos seletivos atuais refere-se à multiescalaridade para análise e compreensão dos fenômenos. Assim, trazemos um artigo sobre a escravidão no Brasil e nos EUA.

Por outro lado, a perspectiva da cidadania, tão debatida nos temas atuais, torna-se presente também nas provas dos concursos aqui referidos. A valorização desta temática é contemplada por outro artigo que faz uma apresentação das Constituições de 1823 e 1988.

Com uma leitura acessível e divertida; com jogos de palavras e estímulo ao uso consciente das novas mídias; convidamos nossos alunos a viajarem pelas temáticas aqui desenvolvidas. Esperamos que aproveitem cada instante desta viagem e que ao término dela estejam ávidos para as cenas dos próximos capítulos que os levarão para a conquista de seus sonhos.

Entrem. Fiquem à vontade. A revista é de vocês! Atenção que a viagem vai começar...

Carinhosamente,

Profa. érica CoelhoGraduada e Mestranda pela Universidade Federal Fluminense/UFF

Coordenação da área de História do Vestibular e ColégioCoordenação do Vestibular

Editora Maria AnéziaRua das Rosas, 37 – 4o andarVila ValqueireRio de Janeiro – RJ CEP: 21330-680Tel.: (21) [email protected]

EDITORIAL

e fontes infl uentes, bem como questões de Vestibulares sobre as temáticas

Page 4: Revista Visão Elite 3

4

Page 5: Revista Visão Elite 3

A INVASÃO DO MALI PELAS TROPAS FRANCESAS

A República do Mali, com capital em Bamaco, está encravada na chamada África Ocidental

(Oeste). Este país, de 1.248.574 km2 e uma população superior a 16 milhões de habitantes apresenta uma faixa de planície na faixa do deserto do Saara, portanto pouco povoado ao norte, e regiões de savanas, mais férteis, ao sul, onde se concentra a maior parte da população. O rio Níger corta a região central e sudoeste do país.

Esta nação ficou independente da França, em 1960, passando por um longo período de regime unipartidário, tornando-se uma democracia pluripar-tidária em 1992.

Em relação à estrutura étnica, destacam-se, hoje, três grupos impor-tantes: os bambaras, que dominam também a política do país, falando

A INVASÃO DO MALIPELAS TROPAS FRANCESAS

a língua francesa. Outro grupo de destaque são os fulanis, porém, com menor influência no contexto cultural-político do Mali. O terceiro grupo é representado pelos tuaregues, da faixa norte do país (que vivem no deserto). Os pontos mais frágeis da estrutura de crescimento socioeconômico incluem o grande nível de pobreza da população e o subdesenvolvimento, apresentando, ainda, um frágil sistema de transporte.

Com um PIB (Produto Interno Bruto) na faixa dos 11 bilhões de dólares e uma inflação de 1% ao ano, o presidente interino Dioncounda Traoré (desde 2012) enfrenta ações mais incisivas dos grupos tuaregues nômades, desde junho, acionando as tropas malienses contra seus inimigos do norte.

Entretanto, ocorreu um fato que agravou sensivelmente as ações dos grupos tuaregues no país e se associa ao problema da “primavera árabe”, na Líbia.

O líder Muammar Kadafi arregimen-tou, aproximadamente, 6.000 tuaregues nômades para defender o regime dita-torial na Líbia. Porém, com a queda do governo de Kadafi, os tuaregues islâmicos migram para o norte do Mali, armados com munições do conflito líbio, unindo-se aos grupos de resistência e fortalecendo o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA). O lema maior é contra a posição de discrimi-nação do governo do Mali em relação aos tuaregues, que também se inte-gram com os extremistas islâmicos AQMI (Al Qaeda no Magreb Islâmico).

Em abril de 2012, os radicais conseguem a conquista de Azawad, que representa uma palavra de difícil tradução, mas que seria mais conhecida no meio rural brasileiro como invernada, representando o deslocamento sazonal de rebanhos para locais que ofereçam melhores condições de vida em deter-minado período do ano e refletindo o estilo de vida nômade dos tuaregues.

2.bp

.blo

gspo

t.com

5

Page 6: Revista Visão Elite 3

Os radicais aplicam a Sharia (lei islâmica). Conseguem depor o presidente eleito Amadou Touré, que é substituído por uma junta militar e, posteriormente, pelo líder do Legislativo (Diouncounda Traoré), até as eleições programadas para meados de 2013. Entretanto, a situação saiu do controle em função de sequestros de estrangeiros e destruição de templos sagrados para os malienses, que pela sua antiguidade foram tombados pelo patrimônio cultural da humanidade da UNESCO.

Com uma Constituição válida desde 1992 e uma dívida externa de quase 2,5 bilhões de dólares, a população do Mali se defronta com mais um grave problema interno, que exigirá uma intervenção internacional em seu território.

Apesar de mais de 85% da população professar o islamismo, os malienses não são radicais, apresentando a maioria sunita. Já os grupos do norte que são extremamente radicais, entram em choque com os grupos do sul, de maioria étnica bambara.

No quadro geral, os tuaregues nômades se apresentam, hoje, como um grupo nacionalista cujo principal objetivo é uma pátria independente. Eles primeiramente estavam alinhados com o governo do Mali na luta contra Al Qaeda, mas muitos já mudaram de lado para lutar com os islamitas.

UM PASSADO DE DESTAQUE NA ÁFRICA

O império Mali se destaca, de 1235 a 1500, pela flexibilidade política e econômica pouco comum aos reinos africanos. A dominação árabe sobre a região impôs o islamismo como religião predominante, porém, diante de variados grupos étnicos, outras religiões menores proliferaram, especialmente o paganismo, no período de expansão dos Malienses sobre a faixa do Saara. Com um clima mais seco ao norte e tropical mais úmido ao sul, onde se desenvolveu as maiores cidades de destaque no país.

Pode-se afirmar que um dos segredos do Império de Mali foi a maleabilidade de seu sistema político, única condição possível em uma estrutura sem burocracia, além da tolerância religiosa.

Para manutenção da sobrevivência de povos tão variados como os tuaregues, os songais, os malinqués e os peules reconheceram, durante mais de cem anos, a soberania do imperador de Mali.

De outro modo, os estudos são estimulados pelos grupos urbanos islâmicos, com importação de livros e criação de centros de estudos superiores, geralmente, utilizando espaços das mes-quitas. Um dos destaques era o centro de Estudos Superiores e Pesquisa Islâmica Ahmed Baba, em Timbuktu (vide foto).

O PERÍODO COLONIALISTA DA FRANÇA NO MALI

Depois de um período de desenvolvi-mento cultural com o império Songhai, destacando-se, entre os séculos XV e XVI, principalmente, como um dos centros de difusão islâmica, surge no século XIX (1898) o início da colonização francesa no Mali, que iria durar até 1960 (no século XX).

A colonização francesa foi extre-mamente espoliadora das condições produtivas do país, apresentando deficit no setor de transporte, uma educação pouco avançada, além de uma economia dependente de empréstimos internacionais e total importação de produtos para atenuar o baixo nível de produtividade da agricultura do país.

Desde o período colonial francês até hoje, principais atividades econômicas do Mali são: a agropecuária, com des-taque para exportação de algodão, além da exportação de ouro no con-texto extrativista mineral.

O saldo negativo do colonialismo francês não permitiu um governo firme e equilibrado nos anos 60, sendo o presidente eleito (Modiba Keita) substituído por um ditador, em 1968, chamado Moussa Traoré, que governou até 1991.

A última eleição no país ocorreu em abril de 2007, com a vitória de Amadou Toumani Touré, sendo deposto pelos militares em 2012, para assumir o atual presidente interino Diouncounda Traoré (que era líder do Legislativo Maliense).

Os conflitos constantes entre os radicais islâmicos do norte, apoiados por grupos tuaregues, fizeram com que o atual presidente interino pedisse ajuda internacional, especialmente da França.

Esse fato trouxe à tona a possibili-dade de influência nos moldes coloniais do governo francês no Mali, trazendo uma preocupação internacional com este tipo de interferência, pouco comum nos dias atuais.

A comunidade internacional, em grande parte, repudiou essa inter-venção francesa no Mali. Os Estados Unidos, com ressalvas, deram grande apoio à ação do governo francês no Mali.

A principal coleção de livros sobre religião e direito da cidade de Timbuktu fica no Instituto de Estudos Superiores e Pesquisa Islâmica Ahmed Baba, que guarda

mais de 40 mil peças, algumas datando do século 10.

(BB

C-B

rasi

l – 0

3-07

-201

2)

6

Page 7: Revista Visão Elite 3

POR QUE A FRANÇA INVADIU O MALI EM 2013?

Desde a eleição na França, em início de maio de 2012, o presidente François Hollande vem tentando fazer um governo diferente do antigo opositor, o ex-presidente Nicolas Sarkozy.

Como bom socialista, tem procurado uma maior austeridade nas contas francesas, tentando gastar menos e acumular mais. Naturalmente, preocu-pado com os registros negativos da crise europeia, além do deficit público francês bastante acentuado, assim como o desemprego. Para isso, o presidente anunciou alguns pontos fundamentais para tentar equilibrar a economia francesa, tais como: a reorganização da Europa junto aos países da UE, o saneamento da dívida da França e o estímulo à competitividade da economia nacional.

Contrariando a política de Sarkozy em relação à retirada de tropas no Afeganistão, o novo presidente Hollande, a partir de 09 de janeiro de 2012, enviou tropas para o Mali, na África, em função de sequestros de franceses no norte do país. Segundo o governo, pela ação de terroristas muçulmanos que tentam a independência no norte do Mali, em relação ao governo constituído do país. Se o presidente pretende sanear alguma coisa de economia, deveria se preocupar em não invadir ou criar conflitos com nenhum país ou grupo. Com certeza é uma posição dicotômica. Como economizar gastando em guerra?

O presidente François Hollande alegou pedido de auxílio militar por parte do governo maliense, além do apoio inicial da ONU, para a ação de envio de tropas ao nordeste do país. O líder francês afirmou que não existem motivos econômicos ou políticos para a invasão, mas simplesmente pela paz na região. Afinal, essa missão é para franceses ou para ONU especificamente?

Como enxergar verdadeiro motivo da ação militar de tal envergadura?

Na verdade, as empresas francesas são majoritárias no campo da economia maliense, senão vejamos: a Orange é a companhia que controla o setor da telefonia; de outro modo, a Dagris conta com uma posição privilegiada depois da privatização do monopólio estatal da Companhia Mali para o Desenvolvimento Têxtil; já Bouygues domina o setor elétrico e uma parte importante da mineração do ouro (o Mali é o terceiro produtor de ouro da África).

A gigante Areva, estatal francesa na produção de urânio, tem os direitos de exploração de duas grandes bacias no norte do Níger – vizinho do Mali –, de onde extrai 35% do urânio consumido na França (70% da eletricidade provém desta fonte mineral). E, coincidentemente, as pesquisas mais recentes indicam que o Mali também apresenta grande quantidade de urânio em seu subsolo.

Então, por que não defender os nobres irmãos negros do Mali? Afinal, a “paz” significa mais investimentos

Localização do Mali na África

de franceses, com lucros acentuados para o país de Hollande. Com a “cortina de fumaça” do terrorismo da Al Qaeda e contra o radicalismo muçulmano, tão preocupantes para os franceses, que inclusive proibiram o uso da “burca” no seu país.

Podemos analisar por outros ângulos, tais como: a queda de popula-ridade de Hollande pode ser recuperada, afinal estamos defendendo o mundo contra o terrorismo, poderiam pensar os franceses; a demonstração de hege-monia militar da Europa através da força, já que o caixa está baixo, isto eleva a moral francesa.

Contudo, vamos pedir que este conflito não se arraste tal como o Vietnã ou o Afeganistão, que retiraram dólares preciosos da economia mundial, com números acentuados de mortes e destruição material para esses países. Se isso acontecer, o presidente Hollande será lembrado como o líder que levou a França à falência.

Tropas francesas fixadas em GAO, norte do Mali.

Fon

te: E

PA

(E

urop

ean

Pre

ssph

oto

Age

ncy

– 10

-02-

2013

)

Soldados franceses e malienses lado a lado na missão de combater os extremistas islâmicos que controlaram o norte do país

por mais de nove meses.

Fon

te: A

P (

Ass

ocia

ted

Pre

ss 3

0-01

-201

3)

Modelo de dança tradicional.Vida no Mali, no período colonial

francês – 1951.

Fon

te: A

FP

(A

genc

e Fr

ance

-Pre

sse)

7

BURKINA

FASO

NIGER

NIGERIA

CHAD

LIBYA

ALGERIA

MAROCCO

MAURITANIA MALI

*Bamako

CAMEROON

CENTRAL

AFRICAN

REPUBLIC

SENEGAL

GAMBIA

GUINEA-BISSAU

GUINEA

IVORY

COAST GHANA

TOGO

BENIN

LIBERIA

SIERRA

LEONE

WESTERN

SAHARA

http

://w

ww

.res

cue.

org/

irc-m

ali

Page 8: Revista Visão Elite 3

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A FLORESTA AMAZÔNICA?

No primeiro trimestre de 2012, a Amazônia perdeu um total de 389 km² de fl oresta. Esse total

representa quase o triplo do registrado no mesmo período do ano passado, em que uma área de 135 km² de mata foi derrubada. Os índices fazem parte do monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

A observação atual demonstra que houve um pico de desmatamento em fevereiro deste ano (307 km²) em comparação aos números colhidos em dezembro de 2011 (75 km²) e janeiro (22 km²). Em entrevista coletiva, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afi rmou que a redução da quantidade de nuvens sobre o bioma facilitou a fi scalização feita por senso-riamento remoto.

Foi impressionante a elevação de atividades ilegais (no período, o desmate subiu de 12 km² para 56 km²) em Roraima. A elevação pode estar associada a uma migração de desmatadores do Pará para o estado. No quadro geral, na Amazônia, 68% das áreas encontradas devastadas (por desmate e queimadas) resultam de atividades ilegais ocorridas em 2011.

Em relação ao desmatamento em Roraima e Mato Grosso, pode-se afi rmar que no período, em comparação com 2010, houve aumentos de 363% e 96%, respectivamente.

Contudo, apesar de Roraima liderar o ranking proporcionalmente, a área atingida em Mato Grosso é dez vezes mais elevada, atingindo 637 quilômetros quadrados (km²). Observa-se, também, em Mato Grosso que houve o maior

embargo de área para produção entre janeiro e março de 2012 (4,3 mil km²) e a maior quantidade de multas aplicadas na Amazônia Legal, R$ 31,5 milhões, duas vezes mais que o Pará, segundo colocado.

Apesar do desempenho negativo desses estados o quadro geral do desmatamento da Amazônia Legal não foi tão signifi cativo, já que passou de 1.371 km² no ano passado para 1.398 km² neste ano. Isso se deve ao melhor desempenho de estados como o Pará e o Amazonas na redução de áreas atingidas.

Os números elevados apresentados por Roraima foram infl ados com a migração de madeireiros do Pará. O maior desmatamento acelerado em Mato Grosso foi, com certeza, infl uenciado pelas discussões sobre a votação do Código Florestal.

Outro motivo possível que pode ter colaborado para o incentivo ao desmatamento é a edição da lei federal que deu aos estados competência para fi scalizar áreas em que pode ser liberada a retirada de vegetação, o que permitiria a contestação de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

A Floresta Amazônica, que está presente no Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, representa a maior biodiversidade do mundo espalhada em cerca de sete milhões de quilômetros quadrados – No Brasil, abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos Estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso, com a denominação de Amazônia Legal, com 5.217.423 km2.

ATUAÇÃO DA SOJA COMOATIVIDADE PRIMÁRIADEVASTADORA DAFLORESTA

Em relação ao modo de produção típico da soja, pode-se afi rmar que este não estimula a fi xação do homem ao campo e não agrega valor à produção, visto que é uma cultura preponderantemente monocultora, e contrata pouca mão de obra, por ser tipicamente mecanizada, moder-nizada, com uso de sementes gene-ticamente melhoradas e fertilizantes, em grandes propriedades, e que favo-recem a concentração de terras.

Com certeza, essa prática expulsaa população do campo, levando ao aumento do êxodo rural e ao cresci-mento desordenado das cidades. As grandes empresas ocupam espaços no campo antes ocupados por culturas diversifi cadas e familiares, reduzindo os postos de trabalho e intensifi cando os confl itos de terra locais.

De outro modo, seu cultivo visão es-pecífi ca principalmente para o mercado exterior, por meio de empresas transna-cionais que controlam o benefi ciamento do grão. Essa prática e a competitivi-dade com fazendeiros estrangeiros de-primem o preço da soja, diminuindo a margem de lucro, acabando por gerar menos receita por tonelada produzida.

Assim sendo, os fazendeiros são engolidos pelas grandes fazendas corporativas, que podem compensar as margens menores de lucro por tonelada, produzindo volumes maiores.

Por que devastar a

Floresta

8

Page 9: Revista Visão Elite 3

E as redes de empresas de soja se associam, formando vários grupos de empresas que verticalizam a produção. Além da criação de novas relações de trabalho no modo de produção, há atributos ambientais envolvidos para produção dessa planta para fi ns energéticos e suas consequências. Os impactos do seu cultivo envolvem: compactação e impermeabilização do solo pelo uso intensivo de máquinas agrícolas, erosão, contaminação do solo e da água por agrotóxicos; aparecimento de novas pragas; e a substituição da mata nativa de áreas contínuas extensas.

A RETIRADA DE MADEIRA DA AMAZÔNIA NO “ARCO DO DESMATAMENTO”

Entende-se por “Arco do Desma-tamento” na Floresta Amazônica a região onde a fronteira agrícola avança em dire-ção à fl oresta e também encontram-se os maiores índices de desmatamento da Amazônia. São 500 mil km² de terras que vão do leste e sul do Pará em direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre.

A atividade madeireira na região favorece as atividades que são posteriores, incluindo o plantio de soja,a fabricação de móveis e uso da madeira para fabricação de carvão vegetal e a pecuária.

A PECUÁRIA COMO FATOR DE DESVASTAÇÃO DA FLORESTA

O desenvolvimento da pecuária na Amazônica contou com os seguintes fatores, entre eles: o baixo custo de terra, as favoráveis condições naturais à pecuária, as áreas desmatadas já existentes, as explosões das expor-tações de carne e os investimentos das extrações de madeiras revestidas em tecnologias para a pecuária.

Os chamados projetos agrope-cuários determinaram os primeiros incentivos fi scais para a pecuária. Entretanto, por traz desses projetos estavam à entrega da Amazônia para os estrangeiros, os projetos voltados para a pecuária se localizavam nos pontos que hoje são os principais produtores de gado e carne da região.

Os principais produtores de gado da região incluem o Pará, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, representando a maior concentração de bovinos da região amazônica. Sendo assim eles abastecem a região por meio de animais vivos e carnes, o Amapá e o Amazonas são importadores líquidos destes Estados.

Em relação ao Estado do Amazonas pode-se afi rmar que possui baixa produção de pecuária e de carne na região, contudo, com a expansão da pecuária na faixa norte do país houve uma crescente na produção dessa atividade. Com os investimentos em tecnologias adequadas para a região o Amazonas consegue atualmente se sobressair com o abastecimento dos municípios do Estado e fornece carne para outros Estados, como é o caso de Rondônia.

No Amazonas, a baixa concen-tração de bovinos faz com que o Estado importe animais vivos de outros estados para o abate, como é caso do Pará e de Roraima, este último, pela BR 174 exporta boi vivo para Manaus e o Pará por meio de balsas também exporta boi vivo para a capital, no entanto o seu gado perde peso, pois há o estresse do animal durante a viagem, causando um menor rendimento com esses exportados do Pará.

Contudo em Manaus, devido à fun-ção econômica que exerce no estado, por ser a cidade mais importante do Amazonas, tem o papel de fornecedor de carne para o Amazonas, pois na capital encontram-se dois matadouros legalizados industrialmente, que faci-litam o comércio desses produtos pe-cuários. Manaus é a porta de saída de carne, porém só abastece localmente, ao contrario de Belém que exporta internacionalmente.

O QUE MUDA COM O NOVO CóDIGO FLORESTAL PARA BIOMA AMAZÔNICO

A lei 12.727 de 25 de maio de 2012, aprovada com em 18 de outubro de 2012, com vários vetos da presidenta Dilma Rousseff, defi niu o novo código fl orestal do Brasil, com uma série de contradições sobre a questão das multas já aplicadas aos donos de terras, pela lei anterior. Outra contradição inclui a questão das distâncias em relação aos rios para o desmatamento.

Amazônica?

9

http

://fl o

rest

aam

azon

ica2

009.

blog

spot

.com

.br

Page 10: Revista Visão Elite 3

Enfim, com várias controvérsias, o

Fon

te: h

ttp:

//ww

w.s

ocio

ambi

enta

l.org

/esp

/soj

a.br

Faixa de produção de soja próxima a Floresta Amazônica

novo Código Florestal é considerado um documento de difícil interpretação jurídica. Esse fato pode não ser tão favorável à manutenção do bioma amazônico, pois o processo de devas-tação continua em andamento, sem restrições maiores por parte do poder público.

Pode-se afirmar, com certeza, que a floresta amazônica sofre a ação predatória do homem com suas atividades econômicas. Os chamados “povos da floresta” (os índios e os seringueiros) optaram por tentar lutar contra a expansão de posseiros, grileiros, agropecuaristas, madeireiros, garimpeiros, entre outros grupos que tentam com suas ações predatórias, desestruturar o patrimônio da floresta equatorial amazônica. Desde o seringueiro Chico Mendes, nos anos 80, com suas denúncias sobre devastação da floresta, esse problema vem se tornando crônico na Amazônia Legal. Não basta somente um Código Florestal, mas uma ação mais intensiva do governo em relação à fiscalização mais atuante, com multas mais rigorosas para conter a devastação desse bem público.

O que muda Como era Como fica

Áreas de Preservação permanentes (APP’s)

Margens de rios: proibida a extração de vegetação (nativa ou não) ao redor de qualquer curso d’água dentro de uma área miníma de 30 metros a contar a partir dos rios com menos de 10 metros de largura e a proporção vai aumentando até chegar a preservação de 500 metros de área em margens de rios com mais de 600 metros de largura.

Margens de rios: preserva as medidas, com exceção da redução de 30 a 15 metros a área de proteção ao redor dos rios com largura inferior a 10 metros. Permite o plantio de lagunas e espécies nessa área, que antes era proibido. A decisão final do que pode ou não ser plantado nesses locais passará a ser dos governos estaduais e não mais da União.

Encostas, topos de montanhas, morros e serras: proibia mexer na vegetação (nativa ou não) de locais de altitude superior a 1.800 metros. Também vetava a derrubada das florestas em áreas de inclinação entre 24 e 25 graus.

Encostas, topos de montanhas, morros e serras: permite o cultivo de lagunas, culturas e o pastoreio no topo das áreas elevadas com mais de 1.800 metros de altura.

Reservas legais

O percentual minímo de preservação ambiental dentro das propriedades varia de acordo com o tipo de bioma: Amazônia Legal (80%), Cerrado (53%), outros tipos de vegetação (20%). A restante área pode ser desmatada desde que haja manejo florestal sustentável.

Mantém os mesmo percentuais. Porém, altera o cálculo da reserva legal dentro da propriedade. Antes, as APP’s eram somadas as revervas. Agora, a reserva legal inclui as APP’s.

Reflorestamento

Pequenos e grandes produtores preci-savam recompor a vegetação das reser-vas legais, seguindo os percentuais estabelecidos de acordo com cada tipo de bioma.

Pequenas propriedades com até quatro módulos fiscais (um módulo pode variar de 40 a 100 hectares dependendo da região) não precisavam recompor a vegetação das áreas de reserva legal desmatadas. O novo texto abre brechas para que até os grandes produtores tenham o mesmo benefício.

Anistia

Aplicaria multas por desmatamentos feitos até 2008, mesmo para aqueles que aderirem ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).

Prevê a suspensão de multas aos produtores que aderirem ao PRA. Se ele cumprir o programa, é anistiado. Senão cumprir precisar pagar as multas. Quem desmatou após essa época sofrerá sansões, mesmo que esteja dentro do PRA. No entanto, o governo não abre mão de multar todos (pequenos, médios e grandes produtores que tem multas aplicadas no passado, mesmo que hoje eles façam parte do PRA).

Esq

uem

a ac

essa

do d

o si

te: w

ww

.aka

tu.o

rg.b

r –

em 2

4-02

-201

3

10

Page 11: Revista Visão Elite 3

COMO SE ORIGINOU A CRISE ECONÔMICA EUROPEIA

A crise imobiliária nos Estados Unidos nos anos de 2008 e 2009 refletiu-se no mundo inteiro,

como um “furacão”, já que os bancos e financeiras que trabalhavam no setor através de hipotecas passaram a não receber os pagamentos e retraíram seus investimentos. As indústrias não receberam mais empréstimos, os bancos perderam os lastros e retiram suas aplicações nas bolsas, além de desvalorização dos papéis das empre-sas menos rentáveis e produtivas.

A retração da economia dos E.U.A. trouxe reflexos para Europa em função da restrição de menores aplicações, diminuição do comércio com as exportações e importações, redução do fluxo financeiro, exigindo mais rentabilidades nas aplicações produtivas e especulativas.

Os bancos trataram de “enxugar” os seus excessos, assim como exigir mais liquidez dos clientes, inclusive de governos devedores. Estes governos já apresentavam gastos excessivos e dívidas elevadas. A chamada política fiscal entre o que se recebe e o que se paga pelos governos tornou-se insustentável no velho mundo.

Com a dificuldade de fazer frente as suas despesas, os governos não geraram crescimento econômico suficiente para quitar suas dívidas, ampliando os custos de encargos das mesmas (juros e moras). Portanto, a solução para os países inadimplentes com suas contas foi apelar para os irmãos da União Europeia e o Banco Central Europeu.

Um dos países que mais se desta-cou com o desequilíbrio de seu déficit orçamentário na crise europeia foi a Grécia. Para se ter uma ideia, as dívidas eram tão acentuadas que superavam o tamanho de toda a sua economia. Isto ocorreu em função de balanços fraudulentos antes de 2008, eclodindo com a acentuada crise a partir de 2009. O governo grego afirmou que não teria mais condições de pagar suas contas sem a ajuda dos membros da U.E. (União Europeia).

Assim, o “efeito dominó” rapida-mente se expandiu na Europa, incluin-do a Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. A Inglaterra e a França também foram economias afetadas pela crise, aumen-tando a recessão e o desemprego. Na verdade, o risco de inadimplên-cia é real e tem consequên-cias além dos limites da Europa.

A Alemanha foi o país menos afetado em função das reservas guardadas por Angela Merkel nos anos anteriores, o que garantiu uma fluidez maior da economia do país. Mesmo antes da crise, a Alemanha já era a líder econômica da União Europeia. Entretanto, a líder alemã exige dos membros com problemas deficitários a adotarem uma política com impostos mais elevados e gastos mais reduzidos, pode vir a ser um problema estrutural para os países devedores. Essa política cria um crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB), representando menores receitas fiscais para os governos quitarem seus débitos. A probabilidade de restrição de gastos governamentais gerou um acentuado número de protestos públicos, e dificultou para as

autoridades adotarem todas as medidas restritivas para se tentar

solucionar a crise. De outro modo, toda a Europa entrou em um período de recessão

já no final de 2011, em boa parte devido a estas medidas,

e também pela desconfiança entre empresas e investidores da rentabilidade geral das economias.

2013continua em

A crise econômica europeia

11

http

://in

fopa

rtis

an.b

logs

pot.c

om.b

r/20

12_0

8_01

_arc

hive

.htm

l

Page 12: Revista Visão Elite 3

Contudo, os países mais estru-turados economicamente da Europa apresentam poucas opções, a não ser pressionarem as nações mais endividadas a apertarem o cinto, uma vez que eles também estão enfrentando uma forte pressão de seus próprios cidadãos. A população em países como a Alemanha e a França se recusa a pagar seus tributos para financiar o que é visto como um excesso de gastos por parte da Grécia e dos outros países europeus com dívidas. Este tipo de ação dos países ricos faz com que seja muito difícil a estruturação de um consenso para solucionar a crise europeia.

A REAÇÃO MUNDIAL E DAUNIÃO EUROPEIA EMRELAÇÃO À CRISE ECONÔMICA

Para tentar combater a crise a União Europeia (UE) liberou juntamente com o Banco Central Europeu (BCE) vários pacotes de resgate monetário para tentativa de equilíbrio das economias deficitárias. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também colaborou no processo para amenizar a crise europeia que atinge o mundo. Portugal, Irlanda, Espanha e Itália também foram beneficiados, após acordos com credores internacionais, entre 2010 e 2011. Entretanto, essa ajuda ainda se apresenta insuficiente para sanear todos os problemas derivados da crise.

O quadro social desses países parece ser o mais afetado, já que o “cinto apertou” mais fortemente para o trabalhador e suas vantagens e benefícios conquistados durante anos pelos sindicatos e organismos que protegem o trabalhador europeu, de modo geral.

Entre as maiores divergências se encon-tram os seguintes pontos:• A resolução do problema da dívida

está ancorada em uma visão ex-cessivamente liberal da dinâmica econômica. Dessa forma, faz-se ne-cessária a reafirmação de outra es-tratégia de construção europeia, com maior foco no social e com medidas que evitem que a liberdade absoluta de fluxo de capitais para os espaços exteriores à União Europeia continue a provocar as atuais consequências negativas da crise.

• As propostas colocadas na prática pela Comissão Europeia não reforça-ram as medidas de solidariedade na direção de resolução dos problemas estruturais socioeconômicos. Pelo contrário, as exigências impostas aos governos dos países devedores foram sempre no sentido de redução dos gastos públicos de caráter social e sem perspectivas de recuperação no médio e longo prazo. De outro modo, os países emergentes

conseguiram conquistar mercados antes monopolizados pelos europeus. Neste caso, o Brasil conseguiu um PIB superior ao da Grã-Bretanha, colocando-se como quinta economia mundial.

Na Ásia, a China se destacou com sua moeda pouco valorizada (Yuan) e o aumento de exportações. Desse modo, o país cresceu 8% ao ano, mesmo com a crise europeia.

A India deu mais um passo no avanço tecnológico, com mais investimentos no setor da informática. Conseguiu desenvolver seu submarino atômico, além de integrar-se tecnologicamente a outros países desenvolvidos.

A Rússia perdeu menos que seus parceiros europeus, já que o país também conseguiu acumular reservas financeiras que garantiram a passagem mais tranquila pelos mares tortuosos da crise.

Portanto, podemos afirmar que a situação dos países integrantes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) foi menos atingida em função de características específicas deles. O sistema financeiro menos deses-truturado do que o norte-americano e o europeu teve fôlego para o desenvol-vimento de uma saída orientada para seus próprios mercados internos (pela presença de um mercado consu-midor muito populoso) e um estímulo nas relações comerciais no quadro “sul-sul”, menos dependente das trocas com os países mais afetados pela crise do período.

No quadro geral, as ações dos ban-cos europeus – e as bolsas europeias como um todo – vêm apresentando um desempenho muito inferior do que as suas contrapartes globais, durante os momentos em que a crise encontra-se no centro da polêmica. Os mercados de títulos dos países mais abalados também têm se apresentado com cota-ções mais reduzidas.

Contudo, existe o consenso de que, enquanto os países pequenos, como a Grécia, são economias menores o suficiente para serem resgatadas pelo Banco Central Europeu, países como Itália e Espanha são grandes excessivamente para serem salvos por medidas financeiras pouco efetivas.

POR QUE A CRISE ECONÔMICA CONTINUA?

Torna-se muito difícil achar uma solução para a crise europeia a curto prazo. A saída da Grécia do euro parece inevitável, porém sob o ponto de vista político, as últimas eleições sinalizaram que uma pequena maioria no país apoia o pacote de resgate oferecido pelas autoridades europeias em contrapartida a um maior compromisso fiscal. A insis-tência grega, em constantemente tentar renegociar as condições do resgate, mina a confiança e a paciência do investidor.

Essa característica de instabilidade política continua a afetar o resto da Europa: o presidente francês, François Hollande, perdeu a popularidade, em parte, devido a seu apoio a medidas de austeridade e ao fato da região ter entrado em recessão. Dessa forma, há uma grande tendência em outros países da zona do euro de troca dos

12

http

s://m

aequ

eros

erit.

files

.wor

dpre

ss.c

om/2

012/

06/c

rise-

euro

pa.jp

g?w

=58

4

Page 13: Revista Visão Elite 3

partidos políticos que estavam no poder antes e durante o estouro da crise. A Espanha, por sua vez, enfrenta a mais elevada taxa de desemprego do continente, na faixa de vinte e cinco por cento, um sério problema para o seu desenvolvimento.

O chamado sistema fi nanceiro mundial está efetivamente interligado à Nova Ordem Mundial, dentro do contexto neoliberal, o que signifi ca que um problema na Grécia ou outro pequeno país europeu passa a ser um desequilíbrio para todas as economias. A crise da dívida europeia não afeta somente os mercados fi nanceiros, mas também o orçamento do governo dos Estados Unidos: quarenta por cento do capital do Fundo Monetário Internacional (FMI) vem dos Estados Unidos. Assim, se o FMI for obrigado a emprestar muito dinheiro para as iniciativas de resgate, os contribuintes americanos serão obrigados a pagar a conta. Além disso, a dívida dos Estados Unidos também vem aumentando constantemente – isto signifi ca que os acontecimentos na Grécia e no resto da Europa são um exemplo de alerta potencial para as autoridades americanas, especialmente em relação à grande quantidade de juros da dívida que vence no último trimestre do ano fi scal.

PERSPECTIVAS DA UNIÃOEUROPEIA NO QUADRO FINANCEIRO MUNDIAL

Depois de 3 anos do momento sim-bólico de defl agração da crise econô-mica atual, a realidade dos países e economias atingidas ao redor do mun-do é bastante diferente. Em meados de setembro de 2008, a situação das ins-tituições fi nanceiras norte-americanas apresentava-se problemática. Com a quebra do banco Lehman Brothers, verifi ca-se uma espécie de efeito do-minó sobre um conjunto de instituições bancárias e de crédito naquele país. É a chamada crise do “sub-prime”, que foi intensamente afetada pelo merca-do hipotecário do setor imobiliário e da construção civil.

Os bancos se apresentavam quase falidos, sem lastro em suas operações de empréstimo, os preços dos imóveis sofriam o fenômeno de alta de preços irreal e insustentável no longo prazo – a chamada bolha artifi cial do mercado de imóveis.

Contudo, em função das caracte-rísticas do mercado fi nanceiro altamente globalizado, os efeitos da crise nos Estados Unidos logo se fi zeram sentir em outras regiões do planeta, como a Europa, a América Latina, a Ásia e África. Sendo iniciada apenas na esfera fi nanceira, logo as consequências da crise vieram também para o chamado setor real, com efeitos incidindo sobre a produção de bens de consumo e serviços, no nível de emprego, no ritmo de consumo, na dinâmica do comércio mundial (exportações e importações) e sobre a capacidade fi scal dos Estados. Em sintese, a recessão apareceu não apenas como uma ameaça, mas também como uma realidade a ser enfrentada de modo emergencial.

Desta forma, enquanto os países como o Brasil e outros conseguiam já se recuperar em 2009, os Estados Unidos e a Europa permaneceram em recessão mais longa, com defi cit do PIB para 2009 e 2010. Nos países centrais, as políticas criadas pelos governos foram no sentido de diminuir o efeito de quebra generali-zada do sistema fi nanceiro, por meio de acumulação de recursos públicos nas instituições bancárias e de crédito, além de oferecer uma política de isenções e incentivos para as grandes empresas manterem suas atividades produtivas. Enquanto tais medidas começaram a surtir efeito na América do Norte, a si-tuação do outro lado do Atlântico Norte era bem mais complexa.

Como primeiro passo, deve-se considerar a própria estrutura institu-cional em andamento, a da construção de uma Europa Única. Apesar dos avanços acentuados em termos da unifi -cação monetária da zona do euro, da consolidação do Banco Central Europeu (BCE), da efetivação da Comissão Europeia e do próprio Parlamento Europeu, o fato é que o processo unifi -catório ainda está em marcha. A UE é composta de países, com a sua própria institucionalidade social, política e eco-nômica, os quais contam com seus próprios Estados – poderes executivo,

legislativo e judiciário. Apresenta, tam-bém, seus próprios orçamentos que são votados em cada Nação e exercem um conjunto de políticas públicas em suas respectivas regiões – por exemplo, a política de impostos. E com essa funcionalidade, a urgência

É importante ressaltar a correlação de forças políticas existente atualmen-te na União Europeia. Observou-seem um passado recente, em diver-sas eleições, as formações demmaiorias políticas de caráter bastante conser-vador, com os casos emblemáticos na França, na Alemanha, na Itália, entre outros. A exemplo dos responsáveis pela política econômica nos Estados Unidos, esses governos também abandonaram, logo no começo da crise, o discurso liberal mais radical. A intervenção do Estado foi solicitada, na forma de alocação de recursos da UE e de cada orçamento nacional de modo específi co, sempre para ajudar instituições fi nanceiras e oferecer incentivos às empresas, principalmente particulares.

Mesmo com todas essas ações, as medidas não foram efetivas para afastar a presença da crise no continente. As ações negociadas nos mercados fi nanceiros se concentraram em elos mais frágeis da UE. Neste caso, destacam-se o declínio dos mercados de investimentos da Espanha, da Irlanda e, logo em seguida, no da Grécia, um conjunto de espaços para determinar a bolsa de apostas do próximo país a quebrar. A presença da recessão e desemprego está durando mais tempo na região europeia e as condições de insatisfação do movimento sindical e da sociedade civil organizada são muito acentuadas.

A posição e as ações provenientes de Bruxelas e dos governos europeus não contribuem para a estruturação de um quadro positivo, que tenha como base de preocupação também os aspectos sociais da crise mun-dial. Ao contrário, retornam à cena as antigas propostas do FMI e do Banco Mundial que haviam sido esquecidas com a retomada das políticas públicas de carácter keynesiano e desenvolvi-mentista. A proposta segue visando à obtenção de superávit primário e de aprofundamento dos cortes orçamen-tários nos setores que interessam à maioria da população, a exemplo de saúde, previdência, educação, trans-portes, auxílio desemprego. E fi xa o es-tímulo ao processo de fi nanceirização das economias.

Torna-se muito difícil achar uma solução

para a crise europeia a curto prazo

13

Page 14: Revista Visão Elite 3

14

http

://th

erap

up.n

et/2

010/

12/to

day-

in-h

isto

ry-s

lave

ry-a

bolis

hed/

Page 15: Revista Visão Elite 3

Este ano é especialmente interesse na abordagem da questão do negro no Brasil e nos EUA, pois completamos 125 anos da assinatura da Lei

Áurea (1988) e os 50 anos da famosa frase de Martin Luther King “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”), símbolo da luta dos direitos civis norte-americanos.

O debate curiosamente foi aberto no segundo semestre do ano passado, quando um organismo ligado ao movimento negro tentou censurar obras do célebre escritor Monteiro Lobato, acusando-o de racismo.

Observe a notícia da jornalista Nathalia Goulart, publicada no site da Revista Veja:

‘CENSURAR MONTEIRO LOBATO é ANALFABETISMO hISTóRICO’

Estudioso chama de absurda a tentativa de proibir livros do autor, acusado de racismo e diz que crianças sabem absorver o que histórias têm de melhor.

A obra literária de Monteiro Lobato (1882-1948) tem alimentado gerações de crianças e jovens, e não consta que seus leitores tenham formado uma horda racista.

Assim mesmo, mais um livro do escritor virou alvo nesta semana da caçada ideológica que tenta enquadrar o criador do Sítio do Pica Pau Amarelo no crime do racismo.A exemplo do que já fi zera com Caçadas de Pedrinho, o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) quer banir das escolas públicas o livro Negrinha, lançado em 1920. O que incomoda o instituto são passagens como “Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.” A patrulha acusa a obra de trazer “estereótipos e preconceito”. “Trata-se de analfabetismo histórico”, diz João Luís Ceccantini, pesquisador de literatura infanto-juvenil e coautor do livro Monteiro Lobato – Livro a Livro. “Querer censurar ou modifi car em algum grau uma obra cultural é um absurdo.” Estudioso da assimilação da literatura por crianças, Ceccantini acrescenta uma informação ao debate sobre Lobato que demole de vez os argumentos dos censores, que alegam que as obras de Lobato prejudicam a formação das crianças. “Eu tenho estudado a forma pela qual as crianças absorvem o que leem e minha conclusão é que elas sabem identifi car os excessos dos livros. Elas se apegam ao que é bom, à essência das histórias – e, no caso de Lobato, essa essência não é racista.”

(http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pintar-monteiro-lobato-como-racista-e-um-equivoco)

A Questão do Negro no Brasil e nos EUA:125 anos da abolição brasileira e 50 anos da luta pelos direitos civis norte-americanos

(Parte 1)continua na próxima edição

15

Page 16: Revista Visão Elite 3

A opinião pública concordou com o pesquisador citado acima. Há certo exagero ao acusar Monteiro Lobato de racismo. Só não podemos negar que ainda existem preconceito e discriminação em relação ao negro no nosso país.

Por falar nisso, você consegue diferenciar os conceitos racismo, preconceito e discriminação?

O quadro abaixo esclarece o tema:

RacismoIdeologia que defende a existência de hierarquia entre grupos raciais, separados em superiores e inferio-res. Pode se manifestar na forma individualizada – por práticas dis-criminatórias de indivíduos contra outros indivíduos – ou institucional, como no caso de isolamento, por exemplo, de negros em determina-dos bairros, escolas e setores do mundo do trabalho.

PreconceitoJulgamento negativo, elaborado previamente, por uma pessoa em relação a outras. As pessoas vítimas de preconceitos são encaradas pelas outras, a partir de determinados este-reótipos que se mostram indevida-mente relacionados a grupos raciais, etnias ou religiosos.

DiscriminaçãoNome que se atribui à conduta de alguém que viola os direitos de ou-tras pessoas, a partir de critérios que não podem ser justifi cados, ou se mostram injustos. Ocorre por ação ou omissão, podendo relacio-nar-se a raça, sexo, idade, opção religiosa etc.

Cabral, Alexandre (et al) – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Módulo I – Rio de

Janeiro. Fundação CECIERJ. 2012 ver página. Adaptado de SOUSA (2009, p. 32).

Vamos agora fazer uma viagem no tempo, buscando nossas negras raízes africanas, percorrendo os processos de abolicionismo, passando pela luta de afi rmação do movimento negro até chegar aos dias atuais.

O DRAMA DA ESCRAVIDÃO E A RESISTêNCIA

Dentro da proposta mercantilista europeia dos séculos XV ao XVIII, a mão de obra escrava gerava uma dupla lucratividade: a riqueza do comércio e a exploração do trabalho.

Capturados nas terras africanas, atravessavam o Atlântico em condições desumanas nos navios negreiros conhecidos como “tumbeiros” (de tumba, sepultura). Nas Américas sofriam um processo de “coisifi cação”, ou seja, eram tratados como mercadoria, não tendo as mínimas condições de vida respeitadas.

O poema “Navio Negreiro” de Castro Alves relata o sofrimento, como nesta estrofe da quarta parte “(...) Presa nos elos de uma só cadeia, / A multidão faminta cambaleia,/ E chora e dança ali! / Um de raiva delira, outro enlouquece… / Outro, que de martírios embrutece, / Cantando geme e ri… (...)”.

Durante a escravidão a resistência negra nas Américas consistiu em diversas práticas, como: quebra de ferramentas, morosidade no trabalho, abortos, suicídios, assassinatos de senhores e feitores (pessoas que vigiavam e puniam os escravos), fugas e a formação de quilombos (áreas que recebiam escravos fugitivos e mestiços).

O maior símbolo da resistência no Brasil foi o Quilombo dos Palmares, situado na Serra da Barriga, no atual estado do Alagoas. Estima-se que tenha recebido mais de vinte mil moradoras e existido por mais de cem anos, destacando-se como líderes quilombolas Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Foi destruído por uma expedição chefi ada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho em fi ns do século XVII. O cineasta Cacá Diegues dirigiu dois fi lmes sobre o tema: Ganga Zumba (1963) e Quilombo (1985).

No Brasil, a tentativa de manter valores culturais gerou o sincretismo religioso, ou seja, a mistura de religiões. Obrigados pelos senhores a aderir aos princípios do cristianismo, os escravos associaram as divindades africanas aos santos católicos. Assim, São Jorge virou Ogum e São Sebastião virou Oxóssi, por exemplo.

No século XIX, o pensamento libertário na América Latina ganhou importantes aliados: a ideologia do Iluminismo, o exemplo haitiano e a apoio da Inglaterra industrializada.

O Iluminismo desenvolvido no século XVIII e difundido no século seguinte, através de seus ideais de liberdade e igualdade, tornava possível sonhar com o abolicionismo. Inspirando os revolucionários franceses, em 1794 foi decretado o fi m da escravidão em suas colônias. Neste contexto, a parte francesa da Ilha de São Domingos na América Central, sob a liderança negra, assistiu a Independência do Haiti (1804). Este movimento provocou

Monteiro Lobato: depois de ‘Caçadas de Pedrinho’, ‘Negrinha’ entra na lista de ‘livros racistas’

16

Page 17: Revista Visão Elite 3

um temor nas Américas conhecido como o “medo da haitização”, onde uma revolta escravista tomasse o poder dos brancos. Na Bahia, em 1835, a “Revolta dos Malês” foi um símbolo da luta pela liberdade.

A Inglaterra em processo de indus-trialização desde a Revolução Industrial da segunda metade do século XVIII passou a pressionar, no século XIX, as colônias da América. A necessidade de mercados consumidores para seus pro-dutos industrializados fez dos ingleses defensores do fi m da escravidão.

No Brasil, os tratados de “Aliança e Amizade” de 1810 traziam promessas de acabar com o tráfi co, e se tornaram lei apenas em 1831 para “inglês ver”, pois não foi cumprida. Após o Bill Aberdeen (lei inglesa de 1845 que permitia capturar navios negreiros),os brasileiros cederam a assinaram a Lei Eusébio de Queirós (1850) extin-guindo, o tráfi co negreiro.

Os Estados Unidos conseguiram manter um padrão particular. Indepen-dentes dos ingleses a partir de 1776, não sofreram a pressão da antiga metrópole, além de viverem a contradição liberalismo-escravismo. Considerando os negros como merca-doria, o ideal de liberdade e igualdade não atingiu os escravos norte-americanos. Cabe lembrar que Thomas Jefferson, um dos líderes da Independência, era proprietário de escravos.

O fi lme “Amistad,” de 1998, dirigido por Steven Spielberg, retrata o pesadelo da captura e viagem da África para a América, além do confl ito abolicionismo X escravismo.

A ABOLIÇÃO NO BRASIL E NOS EUA

A libertação dos escravos nas duas nações acabou sendo o fruto de dis-putas políticas, praticamente sem a participação dos negros.

No Brasil, a princesa Isabel assinou a Lei 3.353 de 13 de maio de 1888, conhecida como “Lei Áurea”, diante do desgaste que a monarquia sofria junto aos cafeicultores, militares e clero. O teto da lei era bastante direto, com apenas dois artigos:

Art. 1º – É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.

Art. 2º – Revogam-se as dispo-sições em contrário.

Nos EUA, coube ao presidente Abraham Lincoln, no contexto da Guerra de Secessão (1861-1865), assinar o Ato de Emancipação em 1º de janeiro de 1863. A medida visava fortalecer o norte industrializado e assalariado em sua luta contra o sul agrário e escravista.

Recentemente foi lançado o fi lme “Lincoln”, do diretor Steven Spielberg, narrando a biografi a do ex-presidente norte-americano que atuou na questão abolicionista norte-americana. Temos também o clássico fi lme “E o Vento Levou”, de 1939, mostrando a visão sulista do confl ito.

Zumbi dos Palmares

http

://w

ww

.gel

edes

.org

.br/a

tlant

ico-

negr

o/af

robr

asile

iros/

zum

bi-d

os-p

alm

ares

/272

0-zu

mbi

-hi

stor

iogr

afi a

-e-im

agen

s

(htt

p://w

ww

.cap

asde

fi lm

es.c

om/2

009/

11/a

mis

tad.

htm

l)

Capa do Filme AmistadNeste ano completamos 125 anos da assinatura da Lei Áurea

(htt

p://p

t.wik

iped

ia.o

rg/w

iki/F

iche

iro:L

ei_%

C3%

81ur

ea.jp

g)

17

http

://w

ww

.rot

as.tu

r.br

Page 18: Revista Visão Elite 3

ExUMAÇÃO INéDITA DE DOM PEDRO IE SUAS MULhERES PERMITE CONFRONTARREGISTROS hISTóRICOS:

Arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel realizou exames nos restos mortais do primeiro imperador do Brasil, de Dona Leopoldina e de Dona Amélia.

“A historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel exumou, com o apoio da Faculdade de Medicina da Univer-sidade de São Paulo (USP), os corpos do imperador D. Pedro I, falecido em 1834, e das imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia. Com isso, a pesquisadora pôde realizar exames que revelaram detalhes que ajudam a compor uma nova visão dessas perso-nagens históricas.

Por causa desse estudo, foram des-cobertas algumas novidades em relação à vida de D. Pedro I. Para começar, agora

sabemos que o imperador possuía quatro costelas fraturadas do lado esquerdo de seu corpo, devido a dois acidentes a cavalo que aconteceram nos anos de 1823 e 1829. Isso fez com que um de seus pulmões fosse praticamente inutili-zado e agravou o quadro de tuberculose que tirou a vida do imperador quando ele tinha apenas 36 anos.”

Acervo Veja. 19/02/13 e http://megacurioso.com.br/historia-e-geografia

Parece que não foi só o acidente a cavalo, em 1823, que deixou marcas em nosso Imperador.

Naquele mesmo ano, uma grande dis-puta política estava prestes a come-çar e marcaria a história não apenas deste personagem, como a de uma sociedade inteira.

O Império havia começado há pouco tempo, em 7 de setembro de 1822. A sociedade aguardava as ações daquele que, devido ao imaginário cons-truído a época, era visto como defensor dos brasileiros contra os ideais lusos de recolonização.

A elite agrária se movimentava na tentativa de manter seu status quo; os portugueses temiam a perda de privilégios e poder, na medida em que uma nação brasileira se formava e, com isso, os cargos políticos que ocupavam, desde a vinda da Família Real para o Brasil e o fenômeno da Interiorização da Metrópole, agora estavam ameaçados; e os mais radicais viam na Independência e no Império a possibilidade de mudanças que os fariam chegar e/ou voltar ao poder. O Brasil começava sua cami-nhada política dividido.

Em 1822, em sua maioria, os brasi-leiros se concentravam em dois partidos: o Brasileiro e o Liberal Radical. Cada um influenciado, a sua maneira, pelos ideais do Iluminismo e liberalismo político, ino-vadores à época.

O Partido Brasileiro trazia para si o ideal de Montesquieu sobre divi-são de poderes. Lutavam contra um poder absoluto. Queriam transforma-ções políticas, porém moderadas.

A prática da Cidadania no Brasil:

htt

p://q

ueco

ncei

to.c

om.b

r/cid

adan

ia-2

18

Page 19: Revista Visão Elite 3

O Liberal Radical se influenciava pelos ideais de Rousseau de que o governo deveria seguir a vontade geral. Com o aprofundar dos anos imperiais cada vez mais este grupo se aproximaria da luta pela democracia.

O fato é que estas correntes políticas tinham suas características específicas, mas se aproximavam em um ponto: ambas ambicionavam a feitura de uma constituição, e D. Pedro I sabia disso. Era necessário organizar o Estado.

Assim, em maio de 1823, foi orga-nizada uma assembleia Constituinte composta por 90 deputados, entre gran-des proprietários, membros da Igreja e juristas. Predominavam os ideais moderados que previam uma Monar-quia Constitucional, que garantisse os direitos individuais e limitasse o poder do imperador, mas que não promoves-se alterações estruturais que afetasse o domínio aristocrático e escravista. Na abertura dos trabalhos, D. Pedro I deixou clara a sua postura autoritária comprometendo-se em defender a fu-tura constituição, se a mesma fosse digna do Brasil e dele próprio.

Reunida a assembleia, o deputado Antônio Carlos de Andrada apresentou um projeto de Constituição, no qual se destacavam dois princípios básicos:

Subordinação do poder executivo (Imperador) ao legislativo (deputados e senadores), correspondendo aos anseios do dirigismo político da Aristocracia Rural. Desta forma, o Imperador não poderia dissolver a Câmara dos Deputados e as Forças Armadas estariam subjugadas ao legislativo e não a D. Pedro I;

Restrição de acesso à vida política nacional a grande maioria da população brasileira, através da instituição do voto censitário: o eleitor ou o candidato ao legislativo teria de comprovar elevada renda, conseguida, especialmente, atra-vés da atividade agrícola.

Inauguraria, assim, no Brasil, a prática de medição de renda a partir da quantidade anual de alqueires de mandioca que a terra produzisse ou receitas equivalentes. Isso porque a Mandioca era utilizada em larga escala para a alimentação de escravos, logo, quem possuía muitos trabalhadores produzia muita mandioca.

Este anteprojeto constitucional entra para a história e se torna conhecido como “Constituição da Mandioca” e era caracterizada pelo impeditivo a grande maioria da população brasileira à participação política, excluindo também comerciantes cuja renda era comprovada em dinheiro e não em terras e escravos, sendo a maioria destes portugueses.

A prática da Cidadania no Brasil:

por Érica Coelho

Os 190 anos da “Constituição da Mandioca” (1823)

e os 25 anos da “constituição cidadã” (1988)

Corpos passaram por exames médicos

Fon

te d

a im

agem

: Rep

rodu

ção/

Val

ter

Dio

go M

uniz

.

19

Page 20: Revista Visão Elite 3

O próprio José Bonifácio, opondo--se a qualquer ampliação dos direitos políticos populares, não poupava pala-vras contra a “suja e caótica demo-cracia”. Nossa cidadania começa res-trita e elitista. Futuros problemas para o Brasil...

Nesta caminhada política, D. Pedro I se ressentiu da tentativa dos Moderados Brasileiros em limitar o seu poder e, por isso, ordenou que a Assembleia fosse fechada. Os imãos Andrada se recusaram a fazê-lo. Começava uma das noites mais longas de nossa história, a Noite da Agonia.

Reunidos em Assembleia, os depu-tados se recusavam a desfazê-la.D. Pedro, então, se utilizou de seus aliados, os Militares – portugueses em sua maioria, que se sentiam excluídos neste projeto constitucional e viam na aliança com o imperador a manutenção de seus poderes – para obter seu objetivo: o fechamento da constituinte.

Na virada do dia 11 para 12 de novembro de 1823, ordenou uma in-vasão a assembleia, prendendo de-putados e exilando grandes nomes da

política da época, como os próprios irmãos Andrada, conseguindo assim fechar a assembleia. Estava aberta a luta política no Brasil e cada vez mais D. Pedro se afastaria dos brasileiros com atitudes autoritárias e impo-pulares, como a criação do Conselho de Estado e a outorga de uma nova Constituição.

“suja e caótica

democracia”

Em um cenário caótico recheado de crises políticas e econômicas, até problemas pessoais como a infi de-lidade do Imperador e o suposto em-purrão escada abaixo que teria levado à fratura de um dos fêmures de Dona Leopoldina, sua primeira mulher, teriam concorrido para o fracasso po-lítico do Imperador. Porém, mesmo assim, D. Pedro I conseguiu governar por cerca de nove anos, concentrar o poder, e manter a monarquia quando da sua abdicação em favor de seu fi lho em 1831.

José Bonifácio

http

://w

ww

.por

tals

aofr

anci

sco.

com

.br/a

lfa/

jose

-bon

ifaci

o/jo

se-b

onifa

cio-

2.ph

p

Uma constituição autoritária e marcada pelo fortalecimento da

autoridade imperial.

Fon

te: h

ttp:

//ww

w.b

rasi

lesc

ola.

com

/his

toria

b/pr

imei

ra-c

onst

ituic

ao.

htm

Como ele teria conseguido esta façanha? Quais as consequências políticas para o Brasil até hoje? Isso te contaremos no próximo volume. Até lá!

Se na Constituição da Mandioca a cidadania foi restrita às elites latifundiárias, cento e sessenta e cinco anos depois os brasileiros puderam conhecer uma ampliação da prática da cidadania. Em 1988, numa conjuntura de abertura política pós-ditadura nossa sociedade viu nascer a constituição cidadã. Numa tentativa de fazer jus as mortes de jovem que haviam lutado, nos anos anteriores, contra a opressão autoritária militar. Um dos pontos mais marcantes desta constituição foi à ampliação do acesso à cidadania no Brasil ao garantir os direitos das minorias

Disponibilizamos, a seguir, um resumo sobre nossa Constituição vigente desde 1988, cuja conjuntura de sua elaboração refl etia esse cenário de retomada do estado de direito, sendo virtuosa na separação dos poderes e generosa no campo humanitário e social. Também conhecida como “constituição cidadã”, representou retorno à democracia na

medida em que devolveu aos brasileiros as liberdades individuais. Esta tem como prerrogativas:• Reconheceu os direitos políticos

e sociais dos cidadãos em geral e das minorias, como os índios;

• Limitou a jornada de trabalho para 44 horas semanais, estipulou o seguro-desemprego;

• Ampliação da licença maternidade;• Introdução da licença paternidade;• Proibição da ingerência do Estado

nos sindicatos e assegurou aos funcionários públicos o direito de se organizar sindicalmente;

• Desestímulo as demissões;• Eleições diretas em dois turnos para

a Presidência, governos Estaduais e Prefeituras com mais de 120 mil eleitores;

• Manutenção do monopólio em setores como petróleo, telecomunicações, energia elétrica, portos e transportes rodoviários;

• Voto facultativo para eleitores entre 16 e 18 anos e maiores de 65 anos;

• Voto obrigatório entre 18 anos e 65 anos;

• Voto aos analfabetos.

Os 25 anos da Constituição de 1988

Ulysses Guimarães com a nova constituição: avanços e problemas

na confi guração de uma nação democrática.

http

://w

ww

.mun

doed

ucac

ao.c

om.b

r/hi

stor

iado

bras

il/co

nstit

uica

o-19

88.h

tm

20

Page 21: Revista Visão Elite 3

hISTóRICO SOBRE O CANAL DO PANAMÁ

O navegador genovês Cristovão Colombo chegou ao caribe acreditando estar nas Índias,

especifi camente nas praias e ilhas, que hoje são denominadas Boca Del Toro a noroeste do litoral caribenho.

Outro navegador espanhol, em 1513, chamado Vasco Nunes Balboa fez a primeira travessia do Atlântico para o Pacífi co, por terra, chegando ao outro extremo, onde efetivou um povoamento.

A exploração de ouro e prata na área peruana possibilitou o cruzamento do istmo com as cargas em lombos de burros até o Oceano Atlântico, para então chegar à Espanha entre os séculos XVI e XVII.

No fi nal do século XIX, depois de muitas tentativas, vários projetos e até contratos com vários países se deu início às obras com a França em 1882.

O Engenheiro Ferdinand de Lesseps, o mesmo que construiu o Canal de Suez, encabeçou a obra. Entretanto, diversos problemas se verifi caram no andamento da obra, que incluiu doenças como a febre amarela, corte de uma cordilheira, além de chuvas constantes e desmo-ronamentos. Depois se verifi cou que a logística e as técnicas da época eram insufi cientes para dar conta da obra, que durou 21 anos.

O presidente americano Theodore Roosevelt, em 1904, resolve assumir o compromisso de levar adiante o projeto da construção do canal. Em 10 anos,mudanças interessantes foram incluí-das pelos engenheiros americanos. A construção de eclusas em função do desnivelamento do relevo favoreceu o fl uxo de navegabilidade do canal.

No contexto geral, o canal é forma-do por 3 lagos; Gatun, o maior em percurso; o Mirafl ores, que é pequeno, mas apresenta percurso que se es-tende entre as comportas de mesmo nome e as de Pedro Miguel na faixa do Pacífi co e por fi nal o lago Alajuela, que é regulador estratégico, com grande profundidade e acolhido nas alturas dos cerros que mantém o nível das águas dos demais, abastecendo de energia elétrica o complexo da Bacia e de outras cidades, por conta das hidrelétricas da represa de Madden.

A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO

CANAL DO PANAMÁ

O presidente americano Theodore Roosevelt, em 1904, resolve assumir o compromisso de levar adiante o projeto da construção do canal

21

http

://in

fosu

rhoy

.com

/coc

oon/

saii/

xhtm

l/pt/

feat

ures

/sai

i/fea

ture

s/20

09/0

7/10

/feat

ure-

01

Page 22: Revista Visão Elite 3

A quantidade de chuva necessária ao longo destes 92 anos de operação é de fundamental importância, principal-mente, porque cada embarcação gasta 200.000 m³ de água, 100.000 na entrada e 100.000 na saída e apesar de operar 15 a 25 embarcações/dia, nunca houve a falta de água.

Considerada uma hidrovia de grande importância econômica e estratégica, o Canal do Panamá com seus 82 km, liga os oceanos Atlântico e Pacífi co, na América Central.

Em 15 de agosto de 1914 o Canal do Panamá foi inaugurado, defi nindo-seentão padrões revolucionários de transporte marítimo no início do século XX. Sem dúvida, um grande trunfo estratégico e militar para os Estados Unidos, após o fracasso do grupo francês. Em termos econômicos, a vantagem foi clara, já que antes da construção do canal, a viagem realizada da Califórnia para Nova York era feita pelo cabo Horn, no Chile, com rota perigosa e acentuadamente longa. Com mais de 1 milhão de viagens completas até hoje, a travessia do canal tem um tempo médio equivalente a 9 horas de trânsito.

Para que se mantenha o nível do lago para navegação, são sufi cientes apenas válvulas (250 ao todo) e comportas (88), destaca-se o chamado princípio de vasos comunicantes com ação da gravidade. A água doce é utilizada antes de ser despejada nos oceanos, o que isola o contato do sal e preserva consideravelmente vida útil dos equipamentos e acessórios.

Da extensão total do canal, pelomenos 50 km tem a travessia do rio Chagres, considerado de ampla navega-bilidade. O restante dos 32 km, o terreno apresentava uma cordilheira que foi transposta, as duras penas, pelos norte americanos.

Uma façanha que fi cou na história das grandes obras mundiais. Para se ter uma ideia, foram retiradas toneladas de pedras e terras capaz de equivaler o uma locomotiva carregada, de extensão, de quatro voltas ao redor da Terra.

A FUNCIONALIDADE DO CANAL DO PANAMÁ

A navegação pelo istmo do Panamá se realiza, em função da topografi a, com variações de até 26 metros, faixa em que os navios são elevados pelas eclusas, para chegar ao lago Gatun e, em seguida, do outro lado, declinar novamente até o nível do mar.

Da extensão total do canal, pelo menos 50 km tem a travessia do rio Chagres,

considerado de ampla navegabilidade

Não só as eclusas são usadas, mas também ocorre a participação de diques que cheios de água possibilitam a descida e elevação dos navios que por ali transitam.

As eclusas existem no lado do Pacífi co e na faixa pertencente ao lado do Atlântico. É justamente aí que as portas de aço das eclusas triplas de Gatun apresentam 21 metros de altura com um peso equivalente a 745 toneladas cada uma. O lago Gatun é o local onde foi construída

uma barragem para formação do lago Gatun, apresentando um total de 26 metros acima do nível do mar, sendo alimentado pelo principal rio (Chagres). A entrada fi ca próxima à cidade de Cólon, do lado do Atlântico, até atingir a saída no lado do Pacífi co.

As embarcações quando penetram numa das eclusas de Gatun, são travadas e a água é bombeada para dentro dos diques que vão se elevando gradativamente e elevando os navios até o chamado lago Gatun, na faixa acima de 26 metros.

O uso do lago Mirafl ores, onde existem as eclusas de mesmo nome, que esvaziam até se igualarem ao nívelde 9,5 metros, possibilitam o declínio até o nível do Oceano Pacífi co, na capital panamenha.

É natural que os navios tenham limitações dimensionais na largura e comprimento, além da altura, dentro da navegabilidade do Canal do Panamá. Uma das limitações relacionadas a altura é dada pela ponte das Américas no lado do Pacífi co. As embarcações são limitadas pelas comportas, que só suportam 305 metros de comprimento e 33,5 metros de largura. Os navios dentro desse padrão de construção foram denominados de Panamax. Estes navios conseguem um fl uxo normal, com uma folga mínima de 60 cm de cada lado da embarcação.

Atualmente, as faixas hidrográfi cas com rios e lagos se encontram prote-gidos por Parques Nacionais que possibilitam o desenvolvimento da fauna e fl ora local.

22

Page 23: Revista Visão Elite 3

A QUESTÃO POLÍTICA DO CANAL DO PANAMÁ

O país chamado Panamá, na verda-de, era uma extensão da Colômbia. Entretanto, os Estados Unidos tratou de apoiar um divisionismo interno na Colômbia para isolar o atual território do Panamá. Nesse contexto, até a virada para o século XX, ocorrem cinco tentativas de separação da Colômbia e até 13 intervenções dos Estados Unidos.

No ano de 1903, os norte ameri-canos estimulam a rebelião que leva a separação da Colômbia, e ainda, no mesmo ano, compram do Panamá a concessão para retomar os trabalhos de construção do Canal. Este foi inaugurado em 1914. Para isso, os Estados Unidos exigem o controle perpétuo da Zona do Canal, pagando uma anuidade ao governo panamenho. Esta condição foi revogada em 1977, quando o ditador General Omar Torrijos fez um novo acordo de devolução do Canal até 2000. O que foi cumprido pelos EUA ao final de 1999.

Entretanto, o governo panamenho alega dificuldades de administrar o Canal, além da manutenção neces-sária para a funcionalidade do mesmo. De forma inédita, o governo do Panamá privatiza o controle do Canal do Panamá. Uma empresa da China (mais especifica-mente de Hong-kong) assume, depois de licitação pública, a administração do Canal por 25 anos.

O governo americano preocupado com a empresa chinesa numa faixa es-tratégica da América Latina, de supra importância para os Estados Unidos, resolve manter uma tropa de controle militar sobre o Canal do Panamá. Tecnicamente, isso representou um novo tipo de intervenção com vigilância de segurança feita pelos EUA. Afinal, a América é para os americanos. Do norte, é claro!

Atualmente, o Canal do Panamá passa por obras de ampliação e revita-lização do trecho navegável para suportar navios de maiores calados (maiores tonelagens).

Em outubro de 2012, o governo do Panamá permite a funcionalidade de um acordo assinado em 2011 com os Estados Unidos que prevê o livre comércio entre os dois países. Naturalmente, os norte americanos buscam um maior estreitamento de relações com o país que ajudaram a criar pelo interesse estratégico da região.

Não se pode negar que o governo do Panamá se manteve, desde sua independência em 1903, com estreita fidelidade e respeito pelas posições políticas dos estadunidenses, para se avaliar a questão, basta olhar o ano de 1989 quando o presidente do país, o general Manuel Antônio Noriega, teve seu território invadido pelo governo norte--americano, que deportou o presidente para a Flórida, nos Estados Unidos. Como é possível um país invadir outro e retirar seu presidente, além de julgá-lo com outras leis e, prender esse mesmo presidente em seus redutos? Coisas do governo americano, naturalmente.

A ideia dos Estados Unidos em integrar o Panamá no contexto do livre-comércio, passa pelo interesse ainda não esquecido da formação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), onde se destaca o NAFTA (com Estados Unidos, Canadá e México), devendo-se incluir países da América Central e da América do Sul. Estrategi-camente, o Panamá e o Chile são funda-mentais para manutenção da estratégia de controlar costa a costa (leste-oeste) a América. No caso, esses dois países são alinhados aos interesses norte america-nos, além da Colômbia. Os outros países da América do Sul já apresentam resis-tência contra a formação de bloco com 34 países americanos, onde Cuba não deverá ser incluída nessa estrutura-ção econômica. O Brasil e a Venezuela lideram o grupo de oposição ferrenha contra a política americana de integração. Na ALCA, a restrição maior é do fluxo de pessoas, em especial de imigrantes para os Estados Unidos da América do Norte.

Não resta dúvida que o Canal do Panamá cumpre um papel de extrema importância estratégica. Com o contro-le do fluxo integrado ao grupo de livre comércio, as facilidades serão inten-sas para o comércio Pacífico-Atlântico, além da manutenção da hegemonia estadunidense no contexto americano. Apesar da crise econômica, a influên-cia política dos Estados Unidos fica garantida nesse início de século XXI, justamente no ponto crucial dos trans-portes marítimos do Canal do Panamá.

Visão do Canal do Panamá, em Puente Centenário,

em 2013

Visão do lago Gatun, no Canal do Panamá,

em 2013

Visão do lago Miraflores, no Canal do Panamá,

em 2013

23

Visão geral do Canal do Panamá com o fluxo de transporte de navios

de todos os tipos

http

://hi

d014

1.bl

ogsp

ot.c

om.b

r/20

11/0

5/ca

nal-

do-p

anam

a.ht

ml

Page 24: Revista Visão Elite 3

ONUPALESTINA

A ACEITAÇÃO DA

PALESTINA NA

ONUA ORIGEM DO CONFLITOPALESTINO

A intensificação dos conflitos no Oriente Médio entre judeus e palestinos ocorreu com a criação

do Estado de Israel, inicialmente com o plano de partilha pela ONU, em 29 de novembro de 1947, ratificado com a substituição do Mandato Britânico pela criação do novo Estado Judeu, por David Ben-Gurion, em Tel Aviv, em 14 de maio de 1948.

Outros conflitos se manifestaram como a Guerra no Suez (caracterizado como segundo conflito árabe-israelense) ou conflito do Suez pelo controle de passagem do Canal determinado por Nasser, então presidente do Egito, em 29 de outubro de 1956.

A Guerra dos Seis Dias (1967) e a do Yom Kippur (1973) completaram o quadro de conflitos graves entre árabes e israelenses no território de Israel, ampliado após 1967.

Os palestinos jamais aceitaram a determinação da ONU e a criação do Estado de Israel em seu antigo território, a Palestina. E grupos de guerrilheiros se formaram internamente para combater com armas o inimigo judeu. O Al fatah (1959) grupo liderado por Yasser Arafat, foi o destaque no período da Guerra Fria, assim como a criação em 1964 da OLP (Organização para Libertação da Palestina). Posteriormente, já com a nova ordem mundial, outros grupos armados se tornaram importantes no combate a Israel, tais como: Jihad islâmica, Hamas (na faixa de Gaza), Hezbollah (no território do Líbano).

Para a assinatura de acordo Jericó-Gaza (Oslo II), em 1993, o líder da OLP, Yasser Arafat e o Primeiro-Ministro de Israel, Itzhak Rabin, foi criado por parte dos palestinos a ANP (Autoridade Nacional Palestina), também sob a liderança de Yasser Arafat, para que pudesse se organizar a base de um Estado Palestino futuro.

Com a morte de Arafat, em 2004, outro líder denominado Mahmoud Abbas assume a liderança da ANP, tornando-se uma espécie de presidente palestino. Como primeiro-ministro, hoje, está um líder do Hamas chamado Ismail Haniyeh.

Até hoje, os conflitos se acentuam de ambas as partes, com ataques e contra-ataques entre palestinos e judeus. São grandes promessas de paz sem cumprimento, além de intermediações de vários países para que se estabeleça uma paz duradoura.

A POSSIBILIDADE REALDE UM ESTADO PALESTINO

Para surpresa do mundo, em 29-11-2012, em uma decisão por maioria absoluta (com 138 votos a favor), a Assembleia Geral da ONU reconheceu a Palestina como um Estado observador não membro, representando para os palestinos uma vitória política de importância no quadro internacional.

A partir dessa data, Israel agora não é mais invasor de territórios palestinos, mas sim de outro Estado. Neste caso, os palestinos poderão pedir sanções a ONU contra Israel.

Como consequência maior, os palestinos poderão juridicamente lutar pela efetivação de um Estado pleno, reconhecido pela ONU, podendo até amenizar os conflitos tão intensos que ocorrem na região do Oriente Médio, entre palestinos e judeus.

Para melhor entendimento, pode--se dizer que o status de Estado observador, semelhante ao do Va-ticano, não garante direito a voto e fica aquém do reconhecimento ple-no, que transformaria a Palestina no 194º membro da organização.

Sobre direito internacional, neste contexto, o reconhecimento de Estados não ocorre na ONU (Organização das Nações Unidas), mas por outros países. Para ingressar na ONU, é necessário conseguir no Conselho de Segurança da organização uma maioria de nove votos e nenhum veto dos cinco membros permanentes (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China).

Coincidentemente, o pedido dos palestinos chega 65 anos após resolução que estabeleceu a divisão da Palestina em um estado árabe e outro judeu. Imediatamente os líderes judeus aceitaram e fundaram Israel. Contudo, a liderança árabe rejeitou o plano e declarou guerra, reivindicando toda a Palestina. O que naturalmente se percebeu como erro estratégico e político dos grupos árabes.

É claro que o processo de paz duradoura depende das lideranças da ANP e governo de Israel, mas o reconhecimento da ONU permitirá que os palestinos tenham acesso ao Tribunal Penal Internacional e outros organismos internacionais. Pode-se prever que a situação dos palestinos, em negociação frente a Israel, deverá melhorar em termos de postura.

24

Page 25: Revista Visão Elite 3

Os Estados Unidos deverão assumir uma postura mais neutra, pois de outra forma estariam dando “ombros” às decisões da ONU, ação essa que, no quadro mundial, seria politicamente arriscada, já que o país está numa fase delicada em termos econômicos. Errar politicamente seria assinar um documento de incompetência adminis-trativa perante o mundo. É claro que o presidente Obama deverá conduzir o processo com habilidade de um diplomata, para que não se abram feridas desnecessárias ao já combalido Oriente Médio. Se por um lado, o capital judeu é importante dentro dos Estados Unidos, por outro lado o petróleo árabe é fundamental para a funcionalidade da economia americana. Por esse motivo, a Casa Branca usará toda sua diplomacia para conter os ânimos acirrados dos dois opositores na região.

Por outro lado, Rússia e China são países que apoiam a iniciativa de Abbas para a continuidade das negociações com os israelenses, visto que, em relação ao Conselho de Segurança da ONU, os palestinos podem contar com o voto favorável a um Estado pleno com direito a voto, por parte dessas duas potências mundiais.

A grande dúvida é se França e Inglaterra votariam favoravelmente ao apoio integral de um Estado palestino pleno, já que isso poderia contrariar os Estados Unidos, que, com certeza, votaria contra a total autonomia palestina no território de Israel.

Em síntese, a aceitação do Estado palestino pleno não seria fácil em relação à posição final do Conselho de Segurança da ONU, que integra como membros efetivos: Estados Unidos, China, Rússia, França e Inglaterra.

A PERSPECTIVA MUNDIAL SOBRE A QUESTÃOPALESTINA

Na chamada “Guerra Fria” ou “mun-do bipolar” (1945-1991), os palestinos trataram de canalizar seus esforços com o apoio da União Soviética, que através de outros países árabes, recebendo armas da superpotência, através de ou-tros países árabes, como antiposição aos Estados Unidos. Na questão do Suez, foi importante a posição soviética de apoio a Nasser (e por tabela aos grupos árabes).

No outro lado, Israel se beneficiou do apoio norte-americano para instalar seu país-tampão. Neste caso, sabedor dos problemas que enfrentaria com a criação de um Estado judeu, tão próximo ou cercado de árabes muçul-manos. Não deu outra coisa, os con-flitos constantes e a ameaça a sua segurança se tornaram constantes.

O governo americano tratou de conseguir apoio dos grupos árabes para seu interesse pelo petróleo na região, buscando acordos com as lideranças da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait, Qatar, Iraque, Irã, entre outros.

Mas, infelizmente, a população árabe de influência muçulmana sem-pre visualizou, nos EUA, um inimigo mortal, principalmente, contrário aos preceitos de Alá e do Alcorão. Portan-to, mais ligados ao contexto do velho testamento (que é à base da Torá ju-daica), além do apoio militar ao maior inimigo árabe, os grupos judeus.

Foi neste cenário de tensão que a Guerra Fria bipolar deu lugar ao mundo multipolar de Nova Ordem Mundial, fundamentado em blocos econômicos. A globalização neoliberal (prognosticada por Reagan e Thatcher – 1988) se tornava uma realidade para os Estados Unidos e para o

Ace

ssad

o de

ww

w.p

ales

tineh

isto

ry.c

om e

m 2

7-02

-201

3

1956 – Suez war

25

Page 26: Revista Visão Elite 3

Bandeira palestina é hasteada pela primeira vez na sede da UNESCO em Paris, como Estado Membro do Organismo Cultural da ONU.

FO

TO: R

eute

rs –

de

13-1

2-20

12.

mundo, e como tal dependia de fortes investimentos de capitais para o novo mercado. Portanto, os judeus trataram de monopolizar a economia mundial mais uma vez. Mas, para os novos tempos, era necessária a Paz. Por causa disso, o acordo Jericó Gaza, em 1993, marcou o plano da Nova Ordem para o Oriente Médio. Afi nal, não existia mais a União Soviética para armar os palestinos, nem interesse dos EUA de vender armas para Israel. Portanto, o nosso país líder, com a mediação de Bill Clinton, tratou de fazer a paz reinar no espaço do Oriente Médio. E viu-se o grande aperto de mão entre Itzhak Rabin (por Israel) e Yasser Arafat (pelos palestinos) fechando o grande acordo.

Ao entrar no século XXI, a situação entre palestinos e judeus continuava amarga, agora com a ação dos grupos radicais contrários a qualquer forma de acordo. Pelo lado palestino, apresentaram-se: o Hamas, Hezbollah e a Jihad Islâmica. Porém, o partido radical de direita, denominado LIKUD, também resolveu radicalizar. Inclusive um dos seu membros assassinou Itzhak Rabin (primeiro-ministro de Israel) por ter fechado o acordo Jericó Gaza com os palestinos. Dessa forma, após a morte do Líder Yasser Arafat (em 2004) e as tentativas fracassadas de paz com Israel, os palestinos resolveram apelar para a ONU.

O substituto de Arafat, o líder Mahmoud Abbas, com certeza deu um passo à frente de seus oponentes dentro e fora da ANP (Autoridade Nacional Palestina), além de alcançar um status em relação à palestina

jamais visto na história daquela nação. Talvez nem se alcance a paz esperada com Israel, porém os 138 países que votaram a favor da palestina na ONU, depois de 65 anos da criação do Estado de Israel pelo organismo maior do mundo contemporâneo, com certeza, acreditam que a paz é possível, além de um Estado palestino pleno dos seus direitos perante o Conselho Permanente de Segurança da ONU, que poderá decidir o futuro da nova nação.

Os países europeus que viam com desconfi ança a possibilidade de uma palestina independente, já se pronunciam, em maioria, favoráveis

Ace

ssad

o de

htt

p://w

ww

.bbc

.co.

uk/

port

ugue

se/e

spec

ial -

28-

02-2

013

Plano da ONU para a partilhada Palestina

à autonomia dos grupos palestinos, em favor de uma paz duradoura que possibilite a ampliação de um mercado nos moldes do neoliberalismo dentro do Oriente Médio. Não é à toa que se fala em “Primavera Árabe” e “Prima-vera Palestina”, como sinônimos de abertura de mercado para as novas tecnologias e novas comunicações, ampliando, seguramente, o espaço de circulação mundial. Tudo isso refl ete um interesse que é, também, dos Estados Unidos. É por esse ângulo que os palestinos têm uma grande chance de promover a integração com Israel. Neste caso, garantindo o apoio americano, francês e britânico no Conselho de Segurança da ONU.

Com o cessar-fogo e as nego-ciações para uma paz duradoura e a possibilidade, em parte já aceita por Israel, da convivência de um Estado palestino juntamente com um Estado israelense, podemos acreditar que os 195 países do mundo não irão se negar a votar favoravelmente a criação de Estado palestino pleno.

Ainda dentro deste contexto, a UNESCO considerou para a instituição cultural, o status de Estado Membro para os palestinos, com direito a hasteamento de bandeira palestina, em dezembro de 2012, em ato ofi cial na França.

26

Page 27: Revista Visão Elite 3

FILME:A Luz (Yeleen) – Rodado no Mali. Ano: 1987.

LIVRO:Não são editados ou traduzidos para o português.

SITES:www.onu.org.br/onu-lanca-sites-em-portugues sobre crise no Mali.www.presseurop.eu/pt/category/keywords/guerra-no-Mali

FILME:www.youtube.com/watch?v=0zRCWd5rSgs

LIVRO:Risco e Regulação: Por que o Brasil enfrentou bem a crise fi nanceira e como ela afetou a economia mundialOrganizado por Márcio Garcia e Fabio Giambiagi Editora Campus – RJAno: 2010.

SITES:et7ra.com.br/site/2012/01/19/uniao-europeia-um-bloco-em-crisewww.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos...

Risco e Regulação: Por que o Brasil enfrentou bem a crise fi nanceira e como ela

LIVRO:Novo Código Florestal Comentários à Lei 12.651, de 25 de Maio de 2012 e à Medida Provisória 571, de25 Maio de 2012Vários autoresEditora: Revista dos TribunaisAno: 2012.

SITES:www.amazoniaparasempre.com.br/amazonia.org.br/

!

PARA

sAB

ER M

AIs!

Se Liga

27

Page 28: Revista Visão Elite 3

REVISTAS:Le Monde Diplomatique Brasil;Mundo – Geografi a e Política;

SITES:www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

FILME:Documentário Novo Canal do Panamá – Discovery Channel.

LIVRO:Febre do Panamá – Matthew Parker – Editora Record-SP – 1a EdiçãoAno: 2012.

FILME:Como Hollywood Vilifi cou o Povo Árabe(Reel Bad Arabs: How Holywood Vilifi es a People, Estados Unidos, 2006, 50 min.,Direção – Jeremy Earp e Sut Jhally)

LIVRO:A questão palestina – Edward Said – Editora: UNESP – 1a Edição – 2012.

SITES:http://www.swissinfo.ch/por/internacional/Palestinos_conquistam_reconhecimento_implicito_de_Estado_soberano_na ONU.html?cid=34073564http://neccint.wordpress.com/category/onu/

FILMES CITADOS E VÍDEOS NO YOUTUBE:Ganga ZumbaQuilomboAmistadLincolnE o Vento LevouPoema “Navio Negreiro” de Castro Alves com imagens do fi lme Amistad:http://www.youtube.com/watch?v=gyuT-x6a6W8

LIVROS GRATUITOS PARA bAIXAR:“Síntese da história da Escravidão no brasil”:http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/livro2_ HistoriadoNegro- Simples04.08.10.pdf

SITES PARA APROFUNDAR TEMAS CITADOS NO TExTO:Independência do haiti: http://www.slideshare.net/historiando/a-independncia-do-haitiRevolta dos Malês: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.htmlQuilombo dos Palmares: http://quilombo-dos-palmares.info/Guerra de Secessão: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/abraham_lincoln_dossie_fi lme_ steven_spielberg.html

SITES PARA APROFUNDAR TEMAS CITADOS NO TExTO:SITES PARA APROFUNDAR TEMAS CITADOS NO TExTO:

FILMES CITADOS E VÍDEOS NO YOUTUBE:Ganga ZumbaQuilomboAmistadLincolnE o Vento LevouPoema “Navio Negreiro” de Castro Alves com imagens do fi lme Amistad:http://www.youtube.com/watch?v=gyuT-x6a6W8

LIVROS GRATUITOS PARA bAIXAR:“Síntese da história da Escravidão no brasil”:http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/livro2_ HistoriadoNegro- Simples04.08.10.pdf

SITES PARA APROFUNDAR TEMAS CITADOS NO TExTO:SITES PARA APROFUNDAR TEMAS CITADOS NO TExTO:

28

Page 29: Revista Visão Elite 3

Caça-PalavrasResponda à questão e encontre no diagrama as palavras destacadas.

A LEI 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre hISTóRIA e CULTURA Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos NEGROS no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e POLÍTICA, pertinentes à História do BRASIL, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da CONSCIêNCIA NEGRA”.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque:a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a ÁFRICA e sua cultura.d) garante aos AFRODESCENDENTES a igualdade no acesso à

educação.e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.

Á G H J A C I T Í L O P

F M L I O S C B R S A F

R C I U N C O R E U L S

I P S L Ç Ê N E G R E E

C Í A Ó R I S Q D Ê A T

A D R U Q V C H E X S N

Z O B R A X I Ó N W Q E

K I C Q Z S Ê C T N W D

B P U Ú T Ç N L S E M N

S E L Ó V W C M Ó G R E

X B R A S L I V R R X C

M I A Q B S A Q I O D S

A W Z Ç K R N G A S F E

K D E B U I E Q M Ç L D

Ç J C T V J G D K P M O

C U L T Z P R S B Z J R

X U N M B G A I P T Q F

C Z O Ç X J V L E I Ç A

Palavras CruzadasResponda à questão e complete o diagrama com as palavras destacadas.

Você sabia que CONSTITUIÇõES têm grande recorrência nos vestibulares? Em 2011, no ENEM, pelo menos duas questões versaram sobre este tema em CIêNCIAS hUMANAS e suas TECNOLOGIAS. O ENEM, hoje o maior processo seletivo para Universidade Civis no Brasil, em 2011, propôs a seguinte questão:

Proporção de eleitorado inscrito em relação à população: 1940-2000

(%)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

01940 1950 1960 1970 1980 1996 2000

GOMES, A.ef al. A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

A análise da tabela permite identificar um intervalo de tempo no qual uma alteração na proporção de eleitores inscritos resultou de uma LUTA hISTóRICA de setores da sociedade brasileira. O intervalo de tempo e a conquista estão associados, respectiva-mente, em:a) 1940-1950 – direito de VOTO para os ex-ESCRAVOS. b) 1950-1960 – fim do voto secreto. c) 1960-1970 – direito de voto para as MULhERES. d) 1970-1980 – fim do voto ObRIGATóRIO. e) 1980-1996 – direito de voto para os ANALFABETOS.

CONSTITUIÇõES

Jogo

s

29

Page 30: Revista Visão Elite 3

30

Visão Matemática

30

REsP

osTA

s Caça-PalavrasÁ G H J A C I T Í L O P

F M L I O S C B R S A F

R C I U N C O R E U L SI P S L Ç Ê N E G R E EC Í A Ó R I S Q D Ê A TA D R U Q V C h E X S NZ O B R A X I Ó N W Q EK I C Q Z S ê C T N W DB P U Ú T Ç N L S E M NS E L ó V W C M Ó G R EX B R A S L I V R R X CM I A Q B S A Q I O D SA W Z Ç K R N G A S F EK D E B U I E Q M Ç L DÇ J C T V J G D K P M OC U L T Z P R S B Z J RX U N M B G A I P T Q FC Z O Ç X J V L E I Ç A

Gabarito da questão:Letra E.

Palavras Cruzadas

E

C I E N C I A S

O E

N M

ST E C N O L O G I A S

I N

T A

H U M A N A S L

I F

Ç L U T A

õ B

E M U L H E R E S

S S T

C O

R S

H I S T O R I C A

V V

O B R I G A T O R I O

S T

O

Gabarito da questão:Letra E.

VISÃO MATEMÁTICA

01. 8

02. 21 h e 3 h

Jogo

s

O Lobo e a Coruja

Na fl oresta o lobo dorme enquanto a coruja esta acordada e está acordado enquanto a coruja dorme. O lobo dorme tanto em uma semana quanto a coruja dorme em um dia. Quantas horas dormem cada um desses animais por dia?

02

Luan

Cam

pos

Orlando foi à venda comprar ovos. Quando chegou lá, o vendedor disse que seus ovos eram superpotentes, que só quebravam quando eram arremessados a partir de um andar N de um prédio de 36 andares. Orlando, um rapaz muito curioso, comprou dois ovos e resolveu descobrir qual era o andar N a partir do qual os ovos começavam a quebrar.Qual é o menor número de lançamentos que nosso herói deve fazer para garantir que descobriu o andar N?

01

Luan

Cam

pos

Page 31: Revista Visão Elite 3

Professora Érica Coelho | História

historiashowdebola.blogspot.com.br

Professor Rafael Coelho | Geografia

geografianaveia.blogspot.com.br

Professor Renato Madeira | Matemática

madematica.blogspot.com.br

Professor Rogério Gonçalves | História

cidadaodeelite.blogspot.com.br

Fique por dentro!

BlogsBlogs

Page 32: Revista Visão Elite 3