revista vibora edição 5

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Víborauma revista que espalha o caosanarquismo, ciganologia, misérias, mitos, filosofia, nilismo POCILGA PRE-TEXTO CAOS CRIADORBRASIL: UM CELEIRO DE IMBECISO CATECISMO DOS TRABALHADORES SARTRE E O ANARQUISMO HISTÓRICO EL MITO MODERNO DE LA REVOLUCIONUT0PIA: O ANJO COM SOLAS DE CHUMBONIETZSCHE DEMASIADAMENTE NIETZSCHEENTREVISTA COM UM CRIADOR DE VÍBORASBERNARD SHAW MIJA EM CIMA DOS MÉDICOSA DITADURA DE PORRAS-LOUCAS E PICARETAS

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:I

Vlbdra. uma revista que esPalha o caos

anarquismO, ciganologia, misdrias, mitos, filosofia, nilismo

,-J<-)1^l-be--\!r - (

POCILGA

PRE-TEXTO

CAOS CRIADOR

BRASIL: UM CELEIR0 DE IMBECIS

O CATECISMO DOS TRABALHADORES

SARTRE E O ANARQUISMO HISTORICO

EL Mn-o MoDERNO DE LA Rrvolucftrt

UT0PIA:0 ANJO COM SOLAS DE CHUtllBO

N IFIZSCH E DEMASIADAITIENTE N IETZSCH E

ENTREVISTA COM UM CRIADOn or vigORAs

BERNARD SHAW MIJA EM CIMA DOS UTOrcOS

A DITADURA DE PORRAS-LOUGAS E PICARETAS

i- i'l

-@:-'-

Nesta revista vocO pode at6 expiar a misdria que alugou o

planeta. Vhora se rebela, por alguns segundos ou at6 s6culos,

contra a sua bestial preguiga em seguir sendo cego, mvarde, ar-

rempedido, trabalhador, eleitor, senhor mfsculos, poeta, profes-

sor, polftico, ator e etc.....Vfbora sabe que todos se fazem de se-

guros, corajosos, mas sio na verdade grandes profissbnais do

prazil reprimido, senhores que foram aprisionados pelos prdprios

sonhos. Vhora odeia e duvida dos que se rasgam em elogios para

com ela. Vhora 6 feita de papel sujo e imundo, impregnado de

agiotagem como qualquer papel higiOnico, mas ainda precisa

deste lixo inflamdvel, para pervener a palavra, fzendo-a voltar

se contra si mesma. A estrdtegia 6 usar 0 que nos destrdi para

desiluir o que nos destrdi. Toda vigilincia contra seu banho 6 um

exerclcio de lucidez.

Vamos, vamos, entrem em suas pdginas, e saciem-se, in-

vejem, e sintam o t6dio partilhado........

Editor: Kleber LimaColaboradores: Rafael cid

JoSo VianaEzio PiresRenio AssisPedro OsmarJoSo RochaelF. NietzscheDavid CooPer

CORRESPONOCruCIR: PARA CAIXA POSTAL 152977 - ARASfTIR - OT

Paulo RobertoPaul Lafarguelnez WoortmannWagner Oliveiralucia CostafieraEzio Fl5vio BazzoJean-Marc RaynaudPlinio Augusto Coelho.. e todos aqueles que ainda deliram.

NENHUM DIREITO RESERVADO

^u

EDITORIAT

O nascimento desta revista, como seus leitores sabem, esteve, entre outras coisas, relacionado dexist6ncia do Centro de Pesquisas Psico-filos6f'rcas, o qual, com a migragSo de seus membros, um paracada canto do mundo, simplesmente deixou de existir.

Agora, i6 no quinto ndmero, editado na raga, com o dinheiro de nossos filhinhos, de nossas aman-tes ou mesmo de pequenos e institucionalizados furtos, queremos retomar a id6ia inicial de criar na suaretaguarda, um "organismo" que estude, pesquise, viva e proclame a vida, pois, como 6 sabido, odiamoscom todas as nossas forgas toda manifestaqSo est6ril e demag69iea da intelectualidade.... Odiamos es-ses poetinhas burgueses de alma e proletSrios de profissSo; esses soci6 logozinhos de gabinetes, essespolitiqueiros charlat6es que fazem das letras, das teorias econ6micas e dos sofismas maquiav6licos, ar-mas dissimuladas e cru6is que corroem a liberdade e a auto-estima das massas, quase sempre cr6dulas eipno rantes.

Para que esta revista n5o se confunda com a parafern6lia de publicag6es comerciais que inundam opais, 6 que estamos criando o lnstituto Anarcho-NietzscheFreudiano, onde trabalharemos aberta e di-retamente com as vftimas sociais (mendigos, viados, putas, criangas abandonadas, religiosos, ex-presi-diSrios, ex-manicomiSrios, casais que n5o sabem como separar-se, virgens, impotentes, taradcs, etc),com os quais apreenderemos ou reapreenderemos a vida, a loucura e a morte- lremos; como dizia o ve-lho Kierkegaard, de encontro ao caos para ver se a profundidade da loucura pode nos explicar oenigma da vida... e o tornaremos priblico como uma calcinha de adolescente posta para secar sobre umbanco da rodoviSria.

Estamos no'ramente com nojo, sempre tivemos nojo dessa velharada corrupta que fode, bebe, per-verte, viaja e por f im 6 enterrada com o dinheiro e com o poder que os otSrios lhes deram atrav6s do vo-to. E n5o seria nada se al6m disso n5o fomentassem a riqueza para uns e a mis6ria para outros; a libidoem uns e a esquizof renia em outros; os poderes para uma casta latifundi5ria e explorada e o garrote pa-ra uma populagSo nascida e criada sob o signo da alienagdo....

O lnstituto de que falamos pretende "incentiva/'os lovens, principalmente aos adolescentes, paraque saiam dessa vidinha ridfcula em que vivem, para que abandonern suas famllias, tirem um passaportee viajem pelo mundo... 6 preferivel sercamel6, mendigo ou camareiro em Xangai, Turquia ou Nova lor-que, do que m6dico, padre ou comerciante nesta tribo tropical. Oueremos que essa juventude sauddvele bela levante 6ncoras, salte fora desse manic6mio disfarqado que 6 nossa sociedade, e deixe de empan-turrar-se de cocaina ou de cachaga como palhaqos. Oue deixe de consumir cuequinhas e camisetinhasplanejadas por viados maduros que, ocupando postos chaves na politica e no com6rcio do pais, queremconvert6-los, nada mais, nada menos, que em cuzinhos disponfveis. E em maricas alienados.

Oueimem o bar, esse antro de pederastas e defilhos da proleta-burguesia que, por terem sido vio-lados na inf6ncia querem justificar suas "paix6es" e generalizS-las. Oueimem os VlpS, os MAC DO-NALD'S, os TRUC'S, os.BOB'S e os GIRAFA's da vida, esses sanduiches irresponsdveis copiados da cul-tura norte'americana, fontes discretas da desnutrigio e da obesidade...

Ah, nosso sonho 6 ver um dia milhares de adolescentes saindo bs ruas com pedagos de ferro, cor-rentes, facas e pedras e desmantelando completamente esse circo bestial chamado sociedade, entdo sim,unidos a eles, estaremos certos de que o primeiro pilarda revolugSo que buscamos, esta16 cravado fun-do e difinitivo no concreto.

,

VIBORA

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oP5

SoBRE A VAGINITE oU A IMPoTENcIaclNco DIScuRSos, cINCo nr6rooos possivets

O sex6logo, imediatamente prdtico: Vdrios problemas se entrelagam em seu caso. Comece por untar a glande de seu par-ceiro com manteiga ou vaselina, pense em coisas que o excitam, reative seus fantasmas no momento do ato sexual. Se os sinto-mas persistirem faga cursos de orgasmoterapia, entre para um grupo de Sexologia Humanista,Leia Liberdade, igualdade, sexua-lidade: O Casal e suas carlcias; Massageando a glande: v6 ver filmes er6ticos, resultado garantido nos pr6ximos meses.

O psicanalista, altamente erudito: Sem dfvida isso remonta hd muito tempo atrds, vamos explorar juntos seu corpo inte-rior, deite-se, prometo-lhe uma eregSo dentro de seis anos...

O militante, eminentemente hist6rico: Acuado em suas insuperdveis contradig6es, o Capital atinge hoje o pr6prio imagode nossa intimidade. Camarada, se voc6 quiser recupeiar o pleno exerclcio de suas faculdades amorosas, venha conosco abatereste monstro odiento que nos castra a todos...

O cinico, sempre apressado: Voc6 estd me dizendo que sua vagina n6o se abre? Que se p€nis ndo se levanta? E, porque ndolhe servem para coisa alguma. Tampe a vagina, corte o p6nis. Ali5s, como voc6 6 rico, n6o precisa de tantos 6rgdos.

N6s mesmos, radicalmente incompetentes: Voc€ estd doente do genital. Aproveite para pensar em outra coisa. Liberte-seda id6ia de que a sexualidade deixa de existir no momento em que voc6 n6o pode faze: anro; (quando desaparece a possibilidadede cumprir o contrato genital). Por exeimplo, tente a sodomia, sensibilize outras partes de seu corpo, acabe com todo tipo deprisdo sexual. Perca essa mentalidade de assistido, n6o preste atengdo aos especialistas, foram eles que inculcaram em voc6 essa

obsesseo com a saride. Ndo considere sua indigdncia atual como forma de enfraquecimento, descubra nela outras forgas, outrasperspectivas ocultas pelos barulhentos sucessos do organismo, De modo especial, n6o penetre no circulo ign6bil da culpabilida-den n6o procure auxflio, pois desejar um remddio ja d aceitar-se como doente, como inferior: trapaceie com as imagens impostasd nossa sexualidade pelas leis. em todo caso, n6o se preocupe (isto se dirige especialmente aos meninos): se continuar impotentepor mais de seis meses, seu pdnis acabard caindo por si s6.

SARTRE

E O ANARQUISMO HISTdnIcoEzio Fl6vio Bazzo

Um pouco antes de partir desta para o nada, nossoquerido J. P. Sartre, num ato de reconciliagdo comos anarquistas e de reconhecimento de que as te-ses filos6ficas e politicas propostas pelo anarquis-

mo, se levadas a prdtica, poderiam mudar o rumo esquizo-frOnico da sociedade em que vivemos, faz em seu Testamento Polilico, uma esp6cie de recopilagSo do pensamen-

to anarquista sobre alguns temas fundamentais como oGoverno, a Familia, a lgreja, etc., os quais reproduzo aqui,tanto em homenagem a esse respeitAvd filosofo como ao

extinto jornal O lrfmigo do Rd que, em 1979 ja proporcio-

nou a seus leitores partes desse documento.

AOS PRO-ETARG

lrmdos proletdric, este trabalho estd dedicado avocOs. A voc6s encomendo estas paginas escritascom tinta coagulad4 na soliddo e no exilio da dor,guiddo pelo 6dio e o desprezo, I ruina e i morte da

burguesia; um ataque frontal d religido, i famili4 ao gcverno e b propriedade.

Espero que eslas p6ginas, como uma chwa de granizqsemeiem nas suas consciOncias as nog6es de direito e fa-gam vibrar nos seus corag6es e nas suas mentes a c6lerasocial. Espero ansioso o momento em que voc€s,'massaen6rgica, sublevada pela l6gica e pela forqa revolucion6riase precipitarA como uma avalanche sobre esta sociedadeprenhe de privil6gios e exploragdo.

Espero, que como um germe fecundado, como um raiovivificador, possam estas pdginas se unir d primavera re-generadora que sucederA ao inverno da destruigSo, abrin-do caminho d vida humana, A liberdade, igualdade e fra-ternidade. Espero, depois deste sangrento cataclisrna, que

a humanidade possa caminhar em diregdo da conquistado ideal, da harmoni4 relegando a civilizag6o entre as

monstruosidades do passado.

DO GOVERNO

Todo governo - e quando digo governo estou pen-sando em qualquer forma de delegaqio, em qual-quer forma de poder d margem do povo - 6 por es-s6ncia conseryador, limitado e retr6grado, do mes-

mo modo que esta na essdncia do homem ser egoista.Por6m, o egoismo do homem 6 amenizado pelo egoismodos demais, pela solidariedade que a natureza estabele-ceu, seja o que for que o homem faqa, entre ele e seussemelhantes. Por6m, cotno o governo 6 sempre 0nico,transforma tudo em sua pr6pria realidade. Todo aqueleque ndo se irrcline diante de sua imagem, todo aquele quecontradiz suas orag6es, todo aquele que ameaQa sua so-brwiv6nci4 todo aquele que 6 a favor do progresso, emurna palavr4 6 fatalmente seu inimigo. Assim, quando seimplanta um govemo - mesmo que no inicio possa apre-sentar uma melhora com relagho ao anterior -, em segui-d4 para se manter no poder, e lutar contra as id6ias quetremem suas bases, chama a ajuda da reaqdo. Tira do ar-senal da arbitrariedade as medidas mais antipdticas dsnecessidades da 6poca.

Pode um governo atuar de outra maneira ou abando-nar um s6 de seus basti6es? O inimigo, ou seja, revolu-g5o, se apoderaria dele para colocar ali suas pr6prias bate-rias. Render-se? Quando 6 obrigado a se render, sabe quea rendigdo significa o saqueamento de seus interesses,sua submissdo, e ao final, a morte. Voc6s, soldados doprogresso, amantbs temerosos da liberdade, que levam nofundo de seus coraq6es - como um residuo da educagdofamiliar e cat6lica da juventude - o preconceito da autori-dade, a superstigdo do poder, lembrai-vos dos governosrevolucion6rios provis6rios, dos programas e das promes-sas. Lembrai-vos das hipocrisias e das mentiras usadaspara conseguir a confianga do povo; lembrai-vos da ast0-cia e da viol6ncia.

Destruindo os governos, desaparecerdo as sujas am-big6es que se servem das costas cio povo, ignorante ecr6dulo, para planejar sobre ele suas fraudes; desaparece-r5o os aprendizes de acrobalas que danEam sobre a frou_xa corda da profissdo de f6, o p6 direito a um lado, o es-querdo ao outro. Desaparecerdo os prestidigitadores politi_cos que manipulam as tr6s palavras da bandeira republi_cana (Liberdade, Fraternidade e lgualdade), como se fos_sem tr6s promessas comerciais que passam diante dosolhos dos ignorantes para depois desaparecer no fundo dapr6pria conseciOncia, bolsa secreta da malicia. Desapare_cer6o os saltimbancos de coisa p0blica que, desde a maisalta sacada da prefeitura, ou desde as escadas de umaConvengdo ou de uma Constituinte, nos oferecem seu es-petAculo "na melhor das rep0blicas", espetAculo que de-pois nos fazem pagar - n6s os pobres estripidos _ com osuoreonossosangue.

Acabando com os goveinos, desaparecerdo os ex6r_citos que oprimem o povo atrav6s do povo, as Universida_de que submetem ao jogo do cretinismo as mentes jo_vens, que manipulam mentes e coraq6es, petrificando-os egravando sobre eles as imagens de uma socieclade cadu_

:i=Q,Fg-

ca. Desaparecerdo os magistrados - inquisidores que tor_turam nos interrogat6rios ou que condenam ao sil6ncio daprisdo ou do exilio avoz da imprensa e das manifestaq6esde consci6ncia e do pensamento. Desaparecerdo os ver_dugos, os carcereiros, os gendarmes, os inspetores de po_licia, os espi6es que detectam, intimidam e matam aquerrr n6o aceita a devoE6o da autoridade. Velha desden_tada, bruxa de garras de gancho, medusa coroacla de vibo_ras, autoridade! retrocede e deixa passar a liberdadel!!

DA REUGAO

Todas as rel:Ei6es t6m em comum predicar aosoprimidos a submissdo ao jugo do opressor. Se aespada do soldado laz da multidAo um escravo fisi_co, o catecismo do sacerdote - arma mu to mais

perigosa - laz dela um escravo moral. A id6ia de Deus, oculto da divindade; eis aqui a causa primeira da decadOn_cia do homem, a primeira p6gina do livro em que foi escri_ta a martirologia da humanidade. euem nega o direito di-vino na terra deve igualmente negar no c6u a realidade deum ser sobrenatural. Hoje achamos graQa dos povos primi_

tivc que adoravam o sol. Por6m, quase tdo ignorantescsno eles, se ndo formos mais, adoramos sob outra formaa un ser a guem nossa imaginagSo dota de um poder su-

prcrno. E, demonstrando sermos mais est0pidos - que es-ses povos que adoram a um astro que ndo s6 est6 ai co-mo tamb6m nos 6 muito 0til e ben6fico - vamos buscarrreso fdolo fora e mais al6m da natureza. E quanto maisnc prejudica, mais o bendizemos. Por que quanto maissofremos aqui em baixo - nos dizem os que neste mun-dio s6o felizes e gozam de privil6gios - mais felizes se-rernos ld em cima, em um paraiso sem drivida muito lon-g€, por que como Deus, est6 al6m do infinito.

O clero 6 o envenenador da consciOncia humana. Emfoma de serm6es nos dA a dose diAria de veneno que nosleva a renunciar ao prazer neste mundo, a renunciar anoasos direitos como homens e como cidaddos. Para queserye a divindade e o culto sendo para nos habituar aossacrificios aos deuses da terra? Para que, sen6o paraprostrar-nos ante toda classe de fetiches? Estudemos emvez de rezar. lnstruamo-nos nas ci6ncias naturais. A igno-rArrcia, isso 6 o que laz do nosso mundo um vale c1e lii-grimas. A ci6ncia, isso 6 o que pode fazer dele uma mora-dia de felicidade, um Eden.

Adiante! A foice contra os confessiondrios. O martelocontra a igreja! Queimemos as batinas! Derrubemos, des-tuamos, aniquilemos, incendiemos at6 ds raizes as divin-dades, cultos, altares, e textos sagrados, templos e pa-dres! Que chegue a hora em que o chamado fogo purifica-dor caia sobre este caos de mentira e iniqtiidade, sobreeste armaz6m de trastes velhos que se chama religi6o!

Qual seria o homem livre que se deixaria impregnarnesta moral pietista atd o ponto de aconselhar A sua irm6,A sua companheira, A sua filha, que se submetesse aosluxuriosos ensinamentos dos confessiondrios, A corrupgdosistemAtica de sua natureza fisica e moral? Quem querpadres que os pague. Por6m, que sacerdotes e cultos seencerrem no habitdculo de suas superstig6es e que n6osaiam nunca mais d luz p0blica a atentar contra o pudorda raz-ao. Nossa Repriblica 6 deste mundo.

DA PROPRIEDADE

Capital! Polvo de gigantescas proporg6es qire comtuas membranas chupas o sangue dos explorados;horrfvel molusco do oceano do trabalho, que comteu ouro envenenas as ondas da produg6o; tu, que

te afenas As partes viris da humanidade, chupando por to-dm os seus poros o sangue dos trabalhadores e se apro-priando at6 a medula dos seus ossos; monstro de rapina,tua hora h6 soado no rel6gio da indignagio p0blica, e nioescapar6s ao arp6o do direito ao trabalho.

DA FATIIIUA

CriaESo da religido, a familia 6 a base sobre a qualse assenta a propriedade e o governo, o elementoque os edifica, linfa que os alimenta, o peito que osnutre. Ndo basta cortar os ramos, h6 que se separar

o tronco e arremessar as ralzes; ndo basta prender e de_golar os filhos, hii que perseguir a mde at6 o fundo damadrigueira e rasgar o seu ventre. Do contrArio, a drvoreou a besta dar6 novas frutos. Estado diminuto - no qual ohomem 6 soberano e a mulher e os filhos sdo s0ditos - afamilia coloca constantemente o dever individual em con-tradiqSo com a natureza e o interesse material em hostili_ciade com a consci6ncia.

Oh, Familia! Sodoma de todas as corrupq6es, festim detodos os vicios, que sobre ti caia a chuva de fogo da mal-digSo do homem, os raios vingadores do socialismo! Oh,familia!, tu que arregas em teu ventre os germes da prosti-tuigdo, tu que trazes ern teus liibios o cdncer roedor dadesmoralizaqdo social, espero que desaparegas cedo domundo de nossas instituiE6es, e deixes caminho para ogrande principio da unidade humana, h edificaqdo, d orga.nizagdo no mundo do sentimento e da liberdade.

DA REVOLUQAO

Aboliqdo do governo em todas as suas formas, mo-nArquica ou republicana, quer seja baseado na he-gemonia de um s6 ou na da maioria. lnstauragio daanaqui4 da soberania individual, da liberdade total,

ilimitada, absoluta, que o ser humano possa fazer tudoaquilo que seja ditado pela natureza. Aboliq6o da religi6ocat6lica ou judi4 protestante ou de outro tipo. Aboligdo doclero e do altar, do sacerdote - padre ou papa, pastor ourabino -, da Divindade, ldolo em uma ou em tr€s pessoas,autocracia ou oligarquia universal. Aboligdo da propriedadeindividual, da propriedade do solo, das vivendas, das f6bri-cas, das lojas, de todo instrumento de trabalho, de produ-g5o ou de consumo. AboligSo da familia baseada no ma-trim6niq na autoridade paterna e materna, na heranga.Em seu lugar, a grande familia humana, a farnilia una einseparSvel como a propriedade. Liberag6o da mulher,emancipagSo da crianga, aboligdo da autoridade, dos pri-vil6gios, dos antagonismos.

Em uma palavra, a Harmonia, este odsis de nossos so-nhos, deixando de ser como um reflexo ante a caravanadas geraq6es, entregue a todos e a cada um, como som-bras fraternas na unidade universal, as fontes da felicida-de, os {rutos da liberdade, uma vida de delicias, depois de

uma agonia de mais de 18 s6culos no deserto de areia da

civilizagdo.

Fronte de um poeta e mdsimFronte de um homem instevei

Fronte de um homem destinado a morrer

Fronte de um homem imbecil e longevo

Era uma vez um rapaz que, durante toda a inf6ncia at6 os nove anos

de idade, deseiou ardentemente que o pai lhe batesse. Um dia, final-

mente, o pai levantou o brago com a intengSo de asssentar-lhe uma

palmada no traseiro. Mas ao fazer esses movimento, acertou um tapana chra da esposa Yoyeuge.

Fronte de um homem desiinado a ser

ferido

Fronte de um homem estevel

Fronte de um traldor

AG(,reF

Fronte de uma mulher tellz e alortunada Fronte de um homem bem sucedido

DOSTRABALHADORES

O CATECISMO

Pergunta - Como te chamas?Resposta - Assalariado.Pergunta - Quem s6o os teus pais?Resposta -o meu pai era assalariadc, bem como o meu

av6 e o meu bisav6: mas os pais dos meuspais eram servos e escravos. A minha m6echama-se POtsREZA

Pergunta - Dondes vens e para onde vais?Resposta -Venho da pobreza e vou para a mis6ria pas-

sando pelo hospital, onde o meu corpo servir6de campo de experiOncias para os medicarnen-tos novos e de tema de estudos aos m6dicosque tratam os privilegiados do capital.

P..- Onde nasceste?R. -Num cubiculo, sob a cumeeira de uma casa que o

meu pai e os seus camaradas de trabalho tinhamconstruido.

P. - Qual 6 a tua religido?R. - A religiSo do CAPffALP. - Quais s6o os deveres que ela te imp6e?R. -Dois deveres principais: o dever de ren0ncia e o dever

de trabalhar. Ordena-me que renuncie aos meus direi-tos de propriedade sobre a terra, nossa m6e comum,sobre as riquezas das suas entranhas, sobre a fertili-dade da sua superficie, sobre a sua misteriosa tecun-daq6o pelo calor e pela luz do sol; ordena-me que re-nuncie aos meus direitos de propriedade sobre o tra-balho das minhas m6os e do meu c6rebro; ordena-metamb6m que renuncie a meu direito de propriedadesobre a minha pr6pria pessoa; a partir do momentoem que passo a porta da oficina, jd n6o me pertenco,sou objeto do patr6o.A minha religi6o ordena-me que trabalhe desde a in-fAncia At6 ir morte,.que trabalhe h luz do sol e d luz dog6s, qule trabalhe dia e noite, quetrabalhe sobre a ter-ra, sob a terra e o mar, que trabalhe sempre e por to-da a parte.

PAUL LAFARGUE

P. - Acaso te imp6e outros deveres?R. -Sim. Prolongar a quaresma durante todo o ano; viver

de privag6es, contentando apenas metade da minhafome, restringir todas aspiraq6es do meu espirito.

P. - Acaso te proibe determinados alimentos?R. :Pro,ibe-me de tocar na carne de caga, na criag6o, na

came de vitela de primeira, de segunda e de terceiraqualidade, de saborear salm6o, lagosta, peixes delica-dc; proibe-me de beber vinho natural, aguardente devinho e leite tal como sai da teta da vaca.

P. - Que alimento te permite?R. -Peo, batatas, feijlo, restos cje carne de vaca, de ca-

valo, de mula e os mi0dos. Para recuperar rapidamen-te as minhas foqas esgotadas, permite-me que bebavinho falsificado e aguardente (pinga).

P. - Que deveres te imp6e para contigo mesmo?R. -Diminuir as minhas despesas; viver na porcaria e na

bichada; usar roupas rotas, remendadas, amarrotadas;us6-la at6 ao fim, at6 que se tornem farrapos, andarsem meias, com sapatos rotos que bebem a 6guasuja e fria das ruas.

P. - Que deveres te imp6e para com a tua familla?R. -Proibir i minha mulher e ds rninhas filhas qualquer

bom gosto, elegAncia ou requinte; cobri-las com tecidocomuns, apenas o suficiente para n6o chocar o pudordo sargento; ensinar-lhes a n6o tremerem no invernosob os tecidos de algoddo e a n6o sufocar no ver6onos casebres; inculcar aos meus netos os sagradosprincipios do trabaho para que possam desde muitocedo ganhar a sua subsistdncia e n6o estar a cargo dasociedade; ensinar-lhe a deitarem-se sem cear e semluz e habitu6-los d misdria que 6 o seu quinh6o na vi-da.

2P. - Que cleveres te rmp6es para com a sociedade?

R. -Aumentar a fortuna social, primeiro pelo meu trabalho'

depois Pela minha Poupanqa.

P, - Que te ordena ela que faqas ds^tuas economias?

R. -Que as leve As CAIXAS ECONOMICAS DO ESTADO

para que sirvam para preencher os d6ficits do orqa-

mento ou que as confie As sociedades fundadas pelos

filantropos das finanEas para que os ernprestem a'os

nossos patr6es. Devemos pdr sempre as nossas eco-

nomias h disposiqdo dos nossos patr6es'

P. - Acaso te pennite tocar na tua poupanqa?

R. -O menos possivel; recomenda-nos que nAo insistamos

quanclo oESTADO se recusa a devolvO-la e que nos

resignemos quando os filantropos das finanqas' ante-

cipando-se aos nossos pedidos, nos anunciam que as

o

nossas economias se dissiparam em fumo'

P. - Tens drreitos Politicos?R. -O CAPITAL concede'me a inocente distrag6o de ele-

ger os legisladores que forja as leis para nos puni4

mas proibe-nos que nos ocupemos de politica e ou-

Qamos os sociaiistas'P. - Por que?

R. -Porque a politica 6 um privil6gio dos pair6es, pcrque

os socialistas s6o uns pati{es que nos pilham e nos

enganam. Dizern-nos que o homem que n6o trabalha

n5o deve comer, que tudo pertence aos assalariados

porque produziram tudo, que o patrSo 6 um parasita a

suprimir. Pelo contr6rio, a santa religi6o do Capital

ensina-nos que o esbanjamento cios ricos cria o tra-

balho que nos d6 de comer, que os ricos mantOm os

pobres; que, se fiao houvesse ricos, os pobres perece-riam. -Ensina-nos tamb6m a ndo sermos bastante idio-tas para acreditar que as nossas mulheres e as nos-sas filhas saberiam usar as sedas e os veludos quetecem, elas que s6 se querem enfeitar com tecidos dealgoddo de mA qualidade, e que n6s ndo saberiamosbeber bons vinhos nem comer bons pratos, n6s queestamos habituados d carne contaminada e hs bebi-das falsificadas.

P.-Quem6oteuDEUS?R._OCAPITAL.P. - E eterno?R. -Os nossos padres mais sdbios, os economistas ofici-

ais, dizem que existiu desde o comego do mundo.Como nessa altura era muito pegueno, J0piter, Jeovd,Jesus e os outros falsos deuses reinaram em seu lu-gar e em seu nome; por6m, a partir de cerca de 150ecresceu e nho parou de crescer em massa e em forga;hoje domina o mundo.

P. O teu DEUS 6 todo-poderoso?R. - Sim. A sua posse dd todas as felicidades da tenaQuando desvia a sua face de uma lamilia e de uma na-g5o, estas vegetam na mis6ria e na dor. O poder doDEUSCAPITAL cresce ir medida que a massa aumentatodos os dias conquista novos paises; todos os dias arrmenta o rebanho de assalariados que, durante toda a suavida, se dedicaram a aumentar a sua massaP. - Quais sho os eleitos do DEUSCAPITAL?R. -Os patr6es, os capitalistas, as pessoas que vivem dos

seus rendimentos.P. - Como 6 que o Capital, teu Deus, te recompersa?R. -Dando-me sempre trabalho a mim, A minha mulher e

aos meus filhinhos!P. - E essa a tua 0nica recompensa?R. -N6o. Deus autoriza-nos a satisfazer a nossa fome sa-

boreando com os olhos as apetitosas vitrinas de car-nes e de provis6es que nunca provamos, que nuncaprovaremos e das quais se alimentam os eleitos e ospadres sagrados. A sua bondade permite-nos aqueceros nossos membros que o frio entorpece, olhando aspeles quentes e os grossos tecidos com que.se co-brem os eleitos e os padres sagrados. Concede-nostamb6m o delicado prazer de alegrar os nossos blhoscontemplando, quando passa de carro nas avenidas enas pragas p0blicas, a sagrada tribo dos que vivemdos rendimentos e dos capitalistas brilhantes, gordos,pangudos, ricos, cercados por uma turba de criadoscom gal6es e de cortesds pintadas e tingidas. Orgu-lhamo-nos entao ao pensar que, se os eleitos gozamdas maravilhas de que somos privados, estas sdoobra das nossas mdos e dos nossos c6rebros.

P. - Os eleitos sdo de uma raga diferente da tua?R. -Os capitalistas s5o feitos do mesmo bano que os as-

salariados, mas foram escolhidos entre milhares e mi-lh6es.P. - Que fizeram para merecer essa elevaqdo?R. -Nada. Deus prova a sua onipotOncia fazendo re-

cair os seus favores sobre aquele que nio os ga-nhou.

P. -Ent6o o Capital 6 injusto?R. -O Capital 6 a pr6pria justiga, mas a sua justiga ultra-

passa o nosso fraco entendimento. Se o Capital fosseobrigado a conceder a sua graEa hqueles que a me-recem, n6o seria livre, o seu poder teria limites, O Ca-pital s6 pode afirmar a sua onipot6ncia tomando osseus eleitos; os patr6es e os capitalistas, de entre ummonte de incapazes, e preguiqosos e de tratantes.

P. - Como 6 que o ieu Deus te castiga?R. -Condenando-me ao desemprego; entdo sou exco-

mungado; proibem-me a carne, o vinho e o fogo. Mor-remos de fome, a minha mulher e os meus filhos.

P. -Quais sdo as faltas que deves cometer para merece-res a excomunhdo do desemprego?

R. -Nenhuma. O arbitrio do Capital decreta o desempregosem que a nossa fraca intelig6ncia possa apreender araz6o pr que o fez.

P. -Q.rais sdo as tuas orag6es?R. -N6o oro cotn palavras. O trabalho 6 a minha oragdo.

Qualquer oragSo falada incomodaria a minha oraqioeficaz que 6 o trabalho, a 0nica 0til, a 0nica que dA lu-cro ao Capital, a 0nica que cria mais-valia.

P. - Onde 6 que oras?R. -Em toda parte: no mar, sobre a terra e sob a tena, nos

mfitpos, nas minas, nas oficinas e nas lojas.Para que a nssa oragSo seja recebida e recompen-sada, devernos depor aos pes do Capital a nossa von-tade, a nossa liberdade e a nossa dignidade.Devemos acorrer ao som do sino, do assobio da mA-quina; q uma vez em orag6o, devemos, tal como au-tdrnatc, mcver os braEos e as pernas, os p6s e asmdos, soprar e suar, entesar os nosso m0sculos e es-gotar 06 rrcSos nervos.Devemos ser humildes de espirito, suportar docilmen-te os anebatamentos e as inj0rias do mestre e doscontra+nqstres, porque eles t6m sempre raz6o mesmoquando nos parece que estio errados.Devemos agradecer ao patrdo quando ele diminui osal6rio e prolonga o dia de trabalho, porque tudo oque ele laz 6 justo e para nosso bem. Devernos sentir-nos honrados quando o mestre e os seus contra+nes-tres acariciam as nossas mulheres e as nossas filhas,porque o Deus, o Capital, outorga-lhes direitos de vidae de morle sobre os assalariados bem como o direitode abusar das assalariadas.

Em vez de deixar escapar urr,a queixa dos nossos ld-bios, em vez de permitir que a c6lera faga feruer o

nosso sangue, em vez de fazer greve, em vez de nos

revoltarmos, devemos suportar todos os sofrimentos,

comer o nosso p6o coberto de escarros e beber anossa Agua suja de lama, porque, para punir a nossa

insoldncia, o Capital arma os patr6es com canh6es e

sabres, com pris6es e gal6s, corn a guilhotina e o pe-

lot6o de fuzilamento.

P. -Receberds uma recompensa depois de tua morte?

R. -Sim, uma ben' grande. Depois de morto, o Capital cHi'

xar-me-6 sentar-me e descansar. Ndo mais sofersfrio ou tome; jA n6o terei de me inquietar com o @do dia nem com o p5o de dia seguinte. Gozarei o re-

pouso eterno do t0mulo.

AB.qIXO O SUPERFICIAL - VIVA O EFEMERO!

-f*E-

EL PENSAMIENTO ES CAOS, SOLO Sl SE DE|A DISPERSO SE OFRECE SU VERDADE-RA |MAGEN, EN FRAGMENTOS, A.PEDAZOS.

EL lvllT0 ]YlODERl\lO

DT LA

REI|OTUCION

RAFAEL CID

No soy revoluciondrio porque soy agn6stico.La Revoluci6n es la Religi6n del hombre moderno. Co-

mo a Dios, a la Revoluci6n la otorgamos alributos excel-sos e inefables vedados al ser humano: bondad absoluta,infalibilidad y ser principio y fin de todas las cosas.

Como la Religi6n, la Revoluci6n tambi6n tiene suAnunciaci6n, su Profet4 su Dogma, sus Misterios, su Li-turgia, su lglesi4 sus concilios, su Vaticano, su Jerarquia,su Mistica, sus Ordenes, sus Herejes, sus Fieles, sus Cre-yentes y hasta su Guena Santa donde todo est6 permitidopor el bien de la Causa

La Revoluclon es, pues, la salvacidn y la vida y cornoen la teologia tradicional esta escatologia crea a su vez unprincipado antipoda absolutamente indispersable para

afirmar su santidad urbi et orbe: el genio del bien (Dim) =revoluci6n propiamente dicha (en realidad la llamada revoluci6n de izquierdas) y el sehor de las tinieHas (Lucifer)

= contrarrevoluci6n (en realidad revoluci6n de derechas).Asimismo, cada una de estas dos posibilidades extrernasen el camino de la verdadera liberacidn habitan en.dorni-nios que elocuentemente les ejemplariza y sirve igualmen-te de f6rtil promesa el reino del Todo (Paraiso) y el de laNada (lnfierno), homologables en el espacio politico alCapitalismo y al Comunismo. No obstante, entre ambasopciones existen otras alternativas temporales: tr6nsitos(Purgatorio-Socialismo) y etapa de inocencia (Limbo =Prehistoria, segrin la teoda maxista), en la que los hom-bres, sin haber alcanzado la gracia, tienen futuro ante sfporque a0n.no han tomado conciencia de su alienaci6n; lasombra del pecado no ha mancillado a las criaturas. Tam-bi6n se dan periodos en que reina el mal, en una permuta

de escarmiento para los hombres, y un hedor de opresi6ny de muerte asola la tierra. Pero estos momentos s6lo sonsignos, por exclusi6n, de lo que ha de venir. Tras las eta-pas de expiaci6n, se vuelve con redoblado convencimientoal recto camino.

Pero para que la Religi6n impere soberanamente tieneque ponerse en el centro mismo de la existencia, impreg-n6dola, en una palabra, ser la medida oficial de todas las

cosas habidas y por haber. Es lo innombrable, el paso a losobrenatural, a la fe: de un costillar se aventa un ideal yno solamente se le instituye como par de todas las cosas

- existentes - sino tambi6n de las que pudieran venir -posibles -, con lo que queda admitida la imposibilidad del

mds alld hasla entonces pregonado en la escoldstica al

uso. Quiere esto decir que por mAs recalcitrante Teologiade la Liberaci6n que aparezca en los epigonos con acen-drado ultraismo animando el presupuesto religioso, nunca

se entregard hasta el limite de desmentirse ante los pro-

pios hechos contantes y sonantes, s6lo los explicara acemoddndose a ellos, deviniendo en 0ltima instancia en Totalitarismo, sin 6tica ni conciencia.

Esse iluminismo de movimiento reflejo universal que leacredita - ser la medida de todas las cosas : produceinevitablemente el aniquilamiento, la manumisi6n, de suscontrincantes. No son por si mismos, sino contra 61, y notienen mds identidad ni personalidad que la que por reac-ci6n les devuelve el Ente Soberano. Asi se instala unmundo dual: derecha e izquierda, blanco y negro, religi6n yhastio, revoluci6n y reacci6n en donde s6lo una de las dosmitades tiene vida propia, sentido, fines y medios. Afuer4enfrente, nada. La contra es, cuanto mAs zurda.

Vemos, por tanto que la funci6n crea necesariamente el

6rgano y lo deseado se toma por realidad. La quimera seha instalado no ya en el pensamiento de los hombres sino.en su voluntad ensoberbecida, y un t6rmino - Dios = Re-voluci6n - nos da la satisfacci6n suficiente para seguir vi-vendo y no tener que ser diariamente y para siempre ver-daramente dioses y revolucionarios o lo que estas expre-siones de hecho deberian significar en el quehacer huma-no.

Hoy la Revoluci6n es el opio de los pueblos.

a

A DITADURA DE

Seja quem voc6 for, a partir domomento em que.voct se tornameu semelhante, voc6 meaborrece. me entedia.

Os homens que agem de maneiras irrefletidas, incon'-

seqirentes, que descartam as noq6es cle responsabilidades

para com as relaq6es convencionais estahelecidas, sdo osindividuos que detectarn facilmente a farca dos homens,em seus papdis mais dom6sticos at6 nos mais ptiblicos.

Recusam-se, por algum motivo qualquer a respeitar,aceitar, levar a s6rio, as autoridades, as conveng6es, os

simbolos, as leis, a ci6ncia, a filosofia, o Estado, a unani-midade. Lutam contra a tirania rigida das constituig6es so-ciais e econOmicas que numa mecAnica medfocre, redu-zem os seres humanos d impot6ncia, b serviddo. Lutam,com armas inesperadas: a intromissao, o deboche, a irenia, o cinismo, o desprezo e a incompet6ncia.

56o pessoas sensiveis que v6em, ou hs vezes nem se-guer v6em algo de importante nas instituig6es humanas.Fazem como os caes que encontrando a porta aberta deum templo, entram e vdo no que h6 de mais sagrado, uri-nall e defecam com a maior naturalidade que s6 os ani-mais tem. Sem o mfnimo respeito pelas regras dos deu-ses, e tamb6m sem nenhuma convicglo ideol6gica Ape-nas agem segundo suas necessidades. E provocando re-pentinamente o escAndalo, a reagdo...

(Ah!... A prop6sito, o reaciondrio estd sempre pronto,assim como os cagas norte-americanos e israelenses, para

bombardear covardemente em qualquer lugar do planeta,seus inimigos visiveis. E peculiar a estes tipos, a necessi-dade perversa de apontar, dedurar, massacra1 sufocar os

seres livres do dogmas b6licos, que apenas se disp6em aviver sem as pragas e o t6dio que os imperialistas querem

impor aos homens.)

12

PORRAS I 1OUCAS

E PICARETASK. MALY

Existem seres que passam pela vida sem ao menos etrtrar em contato com a educagio burguesa ou com os mi-lenarismos religiosos. S5o pessoas que sdo esquecidaspelas familias ou que ao menor descuido, escapam dasmdos tirAnicas dos educadores. E reaparecem posterior-mente nos lugares inesperados e inimaginAveis. Assimcomo o virus, surgem para o pAnico geral. Todos seus atcserSo como uma bomba; O estrago 6 inevitAvel, pois

sua pr6pria raz6o de ser, consiste em ser o oposto, o maligno, o espectro que ronda a farsa cotidiana.

lnocentes? lgnorantes? Tolos? Loucos? Bandidos?Nio!... 56o os porna-loucas! Ou entio os picaretas!Alids, s6o palavras que devem ser entendidas como al-

go pr6xirno da dem6ncia. Nio 6 nem mesmo uma pervcr-s6o que desviou o desejo de sua finalidade natural para

dar-lhe um outro objetivo, 6 a suspensdo provis6ria de teda finalidade human4 6 o estigma ndo manifesto que seatiga quando €ts regras para sua eliminaqdo do meio aparecem. Basta somente uma palavra ,mal dita para que aperseguigio cornece, e ela 6 ampla e cega. Conseqtiertemente a perseguigSo se estende hs mulheres, os de "r&ga inferiof, os "desviados sexuais", os lundticos, As crierrgas e As pessoas diferentes ideologicamente. Tudo issovisa satisfazer a fome deste monstro inexistente que sechama civiliz4So.

Receberam estes nomes (pona-loucas, picaretas), as-sim como os anarquistas no s6culo passado, na mais claralinguagem policial, cotll o intuito de criar uma bastardia daesp6cie humana. "Para um audacioso, para um insolentgd6,se a pris6o", diz o homem p0blico. Pois a existdncia doanarquista nas 6reas "s6riasf' da sociedade 6 uma amea94.

A desin6ncia porralorrca numa tentativa cle especificaro ser vil e desprezivel 6 algo de revelador e mediocre para

aqueles que a utilizam. O esperma perdido, o coito afoitqa "consciOncias de um p6nis", refletem bem o preconceitoque o ato sexual ou os genitais provocam nessas pessoasO ato leviano de uma simples paixio, pode aos olhos de

um algoz do porra-louca, criar sua mallcia de puritano, ecensor dos seus pr6prios familiares. Com o que fica evi-dente a falsa verborr6ia do discurso amoroso, sustentadodurante s6culos, onde: esperma, tes6o, cox4 pau, Anus,vagina, ded6o e lingua 6 o momento maximo de suas tra-vessuras. Por isso na velha senha "EU TE AMO" estd con-tida a ameaqa ou o convite para uma subversdo a dois, oua tr6s, ou a quatro, ou a cinco, ou aos milh6es, assim setratando de um pequeno contrato libidinal e puramente ga-rantido pelas partes envolvidas. Nada que nao seja 0til bsuruba, a ndo ser um eventual vibrador ou chicote, poderdtranscender as quatro paredes onde o "momento maior deliberdade" do ser humano se materializa.

Quanto esperma perdido, derramado, em favor da liber-dade humana que segue para a desgraqa de alguns, ge-rando mais e mais porra-loucas e picare.tas e pe;turbar aordem e a norma dos "s6os". Conviver com, ou saber daexist6ncia da degenerescOncia ao seu lado 6 a sentenca eo destino do preconceituoso. E o seu destino de "liberto,'.E algo de sinist'o para 6 pessoas que se sentsll assanbradas e sentem a perpetuagSo da dependdncia institucionalem suas vidas, a cada passo que d6o. Haver6 sempre nos

-_I

lugares s6rios e principais, o porra-louca, o picareta, coe-rente e implodidor momentAneo da escraviddo humana.

Ele ndo 6 o transgressor, nem o bandido, nem o assas-sino, pois essas formas s6o previstas, e s6o construidaspela moral, pelos puritanos, pelas familias, etc... _ o por_ra-louca, o picaret4 6 um gesto brando, inesperado, semfins lucrativos. Joga o jogo e ndo entende as regras, poistem as suas pr6prias. E aquele que regride o discurso, quereinterpreta os fatos, que deixa claramente transparecera incompetOncia, mudando a obviedade das aq6es huma-nas para o desespero do seu opositor.

Ent6o Freud n6o seria um porra-louca, ou um picareta,ao propor uma nova cura dos homens atrav6s cla investi_gaE6o pura e simplesmente dos sonhos?

Max pregando a ditadura do proletariado, no exatomomento em que o triunfo do Capital reinava; n6o senaum grandessissimo picareta e porra_louca, aos olhos docapitalista?

Madre Tereza de Calcut6, que prop6e a ajuda aos ne-cessitados, com o sacrificio da pr6pria vida e ndo com autilizaE6o do dinheiro que os cofres de sua igreja adminis-tra. Ela na verdade ndo teria uma profunda inspiraq6o de

13

uma garota propaganda niilista que s6 um picareta ou por-

ra-louca 6 capaz de desemPenhar?

Os m0sicoS, senhores que se adestram e se fazem di-

ferentes, para isto utilizam de instrumentos musicais que

cont6m um torturante processo para sua dominaqdo; n6o

seri am masoquistas porras-loucas?

"No esbogo do homem que nasceu livre, n6o haverd

tragos de escravidio". Estas sio palavras de Platlo.

Quanta ousadia deste cidadio grego. Sua insolOncia aos

gregos foi tanta que ultrapassou os s6culos. Suas palavras

que hoje ainda sdo rejeitadas, deveriam estar gravadas

nas escolas, nas maternidades, nos hospicios' mas que

at6 agora sdo apenas palavras que s6 um picareta ou um

porra-louca ut6pico ousa repetir!

Mas e o general que bate as botas e grita para seus

comandados: "canalhas, bundas moles: o inimigo verme-

lho ameaga a todos n6s, devemos sempre estar bem aten-

tos e prontos para conrbat$los com rigor e patriotismo"...

Subitamente um recruta resmunga: "Merda"' O general,

explode, urra: "quem foi este porra{ouca que latiu? Se for

homem, que se apresente". Mas recruta e general se con-

fundem em seu teatro de ensaiar a guerra diariamente' pa-

ra ambos o verdadeiro porra-louca e picareta 6 o exdrctto

inimigo.A puta pergunta ao cliente: "o que voc6 vai queren pu-

nheta, trepada ou chupada? Porque para cada coisa te-

nho um preqo!" - Cliente e puta ndo est6o fartos das re'

gras? Nio sio a podridio da c6lula mater "familia", niosdo o cdncer incur6vel que o trabalho criou? Na verdade,

este 6 o 0nico momento em que o esperma in0til 6 algo

de s6rio, e sua negociagdo segue as regras bdsicas de

um grande negocio: s6 quem tem a vagina profissional

pode propor a aventura desprezivel ao seu cliente' por

preqos que lhe garantem o real valor do esperma perdido.

Afinal o capital masculino se baseia ern sua virilidade e na

sua capacidade de ejacular, o dinheiro 6 um simples cha-

mariz para arrastar a presa que se constitui em seu objeto

de exploragio para o lucro final: a gozada.

O poralouc4 o picareta n6o quer falar, nem participar

em nacla. Ele quer somente a ele pr6prio, para depois

dispor unicamente de si.

ACONTEQO POR OUE SOU VARIOS - EXISTO POR

OUE SOU UNICO

Por onde se esconde a multidSo que escapa da m5o do

poder? Com o quO se disfargam?

N5o existe o esconderijo' nem sequer a necessidade de

ocultar suas faces. O gesto 6 0nico e de cada individuo

que, sern a mernr pretersm, faz o cir$srno e o debmhe pa

ra com os partidos, e instituig6es democraticamente fali-

14

das. Os partidos polfticos s6o os principais sentenciadores,

assim como os cientistas, economistas, socidlogos e gine-

c6logos, que querem com seus discursos calhordas iludir

um autOntico crApula picareta porra-louca zombador, por

serem doentes, deficientes seres portadores do cancro que

querem espiar seus semelhantes com suas mdscaras me-

nos reveladoras.A quest6o de ordem na politica 6 a chave mestra para

arrombar e violar o individuo que num lampejo sente a ne-

cessidade de se intrometer nas quest6es humanas' Os

partidos e seus darrascos, os politicos, s5o os titeres dos

capitalistas ou comunistas, usando de uma forma muito

simples, que consiste em administrar a ang0stia, a

Ansia, o t6dio, que eles pr6prios criaram, convocando suas

vitimas para darem o voto que os eleger6 como os perpe-

tuadores das regras deste jogo sdrdido que 6 existir.

NAO VOTAR - NAo VOTAR grita o porra{ouca,o pica'

reta, em uma trdgica manifestagdo terrorista em meio ao

clamor democrdtico. Negar o sistema 6 prescrever o pr&

prio fim, 6 um suicidio que s6 se explica com a paix6o'

E existem vArias maneiras de sabotar o sistema. E uma

delas 6 neg6-lo. N6o como um menino desobediente, mas

sim ser capaz de neutralizd-lo em suas entranhas, em

seus pensan]entos' O medo 6 a ind0stria de' que vdrios

panacas se servem para deterem seus imp6rios p0blicos'

O polfiico 6 aquele que descobre que os seres huma-

nos temem o ESTADO e tamb6rn desejam participarrdire'

ta ou indiretamente. E nesta conquista n6o se mede es-

forgos. Ent6o o partido politico, a ag6ncia de propaganda

fascista, ou entSo democrStica, vende a f6rmula de vencer

e ainda ser eleito colrl o auxilio de um bando de canalhas

a canegd{o nc ombros e gritando: "O POVO UNIDO

JAMAIS SERA VENCIDO".

O mddco 6 aquele esperto senhor, que descobre como

,os seres humanos temem a doenga, e como adoe'

cem. Sua tarefa 6 simples e consiste em negociar a cura

da melhor foma possfvel. Este 6 o poder que as universi-

dades ersinan e autlizarn pala estes vdo6m senlnres'

Ent6o @erianios at6 lazer e detalhar minuciosamentq

para teu conforto, uma longa lista de m6scaras que a

nossa "lrumanidade" se serve, para se intitularem juizes,

chefes de todos os homens.

Mas como um pona'louca' um picareta, acredita na es-

p6cie, prop6e a vocO que passeia com os teus lindos olhos

rrestas pa$rm,: e cfisciflinadanrente por estas linl'as, que Tdesvie por um momento deste papel e tente mirar a vocd

mesmo. Garanto que n6o verds absolutamente nada lrrt5o sugerimos que vA em busca de um espelho. Assim feF

to, observe atentamente o grande imbedl que 6sSe n6o

concordas, voc6 verd uma outra coisa: n6o a voc6'

O que estd refletido 6 ef6mero, o que tu vds 6 voc6, do

modo que rnais te conv6m' Mas, caro amigo, voc6 est6

diante de uma autdntica mdscara que' desenharam

em tua cara. Tal qual fago com voc6 agora: desenho em timais uma vez, a estampa do cordeiro manso e, passivoque em tudo quer encontrar, e espionar como o voyeur, al-go al6m, a ndo ser tua pr6pria estupidez. Mas garanto que

se voc6 ler este texto at6 o seu final, perceberds que tanto

o texto quanto seu autor sdo pona-loucas e picaretas domais baixo nivel. Ainda bem que voc6 p6de saciar e se di-vertir solitariamente e ao mesmo tempo p6de praticar suamelhor arma que o faz sobressair entre os demais compa-nheiros: ROTULAR - ROTULAR.

15

Nio seria a lucidez algo de suspeito, algo que encobre uma forma particularmente diabdlica da cegueira?

Em sua casa de veraneio,

no saldo de chA da meia noite,

repousam fotos risonhas dos antigos

e vanguardeiros fascistas da hist6ria,

homens, que em comum acordo,

incendiaram a vida do povo

em incineradores particulares,

projetados especialmente pela morteem seus dias de carnaval e futebol,

s6o lembrangas guardadas at6 hoie e lembradas

diariamente, em discursos presidenciais.

O riso de todos os comunistas, fascistas, capitalistase nazistas ainda se fechardo nesta foice de ago puro

comprada nas estranhas da consciOncia menina.

Devo lembrar aos queridos amigosque o homem ndo 6 o mais bem sucedido dos

deste planeta guerra

lagartixa" gato, elefante ou Pav6otodo bicho naturalmente tem a sua intelectualidade

a sua organizagAo e a sua culturarealidade naturalmente negada pelo homem.

O processo de evolugSo da humanidade,

o mito do desenvolvimento econ6rnico,

a proliferagSo do progresso das m6quinas,

a extensdo de ideologias escusas, enfim

a era de descontinuidade que o homem inaugurou

com suas id6ias brilhantes e inteligenteslevou+ne a resolv6-lo.

Em 1946,

a morte assistia pela televisSo

lideres em potencial levanlando as bandeiras do nor

para um povo ainda abismadocom a aus6ncia de f6 em seus deuses

sem mesmo comPreender direitoo fendmeno civilizat6rio engasgado e cuspido

PRE OTEITOPEDRO OSMAR

Em 1946,

a morte servia a pomba da paz aos comunistas

e capitalistas que estiveram aliados

contra os nazi-facistas.

Em'1945a morte escrevia seu di6rio:

"At6 o final do ano

devo exterminar todas as mulheres,

veihos, crianqas, jovens e adultos

deste sopro de vida comunista que ainda resiste'

(O capitalismo me garante)

devo cumprir fi elmente, tranqtiilamente

todas as tarefas Pagas Pela graga

divina e gloriosa dos americanos amigos,

al6m dos sovi6ticos e demais imperialistas contratados'

Prd mim, quanto mais rica esta guerra declarada

mais depressa eu me livro desse povo."

Em 1986 (Brasil)

a rnorte serve o almogo das autoridades policiais

devidamente Policiada'

Comunistas e capitalistas se debatem

pelo resultado feliz da copa do mundo para o Brasil

em eleig6es que, na certa, terdo um bolo

politicamente rachado entre si tuacionistas

e oposicionistas. (Est6o todos em casa, partidariamente

felizes)

Em 1981 (Vida PoPular)

a morte pernanece risonha e sonha um dia

poder acabar de umavez Por todas

com esse fio de esPeranga.

16

de espaEonaves, astronautas e todo um luar por entender.

Em 1945,a morie, num debate p[blico com algumas liderangasoponentese o povo em geral, diria que o fator humano 6 um jogo as_sassinoe que isso seria vivido, a partir de ocorrdncias imediatas,sem aquele suspense habitual, na melhor tradiqbo da sinado punhal de prata, contada pela lendados loucos peixes voadores. (A radioatividade corr6i).Artista do crime, a morte encara o homem comouma oata entre os pombos, ilhas de carne e desejos queenfrenta a fome com uma alegria desesperadora.Aventura e aq6o, 6 o fim da infAncia,restos da vis5o da 1a mulher de pernas abertas,bucetSo a mostra, coisa negra, rosea bocaErandes l6blos que t6o bem acolhenr beijos e gozosc1e rninha pica enfurecida.(AMAR a carne do pensamento 6 se saber ilimitdvel)

Em 1986, cai o panoe os 0ltimos dias da humanidade vivasdo contados minutos a minuto pela TVligada em praEa p0blica e assistidapela pr6pria multidSo destruida.Qual era o verdadeiro objetivo de se terminar uma infAnciacom balas?Que futuro tem uma juventude programada pelos comu-nistas,capitalistas, fascistas, nazistas e monstros em geral?PrA que uma sociedade marcada pela inquietude de n6ose saberpr6 onde se estd indo?

Estamos voltando ao caso do porco ensangijentadoque pediu por tudo quanto era sagrado neste mundo,para ndo morrer assim, t6o desumanamente, t6o crist6o,nas m6os da faca afiadissima da fome popular.lmpacto e surpresa nessa investigagdo:A morte teria uma mio esquerda e uma mao crrreitaabragando a coragem de alguns lideres

\,\

ingenuamente embandeirados na idiotice do povo,

programados pelos computadores do pent6gono.

(A CIA tem o arquivo da nrorte em seu poder e pretende

usdr-lo para

roteiro de teienoveia).eles, todos eles, como n6s,

sempre disseram que o caminho vai dar num abismo

especificamente projetado para este fim.

N6s sempre soubemos, sempre somos cdmplices nessas

revelaq6es,porque ficar estrebuchando?

Em 1981 {Direita, esquerda, vou ver?)

o povo desabou. O governo desabou.

Quem manda se Pendurar no teto?

O Brasil, 6 um pais de graga, pr€r quem quiser,

estamos sempre As ordens, na ordem, na marra e na raqa

a gente enfrenta esquadr6es inteiros e interminirveis

de revoluq6es fracassadas. Armaq6es da morte, tipo im-

porlaQdo. No Brasil tudo caminha"

O cdmico e o trdgico se amam,tudo 6 motivo para desenhos e varreduras de metralhado-

ras

em m6os juvenis. A crianqada brasileira 6 um gato na ja-

nela,

corpo bonito, mente odara, olhando a banda passar'

(que bom! que belezal que barato!

portas se abrem, portas se fecham, e o regime 6 aquele

mesmo,o de sempre, para ernagrecer.

L\o congresso nacionaL

as-eleiQ6es da tnorte sdo ensinadas e aprendidas

a golpes de discursos e risadinhas, regadas e caJezinho e

a que comparecem ministros do es-

corrrandos de militares e o pr6prio presidente da repdrblica.

Soam gargalhadas, bra!:as e graves como as novelas da

rede globo,

e todos pulam nessa, de ficar revendo vanguardas polfti-

casinternacionais e de se suicidar em praQa p0blica, para de-

leite do poder.

Quantos suicidas? 120.000.000? (Brasil 1986)

reag6es na cadeia. Nbm toCos topam. O consumismo

anima a concorr6ncia industrial e comercial, introduzindo a

ci6ncia/arte da propaganda

para historiar toda essa relagSo do povo com a morle

do povo com o poder

do povo carnavalescan ente futebol.

Urr, "louco" diz:

ABAIXO A FOME!um n'inistro diz:

que fcme?

H6 uma necessidade radical de mudar,mudar tudo.Regime, sociedade, consci6ncia, comportamento,cultura, arle, ideologia, politica, politizaqAo, politicagem,

sexo, sexualidade, casamento, fan ilia, juventude, infAncia,

velhice,tudo. Mudar tudo. Ou acabar com tudo. Daideve vir a re-

volug6o:

de baixo, de cima, de lado, de esquerda, de direita, para

que muitacoisa seja provada. Pra que o povo saiba do que 6 capaz.Un,a revoluq6o independente, frutifera, florida, humana.(Mas, o homern n5o 6 comprovadamente urr filho da pu-

tissima?)(O homem capitalista, comuntsta, nazista, fasostas,que n6o toma logo no cu e se manda, e se liberta, e viprd casa da puta que lhe pariu de uma vez por todasr)

Deve.Tem que vir uma revolugSo na vida brasileira.A maconha, o p6, o 5cido, pcderdo abrir essa porta?Dar o cu, chupar rola, chupar buceta, homem com homem,mirlher conr rr.ulher, tr6s a tr6s, quatro a quatro, poderioabrir essaporia? Futebol, copa do mundo ganha, copa do mundoperdida, poderAo

abrir alguma porta? Ser comunista implica? O que implinuma abertura para.a cabeqa (i)limitada do homem?C que pode deflagrar esta coisa toda que pode iniciar umanova nova?(As univer:sidades estudar6o essa n ztem6tica, armadacC,n1 C Sentimentode toclo o amor que ndo € posslvel num regime capitalista,onde o e rror,enlatado, enbalado, 6 vendido a prestaqdo). Quando a ju-ventude ccmpreender6?

"A lei 6 a garantia dos cidad6os!"Porque ser eleitor? Para votar em qualquer regime?Eleger qualquer filho Ca puta?"O diploma do eleitor 6 un'a atestado de patriotismo eamor ao deverl"

18

Voc6s nho sabern?Voc6s n6o lembreLm?

toda civilizaqSo indlgena Brasileira foi derrotada nurzrguerra covarde,onde foram servidos pratos de mdquinas pesadas, metra-

lhadoras, e gritos de comando. TcCa uma cultura guerreir4de danqa, de cantos paraa natureza, por 6gua abaixo. Rio

envenenado. Peixe cuspindo sangue. Gritos de comando,

Embebitla en: 6lcool, a consciOncia india ficou na lem-

branga.

Derne a da morte, canto pelo guerreiro que n6o voltou da

caga.

Houve testemunhas, os pombos,

que voaram nervosamente rumo ao nada.

O poeta nem teve tempo de pedir perddo,

todos estavam absortos em suas tarefasque os protestos de praxe nem foram lanqados.(Para quem ouvir?)para muitos, a morte 6 sempre um bom comeEo.

a vida fica como prostituta, recebendo prazeres pagos,

olhando muitas vezes, perplexa, suas fantasias descart6-

vetsserem cuidadosamente cumPridas

bista.

por algum louco sam-

Em 1986,saudade, desejo, soliddo, inquietude,Acho que assim cruel,a vida se transforma num mar tdo profundo que para vi-v6-la,6 preciso mergulhar e morrer.

,ee^-:

19

r!! l

i

TALVEZ FOSSE NECESSARIO CAIR NO MAIS PROFUNDO DA ESTUPIDEZ PARA ENCONTRAR A DESCARGA

ON-iNrNiNN OU O TRINCO DO JARDIM DAS OLIVEIRAS'

cAos

CRIADOR

elclo vARANDA

A loucura 6 um patrim6nio d-a humanidade' Con-

cordo com qu"tn'iett que 'o. homem normal 6

;;;" ,ft tido i"* iensibitidade' o divino despre-

,o oe.Esul Ciisto pelo mundo perturbou os homens sem.s!.lTbilii;", il; do,'ii;au"rn 'ia

sua 6poca a capital do

Mundo: Roma.

- "Se eu fosse uma criatura normal' nulca teria sido pin-

t"rlF """*"iiJa;

tas i;;i' i t is de H 6 nri T o-ul ous +Lau trec'

Numa ampla p.'qu""'"qidi6atizei sobre a loucura lttcida'

Jtiilt'ila""niontr'ei umi galeria de artistas de todas as

Epij,tll, itEi sio maii' iir intosos e criativos' exatam ente

nos momentos em qul iogem da normalid-ade'

vXi d;ilti-"-u"ttetto-nriu,. por conta pr6oria que quan-

do estava "t ".tuoJ"i6-iutil"t' n6o. borisequia pintar'

E:#;G";; fi''d"nos melhores ?-o"-tT"d" todo o mun-

do, registra€e -qge ,8 fo'"t melhores ,cnadores quando

;;L;iuilrn o-caoiico nos seus impulsos da loucura'

20

- "Crs nomens exatos sio insensiveis' Eles usam

anteparo vulqarmente chamado de conveni6ncia ou

lb'."I"c.tiJ 6orn ot preconceitos sociais"'

Maom6, s6 foi lucido quando disse que esteve no pa-ralso durante um dos seus freqirientes ataques de epileesia. Stefan Zwe,ig, o que escrev'eu "Brasil, Pais do Fuiuro",constatou que "os homens s6os, n6o podem perceber osentimento delicioso que domina o epil6tico um minutoantes de seu ataque". E foi um testemunho em causa pr&pna.

Existem na imensa galeria dos criadores mdgicos eca6ticos, os que sio congenitamente marginais ou-'bana-lhas maravilh,osos", como os definiu em iecente reuni6o,na casa de Ezio Pires, o critico liter6rio Oswaldino Mar-ques.

Neste momento em que o absurdo jd ndo 6 mais o ab-surdo, porque o real 6 que 6 absurdo, quando acabo de re-toc?r ou armar um poema, parece que acabei de cometerum crime. Vejo que ser arti;ta 6 ser permanentemente umenfermo. Precisamos de um imenso hosplcio, tipo enfer-maria da criagdo ca6tica.

Cervantes, tdo idolatrado pelas gerag6es de loucosnormais, nada criou na mocidade al6m de uns fracos emedfoeres poemas que os seus amigos n6o tinham ne-nhum prazer em ler. Tamb6m algumas pegas de teatro devalor meramente histdricos e um romance pastoral. MasCervantes fica diferente na velhice ffsica, exatamenteqgar.rpo-parte p?Ia a criag6o do ca6tico na sua gloriosadispliscdncia do Sancho Pancha......

vero do caos criativo o Dom Quixote. Valeu essa fasede Cervantes porq'.le em cada um dos artistas e dos seresrrivos, existe sempre a realidade grotesca e quixotesca.

7-ola fci sempre apontado como desajustadq que umdia, tentou at6 o suicidio, deixando-se atropelar para poderconstruir um dos tipos de seus contos. Zola se dizia tam-b6m perseguido por morcegos imagindrios. Flaubert, senn-pre solitArio, foi abandonado pelo pai que era nolAvel ci-rurgido, por repress6o da familia que via no artista ,,um

trambolho metido a poe-ta e a vagabundo". Dante que cri-ou ou recriou seus conflitos interiores na "Divina Com6-dia", tinha um temperamento narcisista, e quando meninoera acusado de organizador de todas as cohfus6es no co-l6gio interno.

Outro narcisista foi Ganett, que usava cabeleira postigapara esconder uma cicatriz da nuca ao alto da cabeleiia.Ega de. Queiroz transformava seus amigos em persona-gens e invertava sempre que estava multo mal db sarjde.Consta que chegou a conviJar seus amigos para o seupr6prio _enterro, "para poder sentir antecipad'amente asreag6es".

E a demdncia em arte tem uma extensa galeri4 onden6o falta o Baudelaire, de sensibilidade m6rbida da infAn-cia at6 o t0mulo; Frangois Villon, apontado como um ca-nalha e um pervertido; Vargas Vila, cuja vida foi uma tor-menta permanente; Fram Kafl<a, o angustiado que ndo selibertou; Henry Beyle que usava tamb6m o nomb de Sten-dhal, era um tenfvel mistificador, e como Prousl com assuas taras sexuais. Petrarc4 Swifl Moli6re, Pascal, S6crates no quadro dos epil6pticos.

Flaubert, Maupassant, Byron, Goethe e Tasso eram vi-timas de alucinag6es e viviam vendo assombrag6es...

Voltaire, Quincey, Hoffmann, Nietzsche e Foe, todosna lista dos perturbados pela hipocondria. Na li6ta doshomossexuais entram bem na hist6ria do caos criador,Shakespeare, Apollinaire e Andr6 Gide.

Seria necessdrio muita leitura dos autores cadticos,com ajuda da metodologia freudiana e maxist4 para umaampla visita a essa grande enfermaria dos grandes criadores, de todos os tempos das artes.

Acredito que efetivamente Oscar VVilde, pelo material

, de anAlise que deu ao mundo, seria o porteiro dessa en-fermaria tdo rica de artistas. Um dos analistas de \Mlde, foio cftico Agripino Griego, para quem a decondrrcia do de-senfreado narcisimo significa a um s6 tempo, a fascinagioe o pavor do Cristo. Ao ler Oscar Wilde, Griego sentiu vintes6culos de sensibilidade crist6, pesando no sangue do ar-tista

Oscar O'Flahertie Wills Wilde, esse seria apenas umnome feio e chato de se escrever, se o artista n6o tivesseexperimentado o cdrcere, pela acusagdo do crime de aten-tar c_ontra os jA chamados naquela 6poca - "bons costu-mes", E V/ilcje seria apenas um artista normal na psicanalisa-

g4o 9?s obras de at es, sem o "Retrato de Dbrian Gray".Dignifiqoy a vida com as suas atormentadas preocufa-c6es.

= 6 o que vemos. Como tudo que dignifica a vidd" a

arte, a principal dignificadora, prov6m mesmo dos loucos.Rccordo que num hospicio de Jacarepagu6; no RJ, um

dia apareceu entre os que foram colocados ali como lou-cos varridos, o Gabriel. Era o mais temido e falante, co-megou a concentrar toda a sua energia em pinturas. Aadministragdo do hospital ficou logo animada, comprandotelas e tintas. A imprensa divulgou alguns quadros do lou-co, que mereceu bons coment6rios das criticas de artespldsticas. Tenho ainda as revistas e jornais da 6poca tra-tando desse caso do louco Gabriel, "o."pintor do hospicio".O Gabriel parou de pintar. Levou muito'temoosem rbvelarpara nirrgu6m o motivo. Por que voc6 ndo finta mais, Ga-briel?.Por que? As perguntas folqf qni.dia respondidas:

- "Porque ndo tomaram providdncia".Gabriel foi telegrdfico. Fizeram tude; Contrataram os

mdhores psiquiatras e at6 os s6bios gregos para tentar ar-rancar mais alguma coisa do pintor, al6m da frase. NadaAt6 hoje ningu6m sabeique "provid6ncia" 6 essa que nlof_oi tomada e intenompeu a tes6o criadora do lotico pintorGabriel. Quase rnudo e muito triste, Gabriel mondu nohospfcio, vftima de cdncer na gargantAr.e usando apenasa intelig6ncia dos gestos considrerados "obscenos"....'

E uma das melhores literaturas, de loucos e perse-guidos, continua sendo a produzida nos livros da Bfblia,principalmente no Novo Testamentq com os lances in-compreros oa trag6dia do cristianismo. E a linguagem dosilOncio continua a mais criativa.

O silOncio de Jesus Cristo, o fundador do cnstianis-mo, tamb6m gritqu e_perturtou as autoridades da capitalldo mundo, que e-ra Riyna. Jesus falava pouco. E m6nosainda no momento em que foi levado para morrer na cruz(entre dois ladr6es) acusado pelas suas pregag6es subver-stvas.

Lances da loucura crista: Pilatos lava (ou leva?) asmios na sua omissdo condenat6ria, dizendo, como Go-verrcldor, qqe ndg via nenhum mal naquele pregador queg9 djz r9i_. pgOois de ter fugido da cdmparifrif Oos pbis(Josd e Maria), Jesus aos 12 anos foi retil.ado Oe umd Si-nagoga onde fazia perguntas perturbadoras aos chamados"doutores das leis". Feito esse registro, os autores dos li-vros do Novo Testamento s6 voltam a'falar de Jesus,quando ele jd tem 30 anos. Durante 3 anos falam, massem qualquer refer6ncia sobre a clandestinidade cristA de22 anos.

E os autores do Novo Testamento evitam falar deuma juventude machucada, ensimesmada de quem gas-tou ca6ticamente a energia a que teve direito. Porque aomiss6o?

Lpucos moralis,tas foram condenados em praga p0-blica: E o que revela o episodio biblico do encontro be Je-sus com a prostituta L4a.ria Madalena.

I

Urna pequena multiddo armgpa de pjdras e- porretesapareceu nas ruas estrqitas de Nazar6. Estava furiosa edbseiava a condenaQdo sum6ria de Madalena, que con-versdva com homenS em p0blico e segundo a acusagdofoi "apanhada em flagrante'adult6rio".

-

Com Madalena pres4 a multiddo foi at6 a presenqade Jesus..Para mostrar que o absurdo eram os preconcei-

tos daquela sociedade, Jesus cJesa;mou os moralistas en-furecidos corn,uma lrase apenas. E o 0nico momento em

oue aparece nos livros do Novo Testamento, alguma coisaescriti pelo pr6prio Jesus. E ele, usando uma bengala (pa-

recida com a de Carlitos) escreve na areiazinha da rua que

o vento sopnara da praiA essa sentenga eterna

- "Quem'n6o tiver eulpa que atire a primeira pedra".

\

EXCLUSIVO:

A diferenga entre os sexos nio exis-te:

As mulheres tambdm peidam

TUDO O QUE VOCE SEIJIPRE QUIS SABEH SOBRE O VIBRADORE TINHA II'IEDO DE PERGUNTAR

O artefato er6tico desmente as duas ideologiag na verdade solidCrias, da boa natureza incorruptivel(Deus sabia o que estava fazendo, os 6rg5os que temos nos bastam) e da necessidade como fndice deautenticidade (o vibrador na falta de uma pessoa real). O vibrador, como fenamenta-6rg6q n6o olocaapenas o problema eoonOmico do paliativo, 6 tamb6m o gozo em suspensio, feticfrizado, gelado e sem-pre disponivel. E, portanto, 6 tanto uma seguranga contra uma eventual falha do corpo, quanto uma du-plixigao do orpo a nfirel de sue partes genitab. Ele nfo se rctabna apenc 6n a ordem da satFfeao slitariaoomo no onanlsrno), mre tamb6m oom a desordem da libido: ete multiplica os sexos, permiteaos amantes escapar da fixagSo dos pap6is (a mulher pode enrabar seu parceiro, assim como uma garotapode penetrar sua colega), em suma ele n6o serve como compensagSo, mas determina circuitos cada neomais amplos de descarga. Com ele, n6o existe mais uma pretensa naturalidade do corpo, n6o h6 mais umenraizamento funcional dos 6rgios, nem a irreversibilidade do tempo: o vibrador 6 energia para sempre(eregio pemanente) que retorna sob a forma de energia de rendimento (prazer, perturbagio): o que elep6e em curto'circtrito 6 a divida (a necessidade de um reparo fisico), 6 como um crddito que nunca exi-gisse reembolso. Sob todas as formas possiveis (p€nis de mat6ria pl6stica munido de pequeno motorel6trico interior que lhe pemite redizu um pequeno movimento de vaiv6m,.dotado al6m disso de um vi-sor luminoso e de um reseryat6rio que pode ser enchido Gom um lQuido'quente: esleras das gu5ixas;olisbos antigos: sexuaiq cinto de anticastkladg sutiS com coleira de cachono; retrovisores para ver a simesmo' etc.), o aparelho para pronooar o gozo retira o corpo do dominio de sua fatalidade biol6gica e dizo seguinte; nio hd artiffciog nio exis{e naturez4 o oorpo copulador jC € uma mdquina, uma maquinagao,uma mecdnica. Donde o fascinb geral dos erotOmanos pdos compteioi instrumentais (m6quinas ,.0-""-nas, celibatdrias, kafkianag surrealistas - bicideta automasturbat6ria - mdquinas orgon6tigas de Reich,redes telefonicas dos pervertidos urbanog ligag6es er6ticas em circlito-fechado de TV, daia-prbgrama-g6es de Ballard): ndo hd um suporte bom ou mau, o p€nis j{ 6 pdtese libidinal, a perna, o brago, a 6oca ;Cs6o mdquinas, nenhuma mediagfo 6 vergonhosa (a menor posig6o j6 o 6), tudo 6 mediag6o, tudo 6 su-porte, mecanismo, alavanca, sistema instrumental: ou aind4 em outras palawag o erotismo nada tem aver corn a sexualidade.

Olhos do um homem psrugl5o e de um homen lasch/o llblog d€ um homem falso e laschro e de um homem slmples

Cabslo de um lndlvfduo dotado d€ caraler arrogante e de loutrodotado de mrater fram

Fronte de um homem llberal o do um hornsm lrascfuel

I

Narlz de uma mulhor alfogantg e

Cabelo de um homem slmples; barba de um homem cruel

Narlzes de homens valdosos e lasc,tws Homem e mulher de excelente €rater

ffir"t t"ilo"re s de um homemslrvllmderosD e de um homom lmpotsnte

UTOPIA:

llI

t

I

SOLAS DE

cHumBo

Altdocom

JEAN-MARC RAYNAUD

E freqiiente, para um revolucion6rio, se fazer tachar de

utopista, idealista, doce sonhador ou iluminado. Quandose procura destruir unn sistema social que mistifica o into-ler6vel num ritrno de crescimento constante, quando sefala em extirpar para sempre as rafzes da exploragdo e daopressdo do homem pelo homem, e quando se prop6e,

reconstruir um novo mundo sobre as cinzas do antigo, lan-

Ea-se a d0vida nos espiritos, pois se toca nos problemas

de fundo. Assim tamb6m, ao inv6s de cruzarem suas es-padas com as nossas, numerosos sio aqueles que prefe-

rem fugir ao debate, jogando em nossas laces a etiqueta"infame" de utopistas. E muito mais simples.

O senhor-todornundo, teu vizinho, teu colega ou teu bo-

fe, ndo te dird jamais que eles s6o contra a liberdade, aigualdade, a ajuda m0tua, a gestdo direta, o federalismo...

Ndo, eles sdo firmes partidArios destas id6ias. Simples-mente, eles pensam que sdo coisas impossiveis de serealizar, e 6 entio com compaix6o e comiseragdo que eles

acolher6o teus prop6sitos.

E 6 ainda assim que sobre os mesmos temas, os re-

formistas com olhares de mel, te explicardo, com a m6osobre o coraqSo e a voz trdmula, que 6 necessdrio sonhar,mas que alguns acres em purgat6rio socialcomunista va-lem mais que centenas de milhares de hectares em utepia:

E assim, finalmente que os cosmonautas da galdxiaMarx e todos os -carnaradas- da revolugio, te demonstra-r5o esmagando-te em desprezo com suas certezas pseu-

do+ientlficas, extraidas das prateleiras pAlidas dos super-

mercados do fingimento que a revolugSo consisle - o ma-tedalisrno histddm exige - ern adiar para arnanhd o qle sepode fazer hoje e em lazer tr6s quildmetros em marcha-r6antes de se atingir o ponto a que se prop6e e que est5... adez metros d frente. Esses caras, sobretudo esses caras,tentario incessantemente fazer com que culpabilizes teudesejo por um mundo radicalmente diferente e tua vonta-de feroz de mudar as coisas e a viCa. Tamb6m, as nAde-gas cerradas, o olhar zebrado de arames farpados, o sor-riso inchado de ironia, a testa empolada de sufici6ncia obtusa d seus eternos 6culos escuros sobre aquilo onde de-

25

veria estar a intelig6nci4 eles te injuriardo de epitetos detodos os tipos do estilo irresponsdvel, pequeno-burgu6s,reacion6rio, humanista, aliado objetivo do poder, do gran-

de capital, da direita, da ClA, da policia secreta marciana...Para eles, tu serfu aquele que nlo entende nada da dial6tica. Um idealistal A "enGULAGa/' ou a psiquiatrizar com

toda urgOncia!Nestas condig6es, desde sempre ou quase, os revolucio-

n6rios, todos estes que trazem um mundo novo em seus

coraq6es e que procuram laz6-lo passar com sucesso no

teste da realidade, tentam responder adiantadamente ao

andtema. Tanto no plano te6rico quanto no plano pr6tico,

eles se esforgam em provar a viabilidade de seus projetos,

e cada vez que se apresenta a ocasiSo, eles se sobres-

saem com firmeza da utopia e do idealismo. Enfim, sem

negar entretanto a necessidade do sonho e a importAncia

da antecipaqio do futuro, eles tentam provar que suaspropostas pertencem inteiramente ao universo do possfvel

e que por via das drlvidas, elas est6o na ordem-do-dia, dopresente.

Como se v6, numerosos s6o aqueles que se esforqamem precipitar a revoluQio nos braqos da utopia, e 6 um

combate permanente para se opor a estas manobras.

Tamb6m, 6 com uma certa surpresa que se pode consta-

tar que, desde alguns anQS, um certo n0mero de cde lou-

cos da revolqg€q ora se dizem adeptos da utopia, ora ten-

tam reabilit6.lb.

PARA SERMOS REAUSTAS, PEQAMOS O niPOSSi-VEL

De fato, seus procedimentos s5o bem fAceis de se en-

tender. Para eles, a'essOncia mesmo daqueles que acu-

sam os revoluciondrios de utopia, o ser profundo, o se-

nhor-todomundo, refonnistas e policiais da mudanga, 6 an-

tes de tudo s'ua recusa de pensar o porvir e sua incapaci-

dade em imaginar o futuro. Assim, como a utopia possui

uma incontestdvel dimensdo de sonho e de antecipaEdodo futuro, estes camaradas v6em na utopia um progresso

certo (seguro) em relaqSo A mis6ria das tropas inumerd-veis de todos os gestionArios do presente. E ora eles se

mostram adeptos.da utopia, ora eles tentam reabilit6-la. Eem seguida, digamos claramente, retomam por sua conta

os insultos,ao adversdrio, se enfeitar,se servir de estandar-te, parece um pouco provocador, e a provocaQdo, no pe-

queno mundo da revolta, se mant6m muito bem.Evideritemente, se a utopia nio fosse outra coisa que

erupgSo da imaginaqSo, revolta contra o intolerdvel e odesejo de reconstluir inteiramente o edificio carcomido do

velho mundo, poder-se-ia aprovar esta atitude de reabilita-

96o. Melhor seria preciso ser parte ativa. Mas, e h5r um

mas de peso, a utopia ndo 6 somente isto.

26

SOBRE A VERDADEIRA NATUREZA DA UTOPIA

A utopia, contrariamente ao que pensam certas pes-

soas, n6o 6 somente esta propensdo a sonhar com o futu-ro bem elevado que lhe atribui o homem da rua. E tam-b6m outra coisa. Uma vontade imbecil de parar o tempo.lmpedir a hist6ria. Colocar a vida numa redoma. Uma re-

cusa clara e nitida da liberdade do individuo. Uma afirma-qdo da mesma forma clara e nitida da, orimazia do coletivosobre o pessoal. Uma apologia da hierarquia. Um hino ao

Estado e, afinal de contas, uma ode ao totalitarismo.E tudo isto se encontra no pensamento utopista de to-

dos os tempos. PlatSo, em A Repfbli;a e As Leis, foi

aquele que abriu o baile. Depois houve Arist6fanes comsua "Assembl6ia de Mulheres"; Phal6as de Chalcedclineque preconizava uma cidade igualitAria e igualizadora;Ovidio e suas "Metamorfoses"; Virgilio e sua "lVi Ecloga";

Thomas Morus, que foi a origem do termo utopia (que sig-

nific4 em nenhum lugar) e seu a "Utopia"; Erasmo e seu"Elogio da Loucura'; LeSo Batista e seu "De re aedificato-ria"; Campanella e sua rCidade do Sol"; Francis Bacon e

sua "Nova AtlAntida"; Hobbes e seu "Leviathan"; Fenelone sua T6l6maque"; Fontenelle e sua "Rep0blica dos Fi-

l6soG"; Restif de la Bretonne e suas "Gynographes", suaAndrographe' e seu Testmographe"; Robert Owen; Wi-

lhelm Weitling; Fourier e seu "Novo Mundo Amoroso";Saint-Simon e seu "Jardim do Eden"; Etienne Cabet e sua"Viagem a lcarie"; William Morris...

E em todos esses autores, em todas as "experiOncias"que eles puderam suscitar em vida ou apos suas mortes,sempre o mesmo discurso. Uma recusa da sociedade domomento. Uma recusa de toda tentativa visando somentereformA-la. A vontade de destruir tudo para reconstruir so-

bre novas bases. Mas tamb6m um igualitarismo de facha-da. Uma hierarquia de fato dominada mais freqr-ientemen-

te pelos fil6sofos e pelos cientistas. Uma negagSo do indi-vlduo. A afirmaqSo da superioridade e do reino exclusivo

do coletivo. A codificaEdo burocrdtica da vida individual esocial. O papel central do Estado, de seus funcion6rios ede sua vrol6ncia institucionalizada. A pretens6o b perfei-g5o. O desejo imbecil de parar o tempo, pois, 6 bem evi-dente, uma sociedade perfeita n6o tem mais necessidadede evoluir, de se transformar, de se modificar ou de se re-

volucionar.A utopia, entdo, 6 tamb6m e sobretudo tudo isto, e 6

dram6tico se ignorar estas coisas. E 6 por essa razSo

que 6 perigoso brincar com as ambigLiidades. Na ess6ncia,a utopia 6 totalit6ria e a revolug6o, iibertAria. Tentar uni-lasou bancar os intrometidos, os alcoviteiros,6 est0pido e ndo

contribui em nada em tazer avanQar o debate sobre a ma-neira de destruir o mais rdpido posslvel o velho mundo pa-

ra reconstruir um novo.

os ESPAQOS INFNIrOS DO hnAGlNARlo SUeVERSIVO

Ser revolucionario, ndo se repetird nunca o bastante, 6ser capaz, inicialmentq de analisar o presente e o passa-do. E deduzir desta andlise a necessidade de uma rupturarevolucion6ria e de uma destruigdo da antiga ordem e doconjunto de suas bases. E imaginar o futuro, um futuro li_vre de tudo aquilo que estd na origem do intolerAvel domomento. E 6 tomar o presente no peito e na mana paralhe tazer transpor o passo ao futuro.

Mas ndo 6 substituir um intolerdvel por um outro intole_rAvel. Um sistema de exploragdo e de opressio por umoutro sistema de exploragSo e de opressdo. Um Estadoburgu6s por um Estado pseudooperdrio. Uma burguesiaprivada por uma burguesia de Estado..., e ainda menossubslituir uma merda por uma merda ainda pior, o totalita-rismo.

Em conseqriOnci4 n6s ndo temOs nada a ganhaf emnos mostrarmos simpdticos ou a esbogar um flerte com autopia. O 0nico ponto comum que n6s temos com el46 o desejo de destruir tudo para tudc recorstruir e estesentimento da necessidade de cornegar a partir de agora apensar e a viver o futuro. Mas pdra af. Ern seguida, nds di-vergimos fundamentalmente. . . A utopia quer parar o tem-po. N6s queremos que.o tempo n6o pare nunca. A utopiaquer limitar o espaqo (o espago, a arquiletura, sdo planifi-cados estupidamente). N6s queremos que o espaqo sejam6vel. A utopia quer a hier:arqui4 0 Estado, o totalitaris-mo. N6s querernos a igualdade, a livrc federagfio dos indi-vfduos e dos grupos fumarps, a liberdbde...

Entdo que as coisas sejam claras! Contradamente aosenhor-todomundq aos reformislas e ac vampt're da re-volugdo, n6s incluimos o sonho no nosgo sonho. Nds ka-zemos um mundo novo em nosso c@b e nossa imagi.nagSo 6 explosiva. Mas n6s ndo tenros necessidadetanto de marchar ao passo cadenciado da utogia

A utopia 6 um anjo de solas de chrrnbo. Fascinante,mas completamente psicopata.

O imagindrio subvesivo, o qual n6s nm reclamanos,6 de uma outra esp6cie. Daquela da esperanqa De umaesperanga sem nenhum limite.

Le.Monde Libertaire", ne 474, de fevereiro 19g3. Orgdo da Federagio Anarquista.

27

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A ESTETICA D0 FRACASSO E A 0rutcn ounAvrt. QUEM runo corupREENDE 0 FRAcASSo rsrA pERDtDo.

ENTREVISTAi

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Neste n0mero, temos o prazer e a 'o-noratezza' de publicar uma entrevistacorn Ezio Fldvio Bazzo, o idealizador,'fondatore'_ e ex-editor desta vibora,que eq 1981, ainda quando os gorilas'estanam soltos e os por6es clandestinoscheiravam a sangue fresco, langou 'in-genuamente'o n6mero 01 desta revista.Aproveitamos para informar que somosradicalmente contra qualciuer tipo deentrevistas, por vdrias raz6es, a princi-pal delas porque n5o acreditamos quealgu6m seja o suficientemente impor-tante para tal... se nos permitimos essainf6mia; 6 porque estamos certos deque esta n6o ter6 nenhuma conotagiocom as sapi6ncias irigentes.,..

VlaOnn - O que motivou o nascimento da Vibora?Ezio Flavio Bazzo- Basicamente o desesperol O regresso

ao, Brasil, mesmo quando se estavavivendo no Congo, 6 desesperador.Aqui tudo era (ou 6) tribalesco, irreal,

irrespons6vel, Kafkiano... Algumaspessoas desesperadas se matam, ou-tras tentam langar-se h vida... foi omeu caso A Vibora nasceu de umavontade absurda de viver...

ViBORA - Contra o suicidio?EFB - De nenhuma maneira! Sou, isso sim, contra os mi-

lhares de ltrniddc que sfo experimentadc mrnosuicidios. Todas as mortes ocorridas sob pressio,por arErslia ou desespeo s5o honicidios, n6o sui-

cidios. O Estado, a famllia e a sociedade como umtodo deveriam ser processados por essas mortes. Osuicldio original 6 sempre um ato natural, tranquilo,voluntArio, definitivo... um verdadeiro ato de f6....

VIBORA - Um ato de f6?EFB - Sim, porque matar-se 6, no fundo, um tremendo ato

de f6. 56 se malam aqueles que cr6em que foradeste mundo haver6 outro mundo, que al6m destavida haverd outra vida. N&, os que estamos comos p6s atolados na poeira das estradas e que te-mos certeza de que a morte 16 o fim absoluto de tu-do, de todas as coisas, n6s n5o calmos na armadi-lha da pistola, n6o nos suicidamos porque nossaideologia 6 b6sica e radicalmente deste mundo.

VIBORA - A revista nasceu ateia?EFB - N5o, nasceu anti-teista. A indiferenEa nio era sufi-

ciente, era necessdrio lutar contra o mito, contra odogma, contra a patologia....

VIBORA - Voc6 acredita que a maioria dos leitores destarevista sio ateus?

COM UM CRIADOR DE VI6ONAS

EFB - De nenhuma maneira. 9fl" sio religiosos fandticos,macumbeiros, supersticiosos, misticos e fi6is... Aesquerda a direita, os do centro, os viados e osDon J,uans, todos estao infestados pelo delirio deque 6 possivel RE-LIGAR-SE, pela megalomaniade que basta cair de joelhos para entrar em contatocom o Senhor do Universo. Vitimas incurdveis domedo...

viaOnn - Falando ern !iado', algu6n afitmou que esta

revista 6 id6ntica a uma revista Gay alemb, isto6 verdade?

EFB - Pode at6 ser... os Gays alemdes s6o mais cultos emais politizadm que muitos de nossos PHDs. Ago-r4 wna ccisa 6 ceft, esse tipo de cdlica sernpe tern

como objetivo principal explicitar o pedantismo e oexibicionismo de quem estd fazendo a critica. Oscriticos em geral, s5o uns charlat6es vulgares... unsintelectuaizinhos de meia tijela.

V|BORA - Qual 6 lua opini6o sobre os intelectuais ou so-

. bre a "intelectualidade brasileira"?EFB - E dificil opinar sobre isso sem ferir a essOncia nar-

cisista desses grupos. falvez no Brasil nem exis-tam intelectuais. Se desclassificamos as paneli-nhas tipo Pasquin, tipo USP, tipo UNb, tipo lnstitu-tc Psiernlsticc, outos papagios que aparecs'nna TV dalianente, a charnada intelectualidade trasileira desaparece do mapa. Plagiadores vulgares,poetas de gabinete, moralistas disfargados sob os

transparente que este pais estd intelectualmenteatrasado mais de um s6culo em comparagdo comoutros paism, inclusive latino-americanos. EstA cla.ro que aqui pululam progressistas Ballantine's(parausar uma expressSo do Brizola) e intelectuais tipoBoteco, os quais n6o fazem mais que reproduzirum monte de besteiras que a Europa e os EEUU jaabandonaram h6 muito, al6m de promover a menti.ra, a descrenga e a neurose coletiva...

VIBORA - Falando em neurose, vocO estava planejandoum lnstituto de Psicologi4 que tipo de institutosera, tipo os institutm psicanaliticos?

EFB -Ora, 6 exatamente o contr6rio! N6o teria sentido--engendrar outro instituto como esses que existempor ai... nada de velhotes autoritd,rios, exploradoresde uma burguesia que tem dinheiro e que 6 burra osuficiente para deixarse o<florar em sil6rrio... nada

disso. O que pensaros 6 algo radicalmente dife-rente, um insti tuto Anarco-Nie2sche-Freudiano queestudara, junto com seus participantes, os meios,as formas e as estrat6gias para desmantelar umapor uma as armadilhas sociais que, em vig6ncia

postuladc progressistas, eis ai o prot6tipo de nos- - _ -..-. sa intdligenEia- ,,'7;,,:.i'1"'

visOnn - Para quem viveu fora do Brasil... i:14EFB - Para quem viveu fora do Brasil, Kleber, estd claro e

29

desde s6culos, fazem das pessoas uns chimpan-zds alienados. NF.o somos ing6nuos ao ponto deseguir confundindo (ou fingindo confundir) proble-mas sociol6gicos com problemas psicol6gicos...

abominamos todos os "professores" que seguemrepetindo como uns papagaios que "todos somosneur6ticos". Acreditamos, ma.is bem, que todos so-mos alienados, politicamente enganados, social-mente explorados, moralmente confundidos, eco-rpmicamente roubados, sexualmente castrados,etc., quest6es que devem ser tratadas nas ruas endo em consult6rios...

V|BORA - Quem participard dos trabalhos deserwolvidosno lnstituto?

EFB - Aqueles que quiserem, mas deve ficar claro que da-remos prefer6ncia aos individuc que estSo sendodespedagados pela sociedade, me rcfiro a6 negros, aos mendigos, aos viados, ac adolescentes,bs putas, bs criangasdmtenadas, que vagan ncitee dia sob os olhares covardes dc doutores e dasautoridades...

VIBORA - Serd tipo uma irstitutigSo filantr6pica?EFB - Niq Nurrca! N6o ssnm filantropos, odiamos a fi-

lantropia Serd urna irslituigSo que lurnionard me'vida por iddas, pelo ddo e pela fantasia de que os

seres podem por d sde lirimr d6 idedqt'as m+dievais que lhes foram introjetadas d forga na ca-bega e que c induzem a um rodopiar hist6rico ou a

uma in6rcia catat6nica.V|BORA - Das infimeras psicoterapias existentes, qual

voc6 acha mais eficiente?

EFB - Todas sdo in0teis. 56 servem para adocicar as pi-

lulas e fazer passaro tempo, tanto para os terapeu-

tas como para 6 pacientes, N6o queremos instituiroutro tipo de terapi4 devemos, isto sim, destruir as

CAUSAS do aniquilamenlo dos individuos, impedirque as criangas e os adolescentes sejam sistemAti-

camente massacrados pelos adultos (pais, profes-

sores, juize, vizinhos, padres, etc.,)... mas temos

drividas se isto serd possivel num sistema Pr6-Ca-pitalista cotno o nosso. Aqui tudo facilita a confu-

s6o psiquica das pessoas, sejam elas ricas ou po-

bres, brancas ou negras, sociais ou anti'sbciais...vivemos numa roda viva onde tudo 6 mentira, onde

a raiz das coisas est6 apoiada na mentira, na si-mulagdo e na teatralidade..,

VIBORA - Teatralidade?EFB - Por favor, ndo conote com o teatro grego, pois seria

un crime Ali6s, deFds dc gegm n6o se criou absolutamente nada, ndo se disse absolutamente na-

da, nem sobre artes, nem sobre ci6ncia, nem sobre

filosofia, nada. Max, Freud, os Profetas, Bakunin e

outros, ndo fizeram mds que plagiar descarada'mente os gregos. Falava em teatralidade no sen-

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tido pejorativo de que nesta Sociedadezinha canibalonde vivemos, ludo 6 regido pelo engano e pelo au-to-engano. Nada se poderA lazer de s6rio e deemancipador neste pals enquanto os jornais e a TVseguirem no nivel que est6o, enquanto seguiremsendo veiculos p0blicos de imbecilizagdo coletiva.Ligue a TV e analise... abra os jornais e analise...um bando de idiotas com o poder de invadir as ca-s6, errher c filhm de mentiras, e valores patolGgicos e de infAmias que coroardo a ideologia das

. pessoas...VIBORA - Anti-democrata?EFB _ para este momento sim. Ndo sor.l democrata, para

hoje, porque entendo a democracia como o estAgiomais avangado de uma sociedade, que s6 poderdvigorar juntamente com unta sociedade anarquista.Falar em democracia como se fala por todos os la-dos 6 uma afronta A intelig6ncia e a consciOncia.Falar em democracia em um sistema semi-feudal 6uma piada, uma burrice sem limites...

V|BORA - VocO escreve para alguns jornais, n6o 6?EFB - Escrevia. Depois que descobri que uma sala de re-

dagdo n6o difere em nada de uma sala <ie 4ele-gacia ou de uma imobiliiiria, passei a sentir vergonha. A imprensa do pais estd subjugada A CAmarae ao Senado, ao Clero e ao empresariado em geral,por conseguinte, ndo pode ser levada a s6rio. Asnoticias internacionais que a TV e os jornais mos-tram ao p0blico, s6o de um primarismo e de umaparcialidade de fazer vergonha a qualquer sujeitoque tem uma visSo mediana dos acontecimentospoliticos internacionais. As empresas de noticiasestdo, em 99/o dos casos, nas mSos de Multinacio-nais que inventam, distorcem e confundem os fa-tos, jogando com a impot6ncia e com a ingenuida-de das massas...

VfAOnn - E a Nova Rep0btica?EFB - PlatSo deve tremer na tumba!V|BORA - E a Constituinte?EFB - Uma Tone de Babel... uma suruba entre dominado-

res, entre latifundiSrios, entre empresdrios, entre ri-cos politicos que n6o representam nem o mais vildos eleitores... 6 uma vergonha contemporizdf:'corlessa com6dia. Nossos filhinhos est6o fudidos.

VIBORA - Que lazer?EIB - Solicitar um passaporte amanh6.VIBORA - Para onde?EFB - Para qualquer lugar do mundo que ndo tenha sido

colonizado por portugueses.ViBORA - E a grana para sobreviver.EFB - E prefefvel ser co,reirc ou leSo de chacara er Pais

do que qualquer coisa aqui... A vida dura apenas oi-to d6cadas, 6 um crime jog6-la pela janela como sefosse um preseruativo usado..._

31

s.-oat=--

vigOnn - Este pais seguird como ldpide da cultura jesui-

tica ou se emanciparA como despensa dos

asidticos, norte-americanos e europeus?

EFB - A cultura jesuitica estA longe de necessitar de uma

ldpide neste pais, pelo contrdrio, ela ocupa os pos-

tos mais elevados na politica e na educagio nacio-

nal, est6 viva como nunca. Quanto aos estrangei-

ros, estou cada vez mais convicto de que os princi-

pais inimigos de nossa economia, de nossa cultura(indios, negros, pobres, estudantes, desemprega-

dos, doentes mentais, etc.), ndo s6o estrangeiros,

sdo pessoas com nossas mesmas origens, s6 que,

por vias ilegais e corruptas chegaram a entronar-se

no centro de pseudo castas que agora os protegem

com pistoleiros e tudo... S5o caipiras desprezfveisque sustentam essa vergonha... no exterior, todo

mundo sabe disso.V|BORA - Por que o Estado sempe sugere aos individuc

solug6es coletivas?EFB - Porque 6 exatamente esta a fungfio do Estado,

aniquilar o senlimento de individualidade, baixar

o individuo dos picc da montanha para os reba-

nhos da planfcie, reduzir todo ato rcndrril6b a

atos evolucionddc, corverter manifestag6es cdadoras e 0nicas em eventos mediocres e massificados. E 6 incrivel como a mdquina estatalcumpre ri-

gorosamente com seus objetivos...ViBORA - E verdade que tanto a individualidade que c

capitalistas como os comunistas olerecem 6

um passo de emancipagdo na conquisia dohomem novo?

EFB - Nlo. A individualidade proposta por ambos 6 irreal

e enganosa. Nio se pode chegar a ser individtro

em nenhuma sociedade que ainda n6o tenha supe-

rado o que hoje chamamos de "familia", "Religiio",'Escola", "Estado", etc., com todas as idiotices que

cada uma dessas entidades promove e administra

sobre as pessoas, desde que nascem at6 o dia em

que rnorrem e sho enterradas num cemit6rio.'Nada

6 mais idiota, ridiculo e dispendioso gue um cemit6-rio. Sinto uma vergonha sem limites ao saber que

um dia, compuls6riamente, serei enterrado num

deles... E muito mais nobre ser jogado no mar oupassar por um fomo. o Hor.rgn no\ro, e o homemde Neanderthal...

VigOnn - A masturbaqdo 6 mais uma das indmeras in-

veng6es do capitalismo ou 6 um ato revolucio

n6rio?

EFB - A masturbaqdo pode at6 ser vista como "ato-re-

volucionArio" quando 6 praticada paia ironizar as

seitas e as ci6ncias que a proibemr mas em uma

sociedade onde a sexualidade fosse algo espontA-

neo, masturbar-se seria considerado sempre' como

uma aventurd..ins6lita e ex6tica. Atualmente a re-

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press6o social 6 tdo cruel, tdo hip6crita, que a mas-

turbag6o passou a ser algo cotidiano e "normal" en-

tre nossos punheteiros, uma catarse solit6ria, no

exilio Ce um quarto ou de um banheiro p0blico...

Existe algo de assr.rstador e de exbatenesfre na in-

trospecqdo e nos gestos de algudm se masturban-do... Talvez seja o gesto que mais nos faz lembrar

nossa semelhanqa com os gorilas, que mais nos diiconscidncia de quSo miserAvel 6 a posiqSo do SER

diante do universo.V|BORA - E para garantir a propriedade ou pelo apelo das

rnulheres que os homens se iludem e buscamuma Ercgio Petmanente?.

EFB - Os trotkistas podem confundir conr RwolugdoPemanente, ndo 6! Acho que nem pr.;r urha nem

por outra, mas simplesmente, para compensar

a flacidez permanente. E uma trag6dia para o ho-

mem "civilizado" ndo saber nunca se seu pau vai

levantar novamente ou Se a ereEdo de ontem foi a

0ltima, essa dfvida o leva a testar-se permanente-

mente. A assimetria entre o desejo (neur6ticc ou

1l5o) e a resposta fisico-fisiol6gica dos homens 6

algo brutal. Como as mulheres, os homens est6o

permanentemente lutando e buscando o impossi-

vel- mais ou menos como se nosso amor habitas-

se culra gdada Por cuFo lado, o sexo, ern nmsa

cdfura tern urna relagdo braba com a morte. Go-

zar, buscar o gpzo, o orgasmo, isto tamb6m pode

seruma estt:t{;ia sutil de nosso inconsciente para

clrelpr dssimuladamente a etemidade. Por incrivelque pareg4 algrrnas pessoas que n6o conseguem

'gozaL laz.qn urna relaqSo direta do orgasmo com a

mortg actranr que se se entregarem h loucura do

, .. €pzo, ndo corseguirdo retornar i vida e/ou A reali-

dade... De certa folma estdo certas, o orgasmo 6

, um morrer e um renascer permanente...

VIBORA - A scola ser6 sempre um m6todo de tortura?

EFB - Enquanto estiver a serviEo da Familia, do Estado e

da lgreja sim. E mais ou menos como a psiquiatria

que estd, desde muitos anos, a servigo da policia e

da sociedade-. "normalizada"., s6 que, por trabalhar

corn criancinhas fr6,geis e indefesas, tem um efeito

ainda mais tenifico sobre a vida e a tes6o de vi-

ver dos individuos.

ViAORn -Aqueles que se fazem de misticos querem o

rebanho para tosquid-lo no inverno, ou...

EFB - A respeito dos misticos, a palavra deve ser dada ao

nosso ilustre e irreverente companheiro E.M. Cio-

ran: "Olhai ao vosso redor, por todos os lados exis-

tem larvas que predicam, cada instituiqSo inventa

uma missdo: metaflsica para uso de macacos-.. To-

dos esses idiotas se esforgam para remedi4na vida

de todos, aspiram a isso os mendigos, as putas e

at6 mesmo os incurAveis. As calgadas do mundo,os templos e os hospitais estSo infestados de re-formadores. A Ansia de chegar a ser uma "fonte desucessos" atua sobre cada um desses taradcs, co-mo se fosse uma desordem mental ou uma maldi-96o. A sociedade atual 6 um inferno de "salvado-rgstt...tt

VIBORA - O que lhe interessa mais neste momento?EFB - A Buceta Minha vida gira alegre e apaixonadamen-

te ao redor da buceta VocO sabe muito bem que oeixo da humanidade gira ao redor, por baixo, pelolado e por cima da buceta buceta feminina de on-de eu, ConfrJcio, NapoleSo, vocd e o mais vil dosmendigos saimos. A questio nio 6 ter saido, 6 co-mo voltar definitivamente... Voltar em definitivo paraesse lugar de onde brotamos de forma severa eenigmdtica A[ a br.rceta! Esse lugar tdo suave on-de os ovos n6o se runpem e onde a lingua nio segasta, implantado no Everest das coxas, na planiciedo plexus e t6o bern guardado por uma centena depentelhos em caracol que, c0mplices das mais au-daciosas paix6es, defendem o mist6rio. A buceta

humana, Kleber, 6 o mais remoto e talvez o lnicoe verdadeiro enigma deste mundo. Suicidios, guer-ES, Umbandas, Constituintes, delirios, poesias,etc., tudo arranca dai, desse lugar inatingivel, semcontornos, et6reo e inalcangdvel, sua razdo de ser.Nenhuma beleza teria eco, nenhuma dor teria re-m6dio, nenhum espanto existiria longe dessa arcaque fabrica e consome nosso s6men. Varamos asfronteiras azuis dos espagos, descemos ao rincdomais t6trico dos mares, invadimos a parte maisdensa das florestas, chegamos at6 a manipular af6rmula do fogo, mas ndo apreendemos as leis e ocaos que governam essa delicada e assustadoraaventura.

ViBORA - lsso 6 verdade? Verdade para todo muncjo?EFB - N5o sei, s6 sei que a buceta segue enlouquecendo

os seres, tanto .os homens como as mulheres, se-gue sendo algo ausente que se pode tocar; prcsen-tesem imagem; luz ofuscante e impossivel que nospromete um consolo, um consolo que, prov6vel-mente, nos foi negado em outra galdxia...

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33

Ss'e-

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;I BRASIL:

UMCETEIRO

DEIMBECIS

Em uma repriblica de porta e porteirm, prevalecerd se

voc6 6 ou n6o 6 convidado para sentar+e h mesa c<rn os

urubus, chacais, patifes, rufi6es e gerentes dste voraz

pais.A carniga 6 servida E fede; E os brasileirm sentem-se

os "melhores do mundo" ao serem chamados para co'

m6-la com talheres de Prata.Empanturrados, lambuzados e sobretudo "alegres", sor-

riem o inevitAvel riso do malogro. E no meio datorpeza' e

decretolef samba-se o fim. A batucada vai marcando co-

tidianamente a cadOncia da morte.

O malogro entre brasileiros, 6 algo que nesta ilha de

degredo, hoje acontece. Porque s6 agora, 6 que alguns

desconfiaram que na festa de ontem a carniqa servida es-

tava envenenada Por quem? Porqu6?... Tarde demais pa-

ra o v6mito, cedo demais Para morer.Ent6o a brasilidade jona em abundAncia. lnstitui o pa-

tri6tico lerna salve+e quem puder. Feito um coragdo apu-

nhalado, o brasileiro esguicha um 6dio que nio existe, um

amor que ndo howe.Traldos e traidores, militares e civis, envenenados e en-

venenadores, assassinados e assassinos, roubados e la-

dr6es, seguram€e na mesma bandeira verde-amarela. E

com ela tentam cinicamente limpar a vergonha estampada

em suas caras."O POVO UNIDO JAMAIS SERA VENCIDO" gritou a

multid6o de brasileirostno ano de 1964 e 1984- A mis6ria

permanece. A multid66 de brasileiros 6 convocada como

sempre, para fiscalizaf, dedurar, entregar, denunciar, sus-

peitar, aliar, alistar nojex6rcito de marionetes. E assim "u-

nidos" brasileiro 6. Enquanto alguns senhores vio orques-

trando a velha cangdo nazi-fascista: "jamais serA vencido"'

Um economista, um polici4 um intelectual, um cantor,

34

KLEBER LIMA

un politico, um padre, um industrial, um sindicato, um lati-

f0ndiq um comunista wn avi5o, um passaporte, um libe-

ral, uma conta na Suig4 bastam'se paia lazer esta nag6o.

Doutores e doutores em pilhagem pelas universidades:

Ford, Rockfeller, Sorbone, Harvard e outros prostfbulos

mais, senadores pela Dow Chemical, comunista pelo alto

komando do KrOmlin, sindicalistas pelos cofres da social-

democracia, macabro lider dos "brasileiro" que tinha as

visceras podres e a obstinaqSo de comandar os jovens,

trabalhadores envergonhados, subversivos arrependidos,

banqueiros humanistas, turistas formados e disfarEados de

embaixadores pelo ltamaraty (especialistas em piqueni-

ques internacionais), analfabetos e aleijados de prazer,

gangsters de botecos, maricas emancipados, jogadores

"outdoors" de multinacionais, por mais que tentam trans-

vestir, n6o conseguem se livrar do estigma do fracasso, de

doentes, de miserdveis, de rejeitados e derrotados, de im-

becis. A canga 6 eterna para os que n6o sabem ver.

Para o capitalista, comunista, social-democrata, o Brasil

6 um grande neg6cio. E a mio de obra mais barata do

planeta e tem o privil6gio de ser sonsa.

Uma das virtudes do miserdvel 6 de ndo se importar

com quem esta gerenciando suas vidas, se sdo piratas,

abutres ou n6o.

Administrar a mis6ria 6 f6cil!

A medida de todas as coisas 6 a trapaqa. Usa-se o poli-

tico, uma esp6cie de farejador e cdo raivoso para teatrali-

zar e divertir os demais. Uma policia para por todos em

fila. Um banqueiro para agiotar. Um corrupto para bode

expiat6rio e um presidente ventriloquo .

Mas todo brasileiro 'dd wn ieifinho'. E se lorna inteli-

gente, dono de um bar, de uma pagtel'ar:ra; de um.super-

mercado, especialista em falar e escrever durante anos eanos sem dizer e escrever nada, se transforma em profes-sor, lider, rdpidos datildgrafos de m6quinas lBM, jornalista,

barman, publicit6rio, jogador de futebol, cantor, 916 fino,m al andro, es pertal h6o e simpatizante anarqu ista.

Mas tudo jii estava previsto neste laborat6rio para tes-tar ratos. Nada de novo, apenas os "donos" do mundodescuidaram enquanto laziam pipi. O iabirinto no qual osbrasileiros estdo metidos, a salda 6 a entrada e a enlrada6 a saida hd sOO anos.

C que importa aos proprietdrios d darmos voltas e vol-tas em torno do nada at6 econtrarmos o nada. Ou melhordiria o politico para todo o pals pela televisao: "O Brasilprecisa da ur.iio de todos n6s. Brasileiros e brasileiras, 6

chegado o momento de sermos os defensores legitimosdos nossos anseios e destinos. Nio percamos nosso pa-

pel na hist6ria". Se voc6 n6o lem ou desligou a TV nestepais, voc6 perde o TREM da hist6ria.

E entre uma propaganda de um novo carro e o 0ltimomodplo de presidente desta pdtria n6o existe diferenqaalguma. Ambos sdo anurrciados pelos jornais e televis6escomo um produto de corsumo. A democracia dos brasilei-ros 6 para ser vista na televisdo. Vejamos: C Cano & OPresidente - (Sdo equipados com novos instrumentos quedardo maior conforto e seguranga. Amplo e espaqoso. Li-beral e reformist4 reforma agrSri4 linhas nodernas e sua.-

ves, destruigdo harmoniosa, melhor autonomia em gran-des decis6es e grandes viagens. Discreto, decretos, emaior suavidade nas curvas, menor ruido, voc6 estA emboas m6os, sobdedade e desempenho que garantimos hA

500 anos de luta e vitrjrias por este Brasil afora. MecAnicae fiscais autorizadm por todo o pais. Neste vocO pode

confiar 6 o melhor, o aprovado e testados carro digo, pre-

sidente.)Ao se propagar este lixo, a serviddo e a solidio se

alastram e o brasileirc, pdsioneiro e carcereiro de si mes-mo vive covardemente seu destino servil. Por enquantoestii contente em limpar, fantasiar as bordas do trimuloem que ser6 enten'ado.

O fosso no qual c brasileirc terdo que se jogar para osalto de liberdade 6 sornbdq profundo e sem retorno. Um

imbecil ndo 6 suficientemente corajoso pra dizer, basta!Jarnais um imbecil deixard de se inocentar e industrializar

a canalhicq para passear nc jardins da liberdade. Jamaisquer perder seu lugar ao lado dos infelizes. Jamais deixard

de ter um prazq esguizofr6nico, demente,em ver seu povo

faminto mendigando e rastejando aos seus pes. Este 6 osonho, a liberdade e a democracia, que todos os brasilei-ros querem.

Em um pais de sentengas e condenados, prevalecerA

se voc6 6 ou ndo 6 s6rio o suficiente para suportar estaprisdo. Mas existe algo al6m nos meus olhos que brilha ecega um patife. E o meu mundo, meu sonho, meu sorriso,meu prazer sem limites...

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-3-A,GDT'-!--a.st

1, "Tocro ser humano que sorri 6 belo' O sorriso envia uma

energia positiva' Gente demais se acha feia, e essa 6 a pior das alie-

nag6es. Se irradiarem um pouco de felicidade' se tornardo belos' Se

se acreditarem feios, se tornareo feios" (Jim l{aynes}'

Ern outras palavras: voc6 6 corcunda, sua orelha 6 cafda' seu Ga-

belo 6 espetado, seu nariz 6 torto, os dentes cariados' o rsto marcado

por acidentes - mas garanto, meu velho, quando voc€ faz todas cai-

rem por voc6! Vamos: Quasimodo, voc€ 6 o mais bonito' V6 em fren-

te, felizardo.2. Que o falo ndo 6 o p6nis. Oue a castragdo simb6lica n5o 6 a

castragSo real..' Freud" Lacan, consortes'

Essa6umasutilezaescoldsticabemdiffcildeenfiarnacabegadas pessoas. Se o falo est6 assim t6o longe do membro viril' por que

persistir em querer continuar dando-lhe esse nome, por que alimentar

deliberadamente a confus6o sem6ntica? Mist6rio, mist6rio"'

Afinal de contas, que desfile miserdvel, toda essa hist6ria de fa-

lo, essa mitologia da castragSo: a impressSo que se tem' tamb6m aqui'

6 que a fidelidade ao sexo masculino (em outras palavras' o falocen-

trismo)s6desaparecedoconteridoexplicitododiscursoafimdemanter-se intacto em seus significantes'

3. Falocracia: den&neia legftima do poder do macho' mas tam-

b6m uma nova forma de intimidagSo' Homens ou mulheres' voc6s

acreditam estar falando a linguagem da liberagSo, mas ainda hii muito

obeliscos em seus fantasmas, muitas irvores grandes' muitos picos

pontudos'vocessaoobjetivamenteculpadosdaCarGnciadequeseacreditam subietiyamente asentos. Falocracia: valor penal e n5o mais

de an6lise, tal como a nog6o de inimigo do povo em stalin' conceito

6modo em cujo nome o outro sempre est6 errado por estar desacre-

datado desde logo, seia o que for que lhe diga. Grande auxiliar para-

n6ico, que neo serve mais para compreender, mas pala separar' apar-

tar, esmagar.' Mal-esse homem a aborda e id est6 descobrindo um passado em

comum com voc6. Ele adora e$sa rua pela qual voc6 est6 andando, es-

se bairro que ele acha t5o simpiitico, e os jeans que voc6 est6 usando.

Voc6 tem p6s para andar? Ele tamb6dr. olhos para ver? Mas ele tam-

b6n. Orelhc paro eortar? Q.re m-sa bucal Voc6 conre pela boca? Oue

incrivel! Voc0 nasceu de uma mulher que se chama sua mie? N5o 6

possivel? Mas 6 inacredit6vel descobrir em t6o pouco tempo tanta

coisa em comum... E assim prossegue a conversa, e espantos fingidos

em falsas surpressas, e essa riqueza verbal a deixa desolada e entio

voc6 se enche, abre as asas e vai voar sobre a cidade' Pelo menos isso

voc6 tem certeza de n5o ter em comum com ele! Mas claro que tem!

Ele tambdm decola, alcanga-a e pergunta: Pteroddctilo, al6m de tudo?

E ai voc€s dois riem, pois se reconheceram mutuamente.

I-3A,srrct-4.€r \\\

36

DAVID COOPER

Somos todos porm, naturalmente. As instituig6es hu-manas, naturalmentg sfo chiqueiros, fdbricas e abatedou-ros de porcos. Mre, por que "naturalmente"? O ,,por que"do "naturalmente" estA na pr6pria natureza da hist6ria. Osporcos chafurdam na lana coNrt a mesma naturalidadecom que chafurdamc na lama ecol6gica dos nossos efl0-rrios e lixos urbanc e rurais. Os porcos destroem a suaprole, e nfu tamb&n i rmsa maneira, human6ide, maissorrateira. Os dois modelc de sujeira descuidada e cani-balismo gratuito se assenrelham muito.

O casal burguds e corverrional 6 ao mesmo tempo umenorme porco bissexual e una imponente fdbrica de ba-con. Nisto reside a sua amtfg0idade fundamental. Aquelesque escapam por uma eventual saida de emergOncia, oudisfargados de trabalhadores, tendern a acabar num hos-picio, ou numa prisdo, ou etn algum outro abatecjouro. Al-guns conseguem realmente escapar, i custa de muito so-frimento e trabalho, e ficam sSos: estes caregam, inevita-velmente, um fardo prof6tico.

Quanto aos demais, acabamos todqs rolando numa co-va lamacenta bastante funda para nos enterar, ou conse-guimos ser fritos, como bacon bem tonadinho, num fornocremat6rio - aquecendo ao mesmo tempo os p6s-de-por-co dos nossos parentes.

Podem ter certeza de que ndo 6 por acaso que os jo_vens revoluciondrios americanos chamam de ,,porcos,'

Apolfcia e aos seus colaboradores, aos psiquiatras e is fal_sas autoridades em geral. Porco 6 uma identificagdo muitoprecisa. Mais ambigua 6 a outra expressdo, mother-fucker(fodedor. Oa mde) porque pode implicar uma limitaq6o cta

sexualidade a pr6pria mde ou uma libertagdo do tabu doincesto.

A despeito do canibalismo, o porco 6, do ponto de vistaanal-genital, o animal mais convidativo do mundo. A todosquantos se aproximam, ele oferece o cu dotado de umprotuberante liibio anal inferior. Talvez, pelo reconheci-mento deste convite A bestialidade, possamos descobrir ojeito de deixar de sermos as bestas que somos para osoutros. Poderiamos deixar de ser essa besta estranha quese arrasta em direE6o a Bel6m, para lA nascer de novo,como escreveu Yeats em um poema, expressando suateoria cOnica da hist6ria. Talvez possamos nos tornar ver-dadeiros profetas, e ndo falsos messias, transmitindo paraoutro mensagens verdadeiras em vez de tagarelar apenas.O falso messias simplesmente expulsa os maus espiritosdo louco transferindo-os para o suino que se lanEa h prGpria destruiq6o pelo despenhadeiro de Gadara. O verda_deiro profeta mostra ao outro, pelo exemplo pessoal, comodesaterrorizar as forgas demonfacas, como control6-lasdentro de si mesmo e, finalmente, como integ16-las e con-viver com elas. E de se perguntar qual foi a sorte posteriordo homem que disse chamar-se Legi6o, porque possulamuitas imagens internas, familiares e pr6-familiares (arcai_cas). Nesta parAbola, creio que se pode ter a certeza deuma coisa: a loucura saiu de fato do louco, mas n6o mor-reu com o suino - permaneceu no ar, disponivel para todoo mundo. Embora sempie particularizada em cada indivi_duo, a loucura 6 tamb6m algo que permeia o 6ter humano.A loucura 6 uma tentativa de visdo de um mundo novo emais verdadeiro, a ser alcanqado atrav6s cla desestrutura_Qdo (CesestruturaqSo que deve ser definitiva) do velhomundo condicionado.

Mas, voltemos aos porcos. Em italiano, as express6esporco dio e porcca madonna s6o consideradas blasfOmias.Na verdade, com estas invocaq6es (normalmente, olha-separa cima quando se as profere), pedimos nossa fus6osulna com Deus e com a Madonna - elevai-me desta terraporca at6 a vossa altura. E invocagdo, portanto, e n6oblasfOmia. As blasfdmias inglesas e francesas sdo sim-ples. Merde quer dizer que voc6 (ou alguma coisa) 6 umamerda ou deve ir cagar no mato. Fuck (foda) ou fuck you(foda-se) s6o inocentes, despidas de qualquer qualidadetranscendental e s6o, na verdaQe, anti-sexuais. O polonOs"vd foder a mde" 6 igualmente lmanente. N6o tem nacla aver com porcos.

37

Se os porcos tivessem asas' como diz o prov6rbio, tudo

poderia acontecer. Ora, talvez os porcos tenham, de fato,

asas misteriosas, que ndo vemos. E talvez ndo vejamos

-as suas asas PORQUE temos medo de que "tudo possa

acontecef mesmo. Neste caso, somos todos porcos' quer

com asas invisiveis, quer apenas com vestigios delas' Em

algumas pessoas, as asas sdo simplesmente invisiveis e a

qualquer momento pode-se fazO'las aparecen em outras,

os vestigios das asas talvez nunca lhes permitam ascen-

der e voar, nem mesmo em sonhos.

Ndo foi por mero acaso que Cerletti descobriu o "trata-

mento" de choque el6trico observando os porcos serem

mortos por eletrocuqdo nos abatedouros de Roma' Os

porcos que n6o morriam apresentavam alteraq6es notA-

veis no seu modo de comportamento; dai, naturalmente,

Cerletti comeqou a dar choques el6tricos nos seus pacien-

tes mentais para mudar o comportamento deles, assim

como Hitler matou 60.000 pacientes mentais, tanto como

'experi6ncia" como para "melhorar a :aQa"' Algo parecido

encontramos no livro cl6ssico do geneticista Kallman que

comeQa por enumerar os vArios modos cie se eliminarem

os geneticamente inferiores para punficar a raQa e, assim,

elevar o nlvel cultural da humanidade- Entre os psiquiatras

que atribuem causas gen6ticas e constitucionais A lotlcur4

um grande nilmero foi influerrciado pelo trabalho de Ka-

llman, apesar da sua metodologia duvidosa e dos resulta-

dos co ntradi t6rios pu bl i cados posteri ormente'

Mas, como n6s, o porco 6 sernpre cheio de dores'Como

na est6ria do chin6s, cuja casa se incendiou e cujos por-

cos foram assados. Ele pOs o dedo num deles, mas o reti-

rou depressa por causa do calor intenso. Chupou o dedo

dolorido e achou o sabor delicioso, descobrindo assim o

porco assado. Ndo hA dwida de que, nesta est6ria, havia

alguma intenq6o oculta no inc6ndio da casa. Todo ato de

comer 6 sacrificio dissimulado; toda gula 6. necrofilia dis-

farqada.O porco-humano assume muitas {ormas. Num agougue

de Londres hA um cartaz de urna moEa nua, em cujo corpo

traqaram linhas para assinalar as diversas peqas de carne,

os seios, as pernas, etc' O problema 6 que as pessoas

ndo fazem caso da violOncia que se comete contra as

rnulheres, reduzindo-as assim a meros objetos abjetos - e

as pr6prias mulheres, at6 agora, parece que ndm p'erce-

bem.A voracidade pode visar a partes do corpo humano,

pessoas inteiras, grupos ou ai6 classes inieiras'

A voracidade oral 6, talvez, a mais f6cil de se entender.

Muitas vezes, as mdes sentem seus beb6s tho vorazes

que parecem querer engolir o seio todo - no minimo! E,

naturalrnente, se os beb6s n6o s6o amamentados e carre-

gados "do jeito instintivamente correto", reclamar6o mais

alimento do que necessitam objetivamente' Esta voraci'

dade oral se enccntra no caso de pessoas que tomam

drogas fortes, ou Alcool em excesso, embora haja, ai, al6m

38

da situagSo oral infantil, muitos nfveis de inteligibilidadeque devem ser investigados analiticamente. O canibalismo6 a mais alta forma de fantasia da voracidade, mas, napr6tica, 6 uma expressdo direta ou ritual'rstica da fome.(Ver o filme de Pier Paolo Pasolini,' pocilga,)

Vejamos, por exemplo a voracidhdeicle evacuaEdo. Ma-nifesta-se como necessidade excessiva de cagar ou peidarnas pessoas, mijar sobre elas de uma grande altura, oucuspir-lhes na cara, como resposta a uma provocag6odesmedida. Pode chegar a limites psic6ticos, para usar qtermo no sentido convencional, com bombas e armamen-tos, como no caso do massacre de My Lai, no Vietn6, quefoi uma aut6ntica dernonstragdo de voracidade de evacua-96o. Agora, se vai haver algu6m com suficiente voracidadeanal langar a bomba*l ou deflagrar uma guerra quimica, jd6 outra questao.

A ess6ncia riltima da voracidade, a despeito da suaorientagdo para lor4 6 ser autodestruidora - afinal, o queo individuo devora ou caga em cima ou ao qual se tornasubserviente, 6 a si mesmo, 6 o seu pr6prio eul

O terceiro g6nero de voracidade envolvendo partes docorpo 6 o da voracidade de retengAo. E 6bvio que quandouma crianga ret6m as lezes que seriam como que um pre-sente para a mhe, estd sendo voraz (embora haja tamb6mum sentido born, da crianga estar sendo ,,ego-ista,,,

donade si, em controle dos seus pr6prios atos). Mais misteriosa6 a retengdo dos beb€s no ttero. Ndo acredito, nem porum instante, que isto seja expressdo de um temor vorazde mde; creio mais que exista uma voracidade coniventeentre a m6e e o bebfl para que o rjltimo permanega den_tro da primeira, cada qual consumindo vorazmente o outromediante um sussurar visceral, um cochichar atraves docord6o umbilical, dos intestinos, dos vasos sangriineos,dos ureteres e assim por diante. E preciso entender umpouco dessa linguagem visceral, para se entender algumacoisa da prematuridade e da p6s+naturidade. Se a voraci-dade for mutuamente satisfat6ria, como parece ser namaioria .dos casos, ndo ser6 necessAria umd intervengdois pressas. Mas, receio que esta satisfagdo m0tua ndoconstitua uma verdadeira estrutura de voracidade. A vora_cidade requer uma cisdo violenta entre aquele que 6 voraze aquele em relagdo a guem o voraz 6, ftraz. A solugdomais imediata para semelhante situagAo 6 a pessoa vorazempreender a an6lise da sua voracidade, e o outro, ele ouela, retirarse, ao menos temporanamente, do cendrio davoracidade, por mais penoso que isto seja. Segundo a mi_nha expeir€nci4 a voracidade raramente adv6m da priva_

96o real, mas sempre de fantasias de privagdo que devemser investigadas. Na verdade, a voracidade muitas vezesadv6m, n6o de uma privagdo real ou fantasiosa, mas deum excesso de amor. O excesso de amor induz um estadode coisas em que os nossos olhos ndo+orpfreos sdomaiores do que o nosso estdmago metafrsico. As pessoas

vorazes, assim, s6o como criangas que ficam doentes de_pois de comerem demais em festas de aniversdrio.

O beb6 deve sert ir-se - e ser sentido - como uma en-tidade humana separada, embora conjurtta, antes de nas-cer. E a melhor maneira de se obter esta sensagdo de se_paragSo 6 (A parte o ato da mde apalpar o seu abdome esentir a outra entidade pessoal dentro dele) os pais faze_rem amor durante a gravidez da mde. O impacto do p6nisno colo do 0tero faz o beb6 se sentir nitidamente ,'outro,'..Alteridade",

neste sentido, 6 bem o oposto da alienaqdo,que 6 fusSo e confusdo e perda e identidade numa outrapessoa ou num trabalho. Estas asserE6es sdo confirmadasna anamn6sia, quando bem conduzida, durante o trabalhopsicanalftico. Trata-se, na verdade, de recordagdo de expe-ri6ncia mais do que simples mem6ria direta. Durante a terapia, a certa altura, o individuo pode reviver as reaq6esfetais ao coito dos pais, sem o saber e sem delas ter me-m6ria em sentido comum(").

Finalmente, devemos considerar a voracidade que visaa pessoas inteiras e que cont6m em si todas as voracida-des acima mencionadas em relaqdo ds partes do corpo.Diversos s6o os motivos que levam as pessoas a se reuni-rem em grupos: algumas desejam manter a autonomia ea privacidade (mas n5o o segredo); enquanto outras dese-jam constituir r6plicas da familia, que invadiriam a auto-nomia dos outros. lsto 6 voracidade: a violaqdo do territ6riointerno da outra pessoa. Se prevalece (em geral por causada coniv6ncia dos outros), o grupo se desfaz, acairetando,muitas vezes, desastres individuais. Tamb6m a voracidadecompetitiva das pessoas, Avidas de fama e aclamaqao,provoca o desmantelamento da rede grupal.

H5, ainda, naturalmente, a necessidade de alimentar,como pessoas, as linhas de produq6o, o que n6o 6 outracoisa sen6o a voracidade; e a necessidade de alimentarcomputadores com informaq6es sobre as pessoas, o quetamb6m 6 voracidade.

E depois hd a voracidade de genocidio, como o clesejodo governo dos Estados Unidos de consumir o povo viet-namita.

Parece que somos todos uns porcos vorazes, ao mem-nos no Primeiro-mundo. Aclro que vou passar sem bacord

(*) Outra possibilidade a se considerar 6 a retenqdo do perlodomenstj!al na mulher que deseja um filho _ ndo naturalmente, mascomo expressSo de voracidade.

2cl

PROSTITUINTE"No mais alto trono do mundo o homem se senta sobre o traseiro (is-

so provoca riso), lJlas se dissermos que os presidentes, embaixadores,reis, papas, manequins, xeiques etc,, aldm de sentarem sobre a bundaainda est6o sobre um monte quente e fumegante do pr6prio excre-mento.., AH! isto causa angfistia universal" MOpJTAIGNE

.\\i'"{ ' \\ \\ .'l .\ ,r\ \

A sociedade d produzidapelas nossas vontades e o

estado por nossas Pen'er-sidades; a primetra pro-move nossa felicidadeunindo positivamentenossas inclinagdes, o se-zundo negativamente,ftstringindo.-nossos vi-cios. O estado dcomoa roupa, 6 o simbolo denossa inocOncia perdida:os palScios dos gover-nantes sao conslruIoossobre a.s rulnas dos jar-dins do paraiso.

40

:s_

B€RNRRD SI{RII'

Lucia Costafiera

Depois das barbaridades que a medicina instituciona-lizada vem cometendo com seus clientes - para nio dizervitimAs -, e em fungdo das arbitrariedades, tanto clinicascomo econ&nicas, que essa classe de profissionais temadministrado sobre um n0mero infinito de indivlduos inde-fesos e, muitas vezes, ignorantes, causando-lhes malesainda piores do que aqueles que estavam padecendo, 6interessante e pertinente reproduzir aqui alguns textos deGeorge Bemard Sharv sobre a quest6o, os quais, apesarde haverem sido escritos no s6culo passado, trazem umaatualidade assustadora.

OCARATER DUVIDOSO DA PROFISSAO UEOICAOr.rgo agora vozes indignadas, murmurando velhas

frases sobre o elevado cardter de t6o nobre profissSo esobre a honra e consciOncia profissional de seus mem-bros. Devo replicar que a profissdo m6dica ndo tem car6-ter elevado: tem, ao contrAriq um cardter infame. Nio co-nhego uma pessoa porderada e advertida que ndo com-preenda que a trag6rCia da enfemidade, no momento, 6 ade que nos entrega de mic atadas a uma profissdo deque profundamente desconfiamos, n6o apenm porque elaadvoga a prdtica das mais revoltantes crueldades, bus-cando expandir o conhecimento, e o justificb em t6rmos

MUR cfn cmn Dos

m€Dlcos/

que justificariam a prhtica de iguais crueldades em n6smesmos e nos nossos filhos (6 o mesmo que queimarLondres para fazer a experiOncia de um novo aparelho pa-tenteado para extinguir incdndio), mas ainda porque,quando choca o p0blico, procura tranquilizd-lo com menti.ras fabulosas. E esse o cardter que a profissdo m6dicatem tido at6 agora.

Quanto A honra e d consci6ncia dos chamados dou-tores, eles as tdm tanto quanto qualquer outras esp6cie dehomens, nem mais, nem menos. E quais os outros ho-mens que pretenderiam ser imparciais, tendo um forte in-teresse pecunlario no jogo? Ningu6m sup6e que os douto-res sejam menos virtuosos do que os Juizes. Mas um juiz,cujo saldrio e reptaqSo dependessem do veredito ern favcrdo acusado ou do queixoso, da vitima ou do delinquente,seria tdo pouco digno de confianga quanto um general quefigurasse na folha de pagamento.do inimigo. Oferecer-meum m6dico como jufz, e, depois colocar d sua disposigdona depend6ncia do suborno com uma vasta soma de di-nheiro e uma virtual garantia de que se cometer um erronada poderii ser provado contra ele, 6 ir muito al6m doslimites que se podem humanamente tolerar. NAo 6 precisofazer apelo ir ciOncia para proclamar ou acreditar que, emdadas circunstAncias, realizem operag6es desnecess6riase prolonguem as enfermidades lucrativas.

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POR OUE OS MEDrcOS NAO DIVERGEM

A verdade 6 que nunca haveria concordAncia p0blica

entre os cllnicos, se eles ndo tivessem estabelecido' como

regra, que o m6dico est6 sempre certo. Contudo, os que

cobram muito, nunca acham que os que cobram pouco es-

tdo certos. Se achassem, admitiriam que cobram em ex-

cesso a diferenEa. E, do mesmo modo, o que cobra pouco

ndo pode apoiar a noqio de que o dono do consult6rio da

esquina que cobra a metade de seu preEo estd em nivel

igual ao seu. Assim, pois, o leig;o tem de ser ensinado a

crer que a in{abilidade n5o 6 t6o absoluta, ocis iieve haver

tr6s qualidades de infalibilidade, uma vez que h6' trds pre-

qos. Agora, um m6dico n5o pode pensar que o seu prG

prio tratamento est6 certo e ao mesmo tempo admitir que

seu colega tem razdo ao prescrever um tratamento dife'rente, quando o paciente 6 o mesmo. Quem quer que conheqa bem os facultativm e tenha ouvido suas trocas de

impress6es m6dicas, feitas sem reservas, sabe que cada'um deles tem uma coleESo de anedotas a respeito dm er-

ros e desastres dos outros, e que a teoria de sua onisciOn-

cia e onipotdncia 6 tdo aceita por eles mesmo quanto oera por Moli6e. Ma, por esse mesrno motivq renhrn m6di-

co ousa acusar outro, publicamente, de impericia. E que o

acusador nunca estA suficientemente seguro de sua opini-

6o ao ponto de arruinar outro homem. E sabe que se essa

conduta fosse tolerada em sua profiss6o, nenhum m6dicopoderia garantir durante um ano o seu bom conceito e oseu ganha pho. O que resulta desse estado de coisas 6que a prolissdo m6dica 6 uma conspiragdo destinada a

ocultar suas pr6prias incapacidadeas. lsto, sem d0vida,pode ser dito de todas as outras profiss6es. Todas elas

s6o conspiragdes contra os leigos; e nio quero dizer que a

conspiraq6o m6dica seja melhor nem pior do que a conspi-

raE6o militar, a conspiraq6o juridica, a conspiraqio sacer-dotal, a conspiraqdo pedag6gica, a conspiraqdo monar-quista e aristocrdtica, a conspiraq6o liter6;ia e artistica, e

as inumerdveis conspiraq6es industrial, comercial, e finan-ceira, desde os sindicatos profissionais aos bancos de

controle do cAmbio, que comp6em o grande conflito a que

chamamos sociedade. Mas isso 6 menos suspeitado. Osradicais, que costumam advogar, como indispensiivel pre-

liminar da reforma social o estrangulamento do 0ltimo rei

com as tripas do riltimo padre, substituirdo o batismo obri-gat6rio pela vacinaglo obrigat6ria sem nenhum protesto.

SAO OS MEDICOS HOMENS DE CIENCIA?Presumo que ningu6m porfr em d0vida essa genera-

lizada e ilus6ria crenQa, j6 que para um individuo suficien-

temente ignorante, cada capitdo de escuna 6 um Galileu,

cada organista um Beethoven, cada afinador de piano um

Helmhol2, cada vendedor de pombos um Danruin, cada

escriba um Shakespeare, cada loeometivatnta inve-ng6o

42

(

miraculosa, e o seu maquinista nao menos digno de aomi-r:ag6o do que o pr6prio George Stepherson. Em verdade,na sua classe, coletivamente, os m6dicos n6o t&n maisesplrito cientifico do que os seus alfaiates, ou, se preferema invercao dos termos, os alfaiate ndo t&n menos espiri-to cientifico do que eles. Clinicar 6 urna arte, n6o umaciOncia qualquer leigo que tiver a cudmidade cientificanecessdria para apanhat rrn jomal cientifico e acompa-nhar a literatura do modmento cientificq sabe mais a res-peito deste do que m m&licc (prorravelmente a grandemaioda) que nio estSo interessados nisso e que clinicamapen€F para ganhar a vida Clinicar ndo 6 chegar a ter,sequer, a arte de oonservar a sa&de dos outros (nenhumm6dico corseguird nc aconselhar melhor dieta do que anossa pr6pda av6 ou o charlat6o mais pr6ximo). Acontece,excepcionalmente, que um outro clfnico faz contribuig6esA ciOncia mas, oorn muito maior freqii6nci4 sucede queeles tiram corrclus6e desastrosas de sua experiOncia cli-nica, porque n6o t&n corrcepgdo do m6todo cientifico eacreditam, como qualquer r0stico, que o confronto da rea-lidade e o manuseio das estatisticas ndo reclamam co-nhecimentos especiais. A diferenga entre um verdadeiromddico e um curandeiro reside principalmente no fato deque o primeiro 6 autorizado a assinar atestados de 6bito,para os quais ambc parecem ter iguais oportunidades decontribuir.

COIrcLUSoESl. Nada 6 mais perigoso do que um m6dico pobre.

Nem mesmo um patrSo ou senhorio empobrecidos.11. De todos c invetimentos anti-sociais, o mais an-

ti+ocial 6 o investimento na insalubridade.lll. Lembrese de que a doenga 6 uma contravengSo

i Lei e trate o m6dico como c0mplice se ele nlo a denun-ciar As autoddades de Sa0de Piblica

lV. Considere toda e qualquer morte como uma pos-sivel e, de acordo com as nossas leis, provdvel as-sassinato, convertendo-a em objeto de inqu6rito regular, efaga com que o m6dico seja executado profissionalmente,

isto 6, com o cancelamento de sua licenga para clinicar.V. Verifique cuidadosamente quantos m6dicos sdo

necessdrios para que a sua comunidade fique em boascondig6es de saide, evitando o registro de qualquer novom6dico, em excesso, a n6o ser que este seja um empre-gado da administragSo priblica, com sal6rio fixo.

Vl. Municipalize o serviEo m6dico e sanitdrio.Vll. Trate o operador particular exatamente como tra-

taria a um verdugo particular.Vlll. Trate as pessoas que anunciam tazer curas do

mesmo modo que trata os quiromantes e os vendedoresde buqiqanqas.

!X lnforme cuidadosamente ao p0blico, seja pormeio de estatfsticas especiais ou avisos a respeito de ca-sos individuais, sobre todas as enfermidades padecidaspelos m6dicos e pessoas de suas familias.

X. Torne obrigat6rio o uso, pelos m6dicos, em seureceitu6rio, al6m de seu nome e indicagdo de suas qualifi-cag6es, a legenda: "Lembre-se de que tamb6m sou mor-tal".

Xl. Ndo tente viver para sempre. Voc6 ndo consegui-r6.

Xll. Use sua sadde, inclusive ao ponto de gast6-la. Epara isto que ela serve. Gaste tudo quanto puder gastar,antes de morrer. E n6o viva mais do que deve.

){lll. Tome o maior cuidado para nascer ,bem e paraser bem cnado. lsto significa que sua mde deve ter umbom m6dico. Diligencie no sentido de freqrientar uma es-cola em que exista uma clinica escolar, onde sua nutriqdo,vista e dentes, bem como outros detalhes importantes, re-cebam os cuidados devidos. E no sentido de que tudo istoseja feito bs expensas da nag6o, pois do contrArio nioserd feitrr. As probatilidades ser6o quarenta por um4 mrnondo terA recursos financeiros para pagd-los, mesmo queesteja suficientemente informado sobre o que deve fazer.Se assim n6o proceder, serA como muitos sdo presente-mente: cidaddos nada sadios de uma naqdo que tamb6mn6o 6 sadia, e que nio possui a sensatez suficiente parase envergonhar ou se entristecer com um tal estado decoisas.

MULHERES - Hd, provavelmente, seis ou oito maneiras de castrar umhomem, mas as duas primeiras, que n6o recorrem ir faca trinchante,sfo provavelmente as mais importantes. Voc6 tanto pode 6xtirpar opau de um homem como remover um homem do seu p6nis.

43

NIETZSCHEDEMASIADAME,NTE

NIETZSCHE

E o abd6men que impede o homem de se considerar facilmente um deus.

O amigo doravante indesej6vel - Preferimos ter por inimigo o amigo cujas esperangas n6o podemos.satis-

fazer.

Considera-se a mulher profunda - Por que?, porque nela jamais chega-se ao fundo. A mulher nio 6 nemseguer superficial.

Governar - Uns governam pelo prazer de govemac outros para ndo serem gwemados: - entre dois males

escolheram o menor.

Mais vale dever - 'Mais vale dever do que pqlar com una moeda que n6o traz a nossa efigie!", assim oquer a nossa soberania

Mudar a pele - A vlbora que n6o pode mudar de pele, morre. Tal como os esplritos impedidos de mudar deopinido; deixam de ser espirito

Remedium amoris - Na maior parte dos casos, o que hd ainda de mais eficaz contra o amor 6 o velho re-m6dio radical: o anor partilhado.

Como nos devemos petdficar - Endurecer lentA lentamente, como um pedra preciosa - e acabar por ficarai tranquilo, para gozo da eternidade.

Uma mulher que prossegue uma vinganga venceria o pr6prio destino. A mulher 6 indiscutivelmentg maism6 que o homem e mais calculada; a bondade 6 nela forma de degeneresc6ncia.

Um ser tipicamente doente nio pode voltar a sarar, e ainda menos a curar€e por si pr6prio; para um ser ti-plicamente sauddvel, o estar doente pode por vezes constituir en6rgico estimulo de vida, de mais vida.

lnimigos das mulheres - "A mulher 6 nossa inimiga" - pela voz daquele que, enquanto homem, fala assimaos homens, exprime-se o instinto indomado, que nlo somente se odeia a si pr6prio mas tamb6m odeia os seus

meios.

Auanb mds a mudher for verdadeiramente mulher, tanto mais se defender6 com p6s e mdos dos direitosem gerat o eshdo de nafureza.a eterna quelqentre os s.exos, assinala-lhe, sem embargo possivel, o primeirolugar. At#r+ i minha definigdo do amor? E a 0nica digna de um fil6sofo. "Em relagdlo aos meios, o amor dguenq m seu tmdanentq 6dio mortal entre os sexos". Atendeu-se h minha resposta h pergunta sobre a manei-lzr otrrx' se Glfa, c(Ino se "salva" uma mulher? 'Faga-se-lhe um filho. A mulher precisa d-e filhos, o homem 6apenas meiol cslm falou Zaratustra.

Varnos, gentes compassivas e de boa vontade, uma tarefa espera-vos: libertar o mundo do conceito depunigio que o infestou comgletamente. Nio existe pior infecqdo. N6o somente colocamos este conceito na con-sequ6ncia dos nossos atos I e contudo, que loucura, que monstruosidade hd jd em considerar o efeito comocausa e puniglo! - mas Jizemos mais, gragas d infame sofistica do conceito de punigiq, arrancamos toda a puraconting6ncia do futuro. Este frenesi. ,leva-nos mesmo ao ponto de nos obrigarmos a experimentar a exist6nciacolrlo uma punigdo - dirse-ia que a educagSo da humanidade foi at6 ao presente dirigida pela imaginagio des-regrada de carcereiros e de canascos!

"EmancipagSo da mulhe/' significa 6dio instintivo da mulher infecunda contra a mulher fecunda; a luta con-tra o homem n6o passa de recurco, pretexto, t6tica. Ao elevar-se como "idealista", pretende fazer-se decair o ni-vel geral da mulher, ocultar a sua situagSo pr6pria; ndo hd mais seguro processo de atingir isso do que o ensinoliceal, o traje masculino, os direitos pollticos e eleitorais. No fundo, as emancipadas sio a! anArquicas no mundodo "etemo feminino", as est6reis, nas quais o mais fundo instinto 6 a vinganga....

Costumo considerar a pureza para comigo condigdo de exist6ncia; nio me mantenho nas situag6es impu-ras; banheme e nado constantemente em Agua lfmpida, num elemento completamente transparente e brilhan-te. Disto resulta serem as minhas relag6es com seres humanos constante prova de paci6ncia,'e a minha frumi-nidade nSo.consis-te, portanto, em simpatizar com os homens, mas em consentir+ne simpatizar com eles.... A mi-nha humanidade 6 uma constante vit6ria sobre mim.

Um pefigo dos partidos - Encontrase em quase todos os partidos uma afligdo ridicula mas ndo desprovidade pedgo: ela afeta todos os que durante anos foram fidis e dignos defensores da opini6o de um partido e que,um di4 subitamente, se apercebem que algu6m muito mais poderoso do que ele se apoderou Oa irombeta. bo-mo podedam suportar serem.reduzidos ao silOncio! Eis porque sobem o tom, e As vezes o alteram at6.

- .Q 9e1os enganam-se mutuamente: e isso porque no fundo s6 se estimam e amam a si pr6prios (ou o seupr6prio ideal, para me exprimir de um modo mais am6vel). Assim, o homem qre, qre a mutirei se;l,'pi.ifi.i,mas precisamente a mulher 6 essencialmente conflituosa como a gata, por mais habilidade que tenhi

"* O"r-r"apar6ncias pacfficas.

No banquete da multiddo - Que felicidade ser alimentado, como os pdssaros, na mdo de um ser que dd decomer bs aves sem as olhar de perto nem examinar os seus m6ritos! Viuer. coro um passaro qre ;;4" ;;sem levar o nome no bico! Encher-nre assim no banquete da multidao, 6 a minha felicidade.

Das relag6es com as celebridades - A) Mas por que 6 que evitas este grande homem? - B) N5o querory a ignorS-lo! os nossos defeitos n6o se conjugam: eu sou miope e oes-contiaoo,

" "r" usa os diamantes;hbc can tanto prazer como os verdadeiros.

IGom€fia fr verddeiro - Muitos s6o sinceros, n6o porque tenham horror em simular os sentimentos, masq$t tfu:treegrirfln yTa simulag6o convincente. Em resumo: nio t6rn contianga no seu talento de come-

dianEq c ffireln a leaHadg a "corn6dia do verdadeiro".

45

Nem sequer jsso chega! - N6o basta prwar uma coisa, 6 preciso ainda seduzir os homens a aceitd-la ou

elevA-los at6 dla. E por isso que quem sabe, deve aprender a dizer a sua sabedoria: e muitas vezes de maneira

tal que ela soa como uma loucura!

Como se reconhece o mds ardente - De duas pessoas qug lutam conjuntamente, ou se amam, ou se ad-miram, a mais ardente escolhe sempre a posigio mais desconfoftiivel. lsto vale igualmente para os povos.

Quem sabe? Sou porventura o primeiro psic6logo do etemo feminino. Todas elas gostam de mim, isto 6 jduma velha hist6ria, com excegAo das mulheres'infelizes", das'emancip€ld€ts", das incapazes de dar filhos.

Quem nunca estd s6! - O hornem receoso ignora o que 6 estar s& M senpre um inimigo por trds da cadei-ra. - Oh, quem nos poderia contar a hist&ia deste sentimento sutil a que chanamos solid6o!

Quem luta com morstrc deve velar por gue, ao fazFlo,"se neo harsforme ern monstro. E se tu olhares, du-rante muito tempo, para dentro de um abismq o aUsrno tamb&n olha para dento de ti.

euerer enganar-se - As pessoas invejosas e dotadas de uma intuigdo particularmente sutil procuran co-

nhecer mais exatamente o rival, para se poderem sentir superiores a este.

De nenhuma outra leitura sei que, como a de Shakespeare, despedage o coragdo: quanto deve ter solridoaquele homem para sentir de tal maneira a necessidade de ser bobo!

Doenga - Sob o nome de doenga 6 preciso enienden uma prematura aproximagdo da velhice, da fealdade,e dos juizos pessimistas: tudo coisas que marcham em conjunto.

"Conhega-te a ti mesmo" - s6 depois de conhecer todas as coisas o homem se conhecerd. Pois as coisassdo simplesmemte as fronteiras do homem.

Corruptor - A mais segura maneira de corromper um jovem 6 incitd-lo a esfnar mais quan pensa como eledo que quem pensa diferentemente.

Para sempre - Todos os esgotados amaldigoam o sol; Para eles o valor das drvores

Almas - Detesto as almas acanhadas: Nio t6m nada de bom, e quase nada de mau.

'Amigos, ndo h6 amigos!" exclamou o sdbio moribundo;""lnimigos, n6o h6 inimigos!" exclamo gu, o louco vivo. -"

Os preconceitos nascem dos intestinos.

Aquele que sup6e ter eniendido alguma coisa de mim,sua fantasia.

formou a meu respeito uma id6i5

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