revista vero - (parcial)

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1 VERO ELES SAIRAM DA FRENTE DOS COMPUTADORES Entrevista Especilista em semiótica analisa o uso de máscaras do filme V de Vingança em manifestações Meio Ambiente IFT educando para o manejo sustentável Missão Friuli Curso oferecido pela ONG profissionaliza jovens na comunicação Ano 1 - Edição 01 - 26 de junho de 2013

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Revista Vero

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VERO

ELES SAIRAMDA FRENTE

DOS COMPUTADORES

EntrevistaEspecilista em semiótica analisao uso de máscaras do filmeV de Vingança em manifestações

Meio AmbienteIFT educando para omanejo sustentável

Missão FriuliCurso oferecido pela ONG

profissionaliza jovens na comunicação

Ano 1 - Edição 01 - 26 de junho de 2013

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Editorial

O brasileiro cansou de esperar. Saiu da frente dos computadores e partiu para as ruas com cartazes, máscaras e com um sentimento cravado no pei-to. Um sentimento de raiva, mistura-do com desgosto, insatisfação e tan-tos outros mais que vinha guardando por anos e anos. O brasileiro parou o Brasil em plena Copa das Confe-derações e não foi para gritar ‘gol’, ‘olé’ ou ‘é campeão’. Não! O brasi-leiro gritou, mas foi um grito de ‘eu quero mudanças já’.

Ninguém imaginaria que o brasilei-ro não iria querer saber de futebol ten-

do uma copa no seu próprio quintal. O brasileiro viu que o padrão FIFA dos estádios deveriam estar presen-tes há muito tempo nas escolas, hos-pitais, transportes públicos, etc.

O brasileiro parou e espalhados por diversas cidades gritou, lutou, xingou e sonhou um país melhor que é possível. As redes sociais contribu-íram para esta unidade e organiza-ção de manifestações. Deixou claro a grandiosidade de seu pode. As redes sociais demonstrou que pode mover ainda mais pessoas às ruas que o pa-drão FIFA.

Manifestação padrão FIFA?

Índice4 E N T R E V I S T A6 MEIO AMBIENTE8 ESPORTE10 ESPECIAL12 MISSÃO FRIULI14 CULTURA15 VARIEDADES16 CORRUPÇÃO18 COLUNA

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Brasil: Manifestação dosmascarados?

O filme V de Vingança trata da ques-tão da democracia e o mundo também está entrando no novo milênio abolindo os sistemas de governos autoritários. O filme influenciou algo nestas ações?

É muito dificil vislumbrar esse todo, mas uma coisa podemos afirmar. A Tur-quia saiu na frente nesse processo. Não da luta em si. Porque isso é uma constante no mundo moderno, mas a forma de organiza-ção é que tomou todo mundo de surpresa.

O que era apenas um grande surto de identidades isoladas e cheias de vontade de repente ganhou vida. E na Turquia eles continuam muito criativos. Agora inventa-ram o protesto mudo. O que vemos é uma erupção de identidades: politico, sociais, morais, filosoficas. A coisa toda ganhou di-mensões totalmente dis-persas. Este tipo de condição, ou seja, de uma revolta social, só é possivel em culturas que experi-

mentam a depravação economica. No caso o Brasil, ai entramos no velho discurso, muitos ricos e muitos pobres, aquela ladai-nha que todos conhecem.

No caso do Brasil a farra passou dos limites. Se você estudar a história vai ver que isso é cícilico e a cada 10 ou 20 anos uma juventude do nada resolve se rebelar, mas a luta nunca é social. É sempe econô-mica: ônibus mais barato, por exemplo, na decada de 90 eu fui pra rua pra conseguir meia passagem. Veja, não temos um go-verno totalitario no brasil. É a mais pura democracia e a mais corrupta do mundo. Nunca lutamos por nossos direitos sociais e políticos e é aqui que enta a coisa mais estranha do mundo que eu chamo de “pa-radoxo criativo”. Os jovens vão pra rua protestar por pasagens mais baratas e na carona por outras coisas e usam a máscara do Guy Fowke. A maioria não faz a menor ideia do que isso representa e usa simples-mente porque é um acessório “legal”. Já que uma galerinha apareceu na internet usando, alias... a maioria não sabe o que tá fazendo na rua.

Essas pessoas estarem nas ruas pode ser considerado favorável ou não

para mudanças sociais?Na verdade, isso é bom e ruim

ao mesmo tempo. Pois, se a gente se voltar pra origem, ou seja, pra HQ vai ver que a coisa é bem mais complica-

da. O Anonymous pegou uma carona na revista do Alan Moore, o V de Vingança, uma publicação do final da decada de 80. A revista é complexa por isso vou apenas

me ater a relação com esse momento das passeatas e a mascara. Em V, temos uma discussão politico-ideológica, ou seja, a ideia é entender o conceito de Anarquia. O personagem é um perigoso terrorista que destrói simbolos do poder totalitario da uma ficticia inglaterra dominada pelo fascismo. Então, V representa um estágio de liberdade de ideias totatalitarias, não de governo, de ideias opressoras, de ideias que levam ao estado de letargia do sentimento, de amar por exemplo.

Vivemos em uma sociedade demo-crática. A utilização da máscara não é contraditória já qe o personaem luta contra um governo autoritário?

Então o Anarquismo significa ‘sem lí-der’, mas não ‘sem ordem’. O problema é que para conseguir esse intento é preciso começar pelo caos, terrorismo puro, des-

O mês de junho de 2013 sem dúvida será marcado pelo grande número de manifestações sociais pelo país. No mês da Copa das Confederações, o país do futebol deixou um pouco de lado o assunto esportivo e foi às ruas reclamar seus direitos.

Entretanto, um objeto vem chamando atenção, não apenas no Brasil, mas em todos os protestos mundiais: a utilização da máscara do filme V de Vingança por parte dos manifes-tantes. O objeto tornou-se item presente em todos os protestos, mas qual o verdadeiro sig-nificado deste simbolo? Será mesmo que ele condiz com o objetivo das manifestações?

Para saber mais sobre o assunto, realizamos uma entrevista com o publicitário, jorna-lista e especialista em artes visuais e semiótica, Marcus Dickson.

“a máscara é total-mente descabida e mostra a alienação total das pessoas”

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truição.A utopia do ‘governo do povo’, a ver-

dadeira liberdade de ir e vir, mas essa revol-ta só foi possível porque havia um governo fascista e opressor. O personagem dos qua-drinhos usa um mito inglês pra provocar o caos. Guy Fawkes, o revolucionario do século XV, que tentou explodir o parlame-to inglês, mas foi capturado pelo rei Jaime e decaptado no dia 5 de novembro, que séculos depois virou um dia historico. Mas com a opressão, o dia foi esquecido. Então V promove toda uma trama pra destruir o parlamento inglês e restaurar a liberdade dos ingleses.

Aqui vem o paradoxo: Não há revolu-ção pacívica. Claro, segundo essa ótica usar a máscara de Guy Fawkes distorce o valor original e ficar andando de um lado pro outro... pedindo paz e usando a mascara é totalmente descabido e mostra a alienação total das pessoas.

Estamos vendo muitas pessoas condenando o uso da máscara no as-pecto de dizer que estamos em uma democracia e por este motivo não se faz necessário o anonimato. Qual seu posicionamento?

A máscara tem outro propósito que não cabe nessas manisfestações, nem de brincadeira. Não concordo com o uso da máscara por razões obvias. Primeiro, o to-tal desconhecimento do que ela representa. Depois pela característica que essas passea-tas representam.

Vivemos numa democracia e precisa-mos respirar esse conceito com toda a sua esfera de possiblidades. A máscara era ne-cessária para provocar a destruição, o caos. Não creio que essa seja a ideia.

O que deve ter motivado o uso da máscara nas manifestações tanto no Brasil como nas internacionais?

O grupo de hackers anonimous. A máscara tem um design “provocador”. É meio o herói, mas é vilão. Todas es-sas pseudo contradições da classe média, que é quem ta nessas passeatas, não é o ‘povo’. A classe cezona só tá assistindo pra ver no que vai dar.

Então a garotada foi pra rua mos-trar indignação só que de maneira ‘style’ pra ficar bem no ‘instagram’. Não estou

desmecerendo o movimento. Ele é válido, justo e ex-tremamente neces-sário.

Então estas m a n i f e s t a ç õ e s são frutos das re-des sociais? Um tipo de ‘flash mo-bile’?

Exatamente. Agora, o que temos que ficar ligados é com a consequência des-se ato inconsequente. Porque agora que a coisa está ficando séria, a turma já ta gelando. Tem que estudar política, histó-ria do Brasil. Tem que ler mais, porque os políticos estão esperando o Brasil ser campeão da Copa das Confederações para contra atacar. E ai... a coisa vai ficar feia, porque essa geração não tem com-petência para lutar. Só pra fazer fotinha pro facebook.

A verdadeira mudança tem que acon-tecer nas eleições. Mas, fica a dúvida se até lá, o Brasil vai ser campeão do mundo e todo mundo vai esquecer isso.

Nesse processo de manifestações, novas lideranças vão aparecer? Seria o momento de algum desses mascara-dos tornarem líderes?

Esse é o momento propicio para to-marmos consciência. É aqui que apoio o movimento. A juventude acordar, pra mim tem a ver com provocar uma retomada de um posicionamento mais crítico, social e filosófico. Em toda a história o processo é o mesmo. Pegue a historia do Lula, tá na hora de todos fazermos a nossa parte. Chega de ficar esperando pelos ‘salvado-res da pátria.

Já lhe passou a dúvida que a mo-tivação dessas manifestações é mes-mo popular ou atrás da máscara pode estar um grupo político pensando nas próximas eleições?

Ainda não consegui me aprofunda para afirmar isso. É cedo e confuso ainda. Mas assim como na Turquia, é a mobili-zação que começa nas redes e vai pra rua que é a grande onda. Agora, é de se espe-rar que os ‘abutres’ fiquem circundando. Um político paraense, na ultima semana, tentou armar uma saída da doca. Pode? É nesse momento que o movimento precisa ficar atento. Ainda é cedo para avaliações neste sentido, mas uma coisa é certa: Vi-vemos um capítulo da História do Brasil lindo e com potência. Provou que nem to-dos estão dispostos a uma vida de ‘merda’. É aquela estória do graveto onde um você quebra facilmente, mas 20...

Este processo irá parar nos livros didáticos no futuro e a máscara se tornará símbolo destes momento his-tórico?

O processo histórico já está na in-ternet que é a nova base das crianças. É difícil dizer se os nossos estudantes vão estudar o que aconteceu neste período. Para responder temos que ver os desdo-bramentos disso tudo. E se a Dilma cair? E num erro de cálculo voltarmos para a ditadura? Vamos ver o que acontece.

Quanto a máscara, vejo apenas um pequeno modismo. Nada muito sério. Ela não tem representatividade nenhu-ma. A máscara continua sendo a cara do brasileiro. Sem aquela besteira de ‘cara pintada’. Aliás, agora sem a máscara da mediocridade, da idiotice e da falta de vontade.

“Então a garotada foi pra rua mostrar indignação só que de maneira ‘style’ pra ficar bem no Instagram”

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Manejar a florestapreservando o futuro

Preservar os recursos naturais é algo que todos estão acostumados a ouvir no cotidiano do dia-a-dia. A floresta tropical é um impor-tante símbolo da riqueza natural mundial e por isso é o centro das atenções quando se fala em pre-servação.

Porém, em uma sociedade em constante crescimento, não é pos-sível viver sem utilizar estes recur-sos, mas é possível desenvolver atividades que minimizem o im-pacto desta exploração e assim ga-rantir recursos futuros. Este é um dos objetivos do Instituto Flores-ta Tropical (IFT), uma ONG líder

do manejo florestal aplicado na região, e amplamente reconheci-do por ajudar a iniciar a prática de EIR (Exploração Madeireira de Impacto Reduzido) na Amazônia.

A instituição tem como missão a promoção e a adoção de boas práticas de manejo florestal, con-tribuindo para a conservação dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida da população.

Segndo a vice-secretária exe-cutiva do IFT, Larissa Stoner, a organização promove o manejo sustentável das florestas amazôni-cas através de educação, pesquisa, e programas de extensão.

“O manejo florestal já é pre-visto por Lei, na exploração de florestas amazônicas, desde 1965, através do Código Florestal Bra-sileiro. Em 1995, um decreto re-gulamentou o uso do manejo flo-restal na exploração de florestas na Bacia Amazônica, porém, falta o conhecimento técnico de como realizar essa exploração com bai-xo impacto e é aí que o IFT se apresenta contribuindo com as formações aos funcionários das empresas da região e até mesmo oferecendo formações para pro-fissionais e academicos das areas florestais”, afirma.

Instituto com sede no Estado do Pará é referência mundial na educação em manejo florestal

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Para a realização das for-mações em manejo suten-tável, o instituto possui o Centro de Treinamento em Manejo Florestal Roberto Bauch. Localizado no muni-cípio de Paragominas-PA, o centro conta com um acam-pamento com estrutura física capaz de comportar mais de 400 participantes de cursos anualmente, incluindo uma área florestal de aproxima-damente 5 mil hectares na qual o IFT promove as capa-citações e realiza demonstra-ções.

O centro de manejo é equi-pado com máquinas e equipa-mentos mantidos por dois de seus parceiros institucionais, a Caterpillar e a Stihl. “A par-ceria é muito importante para o funcionamento do Centro de Manejo Florestal Rober-to Bauch e para a execução dos cursos práticos, uma vez que esta estrutura permite a execução da filosofia de trei-namento do IFT no campo”, afirma a.

Até o início de 2011, o IFT já contava com cerca de 4.500 pessoas treinadas em práticas

de manejo florestal sustentá-vel e exploração madeireira de impacto reduzido. Além disso, pelo menos 12.000 pessoas, desde profissionais da área flo-restal a consumidores comuns, foram atingidas por ativida-des de sensibilização. Centro de referência em manejo flo-restal na região, o IFT apóia, mesmo que de forma indireta por meio de treinamentos, a maioria dos empreendimen-tos certificados pelo FSC em florestas naturais amazônicas. Para o IFT, manejar a floresta é conservá-la para sempre.

Roberto E. Bauch, agrôno-mo e silvicultor, foi consultor autônomo no Brasil e em paí-ses da América Central durante mais de trinta anos. Também foi especialista em manejo flo-restal e silvicultura. Trabalhou em diversos programas de as-sistência técnica, tanto no Brasil como no exterior, em engenha-ria agroflorestal e manejo de florestas naturais e plantadas. Participou do processo de certificação na SCS de 10 unidades de manejo florestal de planta-ções e de sete avaliações de manejo de florestas naturais.

Trabalhou na Nicarágua em um proje-to de cooperação técnica sueco (ASTI), em conjunto com organizações flores-tais governamentais e povos indígenas da Costa Atlântica, particularmente na área de manejo sustentado de recursos florestais. Participou da organização do novo Serviço Florestal Nicaragüense e

trabalhou em um Plano de Ação de Florestas Tropicais da FAO (TFAP/FAO) na Nicarágua, coordenando o plano estraté-gico para a utilização de lenha como combustível de forma sustentável e eficiente. Atuou como especialista no progra-ma PRODEAGRO, do Banco Mundial/PNUD, no Estado de Mato Grosso, trabalhando com

o manejo de recursos florestais naturais, objetivando a difusão de informações técnicas sobre o manejo sustentável de florestas tropicais úmidas. Também re-alizou consultoria com a GTZ ao Pro-jeto ProManejo, que teve como objetivo difundir a técnica do manejo floresta na Amazônia, por meio do incentivo às ini-ciativas promissoras, criar subsídios para a definição de políticas florestais adequa-das e testar um novo modelo de controle da atividade madeireira. Roberto Bauch faleceu em junho de 2007.

Quem foi Roberto E. Bauch?

Centro de treinamentos para as formações práticas

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Tem paraenses nooctógono

As artes marciais mistas, mais conhecida sob suas inciais em in-glês MMA (Mixed martial arts), vem ganhando nos últimos anos mais e mais fãs em todo o mun-do. No Pará o retrospecto não é diferente, nas academias espalha-das pelas cidades já é comum en-contrar a prática da modalidade para boa forma ou mesmo para quem sonha em se profissionali-zar e conquistar a fama mundial.

Atualmente a empresa estadu-nidense Ultimate Fighting Cham-pionship, é a principal e maior entidade que promove eventos de MMA do mundo. Com lu-tas impressionantes com seus grandes lutadores, cada evento realizado pela entidade permite o arrecadamento de milhões de doláres por meio do marketing e ingressos. Isso tudo permitin-do que a UFC consiga contratar sempre os melhores lutadores do mundo para os seus cards.

Embora a UFC seja uma em-presa dos Estados Unidos, os lutadores brasileiros são as prin-

cipais atrações dentro de um grupo formado por mais de 100 atletas especialistas nas mais va-riadas lutas existentes. Nomes como dos brasileiros Anderson Silva, Rodrigo Minotauro, Rogé-rio Minotouro, José Aldo, Júnior Cigano, Renan Barão, Wander-lei Silva, Vitor Belfort e outros brasileiros já estão marcados na histório dentro dos eventos do MMA mundial.

Porém, o Estado do Pará também está repre-sentado e diga-se de passagem, muito bem representado por atletas de origem paraense ou mesmo que adotaram o Es-tado como suas ca-sas. O Pará está no UFC com os nomes de Iliarde Santos, os irmãos Iuri Marajó e Ildemar Marajó, Mi-chel Trator e o bahia-no naturalizado para-ense (como o mesmo

costuma afirmar) Lyoto Machida que já foi inclusive campeão e de-tentor do cinturão da categoria dos pessos meio-pesados.

Além da UFC, existem ainda outras entidades de MMA espa-lhadas pelo Brasil e pelo mundo como a Jungle Fight (maior enti-dade da América Latina), Bella-tor MMA (segunda maior enti-dade do mundo, com sede nos Estados Unidos) e as brasileiras Max Fight e WFE Platinum.

MMA é o esporte que mais cresceu nos últimos anos e tem atletas paraenses como destaques mundiais

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O ponto de encontrodas manifestações

Os altos gastos com estádios para a competição deixaram grande parte da população brasileira insa-tisfeita, uma vez que investimen-tos em outras áreas como saúde e educação continuam precários. Mas desta vez o brasileiro não guardou o sentimento para sí próprio. O resultado foi que esta insatisfação explodiu justamente na Copa das Confederações da FIFA, conside-rada ‘evento teste para a Copa do Mundo.

Por meio das redes sociais a po-pulação organizou grandes ma-nifestações em várias cidades do país. A utilização das redes sociais para a organização das manifestações permitiu ainda uma breve com-paração com as manifestações populares ocorri-

das nos três últimos anos nos países árabes contra governos de regimes autoritários que ganhou o nome de ‘primavera árabe’.

As redes sociais nesses países fo-ram fundamentais para o processo e contribuiu para um grande número de envolvidos. A força das redes so-ciais foi tão evidente e preocupan-te para estes governos, que muitos delesintensificaram o bloqueio e as restrições às ferramentas para evitar que as revoltas se fortalecessem.

Um exemplo é a Síria, onde o presidente Bashar al Assad sofren-

do grande pressão para renun-ciar, probiu o uso das redes

sociais e a entrada de jor-nalistas internacionais. A pesar dos esforços dos autoritários, os ma-nifestantes encontraram

brechas utilizando ce-lulares para enviar vídeos

para fora do país com imagens dos conflitos.

Os vídeos postados no Youtu-be, e os textos do Twitter e Face-book foram uma forte resistência aos governos desses países. Assim, é possível definir a importância do acesso às redes sociais pelos mani-festantes para a continuidade da re-volução que ainda não tem previsão para terminar.

Segundo o jornalista e analista de mídias sociais, Luciano Santa Brígi-da, os Governos já têm ideia da for-ça e importância das redes sociais e “vêm buscando nos últimos anos responder ao desafio de ouvir mais seus cidadãos através dos meios di-gitais, inclusive das redes sociais”.

Para Luciano, a comunicação por meio das redes sociais ainda é algo novo para o governo e embora já seja dada atenção para o assunto, “ainda não há uma resposta clara de qual a melhor maneira de fazer isso”. Porém, o jornalista cita que o governo vem experimentando ações de comunicação por meio da internet e que esse é o caminho da democracia. “Há várias experiên-cias em andamento como as Con-sultas Públicas digitais de mudanças de legislação e códigos legais. Torço para que as vozes que forem as ruas ampliem ainda mais este desejo de diálogo e que o ‘cale-se’ de sistemas ditatoriais não impere de novo em nosso país”, afirma.

Protestos ocorreram em diversas cidades brasileiras e tiveram as redes sociais como local de suas organizações

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Muitas questões são levantadas na tentativa de compreender a re-lação das redes sociais e como as manifestações serão direcionadas. Segundo a jornalista e professora de Mídias Digitais, Ivana Oliveira, “ainda é cedo para avaliar todo o processo que está em curso”. Se-gundo ela a única coisa certa a se afirmar é que “as mídias sociais foram essenciais para que a auto organização deste processo ini-ciasse”.

A jornalista chama atenção para dois pontos que devem ser observados: a mobilização e co-laboração. “O sentido de com-partilhamento foi vivido. Vimos a sociedade em rede se manifestar claramente. O que propiciou o que podemos ver de um fenômeno de organização horizontal, sem lide-ranças aparentes e com temáticas

individualizadas”, explica.Ivana afirma ainda que as on-

das de manifestações e protestos no Brasil não podem ser vistas como acidentais e nem coincidên-cia. Segundo ela, tudo pode ser classificado como “um fenômeno social. Um fenômeno ocorrido por conta da sociedade em rede”.

Assim, tentar prever as resulta-dos concretos das manifestações é algo que dependerá não apenas das redes sociais. “As consequên-cias sociais serão frutos de outros elementos sociais: política, in-fluência de grupos, mobilização, etc”. Porém, as redes sociais tem papel especial no processo de or-ganização do primeiro passo para se conseguir as mudanças que é a mobilização das manifestações.

Motivação: comunicação da informação

Para o jornalista Luciano Santa Brígida, o grande número de mani-festações se deram principalmente à circulação das informações por meio das redes sociais. “É muito difícil ou até impossível prever o que teria acontecido sem as mídias sociais. Não vejo como presumir esse cenário. O importante é lem-brar que quanto mais informação estiver circulando e mais pessoas tomando conhecimento das cau-sas elas podem se unir para mudar o mundo, seja através de panfletos, como no século XVIII, ou através de bits no século XXI”, afirma.

Além disso, o jornalista afirma ainda que estas manifestações não devem ser caracterizadas como um modismo ou simples aglomeração sem rumo, mas uma manifestação

concreta de objet ivos definidos coletivamente em rede. “Os objeti-vos são muito claros e estão sendo discutidos em diversos canais digitais, mas poucas vezes mencionados nos meios tradicionais de comunica-ção de massa. Ainda estamos por ver se tais objetivos serão alcança-dos e quais outros resultados vi-rão, mas tenho certeza que as últi-mas semanas foram o passo inicial de algo muito maior”.

As redes sociais mostraram o poder de mobilização

“ainda é cedo para avaliar todo o processo que está em curso” Jornalista, Ivana Oliveira

“É muito difícil ou até impossível prever o que teria acontecido sem as mídias sociais” Analista de Mídias Digitais, Luciano Santa Brígida

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Missão Friuli e aComunicação na Amazônia

Em 1997, na periferia de Belém, um grupo idealizou um curso de Capacita-ção de comunicadores e receptores dos meios de comunicação. O curso volta-do para jovens pobres da grande Belém e com o objetivo de capacitá-los a partir dos instrumentos da comunicação so-cial.

O que não se imaginava é que aquela pequena formação era apenas o ponta-pé inicial para algo bem mais grandioso. Em 1998, a ideia já havia ganhado força e parceiros e o sonho do grupo foi pos-to em prática. Assim, foi realizado o 1º curso básico de comunicadores e recep-tores de rádio, jornal e televisão.

Realizado no bairro do Icuí-guajará, em Ananindeua, região metropolitana de Belém-PA, mais especificamente na escola ‘Celina del Tetto’, foram desen-volvidas as aulas teóricas da formação com um grupo de 30 jovens recebendo formação por seis meses de estudos da teoria e prática da comunicação social.

A formação permitiu aos jovens o domínio das principais teorias e práti-

cas dos meios de comunicação, além de fazer uma leitura mais crítica da comu-nicação. O trabalho frutificou e a neces-sidade de atender outras localidades foi percebida.

A coordenação escolheu outros bairros de Belém onde a exclusão e o risco social eram maiores. Padre Cláudio Pighin, principal idealizador do projeto, explica que a capacitação social foi cres-cente e transformadora e logo chamou atenção de setores da sociedade.

“Este reconhecimento ocorreu na-turalmente. O próprio Conselho Esta-dual de Educação percebeu a qualidade do curso e orientou que nós buscásse-mos o reconhecimento técnico”, expli-ca Pe Cláudio.

Em 2005, o grupo organizador das atividades resolve fundar a ONG Mis-são Friuli Amazônia. A nova entidade nasce do ideal da comunicação que transforma o ser humano, a partir de sua história pessoal e do convívio co-munitário.

Com o objetivo fundamentado em três importantes pilares: formação, pro-dução e espiritualidade. Baseando suas atividades por meio da capacitação na área técnica de comunicação social aos jovens, oferecer acompanhamento es-piritual a jovens ligados em suas ativi-dades, contribuir no processo de assis-tência social aos jovens envolvidos nas atividades, etc.

A entidade se apresenta então como uma instituição de caráter beneficente, educativo, cultural, religioso e de assis-tência social. Levando em consideração a responsabilidade social cristã em que é necessário realizar um mundo novo destacando a prática da caridade.

Já com a personalidade jurídica da instituição, a ONG conquista o reco-nhecimento de seu curso como nível técnico de comunicação. A Missão Friuli Amazônia investiu em equipa-mentos e montou laboratórios de rá-dio, vídeo e informática para as aulas práticas e o curso se firmou na escola de comunicação localizada na Traves-sa Pe. Prudêncio 345, ao lado da igreja do Rosário, no bairro do Comércio, em Belém-PA.

Com o reconhecimento da quali-dade da formação técnica, o curso foi alvo de grande procura por jovens e adultos com objetivo de se qualificarem profissionalmente para a área da comu-nicação social. Embora a instituição ter identidade católica, isso não se torna obstáculo para que o pessoas de outras religiões também sejam atendidas.

“Estamos na verdade preocupados como combater a violência e a reali-dade difícil que o jovem vem vivendo. Acreditamos que a formação deles é mais importante que a escolha reli-giosa. Nós nos preocupamos com a pessoa humana e é nela que fazemos o investimento”, diz o sacerdote.

Levando o pensamento missioná-rio de ‘avançar para águas mais pro-fundas’, Pe Cláudio Pighin explica ain-da que a Missão Friuli Amazônia tem objetivos mais amplos ainda. “Quere-mos transformar o curso técnico em superior. Além disso, também existe a vontade de espalhar a formação para outros municípios e assim capacitar os jovens carentes destes locais. Existe pedidos de vários lugares para a gen-te atuar e isso já vem sendo estudado pela ONG”, finaliza.

ONG oferece curso técnico em comunicação social que é destaque em qualidade de ensino

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Reconhecimentointernacional

A qualidade do curso técnico de Comunicação Social ultrapassou as fronteiras continentais. Em 2007, Ana Bella Biache Bul, veio da África para se tornar mais uma aluna do curso. O conhecimento adquirido pela estudan-te permitiu o melhor desenvolvimen-to de suas atividades em uma rádio de Guiné Bisau, seu país de origem.

O sucesso no resultado permitiu também a vinda de outro estudante de Guiné Bissau, Jacinto Mango, alu-no da turma de 2008. A permanência dos africanos, em Belém, foi ampara-da pela ONG Missão Friuli.

Contribuição para o mercado de trabalhoO curso técnico também é um

celeiro de vocações. Exemplo dis-so foi a história de Diorde Corrêa que identificou sua vocação na área da comunicação social. Estu-dante da turma de 2006, o jovem reconheceu que seria a área jorna-lística ser seguida como profissão. Ao final do curso conseguiu uma vaga em um curso de graduação em jornalismo. Hoje ele está for-mado, cursa pós-graduação e re-conhece que o curso técnico de comunicação foi fundamental para tomar a decisão de qual ca-minho seguir.

“O curso oferecido pela Mis-são Friuli tem um grande diferen-cial que são as formações das mais diversas áreas possíveis da comu-nicação social. Temos aulas de jornalismo, publicidade, edição de áudio e vídeo, cinegrafia, fotogra-fia e tantos outros assuntos. Isso é essencial para que possamos ava-

liar nossa verdadeira identificação profissional”, diz.

Além da escolha da área profis-sional a seguir, Diorde Corrêa ex-plica ainda que o curso técnico lhe permitiu entrar na faculdade com uma grande vantagem. “Quando iniciei a formação universitária já possuia a base técnica da comuni-cação. Não tive problemas para en-tender as primeiras disciplinas, pois já tinha estudado antes no curso da Missão Friuli”, afirma.

Além do conhecimento adqui-rido dentro do curso, o jornalista explica ainda que o diploma técnico também contribui para dar desta-que em seu currículo na busca por estágios. “Estamos falando de uma formação técnica reconhecida pelo Ministério da Educação. Foi um ano inteiro estudando a parte prática da comunicação social e isso é muito reconhecido por qualquer empre-sa. Todos sabemos da importância

de possuirmos cursos no currículo profissional e o técnico oferecido pela Missão Friuli só fica atrás de uma graduação mesmo”, diz.

Ao ser perguntado sobre o projeto de se criar um curso supe-rior de comunicação, Diorde Cor-rêa acredita que esta iniciativa só trará resultados positivos. “Todos os profissionais da comunicação em Belém conhecem a forma-ção técnica oferecida pela Missão Friuli e a consideram ótima. Se a ideia do curso de graduação de ní-vel superior for mesmo posta em prática, tenho total certeza que os profissionais formados por ela já entrarão no mercado de trabalho com um grande diferencial. A es-trutura do curso é muito boa, pois oferece uma ótima bibliteca, sala de aula estúdio e grandes profis-sionais para ministrarem as aulas. É algo que ninguém deve despre-zar”, finaliza.

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Terruá Pará e a riqueza damúsica paraense

Setenta e dois artistas musicais to-cando ritmos diferentes, porém, to-dos com uma mesma identidade: rit-mos genuinamentes paraenses. Esta é a Mostra Terruá Pará de Música - edição 2013. Os artistas se apre-sentam durante doze terças-feiras de muita musicalidade e animação no teatro Margarida Schivasappa. Ao fi-nal desta etapa decisiva, doze artistas serão selecionados para integrar os shows do Terruá pelo Brasil.

Lançado em 2006 e tendo a se-gunda edição em 2011, o Terruá Pará apresenta a pluralidade nas influências e sonoridades do Esta-do. É promovido pelo governo do Estado do Pará, através da Rede Cultura de Comunicação e reúne os diversos artistas que cantam o Pará em suas composições, instrumentos e arranjos. O objetivo do evento é dar mais visibilidade à música para-ense perante o Brasil.

Durante todas as terças-feiras de apresentações da mostra uma co-

missão artística formada pelo publi-citário e produtor Gustavo Rodri-gues, pelo radialista Beto Fares e do produtor cultural Márcio Macedo avaliam as apresentações com o bo-jetivo de selecionar os doze artistas que irão compor o espetáculo Ter-ruá Pará 2013 e assim circular algu-mas das capitais do Brasil.

Confira a agenda das próxi-mas apresentações da mostra Terruá Pará 2013:

02/07: Luê, Ely Farias, Davi Amorim, Ronaldo Silva, Rafael Lima, Allan Carvalho.

09/07: Mestre Vieira, Co-letivo Rádio Cipó, Pedrinho Callado, Vynil Laranja, Turbo, Espoleta Blues.

16/07: Manoel Cordeiro, Manezinho do Sax, Camila Honda, Zarabatana Jazz Band, Sonia Nascimento, Cruzeiri-nho.

23/07: Madame Saatan, Manari, Strobo, Loopcinico, Cronistas de Rua, Som de Pau Oco.

30/07: Felipe Cordeiro, Banda ARK, João Gonsalves, Aíla, Olivar Barreto, Molho Negro.

Mostra Terruá Pará de MúsicaPeríodo: de 14 de maio a 30 de julhoTodas as terças-feiras às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa - Centur (Avenida Gentil Bittencourt, 650 - Nazaré)Entrada Franca, com retirada de ingressos no dia dos shows na bi-lheteria do teatro (das 9h às 12h e das 15h às 18h). Sujeito à lotação.Mais informações: www.terrupara,com.br

Evento traz o que há de melhor da música paraense em um misto de ritmos e performances

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Destaques da SEMANA

Morre aos 87 anos Richard Matheson, autor de “Eu

Sou a Lenda”, filme estrela-do pelo ator Will Smith.

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Após polêmicas, Liam Ne-eson aceita gravar “Busca

Implacável 3”; ator ganhará 20 milhões de dólares.

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Esposa de David Beckham comenta sobre ele no pa-

pel de James Bond em 007: “Poderia ser!”

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Paysandu jogará na Curuzu contra São Caetano e Guarat-

inguetá, confirma CBF

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Sérgio Mallandro se apre-senta em Belém no próx-imo domingo, 30; ingres-

sos a partir de R$ 40.

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Fonoteca Pública Satyro de Melo, da Fundação

Tancredo Neves, comem-ora 26 anos nesta quarta

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“Natura Musical” terá Caetano Veloso, Paralamas

do Sucesso e Lenine

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Alex Winehouse, irmão de Amy Winehouse, diz que foi a bulimia que matou a cantora

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Morrissey prepara DVD para comemorar 25 anos de carreira solo: “Morris-

sey 25: Live”.

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WhatsApp atinge a marca de 250 milhões de usuári-

os ao redor do mundo

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Apple disponibilizará iPad mini no Brasil a partir de

25 de junho

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MCCE lança campanha paraEleições Limpas no Brasil

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) lan-çou a uma nova iniciativa para a coleta de mais de 1,5 milhão de assinaturas para a campanha Elei-ções Limpas. O objetivo é mudar o sistema eleitoral brasileiro de modo a permitir melhor organi-zação e definição no processo de-mocrático de escolha dos repre-sentantes políticos.

O diretor do MCCE, Márlon Reis, afirma que o atual sistema eleitoral não serve ao Brasil. “Se um dia ele serviu, hoje não serve mais. Ele não diz respeito aos nos-sos valores, ele desrespeita o senso da sociedade ao privilegiar o abu-so do poder político e econômico ao dar vazão à desigualdade nas disputas eleitorais”, diz.

Para tal afirmação, Márlon Reis, cita estatísticas que mostram que dos 513 deputados federais, 369 foram eleitos entre os que tinham mais volume de recursos financei-ros. Além disso, chama atenção ante as empresas privadas, em que o número de doadores pessoas fí-sicas é ínfimo, apenas 2% nas elei-ções de 2010.

O representante do MCCE diz que as eleições brasileiras são pagas por empresas e isso está er-rado na concepção das entidades que vêm trabalhando na constru-ção do projeto Eleições Limpas. “Se nós quisermos igualdade nas disputas, temos que construir ou-tro modelo de financiamento, um modelo que permita que a dispu-

ta aconteça não na base de quem tem mais dinheiro em caixa, mas na base de quem tiver as melhores propostas para o país”, afirma.

O MCCE e as entidades par-ceiras da campanha defendem que “é preciso reduzir imensamente os custos das campanhas”. Dessa maneira, a primeira proposta é a extinção de doação de empresas, pelo fato de empresas não serem titulares de direitos políticos, não exercerem cidadania, e sim, terem por finalidade a obtenção de lucro. Por isso elas têm agido com tanto vigor nas eleições.

Márlon Reis chama atenção ainda a respeito de pesquisas que demonstram a vinculação no au-mento na receita das empresas e as suas participações como do-adoras eleitorais. “É preciso o Financiamento Democrático de Campanha proposto pela cam-panha que se inicia agora”, fina-lizou.

O Conselho Federal da Or-dem dos Advogados do Brasil

(OAB) também é parceiro nesta campanha. Para seu presidente, Marcus Vinícius Furtado, as mo-dificações propostas pela campa-nha “devem se transformar em realidade em nosso país”. Ele in-formou ainda que para isso é ne-cessário acabar com a corrupção administrativa, de onde se inicia a corrupção eleitoral. O presidente da OAB define que o financia-mento democrático de campanha é fundamental para que se tenha Eleições Limpas e para o deses-tímulo de práticas indevidas de corrupção eleitoral.

Por fim, o presidente da OAB informou que todas as seccionais da Ordem, em todas as unidades da federação terão pontos para coleta de assinaturas para a cam-panha. Já o MCCE lembra que a coleta de assinaturas se dará por meio físico (formulário em papel) e meio eletrônico (acessando www.eleicoeslimpas.org.br) onde há certificação digital e segurança criptografada.

Objetivo é alcançar 1,5 milhão de assinaturas para aprovar lei de iniciativa popular

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Ricardo SettiManifestações: lembranças da Rio+20

Muita gen-te se assombra de ver as multi-dões que estão tomando conta das ruas brasi-leiras como se fosse um fato

inédito neste século. Na mídia fala-se do movimen-to “Fora Collor”, do início dos anos 90 e das mani-festações pelas eleições diretas, em meados dos anos 80. Mas não é preciso ir tão longe no tempo. No ano passado as ruas do Rio de Janeiro foram tomadas por manifestantes de todas as tribos com as mais diver-sas bandeiras. Havia índios, estudantes, ambientalistas, militantes urbanos, causas de todas as cores e tipos para a escolha do freguês, acontecia a Rio+20, a Con-ferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.

Terminada a conferência a mídia, que em sua maior parte só teve olhos e câmeras para os aspectos mais pitorescos, abandonou o tema para dar foco a seus temas prediletos: crime e futebol. Mas aqueles mani-festantes não desistiram de seus ideais e não abando-naram as bandeiras que carregaram com tanto vigor pelas ruas do Rio e pelo acampamento do Aterro do Flamengo, apenas voltaram para casa para avaliar, con-versar e fazer um balanço do que foi a conferência.

Estamos a uma ano da Rio+20. Nenhuma das bandeiras nas ruas é de fato nova ou estranha em manifestações populares. São todas bandeiras que já frequentam rodas de conversa de estudantes e mili-tantes sociais pelo Brasil a fora, apenas não tinham um elemento catalizador para retomar a luta nas ruas. Os 20 centavos serviram como uma luva para arrancar as bandeiras do marasmo e jogá-las de novo na boca do povo.

A luta por mobilidade urbana de qualidade, trans-porte público, contra a corrupção e uma fiada de ou-tras palavras de ordem nunca foram aposentadas, de

quando em quando ganham mais vivacidade. A demo-cracia tem disso, o povo fala. Na maior parte do tem-po ele fala e ninguém escuta, mas às vezes ele berra a pleno pulmão e não dá para ignorar.

Num primeiro momento, claro, são os prefeitos que devem dar uma resposta rápida e atuar no pre-ço e na qualidade do transporte urbano, mas não se pode parar por ai. Há demandas urgentes que estão sendo empurradas para baixo do tapete em áreas crí-ticas como saúde, saneamento e educação. Há a ne-cessidade de criar oportunidades de trabalho e renda para milhões de jovens que estão chegando à idade do trabalho e não conseguem ver perspectivas à frente e há, também, a necessidade de o Brasil parar de igno-rar suas mazelas como um sistema judiciário ineficaz e um sistema penal medieval.

Ao observador atento as ruas estão dando muitos recados. Em 2012 tivemos manifestações tranquilas e pitorescas no Rio de Janeiro, em 2013 estamos tendo manifestações sérias e ainda pacíficas em sua maior parte mostrando que há muita coisa sendo demandada e os governos ainda não estão conseguindo compre-ender. Em 2014 teremos Copa do Mundo e Eleições da Presidência da República, a sociedade sem resposta irá certamente se manifestar, e não apenas no voto.

Sempre que os políticos acreditam que sabem todas as respostas, a sociedade muda as perguntas

Jornalista, diretor da

Envolverde e especialista em

meio ambiente e desenvolvimento

sustentável

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