revista tv pelourinho

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REVISTA TV PELOURINHO NÚMERO 1 JUNHO DE 2014 1 O QUE PENSA CULTURA & ENTRETENIMENTO A contribuição do gestor no desenvolvimento de perspectivas profissionais para jovens p.4 REVISTA TV PELOURINHO NÚMERO 1 JUN/2014 Canais abertos incluem produções da TV Pelourinho em sua programação p.16 ALÉM DOS MUROS DA TV PELOURINHO Empregados e empregadores falam sobre a atuação de ex-alunos da ONG no mercado de trabalho p.10 ANDRÉ ACTIS

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A Revista TV Pelourinho é um produto apresentado ao curso de Comunicação Social da Faculdade da Cidade do Salvador como requisito para obtenção do grau de bacharel em jornalismo.

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Page 1: Revista TV Pelourinho

REVISTA TV PELOURINHO NÚMERO 1 JUNHO DE 2014 1

O QUE PENSA

CULTURA & ENTRETENIMENTOA contribuição do gestor no desenvolvimento de perspectivas profissionais para jovens p.4

REVI

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V PEL

OURI

NHO

MERO

1

JUN/

2014

Canais abertos incluem produções da TV Pelourinho em sua programação p.16

ALÉM DOS MUROS DA TV PELOURINHOEmpregados e empregadores falam sobre a atuação de ex-alunos da ONG no mercado de trabalho p.10

ANDRÉ ACTIS

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REVISTA TV PELOURINHO NÚMERO 1 JUNHO DE 20142

EDITORIAL

EXPEDIENTE FALE CONOSCO

SUMÁRIO

03

08

04

19

16

CARTA AO LEITOR

OPORTUNIDADE & MERCADO

MATÉRIA DE CAPA

INTERCÂMBIO

CULTURA & ENTRENIMENTO

Basta olhar o sobe e desce nas ladeiras culturais do bairro do Pelourinho pra sentir o grau de diversidade presente naquelas ruas e becos. Os cheiros de incenso, couro artesanal e tintas em telas pintadas ao ar livre, fazem do Centro Histórico um imã de sensações. Ao se deparar com a Casa de Jorge Amado, na subida do “Pelô”, ou cortando a religiosidade ancestral do Terreiro de Jesus, baianos e turistas vislumbram um espaço urbano que além de atrativo é rico por conservar nossas raízes.

Quiseram os deuses e os orixás que essa energia vital unificasse os sonhos de jovens empreendedores com os de adolescentes ávidos por mudanças no curso de suas vidas. Após seis anos de atuação da TV Pelourinho, fomos presenteados com mais uma iniciativa positiva. Através de um novo “braço” chamado Revista TV Pelourinho, produzido por alunos do curso de Jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador, temos a oportunidade de ampliar a divulgação de nossas ações. Este então é o ponto de partida para mais um capítulo de nossa história de contribuição social.

Nesta primeira edição, o leitor poderá compreender o processo de construção da ONG, parte do nosso cotidiano, nossas dificuldades, nossas parcerias e o trabalho realizado por gestores, alunos, ex-alunos e colaboradores. O formato desenvolvido pelos formandos colabora de tal forma que estabelece na plataforma digital, através de links, além do recurso habitual de leitura das revistas tradicionais, a possibilidade do internauta visualizar entrevistas em vídeos transformando o processo em uma experiência multimídia. Confesso que me sinto suspeito pra falar do resultado desta primeira edição, portanto, convido-o a uma boa leitura e demais visualizações.

Alex Maia,

Coordenador geral da Rede Jovem TV Pelourinho

Edição: Atila BarrosRevisão: Atila Barros e Vinicius RibeiroProjeto editorial: Atila BarrosProjeto gráfico e diagramação: Edileno Capistrano FilhoFoto de Capa: Ivan Erick Baldivieso/Agecom Reportagens: Cristiane Cruz, Marília Cristina e Vinicius RibeiroFotografia: Acervo Pessoal, Agecom, Marília Cristina e Rede Jovem TV Pelourinho e Secom.Instituição Acadêmica: Faculdade da Cidade do Salvador

facebook.com/TvPelo

twitter.com/tv_pelourinho

Rede Jovem TV PelourinhoRua das Laranjeiras, 16, Pelourinho. Salvador - BATelefone: (71) 3419-2068/ 2070

Revista TV Pelourinhowww.revistatvpelourinho.com.brrevistatvpelourinho@gmail.com

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CARTA AO LEITOR

ÉLIVA FALCÃO, 42 ANOS Conheci Cristiana Fernandes no segundo semestre de 2010, quando cursávamos o Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Algum tempo depois ingressamos na área de concentração em Cinema e Audiovisual. Foi assim que conheci o trabalho promovido pela TV Pelourinho. Aos 19 anos, Cris tinha uma boa experiência no mundo audiovisual e uma multiplicidade de conhecimento que envolviam fotografia, produção, cinegrafia, além de uma habilidade que chamava a atenção: a intimidade com a comunicação.

Suas apresentações e reportagens para a TV eram a prova de que a oportunidade na vida do jovem faz a diferença no seu futuro. Quem nasceu nas classes menos favorecidas da nossa sociedade, sabe o quanto é importante encontrar o caminho para a profissionalização.

A TV Pelourinho criou a oportunidade e o talento natural de Cris, associado a sua capacidade e dedicação fizeram dela uma excelente profissional. Esse é o retorno mais importante que a sociedade pode ter, quando um projeto alcança o êxito de transformar a vida das pessoas. Teremos mais adiante a grande jornalista Cris Fernandes, que certamente fará da sua trajetória um exemplo para as gerações que virão.

Élvia Falcão, 42 anos, moradora do bairro da Liberdade e amiga de Cris Fernandes, ex-aluna da TV Pelourinho e atual funcionária da instituição.

EMERSON MIRANDA, 20 ANOSConheci a TV Pelourinho através dos meios de comunicação. Ali vi uma oportunidade e não pensei duas vezes, fui fazer minha inscrição. Escolhi o curso de Fotografia. Comecei com aulas teóricas e em seguida práticas. Sendo aluno destaque da turma, quando havia eventos, gravações de programas entre outros, era convocado para fazer parte da equipe. Sou ex-aluno da TV Pelourinho, fiz parte da turma de 2012 do projeto e o curso teve duração de um ano e meio, passando depois por um processo de estágio e tem um ano que sou apresentador do programa “Alô Pelô”.

Minha primeira experiência como profissional foi no Carnaval de 2013, fazendo interprogramas para a TVE. Ali, tive a oportunidade de conhecer artistas e o mundo audiovisual por trás das câmeras. Não demorou quase nada após minha formação e abriram uma seleção para novos apresentadores. Vi a oportunidade de seguir meu sonho de atuar na área. Entre vários concorrentes só restaram três e eu estava lá, mas só tinha vaga para um, e fui o felizardo.

Comecei gravando uma semana sem compromisso, era um teste para ver como seria minha adaptação a essa nova fase. Após semanas, fui convocado a fazer um contrato e hoje faço parte dessa equipe.

Emerson Miranda, 20 anos, morador do bairro de São Caetano.

Cristiana Fernandes e Éliva Falcão

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CAPA

O QUE PENSA ANDRÉ ACTIS, O HOMEM À FRENTE DA TV PELOURINHO

Com o Centro Histórico de Salvador como cenário, fomos conhecer um pouco mais da história da Rede Jovem TV Pelourinho. Ela tem como principal objetivo resgatar a

autoestima, ajudar na transformação dos jovens que ingressam no projeto, dando uma base de cultura e cidadania, além de buscar qualificá-los para inserção no mercado de trabalho.

André Actis é o nome que melhor representa a concretização desse que, segundo ele, é um sonho chamado Rede Jovem TV Pelourinho, que integra o programa Ação pela Cidadania. Presidente e funda-dor da organização não governamental (ONG), criada em 2008, Actis é formado em Artes Cênicas, mas foi a graduação em Produção Audiovisual que abriu as portas de sua percepção para o trabalho que desen-volveria capacitando jovens. Sua identificação com o setor serviu como mola propulsora para que viesse a plantar na vida de diversos adolescentes a semente da mudança através da arte e da educação. Em en-trevista concedida a repórter Cristiane Cruz, para a Revista TV Pelourinho, ele fala sobre sua trajetória à frente da ONG, a importância social desencadeada por ela, parcerias e muito mais.

Revista TV Pelourinho - Como e quando surgiu a ideia de ter um projeto social voltado para o setor audiovisual?André Actis - Eu nasci no Nordeste de Amaralina (bair-ro populoso de Salvador). Vim de uma família muito pobre, muito humilde, e aos 10 anos de idade comecei a fazer teatro. Aquilo me fez enxergar que eu poderia ser muito mais do que eu estava vivendo. A partir de um projeto chamado Armazém das Artes, localizado no bairro, que visava capacitar jovens moradores do

A contribuição do gestor no desenvolvimento de perspectivas profissionais para jovens

André Actis, presidente e fundador da Rede Jovem TV Pelourinho

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CAPA

local, que na época era considerado o mais violento da cidade, através da formação em Artes Cênicas (teatro, cenografia, figurino e produção), isso em 2004/2005. Após minhas formações acadêmicas (Artes Cênicas, pela Ufba, e Produção Audiovisual, pela Unijorge), ide-alizei juntamente com o meu colega Alex Maia - ambos formados na área de audiovisual - a ONG Ação Pela Ci-dadania, uma iniciativa que pudesse realizar oficinas de audiovisual para a formação de jovens residentes no Centro Histórico e adjacências. Daí o projeto TV Pelouri-nho nasceu em 2008, e a partir de então, conseguimos expandi-lo para algumas cidades do interior da Bahia, formando assim a Rede Jovem TV Pelourinho.

RTP – Em quais cidades do interior têm o projeto Rede Jovem TV Pelourinho? Elas foram fundadas ao mesmo tempo?A.A. – Nós tínhamos unidades em três cidades: Irecê, Itamarajú e Senhor do Bonfim. Mas, atualmente trabalha-mos em duas delas e implantamos em períodos diferen-tes. A TV Irecê e TV Itamarajú foram fundadas em 2010, sendo que a Itamarajú já fechou por questões tecnológi-cas, por conta da logística e por causa de verbas, além de outros fatores. A TV Senhor do Bonfim que é conhecida como Vila Nova da Rainha, que é o nome antigo da cida-de, existe a três anos, fundada em 2011.

RTP - Quais são os cursos oferecidos em todas as unidades?A.A. - São os mesmos cursos oferecidos pela TV Pelouri-nho. Com a mesma metodologia, mesmo tempo, mes-mas disciplinas, mesmos focos, mesmos conteúdos, mes-ma carga horária. Tudo voltado ao audiovisual.

RTP - Quais são os cursos oferecidos e o público-al-vo do projeto?A.A. - Formamos jovens em três áreas: Produção, opera-dor de câmera e edição. Os cursos têm duração de um ano e ao término dele alguns alunos são selecionados para estagiar conosco, tendo a oportunidade de colocar em prática o que aprenderam. Trabalhamos com jovens entre 16 e 24 anos, que sejam estudantes de escola públi-ca, cadastrados no Bolsa Família e que tenham renda per capita de até meio salário mínimo.

RTP - Além desses critérios, o que esse jovem preci-sa ter para fazer parte da TV Pelourinho?A.A. - Interesse em aprender através do audiovisual, estar atento ao mundo, ser curioso, mas ficar atento a outros itens como geração de emprego e renda.

RTP - Quais são os benefícios que esses alunos têm a partir de quando são selecionados para as ofici-nas?A.A.- Além do aprendizado, de terem acesso a uma es-trutura que possibilita uma formação de qualidade e de terem contato com profissionais capacitados e dispos-tos a ajudar no crescimento dele, eles ganham um bolsa de R$130 para custear o transporte do mês e lanche.

RTP - De que forma vocês conseguem manter a continuidade do projeto em Salvador e nas outras cidades? Tem algum tipo de apoio financeiro?A.A. - Não temos nenhum tipo de ajuda financeira fixa de empresas ou do governo. Porém, terceirizamos ser-viços audiovisuais, através da nossa Produtora Social, para movimentação de capital, que entra para ajudar os custos que temos.

RTP - Quais são as dificuldades em manter um projeto como esse em funcionamento?A.A. - Enormes. Primeiro que um projeto social pra existir ou você é muito rico, um Bill Gates (dono da Microsoft), ou precisa buscar apoio do governo e empresas priva-das. Mas, de vez em quando, a gente consegue apoio governamental através de editais, mas esses apoios são limitados, alguns têm regras e limites. Por exemplo, tem algumas coisas que a gente não pode pagar pelo edi-tal, porque ele já tem uma estrutura, um padrão, nesses momentos que a gente não consegue pagar, buscamos parceiros privados através da prestação de serviço, pas-samos muitas dificuldades. Para se ter ideia, desde junho de 2013 que nós estamos sem convênio. A gente está buscando trabalhos extras e quando não tem verbas, eu tenho que tirar do meu bolso para pagar. Quando é necessário tenho que pedir mesmo. Quando a gente está à frente de um projeto como este, temos que ser realmente desinibido, empreendedor e, principalmen-te, acreditar no que projeto pode oferecer. Dentro da contemporaneidade do audiovisual, você precisa estar antenado com o mundo moderno.

NOS AJUDE A CONTINUAR E NÃO

PERMITA QUE O PROJETO ACABE

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CAPA

RTP – Que feedback vocês recebem das famílias, referente ao ingresso destes jovens na formação?A.A. - Já tivemos vários feedbacks, principalmente, porque realizamos um trabalho em conjunto com a família. Mesmo que esta família só tenha a mãe, a tia ou uma avó responsável por esses jovens, é necessário que a família esteja presente. Teve um caso em espe-cial, que foi o de uma mãe de um ex-aluno e colabo-rador chamado Alessandro Estrela, que fez parte da turma de 2007/2008, e hoje trabalha como editor na CNT. Eu encontrei dona Ana Cristina em um churrasco de aniversário na casa de um de nossos colaboradores, e mesmo com o pouco conhecimento entre nós, ela me disse assim: ‘Muito obrigada por tudo que você fez pelos meus filhos’. A irmã de Alessandro, Ingrid, tam-bém participou de um de nossos cursos. Aquilo me deixou muito emocionado, saber que o nosso proje-to nos responde tão positivamente com a família dos nossos ex-alunos.

RTP - Tem algum momento que tenha marcado sua vida desde quando iniciou a TV Pelourinho?A.A. - O que marcou mais foi quando nós não tínha-mos nem sala aqui no Pelô para alugar e começarmos a instalar o nosso projeto. Com essa dificuldade procurei Pola Ribeiro, que é ex-diretor do Instituto de Radiofusão Educativa da Bahia (Irdeb), mais alguns amigos que são

da área, e eles de fato quiseram nos ajudar. Pola inicial-mente queria ceder uma sala no próprio Irdeb, tempo-rariamente. Mas aí, ele mesmo batalhou com a gente e conseguimos essa casa, que é do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC). Foi quando eu vi que o projeto tomou uma dimensão e de repente se tornou algo muito bacana repercutindo na sociedade, na mídia e na imprensa. Meu amigo Alberto Pitta, presidente do Cor-tejo Afro, disse algo que me deixou emocionado: ‘depois do Olodum no Pelourinho, o que mais impactou aqui, sem desmerecer as outras coisas, foi a TV Pelourinho’

RTP - Na prática, de que forma o projeto encaminha esses jovens para o mercado de trabalho após o pe-ríodo de formação?

A.A. - Então, depois das oficinas nós selecionamos os alu-nos que mais se destacaram durantes as aulas, e eles passam a integrar nossa equipe como monitores, apresentadores, editores, cinegrafistas. Além da Produtora Social, que presta serviços audiovisuais para empresas, temos o programa “Alô Pelô”, que é veiculado na TVE Bahia (Televisão Educativa da Bahia). Ele é produzido aqui na sede e toda equipe é forma-da por ex-alunos e funcionários da TV Pelourinho. Já em par-ceria com a CNT, produzíamos o “Tudo que Há”, era exibido aos sábados, mas atualmente não está no ar. Também indi-camos esses alunos para empresas. Uma das nossas maiores preocupações é inseri-los no mercado de trabalho.

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CAPA

RTP – Além de participarem do pro-jeto após o curso, de indicá-los para as empresas, de que forma vocês in-centivam esses alunos para que se-jam independentes? A.A. - Nós tentamos criar diversas ma-neiras para que esses jovens se tornem autônomos. Tentamos criar uma coope-rativa, depois uma empresa júnior que só poderia ser aberta sobre a jurisdição de uma universidade, e nenhuma das duas deu certo. A partir daí, fomos junta-mente com os jovens ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), para conhecermos como funcionava o processo do Microempre-endedor Individual (MEI), e depois que tivemos todas as informações, acaba-mos cadastrando cada um deles como microempreendedores. Eles fazem tra-balhos como autônomos, emitem nota fiscal, pagam a contribuição para a apo-sentadoria ao INSS todo mês, e eu cobro isso deles, para que andem com tudo em dia.

RTP - Deixe um recado para que mais jovens venham a ingressar nas ofici-nas que a TV Pelourinho oferece.A.A. - Eu digo a esses jovens que ve-nham conhecer o nosso projeto. Que conheçam como funcionam os nossos cursos, pois temos muito a ensinar para eles. Essa é uma oportunidade para que tenham um futuro promissor.

RTP – Qual pedido faria em favor da TV Pelourinho?A.A. – Peço para os “homens” (fazendo sinal de aspas), ou seja, para as pessoas, que compreendam a importância da TV Pelourinho para formação cultural e cidadã destes jovens. Geralmente, são pessoas negras que moram na periferia, onde existe muita violência, infelizmen-te, mas eles não fazem parte dela. Refor-ço o meu pedido para que, pelo amor de Deus, nos ajude a continuar e não per-mita que o projeto acabe.

AQUILO ME FEZ ENXERGAR QUE EU PODERIA SER

MUITO MAIS DO QUE EU ESTAVA VIVENDO

Ivan Erick Baldivieso/Agecom

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OPORTUNIDADE & MERCADO

PRODUTORA SOCIAL: TEORIA E PRÁTICA NO AUXÍLIO À INSERÇÃO DE JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO

Atuando desde 2010 como uma empresa júnior, a Produtora So-cial, atrelada à TV Pelourinho, foi criada para servir como uma iniciação profissional dos alunos que se destacaram durante o curso, e promover a sustentabilidade do projeto. Atualmente,

17 ex-alunos da instituição fazem parte do quadro de funcionários da produtora. “Geralmente, quando os jovens encerram o curso profissiona-lizante, eles permanecem trabalhando aqui com a gente ou se tornam instrutores da TV Pelourinho. Em outros casos, são direcionados para em-presas”, destaca Elismar Lima, coordenador da Produtora Social.

Produzindo materiais para programas de TV, peças institucionais, docu-mentários, propagandas, a Produtora Social é uma das fontes de renda da TV Pelourinho para continuidade do projeto e o pagamento da equi-pe. “Os serviços oferecidos funcionam como meio de captação de recur-sos para o projeto; dessa forma, os lucros obtidos com os trabalhos são divididos proporcionalmente entre a instituição e o quadro de funcioná-rios”, explica Lima.

Apesar de existir a quatro anos, a empresa não é muito conhecida, se-gundo relato do coordenador. “O nosso grande desafio é propagar o trabalho que desenvolvemos aqui. Além do custo benefício, damos tam-bém oportunidade a esses novos profissionais formados periodicamen-te. Eles têm a possibilidade de colocar em prática o que aprenderam, produzido vários tipos de produtos audiovisuais”, destaca Lima.

Entre os clientes para quem já prestaram serviços estão o Instituto de Radiodifusão da Bahia (IRDEB), Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Um dos trabalhos mais recentes que realizamos foram os vídeos com duração de um mi-nuto para o Hotel Pestana. Eles foram produzidos por jovens formados na Oficina de TV e que atualmente colaboram com a Produtora Social”, comemorou.

Como contratar o serviçoPara quem estiver interessado em produzir algum material audiovisual com a Produtora Social deve entrar em contato através do e-mail [email protected] ou do telefone (71) 3419-2068/ 2070. A produ-tora oferece recursos para produção de programa de TV, propagandas, radio novela, programas esportivos, peças institucionais, documentários. Os valores variam a depender da modalidade requisitada.

“O nosso grande desafio é propagar o trabalho que desenvolvemos aqui”

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OPORTUNIDADE & MERCADO

PRODUTORA SOCIAL E CEPAIA, UMA RELAÇÃO DE PARCERIA CONTRA PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS

Não só as eventuais uniões amorosas caracteri-zam o Carnaval de Salvador. Em 2012, o Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia), vinculado à Universidade do Estado da

Bahia (Uneb), firmou uma parceria com a Produtora Social da TV Pelourinho para mapear práticas de discriminação racial durante a festa.

Esta união proporcionou ao centro de pesquisas não só um custo mais acessível, mas a certeza de benefício mú-tuo em prol de ações afirmativas. O Cepaia se destina à promoção de estudos, pesquisas e formação, estabele-cendo um espaço de debate e interlocução sobre as po-pulações negras do Brasil, da África e das Américas, de modo a fortalecer a revisão crítica de nações etnocêntri-cas e o processo de institucionalização de políticas públi-cas que visam à superação de práticas discriminatórias.

Assim como a Produtora Social, o Cepaia possui sede no Centro Histórico de Salvador, e o trabalho desenvolvido

pela TV Pelourinho chamou a atenção do órgão, pelo fato de terem o mesmo objetivo: combater a exclusão social.

Uma equipe do Cepaia, composta pelos professores Val-deli Santos Silva, Selene Fonseca e Nelson da Mata, ela-borou o projeto “Racismo no Carnaval de Salvador”. Ele visava revelar, via recursos audiovisuais, um relatório de-talhado com fontes primárias e secundárias sobre o racis-mo durante a festa na cidade soteropolitana.

O pesquisador e professor Nelson da Mata lembra como aconteceu a contratação da Produtora Social. “Para a realiza-ção desse vídeo, nós fizemos uma licitação no sistema ele-trônico da universidade, e a TV Pelourinho foi a vencedora. Foi assim que chegamos a esta ONG. Fizemos uma pesquisa, colocamos o produto numa disputa para que os interessa-dos dissessem o que queriam fazer, e quem tivesse o melhor serviço seria o escolhido”, explicou Mata. “A Produtora Social teve a melhor proposta, melhor preço, melhor condução téc-nica, e, junto com a qualidade, superou as outras”, finalizou.

O objetivo da parceira era elaborar um vídeo de entre-vistas com pessoas, agentes culturais e produtores que pudessem mostrar a realidade do racismo no Carnaval, quase sempre registrada por agressões e atos precon-ceituosos. “Nosso projeto buscava desvendar a natureza subliminar do que informa e conforma a realização do Carnaval de Salvador”, afirma Mata.

Para o trabalho foram gravadas entrevistas com 11 pes-soas, com temas referentes ao racismo no Brasil, auto-i-dentificação, ética da percepção, organização do racismo no Carnaval e como superá-lo nesse grande evento. Esses tópicos foram tratados e editados com vídeos de 40 mi-nutos intitulados “Racismo no Carnaval de Salvador”, que estreou na TVE durante a festa desse ano.

“As outras produtoras da cidade são equivalentes, mas o diferencial dessa foi a difusão social do seu trabalho. A profissionalização de jovens e o preparação deles para vida profissional”, pontua o professor e pesquisador.

Nelson da Mata, professor e pesquisador do Cepaia

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OPORTUNIDADE & MERCADO

ALÉM DOS MUROS DA TV PELOURINHOEmpregados e empregadores falam sobre a atuação de ex-alunos da ONG no mercado de trabalho

Ao serem selecionados pela TV Pelourinho, diversos jo-vens preparam-se para in-gressar no concorrido mer-

cado de trabalho. Quando essa meta é alcançada, é chegada a hora de colocar em prática o que foi visto em um ano de curso. Ou seja, é hora de andar com as próprias pernas além dos muros do projeto. Pensando em um relato desta transição, conversa-mos com Adriano Inagê Kaluanã, 19 anos, e Alessandro Estrela, 24, ex-alu-nos da instituição, ouvindo também seus respectivos gestores, expondo assim, as primeiras impressões de empregados e empregadores.

Há cinco meses estagiando na produ-tora 3D Reality, localizada na Avenida Tancredo Neves, Inagê Kaluanã expli-ca as diferenças existentes entre as duas atmosferas de trabalho. “Na TV Pelourinho, o aprendizado da edição é voltado para o audiovisual mesmo, e aqui na empresa, a edição é mais crítica, ou seja, muitas vezes não tem roteiro pré-definido, a não ser quando o cliente manda pra gente”, aponta.

A empresa, que também possui es-critório em São Paulo, abriu as portas para o ex-aluno da TV Pelourinho através da escola de computação gráfica Saga. O diretor da 3D Reality em Salvador, Felipe Marques, afirma que a empresa “não trabalha com ro-tatividade em seu quadro funcional, e o desenvolvimento do estagiário está dando a atender que será efe-tivado”. Marques ressalta que para o aspirante ser absorvido “depende ba-sicamente dele”.

Inagê Kaluanã

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OPORTUNIDADE & MERCADO

Quando questionado sobre possíveis dificuldades de adaptação do colaborador à rotina da produtora, Mar-ques faz questão de destacar a importância da TV Pelou-rinho na formação do jovem residente no bairro da Mata Escura. “Ele não apresentou maiores dificuldades, pelo contrário, sua bagagem prévia adquirida lá [TV Pelouri-nho] ajudou muito no processo de adaptação”, pontuou.

Futuro e famíliaOutro exemplo de cria da TV Pelourinho é Alessandro Estrela. O jovem morador do Engenho Velho Brotas é fruto da primeira turma formada pela ONG, no período 2007/2008. Convidado pelos coordenadores para es-tagiar na TV após o curso, o editor de vídeos também lembra desta época por outro motivo especial, o nas-cimento de seu filho Murilo.

Dessa forma, além da motivação profissional, Estrela sabia que abraçar os ensinamentos dado pelo projeto seria crucial para o futuro de sua família. “O ingresso na TV Pelourinho foi um avanço muito grande pra mim, tendo em vista que se trata de um projeto social que tem por objetivo ajudar os jovens a ingressarem no mercado de trabalho”, constata.

Após estagiar e trabalhar na instituição, Estrela, que totalizou cinco anos e meio prestando serviço à ONG, atualmente está trabalhando como editor de imagens na Rede Central Nacional de Televisão (CNT), no setor de jornalismo, função que desempenha há oito me-ses. Quanto a sua chegada na CNT, Estrela descreve: “No começo foi tranquilo, além do período normal de

adaptação tive apoio de profissionais experientes que me ajudaram bastante”.

Comprovando a serenidade da adaptação relatada por Estrela, o gerente administrativo da CNT em Salvador, Vitor Jorge, pontuou as qualidades do funcionário e sua capacidade em adicionar valores. “Trata-se de um colaborador perfeito e dedicado, que faz pontuações importantes para melhorar ainda mais a nossa rotina de trabalho”, destaca.

Jorge ainda ressalta que a base da TV Pelourinho na formação de Estrela foi fundamental para que o jovem adquirisse “um enorme senso crítico e uma constante vontade de trabalhar”.

GratidãoEntre os entrevistados, ex-alunos e ex-colaboradores da TV Pelourinho, a expressão de gratidão é a marca mais visível. “Eu agradeço até hoje ao pessoal da TV Pelourinho que me recebeu de braços abertos, e puderam me ensi-nar tudo que sei hoje referente ao audiovisual, que é uma das minhas paixões”, declara Kaluanã, além de afirmar que todo acompanhamento psicossocial feito pela ONG o ajudou a superar as dificuldades do mercado de trabalho.

Também em tom de agradecimento, Estrela pensa em voltar àquele casarão do Pelourinho para ensinar e passar um pouco de sua experiência para outras pessoas. “Sou muito grato por ter passado pela TV Pelourinho, lá apren-di a ser um profissional responsável, e um homem com uma visão de futuro”, conclui.

Ivan Erick Baldivieso/Agecom

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REVISTA TV PELOURINHO NÚMERO 1 JUNHO DE 201412

uma marca história em cinco anos de existência do programa. Salvador, capital que dispõe de 84 mil MEIs registrados, aparece no ranking como a terceira capi-tal com maior índice de cadas-tros, só perdendo para São Paulo e Rio de Janeiro.

Estes números, divulgados no início mês de maio pelo Portal do Empreendedor (www.portal-doempreendedor.gov.br), indi-cam a importância deste serviço para a população enquadrada na categoria autônoma. Auto-nomia que, além do aprendiza-do técnico, é um dos legados deixados pela TV Pelourinho para seus alunos.

APRENDENDO A EMPREENDERColaboradores são incentivados como autônomos à formalização jurídica

Foi com o incentivo do presidente da TV, André Actis, que passamos a conhecer o programa do Sebrae que cadastra pessoas autônomas para serem microempreendedores individuais. A explicação do cinegrafista Antônio Carvalho Silva, 26 anos, refere-se ao direcionamento dado pela

TV Pelourinho a fim de regularizar seus colaboradores para atuarem no mercado de trabalho, assegurando benefícios no presente e principalmente para o futuro.

O relato do jovem soteropolitano se encaixa na marca de quatro milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) cadastrados no país, o que rende

OPORTUNIDADE & MERCADO

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Para Antônio, nosso personagem do início da ma-téria, este direcionamento foi passado em 2012, conscientizando-o sobre a importância da for-malização. “Nós que trabalhamos no projeto da TV Pelourinho, somos autônomos, não existe ne-nhum vínculo empregatício com a TV, por isso, nos inscrevemos no programa Microempreende-dor Individual”, explica, revelando que na época foi orientado a procurar o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O embasamento fornecido pela TV Pelourinho, tam-bém recebe o destaque do ex-colaborador Jefté Rodri-gues, 26 anos. O jovem que, após conclusão do curso de Audiovisual na TV Pelourinho fez graduação em Produção Audiovisual, na Unijorge, encontrou no em-preendedorismo um meio sustentável de renda. “Eu sai da TV Pelourinho e montei meu próprio negócio, uma empresa audiovisual. Hoje, me encontro prestando serviços para diversos lugares”, revela.

Antônio Carvalho Silva,

23 anos

sxc.hu

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MEISer um Microempreendedor Indivi-dual (MEI) implica em diversos be-nefícios para aquele que pretende trabalhar por conta própria. Mas para estar apto e usufruir destes benefícios é preciso obedecer alguns pré-re-quisitos como: não ter participação como titular ou sócio em outra em-presa e apresentar uma renda anual menor que R$ 60 mil. Ainda é possível contratar um funcionário, a quem se assegura até um salário mínimo.

Entre os amparos, os MEIs podem uti-lizar CNPJ (Cadastro Nacional de Pes-soas Jurídicas), facilitando a abertura de contas bancárias, pedidos de em-préstimos e emissão de notas fiscais.

O cadastro também o insere no pro-grama Simples Nacional, isentando-o de diversos tributos federais a exem-plo do Imposto de Renda e PIS. Além do Sebrae, o serviço é disponibiliza-do pela Secretaria da Fazenda, em-presas de contabilidade ou através do próprio Portal do Empreendedor.

OPORTUNIDADE & MERCADO

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Apesar de o cadastro ser gratui-to, existem valores estipulados de contribuição mensal que variam de acordo com a área de atuação e es-tão sujeitos a alterações com base no aumento do salário mínimo. Para comércio ou indústria a taxa é de R$ 37,20; para prestação de serviços R$ 41,20; e R$ 42,20 para comércio e ser-viços, valores destinados à Previdên-cia Social, ao ICMS e ao ISS.

Compreendendo a importância da contribuição como forma de colher comodidade no futuro, Antônio Silva afirma que o valor empregado com-pensa. “Através desse programa po-demos contribuir com o pagamento do INSS, com um valor cabível ao nosso orçamento. O pagamento é feito mensalmente através de um boleto, ajudando assim a contribui-ção da nossa futura aposentadoria. Todos os trabalhos solicitados pelos clientes, nós que fornecemos as no-tas fiscais”, conta orgulhoso.

OPORTUNIDADE & MERCADO

Jefté Rodrigues

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CULTURA & ENTRETENIMENTO

CANAIS ABERTOS INCLUEM PRODUÇÕES DA TV PELOURINHO EM SUA PROGRAMAÇÃO Parcerias com TVE e CNT dão visibilidade aos colaboradores e apresentam conteúdos diversificados ao grande público

Quem não é visto não lembrado. Este ditado po-pular define a experiência que os jovens cola-boradores da TV Pelourinho alcançam ao expor seus trabalhos para um grande público através

de canais abertos de televisão. Neste caso, a trupe da insti-tuição sediada no Centro Histórico de Salvador utiliza como laboratórios eventuais a estatal TVE, e a Rede Central Nacio-nal de Televisão (CNT), para veicular seus programas.

O Alô Pelô é um programa de variedades exibido na TVE desde 2009, que aborda o rico cotidiano do Centro Histórico. O conteúdo de sua programação flutua entre dicas de saúde, entretenimento, história em geral, além da cobertura de eventos culturais. O programa, produ-zido por Kinda Rodrigues e coordenado por Alex Maia, tem o apoio da TVE - emissora do governo do estado da Bahia, que firmou parceria com a TV Pelourinho por sua associação junto à ONG Ação Pela Cidadania.

Satisfeito com a parceria, o diretor do Instituto de Radiodi-fusão Educativo da Bahia (Irdeb), José Araripe Júnior, desta-ca a força cultural do trabalho que é pensado e construído por jovens de diversas comunidades. “Para nós do Irdeb, veicular esse material não é apenas parte de nossa missão, mas vem de encontro também aos nossos conceitos de ampliar a diversidade cultural em nossa grade”, coloca.

Uma dos programas mais marcantes em termos de reper-cussão foi o que exibiu matéria com o grupo de atores do espetáculo teatral “Lenda das Yabás”, em cartaz no Teatro XVIII, no Pelourinho, no último mês de maio. O espetáculo conseguiu empatia com o público ao abordar um pouco da ancestralidade africana, através da representação dos orixás na forma humana.

Ao chamar a atenção para os conteúdos de caráter educacional, usando como pano de fundo um Patri-

Equipe do programa Alô Pelô (TVE) e Tudo que há (CNT)

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CULTURA & ENTRETENIMENTO

mônio da Humanidade, Araripe parabeniza a TV Pelourinho pela criação de perspectivas para os jovens e sua inserção social através da mídia. “A TV ‘Pelô’ é um desses exemplos do poder que o apren-dizado e o oficio do audiovisual podem gerar para abrir mentes”, resume.

A equipe do Alô Pelô é formada por: Emerson Miran-da, 20 anos; Cristiana Fernandes, 21; Jorge Farias, 25; e Alexandre Santos, 22.

Relembrando sua trajetória, Cris Fernandes que apre-senta, ao lado de Emerson Miranda, os programas Alô Pelô e Tudo que há, revela as contribuições que par-ticipar das duas atrações proporcionou. “Desde que passei a apresentar o programa Alô Pelô e posterior-mente o Tudo que há, meu nível de conhecimento ampliou-se, minha percepção da sociedade em que vivo ficou mais aguçada, assim como o meu ativismo quanto cidadã”, relembrou.

Ela ainda acrescenta: “Acredito que não há um momen-to especifico que resuma ou represente por completo o quão esta experiência significa para minha vida, mas creio que cada um deles foi fundamental para edificar a minha relação de cumplicidade com esta área de atuação, que consequentemente me levou a escolher o Jornalismo, para uma segunda graduação”.

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O Alô Pelô é exibido para todo o Estado às 12h15, após o Programa TVE Esporte, e com reprise às 19h, antes do TVE Notícias (de segunda a sábado); e também para todo o Brasil, através do site do Irdeb (www.irdeb.ba.gov.br). “Quando tive con-tato com o pessoal da TV Pelourinho, o projeto ainda estava em processo de construção, ainda nem tinha um local para começar as atividades. A partir daí consegui em parceria com a TVE uma casa para eles no Centro Histórico”, relembra Pola Ribeiro, ex-diretor do Irdeb e um dos primeiros a acreditar no projeto Rede Jovem TV Pelourinho.

Sobre a contribuição do programa para o merca-do, Ribeiro destaca: “A importância do programa Alô Pelô é muito grande, pois é um trabalho em equipe, com hierarquia, com jovens e que enri-quece muito o mercado audiovisual baiano”.

Tudo que háJá em outubro de 2012, a CNT local também abriu espaço para as produções com caracterís-ticas soteropolitanas e iniciou uma parceria com a TV Pelourinho. Desde então, era exibido nas tar-des de sábado, às 16h, o programa Tudo que Há. De acordo com a equipe do programa, também produzida e coordenada por Kinda Rodrigues e Alex Maia, respectivamente, seu conteúdo abran-gia quase em sua totalidade os assuntos trazidos pelo Alô Pelô. Sua primeira etapa de veiculação se encerrou em maio de 2013, mas, de acordo com seus apresentadores, Cristiana Fernandes e Jorge Farias, o programa retorna ao canal em agosto deste ano, mas com novo dia e horário - todas as quartas-feiras, a partir das 22h50.

Sobre alguns momentos marcantes do período à frente dos programas de TV, Cris revela: “A pri-meira vez que entrevistei Gilberto Gil, viajar para a França e conhecer de perto outra cultura ou mes-mo viajar pela Bahia marcaram bastante. Ver em minha mãe a minha primeira fã e crítica, e encon-trar pessoas que acompanham e admiram o meu trabalho, me fortalece muito”.

Por fim, ela comenta sobre o resultado desses tra-balhos. “Nos bastidores de todo esse glamour, fica a gratificação de ver que o produto final veicula-do, tem a minha cara, o meu perfil, o meu olhar jovem sobre o mundo”.

CULTURA & ENTRETENIMENTO

Cris Fernandes entrevistando Gilberto Gil

Entrevista com Elba Ramalho

Jorge Farias entrevistando Tato do Falamansa

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INTERCÂMBIO

DO PELOURINHO PARA O MUNDODaiane Silva conheceu o Rio de Janeiro e Alemanha durante participação na TV Pelourinho

Ex-integrante da primeira turma da TV Pelourinho, em 2008, Daiane Silva, hoje com 22 anos, faz parte da instituição há seis anos, sendo um ano de aprendizado nas oficinas e cinco de prestação de serviço. Recente-mente, ela foi promovida à supervisora de edição e finalização de vídeo

da instituição. Antes de ocupar o cargo, Daiane viveu vários momentos, que segundo ela, são emocionantes, como o de ir ao Rio de Janeiro participar de uma oficina de audiovisual, e para Alemanha.

Após o período de curso e estágio, na época, os alunos teriam a oportunida-de de conhecer outras cidades ou países, e Daiane foi um desses sortudos. Em 2010, ela e o colega de turma Leonardo Almeida foram indicados para partici-parem do projeto “Geração Futura”, promovido pelo Canal Futura, e durante um mês ficaram no Rio de Janeiro participando da Oficina de Produção de Vídeo.

O projeto tem como proposta qualificar jovens de todo país em produção audiovisual e que eles, ao retornarem para suas cidades, produzam o vídeo idealizado durante o workshop. Além da possibilidade de aprendizado, Daia-ne e Leonardo conheceram os bastidores de uma emissora de TV, visitaram os estúdios da Rede Globo e estiveram próximos de alguns atores que só co-nheciam através da televisão. “Tivemos um contato interpessoal com aqueles jovens que a gente nunca tinha visto e estabelecemos um laço afetivo muito interessante”, relembrou Daiane.

Ela ainda destaca o quanto foi importante ter contato com os profissionais do Canal Futura. “O projeto oferecia palestras, trazia noções básicas para o traba-lho em televisão e aulas diárias acompanhadas por cinegrafistas e auxiliares da emissora. Foi muito prazeroso e enriquecedor”, comentou Daiane, que na época tinha 17 anos.

Rompendo fronteirasUm ano depois da experiência na terra carioca, Daiane foi convidada - através de uma amiga de André Actis, diretor da TV Pelourinho - para conhe-cer a instituição Evangelische Studie-rendengemeinde (ESG) na Alemanha. Esse intercâmbio, financiado pelo go-verno alemão, tem por objetivo mos-trar a cultura local através de palestras, visitas a museus, falar sobre a política e a economia do país para jovens de outros países. “Na época que fui para a Alemanha, fiquei em uma cidade cha-mada Kaiserslautern, que é um local com cem mil habitantes e fica perto de Frankfurt. Esse local é quem sedia o projeto Evangelische Studierenden-gemeinde”, relata Daiane.

Durante os 21 dias no país, ela teve apenas sete para tentar aprender um pouco do idioma, e visitou cinco cida-des: Berlim, Trier, Heidelberg, Mainz e Kaiserslautern. Daiane compara a expe-riência na Alemanha com a vivência na capital carioca, respeitando as devidas proporções. “Só de ter essa questão de aprendizagem foi muito bom. Esse projeto é muito parecido com o do Ca-nal Futura. Tinha gente de vários países como Ucrânia, Marrocos, Egito e Ca-marões”, pontuou. “Lá fiz amizades e até hoje mantemos contato. Essa experiên-cia agregou conhecimento e me fez ter um novo olhar sobre a vida”, finaliza.

“O que tenho para contar dessas via-gens, principalmente para a Alema-nha, é que quando recebi o convite nem pensei duas vezes e aceitei. Ao chegar em casa falei com meus pais e eles apoiaram a minha decisão de cara, me deram a maior força. Pra mim essa experiência me fez olhar pra fren-te e enxergar o quanto que nós po-demos acreditar em nosso potencial para ir muito mais longe em termos de aprendizado e conhecimento das coisas boas da vida”, disse Daiane.

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Missão de criar, desenvolver e fomentar conteúdos de qualidade, com responsabilidade social e cultural, ao tempo que oportuniza a inclusão e a geração de emprego e renda. A autonomia e sustentabilidade fazem parte das nossas metas. Assim como o foco principal de proporcionar experiências memoráveis e inesquecíveis, levando informação, entretenimento e cidadania para a sociedade.

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