revista turbine sua criatividade - abril 2016

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M uito usada em agências de pu- blicidade e outras organizações que trabalham com criatividade, a “tempestade de ideias” ou “tempestade cerebral”, tradução literal para brainstorming (brain: cérebro, storm: tempestade), é o nome dado a uma técnica aplicada em reuniões para novas ideias. Nas reuniões com brains- torming, são realizados exercícios mentais com a finalidade de resolver algum problema ou elaborar um trabalho criativo. O termo se tornou popular pelo publicitá- rio e escritor norte-americano Alex Faickney Osborn que, na década de 1950, criou o méto- do ao perceber que seus funcionários tinham dificuldades em desenvolver propagandas criativas. Assim, Osborn começou a usar ses- sões em grupo para coletar ideias sugeridas espontaneamente por seus funcionários. A importância de falar – e ouvir! Uma ideia criativa não é algo que surge pronto. Na maioria das vezes, exige desenvol- vimento, modificações e pitadas de opiniões alheias – por isso, a importância do brainstor- ming. Reunido com outras pessoas criativas, as chances de suas ideias serem aperfeiçoa- das são maiores. ”Quando as ideias circulam sem restrições, não há sugestões ruins, e muitas vezes, uma ideia que pode parecer pitoresca é lapidada e se transforma em algo muito valioso dentro de um processo criati- vo”, afirma o coach Diego Nicolau, espe- cialista em estratégias empresariais e ges- tão comercial. Além de deixar os participantes mais à vontade para divulgarem o que têm em mente, uma ideia pode também colaborar para incitar a criatividade nos demais parti- cipantes. “Pelo fato de proporcionar a livre associação de ideias e possibilitar que todos os integrantes de um grupo se envolvam e contribuam com o processo, o brainstorming possui um importante e estratégico papel na complexa missão de se encontrar caminhos com alto grau de originalidade”, explica o pu- blicitário Tadeu Brettas. Colocando em prática Qualquer pessoa é capaz de ter um brains- torming, basta deixar a capacidade criativa fluir naturalmente. Porém, alguns princípios devem ser seguidos. O publicitário Tadeu Brettas destaca alguns passos que tornam o brainstorming eficaz: Deixe claro os objetivos do brainstorming para os participantes. Embora seja uma “tempestade”, os partici- pantes precisam se ouvir. Sendo assim, uma conversa por vez. Seja visual: as ideias podem ser expressas por meio de desenhos e imagens. Quanto mais ideias, melhor. É possível en- contrar qualidade dentro da quantidade. É preciso evitar críticas e julgamentos du- O brainstorming não deve ser desprezado no processo criativo TEXTO E ENTREVISTAS NATÁLIA NEGRETTI DESIGN JAMILE CURY GANDARA Eureka! 6 Turbine sua Criatividade

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Muito usada em agências de pu-blicidade e outras organizações que trabalham com criatividade,

a “tempestade de ideias” ou “tempestade cerebral”, tradução literal para brainstorming (brain: cérebro, storm: tempestade), é o nome dado a uma técnica aplicada em reuniões para novas ideias. Nas reuniões com brains-torming, são realizados exercícios mentais com a finalidade de resolver algum problema ou elaborar um trabalho criativo.

O termo se tornou popular pelo publicitá-rio e escritor norte-americano Alex Faickney Osborn que, na década de 1950, criou o méto-do ao perceber que seus funcionários tinham dificuldades em desenvolver propagandas criativas. Assim, Osborn começou a usar ses-sões em grupo para coletar ideias sugeridas espontaneamente por seus funcionários.

A importância de falar – e ouvir!Uma ideia criativa não é algo que surge

pronto. Na maioria das vezes, exige desenvol-vimento, modificações e pitadas de opiniões alheias – por isso, a importância do brainstor-ming. Reunido com outras pessoas criativas, as chances de suas ideias serem aperfeiçoa-das são maiores. ”Quando as ideias circulam sem restrições, não há sugestões ruins, e muitas vezes, uma ideia que pode parecer pitoresca é lapidada e se transforma em algo muito valioso dentro de um processo criati-

vo”, afirma o coach Diego Nicolau, espe-cialista em estratégias empresariais e ges-tão comercial.

Além de deixar os participantes mais à vontade para divulgarem o que têm em mente, uma ideia pode também colaborar para incitar a criatividade nos demais parti-cipantes. “Pelo fato de proporcionar a livre associação de ideias e possibilitar que todos os integrantes de um grupo se envolvam e contribuam com o processo, o brainstorming possui um importante e estratégico papel na complexa missão de se encontrar caminhos com alto grau de originalidade”, explica o pu-blicitário Tadeu Brettas.

Colocando em práticaQualquer pessoa é capaz de ter um brains-

torming, basta deixar a capacidade criativa fluir naturalmente. Porém, alguns princípios devem ser seguidos. O publicitário Tadeu Brettas destaca alguns passos que tornam o brainstorming eficaz:• Deixe claro os objetivos do brainstorming para os participantes.• Embora seja uma “tempestade”, os partici-pantes precisam se ouvir. Sendo assim, uma conversa por vez.• Seja visual: as ideias podem ser expressas por meio de desenhos e imagens.• Quanto mais ideias, melhor. É possível en-contrar qualidade dentro da quantidade.• É preciso evitar críticas e julgamentos du-

O brainstorming não deve ser desprezado no processo criativo

TEXTO E ENTREVISTAS NATÁLIA NEGRETTI DESIGN JAMILE CURY GANDARA

Eureka!

6 Turbine sua Criatividade

ideias, gravar, anotar, não deixar nada se per-der; até porque, se alguma ideia não resolver o problema (ou criação), pode ser aproveitada em outra ocasião”, aconselha Nicolau.

Além disso, vivenciar um ambiente pro-pício para a inovação colabora na hora de compartilhar suas ideias. “Quando há a at-mosfera correta para a produção de ideias, o brainstorming acontece naturalmente, fora in-clusive, das salas de reunião. É uma questão de as pessoas se sentirem incentivadas a pensar e propor”, afirma Brettas.

Mesmo pessoas que trabalham sozinhas podem realizar sessões de brainstorming. Para isso, chame amigos ou colegas de profissão para uma conversa que lhe permita expor suas ideias e escutar as deles. Se não for o caso, apenas coloque em um quadro ou no papel as ideias que surgirem em sua mente e depois avalie pedindo a opinião de especialistas.

CONSULTORIAS Diego Nicolau, especialista em estratégias empresariais e gestão comercial e master coach da Kasulo Desenvolvimento Humano, em Cascavel (PR); Tadeu Brettas, publicitário e professor da Inova Business School (www.inovabs.com.br).

POR QUE FALAMOS “EUREKA”?A exclamação é geralmente usada quando se encontra a solução de algum problema. Com origem grega, a palavra é derivada de heúreka, que significa achei ou descobri. O termo é atribuído ao matemático grego Arquimedes de Siracusa, que a teria pronunciado quando descobriu como resolver um complexo dilema apresentado pelo rei Hierão sobre a composição de uma coroa encomendada. Arquimedes calculou a densidade da coroa ao afundá-la em um recipiente com água e comparar o volume de líquido deslocado com a densidade do ouro, que seria a matéria-prima da coroa.

rante o processo de brainstor-ming. O objetivo é estimular os

participantes e não o contrário.• Atenção a ideias fora do comum. O foco é identificar novas abordagens, por isso, solu-ções que fogem dos conceitos conhecidos merecem destaque. É missão do grupo criar uma atmosfera de liberdade e o incentivo às ideias “loucas”.• Combine conceitos e opiniões. O processo é colaborativo, portanto deve-se construir no-vas ideias a partir das dos outros.• O condutor da reunião deve estar atento ao foco: há um objetivo que precisa ser atendido em um tempo determinado para que as alter-nativas surjam.

Maior proveitoApenas falar suas ideias durante uma reu-

nião de brainstorming pode não ser tão útil, já que nem sempre elas podem ser aproveitadas. Por isso, uma dica importante é registrar tudo o que você falou. “Eu sugiro catalogar todas as Im

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