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ISSN 0370- 7962 REVISTA THEOBROMA v. 15 Janeiro- Março 1985 N. I ---· --- --. ------ CONTEÚDO Política editorial da Revista Theobroma (Revisado em 1982) A po\inizaçao do cacaueiro no Recôncavo Baiano, Brasil. I. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia. S. de J. Soria, W.W. Wirth e A.F. de S.- 1 Tolerância de cultivares h1bridas de cacau a alumínio. M.B.M. Santana, M.M. Yamada e C.J.L. de Santana 9 Respostas do clone Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizantes no Sul da Bahia. E.L. Reis, P. Cabala-Rosand e C.J.L.de Santana 19 Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novilhos confinados alimentados com casca fresca do fruto do cacaueiro. A. Llamosas C., J.M. Pereira e M.S. Soares 27 Evapotranspiração potencial em superfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasi:to dos equinócios e solstí- cios. D.F. de Sá e H. A. de Almeida. 35 NOTA Estágio atual dos estudos de mineralogia de argila dos solos da região ca- caueira da Bahia. S.O. de Santana 43

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ISSN 0370- 7962

REVISTA THEOBROMA

v. 15 Janeiro- Março 1985 N. I

---· --- --. -------~

CONTEÚDO

Política editorial da Revista Theobroma (Revisado em 1982)

A po\inizaçao do cacaueiro no Recôncavo Baiano, Brasil. I. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia. S. de J. Soria, W.W. Wirth e A.F. de S.- 1

Tolerância de cultivares h1bridas de cacau a alumínio. M.B.M. Santana,

M.M. Yamada e C.J.L. de Santana 9

Respostas do clone Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizantes no Sul da Bahia. E.L. Reis, P. Cabala-Rosand e C.J.L.de Santana 19

Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novilhos confinados alimentados com casca fresca do fruto do cacaueiro.

A. Llamosas C., J.M. Pereira e M.S. Soares 27

Evapotranspiração potencial em superfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasi:to dos equinócios e solstí-

cios. D.F. de Sá e H. A. de Almeida. 35

NOTA Estágio atual dos estudos de mineralogia de argila dos solos da região ca-

caueira da Bahia. S.O. de Santana 43

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REVISTA THEOBROMA

v. 15 January March 1985

--------

CONTENTS

Editorial policy of Revista Theobroma (Revised 1982)

Cacao pollination in the Bahian Reconcavo, Brazil. I. The insect fauna compared to that of southern Bahia (in Port~guese). S. de J. Soria, W.W. W1rth andA.F. de S. Pinho

Tolerance of cacao hybrids to aluminum (in Portuguesc). M.B.M. Santa· na, M.M. Yamada and C.J.L. de Santana

Response of the rubber clone Fx 3864 to fertilizers in southern Bahia, Brazil (in Portuguese). E.L. Reis, P. Cabala-Rosand and C.J.L. de Santana

Effect of different leveis of supplementation on weight gain of confined young bulls fed with fresh cacao pod husks (in Portuguesc). A. Llamo!lllS C., I.M. Pereira and M.S. Soares

Evapotranspiration potential on horizontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and so!stices at Una, Bahia, Brazil (in Portuguese). D.F. de Sá and H.A. de Almeida

NOTE

Present status of the studies on the clay mineralogy of the soils of the Cacao Region of Bahia, Brazil (in Portuguese). S.O. de Santana

N. I

I

I

9

19

27

35

43

Polltica Editorial da Revista Theobroma

(Revisado em 1982)

São ace110s para publicação art~gos ncntí­r1cos, rev1Wes h 1 blwpáf1ca~ de nature1.a crít1· ca. nota_\ c1entífka1, rco;-omendaçõe; de con· gre110~ e çartas ao ed1tor sobre trabalho\ pu­bhcados na Rev1sta Theobroma. rcdlgldOI em Português. E1panhol, Inglês ou Francês. E~sc~ trabalho\ devem ;er méd1tos e não devem ~cr ~ubmetidos a outro penÓdiCo ante\ ou dur~n­tc o proce1\0 de anáhlc pela lonussão de Ed1toração da rev1sta. Irabalho' apre~cntados em conferênCias, S1mpós1o; e rcuni<'ie1 cien­tificas poderão ~er aceito~ para publicação. ocorrendo o me>mo com resultados aprc\cnta· dos em teses ou divulgado, pre!Jm1narmcnte, em forma suçmta, em informes ou relatÓm11

técn~<.:o>.

O 011gmal c uma cópia lcgíve11, acompa­nhados de quadros e f~guras, de~erão ser wbmct1dos ao ed1tor da rew;ta. apol a apro· vação pela Insll\UIÇãO que patroL·mou a pe1· qu1sa. no segumte endereço R~vista Thcobro· ma, Centro de Peo;quisas do Cacau, Ca!'.a Postal 7, 45600. ltabuna, Bah1a. Brasil

O autor é re,ponsável exclu~1vo pelos con­ceitos c opm1<ic, cmmdo1 no uabalho. mas à Comi,são de f.d1toração \e reserva O d1rr11o de att1tar ou não o ar\!go receb1do. bem co­mo ;ubmc!l;·lo ao 1eu corpo de assessores c1entífiro1 Quando neccssáno. o çdnor de· ~oi verá o trabalho ao autor. juntamente com os comentáno; e sugestões apresentadas pelos assessore> c1entif1cos. Aguardar-se-á o retorno do art~go L"Oirlg1do e com as justifical!v<l.'> para não acenação de alguma suge~tão. pelo prazo máx1mo de até 6 meses.

Ante' da publicação. a' provas do trabalho '!'Tão cnv1adas ao autor para rcVJsão finJ!, que deverá ~er fena até 30 cllas. contado~ a parl!r do env1o das provas. Modificações nas provas

Re~ista Theobromt115( 1). 1985

só serão efetuada\ >e aprovadas pela Com1ssão (le b:l1toração Uma errata poderá ser mcluída em número po~termr para retificações que porventura se façam neces1ánas.

o~ custos de publicação do trabalho são cobertos pela Comi~~ão ExecUtiVa do Plano da Lavoura Cacaueua (CEPLACJ_ O autor que ;ubmeter o trabalho receberá um exemplar de oortes1a e 50 separatas. Separata' ad1cionais poderão 1er solicitadas pelo autor quando de­volver as provas corng1das e cu;tarâo CrS 6,00 por págma 1mpre~;a. Ped1do~ de separatas encarrunhado< postenormente não serão aten­

didos.

O tempo neçess.áno para publicação de um arl!go técmco pode ser grandemente abrevia­do pelo autor. a começar pela preparação do ongmal e atendimento em tempo às sohcita· ções porvenl!na feita~ pelo editor. Sugere-se ainda ao1 colaboradores comultar um número recente da rev1sta a fim de tomar conhecimcn· to do estllo adotado. São transcnta' a 1eguu algumas mstruções e normas obedeCidas pela Com1s~ão de Editoração.

Redação do trabalho. Red1gu o art~go no passado 1mpe~'oal. com clareza. concisão, coe­rência c exa!ldâo para fac1iltar o seu julga­mento c rev11ão.

Texto. O art~go científico ou a reVIsão bibhográf1ca não deve ter mats de 6 000 pa­lavras, exclumdo resumo, abstract, literatura cnada. quadro> e figuras A nota Científica não de~e exceder 1.500 palavra~. A carta ao cdJtor e re.-omendaçôes de congre~sos não podem exceder 200 palavras.

Estrutun.. O art~go e nota C1entíf1ca de­l'l:m de preferência obedecer à segumte esnutura titulo completo. titulo abreviado.

I

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'

11 Po/1/icu eduorwl I)Q ReviUil 11leobrom4

autor, resumo, abstract, mtrodução, mate­rial e método, resultados, discus.são, con· clusões, agradecimentos e literatwa c1tada. Os resultados e discussão podem ser fundidos. mas recomenda-se que as conclusões consti· tuam um capitulo à parte, sempre que possí­vel. Cada capítulo poderá ser dLVJdtdo em subcapítulos. Devido à sua pequena extensão, a nota prévlll pode ter alguns desses capítulos fundidos e, portanto, apresentar uma e1trutu· ra diferente, mas deve sempre conter um re· sumo e abstract. A estrulllla do arttgo de revi­são fica a cntério do autor, mas o re~umo e abstract são também obngatónos.

O texto deve o;er corndo, sem mtercalação dequadrosou ftguras,dattlografado em espaço duplo, em papel branco de boa qualidade. não transparente, tamanho carta (28 x 21,5 em), com margens de aprOXImadamente 3 em em todos os lados. As linhas devtm ser preferen­Cialmente numeradas em todas as págmas, in­clusive cópias, começando sempre pelo nú­mero I em cada págma. Acena-se numeração manuscnta, desde que perfeitamente legível. A margem direita não precisa ser alinh;~.da

(justú1cada).

Todas as páginas, mclus1ve quadros e fi­guras devem ser numeradas no c.mto supe­rior direito e identú1cadas pelo nome do autor ao lado esquerdo supcnor. A existên­cia de página seguinte pode ser mdH:ada colocando-se s.eu nUmero no canto mfenor d~re1to. O autor pode pedtr ao ednor um mo­delo de artigo datilografado espcnalmcnte para a reVISta.

Orpnizaçio. Dispor o trabalho na ,cgum­te ordem, romeçando cada item em págma separada

I. Capa publicação a que se destma. título rompleto do art~go, título abrev1ado, autor e respectivo endereço.

2. Resumo com palavras-ch;~.w,

3. Abstract com título e palavras-chave em Inglês;

4. Texto;

S. Agradecimento);

6. Literatura Citada.

Re11ltta Theobroma 15(1). 1985

7. Quadros (um err. cada págma)

8. l..egend~s das f~guras;

9 F1gura' (uma em cada página).

Título e .utor. O título completo deve mostrar todos os aspectos Importantes do tra· balho sem ultrapa.1sar 25 palavras. O titulo abreviado não deve ultrapassar cmco pa!avra.1. O autor deve usas o nome e endereço com­pletos.

Resumo e Abstract. Devem ser redLgJdos em um só parágrafo cada e mformar a meto­dologia ullbzada, resultados encontrados e conclusões tiradas. Não podem ultrapassar 200 palavras cada e devem apresentar sem­pre um grupo de palavras-chave para indexa­ção. Quando o texto for escrito em Inglês, o abstract deve ser traduZ1do para o Português; quando em um dos outros três Idiomas, o re­sumo deve ser traduzido para o Inglês, em todos os ca,os, o título e as palavras-chave devem ser tradUlldos.

NUmeros. Ut Llilar o ststema métnco de­cimal. Ev1tar o uso de algarismos romanos. Não us.ar tra1;o para substLtuir a preposição ··a·· entre do1~ números a não ser entre pa­rênteses e em quadros e figuras. Prefem frações decimats à~ ordmánas.

Nomenclatun. Os bmômios e tnnõnuos latmos e autores devem ~er escritos completos na pnmeua vez que são citados no resumo, ab~tract e texto. Nomes de marca registrada devem ser <;eguidos da letra® e endereço do fabnc.antc, se pouco conhecido. Variedades devem s.er destacadas somente na pnmclla vez que apase~m no resumo, abstract e texto.

AbreviatWliS e si&W. Unidades de med1da, fórmulas c expressões podem ser substitUÍdas pelas respectivas abreviaturas e siglas, pnnci· palmente quando mutto conheCidas, d1fÍce1s de escrever ou cans.allvas para ler. Quando desconhecidas ou não encontradas em dtCIO­minos comuns, devem ser escrita~ completa~

na primeua vez que aparecerem no resumo, abstract e texto.

Notu-de rodapé. Recomenda-se evitá-la~. dando-se preferência a parênteses no texto. Quando indispensáveis (informações sobre o

Polftica editonal do Revmo TlleoVrum(l 111

arugo. panocmadm do lrahalho. ende1eço do autor, referência médild Citada voírias vezes no texto. restrição de rnpon,abtiLdade etc.). numerá-las no texto com algammo< arábicos.

Literatura citada. Con,ultar um número rtccnte da rcv1sta. Soli~ila 1r ao autor que compare cu1dado~amcnte a' referências com

0 ougmal Citado. ante~ de submeter O tra­halho para pubhcação AI referêncms devem ser cttadas no tc~to na' seguintes formas MuraL' (19781 ou (Morais, 19781. [ralando-se de doi' ou tri'• autore~. citá-lo' todos no tc~to, qu~ndo maL> de trh, o pnme1ro seguido da exprc"ão et ai. Quando o autor do trabalho é desconhendo (anônLmoJ. citar a palavrJ An0nimo ou a 10~ correspondente no LdLoma do texto. No cam do< autores corpo­r~ttvo<. ntar o nome compkto da in<(LtULÇ:io.

~uadros. Não drvem repetir dado\ mclui­d'" no texto ou na1 f1guras. Numerá-los con­<ecuuvomcnte com algansmo< arábiCO'- EVltar númno' com muuos alg<trismo,

1 ~ub<totui-lo<

pur p<rfLXO OU potência de \{). 0~ sÍmbolo< c •• podem ser u~ado1 para mdtc·ar >t~mfi­

cJncia estatístKa ao; níveis de 5 e 1%. res­pntt,amente, e devem ser idcnttftcado' em nota·dc rodapé. Detalhe> incluidm no corpo devem ser c<clareCLdO' em notas de rodapé, que serão tdentifLcadas de preferência pm letra<.

Os quadro~ devem ser intehgiveL~ por 11

me1mos. Para tanto. devem ter legenda\ c no­tas de rodapé claras. que pcrmttam entendê-lo' sem consultar o tc-.;to A, condtçõcs peculia­res a cada expcnmcnto devem <er explicadas.

Lmha.; hortzontais devem ser UW<I-" para <eparar o l'abeçalho da legenda e do LOrpu c este das notas de rodapé Ltnh~ hnnl<mta•~

curtas po<lem ser u'ada,, se ne<.cessáno. para separar o< subtítulos dentro do <Cabeçalho L1nha1 vcrtH.:aLs de separação não podem wr usadas

F1guras. Como os quadro,_ devem ,e r m­tehgt~eLs sem con-;ulta ao texto e numcr~da1 com algart<mol arábJco> Não dc~em repet1r dado, apresentado' no texto ou quadro,. Podem wr foto'. gráficos ou mapa,_

Uma rcproJução satLsfatóna requer Llustra­çôe> orig1nais de alta qualidade, po11 o proce!­samento e imprnsão o;empre resultam em per­da de qua~dade. Fmbora o ed1tor tenha a palavra fmal <obre o tamanho no qual a f1gura será LmpreS\a. u autor deve prever a ;ua maJOr redução. Por ISIO devem-<e preparar f1guras clara< e legí~eL,. não ~c usando traços dcma­<iadamcnte fino' c lctra1 muLto pequenas

A< <ua' dtmen<ÔC< não de~em ultrapa><ar. se po,\Í~eJ.. as da mancha de tmprc\\Jo da revi,t;L 17.8x 12.2cmou 17.8x5.8cmpara largura total de pagma ou de l"oluna re,pecto· vamcnte. A dJmen,iio mamr (17,8cm) pode também v~ler wmo largura desde qua a altu­ra não ultrapa«e 12.2l'm Essa' dimensões induem a f~gura e a legenda tmpre~\a\ Dlmcn­sôe' maJore< podem ~e-r aécttas desde que não ultrapa"em o <lohro d:J' aCima espec1f1cada1 Al~m d!«U. a' letras. números e <inaJ< não de­v~m ftl·ar, depot\ d01 redução fotog~áfica. mc­nore' do que o< ttpos otihzaJo< nas legendas d~< f~gura1 Lmpressa< A< f1gura< nunca devem ser amphada'

A1 fotos devem •cr bem focahzadas. em preto c branco. preparada~ em papel brLlhanle c com bom contraste. O autor dev~ apará-la< em ângulo reto para ll10\lr4f apcnJS os deta­lhes c\\enclllt\ ou mJ1car o~ detalhes Impor­tante' ou áreas que dc~em receber par1LCular atenção na reprodução Quando, agrupaJas. formam uma ,ó f~gura. não de~em ser coladas, pOLI o cdotor poderá rrKOnlrar orna maneira melhor <le di,põ-la<

(), gráftco' não de'"cm ser combinado' com loto' nem apre1rntar letra<. números ou l1nh~' pc,aJa, A, linhJ' de~em ICT homo­génca<. wnJo a' curva, mal\ Lnlemal Jo que "' ordcnadJ1 c abc"<.a< Se hou~•·r lmh~' ,upnLor e dLrt"tta. de~cm ter a me~ma mtcn" dadc da~ ordenada' ,. ahCLssa' Como 01 ma· pa'<, de~~m ~cr preparado' em papel ~r.:mco !de prcferCnua vegetal ou Herçukne) com tmla nallkLm c uttiLTando-<e somente e<eala

gráf1ca

A~ legenda' não devem ser dat1lografadas nas f1guras nem a elas presas por grampo ou cbpes Cada figura deve ser LdcntLftcada es-

Revista Theobroma 15(1). 1985

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l'olfliCD eduom~l ~ R~isra liuobrom~~

crevendo-se levemente a láp~> o >eu número e o nome do autor Nas foto,, essa 1dent1ficação e fe1ta no verso e deve ser acompanhada da in·

Revista Theobroma 15( /). 1985

d1caçào do lado wpermr, se necessário. Re­metê-las ao ed1tor em envelope, s.em dobrá-la1 ou prendê-las com cllpes ou grampos.

Revista Theobroma 15(1): 1- 7. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahlo. Brasil

A polinização do cacaueiro no Recôncavo Baiano, Brasil. 1. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia

Saulo de Jesus Soria 1, Willis W. Wirth 2 e Antonio Fernando de Souza Pinho3

Resumo

Foi feito um estudo comparativo simultâneo da entomofauna de ceratopogonídeos associados à flor dO cacaueiro, para detenninar a identidade e abundância relativa de insetos polinizadores dessa planta e conhecer o valor H de diversidade. O estudo foi feito em duas regiões produtoras: Sul da Bahia e Recôncavo Baiano, nas quais o cacau vem sendo cultivado, respectivamente, há muitos anos e somente nos últimos anos. As avaliações faunísticas foram feitas pelos métodos de coleta manual das mosquinhas nos cacaueiros e de coleta em casqueiros e folhedo do cacaual, Os resultados mostnram diferenças na composição de espécies e abundância. No Sul, o complexo faunístico constitui-se de nove espécies, duas delas de grande interesse econômico (Forcipomyia blantoni e F. spatultfera) e, no Recôncavo, de quatro espéctcs, uma delas (F. blantonl), também de grande interesse econômico. A abundância foi maior no Sul (321 exemplares) do que no Recôncavo (229 cxemplare~). O valor H de diverstdade de Shanon e Weaver foi maior no Sul (1,29) do que no Recônwvo (0,74). As diferenças na oomposlção de espécies e abundância po­dem ser atnbu(das ao grau de matundadc dos cacauais, conceituados como ecossistemas em graus diferentes de desenvolvimento.

Palavras-chave: Theobroma cacao. Polinização, Forcipomyill

Cacao pollination in the Bahian Reconcavo, Brazil. I. The insect fauna compared to that of southem Bahia

Abstract

Entomofaunistic survcy was carriedout in the ncw cacao region ncar Salvador Bay (Reooncavo Baiano) simultaneous with slmilar survey in the southern region of Bahia where cacao is a tradi. tional culture. The collection was manual from cacao flowers and by extractjon from cacao fruits and litter. Rcsults indica te differenccs in the species composition and abundance. In the southeast

' -DiviSilo de Zoologia Agricola. Centro de PesquiSils do Cacau, Caixa Postal 7, 45600, ltabu!Ul, Bahia, Brasil. Endereço atual: EMBRAPAjeNPUVjBG, Rua Livramento, 515. Caixa Postal130, 95700, Bento Gonçalves, RS.

1 Sistem~~tlc Entomology lAbomtory, JIB111, Agric. Res., Sei. & Educ. Admin .. USDA, cfo U.S. Natioool Museum, Washil!gton. DC. 20560, U.S.A.

3 CEPLAC, Estação Experimental Sósthenes de Mironda, Caixa Poua/ 50, Sonto Am~~ro, Bahill, Brosi/.

Recebido para pubficaçrro em 25 de ;ulho de 1983 I

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L.

2 Sorio. Wirth e Pinho

region, where cacao ha~ bcen grown for over onc hundred yeilfs, the entomofaunistic complex was oomposed o f nine species o f CCIIItopogonids, two o f them o f great eco no mie importance for poUination: Forcipomyia blantonf- F spatu!lfera. In the Reconcavo, where cacao culture is rccent, the entomofaunistic complex was made up of fow: spccies, F. blantoni lhe only one of economic intercst. The abundance (321 specimens) was also h~gher in the southem region as oompared to the Reconcavo one {229 specimens). H indexo f diversityof Shanon aml Weaver was Jarger in the south (1.29) as compared to that of Reconcavo (0.74). Differences in spccíes oom­position and abundance were interpreted as dueto the levei of maturity of the cacao plantations if they were oonsidered as agro-ecosystems undergoing different degrees of dcvelopment.

Key words_ Theohroma CDcoo, pollinatlon,Forctpomyio

Introdução

A diversidade de espécies de um sis­tema ecológico é uma característica mensurável que reflete numerosas mo­dalidades de organizaçilo e funciona­mento do ecossistema. Por exemplo, tem sido sugerido que a diversidade biótica está relacionada com o grau de estabilidade do ecossistema porque um sistema com alta diversidade de espécies possui uma rede complexa de caminhm tráficos ao longo dos quais a energia pode fluir (Poole, 1974). Quando ocorre a eliminação de uma espécie num ecossistema complexo, este possui muitas espécies alternativas dentro do mesmo nível trófico que for­nece energia aos consumidores de ní­vel superior. Desse modo, o ecossistema persiste e constitui-se estável por sua diversidade.

Resultados recentes (dados não pu­blicados) sobre a determinação de criadouros de insetos polinizadores in­dicam que a polinização do cacaueiro pode estar relacionada com mais de uma espécie. Um complexo de espécies dentro do gênero Forcipomyia (Diptera, Ceratopogonidae) tem sido deterrrú­nado como polinizador do cacaueiro. É teoricamente válido propor a hipó-

Revista TheobromD 15(1}. 1985 ~,

tese de que o sucesso da polinização natural numa área está relacionado não só com a abundância de polinizadores, mas também com a diversidade de espécies. Silva e Pinho (1979) afirmam que a produtividade inicial dos cacauais no Recôncavo Baiano tem sido in­ferior àquela dos cacauais do Sul da Balúa e que, provavelmente, a defi­ciência de insetos polinizadores é um dos fatores que contribuem para este fato. A produtividade inicial das plan­tações de cacau no Recôncavo tem sido inferior à das plantações do Sul da Bahia. Entre os fatores que provavel­mente contribuem para isto, inclui-se a deficiência de insetos polinizadores.

O presente trabalho teve os se­guintes objetivos: determinar a iden­tidade e a abundância de insetos poli­nizadores nas plantações do Recôncavo e do Sul da Bahia e conhecer o valor H de diversidade para as localidades mencionadas.

Material e Métodos

A,-aliapo faunística pelo método de co­teta manual

Neste trabalho, o método de coleta de insetos foi o descrito por Soria e Wirth (1974). A metodologia consiste

A po/inizoçifo do cocouetro no Rec()ncl1Vo Boú:mo. Brasil 3

,. 111 realizar avaliações sistemáticas por .)bservaçS:o direta de flores, insetos po­'.lnizadores, "bilros" e frutos. As avalia­.-ões foram feitas na Estação Experi­:nmtal Sósthenes de Miranda (ESOM~). 'vl.unicípio de São Sebastião do P~sse e nas Fazendas Almas e Engenho d' Agua, <Junicípio de São Francisco do Conde, em abril de 1977.

waliaçilo pela coleta de casqueiros

A coleta de casqueiros foi feita de acordo com a metodologia descrita por Soria, Wirth e Besemer (1978). Os lo­cais de coleta foram a Fazenda Engenho d' Âgua, que está implantada com cacau da variedade Catongo, leucomutante do complexo varietal denominado "Co­mum" da Bahia. A idade da plantação supera os 30 anos e está sombrea~a com eritrina (Erythrina g{auca}, caJa­zeiras (Spondia /utea) e jenipapeiros ( Genipa americana).

A plantação amostrada no Sul da Bahia é a denominada Quadra 5, loca­lizada no Centro de Pesquisas doCa­cau (CEPEC), km 22, rodovia I\héus­Itabuna. A variedade implantada é de­nominada "Comum" da Balúa. A idade média da plantação é de aproximada­mente 50 anos e a sombra está cons­tituída por universo diversificado de espécies nativas, entre as quais podem­>e citar a cajazeira, a jaqueira (Arto­carpus integrifolia}, o jenipapeiro e a e ri trina.

Os insetos foram identificados no laboratório de Entomologia Sistemáti­ca, U.S.D.A., junto ao Museu de His­tória Natural dos Estados Unidos, Washington, D.C.

O método mais consagrado na li­teratura para a avaliação da diversidade de espécies num ecossistema é o chama­do fndice de Diversidade de Williams, que foi utilizado neste traba_lho. A medida mais simples da diversidade é o número de espécies de algum grupo taxonômico que ocorre em um "ha­bitat". Todavia, essa medida não leva em conta a abundância relativa. O índice de diversidade é baseado em séries logarítmicas e foi usado origi­nalmente para comparar a captura de lepidópteros em armadilhas de luz (Southwood, 1966). Esse índice de diversidade (Poole, 1974). é dado pela fórmula S = lo& {I + -'t ),_onde o número de espécies (S) e o numero de iníviduos (N) entram na equação. Essa medida pressupõe que as abundân­cias relativas das espécies numa amos­tra ou coleça:o de indivíduos de algum tipo condizem com a distribuição logarítmica. f1 índice de diversidade mais geral e comumente usado, e que não depende de alguma distribuição de freqüência subjacente dos indiví­duos entre espécies (como a última) ~ 0 fndice de teoria de informação. E a medida H que mede a incerteza da prediça:o da espécie de um indivíduo tirado ao acaso de uma população de múltiplas espécies. Aumentando o nú­mero de espécies de uma comunidade, a predição torna-se de maior incerteza. A incerteza e a diversidade de uma comunidade podem ser aumentadas pelo aumento do número de espécies ou pela igualdade de distribuição dos indivíduos entre as espécies.

-S p I p· H' = i = I i og2 1

onde

Rf?Visro Theobroma 15(1). !985

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4 Soria. Wirth e Pinho

S = número de espêcies Pi = proporçilo do número total de in·

divíduos de espécies x''íth". Caso lf fosse estimado em duas coleçoes, as duas diversidades poderiam ser com· paradas pelo teste "t" para verificar se as mesmas diferem dignificativamen­te (Poole, 1974, p. 393).

Neste trabalho, o número de inse· tos por espécie e o valor H' serao comparados nas duas localidades.

Resultados e Discussão

Avaliação faunística pelo método de co­leta manual

Os resultados das avaliações e obser­vações feitas quanto às condições de floração (Quadro I) mostram que as plantações estavam, geralmente, num periodo de recesso de floraça:o, parti· culannente aquelas da ESOMI (média de 29 flores/planta) e as da Fazenda Engenho d'Água (média de 50 flores por planta). Uma densidade maior de floração foi obseiVada na Fazenda Almas, com aproximadamente 100 flores/planta. Mesmo assim, esta flora­ção é menor que a média geral obtida nos estudos fenológicos a longo pra· zo - média !50/planta - conduzidos na mesma fazenda (dados mio publicados arqulvo da ESOMI). '

No que diz respeito à "bilraçao" e frutificaçao, observou·se geralmente o período de recesso de produção. A única exceçao aconteceu na fa. zenda Engenho d'Água, na qual a fru· tificaçao alcançou uma densidade de 30 frutos/planta, correspondente à cole· ta de "temporão", de acordo com a denominação corrente no Sul da Bahia.

Revista Theobrom~~IS(l). 1985

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A polinlzaç6o do caclllleiro no ReC<1nctlJlQ Baiano, Brasil 5

Para determinar a densidade popula­cional dos polinizadores na área visitada, procuraram-se mosquinhas Forcipomyia spp. (Diptera, Ceratopogonidae) presen­tes nas flores, botoes, "bilros" secos e outros abrigos naturais dos adultos, em três áreas diferentes.

Os resultados relativos à densidade populacional de polinizadores naturais (Quadro I) indicam valores numéricos de aproximadamente uma mosquinha por árvore na fazenda Engenho d'Água, e de uma mosquinha por aproximada­mente 10 árvores na ESOMI.

Os níveis populacionais de mosqui­nhas na fazenda Engenho d'Água sao comparáveis aos ocorrentes no Sul da Bahia.

Os resultados relativos à identidade dos polinizadores naturais, durante um período de busca de aproximadamente 12 horas/homem, indicaram insetos do gênero fOrcipomyia spp. (Quadro 2), que foram preliminarmente determina­dos como F (Euprojoannisio) blantoni (Soria e Bystrak), polinizador efetivo na regi:lo sul e F (Forcipomyia) sp., próximo à horpegonata, freqüente tam·

Quadro 2 - Inse~os do gêue10o FOp-­-1ipomyú:l encon~rados nas flores, botiies flocais, bilros vivos, bilros secos, pontas de folhas e outros abrigos na­turais r.oletados manualmente em ca­cauai.s. Recôncavo Baiano. lZ-04-77 a 14-04-77.

In,.etos

Forcipomyia (l:.'uprojoannisia) blantoni

Foreipomyú:l (Forcipomyia) hai'pegonata

PorvipomlfÚl (Porcipumyia) ~p.

Total

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bém na regillo cacaueira do Sul da Bahia, este último sem hábitos polini­zadores. Neste caso, a deficiência de polínízaç:Jo natural poderá estar asso· ciada a aspectos de níveis populacio· nais insatisfatórios para a função re­produtiva do cacaueiro .

AvalJação por coleta de casqueiros Os resultados relativos à entomofau·

na comparada (Quadro 3) indicam que F. (Euprojoannisia) blllntoni, de interes­se econômico (Soria e Bystrak, 1975), ocorre nas duas regiões com nível apro· ximado de abundância, isto é, 85 exemplares na região sul e 95 no Recõn· cavo. A espécie spatulifera ocorreu no CEPEC, mas esteve ausente no Recôn· cavo, pelo menos durante as observa· ções efetuadas no período referido. A espécie F. genualis, existente nas duas regiões, não tem qualquer papel no polinização do cacaueiro, porquanto nunca foi observada atividade expio· ratória deste inseto. O restante das espécies freqüentes no Sul da Bahia esteve ausente no Recôncavo no pe· ríodo referido. As espécies F. horpe­gonata, F poulllineae, F pictoni, F. fuliginosa, F eriophora e F. squamosa não têm papel na polinizaç:ro, pelos mesmos motivos aparentes, para con­siderá-las espécies restritas ao Sul da Bahia, tendo em vista que as duas regioes têm continuidade geográfica, tanto do ponto de vista fisiográfico como de distribuiç!ro da vegetação do Estado .

A monocu1tura canavieira, no Recôn· cavo, mantida por quase 400 anos, tem reduzido consideravelmente o índice de diversidade (valor H "' O, 74) das espécies

Revisra Theobroma 15( 1}. ]985

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L

6 Soria, Wirth e Pinho

Quadro ) - Mosquinhas f."mvipomyia coletadas em,~asqueiros e folhedos de cacauais do Sul da B.~hia (C:F.PEC) e Rel·Ôncavo Baian" (Fazenda fngPr.ho d'Água), de abril a ~etembro de 1977.

F.specie

'· (i·:. blantoni

'· (/:,. ~pe1tu.' ifwm

F. (F.) gen.ua!is

f. (F.) ha't"[>egon.a ~a

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(!.f. ' fu'[iginosa

·C. ( ::. ) rriophora

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Valor H' de Shan<>n e Weav<>r,

(fndice d" diversid.~d.-)

(Quadro 3), devido à substituição da vegetaça:o natural intrinsicamente diver­sa pela cana. O número de espécies tem sido reduzido de nove no CEPEC para quatro no Recôncavo. As espécies F genualis e F blantoni, dominantes, a última no Recôncavo, têm interesse econômico. Estas persistem por causa da disponibilidade de locais naturais de criaçao, a saber: casqueiros de cacau para F. genualis e camada de folhas de cacau para F blantoni, F. fuliginosa e f'. pictoni. As espécies F. spatu/ifera, F. en'uphora e F. squamosa, presentes no Sul da Bahia, estavam ausentes no Recôncavo no período referido.

A diversidade e abundáncia dos in­setos podem ser também afetadas pelas condições climáticas. No recôncavo, a ocorrência de estiagem, marcada por, no mínimo, três meses seguidos no ano, pode trazer conseqüências nao sómente na qualidade do estrato ecológico de produtores no bioma respectivo como

Revista TheobrOmtZ15(lj. 1985 ...

CEPEC

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F;<z<'nda Engenho d'Água

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também na composição de espécies do estrato consumidor, particularmente a fauna de insetos. Isto poderá ser com­pensado pela tendência do restabeleci­mento gradual do bioma original de aproximar-se do clímax à medida em que a plantação de cacau atinge a ma­turidade.

Um fator que aparentemente influi de forma considerável, e a curto prazo, é a idade do cacaual: quanto mais novo, menos diverso em entomofauna de po­linizadores; quando mais velho, mais diverso e estável. Assim, parece prati­cável propor como método para alcan­çar níveis desejáveis de diversidade e abundância de insetos polinizadores, a implantação de árvores de rápido crescimento que desempenham papel de dossel de sombra, como acontece no bioma primitivo do bosque tropical úmido, sempre verde.

Um outro fator que potencialmente pode desempenhar papel importante na

A po/inizaç(fo do cacaueiro no Rec(Jncavo Bai<tllo, Brasil 7

diversidade de polinizadores e que não foi medido na presente pesquisa, é a pre­sença de variedades de cacau que sejam preferidas pelas mosquinhas Forcipo­myia, tendo em v1sta que as varieda­des implantadas no Recó1lcavo sao, de acordo com dados não publicados de polinizaç:Jo mecânica, htbridos par­cialmente autoincompatíveis. No Sul da Bahia, o cacau "Comum" consti­tui-se no complexo varietal dominante. Este complexo varietal é autocom­

patível.

Além disso, o manejo, que tende a fornecer dossel de sombra a curto prazo, parece propiciar a reprodução dos insetos polinizadores e induzir gradativamente sua abundância, diver­sidade e conseqüente aç:Jo na produção do cacaueiro.

Conclusões

l. A espécie F. blantom· foi conside­rada como a de maior importância econômica para a região do Recôncavo e as espécies F blantoni e F ;patulifera as mais importantes no Sul da Bahia.

2. O objetivo de conhecer o valor H O, 74 para o Recôncavo, quando comparado ao H = l ,29 para o sul da Bahia, foi alcançado após levantamen­to entomológico feito nas duas localidades.

3. Interpreta-se a diferença marcante como sendo devida à substituição da vegetação natural pela monocultura de cana por um período considerável de tempo.

4. Dentre os fatores que mais afetam a abundância dos insetos, acredita-se que a disponibilidade de locais naturais de criação é o fator limitante. Isso foi evidenciado pela abundância de F genualis e E blantoni, que dispõem de meios naturais no Recôncavo a nível de implantaçao de cacau.

5. O tipo de manejo que otimizaria o desenvolvimento da entomofauna desejável de polinizadores seria a da rápida implantação de sombra defi­nitiva, já que ela permite o mais rápido desenvolvimento do cacaual como agro­ecossistema.

Literatum Citada

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SOUTHWOOD, T.R.E. 1966. Ecological methods. London, Methuen. 1.p.

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R ista Theobroma 15(1}: 9 ~ 18. 1985 c:~rro de Pesquisas do Cacau,llhfus, Bahia, Bnuil

Tolerancia de cultivares h1bridas de cacau a alumínio

Maria Bernadeth M. Santana' ,Milton Mocoto Yamado 2 e Charles José L. de Santana1

ReODDo

Com o objetivo de avaliar a tolerância de quatro combinações híbridas e da cultivar Catongo a alumínio, conduziu-se um ensaio em solução nutritiva com diferentes níveis desse elemento. Os diferentes tratamentos foram constituídos das combinações SIC 864 x SIC 328, SIC 823 x ICS I, SIC 831 x Sca 6, SIC 831 x IMC 67 e Catongo cultivadas em 'olução nutritiva de Steinberga 1/5 (com baixo nível de P: 4 l'g. ml"' ), acrescida das doses O, 5,10, 15 e 20 J.<g. mr' cte alumínio, na forma de sulfato. Empregou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco repetições e a unidade experimental foi constituída por três plantas. As soluçôe~ eram substituí­das quiJllenalmente, ajustando-se o pH para 4,0 a 4,2. As plantas foram colhidas aos 110 dias, medindo~ a área fo\iar, produção de matéria seca e teores de P, K, Ca, Mg e AI nas raízes e por­ções mferior e superior da parte aérea. A maior tolerância a nível baixo de fósforo em presença de alumínio, a menor diferença da área foliar e da produção de matéria seca entre as plantas do tratllmento zero e de 20 ppm, o maior nívd crítico de alumínio para redução da área foliar e da produção de matéria seca em 25% em relaçãO ao tratamento zero, e a relação mais baixa de K/Ca + Mg, nos cruzamentos SIC 831 x Sca 6 seguido de SIC 931 x IMC 67 indicam maior to­lerância destas cultívares ao alumínio em relação às outras três.

Pala11ros chave: Theobromtl cacao, htbrido, tolerância a alumínio

Tolerance of cacao hybrids to aluminum

Abstract

To evaluatc the dilierences among flye cultivais of cacao {fom: hybrids combinations and Ca­tongo) relative to aluminum tolerance, thc plants werc tcsted in nutrient solution with different leveis of the element. The combinations, SIC 864 x SIC 328, SIC 823 x ICS 1, SIC 831 x Sca 6, SIC 831 x IMC 67 and the Catongo wcrc grown in a Steinbe:rg solution (1/5 strength) with a kJw levei of P, 4 jlg.mf1 and with leveis ofO, 5, 10,15 and 20 pg.mf1 ofaluminumassulfate. A co~pletejy randomized block experimental design was used with fwe repetitions; the experimcnt ~~t ;;s threc plants. The solutions werc rcplaccd evcry two wceks; thc pH was adjustcd to 4.0-~ · M e plants were collcctcd at 110 days. The foliar arca, dry matter production and tl1c P, K,

' g ami AI oontents in the roots and aerial parts werc measm:ed. Thc highcr tolcrance to thc

'DMBi.fo d G • B

. e eociencWs, Centro de Pesquisas do Qrcrru (CEPEC), Gl'ixa Postal 7, 45.600, !tabu· ntl, ah14, Brasil.

2D .. !VIsão de Genética, CEPEC.

cnido . para publ!CQÇiio em 31 de agosto de 1984 9

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10 Santa1112, Yamada e Sanuma

Jow levei of phosphorus in thc presence of aluminum, lhe small difference ofthe foliar arca and <h:y mattcr production bctwcen plants for O and 20 ppm o f aluminum trcatments, the higher criticallevel of aluminum for a reduction of 25% of the foliar area and dry matter production in relation to lhe zero trcatmcnt, and the ]owcr rclation of K/Ca+Mg in thc S!C 831 x Sca 6 combi­nation followed by SIC 831 x IMC 67 suggcst a grcatcr tolcrance of these cultivars to aluminum than lhe other tluee.

Key word$. Theobroma cacao, hybrid, aluminum tolerance

Introdução

Entre os solos cultivados com cacau, no Sul da Bahia, figura a unidade Tropu­dult distrófico (Ultisol), que, apesar das .boas características físicas,apresenta, em geral, acentuado grau de acidez, ex­presso em altos índices de saturação de alumínio no complexo de troca(> 30%). Com a expansão da cultura, vém sendo utilizados também os oxissolos, com teo­res de alumínio relativamente elevados. Nesses dois solos, tem sido recomendada a prática da calagem; no ultisol, mais para fms corretivos, e no oxissol, além de corretivo, o calcário representa fon­te de suprimento de cálcio e magnésio (Cabala e Santana, 1983 ).

Os efeitos do alumínio tém sido ava­ltados no cacaueiro Catongo através de cultivos em soluções nutritivas, onde se tem detectado um nível de 15 a 16 ppm como limite de tolerância. Até este mVel, não foi significativa a redu­çilo na produção de matéria seca, em­bora tenha havido diminuição na ab­sorção de cálcio e fósforo (Santana, Cabala-Rosand e Miranda, 1973; Ezeta e Santana, 1979).

Segundo informações apresentadas por Silva, Carletto e Mariano {1982), as produções de híbridos com clones de origem amazônica (combinações com Sca 6 e com Sca 12), durante 3 anos, a partir do quarto ano de idade,

R,..Yta Theobrom4 }5{1). 1985

foram elevadas (1.500 kg/ha), não so­mente em um solo de alta fertilidade natural, como também em um solo áci· do de baixa fertilidade, enquanto as produções dos htbridos com clones tri­nitários (ICS 1 e UF 613) foram eleva­das apenas no solo de alta fertilidade. Garcia e Léon (!978) classificaram co­mo tolerantes a alumínio os htbridos ICS 60 x Sca 12 e ICS 6 x Sca 6, com base em resultados obtidos em experi­mentos com soluçOes nutritivas.

A seleção de cultivares tolerantes a alumínio, tão em voga em culturas anuais (Miranda e Lobato, 1978; Ma­lavolta, Nogueira e Oliveira, 1981; Mu­zilli, 1978), pode ser aplicada a cultu­ras perenes, como a do cacau, visando sobretudo ao aproveitamento de solos ácidos que, embora na faixa climática adequada, sa:o considerados marginais para a cacauicultura.

Neste trabalho, procedeu-se à carac­terização de quatro combinações híbri­das e da cultivar Catongo com relação à tolerância a alumínio.

Materia] e Métodos

Sementes de Catongo e das combi· nações SIC 864 x SIC 328, SlC 823 x ICS I, SIC 831 x Sca 6 e SlC 831 x IMC 67 foram colocadas em germinador de areia, onde permaneceram 20 dias após a germinação. Após esse período, as

Toler411cia de cultivares hfbridas de cacau a alumfnio 11

1 tas foram transferidas para vasos p an .1.

d 6 5 litros contendo soluções nutn l-

e ~om doses crescentes de alumínio. "' s·be Empregou-se a soluça:o de tem. rg a

115 (Foy et ai, 1967) sem alumímo (ze·

ro) e acrescida de 5, 10, 15 e 20 mg de AI/1. na fonna de All(S_04h· ~~ HzO. A composição da soluçao nutnhva em mg/1 foi: N-NOi (51 ,9), N-NH! (4,4), p (4,0), K (3!,9), c, (50,8), Mg (6,6), s-SOl (4,0), Mn (0,13), B {0,07), Zn (O,D4), Cu (0,01), Mo (0,005)0 Fe (!,0).

Cada híbrido foi submetido a cinco tratamentos {0, 5, 10, 15 e 20 mg de AJ/1), em cinco repetições, num deli· neamento inteiramente casualizado. Ca­da unidade experimental foi constituída

por trés plantas.

A solução era substituída quinzenal­mente, ajustando-se o pH para 4,0 a 4,2 com HCl ou NaOH. Antes da substitui­ção, completava-se o volume da solução usada e, após homogeneização, tomava­se uma alíquota para determinação do pH e dos teores de P, K, Ca e Mg. Aos 110 dias, coletaram-se as plantas, subdi­vidindo-as em raízes e parte aérea. De­pois de lavadas trés vezes em água des· tilada, separou-se a raiz principal, para medição do comprimento, e a parte aérea foi subdividida em parte aérea su­perior e inferior, considerando-se co­mo limite a escara foliar encontrada en­tre a parte mais escura e a parte mais clara do caule (respeçtivamente parte inferior e parte superior). Destacaram-se as folhas para medição da área foliar em medidor automático e '.eguir cau-1 ' ' es e folhas foram colocados em sacos de papel e levados à estufa para secagem a uma temperatura entre 65 e 70 OC du-

rante 72 horas. Após a secagem, tanto as raízes quanto a parte aérea foram pesadas, para cOmputo da produção de matéria seca, e moídas para dosagem de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e alumínio em extrato nitro perclórico (5:1). Com exçeção do alumínio, que foi medido por espectrometria de emis­são de plasma, nos laboratórios de CE­NA (Piracicaba, SP), os demais elemen­tos foram dosados de acordo com os métodos empregados nos laboratórios de análise química do CEPEC {Santana, Pereira e Morais, 1977).

Calculou-se também o n~Vel de AI em que cada variedade teve a área foliar e a produçl'lo de matéria seca reduzidas em 25% em relação à testemunha (sem alu­mínio).

Resultados e Discussão

No Quadro 1, encontram-se os dados relativos aos teores de P na solução nu­tritiva, antes do uso, e nas soluções usa­das e substituídas a cada 15 dias. Os de­mais nutrientes deixaram de ser apre­sentados porque não foram afetados pelo alumínio da solução. Observa-se que parte do fósforo, à semelhança do que ocorre no solo, fora imobilizado na solução, mesmo antes do uso, tomando· se essa imobilização mais acentuada com o tempo de cultivo, havendo também a depleçao nonnal resultante da absorção. Nas últimas substituições, observou-se menor teor de P nas soluções com me­nor concentraça:o de alumínio, devido naturalmente a maior absorção pelas plantas que se desenvolveram mais. Nos níveis mais elevados de alumínio, o fós­foro assimilável passou a quase zero na soluça:o, o que mostra a grande intluén-

Revista Theobr()TTUJ 15(1). 1985

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12 &mtaiiiJ, Yamada e Santana

Quadro 1 - Níveis ,, fósforo nas soluçÕes nutritivas, antes e após cada subs-tituição.

Tratamentos

(doses de AI em ppm) Antes " , 3,86 3,15

5 3,62 o, 79

10 3,18 0,46

15 2, 78 0,51

20 2,44 0,65

cia daquele elemento na imobilização do fósforo. Com efeito, observou-se uma deficiéncia acentuada deste elemen­to nas plantas, com queda das folhas ba· sais e conseqüentemente transporte de fósforo para as folhas superiores.

Os primeiros sinais de deficiência de fósforo, caracterizados pela presença d~ pontos necrôticos nas folhas mais ve· lhas, foram observados aos 45 dias, em estágio avançado, em todas as repeti· ções dos tratamentos 15 ; 20 da culti­var Catongo; em estágio inicial em al­gumas repetições dos tratamentos 15 a 20 das combinações SIC 864 x SIC 328 e SIC 823 x ICS I; em estágio ini­cial em algumas repetições do tratamen­to 20 da combinação SIC 831 x IMC 6 7; e nenhuma ocorréncia na combina­çlo SIC 831 x Sca 6.

Esses sintomas evoluíram e tomaram­se mais ~neralizados, principalmente nas cultivares Catongo SIC 864 x SIC 328, SIC 823 x ICS 1, registrando-se inclusive queda de folhas aos 75 dias; foram porém menos generalizados e menos acentuados na combinação SIC 831 x IMC 67 e praticamente inexis­tentes na SIC 831 x Sca 6. A análise

Revista TheobromJI I 5( 1}. 1985

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ppm de P

2,02 1,33 0,07 0,02 0,01

0,04 0,02 0,02 0,01 0,02

0,05 0,03 0,07 0,01 0,05

0,03 0,03 0,06 0,03 0,05

0,04 0,06 0,06 0,0& 0,08

das folhas caídas prematuramente re­velou teores de P extremamente bai­xos (0,03 a 0,08%). Essa capacidade de sobreviver sob baixos teores de fós­foro em presença de altos níveis de alu­mínio, sem maiores conseqüéncias, su­gere uma possível toleráncia da culti­var a este último elemento. Cabala-Ro­sand e Mariano (1985) assinalaram que as combinações SIC 831 x Sca 6 e SIC 831 x IMC 67 mostraram-se como as de maior capacidade em absorver fósfo­ro da solução nutritiva. Salinas e San­chez (1976) adnútem que maior capa­cidade de absorção de fósforo está asso­ciada a tolentncia a alumínio, mostran­do que variedades de sorgo tolerantes a alumínio foram também tolerantes a es­tresse de fósforo. Esses dados reafirmam a necessidade da aplicação de maiores quantidades de fósforo em solos con­tendo índices elevados de alumínio trocável.

Na Figura 1, encontram-se represen­tados os dados relativos a área foliar, peso da matéria seca total e os teores de cálcio, potássio e magnésio das por­çOes superior e inferior da parte aérea. Obviamente, d medida que se elevam

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14 &mtana, Y amada e Santana

os níveis de alumínio na solução nutri­tiva, há um decréscimo nos va1ores cor­respondentes à área foliar e produção de matéria seca, numa correlação bas­tante elevada, conforme os valores apre­sentados junto aos gráficos.

A diferença da área foliar e da pro­duçllo de matéria seca entre as plantas do nível zero e as de 20 ppm de A1 foi menoo acentuada no SIC 831 x Sca 6, indicando maior grau de tolerância des­sa cultivar em relação às que foram in­cluídas neste trabalho, principalmente a SIC 864 x SIC 328, SIC 823 x ICS I e Catongo.

Os níveis de alumínio, em ppm, na soluç!lo nutritiva, para reduzir em 25% a área foliar e a produção de matéria se­ca total, calculados a partir das equações de regressa:o, para cada uma das cultiva­res, foram para área foliar: 8,1, 8,3, 9,1, 10,3 e 7,6, e para matéria seca: 8,1, 9,2, 10,5, 10,5 e 7,6, respectivamente para SIC 864 x SIC 328, SIC 823 x ICS 1, SIC 831 x Sca 6, SIC 831 x IMC 67 e Catongo. Os mais elevados foram para SIC 831 X Sca 6 e SIC 831 x IMC 67e o mais baixo foi para a cultivar Caton­go que, aparentemente, é a menos tole­rante. E possível que, em níveis mais elevados de fósforo, esses limites atin­jam valores bem superiores.

Os teores de cálcio foram mais bai­xos na porção superior da parte aérea e, tanto na porçl'lo superior quanto na inferior, reduziram.fie com o aumento dos níveis de alumínio. Contrariamen­te, houve aumento nos teores de potás­sio com os níveis de alumfuio e, sendo um elemento bastante móvel na planta, os teores foram mais baixos na porção

Revi1ta Theobroma 15(1). 1985

inferior. Com relaça:o às bases, portan­to, o efeito do'aiumfnio se exerce prin­cipalmente redurindo a absorção do cálcio e elevando a absorção de potás­sio, mantendo-se assim o equilíbrio ele­troquímico nos tecidos. Embora não es­teja ainda esclarecido, tem.fie constata­do o efeito do alumínio e de outros íons polivalentes sobre a acumulação de po­tássio nos tecidos, ao ponto de já se ha­ver sugerido o uso da relaça:o K/Ca + Mg como critério para medir-se o efeito ad­verso do alumínio. Warde Sutton (1960) assinalam, em um trabalho sobre toxici­dade em pimenta-do-reino, que, quando essa relaça:o era de I ,29, a planta havia sido ligeiramente afetada e, com 3,89, os danos já foram considerados severos.

O Quadro 2 mostra os valores médios dessa relação nos diferentes níveis de alumínio. Nas condições deste experi­mento, os valores globais dessa relação foram 0,58 e I ,48 (respectivamente porção inferior e porção superior) na testemunha e aumentaram progressiva­mente até 2,32 e 4,08 (inferior e supe­rior) no tratamento 20 ppm de AI, com ligeira tendéncia de serem mais baixos nas combinaç!kS SIC 831 x Sca 6e SIC 831 x IMC 67, os quais, de acordo com outros parâmetros, tém-se mostrado mais promissores em termos de tolenln­cia a alumínio. Ezeta e Santana(l979), estudando o efeito do alumínio sobre absorção de nutrientes em plântulas de cacaueiros Catongo, obtiveram, pua a relaça:o K/(Ca + Mg), valores de I ,88 na testemunha e 3,56 na dose de 10 ppm de alumínio.

Contrariamente, Malavolta, Noguei· ra e Oliveira (1981) mostram que as

Tolert'lncia de cultWares hfbrld81 de CSCBU 111dumfnio 15

Quadl'O z- Va1o~es_mêdios da relação K/(Ca+H~) para os dife10entes níveis ,. AI nos dife10enres htb~~dos.

T10ata!llentos Co111hinaçÕes

(doses de A1 em pp111)

SIC 864- x "' SIC 823 x I'" SIC 831 x ,., SIC 831 ' I"' Catongo

SIC 864 ' SIC SIC 823 ' I'" Src 831 ' ,., SIC 831 x IMC Catongo

SIC 864 x SIC src 823 ' ICS

10 SlC 831 x Sca SIC 831 ' IMC Catongo

SIC 864 x SIC SIC 823 x rc;.:

" SlC 831 x Sca SIC 831 x IMC Catongo

SIC 864 x SIC SIC 823 x I'"

'" SIC 831 x ,., SIC 83\ ' IMC Catongo

variedades mais tolerantes de sorgo e feija:o absmveram mais potássio em presença de maiores quantidades de alumínio.

Os teores de fósforo e de alumínio das raízes e da parte aérea (porção supe­rior e inferior) encontram-se apresenta­dos no Quadro 3.

Nos tratamentos a partir de 5 ppm de alumínio, na soluçao, observou-se uma reduçfo gradativa dos teores de fósforo doo tecidos da parte aérea e uma cres­cente mobilizaça:o da porça:o inferior pa­ra a Porça:o superior, o que é comumen-

Parte ae10ea

infe10ior supe10ior

"' o, 58 1,53 I o, 59 1,63

' 0,48 1,14 67 0,60 1,40

0,66 1, 70

328 1,26 2,45 I 1,26 2,95

' 0,94 2,11 67 0,83 2,43

1,15 2,50

328 1,59 3,83 I I, 74 4,27

' 1,23 2,58 67 1,53 2,95

1, 91 4,48

328 2,07 4,37 I 1, 77 3,96

' 1,89 3,84 67 I, 96 3,56

2,07 5,00

328 2,32 5, 32 I 2,27 4,55

' 2,11 4,52 67 2,38 4, 39

2,52 5,24

te observado em casos de deficiéncia desse elemento.

No tratamento sem alumfuio, apenas 46,7% do fósforo foram mobilizados pa­ra a porça-o superior, enquanto aS, 10, 15 e 20 ppm essa taxa foi de, respectiva­mente, 61,8, 64,6, 65,7 e 67,7%. Nas fo­lhas caídas prematuramente os teores desse elemento variaram entre 0,03 e 0,08%.

Os níveis de alumínio foram inferio­res a 150 ppm na porça-o superior e va­riaram de I% a 309 ppm na parte in­ferior, sendo que, nas folhas caídas,

Rt!l'ista Theobromo 15(1). 1985

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16 Santana, Yamada e Santana

esses níveis atingiram valores médios de 397 ppm.

Nas raízes, quase não houve reduça:o nos teores de fósforo, e os níveis médios de alumínio foram consideravelmente elevados, atingindo percentuais médios de 0,795, 1,029, 0,921 e 1,112, respec­tivamente, nas plantas dos tra~mentoS 5, 10, 15 e 20 ppm de a!umínio. E ampla­mente comentado na literatura o efeito de interaça:o entre alumútio e tõsforo no sistema radicular, admitindo alguns autores (Hsu e Rennie, 1962; Clarkson,

1966) que se trata de uma reaÇio de ad­sorça:o-precipitaç!lo entre H 2P04 e o grupo AI (OH)! predominantemente a pH abaixo de 5,0, o que reduz efetiva­mente a quantidade de fósforo disponí­vel a ser transportado para a parte aérea e entrar nos "pools" metabólicos da

raiz. Como o pH das soluções, no pre­sente experimento, esteve sempre abai­xo de 4,5, deve ter ocorrido uma rea­ç!ro similar, podendo-se explicar assim a existência de altos teores de fósforo no sistema radicular e baixOs teores na parte aérea.

Quadro 3 - Teores d<' P e AI nas raízes e nas porçÕes inferior e superior da part .. aêrea.

Tratamentos

(dos<'s de 111 ~m ppm)

5

20

Raízes

P(%)

0,426 o,5m 0,487 0,388 0,448

O,J97 0,395 0,437 0,426 0,387

0,441 0,416 o, 377 0,406 0,411

O, 395 0,1,02 o, 308 o, 37J O, 398

0,405 0,1,44 o, 356 0,414 0,502

111(%)

0,846 O, 727 0,827 o, 784 o, 791

I, 130 I ,016 o, 934 1,076 o, 948

1,104 0,978 o, 701 0,854 1,070

1,121 I ,094 0,9'i3 1,097 1,294

, ReviJ~eobroma 15(1). 1985

Part~ aêrea

Inferior Superior

p(%) A1(ppm) P(l.':) AI(ppm)

0,1.51, 0,426 0,44'i o, 39J 0,493

o, 184 0,164 0,191 0,195 o,.t79

0,162 0,\21 o, Jl9 0,158 o, 169

o, 118 0,!84 0,093 o, 137 0,120

o, !04 o, 108 0,089 o, 106 o, 123

186 1"' 20> 160

1"

'" 262 231 m

'" 280 364 2 34 372 294

O, 395 0,409 o, 365 o, 364 0,404

o, 327 o, 306 0,277 0,281 0,283

0,302 0,240 0,206 0,279 0,306

0,259 0,26! 0,173 0,262 0,289

0,261 o, 180 0,179 0,199 o, 292

>'1 101 \28

" 99

TolentnciJJ de cultivares hfbridas de cacau a alum(nio

Conclusões

A maior capacidade de crescimento da combinaç!ro SIC 831 x Sca 6 se­guida de SIC 831 x IMC 67, em nível baiXo de fósforo na presença de alu­mínio, indica maior tolenlncia des­tas cultivares a este elemento;

Essas mesmas cultivares tiveram a área

17

foliar e as produções de matéria seca reduzidas em 25% com maiores doses de alumínio;

Também a relação K/(Ca + Mg), para­metro sugerido como critério para classificaça:o de espécies ou varieda­des tolerantes, foi mais baixa na SIC 831 x Sca6 e na SIC 831 x IMC 67.

Agradecimentos

Os autores agradecem a participação de Dr. Percy Cabala-Rosand, dos têcnicos agrícolas Se­basti:'lo Assts Brandão e Renato Novaes e da equipe de laboratório da Divi.silo de Geoctl!ncias do CEPEC na elaboração deste trabalho.

Uteratura Citada

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18 Santanfl, Yamada e Sanuma

cies diff ZS: 156 _~~;-ces in tolerance to low avaiJable soil phosphorus.

Ci~ncia e Cultura

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Respostas do clone Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizantes no sul da Bahia 1

Edson Lopes Reis', Percy Co.bala-Rosand' e Charles J. [ .. de Santana'

Resumo

foi avaliad3 a influência da aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio em um seringal em de-1envolvimento, localizado no município de Camamu, Bahia. Utilizou-se o delineamento experi­mental em blocos casualizados com 10 tratamentos e 7 repetições, sendo 8 dos tratamentos pro­venientes do arranjo fatorial incompleto e 2 adicionais em que se mediram os efeitos da calagem e da adição de micronutrientes, Os nutrientes foram aplicados em três níveis, a intervalos regulares de 60, 90 e 60 kg ha -I de N, P20s e K1 O, respectivamente. O desenvolvimento do tronco da se­nngueira mostrou efeito altamente significativo para a aplicação de fósforo e, através de equações de regressão, determinaram-se as doses que condicionam máximo desenvolvimento do tronco, que se situaram entre 128 e 139 kg ha _, de P20s. Aaplicaçáo de 90 kg ha -t de P10 5, todavia, íoi a mais econômica, sendo suficiente para antecipar o período de sangria, enquanto que a aplicação de nitrogênio, potássio, calcário dolomítioo e micronutrientes não teve efeito significativo sobre o desenvolvimento da seringueira.

Pa/f/Vras-chave: HeveD brasiliensis, solo, adubação mineral

Response ofthe rubber clone Fx 3864 to fertilizers in southem Bahia, Brazil

Abstract The effect of nitrogen, phosphorus and potassium on the development of lhe rubber clone

F){ 3 864 was evaluatcd at Camamu, Bahia, Braz i\. A random block C){perimental design o f 10 lreatments and 7 replícations induded 8 treatments of an incomplete factorial plus 2 additio­nal in which lime and micronutrients were added. Nitrogen, phosphorus and potassium were added at three leveis with intervall; or 60, 90 and 60 kg ha .I o f N, P10s and K1 O, respectively. lhe effect of phosphorus on the trunk circunference of the rubber tree was highly significant. lhe leveis which gave maximum circunference growth Varied from 128 to 139 kg ha -' ofP10s. However, applications of 90 kg ha -I ofPzOs were economica! and sufficient to advance the

' Trabalho apresentado no IV Seminilrio NacioTWI de Seringueira, Salvador. !O a 16 de ;unho de 1984, e executado com recursos do Convênio SUDHEVEAJEMBRAPA/CEPLAC.

2 Divisão de Geociêncios Centro de Pesquisas do Cocau, Caixa Posta/ 7, 45.600, Irabuna. Bahia, Brasil. '

Recebido p , 1. -ara pu 1caçao em 13 de agosto de 1984 19

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20 Reis, Cabnfa-Rasand e Santana

period o f bleeding. Nitrogen, potassium, lime and micronutrients 'lhowed no significant effects on trunk growth.

Key words: Hevea brardliensis, soil, mineral fertilization

Introdução

Trabalhos conduzidos nos principais países produtores de borracha natural têm mostrado que a adubação da serin· gueira em desenvolvimento acelera o seu crescimento, antecipando o período de sangria, mantém o vigor da planta e ga­ran'te níveis elevados de produção.

Rosenquist (1960) e Hasselo (1960) mediram os efeitos de NPK sobre o cres­cimento da seringueira e obtiveram res­postas significativas para esses nutrien­tes. Do mesmo modo, Pushparajah e Guha (1968), em oito ensaios de adu­bação, instalados em quatro grupos de solos da Malásia, constataram aumen-105 no desenvolvimento da seringueira devido à adubação e concluíram que a neces~idade dessa prática poderia ser estimada mediante conhecimento prévio do nível de fertilidade do solo. Jeevaratnam (1969), por outro lado, considera importante a adubação da se­ringueira, nas fases pré e pós sangria, enquanto Hardjono e Angkapradipta (1973) mostram que o cre~cimento da seringueira apresenta efeitos lineares para o nitrogênio e quadráticos para o fósforo.

No Sul da Bahia, a ~eringueira vem sendo implantada preferentemente em solos de baixa fertilidade, fato que tem levado à necessidade de realizar ensaios de adubação ne~ses solos, objetivando delimitar faixas de disponibilidade (Ca­bala-Rosand e Santana, 1976), medir

Re . ., Theobrorrw 15{1). 1985

respostas de plantas enviveiradas aos fer­tilizantes (Cabala-RosandeMaia, 1974?; Reis, Souza e Caldas, 1977), avaliar res­postas de seringueiras em formação a doses de fertilizantes (Santana, Miranda e Cabala-Rosand, 1979?; Reis, 1979) e verificar os efeitos de adubaça:o e cal agem em presença e ausência de estimulação sobre a produção da seringueira (Reis, 1977?; Reis, Santana e Cabala-Rosand, !984).

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a influência da aplicação de doses de nitrogênio, fósforo e potá!:sio sobre o desenvolvi­mento da ~eringueira visando a antecipa­ção da sangria.

Material e Método

O experimento foi instalado em 1975, na Fazenda Três Pancadas, da Firestone, no município de Camamu, Estado da Bahia, em solo que corresponde à Uni­dade Una ( liaplorthox variação Cristali­no), em um seringal em fase de desen­volvimento, plantado através de tocos enxertados do clone Fx 3864, em 1972. Nos três primeiros anos, o seringal foi adubado com a fórmula 19-19-19 na razão de 95 kg ha · 1 ano · 1 . '

Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso com 10 tratamentos e sete re­petições, com arranjo de oito tratamen­tos, segundo esquema fatorial incomple­to, e dúis adicionais, em que se aplica­ram calagem e micronutrientes. A uni­dade experimental foi constituída de

Doses de fertilizantes em seringuetra 21

eis plantas úteis, separadas por borda­~uras simples entre as fileiras e duplas entre as plantas.

Os nutrientes foram aplicados em três níveis, com intervalos regulares de 60,90 e 60 kg ha -I de N,P205 e K-:zO, respectivamente. A dose total anual dos nutrientes N, P e K, aplicada na forma de uréia, sulfato de amônia, superfos­fato triplo e cloreto de potássio, foi dividida em duas aplicações anuais, sendo adicionado todo o fósforo e o potássio e a metade do nitrogênio em setembro e a outra metade de nitro­gênio em março. Nos tratamentos adi­cionais, o calcário dolomítico foi incor­porado à razão de 900 kg ha "1 no início do ensaio e os micronutrientes aplicados na forma de FTE (Frited Trace Elemen­ts) BR-8, a razão de 70 kg ha -I ano -I,

junto com a adubação efetuada em se­tembro.

Para fim de análise, foram tomadas anualmente as circWiferências do tronco a \,30 metro do solo, coletando-se tam­bém amostras de solo no início e ao tér­mino do experimento para se avaliar as transformações ocorridas em fWição dos tratamentos aplicados.

Resultados e Discussão

Na Figura 1, est[o ilustrados oo da­dos de análises químicas dos solos, co­letados as profundidades 0-5 em; 5 - 10 em e 10-20 em em dois períodos 'de controle (1976e 1980). Observam-se alterações decorrentes dos tratamentos e do período de aplicação: no caso do fós­foro, há incrementos resultantes das do· se~ aplicadas, enquanto que o potássio niio evidencia alterações marcantes em função das doses utilizadas. Esses resul-

tados são bem semelhantes aos encon­trados por Bolton e Shorrocks (1961) e Pushpadas et al (1973).

Os teores trocáveis de cálcio e magné­sio aumentaram logo após a aplicação do calcário e mostraram uma diminui­ção com o decorrer do tempo. Todavia, nas parcelas que não receberam calcáriÔ, a diminuição nos conteúdos trocáveis dessas bases ocorreu numa proporça:o bem menor. A acidificação do solo foi evidenciada pela redução nos valores de pH e aumento nos teores trocáveis alumínio, que aparentemente decorre do wo de (NH4h S04 e KCl, confir­mando resultados anteriormente assina­lados por Pushpadas et al (1973).

Os dados de circunferência do tron· co, após o 2~ ano de aplicação dos trata­mentos, acusaram efeitos altamente sig­nificativos para a aplicação de fósforo (Quadro 1), apresentando resposta de natureza quadrática (Figura 2). Através das equações de regressão, determina­ram-se as doses que propiciam maior de­senvolvimento do tronco no 5!' , 69, 7_0 e BP anos e que correspondem a 128, 130, 136 e 139 kg ha -I deP2 0 5 ,

respectivamente. A análise estatística, entretanto, não mostrou diferenças en­tre as doses de 90 e 180 kg ha -I de P2 0 5 de onde se depreende que a dose de 90 kg ha -I de P2 0 5 é a mais indicada do ponto de vista econômico. Estes re­sultados coincidem com os anteriormen­te obtidos por Hardjono e Angkapradipta (1973) e Reis (1979), que avaliaram os efeitos da adição de NPK sobre o desen­volvimento da seringueira.

A adição de nitrogênio e potássio não contribuiu para o desenvolvimento do

Re~~ista Theobroma 15(1). 1985

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22

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Reis, Cabala-Rosond e Santana

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-- AMOSTRAGEM OUTUBRO DE 1976 --- •wDSTRioGEM $ETEIII8AO DE 1980

N(VEIS N PeDa ~~O o o o o • •o 10 •o I 110 110 110

Figura I - Algumas características químh:as do solo, coletado a três profundidades e em dois períodos de conuole.

Ret~ist4 Theobrom~~ 15(1}. 1985 -...

Doses de fertilizantes em r;erl11glleira 23

Quadro 1 - Influência dos tratamentos sobre o desenvolvimento d• circunferên

~ia do tronco da seringueira em formação.

Tratamentos Circunferência do tron~o

' rzos ,,, 49 ano 59 ano 69 ano 79 apo 89 ano

-kgha -1 em

o o 00 00 18,10 20,36 26,53 29,46 34,60

00 90 60 18,13 23,84 32,94 37,47 44,39

60 00 60 16,50 19,36 25,67 28,07 34,49

óO 90 00 l 7. 76 24,56 33,39 38,06 45,03

60 90 60 18,51 24,24 32,57 37,23 45,13

óO 90 120 17,20 23,06 31,93 36,51 43,01

60 180 60 17,04 23,59 32,56 37,56 44,87

120 90 60 17,87 24,37 33,53 38,36 44,36

60 90 601 17,53 23,56 32,97 37,90 44,11

60 90 602 17.93 2lo,06 33,01 37,80 44,64

Tukey (S:t) N.S. 4,18 7,97 8,&1 6, 98

Tukey ( 1%) N.S. 4,91 9,34 10,09 8,18

c. v. "' 10,00 10,00 14,00 14,00 9,00

1 Adição de 900 kg ha-1 do calcário dolomrtico

2 Adição do 70 kg ha-1 de F.T.E.

tronco da seringueira (Quadro 1). Apa­rentemente, as exigências de desenvolvi· mento foram atendidas plenamente pela disponibilidade desses nutrientes no so­lo, concordando com os resultados de George (1963), Wignjatmodjo (1964), Ananth et al (1966), Jalichan e Taka· hashi (1970), Soong (1973) e Reis (1979).

A aplicação de calcário dolomítico e micronutrientes, na forma de FTE, também não provocou aumento no de­senvolvimento da seringueira. Com exce­ção dos tratamentos testemunha e sem fôsforo, os demais, coostantes do Qua· dro 1, apresentam circunferências mé-

dias do tronco em condições de sangria decorridos a anos do plantio e 5 anos da aplicação dos tratamentos fertili· zantes.

Conclusões

1. Para as condições edafo-climá· ticas em estudo, o fósforo é o nutrien­te que propicia maior desenvolvimen­to da seringueira e apresenta resposta de natureza quadrática;

2. Entre as doses estudadas, a dose de 90 kg ha -1 ano "1 deP2 0 5 se apre­senta como a mais indicada do ponto de vista econômico, sendo suficiente

Revista Theobrom~~I5(1). 1985

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24 Reis, Cabala-Rosand e Santana

para suprir as necessidades desse ele· menta na fase de desenvolvimento e antecipar a sangria.

nivel de fertilidade do solo ensaiado satisfaz as necessidades de nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio e micronu­trientes, 3. Na fase de desenvolvimento, o

50

E ~

8.2 ANO

o 40 y~ 34~0J6122P-0,00058P2r ~ 0,8246 * * u z o 72 ANO a: >- y=28,4+0,15t80P- 0,CXX)56P2r =0,8426** o o 6.2 ANO

[l 30

2 ** z y=26,1+0,11670P-0,00045P r= 0,8485

~ w 52 ANO "-z

y= 19,9+0,07173P-O,COJ2SP2 r= 0.7746*"* ::> 20 u a: u

o l 2

NÍVEIS DE FÓSFORO

Figura 2 -Efeito de níveis de fósforo sobre o desenvol\IÍmento da circunferência do tronco, depois da~ , 3~, 4~ e 5~ aplirnções de fertilizantes.

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Revisf-a Theobroma 15{ 1). I985

Revista l"heobroma 15(1) 27-34. 1985 Cenrm de Pe.\·quisa.\· do Cacau..llhéus, Bahia, Brasil

Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novílhos confinados alimentados com casca

fresca do fruto do cacaueiro

Alvaro Llamosas C 1 , José Marques Pereira 1 e Marcos Silva Soares'

Resumo

Foi estudado o efeito de suplementação de uma mistura de concentrados sobre o ganho de peso vivo de novilhos alimentados exclusivamente corri casca do fruto do cacaueiro (Thcohro· ma cacao L). Tr>!s nívci~ de mhtura foram adicionados i casca ofçrccida ad lióirum a 21 novi­lhOs confinados, em fase de acabamento. O consumo médio de mMéria seca proveniente de fra­ção volumosa não foi Uifcrente entre tratamentos (P >0,05). A participação do volumoso na~ ra­ç15cs dos tratamentos 1, 2c 3, expressa em perccntagGm de matéria seca, foi de 82,0; 77,6 e 71,4, respectivamente, mwto superior à recomendada pelo Na tio na! Re~carch Council para novilhos da mc~ma ettegoriu, com um ganho e~perado de 900 g{dia. Não houve difer~nça estatisticatncJJtc s.ignificativa entre tratamentos para ganho de peso vivo, A tendê!ncia deste parltmctro mostra que o tratamento 2 foi o mais eficiente.

Palavras chave. Theobroma cacao, fruto, casca, ração, confinamento

Effect of dífferent leveis of supplementation on -weight gain of confined young bulls fed "ith fresh cacao pod husks

Abstract

Thc eff.:ct of thç suppicmentary feedmg of a mixturc of conccntratcs on thc livc weight gain of young bull.s fed with ftcsh cacao (T7leobroma cacao L.) pod husks li.\ thc only sourec of buik was studied. Three leve!.> of the mixture wcre added to thc husb, fed ad /ihitum to li young bul1s conflned for finishing. The avcragc d.ry mattcr consumption from thc bulk fraction dià not differ among treatments (P >0.05). TilC bulk portions in thc rat1ons of treatmcnts 1, 2 and 3 werc 82.0, 77.6 and 71.4 percent o f dry matter respectively, much more than til;! I recommcndcd by tlte National Rcscarcll Council for young buli<; o f thc same catcgory witll an expccted \.\ocight ga.in o f 900 g/d;!y. There was no significant statistieal difference betwecn treatments o f livc wcight ga.in. The tendency of this parametcr shows treatmcnt 2 to be thc most cfficicnt.

Key words.' Theobroma cacao, li:mt, husk, mtion, fccd Jot

1 Divisão de Zootecnia, Centro de Pesquisas do Cacau, Caixa Postal 7, 45.600. ltahuna, Eahia, Brasil.

Recebido para publicação em 17 de janeiro de 1985 27

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28 Llamos:oJ, Pereira e Soar~ts

Introdução

Grandes quantidades de casca do fru­to do cacaueiro (Theobroma CflctlO L) sao abandonadas no campo após a sua colheita c quebra (De Alba et ai, 1954; Larragan, 1958; Branckaert, Vallerand e Vicent, 1973; Llamosas, 1976; Hutaga­]ung e Chang, 1980; Atanda e Jacobs, citados por Smith e Adgbola, 1982). Es­te resíduo cultural tem merecido a aten­ç:ro de pesquisadores, que determinaram a sua composiçao química (De Alba, !945; Dittmar, 1958; larragan, 1958; Batcman e Fresnillo, 1967; Branckacrt, Vallerand c Vicent, 1973; Maravalhas e Souza, 1975; Llarnosas, 1976; Britto, 1976; Adcyanju et al, 1977; Devcndra, 1980; Hutagalungc Chang, J980;0pcke, 1984 ), valor nutritivo, através de ensaios de consumo voluntário, digestibilidade e balanço de nutrientes (Batcman c Frcs­nillo, 1967; Uamosas, 1976)e de experi­mento de produção (De Alba e Basadrc, 1952; De Alba et al, 1954; Haines e Echevcrria, 1955; Larragan, 1958; Ba­tcman e Larragan 1966; Branckaert, Vallerand c Vicent, 1973; Adeyanju et ai, 1975; 1977; 1981; llutagalung e Chang, 1980; Coutii'l.o e Riquelme, 1981; Smith c Adegbola, 1982). Na maioria dos casos, esses autores estabe­leceram a percentagem com a qual a cas­ca deveria participar das rações para as diferentes espécies de animais domésti­cos, nunca chegando a recomendar o uso da casca como única fonte de ali­mentos volumosos.

Posterionnentc Llamosas, Pereira e Soares (1983) c Pereira, Uamosas e Soares (1984) verificaram que a casca fresca poderia substituir totalmente o

Revi•ta Theobroma 15(1). 1985

capim de corte na alimentação de novi­lhos confinados e de vacas estabuladas, respectivamente, pois a sapidez c a alta taxa de passagem permitiram cons~mos elevados, capazes de garantir um bom desempenho do animal. Verificaram também que o uso da casca fresca é con­dicionado pela freqili!ncia das colheitas, pois, para poderusá~a diariamcnte,é ne­cessário que se façam colheitas semanais.

Segundo Veiga, citado por lldago (1984), a eficiência da tonversa-o ali­mentar é um processo biológico que de­ve, fundamentalmente, ser adaptado ils"' condiçOes econômicas e ambientais exis­tentes por ocasUio da engorda. Por outro lado, para que os animais atinjam um bom desempenho, é necessário que a fraça:o volumosa seja utilizada eficiente­mente pelos microorganismos do rúmen. Esta eficiência está estreitamente vin­culada à suplementaça:o alimentar, ex­pressa em termos de qualidade e quanti­dade. Ainda mais, a suplementaça:o pre­cisa ser também cuidadosamente testada em funça:o do custo/benefício para po­der apontar o tratamento que possibilite o melhor retomo.

O presente trabalho teve como objeti­vo medir o efeito de diferentes níveis de suplementação sobre os ganhos médios de peso vivo, de novilhos de corte em fase de acabamento, mantidos em confi­namento e alimentados ad Iibitum com casca como única fonte de volumosos.

Material e Métodos

lnstaJaçOes. O experimento foi con­duzido na Granja Experimental Carlos Brandão, da Divi5a"o de Zootecnia do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC),

I !

Suplementaçlfo da casca do fruto do cacaueiro na alimentação de novilhos 29

situado no município de flhéus, BA.

As baias sa:o individuais, contíguas, têm uma área de 11 m2

, sendo que esta é parcialmente coberta com telhas de zinco. O piso da parte coberta é de con­creto e o da descoberta é de terra e se apresenta bem drenado. Cada baia tem cochos individuais para alimentos volu­mosos, concentrados e mistura de mine­rais. Os bebedouros sa:o providos de

água corrente.

Animais usados, delineamento e níveis de suplementação. Utilizaram-se novilhos azebuados, castrados, com 349 kg de peso médio inicial e que foram cverminados c identificados a ferro quente. O delineamento experimental foi o in tciramen te causalizado com três tratamentos c sete repetições. Ps ani­mais foram distribuídos nos tratamentos de forma a se obter grupos semelhantes em peso.

Nos três tratamentos, a ração foi constituída de casca (fração volumosa), oferecida ad libitum, e por uma fração suplementar foml3da por uma mistura de concentrados, ministrada nos níveis de 1,6; 2,2; e 2.8 kg/animal/dia para os tratamentos I, 2 c 3, respectivamente. Os teores de matéria seca, proteína e fibra destes alimentos encontram-se no Quadro 1. As percentagens de matéria seca, proteína c fibra da fração suple­mentar foram de, respectivamente, 85 ,2, 18,8 c 9,9% e a casca, como foi ofereci­da, tinha 1,22 de proteína e 4,46% de

fibra. A mistura de minerais, adquirida no

comércio, tinha os seguintes níveis de garantia (em 4 g de elemento ativo por 1000 g de mistura): cálcio, 167; fósfo-

Quadro I - Percentuais de matérias~ c a (HS), proteína bruta (PB) e fibra br~ ta (FB) dos '"""'ponentes das raçÕes.

Componentes

Casca 15,5 7 ,87 28,77

Farelo de trigo BS,b 18' J'i ll '19

Feijào 83,0 21, 2 4,0

aPercentagem na :-!S.

ro, 70; sódio, 226; enxofre, 0,334; clo­ro 340· cobre, 0,320; cobalto, 0,075; iodo O à59 e zinco, 0,272. Água e mis­tura ~~era! foram oferecidas ad Jibitum durante o experimento.

Manejo dos animais. O experimento foi conduzido no per lodo de julho a ou­tubro de 1982, num total de 90 dias. Na fase inicial - 30 dias -, os novilhos se adaptaram ao sistema de confinamento, sendo que o capim de corte inicialmente oferecido foi sendo substituído gradati­vamente pela casca fresca. Nesta fase, to­dos os animais receberam I ,6 kg de mis­tura de concentrados. Este concentrado constituído por uma mistura de 80% de farelo de trigo e 20% de feijão moído, in­servível para consumo humano, foi ofe­recido em separado, pela manhã. Na fa­se da tomada de tlados - 60 dias -, a casca, nos três tratamentos, foi pesa­da c oferecida ad libitum, duas vezes ao dia, de fom\a a, no dia seguinte, existirem sobras para pennitir a obten­ção de dados sobre a quantidade consu· mida pela diferença entre o ofcrec1do c as sobras retiradas no dia seguinte.

A casca foi recolhida semanalmente, após a quebra dos frutos, c transportada

Revista Theobroma 15(1). 1985

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L

30 LU,moltls, Pe"inl e Soare!

para o galp:Io de beneficiamento, onde, usando máquina adaptada para este fun, foi fragmentada de forma a facilitar o consumo.

A determinação do consumo de mi· ncrais por anima! foi efetuada por dife­rença entre o oferecido e o resto, pesa· do no final do experimento.

O consumo médio da casca, mistura mineral e concentrados, em cada trata­mento, está no Quadro 2.

Para obterem-se os dados sobre ga­nho de peso vivo, os novilhos, após um jejum de 16 horas, foram pesados duas vezes. A primeira, ao iniciar-se o perío­do de tomada de dados e a segunda ao término do mesmo. Estes dados esuro no Quadro 3.

No período de tomadas de dados, fo­ram obtidas 16 amostras dos alimentos usados e submetidos ao tratamento de praxe para possibilitar a realização das análises químicas.

A determinação de matéria seca foi

efetuada segundo a metodologia de Len­ckeith e Becker (1958) e as de proteínas e fibra foram feitas de acordo com as re­comendações da A.O.A.C. (Association of Official Ana1ytical Chemists, !970).

Resultados e Discussão

Consumo de a1imentos. Os dados so­bre consumo médio diário de matéria seca, proteína e fibra concernentes à fração volumosa, à de mistura de con­centrados, bem como ao total da fração e à mistura mineral, encontram-se no Quadro 2.

O porcentual de participação do vo­lumoso, expresso em termos de maté­ria seca, foi de 82,0, 77 p e 71,4 para os tratamentos I, 2 e 3, respectivamen­te. Esses valores, quando comparados ao recomendado pelo National Researeh Council ( 1976) para novilhos de corte em fase de terminação, foram sensivel­mente maiores, chegando a representar quase o dobro no tratamento l.

Os diferentes níveis de suplementa-

Quadro 2- Consumo medio diârio de materia seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra bruta (FB) em cada fração das rações e consumo medio diário de materia se­ca, proteína, fibra e mistura mineral nos tres tratamentos.

Volumoso Concentrado Tratamentos

6,69 O, 526 l, 92 I, 36 0,259 o, 13 8,05

2 6,64 o, 522 1,91 l ,88 0,355 0,19 8,52

3 6,03 0,474 1, 7J 2,39 0,451 0,24 8,42

CV•ll,41

Tratamentos:

casca ad libitum + 1,6 kg de mistura de concentrados,

2- casca ad libitwn + 2,2 kg de mistura de concentrados,

3- casca ad libitwn + 2,8 kg de mistura de concentrados.

T o t a 1 (kg)

o, 783 2,05

0,877 2,10

1, 925 1, 97

"As mêdias desta variâvel não foram estatisticamente diferentes entre si.

R<t•isla Theobroma 15(JJ. 1985

0,065

0,070

0,059

Suplemenlaçt!o da casca do fruto do cacaueiro na a/imenlação de novilhos 31

Quadro 3 - Pesos mêdios inicial e final, ganhos mêdios totais e diários por tratamento e err-o padrão de média (EPH).

Pesos mêdios ,,, r.anhos médios Tratamentos EP"l

Inicial Final Total Diârio'1

347,3 384,7 37' 3 0,616 '' ; 2 349,0 397.7 48,7 0,811 2,5

3 348,8 393,0 44,2 o, 736 3,3

cv - 8,8

Tratamentos:

casca "d libitwn ' ',6 ,, de mistura d• concentrados.

2 casca "d libitwn ' 2,2 ,, de mistura de concentrados.

3 casca "d libitwn ' 2,8 ,, de mistura d• concentrados.

'A, méd Íii!S desta vari<ivel ""' foram estatisticamente diferentes entre si.

ção não afetaram estatisticamente o consumo de matéria seca. Não obstante, as tendências mostram que a uma maior suplementaça:o (2,8 kg de mistura de concentrados) corresponde um menor consumç de volumosos. Todavia, a di­ferença de consumo de volumosos en­tre tratamentos não apresentou a mes­ma proporção com o nível de suplemen­taçllo.

O consumo de matéria seca total foi estatisticamente igual entre tratamentos. A pequena diferença a favor do trata­mento 2 (2,2 kg de mistura de concen­trados) não tem, aparentemente, expli­cação lógica.

O consumo de matéria seca, expresso em quilogramas de matéria seca por 100 kg de peso vivo, foi maior no tratamen­to 2 (2,2 kg de mistura de concentra· dos). Os resultados nos tratamentos 2 e 3 sa:o ligeiramente maiores aos encontra­dos por Uamosas, Pereira e Soares (1983).

Ganho de peso. No Quadro 3, en­contram-se os dados sobre os pesos ini­cial e final e ganhos médios totais e diá­rios em cada tratamento. Não houve di­ferenças estatisticamente significativas entre tratamentos. Ao observarem-se as tendências, verifica-se que os animais do tratamento 2 (2,2 kg de mistura de concentrados) apresentaram um melhor desempenho, embora o consumo de matéria seca e proteína, observados nes­se tratamento, fossem muito próximos do tratamento 3 (2,8 kg de mistura de concentrados). Os ganhos de peso nos três tratamentos foram menores que os esperados (900 g por dia), fato que deve ter sido provocado pela qualida­de genética dos novilhos, pois eram mestiços de raças zebu. Este fato fica mais evidente se comparado com os resultados encontrados por Uamosas, Pereira e Soares (1983), no qual novi­lhos mestiços de Holandês x Zebu atin­giram peso igual ao esperado.

A análise de eficiência alimentar

Revilffa Theobr01TUll5(JJ. 1985

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32 LUlmosas, Pereira e Soares

apontou o tratamento 2 (2,2 kg de mis­tura de concentrados) como o mellior (Quadro 4).

Não houve problemas de ordem ali­mentar durante a condução do experi­mento, o que vem ratificar os dados en­contrados por Uamosas, Pereira e Soa­res(l983).

Conclusoes

Nas condições experimentais, con-

clui-se que o ganho de peso vivo dos ani­mais n:to se alterou com os diferentes níveis de suplementação.

A casca apresenta grande sapidcz, sendo integralmente aceita quando n:ro deteriorada. Sugere-se outros estudos utilizando-se animais com maior poten­cial de ganho de peso e incluindo outras fontes e níveis de concentrados.

Quadro 4 - Eficiência alimentar expressa em quilograma de matêria seca (MS) e de proteÍna bruta (PB) por quilograma de peso vivo (PV) ganho em cada tratamento e con'smno médio diãrio de matéria seca (MS) em cada tratamento por 100 kg de pe­so vivo (PV).

V a r i .. e • Tratamentos

kg de l'IS/kgPV kg de PB/kgPV MS (kg/100 kgPV)

13,4 1,29 2, 31

2 10,5 1,08 2,44

3 11,4 1,25 2,41

Tratamentos:

casca ad Ubitum + l,S kg de mistura de concentrados.

2 casca ad ~ibitum + 2,2 kg de mistura de concentrados.

3 - casca ad libitum + 2,8 kg de mistura de concentrados.

Agradecimentos

Aos funcionárips das Divisões de Agronomia e Produção e. de Zootecnia, pelo apoio opera­cional na execução do trabalho.

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34 L/amosas, Pereira e Soares

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Re~•w Theobromt~ 15{1). 1985

l

Revista Theobroma /5(1):35 -42 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. Bahia. Brasil

Evapotranspiração potencial em superfícies planas horizontal e inclinadas na estação

Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasião dos equinócios e solst(cios

Dagmar FinizoltJ de Sá 1 e Hermes Alves de Almeidil 1

Resumo

Determinou-se, através de um estudo topoclimatológico, a radiação solar global incidente nas encostas orientadas para os pontos cardeais de uma depressão a fim de quantifiCai a sua evapo­transpiração potencial pelo método proposto por Penman. Situada na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, a depressão tem encostas com inclinação em torno de 300 . Os dados observados - tempe­ratura do ar, umidade relativa, radiação _solar global e velocidade do vento a 2m de altura- cor­respondem a um período de observação de setembro de 1979 a junho de 1981. A tomada de da­dos centrou-se nos equinócios e solstícios, isto é, de 4 dias antes a 4 dias após cada uma dessas efemérides. Os resultados evidenciam que, por ocasião dos equinócios e solstício de inverno, a fa­ce voltada para o norte recebe mais radiação solar global incidente quando comparada com as de­mais exposições, com acréscimos na temperatura e decréscimos na umidade relativa e, como con­seqüência, maior evapotranspiração potencial. No solstício de verlo, a encosta faceada para o sul é afetada por maior quantidade da radiação solar global incidente, verificando-se umidade relativa mais baixa, temperatura e evapotranspiração potencial mais elevadas.

Palavras-chove: evapotranspiraçáo, topoclimatologia, topoevapotranspiração, radiação solar

Evapotranspiration potential on horizontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and solstices at Una, Bahia, Brazil

Abstract

The total incident solar radiation was determined on slopes of the Lemos Maia Experimental Station at Una,Bahia, BraziL The topoclimatological study was made in a hollow of about 30° in­c]ination along the cardinal points in order to quantify the evapotranspiration potential by the method o f Penman. Data - air temperature, relative humidity, total solar radiation and wind ve­locity at 2m height were obtained during the period of September 1979- June 1981. Data­taking was centered on the equinoxes and solstices, i.e. 4 days before and 4 days after each ephemerides. The result for the equinoxes and winter solstice showed that the north-facing surface received more total incident solar radiation as compared to the other surfaces with an

1 Divisão de Climatologia, Centro de Pesquisas do Cactlll, Caixa Postal 7, 45.600, /tabu na, Bahia, BrasiL

Recebido para publiCOfãO em 28 de março de 1985 35

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36 Sá e Almeida

increase in temperature and a decrease in relative humidity and as a consequencc greater evapo­transpiration potential. At the summer solstice, lhe south-fa~ing slope had more total incident solar radiation as shown by the lower relative humidity and higher temperatures and evapotrans­piration potential.

Key words: evapotranspiration, topoclimatology, topoevapotranspiration, solar radiation

Introdução

O clima de uma escarpa ou de uma exposiç!Jo é determinado primeiramen­te, pela quantidade de radiaç:io solar re· cebida. Como exemplifica Geiger (1966), uma superfície inclinada de 20o , exposta na direção sul, na Ale­manha, recebe, grosseiramente, duas vezes mais radiaçlfo, em janeiro, do que uma superfície horizontal situada no mesmo lugar.

Num dado ponto no topo da atmos­fera terrestre, a quantidade de energia solar incidente é maior no vento que no inverno, principalmente, devido à ele­vação angular do Sol. A elevaÇ[o do Sol ao meio dia solar, na zona intertropical, nunca é menor que 430 e a duraçlfo do dia nunca é inferior a I O horas e 30 'mi­nutos (Wang, 1967).

Além da posiçã"o relativa do Sol, di­versos fatores alteram, ainda, a quanti­dade de energia solar que é recebida na superfície da Terra: a opacidade da atmosfera, as características do terreno, cobertura vegetal e, no âmbito urbano, o tipo e orientaçtro das construções.

A orografla, com variadíssimas ori­entações e inclinações, tem influência marcante sobre o total de energia so­lar recebida e, conseqüentemente, o objetivo agronômico se amplia, deter­minando-se a evapotranspiraça-o poten­cial, com a possibilidade de mellior aproveitamento das encostas.

lteviua Theobroma 1 5( 1). 1985 ~

Material e Método

O traballio f.pi desenvolvido numa depressão, cuja inclinaçlfo média das en­costas se encontra em tomo de 300 , lo­calizada na Estação Experimental Lemos Maia, Una, Bahia, latitude I.S017'34"S e longitude 390Q4'38"W.

Foram utilizados dados médios, pro­venientes de registros diários, relativos à temperatura do ar, velocidade do ven­to a 2 metros de altura, umidade do ar, horas de insolaçlfo e radiaçlfo solar globaL

As medições foram efetuadas nas fa­ces norte, sul, leste e oeste, num mesmo plano, eqüidistante cerca de 60 metros do fundo e da parte superior da depres­são, e no posto agroclimático - super­fície plana e horizontal - distante 850 metros, aproximadamente, utilizando-se dos seguintes instrumentos: psicrôme­tros August de ventilaçKo natural, psi­crômetro Assmamn, anemOmetro tota­lizador, termômetros de máxima e mí­nima, tennohigrógrafos, pluviômetros, actinógrafos Robitzch-Fuess e piranô­metros Bellani.

De posse dos dados médios diários, coletados nas encostas e posto, nos três horários de observação, ou seja, ãs 12:00, 18:00 e 00:00 TMG, por oca­sião das principais efemérides do Sol (considerando-as como 22 de março, 22 de junho, 22 de setembro e 22 de

' ' I I ' !

E ~apotrampinlftro potnn:ial em mperfldes planas

dezembro), calculou-se, com base na<> fórmulas teóricas deduzidas por Penman (1956), a evapotranspiração potencial diária para os equinócios e solstícios, is­to é: 9 dias consecutivos, 4 dias antes e 4 dias após cada uma dessas efeméri· des, no período de setembro .de 1979 a junho de 1981 (Quadros 1, 2, 3 e 4).

Consoante Maldonado (1964). as fórmulas teóricas apresentadas por Pen­man (1956) para evaporaçlfo de super· fície de água livre e evapotranspiração potencial de cada cobertura vegetal baixa. densa e uniforme, são inteira­mente semelhantes e podem expressar­se convenientemente sob a forma:

ó H :ys-gp+REa

Ep= Ó+l (l)

r onde Ep é a evapotranspiraÇ!Io poten­cial. Nesta equação,

'Y =Cp P/0,622L (2)

é o parâmetro psicrométrico, em que Cp é 0 calor específico do ar seco sob pres-­são constante; p é a pressão atmosfé­rica média; e L é o calor latente de eva­poração (Smithsonian Institution, 1968). O parâmetro ó. é defmido como:

ó. ~ K desfdT (3)

onde es(mb) é a pressão de saturaça-o d'água à temperatura T (°C) e K '"' 0,'150062 é o fator de conversllo de mb em nun de Hg.

Calculou-se o poder evaporante do ar (REa) mediante a avaliação empírica obtida por Penman (1956):

REa ~ 0,35 (1 + 1 ~ )(es- ea) (4)

onde U é a velocidade do vento, em km/ dia, a 2 metros de altura acima da super­fície; ea é a pressão parcial de vapor; e (es- ea) é o déficit de pressão de satu­ração do ar em mm de Hg.

O saldo de energia disponível (H), para evaporação ou evapotranspiraçao, pode ser estimado pela expressao:

H= Qg(l- a)- 1440-oT 4 (0,56-n

o,09v-e;) (o.w + o,90 N) (5)

onde Qg é a radiação global; a indica o albedo da superfície; o é a constante de Stefan-Boltzman; T é a temperatura mé­dia fK_); n e N representam, respecti­vamente, insolação efetiva e duraç:ro máxima de insolação, ambos em ho­ras e décimos. Nesta expressao, ea é dado em nun de Hg; H e Qg em cal. em -:z • dia·' ou ly .dia·'.

Resultados e Conclusões

As encostas faceadas para este e oeste (durante os equinócios) e o posto têm va1ores de evapotranspiração potencial semelliantes. Estas superfícies recebem menos energia radiante do que a norte e mais do que a sul, diferenciando-as, conseqüentemente. As faces voltadas para o norte e o sul apresentam os va­lores extremos de radiação solar global e evapotranspiração potencial.

As encostas faceadas para este e oeste (durante o solstício de ver:ro) e o posto apresentam valores se~e· lhantes de evapotranspiraçao potencial. Estas superfícies recebem menos ener­gia radiante do que a faceada para o sul e mais do que a faceada para o norte· Neste período, a face voltada pna 0 sul

Revista Tht!Obroma 15( 1). 1985

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Quadre l - '1édias di.irias planas horizontal e inc!{nada

de temperatura (t, °C),umidade rElativa (UR, %), fluxo de.r;<diação solat" ~loba! sobre (Q, ly) e evapotranspuação potencial (Ep, mrn). Estação Experimental Lemoo )laia, Una,

superfícies Bahia.

SH, /79

Norte

D.Ha t l:R Q ,, '"' "' o

18 25,0 88 449 3,34 23,1 93 226

19 25,6 82 118 1,46 23,3 87 94

20 21,6 90 67 0,74 20,8 96 50

21 21,1 95 161 I ,26 20,6 99 137

22 21,9 90 192 1,69 21,4 97 153

22,7 90 417

23,8 81 470

2,96

3' 4 7

22, I 96 271

22,9 88 320

Ene Oeste ,, L'R Q ,, "' Q

1,50 24,2 89 376 2,65 24,3 89 381

0,98 24,5 83 107 1,27 24,9 82 105

0,38 21,4 93 64 0,61 21,8 91 62

0,92 21,0 96 152 1,14 21,8 95 145

1,13 21,1 92 177 1,46 21,8 91 180

1' 74

2' 22

22,1 91 400

23,1 82 450

2, 72

3, !B

22,8 90 402

23,9 81 445

,, 2' 70

1' 30

0,67

1,14

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2' 83

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" 24,0 82 424 3,40

24,6 79 ~81 ...1....1:1 21,51

22,8 88

23,1 84

310 2,31

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13,54

23,4

23' 7

83 377 2,92

82 362 ~

18,80

24,3 82 375 3,02

21,,8 80 360 -2,99

19.45

26,9 79 547 4,76

Posto

"' Q ,,

23,) 91 419 2,81

23,8 85 110 1,19

20,9 94 62 0,55

21,3 97 150 1,10

22,1 94 179 1,46

22,5 94 389

23,0 85 438

2' 59

3,02

23,0 85

23,6 81

395 2,95

355 ~

18,4 7

J') 5

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18 24,9 84 356

19 25,2 85 390

20 26,0 83 362

21 25,0 93 360

2,87

3' 10

3,06

2, 70

I ,86

2,M

3,05

I ,89

26,7 78 600 5,13

27,6 78 518 4,68

26,5 87 515 4,32

26,1 81 446

26,2 8! 508

27,0 81 403

25,0 90 444

26,1 85 204

26,8 80 340

27,0 79 435

27,8 79 161

3' 70

4' 15

3,53

3' J6

2' 12

3,33

3,82

2 '23

26,5 80 435

26,6 80 522

27,3 79 410

25,7 88 463

26,6 84 205

27,1 80 356

27,3 78 449

28,1 79 165

3' 99

4' 34

3' 66

3,69

2' 21

3' 51

25,3 81 470

25,9 81 516

26,6 80 445

26,0 91 1.,42

26,1 85 196

26,0 80 340

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26,2 80 149

4, I 5

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3,46 Dez,/79 n

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zs,6 sr, 182

25,1. 81 297

25,1 80 361

25,5 83 !57

26,9 82 228 2. 53

27,7 79 396 4,01

27,5 76 5!6 4,72

28,6 78 174 2,45

4,00

2' 29

2 '05

3 '24

3' 7 5

I ,97

26,1 82 137 _Lg 28,5 77 165 .2J2_ 28,1 79 142 ~ 28,3 78 140 __!_L)_~ 26,8 79 H! 1,8~

23.04 34,85 30' 17 29' 65 28,00

Quadro 2 -~dias diárias de temperatura (t, °C), umidade relativa (UR, %) , fluxo de radiação solar global sobre superfícies planas horizontal e inclinada (Q, ly) e evapotranspiração potencial (Ep, mm). Estação Experimental Lemos Maia, Una, Bahia.

~r./80

Jun,/80

Data ,. " " " " B

" " ,. ,. " " " " " " " ,.

liorte

' UR Q ,, 25,9 75 499 3,89

26,0 82 504 3,75

26,2 80 459 3,53

26,0 76 506 4,06

26,5 77 511 4,16

26,4 80 553 4,41

27,1 76 493 4,05

27,0 82 450 3, 73

26,5 83 485 3,98

35,56

22,9 79 318 2,35

23,1 87 253 2,34

24,2 85 267 2,41

25,0 84 339 2,34

24,0 88 257 2,38

23,6 86 320 2,98

24,7 82 352 3,18

24,7 83 352 2,97

a,,

t:R Q ,, 25,1 84 337 2,54

24,0 90 370 2,46

24,3 85 375 2,58

23,8 85 354 2,57

24,4 83 353 2,66

24,4 87 414 2,99

24,9 84 345 2,58

24,0 89 319 2,26

24,1 89 335 ~

23,08

21,1 88 95 0,84

21,3 94 84 0,68

22,1 94 86 0,65

22,2 92 94 0,61

22,1 95 85 0,&6

21,8 94 105 0,86

22,0 91 114 0,94

21,9 92 117 0,85

Este

L'R Q ,, 25,1 80 452 3,31

25,7 86 478 3,45

25,8 82 427 3,15

25,6 80 4, 72 3,63

25,8 80 413 3,27

24,9 83 458 3,40

25,3 80 455 3,40

25,2 86 419 3,11

25,4 86 481 ~

30,44

21,2 83 193 1,36

22,0 92 133 1,11.

22,8 91 145 1,20

23,4 88 220 1,54

22,7 93 145 1,23

22,5 90 201 1,78

23,4 87 220 1,90

23,6 89 21~ 1,72

Oeste Posto

' CB Q ,, "' Q

,, 25,9 76 450 3,46 25,3 77 465 3,46

25,9 85 472 3,42 24,0 85 470 3,13

26,0 81 430 3,22 24,4 82 428 2,96

25,9 78 470 3,68 ~4,5 78 472 3,50

25,9 78 472 3, 70 24,6 80 476 3,51

25,6 80 478 3,67 24,5 83 516 3,73

26,4 78 450 3,53 25,8 79 460 3,50

25,8 83 420 3,25 24,4 85 419 3,02

26,0 83 1.40 ~ 24,4 86 452 ....1...1Q.

31,41 30,11

21,4 80 201 1,48 2l,5 82 292 1,94

22,1 89 141 1,30 21,5 92 232 1,93

22,9 90 155 1,30 22,3 90 245 1,')8

23,5 88 214 1,50 22,4 88 312 1, 76

22,8 88 160 1,~9 22,4 92 236 1,99

22,7 87 224 2,06 22,0 90 294 2,53

23,6 86 231 2,02 22,5 87 324 2,63

23,9 88 220 1,78 22,2 38 324 2,40

24,3 85 329 2,95 22,1 93

23,90

97 0,76 23,6 91 210 ~ 23,8 88 206 ~ 22,3 90 302 2,38

6,85 13,61 14,73 19,54

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Quadro 3 - Médiao diãrias planas horizontal e inclinada

de temperatura {t, °C), <.llllidade c·elativa (UR, ~),fluxo de fadiaçíio solar global sobre (Q, ly) e evapotranspiração potencial (Ep, mm). Estação Experimental L~s Maia, Una,

superfícies 1\<Üiia.

Set./80

Dez. /80

Nane

Oata t UR Q ,, 18 24,7 84 261 2, 27

2,47

3, 76

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23,9 85 325

24,5 81 492

24,9 87 432

25,9 86 371

22,2 92 120 1,14

22,2 91 162 1,57

23,2 90 200 1,93

22,1 91 171 ...!....6...!. 21' 33

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22,4 91 209

21,3 93 221

22,6 87 352

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23,7 92 278

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1 '37

2,44

2,26

2,12

21,0 98 92 0,67

21,5 98 125 0,97

22,4 98 161 1,30

21,0 98 147 ....h!l lJ, 78

Este

L:R Q

24,2 86 238

22,3 86 286

23,3 84 416

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25,1 88 342

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2,97

2, 77

2,81

21,7 95 103 0,87

21,8 93 140 1,28

22,5 92 185 l, 70

21,6 94 162 ~

17.79

Oeste

' "' Q 24,3 86 240

23,2 86 290

24,3 82 425

24,7 87 381

25,8 87 340

,, 2,01

2,10

3,20

2,91

2,89

22,0 94 no o,98

22,1 92 142 1,35

23,1 90 188 1,82

21,7 93 155 ~

1S,6S

Posto

"' Q ,,

22,7 88 243 1,85

21,9 88 303

22,9 85 459

23,2 90 403

24,0 90 346

2,01

3, 18

2,82

2. 70

21,1 96 111 0,90

21,6 95 151 1,30

22,8 93 186 1,69

21,2 94 159 _]_,E

17.82

18 24,5 91 355 2,62 25,5 82 547 4,43 25,0 86 441 3,37 25,5 84 448 3,52 24,8 86 470 3,54

19 24,6 92 195 1,62 25,6 81 315 3,00 25,0 86 252 2,27 25,2 83 262 2,42 24,9 85 270 2,41

20 24,9 87 390 3,08 25,8 80 600 4,90 25,6 84 414 3,31 25,7 82 452 3,62 25,0 84 516 3,9.5

21 24,9 86 385 3,10 25,9 77 602 5,14 25,3 82 460 3,77 25,4 79 483 4,00 25,0 80 517 4,16

" 23

" "

23,7 94 316

24,1 90 lJ()

25,2 85 3lo9

24,5 88 375

2,32

1' 19

2,82

2,92

24,4 86 486 3,96

25,6 80 201 2,19

26,7 79 592 5,04

25,8 82 595 4,95

24,0 90 363

24,9 85 151

26,0 82 444

25,4 85 447

2,80

1' 56

3,65

3,60

24,2 89 374

25,1 84 170

26,4 78 461

25,6 82 449

2,92

1' 74

3,88

3,69

24,0 91 418

24,2 85 l72

25,3 83 509

24,7 86 511

3,15

1,68

3,98

3,93

26 24,0 87 308 2,35 25,8 78 500 ~ 25,1 83 389 _____hlQ_ 25,6 81 405 3,32 24,2 83 430 ~

22,02 37,84 27.43 29,11 30,06

Quadro 4- Mêdia.a.di.iria.s de temperatura. (t, °C), umidade relativa {UR, ~), flul<O de radiação solar global sobre superfícies p1a.naa horizontal e incllnada {Q, ly) e evapotranspiração potencial (Ep, mm). ~ação Experimental Lemos Maia, Una, Bahia.

Mar./81

Jun./81

Data.

" " " " " " " " "

" " " " " " " " "

Norte

' "' Q ,, '

'"' "' Q

,, ' Este Oeste

"' Q ,, ' "' Q

,, 27,2 80 548 4,85 26,1 84 384 3,34 26,9 83 502 4,36 27,0 81 526 4,59

25,9 86 267 2,46 25,6 94 211 1,72 26,0 9l 238 2,04 26,1 89 240 2,13

25,8 87 297 2,58 25,0 92 196 1,59 25,2 90 271 2,21 25,3 89 270 2,24

25,9 85 348 3,20 25,0 92 251 2,12 25,2 89 299 2,59 25,3 87 309 2,74

25,0 90 223 1,90 24,1 98 167 1,16 24,6 96 204 1,53 24,7 95 198 1,52

25,6 75 423 3,80 24,7 81 322 2,81 25,0 80 363 2,22 25,2 76 398 3,52

23,6 92 151 1,47 22,9 98 119 0,92 23,3 97 139 1,14 23,4 97 143 1,19

23,1 91 98 1,19 22,8 98 77 0,61 23,0 96 96 0,89 23,0 96 95 0,88

23,9 89 267 ~ 23,0 96 187 ~ 23,6 95 240 _h!_!_ 23,8 92 249 2,30

24,03 15,85 19,09 21,11

23,3 75 351 2,09 21,0 89 119 0,62 21,7 85 226 1,21 22,0 83 216 1,21

23,0 78 335 1,86 20,9 90 104 0,52 21,2 86 214 1,07 21,9 85 219 1,15

23,7 80 334 2,46 21,4 93 90 0,53 22,0 89 216 1,37 22,8 88 208 1,41

22,9 82 250 2,21 21,5 94 73 0,51 21,6 92 129 0,96 22,4 90 127 1,02

22,8 80 292 2,22 21,5 90 84 0,60 22,1 88 160 1,13 22,3 86 157 1,18

22,1 80 281 2,44 20,8 91 76 0,64 21,8 90 !56 1,25 22,0 88 159 1,35

22,0 76 323 :,49 20,6 87 108 0,84 21,8 84 204 1,49 21,9 88 218 1,60

21,9 80 307 2,32 20,1 93 104 0,63 21,3 90 !80 1,19 21,6 89 184 1,26

Posto

' "' Q 27,0 82 529

25,7 89 244

25,7 90 282

25,1 89 325

24,5 96 212

25,4 76 411

24,0. 97 139

24,1 96 99

23,3 93 243

23,1 83 333

21,7 86 329

21,8 89 305

21,7 91 208

22,0 86 265

21,2 88 271

21,5 82 283

20,8 89 274

,, 4,60

2,13

2,34

2. 79

1, 58

3,63

1,17

0,95

2...!2. 21, 38

1,84

1,59

1, 87

1' 54

'·" 2,04

1, 94

1,69

22,4 81 292 2, 53

20,62

21' 2 91 95 ~ 21,8 90 150 ~ 22,0 88 144 ~ 21,7 88 276 _2,_!l

5,67 10,88 ll,42 16,43

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56. e Almeida

está exposta aos raios solares incidentes e a norte menos exposta. Por esta raza:o, os valores sa:o mais altos e mais baixos, respectivamente.

As encostas faceadas para este e oeste (durante o solstício de inverno) são símiles com relação à evapotranspi­ração potencial e à energia radiante, po­rém apresentam valores superiores aos da face voltada para o sul e inferiores aos constatados no posto e na face nor­te. Por ocasião do inverno, no hemisfé­rio sul, a incidência dos raios solares é muito grande na encosta faceada para o norte e muito pequena na faceada para o sul.

Verifica-se que, na encosta faceada para o norte, durante o outono, inverno e primavera, a temperatura é mais alta e a umidade relativa é mais baixa. Esta encosta recebe mais energia radiante e, conseqüentemente, a evapotranspiração é mais elevada, quando comparada com as demais exposições e, principalmente, com a face voltada para o sul.

A encosta. orientada para o sul, na época do verão, dispõe de caracterís­ticas semelhantes às que ocorrem na en­costa faceada para o norte, por ocas ia: o dos equinócios.

As encostas faceadas para o leste e oeste, em virtude da simetria, apresen­tam valores intermediários, em todas as estações, qua:1do comparadas com as ex­posições norte e sul.

Os Quadros I a 4 evidj!nciam clara­mente, qual a exposição que asseguraria menor evapotranspiração, em cada época do ano. Ao agrônomo e ao agroclimato­logista compete orientar o agricultor para utilizar a encosta mais conveniente, em função da cultura considerada e das épocas de plantio e colheita correspon­dentes, levando em conta as propriecla­des físico-químicas do solo, as classes de capacidade de uso das terras, as téc­nicas de manejo e controle da erosio mais indicados e a fertilidade natural dos terrenos.

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.R .vista Theobroma 15(1). 1985

Revista Theobroma 15(1):43- 48. 1985 NOTA Centro de Pesquisas do Qcau, 1/héus, Bahiil. Brasil

Estágio atual dos estudos de mineralogia de argila dos solos da região cacaueira da Bahia

Sandoval Oliveira de SantaTU1 1

Resumo

I! apresentado um resumo dos estudos de mineralogia de argila já efetuados mbre algumas unidades de solo da regiào cacaueira da Bahia. Das 15 unidades estudadas, 11 apresentam está­gio de intemperização mais avançado, com dominância de minerais I :1, famtlia da caulinita. Montmorilonita/esmectita e vermiculita predominam na unidade Itamirim (Mollisol) e foram identificados também nos solos Hidromórficos (Inceptsols). Ocorrem ainda micas, atalpugita, minerais estratificados, gíbsita, goetita e hematita.

Palavra~,chaves. Theobrom4 caa1o, solo, minera!ogia

Present status of the studies on the clay mineralogy of the soils of the Cacao Region of Bahia, Brazil

Abstract

The present status of lhe studies on the clay mineralogy of ~orne cartographic units of the Qlcao Region of Bahia, Brazil,is~ummarized. Eleven of the 15 soil units showed advanced weathering, with dominance of t :1 ofminerals,kaolinitefamily. Montmorilonite/smectite and vermicuhte predominate in the ltamirim (Mollisol) 'Klil unit and were found in the Hydromorphic Onceptisol) soil uniL Mica~. attalpugite, interstratified minerais, gíbsite, goetite and hematite were also noted.

Key words: Theobroma cacao, soil, mineralogy

O intuito deste trabalho é apresentar dados mineralôgicos de alguns solos cartografados na Regia:o Cacaueira da Bahia , cujos estudos, na área de minera­logia, senro dinamizados com o fWicio­namento de aparelhos de difraça:o de raios X Spectrometry TuR M 62, re­centemente adquirido pela CEPLAC

(Comissllo Executiva do Plano da La­voura Cacaueira).

A Regilfo apresenta diversidade pedo­lógica, possuindo 30 unidades carto­gráficas (Silva et al, 1975), o que re­quer um estudo minucioso sobre a sua mineralogia para um melhor conheci-

1 Setor de Pedo/ogia. Centro de Pesqui!IQS do Caaw, Caixa Postal 7, 45600, Itabuna, Bahia, Brasil .

Recebido para publicação em 4 de maio de 1984 43

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44 Santana

menta desses solos e fornecimento de subsidias para pesquisas em áreas correlatas.

Um dos primeiros estudos na área de mineralogia da fraç:ro argila dos solos da Regiao (Figura I) foi feito por Morais e Page (1976). Trabalhando com os horizontes A e B de cinco perfis de solos, os pesquisadores mencio­nados constataram a predominância de caulinita na fraç:ro argila, com exceção da unidade ltamirim (Ar­giustúl), na qual predorrúna o argilo­mineral montmorilonita/esmectita, se­guida de vermiculita, caulinita e _mica. Nas demais unidades - Cepec (Tropul­dalO, Vargito e Itabuna (Tropudults) e Una (Haplusthox)- verifica-se a seqüência caulinita, interestratificados e mica, além de hidróxidos de alumínio (gibsita) e ferro (goetita). Em trabalho posterior, Morais. Santana e Chepote (1977), estudando os horizontes A 1 e B21 das unidades Una, Valença e Colônia Argilosa (Haplorthoxs e Haplus­thoxs), constataram a dominânCia de minerais do grupo 1 :1, familia da cauli­nita, além de gibsita e goetita, quartzo e óxido de ferro (hematita). Para as uni­dades Vargito e Itabuna (Tropudults), a seqU.ência encontrada na fraç!o menor que 211 foi caulinita, interestratificados, quartzo, gibsita e goetita.

Rego (1977) encontrou, na fraç!o argila, nos horizontes A e B da unidade Cepec Modal (Typic Tropudalf), coleta­do na área do CEPEC (Centro de Pesqui­sas do Cacau), Ilhéus, Bahia, a presença marcante de metahaloisita e ocorrência de interestratificados e goetita. Esses mesmos minerais foram encontrados

lt.eYista ~eobroma 15{1}. 1985

também em ~aios Ultic Tropudalf, Oxic Tropudalf e Typic Eutropept, também coletados no CEPEC. Em dois perfis de Orthoxic Tropudult, estudados no Município de Camac:r, Bahia, na Fazenda Divina Pastora, foi encontrado como argila mineral domi­nante, nos horizontes A e B a caulinita bem cristalizada, seguido de interes­tratificados e goetita aluminosa.

A caulinita desordenada foi identifi­cada por Melo et ai (1977) como mine­ral dominante na camada IIIC2 de um Aluvial Distrófico (Typic Tropaquent), coletado no Município de Uruçuca. Nesse mesmo solo, foram encontrados goetita, talco, montmorilonita/esmectita e interestratificados.

Melo (1978; 1980) estudou os mine­rais de argila de seis perfis localizados no Município de Uruçuca. No latosso­lo, perfis I, 2 e 3, unidade Água Sumi­da (Typic Umbriorthox), predomina a caulinita desordenada em todos os horizontes, exceto no C, onde a me­tahaloisita é o argila mineral predomi­nante; já no perfil 4 (Umbriorthox), ocorre uma mistura de caulinita desor­denada e metahaloisita, com a última predominando também no último hori­zonte. Traços de esmectitas e interes­tratificados são encontrados em todos os perfis, além de gibsita e goetita.

A metahaloisita predomina em to­dos os horizontes do Tropudult variaç€o I tabuna (perfil 5 ), com pouca haloisita hldratada no 8 2 ; traços de talco, es­mectitas e interestratificados sa-o encon­trados em todos os horizontes. Consta­tou-se aü1da a presença de gibsita, goeti­ta e quartzo nos horizontes A3 e 8 1 . Na

Mineralogia dos solo! em CIICtm 45

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Figura 1 - Área pesquisada na regi:ro cacaueira da Bahia.

Revista Theobroma JS(J). 1985

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46 &mtana

wtidade Rio Branco (Umbric Haplor­thox), predomina a caulinita desor<le· nada, sendo que a biotita e goetita fo­ram encontrados em todos os horizon­tes, bem como traços de esmectita/ montmorilonita e interestratificados.

Em estudos realizados em solos latossolizados das unidades Una, Co­Unia (Haplorthoxs) e Água· Sumida (Umbriorthox), Carvalho Filho (1981) identificou como mineral dominante, em todos os horizontes, a caulinita, seguido de pequenas quantidades de gibsita e mica.

Chepote e Pereira (19Sl).estudaram a fração argila das Wlidades Cepec (Tro­pudalf) e Carnac!r (Tropudult) e identificaram ilita, caulinita e goetita. No solo Rio Branco (lnceptisol), detec­taram interestratificados, caulinita, goe­tita e gibsita. Cabala-Rosand e Wild (1982), estudando a unidade Camac:r (Tropudult), identificaram esmectita, quartzo e mica como minerais coru­titWntes; na unidade Una (Haplorthox Cristalino), foi reconhecido somente a caulinita. No solo Vargito (Tropudult), os mesmos pesquisadores reconhece­ram caulinita e interestratificadrn; e, mais, vermicu1ita e mica quando a argila foi saturada com magnésio e tratada com glicerol.

Santana (1983) e Santana, lima e Mo ta (1984) constataram a predo­minância do mineral montmorilonita/ esmectita, principalmente nos horizon­tes mbjacentes de solos Hidromórfi­cos (Série Baixada), classificado como

ReJJista Theobroma 15(1). 1985 •

Vertic Tropaquept, segundo o U.S. Departament of Agriculture; Soil Con­servation Service (1975). Neste solo, a caulinita predomina no horizonte A1 , ficando constatado também a pre­sença de interestratificados, ilita e atapulgita. Nos demais (li Bg e III Cg), foram encxmtrados montmorilonita/es­mectita, caulinita, interestratificados e ilita. No mesmo trabalho, encontrou«, na fraçi"o menor que 2p. de um Podzó­\ico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico (Série Sede), classificado co­mo Typic Tropudalf, a seqüência caulinita, montmorilonita/esmectita, in­terestratificados, talco e atapulgita, sen­do que este último mineral ocorre nos horizontes mais profundos.

Em síntese, constatou-se, nas quatro unidades de mapeamento pertencentes .ao Grande Grupo de Solos Tropudalf, a presença de caulinita e/ou metahaloisi­ta, montmorilonita/esmectita e mica e/ou ilita (Quadro 1).

Em 11 das 15 unidades pesquisa­das, a caulinita predomina na fração argila indicando solos mai! desenvol­vidos.

Conclui~e pela necessidade de novm trabalhos nesta área a ftm de que se possa caracterizar mais extensiva e detalhadamente a mineralogia dos solos da região cacaueira, com o obje­tivo de melhor conhecer os proCessos de gênese, a potencialidade e m meca­nismos de adsorçf"o e retenção de nu­trientes nestes solos.

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REVISTA THEOBROMA

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v. 15 Abril- Junho 1985 N. 2 -- .. -------------

CONTEÚDO

Caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro. 11. Flor de seleções da Bahia das séries SIC e SIAL. G.C.T. de Castro e B.G.D. Bartley 49

Aça:o de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associados ao ca­caueiro na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia, Brasil. A.C. de 8. Mendes e J. de J. da S. Garcia 57

Utilização da casca do fruto do cacaaeiro para a produção de proteína microbiana. I.M. de Mancilha, M.A. Teixeira, A.S. Pereira e A.R. Conde 65

Observações iniciais da perda de água por interceptação de chuva em cacaueiro. R.A.C. de Miranda 73

Estudo de precipitação diária: 1. Regimes pluviométricos da região cacaueira da Bahia. L.C.E. Milde e M.H. Nitzsche 79

NOTA

Ocorrência de Dysrhynchys palmicola em dendê na Bahia, Brasil. J.L. Bezerra 97

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REVISTA THEOBROMA ----------

v. 15 April - June 1985

CONTENTS

Characteristics of cacao genetic resources. TI. Flowers of selections SIC and SIAL (in Portuguese). G.C.T. de Castro and B.G.D. Bartley

The effect of insecticides on noxious insects and spiders of cacao (Theobroma cacao L.) in the Ouro Preto d'Oeste region of Rondonia state, Brazil (in Portuguese). A.C. de 8. Mendes and J. de J. da S. Garcia

Utilization of cacao pod husk as substrate for single celi protein produc­tion (in Portuguese ). I.M. de Mancilha, M.A. Teixeira, A.S. Pereira andA. R. Conde

lnitial observations of intercepted raio loss in cacao trees (in Por­tuguese). R.A.C. de Miranda

Study of daily precipitation: 1. Rainfall pattern of thc Cacao Region of Balúa, Brazil (in Portuguese). L.C.E. Milde and M.H. Nitzsche

NOTE

Occurrence of Dysrhynchis palmicola in oi] palm in Bahia, Brazil (in Portuguese). J.L. Bezerra

N. 2

49

57

65

73

79

97

Revista Theobromsl5(2):49~5.5. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, llhéus, Bahia, Brasil

Caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro. 11. Flor de seleções da Bahia das séries SIC e SI AL

Geraldo C T. de Castro 1 e Bast1 G.D. 8art/ey 2

Resumo

Dando seqüência à caracterização de recursos genéticos existentes na coleção de germoplas­m3 do Centro de Pesquisas do Cacau, for3m mensur3daS 3S peças flor3is de 26 clones d3s ~éries SIC e SIAL, selecionados n3 população de cac3ueiros d3 Bahia, Brasil. De modo gera.!, a am­plitude de variaça:o dos descritores foi pequena; contudo, alguns clones manifestaram carac­teristicas peculiares. O SIC 19 possui sép3la~ mais alongada~ bem como uma relação compri­mento/largura da sépala e lígula maiores do que os demais. As maiores medidas de compri· mento e diâmetro de ovário verificaram-se no SIAL 105, bem como maior largura de sépa­la. O SIAL 638 apresentou ~ menores médias para estaminódio, dimensõe'l de ovário e número de óvulos. O número máximo de óvulo~ por ovário foi observado nos clones SIC 433 e SIC 644, ambos com 54 óvulos, enquanto que, nos dema!~. a média variou de 47 (SIAL 638) a 52. O comprimento e diámetro do ovário não tiveram correlação com o número de óvulos. Exceto o SIC 823, que tem flores sem p~gmentação antociânica, os clones foram agrupados em dois níveis, conforme a intensidade de antocianina nas peças florais.

Pa/avras~have. Theohroma cacao, clone, recursos genéticos, descritor

Characteristics o f caca o genetic resources. D. Flowers o f selections SIC andSIAL

Abstract

In continuanon of the charactenzation of the accessions in the cacao germp!a~m collection at the Centro de Pe~quisa1 do Cacau in Bahia, Braz !I, the descriptors o f the flowers o f 26 clones of lhe SIC and SIAL ~elections in the Bahia cacao population are presented. A!though most clones showed a small range of variability, some were dJstinguishable on the basis of their

1Divisõo de Genética (DIGEN), Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), APT CEPI.AC, 45.600, ltabuna, Bahia. Brasil.

2Assessor Técnico Com•énio JJCA/CEPLAC DIGEN, CEPEC.

Recehido para puhlkaçtro em 10 de outuhro de 1984 49

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50 Castro e Bart/ey

di~tinctive charactcrs. SIC 19 had thc larg~~t value~. f<lr ;epal and hgule ;ize. the .Jlap<' of both organs bcing more narrow!y clongate th<Hl m the othcr clones. SI AL 105 had thc large<a ovary and wa> also notabk on accoum of the larg~ wpah. Among the clone> with 'mall Howers SI AL 63l:l abo had the ;horte-;t -;taminodcl. thc <malle't ovarY and th(.' lowc1t numbcr uf ovulcs. with a maxunum of 4 7. Thc max1mum ovule number in thc other clone< """' 54 (clone> SIC 433 and SI{' 644) and the mean ovule numbrr wa' indepcndcnt or the uvary d!menlion,. With the c:-.çeptJOn of SIC 823. whosc !1owcrs J.te dcvmd of ptgm~ntation, the clone\ werc <eparatcd in to two distinct group1 on the hall'> of thc intensity of anthocyamn p1gmentatton in lhe f!ower

part1.

Key words: Theobroma cocao. clone, genetic re>ource, de.;niplor

Introdução

A caracterização da expressão feno­tÍp!Ca dos acessos existentes em banco de germoplasma constitui uma ativida­de de grande importância porque for­nece aos usuários as bases para a es­colha de materiais genéticos com ca­racterísticas desejadas bem como faci­lita o intercámbio dos materiais ga­rantindo a identificação dos genótipos.

As características morfoanatômicas, bioquímicas e/ou genéticas são empre­gadas para identificar grupos de plantas em vários níveis taxonômicos. Entre as mais utilizadas, esta-o aquelas relaciona­das com a flor.

Pound (1932), estudando as caracte­rísticas de diversos órgãos do cacaueiro, verificou que o número de óvulos por ovário numa árvore é marcadamente constante e constitui um caráter está­vel para distinguir árvores entre si. Os­tendorf (1956) apresentou sugestões para a descrição do cacaueiro e con­cluiu que as características de algu­mas peças florais como as pétalas e o diametro e a distribuição dos pelos glandulares do ovário são elementos úteis para identificação dos genótipos. Enriquez e Soria (1967a), com o pro-

'"-Re•·isra 7heohroma 15(2). 1985

pósito de detenninar quais seriam as características úteis da flor para se utilizar como descritores, encontraram diferenças marcantes entre os fenóti­pos das cultivares que provém de po­pulações diferentes.

O reconhecimento do valor da. ca­racterização dos recursos genéticos do cacaueiro consolidou-se com a pu­blicação do ''Catálogo de Cultivares de Cacao" por Enriquez e Soria (1967b). Mais recentemente, Engels (l981) pu­blicou um Catálogo descrevendo os ma­teriais existentes na coleção de germo­plasma do CA TIE, em Turrialba, Cos­ta Rica.

Os recursos genéticos disponíveis no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) abrangem diversas seleçOes provenientes da população da Bahia. Em sua maioria, os clones resultam de programas de se­leção de plantas individuais, realizados pelo Instituto de Cacau da Bahia (ICB) e pelo Instituto de Pesquisas Agropecuá­rias do Leste (IPEAL) e são designadas pelas siglas SIC e SIAL, respectivamente (Vello et ai., 1969). A caracterização sistemática dos recursos genéticos foi iniciada com a descrição da folha, fruto e semente de 26 clones dessas seleções (Castro e Bartley, 1983 ). O presente

Carat:rerizaç<To de clones. 11. Qones dos séries SIC e SlA/. 51

trabalho dá continuidade à caracteriza­ça'o desses mesmos clones através da descriçiio dos caracteres da flor.

Materiais e Métodos

Os clones utilizados foram SIC 2, 17' 18, 19, 23, 24, 250, 433, 628, 644, 662,680, 747, 765, 823 e SIAL 70, 88, lOS, 169, 244, 283,325,357,577,581 e 638, que estão localizados na coleção de germoplasma do CEPEC, instalada a partir de 1964. As observações foram tomadas nas épocas de. maior floração, em 1983 e 1984.

A metodologia e seqüencia utiliza­das para a observação dos descritores sa'o as propostas por Engels, Bartley e Enriquez (1980). Em alguns casos, uti­lizou-se uma amostra maior do que a recomendada, devido aos resultados obtidos em estudos preliminares sobre a variabilidade desse grupo de clones.

As flores foram colhidas no tronco e· nos ramos principais. Tomaram-se cinco flores por planta em quatro ár­vores de um mesmo clone.

Da lista de descritores de Engels, Bartley e Enriquez (1980) observaram­se os seguintes caracteres: comprimen­tos da sépala, lígula, estaminódio, es­tilete e ovário; larguras da sépãlas e lí­gula; diâmetro do ovário e número de óvulos por ovário.

Os procedimentos para as mensu­raçoes esta'o descritos abaixo, sendo o tamanho da amostra indicado pela letra n.

1. Comprimento da sépala (Cs) (mm) - é a distância que vai desde o ápice até o ponto de soldadura

com o receptáculo, n = 20.

2. Largura da sépula (ls) (mm)- é a distância entre os bordos laterais, na parte mais larga, n = 20.

3. Comprimento da lígula da pétala (CQ) (mm) - é a distancia desde o ponto de inserção do ribete no cuculo até o ápice, n = 20.

4. Largura da lígula da pétala (L0 (mm) - é a maior largura da espá­tula da lígula, n = 20.

5. Comprimento doestaminódio(Ce) (mm) - é a distância desde o ápi· ce até a altura do encontro com os estames na coluna estaminal, n = 20.

6. Comprimento doovário(C0 )(mm) - é a distância entre o ponto de soldadura com o receptáculo e o ponto de inserção do estilete, n =, 15. Este ponto é nitidamen­te marcado por ser o ovário pilo­soe o estilete glabro.

7. Diâmetro do ovário (00 ) (mm) -é a maior distância encontrada en­tre os bordos do ovário, n = I S.

8. Comprimento do estilete (Cp) (mm) - é a distância desde o ápi­ce até o ponto de inserção com o ovârio,-onde começa o tecido pi· loso,n = 15.

9. Número de óvulos por ovário -é a soma dos óvulos encontrados em cada ]óculo do ovário, n = 10.

Para se obter o formato da sépala e lígula dos materiais estudados, calculou­se a relação comprimento/largura.

Para se verificar, de acordo com a variabilidade encontrada para cada

Revista Theobroma 15(2). 1985

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52 Ontro e Bartley

caráter, se o tamanho da amostra foi adequado, utilizou-se a fónnula:

n > 0,16

apresentada por Engels, Bartley e En­riquez (1980), sendo n o tamanho da amostra, 0,16 uma constante, s o des­vio padrão, e X a média da amostra.

Resu1tado e Discussa:o

Os valores médios determinados pa­ra os descritores da flor dos 26 clones estudados esta:o no Quadro 1. Os da­dOil indicam que existe uma diferença quanto ao tamanho da flor. Esta varia­bilidade é devida princ.ipalmente ao comprimento das sépalas. As obser­vações das medidas de sépalas eviden· ciam que os clones SIC 2, 17, 18, 19, 23, 24, 433 e SIAL 105 possuem sépa­las de maior comprimento (acima de 9,0 mm). Os clones que apresentaram menor comprimento de sépala foram os SIAL 638 e 357 e o SIC 628, com médias variando de 7,51 a 8, 15 mm. Os demais clones tiveram valores com­preendidos entre 8,27 e 8,94 mm.

Quanto à lígula, observou-se uma maior variabilidade no comprimento, sendo que os clones com maiores médias foram os mesmos observados para sépa· la, exceto os SIC 433 e SIAL 105, que tiveram valores menores. O clone SIC 19 possui sépala e lígula mais estreitas. O SIAL 169 e SIC 628 apresentaram lígulas maiscurtas,por terem apresen­tado uma relação comprimento/largura igual a 2,54 e 2,63, respectivamente.

Quanto ao ovário, as médias de com-

Revlar .. 'trobromal5(2). 1985

primento variaram de I ,72 (SIC 662) a 2,22 mm e diâmetro de 1 ,22 (SIAL 638) a 1,56 mm, tendo o SIAL 105 apresentado as maiores dimensCles. En­gels (1981) encontrou que os valores para comprimento de ovário variaram de 1,20 a 2,02 mm e, para diâmetro, de 0,92 a 1,10 nun, medidas inferio­res às registradas no Quadro I. As di­ferenças observadas nas médias entre este trabalho e o de Engels podem ser atribuídas a razões não genéticas tais como idade da planta, época de obser­vaçlo, modo de mensurar as variáveis e efeito ambiental.

O clone SIAL 638, que apresen­tou menor tamanho de ovário, se des­tacou por ter apresentado menor nú­mero de óvulOs (44). O número máxi­mos de óvulos por ovário foi observa­do nos SIC 433 e 644, ambos com 54 óvulos.

Os coeficientes de correlação, calcu· lados entre o número médio de óvulos e as médias de comprimento e diâme­tro de ovário (r= 0,168 e r= -0,086, respectivamente), nlo foram significati­vos, demonstrando que o número de óvulos, neste grupo de clones, não está relacionado com o tamanho do ovário.

O SIC 823, sendo progénie da culti­var Catongo, caracteriza-se pela ausen­cia de pigmentação antociânica nas flo­res. Os demais clones foram agrupados em duas classes. Os SIC 18, 24, 628, 644,680,747, 765, SIAL 88, 169,283 e 581 têm flores com grande intensida­de de pigmentaçlo e os SIC '2, 17, 19, 23, 250,433, 662, SIAL 70, 105, 244, 325, 357 e 638 com pequena intenSida· de de pigmentação.

OtncUrlztlft10 de cl011e~. O. Qona dar rirln S/C e SIAL

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lromd }5(2}. 1985

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54 Castro e Bartley

A análise de consistência das estima­tivas do tamanho da amostra (Quadro 2) indica que a utilizada foi confiável em

todos os casos menos para largura da I í­gula de um dos clones, devido <I maior variabilidade desse caráter em suas flores.

qu.1Jru 2 - t>õÚml•r<> d<• nb"•rv.~çl1cs nec<•ssárias para idl•ntificar

,-arater. CEPEC, Centro de Pes<juisa~ do Cacau, llhêus, liA, !':183.

cada

Descritores

Comprim<'nto da sVpala

Largur" da sPpala

Comprimento da li gula

L.1rgnra da !Ígula

Comprimento do <e~taminÜdio

Comprimento ilo uváriu

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n' t11manho da arno,tra calculada

Agradecimentos

Tamanho

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18-1

17-2

13-l

22-2

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14-1

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Os autores agradecem ao Dr. Geraldo A. Car!etto pelas sugestôes na elaboração do presente trabalho, c ao Dr. Waldcck Diê Maia pela revislfo do manuscrito.

Literatura Citada

CASTRO, G.C.T. de e BARTLEY, B.G.D. cacaueiro. I. Folha, fruto e semente vista Theobroma (Brasil) 13 :263·· 273.

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Revista Theobroma 15(2}: 57-63. 1985 Centro de Pelllluisas do Cacau,l/héus, Bahia, Brasil

Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associados ao cacaueiro

na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia, Brasil

Antonio C de B. Mendes 1 e João de J. da S. GarcUJ 1

Resumo

Foi avaliada a eficácia de vários inseticidas no controle do complexo de crisome!Ídeos, curcu­lionídeos, lagartas e, espectficamcnte, das espécies Maeco/aspis ornara, Metachroma sp. (Chry­somelidae), Antiteuchus trípterus (Pentatomidae) e Clastoptera ochrospi/a (Ccrcopidae) em ca­cauais safreiros na região de Ouro Preto d'Oestl:, RO. Foi determinada, ainda,a seletividade do~ produtos ao complexo de aranhas, predadores de msetos fitófagos. Os inseticidas testados e respectivas dosagens foram: endosulfan 35% (168 g i.a./ha, trich\orfon 50% (240 g i.a./ha) e mala­thion 50% (240 g i.a./ha), em formulação líquida e tnchlorfon 4% (640 g i.a./ha) e 3% (480 g i.a./ha) em formulaç!o pó seco. As avaliações de mortalidade dos insetos foram feitas 8 e 24 horas após a aphcação dos produtos. O endosulfan e as formulações de trichlorfon apresentaram as melhores eficácias de controle dos insetos avaliados e maior grau de seletividade às aranhas. O malathion, por sua vez, foi o que apresentou menor eficácia entomoiógica, além de mostrar-se medianamente tóxico aos araneídeos.

Palavras-chaves: Theobroma cacao, inseto, inseticida, Crysornelidae, Cercop1dac, Pentatomidae, Araneac

The effect of insecticides on noxious insects and spiders of :<>cao (Theobronw cacao L) in the Ouro Preto d'Oec"e

region of Rondonia state, Brazil

Abstract

The efficiency of various insecticídes for the control of chrysomelids, ~UJ{;"'.i•onia>,

caterpillars and more spedfically for thc species Maeco/asp!'s omata, M.·rachro"'" sp. (Chrysomelidae), Anrireuchus tripterus (Pentatomidae) and C/asr,'>ptera ochrospíla (Cercopidae) found in mature cacao plantations in Ouro Preto d'ücste, Rondônia. Brazil was evaluated. The selectivity of thc products towards spiders. the predators of phytophagous insects, was also dctcrmined. The te~ted m>ecticídes and thl'JT respective doses were endosulfan 35% (168 g a.!./ha), trichlorfon 50% (240 g a.i./ ha) and malathion 50% (240 g: a.i./ha) in liquid formulations and trichlorfon 4% (640 g a.L/ha) and trichlorfon 3% (480 g:. a.J./ha), m dry powd~r formulations. Fvaluatiom of

1 CEPLAC- Departamento Especial da Amazônia, DÍl'is40 de Entomologia, CaL"r:J ,"osral 1801, 66000, Belém, Pará, Brast/

Recebido para publicaçãO em 11 de março de 1985 57

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58 Mendet1 e Garcia

mortality were madc 8 and 24 h arter application of the products. Endo~ulfan and trich\orfon as powder were the most efficient for the contrai of the groups evaluated and were more selective towards spiders. Malathion was the Jess efficient in!lecticide and of moderate toxicity for the predators.

Key words:Theobromtl waw, insect, insecticide, Crysomelidae, Cercopidae, Pentatomidae, Araneac

Introdução

Os crisomelídeos, curculionídeos e lepidópteros sa:o os principais respon­sáveis pelos estragos da área foliar do cacaueiro na Amazônia. Para o pólo cacaueiro de Rondônia, Mendes e Gar­cia (1982a) assinalaram 46 espécies de crisomelídeos e curculionídeos, des­tacando como constantes e de alta fre­qüência Maecolaspis ornato (Germar} e Metachroma sp. (Crysomelidae ), Pan­deleteius bisseriatus (Kirsch), Eustylus sp. e uma espécie da tribo Barynotini (Curculionidae). Dentre os lepidópteros, Mendes {1983) relacionou 10 espé­cies freqüentes, indicando como mais prejudiciais à cultura Euclystes plu­sioides (Walker}, Cerconota dimor­plw Duckworth e Sylepta prorogata Hampson.

Além destes grupos, os sugado­res Antiteuchus tripterus F. (Penta­tomidae) e Clastoptera ochrospila Jaco­bi (Cercopidae}, evidenciam-se pela al­ta freqüência e constância na regia:o (Mendes, 1979; Mendes, Garcia e Ro­sário, 1979; Mendes e Garcia, l982a). Os primeiros sa"o insetos que vivem em colônias sobre ramos e frutos imaturos do cacaueiro, de onde sugam seiva, podendo provocar o definhamento e morte dos ramos e peco dos frutos. As ninfas da cigarrinha C. ochrospila atacam as almofadas florais, provocando

Revtrta Theobroma 15(2). 1985

o murchamento e morte das flores. Para o controle desses insetos e de

outros de menor ocorrência na regia:o, Mendes, Garcia e Rosário (1979} in­dicaram a utilização de BHC I ,5%, trichlorfon 2,5% ou 50% e carbaryl 7,5%. Todavia, essas recomendações foram baseadas em resultados conse­guidos por Smith, Abreu e Vento­cilla (1968), Abreu e Smith (1973) e Cruz (1979) na Bahia e Espírito Santo. Posteriormente, no município de Tomé­Açu, PA, Garcia e Mendes {1980} demonstraram a eficácia dos inseticidas permetrin 50%, BHC 1 ,5% e carbaryl 7,5% no controle da largarta C dimor­pfw, fazendo restriçoes aos dois pri­meiros, por apresentarem amplo es­pectro de ação. Estes mesmos produtos, quando testados na Bahia por Abreu et ai (1982), destacaram-se como de alta eficiência no controle de M or1111ta. Ainda nessa regillo, ficou evidenciada a eficácia de diversos produtos no con­trole de adultos e ninfas de Clastoptero sp., merecendo destaque a formulação pó seco de carbaryl 5% (Ferraz, 1984).

A utilização de produtos com amplo espectro de ação no controle de pragas da lavoura cacaueira é controvertida, pouco se conhecendo a respeito de sua influência na eliminação dos inimigos naturais. Dentre os predadores, as aranhas constituem importantes agentes estabilizadores das populações de inse-

Aç4o de inseticidas sobre insetos e aranhas associados ao cacaueiro 59

tos em agroecossistemas (Riechert, 1974), tendo sido constatada a atua­ção destas no controle de lagartas na regi:Jo amazônica (Mendes, Garcia e Ro­sário, 1979}.

Tendo em vista o exposto, procurou­se testar a ação de alguns inseticidas so­bre os principais insetos fJ.lófagos e sugadores que atacam o cacaueiro em Rondônia, bem como verificar a seletivi­dade dos produtos aos predadores ara· neídeos.

Material e M€todos

O ensaio foi conduzido em lavouras safreiras de Ouro Preto d'Oeste, em jun­nho/julho de 1982, meses de maior população de insetos filófagos na regillo, conforme Mendes e Garcia (1982c}.

Os inseticidas testados foram endo­sulfan 35%, trichlorfon 50% e mala­thion 50%, na formulação de concen­trados emulsionáveis, e trichlorfon 4% e 3%, na formulação pó, nas dosagens de 168 g i.a./ha, 240 g i.a, 240 g i.a./ha, 640 g i.a./ha e 480 g i.a./ha, respecti· vamente. Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída de 1000 m2 e, em cada uma delas, escolheram-se 10 cacauei· ros como parcela útil, sob os quais fo­ram estendidos lençóis de 16 m 2 para coleta dos insetos e araneídeos mortos. Os inseticidas foram aplicados às pri· meiras horas da manhã. atravês de polvilhadeira/pulverizador costal mo­torizado e a coleta dos insetos foi reali­zada 8 e 24 horas após. A seguir, pro­cedeu-se o tratamento "cho"que" com

BHC 12%, coletando-se os msetos mor· tos 6 horas após esse tratamento.

A eficácia e a seletividade de cada inseticida foram determinadas estabe­lecendo-se a relação de insetos e aranhas mortos ao final de 24 horas da apli· caçao e o total de insetos e aranhas mor· tos após o tratamento "choque''.

As porcentagens de mortalidade foram transfonnadas em arco sen­no y'% e analisadas estatisticamente atra­vés do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Avaliou-se a aç:Io dos produtos sobre o complexo de crisomelídeos, curculionídeos, lagartas, aranhas e es­pecificamente sobre as espécies M. ornata, Metachroma sp .. A. tripterus e C ochrospila.

Resultados e Discussão

O inseticida endosulfan foi o pro­duto que apresentou maior poder de controle para as vaquinhas M. ornara e Metachroma sp. e para o complexo de crisomelídeos e curculionideos que se alimentam das folhas do cacaueiro, embora sem diferir estatisticamente dos demais produtos, exceto mala· , thion para os curculionídeos (Quadro I). Para o controle das espécies de la· gartas, as formulaçOes de trichlorfon e o endosulfan demonstraram melhor per­formance, não diferindo entre si, en­quanto malathion foi o de menor efi­cácia (Quadro 2), confirmando resul­tados obtidos anteriormente por Men· des e Garcia (l982b) com relação à eficácia do trichlorfon, embora em dosagens diferentes.

Quanto aos sugadores, não houve

,.·" T!u•nhmrna 15121. 1985

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Ação de inseticidas sobre insetos e aranhas aswciados ao cacaueiro 61

diferenças significativas entre os produ­tos testados. Todavia, o tratamento trichlorfon 50% apresentou eficácia su­perior a 80% no controle de adultos de C ochrospiW bem como o trichlorfon 4% e o endosulfan 35%, no controle de A. tripterus. De um modo geral, os inseticidas foram mais eficazes contra o complexo de lagartas do que contra os demais grupos avaliados. Provavel­mente, este fato se deve à maior tole­rância desses grupos aos inseticidas, ou a permanente exposição das lagartas aos produtos.

Quanto à seletividade aos araneídeos, na:u houve diferenças significativas entre os tratamentos. Em porcentagem de redução, as formulaçocs de trichlorfon e endosulfan nas dosagens testadas mostraram maior grau de seletividade, enquanto malathion exibiu um menor grau. As seletividades do trichlorfon e do endosu\fan a esses artrópodos tam­bém foram constatadas por Lingren et ai ( 1968), Mendes e Garcia (l982b) e Cruz c Soria O 984) põ~ra o primeiro produto e Gravena e Batista (I 979)

e Gravena, Barra e Sanguino ( 1980) para o segundo. Por outro lado, traba­lhos têm demonstrado a baixa toxi­cidade desses produtos a outros preda­dores de pragas como coccinelídeos, crisopídeos (Stern et al, 1959; Bartlett, 1968) e vespídeos (Heraldo, Rocha e Machado

1 1981).

Conclusões

Embora as análises estatísticas não tenham revelado diferenças significati­vas entre os tratamentos, à exceção do malathion para lagartas, em porcenta­gem de eficácia, os produtos trichlor­fon e endosu\fan sobrepujaram o mala­thion no controle dos insetos avaliados e quanto à sua seletividade às aranhas.

Pesquisas sobre os efeitos de inse­ticidas sobre a fauna benéfica, obje­tivando a utilização de produtos sele­tivos na lavoura cacaueira, bem como estudos visando mostrar a eficiência dos artropódos predadores se fazem imprescindfveis para futuros programas de controle integrado das pragas da re­gia:o.

Agradecimentos

Ao Eng.-Agr0

Jay Wallace da Silva Mota, Eng. Florestal José Celso Rodrigues, Técnicos Agií­colas Williams ~atos e Fernando Cezar da S1lva e Srta. Luzia Nazaré F. Melo, pela colaboração na condução do expenmcnto.

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Ação de inreticídas sobre inretos e aronhas associados QO caCflueiro 63

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Re~ista Theobroma 15(2}: 65- 72. J 985 Centro de PesquiSlls do Cacau,l/héus, Bahia, Brasil

Utilização da casca do fruto do cacaueiro para a produção de proteína microbiana 1

Ismael Maciel de Mancil!uJ 2, Magda/a Alencar Teixeira2 ,

Afonso Salustirmo Pereira2 e Alcides Reis Conde3

Resumo Cultivaram .,se Cel/u/omonas j1QI'igena e Alca/igenes faecalis em casca de frutos do cacaueiro

na~ concentrações de 3,0; 5,0; 7,5 g/1 e períodos de fcrmentaçào de 65, 70, 75, 80 e 85 horas. Foram estabelecidas equações de regressão para a percentagem de proteína bruta (PB) c para o teor de matéria seca (MS) no material fermentado. Encontrou-se melhor desenvolvimento dos microrganismos e, conseqüentemente, maior rendimento em PB (63,79%) na MS na con­centraça:o de 3,0 gfl de casca, após 80 horas de fermentação. O teor de MS variou de 1,934 a 7,040 gj/, respectivamente, para a concentração de 3,0 g/1 de casca com tempo de fermen­tação de 85 horas e para 7,5 g/1 de casca com o tempo de fermentação de 65 horas.

Paklvras-chQI'e: Theobroma cacao, fruto, casca, proteína microbiana, Ce/lu/omonas flavigena, Alcaligenes faeca/is.

Utilization of cacao pod husk as substrate for single ceU protein production

Abstract

Cel/ulomonas flavtgena and Alca/igenes faeca/is wcre grown in a mcdium <.:ontaining cacao pod husk as the sole source o f carbon with concentrations o f 3 .0, 5.0 and 7.5 g/1 and fermentation times of 65, 70, 75, 80 and 85 hours.. Rcgressions were established for lhe values of total prolein (TP) and dry matter (DM).. A yie\d of 63.79% (dry basis) of TP oblained at cacao pod husk concentntion of 3.0 g/1 aftcr 80 hours of fenncntation was found to bc lhe best development condition for thc microorganisms. The values of DM obtained varied from 1.934 to 7.040 g./1 at cacao pod husk concentration of 3.0 g// aftcr 85 hours of fem1entation and 7.5 g/1 after 65 hours of fennentation rcspcct1ve\y.

Key words: Theobroma cacao, fruit, husk, singlc ccll protcin, Cel/ulomonas flavigena, A/ca/igenes faecalis.

1 Parte da tese apresentada pelo primeiro autor à Universidade Federal de Viçosa (UFV). como um dos requisitos para obtençifo de grau de "Magister Scienn·ae" em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

2 Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA), UFV. ]65 70. Viçosa, Minas Gerais. Brasil.

3 Departamento de Matemática {DMA). UFV.

Recebido para publicaçlio em I'? de dezembro de JYB.i

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66 Mancillul et a/

Introdução

A carência de alimentos, especial­mente a carência protéica, constitui sério problema decorrente da explos:ro demográfica (Han, Dunlap e Callihan, 1971 ). As necessidades mínimas per capita só poderão ser satisfeitas caso se empreguem meios tecnológicos adequa­dos no sentido de se aumentar a produ­ção de proteínas, explorando conve­nientemente as fontes animais e vegetais atualmente disponíveis e abrindo novas perspectivas, principalmente no que se refere à biossíntese de proteínas por microorganismos.

Durante os últimos anos, pesquisas tem sido realizadas no sentido de solu­cionar a deficiência protéica mundial, com o surgimento de muitos alimen­tos não convencionais (Han, Dunlap e Callihan, 1971). Atenção especial vem merecendo a produça:o de proteína microbiana, também chamada "single­cell protein'', proteína unicelular.

Segundo Rols e Cabrera (1978), a proteína contida nos microrganismos ou proteína microbíana é, dentre as fontes protéicas não tradicionais, a que apresenta maior potencial relativamente à sua produçao e à incorporaça:o em concentrados para animais e em for­mulações de alimentos humanos. Tais proteínas são derívadas de células de leveduras, fungos, bactérias e algas, com a utilização de vários substratos, tais como hidrocarbonetos e resíduos celulósicos, para o cultivo desses micror­ganismos (Han, Dunlap e Callihan, 1971).

As atividades agropecuárias geram uma quantidade apreciável de subpro-

dutos que, em princípio, poderiam ser utilizados como substrato para o crescimento de microorganismos; com a fmalidade de se produzir proteína microbiana.

Menezes, Duchini e Figueiredo(l976) investigaram a produça:o de biomassa fúngi.ca em substratos de bagaço de cana mediante o emprego de diversas espécies de fungos celulo!ítícos, com a finalidade de selecionar os mais pro­dutivos. Jari (1969), utilizando Candida utilis ("Torula yeast"), em simbiose com uma espécie de levedura que pro­duz amilase, Endomycopsis fibuliger, utilizando resíduos de batata como matéria-prima, com o objetivo de con­verter o amido até uma massa de le­vedura, conseguiu um produto com 40% de proteína bruta (PB) na maté­ria seca (MS). Utilizando Saccharo­myces fragilis como microrganismo fennentador de lactose de soro de queijo, Vananuvat (1973) obteve wn rendimento de 5,91 g de PB na MS, por litro de meio, sendo que o teor de PB de levedura variou de 52 a 60%.

A produça:o brasileira de cacau em amêndoas foi de 318.400 t no ano de 1982 (Anuário Estatístico do Brasil, 1982). Baseando-se na relação entre o peso das sementes e o das cascas, que é de 1,0:0,7 (Llamosas, 1976), con­clui-se que aproximadamente 222.800 t de cascas sllo desperdiçadas anualmente.

Em estudo realizado por Branda:o e Tafani (1976), com 1500 frutos de cacau, o peso dos componentes foi o seguinte; casca 563 kg, amêndoas 138,3 kg, mel I ,8 kg, perdas (mel e detritos de casca) 4,0 kg, obtendo-se

Prote(na microbiana em cacau 67

um peso total de frutos de 707,8 kg e concluindo-se que o peso da casca obtido corresponde a 79,6% do peso to­tal dos frutos.

O aproveitamento da casca do fruto de cacaueiro tem sido permanentemente cogitado. Uamosas, Pereira e Soares (1983) estudaram a utilização da casca fresca como substituto do capim-elefan­te no acabamento de novilhos em con­fmamento. Os autores concluíram que os ganhos médios de peso vivo dos no­vilhos, alimentados cqm rações nas quais o capim foi gradativamente substituído pela casca até atingir os 100% não apresentaram diferenças esta­tisticamente significativas. Concluíram também que nao ocorrem diferenças significativas para o consumo diário de MS, o que evidenciou a boa acei­tação da casca fresca.

De Alba e Basadre (1952) conduziram experimentos com porcos em regime de engorda utilizando raçOes à base de caSca de cacau, milho e bananas e nao encontraram diferenças significativas nos ganhos de peso dos animais com quaisquer das raçoes utilizadas.

Outros trabalhos têm sido conduzi­âos com a casca do fruto do cacaueiro para a alimentação de vacas leiteiras (De Alba et al, 1954); gado em regime de engorda (Ferr!o, 1957; Adeyanju et ai., 1981); galinhas (Adeyanju et ai, 1975) e fabricação de geléia (Borges, 1971).

Além dessas aplicações, outras suges­tões foram feitas por Greenwood-Barton (1965) no sentido de se utilizar a casca de cacau na fabricaça:o de papel, fertili­zantes, furfural e pectina.

Segundo Campêlo e Luz ( 1Q8J ), grande quantidade de casca de cacau é normalmente deixada no campo, onde se constitui em uma excelente fonte de inóculo do agente etiológico da podri­da:o-parda (Phyrophthora spp.). Consi­derando-se estes fatos e a carência de proteínas que o mundo enfrenta, foi efetuado o presente trabalho, que teve por objetivo estudar a utilizaça:o da cas­ca do fruto do cacaueiro como substra­to para o desenvolvimento de microrga­nismos e conseqüente produça:o de proteína microbiana.

Materiais e Métodos

O presente trabalho foi conduzido nos laboratórios do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universi­dade Federal de Viçosa, utilizando-se como matéria-prima casca de fruto do cacaueiro fornecída pela Comissa:o Exe­cutiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), Ilhéus, BA.

MicrorgíUlismos e sua manutenção. No presente experimento, foram utili­zadas culturas de Cellulomonas flavi­gena, obtidas através de reembolso postal da "American Type Cu\ture Collection" (ATCC), sob nP 482, e de · Alcaligenes faeca/is, fornecida pelo Ins­tituto Zimotécnico da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Pi­racicaba, SP. As culturas foram repica­das a cada 15 dias, em caldo nutritivo, contendo triptona, glucose e extrato de levedura, incubadas a 30 °C e mantidas a 5 °C.

Preparo da matéria-prima. As cascas foram reduzidas a pedaços menores e colocadas em estufas a 55 °C ± 2 °C,

Revista Theobroma 15(2). 1985

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68 Mand/ha et a/

para secagem, até o ponto de moagem. Foram passadas por moinho e peneiras de 0,50 mm de abertura, sendo estoca­das em sacos de polietileno até o mo­mento da utilização. Após o preparo, a casca moída foi submetida a um trata­mento térmico-cáustico, adicionando-se, para cada I O g de casca, 20 m1 de uma solução de NaOH 0,56 N e autoclavan­do-se a 121 °C durante 10 minutos (Menezes, Duchini e Figueiredo, 1976; Han, Dunlap e Caliihan, 1971).

Preparo do meio líquido de fermen­tação. O meio líquido de fennentaçlro foi preparado a pH 7 ,0, variando-se apenas a concentração de casca pré­tratada (3,0; 5,0 e 7,5 gramas de casca por litro de meio) e adicionando-se sul­fato de amônia na concentraçlro de 1 ,O gjf como fonte inicial de N. Após o preparo, o meio foi esterilizado a 121 oc por 15 minutos.

Produção de proteína microbiana. O processo descontínuo de produçao de proteína microbiana foi conduzido em fennentador de aço inoxidável e com capacidade de 5 ,O litros, provido de aeração e agitaça:o, construído pe· la Metalúrgica BIASINOX Indústria e Comércio Ltda., Lambari, MG. Ao meio de fennentação, contendo 3,0; 5,0 e 7,5 gramas de casca pré-tratada por litro de meio, foi adicionado, ao nível de I%, uma suspenSlJo de células, resultante da mistura (1: I v/v) de C flavigerlil e A. faecalis. Manteve-se a temperatura de 30 oc, aeração de I v/v/m (volume de ar por volume de meio por minuto) e agitaçao de 170 rpm. Após 65, 70, 75, 80 e 85 horas de fermentação, o material foi amostrado

~ Revista Theobroma 1 5(2). 1985

e submetido às análises.

Análise química do material fennen­tado. A casca fermentada foi submetida a análise de PB pelo método n~ 4.12-Normas Analiticas do Instituto Adolfo Lutz (1976). O teor de MS {E/l) foi de· terminado conforme método 29.1.6 -Nonnas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz(1976).

Análise dos resultados. Os efeitos de concentração de casca e seu tempo de fermentaçio sobre os teores de PB e MS foram estudados através do mode­lo: ?i = bo + h-,Xli + bzXzi +

b3XIiXzi + b4Xti~ + ' b5 X2 j + ei, onde:

?i = média de quatro observações dos teores de PB e MS;

X 11 = concentração (3,0; 5,0 e 7,5 g}l) de casca de cacau;

Xú = Tempo de fermentaç<io (65, 70, 75, 80 e 85 horas);

Constante de regresSlJo;

Coeficiente de regressa-o (j = I, 2,3,4e5);

e 1 Erro aleatório, pressuposto nor­mal e independentemente distri­buído, com média O (zero) e va-riância constante.

Resultados e Discussão

Os valores obtidos para PB e MS são mostrados no Quadro I.

Proteína bruta. A equação ajus­tada para a percentagem de PB foi: ? = -29,5216.10 15,2540 xli +

92,8741.10" 1 X2 i -19,5654.10" 2 X1 i

Protefna microbiarra em cacau 69

X2i + 22,3185_10- 1 X21 i-

49,1011.10-3 X~i R 2 97,14

Observou-se que, dentre os tempos de fermentação estudados, a função es­timada para a percentagem de proteína bruta apresentou valores máximos para

as concentrações de 3,0;5,0 e 7,5 g}l de casca, correspondendo a 64,5; 35,8 e 27,2% de PB para os tempos de 88,5 (fora do intervalo estudado), 84,6 e 79,6 horas de fermentação, respectiva­mente (Figura I).

Os valores de PB obtidos no presente

Quadro 1 - Teores de proteÍna bruta c matéria seca obtidas da ~-asca do fruto do cac<lueiro fermentada.

Conccntraçao

Tempo . " ProteLna Matéria seca "

'"' (g/100 g de M.S.1 (g/ I)

3,0 5,0 '·' 3,0 5,0 <,5

65 31,875 21,455 16,477 2,809 4' 127 7,040

" 52,055 25,035 22,122 2,450 4,271 6,092

75 54,232 29,497 24,892 2,351 3,565 4,892

80 63,790 34' 245 27,127 3, 337 4,047

85 63,015 33,995 28,250 1,934 2,881 4,125

"Resultados médios de quatro <Jt>servaçoes (duas rcpetiçOcs por nÍvel " casca e

anâlises em duplicata).

'J ' TJ ~ . o

__ ..

' J ,

. .

ú, 70 " '" r,.,, F, . .,.,,-nt,,,.;;,, (h)

Figura l - Visão em perspectiva da superfi r~,postd Ja porcentagem de proteína bruta.

Rt!viua Theohroma 1 Jf-~J. 1985

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70 Mand/ha et a!

experimento (Quadro I) foram inferia· res aos encontrados por Yang e Yang (1977), que trabalharam com resíduos de madeira como fonte de carbono, uti­lizando bactérias do gênero Pseudomo­nllS. Os valores encontrados após 72 ho­ras de fennentação na MS foram de 65,4 e 71,2% para os níveis de l e 4% de resíduo, respectivamente. Por outro lado, valores semelhantes a estes foram encontrados por Han, Dunlap e Callihan (1971), trabalhando com bactérias do gênero Cellulomonas desenvolvidas em CM-celulose. Após 48 horas, as células continham 53,9% de PB na MS.

Matéria seca. A equação ajustada para o teor de MS foi: ?"'-2,93786 +

2,6226BX1 j + 4,4s2os w-:Lxzi -

2,63578 . 10- 2 XtjXzi Rl = 97,88

Observou-se que o teor de matéria

o ,,

c .~

c ,, -:::

'"" • o ' • 'c • . ' ,, " • ,

seca decresce com o tempo de fermen­tação, sendo maior na concentração de 7,5 g/ I de casca dentro de um ffiesmo tempo de fermentação (Figura 2).

Os valores obtidos no presente expe­rimento (Quadro 1) variaram de 7,040 a 4,125; 4,327 a 2,881 e de 2,809 a I ,934 gramas de MS por litro de meio para os intervalos de tempo de 65 a 85 horas de fermentação para os meios contendo 3,0; 5,0 e 7,5 gramas pm litro de casca, respectivamente.

Han, Dunlap e Callihan (1971), estudando o crescimento de Cellulomo­nas em CMC (carboximetilcelulose), observaram que, após 2 dias de incuba­ção, 50% do substrato havia sido conver­tido em material celular e o restante em produtos de metabolismo celular tais como H20, C02 e outros metabólitos extracelulares. Estas observações podem

FltwJa 2 - Visão em perspectiva da superf(cie de resposta do 1eor de matéria seca (g}/l .

• Revista Theobroma 1 5(2). 1985

Protefna microblana em e~~cau 71

justificar a queda do teor de MS com o tempo de fermentaçi'fo observada no presente experimento.

Resultados semelhantes foram obti­dos por Menezes, Duchini e Figueire­do (1976), que, estudando a obtenção de biomassa fúngica a partir de bagaço de cana, encontraram os teores de MS de 1,886; 3,656; 7,444; 11,419 e 16,445 gramas de MS por litro de meio após 96 horas de fermentação para os níveis de 2,5; 5,0; 10,0; 15,0 e 20,0 gramas de bagaço de cana por litro de meio, respectivamente. Estudaram tam­bém a utilização de nove linhagens de fungos desenvolvendo-se em meio con­tendo 5,0 g/1 de bagaço de cana e ou­tros nutrientes complementares, obten­do um rendimento, em termos de MS, que variou de 2,575 a 3,175 gjl.

Conclusões

Os resultados do presente experimen· to mostraram que os microorganismos se· comportaram diferentemente para cada concentraç:ro de casca e tempos de fermentação estudados. Em conseqilên·

cia, diferentes valores para PB e MS fo­ram obtidos.

Verificou-se que, para a concentra­ç!o de 3,0 g/1 de casca, no tempo de 80 horas de fermentação, obtiveram-se os melhores valores para a PB. Notou-se ainda que, à medida que se diminuiu a concentração de casca e se aumentou o tempo de fermentaç:ro, melhores resul­tados foram obtidos para o mesmo pa­râmetro. Nessas circunstâncias (3,0 g de MS de casca por litro de meio em 80 horas de fermen~aç:ro), o rendimento de proteína microbiana foi maior que nas outras concentrações.

Em face de tais observações, outros experimentos deverão ser conduzidos no sentido de se determinar o valor biológico da proteína, bem como deter­minar quantitativa e qualitativamente seus aminoácidos. Escalas maiores deve­riJo ser testadas, facilitando, assim, o estudo da viabilidade do processo. E, por fim, novos microorganismos ou combinações dos mesmos deverão ser testados com o objetivo de se melhorar a eficiência do processo.

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·-

Revista Theobroma 15(2). 1985

r1 '

Revista Theobroma 15(2): 73-78. 1985 Centro de Pesqui:Ns do Cacau, 1/héus, Bahio, Brasil

Observações iniciais da perda de água por interceptação de chuva em cacaueiro

Ricardo Augusto Calheiros de Miranda 1

Resumo

Está sendo realizado um programa de pesquisas micrometcorológicas para conhecer os Índices sazonais de interceptação da água da chuva pelo dossel do cacaueiro e, conseqüentemente, deter­minar quantitativamente o regime hídrico que governa as trocas de chuvas entre o cacaueiro e o seu ecossistema .. O experimento está sendo conduzido no Centro de Pesquisas do Cacau (14°45'5 e 39°14'W), Ilhéus, Bahia. Para quantificar o regime hídrico, foram instalados, em mastros, 80 em acima da copa dos cacaueiros, lO pluviômetros em forma de funil e, no interior do cacaual, posiciona-dos em ângulo reto, a 30, 90 e 150 em do tronco, 12 pluviômetros feitos de PVC. Para medir a água escoada pelo tronco, foi instalado, no tronco de 15 cacaueiros, um sistema de cole­tores feitos de alumínio. Os resultados preliminares indicam que, em média, 15% da chuva inci­dentes foram retidos pelo dossel do cacaueiro, cerca de 83% chegaram ao solo via peÍcolação direta através da sua copa, enquanto 2% escoaram pelo tronco.

Palavras-chave: Theobroma cacao, chuva, intCiceptação1 regime hídrico

Initial observations of intercepted rain loss in cacao trees

Abstract A micrometeorological reseaxch program is being developed to establish the seasonal percent­

age of rain intercepted by the cacao canopy and consequently to determine the water balance which govems the exchange o f rain between the cacao tree and its environment. The experiment is being carried out at the Cacao Reseaxch Center (14°45'5 and 39°14'W), Ilhéus, Bahia, BnziL Ten rain gauges were fixed on masts at 80 em above the cacao canopy and 12 plastic gauges were placed under the canopy in two !ines at right angles to each other and at distances of 30,90 and 150 em from the trunk to determine the water balance. An aluminum collector system was attached to 15 cacao trunks to measure the stemflow. Thc preliminary results indicate that a mean of 15% of incident rainfall is intercepted by the cacao canopy, about 83% rcaches the soil as throughfall while 2% as stemflow.

Key words. Theobroma cacao, rainfall, interception, watcr balance

1 Divisão de Climatologia. Centro de Pesquisa$ do Cacau, Caixa Postal 7, 45.600, Iwbuna, Bahia, Brasfl.

Recebido para publicação em 14 de junho de 1984 73

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74 Mirands

Introdução

A chuva interceptada pela parte aérea de uma planta tem importância marcan­te no regime hídrico de wna detennina· da comunidade vegetal, desde o seu iní­cio - quando a totalidade do volume precipitado é interceptado - até que, pela saturaça:o das camadas superiores do dossel, a chuva é distribuída por percolaça:o direta pela copa e escoamen­to superficial ao longo de ramos e troncos.

O processo de interceptaça:o de chuva pela cobertura arbórea de um determi· nado ecossistema tem sido investigado desde Horton (1919), Leyton, Reynolds e Thompson (1967) e, mais recentemen­te, com significativo progresso,- por Leonard (1967), Rutter et ai. (1972), Gash e Stewart (1972) e Miranda (1982). Zinke (1967}, ao revisar uma série de estudos sobre a interceptaça:o de chuvas feitos nos Estados Unidos, estabeleceu limites de 20 - 40% para florestas coníferas e de 10 - 20% para decídu'lS. Todavia, índices de 21-34% para d 'cíduas e de 36 - 54% para co­nífera·, foram também fixados por Ovington (1954).

Com respeito às comunidades de clima tropical, citam-se as investigações de Odum (1967) e Golley et ai. (1978), com valores de interceptaçlfo de 29% e 19%, respectivamente. Geiger (1966), em condições de floresta subtropical, apresentou valores para as perdas por interceptação da ordem de 38% do total precipitado. Frankem et ai, (1982) verificaram, em uma parcela de terra ftr­me, na floresta amazônica, que, em mé­dia, 22% da chuva que atingiu o topo

Revist11 Theobroma 15(2}. 1985

das áivores foram retidos pela cobertura vegetal e, posteriormente, retomaram à atmosfera por evaporação.

Considerando-se que estes limites fo­ram estabelecidos para diferentes climas e vegetaça:o, eles na:o podem ser extrapo­lados diretamente para cacau embora sirvam de subsídio para comparações. Desse modo, a importância de se conhe­cer o regime hídrico de uma cultura, co­mo o cacaueiro, na qt;:al as águas drena­das através da copa, troncos e ramos exercem influência marcante sobre a re­distribuição e lixiviação de depósito de fungicidas c1ípricos (Santos e Medeiros, 1980) ou sobre a ascensão, redistribui­ça:o e arraste dos esporos de fitopató­genos (Gregory et ai, 1984) justificam a realizaça:o deste experimento.

Material e Métodos

O experimento vem sendo conduzido em área do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), localizado no muni­cípio de Ilhéus, Bahia, a 14°45' de la­titude sul, 39°14' de longitude oeste e S 1 m de altitude.

Os dados foram coletados por panca­da de chuva, no centro de uma área ocupada por cacaueiros híbridos de oito anos de idade, plantados a espaçamento de 3,0 x 3,0 m, parcialmente sombrea­dos com Erythrina fUsca lour., planta­das com espaçamento de 24,0 x 24,0 m e apresentando uma variação da altura da copa oscilando entre 8,0 e 10,0 me­tros. Estes cacaueiros (cuja copa cobre uma área de 7m2 ) na:o foram submeti­dos a nenhum trato cultural nos últi­mos anos.

Para a quantificaça:o das perdas por

Perdas de Qgua por interceptação de chuva em cacaueiro 75

interceptação no ecossistema cacau, observaram-se os componentes referen­tes à parcela do total precipitado que atinge o solo através de gotas que pe· netram diretamente pelos espaços entre a copa do cacaueiro (throughfall) e o escoamento superficial ao longo do tronco ;.stemflow).

Como, no ecossistema cacau, as áivores de sombra dificultam a amos­tragem direta da precipitação, a parcela do total precipitado que atingiu o topo da copa do cacaueiro foi medida por I O coletores em forma de funil (12,7 mm de diâmetro), feitos de lata:o e instalados aproximadamente 80 em acima da copa do cacaueiro.

A parcela de água de chuva relativa à percolaça:o direta pela copa do cacaueiro vem sendo medida através da média de 12 pluviômetros de PVC (Miranda, 1982) posicionados ortogonahnenie a distâncias fiXas do tronco de 30, 90 e 150 em.

Para quantificar a água de chuva per· colada pelo tronco, utilizaram-se coleto­res feitos de alumínio flexível (90 x 7 em) fixados como uma espiral ao re-

dor do tronco de 15 cacaueiros. Esses coletores foram ftxados ao redor do tronco, 80 em acima da superfície do solo, por meio de pequenos pregos, sendo que o contato tronco-coletor foi vedado com massa adesiva própria para calafetaça:o.

A transformaça:o dos valores obtidos em volume de água para altura de água (mm) foi obtida dividindo-se o volume coletado em 15 árvores pela superfície de raio iguaJ a I ,50 m.

Resultados e Discussão

A coleta de pancadas de chuva en­volvendo o total precipitado e as parce­las correspondentes do throughfall e stemflow teve início em setembro de 1983 e, desde essa data até fevereiro de 1984, foram feitas 31 observações, to­talizando 165,9 mm de chuva.

No Quadro 1, os resultados dessas in­vestigações foram compilados na forma de valores percentuais médios para o throughfall e stemflow, precipitaça:o efe­tiva (isto é throughfall + stemflow) e perdas por interceptaça-o em funç!o da escala aritmética simplificada das classes

Quadro 1 - Valores percentuais mêdios para o thwu.gh6a.V', ~tem.)low, precipi­tação efetiva e perda por interceptação em função da escala aritmêtica simplifi-' cada das classes de chuva da região cacaueira. PerÍodo: set. 83 - fev. 84.

Classes de Tipo de Thr. Ste. p .E f. lnt.

P« chuva Freq. (%) "' (%) "'

0,1 ' "" '- 1,5 Muito fraca 12 78,3 0,5 78,8 21,2

1,5 ' "" ' 5,5 Fraca 7 86, l 1,8 87,9 12' 1

5,5 ' ''" ' 9,5 Moderada ' 86,6 '·' 89,0 11,0

9,5 ' "" ' 29, s Forte 8 86,7 '·' 89' l 10,9

29,5 ' "" ' 59,5 Muito forte

Prc ' 59,5 E><trema

RePiSta Theobroma 15(!}. JIJ85

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76 Miranda

de altura de chuva, proposta por Milde (1983) para a regia:o cacaueira do Su­deste da Bahia. Através dela observa-se que os valores percentuais médios dos componentes envolvidos no processo da interceptação awnentam proporcional­mente, em funçao de altura de chuva (Aussenac, 1970), embora esta, como é lógico, diminua inversamente. Observa­se também, como decorrência da carac­terística da chuva que normalmente se precipita sobre a regia:o- curta duraçao e intensidade alta -, que os valores per­centuais médios da subdivisao das clas­ses de chuva mostram apenas pequenas variações entre as diferentes classes, ex­cetuando-se as pancadas muito fracas onde a percentagem média de água in­terceptada pela copa do cacaueiro é de 21,2%.

Um exemplo da distribuiç:ro média por distância ao tronco do throughfall como uma.fraçlio do total médio preci­pitado robre o cacaueiro, em funça:o da escala de classes de altura de chuva, é apresentado na Figura 1. Nela, obser­va-se que n1io parece existir um per­ftl definido para a distribuiça:o do throughfall devido, talvez, a aspectos ligados à morfologia do cacaueiro, que age como anteparo natural sobre alguns dos coletores posicionados a certas dis­tâncias flxas do tronco e concentrando em outros a coleta da água percolada através da copa da árvore. Resultados similares foram encontrados por Helvey e Patric (1965) e Miranda (1982), embo­ra Reynolds e Leyton (1963), Eschner (1967) e Aussenac (1970) tenham con­cluído que o throughfall pode aumentar com a distância do tronco.

Com relação ao escoamento pelo

' Revista Thtwbroma 15(2). 1985

100-..

50

o

100 ...

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o " 00 ,,.,

""'"'" "" >..,..;o ""'

Figura 1 - Distribuiçfo da água de chuva percolada pela copa do cacaueiro a diferentes distâncias do tronco em função do tipo de chuva.

tronco, os resultados apresentados no Quadro I demonstram que o stemflow é um parâmetro de importância relativa, que, em tennos reais, não contnbui sig­nificativamente para os valores da preci­pitação efetiva e, conseqüentemente, para as perdas por interceptação - prin­cipalmente no tocante às chuvas muito fracas. Além disso, a variação de seus va­lores, para pancadas inferiores a 1 ,.S mm, apresenta-se abaixo dos erros de amos­tragem dos demais valores observados no cálculo das perdas por interceptaç!l'o.

Conclusão

Com base nas pancadas observadas, verificou-se que, num plantio de ca­caueiros híbridos de 8 anos de idade, do total precipitado, 83%, em média, che-

" I

PerdilJ de água por interceptação de chuva em cacaueiro 77

garam ao solo por percolaça:o direta atra· vés da copa, 2% foram esCoados superfi· cialmente ao longo do tronco, enquanto que os restantes 15% foram intercepta­dos pelos ramos e follias e, por evapo­ração, retornaram à atmosfera (Figura 2).

Isso significa que, ao se considerar que o volume médio anual de precipita· çlio pluviométrica da estaçlo agrometeo­rológica do CEPEC (no período 1965-1983f foi de 1714,0 mm, teríamos:

Chegado ao solo por percola­laçlo direta através da cOpa (83% de 1714mm).... 1423mm

Escoado superficialmente ao longo do tronco (1% de 1714 mm) . 34 mm

Interceptado pelos ramos e fo-lhas(l5% de 1714mm). 2.S7mm

Total . . l714mm

2Dados obtidos na Divisão de- Oimatologia doCEPEC.

F1gura 2 - Distribuição quantitativa da

chuva em uma árvore de cacau. Período: sel/83 a fev./84.

Pode-se avaliar a importância da im­plementaça:o de estudos semelliantes a este para outros locais da região cacauei­ra, tendo em vista que as perdas por in­terceptaç<To sa-o extremamente variáveis como decorrência na:o só das caracterís­ticas da chuva, como também de uma série de outros fatores- dentre os quais idade do pç!Voamento, rugosidade e diâ­metro do tronco e posiça:o da espécie dentro do ecossistema.

Agradecimentos

O autor agradece a inestimável colaboração do operário de campo Antonio Gome~ Galvão ' Filho pela ajuda na coleta dos dado~ micrometeorológicos, ao Sr. Ulisse~ Antonio Sampaio Moreira, pela elaboração dos gráficos, e à Sra. Rita Maria Pinto Souza Vilela, pela datilografia do texto.

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' Revista f'lteobronw 15(2). 1985

Revista Theobroma 15(2): 79-95. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, Brasil

Estudo de precipitação diária: I. Regimes pluviométricos da região cacaueira da Bahia

Luiz Carlos Eduardo Milde 1 e Magrit Henriette Nitzsche 2

Resumo

Determinaram-se os regimes pluviométncos da região cacaueira da Bahia. Utilizaram-se dados diários de precipitaçlfo, coletados em 17 estações da Rede Agrometeorológica da CEPLAC (Co­missa-o Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), situadas entre os paralelos 120 30' c 190 33'S e os meridianos 380 29' e 400 40' W. A série histórica abrangeu o período 1964-1982, comple­to ou não, para cada estação. Traçaram-se regimes pluviométricos dessas estações, após a clas­sificação dos dados diários, segundo uma escala pluviométrica, em freqüência de classes. Consi­derou-se como dia chuvoso aquele com precipitação maior que 0,5 mm. Delimitaram-se cinco regimes pluviométricos diferentes, por analogia gráfica ou utilizando~e a tünica de análise de 'cluster', sendo que as estações se agruparam diferentemente. O número máximo e mínimo de dias com precipitação situou-se, respectivamente, em fevereiro e agosto. O número total anual médio de dias com precipitação decresce com o aumento da latitude e longitude, com pequenos picos nas estações costeiras. O número máximo de dias com precipitação maior ou igual a 60 mm foi encontrado ém dezembro.

PaJpra-chave: precipitaçfo

Study of daily precipitation: I. Rainfall pattem of the Cacao Reg:ion of Bahia, Brazi1

Abstract

The rainfall pattern was determined in the Cacao Region of Bahia, Brazil. Daily precipitation data coUected at 17 stations of the CEPLAC (Comissão Executiva do Piano da Lavoura Cacau­eira) Agrometeorological Network, situated between latitudes 120 30' -190 33' S and longitudes 380 29'-400 40' W were used. The data complete or not are for the period of 1964-1982 for each station. The j)iuviometric pattern was characterized by classifying the data on a scale of class frequencies. A rainy day was taken as that which had a precipitation greater than 0.5 mm. Five different groups were established Crom pluviometric graphical comparisons or cluster analysis,

1 Divis<fo de Climato/ogio, Centro de Pesquisas do Cacau, Caixa Postal 7, 45.600, /tQbuna, Bahia, Brasil.

1 Dpt{J CitncWs Atmosféricas, Universidt1de Federal da Paraíba, 58.100, Campina GrQnde,Paraifm. Brasil.

Recebido a ubliCD tfo em 30 de maio de /984 79

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80 MUde eNitzsche

with two different distributions. The maximum and minimum number of days with precipitation occurred, respectively, in February and August. The yearly mean total o f days with precipitation dccreases with the increase of the latitude and longitude with small increases at lhe ooasial sta­tions. The maximum number of days with precipitation greater or equal to 60 mm occurred

in December.

Key word: rainfall

Introdução

A chuva, juntamente com a tempera­tura, é um dos parâmetros mais impor­tantes para o desenvolvimento dos cul­tivoS agrícolas. No caso do cacau, a fal­ta ou baixa quantidade de água é alta­mente prejudicial às plantas.

O decréscimo das precipitações, ou o aumento do déficit de água no solo, induz à queda de folhas. Os lançamen· tos de novas folhas ocorrem, se houver condições severas de déficit de água, Jo­go apos o início das precipitações (AI­vim, Machado e Grangier, 1969). Por outro lado, a falta de água inibe a flora­çlfo do cacaueiro durante a sua ocor­rl!ncia (Aivim, 1964; Sale, 1970) e tem sido demonstrado que a floraÇl[o re­toma, particularmente abundante, após as prin eiras chuvas pesadas que se se· guem a um extenso período seco (AI­vim, 1967).

Estas ocorréncias se refletem direta­mente na produçã'o. Portanto, é impor­tante analisar mais detalhadamente os dados de precipitação coletados desde 1964, pela rede de estações da CEPLAC (Comissllo Executiva do Plano da La­voura Cacaueira), a fun de tentar iden­tificar regimes pluviométricos a partir de totais diários de precipitaÇl[o, con­tribuindo, assim, com mais informações para o planejamento, tanto de plantio quanto de cultivo, não só de cacau, mas de qualquer outra planta, levando-se em

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conta as exigéncias de cada uma dessas plantas em totais de água no decorrer do ano.

Material e Métodos

Os dados diários utilizados neste tra­balho foram coletados nas estaçoes da Rede Agrometeorológica da CEPLAC (Quadro I) no período de 1964 a 1982, envolvendo estações situadas no Sudes­te da Bahia e Norte do Espírito Santo. Essas estaçOes foram selecionadas basea­do em sua pooição geográfica e na exis­téncia de dados com as menores inter­rupções possíveis. Para o traçado dos re­gimes pluviométricos, não foi considera­do qualquer més que apresentasse pelo menoo um dia com leitura do total de precipitaç!o ausente. Os meses elimi­nados devido a auséncia, total ou par­cial, de anotaçOes foram: 01/67 GAN­DU, OI e 02/70 FZCULTROSA, 01/64 CEPEC, 10/80 EZITAJU, 09 e 10/74 ESPAB, 09/78 GUARATINGA, 04 e 10/67 - 12/79 ITAMARAJU, 01/79 e 10 a 12/82 FZMARTINICA e 02/79 ESFIP.

Classificaram-se os dados utilizando­se a "escala aritmética simplificada" (Quadro 2), adaptada daquela utilizada por Devinck (I97la; 197lb).

Definiu-se como dia seco e, portanto, a na:o ser analisado mas apenas computa­do, todo dia com precipitaçlfo menor ou igual a 0,5 mm.

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O valor de 0,5 mlh foi escolhido co­mo o limite de chuva que classifica um dia como seco em função dos dados dis­poníveis no Banco de Dados da CEPL.AC, que são arredondados para menos -quando, antes da víriula, houver mime­ros inteiros pares e, após a mesma, 5 ou menos - e, para mais - .se, antes d<i vír­gula, houver inteiros ímpares e, após, 5 ou mais.

Quando se fala em precipitação, está se falando em milímetros de chuva co­letados pelos pluviômetros, exclusiva­mente.

Após a classificação das alturas diá­rias de precipitação, de acordo com a es­caJa do Quadro 2, elaborou-se uma ta­bela com a freqüéncia média mensal acumulada. A partir desses resultados, foram traçados, para cada estação, os regimes pluviométricos que, por defmí­ção extraída de Devinck (I97Ia), é a fonna de distribuíçA"o, no transcurso do ano, do número médio de dias compre­cipítaÇ[o igual ou superior a cada um dos valores da escala artmética simplifi­cada. Os referidos regimes sllo apresen­tados neste trabalho de forma normali­zada, isto é, com meses com duração

• Relli$ta Theobrorrw JS(2}. JY8S

de 30,44 dias. Traçaram-5e gráficos com o intuito de se verificarem as variaçOes do total anual de dias com precipitação, de acordo com a latitude e longitude, com base na escala aritmética simpli­ficada.

Resultados e Diseusslo

Analisando os gráficos (Figuras 1 a 6) das freqüéncias médias mensais dos va·

!ores de precipitação maiores ou iguais aos valores da escala aritmética simplifi­cada, determinaram-se os meses com nú­mero máximo e mínimo de dias com precipitação, considerando-se global­mente o nUmero de dias maior ou igual aos valores da escala. Os máximos de dias com precipitação variam, de uma forma gradual, desde o norte até o sul da regi;Io em estudo. Assim, nas estações ESOMI e FZOPALMA, o máximo se apresenta em maio, deslocando-se para fevereiro entre as latitudes de 130 S e ISO 30' S. A partir desse paralelo, até 170 30' S, a região apresenta uma d.i­visil"o em duas faixas: a do interior, on­de novembro foi o més com número máximo de dias com pico principal de precipitação e julho, com secoodário, passando a ser o més com principal nas estações costeiras.

As estações FZMARTJNICA e ESFIP, situadas mais ao sul, também apresen­tam novembro como máximo principal de dias com precipitação, mas sem ne­nhum máximo secundário. Finalmente, a FZBOA ESPERANÇA teve apenas o máximo principal em fevereiro.

Quanto aos mfuimos de dias com precipitação, houve predomináncia dos meses de agosto a dezembro, revezando-

Regime$ pb4viomérricos da regi/To cacaueira d4 Bahia

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86 Milde e Nitnche

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30 mm no decorrer do ano.

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88 Mi/de e Nitzsche

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hgura 6 - DtstnbuJÇão espacial do nUmero médio de dias L"Om precipitação maior ou igual a 60 mm no decorrer do ano.

Revista Theobroma 15(2). 1985

Regimes p/uviométricoJ da regi4o cocoueira da Bahi4

se, inclusive, como mínimos principais e secundários. De J40 S para o norte, dezembro foi o mínimo principal, apre· sentando-se como secundário na estação FZCULTROSA; de J4ü S até GUARA­TINGA, o mfuimo principal foi agosto, predominando dezembro e setembro co­mo secundários. NasestaçOesde IT AMA­RAJU, FZMARTINICA e ESFIP, o mí­nimo principal se sltua, aproximadamen­te, em julho e o sectmdário em agosto.

Finalmente, na FZBOA ESPERAN­ÇA, agosto é o máximo principal.

Comparando-se os meses nas quais foram encontrados por Strang (1972) os totais mensais médios máximos de preci · pitaç.fo, quando analisou as normais plu­viométricas do Nordeste, com os meses encontrados neste trabalho, após a ta­bulação dos totais médios mensais, nota­se que as estações situadas ao norte da regia-o (acima de 150 S) tiveram seus máximos de precipitação coincidentes com os de Strang, enquanto, no restan­te ·da região, houve uma concordáncia aceitável, já que os sistemas provocado­res de precipitação podem ter seu iní­cio de atuação antecipado ou atrasado, dependendo do ano, dando certa flexi­bilidade às isolinhas traçadas por Strang.

A concordáncia, aparentemente, não foi prejudicada pela diferença entre os períodos analisados por cada autor e pelas escalas de tamanho das regiões abrangidas em cada trabalho. Nilo hou­ve, também, variações apreciáveis entre os meses que apresentaram os máximos de totais mensais médios de precipitação e os meses com maior número de dias com precipitação.

Além do conceito utilizado por Strang

(l972), para a defmiçJo de períodos e meses chuvosos, foi utilizada a porcenta­gem de precipitação mensal em relação ao total anual, para clasSificar os meses secos e chuvosos.

Roeder (l975) definiu més seco co­mo aquele em que a precipitação é me­nor que 5% da precipitação total anual e més chuvoso aquele com precipita­ção maior que 11 ,5% do total anual. De acordo com essa classificação, obte· ve-se a confirmação, com pequenas va­riações, dos regimes pluviométricos que esta-o sendo propostos neste trabalho, apesar da diferença de metodologia.

Estudando os gráficos dos regimes encontrados para cada uma das estações, foram identificados os seguintes regimes pluviométricos comtms (Figura 7), por analogia:

I. FZOPALMA E ESOMI

Apresenta máximo de dias com precipitação de abril a agosto e mínimo de outubro a janeiro .

2. FZCULTROSA, EMARC, CEPEC e SEUNA Chuvas freqüentes ao longo do ano, apresentando pequenos má­ximos em fevereiro e junho e mí­nimos em agosto e dezembro para o número de dias com precipitação.

3. EGREB e ESPAB Chuvas relativamente uniformes ao longo do ano, com máximos em julho e outubro-novembro e mínimos em agosto e dezembro­janeiro para o número de dias com precipitação.

4. GANDU e IPIAÚ Máximos acentuados e~ íevereiro

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90 Mil de e Nitzsche

e junho julho para o número de dias com precipitação. Existe uma tcndéncia descendente de chuva, indo do inicio para o fim do ano.

S. ITAPEBI, GUARATINGA, ITA­MARA.tU, FZMARTINICA, ES­FIP e FZBOA ESPERANÇA.

Totais máximos de pn• i1itação mensal de outubro a _iar. ... Jro. Nú­mero máximo de dias com preci­pitação em novembro c julho. Nú­mero mlnimo de dias com preci­pitação em agosto.

A EZIT AJU não possui comporta­mento definido entre os regimes (4) e (5), acima descritos, tendo um máximo de precipitação total mensal entre janei­ro e abril, com um mínimo acentuado em agosto e setembro. O número máxi­mo de dias com precipitação se situa em agosto-setembro. Tentou-se o agrupa­mento de estações com a utilizaçã"o da técnica de análise de conglomerados ou 'clusters' e os grupos formados diferiram do método anterior, sendo o primeiro grupo composto por FZOPALMA, ESO­MI e FZCULTROSA; o segundo por EMARC, CEPEC, ESPAB, EGREB, SE UNA, GANDU; o terceiro por IPIAÚ, ITAPEBI c ITAJU;oquartoporiTAMA­RAJU, FZMARTINICA, GUARA TIN­GA e ESFIP c o quinto por FZBESPER.

Nenhum dos dois métodos se com­porta da mesma maneira nos agrupa­mentos realizados. A interpretação sub­jetiva acaba existindo em qualquer um dos métodos. Os dados trabalhados fo­ram analisados em termos de médias e, talvez, uma análise de cada ano isolada­mente com todas as estações permita dar maior certeza aos regimes encontra-

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dos. É, contudo, fundamental a pesquisa de métodos mais conclusivos do que os hoje dispon{veis para a análise de agru­pamentos.

Quanto à variação do nUmero total de dias com precipitação em relaçlio à latitude e longitude (Figuras 8 e 9), no­tou-se que o mesmo decresce com o au­mento da latitude e longitude, havendo, entretanto, maior número de dias com precipitaçlio nas estações próximas à costa (FZCUL TROSA, EMARC, CEPEC, SE UNA e ESPAB).

É interessante notar que quase todas as estações têm o mesmo comportamen­to quanto à variaçã"o da média anual do número de dias com precipitação em função da sua quantidade. As estaçoes GUARA TINGA, IT AMARAJU, FZ­MARTINICA, FZBOA ESPERANÇA se diferenciam das demais, evidenciando menor quantidade de chuvas muito fra­cas, enquanto a estaçã"o FZOPALMA apresenta um pequeno destaque no número de dias com chuva muito forte.

Conclusões

I. O presente trabalho permite me­lhor conhecimento do comportamento da precipitação e, por extensão, das ten­déncias da mesma, respeitando-se a sé­rie histórica disponível, que abranje o período de 1964- 1982.

2. Serve de subsídio para outros tra­balhos, não só de agrometeorolo~a.

mas, também, de planejamento, desde que se necessite de informações sobre precipitação.

3. Foram delimitados, por analogia gráfica, cinco regimes para as estações em estudo, o primeiro para as estaç.Oes

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Figura 7 - Delimitação gráfica dos regimes pluviométricos selecionados por Analogia O a 5) e por análi!le 'cluster' (agrupamento por símbolos).

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94 Milde e Nituche

FZOPALMA e ESOMI, o segundo para FZCUL TROSA, EMARC, CEPEC e SEU­NA, o terceiro para EGREB e ESPAB, o quarto para GANDU e IPIAÚe o quin­to para ITAPEBI, GUARATINGA, ITA­MARAJU, FZMARTINICA, ESFIP e FZBOA ESPERANÇA. Com a utiliza­çao de análises de 'cluster', o primeiro sugere o agrupamento de FZOPALMA, ESOMI e FZCULTROSA, o segundo EMARC, CEPEC, ESPAB, EGREB, SEUNA, GANDU, o terceiro IPIAÚ, ITAPEBI e ITAJU, o quarto ITAMA­RAJU, FZMARTINICA, GUARATIN­GA e ESFIP e o quinto FZBESPER. Ne­nhum dos dois métodos é conclusivo quanto à certeza dos regimes a que ca­da Estaç.lfo pertence.

4. A estação EZITAJU apresentou um regime misto, envolvendo o quarto e o quinto regimes.

5. Para a maioria das estações o més de fevereiro apresentou o número máxi· mos de dias com precipitaç.lfo. Por outro lado, agosto foi, na maior parte da regi.ro em estudo, o mé"s que apresentou o me-

nor número de dias com precipitação.

6. As freqüé"ncias máximas de dias com precipitaç.llo maior ou igual a 60 mm, para todas as estações, foram re· gistradas no més de março e( ou dezem­bro, caracterizando a "origem" da preci· pitaç.llo como convectiva, â exceção da FZOPAlMA, cuja expHcaç.llo não foi encontrada.

7. Os máximos das curvas de dias com precipitaç.llo maiores que os valo­res da escala aritmética simplificada, consideradas neste trabalho, est<fo em concordancia com as famtlias de curvas encontradas por Strang (1972).

8. Os meses secos e chuvosos propos­tos neste trabalho concordam razoavel· mente com os encontrados quando se utilizou os limites propostos por Roeder {1975).

9. O número de dias decresce com o aumento da latitude e longitude com li· geiros picos para as estações (FZCULTROSA, EMARC, SEUNA e ESPAB).

costeiras CEPEC,

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I

Reytsta Theobroma 15(2): 97-JOa 1985 Centro de PesquiStlS do Cacau, 1/h~uf, Bt~hlil, Brasil

NOTA

Ocorrência de Dysrhynchis palmícola em dendê na Bahia, Brasil

Resumo

O fungo Dyuhynchis palmíco/a (Syd.) v. Arx, agente causal da fumagina no dendê (Elaeis guineenris Jacq.), foi encontrado nos municípios de Una e Be!monte, Bahia. Ê o primeiro registro deste fungo nas Américas.

Pallzyras-chave: Eloeis guineensis, Dyuhynchís pa/mico/a

Occurrence of Dysrhynchis palmicola in oil palm in Bahia, Brazil

Abstract

The fungus Dysrhynchts pa/míco/a (Syd.) v. Arx, causal agent of the BlackMoldofoilpalm, (J!Iaeis guineensis Jacq.), was found in the municipalities of Una and Belmonte, Bahia, Brazil. This is the fust report o f this fungus in the Americas.

Key words: EWeü guineensis, Dylffhynchis palmicola

O fungo Dysrhynchis palmicola é um parasita das folhas do dendezeiro (Elaeis guineensis) cuja ocorrência estava limita­da ao continente africano. Em 1984, es­te núcrorganismo foi encontrado cau­sando fumagina em dendezeiros nos mu­nicípios de Una (Estaça:o Experimental Lemos Maia e plantaçOes da Pindorama S.A.) e de Belmonte (Estação Experi­mental Gregório Bondar ), sendo este seu primeiro registro nas Américas. Apesar

de sua condição parasitária - pois se nutre das células vivas da epidenne fo­liar - este fundo é um patógeno fraco, sendo seus maiores danos causados pela diminuição da área fotossintética das follias que se acham, em grande parte,· recobertas por seu micélio. Os prejuí­zos causados ã cultura do dendê ainda na:o foram avaliados, porém parecem ser neg.ligíveis, não se justificando, no momento, a aplicaça:o de medidas de

Trabalho apre~ntado ao XVIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia, realizado em Fortaleza, CE, 8-12 de julho de 1985.

1 Divisão de Fitopatologia, Centro de Pesquisas do Cacau, Caixa Postal 7, 45600, Jtabuna, Bahia, Brasil.

Recebido paro publicação em 17 de ;unho de 1985. 97

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98 Beze"a

controle.

Na Estação Expt' •mental Lemos Mata, plantas de caiaué (Elaeis oleifera (ll.B.K.) Cortez), crescendo lado a lado com dendczetros tnfectados, apresen­tam-se sadias. confinnando asstm que D. palmicola é parastta específico de E. guineens1s.

O patógeno fot descnto primeira­mente por Sydo\lt ( 1939), sob o nome de Balladynella 1 •i cola. parasitando folhas de c.!ende. coletadas em Serra Leoa. llansford ( 1946) redenominou-o Meliotinella elaeidis e Ar.>.. (M uller e Arx, 1962 ), Dysrlzynchis palmicola (Syd.) v. Ar.>.., tendo como sinõrumos os dots primeiros bmômios.

No estudo do material, utilizaram-se raspagens das estruturas, feitas ao mi­croscópio estereoscópico e cortes hls· tológicos obtidos com micrótomo de congelação. As preparações foram mon­tadas em lactofenol de Amann, com e sem adição de azul-de-algodão (Atns· worth, 1971 ). No preparo das ilustra· ções, utilizou-se uma câmara lúctda. Os espécimes estudados encontram-se de­positados no herbário da Divisão de Fi­topatologia do Centro de Pesquisas do Cacau.

Uma vez que o patógeno amda nao foi estudado no Brasll. uma redescrição do mesmo é apresentada a seguir:

Dysrhynchis palmicola (Syd.) v. Arx (Figs. 1 e 2)

1-ig.ura I Dysrhy~rclus palmicola. A Secção longltudtnal de um pst>udotécto, momando detalhe do mtc.!ho tntcrno (s~ta). B. As~:ó~poro>, um dt!lci gcm11nando. C. Ascos tmaturos. O. Htfa~ com C>tomopódtO\. L Seta' mtct!hat~.

Re1·isro ·~obrvmo 15( ~/. 11185

9<;

--

. ·. . . " ..• ~ .. -~-

-

Figura 2 - Dysrhynchis pa/mirolo. A•pecto da' colôntd~ do fungo na face aha\t:ll dos folio­los de dcndê.

Sinônimos: Balladl'llella palmicola Syd.

Melioline/la e/aeidis Hansl

Colômas ou plágulas lllpófilas, irre­gularmente dispersas. elíticas ou trre· guiares. até 12 mm de comprimento e 8 mm largura. isoladas ou confluentes. negras. Micélio superficial, setoso. não­hifopodiado. fonnado de hifas casta· nhas, septadas, apenas levemente cons· trictas nos septos nu não, de ramtfl· cação densa e irregular, 9- 35 x 3- 4 ,J. m; setas miceliais numerosas. erectas. cilindráceas , retas ou ligeiramente rccur· vadas, esparsamente septadas, não rami· ficadas, castanho-escuras, 90- 190 J..1 m de comprimento e 7-9 J..lm de dtãme· tro perto da base e de ápice obtuso. 3-4 J..Lm de diâmetro; estomopódios nume·

rosos. multicclulares. lobados, casta· nhos. I 0-15 i1 m de diamctro. M icélio interno formado de rufas hiahnas. in tra­cptdérmicas que se originam dos esto· mopódios. os quais penetram pelo~

estomatos. Pscudotécws desenvolndos sobre o micého superfictal. fonnando grupos densos ou esparsos. globosos a ovóides. castanho-escuros a negros. tsolados. glabros, não ost iolados. abnn· do-se irregularmente no ápice, à matun· dade, 67 - 80 fim de diãmetro c 68-'il fim de a1tura;paredescom9-14J.llll de espessura, composta de células subglo· bosas e subangulosas. quase opacas. castanho-negras. 7 9 ).lm de dtâmetro, revestidas internamente por uma ou duas camadas de células hialinas. Ascos geralmente 1- 3 em cada pscudotécio.

Rn·isro Theohmmo 15(_'/ /'1.\5

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100 Bezerra

bitunicados, sésseis a subsésseis, ovói­des a obpiriformes, 8-esporos, rara­mente 6-esporos, 38--49 x 25-33 /lffi. Ascósporos conglobados a trísticos, oblongos, largamente rotundos nos pó-

los, 1-septados, pouco constrictos no septo, 24-28 x 8-10 /J m, castanhos, com célula basal ligeiramente mais lon-ga e estreita. ·:..t

Literatura Citada

AINSWORTH, G.C. 1971. Dictionary offungi, 6 cd. Kew, Surrey, England, C.M.I. 663 p.

HANSFORD, C.G. 1946. The fohicolous ascomycetes, their parasitei and assoc1ated fungi. Kew, Suncy, England, C.M.I. Micological Papers n9 15. 240 p.

MULLER, E. und ARX, J.A. von. 1962. Dic Gattugen der didymosporcn Pyrenomyceten. Beitrage zur Kryptogamenflora der Schweiz li: 1 -~922.

SYDOW, H. 1939. Novae fungorum specics XX VIL Annallci Mycologici 37:205 .

•••

~a Theobroma 15(2). 1985

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ISSN 0370- 7962

REVISTA THEOBROMA

v. 15 Julho -Setembro 1985 N.3

CONTEÚDO

Efeitos da queima e adubação em solos de Tabuleiro (llaplorthox) sob consorciaç;ro milho-feijao. A. Cadima Z., L. F. da Silva e D.E.P. Lobão 101

Correlação entre algumas medidas dendrométricas, origem genética e produção de frutos em cacaueiros. J.R. Garcia e G. Nicolella 113

Pro!iferaçào de brotos axilares a partir de tecidos do colo de plântulas de cacau (em Inglês). J. Janick e A. Whipkey 125

Níveis residuais e persistência de pirimifós-mctil em cacau armazena-do. P.R.F. Berbcrt, J.M. de Abreu e S. de J. Soria 133

Desempenho de dois tipos de determinadores elétricos de umidade para o cacau. E.S. Freire e L.P. dos Santos Filho 141

NOTA

Caracóis do cacaueiro na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) (em Inglês). P. Silva 155

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REVISTA THEOBROMA

V. !5 July Scptcmbcr 19H5

CONTENTS

.. . ,. b . anJ fcrtilizatinn in tabuleiro SOI!s (Haplorth_ox) \·lkds o ummg . ) A CadJma ~mia combined maize and bcans farming (m Portuguese . . z LF. da Sil,a e O.E.P. Lobão

F.r,uit production as corrclated with some !e~ro~etr~ p~~;;;,;:rs and genetic origm in cacao (in Portuguese). J. . are~a e .

f oi ledonary nodal tissue of Axil!ary prolifcration of >hoots rom c Y cacao. J. Janicke A. Whipkey

Residual leveis (in Portuguese).

and persistence of pirimiphos--methyl in sto_red p R.F Berbert J.M de Abreu e S. da J. Som

caca o

Performance Portuguese).

of two types of elctric moist_ure E.S. Freire e L.P. dos Santos Filho

meters for cacao (in

NOTE

Cacao snalis in-Bahia, Brazil -Gastropeda, Pulmonata) P. Silu

corrections and additions (Moliusca,

N.3

IOI

113

125

133

141

ISS

Revi5ta Theot~roma 15(3) ·JoJ- 112. l'IS5 Centro de Pesquisas do Cacau. flhbl5, Halria, /Jrasil

Efeitos da queima e adubação em solos de tabuleiro (Haplorrhox)

sob consorciação milho-feijão

Antonio Cadima Z 1, l.uiz Ferreira da Silva 1 e

Dan ~~-- l'r:tit /_ohao 2

Resumo

Avaliarum"'<t' 0' di•itos da queima r adubação sobre a, caractcri~tica' <JiiÍmica~ do, solos de t;1buleiro Haplortlwx ..;ubmctulos mnltlluarncntc a cultivos (;Onsorciatlzy; de milho c feijão_ As amo~lra..; tk ,olo forJm rclir<ida~ na' pwfundidadc..; tlc 0-5, 5-15. 15-JO c JO 50 em c ;maJi,adas, para !In' de fcrtilid.Hir. anks da <]ucima c. posteriormente, de 2 em 2 mcse~. Os plantio, consorriJdo' de m1lho c friJ;1o JUram efetuado_, dua, vezes por ano, aplicando-se o~ tral:llli<'llto_, de ;1duba(Jo ,. adubao;;lo + cobertura morta, induindo-sc também urn tratamento t<'Skilmnha, <t'm Jduba~·iio. Após cad;1 eolhctta, fonnn determinado..; a produção de biomas,~ c tlcwnvo!vim,·nto do 'l'lc·ma r;1dicubr tlo milho em profuntlidade. A <Jueimu apresentou efeito po,itivo n;l IIC'Utralil.;u,-iio da ;1e1dez do 'olo, aumcnmndo o pll tlc 5,5 para 6,0 c de 5,0 para 5,5 qu;lndo, re'Jl<'l'tivamcntc, .1c <lplicJmm nu não ti:rtili7Wl!c' (NPK) c concllvo (calcáno dolorn1~ nco). ocorrendo, no prirndro ca,o. ncutr~li.-:açào completa do alum[nio trocávcl. Constataram-se aunwnto~ sub.,tanciats nJ~ qu;~ntidadl'' trodwis de dlcio c, em menor grau, de magné1io, sendo que. no caso do pot;i,,io c ró,foro. os cll-ito' da queima foram menos consistentes, ocorrendo, porérn, Jumcnto' sig:nlrlc<llivos con1 a Jduhao,-ão com fósforo na camada de 0-5 em, em que os nivcis variarwn de 20 a 50 i-'-g: {

1. A adubação,. a atlubaçào +cobertura morta aumcntar~m o

dcwnvolvirn~nto da' w(ze~ do Hlllho em profuntlitlmlc c em termos de comprmJCnto c produção dc• b!Orll~S>'L

1 DívisiTo de Geoci!ncias, Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), APT CEPLAC, 45.600, lta­

buna, Bahia, Brasil. 2 Divistfo de Botdnica, CEPEC.

Recebido para publicação em 23 de dezembro de 1982 101

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102 Cadima, Silva e LoMo

Effects of buming and fertilization in tabuleiro soils ( Haplorthox) under combined maize and beans fanning

Abstract

Thc cffccts of burning and fcrtilization on thc chemical charactcristics of tabulciio so~ls llap/orthox undcr a continuous mixcd cropping of maize and bcans wcrc measurcd. The sotls wcrc sampkd and analyscd to cvaluak thc fcrtility at thc dcpths of 0-5,5-15, 15-~0 ~d 30-50 em, prcvious to thc burning and af~r cvcry 2 months. The maizc-bcan~ combinat10n wa~ plan tcd twicc a ycar with an application o f fcrtilizcr and lcrtihzcr plus m_ulch; Stmultaneously

onfc tilizcd arca wa> used as lhe contrai trcatment. Thc b10mass productiOn and dcvclopment ~n ndcptl~ of thc mailc root :.ystcm were dctcrmincd. Buming had a positivc cffcct on thc ne~trall­zation of soil acidity, in~.--reasin~ the pH from 5.5 to 6.0 and from 5.0 to S.S whcn fcrllhzcrs (NPK) and dolomitic lime wcrc or werc no! used, respectivcly. Therc occurredat thc same tlmc a total neutralization of the exchanj!eablc aluminum in thc first case. Substant1al mcreases m the

I b1 1 , 1 of Ca and to a lcs;cr de"rcc of Mg were obscrved. The burmng dfccts were ~xclangeaceesv·, · <-• -~·· ·f

. · t r K. nd p Howcver signifícant increases were obscrvcd w1th .crllhztltlon, as or k,s conSistcn or a · ' 1 ·~:~ f d f t"lizationplus p in thc o -5 em Jayer, who,c leveis varicd from 20 to 50 j.)f. g" . FertiULa 1~ll an c r 1

mulch treatmcn ts dctcrm incd thc deve lopmL111 o f thc ma1zc roo I systcm m dcpth an d length, as

wdl as thc biomass production.

Key words. Haplorthox, soil managemenl, mixcd cropping

Introdução

Nas regiões tropicais, o crescimento luxuriante da floresta em solos de baixa fertilidade levou nUJnerosos investigado­res a buscar explicações, tentando, ao mesmo tempo, um manejo adequado para evitar a degradação desses solos após a derruba da floresta. Hardy (1963), em Trinidad, reconheceu a cxisténda de um ciclo fechado de nu­trientes entre a floresta e o solo. No extremo Sul da Bahia, sob clima tropi­cal úmido com precipitações e tempe­raturas elevadas, a vegetação exuberante encontrada nos solos de tabuleiro (Haplorthox) deu a impressa:o, inicial­mente, de tratar-se de solos com alta fertilidade natural (Silva, Dias e Melo, J975). Essa regiao, que possui uma imensa área (1,2 milhão de hectares)

Rll!ll(ta Theobro!IUl I 5( 3) . 1985

de topografia plana, está sendo sub­metida a desmatamento com explora­ça:o extrativa de madeira e convertida em "capoeirões", ocasionando a des­truição de seu ecossistema (Silva e Gra­macho, 1976). Cadima (1984), pesqui­sando a condição físico-hídrica, deter­minou 3 condutividade hidráulica satu­rada e não saturada, encontrando cama­das adensadas entre 30 e 45 em de pro­fundidade, com limitações no cresci­mento de raízes de algumas culturas. Lal (1975) afirma que a prática do uso do arado no prepam do solo, em zonas tropicais com altas precipitações e temperaturas, aparentemente não tem trazido benefícios. O uso do "mulch" ou cobertura morta de resíduos vegetais constitui uma prática favorável à manu­tenção das condições físicas do solo nos trópicos úmidos, conservando a umida-

Efeitos da queima e adubação sob consorciaçtfo milh o-feiitro 103

de pela diminuiçao da evaporação c evi­tando o desgaste do solo pela erosão supe!Íicial.

Diversos pesquisadores estudaram os efeitos da queima da flore~ta.·concluin­do que o número de colheitas satisfató­rias variou de acordo com a fertilidade natural do solo. Cowg~1 (1971), num le­vantamento de produtividade na Amé­rica Latina, obteve somente 50% da pro­duça:o original, no segundo ano de culti­vo. Cadima (1982) conclui preliminar­mente que, no primeiro ano após a quei­ma da f1 resta, as camadas do solo se en­riquecem em bases trocáveis, diminuin­do a acidez_

A consorciação milho-feijão é uma das práticas agrícolas mais disseminadas na América Latina. Referindo-se <'I época de plantio, Francis c Prager (1979) con­cluem que a semeadura do milho, efe­tuada 15 dias antes do feij!fo, não pro· duziu nenhuma vantagem em rendimen­to em comparação com a semeadura si· multânea, considerando ser este último sistema a melhor alternativa. Gomes (1968) estudou o efeito da semeadura ;de milho em rotação com soja (Glycine max) e alfafa (Medicago Sativa), con­cluindo que o milho em monocultivo teve a produçao diminuída devido ao baixo teor de nitroWnio assimilável no solo; porém o milho, em rotação com soja e alfafa, conservou a produção alta na colheita seguinte e o efeito benéfico da alfafa se estendeu <ls duas colheitas de milho, sendo melhor na primeira.

Este trabalho objetivou determinar as modificações edáficas produzidas por efeitos da queima e adubação em

solos de tabuleiro (Haplorthox) c o com­portamento de cultivos consorciados de milho e feija:o durante 2 anos consecu­tivos.

Material e Métodos

Na Estação Ecológica do Pau-Brasil, Santa Cruz Cabrália, Baltia, estudou-se um Oxissol (Haplorthox), variaçã"o tabu­leiro, de coloração amarelada, baixo teor de ferro, formado de sedimentos da série Barreiras, sob clima tropical úmido de Tipo Af de Koppen (Silva, Dias e Melo, 1975). Algumas caracte­rísticas físicas Jeste solo foram deter­minadas dando-se énfasc às densidades aparente c real (g.cm- 3

), porosidade e análise granulométrica em nove profun­didades, determinando-se também a condulividade hidráulica saturada de todo o perfil do solo.

Dividiu-se un1a área de 1,8 hectare em nove parcelas de 20m x 100 m.Na primeira, foi efetuada a derruba sem queima, para estudo da vegetação secun­dária, c, nas oito parcelas restantes, efe­tuaram-se a broca derruba, queima e en­coivaramento e plantaram-se cultivos anuais consorciados de milho e feijão, com duas colheitas por ano nas parec­Ias 2 a 7, sem adubação, durante dois anos consecutivos. Após este pcn'odo, deverão entrar em pousio de I ano na parcela 2, 2 anos na parcela 3, 3 anos na parcela 4 e assim sucessivamente até 6 anos de p('usio na parcela 7. Nas paree· las 8 e 9, aplicaram-se os tratamentos de adubação e de adubação + cobertura morta, plantando-se depois milho c fei­jifo consorciados, também com duas co­lheitas por ano. Anualmente, apliC'Jram-

Re~ista Theobro!IUl 15( 3) . 1985

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104 Cadima, S11va e Lobl!o

se, por hectare e por ano, 100 kg de DAP, 100 kg de superfosfato triplo e 30 kg de cloreto de potássio (Associação Nacional para Difusão de Adubos, 1971), incorporando-se também calcário dolo­mítico à razão de 1.800 kg.ha· 1

• ano' 1.

Como cobertura morta, empregaram-se restos de capim-gordura (MellmS mt"nu­tiflora) à razão de 11,5 tha· 1 de maté­ria seca ao ar. O milho foi semeado no espaçamento de l ,O x I ,O m por cova e o feijão no espaçamento de 0,30 x 0,3üm.

Amostras periódicas de solos foram colctadas empregando-se o trado-sonda de Cadima (I 973) nas profundidades de 0-5, 5- 15, 15-30 c 30-50 em, antes da queima e após essa operação, de 2 em 2 meses, analisando-se as amostras com fins de fertilidade e computando-se, além das produções físicas de milho e feijrro, o desenvolvimento do sistema radicular do milho em profundidade e a produção de biomassa. Para o estudo de raízes de milho, empregou-se o método do monótito de Nelson e Allmaras (1969), que consiste em extrair as raízes com a coluna do solo, lavar e detenninar sua massa seca.

Resultados e Discussão

Exames preliminares efetuados nestes solos evidenciam a presença de camadas bem adensadas entre 30 e 45 em de pro­fundidade, com valores médios da densi­dade aparente variando entre I ,52 e I ,47 g.cm·3

, diminuindo a partir de 60 em de profundidade. A condutivida­de hidráulica saturada em todo o perfil do solo até 135 em apresentou uma mé­dia de 3,58 cm.hora· 1 , com limitações

-j$ta Theobrom~.~15(3). 1985

na infiltraç[o de água no solo, provavel­mente por causa do adensamento mais acentuado nas camadas de 30 e 45 em.

As modificações químicas do solo ocorridas por influéncia da queima e dos tratamentos fertilizantes nas profundi­dades de 0-5 e 5-15 em c em função do tempo apresentam-se na Figura 1. A queima teve um efeito favorável na neutralização da acidez do solo, aumen­tando os valores de pH da faixa 5,0 para 5,5 nos tratamentos em que não se aplicaram fertilizantes nem corretivos e para 5,5 a 6,0 quando se aplicaram cal­cário dolomítico e fertilizantes. A quei­ma teve também um efeito significativo em relação aos teores trocáveis de alu­mínio na camada de O a 5 em de pro­fundidade, ocorrendo a neutralização completa deste elemento no tratamento em que se aplicou corretivo; na camada de 5-15 em, porém, a neutralização total aconteceu após um ano e meio, nas áreas em que se aplicou calcário dolomí­tico e, 2 anos depois, nas parcelas em que este corretivo não foi aplicado. Au­mentos substanciais nos teores trocáveis de cilcio, em áreas com a sem adubação, ocorreram na camada de O a 5 em, de­crrescendo, 2 anos depois, nas áreas sem adubação, a níveis mais baixos do que antes da queima. De 5 a I 5 em, nas par­celas com adubação, ocorreu um aumen­to de 2,2meq. !Oog- 1 em 2anos.

Na Figura 2,observa-se que,na cama­da superficial,após 2 anos, os teores tro­cáveis de magnésio desceram a níveis abaixo dos de antes da queima. Na ca­mada de 5 a 15 em, nas áreas em que se aplicou calcário dolomítico, houve aumentos progressivos de magnésio até

' "' o o C" v E

Ftgura I profundtdades.

Efeito: dtl queima e adulNiçlfo sob consorcWçlfo milho-feijtTo

7,0 pH

6,0

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0,5

0,0 ' 8

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~.:7~.~----~,.ja~o;--.--:,.~.=o~~,ê98~,,--19•8-,-,--,9~8-1-, NOV MA I NOV MAR JUL NOV

----------AMOSTRAGENS ---------

...... COM AOIJB0(0-5cm} .. -.COM ADUB0{5-15cm) O--OSEMAOUB0(0-5cm) o--o SEM ADUB0(5-15cm)

- Valores de pH atum· · ~~ · ' tmo e c .... cto em amostragens sucessivas de solos em duas

Revúta Theobroma 15(3). 1985

105

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/06

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1,0

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Cadima; Sil~·a e LoMo •

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1981 JUL

1981 NOV

-----AMOSTRAGENS----­

•• COM ADUBO(O- !Sem) •4 COM ADUBO (5-1!5cm) o--o SEM ADUBO( O- &em) o-o SEM ADUB0(!5-15Cin)

' · · - ''"'"'" •m ·-.. ,tr,-o< <"~""'"'"" de ~olos f<1gura 2 -Valores de magnes10, potassm e "'v v"" ~"v .,- , ,,.....,_,. ·~

em dua'> profundidades.

' Reviril'rheobroma 15(3}. 1985

Efeitos da queima e adubação sob consorci4Çifo milhcrfeiji!o 107

18 meses. Nesta profWldidade, sem ap\i­caça:o de calcário dolomítico, há aumen­tos progressivos por mais de um ano, diminuindo, após 2 anos, a níveis abaixo dos de antes da queima. Raij (1981) a· firma que o magnésio contido no calcá­rio dolomítico, sob a forma de carbona­to de magnésio, é pouco solúvel, em comparação com o sulfato de magnésio. Devido a os ciclos do feijão e do milho serem curtos, provavelmente levaria mais tempo para que o magnésio do car· bonato se tomasse disponível parà as plantas. Segundo Guidolin (1982), em­pregando ~e carbonato de magnésio em plantios de ciclo curto, não haveria possibilidade deste elemento tomar-se dispon(vel. Outros pesquisadores mos­traram que a presença de magnésio no solo, em níveis adequados, ajuda ou me­lhora a absorção de fósforo. Observou-se também, a partir de julho de 1981, um decréscimo nos teores de bases divalen­tes (C a e Mg)_ cujos valores mais baixos coincidem com o período em que se efetuou a quarta colheita de milho e feijão. Os efeitos da queima sobre os teores disponíveis de fósforo e potássio no solo foram menores, ocorrendo, po· rém, efeitos significativos em decorrén­eia da adubaçao. Na camada de 0-5, em com adubação, os níveis de fósforo Variaramde20a 50 J.tg.g' 1 deP,nãoha­vendo, provavelmente, mais respostas à

adição desse elemento. De O a 5 em, com adubação, os níveis para o potás­sio permaneceram, no início, superiores aos de antes da queima, diminuindo sen­sivelmente nas parcelas sem adubação. Os teores de potássio não foram altos em áreas com adubação devido prova­velmente ao pouco suprimento de po-

tássio na fórmula, que se desgastou ra­pidamente pela contínua utilização pe· las colheitas e por lixiviaçao. Segundo Fleming (1956), o potássio é o elemento que as gram(neas e leguminosas reque­rem em maior quantidade, extraindo aproximadamente 20 kg de K2 0/tone­lada de grao. Nos plantios seguintes, se­rão aumentadas, nas formulações, as quantidades de K 20 e nitrogênio, com diminuiça:o de P2 0 5, equilibrando os teores que se encontram no solo.

Sanchez et ai (1982), trabalhando em solos da bacia amazOnica, chegaram a conclusões similares às encontradas nos solos de tabuleiro do Sul da Bahia. As cinzas da queima da floresta em solos da bacia amazOnica produziram um aumento temporário de pH, Ca, Mg, P e K e decréscimo de AI, aparecendo deficiéncias de fósforo e magnésio no segundo ano e de cálcio após os primei­ros 30 meses. Em tratamentos comple­tos com NPK e calcário dolomi'tico, as produções começaram· a declinar ra­pidamente do segundo para o terceiro ano, havendo-se identificado dois fa­tores, sendo o primeiro o efeito residual esperado da aplicação do calcário dolo­mítico e o segundo a deficiéncia de magnésio provocada pela aplicação de potássio.

As produções de cultivos consorciados de milho e feijão, nas quatro primeiras colheitas, apresentam-se na Figura 3. A matéria seca, na forma de ''mulch", tem apresentado benefícios para o desenvolvimento e produção de milho em períodos de estiagens, provavel­mente pela conservação da umidade do solo próximo das raízes por um tempo

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COLHEITAS

Figura 3 _ Méd1as da:. produções de feijão c milho consorciado:., com e >em aduhação,

durant~ quatro colheita> consecutivas.

maior, sendo esta influência menor no caso do feijao. Estas conclusoes preli­minares confirmam os resultados de Valverde e Bandy ( 1982), em que o "mulch'' de Panicum maximum teve efeitos tnaiores para o milho e menores para o feijão. A sensibi­lidade do feijao âS nuanças climá· ticas (Figura 4) é bem acentuada em função das estiagens verificadas no segundo e quarto plantios. Segundo Haag et ai (1967), o feijoeiro absorve todo o nitrogênio, potássio e cálcio de que necessita nos primeiros 50 dias e o magnésio e o enxofre até os 70 dias c somente o fósforo não apresenta época diferenciada, sendo absorvido até o final do ciclo. No final do més de novembro de 1980, foram efetua·

Rev~ Theobroma 15(3}. 1985

dos os plantios consorciados de feijão e milho. No período de 17 de dezembro de 1980 a 19 de janeiro de 1981, ocorreram 16 dias de estiagem, coin­cidindo com a época de absorção de N, K e Ca e, 5 dias depois, houve outra es­tiagem, de 4 a 23 de janeiro de !981. que mfluenciou enormemente a flora· çao, redutindo drasticamente a produ­çao. Outro plantio consorciado de milho e feijllo foi efetuado em meados de novembro de !981 e. justamente de 8 a 31 de dezembro do mesmo ano, aconteceu outra estiagem, bem no meio da floraçao.

É importante concluir que o plant10 de milho e feijao consorciados nao deve ser efetuado nos trés últimos meses do ano e sim em agosto para nao ficarem

Efeitos <h queifTUl e adui>Dç4o soh consorrÍilçlfo millw-feii4"o H/9

expostos a contínuas estiagens, que, coincidindo com a época da floração, reduzem a produção ao m{nimo. O milho com adubo tem ..se mostrado mais resistente ds estiagens devido ao maior aprofundamento das raízes. Nas parcelas nao adubadas, as produções de milho foram muito baixas no primeiro plantio (96,7 kg ha -I), tendendo a aumentar ;I

medida que os efeitos da queima dimi­nuem, chegando ao quarto plantio com mais de 400 kg ha ·•. A esse respeito, Sanchez e Silva (1984) informam que, na Amazônia, muitos agricultores não

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plantam milho logo :.tpús :.t derruba c queima da floresta primitiva dcvtdo ãs baixas produções que obtt':m, preferindo a derruba c queima de uma capoeira ou mata secundána, em que o comporta­mento docereal é melhor. Ainda não se sabe se é devido ã alta concentração de sais, efeitos microbianos ou alelopatia, deduzindo-se que o problema tem implicações ecológicas.

Na Figura 5, observa-se que o sis­tema radícula r do milho tem aumentado sensivelmente em comprimento e pro­duçao de massa seca das raízes nos

54 191

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I I 20 30 I 10 f-DEZ. 8 1- +-JAN. 82-

Figura 4 -Períodos de estiagem innuendando o desenvolvimento de milho e feijão.

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O Sem aduboç;õo (JJ] Com adubação

Figura 5 e sem adubaçio.

· d m'•lh• • pwdoção de matéria seca em áreas com Comprimento de raizes e v ~

tratamentos com adubação + cobertura morta. Nos tratamentos sem adubação, tanto o comprimento das raízes como a massa seca apresentam-se bem bai­xos. Assim, o aprofundamento das raízes na segunda, terceira e quar­ta colheitas foram de 24,2; 26,4 e '~8 2 em respectivamente, não aumen­;an'do, c~nseqüentemente, a massa seca das raizes; porém, nas parcelas com adubação na segunda, terceira e quarta colheitas, foram de 34,3; 47,2 e 52,9, respectivamente. com massa seca das raízes da ordem de 19,69; 27,69e3S,5 gramas, expressando o efeito do fertili­zante.

' Rev-Theobroma 15(3).1985

Conclusões

1. No quarto plantio de milho e fei­jão consorciados, o tratamento de adu­bação + cobertura morta foi o que apr~­sentou maior desenvolvimento das rai­zes de milho, que cresceram até a pro­fundidade de 52,9 cm,e aumentou tam­bém a produção de biomassa.

2. Em plantios sem adubação, o SIS­

tema radícula r do milho não ultrapassou os 28,6 em de profundidade, com pouca produção de biomassa.

3. A cobertura morta, em períodos de estiagem, beneficiou o desenvolvi-

Efeitos da queima e adubaçtro sob consorciaçiio milho-feiftfo 1!1

menta e a produça:o do milho, provavel­mente pela conservação da umidade do

solo por um tempo maior d disposição das raízes das plantas.

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Revista Theobrorrw/5(3) !985

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!12 cadima. Silva e LoMo

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2-B-180.

R~ Theobroma I 5{3). 19'85

Rel'illaTheohruma /513). J13 --124. /985 Cemro de PesquiJ'as do Cacau,l/héu.,, Bahia, Brasil

Correlação entre algumas medidas dendrométricas, origem genética e proclução de frutos em cacaueiros 1

Joào Reis Garcia 2 e Gilberto Nico!ella 3

Resumo

A almra. JJámctro do Jüstc, diámctro Ja copa e origem gcnén.:a foram çorrdacwnado, c·om a prodt.~ção de fruto, em cacaueiro' (Thevbroma cacao Ll hÍbrido, c 'Catortgo' '"m 3 c 2 ano; lk 1:mnpo, re:<~~Hvan\n-th:-. implam<Hio' na mom'll \oca\Jolallc e .:om a mnma tecno­logi"- A altura foi tomad~ a parta do ,o] o até o verticilo que forma a coroa. o dtámctro do fu,tc a 20 em do wlo. o dtámetro (em ccntimctro~) da coroa c·om ba1e na médta da, medtda' do' ei.>..o' nortc·,ul e kste-oe~tc e a produção. atrav~s da cont~g~m de fruto, do fu1tc' c da copa '!e cada plantll. 1cparadamcnte. No1 do11 grupo,_ a mator freqi.t~ncta de pl~nta' ,;ruoU·\l' ~m tomo de 100 em de altura. dimtnuindo gradativamente à mcdtda qu~ 'c afa1ta dc"c va­lor. dando lugar a uma ~:urva de dJ,tnhui.,·ào que w apro:>.ima da normal. A' médta' de alrura do, cacaueiro' hibr"ido1 e "Carongo' difenram entre 11 ~o nível de 1%. Ülhnvou-1e t;unbérn <hfcrcnça altamente 1igJ11fü:attva <."Um relação à, vanáveb fruto do fu,rc e da copa. Lmbora tenha ocorndo uri-la ccrt~ ,cmclhança entre a dt,trtblllçãu dJ1 altura\ do, fllltCI c da prodw;âo total de fruto' da> variedade,, a1 pequena' dtti:rcn\·a, cm:ontr;tda' d<·vcm-~c à comtttllii,·Jo ~cnétlCa da> plantas DU ;\ dc<.1gua!dade d( ulaok. A, condaçôl"' entJC a a!tuJJ du fmlio do~ ,·ac~liCITOI c a1 demat~ variáv~l'> foram. na lt!a qua,c totalidade. neg~t1va., no, llibrido' e/ou muito ba1xa1 no "(atongo". indtçando n;io t"XIItir uma rda<,;âo <:On1i1lcnt~ cmre .__,,~~~variá­

\"C!I. Rel;~lta-~c, entretanto. que. quJndo o~ cixn~ ortotrÔp!l"OI medem em torno de 1,00 a 1.50 m de Jltura. a' produçõc•. t~nto do1 fu1tc' como da; <:opa~. ,ão ma11 ekvada1. uldican­do ser c'tc intervalo de altura o maiS adequado para o cacaueiro cultivado.

Palavras-chave. Theobroma cacao, produção. !!cnóupo. <kndromctria

'Apresemado na JX Conji'rfnda Jnternaüonal de Pesquioas em Cacau, Lomé, Togo, 12 a i 6 de [Here~ro de 1984.

'Dim~o de Agronomia, Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC). APT CEPLAC, 45.600. ltab1ma. Bahia, Brasil.

'Didstlo 1ü· Métodos Quanritaril·os. Ct:PEC.

Recebido para publicarão em 12 de fevereiro de l Y85 llJ

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114 Garcia I!' /Vn'Oiella

F rui! production a~ correlated with some dcndrometric parameters and genetic origin in cacao

Ahstract

i't<h\uclton 1n t~rm' o! numb~r o( fruih pro<.Ju(~d on thr trunk and bran~he~ 113\ rnra,urrd un )11·hw! and ·caton!!o' ,·arao (Theo/Jroma cacao L) plant' 3 and 1 ycar' aftcr tran:.planting, rc''P'-'~·uvdv. gro1HI m thc ,~me ar~a and wbjrct to lhe 'ame trcatrncnt and correlatcd \\tlh lwt)!ht and d1amdcr nf the trunk and çanopy dtamctn acconling: to thc g~nctic population. nw hr1ght nf thc· orthotropi<: ,hoot wa' mca,urcd from ground leve! to the Iormation of lhe )nrquctlc. the trunk dia meter at 20 em abovc ground levei and lhe ~:anopy d1ameter was ,·akulatcd a' tlw awrag~ diJmct\'r of thc cro\\11 in thc l'\-5 and I ·W dwcdJon:.. In both varictlc' lhe fre· qm'nq· ru,mbut1on of tmnk hcight was approx1mately norm~l Wlth a mode around I UO L"m llllt th<'t<' w,1, a ,ignif1cant differencc betwccn thc two meam at 1% level. There wa, alio tughly ,1gmf1c-ant di!Terencc "ith rt·gard to fru1t numbcr~ on the trnnk and brancht"l. Thc as-<lcla!lon bc'twcrn tmnk height and thc· oth~r vanable, wa< in:.i~1f1cant and mc-omi,tcnt. Thc highe't y1dd wa' obtaincd in planh \•ho-;c jorquettc height mea,urcd bet\\ccn 100 and 150 em. on both the trunk and branche<. md1C~tmg thal 11 would bc advantag~ou_, to maint~m

<:arao tn·c> at thb he1ght for cult1vation.

Key-wurds: Theobroma cacao, producnon, genotype. dendrometrr

Introdução

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) multiplicado por semente tem inicial­mente um crescimento ortotrópico. En­tretanto ao alcançar a altura de 1.0 a 1.~0 m, esse crescimento se detém e a planta emite ramos plagiotrópicos. O número de ramos plagiotrópicos varia de três a cinco e forma o que geralmen· te se denomina de copa ou coroa do cacaueiro (Cook, 19 J I; Brooks e Guanl. 195~; Cuatrecasas, 1964; Leon. 1968).

Os hábitos vegetativos e reproduti· vos normalmente apresentados pelo cacaueiro passam, muitas vezes em de· corrência de fatores nào controlados, por mudanças estruturais internas e externas. possivelmente com maiores implicações para as plantas. Dentre tais mudanças, é comum a formação de um novo crescimento vertical a par­tir de gemas situadas abaixo dos ramos

Ji~'fwa Theohrumai5(3)_ l'i85

plagiotrópicos ou da continuação des­te processo. formando novos pisos de ~.-·oroas, alterando a estrutura inicial das plantas com possíveis reflexos na produção.

Segundo Glendinning (1966). o au­mento de I a 2 em por ano no diâme· tro do fuste do cacaueiro corresponde a um aumento aproximado de 1.793,32 kg.ha" 1 .ano" 1 na produtividade de ca· cau. Esse coeficiente de correlação en· tre o diámetro do fuste e a produtivida­de decresce progressivamente com a idade da planta (Glendinning, 1966; Atanda, 1972). Como planta cauliflo· ra, o cacaueiro porta no seu eixo orlo­trópico e nos ramos plagiotrópicos ge· ma> reprodutoras e vegetativas que ocu­pam as posiçücs axilares das folhas. onde permanecem temporanamente em estado de latênCia mesmo depOIS que estas tenham caído (Cook, 1911;

Dendromerria, genética e produçiio em cacaueiro J/5

Brooks e Guard, 1952). Desta for­ma, todas as plantas que venham a de­senvolver com maior robustez a sua copa e, obviamente, sua área foliar, esta-o teoricamente capacitadas a pos­suir maior 11úmero de pontos capazes de entrar em processo de produção do que aquelas que desenvolveram copas menos vigorosas no iníc10.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar as possíveis corre· laçOes existentes entre altura e diâme­tro do eixo ortotrópico, desenvolvi­mento ela copa e origem genética do cacaueiro e sua produtividade em nú­mero de frutos.

Materiais e Métodos

O trabalho foi realizado no Centro de Pesquisas do Cacau utilizando uma mistura de cacaueiros lnôridos com 3 anos e de 'Catongo' com 2 anos de cam­po. Os dois grupos de cacaueiros ullli· zados foram implantados pe:o método de derruba total, usando·se bananeira e eritrina (Erytrina spp) como sombras proVisória e permanente, respectiva· mente.

O trabalho foi dividido em duas ela· pas. A primeira teve como finalidade detectar as variações no comprimento dos eixos ortotrópicos de cacaueiros hí­bndos e 'Catongo', tomado do nível do solo até o verticilo que forma a copa, com base na distribuição de freqUência oh· seJVada. As medidas de comprimento obtidas na primeira fase relacionaram· se com as de di:lmetro do fuste, iliáme­tro mêdio da copa, produção de fruto no fuste e na copa, obtidas na segllilda etapa, wnsidcrando-se ainda a origem

genética do material botánico.

Na populaçào de cacaueiros hfbridos provenientes de uma m1stura uniforlTle de cru1.amentos entre 'Catongo' c os clo­nes UF 613, UF 667, ICS 1, lMC 67 e Sca 6, tomaram-se medidas de altura do fustc em 1670 plantas. Na popula­ção '('atongo', somente 476 plantas fo­ram medidas; isto devido a sua estabi­lidade genética, resultante da maior uniformidade do seu genótipo. Consi­derando o alto grau homozigótico do 'Catongo', ele foi usado em confronto com os h1ôridos para avaliar a mfluên· cia das diferenças genéticas sobre to­dos os par:lmetros apreciados. Os da­dos 0btidos das medidas de altura do fuste dos Jubridos e do 'C'atongo" fo· ram analisados e distribuidos em elas· ses para detenninar a freqüência de in. divíduos de cada população. As dife· renças foram mensuradas através dotes­te de ''I''.

Posteriormente, foram usadas 1SO plantas da popu!aç;to h1ôrida e 100 da populaç:ro Tatongo', ekit:Js alealoria· mente cam base nos comprimentos dos fuste'i, tomando-se SO plantas do grupo h1ôndo e um número vanável de plantas do 'Catongo' para cada intervalo de clas­se (Quadro 3 ). Essas plantas foram iden· tificadas e tomaram-se medidas em mi· limetro do di:lmetro do fuste a 10 em do sdo. diâmetro médio da copa em ccnll'merros nas direçoes norte-sul e leste·-oestL·, produções serarattJS do fus­te e da C(•pa, em númern de 'rutos. du· rante o período de janeiro a Jezembro de 1981. Com esses dados. fnrJm reali­zadas an<ílises de correlao.,:ào er:trc medi­das de cre~c1mento e produçãc e avalia· da a participação genética das v11riedades.

Rel'isla Theobronw /5.'3). l'ili5

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116 Garcia eNico/ella

Resultados

A altura dos eixos ortotrópicos mos· trou grandes variações. Nos hlbridos, os dados observados variaram de 57 em a 250 em e, no 'Catongo', de 59 em a 213 cm,comamplitudesmáximasde 193 e 154 em. respectivamente. Os dois conjuntos de dados de altura foram dis­tribuídos em 1 O classes para cada gru· po. determinando-se as freqUéncias de plantas dentro de cada intervalo, com o objetivo de avaliar o comportamento dessa variável (Quadro! e Figura 1).

A maior freqüénc1a de plantas situou­se em torno do intervalo de IDO em de altura, decrescendo progressivamente ã medida que se afastou desse valor (Qua­dro I). Os polígonos de freqüéncia mos­traram uma assimetria positiva, como

pode ser visto na Figura l.

Ainda no Quadro I, cst:ro assinaladas as med1das de pmiç:fo, de dispersao e coeficiente de variação (C.V.) para cada amostra. Os h1bridos apresentaram mé­dia de cr"escimento de fuste ma10r que o 'Catongo' c, comparando-se estatísti­camente as médias das alturas dos ca­caueiros htbridos e 'Catongo'. conclui-se que elas diferiram entre si ao nível de

1% de probabilidade.

Os dados observados. tanto nos hí­bridos como no '('atongo'. revelaram que o cacaueiro. de um modo geral, não apresenta tendênc1a para coroar abaixo de 60 em ou acima de I ,80 m (Quadro 1). As coroas que ultrapassa­ram esta altura derivam de um segundo crescimento ortotrópico, em decorrên­cia de tmumatismos nas gemas termi· nais ou de enfermidades e danos mecá­nicos nos ramos plagtotrópicos.

Revlru Theobromi115(3). 1985

As produções de frutos tomadas in­dividualmente nos fostes e nas copas, em 250 cacaueiros h1bridos e em 100 plantas 'Catongo' (Quadro 2 e 3), mos­tram as diferenças entre os grupos de in­tervalo de classe das alturas dos fostes.

A comparação dos Quadros 2 e 3 -produções dos lubridos e 'Catongo' -mostra certa semelhança quanto à dis­tribuição de frutos no fuste e na cop-a, embora as variações observadas sejam admiudas como genéticas. A maior produção de frutos obtida isolada e acumulativamente dos fostes e das co­pas dos cacaueiros ocorreu, em ambas as variedades, no intervalo três. no qual as plantas atingiram uma altura média de I ,30 m. A produção de frutos dos fostes foi maior nas plantas mais altas. nao chegando. contudo. a alcançar uma superioridade significativa. Observou-se ainda, tanto nos cacaueiros h1bridos co­mo no 'Catongo'. uma diferença alta­mente significativa entre a produção dos fostes e a das copas, com valor superior para as copas (Quadro 4). Por outro lado. a produção total dos cacau­eiros htbridos foi sempre maior que a do 'Catongo' (Quadros 2 e 3) talvez em função da constituiç:fo genética das plantas ou da diferença de idade entre elas. Ao testar-se a hipótese de diferen­ça entre as médias, com respeito às va­riáveis frutos do tronco (Xd e frutos da copa (X 2). utilizando-se como cri­tério de teste a distribuição "t", detec­tou-se que a diferença entre as médias foi altamente significativa (Quadro 4). Aí também s:ro mostrados os va­lores das médias, do critério do teste hem como os intervalos de confian­ça ao nível de 99% para a d.!fcrença

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Dendromelria, genética e produção em cacaueiro 117

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Re~·ista Theobroma 15(3). 1985

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1/S

" o ~

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800

700

600

500

400

300

200

100

Altura

o "' z o !-

"' "\v ~

1 "' "' -"' "

)) o [O

Garcia e Niculella

dos cacaueiros cotongo (em)

\

Altura dos cacaueiros hÍbridos (em)

150

~E5 '

100

75

50

25

o ~ c o -o o

o -"' o • ~ o

hgura 1 - Pnligono representativo <,las freqü€ncias de altura de 1.670 e 476 eixos orto· trópico' em ~araueiros híbndos c 'Catongo'. re>pccnvamente (ver Quadro I).

RcvisfC!leobroma 1 5(3). 1985

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Demlrometria, gemffica e produção em Cll('aueiro

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Revista Theobroma 15(3). 1985

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120 GarcÚl e Nicol~lla

·" QuadTo 4- Niimero mêd10 de frutas por_ planta para cada variedade estudada,

vaJo·-es d" t~ste de''~"~ i"tervalos de confi<~nca para !iS r<"spectivas variedades.

'2

Valores de "t" Intervalo de confiança

12, ~6 8, )L** 6,84: 13,10

HÍbridos 1,9S: 12,5R 13,17** 7,01:10,25

** Ao nlvei de li::

x1

Frutos do tronco

média da populaça:o. Com os resultados obtidos, corre·

!acionaram-se as var1áveis medidas e estas com a variável de resposta (pro­duç!l.o). Nas matrizes de correlaçllo para h1bridos e 'Catongo' (Quadro 5), esta-o registrados os valores que expres­saram a relação das variáveis de cresci­mento com rendimento. Quando se cor· relacionou a altura do fuste dos cacau­eiros com as demais variáveis, os resul·

tados, na sua quase totalidade, foram negativos nos h1bridos e/ou muito bai­xos no 'Cato,,go'. Pelos dados do Qua· dro 5, verifiou-se que o rendimento. de um modo geral, tanto isolado quan­to agrupado, correlacionou-se melhor com as variáveis di<lmetro médio da co­pa e diametro do fuste.

Discussão

Antes mesmo de detectar de que ma-

Quadro 5 - Matrizes de correlação entre índices de crescimento e produção de hÍbridas e 'Caton!i!;o' •

o 2

" ' " "

4 .. "

6

2

~ ' -0,44 0,54

o, 26 o, 18

o, 12 0,41

0,01 0,40

1 ~Altura do fusre

2~ Diâmetro do caule

' 0,26

0,63

Variáveis

3- Diâmetro médio da copa

RevUq TheobromtJ 1 .5(3). 1985

' ;

o, 34 0,08

o. 37 o, 58

4- Frutos do tronco 5>: Frutos da copa 6- Total de frutos

6

0,13

0,58 2 -. " ' o o

' • ~

;

6

Dendrometria. genérica e produçiio em cacaueiro 121

neira a variação das alturas do fuste do cacaueiro influenciou a produção eco­nômica e o desenvolvimento das plan­tas, foi verificado como ocorreu essa variação propriamente dita, dentre e en­tre as variedades estudadas, através de uma distribuição de freqüéncia.

Os resultados mostram que o cresci· mento ortotrópico do cacaueiro variou entre e dentre variedades, com disper­sões menores nos extremos das curvas. existindo, todavm, uma analogia de crescimento entre os grupos estudados (Figura 1). Resultados similares foram encontrados anterionnente por Soria (1964) e, mais recentemente, por Ba· tista e Alvim (1981). Embora exis­ta, entre as variedades estudadas, uma semelhança na distribuição de classe dos alongamentos ortotrópicos, a diferença de crescimento encontrada dentre elas parece dever-se <I constituição genética das plantas, uma vez que foram cultiva· das em ambiente e sistema de manejo semelhantes. Os resultados deste traba­lho-foram similares aos de Soria (1964) e diferentes dos de Batista e Alvim (1981), que encontraram que a parti· cipação genética foi sobrepujada pela ambiental. De um modo geral, o efeito ambiental tem uma influência de apro­ximadamente 70% sobre o desenvol­vimento das plantas (Garcia, 1973); por isso, pode, muitas vezes, um am­biente ser ajustado para fornecer boas ou más condições de desenvolvimento <ls plantas.

Pelo que foi obseJVado, o cacaueiro tem hábito regular de crescimento, po­dendo sofrer variações quando o am­biente não lhe é propício ou quando

submetido a métodos de manejo ina· dequados. Prova disto sa:o os resulta­dos alcançados por Batista e Alvtm (1981 ), quando encontraram em algu­mas plantas de um grupo cultivado em ambiente controlado de casa de vegeta­ção, que seus fustes cresceram menos que os das demais em decorrência da maior intensidade luminosa recebida durante o dia. Provavelmente, se a esse grupo de plantas tivessem sido propurdonados condições para rece· ber as mesmas intensidades de luz, ele teria um crescimento uniforme, ocor· rendo apenas as variações de crescimen· to próprias de cada vanedade.

Ficou patenteado, portanto, que, independentemente da variedade de ca­caueiro, ocorre numa plantação uma grande variabilidade de altura de plan­tas, determinada pelas condições de cul· tivo. embora. entre as variedades, ocor· ram diferenças admitidas como sendo genéticas. Através das cuJVas de distii· buição de freqüéncia (Figura l), obser­va-se que o cacaueiro, qualquer que se­ja a variedade. apresenta uma tendên­cia no alongamento do eixo ortotró­pico. aproximando-se da normalidade. isto é, baixas percentagens de plantas com fustes de tamanhos extremos e um número relativamente grande de plantas em tomo de 1,00 a 1,50 m. Essa característica mostrou exercer grande mtluéncia sobre o rendimen· to mdividu:ll das plantas, já que as produçoe~ individuais do fuste e da coroa demonstraram seguir a mesma tendência da curva de distribUição de freqUéncia, isto é, produções maiores nas plantas com fustes entre !,00 a I ,50 m e mais baixas naquelas que se

Revüra Theobromo 15(3)- 1985

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Garcia e ,r...'ico/e/la

d1s tanciaram destas ai turas (Quadros

2 e 3). Os resultados das correlaçües entre

a altura do fustc do cacaueiro e as pro· duçtJes isoladas ou agrupadas nao apre­sentaram SJgnificaçao, indicando que não existe uma relação consistente entre essas variáveis. Ressalta-se, entretanto, que, quando as plantas tém o eixo or­totrópico em torno de 1,00 a I .50 m, as produções, tanto do fuste como das coroas, sao mais altas, tornando-se de suma tmport:l..ncia sua manutenção para se consegmr plantaçtJes com maiores produçocs. Nos campos experimentais bem conduzidos, são encontradas gran· des porcentagens de cacaueiros com altura do fuste em tomo de I ,20 m, como noticiaram Batista c Alvim ( 19bl) e. geralmente, com alta produtividade.

Nunca foi dado o dcvtdo valor à grande variabilidade que comumente ocorre na altum dos fustes dos cacau­eiros e sua mtluéncia na produção de frutos. Geralmente, a altura é medida em plantas jovens para prev1são de vi· gore precocidade (Vello, 1963; Ascen­so e Bart!ey, 1966; Atanda. 1972; Careta, 1973; Soria. 1977) mas nunca se averiguando se ela ou sua variabilida­de têm influéncw no processo produti­vo da planta adulta. Afinna Soria ( 1977) que a altura das plantas, tomada isola­damente. só foi boa tnd1cação de v1gor até a idade de aparição de coroa, mos­trando depois baixa correlação com a produçào. Se fosse possível controlar a altura dos eixos das plantas, padroni­zando-a na faixa de 1.00 ma 1,30 m, consegutr-se-iarn, com certeza, plantas mais produtiva>. como as observadas no presente trabalho.

' Redsra TlleobromiJ 15(3).JY85

O dtámctro do fuste e o diâmetro médio da copa corrclac10naram-se po· sitivamente nas plantas mais produti· vas, fato observado em trabalhos an· tenores (Watson, 1952; Cockerham, 1963; \lariano, 1966; Ratlford, 1967; Alvim, 1969; Soria. 1977) nos quais fi· cou constatado que o dJáJlletro do foste, tomado em plantas de I a 3 anos, e a área foliar s<To vari<ívcis seguras pa· ra estimar a c'1pacidade produtiva.

É complexo explicar as variações de rendimento de um cultivo com ba­se nas medidas de vigor e desenvolvi­mento das plantas tomadas neste tra· balho. A complexidade do problema aumenta. quando se leva em conta que o vigor das plantas depende do seu ge· nótipo. do manejo e das condições am­bientais onde são cul!ivadas.

A explicação do porquê das produ· ções altas nas plantas com fustes em torno de I .20 m e baixas nas plantas de IUstes superiores ou inferiores a es­ta altura é de díflcl explicação. Toda­via. a explicação pode prender·sc ao fato de que as plantas pequenas sa:o geralmente sombreadas pelas de porte médio c alt<L~ C!rCUIWinnhas, dificul­tando, assim, o aproveitamento má­ximo da luz para o processo de fotos­sintese. As plantas mais altas, apesar das condições ma1s favoráveis para o aproveitamento da lu1., apresentam copas mais redundas e. conseqüente· mente, uma men<H área foliar. Além disso, um maior ;kmgamento no eixo ortotrópico amplia a dtstáncia da Clr· culaçao da seiva para as áreas de maior concentração dos órgãos produtivos. aumentando <1 qu;mtidade de tecidos-

Dendrometria. genérica e produç-ão em cacaueiro 123

dreno (lenho) e reduLindo a produti­vidade das plantas em decorr~ncia de maJOr competição interna em fotoassi­milados. Já as plantas mais baixas, que interrompem o seu crescimento verti­cal formando a coroa ma1s Cedo que as demais, iniciam também o crcsctmento em diâmetro do fmtc e da área foliar 111ais rapidamente, levando-as a uma pruduçao precoce c mais elevada inicial­lllcnte, até que se igualem àquelas de maior crescimento em altura. tm con­traposição. plantas de pequeno porte di· fkultam inicialmente a locomoçao den­tro da área, dificultando o manejo e as colhcttas, neccssttando maior emprego de mao-de-{lbra na elevação da copa até uma altura desejada.

Apesar das plantas de fustes mais al­tos terem alcançado uma produção maior que as de fustes mais baixos, esta superiondade não chegou a ser sigmfica­tiva, ao passo que a produção das plan· tas de fostes medianos, em torno de l .30 m foi superior. No cacaueiro. não

existe muita variação quanto ao núme­ro de almofadas florais no fuste c sim diferenças nos espaços entre elas. haja vrsta diferença de produção observada entre as plantas de diversas alturas. Por outro lado, deve-se atentar para o fato de que a produção do foste está sujeita a uma diminuição por danos mecânicos ou enfermidades sofridas pelas almofa· das florais. muitas vezes de natureza ir· reversivel, enqumrto que. nas copas, mesmo ocorrendo algum dano, elas po· dem ser compensadas atrav~s do apare­cimento de novos ramos

Condu~nes e Recomendações

l. Para se obter cacaueiro mais pro·

dutivo, o manc1·0 da lavot/t" d . ~ evc ser onentado no sentido dt , 1. h 1 csaeecer plantas com altura de fust,. ,~ . d tomo de !,DOma 1,40m.

" •aflan o ern

2. O cacaueiro tem sempre 0 h

.b mesmo a tio de cresCimento, e as variaçoes

encontradas são atribut"d~~ d . ~ , . ..~ part1c1pa·

çao. gcnet1ca, condições nas quais está culttvado c manejo empregado em ca· da região.

3. Murt_o embora 0 cacaueiro possua a caractenstrca de alcançar, com maior freqüência, alturas do fuste em tomo de

l,OO a 1.40 m, observam-se, entre as va­riedades estudadas, di!Crenças nestes valores, admitida.~ como sendo genéti· cas. Todavia, qualquer que seja a varie· dade, a freqüéncia das altura~ do fuste aproxima-se sempre da normalidade.

4. O tamanho do fuste do cacaueiro em relação ao número de almofadas flo­rais não influi 11a produçJo de frutos, posto que o número de gemas produti­vas do seu eixo nau sofre muita varia­çao, pois o que varia são os intervalos entre elas.

5. A boa corrclaçao encontrada en­tre o diâmetro do foste e o di<tmetro médio da copa e a produção faz com que tais medidas sejam vanávers confiá­veis para avaliar a produtividade da planta ou de um campo cultivado.

6 A o:orreção da altura de cacaueiros com fusr~s muito baixos ou muito altos hem como os acidentados mecânica· mente ou por enfermidades deve ser reahlada a partir de chupões hasais, a fim de que não se tornem demasiad-.~­mente altos.

Revista Thcohroma 15(3!. , <;85

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124 Garcia e Nicofella

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Revi$tD Theobroma 15( 3). 1985

--,----

lh•ndrometria. Kenética e produçaà em ca("aueiro {23

dutivo, o manejo da lavoura deve ser onentado no sentido de estabelecer plantas com altura de fuste variando em tomo de l.OOma 1.4üm.

dreno (lenho) e redU?jndo a produti­vidade das plantas em decorrEYncia de maior competição interna em fotoassi­milados. Já as plantas mais baixas. que interrompem o seu crescimento verti· cal formando a coroa mais"cedo que as t.femats, iniciam também o crescimento em diâmetro do fuste e da área foliar mais rapidamente, levando-as a uma pwdução precoce e mais elevada inictal· menle, até que se igualem ãquelas de maior crescimento em altura. Lm con­traposição, plantas de pequeno porte di­ficultam inicialmente a locomoção den­tro da área, dificultando o manejo e as colheitas. necessitando maior emprego de mão-de-obra na elevação da copa até uma altura desejada.

Apesar das plantas de fustes mab al­tos terem alcançado urna produção maior que as de fustes mais baixos, esta superioridade não chegou a ser sigmfica­tiva. ao passo que a produção das plan­tas de fustes medianos. em tomo de 1_,30 m foi superior. No cacaueiro. não existe mutta variação quanto ao núme­ro de almofadas florais no fuste e sim dtferenças nos espaços entre elas. haja vista diferença de produção observada entre as plantas de diversas alturas. Por outro lado, deve-se atentar para o fato de que a produção do fuste está sujeita a urna diminuição por danos mec:inicos ou enfermidades sofridas pelas almofa­das florais, muitas vezes de natureza ir· reversível. enquanto que. nas copas, mesmo ocorrendo algum dano. elas po­dem ser compensad~ através do apare­cimento de novos ramos.

Conclusões e Recomendações

I. Para se obter cacauetro mais pro·

2. O cacaueiro tem sempre 0 mesmo hábito de crescimento, e as variaçoes encontradas são atribuldas ã participa­ção genética, condiçOes nas quais e.<;!á cultivado e manejo empregado em ca· da região.

3. Muito embora o cacaueuo possua a característica de alcançar, com malOr freqüência, alturas do fuste em torno de l ,00 a 1,40 m, observam-se, entre as va­riedades estudadas, diferenças nestes valores, admitidas como sendo genéti· cas. Todavia, qualquer que seja a varie­dade. a freqiJém:ia das alturas do fuste aproxima-se sempre da normalidade.

4. O tamanho do fuste do cacaueiro em relação ao número de almofadas flo­rais não influi na produção de fruto~,

posto que o número de gemas produti· vas do seu eixo não sofre muita varia· ção, p<HS o que varia são os intervalos entre elas.

5. A boa correlação encontrada en· Ire o diâmetro do fuste e o diâmetro médto da copa e a produção faz com que tais medidas sejam variáveis confiá· veis para avahar a produtividade da planta ou de um campo cultivado.

6. A correçào da altura de cacaueiros com fusks muito baixos ou muito altos hem como os actdentados mec:inica­mente ou por enfermtdades deve ser realiLada a partir de chupões basais. a fim de que não se tornem demasiad.i· mente altos.

Revma Theobroma 15('31. '985

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Garcia e Nicole!la

Literatura Citada

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Revi • .Theobroma 15(3). 1985

Revista Theohroma 15(2)_ 15(3). 125- 131_ 1985 Centro de Pesquisas do Cacau. Ilhéus. Bahia, Brasil

Axillary proliferation of shoots from cotyledonary nodal tissue of cacaol

Jules Janick1 and Anna Wflipkey 2

Abstract

. Cotyledonary nodal t11we from secdling1 of cacao (Theohroma cacao LJ grown i v·t m a basal mcdmm consisti of M 1 .. d Sk 1 n

1 '

0

t. _ _ ng _ ur:o;ugean . ooglUhWpplem~nted\\lthfperliterJ:O.lmg h1amm~ HCI. 0.5 mg pyndoxme·HC!, 100 mg t·mo<itol, 0_5 mg nicotin1c acid, 2.0 mggl ·cin

I g c~:.em hydrolv<ate 30 sucr - d 8 · } e . . : , g ose, an g agar produccd axtllary 'hoots in re1pon1e to o;hoot remova! (d~capltaliOn) o r supplcmentation o f the ba~al med1um with 6. benzy lammo purinc tBAJ at 0.5 - I .5 mg/lttcr wtth de.-ap1tation p!u~ BA IUpplcmentahon producing the maximum num­ber of shoots. Prohferated ~hoots fa1led to grow m culturc if the cotyledon wa> ctetaçhed. Further prohferahon or growtll oi a.Xillary shoots was not obtained in respomc to media mampulation mcludmg salt concentratmn, sucro~ concentratwn. carbon source l'ucro<c, gluco\e, or fructo,c) or cytokmm lBA or 6-{)-,')'. d1methylallyl ammol purmc (2,P) alone or in çombination).

Key words Theohroma cacao. tisme culture, propagation.

Proliferação de brotos axilares a partir de tecidos do colo de plântulas de cacau

Re~umo

Produz.aam-~e in vitro brotos a'íllarcl a partir de tecido\ do colo de plántula~ de cacau (Th'o hroma cacau L ) · ~ -. - 1cm o apJCe termmal (decapitadas). quando cultl\'ada\ em meio básico constitui· do OC '~~~ OC Mura,hi!!t' e Skoog IMSI wplcmentado com O. I mg.-'1 de t1amina. 0,5 mg/1 de piri­d.oxl.na. 100 mg;l de mw-JnosJtol, 0.5 mg/ I d~ ácido nicotinico. 2,0 mg/1 de glicina, 1 g/1 de c:selna htdrohsada, 30 ~i I de ~acaro,_c e 8 g/1 de agar. O número máx1mo de brotO<; proliferados f\ I mamr quando a1 plantulas decapitada< foram cultivada' em meio MS complementado com :· benzl.:antmopunna !BA) em con~-entra~·õc_~ _que variavam de 0,5 a 1 ,5 mg/1. 01 brotos produ· -Ido<; na~_se des~nvo)vcram quando o' coulcdonc' for·om removido<;. Não ~c obteve po1ter1or prohf_era~ao ou cre,cunento dm brotos a~1lares como re<po<;ta à manipula~·<i"o de meios que mc[Uiam concentraçõc~ de \' i1 · ·- · -. . ~ mmcra1s e 1acaro-.c e fonre1 de carbono (\acarose, glicO\e ou fru-to~r) ou ntocmma (BA ou 6 1 ,. 1 1 1·1 · _ - ')', 1'. 1 1mc 1 a 1 am1no punna (2,PJ. t~oladamcnte ou em com· bmaç.ao).

Pa[al'ras·clla~e: Theohroma racno. 1 < • ~ cu tura uc teCidos. propagação

lntroduction

Cacao normally is propagated by

seed hut since it is heterozygous. seed­propagated clones are variable even

' Joumal paper no. 10,280 o f the Pur<iue Universitv .4fficultuml Experíment Station.

' Departmenl o[H.Uticulwre, Purdue L'nil'ersity. West Lafayette,lndiana 47907, U.SA.

_L•eúedf<"P"hliww" M'Y 13. !9H5 125

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/26 Janick and Whipkey

when select crosses are used. A~exual propagation hy graftage or cuttings is not widely practiced because of the expense and problems associated with dimorphic growth habit, i.e. ortho­trophic and plagiotrophic branching

(Wood, !975).

Tite desire for rapid propagation of high-yie!ding clones has stimulated tissue culture studies of cacao as a means to regenerate mature clones. but' success has not heen achieved either by organogenesis from callus (ilall and Collin, 1975: Esan, !977a; 1982. Orchard, Collin and Hardwick. 1979: Pence, Hasegawa and Janick, 1979: !980, Kong and Rao, !981) or from shoot tip proliferation via axillary hranching (Orchard, Collin and Hard­wick, !979; Passey and Jones, 1983). Clear!y, cacao must be considered a recalcitrant, intractable species with respect to its ability to regenerate shoots either from callus or from shoot tips by conventional procedures. Asexual embryos have been initiated from inunature zygotic embryo and subse· quent proliferation has heen achieved via a ''budding" process(Esan,I977a; Pence, Hasegawa and Janick, 1979; 1980; Kong and Rao, 1981) or from embryogenica!ly-competent callus de­rived from asexual embryos (Kanana· wicz and Janick, I 984; Kanonowicz, Konanawicz and Janick, 1984) but asexual embryos have not been induced from mature sporophytic tissue.

Esan (1977b) has reparted on the potential of shoot regeneration from cotyledonary axil\ary buds and Kong and Rao (19H1) have reported in vitro

' Revisra 111eobrorrw 15( 3). 1985

axillary branching from the intact cotyledonary nade of cacao seedlings in response to 6-benzylamina purine (BA) at 2-10 mg/liter. The objective of the present study was to investigate the regenerative potential o f axillary shoots produced from the cotyledonary nade.

Materiais and Methods

Mature fruits were obtained from greenhouse-grown cacao p!ants grown from seed. Seeds were extracted, coats removed, and embryos germinated on basal medium consisting of Murashige and Skoog salts supplemented (per li ter) with 0.1 mg thiamine ·HC'l, 0.5 mg pyri­doxine-HCI, 100 mg i-inositol, 0.5 mg nicatinic acid, 2.0 mg glycine, 1 gcasein hydrolysate, 30 g sucrose, variaus con­centrations of 6-benzylamino purine (BA) as described and 8 g agar (Sigma) with pH adjusted to 5.7. Two weeks after germination, roots were excised and the main shoat was left intact or removed (decapitated) and then trans­ferred to fresh medium for 6 weeks,.

Experimental Results

Effect of BA and decapitation on axillary branching of the cotyledonary node. Dissected embryos consisting of cotyledonarY node with cotyledons attached and the root and shoot excised (decapitated) were grown in basal medium plus BA at O, 0.5, 1.0, or 1.5 mg/liter. Thc maio shoot of one embryo from each treatment was left intact as a contrai. Nades in ali treat­ments praduced adventitious shoots except the embryo with the shoot attached in the treatment without HA

,. Pro/iferation o f shoots from tissue o f caeao 127

zygotic e~bryos were gernúnated on basal medmm containing either 0

(Table 1). When the shoot was decapi­tated lhe number af adventilious shoots increased as BA cancentration increased. When the maio shaot was not decapi­tated the max.imum axillary branching was obtained with 1.0 mg/liter BA A direct comparison of decapitated and nondecapitated treatment could not be made because the nondecapitated treat­ments were unreplicated.

In a second experiment mature

I mg/lite~ BA. After gernúnation, roo~ were excrsed and half of the seedlings :'ere decapitated and half were left mtact for each BA treatment (Table 2). Both decapitation and BAinduced axil­~ary branching, with maximum branch­mg obtalned from a combination of BA plus decapitation (Fig. I). There was essentially no axillary branching when

Tabie I - Eff<>tl af BA and shaat ledanary node in cacao scedlings. remova! on axiilary hudbreak of tfa· cotv-

" (mgllit<>r)

o o. s 1.0

.., 2

1 embryo per tn"atment,

Y12- 15 emb~"~" •Ju~ per treatment.

r-lo. axiJl,;ry shoots per seeJlin~. +sE

Main shoot

lntact ' R<>movedy

o I.S::!:0,3

M 3.2:!: i. I

7.0 4 .o.:': 0.8

ó.O 6.6:!: 0.8

Tahle 2 - Effect af BA and/or main sh and growth of the cotyledonar nade f oot decap>tat~on on ax>llary branchíng treatment). y 0 cacao seedllngs (I2 t fS o embryos per

" (mg/liter)

o

Mean

o

Mean

lntact

0.1 ::_ O, I

4,4: 1.3

2,4 .:': 0.8

2.5

2. 2 .:': o. 3

2.2 + 0.3

Main shoot Decapitated

No, axill.<ry branthes SE

2.4 .:': o. 3

s.?.:':J.o 4.0 .:': 0.6

Shaat l~ngth (em .:': SE)

2. ~ .:': o. 3

2. ; . .:': 0,3

2.4 .:': 0.2

Mean

1.2:: 0.3

5.0 .:': 0.8

2,2 .:': o. 3

2.3 .:': 0,2

Re~ista Theobrorrw 15(3). 1985

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Jamc/.. aml Wlripkt>y

A B c D

Fig. 1 - Effect of decapit.ation and BA on axillary branching from the cotyled?muy nade ? f caca o secdlings aftcr 6 weeks. A - O mglliter BA, ma in shoot intact. 8 - O mgl h ter BA, mam ~hoot decapitated. C . I mg/liter BA, main shoot intact. D • l mg/líter BA , main shoot de-

capitatcd.

nondecapttated embryos were grown in basal medium witl\Out BA. There was ltttle difference between treatments in terms of shoot length of axillary branches.

At the end of 6 weeks all shoots were removed, includmg lhe main shoot from thc nondecap1tated trearments, and the embryos for each treatment were placed tn basal medium supplemented with e1lher O or 1 mg/liter BA for another b weeks. All treatments continued to produce axillary branches. Combming all previous treatments, there were 0.8±0.2 3.X!llary branches without BA and 1.7±0.6 ax1llary branches at 1 mg/ htcr BA. There \Wre less axillary branches in seedlings previously decapitated as compared to nondecapilated seedlíngs 0.7±0.3 vs 1.6±0 6)

Revista Theobroma 15( 3). 1985

Effect of cotyledons on the initiation and growth of axillary branches of the cotyledonary node. Mature embryos were germinated on medium containing I mg/liter BA and roots and shoot were removed after germination. The coty­ledons were detached from half the embryos and ali embryos v.ere recultured on 1 mg/liter BA. After 6 weeks, shoot proliferation was similar whether or not the cotyledons were attached bul axHiary branches did not elongate when the cotyledons were detached (Table 3, Fig. 2).

Proliferation of detached axillary branches. Detached ax.illary branches originating from the cotyledona.ry node failed to grow, prolifera te shoots, or produce roots when cu! tured under a wide variety of treatments {data not

Pmllferation of shoots from ttssue o f cacao

presented). Treatments tested included a factonal combinatJOn or salt strength (full or half strength) sucrose concentra­tion ( 1.5%, 3%, 6%) and BA (I or 5 mg/ liter) , a factorial combinauon of cyto­kinins BA (O. 0.1, 1.0 mg/liter) + 2iP (0, O. I, 1.0 mg/liter) : mdolebutyric acid (0, 0.1, 1.0 mg/Jiter); and di f-

ferent sugars (glucose, fructose, or sucrose). Axillary branches from seedl· ings responded similarly to shoots from mature clones cultured in I'Ítro. Mature shoots, when cultured, will occasionally grow weakly wllh some budbreak. but consistent shoot growth and prolifera· tion is not achieved and callus growth

T.~blt.> j - Eif<'<'L ot C<ltV I•·dons on alnll.nv shoot branching and vrowlh (8- CJ

embr yos Jl~r treat mentJ. S<·••di inv,s ~:•• rmin.llPd tn rhe p n•s<·nu• nC L . O rn~/1 i t E-r ill\ and d•·•·lpiruted after 2 W~t•ks and grnwn for dO .Jddiri·m.11 6 Wl'l'k~.

Pr escnce ul So . ui l.t•ngt h o f

CO( Vll'dCIIlS aKi ll ary ll\ i ll<lry shoots

shoot~ :t SE c c:n ± sn

All achcd 2.8 ! 0 . 9 2 .0 ~ 0 . ) -

Oetaclwd 2 .1 + 0 . 1> fl . 1 + O. OJ - -

Fig. 2 - The etTect of cotyledon attachment on growth of ax.illary branches of cacao grown for 6 weeks 10 I mg/liter BA '>''ith the main shoot decapJt.ated.

Ret•lsta flleobroma 15( 3). 1985

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/JO JaniC'k antl lllhipk~y

is extensive (Fig. 3).

Discussion

1lus study has confirmed that the cotyledonary node of cacao seedlin~ cultured in a•itro responds to decapita· tion and BA with axillary branching, and that axillary branches grow only in the presence of cotyledons. t-bwever, axillary shoots detached from the node become unresponsive to conventional ussue cul ture procedures wi th respect to growth, rooting. and their ability to proliferate shoots by further axillary branching.

D1e inability of axiUary branches arismg from cotyledonary nodes or shoots from mature trees to grow or proliferate m virro indJcates the unsunabílity of cooventional tissue culture media to support sustained shoot growth, bud break, or rooting 10 cacao. The unique prohferat10n response of the cotyledonary node to BJ\ or shoot decapitation suggests a fundamental difference in this tJssue as compared to other nodes. Further, the anabi!Hy of tissue culture media to subsutute for the cotyledons m en­hancing growth in di cates that conven • tional ussue culture media are eíther ínhibitory or irtsufficient for shoot growth. C1early, the successful in l'ttro

Fig. 3- Weak growth a.nd proliferati on of mature shoots of cacao srown in 2 mg/liter 2tP after 4 month~.

propagation of cacao shoots necessttates a new approach beyond permut.ation of cytokinins, sugar, and present media constituents.

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•••

R~v1sra Th~ohroma I J( :;. I CJb5

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Revista Theobroma 15(3). 133- 140. 1985 CentrO de Pesquisas do Cacau. Ilhéus. BahW. Brasil

Nfveis residuais e persistência de pirimifós-metil em cacau armazenado 1

Paulo Romeu Fontes Berbert 2, Joffo Manuel de Abreu 2 e Saulo de Jesus Soria3

Resumo

Aphcar ··n-se 550 e 1100 mg de pirimifós·metil p.a./60 kg de cacau. acondicionado em saco~ (tratamlnto I) ou formando camadas com aproximadamente lO em de espessura (tratamento 2). Aplicou-se o in,eticida externamente nos sacos ou dJrctamcnte na; améndoas e mediram-se os ;cu~ re;íduos por cwmatografia em fase gasosa. a diferentes intervalO\ após a _sua aplicação, de­terminando-se a sua persisténçia_ Encontraram-se, no tratamento 2, um dia após a aplicação do in:.eticida, 5.1 e 10,6 ppm para as do;agcn; de 550 e 1100 mg. rcspectivamente;8 dws a pÓ;, es;e; nlvch foram reduzidos a cerca da metade (3, I c 6,1 ppm. respectivamente). A partir daí, a queda dos níveis residuais ocorreu lentamente, alcafl(;ando aproximadamente um terço do; tcorc~ inidais 60 dias após a apltcaça:o. hsa rápida redução mic1al do; teores de resíduo~ foi atribuída às perdas por fotodcgradação c evaporaça-o do inseticida inicialmente depositado sobr~ as améndoas; po~teriormentc. apÓ~ a absorção pela gordura, o imcucida perdeu-1e ma1s lentamente. No tratamento I, os níveis de re,íduos alcançaram valorc> bem nJaJs baixo; (0.15 e 0,28 ppm), no dia seguinte à aplicação. para as dosagem de 550 e 1100 mg. respectivamente. Ocorreu. entretanto, um aumento gradual entre o pnmciro e o 301) dia, atingindo c;,cs níveis 0,25 e 0,4 7 ppm, respec11vamente, no 30'? dia. h to se deve à ab;on;ão pela~ améndom. do m­>cticida retido no tecido do ~aco, no primdro m6 apó'> a aplicação. Após o 30'? dia, ocorreu uma queda gradat!Ya dos re~iduo~ do in~ctinda contidos na amêndoa, alcançando, 90 dias após a aphcação, O, lO e 0,21 ppm. rnpcdivamente. Na~ condiçõe-; e dosagen~ utilizadas, o; nívei~ re-;iduah de pirimifó~·metil detectado> em qualquer época, no tratamento I, c, após o 89 dia, no tratamento 2, podem 1er con<idl·rado~ aceitáveis, considerando-se as tolerâncias desse in<e!ÍcJda propoqas pelo "Codcx Alimentarius" para outro, alimenta>.

Palavras-chave. Theobroma cacao, .semente. imctkida, pirimifós-metil. resíduo

1Trabalho apresentado ao 1X Congresso Brasileiro de Entomologia, 22 a 27 de julho de 1984, Londrina, Paraná_

2Divislfo de Zoologw (D1ZOL), Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), APT CEPLAC, 45.600. ltabuna, BahW. Brasil_

JD/ZOL. CEPEC. Endereço atual. EMBRAPA/CNPUV/BG. Rua Livramento, 515. Caixa Postal 130, 95. 700, Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, Brasil.

Recebido para publicação em 25 de abril de 1985 133

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134 Bcrhert, Abreu e Soria

Residuallevels and persistence of pirimiphos-methyl in ~tored caeao

Abstraet

-n,~ r~,1 duc· lev~h of piritmpho,·mdhy! w~re dctcrminnl and the1r pcr-1~tcnce monitor~cl by ga' chromato!':r,tphy at d1ffn~nt tim~~ after dose; of 550 and 1100 mg a.p./60 kg C<JCao bean< wne applied n.tnnally on thc· bag> (Tr~atm~nt 1) o r dir~ctly on the bean,, a layer o f aprox1· matdv [(I em (treatmcnt 2). For trratmrnt 2.1eveh of 5.land I0.6ppm were detcctcd thc day aftc·r.-for thc do'd!!:Cil' or 550 and 1100 mg/60 kg re;pcctivdy The~e levei~ wer~ reduc~d about 50%. c1ght da}' ;~f(n the apphcation (3.1 and 6.1 ppm). Aftcr thc 8th day thc resJduallcvcll dimini,hc·d ,]owly to one third of thc millal leveis at thr tiOlh day. Thc rapid mihal reduction ""' atmhukd to thc lo>< by photodegr,nlation and cvaporation of the inwctic1dc init1a!ly Jcpo,nc·d on th~ lwan,_ Later on. aftn ab;orption by thc fat, the m>ecticidr wa> lost more ,]c"' (y For trc·atm,·nt I the IC>HluaJ levei~ reached the much lowcr valu~' o f 0.15 and 0.28 ppm, thr d,1} afkr apphcation for th~ do,ag~< of 550 and 1100 mg/60 kg. r~spedivdr. A gradual mcr~J...c 0,-mm•d from the 1' t to the 3oth day, wh~n the re>tdual leve!< reachcd 0.25 and 0.4 7 ppm. Thi~ wa< attributed to the ab~ortlon ofthe insecticide hy thc l'acao hean.1 from lhe bag1 fah­nc during th~ ftrot mon th afie r the appl!cation. After thl' 301h dar a gradual loss o f the rcsidue< occurr~d in thc b,·an> reac·hing rc,idual' levcl<of 0.10 and 0.21 ppm. 90 day, after thc insccllcid~ Jpphc~tion. l"ndc'r thc c'l.pcrimental condition> and do1agc> u,~d. thc reiJduallcvrh ofpirimipho<­m<'lhl'l dtlc'Ctc·d at any tnnc in the ~a>c of treated bag,, and aftcr th~ 81h day in the ca~c of direc·; appltcation to ~J<:ean<. can bc con,i<lered acccpt<~hle accordmg to thc toleranen for thi< imc·c·tll'ilk propowd b; the "('ode:>. Alimentanu<" for other <:Ommoditic,.

Key-words: Theobroma cacao. ,cc·d. in,ccticide, plrimipho,-methvl. re,idu~

lntrodução

Amêndoas de cacau, como qualquer outro produto agrícola, quando annaze­nadas por longos períodos, estão sujei­tas ao ataque de pragas. Períodos pro­longados de armazenamento e canse­quentes infestações das amêndoas po­dem ocorrer nos depósitos dos pro­dutores ou de intermediários, nos ar· mazéns de expOrtadores. nos IXJrtos, antes do embarque, ou mesmo durante o transporte prolongado, em navios. Para se evitar ou controlar infestações de pragas em amêndoas de cacau no Bra­sil, t~m sido utilizados, quase que ex­clusivemcnte, produtos fumigantes libe­radores de fosfina (Phostoxin, Gas­toxin, Magtoxin). Esses produtos são

Revistdl'lteobrorna 15(3). 1985

eficientes, relalivamente baratos, não deixam resíduos tóxicos a níveis peri­gosos após a aplicação, tendo como úni­co inconveniente o perigo de intoXJca­ção dos aplicadores, ou de pessoas pre­sentes no ambiente, n:ro só durante o manuse1o do produto, mas durallte todo o período de tratamento, uma vez que existe sempre o pengo do plás­tico utilizado na cobertura do matcnal tratado se encontrar danificado ou mal vedado.

Com o objetivo de encontrar outras opções para o controle e/ou prevenção das pragas de cacau armaLenado, Abreu ( 1979) comparou a eficácia de vários produtos para essa finalidade. Na oca­sião, além de produtos à base de fosfina,

Revista Theobroma 15( 3). 133 - 140. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, Brasil

Níveis residuais e persistência de pirimifós-metil em cacau armazenado 1

Paulo Romeu Fontes 8erbert 2, João Manuel de Abreu 2 e Saulo de Jesus Soria 3

Resumo

Aplica! ,n-<e 550 c 1100 mg de pmmifós·mctil p.a./60 kg de cacau, acondictonado em saco~ (tratam( nto I) ou formando camada> com aproximadamente I O em de espessura (tratamento 2). Aplicou-<;e o im.cticida extcrnan1~nte nos saco~ ou diretamente nas am~ndoas c mednam-sc os seu~ re~íduos por cromatografia em fa~c gasosa. a diferentes intervalo' após a ;ua aplicação, de­tcrminando-<;e a >Ua pcrsist<Encia. Encontraram-se. no tratamento 2, um dia após a aplicação do in>eticida, 5.1 e 10,6 ppm para as do1agen< de 550 e 1100 mg, respectivamente, 8 dias a pÓ'>, esse' n1'veis fmam reduzidos a cerca da metade (3,1 c 6,1 ppm, respectivamente). A partir daí, a queda do< nívcJ< residuais ocorreu lentamente. alcançando aproximadamente um terço do~ teores inictais 60 dias após a aplicação. Essa ráp1da redução inicial dos teores de ITdduos foi atribuída à< perdas por fotodcgradação c evaporaça:o do in;etielda inicwlmente depositado ,obre a.\ amêndoas, po;teriormente, apó1 a ab<orção pela gordura, o in<eUclda perdeu-;e mah kntamcntc, No tratamento I. os nív~i' de re<Íduos alcançaram valore1 bem mais baixos (0.15 c 0,28 ppm), no d1a seguinte á aplicação, para as dosagens de 55{) c 1100 mg, respectivamente. Ocorreu, entretanto. um aumento gradual entre o primeiro c o 309 dia, atingindo ~:.ses nívei; 0.25 e 0,47 ppm, respectivamente, no 30S' d1a. hto se deve à absorção pela~ améndoa; do in­>Cllnda retido no tecido do saco, no primelro m~s a pó~ a aplicação. Após o 30'? dia, ocorreu uma queda gradativa do> resíduo1 do imeticida conttdo< na amêndoa, akançando, 90 dia' apó' a aplicação. 0,10 e 0,21 ppm, re>peetivamente. Na, eondiçõe, e dosa~n~ utiliza(lal, os niveis residum< de pirimifós·m~til detectados ~m qualquer época, no tratamento I, e, apó~ o 110 dia, no tratamento 2, p<.Hiem ,er con~1derad01 accnávci<;, comidcrando-se a; tolerância' d~S<e in'ictic1da propo,tas pelo "Code"l: Alimcntanu1" para outro~ alimento~.

Pa/avra~-chave. Theohroma cacao, .1emcnte. m1et1~ida, pmm1fÓs-mct1l, resíduo

1 Trabalho apresentado ao IX Congresso Brasileiro de Entomo/ogía, 22 a 27 de julho de 1984, l.ondrina, Paraná.

2Divis<fo de Zoologia (D!ZOL}, Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), APT CEPLAC, 45.600, !tabuna, Bahia, Brasil.

JD!ZOL, CEPEC. Endereço ama/. EMBRAPA/CNPUV/BG. Rua Livramento, 515. Caixa Postal 130, 95. 700, Bl!nto Gonçalves. Rio Grandl! do Sul, Brasil.

Recebido para publicação l!m 25 de abril de 1985 133

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134 Berhert, Abreu e Soria

Residual leveis and persistence of pirimiphos-methyl in stored cacau

Abstract

n1~ r~'JdU<' levei' of pirimipho,-mdhyl werc dctermined ~nd th~ir per~11tence monitored b" .!':~' chromatography at dtffnrnt time> aftcr dos.:> of 550 and I 100 mg a.p./60 kg cacao bean> 1wrc apphed n.tnnallr 011 th~ b;1g' (treatmerH I) or directly on thr bcam, a layn of aproxl­matd) 10 ,·m (treatment 2). For treatment 2, levei~ of 5.1 and 10.6ppm were detected thc day afl<'f, for the do'J!!Cil' of 550 and 1100 mg/60 kg re~pe~tively The1c kvds wcre reduced about 50%, eight dar' ;1f!t'r thc applH:ation (3.1 and 6.1 ppm). Aftcr thc 8th day the residual leve h d!Tilltn'h~d ,l<_mly to onc thnd ot th~ inillallevcl\ at lhe 6Qlh day. The rap1d in1tial rcduction ,,.," attnhuwd to th~ ]o,, bv photodt·Jnadation and cvaporation of the m1ecticide imtially <kpmitt·d on tht: hc·an,, !.,.ter on. afwr ab;orption by the faL the im~ctJctde wa1 lost more ,]o,~ly. hH trc·aunc•nt 1 thc n:,tdual leve h reached tht· mt.Kh low~r value' of0.15 and 0.28 ppm. tlll' day aft~r applk;ttion for thc do,agL'' of 550 and 1100 mg/60 kg. rc:.peL·tivcly. A gradual incrca"' lKCUTJl'd trom thl' [>I to th<' 30th day. "hen lhe rc,id1.1al leveh reached 0.25 and 0.47 ppm. Thi1 \\'i! I attrihuted to thc absortlon ofthc lnsecticlili• hy the caca o hean1 from the bags fah­nc durmg thc first month aftcr thc application.After the 3oth day agradualloss of the rcsidue1 m·c·urn:d in thc bc·an, reaching re,tduals levebof 0.10 and 0.21 ppm. 90 da\'' ;tfter thc imcctJCJdc appltc.llton l"ndcr the <'Xperimcntal condit1om anti do,agel u,ed, thc rc;iduallcvchofpirimipho;­mcthyl Lkkct,·d at any time m the ca'e of trcated hag,_ and aftcr thc gth da} in the case of dlrec·t Jpphcanon to ht·am. can I* con,tdcrcd acc~ptable aL·cordmg to the tolerancn for thi' jn,cl"ttc·tdc prnpo1c·d by th~ ··cotlex Al!mcntanu,'· for Oth~r commoditie<.

Aey-~<·ords. Theabroma cacao. ~~~d. imcl"licJdc, pirim1pho,-nw1hyl. rc,1duc

Introdução

Amêndoas de cacau, como qualquer outro produto agrícola, quando armaze­nadas por longos períodos, estão sujei­tas ao ataque de pragas. Períodos pro­long-J.dos de armazenamento e conse­quentcs infestações das amêndoas po­dem ocorrer nos depósitos dos pro­dutores ou de intermediários, nos ar­mazêns de CX{Xlrtadorcs, nos portos, antes do embarque, ou mesmo durante o transporte prolongado, em navios. Para se evitar ou controlar infcstaçfics de pragas em amêndoas de cacau no Bra­sil, têm sido utilizados, quase que ex­clusivementc, produtos fumigantes libe­radores de fosfina (Phostoxin, Gas­toxin, Magtoxin). Esses produtos são

Rel'is-'heohroma 15(3). 1985

eficientes, relativamente baratos, não deixam resíduos tóxicos a níveis peri­gosos após a aplicação, tendo como úni­co inconveniente o perigo de intoxica· çào dos aplicadores, ou de pessoas pre­sentes no ambiente, na-o só durante o manuseio do produto, mas durante todo o período de tratamento, uma ve1. que existe sempre o perigo do plás­tico utihz.ado na cobertura do material tratado se encontrar danificado ou mal vedado.

Com o objetivo de encontrar outras opções para o controle e/ou prevenção das pragas de cacau armazenado, Abreu (1979) comparou a eficácia de vários produtos para essa finalidade. Na oca­siao, alêm de produtos à base de fosllna,

H.esiduos de pirimifós-metif em cacau annazenati< /J5

destacou-se, entre outros, a eficácia do püimifós-metil (0,0-dimetil 0-2 dicti-1 amino-6-mctil -4-pi ri nUdil f os f orotiona­to), mesmo quando aplicado aterna­mcntc nos sacos. O autor, na' ocasião, não determinou os níveis rL'Siduais, nem a persistência do citado inseti­c:ida nas amêndoas de cacau, apesar dos Jados indicarem efetividade superior a 6 meses. Para muitos outros produtos ~grícolas, entretanto, os nÍ\·cis resi­duais c a persistência do ptrirnifós-­mctil já foram estudados, variando estes ~randemente, de produto para produto c sendo normalmente maiores para ;cmentcs oleaginosas (Bowkcr c Hughes, I 974).

O efeito da temperatura c da luz na Jlerda de pirimifós-mctil em difc•rentcs ~.upcrfícics. por evaporação c fohJdegra­dação, respectivamente, foram estuda· das por Bowkcr c Hugltcs (1974). Esses autores verificaram, em superflcie loliar. um aumento de 25% na perda do crtado insctilida, quando a temperatura ambiente passou de 25 para 40 °C. Se­gundo os mesmos autores, se o in~cti­

cida for aplicado em superfícies Joliarcs c estas ficarem diretamente cxpost<Js à ação da luz, o pirimifós-mctil pode ser reduzido em cerca de 3 dias, a lO% do seu teor inicial.

:-.Ja recomendação do uso de qual­quer dcfensrvo agrícola, deve-se levar em conta, alêm da ct1cácia em rclaç;iu ao controle das pragas c da sua economi­cidade. a pcrsistCncia dos resíduos deixados pelo dcfcnisvo sobre a culrura ou partes tr<Jtadas da planta. Esses rc­st'duos, que I;ormalmrnte são tóXJcos ao homem, são, na maiona das veles,

absorvidos ou penetram no tct.ido vege­tal (Matsumura, 1976), não ~cndo pos· sível elinUná-los completamente pelo simples processo da lavagem nem duran­te o processamento do produto. A de­tcrmina~o dos níveis rcsH.Iuais de de­fensivos agrícolas nas partes das plantas utili?.adas na alimc·ntaç:Io do homem c de animais domésticos, a diferentes intervalos de tempo após a aplicação Jo defensivo é, portanto, essencial para orientar as ações governamentais no que se refere à proteí;<Io da saúde púbüca e do meio amhicnte. Tais in­formações são importantes como dados complementares dos aspectos toxicoló­gicos para estabelecimento dos limites de tolerância c intervalos de segu­rança (períodos de carCncia) para os diversos defensivos nas diferentes cultu­ras nas quais os nu:smos possam vir a ser utilizados (Galvao, s.d.).

Com base em estudos toxicológicos e dados referente~ a nívei~ residuais de pirimifós-metil em vários produtos agrí· colas, o grupo de especiaiistas da FAO/ WHO para resíduos de pesticidas, atra­vés do ''Codex Alimcntarius" (Joint FAO/WHO Food Standards Programmc, 1984 ). 1ecomenda como ingesi<To diária aceitável para o citado mscti.:ida 0.(/l mg,'kg de peso corpóreo/dia <-' propOe limite. máximos de tokrânci:-. de resl­duos d::5sc produto que vão desde 0.0:' ppm inv caso de carne, kite c ovo'J ~té 10 rrm (no caso dt" óleo de amen· Joim L )\;o caso e'.pccífko do .::acau. o limite j,:: toler:in..:ia para restduos de prrimifL·~·metil não foi Jinda proposto. nem a lii\rl nacronal nem internacional. uma vc~: que nad;, foi encontrado na li­teratura J esse respeito. Isto ccrtamen·

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/]6 Berbert, Abreu e Soria

te se deve ao fato do mencionado inse­ticida não ter sido, até o momento, lar· gamente utilizado nesse produto agrí­cola. nao se dispondo, portanto, de da­dos referentes a resíduos. Assim sendo, espera-se que o presente trabalho con­tribua com subsídios para orientar a t1xação de limites de toleráncia de resí­duos de pirimifós-mctil em amêndoas de cacau.

Material e Métodos

O pirimifós-metil foi utilizado no tratamento do cacau armazenado nas dosagens de 55 O e li 00 mg p .a ./60 kg de amêndoas de duas maneiras distin­tas: 1) aplicado diretamente nas amên­doas, e 2) aplicado externamente em to­da a superfíCie do saco, de juta, conten­do as amêndoas. Para a aplicação do produto diretamente sobre as amêndoas, o conteúdo de cada saco (60 kg) foi espalhado uniformemente em uma área de 2 m 2 , formando uma camada de aproximadamente 10 em de espessura. Em todos os casos. o inseticida foi apli· cado com o auxtlio de um pulverizador manual costal. util!zando-se 110 ml de solução por saco. quando a aplicação era fetta aos sacos, e 800 ml por 60 kg de améndoas quando a aplicação era feita diretamente nelas. Isto corresponde a 100 c 400 ml de solução por m2 de su­perfície externa de saco ou da camada de améndoas, respectivamente, consi­derando que os sacos utilizados pos· suem I ,I m 2 de área externa. Esse vo­lumes. em testes preliminares, mostra· ram ser suficientes para a solução co­brir convenientemente a superfície do saco ou das améndoas, sem provocar

Revis~eohroma 15(3). 1985

encharcamento. No caso do tratamen­to diretamente sobre as améndoas, estas fmam revolvidas continuamente durante a aplicação e. em seguida, en­sacadas.

O experimento foi realizado com quatro repetições, utilizando-se. por­tanto quatro sacos ou 4 x 60 kg de améndoas por tratamento. Todo o mate­rial tratado foi mantido em armazém no Centro de Pesquisas do Cacau e as coletas de amostras foram realizadas no dia seguinte ao da aplicaçaoe 8.15,30, 60e 90 dias após.

?\la ocasião da amostragem, cerca de 500 g de améndoas foram retiradas de cada saco por meio de um coletor de amostras ("furão") e conservadas em congelador a-- 20 °C até o dia da análise. Partindo-se das amostras iniciais, sub­amostras de 200 g de améndoas com casca foram congeladas em nitrogénio líquido e pulverizadas em desintegra­dor de laboratório Tekmar. modelo A-IO (Tekmar Company. Cincinnati, Ohio, P.O. Box 37202, USA), tornan­do o material mais uniforme e ade­quado para a extração dos resíduos. O método analítico ulilizado baseou-se no método da ICI (Bowker e Hughes, 1974) com algumas modificações. De cada amostra, após pulvenzaç.ão, foi retirada uma alíquota de 50 g para análise. Colocadas em erlenmeyer. ad.J­cionou-se 200 m1 de uma mistura de hexano e acetona (80:20), agitando­se, em seguida, por 15 minutos, em agitador tipo pulsante ("wrist action") modelo 75, fabricado pela Rurrell, Pittshurgh, U.S.A. Após filtrado atra­vés de papel de filtro de poros médios,

R esúhws d<" pmrmjó~ ml'ld em <·arau armaze,.ado

com ajuda de vácuo e de uma camada de celite S..J-5 o extrato fm ltanoferi· do para um fuHil de separação. lavado com 200 ml de água dest!lada. passado. em segmda. através de urna camada de sulfato de sódio e o insettcidJ. extraido com 3 x 50 ml de acetonitrila. Em se· guida, foram adicwnados j acetonitrila. 300 ml de uma solução de cloreto de só­dio a 5% e o in'ieticida reextraído com 2 x I 00 ml de hexano_ Após passado através de uma camada de sulfato de sódio. o hexano foi concentrado a 5 ml em evaporador rotattvo a vácuo a 60 oc e cromatografado. Para isso, utilizou-se um cromatógrafo CG. modelo 370, equipado com detector de chama alca­lina e coluna de vidro de I ,2m de com­primento e 2 mm de DI, contendo 10% de OV-17 em cromosorb WA WDMCS da Hp. As condições cromatográficas foram: temperatura da coluna. 215 o e; do vaporizador, 235 °C. e do detector ~45 or_ e a vazão do N. 60 ml/minuto O limite de· detecçào do método, nas condições de trabalho e quantidade de material utilil.ado. mostrou ser de 0,01 ppm. Testes prévios mostraram ser des­necessária a limpeza do extrato em co-

I una de florisil, antes do mesmo ser cro· matografado, uma vez que. mesmo não se utilizando essa técnica. os cromato· gramas apresentaram apena~ um ptco, correspondente ao pirimifó;-metil.

Resultados e Discussão

Em ambas as dosagens testadas (550 c li 00 mg/60 kg de amêndoas) quando a aplicaç:ro foi efetuada externamente nos sacos. verificou-~e uma tendéncia para um aumento lento e gradual nos níveis residuais. a partn do 8\-l dia, para

a menor dosagem. e a partir do 19 dta para a mamr (Quadro I e Ftgura 1). Esse fato se deve à absorção gradual pelas amêndoas do inseticida retido no teci­do dos sacos, nas primeiras semanas após a aplicação. O decréscimo. para ambas as dosagens, só começou a ocor­rer a partir do 309 dia, quando a absor­ção foi superada pela perda por evapora­ção e degradação do mseticida na amên· doa_ Isso, de certo modo, é comprccn­sivt:l, uma vez que as amêndoas de cacau contêm em torno de 55% de gordura e é b<Jstante conhecida a propriedade dos hpidios de reterem substâncias li-

l~uadro 1 · \"lv"is rc~idua•~ Jp pi• ÍC1ÍfÜ>-"leti1 lppm) ,·:u "m~<tda.1~ d<· <''"''"ar­r.lazenado, v:Íri<>• p~rÍodu~ .tpÔ•. ·' ;tpl .. nçao <lo Jnodicida. J1!li'io•., Bahl,"l, oc-t<·T:l­bru a de~embru d" 1'JR3.

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Revista Theobroma 15(3). 1985

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Res{duos de pirimifós-metil em cacau armazenado /]9

possolúveis, como Silo a maioria dos inseticidas.

Após o 609 dia, notou-se, em ambos os tratamentos e dosagens, uma queda mais acentuada nos níveis residuais, al­cançando estes, aos 90 dias, aproxima· damente a metade dos níveis alcançados aos 60 dias. Ê provável que isso tenha ocorrido devido ao expenmento ter sido iniciado no mês de setembro, tendo a amostragem com 90 dias sido realizada no mês de dezembro; o período, portan­to, após o 609 dia da aplicação, rePre­senta U' J. época de temperaturas signi· ficativamente mais elevadas que os pe· ríodos anteriores, o que deve ter acele­rado a degradação e evaporação do inse­ticida, o qual é bastante afetado por altas temperaturas (Bowker e Hughes, 1974).

Na aplicação diretamente sobre as amêndoas, foi observada uma queda brusca nos níveis residuais, entre o 19 e o 89 dias após ~• aplicação, quando estes caíram pàra quase a metade dos níveis iniciais, ou seja, de 5,1 para 3,1 ppm e de 10,6 para 6,1 ppm, para as dosagens de 550 e 1100 mg, respectiva­mente, com uma posterior diminuição, lenta e gradativa. Essa queda brusca ini­cial deveu-se ao fato do pirimifós-metil ser bastante fotodegradável (Bowker e Hughes, 1974), o que, juntamente com a evaporação, ocasionou a diminuição rápida do filme do inseticida inicialmen­te depositado na superfície das amên­doas. Posteriormente, parte desse inse­ticida penetrou na amêndoa, sendo absorvido pela gordura, ficando assim mais protegido da ação da luz.

Os níveis residuais de pirirmfós-metil detectados em amêndoas de cacau nas condições e dosagens utilizados no pre­sente experimento, em qualquer época, para o caso da ap]icaçilo externamente nos sacos, e após o 89 dia, no caso de aplicação diretamente nas amêndoas, podem ser considerados aceitáveis, uma vez que é de 10 ppm a tolerância deste inseticida proposta pelo "Codex Ali­mentarius" (Joint FAO/WHO Food Standards Programme, 1984) para o caso do óleo de amendoim. Essa acei­taçao, entretanto, vai depender natu­ralmente da legislação específica de cada país.

Conclusões

1. A aplicaça-o de pirimifós-metil ex­ternamente ao saco propicia um aumen­to nos níveis residuais nas améndoas até o 30? dia, quando enta:o estes começam a decrescer.

2. Quando o inseticida é aplicado di­retamente nas amêndo.ls, ocorre, logo nos prime1ros dias após a aplicação, uma queda acentuada, que se toma mais len­ta a partir do 89 dia.

3. Nas condições e dosagens utiliza-· dos, os níveis residuais de pirimifós-me· til detectados em qualquer época, para o caso da aplicação externamente aos sa· cos, e após o 89 dia, no caso da aplica­çilo diretamente nas amêndoas, podem ser considerados aceitáveis, consideran­do-se as tolerâncias desse inseticida pro­postas pelo "Codex Alimentarius", para outros alimentos.

Re~ista Theobroma 15(3). 1985

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/40 Berhert I hreu e Soria

Liter.rtura Citada

\lll~ 1 1 J M. de·. 1 ·_l/'}. Surv.·y. monitonn,· and o:h~Jm<.:al control o f m~ect mfe~tation~ in stored ,.,;,a<l, Bah•~. I'• .J!ll. l'hD. '\ hc'l'· Cl>lumhu~. <.,{,USA, Oh1o Statc Lmversity. ll6p.

llO\'.f\.11{. 1)_\l. ciEd IIU;nrs, II.E. '')'14. I'Jfllllll'hos-mcthyl: fatc m crop~. London, !Cl. 3.'~r- (Planl f'rotc·d1on LJmitcd AR 25l5A) (datJiogralado).

(,ALVÃO. v.M . •. d. l"atá!o"0 do~ <il"len~JVO~ ~J!rlo:olas. Brasilta, Departamento Nacional <k l'ro<HH;â<' \'qh'taL 'Jn;\âo de Drlesa Samtana Vegetal. 427p.

JO\N r I AO'WH!l 1·000 ~·I A~DARDS I'Rm;RAMME. CDDEX ALlMENTARILS COMMIS· SlO"'- 191<4. (,uid<· to wdcx n•o:ommJ•ndatiom. ooncerning pesucide resrdue~. li. Max·

1mut-:J lmÜI' for pc~tt~alc re~idu~l. Romc, I'AO,.WHO. l27p.

~A TSL'\!L'~A. r 1976. loxrcology of msecticides. Ncw York, P!cnum Press. 503p.

Revista Theobroma J 5(3): 141 - 154. 1985 Centro de Pesquisas do Olcau, Ilhéus. Bahia. Brasil

Desempenho de dois tipos de determinadores elétricos de umidade para o cacau

Evandro Sena Freire 1 e Lindolfo Pereira dos Santos Filho 1

Resumo A calibração de determinadores portáteis do tipo resistência e capacitância clétnca foi feita

para cacau, cobrindo faixas de umidade de 6,6 a 10,7% e 0,8 a 12,5%, respectivamente. Utilimu­sc como comparação o método da lntcrnational Organization for Standards {ISO), para cacau. Análise estatística dos resultados mo~trou que nào houve diferença sJgniftcativa, a nível de 5% de probabilidade, entre as respostas dos medidores do tipo capacitância elétnca, o que nâo ocorreu para os do tipo re~istência. Desvios de até 3,2% ocorreram em relação ao método de referência. Comparativamente, a precisão obtida com os aparelhos de capacitância foi também maior. Afe­rição periódica deverá ser feita a fim de que se possa acompanhar a estabilidade das leituras des· ses instrumentos c, então, calcular fatores de ooueçào para cada dcterminador.

Palavras-chave. Theobrnma cacao. ~cmcnte, d~terminador el~trioo, calibraçào.

Performance of two types of electric moisture meters for cacao

Ahstract

Portablc moisture meters of the electrical rcs1stance and capacitançc typcs were calibrated for cacau m the range of 6.6 to 10.7 %and 0.8to 12.5 %, respectivcly. The rcference method employed was thc moisture oven method for cacao of the Intcrnational Organi7,.ation for Stand­ards {ISO). The stall~trcal analysis of the rewlts showed no significant differcnce among lhe responscs of the capadtance type moisture metcrs. This was not observed for thc re~istance type, how~v~r. Dcviauons up to 3.2 %in rdation to the standard method wcre obtained. Comparative· ly, the preci~ion of the capacitancc meters \\--as also higher. Periodic checb mu~t be done in order to monitor the stability of the readmgs of these mcters and then calculai c correction factors for ea.ch meter.

Key words. Theobroma cacao, sced, moisture, elcctric meter, calibratíon

1 Divisão de Tecnologia e Engenharia Agrh"Olas. Cemro de Pesquisas do O:!cau, APT CEPI.A C,

45.600. ltabuna, Bahia. Brasil.

Recebido para publicaçifo em 29 de março de 1985 141

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142 Freire e Santos Filho

Introdução

Dentre os parâmetros de qualidade utilizados na dassiftcaç[o do cacau a ser comerclalizado, encontra-se o seu teor de umidade que é de fundamental lmportància, pois. numa transaça:o co­mercial, a umidade do produto é um dos fatores determinantes de preço. O co­nhecimento e controle da umidade s:Io também imprescindiveis na conseiVação da qualidade do produto.

Em operações de rotma, a detenni­naç:ro de umidade é feita empregando-se os chamados métodos indiretos, que se baseiam na mcdiçllo de uma caJacterís­tica do produto variável com a umidade nele retida. A condutância e a capaci­tânCJa elétricas são paràmetros que en­contram amplo uso nos denominados métodos elétricos. Estas características s:ro afetadas pela distnbuição da umida­de no produto, pela sua temperatura, densidade aparente e grau de contato da amostra com os elétrodos do instrumen­to. Isto faz com que determinadores elé­tricos estejam sujeitos a um maior grau de erro se não forem empregados de maneira adequada (Paulsen, Hill e Dixon. 1983).

A precisão que se pode obter com de­terminadores de umidade de leitura rá· pida, como os elétricos, varia consi­deravelmente de aparelho para apare­lho, embora muitos fabricantes ga­rantam uma precisífo de ± 0,5% base úmida 2 (Stevens e Hughes, 1966). Se­gundo o National Agricultura! Centre (s.d.), a precisão de determinadores de umidade não ê maior do que ± I a

!Ba'"' usada nc~tetrabalho.

'- Rel"isflllt(heohroma 15(3). 1985

1,5% e± I% para aparelhos do tipo con­dutância e capacitância elétrica, rcspcc­l!vamente. Os do primeiro grupo não são recomendáveis pelas suas altas sen­sibt.lidades a variações nas condiçoes de trabalho e temperatura (Traming Seminar on Cocoa Grading, 1973).

No Brasil, a umidade do cacau co­merciável é determinada empregando-se medidores de condutividade elétnca com calibraçãu para cacau. A faixa de umidade padrão para este produto é de 7 a 8%, nível bastante baixo quando comparado aos de outros produtos, como os cereais. Isto pode ser uma res­triçiio ao uso de determinadores de con­dutivídade elétrica para cacau. Pixton (1967) menciona o fato de que produ­tos com teores de umidade abaixo de 8 a 9% apresentam valores de resistên­cia elétrica mUltO elevados e que umida­des abaixo desta faixa nao silo fáceis de serem medidas.

Um estudo preliminar feito por Se­rôdio, Prado e Santos Filho (1981) mostrou haver uma grande variaça:o c discrepância entre leituras feitas com exemplares de medidores de condutân­cia e o método de referência da lnterna­tJOnal Organization for Standards (ISO), para cacau com umidade entre 7 e 8% e vizmhanças. Discrepâncias da ordem de -0,8 a+ 2,9% foram registradas.

O objetivo deste trabalho foi fazer uma investigação comparativa do desem­penho de dctenninadores de umidade por capacitància e condutância elétri­cas para cacau. Pretendeu-se tambêm obter uma nova opça:o para se deter­minar umidade através do estudo de determinadores de capacitància elétrica

Desempenho de deraminadorcs de um1dade para cacau 14J

e subsidiar o desenvolvimento de um programa de calibraçao de determma­dores.

Material e Métodos

Descrição e princípio de funcionamen­to dos detenninadores

Foram utilizados medidores de umi­dade elétricos, portáteis, das marcas KPM e OICKEY-Jolm, respectivamente dos tipos resistência e capacitància elétrica.

Os do primeuo tipo foram 30 um­dades do modelo Aqua-B:Jy, com calibração específica para cacau, faixa de umidade de 5 a 20%, e graduação de 0,5% e dispositivo especial para controle de pressão da amostra. Dados de preci­são e "exatidão", para estes aparelhos de ± 0,2% e ± 0,1 %, respectivamente, são fornecidos pelos fabricantes. A cor­reção da leitura de umidade com a tem­peratura da amostra não é feita.

No segundo grupo, foram usados três aparelhos novos do modelo IS-H~L A propriedade do produto que é medida por estes aparelhos ê a permitividade da amostra. que guarda uma relação não linear com o seu teor de umidade. No mterior da célula de prova do aparelho, encontra-se um elemento sensor para compensaçao automát1ca da leitura com as variações de temperatura da amostra em relaça:o à de referência (25°(). A faixa de melhor desempenho destes ins­trumentos, conforme instruçOes de uso, é de 16 a 38°C. Nenhuma indicaçao foi fornecida pelo fabricante quanto à precisão do instrumento; apenas que pequenas variaçocs entre lenuras, na

faixa O, l a 0,5, podem ocorrer dev1do a variaçoes no acomodamento do produto dentro da célula e que a ··exa­tidão" máxima é obtida tomando-se a méd!a de três le!luras sucessivas.

Procedimento e análise dos dados

O produto usado nos testes foi ca­cau seco c parcialmente seco, fermenta­dos normalmente e oriundos de varie­dades não especificadas. Foram utili­zadas amostras de aproximadamente 0,5 kg, das quais foram extraídas as quantidades necessárias para os deter­minadores e o método de comparação. Para os determinadores DICKEY-John, as amostras foram inicialmente agrupa­das em catcgonas de um!dade, utilizan­do-se um determinado r KPM preVJamen­tc aferido, e acondicionadas em sacos de polietileno para equillbrio de tem­peratura e redistribuição de umidade.

Cacau com umidade dentro das fai­xas I (menor do que 7% de umidade) e III (maior do que 8% de umidade) foi obtido pela secagem em secador de laboratório e estufa, com ventilação forçada, às temperaturas de 80 a JI0°C, respectivamente. A classe II representa a faixa de umidade aceitável (7 a 8%) para o armazcnan1cnto do cacau seco. Por 1sso deu-se maior ênfase às umida­des dentro de seus limites e aos valores exteriores próximos destes, visando de­finir melhor o comportamento dos de­terminadores com relação ao cacau co­mercial. Foram feitas 48 observaçoes, na faixa de 0,8 a 12,5% de umidade, sendo cerca de 40% delas no intervalo de 6,5 a 10,5%.

O produto ut!lizado na aferiçao dos

Revtsw Theobroma 15(3}. 1985

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'" Frárc c Sanlos hllw

Jctcrmmadorcs KPM - Aqua-Boy foi rtli\St.'guidn de modo 1d~ntico. Todav1a, apenas t.:HH.:o teores de umidade foram usados: 6.6; 7,4; 8,1; 9,4 e 10,7%.

O número l!c rcpctiçOcs feitas para os mcthdorcs de e<~pacit:incia foi de três, scntlo elevado para cinco no caso dos de resistência, dado a ocorrência de maiores desvios entre suas leituras, ob­scrv;Jda em testes preliminares. Em am­bos os tipos, no entanto, estas rcpeti­\:{ics ·foram !Citas renovando ~t:mprc o cacau na célula de prova dos aparelhos. O método laboratorial comparativo foi o da lntcrnational Organization for Standards (1970), sendo cada dctcr­rninação repetida três vezes e a diferença máxima aceitável entre réplicas de 0,3% de unúdadc.

As médias de repetições dos dados oriundos das determinações de umida­de com os dois tipos de medidores c o método de referência (ISO) foram submetidas à análise de regressão li­near. As suposições de distribuição normal das leituras dos aparelhos e de desvio padrão constante c independen­te da umidade da amostra foram toma­das como verdadeiras. A n:ro linearida­de entre leituras de determinadores do tipo elétrico e umidade é esperada c a transformação de variáveis pode induzir a uma aproximação à normalidade (Snedecor e Cochran, 1978).

A suposiçlo de que a umidade do produto dado pelo ISO nào esteja sujei­ta a erros foi também tida como válida. Este método está sujeito a erros, os quais t'oram considerados desprezíveis em comparação com os associados às

Rcr•ista'Wieohroma /5(3). 1985

leituras dos dctcrminadores. A precisão do método da ISO, dada em termos da vanação média das repetições em tor­no da média destas, é menor do que ± 0,13% de umidade para cacau com cerca de 7% (Serôdio, !turbe e Prado, 1981 ). ~esmo que esta precisao seja menor para outras umidades, a suposi­ção feita acima é aceitável em experi­mentos de laboratório, ainda que se uti­lize mstrumcntos ou métodos de baixa precisão (Snedccor c Cochran, 1978).

Tendo em conta o grande número de aparelhos KPM - Aqua-Boy testados c a maior variabilidade esperada de seus resultados, a análise estatística destes se resumiu à análise de regressão. Para os detcrminadores DICKEY-John, fez-se também uma análise de variância usan­do-se o procedimento descrito por Brownlec (1965) para comparação de vJrias curvas. Nesta análise, três lupó­teses foram testadas: os três conjuntos de dados satisfizeram a três equações diferentes; satistlzeram a três retas para­lelas não coincidentes; ou ainda, os da­dos puderam ser ajustados a uma única equação. O discernimento entre das foi feito pelo teste de Fischer.

Unútes de confiança a nível de: 95% de probabilidade foram calculados pela exvressão dada por Snedecor c Cochran (1978),

x= x

( __!__ + m

onde:

tsy . x ±

b

( I )

Desempenho de determina dores de umicklde para cacau 145

' (X - X)/b

X umidade

'"' amostra (% b.u.)

b coeficiente de regressão

valor da distribuição de t a 5%

de probabilidade c n - 2 graus

de liberdade.

Sy '= erro padrão de estimativa

m número de repetições

n número de observações

Resultados e Discussão

Desempenho dos detenninadores de ca­pacitãncia elétrica

Os resultados obtidos com os deter­minadores J)1CKEY-Jolm são mostrados na Figura I, onde se observa um acen­tuado grau de não llnearidadc das res­postas dos aparelhos em função do teor de umidade das amostras de cacau. Há, no entanto, uma certa linearidade para umidades na fa1xa de 5 e 8%. Verifica-se também que houve bastante sintilari­dade entre os dados obtidos com as três unidades testadas

A precisão de um instrumento é uma medida de sua capacidade de reproduzir resultados para uma mesma amostra, o que pode ser avaliado pelas variações en­tre suas leituras. Os desvios máximos ocorridos entre as repetições de um mesmo aparelho variaram com a umi­dade da amostra. Para teores de umida­de abaixo de I 0%, não foram observadas discrepâncias acima de 0,5 da unidade de leitura, sendo a grande maioria menor ou igual a 0,4. Os desvios máxi­mos entre as leituras dos três aparelhos seguiram tendência semelhante aos ante-

riores, porém atingiram valores superio­res a I ,0. Desvios menores do que O,S da uniJade de leitura, só foram observa­dos para umidades abaixo de 5%. Su­pondo que estes desvios têm distribui­ções normais, as suas médias seriam iguais às suas medianas, c a repetibili.da­de dos aparelhos, individualmente, seria superior ± 0,25 da unidade de leitura para teores de unúdade abaixo de I 0%. Entre aparelhos, no cntaJJto, a prccislfo seria menor (cerca de± 0,5 para mesma faixa de umidade).

A dificuldade de se medir baixas umi­dades com este tipo de determinador pode ser visualizada na Figura 2, onde a sensibilidade do aparelho é dada pelo inverso do comprimento da faixa (am­plitude) de variação da untidadc corres­pondente a uma mesma leitura. Obser­va-se que a sensibilidade aumenta com a untidade, estabilizando-se acima de 7%, mesmo assim, para um valor de am­plitude de variação da unúdadc relativa­mente alto de até 1 ,3%. Isto significa que, acima de 7%, o aparelho pade in­dicar a mesma leitura para duas amos­tras com umidades próximas (7 e 8,3%, por exemplo).

As equações de regressão obtidas para os trCs deternúuadorcs, calculadas para a faixa de unúdade de 5 a 12%, por ser esta mais representativa de situações práticas. foram bastante próximas, prin­cipalme,,tc para os aparelhos I c 2. Isto é compr"vado pelos resultados da análi­se de variância (Quadro I) que mostram que, a 5% de probabilidade, nenhuma das variâncias s~, s; e s!, corrcspondeu­tcs às ltipóteses testadas, diferiram da variância das retas individuais (s~).

Revista Theobroma J5(3j. 1985

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14h

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Freire e Sanws Filho

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DICKEf_lohn 2

DICKEV_John 3

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Figura 1 - Re~ultados de determinações de um1dadc com os m~didorc~ DICKEY -John e estu­fa pelo método da ISO.

Re•·is'ft/!:._eohroma 15( 3)- J 985

I

Desempenho de determinodores de umidade poro cacau 147

~ < o > , < o

• o , • o • > <

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10,0 20,0

LEITURA DO DETERMIN.\OOR DICKEY-JOHN

Figura 2 - Vanação da umidade indicada pelos dctcrminadores DICKEY-John em função das sua~ leituras.

A expressao geral obtida com R2

=0,9615foi:

QnY=l,l295 + O,l577X

O intervalo de confiança para 95%de probabilidade e o gráfico desta equação estão representados na figura 3.

Desempenho dos determinadores de eondutância elétrica

As médias calculadas para estes de­terminadores apresentaram valores de desvio padr<Io que variaram de um mí­nimo de ± 0,06%, a 8,1% de teor de

umidade, e um máximo de ± 0,8%, a 10,7% de unúdade (Quadro 2).

A Figura 4 dá uma visão geral da va­riação dos desvios dos medidores, em relação ao método da ISO para os cinco teores de umidade considerados. Verifica-se que o comportamento dos aparelhos foi influenciado pelá umidade do produtv, tendo havido uma tendên­cia para apresentarem desvios positivos (erros por excesso) para as umidades mais baixas e vice-versa; esses desvios va­riaram entre + 1,9 e- 3,3; as amplitudes de variação dos desvios aumentaram

Re1-isra Theobroma 15(3}. 1985

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'

148 Frcin: r Somos Filho

Quadro 1 ~ Anâlis" de variância para comparaçao cntrc o~ medidon•s d<· umida­de DICKEY- John.

Soma Graus Fonte óe variaçiio óe ,, Quadrados

Valores ,, ,. quadrJ.dos I iberdade

mêdio~

Entre ' " Desvios das mêdias dos grupos em relação ãs sua~ ret3s de regressão

Entre inclinaçÕes in­dividuais b

Em relação ãs reta~ individuais

Em relaçiio à reta de regressao total

Devido à ret.~ de regressão total

Total

0,0237 •'

0,0037 •' ;

0,0042 2 •' '

0,9930 •' '

1,0246

0,1577

26,6438

0,0217 s' sl

' ' . 3,2027 n.s.

0,0037 s'l ~' ; '

. 0,5000 ll,S,

. 0,0021 s 1 /s' 0,2838 n.s .

' '

0,0074

0,0074

0,1577

0,1903

inc-linação da reta qu~ pas~.; pelas médias dos grupos.

inclinação de retas paralelas não ~oincidente~.

inc.linação de r~tas n:io paralelas.

n.s. não significativo a 5! de probabilidade.

com a unúdadc das amostras, tendo sido de 3,0 c 3,1% para as unúdades de 6,6 c 7,4%, respectivamente, e atingindo 4,5% para o teor mais elevado (10,7%).

Considerando o desvio aceitável de .± 0,5%, apenas cinco deternúnadores apresentaram resultados desejáveis para todos os teores de unúdade usados. Para as umidades de 6,6 c 7 ,4%, os números de medidores com leituras na faixa acei· tável foram de 18 e 13, respectivamente, mostrando que menos da metade dos

Rll'.ta Theobroma 15(3). 1985

deternúnadores testados deram respos­tas satisfatórias quanto ao teor de unú­dadc exigido no armazenamento e co· mercialização do cacau. O comporta­mento de algumas unidades é mostrado na Figura 5 através de comparação com o método prático de referência (ISO). Pela sobreposição das curvas apresen­tadas, nota-se que estes medidores ti­veram desempenho bastante irregular. Os deternúnadores do tipo capacitância apresentaram uma unifornúdadc mais

Desempenho de determinadorei de umidade para cacau 14Y

~c.c

lo~' 1,12!U t 0.1~77X

• o o • z

• • • " • o o o

• • , " • "

20,0

10,0

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,,,l.,jl.----.-----------------------r----------------------,----' '·' 10,0

TEOR DE UhiiOAOE DE CACAU(% b.u)

Figura 3- Curva de calibração do~ determinadores de umidade DICKEY-John.

acentuada. A repctibilidade obtida com estes foi também mais elevada, como se observa pela comparação das Figuras 2 c 4. Em parte, este desempenho pouco satisfatório da maioria dos medidores KP.\1 testados poderá ser atribuído ao tempo e à intensitlade de uso na classi­ficação tlo cacau.

No Quadro 3, são apresentados os coeficientes de regressão (a, b) c de de­terminação (R 2 ) de equações lineares

ajustados aos resultados de cada medi­dor KPM - Aqua-Boy. Apenas os qua­tro teores de umidade menores foram utilizados nesta análise por ser a umida­de de 10,7% elevada para os propósitos a que se destinam estes aparelhos.

Conclusões e Sugestões

Comparativamente, os detcrminado­res de umidade de capacitância apresen­taram melhor desempenho em relação

Revista Theobroma 15(3). J'J85

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~ Quadro 2- Valorps mêdios, desvios padrão e coeficiente de variaçào das mediçÕes de umidade feitas com os deterrnin_!!. ' ~- dores KPM - Aqlla-Boy

~ ~ Teores de umidade {b,u.)

a De terminador 6,61: 7,4:t 8' 17. 9 ,4:t to,n:

~ " ~

' o.P. c.v. i D.P. c.v. i D.P. c.v. i D.P. c. v. i D.P. c. v.

" "' ' 6,3 0,27 4,3 6,6 O, Jl 4,7 6,8 0,27 3,9 7,4 0,14 ',9 7,5 O,ll 1,5 ~ 7 6,5 0,29 4,5 6,9 0,32 4,6 7,2 0,29 4,' 8,4 0,33 3,9 10,1 0,48 4,8 ~

~ 3 7 ,c o ,36 5,, 7,6 0,44 5,8 7,7 0,46 5,9 9,7 o ,43 4,6 4 6,6 0,52 7,9 7,4 O,t>3 8,5 7,4 0,37 5,0 9,7 0,42 4,3 12,0 0,54 4',5 5 6,5 0,15 2,4 6,8 O, 30 4,3 6,9 0,26 3,8 8.' 0,50 6,2 11' 1 0,52 4,7 6 6, 7 0,50 7. 4 7 ,4 0,64 8,6 8,0 0,62 7. 7 9,9 0,47 4,7 11,9 0,80 6,7 7 6,4 O, 38 5,9 6,8 0,25 l, 7 7,3 o ,55 7,6 9,7 0,55 5,8 8 7. 2 0,41 5. 7 7 ,l o ,42 5. 7 7,8 o' 31 4,0 8,5 0,39 4,6 10,0 o, 18 '.' 9 7,9 0,36 4,6 8,2 O, 30 3, 7 8,4 0,27 1,2 9,3 0,27 7,9 10 ,B o, 36 l,l

w 6,9 0,54 7. 9 7. 5 O, 34 4,5 7,8 o, 39 5,0 8,9 0,52 5,8 10,5 0,39 3. 7

" 7,8 O, 39 5,0 8,6 o, 37 4,4 8,7 o, 30 3,5 9,5 0,13 ',4 9,6 o, ll 1,1

" 6,3 o ,27 4,3 6, 7 0,42 6,3 6,9 0,34 5,0 8,4 0,43 5,7 11 ,1 0,42 3,8

" 5,6 o, 38 6,7 6,4 0,46 7. 3 6,5 0,50 7. 7 8,4 0,51 6,, ll, 1 0,32 7,9

" 5,5 0,16 3,0 5,8 0,13 2,3 6,' o, 25 4,' 7,3 o, 29 4,0 9,3 O, 27 7,9

" 6,' o, 26 4,3 6,4 0,28 4,4 7. 7 O, 34 4,3 9,9 0,42 4,3

" 8,5 O, 35 4,2 8,9 0,34 3,9 9.' 0,28 3,, ". 7 O, 19 2,0 10,3 o ,07 0,7

" 6,5 o. 35 5,4 7 ,O 0,47 6, 7 7,4 0,40 5,4 '·' o' 31 3,5 10,0 0,57 5,7

" 8,, 0,22 3,6 7,3 0,45 6.' lO, 2 o' 76 7,4

" 6,7 0,24 3,9 6,8 0,40 "' 6,8 o ,35 5,7 8. 7 o ,30 3,7 10,1 0,42 4,1 20 6,3 o, 25 4.' 6,7 0,40 5,8 6,9 0,36 5,7 8,5 0,55 6,5 11,3 o ,45 3,9

" 5,9 0,06 ',o 6,7 0,30 4,5 9.' 0,46 5,0 22 7.' o ,30 4,1 7,6 0,49 6,5 7,5 0,42 5,3 9,6 0,44 4,6 23 6,7 0,19 3,2 6,5 O, 36 5. 5 6,9 O, 30 4,3 7,9 0,39 5,0 10,0 0,39 3,9 24 6, o o, 29 4,8 6, 5 o, 31 4," 6, 7 o, 26 3,8 7,5 0,13 ,,8 7,9 0,14 7,0 25 7,3 o, 30 4,' 7. 4 0,38 5.' 7. 7 o ,32 4,2 8,9 o ,27 3.' 10,2 0,19 ,,9 76 7,0 o, 35 5.' 7,5 0,47 6,3 7. 7 o ,39 5,, 8,9 o ,38 4,2 10,7 0,38 3,6 27 6,0 0,41 6,8 6, 7 0,46 6,9 6,5 0,44 6,4 8,3 0,35 4,3 10,2 0,44 4,4 78 6,6 0,22 3,4 7,0 0,36 5.' 7. 7 o' 35 4,8 e,6 0,24 2,8 10,4 0,24 7,3 79 7,0 o, 35 5,' 7,1 0,41 5,7 7,5 0,37 5,0 9,0 o, 33 3,6 10,5 o' 19 ,,9 ;o 8,5 0,34 s.~ 7 ,O 0,48 6," 7. 2 0,23 3,7 7. 7 0,26 3,4 8,0 o' 11 ',4

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~ -~ TEOR DE UMIDADE, ISO {o/ob.u_)

figura 4 - Variação dos dew1os observados nas leituras dos dcterminadorcs KPM Aqua-boy para os cinco !<'ore' de umidade h·,tado<.

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TEOR DE UMIDADE DE CACAU (% b u)

Figura 5 - Comparação de alguns determmadOies KPM Aqua-boy com o método ISO.

Rel'ista ._,bromo 15(3}. 1985

Desempenho de determinadores de umidade para cacau 153

aos de condutância ou resistência elé­trica testados. A maioria destes não sa­tisfez plenamente aos requisitos de um dctcrminador para classificação de ca­cau. Deste modo, conclui-se que estes aparelhos não devem ser utilizados sem o uso de tabelas de calibração específi­cas para cada instrumento.

O método de capacitância elétrica pode ser usado para cacau com maior confiabilidade; a sua adoção, porém, terá que ser feita tendo-se em conta que algumas adaptações nos aparelhos testados poderão ser necessárias. Estas estão relacionadas com certas caracterís­ticas físicas da amêndoa do cacau como tamanho c densidade aparente.

Testes de calibração para ambos os tipos de detcrminadores deverão ser feitos periodicamente a fim de que se possa assegurar o devido rigor nas medi­ções de umidade, principalmente com aqueles empregados na classificação do cacau.

Dada a importância do cacau na gera­ção de divisas, toma-se necessário desen­volver um programa de pesquisa de me­didores de umidade que permita esta­belecer um sistema de ca!ibração apro-

Quadro 3- Coeficientes da~ expres­soes lineares de calibraçãu du~ trinta determinadores de umidade KPM"- Aqua-Boy.

Determinadores

IT' Coeficientes

l 4,3065 0,3096 0,9527 2 0,4187 0,8769 0,9592 ) 1,8628 0,7635 0,9378 4 -2,5750 1,3264 0,9503 5 -1,2535 1,0822 0,8602 6 -2,0794 1,2867 0,9854 7 -1,3478 1,1934 0,9164 8 +2,3796 0,6849 0,9406 9 3,0219 0,6988 0,9409

10 1,0619 0,8600 0,9752 11 5,2117 0,4299 0,9029 12 -1,8580 1,1538 0,9121 l3 -J,5187 \,3174 0,9425 14 -0,9942 0,9235 0,9349 15 -2,7979 1,1599 0,9571 16 5,6415 0,4335 0,9970 l7 0,5498 0,8756 0,9884 18 -6,9564 1,5769 0,9458 19 -0,4639 0,9531 0,9443 20 -2,2318 1,2054 0,9118 21 -4,3359 1,2308 0,9231 22 1,0552 0,8882 0,9448 23 -0,!908 0,9112 0,9315 24 2,9625 0,4689 0,9851 25 2,0567 0,7397 0,9457 26 0,8617 0,8884 0,9517 27 -0,8629 1,0051 0,9651 28 0,0918 0,9318 0,9487 29 0,8253 0,8809 0,9518 30 4,2705 0,3566 0,9721

priado para este produto. Tal sistema possibilitará um melhor controle, afe­rição e uso mais acurado destes instru­mentos.

Agmdecimentos

Os autores agradecem ao Sr. l:duardo Luiz Fernandes dos Santos pela dedicada colaboração, necessária nas determinações de umidade. Ao Dr. Airton Pinhr.iro Romeu pela revisão do texto final c a Sra. Jaoc Borges do Nascimento pelo paciente trabalho Je datilografia.

Literatura Citada BROWNFE, K.A. 1965. StatistJcal theory and methodology in science and engineering. 2 ed.

New York, John Willcy & Sons. 590 p.

JNTFRNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDS. 1970. Project de recommandallon

Rerista 11leobroma 15(3). 1985

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Revi~heobronuz 15(3}. 1'J85

Revista Theobroma 15(3}. 155 -- 157. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, l!héus, Bahia, Brasil

Cacao snails in Bahia, Brazil - corrections and additions (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata)

Pedrito Silva 1

Abstract

NOTA

Corrections, notes and new records are madc on the followmg <pecie, of sna1ls a~sociated with cacau tree (Theohroma cacao L.), name!y Cochlorina navicula (Wagner, 1827), Auris bilabiata (Broderip & Sowerby, 1829), Odontosromus (0.) exesus (Spix, 1827), Mega/ohu/imus vaienciennesii (Pfeiffcr, 1824), P/ekucheilus (Endolichotis) g/ahra voluta (Gmelin, 1791), Drymaeus onager (Beck, 183 7), and Helicina variabilis Wagner, !827.

Key words: Theohroma cacao. snail, Ga~tropoda, Pulmonata

Caracóis do cacaueiro na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata)

Resumo

Correçõe,, notas c novos registrm são feito~ sobre as ~egumtes c~pécics de caracóis as~ocia­das ao cacaueiro (Theobroma cacao L.), a saber, Coch/orina naricula (Wagner, 1827), Auris bilahiata (Brodcrip & Sowerby, 1829), Odontostomus (0.) exesus (Spi.>.., 1827), Mega!ohulimus va/enciennesli (Pfciffer, 1824), Plekocheilus (Endolithotis) glabra l'Oiuta (Gme!in, I 791), Dry­maeus onager (Beck, 1837) eHe/icína variabilis Wagner, 1827.

Palavras-chave. Theobmma cacao, caracol, Ga1tropoda, Pulmonata

Introduction

A review of literature, for a paper on snails of agricultura! importance in the Cacao Region of Bahia, revealed that Bondar (1922, 1925) reported the fol­lowing species of snails associated with the cacao tree (Theobroma cacao L): ''Drymacu~ nasicuta Wagn., Odontos­romus exesus Spin., Drymacu-> sp.".

Soon thereafter, Bondar (1929) listed. "Aoris cilabiata Sowerby ~~ Broder" as harmful to the cacao tree. Lastly, Bondar (1939) pointed out "Drymacus na.l'icuta Wagn., OJontostomus exesus Spix", "Aorii hilabiata Sowerby & Bro­derip", .'nd Borus oratus Mull" as damaging to the cacao tree.

Entwistle (1972), dealing with cacao

1Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC}, APT CEPLAC. 45.600, Jtahuna, Bahia, Brasil.

Recebido para pub!icaçiTo em ó de fevereiro de I ':185 155

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I 51l Si/r a

snails and quoting Bondar ti 939) says: ''For instance in Bahia. Bral.il. Dr:vmacu.1 nasicura Wagn .. Odontostomw e.n';;us Spix. and more rarely ""Aoris hilahiata

Sow. Brod. eat !caves. bark and young pods".

The following corrections of ty­pograplúcal errors and notes are made on the above mentioned taxa as wel\ as the addition of species related to general subject of this note: (l) the correct generic name is Drimaeus and thf species is naricula Wagner. 18~7. presently assigned to Cochlorina nm•i­cula (Wagner. 18~7): (~) the correct spelling is Auris bilabiata (Broderip eX Sowerby. 18~9), !isted for I111éus and Una. Ballia: (3) the typical species is Odontostomus (0.) exesus (Spix. 1827). with the subspecies or vanety O. (O.! exesus :onatu.1· (~oricand. 1841). oc­curing respectively in Canavieiras and Belmonte. Bahia, (4) Borus oratw; :'vlull is synonymous o f Jfegafobulimw orarw. (MUller. 1774), collected in Bahia and Rio de Janeiro. whose geographic distri­bution extends throughout eastern Bra· zil. Dr. J.l. Moreira leme (personal

communication ). who is studying the neotropical Strophocheiloidca. besides actualizíng the nomenclature of B. ora­tus. observed that. if it is lhe same onc collected by him in the Cacao Region (BA). it must be a misidentification for thc specimens he has is Megalohuflinus

ralenciennesii (PfeitTer. 1842). Matenal cotlectcd by the present author in cacao plantations ofCEPEC'. !1héus, (BA). was tentatively identified by Dr. Leme in 197~. on conchological fcatures. as Srrophocheilus sp .. and reccntly cor­rected by him toM. l'afenáenncsii.

During I Q60 and 1970. thc following species of snails associated with cacao tree and identified by Dr. R.T. Abbott. were col!ected by the present author lll

the municipalities of Bucrarcma. Coara­ci. ltamari, Uruçuca, and Una, State of Bahia: Auris gfabra (Gmelin. 1791). assigncd hy Breure (Jl:09) to Plckuchei· lus ( Elldolidwtis) glabra mluta ( Gmelin. 1791): Drimaeus onager (Beck. 1837): He!icina rariabifii Wagner, 1827. and its colored forms, having as synonyms

11. jàsciata Sowerby, H. fiara Spix, and 11. ro.>ea Anton.

Acknowledgments

I 1hank Dr. José L. \foreira Leme. \fu,c'U de Zoolo::na. l"nin•rsidad~ M São Pauto. Braz1l. for the nomenclatura! re,·iqon of lhe 'pe.:ie, here ~Orré"'Ctcd and Dr. R.T. Abbott. Delaware \lu,~um of :-.IJtural Hi<lor). l'.S.A .. for the Jdent1fication of thé"' ~pecics colleé"'ted by the pusent author.

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REVISTA THEOBROMA

v. 15 Outubro- dezembro 1985 N?4

CONTEÚDO

A chuva como agente de disseminação do mal rosado do cacaueiro. E.D.M.N. Luz, A.M.F,L. Campêlo e R.A.C. de Miranda 159

Níveis residuais de BHC em amêndoas e na superfície externa dos frutos de cacau a diferentes intervalos entre a aplicação e a colheita. P.R.F. Berbert ---- 167

Comparação de fontes fosfatadas no desenvolvimento da seringueira no Sul da Bahia. E.L. Reis e P. Cabala-Rosand 177

Eficiência de fungicidas no controle de Microcyclus ulei in vitro e in vivo. A. F, dos Santos e J.C.R. Pereira 185

Avaliação econômica da pesquisa, ensino e extensão agrícola desenvol-vidos pela CEPLAC nos Estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- Atualização. A, Monteiro 191

Taxa de decomposição de folhedo de dez espécies de árvores nativas no Sul da Bahia, Brasil, S.G. da Vinha, A,M. de Carvalho e L.A.M. Silva 207

Índice de Autores 111

Illdice de palavras-chave XIII

Agradecimentos aos revisores XXI

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REVISTA THEOBROMA

v. 15 October - Decemher 1985

CONTENTS

Rainfall as dispersing agent of the pink disease of cacao (in Portuguese). E.D.M.N. Luz, A.M.F.L. Campêlo and R. A.C. de Miranda

Residual leveis of BHC (HCH) in cacao beans and cacao pod surfa~e at different intervals between insecticidc application and harvest (m

Portuguese). P.R.F. Berbert

Comparison of phospnate from different sources on the growth of Hn•ea rubber in southern Bahia, Brazil (in Portuguesc). E.l. Reis and

P. Cabala-Rosand

Efficienc of fungicides in the contra! of Microcyclus ulei in ~·itro and in vivo (i~ Portuguese). A. F. dos Santos and J.C.R. Pereira

Economic evaluation of the agricultura! research, teaching and extcnsion developed by CEPLAC in the statcs o f Bahia and Espírito Sa~to in the period o f 1957 to !984 - an update (in Portuguese). A. Montetro

Decomposition rate of the litter o f ten species of trees in South Bahia, Brazil (in Portuguese). S.G. da Vinha, A.M. de Carvalho and LA.M.

Silva

Author index

Kcy word index

AcknoW'Iedgements of reviewers

N'?4

159

167

177

185

191

207

111

XIII

XXI

RePísra Theobroma 15(4): 159-166. 1985 Centro de PesquiS<Zs do Cacau, Ilhéus, Bahia. Brasil

A chuva como agente de disseminação do mal rosado do cacaueiro

Edna Dora Martins Newman Luz1, Anna Maria Freire Luna útmpét0 1 e

Ricardo Augusto Calheiros de Miranda 2

Resumo

Avaliou-se o papel da chuva na dispcr~ão dos basidiósporos de Corticium salmonicolor nos cacauais. Analisaram-se amostras da água purcolada ao longo do tronco (stemflow) e pelos espa­ços entre a copa do cacaueiro (throughfall) a distância~ de 30, 90 e ISO em do tronco, em área experimental com cacaueiros h1bridos de 8 anos de idade, apresentando uma incidência natmal de mal rosado de 49%. As amostras foram agrupadas por precipitações diurnas e noturnas. Os resultados obtidos durante um ano demonstraram que os coletores do tipo stemflo'-" e pluviôme­tros (throughfall) colocados a ISO em do tronco captaram maior número de basidiósporos. As chuvas fracas ( < I ,S mm) e de curta duração ( < 2 horas) apresentaram maior número de propá­gulos por an1ostra coletada, em todos os coletores utiliZados. Em fevereiro, março, abril, julho, setembro c outubro, encontrou-se maior quantidade de basidióspows por amostra de água. Con­clui-se que o papel da chuva é relevante na dispersão do inóculo primário mas não atua como pnncipal agente de dis'iCminação do mal rosado durante seu período de maior atividade.

Palavras-dwve. 1heobroma rucao, COI"ticíum sa/monicolor, disseminação, chuva

Rainfall as dispersing agent of the pink disease of cacao

Abstract

The role of rainfall in the dispersjon of the basidiospores of Corticium salmonicolor was analysed. The Wdter analysed was coliectcd in stemflow and throughfall gaugcs among cacao trces, 30, 90 and ISO em apart from thc cacao trunk. Thc experimental arca, an 8-year old hybrid caca o plan tatwn, had a natural h~gh incidencc o f 49% o( ptnk disease. The water samplcs werc grouped as diurna! and nocturnal rainfall. A year's data showed that the greater number of basidiospores was found in the .1tcmflow eo\lcctors and the pluviomerers located ISO em frorn the trunk. Weak rains ( < !.S mm) and of short duration ( < 2 h) have thc greater number of sporcs in the samples for ali the collectors. The !arger number of basidiosporcs per rain sample

1 Divisão de Fitopato/ogia, Centro de Pesquisas do Cacau, APT CHPLA C, 45600, ltabuna, BahÚJ. Brasil.

2 Divisão de C/inuuo/ogia, CEPEC

Recebido paro publiwçào em 22 de iulho de /985 159

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160 Luz, Campelo e Miranda

occurred in February, March, April, July, September and October. Thcsc data indicatc that rainfall plays an important pari in thc dispersion of the initial inoculum, but is not the principal agent o f pink disease dt~semination during its pcriod o f major activity.

K~y words: 171eobroma caca o, Corticium sa/monicOIOF, inoculum dispcrsion, rainfall

Introdução

Ü! basidiósporos de Corticium salmo­nicolor são, indubitavelmente, a princi­pal forma de disserninaçlio do mal rosa­do em uma plantação de cacau. Entre­tanto, o que tem sido relatado na litera­tura sobre o processo de disseminação destes propágulos no campo, em relação ao cacaueiro, estava fundamentado uni­camente em suposições (Briton-Jones, 1934; Wellman, 1972).

A expansão da incidência de mal ro­sado nos cacaueiros da Bahia, nos últi­mos anos, justificou uma série de estu­dos sobre a epidemiologia da enfernú­dade, buscando esclarecer a importância dos fatores climáticos e ambientais no desenvolvimento e propagação do mal rosado (Luz et al., s.d.; 1984).

A disseminação dos propâgulos in­fectivos dos pa tógenos da maioria das enfermidades das plantas cultivadas só ocorre sob a aç:ro de uma fonte de ener­gia para remover o inóculo da superfície onde ele foi produzido (Gregory, 1968). Esta energia poderá ser gerada pelo pró­prio in óculo (auto-impulsionado) ou por agentes externos. Entretanto, a dissemi­nação ativa ocorre nos fitopatógenos em freqüSncia muito menor que a passiva, que requer a ação de agentes externos, sendo, portanto, a mais importante (Me­redith, 1973; Stakman e Harrar, 1963). Entre os agentes externos mais freqüen­temente envolvidos com o fenômeno da

Revista Theobrorruzl5(4). 1985 .....__

disseminação de propágulos infectivos, o vento, a água e o homem são considera­dos os mais atuantes.

Ensaios realizados na Malásia, envol­vendo a dissenúnação do mal rosado em seringais, demonstraram que os basidiós­poros de C salmonicolor dispersam-se abundantemente dos galhos infectados uma hora após a chuva, sendo então maior a sua captação por meio de arma­dilhas aéreas (Rao, 1973). Isto sugere a atuação dos dois fatores correlacionados - chuvas e ventos- na disseminação da enfermidade no campo.

Visando esclarecer qual ou quais fa­tores estão envolvidos na dispersão do mal rosado nas plantações de cacau, rea­lizaram-se experimentos, estudando a ação da chuva como agente dispersante dos basidiósporos de C. salmonicolor.

Material e Métodos

A área experimentai, com elevada incidência natural (49%) de mal rosado (Luz et al., 1984), estava localizada na Quadra G' do Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, e constava de ca­caueiros h1bridos com 8 anos de idade, espaçamentos 3 x 3 m, e parcialmente sombreados com Erithrina glaum. Os coletores foram colocados em árvores escolhidas ao acaso e retiraram-se amos­tras da águapercolada pelo tronco (stem­flow) e pelos espaços existentes na copa do cacaueiro (throughfall).

Para o stemflow, utilizaram-se 15 co-

Mal rolado do cacaueiro: disseminação pe/4 chuva 161

letores de alumínio flexível (90 x 7 em), fixados ao redor do tronco de 15 cacau­eiros (área da copa de 7 m1) e posicio­nados a 80 em do solo, Esses coletores estavam fixados como uma espiral ao redor do tronco por meio de pequenos pregos e o contacto tronco-coletor veda­do com massa adesiva própria para cala­fetação.

Os coletores throughfall- 12 pluviô­metros de PVC (Miranda. 1982) - fo­ram instala'tlos sob a copa de um único cacaueiro e permaneceram fiXOS neste local durante a realizaçã" ti,.. ~xperimen­to e outros 12 colocados svtJ um cacau­eiro, escolhido ao acaso, a cada intervalo de uma semana. Os pluviômetros esta­vam posicionados ortogonalment.e a dis­tâncias fixas do tronco de 30, 90 e 150 em, respectivamente.

As contagens de basid.iósporos foram feitas por pancadas de chuva, diurnas e noturnas, retirando-se uma amostra con­junta dos quatro coletores localizados a cada distância e também de todos os co­letores do stem.fl.ow. Após a homogenei­zação das amostras, retiraram«: 10 alí­quotas de cada amostra para serem exa­minadas ao microscópio. De cada alí­quota, eram lidos lO campos escolhidos ao acaso (ocular 10 x), procedendo-se a contagem do número de basid.iósporos de C. salmonicolor encontrados por campo de microscópio. A amostragem realizou-se pelo período de um ano con­secutivo (setembro/83 e setembro/84).

Resultados e Discussão

Analisando cumulativamente os da­dos obtidos durante um ano, verificou-

se que as amostras que apresentaram maior número de basidiósporos foram oriundas de coletores stemflow e dos pluviômetros (throughfall) localizados a 150 em do tronco dos cacaueiros (Figura I). Este resultado era esperado, uma vez que as crostas rosadas, onde são fonnados os basidiósporos de C salmonicolor, encontram-se na super­fície dos galhos, sendo, portanto, natural que a água que percola ao longo do tronco arraste consigo alguns destes propágulos.

e válido ressaltar que, do total de chuva precipitada sobre o cacaueiro, 18% é interceptado e, posteriormente, retoma à atmosfera por evaporação; 80% chega ao solo através das gotas que penetram diretamente entre a copa do cacaueiro enquanto 2% é escoado pelo tronco (Miranda, s.d.).

As chuvas mais fracas (>0,1 o;;;; 1,5 mm) e de curta duração (<2 horas), as mais freqüentes na região, foram as que possibilitaram a captura de maior núme­ro de propágulos infectiVos por amostra analisada, em relação a todos os coleto­res utilizados (Figuras 2 e 3).

As amostras coletadas nos meses de fevereiro, março, abril, julho, setembro e outubro apresentaram maior número de basidiósporos de C salmonicolor, em relação às demais (Figura 4). Estes me­ses, com exceção de julho, corrcspon­dem aos períodos que antecedem ou su­cedem imediatamente o pico de maior freqüência e severidade da enfermidade junho, jullio e agosto (Luz et al., 1984; 1985), Isto indica que a chuva não é o principal agente de disseminação da enfermidade, confirmando os dados

Revista n!eobrorruzl5(4). 1985

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162 Luz, Ctlmpe/o e M/1'tlntk

Figura 1 - Representação setorial das porcentagens de basidiósporos de C ralmonicolor cap­tados por cada tipo de Coletor stcmflow e throughfal! (distâncias de 30,90 e 150 em de tronco). CEPEC, setembro Ue 1983 a setemblo de 1984-.

obtidos por Almeida e Luz (1984; 1985), que comprovaram a disseminação do mal rosado pelo vento,através da captu· ra de basidiósporos em annadilhas cilín­dlicas e laminares, durante os meses de março a outubro

Entretanto, se o vento é o principal agente de disseminação do mal rosado, a

Re~ra Theobroma 15(4). 1985

chuva também exerce um papel relevan­te neste processo. Em experimentos rea­lizados anteriormente, estudando a so­brevivência de C salmonicolor em cam­po e laboratório (Luz, 1982 ), verificou­se que o maior número de basidiósporos eram coletados quando se fazia uma atom.izaçâo prévia (24 horas antes) dos

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Mal rosado do cacaueiro. Jisseminafão pela chu~a

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F ra 2 _ Di.stribuiçiodcnúmeroméd.io de propágulos de C. salmonicolOT captados por classe :ie ch:a e rreqüênda de ocorrCncía CEPEC, setembro de 1983 a setembro de 1984.

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Re~ista Theobroma 15(4). !985

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164 Luz, CDmpe/o e Mi1'QIIdtl

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Figura 4 - Distribuição mensal da captUJa de basídiósporos de C salmonicolor pelos coletores stemflow e throughfall móvellocalilado a !50 em da copa, comparativamente ao comportamento da enfcrmidade na mesma área. Média de 4 anos de coleta de dados (Luz et ai. 1985).

galhos que apresentavam crosta rosada. A água livre, representada pelo orvalho e pela chuva fina, é fundamental na formação e liberação dos badisiósporos de C. salmonicolor, que são então disse­minados pelo vento. Este processo é freqUente em numerosas enfermidades de origem fúngica onde a água de chuva atua diretamente na liberação e germina· ção dos esporos (Meredith, 1973).

De acordo com os dados ora obtidos, a chuva atua como agente de dissemina-

Re"*'tp Theobronw 15(4). /985

ção do mal rosado não somente dentro da copa do cacaueiro (de um galho para outro), através da percolação e dos res­pingos contendo basidiósporos, como também entre plantas vizinhas, uma vez que os coletores localizados a 150 em do tronco foram, dentre os do throughfall, os que mais captaram propágulos infectivos do patógeno.

ObseiVou-se ainda que houve maior freqüência de captura de basidiósporos no período diurno, quando ocorriam

Mal rosado do cacaueiro: disseminaçaO pela chuva 165

chuvas de pequena intensidade por vários dias. Porém, quando decorriam alguns dias sem chuva, detectou-se

maior número de basidiósporos nas amostras de água que caíram durante a noite.

Agradecimentos

Os autores expressam seus agradecimentos sinceros à técnica em laboratório Cenilda da SilV'd Serra e ao auxiliar de meteorologia Antonio Gomes Galvão. pela valiosa colaboração prestada no deooJTer dos experimentos .

Uteratura Citada

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Rev•~tfl 111eobromD JJ(4J: 161 - 176. 1985 Centro de Pe~qulau do C1101U, ilhéus. &hitl, Brusil

Nfveis residuais de BHC em amêndoas e na superflcie externa dos frutos de cacau a diferentes intervalos

entre a aplicação e a colheita

Paulo Romeu F. Berbert 1

Resumo

Determinaram-se os níveis residuais de BHC na superfície das cascas dos frutos e nas amên­

doas de cacau a diferentes intervalos de tempo entre a aplicação de insetiCJda e a colheita do fru­

to. O experimento foi realizado em período relativamente seco e repetido em período chuvoso.

Utilizou-se cromatografia cn, f. , ~oasosa para identificar e quanbficar os resíduos. Os resultados

mostram que, no período seco, nas cascas, o nível residual caiu de 0,1 para 0,05 c 0,01 ppm em

8 e 30 dias, respectivamente, e, nas amêndoas, de 0,1 para 0,05 ppm em 8 dias. No penodo chu· voso, o nível residual caiu de 0,08 e 0,6 ppm para 0,02 e 0,07 ppm nas cascas e amêndoas, res­pectivamente, em B dias. Trinta dias após a aplicação, para ambos os períodos, observou-se um aumento significativo no teor residual de BHC nas amêndoas. Esse fato pode ser atribuído à absorção e translocação do inseticida remanescente no solo e na parte aérea do cacaueiro e seu acúmulo nas sementes.

Palllvral-chllve: TheobromD cacao, fruto, semente, casca, inseticida, BHC, resíduo

Residual leveis of BHC {HCH) in cacao beans and cacao pod surface at different intervals between i.-lsecticide application and harvest

Abstract

Cacao pod surfacc and cacao beans were analysed for the presence of BHC (HCH) residues

at different intcrvals between its application and fruit harvesting. Thc expenmcnt was carried

out during a rclatively dry pcriod and was repeateú in a rainy period. For identification and quantifiçation of the residues, gas chromatography tcchniques were used. On thc pod the residual

levei during lhe dry period feU from 0.1 to 0.05 and 0.01 ppm within 8 and 30 days respectively and m lhe beans from O. I to 0.05 ppm within 8 days. Dunng the ra.m period lhe leveis fell from 0.08 to 0.02 ppm on the pod surfacc and from 0.6 to 0.07 m the beans witlun 8 days. For both, rainy and dry periods, a significant increasc in lhe leveis in the beans was obscrved 30 days aftcr thc BHC applimtion. This can be attributed to absorption, transloca!ion and accumulation in the beans o f the insccticide remaining on the aerial put o f til e plant and in thc soil.

Key words: TheobromD cacao, pod, secd, husk, insecticide, BHC, residue

1 Divisão de Zoologia, Centro de PesquiSils do Cacau, APT CEPLAC, 45600, ltabuna, BtzhW, Brasil.

Recebido para publiCtlçiio em 4 de fevereiro de 1985 167

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168 Berbert

Introdução

Os resíduos tóxicos deixados nas culturas após o tratamento com defensi­vos agrícolas tém preocupado, cada vez mais, pesquisadores e autoridades liga­das às áreas de saúde humana e de con­taminação ambiental (Edwards, 1973; McEwen e Stephenson, 1979 · Glasser 1979; Lutzemberger, !982; Joint FAOj

'WHO Food Standards Progranune, 1984; Galvão, s.d.).

A identificação e quantificação de resíduos de defensivos agrícolas nas par­tes das-plantas utilizadas na alimentação do homem ou de animais domésticos a diferentes intetvalos de tempo da a;li. cação do defensivo, são essenciais para orientar as decisões governamentais no que se refere à proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Esses dados, junta­mente com outros de natureza toxico­lógica (tais como a ingestão diária acei­tável), são a base para a fiXação dos limi­tes de tolerância e do tempo de carência para os diversos defensivos agrícolas para cada cultivo em que os mesmos são utilizados {Puga e Mello, 1982). Atualmente, no Brasil, dados dessa natureza são necessários, inclusive para fms de registro de novos produtos a se­rem utilizados como defensivos agríco­las (Galvão, s.d.).

Apesar do BHC ter sido empregado na cultura do cacau, no Sul da Bahia por mais de 20 anos e ser um inseti~ cida bastante persistente no meio am­biente, onde sua completa degradação só ocorre após períodos superiores a 5 anos (Menzie, 1972; Edwards, 1973; Matsumura, 1976 ), nunca foi realizado um estudo sobre os resíduos deste inse-

Reri(a Theobroma 15(4). 1985

ticida neste cultivo. Isso se deve, em parte, ao fato de que, na cultura do ca­cau, o BHC começou a ser utilizado no início da década de 60, quando, no Bra­sil, estavam sendo instalados os primei­ros labontórios capazes de realizar aná­lises de resíduos de defensivos agrícolas. Junte-se a isto o fato da legislação bra­sileira sobre o assunto, naquela época, ser ainda bastante vaga, omitindo infor­mações específicas como nÍveis de tole· rância, tempo de carência e ingestão diá· ria aceitável (Galvão, s.d.). Somente a partir dos últimos anos da década de 60 é que foram baixados, no Brasil, os de~ eretos e portarias mais específicos e cria­dos grupos de trabalho especialízados, com a finalidade de orientar as autori­dades no sentido de estabelecer normas para melhor controlar o uso de defensi­vos e suas conseqüências relativas à con­taminação do ambiente e dos alimentos (Stellfeld, 1981 ).

A falta de dados específicos e condi­ções para obtê-los em tempo hábil para atender aos decretos existentes teria levado os grupos de trabalho a fixarem no Brasil, no caso do BHC em cacau, uU: limite de tolerância de 0,001 ppm e um tempo de carênCia de 14 dias (Galvão, s.d.), limites estes que se mostraram pos­teriormente demasiado baixos, haja vista que os níveis médios nonnalmente en­contrados nesse produto se situam entre 0,05 e 0,2 ppm (lntemational Office of Cocoa and Cnocolate, 1980; Berbert e Cruz, 1985).

Tem-se pesquisado a possibilidade de utilizaçao de cascas de frutos de cacau na alimentação de bovinos (De Alba e Basadre, I952; Adeyanju et ai, I975;

Rutduos de BHC em amêndoas e cascas de frutos de cacau 169

Uamosas, Pereira Soares, 1983). Esses estudos têm-se baseado somente nos aspectos de nutrição e aceitação por parte dos bovinos. Sob o ponto de vista toxi­cológico, entretanto, deve-se levar em conta que, nos países onde se utilizam defensivos organoclorados nessa cultura, essa prática se torna inadequada, devido à poss~bilidade de contaminação da car­ne c do leite dos animais por resíduos desses defensivos (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaucira, 1982} A utilização de BOC em plantas a serem uti­lizadas na alimentação de bovinos é proi­bida no Brasil desde 1976 (Galvão, s.d:).

O presente trabalho teve como objeti­vo verificar os níveis de contaminação das amêndoas e cascas de frutos de cacau a diferentes intervalos de tempo após a aplicação do inseticida.

Material e Métodos

Uma área de cerca de meio hectare, com cacaueiros adultos, foi tratada com I6 kg/ha de BHC, pó seco, contendo 1,5% de isômero gama, concentração e dosagens usualmente recomendadas na região cacaueira da &hia até o ano de 1983, no combate às pragas do cacauei­ro em geral. Na aplicação do inseticida, utilizou-se uma polvilhadeira costal mo­torizada.

O experimento foi realizado em duas fases: na primeira, as amostragens foram feitas I, 8 e 30 dias após a aplicação do inseticida. Face aos dados obtidos, deci· diu-se repetir o experimento (segunda fase) com algumas modificações no esque· ma original, ou seja, as amostras foram, então, retiradas I, 8, 15, 30, 60 e 90 dias após a aplicação do inseticida. Nos 30

dias da primeira fase, e nos primeiros 60 da segunda, ocorreram precipitações de 58 e 236 mm, respectivamente. Esses períodos podem ser considerados relativa­mente seco e chuvoso, respectivamente, para a região.

Em cada época de colheita, foram obtidas quatro amostras, representadas cada uma por oito frutos colhidos em quatro cacaueiros (dois frutos por ár­vore). As sementes foram retiradas dos fmtos no local da colheita, conforme prá­tica usual na região. As sementes e cascas dos frutos foram, então, levadas para o laboratório, para fermentação e secagem, no caso das sementes, e posterior análise. Para a fermentação, as sementes foram colocadas em erlenmeyers de I 000 ml de capacidade; a seguir, adicionaram-se 20 ml de extrato aquoso de sementes de ca­cau entre o segundo e o quarto dia de fermentação. As sementes eram agitadas ocasionalmente e foram conservadas em estufa a 35 °C durante as primeiras 48 horas e, em seguida, a 50 °C por 3 dias. Uma vez fermentadas, foram espalhadas em bandeja de alumfuio e, então, secas a 50 °C até conterem 7% de umidade, conforme prática comum na região.

Os resíduos de BHC foram extraído~ de cada amostra das cascas frescas dos frutos logo após a colheita, por lavagem externa de 250 ml de acetona redestila­da. Os extratos foram apenas filtrados, concentrados e injetados no cromató­grafo sem limpeza adicional. As amên· doas fermentadas e secas foram conserva­das em congelador a - I5 °C até o dia da análise. No dia anterior à análise, cada lo­te de amêndoas foi deixado a secar a 40 °C, por 12 horas, a flm de se eliminar

Revista Theobroma 15(4}- 1985

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170 Berbert

a umidade absorvida durante o período de congelamento; foram cntào congeladas em nitrogênio líquido, inteiras e com a casca, e trituradas a pó, utilizando-se um triturador de laboratório tipo Tekmar. modelo A-10 da Janke & Kinkel GMBH &COKG. Ikawerk Staufen. A lO g do pó resultante foram adicionados IOOml de hexano redestilado e o inseticida foi ex· traído agitando-se por 15 minutos em agitador tipo "wrist action" da Burrel, Pittsburg, PA. O extrato foi centrifugado e uma alíquota de 50 ml retirada e sub­metida a partição com acetonitrila, con­forme o método da AOAC (Association o f Official Analítica! Chemists, 197 5). O extrato foi então concentrado a 5 ml e injetado no cromatógrafo. Testes pré­vios mostraram que, para o caso de análi­se de resíduos de BHC em amêndoas de cacau, a limpeza adicional do extrato em coluna de fiorisil pode ser dispensada sem prejuízo para a análise, uma vez que ne­nhum interferente natural da amêndoa, nas condições utilizadas, ocorreu na fai­xa de saída dos isõmeros do BHC.

Para identificação e quantificação dos resíduos do BHC, utilizou-se um croma­tógrafo da CC modelo 370, equipado com detector de captura de elétrons, fon­te de níquel 63 e coluna de vidro de 2 mm de diâmetro interno e 1,2 m de comprimento, contendo chromosob W­AWD.MCS, 80/100 malhas, impregnado com 10% de OV-17. As temperaturas de trabalho foram: estufa 200 °C, detector 240 °C e vaporizador 220 °C. A identi­ficação dos picos emergentes foi feita através de testes de superposição com pa­drões puros de cada isómero de BHC. Na qualificação, utilizaram-se medições

das áreas dos picos problemas comparan-

R8iuo Theobrom4 15(4). 1985

do-as com áreas de quantidades conheci­das dos padrões.

Resultados e Discussão

Os níveis residuais, no período seco, 8 dias após a aplicação do BHC, baixaram para a metade dos encontrados quando a collieita se deu 1 dia após a aplicação, tanto nas cascas dos frutos como nas amêndoas (Quadro 1), Trinta dias após a aplicação, os níveis, nas cascas dos frutos, baixaram para 0,01 ppm, e, nas amên­doas, elevaram-se para 0,2 ppm, ou seja, o dobro da concentração encontrada I dia após a aplicação. No período chuvoso, o nível residual diminuiu mais acentuada­mente do 1? para o 8? dia do que no se­co, ou seja, aproximadamente 4 e 9 vezes inferiores ao inicial para as cascas dos fru­tos e amêndoas, respectivamente (Quadro 1). Scmelliantemente ao período seco, os teores, que continuaram caindo continua­darnente nas cascas dos frutos, começa­ram a aumentar nas amêndoas após um determinado período. Esse aumento teve início após o !5? dia e alcançou valor má­ximo (0,8 ppm) no 60? dia, quando o nível máximo chegou a ultrapassar a contaminação alcançada 1 dia após a apli­cação. Noventa dias após a aplicação, o nível de resíduos _já era bastante baixo, ou seja, igual ao detectado no 8? dia (0,07 ppm).

O nível residual inicial mais elevado para as amêndoas na fase chuvosa deve-se provavelmente ao fato de se terem dis­posto as amêndoas, após a sua retirada dos frutos, sobre folhas de bananeira co­lhidas no local de aplicação do insetici· da e, portanto, altamente contaminadas; trata-se de uma prática usual na região,

Resfduos de BHC em amêndoas e cascrH de frutos de cacau 171

Quadro 1- Niveis residua1s de BKC- totu1 de io,r1rlero<, :Dpm), media de qua-tro ~·epetiçoes -em(~sc~>de frutos (peso fresco) e amêndoas de Lacau (pe;o seco) a diferentes intervalos entre a aplicacao do TnsetTcida e a colheita dos frutos.

Niveic ~esiduais

Intervalo Periodo secoa Periodo chuvosob

Casca Amêndoa Casca Amêndoa

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8 0,05

15

30 0,01

60 _c

90 _,

''jane1ro de 1983 (58 rrm/30 dias).

bJunho e julho de 1983 (118 lllll/30 d1as).

cNao foi

d < O, 01

realizada a colheita.

apesar de não se ter atentado para esse detalhe e o mesmo não ter sido incluído na fase seca do experimento.

Além desse tipo de contaminação, até o s<? dia, as amêndoas teriam sido também contaminadas principalmente pelo contato manual entre as cascas dos frutos e as sementes durante a quebra dos frutos e a extração das seml!ntes.

O aumento dos níveis residuais ocor­ridos nas amêndoas após o 15? dia da aplicaça:o seria devido à absorção pelo e<~caueiro do BHC depositado no solo e ao seu acúmulo na semente, que é a par­te oleaginosa da planta. Isto é, de certo modo, compreensível, uma vez que a li­teratura refere-se ao BHC como um inse­ticida com alguma capacidade de trans-­locaÇà"o (Lichtenstein et al.,1967; Talekar e Lichtenstein, 1971; Finlayson e Mac Càrthy, 1973). Matsumura (1976) relata qlle alguns inseticidas clorados, como o

C, I O o, 08 0,60 0,05 0,02 0,07

' tracosd o, 10 0,20 0,20 _,

0,80

0,07

BHC, apesar de sua baixa solubilidade em água, podem ser absorvidos pela planta e trans1ocados para as partes aé­reas e, sendo inseticidas lipossolúveis, a sua tendência é acumular-se nas gorduras. Se houve, por outro lado, absorção ou não do inseticida pelas cascas dos frutos, isso não foi detectado, uma vez que o método de extraÇà"o utilizado para as cascas foi o de lavagem externa com sol­vente. Noventa dias após a aplicação; a maior parte do inseticida, depositado no solo, no local do experimento, teria se perdido, principalmente por lavagem e percolação, por efeito das águas das chu­vas, daí o seu decréscimo nas sementes dos frutos colhidos nesta época. Como a degradação de clorados, inclusive BHC, em condições ambientais, é bastante len­ta (Edwards, 1976), mio seria, portanto, este 0 principal responsável pela relativa­mente rápida diminuição dos teores resi-

Revista TheobromD 15(4). 1985

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!72 Berberr

duais nas cascas dos frutos c amêndoas de cacau. Além da degradação, tem-se que considerar o carreamento do inseti­cida pelo vento, orvalho, insetos e, prin­cipalmente, pelas águas das chuvas, que, no período mais chuvoso, foi certamen­te 0 principal fator da descontaminação

ambiental local.

Outro fato importante, observado na análise das amêndoas, é que, apesar de se terem apresentado os dados de resíduos em forma de BHC total, por ter sido esse o objetivo do trabalho (Quadro I), a metodologia analítica uti­lizada permitiu identificar e quantifi­car os isômeros separadamente. Isso pernútiu observar, durante os cálculos do HHC total, que o isômcro alfa, o qual representa 66% do total dos cinco isômeros do BHC, está presente em maior proporção nas cascas e amên­doas até o 8? dia, quando a contami­nação é devida a contato direto com o inseticida; e também que, a partir do 15? dia, o isõmero beta, que correspon­de a apenas 8% do total dos isômeros do BHC, passou a predonúnar nas amên­doas e manteve essa tendência até o 90? dia (Figuras I e 2). Steinwandter e Sch.luter (1978) referem-se a esse isô­mero como o mais persistente dentre os isômeros do BHC, sendo a forma para a qual todos os demais tendem a se con­

verter.

A tolerdncia para resíduos de isôme­ros gama de BHC em cacau, segundo o Codex Alimentarius (Joint FAO/WilO Food Standards Programme, 1984), é de I ppm; ainda acima, i>Ortanto, dos níveis mais altos detectados no presen­te trabalho.

Revi~d. Theobroma 15(4). 1985

Observando os dados obtidos nesse trabalho (Quadro 1), verifica-se que, até 60 dias após a aplicação do BHC, as amêndoas ainda continham níveis resi­duais de até 0,8 ppm, que, apesar de inferiores, se encontram mtúto próxi­mos do limite de tolerância intemacio· nal para o lindane em cacau, que é de I ppm, segundo o Codex Alimentarius (Joint FAO(WHO Food Standards Programme, 1984). Isso sugere um tem­po de carência para o BHC e/ou Undane em cacau não de apenas 14 dias (Galvao, sd.), mas de um período superior a 60 dias.

Conclusoes

I. Os níveis residuais de BHC caíram sensivelmente, tanto nas cascas dos fru­tos como nas amêndoas, nos primeiros 8 dias após a aplicação do inseticida, principalmente em período chuvoso.

2. Enquanto os níveis residuais, nas cascas dos frutos, decresceram continua­mente, nas amêndoas, esses níveis, após o 15? dia, começaram a aumentar, alcançando, aos 60 dias, valores que ul­trapassaram os alcançados no dia se­guinte ã aplicação.

3. Enquanto a contanúnação inicial das amêndoas se deu durante a quebra do fruto, por transferência manual do inseticida a partir das suas cascas, os altos níveis residuais que ocorreram nas amêndoas, entre o 30? e o 60? dia, seriam devidos ã absorção e acUmulo das sementes do inseticida depositado na parte aérea da planta e no solo.

4. Os níveis mais elevados de resí­duos de BHC nas amêndoas de cacau,

Resfduos de BHC em amêndoas e cascas de frutos de cacau 173

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Figura I - Níveis residuais dos diversos 1sômcros de BHC em amêndoas de cacau a diferentes

intervalos entre a aplicaçao do inseticida c a colheita dos frutos (período seco).

Revista Theohromt.~l5(4). 1985

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30 40 60

N?de dios após a aplicaçl!"o do inseticida

. Figura 2 - Níveis res~duais dos diversos !Sômcros do BHC em amêndoas de cacau a diferentes tntcrvalos entre a aplicaçao do inseticida c a colheita dos frutos (período chuvoso).

detectados no dia seguinte e no 60? dia após a aplicação do inseticida, encontra­ram-se ainda abaixo do limite de tole­rância sugerido pelo Codex Alimentarius (FAO/WHO) para o lindane (isõmero gama do BHC).

Revis ... heobroflU115(4). 1985

5. Inicialmente, houve predominân· cia do isômero alfa do BHC; a partir do 15~ dia, o principal isômero detectado foi o beta.

6. Tendo em vista a tolerância para

Residuos de BHC em amêndws e cascas de [rntos de cacau I 7S

o Jindane em cacau recomendada pela FAO/OMS e considerando-se a proxi· midade dos níveis residuais detectados com essa tolerância, sugere-se um perío·

do de carência para o BHC e/ou lindane em cacau, não de apenas 14 dias, con­forme recomendação atual no Brasil, mas de um período superior a 60 dias.

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Rev~~heobroma 15(4)- 1985

Revtsw fhto~Koms 15(4):1 77-184. 1985 Cmtro dt PtJquJ•J do Cacou, Ilhéus, Bahia, Bra1U

Comparação de fontes fosfatadas no desenvolvimento da seringueira no Sul da Bahia 1

Edson Lopes Reis2 e Percy Cabala-Rosand2

Resumo

Foi av.tliada a eficiência agronômica de fontes fosfatad.as no desenvolvimento da seringueira. AP.licaram-se diferenMs adube., t "..f.r.tados numa plantação recém-formada com o clone MDF 180, no município de Camamu, Bahia. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 12 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos conesponderam a uma testemunha absoluta, urrja testemunha relativa e seis fontes fosfatadas: superfosfato triplo, farinha de ossos e fosfatos de Araxá, Marrocos, Patos e Gafsa (hiperfosfato). À exceção da testemunha absoluta, e de um tra­laJilento em que se aplicou, isoladamente, superfosfato triplo, aplicou-se, concomitantemente, ni­trOgênio, potássio e magnésio nas formas de (NH4) 2S04, KO e MgS04, respectivamente. Os res!lltados obtidos, em termos de circunferência do tronco, nos três primeiros anos, mostram efei­tos significativos para o superfosfato triplo e para o fosfato de Gafsa na dosagem de 90 kg ha -I de P20 5, quando adic.ionado com nitrogênio, potássio e magnésro. Discu~m-se as modificações químicas ocorridas no solo bem como as variações dos teores de nutrientes nas folhas da serin­gu~ira em função dos tratamentos.

PaJtlVraH:have: HevetJ brasi/iensis, adubação mineral, fósforo

Comparison of phosphate from different sources on the growth of Hevea rubber in southem Bahia, Brazil

Abstract

The efficacy of phosphate fertilizers from different sources on the development of rubber trees was evaluated. Plants of the clone MDF 180, newly established in Camamu, Bahia, Brazi], were used. A random block design was used with 12 treatments and fom replications. The treat­mer.ts were a control, a r ela tive control and six different phosphate sources: triple superphospha­te, bone meal, and Araxá, Marrocos, Patos and Gafsa rock phosphates. With the exceptlon of lhe control and a treatment in which only the triple superphosphate was used, the treatments

1 Trab4lho apresenrado no IV Seminário Nacional® Seringueira, 54/vador. 10 a 16 de ;unho de 1984. Ree~mos do Convênio SVDHEVEA/EMBRAPA/CEPLAC 2 Divisão de GeociinciDs, Centro de Pesquisas do Cacau, APT CEPLAC. 45.600. ltabr,ma, Bahia, Brafif.

Recebido para pub/icaçiio em 13 de agosto de 1984 177

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178 Reü e Dllxlla-RoSilnd

received ai the same time nitrogen, potassium and rnagnesium as (NH4) 1so4, KQ and ~>1gS04 respectively. The resulu of the first three years show signlficant effect~ for triple superphosphate on trunk girth growth and also for Gafsa phosphate rock at 90 kl; ha of P20 5 when nitzogen, potassjum and magnesium were added. Olemical changes in the soil as weU as Variation of nu­lrient contents in lhe rubber leaves in relation to the treatments are discussed.

Key words: Hev~ brasiliensis, mineral fertilization, phosphorus

Introduçlo

Na Malásia, o aumento vertiginoso do consumo de adubos fosfatados pela cul­tura da seringueira tem mostrado a im­portância do fósforo para essa cultura. Em razão disso, surgiram vários traba­lhos (Middleton e Pushparajah, I%6; Wahab, 1978 a), que procuraram me­dir a eficiência agronômica dós feitili­zantes fosfatados no desenvolvimento e produção da seringueira.

Os resultados dos estudos com ferti­lizantes fosfatados desenvolvidos por Middleton, Tsoi e Tyer (1965) indicam que há um comportamento diferenciado da seringueira quando submetida a adu­bação com diferentes fosfatos. Esses au­tores mostram que há melhor resposta da seringueira aos adubos fosfatados na­turais em confronto com fontes solú­veis. Entretanto, alguns estudos com fosfatos naturais (Mainstone, 1964; Thung. 1966) têm demonstrado que o emprego de rochas fosfatadas após o plantio é mais eficiente do que quando realizado na cova.

No Brasil, ao contrário de outros países produtores de borracha natural, a falta de trabalho de pesquisa com ro­chas fosfatadas nacionais para o cultivo da seringueira têm mostrado as necessi­dades específicas de avaliar esse aspecto, uma vez que se utilizam fontes fosfata­das solúveis nas adubações comerciais.

'Revist• W/!eobromtl 15(4). 1985

Material e Método

O experimento foi instalado com o plantio de tocos enxertados com o clone MDF 180 a fim de avaliar a eficiência agronômica de fontes fosfatadaS para se­ringueira na fase de desenvolvimento. A área experimenta] está localizada no município de Camamu, Bahia, e o solo corresponde à unidade Una (Haplorthox variação Cristalino), com valores de pH inferiores a 5,7, alumínio trocável va­riando entre 0,1 e 1,2meq 100g·1;cál­cio + magnésio trocável na faixa 1,6 a 7,4 meq 100g -I; potássio trocável na solução de Mehlich variando entre 0,18 e 0,56 meq 100g ·1 e fósforo disponí­vel na faixa de 1 a 71J,g 8-t.

Este solo é bastante usado, no Sul da Bahia, com a cultura da seringueira. Amostras de solo compostas de cada tra· tamento foram coletadas anualmente, com o objetivo de avaliar o efeito dos fertilizantes em relação à variaç!o na disponibilidade de fósforo no solo. Cada unidade experimental consta de 12 plan­tas úteis, separadas por bordadura sim­ples nas entrelinhas e duplas entre plan­tas, espaçadas de 7 x 3 m. Na época do plantio, todo o seringal foi adubado na cova com a forrnulaçll'o 11-30-17, nu­ma razão de 95 kg ha· 1, antes da apli­cação dos tratamentos.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 12 tratamentos e

L

Fontes fotfatadDr em rringueira 179

quatro repetições. Os tratamentos cor­responderam a uma testemwlha absolu­ta, uma testemunha relativa e seis fontes fosfatadas: superfosfato triplo, farinha de OSSÇIS e fosfatos de Araxá, Marrocos, Pa­tos e Gafsa (hiperfosfato), conforme vi­sualizado no Quadro I . As rochas fosfata­das de Patos e Gafsa foram aplicadas de duas maneiras: fracionadamente (90 kg ha' 1 ano· 1 deP20 5 )oudeumasóvez, trianualmente (270 kg ha ·I de P2 0 5 ).

À exceção da testemunha absoluta e do tratamento em que se aplicou, isolada­mente, superfosfato triplo, aplicou-se concomitantemente, 60 kg ha -I de

N, 30 kgha -t de K20e40kgha· 1 de MgO, nas formas de sulfato de amônia, cloreto de potássio e sulfato de mag­nésio. Durante o 19 , 29 e 39 anos, foram aplicados, respectivamente, 40, 60 e 80% das doses básicas de todos os fertilizantes, previstos para serem apli­cadas a partir do 49 ano (Quadro 1).

Para avaliação e interpretação dos efeitos de tratamentos, foram tomadas a circunferência do tronco a I .30m aci· ma do solo e variação da composição dos nutrientes na folha de seringueira aos três anos de idade em relação à apli­cação dos tratamentos.

Quadro 1 - Influência de diferentes fontes fosfatadas no desenvolv1mento da

circunferência tio tronco da seringueira.

-:-ratamentosl

Testemunha absoluta

Testemunha relativa+ (NKI·Ig)2

Doses P20s

(kgha-1)

Superfosfato tr~plo 90

Superfosfato triplo + (NKt~g) 2 90

Superfosfato triplo (NKMg)2 ISO

Farinha de ossos + (NK~Ig)2 90

Fosfato de Araúi + (rlKHg) 2 90

Fosfato de l~urocos + ;NKt1g)2 90

Fosfato de Patos {~KMg)2 90

Fosfato de Patos {NKMg)2 2703

Fosfato de Gafsa (NKMg)2 90

Fosfato de Gafsa + (NK~1g)2 2703

Tukey 5

C1rcunferência I oo)

1Ç '"' 29 ano

6,3 a ll, l ' 6,6 a 12,0 a

7,3 a b 12,9 a

8,2 b 15 'l

8,3 b 15,3

7,5 a b 14,0 a

6, 9 a b 13,6 a

7,2 a b 12,6 a

7, 7 a b 14,3 a

7, l ' b 12,9 a

7,6 ' b 1..l,6

' ' '" b 14 ' I ,4 3,-l

" tronco

3Q ano

15,3 a

b 17, l ' b

b 18,2 a b

.b 22,0 b

b 22,2 b

b 20,0 a b

b IB, 9 a b

b 18,4 a b '

b 20,-l a b

b 18,2 a b

b 20,9 b

b 19,6 a b

ó,4

Mêd1as seguidas da mesma letra dentro de uma mesma coluna de dados não são Slgni­

flcativamente diferentes.

I Quantidades a serem utilizadas a oartir do ..lQ ano. 2Adubaçiío complementar: 60 kg na·l de~. 30 kg na-1 de K20 e 40 kg ha-l de MgO.

3Quantidade de Pz05 aplicada tnanualmente de uma só vez.

Revista Tneobromo 15(4). 1985

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180 Rei$ e Dlbtlla-Rol4nd

Resultados e Discussio

Na Figura I, são apresentados os re­sultados analíticos do solo referente a duas épocas de amostragem: antes e dois anos após a aplicação das seis fon· tes fosfatadas nas diferentes dosagens. Acredita-se que as variações apresenta· di!S nos teores de nutrientes estejam

-associadas a efeitos d3 queima, pois geralmente as cinzas não se distribuem de modo uniforme. Durante o período considerado, ocorreram pequen!lli mo­dificações nos valores de pH e AI tro­cável. Entre os tratamentos utilizados, superfosfato triplo sem adubaç!o com­plementar, fosfato de Araxá, fosfato de Gafsa e as duas testemunhas apresenta· ram, de modo geral, os maiores valores de pH e menores teores de alumínio trocável. Entretanto, os teores de cál­cio trocável são praticamente constan­tes durante esse período, variando em funç!o das fontes fosfatadas aplicadas. Os teores de magnésio e potássio trocá­veis diminuíram com o tempo, em todos os tratamentos, possivelmente em decor­rência de lixiviação destes nutrientes. Os teores de fósforo aumentaram com a aplicação das fontes fosfatadas.

De modo geral, as rochas fosfatadas apresentaram maior disponibilidade de fósforo no solo em relaç!o ao fosfato solúvel, quando aplicado na mesma dosagem.

As concentrações de nutrientes na folha da seringueira, aos três anos de idade, indicam que as aplicações das di· ferentes fontes fosfatadas provocaram acréscimos nos teores de fósforo na fo­lha e as diferenças entre as fontes fosfa·

Revirta ~bromalS(4). 1985

tadas foram insignificantes (Figura 2). De modo geral, os teores de nitrogênio na folha aumentaram, com exceção dos tratamentos que receberam aplicação de superfosfato triplo e farinha de osso nas dosagens de 180 e 90 kg ha-1 de P2 0 5, respectivamente. As concentraçOes de nitrogênio na folha encontram-6e numa faixa inferior à necessidade da planta. Os teores de potássio diminuíram en­quanto os de cálcio aumentaram, apre­sentando ambos variações de pouca con­sistência. Quanto ao magnésio, as con­centrações praticamente não variaram e se encontram em faixa adequada à nutriç!o da seringueira.

Estes resultados s!o bem semelhantes aos assinalados por Pushparajah, Wahab e Lau (1977). Segundo eles, os teores de P e Ca na folha se elevaram em virtude do resíduo de fósforo de uma área onde existia um antigo seringal que tinha re­cebido P20 5 como superfosfato duplo e Christemas Island rock phosphate du­rante um longo período.Por outro lado, Angkapradipta et al (1972) e Hardjono e Angkapradipta (1973) concluíram que a aplicaçilo de fertilizantes não apresen­tou efeitos sobre os teores de N, P, K, Ca e Mg na folha da seringueira.

No Quadro 1, est!o contidos os dados de circunferência do tronco da se­ringueira nos três primeiros anos. Duran­te esse período, a comparação dos efei· tos diferenciais entre as fontes de fósfo­ro foram insignificantes. Wahab (1978b) encontrou resultados semelhantes, com respostas de crescimentos para todas as fontes de fósforo sem efeitos diferen­ciais para as fontes fosfatadas. Com rela­ção às formas de aplicaç!o das rochas

Fontes fosfatadils em s.rmguelra 181

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FONTES FOSFATAOAS

o 1980 • 1982

Figura 1 - Efeitos da aplicação de fontes fosfatadas sobre os teores de nutrientes no solo re· ferente a dtlas épocas de amostragem.

Revista Theobroma 15(4). 1985-

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FigurJ 2 - Variaçào mêdia dos teores de nutriente~ na foUm de seringueira, aos três anos de id.adc. em funçào da aplicação de fontes fosfatadas.

fosfatadas de Patos e Gafsa, também não se observaram efeitos significativos. Entretanto, Thung (1966) concluiu que a aplicação de fosfato de rocha, duas vezes ao ano, depois do plantio, atê a maturidade foi mais eficiente do que na época do plantio. Angkapradipta, Warsi·

to e Nurdim ( 1975) confinnaram que os resultados da aplicação da rocha fosfata­da na cova, na época do plantio, aumen­tou o desenvolvimento da seringueira significativamente, mas só durante os dois primeiros anos. Em comparação com a testemunha, observaram-se res-

Fonru fosfatada! em JUinguelra 183

postas signüicativas de crescimento do tronco para aplicaçlo do superfosfato triplo nas dosagens de 90 e 180 kg ha·l de P 2 Os e do fosfato de Gafsa, na dosa· gem de 90 kg ha •1 de P20 5 , quando adicionados com nitrogênio, potássio e magnésio.

Conclusões

Os resultados preliminares obtidos no presente trabalho permitem as seguintes conclusões:

- O superfosfato triplo e o fosfato de Gafsa, na dosagem de 90 kg ha · 1 de P20 5, na presença de nitrogénio,potás­sio e magnésio, ocasionaram aumentos significativos sobre a circunferência do tronco da seringueira .

- Os efeitos diferenciais de cresci­mento da seringueira entre as fontes fosfatadas foram insignificantes.

- As aplicações das fontes fosfatadas provocaram acréscimo nos teores de fós­foro no solo e na folha da seringueira.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Ora. Maria Bernadeth M. Santana pelas sugestões e revis.lo do manus­crito t ao Técnico Agrícola Frank Farias Santos pela valiosa colaboração na instalaçto do experi­mento e na tomada de dados.

Litmtura Gtadá

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'

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t.

Revista Theobroma 15(4): 185-190. 1985 Centro de Pesquisas do CaC4U .Ilhéus, Bahia, Brasil

Eficiência de fungicidas no controle de Microcydus ulei in vitro e in vivo'

Âlvaro Figueredo dos Santos2 e José Clério Rezende Pereira2

Resumo

São apresentados resultados obtidos in vitro e in vivo sobre aeflciência de fungicida5 no contro­

le de Microcycfw ulei. Testes in vttro evidenciaram o bom desempenho dos fungicidas protetores Oorotalonil e Manco~eb na inibição da germinaçiio de conídios. Enuios condu~idos em viveiro de seringueira mostraram que, dentre os fungicidas testados, Triadimefon a O,Ol.S%, Clorotalonil a 0,3%, Manoozeb 3 0,32%, Triforine 3 0,0285 e 0,038%, BitertaDol a 0,01.5 e 0,03% c Fenarimol a

0,0011 e 0,0023% controlaram eficientemente M. ulei.

Palavras-chave: Hevea spp., Microcyclys ulei, controle químico, fungicida

Efficiency of fungicidesin the control of Microcyclus u/eí ín vítro and in vivo

Abstract

This work prcsents in vitro and in vivo rcsults of thc eff1cicncy of fungicides in the control o f Microcyclus ulei. Test.s in vitro· showeda high efficiency o f protective fungicides, Omotalonil and Mancozeb in inhibiting the germination of conidia. Experiments conducted in rubbcr nurscry showed that M. ulei was controled efficiently wlth fungirides testcd, Triadimefon - 0.015%, Oorotalonil - 0.3%, Mancozcb - 0.32%, Triforine - 0.0285 and Q.038%, Bitertanol -

0.015 and 0.03% and Fenarimol - 0.0011 and 0.0023%.

Key words: Hewa spp., Microcyc/us ulei, chcmical control, fungicide

Introdução

O uso de fungicidas em seringueira (Hevea spp.), visando o controle do mal-das-folhas, causado por Miaocyclus

ulei, tem sido descrito por diversos au­tores (Albuquerque, Duarte e Silva, 1972; Rocha, Aitken e Vasconcelos, 1975; Chee, 1978; Santos, Pereira e

' Trabalho realizado com recursos do Convênio SUDHEVEAjEMBRAPA/CEPLAC 'EMBRAPA, Divisão de Fitopato/ogill, Centro de Pesquisas do Cawu, AJ'T CEPLAC, 45600,

ltabuna, Bahia. Brasil.

Recebido paro publiruçt!O em 7 de ;unho de 1985 185

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180 ..>antos e Pereira

\lmeida, 1984 ). A importância dos lanos causados à seringueira por essa doença. bem como a demanda de novas formulações introduzidas no mercado, detennina que se avalie o potencial de controle de novos produtos.

Neste trabalho, são apresentados re­sultados, obtidos in vitro e in vivo, da eficiência de alguns fungicidas no con­trole de M. u/ei em comparação com os produtos recomendados pelo sistema de produção de seringueira para a região sul da Bahia (Convênio CEPLAC/EM­HRAPA,I983J.

MateriaJ e Métodos

Ensaios in vitro, Foram testados os fungicidas benomil. clorotalonil, tride­morph, mancozeb, carbendazim, tiofa­nato metílico, triadimefon, triforine, dithianon e as misturas benomil + mancozeb, benomil + c\orotalonil, tria­dimefon + mancozeb e triadimefon + clorotalonil, nas concentrações de 0,5; l ,0; l 0,0 e lOO,O mg(Q. As soluções es­toques de cada produto (l.OOOmgjQ) foram preparadas em água esterilizada, sendo que os produtos de formulação pó molhável foram veiculados em Tween 80 a O, I% (Santos e Pereira, l983b). Alíquotas de caJda fungicida foram adicionadas ao meio agar-água, fundido à temperatura aproximada de 45 °C, a fim de se obterem as concen­trações desejadas. Posteriormente, dis­tribuiu-se o meio em placas de Petri de 5 em de diâmetro, à razão de 6 ml de meio por placa. Foi usada uma placa por repettção e três repetições por tra­tamento.

R,_ta Theobronul 1 5(4). 1985

Testou-se também a ação do fungici da Calda Viçosa (Cruz Filho et ai, 1982) na formulaçao completa (sulfato de co­bre a 0,5 gjQ +sulfato de zinco a 0,6 g/Q + sulfato de magnésio a 0,4 g/Q + ácido bórico a 0,4 g/Q + uréia a 0,4 g/Q + cal hidratada a 0,5 g/Q) c os seus compo­nentes, isoladamente.

Devido à dificuldade de obtenção in vitro de inóculo para realização do teste, optou-se pelo uso de conídios oriundos de lesões esporuladas com fase conidial de M. u/ei (Fusic/adium macrospornm), em folíolos no estágio C, coletados em brotações de jardim dona! não tratado com fungicidas.

A avaliação consistiu na determina­ção dos conídios germinados e não ger­minados em cada campo microscópico, 5 horas após a inoculação, sendo feita a leitura em lO campos escolhidos ao acaso, por placa de Petri.

Ensaios in vivo. Os ensaios foram instalados em viveiro constituído de plantas de seringueira com cerca de quatro meses de idade, em parcelas experimentais de 60 plantas e delinea­mento de blocos ao acaso, com quatro repetições. A aplicação de fungicida foi realizada com pulverizador costal de pressão acumulada.

A avaliação foi realizada em folíolos no estágio C, 4 meses após a aplicação dos fungicidas, usando-se uma escala diagramática, com notas variando de I a 5, de acordo com o percentual de área foliar lesionada (Chee, 1976). Fo­ram avaliadas I 5 plantas/parcela e 15 folíolos(planta.

O primeiro ensaio foi instalado na

Microcychu ulei: Controle qufmico 187

Estação Experimental Djalma Bahia, Una, BA, e foram testados os seguintes fungicidas: tridemorph (Calixin CE 75) a 0,028%; triforine (Saprol CE 190 g/2) a 0,0285 e 0,038%; carbendazim (Delsene 75 PM) a 0,075 e 0,1125%; dith.ianon (Delan 75 PM) a 0,075 e 0,1125%; fenarimol (Rubigan CE 120 g/e) a 0,0011 e 0,0023%; bitertanol (~ycor 25 PM) a 0,015 e 0,03%, benomil (Benlate 25 PM) a 0,05%; mancozeb (Dithane M-45 80 PM) a 0,~2%; clorotalonil (Daconil 75 PM) a 0,3%; dodine (Venturol 65 PM) a O,Q325%; e triadimefon (Bayleton 25 PM) a 0,015%. Os produtos formulados em pó molhável foram veiculados em Triton X-114 a 0,1%. O intervalo de aplicaçao foi de 7 dias.

Testaram-se também em viveiro, na Fazenda PilWla, Una, BA, os seguintes produtos: Calda Viçosa (sulfato de co­bre 5 gj~ + sulfato de zinco 6 g/2 + sul­fato de magnésio 4 g/R + ácido bórico 4 g/R +uréia 4 g/R +cal hidratada 5 g/2), Calda Viçosa menos sulfato de cobre; e triadimefon (Bayleton 25 PM) a 0,015%., usado como padrão. Os inter­valos de aplicação foram de 7 e 14 dias.

Resultados e Discussão

Os ensaios in vitro mostraram o efei­to direto dos produtos na genninação de conídios. Os fungicidas protetores, clorotalonil e mancozeb, foram mais efi­cazes do que os fungicidas sistêmicos (Quadro I), principalmente nas concen­trações menores (0,5 e 1,0 mg/ll).

Quadro 1 - Efeito de diferentes dos<~gens de fungicidas sobre a germin<~çào de

conldios de Mieroayalus ulei. CEPEC, It<lbuna, BA, 1gs3.

PIG* Tratamentos

0,5 lng/-f- 1,0 mg/R. 10 mg/R. 100 mg/t

C1orot<l1oni1 100,00 100,00 100,00 100,00

TriqeJOOrph 6,40 95,12 100,00

Tiofanato meti1ico 9,05 27,94 63,33

Mancozeb 61,72 100,00 100,00 100,00

Triadimefon 12,12 43,14 49,26 89,45

carl:lendazim 45,06 50,87 69,38 .

Beromil 36,79 55,10 73,62 100,00

Triforine 25,ó1 76,00 100,00

Dithianon 9 0~6 95,45 100,00

8endmil t c1orotalonil 1 00, 1)0 100,00 100,00

Beromil + mancozeb 94,47 100,00 100,00

Triadimefon + c1orota1onil 100,1)0 100,00 100,00

Triadimefon + mancozeb 83,B3 100,00 100,00

*Percentagem de inibição ,, germinação. Média de t1·ês repetições. '" leituras/

repetição.

-Dosagem não testada.

RerÍ!Jta Theobronul 15(4). 1985

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188 Sanlm c Pereira

A C'altla Viçosa c os seus componen­tes isoladamente também proporciona­ram níveis altos de inibição (Quadro 2). Ao nucroscópio. os conídios de M. ulci mnstraram-sc pouco túrgidos c, em al ):UilS casos. ligeiramente retorcidos, ca­racterizando efeito plasmolítico.

Os fungicidas testados em viveiro apresentaram variações quanto à eficiên­cia de controle. Os produtos triadime­foll, mancozeh c clorotalonil, nas doses i11dicadas pelo sistema de produção (Convênio CEPLAC/EMBRAPA, 1983), mostraram boa eficiência de controle (Quadro 3). No entanto, o bcnomil, na dose recomendada, foi menos eficiente, diferindo estatisticamente dos melhores tratamentos.

O fungicida triforine mostrou-se efi­ciente nas doses testadas (Quadro 3),

conl1rmandn trabalhos anteriores reali­zados por Samos, Pereira c Almeida (1984). Dentre os novos produtos tes­tados, apenas hitertanol e fenarimol apresentaram um controle satisfatório de M. ulei, nào diferindo estatistica­mente dos tratamentos padroes.

O fungicida tridemorph não foi ava­liado com relação ao grau de infecção devido aos efeitos fitotóxicos que provoca nas plantas, como reduça-o do tamanho do limbo e encarquilhamento de folíolos novos, seguido de desfolha.

A Calda Viçosa, suspensão coloidal composta de fertilizantes complexados com cal hidratada (Cruz Filho et ai., 1982), apresentou uma baixa eficiên­cia de controle, em viveiro (Quadro 4). além de ocasionar efeitos fitotó­xicos nos folíolos novos (estágios A

Quadro 2 -Efeito do fungicida Calda Viçosa, formulaçao completa, ou de seus

componentl's iSoladamente, na germinaçao ele conidios de '" -;• ·!riu.,· u./,_;{, CEPEC, _!_

tabuna. BA. 19U3.

Tratan1entos

Calda Viçosa

Calda Viçosa meros sulfato de cobre

Calda Viçosa menos sulfato de zinco

Calda Viçosa menos sulfato de magnésio

Cal da Viçosa menos áddo bórico

Calda Viçosa menos uréia

Sulfato de cobre+ cal hidratada

Sulfato de zinco cal hidratada

Sulfato de magnésio + cal hidratada

Acido bórico + cal hidratada

Uréia + cal hidratada

Cal h1dratada

PIG*

99,74

100,00

100,00

9g,04

98,65

g9,86

99,71

96,57

32,10

99,47

68,g]

50,67

*Percentagem de inibiçao de germinação. M€d1a de três repetições. Dez leituras/

repetiçilo.

' Revisr!'n.eohroma /5(4). /985

Microcyclus ulei: Controle qufmtco 189

e 8). Esta fitotoxidade caracterizou­se pelo encarquilhamento de folío­los novos, sendo mais acentuada no intervalo de aplicação de 7 dias.

A inibição da germinação dos coní­dios é um critério freqüentemente utilizado para seleção in vitra de fungicidas (Vale, Almeida e Ribeiro, 1979; Rao et ai., 1980; Santos e Perei­ra, 1983a; b ). Neste trabalho, alguns produtos foram testados in virro,

Quadro 3 - Grau de infecção de .'!i.,._, cydus ulei em folio1os de plantas de s~

ringueira submetidas a pulverização com

diferentes fungicidas a intervalo de a­

plicação de 7 dias. Una, BA, 1983,

Tratamentos

Triadimefon a 0,015% ..

Bitertanol a 0,03%

Clorotalonil a 0,3%*

Triforine a o,b38%

Bitertanol a 0,015%

Triforine a 0,0285%

Mancozeb a 0,32% ..

FenariiiKil a 0,0023'1:

FenariiiKil a 0,0011%

Dodine a 0,0325%

Oithianon a 0,1125%

Dithianon a 0,075%

Benomil a 0,05%

Carbendazim a 0,075%

Carbendazim a O, 1125%

Testemunha a

c.v.- 11,19%

Grau de infecção (x)

1,15 a 1,16 a

1,28 a

1,36 a 1,36 a

1,44 a 1 ,47 a 1 ,48 a

1,56 a 2,47 b

2,57 b

2,57 b

2,59 b

2,62 b

2,87 b

3,67 c

{x) Escala de notas de 1 a 5. Médias se

guidas da mesma letra não diferem

estatisticamente entre si, ao nível

de 1%, pelo teste de Duncan.

Produtos recomendados peliJ Convi!niiJ

CEPLAC/EMBRAPA (1983).

• ' ~ ~ •• u o

~

o • ~ • ~

' • • .... ..; ..;

• • • o ' ' .e:::.s.z ~ > > 5

E

~ ~ ~ 21 ' ~ ~ <.'3 ~ ,;

U X

utilizando-se este critério, e os resulta· dos obtidos não expressaram o potencial de controle in vivo. No teste in vitro, os fungicidas protetores atuaram mais eficazmente do que os sistêmicos na inibição da germinação de conf­dios. Segundo Marsh et ai. (1977), os fungicidas sistêmicos apresentam ação fungitóxica diferenciada em rela­ção aos fungicidas protetores, wim como alguns produtos têm baixa efi· ciência no controle da genninação

Revisto The.obromD 15(4). 1985

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190 S~ .. tOI e Pereira

: esporos. - Os fungicidas mancozeb a 0,32%; clorotalonil a 0,3%; triadimefon a 0,015%; triforini: a 0,0285 e 0,038%; fenarimol a 0,0011 e 0,0023% e biter­tanol a 0,015 e 0,03% comportam-se eficientemente na redução da infec­ção de M. ulei em plantas enviveiradas.

Conclusões

- O teste in vitro mostrou efeito mais acentuado dos fungicidas prote­tores na inibição da germinação de coní­dios de M. ulei.

Agradecimentos

 Ora. Edna Dora Martins Newman Luz (CEPEC/CEPLAC) pela revisão deste trabalho.

Literatura atada

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'Revisr. 'f/leobroma 15(4). 1985

Revista Theobrorm~ 1 5(4): 191-206. 1985 Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, Brasil

Avaliação econômica da pesquisa, ensino e extensão agrícolas desenvolvidos pela CEPLAC nos Estados da Bahia e

Espírito Santo no período de 1957 a 1984- Atualização

Augusto Monteiro 1

Resumo

Avaliaram-se as atividades de pesquisa, ensino e extensão agrícolas desenvolvidas pela CEPLAC (Comissão ExecutiVa do Plano da lavoura Cacaucira) nas regiões cacaueiras da Bahia e Espírito Santo. Observou-se a posição da produção brasileira de cacau, no cenário mundial, nas diferentes décadas do século XX. Avaliou-se o desempenho da produtiVidade da lavoura cacaueira da Bahia, responsável por 95% da produção nacional, antes e depois da introdução de técnicas modernas nas propriedades, verificando-se tendências negatiVa e positiva antes e após a mencionada intro· dução. Estimaram-se os ganhos para a sociedade provenientes da utilização dos conhecimentos gerados pela pesquisa e tran!\feridos para os cacauicultores pela ação integrada do ensino e da extensão, utilizando-se uma fórmula derivada dos trabalhos de Griliches e Petcrson. Para deter­minar as taxas sociais de retomo, usou-se o critério da taxa interna de retomo, cuja estimativa foi de 57%. Finalmente, com base nesse critério, concluiu-se que as atividades de pesquisa, en· sino e extensão agrícolas desenvolvidas pela CEPLAC nas regiões cacaueiras da Bahia e Espírito Santo têm proporcionado retorno à sociedade brasileira.

PalaPras-chave: CEPLAC. pesquisa agrícola, extensão agrícola, educação agrícola, avaliação de

projeto.

Economic evaluation of the agricultura! research, teaching and extension developed by CEPLAC in the states of

Bahia and Espírito Santo in the period of 1957 to 1984- an update

Abstract

The progress achicvcd by G'PLAC (Executivc Commission of the Cacao farming Plan) in the cacao regions of Bahia and Espírito Santo was evaluated in terms of its agricultural research, tea· ching and extension activities. The position of Brazil in the world cacao production during thc

1 Divisão de Métodos Quantitativos. Centro de Pesquisas do Cacau,APT CEPLAC, 45600, !tabu­

na, Bahia, Brasil.

Recebido para publicação em 11 de junho de 1985 }91

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192 Monteiro

various dccadcs of thc 20th ccntury was examined. Thc productiVity of cacao agricu]turc was cvaluatcd in thc state of Bahia, rcsponsible for 95% of thc Braziliilll cacao production. The ana· Jysis covcred thc pcriod beforc and a.ftcr lhe introduction of a ncw technology whcn nega tive and positivc growth ratcs of productivity wcre observed. The gains for thc society, derived from thc use of knowlcdo>c produccd by lhe cacao agricultura] rcsearch and transferred to the farmers by thc intcgrated actiVities of rural exteruion and tcaching of CEPLAC, was eva.luated. Thc rnethodology uscd was an adaptation of Griliches and Peterson's work. To determine lhe social rale of rcturn an cstimatedrate of return of 57% was used. Based on this criterion the oonclusion was that the activities dcvelopcd by CEPLAC in agricultura! research, teaching and cxtcnsion in thc cacao rcgions of Bahia and Espírito Sil!lto havc resultcd in benefits to thc Braziliilll socicty.

Key worJr: Q'PLAC, agricultura] rescarch, agricultura! education, project evaluation

Introdução

O cacau desempenha relevante papel na economia brasileira como gerador de divisas, pela sua destacada posição na pauta das exportações. A produção de cacau do Brasil no contexto mundial, manteve-se em terceiro lugar nas últimas

décadas (Quadro 1 ). Analisando o desempenho da lavoura

cacaueira do Estado da Bahia, verificou· se que seus rendimentos cresceram no biênio 1953/54 em relação ao biênio 1951/52 e, a partir deste, decresceu até o biênio 1961/62. No entanto, estes rendimentos, a partir do biênio 1963/64,

Quadro 1 - Producao de cacau (milhares de tone1ddas) dos pt·inlliJalS produto·

res (t,.édias decenais dos ~nos dgrico1as internacionaisJ) no período de 1900/01 a

1979;80.

Pai se~

Periodo Costa Gana 'Ji géri a '" Brasil

Marf1m

1900/01 a 1909/10 9 ,o I ,O 0,0 25 ,a 1910/ll a 1919/20 79 ,O I O,Q o.o 45 ,o 1920/21 a 1929/30 20~ ,CI 41 ,O 9,0 63 ,O

1930/31 a 1939/40 259,~ 87 ,o 41 ,o 1 Q9 ,o 1940/41 a 1949/50 229,0 98,0 32 ,J 124 '')

1050/51 a 1959/60 24 7 ,o 116 ,o 61 ,CJ 153,)

1960/61 a 1969/70 427 ,o 219,8 126 ,o I ~t.'

1970(71 a 1979/00 353 ,o 212,J 249 ,J 241'

Médias das safras 1900;01 a 226 ,o 93.0 6S,: 11

1979/80

Fonte: Cocoa Statistics (1981).

a Refere-se ao periodo compreendi do entre lQ de ou tu oro e 3J ct se~e:rt:>ro

" R e~ i-Theobromll 1 5(4). 1985

Avaliação econômiru da c:..l'LAC 193

foram aumentados graças à introdução de novas técnicas (Quadro 2).

Observou-se, no período de 1950 a 1962, uma tendência declinante da pro· dutividade da lavoura cacaueira do Esta­do da Bahia, em virtude da utilização de técnicas tradicionais, constituídas de ro­çagem, poda de limpeza, colheita, que· bra, transporte de cacau mole, fermenta· ção, secagem e armazenagem (Figura 1).

Para verificar qual seria a expectativa

da produtividade no ano de 1963, caso a tendência persistisse, ou seja, se os cacauicultores continuassem a adotar técnicas tradicionais, ajustou-se a esta série histórica uma equação de regress!lo polinomial. Vale ressaltar que esta equa­ção teve boa aderência, com um coefi· ciente de determinação de 95% e um coeficiente de variação de 5,14. O ren· dimento esperado para o ano de 1963 seria de 260,46 kg/ha (Apêndice 1).

Quadro 2- Cacau: ãrea nlidia colhida, quantidade média produzida e rendimen­

to agrícola médio no período 1951/84 no Estado da Bahia (valores absolutos e índices

relativos). Base 1951/52 = 100.

Jlrea mêdia colhida Quantidade média produzida Rendimento mêdio Biênio

1951/52

1953/54

1954/56

1957 ;58

1959/60

1961 f62

1963/64

1965/66

1967/68

1969;70

1971/72

1973/74

1975;76

1977/78

1979/80

1981/82

1983;84

269.017

327.497

352.390

400.918

443.776

442.035

445.653

439.300

422.499

409.289

411.130

387.817

397.939

397.650

428.818

451 .681

492.852

100

122

131

149

165

164

166

163

157

152

153

144

148

143

159

168

183

Toneladas

111. 775

144.769

153.699

156.469

162.718

140.149

140.726

158.859

163.744

195,845

210.765

198.293

246 . 922

255.176

311 .810

285.593

303.090

Fonte: Anuãrio Estatístico 00 Brasil (1951-1982).

100

130

138

140

146

125

126

142

146

175

189

177

221

228 279

256

271

kg/ha

415

442

436

390

367

317 .316

362

388

478

513

511

621

642

727

632

615

' 100

107

105

94

88

76

76

87

93

115

124

123

150

155

175

152

148

D:ldos fornecidos pela Comissão de Comêrcio do Cacau da Bahia (COMCAUBA) para as

produções de 1974, 1980, 1981, 1982, 1983 e 1984.

Dados fornecidos pela Assessoria de Planejamento do OEPEX para as âreas colhidas

em 1974, 1980, 1981, 1982, 1983 e 1984.

RevistD TheobromtJ 15(4). 1985.

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194 Monteiro

700

o ~ 600

' ~"'"' liGo"""''"'"'"' oo '''"""'

1

"'oh<noo oo<O o '""' ~U~Ill I

' o

"' ... 500 o lí 2: .... 400

i 300

o ! I I I li I li I I I li I I I I I l1 I li I I I

1950 5 1960 5 1970 5 1980 1984

ANO Figura I - Dc>empenho da lavoura camueira do btado da Bahia. Pcriodo 1950 a 1984.

Verificou-se que a adoção de técni­cas modernas constituídas de combate às pragas, controle de doenças, ralea­mcnto de sombra, calagcm, adubação e, mais recentemente, aplicação de herbi­cidas, bem como aprimoramento das técnicas tradicionais, modificou a senti­

' do da tendência, fato observado a par­tir de 1963 (Figura I).

A ação desenvolvida pelos centros de pesquisas, como o da Comi~ão Execu­tiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), órgão do Governo Federal, criado em 20/02/57, com a responsabili­dade de conduzir a política cacaueira no Brasil, é geralmente bem recebida pelos agricultores, por sua contribuição para o aumento da produtividade física. En-

' RevaTheobroma 15(4}. 1985.

tretanto, essas pesquisas são desenvolvi­das por meio de recursos que a socieda­de poderia estar usando em outra ativi­dade econômica cujo retorno social po­deria ser bem considerável, como, por exemplo, construção de estradas, escolas c ainda outros investimentos sociais. Ou seja, quando a sociedade dedica seus re­cursos à pesquisa, não se deve avaliar apenas o acréscimo na produtividade fí­sica, mas também seu retorno econômi­co. E esse retomo não está só em fun· ção dos custos ftxos e variáveis dedica· dos à pesquisa, ensino e extensão, mas também ao grau de utilização das novas técnicas, por parte dos agricultores.

Conhecer a taxa social de retomo tor­na-se relevante, porque pode oferecer

,

I •

Avaflaçtio econômiCtJ <.la CEPLAC 195

subsídios ao governo em ações futuras sobre a política de cacau.

O aumento da produtividade provém de duas fontes: a) da geradora das novas técnicas, neste caso, o Centro de Pesqui­sas do Cacau (CEPEC) da CEPLAC c b) do difusor destas técnicas, neste caso, o Departamento de Extensão (DEPEX) da CEPLAC. Contudo, para acelerar o processo de adoção de novas técnicas pe­los cacauicultores, a melhoria do nível educacional e a qualificação da mão-de­obra rural exercem papel preponderan­te. Devido a isto, consideraram« os custos alocados para a atividade de ensi· no mantidos pela CEPLAC. Poder-se-ia pensar em importar a pesquisa para me­lhoria das condições da lavoura cacauei­ra; todavia, isto não é viável, em razão do pequeno volume de trabalhos cxisten­

, tcs nos países produtores, do risco de in· tradução de graves doenças e de outras características ligadas a fatores ecológi­cos e edáficos. As atividades de ensino c extensão tam~m devem ser incluídas na avaliação porque as técnicas não che­gam aos cacauicultores necessariamente na mesma linguagem dos pesquisadores.

O presente estudo teve por objetivo geral fazer uma avaliação econômica dos ganhos sociais originários da pesquisa, ensino e extensão agrícolas em cacau para os Estados da Bahia e Espírito San­to, no período de atuação da CEPLAC.

Especificamente, pretendeu-se: (I) quantificar o volume de recursos alo­cados pela CEPLAC no período de 1957 a 1984 para manutenção das atividades de pesquisa, ensino e exten­são, nos Estados da Bahia e Espírito Santo; (2) estimar os ganhos sociais

brutos provenientes do uso de técnicas modernas pelas propriedades cacauei­ras do Estado da Bahia; e (3) estimar a taxa social de retorno cx-post de pes­quisa, ensino c extensão agrícolas da CEPLAC, nos Estados da Bahia e Espírito Santo, no período de 1957 a 1984 .

Material e Método

Modelo Conceptual

Estimativas de retomo para a socie­dade brasileira, resultantes dos investi· mentos feitos para a manutenção das atividades desenvolvidas pela CEPLAC no campo da pesquisa, ensino e extensão rural em cacau na Bahia e no Espírito Santo podem ser feitas avaliando-se a perda social proveniente da não ado­ção das técnicas geradas pela pesquisa e transferida aos cacauicultores pela ação integrada do ensino e da exten­são agrícolas.

Em estudos empíricos, Grilichcs (1958), Petcrson (1967); Ayer e Schuh (1972) c outros utilizaram este enfoque, aplicando o conceito de excedente eco­nômico. Se os agricultores não tivessem utilizado novas técnicas em suas proprie: dades, a produção brasileira poderia ser representada por !lo em vez de ql (Fi­gura 2). A curva de oferta se deslocaria para a esquerda e passaria a ser sarr em vez de SsrM· Supondo-se constan· te oferta dos demais países produtores e igual Snp, a queda na produção bra­sileira provocaria uma redução no volu­me de produção mundial, que passaria de Q

1 para o Oo, provocando um deslo­

camento na curva de oferta mundial de

Revista Theobroma 15 (4). 1985.

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196 Mooteiro

SM para S'M e, conseqüentemente, uma elevaç!l"o no preço internacional de Po para P1. O consumo internacional do produto é redutido, em razão do des­locamento na curva de oferta mundial, ao longo da curva de demanda DM.

O acréscimo percentual no preço in­ternacional, quando se verifica uma re­duçllo na quantidade produzida no Bra­sil, pode ser estimada pela seguinte fór­mula:

t>P

p (I)

onde:

t>P p =variação percentual no preço;

'

= decréscimo na produção mundial, resultante do de­créscimo de produção no Brasil; c

' "'

E1 elasticidade-preço da de­manda internacional.

Como o consumo interno do cacau no Brasil é pouco expresslvo, os pontos Ge H(Figura 2A)poderiam ser tomados como dois pontos de demanda interna· cional do cacau do Brasil.

Neste caso, a avaliação dos ganhos sociais brutos oriundos da introdução de novas técnicas pode ser enfocada do ponto de vista dos produtores. Esta ava­liação pode ser feita, diagramaticamenÍe (Fig. 2A), onde Dc8 é a demanda inter­nacional do cacau brasileiro,

A diferença entre as áreas J e L repre­senta o ganho social bruto para a socie­dade brasileira, resultante da introdução de novas técnicas (Figura 2A).

A área P1 FG representa o excedente do produtor brasileiro quando se utili­zam técnicas tradicionais, ao passo que a área P0EH representa o exCedente quan-

' ' " ,. P1--·--->- ___________ !_ __ --------------~! __

'o F

' . 1 ____ .... _______ -:-_ ....

'

'

.. BRASIL

I A I

"" ----------------------~

, '-o Cl

o o L---:'-':---:-,... q1 q/1 0/1 Oo01 Oh

DEMAIS PAISES TOTAL DO MUNDO

I B I I C I Figura 2 - Reflexo do deslocamento da curva de oferta do cacau no Brasil na economia

cacaucira mundiaL

" Revf'irii.Theobroma 15(4). 1985.

AvaliDção econômico da CEPLAC

do se introduzem técnicas modernas. O triângulo P0 FI fica inalterado antes e depois do uso das novas técnicas. A área L é igual à diferença entre P 1 FG e P ofl e a área J à diferença entre PaliE e P0FL Logo, a diferença entre as áreas (J -L) é dada pela expressão:

I- L =P0HE- PoFI-PlG +Pofl

resolvendo, resulta: (2)

(3)

Esta diferença pode ser estimada cal­culando-se as áreas J + W e L + W, visto que a área J -L é igual à seguinte ex­pressão:

1-L =I+W-(L+W) (4)

A área J + W pode ser estimada por intermédio da fórmula geral de Peterson (1967), que tem a seguinte expressão:

~ K2qO Po (P0) (Es EB)

pl EB +Es

(EB-1)2 (5)

Eil onde:

J +W

K

excedente econômico ou ganho social;

percentagem de decrésci­mo dorendimentopor hec­tare, resultante do não uso das técnicas geradas pela pesquisa e transferida aos cacauicultores pela ação

do ensino e extensão agrí­colas;

volume de produção obti­do pelo uso de técnicas mo­dernas;

P0 preço do produto usando-se técnicas modernas;

q0 volume de produção com técnicas tradicionais;

Pt preço do produto com téc­nicas tradicionais;

Es

elasticidade-preço da de­manda internacional doca­cau brasileiro, expressa em valor absoluto; e

elasticidade-preço da ofer­ta do cacau brasileiro.

O excedente econômico do consumi­dor, resultante do uso das modernas téc­nicas pelos cacauicultores do Brasil, irá quase que integralmente para os deman· dantes internacionais, em conseqüência do redurido consumo in terno de choco­late. A área L + W representa este exce­dente, sendo que a referida área pode ser estimada valendo-se da fórmula de Griliches (1958), que tem a seguinte expressão:

Todavia, o objetivo é estimular a áreaJ-L= J+W-(L+W).Daí porque, neste estudo, propõe-se a se­guinte fórmula, que poderia sercha­mada de fórmula Griliches-Peterson:

I -I 2

L =-K Po 2 ql

Revl$ta Theobroma 15{4). 1985.

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198 Monteiro

Po (PO) (ES EB) (E 8 - I) (7)

p;- t8 + Es ~

As áreas J - L (Figura 1) medira:o os fluxos dos ganhos brutos da pesquisa, en­sino e extensão agrícolas nos diferentes períodos considerados neste estudo. Res­salta-se ainda que, destes fluxos dos ga­nhos brutos, serilo subtraídos os fluxos de custos globais das atividades de pes­quisa, ensino e extensão agrícolas, a f1rn de medirem-se as taxas sociais de reter· no para a CEPLAC e para as atividades de pesquisa, ensino e extensão agrícolas em cacau nos Estados da Bahia e Espí­rito Santo.

Para se medir essa taxa de retorno, foi usado o método da taxa intern·a de retorno, que representa uma medida da rentabilidade do capital, com ampla aplicabilidade no campo da avaliação de projetos. Ela reflete a taxa média de rendimento do capital investido dentro de uma amplitude de tempo conside­rado.

A taxa interna de retomo é aquela que torna nulo o valor presente de um fluxo futuro, tendo a seguinte represen­tação matemática:

o= So

onde:

+ SI + S2 +

1 +p (1 +p)2

sn .... +--

(1 + p)n

(8)

s0 ~ fluxo de caixa no ano O. Ele é igual à diferença entre o bene­fício e o custo do ano inicial;

~ = fluxo de caixa do último ano analisado; e

' ReviSM Theobroma 15 (4j. 1985.

P = taxa interna de retorno.

Para análise pormenorizada deste cri· tério e suas limitações, consulte-se Hirs· hleifer {1970).

Dados e Procedimentos

Preços e recursos para pesquisa, en­sino e extensão desenvolvidas pela CEPLAC. Para estimar os recursos alocados para atividades de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas pela CEPLAC nos Estados da Bahia e Es­pírito Santo utilizaram-se dados for· necidos pela Divisão de Finanças desta Organização.

As estimativas dos rendimentos anuais dos cacaueiros do Estado da Bahia fo­ram feitas valendo-se de dados contidos nos Anuários Estatísticos do Brasil (1951-1982), bem como de dados for· necidos pela Comissão de Comércio de Cacau da Bahia {COMCAUBA) e Asses· soria de Planejamento de Extensão do DEPEX.

Quanto à série de preços do cacau, foram utilizadas as médias das cotações anuais, expressas em cents por libra.pe· so, contidas no Anuário Estatístico do Cacau (1973; 1978); Cacau Informe Econômico (1980), Cocoa Marlcet Report (1984) e Informações de Cacau no Mercado Internacional (1984). A partir destes dados, obteve-se o preço da tonelada do produto, expresso em dólares.

Em seguida. procedeu-se à conversão dos dólares em moeda nacional, valen· do-se da taxa oficial de câmbio publi­cado na Conjuntura Eoonômica (1973; 1985) e Boletim Mensal do Banco

I

j

..

Avaliação ecor~ómica da CEPLAC 199

Central do Brasil (1981). Ressalta-se ainda que o preço do produto foi to· mado no período de 1963/84, época em que se observou retorno pelo uso das modernas técnicas (Quadro 3).

Para todos os recursos alocados, bem como para o preço do cacau, uti­lizou-se o índice geral de preços da Fundação Getúlio Vargas, base 1977, inflaCionado para dezembro de 1984 (Conjuntura Econômica, 1973; 1979a; 1979b; 1981; 1983; 1985).

Na alocação dos recursos das ati· vidades da pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas pela CEPLAC nos Esta· dos da Ballia e Espírito Santo, consi· deram-se os custos fixos e variáveis. Nos custos fixos, relacionaram.,se os gastos com aquisição de áreas, prédios, material permanente, bem como cons· trução de prédios, estradas, pontes, e redes elétricas. Nos custos variáveis, incluíram-se gastos com pessoal, mate· ria! de consumo, serviços de terceiros, ~ncargos diversos e contribuições sociais.

Elasticidade de oferta e procura. Nes· te trabalho, valeram-se das estimativas de elasticidades-preço de oferta e da demanda internacional do cacau brasilei· to dos trabalhos empíricos de Behrrnan t 1968) e Duarte ( 1982).

V atores de K. A diferença percen tua! dos rendimentos das lavouras com técni· cas moderna e tradicional representa os Valores de K, os quais foram calculados ~ualmente. O rendimento da lavoura Com técnicas modernas foi considerado 100% e,_por regra de três simples, esti· inou-se o percentual dos rendimentos da lavoura com têcnicas tradicionais.

Gados em pesquisa, ensino e exten. são. Os recursos aplicados pela CEPLAC na pesquisa, ensino e extensão no pe· ríodo de 1957 a 1984 nos Estados da Bahia e Espírito Santo, totalizaram um montante de Cr$ 961.414.767.000 (Qua­dro 4).

Ganhos sociais brutos. O volume glo· bal de cacau produzido no pen'odo de 1963 a 1984 foi de 4.941.648 tonela· das; contudo, se não houvesse a aplica· çãodas modernas técnicas neste período, esta produção tenderia a ser de 2.609.168 toneladas. O decréscimo seria em decor· rência de menor produtividade e menor área colhida a partir de 1970, quando iniciou-se a colheita dos cacauais im· plantados a partir de 1965. Com a fi· nalidade de manter a linha conservado­ra, a fim de reduzir os ganho! sociais brutos, admitiu-se a produtividade mínima para as lavouras tradicionais em 300 kg/ha, valor este superior ao espe· rado para o ano de 1963 (Apêndice I e Quadros 5 e 6).

Os valores das estimativas de K mos· tram o decréscimo do rendimento do cacau resultante da não aplicaçll"o das técnicas geradas pela pesquisa e trans­feridas aos cacauicultores pela ação in· tegrada do ensino e extensão, no perío· ' do de 1963 a 1984 (Quadro 7).

O total das estimativas dos ganhos sociais brutos provenientes do uso de técnicas modernas no período de 1963/ 84 foi de Cr$ 28.184.610.301.000,00

(Quadro 8).

Os retornos sociais obtidos não fo­ram de maior magnitude em função da limitada capacidade de resposta dos ca­caueiros existentes, por serem, na sua

Revista Theobroma 15 (4). 1985;

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200 Monteiro

Quadro 3 - Cotaçoes ~têdias do cacau brasileiro em amiindoas na bolsa de Nova

Iorque. Período dt' 1963/84.

Preços Valore (cruzeiros de

''" (< ents/1 ihra} {d01ares/tonelada} (cruzeiros/tonelada} dezembro 1984/

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

t976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

26,50

23,1 o 16,90

23 ,no 26,30

33,00

43,50

32,00

25 '70

31 ,10

61 ,05

88,37

65,00

106.10

205,70

154,37a

149,36a

115,44a

94 '19b

78, 78b

96,10b

108,65C

5[14,22

509' 26

372,58

507,06

579,81

727,52

959,00

705,4 7

566,58

685,63

. 345,91

.948,20

1.432,99

2.317,03

4.534,86

3.403,24

3.292,79

2.544,99

2.076,51

1.736,78

2.118.62

2.395,30

350,53

590,74

715,35

1 .122,12

1.658,26

2.454,65

3.883,00

3.219,77

2.976,81

4.044,53

8.192,54

13.150,38

11.578,56

24.590,69

63.782,84

61. Hl3 ,4 7

87.835,19

133.879,21

198.618,18

320.158,03

1.293.544,63

4.420.023,14

Fonte: Anuário Estatistico do Cacau (1973; 1978).

afacau Informe Econômico (1980).

bCocoa Market Report ( 1984).

clnformações de Cacau no Mercado Internacional (1984).

tonelada)

4.180.639,43

3.698.494,45

2.855.714,16

3.245.232,23

3.739.2Ó1,48

4.455. 821 ,87

5.837.132,86

4.040.471,60

3.101.745,11

3.602.944,78

6.339.352,07

7.907.371,79

5.451.659,92

8.195.727,04

14.897.821,72

10.303.305,17

9.609.252,07

7.314.690,28

5.170.115,56

4.264.106,25

6.768.549,50

7.213.603,03

dConjuntura Econômica (1973; 1985) e Boletim Mensal do Banco Central do Brasil

( 1981}.

eConjuntura Econii1111Ca (1973; 1979a; 1979b; 1983; 1985).

Revista ~broma 15(4). 1985.

A va/Wção econômica dll cEP LA C 201

QuadriJ 4 -~«!cursos destinados a pe! quis~, ensino e e~tt>nsao ~gricolas da

CEPL~C nos Estados da Bahia e EspÍritcl

Santo no período 1957/84. (Unidades e2': pressas em moeda correntt> e em milhares

de cruz~iros de dezembro de 19M).

Vaiare>

Moeda correntea dezembro de 1984

1951 6.250,00

1951\ 7.060,00

1959 29.190,00

1960 37.710,00

1961 43.075,00

1962 130.600,00

1963 183.240,00

1964 523.620,00

1965 3.645.704,00

1966 5.603.481,00

1967 8.320.461,00

1968 12.460.933,00

1969 20.539.250,00

1970 21.~1~.205,00

1971 26.914.9!7,00

1972 33.146.009,00

1973 39.040.152,00

1974 64 373.437,00

1975 121.793.959,00

1976 155.114.060,00

1977 243.168.989,00

1978 486.A53.853,00

1979 973.211.009,00

1980 2.269.855.000,00

19Al 2.67!1.900.558,00

1982 4.680.467.000,00

1983 9.185.581.000,00

191\4 19.916.094.000,00

Total 40.947.659.812,00

546.~~4

546.211

. 631\.927

1.639.301

1.366.251

? • 731 .409

2.185.435

3.278.271

14.553.842

16.205.573

111.761.762

22.619.802

30. B75. 697

27.124.902

28.044.532

29.527.100

30.209.101

38.707 .9M

57.345.5110

51 679.309

56.797.?;'4

Rl.91l6.259

106.470.196

124.016.913

69.732.919

62.237.992

48.064.101

32.503.630

961.414.767

fonte; Conjuntura Econômica (1973; 1979a; 1979b, 1983; 1985). Comissa\) Executi~a do Plano da l~voura Cacaueira. (1984). a llildoS fornecidos p&la Divisão de Fl­

nar.ças da CEPLAC.

grande maioria, provenientes de semen­tes não melhoradas. Schuh e To!ini (1972) salientam que variedades tradi­cionais geralmente apresentam resposta pouco significativa a fertilizantes.

O resultado revelou taxa interna de retomo de 57%, valor altamente signi­ficativo, demonstrando que, em média, cada cruzeiro aplicado pela CEPLAC pa· ra manutenção da pesquisa, ensino e extensão desenvolvidos nas regiOes ca­caueiras dos Estados da Bahia e Espí­rito Santo, proporcionou retorno médio de 57 centavos por ano desde o momcn· to de sua aplicação até o final do petío· do considerado.

Poder-se-ia pensar que os recursos alocados, caso fossem investidos em uma atividade alternativa, ofereceriam retorno mais elevado. Entretanto, estu­do realizado por Langoni (1974), no período de 1948 a 1969, mostrou que a taxa social bruta média de retomo para o capital físico no Brasil foi de 21%, aproximadamente. Isto permite verificar que os recursos alocados para a manutenção das atividades de pesquisa, ensino e extensão na região cacaueira da Bahia estão dando como resultado taxa social de retomo acima de seu custo de oportunidade.

Conclusão

O trabalho desenvolvido pela CEPLAC no campo da pesquisa, ensino e exten­são em cacau nas regiões cacaueiras da Bahia e Espírito Santo mostra apre~iá­vel grau de eficiência, tendo em VIsta

0 reflexo econômico alcançado· O

ReviitD Theobroma 15(4). 1985.

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202 Monte/To

Quadro 5 -Sementes distribuidas e ãreas de caC<~uais renovados e implantados

M Bahia e Expirito Santo no periodo 1965/84.

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

Sementes distribui das

(milhares)

3.010

3.500

2 .139

3.828

7.297

15.292

13.999

21. n3

26.489

35.440

37.612

60.315

66.968

75 . 965

80.624

64 .774

50.874

28.691

35.482

Renovação ( ha)

60

.122

788

564

449

1. 320

,830

.618

452

962

990

3.380

4. 921

5.497

8. 952

7.057

4.852

2. 398

2. 729

Implantação (ha)

150

2.462

1 .316

1 .708

2.544

2.899

4.460

8.104

12.054

12.933

12.732

16.202

21.714

24.061

32.091

25.963

13.356

6.139

13.51 o

Fonte: Dados fornecidos pela Assessorio de Planejamento da Extensào do DEPEX.

' Re- Theobroma 15(4). 1985.

AvaliDção econômica do CEPLAC 203

Quadro 6- Efeitos da adoção de técnicas modernas (TM) em comparaçao com téc­

nicas tradicionais (TT) no cultivo do cacau na produção, ãrea colhida e rendimen­

to agronõmico, na região cacaueira da Bahia, periodo 1963/84.

Anti Produção (t) Area colhida (ha) Rendimento { ~g/ha)

19&3

19f4

1965

1966

1967

E168

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

197_7

1978

1979

1900

1981

1982

191\l 1984

136.172

145.280

155.086

162.632

186.750

140.739

203.098

188.592

210.715

210.815

183.996

212.590b

271.788

222.056

239.352

271.000

321 .140

302.481b

288.474b

282. 712b

341.503b

264.677b

TT

131 .438

135.954

135.308

128.272

132.961:1

120.531

121.910

123.619

123.993

120.723

110.287

118.259

122.348

108.429

107.530

113.258

lll .268

113.025

110.572

107.396

106.830

105.250

438.127

453.180

451.028

427.572

443.228

401.771

406.367

412.222

415.922

406.338

373.258

402.376(

418.906

376.972

382.076

413.224

419.524

438.Jl3C

446 .139C

457.223C

4 79 .442c

506.263

4::!8 127

453.180

451.028

427.5 72

443.228

401 . 771

406.367

412.212

413.360

402.410

367.622

394.196

407.827

361.433

358.433

377.527

370.894

376.751

368.575

357.955

356.103

350.833

Fonte: Anuãrio Estatístico do Brasil (1965-1982).

a Dados da pesquisa.

311

321

344

380

421

350

500

458

507

519

493

528

649

589

626

656

765

690

647

618

712 523

b Dados fornecidos pela Comissão do Cornér~io de Cacau da Bahia (COMCAU8A).

c Dados fornecidos pela Assessoria de Planejamento da Extensão do OEPEX.

TT

300

300

300

300

300

300

300

300

300

300

300

300

300 300

300

300 300

300

300

300

300

300

Revista Theobroma 15(4). 1985.

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204 Monteiro

Quadro 7- Estimativas dos valores

de K resultante da redução da produtiv.!_

dade pelo não uso das têcnicas roodernas.

Perioclo 1963/84, Bahia.

'"' Valores d• K

1963 0,0354

1964 0,0654

1965 0,1279

1966 0,2105

1967 0,2874

1968 0,1428

1969 0,4000

1970 0,3450

1971" 0,4083

1~72 0,4220

1973 0,3915

1974 0,4318

1975 0,5377

1976 0,4907

1977 0,5208

1978 0,5427

1979 0,6078

1980 0,5652

1981 0,5363

1982 0,5146

1983 0,5787

1984 0,4264

Fonte: Dados basicos da pesquisa.

benefício social gerado pelo uso das técnicas desenvolvidas pela pesquisa e transferidas às propriedades cacauei­ras, quando comparado com os custos de manutenção das atividades de pes-

quisa, ensino e extensão agríc.:.las do cacau na Bahia e no Espírito Santo apresenta tendencia altamente favorável.

Quadro 8 - Estimativas dos ganhos s~

dais brutos (milhares de cruzeiros de

dezembro de 1984) provenientes do uso de

técnicas modernas, para o caso de Es

0,53 e E8 = 0,095. Periodo 1963/84.

Agradecimentos

O autor expressa sinceros agradecimentos a Dra. Margarida Maria Hoeppne:r Zaroni pela subs­tancial ajuda nas determinações da equação de regressão e taxa interna de retomo e a Rosane Amorim Moreira pelos eficientes serviços datilográficos .

Revisra' Theobroma 15(4). 1985.

j

1

Ava/Wção econômicu do cJ::PLAC 205

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206 Monteiro

APf:NDICE 1

Cálculo da equaç.io de regressão poliromial para verificar a tendi!ncia de produti­

vidade de cacau do Estado da Bahia. Periodo 1950 a

Ano Produtividade

1950

1951

1952

1953

1954

1955

1956

568 kg/ha

421 kg/ha

409 kg/ha

410 kg/ha

473 kg/ha

436 kg/ha

436 kg/ha

Equação ajustada:

PerioOO A~

1957

1 1958

3 1959

4 1960

5 1961

6 1962

7

Y; = 999,916 - 643,305 x1

+ 254,621 X~ - 46,919751

+ o, 00369152 ~

1962.

Produtividade

429 kg/ha

358 kg/ha

368 kg/ha

347 kg/ha

330 kg/ha

304 kg/ha

3 4 Xi + 4,388063 Xi

Per iodo

8

9

1 o 11

12

13

0,203149 X~

Variãvel G.L. Estimativa do Erro padrão Teste de t Si gnifi cânci a ,, t parâmetro h i põtese nulidade

Intercepto 999,916 139,532 7' 166 0,0004

'"' 1 -643,305 220 ,9Cl8 -2 ,912 o ,0269

Ano 2 254,621 119,181 2 '136 o ,0765

Ano 3 -46,919751 29,615060 ·1,584 o ,1642

Ano 4 4,388063 3,704450 1 ,185 0,2810

Ano 5 ·0,203149 0,226531 ·0,895 0,4044

Ano 6 0,00369152 0,005380833 0,686 0,5183

y14" 999,915. 643,305(14) + 254,621(14)2. 46,919751(14)3 + 4,388053(14)4

0,203149(14)5 + 0,00369152(14)6 ~ 260,462

Análise " variância

c. v. G.L. S. Q. Q.M. F Fo.oo5

Regressao 6 52927,305 8821,217 20,015** 11,07

Resíduo 6 2644,388 440,731

Total 11 55571,692

R2 · O, 9524 R2 ajustado - 0,9048 c. v. = 5,143551

Revista Theobroma 15(4}. 1985

1

Re~·--~ T11eobroma 15(4):207-212 1985

Centro de Pesquíst1s do Cacau, flhéus. Bahia, Brasil

Taxa de decomposição do folhedo de dez espécies de árvores nativas no Sul da Bahia, Brasil

Sérgio G. da Vinha 1, André M. de Carvalho 1 e Luiz A.M. Silva1

Resumo

Avaliou-se a taxa de decomposição do folhedo de 10 espécies de árvores nativas no Sul da ~ahia, em condições de arborcto, cultivadas em solos profundos e de baixa fertilidade. Os rcsul­t!ldos mostraram uma grande diferença na taxa de decomposição das diferentes espécies. A sa· pueaia (Lecythis pisonis) c a claraíba-parda (Cordia trichotoma) foram, respectivamente, as e!;pécies com menor e maior taxa de decomposição. Atribui-se essa variabilidade a fatores inuín­seeos das plantas e eond1ções edafo·climáticas do habitat das espécies.

Itz/Dvras-chave: árvore florestal, folhedo, decomposição

Decomposition rate of the litter of ten species of trees in South Bahia, Brazil

Abstract The deeomposition ratc of thc litter of 10 species of trees nativc to South Bahia was studied

under arboretum conditions of deep soils and Jow fertihty. Thc results showed a big difference among the decomposition rales of the spccies. The 'sapueaia' (Lecythls pisonis) and 'claraíba-' p!lJda' (Cordia trichotoma) were the spccies with the lowest and highest deeomposition rates

nlspectively. The variations werc attributed to plant factors and lhe edafic-elimatic aspect ofthe species habitat.

Key words: fores! tree, litter, deeomposition

lntroduçlio

Quando o equihbrio de um ecossis­tema natural é quebrado pela derruba e queima da vegetação, os nutrientes liberados da fitomassa se perdem ra­pidamente por lixiviação. Este aspecto Sé toma mais acentuado em solos pro-

fundos e de baixa retenção de nutrien­tes. O restabelecimento do nível de nu­trientes na vegetação secundária, que surge após a derruba e queima, e a me­lhora das condições do solo por proces­sos naturais são demorados. Uma das soluções para o problema recai na esco-

1 ,Pi~ísão de Bot4nica, Centro de Pesquisas do Cawu, APT CEPLAC, 45600, ltabuna, Bahta,

~rasil.

Recebido para publicação em 29 de abril de 1985 207

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208 Vinha, Carvalho e Silva

lha de espécies a serem cultivadas no lo­cal que visem não somente o aspecto econômico imediato mas twJbém a m­fluência que tenham essas espécies sobre a melhora das condições ambientais.

Um dos fatores responsáveis por essa melhor<! está relacionado com a taxa de \.kcomposiçào do folhcdo. Quando essa taxa é alta. isso nau signific<J necessaria­mente uma melhora das condições cdá­ficas, mas permite a reciclagem de nu­trientes mais rápida, o que, por sua vez. aumenta a produtividade do ecossis­tema.

Tem sido mostrado para espécies de clima temperado que a taxa de decom­posição varia de acordo com as condi­çocs ambientais (Gioaguen, Touffet c Forgeard, 1980, Pandcy, Gaur e Singh 1980) e as características do folhedo (D<~y, 1982), principalmente em rel<lçao ao teor de lignina e nitrogênio (Foge] e Cromaek, 1977; Meentemeyer, 1978; Melillo, Aber e Muratore, 1982).

O objetivo do presente trabalho foi determinar a taxa de decomposição do folhedo de 10 diferentes espécies de árvores nativas no Sul do Estado da Ba­hia para que, através do seu conheci­mento específico, se possa melhor com­preender os ecoSSIStemas regionais e sub­sidiar os trabalhos de enriquecimento vegetal e melhora das condiçoes edáficas.

Material e Método

Os trabalhos de campo foram efetua­dos no arboreto da Estação Ecológica do Pau-brasil -- ESPAB, Santa Cruz Ca­bráha, Halúa, latitude 16° 23'S e lon­gitude 39° li' W. entre abril de 1980 e

ltevista -obroma 15{4).1985

maio de 1981. Os solos da ESPAB sáo oxisols (Haplorthoxs), estudados em de­talhe por Silva, Dias e Melo (1975 ). O clima é do tipo Af, segundo a classi­ficação de Koeppen (frota, 1972). As médias mensais de temperatura e o total de chuvas durante o período do estudo estão relacionados no Quadro }2

Quadro 1 - Temperatura media mensal

e precipitaça.o na Estaç<i.o EcolÜg1ca do

Pau-brasil, Santa Cru< Cabra1ia, Bahia,

entre abnl de 1980 e maio de 1981.

Meses Temperatura e Precipitação

media (OC) (~)

Abr. 24,1 60

Ma i. 22,7 232

Jun. 21 ,6 115

Jul. 20,6 106

Ago. 20,8 98

5<t. 21,4 92

Out. 22,5 48

Nov. 23,2 128

"'· 24 '7 136

Jan. 24 ,6 66

rev. 24,3 111

Mar. 24,7 ]JI

Abr. 23,3 200

Mo1. 22,1 169

As espécies estudadas foram biriba (Eschwei/era ovata),imbiruçu (Bombax macrophy/lum), jacarandá (Da/bergia ni­gra), jatobá (llymenaea aurea), claraíba­parda (Cordia trichotoma), pau-brasil (Caesalpiniil echinata), pcqui-doce-do· litoral (Buchenavia sp.), putumuju (Cen­tro/obium robustum), sapucaia (Lecy-

2Dados obtidos da Divisão de Oimatologia do Centro de Pesquisas do Cacau, que man­tém uma estação meteorológica na ESPAB.

Decompoliç6o de folhedo de drvorer natiwu 209

this pisonis) e vinhático (PlathymenW [o/iolosa). No arboreto, cada espécie faz parte de um talhão de 36 plantas (seis por ma e seis por coluna), equidis­tantes de 2m. Com exceção do vinháti­co, que foi plantado em junho de 1976, as espécies foram plantadas entre maio de 1971 e junho de 1972.

Uma porção de folhagem de cada uma das espécies estudadas foi coletada e seca em estufa a 80°C até atingir peso constante. Deu-se preferência a folhas retiradas aleatoriamente das plantas pela pequena quantidade de folhedo existen­te sob algumas espécies, pela dificuldade de recolher folhedo de espécies com folhas muito pequenas e pela dificulda­de de se separar o solo desses folhedos.

Depois de seco, o material coletado foi colocado em sacos de tela SARAN (32 malhas), medindo 3 em de largura por 5 em de comprimento. Após fecha­dos, os saquinhos com o folhedo foram pesados. Para cada espécie, prepararam­se 50 saquinhos, que foram colocados no campo, ao mesmo tempo, em grupos de I O. A cada dois meses, uma amostra de lO saquinhos foi recolhida, limpa para retirar o solo aderido, seca até peso constantt: e pesada. A parte decomposta foi considerada como a diferença entre o peso original e o peso após o material ter permanecido no campo. A taxa momeniãnea de decomposição para ca· da uma das espécies foi considerada como a inclinação da reta obtida entre o logaritmo da percentagem de folhedo não decomposto e o tempo em fração de anos.

Resultados e Discussão

Observa·se pelos resultados apresen-

tados na Figura 1 que houve urna grande diferença entre a taxa de decomposição dos folhedos das espécies estudadas. Dentro de uma mesma espécie, a varia­ção entre os valores iniciais e finais fo­ram significativamente diferentes ao ní. vel de I%. Os dados climáticos apresen. tados no Quadro I mostram que houve pequena variação na temperatura média mensal e não houve um mês sem chuvas durante o período em que os saquinhos estiveram no campo. Considerando-se que, pela proximidade entre os dife· rentes talhões, as variações ambientais como microclima e solo na época de implantação do arboreto tenham sido insignificantes, as variações observadas na decomposição do folhedo das dife· rentes espécies só podem ter sido ocasio­nadas por características intrínsecas do próprio folhedo, como sugerido por Day (1982). Entretanto, essas características podem estar, até certo ponto, relaciona· das com a adaptação das espécies ao lo· cal. Cinco delas - claraíba-parda, jaca· randá, putumuju, sapucaia e vinhático - não ocorrem espontaneamente em so­los de baixa fertilidade e baixa retenção de umidade, como o encontrado no ar· boreto da ESPAB. Putumuju, sapucaia e vinhático ocorrem preferencialmente em áreas de baixada, em solos férteis e com alta umidade. Claratba-parda e ja· carandá sllo provenientes de regiões mais secas, ou das partes bem drenadas dos locais mais úmidos. As baixas taxas de decomposição verificadas nos folhedos da sapucaia, do putumuju e do vinhático podem, dessa forma, ser atribuídas tan· to às suas características intrínsecas co· mo a uma menor atividade biológica es· pecífica a elas no solo do arboreto. Em

Revista Theob1'0ma 15{4). 1985

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210 Vinha, CaiWllho e Silvo

(o)

1,800

r •-0,44 1'-0,097 X+1,888

2,20

ldl o ~ • g g

1,800 -----....____-~

o • ~ o •o c

o ~

~ 2,00 o -

1,600

1,800

1,400

r =-0,99 y=-0,298 X t 1,911

• I i l

• I =-0,88 y: -0,830 X+ 1, 903

1,000> 'eco:-""';-;;::;--,;;'"""" "·"" o,,. 0,40> "·"" o, ...

Tempo {anos)

r =-0,65 '=-0,68 y=-0,14 X+ 1,889 y=-0,153 X+l,796

I el I. f)

'=-0,98 r =-0,95 y•-0,197 X +1,983 y=-0,281 X+ 1,947

I h l ( j l • •

• r =-0,81 r=-0,92 • y=-0,550 X+l,914" y =-0, 736 X + 1,937

Tempo (onos) Tempo (anos)

{a )Sapucaia; {b) Putumuju;

(c) Pau- brosil, (d)Viohótico;

(e)Jotobó; (f)Siribo,

( g) lmbiruçu;

( i ) Jocarondd;

(h) Pequi-doce-do­-litorol

( j ) Claraíbo- por da

Figura 1 - Regressão linear entre o log. da pcrcentagcn• de folhedo não decomposto e o tem­po em anos. Cada ponto é a média de 1 O observações. ESPAB, Santa Cruz Cabrália, Bahia, maio de 1980 a maio de 1981 .

Re~ista theobroi7Ul 15(4). 1985

Decomposição de folhedo de árvores nQtivas 211

seus habitats de origem, os solos apre­sentam condições mais favoráveis a uma alta taxa de decomposição, pelo desen­volvimento de uma microfauna e nUcro­flora necessárias ao fracionamento do folhedo. Já a claraíba-parda e o jacaran­dá, que vêm de áreas mais secas, tive­ram alta taxa de decomposição do folhedo.

Estudos realizados no mesmo local por Santos e Vinha (1982) sobre a infes­ta9ão dos solos e infecção das raízes por micorrizas, o que, de certa forma, está relacionado com a ativí:''~J hiológica dci solo, mostraram que, sob claraíba­parda, foi encontrado um dos maiores n(tmeros de esporos (78 por I 00 g de saio) e um nível de infecção de raízes superior a 50%. Esse valor só foi ultra­passado pela quantidade de 161 esporos encontrados sob a biriba, que é uma espécie local.

Entre as espécies que apresentaram menor taxa de decomposição estavam as que apresentaram menor produção de folhedo. Vinha e Pereira (1983) estimaram a produção anual do folhedo dos talhões da sapucaia e do putumuju em 200,5g.m- 2 e 213,lg.m·2 , res­peÇtivamente, sendo também essas duas espécies as que apresentaram menor ta­x:a de decomposição do folhedo. Já a claraíba-parda e o pequi-doce-do-litoral, com significativamente maior produção de folhedo (292,7 g.m- 2 e 403,9 g.m -l, respectivamente) foram as espé­cies que apresentaram as maiores taxas de decomposição de folhedo.

Ao comparar dados sobre a taxa anual de crescimento dessas espécies

apresentadas por Santos e Vinha (1982), observa-se que, entre as espécies com maior taxa anual de crescimento, esta­vam a claraíba-parda e o pequi-doce-do­litoral (I ,OI m.ano -I e 1,15 m. ano- 1

,

respectivamente). Para a sapucaia, esse valor foi de 0,78 m.ano -I, perdendo somente para o jacarandá e o pau-brasil. Se bem que a taxa de crescimento seja função de características fenotípicas das espécies, observa-se que, de modo geral, as espécies que apresentaram maior taxa de crescimento foram aque­las cujos folhedos se decompuseram com maior rapidez e que apresentavam maiores níveis de esporos por 100 g de solo e de infecção das raízes.

Conquanto esses aspectos pareçam correlacionados, há o caso específico do vinhático que, embora tenha apre­sentado a maior taxa de crescimento (1,52m.ano- 1 ), com alta taxa de pro­dução de folhedo (303,3 g.m- 1 ), apre­sentou uma baixa taxa de decomposi­ção. Além disso, essa espécie apresentou uma baixa concentração de esporos de fungos micorrízicos no solo e um alto nível de infecção desses microrganismos nas raízes. Neste caso, necessita-se co­nhecer melhor a fisiologia dessa planta para se compreender o mecanismo que facilita a absorção de nutrientes dos so­los sem que esses nutrientes tenham sido necessariamente provenientes da recicla­gem no processo produção I decompo­

sição.

Conclusão

1. Diferentes espécies apresentaram diferentes taxa:; de decomposição de folhedo;

Revista Theobroma 15(4). 1985

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212 Vinha, Carvalho e Si/pa

2. As maiores taxas de decomposição foram encontradas nas espécies que ocorrem naturalmente nas condições edafo-climáticas da ESP AB; e

3. Observou-se uma relação Uücta en­tre a taxa de decomposição c produção de folhedo (maior produção, maior de­composição e vice-versa).

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Re~is,. Theobroma 15(4). 1985

REVISTA THEOBROMA Volume 15, 1985

fNDICE ANUAL

Preparado por Lícia Margarida Gumes Lopes

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC Centro de Pesquisas do Cacau - CEPEC

Rodovia llhéus/Itabuna, km 22

Ôrgão vinculado ao Ministério da Agricultura

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fNDICE DE AUTORES------~

ABREU, J.M. de ver BERBERT, P.R.F.

ALMEIDA, H.A. de ver SÁ, D.F. de

BARTLEY, B.G.D. ver CASTRO, G.C. T. de

BERBERT, P.R.F. Níveis residuais de BHC em amêndoas e na superfície externa dos frutos de cacau a diferentes intervalos entre a aplicaylo e '3.

colheita.

Residual leveis o[ BHC (HCH) in CtJCtlO beans and caazo pod sur[aceat

133

35

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different intervals between insectidde application and harvest. 167

_____ ., ABREU, I.M. de e SORIA, S. de J. Níveis residuais e persistência de pirimifós-metil em cacau armazenado.

Residwllevels and persistence of pirímiphos-methyl in stored cacao. 133

BEZERRA, J.L. Ocorrência de Dysrhynchis palmicola em dendê na Ba-hia, Brasil.

Ocurrence o[ Dysrhynchis palmicola in oil palm in Bahia, Brazil. 97

CABALA-ROSAND, P, ver REIS, E.L 19

-----· ver 177

CADIMA Z., A., SILVA, L.F. da e LOBÃO, D.E.P. Efeitos da queima e adubação em solos de tabuleiro (Haplorthox) sob consorciação milho-feija:o.

Effects of buming and fertilization in tabuleiro soils (Haplorthox)under combined 11'tlize and beans farming. 101

CAMPf;:LO, A.M.F.L. ver LUZ, E.D.M.N. 159

CARVALHO, A.M. de ver VINHA, S.G. da. 207

CASTRO, G.C.T. de e BARTLEY, B.G.D. Caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro. IL Flor de seleções da Bahia das séries SIC e SIAL

Characteristics of au:ao genetic resources. 11. F7owers of selections S1C and SIAL.

CONDE, A.R. ver MANCILHA, LM. de

FREIRE, E.S. e SANTOS FILHO, L.P. dos. Desempenho de dois tipos de detenninadores elétricos de umidade para o cacau.

RHista Theobroma 15(4). 1985

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III

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IV Lopes

Per[orn'Wlce o[ nvo types of electric moisture meters for auuo.

..... ARCIA,J. de J. da S. ver MENDES, A.C. de B.

GARCIA, J.R. e NICOLELLA, G. Correlação entre algumas medidas den­drométricas, origem genética e produçllo de frutos em cacaueiro.

Fruit production as co"elated with some t'endrometric parameters and generic origin in caa:w.

JANICK. J. and WHIPKEY, A. Axillary proliferation of shoots from cotyledonary nodal tissue of cacao.

Proliferaçio de brotos axilares a partir de tecidos do colo de p/ântulas de aJcau.

LLAMOSAS C., A., PEREIRA, J .M. e SOARES, M.S. Efeito de diferen­tes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novillios confina­dos ilimentados com casca fresca do fruto do cacaueiro.

Effect of different le~ls of supplementation on weigth gain of ron[ined young bul/s fed with fresh cacao pod husks.

WBÃO, D.E.P. ver CADIMA Z., A.

LUZ, E.D.M.N., CAMPbLO, A.M.F.L e MIRANDA, R.A.C. de. A chuva como agente de disseminação do mal rosado do cacaueiro.

&infall as dispersing agent o f the pink disease o f camo.

MANCILHA, I.M. de, TEIXEIRA, M.A., PEREIRA, A.S. e CONDE, A. R. Utilização da casca do fruto do cacaueiro para a produção de proteína microbiana.

Utilization o f auxw {XJd husk as substrate for single cell protein pro­duction.

MENDES, A.C. de B. e GARCIA, J. de J. da S. Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associadas ao cacaueiro na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia, Brasil.

The effect of insecticides on noxious insects and spiders of camo (TI1eobroma cacao L.) in the OUTo Preto d'Oeste region o f Rondonia state, Brazil.

MILDE, L.C.E. e NITZSCHE, M.H. Estudo de precipitação diária; I. Re­gimes pluviométricos da região cacaueira da Bahia.

Study of daily precipitation: I. Rainfall pattern of the Cacao Region of Bahia, Brazil.

MIRANDA, R.A.C. de. Observações iniciais da perda de água por inter­ceptação de chuva em cacaueiro.

Rev;:,. Theobroma I 5(4). 1985

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Índice de autores

lnitial observations o[ intercepted rain Joss in cama trees.

MIRANDA, R. A.C. ver LUZ, E.D.M.N .

MONTEIRO, A. Avaliação econômica da pesquisa, ensino e extensão agrí­colas desenvolvidas pela CEPLAC nos estados da Baltia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984 - atualizaçao.

Economic evaluation o{ the agricultura/ research, teaching and exten­.Uon developed by CEPLAC in the states o f Bahia and Espirito Santo in the period o f 195 7 to 1984 - an update.

NICOLELLA, G. ver GARCIA. J .R.

NITZSCHE, M.H. ver MIL DE, L C. E.

PEREIRA, A.S. ver MANCILHA, LM. de.

PEREIRA, J.C.R. ver SANTOS, A. F. ·dos.

PEREIRA, J.M. ver LLAMOSAS C., A.

PINHO. A.F. de S. ver SORIA, S. de J.

REIS, E. L. e C' ABALA-ROSAND, P. Comparação de fontes fosfatadas no desenvolvimento da seringueira no Sul da B:Jüa.

Compan·son o[ phosphate sources on the growth o f Hevea rubber in southern Bahia, Brazü.

_____ ., _____ . e SANTANA, C.J.L. de. Respostas do

clone Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizantes no sul da Bahia.

Response o[ the rubber clone Fx 3864 to fertilizers in southern Bahia,

Brazil.

SÁ, D.F. de e ALMEIDA, H.A. de. Evapotranspiração potencial em su­perfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasi!lo dos equinócios e solstícios.

Evapotranspiration potential on horizontal and indined flat surfaces at

the equinoxes and solstices at Una, Bahia, Brazif.

SANTANA, C.J.L. de ver REIS, E. L.

____ .ver SANTANA, M.B.M.

SANTANA, M.B.M., YAMADA, M.M. e SANTANA, C.J.L. de. Tolerân­

cia de cultivares híbridas de cacau a alumínio.

Tolerance of 01010 hybrids to aluminum

SANTANA, S.O. de. Estágio atual dos estudos de mineralogia de argila

dos solos da regiao cacaueira da Bahia.

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VI Lopes

Present status of the !ltudies on the clay mineralogy o[ the soils o[the Ozcuo Region o[ Bahia, Brazil.

SANTOS, A.F. dos e PEREIRA, J.C.R. Eficiência de fungicidas no con­trole de Microcydus ulei in vitro e in vivo.

E[fidence o[ [Wigicides in the amtrol o[ Microcyclus ulei, in vitro and in vivo.

SANTOS FILHO, L.P. dos ver FREIRE, E.S.

SILVA, L.A.M. ver VINHA, S.G. da.

SILVA, L.F. da ver CADIMA Z., A.

SILVA, P. Cacao snails in Bahia, Brazil- corrections and additions (Mollus­ca, Gastropoda, Pulmonata).

Caracóis do azmueiro ·na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusrn, Gastropoda, Pulmonata}.

SOARES, M.S. ver LLAMOSAS C., A.

SORIA, S. de J., WIRTH, W.W. e PINHO, A.F. de S. A polinização doca­.caueiro no Recôncavo baiano, Brasil. I. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia.

Cacao pollination in the Bahian Reconmvo, Brazil. L The insect fauna compared to that o[ southem Bahia.

----· verBERBERT,P.R.F.

TEIXEIRA, M.A. ver MANCILHA, I.M. de

VINHA, S.G. da, CARVALHO A.M. de e SILVA, L.A.M. Taxa de decoro· posição do folhedo de dez espécies de árvores nativas no Sul da Bahia, Brasil.

The decomposition rate of the /itter of ten spedes of trees in south Bahia, Brazil,

WHIPKEY, A. ver IANICK, J.

WIRTH, W.W. ver SORIA, S. de J.

YAMAOA, M.M. ver SANTANA, M.B.M.

ReviJ'tlt '{'heobromil 1.5 (4). 198.5.

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ÍNDICE DE PALAVRAS- CHAVE----~

ADUBAÇÃO em solo de tabuleiros (Haplorthox) sob consorciação milho· feija:o I Efeitos da queima e

ALUMfNIO I Tolerância de cultivares htbridas de cacau a

AMÊNDOAS e na superfície externa dos frutos de cacau a diferentes in· tervalos entre a aplicação e a colheita I Níveis residuais de BHC em

ARANHAS associados ao cacaueiro na região de Ouro Preto d'Oeste, Ron­dõnia, Brasil/ Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e

ARMAZENADO I Níveis residuais e persistência de pirinúfós-metil em

"'"'" ÂRVORES NATIVAS no Sul da Bahia, Brasil/ Taxa de decomposição

do folhedo de dez espécies de

AVALIAÇÃO ECONÔMICA da pesquisa, ensino e extensão agrícolas de· senvolvidos pela CEPLAC nos Estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- atualização

BAHIA, Brasil, correções e adições (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) I Caracóis do cacaueiro na

BAHIA, Brasil/ Ocorrência de Dysrhynchis palmicola em dendê na

BAHIA, Brasil I Taxa de decomposição do folhedo de dez espécies de árvores nativas no Sul da

BAHIA I Comparação de fontes fosfatadas no desenvolvimento da serin· gueira no Sul da

HAHIA das séries SIC e SIAL I Caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro. 11. Flor de seleçoes da

BAHIA e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- atualização I Ava­liação econômica da pesquisa, ensino e extensão agrícolas desenvolvi­dos pela CEPLAC nos Estados da

BAHIA I Estágio atual dos estudos de mineralogia de argila dos solos da região cacaueira da

BAHIA I Estudo de precipitação diária: L Regimes pluviométricos dare· gião cacaueira da

BAHIA I A polinização do cacaueiro no Recôncavo baiano, Brasil. I. En· tomofauna comparada com a do Sul da

BAHIA, por ocasião dos equinócios e solstícios I Evapotranspiração em su-

Revista Theobroma 15(4). 1985

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VIII Lopes

perfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Umos Maia, Una

BAHIA 1 Respostas do clone Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizao·

tes no Sul da BHC em amêndoas e na superfície externa dos frutos de cacau a diferentes

intervalos entre a aplicação e a collieita I Níveis residuais de

BRASIL f Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associados ao cacaueiro na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia,

BRASIL, correções e adições (Mollusca, Castro poda, Pulmonata) I Cata· cóis do cacaueiro na Bahia,

BRASIL. l. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia I A polini· zação do cacaueiro no Recôncavo baiano,

BRASIL I Ocorrência de Dysrhynchis palmicola em dendê na Bahia,

BRASIL I Taxa de decomposição do folliedo de dez espécies de árvores nativas no Sul da Bahia,

BROTOS AXILARES a partir de tecidos do colo de plân tulas de cacau I Proliferação de

CACAU a alumínio I Tolerância de cultivares lubridas de

CACAU a diferentes intervalos entre a aplicação e a collieita 1 Níveis resi­duais de BHC em amêndoas e na superfície externa dos frutos de

CACAU armazenado I Níveis residuais e persistência de pirimifós-metil em

CACAU I Desempenho de dois tipos de determinadores elétricos de umida­de para o

CACAU I Proliferação de brotos axilares a partir de tecidos do colo de plãntulas de

CACAUEIRO I A chuva como agente de disseminação do mal rosado do

CACAUEIRO I Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ga· nho de peso de novilhos confinados alimentados com casca fresca do fruto do

CACAUEIRO. li. Flor de seleções da Bahia das séries SIC e SIAL I Ca· racterização dos recursos genéticos do

CACAUEIRO na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) I Caracóis do

CACAUEIRO na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia, Brasil I Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associadas ao

CACAUEIRO no Recôncavo baiano, Brasil. 1. Entomofauna compara· da com a do Sul da Bahia I A polinizaç:lo do

Reviu~ "obroln415(4). 1985.

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Iildice de palavras-chave

· CACAUEIRO f Observações iniciais da perda de água por interceptação de chuva em

CACAUEIRO para a produção de proteína microbiana 1 Utilização da cas­ca do fruto do

CACAUEIROS I Correlação entre algumas medidas dendrométricas, ori· gem genética e produção de frutos em

CARACÓIS do cacaueiro na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata)

CASCA do fruto do cacaueiro para a produção de proteína microbiana f Utilização da

CASCA fresca do fruto do cacaueiro f Efeito de diferentes níveis de su­plementação sobre o ganho de peso de novilhos confinados alimenta· dos com

CEPLAC nos estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984 - atualização I Avaliação econômica da pesquisa, ensino e exten· são agrícolas desenvolvidos pela

CHUVA como agente de disseminação do mal rosado do cacaueiro I A

CHUVA em cacaueiro f Observações iniciais da perda de água por inter­

ceptação de

CLONE Fx 3864 de seringueira a doses de fertilizantes no Sul da Bahia I Respostas do

I CONFINAMENTO I Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novilhos confinados alimentados com 'Casca fresca

do fruto do cacaueiro

CONSORCIAÇÃO milho-feijao I Efeitos da queima e adubação em solos

de tabuleiro ( Haplorrhox) sob

CONTROLE· de Microcyclus ulei in vitro e in vivo I Eficiência de fungi·

cidas no f Corticium S1lmonicolor f A chuva como agente de disseminação do mal

rosado do cacaueiro

CULTIVARES HIBRIDAS de cacau a alumínio I Tolerância de

1 CULTURA DE TECIDO I Proliferaçao de brotos axilares a partir de te·

cidos do colo de plântulas de cacau

DENDÊ na Bahia, Brasil/ Ocorrência de Dysrhynchis palmicola em

DESENVOLVIMENTO da seringueira na Sul da Bahia / Comparaç:ro de

fontes fosfatadas no

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X Lopei

lETERMINADORES ELÊTRICOS de umidade para o cacau f Desempe-nho de dois tipos de

DISSEMINAÇÃO do mal rosado do cacaueiro f A chuva como agente de

Dysrhynchis palmicola em dendê na Bahia, Brasil I Ocorrência de

ENSINO e extensão agrícola desenvolvidos pela CEPLAC nos estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- atualização fAva­liação econômica da pesquisa,

ENTOMOFAUNA comparada com a do Sul da Bahia f A polinização do cacaueiro no Recôncavo baiano, Brasil. I.

EQUINÓCIOS e solstícios I Evapotranspiração potencial em superfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasião dos

ESPIRITO SANTO no período de 1957 a 1984 -atualização f Avaliação econômica da pesquisa, ensino e extensão agrícolas desenvolvidos pela CEPLAC nos estados da Bahia e

EVAPOTRANSPIRAÇÃO potencial em superfícies planas horizontal e in­clinadas na Estação lemos Maia, Una, Bahia, por ocasião dos equinó­cios e solstícios.

EXTENSÃO agrícolas desenvolvidos pela CEPLAC nos estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- atualização I Avaliação econõmica da pesquisa, ensino e

FERTILIZANTES no Sul da Bahia I Respostas do clone Fx 3864 de se­ringueira a doses de

FLOR de seleções da Bahia das séries SIC e SIAL I Caracterização dos re­cursos genéticos do cacaueiro. 11.

FOLHEDO de dez espécies de árvores nativas no Sul da Bahia, Brasil 1 Taxa de decomposição do

FONTES FOSF ATADAS no desenvolvimento da seringueira no Sul da Ba­hia I Comparação de

FRUTO do cacaueiro I Efeito de diferentes níveis de suplementação so­bre o ganho de peso de novilhos confinados alimentados com casca fresca do

FRUTO do cacaueiro para a produção de proteína microbiana I Utilização da casca do

FRUTOS de cacau a diferentes intervalos entre a aplicação e a colheita 1 Níveis residuais de BHC em amêndoas e na superfície externa dos

~#J!ista 1\(obroma 15(4). 1985.

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iÍldice de palavras-chave

FRUTOS em cacaueiros J Corrclaça:o entre algumas medidas dendromé­tricas, origem genética e produção de

FUNGICIDAS no controle de Microcyclus ulei in vitro e in vivo I Eficiên­cia de

GASTROPODA, Pulmonata) I Caracóis do cacaueiro na Bahia, Brasil, correções e adições (Mollusca,

Haplorthox) sob consorciação milho-feijão I Efeitos da queima e aduba­ção em solos de tabuleiro (

INSETICIDAS sobre insetos nocivos e aranhas associados ao cacaueiro na região de Ouro Preto d'Oeste, Rondônia, Brasil I Ação de

INSETOS nocivos e aranhas associados ao cacaueiro na região de Ouro Pre­to d'Oeste, Rondônia, Brasil/ Ação de inseticidas sobre

INTERCEPTAÇÃO de chuva em cacaueiro I Observações iniciais da per­da de água por

MAL ROSADO do cacaueiro I A chuva como agente de disseminação do

MEDIDAS DENDROMÊTRICAS, origem genética e produção de frutos em cacaueiro f Correlação entre algumas

Microcyclus ulei in vitro e in vi)!() I Eficiência de fungicidas no controle de

MINEROl.OGIA de argila dos solos da região cacaueira da Bahia I Estágio atual dos estudos de

MOLLUSCA, Gastropoda, Pulmonata) I Caracóis do cacaueiro na Bahia,

Brasil, correções e adições (

NÍVEIS RESIDUAIS de BHC em amendoas e na superfície externa dos frutos de cacau a diferentes intervalos entre a aplicação e a colheita

NIVEIS RESIDUAIS e persistência de pirimifôs-metil em cacau armazenado

NOVILHOS confinados alimentados com casca fresca do fruto do cacau­eiro f Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de

peso de

ORIGEM GENÊTICA e produção de frutos em cacaueiros I Correlação

entre algumas medidas dendrométricas,

OURO PRETO D'OESTE, Rondônia, Brasil I Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associados ao cacaueiro na região de

PERSISTÊNCIA de pirímifós-metil em cacau armazenado I Níveis resi­

duais c

PESQUISA, ensino e extensão agrícolas desenvolvidos pela CEPLAC nos

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XII Lopes

estados da Bahia e Espírito Santo no período de 1957 a 1984- atua­lização f Avaliação econômica da

PIRIMIFÓS-METIL em cacau armazenado I Níveis residuais e persistên­

cia de

PLÃNTULAS de cacau I Proliferação de brotos axilares a partir de tecidos do colo de

POLINIZAÇÃO do cacaueiro no Recôncavo baiano, Brasil. 1. Entorno­fauna comparada com a do Sul da Bahia f A

PRECIPITAÇÃO diária: L Regimes pluviométricos da região cacaueira da Bahia I Estudo da

PRODUÇÃO de frutos em cacaueiros J Correlação entre algumas medidas dendrométricas, origem genética e

PROTEÍNA MICROBIANA J Utilização da casca do fruto do cacaueiro

para a produção de

PULMONATA) J Caracóis do cacaueiro na Bahia, Brasil, correções e adi­ções (Mollusca, Gastropoda,

QUEIMA e adubação em solos de tabuleiro (Haplorthox) sob consorciação milho-feijão I Efeitos da

I RAÇÃO I Efeito de diferentes níveis de suplementação sobre o ganho de peso de novilhos confinados alimentados com casca fresca do frutO

do cacaueiro

I RADIAÇÃO SOLAR I Evapotranspiração potencial em superfícies pla­nas horizontal e inclinadas na Estação Lemos Maia, Una, Bahia, por oca­sião dos equinócios e solstícios

RECÔNCAVO baiano, Brasil. 1. Entomofauna comparada com a do Sul da Bahia I A polinização do cacaueiro no

RECURSOS GENÊTICOS do cacaueiro. li. Flor de seleções da Bahia das séries SIC e SIAL I Caracterização dos

REGIÃO CACAUEIRA da Bahia I Estágio atual dos estudos de mineralo­gia da argila dos solos da

REGIÃO CACAUEIRA da Bahia I Estudo da precipitação diária: I. Regi­mes pluviométricos da

I REGIME tflbRICO I Observações iniciais da perda de água por inter­ceptação de chuva em cacaueiro

REGIMES PLUVIOMf:TRiffiS da região cacaueira da Bahia I Estudo

de precipitação diária :I.

Revisru 'rheobromtz 15(4). 1985

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buJice de palavrtl$-chave

RONDÓNIA, Brasil I Ação de inseticidas sobre insetos nocivos e aranhas associados ao cacaueiro na região de Ouro Preto d'Oeste,

SERINGUEIRA a doses de fertilizantes no Sul da Bahia I Respostas do clone Fx 3864 de

SERINGUEIRA no Sul da Bahia I Comparaça:o de fontes fosfatadas no desenvolvimento da

SIAL I Caracterização dos recurrsos genéticos do cacaueiro. li. flor de seleções da Bahia das séries SIC e

SIC e SIAL I Caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro. 11. Aor de seleções da Bahia das séries

SOLOS da região cacaueira da Bahia I Estágio atual dos estudos de minera­logia de argila dos

SOLOS de tabuleiro (Haplorthox)sob consorciação milho-feijão f Efeitos da queima e adubação em

SOl.ST(CIOS f Evapotranspiraça:o potencial em superfícies planas hori· zontal e inclinadas na Estaçao Lemos Maia, Una, Bahia, por ocasião dos

equinócios e

TABUlEIRO (Haplorthox) sob consorciaça:o milho-feijão I Efeitos da queima e adubação em solos de

TECIDOS DO COLO de plântulas de cacau I Proliferação de brotos axilá­

res a partir de

TOLERÃNCIA de cultivares híbridas de cacau a alumínio

UMIDADE para o cacau I Desempenho de dois tipos de determinadores

elétricos de

UNA, Bahia, por ocasião dos equinócios e solstícios I Evapotranspiração potencial em superfícies planas horizontal e inclinadas na Estação Le­mos Maia,

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KEY WORD INDEX

ALUMINUM I Tolerance of çaçao hybrids to

BAHIA and Espírito Santo in the period of 1957 to 1984 - an update I Economic evaluation of the agricultura! research, teaching and exten­sion developed by CEPLAC in the states of

BAlDA, Brazil I Comparison of phosphate sources on the growth of Hevea rubber in southem

BAHIA, Brazil - corrections and add.itions (Mollusça, Gastropoda, PuJmo­nata) f Caçao snails in

BAHIA, Brazil/ lhe decomposition rate of the litter of ten species of trees in south

BAHIA, Brazil I Evapotranspiration potential on horizontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and solstices at Una,

BAHIA, Brazil 1 Ocurrence of Dysrhynchis palmicola in oi! palm in

BAlDA, Braz!! I Present status of the stud.ies on the clay mineralogy of the soils of the Caçao Region of

BAHIA, Brazil f Response of the rubber clone Fx 3864 to fertilizers in southem

BAHIA, Brazil I Study o f daily precipitation: I. Rainfall pattem o f the Caçao Region of

BAHIA I Cacao pollination in the Bahian Reconçavo, Brazil. 1. lhe insect fauna compared to that of southem

BEANS and caçao pod surface at d.ifferent intervals between insecticide application and harvest I Residual leveis of BHC (HCH) in çacao

BHC (HCH) in cacao beans and caçao pod surface at different intervals between inseticide appliçation and harvest I Residuallevels of

BRAZIL I Comparison of phosphate sources on the growth of Hevea rubber in southem Bahia,

BRAZIL- corrections and add.itions (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) I Cacao snails in Bahia,

BRAZIL I The decomposition rate of the litter of ten species of trees in south Balúa,

HRAZIL I The effect of insecticides on noxious insects and spiders of cacao (Theobroma cawo L.) in the Ouro Preto d'Oeste, region of Ron-

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Key word index

donia state,

BRAZIL I Evapotranspiration potential on horizontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and solstices at Una, Bahia,

BRAZIL. I. The insect fauna compared to that of southern Bahia I Cacao poliination in the Bahian Reconçavo

BRAZIL I Ocurrence of Dysrhynchis palmicola in oil palm in Bahia

BRAZIL I Present status of the studies on the clay mineralogy ofthe soils of the Cacao Region of Bahia,

HRAZIL I Rcsponse of tlle ruDber clone Fx 3864 to fertilizers in ~outhern Bahia,

BRAZIL I Study of daily precipitation: I. Rainfall pattem of the Cacao Region of Bahia,

BURNING and fertilization in tabuleiro soils (llaplorthox}under combined maize and beans farming I Effects of

CACAO 1 Axillary proliferation of shoots from cotyledonary nodal tis­

sue of

CACAO I Fruit production as correlated with some dendrometric parameters and genetic origin in

CACA O gentic resources. 11. Flowers of selections SIC and SIAL I Char-

acteristics o f

CACAO hybrids to aluminum / Tolerance of

CACA O 1 Perfonnance of two types of electric moisture meters for

CACAO pod husk as substrate for single ce\l protein production I Uti-

lization of

CACAO pod husks I Effect of different leveis of supplementation on

weight gain of confined young bulls fed with fresh

CACA O pod surface at different intervals between insecticide application and harvest I Residual leveis of BHC (HCH) in cacao beans and

CACAO po!lination in the Bahian Reconcavo, Brazil. I. The insect fauna compared to that of southem Balúa

CACAO I Rainfall as dispersing agent of the pink disease of

CACAO REGION of Bahia, Brazil f Present status of the stud.ies on the

clay mineralogy of the soils of the

CACAO REGION of Bahia, Brazil/ Study of daily precipitation: L Rainfall

pattern of the

XV

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Revista Theobroma 15(4). 1985.

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XVI l.opei

.,ACAO f Residual leveis and persistcnce of pirimiphos-methyl in stored

lACA O snails in Bahia, Brazil - corrections and additions (Mollusca, Gas­

tropoda. Pulmonata)

CACAO (T7Jcobmma caaw L) in thc Ouro Preto ,rOeste rcgion of Ron­donia state, 13razil J TI1c effcct of insecticidcs on noxious insects and spidcrs of

CACAO trees J lnitial obscrvatmns ofintcrcepted rain loss in

CEPLAC in thc states of Bahia and Espírito Santo in the pcriod of 1957 to 1984 -· an update I Economic evaluation o f the agricultura! research, teaching and ext.::nsion dcveloped by

CLONE Fx 3864 to fertilizers in southern Bahia, Hrazil/ Response of the rubber

CONTROL of Microcyclus u!ei in J'Ítro and in vivo I Efficience of fun­gícides in the

Corticium salmonirohr f Rainfall as dispersing agent ofthe pink disease of cacao

COTYLEDONARY NODAL TISSUE of cacao I Axil!ary proliferation of shoots

UENDROMETRIC PARAMETERS and genctic origin in cacao / Fruit production as correlated with some

DISPERSING agent of the pink disease of cacao I Rainfall as

Dysrhynchis palmicola in oil palm in Bahia, Brazil/ Ocurrence o f

ECONOMIC EVALUATION of the agricultura! research, teaching and extension developed by CEPLAC in thc states of Bahia and Espírito Santo in the period of 1957 to 1984 - an update

ELECTRIC moisture meters for cacao J Performance of two types of

EQUINOXES and solstices at Una, Bahia, Brazil I Evapotranspüation potential on horizontal and inclined flat surfaces at the

ESPIRITO SANTO in the period o f 1957 to 1984 - an update I Economic evaluation o f the agricultura! research, teaching and extension developed by CEPLAC in the states of Balüa and

EV APOTRANSPIRATION potential on horizontal and inclíned flat sur­faces at the equinoxes and solstices at Una, Bahia, Brazil

EXTENSION developed by CEPLAC in the states of Bahia and Espirito Santo in the period of 1957 to 1984- an update I Economicevaluation of the agricultura! research, teaching and

Revist~ '111.eobroma 15(4). 1985

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Kty word Inda

I FEED WT f Effect of different leveis of supplementation on weight gain of confined young bulls fed with fresh cacao pod husks

FERTILlZATION in tabuleiro soils(Haplorthox)under combined maize and beans farming I Effects of buming and

FERTILIZERS in southem Bahia, Brazil/ Response of the rubber clone Fx 3864 to

FWWERS of selections SIC and SIAL I Characteristics of cacao genetic resources. li.

FRUIT production as conelated with some dendrometric parameters and genetic origin in cacao

FUNGICIDES in the contrai of Mia-ocydus ulei in vitro and in vivo I

Efficience of

GASTROPODA, ~lmonata) I Cacao snails in Bahia, Brazil - corrections

and add.itions (~ollusca, GENETIC ORIGIN in cacao I Fnllt production as correlated with some

dendrometric parameters and

GENETIC RESOURCES. 11. Aowers of selections SIC and SIAL I Char­

acteristics of cacao

GROWfff of HevetJ rubber in southem Bahia, Brazil I Compartson of phosphate sources on the

Haplorthox} under combined maize and beans fanning I Effects of buming and fertilization in tabuleiro soils (

Heveo rubber in southern Bahia, Brazil I Comparison of phosphate sources

on the growth of

HUSK as substrate for single cell protein production I Utilízation of cacao

pod

tiUSKS 1 Effect.of different leveis of supplementation on weight gain of confmed young bulls fed with fresh cacao pod

HYBRIDS to aluminum I Tolerance of cacao

INSECT FAUNA compared to that of southem Bahia I Cacao pollination

in the Bahian Reconcavo, Brazil. I.

INSECTICIDES on noxious insects and spiders of cacao (TheobroltUI ca-010 L.) in the Ouro Preto d'Oeste region of Rondonia state, Brazil I The

effect of INSECTS and spiders of cacao (Theobroma caaw L.) in the Ouro Preto

d'Oeste region o f Rondonia state, Brazil I The effect o f insecticides on

noxious

XVII

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Revi/da Theobroma 15(4). 1985.

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XVIII Lopc:r

INTERCEPTED ram loss in cacao trees f lnitial observations of

LIITER of tcn species of trces in south Bahia, Brazil I lhe decomposition

r ate of thc

Micrvcyclus ulei in vitro and in vivo f Efficience of fungicides in the

contrai of

MINERAWGY of the soils o f the Cacao Region of Bahia, Brazil I Present status of the studies on the clay

f MIXED CROPPlNG I Effects of buming and fertilization in tabuleiro soils (1/aplortlwx) under combined maize and beans farming

MOISTURE METERS for cacao 1 Perfonnance f o two types of electric

MOLLUSCA, Gastropoda, Pulmonata) I Cacao snails in Bahia, Brazil -corrections and additions (

OIL PALM in Bahia, Brazil 1 Ocurrence of Dysrhynchis pa/micola in

OURO PRETO D'OESTE region of Rondonia state, Brazil I The effect of insecticides on noxious insects and spiders of cacao (Theobroma auxw L.) in the

PERSISTENCE of pirimiphos-methyl in stored cacao I Residual leveis and

PHOSPHATE SOURCES on the growth of Hevea rubber in southern Ba-hia, Brazill Comparison of

PlNK DISEASE of cacao I Rainfall as dispersing agent of the

PIRIMIPHOS-METHYL in stored cacao I Residual leveis and persistence of

POD husk as substrate for single cell protein production I Utilization of cacao

POD husks I Effect of different leveis of supplementation on weight gain of confined young bulls fed with fresh cacao

POD surface at different intervals between insecticide application and itarvest I Residual leveis of BHC (HCH) in cacao beans 9nd cacao

POLLINA TION in the Bahian Reconcavo, Brazil. I. The insect fauna compared to that of southem Bahia I Cacao

PRECIPITATION: I. Rainfall pattem of the Cacao Region of Balüa, Bra­zill Study o f daily

PRODUCTION as correlated with some dendrometric paramctcrs and ge­netic origin in cacao I Fruit

PROTEIN production I Utili.zation of cacao pod husk as substrate for single cell

!:t.ePista -,.obromo 15(4). 1985

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Key word index

PULM.ONATA) / Cacao snails in Bahia, Brazil - corrections and additions (Mollusca, Gastropoda,

RAIN loss in cacao trees /lnitial observation of intercepted

RAINF ALL as dispersing agent o f the pink disease o f cacao

RAINFALL pattem of the Cacao Region of Bahia, Brazill Study of daily precipitation: I.

I RATION I Effect of different levels of supplementation on weight gain of confmed young bulls fed with fresh cacao pod husks

RECONCAVO, Brazil. I. The insect fauna compared to that of southem Bahia I Cacao pollination in the Bahian

RESEAROI, teaching and extension developed by CEPLAC in the states of Bahia and Espírito Santo in the period of 1957 to 1984 - an update I Economic evaluation ofthe agricultura!

RESIDUAL LEVELS and persistence ofpirimiphos-methyl in stored cacao

RESIDUAL LEVELS of BHC (HCH) in cacao beans and cacao pod surface at different intervals between insecticide application and harvest

RONDONIA state, Brazil I The effect of insecticides on noxious insects and spiders of cacao (Theobroma 01010 L.) in the Ouro Preto d'Oeste region of

RUBBER clone Fx 3864 to fertilizers in southem Bahia, Brazill Response ofthe

RUBBER in southern Bahia, Brazil I Comparison of phosphate sources on the growth of Hevea

SHOOTS from cotyledonary nodal tissue of cacao I Axillary proliferation o f

SIAL f Characteristics of cacao genetic resources. li. Flowers of selections SlC and

SIC and SIAL / Characteristics of cacao genetic resources. Il. Flowcrs of selections

SINGLE CELL PROTEIN production f Utilization of cacao pod husk as substrate for

SNAILS in Bahia, Brazil - corrections and additions (Mollusca, Gastro­poda, Pulmonata) I Cacao

SQILS (Haplorthox) under combined maize and beans fanning I Effects o f buming and fertilization in tabuleiro

SOIL.S of the Cacao Region of Bahia, Brazill Present status of the studies

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Revisto Theobroma 15(4). 1985

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'

XX

on the clay mineralogy of the

1 SOLAR RADIATION I Evapotranspiration potential on horizontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and solstices at Una; Bahia, Brazil

SOLSTICES at Una, Bahia, Brazil I Evapotranspiration potential on hori· zontal and inclined flat surfaces at the equinoxes and

SPIDERS of cacao (TI!eobrof1U1 roaw L.) in the Ouro Preto d'Oeste region of Rondonia state, Brazil I The effect ofinsecticides on noxious insects and

STORED cacao I Residual leveis and persistence of pirimiphos-methyl in

TABULEIRO soils(/laplorthox) under combined maize and beans farming I Effects of bummg and fertilization in

TEACHING and extension developed by CEPLAC in the states of Bahia and Espírito Santo in the period of 1957 to 1984 - an update f Eco· nomic evaluation of the agricultura! research,

Theobroma COCIJO L) in the Ouro Preto d'Oeste region o f Rondonia state, Brazil I lhe effect of insecticides on noxious insects and spiders of cacao (

I TISSUE CULTURE I Ax.íllary proliferation of shoots from cotiledonary nodal tissue of cacao

TOLERANCE of cacao hybrids to aluminum

TREES in south Bahia, Brazil/ The decomposition rate of the litter of ten species of

UNA, Bahia, Brazil I Evapotranspiration potential on horizontal and in­clined flat surfaces at the equinoxes and solstices at

I WATER BALANCE f Initial observations of intercepted rain loss in ca· cao trees

YOUNG BULLS fed with fresh cacao pod husks I Effect of different leveis of supplementation on weight gain of confmed

.istu Theobroma 1 5(4). 1985

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AGRADECIMENTOS AOS REVISORES ------

O sucesso da Revista Theobroma depende não só da boa qualidade dos artigos recebidos para publicação como também dos comentários e sugestões dos assessores científicos, de cujos pareceres a Comissão de Editoração não pode prescindir em suas decisões. Todo o esforço tem sido feito no sentido de que esses artigos sejam sempre revisados pelos especialistas mais qualificados.

A revista deseja expressar seus mais profundos agradecimentos aos especialistas que, no ano de 1985, tão generosamente colaboraram na revisão de um ou mais artigos a eles enviados pelo editor. Todos eles dedicaram parte do seu valioso tempo à difícil tarefa de avaliar e julgar esses artigos, cujo bom m'vel foi mantido ou mellio· rado graças à sua desinteressada colaboração. A publicação dos seus nomes é um testemunho do nosso mais profundo reconhecimento pela sua valiosa colaboração com a revista, a lavoura cacaueira, a CEPLAC e a ciência.

Finalmente, queremos agradecer, de maneira especial, a Lícta Margarida Gumes Lopes e Joseph Robert Iturbe, pela revisão das referências bibliográficas e textos redigidos em Inglês, respectivamente, contidos nos artigos publicados no presente volume.

Áureo Luiz Azevedo Brandão, CEPLAC/CEPEC Reinaldo Bertola Cantarutti, CEPLAC/CEPEC Rafael Edgardo Chepote, CEPLAC/CEPEC Edmir C. de A. Ferraz, CEPLAC/CEPEC João Maria de Figueiredo, CEPLAC/CEPEC Antônio Carlos leão, CEPLAC/CEPEC Roque Mamédio de Oliveira Leite. CEPLAC/CEPEC Sebastian Alex Lopez, CEPLAC/CEPEC Edna Dora Martins Newman Luz, CEPLAC/CEPEC José Alexandre de Souza Meneses, CEPLAC/CEPEC Max de Meneses, CEPLAC/CEPEC Luíza Hitomi lgarashi Nakayama, CEPLAC/CEPEC Delma Peixoto de Oliveira, CEPLAC/CEPEC Flávia Maria Lopes Passos, CEPLAC/CEPEC Ailton Vitor Pereira, EMBRAPA/CNPSD João Louis Pereira, CEPLAC/CEPEC José Clério Rezende Pereira, CEPLAC/CEPEC Edison Pires do Prado, CEPLAC/CEPEC Mário Lúcio Vilela de Rezende, CEPLAC/CEPEC Airton Pinheiro Romeu, CEPLAC/CEPEC Charles José L. de Santana, CEPLAC/CEPEC José Carlos Rebouças Santana, CEPLAC/CEPEC

Re~ista Theobroma 15(4). 1985 XXI

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xxu AgradecimenTOs aos revisores

Maria Bernadeth M. Santana, CEPLAC/CEPEC Álvaro Figueiredo dos Santos, CEPLAC/CEPEC Antônio Valeriano P. dos Santos, CEPLAC/CEPEC Rogério dos Santos Serôdio, CEPLAC/CEPEC Luiz Ferreira da Silva, CEPLAC/CEPEC Mário Adelmo Varejão Silva, UFPb Walny Souza da Silva, CEPLAC/CEPEC Paulo Roberto Siqueira, CEPLAC/CEPEC Paulo dos Santos Terra, CEPLAC/CEPEC Milton Macoto Yamada, CEPLAC/CEPEC

As siglas correspondcm aos seguintes locais de trabalho:

CEPLAC/CEPEC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, BA.

UFPb- Universidade Federal da Para1ba, Campina Grande, PB.

EMBRAPA/CNPSD - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro de Pesquisa de Seringueira e Dendê, Manaus, AM.

Revista Theobroma 15(4}. 1985

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