revista supernova nº 1

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Revista 31 de março de 2011 | Edição 1 | Ano I “lambe-lambe” Religiosidade invade mídias digitais COMUNICAÇÃO Ofício já foi muito valorizado nas praças de Londrina pg 12 Jovens casados e felizes A polêmica de Maria Bethânia COMPORTAMENTO CULTURA pg 18 pg 22 pg 06 A história do

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Primeira edição da Revista laboratório Supernova desenvolvida pelos alunos do 3º ano de Comunicação Social hab. Jornalismo, turma 2009, período noturno, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 31 de março de 2011

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Page 1: Revista Supernova nº 1

Revista31 de março de 2011 | Edição 1 | Ano I

“lambe-lambe”

Religiosidade invade mídias

digitais

ComuniCação

Ofício já foi muito valorizado

nas praças de Londrina

pg 12

Jovens casados e felizes

A polêmica de Maria Bethânia

Comportamento

Cultura

pg 18

pg 22

pg 06

A história do

Page 2: Revista Supernova nº 1

02 31 de março de 2011

Estamos cansados de ver e ouvir que a educação pú-blica do Brasil precisa urgentemente de melhorias es-truturais, de equipamentos, reajustes salariais e profis-

sionais capacitados para ensinar àquilo que hoje insistimos em chamar de alunos. Sem considerar que o ensino público não possui, além do mais básico, a menor capacidade de acompanhar o ritmo digital globalizado. Com essa deficiência educacional, as esferas municipais, estaduais e federais não estão aptas a reformular esse quadro crônico do país.

Discursos sobre a importância e necessidade de inclusão digital às camadas menos favorecidas da população, todos já conhecem, enquanto pouco (ou quase nada) se tem feito para mudar essa realidade. Boa parte das escolas e univer-sidades públicas até possuem seus laboratórios de informáti-ca, mas isso não significa que o aluno esteja realmente inclu-ído digitalmente. Laboratórios existem, mas juntamente com o abandono. A facilidade de se encontrar um lugar que tenha

apenas um amontoado de computadores parados por falta de manutenção ou pela ausência de um técnico que possa acompanhar o trabalho dos alunos, isso certamente é a coisa mais fácil de encontrar em qualquer canto.

Se o ensino não é capaz de acompanhar essa acelera-ção digital, também estará excluindo o progresso científico, o que nos manterá sempre dependente de acordos políticos e econômicos com as grandes potências mundiais, uma vez que seremos incapacitados de comandarmos a nós mes-mos pela falta de raciocínio.

A solução para nossa defasagem digital não é, cer-tamente, investir cerca de um milhão de reais num blog em que só aqueles que possuem uma boa educação e internet banda larga para acessá-lo, mas sim direcionar um olhar cuidadoso para as pessoas que pretendemos formar neste país.

Hellen Pereira

Opinião: Excluídos digitalmente

Com vocação laboratorial, a disciplina Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística III, a famosa NIC 30, requer uma produção textual afinada

com os princípios básicos do fazer jornalístico: ler e dizer o mundo em tempo hábil, realçando o que é de interesse pú-blico, distribuindo o material manufaturado em sala de aula para além fronteiras. Aqui a preocupação com a forma não é apenas ornamental: o dizer e o como dizer selam, no jor-nalismo, parceria inquebrantável em busca da afirmação do texto noticioso, que só alcança plenitude de sentido quando os aspectos relevantes dos fatos são narrados em sintonia fina com as regras do bem escrever.

A revista “Supernova” – depositária das produções tex-tuais dos estudantes do 3º ano de Jornalismo noturno deste ano de 2011 – está em consórcio com esses requisitos. Com periodicidade quinzenal, “Supernova” procura dar visibilidade aos textos dos aprendizes de jornalistas que, a cada edição, buscarão aperfeiçoar as técnicas de investigação e produção noticiosas, firmando, progressivamente, um estilo de escrever adquirido no exercício das disciplinas laboratoriais impressas. A propósito, já se tornou tradição no 3º ano noturno a produção de revistas eletrônicas sob a égide da NIC 30. A cada ano, os estudantes aceitam o desafio de produzir, em um lapso de tempo relativamente curto, um material que seja, o quanto possível, uma amostra do fazer jornalístico. A novidade para esse ano de 2011 é que a revista “Supernova” ganhará versão impressa a cada quatro edições, tornando-se, assim, uma re-alidade palpável para seus leitores. Almeja-se em futuro breve que essa periodicidade seja ainda mais curta e possamos dar uma fisionomia mais dinâmica à vertente impressa do curso.

Ainda que os textos tenham uma inclinação francamente opinativa, em virtude da proposta pedagógica da disciplina, “Supernova” se moverá em um espectro que abriga mo-dalidades textuais diversas, perfazendo uma trajetória que pontilha os gêneros jornalísticos, do informativo ao investi-gativo, do diversional ao opinativo.

Já se tornaram proverbiais as discussões que põem em cena a crise no/do jornalismo impresso. Engolfado por diver-sas formas de noticiar, por força das novas tecnologias, a ati-vidade jornalística procura manter sua legitimidade tradicional por meio de inovações que atingem tanto o conteúdo quanto a forma dos textos. A revista dos alunos do 3º ano de jornalismo noturno é prova cabal de que, para além dos vaticínios apres-sados que decretaram a decadência irreversível do jornalismo impresso (embora produzida em suporte eletrônico, a revista é orientada pelas regras do impresso), a atividade noticiosa per-manece pulsante, indispensável para a formação da opinião pública, demandando cada vez mais profissionais dedicados que nos informem sobre os movimentos do mundo, com estilo de escrita, compromisso ético, embasamento reflexivo, com o frescor da novidade – critérios que a “Supernova” respeita e em que procura se apoiar editorialmente. Contamos com a sua contribuição, críticas, palpites, indicações para que a re-vista cumpra efetivamente esse papel.

A título de abertura, escrevo o primeiro editorial. Os se-guintes ficarão a cargo dos nossos aspirantes a jornalistas. Uma ótima leitura!

Rosane BorgesProfessora da disciplina Técnicas de Reportagem,

Entrevista e Pesquisa Jornalística III

Editorial

Page 3: Revista Supernova nº 1

teCnologia

pg.Biblioteca Digital da UEL 04

ComuniCação

pg.Mídias eletrônicas em prol da fé 06

eConomia

pg.Sociedades nas microempresas 09

Saúde

pg.Teste de última geração do HIV 10

Capa

pg.História do “lambe-lambe” em Londrina 12

eduCação

pg.A importância da leitura para as crianças 16

Comportamento

pg.Casamento é forma de exercer a juventude 18

eSporte

pg.Ciclismo de Base é referência londrinense 21

Cultura

pg.Bethânia se beneficia com a Lei Rouanet 22

Uma nação de olhos puxados, de motores rápidos e desenhos animados peculiares. Belas mulheres ma-gérrimas, homens inteligentíssimos, uma superpopu-

lação. Um dos idiomas mais difíceis do mundo, paisagens paradisíacas, metrópoles altamente tecnológicas. O recanto da paz, as cicatrizes da guerra, os frutos do futuro que lá já está. Longevidade, filosofia, peixe cru. A terra do sol nas-cente, do sushi, das artes marciais, das altas montanhas, da genialidade. Uma terra que já balançou outrora, tremeu no dia 11 de março de 2011.

Um Japão preparado para os terremotos, preparado para tudo. Cansado de tanto sofrer, reergueu-se das cin-zas de tantos de seus heróis em Hiroshima e Nagasaki, arquitetou durante anos uma armadura contra a queda. Estruturou-se e evitou desastres ainda maiores durante dé-cadas. Deu a volta por cima, virou superpotência, exportou produtos e pensamentos. Mas abaixo de seus pés algo saiu fora do combinado e tirou o eixo do Japão, do planeta, de nós todos. O solo tremeu e as águas vieram por terra. Elas invadiram as cidades, levaram tudo consigo. Os carros modernos, os prédios tão fortes, as máquinas de última ge-ração. Lavaram ruas já limpas, sujaram de dor todo canto do país. E do mundo. Foi semeado em seus vastos campos de arroz, mais uma vez, o gérmen da rosa atômica. Ainda não se sabe se ela irá florescer.

Esse texto é um manifesto de luto ao Japão. Por tantas vidas perdidas, lares destruídos, sonhos quebrados. Es-sas palavras expressam um pouco do carinho e dos votos sinceros de recuperação a um dos países mais exóticos e avançados dos continentes. Essas frases são abraços de conforto em nossos irmãos do outro lado do globo, abra-ços que exprimem a revoltante impotência diante da fúria da natureza às vezes tão destruidora. Esse texto é um minuto de silêncio que é devotado a vocês. Força, Japão.

Luciana de Castro

Expediente

Crônica: Força, Japão

Docente responsável: Rosane BorgesProdução: Estudantes do 3º ano de Comunicação Social hab. Jornalismo da UEL

Edição:Beatriz BevilaquaVanessa FreixoEnrickson VarsoriLuciana Franciso

Diagramação:Carol MoureYuri BobeckCinthia MilanezWillian Casagrande

Reportagem: Amanda FrançaDanylo AlvaresFagner SouzaHellen PereiraLucas GodoyLucas RodriguesLuciana de CastroMarcy SaraivaPlínio Venditto

SUMÁRIO

Revista laboratório

31 de março de 2011Edição 1

Ano I

Page 4: Revista Supernova nº 1

04 31 de março de 2011

Estantes virtuaisBiblioteca Digital da UEL disponibiliza informação e conhecimentoà comunidade acadêmica e à população

teCnologia

PLÍNIO VENDITTO

A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Londrina foi im-plantada em 2005 com a finalidade de criar e

disponibilizar bases de dados digitais em texto com-pleto da produção científica, tecnológica, artística e cultural da UEL. Partindo do princípio de que toda universidade é detentora da geração de informação e conhecimento, os quais são inacessíveis ao públi-co em geral, e utilizando a internet com o site www.bibliotecadigital.uel.br, a Biblioteca Digital da UEL possibilitou um importante ambiente de acesso, in-tegrando produtores, distribuidores e usuários.

É realidade que novas tecnologias de informa-ção e comunicação estão interagindo no cotidiano das pessoas, impulsionando dessa forma as insti-tuições de ensino a buscarem uma modernização continua em suas estruturas com o objetivo de disseminar essa informação e esse conhecimento à sociedade, tornando-se também uma questão essencial para o desenvolvimento e maturidade da pesquisa cientifica brasileira.

Foto

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línio

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ditto

Acompanhando a sociedade da informação, a BD oferece acesso ao conhecimento produzido, das atividades didático-pedagógicas à pesquisa e extensão

Page 5: Revista Supernova nº 1

0531 de março de 2011

Laudicena de Fátima Ribeiro, responsável pela Biblioteca Digital da UEL

Tendo como parâmetro que uma biblioteca universitária deve suprir as necessidades informa-cionais da comunidade acadê-mica no desempenho de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, o Sistema de Bibliote-cas da UEL focou sua preocupa-ção na produção do conhecimento dos pesquisadores da Instituição, disponibilizando-o em uma base de dados digitais. Hoje, o banco de dados é composto de 1.126 trabalhos e já foram contabilizados mais de 60.800 downloads de tex-tos. Também não se pode deixar de sinalizar que a Biblioteca Digital exerce um papel de fundamen-tal importância, considerada um grande diferencial para as avalia-ções dos cursos da Instituição jun-to a CAPES e ao MEC.

SistemaSegundo a responsável pela

Biblioteca Digital da UEL, Laudi-cena de Fátima Ribeiro, o sistema utilizado é o Nou-Rau desenvolvi-do pela UNICAMP. A exemplo da UNICAMP, a BD da UEL, desde a sua implantação, foi concebida

como um sistema integrado, in-clusive disponibilizando teses e dissertações dos cursos em nível de pós-graduação (Stricto Sensu). Além disso, num segundo mo-mento, terá em sua base de dados o acervo de coleções especiais, como literatura de cordel e partitu-ras de músicas, entre outras.

A Biblioteca Digital da UEL compõe a Rede Brasileira de Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). A nível internacional fará parte da Networked Digital Library of The-ses and Dissertations (NDLTD), coordenado pela Virginia Institu-te of Technology and State Uni-versity (Virginia Tech).

Laudicena ressalta que o comprometimento institucional é imprescindível para a quali-dade da Biblioteca Digital. “A universidade pública deve ter o compromisso de disponibilizar o conhecimento desenvolvido em seu espaço, não apenas à comunidade acadêmica, mas à população em geral”, finaliza.

Todas as dissertações de-fendidas na UEL devem, obri-gatoriamente, ter uma cópia em CD-ROM encaminhada à Biblioteca Central, juntamen-te com um termo de autoriza-ção do autor e orientador no qual determina a data em que seu trabalho poderá ser di-vulgado na internet. Após ser recebido e registrado na base interna da BC, é realizada a descrição temática da obra, e, posteriormente, a inserção no sistema automatizado da biblioteca. Na seqüência, o trabalho é padronizado den-tro das normas da ABNT, ou outras como APA, VANCOU-VER e IEE, seguindo os crité-rios específicos da Biblioteca Digital. Após, é convertido em formato PDF.

Concluídas essas etapas, o trabalho é inserido no site da BD sendo disponibilizado para consultas e donwloads, obedecido o prazo estipulado ou restrições que forem im-postas pelo autor/orientador. Todas as inserções efetuadas são registradas para efeito de controle estatístico mensal. No próprio site da Biblioteca Digital é registrada a quanti-dade de acessos e donwloa-ds efetuados pelos usuários que acessarem os documen-tos. (P.V.)

Inserção na base de dados

Page 6: Revista Supernova nº 1

06 31 de março de 2011

Comunicação e féCom as novas tecnologias, se comunicar ficou

mais fácil. Mas será que todos os segmentos estão acompanhando essas inovações?

ComuniCação

MARCY SARAIVA

Evangelizar é uma tarefa árdua. Ainda mais em um universo de informa-

ções, de todas as origens pos-síveis, que podem dispersar a atenção e até formar inadequa-damente uma opinião. Mas as coisas vêm evoluindo também no campo da comunicação re-ligiosa. Cada vez mais, os co-municadores religiosos têm se dado conta de que ninguém pode ficar de fora das novas tecnologias. Afinal, as pessoas têm permanecido conectadas à web por mais tempo, seja por meio de computadores ou até mesmo por telefones celulares.

Em meio à discussões sobre o fim de programas de cunho religioso nas emissoras de tv, grupos ligados às religiões ten-tam se inserir no mundo da co-municação. É o caso da Igreja Católica, que vem buscando uma comunicação mais ampla com os fiéis através das mídias disponíveis. Não somente pro-gramas de TV e rádio são utili-zados, mas a palavra de Deus tem sido inserida também no ciberespaço, através de sites,

redes sociais, blogs. Estar em contato permanente com os fi-éis é a forma de mantê-los fir-mes na fé.

Grupos de jovens, como o Fruto Eterno, em Cambé (PR), são os principais interessados em se inserir no ciberespaço, pois para trabalhar a fé dos jo-vens, é preciso entrar no mun-do deles conquistá-los. “O gru-po existe há 13 anos, e desde o início percebemos a necessida-de de se comunicar. Começa-mos utilizando panfletos, então, há cinco anos, depois de mui-ta oração e partilha, decidimos começar a utilizar a internet. Temos há três anos um progra-ma de rádio, e há seis meses começamos um projeto de um jornal informativo”, contou o co-ordenador do grupo, Fernando Silvone.

Para Silvone, a principal di-ficuldade na evangelização de jovens, é a comunicação. “É di-fícil ter acesso á eles, quando o ‘mundo’ oferece tanta diversi-dade de informação e entrete-nimento”, desabafou o coorde-nador. “A internet é a forma de comunicação mais utilizada por eles, então, temos que saber

utilizá-la, publicando informa-ções sobre o grupo e a comu-nidade de forma que os interes-se”, disse.

ProfissionalizaçãoO assunto é tão importante,

que a Igreja católica vem se preocupando em ter à frente desse assunto, pessoas com formação específica, para tor-nar mais sério e eficaz o pro-cesso de comunicação.A Irmã Élide Fogolari é exemplo disso. Ela é jornalista e há quatro anos ela está à frente da assessoria de comunicação do Conselho Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).

“Animar e articular a Igreja no Brasil, com os meios e pro-cessos de comunicação, tendo presente a cultura e as lingua-gens geradas pela revolução das novas tecnologias é a prin-cipal função do setor de comu-nicação da CNBB”, explicou a religiosa que adquiriu experi-ência na área de comunicação a partir do Mestrado cursado na Universidade de São Pau-lo (USP) . Acompanhando as mudanças que o processo de comunicação religiosa passou,

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0731 de março de 2011

As novas tecnologias permitem a

evangelização e o contato mais rápido

com os jovens

Irmã Élide explicou ainda, que após a reorgani-zação do setor de comunicação da CNBB, as co-munidades católicas passaram a se comunicar com mais eficiência.

“Neste sentido, os resultados estão sendo significativos, porque os bispos e os sacerdotes, percebem que a comunicação é necessária e in-dispensável em qualquer instituição, mas sobre-tudo na Igreja”, contou Irmã Élide.

Tão significativos, que profissionais da área

de comunicação, atentos a essa nova realidade, vêm se inserindo no campo da comunicação re-ligiosa, que ainda se encontra em processo de expansão. Como por exemplo, a coordenadora do Colegiado do curso de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina, Maria Amé-lia Miranda Pirolo, que é pós doutora em Comu-nicação Religiosa pela Universidade Metodista e desde 2000 realiza trabalhos relacionados à área na Arquidiocese de Londrina.

Marcy Saraiva

Page 8: Revista Supernova nº 1

“A iniciativa dessa pesquisa foi da Arquidiocese de Londrina que buscava cumprir as dire-trizes da CNBB que divide em quatro anos uma proposta de evangelização a partir do Ver (2010), Julgar(2011), Agir( 2012) e Celebrar(2013). O primeiro ano esteve reservado ao conhe-cimento das comunidades que envolvem a Arquidiocese e este, coube a mim e a uma equipe de 6 outros profissionais o seu de-senvolvimento”, explicou.

MelhoriasPara a assessora da CNBB,

a comunicação religiosa ainda está em processo de expansão. “Há muito que melhorar na Igre-ja, no que se refere à comuni-cação. Os meios, as novas tec-nologias, a cada dia surge um novo meio, e vão interferir nos processos, nas relações. Por isso, estes avanços favorecem o desenvolvimento, a vida das pessoas, e ao mesmo tempo dificultam, porque exigem quali-ficação, investimentos e mudan-ça de mentalidade”, ressaltou Irmã Élide.

Maria Amélia também con-corda, e salienta que o objetivo sempre deve ser fazer o melhor no sentido de evangelizar. “Se precisa melhorar? Com certe-za, tanto no planejamento das ações , no seu desenvolvimen-to e envolvimento( processo de evangelização ). Porem não vejo nisso algo negativo, pois um passo leva a outro dando segurança e sedimentando re-lacionamentos e provocando o conhecimento e assim evange-lizando”, ressaltou.

Profissionalismo: Irmã Élide Fogolari

é assessora de comunicação social da CNBB, e trabalha há 60 anos na área

Divulgação/CNBB

Page 9: Revista Supernova nº 1

0931 de março de 2011

eConomia

Saber ser sócioA abertura de uma micro ou pequena empresa requer

diversas análises, entre elas a escolha de um sócio

Você teve a ideia e já estu dou o mercado em que pretende atuar. Anos de economia pou-

pados agora serão investidos em seu primeiro negócio. Mas você está preparado para se lançar nesse novo caminho, sozinho? É nesse momento em que entra a figura do sócio.

Diretrizes, direitos, deveres, re-sponsabilidades e participação so-cietária são fundamentais para que uma sociedade empresarial se con-stitua. O contrato social é um ato for-mal e obrigatório, além disso, identi-fica qual o tipo de sociedade irá ser formada. A sociedade limitada é um desses tipos. Ela é a mais indicada a pequenos empresários, por deixar a responsabilidade dos sócios lim-

itada ao valor do capital social e, o patrimônio pessoal dos sócios, não é atingido caso a sociedade contraia dívidas que ultrapassem o valor con-stante no contrato social. Além disso, a divisão das quotas pode ser igual ou desigual.

Um exemplo disso é a sociedade de Vanuza da Silva, 36, e do marido, José Eloir,38. O casal recém-chega-do do Rio de Janeiro em Londrina completa quatro meses de trabalho em seu primeiro negócio próprio. E no caso dessa parceria que vai além dos laços conjugais, a quota de cada um foi dividida em capital e serviço, ou seja, José investiu suas finanças enquanto Vanuza depositou sua for-ça de trabalho.

A expectativa do casal é fabricar a própria marca. Mas antes, a micro-

empresa irá passar por alguns desa-fios, entre eles algumas discussões sobre o rumo da loja. “A nossa dis-cussão é sobre investimentos, mel-horias e divulgação”, esclareceu Vanuza.

Porém, constantes discussões em que a vida pessoal interfere na em-presa, podem levar a ruptura da so-ciedade. É o caso de Gelson Martins, 43, que rompeu com o amigo uma sociedade de três anos. “O nosso problema foi envolver questões famil-iares durante o trabalho, quase todos os dias”, revela.

Mas para que haja sobrevivência e progresso de sua empresa, o SE-BRAE oferece orientações para seu futuro negócio e orientação para não levar uma empresa à falência. Mais informações www.sebraepr.gov.br.

Divulgação

HELLEN PEREIRA

Vanuza da Silva e os planos de confeccionar

na própria empresa ao lado

do “marido-sócio”

Page 10: Revista Supernova nº 1

10 31 de março de 2011

Saúde

Rápido, moderno e indolorExame de última geração do HIV é a nova campanha do Ministério da Saúde após as festas do Carnaval

LUCIANA DE CASTRO

Nos dias que antecedem o Carnaval, os ve-ículos de comunicação exibem diversas propagandas em prol da segurança. O

Ministério da Saúde tem feito mobilizações pelo sexo seguro no Carnaval, e para isso utiliza de uma série de artefatos, como o apoio de celebri-dades à causa, distribuição gratuita de preserva-tivos e inserções no horário nobre da televisão.

Mesmo com tantas ações incisivas, parte da população ainda pratica sexo – anal, oral e va-ginal - sem proteção. Motivada muitas vezes por uma série de causas contestadas, a pessoa fica exposta a doenças sexualmente transmissíveis, e, dentre a elas, a AIDS. Aí começa a mobiliza-ção pelo teste rápido do HIV. Eu participei de uma das sessões desse exame realizado pelo CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) do Centro Integrado de Doenças Infecciosas de

Londrina (CIDI).Para fazer o teste do HIV é necessário ter uma

pausa de 30 dias após uma exposição de risco – tanto o sexo sem proteção, como o contato com sangue de outra pessoa. No dia da coleta não é preciso estar em jejum, só é requisitado um docu-mento com foto. Fui numa segunda de manhã até o CTA do Centro de Londrina, havia, além de mim, 5 pessoas . Fui chamada para um rápido cadastro que serve para fins estatísticos e de controle in-terno – todo o conteúdo é sigiloso.

Depois do cadastro a psicóloga do CTA apre-senta uma palestra não-obrigatória aos pacientes. Mais do que comentar sobre os cuidados para combater a AIDS, é trabalhado com o grupo a im-portância de se vencer o preconceito. A terapeuta frisa que não existem grupos de risco, existem si-tuações de risco as quais todos podem se expor. Segundo o Ministério da Saúde, de 1980 até junho de 2010, já foram contabilizados mais de 592mil casos da imunodeficiência já manifesta no país.

Depois da palestra, nós pacientes vamos à sala de espera para sermos chamados um a um para a coleta. Durante esses dez longos minutos, é perceptível um ranger de unhas ali, uma inquie-tação de pés acolá, e olhos nervosos que evitam se cruzar. O primeiro nome é chamado. Uma se-nhora daquelas que chamamos carinhosamente de “senhorinha”, caminha até a sala. Depois dela um jovem, um casal novo, um casal mais velho, duas moças, um adolescente, e eu, por último.

O teste é quase indolor, uma picadinha na pon-ta de um dos dedos. São necessários apenas 15 minutos de espera e o resultado sai sigilosamente nas mãos do paciente. O exame é gratuito e manu-seado por profissionais qualificados. Cada pacien-te que acaba de receber o resultado do exame exi-be uma feição diferente. Alívio, felicidade, percebo

Page 11: Revista Supernova nº 1

1131 de março de 2011

um cabisbaixo. Começo a imaginar como deve ser difícil lidar com um resultado de soro-positivo (por-tador do vírus HIV), tanto para o paciente quanto para o profissional de saúde. O CTA é altamente preparado para qualquer que seja o resultado.

No caso dos soro-positivos o encaminhamento é delicado. Edvilson Cristiano Lentine, enfermeiro e supervisor do CTA, comenta que alguns aceitam a nova condição e querem começar logo o tratamen-to, já outros entram em desespero o que exige mui-to preparo da equipe do CTA. Para isso, o paciente é direcionado a um psicólogo que o acompanhará por todo o tratamento. Depois disso, o indivíduo faz novas coletas e é ministrada a dosagem de remé-dios. “Temos um paciente que está conosco há 14 anos e leva uma vida normal”, diz Lentine. Para o enfermeiro, o pior obstáculo é o preconceito.

O tratamento de HIV não cura o paciente, ape-nas retarda a evolução do vírus. O maior problema da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida são as chamadas “doenças oportunistas”, que atacam o

organismo com AIDS, como tuberculose, herpes, pneumonia e mononucleose. Por isso é necessário que o paciente siga o tratamento e faça seus exa-mes a cada quatro meses. Todo esse processo é gratuito e pode ser feito nos Centros de Testagem e Aconselhamento. A cura mais difícil é a do precon-ceito. Ele só é curado quando nos conscientizamos de que uma pessoa com HIV pode levar uma vida saudável, trabalhar, constituir uma família. AIDS não passa pelo abraço, beijo no rosto e nem pela amizade. Essas ações só lembram ao paciente que a única grande cura é a aceitação.• O exame rápido de HIV pode ser feito ao longo do ano todo durante os 5 dias da semana. Aces-se www.aids.gov.br e procure o CTA mais próxi-mo de sua casa.

Divulgação

Page 12: Revista Supernova nº 1

Capa

Não pisque:os fotógrafos da praça em LondrinaNa cidade a profissão popularmente conhecida como “lambe-lambe” teve seu auge na década de 60 e hoje se encontra em via de extinção

12 31 de março de 2011

LUCAS GODOY

Na popularmente chamada de “praça da bandeira”, ao lado da Catedral no centro de Londrina, uma cena pode parecer es-

tranha: Um caixote de madeira apoiado em uma estrutura simples, forrado de retratos, um chapéu preto, dois baldes e um cavalinho enfeitado em cor laranja. O que será? Por alí também se vê um senhor que caminha com dificuldade, traje social, cabelos brancos, barba aparada, pela simpatia deve ter lá os seus 65 anos de vida bem vivida.

Trata-se do último fotógrafo popularmente conhecido como “lambe-lambe” que ainda está em atuação em Londrina. Por mais que hoje a profissão pareça estranha ela já foi lucrativa e importante. Talvez por isso a morte de Luiz Julia-ni, filho de José Juliani, foi noticiada com desta-que no dia 17 de março como símbolo do fim de um ciclo que começou nos anos 30. A fotografia Lambe-lambe foi a primeira a permitir a amplia-ção instantânea da fotografia. O equipamento era praticamente um estúdio fotográfico móvel, continha os materiais necessários à captura da imagem e os químicos para revelação. E é um pouco desta história que vamos conhecer aqui.

Page 13: Revista Supernova nº 1

1331 de março de 2011

Um pouco de históriaPara compreender a importância dos velhos

fotógrafos, é preciso imaginar um período em que muitas pessoas passavam a vida sem um registro de si próprias em imagem. Se existis-se, na maioria das vezes, era uma lembrança do casamento com todos os familiares e con-vidados. Tantas eram as cabeças que alguns encontravam dificuldade em reconhecer depois cada uma delas, era um exercício dialógico en-tre a imagem material e a recordação dos que viveram a fotografia.

Em Londrina isso começa a mudar com a campanha publicitária da Companhia de Terras Norte do Paraná. Não bastou lotear as grandes propriedades da colônia e criar uma infraestru-tura básica, foi preciso convencer os imigrantes que esta era a uma terra produtiva. Com o su-cesso da divulgação, chega a Londrina o pri-meiro fotógrafo.

O pioneiroJosé Juliani foi o primeiro fotógrafo residente

na cidade. Entretanto, conforme relata o pes-quisador da Universidade Estadual de Londrina Paulo César Boni, em 1933, quem estava aqui pensava apenas em sobreviver. A fotografia não era uma prioridade.

Por este motivo, só entre 1933 e 34 a sorte e o saber fotográfico falaram a favor do pioneiro. Os fotógrafos da companhia de terras vinham de ou-tras cidades. José Juliani é convidado devido à ausência de um destes fotógrafos e a urgência em mandar a imagem para Londres, ela serviria de escala para a construção de uma turbina hidre-létrica. Com o excelente resultado obtido ele pas-sa a ser o fotógrafo oficial e busca divulgar tudo o que mostrasse as qualidades da região.

Ainda assim, o pesquisador e produtor do do-cumentário “José Juliani, o fotógrafo documen-tador das transformações sociais e urbanas de Londrina”, Paulo Henrique Silveira, relata que, como amante da fotografia, Juliani jamais dei-xou de fotografar por conta em seu estúdio e em eventos. Com o crescimento populacional a fo

Década de 60: José Juliani fotografado por Haruo Ohara. Imagem faz parte da exposição “Expressão visual de um autodidata: José Juliani, o colono-fotógrafo” que permanece até abril no Museu Histórico de Londrina

Fotos: Lucas Godoy e H

aruo Ohara

Page 14: Revista Supernova nº 1

Novos olhares: Crianças ainda se encantam com a obra de Messias Bezerra. Manter a velha profissão requer boa dose de amor e criatividade

tografia passa cada vez mais a fazer parte do dia-a-dia do povo londrinense.

Em 1965 seu estúdio torna-se defasado em relação aos demais e por não gostar de artifi-cialidades constrói e instala uma máquina ins-tantânea, a popular “lambe-lambe”, em frente à biblioteca municipal. Em seguida passa esse ponto ao seu filho Luis Juliani e cria outro na Praça Marechal Floriano Peixoto, ao lado da Catedral. Alí permaneceu por muitos anos.

A época de ouroCom histórias como essa,

o ofício se tornou valoriza-do. Quando José Juliani chegou na praça já haviam outros fotógrafos. No auge,

de acordo com o último “lambe-lambe” em atividade, Messias Bezerra: “teve uma época que estávamos em 16 fotógrafos”. Mesmo assim não havia com-petição: “tinha domingo que chegava a fazer fila de 70, 80 pessoas para tirar foto. Eu não dava conta e in-dicava outro fotógrafo. A gente fazia muito isso e todo mundo tinha traba-lho”. Ele confirma que

nesta época a profissão foi muito lucrativa: “não dava nem tempo de tomar água ou ir no banheiro”.

Para o pesquisador Marcelo Franco, em estu-do apresentado na Universidade Federal de Mi-nas Gerais, essa “época de ouro” se deu, pois o estado passou a exigir a foto para a confecção de vários documentos como carteira profissional, título de eleitor e identidade. E também pela ca-pacidade única que os fotógrafos de jardim, como também eram chamados, tinham de produzir e entregar as fotografias instantaneamente. No iní-cio, quando se usava a chapa de vidro para cap-turar imagens esse instantâneo, em preto e bran-co, significava cerca de 20 minutos.

Seu Messias, como é conhecido, relata tam-bém que os postais faziam muito sucesso. Mui-tos vinham de regiões afastadas para o centro e queriam uma recordação, muitos estavam pela primeira vez diante de uma máquina fotográfica.

As duas quedasDe acordo com Bezerra houve duas grandes

baixas na profissão. A primeira foi por volta de 1986 quando chegaram a Londrina as máqui-nas Polaroids. O equipamento portátil possuía um filme colorido que era projetado para fora da máquina logo após a captura, desse modo, a fotografia instantânea se tornou mais acessível.

A segunda grande queda foi à introdução da fotografia digital. Ficou mais difícil encontrar

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material para a fotografia com filme ou chapa de vidro. E a elevação do custo fazia praticamen-te impossível competir com os estúdios digitais. Além disso, seu Messias lembra que “ninguém mais queria a foto em preto e branco, passaram a querer a colorida”.

Por esses motivos, ele passou a fotografar em cores com uma máquina de filmes e usava o caixote apenas para cortar o negativo. Agora adotou a digital e disse que mantém o caixote pela questão histórica. Ao ser questionado por-que ainda está na praça, responde meio sem jeito, meio apaixonado: “não sei fazer outra coisa, por isso sou lambe-lambe, a gente pega gosto pelo que faz”.

Mas bastaram alguns minutos de conversa para descobrir sabe muito mais. Prova disso são os cavalos de madeira. Ele os criou para atrair clientes, mas logo os colocou venda. Hoje, podem ser comprados por R$150 e com-plementa: “também faço boi, jacaré, já fiz até um carrinho de algodão doce”. E em sua casa conserta máquinas fotográficas antigas e tripés. Diz ter aprendido muita coisa por si e também com os amigos na praça.

Além disso, é convidado para participar de eventos, se dirige até o local com traje de época e, com sua “lambe-lambe”, produz e entrega as fotos na hora. Também já participou duas vezes da Bienal de Artes na capital a convite da prefei-tura de Curitiba.

O pesquisador da Universidade Estadual Cé-

1531 de março de 2011

Londrina e a fotografiaLondrina é reconhecida pelos símbolos do café, da terra fértil e vermelha, o sol intenso e pela

grande diversidade cultural de seu povo. Hoje, mais de 76 anos após sua fundação, é também pal-co de fotógrafos apaixonados e reconhecidos. De anônimos a personalidades como Haruo Ohara, olhares atentos e mãos habilidosas produziram registros que contribuem com a identidade londri-nense. Não é atoa que o fotoclube recebeu da prefeitura, em 1973, o status de entidade de utilida-de pública apenas três anos após sua fundação. E em 1997 a Universidade Estadual de Londrina passou a ofertar o primeiro curso de pós-graduação em fotografia do Brasil.

Nestes dias, com a grande difusão da fotografia digital, basta um passeio pelo coração urbano, o calçadão, as feiras populares ou parques para ver curiosos fotógrafos, amadores ou profissio-nais, procurando o ângulo, o recorte, a luz ou a apenas compartilhar o momento com aqueles que não puderam comparecer (L.G.)

lio Costa explica que “as pessoas se reúnem em volta dele para bater um papo sobre outras coisas, eles não falam só de fotografia, falam de política e outros assuntos. Todos conhecem o seu Messias alí e assim ele agrega pessoas e difunde conhecimento”. De certo modo, ele hoje é mais do que um fotógrafo. É um retrato vivo destes profissionais em extinção.

O fotógrafo e pesquisador

Célio Costa explica que,

se hoje a foto colorida e

digital domina o mercado, o preto

e branco é mais usado

como parte de processos artísticos

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A descoberta da leituraA importância das letras no mundo infantil

Romeu e Julieta, Os três mosqueteiros, Dom Quixote de La Mancha. Certamen-te a maioria das pessoas já ouviu falar

em todos, ou pelo menos quase todos esses livros, mas e ler, será que também já leram? Menos de dois livros por ano, essa é a média de leitura do brasileiro. Com adultos que não lêem, consequentemente, haverá crianças que também não vão adquirir o hábito.

É fato que ler é importante para qualquer pes-soa, mas em especial para as crianças. Tanto no desenvolvimento educacional, quanto no comu-nicacional, os livros, jornais, revistas, tem papel fundamental. Liliane Camargo, bibliotecária afir-ma, “ela [a leitura] desenvolve a visão crítica, as-socia as vivências diárias com o mundo que está sendo apresentado nos livros, além de aumentar o vocabulário e a criatividade.”

AMANDA FRANÇA

eduCação

Dicas para incentivar a leitura1. Escolha uma hora bem calmaProcure um lugar e uma hora calmos e sen-

te-se com um livro. Dez a quinze minutos por dia é suficiente.

2. Faça da leitura um prazerSente com seu filho. Tente não fazer pressão.

Se a criança perder interesse, faça algo diferente.3. Mantenha o fluxoSe ele pronunciar uma palavra errada, não

interrompa imediatamente. Ao invés disso, dê a oportunidade para autocorreção.

4. Seja positivoSe a criança diz algo quase certo no início

de uma frase, tudo bem. Não diga “Não, está errado”, mas sim “Vamos ler isso aqui juntos”. Aumente a confiança da criança.

5. Sucesso é a chaveAté que seu filho tenha adquirido mais con-

fiança, é melhor continuar com livros fáceis. Pressioná-lo com um livro com muitas palavras desconhecidas não vai ajudar.

6. Visite a BibliotecaEncorage seu filho a retirar livros na bibliote-

ca pública. Leve-o até lá e mostre, com calma, tudo que ele precisa.

7. Pratique regularmenteTente ler com seu filho todos os dias da se-

mana. Pouco, mas frequentemente é a melhor estratégia.

8. Converse com o pimpolhoProvalvemente seu filho tem um dia de leitu-

ra na escola. Sempre converse com ele. Assim a criança vê que você está interessado em seu progresso e que você valoriza a leitura.

9. Fale sobre os livrosSer um bom leitor é muito mais do que simples-

mente ler palavras corretamente. O mais impor-tante é entender e refletir sobre o que está lendo...

10. Varie sempreLembre que as crianças precisam experi-

mentar vários materiais de leitura. (www.lendo.org)

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1731 de março de 2011

Literatura em AçãoPara diminuir a carência

de hábitos literários, algumas medidas são adotadas, prin-cipalmente em escolas, como rodas de leitura e projetos de incentivos. É o caso do projeto “Literatura em Ação” coorde-nado pela pedagoga Jackeli-ne Rodrigues. Este projeto é desenvolvido todas as terças e quintas-feiras no Centro So-cial Marista Irmão Acácio, atra-vés do Programa de Bibliote-ca Interativa e tem o objetivo de despertar o interesse pela leitura. Dele, participam 160 crianças de seis a dez anos, moradoras da região norte de Londrina. Contação, criação e

recriação de histórias, teatro e mediação de leitura são algu-mas das atividadades pratica-das no projeto.

A coordenadora reafirma a importância de ler para o es-tímulo da criatividade e para a ampliação do vocabulário e acrescenta “a leitura propi-cia momentos que desafiam o pensamento da criança e do adolescente. Insere o leitor por completo na historia como nar-rador ou personagem, e o faz pensar cognitivamente e meta-foricamente, ampliando o deba-te ideológico.”

PaisA ação dos pais também é de

extrema importância no hábito

da leitura. “Crianças espelham-se nos adultos, querem imitá-los. A partir do momento em que ela [a criança] vê o pai, a mãe, ou até mesmo uma tia ou primo mais velho lendo, isso incita a criança a querer descobrir esse mundo.” diz Jackeline.

A leitura por si só já é algo que acrescenta valores ao ci-dadão, nas crianças esses va-lores podem ser cultivados ain-da mais com o tempo. Quem lê não apenas visita um mundo di-ferente, mas também, participa e aprende com ele. Cabe aos pais darem aos filhos a oportu-nidade de conhecer esses no-vos mundos e incentivá-los a procurar outros.

Leitura na infância ajuda no desenvolvimento da criançaG

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18 31 de março de 2011

Além do mais, casados Jovens fogem a

padrões oficiais e dizem que

matrimônio é, sim, forma satisfatória

de exercer a juventude

Comportamento

“Não sinto que mantenho um casamento tradicional, costumo

dizer que apenas moro com a pessoa que amo”, diz Hemanuelly

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1931 de março de 2011

Muitos netos e bisnetos já ouviram, na maioria das vezes surpresos, histórias

de parentes que se casaram preco-cemente. As mulheres, geralmente bastante jovens, entre os 15 e 20 anos, deixavam a casa dos pais para cumprir, agora como mães e esposas, funções que limitavam-se basicamente a cuidar do lar e da família. Muita coisa mudou desde a geração de nossas bisavós. De lá para cá, um sem número de fa-tores convergiu para a atual confi-guração da sociedade brasileira. Hoje, estamos nos casando cada vez mais tarde. É o que mostra a pesquisa “Estatísticas do Registro Civil”, divulgada pelo IBGE no final de 2010. Segundo o levantamento, em 2009, o Brasil registrou 935.116 uniões formais, o que representa queda de 2,3% em relação a 2008 e, pela primeira vez desde 2002, diminuição na taxa de nupcialidade (casamentos por mil habitantes). O estudo é baseado na coleta de in-formações nos cartórios de registro civil, nas varas cíveis, familiares e nos tabelionatos de notas de todo o país, e revelou que a idade média no primeiro casamento é de 26 e 29 anos para os sexos feminino e masculino, respectivamente.

Na contramão desses indica-tivos, ainda há uma parcela da população que prefere unir-se ao parceiro adiantadamente. A exem-plo de Laiane Cristina das Neves, 24 anos, estudante de Administra-ção e supervisora financeira. Após seis anos de namoro e três de ca-samento, formalizado nas esferas civil e religiosa, a jovem afirma não

se arrepender nem um pouco em estar ao lado da mesma pessoa des-de a adolescência. Laiane diz que o matrimônio sempre foi uma certeza e que isso não a fez menos feliz do que quando morava com a mãe. Questionada sobre como é para o casal conciliar união conjugal, família, trabalho, faculdade e atividades domésticas, a moça desabafa “Nós nos desdobramos. Em casa, ele costuma cozinhar e eu cuido dos demais afazeres. Vivemos na correria!” Apesar do cotidiano agitado, Laiane e seu marido não dispensam a companhia dos amigos, em sua maioria os da igreja. “Eu, por exemplo, integro o grupo de louvor, o de dança e o de teatro. Não consigo ficar parada”, comenta Laiane.

Hemanuelly Salvador, 23, e Helton Luís de Oliveira, 27, também fo-gem ao que têm indicado os dados oficiais. Ela cursa o primeiro ano de Artes Visuais, ele, o quinto de Engenharia Elétrica. Morando juntos há dois anos, eles confessam que tiveram de relevar muitas discordâncias no que diz respeito à maneira de pensar e de agir. No entanto, os maiores impasses surgiram e continuam a vir à tona quando o tema é finanças. “Anteriormente, minhas economias davam conta apenas de gastos su-pérfluos. Hoje, penso a longo prazo, invisto em meus estudos, em nossa casa, no carro. O casamento me proporcionou isso”, explica Hemanuelly. Oliveira conta que até mesmo a empresa em que trabalha notou altera-ções em sua postura enquanto colaborador. “Passei a ser mais pondera-do, mais responsável, penso por nós dois”. Sobre ter filhos, Hemanuelly diz que nem sequer pensa sobre isso. “Quem sabe depois dos 30 anos. Por enquanto, fico somente com o Billie (o simpático cãozinho que re-cebeu aos pulos a reportagem). Ele já dá trabalho demais”, diverte-se a futura artista visual.

DANYLO ALVARES

Laiane e esposo a poucos minutos da assinatura que oficializou a união

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20 31 de março de 2011

Apesar dos exemplos acima, a psicóloga Ana Maria Baptistella Toth salienta que casos assim são exceções. Ela chama a atenção para o caráter multifacetado do relacionamento conjugal preco-ce. “Ao mesmo tempo em que o jovem pode amadurecer, adquirir responsabilidade com o parceiro, pode também arrepender-se pro-fundamente”. Segundo Ana Maria, o matrimônio temporão, na maioria das vezes, faz com que o jovem deixe de viver as experiências que lhe são inerentes à idade. “Tra-balho, contas a pagar, filhos etc., conduzem a uma nova realidade, extremamente capaz de acarretar sobrecarga emocional e física”, ex-plica a psicóloga. Para ela, muitos casais jovens que decidem morar juntos são movidos pela impulsivi-dade, no mais puro estilo “ver no que vai dar”.

Como aconteceu com a estu-dante de fisioterapia Mayara Fer-reira da Silva Borges, 26. Mayara relata que aos 17 anos foi morar com um sujeito

com o qual relacionava-se apenas esporadicamente. A contra gosto da mãe, a jovem deixou Londrina para viver em Guaianases, extremo les-te da capital paulista. Mayara conta que se sentiu desesperada quando se deu conta do que havia feito. “No começo, tudo é bom, tudo é empol-gação. Na verdade, foi horrível ter de assumir uma casa, viver numa cidade onde eu não conhecia nin-guém e, principalmente, ficar longe da minha mãe”. A estudante voltou para Londrina, e aqui permane-ceu amasiada por mais seis anos, quando, por conta do desejo em preparar tudo para o filho que es-tava esperando, decidiu oficializar a união. O matrimônio com papel passado durou apenas seis meses. A perda do bebê, somada à infi-delidade do parceiro, fizeram com que Mayara entrasse com o pedido de divórcio. Hoje, a moça admite o

quanto estava despreparada para a aventura na qual se lançou. Apesar da experiência malsucedida, cujas consequências ela assume jamais ter esquecido, a universitária afir-ma que não voltaria atrás. “Se eu pudesse, faria tudo de outra forma, é claro. Mas, apesar do que pas-sei, cresci bastante enquanto ser humano. Sofri duras penas, mas não me arrependo. Acho que toda experiência é válida”.

Ana Maria diz que não há idade certa para viver como marido e mu-lher, mas ressalta que a realização acadêmica, profissional e pessoal como um todo, deve vir em primei-ro lugar. “Não podemos analisar insucessos da relação conjugal tão somente sob o aspecto da idade”. Sendo jovem ou não, decisões grandiosas movidas por um intuito passional podem, e devem, ser so-madas à razão.

Segundo psicóloga, “fim da adolescência e início da idade adulta não é período ideal para a tomada de grandes decisões”

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2131 de março de 2011

Ciclismo de baseO Clube Londrinense de Ciclismo

é referência regional na formação de categoria de base para o esporte

eSporte

FAGNER BRUNO

Crianças encantadas pelo ci-clismo pedalam a tarde toda pelo oval do autódromo de

Londrina. Na escolinha de ciclismo garotos e jogens são preparadas para competições esportivas de alto nível. A escolinha é mantida e idealizada pelo Clube Londrinense de Ciclismo que está com projetos de expansão e fomento ao esporte.

Sandro Marcelo da Rocha é o treinador da escolinha e um dos fundadores do clube de ciclismo. “O clube foi criado há 15 anos, quan-do eu, junto a equipe de ciclismo da qual era integrante, precisava de apoio, pois o esporte necessita de investimentos em equipamentos que não são nada baratos”, relem-bra Rocha Hoje o clube mantém 30 atletas de nível de base, todos orientados pelo treinador. Esses atletas de base saíram da escolinha de ciclismo ou vieram de cidades da região.

O clube recebe apoio da Fun-dação de Esportes de Londrina e tem mais dois patrocinadores, mas mesmo assim é difícil manter o clu-be. O preço das bicicletas varia en-tre R$ 1,000 a R$ 1,500 e depois deve-se fazer sua manutenção e o transporte do esportistas para os campeonatos. Rocha conta que o dinheiro faz falta, mas, mesmo as-

sim, faz um belo trabalho. Os trei-namentos são realizados todos os dias, variando os locais. Os atletas mais experientes treinam nas estra-das para poderem percorrer longas distâncias, enquanto os novatos e crianças treinam de terça e sexta-feira alternando o Jardim Botânico e o Autódromo de Londrina. A Funda-ção de Esportes ainda disponibiliza um estagiário para auxiliar Sandro nos treinamentos.

Dos ciclistas que passaram pelo trabalho de Sandro está Maurício Knopp, bi-campeão brasileiro de ci-clismo. “Knopp é da cidade de Pon-ta Grossa. Havia uma equipe na

cidade que selecionava esportistas de fora e ignorava os atletas locais, então seu treinador entrou em con-tato comigo e eu o recebi para trei-namento de base. Hoje ele é um dos melhores ciclistas do Brasil e veio da base de londrinense” revela Sandro orgulhoso.

A escolinha de ciclismo funciona de terças e quintas das 14h30 às 17h30, revezando de local entre o Autódromo e o Jardim Botânico de Londrina. A inscrição e as aulas são gratuitas. O telefone para contato e a página da internet do Clube Lon-drinense de Ciclismo são (43) 3337-3176 e www.clciclismo.com.br.

O Clube Londrinense de Ciclismo prepara jovens esportistas para campeonatos em todo Brasil

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ção

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22 31 de março de 2011

Cultura

Cultura, Estado, Blogs e BethâniasNão faz muitos dias que

a polêmica se instaurou. Maria Bethânia, para le-

var a cabo o projeto de um blog de poesias, receberá R$ 1,3 mi com a captação de recursos amparados pela Lei Rouanet. O tal projeto que leva o nome de “O Mundo Precisa de Poe-sia” trouxe à tona um debate que estava, talvez, adormecido, mas não esquecido. Este não é o primeiro benefício recebido pela cantora por meio de políti-cas públicas para a cultura, nem por ela nem por seu irmão Caetano Veloso. Mas será que estes artistas realmente neces-sitam de amparo estatal para realizar projetos deste formato? Ou até mesmo para realizarem suas turnês, algo que não raro acontece?

Do que vem de toda dis-cussão é óbvio que nem tudo se aproveita, entretanto deixar a polêmica passar batida é igno-rar a importância que a arte tem para o ser humano... para além do arroz e feijão, como defende Tom Zé dizendo que produzir arte é o grau mais alto da capa-cidade humana. Para falar um pouco sobre assunto entrevis-tamos o músico André Siqueira,

que entre outras coisas, leciona no departamento de Música da Universidade Estadual de Londrina. Ao contrário de uma minoria de articulistas que classificam o financiamento estatal para as artes como bolsa-artista ele é assumidamente a favor do investimento do estado na área da cultura.

Para iniciar o tema Siqueira declara que é essencial que tenham-os subsídio estatal para o fomento artístico. O artista afirma que é muito difícil conseguir trabalhar com uma planilha razoável sem o

Reprodução de Los Sembradores de Diego Rivera

LUCAS RODRIGUESCrédito

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2331 de março de 2011

sical em particular e das artes em geral cada vez mais coop-tado pelos grandes meios de comunicação e pelas grandes mídias, não há espaço para dois pontos extremos e frágeis que sustentam a cultura artística no Brasil: as culturas tradicio-nais, rurais ou urbanas, e as estéticas que flertam de algum modo com os códigos da arte contemporânea. O que fica no miolo disso é essa arte efêmera de fácil digestão, pseudo-poe-sia, o fast-food musical que to-mou conta de grande parte dos meios de comunicação e que, de fato, não precisa ser incenti-vada, pois tenho dúvidas até de que ela seja realmente nossa; nossas manifestações culturais sempre foram mais complexas do que isso que vemos hoje”.

Quando perguntado sobre como ele vê as atuais políti-cas públicas para a cultura e a Lei Rouanet responde: “pre-cisamos de ampliação na es-trutura e funcionamento des-sas políticas. Não é só da lei de mecenato que precisamos. Precisamos de um plano de educação para as artes que reflita os conhecimentos tradi-cionais e que sejam adequa-dos às várias regiões do país. Necessitamos, de maneira ur-gente, de uma continuidade na descentralização das verbas e das políticas. A lei acabou de passar por uma revisão da qual um dos pontos positivos foi a criação do fundo nacional de cultura que deve, a médio prazo, fortalecer o intercâmbio e a troca de experiências entre artistas e produtores culturais”.

Sobre Bethânia, Caetano e outros artistas já consolidados que fazem uso da Lei Rouanet, André Siqueira comenta que acha um horror. Eles têm, como cidadãos, direito a inscrever seus projetos, mas Siqueira considera a conduta imoral, por considerar que estes não pre-cisam mais deste tipo de incen-tivo. Porém, o pior de tudo, em sua opinião foi “a conduta de, após ter um parecer reprovado pela comissão avaliadora dos projetos da lei Rouanet, esse parecer ter sido desconsidera-do pelo ministro da Cultura que concedeu, à canetada, a aprova-ção para o subsídio aos projetos desses artistas, mais especifi-camente Bethânia na turnê com Omara Portuondo que teve in-gressos caríssimos e o projeto de Zii e Zie de Caetano”. Seja como for, ele salienta que dentro de tudo isso há algo de positivo, que este quadro reflete a crise nas majors, nas grandes grava-doras: “a fonte secou”.

Siqueira discorda das vozes que declaram ineficiente o finan-ciamento estatal para as artes e cita o exemplo de Pedro Alex-andrino, um luthier de Barão de Cocais, Minais Gerais, que por meio de políticas públicas en-sina crianças pobres a fabricar e a tocar instrumentos musicais. E finaliza a entrevista question-ando: “vamos acabar com isso? Sem a lei do mecenato esses projetos não são possíveis. E para onde irá o orçamento des-tinado à Cultura? Essa é outra questão importante. Continuare-mos com nosso enorme ‘com-plexo de vira-latas’?

subsídio no Brasil. Sua posição é clara: “a busca pela criação de novas linguagens e estilos é árdua, não dá retorno financeiro imediato e precisa ser incenti-vada sim. Precisamos quebrar com essa idéia de que o artista vive de luz. Com o mercado mu-

Reprodução de Los Sembradores de Diego Rivera

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