revista + social 3

48

Upload: revista-social

Post on 08-Apr-2016

228 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Revista + Social 3
Page 2: Revista + Social 3

Revista Mais Social

Propriedade:

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Rua Ramiro Ferrão n.º 38 - 2805 Cova de Piedade

Tel.: 212 720 140 - Tlm.: 93 943 09 40

E-mail: [email protected]

Diretor:

Padre José Gil de Borja Pinheiro Ribeiro

Coordenação:

Ana Luisa Caixas

Ana Teresa Costa

Colaboradores desta edição:

Pe. José Pereira de Almeida

Prof. Dra. Ana Clara Birrento

Pe. Fernando Belo

Dra. Paula Brito

Dr. José Morgado

Filipa Direito

Redação:

Anabela Sousa

Filipa Branco

Revisão:

Ramiro Rodrigues

Fotografia:

Paulo Imagens

Vítor Fernandes

Edição e Paginação:

Miguel Almeida

Isabel Sebastião

Impressão:

Tipografia Lobão, Lda.

Tiragem:

1500 ex.

Depósito Legal:

367956/13

O Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro Está Certificado:

- Pelo Referêncial da Norma ISO 9001:2008

- Nível A, nas Respostas Sociais Ativas, onde sejam aplicáveis os modelos de avaliação do ISS (Instituto da Segurança Social)

Editorial

Ao Serviço do Amor

Apoio Domiciliário

Doutrina Social da Igreja

Padre José Pereira de Almeida

Artigo de Opinião

Prof. Dra. Ana Clara Birrento

Construir para os Outros

Equipamento Renascer

Equipamento do Bairro

Equipamento Centro Comunitário

Entrevista

Padre Fernando Belo

Equipamento da Romeira

Equipamento da Ramalha

À Conversa com...

As Crianças

Ação Social

Cultura Aberta

Aconteceu...

Vai Acontecer...

Despertar para a Fé

Traços de Recordação

Padre Ricardo Gameiro Lopes

3

4

8

10

12

14

20

22

24

26

28

32

34

36

35

38

45

46

47

Saúde

Centro de Documentação30

Índice Ficha Técnica

Dra. Paula Brito

Page 3: Revista + Social 3

EDITORIALEditorial

3Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

A indiferença tira-nos a capacidade de chorar

Estamos a chegar ao fim de mais um ano letivo. É tempo de colheita é tempo de balanço: que desafios e resposta provoca em nós a realidade difícil em que vivem mergulhados tantos nossos irmãos?

No tempo presente é fácil o acesso às boas e más notícias. Por vezes até parece que já vimos acontecer tudo aos outros. Àqueles que vivem na Síria, na Nigéria mas também aos que estão mais perto, que moram no nosso país, na nossa cidade na nossa rua. Estes acontecimentos dramáticos carregados de sofrimento quase que surgem como momentos de “distração” na nossa dura rotina do dia. Perante o sentimento de impotência a tentação é rendermo-nos à indiferença.

Neste terceiro número da nossa revista + Social queremos partilhar com os nossos leitores mais uma página bonita da história da nossa instituição: o nascimento do equipamento “Renascer”. Uma resposta que surge do coração atento e inquieto do Padre Ricardo que com a sua equipa, indignados com as condições de exclusão social em que viviam tantas famílias desprotegidas não conseguiram ficar indiferentes. A aventura foi de “duplo risco”, ao estilo da equipa do Padre Ricardo: por um lado denunciar esta realidade, mas ao mesmo tempo angariar fundos para organizar uma resposta de grande qualidade. Porque o objetivo é prover os mais excluídos daquilo que temos de melhor e não apenas do que nos sobra.

Estas memórias felizes que fazem a história da nossa obra continuam a dar frutos e a marcar o nosso dia-a-dia. Nesta edição convidamos o leitor a conhecer o trabalho dedicado e delicado das nossas colegas do Apoio Domiciliário. O sofrimento, a solidão, a saudade, a falta de recursos com que se deparam diariamente alguns dos nossos utentes não são capazes de apagar a esperança e a alegria diária que sustenta esta “família alargada”.

A Pastoral da Saúde é um dos “ramos” mais jovens da Pastoral Social, e uma aposta importante na Nova Evangelização. Durante muitos anos (que foram pioneiros) habituámo-nos à presença e aos ensinamentos do Padre Victor Feytor Pinto, atualmente temos a graça de contar com o Padre José Manuel Pereira de Almeida como Coordenador Nacional, que nos recorda que a Pastoral da Saúde torna visível uma “Igreja que se preocupa com a saúde, mais do que com a doença e com os doentes por causa da saúde”.

A nossa obra cumpre-se também na nossa capacidade de estabelecer redes de parceiros que se identificam com as nossas inquietações e iniciativas sociais. A Segurança Social

é naturalmente um parceiro importante. A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Ana Birrento, aceitou o convite de partilhar connosco o seu olhar sobre a realidade social no que diz respeito às necessidades e respostas atuais com especial preocupação quanto à sustentabilidade das instituições.

O Padre Fernando Belo, Pároco de Almada, nosso colega na Vigararia de Almada, faz 50 anos de sacerdote. Quisemos assinalar esta data. É importante para nós porque o sacerdócio é um dom de Deus para a Igreja e por isso para toda a humanidade, pois torna presente o dom de amor total e pessoal de Jesus Cristo. Louvamos os “sins” do Pe. Fernando ao longo de todo este seu percurso de fé “recheado” de obras. Um exemplo da sua disponibilidade para servir a Igreja de Setúbal, foi a sua passagem pela Direção deste Centro Paroquial. O Pe. Fernando foi nomeado pelo Bispo de Setúbal para a Direção deste Centro logo após a morte do Padre Ricardo Gameiro, a 19 de Dezembro de 2011, tendo permanecido até à minha tomada de posse, em Agosto de 2012. Em nome de todos, obrigado Pe. Fernando!

O nível de sustentabilidade desta obra mede-se pela nossa capacidade de comunicarmos e envolvermos todos na sua missão. E a obra realiza-se sempre que, com firmeza de discípulos, testemunharmos a nossa fé com as palavras e os gestos de Jesus Cristo juntos dos mais excluídos.

O Papa Francisco em Lampeduza, Itália, denunciou que a sociedade está insensível aos dramas do mundo e que por isso perdeu a capacidade de chorar. Não foi assim com o Padre Ricardo nem com todos os que o acompanharam na aventura desta obra social e por isso queremos continuar hoje a chorar, a denunciar e a construir para os outros.

O Presidente da Instituição

Pe. José Pinheiro

Page 4: Revista + Social 3

AO SERVIÇO

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Ao Serviço do Amortexto: Filipa Branco

44

São 8h00 e estou a caminho de descobrir como funciona o

apoio domiciliário da nossa Instituição. O ponto de

encontro é na Residência de Nossa Senhora da Esperança,

donde partem, diariamente, a pé ou em duas carrinhas, um

total de 15 mulheres, cuja missão é prestar assistência aos

cerca de 80 utentes que atualmente usufruem deste

serviço, na Cova da Piedade. Confirmadas as escalas,

recolhidas as chaves de quem não pode abrir a porta e

ativado o equipamento electrónico de registo individual de

atividade, é tempo de dar início a uma experiência que

jamais esquecerei. A conduzir-me nesta aventura está a

ajudante de ação direta Fátima Figueira, uma profissional

com 20 anos de dedicação, com quem vou descobrindo

histórias e lições de vida, em cada casa, em cada caso...

Desde logo, percebo que o apoio domiciliário não se

destina apenas a pessoas muito velhinhas, que precisam de

ajuda em virtude das restrições naturalmente impostas pela

idade avançada. É certo que há situações como a da D.

Catarina - que passou a ter apoio de higiene pessoal e

alimentar já na casa dos 90, na sequência de um ligeiro AVC

- mas a condição aqui é haver algum tipo de limitação,

temporária ou permanente. Mesmo jovem, o corpo às

vezes prega partidas...

Maria Helena Melo

Um simpático “quem vem lá” que escuto ainda antes de sair

do elevador faz-me antecipar o sorriso com que D. Helena

nos recebe, numa sala que a rádio comercial vai enchendo

de música. De cadeira de rodas, segue para a sua rotina

diária, antes de falarmos um pouco. Apaixonada pela leitura

e dotada de um espírito curioso, desde cedo desconfiou da

doença, “pois os sintomas não eram lá grande coisa e, volta e

meia, não me sentia bem”. A confirmação chegou aos 38

anos, através de uma ressonância magnética: esclerose

múltipla e “logo a pior, a progressiva, que vai andando,

andando, andando”...

A Dependência

Quando a cadeira de rodas passou a fazer parte da sua vida,

ganhou de novo autonomia, mas há três anos, quando fez

60, teve de recorrer ao apoio domiciliário, pois embora o

filho esteja sempre presente e disponível, era preciso ajuda

especializada. “Ao princípio, sempre colaborava um pouco,

agora é que não me posso mesmo pôr em pé e elas, coitadas,

têm que pegar em mim ao colo”

entristecidos.

Mas rapidamente ganha novo ânimo e vai dizendo, próprio

de quem tem fé, “Deus dá-me muita força, é verdade, e fico

sempre à espera que venham dar-me a comunhão. Já vou é

pouco à missa, custa-me e nunca me apetece sair, fico aqui

no meu canto.”

A importância da leitura

Embora já não escreva, os livros fazem parte da sua vida, de

tal modo que teve o sonho de abrir um café com biblioteca,

onde as pessoas pudessem ficar confortavelmente a ler.

Hoje, o seu grande entretém são os tablets e a internet e

quando desafiada a deixar-nos uma mensagem, não hesita:

“Leiam, porque a ler aprende-se muita coisa, e tenham muita

força porque isto a vida são dois dias e o carnaval são três.

Não podemos baixar os braços, porque se os baixarmos

então é que estamos arrumados”.

, explica, com olhos

Serviço de Apoio Domiciliário: O desejo de permanecer em casa

As Técnicas de SAD encontram-se regulamente com os utentes

Ana Carvalho com a D. Helena

Serviço de Apoio Domiciliário em Números

Saída da Residência:

2 carrinhas

15 funcionárias

80 utentes

Saída do Renascer:

1 carrinhas

2 funcionárias

15 utentes

Page 5: Revista + Social 3

DO AMOR

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 5

Fernanda Amorim

A paragem seguinte é na casa de D. Natália, cuja filha

Fernandinha, 57 anos, epiléptica e acamada há oito anos,

só quer ser tratada pela funcionária Fátima, a “carinha

laroca”.

É que normalmente há rotatividade do serviço de três em

três meses, mas dada a dificuldade de adaptação a outra

pessoa, a Instituição optou por respeitar esta ligação

sempre que possível. “Ela é muito querida e é minha amiga”,

explica Fernandinha, com uma sinceridade inocente que

enternece.

Família Alargada

Inicialmente, era a mãe e o pai que tratavam dela, mas um

dia caiu da cama, o fémur esquerdo fraturou. A fisioterapia

não resultou e o casal já não tinha forças para aguentar. Há

quatro anos, o senhor faleceu e, desde então, a mãe

tornou-se única cuidadora da filha, com a ajuda de uma

equipa que considera “família”. “É assim que vejo as

meninas. Fazem falta à comunidade e ao mundo inteiro,

porque têm a disponibilidade humana que se vê na prática,

que é tudo”.

A conversa é interrompida por um pequeno ataque que,

sem aviso, faz Fernandinha estremecer, assustada. Sempre

calma, a ajudante de ação direta sossega-a. “Já passou meu

amor, tens aí a tua querida ao pé de ti” diz-lhe a mãe. E

retomando o fio à meada, acrescenta: “As pessoas têm que

dignificar essa profissão, é um bem humano, quem é que

fazia isto? Eu não posso, não tenho forças”, sobretudo agora

que também precisa de ajuda para entrar e sair do banho,

devido a um problema num braço. “Mas carreguei muito

com ela, corri hospitais à procura de saber o que tinha e só

aos 10 anos lhe detetaram a epilepsia”, recorda esta

professora reformada de 74 anos, natural de S. Miguel.

“Esteve internada na Cruz Vermelha um mês, em coma, já

partiu a cabeça e esteve no São José, foi lá operada ao osso na

perna esquerda. Mas está aqui! É a minha companhia, o meu

amor, é tudo, é a minha vida”.

A Força da Fé

Ao lado da cómoda com a televisão, onde gostam de

assistir à missa, numa mesa com vários objetos, está uma

imagem de Nossa Senhora e outra de Santo António com o

menino ao colo. “Quem não tem fé não tem nada!”, exclama

com convicção.

Sem dar conta, o banho terminou, o pijama lavado está

vestido e a cama mudada. Depois de penteada,

Fernandinha é ainda perfumada com uma suave colónia

que a ajudante de ação direta lhe coloca no pescoço.

Dina Morais

Antes da manhã chegar ao fim, conheço a D. Dina, 80 anos,

a usufruir do apoio domiciliário desde há dois anos, pela

segunda vez, pois da primeira recuperou bem de uma

operação.

O medo de cair e não ser capaz de se levantar fá-la sair

pouco e uma vez que não tem rede familiar próxima, conta

com todos os serviços disponíveis. Isto significa que dispõe

de ajuda na higiene pessoal; alimentação; administração de

medicação; higiene ambiental; tratamento de roupas; e

transporte ocasional.

“Tratam-me bem”, garante esta devota de N. Srª de Fátima.

Para fugir ao silêncio e enganar a timidez, arrisco perguntar

“Então não tem reclamações?”, brinco. “Bem, a comida traz

muito arroz... é muito!”.

D. Natália e a filha, Fernandinha, apoiam-se mutuamente Fátima Figueira com a D. Dina

Page 6: Revista + Social 3

AO SERVIÇO

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro6

Desejo de permanecer em casa

Cada utente tem, portanto, gostos próprios, percursos

distintos e necessidades diferenciadas, embora partilhem

uma vontade comum: a de permanecerem em casa, onde

habitam as suas memórias. É no respeito por este desejo e

na dignificação da pessoa humana que o apoio domiciliário

baseia a sua ação, com a equipa a procurar abstrair-se

daquilo que não consegue alterar, de modo a poder fazer a

diferença naquilo que está ao seu alcance.

Neste capítulo, a ligação à família é de suma importância,

pois embora o serviço seja para o utente, existe um respeito

comum e uma vontade partilhada de proporcionarem o

maior bem estar possível a quem está dependente. É por

isso que, mesmo quando a morte chega, este laço não é

imediatamente quebrado, continuando a haver contato

com os cuidadores, para saber como estão a lidar com o

luto e garantir que ficam bem.

O testemunho de quem cuida

Por norma, as situações mais tristes são aquelas que

envolvem pessoas muito novas ou totalmente sós e não há

dúvida que para fazer este trabalho é preciso ter perfil,

gosto, capacidade mental e física e boa formação pessoal e

profissional. “É preciso gostar mesmo”, explica Fátima

Figueira.

que fui útil a uma pessoa, que a deixei ficar bem. Sinto-me

bem assim e vejo-me a fazer isso sempre. O carinho com que

as pessoas me recebem é muito gratificante, cria-se uma

ligação de amizade. Darem-me valor e reconhecerem o que

faço por elas é uma mais-valia para a minha vida. Vêem-se

situações muito complicadas, sim, mas já temos tanto calo

que vamos superando e tentando ajudar da maneira que

somos capazes. Um dia de cada vez”.~

Cuidar com amor

Cuidar assim é uma vocação, um dom de Deus, penso para

comigo, já no regresso à Residência, onde as marmitas

vermelhas com os almoços quentes estão prontas para

serem entregues. Enquanto me despeço e afasto, sei que

para estas mulheres ainda há muito trabalho pela frente,

pois os acamados, têm que ser tratados três vezes ao dia,

para higiene, posicionamentos para evitar as úlceras de

pressão (escaras) e muda de fralda.

Apesar do choque, provocado pela visão da dura realidade

que é lidar de perto com o sofrimento, sinto-me

deslumbrada pelas manifestações de coragem, humildade

e dedicação que testemunhei.

Num tempo pautado por tantas dúvidas e incertezas, levo

no regresso a casa o consolo de saber que, qualquer que

seja o amanhã, há uma Instituição de rosto humano, cuja

missão é a de testemunhar o Evangelho na pessoa de Jesus:

‘’Amai-vos uns aos outros...’’

“O que me dá mais prazer é fechar a porta e saber

Visita das crianças a uma utente durante a Caminhada Quaresmal 2014

Para mais informações sobre o

Serviço de Apoio Domiciliário contacte-nos:

Residência Nossa Senhora da Esperança

Rua Ramiro Ferrão, 38 | 2805-348 Cova da Piedade

Tel| 212 720 149 Telm| 939 430 940

Page 7: Revista + Social 3
Page 8: Revista + Social 3

DOUTRINADoutrina Social da Igreja

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro8

Pe. José Pereira de Almeida | Conferência Quaresmal, RNSE

3 de Abril de 2014

Desafios permanentes na Pastoral da Saúde

Uma igreja que se preocupa com a saúde, mais do que com a

doença

Depois de passar pelo Centro Social Paroquial Padre Ricardo

Gameiro já por duas vezes, e ter conhecido a realidade das diversas

valências dos equipamentos, fomos falar com o atual coordenador

da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, Padre José Manuel

Pereira de Almeida. O sofrimento humano, a eutanásia, o

voluntariado formado e responsável, o acompanhamento a quem

sofre e os desafios da Pastoral da Saúde em Portugal, foram alguns

dos temas sobre os quais conversámos.

O Padre Vítor Feytor Pinto esteve à frente dos destinos da Pastoral

da Saúde em Portugal durante trinta anos. Recentemente, sucedeu-

lhe o Padre José Manuel Pereira de Almeida. Pároco de Santa Isabel,

em Lisboa, é também médico e professor na Universidade Católica

Portuguesa. Diz-nos que a Pastoral da Saúde, no nosso país, enfrenta

hoje diversos desafios, quer a nível interno, quer a nível externo.

Uma presença sacramental e não sacramentalista

‘’A nível interno, temos a luminosa herança do Padre Vítor Feytor Pinto

que aqui esteve durante três décadas e construiu a Pastoral da Saúde.

Se antigamente apenas se ‘visitavam doentes’, hoje a forma de

perspetivar a presença da Igreja nesta área mudou completamente’’,

afirma o sacerdote. Com o Concílio Vaticano II a ser o protagonista

da mudança, na saúde as coisas demoraram até serem assumidas

de forma diferente.

‘’Foi o meu antecessor, de espírito aberto e dinâmico que conseguiu,

nos contactos internacionais que teve, trazer para Portugal essa

perspetiva de uma Igreja que se preocupa com a saúde, mais do que

com a doença e com os doentes por causa da saúde. Na perspetiva da

presença da Igreja, que ela seja uma presença sacramental e não

sacramentalista’’, esclarece ainda o atual coordenador da Comissão

Nacional da Pastoral da Saúde.

Na verdade, se antes existia uma Pastoral da Saúde apenas virada

para os sacramentos, como a santa unção e o viático, hoje o desafio

é que nas várias áreas onde a Igreja atua, quer nas paróquias e

movimentos, quer nas capelanias hospitalares, o faça como um todo.

‘’A Igreja como um todo em cada diocese é um desafio para cada

Bispo e para os diferentes agentes da pastoral. Por exemplo, quando a

Paróquia era a da vila e o hospital era da Misericórdia, sabia-se onde

estavam as pessoas. Agora não, e nas grandes cidades é pior’’, indica o

Padre José Manuel Almeida.

Igreja não pode calar as aflições das pessoas

Por outro lado, a nível externo, a saúde em Portugal sofre mudanças

por causa da crise e por causa dos envolvimentos políticos, sociais e

económicos. ‘’As três décadas passadas acompanharam-se, sob o

ponto de vista das políticas de saúde e das políticas sociais, de grandes

mudanças e grandes melhorias – diz o sacerdote – o melhor

indicador é a baixa de mortalidade infantil. Nós tínhamos das mais

altas e ficámos das mais baixas e melhores do mundo. É

extraordinário’’.

No entanto, tais melhorias só foram possíveis devido a uma rede de

saúde pública que se construiu na década de setenta, e ao Serviço

Nacional de Saúde que se foi edificando. ‘’E agora? – interroga-se o

Padre José Manuel – O que é feito do Serviço Nacional de Saúde?

Qual é a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde? Costumamos

dizer que a saúde não tem preço, mas de facto, tem custos e quando

há que cortar, saúde, educação e cultura são as primeiras a sofrer. E eu

temo que seja cortar no futuro porque saúde, educação e cultura

marcam o futuro de gerações’’.

E destaca: ‘’A Pastoral da Saúde, com os governos socialistas e sociais-

democratas, teve sempre uma posição de diálogo e de colaboração. A

Igreja não está cá para ser do contra mas não pode calar as aflições

das pessoas. Os desafios e as frentes são muitas, mas a Pastoral da

Saúde tem que procurar responder, adequadamente, às múltiplas e

complexas questões em que se envolve’’.

Cuidar de quem sofre é viver em Deus

Quando se fala de sofrimento humano e da forma como a

sociedade portuguesa olha para ele, o Padre José Manuel diz que,

também aí, houve evoluções. Nos últimos quinze anos houve um

avanço nos cuidados paliativos e hoje as pessoas são salvas em

situações que antes, seguramente, morreriam.

‘’Não é para esticar o sofrimento nem para um encarniçamento

terapêutico. Contra isso a Igreja sempre se manifestou – garante. É

bom que as pessoas possam viver a sua morte e não a morte dos

médicos, dos tubos e das máquinas. Esticar o sofrimento sem

qualidade de vida, sem a pessoa ter uma vida de relação com os

outros é utilizar inadequadamente meios extraordinários. A medicina

nunca serviu só para tratar, serve, também, para aliviar o sofrimento.

Tratar a dor, aliviar o sofrimento e acompanhar a todos é uma tríade

texto: Anabela Sousa

Page 9: Revista + Social 3

DA IGREJA

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 9

importante na medicina e nos cuidados de saúde’’.

Ainda que, globalmente, o sofrimento não seja bem visto e que a

tendência seja para uma alienação deste tipo de situações, o

coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde diz que é

importante admitir que não há vida sem sofrimento: ‘’Não estou a

dizer que é bom sofrer. Não somos, nem masoquistas, nem sádicos.

Mas facilmente, em sociedade, creio eu, vivemos melhor a fazer de

conta que o sofrimento não existe, relegando para algumas

instituições dizendo que 'eles tratam ou eles cuidam' e isso não nos

faz bem como humanidade’’.

Cuidar de quem sofre não é fácil mas é algo característico do

Homem: ‘’Nós sabemos cuidar. Não quer dizer que outras espécies

não o saibam e não nos deem lições. Digo é que se revela no amor

cuidado, aproximando-nos dos outros e cuidando deles, a imagem

que somos de Deus e a tendencial semelhança que somos chamados

a viver de Deus. Deus é Amor e quem vive no Amor, vive em Deus. O

cuidado é um amor muito especial exatamente porque é um Amor

que dá, sem esperar recompensa. E nós também sabemos que, afinal,

vemos muita recompensa nesse cuidado’’.

Eutanásia: Um pedido de ajuda para viver

Numa altura que, na sociedade portuguesa, a possibilidade da

eutanásia vai subindo de tom, o sacerdote médico diz: ‘’Em geral, o

pedido de eutanásia é o pedido de alguém que está convicto de que

viver não faz sentido e quer a morte para si, naquele momento.

Muitas vezes, o que a pessoa diz ao dizer isso é: 'ajuda-me a viver

porque eu não quero viver assim'. E, se calhar, tem razão porque

assim ninguém quer, nem ninguém pode viver’’.

Considera ainda o Padre José Manuel que este ‘assim’ é uma

circunstância passível de mudança: ‘’Às vezes são pequenas metas. É

o diminuir a dor, é o casamento do neto, alguma coisa que dê uma

alegria ou luz nessa situação difícil. Isto não tem nada que ver com o

demorar o sofrimento estupidamente, desproporcionadamente’’ –

sublinha, destacando que o tratamento da dor é hoje muito mais

eficaz do que ontem – ‘’A dor é tratável. O sofrimento é

tendencialmente minorável e ninguém pode aboli-lo, mas a dor, se for

bem acompanhada, quase sempre sim. A dor oncológica, por

exemplo, pode ser muito dura e é preciso quem saiba cuidar. É alta-

costura, não é pronto-a-vestir’’.

Esta missão de um acompanhamento que os agentes da Pastoral

da Saúde são chamados a fazer neste tipo de situações, é uma

forma de ‘dar vida’. ‘’Não quer dizer que os católicos acompanhem

melhor que os outros, longe de mim’’ – afirma categoricamente o

Padre José Pereira de Almeida – ‘’mas há uma maneira de

testemunhar a fé que não é com palavras, é com a vida. E isso a

Pastoral da Saúde espera poder facilitar, aprendermos uns com os

outros o modo de dar esperança, ânimo, um sorriso, proximidade,

numa palavra, dar vida’’.

Ser comunidade e apostar na formação dos voluntários

De forma prática, no dia-a-dia das Paróquias e das instituições

sociais e paroquiais, o responsável da Pastoral da Saúde nacional diz

que o grande desafio é que sejam, de facto, uma comunidade: ‘’Se

nos lugares mais pequenos é mais fácil, nos outros, em que o vizinho

do 5ºA não sabe quem é o vizinho do 5ºD, é torná-los lugares

pequenos, em que as pessoas têm rosto e não são massa, em que se

luta contra o anonimato, se sabe a história de cada um, os sonhos, as

esperanças, as angústias e as tristezas’’.

‘’Acompanhar, que ninguém esteja sozinho’’ – declara o Padre José

Manuel – ‘’se nós conseguíssemos isso, era uma vitória civilizacional e

era um grande salto em frente porque, se eu acompanho alguém

numa situação de fragilidade, eu interesso-me, claramente por essa

situação e luto para que essa pessoa seja bem acompanhada de

acordo com a sua dignidade e com a complexidade do seu mundo.

Temo situações em que as pessoas vivem menos em casas e mais em

armazéns e isso corresponda a uma desumanização da nossa

sociedade enquanto tal’’.

Para que esta qualidade humana do acompanhamento ao outro na

sua dignidade, possa ser cada vez mais melhorada, a formação

adequada e permanente dos voluntários é essencial. ‘’Ser voluntário

não quer dizer que se seja estúpido’’ – refere o Padre José Manuel

Almeida – ‘’Há uma formação competente que pode ser feita a

voluntários que se disponham a dar do seu tempo, a dar da sua vida

nesse sentido. Nem sempre os apoios técnicos estão acessíveis a todos

mas era importante que os apoios voluntários fossem cada vez mais

qualificados. Não basta a boa vontade nem ter jeito para. É preciso

querer saber como se faz melhor’’.

Um bom exemplo

Esteve no Centro Social e Paroquial Padre Ricardo Gameiro em duas

ocasiões: a primeira aquando das III Jornadas Diocesanas da Pastoral

da Saúde, e a segunda para uma conferência quaresmal, onde teve

oportunidade de visitar, com mais profundidade, os equipamentos.

Salientando o importante e inovador trabalho, a nível paroquial, que

é feito no Centro de Documentação, com esmero e qualidade, diz-

nos ainda:

‘’Guardo uma grata memória dessa minha segunda visita de facto, é

um belo exemplo que podemos dar em relação à variedade de

valências e qualidade dos serviços prestados. É exemplar. Ganha-se

nessa visita de estudo, perceber como estão as pessoas, e como são

acompanhadas na sua diversidade, com qualidade técnica e com

amor verdadeiro’’.

Page 10: Revista + Social 3

ARTIGOArtigo de Opinião

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro10

Uma nova consciência social

A realidade que somos permite-nos ver hoje a realidade

social em que nos situamos e na qual vivemos, como uma

realidade em mudança. Uma mudança que nos apresenta

desafios e oportunidades. Para que consigamos ultrapassar

os desafios e aproveitar as oportunidades, necessitamos de

conhecer a realidade social no seu conjunto, para nos

situarmos e podermos conhecer o meio onde vivemos,

onde convivemos e onde intervimos, numa perspetiva

participativa, construindo um novo tipo de paradigma. São

desafios e oportunidades que exigem uma nova

consciência social. E se este momento de mudanças e de

transformações profundas nos coloca perante situações

para as quais não estávamos preparados, o desafio que se

coloca às IPSS e ao Estado é o de sustentabilidade e o de

encontrar novas estratégias para (re)inventar a

solidariedade.

As transformações verificadas na sociedade tornaram

imperativa a conceção de novas formas de intervenção e o

ajustamento das respostas sociais já existentes, de modo a

que privilegiem a flexibilidade necessária para atender à

mutação constante e à crescente complexidade da

realidade social. O incentivo à expansão e qualificação da

rede de serviços e equipamentos sociais, dirigidos aos

diversos grupos de população, é uma das vertentes onde a

ação social tem tido maior intervenção. A ênfase tem sido

colocada no reforço do papel das famílias, na conciliação

do trabalho familiar com a vida profissional, no

desenvolvimento do apoio domiciliário, na dinamização de

estruturas de convívio e de combate ao isolamento e

insegurança, e numa maior e melhor prevenção e cobertura

das situações de dependência.

Intervir no âmbito do desenvolvimento local requer um

conhecimento prévio das problemáticas existentes num

território. Conhecer os valores, as práticas e as

necessidades de uma comunidade é um passo

fundamental para a planificação de programas e

organização da sua implementação, orientando a tomada

de decisão no sentido da otimização de recursos. Assim, a

conceção, a construção e a atualização da Carta Social é um

instrumento de extrema importância no domínio da

informação social e no suporte ao planeamento e à tomada

de decisão.

A condição de sucesso do desenvolvimento local prende-

se com a articulação entre desenvolvimento económico,

social e cultural, numa lógica transversal, assente numa

visão integrada e integradora das diferentes forças e

setores presentes. Criar condições para que os atores de

uma comunidade se comportem como agentes de

mudança, promover parcerias e fomentar a emergência de

redes sociais locais, sustentadas no conhecimento

profundo e próximo da comunidade, são fatores de sucesso

de uma intervenção social local.

Trabalho em rede

É preciso apostar no trabalho em rede, apoiando a

economia social e solidária a partir de paradigmas como a

cooperação, a participação ativa de cidadania, a iniciativa

voluntária ou a sustentabilidade financeira da gestão. Este

desafio representa um estímulo para as IPSS e para a

consolidação da rede social, desafio que deverá passar pela

mudança de mentalidade, de procura de apoios financeiros

e outros fora do sistema de financiamento público. A

abertura à sociedade civil, a partilha de experiências e de

recursos entre instituições congéneres significarão uma

racionalização eficaz dos meios e uma melhor distribuição

pelo território.

A operacionalização da Rede Social é uma condição

necessária para um efetivo funcionamento em rede das

inst i tuições de apoio socia l . As Plataformas

Supraconcelhias, os Conselhos Locais de Ação Social e as

Comissões Sociais de Freguesia, bem como outros níveis de

cooperação, constituem formas privilegiadas para

intensificar o diálogo e a cooperação entre IPSS, autarquias,

poder central e muitos parceiros intervenientes no

território, como as forças policiais, a educação, a saúde, a

proteção civil, os centros de emprego, a agricultura,

organizações e associações da sociedade civil, etc. A

multiplicidade de atores que intervêm no apoio prestado

aos indivíduos e famílias é uma dimensão essencial desta

rede.

A intervenção das IPSS na comunidade:

desafios presentes e futuros

Prof. Dra. Ana Clara Birrento

Page 11: Revista + Social 3

11Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

ARTIGO DE OPINIÃOA ação das IPSS

As IPSS são a mão invisível da Segurança Social, como o

senhor ministro já teve oportunidade de afirmar. Esta mão

invisível, a resposta de proximidade que são capazes de dar,

faz com que, para além de as considerarmos nossas

parceiras em todo o tipo de iniciativas, as consideremos

capazes de ombrear com a Segurança Social na criação de

respostas para a comunidade. A efetivação de uma rede

nacional de solidariedade vai ter de contar com todos,

numa aposta real na proximidade e na experiência de

todos, onde os conselhos locais de ação social, presididos

pelas autarquias, são um ponto focal, bem como as IPSSs,

as Misericórdias e as Mutualidades, que em permanência

garantem uma resposta social.

Não nos podemos esquecer, de igual modo, que as IPSS

representam 6% do emprego no distrito; é um dos setores

que mais tem crescido nos últimos anos e tem, entre outras,

características únicas: emprega pessoas com idades mais

avançadas, não se deslocaliza, trabalha primordialmente

ligada à economia local, ao mesmo tempo que dá respostas

sociais localizadas. As IPSS são, de facto, um fator de

desenvolvimento da atividade económica no distrito.

As instituições particulares de solidariedade social e a

segurança social encontram em verdadeiro espírito de

parceria e de cooperação respostas sociais, estruturas e

serviços que apoiam o cidadão, as famílias e a comunidade,

num atendimento ou acompanhamento desenvolvido

através de um serviço que visa apoiar na prevenção e ou na

reparação de problemas geradores ou gerados por

situações de exclusão social e, em certos casos, atuar em

situações de emergência. Procuram informar, orientar e

encaminhar, assegurando o acompanhamento social dos

indivíduos e famílias no desenvolvimento das suas

potencialidades, contribuindo para a promoção da sua

autonomia, autoestima e gestão do seu projeto de vida,

prevenindo situações de exclusão, dotando as

pessoas/famílias dos meios e recursos que possibilitem a

construção de um projeto de vida estruturado e autónomo.

Se os desafios do presente são os da sustentabilidade, os

desafios do futuro passam por entender que temos de

encontrar sinergias, trabalho honesto e transparente, em

rede. Sem medo do outro, sem medo de perder influência

no território, porque em conjunto fazemos, como é sabido,

mais e melhor.

Ana Clara Birrento

Diretora do Centro Distrital

de Segurança Social de Setúbal

Passeio de alguns utentes de ERPI à praia | Maio 2014

Page 12: Revista + Social 3

CONSTRUIRCasa de S. Paulo | Inauguração prevista a 25 de Janeiro de 2015

Construir para os Outros

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro12

O nossa casa começa a ganhar forma...

9 de Abril de 2014, visita de D. Gilberto à Casa de S. Paulo

30 Abril 2014

21 Maio 2014

O caminho feito...

A construção da Casa de S. Paulo continua a avançar dentro

dos prazos estabelecidos. A estrutura está concluída e as

paredes erguidas, todas as especialidades estão a cumprir

os tempos definidos.

Quanto ao equipamento e mobiliário geriátrico, uma parte

já foi adjudicado, embora, devido à falta de verbas estatais,

lançámos o desafio para a criação de parcerias, aos amigos,

mecenas, empresas e restante comunidade, para poderem

contribuir na compra dos diversos equipamentos e, assim,

deixarem o seu contributo neste equipamento tão

importante no concelho.

A evolução na concretização dos trabalhos, dá-nos a

certeza de que a data de inauguração prevista irá ser

cumprida.

Page 13: Revista + Social 3
Page 14: Revista + Social 3

Equipamento Renascer

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro14

Começar de novo

Empenhado no Combate à Pobreza, em Novembro de 1998

o Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro inicia um

ambicioso trabalho de campo junto da população da

Quinta do Chegadinho, que poucos anos mais tarde

culmina numa metamorfose profunda do espaço, tanto ao

nível urbanístico como social.

É nesta zona que se ergue, desde o ano 2000, o Renascer -

equipamento que viu nascer a construção da escola

primária contígua e do Bairro Camarário Novo, bem como a

candidatura do AGIR ao Programa Escolhas.

A Casinha Branca

O início desta história remete para um pequeno contentor

pré-fabricado com uma casa de banho e duas salas apenas

(colocado num terreiro onde existe hoje a escola EB1 do

Chegadinho), logo apelidado pelos miúdos de “casinha

branca”. É aqui que uma equipa de quatro elementos-

composta por uma assistente social, uma educadora social,

uma animadora sociocultural e uma irmã - começa a lançar

novas sementes de esperança através de um trabalho

apostado no ensino informal e na formação de uma

população maioritariamente proveniente de países dos

PALOP, que vive em condições bastante precárias e em

regime de exclusão social.

Os primeiros destinatários desta intervenção são famílias

que ocupam “esqueletos” de prédios inacabados,

degradados, sem canalização e infestados por pragas como

moscas e ratos, onde a insegurança se nota até nas escadas

escuras e sem corrimão. É, aliás, a instituição quem celebra

um primeiro contrato com a EDP para assegurar o

fornecimento legal à zona, com cada qual a ir pagar

mensalmente a sua quota-parte à “casinha branca”.

O envolvimento da Comunidade

A capacidade de integração e aceitação pela comunidade

das técnicas destacadas para o terreno permite desenvolver

uma série de iniciativas em diversas vertentes, destinadas a

colmatar as necessidades mais prementes - da saúde e

planeamento familiar à alimentação, higiene e segurança,

gestão doméstica e outros. Mais tarde, estas ações

estendem-se a toda a população local, que dotada de um

espírito crente e festivo adere em massa a eventos como a

Procissão dos Ramos.

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Chegadinho antes da construção do Centro Comunitário

A Casinha Branca e o futuro Centro Comunitário Renascer

A Instituição legalizou a distribuição de energia com a EDP

Page 15: Revista + Social 3

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 15

A vontade de se criar no Chegadinho um centro

comunitário conta, entretanto, com a cedência de um

terreno pela autarquia.

A inauguração em pleno Ano Jubilar | 1 Junho 2000

A assinalar a data, o Padre Ricardo Gameiro planta uma

oliveira que trouxe de propósito da Cidade Santa de

Jerusalém e que ainda hoje cresce no espaço exterior do

piso térreo, imbuída de todo um simbolismo ligado à paz e

à purificação, mas também à sabedoria, abundância, força e

recompensa.

No início, o Renascer reserva o piso superior para ateliers de

formação destinados a mulheres do bairro, através do

projeto FORMIN, cujos filhos ficam entregues na sala de um

ano, a primeira a abrir portas.

Dois anos mais tarde, as construções devolutas são

demolidas e as famílias realojadas no bairro de Santo

António. Registam-se então momentos muito positivos,

junto com alguns dissabores, pois ao invés de serem

dirigidas à câmara, as reclamações são endereçadas à

instituição, no fundo a grande referência da população.

No mesmo local, posteriormente foi construído um novo

bairro camarário para realojar a população proveniente das

terras da Costa.

As estruturas de vida, além de difíceis de alterar, são

geracionais no sentido em que são transmitidas aos

descendentes, mas ao longo do tempo somam-se alguns

casos de sucesso - desde um rapaz que se conseguiu

formar em advocacia, a uma jovem que tirou o curso de

ajudante de acção educativa, ou a mulheres que apostaram

no seu valor e acabaram integradas nos serviços do Centro,

da cozinha ao apoio domiciliário e à secretaria. Ao recordar,

sentimos que todo o esforço valeu a pena e, por isso,

continuamos a trabalhar estas famílias.

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Inauguração do Centro Comunitário Renascer, 1998

Equipamento em construção

Alfabetização de Adultos

Partilha entre a Instituição e os moradores da Quinta do Chegadinho

Benção do Equipamento, 1998

Page 16: Revista + Social 3

Equipamento Renascer

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro16 Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Equipamento

Gradualmente, abrem novas respostas sociais: pré-escolar

e espaço lúdico pedagógico para 150 crianças. O Renascer

é sobretudo um local de encontro de várias realidades, que

permite às crianças contactarem com uma diversidade

enriquecedora de etnias, famílias, costumes e tradições.

Numa resposta natural às necessidades manifestadas pela

população mais dependente ou envelhecida, em 2001 o

Renascer amplia a sua oferta com uma sala de Centro de

Dia, cujo primeiro utente foi o Sr. Dimas uma figura bem

conhecida que, ainda hoje, abre a porta, cumprimenta e

que já faz parte da história da nossa casa. Em 2004 a

resposta sénior aumenta, através do serviço de apoio

domiciliário.

Resposta aos Jovens

No âmbito da formação informal e prevenção de abandono

escolar, os jovens do bairro beneficiam ainda do Projecto

Agir, a funcionar desde 2006 na rua Almada Negreiros, com

financiamento do Programa Escolhas. A sua missão é

promover a inclusão social de crianças e jovens de

contextos socioeconómicos vulneráveis, visando a

igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.

Espaço Lúdico Pedagógico - Mestres Mochos

Sala dos Ouriços | Área do Faz de Conta

Sala das Raposas | Área da Escrita

Sala dos Caracóis | Jogos de Chão

Sala dos Passarinhos

Sala dos Ouriços

Page 17: Revista + Social 3

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 17Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Sala das Raposas

Sala dos Coelhinhos | Reunião de GrupoSala dos Caracóis

Sala das Raposas | Área de Leitura

Atividades Desenvolvidas

As atividades realizadas com as crianças enquadram-se nos

projetos curriculares e pedagógicos de sala, onde as

crianças exploram as diferentes áreas de conteúdo: área da

escrita, da leitura, do faz de conta, dos jogos, entre outros.

O momento da reunião de grupo (aqui demonstrado pelas

fotografias) é muito importante, pois as crianças partilham

as suas experiências e criam consciência da realidade

através do momento lúdico.

Este ano conseguimos atingir os objetivos propostos, o que

originou o desenvolvimento global e harmonioso de cada

criança, respeitando sempre o seu ritmo, e criando

oportunidades de aprendizagem enquadradas nas

estratégias programadas.

Page 18: Revista + Social 3

Equipamento Renascer

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro18

Mês da Prevenção Dos Maus-Tratos Infantis

Há já vários anos que o Projeto Agir A Fazer O Futuro- E5G,

projeto financiado pelo Programa Escolhas, vem a realizar

atividades e formações no âmbito da prevenção dos maus

tratos infantis, desafio lançado pelo Programa Escolhas aos

dinamizadores comunitários dos projetos Escolhas. Estas

ações servem para que as nossas crianças e jovens vejam o

mundo numa perspetiva real, tomando consciência dos

seus direitos e deveres.

Neste sentido, tivemos a presença dos nossos parceiros da

PSP que alertaram os jovens de várias situações que podem

suceder nas suas vidas e como podem fazer para resolve-

las, destacando aqui a problemática do bullying. Contámos

com a presença de vários jovens o que foi muito positivo

para esta campanha.

Tertúlia de Pais

Ainda dentro do tema deste mês contámos com a presença

da Dr.ª Leonor Araújo na atividade Tertúlia de Pais, onde se

falou sobre o relacionamento positivo entre pais e filhos e a

sua importância para o desenvolvimento saudável das

crianças. Reuniram-se alguns pais e avós dos jovens

participantes do projeto, refletindo sobre a importância da

relação afetiva entre adultos e crianças, e a partilha de

momentos lúdicos para o bom desenvolvimento destas

relações. Sublinhou-se ainda a importância da educação

para os direitos humanos, incluindo a prevenção dos maus

tratos infantis.

Campanha dos laços azuis

Realizámos ainda uma campanha de sensibilização que

consistiu na entrega de pequenos laços azuis que

simbolizam a prevenção dos maus tratos infantis e

contámos com a participação de alguns jovens, mães e

professores que ajudaram na causa. Causou um impacto

positivo pelas ruas e muitas pessoas da comunidade

aceitaram o pequeno laço de bom agrado.

Seminário ‘’Maus Tratos à criança na Família’’

O projeto Agir a Fazer o Futuro – E5G esteve também

presente no Seminário “Maus Tratos à Criança na Família”,

promovido pela CPCJ de Almada no passado dia 30 de

Abril. Foi aqui apresentado o vídeo realizado pelas nossas

crianças e jovens relativamente à temática dos maus tratos,

vídeo este que pretende sensibilizar para esta

problemática. O vídeo surgiu após um trabalho de

sensibilização levado a cabo junto das nossas crianças e

jovens onde são apresentadas várias situações de maus

tratos que, embora fictícias, sabemos que são vivenciadas

por muitas crianças e jovens em todo o mundo.

(link do vídeo: http://youtu.be/S1zFxzIMM3Y)

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

Participação no Seminário ‘’Maus Tratos à Criança na Família’’

Tertúlia de Pais

Ação de sensibilização realizada pela PSP

Page 19: Revista + Social 3

As Aventuras do VerdocasAs Aventuras do Verdocas

19Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro

As Aventuras do Verdocasra uma vez um

rapaz i t o qu e

gostava muito de Ep a s s e a r n a

natureza. Um dia num dos

seus agradáveis passeios no

seu sítio favorito, o campo,

encontrou um monte de

lixo gigantesco e entrou em

pânico:

- Oh não! Como é possível

isto ter acontecido? Quem foi capaz de fazer uma

maldade destas!

Naquele momento, passou um pequeno javali que

disse sem demoras:

- Foi o Dr. Lixo! O terrível Dr. Lixo! Foi ele que andou

a poluir o nosso lindo campo!

De repente, reuniram-se todos os animais do campo:

os passarinhos, os caracóis, os coelhinhos, os ouriços,

as raposas e até os mochos e decidiram que a melhor

forma de acabar com as maldades do Dr. Lixo seria

chamar o incrível Verdocas, o super herói do

ambiente.

Foram, então, procurar a Sra Árvore Falante (era

uma árvore muito antiga, tinha mais de 200 anos).

Bateram três vezes ao tronco e ela acordou:

- O que querem pequenos animais? E quem és tu

rapazito?

- Olá Senhora Árvore, eu sou o Tonito e encontrei o

campo cheio de lixo e os animais disseram que a culpa

era do Dr. Lixo. Então, decidimos chamar o Verdocas,

o que acha?

- Boa ideia, disse a árvore. O Dr. Lixo é mesmo

terrível, está a tentar destruir a natureza. Quer

transformar o mundo num monte de lixo.

VERDOCASSSSSSS! Gritou a árvore.

Num ápice, o Verdocas apareceu e o rapazito, os

animais e a árvore descreveram a situação. O

Verdocas ficou furioso queria mesmo acabar com

aquilo!!! O Dr. Lixo tinha de aprender uma lição…

Decidiram, então, segui-lo para saber o que ele

andava a tramar.

No dia seguinte, logo de manhazinha, estava o Dr.

Lixo a preparar-se para espalhar outro monte de lixo

pelo campo. Então, o Verdocas apareceu e gritou

bem alto:

- Alto lá não podes sujar a Natureza

Todos os animais acordaram e vieram a correr ver o

que se passava. O Dr. Lixo apanhou um grande susto

quando viu todos a gritar à sua volta. Fugiu a sete pés

e nunca mais se viu por

aquelas bandas.

O Verdocas, o rapazito

Tonito, os passarinhos, os

caracóis, os coelhinhos, os

ouriços, as raposas e os

mochos, juntaram-se e

apanharam o lixo e foram

coloca-lo nos ecopontos.

Page 20: Revista + Social 3

Equipamento do Bairro

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro2020

Creche

Um espaço de afeto e de aprendizagem

Ao longo dos últimos anos, a perspetiva sobre a Creche e a

1ª Infância tem sido alterada, dando-lhe a importância que

merece. Apoiando-se em documentos orientadores da

Segurança social e modelos educativos, a creche passou a

ser um espaço organizado e onde tudo tem uma

intencionalidade pedagógica, de forma a desenvolver as

competências das crianças em todas as áreas de

desenvolvimento.

Pelos Educadores

Os bebés e as crianças muito pequenas precisam de

atenção, de uma relação com alguém em quem confiem, de

um ambiente seguro, saudável e adequado ao seu

desenvolvimento.

A creche deve sustentar-se na perspetiva e interesses das

crianças e focalizar-se nas respostas às necessidades, à

curiosidade, aos cuidados (rotina) e em experiências

significativas do dia-a-dia.

O equilíbrio permanente entre o que a criança necessita, o

que a Educadora sabe que é necessário, bem como o

diálogo com a família, serão sempre uma prioridade de

atuação.

Caminhada Quaresmal, Semana do Abraço | Creche: O Berço

Um dia especial, com adereços dos pais | A Nossa Creche

Os meninos da sala dos 2 anos, ‘’O Berço’’, demonstram

grande interesse por histórias, como tal a equipa e

famílias proporcionam diversos momentos de Hora do

Conto. Assim, através das histórias, é criado um

ambiente favorável à aprendizagem, que reflete a

interação entre crianças e adultos.

Exploração de Histórias | Creche: o Berço

Page 21: Revista + Social 3

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 21

Pelos Pais

Enche-me o coração quando, de manhã, chego à creche e o

Salvador faz um grande sorriso e quer ‘’saltar’’ do meu colo

para o das amigas crescidas.

À sua espera está um espaço divertido com muitos

materiais, cores e brinquedos adaptados. A partilha com

outras crianças fá-lo desenvolver num ritmo fantástico.

Tenho a certeza que aqui ele cresce feliz e isso, para nós

pais, é o mais importante.

(Vanda, mãe do Salvador)

Sinto tranquilidade... o meu filho aprende muito enquanto

está na creche e isso nota-se no seu crescimento.

Come melhor, começou a andar com mais facilidade e teve

uma grande evolução na linguagem.

É uma criança que vai satisfeita para a creche, sente-se pela

alegria à chegada e pela tristeza em deixar os amigos ao

final do dia.

(Célia, mãe do Gonçalo)

Caminhada Quaresmal, Semana do Abraço| A Nossa Creche

Foi contada a história ‘’Come a Sopa, Marta!’’, a qual nos

levou a conversar sobre a importância de comer sopa:

‘’ficamos fortes’’, ‘’somos crescidos’’, ‘’faz bem à

barriga’’, ‘’somos grandes’’...

Hora do Conto | Creche: o Berço

Caixinhas de Amor, Atividade do dia 14 de Fevereiro| Creche: O Berço

Page 22: Revista + Social 3

Equipamento Centro Comunitário

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro22

Sala Mil Cores | Cooperação

Sala Amarela - 1 Ano | Amizade

“É bom crescer com os pés na Terra… e com a cabeça na lua, com projetos e com sonhos sensíveis e sensatos, mas

crianças… para sempre”

Eduardo Sá (psicólogo)

Sala Rosa - Berço | Amor ao próximo

Este ano letivo foi o culminar do trabalho que tem vindo a

ser desenvolvido ao longo dos últimos três anos, no qual se

pretende fortalecer os valores de solidariedade, partilha,

entre-ajuda, integridade, respeito, cooperação, entre

outros.

Além das atividades propostas no nosso Plano Anual de

Atividades, cada sala delineou o seu projeto em articulação

com o Projeto Curricular de Equipamento: ‘’Educação para

os valores’’. A temática deste ano letivo: ‘’Educação por uma

causa’’ enquadrou as atividades nos vários valores

trabalhados.

Tendo em conta as diferentes faixas etárias, e de uma forma

lúdica-pedagógica, foi-se conseguindo ao longo do ano

que se apercebessem dos valores e da sua importância para

o dia-a-dia.

A equipa pedagógica fez um balanço muito positivo do

cumprimento dos objetivos propostos no projeto: Incutir

valores humanos e cívicos às crianças, num ambiente de

articulação Instituição/Família, e promover uma inter-

relação entre as respostas sociais com vista a um trabalho

de educação para os valores de forma contínua e coerente.

Foi um ano muito rico em experiências, vivenciadas tanto

pelas crianças como pelos pais e restante comunidade

educativa.

Agradecemos a todos os que nos acompanharam na

feliz concretização deste projeto.

Page 23: Revista + Social 3

COMUNITÁRIO

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 23

Visita ao Centro de Documentação | Partilha

Yeah, Brincar com a ciência | Participação

Visita à Tipografia Lobão | Liberdade

Equipa do Regaço Materno

Regaço Materno

A equipa do Regaço Materno é constituída por elementos

fundamentais e cruciais, no acolhimento destas crianças

que passam uma parte da sua vida nesta família constituída

há dezasseis anos. Todos os colaboradores que tiveram a

oportunidade de trabalhar nesta vertente social jamais vão

esquecer rostos, palavras e gestos das crianças com que se

cruzaram. Elas são a principal motivação para que todos os

dias se encare este lado mais “insensível” do ser humano. É

com dedicação, esperança, carinho, amor e ternura que se

estabelecem laços na constante aspiração de transformar

este lar num espaço harmonioso; protegendo os mais

vulneráveis, promovendo a resiliência dos demais, com

base no modelo sistémico, crendo que o fruto deste

empenho se traduza no final mais feliz. Obrigada a todos os

que se envolvem com dedicação a esta realidade e um

especial apreço à equipa que mergulha quando em causa

está o bem-estar das “nossas” crianças.

Feira Inter-Escolas de Teatro | Respeito

As crianças do Regaço Materno

Page 24: Revista + Social 3

ENTREVISTA

24

texto: Anabela Sousa

Entrevista

Bodas de ouro sacerdotais

Vida de entrega, desde o berço

No dia 15 de Agosto deste ano, o , pároco de

Almada, celebrará as bodas de ouro sacerdotais. Cinquenta anos de

uma vida configurada com Jesus, entregue à Igreja, a cuidar do seu

povo. À beira de um acontecimento tão importante, fomos falar

com este sacerdote que se diz grato a Nosso Senhor por tudo o

que operou na sua vida.

Nasceu na Benedita, por ali cresceu até aos catorze anos, altura que

decidiu ir para o Seminário. Os seus pais educaram dez filhos, oito

rapazes e duas raparigas. ‘’Já vivi muitos segundos, muitos minutos,

muitas horas, muitos dias. E cada segundo da minha vida é um

motivo para eu dar graças a Deus’’, diz-nos. Conta que, na sua casa,

em criança, havia sempre alegria, pão e oração e que ainda hoje fala

disso com os irmãos.

‘’Os meus pais eram muito piedosos – recorda – a minha mãe,

enquanto rezava o terço e lavava a loiça, a cada mistério, ela punha

quatro ou cinco jaculatórias que eram assim: ‘está quieto Fernando,

apanhas um estalo oh Luís’. Ia lavando a loiça, ia rezando e ia-nos

chamando à atenção porque queria que estivéssemos a rezar com ela’’.

Depois de ter concluído a escola primária na Benedita, seguiu o

trabalho dos seus pais, até lhe surgir no espírito o chamamento ao

seminário.

‘’Na 'oficina' do meu pai trabalhavam quinze ou dezasseis homens a

fazer calçado, e eu colaborava lá com eles. Um dia, de repente, veio-

me esta ideia: ‘gostava de ir para o Seminário’. Nem sabia como

haveria de dizer isto ao meu pai e então – diz o Padre Fernando –

contei primeiro à minha mãe e nunca mais me esqueci do que ela me

disse: ‘Pensa bem, filho, porque é melhor um bom cristão do que um

mau Padre’. Foi depois a minha mãe que contou ao meu pai e ele,

homem sereno e de poucas palavras, pouco reagiu, mas acho que

interiormente ficou contente’’.

Os tempos de seminário: Santarém, Almada e Lisboa

É assim que chega ao Seminário de Santarém, o primeiro que o

acolheu no início da sua formação e no discernimento da sua

vocação. ‘’Recordo-me que tive muito boas notas a tudo, menos a

matemática, e o célebre professor daquela disciplina chegou ao pé de

mim e disse-me: ‘oh Fernando, o teu pai e a tua mãe andam a

trabalhar com tanto sacrifício e tu com uma nota negativa?’. Aquilo

fez-me tão bem, a forma como ele falou que a partir daí nunca mais

fui a exame de Matemática e fiquei sempre dispensado’’.

É já com dezassete anos que chega ao Seminário de Almada, na

época, ainda pertença do Patriarcado. Diz-nos que o tempo que por

ali passou marcou, profundamente, a sua vida: ‘’Criou-se ali um bom

Padre Fernando Belo

convívio entre todos os seminaristas, era sempre uma animação e

uma amizade extraordinária. Foram ali que me surgiram as grandes

as dúvidas: ‘Vou para frente, não vou. Quero ser Padre, não quero".

Depois de três anos em Santarém e três anos em Almada, Fernando

Belo chega, então, a Lisboa, onde esteve seis anos. ‘’O Seminário dos

Olivais era outro mundo – relata o sacerdote – os colegas de curso,

tínhamos uma grande relação uns com os outros, mas também já nos

relacionávamos com aqueles mais velhos que estavam uns anos à

nossa frente, como o D. José Policarpo, o Padre Resina ou o Cónego

Leitão. Foram tempos fortes de formação e aprofundamento da fé’’’.

A carta do pai e o Concílio Vaticano II

É já durante o tempo de seminário nos Olivais que o pai de

Fernando lhe escreve pela primeira vez: ‘’Houve uma terça-feira que

recebi uma carta do meu pai, e foi a única carta que ele me escreveu

durante o tempo de seminário. Dizia, mais ou menos isto: ‘Hoje é

Missa Nova na Benedita, 1964

Domingo à tarde e estou em casa. Acabei

de rezar o terço por ti e penso que para um

rapaz da tua idade não é fácil num

Domingo à tarde estar fechado no

Seminário. Tem coragem que Deus há-de

ajudar-te’ ‘’.

O na altura seminarista

Fernando, termina o seu

tempo de seminário em

pleno Concílio Vaticano II e

foi ‘bebendo por dentro’

aquilo que se passava, não

só pelas notícias que iam

chegando através dos

j o r n a i s , m a s p e l a

proximidade com os Bispos

da Conferência Episcopal

Portuguesa que, na altura,

se reuniam ali mesmo ao

lado.

Pe. Fernando Belo durante a procissão em honra de S. João Baptista, Junho 2014

Page 25: Revista + Social 3

ENTREVISTA

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 25

‘’Esta proximidade com o Convívio foi encantadora

de Almada – O Seminário dos Olivais é dos grandes focos da

renovação litúrgica e nós, de certo modo, já íamos realizando aquilo

que o Concílio foi anunciando, como por exemplo, as leituras em

português. Estávamos sempre a ver se o que vinha de lá ia de

encontro ao que nós já fazíamos’’.

O Padre nos primeiros anos de funções pastorais

Ordenado presbítero a 15 de Agosto de 1964, o Padre Fernando

Belo conta que não se dava às ordenações a mesma importância

que nos nossos dias. A ordenação diaconal foi na capela do

seminário e a ordenação sacerdotal, em conjunto com outros vinte e

quatro colegas, foi em São Vicente de Fora porque não caberiam

todos na Sé. É por isso que a grande festa onde se juntavam todos

os familiares e amigos acabou por ser a Missa Nova que celebrou,

uma semana depois, na Benedita, a sua terra natal.

Chega, então, a altura de assumir funções pastorais. Fica três anos

em Lisboa, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, mas pede ao

Patriarca para sair. ‘’As pessoas tratavam-me bem demais, sabe –

conta-me – eram famílias muito ricas que disponibilizavam motoristas

para me levar à terra e aquilo não me fazia sentir bem’’. Ao sair de

Lisboa, onde tinha já algum trabalho desenvolvido com jovens,

segue para o Externato Frei Luís de Sousa.

Ali, durante cinco anos, foi diretor espiritual, professor de Religião e

Moral, e coordenador das aulas desta disciplina nas escolas de

Almada. ‘’Foram tempos encantadores – narra o Padre Fernando – As

minhas férias eram ir com os alunos passear para a Serra da Estrela

ou para a Arrábida e ainda hoje encontro aqui meus alunos dessa

época que me falam desses acontecimentos. Eu tinha uma relação

muito simpática com todos e depois conseguia trabalhar mais

facilmente a nível espiritual com os alunos’’.

Quebrar barreiras, acolher a todos, com o Povo de Deus

É já depois dos trinta anos de idade que chega à Paróquia da Moita,

onde ficou durante vinte e sete anos. Sentindo um clima frio por

parte das pessoas à sua chegada, o Padre Fernando Belo diz que foi

desafiante constituir comunidade e fazer com que as pessoas o

vissem como pastor. Para procurar a proximidade com as pessoas, ia

muitas vezes às lojas comprar coisas de que não precisava, para ter o

– diz o atual prior

pretexto de ‘meter conversa’ com as pessoas. –

conta – casei o filho de uma senhora que tinha uma loja e ela, já na

altura da refeição, perguntou-me: ‘Você ia lá todos os dias comprar

fósforos. O que é que fazia com tantos fósforos?’. São situações

engraçadas de que as pessoas ainda se lembram’’.

Na Moita, viveu a revolução do 25 de Abril, sem ter quaisquer

constrangimentos com o regime instalado. Quebrou barreiras,

acolheu a todos sem diferenças, criou um jardim infantil chamado

«O Ninho» que ainda hoje existe e o Centro Paroquial. Trabalhou,

também, como servente a dois pedreiros quando a Igreja precisou

de ser restaurada e serviu ao balcão nos arraiais populares. ‘’Tudo isto

foi muito bom para mim porque senti as dores dos trabalhadores, mas

também fez bem à comunidade. Sobretudo aqueles que nem sequer

iam à Igreja e criavam uma relação diferente comigo’’, destaca o

Padre Fernando.

É preciso desinstalar e desinstalar-se

Apesar de terem sido anos muito bons, o Padre Fernando Belo diz

que foi um erro ter ficado lá tanto tempo: ‘’Eu pedia para sair mas o

D. Manuel Martins nunca tomou essa atitude. Foi já com D. Gilberto,

em 1999, que vim aqui para Almada. Não é bom estar tanto tempo

numa paróquia porque uma pessoa começa-se a instalar e é preciso

renovação. Dói muito mas faz bem. Uma mudança é sempre muito

boa para o pároco, que procura, para a paróquia onde vai, não fazer

os mesmos erros do passado, e para a comunidade que aprende a

acolher um pastor e cresce com ele’’.

Foi há quinze anos que regressou à cidade de Almada, onde tinha já

estado no Seminário e no Externato Frei Luís de Sousa. ‘’Eu era já

muito amigo do Padre Jaime e, enquanto ele cá esteve como pároco

emérito, ele vinha aqui muitas vezes. Foi uma mudança simpática e

carinhosa. O facto de a Paróquia o acolher a ele, não senti que me

tivesse tirado nada a mim. Gosto de estar onde estou. Foram duas

paróquias muito diferentes, mas a minha preocupação é pedir

desculpa do mal que fiz e do bem que não consegui fazer’’, sublinha.

Outra das funções que teve foi assumir, por curtos períodos e em

fases de transição, a direção de alguns Centros Paroquiais. Aconteceu

com Cacilhas e também com o Centro Paroquial da Cova da

Piedade, logo após a morte do Padre Ricardo Gameiro. ‘’Às vezes sou

chamado tipo bombeiro – desabafa sorridente o sacerdote – não

ignoro que para algumas pessoas não tenha sido simpático eu ir para

lá, mas pus isso tudo de parte e fiz de conta que não sabia de nada.

Gostei imenso de trabalhar com aquela direção, com a D. Ana Luísa

que é uma senhora de garra. Dá gosto trabalhar com ela porque tem

uma visão muito alargada das coisas. Para ela não é 'vai-se pensar

em fazer', é 'faz-se' ‘’.

Ao completar os cinquenta anos de sacerdócio, o Padre Fernando

Belo diz esperar que D. Gilberto dos Reis o retire da função de

pároco e responsável de Centros Paroquiais. ‘’No ano passado já lhe

escrevi e já lhe disse que estou disponível para tudo, menos para ser

prior numa paróquia. Há Padres com menos idade, e outras

perspetivas. Dar lugar ao outro no momento certo é muito

importante’’.

‘’Anos mais tarde

Lançamento da 1ª Pedra Centro Paroquial da Moita

Page 26: Revista + Social 3

ROMEIRABrincar é aprender

Nas duas respostas sociais (creche e jardim de infância) do

Jardim Infantil da Romeira, o brincar tem um papel

fundamental no dia-a-dia das crianças. É através da

atividade lúdica que a criança representa situações

vivenciadas na sua vida diária, imita o adulto, recorre a

diferentes materiais e utiliza as variadas capacidades

expressivas do seu corpo.

A atividade lúdica permite estabelecer um elo de ligação

entre as crianças, sendo um poderoso auxiliar na

construção da relação com os outros e com o meio que a

rodeia. Detentora de um papel fundamental no

desenvolvimento emocional, cognitivo e social, a atividade

lúdica possibilita a estimulação da criatividade e o

desenvolvimento da autonomia da linguagem e de papéis

sociais. Brincar permite que a criança se mantenha

fisicamente ativa, que desenvolva a personalidade e as

competências sociais, ajudando-a a lidar com emoções e

sentimentos.

Desta forma considerámos pertinente solicitar ao Dr. José

Morgado, professor do Departamento de Psicologia de

Educação do Instituto Superior de Psicologia Aplicada-

Instituto Universitário que, gentilmente se disponibilizou a

escrever um artigo para a Revista +Social.

“Brincar é a actividade mais séria que as crianças fazem”

Uma das razões que me l e v o u a a c e i t a r imediatamente o gentil convite que me foi endereçado para estas notas sobre o "brincar", prende-se com curiosa situação de que há cerca de 30 anos o meu filho começou a sua viagem educativa fora da família pelas mãos competentes e cheias de afecto da Educadora Lúcia Silva, justamente, no Jardim Infantil da Ro m e i r a , u m d o s actuais equipamentos d o C e n t r o S o c i a l Paroquial Padre Ricardo Gameiro.

Um tardio agradecimento pelo excelente trabalho que a equipa realizou.

Também há muitos anos, lembro-me bem, ainda brincávamos na rua, melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não tiveram muito tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não tínhamos muitos brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas as brincadeiras.

Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que, para além das mudanças muito significativas nos estilos de vida das famílias também parecem estar a criar outras ideias sobre o brincar e as brincadeiras. As questões da segurança, obviamente importantes não chegam para explicar a razão pela qual, por exemplo, espaços como o Parque da Paz são tão pouco usados pelas famílias para brincadeiras com os miúdos.

Embora consciente, repito, das questões como risco, segurança e estilos de vida das famílias, creio que seria possível tentar “devolver” os miúdos ao circular e brincar na rua, talvez com a colaboração de tantos velhos que estão sozinhos, alguns morrem mesmo de "sozinhismo", as comunidades e as famílias conseguissem algumas oportunidades para ter as crianças por algum tempo fora das paredes de uma casa, escola, centro comercial, automóvel, ecrã ou dos “espaços estereotipados” que o mercado criou.

No imperdível “O MUNDO, o mundo é a rua da tua infância”, Juan José Millás recorda-nos como a rua, a nossa

Equipamento da Romeira

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro26

Dr. José [email protected]

http://atentainquietude.blogspot.com

Carnaval 2014

Page 27: Revista + Social 3

ROMEIRA

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 27

rua foi o princípio do nosso mundo e nos marca. Quantas histórias e experiências muitos de nós carregam vindas do brincar e andar na rua e que contribuíram de formas diferentes para aquilo que somos e de que gostamos.

Como muitas vezes tenho escrito e afirmado, o eixo central da acção educativa, escolar ou familiar, é a autonomia, a capacidade e a competência para “tomar conta de si” como fala Almada Negreiros. A rua, a abertura, o espaço, o risco (controlado obviamente), os desafios, os limites, as experiências , são ferramentas for t íss imas de desenvolvimento e promoção dessa autonomia.

Curiosamente, se olharmos às nossas condições climatéricas, Portugal é um dos países com valores mais baixos no tempo dedicado a actividades de ar livre, situação com implicações menos positivas na qualidade de vida, nas suas várias dimensões, de miúdos e crescidos.

Talvez, devagarinho e com os riscos controlados, valesse a pena trazer os miúdos para a rua, mesmo que por pouco tempo e não todos os dias. Eles iriam gostar e far-lhes-ia bem.

Por outro lado, ao que parece, afirmam alguns que não percebem de miúdos, os tempos não são de brincar, são de trabalhar, muito, em nome da competitividade e da produtividade, condição para a felicidade, entendem. Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim nas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério, a tempo inteiro, dizem, pois, só assim, serão grandes a sério, evidentemente.

Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade quase clandestina que só pais, educadores ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante.

Muitos outros miúdos vão para umas coisas a que chamam “tempos livres”, que de livres têm pouco, onde, frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a continuação do trabalho que se faz na fábrica de pessoas, a escola.

Também são encaixados em dezenas de actividades fantásticas, com nomes fantásticos, que promovem competências fantásticas e fazem um bem fantástico a tudo e mais alguma coisa. A vida de alguns miúdos transforma-se numa espécie de sobrecarregada agenda cujas vantagens serão poucas e os riscos são de considerar.

Era bom escutar os miúdos.

Na verdade, se perguntarem aos miúdos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que eles fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que virão a ser.

Sala das Gotinhas

As Nossas Atividades

Em jeito de balanço do ano lectivo 13/14, damos a conhecer

alguns momentos de interacção entre as crianças e os

adultos do equipamento. Alguns deles foram passados

também com as famílias, chamando as mesmas a participar

em actividades privilegiando a interacção entre os agentes

educativos e as crianças.

A equipa considera que estes momentos comuns são uma

mais-valia para as crianças uma vez que a interacção entre

as diferentes salas e respostas sociais é notória,

acontecendo no decorrer na própria actividade, mas

também na sua planificação e avaliação.

A equipa do Jardim Infantil da Romeira deseja a todas

as famílias umas boas férias!

Inter-Escolas de Teatro de Almada

Feira da Primavera

Caminhada Quaresmal

Page 28: Revista + Social 3

RAMALHAEquipamento da Ramalha

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro28

A participação das famílias na vida escolar

Esta nossa reflexão inicia-se pela premissa base de que a

participação das famílias na vida escolar das crianças é

fundamental desde cedo e não só com o início da

escolaridade básica. Já na creche ou jardim-de-infância

pressupõem-se benefícios para as crianças face aos

pais/família como agentes educadores nas atividades

dinamizadas no espaço escolar. Acredita-se existirem como

resultados base desta articulação um maior clima de

segurança, maior entendimento entre os adultos de

referência na vida das crianças, maior respeito e

compreensão pelas caraterísticas familiares (como sejam as

culturais ou os seus credos), essencialmente maior partilha

e proximidade, assistindo-se, deste modo a uma educação

participada.

No dia-a-dia, esta premissa regista-se na procura da

manutenção de uma boa relação com os pais/famílias,

tendo um contato afável, informal e diário, onde se trocam

informações acerca das crianças, se partilham saberes,

comunicam novidades e/ou acontecimentos e se convida à

permanente participação escolar.

Tratando-se do Equipamento mais recente da nossa

Instituição, foi simples implicar os pais como agentes

educativos diretos; desde o primeiro Projeto Curricular de

Equipamento que as atenções da nossa equipa pedagógica

se dirigiram muito para a participação familiar.

Creche e Jardim de Infância da Ramalha

Feira de São Martinho

Seniores em visita à Ramalha

Afectos Sonoros | Atividade em Família

“A família e a instituição de educação pré-escolar são

dois contextos sociais que contribuem para a educação

da mesma criança; importa por isso, que haja uma

relação entre os dois sistemas.”

(ME – Orientações Curriculares

para a Educação Pré-Escolar. 1997. p. 42)

Page 29: Revista + Social 3

RAMALHAEm todas as salas das diferentes respostas sociais as

famílias são convidadas, no início do ano e no seu decorrer,

a inscreverem-se para dinamizarem algum momento com o

grande grupo. Para além desta proposta a auto-iniciativa,

os pais são também convidados a participar noutras

atividades a eles dirigidas:

Festa de Natal, Dia da Família, Feira de

São Martinho, Dia da mãe, do pai e dos avós;

animações

da feira do livro, dia do pijama;

Missas comemorativas – Dia da Criança, Missa da

Grávida, Celebração de Páscoa; Caminhada do Advento e

da Quaresma;

visitas/actividades

dirigidas a seniores e Cantar as Janeiras;

Festa

Verde, Carnaval e Marchas das Escolas.

Mais recentemente temos também apostado em algumas

iniciativas de cariz lúdico para toda a família, que

procuramos que conciliem uma atenção dirigida ao bem

estar das nossas famílias e à angariação de verbas para

aumentarmos as nossas respostas sociais como seja

“Afectos sonoros” ou a dinamização de Workshops.

À semelhança dos anos transatos, este foi mais um ano de

louvar com o elevado número de famílias a participaram em

diferentes momentos de sala. Para além das atividades

dinamizadas pelos pais, houve uma grande participação no

envio de materiais para a realização de projetos que

estavam a decorrer (histórias, imagens, vídeos…).

Mas, como a vida e participação dos pais na escola não deve

ser só dentro de portas, também nós saímos do nosso

espaço e fomos procurar a família das nossas crianças. No

presente ano letivo, registámos a ida dos grupos de jardim-

de-infância a locais de emprego de familiares e de visitas de

estudo planeadas com a colaboração destes.

Com cheirinho de agradecimento, em nome de toda a

Equipa… Um grande Bem-haja a todas as Famílias

(passadas, presentes e futuras) da Ramalha.

Atividades gerais:

Atividades dinamizadas a nível do Equipamento com foco

na criança, mas que os pais podem presenciar:

Atividades com cariz mais evangelizador para toda a

família:

Atividades com a comunidade direta:

Atividades com outras Entidades da comunidade:

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 29

Sala Arco-Íris (2 anos)

As Nossas Atividades

Page 30: Revista + Social 3

DOCUMENTACentro de Documentação

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro30

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

I - História da Arquivística Religiosa:

das Origens a Trento

Desde as mais remotas origens, que a Igreja se preocupa

em recolher a documentação relativa às suas atividades.

Neste sentido, partilhamos, ao longo de vários artigos da +

Social, a importância que a Igreja demonstrou em

salvaguardar os seus arquivos religiosos.

A Igreja, desde sempre, foi consciente em guardar a

documentação decorrente dos seus atos e funções, tais

como: textos doutrinais e catequéticos; textos para as

assembleias litúrgicas; textos relativos ao serviço, ao

ministério, à administração do património temporal, textos

relacionados com o culto dos mártires “Gesta Mártir” ou

“Gesta Martyrium” e registo de batismo e óbitos.

Nos primeiros séculos, a prática arquivística inspirava-se na

organização romana dos “Gesta Municipalia”, seguindo as

prescrições da lei romana.

No séc. IV, Diocleciano, imperador romano, ciente da

relevância dos registos documentais ordenou aos cristãos

que entregassem os seus livros, com o objetivo de os privar

das suas memórias e fontes doutrinais litúrgicas.

Primeiro grande arquivo eclesiático

Mais tarde, por disposição do Papa Dâmaso, surgiu o

primeiro grande arquivo eclesiástico. Este estava sediado

na Basílica de São Lourenço, intitulado “Charterium

Ecclésiae Romanae”, o qual viria a ser transferido no séc. VII

para a Basílica Lateranense. Foi então, que as igrejas locais

passaram a criar os seus arquivos, não respeitando

quaisquer normas eclesiásticas. Nessa época, surgiu um

outro arquivo, junto da Confissão da Basílica de São Pedro

onde se guardavam os documentos de doações feitas ao

papado por Pepino “o Breve” e Carlos Magno.

Ainda no séc. VI, o “Liber Pontificalis”, para além de referir os

cuidados da Igreja na conservação dos “Gesta Martyrium”

entre os anos de 88 e 250, refere que o Papa Júlio I ordenou

a recolha e conservação de todos os documentos

relacionados com doações e legados feitos à Igreja. Este

livro faz o registo da Atividade do Estado Pontifício.

Foi no pontificado do Papa Gregório Magno (séc. VI), que se

organizou a Chancelaria Pontifícia, sendo os documentos

redigidos e organizados segundo o modelo dos

formulários oficiais que os notários utilizavam no exercício

da sua atividade. De todos os formulários, o mais conhecido

foi o “Liber Diurnus” que vai de Gregório Magno até Urbano

II. Este é, posteriormente, substituído pelas “Artes Dictandi”

e pelas “Summas Dictandi” até Gregório VII e inspirado nos

“Registos Vaticanos”, que vieram a desenvolver-se e

estruturar-se no século XIII, com o Papa Inocêncio III.

No início do séc. XI, surge o arquivo conhecido por “Turris

Chartularia”, conservando-se, simultaneamente, os

documentos dos arquivos das colegiadas, cabidos,

paróquias, mosteiros, irmandades, lugares pios, entre

outros.

A partir do séc. XI

No entanto, continuava a não haver legislação canónica

que os regulasse e ordenasse os arquivos, existindo apenas

algumas normas particulares, sobre aspetos bem definidos.

Denotava-se em algumas Constituições e Decretos de

capítulos gerais, a referência à necessidade de guardar os

documentos, tais como: elenco de monges e religiosos,

crónicas, lista dos benfeitores, inventários dos bens.

Também, se fazia referência aos guardiões ou depositários

dos documentos e modalidades de uso dos mesmos. No

séc. VI, muito antes de Portugal existir como nação, já a

Igreja implementara normas para se elaborarem

inventários dos bens eclesiásticos. Nos finais do séc. VII, no

II.º Concílio de Braga, foi declarado que [...] para que se

Monge Copista

Page 31: Revista + Social 3

DOCUMENTAÇÃO

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 31

conheçam os bens pertencentes à Igreja, se devem fazer

inventários. Os documentos eram vistos pela Igreja como

verdadeiros tesouros, como tal eram guardados em

segurança junto das pratas, paramentos e livros sagrados.

Depositados em original ou cópia, no Tesouro da Sé,

registava-se a cópia no “Liber Fidei” ou no célebre “Livro das

Cadeias”, por estes se encontrarem presos por correntes na

biblioteca, a fim de não ser roubados.

No decurso do séc. XIII, nas Constituições Sinodais de D.

Frei Telo, realizadas em Braga, prescreve-se que [...] cada

pároco que chegue à paróquia ou benefício, reúna o povo,

chame o clérigo anteriormente incumbido do benefício

paroquial ou outro e, diante do notário, chamado para o

efeito, elabore o inventário dos bens, devendo ficar uma

cópia desse inventário em poder da paróquia ou benefício e

outra em poder do notário. Durante o séc. XIV alguns

Bispos ordenaram aos abades, priores e reitores dos

mosteiros e igrejas, que pusessem em prática as

disposições das Constituições de D. Frei Telo e as fizessem

transcrever em seus livros, o que significa que já existiam

alguns arquivos paroquiais.

No séc. XV, a Igreja ordenou que a prata fosse pesada e

marcada, medidos os bens de raiz e determinadas as

confrontações ou limites, registando tudo num livro que se

devia atualizar de oito em oito meses. No final desse século,

várias Constituições Sinodais vieram a debruçar-se sobre a

problemática da recolha, preservação e organização dos

documentos eclesiásticos e dos Arquivos.

Registos de Casamentos e Batismos

Em meados do séc. XVI, D. Afonso Nogueira, arcebispo de

Lisboa, ordenou que se fizesse registo dos casamentos.

Porém, em Coimbra, desde 1510 já se faziam registos dos

batismos na freguesia de Santiago.

Curiosamente um recibo assinado pelo Pároco de Caparica,

José Joaquim Marques, datado de 2 de outubro de 1913,

refere que nos termos do Decreto do Diário do Governo de

25 de Agosto do mesmo ano, entregou ao Oficial do

Registo Civil de Almada, um livro de batismos datado de

1505, ou seja, cinco anos mais antigo que o livro que se

conserva em Coimbra (este documento, pertencente à

Paróquia do Monte de Caparica, encontra-se digitalizado

no CDIRF).

É desse modo que, em 1536 o Cardeal – Infante D. Afonso,

arcebispo de Lisboa, determinou que se fizessem registos

de batismos e de óbitos.

Não admira, pois que, estes passos da Igreja na arquivística

viessem a ser consagrados no edifício legislativo

eclesiástico, com a realização do “Concílio de Trento”, ainda

no séc. XVI (de 1545 a 1563).

António Policarpo

Page 32: Revista + Social 3

CONVERSA COMÀ Conversa com...texto: Filipa Branco

32

O que é para ti ser criança?

É bom poder “brincar ao faz de conta sempre que

apetecer”. E foi assim que, no Dia Mundial da Criança,

a 1 de Junho, a Matilde Branco - 6 anos, da Sala dos

Ouriços, Renascer - se tornou jornalista por

momentos e foi saber junto de alguns colegas que

encontrou no salão do Centro Comunitário “O que é

para ti ser criança?”.

Entre fugas, sorrisos tímidos e si lêncios

envergonhados, a tarefa lá se cumpriu! Enquanto

isso, irmãos, pais e avós aproveitaram para

contemplar uma série de criações artísticas

provenientes dos diversos equipamentos que

integram a Instituição e procederam à votação nos

seus favoritos.

Os resultados foram depois anunciados pelo Padre

José Pinheiro, no final da celebração dominical que se

seguiu e na qual miúdos e graúdos experimentaram

esse encontro com Deus onde é possível alcançar a

“verdadeira alegria”...

“É gostar de coisas fofinhas,

brincar com brinquedos.

Gosto do meu pai e da mãe

e da mana. E gosto de dançar.”

Sala Raposas, Renascer

Marizia Baptista, 4 anos

“É gostar da família e brincar

às casinhas e à Dra Brinquedos”

Sala Raposas, Renascer

Jéssica Baptista, 4 anos

“É ser feliz. Fazer trabalhos manuais,

brincar, dançar ballet”

Sala Laranja, Bairro

Joana Gonçalves, 6 anos

“É brincar. Sorrir muito, ir à escola

fazer amigos, jogar à bola,

basket e andar de bicicleta”

Sala Azul, Comunitário

Gabriel Ferreira, 4 anos

“É bom. É brincar, jogar à bola,

ir à piscina, ser feliz”

ATL Bairro

Guilherme Comba 6 anos

“É bom. Podemos receber muitas prendas,

brincar com bonecas e fazer desenhos”

Leonor Antunes, 7 anos

ATL Centro Comunitário

Matilde Branco, 6 anos

Sala dos Ouriços, Renascer

“É poder sorrir e brincar feliz.

É pintar com as mãos”

Sala Sol, Ramalha

Íris Mota, 4 anos

Page 33: Revista + Social 3

CONVERSA COM

33

“É ter avós. É brincar, dançar,

sorrir e ser feliz”

Sala Laranja, Bairro

Ana Luísa Domingos, 5 anos

“É brincar e tratar bem os amigos.

Gosto de nadar e fazer exercício

e andar de cavalo”

Sala Gotinhas, Romeira

João Barradas, 4 anos

“É muito bom. Brinco,

faço desenhos...

gosto de cantar”

Sala Jardim, Ramalha

Sara Louro, 3 anos

“É bom. Recebo presentes

e posso brincar à apanhada

e às escondidas”

Sala Azul, Comunitário

Sara Semedo, 5 anos

“Nem sei... Gosto de

brincar com os legos,

fazer desenhos e jogar

PS, às vezes com o mano”

Sala Amarela, Bairro.

Afonso Morais, 4 anos

“É podermos brincar e

sermos livre de escolher

o que queremos e devemos fazer;

estudar. E quando for grande conseguir

ser bom homem, um grande adulto.

O que mais gosto de fazer é brincar

aqui com os meus colegas do ATL”

João Mendes, 11 anos

ATL Centro Comunitário

“É especial. É brincar, ajudar os pais...

Gosto de dançar, fazer ginástica,

cantar e comer”

ATL, Renascer

Fabiana Teixeira, 9 anos

Page 34: Revista + Social 3

AÇÃO SOCIALAção Socialtexto: Filipa Branco

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro34

uma opção que além da assistência leve a formação,

devemos fazê-la”. A ideia é, conforme exorta o Papa

Francisco na sua carta aos fiéis, “integrar plenamente os

pobres” - um dos grandes desafios atuais da Igreja, ao qual

todos somos chamados a participar.

Fortalecer a Palavra

Á + Social, D. Gilberto destacou que “é preciso continuar a

trabalhar numa rede cada vez mais fortalecida e

aprofundada e, numa segunda dimensão, envolver mais

pessoas, porque há gente com coração para isso”, apostando

num bom plano de formação que tenha em conta “a

espiritualidade e a dimensão técnica, humana e social.

Somos chamados a mostrar com a nossa vida que Cristo

continua a ser resposta, continua a estar sempre atual. A

Palavra é clara, mas é preciso que a Palavra seja fortalecida

com a nossa vida de cristãos. Quando um jovem, um idoso,

um doente, um trabalhador cristão vive uma situação difícil,

vive na esperança do Evangelho e não pode deixar de ser

uma provocação dizer aos outros que Cristo é atual e que

vale a pena caminhar com Ele”.

Novos Projetos

Porque existem vários tipos de pobreza e muito está ainda

por fazer, a paróquia da Cova da Piedade já tem novos

projetos na área da pastoral social, na continuidade de uma

longa tradição de evangelização pelo testemunho da fé

através da ação. “Levo daqui a melhor impressão e louvo a

Deus por ter suscitado tanta generosidade, tanto amor, pelo

esforço que tem sido feito ao longo de décadas, de congregar

e organizar as pessoas, pelos padres que aqui têm estado e

também pelos vários leigos, pelos vários grupos e não posso

deixar de encorajar e de admirar tanta gente tão jovem e tão

dedicada neste serviço dos pobres”, concluiu.

Avaliar como é que a população está a sentir a crise, quais as

respostas avançadas pelas instituições e de que forma se

pode melhorar o serviço ao próximo são os grandes

objetivos de uma série de visitas às paróquias da diocese de

Setúbal pelo Bispo D. Gilberto, que no último dia 14 de

Maio reuniu com dezenas de elementos dos diversos

grupos que promovem a ação sócio-caritativa na nossa

comunidade.

Para além do Padre José Pinheiro e de diversos elementos

da direção do CSPPRG, participaram neste encontro do

secretariado vicarial da pastoral social, no salão do Centro

Comunitário, membros da Mensagem de Fátima, Ministros

da Comunhão, Vicentinas, Banco Alimentar, Cantina Social,

GIAS, Loja Solidária, Projeto Agir, Regaço Materno e Apoio

Domiciliário, que falaram sobre o seu funcionamento

quotidiano, perfil dos destinatários e realidades

experienciadas no terreno, esclarecendo questões que

foram sendo colocadas pelo Bispo.

Envolver a Comunidade

Segundo D. Gilberto, é necessário envolver cada vez mais a

paróquia inteira, preparar bem os agentes da ação social e

caritativa e fortalecer redes de comunicação entre todos, de

modo a que a nossa intervenção seja cada vez mais

adequada e consiga crescer, tanto em termos de

quantidade como de qualidade. Importa também conhecer

a Doutrina Social da Igreja e aprender a ver no Outro o rosto

de Cristo, lidando com o pobre tendo sempre presente a

dignidade da pessoa humana. “As pessoas que pedem têm

que levar uma alma nova junto com o pão”, defende o Bispo,

referindo que “é preciso dar sem exigir que acreditem em

Deus, mas lembrando que é Deus quem as visita. Deus

revela-se no amor.” Por outro lado, “sempre que possa haver

D. Gilberto atento à crise e à comunidade Encontro do Secretariado Vicarial da Pastoral Social | 14 Maio

O encontrou com D. Gilberto reuniu representantes de todos os grupos sócio-caritativos da paróquia

Page 35: Revista + Social 3

CULTURACultura Aberta

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 35

O Atelier de Fado acontece semanalmente, às 4ªas Feiras

Atividades Centro de ConvívioFado

Das atividades que constituem o projeto Cultura Aberta, o

Fado é, sem dúvida, uma das que tem tido maior adesão.

Iniciada há vários anos, tem sido dirigida com competência

pelo fadista António Cruz, se não um natural, podemos com

certeza, tratá-lo com um filho de Almada, pois que veio

morar, ainda muito jovem, para o nosso concelho. Nas aulas

que ministra não podemos deixar de relevar a importância

dos músicos que de há longa data vêm acarinhando esta

atividade, Orlando Ferreira e Avelino Correia nas violas e,

atualmente, o guitarrista Manuel Gonçalves.

Com aulas semanais de cerca de duas horas e meia de

duração, que por norma têm como cenário a bela sala

panorâmica da Residência Nª Sª da Esperança, contou no

presente ano letivo com vinte e cinco instruendos, alguns

dos quais presentes desde a primeira hora em que esta

atividade se iniciou, outros porém, mas não menos

entusiastas, "jovens" caloiros.

O sucesso da atividade tem sido tal que alguns dos seus

alunos, já se afoitam a cantar fora de portas, tendo por

vezes abrilhantado eventos de fado, nomeadamente em

restaurantes e coletividades de cultura e recreio, tendo

mesmo participado num concurso de fados que se realizou

no Almada e Figueirinhas, com a obtenção de dois,

honrosos, 3º lugares. Também alguns dos alunos da Aula de

Fado, são interpretes de um fado por semana durante a

Eucaristia Dominical na Igreja Matriz da Cova da Piedade.

Por ser uma atividade muito apreciada dentro da

Instituição, o Fado, é com frequência solicitado para as

atividades do CSPPRG, nomeadamente nas festas de final

de ano, realizando-se também anualmente uma gala ou um

sarau, como este ano mesmo aconteceu. Com uma sala

Alguns dos fadistas que abrilhantaram a noite de fados, no dia 4 Junho

com assistência esgotada, honrada com a presença da alta

direção do CSPPRG, após um jantar volante ofertado na

maioria pelos alunos da própria atividade, cuja receita

reverteu para a Casa de S. Paulo, escutou-se em silêncio e

aplaudiu-se com carinho a participação brilhante dos

nossos alunos.

Vítor Fernandes

O fadista António Cruz é o dedicado monitor da atividade

Page 36: Revista + Social 3

SAÚDESaúde

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro36

Para mais, ao contrário do que sucedia no passado, o

“respeito pelas gerações anteriores” tornou-se menos

profundo, desvalorizando-se a experiência em detrimento

da “juventude” e “atualização tecnológica”.

A solidão é o estado de quem se sente só

A solidão não é uma doença mas faz adoecer, o isolamento

não é uma epidemia mas destrói.

A solidão é o estado de quem se sente só. Ela provoca um

sentimento de vazio interior, que pode estar presente em

diferentes fases da vida do ser humano, tendendo

frequentemente acompanhar o envelhecimento. Com o

avançar da idade a maioria das pessoas idosas reduz a sua

participação na comunidade, promovendo o surgimento

de sentimentos de isolamento e desvalorização. Estes

refletem-se a nível da sua integração a nível social, familiar e

da saúde tanto física como psíquica.

Com efeito, a reforma, a viuvez, a saída de casa dos

netos/filhos e a diminuição da saúde, privam os idosos dos

seus papéis habituais podendo condicionar o isolamento.

Este isolamento social também tem sido associado a uma

série de doenças mentais e físicas, tais como a demência,

depressão, doenças da personalidade, dependências de

medicamentos e suicídio.

As famílias e as instituições

Por vezes este ocorre à porta fechada e pode passar

despercebido inclusive por médicos, familiares e amigos.

Quando as pessoas vivem isoladas é mais fácil deprimirem

acabando por ficarem com menos energia condicionando

um ciclo vicioso de solidão.

As famílias, sem tempo e condições para tratar o idoso,

frequentemente dão essa responsabilidade às instituições,

mas nem sempre o idoso reconhece esta situação de forma

positiva, pois deixa de ter a atenção e apoio familiar

podendo ficar frustrado com sentimentos de insegurança,

O Isolamento na Pessoa Idosa

Foi-me hoje proposto a elaboração de um texto sobre o

isolamento e o idoso. Atrevo-me a escreve-lo com base na

perceção e pensamentos dos idosos que me rodeiam,

adicionando argumentos vindos de outros autores e

pensadores neste assunto.

O envelhecimento da população mundial é presentemente

reconhecido como um problema concreto e do

conhecimento público. A OMS prevê que em 2025 existirão

1,2 biliões de pessoas com mais de 60 anos. Portugal não é

exceção neste panorama: de acordo com os dados recentes

do Instituto Nacional de Estatística (INE), o índice de

envelhecimento em Portugal também aumentará

passando de cerca de 17% para 32%, tendo em conta as

projeções para daqui a 50 anos.

O conceito de velhice

Para além de todas as classificações que definem limites

etários, o conceito de velhice é, mais do que tudo, uma

vivência em que ocorre uma transformação física própria de

um organismo que envelhece. Também é uma

transformação social, em função de perdas e limitações que

advêm do avançar da idade que, por vezes, pode levar o ser

humano ao isolamento social e solidão.

O processo de envelhecimento delimita mudanças de

ordem individual, familiar e social, cada uma com seus

significados e relevâncias. É um momento em que a pessoa

idosa percebe que alcançou muitos objetivos, mas também

sofreu muitas perdas, das quais a saúde se destaca como

um dos aspetos mais afetados.

A preocupação da sociedade com o processo de

envelhecimento deve-se, sem dúvida, ao facto da

população idosa corresponder a uma parcela da população

cada vez mais representativa do ponto de vista numérico.

A marginalização social

A marginalização social do idoso pode ser vista como uma

segregação social, porque os idosos não participam no

processo produtivo sendo, consequentemente,

marginalizados pela sociedade.

O sistema económico atual baseia-se na produtividade e

lucro, ao qual está subordinado toda uma civilização. Assim,

o homem interessa enquanto tiver condições para produzir.

O idoso, incapaz de criar tanto como no passado acabando

por ser desvalorizado e passando a ser uma “carga”, um

“fardo” para a sociedade.

Dra. Paula Brito, médica voluntária

na Residência Nossa Senhora da Esperança

Page 37: Revista + Social 3

SAÚDE

37

experiências vividas e os saberes acumulados são

elementos que oferecem oportunidades de explorar novos

caminhos, realizar projetos abandonados em outras etapas

e estabelecer relações profícuas com o mundo dos mais

jovens e mais velhos.

Dar significado à vida

Descobrir ou criar razões que deem significado à vida dos

idosos deverá ser uma questão sempre presente nos

profissionais que se dedicam a este assunto,

independentemente do contexto em que se inserem.

É importante não estereotipar o idoso como sempre

isolado e desamparado, pois muitos estão bem

relacionados e ativos nas suas comunidades através de

grupos de voluntariado ou grupos culturais, sociais ou

religiosos. Para que o envelhecimento seja uma experiência

positiva deve ser acompanhada de oportunidades

contínuas de saúde, participação na comunidade e

segurança.

É importante apoiar a terceira idade, devendo existir uma

interação contínua com a família, para que permaneça no

seu meio mais tempo, estimulando o idoso com reforços

positivos para assim ultrapassar as barreiras que a terceira

idade lhe apresenta. Só assim se abrandará solidão,

sentimento que tanto afeta os idosos da nossa sociedade,

que entristece o seu rosto, apaga a alma e invade o

pensamento.

Como escreveu o Padre Lourenço Fontes um dia,

…”O velho e o menino vão para onde lhe fizerem

carinho…”

Dra. Paula Brito

instabilidade e solidão. Os idosos submetidos a

tratamentos prolongados e/ou institucionalizados, têm

níveis mais elevados de solidão comparativamente aqueles

que residem na comunidade pois, ao receberem menos

visitas, têm menos oportunidade de falar e ter estímulos

exteriores. Estes últimos tendem a sentir-se mais

insatisfeitos, afastados das redes sociais, com dias

monótonos e sem esperança ou investimento no futuro. Já

os idosos residentes na comunidade mas, sem o apoio

adequado para a realização das tarefas quotidianas e afeto,

também acabam por ser invadidos pela solidão.

Os maus tratos

Outra questão, não menos importante nos dias de hoje, é a

definição de violência/maus tratos para com o idoso. A

OMS define-a como abuso que pode ser de natureza física

ou psíquica, ou ainda envolver maus tratos de ordem

financeira ou material, que levam ao sofrimento

desnecessário, perda de direitos humanos e redução da

qualidade de vida do idoso.

Este ponto, pela sua importância, é um problema de saúde

pública. Os maus tratos e a negligência dos idosos, se

ignorada, provocará o fim das “histórias passadas" e um

triste futuro para o envelhecimento mundial. Importa

alertar a comunidade para este problema, reportando os

casos conhecidos ou suspeitos, dada a sua importância.

Dizer que na velhice acontecem mais perdas do que

ganhos, não significa dizer que ela é sinónimo de doença.

Também não indica que as pessoas ficam impedidas de se

envolverem em outras atividades. Viver representa

adaptação ou possibilidade de constante autorregulação,

quer em termos biológicos, quer psíquicos ou sociais. As

Page 38: Revista + Social 3

ACONTECEUAconteceu...

38

Conferências Quaresmais

Residência Nossa Senhora da Esperança

A Residência Nossa Senhora da Esperança acolheu um ciclo

de Conferências Quaresmais subordinadas ao tema ‘’Com

São Paulo ao Encontro de Cristo Ressuscitado’’.

Participaram, como oradores, o Frei Fernando Ventura (14

de Março), Pe. Marco Luís (19 de Março), Dra. Graça

Pacheco (26 de Março), Pe. José Manuel Pereira de Almeida

(3 de Abril) e D. Gilberto Canavarro (9 de Abril).

’’Conto convosco para que a Igreja de Setúbal seja a

Igreja bela de Cristo’’

Foi este um dos pedidos de D. Gilberto Canavarro dos Reis,

Bispo de Setúbal, quando nos falou sobre o tema: A Igreja

esposa de Cristo. Ao aprofundar esta realidade que é a

Igreja, fala-nos de uma comunidade que se constrói a partir

da fé, vive da fé e atua a partir da fé.

Neste tempo de quaresma, convidou-nos a refletir como

cada um de nós está empenhado em ser Igreja de Cristo, e a

forma como aderimos à proposta de Jesus, esta opção que

dá força à nossa vida.

Ana Teresa

D. Gilberto Canavarro, Bispo de Setúbal | 9 de Abril de 2014

Pe. Marco Luís, Pároco do Seixal | 19 de Março de 2014

Um grupo de 160 pessoas, das várias respostas sociais do

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro e também

da Paróquia da Cova da Piedade, encheu uma das sala de

cinema do Almada Fórum para assistir ao filme ‘’O Filho de

Deus’’, cujo protagonista é o ator português Diogo

Morgado.

Este filme, que alcançou um enorme sucesso em todo o

Mundo, surge da adaptação da série televisiva ‘’A Bíblia’’,

contando a história de Jesus Cristo, desde o seu

nascimento, à morte na cruz e posterior ressurreição.

O evento foi do agrado de todos, pelo que prometemos,

em breve, novas iniciativas cinematográficas.

Ida ao Cinema | 7 de Abril

Zon Lusomundo - Almada Fórum | ‘’O Filho de Deus’’

Page 39: Revista + Social 3

ACONTECEUDia Paroquial do Doente | 27 de Abril

Residência Nossa Senhora da Esperança

Eucaristia celebrada pelo Pe. José Pinheiro e acompanhada pelo Coro de funcionários da Instituição

A Tuna Sol e Dó animou a tarde

“Senhor, aqui nos tendes, juntos para Te amar”

o coro, constituído por trabalhadores dos vários

equipamentos do nosso Centro Paroquial, com a

consciência de que também os irmãos doentes e idosos

fazem parte da nossa família paroquial.

Este dia foi preparado entre os vários grupos da paróquia,

nomeadamente, Grupo da Mensagem de Fátima, Grupo de

Visitadores de Doentes e o nosso Centro Paroquial. Foi

visível, no decorrer da celebração da Eucaristia neste

Domingo da Divina Misericórdia, e pela administração da

Santa Unção, a alegria e a comoção de muitos dos que

estiveram presentes.

Depois de alimentada a Alma, porque a Palavra e a

Comunhão também curam, foi oferecido um lanche, que foi

possível, pela partilha e pela dedicação de todos que

contribuíram para a celebração deste dia. No decorrer do

lanche, contámos com a atuação da Tuna Sol e Dó, do nosso

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro, que nos

presenteou com os seus cantares.

Entre sorrisos, lágrimas e palavras de gratidão, acabámos o

nosso dia com consciência de que ser Cristão é estar ao

lado dos que mais sofrem.

Ana Teresa

cantava

Page 40: Revista + Social 3

ACONTECEU

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro40

Aconteceu...

Visita da Mãe Peregrina | Maio 2014

Os meninos da Cova da Piedade esperam ansiosamente o

mês de Maio e a Visita da Mãe Peregrina de Schoenstatt às

suas casas e às suas famílias. Durante todo o mês, Nossa

Senhora acompanha-os numa visita muito especial. Eles

sabem que podem contar-lhe os seus segredos, rezar,

agradecer, pedir, partilhar, oferecer-lhe desenhos e todas as

coisas boas e menos boas do seu dia a dia. Orientados pelas

educadoras, levam a imagem de graças de Nossa Senhora a

visitar os avós e os vizinhos, aprendem a rezar em família,

convidam os amigos e festejam estes momentos de

maneira muito especial. Acima de tudo, sentem-se

responsáveis e importantes! A Mãe do Céu confia neles

para a ajudarem a fazer do mundo um lugar melhor.

Faz já 8 anos que a Mãe Peregrina de Schoenstatt visita os

meninos da Cova da Piedade e que os meninos devolvem a

visita indo ao encontro de Nossa Senhora. É uma alegria no

Restelo ver os chapéus amarelos, junto com centenas de

outros chapéus de crianças vindas de várias instituições,

descer em procissão com o andor da Mãe Peregrina desde a

capela de São Jerónimo até chegar à capelinha de

Schoenstatt. Aí passamos sempre uma manhã de festa e

oração, em que o coração dos pequeninos se vai abrindo

cada vez mais para receber Nossa Senhora e o seu Filho

Jesus.

Luisa Roquette

Testemunhos de famílias que receberam em

suas casas a Imagem de Nossa Senhora de

Shoenstatt:

“Obrigado Maria por teres ficado junto de mim, na minha

humilde casa, pois assim, protegeste e cuidaste de mim e da

minha família, com a nossa pequena oração te pedimos que

fiques sempre connosco.”

Pais da Mariana ( Sala dos Peixinhos do J.I. Romeira )

“É um apostolado Mariano, uma visita de Maria às nossas

famílias, ao nosso Povo, a todo o Mundo.

É como se Nossa Senhora quisesse sair do seu Santuário,

caminhar e visitar os seus filhos.

A Mãe Peregrina é portadora de Cristo.

O desafio está em perceber o que são realmente estas

graças e como nos podem ajudar a rezar, entregar, aliviar,

confiar e agradecer.

A Imagem da Mãe Peregrina foi trazida a nossa casa para

momentos de oração e de conforto.

Querida Mãe, Rainha e Vencedora Admirável de

Shoenstatt! Com iluminada confiança, me aproximo de ti,

para receber o teu auxílio em minha grande aflição…”

Pais do João ( Sala das Gotinhas do J.I. Romeira )

“ Gostamos muito de ter a Mãe Peregrina na nossa casa.

Assim, aprendemos a rezar e a pedir a sua protecção para a

nossa família e para cada um de nós.”

Pais da Beatriz ( Sala dos Peixinhos do J.I .Romeira )

“Explicar a uma criança o quanto é importante acreditar

sem ver, é difícil. E por isso trazer a imagem de Nossa

Senhora Shoenstatt para casa foi muito útil.

Mostrar ao Matias aquela imagem ( que para ele é a

fotografia da mãe de Jesus ) e explicar-lhe que também

Jesus teve uma família e que foi uma criança como ele, fez

com que ele percebesse melhor quem foi Jesus.

Acreditar é o mais importante e é com pequenos passos

que ele vai percebendo que nunca estará sozinho, terá

sempre Deus a seu lado, basta acreditar que há mais para

além daquilo que conseguimos ver! “

Pais do Matias ( Sala dos Peixinhos do J.I.Romeira )

Page 41: Revista + Social 3

ACONTECEU

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 41

Concerto Solidário com o Rão Kyao | 30 Maio

Num espectáculo mágico, Rão Kyao atuou para perto de

duas centenas de pessoas, que se reuniram a 30 de Maio, no

Salão do Centro Comunitário, no âmbito de um jantar de

angariação de fundos para a construção da Casa de S.

Paulo.

O conhecido artista tocou temas da sua autoria e diversas

melodias litúrgicas bem conhecidas de todos os presentes,

que ninguém hesitou em trautear.

Festa da Maia, Cova da Piedade | 1 Maio

CSPPRG em ‘’A Tarde é Sua’’ | 20 Junho

Em jeito de surpresa, os padrinhos da Casa de S. Paulo,

Mónica Jardim e Nuno Eiró, convidaram a D. Ana Luísa

Caixas, diretora da Instituição, para uma pequena conversa

no programa ‘’A Tarde é Sua’’ na TVI.

Apresentado por uma amiga de longa data da Instituição,

também ela madrinha do nosso Regaço Materno, Fátima

Lopes falou com a nossa diretora durante alguns minutos,

afim de promover e divulgar a nova residência sénior Casa

de S. Paulo.

Leandro Ramos

Page 42: Revista + Social 3

ACONTECEU

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro42

Aconteceu...

Gala Solidária

11 Junho

Foi uma noite memorável, para todos os que tiveram a

possibilidade de estar presentes no Teatro Municipal

Joaquim Benite na noite do passado dia 11 de Junho. Com

a solidária participação dos apresentadores, Mónica Jardim

e Nuno Eiró, a gala ‘’Somos São Paulo’’ foi animada com a

presença de diversos artistas, alguns dos quais bem

conhecidos da nossa praça.

Na primeira parte, num registo mais popular, contámos

com as atuações de Emília Cabrita, Jorge Guerreiro, Adriana

Lua e Emanuel. Já na segunda parte, Irina Furtado, União

das Tribos, Karpe Diem e os UHF, presentearam-nos com

alguns temas bem conhecidos de todos.

Com esta Gala Solidária, através dos patrocínios e venda de

bilhetes, conseguimos angariar quatro mil e seiscentos

euros (4.600,00€) para a Casa de S. Paulo. Com a ajuda de

todos continuamos a servir o nosso ideal: ‘’Amar é Construir

para os Outros’’.

Durante a atuação do Emanuel até o público subiu ao palco

União das Tribos tem como vocalista Sérgio Lucas, vencedor dos Ídolos

Os UHF brindaram o público com alguns dos seus êxitosPe. José Pinheiro agradeceu a todos a participação

Adriana Lua e os seus bailarinos, Jorge Guerreiro, Mónica Jardim e o público animado durante todo o espetáculo

Page 43: Revista + Social 3

ACONTECEU

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 343

Participação nas Marchas Populares

com “Cais das Flores” | 12 de Junho

Animadas marchas populares protagonizadas por crianças

das escolas e Instituições Particulares de Solidariedade

Social (IPSS) do nosso concelho, encheram de alegria a

Praça da Liberdade, na manhã do dia 12 de Junho.

Em representação do CSPPRG desfilaram, logo na abertura,

dezenas de marinheiros e vendedoras de flores, cuja

exibição intitulada “Cais das Flores” abrilhantou um

certame que contou com uma vasta assistência, composta

por avós, pais, irmãos e amigos.

Trajado a rigor, o grupo voltou a encantar dias mais tarde,

no âmbito do programa das Festas de São João.

São João da Ramalha Cumpre Tradição | 23 e 24 de Junho

Cumpriu-se a tradição. A 23 de Junho, a imagem de São João - padroeiro de Almada - veio em procissão até à Capela da

Ramalha. Aqui permaneceu, tendo no dia seguinte regressado à Igreja de São Tiago, após a celebração de missa solene

presidida pelo Padre José Pinheiro, e acompanhada pelo coro de funcionários da Instituição.

Aquela que é a mais antiga manifestação

religiosa do nosso concelho contou com a

participação de numerosos crentes, que tiveram

a oportunidade de vivenciar a fé em diversos

Participação nas Marchas Populares da cidade de Almada

As nossas crianças também aprresentaram a sua marcha no arraial que decorreu no dia 23 de Junho, no equipamento da Ramalha

momentos de oração e reflexão,

guiados por grupos da paróquia da

Cova da Piedade.

O programa incluiu ainda duas

novidades: apresentação das

marchas infantis e arraial, na noite

do dia 23 de Junho.

Page 44: Revista + Social 3

Prestamos serviços de decoração de interiores a clientes

residenciais, comerciais e institucionais que vão desde o

conceito inicial à conclusão do projecto. De um simples

quarto a toda a casa, somos especialistas e garantimos que o

seu projecto será acabado a tempo e dentro do seu

orçamento.

Entendemos as necessidades dos nossos clientes, para que

cada design seja um verdadeiro reflexo do estilo de vida do

cliente. Neste quadro, ajudamo-lo com a nossa experiência a

combinar estilos, mobílias, tecidos e cores. Os nossos

serviços variam entre uma consulta básica à gestão

completa de um projecto. Por isso, se não tem a certeza da

cor da tinta, do tipo de sofá, dos tapetes ou do papel de

parede, podemos dar-lhe aconselhamento e criar o visual

desejado.

Quer procure um interior moderno, algo mais eclético ou um

ambiente clássico, iremos ajudá-lo a conseguir o interior que

deseja. Acumulamos anos de experiência em decoração de

interiores e será um prazer ajudá-lo no que for preciso.

Rua Fonseca Dias, 465Edifício Vale Novo, 4440-652 Valongo

Tel./Fax: 224 224 [email protected] [email protected]

http://www.facebook.com/decorlongus.lda

Page 45: Revista + Social 3

VAI ACONTECERVai Acontecer...

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 45

O QUE VAI ACONTECER NOS NOSSOS EQUIPAMENTOS

Soluções - Revista nº2

Passatempos

Q U A R E S M AR

SS

U

R

R

RE

ÃO

SAP A G E M

ÁSC

O

A

P I M A V E R A

N

DO

A

S

C

I

ST

O

SO VF

L

A

R

R M O S

Descobre as 7 diferenças Sopa de Letras

Soluções

Sol, Mar, Campo, Praia, Verão, Férias, Passeios, Paisagem,

Chinelos, Reflexão

Festa de Encerramento da

Cultura Aberta | Resid. Nossa Sª. da Esperança

Festa de Encerramento dos Equipamentos de

Infância | Equipamento do Bairro

Colónia de Férias | Equipamentos de Infância

Questionários de Satisfação dos Serviços |

Infância e Seniores

Julho

Prolongamento das Respostas

S o c i a i s d e I n f â n c i a n o

Equipamento Renascer | 1 a 15

Abertura do Ano Letivo

Reunião Geral de Trabalhadores

Inscrições para a Catequese

Festas de Nossa Senhora da Piedade

A p r e s e n t a ç ã o d o s P r o j e t o s

Curriculares dos Equipamentos de

Infância

Setembro

Início das Atividades da Cultura Aberta

Colónia de Férias Sénior

Festa do Anjo da Guarda

Peregrinação a Fátima | Cultura Aberta

Reuniões de Pais | Equipamentos de Infância

Mês do Idoso

Procissão de Velas | Romeira

Outubro Agosto

Envio da Mãe Peregrina

Festejos de São Martinho

Caminhada Advento | Despertar da Fé

Gala Solidária

Novembro

Férias Escolares

Page 46: Revista + Social 3

DESPERTAR PARA A FÉDespertar para a Fé

Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro46

Naquela quente manhã, dois passarinhos andavam

atarefados a fazer o ninho.

Um sonhava com um grande ninho no mais alto ramo, da

mais alta copa.

Queria que todos os outros passarinhos reparassem e

comentassem o seu ninho.

No entanto não o preparou com ramos fortes, mas sim

com belas flores, folhas e até penas coloridas.

Ao contrário do outro passarinho que desejava um ninho

mais simples, mais acolhedor, no meio dos ramos. Pois

dizia que estaria protegido e seria feliz. Preparou-o com

ramos fortes e com a sua própria penugem.

O tempo passou e os ninhos foram construídos e os

sonhos realizados.

Porém chegou o frio, o vento e a chuva. As adversidades

pareciam não ter fim.

O ninho do passarinho na copa da árvore cedeu, não

resistiu, mas o ninho simples e protegido, esse manteve-

se.

Nem sempre o que é belo à vista é forte e resistente. Nem

sempre o que os outros pensam nos evita das

dificuldades.

Devemos construir um “ninho” forte e seguro, acima do

tudo, pois as adversidades e as dificuldades põem à

prova a solidez do nosso carácter, a força da nossa fé e a

verdade do nosso coração.

Filipa Direito

A simplicidade do ter e do ser

Page 47: Revista + Social 3

Aproximam-se as férias; no campo do trabalho, estas

surgem como o merecido descanso no fim de mais um

período de intensa atividade; no ano escolar, as férias

aparecem como o retempero para quem faz do cérebro, o

centro da sua forma intelectual.

Com o ritmo de trabalho mais ou menos variável, a verdade

é que o homem precisa dum período de tempo para

descansar.

O autor sagrado deixou-nos na Bíblia o descanso como

fazendo parte do preceito divino ao dizer, no final dos dias

da Criação: “… e ao sétimo dia, Deus descansou.”

Sendo o homem, por natureza, um ser limitado cujas forças

se vão enfraquecendo ao longo dos anos, precisa,

necessariamente, de retemperar e recuperar as forças

desgostadas com o tempo e o trabalho; e não se diga ser

dispensável o descanso, porque, a proceder assim, o

homem acabará prematuramente, por apressar o fim das

suas forças e da sua existência. O descanso é uma

necessidade vital.

Mas se o descanso é uma exigência física, não é menos uma

necessidade de ordem familiar e social.

As férias devem levar os membros da família a um maior

reencontro, a uma mais dupla partilha numa abertura de

corações que se querem mais próximos para mais se

amarem.

Não podemos aceitar como forma de gozar as férias,

encontrando os membros da família o seu modo e estilo de

passá-las, independentemente uns dos outros, como se as

férias fossem só para mudar de ares, das férias há-de

resultar uma maior coesão familiar, maior diálogo dos

Esposos, Pais e Filhos; das férias deverá resultar uma

descoberta gratificante das capacidades dos membros da

família.

Num clima de abertura, de paz, de carinho e de amor, urge

recriar toda a riqueza afetiva que, por vezes, se esconde no

coração dos membros da família, ao mesmo tempo que o

diálogo sereno e cativante reacende a chama da

solidariedade afetuosa.

Apetecia-me deixar aqui um desafio: VIVAMOS E

GOZEMOS AS FÉRIAS EM FAMÍLIA, de modo que delas

resulte uma Família mais unida e feliz.

Padre Ricardo Gameiro

(in GAMEIRO, Ricardo. Férias: um direito,

uma necessidade para uma melhor vida de família.

Passo a Passo, Cova Piedade, nº34, p.14, junho 1996)

FÉRIAS: UM DIREITO, UMA NECESSIDADE PARA UMA MELHOR VIDA DE FAMÍLIA

Traços de Recordação

Page 48: Revista + Social 3