revista - saneamento ambiental

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euso ~\ Projeto Aquapolo: maior programa de reuso industrial Cresce reuso de água no Brasil Mara Fornari / Laise Godoi E stratégicas do ponto de vista do consumo de água, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a Bacia do Rio Copiapó, no Chile, a Bacia do Rio Bravo/Rio Grande, no México, e a Bacia do Rio Suquía, na Argentina, servirão como um laboratório de experimen- tos para a descoberta e disseminação de novos métodos e ferramentas que estimulem a aplica- ção de tecnologías de reuso de água no mundo. O projeto, bancado pela União Européia, cha- ma-se Coroado (www.coroado-project.eu) coordenado no Brasil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). Segundo explica a responsável pelo Coroado no Brasil, a professora e pesqui- sadora Mônica Perreira do Amaral Porto, vice-chefe do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Poli, "as quatro regiões selecionadas são vulneráveis a secas, apresentam infra-estrutura precária, desper- dício e aumento de demanda de água, além de mananciais degradados ou inacessíveis". Com orçamento superior a 4,5 milhões de euros, o Projeto Coroado terá quatro anos de duração, período em que serão avaliadas diversas tec- nologias de reuso e reciclagem da água, em contraste com tecnologias e capacidade lo- cais; custos e benefícios relativos à prática do reuso; soluções eficientes e economicamente viáveis para o fornecimento de água, e para o combate da degradação de ecos sistemas e reservas de água. O relatório final com os resultados do projeto servirá de base para a União Européia canalizar investimentos em locais com grande potencial de aplicação de tecnologias de reuso. No Brasil, a Escola Politécnica foi escolhi- da para liderar o projeto, através do Centro Internacional de Referência em' Reuso de Água - CIRRA, coordenado pelo professor José Carlos Mierzwa, com a colaboração do professor Ivanildo Hespanhol. De acordo com Mierzwa, que também responde pela coorde- nação técnica do Coroado, "a proposta do pro- jeto é desenvolver uma diretriz para auxiliar as localidades que tem interesse em ímplan. tar programas de reuso de água, observando num primeiro momento o que tem sido feito com relação ao reuso de água e identificar o que pode levar uma determinada região a ter a necessidade de introduzir programas de reu- so mais abrangentes. Esse estudo inclui, por exemplo, o levantamento da disponibilidade hídrica da região, a caracterização do uso da SANEAMENTO AMBIENTAL - n? 162 - Maio/Junho - 2012 12

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euso ~\

Projeto Aquapolo: maior programa de reuso industrial

Cresce reuso de água no BrasilMara Fornari / Laise Godoi

Estratégicas do ponto de vista do consumode água, a Região Metropolitana de SãoPaulo (RMSP), a Bacia do Rio Copiapó,

no Chile, a Bacia do Rio Bravo/Rio Grande, noMéxico, e a Bacia do Rio Suquía, na Argentina,servirão como um laboratório de experimen-tos para a descoberta e disseminação de novosmétodos e ferramentas que estimulem a aplica-ção de tecnologías de reuso de água no mundo.O projeto, bancado pela União Européia, cha-ma-se Coroado (www.coroado-project.eu) e écoordenado no Brasil pela Escola Politécnicada Universidade de São Paulo (Poli/USP).

Segundo explica a responsável peloCoroado no Brasil, a professora e pesqui-sadora Mônica Perreira do Amaral Porto,vice-chefe do Departamento de EngenhariaHidráulica e Ambiental da Poli, "as quatro

regiões selecionadas são vulneráveis a secas,apresentam infra-estrutura precária, desper-dício e aumento de demanda de água, além demananciais degradados ou inacessíveis". Comorçamento superior a 4,5 milhões de euros, oProjeto Coroado terá quatro anos de duração,período em que serão avaliadas diversas tec-nologias de reuso e reciclagem da água, emcontraste com tecnologias e capacidade lo-cais; custos e benefícios relativos à prática doreuso; soluções eficientes e economicamenteviáveis para o fornecimento de água, e parao combate da degradação de ecos sistemase reservas de água. O relatório final com osresultados do projeto servirá de base para aUnião Européia canalizar investimentos emlocais com grande potencial de aplicação detecnologias de reuso.

No Brasil, a Escola Politécnica foi escolhi-da para liderar o projeto, através do CentroInternacional de Referência em' Reuso deÁgua - CIRRA, coordenado pelo professorJosé Carlos Mierzwa, com a colaboração doprofessor Ivanildo Hespanhol. De acordo comMierzwa, que também responde pela coorde-nação técnica do Coroado, "a proposta do pro-jeto é desenvolver uma diretriz para auxiliaras localidades que tem interesse em ímplan.tar programas de reuso de água, observandonum primeiro momento o que tem sido feitocom relação ao reuso de água e identificar oque pode levar uma determinada região a tera necessidade de introduzir programas de reu-so mais abrangentes. Esse estudo inclui, porexemplo, o levantamento da disponibilidadehídrica da região, a caracterização do uso da

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José Carlos Mierzwaágua, as limitações e os possíveis incentivospara o estabelecimento do projeto".

A partir dessas informações é que serãodesenvolvidas as ferramentas cqmputacionaispara indicar ou não a necessidade de reuso, otipo de reuso que se quer aplicar (se urbano,industrial ou agrícola) e quais os níveis neces-sários de tecnologia de tratamento. Em SãoPaulo, os dados já estão sendo compilados peloCIRRA. O início do Projeto Coroado se deuem outubro de 2011, com a chamada das uni-versidades pela Comunidade Europeia. Dos re-cursos estimados de 4,5 milhões de euros, cer-ca de 250 mil euros serão destinados ao Brasil.

Segundo especialistas no assunto, a proble-mática do reuso não está centrada na falta detécnicas para tratamento, mas sim na manei-ra como esses sistemas podem se tornar maiseficientes e implementáveis. Para Mierzwa, asvantagens do reuso já são conhecidas. O pro-blema são as limitações da prática, como a faltade estabelecimento de um padrão técnico dequalidade da água. E qual seria essa qualidademínima necessária? A resposta ainda é contro-versa. Alguns especialistas defendem que parafazer reuso não é preciso ter água com um pa-drão de qualidade elevado. Mas é necessário terum padrão mínimo.

Por exemplo: se a água de reuso servir paradar descarga em bacia sanitária, o padrão dequalidade não precisa ser elevado, desde qUE;a água não manche a louça sanitária e nãodanifique o equipamento. Uma preocupaçãorelacionada por Mierzwa, nesse caso, está noponto de vista de saúde pública: "será preciso

estar atento para evitar que animaisdomésticos bebam essa água"

A preocupação com a qualidademuda quando o assunto está relacio-nado a áreas mais complexas, comoas indústrias. Nos setores petroquí-míco'e siderúrgico, 90% da água utili-zada no processo produtivo pode serreutilizada, o que representa grandeeconomia financeira na parte de cap-tação. O custo dependerá do nível detecnologia empregado. Outro aspec-to alertado por Mierzwa diz respeitoà limitação da prática de reuso devi-do à concentração de alguns conta-minantes no efluente industrial.

Prática comum na Europa, o reu-so ainda é "assunto novo" na Américado Sul, apesar de algumas iniciativasmais avançadas - no Brasil, somentenos últimos dez anos é que os progra-mas de reuso vem ganhando espaço.

O México têm registro de iniciativas mais anti-gas, mas para fins agrícolas, "prática que surgiupela disposição dos esgotos das cidades': expli-ca Mierzwa.

No território nacional, o professor con-ta que a prática do reuso começou com maisintensidade em regiões com problemas dedisponibilidade hídrica, especialmente nasgrandes regiões metropolitanas, entre elas a deSão Paulo. Paralelamente, aconteceu o movi-mento da indústria, num primeiro momento

\ buscando fontes alternativas de abastecimento.A preocupação também pode ser sentida nosnovos empreendimentos imobiliários, onde osprojetos contemplam a reutilização da água detelhados, chuveiros e lavatórios para uso emdescarga sanitária.

'Na área industrial, o maior projeto brasilei-ro de reuso é o Aquapolo, implantado no PóloPetroquímico de Capuava, com projeção de 1m3/s de água de reuso e orçamento aproxima-do de R$ 250 milhões - sistema que poderá seradotado também nas instalações do Comperj,no Rio de Janeiro. Novamente Mierzwa ressal-ta que uma das dificuldades que limita a prá-tica do reuso é o padrão de qualidade que asindústrias exigem para água de reuso. Outratem a ver com a distribuição da água de reu-so das estações de tratamento de esgoto até asindústrias."'" Para ser economicamente viável, é precisoque haja uma v~zão mínima 'que' ju~tifique uminvestimento inicial. Em segundo lugar, deve-se levar em conta o potencial que as ETEs temde fornecer água de reuso. E, por último, o

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euso ~\ideal é que as indústrias estejam localizadasem regiões próximas às estações de tratamen-to de esgoto. De acordo com Mierzwa, umcaso emblemático é a RMSP, que possui cincograndes ETEs. "A'ETE Barueri é a que temmaior capacidade de fornecimento de águade reuso. Entretanto, não existe demandacentralizada e a construção de uma adutoracom ramais para abastecer diversas indústriasde pequeno porte teria um custo muito eleva-do", diz o professor.

Enquanto o Brasil precisa avançar naquestão do planejamento para implementarde forma mais efetiva a prática do reuso deágua, há cerca de 20 anos na África a águade reuso resultante do tratamento dos esgo-tos é enviada para ETAs e distribuída para apopulação com padrão de qualidade de águapotável. Para tanto, algumas medidas de con-tenção são adotadas, como o não recebimen-to de efluente industrial na ETE para garantira segurança do sistema. Nos Estados Unidos,Mierzwa conta que o reuso é indireto: "o esgotoé tratado em nível terciário e a água é reinjeta-da no solo para recarga de aqüíferos', comentao especialista, lembrando que o mesmo aconte-ce na Europa e na Austrália. [-

No Brasil já se considerou a possibilida-de de utilizar a água de reuso para recarga deaqüífero, o que ainda não é possível em razãode restrição dos órgãos de controle ambiental.Sem dúvida uma opção, mas, antes de seguirpara essa linha, Mierzwa aconselha trabalharcom o conceito de otimização do uso da água ea melhorar os processos produtivos.

No caso da agricultura, o reuso volta à:esbarrar na questão do planejamento. "Alémda água em si, existe ainda o beneficio de nu-trientes como amônia, nitrogênio e fósforo.Entretanto, as áreas denominadas 'cinturõesverdes' estão muito distantes das grandes ETEsda região metropolitana", lamenta Mierzwa.

A água de reuso na Sabesp"Hoje fornecemos mais de 110 milhões de

água por mês para a reutilização da água parafins não potáveis, como lavagem de ruas e ve-ículos, ('rocesso industrial e irrigação de áreasverdes. E nosso principal desafio é superar essenúmero", destaca o assessor de meio ambienteda presidência da Sabesp Marcelo Morgado.Pioneira no país na comercialização de água dereuso, desde 1997-"a Sabesp produz atualmen-te água de reuso em quatro ETEs da RegiãoMetropolitana de São Paulo, são elas ETE ABCcom produção de 9.510 m3/mês de água dereuso, ETE Barueri com produção de 2.698

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Marco Aurélio, diretor da Huber Brasil

m3/mês, ETE Parque Novo Mundo com pro-dução de 11.175 m3/mês fornecidos para pre-feituras ~54.714 m3/mês de água de reuso paraindústrias e ETE Jesus Neto 36.320 m3/mês.

Entre seus principais clientes, a Sabesp des-taca a Coats Corrente (têxtil), que consome 45mil m3/mês, a Santher (papel), com consumode 60 mil m3/mês, ambas através de adutoras,e a prefeitura de São Paulo com consumo de 16mil m3/mês na limpeza de ruas e monumentose na desobstrução de galerias pluviais.

Projeto AquapoloEntre seus projetos em água de reuso,

Marcelo Morgado destaca o Projeto Aquapolo,cujas obras estão sendo executadas dentroda ETE ABC e que tem como objetivo forne-cer água de reuso para as empresas do PóloPetroquímico de Capuava, no ABC Paulista.Com investimento de R$ 253 milhões, todaágua será transportada para o pólo através deuma adutora de aço de 17 km de extensão, quesairá de São Paulo e cortará os municípios deSão Caetano e Santo André. "Além de vantajo-so, a Sabesp assim aumentará a oferta de águatratada potável para Região Metropolitana deSão Paulo': destaca Morgado.

Toda água tratada pela ETE ABC passarápor membranas de ultrafiltração (TMBR), se-guindo depois para membranas de osmose re-versa como etapa adicional e que tem como ob-jetivo garantir o tratamento desejado. Quanto àconstrução ela se dará por pipejacking, que uti-liza, a partir do emboque, um macaco hidráu-lico para empurrar um tubo-camisa de con-creto, com diâmetro de 1,5 m, para dentro de

um túnel de serviço, no interior do qual serãoinstalados os tubos de aço da adutora; o se-gundo é o tunnel líne, executado por meio deescavação manual e também com a aplicaçãode um tubo-camisa de aço, de 1,4 m de diâ-metro, que vai sendo montado passo a pas-so, com o objetivo de facilitar a instalação datubulação da adutora em seu interior. Em al-gumas áreas menos povoadas, a adutora seráinstalada pelo método de valas a céu aberto,e em outras, apoiada em blocos de concreto,correndo sobre a superfície do terreno.

O sistema Aquapolo utilizará ainda qua-tro tanques para reserva de água de reuso,Junto a eles estará instalada uma planta-pilo-to, que simula as etapas de tratamento da fu-tura estação. Fruto da parceria entre a Sabespe a Foz do Brasil, o Aquapolo está capacitadopara produzir até mil litros por segundo deágua de reuso para fins industriais e a previ-são para o início de fornecimento da água de

reuso é para meados de 2012.

Casos de sucesso"Empresas, indústrias e municípios estão

vendo a questão do reuso como uma possibi-lidade de redução de custo e no caso de con-cessionárias estaduais e municipais até mesmouma possibilidade de faturamento adicionalcom a venda dessa água de reuso para a indús-tria. Temos, portanto, um grande espaço parao reuso e o tratamento de efluentes em indús-trias': destaca Marco Aurélio, diretor da Huberno Brasil, empresa de grande experiência na fa-bricação de equipamentos e soluções para tra-tamento de água, tratamento de lodo e sistemaspara reuso de efluentes.

É neste aspecto que a Huber tem enxergadoo mercado brasileiro com bons olhos nos últi-mos anos. "Se você observar que na Alemanha100% do esgoto sanitário já é tratado, nossogrande mercado realmente tem sido os paísesem desenvolvimento como China, Brasil e ou-tros países da América Latina. Recentementeinauguramos nossa primeira fábrica na Chinapara atender especialmente o mercado asiático.No Brasil, estamos com o projeto de iniciar aprodução de dois equipamentos". Ainda segun-do o diretor da Huber, as indústrias tem vistocom bons olhos a opção pelo sistema de reuso,não só pela redução de custo operacional. "Emtermos de custo de produção, energia elétricae água são insumos com um custo alto para aindústria. E o reuso se torna uma opção muitoviável economicamente"

Investindo fortemente em pesquisa e de-senvolvimento todos os anos, através de par-

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Membrana VRM da Huber

ceria com universidades e o governo alemão,hoje toda tecnologia para sistemas de reuso étrazida da Alemanha para o Brasil. "Já come-çamos a conversar com a uSP aqui no Brasilno sentido de estabelecer uma parceria, assimcomo é feito lá fora para o desenvolvimento detecnologias para sistemas de reuso', diz ele

A Huber é especialista na fabricação demembranas de ultrafiltração especifica para oprocesso MBR. São dois tipos de membrana:planas fixas e planas rotativas (VRM) com va-zões entre 15 e 20 m3 e acima para membranaplana rotativa. "Nossas membranas te_mdiver-sas vantagens com relação a outras tecnologiaspara MBR, entre as quais custo operacional re-duzido, baixo consumo de energia elétrica, emtorno de 0,5 MWh por metro cúbico de efluen-te tratado, entre outras. Como membrana deultrafiltração conseguimos bastante eficiênciana remoção de cor, fundamental para a indus-tria têxtil".

O sistema Huber VRM é uma combina-ção de tratamento de efluentes biológicos euma eficiente separação de sólidos e líquidos.O efluente tratado produzido não tem bacté-ria e vírus, removidos pela membrana de ultrafiltração, pois a mesma atua como uma bar-reira física para a passagem destes patógenos.O sistema opera com biomassa ativa de 8,000- 16,000 mg/L, melhorando a eficiência doscontaminantes. Em caso de aproveitamento deestações de tratamento de efluentes existente,os clarificadores secundários podem ser usa-

...dos como reservatório de efluentes para reuso.

A empresa destaca ainda a Smart MBR,sistema de reuso compacto para uso em ho-téis, prédios comerciais, shoppings. O sistemaproduz água limpa e segura para fins não po-táveis ou para ser descarregado com segurançano meio ambiente. Sobre o processo de deci-são pelo sistema MBR, Marco Aurélio explica:"Se decide normalmente pelo processo MBR,quando se quer uma qualidade superior, ouentão quando se quer ampliar uma estação,porque permite que se consiga utilizar o mes-mo tanque de aeração sem grandes obras cíveispara aumentar até 100% da vazão da estação".Quanto ao investimento necessário, o diretordestaca o rápido retorno. "O investimento ini-cial na implementação de um processo MBRnão chega a 10% acima do investimento deuma estação de tratamento convencional, con-siderando só equipamentos e instalação. É umprocesso econômico e o retorno dessa diferen-ça se dá no máximo em dois anos. E a partirde dois anos você tem uma estação com cus-to operacional muito mais baixo e já vai estarproduzindo automaticamente uma quantidademuito menor de esgoto ou efluentes', destaca.

No Brasil, a empresa já conta com algunssistemas de reuso em operação. "Vendemosatravés de representantes para projetos cria-dos e desenvolvidos pela Neotex ConsultoriaAmbiental, empresa especializada em proje-tos de estações de tratamento de efluentes,especialmente para a indústria têxtil", des-

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taca Marco Aurélio. "Tudo começou comuma planta-piloto que foi conduzi da pelaNeotex que elegeu as nossas membranascomo as melhores do mercado. Eles desen-volveram então o estudo e a consultoria paraCoteminas, Canatiba e Cedro que são as trêsmaiores do Brasil e que contam com sistemasMBR da Huber já em operação. Temos ain-da um sistema em operação com a Procter& Gamble".

Sobre a expectativa quanto ao mercadonos próximos anos o diretor destaca a gran-de capacidade de absorção de tecnologia dereuso de água no Brasil. "Diversas áreas sãopassíveis de aplicação desta tecnologia, des-de indústrias dos mais diversos tipos, muni-cípios com possibilidade de venda da águapara indústrias locais e irrigação de áreasverdes, prédios comerciais como shoppingcenters, hotéis, resorts etc", analisa MarcoAurélio Silva.

Economia no consumoA Centroprojekt do Brasil acaba de anun-

ciar o fornecimento de uma estação de trata-mento de efluentes destinada à produção deágua de reuso industrial para uma das maioresempresas do setor petroquímico brasileiro. Aágua de reposição será destinada à utilizaçãoem torres de resfriamento das instalações, comvazão total de 67 m3/h, proporcionando umaeconomia de 75% de consumo.

A nova planta opera com três linhas detratamento independentes, que trabalham deforma paralela a primeira visa o tratamento deefluente oleoso, outra de efluente sanitário e aterceira das purgas das torres de resfriarnento,garantindo assim um maior reaproveitamentoda água tratada, dentro da empresa. O efluenteoleoso recebe um tratamento físico-químico,na nova área de tratamento, mantendo as mes-mas características do sistema original. Emseguida o líquido tratado passa por filtros decasca de nozes que removem o restante do óleoe abastece o "sump" sanitário. Juntamente coma parcela oleosa já processada, o efluente rece-be tratamento biológico num sistema de bior-reator combinado com membranas (MBR). Aspurgas das torres de resfriamento são admiti-das no "sump" de purgas e sofrem pré-trata-mento em filtros de areia multimedia, filtrosde carvão ativado e filtros de cartuchos para,em seguida, passar por um sistema de osmosereversa. O permeado se soma ao esgoto tratadono sistema MBR e é disponibilizado para reusoindustrial, cobrindo uma parte do consumo deágua das torres de resfriamento. O