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Esportes radicais e adptados

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Page 1: Revista Revira Mix
Page 2: Revista Revira Mix

4

09

Força e superação

Celestino Dimas

MMA

Adaptsurf

Educação ambiental

Artigo

Wilson Madeira tem uma história de vida fantástica, que irá surpreender os leitores. Além de um futuro psicólogo, ele quer ser presidente de Angola

O esporte que conquistou o mundo

Para ONG, acesso ao mar é para todos

A importância da escola e da família nesse processo

O desafio da inclusão

Conheça um dos mais importantes artistas de Curitiba

SUMÁRIO

1104

20

CAPA

16

29

Page 3: Revista Revira Mix

3

Editorial

EXPEDIENTE

Muito Prazer!

A Revira Mix é uma revista de cara nova,

que será publicada pela Semeadora

Editora, onde sua matéria prima

encontra-se no meio de diversos “talentos criativos”, nas

mais amplas áreas de desenvolvimento. Baseada em ideias

criativas, com design arrojado e original. Uma revista

de inclusão social, preocupada com o desenvolvimento

sociocultural. Uma revista paranaense e globalizada, que

tem como objetivo disseminar para a sociedade conceitos e

experiências relacionadas a sustentabilidade a partir de uma

nova visão sistêmica apreciativa, destacando a educação, o

esporte e a cultura como fonte de desenvolvimento do ser

humano, usando-os como forma de tornar o planeta mais

sustentável.

Queremos juntar forças para que todas as organizações

interessadas possam apresentar projetos que visam melhorar,

transformar comunidades em todo o Brasil e o mundo.

A Revira Mix é uma ponte de informação cultural da

acessibilidade educacional, social, física de uma cidade,

um Estado e um país. Conf ra nossa primeira edição

inserindo-se nesse mundo de muita força, determinação,

cooperativismo e evolução. Abrimos a primeira edição com

destaques na cultura curitibana, como André Spinardi e

Celestino Dimas. No segmento educacional, a estudante

Bruna conta sua trajetória no mundo inclusivo. E mais:

o surf como superação e trabalho de educação ambiental.

O MMA, com destaque no treino de Júlio Jamanta e a luta

feminina que ganhou a noite .Evento que tem como berço

da luta na cidade de Curitiba, com Nadim Andraus f lho em

sua organização. Além disso, o angolano Wilson Madeira,

cego, radicado em Curitiba, que conta sua história e seu dia

a dia na universidade e na música.

Um beijão no coração de todos!

Emanuelle Richter Luz

Diretora-executiva

Semeadora EditoraDiretor-presidente:

Paulo Carvalho Revista Revira MixDiretora-executiva:

Emanuelle Richter da LuzEdição:

Fernando Duarte (DRT 1.366)Reportagem: Dayane Wolf

Diagramação:Max Leão

Fotografa: Mari CarvalhoCarol Moretti

Fernando Silvino da LuzColunista:

Tereza Cristina RichterColaboração:

Caroline Stencel CantoNadim Andraus Filho

Parceria: RB2 Rádio

ONG AdaptsurfJornal Voz da Educação

Apoio: Arte Natural Telhados

Rodrigo Martelo - Curitiba Eco HostelEndereço:

Rua Eng. Romeu Gonçalves Pereira, n. 51Bairro Bacacheri, Curitiba, PR

CEP: 82600-700Telefone: (41) 3030-7300

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4

MM

A

Samurai Fight Combat, que teve uma edição emCuriƟba, reforçou a divulgação do MMA no Paraná, destacando, inclusive, a importância da parƟcipação das mulheres nas lutas

em grande esƟlo e levou o ơtulo à academia Chute Boxe, com decisão unânime dos árbitros.A história de ambas é emocionante. A decisão de uma mulher ingressar no MMA por si só já é diferente e, por isto, mais diİ cil. Jennifer começou praƟcando Muay Thai por esporte. Mas não teve jeito: ela se apaixonou e, nos torneios internos e amadores, resolveu tentar lutar pra valer. Como já vinha de um histórico de compeƟções (sempre gostou de jogar futebol, por exemplo), adorou. Jennifer é prof ssional há seis anos, tem oito lutas de MMA e, entre todas as categorias, 27. Seu maior ơtulo é o de campeã paranaense de Muay Thai e de Boxe.Jennifer começou a treinar com 17 anos. Segundo ela, não imaginava chegar onde chegou. “Eu não esperava. Conforme fui lutando, tendo bom resultados, foi acontecendo. Fiquei bem feliz”. De acordo com ela, o sexo feminino tem conseguido crescer bastante, mas ainda falta inserir mais mulheres nos campeonatos. “Os outros [eventos] também têm que ter um pouquinhomais de interesse de colocar as mulheres. Hoje em dia está crescendo muito a luta feminina, elas estão dando show! Tendo uma luta feminina já está de bom tamanho”.Aluna da Chute Boxe, a jovem conta com um treinamento intenso. A academia apoia bastante e, segundo ela, se empenha em ajudar. Quanto à dieta, é mais restrita em épocas de combate. Mas no dia a dia também é bem balanceada, à base de proteínas, frutas, pouco carboidrato e nada de doces ou refrigerantes. Um diana semana é liberado para guloseimas. Jennifer treina pela manhã, variando um dia de Muay Thai e outro de Jiu Jitsu (treino de uma hora). Depois ela faz 50

Consagrado evento de Artes Marciais Mistas (MMA, em inglês), o Samurai Fight Combat teve sua nona edição ocorrida em CuriƟba, em dezembro. O Samurai, produzido

por Nadim Andraus, Rudimar Fedrigo e Victor Hugo Carvalho Leite, teve como tema “Water vs Fire” (Água versus Fogo). O card do evento, que aconteceu no Ginásio Tarumã, contou com lutadores de importância no cenário da luta.Esperada pela parƟcularidade – único combate da noite entre mulheres –, aluta de Jennifer Maia (academia Chute Boxe) e Jéssica Andrade, a “Bate Estaca”, (academia PRTV) foi aplaudida de pé. O duelo f cou sem decisão até ogongo f nal do terceiro round. Até aí, elas mostravam bastante movimentação no chão. Após isso, Jennifer voltou

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mun

do

ARTE MARCIAL Dayane Wolf e Caroline Stencel Canto

Em dezembro do ano passado, aconteceu em CuriƟba a nona edição do Samurai Fight Combat, com a grande luta de Jamanta

Page 5: Revista Revira Mix

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minutos de musculação e 45 de spinning. À tardemais treino com luta e corrida de 30 minutos.Sobre seu ponto forte? Ela af rma que é a granderesistência.Já Jéssica Andrade, a “Bate Estaca”, começa acontar sua história no mundo da luta no EnsinoMédio. De acordo com ela, na escola em queestudava alunos do terceiro ano não podiam maisparƟcipar dos esportes oferecidos na insƟtuição.Mas ela foi atrás e conseguiu ser liberada peloprofessor ecomeçou a treinar com os alunos maisdiİ ceis. Foi assim que Jéssica foi vista. Há doisanos ela foi convidada pelo professor para umaescola de luta e começou a treinar. “Eu acho queo MMA feminino tem muito a crescer. Eu esperouma carreira lá em cima. Se Deus quiser um dia agente chega lá”.Em oito meses, “Bate Estaca” se graduou emJiu Jitsu. Foi então que seu mestre da época aaconselhou a tentar o MMA. Um mês depoisela estava frente a frente com sua primeiraadversária. A primeira luta aconteceu emUmuarama, no norte do Paraná, e venceu atricampeã paranaense de Kung Fu e bicampeãbrasileira de Muay Thai. “Depois veio São Paulo,Cascavel, CuriƟba, Porto Alegre, Rio de Janeiro”.

Historicamente, o grande nome

da modalidade no Brasil – e no

mundo - é Carlos Gracie, que,

no Rio de Janeiro, idealizou em

um único tatame a possibilidade

de diversif cação de várias artes

marciais

Fotos: Fernando Silvino da Luz

>>>

Uma das lutas mais esperadas foi a feminina, que reforça o nome dasmulheres no MMA ao mesmo tempo em que incenƟva novas parƟcipantes

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Sobre o treinamento, Jéssica conta que, como nãotêm muitas meninas para treinar, elas se obrigama treinar com os meninos. “A gente aprende abater como eles batem. A gente pega mais forçacom isso. Quando a gente luta com uma meninaque só treina com outras meninas, a gente sentea diferença”. Ela disse que dá pra aprender muitocom eles e que agradece a todo momento por terƟdo as oportunidades com que pode contar.

JamantaMas o sexo em que o MMA é predominante aindaé o masculino. E, como não poderia ser diferente,a estrela da noite já brilhava em divulgações antesdo evento: Júlio César Jamanta. Com oito vitóriase quatro derrotas, o atletada Chute Boxe chegouao combate invicto a seis lutas. Nos basƟdoresdo evento, a expectaƟva era grande. “Eu estoulutando a quarta edição do evento. Ele é umavitrine para outros eventos. Muitos atletas sentemum peso de virem lutar, porque conta com muitosolheiros”. De acordo com ele, se vencesse, essaseria a sua porta para uma possível luta fora doBrasil. “A estrutura que o evento oferece é muitoboa e principalmente a visibilidade que o eventotem lá fora conta muito. Vou dar o meu melhor”.E ele pode fazer planos: Jamanta vendeu oadversário Adriano Cordeiro “Cascavel” pornocaute técnico no segundo round. Até então, sualuta principalƟnha acontecido em junho de 2012,no Power Fight Extreme. Na ocasião, ele venceuMário Shaolin com um nocaute que concorreuentre os melhores do ano.Mas o talento não veio por passes de mágica.Jamanta se esforça há dez anos – ele iniciou noKaratê - e há cinco luta MMA prof ssionalmente.Segundo o atleta, não importa em que esportea pessoa inicia, mas sim sua determinação.“Qualquer esporte determina qualquer pessoa”.E foi com esta ideia que Júlio conƟnuou. Ex-boia-fria, vindo da cidade de Lapa (PR), o lutador sabiaque era capaz e queƟnha uma das caracterísƟcasmais importantes: o caráter. Ele chegou na “cidadegrande” com 12 anos de idade, completamentedeslocado, mas logo se inseriu à nova vida. Hoje,Jamanta é casado e temf lhos.Mas, pensando em família, não tem como nãoquesƟonar: será que sobra tempo? O lutadoraf rma que sua esposa reclama. “Minha mulherchega a dizer que ela é uma viúva de um maridovivo. A gente dorme treino, come treino, sonhatreino, dias na academia”. Mesmo assim, compouco tempo para desfrutar da companhia de

Júlio César, sua família, segundo ele, o apoiabastante. “Minha família, meusf lhos, são meusfãs número um. Eles me apoiam totalmente”.Ele diz que nunca para, mesmo quando não temluta, para que sempre esteja pronto. SegundoJúlio, é preciso acostumar-se com dores e lesões.Quanto ao trabalho psicológico, ele é realizadopela esposa, que é terapeuta. Ela faz com ele umtrabalho voltado ao esporte, treinando a cabeçapara que a dor seja deixada de lado e para quehaja um equilíbrio mental.Júlio César Jamanta conta com oito lutasinternacionais. “Acho que o sonho de todo atletaé lutar lá fora, independentemente do evento.Lá você é reconhecido e volta com uma bagagemdiferente”. Apesar disso, seu maior objeƟvo aindaestá por vir: o UFC.Mas, mesmo assim, há muito que se comemorar.O atleta já é consagrado no mundo da luta e,consequentemente, no esporte. A humildadetransparece quando ele af rma que precisaagradecer sempre aos seus mestres. Quanto adicas para quem está começando, ele deixa seurecado: “que nunca suba para a cabeça. Que elessempre tenham uma estrutura legal e sigam quemvale a pena”.Quando perguntando sobre uma def nição doesporte, ele é incisivo: “Não brigue, lute! Lute pelavida! Seja uma pessoa educada, cumprimente osoutros e sejam humildes”.

ARTE MARCIAL

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Jamanta em um dos sucessivos treinos para manter o alto nível de compeƟƟvidade

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PERFIL

ESSÊNCIA SONORAAndr é Spinar di une talento e exper iência par a pr opagar a música em Cur itiba. Ele já

tocou com gr andes nomes do cenár io br asileir o, incluindo Nação Zumbi e O Rappa

m Cur itiba. Ele já

mbi e O Rappa

Músico desde aadolescência, AndréSpinardi teve comocombusơvel inicial o

estudo da música e de violão eguitarra, o rock grunge dos anos90 e o hard rock dos anos 70,bandas como Pearl Jam, Alice inChains, Stone Temple Pilots, entreos grunges e, principalmente,Pink Floyd e Led Zeppelin.Posteriormente, senƟndo anecessidade de se aprimorar e decrescer em conhecimento teórico,ingressou no conservatório de MPBno Largo da Ordem em CuriƟba,

e foi nesse período que começoua se interessar mais pela músicabrasileira, logo já começava atocar nos bares de MPB com umrepertório que unia pop e rocknacional e MPB, além de já estarestudando obras de grandescompositores da Bossa Nova, comoToquinho, Vinícius, Baden Powell,entre outros.Após passar um períodorelaƟvamente longo longe depalcos no início da década inicial donovo milênio, voltou a se dedicarpara a música quando iniciouuma sociedade com Felipe Akel,

que era baterista e hoje é DJ bemconceituado, e Otávio Madureira,o Madu, guitarrista, arranjador eprodutor musical conhecido nacena curiƟbana, com eles passouum ano e meio a frente de umestúdio de gravações e produçõessonoras. Esse período foi muitoimportante na carreira de Andrépor ter sido nesse ambiente quecomeçou a parƟcipar do lendáriogrupo curiƟbano chamadoZacempre, onde tocava violão, aolado de Madu (cavaco elétrico comdistorção), Felipe Akel (batera),Marco Pulga (contrabaixo), Rodrigo

André (no centro) quer disponibilizar suas composições em CD, para ser lançado ainda este ano

Emanuelle Richter da Luz

Foto: Carol Moretti

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Spinardi (percussão), RodrigoRibeiro (voz) e Álvaro Larsen(voz). Desse grupo nasceu umaamizade fruơfera com RodrigoRibeiro e Álvaro Larsen, onde oprocesso de criação começou a seintensif car, e nasceram pérolascomo “Fronteiras” e “Buscar aFonte”, que mais tarde fariamparte do repertório do RealColeƟvo Dub, banda essa quenasceu da necessidade de umcanal de expressão para que Andrée seus dois parceiros pudessemcolaborar com o trabalho realizadopor David Pimentel, video makercuriƟbano que acabava de concluir“Sobbreviver” - assim mesmo,com dois “Bs”, por se tratar de umdocumentário pioneiro sobre BodyBoard. Para a gravação da trilhasonora of cial do documentário,contaram ainda com a colaboraçãode Eugênio Fim (Regra 4) e de doispercussionistas que viriam integraro Real ColeƟvo Dub posteriormente,Rogê Du Cerrado e Thiago Senden.Com o Real ColeƟvo, André passouquatro anos de trabalho intenso,tendo tocado com Bnegão, BlackAlien, Mundo Livre S/A, NaçãoZumbi, Negra Lee, em palcoscuriƟbanos e também São Paulo,Rio de Janeiro, Florianópolis, Foz doIguaçu e outras cidades do interiorparanaense, abriu shows do “ORappa” em CuriƟba e Camboriú,além de ter parƟcipado gravandoviolões, guitarras, harmônio,efeitos, harmonias e composiçãode arranjos no primeiro CD do Realque teve a produção de ninguémmenos que Xandão Menezes,guitarrista do grupo carioca “ORappa”.Após sua saí da da banda RealColeƟvo Dub por moƟvos pessoais,voltou-se novamente para oestudo da música, agora com umaconsciência já diferenciada deoutros tempos, incluindo agorauma preocupação maior com aespiritualidade e com os efeitos damúsica sobre os seres humanos.Começou a dar aulas de violãoinicialmente e, após os primeiros

contatos com o of cio de professor,começou a entender que esse erao caminho que deveria trilhar eassim foi. Aluno após aluno vemaprimorando seus conhecimentos,sendo constantemente incenƟvadopelo processo de aprendizadodos alunos, começou também aatuar como professor para cantoe teoria musical, contando agoracom conhecimentos adquiridos naFAP (Faculdade de Artes do Paraná)onde está cursando atualmente ocurso de Licenciatura em Música etambém de uma pesquisa pessoalsobre música transpessoal e yoga.Além de ministrar aulas de violão,André atualmente parƟcipa de umprojeto de extensão da FAP, o grupoOmundô, onde interpreta ao ladode 23 instrumenƟstas e 14 cantorestemas do mundo, dentro do projetoMúsica dos Povos, repertório quejá foi interpretado por gruposde renome como Terra Sonorae Bayaka. Nesse grupo, Andrécanta músicas folclóricas, étnicase culturais de povos diversos doplaneta, como, por exemplo, umaoração israelita ou um cânƟco dosíndios da América do Norte.

Filosof a e músicaAndré é espiritualista, issoquerdizer que tem um entendimento arespeito da vida e do mundo quenão está atrelado a uma insƟtuiçãoreligiosa. Já estudou Teosof a,Budismo e espiriƟsmo, e passou,inclusive, por uma escola deformação de instrutores de yoga,dando aulas durante um ano. Tendotomado contato com todas essas

f losof as de vida, compõe a suaprópria vida com uma moƟvaçãoaltruísta e dedicada a evoluçãopessoal, construção de valoresmorais e éƟcos e respeito portodas as formas de vida. Isso tudoref ete na forma de fazer música etambém de se colocar não comoum professor doƟpo “dono doconhecimento”, mas como umauxiliador no processo de evoluçãode seus alunos.“Eu apenas comparƟlho vivênciasqueƟve e, a parƟr delas, pretendocontribuir no trabalho deautoconhecimento de cada um,tanto com quem me procura pra teraulas de música como para aquelesque ouvem a música que faço”.Segundo André, a música é algo queestá muito além da capacidade depercepção humana, não sabendocom certeza absoluta o que é, nemasuaorigem,sósenƟndoseusefeitos e com essa consciência éque se coloca como um canal paraque ela se manifeste.“Hoje a música é a minha práƟca demeditação mais intensa, é quandoestou presente inteiramente noagora, deixando os pensamentosafastarem-se naturalmente, nãome apego a nada, apenasf uo juntocom a música me tornando um comela”.É nessa energia que foramcompostas as músicas que hojefazem parte de seu trabalhoautoral, algumas canções e outrostemas instrumentais, semprelevando em conta os efeitos quea música exerce sobre corpo,mente e espírito, tanto de quem aexecuta quanto de quem escuta.André pretende disponibilizarsuas composições em um CD a serlançado no ano de 2013.Além de seu trabalho musical,André dedica-se as aulas de músicae a um estudo iniciado no ano de2012 sobre pedagogia Waldof eAntroposof a. Ele pretende fazera formação em Antropomúsica, oque proporcionará a habilitaçãopara ministrar aulas em escolas dapedagogia Waldorf.

Hoje a música é a

minha pr ática de

meditação mais

intensa, é quando

estou pr esente inteir amente

no agor a, deixando os

pensamentos af astar em-se

natur almente”

08

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ARTE

Ocri at ivoem ação

CelesƟno Dimas representa o quehá de original no grafte no circuitocultural nacional, com forte atuaçãonas regiões Sul e Sudeste do país

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Em 2 de agosto 1981, o mundo ganhou o que seria um dos grandes nomes da arte da capital

paranaense. Direto de Caxias do Sul (RS) para CuriƟba (PR), Clau-dio CelesƟno Dimas, lembrado mais pelos dois úlƟmos nomes, deslanchou pelo cenário da cidade através da cultura urbana underground contemporânea, famosíssima pela “geração de criaƟvos”.O início de sua estrada prof ssional se deu na virada do século – nada mais caracterísƟco para um arƟsta com um repertório nada comum. Dimas, desde o início, demonstrava interesse por vanguardas. A arte primiƟva, o expressionismo abstrato e o concreƟsmo estavam entre suas paixões. Seguindo este viés, ele começou inserindo, de alguma forma, o design nas ruas (skate, bandas de rock, street art).CelesƟno Dimas conta com uma diversidade grande de referências. Tal fato é o causador das linguagens gráf cas com tendências forơssimas à geometria abstrata. A originalidade de seu trabalho e esƟlo pode ser percebida pela soma de experiências na

revitalização de espaços e resignif cação de objetos.Dimas produziu e provocou bastante no circuito cultural, dando preferência, sempre, à atuação mulƟdisciplinar e coleƟva. Os registros de seus trabalhos têm cunhos sociais. E eles vão de instalações interaƟvas a paineis monumentais. O arƟsta tem parƟcipações registradas também em mostras realizadas em locais como o Museu Oscar Niemeyer, o Museu de Arte Contemporânea e o Memorial de CuriƟba. Além disso, atendeu a publicações em jornais, catálogos, defesas

acadêmicas, documentários e enƟdades, como a Bienal de CuriƟba (4ª, 5ª e 6ª edições) Cohab/PR, Motorolla, Brookf eld do Brasil, Gpac, Mueller, Mercedes Benz, etc. Dimas foi premiado em quatro editais públicos e sua obra passou por cidades como CuriƟba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Berlim. Ele é integrante doColeƟvo Interlux e colaborador da Mucha Tinta, uma rede colaboraƟva de criaƟvos. Lá, eles saem do tradicional graf te e passam pela ilustração, pela fotograf a e vídeos. Mas, de acordo com Dimas, o graf te ainda é a principal tendência entre as artes, principalmente no cenário curiƟbano. Ele atribui isto à ousadia, às tecnologias recentes e ao visual que o graf te proporciona.Além disso, Claudio CelesƟno Dimas é um dos fundadores da Galeria Lúdica e do circuito 171Kbps Soundsystem. Ele também mantém uma relação intensa com a música e com a bicicleta.

Dayane Wolf

Arquivo Pessoal

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CAPA

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GUERRA CIVILDA

à independência

física e intelectualO angolano Wilson Madeira perdeu a visão após a explosão de uma granada, promovida pelo inimigo político de seu pai. Atualmente cursa Psicologia em Curitiba e pretende ajudar as vítimas existentes no país africano, como psicólogo ou presidente

Quatro anos, primos ao redor e um brinquedo novo. Estes são os recortes

que antecedem a cena divisora de águas na vida de Wilson Madeira. As úlƟmas cores que ele presenciou foram estas: as da explosão. “Wil” era residente da cidade de Gabela, em Angola, e naquele dia perdeu seus primos e a visão.Vivendo uma época de conf itos da Guerra Civil, a Angola de 1986 era cruel e vingaƟva. Foi neste espírito que um inimigo políƟco do pai de Wil encontrou uma maneira de escancarar seu ódio. Ao ver os f lhos e sobrinhos

Dayane Wolf

Fotos: Mari Carvalho

Page 12: Revista Revira Mix

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do oponente brincando no quintal, deu-se a oportunidade. O homem não pensou duas vezes ao entregar uma granada aos pequenos, com a desculpa de que seria um brinquedo, um presente. SaƟsfeitos com o barulho que saía do objeto - e sabendo que era raro poder contar com surpresas deste Ɵpo no país -, os primos se deliciavam com a novidade. Mas o estado de euforia durou pouco e rapidamente a granada explodiu. Como resultado, mortes e uma def ciência: Wilson perdeu um dos olhos e a visão do outro. De acordo com ele, conƟnuar a enxergar com um dos olhos seria possível caso o serviço de emergência Ɵvesse agido mais rapidamente. Após o sofrimento da criança e, não menor, dos pais, restou o conformismo. Mas, logo depois dele, veio a vontade de viver, de conhecer o mundo, af nal, as curiosidades infanƟs conƟnuavam à tona. Foi com este ânimo que Wilson se viu benef ciário de adicionais com que jamais poderia contar antes do incidente. Seus outros senƟdos f caram completamente aguçados e a visão já não lhe fazia mais falta.”Se o gênio da lâmpada aparecesse e me desse o direito a três pedidos, voltar a enxergar não seria um deles. Meus olhos são cegos, mas eu não sou”.

Vinda ao Brasil

Mas foi aos 14 anos que sua vida se viu prestes a mudar completamente. Pensando em proporcionar oportunidades a def cientes visuais angolanos, o governo do país passou a recrutar jovens para tentarem novas vidas no Brasil. Neste processo estariam incluídos estudo, moradia, trocas culturais

e oportunidades prof ssionais. Quando recebeu o convite, a família de Wilson f cou um tanto quanto receosa. Isto porque, além de jovem - ele Ɵnha 14 anos -, o africano era cego e isto poderia, na opinião de seus pais, agravar qualquer problema simples.Depois de muita insistência, e de planejar argumentos convincentes, Wilson Madeira enf m embarcava para o Brasil. Já no aeroporto, ele conheceu seus amigos, que agora são seus companheiros há cerca de dez anos. Em CuriƟba, foram instalados no InsƟtuto Paranaense de Cegos e aprenderam a se locomover pela cidade, sempre com a uƟlização de uma bengala. O próximo desaf o seria aprender a ler e a escrever pelo método Braille, alfabeto convencional que tem os caracteres indicados por pontos em alto relevo. De acordo com Wilson, seis meses foram suf cientes para uma alfabeƟzação completa. Além do Braille, eles aprenderam, também, um modo de conhecer a matemáƟca. Isto foi possível graças à técnica chamada Soroban, instrumento que auxilia na realização de contas. Feito isto, todos os angolanos foram matriculados em colégios estaduais da capital, em séries condizentes com suas capacidades. Wil tornou-se aluno do Colégio Estadual 19 de Dezembro.Desde o início, o angolano parƟcipou de classes inclusivas. Ele sempre era o único cego na sala de aula. Com o Ensino Médio concluído, havia chegado a hora de fazer uma das escolhas mais decisivas de suas vidas: para que curso prestar vesƟbular. Alguns escolheram Jornalismo, um faz Ciências PolíƟcas, outros optaram pelo >>>

Wilson f cou cego após um inimigo político de seu pai entregar a ele e aos primos

uma granada, com a desculpa de que

seria um brinquedo. Os primos de Wil

morreram

Page 13: Revista Revira Mix

CAPA

Direito e Wil está quase se formando em Psicologia. O vesƟbular foi realizado com a políƟca de inclusão, com um professor aplicando a prova oral. Aliás, este é o modelo preferido de Wil de resolver provas. De acordo com ele, é assim que ele consegue dissertar mais sobre as questões, já que pela escrita ele tem medo de errar, em razão dos dialetos, que são por vezes diferentes em Angola. Na faculdade, Wil também é a única pessoa com def ciência visual da classe. Segundo ele, isto não representa problemas. Mas ele tem um lamento: a insistência em apelar para que os conteúdos a ele cobrados não fossem mais “leves” do que os pedidos aos outros alunos. “As pessoas têm mania de supervalorizar ou menosprezar os cegos. Mas nós somos pessoas normais, só não enxergamos. Todo mundo tem alguma def ciência! Mas nas outras pessoas ela pode ser vista nos transtornos psicológicos, no egoísmo, por exemplo”.Ele deixa um recado a todos os professores que trabalham com alunos de forma inclusiva: “por favor, nunca tratem um def ciente visual como um super-homem, nem também como um homem sem capacidades. Trate apenascomo uma pessoa”.A inclusão na faculdade acontece, também, na biblioteca. Quando precisa de um livro, Wilson solicita e, quase que imediatamente, o recebe em modelo digital. O computador, aliás, é um grande aliado dos cegos atualmente. Comandos de voz facilitam bastante suas vidas. Wil, por exemplo, adora internet e redes sociais.Quando se fala em formatura, o grande sorriso f ca visível e

a alegria é inevitável. Ano que vem, Wilson Madeira, detentor de toda uma história de lutas e superações, se tornará um psicólogo. E a escolha pelo curso de Psicologia? Ela é advinda da história de guerra na África. Ele tem um amigo que, em batalhas, perdeu a visão e um dos braços. Hoje, quando ouve

fogos de arƟİ cio, elesente um medo tremendo, a ponto de procurar um local para se esconder. Sabendo que muitos ex-soldados sofrem com traumas pós-guerras, Wilson Madeira escolheu trabalhar como psicólogo para tentar acalmar e acalentar mentes e corações sofridos.

Wil: “sou estudante e futuramente quero ser psicólogo, quero ser presidente de Angola”

13

>>>

Page 14: Revista Revira Mix

Refúgio na música

Wilson Madeira tem mais dons, além do da superação e da inteligência. Ele é um exímio cantor e toca múlƟplos instrumentos. A forte ligação musical começou em Angola. Lá, ele cantava na igreja e compunha canções evangélicas. “O povo angolano é Ɵpicamente musical. Faz parte do nosso dia a dia lá. Apesar das guerras, das doenças e da tristeza, lá a música serve para matar a fome, para amenizar as dores”.Quando veio para o Brasil, Wil subsƟtuiu os batuques em latas por acordes gostosos de se ouvir. Ele teve contato direto com instrumentos no InsƟtuto de Cegos e logo aprendeu a tocá-los sozinho. Mais tarde, ganhou a oportunidade de fazer aulas de música. As canções serviram, também, para que os novos moradores do insƟtuto relembrassem sua tão amada

terra. “Cantores de Angola”, grupo por eles formado, já fez diversas apresentações e conƟnua na aƟva, mas agora com mais calma devido aos estudos. “Sempre gostei de música, mas lá eu não Ɵnha instrumentos. Fazia batuque nas latas”.

Quando viu a oportunidade de vir para o Brasil, Wil sonhava em ser músico. Ele achava que esta seria uma forma de crescer na vida. E foi graças a este grupo que Wil e os outros angolanos que dividem a casa com ele puderam voltar a Angola. Como quem os mantêm no Brasil é o governo angolano, em certo ano - que Wil não consegue

ou não quer recordar -, eles voltaram ao país para cantar no aniversário do presidente. Até então, praƟcamente nenhum deles Ɵnha manƟdo contato com os familiares porque o país ainda estava em guerra e as famílias se mudavam constantemente. Mas, visto que uma televisão transmiƟa a apresentação, eles usaram a oportunidade para se apresentar e fazer um apelo aos familiares. Eles pediram para que seus pais entrassem em contato. Uma amiga da mãe de Wil estava na plateia e ligou para ela, que também assisƟa à TV. Foi quando uma comunicação pode ser realizada. Com o número do telefone do hotel em que Wil estava hospedado, sua mãe ligou. De acordo com o angolano, ela estava muito emocionada e chorava bastante. Claro, a saudade estava apertada demais e as incertezas pairavam no ar até aquele momento. Porém, algo chamou a atenção da

O braile é fundamental para Wilson absorver conhecimento no curso de Psicologia

“Se o gênio da lâmpada aparecesse e me desse o direito a três pedidos, voltar a enxergar não seria um deles. Meus olhos são cegos, mas eu não sou”

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20

CAPA

desconf ança de Wil: quando perguntou por seu pai, foi avisado de que ele Ɵnha saído de casa. Mas, segundo o angolano, pessoas cegas contam com uma sensibilidade muito grande e elepercebeu que algo estava errado, mas preferiu não comentar para não estragar o raro momento de conversa com a mãe. Ele apenas a confortou e pediu para que fosse manƟdo o delicioso contato.Uma visita não foi possível, porque o tempo era curto e os locais eram distantes. Assim quevoltou ao Brasil, Wil telefonou para a mãe e, novamente, perguntou pelo pai. Recebeu a mesma desculpa. Mas, desta vez, a insistência venceu e a

temida – mas verdadeira – resposta f nalmente foi dada: no dia em que estava em Angola, no aniversário do presidente, o pai de Wil estava sendo velado. As condolências estavam sendo levadas no mesmo instante em que Wil e sua mãe se reencontraram, mesmo que por telefone.As lamentações é que f cam, já que, como está muito tempo no Brasil, Wilson não teve contato recente com o pai. É por este moƟvo que ele insiste em dizer que não voltou mais a Angola após a mudança para o Brasil. Talvez como forma de evitar mais dores, ou por não poder considerar uma volta, ele prefere omiƟr tal fato. O contato com a

mãe é manƟdo pelo menos uma vez por mês, já que a ligação é cara. Internet já chegou em Angola, mas são poucas as pessoas que contam com o acesso.Mas aqui no Brasil a vida segue e, como sonhar não exige esforço, tampouco pagamento, Wil o faz com muito gosto. “As pessoas me perguntam: Wilson, o que você faz? Eu respondo: sou estudante e futuramente quero ser psicólogo, quero ser presidente de Angola”. Ele não se designa como músico porque esta não é sua prof ssão. “Eu sou Wilson e a música faz parte de mim. A música é um dos componentes do Wilson”.

Angola pós-guerra/Agência Brasil

Em novembro de 2003, angolanos jogavam futebol em área que servia de abrigo a refugiados na guerra

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ESPORTE

O mar é para todosONG ADAPTSURF abre as portas do surf para pessoas com deficiência, estimulando força de vontade, melhora da autoestima e o cuidado com o meio ambiente

Fernanda af rma que, em cima de uma prancha, é possível vencer a def ciência física. Ela nasceu com uma má formação na mão esquerda

Um Ɵro. Foi este o divisor de águas na vida de Henrique Saraiva. Surf sta, amante e praƟcante

assíduo do esporte, ele se viu, em 1997, víƟma de uma lesão medular. O fato aconteceu durante um assalto. O repouso quase que total foi inevitável. Mas, após muitas cirurgias e incontáveis sessões de f sioterapia, no ano 2001, ele se viu novamente em cima de uma prancha. Os maiores incenƟvos vieram do surf sta e amigo Marcos Sifu, que o convenceu a retornar a surfar com uma prancha kneeboard (surf de joelhos). Os resultados, como eram de se esperar, foram surpreendentemente instantâneos e defniƟvos. “O surf melhorou minha autoesƟma. Ajudou e ajuda muito na minha recuperação motora, além de fazer bem para minha coluna. Se eu f co um tempo sem surfar, sinto mais

dores. E é muito bom ter o contato com a natureza e praƟcar um esporte junto com meus amigos, deigual para igual”.Visto que o resultado era o progresso, surgiu em 2007 a ideia deproporcionar essa experiência para mais pessoas. Com o casal de amigos Luiz Phelipe Nobre (f sioterapeuta) e Luana Nobre (professora de Educação Física), idealizaram e fundaram a ADAPTSURF. “Tivemos a ideia durante uma entrevista para uma pesquisa na faculdade de Educação Física em 2006. O tema era esporte adaptado. Não Ɵve dúvida em escolher a história do Henrique,que já era um grande surf sta adaptado. Surgia naquele momento a ADAPTSURF”. A Associação Adaptação e Surf (ADAPTSURF) é uma enƟdade sem fns lucraƟvos, formada por um grupo de pessoas com os mesmos ideais, cuja missão é, segundo

os idealizadores, é “promover a inclusão e a integração social das pessoas com def ciência ou mobilidade reduzida, garanƟndo igualdade de oportunidades e acesso ao lazer, esporte e cultura, através do contato direto com a natureza”. Com a proposta de desenvolver e divulgar o surf adaptado para pessoas com def ciências, lutar pela preservação da natureza e por melhorias na acessibilidade das praias, a ADAPTSURF acredita que o surf pode ser uma excelente ferramenta nas questões sociais, culturais e ambientais. Isso por se tratar de um esporte saudável, democráƟco e de total interação com a natureza.Unindo superação, saƟsfação e os presentes que a natureza proporciona, o surf adaptado tem se mostrado um excelente aliado na reabilitação de pessoas com algum Ɵpo de def ciência. Além

Luana Nobre

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dos beneİ cios İ sicos e mentais, ele é capaz de proporcionar momentos de conquistas e desafos. A modalidade encontra-se ainda em desenvolvimento, sem muita divulgação, mas já conquistou adeptos no mundo todo. A enƟdade reúne atualmente 40 surf stas, as aulas são gratuitas e acontecem aos sábados no Posto 2 da Praia da Barra da Tijuca, das 9h às 14h, e aos domingos no Posto 11 da Praia do Leblon, das 9h às 14h, ambas no Rio de Janeiro. Os alunos contam com a ajuda de voluntários como instrutores e da total atenção dos fundadores. Além das aulas práƟcas, eles convivem com ensinamentos comuns ao esporte, como a importância de manter uma boa alimentação e de preservar a natureza. Paralelamente, a ADAPTSURF desenvolve projetos

que visam melhorar as condições de acessibilidade dos litorais. Com algumas mudanças no acesso às praias é possível levar qualquer pessoa ao contato com o mar, a areia e com as ondas, garanƟdo, assim, lazer e diversão a todos. A “Praia Acessível” acontece durante todo o ano, desde 2008, com uma equipe de prof ssionais especializada, esteiras Mobi-Mat e cadeiras anİ bias - uƟlizadas pelas pessoas com mobilidade reduzida para facilitar a entrada e saída do mar e para o deslocamento pela areia. Não aceitar a condição de vida, quando comparada a de outras pessoas, é comum em quem adquire alguma def ciência İ sica. Assim, duas saídas para isto são o engajamento e a determinação. Foi isto que fez Fernanda Tolomei, de 20 anos, estudante do úlƟmo período de Psicologia da PonƟİ cia

“Quando senti as duas pernas em pé, pensei que estava vencendo a minha def ciência.

Eu podia estar em casa, quieta, sofrendo, mas estava na praia, em contato com a

natureza”

A cadeira anfíbia é um importante meio para que cadeirantes possam aproveitar o mar

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ESPORTEUniversidade Católica (PUC/PR). Para ela, a má formação da mão esquerda nunca foi obstáculo. Surf sta desde os 15 anos, Fernanda passou a praƟcar o esporte aparƟr do momento em que ganhou uma prancha de presente de aniversário. Sua mãe, Regina Tolomei, fotógrafa voluntária da ADAPTSURF, viu na televisão o anúncio sobre as aulas de surf e moƟvou a f lha a ingressar nas aulas. “Sempre foi meu sonho surfar. Ganhei uma prancha quando Ɵnha 15 anos e comecei a ter aulas, mas eu Ɵnha dif culdades em remar e em

me apoiar para f car em pé na prancha. Só fui conseguir mesmo quando conheci a ONG em 2010. Em apenas duas aulas já f quei em pé e aprendi a surfar mesmo”. E ela não esquece a primeira onda que “pegou”. “Foi uma das melhores ondas da minha vida. Quando senƟas duas pernas em pé, pensei que estava vencendo a minha def ciência. Eu podia estar em casa, quieta, sofrendo, mas estava na praia, em contato com a natureza”. Outros dois grandes incenƟvadores Ɵveram papel fundamental na força de

Fernanda: seu pai, Sérgio, e seu irmão, Felipe. Agora, ela atua diretamente nos projetos da ADAPTSURF como estagiária de Psicologia, além de ser coordenadora de estágio da ONG. “Tudo é possível desde que haja força de vontade, e o esporte é uma abertura. Vale a pena se dedicar, pois def ciência não é sinônimo de incapacidade. Seria bom que todos conhecessem a ADAPTSURF para concluir isso”. Mas a estudante não para por aí. Ela deixa um convite para que mais pessoas possam parƟcipar do projeto e, assim como ela,

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Para ser voluntário, aluno, associado ou participar da Praia Acessível,

basta acessar osite www.adaptsurf.org.br e enviar um e-mail para a equipe

melhorar a qualidade de vida. Para ser voluntário, aluno, associado ou parƟciparda Praia Acessível, basta acessar o site www.adaptsurf.org.br e enviar um e-mail para a equipe. Segundo Fernanda, esta é uma excelente oportunidade para conhecer surf stas que, além de atletas, representam um grande exemplo de vida e fazem todos os fundadores do ADAPTSURF concordarem: “o esforço de cada um deles é a principal moƟvação para a enƟdade seguir adiante”.

Pegando onda, um dos fundadores da ONG, Luiz Phelipe Nobre

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tantes em nosso meio, produtodo consumismo excessivo des-necessário, tornando-se um ciclovicioso, que vai passando de paiparaf lho.Muitos fatores estão em jogo nes-se processo: crianças pedem, paiscompram. Vários pais jovens agemsemelhantemente como seus paisagiam. E nesse ciclo, onde o “ter”ganha mais força do que o “ser”,nossas crianças e jovens desfru-tam do conforto de hoje sempensar no amanhã. São reforçadosposiƟvamente a estas aƟtudes,pois tudo isso leva a consequ-ências aversivas a longo prazo,principalmente em se tratando deadolescentes, sendo uma de suascaracterísƟcas o “imediaƟsmo”, oagora.Um dos desafos da escola étornar essas novas gerações mais

conscientes, talvez até mais doque seus familiares. Uma das pre-ocupações da educação ambientalé ensinar sobre a sustentabilidade,ou seja, interagir com o mundosem comprometer os recursosnaturais esgotáveis das geraçõesfuturas. Entretanto, estamos maispreocupados com o hoje, como aqui e o agora, em comprar,consumir e uƟlizar o que ainda nosresta.Para mudar este quadro, as insƟ-tuições de ensino podem atuar deforma signif caƟva, com resultadosvisíveis e atraƟvos. Não há melhorespaço do que o cenário escolarpara “brincar” de cuidar do meioambiente. Um “brincar” que setorna realidade para os pequenosno coƟdiano da escola. E as tarefaspodem ir além da horƟnha, dasforeiras e da composteira. O cená-

rio da escola pode ser sustentávelnum todo, não apenas nas amos-tras dasfeiras de ciências. Então,por onde começar?

Reforço posiƟvo

Não há aprendizagem signif caƟvasem interação e sem resultadosconcretos e visíveis para quemestá aprendendo. A mudança decomportamento pode surgir aparƟr de aprendizagens por meiode reforços posiƟvos, ou seja,pessoas aprendem e se compor-tam de forma diferente quandosão reforçadas posiƟvamente, issoquer dizer recompensadas comresultadosagradáveis. Podemosensinar nossos alunos, expondo-os a situações reais, dando-lhesa oportunidade de interagir epresenciar os resultados.

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Na escola, o projeto de educaçãoambiental deve sair do papel, doprojeto políƟco pedagógico, efazer parte da realidade coƟdianadas aulas.Pode ser estruturado a parƟr deuma abordagem transversal, comtrabalhos em diversas disciplinas,com envolvimento de todos osprofessores, alguns teoricamente,outros na práƟca, ultrapassandoas salas de aula e mesmo os mu-ros da escola. Em todas as áreasdo conhecimento, em todos osplanos de ensino dos docentes,questões ambientais podem estarpresentes, “recheando” os tópi-cos principais que fazem parte dagrade curricular obrigatória.Muitas outras ações podem serdesenvolvidas. Por que não proporum passeio diferente aos alunoscom o intuito demostrar quenem tudo que se deseja é possívelcomprar? Que eles podem apenasapreciar, compreendendo quehá momentos adequados paraaquisição de tais produtos? Quetal levá-los a uma loja de brinque-dos, de celulares, computadores,entre outras, para que analisem eplanejem as suas futuras compras

de acordo com a necessidade?Outra opção é levá-los a estabele-cimentos e usinas de reciclagem,não apenas de materiais variados,mas também de produtos especí-f cos, tais quais aparelhos eletrô-nicos. Isto porque estes lugaresdemonstram, na práƟca, comoo trabalho é árduo, para que osnossos rios, solos, ar, fauna,f orae todos os recursos naturais sejamparcialmente poupados e menoscontaminados.Mostrar concretamente a reali-dade de muitas famílias carentes,que almejam o mínimo necessáriopara sobreviver, pode, também,contribuir de forma relevante paraa conscienƟzação sobre a dif cul-dade do “ter” e o valor do “ser”.Projetos que se apoiem em fun-damentos como gastar apenas onecessário, poupar, reuƟlizar, doar,reciclar, podem ser desenvolvidosdurante todo o ano leƟvo, envol-vendoaparƟcipaçãodospaisedacomunidade. Palestras realizadasna escola podem somar no pro-cesso de aproximação com os paise fazer deles nossos aliados nodesafo da educação ambiental,amenizando exemplos vindos das

fa-mí-liasquecon-tradi-zem osconcei-tos ensina-dos em sala deaula, trazendo resulta-dos saƟsfatórios, com mudan-ças signif caƟvas para todos.Nos projetos desenvolvidos, oste-mas podem relacionar os sonhosindividuais, projetos de vida e de-senvolvimento humano, levandoem consideração asnecessidadesatuais de nosso ecossistema.Outro desafo para iniciar qual-quer programa de educaçãoambiental é a formação dos pro-fessores. Como exemplo vamospensar em um professor que nãolê. Como ele pode incenƟvar seusalunos a essa práƟca? Da mes-ma forma um professor que nãosepara o lixo para a reciclagem, oumostra-se um especialista na artede consumir, como poderá tentarensinar seus alunos a aƟtudesconscientes e sustentáveis?

MEIOAMBIENTE

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Diante disso, mais um desafo estáem foco: a formação dos docen-tes. Nada melhor do que umaformação constante em serviço,proporcionada pelos gestores(pedagogos e diretores), com oobjeƟvo de orientar, ensinar ecomplementar a formação inicialdestes prof ssionais.A sugestão é que as escolas come-cem com um trabalho de refexãoentre os professores, promovendodiscussões de valores e aprofun-dando questões éƟcas dentro daescola, buscando reduzir a infu-ência sobre os alunos no que dizrespeito a aƟtudes excessivas deimpacto ambiental. Os professoressão personagens importantes naformação das crianças e adoles-centes. Eles servem como exem-plos a serem seguidos por muitos.Outro modo de levar o conteúdode qualidade para as escolas é pormeio de parcerias com pessoase órgãos envolvidos na questão(ONGs, insƟtuições e outras esco-las, ambientalistas, etc.), buscandoproximidade com todos que seinteressem.Projetos de leitura também obtêmbons resultados. A escola podeincluir em seus acervos livros queabordem temas de educaçãoambiental, e que os conteúdos dasleituras realizadas por todos da es-cola (alunos, professores, gestorese funcionários) se concreƟzem pormeio de ações coƟdianas.Todo aprendizado impacta as fa-mílias, e as novas gerações podemtornar-se mais conscientes do queas anteriores. Com isto, o ciclovicioso do consumo inconscientepode vir a diminuir signif caƟ-vamente, principalmente se asescolas invesƟrem nesse conheci-mento.

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NUTRIÇAO

BONSHÁ BITOSA L IM ENTA RESA

liados p

ara

Balas, pirulitos, chicletes, chocolates, refri-gerantes, pizzas. É grande a lista de gulosei-mas que trazem sensação de prazer. E ela éainda mais prazerosa para crianças. Em um

primeiro momento, o quesƟonamento é: devemosbani-las da dieta? Desde que estes alimentos sejamconsumidos moderadamente, isto nem sempre sefaz necessário. Isto porque eles podem representardanos à saúde de forma global, dentre eles a obesi-dade, doença de incidência cada vez maior nas maisvariadas classes econômicas.A obesidade pode decorrer de fatores genéƟcos,ambientais e psicossociais, sendo comum a intera-ção entre a predisposição genéƟca e fatores am-bientais. Comer de forma excessiva e baixos níveisde práƟca de aƟvidadeİ sica são fortes aliados daobesidade.O ganho excessivo de peso é um dos problemasmais sérios para a saúde de crianças e adolescentes.QuanƟdades excessivas de peso na infância são res-ponsáveis pelo risco de desenvolvimento de sériosproblemas de saúde na vida adulta.Crianças que ganham mais peso em um ano do que

os níveis adequados para a sua altura, idade e sexopodem vir a desenvolver obesidade.O controle geralmente é realizado medindo-se oÍndice de Massa Corporal (IMC). Este processo éuma variação do IMC usado para adultos, realizadopelos prof ssionais da saúde, para determinar se oganho de peso de uma criança esta adequado. O ín-dice é calculado e comparado com os de outros damesma idade. Dependendo do resultado dos IMCs,as crianças podem ser consideradas obesas ou comrisco de sobrepeso. Há casos, entretanto, em queos resultados indicam níveis abaixo do peso ideal.Certamente que a dieta alimentar, aliada à práƟcade aƟvidadesİ sicas, é um dos fatores responsáveispara tais resultados.A cultura do “melhor prevenir e não remediar”parece estar longe de se tornar realidade coƟdia-na para a maioria das pessoas, principalmente noque diz respeito a hábitos alimentares. Por isso, éimportante ter em mente que dietas para reduziro peso em crianças podem ser consideradas arris-cadas. Trata-se de indivíduos que estão em fase decrescimento e cujas necessidades nutricionais são

Andréa Semião

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Pais e professores, juntos, podematuarna reeducação alimentar das crianças,

prevenindo doenças e auxiliando em umamelhor qualidade de vida

“Alface, tomate, beterraba, berinjela [...].Provavelmente são alimentos que não

agradam muitos paladares. Mas por que nãotentar? Crianças tendem a imitar os maisvelhos e esta é uma boa oportunidade para

alcançar este objetivo”

diferentes das de adultos. Crianças com obesidadeprecisam de dietas especiais, prescritas e supervi-sionadas por especialistas em nutrição.

Reorganização alimentarDurante os anos escolares, os pequenos tornam-semais abertos a escolhas alimentares. A fase pré-escolar é o momento favorável para a formaçãode bons hábitos alimentares, na medida em quenovos sabores, texturas e experiências sensoriaissão introduzidos. Por outro lado, muitas criançasfazem escolhas alimentares sem a supervisão de umadulto, o que pode ocasionar diferentesƟpos deproblemas nutricionais.Neste contexto, a escola possui papel fundamental,podendo, perfeitamente, modelar comportamentose aƟtudes sobre alimentação saudável, inserindo oassunto na sala de aula.IdenƟf car o estado nutricional das crianças paratraçar metas de prevenção, assim como fazer uso daeducação nutricional para promover a saúde, sãopapeis importantes da escola, uma vez que grandeparte das crianças passam períodos integrais nela,

Fotos: Mari Carvalho

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NUTRIÇÃO

sob a supervisão dos prof ssionais da própria insƟtuição.Já é realidade em algumas escolas a presença de equipamentos como balança digital, antropômetro, estadi-ômetro portáƟl ef ta antropométrica. Além dos indicadores uƟlizados para idenƟf car o peso e o IMC poridade. A educação nutricional também faz parte dos currículos de algumas escolas, construindo uma pontecom os pais, envolvendo-os nas aƟvidades, para que possam contribuir saƟsfatoriamente na prevenção deproblemas nutricionais futuros de seusf lhos. A integração escola e pais é, inclusive, de suma importânciapara alcançar bons resultados sobre hábitos alimentares saudáveis e preservar peso e saúde provenientesda alimentação.Por isso, especialistas em gerenciamento de peso recomendam algumas medidas a serem tomadas porpais. Consequentemente, os cardápios de escolas mudam gradaƟvamente seus padrões alimentares. Asmedidas sugeridas incluem o fornecimento de grande quanƟdade de vegetais, frutas e grãos integrais;a limitação do consumo de açúcar, gordura saturada, vegetais e frutas adoçados com açúcar; a inclusãode carnes magras, frango, peixe, lenƟlhas e feijões como fonte de proteínas; o incenƟvo na ingestão debastante água; a limitação do tempo de TV, computador e videogame; ofornecimento de porções de tamanho suf cientes; e a inclusão de leite ederivados semidesnatados ou desnatados.Nas escolas, medidas simples podem mobilizar e contribuir para mu-danças nos padrões alimentares, no intuito de conscienƟzar sobre osperigos do baixo peso e do sobrepeso. Essas medidas podem incluirorientações e avisos constantes aos pais sobre o diagnósƟco nutri-cional dos alunos; palestras para pais e comunidade com prof ssio-nais especializados; envolvimento dos alunos em diversas aƟvida-des sobre alimentação; feiras de ciências sobrenutrição; entre muitas outras. As escolas quejá desenvolvem projetos voltados ao tema daeducação nutricional certamente contribuemem ações de promoção da saúde e prevençãode doenças relacionadas a obesidade.Alface, tomate, beterraba, berinjela, cebola,alho, quiabo, agrião, espinafre. Provavelmentesão alimentos que não agradam muitos paladares.Mas por que não tentar? Crianças tendem aimitar osmais velhos e esta é uma boa oportunidade para alcançar esteobjeƟvo e, até mesmo, para que muitos pais possam modif -car seus hábitos.Como forma de caƟvar as crianças, as escolas podemenvolver seus alunos em tarefas desaf adoras no quesitonutrição. Dentre elas está a seleção e preparo de receitasculinárias realizadas pelos próprios alunos. Além disso, eles po-dem fazer a degustaçãode alimentos diversos e pesquisar rótulos infor-mativos com a tabela nutricional de alimentos. Além disso, a escola podeabrir espaço para que os alunos realizem pesquisas em seu interior, comoa preferência do lanche, entrevista com as “tias” da cozinha, com os pais eoutras pessoas que lhes despertarem o interesse.É importante que escolas avaliem seus alunos para, a partir dos dadosapresentados, consigam implementar estratégias de intervenção e atitudesvoltadas à realidade nutricional e de hábitos alimentares de seus alunos.Mudar costumes não é tarefa fácil, mas não é impossível. Em se tratandode crianças e adolescentes, o desaf o pode ser maior ainda, mas os resulta-dos são muito satisfatórios.

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EDUCAÇÃO

DIREITO

GARANTIDOPortadora de Síndrome de Down, Bruna Natasha cursa o nono ano do Ensino Fundamental e é um exemplo concreto de inclusão social

Fotos: Carol Moretti

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Aeducação inclusiva dentro e fora das

escolas trouxe questões que merecem

ser debaƟdas. “Desestabilizar” e “de-

sacomodar” criaram situações que nos

f zeram pensar e perceber que, mesmo sem alunos

com necessidades especiais dentro da sala de

aula, havia os excluídos. Encontrar soluções para

que todos possam aprender e buscar saídas para

necessidades individuais, nada mais é do que uma

educação com qualidade para todos.

Segundo o ArƟgo 205 da ConsƟtuição, a educação

é um direito de todos e um dever do Estado e da

família. Ela consegue entrar em uma condição apta

de ser executada caso seja promovida e incenƟ-

vada pela sociedade. Para isto, as pessoas devem

visar pleno desenvolvimento do ser humano.

Um exemplo de sucesso é a aluna Bruna Natasha,

de 16 anos. Portadora de Síndrome de Down, ela

é fruto de uma inclusão que está dando certo. Ela

e a mãe, Beatriz, nadam contra a forte corrente-

za de dif culdades. Bruna está inserida no nono

ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual

Tiradentes, com todas as leis que a protegem e lhe

garantem um aprendizado dentro e fora da escola.

A menina tem atendimento especializado do Es-

tado na sala de Recursos MulƟfuncional I, que lhe

garante apoio dentro da escola (com professores,

alunos e escola em geral).

Mas foi sua desenvoltura com câmeras fotográf cas

que chamou a atenção. Por ter muita expressão

corporal,Bruna parƟcipou da propaganda para a

Associação Reviver Down, juntamente com o Co-

riƟba Futebol Clube. Além disso, passou por uma

sessão de fotos com a fotógrafa de São Paulo, que

hoje mora em CuriƟba, Carolina Moreƫ .

Bruna é a prova de que a criaƟvidade tem que ser

respeitada e descoberta. Ela vem para desabro-

char, embelezar a sociedade com força de vontade,

garra e muita luta. Vamos seguir em frente que

este show não pode parar! Conf ra as fotos de

Bruna.

Emanuelle Richter da Luz

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ARTIGO

Muito se fala em “inclusão”. Mas, afinal de contas, o que é “incluir”? O termo, em nosso contexto, significa aprender com as diferenças, interagir com o meio, estar atento com as dificuldades e potencialidade e fazer novas descobertas. E para que uma aprendizagem significativa ocorra em sua forma efetiva e rica, só é possível fazê-la na medida em que valorizamos o outro, tendo em vista que cada um conta com suas características e particularidades.A inclusão só é apta a acontecer quando toda a sociedade e as escolas romperem bar-reiras. Estudos demonstram que a segregação está inerente no ser humano devido a uma cultura pré-existente preconceituosa. Fazer com que uma sociedade se torne inclusiva é um processo que contribui para quebrar barreiras e enfrentar conflitos. Isto nos desesta-biliza, com a finalidade de refazer o velho e construir um novo. Isto, por sua vez, pode nos parecer um tanto quanto impossível.O problema nem sempre está no indivíduo. Ele pode estar em seu contexto familiar, escolar e também social. Vamos conviver com as diferenças e darmos chance para to-dos exercerem a construção da cidadania e juntos construirmos uma sociedade justa e solidária.

*Tereza Cristina Richter é professora especialista em Educação Especial e psicopedagoga

Desafio

Foto: Emanuelle Richter da Luz

*Tereza Cristina Richter

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Revi aRmix

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