revista petrópolis

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Gastronomia: Os sabores da Cidade Imperial Petrópolis Rio de Janeiro Novembro 2009 Distribuição Gratuita Nº 09 Confira a Programação Cultural A Revista da Cultura e do Turismo pág. 5 Quem foi Barão do Rio Branco [] + Tesouros da Arquitetura: pág. 08 Casa da Ipiranga Entrevista: pág. 10 Claudia Mascarenhas Serenata: pág. 12 Poesia cantada ao luar Vem aí o IX Petrópolis Gourmet pág. 14

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Revista Petrópolis

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Page 1: Revista Petrópolis

Gastronomia: Os sabores da Cidade Imperial

PetrópolisRio de JaneiroNovembro 2009Distribuição Gratuita

Nº 09Confira aProgramação Cultural

A Revista da Cultura e do Turismo

pág. 5

Quem foi Barão do Rio Branco

[ ]+Tesouros da Arquitetura:

pág. 08

Casa da Ipiranga

Entrevista:

pág. 10

Claudia Mascarenhas

Serenata:

pág. 12

Poesia cantada ao luar

Vem aí o IX Petrópolis Gourmet

pág. 14

Page 2: Revista Petrópolis
Page 3: Revista Petrópolis

o grito de liberdade dos negros

1888

Zum

bi

liberdade Ganga Zumba Princesa Isabel

música

Dom Pedro I

Consciência Negra

literatura

“Mil tronos houvera, mil tronos perderia se esse fosse o preço da libertação de uma raça”

Consciência Negra

quilombo história

história

abolicionistas

Lei Áurea

Dom Pedro I

liberdade

moda

pintura

negros

Zumbi

Lei Áurea

centro cultural

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 03

Dom

Ped

ro I

I

Semana da nsciêni Co a Negra:

Pe is cioni tatrópol Aboli s

Houve um tem o p

e que a luta pela m

a b o l i ç ã o d a

escravidão n Brasil o

era contada dando-se

ênfase a ap nas um lado e

dessa História, assim com H maiúscu o. Podemos l

ch má-la e versã oficial m q e aparecem como a d o e u

figuras de proa a Princesa Isabel, Dom edro II e o

P

róprio Dom Pedro I. Este último, em artigo p

publica o sob pseudônimo em jornal da época, d

manifestav su posição contrária afirmando que a a a

escr vi ão corrompia não só e cravo, m s a d o s a

também o senh r. Ped o II deixava c aro que s u o r l e

melhor presente em suas visitas às fazendas Brasil

afo a era a lfo ria de gr pos de scr vo . Nossa r a r u e a s

I ab l foi m is que taxativa: “Mil tronos h uv ra m l s e a

o e , i

tronos perderia se esse osse o preç d li ertação f o a b

de uma raça”. Foram, de fato, além do discurso nas

me idas e l is aboli ionistas. Tanto assi o foi q e d e c m u

não mais ue 5% as pessoas e ori em africana q d d g

ainda eram esc avas quando a L i Áurea fo r e i

assinada e 1888. E não foi uma luta fá il da família m

c

imperial contra boa p rte da lasse dirigen e a c t

escravoc ata. É importante que e digar s .

A outra ver ão, mais recent , se insurge co tra s e n a

a terior ch mand tenção para o ato histórico da n a o a a f

rebelião dos neg os de de o in cio do tempos r s í s

coloniais, ainda n éculo XV I Acusav rim ira o s I . a a p e

versão de omitir a luta heróica d povo negro por sua o

liberdad . Tudo se passava como um er ato dee

m o

lib ra idade do a dar d cima, digam s assi . P or: e l n e o m i

era co o se os negros tivessem ac ita o a m

e d

escravidão com uma atitu e de passividade. Nadad

mais equiv ca o. Os quil mbos, aqueles te ritó ios o d o r r

ivres onde os af icanos se auto ov rn va , datam l r g e a m

do século XVII Em P lmares surgem as gran es . a d

figuras de Zu bi e Ganga Zumb , que preferiram a m a

mor e à e ravidão. Com maior ou menor t sc

intensidade, os quilombos, o grito de liberda e dos d

negr s, marcaram os a h stór a ao longo dos o n s i i

tempos coloni is e ambém dura te o eríodo pós-a t n p

independência até 1888. No Leblon, ba rro do Rio de i

J , o es ia aneiro pouc ant da abolição, hav um

u l b q ra ro zi s m i s q i om o em ue e m p du da ca él a

nv da r en r c I a . E s lae ia s dia iam te à P in esa s bel s a be

f en f a a li on t , q a t tlor id ti ic v os abo ci is as ue os en avam

la.na lape

s es e ia e at on nd a ór Qual das ver õ star d f o c ta o hist ia

d ue as em os o aí ? v d ,real o q se p sou n s p s Na er ade

a as e c pl t A v s is ili ads du s om emen am. i ão ma equ br a

a epo a ão s p a s v em c a dess pei n e ex lic em le ar onta s

ua s s s í e e, q em s dod s ver õe . Es a s nt s ue v en

r c he da ez m f jus a s ór àe on ci cada v ais, az tiç hi t ica s

o qu s ã à li d e f rças e e somaram em direç o ber ade d

no s ir os i r c . Cou es os mã de or gem af i ana be a les

l un en l ão de z r da pape f dam ta na geraç rique as o iun s

ú ar e af q ma c t ês s c s dedo aç c do c é ue r aram r é ulo

no s h ts a is ória.

o ês d no em o c le am S ma dN m e v br , e br os a e na a

o s n i Ne a a a riza C n ciê c a gra. Est sem na v lo a

r ui ão a an iv liz ç r r cont ib ç fric a à c i a ão b asileira at avés

d e en s p s r nu ho d r s te v to e ale t as m trabal e e ga e da

u i a n g m sm r e raa toest m e ra e e o b asil i . Como

u a a i Ca i a ) s mM h mm d Al ( ss us Cl y , e ta os

p oc ma pl pu s “ l k is ul”r la ndo a enos lmõe B ac beatif

“ et é t ) Nos a r li ão en ( Pr o boni o” . s Pet ópo s, t intimam te

lig f r de P r , I e t aada às igu as ed o I Pedro I e da r den or

l, s r i eir a r i o Isabe como emp e, fo pion a lfo r ando s

t s r da c ad o P ác e úl imo 103 esc avos id e, n al io d

C t m d a il e 88 a es 1 de airis al, e 1º e br d 18 , nt do 3 m o.

No c mp as t u á c er m f os s sa o d a it des pr ti as, a am a a

am da po no s u d o I oc inha s r s as r as e Pedr I c m o

ng ir gr nd é uç s ols s a o e enhe o ne o A r Rebo a , b i t d

im a S nt os la a ad om er asper dor. e ad do l o, c as p n

t s oi o e me inh m i es icada ap adas s br uma s a, ant nham

h d c v a r a o que c amavam e on ers de ame ic no.

A or av , e al igu s iv osb d am d igu para al, os mai d ers

un s E e e p o t en m ass to . ss ex mplo de res eit mú uo tre u

br c e n o r ic n is t f mí san o um egr f utif ou as v i as que a lia

e ol em ar m ernegras e d c onos al ães pass a a se faz

qu e . a t a ã o i ênc a na ele t mpo Que ess r diç o de c nv v i

c a t a e e a o nd osiviliz da se man enh s pr fu e em n sa

et ó s i em r t a ol io tP r poli mperial, d oc á ic e ab ic nis a

r o e. p ec c

pe R vi a Petrópo sEqui e st li

Editorial

Page 4: Revista Petrópolis

A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo MustrangiFUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi

JORNALISTA RESPONSÁVEL Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP)TEXTOS: Eliane Maciel e Isabela Lisboa

DESIGN GRÁFICO: Beatriz Galvão | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica SumaúmaCENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201

Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares

0 5

Tesouros da Arquitetura:

1 0

0 8

Capa:

1 2

1 4SUA AGENDA DE CULTURA TU ISME R O

ENCARTE COM APROGRAMAÇÃOCULTURAL DOMÊS DE NOVEMBRO

Casa da IpirangaPetrópolis:

Tradição Gastronômica

Serenata:

Barão do Rio Branco

Claudia Mascarenhas

Entrevista:

Bisbilhoteca:

Música como antigamente

Page 5: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 05

Construída em 1884 pelo financista José Tavares Guerra, a Casa da Ipiranga sempre

despertou curiosidade entre os turistas e moradores de Petrópolis.

Com 125 anos, a propriedade continua praticamente intacta – está entre as quatro

casas privadas em estado original do século XIX no Brasil, segundo o Ministério da

Cultura - guardando entre suas paredes uma bela história de amor.

Aberta à visitação desde 2006, a Casa da Ipiranga também oferece conce r t os mus i ca i s , t ea t r o , exposições e workshops através da ONG Casa da Ipiranga, presidida por Celso Vieira de Carvalho, bisneto de José Tavares Guerra.

Centro Cultural Casa da Ipiranga

Casa da Ipiranga:Aberta à visitação de quinta a terça-feira das 12h às 18h - Ingresso: R$ 6,00 - End.: Avenida Ipiranga, 716 – Centro

Mais informações: (24) 2231-8718 - Site: www.casadaipiranga.blogspot.com - E-mail: [email protected]

José Tavares Guerra era filho do Comendador

Luiz Tavares Guerra, importante exportador

de café e, por sugestão de seu padrinho, o

Barão de Mauá, ainda criança foi mandado à

Europa. Morou na Alemanha e aos oito anos

foi para Inglaterra, onde permaneceu até os

18. Voltou ao Brasil a pedido da mãe após a

morte de seu pai. Ao vê-la tomada de uma

grande tristeza, decidiu construir a casa como forma de

distraí-la e esquecer a solidão.

O projeto arquitetônico foi criado pelo próprio financista e

colocado em prática pelo engenheiro alemão Karl

Spangenberger.

Em estilo Queen Victoria, possui salões de festas com lustres

franceses – réplicas do Palácio de Versalles, na França -

espelhos de cristal belga, lareiras de mármore de Carrara e

cerca de 300 pinturas distribuídas por todos os cômodos da

casa. Foi a primeira casa em Petrópolis a ter luz elétrica, em

1896.

A parte mais curiosa está em seu exterior. Os lados

assimétricos, que conferiu a casa o apelido de “Casa dos

Sete Erros”, foi inspirada em um artigo escrito pelo inventor

da fotografia, o francês Joseph Nicéphore Niépce, onde ele

dizia que a beleza do rosto humano era medida pela sua

assimetria. Quanto mais diferente um lado do outro, mais

perfeito seria. Para Tavares Guerra a perfeição

estava na diferença.

Homem do mundo, durante toda a sua vida,

trouxe de suas viagens detalhes para embelezar

ainda mais sua casa. Excelente desenhista

retratava o que via e repassava ao pintor Carl

Schäefer que, durante dez anos, trabalhou para

Tavares Guerra pintando verdadeiras obras de

arte nas paredes e tetos da casa.

Este costume fez com que o teto do salão de

música se transformasse em um verdadeiro

álbum de viagens.

Rica em todos os detalhes, também fazem parte

da decoração elementos místicos e maçônicos, além de ter

sido toda construída na filosofia do Feng Shui, o que era

inédito para a época. Os anjos também estão por toda parte,

alguns com os rostos de seus filhos.

Em seu terreno, a Casa da Ipiranga ainda guarda outras

preciosidades. O jardim leva a assinatura do paisagista e

botânico Auguste Glaziou,

da Casa Imperial, sendo o

único em estado original

do Brasil.

Ao lado da residência

ainda há uma cocheira em

estilo Germânico, primeira

construção em Petrópolis

a possuir um relógio de

torre e onde, atualmente,

funciona um restaurante.

Texto e fotos: Isabela Lisboa

Todos os domingos, para a criançada, acontece “A Hora do Conto” com a atriz Rose Assis. No terceiro sábado de cada mês, concertos musicais clássicos e populares.

E a partir deste mês, quem visitar a Casa poderá ainda conferir uma exposição de móveis e brinquedos do século XIX. Imperdível!

Tesouros da Arquitetura

Assimetria em busca da perfeiçãoCASA DA IPIRANGA

Page 6: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06

A Prefeitura Municipal, através da Fundação de Cultura e Turismo,

reinaugurou no dia 04 de outubro, o Centro Cultural de Nogueira. A

iniciativa, que contou com o apoio do Proturno, faz parte do projeto

Estações Culturais, que visa transformar as antigas estações

ferroviárias em centros para levar arte, oficinas, música,

exposições, entre outras atividades, aos distritos de Petrópolis.

O Centro de Cultura de Nogueira é a segunda estação a ser aberta

novamente à comunidade. Em junho, após um longo período

desativada, o Centro de Cultura Celina de Oliveira Barbosa,na

Estação de Pedro do Rio voltou a abrir suas portas e, em apenas

quatro meses de funcionamento, já conta com mais de 400 alunos

inscritos em seis cursos totalmente gratuitos.

Além da exposição permanente sobre a história da estação, o

Centro de Cultura de Nogueira oferece também escola de

artesanato, aulas de xadrez, cursos de reciclagem, palestras e

eventos culturais diversos, como as “Tardes Literárias” e

exposições de artistas locais.

O Centro de Cultura de Nogueira funciona de terça a domingo das

9h às 18h.

Centro de Cultura de Nogueira reabre suas portas

Foto: Divulgação

Estações CulturaisEstações Culturais

Em comemoração aos 10 anos de existência da modalidade e do estilo de dança Hip-Boi, o grupo faz apresentação especial nos dias 26 e 27 de novembro às 20h30, no Theatro D. Pedro. Um show de beleza, alegria e magia, relembrará as coreografias que marcaram este trabalho pioneiro na região sudeste.

Os figurinos, cenário e iluminação são os grandes destaques da apresentação que levou o grupo a conquistar o tetracampeonato como “Melhor Grupo de Dança de Petrópolis”, no Prêmio “Os Melhores da Arte, Cultura e Lazer de Petrópolis, Edições 2006, 2007, 2008 e 2009”. O Hip-Boi também é vencedor de Prêmios Nacionais e Internacionais em Concursos de Dança.

HIP-BOI10 anos de garra, emoção, sangue, suor e paixão

Na seção Bisbilhoteca da Edição 08, trocamos o nome da avenida Imperatriz por Sete de Setembro e informamos, erroneamente, o nome da Academia Brasileira de Poesia.

Erramos:

Page 7: Revista Petrópolis

Petrópolis 2014 / 2016 – Perspectivas para o nosso Turismo

Promovido pela Prefeitura Municipal, o Seminário Petrópolis 2014 / 2016 – Perspectivas para o nosso Turismo, aconteceu no dia 23 de outubro, no Theatro D. Pedro, e debateu as propostas e diretrizes do Turismo que capacitarão Petrópolis para aproveitar as oportunidades oferecidas pela Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, com vistas a promoção do desenvolvimento da cidade.

Na ocasião, foram apresentadas a todos os participantes, a proposta do novo Plano Diretor de Turismo (Plano Imperial). A proposta está aberta à análise participativa de toda a sociedade no site www.petropolis.rj.gov.br .

Quem quiser enviar propostas e sugestões pode preencher o formulário que também está disponível no site ou diretamente na FCTP – Praça Visconde de Mauá, 305 – Centro, até o dia 23 de novembro.

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, a Prefeitura Municipal de Petrópolis, através da Fundação de Cultura e Turismo, promove de 16 a 20 de novembro uma semana inteira com uma série de eventos comemorativos. A cidade será invadida, em vários locais, por uma série de eventos gratuitos com muita música, danças folclóricas, cinema, palestras e exposição, homenageando e mostrando um pouco mais da cultura negra à população. Para saber onde e quando tudo acontece, veja a nossa programação cultural.

Semana da Consciência Negra

Aconteceu nos dias 21 e 22 de outubro, no Theatro D. Pedro, a I Conferência Municipal de Cultura, que teve como objetivo, colher sugestões e diretrizes da sociedade civil para consubstanciar o Plano Municipal de Cultura, adequando Petrópolis ao Sistema Nacional de Cultura, criado pelo MINC.

O Sistema busca a integração das ações e políticas culturais entre o governo federal, o estado, os municípios e a sociedade em geral.

Na ocasião, foram eleitos os delegados que irão representar Petrópolis na Conferências Estadual (no dia 15 de dezembro).

Conferência Municipal de Cultura

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 07

Page 8: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo08

Texto: Eliane Maciel

Fotos: Bruno Margiotta

etrópolis e gastronomia combinam, e não é de hoje. Antes mesmo da fundação da cidade, a tradição já se anunciava,

pelas mãos laboriosas de nosso primeiro grande empreendedor: o Padre Corrêa. Em sua fazenda, localizada no atual

distrito de Corrêas, o Padre criou um pomar com grande produção de frutos típicos de clima temperado, como cravos, figos,

jabuticabas, uvas, pêssegos, maçãs e marmelos. Também plantava café e milho. Muitas das mudas e sementes utilizadas vinham da

Europa e se adaptaram bem ao nosso clima serrano. A produção da fazenda dos Corrêa era disputada na Corte: algo que

surpreendia, naqueles primeiros anos do séc. XIX nos quais as distâncias eram multiplicadas pelas dificuldades de transporte e pela

ausência das modernas tecnologias de conservação.

Com a formação do perfil aristocrático da cidade, os nobres trouxeram consigo os hábitos da boa mesa: e do requinte ao receber.

Petrópolis, com sua tranquilidade própria, convidava a chamar os amigos, à noite, para jantares animados e reconfortantes rodadas

de café colonial e vinho, no inverno - ou para agradáveis recepções nos jardins e varandas, nas tardes claras de verão. Em todas

estas ocasiões, a qualidade do serviço era enriquecida pelo apuro no preparo e pelos alimentos frescos, variados e de boa qualidade

produzidos aqui mesmo, na região.

Para tornar este caldo ainda mais enriquecido, a cidade logo se tornaria herdeira dos aromas e sabores de algumas das mais

apreciadas culinárias internacionais. À origem portuguesa e africana, customizada com nossos produtos regionais, somaram-se os

acentos germânicos, cujos pioneiros trouxeram consigo a tradição dos embutidos e alimentos defumados, tortas, pães, geleias e

outras conservas; e do preparo especial de peixes de água fria, como as trutas, dentre outras iguarias. Como a região da Germânia de

onde vieram nossos imigrantes veio a compor, mais tarde, não apenas a atual Alemanha mas boa parte da França, também

colocamos em nossa cozinha os queijos, temperos finos, a manteiga e o creme de leite, em suas variadas tentações. Da Itália,

ganhamos a substanciosa nota das massas, carnes e molhos enriquecidos. E, logo depois, vieram os sabores exóticos da Arábia e da

Ásia. Com tudo isso, acostumamo-nos a agregar aos nosso cotidiano muito do requinte delicado de cozinhas regionais e nacionais

que, hoje, são indiscutivelmente consideradas as matrizes da alta gastronomia mundial.

e Bem i ee d V v r

BordeauxCCCCCCCC CCCCCCCC

A Art d Bem Com r e e e

P

Page 9: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 09

Entre os dia 12 e 22 de novembro s

,acontece a nona edição do Petrópolis Go rmet, o mais famoso festiva u

lgastronômic da Re iã Serrana. o g o

Excelente o ortunidade para degustar p

os mel or s pr to , prepa ad s h e a s r oespecialmente por Chefs renomados,

oe ento est no, ome ageia o ano da

v , e a h nFranç no Brasil e oferece menus

a

inspirados num tema, no mínimo, apetitoso: “O r flexo da Culinár e iaFrancesa a Cidade Im erial”. Desta

n p forma, al m do Concurso Gastron mi o, é

ô cdas atrações cul urais para tod s as t aidades, cur os e oficinas gastronô icas,

s mo Pe t rópo l i s Go rmet tamb m

u éproporcionará à França a oportunidade

de apresentar as diferentes nfluê cias i ne sua cultura cul nária, que fruti icaram

di fp r aqu . C samento perfeito e Cultura

o i ad

e G s r nom a, t ópo is Go m t a t o i o Pe r l ur eest r to a recebe t os s urist s

á p on r od o t a evisi an es nt re os aj r pel s t t i e ssad em vi a ax er ên i s icas que po m s r

e p i c a ún de eof rec d s p r os o r un rsoe i a o n s ico ive ga ro ômic . Po sso, convé ust r a st n o r i m aj aage a, r ar o lad r: umand e p ep ar pa a x er ênci i squecív l bo gosto,

e p i a ne e de m e od o sen id est ra o m t os s t os, á espe ndpo c , na C da m ri l. r vo ê i de I pe a

óp urIX Petr olis Go met: h r de n ss s ro o ao mel o o a ga t n mi , t esem al o tilo

pensarmos que se trata de um setor que

representa, atualmente 2,4% do PIB

brasileiro. Além disso, como o hábito de

alimentação fora de casa é crescente e

corresponde a 26% dos gastos dos

brasileiros com alimentos, a Abrasel-

Petrópolis já envolveu, em abril deste ano,

14 restaurantes da região no IV Festival

Brasil Sabor: dentre eles, o Solar Fazenda

do Cedro, a Pousada Paraíso Açu, Don

Bistrô, Tai Tai Restaurante, Tambo los Incas

e o Oliveiras da Serra.

Mais uma motivação para subir e serra a

aproveitar o que de melhor a cidade tem a

Os anos passaram; a vocação se instalou:

e virou um grande negócio e um dos

nossos principais atrativos. Diversidade,

qualidade e um time de Chefs renomados

fazem de Petrópolis o 5º melhor pólo

gastronômico do país. O clima privilegiado

e o cultivo de produtos de primeira linha -

hortaliças especiais, ervas finas, trutas,

escargots, cogumelos, massas artesanais,

doces, entre outros – acabaram por atrair

profissionais que instalaram seus bistrôs e

restaurantes na cidade. Logo, as regiões

de Itaipava, Corrêas, Nogueira, Vale

Florido, Araras e Vale das Videiras

formaram o renomado “Vale dos

Gourmets”: um lugar onde comer bem,

num ambiente aconchegante e

acompanhado de um excelente vinho

também é, acima de tudo, um excelente

programa turístico. A gastronomia

também contribuiu para fazer, de

Petrópolis, um dos 65 municípios

indutores do Turismo Regional, e para

que o Ministério do Turismo escolhesse

o município para ser um dos quatro do

país a lançar o Programa “Caminhos do

Sabor”.

Por tudo isso, Petrópolis consta em

dois dos mais importantes guias do

setor: o internacional Michelin e o

nacional Quatro Rodas. Nosso pólo

gas t ronômico es tá ganhando

proporções tão significativas que a

Associação Brasileira de Bares e

Restaurantes, a Abrasel, presente em

27 estados do país, instalou sua nova

sede em Petrópolis. A motivação foi a

oportunidade criada com o programa

“Caminhos do Sabor”, do Ministério

do Turismo, o que fez com que a

Abrasel-Petrópolis já nasça com a

missão de atuar em ações pró-

turismo e gastronomia do Brasil,

com um foco especial em nosso

potencial. E não é para menos, se

oferecer. E esticar a estadia em volta da

mesa, compartilhando e comemorando as

boas coisas da vida: um direito que, afinal,

não foi imaginado apenas para o desfrute da

nobreza.

Solar do ImpérioMajórica Les Roches Nas Nuvens Il PeruginoCCCCCCCC CCCCCCCCCCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC CCCCCCCC

TankamanaCCCCCCCC CCCCCCCC

Conf ra a rogr ação completa no te: i p am

siww .petropol sgourmet.com.br

w i

Page 10: Revista Petrópolis

Entrevista

Claudia

Em meio a alta gastronomia de Petrópolis, uma

Chef se destaca com pratos inspirados na gastronomia

Imperial. Delícias que mesclam a cozinha tradicional com

a contemporânea e trazem o toque especial das iguarias

de Petrópolis.

Desde 2005 à frente do Restaurante Imperatriz

Leopoldina, no Hotel Solar do Império e do Tankamana, a

Chef Claudia Mascarenhas conta como se apaixonou, há

mais de 20 anos pela gastronomia.

Mascarenhas

Bacalhau Pensado na Cama: Fusão entre Tradicional e Contemporânea

Fo

to: D

ivu

lga

ção

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10

Page 11: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 11

Revista Petrópolis - Como surgiu o seu

interesse pela Gastronomia?

Claudia Mascarenhas -

RP - Quais são as influências que você trouxe

dos Estados Unidos?

CM -

RP - E o que trouxe da experiência em

Portugal?

CM -

Eu trabalhava em teatro

e estudava Comunicação, quando decidi trancar

a faculdade para estudar teatro em Nova Iorque.

Pretendia ficar um ano: fiquei 12. Lá, retomei a

faculdade e trabalhei como correspondente da

(extinta) Manchete.

Aí veio o casamento e dois filhos. Decidi dar uma

parada no trabalhar e, como tínhamos uma casa

numa fazenda fora de Nova Iorque, passei a ficar

longos períodos lá, cozinhando, cozinhando - e

lendo livros de gastronomia. Quando quis

retomar a vida profissional pensei: “E agora?”. Eu

tinha uma amiga que estava na mesma situação

que eu, com filhos pequenos, etc., e então,

começamos a procurar algo inédito, em Nova

Iorque, no negócio de cozinha. Descobrimos que

não havia nenhum lugar que vendesse crepes.

Decidimos, então, ir para as feiras de rua, no

verão. Foi sucesso absoluto, até nos

surpreendeu! A gente ganhava uma grana, mas

só trabalhava no verão e era uma trabalheira

insana, porque éramos feirantes, ou seja: monta

barraca, desmonta barraca...

Então resolvemos, na cara e na coragem, abrir

um restaurante no Village, bairro super

charmoso da cidade. Uma experiência ótima!

Durou três anos e foi também um sucesso, com

críticas elogiosas no New York Times e em todos

meios de comunicação importantes. Mas, como

éramos inexperientes, só dispúnhamos de seis

lugares: era impossível receber todos os

clientes. Nisso, meu marido foi convidado para

trabalhar em Portugal e nos mudamos pra lá.

E em Portugal não parei mais, trabalhei com

doces e, ao retornar ao Brasil, continuei

trabalhando com restaurantes.

Eu costumo dizer que Nova Iorque não é

Estados Unidos (risos). Lá você sofre influências

das cozinhas do mundo inteiro. Tem um dos

melhores restaurantes italianos do mundo; e

asiáticos, japoneses, franceses. Quando eu

morava lá, estava surgindo a Cozinha de Fusão

que, aqui no Brasil, chamamos de cozinha

Contemporânea, com grande influência asiática

e francesa. Chamavam até de French Asian, ou

seja, técnica francesa com ingredientes

asiáticos. E eu gosto muito dessa mistura.

Tenho um namoro muito forte com a cozinha

portuguesa: pra mim, uma das melhores do

mundo. Em Portugal, talvez ela se apresente de

uma forma um pouco mais pesada, mais farta.

Tenho um prato que é o Bacalhau Pensado na

Cama, um dos meus carros chefes, que é quase

uma culinária portuguesa contemporânea: o

bacalhau vem em lombos e o pimentão,

descascado, ou seja, um toque de inovação

numa culinária tradicional.

RP - De onde vem a sua inspiração para criar

novos pratos?

CM -

RP - Você saberia dizer quantos pratos criou durantes estes vinte anos de carreira?

CM -

RP - O que não pode faltar na sua cozinha?

CM -

De qualquer lugar. Quem trabalha com isso,

tem que ser muito apaixonado. Penso nisso o

tempo todo: meus livros de cabeceira, minhas

conversas, são sobre gastronomia. Às vezes,

olho pra uma feira, uma planta e me vem um

prato. O Bacalhau Pensado na Cama, por

exemplo, surgiu quando eu e meu marido

morávamos em Nova Iorque: estávamos lendo o

jornal de domingo e pensando o que faríamos

para o almoço.

Não sei te dizer. Acho que mais de 300.

Eu digo que não pode faltar na minha vida

(risos): alho, cebola, ervas e gengibre. Isso não

pode faltar nunca!

De volta ao Rio, fui trabalhar no Restaurante

Guimas e depois abri o Sítio Arqueológico, na

Gávea. Nisso, me convidaram para dar uma

consultoria em Angra dos Reis e acabei fazendo

isso para cinco restaurantes diferentes.

Quando o Solar do Império estava para abrir, o

Roberto, dono do hotel, queria trazer um

restaurante pronto. Eu fui recomendada como

consultora e, como adoro desafios, aceitei. Mas,

no inicio, não entendi qual desafio seria (risos).

Foi quando eu soube que lugar seria aberto em

15 dias: e nem cozinha pronta havia. Mas tudo

saiu bem e desde então estou aqui. Sou

apaixonada por Petrópolis e espero vir morar

aqui, assim que meus filhos estiverem

independentes.

RP - Como você chegou à Petrópolis?

CM -

RP - Na sua opinião, o que faz com que

Petrópolis seja um dos cinco mais

importantes pólos gastronômicos do país?

CM -

RP- Qual é a comida de Petrópolis?

CM -

RP- O que faz um prato se tornar um grande

sucesso?

CM -

Uma porção de coisas. Primeiro, por estar à

uma hora do Rio. As pessoas não precisam

necessariamente se hospedar em Petrópolis

para comer aqui. E o clima: nós temos as quatro

estações aqui, coisa que no Rio não há. E esse

clima, pede comida.

Depois, há os fornecedores: adoro trabalhar com

os daqui. Hoje em dia, em Petrópolis, temos

fornecedores maravilhosos. Tem o Antenor e

filhos com a carne; o Sítio Humaitá com as

geleias; o Sítio do Moinho com os orgânicos; tem

o Brejal inteiro; as trutas... Acho que a gente tem

que dar força aos que trabalham perto de você.

Isso é importante tanto para o meio ambiente,

quanto para a indústria local.

Uma vez participei de uma palestra onde

questionaram: qual era a comida de Petrópolis?

Uns apostavam no croquete do Alemão; outros,

na salsicha. Anos depois, descobri: É a Torrada

Petrópolis! Em qualquer lugar do Brasil, ela se

chama Torrada Petrópolis. Mas até hoje não

descobri sua origem, embora adore pesquisar e

estudar a comida imperial.

Primeiro o aroma; depois, o visual; por

ultimo, o sabor. Mas nenhuma destas etapas é

menos importante que a outra. Agora, quem faz

um prato virar um sucesso é o cliente que está

comendo. Não adianta ter sido preparado pelo

melhor Chef, se o cliente não gostar.

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"Bacalhau un, deux, trois" - Criação especial para

o Petrópolis Gourmet 2009

Cordeiro Crocante

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Page 12: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo12

Já a seresta é uma evolução histórica da serenata, surgida no início do séc. XX. Não é, necessariamente, ofertada a alguém: mas

mantém a característica de levar, às ruas, canções de uma música popular da mais alta qualidade, que se confundem com a identidade cultural

do país. Entre os anos 1920 e 1950, muitos “seresteiros” deixaram o anonimato e encantaram, com suas vozes potentes e melodiosas,

navegando nas ondas do rádio. E Petrópolis, com sua longa tradição na música e na literatura, é um pólo desta arte quase esquecida.

Emolduradas pelo casario do Centro Histórico, ou levadas aos bairros e distritos como uma forma de permitir ao povo a reaproximação com uma

de nossas mais caras tradições, as serenatas e serestas, em Petrópolis, vivem e respiram. E você está convidado a participar. Mesmo porque,

como diziam os versos de Gilberto Gil, imortalizados por Elis Regina:

À luz da lua e dos lampiõesEram tempos suaves, aqueles. Nas vilas enluaradas,

apaixonados empunhavam violões, para prestar doces tributos

às amadas. Na esperança de que as canções de dor e paixão

trouxessem suas “eleitas” à janela – Quem sabe? Com um

discreto beijo atirado ao esperançoso “cantador”... - as

serenatas ganharam as bocas da noite e do povo,

esparramando amor pela c idade: e mesmo os

“desapaixonados” não podiam evitar um estremecimento no

coração, diante de tamanha ternura.

Os termo “serenata” vêm de “sereno”: a umidade

suave que refresca o ar, depois do anoitecer. Assim, serenata

significa, literalmente, “um concerto noturno, ao sereno”. A

tradição remonta à Europa Medieval e surgiu no canto lírico

palaciano que, desde o séc. XIII, entretinha os nobres ao som

da guitarra e da vihuela: instrumento que foi simplificado até se

transformar, no séc. XV, na atual viola. Aos poucos, porém, a

música pulou as muralhas e se misturou às manifestações

populares: a tal ponto que, na Portugal de 1505, o autor Gil

Vicente a retratava como um hábito urbano, nas obras Quem

tem Farelos? e Auto de Inês Pereira.

Texto: Eliane Maciel

Fotos: Divulgação

“Poetas, seresteiros, namorados, correi!/

É chegada a hora de escrever e cantar/

Talvez, as derradeiras noites de luar...”

Serenata Imperial: Belas apresentações toda última quinta-feira

de cada mês, no Palácio de Cristal

Petrópolis em Serenata: Levando aos bairros

os encantos da Música Popular Brasileira

Agenor Costa - Sua voz surpreendente

o transformou no Imperador da

Seresta de Petrópolis

Page 13: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 13

Onde aproveitar uma boa serenata

Na última sexta-feira de cada mês, os seresteiros têm encontro marcado no Sabor Amigo (R. Mosela,

1368). É lá que os Amigos da Seresta se encontram para enaltecer o gênero que, há três anos, os reuniu

– dentre amadores, músicos e aficionados - num movimento espontâneo, que lembra as serestas de

outrora. O grupo “mudou-se” para o restaurante - ou melhor, foi acolhido por ele - quando o público

aumentou tanto que já não era possível comportá-lo no escritório de um dos “amigos”, o dentista

Kennedy Tamara. De lá para cá, a iniciativa firmou-se como um sucesso e o espetáculo conta, a cada

mês, com um convidado especial, que abrilhanta o evento. Gente como Laio Simas, César Paladino,

Orlando Reinaud, Bernardo Grazinolli, Cirse Nigro e Maneco do Cavaco já bateram ponto por lá. Entre

os vocais, está presente também Agenor Costa, que com sua voz surpreendente, ganhou o título de

Imperador da Seresta de Petrópolis. Então, é marcar na agenda e chegar cedo, para reservar uma

mesa: os atrasados podem até curtir a boa música. Mas vão ter que se contentar em ficar em pé.

Amigos da Seresta

Desde 2001, o Projeto Petrópolis em Serenata passeia pelos bairros da cidade, trazendo o som do pinho e

as vozes afinadas dos seresteiros para mais perto da população. A cada mês, o projeto, que é patrocinado pela

Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, contempla duas localidades e sempre divulga previamente seu

roteiro, para que as pessoas possam se programar e aproveitar totalmente o evento. Outra característica do

Petrópolis em Serenata é o hábito de homenagear um poeta ou compositor – de preferência, do local – em suas

apresentações. Em novembro, o projeto estará no dia 12 no Cascatinha e no dia 26, em Secretário.

Petrópolis em Serenata

Serenata Imperial

A Serenata Imperial é uma iniciativa da Associação de Seresteiros da Serenata Imperial que teve

início em 1997, sob a coordenação do saudoso seresteiro Wílson Fagundes. Com a expressa finalidade de

resgatar a MPB e suas mais lindas canções de amor, a Serenata Imperial, com seus mais de 40 integrantes

fixos, apresentou-se em vários atrativos turísticos da cidade – como a Catedral S. Pedro de Alcântara, o

Museu Imperial, a Casa da Princesa Isabel e o Palácio Rio Negro, entre outros – até se fixar no Palácio de

Cristal, que recebe os seresteiros na última quinta-feira de cada mês, sempre a partir das 20h. Além da seresta

clássica, com o revival de composições dos anos 1930, 40, 50 e 60, o grupo também promove o Carnaval em

Serenata – onde são lembradas as marchinhas carnavalescas que marcaram gerações – e o Natal em

Serenata, onde são cantadas as composições natalinas.

Amigos da Seresta:

Unidos pelo amor à música

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Biblioteca Gabriela Mistral Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro Funcionamento de segunda a sexta de 8h às 18h 30min e sábado de 8h às 13h.

Os nomes das ruas e bairros da cidade revelam muito mais que endereços

Texto: Isabela Lisboa

Fotos: Arquivo Biblioteca Gabriela Mistral

14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Um nome, uma HistóriaAvenida Barão do Rio Branco

Justa homenagem a um grande nome da diplomacia brasileira

José Maria da Silva Paranhos Jr. nasceu em 1845 e foi um dos grandes nomes do

Brasil, no séc. XIX. Filho do Visconde do Rio Branco e D. Teresa de Figueiredo Faria Paranhos

estudou no Colégio Pedro II, na Faculdade de Direito de São Paulo e na Academia de Direito de

Recife. Homem de sorte, após a faculdade ganhou (literalmente) na loteria, e utilizou o prêmio

para viajar à Europa. Ao regressar, trabalhou durante três meses no Colégio Pedro II e, logo

após, assumiu a Promotoria da Comarca de Nova Friburgo: mas não permaneceu por muito

tempo, pois não gostava daquele tipo de atividade.

A formação em Direito, a atividade política do pai e a viagem à Europa o haviam tornado

interessado no internacionalismo. Assim, em 1869, foi para o Rio da Prata como secretário do

pai, então chefe da missão de paz ao fim da Guerra do Paraguai. Ao retornar ao Brasil, foi eleito

deputado geral do Mato Grosso, por dois mandatos (1869 a 1875). Neste período, consolidou-se

nas atividades que o tornariam aclamado: a diplomacia e a política.

Quem foi...Barão do Rio Branco

O Barão fundou, com Gusmão Lobo e o Padre João Manoel, o jornal “A

Nação”, realizando intensa campanha a favor da abolição da escravatura. O

movimento culminou, em 1870, com a assinatura da Lei do Ventre-Livre, da qual seu

pai, o Visconde do Rio Branco, foi um dos signatários.

Apesar desta faceta séria, Juca Paranhos, como era conhecido pelos

íntimos, não era um nobre convencional. Boêmio, frequentador de teatros e casas

noturnas, em 1872, apaixonou-se perdidamente pela atriz belga Marie-Philomene

Stevens. O namoro escandalizou a alta sociedade carioca e resultou na extradição

da atriz para a Europa. A reação do Barão do Rio Branco foi pedir para ser enviado

em missão diplomática a Paris, onde passou a viver com Marie e onde tiveram seu

primeiro filho. Após assumir a paternidade, ele conseguiu trazê-la de volta ao Brasil,

desafiando o moralismo da época.

Já no Brasil, o casal teve mais quatro filhos: entretanto, somente vinte anos

depois, em 1889, selaram sua união, em uma pequena capela no interior da

Inglaterra. Marie faleceu em 1898 e foi sepultada na França.

A carreira do Barão do Rio Branco foi cheia de grandes

realizações, sendo os Tratados de Fronteiras - que aumentaram o território

nacional em 486.622km – suas maiores conquistas. O Tratado de

Petrópolis, que acabou com a disputa entre Brasil e Bolívia pelo atual

estado do Acre, leva o nome de nossa cidade porque foi assinado aqui, em

17 de novembro de 1903 (exatamente há 106 anos), na casa que o Barão

possuía na Rua Vestfália, hoje, Avenida Rio Branco. Petrópolis era o local

preferido do Barão para descansar, escrever, fazer passeios e receber

visitantes do mundo todo, entre eles, diversos chefes de Estado. Aqui, ele

exercia sua personalidade descontraída e livre de preconceitos.

Faleceu no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, em 10 de

fevereiro de 1912.

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