revista olhar amazônico - 1ª edição

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PONTE BINACIONAL PORTO DE SANTANA Pororoca no Araguari O colosso de duas faces GOVERNADORES da Amazônia A porta do desenvolvimento Um espetáculo para o mundo ver Amapá OS CAMINHOS do se unem na defesa da região Parque Nacional do Tumucumaque: o desenvolvimento vai à montanha Ano I - Nº 1 - Junho/2011

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Revista da Amazônia

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PONTE BINACIONAL

PORTO DE SANTANA

Pororoca no Araguari

O colosso de duas faces

GOVERNADORES da AmazôniaA porta dodesenvolvimento

Um espetáculopara o mundo ver

AmapáOS CAMINHOSdo

se unem na defesa da região

Parque Nacional do Tumucumaque: o desenvolvimento vai à montanha

Ano I - Nº 1 - Junho/2011

Page 2: Revista Olhar Amazônico - 1ª Edição

Editorial

A Revista Olhar Amazônico surge no momento certo, como o fruto plantado com todo o cuidado. É hora de colheita. Uma colheita que prepara os próximos frutos. É esse fruto da in-

quietação que mobilizou Raimundo Costa Souza, o bem sucedido em-presário, Lulu, a voltar a investir em comunicação. Foi ele quem trouxe o SBT para o Amapá. Foi lá que ele se engravidou pela comunicação. Andava ‘cuíra’ . Nas horas de meditação ‘encasquetou’ que iria montar uma revista.

Precisava montar um time para regar este sonho. Convocou Barreiro Crisanto, que chamou o jornalista, Édi Prado e designer Márcio Bezerra. Depois chegou Elpídio Amanajás, já acrescentando transpor a fronteira do Estado do Amapá. O batismo da Revista foi um tema polêmico. Afinal o nome deve ser definitivo e atender a proposta editorial: falar da Amazô-nia, não como pulmão do mundo. Existe muita poluição e o mundo está à beira de uma pneumonia. Mas de uma Amazônia que se escancara como alternativa turística, pelas belezas naturais e por isso, potencialíssima em geração de emprego, renda, economia e preservação ambiental.

O Amapá está na ponta desta Amazônia e redescobre o caminho feito por Vicente Yanez Pinzon, em 1499, antes de Cabral aportar em Porto Seguro, na Bahia em 21 de abril de 1500. Os navios mercantes continuam singrando o Oceano Atlântico para a América Central e atravessando a ponte binacional, que liga o Oiapoque a São Jorge, na Guiana Francesa, saindo do isolamento geográfico. Aliás, no dia 1º de junho a equipe de engenharia dos dois países, que constróem a Ponte da Integração, estoura-ram um champanhes francês, ligando definitivamente os dois lados, for-mando um só caminho, unindo o Brasil e a França, rompendo a milenar distância, não só geográfica, mas econômica, cultural e turística.

O Amapá vem sendo pontuado no mapa turístico mundial, como uma nova rota turística. Os Cruzeiros têm um concorrido roteiro para 2011, com sintomas de aumentar o número desses transatlânticos cru-zando o Rio Amazonas. Com a inauguração da ponte marcada para o dia 16 de setembro, o Amapá volta a ser manchete mundial. O Brasil volta a ser redescoberto pelo Amapá, como a porta mais rápida, econômica e exótica para o mundo.

Falta muito investimento. Mas a prioridade é a conclusão da BR 156 interligando os 16 municípios, que começa em Oiapoque até ao Laranjal do Jari, no sul do Estado, onde também uma ponte irá interli-gar o Amapá ao Pará, numa transamazônica moderna, real e viável em todos os sentidos e direções.

Vamos registrar a história. O passado, presente e o futuro estarão jun-tos. Às vezes como retrovisor de lembranças dos erros cometidos, para não mais cair neste precipício e um grande e luminoso holofote, ilumi-nando os passos do progresso. Certamente que iremos enaltecer as obras em benefício do Estado e denunciar as que estão paradas ou impróprias e imorais. Não queremos mais ver prosperar a denúncia contido num poe-ma de Caetano Veloso: “... No Brasil, as obras ainda nem foram concluí-das e já são ruínas...”. E o Amapá está farto desses exemplos. Mas a meta do Olhar Amazônica – Espaço sem limites – é ver e contemplar o pro-gresso e o desenvolvimento do Amapá. Em breve estaremos incialmente bilingue: Português X Francês. Depois vamos incluir outros idiomas para se traduzir em entedimento e divulgação do Amapá.

a Édi Prado

n Raimundo Costa de SouzaSuperintentende

n Elpidio AmanajásDiretor Corporativo e

Correspondente em BrasíliaREG.MTB 8468/DF

n Barreiro CrisantoDiretor de Jornalismo

n Marcio BezerraDiretor Comercial

n Edi PradoEditor Chefe

nCirculação: Amapá e BrasílianTiragem: 3 mil

Conceitos emitidos em artigos é de inteira responsabilidade de seus autores. Não refletindo a

opnião deste veículo.

Email comercial: [email protected]

[email protected](96) 8124-9796

Email reportagens:[email protected]

9974-0465 / 8129-2066

Uma publicação

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A ponte estaiada binacional no rio Oia-poque é um marco histórico. Vem ligar o município de Oiapoque (Amapá) à Saint George na Guiana Francesa. “Aqui começa o Brasil”, diz o marco. Mas não está bem claro para os amapaenses, se está no final ou começo da BR-156, no extremo norte do Estado. A obra está sendo ‘tocada’ por duas empresas brasileiras: Egesa Engenharia S A e CMT Engenharia, utilizando a mão de obra direta de 500 trabalhadores da constru-ção civil e outros tantos de forma indireta. A construção iniciou em junho de 2009 com previsão para ser inaugurada no segundo semestre de 2011.

O projeto foi avalia-do em R$ 54,7 milhões, divididos entre os go-vernos dos dois países, segundo acordo firmado entre os presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolae Sarkosy, da França. A gigantesca construção possui quatro quilôme-tros de extensão, por 13,70 de largura.

A julgar pelo agua-ceiro que vem caindo com intensidade, desde o começo do ano e len-tidão nos trabalhos, até os mais otimistas não acreditam na conclu-são da obra no prazo previsto do lado brasi-leiro. Do lado francês só faltam alguns reto-ques no acabamento.

EntraveQuem conhece a fronteira brasileira,

sabe que o município de Oiapoque precisa de infraestrutura básica. A começar pelo frágil setor energético, com geração a die-sel, até a fraquíssima geração de emprego e renda, sustentatada pelo incipente comér-cio local. O entrave propicia uma realidade complexa do lado brasileiro. Essa carência vem criar embaraços para operacionalizar o fluxo de passageiros e de cargas, que a pon-te vem proporcionar, deixando franceses e

turistas de outros países, que vêm a negócio ou a turismo, até sem navios para ver.

Nesse contexto, o lado francês acompa-nha a conclusão da ponte, com infraestrutu-ra adequada e logística urbana necessária, com rodovias pavimentadas, delegacias, postos de fiscalização, estradas de acesso em excelentes condições e com eficiente si-nalização. Mas a realidade do eldorado fran-cês é totalmente ao contrário do que se vê em Oiapoque, que não passa de um imenso canteiro de sonhos e promessas.

A dura realidade é que se a obra fosse inaugurada hoje, os turistas que atravessas-

sem a ponte para o lado brasileiro, iriam ver o mato por todo lado e enfrentar atoleiro de-vido ao inverno. “Temos muito trabalho a fazer” reconhece o prefeito local.

CompromissoTal indagação levou à Caiena (Guia-

na Francesa) os membros da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Estado, da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, para conhecer, fiscalizar e fechar parcerias com a vizinha Guiana Francesa. Estabelecer a reciprocidade. Que não tenha-mos tapetes, mas pelo menos respeito e tra-tamento humano.

Ponte Binacional

A ponte tira o Amapá

do milenar isolamento

Prefeito de Guiana, Daniel Ferey “vestiu” a bandeira do Amapá

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Ponte Binacional

O colosso de duas facesa Sabryna Miranda

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A viagem durou mais de 14 horas pela BR- 156 até o município de Oiapoque. Um trajeto cansativo, perigoso e descon-fortável. A Comissão contou com a pre-sença dos deputados estaduais do Estado do Amapá, Manoel Brasil (PRB), Bruno Mineiro (PT do B), Sandra Ohana (PP), Valdeco Souza (PPS) e Paulo José (PR) presidente da comissão. Os deputados en-frentaram atoleiros e muitas dificuldades.

Sentiram o quanto precisam fazer para honrar o compromisso com o povo ama-paense e com os novos passageiros dessa ponte da integração.

ConquistaNa visita, o prefeito da Guiana Fran-

cesa, Daniel Ferey, com gesto simbó-lico, abraçou-se a Bandeira do Estado do Amapá e aos deputados, comprome-tendo-se abrir os braços aos brasileiros, anunciou que o visa, documento que le-galiza a estada na Guiana, será expedido em até 48 horas, assim que a ponte for inaugurada. Os deputados comemora-ram a conquista. O brasileiro para pos-suir o documento, ainda tem que esperar de 15 a 45 dias.

Os parlamentares amapaenses conhe-ceram como funcionam setores como a saúde, indústria, comércio, turismo e ad-ministração guianense para adequações do lado brasileiro.

Saúde O deputado estadual Manoel Brasil,

que é medico cardiologista, observou que a Guiana Francesa investe bastante na saú-de. Oferece serviços como a telemedicina e

ultrassonografia à distância. “O serviço da ultrassonografia a distância é interessan-te. É um robô colocado no abdômen onde o médico em outra localidade controla os mecanismos através da internet, fornecendo o diagnóstico imediato. O Amapá precisa também ter esse tipo de recurso, por isso, procurei o Secretário de Saúde do Estado do Amapá, Evandro Gama, e falei desses avan-ços da saúde na Guiana. Esse momento será de unificação do Amapá e Caiena”, destaca Manoel Brasil.

Empresarial Manoel Brasil visitou ainda uma em-

presa de pesca em Caiena, interessada em explorar o pescado na Costa Amapa-ense. Quer fazer parcerias com o Amapá para a comercialização e exportação do peixe pargo. “Há muitas empresas que querem investir no Amapá, gerando emprego e renda. Temos que abrir pos-sibilidades com essas parcerias. Essa é a oportunidade para o Estado e Brasil”, complementa.

TurismoCom a inauguração da ponte binacio-

nal, o turismo será crescente e fonte de economia ao Estado do Amapá. É o que frisa a deputada Sandra Ohana. A parla-mentar, também da comissão do turismo, está verificando a possibilidade de incen-tivar um roteiro turístico, interligando Macapá, a capital do Estado, à Caiena, tanto pela ponte binacional terrestre quan-

to pela ponte aérea.

OiapoqueO município que faz fronteira com a

Guiana Francesa tem uma população de 20,4 mil habitantes (dados do IBGE/2010), situa-se a 550 quilômetros de Macapá, dis-tância que muitas vezes chega a ser percorri-da em 22 horas, devido as precariedades em vários trechos da BR-156.

A rodovia ainda está longe de ser con-cluída. A bancada federal vem se empe-nhando há décadas e ainda estamos bem distantes, embora quase frente a frente, das bem construídas rodovias francesas. O so-nho da conexão direta entre o terceiro e o primeiro mundo, se resume em apenas qua-tro km de extensão da ponte.

E por mais que o Brasil se empenhe em iniciar obras que garantam a estrutu-ra adequada, levará, com muito otimis-mo, cerca de um ano para ficar prontas. A ponte que nesse segundo semestre será inaugurada, só mostra o lado francês pra-ticamente concluído e exibindo pontuali-dade no cronograma de obras.

Em 1 de junho os lados foram

definitivamente ligados.

O Porto de Santana está situado à margem esquerda do Rio Amazonas, em frente à ilha de Santana, a 18 km de Macapá, capital do Estado do Amapá. Possui uma área 213 km de exten-são e um calado operacional, designação dada à profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, de 27.7 pés, equivalente a 11 metros e meio. O canal natural integra o porto de Santana, o maior da região hidrográfica do país e do mundo, atra-vés da Hidrovia do Amazonas, com 1.650 km, ligando-o a outros portos como os de Manaus, Belém, Vila do Conde, Itaquatiara, Santarém, Munguba e Trombeta. Todos os navios que vão para esses portos obrigatoriamente percorrem pela barra norte do Amapá (Fazendinha), rota estratégica e importante do território amapaen-se. Os navios que operam no Porto de Santana são da classe Panamax, de 50.000 mil tonela-das, oriundos da China, Coréia, Japão, Filipinas, África, Europa e América do norte. A atividade atual do porto se resume a importação de con-tainners, para abastecer a área de livre comércio de Macapá e Santana e exportação de minério de ferro, cromita, cavaco (produção de celulo-se), manganês e biomassa, para a produção de combustível das usinas, operado pela Compa-nhia Docas de Santana. Aém de receber navios de todas as nacionalidades escoa a matéria pri-ma, contribui com a cobrança de taxas e impos-

tos para o Estado. A Companhia Docas de San-tana, é uma empresa pública de direito privado, que desde 2002 é a autoridade portuária.

HistóricoA construção do Porto de Santana (antigo

Porto de Macapá) foi iniciada na década de 80, para atender à movimentação de mercadorias transportada para o Estado do Amapá. Locali-zada em frente à Ilha de Marajó. Porém, pela posição geográfica privilegiada, tornou-se uma das principais rotas marítimas permitindo cone-xão com portos de outros continentes, devido à proximidade geográfica com o Caribe, Estados Unidos e União Européia, a porta mais econô-mica de entrada e saída da região amazônica. No dia 6 de maio de 1982, o porto foi inaugu-rado oficialmente. Somente a partir de 14 de dezembro de 2002, através do Convênio de Delegação nº 009/02 do Ministério dos Trans-portes e a Prefeitura de Santana, com a interve-niência da Companhia Docas do Pará, foi criada a Companhia Docas de Santana.

Valor EconômicoO porto de Santana é a porta de entrada do

mundo. É estratégico. É o canal para vários pa-íses por um caminho mais curto, que qualquer outro porto do Brasil. É o percurso mais próxi-mo do maior porto do mundo: o de Roterdan,

na Holanda, porta para a Europa. Vicente Ya-nez Pinzon traçou esta rota em 1499, bem antes de Cabral aportar na Bahia em 1500. Bastaria fazer o caminho inverso para redescobrir o Ve-lho Mundo. Demorou mais de 500 anos para compreender isso. Essa realidade reduziria em muito os custos dos produtos via exportação marítima para o transporte rodoviário, interli-gando o norte ao sul a preços mais competiti-vos. Ainda é a taxa fluvial mais econômica e viável da economia mundial. O Brasil precisa redescobrir esta rota. Os containers desembar-cariam no Porto de Santana e de balsas e vias terrestres, seriam redistruídos pelos brasis, re-duzindo sensivelmente o custo dos produtos na ponta final do consumidor.

Importância BinacionalO perfil estratégico do Porto de Santana é

relevante ao comércio nacional e mundial. A Companhia Docas de Santana, registrou em 2010, o total de 157 navios da classe Panamax, estiveram ancorados no cais da empresa, o equi-valente a 96% da exportação o Estado. Esse dado revela que o desenvolvimento da região norte, pode estar aportada no Amapá. Com a conclusão da Ponte Binacional, de Oiapoque à Guiana Francesa, os caminhos ficam mais curto ainda. A Companhia Docas de Santana deve ficar atenta diante desta tendência e se preparar.

A porta do desenvolvimento do Amapá

Porto de Santana

a Sabryna Miranda

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No Amapá só existem dois caminhos: aéreo e marítimo. Uma realidade típica na Amazônia.

ObstáculoO porto de Santana também está incluso

no Plano Plurianual do Estado Amapá (PPA) de 2012. A Companhia Docas de Santana pre-cisa recuperar uma generosa faixa litorânea para reaver a área pelo matadouro municipal, uma serraria e olaria e outros invasores. De posse das terras, a companhia docas, entra-rá com processo de licitação e arrendamento junto a Petrobras, para se construir uma base de armazenamento de combustível. Além de suprir o mercado , soluciona as dificuldades no abastecimento de combustível no Estado, e ainda parte do setor energético.

LimiteOs navios são inspecionados e fiscaliza-

dos pela Polícia Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Receita Federal. O centro de fiscalização também é responsável pel a vistoria e controle de im-portação e exportação. Na área doméstica de embarque e desembarque, onde circula a economia da região, funciona em cais e píe-res improvisados. Por isso o chamado porto de Santana é um porto sem porto. Mais de-sorganizado, impossível.

O que poderia ser referência para o mun-do, o cenário é fétido. Pardieiro sem catego-ria. A única balsa flutuante que possibilita o embarque e desembarque de produtos e passageiros, é privado. Ironicamente co-nhecido como o porto do Grego. É o único atracadouro dos barcos de pequeno e médio porte. É mantido com a arrecadação de taxas para manutenção do espaço. Os operários são autônomos e exercem as atividades de forma tosca, improvisada e sem nenhuma seguran-ça. Os produtos ali comercializados são ex-postos em péssimas condições de higiene. Os riscos de contaminação são iminentes.

A falta de políticas públicas voltada ao melhoramento e infraestrutura adequada fica somente no papel. O exemplo tem a re-forma e adaptação do terminal hidroviário de Santana, orçada em R$1.162.992,43 é um jurássico esqueleto imundo e abandona-do que serve somente para práticas ilícitas de marginalização, prostituição, consumo de drogas e banheiro público.

O porto de Santana é o retrato do desca-so político. Envergonha não só turistas vindos de todas as partes do mundo, mas os próprios

Pequeno, sem infraestrutura, cais e píeres improvisados. A área

doméstica de embarque e desembar-que do chamado porto de Santana é um porto sem porto. Em total aban-dono, em constraste com a realidade entre os trilhões de Dólares, envol-vidos na atividade de importação e exportação. A atividade portuária exercida pelos pescadores artesanais, é uma volta a no tempo. Uma zorra. Mais desorganizado, impossível. O que poderia ser referência para o mun-do, a porta de entrada de passageiros e produtos no Estado, é um local fétido como um pardieiro sem categoria. A única balsa flutuante que possibilita o embarque e desembarque de produtos e passageiros, é privado. Ironicamente conhecido como o porto do Grego. É o único atracadouro dos barcos de pe-queno e médio porte. É quem recolhe as taxas para manutenção do espaço. Os operários são autônomos e exer-cem as atividades de forma tosca, im-provisada e sem nenhuma segurança. Os produtos ali comercializados são expostos em péssimas condições de higiene. Os riscos de contaminação são iminentes. A falta de políticas públicas voltada ao melhoramento e infraestrutura adequada fica somente no papel. O exemplo tem a reforma e adaptação do terminal hidroviário de Santana, orçada em R$1.162.992,43 é um jurássico esqueleto imundo e abandonado que serve somente para práticas ilícitas de marginalização, prostituição, consumo de drogas e ba-nheiro púbico.

O porto de Santana é o retrato do descaso político e do descompasso em que caminha o desenvolvimento eco-nômico do Amapá. Envergonha não só turistas vindos de todas as partes do mundo, mas os próprios amapaenses que sobrevivem daquele humilde lo-cal. O que deveria ser orgulho e fonte de riqueza não passa despercebido de-vido ao cenário, encobrindo com man-to negro a magnitude e a representati-vidade que o porto de Santana deveria simbolizar a toda Região Amazônica.

amapaenses que sobrevivem daquele humil-de local. O que deveria ser orgulho e fonte de riqueza, se transforma num vistoso cenário, encobrindo com manto negro, a magnitude e a representatividade que o porto de Santana deveria simbolizar a toda Região Amazônica. Dos navios vindos do estrangeiro, cerca de 10% operam no porto de Santana , num cons-tante en tra e sai do porto. Alguns seguem para Munguba, coletar a produção do Vale do Jari.

TurismoO porto de embarque e desembarque tem

sido o ancoradouro de transatlânticos vindos de todas as partes do mundo. Eles veêm à região Amazônica para admirar a exótica cultura loca. Um nicho do turismo selvagem, onde a exuberância amazônica deixa de ser um mundo virtual para se tornar uma grande aventura turística.

O “tur” faz parte do Projeto Turismo In-tegrado Náutico na Amazônia, no qual os visitantes estrangeiros têm a oportunidade de conhecer a Amazônia e ver como vivem as comunidades, além da oportunidade e adquirir o artesanato e degustar da culinária regional. Hoje a Companhia Docas de Santana, ainda está no tempo dos estivadores. A ‘tecnologia’ se resume as empilhadeiras, tratores, máquina de movimentar container e um guindaste que ope-ra apenas 120 toneladas. Reconhecidamente, o aparelhamento é rústico. Precisa ser moder-nizado. Ainda assim, ano passado, as docas de Santana movimentaram 37 % da capacidade de operação, com um crescimento 5.600.000 to-neladas/ano. Estatísticas prevêm que em 2015, o número de movimentação tende a um cres-cimento fabuloso . Mas precisa de alto investi-mento e modenização.

RealidadeO Amapá ainda está isolado do restante

do país. Não possui, devido à localização ge-ográfica na Amazônia, uma ligação rodoviária direta com outros estados da federação. Está às margens da economia dos mercados nacionais e internacionais, devido a este isolamento. As vias de navegação fluvial são a única alternati-va de investimento e crescimento econômico. Umas séries de outros fatores, como a escassez de energia elétrica, impedem que indústrias se instalem no Estado. O Amapá precisa urgen-temente de políticas públicas eficientes que venham melhorar a infraestrutura dos portos e fomentar o crescimento econômico nacional, regional e local.

Porto sem porto

6 | Revista Olhar Amazônico

Page 6: Revista Olhar Amazônico - 1ª Edição

O governador Camilo Capiberibe par-ticipou dia, 21, da Reunião dos Governa-dores da Amazônia Legal, em Belém-Pa, no Hangar Centro de Convenções. Estive-ram presentes sete governadores e dois vi-ce-governadores. O evento foi promovido pelo Governo do Pará e teve como pauta a discussão sobre a estrutura viária de ex-portação da região, a reforma tributária e o endividamento dos estados.

Projeto Norte CompetitivoApós assistir uma apresentação de

um estudo sobre infraestrutura de trans-porte e logística de cargas da Amazônia, denominado Projeto Norte Competitivo, os governadores debateram o tema e fo-ram unânimes quanto à necessidade de um projeto integrado para essa área. O gover-nador Camilo Capiberibe elogiou o traba-lho realizado, mas questionou a ausência de citação no estudo ao porto de Santana. O governador da Amapá afirmou que San-tana é estratégico em qualquer projeto de exportação portuária da região.

A discussão sobre a reforma tributária ficou restrita às mudanças no Fundo de Participação do Estado (FPE). O secretá-rio da Fazendo do Pará, José Tostes, falou da urgência dos estados amazônicos em discutir esta matéria. Até porque, no final de 2012, deverão ocorrer modificações na base de cálculo do Fundo. Os gover-nadores firmaram compromisso em lutar para que as mudanças não representem

perdas na política compensatória para as regiões norte, nordeste e centro-oeste. “Não aceitaremos regras que impliquem em perdas para os estados da região”, afir-mou o governador Camilo.

Quanto ao endividamento dos estados, poucos governadores se posicionaram. O governador do Pará Simão Jatene, afirmou que é necessário rever a legislação sobre o assunto. “Isso aí é uma violência. Preci-samos discutir. Precisamos encontrar um caminho”, desabafou. A reunião teve como saldo a criação de um grupo de trabalho composto pelos secretários da Fazenda dos estados para aprofundar a discussão sobre as mudanças no FPE. A primeira reunião deverá ocorrer em Manaus. Os secretários de Planejamento também formarão um grupo de trabalho para discutir as questões referentes ao o transporte de cargas da re-gião. O objetivo comum dos grupos será encontrar pontos de convergência entre todos os estados amazônicos para a integra-ção de suas ações.

Governadores da Amazônia se unem na defesa da região

Governador Camilo Capiberibe afirmou que o município de Santana é estratégico em qualquer projeto de exportação portuária da região

Os caminhos do Amapá

a Joseli Dias

Quatro tábuas. Esta é a divisão entre uma viagem tranqüila e um acidente gra-ve, com consequências para a vida toda. Esta é realidade nos barcos que singram os rios da Amazônia. As vítimas, geralmente mulheres, crianças e, em casos mais raros, homens. As causas: a falta de proteção do eixo do motor de pequenas e médias em-barcações, principal meio de transporte das regiões ribeirinhas e negligência, por muitos anos, dos órgãos fiscalizadores.

As estatísticas começaram a ser feitas nos últimos 15 anos, quando as autorida-des marítimas perceberam estar debruçadas sobre um quadro assustador: os casos de escalpelamento de mulheres, registrados em hospitais. Porém, raramente relatados à Capitania dos Portos. O número é maior do que imaginavam. Somente no Pará, 245 vítimas, no Amapá, mais de 100. Em outros estados da região Norte, números menores, mas igualmente preocupantes.

Nos últimos anos, graças à ação da As-sociação das Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento, o número de aciden-tes desse tipo vem diminuindo. Em 2010, foram registrados apenas dois. O escalpe-lamento de mulheres e crianças acontece quando se aproximam do eixo do motor. O cabelo comprido prende-se ao eixo rotató-rio, que gira em alta velocidade, arrancando

o couro cabeludo e muitas vezes também as orelhas, olhos e parte da pele do rosto. Não há uma estatística confiável quanto ao nú-mero de óbitos. Mas estima-se que 10% das vítimas morreram em conseqüência desses acidentes. Outras cometem suicídio por não agüentarem conviver com a deformação.

A tragédia, segundo a Capitania dos Portos, pode ser evitada. Basta que os pro-prietários das embarcações usem tábuas ou outros protetores, isolando o eixo do motor. A consciência só é eficaz quando vem acom-panhada de uma pesada multa e advertência da cassação da ‘carteira e licença’ do respon-sável pela embarcação.

Prevenção A Associação das Mulheres Ribeirinhas

Vítimas de Escalpelamento e a Capitania dos Portos, com sede em Santana (AP), es-tão desenvolvendo campanha nesse sentido. A ação começou no dia 30 de maio e vai se estender até o dia 6 de junho. Uma das metas da campanha é a instalação da proteção em cerca de 270 embarcações cadastradas na Ca-

pitânia e em outras tantas clandestinas.Além da conscientização, que acontece

de maio a junho todos os anos, o Amapá tem saído na frente com relação a leis para com-bater o escalpelamento. Em 27 de dezembro de 2007, foi sancionada a lei estadual, de au-toria do deputado Camilo Capiberibe (PSB), hoje governador, que proíbe o tráfego de em-barcações sem a proteção do eixo do motor e responsabiliza os proprietários, inclusive criminalmente. Dois anos depois, no dia 14 de janeiro de 2010, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB), teve sancionado pelo pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva, um projeto de Lei no mesmo sentido, mas muito mais amplo, com a garantia de execução de ações preventivas, incluindo campanhas publicitá-rias, palestras e seminários. Também a partir dessa lei, as mulheres vitimadas pelos eixos das embarcações, passaram a ter direito a atendimento psicosocial e de pleitear indeni-zações. Faltam ainda algumas coisas, como a inclusão no rol de deficientes físicos nos concursos públicos, luta já encampada pela associação da classe.

Escalpelamento, o drama vivido pelas mulheres ribeirinhas

da Amazônia

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10 | Revista Olhar Amazônico

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Um grupo formado por dez empresários do Amapá, que integram a Associação dos produtores e distribuidores de flo-res, viveiristas e paisagistas daquele estado (Equaflora), foram visitar os representantes da cadeia produtiva de flores do Rio Grande do Norte. A missão técnica teve o objetivo de estabe-lecer parceria e conhecer modelos de gestão de cooperativas locais. A intenção da visita foi também aprender sobre as dife-rentes formas de comercialização dos produtos.

Mercado promissor“Estamos buscando respostas para nossas perguntas. Queremos montar uma central de negócio e precisamos saber o que quere-

mos com essa central, como será seu funcionamento. Por isso, incluímos o Rio Grande do Norte na nossa visita, já que o setor aqui está bem estruturado”, disse a presidente da Equaflora, Maria Ivone Ferreira. A associação reúne um grupo de 22 produtores que trabalha com flores e folhagens tropicais, plantas ornamentais e mudas frutíferas. A gestora da APL Flores e Folhagens Tropicais em Macapá e Santana do Sebrae no Amapá, Sueli de Souza, explica que o projeto tem como intuito o acesso ao mercado. “O Sebrae está auxiliando a cooperativa, com consultorias, a montar um local onde possam ser realizadas as vendas. Com a visita, estamos conhecendo mecanismos de vendas e compras em conjuntos”.

O governador do Amapá, Camilo Capiberibe, compareceu ao término do encontro, dia 27 organizado pelo Grupo de Trabalho da Língua Estran-geira (GTLE). O evento aconteceu durante três dias no Centro de Língua e Cultura Francesa Danielle Mitterrand . Com o tema: Um Espaço de Ma-nifestação da Diversidade Cultural Franco-Brasileira, os alunos franceses do Colégio Constant Chlore, da Guiana Francesa (FRA) participaram do encontro Linguistico-Cultural. O evento oportunizou a troca de experiên-cias dos idiomas do Brasil e França. O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho da Língua Estrangeira (GTLE), vinculado à Secretaria de Es-tado da Educação (Seed). O encontro recebeu apoio da Agência de Desen-volvimento do Amapá (ADAP). A iniciativa faz parte de um projeto que visa aperfeiçoar os estudantes guianenses na disciplina Português/Língua Estrangeira.

Português na Guiana O Português é ensinado no início do Ensino Fundamental na Guiana.

Paralelamente, o intercâmbio oportunizou aos alunos do Centro Danielle Mitterrand o aperfeiçoamento em Francês. Para a diretora da escola de francês, Maria Joelma Souza, o intercâmbio foi muito proveitoso para os estudantes estrangeiros e amapaenses. Trocaram experiências sobre a lín-gua, Cultura e tradição das duas nações. Os estudantes franceses realiza-ram uma demonstração da dança Guianense Cacicó. A música amapaense também foi representa com uma apresentação de Marabaixo. Para o go-vernador “É muito importante estreitar as relações com a Guiana France-sa, não só linguística e culturalmente, mas também econômica. A Ponte Binacional ligará o Amapá à União Européia. Esse intercâmbio é bom para todos nós. Pois além de cultural e linguístico, podemos futuramente estabelecer um elo financeiro e econômico com o país vizinho”, avaliou Camilo Capiberibe.

As ossadas das urnas funerárias provenientes da região do Ma-racá, distante cerca de 120 quilômetros da capital amapaense, no Município de Mazagão, armazenadas no museu paraense Emílio Goeldi desde 1997, serão minuciosamente avaliadas por um ins-tituto internacional a partir de junho. O gerente do Museu de Arqueologia e Etnologia do Amapá, Adervan Dias Lacerda, esteve em Belém esta sema-na na Superintendência do Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Pará, do Museu Emílio Goeldi e da Universidade Federal do Pará (UFPA) para discutir questões referentes ao retorno do acervo Maracá ao Amapá e firmar parcerias. São mais de 150 peças Maracá. Toda

reserva técnica está sendo informatizada, quando retornar ao Amapá estará tudo catalogado.

15 sítios até agoraA região do Maracá concentra o maior número de

sítios arqueológicos conhecidos no Estado. O último le-vantamento feito pelo Iphan, em 2002, registrou 15 sítios. Em todo o Amapá são mais de 300, são gravuras e pintu-ras rupestres, urnas funerárias e material lítico (ferramen-tas confeccionadas em pedras) deixados por povos indí-genas nômades que habitaram aquela região em períodos diversos. Estudos científicos apontam peças e ossadas de 400 anos, mas também achados com mais de cinco e seis mil anos. As peças arqueológicas do Maracá já conquis-taram o mundo. O reconhecimento internacional ganhou notoriedade em uma exposição na Comemoração Brasil 500 anos, celebrado em Londres, em 2001.

Arqueologia

Sítio arqueológico de Maracá

Urnas arqueológicas de Maracá no Museu Emílio Goeldi

Floricultura

Produtores do Amapá investem no setor

Cultivo de flores

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Revista Olhar Amazônico | 1312 | Revista Olhar Amazônico

Intercâmbio cultural Brasil/França

Cerca de 45% de toda a água subter-rânea potável do País está concentrada na Amazônia Legal, indica o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores áreas de aquíferos porosos estão no Amazonas, em Mato Grosso e no Pará. De todo o território da região, 12% está sujeito a inundações, inclusive áreas urbanas como Parintins, aponta o capítulo do estudo sobre relevo.

O IBGE cita os campos de petró-leo e gás de Urucu, no Amazonas, ao destacar o potencial para exploração de combustíveis fósseis do subsolo da re-gião, formado predominantemente por rochas sedimentares. Segundo a pu-blicação, há boas perspectivas de acu-mulação dessas substâncias nas rochas sedimentares das bacias costeiras do Maranhão, do Pará e do Amapá, além de reservas de gás natural no município de Capinzal do Norte (MA).

A Amazônia Legal ocupa 5.016.136,3 km2, que correspondem a 59% do terri-tório nacional. Nela vivem em torno de 24 milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas em 775 municípios, nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins (98% da área do Estado), Ma-ranhão (79%) e Goiás (0,8%).

Além de conter 20% do bioma Cerra-do, a região abriga todo o bioma Amazô-nia, o mais extenso dos biomas brasilei-ros, que corresponde a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, detém a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético e 1/5 da disponibilida-de mundial de água potável, informa o IBGE. O objetivo do instituto é concluir mapeamento semelhante ao da Amazô-nia Legal para todo o País até 2014.

Amazônia concentra 45% da água subterrânea potável

Fronteira

Page 8: Revista Olhar Amazônico - 1ª Edição

Revista Olhar Amazônico | 1514 | Revista Olhar Amazônico

A bela Jéssica Amanajás, 15anos, espera debutar numa agência de modelos

Destaques

Pr Everaldo Dias, presidente do PSC Na-cional e Deputado Estadual Moisés Souza, presidente da AL e do PSC Estadual

Produtor de eventos da Pororoca, Sérgio Souza, Serginho Laus e surfistas estrangeiros

A deputa-da Cristina Almeida com as bombeiras militares do Amapá

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Solange Maciel Jucá, Telma Nery, Cristina Almeida e Ely Almeida

Daniela Ramos, presidente da Asso-ciação Cultural Raimundo Ladislau e a deputada Roseli Matos

Grupo Folclórico Raimundo Ladislau, em homenagem ao Dia Estadual da Mulher, na Assembleia Legislativa do Amapá

Ten Cel Palmira e

a deputada Cristina Almeida

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A Anglo American, Sistema Amapá, é uma das patrocinadoras do Programa Voluntário de Atendimento à Fauna Silvestre (PVAFS), desenvolvido pela Reserva Particular do Patrimônio Na-tural (RPPN/Revecom), localizada em Vila Amazonas, Santana. A empresa mantém convênio com a Revecon atra-vés do qual são repassados mensalmen-te recursos financeiros utilizados na manutenção da reserva e, recentemente, a Anglo American patrocinou, de forma extraordinária, a revitalização de algu-mas áreas da unidade de conservação. A RPPN/Revecom tem um espaço geo-gráfica de 17 hectares. É integrada por três ecosssistemas naturais (terra firme, várzea e cerrado) e possui uma micro-bacia hidrográfica, constituída de um igarapé e seus afluentes, que nascem e desembocam dentro da própria reserva.

O Programa Voluntário de Atendi-mento a Faunas Silvestres (PVAFS) con-siste na recepção de animais resgatados por órgãos de fiscalização ambiental, em nível estadual, municipal e federal, que não podem ser soltos na natureza, em ra-zão de maus tratos e traumas de cativeiro. Os animais hospedados recebem trata-mento veterinário e, após a recuperação, são soltos na reserva ou em outras áreas indicadas pelo Ibama. A Revecom abri-ga hoje cerca de 500 animais, que vão de aves a tartarugas, passando por roedores como cutias, e felinos, como gato maraca-já e onça pintada.

Outro projeto mantido pela Revecom é o programa de Educação Ambiental, Cidadania e Espiritualidade. São visitas diversas, envolvendo estudantes desde o maternal até doutorado, incluindo turistas nacionais e estrangeiros. Por ano, cerca de

2.500 pessoas visitam a reserva. Durante duas horas e meia os visitantes percorrem trilhas e passarelas, recebendo aulas de ecologia e conservação.

Segundo Paulo Amorim, que diri-ge a Revecom, já foram investidos, ali, mais de R$ 1,5 milhão e, para manter funcionando todos os projetos são gastos em torne de R$ 25.000,00 mensais. “A reserva presta serviço social, na medida em que permite a visita gratuita de pes-soas da comunidade que buscam nossos funcionários. Menos da metade dos visi-tantes paga ingresso”, alega, informando que, além da Anglo American, o Gover-no do Estado e outra empresa de mine-ração contribuem, através de convênio, com recursos financeiros que ajudam a custear as despesas.

Para Amorim, a contribuição da An-glo American tem sido muito importante para a manutenção da reserva. “ Graças à contribuição da empresa, estamos revi-talizando a infra-estrutura da reserva e construindo o museu dos terrários. Temos três quilômetros de passarelas de madeira,

toda certificada. Cada peça utilizada nas pontes de madeira custa R$ 5”, afirma.

Para o diretor do Sistema Amapá da Anglo Amercican, José Luiz Martins , a empresa decidiu contribuir com a Reve-com por considerar a reserva uma im-portante ferramenta para conservação e educação ambiental. “A Anglo American está sempre disposta a investir em pro-jetos sustentáveis que contribuam para a preservação ambiental. A consciência ecológica e a responsabilidade social tem sido nossas preocupações constantes, em todas as comunidades vizinhas, com as quais interagimos”, afirmou.

ServiçoA RPPN/Revecom fica localizada na

rua D-28, 422 – Vila Amazonas, Santana e funciona de segunda-feira a sábado. O valor do ingresso é de R$ 10 para adultos e R$ 5 reais para crianças. Agendamento de visitas pode ser feito através do tele-fone: (96) 3281-3849. Maiores informa-ções podem ser acessadas pelo site www.revecombr.com.br.

Anglo American patrocina projeto de conservação natural

a Paulo Araújo de Oliveira

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É um empresário de sucesso. Um Midas da era moderna. Todo empreen-dimento que ele começa não tem fim. Tem novo começo. Raimundo Costa de Souza só é conhecido pelos parentes e amigos mais chegados. Mas quando fa-lamos de R.C Souza começa a clarear. Alguém com mais de 40, que mora em Macapá, já ouviu ou viu esta marca em algum lugar. E quando citamos o Lulu, nem precisava de tanto rodeio para lembrar-se dele. Mas é apenas o começo de uma longa trajetória.

Soldado da borrachaRaimundo Costa de Souza nasceu em Gurupá (Pa), no dia 03.02.1938.

Os pais, Antonio de Souza Dias e Marcelina Costa de Souza, são de Aracati (Ce). No período de 1943 a 1945, durante a 2ª Guerra mundial, o Brasil como aliado dos Estados Unidos, precisava produzir borracha. O Serviço Especial

de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia - Se-mta- foi um órgão brasileiro criado em 1943, como parte dos Acordos de Washington, tinha como finalidade prin-cipal o alistamento compulsório, treinamento e transporte de nordestinos para a extração da borracha na Amazônia, como intuito de fornecer matéria-prima para os aliados da II Guerra Mundial. Numa espécie de sorteio, os homens eram mandados para frente de batalha ou para os seringais. Os pais dele foram encaminhados para os seringais de Gu-rupá, no Estado do Pará.

Tempo de pazE o menino Mundico estava grande e precisava ingressar numa escola. Gu-

rupá não oferecia essa possibilidade. O Amapá estava sendo desmembrado do Pará. Em 13.09. 1943 foi criado o Território Federal do Amapá. Janary Nunes, o primeiro governador, estava recrutando mão de obra para construir o Território. Unindo a necessidade de trabalhar com a vontade de estudar, era bom negócio vir para Macapá. E começou os estudos na Escola Barão do Rio Branco depois na Escola Industrial (atual Escola Antonio Pontes), onde aprendeu o ofício de mecânico. Em 1957 alistou-se no Tiro de Guerra (Exército). Era motorista e como já trazia na bagagem conhecimentos de mecânica foi atuar e aprender mais o ofício no quartel, que funcionava na Fortaleza de São José de Macapá. E entre os soldados ganhou o apelido de Lulu, que passou a ser o nome próprio. “Só os mais próximos sabem o meu nome de batismo”, revela.

EspecializaçãoAo dar baixa do Exército foi para São Paulo fazer curso de es-

pecialização numa Escola Técnica de mecânica. No retorno mon-tou uma oficina mecânica na Av. Henrique Galúcio com a Rua Eliezer Levy, centro. E como carro está ligado a posto de combus-tível, conseguiu autorização para instalar o 1º posto de combustí-vel da Texaco no Amapá. Ali mesmo na mesma área da oficina começou a expansão dos negócios. Durante o Golpe Militar em 1964, ele foi ‘gentilmente’ convidado por membros do Exército, a trocar a bandeira da Texaco pela da Petrobras. “E não tinha querer, não. Era ordem dos generais”. E continuou vendendo combustível agora nacional.

Novos rumosCom a visão empresarial com longo alcance e ‘faro’ de em-

preendedor, deu um jeito da Fiat ‘convidá-lo’ para criar uma conces-sária da empresa em Macapá. E ge-renciou a represen-tação por 13 anos. Começaram alguns problemas devi-do à instabilidade econômica do país. Decidiu sair deste segmento de mer-cado e foi investir na área de comu-nicação. Trouxe o sinal do SBT para o Amapá. O negó-cio estava indo bem demais, não fosse à incompatibilidade com o sócio dele. Para evitar maiores problemas vendeu a parte dele na TV e foi investir na pecuá-ria. Montou a fazenda Boa Sorte e Santana, no Araguari e no Aporema.

Outros investimentosErgueu alguns imóveis, comprou outros e

também vive de rendas, com o aluguel num apart Hotel na Rua Eliezer Levy, 2322. “Onde tudo recomeça”. As fotos do passa-do remontam cenários diferentes desta trajetória empresarial. “É como colher os frutos da safra de vários frutos em todas as esta-ções” ilustra. No campo ele vem gerenciando o gado e na Coope-rativa Pecuária do Amapá, como diretor de Indústria e Comércio, com o carimbo e a marca do progresso e prosperidade. Os projetos

para esta Cooperativa trotam como uma manada para um campo fértil de resultados.

Viver a vida com amorLulu já foi Mariano. Uma Congregação da Igreja Católica.

A mente inquieta dele exigia mais conhecimento. Ingressou na Maçonaria e a busca por este Conhecimento é tão intensa que quando deparou com ele mesmo neste caminho, estava no Grau 33 da Maçonaria Duque de Caxias. O topo. O generalato. Um Grão Mestre. E como de grão em grão se semeia uma lavoura ele vem regando a plantação. Lulu vai vivendo a vida de forma feliz. E vem seguindo o lema do pai, que ouvia desde menino: não se esqueça de viver. Do primeiro casamento teve cinco filhos. No segundo, com D. Sandra Maria Verçosa, que completa mais de 30 anos, foram sete filhos. Ele fala com profundo orgulho

de todos eles. Enumera a profissão de cada um e a formação acadêmica. “Todos formados” diz com os olhos brilhantes e sorridentes.

Bondoso eequilibradoA história dele é re-

cheada de boas ações. Um coração imenso e um senso de observação além dos limites .Para Lulu Deus está onde você O procura. Dentro dele existe a “caixa pre-ta”, onde estão registra-dos todos os vôos. “Sem-pre sou honesto, correto em minhas ações. Nun-ca estive envolvido em escândalos. Essa minha ‘caixa preta’ não tem nó-doas. E nem precisa ser especialista para saber o conteúdo dela”, desafia. Não é dado a badalação. A vida dele é sempre no

seio familiar e entre os amigos e clien-tes, numa relação mais de fraternidade do que ‘astro’ em busca dos holofotes.

ReconhecimentoLulu mostra os troféus e placas de

reconhecimento, não como ostentação. Mas como sendo reconhecimento. Teria muitos se gostasse do foco da notoriedade. Sente-se feliz como ser humano e realizando-se a cada dia como empreendedor de sucesso. Esta Revista, Olhar Amazônico, um Espaço sem limite, da qual aceitou como desafio, é só mais um passo nesta longa trajetória. O olhar visionário sem limite para registrar e contribuir para o desenvolvimento do Estado do Amapá.

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O estado do Amapá precisa ser dono próprio chão, senhor do território. E isso de fato. Não apenas de di-reito. Com a efetiva transferência das terras da União para o Estado e a emissão – em larga escala - dos pri-meiros títulos de propriedade até o final desse ano, de-

senha-se assim o ingresso numa nova fase

do desenvolvi-mento local. Trata-se de um novo

marco, desde a transformação do território em estado com a Constituinte de 1988, e que se soma à estrutura preparada e construída nos últimos 20 anos: universi-dade federal, escolas técnicas, obras de urbanização, estradas, energia, áreas incentivadas para o comércio e indústria, entre outros itens.

Tempo da luz - Por exemplo, do antigo raciona-mento e o uso de lamparinas, o estado salta para a condição de potencial e xportador de energia elétrica. Como pano de fundo, ostenta dois invejáveis títulos mundiais: o lugar mais preservado do planeta e o maior banco de água doce do mundo. Dono de uma área de 142.814,585 km² – o equivalente a quatro Bélgicas e meia – 98% de suas florestas permanecem intocadas. É maior, territorialmente que os Estado do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergi-pe, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Esse milagre do Amapá se soma a uma cultura local preservacionista e de sustentabilidade, reconhecida inclusive internacionalmente.

Conquistar terra - A transferência das terras da União para o Estado vem sendo capitaneada por Sar-ney. O processo de transferência já consta com 1.800 títulos contemplando as cidades de Macapá, Santana, Vale do Jarí, Porto Grande e Oiapoque. Hoje já está sendo registrada as primeiras glebas em cartório e, com a transferência das terras para o Estado, o reco-nhecimento de propriedade para quem já as ocupa

SenadorO Amapá precisa se dono do próprio chãoA história é secular. Mas há 23 anos após a ascensão a Estado, o Amapá será efetivamente dono das terras

quer realizar este sonho Sarney

será rápido, assim como a regularização das glebas patrimoniais dos municípios.

É o começo do fim de uma triste e longa estória: para construir uma sim-ples escola, o Amapá tinha de pedir um pedaço de terra à União. As terras eram admi-nistradas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Refor-ma Agrária), excluídas as áreas de reserva indígena e de proteção ambiental. Hoje, boa parte dos recursos federais não é aplicada nos 16 municípios amapaenses – entre outras distorções – porque não há a titularidade. Grande parte das emendas parlamentares sucum-be por esse simples detalhe. Nos últimos 10 anos o Feijão, o Basa (Banco da Ama-zônia) disponibilizou R$ 2,5 bilhões para a agroindústria do Amapá e mal conse-guiu aplicar 5% desse volume de recursos.

Entretanto, este ano, por força da nova legislação recém-aprovada o próprio ban-co já passa a recepcionar certidões de pos-se de agricultores – o que até então nunca acontecera. Foram R$ 70 milhões só na série Pronaf (Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar), um recorde nunca visto, mais de cinco vezes que a média anual do valor emprestado em dez anos. Sem território, como senhor do próprio destino? Sem titularidade, como produzir? Os legítimos ocupan-tes, gente que habita e faz o estado, po-derão agora responder a isso. O Amapá passa a ter a condição básica para poder plantar, industrializar, vender, receber créditos, financiamentos, enfim, pro-duzir e gerar riqueza. A começar pelo desenvolvimento da agropecuária – o pilar de qualquer economia - e que re-tém mão-de-obra na terra natal. O Ama-pá passa a ter não só autoridade sobre o desenvolvimento, como maioridade na capacidade de pensar o de-senvolvimento. E o papel do presidente Sarney está sendo emblemático nis-so, esteve todo o tempo à frente, reconhece a banca-da amapaense.

Ações do senador Sarney

em prol do Amapán Área de Livre Comércio de Macapá e Santana – Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991n Ampliação do Linhão de Transmissão – Tartarugalzinho/município de Amapá/Calçoenen Área Escola Técnica Federal - obtenção da lei de criação (Lei 11.534/ 2007)n Universidade Federal do Amapá – criação através da Lei nº

7.530 /86 e Decreto nº 98.997/90n Construção do Hospital Sarah Kubitschek – referência em aparelho

locomotor - inaugurado em 2005n Criação do novo aeroporto (internacional) de Macapá

n Municipalização do Porto de Santana em 2002n Pátio de containers no Porto de Santana e equipamentos para o carregamento (Suframa)n Urbanização da Orla de Macapá (Suframa)n Revitalização e asfaltamento de vários trechos da BR 156 – em andamenton Construção da Ponte Binacional Oiapoque(AP) - Saint George (Guiana Francesa) - em andamenton Ponte de Laranjal do Jarí (AP) a Monte Dourado (PA) – recursos asseguradosn Construção de Ponte sobre o Rio Vila Nova – previsão de conclusão nesse anon Construção do Museu do Tumucumaque – recursos asseguradosn Duplicação da Rodovia Duca Serra – Macapá e Santana - obra para ser iniciadan Transferência das terras da União para o Estado do Amapá – Lei 11.949/ 17 de junho de 2009n Zona Franca Verde - Lei 11.898, de 9 de janeiro de 2009n UHE Ferreira Gomes - geração: 252 MWh – licença ambiental aprovada – mais de R$ 1 bi em investimentosn UHE Santo Antônio do Jari – potência: 300 MW – licença ambiental aprovada – leilão segundo semestre 2010n Luz para Todos – investimento de R$ 163 milhõesn Luta pelo reconhecimento do Forte de São José de Macapá como patrimônio da Humanidade

(Said Barbosa Dib - http://amapanocongresso.blogspot.com)

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O estado do Amapá tem o maior corredor de biodiver-sidade do país. Parques, re-

servas biológicas e terras indígenas, que além de servir como escudo con-tra o desmatamento e outras formas de degradação, preserva as riquezas. O Corredor de Biodiversidade do Amapá, com aproximadamente 10 milhões de hectares, área maior do que Bélgica e Portugal, no qual são desenvolvidos projetos para interli-gar as diversas unidades de conser-vação mediante a criação de faixas verdes entre elas.

O processo de criação foi realiza-do pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), que repassou ao Instituto Bra-sileiro do Meio Ambiente e dos Recur-sos Naturais Renováveis (Ibama) algu-mas áreas estudadas para se tornarem

unidades de proteção nacional. A região se distribui pela fronteira norte do Bra-sil, no Amapá, além de uma pequena porção do Pará, na margem direita do rio Jari.

BiodiversidadeEmbora a área do parque não tenha

moradores ou problemas fundiários, a oposição de empresários ligados ao se-tor de mineração e dos prefeitos ocorre em função de uma provável imobiliza-ção do território. A área prevista para a unidade de conservação envolve 28% do território do Amapá, que somados aos 4,4 milhões de hectares que o Es-tado do Amapá já cedeu para fins de preservação: áreas indígenas, parques e reservas biológicas e estações ecológi-cas, totalizam 58% de todo o território amapense.

Riquezas intactasNa região foram descobertas cente-

nas de espécies da flora e da fauna. O relevo do parque é plano, mas existem duas áreas que são compostas pela Serra do Tumucumaque e a Serra Lombarda, que são montanhas rochosas. O Parque é o maior parque nacional do Brasil e a maior unidade de conservação de Flo-resta Tropical do Mundo.

Aspectos naturaisNa porção centro-norte do parque a

floresta é de alto porte e cobertura uni-forme, com núcleos esparsos de árvores emergentes. As espécies que mais se destacam são: maçaranduba, mapara-juba, cupiúba, jarana, mandioqueira, louros, acapu, acariquara, matamatás, faveiras, abioranas, tauari e tachi.

TumucumaqueMontanhas

O desenvolvimento vai à montanha

O Corredor de Biodiversidade do Amapá, com aproximadamente 10 milhões de hectares, área maior do que Bélgica e Portugal, no qual são desenvolvidos projetos para interligar as diversas unidades de conservação mediante a criação de faixas verdes entre elas.

Na região da Serra Lombarda, por-ção leste da área proposta, a floresta é exuberante e rica nas áreas de rele-vo residual, com porte alto e espécies emergentes. São características desta área os matamatás, breus, abioranas, cupiúba, jarana, acariquara e maça-randuba. Algumas espécies consti-tuem grupos gregários nesta região, como acapu, apazeiro, cedrorana, pracachi, piquiá, tauari, e outras.

No bloco oeste da área do par-que, a floresta densa, com árvo-res emergentes, domina as porções mais movimentadas do relevo local (a serra do Tumucumaque). Ela va-ria entre floresta de alto porte, com predominância de angelim-pedra, maçaranduba e sorva e floresta de baixo porte, com bastante faveiras, quarubas e matamatás. Também é possível observar afloramentos ro-chosos com vegetação de arbustos e gramíneas (carrasco). Nos morros do tipo “pão-de-açúcar” a vegeta-ção é esparsa e com predominância de bromeliáceas e cactáceas.

Laboratório naturalTumucumaque tem uma fauna muito

rica e pouco estudada. Vai desde espé-cies espetaculares de mamíferos, como

os grandes carnívoros (a onça e a sussu-arana) e primatas raros (cuxiu), cujas populações estão bastante reduzi-das. Em outras regiões até as ara-ras, marianinhas, jacus, beija-flores multicoloridos, como o beija--flor-brilho-de-

-fogo e grandes pássaros frugívoros da copa da floresta, tais como o anambé--militar, o pássaro-boi e o gainambé. O clima da região é quente e úmido com temperatura média de 25ºC.

AtraçõesPara quem optar sobrevoar o parque,

poderá visualizar o encantador, longo e extenso tapete verde de copas de árvo-res e os desenhos que os rios Araguari, Oiapoque, Amapari e Jarí, formam na mata espalhando vida por onde passam. O parque também possui uma rica fau-na, que apesar de pouco estudada, é uma grande atração. O parque ainda não pos-sui infraestrutura. As cidades de apoio são: Pedra Branca, Serra do Navio, La-ranjal do Jarí, Oiapoque e Calçoene, todas possuem meios de hospedagem e restaurantes. A meta é assegurar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica, bem como pro-porcionar de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de edu-cação, de recreação e turismo ecológico.

n Decreto e data decriação: Criado pelo Decreto s/n de 22 de agosto de 2002.

n Objetivos específicos da unidade:Assegurar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica, bem como proporcionar de pesquisas científicas.

n Endereço para correspondência: Rua Hamilton Silva, 1570 -Santa Rita (Gerex/IBAMA/AP).Cep: 68.906-440 - Macapá AP -Telefax: (96) 214 -1116 - 214-1116 -Contato: [email protected].

n Área da unidade:3.882.120 hectares - 1.5059573 -50.9114061 Estado - AP

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dades indígenas também possuem um rico artesanato em argila, madeira, sementes e penas de pássaros, muito apreciados por turistas que visit am o Oiapoque ou a Casa do Artesão, em Macapá, capital do Estado. As terras indígenas do Oiapoque foram as primeiras no país a serem demarcadas e ho-mologadas, e hoje configuram uma grande área contínua, cortada a oeste pela BR-156. Na área urbana, destacam-se a festa de Nos-sa Senhora das Graças e o Festival do Caju e o intercâmbio cultural com os franceses e creoulos devido à área de fronteira.

Há muitos anos o município não é con-

templado com projetos turísticos de grande alcance, necessidade essa que se faz pre-sente com a construção da ponte binacio-nal, que vai ligar o Brasil, pelo Amapá, através do Oiapoque, ao Platô das Guianas, por Saint Georges, na Guina Francesa, por via rodoviária, o que aumentará o fluxo de turistas ao pequeno município amapaense.

Orçada em aproximadamente R$ 57,8 milhões, a ponte binacional começou a ser construída em julho de 2009, com prazo de conclusão em 18 meses pela parceria inter--governamental Brasil-França. Os acordos foram fechados entre os presidentes Luis

Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Nicolai Sarkozy, da França, na presença do então governador Waldez Góes e autoridades amapaenses, em encontro ocorrido em Saint-Georges, distrito guianense, que fica do outro lado do rio Oiapoque. O mega projeto possui 350 metros de comprimento por 13,70 metros de largura, e está sendo erguida no sistema estaiado, ou seja: a sua estrutura é sustentada por cabos de aços, uma característica das obras desse porte na Europa. A ponte terá uma pista rolante de 3,5 metros para o tráfego de veículos e um passeio de dois metros para pedestres, que ficará um pouco acima da pista para carros.

Oiapoque O município de Oiapoque fica a 590

km de Macapá. Com pouco mais 13 mil habitantes, o município está localizado no extremo norte do Estado do Amapá e do Brasil, fazendo fronteira com a Guiana Francesa, além de estar bem próximo da região caribenha e dos Estados Unidos. Durante o período colonial, fazia parte da Capitania do Cabo Norte. A região foi palco alvo de disputa entre colonizadores. Nos primórdios do século XVI, europeus travavam lutas com os portugueses e brasi-leiros, para estabelecer domínio territorial ao sul do rio Oiapoque. Os primeiros povos a habitarem o local foram formados por descendentes de povos indígenas da tribo Waiãpi, que ocupavam a extensão territo-rial do rio Oiapoque.

A deputada federal, Fátima Pelaes (PMDB – AP), titular da Comissão de De-senvolvimento Econômico, emitiu parecer favorável ao PL 7.372/10 que inclui o mu-nicípio de Oiapoque à Área de Livre Co-mércio, a exemplo das cidades de Macapá e Santana. O projeto é de autoria do deputado Bala Rocha (PDT-AP).

Fátima Pelaes analisou o mérito econô-mico da matéria. “Pela fronteira do Oiapo-

que com a Guiana

Francesa temos muito fluxo de pessoas e o comércio que se beneficiaria intensamente com condições favoráveis as empresas ex-portadoras”, disse a deputada Fátima em seu relatório. Para ela, a iniciativa que o deputa-do Bala Rocha apresenta é de grande impor-tância para a cidade de Oiapoque, por conta da desativação da economia do ouro, que vem sofrendo alto índice de desemprego, fa-velização e empobrecimento da população. “Por isso estou trabalhando pela aprovação desse projeto na Comissão de Desenvolvi-mento Econômico, que deverá analisar a proposta já nos próximos dias”.

Bala Rocha entende que o estabeleci-mento das áreas de livre comércio é um ins-trumento de promoção de desenvolvimento econômico. “Este regime fiscal diferencia-

do é prática comum em diversos centros e, certamente, colocará a região do norte do Amapá na rota do crescimento econômico”, defende Bala.

oiapoque será área de Livre ComérCio

Deputada Federal Fátima Pelaes (PMDB)

Deputada Federal

Bala Rocha (PDT)

O cenário é desolador para o município que

unirá dois países

As potencialidades naturais do Oia-poque existem de sobra. Adicionam-se os atrativos históricos, artísticos, religiosos e recursos paisagísticos, com ênfase para as montanhas do Tumucumaque, o maior par-que de floresta tropical do mundo. Pronto. Eis os ingredientes. Junte tudo no liquidi-ficar. Bater em baixa rotação até atingir a consistência. Está aí o ponto de partida para a transformação do município em es-

tância turística. Projeto neste sentido trami-ta na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá desde o último dia 10 de maio.

Estatus adicional - A elevação à cate-goria de Estância Turística projeta a peque-na cidade como referência regional. Oia-poque não perderá o estatus de município. Passará a contar também com significativo apoio financeiro e logístico dos governos federal e estadual para o desenvolvimen-to de projetos turísticos, capazes de gerar novos empregos e renda. Além disso, Oia-poque poderá desenvolver políticas para atrair visitantes de todo o país e até mesmo

do exterior, principalmente os que passam pela Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil através do rio que dá nome ao município.

Uma referência De acordo com o autor do projeto, de-

putado Zezé Nunes (PV), o Oiapoque é conhecido em todo o mundo por abrigar as Montanhas do Tumucumaque, que deu ori-

gem ao nome do parque, um dos maiores patrimô-nios naturais da Ama-zônia e do mundo. E já foi durante séculos, o ponto mais extremo do país e só agora é que os geólogos e outros tantos profissionais ligados a demarcações, profundos conhecedores de Siste-ma de posicionamen-to global (GPS) é que descobriram o Monte Caburaí, como o ponto mais extremos do Brasil. Levou tempo, para de-

terminar esta exatidão. O Monte Caburaí fica no município de Uiramutã, dentro do Parque Nacional do Monte Roraima. Sua altitude é de 1.465 m

Terras usurpadasO município, assim como outras cida-

des do Estado do Amapá e do Pará, deixou de utilizar uma grande extensão de terras, seja para área de preservação ambiental, expansão urbana ou produção agrícola e não recebeu qualquer tipo de compensação por isso. “A elevação a estância turística, vem para reparar esse erro, sem desvirtuar

a idéia de preservação ambiental”, expli-ca o deputado. Ele cita como exemplo de experiências bem sucedidas de enquadra-mento de municípios em estância o Estado de São Paulo, que hoje tem 67 unidades, sendo 10 estâncias climáticas, 29 turísticas, 13 hidrominerais e 15 balneárias.

Mais recursos - “Os benefícios dire-tos oferecidos a esses municípios são os repasses de verbas, que não podem ser in-ferior a 10% da totalidade da arrecadação no exercício imediato anterior, com crité-rios fixados em lei para a transferência e a aplicação dos recursos. Para que o repasse seja efetivado é necessário que o municí-pio estância cumpra os prazos e apresente projetos relacionados com o seu desenvol-vimento turístico”, alerta Zezé Nunes. O município de Oiapoque enquadra-se nos parâmetros de transformação.

Além das Montanhas do Tumucuma-que, possui dezenas de outros atrativos, como o Rio Oiapoque, excelente por suas cachoeiras e balneários, próprios para o tu-rismo de contemplação, passeios de barcos e pesca esportiva no sistema de devolução. Além disso, é no município que está con-centrado o maior número de aldeias indí-genas. São os povos Karipuna, Galibi, Ga-libi Marworno e Palikur, que habitam 36 aldeias e localidades adjacentes nas terras indígenas Uaçá, Galibi e Juminã.

O ritual do Turé é uma festa de agradeci-mento aos seres sobrenaturais ou invisíveis pelas curas que propiciam por meio das práticas xamânicas dos pajés, as comuni-

22 | Revista Olhar Amazônico

a Joseli Dias

Oiapoque, uma Estância Turística?

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Page 13: Revista Olhar Amazônico - 1ª Edição

As dores oriundas da artrose, doença articular degenera-tiva, artrite reumática, doença crônica, caracterizada principalmente pela inflamação articular persistente

e da fibromialgia, caracterizada por dor crônica que mi-gra pelo corpo, entre outras doenças, geram um sofri-mento à pessoa, levando-a a um estado de desanimo e muitas vezes a quadros depressivos.As emoções contraem o corpo e os nossos órgãos e dessa forma provocam dores, sem a existência de qualquer traumatismo físico. Estas não existem em ter-mos físicos, mas em termos psicossomático. Um fator importante na vida de todos nesse âmbi-to, nós o equilíbrio e o estar físico mental. Deve haver um controle sobre aquilo que acontece ao nosso redor, como por exemplo, os rela-cionamentos familiares, sociais, profissio-nais, etc. Mas se o individuo não tem ou não consegue ter esse controle, poderá controlar a maneira com que reage a esses acontecimentos.O Yoga, filosofia milenar indiana, surge como alternativa no alívio das dores físicas e emocionais. As pessoas quando praticam Yoga, entram totalmente em con-tato com suas aflições, por-que o autoconhecimento é trabalhado e corrido.A diversidade de técnicas respiratórias, articulares, a execução de posições psicofísicas, mantras (vocalização de sons), o relaxamento e a meditação, au-xiliam a liberação das dores, fazendo com que a energia vital (prana) flua livremente, proporcionando saúde e contentamento.O Yôga desenvolve um modelo físico, energético, psicológico espiri-tual, propondo um caminho para a liberdade através do conhecimento, da compaixão e do amor.O aspecto mais interessante de nossa condição é que não vivenciamos toda essa gama de pensamentos e sensações como se elas estivessem em relação com o nosso corpo, em especial com o cérebro. Quando pensamos, imaginamos ou conversamos não temos a sensação de que nosso cérebro está em atividade, de que determinadas reações quími-cas no interior dos neurônios são responsáveis por nossos sorrisos ou lágrimas. Não é assim que nos percebemos. Temos a nítida impressão de que nossa atividade intelectual, ou seja, as correlações que fazemos

entre palavras, frases, conceitos etc. e nossas emoções são totalmente independentes do cor-

po. Temos a impressão, portanto, de que so-mos duplos, constituídos de duas entidades:

a que possui um corpo e outra, imaterial, que foi chamada de alma. Nossa alma, por vezes, olha para nosso corpo e não o reconhece como nosso!

As dores físicas, registradas na alma, nos lembram que

as entidades não estão tão separadas assim. É

c o m o se nossa alma tivesse que “suportar” uns tantos desaforos do nosso corpo. É como se nossa alma, superior, tivesse que conviver com os mesquinhos anseios corpóreos. E assim vamos tentando equilibrar nossa dualidade e suas consequências.A alma está assim sujeita as condições do cérebro, assim como de todo o corpo. Acontece que recíproca também é verdadeira: muitos dos nos-sos pensamentos desastrosos, relativos a medo ou a maus presságios, determinam imediatamente as reações físicas correspondentes. Nosso corpo reage aos nossos pensamentos da mesma forma que reage aos fatos que eles corresponderiam. As reações corpóreas não distinguem entre realidade e imaginação.Sempre há um novo caminho. Exercitando o corpo e a alma e transfor-mando assim as limitações em vitorias.

Transcender com

YôgaA dor é uma sensação de desconforto indicando que algo não está bem em algumaparte do corpo. Ela pode ter umaorigem física ou psicossomática.

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Revista Olhar Amazônico | 724 | Revista Olhar Amazônico

Nos dias 10, 11 e 12 de maio recebemos em Brasília uma ampla mobilização de pre-feitos e prefeitas de todo o País, acompa-

nhados de vereadores e vereadoras, que realizaram a XIV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. É de fundamental interesse para a Nação o tema da XIV Marcha: Brasil, uma federação incompleta. É necessário e indispensável travarmos o debate sobre a Federação Brasileira e o Pacto Federativo.

Na ocasião da marcha dos prefeitos, autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário mani-festaram uma vez mais seu compromisso com as cau-sas do municipalismo, como acontece todos os anos. Porém, nós somos de uma Federação constituída em 1889, com o advento da República, que ainda não conseguiu encontrar concretamente a sua vocação.

Tentamos um modelo, de 1891 até 1930, copian-do o modelo americano. Mudamos para a centraliza-ção absurda após a Revolução de 30 e chegamos ao ápice durante a ditadura do Estado Novo, quando, na prática, passamos a existir como Estado unitário. O período de exceção de 64 a 85 concentrou poderes em torno da União. A Constituição de 1988 buscou descentralizar a Federação, elevando o Município à condição de ente federativo.

Lamentavelmente, a marcha dos prefeitos dá conta de que nós continuamos a viver em uma Federação in-completa. Um exemplo de acinte à nossa Federação é o Decreto nº 7.468, de 2011, que estabelece condições de validade dos restos a pagar não processados dos exer-cícios financeiros de 2007/2008, estabelecendo prazo limite de execução até o dia 30 de abril de 2011.

No Amapá, o conjunto das emendas parlamen-tares de deputados e senadores, fundamentais para obras de desenvolvimento, em virtude do Decreto nº 7.468, acaba ficando comprometido. Esse decreto tem relação direta com outro, publicado em dezembro de 2010, que fixa uma data limite para o empenho dos

restos a pagar inscritos nos exercícios financeiros de 2007, 2008 e 2009, e impõe que esses restos passem a ser cancelados, impingindo grave prejuízo ao conjun-to dos estados e municípios brasileiros.

Os restos a pagar ainda pendentes inscritos em 2007 somam R$ 20,4 bilhões. Significa retirar R$ 20,4 bilhões de estados e municípios brasileiros. Em 2008, R$ 31,7 bilhões; em 2009, R$ 38,2 bilhões. Es-ses valores são relativos a obras, bens e serviços, que, por meio de convênios, iriam beneficiar a população dessas unidades federadas.

A não concretização desses investimentos não foi por culpa concreta do ente federativo, mas sim culpa direta da União, que em tempo oportuno não repassou os recursos necessários à realização do objeto conve-niado. Então, não pode, em virtude disso, utilizar do seu poder de arbítrio e penalizar estados e municípios.

Nós do Amapá sabemos o quanto nosso estado, que outrora foi autarquia da União, no status de Terri-tório Federal, de pende das transferências constitucio-nais do Fundo de Participação dos Estados, e depende tanto das emendas parlamentares e da transferência de recursos da União. Nosso estado teve origem na doutrina de que era necessário ocupar para não perder as fronteiras nacionais. Não se pode agora aceitar que a União passe a ser tão arbitrária e autoritária na uti-lização dos recursos.

O Supremo Tribunal Federal já proclamou que a atual repartição do Fundo de Participação dos Estados é inconstitucional. Temos até dezembro 2012 para fazer esse debate no Senado e apresentar uma nova repartição dos recursos do FPE. O Senado tem que se levantar contra as arbitrariedades. Em outros estados federados houve conflitos em virtude do tema da Fe-deração. É essa a experiência da Guerra de Secessão nos Estados Unidos. Não precisamos chegar a tanto, mas precisamos nos consolidar como Federação e ter o respeito da União por parte dos entes federados.

Consolidar a democracia fortalecendo a

Federação Brasileira

Artigo

RANDOlFE RODRiGUESSenador da República (PSOL-AP)Historiador e bacharel em DireitoMestre em polític as públicas

a Márcia Corrêa

Page 14: Revista Olhar Amazônico - 1ª Edição

A conclusão da ponte binacional no Rio Oiapoque, li-gando o Brasil a França pela Guiana Francesa, deve abrir definitivamente a porta do turismo nos dois

países. Essa abertura será pauta de discussões da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Estado (CRE) da Assembleia Legislativa do Amapá (AL).

Os novos desafios - O presidente da CRE, deputado Paulo José (PR), ingressou na Casa com dois requerimentos solici-tando a realização da audiência pública, na cidade de Oiapoque (AP), com data sugerida para o dia 11 de junho, em conjunto com a Comissão de Turismo da AL. Antes, porém, o parlamen-tar também requer que seja realizada a IV Sessão Ordinária da CRE, dia 10 de junho, em Saint George na Guiana Francesa, para discutir sobre os desafios e as perspectivas das relações do Amapá com a Guiana Francesa, Suriname e República da Guiana.

Paulo José sugere para os dois eventos da CRE, o convite para as autoridades dos dois países. A decisão da realização da sessão ordinária e a audiência pública foram tomadas no dia 26 de maio durante reunião da CRE.

Intercâmbio comercial O interesse comercial e turístico com o Brasil, utilizan-

do o Porto de Santana, também tem sido pauta de discussão da comissão, que já mostra avanço quanto à mobilidade dos dois países em utilizar esse setor. A saúde publica também fez parte da pauta de reuniões e deve ser formalizado um intercâmbio entre o Estado do Amapá com algumas espe-cialidades. “Pois na Guiana, a consulta odontológica ou cardíaca, demora aproximadamente seis meses”, comenta o deputado Manoel Brasil, durante a viagem da comissão no ultimo mês de maio.

Encontro Internacional Um dos pontos que reuniu as autoridades da Guiana France-

sa trata da definição da realização do II Encontro Internacional Tranfronteiriço na Região da Guiana, em Cayenne, que deverá ser realizado no mês de setembro deste ano, com a participação dos países do Platô das Guianas, Guadalupe e Martinica. O pri-meiro encontro aconteceu em 2009 no município de Oiapoque. (Everlando Mathias).

O IIº Encontro Internacional Transfronteiriço na região da Guianaserá em setembro

O encontro de parlamentares

amapaenses com as autoridades francesas selam um novo tempo de relação fronteiriço

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26 | Revista Olhar Amazônico

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Até para quem mora na capital, Macapá, quando se dirige a Cutias do Araguari, sente-se

fora do mundo. Sente-se num paraíso contemplador da natureza. A paz e o silêncio só são rompidos pelos arraiais de pássaros, o concerto das águas e pela voz do silêncio. Tudo é paz. A chegada de estranhos é anunciada por pássaros com pius longos e repetitivos. Os animais entendem bem mais esse recado. Mas para os nati-vos, todos os códigos da nature-za são codificados. O local ide-al para conhecer os segredos da harmonia entre o homem e a na-tureza. Até os mais graduados em ecologia, quando entram neste universo,não passam de assustados moradores da cidade

Um encanto ecológicoO município de Cutias do Araguari

foi criado pela Lei nº 6, de 1º de maio de 1992. Localiza-se na parte oriental do Amapá. Limita-se ao Norte com os municípios de Pracuúba e Amapá, ao sul e a leste co o município de Macapá, e a Oeste com o município de Ferreira Go-mes. A denominação de Cutias provém

da existência do animal roedor de mesmo nome, predonimante na fauna local, que é apreciado pela culinária da região.

O que viram os surfistasOutro espetáculo natural que aconte-

ce no Amapá é o encontro das águas do Rio Araguari, no estuário do Rio Amazo-nas, com as águas do Oceano Atlântico.

O fenômeno ganhou o nome de Pororoca - palavra de origem indígena que repre-senta o barulho produzido pelo ‘choque’. O encontro das águas doces e salgadas, quando o mar comprime o Araguari, ocasiona ondas de três a seis metros de altura e de longa duração. Os ribei-rinhos que vivem nas proxi-

Pororoca

a Édi Prado

A cordinha e indispensável: ao pular da lancha, verifique se a cordinha não está engatada em alguma parte da lancha.

Sempre fique pronto para qualquer imprevisto, tipo o motor parar ou a lancha virar no banzeiro provocado pela pororoca e ser necessário aliviar o peso da lancha. Em qualquer dessas situações pular da lancha é o procedimento a ser tomado (tente entrar na onda se for possível).

Esteja pronto pra surfar desde que visualizar a onda, se livrando de qualquer coisa que o atrapalhe. Não hesite no pulo ou você pode colocar a embarcação em risco (aguarde o melhor momento para o pulo).

Camisa de lycra, bermuda e sunga são aconselháveis. Apesar de normalmente fazer calor, às vezes, pode chover muito e esfriar (madrugar no rio a caminho da onda é de praxe).

Protetor solar e uma garrafa de água também valem muito.

Pilotos experientes podem fazer a diferença. Saber posi-cionar a voadeira na frente da onda é um dos segredos para surfar boas bancadas.

A diversidade de animais selvagens é imensa, não se assus-te, mantenha a calma e não atente contra a fauna e a flora.

Não jogue lixo no rio.“Se um dia tiver a oportunidade de ir para a pororoca do araguari, abrace-a”, orienta o surfista Denis Sarmanho;

Dicas para surfar a pororoca do Araguari:

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no Rio Araguari

Um espetáculo para o mundo ver

midades do evento conhecem a força das águas por isso há um sentimento de respeito, até por que há ainda o caráter mitológico das lendas da Amazônia. De longe, bem longe o estrondar das ondas anunciam que estão vindo.

Bloco da PororocaA pororoca ocorre durante as luas cheias e novas, quan-

do as marés são mais fortes. O fenômeno fica mais violento nos dias de equinócio (em março e setembro), mas é visto durante todo o ano. Se quiser conferir, saiba que o turismo no Amapá apenas engatinha. As ondas que chegam a três metros e deslizam numa velocidades entre 30 e 50 quilô-metros por hora. A pororoca do Araguari é provavelmente a mais perigosa onda de maré dos rios amazônicos. Para pegá-la, surfistas precisam subir o rio em barcos a motor. Como a onda se forma apenas duas vezes por dia, quando a maré oceânica inverte a correnteza do rio, não há muitas chances de pegá-la.

O astro e recordistaSerginho Laus, o maior divulgador e recordista mundial

sobre a Pororoca criou o chamado de “Bloco da Pororoca”. O maior especialista de pororocas no mundo e duas vezes recordista mundial de surf, Serginho Laus reuniu represen-tantes da Austrália, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil para deslizar fantasiados durante cerca de 30 minutos em uma onda de até dois metros no segundo Encontro Internacional de Bore Riders.

Novas temporadasA temporada do fenô-

meno da pororoca foi aber-ta com muita alegria e ener-gia. Muitas águas ainda vão rolar e na próxima lua cheia de março é esperada a maior maré do ano com previsão de ondas de até cinco metros em plena floresta Amazônica. Pororo-ca A palavra pororoca vem do termo “Poroc Poroc” no dialeto indígena do baixo do rio Ama-zonas. Significa “Destruidor,

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Revista Olhar Amazônico | 2928 | Revista Olhar Amazônico

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Grande Estrondo” e acontece toda lua cheia e lua nova com mais intensidade nos períodos de Equi-nócio. No Brasil ocorre nos estados do Maranhão, Pará e Amapá e com denominações diferentes nos países da Inglaterra, França, Alaska, China, Malásia e Indonésia. Serginho Laus é duas vezes recordista mundial de surf na pororoca. Para obter mais infor-mações sobre as expedições, acesse o site Surfando na Selva. (http://64.35.1343.static.theplanet.com/surf/fotos//araguari-explode-de--alegria/45936

Foz do Rio Araguari O surfista Denis Sarma-

nho, depôs: “ Se existem ondas no Brasil que são misteriosas e mágicas, sem sombra de dúvida, são as da Pororoca da Foz do Rio Araguari, no estado do Amapá. Acredite: você não irá surfar nada parecido e tão impressionante como estas ondas! Quem já esteve lá no período certo, nunca mais esquece o perigo e ao mesmo tempo a sensação de estar no paraíso” narra com espanto. A onda quebra de seis a sete pés em suas bancadas surfáveis, sai de dentro do oceano Atlântico, caminha rio acima e pas-mem: contra a correnteza do rio que, continua a secar. Depois que a pororoca se manifesta o rio muda o curso e começa a encher novamente gerando um rebuliço e um redemoinho atrás da onda. Sinistro, a adrenalina de estar na água é intensa, conta a experiência.

Gigante e assustadorO Rio Araguari é gigantesco. De uma margem à outra possui a largura de três

quilômetros e em alguns trechos, você, com sua prancha no meio do rio, parece uma formiga. As equipes de resgate são nossos anjos da guarda, pois o perigo é constante. É impossível surfar no Araguari sem equipe de resgate ou um Jet sky à sua disposição. Surfar em ondas de pororoca são aventuras únicas. Você pode deslizar por quilômetros, mata adentro, alternando momentos de êxtase e cansa-ço. Existem bancadas com mais de dez minutos de duração e se você conectar as bancadas poderá surfar por mais de 20 ou 30 minutos - dependendo de seu preparo físico - em apenas uma única onda.

A onda tem um grande poder de destruição, com força e energia descomunais. A beirada dos barrancos, a vegetação das margens e as árvores vão sendo arranca-das e arrastadas pela onda e pela correnteza. Não tenho idéia do volume de água que a onda traz consigo, mas é incrível. Tome muito cuidado ao se aproximar das margens, mesmo após a onda passar, no meio do rio e em algumas partes conhe-cidas pelos surfistas e pilotos, a onda abre e se torna um expresso com paredes de linhas longas por um bom tempo, registra o surfista Denis Sarmanho

Área: A superfície do município atinge 2.214 km2.n Acesso: Terrestre e fluvial - Para as localidades vizinhas, o município mais próximo é Itaubal. Distância : Cutias localiza-se a cerca de 120 km de Macapá. O acesso à capital se dá por via terrestre e marítima. Meios de transporte utilizados pela população: bicicleta, carro, montaria, lanchas, voadeiras e barcos. Meios de comunicação: telefone, correio e fonia.

Comunidades e distritos: Atualmente Cutias do Araguari possui 19 localidades: Cutias (sede), Alegria do Araguari, Alta Floresta, Bom Amigo, Bom Destino, Bom Jesus do Araguari, Creio em Deus do Araguari, Deus Por Nós, Guanabara do Araguari, Gurupora, Jacitara, Liberdade do Araguari, Livramento, Marachimbé, Natal do Araguari, Nova Esperança, Pracuúba do Araguari, Sagrado Coração de Jesus, Sagrado Coração de Maria, Samaúma, São Paulo do Araguari, São Raimundo e São Sebastião do Pacuí

População: 4.652 habitantesAltitude da sede: 6 metros acima do nível do mar

Coordenadas geográficas: 0 graus, 59 minutos e 4 segundos de latitude e 50 graus, 48 minutos e 10 segundos de longitude.