revista nº 2 - 2º trimestre 2012

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Revista Digital de Cães e Lobos Nº 2 - 2º Trimestre de 2012 Uma Edição do Departamento de Divulgação do: Centro Canino de Vale de Lobos Etologia • Comportamento • Educação • Adestramento Convivência • Psicologia • Veterinária • Estética Artigos - Notícias - Reportagens - Curiosidades

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Revista da Propriedade do Centro Canino de Vale de Lobos Sobre a Temática canina

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Revista Digital de Cães e Lobos

Nº 2 - 2º Trimestre de 2012

Uma Edição do Departamento de Divulgação do:

Centro Canino de Vale de Lobos

Etologia • Comportamento • Educação • Adestramento

Convivência • Psicologia • Veterinária • Estética

Artigos - Notícias - Reportagens - Curiosidades

Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Características do Curso

Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identifica-ção, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos.

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio dispendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da apli-cação do formando).

A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interacção dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas também a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação.

Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conheci-mento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e preven-ção das Patologias do Comportamento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Comportamental.

Estrutura Programática do Curso (Resumido)

Tema 1 - Como Funciona um Cão Tema 2 - O Carácter Tema 3 - O Temperamento Tema 4 - A Comunicação Canina Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades Tema 8 - Ansiedade por Separação

Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva Tema 10 - Fobias Tema 11 - Manias Maternais Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcetibilidade Tema 13 - Comportamentos estereotipados Tema 14 - Ingestão Inadequada Tema 15 - Eliminação Inadequada

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

Uma edição do

Departamento de

Divulgação do:

Centro Canino de

Vale de Lobos

2

O Cão na Sociedade (Anabela Guerreiro)

5

David Mech (Sílvio Pereira)

6

Origem e Evolução da Espécie

Canina (Sílvio Pereira)

8

Vacinação (Paula Leal)

11

O Nascimento de um Cachorro (Suzette Veiga)

12

Cães e Robots (Dominique Martins)

14

As Etapas Vitais do Cão

Doméstico (Sílvio Pereira)

16

A Realidade dos Canis e das

Associações de Ajuda a Cães (André Moreiras)

18

A Criação de uma Pet Shop

Online (Vera Bandarra da Silva)

20

Notícias Caninas (Anabela Guerreiro)

21

O Cão nos Grandes Centros (Karin Pirá)

22

Curiosidade Caninas (Vanessa Correia)

Editorial

Cães & Lobos Experiências Edição Nº 2

Página 1

Conforme prometido aqui está o nº 2 da revista digital “Cães &

Lobos”, maior, com mais motivos de interesse e com igual empe-

nhamento dos atuais e ex-alunos do Departamento de Forma-

ção do CCVL. Para este número conseguimos motivar mais

alguns colaboradores que foram inexcedíveis na pesquisa e tra-

tamento de informação sobre cães e lobos que interessasse a

todos e o resultado aqui está para que todos possam disfrutar

dele.

A Dominique traduziu um excelente trabalho de pesquisa acerca

da maneira como a robótica pode ajudar os nossos amigos de quatro patas na

árdua tarefa de descobrir e resgatar pessoas soterradas em escombros. A Ana-

bela dissertou acerca da convivência com os nossos cães e a dificuldade que

por vezes existe na sua inserção na nossa sociedade. Na mesma linha de inter-

venção, a Karin deu-nos a sua visão acerca da maneira como os cães vivem

atualmente nos grandes aglomerados populacionais partilhando connosco

algumas estatísticas que nos ajudam a compreender o fenómeno. O André,

que é voluntário numa associação de proteção de animais, contou-nos com

pormenor o dia a dia numa dessas instituições, as dificuldades a todos níveis

com que diariamente de debatem, e comparou-as com os canis municipais. A

Paula, enfermeira veterinária, descreveu-nos em pormenor o plano de vacina-

ção dos cães, as doenças que previnem e os riscos por que os animais passam

se não forem vacinados. A Vera partilhou connosco a sua experiência ao abrir e

publicar uma Pet Shop online. A Suzette presenteou-nos com belas imagens de

um nascimento dos cachorros de uma das suas progenitoras da raça Cão da

Serra da Estrela, a que ela há tantos anos se dedica como criadora. Mais uma

vez a Vanessa compilou algumas curiosidades caninas que são sempre bem

vindas. A Anabela esteve atenta às notícias que iam sendo publicadas e pre-

senteou-nos com um grupo bastante interessante. Falámos da evolução e da

domesticação do cão doméstico e das etapas vitais pelo qual passa.

Como irão verificar, Iniciámos neste número uma nova rubrica a que demos o

nome de “Personalidade” e começámos com David Mech a entidade máxima

no estudo do Lobo. Nos próximos números iremos falar de outros nomes.

Até ao próximo trimestre e boas leituras!

Sílvio Pereira

Navegue connosco nas ondas da web

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com

Departamento de Formação do CCVL

http://formacaoccvl.weebly.com

Departamento de Divulgação do CCVL

Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com

Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net

www.facebook.com/ccvlobos

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 2

O ser humano sempre viveu rodeado de animais adap-tando-se a estes e vice versa, consoante as suas

necessidades. Atualmente e mais do que nunca, os cães exercem uma função de extrema importância na sociedade, ajudando a colmatar e a preencher lacunas que a própria sociedade criou, por vezes até com alguns exageros, não tendo em con-sideração o bem estar, a etologia e a psicologia animal.

É sabido que um animal de compa-nhia não é um objeto descartável à medida da nossa conveniência, nem tão pouco deve ser considerado como um brinquedo para crianças ou um adorno e símbolo de riqueza e classe social para um adulto. Ter um cão significa acima de tudo assumir uma responsabilidade, desta forma, é importante pensar antes de optar em adquirir ou adotar um cão, é pois necessário saber se estamos dispos-tos a assumir essa responsabilidade incondicionalmente.

O início

O processo de domesticação contri-buiu para que os cães se adaptas-sem aos homens em vários sentidos. Deste modo, o cão adquiriu uma riqueza fônica superior à do lobo, alimentando-se das mesmas coisas e mudando a sua morfologia de for-ma a acompanhá-lo ao longo do tem-po. No entanto neste relacionamento perfeito, a hierarquia é um dos mais importantes factores que desde sem-pre deverá estar estabelecido nesta relação. Assim, fica claro para o cão que o humano é o dominante, tor-nando tal estabelecimento possível

devido à sua inteligência quantitativa. É assim dever do ser humano, agindo como líder premiar boas condutas, castigar a desobediência, administrar os recursos essenciais e não usar de brutalidade. Isso dá ao cão a proteção e a certeza de que todas as suas necessidades serão satisfeitas, e aci-ma de tudo, uma boa relação de con-vivência.

Segundo estudos realizados, a adap-tação dos cães é devida ao facto de terem desenvolvido a habilidade de aprendizagem por imitação. Habilida-de esta que evoluiu e continuam a utilizá-la para evitar a aprendizagem por tentativa e erro. A pesquisa afirma ainda que esta é uma característica comum noutros grupos de animais, destacando a diferença canina no facto de terem crescido e se desen-volvido no meio humano ao longo dos anos. É inquestionável, portanto e pode-se afirmar com segurança que a adaptação foi feita do cão ao homem

e não em sentido contrário. De forma simples, o cão obtém

dessa relação uma melhoria na sua atitude quanto à sobrevivência, já que

tem comida em abundância, evita a depredação e optimiza a quali-dade reprodutiva e também

quanto à atitude social, pois integra-se numa mais ampla. Já o homem é ainda mais favorecido, pois melhora a segurança de seu grupo, as necessi-dades gregárias e por vezes as físi-cas e psicológicas. Reconhecida como uma espécie domesticada, algumas raças de cães possuem características especificas que o fazem destacar-se. Para desenvolver mais estas particularida-des, os cães normalmente são ades-trados para obedecerem ao seu dono e para reagir corretamente em deter-minadas situações. Essa condição, criada pelo ser humano ao longo do seu convívio e interação com o cão, apenas é possível devido ao compor-tamento do cão em relação ao homem.

A SOCIEDADE HOJE

Como se referiu anteriormente, os seres humanos e os cães domestica-dos sempre tiveram uma estreita rela-ção durante milhares de anos em diferentes culturas. Esta ligação especial entre seres humanos sobre-

Convivência

Por: Anabela Guerreiro Fotos: Google

©pet shop magazine

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 3

viveu à transição dos nossos estilos de vida desde o pré histórico aos moradores urbanos. Os cães são uma parte importante na nossa sociedade, estudos* demonstram que em Portugal cerca de 40% da população com mais de 18 anos pos-sui um cão em casa, sendo que a posse desta espécie é superior nas regiões do Sul (51%), Litoral Norte (44%), Interior Norte (44%), sendo em Lisboa onde a percentagem é menor (29%). Nas últimas décadas, constantes mudanças sociais, culturais, econó-micas, politicas e tecnológicas têm causado mudanças fundamentais nos valores e atitudes na nossa sociedade. Algumas pesquisas mos-tram que como resultado destas mui-tas mudanças assiste-se a uma per-da de controlo, perda de confiança e um crescente sentimento de isola-mento por parte do ser humano, pro-veniente de uma sociedade cada vez mais urbanizada onde também o contacto com o cão torna-se cada vez mais limitado.

A companhia confiável e incondicio-nal fornecida pelo cão é considerada como que uma terapêutica eficaz e estratégica no sentido de melhorar a nossa qualidade de vida. Os cães podem ajudar a diminuir o stress, a aliviar a solidão, a melhorar a saúde das pessoas. A simples presença de um cão pode reduzir a pressão san-guínea, o que justifica o alto índice de sobrevivência de donos de ani-mais um ano depois de terem sido vítimas de ataque cardíaco. Pesqui-sas comprovam a utilidade e na maioria os casos o sucesso do ani-mal como co- terapeuta, no trata-mento de doentes psíquicos, de crianças hiperativas ou agressivas,

portadores de síndrome de Down, pacientes de Alzheimer, pacientes com problemas neurológicos e defi-cientes físicos. Na europa, 30% das terapias de recu-peração utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães oferecem conforto a pacientes com SIDA. A presença destes animais repercutiu na melhoria do ambiente de trabalho nas enfermarias, beneficiando a equi-pa médica.

Eles melhoram os sentimentos de segurança quer em casa ou locais públicos contribuindo de forma a que-brar barreiras na sociedade, ajudando as pessoas a encontrar e fazer novos amigos.

Desta forma, a dupla capacidade do cão ser um animal de companhia e ao mesmo tempo utilizar competências em auxílio ao seu dono, tornam-no único. Muitos dos trabalhos efetuados pelos cães são de grande importância humanitária, e alguns deles podem mesmo ser desenvolvidos por cães sem serem de raça pura, como por exemplo a condução de gado e res-petiva proteção (cães pastor), poli-ciam propriedades (cães de guarda), farejam e detetam substâncias ilícitas (cães de pista), puxam trenós; expul-sam malfeitores (cães de defesa), auxiliam pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência (cães guia), procuram e salvam pessoas perdidas (cães de busca) ou sim-plesmente acres-centam um brilho na vida de centenas de milhares de pessoas espalhadas por todo o mundo.

Apesar de todos os benefícios comprovados, existe uma atitu-de crescente de que os cães não são parte importante e legítima da nossa sociedade. A consolidação urbana, as preo-cupações ambientais, o estilo de vida em mudança e a legis-lação acabam por criar um ambiente em que a simples posse de um cão encontra-se cada vez mais ameaçada, comprometida pela tendência

de um aumento da densidade habita-cional. Sendo que os apartamentos e habitações com quintais pequenos tendem a desencorajar pessoas a possuir cães. Nestes casos os donos de cães necessitam de um acesso imediato a áreas públicas a uma cur-ta distância de casa para poderem gerir os seus cães com sucesso, é assim importante que o desenvolvi-mento urbano evolua de forma inteli-gente de modo a permitir a integra-ção do cão na sociedade. Só em Por-tugal a percentagem de lares com animais de estimação desceu quatro por cento desde Novembro de 2010*.

Programas de educação que incenti-vem uma profunda compreensão das necessidades dos cães e ensinar também as responsabilidades de um comportamento sensato em torno dos mesmos, pode ajudar os cães, respe-tivos donos e todos os outros numa sociedade, pois as necessidades dos cães, dos seus donos e dos não pro-prietários são todos legítimos. Desta forma estas necessidades devem ser conduzidas e integradas na socieda-de e no ambiente por forma a que pessoas e cães vivam em harmonia.

* Fonte Marktest

© Petmag

Convivência

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 4

Deste modo é importante que para uma melhor e mais útil integração do cão na sociedade seja necessário saber comunicar e saber entender o animal. A comunicação pressupõe compreensão, sendo que nenhum cão compreenderá o ser humano se não passar por duas fases básicas (ambas ligadas à 1ªinfância): o Imprinting, onde o cão começa a reconhecer como congéneres a todos os animais, nomeadamente os huma-nos também, que interagem com ele neste período e a Socialização, como que a escola de vida de um cão, onde ele percebe que existem leis precisas, que existe hierarquia e que tem de obedecer aos primeiros e que os segundos podem ser mandados. Um cão que passou por uma boa fase de imprinting e socialização pos-sui as bases indispensáveis para comunicar com o homem. Compete a este agora construir as sua regras, apoiadas na etologia e psicologia canina. Em suma:

É de sempre que o cão se relaciona

com o homem, sendo que esta par-

ceria tem sido constantemente mol-

dada e alterada ao longo dos tempos,

pelo menos 15 mil anos. Nós próprios

vivemos continuamente moldando e

alterando a natureza das nossas rela-

ções com os cães, procurando sem-

pre novas formas e tarefas para eles

fazerem connosco. Através deste

convívio, observam-se momentos

positivos e negativos. Na cultura,

povoa a realidade com heróis, com-

panheiros de passatempo e de traba-

lho, os sonhos e como úteis cobaias.

Também na ficção desde sempre, o

cão, figura em filmes, desenhos ani-

mados, séries de televisão, livros e

revistas. Isto significa que o cão

moderno, o seu mundo e os seus

envolvimentos com os seres huma-

nos são muito diferentes hoje e assim

continuarão em constante mudança,

adquirindo sempre um papel impor-

tante nesta nossa sociedade, tam-

bém ela própria em constante

mudança. F

ALGUMAS CURIOSIDADES:

" O melhor amigo do homem". Tal afirmação, apesar de considerada por muitos apenas como uma crença popular, possui um início. Esta frase foi pronunciada pela primeira vez pelo advogado George Graham Vest, num tribunal nos Estados Unidos, já que o seu cliente, Charles Burden, dono de um galgo chamado Old Drum, desco-briu que o seu vizinho o havia assassinado sem motivo aparente e decidiu denunciar o facto. No julgamento, Graham discursou: “Cavalheiros do júri: O melhor amigo que um homem possa ter, poderá voltar-se contra ele e se converter em seu inimigo. Seu próprio filho ou filha, a quem criou com amor e dedicação infinita, podem demonstrar ingratidão. Aqueles que estão bem próximos do nosso coração, aqueles a quem confiamos a nossa felicidade e bom nome, podem converter-se em traidores.” Neste relacionamento entre homem e animal, o cão não se importa que o seu dono resida numa mansão ou na rua, qual a sua religião ou a sua cor de pele. Água limpa e comida, cuidado, carinho e respeito são o suficiente para conquistar a con-fiança dele, que por isso, recebeu o título de melhor amigo do homem, antes mesmo da frase ser dita pela primeira vez. Por outro lado, há a desconfiança de que o cão não seja um animal de estimação, mas sim um evoluído parasita. Tal afirmação advém do facto do cão se adaptar completamente para satisfazer a necessidade biológica que o ser humano tem de cuidar de outro ser depen-dente e o tornar familiar, como também estar sempre perto quando o homem se sente só, aflito ou inseguro, e por aparentemente estar no controlo, pois o homem oferece-lhe comida quando sente fome, leva-o ao veterinário quando está doente e dá-lhe atenção quando pede. F

Convivência

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 5

Lucyan David "Dave" Mech (nascido a 18 de janeiro de 1937) é o mais reputado e internacionalmente reconhecido especialista no estudo dos lobos, é um cientista sénior de pesquisa do Departamento do Inte-rior dos EUA, trabalha no Serviço Geológico dos EUA (desde 1970), e é professor adjunto da Universidade de Minnesota em St. Paul. Pesquisa lobos desde 1958 em locais como Minnesota , Canadá , Itália , Alasca , Parque Nacional de Yellowstone , e em Isle Royale . Mech é o fundador do Centro Inter-nacional do Estudo do Lobo e é igualmente vice-presidente do Con-selho de Administração. O projeto de criação deste Centro, que começou em 1985, foi uma consequência natural da sua investigação sobre lobos, bem como a sua ambição de educar as pessoas sobre a natureza dos lobos, e que todos os possam entender antes de os atacarem.

Já publicou dez livros e numerosos artigos sobre lobos e outros animais selvagens, o mais famoso dos seus livros é O Lobo: a ecologia e compor-tamento de uma espécie em extinção (1970, University of Minnesota Press) e Lobos: comportamento, ecologia e conservação que é co-editado com Luigi Boitani (2003, University of Chi-cago Press ). O livro de 1997 O Lobo do Ártico: dez anos com o Grupo rece-beu uma Menção Honrosa pela Natio-nal Book Award. Dave Mech foi o criador do termo “Alpha” que determinava o elemento, ou o casal, que liderava a matilha e a quem todos os outros membros tinham que se submeter. Paradoxal-mente é agora o seu maior crítico, como atesta o extrato de uma inter-venção feita na televisão americana em 2005, que passamos a transcre-ver: “…o termo alfa não é realmente corre-to quando descrevemos a maioria dos líderes das matilhas de Lobos, porque o termo implica que os lobos lutaram e competiram ferozmente para chega-rem ao topo da matilha. Na realidade, a forma como eles chegam lá é pro-criando com um membro do sexo oposto, procriando uma série de crias que posteriormente formam o resto da matilha e tornando-se os líderes de forma natural tal e qual um par de seres humanos criando uma família. Em vez de usar o termo alfa para um lobo, em vez de dizer lobo alfa ou

fêmea alfa, os cientistas tendem agora a chamar os lobos de: o macho que cria e a fêmea que cria ou podem chamá-los de lobo pai e lobo mãe, não há realmente nada de errado nisso, esses ter-mos são muito melhores e mais corretos do que o termo “alfa”. Na realidade, eu sou um dos culpados pelo termo alfa ser usado nos lobos.

Publiquei um livro em 1970, que tem hoje em dia mais de 110.000 cópias em circulação, e

nesse livro denominei o lobo de topo como o alfa e fiz isso porque, na altu-ra, era isso que a ciência sabia, mas aprendemos muito. Esse livro foi publicado em 1970 e nos 35 anos que se seguiram à sua publicação aprendemos muito e uma das coisas que aprendemos é que o termo alfa é na realidade incorreto quando aplica-do à maioria dos lobos líderes de uma matilha. É apropriado usar o termo alfa em matilhas artificiais onde se podem colocar vários lobos juntos oriundos de diferentes locais, lobos que não têm relações familiares uns com os outros, nesse caso formariam uma ordem linear ou hierarquia dominante e aí sim, poderia chamar-se a esse animal o alfa embora isso raramente acontece na vida selvagem, se é que alguma vez acontece, portanto esse seria um caso onde se poderia usar o termo alfa.. Outro caso onde encontramos aquilo a que chamamos de matilha comple-xa ou uma matilha com vários mem-bros que procriam no parque de Yel-lowstone, por exemplo, já houve mati-lhas com três fêmeas que procriavam e nesse caso poder-se-ia chamar à fêmea com maior hierarquia que seria normalmente a mãe, poderia chamar-se então a esse animal fêmea alfa, mas ver isso numa perspetiva de matilhas de lobos em geral pelo mun-do fora situação que raramente acon-tece.” F Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/L._David_Mech http://www.davemech.com/index.html http://www.davemech.org/ http://www.youtube.com/watch?v=tNtFgdwTsbU

Fotos: www.google.com

Personalidade

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 6

As últimas investigações da genética molecular poderão alterar tudo aquilo que pensávamos em relação ao período, que era consensual, acerca da qual a espécie cani-na evoluiu demarcando-se da que lhe deu origem: a espé-cie lupina. O mito conta que o homem achou que o cão era uma companhia útil e resolveu acolhê-lo. Os cães eram guardas, pastores ou ajudavam na caça. O testemunho arqueológico mais antigo de cães com uma morfo-logia diferente da dos lobos remonta a 16 mil anos no Médio Oriente, sugerindo uma evolução que coinci-de com o aparecimento das primei-ras aldeias e antecede em alguns milhares de anos a domesticação de outros animais como as ovelhas e cabras. A ideia de que os cães surgiram quando o homem se tornou um ser sedentário, é frequentemente repeti-da, de tal forma que é surpreendente encontrar provas na genética que contradizem por completo este con-ceito. A prova está num estudo feito por Robert Wayne, um biólogo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, que aplicou as ferramentas da biologia moderna a cães, lobos, coiotes e chacais. Robert Wayne e os seus colegas recolheram amos-tras de sangue, tecido e pêlo de 140 cães de 67 raças e de 162 lobos de

três continentes. Os cien-tistas mediram as diferen-ças existentes nos ADN

das mitocondrias a fim de calcularem como esses vários tipos de caninos estão relacionados entre si e qual a data possível da separação de um antepassado comum. As mitocondrias são pequenas células que estão den-tro das células dos animais e que transformam comida armazenada em

energia com a ajuda do oxigénio e que também têm a parti-cularidade – muito apreciada pelos geneticistas, aliás – de se reproduzirem assexuada e inde-pendentemente do resto da célula. O

ADN normal de uma célula animal provem de ambos os pais. No entan-to, o ADN das mitocondrias vem exclusivamente do ADN das mitocon-drias da mãe. Numa reprodução sexual normal, a mudança genética de uma geração para a geração seguinte é muito rápida devido às misturas dos genes parentais em novas combinações.

Isto significa que o ADN das mitocon-drias pode ser utilizado como um

cronómetro da evolução. Os Lobos e os coiotes diferem em cerca de 6% no ADN das mitocondrias e, de acor-do com fósseis descobertos, separam-se de um antepassado comum há cerca de um milhão de anos. Os lobos e os cães diferem em apenas 1%, o que sugere que lobos e cães se separaram há cerca de 135 mil anos, muito mais cedo do que a data sugerida para a descoberta do pri-meiro fóssil de um cão sem seme-lhanças com o lobo.

O cronómetro da evolução é uma medida antiga que não capta diferen-ças que tenham ocorrido entre as várias raças nas últimas centenas de anos. A descoberta mais marcante da equipa de Wayne foi constatar que não existia quase relação nenhuma entre a raça do cão a as sequências de ADN das mitocondrias. Em oito Pastores Alemães, os cientistas des-cobriram cinco sequências diferentes; em seis Golden Retrievers, descobri-ram quatro e as mesmas sequências apareceram repetidas vezes em mui-tas raças que aparentemente não tinham qualquer relação entre elas. A questão é esta: se os cães forem de facto domesticados há mais de 100 mil anos, como sugerem os estu-dos de Wayne, então não houve mui-ta variedade de raças nesses mes-mos 100 mil anos. Em vez de se separarem em diferentes raças, o conjunto de genes caninos permane-ceu num só, mas misturado. Houve uma saída de genes considerável na população, o que não teria aconteci-

Evolução

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 7

do caso os homens tives-sem tentado manipular a criação dos seus cães ou desenvolvido raças espe-ciais com determinadas características. O estudo de Wayne também suge-re que durante muito tem-po a diferença genética entre o cão e o lobo era demasiado pequena para provocar qualquer mudança morfológica significativa que pudesse ser comprovada no fóssil. Mesmo se a distância do lobo ao cão fosse peque-na, aparentemente isso não acontecia muitas vezes. Wayne descobriu que as sequências do ADN das mitocondrias se juntavam em quatro gru-pos principais. Se houvesse um novo afluxo de sangue de lobo na popula-ção canina (isto é, se o cão fosse reinventado sucessivas vezes de populações selvagens em épocas diferentes), estes diferentes agrupa-mentos não teriam ocorrido. Wayne concluiu que os primeiros cães “foram inventados de alguma forma na sociedade humana” para serem

geneticamente isolados da população de lobos selvagens. E também que a domesticação dos cães provavelmen-te foi “um acontecimento raro”, algo que sucede muito poucas vezes. Tudo isto aconteceu numa altura em que “os humanos não eram ainda humanos”, tal como refere Gregory Acland – veterinário que trabalhou

com o investigador Aguirre no Centro para a Genética e Repro-dução Canina de Cornell - , o que levanta a possibilidade interes-sante que o homem pré-histórico não tenha querido sequer domes-ticar cães. Pelo contrário, o cão pré-histórico achou por bem ficar perto dos humanos e convenceu-os a não lhe atirarem pedras nem a comê-lo. Claro que este é um comentário hipotético. Se esta descrição está certa, não foi com intenção cons-ciente dos cães. Mas também não houve praticamente intenção da parte dos humanos. A maravilha e a beleza da escolha natural está na criatividade e na inteligência “impensada” com que essa esco-lha é feita. A verdade é que os

homens com os seus acampamentos, as suas pilhas de lixo e práticas de caça, representavam um nicho ecoló-gico ideal para a exploração dos lobos, ou pelo menos por aqueles lobos, que na sua estrutura genética, conseguiram explorar aquele nicho e depois passaram esta capacidade aos seus descendentes. Apesar de existirem lobos espalhados por todo o Mundo, desde a Europa à Ásia, à América do Norte, a população total resume-se a 150 mil espécimes. Nos Estados Unidos existem cerca de 50 milhões de cães com dono e mais outros tantos sem dono, o que pode ser interpretado da seguinte forma: é preferível “engraxar” as pessoas que lutar contra elas. F

Por: Sílvio Pereira Fotos: www.google.com

Evolução

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 8

As vacinas ajudam a evitar doenças infecto-contagiosas, por vezes fatais. Os cães podem ser vacinados a partir das 6 semanas de idade. Os animais devem estar previamente desparasita-dos e em bom estado geral. Depois de adquirir o seu novo cachorrinho o ideal é levá-lo ao seu Médico Veterinário para uma primeira consulta e marcar a melhor altura para começar a vacinação. A vacina da raiva (que é obrigató-ria) só é dada a partir dos 4 meses de idade e a da febre da carraça a partir dos 5 meses.

Nota: Raças nórdicas e Rottweilers devem fazer um reforço suplementar da 3ª vacina, uma vez que são raças mais sensíveis a determinadas doenças infeciosas. Muito Importante: Anualmente devem ser feitos reforços de vacina de todas as doenças anteriormente referidas.

de parte das vezes fatal. Os animais adultos afetados por esta doença têm uma maior resistência à doença. Devi-do ao desenvolvimento dos planos vacinais nos cachorros, a incidência de esgana sofreu uma redução muito significativa nos últimos anos. O vírus da esgana (CDV) transmite-se pelo ar, daí a sua elevada contagiosi-dade. Assim que é inalado, dissemina-se rapidamente pelo organismo do animal e os sintomas começam a sur-gir. A febre é o primeiro sinal da doen-ça. Aparece normalmente 3 a 6 dias após a contaminação. Após a febre, os sintomas podem variar bastante, dependendo da estirpe viral e do siste-ma imunitário do cachorro. Assim podemos ter:

Corrimento ocular e nasal;

Diarreia e vómitos;

Anorexia e prostração;

Pneumonia. Sinais neurológicos nos casos de esgana nervosa – paralisia, “tiques” nervosos e convulsões nos casos mais graves. O diagnóstico de esgana é baseado no historial clínico do animal (normalmente são cachorros não vacinados que já vão à rua), nos sin-tomas e em análises sanguíneas.

Definição de Doenças e Plano de Vacinação

Ordem de Vacina Idade do Cão Doenças que Previne

1ª Vacina 6 Semanas Esgana Parvovirose

2ª Vacina

8 Semanas

Esgana Parvovirose Leptospirose

Hepatite Vírica

3ª Vacina

12 Semanas

Esgana Parvovirose Leptospirose

Hepatite Vírica

4ª Vacina 16 Semanas Raiva

Esgana A esgana canina é uma doença viral altamente contagiosa que afeta o aparelho respiratório, digestivo e o sistema nervoso central do cão. Pode atingir animais de qualquer idade contudo, afeta sobretudo cachorros não vacinados entre os 3 e os 6 meses de idade, sendo gran-

Por: Paula Leal Fotos: www.google.com

Saúde

1ª Parte

Cães & Lobos Edição Nº 2

Página 9

O tratamento consiste em manter o animal hidratado devido às perdas no vómito e diarreia, forçar a alimen-tação, fornecer anti vomitivos e anti-bióticos e controlar as convulsões. Grande parte dos cachorros, apesar do tratamento de suporte agressivo, acabam por morrer. Os que sobrevi-vem podem ficar com sequelas ner-vosas (“tiques”), hipoplasia do esmal-te (os dentes ficam com um aspeto amarelado e gasto) e sensibilidade gastrointestinal. A esgana é uma doença com um prognóstico muito reservado que pode conduzir à morte do cachorro. Nunca esquecer que se ele não esti-ver vacinado com a primo-vacinação não pode ir à rua pois arrisca-se a ser contaminado. Se notar que o seu cachorro não quer comer e está prostrado leve-o de imediato ao veterinário, não espe-re pelo dia seguinte. Parvovirose A Parvovirose canina, também conhecida como gastroenterite Víri-ca, é uma doença relativamente recente que se instalou na população canina por volta de 1978. Tal como o nome indica, é causada por um vírus. A principal fonte deste vírus é as fezes de cães infetados, sendo os animais suscetíveis expostos à infe-ção pela ingestão das partículas víri-cas. Após a ingestão, o vírus é trans-portado para o intestino onde invade a mucosa intestinal e causa inflama-ção.

Infelizmente, e ao contrário da maior parte dos vírus, o vírus da Parvoviro-se canina é muito estável no ambien-te e resistente aos efeitos do calor, detergentes e álcool, tendo sido já

recuperado de fezes de cão após três meses à temperatura ambiente! Devido à sua estabilidade, é facilmen-te transmitido pelo ar ou por objetos contaminados (roupa, sapatos, etc.), não sendo necessário o contacto dire-to entre os cães para a disseminação do vírus.

Os cães que são infetados e manifestam sinais clínicos ficam doen-tes normal-mente 7 a 10

dias após a infeção inicial. Os sinto-mas mais característicos são os vómi-tos e a diarreia, que podem ser bas-tante severos, embora os cães tam-bém possam exibir anorexia, letargia e febre. Geralmente os vómitos são o primeiro sinal e a diarreia pode não estar presente no quadro clínico ini-cial. A Parvovirose pode afetar cães de todas as idades, embora seja mais comum em cães com menos de um ano de idade. Os cachorros com menos de cinco meses são os mais severamente afetados e os mais difí-ceis de tratar. O diagnóstico da Parvovirose é mui-tas vezes um desafio para o Veteriná-rio, pois há uma infindável lista de outras doenças que causam vómitos e diarreia. Normalmente é feito um diagnóstico tentativo com base na contagem das células brancas san-guíneas (leucócitos). A Parvovirose é caracterizada por uma contagem reduzida (leucopenia), embora esta possa estar normal no início dos sin-tomas clínicos! A confirmação do diagnóstico pode ser feita por meio de um teste laboratorial, em que se faz a deteção de anticorpos no sangue, embora os resultados negativos não sejam totalmente fiáveis. Uma pergunta que naturalmente se põe, é se existe tratamento e se este é eficaz. Não há tratamento para matar o vírus após a infeção. A ação do vírus no organismo do animal não é causar diretamente a morte.Em vez disso, ele provoca uma destruição do epitélio intestinal resultando numa desidratação severa, desequilíbrios eletrolíticos e infeção da corrente san-guínea por bactérias intestinais.

Assim, o tratamento de um cachorro com Parvovirose passa por um trata-mento de suporte, em que se tenta corrigir a desidratação e desequilí-brios eletrolíticos, mediante a admi-nistração de fluidos intravenosos. A este tratamento de suporte adicionam-se os antibióticos, para tentar evitar a septicemia (infeção do sangue), e os antieméticos para controlar os vómitos. A maioria dos cães com Parvovirose recuperam se tiver sido instituído um tratamento agressivo, e se este começou antes do desenvolvimento de septicemia e desidratação severa. Por razões ainda não esclarecidas, verifica-se uma maior suscetibilidade de algumas raças a esta doença, nomeadamente o Rottweiler, tendo uma maior taxa de mortalidade que outras raças. Leptospirose

A Leptospirose é provocada pela Leptospira interrogans, uma bactéria do tipo espiro-queta, a qual provoca infe-ções em vários

animais, que tanto podem evoluir sem evidenciarem sinais ou sintomas como provocarem problemas hepáti-cos e abortos, no caso das fêmeas. A bactéria é transmitida ao ser humano essencialmente através de alguns roedores, como o rato cinzento, e eventualmente através de bovinos, suínos e cães, que eliminam os microrganismos com a urina. O con-tágio efetua-se através do contacto direto com a urina dos animais infeta-dos ou através das águas contamina-das, já que as bactérias conseguem sobreviver e conservar a sua capaci-dade de infeção durante bastante tempo num meio líquido, se a tempe-ratura for amena. Os trabalhadores rurais estão, como é óbvio, muito expostos ao contágio, em especial os que trabalham em arrozais e em pocilgas, bem como os donos de cães em zonas urbanas. período de incubação da Leptospiro-se dura entre 1 a 3 semanas. As suas

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principais manifestações, que se evi-denciam de forma brusca, são febre, através de uma subida considerável da temperatura do corpo acompa-nhada por arrepios, dor de cabeça latejante, dores musculares difusas e inflamação das conjuntivas oculares. Por vezes, evidenciam-se igualmente dores abdominais, náuseas, vómitos e diarreia. Os sinais e sintomas des-critos costumam desaparecer ao fim de cerca de uma semana a dez dias, propiciando a cura espontânea da doença.

Todavia, em alguns casos, após alguns dias sem sinais e sintomas, podem sur-gir novas manifesta-

ções, provocadas por uma reação imunitária anómala gerada pela rea-ção do sistema de defesa face às bactérias responsáveis pela doença. Esta segunda fase do problema caracteriza-se pela afetação do fíga-do, rins e sistema nervoso, que se manifesta através de inúmeros sinais e sintomas, entre os quais se desta-ca a icterícia, a coloração amarela da pele provocada por uma insuficiência hepática, bem como vários sinais e sintomas de meningite, quando os nervos são igualmente afetados. Como as alterações costumam per-sistir entre uma a quatro semanas, as funções hepática e renal podem levar bastante tempo a recuperarem totalmente. Para além disso, em cer-ca de 5% dos casos, podem mani-festar-se complicações agudas, pro-vocando mesmo a morte do pacien-te. O tratamento baseia-se na adminis-tração de antibióticos ativos contra o agente causador da Leptospirose, juntamente com o repouso na cama enquanto dura toda a fase ativa da doença e uma abundante ingestão de líquidos. Nos casos graves, sobretudo quando surgem complica-ções hepáticas, renais ou neurológi-cas, costuma ser necessário o inter-namento do indivíduo afetado no hospital.

Hepatite Virica Esta doença é causada por um vírus que não atinge o homem. O vírus atinge principalmente os rins e o fíga-do do animal. A sua ocorrência é bem menos frequente que outras viroses como a Parvovirose, e a hepatite viral não apresentam risco de mortalidade alto. O período de incubação varia de 2 a 5 dias. O vírus atinge o fígado e outros órgãos, especialmente os rins. O animal pode apresentar desde sin-tomas leves até um quadro bastante severo. Os sinais clínicos incluem febre, diarreia, apatia, inapetência, vómitos amarelo-esverdeados e, em uma pequena percentagem de cães, alteração na cor dos olhos (que se tornam azuis devido a um edema de córnea) perfeitamente reversível na maioria dos casos.

O tratamento é feito para a fortifica-ção do organismo do animal a fim de que a doença não progrida e, conse-quentemente, não cause maiores danos. Raiva É uma doença infeciosa aguda que acomete mamíferos (homens e ani-mais), causada por um vírus que se multiplica e se propaga - via nervos periféricos - até o sistema nervoso central, de onde passa para as glân-dulas salivares, nas quais também se multiplica. O prognóstico é fatal em todos os casos e representa um sério proble-ma de saúde pública.

A doença expõe grande número de pessoas e animais ao risco de conta-minação e os custos necessários para o seu controle ou erradicação são elevados. O vírus rábico é inativado por diver-sos agentes físicos e químicos, tais como: radiação ultravioleta, detergen-tes, agentes oxidantes, álcool, com-postos iodados, enzimas proteolíticas e raio X. É sensível aos ácidos com pH <4 e às bases com pH> 10. É ina-tivado pelo calor, sobrevive 35 segun-dos a 60°C, 4 horas a 40°C e vários dias a 4°C.A forma mais comum de transmissão é através de contacto com saliva de animal raivoso, seja por mordeduras ou lambeduras de mucosa ou de pele com solução de continuidade. As arranhaduras tam-bém têm potencial de contaminação, devido à salivação intensa dos ani-mais doentes, que muitas vezes con-taminam suas patas. Outras formas de contágio, embora raras, são: transplante de córnea, via inaladora, via transplacentária e aleitamento materno. Teoricamente, é possível a transmissão de raiva por contacto íntimo intradomiciliar ou em unidades de saúde através de secreções infe-tantes. Entretanto, não há casos registados com essa epidemiologia. Existem 2 formas de raiva canina: a furiosa e a paralítica, dependendo da predominância de uns ou de outros sintomas.

A forma furio-sa caracteriza-se por inquie-tação, tendên-cia ao ataque, anorexia pela dificuldade de deglutição e latido bitonal, posteriormen-te paralisia, coma e morte. Na forma paralítica, ao

contrário da furiosa, não há inquieta-ção ou tendência ao ataque, o cão tende a se isolar e se esconder em locais escuros. Apresenta paralisia de patas traseiras, que progride e o leva à morte. A duração da doença é de 3 a 7 dias. F

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O nascimento dos cachorros da Aloe Vera ocorreu no dia 24 de Fevereiro de 2012. O parto pode durar várias horas durante o qual os cachor-ros são expulsos num intervalo de 20 - 30 minutos. A expulsão de um cachorro provoca contrações fortes da musculatura abdominal. Um cachorro é expulso totalmente envolto na bolsa amnió-

tica.

A mãe rasga a bolsa amniótica para libertar o cachorro. A placenta é geralmente libertada nos 5-10 minutos seguintes e é ingerida pela mãe. A placenta contem hor

monas importan-tes e necessários para a boa conti-nuação do parto.

http://www.estrela-dog.com/

A mãe corta o cordão umbilical, lambendo o tórax do cachorro recém nascido, o que vai estimular a sua primeira respiração.

Normalmente um cachorro procura o calor da mãe para encontrar um mamilo e mamar o colostro (primeiro leite) que contem anticorpos que fornecem uma imunidade importante contra infeções. O papel do criador limita-se a observar e verificar o ins-

tinto maternal da cadela e ajudar a manter a maternidade limpa, colocando os cachor-ros menos fortes sob os mamilos que for-necem o primeiro leite (colostro). Assim inicia-se um novo ciclo da vida e para os cachorros uma luta pela sobrevivência. Devem encontrar os mami-los que fornecem o primeiro leite, importantíssimo para ganhar forças e cres-

cer. F

Texto e fotos:

Suzette Preiswerk da Mota Veiga

Canil da Quinta de S. Fernando

do Cão da Serra da Estrela

Manteigas

Criação

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Esta ideia podia ter saída duma reu-nião entre Isaac Azimoz e Brigitte Bardot. De fato, os cientistas ale-mães criaram as primeiras equipas de salvamento compostas de cães e de robôs. Na sequencia duma catás-trofe natural, a busca de sobreviven-tes é um trabalho complexo, por isso o melhor amigo do Homem está mui-tas vezes presente, o seu faro agudo e sua agilidade são duas mais valias para encontrar as pessoas presas por baixo dos destroços. Por outro lado, desde há alguns anos, os “snakebots” foram desenvolvidos para perseguir o mesmo objetivo. Efetivamente, estes robôs filiformes podem torcer-se por baixo dos des-troços e estão equipados de máqui-na de filmar, o que permite aos ele-mentos das equipas de busca e sal-vamento encontrar no lugar preciso as vítimas. A ideia é essa mesma, combinar os dois. Assim, o corajoso canino bem equi-pado aproxima-se da vítima o máxi-mo que pode e, com o “snakebot” fixo ao seu colete, ativa-o com um ladrido. A busca será assim muito mais fácil e mais precisa.

Estudo dos cientistas da Aide Snakes que desenvolvem robôs para salvar vidas (Carol Johnson) Há mais de 8000 espécies de répteis no planeta e a maior parte rasteja, caminha ou, rasteja e torce-se na água de maneira única. Os repteis são animais de sangue frio, muitas vezes os seus movimentos são con-cebidos para avançar rápida e eficaz-mente. As serpentes, em particular, parecem ter movimentos únicos que podem executar movimentos em vários locais rapidamente e sem esforço. Howie Choset, professor da Car-negie Mellon University, encon-trou um meio de imitar estes movimentos mecanicamente, trabalhou durante muitos anos para desenvolver robots em for-ma de serpente que ele pensa que irão ajudar muitas pessoas soterradas nos destroços. Atualmente, quando as pessoas estão presas nos destro-

ços, a solução é tirar pedra por pedra para encontrar estas pessoas e ele (Choset) diz que o seu sonho é o de ter estes robôs a torcer-se por baixo das pedras para encontrar mais rapidamente as pessoas soter-radas. Alguns robots similares

estão a ser construídos noutras uni-versidades mas, depois de Dan Kara, o proprietário das Tendances Robo-tics, nenhum dos outros protótipos conseguem subir as condutas como faz o “snakebot” Choset. Os robots de Carnellie Mellon utilizam movimentos cíclicos de base chama-dos “allures” (forma de andar) o que pode ser programado para um com-putador e leitor de couleuvreau (cobra de agua) sem limites. Combi-nar os “allures” com outros tipos de

controlo pode conduzir ao desenvolvi-mento de comportamentos em que os “snakebots” podem efetuar trabalhos de nível superior como subir uma escada. Alguns dos “allures” de base incluem : - Progressão linear, onde as ondas sinusoidais são produzidas em todo o comprimento do “snakebot” projetan-do-o para a frente ou para traz. Esta função é perfeita para ter o ajuste dos robôs nos lugares estreitos como no interior de condutas; - “Mitraillage” (tiro- detonação) é um tipo de movimento de serpentes tal os “sidewinders” que se deslocam lateralmente. Esta função é atual-mente um dos meios mais rápidos para os “snakebots” se deslocarem

Fazem equipa para

salvar vidas

Tecnologia

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e o mais adaptado para terreno aci-dentado. Um vertical e uma onda sinusoidal horizontal complementam-se deslocando a metade da frente da serpente para a direita e a metade de traz da cobra de agua para a esquerda fazendo girar o robô ser-pente no local (ali mesmo).

- Contorcer, faz com que a serpente se desloque em movimento de espi-ral que é útil para propulsionar o robô para a frente ou para a traz através dos obstáculos no seu caminho, onde a progressão linear seria difícil. Contorcer é igualmente útil para manobrar o robô graças a uma cerca de rede de corrente ou dum peque-no buraco feito numa parede ou num chão de madeira. - Rolamento é a função a mais eficaz da energia, porque o robô dobra-se em meia lua e utiliza o seu impulso para se deslocar rapidamente. Este método é particularmente útil para subir montes e deslocação em terre-nos acidentados. - Pipa /tubagem, subir aos pilares permite aos “snakebots” subirem ao interior ou exterior das condutas ou tubagens. Os robôs podem subir as condutas as mais pequenas ou até no exte-rior de extremi-dades com perímetros infe-riores ao com-primento do robô. Eles adaptam-se.

- Curva é uma função que permite ao “snakebot” manobrar em curvas estreitas, como os ângulos no interior das estruturas das tubagens dos sis-temas de canalizações. O corpo do robô inclina-se para corresponder ao ângulo que encontra (Le coude en français ) ( a curva ) que é mantida

enquanto a serpente se desloca para a frente. Uma vez que o robô apaga o canto, a curva (le coude) fica eliminada. “Allures” deste tipo combinadas com outros movimentos, trazem aos “snakebots” uma eficácia muita grande na ajuda das tare-fas desta especialidade. As maquinas podem ser equipadas com maquinas de filmar e deteto-res eletrónicos controladas por um Joystick. Se os robôs estão

equipados dum material impermeável, podem ainda desloca-se na água a simular a natação . Os robôs são construídos em alumínio ou em plásti-co e são da dimensão de um braço humano ou ainda mais pequeno.

Depois de Sam Sto-ver, chefe da equipa de pesquisa da Federal Emergency Management Agency, os “snakebots” tal como a Canergie Mellon os concebeu

consolida consideravelmente os esforços de busca e salvamento por-que oferece uma maior mobilidade do que os equipamentos atuais utiliza-dos.

Os cães tem a qualidade que o robot não pode ter, que é o faro, mas os cães só podem ser utilizados quando as equipas de salvamento tem aces-so às zonas onde os sobreviventes estão soterrados. Os robots da Carnergie Mellon não ficarão prontos a ser utilizados antes de 5 a 10 anos (dependente dos fun-dos). Por enquanto, Choset e a sua equipa continuam as pesquisas e as experiências com as maquinas nos locais de simulação de catástrofes no Canada F

Tradução da Dominique Martins do original:

“Étude des chercheurs Aide Snakes déve-lopper des robots pour sauver des viés” Fotos: www.google.com

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Este é um artigo que se reveste de primordial importância para os cria-dores, mas não deixa de ser interes-sante para todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão liga-dos aos cães das mais variadas maneiras; criadores, proprietários, adestradores, veterinários ou sim-plesmente amantes e estudiosos do fenómeno canino. Há duas fases da vida do cachorro que considero de extrema importân-cia para o desenvolvimento da estru-tura mental do futuro cão: as fases do imprinting e da socialização. É nestes dois períodos da vida do cachorro que é definido o cão que iremos ter no futuro: se são mal exe-cutadas teremos um exemplar cheio de problemas de índole social, se forem bem conduzidas é certo que seremos recompensados com cães alegres, extrovertidos e bem integra-dos na sociedade. Decidi, para melhor compreensão dos leitores, estruturar cronologica-mente o artigo, iniciando a descrição das referidas etapas no nascimento do cachorro:

Período neo-natal (nascimento até à 2ª semana) - 90% do tempo investido na alimen-tação e no sono. - Estimulação materna da zona ano-genital com finalidade de induzir a micção e a defecação dos cachorros.

Período de transição, critico ou “Imprinting” (3ª e 4ª semanas) - Inicia-se a independência nas con-dutas de eliminação. - Inicio dos comportamentos lúdicos e exploratórios. - Inicio do processo de “Imprinting”. “Imprinting” Conceito lançado pela primeira vez pelo naturalista Austríaco Konrad Lorenz (1903 – 1989) Prémio Nobel da Medicina em 1973 e considerado o pai da Etologia Moderna. Ele demons-trou que, no trabalho que realizou com gansos, estes seguiriam o pri-meiro objecto em movimento que encontrassem no seu meio envolven-te, mal saíssem dos ovos, ocorrendo assim uma ligação social entre o pequeno ser e o objecto ou organis-mo que eles vissem em primeiro lugar. Foi o caso da experiência reali-zada pelo próprio Konrad Lorenz que ao criar uma ninhada de gansos

cinzentos desde a oclusão dos ovos, os pequenos gansos o tomaram como sua mãe, seguindo-o incondi-cionalmente e, mesmo depois de se tornarem adultos, manifestaram sem-

pre maior preferência por ele do que pelos outros gan-sos. O comporta-mento de um animal, de qualquer animal, é o resultado da interacção

de dois factores fundamentais: a genética e o meio ambiente, e em muitos casos é quase impossível separar o aspecto filogenético (Incluído no seu material genético, herdado) do ambiental. Um dos exemplos mais curiosos dessas influências no referido comportamen-to animal é o chamado “imprinting” (estampagem ou impreg-nação em portu-guês, apesar do ter-mo, em si ser intra-duzível). O imprinting é a pri-meira e mais dura-doura forma de aprendizagem. Gra-ças a ela, o animal aprende a ser mem-bro da sua espécie, enquanto estabe-lece relações com os de outra. Em todas as espécies existe um período, denominado período crítico, durante o qual o fator ambiental é mais suscetível de influenciar o com-portamento e é nesse espaço de tempo da vida do animal que a acção do imprinting resulta particularmente

Por: Sílvio Pereira - Fotos: www.google.com

Etologia

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intensa e duradoura, tendo grande importância no desenvolvimento dos padrões ontogenéticos (desenvolvidos durante o período de vida do animal) ou vitais. O período crítico não é o mesmo em todas as espécies. Nas aves, por exemplo, por pertencerem a espé-cies precociais (espécies de rápido desenvolvimento. Necessitam de poucos cuidados parentais. Contrário de espécies altriciais), o referido período emerge logo nas primeiras horas depois do nascimento. Nos canídeos esse espaço de tempo ini-cia-se à terceira semana de vida, quando os cachorros começam a abrir os olhos, e a ouvir. É importante que, nesta fase, a mãe esteja presente na altura do desen-volvimento sensorial dos cachorros,

pois será ela o primeiro elemento que eles verão e será nela que se fixarão como pertencentes a uma determinada espécie. Para a mãe também é extremamente importante esta fase, pois o desen-volvimento do comportamento mater-nal da fêmea está caracterizado pela aparição de um período sensível em que ela aprende a reconhecer as suas próprias crias assegurando, desta forma, que o instinto maternal se mantenha durante a época de amamentação. Período sensível ou de socializa-ção. (da 5ª à 12ª semana) - É o mais importante da vida do cão; cão. - Termina o “imprinting”; - Começa a exploração ano-genital e a relação social com os parentes;

- Esta fase acaba quando observa-mos uma reação elevada de medo perante um estímulo novo; - É o momento de começar a traba-lhar as condutas instintivas; - Inicia-se a socialização. Socialização Nos canídeos o período de socializa-ção está compreendido entre as 5 e as 12 semanas. Podemos definir esse período como o espaço de tempo compreendido entre o início da matu-ridade sensorial e a consolidação das estruturas nervosas que controlam a resposta de medo perante situações novas. É ainda durante este espaço de tempo que se dá o desenvolvimen-to sensorial e locomotor do animal e, graças a ele, o cachorro aprende a deslocar-se, explorar o seu meio envolvente e a interagir com os demais. Às 12 semanas acaba este período com a primeira demonstração de medo como resposta a alguns estí-mulos novos. Em determinadas espécies, como os canídeos parece que se produz uma aceitação implícita do humano como companheiro social em pé de igualda-de com os membros da sua própria espécie. Uma exposição breve duran-te o período sensível ou de socializa-

ção é suficiente para que se estabele-ça uma relação normal com os seres humanos. É nesta fase que o cachor- ro deve iniciar o contacto com outros cães e fundamentalmente, com adul-tos e crianças. É a altura de colocar o cachorro perante situações novas parecidas com as que encontrará na fase adulta. Se até à 14ª semana não se proceder a esta integração do cachorro na sociedade onde irá viver, este deixará de responder e o seu futuro comporta tamento tenderá para a anormalidade.

Esta fase de socialização é particular-mente importante para a vida futura do cachorro e daqueles que com ele irão conviver. É aqui que se irão lan-çar as bases que definirão a estrutura mental e social de um cão. 90% dos

proble-mas coporta-mentais anómalos e desvian-tes de cães que têm che-gado ao nosso conheci-mento, têm ori-gem

numa deficiente, mal conduzida e mal executada fase de socialização. Período Juvenil. (da 13ª semana à maturidade sexual) - Desenvolvimento da capacidade motora. - Respostas de medo mais intensas. - Aumenta a dificuldade de socializa-ção. Fase da maturidade. - Fixação dos padrões de conduta. - Aumento da capacidade de aprendi-zagem. - Aparecem os problemas comporta-mentais. Com este artigo espero ter contribuí-do para uma melhor compreensão, principalmente por parte dos criado-res, das etapas por que um cão pas-sa desde o seu nascimento à fase adulta. Apelo aos criadores, a fim de evitar problemas adjacentes, que se debrucem mais na socialização dos cachorros, preocupem-se fundamen-talmente em proporcionar aos cachorros a possibilidade de serem confrontados com todo o tipo de situações, de ruídos, de dificuldades para ultrapassar, apresentem-nos a animais da mesma e de outras espé-cies, etc., para que os problemas que existem atualmente com a maioria dos cães não se venham a verificar no futuro. F

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Já desde criança que tenho cães, sempre fui apaixonado por cães e eles sempre me retribuíram com mui-tas alegrias e amor incondicional. Eu sempre contei com o companhei-rismo deles e eles sempre contaram comigo. Nunca souberam o que é ter fome e muito menos o que é sofrer de maus tra-tos. Para mim, um cão é um membro da família e merece usar o nosso espaço fazendo-o seu, de modo a que seja feliz para toda a sua vida cani-na, competindo a nós (donos) o dever de pas-sear com ele, brincar com ele, cuidar dele e delimitar todas as regras necessá-rias para que ele seja equilibrado e feliz. Porém, na realidade atual, acrescida agora de uma recessão económica, muitos destes nossos amigos são esqueci-dos; o cão é visto como uma fonte de despesas, problemas e inclusive como um fardo quando a família quer passar férias fora da sua casa. E o que fazem estes donos? - Ou os entregam nos canis munici-pais ou os abandonam simplesmen-te, num local que não permita ao cão voltar de novo para junto daqueles que considera a sua família. Tive a oportunidade de acompanhar duas instituições que me permitiram observar mais de perto esta realida-de, uma foi o Canil Municipal de Sin-tra e a outra foi a Abrigo – Associa-ção de Proteção à Fauna e à Flora, que é uma associação de acolhimen-to e ajuda de cães abandonados situada na Azambuja – Vale do Paraíso.

Ambas as instituições, embora prati-quem o mesmo na sua essência e tendo o mesmo fim que é a adoção destes animais carenciados, distin-guem-se desde logo pela ajuda direta da Câmara Municipal de Sintra no caso do Canil Municipal de Sintra por

ser de cariz público. Ajuda essa, tanto a nível monetário como através de profissionais, nomeadamente, médicos veterinários e funcionários habilitados da Câmara Municipal que coordenam as necessi-dades do Canil, no entanto, em ambas as instituições é permitido o auxílio de voluntários, que agem de acordo com as necessidades dos cães em particular, tanto a nível sani-tário e alimentício, como na presta-ção de cuidados de saúde sempre que seja necessário. Em média, em ambas as instituições estão presentes mais de 100 cães, e são necessários pelo menos 40kg diários de ração seca, água e muitos cuidados médico-veterinários, desde desparasitação, a intervenções cirúr-gicas diversas, mais frequentemente por necessidade de esterilização. E

assim sendo, as despesas são muito avultadas e terão que ser bem con-troladas, de modo ao regular funcio-namento de cada uma das institui-ções. Do funcionamento:

O funcionamento é muito distinto, por um lado no Canil Municipal a principal linha de ação é o controlo da população canina e o seu comportamento, de modo a que tenham a pos-tura correta para serem adotados e estarem aptos às expectativas dos novos donos. E assim sendo, todos os cães que entram no Canil ficam sujeitos a uma série de passos obrigatórios, sendo de imediato sujeitos a uma triagem do médico

veterinário do Canil, que irá despara-sitar e tratar o cão no que for neces-sário. Após essa triagem, ficará no Canil e será sujeito a avaliação mais concre-ta, se o cão estiver muito debilitado por doença ou for demasiado agressi-vo perante estranhos será posterior-mente sujeito a eutanásia por não reunir as condições necessárias à adoção, por outro lado, se mantiver uma postura submissa e dócil e em condições de saúde, será esterilizado de modo a evitar o crescimento da população canina, podendo essa esterilização acontecer de uma forma mais rápida ou lenta, mas sempre prévia a qualquer adoção. É notório este efeito desde logo no Canil deri-vado à ausência de cães jovens, por não ser tolerado o aumento da popu-lação canina no próprio Canil.

Instituições

Cães & Lobos Instituições Edição Nº 2

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Todos os cães estão presos no Canil por uma corrente, independentemen-te da sua idade, porte e sexo, e só é autorizada a retirada dessa corrente em casos concretos relacionados com as idas ao veterinário ou então porque alguém o pretende adotar. Não são autorizados passeios com os cães e muito menos o seu ades-tramento. Fica aqui a foto de uma cadela muito simpática que conheci no Canil Muni-cipal de Sintra, muito submissa e dócil e que aguarda adoção.

Já na Associação Abrigo, uma vez que depende de capitais particulares e de eventuais donativos a título de ajuda, a regra existente nos Canis Municipais não se aplica. Todos os animais são bem aceites, o coração é imperioso nesta associa-ção e só por amor se justifica tal dedicação a estes nossos amigos caninos, que as suas funcionárias denominam carinhosamente de “patudos”. A Abrigo está situada numa moradia isolada numa zona de campo, os cães estão devidamente separados consoante a sua idade e porte, e alguns deles consoante o sexo atra-vés do uso de redes ou portões, e ficando os mais idosos por inúmeros motivos dentro da moradia, porém, nenhum deles está acorrentado e a eutanásia não é praticada nesta Associação. Todos os cães têm os mesmos direi-tos, atenção e cuidados tanto por parte das funcionárias como dos voluntários, estando praticamente todos os cães disponíveis para ado-ção ou então para apadrinhamento. A solução de apadrinhamento é uma

solução alternativa da associação, que para além dos donativos e quotas dos seus asso-ciados, poderão ter uma ajuda extra com os padrinhos dos cães, pois estes comprome-tem-se a ajudar os seus afilhados, quer através de uma quantia pecu-niária mensal, quer (opcionalmente) através do pagamento de vaci-

nas e esteriliza-ção necessárias à manutenção e adoção dos seus afilhados nesta associa-ção de abrigo. Os apadrinha-mentos não são exclusivos e não obrigam à adoção do cão afilhado, havendo no entanto, um direito de preferência reser-vado aos padrinhos em caso de interesse de adoção por parte de outras pessoas que não apadrinhem o cão.

Ainda que os cães sejam obrigatoria-mente entregues esterilizados aquan-do da adoção (com exceção nos cachorrinhos), essa esterilização só se realiza umas semanas antes do dia agendado para a entrega do cão pois as carências económicas da associação não permitem a realiza-ção atempada destas cirurgias previa-mente a uma adoção, uma vez que não existem médicos veterinários exclusivos da associação e todos os procedimentos têm de ser devida-mente pagos pela associação. O que poderá originar a algum aumento eventual da população cani-na existente na associação derivado a cruzamentos inesperados, no entanto, existe um espaço exclusivo para os cachorrinhos dentro da associação como mostra a foto, para que não fiquem misturados com os cães adul-tos. Ainda que, com recursos escassos mas muito boa vontade, a Associação Abrigo gosta que todos os amigos da associação bem como os seus asso-ciados a visitem aos Sábados até às 17h, e permite inclusive com solicita-ção prévia, o passeio com alguns

cães fora da associação e o seu adestramento, experiência essa que estou a realizar na esperança que venha a ser uma mais valia na ado-ção dos cães. Fica aqui uma foto da Shakira, uma Rottweiller muito meiga embora com alguns problemas de socialização que carecem ser corrigidos, que irá ser adestrada por mim de modo a reunir todos os requisitos de uma adoção segura e confortável para os novos donos.

Está assim concluída a nossa viagem entre Canis e Associações de Abrigo. Todos os cães merecem um lar e é para isso que estas instituições exis-tem, o objetivo é sempre a adoção e o de dar uma segunda oportunidade a estes cães. O meu conselho... A quem não puder adotar, que apadrinhe um cão e apoie estas instituições porque o mais importante é ajudar estes cães carenciados. Texto e fotos: André Moreiras Dog Steps - “Passos Caninos” www.passoscaninos.blogspot.pt

Cães & Lobos Experiências Edição Nº 2

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A Pipinha & Companhia nasceu de um amor antigo pelos animais. Des-de há muito que recolhemos animais abandonados para posterior adoção, até nos apaixonarmos também por uma raça muito especial. Continuamos até hoje com a preocu-pação constante em dar uma vida digna a todos os animais que são deixados na rua, mas dedicamo-nos em simultâneo à criação da raça RETRIEVER DO LABRADOR. Escolhemos esta raça, pela sua inte-ligência e temperamento extrema-mente dócil. Consideramos que é um animal de família por excelência, um verdadeiro amigo sempre presente, que troca qualquer atividade pela presença e atenção do dono. Desde o início da nossa atividade que a principal preocupação foi adquirir a formação necessária para poder desenvolver um trabalho cons-ciente e responsável. Formação e conhecimento que conseguimos através do Centro Canino de Vale dos Lobos, mediante a frequência de cursos ali ministrados. Queremos trabalhar de forma cons-ciente e séria, sendo o nosso princi-pal objetivo marcar a diferença sem-pre no sentido de melhorar a qualida-de a nível morfológico e de tempera-mento da raça que criamos. Aos poucos e com o crescimento deste sonho, foram-nos surgindo novas ideias que se foram concreti-zando. Uma delas foi a criação de uma Pet-Shop online. Nos tempos que correm, sendo o tempo cada vez mais escasso, a possibilidade de estarmos presentes em todo o país sem ter uma localiza-ção especifica, conseguirmos estar à disposição de todos os cliente à dis-

ãncia de um clique, foi um fator chave nesta nossa decisão. Comprar desta forma é rápido, podendo qualquer pessoa fazer compras a qualquer hora e sem sair de sua casa.

Começámos com os acessórios que se encontram em qualquer loja de animais e depois resolvemos comer-cializar também Roupinhas e Cal-çado para animais de estimação. O nosso objetivo não é fantasiar um animal, mas sim ter uma coleção sóbria e prática. Todos sabemos que existem raças que nos meses mais frios, não estão confortáveis,

todos sabe-mos que exis-tem muitos animais que vivem perma-nentemente em casa, e os seus donos

não gostam que se sujem com facili-dade ou que se molhem em dias de chuva . Foi a pensar nestes clientes que os novos produtos começaram a

surgir e têm feito bastante sucesso. Comercializamos os mais variados produtos, não só para cães de raça pequena mas também para todos os outros. A nossa cole-ção é vasta, os artigos são muito práticos, são ótimos para usar em qualquer altura e em qualquer situação. Decidimos apostar nestes artigos, porque em Portugal ainda não existe este hábito, como em Espanha ou no Brasil. De forma a divulgar os nossos servi-ços temos participado em algumas feiras e o interesse manifestado pelo público é muito. O nosso serviço é personalizado e estamos sempre disponíveis para esclarecer todas as dúvidas que pos-sam eventualmente surgir aquando das compras e acabamos por ter um contato próximo com todos os clien-tes. O projeto Pipinha & Companhia tem

crescido, e vai continuar a crescer, porque apostamos na qualidade, e claro trabalhamos em todas as áreas com o máximo de responsabilidade.

F

Do sonho à realidade

www.pipinhaecompanhia.net

Texto e fotos:

Lúcia Bandarra da Silva

Cães & Lobos Alertas Edição Nº 2

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A notícia que do Jornal de Notícias publicou no dia 08-03-2012, e que transcrevemos abaixo, se fosse só pela notícia em si não tinha cabimento no espírito desta revista, mas aproveitámo-la para retirar dela dois avi-sos que devem ser tomados em conta por todos os pais e responsáveis por crianças, que são os seguin-tes: Aviso Nº. 1 - Nunca deixar crianças sozinhas com cães sem a presença de um adulto. Aviso Nª. 2 - Ensinar as crianças a nunca tirarem nada da boca dos cães. Em situação de jogo e de excitação os cães protegem o brinquedo e não permitem que lhes seja tirado, principalmente por aqueles que eles consideram que estão no mesmo nível hierárquico que o seu, como é o caso das crianças. “CÃO ESFACELOU PERNAS DE CRIANÇAS Duas crianças das três que, anteontem, foram mordi-das por um cão da raça … (por razões óbvias a raça não é

divulgada) em Repolão, Oliveira do Bairro, vão ficar mar-cadas nas pernas com costuras superiores a 10

centímetros, segundo apurou o JN. Dois rapazes foram sujeitos a cirurgias durante a noite de anteontem, no Hospital de Aveiro. A situação mais delicada dos três primos envolveu Leonar-do Simões, de oito anos, que foi operado durante a madru-gada, para ser suturado com mais de uma dezena de pon-tos numa coxa, esfacelada pelos dentes do cão. Teve alta ontem. Gonçalo Santos, de 10 anos, foi igualmente operado, mas na urgência, tendo sido suturado num joelho. Teve alta ao final da noite, com Tatiana Correia, de oito anos, que sofreu apenas escoriações. Segundo fonte médica, o caso poderia ter sido mais grave se o cão tivesse atingido a cara das crianças, “tinha-lhes desfeito o rosto”, ou mordido com mais força, “atendendo à potência de mandíbula de um cão desta raça, este pouco mais que ‘brincou’ com as crianças, só que estas como têm um corpo frágil, facilmente sofrem lesões extensas”. O cão estava a brincar com as crianças quando as atacou. Um familiar dos três primos contou, ontem, ao JN, que o cão estava a divertir-se com uma bola juntamente com as crianças, no pátio de casa, “como muitas vezes aconteceu,

quando reagiu mal ao tirarem-lhe a bola” F

Apesar de não concordarmos e não compreendermos o critério que que lhe está subjacente, não podemos ignorar a existência desta lista e de uma lei que a regulamenta, como tal, devemos respeitá-la e tentar cumpri-la. O Decreto-lei que regulamente a posse e detenção dos animais destas sete raças é o:

Decreto-Lei n.º 315/2009 de 29 de Outubro

Cães & Lobos Notícias Edição Nº 2

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Alimenta cão pelo Twitter Um cidadão galês que necessita de passar longos períodos de tempo afastado de casa, estava bastante preocupado sem saber como fazer para alimentar o seu cão nessas alturas. O cão, um Border Terrier de nome Toby, recusava-se a comer o alimento que caia do dispensador automático e para não ter de pedir a alguém que o alimentasse, o dono começou a pensar como poderia ser ele próprio a alimentá-lo à distância. Com vastos conhecimentos em engenharia, lembrou-se de criar um sistema inovador. Cada vez que escrevia no Twitter a simples mensa-gem "FeedToby", uma porção de comida caia de um engenhoso siste-ma montado na parede, directamen-te num comedouro para o seu cão. Se o pensou, melhor o fez, e a sua preocupação com a alimentação de Toby desapareceu. Agora, sempre que o cão se aproxima do comedou-ro, uma câmara de vídeo envia auto-maticamente uma imagem ao dono, que manda a mensagem via Twitter para o alimentar. Outra câmara per-mite ao dono saber, não só se a comida está cair no comedouro, como se o animal se está a alimentar convenientemente.

O que o dono não pensou foi que quando os seus amigos soubessem desta invenção, começassem eles próprios a enviar mensagens de ali-mentação para o seu cão e, em pou-co tempo, as porções de comida não paravam de ser disponibilizadas, aca-bando o cão por ficar obeso por obter demasiada comida. Para contrariar este problema, o dono alterou alguns pormenores no seu sistema, que ago-ra só funciona entre as 9h00 e as 21h00 e só permite que o cão seja alimentado observando determinados intervalos de tempo entre cada refei-ção disponibilizada. O dono de Toby está já a tratar de registar a patente da sua invenção, já que são muitos os interessados que, de todo o mundo, o contactam para saber como ter acesso a tão notável processo de alimentação de animais de companhia. Fonte: Bicharada.net (Março/2012)

Homem despido sobre rio

gelado para salvar o cão

Este caso gerou controvérsia em Inglaterra quando um homem despiu-se e rastejou sobre um rio congelado, para salvar o cão, que tinha caído à água, numa zona em que o gelo se tinha quebrado. O caso, que aconte-ceu em Dezembro, comoveu a Ingla-terra, mas também gerou controvér-sia. De acordo com testemunhas, o homem acabou por também entrar na água do rio Stour, na região de Dedham, Essex. “Estava com dois amigos e não pude acreditar no que estava a ver”, conta um homem que assistiu à cena, citado pela BBC. “Ele ficou apenas com a roupa interior e começou a rastejar sobre o gelo. A cerca de meio metro do cão, também caiu no rio, mas conseguiu agarrar o

animal e colocá-lo sobre o gelo. Nadou um ou dois metros e voltou para terra firme. Vestiu-se e foi-se embora”, acrescentou. Mas se uns entenderam a acção como um acto de bravura, houve quem o considerasse um “acto tolo de bravura”. A acção foi mesmo con-denada por bombeiros na Grã-Bretanha por ser “extremamente peri-gosa”.

Fonte: TVI 24 (Fevereiro/2012)

Cães cobaia veem o sol pela

primeira vez

Usados para testes laboratoriais de cosméticos, 72 cães viveram toda a sua vida fechados numa jaula. Agora, com a falência da empresa, foram libertados e viram a luz do sol pela primeira vez. A empresa espanhola, tal como mui-tas outras, usava os animais para se certificar que os seus produtos podiam ser comercializados. Trata-dos como meros objectos, os cães de raça beagle eram mantidos em jaulas individuais e identificados por núme-ros, tatuados na sua pele.A falência súbita da empresa permitiu a uma sociedade de protecção dos animais resgatar os animais. “Eles viviam em jaulas individuais, em grupos de 10 por cada sala sem nun-ca interagirem uns com os outros”, revela Gary Smith, o porta-voz do grupo de resgate.

Compiladas por:

Anabela Guerreiro Fotos:

Propriedade das fontes

Cães & Lobos Notícias Edição Nº 2

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O seu primeiro momento de liberda-de foi registado em vídeo. Os cães, visivelmente receosos, estranham até a própria relva. O emocionante momento serviu também para garan-tir um lar aos animais, que serão entregues para adopção. “Os beagles são cães de companhia muito dóceis. Mas esse é também o motivo pelo qual são ideais para os testes de laboratório”, explica Smith. Fonte: Revista Sábado (Novembro/2011)

Cidade italiana proíbe o

uso de cães para pedir

esmola

Não só em Lisboa, mas em várias

cidades de todo o mundo, é

comum encontrar cidadãos a pedir

esmola na rua fazendo-se acom-

panhar de animais que cativam a

atenção das pessoas que passam.

O comportamento já foi proibido

por várias entidades, e agora foi a vez

da cidade italiana de Alassio ter publi-

cado um decreto-lei que condena a

prática.

Passa assim a ser proibi-

do o uso de qualquer

animal para pedir esmo-

la, uma decisão aplaudi-

da pelas instituições de

proteção animal, diz a

Agência de Notícias de

Direitos Animais (ANDA),

citando o jornal italiano Il

Vostro Giornale. Alassio, uma provín-cia da Ligúria, no norte do país, junta-se desta forma a outras sete cidades italianas que proibiram a prática em 2000. Desde então que em Alberga, Andover, Finale Ligure, Loanda, Noli, Crixia Plain e PietraLigure é proibido aos mendigos fazerem-se acompa-nhar de animais, usando-os para obter a compaixão das pessoas. Fonte: Boas Notícias (Novembro de 2011)

O crescimento contínuo do número de cães nos grandes centros é alarmante, provocando situações de maus tratos ou de desrespeito às Leis de propriedade e convivência. É cada vez maior o número de pessoas que procuram na companhia de animais domésticos, principalmente dos cães, uma forma de superar problemas emocionais, solidão e estresse. O Brasil é o segundo colocado no ranking mundial, com 33 milhões de cães, ficando atrás dos Estados Unidos. De acordo com informações do Centro de Controle de Zoonoses, só na cidade de São Paulo, são estimados mais de 2,5 milhões de cães domésticos. O grande problema são as condições em que vivem esses animais e a forma com que seus responsáveis convivem em sociedade. Nas grandes cidades do Brasil, a maioria desses cães vivem em apartamentos,

passam muito tempo sozinhos ou confinados, desencadeando muitos problemas de comportamento, prejudicando o bem estar do animal e alterando a rotina dos vizinhos. Há pessoas que superprotegem, mimam e humanizam os cães, permitindo que dominem o ambiente, vivendo em função deles. Outras que não se incomodam com o bem estar do animal, reprimindo seus instintos, deixando-o confinado e sozinho por muitas horas e tratando-o como objeto descartável. Das duas formas quem sofre são os cães, dependentes do ser humano para sobreviver. Quando um cão se torna agressivo, destruidor ou barulhento, é possível que não tenha sido educado corretamente ou que tenha sido negligenciado. Para conviver harmoniosamente as pessoas precisam usar o bom senso, respeitar regras e principalmente educar seus cães para que aprendam a conviver com outros animais e pessoas, preservando o bem estar de

todos. F Por: Karin Pirá Foto: www.google.com

Cães & Lobos Curiosidades Edição Nº 2

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Sabia que…

... Um cão Bull Terrier chamado Billy, matou 400 ratos em apenas 17 horas, o que foi considerado uma proeza, levando em conta que o cão era cego de um olho. Mas sua maior proeza foi matar

100 ratos em apenas 5 minutos e 30 segundos. Uma cadela, também Bull Terrier, chamada Jenny Lind foi desafiada a matar 500 ratos em menos de 3 horas, e com-pletou o trabalho em 1 hora e 36 segundos.

... O Dia Mundial dos Animais é 4 de Outubro e o Dia Internacional dos Direitos dos Animais é dia 10

de Dezembro.

... Um crânio de um cão com 33 mil anos, foi desenterrado numa caverna, numa montanha na Sibéria e apresenta algumas das mais antigas

evidências conhecidas de domesticação do cão.

... Investigadores dizem que os cães são melhores a interpretar gestos do que os chimpanzés. Katharina Kirchhofer liderou uma equipa de 20 chimpanzés e 32 cães dando-lhes a mesma tarefa, recuperar um obje-

to, pedido pelo inves-tigador, que o indica com gestos de apon-tar. Os pesquisadores descobriram que os cães tiveram um bom desempenho, mas os chimpanzés não con-seguiram identificar o objeto correcto.

... Uggie, o cão da raça Jack Russell Terrier que rou-ba a cena no filme mudo "O artista", foi o vencedor do primeiro Coleira de Ouro ("Golden Collar"), premio criada para reconhecer a excelência canina em Holly-

wood. O treinador do cãozinho, Omar von Muller, anunciou a aposentadoria do animal e recebeu o prémio por ele – uma coleira de cristais Swarovski com um pingente em forma de osso. Uggie, participa-rá também no jantar que a Associação de Correspondentes da Casa Branca organiza anualmente em Washington e que con-tará com a presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

... Um pastor alemão chamado Daz Lightning bateu o recorde de latido mais

alto, segundo o Guinness World Records, com um volume de 108 decibéis. O recorde foi batido num evento no Finsbury Park, no norte da capital inglesa.

Cães & Lobos Curiosidades Edição Nº 2

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... Guillermo Vargas Habacuc um costarriquenho que, conforme descreve a escritora Rosa Montero num artigo para o jornal El Pais, “afirma ser um artista”. Em agosto de 2007 participou numa exposi-

ção numa galeria em Manágua capital da Nicarágua. Ao som do hino sandinista tocado ao contrário, os visitantes deparavam-se com um cão adoentado, que prendeu a uma das paredes da galeria com uma corda curta atada ao pes-

coço, sem comida e sem água, deixando o animal ao sofri-mento até à morte. Na parede estava escrito “Eres lo que lees” (Tu és o que lês) e as letras eram feitas de comida para cão.

... Muitas pessoas conversam com os seus cães como se estivessem a falar com os seus filhos. Agora um novo estudo revela que os cães têm uma

compreensão de uma criança de seis meses a um ano de idade, sendo capa-zes de compreender a comunicação humana e interpretar intenções de forma correta.

... O fotógrafo Tim Flach viaja pelo mundo atrás de cliques perfeitos para retratar animais. Em Setem-bro de 2010 lançou o livro Dogs Gods (Cães Deu-ses), pela editora Abrams ,onde explora a ligação

entre os homens e os cães, que já dura mais de 15 mil anos. As fotos mos-tram cachorros trei-nados para serem campeões de corri-da, preparados para

exposições, usados como pas-tores e ajudantes em regiões inóspitas. Veja mais em www.timflach.com/

… De acordo com os estudos, mais de 5% dos cer-ca de 650 cães das forças militares dos Estados Unidos que estiveram em cenários de combate sofrem de stress canino. Destes, cerca de metade

tiveram que “reformar-se”. O alerta foi dado por Walter F. Bur-ghardt Jr. médico especialista chefe do departamento de medi-cina comportamental do Hospital Militar Canino Daniel E. Hol-land na Base Aérea de Lackland nos EUA.

Compilado por:

Vanessa Correia Fontes e fotos:

Google, wikipedia, Science Daily, Hypescience, The New York Times, Jornal de Noticias, BBC.

Evento

III Congresso Ibérico do Lobo

Dias 24 e 25 de Novembro de 2012 em Lugo - Galiza - Espanha. Para mais informações e inscrições consulte o Site Oficial do evento em:

www.iiicongresolobo.org

Cães & Lobos Experiências Edição Nº 1

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Cães & Lobos Experiências Edição Nº 1

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores

caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como

profissionalmente. Este Curso tem a vantagem de ser composto no máximo por 4 formandos.

Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações científicas desenvolvidas na área da aprendizagem canina

Presencial

Estrutura Programática do Curso

Módulo 1 (teórico)

1.1 CONHECER O CÃO 1.1.1 Conhecer como funciona um cão

1.1.2 O Carácter num cão

1.1.3 O Temperamento num cão

1.1.4 A Comunicação canina

1.1.5 Os Instintos Básicos caninos

1.1.6 Conhecer o cão que se vai adestrar

1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO 1.2.1 Métodos de Adestramento

1.2.2 Traçar objectivos

1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento 1.2.3.1 Em função do cão

1.2.3.2 Em função do dono

1.2.3.3 Em função dos objectivos

1.2.4 As várias fases do Adestramento

1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE 1.3.1 Definição

1.3.2 O que é o Clicker

1.3.3 O treino com Clicker

1.4 O ADESTRADOR 1.4.1 Exigências Físicas

1.4.2 Exigências Mental 1.4.3 Ética profissional

Módulo 2 (prático)

2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL 2.1.1 Material de adestramento

2.1.1.1 Material de contenção

2.1.1.2 Material de assistência

2.1.1.3 Material didáctico

2.1.2 Postura corporal do adestrador

2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão

2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito

2.1.5 Exercícios de Obediência Básica

2.1.5.1 Exercício de andar ao lado

2.1.5.2 Exercício de sentar 2.1.5.3 Exercício de deitar 2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto

2.1.5.5 Exercício de chamada

2.2 SOCIABILIZAÇÃO

2.2.1 Sociabilização intra-específica

2.2.2 Sociabilização inter-específica

Cães & Lobos Experiências Edição Nº 1

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Cães & Lobos Experiências Edição Nº 1

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Módulo 3 (prático)

3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA 3.1.1 Determinar as aptidões do cão

3.1.2 O Figurante (Homem de ataque) 3.1.2.1 Vestuário

3.1.2.2 Equipamento

3.1.2.3 Formação

3.1.3 O trabalho de motivação

3.1.4 O treino técnico das mordidas

3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga)

3.1.6 O treino da fuga do figurante

3.1.7 O treino da busca do figurante 3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia

3.1.9 O treino do ataque longo

Módulo 4 (teórico)

4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES 4.1.1 Agressividades

4.1.1.1 Definição e tipologias

4.1.1.2 Tratamento 4.1.1.3 Prevenção de agressividade por complexo de controlo

4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição 4.1.2.2 Tratamento

4.1.3 Ansiedade por separação 4.1.3.1 Definição

4.1.3.2 Tratamento

4.1.4 Fobias 4.1.4.1 Definição

4.1.4.2 Tratamento

4.1.5 Manias Maternais

4.1.5.1 Definição

4.1.5.2 Tratamento

4.1.6 Hiperactividade e hiperexceptibilidade

4.1.6.1 Definição 4.1.6.2 Tratamento 4.1.7 Comportamentos estereotipados 4.1.7.1 Definição

4.1.7.2 Tratamento

4.1.8 Ingestão Inadequada 4.1.8.1 Alimentação Estranha

4.1.8.2 Coprofagia 4.1.8.3 Objectos 4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva 4.1.9.1 Definição e Sintomas 4.1.9.2 A importância de um Diagnóstico Correcto 4.1.9.3 Prognóstico

4.1.9.4 Tratamento

Curso intensivo de formação de monitores de adestramento científico canino (presencial)

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente

Características do Curso

Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas,

incluindo as componentes prática e teórica.

Início do Curso: A combinar com o formando

Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra

Método de Ensino: Científico

Quantidade de Alunos por Curso: 1

Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada

Estrutura Programática do Curso Módulo 1 (teórico)

Módulo 2 (prático) Do Curso de duração normal

Cães & Lobos Publicidade Edição Nº 2

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Cães & Lobos Publicidade Edição Nº 2

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www.pipinhaecompanhia.net

Adestramento Canino

Anabela Guerreiro

- Treino e Avaliação de Comportamento Cani-

no

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mydogcenter.blogspot.com/

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Obediência Canina

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Brasil

Ficha Técnica

Cães & Lobos Experiências Edição Nº 2

Página 28

Propriedade:

Centro Canino de Vale de

Lobos

www.ccvlonline.com [email protected]

Edição:

Dep. Divulgação do CCVL

http://Comportamento-

canino.blogspot.com

Revista Digital de Cães e Lobos

Editor:

Sílvio Pereira [email protected]

Colaboraram nesta Edição:

Anabela Guerreiro, André

Moreiras, Dominique Martins,

Karin Pirá, Paula Leal, Suzet-

te Veiga, Vanessa Correia,

Vera Silva

Paginação e execução gráfica:

Sílvio Pereira

Revisão:

Sílvia Pereira

Nota:

Todo o material publicado

nesta edição é da exclusiva

responsabilidade dos seus

autores.

Colaboradores

Anabela Guerreiro [email protected]

André Moreiras [email protected]

Dominique Martins [email protected]

Karin Pirá [email protected]

Paula Leal [email protected]

Suzette Veiga [email protected]

Vanessa Correia [email protected]

Vera Bandarra Silva [email protected]

Cães & Lobos

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa (portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes

traumatizantes idas às escolas de treino canino.

Características do Curso

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno).

A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de treino, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condi-ções de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estuda-das.

Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conheci-mento profundo do aspecto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspecto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utilização do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas tam-bém para compreender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.

Módulo 1 (teórico)

1ª Parte - Conhecer o Aspecto Funcional do Cão

2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão

3ª Parte - A Comunicação Canina

4ª parte - Os Instintos

5ª Parte - Condicionamento Operante

6ª parte - Descobrir o Clicker

Estrutura Programática (resumida)

Módulo 2 (prático) 7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social

8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão

9ª parte - Exercícios de Obediência Básica

10ª Parte - Sociabilização

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html

Gostava que o seu cão fosse obediente? Quer andar na rua com o seu cão junto a si e sem puxar a trela?

Não tem tempo para levar o seu cão à rua? Não tem tempo para ensinar o seu cão o adestramento básico?

O seu cão tem problemas de comportamento? Precisa de alguém que cuide do seu cão enquanto está ausente?

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ADESTRAMENTO POSITIVO BÁSICO

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