revista mundo cana - arysta lifescience - setembro 2009 / nº01
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Setembro 2009 / nº01TRANSCRIPT
Setembro de 2009 | ano 01 | no 01
“Somos Imbatíveis na Cana”Roberto Rodrigues aposta na duplicação da produtividade e no aumento da oferta de açúcar e álcool. Agroenergia não tem volta.
Informação valiosaUNESP e Aplique Bem geram informação e
tecnologia para o agricultor
Acima da médiaGrupos Alta Mogiana, Campanelli e Vale do
Verdão e suas receitas de sucesso
Olho no futuroCrise é momento de ser criativo
e ficar atento a oportunidades
Cuidado com elaOs males da Brachiaria decumbens
para a lavoura de cana
MUNDO CaNa
MUNDO CaNa
pág. 10pág. 8
pág. 12pág. 14
pág. 16 pág. 18
pág. 22pág. 20
pág. 5
EntrEvistaRoberto Rodrigues“Nosso bem maioré o conhecimento”
pág. 4
EditorialFlavio Prezzi, Presidente eCEO da Arysta LifeScience
UsinaVale do Verdão
Elevados níveis deeficiência em Goiás
ProdUtorCampanelliA tecnologia geraprodutividade
ConsUltorWeber Geraldo ValérioMenos desperdício é a
receita da Consult Agroe Agro Analítica
UsinaAlta MogianaGestão em primeiro lugar
ProJEtos CanaAplique BemA informação a serviço do campo
artigoGustavo Gonella
Crise exige criatividade
ManEJo dE PragasBrachiaria decumbens:cuidado com ela
ANO 01 - NÚMERO 01
SETEMBRO DE 2009
MUNDO CaNa
A revista Mundo Cana é o veículo de comunicação semestral da
Arysta LifeScience para o mercado sucroalcooleiro.
Coordenação geralAntonio Carlos Costa
Adriana TaguchiGustavo Gonella
ProduçãoTexto Assessoria de Comunicações
Jornalista responsávelAltair Albuquerque (MTb 17.291)
redaçãoFelipe FonsecaDenise Mello
FotosFelipe Fonseca e arquivo Arysta
Projeto Gráfico e Design
Ronaldo Albuquerque
Tiragem2.000 exemplres
Arysta LifeScience do BrasilRua Jundiaí, 50 – 4º andar
São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904
Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525
PEsqUisa / tECnologiaProf. Edvaldo Velini e a
contribuição da FCA,da UNESP
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Flavio Prezzi, Presidente e CEO da Arysta LifeScience
Caros leitores,
Esta é a primeira de muitas safras da Revista Mundo Cana. Você está
colhendo, neste momento, o resultado de muito trabalho e intensas
pesquisas. O objetivo principal da Arysta LifeScience ao criar este canal
de comunicação é incentivar o fluxo de informações entre produtores,
pesquisadores, usineiros e demais agentes do setor sucroalcooleiro.
Para atingir este ideal, selecionamos personagens que ilustram com
competência o grande potencial desta atividade no Brasil. A edição 1 traz
depoimentos de pessoas que, no sentido literal da palavra, suam a camisa
em prol do desenvolvimento da cana no País. São homens e mulheres que se
multiplicam entre o canavial, o escritório, o laboratório, a universidade e os
setores privado e público.
Certamente, as iniciativas descritas são apenas extratos do que o Brasil
produziu em mais de cinco séculos de história da cana. Mas, não temos
dúvidas de que elas ilustram em muito as vitórias alcançadas e podem servir,
inclusive, de exemplo para quem esteja começando na atividade.
Conversamos, por exemplo, com Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura
Pecuária e Abastecimento do Brasil entre 2002 e 2006 e figura carimbada
no agronegócio brasileiro e global. A entrevista com Rodrigues foi o ponto
de partida para a preparação de todo o conteúdo da revista. Reunimos
consultores, agricultores e técnicos para falar da atividade, suas inovações, o
mercado, o futuro, para espalhar conhecimento no campo, ser parceiros do
produtor, oferecer soluções inteligentes.
O conceito básico é a importância da tecnologia para o aumento da
produtividade. Essa linha de raciocínio não é apenas o foco da Revista
Mundo Cana, mas também da história da Arysta LifeScience. No ano
passado, completamos quatro décadas de Brasil, orgulhosamente dedicados
ao contínuo investimento em qualidade dos nossos produtos, serviços e
assistência aos nossos parceiros.
Esperamos que a revista seja uma leitura agradável, proveitosa e que os
personagens aqui destacados instiguem a troca de informações entre os
vários elos da cadeia produtiva de açúcar e de álcool.
Boa leitura!Edit
oria
lMUNDO CaNa
Nossa força estána tecnologia
4
>
O engenheiro agrônomo, ex-ministro
e professor Roberto Rodrigues é um
polivalente do agronegócio. Se fosse
feita uma comparação com o futebol,
pode-se dizer que ele joga na defesa
e no ataque, além de ser treinador.
Nas funções de defensor, ele aprovei-
taria a vasta experiência e habilidade
para negociar; na posição de atacan-
te, utilizaria o arsenal de informações
de que dispõe para vencer barreiras.
E como treinador saberia como nin-
guém orientar o seu time, como fez
no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, entidades de coo-
perativismo e de agronegócios, ban-
cos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
e, mais recentemente, conselhos de
agronegócio da FGV e da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo.
Em entrevista exclusiva concedida à
revista Mundo Cana em seu escritó-
rio em São Paulo, Roberto Rodrigues
define com clareza indiscutível o pa-
pel de cada um no jogo globalizado
da produção de alimentos e de agro-
energia, e ainda sentencia: o jogo
não é amistoso, é de Copa do Mun-
do! “Em uma década, vamos dobrar
a produtividade, fortalecendo tre-
mendamente não apenas a oferta de
açúcar mas também de etanol. Aliás,
teremos capacidade para produzir
330 bilhões de litros de álcool por ano
em pouco tempo”, garante.
Entrevista Roberto Rodrigues
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MUNDO CaNa
O comandante em campoAos 66 anos, Roberto Rodrigues mantém a disposição de um garoto e a gana de um iniciante, sem esquecer a inteligência de um experiente articulador. E decreta: “ninguém segura o setor sucroalcooleiro do Brasil”
Mundo Cana – A palavra do mo-
mento é sustentabilidade. Como o
agronegócio tem de encarar esse
novo conceito de produção?
Roberto Rodrigues – O produtor
rural precisa defender, e defende, a
sustentabilidade como um conceito
que incorpora três vertentes: os
setores econômico, ambiental e
social. Se algo é sustentável ambien-
talmente, mas não traz renda para
o homem do campo, é socialmente
inviável. E se for bem economica-
mente, mas o meio ambiente for
destruído, também não é possível.
Esta questão precisa ser encarada
com estas vertentes. Nós precisa-
mos de critérios de sustentabilidade
que levem, inclusive, à verificação do
sistema de produção, tendo em vista
a certificação do produto final.
É uma exigência já feita pelos im-
portadores à carne brasileira, por
exemplo? Exatamente. A restrição
internacional à carne brasileira,
>
>
“Ninguém defendemais o meio ambienteque o produtor rural”
FELI
PE
FON
SE
CA
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MUNDO CaNa
especialmente pela União Europeia,
não ocorre por causa da febre aftosa,
mas porque não tem (ou não tinha)
rastreabilidade. Esta era a vertente da
sustentabilidade na pecuária. A lição
a ser aprendida com esse caso é que
nós precisamos criar nossas próprias
regras, porque quase nunca funciona
importar a regra de outros países.
Como o senhor vê o papel do setor
sucroalcooleiro nesse cenário? A
FAO (Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e a Alimentação)
estabelece que a demanda mundial
por grãos e carne deve crescer cerca
de 40% nos próximos 20 anos. A
população aumentará e a renda per
capita está mudando nos países
emergentes, onde a população vai
crescer mais. Os estoques mundiais já
estão diminuindo. Numa outra ponta
a Agência Mundial de Energia diz
que, nesse mesmo período, o consu-
mo de combustíveis líquidos crescerá
55% uma vez que China e Índia, que
hoje têm apenas três veículos para
cada 100 habitantes, apresentam
tremendo potencial de crescimento
da frota de automóveis. Há várias
informações embutidas nessas
estatísticas. Uma delas é que o braço
álcool da cadeia produtiva tem um
potencial incrível de crescimento.
É um processo irreversível? Sim. O
petróleo não atenderá à demanda
a preços compatíveis com a renda
dos países emergentes. O biocom-
bustível é uma certeza: a tecnologia
está pronta, sabemos produzir o
motor flex e cultivamos cana-de-
açúcar como ninguém. E sabemos
que 25% das emissões de CO2 no
mundo são feitas por veículos leves
e o etanol emite apenas 11% do
CO2 de um carro movido a gasoli-
na. Me incomoda muito, mas não
surpreende, a resistência ao etanol
em termos globais.
Afinal, quais são as razões para
esta resistência? Na época de
ministro da Agricultura, visitei o
Japão para criar um mercado de
etanol e ouvi de um ministro: “Você
acha que nós vamos trocar nossa
dependência de petróleo da OPEP
(Organização dos Países Exportado-
res de Petróleo) pela dependência
do Brasil, um único país e que ainda
deixa faltar álcool?” Para mim,
ficou claro que o Japão só investiria
em etanol quando houvesse mais
países produzindo, com qualidade,
certificação e padronização. Nunca
vai haver uma commodity com um
único país como fornecedor.
Tem também a alegação de que o
combustível renovável compete
com os alimentos... É verdade.
Criou-se no mundo a ideia de que
o biocombustível compete com a
produção de alimentos. Nada mais
falso. Aqui na FGV, fizemos um exa-
me econométrico para mostrar que
não foi o biocombustível que freou a
indústria de alimentos (especialmen-
te o milho), e sim o estoque global
desse insumo que caiu e depois veio
a especulação financeira. Não há
competição alguma com a produção
de alimentos. São negócios comple-
mentares para o produtor.
Mas, independente dessas resis-
tências, o Brasil está fazendo a sua
parte do ponto de vista estratégico?
Infelizmente não. Falta estratégia.
Você sabe, por exemplo, quanto
de álcool o País quer produzir em
2011? Ninguém sabe, nem o gover-
no nem o setor privado. Acredite: o
governo tem 12 ministérios cuidan-
do do etanol, com muita gente da
melhor qualidade, mas as equipes
não trabalham em sintonia. Eu já
propus e proponho novamente a
criação de uma Secretaria Nacional
da Agroenergia, de nível ministe-
rial. Em 10 anos, vamos dobrar a
produtividade por hectare do setor
sucroalcooleiro no Brasil, além de
multiplicar o uso de fontes vegetais
para produção de biocombustível.
O Brasil tem capacidade para pro-
duzir algo em torno de 330 bilhões
de litros de álcool por ano.
Essa questão parece vital. Mas
não permanece a restrição que o
senhor comentou sobre o Brasil
ser o único grande fornecedor de
agroenergia? O tema central é para
onde vai crescer a produção, pois
Não há competição
alguma eNtre a caNa
e a produção de ali-
meNtoS. São NegócioS
complemeNtareS
para o produtor
“ “
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cana precisa de terra e sol. O estudo
está pronto: estamos falando dos
países que ficam entre os Trópicos
de Câncer e Capricórnio, que são os
da América Latina, África e Ásia. E
estes são os países mais pobres do
mundo. Olha que situação interes-
sante. A agroenergia pode ser um
instrumento que, além de mudar o
paradigma agrícola mundial, muda-
rá a geopolítica global.
Mas disseminar a produção de
cana-de-açúcar para essas áreas
não é ruim para o Brasil? Essa visão
é míope. Com a criação de um gran-
de mercado mundial de etanol, nós
venderemos o que vale muito mais:
o know-how. Venderemos álcool
também, pois queremos ser um
grande fornecedor global, e vamos
vender usina, carro flex, legislação
ambiental, distribuição. Ou seja,
nosso maior bem é o conhecimento
em cana. A tecnologia desenvolvida
no País nas últimas décadas vale
muito dinheiro. Com um gran-
de acordo global, vamos vender
estação experimental, tecnologia
agrícola e industrial, e ainda gerar
empregos onde estas tecnologias
forem instaladas.
Nesse cenário onde entra a
questão dos subsídios agríco-
las? Quando eu era ministro tinha
uma dificuldade muito grande em
relação à negociação internacional
porque não sou contra subsídio. Há
muitos anos, fui para a Alemanha
e perguntei para um taxista se ele
era a favor do subsídio do leite. Para
minha surpresa ele disse que era!
Sem subsídio ao homem do campo,
ele disse, faltaria leite para meus
filhos e o homem do campo iria
para as cidades disputar os empre-
gos. Assim, passei a entender – e a
aceitar – que os governos dos países
ricos paguem para o homem ficar
no campo. O que eu não admito é o
subsídio para excedentes exportá-
veis, que compete com países em
desenvolvimento, como o Brasil.
Isso, sim, é um absurdo e tem de
ser combatido. Essa realidade tira
mercado de quem é mais eficiente.
Um dos temas mais polêmicos
envolvendo o agronegócio é a
questão ambiental. Como o senhor
enxerga essa questão? Está aí mais
uma questão que me tira o sono
porque há tanta discordância e para
mim há uma verdade absoluta: o
produtor rural é o maior preservador
do meio ambiente que existe. Se ele
não adubar a terra, se não tiver pro-
teção de nascentes de rios, perde seu
patrimônio e renda. Então ele é um
preservador por definição. Quando
não havia legislação ambiental, muita
gente desmatou mais do que deveria.
Então, os ambientalistas firmaram po-
sição radical de um lado ao dizer que
o agricultor destrói o meio ambiente.
Isso não é verdade. Alguns produto-
res até fizeram isso, mas não a classe
toda. E o agricultor também radicali-
zou ao dizer que o ambientalista não
quer progresso. Antagonizaram-se
duas categorias que têm o mesmo
projeto: produzir com sustentabili-
dade. Falta inteligência, bom senso,
equilíbrio e boa vontade para encon-
trar o caminho. Mas confio na solução
conciliatória.
MUNDO CaNa“Projeto para expandir cana para América Latina, África e Asia está pronto e será bom para o Brasil”
FELI
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CA
com a diminuição de perdas de cana colhi-
da. “Nós trabalhamos com uma commodity
que nem sempre permite muita briga pelo
preço. Então, a solução é aumentar a produ-
tividade no espaço cultivado”, explica Victor
Campanelli.
O Piloto Automático utiliza o sistema GPS
(sistema de posicionamento global) para di-
recionar a colheitadeira no canavial. O condu-
tor, dessa forma, conta com um computador
de bordo e tem mais liberdade para gerenciar
a máquina, sem ficar preso ao trajeto no ca-
navial. Isso reduz o índice de perdas, agiliza a
colheita e diminui a compactação da soquei-
ra de cana, pois o tráfego todo é direcionado
na entrelinha do canavial, aumentando assim
a produtividade e a longevidade do canavial.
Com a divulgação das metas de redução de
queimadas e a proibição de utilização da
técnica em novas áreas de plantio, a colheita
manual teve o prazo de validade decretado.
Uma lei estadual (São Paulo) e um Protocolo
Agro Ambiental estipulam metas para elimi-
nação gradual da queima de palha tanto na
área mecanizável como na não-mecanizável.
Toda a área mecanizável do Grupo Campa-
nelli está mecanizada. Isto deverá correspon-
der a 92% da safra 09/10. Em aproximada-
mente 230 dias de colheita, sete colhedoras
trabalham 24 horas por dia. A empresa con-
ta também com tratores e outras máquinas
para realizar o trabalho. A implantação da
MUNDO CaNa
Sucrotecnologia 2.0
O Grupo Agro Pastoril Paschoal Cam-
panelli S.A., localizado na região
de Bebedouro (SP), é um exemplo
de que se pode, sim, mexer em time que está
ganhando. E que os resultados podem ser
ainda mais positivos. O aprimoramento das
técnicas de produção e as novas tecnologias
são caminhos para aumentar o potencial pro-
dutivo do setor sucroalcooleiro.
O grupo tem oito anos de atuação em cana,
para onde trouxe a experiência adquirida na
produção de laranja. A empresa foi fundada
em 1982, mas o primeiro plantio de cana veio
somente no verão de 2001, com substituição
primeiramente dos pomares que estavam
condenados. “Decidimos mudar do pomar
para o canavial porque percebemos que na
cana, apesar da grande demanda de trabalho,
o gerenciamento é me-
lhor e os resultados com-
pensam”, explica Victor
Campanelli. A empresa
soube assimilar as novida-
des tecnológicas que sur-
giram nos últimos anos.
Um dos grandes marcos
recentes do grupo foi a
implantação do Piloto
Automático no plantio e na colheita
da cana. A chegada da novidade foi
motivada pelo desejo de reduzir os
custos de produção, especialmente
Detalhes do computador de bordo no Grupo Campanelli:mais eficiência
dIV
ulG
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ãO
grupo campaNelli, do NoroeSte pauliSta,
é exemplo de como oS iNveStimeNtoS em
tecNologia podem fortalecer a atividade
>
decidimoS mudar do
pomar para o caNavial
porque percebemoS
que Na caNa, apeSar da
graNde demaNda de tra-
balho, o gereNciameNto
é melhor e oS reSulta-
doS compeNSam
“
“
INVEStIMENtO E BOA GERêNCIATodo o processo de plantio, cuidado e colheita nos
canaviais do Grupo Campanelli é feito pela empresa.
Apenas o transporte da cana até as usinas é terceiri-
zado. Como o noroeste paulista é bastante propício à
produção sucroalcooleira, toda a cana produzida pelo
grupo é processada em usinas locais.
Além da plantação de laranja, o
grupo já se envolveu fortemente
na cafeicultura, graças aos pri-
meiros Campanelli que vieram
da Itália no século pas-
sado. Hoje,
as ativida-
des prin-
cipais são
cana e
gado.
MUNDO CaNa
colheita mecanizada traz, ainda, uma vanta-
gem preservacionista para a região, pois per-
mite que a palha continue protegendo o solo
contra o excesso de chuva e a erosão. “Eu
acredito na palha como uma aliada da produ-
ção de cana-de-açúcar. Primeiramente como
adubo, ela supre aproximadamente 40% da
necessidade de potássio do canavial, além
de aumentar o teor de matéria orgânica do
solo, diminuir a incidência de algumas ervas
daninhas e conservar a umidade do solo, fato
que ajuda muito em nossa região”, completa
Campanelli.
Todo esse investimento em tecnologia, além
do gerenciamento da empresa e o conse-
quente aumento da produtividade, permitiu
que o Grupo Campanelli passasse pela recen-
te turbulência econômica mundial de forma
mais segura. Mesmo com índices produtivos
muito acima da média do setor, a empresa
optou por não reduzir o adubo aplicado no
canavial. “Queremos ter índices ainda melho-
res na próxima safra. Nós investimos muito
na produção porque nossa vida é a área agrí-
cola; é nela que está nosso foco de atuação”,
explica Victor.
FELI
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ãO
O Grupo Campanelli obtém índices melhores a cada safra
Victor: atento às
tecnologias
>
O empresário José Ribeiro de Men-
donça não acreditaria se lhe dis-
sessem, no início dos anos 80,
que o seu recém-criado Grupo Vale do Ver-
dão processaria 6,3 milhões de toneladas de
cana-de-açúcar por ano, com nível de efici-
ência comparável aos melhores do País.
Afinal, o Pró-Álcool
(Programa Nacional
do Álcool) tinha ape-
nas alguns anos de
vida e ainda procurava
o seu rumo. Naquele
cenário de euforia pela
valorização da cana
como matéria-prima
energética, o empre-
sário soube analisar
a situação, adequar
suas estratégias, preparar sua estrutura e se
tornar referência no setor.
O aprendizado e o foco na produtividade
desde o início da organização contribuíram
para o aumento da capacidade de produção
e a multiplicação das unidades. Atualmente,
o Grupo é formado por três usinas, sendo a
Vale do Verdão, em Turvelândia (GO), a prin-
cipal delas, com processamento anual de
3,6 milhões de toneladas de cana.
Na Panorama, que começou as atividades
em 2007, o total de cana industrializada por
ano chega a 1,8 milhão de toneladas. “Em
geral, metade da cana processada é para
produção de açúcar e
metade é para com-
bustível. Essa pro-
porção pode atingir
60/40, conforme a
demanda do merca-
do para estes produ-
tos”, explica Carlos
José, gerente agrí-
cola do grupo. Ele
complementa que a
produção da usina
Floresta, localizada em Santo Antonio da
Barra, será totalmente voltada para o álcool
neste ano. A usina foi inaugurada em 2008 e
a projeção é de processar 900 mil toneladas
de cana em 2009.
A área plantada de cana-de-açúcar soma
100 mil hectares, atingindo dez municípios
MUNDO CaNa
Três décadas deconquistas em Goiás
grupo vale do verdão é referêNcia No Se-
tor Sucroalcooleiro peloS avaNçoS em
tecNologia e expreSSiva produtividade
coNtamoS com
uma Solidez que NoS
permite Seguir Sempre
em freNte, peNSaNdo No
futuro e maNteNdo oS
péS No chão
“
“
goianos. Os canaviais estão localizados no
máximo a 40 quilômetros a partir das usi-
nas. Para ter a agilidade logística necessá-
ria, a organização conta com frota própria
de caminhões e o trabalho incansável dos
seis mil funcionários.
Um dos destaques das
usinas do Grupo Vale
do Verdão é o uso de
novas tecnologias.
Nestes 30 anos, a em-
presa acompanhou de
perto o processo de
automatização do se-
tor sucroalcooleiro e
assimilou os processos
que ajudam a obter
aumento periódico de produtividade.
“Temos usinas modernas, que abraçam os
avanços do setor. Estamos sempre em busca
da qualidade, pois confiamos que a demanda
do mercado da cana tende a aumentar”, ana-
lisa Carlos José, para quem “o grupo soube se
preparar para as exigências do mercado”.
Essa preocupação com a qualidade, aliás,
ajudou o grupo a enfrentar diversos desa-
fios na atividade e
também a crise eco-
nômica iniciada nos
Estados Unidos em
2008 e que chegou
neste ano ao Brasil.
“Sem dúvida, o mer-
cado sentiu a força
da crise, mas conta-
mos com uma soli-
dez que nos permite
seguir sempre em
frente, pensando no futuro e mantendo os
pés no chão”. E o futuro do Grupo Vale do
Verdão inclui a construção da quarta usina,
que deve iniciar as atividades em 2011.
11
formamoS uSiNaS
moderNaS, que
abraçam oS avaNçoS
do Setor. eStamoS
Sempre em buSca da
qualidade
“
“
MUNDO CaNa
FELIPE FONSECA
O segredo estános processos
12
MUNDO CaNa
Com imagem e resultados de empre-
sa-referência na região de Ribeirão
Preto (SP), a Alta Mogiana obteve
sucesso por se pautar sempre em atitudes
corretas, legais e, acima de tudo, éticas.
Tanto os diretores como gestores e colabo-
radores concordam que a evolução da usina
resulta do trabalho intenso com indiscutível
respaldo técnico, responsabilidade social e
ambiental, compromisso com o colaborador
e sua segurança no trabalho.
Desde sua fundação, em 1983, a Alta Mo-
giana age com o respeito pela comunidade,
além de desenvolver sólidas ações sociais,
geStão, SeguraNça, preocupação com aS
peSSoaS e o meio ambieNte. eiS oS valoreS
da alta mogiaNa, do iNterior pauliSta
dIVulGAçãO
Estrutura profissional coloca empresaem destaque no mercado nacional
como o projeto “Educando para o Futuro”,
iniciado em 2001, que busca a inclusão di-
gital de crianças da rede pública de ensino,
permitindo o acesso às mais diversificadas
novidades tecnológicas.
Com sede em São Joaquim da Barra (SP),
a usina tem como objetivo principal a bus-
ca pela excelência na qualidade produtiva.
Para tanto, implantou o Sistema de Gestão
Alta Mogiana, que engloba os programas,
normas e políticas internas. Quando o as-
sunto é qualidade do produto final, o aspec-
to segurança é sempre fator determinante,
pois qualquer problema pode comprometer
a saúde do consumidor final.
Diante dessa prioridade, desde 2004 a Alta
Mogiana adota as normas HACCP (Hazard
Analysis Critical Control Point – Ponto de
Controle Crítico de Análises de Risco), fer-
ramenta eficaz para identificar e analisar os
perigos associados aos produtos e definir
maneiras para controlá-los. O sistema de
BPF (Boas Práticas de Fabricação) também é
seguido, confirmando o objetivo de garantir
a segurança de todas as etapas do processo
produtivo.
A imagem de responsabilidade e proativi-
dade conquistada pela Alta Mogiana é for-
talecida por ações sempre bem planejadas.
Com isso, a empresa evita riscos à saúde e/
ou segurança dos processos. Várias estra-
tégias inovadoras de gestão são adotadas.
Uma delas é o sistema SSAM (Sistema de
Segurança Alta Mogiana), baseado na nor-
ma OHSAS 18001:1999 (Occupational He-
alth and Safety Assessment Series – Série
de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupa-
cional). A empresa também conquistou, em
2007, a norma ISO 22000 – Sistemas de Ges-
tão da Segurança de Alimentos.
Toda essa preocupação com a qualidade per-
mite boas expectativas para a safra 2009. A
moagem de cana terá aumento estimado de
8,4% em relação ao ano passado, saltando
de 4,75 para 5,15 milhões de toneladas de
cana. Serão produzidos 8,4 milhões de sacas
de açúcar, 141 milhões de litros de álcool e
125 mil MW/h de energia.
No campo, a área agrícola colhida chega a
56 mil hectares (sendo 14.748 ha de fornece-
dores e 41.255 ha próprios), com rendimen-
to aproximado de 96,91 toneladas por hec-
tare. A colheita mecanizada também avança
já atingindo 87% da cana.
MUNDO CaNa
dIVulGAçãO
Colaboradores comprometidos e valorizados pela empresa
coNSult agro e agro aNalítica demoNS-
tram que traNSformar iNformação em
coNhecimeNto gera boNS reSultadoS
14
Os constantes avanços da tecnologia
levam o Brasil a registrar inúmeros
avanços na produção de cana-de-
açúcar. Equipamentos, treinamentos e novos
modelos como a terceirização do manejo
de plantas daninhas e pragas são exem-
plos de ganhos observados nas últimas
décadas. A Consult Agro, baseada em
Piracicaba (SP), acompanhou diver-
sas dessas transformações ocorridas
no campo. Desde 1995, quando foi
criada, a empresa cumpre o papel
de sugerir tecnologias que propor-
cionem aumento de produtividade
em 19 unidades produtoras no Esta-
do de São Paulo. Somadas, as áreas
dessas unidades chegam a 460 mil hectares.
Os três sócios da empresa contam com 25
anos de experiência no setor, o que garan-
te segurança nos projetos desenvolvidos.
Ao todo, a equipe da Consult Agro é forma-
da por 154 colaboradores, envolvendo en-
genheiros agrônomos, técnicos agrícolas,
motoristas, operadores de máquinas, setor
administrativo e outros.
O trabalho desempenhado envolve a aplica-
ção de herbicidas (em 400 mil hectares) e ne-
maticidas e inseticidas (em 60 mil hectares).
Segundo Weber Geraldo Valério, tecnólogo
em produção de açúcar e álcool e sócio-di-
retor da Consult Agro, o objetivo é atender
com rapidez as demandas da agricultura de
precisão. “Para isso, oferecemos tecnologias
que efetivamente reduzem custos, evitam
desperdícios e auxiliam na aplicação de de-
fensivos com a eficácia que o setor exige”.
Weber também está envolvido em outro
projeto no setor sucroalcooleiro: a empre-
sa Agro Analítica Consultoria Agronômica.
Criada em 2006, a consultoria foca de modo
especial o manejo de plantas daninhas em
aproximadamente 600 mil hectares de ca-
na-de-açúcar. Atualmente, a empresa de-
senvolve um projeto inovador chamado de
“Diagnóstico de perdas durante a pulveriza-
ção”. A estimativa, segundo Weber, é de que
o desperdício no momento da aplicação de
produtos pode chegar a 40%, um percentual
extremamente elevado. “A adoção de novas
tecnologias tem proporcionado aplicações
eficazes e seguras ao cultivar, ao ser huma-
no e ao ambiente”, explica Weber.
Os estudos também consideram as dife-
renças climáticas, o preparo da equipe que
MUNDO CaNa
Tecnologia com foco naprodutividade
FELI
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FON
SE
CA
Weber: rapidez para atender as demandas
>
aplica o defensivo, os equipamentos utiliza-
dos e a rotina de trabalho na produção. Não
faltam cases de sucesso que comprovam a
eficácia do serviço prestado pelas empre-
sas. O Grupo Cosan, criado há mais de 70
anos, terceirizou a aplicação de herbicidas
em 1998 e, em pouco tempo, apresentou
15
MUNDO CaNa
ganhos da produtividade indiscutíveis. “É
cada vez mais claro o papel fundamental das
novas tecnologias no futuro do etanol, por
exemplo. Temos como provar que é possível
reduzir as perdas com ganhos expressivos
de produtividade, sem comprometer a qua-
lidade”, ressalta Weber Valério.
Tecnologia ajuda a reduzir custos
Cuidados com o desperdício, que pode ser extremamente elevado
dIVulGAçãO
Consult Agro
Evolução da Aplicação de Nematicidas / Inseticidas
(por mil hectares)
Consult Agro
Evolução da Aplicação de Herbicidas
(por mil hectares)
1,0
16,0
25,1
34,536,6
24,1
31,0
48,0
60,0
13 2555 86
115 122
240
150180
210
343
safras safras00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/0998/99 99/00
a precisão na hora de utilizar um de-
fensivo agrícola é um importante
diferencial produtivo na proprie-
dade sucroalcooleira. De olho no uso correto
dos defensivos, a Arysta LifeScience criou o
Programa Aplique Bem há mais de dois anos.
O nome do projeto já esclarece sua missão:
multiplicar o manuseio correto dos defensi-
vos agrícolas nos quatro cantos do País. Rea-
lizado em parceria com o Instituto Agronômi-
co de Campinas (IAC), o programa conta com
dois laboratórios móveis bem equipados: um
para o interior paulista e outro que percorre
as demais regiões do País.
A iniciativa surgiu num momento oportuno.
Com o aumento da demanda por etanol e
açúcar, a exigência por maior produtividade
dos canaviais tende a crescer. Para isso, é pri-
mordial que todos os envolvidos na ativida-
de estejam atentos a possíveis desperdícios,
incluindo de insumos. Estatísticas mostram
que uma má aplicação pode levar a um des-
perdício de até 70% do produto. Assim, o uso
incorreto pode causar danos para quem apli-
ca o produto, para o meio ambiente e ainda
afetar o resultado do negócio. “Tanto a apli-
cação em excesso quanto aquele feito em um
nível inferior ao ideal são prejudiciais. Nosso
objetivo é atingir a aplicação precisa na me-
dida correta”, explica Liria Hosoe, Coordena-
dora de Stewardship da Arysta.
Os técnicos do Aplique Bem estão atentos a
um desafio mecânico que pode aparecer na
hora de utilizar os defensivos agrícolas. A
quantidade de produto aplicado que está in-
dicada pelo computador de bordo do trator
Modo correto de usarprograma aplique bem percorre o paíS
para capacitar homem do campo a uSar
corretameNte oS defeNSivoS agrícolaS
MUNDO CaNa
16
Informação correta é uma poderosa ferramenta para aumentar eficiência no campo
DENISE MELLO
pode ser diferente da quantidade realmente
aplicada na planta. É o que os técnicos cha-
mam de variação da taxa de aplicação. O
programa mostra aos agricultores como ficar
atentos aos equipamentos utilizados, espe-
cialmente aos bicos de pulverização. Quando
o laboratório móvel visita uma propriedade,
é feita a regulagem desses equipamentos ao
lado de quem vai usá-lo no dia a dia.
Além das vantagens econômicas proporcio-
nadas pelo Programa, ainda existem inegá-
veis ganhos ambientais, o que representa
benefícios para a saúde da população e dos
aplicadores de defen-
sivos. Irregularidades
nos equipamentos
podem render fito-
toxicidade (injúrias)
quando existe super-
dosagem do produto.
Isso representa riscos
para a plantação e
para os consumidores
de derivados da cana.
Outro problema é o
escape de plantas da-
ninhas, que se aproveitam de subdosagens
para sobreviver no meio do canavial.
Não é raro encontrar, nas visitas do Aplique
Bem, outras inadequações, como manguei-
ras em má estado de conservação, filtros mal
encaixados nas máquinas e pessoal traba-
lhando sem equipamentos de segurança. Os
técnicos fazem inúmeras sugestões para ade-
quar o trabalho. De sua parte, o Aplique Bem
utiliza um relatório para coleta dos dados que
servem de base para mapear a agricultura nas
regiões por onde o programa passa. Os dados
deste relatório também ficam com os respon-
sáveis pela propriedade, pois este documen-
to aponta oportunidades de melhoria.
O Aplique Bem foi lançado na Agrishow de
2007, em Ribeirão Preto (SP). Desde então,
o programa vem colecionando admiradores.
Um dos mais expressivos apoiadores é o pes-
quisador científico e diretor do Centro de En-
genharia e Automação do IAC, Hamilton Hum-
berto Ramos. Ele encara o programa como
um sonho concretiza-
do. “O Aplique Bem
é completo, pois une
pesquisa, avaliação
de qualidade e treina-
mento”, comemora.
Para o pesquisador,
outro ponto forte do
programa é o fato de
trabalhar com dados
fornecidos pelos pró-
prios agricultores. “Na
prática, funciona qua-
se como uma consultoria, o que certamente
agrada muito aos produtores e apresenta re-
sultados quase que imediatos”, analisa.
O sucesso do Aplique Bem explica a fila de es-
pera das propriedades que dese-
jam receber visita dos técni-
cos. No dia do treinamento,
é muito comum que toda a
equipe das fazendas rece-
ba o treinamento, pois o
aproveitamento é excelente
tanto para o opera-
dor de máquinas
maiores quan-
to para o apli-
cador costal.
MUNDO CaNa
NúMEROS DO APLIqUE BEM
ano 2007 2008 2009*
Cidades visitadas 45 92 130
Propriedades 74 156 163
Pessoas treinadas 1.896 2.957 3.560* Dados estimados até Julho 2009
NaS viSitaS do
aplique bem, São
feitaS regulageNS de
equipameNtoS para
combater a variação
da taxa de aplicação e
ajudar o agricultor
““
Hamilton (IAC) e Liria (Arysta): ferramenta de apoio ao agricultor
DE
NIS
E M
ELL
O
>
União pelos mesmos objetivos no campo
uNiverSidade comprova eficácia de de-
feNSivoS e eSpecialiSta defeNde que o
coNhecimeNto tem de evoluir Sempre
MUNDO CaNa
18
Uma das principais características
da Universidade Estadual Paulista
(uNESP) é a aplicação prática do
conhecimento adquirido nas diversas áreas
de pesquisas. Especialmente por meio da
Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA),
localizada em Botucatu (SP), a UNESP ofe-
rece ao agronegócio diversos caminhos
para vencer barreiras de manejo e mercado.
“Estamos muito próximos do setor privado,
pois as empresas ajudam a dar legitimidade
às nossas pesquisas ao comprovarem a efi-
cácia e viabilidade para o homem do cam-
po”, analisa o engenheiro agrônomo PhD
em Metabolismo Secundário de Plantas e
Aleopatia e diretor da Faculdade de Ciências
Agronômicas, Edivaldo Domingues Velini.
A proximidade com empresas e órgãos pú-
blicos garante à FCA mais de 500 projetos
em andamento, incluindo iniciativas sociais.
Segundo Velini, isso é um motivo para co-
memoração, pois coloca a informação mais
perto dos produtores rurais. “Muitos proje-
tos que antigamente eram iniciativas ape-
nas do governo hoje são liderados por em-
presas, como a produção de diesel a partir
da cana-de-açúcar”, comenta ele.FELI
PE
FON
SE
CA
Velini: parceria universidade/iniciativa privada vence barreiras egera benefícios
o bom andamento do setor sucroalcooleiro,
que está sempre em busca do aumento da
produtividade. O desempenho de uma uni-
dade produtora altamente rentável da dé-
cada de 1970 seria considerado muito baixo
hoje. Além das mudanças de negociações
de mercado, o setor passou por diversas ou-
tras mudanças, pois
melhorou o contro-
le de pragas, novas
tecnologias foram
criadas e as técnicas
de plantio e uso dos
produtos herbicidas
passaram por apri-
moramentos.
A cana deverá au-
mentar sua parti-
cipação na Econo-
mia a partir do tripé
etanol-açúcar-energia. Estima-se que, em
um prazo de até 10 anos, haverá uma se-
gunda geração do etanol e cerca de 15% da
produção energética do País virão da cana.
“Este é um cenário inevitável. Precisamos
continuar investindo em conhecimento e
na criação de canais de comercialização”,
avisa o Professor Velini.
Com a Arysta LifeScience, a Faculdade de Ci-
ências Agronômicas desenvolve desde 2007
um importante estudo do comportamento
dos defensivos agrícolas. Neste programa
de cooperação técnica, a Universidade en-
volveu oito profissionais, incluindo o Profes-
sor Velini, com o objetivo de acompanhar a
aplicação de Dina-
mic, Dizone e outros
produtos. Os resul-
tados comprovam a
aptidão da molecula
e, com o monitora-
mento dos resulta-
dos, a universidade
consegue mensurar a
eficácia do produto.
“Nosso objetivo é
disponibilizar o máxi-
mo de informações.
Os dados são coletados tanto em campo
como em laboratório e repassados para a
empresa”, acrescenta Velini. Segundo Edi-
valdo Velini, a aplicação do defensivo é ou-
tro ponto fundamental neste processo. “Ela
é tão importante quanto o próprio produ-
to”, explica o professor.
Este tipo de informação é fundamental para
MUNDO CaNa
A CANA DEVERÁ AUMEN-
TAR SuA PARTICIPAçãO NA
ECONOMIA. PRECISAMOS
CONTINUAR INVESTINDO
NA CRIAçãO dE CANAIS dE
COMERCIAlIzAçãO
“
“FELIPE FONSECA
Controle de pragas:Brachiaria decumbens
eSpecialiSta dá dicaS Sobre como comba-
ter eSSa forrageira vigoroSa e agreSSiva
No caNavial
Conhecida de longa data pelos
produtores de cana, a Brachiaria
decumbens dificulta o bom de-
senvolvimento do canavial, atrasando o
seu crescimento e até comprometendo a
produção. Ela é perene (ou seja, não tem
época do ano certa para aparecer), vigoro-
sa e agressiva, com crescimento que pode
alcançar um metro de altura. As plantas
produzem grande número de colmos semi-
MUNDO CaNa
L. H
. CA
MP
OS
decumbentes com nós radicantes, de onde
brotam touceiras que encobrem a superfí-
cie do solo.
Outra característica da B. decumbens: não
é alvo preferencial das formigas cortadei-
ras de folhas, além de ser tolerante a fogo e
sombreamento. Seu alto poder de resistên-
cia também se deve à capacidade de supor-
tar períodos sem água e em regiões com
temperaturas elevadas, como as de clima
tropical, embora não se adapte bem a solos
mal drenados.
Por sua alta adaptabilidade, esta é a espécie
mais comum de todas as Brachiarias, sendo
encontrada em todas as regiões brasileiras.
Segundo Caio Giusti, especialista em de-
senvolvimento de produtos e mercado de
cana-de-açúcar da Arysta, há algumas pro-
vidências para combater esse tipo de praga.
“Existe um grande banco de sementes de
Brachiaria decumbens em regiões de pasta-
gens. Com as áreas de cana em expansão,
o produtor precisa estar atento ao seu con-
trole”, explica Giusti.
Um dos caminhos possíveis é o pré-plantio
incorporado (PPI), técnica que permite dimi-
nuir o banco de sementes de B. decumbens
no preparo do solo. O objetivo é aumentar
Produtividade da cana depende do manejo eficiente de pragas
a eficácia do tratamento herbicida que será
adotado posteriormente no manejo em pós-
plantio, em que é possível trabalhar com
inúmeras moléculas
isoladas ou em as-
sociações, verifican-
do a relação dose,
textura de solo e
clima (precipitação).
Neste sentido, a
Arysta LifeScience
vem desenvolvendo
este posicionamen-
to em aplicações PPI
com o herbicida ami-
carbazone, buscando
um efeito agregado
aos tratamentos posteriores em pós-plantio.
Um outro ponto a ser destacado nesta bata-
lha é o benefício que a colheita mecanizada
pode trazer ao controle de plantas daninhas
em cana soca, pois não exige a queimada da
palha. Embora parte da Brachiaria consiga
crescer por meio da palha, a praga encontra
mais dificuldade nessas condições. “Mesmo
com o efeito herbicida proporcionado pela
palha, a adoção do uso de herbicidas sobre
áreas colhidas mecanicamente é indispen-
sável para se obter a eficácia máxima dese-
jada. Vale lembrar que, mesmo com gran-
des quantidades de palha depositada por
hectare, é indispensável o uso de herbicidas
de alta performance, capazes de se manter
estáveis sobre a palha nos períodos secos e
com grande potencial de atravessá-la com
pequenas quantidades de precipitação. E,
claro, possuir ação de controle tanto em es-
pécies de Brachiarias como também em es-
pécies de plantas daninhas de folhas largas
(ipomeas e merremias), que estão conjunta-
mente presentes em áreas de altas infesta-
ções de Brachiarias”, resume o especialista.
Com o objetivo de oferecer soluções que pos-
sibilitem maior rentabilidade e contribuam
com o aumento da vida útil das plantações,
a Arysta LifeScience
desenvolveu o ami-
carbazone Dinamic,
um produto inovador
que compõe a exten-
sa linha de herbicidas
da empresa.
Destinado ao com-
bate de plantas dani-
nhas da cana planta,
cana soca queimada
e cana soca crua, Di-
namic apresenta ex-
celentes resultados
quando aplicado em qualquer estação do
ano, com destaque no manejo em época de
seca. O produto apresenta o maior residual
comprovado do mercado, pois permanece
ativo no solo por mais tempo e reduz o custo
por dia de tratamento.
21
SOMADA AO
CONTROLE HERBICIDA
INTElIGENTE, A
COLHEITA MECANIzADA
TEM IMPORTANTE
CONTRIBuIçãO A dAR
PARA O SETOR
“
“
MUNDO CaNa
L. H. CAMPOS
Cuidados antes do preparo do solo para plantio envolvem atenção às plantas daninhas
Superar a crise que prejudica
as negociações agrícolas em
todo o país desde o segundo
semestre do ano passado é o objetivo
dos produtores de cana e das usinas,
concentradas principalmente na re-
gião Centro-Sul do Brasil. Diante do
cenário de liquidez apertada e de cré-
dito limitado no mercado, o sistema
de troca foi a alternativa encontrada
por muitas empresas para impulsio-
nar os negócios e impedir a redução
de compra de insumos e defensivos
agrícolas pelas usinas e produtores.
Este sistema era bastante utilizado
em negociações de grãos, mas pouco
comum em cana. E tem apresentado
resultados positivos.
Acompanhar as tendências do mer-
cado não é tão fácil como parece.
Nem todos os elos possuem estru-
turas adequadas para enfrentar tur-
bulências econômicas, como a crise
global. Embora o Brasil se destaque
como grande produtor mundial e um
dos mais importantes fornecedores
de cana, o cenário é diferente. Os es-
pecialistas afirmam que a crise deve
influenciar o volume de investimen-
to no setor. Em relatório recente,
a Companhia Nacional de Abaste-
É possívelvencer a crise
22
MUNDO CaNa
cimento (Conab) aponta que deve
haver redução na produção e no nú-
mero de novas usinas. Este ano, das
35 usinas que deveriam entrar em
operação em São Paulo, somente 20
iniciarão as atividades.
De acordo com a União da Indús-
tria de Cana-de-Açúcar (Unica), este
será um período de reestruturação
e consolidação devido à fragilidade
financeira das empresas. A queda
das exportações de etanol também
deve representar mudanças efetivas
na produção brasileira de cana que,
ao mesmo tempo, caminha para au-
mento nas vendas de açúcar, produ-
to em alta desde dezembro de 2008.
Este cenário reflete a redução nas sa-
fras de grandes produtores mundiais
de açúcar, como Índia e União Euro-
peia, e pode ser uma saída interes-
sante para os canavieiros do Brasil.
Com adequação na produção, eles
podem manter o fluxo positivo dos
seus negócios.
Por outro lado, vale ressaltar que a
demanda por etanol já retoma índi-
ces positivos, com o aquecimento
do mercado automobilístico. Este
aumento já previsto na fabricação
e venda de veículos flex, tanto para
o mercado interno quanto externo,
deve-se principalmente à necessida-
de dos países em reduzir a emissão
de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera.
Há ainda outras opções criativas
para os produtores que querem ven-
cer a crise. A geração de energia de
bagaço da cana, por exemplo, pode
ser um caminho bastante lucrativo.
Este recurso vem sendo utilizado
em larga escala pelas próprias usi-
nas e também para cobrir déficits
financeiros.
Apesar de não existir fórmula pron-
ta para driblar os efeitos negativos
da crise econômica, o segredo para
minimizar prejuízos pode estar no
diálogo entre a cadeia produtiva e
os especialistas tanto do setor pri-
vado quanto das entidades gover-
namentais. E, ao contrário do que
muitos imaginam, o cenário de ins-
tabilidade atual pode representar
excelentes oportunidades de novos
negócios. Nesse caso, a aquisição
ou fusão de empresas pode ameni-
zar alguns problemas. A eficiência
do processo produtivo é o ponto cen-
tral de toda essa questão, pois com
investimentos que possi-
bilitem ao Brasil manter
as exportações de açú-
car e álcool em níveis
satisfatórios será possí-
vel ganhar fatias de
mercados em
crescimento,
metas que
até hoje não
foram al-
cançadas.
Artigo por Gustavo Gonella
gustavo gonella, engenheiro agrônomo eGerente de Produto da Arysta lifeScience
>
ceNário de iNStabilidade pode Ser oportu-
Nidade para diverSificar a produção
>
FELI
PE
FON
SE
CA