revista mineira de engenharia - 29ª edição

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Ano 6 | Edição 29 | Ago - oUt - 2015 pLAtAforMA biM EvoLUção EM gEstão dE proJEtos MEio AMbiEntE onU vai discutir o desenvolvimento sustentável tEndênCiA Certificação LEEd promove mudanças no setor EntrEvistA Carlos Alberto teixeira de oliveira EngEnhEiro do Ano olavo Machado Junior será o homenageado

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Revista Mineira de Engenharia - 29ª Edição

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Ano 6 | Edição 29 | Ago - oUt - 2015

pLAtAforMA biMEvoLUção EM gEstão dE proJEtos

MEio AMbiEntEonU vai discutir odesenvolvimentosustentável

tEndênCiACertificação LEEdpromove mudançasno setor

EntrEvistA Carlos Albertoteixeira deoliveira

EngEnhEiro do Ano olavo Machado Junior será o homenageado

Uma das discussões mais recorrentes,

nos últimos tempos, no seio da categoria,

tem sido a do impacto da chamada

“Operação Lava Jato” sobre as atividades

de Engenharia. De fato, constata-se ser

este impacto devastador, pelo fato de as

grandes empresas de engenharia estarem

envolvidas, como se diz, “até o pescoço”,

com os escândalos de corrupção eviden-

ciados pela Operação Lava Jato. E, como

já tivemos a oportunidade de falar neste

espaço de editorial e em artigo publicado

na Imprensa, o efeito final é paralisante,

afetando as médias e pequenas empresas

do setor, causando desemprego em es-

cala, não só de engenheiros, mas de di-

versos outros tipos de profissionais.

Esta é uma situação desfavorável, sobre-

tudo, para aqueles, que com a responsa-

bilidade de comandar as entidades de

classe, têm o dever e a obrigação de de-

fenderem a Engenharia. Se não o fize-

rem, quem irá fazê-lo? Ao final deste

processo, as grandes empresas de enge-

nharia, dotadas de extraordinária capa-

cidade técnica e operacional, necessitam

ser preservadas para o bem do País.

Ledo engano acreditar que no curto

prazo, médias empresas poderão ocupar

o espaço das grandes. Isso não irá acon-

tecer. Chegar onde chegaram as grandes

empresas nacionais demanda anos, e se

fecharmos as portas a elas estaremos, ao

mesmo tempo, abrindo as portas para

que empresas estrangeiras venham a

ocupar o nosso mercado interno de

Engenharia.

Porém, não basta o que temos assistido:

ver os dirigentes das empresas, com

envolvimento devidamente comprovado

pela Justiça, sendo apenados pela Lava

Jato. É preciso que estas grandes empre-

sas, por iniciativa própria, ou uma vez for-

çadas a isso, façam os chamados acordos

de leniência, como recentemente fez a

Camargo Corrêa, de forma a devolverem

à sociedade os recursos aferidos irregu-

larmente ao participarem dos atos de

corrupção. E claro, é preciso também que

os políticos envolvidos venham a ser

exemplarmente responsabilizados.

No caso da Petrobras, assim como o de

outras empresas ou órgãos do Governo

que venham a ser identificados pela Lava

Jato, como envolvidos nos esquemas de

corrupção, não podemos fechar os olhos

aos desmandos, como se nada tivesse

ocorrido. O crime cometido na Petro-

bras, por certo faria “corar de vergonha”

a tantos brasileiros que defenderam

aquela empresa em diversos momentos,

de que é exemplo o memorável episódio

do “Petróleo é Nosso”. Não podemos

aceitar a impunidade.

No afã de defender a Engenharia, perce-

bemos posições contraditórias em nossa

categoria que podem ser interpretadas

mais como um posicionamento contra a

Operação Lava Jato do que de Defesa da

Engenharia. A Operação Lava Jato está

ajudando a passar este País a limpo e

como tal precisa cumprir sua missão

com sucesso. É sempre bom lembrar que

a Engenharia não é uma ilha. É impossível

a Engenharia ir bem, quando o País vai

mal, como ocorre agora nos campos da

política e da economia.

Queremos deixar claro a nossa posição

neste contexto atual: a política precisa

ser conduzida em novos padrões éticos,

livre do jogo de cena e da corrupção sis-

têmica. É mister que a economia trilhe

o caminho de um desenvolvimento eco-

nômico sustentável, fundamento sobre

o qual se assenta uma engenharia forte

e atuante por seus profissionais e em-

presas. Acreditamos, também, que me-

rece todo o nosso apoio e respeito o

trabalho que vem sendo feito pela Ope-

ração Lava Jato na responsabilização

dos envolvidos, de forma a serem coi-

bidas as práticas nefastas no mercado

de Engenharia, ajudando, ao mesmo

tempo, a baixar os níveis de corrupção

existentes no Brasil, no âmbito federal,

estadual e municipal.

EditoriAL | pALAvrA do prEsidEntE

3

A Lava Jato e a Engenharia: um debate recorrente

Augusto DrummondPresidente da SME

4

CoMproMisso CoM voCê!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio desua equipe, tem desenvolvido uma série de traba-lhos para atender cada vez mais e melhor a cada umdos associados.

Em seus 84 anos de existência, a SME trabalha paraintegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, aArquitetura, a Agronomia e seus profissionais,contribuindo para o aprimoramento tecnológico,científico, sociocultural e econômico.

CoMproMisso CoM o fUtUro

Aprimoramento profissional e a inovação tecnológicatambém têm sido uma das grandes bandeiras da SMEpara oferecer os melhores serviços para você.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha-ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado,cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges-tões e para representar seu interesse no setor.

vEnhA pArA A sME

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]

Augusto Celso Franco DrummondPresidente

Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente

José Ciro MotaVice-Presidente

Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente

Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente

Virginia Campos de OliveiraVice-Presidente

Alexandre Rocha ResendeDiretor

Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora

Fabiano Soares PanissiDiretor

Humberto Rodrigues FalcãoDiretor

Janaína Maria França dos AnjosDiretora

José Andrade NeivaDiretor

Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor

Marcelo Monachesi GaioDiretor

Túlio Marcus Machado AlvesDiretor

Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor

CONSELHO DELIBERATIVO

Ailton Ricaldoni LoboPresidente

ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Luiz Gattás HallakJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior

CONSELHO FISCALCarlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidenteConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Coordenador EditorialJosé Ciro Mota

Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP

Revisão EditorialJalmelice Luz - MG 3365 [email protected]

Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem: 10 mil | BimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br

ApoioPublicação

16EntrEvistA Carlos Alberto teixeira de oliveira

20pLAtAforMA biM tendência para o mercado da Engenharia

CrisE brAsiLEirA política está no centro dos impasses do brasil

CErtifiCAção LEEdConstrução ecossustentável

CrisE hÍdriCA E EnErgétiCA Como mudar o cenário?

36rEprEsEntAtividAdECompur elege novos conselheiros

24

28

tELECoMUniCAçõEsCEMigtelecom tem foco no mercado corporativo

MinAsCon 2015sME promove palestras durante o evento8

EngEnhEiro do Ano olavo Machado Juniorreceberá a comenda 56

JovEM EngEnhEirAJuliana Costa Morais dos santos

dEsEnvoLviMEnto sUstEntávELonU propõe novos objetivos globais para o planeta

48hoMEnAgEM dirigentes da sME serão homenageados pelo colégiode entidades

32

Artigo | Cds/sMEComitê de desenvolvimento sustentável da sME

EdUçAçãoMudanças curricularesna Engenharia da UfMg12 38

54

44

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O Anequim, avião projetado pelo Cen-tro de Estudos Aeronáuticos (CEA),quebrou cinco recordes mundiais de ve-locidade na Base Aérea de Santa Cruz,no Rio de Janeiro. A aeronave foi pro-jetada e construída por equipe coorde-nada pelo professor Paulo Iscold, doDepartamento de Engenharia Mecânicada UFMG. Desenvolvida desde 2011, aaeronave, a mais rápida projetada atéhoje pelo CEA, apresenta um peso infe-rior a 500 quilos, já incluindo piloto e

combustível. Entre as principais inova-ções do Anequim, cujo nome é inspi-rado em uma espécie de tubarãoagressiva e veloz, o professor Iscolddestaca a peculiaridade de ter sido in-tegralmente projetado no computador– do desenho às análises estrutural,aerodinâmica e de vibração – e cons-truído por máquinas de comando nu-mérico. Mais informação no link:https://www.ufmg.br/online/arquivos/039791.

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NOTAS DO SETOR

A Associação Brasileira de Enge-nheiros Civis (ABENC) realizará o2º Congresso Técnico-Científico deEngenharia Civil, em Florianópolis, no período de7 a 9 de outubro de 2015. O objetivo é reunir emtorno de 300 profissionais e estudantes de todoo Brasil. Os temas a serem discutidos irão focar,de forma ampla, no debate da engenharia civilcomo fator predominante do desenvolvimento doPaís, nas mais diferentes áreas do ambiente cons-

truído. Serão debatidas ques-tões relativas à profissão eao mercado de trabalho, es-

tratégias de defesa e valorização profissional, di-fusão de conhecimentos técnicos, a atualizaçãoprofissional pela conexão do conhecimento téc-nico-científico e intercâmbio. Haverá uma mostrade produtos, materiais e processos que atendamos demais objetivos em paralelo ao evento. Maisinformações pelo site: www.abenc.org.br.

CEMIGTelecom

O presidente da CEMIG Telecom, Aloísio Vas-concelos, esteve na SME para apresentar os pro-jetos da empresa Cemig Telecom para a diretoriada entidade. Criada em 1999, pertencente aoGrupo CEMIG, a antiga Infovias, hoje CEMIGTe-lecom, oferece a maior rede óptica para trans-porte de serviços de telecomunicações emMinas Gerais, segundo informações fornecidaspela ANATEL.

XVIII COBREAP

MINERAÇÃO

ENGENHARIA CIVIL

Fernanda Wardil/UFMG

paulo iscold com o protótipo Anequim, cuja estrutura primária é feita em

fibra de carbono

ADMINISTRAÇÃO CONTRATUAL E CLAIM

Lançado pela editora PINI, este livro é referência naconceituação de dois importantes temas na sobrevi-vência e na valorização da engenharia: a Administra-ção Contratual e a solução de possível DesequilíbrioEconômico- Financeiro que venha ocorrer em obra,através de um pleito (CLAIM). Os temas são camposimportantes dentro da Engenharia e do Direito. AAdministração Contratual visa à manutenção doequilíbrio econômico-financeiro contratual, de formapreventiva, em contratos administrativos ou priva-dos. Nessa obra, renomados especialistas abordam experiênciasem casos de reequilíbrio, como em PPPs (Parcerias Público Priva-das), além de tratar da importância da Perícia e da Arbitragem, daatuação e função do gestor público nesses processos, de discus-

sões sobre esses fatores imprevisíveis, de formas con-tratuais mais modernas e de valores como boa fé e obom senso.

Material indispensável para aqueles que querem enten-der mais e atuar nessas áreas. O IBAPE-MG (InstitutoBrasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) e aCMA (Câmara de Mediação e Arbitragem do CREA-Minas) são incentivadores de obras como esta, que bus-cam mostrar caminhos para a pacificação de conflitos.

Autor(es): André Suarez Tondato, Bernardo RamosTrindade, Cleménceau Chiabi, Edson Garcia Bernardes, Felipe Gu-tierrez, Frederico Estrella, Jerônimo Amaral, Marcelo Vilela, MárcioBrant, Raphael Bernardes, Ricardo Gil, Roberto Farrer, RodrigoReis e Rodrigo Ruggio.

O XVIII COBREAP - CongressoBrasileiro de Engenharia de Ava-liações e Perícias será realizadoem Belo Horizonte, de 28 de se-tembro a 02 de outubro de 2015,no Centro de Convenções doHotel Mercure, no Bairro deLourdes. A programação abordaos principais aspectos das áreasde avaliações, perícias, arbitragens,claims, inspeção predial, vistoriacautelar e meio ambiente. A pro-gramação, inscrições e demaisinformações do XVIII COBREAPpodem ser acessadas pelo sitewww.cobreap.com.br. Maisinformações: (31) 3275-101/(31)8425-7693, e pelo e-mail:[email protected].

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CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

A 72ª SOEA - Semana Oficial da Engenharia eda Agronomia, maior evento das engenharias doPaís, neste ano foi realizada, em Fortaleza (CE),na segunda quinzena de setembro/15. O temacentral foi "Sustentabilidade: água, energia e ino-vação tecnológica". As engenheiras VirgíniaCampos e Janaína França participaram doevento representando a SME.

ABRECON

Acontece este mês, no Centro de Expo-sições Milenium (SECOVI), em São Paulo(SP), a 1ª edição do Seminário Nacionalda Reciclagem de Resíduos da Constru-ção Civil e Demolição, promovido pelaAssociação Brasileira para Reciclagem deResíduos da Construção Civil e Demoli-ção – ABRECON – e organizado pelamultinacional Acqua MCI. O evento é ummarco por abordar os temas mais rele-vantes do momento e apresentar dadosinéditos sobre o segmento da reciclagemde RCD no Brasil. Estima-se que de 2010

a 2014, o segmento de reciclagem deRCD –Resíduos de Construção e Demo-lição – tenha crescido aproximadamente400% no Brasil. De acordo com as infor-mações da ABRECON, há mais de 350usinas instaladas no País, que geram milha-res de emprego, contribuindo paraamenizar o impacto ambiental ge-rado pela construção civil e a preser-vação de recursos naturais. O eventoserá realizado para um público de 200participantes. Mais informações no sitewww.acquacon.com.br/seminariorcd.

72ª SOEA

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), pormeio do Fórum Permanente de DesenvolvimentoSustentável, está organizando o 3º Painel progra-mado para o dia 8 de Outubro/15, na sede da As-sociação Comercial de Minas Gerais (ACMinas). Umdos coordenadores do evento, o engenheiro Sil-viano Cançado Azevedo informa que Fórum tem adesão de outrasimportantes entidades do setor financeiro, que deverão participardo próximo painel.

O 1º Painel contou com a presença do presidente da Associaçãodos Economistas de Minas Gerais, Carlos Alberto Teixeira de Oli-veira, que falou sobre “A Atual Situação das Economias de Minase do Brasil”. O 2º Painel do Fórum Permanente de Desenvolvi-mento, no dia 1º de setembro, foi sobre o tema "Estresse Hídricoe Energético", com palestra do engenheiro Adalberto Carvalho deRezende, professor da UFMG e diretor da ESCO - Energy Saving

Company.

O propósito do Fórum Permanenteé aglutinar pessoas, empresários eempresas, técnicos dos diversos se-tores, universidades e entidades.

Uma das propostas do Fórum é acriação da AGÊNCIA DE DESEN-VOLVIMENTO AVANÇA MINAS-que será responsável por refletir edirecionar as ações a serem desen-volvidas e definir uma política de

atração e viabilidade de novos empreendimentos. Uma agência dedesenvolvimento ágil, capaz e preparada para responder com efi-ciência e rapidez às diversas demandas de apoio e fundamento deum novo ciclo virtuoso.

SEMANA MUNDIAL DA ÁGUA

Com o tema “Água para o Desenvolvi-mento”, a cidade de Estocolmo (Suécia) se-diou, de 23 a 28 de agosto, a Semana Mundialda Água 2015. O encontro é o ponto de re-ferência anual para as questões da água emtodo o planeta. É organizado pelo SIWI -Stockholm International Water Institute. Esteé o ano do jubileu tanto da Semana Mundialda Água quanto do Prêmio da Água de Esto-

colmo. Especialistas, profissionais, tomadoresde decisão, inovadores de negócios e jovensprofissionais de uma gama variada de setorese países fizeram network, trocaram ideias, como propósito de fomentar e desenvolver solu-ções para os desafios mais prementes com aágua na atualidade. Em 2014, mais de 3.000pessoas e 270 organizações de 143 países par-ticiparam da Semana.

silviano Cançado Azevedo é um dos coordenadoresdo evento

FÓRUM PERMANENTE

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Oconsumo de energiaelétrica no Brasil caiu1,1% no primeiro se-mestre de 2015, to-

talizando 235.939 Gigawatts-hora(GWh). O principal motivo para aqueda foi o forte recuo do consumode energia pela indústria (-4,2%), jáque o consumo residencial fechouem leve alta de 0,3% e o comercialsubiu 1,7%. Em junho, o consumototal de energia elétrica no país teveretração de 1,5% (37.170 GWh),com o consumo da indústria caindo3,7%; o residencial, 1,1% e o comer-cial em alta de 1,7%. Estes dados sãoda Empresa de Pesquisa Energética(EPE), do Ministério de Minas e Energia.

Foi pensando nesse cenário atual e nofuturo que a SME se propôs a ampliaro debate sobre a crise hídrica e ener-gética, que bate a porta da populaçãobrasileira, no ‘Seminário ConsumoConsciente de Água e Energia’, du-rante o Minascon 2015, no Expominas.Embora os dados sejam preocupantese a população tenha respondido, emparte, ao apelo do poder público de

reduzir gastos e con-sumo de água e ener-gia, ainda há muito queser feito para mudarhábitos e comporta-mentos.

Prova disso é que o úl-timo Relatório da Or-

ganização das Nações Unidas para aEducação, a Ciência e a Cultura(Unesco), lançado em março de 2015,mostra que o consumo de água nas úl-timas décadas cresceu duas vezes maisdo que a população. A estimativa é quea demanda cresça no mundo 55% até2050. No Brasil a demanda maior éna região Sudeste que tem a maiorconcentração populacional (70%).

fabiano panissi, membro

da Comissão de Consumo

Consciente de água e

Energia da sME

sEMinário sME | MinAsCon/ConstrUir

A necessidade do consumo consciente de água e energia foi pauta do seminário da sME no Minascon

9

O meteorologista e professor da PUC Minas, Ruibran dosReis, observa que, há alguns anos, falava-se da possibilidadede uma crise hídrica projetada para 2030, que está acon-tecendo agora. Ele explica que a variabilidade das condi-ções do tempo, com seca na região Sudeste do Brasil echuva em regiões onde havia seca, estão acontecendo emfunção do aquecimento global.

Segundo Ruibran dos Reis é muito importante o debatedessa situação para que a população se conscientize. “Es-tamos vendo que a própria sociedade está mais conscienteda questão hídrica no Brasil, embora nunca imaginássemosque poderia faltar água em casa. Isso tem sido feito atravésde debates nas entidades, na academia, e por meio de cam-panhas de mobilização social. O que não há ainda é umaação decisiva por parte dos governos”, conclui.

boAs prátiCAs

Manter essa discussão em pauta é mais do que necessário,assim como identificar medidas práticas e boas iniciativas quetragam novas contribuições, a exemplo da construtora EPO,representada por Juliana Costa de Morais dos Santos, enge-nheira de Qualidade e Meio Ambiente. Além do gerencia-mento de resíduos, nos canteiros de obras a empresa faz umtrabalho educativo ambiental com seus trabalhadores, que pas-sam a reproduzir em casa, nas comunidades, entre amigos, anoção de sustentabilidade. “A ideia é economizar água no tra-balho para não faltar em casa. Nós incentivamos isso nos can-teiros de obras. Essa troca é fundamental para refletir nasociedade como um todo. Se isso não é fomentado o que po-deremos oferecer à sociedade, nesse momento”, indaga.

Para o gerente de Saúde, Segurança do Trabalho e MeioAmbiente da Construtora Norberto Odebrecht, enge-nheiro Wanderson Ferreira de Carvalho, “a construção civiltradicional sempre utilizou muita água, um recurso cada vezmais necessário para a população. Mas é possível adotarmetodologias mais limpas que não exigem tanto água”. Foio que a empresa desenvolveu em uma Parceria Público Pri-vada (PPP) com a Prefeitura de Belo Horizonte para a cons-trução de 51escolas (UMEIs), com a metodologiaconstrutiva Light Steel Framing, sistema predominante empaíses desenvolvidos, como EUA, Japão, Canadá e Europa.

Ruibran dos Reis, meteorologista e professor da PUC Minas

O Minascon/Construir Minas reuniu entreos dias 24 e 27 de julho, todos os segmen-tos da indústria da construção civil. Oevento contou com uma ampla programa-ção composta por grandes eventos técni-cos e de capacitação voltados paraprofissionais de diversas áreas relaciona-das ao setor, contabilizando quase 120horas de palestras, workshops e debates.

Com o objetivo de apresentar as novida-des, principais tendências, produtos e asmais modernas soluções representadaspor cerca de 200 marcas, o evento atraiucerca de 29 mil pessoas gerando, em tornode R$ 95 milhões em negócios.

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A diferença entre o método construtivo e o tradicional,resume Wanderson Carvalho, é que o Light Steel Framingeconomiza água o suficiente para suprir o consumo de45.000 pessoas (2 litros por dia), por um período de 64dias. A fórmula é a eficiência na construção com a dimi-nuição de resíduos, a utilização de energia renovável e umsistema hidráulico eficiente e econômico, além da açãoeducativa ambiental que é desenvolvida junto à comuni-dade, entre outros elementos.

Para Wanderson Carvalho esse é “o principal legado doprojeto para a comunidade, com um custo/benefícioenorme, tanto na construção quanto na operação, bus-cando desde a cadeia do produto, até a entrega final e amanutenção desse empreendimento para a comunidade”.O engenheiro reafirma que os recursos ambientais estãocada vez mais escassos. Isso faz com que a empresa bus-que soluções para desenvolver e criar novas tecnologias.

novAs tECnoLogiAs

Um dos exemplos de que a criatividade e tecnologiapodem contribuir e muito nesse cenário de escassez foiapresentado pelo vice-presidente da SME, engenheiro LuizHenrique de Castro Carvalho. Ele desenvolveu o aplicativoSaveWater com a proposta de estimular o consumidorresidencial a reduzir o tempo de banho e economizar águaem 50%.

O aplicativo com download gratuito e versão para IOSestá disponível também para Android. O engenheiro in-forma que a média de tempo que as pessoas passam de-baixo do chuveiro é de 15 minutos. Com o aplicativo ameta é atingir o mais próximo possível de cinco minu-tos. Com essa mudança de comportamento haverá eco-nomia de água, de energia e redução no valor da contade energia.

sEMinário sME | MinAsCon/ConstrUir MinAs

Wanderson Ferreira de

Carvalho, engenheiro da

Construtora Norberto

Odebrecht

Luiz Henrique de

Castro Carvalho,

engenheiro eletricista e

vice-presidente da SME

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O objetivo do SaveWater “é proporcionar, de umaforma agradável, a busca pela sustentabilidade, preser-vação de nossos recursos naturais, garantia de sobrevi-vência da biodiversidade e a perenidade dos nossosrecursos hídricos, através da redução do consumo deágua e energia. Tal economia se dará através da reduçãodo nosso tempo no banho. Considerando que mais de70% da energia gerada no Brasil é proveniente de re-cursos hídricos, ao economizarmos energia, estamospreservando nossas bacias hidrográficas, que por sua veztrazem muitos benefícios para toda a biodiversidade.Assim sendo, temos um ciclo virtuoso que contribuipara a sustentabilidade do nosso planeta”, assegura.

MobiLizAção soCiAL

O coordenador de Ações de Mobilização Social da Com-panhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Givanildode Almeida Cruz, diz da necessidade de conscientização deque a falta de água no mundo está se agravando, e da ur-gência de medidas caseiras ou coletivas para a preservaçãodesse bem. Na ocasião de sua palestra, em 26 de junho de2015, ainda havia um cenário de possível racionamento deágua em algumas regiões. Mas, esse fantasma foi espantado,em agosto, com o anúncio da presidente da Copasa, SinaraMeirelles, de que não haverá racionamento de água na RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte (RMPBH), no período deseca que pode se estender até o mês de outubro.

Givanildo Cruz atribui esse novo quadro às ações da Copasa,a exemplo do Programa Caça Gotas que tem a finalidade dereduzir vazamentos e desperdício de água. Também, a mu-dança de comportamento da população que reduziu o con-sumo em 14%, e ao aumento de chuvas em 55% no períodode janeiro a julho de 2015, comparado ao mesmo períododo ano passado. Contudo, a Campanha de Mobilização Socialpermanece levando à população ideias práticas de comomanter as torneiras fechadas, que podem desperdiçar comum filete de um milímetro de água, mais 62 mil litros pormês. O uso correto do vaso sanitário que representa cercade 40% do consumo de água em uma residência, não usarágua para limpar ruas e calçadas, entre outras medidas.

SEMINáRIO CONSuMO CONSCIENTE DE áGuA E ENERGIA PROMOVIDO PELA SME

Aplicativo saveWater tem a proposta de estimular

o consumidor residencial a reduzir o tempo de

banho e economizar água em até 50%.

Realizado no dia 8 de julho, na Escola de Engenharia daUniversidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG), o II Se-minário “Engenheiro do Futuro” abordou a “Inovação noEnsino de Engenharia”, um tema que tem merecido a aten-ção de professores e instituições de todo o mundo.

O evento é uma das ações propostas pelo Programa deInovação para Educação em Engenharia (ENG200), criadopela instituição em 2011, durante as comemorações doCentenário da EEUFMG, para incentivar a reflexão e o de-bate sobre a qualidade da formação que os futuros pro-fissionais recebem e gerar melhorias capazes de tornar oaprendizado mais desafiador, excitante e criativo. Nesteano, participaram mais de 250 pessoas, entre alunos, pro-fessores e convidados nacionais e de outro países.

Segundo o professor e diretor da EEUFMG, AlessandroFernandes Moreira, que tem participado, em outros países,de eventos que discutem o processo de educação usadopelas instituições de ensino superior de Engenharia e prá-ticas alternativas ao modelo tradicional de aula até entãousado em sala de aula, a realização do seminário é umaforma de manter essa discussão viva para a comunidade aca-dêmica da instituição que tem atuado para mudar as pro-postas dos seus cursos, incluindo temas como inovação,empreendedorismo e competências comportamentais.

Para ele, o avanço das áreas de tecnologia e comunicaçãotêm criado novos desafios para a formação dos profissio-nais do futuro. “Não podemos ficar para trás nesse pro-cesso. É tácito a necessidade de transformar a educaçãoem Engenharia, sem perder seus princípios básicos, paraalinhar os projetos pedagógicos às necessidades da socie-dade, de forma geral. Queremos, ainda, criar no aluno umsentimento de comunidade que o mova a buscar soluçõespara questões cotidianas como as demandas sociais e am-

bientais. Eles têm que estar mais preparados para buscaressas soluções”, defende.

No caso da UFMG, há diversos projetos em desenvolvi-mento. Entre eles, está o apoio irrestrito às iniciativas es-tudantis como empresas juniores, equipes decompetição, projetos sociais e representações dos alu-nos, entre outros. A diretoria da EEUFMG também tematuado para promover uma aproximação com entidadesque representam os profissionais da área como é o casoda Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), ConselhoRegional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais(CREA-MG), a Federação das Indústrias do Estado deMinas Gerais (FIEMG), e com startups e empresas queestão ingressando no mercado.

Outra iniciativa da EEUFMG é o fortalecimento das ati-vidades de intercâmbio e aproximação com universidadesque são consideradas referência para o ensino de Enge-nharia, no mundo. A instituição também tem promovidoo realinhamento interno das formações de graduação epós-graduação, por meio das atividades de ensino, pes-quisa e extensão que renderam projetos como o próprioENG200 e o “Núcleo de Educação em Engenharia Solidária”.

EdUCAção

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Mudanças curriculares na Engenharia da UfMg

Alessandro Fernandes

Moreira, professor

e diretor da EEUFMG

“Além de incluir novos conteúdosao processo de formação dos alu-nos, a instituição tem se colocado àserviço da sociedade para cumprir asua missão primeira, que é formarengenheiros, e também para proje-tos de pesquisa e extensão queestão em desenvolvimento por meiode parcerias com o poder público ea iniciativa privada”, enfatiza Moreira.

CoMUnidAdE EM ALErtA

Se por um lado, a abertura de novoscursos de Engenharia, na última dé-cada, fez com que a carreira retor-nasse à posição de liderança napreferência dos estudantes, poroutro, a exploração econômica dessaárea que exige formação de alta qua-lidade, apenas em função das deman-das do mercado, acendeu o sinal dealerta para os estudiosos dessa área.Em números, os programas de gra-duação passaram de 750 para 3 mil,no País.

Na capital mineira, são oferecidas,a cada ano, 15 mil novas vagas nos

vestibulares regulares. Já na RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte(RMBH) há, atualmente, mais de20 escolas, com mais de 55 milestudantes matriculados em pro-gramas que, na maioria dos casos,foram criados recentemente. Mui-tos deles são noturnos, o que im-pacta a qualidade da formação,como já apontado pelo Exame Na-cional de Desempenho de Estu-dantes (ENADE), do governofederal. Na edição de 2012 daprova, 75% das escolas obtiveramnotas 1,2 e 3, revelando o baixodesempenho.

Segundo Moreira, mais uma vez, aexpectativa para o resultado final doENADE 2014, que será divulgadoainda neste ano, não é das melhores.“As universidades públicas federaistêm tido dificuldade em contratardocentes, o que pode comprometera execução dos projetos propostos.Além do mais, a infraestrutura (bi-blioteca e laboratórios) não é baratae sem essa estrutura bem montada,o que podemos esperar?”, constata.

Uma solução para esse impassepode ser a criação de uma rede decooperação entre as várias escolasde Engenharia, públicas e privadas,para que a formação seja discutidade forma ampla, bem como os pro-blemas que as instituições têm en-frentado, de acordo com o diretor.

inovAção nA prátiCA

Professor e ex-diretor da EEUFMG,entre os anos de 1994 a 1988, e pa-lestrante do seminário realizadoem julho, Aécio Freitas Lira consi-dera que o futuro do ensino de Enge-nharia passa, de forma obrigatória,pela aproximação com a área de Medicina.

“O cenário atual é complexo e requeruma reflexão crítica urgente. Corre-mos dois riscos. O primeiro é a extin-ção de um grande número de cursosexistentes, hipótese que considerobem real. O outro é que, se a imagemde profissional mal formado se firmarno mercado nacional, o posiciona-mento dos profissionais pode ser afe-tado, de alguma forma”, provoca.

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Nada mais estratégico e transformador, portanto, queeleger como prioridade a criação de faculdades queintegrem culturalmente e curricularmente, módulose práticas educacionais, na busca dos melhores sistemas, soluções e aplicativos, para a indústria dasaúde e hospitais. Engenharia é também Saúde! E Medicina também é Engenharia!

Aécio Freitas Lira, ex-diretor da EEUFMG

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Essa constatação é fruto da expe-riência de 43 anos na área. Foram 30anos dedicados à EEUFMG comoaluno, professor e diretor da facul-dade, até a aposentadoria, que ocor-reu em 2000. Depois, Aécio Liraatuou por 13 anos no setor privadode educação como executivo da áreaacadêmica, no período em que acon-teceu a expansão do "ensino supe-rior de massa", com apoio doGoverno Federal e o incentivo docrédito educativo.

Existem saídas e algumas delas serãoindicadas pelo vetor da inovação nomodelo de aprendizado. E, talvez, oexemplo mais intrigante e promissorseria o da "fusão" da Engenharia coma Medicina. Esta é uma das mais re-centes linhas de discussão da reno-vação das engenharias e vem sendodiscutida em todo o mundo.

Em 2014, ele visitou a Escola de En-genharia da Universidade de Illinois-Urbana-Champaign/USA, onde par-ticipou de uma experiência edu-cacional que segue essa linhatransformadora e inovadora, pormeio do desenvolvimento cientí-fico e tecnológico de elementoseducacionais integradores, parauma melhor prática profissional esinérgica (produtos, soluções e simu-ladores) de engenheiros e médicos.

A razão desse movimento é simples:cresce a demanda por melhor quali-dade da saúde da comunidade, ge-rada por um atendimento médicomais eficaz, que atinja a um númerocada vez maior de pessoas, e comum custo cada vez mais acessível. Oenvelhecimento da população (um

fenômeno global) apenas aumenta apressão sobre o sistema de saúde.

E essas mudanças só acontecerãocom o apoio da Engenharia, afirmaLira. “É como diz um diretor da Uni-versidade de Illinois: projetar o espaçocirúrgico de um hospital de alta com-plexidade é similar aos projetos maisavançados da área da indústria aero-náutica. Todos os sistemas fluidos, so-luções e equipamentos, demandamengenharia de ponta e conhecimentode computação. Da mesma forma, dosmédicos são exigidos o ensino e trei-namento de qualidade, a prática comsimuladores e o uso de equipamentoscomplexos".

Neste milênio a evolução não aconte-cerá por ações isoladas, mas integra-das, colocando junto o conhecimentoe a prática de profissionais de diversoscampos do saber. “Esse é um mo-mento de "rompimento", para o sur-gimento de uma política educacionalinovadora, com a aproximação realdos programas de Medicina com osde Engenharia, Computação, Humani-dades e Sociais Aplicadas, todos voca-cionados para a indústria da saúde.Engenharia também é saúde e Medi-cina também é Engenharia”, enfatiza oprofessor.

Nada mais estratégico e transforma-dor, portanto, que eleger como prio-ridade a criação de faculdades queintegrem culturalmente e curricular-mente módulos e práticas educacio-nais, na busca dos melhores sistemas,soluções e aplicativos, para a indús-tria da saúde e hospitais. Engenhariaé também Saúde! E Medicina tam-bém é Engenharia!

Mas assim como as instituições deensino, os professores também têmum importante papel a cumprir. “é ocalcanhar de Aquiles" do processo”do processo de mudança ou melho-ria dos cursos de Engenharia. Hoje,exige-se do docente estar inseridonuma “Nova Sala de Aula de Apredi-zado Ativo”, onde o aluno passa aser, de fato, o centro das atenções eo professor atue como tutor orien-tador. Existe, também, a demanda deum intenso programa de treina-mento nas novas metodologias deensino, e o professor, para não sairda sua “zona de conforto” não par-ticipa do processo, e “quebra” a pro-posta de mudança em curso”, afirmaLira.

Nesse sentido, o investimento deveser fortemente direcionado aosnovos docentes, no momento dacontratação, com a exigência das ha-bilidades e competências que elesterão que apresentar para “pilotar”novas salas de aula de metodologiasativas, bem diferentes do “modelo an-tigo” da transferência de conheci-mento por meio de aulas expositivas,que têm merecido questionamentospor parte dos estudantes.

Para dar sua contribuição a esse pro-jeto, o professor que integra a equipeda Eduqualis está desenvolvendo ummodelo de Sistema Integrado de En-sino de Engenharia, que aborda todoo processo de aprendizagem a partirdos melhores conteúdos editoriaisdisponíveis, treinamento de docentesnas metodologias ativas e foco emprogramas de certificação, para ga-rantir a empregabilidade do futuroprofissional da Engenharia.

EdUCAção

23º prêmio sME de Ciência, tecnologia

e inovação

ApoiorEALizAção

inforMAçõEs

sME | sociedade Mineira de Engenheiros tel.: (31)3292 3810E-mail: [email protected]

Mais de 100 estudantes estão inscritos com cerca de 50 trabalhos técnico-científicos para concorrer ao23º prêmio sME de Ciência, tecnlogia e inovação.o prêmio é dirigido a estudantes de engenharia, arqui-tetura e agronomia regularmente matriculados em instituições de Ensino superior (iEs), em Minas gerais.

A sociedade Mineira de Engenheiros (sME) está organizando a premiação deste ano em parceria com afederação das indústrias do Estado de Minas gerais (fiEMg). os trabalhos serão examinados e avaliadospor uma Comissão Julgadora de acordo com o regulamento do prêmio sME.

durante solenidade de entrega do prêmio sME, em data a ser divulgada, os cinco primeiros trabalhosselecionados receberão premiação em dinheiro.

prEMiAção

www.sme.org.br

uMA PARCERIA COM A FIEMG

1º colocado – r$ 10 mil2º colocado – r$ 6 mil3º colocado – r$ 5 mil4º colocado – r$ 4 mil 5º colocado – r$ 3 mil

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EntrEvistA | CArLos ALbErto tEiXEirA dE oLivEirA

As oportunidadesapontam para o Brasil.É só fazer os ajustesnecessários e as reformas estruturais.

Como o sr. analisa a atual situa-ção econômica nacional?

Começo com a frase do JuscelinoKubitschek segundo a qual o oti-mista pode até errar, mas o pessi-mista já começa errando. É precisoconsiderar a crise como um fenô-meno passageiro e momentâneo enão algo definitivo. É preciso, tam-bém, lembrar de um detalhe impor-tante: ao longo de sua história, o Paístem demonstrado uma enorme ca-pacidade de recuperação de crisesde forma rápida e eficiente. Houve,sim, situações mais graves que aatual e falar em “terra arrasada” nãoé justo.

Há fatores interessantes como pro-dução agroindustrial, mercado con-sumidor de primeira grandeza quejá mostrou força, com injeção derenda e ampliação de mercado detrabalho com resposta positiva.

Então, onde está o problema dobrasil?

A questão é mudar elementos estru-turais. O primeiro deles é reestabele-cer o nível de credibilidade econfiança da economia. Sem isso, nãohá prosperidade. Outra medida é selivrar da “síndrome do raquitismoeconômico”, que tem impedido o Bra-sil de crescer e acompanhar o ritmoaté dos países da América Latina, emenos que a média dos emergentesdo BRICS, bloco do qual faz parte.

País que não cresce está condenadoao subdesenvolvimento. Esse temsido, há alguns anos, o maior dos pro-blemas nacionais, alcançar uma taxade crescimento vigorosa e sustentá-vel. O Brasil precisa se reconciliarcom o desenvolvimento e voltar acrescer. Não precisamos nos inspirarno modelo chinês para isso. Naépoca do JK, durante 5 anos, a eco-

nomia brasileira cresceu 40%. Só aindústria registrou taxa de 60%, agro-pecuária 20%, e ele ainda foi rotuladode não dar importância ao setor.

O País considera como grande metao combate à inflação. Mas combatera inflação com adoção de políticasmonetárias não é o suficiente, senãoo País pode virar Portugal. Na épocade Antônio de Oliveira Salazar,aquele país era estável mas não cres-cia. No final do governo dele, trans-formou-se em uma das nações maispobres da Europa, apesar da estabili-dade econômica.

o que impede o brasil de crescer?

Podemos falar em três fatores. O pri-meiro é a insegurança jurídica. A perdade credibilidade institucional no go-verno é outro empecilho e a necessi-dade de reformas que foramprometidas e não foram feitas, geramatrasos.

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Luciana sampaio

A sabedoria popular reza que não há nadaque dure para sempre. Sem dúvida, momen-tos de crise e situações adversas também se-guem essa linha. uma hora terão fim.

Administrador, economista e líder empresa-rial, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira sabedisso. Sua experiência profissional e contatodireto com lideranças de diversos segmentoseconômicos sempre rende informações pri-

vilegiadas e análises que qualificam o debatesobre os dilemas enfrentados pelo País.

Nesta entrevista, ele fala do atual cenárioeconômico nacional, da “síndrome do raqui-tismo econômico”, de Minas Gerais e de oti-mismo, um sentimento que voltou aaparecer nos discursos do setor produtivonacional. Afinal, “terra arrasada” não tem ser-ventia para ninguém.

“Não temos o direito de ser pessimistas”

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Não podemos pagar taxas de juroscomo as praticadas no País. Isso podedestruir a economia. Em outra frente, ofoco do Brasil precisa ser alterado. Senão tem crescimento econômico, a eco-nomia não expande, não gera impostose não paga a conta do governo. Quandoa receita é baixa, qualquer conta é alta.

é possível ter otimismo frente aesse cenário?

Acho que essa história de apostar nopior para melhorar não é boa. Nãotemos direito de ser pessimistas, aindamais diante das vantagens competitivasdo Brasil. Temos matéria-prima emabundância, cultura consumista, o País étodo integrado, a fronteira marítima éenorme e ainda há muito o que fazerem obras de infraestrutura e energia,por exemplo. As oportunidades apon-tam para o Brasil. É só fazer os ajustesnecessários e as reformas estruturais. Épreciso modernizar, avançar e perceberpara onde o mundo está caminhando.

Minas gerais acompanha a si-tuação nacional?

Minas Gerais tem uma característicatoda particular. Quando a economia na-cional vai bem, a economia de Minas vaimelhor. Quando a situação brasileira estáruim, a de Minas fica ainda pior. A eco-nomia é pouco diversificada e centradaem commodities. De acordo com dadosda Fundação João Pinheiro (FJP), do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE) e da Federação das Indústrias

do Estado de Minas Gerais (FIEMG)apontam que a economia de MG ter-minou, em cinco anos seguidos, comcrescimento inferior a média nacional, oque deve se repetir em 2016. Isso nuncatinha acontecido antes.

Minas era a segunda economia nacio-nal, caiu para a terceira. Chegou a par-ticipar do PIB com 10,5% e no anopassado, essa participação foi aindamenor 9% e ainda haverá declínio daquipara frente. As condições mudaram.Péssimas estradas, não há aparato dedesenvolvimento e fomento para aten-der as demandas da indústria mineira.Há 25 anos, havia energia abundante ebarata, incentivo fiscal para atrair indús-trias. Hoje, além de exportar minério eoutras commodities, também exporta-mos empresas. Hoje temos apenas uni-dades produtoras. A “Guerra Fiscal”gerou perdas.

A carga tributária de Minas é uma dasmaiores do Brasil. Então, como concor-rer nesse cenário? Só vamos perder.Isso tem que ser revisto. Há, ainda,outro fator a ser considerado. De2002 a 2014, Minas foi oposição ao go-verno federal. O endividamento do Es-tado é um dos maiores e as finançaspúblicas não são uma maravilha.

Pelo cenário atual, se não houver ummilagre em outubro e sem os depósi-tos judiciais, não haverá recursos parapagar a folha do governo estadual.Outra questão é o custo da máquina

pública. O Estado tem 853 municípiosdos quais 57% têm menos que 10 milhabitantes e dependem do Estado e daUnião para se manter. Da mesmaforma que criaram incentivos para acriação de novos municípios, é precisoagir na direção oposta para fomentaressas pequenas cidades a se fundirem.

o ambiente político em Minas éadverso para o governo do Estado?

Não, o governador Fernando Pimentelestá impondo o seu estilo de governar.Ele tem ouvido mais a sociedade paradefinir quais as demandas. A experiênciados fóruns regionais é extremamentepositiva. Ele também está pensando emrever a legislação tributária. Os primei-ros meses de governo foram positi-vos. A agenda está priorizando odinamismo da economia local e con-seguiu fazer um diagnóstico razoáveldas dificuldades do setor público.

Mas isso não é suficiente para sairda crise. A crise é estrutural e Minastem que reconhecer quais são osseus pontos vulneráveis para estarpreparado para o próximo ciclo dedesenvolvimento nacional.

Qual a lição da atual crise nacional?

É nas quedas que os rios geram energia.As crises têm lado o positivo porque exi-gem que os administradores, sejam elespúblicos ou da iniciativa privada, repensemseus modelos e busquem alternativas,inclusive para qualificar melhor o gasto.

EntrEvistA | CArLos ALbErto tEiXEirA dE oLivEirA

Se não tem crescimento econômico, a economia não expande, não gera impostos e não paga a conta do governo.

Quando a receita é baixa, qualquer conta é alta.“ “

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Bacharel em Administração, Ciências Contá-beis e Ciências Econômicas pela Pontifíciauniversidade Católica de Minas Gerais (PuC-Minas), Carlos Alberto Teixeira de Oliveirateve grande parte da sua carreira profissio-nal em instituições financeiras como Mer-cantil do Brasil, Comind, Banco BMG e Safra,dentro e fora do Brasil.

Fundou e foi o primeiro presidente do Insti-tuto BDMG Cultural, presidiu o SEBRAE-Minas e atuou como presidente do ConselhoDeliberativo da Fundação João Pinheiro, doIndi. Ele também foi secretário de Estado daspastas de Planejamento e Coordenação,Minas e Energia e, ainda, Indústria, Comércioe Mineração.

Foi diretor de Finanças Internacionais e deProject Finance da Tenenge S.A – TécnicaNacional de Engenharia, empresa do GrupoOdebrecht, foi professor universitário e, du-rante nove anos, foi reitor da Faculdade Es-tácio de Sá, em Belo Horizonte.

Em 2010, foi o presidente do Conselho Su-perior de Economia e Finanças da Associa-ção Comercial de Minas (ACMinas).

Carlos Alberto Teixeira é membro da Acade-mia Brasileira de Ciências Contábeis e daAcademia Nacional de Economia. Escolhido“Executivo de Finanças de 1989” do IBEF-MG– Instituto Brasileiro de Executivos de Finan-ças de Minas Gerais; “Administrador do Anode 2000” pelo Conselho Regional de Admi-nistração de Minas Gerais, tendo recebidoem 2013 o Prêmio APIMEC-Minas – Mercadode Capitais. Recebeu, em abril de 2014, o“Prêmio Bom Exemplo”, concedido pela

Rede Globo, FIEMG, jornal O Tempo e Fun-dação Dom Cabral na Categoria Economia eDesenvolvimento.

Foi juiz e presidente da Banca Avaliadora Es-pecial dos Prêmios Mineiros da Qualidade de2005 e 2007 e presidente da Missão Comer-cial e de Investimentos de Minas Gerais à Eu-ropa, ásia e Estados unidos – de 8 a28/09/90. Atuou como Vice-Presidente eposteriormente como Presidente(2013/2015) do Instituto Brasileiro de Execu-tivos de Finanças (IBEF Nacional) e hoje émembro do Conselho Consultivo da enti-dade.

Participante, por 16 anos consecutivos,como convidado e visitante, das reuniõesanuais do FMI, Banco Mundial e BID, em di-versos países. Atualmente, é presidente daAssociação dos Economistas de Minas Gerais(ASSEMG) e do Conselho de Administraçãodo IBEF-MG, vice-presidente da Associaçãodos Dirigentes de Vendas e Marketing doBrasil/Minas Gerais e do WTC de Minas Ge-rais.

Exerce as funções de presidente da Minas-Part – Desenvolvimento Empresarial e Eco-nômico Ltda. e Editor-Geral de MercadoComum – Revista Nacional de Economia eNegócios.

É autor de vários livros, cabendo destaquepara “Além de Pero Vaz: Carta Brasileira aoSéculo XXI”; “A Economia com Todas as Le-tras e Números” e “JK-Cinquenta Anos deProgresso em Cinco Anos de Governo”.

Experiência comprovada

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pLAtAforMA biM

Empresas de Engenharia e profissionais são desafiados dia-riamente a aprimorar seus conhecimentos. Manter o cur-rículo atualizado é essencial, principalmente quando setrata de ferramentas tecnológicas.

A nova tendência do mercado atende pelo nome BIM(Building Information Modeling ou Modelagem da Informa-ção da Construção), termo utilizado para uma nova pro-posta de trabalho que destaca-se em relação a outrasferramentas de desenho CAD, por obter modelos cons-truídos a partir de softwares 3D com informações para-métricas, atributos dos objetos, atualizações instantâneassobre o modelo da construção e sobre todos os desenhos2D (plantas, cortes e vistas), possibilitando uma simulaçãodo projeto edificado em tempo real.

Segundo o diretor setorial de Engenharia Urbana do Sin-

dicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia

Consultiva de Minas Gerais (Sinaenco-MG), Rafael Decina

Arantes, essa nova metodologia de trabalho baseia-se em

softwares de modelagem, análise e documentação que

abrangem todas as disciplinas A&EC e permite a integração

com softwares de gestão como ERP, MS Project e outros.

novos softwares para projetosPlataforma BIM é a nova tendência parao mercado nacional da Engenharia

Rafael Decina Arantes,diretor setorial de Engenharia Urbana do Sinaenco-MG

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Sem dúvida, ao contrário de outras inovações, esta visa amodernização e redução de custos em toda a cadeia daA&EC, para a confecção de projetos economicamente maisviáveis e sustentáveis. Na minha opinião, é um processo ir-reversível e de curto prazo, com reflexos consideráveispara toda a cadeia produtiva do setor”, avalia.

Entre as vantagens que podem ser obtidas diretamente dosmodelos 3D, destacam-se a antecipação dos cenários, iden-tificação de erros de projetos e interferências construtivas,compatibilização mais efetiva das disciplinas, análise de via-bilidade econômica e de sustentabilidade antecipada, ex-tração automática de informações (como listas demateriais para orçamentação e custos), revisões dos pro-jetos arquitetônicos e complementares, e geração de de-senhos 2D imediatos e precisos. O sistema tambémpermite a importação de informações e dados de cálculosdos projetos estruturais, planejamento da obra e outras.

Mesmo com tantas promessas, o mercado tem manifes-tado grande resistência para aceitar a metodologia. Se-gundo o dirigente, esse fenômeno tem explicação: a baixacapacitação do mercado e mão de obra disponível. Há quese considerar, também, o custo associado para aquisiçãode licenças dos softwares e implantação da nova metodo-

logia. “Considero que as dificuldades e resistência de ado-ção do BIM são semelhantes a passagem do “projetar empranchetas” para o CAD 2D como ocorreu naquele mo-mento, o setor de A&EC se adaptará em médio prazo ne-cessariamente”, adianta.

Dominar a ferramenta é bom para os negócios, principal-mente porque BIM permite que problemas que só seriamdetectados na fase de execução da obra sejam identificadosna fase de projeto e corrigidos. “Evita-se o retrabalho eperdas de material quando se prevê, por exemplo, interfe-rências de traçados nos sistemas hidráulicos e elétricos deum empreendimento”, exemplifica.

A sintonia da equipe responsável pela confecção de proje-tos também é um diferencial a ser considerado, já que todosos profissionais usarão apenas um modelo computacional,que permite propor, em tempo real, inúmeras soluções paraas necessidades específicas de cada disciplina e/ou gargalosidentificados. Segundo Arantes, as fases de supervisão e ge-renciamento da construção terão maior controle de cro-nogramas e custos, devido à antecipação de cenários eidentificação prévia de falhas ou interferências construtivas.“A adesão é viral, no bom sentido, o que aumenta a adoçãodos parceiros a essa ferramenta”, aponta.

A metodologia BIM ainda não foi oficialmente adotada pelogoverno do Estado, para a apresentação de projetos. No en-tanto, cabe aos profissionais e empresas se adiantarem paranão perder oportunidades de trabalho no futuro próximo.Para o dirigente as construtoras e escritórios de arquiteturadevem se adequar às demandas do mercado para alcançarmelhores índices de redução de custos operacionais e ganhode produtividade. Dois aspectos essenciais para um bom pro-jeto. Neste momento, é preciso investir para adquirir o soft-ware e as licenças e, ainda, para promover o treinamento dosprofissionais, mas o fator custo aumenta a resistência dasempresas em relação ao BIM.

Para promover a divulgação e adoção da ferramenta BIM,o Sinaenco-MG formou um Grupo de Trabalho (GT) paraajudar na capacitação das empresas associadas no entendi-mento e estudo das melhores práticas de trabalho, além depermitir o compartilhamento de dificuldades e soluções en-frentadas no dia a dia do setor. “Acreditamos que as em-presas que participarem do GT poderão se apoiar econcentrar esforços na articulação com órgãos públicos,onde o Sinaenco dará suporte aos associados, e demaiscontratantes”, considera.

Quem gosta de ser o último da fila pode perder trabalho. Asdemandas por projetos em BIM já começam a surgir. Recen-temente, a Proerg Projetos e Sistemas Prediais negociou doistrabalhos com a exigência da concepção em 3D. De acordocom o engenheiro eletricista e sócio da empresa, Ítalo Batista,os principais ganhos foram a compatibilização interdisciplinare a checagem de interferências antes do início das obras, oque assegura maior eficiência na fase da construção. “Outragrande vantagem é a possibilidade de extração automática

de vistas e cortes dos modelos. Assim, os projetistas perdemmenos tempo com a geração do detalhamento e ganhammais tempo para pensar nas soluções”, ressalta.

Na contramão, a carência de softwares nacionais em 3D,com linguagens compatíveis e bibliotecas compatibilizadas,que atendam aos padrões e normas brasileiros, demonstraser a maior lacuna entre a expectativa e a realidade do BIMno mercado nacional. “No Brasil, o principal desafio na ado-ção do BIM é que não existe uma forma eficiente de se cal-cular utilizando o nosso padrão, o que nos obriga a criardiversos artifícios e adaptações, principalmente para cálculoem MEP”, afirma Ítalo Batista.

A vice-presidente de Atividades Técnicas da Associação Bra-sileira de Engenharia de Sistemas Prediais (ABRASIP-MG) esócia da JVP Projetos e Consultoria, engenheira Carla Ma-cedo, acredita no potencial da tecnologia e diz tratar-se deuma mudança de conceito, não apenas de interface. “Seufuncionamento efetivo só é possível quando todas as es-pecialidades trabalham integradas e com softwares com-patíveis, mas, para isso, é preciso que as empresas nãosomente invistam, mas estejam motivadas a pensar BIM”,pondera. Segundo ela, o processo em questão não deve servisto somente como um identificador de conflitos de pro-jetos, pois, trata-se de um organizador e fornecedor dedados confiáveis para a gestão e o controle das obras emanutenção dos ativos gerados.

Carla Macedo enfatiza a necessidade da criação de um soft-ware que integre mais de uma disciplina envolvida. “A ex-pectativa de quem investe em software e em treinamentosmuitas vezes é frustrada, quando surge a necessidade deaquisição de acessórios para adaptar funções que o softwarenão oferece à sua necessidade”, explica.

pLAtAforMA biM

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Carla Macedo, engenheira e sóciada JVP Projetos eConsultoria

Ítalo Batista, engenheiro eletricista

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Para dar sua contribuição, a ABRASIP-MG criou uma co-missão técnica com o objetivo de estudar a aplicabilidadedo BIM no setor de engenharia de sistemas prediais. Ogrupo é formado por profissionais que possuem experiên-cia na implantação do sistema e que já trabalham comsoftwares de construção em 3D, compatíveis com a lin-guagem BIM.

Segundo o presidente da associação, engenheiro BrenoAssis, trata-se de tema que envolve toda a cadeia daconstrução civil. “A comissão tem apresentado dados im-portantes e mostra como as ferramentas que atendemà plataforma BIM podem ser implantadas em cada em-presa, expondo critérios a favor e contra, tais como cus-

tos, treinamentos e atendimento às normas. Ficou claropara as empresas que desenvolvem a Engenharia dos sis-temas prediais os ganhos em eficiência, produtividade equalidade para todo o setor”, conclui.

Breno Assis,Engenheiro e presidente daABRASIP-MG

biM no brAsiL

o instituto brasileiro de informação em Ciência e tecnologia (ibiCt) subsidiou a finalização dosistema de Classificação da informação da Construção (nbr 15.965), e o Ministério do desen-volvimento, indústria e Comércio Exterior (MdiC) firmou contrato com o Exército para a criaçãode bibliotecas de Componentes nacionais, que serão disponibilizadas por meio de um novoportal a ser criado.

ressalta-se a contribuição da comissão de estudo de modelagem de informação da construção(Abnt/CEE-134), que, junto com o grupo de trabalho de Componentes biM, vem desenvol-vendo as diretrizes para desenvolvimento de bibliotecas de componentes biM e paraelaboração da norma brasileira sobre a tecnologia.

o biM atualiza automaticamente as

plantas perante quaisquer modificações

em elementos de projeto, reduzindo

desperdicios, erros e omissoes; propor-

ciona a previsibilidade de custos e de-

sempenho, consentindo maior liberdade

e tempo para a experimentaçao de alter-

nativas de projeto e aprimora os resulta-

dos finais.

Esquema de utilização da plataforma biM na cadeia produtiva da construção civil

A população brasileira foi surpreen-dida, neste ano de 2015, com a seca naregião Sudeste e a possibilidade de ra-cionamento de água. A escassez atin-giu regiões metropolitanas adensadas,a exemplo de São Paulo. Até então, nósleigos, imaginávamos que o planetaterra era o ‘planeta água’ cantado emversos em uma canção popular. Paradesmistificar o lirismo inocente, o en-genheiro Adalberto Carvalho de Re-zende, professor da UFMG e diretorda ESCO - Energy Saving Company, pa-lestrante no 2º Painel do Fórum deDesenvolvimento Sustentável daSME/CDS sobre "Estresse Hídrico eEnergético, mostra que do volumetotal de água na Terra de cerca de 1,4bilhões de Km3, apenas 3% é de águadoce, um bem finito, intensamente uti-lizado de forma não sustentável. Osefeitos disso são perturbadores e afe-tam a sociedade, o setor produtivo, exi-gindo respostas dos gestores públicos.

Para alguns especialistas no assuntoa crise da água no século XXI, maisdo que um estresse, é resultado demal gerenciamento. Para outros,trata-se de um conjunto de proble-mas ambientais agravados com ou-tras questões relacionadas aeconomia e ao desenvolvimento so-cial. O professor Adalberto Carvalhorecorreu ao Dicionário Aurélio paradirimir dúvidas. Conforme o Aurélio,estresse é o esgotamento pelo usocontinuado e abusivo do insumo,

rompendo o equilíbrio har-mônico. Crise é a manifes-tação violenta e repentinade ruptura de equilíbrio,que segundo ele, não é ocaso. No caso brasileiro,“não tem conotação decrise, mas de ato não ado-tado, de projeto não imple-mentado e planejamentomal feito”, afirma.

ContEXto gLobAL

O professor detalha que 97% daágua no planeta são salinas e dos 3%de água doce 77 % estão nas geleiras,22% são subterrâneas, sobrando 1%de água superficial nos rios, lagos, emribeirões contaminados, a exemplodo Arrudas e o Rio Tietê, em SãoPaulo, dentre outros. Da água dispo-nível no País, 77% são utilizados naagricultura, 20% na indústria e 8%

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Adalberto Carvalho de

Rezende, engenheiro e

professor da UFMG e

diretor da ESCO,

Energy Saving Company

Estresse hídrico e Energético,como mudar este cenário?

Jalmelice Luz

CRISE HÍDRICA E ENERGÉTICA

para uso humano. O engenheiro Adal-berto Carvalho complementa que éa partir dessa realidade que as açõesdevem ser orientadas para o futuro.Com uma preocupação maior porqueo mundo está atento a essas ques-tões, com destaque para 11 países,Kuwait, Malta, Catar, Gaza, Bahmas,Arábia Saudita, Líbia, Bhrain, Jordânia,Cingapura, Emirados Árabes, que nãotêm água e que são bastante belico-sos, além da Espanha que é o País quemais dessaliniza água. "Ao invés dopetróleo, o mundo pode um dia guer-rear pelo controle da água", enfatiza.

fAtorEs soCiAis

Para aprofundar a reflexão, Adal-berto Carvalho relaciona o EstresseHídrico e Energético a fatores queinfluenciam o desenvolvimento socialtais como: crescimento populacionalconcentrado em centros urbanos, ea precariedade da educação no Bra-

sil, que lança no mercado, a cada ano,“analfabetos com diploma”, observa.Para ele, “o Brasil sem uma políticade planejamento familiar deverá atin-gir, em 2080, uma população de381,4 milhões de pessoas, com o pla-nejamento chegaria, na mesma data,a 272,4 milhões de brasileiros”. Essesdois fatores: a falta de um planeja-mento familiar e educação deficienteestariam entre as causas do estressehídrico e energético.

Com mais de 70% da população con-centrada nos centros urbanos “já eraprevisível a falta e a escassez de pra-ticamente tudo, infraestrutura ur-bana, água, energia, etc. E, não foifeito nada, não houve planejamento,embora todos soubessem o que es-tava acontecendo”, sentencia.

Adalberto Carvalho faz um apelopara que os engenheiros somem in-teligência e saber para sensibilizar asociedade mineira, no sentido demudar o quadro que está posto. Aideia é a criação da Agência de De-senvolvimento Avança Minas. Umaagência de desenvolvimento ágil,capaz e preparada para respondercom eficiência e rapidez às diversas

demandas. Para que o pro-fissionais de engenharia,gestores e planejadores,possam olhar Minas Geraisdentro dos próximos 10,20, 30 anos.

ContrAponto

O engenheiro e professorda UFMG, Carlos Barreira

Martinez, convidado pela SME paraser o debatedor, diz que para sensi-bilizar a sociedade depende de von-tade. “O País, as pessoas, asinstituições, se movem somente se ti-verem vontade de fazer alguma coisa,de mudar. E a vontade só surgequando está ruim para as pessoas. E,aparentemente, para o Brasil estámuito bom. Então nós não vamosmudar. Minas não cresce porque nãoquer crescer. Porque fez uma opçãode investir em uma estrutura urbanae não industrial, e estamos pagandoo preço.

Carlos Martinez analisa que o Brasilé muito heterogêneo, reunindo “umsetor superdesenvolvido, superculto”e outro setor subdesenvolvido.“Temos uma parcela da sociedadedesenvolvida que não vai crescer emtermos populacionais, e para ela estábom. A outra parcela subdesenvol-vida vai crescer com as meninas demenos de 15 anos tendo filhos, commulheres sem cultura tendo 5,6 fi-lhos, mas a parcela que decide acre-dita que está bom, e isso só vaimudar se ficar ruim”, observa.

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Carlos BarreiraMartinez, professor daUFMG

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CRISE HÍDRICA E ENERGÉTICA

zonA dE Conforto

Martinez acredita que algumas mudan-ças, como as dos últimos anos, são umalerta: “se quisermos ficar na zona deconforto teremos que pagar mais im-postos, porque a parcela que vive nazona de subdesenvolvimento não fi-cará em casa quietinha. Eles virão paracima, sim. Ou nós distribuímos rendaou nós distribuímos renda, não tem al-ternativa”, prevê. O engenheiro criti-cou a acomodação da sociedadebrasileira. Ele afirma que a “parcela sub-desenvolvida” vai crescer, mas nãoexistirá o bônus populacional sobre oqual o País foi construído, com traba-lho escravo e mão de obra barata”.

Ele atribui como causa das dificulda-des atuais a opção histórica do Brasilde investir em estrutura urbana. Issoresultou na grande concentração po-pulacional nas metrópoles, o que levaà falta de tudo. Martinez é de opiniãoque o padrão tecnológico brasileiro,em termos de sociedade, não permitea existência de cidades superpopulo-sas sem sofrer a escassez de água,energia, entre outros bens e serviços.

pEsQUisAs

A última pesquisa divulgada pelo IBGEaponta que no Brasil os 10% mais ricosconcentram 40% da renda do País. Emoutras pesquisas, a exemplo da OXfamdivulgada pelo Jornal do Brasil online,a desigualdade está em pleno cresci-mento no mundo. Em 2016, as 37 mi-lhões de pessoas que compõem o 1%mais rico da população mundial terãomais dinheiro do que os 99% juntos.Ao todo, a riqueza desse 1% da popu-lação subiu de 44% do total de recur-sos mundiais em 2009 para 48% noúltimo ano. O cenário mundial apon-tado pelo estudo pode ser visto emescala próxima no Brasil.

CrÍtiCAs

Martinez fez criticas a gestão do pre-sidente da EPE - Empresa de PesquisaEnergética do Ministério de Minas eEnergia, Maurício Tolmasquim, navenda de petróleo para queimar emusina térmica, apenas para manter oprivilégio de uma exploração de pe-tróleo como a que foi feita. E conside-rou “ridículo” o debate no CongressoNacional, durante um ano, sobre a des-tinação dos royalties do pré-sal queainda não existem, por ser uma pro-dução muito cara. “Todos dentro daPetrobras sabiam e não fizeram nada,porque estão todos dentro da par-cela desenvolvida da população. Issofaz parte do processo de acomoda-ção daqueles que dirigem os destinosdo País", afirma.

CEnário positivo

Adalberto Carvalho diz, entretanto,que nem tudo está perdido. Existemdados positivos no cenário nacional.A emissão de CO2, em 2014, de 485,2milhões de toneladas foi menor queos Estados Unidos, Europa e a China.A Tonelada de CO2 por habitante/anoé de 2,4t, sendo sete vezes menorque os EUA, e três vezes menor quea Europa e China. Na geração deenergia elétrica a produção é de137kg / MWh, em razão da diminui-ção na participação das hidrelétricas.Nove vezes menos que a China e seisvezes menos que os EUA. Esses sãosinais, segundo ele, que devem serconsiderados para que os engenhei-ros de forma integrada passem aolhar para o futuro do País.

Em relação ao balanço energético, combase de dados de 2014, publicados pelaEPE, a oferta interna de energia (totalde energia demandada no país) atingiu305,6 Mtep, registrando uma taxa de

crescimento de 3,1%, maior que oconsumo interno de 2,1%, mas nãohouve crescimento do PIB e as perdasde energia da ordem de 10.1%. O con-sumo maior é puxado pelo setor detransporte, indústria e consumo resi-dencial.

De acordo com dados da EPE, peloterceiro ano consecutivo, devido àscondições hidrológicas desfavoráveis,houve redução da oferta de energiahidráulica. Em 2014 o decréscimo foide 5,6%. A menor oferta hídrica ex-plica o recuo da participação de re-nováveis na matriz elétrica, de 84,5%em 2012 para 79,3% em 2013 e65,2% neste ano.

Adalberto Carvalho destaca, contudo,que a produção de energia elétrica,através das hidrelétricas com seus re-servatórios são o grande diferencialdo Brasil. Este era o princípio do pro-jeto da Usina de Belo Monte que,hoje, perdeu o trilho, sem que hou-vesse a defesa necessária por partedos engenheiros. Ele lamenta que osprojetos dessa natureza tenham a re-provação do presidente da EPE, Mau-rício Tolmasquim, que é contrário àconstrução de usina com reservató-rios. “Além de estarmos fazendopouco, estamos fazendo errado”.

Ele destaca alguns pontos de grandepotencial no Brasil que devem seraproveitados: existência de energiarenovável, a produtividade de mão deobra em quarto lugar no mundo,entre outros”. Adalberto acredita que“se for disponibilizado tecnologia noBrasil a resposta será de largo espec-tro. O que possibilitaria fazer planosdecenais de melhoria e desenvolvi-mento com a participação ativa dosengenheiros nos espaços de deci-são”, conclui.

Em setembro, Belo Horizonte foi maisuma vez, a capital nacional da minera-ção. Realizada pelo Instituto Brasileirode Mineração de Mineração (IBRAM)no Expominas, a 16ª edição da Expo-sição Internacional de Mineração eCongresso Brasileiro de Mineração(Exposibram) é considerada o maiorevento do setor na América Latina.O tema central foi Inovação.

Participaram do evento executivosgestores e profissionais da área,consultores e visitantes do Brasil ede outros 24 países.

O diretor-presidente do IBRAM, en-genheiro de minas Fernando Coura,está otimista em relação ao processode retomada de crescimento do País,o que deve refletir positivamente namineração, com aportes da ordem deUS$ 53,6 bilhões.

“Embora a crise internacional arre-feça momentaneamente as expectati-vas empresariais, nosso setor planejaos negócios com antecedência de de-zenas de anos e há sinais de que ociclo mineral retomará, em breve,

bons momentos de crescimento, demodo a atender à necessidade de mi-nérios para o desenvolvimento dospaíses mundo afora”, explica.

A Exposibram reuniu cerca de 400expositores que apresentaram pro-dutos e serviços os mais variadospara a indústria mineral. Entre eles, 41vieram da Alemanha, 31 dos EstadosUnidos da América (EUA), 22 do Ca-nadá e 17 da China, que ocuparam ossete pavilhões internacionais doevento.

A programação do Congresso Bra-sileiro de Mineração também me-rece destaque. Políticos, consultores,pesquisadores e empresários fize-ram palestras sobre diversos temascomo como sustentabilidade, desen-volvimento da indústria mineral, re-gulação, legislação e outros queanalisaram os rumos da atividade noBrasil e no mundo.

O evento também foi palco para olançamento de relevantes estudospara o setor, como o “Guia de BoasPráticas Ambientais da Mineraçãoem Áreas Cársticas”, organizadopor Heros Augusto Santos Lobo,Professor da Universidade Federalde São Carlos (UFSCar), e AnaCláudia Neri, Geóloga, PhD emCiências (POLI/USP) e Consultora;e o “Panorama da Mineração emMinas Gerais”, elaborado pelo Insti-tuto Brasileiro de Economia da Fun-dação Getúlio Vargas (FGV), poriniciativa do Sinferbase, Sindiextra e

Ibram. A publicação apresenta a im-portância da Indústria Extrativa Mi-neral em Minas Gerais nos aspectoshistóricos, demográficos, socioeco-nômicos e geográfico/ambientais,tendo como base dados oficiais re-lativos aos principais municípios mi-neiros onde há produção mineral.

Entre os patrocinadores do eventoestão a mineradora Vale, a Votoran-tim Metais, a Anglo American, a An-gloGold Ashanti, a CompanhiaBrasileira de Metalurgia e Minera-ção, da Samarco Mineração, a Kin-ross, a Companhia SiderúrgicaNacional, a Geosol e a Gerdau.

Os apoiadores foram a Companhiade Desenvolvimento Econômicode Minas Gerais (CODEMIG), aAssociação Brasileira do Alumínio(ABAL), a Associação Brasileira doCarvão Mineral (ABCM), a Asso-ciação Brasileira de EngenheirosEletricistas - Departamento deMinas Gerais (ABEE-MG), a Asso-ciação Brasileira de Metalurgia,Materiais e Mineração (ABM), aAssociação Brasileira de Máquinase Equipamentos (Abimaq), a Asso-ciação Nacional das Entidades deProdutores de Agregados paraConstrução Civil (ANEPAC), o Sis-tema FIEMG, o Instituto Aço Brasil,o Sindicato da Indústria Mineral doEstado de Minas Gerais (Sindiex-tra), o Governo de Minas Gerais ea BeloTur/Prefeitura de Belo Hori-zonte (MG).

tema central da Exposibram é inovaçãoEvento chega a sua 16ª edição e recebeu mais de 60 mil pessoas

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EVENTO

CrisE

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Diferente de outrascategorias profis-sionais, analistaspolíticos e econô-micos têm trabalho

garantido em momentos de crise.Além do descompasso econômico,com direito a alta da inflação e dosjuros e, ainda, previsão de índice nega-tivo de crescimento para 2015, apósanos de performance bastante tímida,o País experimenta o “vale tudo” po-lítico entre os poderes Executivo eLegislativo no âmbito federal.

Como se não bastasse, sucessivas in-vestigações de corrupção constatamque esse tipo de esquema - bastanteantigo na história nacional - institu-cionalizou-se, nos últimos anos emsetores chaves do desenvolvimentonacional. O resultado é o que muitosanalistas têm chamado de crise ética,o que compromete a confiança deinvestidores e a reputação das em-presas envolvidas.

Com tantos e tão graves impasses, asociedade questiona qual das crisesdeve ser solucionada primeiro. O

cientista político, professor do Mes-trado Profissional da FundaçãoPedro Leopoldo (MPA/FPL) e apre-sentador do programa InterconexãoBrasilm na BH News TV, DomingosGiroletti, afirma que esses três pro-blemas estão interligados. “O centroda crise é política. O regime políticodo Brasil é presidencialista e focadona figura do presidente, que devefuncionar como o grande articuladorda política nacional. Hoje assistimosao isolamento da presidente DilmaRoussef, o que não é bom, principal-mente com o “bate cabeça” com a li-derança da Câmara dos Deputados.Com isso, as coisas não funcionam”,pontua.

Um alento foi a reaproximação como Senado mas, segundo o professor,as medidas adotadas até o momentoainda são tímidas para reestabelecerum ambiente de confiança na políticanacional. “As declarações otimistasdas lideranças empresariais brasilei-ras demonstram apoio às propostasdo Senado, mas ainda há muito o quefazer”, afirma.

Para Giroletti, a solução da crise po-lítica nacional requer agilidade e bomsenso, para que os impactos decor-rentes não sejam ainda maiores queos problemas atuais. Para acertarbasta que os governantes se lem-brem que, em 2016, haverá eleiçõesmunicipais.

Embora o cenário seja de radica-lismo, com prós e contras ao go-

de frente para oproblema

domingos giroletti, cientista político,professor do Mestrado profissional dafundação pedro Leopoldo (MpA/fpL)

ANALISTAS ACREDITAM QuE APOLíTICA ESTá NO CENTRO DOS IMPASSES DO BRASIL

verno se revezando em debates aca-lourados, há que se atuar para que acrise ética não se transforme emcrise social e institucional. “A inquie-tação das ruas não pode ser descon-siderada”, recomenda.

O objetivo do governo, neste mo-mento, deve ser a recuperação daconfiança nas instituições, e a reto-mada do crescimento econômico.Segundo o cientista político, apenaso pacote fiscal não é suficiente paraque o País dê uma guinada e reen-contre o caminho do desenvolvi-mento.

Economista e mestre em Economiapelo CEDEPLAR da Universidade Fe-deral de Minas Gerais (CEDEPLAR-UFMG) e professor da PontifíciaUniversidade Católica de Minas Gerais(PUCMinas) nas disciplinas “Macroeco-nomia” e “Economia Brasileira”, Flavius

Marcus Lana de Vasconcelos também

analisa o atual cenário de crise nacional

como um fenômeno multifacetado que

não pode ser apontado como o pior

de todos os tempos.

“O Brasil já passou por crises econô-

micas muito piores. Em 1982, a crise da

dívida externa culminou com a cha-

mada “década perdida”. Os anos 1990

tiveram uma sucessão de crises de

todos os portes. Só ao longo do go-verno FHC, o país quebrou três vezes,tendo que recorrer a empréstimosjunto ao FMI”, elenca.

A performance do Brasil diante dacrise financeira mundial (2007/2008) foiexitosa, devido às políticas macroeco-nômicas implantadas. Entre elas está aelevação do crédito e aumento da par-ticipação dos bancos públicos na suaconcessão; políticas de investimentopúblico em infraestrutura (PAC) e emhabitações populares (Minha casa,Minha vida); manutenção das políticasque sustentaram a elevação real do sa-lário mínimo, que permitiram que, apósuma pequena desaceleração do PIB em2009, o país retomasse fortemente ocrescimento em 2010 atingindo umataxa de 7,5%.

Dilma Roossef tomou posse para o seuprimeiro mandato em 2011, no auge deum ciclo econômico de expansão quehavia se iniciado em 2004. “Naquelemomento, o sistema econômico estavaoperando no limite da sua capacidadefísica, por isso a taxa de crescimento darenda foi reduzida, embora o desem-prego tenha se mantido baixo”, explica.Os preços aumentaram e com eles, ainflação.

No início de 2015, ao comparar dadosdo Brasil com países de grau de desen-volvimento similar, chegou-se à conclu-são que a situação econômica brasileiraera melhor do que a de todos eles.Porém, à medida que o ano se desen-rola percebe-se que estes indicadoresse deterioram. A primeira justificativaestá na presidência e pauta de votaçõesda Câmara dos Deputados. Há que seconsiderar, ainda, a insistência da mídiaconservadora em criar uma situaçãoartificial de crise e, ainda, os arrou-bos golpistas de uma oposição quese alimenta do radicalismo.

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flavius Marcus Lana de vasconcelos,economista professor e mestre emEconomia

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CErtifiCAção LEEd

As empresas brasileiras interessadas em ter a certificaçãoLEED (Leadership in Energy and Environmental Design) jádispõem de certificados de energia renovável brasileirapara obter pontos nesse requisito, sem precisar mais re-correr à energia certificada dos EUA. O reconhecimentoda certificação brasileira de energia foi dado pelo U.S.Green Building Council (USGBC). O acordo de reconhe-cimento estabelecido pelo Green Building Council Brasil(GBCB) permite a compra de certificados de energia re-novável de empresas brasileiras, através do Programa deCertificação em Energia Renovável, uma iniciativa da Asso-ciação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica ) e da Asso-ciação Brasileira de Energia Limpa (ABRAGEL), em parceriacom o Instituto Totum.

Com a crise energética, a expectativa é de aumento con-tínuo na utilização de fontes renováveis não convencionaiscomo eólica, solar, biomassa e PCHs. “Este cenário favorecenegócios para certificações em energias renováveis, já quemais empreendimentos serão instalados, ampliando o uni-verso de potenciais clientes para o nosso programa”, afirmaElbia Silva Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.

De acordo com Elbia Gannoum, a utilização o Programa deCertificação de Energia Renovável, como um dos critériosde elegibilidade de um edifício a ser certificado pelo LEED,“é uma conquista importantíssima para este programa bra-sileiro e tem como objetivo promover a geração de fontesnão convencionais de energia”.

AGREGAR VALOR

O presidente da ABRAGEL, Charles Lenzi, detalha que oCertificado de Energia Renovável consiste na certificaçãode empreendimentos de geração de energia renovável quecumpram requisitos pré-estabelecidos, levando-se em con-sideração aspectos ambientais e socioeconômicos. Já o Selode Energia Renovável é adquirido pelos consumidores quefazem uso dessa energia certificada, como forma de diferen-ciar seu consumo, produtos e serviços.

“Trata-se de uma iniciativa, que tem o objetivo principal deagregar valor aos empreendimentos de geração e de con-sumo de energia renovável que, além de cumprir as exigên-

Elbia Silva Gannoum,

presidente executiva

da ABEEólica.

Charles Lenzi,

presidente da ABRAGEL

Empresas já dispõem de certificaçãode energia renovável brasileira

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cias legais as quais estão sujeitos, desenvolvem programassocioambientais voluntários, que ratificam seus compromis-sos com a sustentabilidade”, destaca Lenzi.

“Com essas novas soluções, vislumbramos um nicho demercado que possui um grande potencial no Brasil e certa-mente evoluirá muito em um futuro próximo. O Certificadoe o Selo de Energia Renovável fomentarão o mercado deenergia elétrica gerada a partir de empreendimentos queutilizam fontes renováveis, com alto desempenho técnico,social, econômico e ambiental”, salienta.

Segundo Charles Lenzi, as partes envolvidas no processo sãobeneficiadas diretamente. O gerador pode promover e in-serir o certificado obtido nas negociações dos contratos devenda de energia. A empresa que utiliza essa energia certi-ficada agrega valor em seus produtos e serviços a partirdo selo de energia renovável, gerando exposição comoconsumidora e apoiadora de energias renováveis de baixoimpacto socioambiental, propiciando ao consumidor finala aquisição de produtos e serviços sustentáveis.

iMpACto soCioAMbiEntAL

Os empreendimentos que têm a certificação LEED com-provam que foram projetados e construídos levando emconta aspectos de alto desempenho ambiental (uso racio-

nal de materiais, descarte correto de resíduos, eficiênciaenergética, dentre outros requisitos). Um dos requisitosque contribui para que o empreendimento possa obter suacertificação é o uso de energia renovável - daí que há oencontro das iniciativas do LEED e da Certificação deEnergia Renovável da ABEEólica / ABRAGEL. Empreendi-mentos certificados LEED adquirem energia certificada deempreendimentos de geração com baixo impacto so-cioambiental.

O diretor do Instituto Totum, Fernando G. Lopes, afirmaque “o Programa do Selo de Energia Renovável da Abeeó-lica e Abragel é a única iniciativa do mercado de energiaque faz a ligação entre produtores de energia renovável debaixo impacto socioambiental e consumidores de energiainteressados na promoção dessas fontes diferenciadas,sendo que o Certificado de Energia Renovável é a formapela qual essa certificação se materializa”.

Fernando Lopes,

diretor do Instituto Totum

o Certificado e o selo de Energia renovável fomentarão

o mercado de energia elétrica gerada a partir de em-

preendimentos que utilizam fontes renováveis, com alto

desempenho técnico, social, econômico e ambiental

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CitibAnk

A primeira empresa no Brasil a buscar a certificação LEED,

utilizando o Programa de Certificação em Energia Reno-

vável foi o Citibank, que comprou 244 certificados, equi-

valentes ao uso de 244 MWh de energia renovável

certificada, de um empreendimento da CPFL Renováveis,

a SPE Ninho da Águia Energia S.A. A compra de certifica-dos de energia renovável (Renewable Energy Certificate– REC) é um incentivo à produção de energia verde, namedida em que se transformam em créditos nos processosde certificação LEED, explica a arquiteta Márcia PicarelliDavis, diretora da Novva Solutions, empresa responsávelpelo processo de certificação LEED para o Citibank.

sistEMA

O LEED é um sistema de certificação internacionale orientação ambiental para edificações, que temcomo finalidade incentivar a transformação dos em-preendimentos e projetos com foco na sustentabili-dade. O LEED é utilizado em 143 países e possui setedimensões que são avaliadas nas edificações. Quandoas recomendações são atendidas, a edificação ganhapontos, que podem variar de 40 a 110, concedendoos certificados ouro, prata ou platina. Quanto maiora pontuação da edificação, melhor será o nível doselo conquistado:

• selo LEEd – para empreendimentos que tive-ram mais de 40 pontos;

• selo LEEd silver - edificações com mais de 50pontos;

• selo LEEd gold - edificações com pontuaçãosuperior a 60 pontos;

• selo LEEd platinum - edificações com mais de80 pontos;

Essa certificação chegou ao Brasil há oito anos. OPaís ocupa hoje o 4 º lugar no ranking mundial dospaíses mais preocupados com a construção susten-tável, a edificação ou espaço construído que teve nasua concepção, construção e operação, o uso deconceitos e procedimentos reconhecidos na susten-tabilidade ambiental, proporcionando benefícios eco-nômicos, na saúde e bem-estar das pessoas.

O Certificado e o Selo de Energia Renovável foramdesenvolvidos por um grupo técnico cuidadosa-mente escolhido pela ABEEólica e pela ABRAGEL,composto por diversos especialistas nas áreas deenergia, sustentabilidade, mercado e certificação. Agestão do Programa fica sob a responsabilidade doInstituto Totum, uma certificadora especializada emprogramas de autorregulamentação e selos seto-riais, acreditada pela Coordenação Geral de Acre-ditação do Inmetro para Gestão da Qualidade NBRISO 9001. As produtoras de energia que já rece-beram esse selo verde no Brasil estão listadas nosite http:www.seloenergiarenovavel.com.br.

CErtifiCAção LEEd

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rEprEsEntAtividAdE

A criação dos Conselhos foi uma das recomendações daConstituição Cidadã de 1988, para incentivar e legitimara participação popular nas decisões do poder público, nastrês esferas da administração. Criado em 1996, pela lei nº7165, o Conselho Municipal de Política Urbana (Compur)implementa e monitora as normas e leis do Plano Diretore da Lei de Parcelamento e Ocupação e Uso do Solo.

Segundo o secretário municipal adjunto de PlanejamentoUrbano, Leonardo Castro, a participação da sociedadecivil, por suas entidades e segmentos é um instrumentocapaz de produzir aderência entre a atividade do poderpúblico e as aspirações da população para a qualidade devida na cidade.

No entanto, o maior questionamento em relação à com-posição do Compur está justamente na representatividadedos moradores da capital mineira, conforme a previsãoregimentar. Segundo o vice-presidente do Conselho deArquitetura e Urbanismo – Seção Minas Gerais (CAU-MG), Júlio De Marco, incluir, no setor popular, a CâmaraMunicipal de Belo Horizonte, é uma questão regimentarque já deveria ter sido equalizada.

“O CAU-MG não tem cadeira no Conselho, mas entende-mos que a Câmara Municipal é parte da administração pú-blica”, afirma. Atualmente, a entidade participa indiretamentedo Compur, por meio de colegas de outras entidades querepresentam a Arquitetura e Urbanismo e os profissionaisda área.

Para ampliar o canal de diálogo, o CAU-MG criou uma co-missão de Política Ambiental e Urbana, que pretende abrirum canal de comunicação direto com o poder públicopara fazer sugestões de melhorias em bases técnicas, parao município.

Outra crítica do dirigente é quanto à representatividadedo setor técnico. “Entidades profissionais, organizaçõesnão governamentais (ONGs) e universidades são coloca-das no mesmo grupo quando suas atribuições são distin-tas”, avalia.

O presidente da Comissão de Cidadania e dos Interessesda Sociedade da Ordem dos Advogados do Brasil – SeçãoMinas Gerais (OAB-MG), advogado Wilson Campos tam-bém entende que o Compur não é paritário, ou seja, a re-presentatividade das forças não é igualitária nos processosdecisórios.

“Com 16 membros, oito são da Prefeitura de Belo Hori-zonte (PBH) e os outros oito são da sociedade civil entretécnicos, representantes de entidades patronais e apenasdois do setor popular propriamente dito. Com isso, namaioria das vezes, ganha o poder público e a iniciativa pri-vada”, aponta.

Compur elege novos conselheiros

Júlio De Marco, vice-presidente doCAU-MG

Sociedade civil deve se organizar para atuar nos conselhos

Por isso, o setor popular deve ficar atento e acompanharo projeto de lei que está em tramitação na Câmara Mu-nicipal de Belo Horizonte. “O debate está parado e as pro-postas apresentadas pela sociedade foram retiradas dodocumento”, afirma.

Segundo o advogado, a comissão da OAB trabalha na de-fesa dos interesses da coletividade e da cidadania, enca-minhando reivindicações de associações de moradorespara o Ministério Público, para apuração de fatos e instau-ração de inquéritos.

“A Prefeitura quer substituir o viaduto Batalha dos Gua-rarapes, que caiu na Avenida Pedro I por uma trincheira,mas a população não quer. A democracia ainda é muitotênue e as associações de moradores não estão organiza-das para defender os direito da cidade como um todo”,destaca. Outra atividade da comissão é o acompanha-mento de processos de desapropriação e pagamento deindenizações para as famílias.

Wilson Campos reconhece que o encaminhamento dasdemandas, pela sociedade, requer energia e persistência eque os resultados são lentos. “Mas vale a pena porque é apopulação que usa as ruas, matricula filhos nas escolas, seinterna nos hospitais e usa o serviço de saúde, convivecom a falta de saneamento básico e com obras de viadu-tos e trincheiras, perto de suas casas e, no final, paga ascontas. O poder público não pode só bater martelo eimpor mudanças”, conclui.

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SETOR TÉCNICO

Titular 1: Sindicato dos Arquitetos de MG –SINARQ-MG

Suplente 1: Cáritas Brasileira Regional MG

Titular 2: Conselho Regional de Engenharia eAgronomia de MG – CREA-MG

Suplente 2: Sociedade Mineira de Engenhei-ros – SME

Excedente 1: Instituto Mineiro de Educação eCultura - UNI-BH S.A

Excedente 2: Instituto Mineiro de Engenharia– IMEC

SETOR POPULAR

Titular 1: Associação de Desenvolvimento doBairro São Gabriel e Adjacências

Suplente 1: Núcleo Habitacional Central deMinas Gerais - NUHAC

Titular 2: Associação dos Proprietários e dosMoradores de Parte do Bairro Estoril - 3ª Etapa- "Canto da Mata"

Suplente 2: Associação dos Moradores e Ami-gos do Bairro Santo Agostinho - AMAGOST

Excedente 1: Associação de Moradores SemCasa do Bairro Cardoso e Adjacências de BeloHorizonte

Excedente 2: Associação Pró-Civitas dos Bair-ros São Luiz e São José

sEtor EMprEsAriAL

Titular 1: Federação dos Industriais do Estadode Minas Gerais - FIEMG

Suplente 1: Sindicato das Empresas Adminis-tradoras de Imóveis, Corretoras de Imóveis,Incorporadoras de Imóveis e Urbanizadorasda Região Metropolitana de Belo Horizonte -SECOVI-MG

Titular 2: Associação Brasileira de Bares e Res-taurantes - ABRASEL-MG

Suplente 2: Grupo de Empresas Mineiras deArquitetura e Urbanismo - GEMARQ

Excedente 1: Sindicato Nacional das Empre-sas de Arquitetura e Engenharia Consultiva -SINAENCO-MG

Wilson Campos, presidente da Comissãode Cidadania e dos Interesses da Sociedadeda OAB-MG

ConhEçA A novA CoMposição do CoMpUr

Cds | sMECOMITê DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Virgínia Campos,Vice-Presidente da SME

e Coordenadora doCDS/SME

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(1) José Augusto Tropia Reis é Engenheiro, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto e Engenharia Econômica pela PUC. Trabalhou no BDMG por 50 anos onde ocupou diversoscargos como Diretor, Vice Presidente, Presidente e Presidente do Conselho de Administração. Foi Secretário de Estado da Fazenda, Diretor do Banco de Crédito Real, Diretor da SeguradoraBemge, Corretora de Valores do Credireal e da Diminas.

Visando abrir o assunto para as reflexões

e discussões, continuaremos a aborda-

gem desse tema na Coluna do

CDS/SME, em edições futuras de nossa

revista, com o objetivo de encontrar soluções criati-

vas para o problema.

Nosso colega José Augusto Tropia (1) trouxe, para as

discussões do CDS/SME, a questão da reciclagem de

lixo e uma reflexão sobre a distância nos dias de

hoje entre o que é desejável e o que tem sido pos-

sível. Segundo ele, como tudo na vida, também na

disposição e reciclagem do lixo há um muito dese-

jável (e mesmo obrigatório) e o pouco possível. A

lista das necessidades nesse campo é enorme, quase

tudo ainda está por fazer. E é no campo das ações

concretas que encontramos o caminho para as so-

luções dos problemas.

Nos grandes centros urbanos, principalmente, o im-

pacto ambiental decorrente da ausência da destina-

ção do lixo é muito significativo. Não obstante a

urgente necessidade de solução para o problema, a

maioria das prefeituras solicita prazos para se ade-

quar à legislação que proíbe os chamados “lixões”.

Então, onde está o possível? Frente a real dificuldade

na correta disposição do lixo, estaria o contraponto

na adoção firme e incondicional da redução obriga-

tória do volume a ser disposto através da coleta se-

letiva?

A resposta passa pelo entendimento do que é pos-

sível reciclar, e para isso é necessário o entendi-

mento do que são os Resíduos Sólidos, tema da

matéria de nossa coluna, escrita com base em artigo

do engenheiro e professor José Cláudio Ribeiro Jun-

queira, disponível na íntegra no site da SME.

Os resíduos sólidos são considerados materiais descarta-dos que sobram de um processo de produção ou de con-sumo, sem utilidade, sem valor, indesejáveis, genericamentedenominados de lixo. Segundo o Dicionário Aurélio lixoé tudo o que não presta e se joga fora.

Assim, denominamos resíduos sólidos o lixo de nossascasas, os entulhos da construção civil, as embalagens emgeral, os resíduos que sobram das atividades comerciais,industriais, de mineração, da agropecuária, dos serviços desaúde, enfim, todos esses materiais que se encontram noestado sólido da matéria e restaram de um processo deprodução ou consumo.

São também considerados resíduos sólidos os líquidosnão passíveis de tratamento, a exemplo de substâncias quí-micas (ácidos, alcoóis, tintas, etc.) e gases com data de va-lidade vencida, ou sem utilidade.

A Norma NBR 10004 indica que resíduos sólidos e semi-sólidos resultam de atividades de origem industrial, do-méstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e devarrição, o lodo proveniente do tratamento de água, aque-les gerados em equipamentos e instalações de controlede poluição, entre outros .

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lein. 12.305, de 2 de agosto de 2010 , estabelece os resíduossólidos como todo material e substância, gases contidos

em recipientes e líquidos que não pode ser lançados na

rede pública de esgoto ou em corpos d’ água. Dessa

forma, a denominação Resíduos Sólidos abrange substân-

cias nos três estados da matéria: sólido, líquido e gasoso.

De acordo com a Lei Nacional, esses resíduos podem

ser classificados quanto à origem ou periculosidade. Se

de origem doméstica, industriais, de limpeza de vias pú-

blicas, de atividades agropecuárias, mineração, entre

outros, ou pela característica de risco que carregam:

inflamáveis, corrosivos, tóxicos, reativos, patogênicos,

ou que colocam em risco a saúde da população e a

qualidade do meio ambiente.

rEsÍdUos sóLidos UrbAnos (rsU)

Os resíduos gerados em domicílios, além daqueles prove-

nientes dos serviços públicos de limpeza urbana, são de-

nominados Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Os

habitantes de áreas urbanas estão obrigados a acondicio-

narem seus resíduos, de acordo com as normas sanitárias

gerais e as especificações existentes em cada município.

O crescimento da população urbana somado ao desen-

volvimento econômico e tecnológico, que muito poten-

cializam a sociedade de consumo, vem proporcionando

aumento e diversificação significativos na geração dos

RSU, um dos grandes problemas ambientais no mundo.

40

O que são resíduos sólidos?José Cláudio Junqueira Ribeiro*

Este artigo está disponível na íntegra no site da sME, bastaacessar o link: www.sme.org.br/artigoresiduosolido

rEsÍdUos dA ConstrUção CiviL (rCC)

Os resíduos da construção civil resultantes de obras, re-formas, reparos, escavações, etc., compostos por tijolos,concretos, argamassas, cerâmicas, tintas, madeiras, vidros,plásticos, tubulações, sacos de cimento, entre outros, co-mumente denominados de entulho, são agrupados emquatro classes: A, B, C e D, conforme disposto na Resolu-ção Conama n. 307 de 2002, alterada pelas ResoluçõesConama 348 de 2004, 431 de 2011 e 448 de 2012.

A classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveiscomo agregados, que se subdivide em três categorias: a)de construção, demolição, reformas e reparos de pavimen-tação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solosprovenientes de terraplanagem; b) de construção, demo-lição, reformas e reparos de edificações: componentes ce-râmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento,etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricaçãoe/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blo-cos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros deobras.

A Classe B são os resíduos recicláveis para outras desti-nações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros,madeiras e gesso. A Classe C são os resíduos para os quaisnão foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações eco-nomicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ourecuperação. A Classe D são resíduos perigosos, oriundosdo processo de construção (tintas, solventes, óleos), ouaqueles prejudiciais à saúde originários de demolições, re-formas e reparos de clínicas radiológicas, instalações in-dustriais, bem como telhas e materiais que contenhamamianto ou outros produtos nocivos à saúde .

Os RCC devem ter o gerenciamento adequado, pois ape-sar de serem considerados de baixa periculosidade, causamimpacto pelo grande volume de geração, apresentando gra-ves problemas na maioria das cidades brasileiras, principal-

mente pela disposição irregular em áreas periféricas, ter-renos baldios, margens de cursos de água. Estima-se queos resíduos da construção civil (RCC) representam cercade 50% a 70% da massa de resíduos sólidos gerados emnossas cidades.

rEsÍdUos sóLidos indUstriAis E dE MinErAção

Os resíduos gerados nos processos industriais e de mi-neração, como os RCC, são de inteira responsabilidadedas empresas geradoras, que devem proceder conformeo previsto na PNRS. Esses resíduos devem ser objeto deanálise segundo a norma brasileira da ABNT – NBR 1004para verificar sua classificação como perigosos (classe I)ou não perigosos (classe II); e se não perigosos, como nãoinertes (classe II-A) ou inertes (classe II-B). Os resíduosclasse I devem ser tratados ou com disposição final ematerros especiais, denominados aterros classe I licencia-dos para esse tipo de resíduos.

Os resíduos industriais classe II devem ser enviados paradisposição em aterros industriais. Entretanto, a codispo-sição desses resíduos industriais com os resíduos sólidosurbanos pode ser admitida nos casos em que as caracte-rísticas e os volumes sejam compatíveis com o projeto ea vida útil do aterro sanitário.

No caso da mineração há geração de enormes volumesde resíduos, sendo principalmente os estéreis e os rejei-tos. Além disso, gera resíduos resultantes da utilização deveículos e maquinários, como pneus, baterias, embalagensde óleos, etc.

Os estéreis são os materiais resultantes das primeiras ca-madas da escavação para decapeamento das minas, quenão contêm concentração de mineral com valor econô-mico, sendo dispostos em pilhas. Os rejeitos são geradosnos processos físicos e/ou químicos de beneficiamentodo minério.

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Na atividade de mineração, a destinação final adequadamais utilizada ainda é a barragem de rejeitos, construídascom solo natural ou com os próprios rejeitos. Essas in-fraestruturas têm se constituído em grande preocupaçãopara o setor de mineração e para os administradores pú-blicos pelos riscos que representam. O Estado de MinasGerais, pela experiência com os desastres ocorridos nosanos de 2003, 2005 e 2007, desenvolveu sistema de ava-liação para prevenção e redução de riscos por rompi-mento de barragens, considerado exemplar nos níveisnacional e internacional.

Os resíduos sólidos devem ser segregados na fonte degeração, priorizando ações para a redução, reutilizaçãoe reciclagem, enviando para o tratamento ou disposiçãofinal adequada os que não puderam ser reutilizados oureciclados.

Em Minas Gerais, o principal destino dos resíduos peri-gosos e não perigosos é a própria indústria, sendo quepara os perigosos o coprocessamento em fornos de ci-mento apresenta-se como a alternativa mais utilizada.

rEsÍdUos EspECiAis

Os Resíduos Especiais como embalagens de agrotóxicose de óleos lubrificantes, pneus, pilhas e baterias, lâmpa-das e de equipamentos eletroeletrônicos estão sujeitosà logística reversa, de responsabilidade dos fabricantes,transportadores e rede varejista, que devem estabelecersistema de coleta e destinação final por meio de acor-dos setoriais.

ConsidErAçõEs finAis

Como se pode observar, os resíduos, independentementeda origem, podem ser classificados como perigosos ounão. Esta classificação é que determina os cuidados neces-sários para seu gerenciamento, largamente especificadosnas normas técnicas e legais. A segregação na fonte de ge-ração é fundamental para simplificar procedimentos e re-duzir custos no gerenciamento dos resíduos sólidos.

A PNRS conceituou rejeito como o resíduo que não apre-senta viabilidade técnica ou econômica para reutilizaçãoou reciclagem. Observa-se então que rejeito é um con-ceito dinâmico, pois um material que hoje não dispõe detecnologia para reciclagem, ou viabilidade econômica paratal, pode dispor no futuro.

O dito popular “o melhor resíduo é aquele que não é ge-rado” traduz bem a necessidade da reflexão para o es-forço individual e coletivo em direção à não geração deresíduos ou redução, segregação, reutilização, reaprovei-tamento, reciclagem, tratamento e disposição final.

José Cláudio Junqueira ribeiro, édoutor em saneamento, Meio Am-biente e recursos hídricos pelaUfMg e professor do Mestrado emdireito Ambiental e desenvolvi-mento sustentável da Escola supe-rior dom helder Câmara (EsdhC).

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Para marcar o início do novo século, em setembro de2000, 189 nações firmaram acordo para combater a ex-trema pobreza e males que afetam o desenvolvimento so-cial dos países de uma forma geral. Essa proposta foiresumida nos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio(ODM), metas definidas pela Organização das Nações Uni-das (ONU) que devem ser cumpridas até o final de 2015.

Neste ano, na próxima edição da Reunião Plenária de AltoNível da Assembléia Geral da ONU, também chamada Ci-meira das Nações Unidas, que acontece tradicionalmenteem setembro, em Nova York, chefes de Estado, organiza-ções da sociedade civil, fundações e setor privado vão sereunir novamente para avançar em relação às metas iniciaisdos ODM, com a aprovação dos Objetivos do Desenvol-vimento Sustentável (ODS), para os próximos 15 anos.

Segundo o engenheiro metalurgista e ex-funcionário doescritório da agência da Organização das Nações Unidaspara o Desenvolvimento Industrial (Unido), Milton No-gueira da Silva, o que se pretende, com os ODS é forta-lecer uma proposta de desenvolvimento igualitário paraas nações, independente do regime político, religião outradições culturais.

No total, são 17 objetivos e 169 metas sobre questõesde desenvolvimento sustentável, que pautarão a novaagenda de desenvolvimento da ONU. Um dos objetivosaborda especificamente os meios de implementação efinanciamento da sustentabilidade. Já os outros 16 sãotemáticos, e procuram aumentar o alcance dos ODM(pobreza, saúde, educação, gênero) e promover a sus-tentabilidade econômica (crescimento inclusivo, empre-gos e infraestrutura) e ambiental (mudança do clima,oceanos e ecossistemas, consumo e produção susten-tável). Esses aspectos estarão aliados às sociedades pa-cíficas e inclusivas (agenda de governança, Estado dedireito, violência).

dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

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Luciana sampaio

novAs MEtAs pArA 2030AS NAçõES VOLTAM A SE REUNIR PARA ERRADICAR O DESPERDíCIO DE RECURSOS NATURAIS

Milton Nogueira da Silva,

engenheiro metalurgista e

ex-funcionário da agência

da ONU para o Desenvol-

vimento Industrial (Unido)

sEtor prodUtivo

A proposta dos ODS recomenda mudanças. Por isso, a

implementação das metas depende de uma parceria glo-

bal com a participação de governos, sociedade civil,

setor privado e da ONU. O que se espera, segundo No-

gueira, é que setores econômicos revejam suas práticas

para que a sustentabilidade se traduza em práticas e

processos e não apenas em estratégia de marketing.

A meta central é garantir que as próximas gerações en-

contrem, no planeta, os mesmos recursos disponíveis

atualmente, conforme o conceito original da palavra

sustentabilidade, desenvolvido há 25 anos. “O objetivo

dos ODS é preservar o recurso natural sem limitar o

crescimento das famílias e da população. A ONU de-

fende o direito ao progresso, vida mais longa com edu-

cação, conforto e saúde”, ressalta.

Nesse contrato entram a quantidade e qualidade da

água. Florestas e solo agricultável também devem ser

usados com sustentabilidade. A regra também vale para

insetos, aves, minerais (de uso econômico ou não), ge-

leiras e outros recursos naturais. Já aspectos como pro-

dução cultural, religião, regimes políticos e demais

produtos da sociedade não são considerados.

Para assegurar que essas regras sejam acatadas e regu-

lamentadas, os ODS vão propor que o mercado deixe

de ser o centro das discussões para que a esfera polí-

tica dos países assuma a responsabilidade pelas deci-

sões que afetam a coletividade. “Ao invés do mercado,

a política é o meio mais poderoso e democrático para

se alcançar objetivos comuns”, adianta. Para tanto, os

representantes eleitos devem estar melhor qualificados

para compreender as reais demandas das comunidades

e dos países e atuar nessa direção.

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A nova pauta da onU para desenvolvimento sustentável tem17 objetivos e 169 metas

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MUdAnçAs A vistA

A Engenharia está no centro das mudanças necessárias

para que os países consigam cumprir as metas do

ODS. O desenvolvimento de soluções que permitam

otimizar o uso de recursos naturais e minerais e a re-

visão de processos produtivos são parte desse pro-

cesso que visa reduzir e/ou eliminar o desperdício.

A prática da irrigação, no agronegócio, e o uso da água

para a lavagem dos minérios merecem maior atenção

das empresas desses setores.

Na área ambiental, projetos sérios de despoluição de

rios podem gerar melhorias para a sociedade. O Rio

Tâmisa, em Londres, passou por um processo do gê-

nero e voltou a ser sustentável. Quantos rios, no Brasil,

poderiam ressurgir?

Na indústria automobilística, a construção dos carros

também deve ser repensada. “Hoje, a dona de casa tem

um veículo similar ao que foi usado pelos Estados Uni-

dos para invadir o Iraque só para levar o filho pequeno

na escola”, exemplifica.

Na área ambiental, projetos sérios de despoluição de

rios podem gerar melhorias para a sociedade. O Rio

Tâmisa, em Londres, passou por um processo do gê-nero e voltou a ser sustentável. Quantos rios, no Brasil,poderiam ressurgir?

Na indústria automobilística, a construção dos carrostambém deve ser repensada. “Hoje, a dona de casa temum veículo similar ao que foi usado pelos Estados Uni-dos para invadir o Iraque só para levar o filho pequenona escola”, exemplifica.

O desperdício também pode ser combatido na indús-tria moveleira e nas fábricas de tecidos. Um exemploé o jeans, que chega ao consumidor final com efeito deusado. “São centenas de litros de água potável para apeça ficar como aquele aspecto. Basta os grandes esti-listas do mundo promoverem o modelo tradicional quetudo isso muda e serão economizados trilhões de li-tros de água”, sugere.

Na área da Engenharia de Alimentos, a produção deitens tem sido maior que o crescimento da população.Mesmo assim, o agronegócio atua para aumentar a suaárea de cultivo. Segundo o engenheiro, a desnutriçãoque ainda afeta o planeta acontece porque os gênerosestão no lugar errado. Mais uma vez, o que é desper-diçado por uma comunidade, falta para outra, do outrolado do planeta.

OS OBJETIVOS GLOBAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

1) Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todosos lugares;

2) Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, me-lhorar a nutrição, e promover a agricultura sustentável;

3) Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estarpara todos, em todas as idades;

4) Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade,e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vidapara todos;

5) Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mu-lheres e meninas;

6) Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água esaneamento para todos;

7) Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentávele moderna para todos;

8) Promover o crescimento econômico sustentado, inclu-sivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalhodecente para todos;

9) Construir infraestrutura resiliente, promover a indus-trialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;

10) Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles;

11) Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu-sivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

12) Assegurar padrões de consumo e produção sustentá-veis;

13) Tomar medidas urgentes para combater a mudança doclima e seus impactos;*

*Reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidassobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal fórum in-ternacional e intergovernamental para negociar a respostaglobal à mudança do clima.

14) Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos,mares e recursos marinhos para o desenvolvimento susten-tável;

15) Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dosecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as flo-restas, combater à desertificação, bem como deter e rever-ter a degradação do solo e a perda de biodiversidade;

16) Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o de-senvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiçapara todos e construir instituições eficazes, responsáveis einclusivas em todos os níveis;

17) Fortalecer os mecanismos de implementação e revi-talizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

POMOVER AIGUALDADE DESEXOS

ACESSO A ÁGUA ESANEAMENTO

ASEGURAR A VIDA

ERRADICARA FOME

ERRADICAR APOBREZA

GARANTIREDUCAÇÃOINCLUSIVA

CONSUMO EPRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS

INOVAÇÃO EINFRAESTRUTURA

CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

CRESCIMENTOECONÔMICOSUSTENTÁVEL

ENERGIA SUSTENTÁVEL

REDUZIR AS DESIGUADADESSOCIAIS

USO SUSTENTÁVEL DE ECOSSISTEMASTERRESTRES

USO SUSTENTÁVEL DE RIOS E OCEANOS

MUDANÇA DOCLIMATICA

SOCIEDADES PACÍFICAS E INCLUSIVAS

PARCERIAS PARADESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL

fonte: onU - odM - ban ki-moon - Agenda pós-2015 - ods

A engenheira civil e vice-presidente da Sociedade Mineirade Engenheiros (SME) foi indicada pelo Colégio de Entida-des, para receber a homenagem no próximo dia quatro dedezembro. A cerimônia será realizada no auditório do Con-selho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais(CREA-MG), a partir das 19 horas.

Graduada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura(Fumec), ela é pós-graduada em Saneamento, Meio Am-biente e Recurso Hídricos pelo Departamento de Engenha-ria Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia daUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A engenheira foi ge-rente de projetos nosetor de saneamentoe meio ambiente naLeme Engenhariaentre 1985 e 1991,quando fundou a Li-miar Engenharia Ltda,especializada no de-senvolvimento de re-latórios e aplicaçãode tecnologias rela-cionadas ao processo

produtivo do setor industrial, estudos e licenciamentos am-bientais para empresas de diversos setores econômicos.

No setor de energia, a experiência acumulada se dá atravésdo desenvolvimento de estudos e licenciamento ambientalde Usinas Hidrelétricas, Pequenas Centrais Hidrelétricas(PCH), Usinas Termelétricas, Usinas Eólicas e Usinas Foto-voltaicas, que juntas somam mais de 3.000 MW de capaci-dade em vários estados do Brasil. Entre 2008 e 2011, VirgíniaCampos foi presidente da SPE Cristina Energia S.A.

A iniciativa visa valorizar os profissionais, promover a inte-ração entre as Engenharias e, ainda, assegurar à sociedadea qualidade dos serviços prestados. O presidente do Sindi-cato dos Geólogos no Estado de Minas Gerais, Singeo-MG,

Antônio Geraldo da Silva, disse que o Colégio de Entidadesfez a indicação dos homenageados, totalizando 20 entidades.“Dessa maneira, não apenas os profissionais, mas as empre-sas que se destacaram durante o ano serão agraciadas”,afirma o dirigente.

A engenheira agradece a homenagem. “Surpresa, dada àminha participação na SME ser tão recente, com a gestãoiniciada em 2014, agradeço por, não obstante o curto tempode convívio na instituição, ter tido meu nome lembradopelos colegas”, destaca.

A experiência na SME tem sido valorosa. “Temos discussõescriativas de altíssimo nível, tratamos de assuntos importan-tes para a valorização da Engenharia, dos engenheiros doEstado de Minas Gerais e do Brasil. Neste ambiente des-contraído, porém comprometido seriamente na busca desoluções e entendimentos, busco praticar um conselho queouvi há tempos de um amigo, de que o bom profissionaldescansa exercendo outra atividade”, disse.

O engenheiro eletri-cista Fabiano SoaresPanissi, graduado pelaPontifícia Universi-dade Católica no ano2000, também rece-berá a homenagempela sua atuação e en-gajamento nas causasdefendidas pela SMEdesde os tempos dauniversidade. “A con-vite de um colega, as-sisti a uma palestra muito interessante na SME. Era umasexta-feira a noite. Eu gostei, me associei e não parei maisde participar da entidade e das comissões. Passei pelas áreasde Energia, Telecomunicações e Desenvolvimento Gerenciale posso dizer que essas oportunidades têm sido importan-tes para o meu crescimento profissional”, destaca.

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dirigentes da sME serão homenageados peloColégio de Entidades, vinculados ao CrEA-Mg

hoMEnAgEM | EngEnhAriA

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dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

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Setores econômicos que percebem o grau de exaustãoda natureza têm se adiantado para criar soluçõessustentáveis. A alarmante situação dos reservatóriosbrasileiros e as tarifas de energia cada vez mais altasforçaram o setor de cimento a encontrar alternativaspara baratear a produção e gerar menos impactos parao meio ambiente.

Antes considerado “vilão”, em função do grau de po-luição devido aos processos produtivos que adotava, osegmento deu a volta por cima e, hoje, dá o exemploquando o assunto é sustentabilidade. Segundo o presi-dente do Sindicato das Indústrias de Produtos de Ci-mento de Minas Gerais (Siprocimg), Lúcio Silva, asempresas do setor estão fazendo a sua parte. “Temosexemplos de todos os tipos: tanto as mais elaboradasquanto as soluções mais simples que resultam, efetiva-mente, na economia de água. É papel de cada indústriaincorporar à sua realidade os processos aos quais me-lhor se adapta, gerando, assim, um ciclo sustentávelpara toda a sociedade”, afirma.

A boa notícia para os empresários é que há investi-mentos para todos os bolsos. A Premo Soluções Cons-trutivas, além de incorporar práticas de economia deágua em sua linha de produção, adotou um programa

de conscientização direcionado para os funcionários.O resultado foi reconhecido pela Associação Brasileirada Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).Em abril deste ano, a empresa obteve 100% de apro-veitamento na auditoria realizada pela Associação.

O investimento começou há cinco anos, com a trocade equipamentos e adequação dos processos como ainstalação e monitoramento da ETE (Estação de Trata-mento de Efluente Industrial). Nesse período, foram in-vestidos R$ 1,6 milhão para reduzir o consumo deágua em 20%. A conta de energia ficou 25% menor. Acampanha de conscientização e a implantação de coleta

seletiva diminuiu em 10% as perdas de matérias-pri-mas, além da minimizar os resíduos volumosos de con-creto gerados na limpeza das centrais e caçambas.

Na Uni-Stein, o sistema produtivo 100% automatizado,composto por máquinas com tecnologia de ponta, éum dos grandes responsáveis pela economia de águaobservada. O diretor da empresa, Wilson Mozer, contaque, em meados de 2011, todo o processo de moder-nização da fábrica foi finalizado. O investimento para aadaptação, que inclui todo o maquinário voltado tam-bém para a economia de água e sustentabilidade, ficouem cerca de R$ 6 milhões.

sEtor dE CiMEnto AdotA prátiCAs sUstEntávEis

Lúcio Silva,

presidente do

Siprocimg

Wilson Mozer, diretor

da empresa Uni-Stein

Investimentos mais modestos não deixam de

trazer resultados significativos. Segundo o di-

retor da Vigafort, Lúcio Araujo, o sistema que

integra a caixa d’água de 20 mil litros teve um

custo total de cerca de R$ 2 mil, e em 10 dias

todo o sistema estava em funcionamento. As

lonas utilizadas no processo de cura do ci-

mento medem aproximadamente 300 m², cus-

tam cerca de R$ 3 mil e têm uma vida útil de

dois anos.

O próximo investimento da Vigafort para será

na nova unidade de produção, localizada em

Esmeraldas, onde haverá uma caixa d'água

com capacidade de 198 mil litros de água, que

coletará água de chuva do terreno, que tem

2.900 m² em galpões. A previsão é que o sis-

tema fique pronto em quatro meses, mediante

aporte de R$ 40 mil.

Lúcio Araujo,

diretor da Vigafort

EConoMiA nA prátiCAConfira algumas ações desenvolvidaspara diminuir o consumo de água den-tro de uma empresa de produtos de ci-mento:

1) readequação do processo de lava-gens de veículos e máquinas internas;

2) Uso de produtos biodegradáveis commaior diluição;

3) instalação de bancos capacitorespara reduzir o consumo de energia;

4) substituição de torneiras e descargasconvencionais para torneiras automáti-cas e caixas acopladas;

5) reaproveitamento da água do pro-cesso de resfriamento de “solda-topo”;

6) Campanhas internas com os funcio-nários, conscientizando-os do uso res-ponsável de água nas áreas comuns daempresa.

(fonte: premo soluções Construtivas)

Na contramão da crisenacional e com expec-tativa de crescimento, aCEMIGTelecom, em-

presa da holding Cemig que atua nosegmento de tecomunicações, tem in-vestido para ampliar a capacidade dasua rede com foco nas necessidades domercado corporativo.

Em agosto deste ano, a companhia quefoi criada em 1999 com o nome de In-fovias, concluiu aporte de R$ 40 mi-lhões para modernizar a sua rede defibra óptica com a implantação da tec-nologia DWDM (Dense WavelengthDivision Multiplexing ou, no português,Multiplexação por divisão de Compri-mento da Onda). Com isso, o serviço

da CEMIGTelecom ganhou mais velo-cidade e segurança, já que não há riscode quedas do sistema, que é todo in-terligado.

Na prática, o novo sistema funciona apartir da combinação de canais ópticosque multiplicam a capacidade da fibrae permite o tráfego de dezenas de ca-nais de alta velocidade, de até 100Gbps. Dessa forma, a oferta de servi-ços como trânsito de dados, sinais, te-lefonia celular e fixa, TV a cabo etransmissão de redes bancárias operaa partir de uma rede de qualidade in-questionável e com menor custo.

Com experiência comprovada na áreade Energia, o presidente da CEMIGTe-lecom, engenheiro mecânico e eletricista

Aloísio Vasconcelos, assumiu a gestão daempresa no início deste ano. “Este inves-timento representa um avanço muitogrande porque aumentamos muito anossa capacidade. Recolocamos a CE-MIGTelecom na ponta, para serviços detelecomunicações em geral”, afirma.

Atualmente, a rede da CEMIGTelecomtem 5.500 km de infraestrutura pró-pria e mais 2.700 km de cabos ópticosem 76 cidades de Minas Gerais e ou-tras 18 nos Estados de Goiás, Bahia,Pernambuco e Ceará. “Agora já ingres-samos no Rio Grande do Norte e Pa-raíba. Fora a região Sul do País, quetem uma empresa do setor, nossameta é expandir nossa rede para todasas outras regiões”, adianta Vasconcelos.

tELECoMUniCAçõEs

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de Minas para o brasilCEMIGTelecom moderniza e amplia sua rede, para atender o mercado corporativo

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Para dar o suporte necessário, a em-presa está contratando no Nordeste etambém no Centro-Oeste.

Na mira da empresa, que já forneceserviços variados as grandes operado-ras de telefonia, Caixa Econômica Fe-deral (CEF) e outros bancos, PontifíciaUniversidade Católica de Minas Gerais(PUC Minas), Patrus Logística e LojasRede, está o mercado corporativo.“Nessas empresas, a demanda por co-municação de qualidade é essencial. Oque oferecemos é uma rede que cobre100% da Região Metropolitana de BeloHorizonte (RMBH) que já tem fibraótica redundante e, agora, DWDM.Ninguém tem isso”, destaca.

A área de telecomunicações requerdecisões rápidas e precisas. “Dife-rente da área de Energia, onde tudoacontece lentamente até chegar aoponto máximo, em Telecom tudo re-quer agilidade. Os fenômenos acon-tecem rapidamente o que exige queestejamos sempre um passo afrente”, analisa Vasconcelos.

No caso da CEMIGTelecom , o tal“passo a frente” é o projeto SmallCells, que são pequenas antenas quemelhoram a cobertura dos sinais de3G e 4G com maior velocidade, o queé melhor, substituem as similares queforam incorporadas à paisagem das ci-dades. Desenvolvido em Sete Lagoas,esse programa tem eficiência garantida.

Outro projeto em fase de estudo éuma parceria com grupo privado para

a criação de uma nova empresa privadaespecializada em infraestrutura derede. “Nesse projeto, teremos 49% dasações, mas a sede da empresa, o reco-lhimento dos impostos será em MinasGerais, embora o plano seja para atua-ção nacional. A expectativa de darcerto é muito grande”, adianta. Comessa iniciativa, haverá grande demandapor engenheiros e técnicos para a novaempresa, também em Minas Gerais.

rEsULtAdos

Na década passada, a CEMIGTelecomregistrou faturamento positivo, comresultados razoáveis, segundo Vas-concelos. “O mérito é de quem es-tava aqui”, destaca. No entanto, osanos de 2013 e 2014 não seguiram amesma regra e a empresa registrouprejuízo de R$ 15 milhões no últimobalanço.

“Neste ano, com as providências quetomamos para modernizar a gestão eeliminar focos de desperdício, temosexpectativa de retomar a trajetória decrescimento. “Se conseguimos entregardividendos para nossos acionistas, tam-bém garantimos a Participação nos Lu-cros e Resultados (PLR) para nossosempregados em 2016”, justifica.

O principal, segundo o executivo, émanter o otimismo. No caso do setorde Telecom, as perspectivas são muitopositivas. “Não há cenário de retro-cesso porque nenhuma empresa degrande porte pode trabalhar sem essetipo de serviço”, disse.

Para manter a visibilidade, a empresatambém está reestruturando o seusetor comercial para ingressar em ou-tros segmentos, como o de condomí-nios. Em Belo Horizonte, há mais de100 grandes empreendimentos do gê-nero e que a CEMIGTelecom está empouco mais de 20 deles com a RedeGPON, que inclui todos os serviçosdisponíveis.

soCiAL

Com abordagem social e econômica,o projeto de inclusão social acopladoá rede Cemig, visa reduzir as instala-ções de energia clandestinas (gatos)que representam grande perda paraa empresa. A CEMIGTelecom for-nece o serviço de wifi gratuito paraque o cidadão possa acessar a inter-net, mas a contrapartida é que o mo-rador esteja integrado ao sistema ecom a conta paga.

“Esse é um projeto onde todos ga-nham. A empresa ganha porque vai re-duzir as perdas e garantir a segurançada população. O usuário também ganhaporque terá um serviço de qualidade euma conta no seu nome. Já a CEMIG-Telecom vai ter uma parcela do ganhoda Cemig”, explica o engenheiro.

A instalação do sistema já está em es-tudo para dois bairros, um na divisa deBelo Horizonte com Ribeirão dasNeves e outro nas proximidades deSanta Luzia. O sinal será garantido porantenas repetidoras que serão instala-das em pontos estratégicos.

Aloísio vasconcelos, presidente da CEMigtelecom

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A expertise de uma organização, qualquerque seja, depende da qualidade dos pro-fissionais que lá trabalham. A área de En-genharia não foge à regra. A engenheirade Qualidade, Segurança e Meio Am-

biente da construtora mineira EPO, Juliana Costa Mo-rais dos Santos, 30 anos, vive às voltas com algumprojeto novo para otimizar essa que é uma das maisimportantes áreas do negócio e – mais que isso – umforte diferencial competitivo para fidelizar clientes eincrementar os resultados.

Graduada em Engenharia Ambiental pela UniversidadeFundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) em2008, ela foi uma das participantes do evento paralelopromovido pela Sociedade Mineira dos Engenheiros(SME) em junho, durante a Construir Minas, no Expo-minas, para relatar a experiência da EPO na área am-biental.

A Engenharia entrou na vida de Juliana Santos de formaplanejada. “Fiz uma pesquisa bem ampla sobre as pro-fissões e optei pela Engenharia Ambiental no ano daformatura. Um pouco de ideologia e a afinidade com aárea pesaram na minha escolha”, comenta. Ela sabia que

essa é uma área que estava – e ainda está – em traje-tória de crescimento, com demanda crescente por em-presas de todos os setores que pretendem investir emsustentabilidade ou que precisam acompanhar, mais deperto, processos de licenciamento em curso e as mu-danças da legislação.

O estágio foi o passo inicial para ingressar no mercadode trabalho, no 5º período do curso. Logo após a for-matura, Juliana Santos foi contratada pela Azurit Enge-nharia, empresa de consultoria especializada emlicenciamento ambiental de usinas hidrelétricas e re-cursos hídricos.

Nessa empresa, ela começou como estagiária e chegoua coordenadora técnica, trabalhando com elaboraçãode diagnósticos ambientais, avaliações de impacto, pro-postas de medidas mitigadoras, outorgas de direito deuso de recursos hídricos, estudos de modelagem daqualidade da água (Autodepuração), gerencialmente deprocessos de licenciamento ambiental, negociaçõescom prefeituras, comitês de bacias hidrográficas(CBH), conselhos, empreendedores e participação emaudiências públicas. “Foi um aprendizado muitogrande”, constata.

Escolha responsávelProjetos ambientais se efetivam naprática das organizações

JovEM EngEnhEirA | JULiAnA CostA MorAis dos sAntos

Juliana Souza ingressou na EPO em 2014, após concluira especialização em Segurança do Trabalho, pela Facul-dade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG) e cur-sos de Gestão da Qualidade. Ela também tem um títulode especialista em Engenharia Sanitária, pela Universi-dade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O universo da construção civil, até então desconhe-cido, tornou-se o seu mais novo desafio, já que a Enge-nharia Ambiental cabe em todos os processos, desdeos projetos até a gestão dos canteiros de obras. “Já ti-vemos grandes avanços que vão da mobilização pormeio da educação ambiental até a qualidade final dosprodutos, que afetam positivamente os resultados dacompanhia”, destaca.

Para ela, a Engenharia Ambiental é uma carreira estra-tégica, principalmente para empresas que realmente

desejam implementar uma cultura de negócios susten-

táveis a partir de processos e produtos, independente

da área de atuação. “O profissional colabora com uma

visão sistêmica do negócio e atua em todas as etapas,

do desenvolvimento dos produtos à gestão de pessoas.

A sustentabilidade, bem empregada, torna-se uma fer-

ramenta eficiente para a redução de custos, sem com-

prometer a qualidade final do produto”.

Ela tem planos para a carreira, principalmente na área

de gestão, que tem uma grande proximidade com a sua

área de atuação. “Minha meta é aprimorar a visão sis-

têmica e integrada dos negócios”, adianta.

Nas horas de lazer, a engenheira pratica corrida de rua

para manter a saúde em dia e já participou de alguns

circuitos na Lagoa da Pampulha.

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“ “O profissional colabora com uma visão sistêmica do negócioe atua em todas as etapas, do desenvolvimento dos produtosà gestão de pessoas. A sustentabilidade, bem empregada,torna-se uma ferramenta eficiente para a redução de custos,sem comprometer a qualidade final do produto.

EngEnhEiro do Ano 2015

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Olavo Machado Juniorreceberá a comenda

Oengenheiro eletri-cista, industrial dosetor de equipa-mentos elétricos epresidente da Fe-

deração das Indústrias do Estado deMinas Gerais (FIEMG), Olavo Ma-chado Junior, foi o profissional eleitopela diretoria da Sociedade Mineirade Engenheiros (SME) para receber,em 2015, a Medalha de Engenheirodo Ano. A cerimônia será realizadaem dezembro, para marcar as come-morações do Dia do Engenheiro e fi-nalizar a programação de eventos daentidade.

Segundo o presidente da SociedadeMineira de Engenheiros, AugustoDrumond, a indicação de OlavoMachado Junior é fruto da suaatuação à frente da Fiemg, na de-fesa da Engenharia e da formaçãode engenheiros para a atividade in-dustrial do Estado. O projeto “En-

genheiro do Futuro” e a parceriapara a realização do Prêmio SMEde Ciência, Tecnologia e Inovaçãosão exemplos bem sucedidos deações já desenvolvidas. “A indica-ção de Olavo Machado Jr. é frutode uma manifestação constantedos nossos associados e, maisque isso, seus pares, pela contri-buição que ele tem dado à causada Engenharia”, enfatiza.

Eleito por duas vezes para a presi-dência da Fiemg, sendo que na se-gunda, para o período de 2014 a2018, por unanimidade, o enge-nheiro recebeu o convite com or-gulho. “Esse é uma condecoraçãoque valoriza a Federação. Receberessa indicação dos meus pares, as-sociados à SME, é motivo de muitaalegria porque representa o reco-nhecimento do trabalho que temosfeito em benefício da indústria e daeconomia mineira”, afirma.

Machado defende, ainda, a EngenhariaNacional, pela sua força, técnica e ca-pacidade de inovação. “É uma das tra-dições nacionais e precisa ser maisvalorizada”, comenta ele, que se de-fine como um eterno admirador daEngenharia.

pErfiL

A defesa dos interesses da indústriaestá no DNA do engenheiro e líderempresarial, Olavo Machado Jr.desde as atividades com o pai naBell Brasil Eletrônica, em 1965, àatual sociedade, ele tem grande en-volvimento e influência no processode fortalecimento do setor produ-tivo mineiro. O espírito empreende-dor, herança familiar, fez com quecriasse sua primeira empresa aos 25anos, em 1973. O trabalho na Ma-chado Corrêa Engenharia ensinou aele o que aplica até hoje como líderindustrial: a busca por resultados

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À frente da fiEMg, o dirigente olavo Machado Junior tem desenvolvido projetos para valorizar a Engenhariae os profissionais quenela atuam.

deve aliar geração de negócios com

responsabilidade socioambiental.

A indústria, na qual ingressou aos

17 anos, surgiu como uma forma de

trabalho sério e de aproximação fa-

miliar. Nascido em Belo Horizonte,

Olavo Machado Junior. optou por

uma das principais cidades indus-

triais do Estado, Contagem, para

instalar seu primeiro empreendi-

mento.

A escolha coincide com a que seu

pai teve para montar um sítio. Uma

indústria e algumas mudas de árvo-

res eram a realização de um desejo

de crescimento familiar. O sonho

de possuir o próprio negócio pas-

sou a andar lado a lado com a von-

tade de ver o desenvolvimento

sustentável do município.

Em sua trajetória profissional, Olavotem se dedicado a mais de uma de-zena de diferentes empreendimen-tos, indústrias preocupadas cominovação e sustentabilidade. O posi-cionamento como empreendedor elíder foi o que transformou o enge-nheiro eletricista em porta-voz doempresariado em diversas frentes.

Desde 1978 participa do corpo diri-gente da Federação das Indústrias doEstado de Minas Gerais (FIEMG) e doCentro das Indústrias das Cidades In-dustriais de Minas Gerais (CICI-MG),instituição que uniu forças com o Cen-tro Industrial e Empresarial de MinasGerais (CIEMG), entidade do SistemaFiemg. Passando por entidades repre-sentativas do setor produtivo, princi-palmente do eletroeletrônico, trabalhahá mais de três décadas com a convic-

ção de que o associativismo e a repre-sentatividade são as bases de um em-presariado forte.

Como presidente do Sistema FIEMG,está certo do caminho que os empre-sários devem trilhar. O incentivo à ge-ração de novos e lucrativos negócios,à inovação, à agregação de valor aosprodutos industriais e ao respeito aomeio ambiente fazem parte dos com-promissos que assume com o empre-sariado mineiro. Em linha com aatuação do Serviço Social da Indústria(SESI), do Serviço Nacional de Apren-dizagem Social (SENAI), do InstitutoEuvaldo Lodi (IEL) e da base sindicalda indústria, Olavo Machado Jr. en-xerga o atendimento às demandas doempresariado como um conjuntocoordenado de ações, que envolvempatrões e empregados.

Em razão da chamada “renovação do terço”levada a efeito anualmente pelo CrEA/Mg, asociedade Mineira de Engenheiros (sME) ele-gerá ainda neste ano, cinco conselheiros efe-tivos e seus respectivos suplentes pararepresentarem a sME no Conselho.

A “renovação do terço” é um processo anualde substituição compulsória de um terço(1/3) de seus Conselheiros regionais, escolhi-dos entre representantes das instituições deensino superior de engenharia e agronomiae das entidades de classe no Estado. os con-selheiros, pelas suas formações, compõem asCâmaras Especializadas, que são a primeirainstância de julgamento dos processos da re-gulação profissional e, em conjunto, consti-tuem o plenário do CrEA-Mg, a sua segundae maior instância de julgamento regional.

A sME possui uma das maiores “bancadas” derepresentação de entidade de classe no CrEA-Mg e, por isso, ocupa um espaço privilegiadona discussão e tomada de decisão, referentesas ações do Conselho. As questões de pautasão sempre ligadas à atividade profissional e,portanto, de alto grau de importância para aEngenharia de Minas gerais. Atualmente, asME conta com 06 (seis) conselheiros efetivose 06 (seis) conselheiros suplentes, no exercí-cio de mandatos de 03 (três anos). nesse ano,05 (cinco) conselheiros efetivos e seus respec-tivos suplentes serão escolhidos.

portanto, a sME encaminhará ao CrEA-Mg aindicação de profissionais de seu quadro deassociados, nas seguintes modalidades: 02

(dois) engenheiros civis e respectivos suplen-tes, 02 (dois) engenheiros mecânicos e res-pectivos suplentes e 01(um) engenheiroeletricista e respectivo suplente.

de acordo com os critérios estabelecidos peloConselho federal de Engenharia e Agronomia(Confea), operacionalizados regionalmente pelaComissão permanente de renovação do terço(Cprt) do CrEA-Mg, dos atuais conselheiros emexercício da representação pela sME, um enge-nheiro mecânico e respectivo suplente e um en-genheiro eletricista e respectivo suplentepoderão ser reconduzidos para um segundomandato de 03 anos.

na escolha dos profissionais a serem indica-dos, serão seguidos os seguintes critérios:

a) ser associado da sME, sem a exigência deprazo de carência,

b) o interessado deverá encaminhar, até 30de outubro de 2015, uma correspondência aopresidente da sME manifestando o desejo derepresentar a Entidade, com exposição demotivos,

c) a decisão será dada em novembro peloConselho deliberativo da sME, ouvida a dire-toria, podendo o interessado se apresentarperante o Conselho deliberativo, se for ocaso.

A conclusão do processo se dará com a possedos eleitos, prevista para o início de 2016,para exercer mandato no triênio 2016/2018.

sME elege novos Conselheiros no CrEA/Mg