revista mineira de engenharia - 14ª edição
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Revista Mineira de Engenharia - 14ª EdiçãoTRANSCRIPT
Ano 3 | Edição 14 | Julho ‐ Agosto 2012
IMPRESSO ESPECIAL
991 22 55 307- DR/MG
SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROSCORREIOS
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, UM CAMINHO SEM VOLTA
Tecnologia e InovaçãoEntrevista Evando
Mirra de Paula e
Silva
RIO + 20SME analisa
resultados
práticos do
evento
Leia Mais CARREIRA - Trainee uma oportunidade de ouro para engenheiros recém-formados
ENIC / Minascon Movimenta a
cadeia produtiva
da construção
3
Sustentabilidade é a palavra da moda
que ganha força em praticamente
todos os países, estando vinculada a
todos os campos de atuação em uma
sociedade. No nosso País esta expres-
são é cada vez mais citada, principal-
mente quando está em pauta o
desenvolvimento. Entretanto, pode-
mos observar que em vários aspectos
a sustentabilidade encaixa-se como
uma luva mais nos discursos. Será que
estamos reverberando um modismo,
totalmente descolado da realidade?
Ou sabemos pouca ainda no que, real-
mente, isso implica na vida de uma
nação? Prefiro a segunda opção até
porque aprender e inovar, em qual-
quer área, é uma das vertentes da sus-
tentabilidade.
Para ser um pouco didático, podemos
recorrer ao documento Nosso Fu-
turo Comum, ou Relatório Bruntland,
publicado em 1987, originado dos es-
tudos da Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento da
ONU, que define sustentabilidade
como “ a capacidade de suprir as ne-
cessidades da geração presente sem
afetar a habilidade das gerações futu-
ras de suprir as suas”.Com isso, pode-
mos alinhar que o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende as ne-
cessidades do presente sem compro-
meter o futuro.
Um pensamento plantado no nosso
cotidiano clarifica, ainda mais, quanto
à importância da prática sustentável.
Como pode uma sociedade consumi-
dora de recursos naturais, a exemplo
da água que é um bem comum a toda
a humanidade, de grande valor econô-
mico, ambiental e social, não pensar
em formas de preservar esse recurso
e de utilizá-lo bem. O mesmo raciocí-
nio se aplica em relação ao uso e con-
servação de recursos naturais
limitados, tais como ferro, alumínio,
petróleo; ao meio ambiente, à saúde,
à economia, ao trabalho e aos proje-
tos de desenvolvimento. Em todas
essas áreas a sustentabilidade entra
como a pedra de toque.
Com isso, o desenvolvimento susten-
tável torna-se ponto essencial nos pla-
nejamentos estratégicos, na produção
industrial, nos projetos empresarias de
expansão que hoje são examinados e
qualificados em função da ação que
exercem para o bem comum. Um em-
preendimento sustentável, além de
obter maior competitividade, gera
novos postos de trabalho e movi-
menta a economia em larga escala.
Para abreviar, citamos um outro rela-
tório divulgado pelo Programa da
ONU para o meio Ambiente (Unep)
que pontifica a necessidade de inves-
timentos anuais de 2% do PIB global
para adaptar as economias mundiais a
um futuro mais sustentável. Este
levantamento aponta ainda que os in-
vestimentos representariam um cres-
cimento econômico de 15,7% até o
ano de 2050. No relatório são identi-
ficadas as áreas onde o aporte de
maior volume de recurso é vital. São
elas: indústria, agricultura, pesca, flores-
tas, construção, turismo, energia, trans-
porte e manejo de lixo e água.
A Sustentabilidade da atividade hu-
mana atual talvez seja a principal dis-
cussão a ser explorada pela sociedade
contemporânea. Em um mundo onde
habitam quase sete bilhões de pes-
soas, além de uma infinidade de outras
espécies de seres vivos, é essencial
aliar às nossas ações e projetos à sus-
tentabilidade para a construção da so-
ciedade do futuro.
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
Ailton Ricaldoni Lobo
Presidente da SME
Sustentabilidade, um processo contínuo sem comprometer o futuro
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Compromisso com Você!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua
equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos
para atender cada vez mais e melhor a cada
um dos associados.
Em seus 81 anos de existência, a
SME trabalha para integrar, desen-
volver e valorizar a Engenharia,
a Arquitetura, a Agronomia e
seus profissionais, contri-
buindo para o aprimora-
mento tecnológico, científico,
sociocultural e econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de produtos
e serviços como cursos, palestras, seminários,
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poderá desfrutar.
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boratórios, óticas, planejamento financeiro, se-
guros, serviços fotográficos, hotéis, beleza
e estética, dentre outros.
Compromisso com o futuro
Aprimoramento profissional e ino-
vação tecnológica também têm
sido uma das grandes bandeiras da
SME para oferecer os melhores
produtos e serviços para você e
sua família.
Por meio de nosso site, da revista, dos
eventos e da participação nas redes sociais,
a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal
aberto para ouvir suas sugestões e para representar
seu interesse.
Seja um associado da SME
Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]
PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo
VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão
José Luiz Nobre Ribeiro
Victório Duque Semionato
Alexandre Francisco Maia Bueno
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DIRETORESLuiz Felipe de Farias
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Normando Virgílio Borges Alves
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SUPERINTENDENTE José Ciro Mota
CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela de Sant'Anna
Teodomiro Diniz Camargos
Jorge Pereira Raggi
Flavio Marques Lisbôa Campos
Rodrigo Octavio Coutinho Filho
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CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva
Nilton Andrade Chaves
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CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo
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José Ciro Mota
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ApoioPublicação
6TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO
Entrevista com
Evando Mirra
TRAINEE
Boas oportunidades de carreira
profissional começam por aqui
10MEDALHA LUCAS LOPES
José da Costa Carvalho Neto
é o homenageado de 2012
1614GESTÃO E TECNOLOGIA Software ajuda monitorar obras
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34NOVOS ENGENHEIROS
Fernanda Rabelo Souza
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MESTRES DA ENGENHARIA
Eustáquio Pinto de Assis
RESPONSALIDADE
SOCIAL
Mendes tira homens
do trabalho escravo
RIO+20
Na prática as ações
começam em 2015
1º SEMINÁRIO
MOBILIDADE URBANA
Desafios e propostas para
RMBH
CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL
Nova concepção de
projetos da boa engenharia
e arquitetura
ENIC / MINASCONEvento movimentaa cadeia produtiva do setor de construção
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36
44
LEGADO SME Tárcio Primo Belém Barbosa
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52ARTIGO DE JORGE RAGGI Engenheiro Mediador
e Árbitro58
“CAUSOS”
DE ENGENHARIA
Feedback
Inovação, o maior de todos os desafios do Brasil
ENTREVISTA | EVANDO MIRRA DE PAULA E SILVA
6
Nesta entrevista, ele fala de inova-
ção, o maior de todos os desafios
do Brasil, um país que, em franco
processo de desenvolvimento,
ainda esbarra na falta de competi-
tividade do setor produtivo e na
burocracia. Ao todo, Evando Mirra
publicou mais de 80 trabalhos de
nível internacional e orientou 26
alunos de pós-graduação e 50 de
graduação.
Por que as empresas devem inves-
tir em inovação. Que benefícios a
inovação traz para o país?
A inovação é o grande motor da
economia e um vetor decisivo
para a transformação do país.
Embora inovação sempre tenha
existido, a intensidade em que ela
ocorre atualmente, o lugar que
ocupa na geração de riqueza,
suas repercussões na organiza-
ção do trabalho, na educação e
na cultura mudaram. Nos países
líderes esse novo lugar da inova-
ção começou a se desenhar na
década de 1970 e ganhou visi-
bilidade 10 ou 15 anos depois,
com resultados muito positivos.
Os trabalhos da Organização de
Cooperação para o Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE), por
exemplo, mostram que mais da me-
tade da riqueza gerada nos países
industrializados gravita hoje em
torno da inovação. Mas não é só
isso. Como a inovação se alimenta
de conhecimento. Atividades como
educação, informação e pesquisa
ganham um novo status e se fazem
presentes muito mais intensamente
na vida das pessoas. Muda também
a organização do trabalho.
As atividades de produção tornam-
se muito mais cooperativas, tor-
nando triviais afirmações que antes
soariam como um paradoxo (“coo-
perar para competir” é um exem-
plo). Soluções originais tornam-se
disponíveis para a abordagem dos
problemas econômicos e sociais.
Inovação é conceito ou prática?
O gesto inovador tem ainda di-
mensões lúdicas, solicita a criativi-
dade e gera novas oportunidades
para a realização pessoal. A inova-
ção, se quisermos usar a expressão
do etnólogo Marcel Mauss, é um
fato social total. Esta mudança de
paradigmas pegou o Brasil de sur-
presa, quando o país estava ainda
no processo chamado de “substi-
tuição de importações”. Isto é, es-
távamos aprendendo a fazer aqui o
Quem liga um computador hoje no país e “navega” literalmente pelo mundo deve saber
que a implantação da internet é apenas um dos projetos cujo sucesso contou com a participação
do engenheiro mecânico e eletricista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Evando Mirra
de Paula e Silva. Professor emérito da UFMG, ex- presidente do Centro de Gestão e E s tudos
Estratégicos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CGEE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
e hoje Diretor da Academia Brasileira de Ciências.
Evando Mirra engenheiro mecânico e eletricista pela UFMG,
Professor emérito da UFMG, ex- presidente do Centro de
Gestão e E s tudos Estratégicos em Ciência, Tecnologia
e Inovação (CGEE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação e hoje Diretor da Academia Brasileira de Ciências.
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que antes éramos obrigados a im-
portar, quando os países avançados
já estavam se deslocando para
outra forma de conceber a produ-
ção, agregando mais inteligência e
mais valor ao produto, abrindo es-
paço para o novo, criando uma di-
nâmica de permanente inovação.
Enquanto nossa problemática aqui
era a de aprender a fazer bem (a
década de 1990 foi a nossa década
da Qualidade) uma transformação
estrutural profunda estava ocor-
rendo nos países avançados,
criando formas de permanente pro-
dução do novo, por mais estranho
que isso pareça. Mas embora tenha-
mos começado mais tarde nossa
participação nessa aventura, pode-
mos dizer que estamos ganhando
terreno e acumulando, setorial-
mente, alguns sucessos extraordi-
nários.
Qual o desafio agora?
Trata-se agora de dar escala a esse
processo, de aumentar o número
de atores envolvidos em ativida-
des inovadoras, transformar su-
cessos ainda relativamente
localizados em um grande mutirão
coletivo e construir uma verda-
deira cultura da inovação.
Os benefícios para o País se tra-
duzirão em geração de riqueza,
criação de emprego e renda,
maior competitividade de nos-
sas empresas, novas abordagens
de nossos problemas econômi-
cos e sociais, valorização da
educação e da cultura, sustenta-
bilidade de nosso crescimento.
Como estão os investimentos em
P&D no Brasil? Como é possível
aproximar a realidade brasileira de
investimentos com as realidades
das nações desenvolvidas e demais
países do BRICS?
Primeiro é necessário lembrar, se
estamos preocupados com a ques-
tão da inovação, que a inovação não
depende apenas de P&D e, às vezes,
nem depende de P&D. Há diferen-
tes maneiras de inovar. Inovação é,
antes de tudo, uma atitude e uma
nova maneira de ver as coisas.
Mas, mesmo se a inovação vem por
outros caminhos, resulta, por exem-
plo, de transformações gerenciais,
ou de marketing, ou da incorpora-
ção de novas funções, já conheci-
das, ao produto, ou qualquer outro
mecanismo, ainda assim, a existência
de uma cultura de P&D na empresa
confere a essa empresa mais desen-
voltura em todos esses processos,
permite que identifique mais rapi-
damente as oportunidades, confere
a ela mecanismos para aproveitar
melhor as ideias.
Uma cultura de P&D torna a orga-
nização mais atenta às possibilida-
des de explorar o novo. E, é claro,
existe a inovação visceralmente
“A Engenharia é um atoronipresente na inovação,porque todo processo ouproduto novo precisa ser
“engenheirado” para poderser colocado à disposição
da sociedade. Mas tambémporque a própria
Engenharia inova e, nestesentido, abre perspectivas
inéditas para as tecnologiase para as estratégias
produtivas, é um extraordinário vetor de
inovação.
“
8
articulada à P&D, onde, obviamente, a competência
em pesquisa e desenvolvimento irá significar vanta-
gens competitivas singulares. Isso posto, é necessário
reconhecer que o País precisa investir mais em P&D.
O investimento atual, ligeiramente superior a 1% do
PIB, está distante dos 3% ou mais que investem os
países líderes, e é mesmo menor que a média de in-
vestimento dos países da OCDE. Além disso, en-
quanto a maior parte do investimento, nos países
avançados, é feita pelo setor privado, no Brasil o setor
privado (0,4 % do PIB) ainda não acompanha o ritmo
do setor público (0,6% do PIB). A própria estrutura
do financiamento tem ainda muito a evoluir.
Apesar dos avanços recentes quanto à cobertura das
primeiras etapas de fomento à inovação, como os cha-
mados “capital anjo” e “capital empreendedor” (angelcapital & venture capital), resta ainda um grande espaço
a percorrer no financiamento de toda a cadeia da ino-
vação. Instrumentos de fomento, como aqueles pre-
vistos pela chamada “Lei do Bem”, bem como os
mecanismos de subvenção econômica e outras for-
mas de apoio, fazem parte dos esforços para ampliar
o investimento em inovação.
Qual o impacto da inovação na competitividade de
empresas nacionais?
Os resultados do levantamento do IBGE (a PINTEC),
bem como o estudo abrangente levado a cabo pelo
IPEA (“Inovações, padrões tecnológicos e desempe-
nho das firmas industriais brasileiras”, IPEA, 2006)
constataram que as empresas que inovam e diferen-
ciam produtos são aquelas que faturam mais, pagam
maiores salários, têm vantagens competitivas e mais
facilidades na hora de exportar.
A capacidade de inovar aparece, assim, como um in-
grediente essencial para aumentar a competitividade
das empresas. Os exemplos são inúmeros. A Petro-
bras, líder mundial na exploração de petróleo em
águas profundas, deve a uma formidável estrutura
de pesquisa e desenvolvimento boa parte desse su-
cesso; a Embraco, líder mundial em compressores
herméticos, tem a competitividade assegurada tam-
bém por suas estratégias de inovação.
Da mesma forma, empresas líderes como Braskem,
no ramo de petroquímica; Bematech, no setor de au-
tomação; Marcopolo no setor de transporte; a Weg
nos motores elétricos; Boticário e Natura no setor
de cosméticos e artigos de higiene, e tantas outras
mais.
Quais os progressos obtidos até agora na articulação
entre pesquisa acadêmica e indústria? Qual é a im-
portância dessa articulação?
No Brasil, foi no setor agropecuário que a aproxima-
ção entre a universidade e o sistema de produção
teve início, nos primeiros anos do século XX. A coo-
peração desempenhou papel fundamental na cons-
trução da competência brasileira no setor. No
ambiente propriamente industrial as relações, ainda
nas suas formas primitivas, foram timidamente ensaia-
das desde a década de 1940.
Mas os primeiros eventos de maior significado estão
associados à modernização tecnológica do País nos
anos 1970, quando a contribuição da universidade
para o desenvolvimento tecnológico começou a ga-
nhar visibilidade, especialmente nos casos da siderur-
gia, petróleo e gás, e telecomunicações. Foi preciso
esperar os anos 1980, porém, para que a cooperação
começasse a ganhar corpo e ser progressivamente
institucionalizada.
Isso ocorreu em diferentes setores, como metal-me-
cânico, informática, transportes, telecomunicações,
farmacêutico, entre outros, envolvendo um elenco
crescente de universidades. Há ainda um grande es-
paço a percorrer, mas já se conseguiram conquistas
importantes nesse domínio.
ENTREVISTA | EVANDO MIRRA DE PAULA E SILVA
De que forma a política de inovação promove o de-
senvolvimento econômico sustentável e a redução da
desigualdade social no Brasil?
Ciência, tecnologia e inovação são fundamentais no en-
frentamento dos desafios da sustentabilidade porque
permitem novas soluções para problemas persistentes.
O crescimento sustentável exige, entre outras, a sus-
tentabilidade energética, que só pode ser alcançada
com a construção de uma matriz energética diversifi-
cada, que incorpore os avanços da pesquisa em tecno-
logias de águas profundas, no que diz respeito ao
petróleo, bem como ao uso da biomassa e de outras
fontes alternativas, além de ganhos em eficiência no
setor hidroelétrico.
Os ganhos de produtividade no setor agrícola permi-
tem a produção de maior volume de alimentos utili-
zando a mesma superfície de terreno. Inovações
podem gerar novos empreendimentos, criando assim
novos postos de trabalho e novas atividades geradoras
de renda. Em síntese, aos meios usualmente utilizados,
as inovações agregam novos instrumentos e novas es-
tratégias, capazes de fornecer respostas inéditas aos
desafios do desenvolvimento.
Dentro desse quadro, qual é a importância da inovação
para a Engenharia?
A Engenharia é um ator onipresente na inovação. Em
primeiro lugar porque todo processo ou produto novo
precisa ser “engenheirado” para poder ser colocado à
disposição da sociedade. Mas também porque a própria
Engenharia inova e, neste sentido, abre perspectivas
inéditas para as tecnologias e para as estratégias pro-
dutivas, é um extraordinário vetor de inovação.
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Empresários, engenheiros de várias gera-
ções e autoridades se reuniram, no último
dia 11 de junho, no auditório da Cemig, em
Belo Horizonte,
para prestigiar a
cerimônia de entrega da Me-
dalha Lucas Lopes ao enge-
nheiro e presidente da
Eletrobras, José da Costa
Carvalho Neto. O evento é
parte do calendário anual da
Soc iedade Mine ira de
Engenheiros (SME) e tem o
objetivo de homenagear pro-
fissionais que atuam com des-
taque no setor energético
nacional.
O curador da Medalha e presidente da LEME Engenha-
ria e da Tractebel Engineering América Latina, enge-
nheiro Flavio Marques Lisbôa Campos, abriu a
solenidade falando sobre a carreira do homenageado
de 2012. “É um imenso prazer poder descrever um
pouco da brilhante trajetória do engenheiro José da
Costa, esse belorizontino que conheço há anos, que
deixou e ainda deixa a sua marca nos setores de ener-
gia e engenharia nacional e
internacional”, enfatizou.
Flavio Campos destacou,
ainda, que a formação de
José da Costa foi holística,
completa e com invejáveis
atributos pessoais e profis-
sionais. “Posso afirmar que
o nosso homenageado co-
nhece, como ninguém, o
papel do engenheiro na
sociedade e como profis-
sional”, ressaltou.
E encerrou sua fala afirmando que em todos os lugares
onde o engenheiro José da Costa trabalhou, foi muito que-
rido pelos profissionais por sua capacidade de ensinar,
desenvolvida na experiência docente. “Tudo isso falado, jus-
tifica como ele é merecedor dessa Medalha Lucas Lopes”.
Lideranças empresariais e autoridades destacam a importância do evento
Flavio Marques Lisbôa Campos e o homenageado, José da Costa Carvalho Neto
HOMENAGEM | MEDALHA LUCAS LOPES
11
Entre as autoridades presentes,
o vice-governador Alberto
Pinto Coelho, disse que a ceri-
mônia de entrega da Medalha
Lucas Lopes é uma noite festiva
promovida pela Sociedade Mi-
neira de Engenheiros (SME)
que busca valorizar aqueles en-
genheiros que, efetivamente,
através de suas carreiras e de
seus exemplos, dão contribuições sólidas para o desen-
volvimento social e econômico de Minas Gerais.
“Estamos homenageando o engenheiro José da Costa, o
Costinha, que passa a fazer parte de uma galeria de no-
táveis, que fez uma carreira brilhante, sólida na Cemig,
que hoje empresta sua inteligência, seu brilho à frente da
Eletrobras em uma importante missão que é dinamizar
o setor energético em nosso país, setor esse indispen-
sável, fundamental, para que possamos alcançar maiores
índices de crescimento no PIB, criando desenvolvimento
e satisfação na sociedade brasileira”, afirmou.
O vice-governador ressaltou, ainda, que o desenvolvi-
mento do país, depende fundamentalmente desse seg-
mento, de sua capacidade de gerar energia, de diversificar
energia, para que se possa chegar à chamada economia
verde. “O papel do engenheiro é historicamente funda-
mental, mas eu diria que nesta quadra, em que o Brasil se
situa entre as maiores economias, entre os países que in-
tegram o BRICS, com enormes desafios na sua estrutura
logística para desenvolver, é mais valorizado do que nunca
a nobre missão dos engenheiros em todos os setores e
especializações. Ao longo da história, cada vez mais, nós
vamos nos certificar da importância dessa profissão e de
sua contribuição para a sociedade brasileira”, destacou.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Jr., lembrou que a
outorga da Medalha Lucas Lopes é um evento de grande
tradição. “A SME está sempre acompanhando o sucesso
dos nossos engenheiros. Está sempre presente e home-
nageando aqueles que merecem. José da Costa é uma
pessoa que vai valorizar ainda mais essa medalha”, disse.
O homenageado, Jose da Costa, lembrou, em seu dis-
curso, que a Engenharia é responsável pelo desenvolvi-
mento. “Costumo dizer que não há Engenharia sem
desenvolvimento, mas, também não há desenvolvimento
sem Engenharia. Então neste momento que queremos e
fazemos tudo para ter um país que cresce a 5% ou 6% ao
ano, nós necessitamos de investimento de 25% do PIB
e esse investimento só é consolidado se tivermos Enge-
nharia para fazer o planejamento, o projeto, e futura-
mente a construção”, pontuou.
Para ele, que não escondeu a felicidade em receber a Me-
dalha Lucas Lopes, a SME está muito bem com seus es-
tudos, as suas recomendações que sempre são muito
úteis à sociedade brasileira. A noite foi especial, também,
disse, porque teve a oportunidade de rever colegas da
Cemig, com os quais trabalhou.
O ex-ministro da Indústria e Comércio no governo do
presidente João Figueiredo, ex-presidente da Cemig e
também de Furnas e ex-secretário da Fazenda de Minas
Gerais, entre 1975 e 1979, João Camilo Penna, aponta
que o Brasil é um país em construção e que ainda há
muito a fazer. “Eu acredito fortemente no papel do en-
genheiro na vida brasileira”, adiantou.
José da Costa
Carvalho Neto,
presidente da Eletrobras,
é o homenageado
com a comenda
“Medalha Lucas Lopes”
Olavo Machado, Márcio Trindade, Ailton Ricaldoni e Marcílio Andrade
Luiz Michalick, José da Costa,e Djalma Morais
Roberto Fagundes, Flavio Campose Henrique Campos
Carlos Eloy e Arlindo Porto
Alexandre Bueno, Maria Celeste, José da Costa e Getúlio Amorim José da Costa e Ailton Ricaldoni
Camilo Penna e José da Costa
Djalma Morais, Roberto Fagundes e Olavo Machado
Ilma Lara, Kátia Lage, Isis Mesquita, Ana Elisa e Maria Olivia Getúlio de Amorim, Luiz Augusto, e Paulo Henrique
Alexandre Resende, Ailton Ricaldoni e Luiz Celso
Ailton Ricaldoni, Ana Elisa, José da Costa e Isis Carvalho
HOMENAGEM | MEDALHA LUCAS LOPES
Márcio Trindade, Camilo Penna , Amilcar Martins, Flávio NeivaFlavio Campos, José da Costa, Ailton Ricaldoni e Alberto Pinto Coelho
14
GESTÃO | TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
A tecnologia digital passou a ser
uma forte aliada da engenharia
na superv isão de obras . A
Leme Engenharia, empresa que
integra a mult inac ional be lga
Tractebel Engineering (GDF
SUEZ), incluiu, no seu portfólio
de serviços um diferencial para
os clientes: o software 4CHECK
que traz uma metodologia de
gestão própria, para o gerencia-
mento confiável e de qualidade
nas áreas de meio ambiente,
saúde e segurança, em em-
preendimentos civis e de mon-
tagem eletromecânica.
O 4CHECK foi desenvolvido ini-
cialmente para aprimorar a gestão
das obras da Usina Hidrelétrica
Jirau, na qual a Leme Engenharia é
responsável pela Engenharia do
Proprietário. Foram mapeados
aproximadamente 70 temas e cria-
dos procedimentos para a inspe-
ção de cada um deles.
Os procedimentos funcionam
como uma espécie de roteiro a
ser seguido pela equipe de
campo que orienta a verifica-
ção de itens essenciais na
obra. Além disso, o software
utilizado para o gerencia-
mento e análise das inspeções
foi adaptado para a emissão
de relatórios e gráficos com
um diagnóstico preciso da si-
tuação das obras. “O objetivo
é gradualmente transformar o
conceito de simples inspeção
de campo para auditorias,
através de amostragens significa-
tivas e criteriosas, criando um
produto confiável e de alta per-
formance”, afirma Cláudio Maia,
diretor geral da Leme Engenharia
e de operações da Tractebel En-
gineering América Latina.
Cláudio Maia, diretor geral
da Leme Engenharia e de
operações da Tractebel .
Leme Engenharia desenvolve software para monitorar obras
Com o 4CHECK, as inspeções pas-
sam a ser programadas e baseadas
em um método objetivo e padroni-
zado. Após a experiência positiva em
Jirau e mais de 17 mil inspeções que
comprovaram sua eficácia, a metodo-
logia passa a ser um item opcional
aos serviços nas áreas de sistemas
elétricos, geração térmica, gás, infra-
estrutura, além de hidroenergia. O
4CHECK atesta o compromisso da
Leme Engenharia com a inovação e a
prestação de serviços de qualidade.
Além dos benefícios já alcançados
pela sistematização das inspeções, o
4CHECK torna-se ainda mais eficaz
com o auxílio de dispositivos portá-
teis do tipo tablet. Os equipamentos
permitem o envio em tempo real das
conformidades e não-conformidades
para um Sistema de Gerenciamento
de Documentos e Qualidade, que
emite alertas, relatórios e gráficos
com base nos dados estatísticos co-
lhidos nos trabalhos de campo. No
caso de não-conformidades, a em-
presa fiscalizada é notificada na hora
em que o desvio ocorre, acelerando
o processo de consolidação e fecha-
mento das ocorrências.
Além de permitir a tramitação online
dos dados apurados e a tomada de
decisão subsidiada por evidências
concretas, o tablet elimina o uso de
papel e da câmera fotográfica.
O objetivo é gradualmente
transformar o conceito
de simples inspeção de
campo para auditorias,
através de
amostragens significativas
e criteriosas, criando
um produto confiável
e de alta performance.
Cláudio Maia
“
“
MESTRES DA ENGENHARIA | EUSTÁQUIO PINTO DE ASSIS
Não é preciso conversar muito para
constatar que o engenheiro eletricista
formado pelo Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Ge-
rais (CEFET-MG) e professor da instituição por 43
anos, Eustáquio Pinto de Assis, 63 anos, é mesmo um
apaixonado pela sala de aula.
“Quando iniciei a carreira docente, em maio de 1969,
o professor era muito valorizado tanto em relação
ao salário como profissional de destaque na socie-
dade. Ser professor era status”, lembra. Naquela
época, foi contratado pelo regime CLT e, após alguns
anos, passou a servidor público federal, pertencente
à carreira de professor de 2º grau, em regime de 40
horas semanais sem dedicação exclusiva.
Eustáquio de Assis comenta que tinha apenas um ano
de formado, no curso técnico de Eletrotécnica,
quando recebeu o convite para ingressar na docên-
cia pelo professor Yarady de Aguiar Carvalho, para
dar aulas na então Escola Técnica de Minas Gerais,
antigo nome do CEFET-MG, nas disciplinas de Ajus-
tagem Mecânica para o Ginásio e Industrial e Prática
Profissional para o Curso Técnico de Eletrotécnica.
Como trabalhava com os estudantes que ingressaram
no curso técnico do 2º grau, ele decidiu investir na
carreira de professor, com o curso de Formação Pe-
dagógica de Docentes. O professor “cresceu” na ins-
tituição. Das duas primeiras disciplinas, ele chegou a
seis, nos cursos técnicos de Eletrotécnica e Eletro-
mecânica, de Edificações e, também, de Mecânica.
Em abril de 1978, passou a dar aulas, também, para o
curso de Engenharia de Operação Elétrica, contra-
tado como professor do 3º grau. Alguns anos depois,
ingressou na carreira de professor de magistério de
Ensino Superior, com regime de 20 horas semanais.
Na Engenharia de Operação Elétrica, assumiu as dis-
ciplinas Prática Profissional e Análise de Circuitos. Na
Engenharia Industrial Elétrica, dedicou-se aos conteú-
dos de Circuitos Elétricos I e Circuitos Elétricos II,
incluindo-se aí as práticas laboratoriais da matéria.
A aposentadoria veio em 1996, mas ele continuou
dando aulas. Hoje é o responsável pelas aulas de
laboratório das disciplinas: Eletrotécnica Industrial
I e Eletrotécnica Industrial II, para o curso de En-
genharia Mecânica. Ele também é membro titular
do Conselho Diretor do CEFET-MG, represen-
tando os professores da carreira de Magistério de
Ensino Superior, nomeado em 24 de fevereiro de
2010, com mandato de quatro anos.
Eustáquio de Assis define o seu jeito de dar aulas:
“mantenho o bom relacionamento e respeito com
meus alunos. Uso técnicas didático-pedagógicas que
aliam teoria e prática e, ainda, gosto muito de ativi-
dades práticas”, completa.
Gosto pela docência continuadepois de 43 anos de atividade
16
17
Mas ele não ficou apenas na sala
de aula, ocupando diversos car-
gos no CEFET-MG. Entre eles:
Coordenador do Curso Téc-
nico de Eletromecânica, Chefe-
adjunto do Departamento do
Ensino do 2º grau, Chefe do
Departamento Acadêmico de
Engenharia Elétrica, de 1985 a
1988, Chefe do Departamento
de Ensino Superior de fevereiro
de1996 a fevereiro de 1999,
Diretor do Departamento do
Ensino Superior de outubro de
2003 a julho de 2008.
Professor Eustáquio de Assis também foi membro
dos Conselhos de Professores, de Ensino e do Con-
selho Departamental, durante o mandato como
chefe e diretor de Ensino Superior. Ele eve cadeira
no Conselho Diretor, representando os professores
da carreira de Magistério de Ensino Superior entre
1987 e 1991 e, depois, entre 1996 e 1999.
O professor representou o CEFET-MG, no CREA-MG
nos períodos de 4 de fevereiro de 1988 a 31 de
outubro de 1990, 03 de janeiro de
1991 a 31 de dezembro de 1993 e
de 1 de janeiro de 2003 até 31 de
dezembro de 2005.
Do alto da sua experiência como
mestre, ele sabe que os estudantes
de Engenharia têm o desafio de
aliar teoria e prática. “Além dos
cursos de capacitação, é importante
que eles façam estágio em empre-
sas durante, no mínimo um ano,
para adquirir experiência”, ensina.
Ele ainda pensa em abandonar a do-
cência, mas sem deixar de aprender.
Essa é só mais uma prova de que o professor ainda
tem o gosto pela profissão de educador e, mais que
isso, de ensinar aprendendo. “É um prazer conviver
com jovens”, conclui.
Eustáquio de Assis é representante da Sociedade
Mineira de Engenheiros-SME como conselheiro-
suplente no CREA-MG. Ele também foi juiz de três
edições do Prêmio Sociedade Mineira de Engenheiros
de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Mantenho o bom relacionamento e respeito com meus alunos. Uso técnicas
didático-pedagógicasque aliam teoria eprática e, ainda, gosto muito de
atividades práticas.
Eustáquio Pinto de Assis, 63 anos, é mesmo um apaixonado pela sala de aula
““
18
Foi parte da herança do pai e enge-
nheiro, José Belém Barbosa – as duas
cotas para a compra da primeira sede
da Sociedade Mineira de Engenheiros
(SME) – que fez com que o também
engenheiro civil formado pela Uni-
versidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Tárcio Primo Belém Bar-
bosa se aproximasse da entidade.
Antes mesmo de se formar, Tárcio
Barbosa foi convidado a fazer parte
do Conselho de Defesa Profissional
da entidade. “Aceitei, gostei muito e,
a partir daí, os presidentes me viam
com vontade de servir a SME”, lem-
bra. Primeiro, ele foi diretor de Patri-
mônio e depois secretário. Só então
foi eleito vice-presidente na chapa de
Adhemar Ribeiro da Silva, que se
afastou do cargo em 1976. Tárcio
Barbosa presidiu a SME, por duas
gestões consecutivas, no período de
1977 a 1981.
Foi na gestão do engenheiro Tárcio
Primo Belém Barbosa que foi cons-
truída a sede da Sociedade Mineira
de Engenheiros, à Rua Timbiras, na re-
gião central de Belo Horizonte.
“Ainda presidente, o Adhemar me
delegou poderes para começar a tra-
balhar nesse projeto. Construí e inau-
gurei o prédio em 1978”, comenta o
ex-presidente.
O prédio imponente foi projetado
pelo arquiteto Raul dos Lagos
Cirne, que ganhou concurso
aberto pela SME, especialmente
para esse empreendimento.
Esse não foi o único desafio do en-
genheiro. De outro ex-presidente da
SME, Antônio Augusto Fonseca Jú-
nior (1969/1971), ele recebeu o pro-
jeto de construção da sede
campestre da entidade, em Lagoa
Santa, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte (RMBH).
Entre um projeto e outro, o enge-
nheiro dirigia a SME e conduzia as
reuniões. Ele também criou comis-
sões que passaram a funcionar na
gestão seguinte. O Departamento
Feminino era atuante. “Minha mulher,
Maria Regina de Assis Fonseca Bar-
bosa, tinha presença efetiva”, resgata.
Tárcio Belém Barbosa também tra-
balhou para fortalecer a marca SME.
Uma das grandes realizações da sua
gestão foi o 4º Encontro Nacional da
Construção (ENCO), realizado em
Minas Gerais. Ele também comandou
uma delegação de engenheiros que
foi os Estados Unidos para visitas
técnicas.
“O atual presidente, Ailton Ricaldoni,
está procurando dinamizar bem a
SME e está fazendo um trabalho
forte para retornar para a sede ofi-
cial, que é casa da Sociedade. A enti-
dade está em muito boas mãos e me
cabe, como ex-presidente, dar total
apoio. O que a Sociedade precisar de
mim, eu continuo a disposição”, de-
clara Tárcio Barbosa.
O carinho do ex-presidente pela
SME continua. “Naquela época, a SME
era praticamente a minha segunda
casa. Eu vivi a Sociedade intensa-
mente e quero vê-la de novo no pe-
destal”, deseja. Além de ser um
capítulo importante na carreira, a
experiência de atuar na entidade
marcou a vida do engenheiro.
Ex-presidente
foi responsável
pela construção
da sede da SME
SME HISTÓRIA | LEGADO DE TÁRCIO PRIMO BELÉM BARBOSA
Tárcio Primo
Belém Barbosa
O presidente da SME e do Con-
selho Empresarial de Indústria e
Energia da Associação Comercial
e Empresarial de Minas (ACMinas),
Ailton Ricaldoni, participa do pro-
grama Boas Ideias Bons Negócios,
na Rádio Inconfidência. Para se in-
teirar das novidades acesse a pá-
gina da entidade no facebook.
www.facebook.com/SociedadeMinei-
radeEngenheiros
20
Em reunião da diretoria da SME vários
temas foram debatidos, a exemplo do
projeto de reforma da sede da entidade,
na rua Timbiras, 1514, bairro Lourdes.
Antiga conquista da SME, o prédio pas-
sará por uma reforma ampla com o
objetivo de atender os associados,
com maior conforto e comodidade.
SME nas redes sociais
Reforma da sede da SME
A SME está buscando
ferramentas mais
ágeis de comunicação, a
exemplo do facebook e
do twitter para divulgar as
atividades da entidade.
Acesse os endereços:
http://www.facebook.com/SociedadeMineiradeEngenheiros https://twitter.com/#!/ComunicacaoSME
Projeto prevê torre de 85 andares
na capital Mineira
Comissões Técnicas da SME
Os presidentes da Sociedade
Mineira de Engenheiros, Ailton
Ricaldoni e da Cemig, Djalma
Morais participaram da inaugu-
ração do busto de bronze do ex-presidente Itamar
Franco, no Clube de Engenheira (RJ). O ex-presi-
dente foi o único engenheiro que ocupou o mais alto
cargo da Nação. A obra está exposta no hall de en-
trada do edifício Edison Passos, na capital fluminense.
Presidente da SME é
entrevistado pela Rádio
Inconfidência
Câmaras
Temáticas do
CREA-MG
Os integrantes da bancada
de representantes da SME
no CREA-MG se reuniram
para discutir a renovação
dessa representação nas
Câmaras Temáticas do con-
selho. As Câmaras são es-
feras técnicas de
articulação e planejamento
da instituição, para ofere-
cer à sociedade estudos,
proposições e projetos
sobre grandes temas da
engenharia. No dia 20 de
julho de 2012, foi realizada
na sede do Crea-Minas a
primeira reunião dos mem-
bros da Câmara Temática
de Mobilidade da RMBH.
A importância do papel das Comissões
Técnicas (CT’s) na vida da SME foi
tema debatido pela diretoria, na reunião
do mês passado. Uma das decisões to-
madas é de dinamizar, ao longo deste
ano, os trabalhos das CT’s.
O escritório de engenharia e arquitetura FarKasVölGyi apresentou
um projeto de construção de uma torre de 350 metros de altura
em Belo Horizonte, ao longo do Boulevar Arrudas. O projeto inclui
dois prédios para hotel. Caso seja construída, a torre de 85 andares
se tornará o edifício mais alto da América Latina. Atualmente, o título
pertence ao Trump Ocean Club International, com torre de 300
metros de altura, na cidade do Panamá.
Homenagem ao
ex-presidente
Itamar Franco
21
Prezado(a) Senhor(a),
A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), dando prosse-guimento ao trabalho social que realiza com a contribuiçãoindispensável de voluntárias (os), informa que está se pre-parando com maior antecedência na organização da Cam-panha de Natal 2012, cujo objetivo é ajudar famíliascarentes e entidades filantrópicas necessitadas.
A decisão de comunicar-lhes antecipadamente tem o intuito de possibilitar que cada colaboradorpossa se programar para integrar a Campanha de Natal 2012, que esperamos será ainda maisenvolvente e par ticipativa. Contamos com a colaboração de todos, para que este gesto hu-manitário e fraternal alcance um número ainda maior de pessoas e faça a diferença nesta data tãoespecial.
A campanha de donativos está prevista para ter início em 1º de novembro e encerramentoem 30 de novembro de 2012. A distribuição será a partir de 1º de dezembro de 2012. Posterior-mente, todos os colaboradores serão informados sobre a programação completa da campanha, comos endereços dos pontos de recebimento de donativos, a lista de produtos a serem recolhidos e osnomes das instituições que serão contempladas.
Mais informações pelos telefones: (31) 3292 3810 ou 3292 3296.
Ailton Ricaldoni Lobo e o superintende da SME, José Ciro
Mota participaram, nos dias 4 e 5 de junho, do 1º Con-
gresso Norte Mineiro de Energias Renováveis, no município
de Capitão Enéas, promovido pela Agência de Desenvolvi-
mento do Norte de Minas (Adenor) para atrair investido-
res. A cidade vai receber a maior usina de energia solar
voltaica da América Latina.Durante o encontro, especialis-
tas das áreas de energias renováveis, sustentabilidade e ges-
tão de resíduos sólidos, se reuniram para discutir
oportunidades de negócios na área, como também as alter-
nativas energéticas como energia eólica, biomassa, resíduos
sólidos e as diretrizes e políticas federais para o setor.
Sistema de Cobertura Metálica em Minas
Minas Gerais consolida-se como
pólo de atração de investimentos
no setor de coberturas metálicas.
Até 2011 a região recebeu 140 pro-
jetos, somando R$ 30 bilhões, ge-
rando mais de 40 mil empregos
diretos e 86 mil indiretos.
A Marko Sistemas Metálicos, é uma das empresas qeu contribui para este
cresimento. Com mais de 30 anos na fabricação do Sistema Roll-on, sis-
tema de bobina de aço galvanizado, 100% reciclável, garante melhor iso-
lamento a redução da temperatura e o consumo de energia. A empresa
já instalou mais de 700,000 m² do seu sistema, desde o Centro de Dis-
tribuição da Centaurus, a fábrica da Unilever. A nova obra de 22 mil m²
do sistema de cobertura é a Serra Sul Shopping com 142 lojas. Segundo
Fernanda Borges, gerente de comunicação da Marko, um dos motivos
pela escolha do produto foi sua rápida entrega e montagem, já que pos-
sibilita a execução de até 3 mil m² de área coberta por dia, oferecendo
a possibilidade de minimizar um dos problemas crônicos da construção
civil, que é a manutenção dos cronogramas, explica.
1º Congresso Norte Mineiro de Energias Renováveis
Ailton RicaldoniLobo, presidente da SME e José Ciro Mota, superintendente da SME
RESPONSABILIDADE SOCIAL | MENDES JÚNIOR
Mendes Júnior é parceira de Programa que tirou 25 homens do trabalho escravo
Em Cuiabá (MT), 25 profissionais
que trabalhavam em condições de-
gradantes, foram os primeiros be-
neficiados pelo programa “Ação
Integrada pela Qualificação e Inser-
ção Social dos Egressos de Traba-
lho Escravo”, parceria firmada
entre o Consórcio Santa Bár-
bara/Mendes Júnior e a Superinten-
dência Regional de Trabalho e
Emprego do Mato Grosso e o Mi-
nistério Público do Trabalho.
Eles foram admitidos nas obras
para a construção da Arena Panta-
nal, em Cuiabá, uma das sedes da
Copa do Mundo de 2014. “Muitos
chegaram sem ter o documento de
identidade e agora possuem car-
teira assinada e todos os direitos
exigidos por lei”, explica do ge-
rente de Engenharia, Cláudio Mar-
ques de Souza.
Esses colaboradores realizaram,
por meio do SESI e SENAI, cursos
de alfabetização e qualificação pro-
fissional. “Aqui trabalho de maneira
digna e o melhor de tudo é que
tenho a oportunidade de voltar a
estudar. Tenho certeza de que a
educação e o apoio oferecidos
farão com que eu e meus colegas
possamos crescer muito, e não só
profissionalmente, mas principal-
mente como pessoas”, afirma o au-
xiliar e participante do programa,
José Divino.
O consórcio garante condições
dignas de trabalho aos profissionais
admitidos. “Todos possuem aloja-
mento e alimentação equilibrada.
Sentem-se como cidadãos, o que é
perceptível no semblante de cada
um. Também vale ressaltar o de-
sempenho que é ótimo. A dedica-
ção e a vontade impressionam”,
afirma Cláudio de Souza.
Oriundo de condições de trabalho
análogas à escravidão, o auxiliar
Manoel do Nascimento disse que
está contente com a nova oportu-
nidade e com a possibilidade de so-
nhar com um futuro melhor. “Meu
maior sonho é poder comprar uma
casa e um carro. O estudo e a pro-
fissão vão me proporcionar isso
tudo. Vão me abrir muitas portas e
novas experiências”, conclui.
Durval Fernandes da Silva e Cícero Almeida de Alcântara vítimas de trabalho escravo foram um dos beneficiados do programa na Arena Pantanal uma das sedes da Copa do Mundo de 2014
24
Relacionamento com a comunidade
Mendes Júnior aposta na capacitação dos trabalha-
dores brasileiros. Além de estabelecer novos mar-
cos da Engenharia, no segmento da indústria da
construção pesada no Brasil e em diversos países, a
Mendes Júnior se dedica à construção da cidadania
nas áreas onde está presente, por meio do incentivo
ao desenvolvimento de profissionais capacitados
para o trabalho e para a vida.
Na cidade de Paulínia, pólo de indústrias petroquí-
micas na região metropolitana de Campinas (SP), o
consórcio Mendes Júnior, MPE Construtora e In-
corporadora e Setal Engenharia e Construção é
responsável pela expansão da Refinaria de Paulínia
(Replan), da Petrobras. De 2009 a 2012, o consór-
cio criou e manteve o Centro de Treinamento Bio-
Ser, para oferecer à comunidade local e aos
colaboradores do projeto, cursos de formação para
carpinteiro, soldador, pedreiro, pintor industrial, ele-
tricista e encanador, além de supletivos e cursos
como “Formação de líderes” e “Como falar em pú-
blico”.
Os professores do Centro de Treinamento per-
tenciam ao quadro do Serviço Nacional de Apren-
dizagem (Senai), mas foram contratados pelo
consórcio e a ONG Instituto Futuro Cidadão, de
Campinas, parceira do projeto. Os alunos recebe-
ram material didático, uniforme e cesta básica.
O BioSer capacitou 2,7 mil alunos, sendo que metade
deles foi admitida pelo consórcio mantenedor da ini-
ciativa. O restante dos alunos foi contratado por em-
presas da região.
O crescimento acelerado da região de Paulínia esti-
mulou a demanda por trabalhadores capacitados e o
BioSer contribuiu para suprir essa necessidade local.
“Essas pessoas têm uma oportunidade real de ingres-
sar no mercado de trabalho”, afirma o diretor da área
de Negócios de Óleo e Gás da Mendes Júnior, Ro-
gério Cunha.
“Logo que chegamos, uma de nossas principais preo-
cupações foi interagir com a comunidade, visando ao
bem-estar das pessoas e não apenas as necessidades
do consórcio”, conta o coordenador de Qualidade,
Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Responsabilidade
Social da Replan, Adalberto Maddia.
Arena Pantanal e a Refinaria de Paulínia (Replan), da
Petrobras são palcos do programa que beneficia
toda a comunidade, visando ao bem-estar das pes-
soas e não apenas as necessidades da empreiteiras.
25
26
Representantes da Sociedade Mi-
neira de Engenheiros (SME) mar-
caram presença na Conferência
das Nações Unidas sobre Desen-
volvimento Sustentável, a Rio+20,
realizada entre os dias 13 e 22 de
junho, no Rio de Janeiro, duas dé-
cadas após a realização da Rio-92.
Uma delas é a engenheira eletri-
cista, diretora da Comissão de
Educação em Engenharia da SME,
coordenadora do GREEN-IPUC
e professora do Curso de
Engenharia de Energia e do Pro-
grama de Pós-graduação em En-
genharia Mecânica., Antônia
Sônia Alves Cardoso Diniz. Ela
foi uma das pa les trantes do
painel do U . S . Departament
of Energy , denominado “Captu-
rando o Sol – P&D em Energia
Solar pode nos Transformar”,
com patrocínio do National Rene-
wable Energy Laboratory.
“Foi muito interessante assistir
a posicionamentos divergentes,
tentando chegar a um acordo.
Mas considero a Rio+20 um
evento extremamente posi-
tivo, desafiador e impulsiona-
dor, mesmo sem uma decisão
uniforme dos países em atuar
pela proteção do meio am-
biente global”, explica.
Para Antônia Sônia Diniz, enge-
nheiros e arquitetos podem con-
tribuir muito para um mundo
mais sustentável, através do uso
de tecnologias e técnicas de efi-
cientização energética, uso de
reciclagem, arquitetura bioclimá-
tica, transporte sustentável e,
ainda, adoção de matrizes limpas
de energias. “Ressalto a grande
participação que a energia solar
terá no futuro”, pontua.
A engenheira metalúrgica, dire-
tora de Pesquisa e Desenvolvi-
mento da Fundação Estadual de
Meio Ambiente (FEAM) e dire-
tora de Engenharia Metalúrgica
da SME, Janaína França, afirma que
o resultado mais concreto da
Rio+20 só começará a aparecer,
de fato, a partir de 2015. “Em três
anos, as Nações Unidas deverão
apresentar metas de desenvolvi-
mento sustentável a serem per-
seguidas por todos os países,
assim como a origem do dinheiro
para auxiliar os países mais po-
bres a cumprir os chamados
“Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável” (ODS), inspirados
nos Objetivos do Milênio, se-
gundo a qual os países em desen-
volvimento devem perseguir, até
essa data, melhorias nas áreas so-
cial e de meio ambiente”, destaca.
Rio+20Diretoras da SME analisam resultados práticos do evento
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | RIO+20
Antônia Sônia Alves CardosoDiniz, coordenadora do
GREEN-IPUC e professora do Curso de Engenharia deEnergia e do Programa de
Pós-graduação em Engenharia Mecânica.
27
Por isso, a expectativa dos negociadores brasileiros é
que os ODS motivem o início de uma nova etapa na
agenda mundial, para reduzir a pobreza e o impacto do
crescimento econômico sobre o meio ambiente.
Em relação à Engenharia, esse prazo vai permitir que
as faculdades insiram em seus currículos, de forma efe-
tiva, o tema sustentabilidade. O passo seguinte, expli-
cou, será transformar esse conceito em projetos e
obras. “As Nações Unidas defendem o desenvolvi-
mento sustentável desde o início dos anos 80.
Mas, pesquisa contratada pelo Ministério do
Meio Ambiente mostra que mais da metade da
população brasileira (53%) não sabia do que se
tratava às vésperas da Rio+20. Muitos dos com-
promissos assumidos na agenda internacional
continuavam no papel”, ressalta.
O dever de casa definido durante a conferência,
de acordo com a engenheira, prevê um "processo
intergovernamental transparente" para definir os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Mas a
futura adesão será voluntária, ou seja, os países que
não cumprirem as metas não serão punidos.
Um dos parágrafos da declaração final da Rio+20
diz que o cumprimento dos objetivos levará em
conta as realidades nacionais. “Sobrou ambição
e faltou realismo ao governo brasileiro, ao insistir
na realização da Conferência Rio+20, em um dos
piores momentos da maior crise econômica desde
a Grande Depressão dos anos 30, no século
passado. Nem a anfitriã do encontro, a presidente
Dilma Rousseff, pôde concentrar-se tanto quanto de-
veria nas negociações dos grandes temas ambientais.
Teve de ir ao México para uma dramática reunião de
cúpula do Grupo dos 20 (G-20), na segunda e na
terça-feira, resgata Janaína França.
Para ela, é preciso lem-
brar que os países que,
tradicionalmente, se en-
volvem em cooperação
internacional, estão
com situação fiscal
muito difícil. Políticas
ambientais têm custo, o
que deve ser lembrado
sempre.
De acordo com Janaína
França, a ação do Brasil
está focada não no
Programa das Nações
Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) mas no Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Ao lado da administradora do PNUD, Helen Clark,
a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Tei-
xeira, anunciou a criação de um Centro Mundial para
o Desenvolvimento Sustentável, que terá sede no Rio.
A ministra disse que o Centro será "o legado da
Rio+20". Ambas salientaram que a abordagem do
centro integrará inclusão social e proteção ambiental.
A delegação mineira presente na Rio+20 coorde-
nou debates sobre a conservação de biomas, bio-
diversidade e recursos hídricos, bem como
discussões sobre a implementação de medidas ca-
pazes de conter os efeitos das mudanças climáticas.
Também vêm sendo abordadas pelos representantes
do Governo de Minas interfaces relativas a outras
áreas, como a chamada economia verde, o cresci-
mento urbano e o desenvolvimento rural sustentá-
vel. “Hoje, Minas tem um programa de iniciativas
sustentáveis alinhado com cada um dos principais
temas do evento”, conclui.
Janaína França,
diretora de Pesquisa
e Desenvolvimento
da FEAM
28
Empresas procuram talentos.
Jovens recém-formados sonham
com uma boa oportunidade de
começar a carreira. Unir oferta e
demanda, nesse caso, não é tão
difícil quanto parece e muitas
empresas de engenharia já
sabem disso. Não é à toa que
muitas delas investem nos famo-
sos programas de trainee.
A MRV Engenharia, uma das
maiores empresas de construção
civil do país, também tem o seu
Programa de Trainee. O gestor
de Desenvolvimento Humano e
Organizacional da empresa, Tiago Caixeta, relata que o
projeto teve início em 2007 e, depois da ausência em
2009 e 2010, retornou em 2011 em novo formato.
No ano passado, entraram 12 trainees e, neste, 14 da
MRV e de empresas parcei-
ras do grupo MRL Prime.
Nesse grupo, os engenhei-
ros civis são seis. No en-
tanto, há espaço para
recém-formados nas enge-
nharias Elétrica e Mecânica.
“A MRV quer pessoas
muito qualificadas e com
potencial alto para ocupar
posições de liderança”,
afirma. Além de engenhei-
ros, o Programa também
abre inscrições para profis-
sionais das áreas comercial,
crédito imobiliário, desen volvimento imobiliário e supri-
mentos. O período de formação é de dois anos. Os par-
ticipantes têm o desafio de conhecer todas as áreas do
negócio MRV antes de se dedicarem à sua. E tudo isso
orientado por um executivo da companhia.
CARREIRA | TRAINEE
Tiago Caixeta, gestor de gesenvolvimento
humano e organizacional da MRV
Programas de Trainee são umaótima oportunidade para engenheirosrecém-formados
29
A participação ativa dos executivos da MRV é
fato incontestável.
Apesar da diferença de idade e know-how na pro-
fissão, eles já compreenderam a lógica do pro-
grama de trainee, como explica Caixeta.
“Os executivos estão na origem e no meio desse
“jogo” porque são eles que demandam pelos
trainees para seus setores. E esse comprometi-
mento dos executivos desde o início tem ren-
dido bons resultados”, pontua.
Além de conhecer o negócio MRV em todas as
suas áreas, o Programa de Trainee também ofe-
rece cursos de gestão empresaria e matemática
financeira, conteúdos que os novos profissionais
vão usar durante toda a carreira.
A analista de engenharia trainee, Ana Carolina
Rettore, 25 anos, formada em engenharia Civil
pela UFMG, é uma das participantes do projeto.
“Eu acho uma excelente oportunidade. Foi a me-
lhor escolha que fiz na minha vida”, relata.
Mais que uma vaga de trabalho na sua área de
atuação, a engenheira também tem gostado da
ideia de conhecer pessoas diferentes todos os
dias, “do peão aos diretores”. Mas o que ela
quer, mesmo é chegar na área de Obras.
A relação com o mentor é outro ponto ob-
servado por Ana Carolina Rettore. No
caso dela, é o diretor executivo, Romero
Paiva. “Qualquer cinco minutos com ele
vale muito tempo”, declara.
30
A Fidens Engenharia S/A começou o seu programa de
trainee em 2008, como relata a superintendente de
Pessoas e Gestão da empresa, Rijane Mont’Alverne.
“O programa foi criado para formar profissionais que
ocuparão posições estratégicas na empresa e, assim, dar
suporte ao processo de cresci-
mento sustentado”, pontua.
Para tanto, a empresa foca em
uma formação que seja a mais
completa possível, para pro-
porcionar, ao mesmo tempo,
conhecimento das atribuições
da função e o desenvolvimento
das competências requeridas
pela organização, além de ofe-
recer visão ampliada da gestão
do negócio Fidens.
A superintendente afirma que o
ganho da empresa é muito grande. “Ganhamos pela for-
mação de mão de obra qualificada e alinhada com os ob-
jetivos da empresa, especialmente em um momento em
que o mercado está aquecido, o que torna a busca por
profissionais mais concorrida”, ressalta.
Os resultados positivos do Programa de Trainee da em-
presa devem-se a diversos fatores. Entre eles a política
de remuneração competitiva e a proposta de desenvol-
vimento da carreira desses jovens profissionais, um as-
pecto que Rijane Mont’Alverne considera essencial. Ao
final de oito meses de duração, a re-
tenção dos talentos é de 80% para os
cargos de engenheiros/gerentes de
contratos e, ainda, chefes/gerentes ad-
ministrativos.
A empresa também conta com uma
estratégia de comunicação elaborada,
diferenciada e focada no público de in-
teresse, o que tem feito como que o
número de candidatos dentro do
perfil de interesse da empresa seja
alto. Segundo a superintendente, para
uma empresa que atua na construção
pesada, o grande desafio de um pro-
grama do gênero é vencer a concorrência das outras
companhias do mesmo segmento que também estão à
procura dos trainees. “Por isso, contamos com diferen-
ciais capazes de atrair a atenção e o desejo dos candida-
tos em trabalhar e construir carreira na Fidens .
Rijane Mont’Alverne,
superintendente de pessoas
e gestão da Fidens
CARREIRA | TRAINEE
“
Ganhamos pela formação de mão
de obra qualificada e alinhada
com os objetivos da empresa,
especialmente em um momento
em que o mercado está
aquecido, o que torna a busca
por profissionais mais concorrida.
Rijane Mont’Alverne
“Arqu
ivo Fide
ns
31
Entre 2008 e 2012, já passaram 39 recém-forma-
dos na área de Engenharia pelo programa de trai-
nee da Fidens. Um deles é o engenheiro civil
pleno Leandro Gontijo Soares, que participou da
primeira edição, em 2008 e, atualmente, trabalha
na obra para a MMX em Serra Azul (MG).
Ele formou-se pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais, em 2008. “No período da conclusão da graduação,
fiz buscas diárias na internet por programas de trainees
na área de Engenharia. Ao encontrar o da Fidens, bus-
quei entendê-lo bem por meio de informações do site
e das redes de amigos. Estudei sobre a empresa (mis-
são, visão e política) e também sobre as obras que de-
senvolvia e sobre os lugares em que atuava. Percebi que
a organização almejava grande crescimento e optei por
crescer juntamente com ela”, lembra.
A cada etapa do processo concluído, o engenheiro sen-
tia-se motivado a integrar o time de profissionais da Fi-
dens, a empresa que ele escolheu para fazer a sua
carreira, já que seus valores pessoais se alinhavam com
os da companhia. As oportunidades de aprendizado
eram contínuas, em diferentes equipes de trabalho e
em empreendimentos diversos.
Em um ano, ele participou da construção de uma bar-
ragem de solo e da implantação de uma estrada, tudo
com um plano de remuneração atrativo e grande su-
porte para acomodação e alimentação. A oportunidade
de viajar pelo país também era um diferencial interes-
sante naquele momento. “Aprendizado e crescimento
pressupõem comprometimento com o trabalho. Acre-
dito que o programa de trainee traz grandes oportu-
nidades de crescimento profissional e pessoal. Para
aproveitá-las da melhor forma possível, vejo que é pre-
ciso ter foco, dedicação e principalmente vontade de
se relacionar com pessoas de diferentes perfis, funções
e níveis hierárquicos”, recomenda.
O resultado tem sido muito positivo. O engenheiro
disse que amadureceu com os desafios, dúvidas e in-
certezas com as quais tem convivido nesses anos.
Afinal, ele ainda está em processo de aprendizado.
Para ele, lidar com a resolução de diferentes proble-
mas a cada dia, viver em diferentes lugares do Brasil
e conviver com as equipes de trabalho trazem, ao
longo do tempo, segurança e maturidade para se re-
lacionar com pessoas e com as situações e proble-
mas do trabalho.
O engenheiro civil pleno, Leandro Gontijo
Soares, que participou da primeira edição do
programa de trainee da Fidens
Arqu
ivo Fide
ns
32
Uma das fábricas de caminhões que
mais cresce no Brasil, a Iveco tam-
bém tem o seu programa de trainee,
em um formato distinto: um curso
de especialização direcionado exclu-
sivamente para formar mão de obra
especializada para trabalhar na com-
panhia que integra o Grupo Fiat.
Lançado em maio de 2011, o Start!
é o programa da montadora para
atrair profissionais para o pólo auto-
motivo da empresa em toda a Amé-
rica Latina. Criado por meio de uma
parceria entre a Iveco e a Pontifícia
Universidade Católica de Minas
Gerais (PUC-Minas), o Start! é um
curso de pós-graduação em Enge-
nharia Automotiva, Engenharia de
Manufatura e Estratégia Empresarial
Automotiva direcionado a profissio-
nais com até um ano de formação
em Engenharia, administração, logís-
tica e outros. “São cursos específicos
que não existem no mercado edu-
cacional e que foram criados espe-
cialmente para atender a demanda
da Iveco. Queremos profissionais
que façam carreira na montadora e
que, no futuro, sejam nossos novos
gestores”, enfatiza a diretora de Re-
cursos Humanos da empresa, Ionara
Pontes.
Para atrair a atenção dos estudan-
tes, a Iveco disponibilizou 60 vagas
– 20 para cada curso -, além de
uma bolsa mensal de R$ 2387,
sendo que a mensalidade da
pós-graduação é paga pela monta-
dora. Os cursos, que começaram
no dia 20 de setembro de 2011,
terão duração de 18 meses, com
seis horas diárias de aulas, que
somam 1.400 horas de aulas teó-
ricas e práticas e outras 600 horas
de On the job e Project Work. A ex-
pectativa da Iveco é absorver
100% das turmas, mas a contrata-
ção vai depender do desempenho
de cada um dos estudantes ao final
do curso. “Com esse processo, a
Iveco pretende identificar com
mais precisão o profissional que
tem vocação para preencher os re-
quisitos que procura e, muitas vezes,
não encontra no mercado”, aponta.
Um deles é Anderson Ribeiro Veloso,
formado em Engenharia Ambiental
pelas Faculdades Santo Agostinho,
de Montes Claros, em 2010. Aos
29 anos, ele está entusiasmado
pelo curso. “No último ano da fa-
culdade de Engenharia, eu já tinha
colocado como meta profissional
iniciar minha carreira como trai-
nee. Por isso li muito a respeito
dos programas”, lembra.
Mas ele tinha obstáculos. Um
deles é que não dominava o
idioma inglês e também não
tinha experiência no exterior.
Depois da formatura, ele pediu
demissão do trabalho e fez inter-
câmbio na Irlanda. Ao retornar
ao Brasil, recebeu o e-mail da
Iveco e decidiu encarar o desafio
de se qualificar ainda mais para
fazer parte da montadora.
Anderson Ribeiro Veloso,
formado em Engenharia
Ambiental estudou inglês
no exterior para se
qualificar e depois decidiu
encarar o desafio para
fazer parte da montadora.
CARREIRA | TRAINEE
33
Para Veloso, o próprio nome do
Programa - Start!, Especialização e
Carreira - já resume muita coisa.
“Realmente o programa é robusto
e muito completo, pois está permi-
tindo ao longo do tempo uma
imersão de forma suscinta em di-
versas áreas da organização, fa-
zendo com que o trainee tenha
um conhecimento de toda a
cadeia produtiva da empresa,
desde os fornecedores até o
cliente final”, enfatiza.
O futuro é promissor, inclusive
para a possibilidade de ter uma
carreira internacional, outra meta
do engenheiro. “O maior ponto
positivo do programa Start!, o que
o difere da maioria dos outros no
país, é o fato de recebermos uma
especialização, antes mesmo de
entrarmos na empresa, no meu
caso estou cursando Engenharia
de Manufatura, com 1.400
horas/aula em 10 meses (tempo
integral), ministradas na PUC de
Sete Lagoas. Somente após este
período, é que faremos on the job
na Iveco por 8 meses, com a
o p o r tunidade de apl icarmos
o s conhecimentos adquiridos
durante a especialização”, comenta.
Até o dia 3 de julho, haviam 2,7 mil
candidatos inscritos para concor-
rer às 30 vagas abertas para o
Programa de Trainee da Samarco
Mineração. Essas colocações são
direcionadas para profissionais
formados entre junho de 2010 e
agosto de 2012, nos cursos de
Geologia/Engenharia Geológica,
Engenharia Mecânica, Engenharia
Elétrica, Engenharia de Minas, En-
genharia Metalúrgica, Engenharia
Civil, Engenharia de Automação,
Engenharia de Produção e En-
genharia Química.
De acordo com a analista de RH
da empresa e ex- participante do
Programa, Luciana Pimenta, a
Samarco conduz um apurado pro-
cesso de triagem para escolher os
profissionais. Além de provas on-
line de Inglês e raciocínio lógico,
há dinâmicas de grupo e painéis de
negócio onde eles são apresenta-
dos aos gestores da companhia.
De forma geral, o que a Samarco
deseja no seu quadro de funcioná-
rios são jovens profissionais com
conhecimento técnico específico
das engenharias que podem atuar
no negócio e, ainda, comporta-
mento coerente com a cultura e
os valores da empresa.
A admissão está prevista para se-
tembro. Uma vez empregados, eles
participam de um programa in-
terno de desenvolvimento com
duração de um ano, na área em
que se graduou. “Da edição reali-
zada há quatro anos, cerca de 80%
dos participantes continuam na
empresa, o que confirma que o
nosso programa atende ao seu ob-
jetivo”, argumenta. Critérios bem
definidos e regras claras são o que
mantém a confiança dos jovens na
possibilidade de construir uma
carreira de sucesso em uma das
empresas mais tradicionais do
setor mineral brasileiro.
Diferente de outros programas, o
da Samarco não se concentra ape-
nas em jovens que pretendem se-
guir a carreira gerencial. “Aqui
temos espaço para aqueles que
querem ser técnicos também”,
afirma a analista.
Todos os trainees da Samarco têm
tutores que os acompanham du-
rante o Programa que são gesto-
res ou técnicos da companhia.
Para Luciana Pimenta, esse auxílio
é precioso para a adaptação do
novo profissional. O salário com-
patível com o mercado é outro
fator atrativo.
Anderson Ribeiro Veloso
O maior ponto positivo do
programa é o fato de
recebermos uma
especialização, antes mesmo
de entrarmos na empresa,
com 1.400 horas/aula
em 10 meses ministradas
pela PUC - Sete Lagoas.
“
“
Iº SEMINÁRIO MOBILIDADEURBANA: DESAFIOS E PROPOSTAS
34
A Sociedade Mineira de Enge-
nheiros (SME) e a Associação
Comercial e Empresarial de
Minas (ACMinas) realizaram, no
último dia 3 de agosto, o 1º Seminá-
rio Mobilidade Urbana: Desafios
e Propostas. O evento foi reali-
zado no auditório da ACMi-
nas e presidido pelo Secretário
de Política Nacional de Transpor-
tes do Ministério dos Transpor-
tes, Marcelo Perrupato. O
seminário contou com a partici-
pação de mais de 200 convida-
dos entre personalidades e
representantes do setor.
Os principais temas abordados
no Seminário que teve duração
de quase cinco horas foram:
“Cenário Atual da Ferrovia
Centro Atlântica no contexto
nacional e projetos para Minas
Gerais” proferido pelo coor-
denador de relações institucio-
nais da Ferrovia Centro
Atlântica (FCA), José Osvaldo
Cruz. Outros dois assuntos de
destaque foram sobre os
temas “Metrô leve – uma solu-
ção para a RMBH”, tendo
como palestrante o diretor
comercial da Construtora
Queiroz Galvão, Berilo Torres
e “Mobilidade Urbana e a Im-
plantação do Trem Metropo-
litano de Belo Horizonte”,
palestra ministrada pelo eco-
nomista João Luiz da Silva Dias.
Para o Presidente da Sociedade
Mineira de Engenheiros, Ailton
Ricaldoni, o seminário retratou a
realidade do que é mobilidade
em Belo Horizonte. “Portanto,
quando nos propusemos a discu-
tir esse tema tão importante nos
dias de hoje, queríamos fazê-lo
dentro dessa grande teia que é a
vida urbana moderna. Por isso,
procuramos reunir especialistas
no assunto, gestores, empresá-
rios; profissionais de engenharia
e arquitetura interessados no
tema” , observa .
De acordo com Ailton Ricaldoni,
“pensar em mobilidade urbana
é, portanto, pensar como se or-
ganizam os fluxos na cidade. É
necessário garantir que o em-
presário, o estudante, a dona de
casa, o trabalhador, as crianças,
os idosos, a população de forma
geral, tenham acesso ao que a
cidade oferece. Quando digo
isso, pode parecer simples, mas
não é”.
Segundo o presidente da SME , “
é tempo de refletir e agir para
que os avanços e as dificuldades
na vida urbana sejam debatidos e
propostas sejam apresentadas”.
A contribuição da sociedade,
observa, “é para que decisões
sejam tomadas rumo a uma ci-
dade mais integrada, com qua-
lidade de vida, capaz de
oferecer mobilidade com con-
forto e segurança”, conclui.
Presidente da SME,
Ailton Ricaldoni
Entidades abrem debate sobre mobilidade na RMBH
EVENTO | SOLUÇÕES PARA MOBILIDADE PARA RMBH
35
Alexandre Silveira João Luiz da Silva Dias Berilo Torres
Sérgio Prates, Cléo Vaz e José AparecidoMais de 200 pessoas participaram do seminário no
auditório da ACMinas
Marcelo Perrupato, Charliston
Moreira e José CoutinhoJosé Osvaldo Cruz Marcelo Perrupato
Realização Apoio Patrocínio
36
Aos 22 anos, a estudante do sexto
período do curso de engenharia
de Energia da Pontifícia Universi-
dade Católica de Minas Gerais
(PUC Minas), Fernanda Rabelo
Souza, será a primeira enegnheira
de sua família, que mora em Car-
mópolis de Minas. Por isso, está
aproveitando esse estágio da sua
formação para ingressar no mer-
cado. A seu favor, ela tem um mo-
mento ímpar da economia. O que
abre vagas para programas de es-
tágio cada vez mais arrojados.
Atualmente, está fazendo está-
gio na Arcellor Mital. O pro-
grama com duração de seis
meses tem possibilitado a ela
conhecer áreas importantes da
empresa como a divisão de
projetos, aprender a lidar com
situações difíceis e ter em
mente que ela é parte do pla-
nejamento estratégico da com-
panhia. “A minha visão do
mercado está diferente”,
afirma.
Logo que começou a estudar, ela
já sentiu a necessidade de conhe-
cer o mercado. No segundo ano
da universidade, ingressou na Fun-
dação Estadual de Meio Ambiente
(FEAM) e, depois, conseguiu uma
vaga para fazer estágio no CREA-
MG. “Nessa época, eu frequentava
os seminários e palestras da So-
ciedade Mineira de Engenheiros
(SME) para interagir com o mer-
cado. Acabei conhecendo muitos
profissionais do setor e sinto-me
privilegiada por ter conseguido
estágios tão variados e positivos
para a minha carreira”, ressalta.
Para a estudante, confrontar o
conhecimento teórico de sala de
aula com a prática de empresa
multinacional conhecer profis-
sionais de diferentes perfis e car-
gos é aquele tipo de experiência
imperdível para uma estudante
universitária. Esse contato tem
feito com que ela tenha contato
com a realidade do mercado e
com o tipo de profissional que as
Construir uma carreirade sucesso começa na universidade
NOVOS ENGENHEIROS | FERNANDA RABELO SOUZA
37
Desenvolver habilidades e
competências como o
espírito empreendedor e
cooperativo são essenciais
para quem busca uma
carreira de sucesso.
““
companhias procuram para in-
gressar no seu quadro de funcio-
nários. “Como estudantes, não
sabemos quais as características
que devem ser desenvolvidas
para ingressar e se manter em
uma empresa como a Arcellor
Mital, por exemplo”, define.
Enquanto se divide entre a PUC
Minas e o estágio, Fernanda Souza
alimenta as melhores expectativas
em relação ao mercado de traba-
lho da sua área. “O aumento da
demanda por energia tem cres-
cido ano a ano e vemos que as
fontes energéticas alternativas
estão em pleno desenvolvimento,
o que eleva, também, a necessi-
dade de aumentar o número de
profissionais que atuam na área”,
argumenta.
O contato com o mercado tem
rendido maior compreensão do
curso de Engenharia de Energia.
Para ela, essa é uma área promis-
sora porque leva aos estudantes
uma visão integrada, com conhe-
cimentos em diversas áreas.
Mas isso não é tudo. O futuro
profissional, também. tem um
papel a cumprir e a estudante
sabe disso. Desenvolver habilida-
des e competências como o espí-
rito empreendedor e cooperativo
são essenciais para quem busca
uma carreira de sucesso.
Na mesma linha, é preciso conhe-
cer e pactuar com a proposta de
desenvolvimento sustentável para
se alinhar ao mercado da Enge-
nharia. “Essa não é uma trajetória
fácil, mas tenho orgulho do que
tenho conseguido até agora”, con-
sidera. Sobre aquele antigo mito
de que engenharia não combina
com mulheres, ela tem a convic-
ção de que a carreira é também
para elas. “O mercado tem con-
tratado mulheres. As característi-
cas femininas de trabalho e gestão
têm sido valorizadas também
pelas empresas do segmento”,
conclui.
Fernanda Rabelo Souza
Um tipo inovador de
construção que utiliza
módulos semelhantes
a contêineres feitos
com concreto especiais, um sistema
de Coleta e Descarte de Óleo de
Cozinha, telhas em PVC e de fibras
vegetais, produtos que podem ser
facilmente reciclados. Completando,
a famosa “Praça do Concreto” com
diversas soluções urbanas que usam
esse insumo, a Casa Design e,
ainda, softwares que revolucio-
nam os processos e resultados das
empresas.
Esses foram apenas alguns dos
destaques da edição 2012 da Feira
Internacional da Construção que
reuniu mais de 300 expositores
do Expominas e resultou em
R$ 95 milhões em negócios, em
quatro dias de evento. Em visitan-
tes foram 34 mil.
Visitar uma feira de setor, seja
como mero expectador, curioso
ou, ainda, como profissional da
área, é uma oportunidade ímpar
para conhecer novidades. No
caso da indústria da construção,
os produtos e serviços apresen-
tados na Construir Minas este
ano têm seguido a tendência de
construção sustentável.
A engenheira e urbanista formada
pela Fumec, em 1993, e coordena-
dora do MBA Edifícios Sustentá-
veis: Projeto e Performance,
lançado em abril deste ano pela
mesma instituição, Cristiane La-
cerda, afirma que este é o mo-
mento para que as empresas se
alinhem com essa tendência
para a qual não há possibilidade
de retrocesso. “Dentro de 5 ou
10 anos, as gestões hídrica e
energética já serão leis. Então, se
as empresas se preparam com
antecedência, não sofrerão gran-
des impactos para fazer as mu-
danças rapidamente”, observa.
Mas o que é construção sustentá-
vel? Em primeiro lugar, sustentabi-
lidade significa a mitigação de
impactos. Levar esse conceito
para esse ramo de negócios se dá
pela tomada de decisões que re-
sultem em qualidade/durabilidade
sem gerar prejuízos para o meio
ambiente.
Outra vertente refere-se à sele-
ção de materiais que serão usados
em cada projeto, não apenas pelo
seu resultado final, mas pela
observação da cadeia produtiva.
No caso da madeira certificada,
por exemplo, se as empresas se
preocupassem em saber a proce-
dência do material, com certeza
evitariam grande parte do desma-
tamento da Amazônia. Da mesma
forma, se um produto, por mais
econômico que seja, usa artifícios
como trabalho escravo ou infantil,
não há o que justifique a sua com-
pra e uso em um projeto.
A sustentabilidade em construção,
não está apenas no mercado, mas
dentro das empresas, a partir da
adoção de novos processos. “Me-
lhor que demolir é desconstruir e
dar uma destinação final correta
para os produtos”, aponta. Na
mesma linha, melhor usar o “lava
rodas” na saída dos canteiros que
“transportar” poeira para o res-
tante da cidade.Todas essas deci-
sões devem gerar ganhos para a
empresa, o que é justo, mas tam-
bém para a cidade e para a popu-
lação em geral.
Multidisciplinar, essa modalidade
da Engenharia reúne profissionais
como engenheiros ambientais, quí-
38
CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE
Construção sustentável é incorporada pela indústria
usadas para a automação dos edifícios, evitando
desperdício de energia elétrica e de água, “São fer-
ramentas que devem ser usadas com inteligência e
a nosso favor”, completa.
A construção sustentável não é um pacote fe-
chado que contém todas as soluções, mas um
processo contínuo de melhoria. Por isso, as
obras, mesmo depois de concluídas, devem abrir
possibilidades para o aprimoramento. Atual-
mente, o uso de painéis fotovoltaicos ainda é
bastante oneroso. No entanto, em alguns anos,
essa tecnologia estará mais acessível.
Cabe aos profissionais se lembrarem de que essas me-
lhorias terão que ser feitas em algum momento. “Se a
empresa e/ou profissional vai construir que faça certo
da primeira vez. Normalmente, quem constrói não é
quem usa o imóvel que acaba se tornando uma
herança ruim para a cidade. A qualidade dessa herança
tem que mudar”, desafia a professora.
Cristiane
Lacerda,
engenheira
e urbanista,
coordenadora
do MBA
Edifícios
Sustentáveis
micos e arquitetos, entre outros. Segundo a pro-
fessora, no caso específico da Bioarquitetura, é im-
prescindível usar as características climáticas do
local - sol e ventilação natural - a favor do projeto,
para evitar a construção de edifícios que já “nas-
cem” doentes. “Tudo isso deve ser definido no es-
tágio processual, ou seja, no início do projeto”,
lembra.
O que se pretende com a construção sustentá-
vel é justamente resgatar o que se chama de boa
engenharia e boa arquitetura. Mas sem radicalis-
mos, já que as tecnologias existentes podem ser
Os novos projetos já estão incor-
porando diferenciais como o reuso
da água de chuva para limpeza da
área externa, irrigar os jardins ou
mesmo para os sanitários. No que-
sito energético, a otimização do re-
curso por meio de edifícios
eficientes ou mesmo a adoção de
matrizes alternativas e limpas como
a eólica e a solar estão na pauta do
dia. Se o projeto é urbanístico, deve-
se pensar em cidades sustentáveis
que tenham habitações e infraestru-
tura bem constituídas. A mobili-
dade também é um quesito a ser
observado. Em suma, independente
da obra, tudo deve ser pensando
para aumentar a eficiência e reduzir
gastos, mesmo porque o recurso
dos usuários para operar um em-
preendimento varia. “A lógica é di-
ferente porque o se pretende é
investir mais no curto prazo para
ter benefícios a médio e longo pra-
zos”, ressalta.
Há quem alegue que os produtos e
serviços ecológicos são mais caros
que os tradicionais. Essa é outra
mudança a ser conduzida pelos
profissionais da indústria da cons-
trução e, depois, pelos consumido-
res. “Se poucas pessoas compram
um produto, ele é mais caro. Se
muitas compram, aumenta a produ-
ção em escala e o preço cai invaria-
velmente”, analisa.
Embora seja o quarto lugar mun-
dial em construções sustentáveis,
o número de projetos do gênero,
no Brasil, corresponde a 1% do
que é feito nos Estados Unidos
(EUA). “A disparidade ainda é
muito grande. O Brasil ainda está
no papel de observador para ver
onde essa história de construção
sustentável vai chegar”, explica.
No entanto, os consumidores já
estão mais atentos em relação aos
produtos sustentáveis, aceitando, in-
clusive, que eles são mais caros. Cer-
tificações como a ISO 9001, ISO
14001 e a certificação de segurança
do trabalho são diferenciais que
agregam valor aos projetos. “Há pes-
quisas que demonstram que os pro-
dutos sustentáveis vendem mais
rápido, principalmente no caso de
empreendimentos que serão aluga-
dos. Uma empresa que ocupa um
“Green Building” agrega valor a sua
marca”, avalia.
Belo Horizonte segue a tendência
do Brasil no que se refere a cons-
truções sustentáveis. Há mais cons-
trutores observando esse movi-
mento que aplicando essa nova ten-
dência. “Quando o Estado se decidir,
com certeza vai se destacar no ce-
nário nacional”, provoca.
Não faltam incentivos para os cons-
trutores. Em junho deste ano, a Pre-
feitura de Belo Horizonte (PBH),
por meio da Deliberação Norma-
tiva nº 66/2009 do Conselho Muni-
cipal de Meio Ambiente (Comam),
que estabeleceu as medidas de sus-
tentabilidade e de combate às mu-
danças climáticas, e a Portaria da
SMMA 06/2012, que estabeleceu os
critérios e parâmetros para a con-
cessão dos selos.
Daí foi instituído o Programa de
Certificação em Sustentabilidade
Ambiental, chamado Selo BH Sus-
tentável, destinado aos empreendi-
mentos públicos e privados da
capital. De acordo com o enge-
nheiro civil formado pela UFMG
em 1976 e gerente de Planeja-
mento e Monitoramento Ambiental
da SMMA, Weber Coutinho, o pro-
grama traduz uma política pública
que pretende incentivar os cons-
trutores a adotarem medidas que
contribuam para a redução do con-
sumo de água, energia, de emissões
diretas de gases de efeito estufa,
bem como a geração de resíduos
sólidos pelos empreendimentos.
Os empreendimentos certificados
receberão o selo nas modalidade
Ouro, Prata ou Bronze. Para tanto, é
preciso obter 100 pontos, com as
medidas de sustentabilidade adota-
das. Basicamente, isto se resume no
Há pesquisas que demonstram que os
produtos sustentáveisvendem mais rápido,principalmente no
caso de empreendi-mentos que serão alugados. Uma
empresa que ocupaum “Green Building”
agrega valor asua marca.
40
CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE
“
“
alcance dos índices de redução de
consumo de 25% para energia e de
30% para água, e, ainda, de redu-
ção/reciclagem de 70% de resíduos
sólidos. Para os empreendimentos
que emitem diretamente gases de
efeito estufa, o índice de
redução/compensação mínimo a
ser atingido é de 80%.
Os primeiros empreendimentos
existentes que já receberam o
selo BH Sustentável foram: Aterro
Sanitário da BR 040 – SLU /Con-
sórcio Horizonte ASJA, Hotel
Quality Afonso Pena, Hotel Caesar
Business, Edifício Sede da FIEMG,
Edifício Sede da TV Globo Minas,
Edifício Sede da Cowan, Edifício
Residencial Moacyr de Figuei-
roa – Campo Engenharia, Condo-
mínio Edifício Comercial Raja Hills
e, ainda, o Centro de Educação
Ambiental do PROPAM.
Os empreendimentos em projeto
que tiveram suas propostas apro-
vadas para futura certificação são
o Hotel Lavras 150 – MASB, Edi-
fício Comercial PRIME SAVASSI,
Construtora Ferreira Miranda e
Edifício Residencial Villa Real,
Construtora Diniz Camargos. “
No caso do selo BH Sustentável, a
certificação é de resultados, isto é,
a adoção de processos que contri-
buam para a sustentabilidade
do empreendimento, através
da eficientização dos consumos de
energia e de água, e, ainda, da ges-
tão dos resíduos sólidos e da re-
dução direta das emissões dos
gases de efeito estufa”, explica.
Os construtores que querem ter
projetos certificados, seja com a
realização de retrofits e/ou pela
inclusão de dispositivos de susten-
tabilidade podem consultar o site
www.cesa.pbh.gov.br, onde obterão
as informações complementares
sobre esse processo de inscrição.
De acordo com Coutinho, a cons-
trução sustentável é um movi-
mento que está iniciando agora
em Belo Horizonte. Prova disso é
que, foram os 12 empreendimen-
tos já certificados pela PBH há ou-
tros três certificados com o selo
Procel e alguns em processo de
certificação com o selo LEED,
do Green Building Council Brasil.
A expectativa é positiva. “A médio
prazo, espera-se que essa política
seja incorporada definitivamente
pelo setor da construção civil da
cidade”, adianta. Ainda conforme
o gestor, a adoção da sustentabili-
dade nos projetos de engenharia
Weber Coutinho, engenheiro
civil e gerente de Planeja-
mento e Monitoramento Am-
biental da SMMA
41
Empreendimentos Certificados
• Edifício Sede TV Globo Minas • Edifício Sede FIEMG • Hotel Quality Afonso Pena• Hotel Caesar Business• Edifício Comercial Raja Hills • Edifício Residencial Moacyr Figueiroa• Edifício-sede Cowan• Aterro Sanitário BR-040 - SLU• Centro de Educação Ambiental do PROPAM-PBH.
Edificações novas com laudo aprovado para certificação
• Hotel Lavras 150• Edifício Comercial Prime Savassi • Edifício Residencial Villa Rica.
Selo BH Sustentável
e arquitetura somente será assimilada pelo setor com
a avaliação do custo-benefício, ou seja, quando os pro-
jetistas mostrarem para os empreendedores e inves-
tidores que o tempo de retorno desse tipo de
investimento é economicamente viável.
A atuação do poder público vai além da certifica-
ção, como explica Coutinho. Através de leis, é pos-
sível exigir a incorporação de medidas sustentáveis
nos projetos de engenharia e, também, de incenti-
vos fiscais. Já a certificação, pontua Coutinho, é o
reconhecimento perante a sociedade.
A resposta do setor a essa mudança é positiva.
De acordo com o vice-presidente da área de Materiais,
Tecnologia e Meio Ambiente do Sindicato da Indústria
da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG),
Geraldo Jardim Linhares Júnior, a aplicação de sistemas
construtivos e o uso de materiais que reduzem o im-
pacto sobre o meio ambiente são uma tendência que
o setor já conhece. No entanto, a questão está mais na
concepção dos projetos que na escolha dos insumos.
“Essa concepção nasce na cabeça de quem idealiza o
empreendimento. Mas é preciso lembrar que ele deverá
ser comercializado e que as pessoas pedirão argumen-
tos para fazer a escolha por esse produto”, ressalta.
O que falta, então? Para o dirigente, que o mercado
absorva de fato esse conceito que tem vertentes
ambiental e social mas, também, econômica. Por isso,
os projetos que pretendam ser sustentáveis devem
ser mais flexíveis para a incorporação de novas tec-
nologias. “Hoje já é possível administrar o consumo
de energia com sensores. As placas de aquecimento
solar são uma realidade, assim como o reuso da água
e a captação da água da chuva”, exemplifica.
Mas essa tecnologia não pode ser para poucos, como
se fosse um artigo de luxo. Na verdade, o produto
sustentável ainda é mais caro que o tradicional e o
aumento do uso desses produtos só acontecerá.
De fato, quando os consumidores entenderem que,
além de bem-estar e qualidade de vida, o prédio sus-
tentável gera riqueza futura para o proprietário.
No caso de empreendimentos comerciais, garante
Geraldo Júnior, é ainda mais fácil perceber essa lógica
já que o valor do condomínio é menor. “Precisamos
conscientizar os atores da cadeia produtiva”, considera.
No entanto, reconhece o dirigente, os consumidores
ainda buscam produtos imobiliários que caibam no
bolso. O preço do empreendimento é o que fala mais
alto na hora da compra e, por outro lado, as empresa
também têm que gerar lucro. Nas classes populares, essa
visão é ainda mais clara porque a prestação do financia-
mento não pode inviabilizar o pagamento das outras
contas da família. No entanto, a captação de água da
chuva é feita desde 2004 em conjuntos habitacionais.
“As pessoas têm que entender que sustentabilidade é
para todos”, reafirma. Quanto ao setor, o atual mo-
mento é propício para a qualificação das empresas que
experimentam lucratividade menor que em 2008 e
2009, mas já compreenderam que desperdício e re-
trabalho são fatores que comprometem ainda mais o
resultado das companhias.
42
CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE
Um investimento da indústria
O Sistema FIEMG acredita que uma indústria sustentávelse constrói através da competitividade, da inovaçãoe da responsabilidade. Ser sustentável é ser competitivo. É produzir mais e melhor. É conquistar o mercado global e se preparar para um mundo cada vez mais exigente. Ser sustentável é ser inovador. É investir em novas tecnologias. É incentivar estudos e pesquisas para o desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços. Ser sustentável é ser responsável. É fazer da economia verde e da preservação da natureza uma realidade. É buscar processos de produção cada vez mais limpos. É promover a educação em todos os níveise lugares. É investir em cultura, esporte, saúde e lazer. A sustentabilidade é assim: está na maneira como pensamos o mundo. No caminho que escolhemos para a nossa indústria.
Indústriasustentável.Este é o nossocompromisso.
44
Entre os dias 27 e 30 de junho,
Belo Horizontes foi a capital na-
cional da indústria da constru-
ção. Depois de 10 anos, a capital
voltou a sediar o Encontro Na-
cional da Indústria da Constru-
ção (ENIC), na sua 84ª edição. A
programação incluiu, também,
dois eventos paralelos que já en-
traram para o calendário do
setor no Estado: a Feira Interna-
cional da Construção (Construir
Minas 2012) e o 9º Encontro
Unificado da Cadeia Produtiva
da Indústria da Construção
(Minascon 2012), realizados
no Expominas.
O resultado foi um sucesso, com
2 mil inscritos para o ENIC con-
feriram palestras sobre diversos
temas que compõem o dia a dia
da indústria da construção. O
evento é uma promoção da Câ-
mara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), com a reali-
zação do Sindicato da Indústria
da Construção Civil de Minas
Gerais (Sinduscon-MG) e o Sin-
dicato da Indústria da Constru-
ção Pesada de Minas Gerais
(Sicepot-MG) com patrocínio
do Plano de Amparo Social Ime-
diato (PASI), Gerdau, Companhia
de Desenvolvimento Econômico
de Minas Gerais (Codemig),
Caixa Econômica Federal (Caixa)
e Confederação Nacional da
Indústria (CNI).
A cerimônia de abertura do
ENIC, no Palácio das Artes, reuniu
autoridades, gestores e empresá-
rios da indústria da construção. O
presidente da CBIC, Paulo Safady
Simão, falou sobre a importância
do segmento para a economia na-
cional e reivindicou a desonera-
ção da folha de pagamento das
empresas, como medida que pode
fortalecer ainda mais a cadeia
produtiva.
MERCADO | CONSTRUÇÃO
ENIC / Minascon movimenta cadeia produtiva do setor na capital mineira
Atualmente, a indústria da construção responde por
mais de 10% dos empregos formais no Brasil, per-
centual que pode aumentar ainda mais com o au-
mento da demanda por obras de infraestrutura para
preparar as cidades para eventos como a Copa do
Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No
entanto, a velocidade com que os investimentos têm
sido feitos está aquém. Das metas estipuladas para
o Ministério dos Transportes, menos de 20% foram
atingidas após cinco meses.
Simão destacou, ainda, que a abordagem de três
temas principais - inovação, sustentabilidade e desen-
volvimento das cidades – foi apropriada para o atual
momento do setor, que experimenta crescimento su-
cessivo. “Estamos em ano eleitoral e a nossa meta é
contribuir , com um documento oficial do setor que
apresente ferramentas para que os candidatos a pre-
feito tenham mais cuidado ao fazer o planejamento
urbano das cidades agradáveis para viver e sustentá-
veis dos pontos de vista ambiental e social”, enfatiza.
Mais que isso, as reuniões das comissões técnicas
possibilitaram amplo debate sobre as questões do
dia a dia da atividade que experimenta diversos de-
safios. “As empresas têm que ser sustentáveis do
ponto de vista financeiro também”, lembra.
De acordo com presidente do Sindicato da Indús-
tria da Construção Civil no Estado de Minas Ge-
rais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires, o ENIC
é o evento do setor que consegue reunir todos
os atores que decidem sobre a construção brasi-
leira, desde construtoras, representantes dos po-
deres públicos, clientes e entidades de
financiamento para um debate contínuo sobre a
atividade, já que as comissões técnicas permanen-
tes da CBIC, e também do Sindicato, continuarão
debatendo e estudando esses temas que se con-
figuram como desafios para o segmento até o
próximo ano, quando o encontro acontecerá em
Fortaleza.
“O nível das palestras e eventos técnicos foi
muito alto. Tenho a convicção de que conseguimos
debater assuntos de grande interesse para o
nosso segmento em profundidade”, reafirma.
Nesse sentido, o objetivo do ENIC foi cumprido,
como destaca o dirigente, já que as empresas e
profissionais participantes saíram do evento com
informações suficientes para assegurar o bom an-
damento do setor.
45
Paulo
Safady Simão,
presidente
da CBIC
Luiz Fernando
Pires, presidente
do Sinduscon-MG
46
Já o presidente do Sicepot-MG, Alberto José Salum,
reforçou a importância dos agentes discutirem
questões para tornar o setor de construção um ele-
mento ainda mais importante na geração de rique-
zas no país. “O evento abre espaço para a discussão
dos problemas atuais e para traçarmos uma linha de
ação para o futuro da atividade”, enfatiza.
No caso da construção pesada, os temas abordados
são de grande interesse. Entre eles estão o Plano de
Aceleração do Crescimento
(PAC), a lei da terceirização
e o cuidado com o meio am-
biente, que são problemas
inerentes ao segmento.
“Hoje há recursos, mas de-
sarticularam o Ministério do
Transporte nos modais
ferroviário e rodoviário, o
que comprometeu a atuação
do nosso setor. A infraestru-
tura está sem aportes condi-
zentes com as obras de infraestrutura que devem
ser feitas para dar suporte ao momento econômico
nacional”, completa.
Para o dirigente, ainda permanece a dicotomia entre
o impacto de uma obra de infraestrutura e os bene-
fícios que ela pode trazer para uma cidade ou Estado.
“Esses projetos geram progresso e o país demanda
isso”, considera.
Destaques
Um momento importante do evento que contou
com palestrantes como o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, o ex-ministro Mailson da Nó-
brega e o cineasta Arnaldo Jabor, foi o lançamento do
Seguro Garantia de Entrega de Obra, desenvolvido
pelo Núcleo de Seguros da CBIC, é destinado à in-
corporação imobiliária e considerado uma inovação
no mercado de seguro garantia, por meio da parceria
entre a CBIC e a Essor Se-
guros. Segundo a entidade, o
seguro foi criado com o ob-
jetivo de mudar o cenário
atual do mercado de imó-
veis comercializados na
planta. Nessa linha, assegura
a entrega da obra dentro do
prazo acordado em con-
trato.
Entre as coberturas dese-
nhadas se destacam a fiscalização e o acompanha-
mento permanente da construção segurada,
prevenção e qualidade em longo prazo, mapeamento
e solução das principais causas de sinistros, análise de
risco com foco na viabilidade do empreendimento
além da padronização documental das etapas do em-
preendimento. Cerca de 800 corretores habilitados
em todo o Brasil começaram a oferecer o produto a
desde 1º de julho.
MERCADO | CONSTRUÇÃO
Alberto José Salum,
presidente do
Sicepot-MG
Diversas paletras foram ministradas por personalidades de destaque como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
47
O ENIC também apresentou ferra-
menta desenvolvida pelo Serviço So-
cial da Indústria da Construção Civil
no Estado de Minas Gerais (Seconci-
MG) que vai facilitar a percepção da
segurança no planejamento e cons-
trução de empreendimentos com
base na na Norma Regulamentadora
Nº 18 (NR 18), do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
Com o software Segcon, empresários,
engenheiros e técnicos vão utilizar as
exigências legais para estabelecer o
plano de execução das obras, com
sistemas de controle voltados para a
segurança no ambiente de trabalho.
As construtoras devem adotar prá-
ticas e condutas preventivas que
minimizem os riscos de acidentes.
A norma estabelece diretrizes dife-
rentes para cada tipo de atividade, do
treinamento admissional até traba-
lhos de escavação, o acesso a
informações rápidas sobre os requi-
sitos legais pode aumentar a produ-
tividade, além de evitar penalidades.
O processo consiste na alimenta-
ção de um banco de dados com as
características de cada obra e o
Segcon identifica quais são os graus
de exigência referentes à segurança
e ao ambiente de trabalho dos fun-
cionários. O profissional marca os
itens contemplados frente ao que
a legislação determina e quando há
uma diretriz não obedecida, o sis-
tema informa o valor da multa e as
sanções previstas.
As diferenças regionais do Brasil têm
motivado o desenvolvimento de três
projetos ideais para imóveis do Pro-
grama Minha Casa Minha Vida
(PMCMV) para as macrorregiões Sul
e Sudeste, Centro-Oeste e Norte e,
ainda Nordeste, buscando flexibilizar
as exigências do projeto governa-
mental e melhorar o nível de eficiên-
cia dos empreendimentos.
As propostas levam em considera-
ção a disponibilidade de materiais e
a sustentabilidade nas edificações.
A Caixa Econômica Federal, respon-
sável pela operacionalização do
PMCMV, determina alguns requisitos
e características para que os imóveis
possam ser inseridos no principal
projeto de habitação popular do país.
Outro ponto da discussão foi a regra
que estabelece aquecimento solar
nas residências. A medida tem im-
pacto econômico nas regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste. Mas seu
efeito é restrito no Norte e Nordeste
porque, devido às altas temperaturas,
os moradores já têm hábito de tomar
banhos frios.
Além da mudança em alguns re-
quisitos, o painel também debateu
aplicações que podem ser incor-
poradas a esses imóveis. Uma é o
uso de janelas que só abrem pela
metade, já que a outra é uma per-
siana, o que reduz a área de ilumi-
nação dos cômodos. A cor das
tintas também foi tema discutido.
A possibilidade de incorporar aos
imóveis do PMCMV os painéis foto-
voltaicos, que transformam energia
solar em energia elétrica para o uso
em eletrodomésticos, é outra alter-
nativa a ser estudada. Com a nova re-
gulamentação da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), os usuá-
rios poderão produzir energia a par-
tir dos raios solares durante o dia e
exportar para rede e à noite ou em
dias nublados ele importaria da rede.
A quantidade disponibilizada para o
sistema será debitada do consumo.
Divulga
ção
Constru
ir Mina
s - 8
4º EN
IC - B
H
o, o ex-ministro Mailson da Nóbrega, o cineasta Arnaldo Jabor e o arquiteto Gustavo Penna, entre outros.
48
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
firmará acordo com a Agência Nacional de Energia
Elétrica ( Aneel) e a Câmara Brasileira da Indús-
tria da Construção (CBIC) para o lançamento do
Manual Operacional que regulamenta os procedi-
mentos e prazos para implantação das infraestru-
turas de energia nos empreendimentos do
PMCMV. “Queremos diminuir os descompassos”,
comentou a diretora do Departamento de Infra-
estrutura Social do Ministério do Planejamento,
Maria Fernanda Caldas. A iniciativa também deverá
ser adotada para diminuir gargalos com cartórios,
concessionárias de saneamento e prefeituras.
Quanto ao uso racional da água nas residências, a evo-
lução do setor é fato incontestável. Na década 1990 a
indústria tem apresentando soluções. Até 1998, a des-
carga dos vasos sanitários utilizava 12 litros de água.
Em 2000, elas passaram a usar 9 litros, e, a partir de
2002, definiu-se a meta para algo entorno de 6 litros.
A inserção das pessoas com deficiência na cons-
trução civil também foi tema abordado durante
o 84º ENIC, por meio da apresentação do Es-
tudo de Viabilidade para Inserção Segura de Pes-
soas com Deficiência na Construção Civil, feito
por médicos e representantes do Serviço Social
da Indústria da Construção Civil de São Paulo.
O projeto foi realizado em parceria com o Sin-
dicato da Indústria da Construção Civil do Es-
tado de São Paulo (Sinduscon-SP), e faz parte do
Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiên-
cia na Construção Civil.
Minascon
“O Minascon já faz parte do calendário da indús-
tria da construção civil no Estado. Essa foi a 9ª edi-
ção e, a cada ano, aumenta o número de pessoas e
de sindicatos que participam”, avalia o presidente
da Câmara da Indústria da Construção da Federa-
ção das Indústrias do Estado de Minas Gerais
( CIC-FIEMG) , Te o d o m i ro D i n i z Camargos.
A entidade é a realizadora do evento, em parceria
com Fagga l GL exhibitions e Tambasa Atacadistas.
Para o dirigente, o evento é completo pois auxi-
lia os profissionais da cadeia produtiva da cons-
trução a melhorarem seu nível de conhecimento.
O encontro de clientes e fornecedores possibi-
lita, ainda, agregar valor ao segmento, um dos de-
safios que a indústria enfrenta. “Atualmente,
compramos muitos produtos de outros estados
em vez de estimular a indústria mineira a produ-
zir ela mesma estes artigos”, afirma.
MERCADO | CONSTRUÇÃO
Premiação de projetos, palestras e workshops valorizaram a
Teodomiro
Diniz
Camargos,
presidente
da CIC-FIEMG
49
A programação do Minascon foi bas-
tante diversificada.Um dos destaques
foi a 1ª Rodada de Negócios do Setor
de Cerâmica de Minas Gerais, que
abriu espaço para o intercâmbio co-
mercial e apresentação de novos
produtos e tecnologias disponíveis
no mercado entre empresas âncoras
(construtoras, escritórios de arquite-
tura, etc) e fornecedores do ramo.
Entre os palestrantes do workshop
Análise do Ciclo de Vida dos Produ-
tos, Blocos e Telhas do Setor de Ce-
râmica de Minas Gerais, o engenheiro
ambiental e sócio-administrador da
ACB Brasil, Felipe Lion Motta, falou
sobre “Avaliação do Ciclo de Vida:
cobertura cerâmica x cobertura de
concreto”, por meio da apresentação
de resultados dos estudos de avalia-
ção do ciclo de vida dos materiais, a
partir do método que contabiliza o
impacto ambiental de produtos ou
serviços desde a extração dos recur-
sos até o descarte final.
“Esses estudos foram desenvolvidos
pela consultoria canadense Quantis
e mostram um contraponto entre os
impactos no uso de concreto e ce-
râmica através da avaliação do ciclo
de vida”, explicou o engenheiro.
Os resultados apresentados levaram
em consideração determinadas hi-
póteses, contextos e cenários para
que os fabricantes e consumidores
assimilassem melhor o conteúdo
para colocar em prática no seu dia
a dia profissional.
O presidente do Sindicato das In-
dústrias da Cerâmica para Cons-
trução e Olaria no Estado de Minas
Gerais (Sindicer) e vice-presidente
da Associação Nacional da Indústria
Cerâmica (Anicer), Ralph Luiz Per-
rupato apresentou um filme sobre
a sustentabilidade da cerâmica. “De-
finitivamente, é o material mais na-
tural, durável e sustentável que
existe, pois é feito de terra, água,
fogo e ar. A cerâmica é muito valo-
rizada no mercado externo, princi-
palmente o europeu e é utilizado
em 90% das residências”, comenta.
O Programa Expoforte, promovido
pelo Instituto Euvaldo Lodi – IEL, por
meio de seu Centro Internacional de
Negócios – CIN, em parceria com o
Banco do Brasil, reuniu mais de 25 em-
presas com compradores internacio-
nais de Porto Rico e do Panamá para
a troca de informações e negociação
de vendas de produtos brasileiros.
A Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP) promoveu o Pro-
grama Soluções para Cidades, colo-
cou as ciclovias em lugar de
destaque nos projetos de desenvol-
vimento urbano. O gerente regional
da entidade, Lincoln Raydan, disse
que o evento é benéfico por reunir
diversos representantes da cadeia
da construção. “A realização de
cursos e seminários dentro da pro-
gramação também é importante
para a difusão de novas tecnologias
nas empresas”, aponta.
A coordenadora do Programa Solu-
ções para as Cidades da ABCP,
Érika Mota, afirma que o grande de-
safio é pensar os diversos tipos de
transporte de forma integrada.
Uma das principais dificuldades en-
contradas pelos municípios é obter
recursos financeiros para a implan-
tação de projetos de mobilidade
urbana. Ela ressalta, porém, que isso
ocorre devido à falta de conheci-
mento técnico para a captação des-
ses recursos e não pela inexistência
de projetos. “É necessário formar
uma rede de cooperação entre as
esferas pública e privada para bus-
car soluções eficazes.”
m ainda mais a importância da interação do público com os diversos segmentos do setor.
Divulga
ção
Constru
ir Mina
s - 8
4º EN
IC - B
H
50
ART | A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENGENHEIRO
De acordo com a Lei Federal 6496 de 07 de
dezembro de 1977, todo contrato para prestação
de serviços por engenheiro, agrônomo,
geógrafo e meteorologista, seja ele
profissional autônomo ou com
vínculo empregatício, está su-
jeito à Anotação de Respon-
sabilidade Técnica - ART.
O documento deve ser preen-
chido e assinado pelo profissio-
nal e pelo seu contratante, para
registro no Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia - CREA da re-
gião onde os serviços serão executados.
Além de ser uma necessidade legal, o profissional,
ao registrar os projetos de sua autoria no CREA
ao longo da carreira, forma um acervo técnico de
propriedade legal, reconhecido pelas empresas na
análise de seu currículo.
Parte da taxa recolhida para
o registro da ART é des-
tinada à entidade de
classe escolhida por
opção do profissional,
para aplicação em pro-
jetos de valorização da
profissão e do profissional
e de outras atividades asso-
ciadas às suas atividades. O formu-
lário para preenchimento dos dados está
disponível no site do CREA-MG, mas o registro
pode ser feito pela internet.
ART-0086
LEMBRE-SE!
Ao preencher o campo “entidade de classe” na ART,
escolha a SME através do código 0086. Assim, você ajuda a SMEa representar a engenharia e ofereceros melhores cursos, serviços, convênios e
produtos para você.
52
ARTIGO | JORGE RAGGI
A Câmara de Mediação e Arbitragem
do Instituto de Engenharia de São
Paulo (www.ie.org.br/cmaie) constituída
em 1999 é um modelo para todos nós
engenheiros. As estatísticas da Câmara
de Arbitragem de Paris - ICC, indicam
que mais de 50% das Arbitragens estão
relacionadas a problemas na área da
Engenharia. E não poderia ser dife-
rente, tendo em vista que a Engenharia
está ligada a quase todas as áreas do
conhecimento humano. A construção
de uma sociedade interativa e ágil po-
derá significar uma alavacagem que
nosso estado necessita.
Em nossa evolução social utilizamos vá-
rias formas de resolver as controvérsias:
• o poder e/ou a força;
• meios baseados na lei ou na razão
– o poder jurídico;
• métodos que focam os interesses
nas partes envolvidas.
Esta última forma é a proposta utilizada
atualmente conhecida como ADR – Al-ternative Dispute Resolution, que pode
ser traduzida como Resolução Alter-
nativa de Disputas, sendo considerada
a Alternativa ao Judiciário. Mas alguns
autores já sugerem a tradução como
Resolução Apropriada de Disputas,
pois é a proposta para uma sociedade
mais evoluída.
A mediação e arbitragem teve um sig-
nificativo desenvolvimento nos Estados
Unidos, a partir de 1960 e na União Eu-
ropéia, após 1985. No Brasil, um pro-
jeto de lei apresentado em 1992
tornou-se a Lei Brasileira de Arbitra-
gem, nº 9.307 / 1996. Esta lei se conso-
lidou em 12 / 12 / 2001, com uma
decisão do Supremo Tribunal Federal
sobre sua constitucionalidade.
A arbitragem, no Brasil, já estava pre-
vista na constituição de 1824, mas era
preciso que fosse homologada. A sua
eficácia dependia da justiça. Agora, o
art. 31 da lei 9.307 / 96 diz :
“A sentença arbitral produz, entre as
partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentença proferida pelos ór-
gãos do Poder Judiciário e, sendo con-
denatória, constitui título executivo
judicial.”
Há um conceito que é fundamental: ár-
bitro não é profissão. É o reconheci-
mento de alguém em uma profissão
que o qualifica como árbitro e a esta
pessoa é atribuída a função enquanto
durar a questão. Ela é eleita e aceita a
partir de seu conhecimento do assunto
em questão.
A complexidade e profundidade das
controvérsias, e os custos envolvidos
na ação são muitos variáveis. Os meios
citados possuem muitas subdivisões
mas, em essência, o seu entendimento
pode proporcionar uma boa com-
Por Jorge Raggi (*)
Engenheiro
Mediador
e Árbitro
53
preensão da metodologia, que se apoia
em princípios de respeito mútuo, con-
fiança e credibilidade.
O fortalecimento da arbitragem, incre-
mentou outros meios, alternativos ao
meio judicial, para Solução de Contro-
vérsias :
1 – Laudo de Avaliação.
2 – Acordo entre as Partes.
3 – Mediação.
4 – Conciliação.
5 – Arbitragem.
1 – Laudo de Avaliação.
As partes envolvidas em controvérsias
escolhem um profissional de reconhe-
cida competência para elaborar um
laudo sobre a questão e obter uma
visão imparcial de terceiro. Este laudo
precisa ser definido seu escopo a fim
de poder conduzir entendimentos.
2- Acordo entre as Partes
A adoção do Acordo entre as Partes
como um meio de Solução de Contro-
vérsias pressupõe um clima de bons re-
lacionamentos que deve ser mantido
durante todo o processo. Os princípios
de confiança, lealdade, integridade irão
garantir relações duradouras, que
devem ser monitoradas pelas Partes
no andamento do processo e nos ne-
cessários detalhamentos posteriores.
Cada uma das Partes poderá ter um
grupo de apoio, mas é necessário defi-
nir as lideranças e seus substitutos para
uma melhor empatia . Por estas razões,
se alguém se indispõe será preciso es-
tudar e decidir sua manutenção no
grupo, ou a mudança de comporta-
mentos, no que for possível. Ressenti-
mentos e sabotagens conscientes e
não conscientes prejudicam muito a
obtenção de acordo.
Os levantamentos de expectativas pró-
prias do grupo e do que se imagina da
outra Parte é um bom início do traba-
lho. Há necessidade de realizar encon-
tros para afinar os temas, itens
negociáveis, pontos polêmicos, de
forma que cada grupo se entenda entre
si primeiro, para depois buscar acordo
com a outra Parte. Consultores podem
fazer parte da equipe, mas desde que
participem destes encontros que ante-
cedem as reuniões das Partes. O pla-
nejamento inicial deve considerar o
tempo previsível para um acordo, que
poderá ser reajustado de acordo com
o andamento dos trabalhos, e é impor-
tante já listar o que pode ser conce-
dido – cabendo aqui aquela
recomendação de que o que for difícil
precisará de dureza, mas o que for bom
pode vir em gotas, para melhorar o
clima. As demoras desnecessárias cons-
tituem pontos de desgastes, e devem
ser levantadas e consultadas naquilo
em que for possível de ser negociado
e atingido pelos acordos futuros.
3- Mediação
A Mediação busca levar as partes à
construção de uma solução. A Media-
ção trabalha mais o conflito, estuda
causas, pendências, desejos das partes.
Exige procedimentos. É como um meio
diplomático de atuação. É uma etapa
que antecede a conciliação e a arbitra-
gem e visa à obtenção de um acordo
que satisfaça o interesse das partes.
O mediador deve ser um especialista
imparcial, crível e comprometido com
o sigilo. Ele trabalha para viabilizar a co-
municação entre os envolvidos, auxi-
liando na busca da identificação dos in-
teresses reais, que muitas vezes as par-
tes insistem em ocultar. Por estas
razões é desejável que seja um profis-
sional capaz.
A mediação busca atender cada caso
de acordo com suas necessidades e,
assim como a conciliação e a arbitra-
gem, prestigia a vontade das partes,
possibilita a celeridade na resolução
das controvérsias e reduz custos. Os
procedimentos são confidenciais e a
responsabilidade das decisões cabe aos
envolvidos e não ao mediador.
A mediação obrigatória, implantada na
Argentina de 1996 a 2001, reduziu para
36,23% os procedimentos que inicia-
ram com mediação e deram origem a
ações judiciais. E, realizados os acordos,
só 1,8% precisaram de execuções judi-
ciais, conforme a Profª Helena Higton;
Profª Gladys Alvarez, citadas por Ana
Tereza Palhares Basílio – Trench, Rossi
e Watanabe Advogados.
(*) Jorge Raggi é engenheiro geó-
logo, foi professor de engenharia
de produção na UFOP e UFMG. e
Consultor. Cometários envie e-mail:
ARTIGO | JORGE RAGGI
4- Conciliação
A Conciliação já é um meio mais posi-
tivo onde as partes escolhem uma ou
mais pessoas, que farão intervenções,
procurando agir no sentido de se
obter acordo, que poderá ser formali-
zado por um termo de compromisso.
Existe uma diferença conceitual entre
mediar e conciliar. O Mediador não in-
tervém nas questões controversas, mas
age no sentido de sempre aproximar
as partes, aparar as arestas, a fim de que
construam uma solução consensual.
O Conciliador intervém mais nas ques-
tões, propõe, age buscando o con-
senso, e baliza o processo, de forma
não ferir os preceitos legais.
5- Arbitragem
A Arbitragem acontece quando as par-
tes concordam mediante cláusula em
contrato ou compromisso arbitral, em
submeter o litígio resultante de deter-
minado contrato a um árbitro ou câ-
mara arbitral, à qual é atribuído o
poder para apresentar uma decisão em
face de uma determinada disputa.
Na arbitragem, o árbitro e, ou, a câmara
arbitral, pelos poderes que lhe confe-
rem a Lei Federal de Nº 9.307 de
23/09/1996, emite um veredicto, deno-
minado Sentença Arbitral.
As partes em disputa têm oportuni-
dade durante o procedimento de apre-
sentar suas razões, suas petições e
defesas nos moldes do que ocorre em
um processo judicial, no entanto as re-
gras e regulamentos que regem esta
prática alternativa são menos formais
e rígidas e podem ser modificadas me-
diante acordo comum das partes.
A Sentença Arbitral tem o mesmo
valor que a Sentença Judicial, e com
amparo da lei.
56
A Sociedade Mineira de Engenheiros – SME abre inscrições gratui‑
tas para o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação para os
estudantes regularmente matriculados nos cursos de graduação
de instituições de ensino superior em Minas Gerais nas áreas de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
O regulamento está disponível no site: www.sme.org.br/premio
ou pode ser solicitado por e‑mail: [email protected] ou
21º Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação
Inscrições até 10 de setembro de 2012
www.sme.org.br/premio
58
Par ticipe e envie seu “causo” para jornal [email protected]
A palavra inglesa feedback é hojemuito familiar a todos os habitan-tes do planeta, mesmo aos que nãose comunicam pelo idioma inglês.Mas não era assim há uns vinteanos atrás, sobretudo para o Chi-quinho, operador de máquinas daMBR, antiga mina de Águas Claras.Por causa desse anglicismo, cujosignificado ele e seus colegas detrabalho desconheciam, quase suareputação moral foi pro brejo.
Tudo aconteceu por causa de ummal entendido entre ele e o enge-nheiro chefe da mina MBR à época,Num dia qualquer, ao fazer a rondadiária, o chefe constatou que umadas principais escavadeiras não es-tava operando. De imediato ligoupelo rádio para o Chiquinho, o res-ponsável imediato, e entabularam oseguinte diálogo.
- Atenção Chiquinho.
- Na escuta, Chefe
- Por que a máquina não está ope-rando?
- Não sei ainda, mas acho que é pro-blema na mesa de giro.
- A manutenção já esteve aí?
- Teve, mas saíram sem dizer nada.
- Vou falar com eles e te passo um“feedback”.
O diálogo foi ouvido por todos os
operadores da mina, dado que afrequência do rádio não era priva-tiva. Nos dias subsequentes era no-tório o aspecto depressivo doChiquinho, antes um cara muito co-municativo. Ficou assim, até umdia que não suportou mais o sofri-mento, e decidiu solicitar uma au-diência com o engenheiro chefe. Onovo dialogo foi assim.
- Entra Chiquinho, tudo bem?
- Num tá não, doutor.
- Então abre o jogo homem.
- O negocio é o seguinte. Respeitoé bom e eu gosto. Eu sou pai de fa-mília, doutor. Se o senhor não estágostando do meu serviço, pode memandar embora agora mesmo. Masnão “faiz” isso comigo.
- Faz o que, Chiquinho? E logo comvocê, meu melhor operador de es-cavadeira!
- Doutor, já tem uns três dias que
todo mundo da mina tá me go-zando, dizendo que “o senhor vaipassar ni mim o feedback”.
O Chefão abriu um sorriso e expli-cou ao Chiquinho que feedbacksiginficava retorno. Só retroinfor-mação, nada do que ele imaginara.Ato contínuo mandou o Chiquinhoretornar ao trabalho. Mas a partirde então a palavra feedback foiexcluída dos diálogos da mina deÁguas Claras.
Rodrigo Augusto Campos Germani, 50 anos, graduado em Engenharia de Minas pela UFMG, atualmente é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da SNC – Lavalin, MinerConsult.
Por Rodrigo Germani
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