revista mineira de engenharia - 14ª edição

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Ano 3 | Edição 14 | Julho ‐ Agosto 2012 IMPRESSO ESPECIAL 991 22 55 307- DR/MG SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS CORREIOS CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, UM CAMINHO SEM VOLTA Tecnologia e Inovação Entrevista Evando Mirra de Paula e Silva RIO + 20 SME analisa resultados práticos do evento Leia Mais CARREIRA - Trainee uma oportunidade de ouro para engenheiros recém-formados ENIC / Minascon Movimenta a cadeia produtiva da construção

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Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

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Page 1: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Ano 3 | Edição 14 | Julho ‐ Agosto 2012

IMPRESSO ESPECIAL

991 22 55 307- DR/MG

SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROSCORREIOS

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, UM CAMINHO SEM VOLTA

Tecnologia e InovaçãoEntrevista Evando

Mirra de Paula e

Silva

RIO + 20SME analisa

resultados

práticos do

evento

Leia Mais CARREIRA - Trainee uma oportunidade de ouro para engenheiros recém-formados

ENIC / Minascon Movimenta a

cadeia produtiva

da construção

Page 2: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
Page 3: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

3

Sustentabilidade é a palavra da moda

que ganha força em praticamente

todos os países, estando vinculada a

todos os campos de atuação em uma

sociedade. No nosso País esta expres-

são é cada vez mais citada, principal-

mente quando está em pauta o

desenvolvimento. Entretanto, pode-

mos observar que em vários aspectos

a sustentabilidade encaixa-se como

uma luva mais nos discursos. Será que

estamos reverberando um modismo,

totalmente descolado da realidade?

Ou sabemos pouca ainda no que, real-

mente, isso implica na vida de uma

nação? Prefiro a segunda opção até

porque aprender e inovar, em qual-

quer área, é uma das vertentes da sus-

tentabilidade.

Para ser um pouco didático, podemos

recorrer ao documento Nosso Fu-

turo Comum, ou Relatório Bruntland,

publicado em 1987, originado dos es-

tudos da Comissão Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento da

ONU, que define sustentabilidade

como “ a capacidade de suprir as ne-

cessidades da geração presente sem

afetar a habilidade das gerações futu-

ras de suprir as suas”.Com isso, pode-

mos alinhar que o desenvolvimento

sustentável é aquele que atende as ne-

cessidades do presente sem compro-

meter o futuro.

Um pensamento plantado no nosso

cotidiano clarifica, ainda mais, quanto

à importância da prática sustentável.

Como pode uma sociedade consumi-

dora de recursos naturais, a exemplo

da água que é um bem comum a toda

a humanidade, de grande valor econô-

mico, ambiental e social, não pensar

em formas de preservar esse recurso

e de utilizá-lo bem. O mesmo raciocí-

nio se aplica em relação ao uso e con-

servação de recursos naturais

limitados, tais como ferro, alumínio,

petróleo; ao meio ambiente, à saúde,

à economia, ao trabalho e aos proje-

tos de desenvolvimento. Em todas

essas áreas a sustentabilidade entra

como a pedra de toque.

Com isso, o desenvolvimento susten-

tável torna-se ponto essencial nos pla-

nejamentos estratégicos, na produção

industrial, nos projetos empresarias de

expansão que hoje são examinados e

qualificados em função da ação que

exercem para o bem comum. Um em-

preendimento sustentável, além de

obter maior competitividade, gera

novos postos de trabalho e movi-

menta a economia em larga escala.

Para abreviar, citamos um outro rela-

tório divulgado pelo Programa da

ONU para o meio Ambiente (Unep)

que pontifica a necessidade de inves-

timentos anuais de 2% do PIB global

para adaptar as economias mundiais a

um futuro mais sustentável. Este

levantamento aponta ainda que os in-

vestimentos representariam um cres-

cimento econômico de 15,7% até o

ano de 2050. No relatório são identi-

ficadas as áreas onde o aporte de

maior volume de recurso é vital. São

elas: indústria, agricultura, pesca, flores-

tas, construção, turismo, energia, trans-

porte e manejo de lixo e água.

A Sustentabilidade da atividade hu-

mana atual talvez seja a principal dis-

cussão a ser explorada pela sociedade

contemporânea. Em um mundo onde

habitam quase sete bilhões de pes-

soas, além de uma infinidade de outras

espécies de seres vivos, é essencial

aliar às nossas ações e projetos à sus-

tentabilidade para a construção da so-

ciedade do futuro.

EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

Ailton Ricaldoni Lobo

Presidente da SME

Sustentabilidade, um processo contínuo sem comprometer o futuro

Page 4: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

4

Compromisso com Você!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua

equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos

para atender cada vez mais e melhor a cada

um dos associados.

Em seus 81 anos de existência, a

SME trabalha para integrar, desen-

volver e valorizar a Engenharia,

a Arquitetura, a Agronomia e

seus profissionais, contri-

buindo para o aprimora-

mento tecnológico, científico,

sociocultural e econômico.

Produtos e Serviços

Em nosso site há uma série de produtos

e serviços como cursos, palestras, seminários,

eventos e uma extensa gama de convênios que você

poderá desfrutar.

São descontos de até 20% em academias, empresas

automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes,

consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo,

faculdades, floriculturas, gráficas, informática, la-

boratórios, óticas, planejamento financeiro, se-

guros, serviços fotográficos, hotéis, beleza

e estética, dentre outros.

Compromisso com o futuro

Aprimoramento profissional e ino-

vação tecnológica também têm

sido uma das grandes bandeiras da

SME para oferecer os melhores

produtos e serviços para você e

sua família.

Por meio de nosso site, da revista, dos

eventos e da participação nas redes sociais,

a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal

aberto para ouvir suas sugestões e para representar

seu interesse.

Seja um associado da SME

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]

PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo

VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão

José Luiz Nobre Ribeiro

Victório Duque Semionato

Alexandre Francisco Maia Bueno

Délcio Antônio Duarte

DIRETORESLuiz Felipe de Farias

Diogo de Souza Coimbra

Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz

Marcílio César de Andrade

Alessandro Fernandes Moreira

José Flávio Gomes

Fabiano Soares Panissi

Janaína Maria França dos Anjos

Normando Virgílio Borges Alves

Clemenceau Chiabi Saliba Júnior

SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela de Sant'Anna

Teodomiro Diniz Camargos

Jorge Pereira Raggi

Flavio Marques Lisbôa Campos

Rodrigo Octavio Coutinho Filho

Paulo Safady Simão

José Luiz Gattás Hallak

Alberto Enrique Dávila Bravo

Cláudia Teresa Pereira Pires

Márcio Tadeu Pedrosa

Sílvio Antônio Soares Nazaré

Felix Ricardo Gonçalves Moutinho

Levindo Eduardo Coelho Neto

Fernando Henrique Schuffner Neto

Ivan Ribeiro de Oliveira

CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva

Nilton Andrade Chaves

Carlos Gutemberg Junqueira Alvim

Alexandre Rocha Resende

Wanderley Alvarenga Bastos Júnior

CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo

Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz

Janaína Maria França dos Anjos

Fabiano Soares Panissi

José Ciro Mota

Ronaldo José Lima Gusmão

Coordenador EditorialRonaldo José Lima Gusmão

Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira

MG 05203 JP

Projeto Gráfico Blog Comunicação

Marcelo Távora

[email protected]

Av. Bento Simão, 518 | São Bento

Belo Horizonte | Minas Gerais

CEP - 30350-750

(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação

[email protected]

(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral

Distribuição GratuitaVia Correios e Instituições parceiras

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros

Av. Álvares Cabral, 1600 | 3ºandar

Santo Agostinho

Belo Horizonte | Minas Gerais

CEP - 30170-001

Tel. (31) 3292 3962

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Fale conosco Contato [email protected]

ApoioPublicação

Page 5: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

6TECNOLOGIA

E INOVAÇÃO

Entrevista com

Evando Mirra

TRAINEE

Boas oportunidades de carreira

profissional começam por aqui

10MEDALHA LUCAS LOPES

José da Costa Carvalho Neto

é o homenageado de 2012

1614GESTÃO E TECNOLOGIA Software ajuda monitorar obras

24

28

34NOVOS ENGENHEIROS

Fernanda Rabelo Souza

38

MESTRES DA ENGENHARIA

Eustáquio Pinto de Assis

RESPONSALIDADE

SOCIAL

Mendes tira homens

do trabalho escravo

RIO+20

Na prática as ações

começam em 2015

1º SEMINÁRIO

MOBILIDADE URBANA

Desafios e propostas para

RMBH

CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL

Nova concepção de

projetos da boa engenharia

e arquitetura

ENIC / MINASCONEvento movimentaa cadeia produtiva do setor de construção

26

36

44

LEGADO SME Tárcio Primo Belém Barbosa

18

52ARTIGO DE JORGE RAGGI Engenheiro Mediador

e Árbitro58

“CAUSOS”

DE ENGENHARIA

Feedback

Page 6: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Inovação, o maior de todos os desafios do Brasil

ENTREVISTA | EVANDO MIRRA DE PAULA E SILVA

6

Nesta entrevista, ele fala de inova-

ção, o maior de todos os desafios

do Brasil, um país que, em franco

processo de desenvolvimento,

ainda esbarra na falta de competi-

tividade do setor produtivo e na

burocracia. Ao todo, Evando Mirra

publicou mais de 80 trabalhos de

nível internacional e orientou 26

alunos de pós-graduação e 50 de

graduação.

Por que as empresas devem inves-

tir em inovação. Que benefícios a

inovação traz para o país?

A inovação é o grande motor da

economia e um vetor decisivo

para a transformação do país.

Embora inovação sempre tenha

existido, a intensidade em que ela

ocorre atualmente, o lugar que

ocupa na geração de riqueza,

suas repercussões na organiza-

ção do trabalho, na educação e

na cultura mudaram. Nos países

líderes esse novo lugar da inova-

ção começou a se desenhar na

década de 1970 e ganhou visi-

bilidade 10 ou 15 anos depois,

com resultados muito positivos.

Os trabalhos da Organização de

Cooperação para o Desenvolvi-

mento Econômico (OCDE), por

exemplo, mostram que mais da me-

tade da riqueza gerada nos países

industrializados gravita hoje em

torno da inovação. Mas não é só

isso. Como a inovação se alimenta

de conhecimento. Atividades como

educação, informação e pesquisa

ganham um novo status e se fazem

presentes muito mais intensamente

na vida das pessoas. Muda também

a organização do trabalho.

As atividades de produção tornam-

se muito mais cooperativas, tor-

nando triviais afirmações que antes

soariam como um paradoxo (“coo-

perar para competir” é um exem-

plo). Soluções originais tornam-se

disponíveis para a abordagem dos

problemas econômicos e sociais.

Inovação é conceito ou prática?

O gesto inovador tem ainda di-

mensões lúdicas, solicita a criativi-

dade e gera novas oportunidades

para a realização pessoal. A inova-

ção, se quisermos usar a expressão

do etnólogo Marcel Mauss, é um

fato social total. Esta mudança de

paradigmas pegou o Brasil de sur-

presa, quando o país estava ainda

no processo chamado de “substi-

tuição de importações”. Isto é, es-

távamos aprendendo a fazer aqui o

Quem liga um computador hoje no país e “navega” literalmente pelo mundo deve saber

que a implantação da internet é apenas um dos projetos cujo sucesso contou com a participação

do engenheiro mecânico e eletricista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Evando Mirra

de Paula e Silva. Professor emérito da UFMG, ex- presidente do Centro de Gestão e E s tudos

Estratégicos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CGEE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

e hoje Diretor da Academia Brasileira de Ciências.

Page 7: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Evando Mirra engenheiro mecânico e eletricista pela UFMG,

Professor emérito da UFMG, ex- presidente do Centro de

Gestão e E s tudos Estratégicos em Ciência, Tecnologia

e Inovação (CGEE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação e hoje Diretor da Academia Brasileira de Ciências.

7

que antes éramos obrigados a im-

portar, quando os países avançados

já estavam se deslocando para

outra forma de conceber a produ-

ção, agregando mais inteligência e

mais valor ao produto, abrindo es-

paço para o novo, criando uma di-

nâmica de permanente inovação.

Enquanto nossa problemática aqui

era a de aprender a fazer bem (a

década de 1990 foi a nossa década

da Qualidade) uma transformação

estrutural profunda estava ocor-

rendo nos países avançados,

criando formas de permanente pro-

dução do novo, por mais estranho

que isso pareça. Mas embora tenha-

mos começado mais tarde nossa

participação nessa aventura, pode-

mos dizer que estamos ganhando

terreno e acumulando, setorial-

mente, alguns sucessos extraordi-

nários.

Qual o desafio agora?

Trata-se agora de dar escala a esse

processo, de aumentar o número

de atores envolvidos em ativida-

des inovadoras, transformar su-

cessos ainda relativamente

localizados em um grande mutirão

coletivo e construir uma verda-

deira cultura da inovação.

Os benefícios para o País se tra-

duzirão em geração de riqueza,

criação de emprego e renda,

maior competitividade de nos-

sas empresas, novas abordagens

de nossos problemas econômi-

cos e sociais, valorização da

educação e da cultura, sustenta-

bilidade de nosso crescimento.

Como estão os investimentos em

P&D no Brasil? Como é possível

aproximar a realidade brasileira de

investimentos com as realidades

das nações desenvolvidas e demais

países do BRICS?

Primeiro é necessário lembrar, se

estamos preocupados com a ques-

tão da inovação, que a inovação não

depende apenas de P&D e, às vezes,

nem depende de P&D. Há diferen-

tes maneiras de inovar. Inovação é,

antes de tudo, uma atitude e uma

nova maneira de ver as coisas.

Mas, mesmo se a inovação vem por

outros caminhos, resulta, por exem-

plo, de transformações gerenciais,

ou de marketing, ou da incorpora-

ção de novas funções, já conheci-

das, ao produto, ou qualquer outro

mecanismo, ainda assim, a existência

de uma cultura de P&D na empresa

confere a essa empresa mais desen-

voltura em todos esses processos,

permite que identifique mais rapi-

damente as oportunidades, confere

a ela mecanismos para aproveitar

melhor as ideias.

Uma cultura de P&D torna a orga-

nização mais atenta às possibilida-

des de explorar o novo. E, é claro,

existe a inovação visceralmente

“A Engenharia é um atoronipresente na inovação,porque todo processo ouproduto novo precisa ser

“engenheirado” para poderser colocado à disposição

da sociedade. Mas tambémporque a própria

Engenharia inova e, nestesentido, abre perspectivas

inéditas para as tecnologiase para as estratégias

produtivas, é um extraordinário vetor de

inovação.

Page 8: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

8

articulada à P&D, onde, obviamente, a competência

em pesquisa e desenvolvimento irá significar vanta-

gens competitivas singulares. Isso posto, é necessário

reconhecer que o País precisa investir mais em P&D.

O investimento atual, ligeiramente superior a 1% do

PIB, está distante dos 3% ou mais que investem os

países líderes, e é mesmo menor que a média de in-

vestimento dos países da OCDE. Além disso, en-

quanto a maior parte do investimento, nos países

avançados, é feita pelo setor privado, no Brasil o setor

privado (0,4 % do PIB) ainda não acompanha o ritmo

do setor público (0,6% do PIB). A própria estrutura

do financiamento tem ainda muito a evoluir.

Apesar dos avanços recentes quanto à cobertura das

primeiras etapas de fomento à inovação, como os cha-

mados “capital anjo” e “capital empreendedor” (angelcapital & venture capital), resta ainda um grande espaço

a percorrer no financiamento de toda a cadeia da ino-

vação. Instrumentos de fomento, como aqueles pre-

vistos pela chamada “Lei do Bem”, bem como os

mecanismos de subvenção econômica e outras for-

mas de apoio, fazem parte dos esforços para ampliar

o investimento em inovação.

Qual o impacto da inovação na competitividade de

empresas nacionais?

Os resultados do levantamento do IBGE (a PINTEC),

bem como o estudo abrangente levado a cabo pelo

IPEA (“Inovações, padrões tecnológicos e desempe-

nho das firmas industriais brasileiras”, IPEA, 2006)

constataram que as empresas que inovam e diferen-

ciam produtos são aquelas que faturam mais, pagam

maiores salários, têm vantagens competitivas e mais

facilidades na hora de exportar.

A capacidade de inovar aparece, assim, como um in-

grediente essencial para aumentar a competitividade

das empresas. Os exemplos são inúmeros. A Petro-

bras, líder mundial na exploração de petróleo em

águas profundas, deve a uma formidável estrutura

de pesquisa e desenvolvimento boa parte desse su-

cesso; a Embraco, líder mundial em compressores

herméticos, tem a competitividade assegurada tam-

bém por suas estratégias de inovação.

Da mesma forma, empresas líderes como Braskem,

no ramo de petroquímica; Bematech, no setor de au-

tomação; Marcopolo no setor de transporte; a Weg

nos motores elétricos; Boticário e Natura no setor

de cosméticos e artigos de higiene, e tantas outras

mais.

Quais os progressos obtidos até agora na articulação

entre pesquisa acadêmica e indústria? Qual é a im-

portância dessa articulação?

No Brasil, foi no setor agropecuário que a aproxima-

ção entre a universidade e o sistema de produção

teve início, nos primeiros anos do século XX. A coo-

peração desempenhou papel fundamental na cons-

trução da competência brasileira no setor. No

ambiente propriamente industrial as relações, ainda

nas suas formas primitivas, foram timidamente ensaia-

das desde a década de 1940.

Mas os primeiros eventos de maior significado estão

associados à modernização tecnológica do País nos

anos 1970, quando a contribuição da universidade

para o desenvolvimento tecnológico começou a ga-

nhar visibilidade, especialmente nos casos da siderur-

gia, petróleo e gás, e telecomunicações. Foi preciso

esperar os anos 1980, porém, para que a cooperação

começasse a ganhar corpo e ser progressivamente

institucionalizada.

Isso ocorreu em diferentes setores, como metal-me-

cânico, informática, transportes, telecomunicações,

farmacêutico, entre outros, envolvendo um elenco

crescente de universidades. Há ainda um grande es-

paço a percorrer, mas já se conseguiram conquistas

importantes nesse domínio.

ENTREVISTA | EVANDO MIRRA DE PAULA E SILVA

Page 9: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

De que forma a política de inovação promove o de-

senvolvimento econômico sustentável e a redução da

desigualdade social no Brasil?

Ciência, tecnologia e inovação são fundamentais no en-

frentamento dos desafios da sustentabilidade porque

permitem novas soluções para problemas persistentes.

O crescimento sustentável exige, entre outras, a sus-

tentabilidade energética, que só pode ser alcançada

com a construção de uma matriz energética diversifi-

cada, que incorpore os avanços da pesquisa em tecno-

logias de águas profundas, no que diz respeito ao

petróleo, bem como ao uso da biomassa e de outras

fontes alternativas, além de ganhos em eficiência no

setor hidroelétrico.

Os ganhos de produtividade no setor agrícola permi-

tem a produção de maior volume de alimentos utili-

zando a mesma superfície de terreno. Inovações

podem gerar novos empreendimentos, criando assim

novos postos de trabalho e novas atividades geradoras

de renda. Em síntese, aos meios usualmente utilizados,

as inovações agregam novos instrumentos e novas es-

tratégias, capazes de fornecer respostas inéditas aos

desafios do desenvolvimento.

Dentro desse quadro, qual é a importância da inovação

para a Engenharia?

A Engenharia é um ator onipresente na inovação. Em

primeiro lugar porque todo processo ou produto novo

precisa ser “engenheirado” para poder ser colocado à

disposição da sociedade. Mas também porque a própria

Engenharia inova e, neste sentido, abre perspectivas

inéditas para as tecnologias e para as estratégias pro-

dutivas, é um extraordinário vetor de inovação.

Page 10: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

10

Empresários, engenheiros de várias gera-

ções e autoridades se reuniram, no último

dia 11 de junho, no auditório da Cemig, em

Belo Horizonte,

para prestigiar a

cerimônia de entrega da Me-

dalha Lucas Lopes ao enge-

nheiro e presidente da

Eletrobras, José da Costa

Carvalho Neto. O evento é

parte do calendário anual da

Soc iedade Mine ira de

Engenheiros (SME) e tem o

objetivo de homenagear pro-

fissionais que atuam com des-

taque no setor energético

nacional.

O curador da Medalha e presidente da LEME Engenha-

ria e da Tractebel Engineering América Latina, enge-

nheiro Flavio Marques Lisbôa Campos, abriu a

solenidade falando sobre a carreira do homenageado

de 2012. “É um imenso prazer poder descrever um

pouco da brilhante trajetória do engenheiro José da

Costa, esse belorizontino que conheço há anos, que

deixou e ainda deixa a sua marca nos setores de ener-

gia e engenharia nacional e

internacional”, enfatizou.

Flavio Campos destacou,

ainda, que a formação de

José da Costa foi holística,

completa e com invejáveis

atributos pessoais e profis-

sionais. “Posso afirmar que

o nosso homenageado co-

nhece, como ninguém, o

papel do engenheiro na

sociedade e como profis-

sional”, ressaltou.

E encerrou sua fala afirmando que em todos os lugares

onde o engenheiro José da Costa trabalhou, foi muito que-

rido pelos profissionais por sua capacidade de ensinar,

desenvolvida na experiência docente. “Tudo isso falado, jus-

tifica como ele é merecedor dessa Medalha Lucas Lopes”.

Lideranças empresariais e autoridades destacam a importância do evento

Flavio Marques Lisbôa Campos e o homenageado, José da Costa Carvalho Neto

HOMENAGEM | MEDALHA LUCAS LOPES

Page 11: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

11

Entre as autoridades presentes,

o vice-governador Alberto

Pinto Coelho, disse que a ceri-

mônia de entrega da Medalha

Lucas Lopes é uma noite festiva

promovida pela Sociedade Mi-

neira de Engenheiros (SME)

que busca valorizar aqueles en-

genheiros que, efetivamente,

através de suas carreiras e de

seus exemplos, dão contribuições sólidas para o desen-

volvimento social e econômico de Minas Gerais.

“Estamos homenageando o engenheiro José da Costa, o

Costinha, que passa a fazer parte de uma galeria de no-

táveis, que fez uma carreira brilhante, sólida na Cemig,

que hoje empresta sua inteligência, seu brilho à frente da

Eletrobras em uma importante missão que é dinamizar

o setor energético em nosso país, setor esse indispen-

sável, fundamental, para que possamos alcançar maiores

índices de crescimento no PIB, criando desenvolvimento

e satisfação na sociedade brasileira”, afirmou.

O vice-governador ressaltou, ainda, que o desenvolvi-

mento do país, depende fundamentalmente desse seg-

mento, de sua capacidade de gerar energia, de diversificar

energia, para que se possa chegar à chamada economia

verde. “O papel do engenheiro é historicamente funda-

mental, mas eu diria que nesta quadra, em que o Brasil se

situa entre as maiores economias, entre os países que in-

tegram o BRICS, com enormes desafios na sua estrutura

logística para desenvolver, é mais valorizado do que nunca

a nobre missão dos engenheiros em todos os setores e

especializações. Ao longo da história, cada vez mais, nós

vamos nos certificar da importância dessa profissão e de

sua contribuição para a sociedade brasileira”, destacou.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de

Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Jr., lembrou que a

outorga da Medalha Lucas Lopes é um evento de grande

tradição. “A SME está sempre acompanhando o sucesso

dos nossos engenheiros. Está sempre presente e home-

nageando aqueles que merecem. José da Costa é uma

pessoa que vai valorizar ainda mais essa medalha”, disse.

O homenageado, Jose da Costa, lembrou, em seu dis-

curso, que a Engenharia é responsável pelo desenvolvi-

mento. “Costumo dizer que não há Engenharia sem

desenvolvimento, mas, também não há desenvolvimento

sem Engenharia. Então neste momento que queremos e

fazemos tudo para ter um país que cresce a 5% ou 6% ao

ano, nós necessitamos de investimento de 25% do PIB

e esse investimento só é consolidado se tivermos Enge-

nharia para fazer o planejamento, o projeto, e futura-

mente a construção”, pontuou.

Para ele, que não escondeu a felicidade em receber a Me-

dalha Lucas Lopes, a SME está muito bem com seus es-

tudos, as suas recomendações que sempre são muito

úteis à sociedade brasileira. A noite foi especial, também,

disse, porque teve a oportunidade de rever colegas da

Cemig, com os quais trabalhou.

O ex-ministro da Indústria e Comércio no governo do

presidente João Figueiredo, ex-presidente da Cemig e

também de Furnas e ex-secretário da Fazenda de Minas

Gerais, entre 1975 e 1979, João Camilo Penna, aponta

que o Brasil é um país em construção e que ainda há

muito a fazer. “Eu acredito fortemente no papel do en-

genheiro na vida brasileira”, adiantou.

José da Costa

Carvalho Neto,

presidente da Eletrobras,

é o homenageado

com a comenda

“Medalha Lucas Lopes”

Page 12: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Olavo Machado, Márcio Trindade, Ailton Ricaldoni e Marcílio Andrade

Luiz Michalick, José da Costa,e Djalma Morais

Roberto Fagundes, Flavio Campose Henrique Campos

Carlos Eloy e Arlindo Porto

Alexandre Bueno, Maria Celeste, José da Costa e Getúlio Amorim José da Costa e Ailton Ricaldoni

Camilo Penna e José da Costa

Djalma Morais, Roberto Fagundes e Olavo Machado

Ilma Lara, Kátia Lage, Isis Mesquita, Ana Elisa e Maria Olivia Getúlio de Amorim, Luiz Augusto, e Paulo Henrique

Alexandre Resende, Ailton Ricaldoni e Luiz Celso

Ailton Ricaldoni, Ana Elisa, José da Costa e Isis Carvalho

HOMENAGEM | MEDALHA LUCAS LOPES

Márcio Trindade, Camilo Penna , Amilcar Martins, Flávio NeivaFlavio Campos, José da Costa, Ailton Ricaldoni e Alberto Pinto Coelho

Page 13: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
Page 14: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

14

GESTÃO | TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO

A tecnologia digital passou a ser

uma forte aliada da engenharia

na superv isão de obras . A

Leme Engenharia, empresa que

integra a mult inac ional be lga

Tractebel Engineering (GDF

SUEZ), incluiu, no seu portfólio

de serviços um diferencial para

os clientes: o software 4CHECK

que traz uma metodologia de

gestão própria, para o gerencia-

mento confiável e de qualidade

nas áreas de meio ambiente,

saúde e segurança, em em-

preendimentos civis e de mon-

tagem eletromecânica.

O 4CHECK foi desenvolvido ini-

cialmente para aprimorar a gestão

das obras da Usina Hidrelétrica

Jirau, na qual a Leme Engenharia é

responsável pela Engenharia do

Proprietário. Foram mapeados

aproximadamente 70 temas e cria-

dos procedimentos para a inspe-

ção de cada um deles.

Os procedimentos funcionam

como uma espécie de roteiro a

ser seguido pela equipe de

campo que orienta a verifica-

ção de itens essenciais na

obra. Além disso, o software

utilizado para o gerencia-

mento e análise das inspeções

foi adaptado para a emissão

de relatórios e gráficos com

um diagnóstico preciso da si-

tuação das obras. “O objetivo

é gradualmente transformar o

conceito de simples inspeção

de campo para auditorias,

através de amostragens significa-

tivas e criteriosas, criando um

produto confiável e de alta per-

formance”, afirma Cláudio Maia,

diretor geral da Leme Engenharia

e de operações da Tractebel En-

gineering América Latina.

Cláudio Maia, diretor geral

da Leme Engenharia e de

operações da Tractebel .

Leme Engenharia desenvolve software para monitorar obras

Page 15: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Com o 4CHECK, as inspeções pas-

sam a ser programadas e baseadas

em um método objetivo e padroni-

zado. Após a experiência positiva em

Jirau e mais de 17 mil inspeções que

comprovaram sua eficácia, a metodo-

logia passa a ser um item opcional

aos serviços nas áreas de sistemas

elétricos, geração térmica, gás, infra-

estrutura, além de hidroenergia. O

4CHECK atesta o compromisso da

Leme Engenharia com a inovação e a

prestação de serviços de qualidade.

Além dos benefícios já alcançados

pela sistematização das inspeções, o

4CHECK torna-se ainda mais eficaz

com o auxílio de dispositivos portá-

teis do tipo tablet. Os equipamentos

permitem o envio em tempo real das

conformidades e não-conformidades

para um Sistema de Gerenciamento

de Documentos e Qualidade, que

emite alertas, relatórios e gráficos

com base nos dados estatísticos co-

lhidos nos trabalhos de campo. No

caso de não-conformidades, a em-

presa fiscalizada é notificada na hora

em que o desvio ocorre, acelerando

o processo de consolidação e fecha-

mento das ocorrências.

Além de permitir a tramitação online

dos dados apurados e a tomada de

decisão subsidiada por evidências

concretas, o tablet elimina o uso de

papel e da câmera fotográfica.

O objetivo é gradualmente

transformar o conceito

de simples inspeção de

campo para auditorias,

através de

amostragens significativas

e criteriosas, criando

um produto confiável

e de alta performance.

Cláudio Maia

Page 16: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

MESTRES DA ENGENHARIA | EUSTÁQUIO PINTO DE ASSIS

Não é preciso conversar muito para

constatar que o engenheiro eletricista

formado pelo Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Ge-

rais (CEFET-MG) e professor da instituição por 43

anos, Eustáquio Pinto de Assis, 63 anos, é mesmo um

apaixonado pela sala de aula.

“Quando iniciei a carreira docente, em maio de 1969,

o professor era muito valorizado tanto em relação

ao salário como profissional de destaque na socie-

dade. Ser professor era status”, lembra. Naquela

época, foi contratado pelo regime CLT e, após alguns

anos, passou a servidor público federal, pertencente

à carreira de professor de 2º grau, em regime de 40

horas semanais sem dedicação exclusiva.

Eustáquio de Assis comenta que tinha apenas um ano

de formado, no curso técnico de Eletrotécnica,

quando recebeu o convite para ingressar na docên-

cia pelo professor Yarady de Aguiar Carvalho, para

dar aulas na então Escola Técnica de Minas Gerais,

antigo nome do CEFET-MG, nas disciplinas de Ajus-

tagem Mecânica para o Ginásio e Industrial e Prática

Profissional para o Curso Técnico de Eletrotécnica.

Como trabalhava com os estudantes que ingressaram

no curso técnico do 2º grau, ele decidiu investir na

carreira de professor, com o curso de Formação Pe-

dagógica de Docentes. O professor “cresceu” na ins-

tituição. Das duas primeiras disciplinas, ele chegou a

seis, nos cursos técnicos de Eletrotécnica e Eletro-

mecânica, de Edificações e, também, de Mecânica.

Em abril de 1978, passou a dar aulas, também, para o

curso de Engenharia de Operação Elétrica, contra-

tado como professor do 3º grau. Alguns anos depois,

ingressou na carreira de professor de magistério de

Ensino Superior, com regime de 20 horas semanais.

Na Engenharia de Operação Elétrica, assumiu as dis-

ciplinas Prática Profissional e Análise de Circuitos. Na

Engenharia Industrial Elétrica, dedicou-se aos conteú-

dos de Circuitos Elétricos I e Circuitos Elétricos II,

incluindo-se aí as práticas laboratoriais da matéria.

A aposentadoria veio em 1996, mas ele continuou

dando aulas. Hoje é o responsável pelas aulas de

laboratório das disciplinas: Eletrotécnica Industrial

I e Eletrotécnica Industrial II, para o curso de En-

genharia Mecânica. Ele também é membro titular

do Conselho Diretor do CEFET-MG, represen-

tando os professores da carreira de Magistério de

Ensino Superior, nomeado em 24 de fevereiro de

2010, com mandato de quatro anos.

Eustáquio de Assis define o seu jeito de dar aulas:

“mantenho o bom relacionamento e respeito com

meus alunos. Uso técnicas didático-pedagógicas que

aliam teoria e prática e, ainda, gosto muito de ativi-

dades práticas”, completa.

Gosto pela docência continuadepois de 43 anos de atividade

16

Page 17: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

17

Mas ele não ficou apenas na sala

de aula, ocupando diversos car-

gos no CEFET-MG. Entre eles:

Coordenador do Curso Téc-

nico de Eletromecânica, Chefe-

adjunto do Departamento do

Ensino do 2º grau, Chefe do

Departamento Acadêmico de

Engenharia Elétrica, de 1985 a

1988, Chefe do Departamento

de Ensino Superior de fevereiro

de1996 a fevereiro de 1999,

Diretor do Departamento do

Ensino Superior de outubro de

2003 a julho de 2008.

Professor Eustáquio de Assis também foi membro

dos Conselhos de Professores, de Ensino e do Con-

selho Departamental, durante o mandato como

chefe e diretor de Ensino Superior. Ele eve cadeira

no Conselho Diretor, representando os professores

da carreira de Magistério de Ensino Superior entre

1987 e 1991 e, depois, entre 1996 e 1999.

O professor representou o CEFET-MG, no CREA-MG

nos períodos de 4 de fevereiro de 1988 a 31 de

outubro de 1990, 03 de janeiro de

1991 a 31 de dezembro de 1993 e

de 1 de janeiro de 2003 até 31 de

dezembro de 2005.

Do alto da sua experiência como

mestre, ele sabe que os estudantes

de Engenharia têm o desafio de

aliar teoria e prática. “Além dos

cursos de capacitação, é importante

que eles façam estágio em empre-

sas durante, no mínimo um ano,

para adquirir experiência”, ensina.

Ele ainda pensa em abandonar a do-

cência, mas sem deixar de aprender.

Essa é só mais uma prova de que o professor ainda

tem o gosto pela profissão de educador e, mais que

isso, de ensinar aprendendo. “É um prazer conviver

com jovens”, conclui.

Eustáquio de Assis é representante da Sociedade

Mineira de Engenheiros-SME como conselheiro-

suplente no CREA-MG. Ele também foi juiz de três

edições do Prêmio Sociedade Mineira de Engenheiros

de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Mantenho o bom relacionamento e respeito com meus alunos. Uso técnicas

didático-pedagógicasque aliam teoria eprática e, ainda, gosto muito de

atividades práticas.

Eustáquio Pinto de Assis, 63 anos, é mesmo um apaixonado pela sala de aula

““

Page 18: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

18

Foi parte da herança do pai e enge-

nheiro, José Belém Barbosa – as duas

cotas para a compra da primeira sede

da Sociedade Mineira de Engenheiros

(SME) – que fez com que o também

engenheiro civil formado pela Uni-

versidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), Tárcio Primo Belém Bar-

bosa se aproximasse da entidade.

Antes mesmo de se formar, Tárcio

Barbosa foi convidado a fazer parte

do Conselho de Defesa Profissional

da entidade. “Aceitei, gostei muito e,

a partir daí, os presidentes me viam

com vontade de servir a SME”, lem-

bra. Primeiro, ele foi diretor de Patri-

mônio e depois secretário. Só então

foi eleito vice-presidente na chapa de

Adhemar Ribeiro da Silva, que se

afastou do cargo em 1976. Tárcio

Barbosa presidiu a SME, por duas

gestões consecutivas, no período de

1977 a 1981.

Foi na gestão do engenheiro Tárcio

Primo Belém Barbosa que foi cons-

truída a sede da Sociedade Mineira

de Engenheiros, à Rua Timbiras, na re-

gião central de Belo Horizonte.

“Ainda presidente, o Adhemar me

delegou poderes para começar a tra-

balhar nesse projeto. Construí e inau-

gurei o prédio em 1978”, comenta o

ex-presidente.

O prédio imponente foi projetado

pelo arquiteto Raul dos Lagos

Cirne, que ganhou concurso

aberto pela SME, especialmente

para esse empreendimento.

Esse não foi o único desafio do en-

genheiro. De outro ex-presidente da

SME, Antônio Augusto Fonseca Jú-

nior (1969/1971), ele recebeu o pro-

jeto de construção da sede

campestre da entidade, em Lagoa

Santa, na Região Metropolitana de

Belo Horizonte (RMBH).

Entre um projeto e outro, o enge-

nheiro dirigia a SME e conduzia as

reuniões. Ele também criou comis-

sões que passaram a funcionar na

gestão seguinte. O Departamento

Feminino era atuante. “Minha mulher,

Maria Regina de Assis Fonseca Bar-

bosa, tinha presença efetiva”, resgata.

Tárcio Belém Barbosa também tra-

balhou para fortalecer a marca SME.

Uma das grandes realizações da sua

gestão foi o 4º Encontro Nacional da

Construção (ENCO), realizado em

Minas Gerais. Ele também comandou

uma delegação de engenheiros que

foi os Estados Unidos para visitas

técnicas.

“O atual presidente, Ailton Ricaldoni,

está procurando dinamizar bem a

SME e está fazendo um trabalho

forte para retornar para a sede ofi-

cial, que é casa da Sociedade. A enti-

dade está em muito boas mãos e me

cabe, como ex-presidente, dar total

apoio. O que a Sociedade precisar de

mim, eu continuo a disposição”, de-

clara Tárcio Barbosa.

O carinho do ex-presidente pela

SME continua. “Naquela época, a SME

era praticamente a minha segunda

casa. Eu vivi a Sociedade intensa-

mente e quero vê-la de novo no pe-

destal”, deseja. Além de ser um

capítulo importante na carreira, a

experiência de atuar na entidade

marcou a vida do engenheiro.

Ex-presidente

foi responsável

pela construção

da sede da SME

SME HISTÓRIA | LEGADO DE TÁRCIO PRIMO BELÉM BARBOSA

Tárcio Primo

Belém Barbosa

Page 19: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
Page 20: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

O presidente da SME e do Con-

selho Empresarial de Indústria e

Energia da Associação Comercial

e Empresarial de Minas (ACMinas),

Ailton Ricaldoni, participa do pro-

grama Boas Ideias Bons Negócios,

na Rádio Inconfidência. Para se in-

teirar das novidades acesse a pá-

gina da entidade no facebook.

www.facebook.com/SociedadeMinei-

radeEngenheiros

20

Em reunião da diretoria da SME vários

temas foram debatidos, a exemplo do

projeto de reforma da sede da entidade,

na rua Timbiras, 1514, bairro Lourdes.

Antiga conquista da SME, o prédio pas-

sará por uma reforma ampla com o

objetivo de atender os associados,

com maior conforto e comodidade.

SME nas redes sociais

Reforma da sede da SME

A SME está buscando

ferramentas mais

ágeis de comunicação, a

exemplo do facebook e

do twitter para divulgar as

atividades da entidade.

Acesse os endereços:

http://www.facebook.com/SociedadeMineiradeEngenheiros https://twitter.com/#!/ComunicacaoSME

Projeto prevê torre de 85 andares

na capital Mineira

Comissões Técnicas da SME

Os presidentes da Sociedade

Mineira de Engenheiros, Ailton

Ricaldoni e da Cemig, Djalma

Morais participaram da inaugu-

ração do busto de bronze do ex-presidente Itamar

Franco, no Clube de Engenheira (RJ). O ex-presi-

dente foi o único engenheiro que ocupou o mais alto

cargo da Nação. A obra está exposta no hall de en-

trada do edifício Edison Passos, na capital fluminense.

Presidente da SME é

entrevistado pela Rádio

Inconfidência

Câmaras

Temáticas do

CREA-MG

Os integrantes da bancada

de representantes da SME

no CREA-MG se reuniram

para discutir a renovação

dessa representação nas

Câmaras Temáticas do con-

selho. As Câmaras são es-

feras técnicas de

articulação e planejamento

da instituição, para ofere-

cer à sociedade estudos,

proposições e projetos

sobre grandes temas da

engenharia. No dia 20 de

julho de 2012, foi realizada

na sede do Crea-Minas a

primeira reunião dos mem-

bros da Câmara Temática

de Mobilidade da RMBH.

A importância do papel das Comissões

Técnicas (CT’s) na vida da SME foi

tema debatido pela diretoria, na reunião

do mês passado. Uma das decisões to-

madas é de dinamizar, ao longo deste

ano, os trabalhos das CT’s.

O escritório de engenharia e arquitetura FarKasVölGyi apresentou

um projeto de construção de uma torre de 350 metros de altura

em Belo Horizonte, ao longo do Boulevar Arrudas. O projeto inclui

dois prédios para hotel. Caso seja construída, a torre de 85 andares

se tornará o edifício mais alto da América Latina. Atualmente, o título

pertence ao Trump Ocean Club International, com torre de 300

metros de altura, na cidade do Panamá.

Homenagem ao

ex-presidente

Itamar Franco

Page 21: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

21

Prezado(a) Senhor(a),

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), dando prosse-guimento ao trabalho social que realiza com a contribuiçãoindispensável de voluntárias (os), informa que está se pre-parando com maior antecedência na organização da Cam-panha de Natal 2012, cujo objetivo é ajudar famíliascarentes e entidades filantrópicas necessitadas.

A decisão de comunicar-lhes antecipadamente tem o intuito de possibilitar que cada colaboradorpossa se programar para integrar a Campanha de Natal 2012, que esperamos será ainda maisenvolvente e par ticipativa. Contamos com a colaboração de todos, para que este gesto hu-manitário e fraternal alcance um número ainda maior de pessoas e faça a diferença nesta data tãoespecial.

A campanha de donativos está prevista para ter início em 1º de novembro e encerramentoem 30 de novembro de 2012. A distribuição será a partir de 1º de dezembro de 2012. Posterior-mente, todos os colaboradores serão informados sobre a programação completa da campanha, comos endereços dos pontos de recebimento de donativos, a lista de produtos a serem recolhidos e osnomes das instituições que serão contempladas.

Mais informações pelos telefones: (31) 3292 3810 ou 3292 3296.

Ailton Ricaldoni Lobo e o superintende da SME, José Ciro

Mota participaram, nos dias 4 e 5 de junho, do 1º Con-

gresso Norte Mineiro de Energias Renováveis, no município

de Capitão Enéas, promovido pela Agência de Desenvolvi-

mento do Norte de Minas (Adenor) para atrair investido-

res. A cidade vai receber a maior usina de energia solar

voltaica da América Latina.Durante o encontro, especialis-

tas das áreas de energias renováveis, sustentabilidade e ges-

tão de resíduos sólidos, se reuniram para discutir

oportunidades de negócios na área, como também as alter-

nativas energéticas como energia eólica, biomassa, resíduos

sólidos e as diretrizes e políticas federais para o setor.

Sistema de Cobertura Metálica em Minas

Minas Gerais consolida-se como

pólo de atração de investimentos

no setor de coberturas metálicas.

Até 2011 a região recebeu 140 pro-

jetos, somando R$ 30 bilhões, ge-

rando mais de 40 mil empregos

diretos e 86 mil indiretos.

A Marko Sistemas Metálicos, é uma das empresas qeu contribui para este

cresimento. Com mais de 30 anos na fabricação do Sistema Roll-on, sis-

tema de bobina de aço galvanizado, 100% reciclável, garante melhor iso-

lamento a redução da temperatura e o consumo de energia. A empresa

já instalou mais de 700,000 m² do seu sistema, desde o Centro de Dis-

tribuição da Centaurus, a fábrica da Unilever. A nova obra de 22 mil m²

do sistema de cobertura é a Serra Sul Shopping com 142 lojas. Segundo

Fernanda Borges, gerente de comunicação da Marko, um dos motivos

pela escolha do produto foi sua rápida entrega e montagem, já que pos-

sibilita a execução de até 3 mil m² de área coberta por dia, oferecendo

a possibilidade de minimizar um dos problemas crônicos da construção

civil, que é a manutenção dos cronogramas, explica.

1º Congresso Norte Mineiro de Energias Renováveis

Ailton RicaldoniLobo, presidente da SME e José Ciro Mota, superintendente da SME

Page 22: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
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Page 24: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

RESPONSABILIDADE SOCIAL | MENDES JÚNIOR

Mendes Júnior é parceira de Programa que tirou 25 homens do trabalho escravo

Em Cuiabá (MT), 25 profissionais

que trabalhavam em condições de-

gradantes, foram os primeiros be-

neficiados pelo programa “Ação

Integrada pela Qualificação e Inser-

ção Social dos Egressos de Traba-

lho Escravo”, parceria firmada

entre o Consórcio Santa Bár-

bara/Mendes Júnior e a Superinten-

dência Regional de Trabalho e

Emprego do Mato Grosso e o Mi-

nistério Público do Trabalho.

Eles foram admitidos nas obras

para a construção da Arena Panta-

nal, em Cuiabá, uma das sedes da

Copa do Mundo de 2014. “Muitos

chegaram sem ter o documento de

identidade e agora possuem car-

teira assinada e todos os direitos

exigidos por lei”, explica do ge-

rente de Engenharia, Cláudio Mar-

ques de Souza.

Esses colaboradores realizaram,

por meio do SESI e SENAI, cursos

de alfabetização e qualificação pro-

fissional. “Aqui trabalho de maneira

digna e o melhor de tudo é que

tenho a oportunidade de voltar a

estudar. Tenho certeza de que a

educação e o apoio oferecidos

farão com que eu e meus colegas

possamos crescer muito, e não só

profissionalmente, mas principal-

mente como pessoas”, afirma o au-

xiliar e participante do programa,

José Divino.

O consórcio garante condições

dignas de trabalho aos profissionais

admitidos. “Todos possuem aloja-

mento e alimentação equilibrada.

Sentem-se como cidadãos, o que é

perceptível no semblante de cada

um. Também vale ressaltar o de-

sempenho que é ótimo. A dedica-

ção e a vontade impressionam”,

afirma Cláudio de Souza.

Oriundo de condições de trabalho

análogas à escravidão, o auxiliar

Manoel do Nascimento disse que

está contente com a nova oportu-

nidade e com a possibilidade de so-

nhar com um futuro melhor. “Meu

maior sonho é poder comprar uma

casa e um carro. O estudo e a pro-

fissão vão me proporcionar isso

tudo. Vão me abrir muitas portas e

novas experiências”, conclui.

Durval Fernandes da Silva e Cícero Almeida de Alcântara vítimas de trabalho escravo foram um dos beneficiados do programa na Arena Pantanal uma das sedes da Copa do Mundo de 2014

24

Page 25: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Relacionamento com a comunidade

Mendes Júnior aposta na capacitação dos trabalha-

dores brasileiros. Além de estabelecer novos mar-

cos da Engenharia, no segmento da indústria da

construção pesada no Brasil e em diversos países, a

Mendes Júnior se dedica à construção da cidadania

nas áreas onde está presente, por meio do incentivo

ao desenvolvimento de profissionais capacitados

para o trabalho e para a vida.

Na cidade de Paulínia, pólo de indústrias petroquí-

micas na região metropolitana de Campinas (SP), o

consórcio Mendes Júnior, MPE Construtora e In-

corporadora e Setal Engenharia e Construção é

responsável pela expansão da Refinaria de Paulínia

(Replan), da Petrobras. De 2009 a 2012, o consór-

cio criou e manteve o Centro de Treinamento Bio-

Ser, para oferecer à comunidade local e aos

colaboradores do projeto, cursos de formação para

carpinteiro, soldador, pedreiro, pintor industrial, ele-

tricista e encanador, além de supletivos e cursos

como “Formação de líderes” e “Como falar em pú-

blico”.

Os professores do Centro de Treinamento per-

tenciam ao quadro do Serviço Nacional de Apren-

dizagem (Senai), mas foram contratados pelo

consórcio e a ONG Instituto Futuro Cidadão, de

Campinas, parceira do projeto. Os alunos recebe-

ram material didático, uniforme e cesta básica.

O BioSer capacitou 2,7 mil alunos, sendo que metade

deles foi admitida pelo consórcio mantenedor da ini-

ciativa. O restante dos alunos foi contratado por em-

presas da região.

O crescimento acelerado da região de Paulínia esti-

mulou a demanda por trabalhadores capacitados e o

BioSer contribuiu para suprir essa necessidade local.

“Essas pessoas têm uma oportunidade real de ingres-

sar no mercado de trabalho”, afirma o diretor da área

de Negócios de Óleo e Gás da Mendes Júnior, Ro-

gério Cunha.

“Logo que chegamos, uma de nossas principais preo-

cupações foi interagir com a comunidade, visando ao

bem-estar das pessoas e não apenas as necessidades

do consórcio”, conta o coordenador de Qualidade,

Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Responsabilidade

Social da Replan, Adalberto Maddia.

Arena Pantanal e a Refinaria de Paulínia (Replan), da

Petrobras são palcos do programa que beneficia

toda a comunidade, visando ao bem-estar das pes-

soas e não apenas as necessidades da empreiteiras.

25

Page 26: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

26

Representantes da Sociedade Mi-

neira de Engenheiros (SME) mar-

caram presença na Conferência

das Nações Unidas sobre Desen-

volvimento Sustentável, a Rio+20,

realizada entre os dias 13 e 22 de

junho, no Rio de Janeiro, duas dé-

cadas após a realização da Rio-92.

Uma delas é a engenheira eletri-

cista, diretora da Comissão de

Educação em Engenharia da SME,

coordenadora do GREEN-IPUC

e professora do Curso de

Engenharia de Energia e do Pro-

grama de Pós-graduação em En-

genharia Mecânica., Antônia

Sônia Alves Cardoso Diniz. Ela

foi uma das pa les trantes do

painel do U . S . Departament

of Energy , denominado “Captu-

rando o Sol – P&D em Energia

Solar pode nos Transformar”,

com patrocínio do National Rene-

wable Energy Laboratory.

“Foi muito interessante assistir

a posicionamentos divergentes,

tentando chegar a um acordo.

Mas considero a Rio+20 um

evento extremamente posi-

tivo, desafiador e impulsiona-

dor, mesmo sem uma decisão

uniforme dos países em atuar

pela proteção do meio am-

biente global”, explica.

Para Antônia Sônia Diniz, enge-

nheiros e arquitetos podem con-

tribuir muito para um mundo

mais sustentável, através do uso

de tecnologias e técnicas de efi-

cientização energética, uso de

reciclagem, arquitetura bioclimá-

tica, transporte sustentável e,

ainda, adoção de matrizes limpas

de energias. “Ressalto a grande

participação que a energia solar

terá no futuro”, pontua.

A engenheira metalúrgica, dire-

tora de Pesquisa e Desenvolvi-

mento da Fundação Estadual de

Meio Ambiente (FEAM) e dire-

tora de Engenharia Metalúrgica

da SME, Janaína França, afirma que

o resultado mais concreto da

Rio+20 só começará a aparecer,

de fato, a partir de 2015. “Em três

anos, as Nações Unidas deverão

apresentar metas de desenvolvi-

mento sustentável a serem per-

seguidas por todos os países,

assim como a origem do dinheiro

para auxiliar os países mais po-

bres a cumprir os chamados

“Objetivos do Desenvolvimento

Sustentável” (ODS), inspirados

nos Objetivos do Milênio, se-

gundo a qual os países em desen-

volvimento devem perseguir, até

essa data, melhorias nas áreas so-

cial e de meio ambiente”, destaca.

Rio+20Diretoras da SME analisam resultados práticos do evento

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | RIO+20

Antônia Sônia Alves CardosoDiniz, coordenadora do

GREEN-IPUC e professora do Curso de Engenharia deEnergia e do Programa de

Pós-graduação em Engenharia Mecânica.

Page 27: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

27

Por isso, a expectativa dos negociadores brasileiros é

que os ODS motivem o início de uma nova etapa na

agenda mundial, para reduzir a pobreza e o impacto do

crescimento econômico sobre o meio ambiente.

Em relação à Engenharia, esse prazo vai permitir que

as faculdades insiram em seus currículos, de forma efe-

tiva, o tema sustentabilidade. O passo seguinte, expli-

cou, será transformar esse conceito em projetos e

obras. “As Nações Unidas defendem o desenvolvi-

mento sustentável desde o início dos anos 80.

Mas, pesquisa contratada pelo Ministério do

Meio Ambiente mostra que mais da metade da

população brasileira (53%) não sabia do que se

tratava às vésperas da Rio+20. Muitos dos com-

promissos assumidos na agenda internacional

continuavam no papel”, ressalta.

O dever de casa definido durante a conferência,

de acordo com a engenheira, prevê um "processo

intergovernamental transparente" para definir os

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Mas a

futura adesão será voluntária, ou seja, os países que

não cumprirem as metas não serão punidos.

Um dos parágrafos da declaração final da Rio+20

diz que o cumprimento dos objetivos levará em

conta as realidades nacionais. “Sobrou ambição

e faltou realismo ao governo brasileiro, ao insistir

na realização da Conferência Rio+20, em um dos

piores momentos da maior crise econômica desde

a Grande Depressão dos anos 30, no século

passado. Nem a anfitriã do encontro, a presidente

Dilma Rousseff, pôde concentrar-se tanto quanto de-

veria nas negociações dos grandes temas ambientais.

Teve de ir ao México para uma dramática reunião de

cúpula do Grupo dos 20 (G-20), na segunda e na

terça-feira, resgata Janaína França.

Para ela, é preciso lem-

brar que os países que,

tradicionalmente, se en-

volvem em cooperação

internacional, estão

com situação fiscal

muito difícil. Políticas

ambientais têm custo, o

que deve ser lembrado

sempre.

De acordo com Janaína

França, a ação do Brasil

está focada não no

Programa das Nações

Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA) mas no Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Ao lado da administradora do PNUD, Helen Clark,

a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Tei-

xeira, anunciou a criação de um Centro Mundial para

o Desenvolvimento Sustentável, que terá sede no Rio.

A ministra disse que o Centro será "o legado da

Rio+20". Ambas salientaram que a abordagem do

centro integrará inclusão social e proteção ambiental.

A delegação mineira presente na Rio+20 coorde-

nou debates sobre a conservação de biomas, bio-

diversidade e recursos hídricos, bem como

discussões sobre a implementação de medidas ca-

pazes de conter os efeitos das mudanças climáticas.

Também vêm sendo abordadas pelos representantes

do Governo de Minas interfaces relativas a outras

áreas, como a chamada economia verde, o cresci-

mento urbano e o desenvolvimento rural sustentá-

vel. “Hoje, Minas tem um programa de iniciativas

sustentáveis alinhado com cada um dos principais

temas do evento”, conclui.

Janaína França,

diretora de Pesquisa

e Desenvolvimento

da FEAM

Page 28: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

28

Empresas procuram talentos.

Jovens recém-formados sonham

com uma boa oportunidade de

começar a carreira. Unir oferta e

demanda, nesse caso, não é tão

difícil quanto parece e muitas

empresas de engenharia já

sabem disso. Não é à toa que

muitas delas investem nos famo-

sos programas de trainee.

A MRV Engenharia, uma das

maiores empresas de construção

civil do país, também tem o seu

Programa de Trainee. O gestor

de Desenvolvimento Humano e

Organizacional da empresa, Tiago Caixeta, relata que o

projeto teve início em 2007 e, depois da ausência em

2009 e 2010, retornou em 2011 em novo formato.

No ano passado, entraram 12 trainees e, neste, 14 da

MRV e de empresas parcei-

ras do grupo MRL Prime.

Nesse grupo, os engenhei-

ros civis são seis. No en-

tanto, há espaço para

recém-formados nas enge-

nharias Elétrica e Mecânica.

“A MRV quer pessoas

muito qualificadas e com

potencial alto para ocupar

posições de liderança”,

afirma. Além de engenhei-

ros, o Programa também

abre inscrições para profis-

sionais das áreas comercial,

crédito imobiliário, desen volvimento imobiliário e supri-

mentos. O período de formação é de dois anos. Os par-

ticipantes têm o desafio de conhecer todas as áreas do

negócio MRV antes de se dedicarem à sua. E tudo isso

orientado por um executivo da companhia.

CARREIRA | TRAINEE

Tiago Caixeta, gestor de gesenvolvimento

humano e organizacional da MRV

Programas de Trainee são umaótima oportunidade para engenheirosrecém-formados

Page 29: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

29

A participação ativa dos executivos da MRV é

fato incontestável.

Apesar da diferença de idade e know-how na pro-

fissão, eles já compreenderam a lógica do pro-

grama de trainee, como explica Caixeta.

“Os executivos estão na origem e no meio desse

“jogo” porque são eles que demandam pelos

trainees para seus setores. E esse comprometi-

mento dos executivos desde o início tem ren-

dido bons resultados”, pontua.

Além de conhecer o negócio MRV em todas as

suas áreas, o Programa de Trainee também ofe-

rece cursos de gestão empresaria e matemática

financeira, conteúdos que os novos profissionais

vão usar durante toda a carreira.

A analista de engenharia trainee, Ana Carolina

Rettore, 25 anos, formada em engenharia Civil

pela UFMG, é uma das participantes do projeto.

“Eu acho uma excelente oportunidade. Foi a me-

lhor escolha que fiz na minha vida”, relata.

Mais que uma vaga de trabalho na sua área de

atuação, a engenheira também tem gostado da

ideia de conhecer pessoas diferentes todos os

dias, “do peão aos diretores”. Mas o que ela

quer, mesmo é chegar na área de Obras.

A relação com o mentor é outro ponto ob-

servado por Ana Carolina Rettore. No

caso dela, é o diretor executivo, Romero

Paiva. “Qualquer cinco minutos com ele

vale muito tempo”, declara.

Page 30: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

30

A Fidens Engenharia S/A começou o seu programa de

trainee em 2008, como relata a superintendente de

Pessoas e Gestão da empresa, Rijane Mont’Alverne.

“O programa foi criado para formar profissionais que

ocuparão posições estratégicas na empresa e, assim, dar

suporte ao processo de cresci-

mento sustentado”, pontua.

Para tanto, a empresa foca em

uma formação que seja a mais

completa possível, para pro-

porcionar, ao mesmo tempo,

conhecimento das atribuições

da função e o desenvolvimento

das competências requeridas

pela organização, além de ofe-

recer visão ampliada da gestão

do negócio Fidens.

A superintendente afirma que o

ganho da empresa é muito grande. “Ganhamos pela for-

mação de mão de obra qualificada e alinhada com os ob-

jetivos da empresa, especialmente em um momento em

que o mercado está aquecido, o que torna a busca por

profissionais mais concorrida”, ressalta.

Os resultados positivos do Programa de Trainee da em-

presa devem-se a diversos fatores. Entre eles a política

de remuneração competitiva e a proposta de desenvol-

vimento da carreira desses jovens profissionais, um as-

pecto que Rijane Mont’Alverne considera essencial. Ao

final de oito meses de duração, a re-

tenção dos talentos é de 80% para os

cargos de engenheiros/gerentes de

contratos e, ainda, chefes/gerentes ad-

ministrativos.

A empresa também conta com uma

estratégia de comunicação elaborada,

diferenciada e focada no público de in-

teresse, o que tem feito como que o

número de candidatos dentro do

perfil de interesse da empresa seja

alto. Segundo a superintendente, para

uma empresa que atua na construção

pesada, o grande desafio de um pro-

grama do gênero é vencer a concorrência das outras

companhias do mesmo segmento que também estão à

procura dos trainees. “Por isso, contamos com diferen-

ciais capazes de atrair a atenção e o desejo dos candida-

tos em trabalhar e construir carreira na Fidens .

Rijane Mont’Alverne,

superintendente de pessoas

e gestão da Fidens

CARREIRA | TRAINEE

Ganhamos pela formação de mão

de obra qualificada e alinhada

com os objetivos da empresa,

especialmente em um momento

em que o mercado está

aquecido, o que torna a busca

por profissionais mais concorrida.

Rijane Mont’Alverne

“Arqu

ivo Fide

ns

Page 31: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

31

Entre 2008 e 2012, já passaram 39 recém-forma-

dos na área de Engenharia pelo programa de trai-

nee da Fidens. Um deles é o engenheiro civil

pleno Leandro Gontijo Soares, que participou da

primeira edição, em 2008 e, atualmente, trabalha

na obra para a MMX em Serra Azul (MG).

Ele formou-se pela Universidade Federal de Minas Ge-

rais, em 2008. “No período da conclusão da graduação,

fiz buscas diárias na internet por programas de trainees

na área de Engenharia. Ao encontrar o da Fidens, bus-

quei entendê-lo bem por meio de informações do site

e das redes de amigos. Estudei sobre a empresa (mis-

são, visão e política) e também sobre as obras que de-

senvolvia e sobre os lugares em que atuava. Percebi que

a organização almejava grande crescimento e optei por

crescer juntamente com ela”, lembra.

A cada etapa do processo concluído, o engenheiro sen-

tia-se motivado a integrar o time de profissionais da Fi-

dens, a empresa que ele escolheu para fazer a sua

carreira, já que seus valores pessoais se alinhavam com

os da companhia. As oportunidades de aprendizado

eram contínuas, em diferentes equipes de trabalho e

em empreendimentos diversos.

Em um ano, ele participou da construção de uma bar-

ragem de solo e da implantação de uma estrada, tudo

com um plano de remuneração atrativo e grande su-

porte para acomodação e alimentação. A oportunidade

de viajar pelo país também era um diferencial interes-

sante naquele momento. “Aprendizado e crescimento

pressupõem comprometimento com o trabalho. Acre-

dito que o programa de trainee traz grandes oportu-

nidades de crescimento profissional e pessoal. Para

aproveitá-las da melhor forma possível, vejo que é pre-

ciso ter foco, dedicação e principalmente vontade de

se relacionar com pessoas de diferentes perfis, funções

e níveis hierárquicos”, recomenda.

O resultado tem sido muito positivo. O engenheiro

disse que amadureceu com os desafios, dúvidas e in-

certezas com as quais tem convivido nesses anos.

Afinal, ele ainda está em processo de aprendizado.

Para ele, lidar com a resolução de diferentes proble-

mas a cada dia, viver em diferentes lugares do Brasil

e conviver com as equipes de trabalho trazem, ao

longo do tempo, segurança e maturidade para se re-

lacionar com pessoas e com as situações e proble-

mas do trabalho.

O engenheiro civil pleno, Leandro Gontijo

Soares, que participou da primeira edição do

programa de trainee da Fidens

Arqu

ivo Fide

ns

Page 32: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

32

Uma das fábricas de caminhões que

mais cresce no Brasil, a Iveco tam-

bém tem o seu programa de trainee,

em um formato distinto: um curso

de especialização direcionado exclu-

sivamente para formar mão de obra

especializada para trabalhar na com-

panhia que integra o Grupo Fiat.

Lançado em maio de 2011, o Start!

é o programa da montadora para

atrair profissionais para o pólo auto-

motivo da empresa em toda a Amé-

rica Latina. Criado por meio de uma

parceria entre a Iveco e a Pontifícia

Universidade Católica de Minas

Gerais (PUC-Minas), o Start! é um

curso de pós-graduação em Enge-

nharia Automotiva, Engenharia de

Manufatura e Estratégia Empresarial

Automotiva direcionado a profissio-

nais com até um ano de formação

em Engenharia, administração, logís-

tica e outros. “São cursos específicos

que não existem no mercado edu-

cacional e que foram criados espe-

cialmente para atender a demanda

da Iveco. Queremos profissionais

que façam carreira na montadora e

que, no futuro, sejam nossos novos

gestores”, enfatiza a diretora de Re-

cursos Humanos da empresa, Ionara

Pontes.

Para atrair a atenção dos estudan-

tes, a Iveco disponibilizou 60 vagas

– 20 para cada curso -, além de

uma bolsa mensal de R$ 2387,

sendo que a mensalidade da

pós-graduação é paga pela monta-

dora. Os cursos, que começaram

no dia 20 de setembro de 2011,

terão duração de 18 meses, com

seis horas diárias de aulas, que

somam 1.400 horas de aulas teó-

ricas e práticas e outras 600 horas

de On the job e Project Work. A ex-

pectativa da Iveco é absorver

100% das turmas, mas a contrata-

ção vai depender do desempenho

de cada um dos estudantes ao final

do curso. “Com esse processo, a

Iveco pretende identificar com

mais precisão o profissional que

tem vocação para preencher os re-

quisitos que procura e, muitas vezes,

não encontra no mercado”, aponta.

Um deles é Anderson Ribeiro Veloso,

formado em Engenharia Ambiental

pelas Faculdades Santo Agostinho,

de Montes Claros, em 2010. Aos

29 anos, ele está entusiasmado

pelo curso. “No último ano da fa-

culdade de Engenharia, eu já tinha

colocado como meta profissional

iniciar minha carreira como trai-

nee. Por isso li muito a respeito

dos programas”, lembra.

Mas ele tinha obstáculos. Um

deles é que não dominava o

idioma inglês e também não

tinha experiência no exterior.

Depois da formatura, ele pediu

demissão do trabalho e fez inter-

câmbio na Irlanda. Ao retornar

ao Brasil, recebeu o e-mail da

Iveco e decidiu encarar o desafio

de se qualificar ainda mais para

fazer parte da montadora.

Anderson Ribeiro Veloso,

formado em Engenharia

Ambiental estudou inglês

no exterior para se

qualificar e depois decidiu

encarar o desafio para

fazer parte da montadora.

CARREIRA | TRAINEE

Page 33: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

33

Para Veloso, o próprio nome do

Programa - Start!, Especialização e

Carreira - já resume muita coisa.

“Realmente o programa é robusto

e muito completo, pois está permi-

tindo ao longo do tempo uma

imersão de forma suscinta em di-

versas áreas da organização, fa-

zendo com que o trainee tenha

um conhecimento de toda a

cadeia produtiva da empresa,

desde os fornecedores até o

cliente final”, enfatiza.

O futuro é promissor, inclusive

para a possibilidade de ter uma

carreira internacional, outra meta

do engenheiro. “O maior ponto

positivo do programa Start!, o que

o difere da maioria dos outros no

país, é o fato de recebermos uma

especialização, antes mesmo de

entrarmos na empresa, no meu

caso estou cursando Engenharia

de Manufatura, com 1.400

horas/aula em 10 meses (tempo

integral), ministradas na PUC de

Sete Lagoas. Somente após este

período, é que faremos on the job

na Iveco por 8 meses, com a

o p o r tunidade de apl icarmos

o s conhecimentos adquiridos

durante a especialização”, comenta.

Até o dia 3 de julho, haviam 2,7 mil

candidatos inscritos para concor-

rer às 30 vagas abertas para o

Programa de Trainee da Samarco

Mineração. Essas colocações são

direcionadas para profissionais

formados entre junho de 2010 e

agosto de 2012, nos cursos de

Geologia/Engenharia Geológica,

Engenharia Mecânica, Engenharia

Elétrica, Engenharia de Minas, En-

genharia Metalúrgica, Engenharia

Civil, Engenharia de Automação,

Engenharia de Produção e En-

genharia Química.

De acordo com a analista de RH

da empresa e ex- participante do

Programa, Luciana Pimenta, a

Samarco conduz um apurado pro-

cesso de triagem para escolher os

profissionais. Além de provas on-

line de Inglês e raciocínio lógico,

há dinâmicas de grupo e painéis de

negócio onde eles são apresenta-

dos aos gestores da companhia.

De forma geral, o que a Samarco

deseja no seu quadro de funcioná-

rios são jovens profissionais com

conhecimento técnico específico

das engenharias que podem atuar

no negócio e, ainda, comporta-

mento coerente com a cultura e

os valores da empresa.

A admissão está prevista para se-

tembro. Uma vez empregados, eles

participam de um programa in-

terno de desenvolvimento com

duração de um ano, na área em

que se graduou. “Da edição reali-

zada há quatro anos, cerca de 80%

dos participantes continuam na

empresa, o que confirma que o

nosso programa atende ao seu ob-

jetivo”, argumenta. Critérios bem

definidos e regras claras são o que

mantém a confiança dos jovens na

possibilidade de construir uma

carreira de sucesso em uma das

empresas mais tradicionais do

setor mineral brasileiro.

Diferente de outros programas, o

da Samarco não se concentra ape-

nas em jovens que pretendem se-

guir a carreira gerencial. “Aqui

temos espaço para aqueles que

querem ser técnicos também”,

afirma a analista.

Todos os trainees da Samarco têm

tutores que os acompanham du-

rante o Programa que são gesto-

res ou técnicos da companhia.

Para Luciana Pimenta, esse auxílio

é precioso para a adaptação do

novo profissional. O salário com-

patível com o mercado é outro

fator atrativo.

Anderson Ribeiro Veloso

O maior ponto positivo do

programa é o fato de

recebermos uma

especialização, antes mesmo

de entrarmos na empresa,

com 1.400 horas/aula

em 10 meses ministradas

pela PUC - Sete Lagoas.

Page 34: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Iº SEMINÁRIO MOBILIDADEURBANA: DESAFIOS E PROPOSTAS

34

A Sociedade Mineira de Enge-

nheiros (SME) e a Associação

Comercial e Empresarial de

Minas (ACMinas) realizaram, no

último dia 3 de agosto, o 1º Seminá-

rio Mobilidade Urbana: Desafios

e Propostas. O evento foi reali-

zado no auditório da ACMi-

nas e presidido pelo Secretário

de Política Nacional de Transpor-

tes do Ministério dos Transpor-

tes, Marcelo Perrupato. O

seminário contou com a partici-

pação de mais de 200 convida-

dos entre personalidades e

representantes do setor.

Os principais temas abordados

no Seminário que teve duração

de quase cinco horas foram:

“Cenário Atual da Ferrovia

Centro Atlântica no contexto

nacional e projetos para Minas

Gerais” proferido pelo coor-

denador de relações institucio-

nais da Ferrovia Centro

Atlântica (FCA), José Osvaldo

Cruz. Outros dois assuntos de

destaque foram sobre os

temas “Metrô leve – uma solu-

ção para a RMBH”, tendo

como palestrante o diretor

comercial da Construtora

Queiroz Galvão, Berilo Torres

e “Mobilidade Urbana e a Im-

plantação do Trem Metropo-

litano de Belo Horizonte”,

palestra ministrada pelo eco-

nomista João Luiz da Silva Dias.

Para o Presidente da Sociedade

Mineira de Engenheiros, Ailton

Ricaldoni, o seminário retratou a

realidade do que é mobilidade

em Belo Horizonte. “Portanto,

quando nos propusemos a discu-

tir esse tema tão importante nos

dias de hoje, queríamos fazê-lo

dentro dessa grande teia que é a

vida urbana moderna. Por isso,

procuramos reunir especialistas

no assunto, gestores, empresá-

rios; profissionais de engenharia

e arquitetura interessados no

tema” , observa .

De acordo com Ailton Ricaldoni,

“pensar em mobilidade urbana

é, portanto, pensar como se or-

ganizam os fluxos na cidade. É

necessário garantir que o em-

presário, o estudante, a dona de

casa, o trabalhador, as crianças,

os idosos, a população de forma

geral, tenham acesso ao que a

cidade oferece. Quando digo

isso, pode parecer simples, mas

não é”.

Segundo o presidente da SME , “

é tempo de refletir e agir para

que os avanços e as dificuldades

na vida urbana sejam debatidos e

propostas sejam apresentadas”.

A contribuição da sociedade,

observa, “é para que decisões

sejam tomadas rumo a uma ci-

dade mais integrada, com qua-

lidade de vida, capaz de

oferecer mobilidade com con-

forto e segurança”, conclui.

Presidente da SME,

Ailton Ricaldoni

Entidades abrem debate sobre mobilidade na RMBH

EVENTO | SOLUÇÕES PARA MOBILIDADE PARA RMBH

Page 35: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

35

Alexandre Silveira João Luiz da Silva Dias Berilo Torres

Sérgio Prates, Cléo Vaz e José AparecidoMais de 200 pessoas participaram do seminário no

auditório da ACMinas

Marcelo Perrupato, Charliston

Moreira e José CoutinhoJosé Osvaldo Cruz Marcelo Perrupato

Realização Apoio Patrocínio

Page 36: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

36

Aos 22 anos, a estudante do sexto

período do curso de engenharia

de Energia da Pontifícia Universi-

dade Católica de Minas Gerais

(PUC Minas), Fernanda Rabelo

Souza, será a primeira enegnheira

de sua família, que mora em Car-

mópolis de Minas. Por isso, está

aproveitando esse estágio da sua

formação para ingressar no mer-

cado. A seu favor, ela tem um mo-

mento ímpar da economia. O que

abre vagas para programas de es-

tágio cada vez mais arrojados.

Atualmente, está fazendo está-

gio na Arcellor Mital. O pro-

grama com duração de seis

meses tem possibilitado a ela

conhecer áreas importantes da

empresa como a divisão de

projetos, aprender a lidar com

situações difíceis e ter em

mente que ela é parte do pla-

nejamento estratégico da com-

panhia. “A minha visão do

mercado está diferente”,

afirma.

Logo que começou a estudar, ela

já sentiu a necessidade de conhe-

cer o mercado. No segundo ano

da universidade, ingressou na Fun-

dação Estadual de Meio Ambiente

(FEAM) e, depois, conseguiu uma

vaga para fazer estágio no CREA-

MG. “Nessa época, eu frequentava

os seminários e palestras da So-

ciedade Mineira de Engenheiros

(SME) para interagir com o mer-

cado. Acabei conhecendo muitos

profissionais do setor e sinto-me

privilegiada por ter conseguido

estágios tão variados e positivos

para a minha carreira”, ressalta.

Para a estudante, confrontar o

conhecimento teórico de sala de

aula com a prática de empresa

multinacional conhecer profis-

sionais de diferentes perfis e car-

gos é aquele tipo de experiência

imperdível para uma estudante

universitária. Esse contato tem

feito com que ela tenha contato

com a realidade do mercado e

com o tipo de profissional que as

Construir uma carreirade sucesso começa na universidade

NOVOS ENGENHEIROS | FERNANDA RABELO SOUZA

Page 37: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

37

Desenvolver habilidades e

competências como o

espírito empreendedor e

cooperativo são essenciais

para quem busca uma

carreira de sucesso.

““

companhias procuram para in-

gressar no seu quadro de funcio-

nários. “Como estudantes, não

sabemos quais as características

que devem ser desenvolvidas

para ingressar e se manter em

uma empresa como a Arcellor

Mital, por exemplo”, define.

Enquanto se divide entre a PUC

Minas e o estágio, Fernanda Souza

alimenta as melhores expectativas

em relação ao mercado de traba-

lho da sua área. “O aumento da

demanda por energia tem cres-

cido ano a ano e vemos que as

fontes energéticas alternativas

estão em pleno desenvolvimento,

o que eleva, também, a necessi-

dade de aumentar o número de

profissionais que atuam na área”,

argumenta.

O contato com o mercado tem

rendido maior compreensão do

curso de Engenharia de Energia.

Para ela, essa é uma área promis-

sora porque leva aos estudantes

uma visão integrada, com conhe-

cimentos em diversas áreas.

Mas isso não é tudo. O futuro

profissional, também. tem um

papel a cumprir e a estudante

sabe disso. Desenvolver habilida-

des e competências como o espí-

rito empreendedor e cooperativo

são essenciais para quem busca

uma carreira de sucesso.

Na mesma linha, é preciso conhe-

cer e pactuar com a proposta de

desenvolvimento sustentável para

se alinhar ao mercado da Enge-

nharia. “Essa não é uma trajetória

fácil, mas tenho orgulho do que

tenho conseguido até agora”, con-

sidera. Sobre aquele antigo mito

de que engenharia não combina

com mulheres, ela tem a convic-

ção de que a carreira é também

para elas. “O mercado tem con-

tratado mulheres. As característi-

cas femininas de trabalho e gestão

têm sido valorizadas também

pelas empresas do segmento”,

conclui.

Fernanda Rabelo Souza

Page 38: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Um tipo inovador de

construção que utiliza

módulos semelhantes

a contêineres feitos

com concreto especiais, um sistema

de Coleta e Descarte de Óleo de

Cozinha, telhas em PVC e de fibras

vegetais, produtos que podem ser

facilmente reciclados. Completando,

a famosa “Praça do Concreto” com

diversas soluções urbanas que usam

esse insumo, a Casa Design e,

ainda, softwares que revolucio-

nam os processos e resultados das

empresas.

Esses foram apenas alguns dos

destaques da edição 2012 da Feira

Internacional da Construção que

reuniu mais de 300 expositores

do Expominas e resultou em

R$ 95 milhões em negócios, em

quatro dias de evento. Em visitan-

tes foram 34 mil.

Visitar uma feira de setor, seja

como mero expectador, curioso

ou, ainda, como profissional da

área, é uma oportunidade ímpar

para conhecer novidades. No

caso da indústria da construção,

os produtos e serviços apresen-

tados na Construir Minas este

ano têm seguido a tendência de

construção sustentável.

A engenheira e urbanista formada

pela Fumec, em 1993, e coordena-

dora do MBA Edifícios Sustentá-

veis: Projeto e Performance,

lançado em abril deste ano pela

mesma instituição, Cristiane La-

cerda, afirma que este é o mo-

mento para que as empresas se

alinhem com essa tendência

para a qual não há possibilidade

de retrocesso. “Dentro de 5 ou

10 anos, as gestões hídrica e

energética já serão leis. Então, se

as empresas se preparam com

antecedência, não sofrerão gran-

des impactos para fazer as mu-

danças rapidamente”, observa.

Mas o que é construção sustentá-

vel? Em primeiro lugar, sustentabi-

lidade significa a mitigação de

impactos. Levar esse conceito

para esse ramo de negócios se dá

pela tomada de decisões que re-

sultem em qualidade/durabilidade

sem gerar prejuízos para o meio

ambiente.

Outra vertente refere-se à sele-

ção de materiais que serão usados

em cada projeto, não apenas pelo

seu resultado final, mas pela

observação da cadeia produtiva.

No caso da madeira certificada,

por exemplo, se as empresas se

preocupassem em saber a proce-

dência do material, com certeza

evitariam grande parte do desma-

tamento da Amazônia. Da mesma

forma, se um produto, por mais

econômico que seja, usa artifícios

como trabalho escravo ou infantil,

não há o que justifique a sua com-

pra e uso em um projeto.

A sustentabilidade em construção,

não está apenas no mercado, mas

dentro das empresas, a partir da

adoção de novos processos. “Me-

lhor que demolir é desconstruir e

dar uma destinação final correta

para os produtos”, aponta. Na

mesma linha, melhor usar o “lava

rodas” na saída dos canteiros que

“transportar” poeira para o res-

tante da cidade.Todas essas deci-

sões devem gerar ganhos para a

empresa, o que é justo, mas tam-

bém para a cidade e para a popu-

lação em geral.

Multidisciplinar, essa modalidade

da Engenharia reúne profissionais

como engenheiros ambientais, quí-

38

CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE

Construção sustentável é incorporada pela indústria

Page 39: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

usadas para a automação dos edifícios, evitando

desperdício de energia elétrica e de água, “São fer-

ramentas que devem ser usadas com inteligência e

a nosso favor”, completa.

A construção sustentável não é um pacote fe-

chado que contém todas as soluções, mas um

processo contínuo de melhoria. Por isso, as

obras, mesmo depois de concluídas, devem abrir

possibilidades para o aprimoramento. Atual-

mente, o uso de painéis fotovoltaicos ainda é

bastante oneroso. No entanto, em alguns anos,

essa tecnologia estará mais acessível.

Cabe aos profissionais se lembrarem de que essas me-

lhorias terão que ser feitas em algum momento. “Se a

empresa e/ou profissional vai construir que faça certo

da primeira vez. Normalmente, quem constrói não é

quem usa o imóvel que acaba se tornando uma

herança ruim para a cidade. A qualidade dessa herança

tem que mudar”, desafia a professora.

Cristiane

Lacerda,

engenheira

e urbanista,

coordenadora

do MBA

Edifícios

Sustentáveis

micos e arquitetos, entre outros. Segundo a pro-

fessora, no caso específico da Bioarquitetura, é im-

prescindível usar as características climáticas do

local - sol e ventilação natural - a favor do projeto,

para evitar a construção de edifícios que já “nas-

cem” doentes. “Tudo isso deve ser definido no es-

tágio processual, ou seja, no início do projeto”,

lembra.

O que se pretende com a construção sustentá-

vel é justamente resgatar o que se chama de boa

engenharia e boa arquitetura. Mas sem radicalis-

mos, já que as tecnologias existentes podem ser

Page 40: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Os novos projetos já estão incor-

porando diferenciais como o reuso

da água de chuva para limpeza da

área externa, irrigar os jardins ou

mesmo para os sanitários. No que-

sito energético, a otimização do re-

curso por meio de edifícios

eficientes ou mesmo a adoção de

matrizes alternativas e limpas como

a eólica e a solar estão na pauta do

dia. Se o projeto é urbanístico, deve-

se pensar em cidades sustentáveis

que tenham habitações e infraestru-

tura bem constituídas. A mobili-

dade também é um quesito a ser

observado. Em suma, independente

da obra, tudo deve ser pensando

para aumentar a eficiência e reduzir

gastos, mesmo porque o recurso

dos usuários para operar um em-

preendimento varia. “A lógica é di-

ferente porque o se pretende é

investir mais no curto prazo para

ter benefícios a médio e longo pra-

zos”, ressalta.

Há quem alegue que os produtos e

serviços ecológicos são mais caros

que os tradicionais. Essa é outra

mudança a ser conduzida pelos

profissionais da indústria da cons-

trução e, depois, pelos consumido-

res. “Se poucas pessoas compram

um produto, ele é mais caro. Se

muitas compram, aumenta a produ-

ção em escala e o preço cai invaria-

velmente”, analisa.

Embora seja o quarto lugar mun-

dial em construções sustentáveis,

o número de projetos do gênero,

no Brasil, corresponde a 1% do

que é feito nos Estados Unidos

(EUA). “A disparidade ainda é

muito grande. O Brasil ainda está

no papel de observador para ver

onde essa história de construção

sustentável vai chegar”, explica.

No entanto, os consumidores já

estão mais atentos em relação aos

produtos sustentáveis, aceitando, in-

clusive, que eles são mais caros. Cer-

tificações como a ISO 9001, ISO

14001 e a certificação de segurança

do trabalho são diferenciais que

agregam valor aos projetos. “Há pes-

quisas que demonstram que os pro-

dutos sustentáveis vendem mais

rápido, principalmente no caso de

empreendimentos que serão aluga-

dos. Uma empresa que ocupa um

“Green Building” agrega valor a sua

marca”, avalia.

Belo Horizonte segue a tendência

do Brasil no que se refere a cons-

truções sustentáveis. Há mais cons-

trutores observando esse movi-

mento que aplicando essa nova ten-

dência. “Quando o Estado se decidir,

com certeza vai se destacar no ce-

nário nacional”, provoca.

Não faltam incentivos para os cons-

trutores. Em junho deste ano, a Pre-

feitura de Belo Horizonte (PBH),

por meio da Deliberação Norma-

tiva nº 66/2009 do Conselho Muni-

cipal de Meio Ambiente (Comam),

que estabeleceu as medidas de sus-

tentabilidade e de combate às mu-

danças climáticas, e a Portaria da

SMMA 06/2012, que estabeleceu os

critérios e parâmetros para a con-

cessão dos selos.

Daí foi instituído o Programa de

Certificação em Sustentabilidade

Ambiental, chamado Selo BH Sus-

tentável, destinado aos empreendi-

mentos públicos e privados da

capital. De acordo com o enge-

nheiro civil formado pela UFMG

em 1976 e gerente de Planeja-

mento e Monitoramento Ambiental

da SMMA, Weber Coutinho, o pro-

grama traduz uma política pública

que pretende incentivar os cons-

trutores a adotarem medidas que

contribuam para a redução do con-

sumo de água, energia, de emissões

diretas de gases de efeito estufa,

bem como a geração de resíduos

sólidos pelos empreendimentos.

Os empreendimentos certificados

receberão o selo nas modalidade

Ouro, Prata ou Bronze. Para tanto, é

preciso obter 100 pontos, com as

medidas de sustentabilidade adota-

das. Basicamente, isto se resume no

Há pesquisas que demonstram que os

produtos sustentáveisvendem mais rápido,principalmente no

caso de empreendi-mentos que serão alugados. Uma

empresa que ocupaum “Green Building”

agrega valor asua marca.

40

CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE

Page 41: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

alcance dos índices de redução de

consumo de 25% para energia e de

30% para água, e, ainda, de redu-

ção/reciclagem de 70% de resíduos

sólidos. Para os empreendimentos

que emitem diretamente gases de

efeito estufa, o índice de

redução/compensação mínimo a

ser atingido é de 80%.

Os primeiros empreendimentos

existentes que já receberam o

selo BH Sustentável foram: Aterro

Sanitário da BR 040 – SLU /Con-

sórcio Horizonte ASJA, Hotel

Quality Afonso Pena, Hotel Caesar

Business, Edifício Sede da FIEMG,

Edifício Sede da TV Globo Minas,

Edifício Sede da Cowan, Edifício

Residencial Moacyr de Figuei-

roa – Campo Engenharia, Condo-

mínio Edifício Comercial Raja Hills

e, ainda, o Centro de Educação

Ambiental do PROPAM.

Os empreendimentos em projeto

que tiveram suas propostas apro-

vadas para futura certificação são

o Hotel Lavras 150 – MASB, Edi-

fício Comercial PRIME SAVASSI,

Construtora Ferreira Miranda e

Edifício Residencial Villa Real,

Construtora Diniz Camargos. “

No caso do selo BH Sustentável, a

certificação é de resultados, isto é,

a adoção de processos que contri-

buam para a sustentabilidade

do empreendimento, através

da eficientização dos consumos de

energia e de água, e, ainda, da ges-

tão dos resíduos sólidos e da re-

dução direta das emissões dos

gases de efeito estufa”, explica.

Os construtores que querem ter

projetos certificados, seja com a

realização de retrofits e/ou pela

inclusão de dispositivos de susten-

tabilidade podem consultar o site

www.cesa.pbh.gov.br, onde obterão

as informações complementares

sobre esse processo de inscrição.

De acordo com Coutinho, a cons-

trução sustentável é um movi-

mento que está iniciando agora

em Belo Horizonte. Prova disso é

que, foram os 12 empreendimen-

tos já certificados pela PBH há ou-

tros três certificados com o selo

Procel e alguns em processo de

certificação com o selo LEED,

do Green Building Council Brasil.

A expectativa é positiva. “A médio

prazo, espera-se que essa política

seja incorporada definitivamente

pelo setor da construção civil da

cidade”, adianta. Ainda conforme

o gestor, a adoção da sustentabili-

dade nos projetos de engenharia

Weber Coutinho, engenheiro

civil e gerente de Planeja-

mento e Monitoramento Am-

biental da SMMA

41

Empreendimentos Certificados

• Edifício Sede TV Globo Minas • Edifício Sede FIEMG • Hotel Quality Afonso Pena• Hotel Caesar Business• Edifício Comercial Raja Hills • Edifício Residencial Moacyr Figueiroa• Edifício-sede Cowan• Aterro Sanitário BR-040 - SLU• Centro de Educação Ambiental do PROPAM-PBH.

Edificações novas com laudo aprovado para certificação

• Hotel Lavras 150• Edifício Comercial Prime Savassi • Edifício Residencial Villa Rica.

Selo BH Sustentável

Page 42: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

e arquitetura somente será assimilada pelo setor com

a avaliação do custo-benefício, ou seja, quando os pro-

jetistas mostrarem para os empreendedores e inves-

tidores que o tempo de retorno desse tipo de

investimento é economicamente viável.

A atuação do poder público vai além da certifica-

ção, como explica Coutinho. Através de leis, é pos-

sível exigir a incorporação de medidas sustentáveis

nos projetos de engenharia e, também, de incenti-

vos fiscais. Já a certificação, pontua Coutinho, é o

reconhecimento perante a sociedade.

A resposta do setor a essa mudança é positiva.

De acordo com o vice-presidente da área de Materiais,

Tecnologia e Meio Ambiente do Sindicato da Indústria

da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG),

Geraldo Jardim Linhares Júnior, a aplicação de sistemas

construtivos e o uso de materiais que reduzem o im-

pacto sobre o meio ambiente são uma tendência que

o setor já conhece. No entanto, a questão está mais na

concepção dos projetos que na escolha dos insumos.

“Essa concepção nasce na cabeça de quem idealiza o

empreendimento. Mas é preciso lembrar que ele deverá

ser comercializado e que as pessoas pedirão argumen-

tos para fazer a escolha por esse produto”, ressalta.

O que falta, então? Para o dirigente, que o mercado

absorva de fato esse conceito que tem vertentes

ambiental e social mas, também, econômica. Por isso,

os projetos que pretendam ser sustentáveis devem

ser mais flexíveis para a incorporação de novas tec-

nologias. “Hoje já é possível administrar o consumo

de energia com sensores. As placas de aquecimento

solar são uma realidade, assim como o reuso da água

e a captação da água da chuva”, exemplifica.

Mas essa tecnologia não pode ser para poucos, como

se fosse um artigo de luxo. Na verdade, o produto

sustentável ainda é mais caro que o tradicional e o

aumento do uso desses produtos só acontecerá.

De fato, quando os consumidores entenderem que,

além de bem-estar e qualidade de vida, o prédio sus-

tentável gera riqueza futura para o proprietário.

No caso de empreendimentos comerciais, garante

Geraldo Júnior, é ainda mais fácil perceber essa lógica

já que o valor do condomínio é menor. “Precisamos

conscientizar os atores da cadeia produtiva”, considera.

No entanto, reconhece o dirigente, os consumidores

ainda buscam produtos imobiliários que caibam no

bolso. O preço do empreendimento é o que fala mais

alto na hora da compra e, por outro lado, as empresa

também têm que gerar lucro. Nas classes populares, essa

visão é ainda mais clara porque a prestação do financia-

mento não pode inviabilizar o pagamento das outras

contas da família. No entanto, a captação de água da

chuva é feita desde 2004 em conjuntos habitacionais.

“As pessoas têm que entender que sustentabilidade é

para todos”, reafirma. Quanto ao setor, o atual mo-

mento é propício para a qualificação das empresas que

experimentam lucratividade menor que em 2008 e

2009, mas já compreenderam que desperdício e re-

trabalho são fatores que comprometem ainda mais o

resultado das companhias.

42

CONSTRUÇÃO | SUSTENTABILIDADE

Page 43: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Um investimento da indústria

O Sistema FIEMG acredita que uma indústria sustentávelse constrói através da competitividade, da inovaçãoe da responsabilidade. Ser sustentável é ser competitivo. É produzir mais e melhor. É conquistar o mercado global e se preparar para um mundo cada vez mais exigente. Ser sustentável é ser inovador. É investir em novas tecnologias. É incentivar estudos e pesquisas para o desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços. Ser sustentável é ser responsável. É fazer da economia verde e da preservação da natureza uma realidade. É buscar processos de produção cada vez mais limpos. É promover a educação em todos os níveise lugares. É investir em cultura, esporte, saúde e lazer. A sustentabilidade é assim: está na maneira como pensamos o mundo. No caminho que escolhemos para a nossa indústria.

Indústriasustentável.Este é o nossocompromisso.

Page 44: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

44

Entre os dias 27 e 30 de junho,

Belo Horizontes foi a capital na-

cional da indústria da constru-

ção. Depois de 10 anos, a capital

voltou a sediar o Encontro Na-

cional da Indústria da Constru-

ção (ENIC), na sua 84ª edição. A

programação incluiu, também,

dois eventos paralelos que já en-

traram para o calendário do

setor no Estado: a Feira Interna-

cional da Construção (Construir

Minas 2012) e o 9º Encontro

Unificado da Cadeia Produtiva

da Indústria da Construção

(Minascon 2012), realizados

no Expominas.

O resultado foi um sucesso, com

2 mil inscritos para o ENIC con-

feriram palestras sobre diversos

temas que compõem o dia a dia

da indústria da construção. O

evento é uma promoção da Câ-

mara Brasileira da Indústria da

Construção (CBIC), com a reali-

zação do Sindicato da Indústria

da Construção Civil de Minas

Gerais (Sinduscon-MG) e o Sin-

dicato da Indústria da Constru-

ção Pesada de Minas Gerais

(Sicepot-MG) com patrocínio

do Plano de Amparo Social Ime-

diato (PASI), Gerdau, Companhia

de Desenvolvimento Econômico

de Minas Gerais (Codemig),

Caixa Econômica Federal (Caixa)

e Confederação Nacional da

Indústria (CNI).

A cerimônia de abertura do

ENIC, no Palácio das Artes, reuniu

autoridades, gestores e empresá-

rios da indústria da construção. O

presidente da CBIC, Paulo Safady

Simão, falou sobre a importância

do segmento para a economia na-

cional e reivindicou a desonera-

ção da folha de pagamento das

empresas, como medida que pode

fortalecer ainda mais a cadeia

produtiva.

MERCADO | CONSTRUÇÃO

ENIC / Minascon movimenta cadeia produtiva do setor na capital mineira

Page 45: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

Atualmente, a indústria da construção responde por

mais de 10% dos empregos formais no Brasil, per-

centual que pode aumentar ainda mais com o au-

mento da demanda por obras de infraestrutura para

preparar as cidades para eventos como a Copa do

Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No

entanto, a velocidade com que os investimentos têm

sido feitos está aquém. Das metas estipuladas para

o Ministério dos Transportes, menos de 20% foram

atingidas após cinco meses.

Simão destacou, ainda, que a abordagem de três

temas principais - inovação, sustentabilidade e desen-

volvimento das cidades – foi apropriada para o atual

momento do setor, que experimenta crescimento su-

cessivo. “Estamos em ano eleitoral e a nossa meta é

contribuir , com um documento oficial do setor que

apresente ferramentas para que os candidatos a pre-

feito tenham mais cuidado ao fazer o planejamento

urbano das cidades agradáveis para viver e sustentá-

veis dos pontos de vista ambiental e social”, enfatiza.

Mais que isso, as reuniões das comissões técnicas

possibilitaram amplo debate sobre as questões do

dia a dia da atividade que experimenta diversos de-

safios. “As empresas têm que ser sustentáveis do

ponto de vista financeiro também”, lembra.

De acordo com presidente do Sindicato da Indús-

tria da Construção Civil no Estado de Minas Ge-

rais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires, o ENIC

é o evento do setor que consegue reunir todos

os atores que decidem sobre a construção brasi-

leira, desde construtoras, representantes dos po-

deres públicos, clientes e entidades de

financiamento para um debate contínuo sobre a

atividade, já que as comissões técnicas permanen-

tes da CBIC, e também do Sindicato, continuarão

debatendo e estudando esses temas que se con-

figuram como desafios para o segmento até o

próximo ano, quando o encontro acontecerá em

Fortaleza.

“O nível das palestras e eventos técnicos foi

muito alto. Tenho a convicção de que conseguimos

debater assuntos de grande interesse para o

nosso segmento em profundidade”, reafirma.

Nesse sentido, o objetivo do ENIC foi cumprido,

como destaca o dirigente, já que as empresas e

profissionais participantes saíram do evento com

informações suficientes para assegurar o bom an-

damento do setor.

45

Paulo

Safady Simão,

presidente

da CBIC

Luiz Fernando

Pires, presidente

do Sinduscon-MG

Page 46: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

46

Já o presidente do Sicepot-MG, Alberto José Salum,

reforçou a importância dos agentes discutirem

questões para tornar o setor de construção um ele-

mento ainda mais importante na geração de rique-

zas no país. “O evento abre espaço para a discussão

dos problemas atuais e para traçarmos uma linha de

ação para o futuro da atividade”, enfatiza.

No caso da construção pesada, os temas abordados

são de grande interesse. Entre eles estão o Plano de

Aceleração do Crescimento

(PAC), a lei da terceirização

e o cuidado com o meio am-

biente, que são problemas

inerentes ao segmento.

“Hoje há recursos, mas de-

sarticularam o Ministério do

Transporte nos modais

ferroviário e rodoviário, o

que comprometeu a atuação

do nosso setor. A infraestru-

tura está sem aportes condi-

zentes com as obras de infraestrutura que devem

ser feitas para dar suporte ao momento econômico

nacional”, completa.

Para o dirigente, ainda permanece a dicotomia entre

o impacto de uma obra de infraestrutura e os bene-

fícios que ela pode trazer para uma cidade ou Estado.

“Esses projetos geram progresso e o país demanda

isso”, considera.

Destaques

Um momento importante do evento que contou

com palestrantes como o ex-presidente Fernando

Henrique Cardoso, o ex-ministro Mailson da Nó-

brega e o cineasta Arnaldo Jabor, foi o lançamento do

Seguro Garantia de Entrega de Obra, desenvolvido

pelo Núcleo de Seguros da CBIC, é destinado à in-

corporação imobiliária e considerado uma inovação

no mercado de seguro garantia, por meio da parceria

entre a CBIC e a Essor Se-

guros. Segundo a entidade, o

seguro foi criado com o ob-

jetivo de mudar o cenário

atual do mercado de imó-

veis comercializados na

planta. Nessa linha, assegura

a entrega da obra dentro do

prazo acordado em con-

trato.

Entre as coberturas dese-

nhadas se destacam a fiscalização e o acompanha-

mento permanente da construção segurada,

prevenção e qualidade em longo prazo, mapeamento

e solução das principais causas de sinistros, análise de

risco com foco na viabilidade do empreendimento

além da padronização documental das etapas do em-

preendimento. Cerca de 800 corretores habilitados

em todo o Brasil começaram a oferecer o produto a

desde 1º de julho.

MERCADO | CONSTRUÇÃO

Alberto José Salum,

presidente do

Sicepot-MG

Diversas paletras foram ministradas por personalidades de destaque como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o

Page 47: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

47

O ENIC também apresentou ferra-

menta desenvolvida pelo Serviço So-

cial da Indústria da Construção Civil

no Estado de Minas Gerais (Seconci-

MG) que vai facilitar a percepção da

segurança no planejamento e cons-

trução de empreendimentos com

base na na Norma Regulamentadora

Nº 18 (NR 18), do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE).

Com o software Segcon, empresários,

engenheiros e técnicos vão utilizar as

exigências legais para estabelecer o

plano de execução das obras, com

sistemas de controle voltados para a

segurança no ambiente de trabalho.

As construtoras devem adotar prá-

ticas e condutas preventivas que

minimizem os riscos de acidentes.

A norma estabelece diretrizes dife-

rentes para cada tipo de atividade, do

treinamento admissional até traba-

lhos de escavação, o acesso a

informações rápidas sobre os requi-

sitos legais pode aumentar a produ-

tividade, além de evitar penalidades.

O processo consiste na alimenta-

ção de um banco de dados com as

características de cada obra e o

Segcon identifica quais são os graus

de exigência referentes à segurança

e ao ambiente de trabalho dos fun-

cionários. O profissional marca os

itens contemplados frente ao que

a legislação determina e quando há

uma diretriz não obedecida, o sis-

tema informa o valor da multa e as

sanções previstas.

As diferenças regionais do Brasil têm

motivado o desenvolvimento de três

projetos ideais para imóveis do Pro-

grama Minha Casa Minha Vida

(PMCMV) para as macrorregiões Sul

e Sudeste, Centro-Oeste e Norte e,

ainda Nordeste, buscando flexibilizar

as exigências do projeto governa-

mental e melhorar o nível de eficiên-

cia dos empreendimentos.

As propostas levam em considera-

ção a disponibilidade de materiais e

a sustentabilidade nas edificações.

A Caixa Econômica Federal, respon-

sável pela operacionalização do

PMCMV, determina alguns requisitos

e características para que os imóveis

possam ser inseridos no principal

projeto de habitação popular do país.

Outro ponto da discussão foi a regra

que estabelece aquecimento solar

nas residências. A medida tem im-

pacto econômico nas regiões Sul,

Sudeste e Centro-Oeste. Mas seu

efeito é restrito no Norte e Nordeste

porque, devido às altas temperaturas,

os moradores já têm hábito de tomar

banhos frios.

Além da mudança em alguns re-

quisitos, o painel também debateu

aplicações que podem ser incor-

poradas a esses imóveis. Uma é o

uso de janelas que só abrem pela

metade, já que a outra é uma per-

siana, o que reduz a área de ilumi-

nação dos cômodos. A cor das

tintas também foi tema discutido.

A possibilidade de incorporar aos

imóveis do PMCMV os painéis foto-

voltaicos, que transformam energia

solar em energia elétrica para o uso

em eletrodomésticos, é outra alter-

nativa a ser estudada. Com a nova re-

gulamentação da Agência Nacional

de Energia Elétrica (Aneel), os usuá-

rios poderão produzir energia a par-

tir dos raios solares durante o dia e

exportar para rede e à noite ou em

dias nublados ele importaria da rede.

A quantidade disponibilizada para o

sistema será debitada do consumo.

Divulga

ção

Constru

ir Mina

s - 8

4º EN

IC - B

H

o, o ex-ministro Mailson da Nóbrega, o cineasta Arnaldo Jabor e o arquiteto Gustavo Penna, entre outros.

Page 48: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

48

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

firmará acordo com a Agência Nacional de Energia

Elétrica ( Aneel) e a Câmara Brasileira da Indús-

tria da Construção (CBIC) para o lançamento do

Manual Operacional que regulamenta os procedi-

mentos e prazos para implantação das infraestru-

turas de energia nos empreendimentos do

PMCMV. “Queremos diminuir os descompassos”,

comentou a diretora do Departamento de Infra-

estrutura Social do Ministério do Planejamento,

Maria Fernanda Caldas. A iniciativa também deverá

ser adotada para diminuir gargalos com cartórios,

concessionárias de saneamento e prefeituras.

Quanto ao uso racional da água nas residências, a evo-

lução do setor é fato incontestável. Na década 1990 a

indústria tem apresentando soluções. Até 1998, a des-

carga dos vasos sanitários utilizava 12 litros de água.

Em 2000, elas passaram a usar 9 litros, e, a partir de

2002, definiu-se a meta para algo entorno de 6 litros.

A inserção das pessoas com deficiência na cons-

trução civil também foi tema abordado durante

o 84º ENIC, por meio da apresentação do Es-

tudo de Viabilidade para Inserção Segura de Pes-

soas com Deficiência na Construção Civil, feito

por médicos e representantes do Serviço Social

da Indústria da Construção Civil de São Paulo.

O projeto foi realizado em parceria com o Sin-

dicato da Indústria da Construção Civil do Es-

tado de São Paulo (Sinduscon-SP), e faz parte do

Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiên-

cia na Construção Civil.

Minascon

“O Minascon já faz parte do calendário da indús-

tria da construção civil no Estado. Essa foi a 9ª edi-

ção e, a cada ano, aumenta o número de pessoas e

de sindicatos que participam”, avalia o presidente

da Câmara da Indústria da Construção da Federa-

ção das Indústrias do Estado de Minas Gerais

( CIC-FIEMG) , Te o d o m i ro D i n i z Camargos.

A entidade é a realizadora do evento, em parceria

com Fagga l GL exhibitions e Tambasa Atacadistas.

Para o dirigente, o evento é completo pois auxi-

lia os profissionais da cadeia produtiva da cons-

trução a melhorarem seu nível de conhecimento.

O encontro de clientes e fornecedores possibi-

lita, ainda, agregar valor ao segmento, um dos de-

safios que a indústria enfrenta. “Atualmente,

compramos muitos produtos de outros estados

em vez de estimular a indústria mineira a produ-

zir ela mesma estes artigos”, afirma.

MERCADO | CONSTRUÇÃO

Premiação de projetos, palestras e workshops valorizaram a

Teodomiro

Diniz

Camargos,

presidente

da CIC-FIEMG

Page 49: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

49

A programação do Minascon foi bas-

tante diversificada.Um dos destaques

foi a 1ª Rodada de Negócios do Setor

de Cerâmica de Minas Gerais, que

abriu espaço para o intercâmbio co-

mercial e apresentação de novos

produtos e tecnologias disponíveis

no mercado entre empresas âncoras

(construtoras, escritórios de arquite-

tura, etc) e fornecedores do ramo.

Entre os palestrantes do workshop

Análise do Ciclo de Vida dos Produ-

tos, Blocos e Telhas do Setor de Ce-

râmica de Minas Gerais, o engenheiro

ambiental e sócio-administrador da

ACB Brasil, Felipe Lion Motta, falou

sobre “Avaliação do Ciclo de Vida:

cobertura cerâmica x cobertura de

concreto”, por meio da apresentação

de resultados dos estudos de avalia-

ção do ciclo de vida dos materiais, a

partir do método que contabiliza o

impacto ambiental de produtos ou

serviços desde a extração dos recur-

sos até o descarte final.

“Esses estudos foram desenvolvidos

pela consultoria canadense Quantis

e mostram um contraponto entre os

impactos no uso de concreto e ce-

râmica através da avaliação do ciclo

de vida”, explicou o engenheiro.

Os resultados apresentados levaram

em consideração determinadas hi-

póteses, contextos e cenários para

que os fabricantes e consumidores

assimilassem melhor o conteúdo

para colocar em prática no seu dia

a dia profissional.

O presidente do Sindicato das In-

dústrias da Cerâmica para Cons-

trução e Olaria no Estado de Minas

Gerais (Sindicer) e vice-presidente

da Associação Nacional da Indústria

Cerâmica (Anicer), Ralph Luiz Per-

rupato apresentou um filme sobre

a sustentabilidade da cerâmica. “De-

finitivamente, é o material mais na-

tural, durável e sustentável que

existe, pois é feito de terra, água,

fogo e ar. A cerâmica é muito valo-

rizada no mercado externo, princi-

palmente o europeu e é utilizado

em 90% das residências”, comenta.

O Programa Expoforte, promovido

pelo Instituto Euvaldo Lodi – IEL, por

meio de seu Centro Internacional de

Negócios – CIN, em parceria com o

Banco do Brasil, reuniu mais de 25 em-

presas com compradores internacio-

nais de Porto Rico e do Panamá para

a troca de informações e negociação

de vendas de produtos brasileiros.

A Associação Brasileira de Cimento

Portland (ABCP) promoveu o Pro-

grama Soluções para Cidades, colo-

cou as ciclovias em lugar de

destaque nos projetos de desenvol-

vimento urbano. O gerente regional

da entidade, Lincoln Raydan, disse

que o evento é benéfico por reunir

diversos representantes da cadeia

da construção. “A realização de

cursos e seminários dentro da pro-

gramação também é importante

para a difusão de novas tecnologias

nas empresas”, aponta.

A coordenadora do Programa Solu-

ções para as Cidades da ABCP,

Érika Mota, afirma que o grande de-

safio é pensar os diversos tipos de

transporte de forma integrada.

Uma das principais dificuldades en-

contradas pelos municípios é obter

recursos financeiros para a implan-

tação de projetos de mobilidade

urbana. Ela ressalta, porém, que isso

ocorre devido à falta de conheci-

mento técnico para a captação des-

ses recursos e não pela inexistência

de projetos. “É necessário formar

uma rede de cooperação entre as

esferas pública e privada para bus-

car soluções eficazes.”

m ainda mais a importância da interação do público com os diversos segmentos do setor.

Divulga

ção

Constru

ir Mina

s - 8

4º EN

IC - B

H

Page 50: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

50

ART | A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENGENHEIRO

De acordo com a Lei Federal 6496 de 07 de

dezembro de 1977, todo contrato para prestação

de serviços por engenheiro, agrônomo,

geógrafo e meteorologista, seja ele

profissional autônomo ou com

vínculo empregatício, está su-

jeito à Anotação de Respon-

sabilidade Técnica - ART.

O documento deve ser preen-

chido e assinado pelo profissio-

nal e pelo seu contratante, para

registro no Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia - CREA da re-

gião onde os serviços serão executados.

Além de ser uma necessidade legal, o profissional,

ao registrar os projetos de sua autoria no CREA

ao longo da carreira, forma um acervo técnico de

propriedade legal, reconhecido pelas empresas na

análise de seu currículo.

Parte da taxa recolhida para

o registro da ART é des-

tinada à entidade de

classe escolhida por

opção do profissional,

para aplicação em pro-

jetos de valorização da

profissão e do profissional

e de outras atividades asso-

ciadas às suas atividades. O formu-

lário para preenchimento dos dados está

disponível no site do CREA-MG, mas o registro

pode ser feito pela internet.

ART-0086

LEMBRE-SE!

Ao preencher o campo “entidade de classe” na ART,

escolha a SME através do código 0086. Assim, você ajuda a SMEa representar a engenharia e ofereceros melhores cursos, serviços, convênios e

produtos para você.

Page 51: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
Page 52: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

52

ARTIGO | JORGE RAGGI

A Câmara de Mediação e Arbitragem

do Instituto de Engenharia de São

Paulo (www.ie.org.br/cmaie) constituída

em 1999 é um modelo para todos nós

engenheiros. As estatísticas da Câmara

de Arbitragem de Paris - ICC, indicam

que mais de 50% das Arbitragens estão

relacionadas a problemas na área da

Engenharia. E não poderia ser dife-

rente, tendo em vista que a Engenharia

está ligada a quase todas as áreas do

conhecimento humano. A construção

de uma sociedade interativa e ágil po-

derá significar uma alavacagem que

nosso estado necessita.

Em nossa evolução social utilizamos vá-

rias formas de resolver as controvérsias:

• o poder e/ou a força;

• meios baseados na lei ou na razão

– o poder jurídico;

• métodos que focam os interesses

nas partes envolvidas.

Esta última forma é a proposta utilizada

atualmente conhecida como ADR – Al-ternative Dispute Resolution, que pode

ser traduzida como Resolução Alter-

nativa de Disputas, sendo considerada

a Alternativa ao Judiciário. Mas alguns

autores já sugerem a tradução como

Resolução Apropriada de Disputas,

pois é a proposta para uma sociedade

mais evoluída.

A mediação e arbitragem teve um sig-

nificativo desenvolvimento nos Estados

Unidos, a partir de 1960 e na União Eu-

ropéia, após 1985. No Brasil, um pro-

jeto de lei apresentado em 1992

tornou-se a Lei Brasileira de Arbitra-

gem, nº 9.307 / 1996. Esta lei se conso-

lidou em 12 / 12 / 2001, com uma

decisão do Supremo Tribunal Federal

sobre sua constitucionalidade.

A arbitragem, no Brasil, já estava pre-

vista na constituição de 1824, mas era

preciso que fosse homologada. A sua

eficácia dependia da justiça. Agora, o

art. 31 da lei 9.307 / 96 diz :

“A sentença arbitral produz, entre as

partes e seus sucessores, os mesmos

efeitos da sentença proferida pelos ór-

gãos do Poder Judiciário e, sendo con-

denatória, constitui título executivo

judicial.”

Há um conceito que é fundamental: ár-

bitro não é profissão. É o reconheci-

mento de alguém em uma profissão

que o qualifica como árbitro e a esta

pessoa é atribuída a função enquanto

durar a questão. Ela é eleita e aceita a

partir de seu conhecimento do assunto

em questão.

A complexidade e profundidade das

controvérsias, e os custos envolvidos

na ação são muitos variáveis. Os meios

citados possuem muitas subdivisões

mas, em essência, o seu entendimento

pode proporcionar uma boa com-

Por Jorge Raggi (*)

Engenheiro

Mediador

e Árbitro

Page 53: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

53

preensão da metodologia, que se apoia

em princípios de respeito mútuo, con-

fiança e credibilidade.

O fortalecimento da arbitragem, incre-

mentou outros meios, alternativos ao

meio judicial, para Solução de Contro-

vérsias :

1 – Laudo de Avaliação.

2 – Acordo entre as Partes.

3 – Mediação.

4 – Conciliação.

5 – Arbitragem.

1 – Laudo de Avaliação.

As partes envolvidas em controvérsias

escolhem um profissional de reconhe-

cida competência para elaborar um

laudo sobre a questão e obter uma

visão imparcial de terceiro. Este laudo

precisa ser definido seu escopo a fim

de poder conduzir entendimentos.

2- Acordo entre as Partes

A adoção do Acordo entre as Partes

como um meio de Solução de Contro-

vérsias pressupõe um clima de bons re-

lacionamentos que deve ser mantido

durante todo o processo. Os princípios

de confiança, lealdade, integridade irão

garantir relações duradouras, que

devem ser monitoradas pelas Partes

no andamento do processo e nos ne-

cessários detalhamentos posteriores.

Cada uma das Partes poderá ter um

grupo de apoio, mas é necessário defi-

nir as lideranças e seus substitutos para

uma melhor empatia . Por estas razões,

se alguém se indispõe será preciso es-

tudar e decidir sua manutenção no

grupo, ou a mudança de comporta-

mentos, no que for possível. Ressenti-

mentos e sabotagens conscientes e

não conscientes prejudicam muito a

obtenção de acordo.

Os levantamentos de expectativas pró-

prias do grupo e do que se imagina da

outra Parte é um bom início do traba-

lho. Há necessidade de realizar encon-

tros para afinar os temas, itens

negociáveis, pontos polêmicos, de

forma que cada grupo se entenda entre

si primeiro, para depois buscar acordo

com a outra Parte. Consultores podem

fazer parte da equipe, mas desde que

participem destes encontros que ante-

cedem as reuniões das Partes. O pla-

nejamento inicial deve considerar o

tempo previsível para um acordo, que

poderá ser reajustado de acordo com

o andamento dos trabalhos, e é impor-

tante já listar o que pode ser conce-

dido – cabendo aqui aquela

recomendação de que o que for difícil

precisará de dureza, mas o que for bom

pode vir em gotas, para melhorar o

clima. As demoras desnecessárias cons-

tituem pontos de desgastes, e devem

ser levantadas e consultadas naquilo

em que for possível de ser negociado

e atingido pelos acordos futuros.

3- Mediação

A Mediação busca levar as partes à

construção de uma solução. A Media-

ção trabalha mais o conflito, estuda

causas, pendências, desejos das partes.

Exige procedimentos. É como um meio

diplomático de atuação. É uma etapa

que antecede a conciliação e a arbitra-

gem e visa à obtenção de um acordo

que satisfaça o interesse das partes.

O mediador deve ser um especialista

imparcial, crível e comprometido com

o sigilo. Ele trabalha para viabilizar a co-

municação entre os envolvidos, auxi-

liando na busca da identificação dos in-

teresses reais, que muitas vezes as par-

tes insistem em ocultar. Por estas

razões é desejável que seja um profis-

sional capaz.

A mediação busca atender cada caso

de acordo com suas necessidades e,

assim como a conciliação e a arbitra-

gem, prestigia a vontade das partes,

possibilita a celeridade na resolução

das controvérsias e reduz custos. Os

procedimentos são confidenciais e a

responsabilidade das decisões cabe aos

envolvidos e não ao mediador.

A mediação obrigatória, implantada na

Argentina de 1996 a 2001, reduziu para

36,23% os procedimentos que inicia-

ram com mediação e deram origem a

ações judiciais. E, realizados os acordos,

só 1,8% precisaram de execuções judi-

ciais, conforme a Profª Helena Higton;

Profª Gladys Alvarez, citadas por Ana

Tereza Palhares Basílio – Trench, Rossi

e Watanabe Advogados.

(*) Jorge Raggi é engenheiro geó-

logo, foi professor de engenharia

de produção na UFOP e UFMG. e

Consultor. Cometários envie e-mail:

[email protected]

Page 54: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição

ARTIGO | JORGE RAGGI

4- Conciliação

A Conciliação já é um meio mais posi-

tivo onde as partes escolhem uma ou

mais pessoas, que farão intervenções,

procurando agir no sentido de se

obter acordo, que poderá ser formali-

zado por um termo de compromisso.

Existe uma diferença conceitual entre

mediar e conciliar. O Mediador não in-

tervém nas questões controversas, mas

age no sentido de sempre aproximar

as partes, aparar as arestas, a fim de que

construam uma solução consensual.

O Conciliador intervém mais nas ques-

tões, propõe, age buscando o con-

senso, e baliza o processo, de forma

não ferir os preceitos legais.

5- Arbitragem

A Arbitragem acontece quando as par-

tes concordam mediante cláusula em

contrato ou compromisso arbitral, em

submeter o litígio resultante de deter-

minado contrato a um árbitro ou câ-

mara arbitral, à qual é atribuído o

poder para apresentar uma decisão em

face de uma determinada disputa.

Na arbitragem, o árbitro e, ou, a câmara

arbitral, pelos poderes que lhe confe-

rem a Lei Federal de Nº 9.307 de

23/09/1996, emite um veredicto, deno-

minado Sentença Arbitral.

As partes em disputa têm oportuni-

dade durante o procedimento de apre-

sentar suas razões, suas petições e

defesas nos moldes do que ocorre em

um processo judicial, no entanto as re-

gras e regulamentos que regem esta

prática alternativa são menos formais

e rígidas e podem ser modificadas me-

diante acordo comum das partes.

A Sentença Arbitral tem o mesmo

valor que a Sentença Judicial, e com

amparo da lei.

Page 55: Revista Mineira de Engenharia - 14ª Edição
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56

A Sociedade Mineira de Engenheiros – SME abre inscrições gratui‑

tas para o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação para os

estudantes regularmente matriculados nos cursos de graduação

de instituições de ensino superior em Minas Gerais nas áreas de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

O regulamento está disponível no site: www.sme.org.br/premio

ou pode ser solicitado por e‑mail: [email protected] ou

[email protected]

21º Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação

Inscrições até 10 de setembro de 2012

www.sme.org.br/premio

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58

Par ticipe e envie seu “causo” para jornal [email protected]

A palavra inglesa feedback é hojemuito familiar a todos os habitan-tes do planeta, mesmo aos que nãose comunicam pelo idioma inglês.Mas não era assim há uns vinteanos atrás, sobretudo para o Chi-quinho, operador de máquinas daMBR, antiga mina de Águas Claras.Por causa desse anglicismo, cujosignificado ele e seus colegas detrabalho desconheciam, quase suareputação moral foi pro brejo.

Tudo aconteceu por causa de ummal entendido entre ele e o enge-nheiro chefe da mina MBR à época,Num dia qualquer, ao fazer a rondadiária, o chefe constatou que umadas principais escavadeiras não es-tava operando. De imediato ligoupelo rádio para o Chiquinho, o res-ponsável imediato, e entabularam oseguinte diálogo.

- Atenção Chiquinho.

- Na escuta, Chefe

- Por que a máquina não está ope-rando?

- Não sei ainda, mas acho que é pro-blema na mesa de giro.

- A manutenção já esteve aí?

- Teve, mas saíram sem dizer nada.

- Vou falar com eles e te passo um“feedback”.

O diálogo foi ouvido por todos os

operadores da mina, dado que afrequência do rádio não era priva-tiva. Nos dias subsequentes era no-tório o aspecto depressivo doChiquinho, antes um cara muito co-municativo. Ficou assim, até umdia que não suportou mais o sofri-mento, e decidiu solicitar uma au-diência com o engenheiro chefe. Onovo dialogo foi assim.

- Entra Chiquinho, tudo bem?

- Num tá não, doutor.

- Então abre o jogo homem.

- O negocio é o seguinte. Respeitoé bom e eu gosto. Eu sou pai de fa-mília, doutor. Se o senhor não estágostando do meu serviço, pode memandar embora agora mesmo. Masnão “faiz” isso comigo.

- Faz o que, Chiquinho? E logo comvocê, meu melhor operador de es-cavadeira!

- Doutor, já tem uns três dias que

todo mundo da mina tá me go-zando, dizendo que “o senhor vaipassar ni mim o feedback”.

O Chefão abriu um sorriso e expli-cou ao Chiquinho que feedbacksiginficava retorno. Só retroinfor-mação, nada do que ele imaginara.Ato contínuo mandou o Chiquinhoretornar ao trabalho. Mas a partirde então a palavra feedback foiexcluída dos diálogos da mina deÁguas Claras.

Rodrigo Augusto Campos Germani, 50 anos, graduado em Engenharia de Minas pela UFMG, atualmente é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da SNC – Lavalin, MinerConsult.

Por Rodrigo Germani

Montagem digital - Rato

CAUSOS DA ENGENHARIA

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