revista mb rural 5 ediÇÃo

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REVISTA MB RURAL 5 EDIÇÃOwww.chicoartes.com

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PROF. ADILSON AGUIAR: USO DE GESSO AGRCOLA EM PASTAGENS

MB PARCEIRO

REVISTA

9912275819/2011-DR/TO

RURALEDIO 01 l ANO 02 l MAR/ABR 2012

DISTRIBUIO GRATUITA

QUER LUCRO? INVISTA EM GESTO!Nunca houve tanto espao para se ganhar dinheiro na pecuria de corte, mas falta foco e habilidade para transformar capim em carne a baixo custo

Prezados Leitores Realmente 2012 ser um ano de muitas mudanas na pecuria. Muito se discute sobre o futuro da pecuria principalmente sobre a questo ambiental. Certamente a pecuria que conhecemos vai mudar cada dia mais e mais rpido. S ficaram aqueles preparados para superar as turbulnciasdesta jornada, em especial aproveitar as oportunidades de lucro e sobreviver aos momentos de crise. Aos que desejam superar estes desafios, o certo que todos os modelos atuais de gerenciamento, bem como as tecnologias utilizadas, devem ser revistos e ajustados aos paradigmas da produtividade, lucratividade e sustentabilidade. Somente assim, seremos slidos para superar as muitas crises que viro derivadas ou no das leis de mercado, dentre os tantos outros motivos para preos menores e/ou custos maiores. Felizmente, a pecuria j pode contar com muita experincia prtica, bem como mtodos confiveis de gesto e implantao de tecnologias. necessrio, porm, que os responsveis pelas estratgias das fazendas avaliem suas competncias e saibam explorar suas equipes, bem como buscar assessorias quando necessrio. Somente assim, os gestores conseguiro garantir que SERVIOS AO PECUARISTA os processos produtivos e gerenciais sejam baseados em princpios empresariais - principalmente a palavra chave: lucro. Este processo comea com a discusso sobre a questo mais estratgica de uma propriedade: sua GESTO. Deste modo, a MB Rural traz duas matrias sobre este assunto. Alm disso so vrios outros artigos essenciais para que a pecuria de corte seja mais que uma funo paralela ao timo negcio que investir em terras. Sendo assim, 2012 veio mesmo foi para abrir caminho e mostrar que so enormes os potenciais financeiros da pecuria bem administrada. Boa leitura a todos. Um grande abrao. Maurcio Bassani dos Santos Scio fundador MB ParceiroColaborao:REVISTA

ndice04 | CULTURA E RAZES 05 | PASTAGENS 08 | SUPLEMENTAO ANIMAL 10 | SANIDADE ANIMAL 12 | MATRIA DA CAPA 14 | GESTO EMPRESARIAL 16 | GENTICA ANIMAL 19 | PROJETO SOCIAL 22 | CATLOGORevista MB Rural (Adm./Redao):103 Sul rua SO 01 lote 15 sala 02 Palmas - TO - Cep.: 77.020-124 Fones: (63) 3225-7724 / 8466-0066 [email protected]

EDITORIAL

Uma publicao do Grupo MB ParceiroDistribuio gratuita

RURAL

SERVIOS AO PECUARISTA

Adilson de Almeida Aguiar Danilo Mariano Figueiredo Luiz Horn Campos Evandro Macedo de Freitas Jean Carlos Vieira Joo Bonifcio C. Gonalves Marcos Antonio F. Malacco Projeto grfico e impresso: Grfica e Editora Primavera Tiragem: 3.000 exemplares As idias contidas nos artigos assinados no expressam, necessariamente, a opinio da revista e so de inteira responsabilidade de seus autores.

Editor Chefe Mauricio Bassani dos Santos (CRMV-TO 126/Z)Diagramao: Jos Francisco R. M. Filho

A Revista MB Rural no possui matria paga em seu contedo.

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RURAL

CULTURA E RAZES

COMITIVA MULADEIROS: valorizar a histria para construir uma sociedade rica em valores

Luiz Horn Campos Muladeiro e Comprador de Gado [email protected]

J foi o tempo, mais de 300 anos, quando vendedores de mula eram chamados de Muladeiros. Estes vinham da fronteira do Brasil com o Uruguai e a Argentina. Desde 1710 estes caboclos fazem parte da nossa histria, quando entrou no Brasil o primeiro jumento para cruzamento com guas crioulas do Rio grande do sul. De l as tropas seguiam para a regio sudeste, passando por Sta Catarina e Paran - o primeiro ponto de vendas foi mais precisamente na cidade da Lapa. Em funo do forte comrcio, Sorocaba, no interior paulista, foi tambm um grande destino final dos muladeiros e de l as tropas se espalhavam por todo o Brasil da poca MG, GO, MT e norte do Pas. E foi assim que aconteceu o comrcio do mais valoroso meio de transporte do Brasil Serto, onde eqideos, em especial burros e mulas, foram utilizados no transporte de riquezas, mantimentos, rebanhos e em vrias expedies sertanejistas. Graas a esses desbravadores chegamos at os dias de hoje com o4REVISTA

progresso que tanto nos orgulha de melhor vivermos. Mas no se enganem o Brasil que conhecemos foi feito com o suor derramado do homem rude, arrojado e sofrido do serto - os tropeiros, por assim chamados, e seus inseparveis animais de tropa. Assim, se misturaram tropeiros e muladeiros, desbravando as campinas e serras das Gerais - nome dado s terras sem dono do Grande serto brasileiro - como descreveu o escritor Joo Guimares Rosa. Inclusive, um dos seus famosos personagens, Manuelzo, realmente viveu grande parte de sua vida (inclusive nas viagens ao lado do escritor) como tropeiro pelas Gerais e tudo isto sobre o lombo de burro afinal naquela poca banda larga ainda era a garupa de gua ou o pernil gordo de um porco capado. Mas vamos agora falar sobre o movimento MULADEIROS deste nosso Paraso do Tocantins. Este sonho que virou realidade vem para resgatar as nossa origens, os causos e algumas das importantes pginas da nossa

histria rural. Todos estes pormenores vem sendo resgatados com o apoio nas comitivas e cavalgadas sempre com msica e entretenimento - tudo isto graas a unio de verdadeiros amigos. Cabe destacar que, muladeiro que se preza tem histria. A minha comea prximo a rota dos Tropeiros quando o interior de So Paulo ainda era serto. Sendo assim, minha infncia e juventude foi na lida com gado. Eu e meus irmos, atravs da tradio do nosso pai, fomos tomados pelo gosto por tropa e nos tornamos domadores de tropas na regio de Itapetininga - SP. A alguns anos quando cheguei ao Tocantins, encontrei um Estado grandioso e voltado para o futuro. Foi na cidade de Paraso que encontrei grandes amigos e hospitalidade - sendo assim, no foi difcil me apegar. Ainda sim, faltava algo, sempre percebi que o mundo no qual me formei homem ficava cada dia mais distante da memria da nossa sociedade principalmente dos jovens - e ns ramos os culpados. Em meados do ano de 2008, reunido com um pequeno grupo de amigos (todos amantes e apaixonados por tropas), criarmos o Movimento Muladeiros. Nosso propsito inicial era sairmos por estradas, trilhas e rotas de fazendas da nossa regio prestigiando os velhos tropeiros que por aqui passaram a caminho do norte levando no lombo de burros e mulas o progresso desse BRASIL FLORO. Felizmente, em nossas bagagens trouxemos tambm cultura, patriotismo, entretenimento e ainda mais unio aos adeptos da amizade sincera entre os homens do campo.

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Na prtica, nossa comitiva foi fundada em 12 de setembro de 2008, com a sada da primeira marcha de Muladeiros de Paraso com 24 muladeiros. Samos da Fazenda Barra

Mansa (Edmar Martins - Muladeiro Cabritinho), seguindo por 70 km at a Fazenda Catingueiro (Muladeiro Adson Loureno). Sendo assim, foram 3 dias de alegria e harmonia, com paradas para o almoo no mais tradicional cardpio e pousos com muita moda de viola. Hoje j conclumos sete Marchas, alm de desfiles em diversas Exposies do Estado. Um destaque, foi em 2010, onde fomos 21 muladeiros para uma grande cavalgada em Rondonopolis - MT. Para mim foi um momento histrico, pois l morei 24 anos e tambm construi grandes amizades atravs da mula e da paixo pelo troperismo. Essa integrao j deu outros frutos, em 2011 eles que vieram a Paraso e participaram conosco da nossa stima marcha dos muladeiros, ocasio onde reunimos tambm os muladeiros de Miracema e Barrolndia do TO. Para nos honrar mais ainda, fomos, integrados numa s comitiva, Paraso e Rondonpolis, convidados a participar do maior encontro de muladeiros do mundo, em Ipora - GO, em janeiro deste ano, onde fomos alvejados de aplausos por todos daquela

acolhedora cidade. E assim que os Muladeiros de Paraso do TO nasceram e buscam colaborar para a construo de uma sociedade que valorize seu passado e construa um futuro baseado nos princpios da amizade e cooperao. No imaginvamos tal importncia, mas fomos reconhecidos por lei como Patrimnio Histrico e Cultural do Estado do Tocantins e ficamos muito felizes com tal reconhecimento. Bem amigos, aqui me despeo e fao um convite a voc muladeiro de nosso Estado. Participem desse movimento, pois muito interessante e gratificante. A porteira de Paraso estar sempre aberta para novos amigos.

RURAL

PASTAGENS

Uso de gesso agrcola em pastagensAdilson de Paula Almeida Aguiar Zootecnista, Professor e Consultor FAZU / CONSULPEC [email protected]

O gesso agrcola pode ser usado na correo de solos atravs da prtica da gessagem e ainda como arado qumico, bem como fonte de enxofre (S) nas adubaes de manuteno. 1.Na correo do solo 1.1.Gessagem Tr a d i c i o n a l m e n t e , p a r a culturas anuais, a preocupao corrigir a camada arvel do solo, ou seja, a camada superficial do solo, de 0 a 20 cm de profundidade. Ali se concentram mais de 90% das razes e as plantas absorvem a maior parte da gua e nutrientes. Todavia, a camada superficial do solo pode representar um volume de solo explorado insuficiente para perodos de falta de gua (RAIJ, 2010). Este autor relatou que na cultura de trigo de inverno, em perodo seco, as razes a mais de 1 m de profundidade representaram apenas 3% do peso total delas, mas foram responsveis pelo suprimento de cerca de 20% da gua usada pela cultura. Segundo Lopes (1984), o carbonato de clcio (CaCO3-) aplicado via calcrio, at 30 cm de profundidade, no se movimenta de imediato no solo porque o carbonato (CO3-) destrudo na neutralizao da acidez, no havendo assim o nion acompanhante do clcio (Ca2+) e do magnsio (Mg2+) para a lixiviao. O gesso sulfato de clcio dihidratado (CaSO4 + 2H2O), que um sal neutro. O sulfato (SO4-) forma par6REVISTA

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inico com o Ca2+ e Mg2+, arrastandoos para profundidades maiores que 30 cm. Segundo Raij (2010), o gesso, por ter ction e nion divalentes, tem considervel efeito em reduzir a atividade de alumnio (Al) em soluo, alm de um efeito complexante do Al. Assim, camadas mais profundas do solo, podem continuar com excesso de alumnio txico associado ou no com a deficincia de clcio, conseqentemente, as razes da maioria das espcies cultivadas se desenvolvem apenas na camada superficial (FIG. 1).

semanas. Alm da gua, nutrientes so absorvidos com maior eficincia. importante ressaltar que o gesso no substitui o calcrio, pois no muda o pH haja vista que no libera oxidrilas (OH-). O calcrio e o gesso se complementam sempre que o solo for cido tanto na superfcie quanto na subsuperfcie (RAIJ, 1991). Parmetros para a gessagem:

Raij et al., (1996), para solos do Estado de So Paulo, recomendam a gessagem quando na anlise da camada de 20-40 cm do solo estiver com nvel de Ca menor que 4 mmolc/dm3 e de Al FIGURA 1 - Distribuio relativa de razes de milho no perfil de um Latossolo argiloso, sem e com aplicao de gesso. maior 5 mmolc/dm3 associado com concentrao de Al (m%) maior que 50%. Sousa; Lobato; Rein (1995), para solos de Cerrado, recomendam a gessagen quando na anlise de solo das camadas de 20 a 40 e 40 a 60 cm, para culturas anuais e 60 a 80 cm, para culturas perenes, estiver com Ca abaixo Fonte: SOUSA; LOBATO; REIN, 1995. de 0,5 mmolc/dm3 e Al com m% maior Esse problema, aliado baixa que 20%. capacidade de reteno de gua de muitos solos, pode causar diminuio R e c o m e n d a e s d e g e s s a g e m na produo das plantas. A melhor (Mtodos de clculo): distribuio das razes em profundidade Existem vrias frmulas para no solo propicia s plantas o aproveitamento de maior volume de clculo de gessagem. A primeira foi gua quando ocorre veranico. O uso do desenvolvida por Lopes (1985) e gesso favorece o aprofundamento das adotado pela Comisso de Fertilidade razes, permitindo que as plantas de Solos do Estado de Minas Gerais, em forrageiras superem mais facilmente sua quarta aproximao (CFSEMG, veranicos e a seca, com prolongamento 1989): NG (kg/ha) = 300 + (20 x % de da estao de pastejo por mais algumas argila) para camada de 20 a 40 cm de

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A Brachiaria brizantha cv. Marandu tambm respondeu s doses crescentes de gesso, apresentando maior incremento entre a dose zero e 200 kg/ha e resposta semelhante observada para Brachiaria decumbens (TAB. 2).TABELA 2 - Rendimento de matria seca de Brachiaria brizantha cv. Marandu em um perodo de dois anos para diferentes doses de gesso aplicadas na recuperao a pastagem degradada.

Dose de gesso (kg/ha)

Gado bom s pode ser visto em pasto melhor ainda.profundidade. Sousa; Lobato; Rein (1995) adotaram a frmula: NG (kg/ha) = 50 x % de argila ou NG (kg/ha) = 5 x argila (g/kg) para camadas de 20 a 60 cm para culturas anuais e 75 x % Argila para camadas de 60 a 80 cm, para culturas perenes. O Boletim 100 do IAC (RAIJ et al., 1996), recomenda para clculo de gessagem a frmula: NG (kg/ha) = 6 x argila (a argila vem no resultado de anlise de solo em g/kg). Na quinta aproximao do boletim da CFSEMG (CFSEMG, 1999), Alvarez et al., (1999) recomendam as doses de gesso em funo do teor de argila do solo. Observa-se que nas trs frmulas aparece o teor de argila do solo como fator determinante da dose de gesso. Entretanto, Alvarez et al., (1999) incorporaram o uso do P-remanescente como fator determinante da dose de gesso usando do principio de que mais importante que o teor de argila o tipo de argila, se essa possui alta capacidade de adsoro de P, mas tambm de SO4-. Critrio para a aplicao de gesso na gessagem: Primeiro, aplica-se o calcrio e dois meses depois, faz-se a gessagem, sem incorporao do gesso. No mximo, pode-se aplicar calcrio e gesso numa nica operao, mas nunca o gesso primeiro ou apenas o gesso, para no ocorrer desequilbrio na CTC do solo. A gessagem possui um efeito residual que varia de cinco anos (para solos de textura mais leve) a 15 anos (para solos muito argilosos). Quando a gessagem feita com base nos critrios anteriores, no se tem observado movimentao de potssio e de magnsio no perfil do solo em nveis de perdas de nutrientes. 1.2.Como arado qumico recomendado para auxiliar no arraste do calcrio quando este aplicado superficialmente em pastagens j estabelecidas. Aplica-se gesso em quantidades correspondentes a 25% da quantidade de calcrio que for aplicada (veja edio especial da MB Rural, novembro/dezembro 2011, o artigo O impacto da aplicao de calcrio em pastagens). 2.Na adubao de manuteno Sousa; Vilela; Lobato (2003) apresenta alguns resultados do uso de gesso em gramneas e leguminosas forrageiras. Na TAB. 1, observa-se a resposta da Brachiaria decumbens s doses crescentes de gesso, com maior incremento da dose zero para a dose 200 kg/ha de gesso.TABELA 1 - Rendimento acumulado de matria seca de Brachiaria decumbens para diferentes doses de gesso em um perodo de trs anos aps a semeadura.

0 200 1.500

Primeiro Ano 3,4 4,2 4,3

Rendimento de matria seca/ano (t/ha) Segundo Ano 5,8 8,7 9,7

Fonte: SOUSA; VILELA; LOBATO, 2003.

Como pode ser visto com detalhes, no primeiro ano de aplicao, no houve diferena acentuada do efeito dose de gesso sobre o rendimento de matria seca. Entretanto, no segundo ano, a resposta foi significativa, apesar de ter havido aumento na produo de forragem entre o primeiro e o segundo ano, mesmo para o tratamento dose zero, provavelmente, devido ao efeito do ano. O aumento da dose de gesso de zero para 3 t/ha promoveu um aumento no rendimento de MS e na absoro de nutrientes em leucena (TAB. 3).TABELA 3 - Rendimento de matria seca e absoro de nutrientes pela leucena (Leucaena leucocephala cv. Cunningham) no terceiro ano de avaliao, em funo da aplicao de gesso ao solo.

Dose de Matria gesso Seca -------- t/ha ---------0 3 3,1 4,8

Nutriente absorvido N P K Ca Mg S ----------------- kg/ha -----------------91 5 31 38 17 5 148 9 51 62 24 8

Fonte: SOUSA; VILELA; LOBATO, 2003.

Dose de gesso kg/ha 0 200 600 1.200 1.800

Rendimento de matria seca t/ha 21,9 31,4 32,6 33,4 32,6

Fonte: SOUSA; VILELA; LOBATO, 2003.

Este resultado deve nos chamar a ateno para o fato de que a aplicao de gesso aumenta a demanda da planta por outros nutrientes. Ou seja, no adianta aplicar apenas o gesso. Cabe destacar que estas recomendaes devem ser feitas por tcnicos qualificados.

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RURALSUPLEMENTAO ANIMAL

Suplementao proteica, energtica e mineral na pr seca

Danilo M. Figueiredo Zootecnista e assistente tcnico Tortuga Cia Zootnica Agrria [email protected]

A pr seca estabelece de pode ser chamado de pr seca. Dia de Campo. maneira incondicional o fim do perodo Caracteriza-se por uma pastagem de H de se lembrar que a pr seca de fartura das pastagens e o incio de uma tonalidade indecisa que no nem pode ser o momento de aes projees, clculos e previses verde exuberante nem amarelo estratgicas, desde que se tenha infindveis de como sero os prximos ressecado. aquele lusco-fusco vegetal conhecimento sobre o perodo, para cinco ou seis meses na vida da que prenuncia tempos de vacas magras, transformar adversidades a nosso favor. propriedade. Esse momento provoca mas que ainda mantm o gado na boa O clima caracteriza-se por imenso desconforto ao pecuarista em aparncia. o que Guimares Rosa diminuio gradual das chuvas, no relao ao futuro do seu patrimnio chamou de verde enganoso. No igual escassez total, seguido do aumento da vivo, o gado, transformando homens do nem contemporneo em todas as partes. incidncia de luz do sol sobre a terra e c a m p o e m e s p e c i a l i s t a s d a s vezes varia dentro de uma mesma pastagens provocando aumento de meteorologia tentando controlar temperatura e sensao de o incontrolvel, na tentativa de clima seco. Os mananciais minimizar perdas financeiras do passam a perder volumes perodo mais crtico do ano considerveis de gua e, corrente. dependendo da estrutura Palavras de ordem como empregada no fornecimento, mantena corporal, reservas de diminuem a quantidade e pastagem, lotao, custo de baixam a qualidade dos manuteno e etc, passam a ser bebedouros. Em particular nos comuns nas conversas entre os estados do Norte do Brasil, amigos. Tais debates fazem parte como o Tocantins, ocorre do processo interativo que aumento da temperatura procura caminhos ou diretrizes quando findam as chuvas para se enfrentar de forma Suplementos: escolha deve ser por categoria e com objetivo contrrio ao frio que chega no e consumo previamente definidos sul e sudeste nesse perodo. Tal profissional as adversidades futuras. A citao abaixo resume com regio. E esse pasto, assim meio fator nos posiciona favoravelmente clareza e poesia a vivncia desse enrustido, capaz de fazer um estrago diante das regies de inverno rigoroso, dos grandes na microbiota ruminal. pois, alm do quadro nutricional momento: Paulo Cesar de Macedo Martins, Med. desfavorvel, os animais tero no Vet. Tortuga; trecho retirado do texto desconforto trmico mais um entrave O perodo de tempo compreendido entre o final das guas e o incio da seca Nutrio animal Pr seca; Site Portal para seu desempenho.8REVISTA

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No auge da seca os animais devem estar com boa condio corporal

As pastagens por sua vez, perdem vigor do perodo chuvoso, mas ainda so capazes de apresentar brotaes e crescimento tmido. Em anlise nutricional, observamos aumento do teor de fibras de baixa digestibilidade e queda dos nveis de protena bruta, antes acentuada na fase de folha tenra. Os nveis de fsforo tambm decrescem, e com ele, mudanas intensas ocorrem na biota ruminal, formada pelas bactrias, fungos e protozorios responsveis pelo bom andamento do processo de digesto dos nutrientes trazidos pelo pastejo dos animais. O aumento da carncia nutricional que est acometendo os animais podem no saltar aos olhos nos primeiros dias da pre seca, mas esto presentes fazendo os primeiros estragos considerveis da seca propriamente dita. Alm da carncia mineral passa existir a carncia proteica. Essa carncia provoca queda imediata do consumo de pastagem pelos animais que passam a selecionar os fachos de boa qualidade, aumentando o tempo de pastejo e o percurso dentro do pasto. As exigncias de mantena do animal so incrementadas e os nutrientes antes destinados ao desempenho animal so desviados para a sua manuteno. Todos os acontecimentos

descritos so responsveis pela queda no desempenho dos animais, ainda que em nveis pouco perceptveis no incio. A partir do entendimento desses processos, podemos tomar decises e minimizar a perda. Quando temos capim passando, mas que ainda no passou totalmente, chuvas em escassez, mas ainda caindo, animais em incio de carncia, mas ainda saudveis e dispostos, nos resta preencher as lacunas nutricionais deixadas pelo incio do declnio, e ento, aproveitar

racional e tecnicamente este momento. A suplementao proteica, energtica e mineral das carncias provocadas pelo desequilbrio inicial da pr seca incentivam a multiplicao da flora microbiana presente no rumem dos animais a nveis prximos aos normais, antes observados nos perodos de fartura de capim verde. Tal suplementao deve estar associada ao bom manejo da pastagem, ao manejo da prpria suplementao e ateno constante disponibilidade de gua que deve ser de boa qualidade e atravs de bebedouros (preferencialmente). O efeito direto na reduo do tempo de digesto da pastagem ser imediatamente sentido atravs da mudana de consistncia das fezes, que ficaro com aparncia de menor seleo do capim verde ou seco pelos animais e aparncia mais pastosa. Com isso, vamos obter maior nvel de consumo de forragem mesmo seca em relao ao peso vivo do animal, o que diretamente proporcional ao desempenho desse animal. Finalmente, observamos o efeito indireto da suplementao nesse momento, onde o seu fornecimento provoca ganho de peso atravs do aumento de consumo do insumo mais econmico envolvido nesse tratamento, a prpria pastagem com seus nutrientes que ainda no foram totalmente esvados pela escassez de gua na planta.

Cochos: rea de cocho e localizao so motivos de atenoREVISTA

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SANIDADE ANIMAL

VERMINOSES DOS BOVINOS:sintomas invisveis fazem o pecuarista negligenciar o combate estratgico Marcos Antonio F. MalaccoMd. Veterinrio - Gerente Tcnico Merial sade animal [email protected]

As verminoses so responsveis por significativas perdas na produtividade e seu controle efetivo e econmico constitui um dos pilares bsicos na pecuria produtiva. Dentre os efeitos negativos das verminoses, destaca-se a diminuio do apetite, que muitas vezes passa despercebida. Alm desse efeito negativo, temos ainda a interferncia na digesto, absoro e aproveitamento dos nutrientes. De acordo com a carga de vermes nos animais, teremos dois tipos de manifestao do problema: a Verminose Clnica e a Verminose Subclnica. No primeiro caso, os sinais so evidentes: mal estado geral, diarria, anemia, edema submandibular (papeira), s vezes tosse, abdome distendido, pelos arrepiados e sem brilho. J nos quadros subclnicos, o problema silencioso e muitas vezes confundido com outras situaes, levando a gastos desnecessrios e sem o retorno esperado.10EDIO 01 l ANO 02 l MAR/ABR 2012REVISTA

Dentre os prejuizos destacamse aqueles traduzidos pelo atraso em atingir a puberdade, atraso para que as novilhas atinjam o peso mnimo para entrada na reproduo, menor nmero de bezerros/vaca durante a vida til, menor produo de leite, menor peso ao desmame dos bezerros, atraso na idade ao abate, ocorrncia de outras doenas. Segundo pesquisadores do CNPGC/EMBRAPA, no Brasil, de 90% a 98% dos casos de verminoses dos bovinos criados a pasto so de manifestao subclnica. Alm disso, estudos de produtividade realizados no Brasil Central demonstram que bovinos de corte criados a pasto com verminose subclnica, deixam de ganhar mais de 40 kg de peso vivo ao ano. No controle das verminoses, o emprego de vermfugos uma das maneiras mais prticas e fceis de serem executadas. Entretanto, apenas a aplicao de um vermicida, sem outros cuidados, freqentemente no traz

resultados eficazes. Mais de 90% das cargas de parasitos encontrada nas pastagens (estgios evolutivos e/ou infectantes). Assim, o tratamento com vermfugo dever buscar reduzir as populaes de parasitas nas pastagens, com benefcios bvios ao longo do tempo. Para o bom desenvolvimento e manuteno dos parasitos nas pastagens, condies timas de umidade e de temperatura devero o c o r r e r. N o B r a s i l C e n t r a l , classicamente temos uma estao seca e outra chuvosa durante o ano. Nas secas, h grande perda de ovos e mortalidade de larvas dos vermes nas pastagens. J nas estaes chuvosas, ocorre o contrrio. Portanto, aliando esse conhecimento ao tratamento com produto efetivo contra as verminoses, fcil concluir que um dos tratamentos dever ocorrer no incio do perodo seco. Isso eliminar as cargas de vermes

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uma aplicao no Grfico Ganho mdio de peso vivo em garrotes Nelore tratados estrategicamente com produto endectocida de longa ao e produto endectocida de formulao tradicional versus animais controle sem tratamento vermfugo incio e outra no final do perodo seco so necessrias. J quando usamos produtos de menor persistncia, existe a necessidade de Controle Estratgico das verminoses em bovinos Aplicao de vermfugo de longa ao ao final do perodo seco um terceiro tratamento que deve ser aplicado na metade do perodo seco do ano. O objetivo desta aplicao controlar cargas de vermes apanhadas aps o Outro momento fundamental tratamento do incio do para o tratamento o final do perodo perodo seco. seco do ano, pois logo a seguir, teremos A categoria de animais tambm peri-parto fundamental, em funo da condies timas de umidade nas deve ser respeitada. Nos bezerros, um queda natural da imunidade que ocorre pastagens para o desenvolvimento de tratamento deve ser aplicado aos 4 nessa poca, o que torna os efeitos ovos dos vermes em larvas infectantes meses seguido por outro aplicado no negativos das verminoses mais nas pastagens. Este um esquema de desmame - fundamental devido ao intensos. Dentre os principais prejuzos tratamento denominado estratgico. stress a que os animais so submetidos as matrizes recm paridas esto a Nos tratamentos estratgicos, (separao das mes, formao de lotes, diminuio do apetite levando a maior quando usamos produto altamente vendas, etc). Posteriormente, at os 24 queda de peso, maior queda no escore efetivo, com grande persistncia (mais a 30 meses de idade recomendam-se os corporal, menor produo de leite e que 4 semanas) no controle dos tratamentos estratgicos. atraso ao retorno para a reproduo. principais vermes dos bovinos, apenas Nas vacas, o tratamento no Nos bois importante um tratamento com vermfugo no incio da Principais vermes redondos dos bovinos no Brasil Central fase de engorda e terminao. Os touros Gnero ou espcie Localizao no animal Via de infeco devero receber um tratamento no Haemonchus incio da estao reprodutiva e outro ao Trichostrongylus axei Abomaso Oral final da mesma. No caso de touros Ostertagia mantidos continuamente com as vacas, Cooperia Oral T. colubriformis Oral os tratamentos devero seguir o Bunostomum Cutnea ou oral esquema estratgico do rebanho. Intestino delgado Strongyloides papilosus Cutnea ou oral Os produtos disponveis so Nematodirus Oral eficientes no combate s verminoses, Toxocara vitulorum Oral mas no se deve negligenciar os Oesophagostomum Oral Intestino grosso tratamentos estratgicos, sob pena de Trichuris Oral conviver com prejuzos silenciosos. Dictyocaulus viviparus Pulmes OralGrupo A (Controle) Grupo B (IVOMEC GOLD) Grupo C (Doramectina 1%) 480 460 440 420 400 380 360 340 320 300 280 260 240 220 200 180 160a,b

contidas no organismo dos animais, diminuindo dramaticamente a quantidade de ovos e, conseqentemente, de larvas dos vermes nas pastagens, durante o perodo seco.

456,71 435,65 408,14

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