revista literatas edição 7

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Literatas Director editorial: Eduardo Quive * Maputo * 23 de Agosto de 2011 * Ano 01 * Nº 07 * E-Mail: [email protected] Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona Literatas agora é no SAPO literatas.blogs. sapo.mz Não conhecemos o preço da palavra. Envie esta revista a um amigo Sai às Terças-feiras ATÉ AMANHÃ CORAÇÃO Loucura pela escrita “O homem sai da escuridão para a luz. O escritor faz o inverso, da luz para a escuridão. Talvez por isso queremos sempre voltar para esse mundo de luz, e procurámos como loucos um papel em branco para acender a escuridão que nos persegue.” Veja a entrevista com Lucílio Manjate na página. 3 pg. 10 Niassa sem livrarias

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Page 1: Revista literatas   edição 7

LiteratasDirector editorial: Eduardo Quive * Maputo * 23 de Agosto de 2011 * Ano 01 * Nº 07 * E-Mail: [email protected] Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona

Literatas agora é no SAPO

literatas.blogs.sapo.mz

Não conhecemos o preço da palavra. Envie esta revista a um amigoSa

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Até AmAnhã CorAção

Loucura pela escrita“O homem sai da escuridão para a luz. O escritor faz o inverso, da luz para a escuridão. Talvez por

isso queremos sempre voltar para esse mundo de luz, e procurámos como loucos um papel em branco para

acender a escuridão que nos persegue.”Veja a entrevista com Lucílio Manjate na página. 3

pg. 10Niassa sem livrarias

Page 2: Revista literatas   edição 7

Uma poesia de alto risco

Pão Amargo

2 BLA BLA BLA Exero 01, 5555

Em primEiraTerça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 2

REDAçãO - O PAíSDizEM quE anda por cá por outras razões que não sejam poéticas. Mas Rubervam Du Nascimento está a aproveitar as terras do índico para falar de Craveirinha; falar da poesia e lançar, como fez na sexta-feira, o seu “Espólio”.DEsEMbaRCou CoMo um dos poetas brasileiros mais premiados – quatro prémios – e levou para o Centro Cul-tural brasil- Moçambique o seu mais recente livro “Espólio”. izacyl Ferreira, que escreveria a apresentação desta obra, a definiria como um livro de “desolação, de perdas, de fer-rugens, coisas e pessoas gastas e perdidas”.Esta FoRMa simplista de definir o “Espólio”de Du Nasci-mento conduz-nos, de uma forma complexa, para um livro que, ao ler, parece estar constantemente a nos conduzir ao passado, ou melhor, ao que nos resta da vida. Ferreira diz reiterar o dito arrulhos que defende a utilidade de reler as epígrafes de um livro para melhor entender o seu conteúdo. Esta sugestão leva-nos a uma conclusão quase agressiva que Rubervam Du Nascimento busca para o

seu livro através de “Konstantinos Kavafis”: “todas essas coisas são muito velhas/o esboço, o barco e a tarde”.assiM Du Nascimento prepara-nos para o que podemos encontrar nesse “Espólio”. Mesmo antes da epígrafe, o poema (de) “introdução” já nos chama atenção para toda a base (assim como os detalhes) deste livro.“Não é fonte deste livro/meu dia perdido/ na con-fusão da noite/ nossa vida de cão/ passada a limpo/ desde que o anjo rebelde/ a serviço do criador/ armado de lasca de sol/ nos expulsou do paraíso”, escreve em “introdução”.EstaNDo pREpaRaDo, parece- abrir-nos para uma leitura não pré-definida que nos sujeitaríamos se nos baseássemos simplesmente no título “Espólio”. Mas ele avisa que este não surge de “manuscritos salvos de um arquivo de areia redigido com tinta deagua...”E, quaNDo nos prendemos no poema “Herança”, que abre “Livro 1 – Da Carne”, vamos perceber clara-mente a linha que o poeta nos remete.“MaRiDo apRoVEitou a demora da festa/ testou com indicador a castidade da mulher/ ajudado pela toalha da mesa cheia de rosas feias/ que cobria colo e pernas dos convivas”.Mas ao lermos os poemas de Rubervam Du Nas-cimento temos sempre uma tendência de o vermos pelos olhos dos outros, daqueles que já o tinham lido antes, começando do seu “debut” com “a profissão dos peixes”. Este parece ser o seu livro e marca. Melhor, como diz Dalila teles Veras, ele – Du Nascimento – já se auto-denominou “poeta de um livro só”, referindo-se “a profissão dos peixes”, obra que demonstrou o desejo de reeditá-la em edições revistas e – cada vez mais – diminuídas.Mas EstáVaMos a falar dessa leitura que temos sempre de fazer através dos olhos dos outros. Elias paz no artigo “o engajamento p(r)o(f )ético em Rubervam Du Nascimento”

faz uma “visitação” religiosa a obra de Rubervam por sua constante recorrência à religião, enquanto nos lembra que este poeta já foi um servo de Deus.“... as referências religiosas, bíblicas e extra-bíblicas são abundantes no texto de Rubervam, veladas e claras. para quem não sabe, o Rubervam é um ex-pregador adventista com vivência e formação cristã e grande familiaridade com o texto bíblico.”

------ Rubervam Du Nascimento exibiu seu “Espólio” em Maputo“Estrada da vitória não tem mais voz/ sem rodas da máquina do horário azul/acaba cantiga do relógio de sol apressado” – é uma das estrofes extraídas do livro “Espólio”de Rubervam Du Nascimento, lançado em Maputo, onde o autor parece-nos levar a visitar detalhes do tempo mas sem nenhum saudosismo.

Finalmente chega um livro para a indústria dramaturga. Guilherme Silva é que escreve a obra “Pão Amargo”

Um Livro de teatro como não surge há muito nas prateleiras das livrarias nacionais é a sugestão de Guilherme afonso e sua editora, “alcance”, em “pão amargo”. Nesta obra, o autor vai buscar pequenos detal-hes da vida desta sociedade que é a moçambicana.

EstE é um país de actores – de dramaturgos também. a frase pode não ser nova e já deve ter cansado, mas quando se volta à criativi-dade teatral em termos de produção de livros parece ganhar um outro sentido. quando Lindo Lhongo, para alguns a maior referência da dramaturgia nacional, lançou “o Lobolo”, criou-se por momento um pequeno debate sobre a ausência de livros de peças teatrais.

A pAr da poesia e prosa – ou romances – existiu sempre uma clandestina vaga de dramaturgos, mas poucos fizeram a aventura em livro. podíamos recolher belas peças de teatro nacionais que foram seguindo o seu crescimento, entre adapta-

ções como “Mestre tamoda”, de Neto Mondlane, até linhas impressionantes de “aldeias dos Mistérios” de Dadivo José. são nomes que aparecem assim ao alto, mas podemos buscar tantos outros que não aparecem em livro.

mAs, contrA a corrente, Guilherme afonso, que chegou a Maputo – ou é melhor dizer Lourenço Marques – em 1959 para ingressar no Corpo de polícia, curiosamente no período em que se elevava a literatura nacionalista, oferece-nos “pão amargo”, que sai pela alcance Editores.

Há mUito que Guilherme afonso está na literatura, tendo aparecido em 1988 com o livro de contos “Circuito”, pela associação dos Escritores Moçambicanos, e com poemas em “Memória inconsumível”, pela imprensa universitária.

Em “pão amargo”, aborda a problemática social, começando pela confusão nas filas de “chapa”, como quem nos lembra que a partida para a vida começa numa paragem.EstA é a imagem que nos salta à vista quando começamos a folhear o livro e nos deparamos com este diálogo que acontece na paragem:“mULHEr- EH! senhor... o seu lugar não é aqui. Chegou agora e quer ficar à frente! o que é isso?...

inDivÍDUo intErpELADo- orA essa! quem é que lhe disse isso? a senhora está muito enganada...”

EstE DiáLogo decorre perante a passividade dos outros pas-sageiros, o que desencadeia a ira da senhora devido à inca-pacidade das pessoas de reagirem perante actos anormais. Este “pão amargo” é uma história da vida

tExto E Foto: JornAL o pAÍs

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“A poesia não está fora de nós, nós é que inventamo-la”

Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 3Terça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 3

AMOSSE MucAvELE

Literatas: O Lucílio Manjate começa a escrever

em 1996. Porquê, para quê e para quem?

LUcÍLio mAnJAtE: penso que os escritores nunca sabem quando é que começam a escrever, porque sendo o acto da escrita um processo, que se liga a um outro processo, o da leitura, nós vamos escrevendo enquanto lemos, mas não registamos. é uma escrita ao nível do subconsciente, do íntimo, e que vai ganhando forma durante um tempo também impreciso, o tempo de gestação do escritor. é o tempo da criação da forma e que um dia vem cá para fora; no meu caso isso aconteceu em 96. penso que nessa altura eu escrevia porque tinha que me situar, em termos geográficos, culturais, políticos, ideológicos, etc. talvez seja o primeiro passo, esse. Essa é a leitura que faço hoje, lendo os meus textos um pouco mais crescido; escrevia para, a partir desse pressuposto identitário, inventar os meus sonhos, como todos os outros escri-tores inventam, e comunicar esses sonhos aos receptores dos meus textos. partilhar um mundo possível.

Literatas: Sugere que o escritor não nasce numa folha em branco cheia de gatafunhos?

LUcÍLio mAnJAtE: Exacto. podemos entender essa questão como quisermos, eu penso que no papel ele apenas acontece. perguntar quando é que o escritor nasce é sugerir uma discussão filosófica interessante, porque o texto primeiro acontece enquan-to ideia, o embrião, e isso é na nossa mente e não fora dela. a metáfora de “nascer” aqui não pega, porque o ser humano vem para a luz, mas a luz do escritor está dentro dele, nunca fora. o homem sai da escuridão para a luz. o escritor faz o inverso, da luz para a escuridão. talvez por isso queremos sempre voltar para esse mundo de luz, e procurámos como loucos um papel em branco para acender a escuridão que nos persegue. por isso o tempo de nascimento é um tempo mental, psicológico, à procura de um signo que lhe dê a forma… Mesmo quando me pergunto quando é que nós, seres humanos, nascemos, penso que é já no acto de amor que um dia uniu os nossos pais. Nascemos a partir daí.

Literatas: Falaste do signo. Que signo foi o

que apagou essa tua escuridão?

LUcÍLio mAnJAtE:

O meu foi primeiro poético. Primeiro escrevi versos que nunca mostrei a ninguém porque eram decalques da elegia de Craveirinha em Maria. Mas antes tinha andando a decalcar as

muitas vozes do Caliban, do Manuel Ferreira. Funda-mentalmente essas duas

vertentes.Literatas: E essas leituras deram-te as bas-

es…

LUcÍLio mAnJAtE: Não há bases em literatura. Mesmo quando queremos vincular determinado escritor a um estilo determinado, esse é o nosso esforço, a nossa angústia de querer uma base, uma referência, um ponto de apoio a partir do qual o mundo possa fazer sentido. o problema é que esses sentidos, às vezes, são perniciosos, quando não valorizamos também a experiência vivencial do escri-tor, como se o seu estilo se fizesse sentido somente em função das leituras que fez. obviamente que sim, mas isto significa que observar, cheirar, sentir, etc., são formas de ler, também. Mas ok, é como disse. isso foi o que, de facto, li primeiro. Mas li também poesia de Combate. Foi importante porque essa poesia tem uma força de expressão tal que me lembro que foi depois dela que estoirou a bolsa que me guardava durante esse tempo de gestação.

Literatas: Mas essa poesia é questionada hoje

enquanto poesia?

LUcÍLio mAnJAtE: questionar a poesia é uma questão estética, equivale a questionar as noções do belo. Então essa discussão pode não acabar. o que é belo para ti não o é para mim. podemos pergun-tar se não é belo exaltar a pátria liberta, cantar os seus rios, os seus montes, as suas vitórias, a coragem do seu povo, o som das armas da liberdade. a poesia não está fora de nós, nós é que inventamo-la, a partir dos nossos ideais. posso concordar que nem toda essa poesia seja bela, mas então existe aí alguma poesia, algo de belo. Mas é preciso, de facto, questionarmos as coisas, para avançarmos, e a geração charrua, que propôs outras formas, entendeu isso.

Literatas: A geração charrua foi, aliás, objecto da tua análise enquanto estudante de litera-tura na universidade Eduardo Mondlane (uEM).

LUcÍLio mAnJAtE: sim. Foi, porque achei que não existia um estudo sistemático a respeito dessa geração…

Literatas: Que já não existe…

Lucílio Manjate: Há várias formas de existir. Existem escritores sem livros publicados como existem músicos anónimos. Não são escri-tores? Não são músicos? Existem correntes de pensamento que só daqui a algum tempo tomaremos consciência delas porque alguém ira analisar determinados fenómenos e verificar o seu compor-tamento e os seus actores. Depois de identificadas, talvez já não existam, terão existido. nADA nos pode assegurar que o facto do grupo daqueles outrora jovens da charrua não organizarem hoje as mesmas tardes e noita-das, os mesmos saraus onde se discutia literatura e até o país, o facto desse grupo não se concentrar não significa que já não exista a geração, até mesmo o grupo, porque a questão de nós pertencemos a um grupo é antes mental, de adesão e de comunhão de valores. o cErto é que ainda hoje, quando se encontram, nós, os mais jovens, ouvimos histórias, aprendemos algo. E isso, o que é? é preciso considerar também que grupos enquanto tal torna-se hoje difícil, as pessoas não param, muito menos para discutir ideias. Estamos cada vez mais fechados em nós mesmos. E o homem é tão pequeno! Falemos talvez em grupos virtuais. Encontramo-nos no correio electrónico que me mandas de paris ou no facebook e por ai fora.

Literatas: Hoje tu dás aulas de literatura. Qual é o teu sonho, considerando essa fraca adesão das pessoas para a leitura?

LUcÍLio mAnJAtE:

O meu sonho é de que as pessoas acabem por desco-brir que o livro é uma das

maiores invenções do homem,

não poderia o homem encontrar melhor forma de perpetuar a espécie.

Ainda não estamos em vias de extinção. Ou estamos?

Precisamos da imag-inação, da criatividade

para viver, e o livro dá-nos isso. O que o nosso país

precisa é pessoas criativas, que constroem imagens e as experimentam nos seus sectores de actividade. A literatura dá isso tudo, e muito mais, dá-te amor,

outra carência entre nós…

Literatas: O teu olhar sobre a literatura moçambicana?LUcÍLio mAnJAtE: positivo. pena é que essa crise alcançou também as artes. ainda não fui a um lançamento, este ano. E nós ainda precisamos desse momento mágico, o do lançamen-to… a nossa literatura está muito boa. sinto que nos próximos 5 anos teremos grandes revelações. Muitos dos escritores da minha geração, por exemplo, estará mais crescida nestas coisas da escrita e isso vai emprestar `a nossa literatura outro ar, e talvez outro destino. é verdade que, do que essa geração produ-ziu, há boas coisas, mas penso que virão propostas melhores.

Literatas: Quais são os teus escritores, nessa geração?

LUcÍLio mAnJAtE: Rui Ligeiro. Mbate pedro. Celso Manguana. aurélio Furdela. sangare okapi. Clemente bata. Jesus. Chagas Levene. tânia tomé. Dércio pedro. Dom Midó das Dores. Rogério Manjate. andes Chivangue. Domi Chirongo. Repare que nenhum destes autores tem 3 livros publicados, eu, enquanto apreciador, estou a espera.

Literatas: Para fechar: como vês o projecto da nossa revista?LUcÍLio mAnJAtE: parabéns! admiro essa vossa maneira de divulgar as artes e cultura irmanadas no cruzamento entre essas oceânicas águas, a água, a única coisa que nos une, a vida.

BiografiaLUciLio mAnJAtE nAscEU Em mApUto Aos A 13 DE JAnEi-ro DE 1981,é Escritor, EnsAÍstA, critico LitErário, E DocEntE DE LitErAtUrA nA UnivErsiDADE EDUArDo monDLAnE, tEm DUAs oBrAs pUBLicADAs:-mAniFEsto-prémio t.D.m-2006-siLêncios Do nArrADor-prémio 10 DE novEmBro-2010

Em primEira

Page 4: Revista literatas   edição 7

FicHA técnicAPropriedade do Movimento Literário Kuphaluxa

Sede: Centro Cultural Brasil-Moçambique* AV. 25 de Setembro nº 1728, Maputo, Caixa Postal nº 1167 * Celulares: (+258) 82 27 17 645 e (+258) 84 57 78 117 * Fax: (+258) 21 02 05 84 * E-mail: [email protected]

Director Editorial: Eduardo Quive ([email protected])Coordenador: Amosse Mucavele ([email protected]) Editor - Canto da Poesia: Rafael Inguane ([email protected])Redacção: David Bamo, Nelson Lineu, Mauro Brito, Izidine Jaime, Japone Arijuane.Colaboradores: Maputo: Osório Chembene Júnior * Xai-Xai: Deusa D´África * Tete: Ruth Boane * Nampula: Jessemusse Cacinda * Lichinga: Mukurruza*Brasil: Itapema - Pedro Du Bois * Santa Catarina: Samuel da Costa * Nilton Pavin * Marcelo Soriano * Portugal: Victor Eustaquio e Joana Ruas.Design e páginação: Eduardo Quive

Alegoria

Presságio, minha Avecomo um cão

4 BLA BLA BLA Exero 01, 5555Terça-feira, 23 de Agosto de 2011 LITERATuRA MOçAMBIcANA 4

HELIODORO BAPTISTA

Em inhaminga, meu amor,estão as armas apontadas para o céumas só há pássaros.

E como as armas pensam no canudo do seu cérebroque as aves são inofensivos passarinhosestes aproveitam a confusãodos pára-quedistas já cansados.

por isso cada pássaro que voa pelo céu(luminoso como uma palavra boa)deixa cair melancolicamenteo seu depósito de agradecimentosobre as armase a estupidez dos generais.

Vorazmente, meu amor,o destino da terra passae cria-se entre o ventre das armase o círculo da esquadrilha voadorao futuro desta terraque alarga e fermenta.

tudo isto em inhaminga,com o tamanho deste país,meu amor

Heliodoro BaptistaHELioDoro BAptistA nasceu a 19 de Maio.

Faria este mês 65 anos. Era casado com a jor-

nalista Celeste Mac-artur, editora fotográfica do

Diário de Moçambique, diário que se publica na

beira. Deixa viúva e quatro filhos.

o JornAListA, escritor e poeta nasceu em

Gonhame, cidade de quelimane, capital da

província da zambézia. Deixou escritas várias

obras não publicadas e publicou «por cima de

toda a folha», «Nos joelhos do silêncio», «a filha

de tandy», entre outras peças dispersas.

Foi jornalista do «Notícias da beira» onde chegou

a ser chefe da redacção. Deixou de exercer a

profissão de jornalista quando se incompatibi-

lizou com a direcção do «Notícias” que se pub-

lica em Maputo, jornal de que na altura era o

delegado na beira. trabalhou ainda no «Diário

de Moçambique».

HELIODORO BAPTISTA

(ao Gringas e à Maria,poetas de outro blue-jazz)

Estou doente como um cãonum barco içado pela babugemno ritmo Índico puro da monção;

o homem que eu disse ser,inescrupuloso, de rara penugem,é o capitão deste barco a arderno seu cachimbo em forma de coração;

Longe, a ilha de seu destino, é vaga ideiaem qualquer privado jardim da consolação:céu, mar, gaivotas de fogo, o pé-de-meiade quando eu ainda pensava ter razão.

Este homem recorta-se no vosso céu de aço;Ventos temporais, estrelas caídas de fronte,o cachimbo sem tabaco, o declinado horizonteE o coqueiro híbrido na mão insurrecta, largo o espaço.

Já não estou, afinal, doente; para sempre fui e morri.Mas pela noite áfrica, oceânica, regresso. Renasci

HELIODORO BAPTISTA

ao Rui Knopfli e ao Eugénio de andrade

sim, de facto, «uma só e várias línguaseram faladas e a isso,por estranho que pareça, também chamávamos pátria».

outros vieram e estãona curva ambulatória do terreno,entrecortando a escrita ao solcom a que, na bruma, lascivo lugardos malditos de esgares cínicosmas persuasivos,estrangula, subverte tambéma repulsa.

alguns reencarnam, voltam a nascerde uma emoção que, anos atrás,os condicionou, e isso tem sido notícia,curiosidade incorporadana astúcia discreta dos que triunfampelos propósitos trazidoshá um quarto de século.

palmeiras, casuarinas, eucaliptos,micaias, planuras, mangueiras, enfim,a ainda inacabada totalidade do país amado,tudo existe, não é mitológica passagemde forças cujo núcleo, por estranho, também,que pareça, é uma ordem desordenada,uma certeza de mil incertezas,mas isenta já de prodígios,confusa e humana.

Nós outros, como vós, os que virão,baixos-relevos das mais remotase tranquilas paisagens onde o tempo urgepropostas originais,desencadearemos talvez a infidelidadea outros mitos que a escrita, impressiva,esconjura nos significantes.suportemos, como compensação, os impulsos dos néscios

HELIODORO BAPTISTAComo um cão curvo-mee procuro ler nas marcasque a noite não pôderecolher o tempo.

anima-me a superfície fabuláriaonde o olhar do dia revolveo que foi alvoroço vidaou sinal ténue.

Detenho-me na pegada junto à camae a mão precavida incha a memo’rianenhuma sensação acendeo que já está perdido.

(perdidos os meus passos? a minha voz?é assim tão terrível o amor ao homem?a justiça foi calcinada em que ritual?)

pouso então devagarinhoo ouvido na parede húmidae eis que uma sombra volta-senum largo aceno de simpatia.

Na paz indizível sopraa fina aragem desanoitecidaa leve impressãode um cochicharuma porta entreabertaonde pulsa uma esperança

Page 5: Revista literatas   edição 7

MARcELO SORIANO - [email protected]

Nota preliminar: Antes de prosseguir com este artigo, lembro ao leitor que me dirijo à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), portanto, podemos encontrar gerúndios, futuros do pretérito, expressões etnocêntricas, familiares a certos leitores, porém, inusitadas a outros. Oxalá, que esta peculiaridade não seja pretexto para correções, mas para integrações e enriquecimentos léxicos e culturais entre nós. Marcelo Soriano. Santa Maria - RS - BR. 14/07/2011.

1. microcontos à BrAsiLEirA

...................................

O AlíviO de OlíviA... Duas vogais que mudavam de lugar...

...................................

Quebrou a cara com um soco no espelho.

...................................

Cobriu as idéias com palavras para que ficassem nuas...

...................................

Morreu de não rir.

...................................

Doce menina se fez bela dona, que se fez linda senhora, que se fez sereno cadáver, que se fez livre pó... E se refez nas tintas de Renoir.

...................................

2. LitErAtUrA visUAL

3.monóLogos póstUmos com QUintAnA - pArtE v

“ Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.”Mário Quintana

Eu a ele: O Escritor é o verdadeiro mestre-cuca. Alimentos para as cucas. Macarronadas esferográficas.

Ele a mim: Assim como um louco que fala sozinho, os escritores são aqueles tipos que vivem escrevendo consigo mesmos.

(3.) continUA nA próximA EDição..

ALERTA vERMELHOS JAPONE ARAuTO - MAPuTO

Começo por proferir uma expressão que adoro: “Olhem para Ver”, Olhem para esta dissertação e vêem (entendam) de maneira mais lúcida, de modo que por menos flexíveis mentais que forem a compreendam de forma simples. Os que desta inundarem-se de dúvidas a gotas do indico, perdoe-me, assim como, também peço perdão os que acharem esta dissertação imoral, desprovida de patriotismo, um verdadeiro contra-senso, ou mesmo, um atentado ao ritual professado pelos homens trajados de casaco e gravata.Espero que a provável inquietação não seja a sina preconcebida para que os homens de casaco e gravata mostrem os seus dotes de censura carraça a essa dissertação, que por convicção própria pretende chamar de “Alerta Vermelhos”. E os que compreenderem, votos para que tirem bom proveito nisso, aliás, que tenham melhor repreensão do conteúdo aqui abordado.Dando azo a causa primordial deste pobre gesto de exercitar a dita liberdade de expressão, que o mesmo concebo embriagado por elevado grau de legitimidade patriotica, arisco-me a afirmar que: Moçambique ainda não é um país, muito menos uma nação, mas sim um lugar que pode vir a ser, se realmente queremos, então podemos, como diz o bagágio popular: “Querer é Puder”. Espero não criar espanto em dizer que a moçambicanidade, a unidade de nacional, são ainda sementes no celeiro, por tanto ainda não foram lançadas e não se sabe em que época da história isto a conterá. São, portanto, lindas utopias, que a sua aplicabilidade ainda é um verdadeiro mito, igual ao mito da liberdade de expressão, no qual me inspiro. Lindas mitológicas teorias nas quais se comparam àquelas lindas frases (políticas) que fazem parte do nosso léxico quotidiano, como é caso da Jatrofa, Distrito pólo de Desenvolvimento, O registo do Cartões SIM, á Inspecção de viaturas, o recém nado morto Cesta Básica, sem querer tirar o desmérito a teoria – mãe: A Luta contra Pobreza Absoluta, esta que dizem ser um problema mental, eu saudavelmente concordo plenamente, pois, esta insonhável luta sempre foi e é proferida por um punhado de gente, aliás, sai sempre na mente de algumas pessoas, cá por nós conhecidas. Espero que sejam estes os principais patológicos. O que não espero é que passa nalgumas mentes usados por outras mentes, neste coitado momento a seguinte questão: Porque é que Moçambique é um lugar, é não um país? Por uma razão muito óbvia, primeiro deixem me dizer que: os que já estiverem com esta questão pairando na sua desautónoma mente, eu acho que isto é, sem dúvida alguma, uma actividade desprovida de rácio.Bom, não quero em nenhum momento persuadir-vos para que usem as vossas mentes vós mesmos, ou convencer-vos a acreditarem nesta premissa só para parecerem autónomos das vossas próprias mentes, isto é um processo, um processo como alguns justificam o fracasso na aplicabilidade de políticas. Pós concordo que todo aquele que se julga cidadão moçambicano sabe mais do que ninguém que a sua pertença; a força que lhe “governa”, para não dizer desgoverna, é um fiasco. Os que continuarem à achar esta premissa inundada de disfunção, pensem no seguinte: pelo memos este tem opinião num lugar onde a liberdade de expressão é um mito. E se realmente disconcordão com premissa, mostre-me pelo menos um dos ministérios a vossa escolha, que esteja melhor ou que seja no mínimo sério. Ou que tragam evidências claras de políticas traçadas e acabadas, sejam elas do governo dia (da noite), ou mesmo da oposição. Sem querer entrar em detalhes, lembrem-se que alguém uma vez disse “este país vai arder, arder mesmo!”, o mesmo disse que iria mobilizar uma manifestação a escala nacional, pós para me são todos farinha do mesmo parlamento, aliás puxadores do mesmo saco. E lembrem-se que somos viventes dum lugar da máfia (Moçambique um dos maiores narco-estado do mundo), onde os crimes desorganizados fazem manchetes nos jornais (por em quanto os publicados), onde é bem sucedida à corrupção, o enriquecimento ilícito da minoria, abuso de puder, estou sem tinta suficiente para enumerar todos monstros que a apoquentam a nossa procissão ruma a transformação deste lugar num país. Acredito em excepções, sem querer tira mérito a alguns que ousados que tentaram dirigir esta marcha, e tiveram o final que todos sabemos, no caso de Samora, Mondlane e outros. Isto mostra-nos claramente que existe um grupo (à tal Máfia) que se sente bem nesta condição de Não-País, de Não-Nação, de Não-República, e fazem questão de lutar à todo custo para manterem este lugar assim como se encontra. As questões que vos faço são: quem são estes que se sentem muito bem com estas situação? E o que fazem aqueles que pretendem transformar isto num país, num Moçambique nação, num Moçambique República? Que tal e qual numa República: com igualdade de direito, justiça, paz, democracia, etc. Onde estão estes? Se é que existem, e você de que lado esta? Espero que não deixa sua mente ser usada por outros nas respostas destas questões, espero que seja você comum cidadão moçambicano

Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 5Terça-feira, 23 de Agosto de 2011 cRÓNIcA / cONTO 5

FiLosoFonias rapsódicas

Page 6: Revista literatas   edição 7

6 BLA BLA BLA Exero 01, 5555

- discurso dirEcto

Até amanhã coraçãoTerça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 6

que está cansado de o ver bater, de tomar as rédeas de sua vida. Ele desiste e

diz que não quer mais esse eterno apaixonado: “já bateste muito na minha vida”. Provavelmente, se

for a fazer a sua contabili-dade, será o homem que

terá ficado sempre só entre ele e o coração. Esta carta é um pouco a história do

poeta e o seu coração, uma carta de despedida, mas

sempre a dizer “vou viver com outro coração”.

Isso leva-nos a Rui Knopfli, no poema “A Despedida”, onde evoca essa questão do silêncio. como é que Rui Knopfli entra na sua literatura?sou REsuLtaDo de muitas leituras(…). Rui Knopfli não é o poeta que me influencia. Mas acho que o amor tem sempre essa pequena indefinição, se é com a cabeça que se vive ou se é com coração, e acaba por prevalecer o coração. quando acaba o amor, é no coração onde a dor pesa mais, apesar da cabeça ser esse roteiro de memórias. o amor é diário, mas é sempre uma memória de ontem, de hoje, com aquele encanto do futuro. Nunca se sabe o que vai ser, mas sabe-se muito do que já foi. o amor é sempre uma despedida, mal se começa, já se sonha com a despedida. principias a amar, já principias a despedir-te. Lembro-me de um poema do angolano almeida santos, “Meu amor da Rua 11”, que é uma música lindíssima da banda Maravilha, que define esta coisa do amor estar permanentemente a bater.

A sua poesia é marcada por versos de amor, entre a dor e a sua exaltação. É assumidamente um poeta român-tico?EM pRiNCÍpio todos deveriam ser (…) todos nós somos românticos. o amor é a melhor maneira com que com-bato as tristezas e desavenças que tenho com o presente e que tive com o passado. quando decidi pela linha do amor, foi exactamente no período em que prevalecia na nossa condição literária a questão da guerra e da morte. acho que muito embora não fôssemos soldados, todos os dias eu acreditava que as armas se calariam, para se fazer amor. acho que as armas acabam sempre por se calar, para se fazer amor. o coração é uma grande bateria, dá-lhe aquele compasso, acho que fazes melhor uso a trabalhar apaixonado, do que a despedir-se do grande amor.

Parar a guerra para fazer amorFaz uMa referência à guerra, que, curiosamente, vai recuperá-la no livro “Homoíne”, onde olha para a morte com todo o pesar que se pode imaginar... EssE LiVRo, escrevo depois de ter visto fotografias de Jorge tomé, fotojornalista do “o país”, quando trabalhava na revista tempo. Ele tinha ido cobrir o resquício do que

FONTE: JORNAL O PAíS

um país travado pela burocracia e um poeta que acredita que o amor é capaz de vencer guerras. Eduardo White é dos poetas que mostra como o lirismo pode ser uma forma de vida, apesar de ter certeza que fazer cultura é um acto de loucos.

“ELE é poeta!” – repetíamos mentalmente antes da entrevista, para não confundirmos esse lado com tantas outras áreas em que ele se decidiu meter. No ano passado, escreveu uma ópera juntando stars como Chico antónio, Graça silva, Mário Mabjaia e adelino branquinho. Este ano, voltou a colocar-se o mesmo desafio, mas para a dança. Voltou ao seu companheiro de longas viagens, Chico antónio, “entendemo-nos”, diz ele, e chamou pérola “Deusa” Jaime por uma velha admiração: “é uma bela bailarina e coreógrafa. sempre a admirei”, disse, antes de começarmos a entrevista para o “Entre Letras”. Mas era uma entrevista sobre literatura. Era preciso repetir o pensamento “ele é poeta!” e organizar as ideias com base nos títulos de alguns dos seus livros.

poDia tER-sE contentado em “amar sobre o Índico”, mas o massacre de “Homoíne” fez com que desse uma pausa a versos de amor e contemplasse as fotografias de Jorge tomé e chorar pelas mortes. No entanto, diferente de Knopfli, aqui onde havia dor não era “o país dos outros”, mas sim “o país de Mim”, o que obrigava a aprender “poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de ser ave”.

EDuaRDo WHitE é esse poeta que podia oferecer-nos “os Materiais de amor seguido de Desafio à tristeza”, para depois ficar na “Janela para oriente”, ler pensamentos de Gandhi antes de “Dormir com Deus” e ouvir “as Falas do Escorpião”. podíamos falar longamente dos seus livros enquanto folheávamos “o Manual das Mãos”, observando “o Homem a sombra a Flor e algumas Cartas do interior” antes de nos despedirmos: “até amanhã, Coração”.

EDuaRDo WHitE toma uma base romântica. “todos nós somos românticos, ou pelo menos devíamos ser”, acredita. Mas é sobre a esperança de que fala, ou melhor, das pessoas que sempre “cantaram sobre a esperança” no período da luta de libertação, mas que “hoje a retiram” ao povo. Esta entrevista, mais do que um rítmico caminhar pelos versos deste poeta, é um olhar à literatura moçambicana e à forma como a buroc-racia pode parar um país.

Despedida de um poetacomo é que um poeta consegue convocar toda a coragem para ir embora? Melhor, por que um poeta decidi ir embora?

“Até Amanha, Coração” é carta de amor de alguém

que está cansado dos deva-neios do seu coração, que pôs sempre o amor em primeiro

plano; de alguém que o seguiu fielmente, e como o

dono se cansou. É um pouco a história de alguém que se despede do seu coração e diz

foi aquele massacre. impressionaram-me tanto as capulanas que iam embrulhar os corpos nas valas comuns. Foi impres-sionante como ele conseguiu captar a tristeza profunda, a brutalidade da guerra. Fizemos o acordo de paz com os nossos vivos, mas nunca o fizemos com os nossos mortos. Este país ainda vive uma grande dívida para com os seus mortos. Não os enterrámos condignamente nem fizemos um acordo de paz com eles em relação a esta guerra que eu sempre disse que não tinha razão de ser. Depois, levou-se muito tempo para se fazer um acordo. Essa coisa da morte impressionou-me, por isso, que escrevi “Homoíne”, mas sempre com essa constante de que era preciso retomar as armas do amor. o amor tem as suas armas que são o beijo, o sexo... tem todas essas armas que são importantes, que falam melhor, que disparam melhor e têm outra pólvora.CREio quE a guerra é um fenómeno que incomoda qualquer pessoa que tenha sensibilidade. a guerra é atrofiadora. para além de nos dizimar fisicamente, também nos dizima em termos de alma e de sentimentos. Há um poeta, Jorge Rebelo, que durante a luta de libertação nacional escreveu um poema lindíssimo que se chama “Liberdade pode Chegar um Dia”. Essa carga de amor está sempre presente, não pelas razões da guerra, porque acho que não podemos ter amor por uma coisa que nos pode levar à guerra, mas pelos objectivos que nós pretendemos atingir. No amor há violência, há gente que faz guerra por amor e com amor. Não sou de fazer guerra com amor, acho que o amor tem que fazer guerra à guerra.

Poetas da políticaPodemos falar dos “poetas de combate”, neste caso, Jorge Rebelo, de quem falou, e podemos acrescentar Kalungano (Marcelino dos Santos), Sérgio vieira (…) cujos poemas são mais de esperança. como podemos, hoje, olhar para esses poemas e poetas?a EspERaNça é um sentimento muito bonito. Com essa mensagem de esperança, encontramos poesia digna e lá está o amor à terra, amor à liberdade. é uma fase bonita essa, e há boa literatura. Nem tudo o que se escreveu nesse período é bom, mas há boa literatura e bons escritores. penso que nos países africanos de língua portuguesa a esperança marca esse percurso histórico da literatura. agora, gostava de saber como é que essas pessoas que ainda estão vivas e que escreveram tanto sobre a esperança vêem hoje essa mesma esperança que cantaram. às vezes, é engraçado como uma pessoa escreve sobre a esperança e a retira aos outros. a guerra não devia ser uma aprendizagem para a continuar, mas sim para não a repetir. penso que se passou assim no nosso processo histórico, a guerra veio e continuou, porque, infelizmente, a guerra é um grande negócio para os que a fazem e os que a patrocinam. Gos-taria de saber como é que esses escritores, hoje, vêem essa esperança que cantaram, o futuro que foi ontem e que é presente hoje. e seria interessante, porque hoje eles deix-aram de escrever.

É possível um poeta deixar de o ser? Existe um ex-poeta?

aCHo quE não. penso que eles não pararam de escrever, provavelmente pararam de publicar. Não é nada disso de processo político(...). se se envolveram muito no processo político, devo dizer que não foi muito bom, porque poetas a fazerem política não são muito bons, são as borradas que sabemos. a utopia é boa até onde termina o argumento para fazer política, mas depois deixa de o ser. a política tem os seus próprios poetas, que são os políticos, e normalmente são maus poetas como também maus políticos.

É normal olhar-se para a sua geração como aquela que veio dar uma outra viragem à literatura. vocês têm essa consciência de terem definido a literatura nacional?a LitERatuRa moçambicana nunca foi definida, é um pro-cesso que está em construção, é um processo que vai sendo. Evidentemente que esse processo tem seus altos e baixos. Mas a geração Charrua não marca definitivamente qual o estilo que a literatura moçambicana vai tomar, mas marcou uma ruptura com aquilo que se fazia no momento. Foi

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Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 7Terça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 7

importante que a geração Charrua tenha aparecido para demarcar essa cisão com a literatura que se fazia.

Rompimento e buroc-raciaO que vai diferenciar a literatura antes de charrua da que se seguiu?

ERa o lado ficcional, o lado da criatividade e, sobretudo, o rompimento com o lado temático. a literatura estava muito agarrada à questão da guerra da libertação, da revolução, não era contestatária. a Charrua veio con-testar muitas coisas que precisavam de ser contesta-das.

O tema guerra de libertação não era só da literatura, dominava igualmente a música, assim como o teatro e a dança. como é que a literatura surge a querer isolar-se?aCHo quE isso aconteceu a nível de todas as artes. Há uma geração que marca essa cisão com o que se tocava. a nível do teatro, há, e aparece com o grupo que dá origem ao Mutumbela gogo, em que estavam Calane (da silva), Manuela soeiro, João Manja, anabela adrianoupolis. é um processo que se passa em qualquer sociedade que está em transformação, que está a nascer e que está a crescer, só que, no caso da literatura, somos muito menos em relação a outras disciplinas artísticas, e talvez se tenha notado mais. a nossa confrontação com o poder foi mais frontal. Nós temos essa tarefa de não concordar que o poder tenha uma governação quase bíblica, que diga “isto tem que ser isto”. qualquer artista faz parte e con-strói a memória colectiva de um povo. o que está a passar-se no nosso país, muito embora haja muita coisa digna de se assinalar como positiva em relação à grande parte de áfrica, é que há muita coisa má que não devemos ter a vergonha de dizer isto está mal e não pode continuar assim. Não podemos vir a cair numa relação feudal do poder. E foi isso que fizemos, ver um país nas suas múltiplas visões, nas suas múltiplas maneiras de ser. um país é feito de gente diferente, não é feito de gente igual.

No período a que se refere, o escritor não se resumia simplesmente às suas produções literárias, eram vozes sociais. Agora, parece que eles se retiraram para o silencio?

Fazer cultura neste país é um acto de loucos. Ser sujeito cultural é outro acto ainda mais louco! Toda a gente patrocina “pernas”, “mamas” e “dreads”. Nos governos que tivemos, no tempo de Samora de Machel e um pouco no de Joaquim Alberto Chissano, investiu-se na cultura como uma coisa séria. A cultura não é para vender imagem, é para mostrar um país.Em “Navio de Guerra Indiano” faz um trocadilho entre a liberdade e a prisão. como se pode estar mais livre

A sua literatura tem uma espécie de solidão permanente. como se constrói essa imagem de poeta solitário?a soLiDão é uma coisa de que tenho pavor enorme, porque sou uma pessoa que normalmente se recolhe muito interior-mente. Dentro de mim, passam-se muitos tratados e preciso de estar com os outros, gosto de estar com os outros. a solidão é um facto marcante na minha vida. Muitas vezes, os amores errados da minha vida, todas as paixões erradas da minha vida, são desse processo de não saber tratar bem a solidão a nível pessoal. E gerem uma frustração com essa grande presença de solidão na minha vida.

É desta forma que conclui que o silêncio faz muito barulho?

ExaCtaMENtE, o silêncio tem muitos barulhos. acho que há poucos barulhos que têm silêncios, mas o silêncio tem muitos barulhos dentro e fora dele. a solidão é propensa

ao silencio interior e exterior, como também é propensa ao barulho.

Quando olhamos para si, parece-nos que o Eduardo White poeta não se dissocia do indivíduo. como é que permite que essa sua personalidade interfira no poeta?

O poeta é que interfere na minha vida. Quase muitas vezes, alguma reputação que me fazem questão de dar tem que ver com essa interfer-ência. Não tem nada que ver o poeta com o Eduardo White que sou eu. tEnHo pontos de vista muito diferentes da pessoa que escreve em mim. Não tem nada que ver com heterónimos, nem com desmultiplicação de personalidades. na verdade, o eu que escrevo não é muito o que eu vivo, e muitas vezes sou apanhado a viver o poeta que o poeta a viver o homem

preso?

isso é de Gandhi. (o poema) nasce dessa coisa de ler Ghandi. Do meu ponto de vista, há muita gente que está livre, mesmo presa. Mas há muitas causas que têm feito os prisioneiros mais livres do que as pessoas que andam nas ruas. Nós somos um país que tem muita gente presa nas ruas, fechada nos limites que somos, sem acesso a tudo o que é essencial. Voltamos mais uma vez à cultura, que é uma particularidade chave para o desenvolvimento da cultura. tem que haver cultura de desenvolvimento.

Parece não ter uma boa relação com a burocracia…

CoM a gravata! a grava não é uma coisa que me fica bem. Mas não gosto da burocracia e não tenho boa relação com o poder. assusta-me o seu aparato, a sua demonstração

de força, e a burocracia é uma espada, é aquilo que pára tudo. a burocracia é aquele polvo enorme com o qual não me dou muito bem. acho que pouca gente se dá muito bem, a não ser os burocratas, que são sempre cinzentos, engravatados, tomam chá àquela hora, falam ao telefone sempre das mesmas coisas. são sempre uns senhores que são bem comportadinhos, mas que fazem uma data de coisas feias.

A partir daqui, podemos olhar para “O País De Mim”. É o espreitar de um país dentro de nós mesmos ou vamos descobrindo pedaços de países por fora deste espaço que somos?é aquELE país que está dentro de nós. para ser moçambica-no, acho que nasci com esse Moçambique dentro de mim. Nunca percebi essa coisa de original. origem de onde? a nossa primeira pátria é o útero da nossa mãe. acho que o nascermos num lugar, crescermos num lugar e gostarmos desse lugar é nos transmitido por dentro, tenha esse dentro as referências que tiver. Então, foi revisitar esse país. Cada um de nós tem um país dentro de si. “o país de mim” é essa história. Muitas vezes, as pessoas associam-me ao livro de Rui Knopfli “o país dos outros”. acho, também, que existe o país de mim, se há países dos outros. quase sempre, a minha escrita é muito interiorizante. ponho o que vejo cá dentro e transmito com uma nova roupagem e nova paisagem, de maneira a que cada livro seja uma rua do país que tenho dentro de mim.

Silêncio solitário

- discurso dirEcto

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SAMuEL cOSTA - ITAJAí - BRASILEu prefiro frases feitas...

Lê-las, e pensar que são minhas!

Dizer: Eu te amo...

usando velhos clichês

Finjo ser poeta

Às vezes contista...

uso velhos clichés

‘’porque dizer eu te amo...

Não é dizer bom dia!’’

Escuto velhas músicas!

E chego a pensar que a dor é minha.

Mas não é!!!

penso em ser prosador...

para voltar para a minha infância...

aonde corro e corro de novo...

Corro entre becos e vielas...

...de braços abertos!

Finjo ser poeta...

...na pós-modernidade!

a ignorar regras, rimas e métricas...

a desdenhar de antigas elegias!

todas as velhas fórmulas prontas e acabadas.

Velhas formas de amar musas intocadas...

Finjo ser versejador...

Nos tempos modernos!

E em meus versos!

sinto que não fosses embora...

Estas perdida...entre os meus versos...

Mais profanos...

Finjo...que não te perdi para sempre,

Às vezes leio velhas poesias.

Mas, só às vezes...

E penso que são meus...

aqueles idílios de saudade...

Eu gostaria ser um poeta.

para pensar que não te perdi para sempre...

imortalizar-te-ia em meus versos!

Às vezes penso ser poeta!

Na pós-modernidade!

a usar velhos clichés!

E digo: ’’Dizer te amo...não é dizer bom dia’’

Poesia na árvorePEDRO Du BOIS - BRASIL

amanheço em nuvens de inver-

no.

No esfriar da hora sou corpo

despertado. sigo o leito do rio

ao largo: estrito ao peito

da mulher amada no anunciar

horas anteriores de refúgio. acordo

e levanto em ensolarados passos.

Da manhã retiro a necessidade

da utilidade. sou repositório

da inatividade.

AmanhecerBáRBARA LIA - BRASILEntre estrelas

entre algas

entre brancos lençóis

e paredes brancas.

Vermelha viagem da vida nas veias.

instante que precede ao nascimento,

também à morte.

a morte é um silêncio suspenso

e o sol, um silêncio vermelho.

Nuvens em seu passeio

diante da janela deste apartamento.

tem uma sinfonia em tons vários

a gritar – silêncio!

silencio.

branca, como estrelas e algas.

passeio brancas areias de Maputo,

olhando ao redor em busca de Mia Couto

ansiando que ele me ensine a estrondar

o encanto.

in Noir (2006)

Encantado silêncio das areias de Maputo

8 BLA BLA BLA Exero 01, 5555

no rEcanto dE apoLo...Terça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 8

cELSO MuNGuAMBE - MAPuTO

a noite ronca eternamente, e internamente dormea escuridãoFriamente as madrugadas nascem, congelando eGelando o universo, madrugadas silenciam-seDiante de tanto frio

um ninho floresce com delicadezaa madrugada vomita a cacimba aconcheganteComo um diamante delapidado e escaladoNum dos silêncios, a madrugada grita apelandopara lua

a madrugada delira de tanta solidão, sem exactidãoEla faz um saraubisbilhotando na noite, ela procura afazeresDesfazendo o movimento rotativo

a madrugada conversa com a manhãuma conversa rápida e fria, mas não sombriaLá esta ela, com uma cara murcha de solidãoa madrugada é muito sacrificada.

Madrugada Madrugadora

NELSON LINEu

porquê tudo para mim

tem que ter preço?

será esse o preço por eu viver?

Estando a reclamar

é pedir a minha morte?

o pior de tudo

tenho que ser eu a pagar

comprando ou vendendo.

amigos eu não apanho sono,

eu compro o sono.

O preço e o sono

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Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 9

cabo VErdETerça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 9

Extraído da antologia de poesia Contempoânea de Cabo Verde. organizada por Ricardo Riso.

ANTÓNIO NÉvADAa bia Didial

(canto à semeadura) I

Não venho para redimir ou semear,não viemos para colher ou situar.o luar fragmenta-se,os momentos tecem o pesoe não viemos para escolher, corroer ou perpetuar,e nem as coisas preservamo caudal dos tempos,ou inutilmente pensamos, estimamos o afluente da dor.Não venho para criar ou garantir,não viemos para aumentar ou instaurar. Cada enxugo ou rega,cada filho dizendo,dizendo a morte e a sina nossa,a cada filho o condão da rememoração.E se dizemos hoje dizendo cantos,é porque dizendo hoje temperamos o espírito!ontemdescemos as encostase bebemos a água da fonte,a semeadura foi abençoada pelo poente,pela poesia e pelo bater do tambor,e bendizemos o corpo vago,as fraquezas,alguns troços de alma.Hojesentamos à soleira da portae dizemos hoje dizendo cantos,porque dizendo hoje diremos o ventoà porta da aldeia,cantamos a terra ou o verso e rima.Diremos a morte, a sensação de inexistência[que nos perturba.E o homemcultiva sobre a terra estéril,e sobre ela ajoelha-separa louvar ou barafustar,para louvar ou possuiro dom dos deuses.Homem que espera a consumaçãoe o volume da vida,homem que habita os seios da madrugadaou os cios, cios nossose do tempo horto.será que vivemos,sobrevivemos,para estabelecer a causalidade da morte?ou o mundo é a rua toda,o regadio e a impunidade?a rua toda, almas famintas,o afluente da dor?Nas palmeiras,no oráculo e em voz branda,assumimos o cântico, dispensamos o corpo,e alagamos a ubiquidade.as ondas banham a alvorada,a areia reagrupa a linguagem,e a terra semeia o ramo e o suco.a alma vai com o vento,o infindável manto oculta as imagens,e as árvores da humanidadecaminham sem frutossem raízes de imbondeiro.Cantos, breves cantos

ó demência toda!

seguimos

as pisadas nocturnas da brisa,

e a maré rasa

no rosto da maresia,

e a secura do sal pela rua.

canção Terceira

Poesia de António de NévadaAntónio de Névada, poeta cabo-verdiano, nasceu em 1967. viveu a infância e fez os estudos liceais em cabo verde (Mindelo) e os estudos universitários em coimbra. começa a publicar em periódicos literários em fins de oitenta. Durante os primeiros anos da década de noventa faz teatro universitário em coimbra. Em 1993, é editado pelo IcLD (Instituto caboverdeano do Livro e do Disco) o seu primeiro livro de poesia, “Acto Primeiro ou o Desígnio das Paixões”. Em 1999, lança pela Angelus Novus Editora o segundo livro de poesia, “Esteira cheia ou o Abismo das coisas”.

Na enseada onde os homens fazem as preceso bravo retorna ao mar.ao longo da estrada, lado a lado,o penhor e o prumo da semeaduradescrevem o campo, a alfarrobeira,o grão da mostarda, essa aflição dolente.

IIo caminho é longo,a estrada deserta.a densidade das palavrasnão encontrao discurso necessário.a magnanimidade vagueiapela vida, convivendocom as colinas agrestes do poente.E certamente,os sonhos serão acessíveisna próxima alvorada, e as lágrimaspercorrerão as faces do cultivo:a cana, a cevada e o milho,encontrarão a terra ferida.os braços, as pisadas desoladas,na paisagem entreaberta,encontrando o corpo doente.oh!Escolhemos a quietude, encolhemos a audácia.E o caminhar aviva o desejo de audiência,de intermitência, inconsciente do seu domque é dono da fugacidade.- Rochas densas, elegias completas,como vos direique o poema não é a almenara do silêncionem a obra o seu mundo?Como vos direi,ó eloquência arrebatadora,que o verso que lhe faltaa serenidade todaapascentará no seu leito?E a terra, a natureza sua,que nos vê nascer e crescer,espera pacientemente a nossa mortepara reedificar a substância telúrica[que lhe pertence.pelos vales, pela ribeira,o vento incansável,o regadio, a água do poço.os homens cavam,cavam e cantamembebidos no sexo e na sede.Nem horas nem palavras,inalteráveis cantos.E pergunto,que entranhas nos suportam,que entranhas matamos com os dias?será que cavamos a própria sepultura?inventamos os sonhos, vivemo-loscom essa ânsia inexplicável, verosímil.observamos o quotidiano,essa encadernação lenta, precisa.ah!canto inválido,vozes mutiladasgemendo no redizer do vento:a alma abarca a existência.os olhos mergulham na nostalgia dos diase um Deus inútil envolve o rebanho,o estanho e a profunda tristezapelos movimentos da vida.Encontra o homem, rebelde,arrastando o mar pela praia adentro:boca ávida,desespero trágicoseus membros lânguidos,sobre a terra grávida

caem os homens moribundos.E o sol brilhandoacompanha a sementeira,o corpo e seiva,porque a loucuraperdura no âmago dos seres,troncos da mente folha gente sem semente.Ó deuses, ó cantos, ó bravos.Ó imensidade negando a têmpera dos dias!

IIIas vozes são agora perecíveis,o abandono alenta a paisagem,sua sombra queda-sena monotonia do horizonte,seus dedos contornamo renascer das cores.as folhas cobrem os detritos da vida,a areia possui os corpos,versos amorfos declamam a mudez do tempo.qual é o ente que colhe a alma triste?qual é a água que cala o abrasado cutelo1[da minha póvoa?apascentamos o destino,sina diminuta ou prenhez que nos arrebata,tal a fecundidade, incontestável cultoonde os pássaros poisam e semeamos a afronta.seguimos rotos, famintos pelos campos da mente,e palmas e membros hasteadossuplicam ao deus afónico?- apuramos mais uma vez a grandiloquência!E exibimos pelas ruas as mágoas,o nosso húmus, o que nos resta,ou simplesmente mais um dia,a lida e a aresta do dia,a vida.Dúbios versosque fluem no vazio da pena,verbo que verga sob o vento,membros densos e sobretudo abraços,braços da mesma quietudee ventania brusca buscando as lágrimas,ou mãos que empunham a magnitude.Lombos doridos, prantos nocturnos,sustentam a geometria das sombras.E caídas, sob o ripostar das ondas,nossas almas seguem vaziaspor entre os cascos dos navios.Ó homem brando de sonhos magos,homem lânguido que vagueia pelos tempossua mente sumarenta:qual vento louco,o mar bate rouco, longodentro do peito, suavertente de tambor. omar bate tantoque no mastro outro mastro,na vela outra velaprocura o porto de permeioonde o peito dorme.Não construímos templos,não louvamos o inexprimível.E a seu tempo,assemelhando-se à ribeira,encontraremos o mar,afagaremos as chagas, o ardor.E direi mesmo:- julgaremos o homem, sua essência,como quem julga a negação dos deuses,o infinito ou a irreferência das coisas!

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10 BLA BLA BLA Exero 01, 5555

o desenvolvimento das comunidades de base , com particu-laridade a aten-ção as crianças e mul-heres

E s t a s a c t i v i -dades se encaix-am no v igés i -m o

aniversário da associação progressoE todos os cidadãos venha apreciar e crer comprar o

livro e também temos o concurso de literatura infantil podendo escrever histórias para crianças e submeter a associação progresso.

o regulamento esta disponível na associação.

então os estudante e professores pode comprar os livros nestas feiras pois os livros estarão aces-síveis”.

o objectivo da feira é pro-mover no seio dos estudantes e as comunidades em geral o gosto pela leitura ,pois a leitura é uma base de aprendizagem para todas as áreas de sabedoria da nossa ciência e assim sendo a realização desta feira livro é uma oportunidade para os estudantes desta província de modo a adquirirem os matérias para a consulta e não só é também oportunidade para o publico adquirir matérias para a leitura que é uma fonte de aquisição de conhecimentos e de salien-tar que a associação é uma oNG sem fins lucrativos mas como objectivo social geral de contribuir para

Em outras paLaVrasTerça-feira, 23 de Agosto de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 10

NissaFalta de livrarias preocupa Associação ProgressoMAuRO BRITO - MAPuTO

No âmbito do programa de promoção de um ambi-ente de leitura a associação progresso em parceria com direcção provincial da educação e cultura do Niassa promovem a V feira de livro e lançam a V edição do concurso literatura infantil na província de Niassa. Na cidade de Lichinga a feira terá lugar de 23 a 25 do mês corrente no balcão de informação turístico (bit) e na cidade de Cuamba 26 a 28 de agosto.

alem da província do Niassa a associação progresso realiza estas actividades na província de cabo del-egado e tem com apoio do Governo do Canadá

Conta com livros de editoras como Ndjinra, Kapicua, JV, paulinas ,Minerva central ,plural e texto editoras

Com cerca de 2.036 obras de entre didácticos, infanto-juvenis e literários.

Em entrevista a revista Literatas, Maria Ema Miguel, disse esperar que aja muitos visitantes principalmente a camada juvenil de modo que venha apreciar as diversas obras que lá estarão expostas na feira, “uma vez que teremos várias obras entre didácticos ate literárias e dizer que esta é uma oportunidade uma vez que na província do Niassa não temos livrarias