revista literatas edição 12

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Literatas Director editorial: Eduardo Quive * Maputo * 04 de Outubro de 2011 * Ano 01 * Nº 12 * E-Mail: [email protected] Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona Literatas agora é no SAPO literatas.blogs.sapo.mz Encontre-nos no facebook Literatas Não conhecemos o preço da palavra. Envie esta revista a um amigo Sai às Terças-feiras Orlando Mendes Um poeta de alto nível Pág. 4 CAMÕES QUIZ SABER DE CRAVEIRINHA Antes de ficar com Manuel Pina

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  • 1. Literatas No conhecemos o preo da palavra. Envie esta revista a um amigoLiteratas agora no SAPOSai s Teras-feirasliteratas.blogs.sapo.mzEncontre-nos no facebookLiteratasRevista de Literatura Moambicana e LusfonaDirector editorial: Eduardo Quive * Maputo * 04 de Outubro de 2011 * Ano 01 * N 12 * E-Mail: [email protected] de ficar com Manuel PinaCamesquiz saber deCraveirinhaOrlando MendesUm poeta de alto nvelPg. 4

2. 2BLA BLA BLA Exero 01, 5555Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz2Em primEiraLuz(a)das e voltas do av CamesVANESSA MARANhA - SO PAuLOAo Manuel Antnio Pina-Prmio Cames 2011Feito dos homens, Que em retratobreveA muda poesia ali descreve (vii,76)E como a seu contrrio naturalA pintura que fala quer mal(viii, 41) in Os Lusadas-LuisV.de CamesCaro poeta, o inesperado acabou poracontecer, no tardou, ele anda umavelocidade csmica tal como a luz embrasas.O velho adgio diz: a esperana a ltima a morrer, mas consigo foidiferente, ela chegou de forma umainusitada, em ti ainda no tinhanascido, coitado morreu ainda noventre da sua me. F.Gullar. Quando chEgarEm a Portugal no o deixe ficar em Lisboa, porque a, ele vai te largar, pois o rio douro reflecte a luz do sol aps a sua enciclopdica voz, a Torre de Belm evoca os seus cantos e o mosteiro dos Jernimos tem oEu o vi no Rio de Janeiroseu rosto, e com certeza ele perguntar-te- sobre miguelde mos dadas com os seusTorga, Sophia de melo Breyner anderssen, e Jos Sara- mago (no o diga que subiram as estrelas), diga-o quedois netos- Joo ubaldoexilaram-se na memria do povo, pois com o Saramago aprendeu a viajar como o Elefante, ele no se esqueceRibeiro e Ferreira Gullarde nada, vai te contar as estrias da Inda e do Vasco da entrada da Bibliotecagama, a terra Sem Fim, foi por isso que antnio Lobo antunes chamou-o memria de Elefante, volto a repisarNacional, digo-te que onunca aborde a questo da morte com ele: porque para ele a morte um reflexo num Espelho ausente, comoav est rejuvenescido, eleele vive de lembranas ir procurar o espelho em todospassou todo o ano 2010 cantos do mundo, vai te falar da ilha dos amores e da casa do rei , voc conhece? Foi o que aconteceu com comigo,com Ferreira Gullar, foram autrane dorado, Joo ubaldo ribeiro, e Ferreira gullar quando passevamos com ele, e algum disse aquela aa Maranho. Na ltimacasa dos Budas ditosos, sorriu e em seguida mandou pararconversa que tive com oa viatura, descemos juntos com ele, chegamos perto da casa, dentro da mesma tinha monte de gente armada aav, quando lhe pergunteiintelectual, polticos e bbados, dirigiu-lhes a palavra -sobre a poesia, ele disse-meque j no sabe escrever,bem sabe sujar o poemapois aprender com 3. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 3 Tera-feira, 04 de Outubro de 2011https://literatas.blogs.sapo.mz 3Em primEiratudo bom com vocs, posso ler um poema para vocs? e do mayombe, e foi em angola onde escalou a Estepe e o Plan-eles responderam:alto. E sobre Cabo-Verde onde esteve-nS SomoS do partido no poder, nos distinguimos com osVolvidos 9 anos voltou de novo a angola, ao encontro do Josideiais do FmI, Banco mundial, e da naTo.Luandino Vieira, mas para a desiluso de todos ns o Luandino em 2009 com o Armnio Vieira,ser a partir destedebate papo com ovelho Cames quepercebers que emfrica no estamosno Inferno, comotodo mundo diz. aQuELa BELEza da cidade de Praia, mpar um verdadeiro Eleito do Sol, a Ilha do Sal a raiz de todas mitografias deste povo crioulo-assim ele definiu cabo-Verde. E Quando estiveres a pintar as palavras no deixe os Papeis espalhados, o velho cames no gosta de ver desarru- maes, caso isto acontecer, ouvirs a seguinte questo. -So PaPEIS de K? -rESPonda-o SEguInTE-So Livros e no o diga que so poemas, percebeu? Porque com o Poema o Velho cames encotra a sua Viagem e o Sonho. Caro poeta, abrace-o e ande com ele com muita-ELE rESPondEu-...Vo a merda, vocs todos mentirosos,no quis receb-lo, alegando no sendo ele a pessoa indicadamentirosos, a esmagadora maioria hipcrita e santarrona, para o receber, e recusou por motivos ntimos e pessoaiscautela, pois ele esta velho, esta a sua 25viva ns os mentirosos a fora, os conscientes .mas o av cames no voltou foi recebido como rei pela comunidade de Luanda, gente humilde onde o singular no viagem ao mundo Lusfono, depois de eleSamoS com o velho cames a arder de nervos e de repente tem expresso, o colectivo a palavra de ordem.disse vamos a Baa mandem um fax ou liguem para o Jorgete contar todo o esncial das suas digresses,amado dizendo que estamos a caminho. Quando interpelou 1 deles perguntan-FIcamoS Em silncio, sem saber qual seria a resposta a dar conte-o aquela interessante Histria do Sabioao velho cames, do-lhe o nomeSEr QuE no ouviram o que eu disse.querem que eu repita?Fechado na sua Biblioteca.-retorquiu ele Responderam todos em coro dizendo:oh, V, o Jorge amado no est na Baa -respondemos em Mande muitos abraos, beijos cumprimentoscoro com vozes a tremer de medo. -Ns Os do Makulusu-Para ondE ele foi, digam-me o que esta a acontecer, vocs e larguras, e diga-o que estamos a espera deleesto estranhos, digam onde ele esta afinal? Ficou muito feliz, coisa jamais vistao FErrEIra gullar disse-lhe o seguinte o Jorge foi ao Japomuito em breve, e quando perguntar-te deajudar o Kenzaburo oE da tragdia que assolou aquele Passairam da cidade a caminho doniponico irmo, no se trata de uma questo Pessoal, mas mim, diga-o estou trancado na bibliotecade uma questo natural.subrbio onde vive esta humilde a aprender a recriar mundos, tal como fez o-comunidade.-prezado amigo previne-se e no toque neste assunto, Saramago no seu Memorial do Convento (oleve-o a (Sabugal) guarda de carro no se atreve a viajarO av Cames inconformado, irre-com ele de barco, pois falar-te- da Inda e quando chegarem Convento de Mafra).e ele perguntar-te se j chegaram a casa Perdida?quieto e quando viu aquelas casas deresponda-o: ainda no o Fim nem o Princpio do mundo Kanimambo pela ateno dispensada poeta.calma apenas um Pouco Tardemadeira e zinco, questionou.E quando perguntar-te onde esto?__________________________________________responda-o seguinte: -Esta no a Mafalala do Jos--.In a casa dos budas ditosos pag 144de Joo ribeiro-Estamos no Pas das Pessoas de Pernas Para o ar, nunca digaque esto em Portugal, porque ir te pedir ir Leiria.Craveirinha?Sei que da frica Portugusa conhece pouco ou por outraVAnessA MArAnhA escritora, jornalista, psiclogaainda nao visitou, pea para que te conte sobre a sua esta-Responderam-no, este o Nossodia em moambique com Jos craveirinha, vers o sorrisops-graduada em Psicanlise. Participou da antologiaque dilacera os seus olhos e a doura do mel que unta as Musseque.suas sbias palavras, falar-te- das doces tangerinas de+30 mulheres que esto fazendo a nova literaturaInhambane, daquela dana denominada chigubo e daquelaQuestionou de novo-e aquela senhoramulher linda que ele apadrinhou a quando do seu casa-brasileira, org. Luiz ruffato, Ed. record. J foi selecio-mento com craveirinha a maria. no a Dona Flor com os Seus Doisconheceu angola pelas mos do Pepetela, e foi l ondenada em diversos prmios literrios. Em 2010 esteveacreditou que o homem o melhor amigo do co, quandoMaridos?viu o co e os caluandas sempre juntos, e se quiser saberna oficina de Jornalismo Literrio da FLIP, e, nestemais da guerra da unita e o mPLa, pea o, ele vai te falar Responderam-no, aquele o Joo ano, participa da oficina de crtica Literria Vncio e Os Seus Amores. da FLIP. 4. 4BLA BLA BLA Exero 01, 5555Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 LITERATuRA MOAMBICANA4Orlando MendesFonTe: InFopdIAesCrITor MoAMBICAno, orlando marques de almeida mendes nasceu a 4 de agosto de 1916, na ilha de moambique.Licenciou-se em cincias Biolgicas pela universidade de coimbra, onde foi assistente e onde se revelou poeta e pro-sador. Pertenceu aos quadros dos Servios de agricultura, foi fitopatologista e Funcionrio do ministrio da Sade.proFundAMenTe InFLuenCIAdo pelo neo-realismo portugus, o poeta, romancista, dramaturgo, crtico literrio, cola-borou em diversos jornais moambicanos e estrangeiros e produziu uma vasta obra literria, como Trajectria (1940),Portagem .(1966), um minuto de Silncio (1970), a Fome das Larvas (1975), Pap operrio mais Seis histrias (1983),Sobre Literatura moambicana (1982), entre outros. recebeu o prmio Fialho de almeida , o dos Jogos Florais da uni-versidade de coimbra (1946) e o primeiro Prmio de Poesia no concurso literrio da cmara municipal de LourenoINSTANTE PARA DEPOISmarques. Em 1990, orlando mendes faleceu em maputo ORLANDO MENDESDEDICATRIAA ChAMADA INSPIRAOa tarde viva est quase vazia na esplanada represa de sombra morna.ORLANDO MENDESORLANDO MENDES Seis velhos mastigam recordaes com dentes cariados da memria e o dia-a-dia com as falhas dos dentes.aos poetas que pensam e dizem versos olhos distantes sobre os livrosmas no os sabem escrevere mos e pernas entrelaadase por isso annimos lhes chamam. um casal jovem intimamente subornanas rochas corrodas pelo sal de outrosgotas quase poeira de cacimba o tempo minuto a minuto seguinte.marescaindo sobre as palmas das mos na berma do passeio mufana paradonavegados para implantar espada cruz e como em floresta desvirginada estende os dedos pedindo quinhentaspodere exposta nua de memrias nem se sabe porqu e ningum d.nas rochas onde o luar desnuda o silncioao sol da primeira lavra.pulsando canes da noite assim povoadaPassa um jipe da polcia militare que o sol inflama e semeia no queima nem lacera nem alivia. e um dos velhos mastiga em segredosobre as efmeras gostas de cacimbaque aquilo anda muito pior por l.renovadas com cintilaes das estrelas,Percute a descoberta palavraos dentes e as falhas cessam de mastigara eu gravarei seus nomes. para ser primitivo rastilho recordaes e a suave cadncia dos pulsosE os amantes pressentindodo poema vivo candente. e a moa levanta os olhos hmidosos ho-de perguntar e saudar.E cresce na voz que temos mufana encolhe os dedos e desliza nas veias desde sempre. inteiro ao sol da rua e assobia no se sabe porqu e ningum sente. Batem horas num relgio distante e o jovem casal parte subitamenteJuVENTuDEpara o seu primeiro acto de posse. a tarde fica ento mais vazia com os velhos mastigando a voz sibiladaORLANDO MENDES no dia raso sombra morna.RIGOR no tempo dos explcitos cantares reina a paz na esplanada laurentina luz do dia e na escurido da noiteat uma explosiva prova de aco. ORLANDO MENDES o tempo das dvidas inconfessveisos cigarros ardendo e o caf j frioe o rosto impassvel atrs do jornalQuando passa e a devotamente se demorao erudito na volpia dos contornos subtisuNIFORME DE POETAcontra a devassa de annimos vigilantes.para televisionar durante uma horao que se pratica e mais o que se diz ORLANDO MENDES o tempo dos assaltos ao trnsitono pense que dispensamos o rigor da geometriaimaginando as mscaras arrancadas e da linguagem que nos faz a fala. ajustei minha cabeleira longa,e a beleza de a riqueza como seriam Sabemos como se desenha e pronunciacoloquei-lhe ao de cima meuse no coexistissem inclumes com cada slaba de palavra novachapu de coco em fibra sinttica,ignorncia e misria e violncia. porque o escrpulo gramatical a verdade que osacudi a densa poeira das asas encardidasprovae, dependurada a lira a tiracolo, o tempo da solido entre as gentesassim um corpo no amor outro possui e d-sesaio para a ruae de solitrio sentir a multido na savana. e a mulher pariu um filho e o embala.em grande uniforme de poeta.Sim usamos rgua, esquadro e compassoTremei guardas-marinhas, o tempo de no ter f e crer aindae o vocbulo e a sintaxe alferes do activo emna ddiva total por um beijo de amorpara medir a mincia de cada trao situao de disponibilidade:e pela sinceridade dum aperto de mo. e formar o sentido exacto de cada frasemeu ridculo hoje suplantano leccionados. E se for preciso que se arraseo vosso e nele se enleia e perturba tambm o tempo de receber-transmitiro antigamente caiado e agora decrpito muroo suspiro longo das meninasuma secreta raiva chamada esperana.onde mo privilegiada escreveu romntico-calculistas.em nome da metrpole cerebralTempo que o pudor adulto faz caducar. decreto: quem sabe e dita sou.hoje temos o mar e o nosso prprio sal.FIChA TCnICAPropriedade do Movimento Literrio KuphaluxaSede: Centro Cultural Brasil-Moambique* AV. 25 de Setembro n 1728, Maputo, Caixa Postal n 1167 * Celulares: (+258) 82 27 17 645 e (+258) 84 57 78 117 * Fax: (+258) 21 02 05 84 * E-mail: [email protected] Editorial: Eduardo Quive ([email protected])Coordenador: Amosse Mucavele ([email protected])Editor - Canto da Poesia: Rafael Inguane ([email protected])Redaco: David Bamo, Nelson Lineu, Mauro Brito, Izidine Jaime, Japone Arijuane.Colaboradores: Maputo: Osrio Chembene Jnior * Xai-Xai: Deusa Dfrica * Tete: Ruth Boane * Nampula: Jessemusse Cacinda * Lichinga: Mukurruza*Brasil:Balnerio Cambori - Pedro Du Bois * Santa Catarina: Samuel da Costa * Nilton Pavin * Marcelo Soriano * Portugal: Victor Eustaquio e Joana Ruas.Design e pginao: Eduardo Quive 5. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 5Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 CRNICA / CONTO5 FiLosoFoniasrapsdicas Nkaringana waMARCELO SORIANO - [email protected]... Nota preliminar:este artigo,prosseguir comAntes delembro ao leitor que me dirijo EDuARDO QuIVE - MAPuTO CPLP (Comunidade dosPases de Lngua Portuguesa), o meu av contou-meportanto, podemos encontrar uma estria em volta dagerndios,futuros dopretrito, expresses etnocntricas, familiares a certos leitores,lareira, em changana, chamado Xitiku ni mbaula, falou-porm, inusitadas a outros. Oxal, que esta peculiaridade no sejame do misterioso ngungunhane, o ltimo Imperadorpretexto para correes, mas para integraes e enriquecimentosde gaza, homem de tamanho assustador, grandezalxicos e culturais entre ns. Marcelo Soriano. Santa Maria - RSdos deuses, algo inexplicvel entre os humanos. gordo,- BR. 14/07/2011.barrigudo, barbudo, cheio de banhas e manhas que ofaziam ngungunhar por todas terras do vasto imprio. [V e r - s I s] IntroduoTinha tudo quanto queria.Numa noite acordei para o dia. E outro dia. Outro dia. Sol a sol, fui tecendoo manto da vida, enquanto esperava a morte, que no veio...ngungunhane, imperador de gazangungunhane era o terror em pessoa, ningum o 1 [Ver-s]podia enfrentar e afrontar. movia relmpagos e mochosunI Ao Versoquando se zangava. Era tudo poderoso e todo temido. osunIportugueses que o digam. ngungunhene era um ngoni Vere no se entendia com os chopis, povo que a todo custosunIVersoutentou dizimar. Queria porque queria ngungunhar emunIVersArtodas terras daqueles homens ximakwas. Ximakwas emo Verso doVerBochangana so os baixinhos. os chopis so assim. ou pelo s A soLmenos eram, porque agora tudo se misturou. o meu avsoLAalongava e dramatizava o quanto podia. Secundado pela sminha me. Tudo ka xitiku ni mbaula.(Continua na prxima edio...)Em volta da fogueira. E foi prosseguindo. um dia osportugueses invadiram o imprio. a sua dinastia estava[ArMAdILhAs CLIMTICAs]ameaada. Tinha mandado os homens mais fortes que lhe Nestes dias frios que tm feito fora de poca... Algo estaria errado ou era pra serassim mesmo?serviam de guarda vital, para caar uma e nica andorinhaO tempo tambm gosta de acordar virado, igual quelas madames comque lhe lanou uma cagadinha enquanto esticava a suabobs na cabea. - Onde estariam, hoje, setembro, as flores da primavera? - penso comigobarriga em baixo dum mpama. mpama uma rvore cujosmesmo...ramos fazem uma sombra de invejar. uma sombra que- Onde estaria o perfume que, dizem, estaria no ar? Faz frio. As janelas esto fechadas. E a cidade continua a me atordoar, dorelaxa e espanta todo o cansao. a sombra dos deuses. mesmo modo como fazia nos tempos de escola, quando amanhecia lindo aquele cuPor isso que ngungunhane estava por de baixo. Era o sem nuvens. Era uma armadilha. Na hora da sada: bum!, o cu caa. Trovejava.Relampeava. E ficvamos l, encharcados e encolhidos, sob guarda de algumadeus do imprio de gaza.marquise, lamentando o esquecimento dos guarda-chuvas que, se trouxssemos,teramos fatalmente esquecido embaixo da carteira escolar porque no seria precisomas os tugas vieram com tudo, aproveitando-se daus-lo, afinal, no haveria de estar chovendo.fragilidade que o imprio ganhou com os soldados maisfortes a procura da tal andorinha que lhe tinha tirado o[As horTeLs]senhorio.Cortzar disse que a durao mdia do choro de trs minutos.Entraram e caaram-no como o co tinhoso. Prenderam- Bethnia Zanattano como se j no se tratasse do terror que dominavaDe repente, no meio do deserto, do ventre, eclodiu uma lgrima. E onde seriamqualquer ousadia. Levaram-no para Portugal e fizeram- trs minutos de choro Cortzar, o choro virou riso... e rio... E, de repente, ono comer bacalhau. ngungunhane no come peixe. deserto virou mangue; e ficou verde...Hortel. Substantivo que, de ativo, virou, virou... Virou cor...nguni. nguni irmo de peixe. alis, nguni peixe, porHortel - o raminho ou a cor?isso no se pode comer a si mesmo. mas os portugueses Hortel - o olor, ou a ddiva do olhar, de fora para dentro, do aposento particular?Um gosto. Que gosto? Agosto. Setembro. Ou...o obrigaram a comer o peixe. ngungunhane se comeu e...Tempero imprprio.o meu av morreu. morreu sem acabar esse nkaringana.O pecado saboreado de espiar a prpria alma, desnuda, pela fresta das cortinas desiagora ando a procura de quem a possa concluir e no _____________________________________________________acho. a minha av ainda est viva. mas desconhece essasZANATTA, Bethnia. In: O CHORO E AS HORTELS, 2007. Disponvel em:/ http://www.overmundo.com.br/banco/o-choro-e-as-hortelas-1>. Acessolendas. mesmo quando o marido vivia e nos contava, elaem: 28 set. 2011.desmentia 6. 6BLA BLA BLA Exero 01, 5555Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz6- discurso dirEctoUma poesia solar: aquela que dialogacom o Mistrio da SementeFONTE: REVISTA ZuNAInovas dimenses da sensibilidade e dado cotidiano na promessa do poema. a onde busca ou encontra a idade das palavras?imaginao e criando novas realidades Joo MAIMonA: Em maro tive o privilgio de me beneficiarpoticas.de uma bolsa de estudos da Fao com a finalidade de aper-O trao fundamental de um inventriofeioar os meus conhecimentos em matria de diagnstico das doenas de espcies pecurias, provocadas por vrus.possvel reside no uso de uma ZunI: Ao olharmos para os ttulos de seus livros, inclu-Pude frequentar os melhores centros de investigao vet-indo o de teatro, temos a sensao de que voc busca a erinria em Frana, camares e em Portugal. durante essalinguagem que resulta das formulaes mudana, de que algo precisa ser reiventado, transfor- estada de formao, verificou-se uma escassez de contatomado, alinhado. Voc d nomes novos aos sentidos que com a escrita. a relao com a poesia revelou-se dvida.fragmentadas da lngua diria. (...)perceberamos da mesma forma; so os casos deTrajectria aps a formao, pus-me a reler o meu passado recente.obliterada, Trao de unio, dilogo com a peripcia, asVoltei a entrar em relao com a palavra potica. o desejoPode assim dizer-se que poesia oabelhas do dia, Quando se ouvir o sino das sementes, de projetar a palavra como rosto da poesia foi crescendo.Idade das palavras, no tero da noite, Festa de monarquia, Idade das palavras nasce desse desejo. um longo poemaespao privilegiado para redimensionarLugar e origem da beleza, o sentido do regresso e a alma que procura recusar a desesperana e estimular o otimismo.do barco. Fale-nos da textura desses ttulos, que estru- Identifiquei a idade das palavras numa das portagens dao dilogo com o mundo. o nico espaonovssima trajetria obliterada.onde visvel a dimenso interior ZunI: evidente a fronteira (Lotman) em si e na sua poesia,da palavra. Joo Maimona, uma pelo seguinte: situa-se no cruzamento, por um lado, entre a lngua e cultura franco-belga e a lngua e cultura portu-das vozes mais inventivas da poesiaguesa, e por outro, entre essas lnguas e culturas europeias e as lguas e a cultura bantu. at que ponto acha que estescontempornea em Angola e uma dascruzamentos consolidam as estruturas antropolgicas do imaganrio(gilbert durand) como fronteiras, por uma lado,referncias mais fortes para os autoresque o identificam pela herana colonial e, por outro, que o identificam pela herana do reino do Kongo, repartidos naque estrearam a partir da dcada deexperincia de viveres no atual congo democrtico e em angola, seu pas natal? Ser que a onde est o sentido1990, conversa com Abreu Paxe sobredo regresso e a alma do barco? a ser isto, como acha que regressou?o seu processo criativo, sua mitologiaturam, sem obliterao, a sua obra artstica. Joo MAIMonA:pessoal, suas leituras e o ambiente Joo MAIMonA: Entrei no mundo da literatura comum sinal de esperana no rosto propondo o ttulo Tra-Nascer em Angola. Integrar o contingente de refu-literrio no pas africano, que hojeJEcTrIa oBLITErada. com esta coletnea de textosacabava de iniciar uma digresso que considero, hoje,giados angolanos no Congo Lopoldville. Receberdesenvolve uma das literaturas mais suficientemente maravilhosa com sentido de rigor e per-spectiva crtica; pude reunir uma dezena de ttulos quea formao na lngua de Molire. Regressar terraexpressivas da lngua portuguesa. apresentam um conjunto paisagstico com pormenoresde mensagens da realidade de construo/destruionatal e formar-se em Medicina Veterinria. OJoo Maimona mdico veterinrio,ao tecido de alegria /pessimismo, passando por instantesvazios/plenos e at de inesperadas congruncias. aocontato com a lngua de Cames: um percurso deprofessor, poeta, militante poltico elongo dessa viagem, procurei orientar os meus passospara a aquisio de instrumentos lingusticos em con-elevado significado histrico. Enquanto trajetria,parlamentar. Sua formao literria stante transformao. a magnitude da minha gramticada criao encontra seu suporte na intimidade que pro- a obliterao que a caracteriza chega a definir a e cultural, como observa Paxe, mesclacuro manter com a imagem que vem do cotidiano, atravsde um olhar lcido e sem ambiguidade. uma boa partecoerncia histrica do processo de regresso. Aqui, influncias europeias, e em especial dos textos que conformam estes ttulos parece celebrar ocapital que inventei. Para sustentar o que acabo de afirmar, o regresso sinnimo de percorrer caminhos portuguesas, francesas e belgas, tomo a liberdade transcrever na ntegra a nota do autorlivro Lugar E orIgEm da BELEza:humanizantes. O prazer de viver um perodo de com a herana bantu. um poeta daFIdeLIdAde grAMATICAL oblige, procurei revisitar a minha mudana de paradigma em termos de compro- fronteira, que consolida, conforme aobra potica. na pequena histria da arte moderna, oque ofereci sociedade, descobri uma odisseia textual.misso. o incio de uma caminhada construtiva definio precisa de Gilbert Durand, redescobri as vias e as rvores paisagem que sugeremuma esperana crescente. redescobri tambm a presenaao servio da nao angolana. Se o regresso um as estruturas antropolgicas do do vu. enorme invlucro de desafios, acredito, graas a imaginrio. Em livros como Idade dasA greVe e o repouso dos navios. E veio o sentido damusicalidade. a multiplicidade de exemplos de adjeti-uma pedagogia do sucesso, ter conseguido superar palavras (1997), Festa de monarquiavao, patentes na minha obra, reafirmava o meu desejode concretizao de um projeto com funo gramati- inmeros obstculos ao longo do meu percurso. O (2001) e Lugar e origem da belezacal: homenagear, em percursos da expresso sugestivada metfora, da metonmia e do smbolo, um magnfico regresso facultou-me a predisposio em cultivar (2003), o poeta cria um fascinante tempo verbal: o pretrito imperfeito do indicativo. E decidioferecer sociedade, por escrito e em universos poticos, o desejo de dissipar dvidas de crescer e vencer, de idioma particular, em que as imagens,este Lugar E orIgEm da BELEza. dilatar convices e consolidar ambies. Onde h metforas e sua dico nica alteramZunAI: o infinito, o invisvel, o imperceptvel, o incessante, sentido de regresso, h sempre grandeza de alma e o sentido habitual das palavras e suao inarticulado, o inconsciente, tudo isso organiza os sen-tidos de percepes e pode ajudar a revelar o corpo e aum barco porei espantosas exploraes. relao com o mundo, explorandotextura de seus poemas como que a exaltar a infncia 7. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 7 Tera-feira, 04 de Outubro de 2011https://literatas.blogs.sapo.mz 7postura ou reconhecer a nossa postura pblica comoneto, filho, marido, pai e av. de combate no universo de animao cultural.nA dCAdA de 90 do sculo anterior, escrevi uma crnicaZunI: A sua poesia ergdica (aarseth), embora seja feita com o ttulo Talvez sejamos todos catlicos. uma bels- Acredito plenamente na inverso de percurso. Emem suporte escrito. a mecnica do mesmo convida o leitorsima metfora que me coloca numa estrada onde tenhoa participar da sua construo. notamos que ela estrutura a faculdade de observar o homem construindo e destru- breve, teremos espao para a divulgao da literaturafortes imagens que, por um lado, ligam-se ao texto da indo o ambiente.tradio oral e, por outro, a outros textos artsticos. ouve- uMA MeTForA que nos diz que cada um de ns podede ideias.se a o sino das sementes. o que guarda como inventrio desenvolver-se por dentro e por fora. num encontro comda origem na reorientao da esttica da poesia, e no s,a liberdade, o encontro com a tomada de conscincia,angolana? o encontro com a sinceridade, a honestidade e a soli- ZunI: ser que a poesia em angola e a literatura, de umadariedade.maneira geral, tem espaos para a sua divulgao? o queJoo MAIMonA: olhar para a poesia como reitor de comu-CoMo FILho, gosto do instante em que sinto a necessi- pode falar da relao, por um lado, poesia e ensino e, pornicao. a poesia que nos vem, por exemplo, da FESTa dE dade de reler a minha infncia porque est sempre pre-outro, poesia e media, esta ltima agravada com a atitude damonarQuIa. uma osmose entre uma enorme rede desente na minha memria. a coisa mais importante atual direo do Jornal de angola de suprimir o suplementoverbos e os espaos musicais que lhe esto associados.acreditar em deus a partir do dia do batismo e receberVida cultural?aqui, o objeto privilegiado de inspirao do poeta aa bno perante deus encantador. no dia do meunoite de cesura. aquela noite que nos obriga a olhar obatismo, fui abenoado pelo cardeal Joseph malula, um Joo MAIMonA: a poesia em angola faz parte das mais belasnosso habitat com alguma suspeita. o trao fundamentaldos mais brilhantes intelectuais de frica. manifestaes do registo histrico do olhar. reconhece-se umde um inventrio possvel reside no uso de uma lingua-sentido de divulgao da poesia. reconhece-se um sentidogem que resulta das formulaes fragmentadas da lnguade crescimento em termos de produo. reconhece-se umdiria. So visveis enunciados que nos remetem para um ZunI: A literatura o lado que mais se evidencia em sentido de vontade de desenhar uma nova geometria, umaambiente de ansiedade. como se tivssemos recebidoprejuzo das outras atividades que exerceu? onde andamnova histria: a ruptura com traos convencionais. o instantea informao segundo a qual o rio da nossa aldeia natal o professor, o mdico veterinrio e o poltico, em dilogo de inovao. Lamentvel o fato de a intellegentia ango-seria navegvel dentro de oito anos. a poesia dorealcom a peripcia?lana no dispor de espaos para a divulgao da literatura decotidiano moderno. uma poesia solar: aquela que dialoga ideias. desapareceu o suplemento cultural doJornal de angolacom o mistrio da semente que nos proporciona alegria,Joo MAIMonA: uma pergunta simptica, embora oculte que aparecia como um autntico vetor de comunicao. umfelicidade e sobretudo, fortaleza interior. alguma face de injustia. Entre literatura e trabalho deelemento unificador no universo das diferentes formas dopensamento; entre exerccio de atividade profissional,comportamento social.ZunI: CoMo falar de poesia ou o que poesia? Qual das docente e a ao poltica, sempre procurei ultrapas-formas prefere, para tratar de um assunto to srio como sar fronteiras para revelar traos peculiares. a atividadea poesia, vista numa cultura em que com um trao de unio docente, por exemplo, no se exerce apenas entre as ZunI: senTe-se realizado como poeta, ou ser que depoisela se vai libertando gradativamente do papel?paredes de um estabelecimento de ensino. Ir ao encon- desse edificio potico que ostenta s atingiu o zero (a. neto),tro do gado bovino com a energia do veterinrio, reunir para comear a celebrar o lugar e a origem da beleza?Joo MAIMonA: Poesia: um quadro de fascnio. o fascnio jovens que se dedicam pecuria, transmitir conheci-da aventura no bom sentido. o ensejo de elucidar o devermentos e prodigar conselhos um instante autnticoJoo MAIMonA: uma pergunta simptica que me leva a falarde memria. caminhos para uma tentativa de resposta.de atividade docente e fi-lo nos ltimos anos da minhado meu percurso. uma histria que se inicia com as leiturasPode assim dizer-se que poesia o espao privilegiadolonga estadia de intenso trabalho no parlamento, nosde Paul claudel, Saint Jonh Perse, ren char, Eugnio depara redimensionar o dilogo com o mundo. o nico dias sabticos. no terreno da confrencia!? Tambmandrade, carlos drummond de andrade, Tchicaya u Tam Si eespao onde visvel a dimenso interior da palavra. o estive presente proferindo confrencias em diversos antnio Jacinto. Leituras que fizeram com que eu adquirissenico espao onde palpvel a hierarquia de estruturas crculos, dentro e fora do pas. outro exemplo de impor-um choque potico. na decada de 70 que comeo a dialogarverbais. Infelizmente, hoje em dia, pouca gente l poesia.tante significado histrico: em 2005, participei no encon-com a palavra potica. assim fui andando, conciliando osas editoras viraram as costas poesia. as editoras africanas tro de quadros na provncia do huambo, de regressoestudos de medicina veterinria, a atividade profissional e oconseguem fazer a diferena. os ttulos felizes so divulga-a Luanda, a bordo de uma magnifica aeronave e com trabalho de pensamento. Eu diria que me sinto feliz. Por serdos com uma tiragem elevada: mais de mil exemplares; oilustres interlocutores, tomei a liberdade de abordar uma referncia obrigatria da literatura angolana. Por serque rarssimo na ocidente. Eu continuarei a afirmar que um tema que vai adquirindo uma dimenso particularum expoente da poesia elegaca. Por ter sido considerado oo futuro da poesia universal est em frica. o continente na vida dos povos e num contexto de modernidade:melhor poeta surgido no psindependncia. Por ser umanegro aparece com propostas poticas fascinantes. Expressividade local, diversidade e conquista cultural ovoz nova, uma nova postura, uma nova viso que entraramcaso de angola. direito na poesia angolana. Fui falando e retomando palavrasZunI: sendo artsta, professor, mdico e poltico, comode outras vozes sobre a minha obra potica. agora diria que que voc se reparte no ato criativo, ou tudo isso estru-LAMenTo Ter tido o monoplio da palavra ao longome sinto feliz por ser criador de palavras e imagens que apa-tura a sua linguagem artstica, devolvendo-o o objecto, a da conversa. Tive o privilgio de superiorizar conceitosixonam. graas poesia, sinto-me colocado numa estradamemria e a imagem para a sua construo artstica e ocomo mapa cultural, investimento emocional, manifesta-que me permite olhar para o mundo e para os homens quefazer a festa de monarquia? ovnementielle, proximidade distante, vernaculidade, o constroem.hbitos alimentares, vocao de integrao. no final daJoo MAIMonA: Fao parte de uma gerao de autoresconversa, um dos meus interlocutores reconheceu ter ZunI: CoMo se pode exercer poder em literatura? Simples-com obras que permitem o estabelecimento de uma hier- realizado, simultaneamente, naquela tarde, duas viagens:mente pela qualidade esttica das propostas artsticas vistasarquia esttica onde se pode isolar bons e mais destacadosa primeira de avio para Luanda, e a segunda, pela vozde forma isolada, ou na relao destas com as instncias deescritores. uma gerao que surge com propostas que de maimona, para o domnio das cincias sociais.validao? Este poder existe entre ns e, se existe, como apresentam um projeto de literatura. Iria ento falar daque se exerce?minha obra potica. a chave do meu sucesso, sucessode pblico e de crtica literria, reside, por um lado, naZunI: CoMo leitor, acredita que a poesia em angola Joo MAIMonA: a felicidade de dialogar com uma perguntaexistncia, bem palpvel em meus textos, de um projetoainda acontece ou ela est parada no tero da noite e nosuntuosa. Tratar-se de uma substncia multifactica. Vou mede literatura cujo fundamento primordial o estabeleci-propalado empobrecimento criativo evidente em parte instalar numa estrada peculiar como forma de melhor posi-mento da ponte entre o clima espiritual do meu habitat enalguns poetas, ou pensa ainda que a quebra das tertlias cionamento para poder proporcionar a minha interpretao.a lngua que nele se vai desenvolvendo. a chave do meue a ausncia de revistas literrias ter contribuido para tal J tive instantes em que me fechava imediatamente numasucesso reside, por outro lado, na perseverana (que cul- situao? Que opinio tem sobre a poesia hoje?pesquisa que consistia em identificar o lugar do poder emtivei durante a infncia e mocidade), na intensidade do literatura. Encontrei na minha poesia um ribeiro de encanto.trabalho, volume de estudos, nvel de pesquisa e tamanhoJoo MAIMonA: Identifiquei uma poesia que reclama prospeco. E comecei ade contatos. Vejamos: levei uma dcada inteira (75-84)dedicar palavra uma dimenso que pudesse ironizar sobre aescrevendo a poesia que iria surgir na segunda metade da Em Angola, existe uma paisagem potica que gramtica da criao. o poder em literatura o encontro comdcada de 80. o fundamental nessa caminhada entregar- a liberdade. na minha relao com a poesia, eu procuro ir se ao trabalho de reinveno do ambiente para caminharatrai simpatias de leitores de diversos horizontes. frente da palavra. associar as coisas mais heterogneas pos-de maneira prudente para a descoberta de novos horizon- sveis. E enfim acreditar nessa juno de coisas heterogneas.tes. adotar um discurso seguro com os instrumentos queConheo poetas que cultivam a vontade deE surge uma linguagem peculiar. Prpria, que se incorporalhe so prprios. Sinto-me feliz por produzir uma poesianum quadro de temas diversificados. a acentuao do registodeclarada, com enorme sentido de conteno na forma decompromisso com a esttica. So poetas porta- dos mais diversos dramas, episdios e pormenores de con-expresso. So palavras recolhidas nas reminiscncias devivncia no seio duma comunidade humana. mas tambm auma adolescncia pacfica e comunicante. E surge o prazer dores de textos que esto altura dos novosauto-representao dos sentimentos, emoes e ideias. minhasazonal de reler a poesia que produzi na estao anterior.paixo afirmar a essncia ou o sentido da tristeza na minhaa poesia plena. onde alguns pormenores lingusticos setempos. Tm a preocupao de reinventar a poesia, porque me sinto intrinsecamente inclinado para avinculam essencialmente ao feeling de dizer o passado.poesia que pode refletir perguntas sobre a existncia do sero poeta assume-se como protagonista de conquistas que palavra. A insuficincia de culto na produo humano, forma fundamental e mais elevada da conscinciaassociam identidade e continuidade. social, como sustentam os filsofos e ns, os poetas.literria traduz apenas uma parte da realidadeZunI: neTo, filho, marido, pai, av, ajuda-nos a construir Joo MAIMonA nasceu em 1955, em Quibocolo, municpio deesta rvore geneolgica como as abelhas do dia, ligando-de animao cultural no pas. Todos aqueles que maquela do zombo, na provncia de uge. Em 1961, refugiou-se a ela. se na repblica do zaire. Estudou humanidades cientficasassumem a relao com a literatura devem optarem Kinshasa e em 1975 ingressou na Faculdade de cin-Joo MAIMonA: acabo de reler Trajectria obliterada. umacias, regressando a seu pas em 1976. dois anos depois, fixoure-leitura que me proporcionou o instante de redefinirpor uma inverso de percurso. Isto sair de um residncia em huambo, onde se licenciou em medicina Veter-a minha situao como neto, filho, marido, pai e av. inria. membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura doInstante feliz por sublimar um valioso caudal de lembran- percurso de apatia, um percurso de inrcia para huambo e membro da unio dos Escritores angolanosas, instante feliz por confirmar ou reconhecer a nossaum percurso de participao ativa, um percurso 8. 8BLA BLA BLA Exero 01, 5555Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz8no rEcanto dE apoLo...BENZuLAResultadoZEFERINO MASSINGuE - LIChINGA Pretendemos SaberPEDRO Du BOIS - BRASILVo de silicatos ao mais infinito huMBERTO JOO - LIChINGAcertos jogos gritam resultadosrecolhem como formigasadormecidos vo de olfactos roertrancados em gargantaso bolo neste subsolo sem gritoo no saber,de voo e estampilha afogadas em lquidosVo com graus atempadamente o que queremos to mau,ontem e hoje, no que o diaamanheceu para se acordar o no querer,hoje e amanha ainda obscuro reaparecem em esbirrosuma noite serena de luz o que temos pela vidaE apagam o luar deste minguante espirrosE acrescentam a obscuridade...Poder recompensar tristeza.no acordoBenzula Se tivesses ou no gostardesacordado em regras:Queremos verno por alm,cem palmas aplaudindoE as suas vazias soando o eco Quem saberia de hojeE as nossas pesadas s carregam ao vencedordivisas desse povo da fricamau pensamento, teu.Encarcerado nesse calabouo de aocabe o barulhoViso e vista avermelhada Voc no temnoites de sono palermainfernal do nadade germe e cantos Voc no sabe,roem e os outros cantamquantificado no instante.um eu sem plantas o elo mais fracoE dizem: Benzulamas porqu?depois a vida segue o trajetoalgo que pretendemos saber...ERNESTO CARLOSpreviamente decorado: ao vencedormeu corao apaixonado, por algumQue no me quer ver feliz,resta a tnue lembranameu afecto,diz-me agora onde vou guardar do que esquece.Este afecto,Tomara que essa mgoaacabe j entre ns,Estou morrendo de ilusono sou um noapenas a minha paixo,Sem satisfao.Foi uma perturbao,no meu corao amargurado,Eu tento esquecer, mas no sou capaz,mas no vou me enlouquecer,Esta a minha paixo.Nas Baixas do NiassaMukuRRuZA - LIChINGA nas Baixas do niassa... h sempre uma beleza dos pinheiros e montanhas, Flores e matagais aves e flores E a prpria beleza de existir.nas baixas do niassa...os rios se abraamas riquezas se escondemos olhares se encontramrefletidas no mais puro espelhode onde o amor brota e se espalhanas Baixas do niassa...h feitio, som das marimbas,Percolado na saborosa, polpa dos pssegos,Que j estrumou coraes,outrora ridos de amor.nas Baixas do niassa...h sempre um tempo livre,h katxolima a rasgar garagantas de nossos paisE nossas mes de capulana cantamProfessias escondidasno apocalipse das XiwodasQue preveram o poder dos matakasL nas baixas do niassa...onde o povo se encontra... 9. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA9Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz9canto da poEsia - FacEbookO amor pregadoMANuSSE JOS AuGuSTO ALMEIDA Inkomu Mamane -Quando nos teus olhos eu vi um arco-ris incolor Obrigado me culpado sou por amar-te demais,atravessei o horizonte e fui a outros litorais culpado eu seria se ne nem sequer te amasse, Fiz a mesma caminhada de moiss sem Sou pregado por amores falhados, merecer passagens biblicais mas amo-te nesse puro sofrer.Porque para mim essas faanhas soDAVID GABRIEL NhASSENGOgerais at demais. Se eu no ousasse amar-te, religio primeira comunho dos infiisPor tudo que fizeste-me culpado eu seria, porque a me natura me manda.E por isso que eu no fico satisfeito ao verE pelo que, para o meu bem, mas porqu sou culpado em todos os sentidos? esses dedos trocarem-se de anisomitiste-me. Ser que ela no percebe que assim ...? Porque se agente viaja procurando uma ndzi le inkomu mamane.nova perspectiva declaro guerra dos contrrios, Para a nossa mais recente despedida me, as palavras escasseiam, Sou protagonista disso,no devamos ter que nos hipocritisar com a demonstrao idem, Saio toltamente lesado.juras de amor eternomas o sentimento, esse,Sabendo que o prprio amor subalterno mantm-se incomensurvel. Que fazer? desobedecer a me natura? da vida Temo faz-lo.E essa prpria vida a alma gmea da morte. um sentimento de gratido Tento confessar-me, apega-se a lngua dentro do peito, Pelos momentos extremamente bons E perco palavra. olha para mim agora, a esta hora a pensar Que a mim ofereceste cubro-me de lgrimas;coisas que me deixam a nora E continuas, na tua afectuosidade, mas nada fiz seno comprar infinitos escrnios.Estou preso na orla da minha prpria vida me brindando.a esgrimir argumentos com o meu deus meu, quem sou eu? subconsciente ao teu lado podes at nem imaginar Porque to sofrego me fizestes? temporrio... tudo temporrio noE mais do que um filho, Ser que sou tal cristo na causa de amar?calendrio da nossa vida... me sinto um homem realizado.um heri, um vencedor. deus fica no alm, me sinto, nem sequer ousa ouvir-me.como nunca ters cogitado, Sofro sem cessar, demo na cruz ensaguentada das minhas lamentaes, Distorouma criatura gerada pela perfeio. mas quem provar esse essa cruz? digo inkomu mamane Quem partilhar do meu sofrimento? Pela infncia que tive IMRAN CuNhAE que hoje, recordando-a,Faz-me no rosto escorrer uma lgrima.EDNA PhuLChANDuma infncia espelhoda educao que anuste-me: gloriosa. no teu peito, h frica Me sinto embrulhadoInkomu. digo muito obrigado tambor em chamas Ao desdenho do meu Egorepetidas vezes e no me canso.Inkomu mamane pelas sbias palavras Tam Tam ardente Na metamorfose do tempoQue soubeste transmitir-meEm momentos quando mais precisava e que paralelo ao solQue no passa aos olhos dum cego ouvi-las. grita as mosInkomu digo-te me,outrossim, pelo teu silncio ... celebrando a vidaNo ausente enigma da tua ausncia Quando preciso mesmo delePensando tu, que se trata de um castigo. os ps borbulhando pulsaodas melncolicas imaginaes que navego E assim Enganas-te,Pois teu silncio fala, oh me. de um rio zambeze Perdidas asssim, ao ventodiz-me coisas que sQuem melhor te conhece, percebe.confesso me: o teu silncio conforta-me. no teu peito, h fricaNum pensamento sem sossegome trabalhadora ou me guerreira?me amvel ou atenciosa? um embondeiro gigante O cu, as estrelas e a lua sendo meu ufh, no acho melhor caracterizaoPara o tipo de personalidade que s. donde ramificam-se assento mas disto tenho mxima certeza:Tu s uma embondeira por excelncia versos livres e loucos No jardim da felicidade que rego. daquelas que no veronos mimoseiam com sombras. asas e sonhos O paradoxo filantrpico de saudadesdiga-se, Sombras de glria. sobrevoam nas estrias Inkomu mamane.Pelo teu amor dos povos a emergirDe noites prazerosas que me deixastemanifesto no calordo teu corpoMuito perto estive, Quando a ti me aproximo. h frica dentro de ti longe de minhas faculdadesInkomu mamane, digo. e sei que posso adormecer-me-te Suponho que talvez ,jamais imaginaste. E saiba: o meu amor por tiPor mais incomensurvel seja bem no teu profundoTanto que no cabe aqui,Est perpetuado em cada linhadeste poema.Te amo dona Elisa. e que to quente como a minha frica E digo, Inkomu, at ao fimdas nossas vidas no teu peito, em ti, estou em casa!Textos do grupo - canto da Poesia do FacebooK. recolha de raffa Inguane.Lua e alma 10. 10 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Tera-feira, 04 de Outubro de 2011https://literatas.blogs.sapo.mz10 Noites d lmaEm outras paLavrashttps://noitesdalma.blogspot.com VII Prmio Literrio Valdeck Almeida de Jesus CRNICASedIo eM hoMenAgeM A esCrITores BAIAnosMonlogos da me da Nikotile1 - o Prmio Literrio Valdeck almeida de Jesus visa estimular novas produes literrias e dirigidoa candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhossejam escritos em lngua portuguesa.2 as inscries acontecem de 01 de janeiro a at 30 de novembro, atravs do e-mail valdeck2007@ XIGuIANA DA LuZgmail.com (crnIcaS de at 20 linhas, minibiografia de at cinco, endereo completo, com cEP e fonede contato, com ddd). os textos devem vir dEnTro do corpo do e-mail. Inscries incompletas serodesclassificadas. Vale a data de postagem no e-mail. no sero aceitas inscries pelos correios.Kitile nwananga minha filha,3 - a crnica deve ser indita, versando sobre qualquer tema (exceto apologia ao uso de drogas, contedo racista, preconceituoso, propaganda poltica ou intolerncia religiosa ou de culto). TeroSei que j s dos homens preferncias os textos sobre escritores baianos da contemporaneidade. Entende-se como escritores contemporneos aqueles cuja obra ainda no foi lanada por grandes editoras e que no so con-Corao de incertezashecidos do grande pblico. cada autor responder perante a lei por plgio, cpia indevida ou outro crime relacionado ao direito autoral. a inscrio implica concordncia com o regulamento e cessoInfelicidades que despreza dos direitos autorais apenas para a primeira edio do livro.O sossego nas trevas, 4 - uma equipe de escritores faz a seleo de apenas um texto por autor. a premiao a publica- o do texto selecionado em livro, em at seis meses do encerramento das inscries. os escritoresKotile, Nikotile selecionados devem criar um blog gratuito, aps a divulgao do resultado do concurso, para dar visibilidade ao trabalho de todos os participantes. os casos omissos sero decididos soberanamenteVida sem regras a ku nadzika!! - Anima pela equipe promotora.Mas no segurars a coragem dos homens5 - o autor que desejar adquirir exemplares do livro dever faz-lo diretamente com a editora ou com o organizador do prmio. os primeiros dez classificados recebero um exemplar gratuitamente.Respire o ar que no tensos demais podem receber, a critrio da organizao do evento e da disponibilidade de recursos financeiros.No entregues a ningum os teus bens ModeLo de FIChA de InsCrIo:Xipera Nikotile u kula nwanaga, xipera crescerPaulo Pereira dos Santosphelasserua Santo andr, 40 Edf. Pedra apt. 20135985-999 PortoEsconda os seus seios Belo horizonte-mg(31) 3366-9988, 8877-8999No penteie os seus cabelos ModeLo de MInIBIogrAFIA:No te entregues a ningum nwanangaPaulo Pereira dos Santos natural de Santana-PB. Escritor, poeta e jornalista, tem dois livrosNem aos Nkomanes publicados: antes de tudo e at amanh. Paticipa de cinco antologias de poesias. graduado em comunicao social. meno honrosa em diversos concursos de poesia, tem dois livros no prelo eNem aos homens do xilungwine a no pretende lan-los em 2012.Maputo proJeTo puBLICAdo no sITe do pnLL do MInIsTrIo dA CuLTurANem as promessas nem ningum MAIs InForMAes:Espere o casamentoValdeck almeida de JesusSem ansiedade Tel: (71) 8805-4708E-mail: [email protected] repetindo, nwananga Site do organizador: www.galinhapulando.comNo ames a nenhum homem destas terras. NOTA: NESTE CONCuRSO PODEM TAMBM PARTICIPAR PESSOAS DE OuTROS PASES DE LNGuA PORTuGuESA, INCLuINDO MOAMBIQuE, SENDO QuE NASeu eu Tua me - Destina NlhomuloIMPOSSBILIDADE DESTES EM FALAR DE ESCRITORES BAIANOS, PODEM FALAR DOS CONTEMPORNIOS DOS SEuS PASES. 11. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 11Tera-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 11agEndado ConvocatriaProjecto Poesia nas AcciasII Assembleia Geral Ordinria CONVITETer lugar no prximo dia 15 de Outubro (sbado), pelas 10:00horas, a II Assembleia-geral Ordinria do Movimento Literriono mbito das celebraes do dia da cidade de maputo e de maiskuphaluxa, a realizar-se na nossa sede, Centro Cultural Brasil um aniversrio do movimento Literrio Kuphaluxa, ser realizadoentre os dias 10 e 12 de novembro do ano em curso, uma exposioMoambique (CCBM) em Maputo.de poesia denominada Poesia nas accias a ter lugar na cidade demaputo.oBJeCTIVoAgendaconstitui principal objectivo desta iniciativa, divulgar novos autoresmoambicanos, promover o gosto pela leitura e levar a poesia alugares comuns onde o povo possa ter acesso a ela sem custos. 1. Situao geral do movimento;requIsITos2. Regulamento interno do movimento;cada participante pode enviar no mximo trs poemas (s umser seleccionado para exposio) da sua autoria que obedeam osseguintes requisitos:3. Cdigo de conduta interno;PoemasocupandonomximodeumapginadowordPoemasescritosnalnguaportuguesa4. Directivas da revista Literatas;pArTICIpAo5. Elaborao do plano de actividades e aprovao deTodos os participantes o faro voluntariamente, sem direito a nen-huma remunerao. neste projecto, s podero participar apenasprojectos para 2012;poetas iniciantes, sem nenhum livro publicado e no h restrio deidade nem nvel acadmico.7. Eleies gerais;Para a participao neste projecto so convidados todos escritoresiniciantes de todas cidades do Pas.8. Diversos.dIreITos AuTorAIs A presena pontual de todos crucial.a partir da altura em que os poemas so expostos, passam a ser dedomnio pblico, sendo que, o entanto, o poema ser exposto coma assinatura do autor.Dizer, fazer e sentir a literaturaendereo do enVIo dos TexTosos poemas devem ser escritos no formato Word-2003, letra dohttp://kuphaluxa.blogspot.comtipo Times new roman, tamanho 12 e enviados electronicamentepara o endereo: [email protected] Maputo, 28 de Setembro de 2011os poemas devem ser enviados a partir da data da divulgao desteconvite at ao dia 23 de outubro de 2011. os textos enviados depoisdessa data no merecero a nossa ateno.os seleccionados, sero anunciados no blogue do movimentoPalestraLiterrio Kuphaluxa no endereo: http://kuphaluxa.blogspot.com eda revista Literatas: http://literatas.blogs.sapo.mz e ainda na versoelectrnica da mesma at ao dia 01 de novembro de 2011.CAsos oMIssosno sero aceites poemas que contenham seguintes contedos eambiguidades:Dia 06 de Outubro de 2011, quinta-feiraOfensivaspoltico-partidriasInsultosououtrasexpressescapazesdeferirasboasmanei-as 16:00 horasras de convvio socialDescriminaes raciais, religiosas, tnica, gnero entreoutras Tema: Manifestaes Culturais como Agentes da ActividadereCurso Tursticaas deliberaes da comisso organizadora deste evento no terodireito a recurso. Oradores: Estevo Filimo e David Abilio Moderador: Calane da SilvaA Comisso Organizadora Local: ISARC (Instituto Superior de Artes e Cultura) Av. das Indstrias, Bairro da Liberdade Matola , Mozambique