revista legisla news rn - ed 03

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O Poder Legislativo em Pauta Legisla Edição 03 - Outubro e Novembro de 2013 Versões no formato impresso e eletrônico - www.legislaweb.com.br/rs www.legislaweb.com.br/rn SERVIDOR ELEITO VEREADOR Estudo de caso que aborda as consequências das ausências ao trabalho para o exercício da vereança E mais: - A participação do Poder Legislativo no controle de constitucionalidade das leis - Procurador Municipal: sua atuação frente a ações desfavoráveis ao Município ou a ex-clientes - A licitação no Poder Legislativo - Técnica Legislativa: entendendo a estrutura da Lei Municipal - Enunciados Técnicos - DPM PLANO DIRETOR Ao lado do Estatuto da Cidade, passou a instrumento de gerenciamento do território municipal NEWS

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Revista sobre o poder Legislativo

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Page 1: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

O Poder Legislativo em PautaLegisla

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www.legislaweb.com.br/rn

SERVIDOR ELEITO VEREADOREstudo de caso que aborda as consequências das ausências ao trabalho para o exercício da vereança

E mais:- A participação do Poder Legislativo no controle de constitucionalidade das leis

- Procurador Municipal: sua atuação frente a ações desfavoráveis ao Município ou a ex-clientes

- A licitação no Poder Legislativo

- Técnica Legislativa: entendendo a estrutura da Lei Municipal

- Enunciados Técnicos - DPM

PLANO DIRETOR Ao lado do Estatuto da Cidade, passou a instrumento de gerenciamento do território municipal

NEWS

Page 2: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

Há 47 anos dedicando-se ao municipalismo e disponibilizando qualificada e responsável assessoria

jurídica, contábil e administrativa a Executivos, Legislativos, Autarquias e Fundações.

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4L

0108

ANTEPROJETO DE LEI Nº [...]1

Dispõe sobre a Política Municipal de Proteção aos

Direitos da Criança e do Adolescente2, cria o Con-

selho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-lescente, o Fundo Municipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente, o Sistema Municipal de A-tendimento Socioeducativo e o(s) Conselho(s) Tu-telar(es).

3

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º A política municipal de proteção aos direitos da Criança e do Adolescente far-

se-á segundo o disposto nesta Lei, observadas as seguintes linhas de ação:

I – políticas sociais básicas;

II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles

que deles necessitem;

1 Adaptar. 2 O legislador constituinte de 1988 dispôs que é dever “da família, do Estado e da Sociedade” garanti-rem à criança e ao jovem “o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (art. 227, caput, da Constituição da República de 1988). Nesse sentido, a responsabilidade em assegurar esses direitos às respectivas crianças e adolescentes é partilhada entre as entidades sociais e o Poder Público (União, Estados e Municípios). A regulamentação no âmbito federal da polí-tica de proteção à criança e ao adolescente ocorreu com a edição da Lei n.º 8.069, de 13.7.1990, de-nominada Estatuto da Criança e do Adolescente. 3 O art. 132 da Lei federal n.º 8.069-90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – dispõe que “Em ca-da Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conse-lho Tutelar como órgão integrante da administração pública local”, do que se presume que, em ha-vendo necessidade, conforme a realidade local, poderá haver mais de um Conselho Tutelar no mes-mo Município.

Pareceres, Informações e Boletins Técnicos, Minutas (de Editais, Contratos,Convênios), Anteprojetos (de Leis, Decretos e Resoluções) entre outros

MUNICÍPIO

PODER LEGI

SLATIVO

VAL.12/13

RS001

A22B38

www.legislaweb.com.br/rn www.dpm-rs.com.br

Atendimento Telefônico

Atendimento Pessoal

1

Boletim Técnico nº 75-2013 28 de agosto de 2013.

Área(s) de interesse: Gabinete do Prefeito, Secretarias da Fazenda e Administração, Contadoria e Procuradoria.

Emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP quando o registro da situação de regularidade depender de adequação das funcionalidades do Sistema de Informações dos Regimes Próprios de Previdência Social – CADPREV. Condições.

Emissão excepcional do CRP quando formalizados os parcelamentos previstos nos arts. 5º e 5º – A, da Portaria MPS/GM nº 402/2008.

1. O Diário Oficial da União (DOU), de 03/07/2013, publicou a Portaria do Ministério da Previdência Social –

MPS nº 312, de 02/03/2013, que promoveu alteração na Portaria MPS/GM de nº 204/2008, e deu outras

providências.

2. A modificação promovida na Portaria MPS/GM nº 204/2008, estabeleceu a possibilidade de emissão do

Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP, quando o registro da situação de regularidade depender

de adequação das funcionalidades do Sistema de Informações dos Regimes Próprios de Previdência Social

- CADPREV, nas hipóteses em que o Município tenha encaminhado todos os documentos necessários para

comprovar o atendimento aos critérios e exigências da mesma Portaria (art. 1º da Portaria MPS nº

312/2013).

3. A Portaria MPS nº 312/2013 dispõe ainda quanto a possibilidade de emissão excepcional do CRP aos

Município que possuam irregularidades nos critérios de que tratam os incisos I e VI do art. 5º da Portaria

MPS/GM nº 204/2008, que se referem ao caráter contributivo do Regime Próprio de Previdência Social,

especialmente quanto a repasse das contribuições, e a utilização dos recursos apenas para custeio de

benefícios previdenciários e taxa de administração, respectivamente, que tenham submetido os termos de

acordo e parcelamento de débitos fundamentados nos arts. 5º e 5º – A da Portaria MPS/GM nº 402/2008, à

Secretaria de Políticas de Previdência Social – SPPS, através do CADPREV – módulo Web (art. 2º da

Portaria MPS nº 312/2013).

Aplica-se o previsto no caput do art. 2º da Portaria MPS nº 312/2013, aos termos de parcelamento que,

contemplando todo o período, sejam processados pelo CADPREV – Web e estejam na situação de

“aguardando análise” até o último dia do terceiro mês subsequente ao da publicação da Portaria MPS/GM

nº 307/2013 (art. 2º, § 1º, da Portaria MPS nº 312/2013).

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Page 3: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

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Consultas telefônicas

Consultas escritas

Consultas pessoais

Solicitações de materiais

256.945

32.248

7.287

43.232

Serviços janeiro a agosto2008 a 2012 2013

339.712 63.784TOTAL

48.138

6.140

1.232

8.275

Delegações de Prefeituras Municipais - DPMAv. Pernambuco, 1001 - Navegantes - Porto Alegre/RS - CEP 90240-004

Fone: (51) 3027.3400 - Fax: (51) 3027.3401/3027.3402 - [email protected]

Page 4: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

Jeferson Dytz Marin

Vivian Lítia Flores

Graziela Bellé Lange

Sumário

Graziela Bellé Lange

Armando Moutinho Perin

Breves Comentários à Jurisprudência

Júlio César Fucilini Pause

EXPEDIENTE

ISSN: 1238148712

Revista Legisla NEWS - O Poder Legislativo em PautaEdição 03 - Ano 01 - Outubro e Novembro de 2013Periodicidade: BimestralTiragem: 1.000 exemplaresFechamento desta edição: 07 de outubro de 2013Editora: DPM PN Publicações - Prefixo Editorial: 65481Avenida Pernambuco nº 1001, Bairro NavegantesPorto Alegre/RS - CEP: 90.240-004Designer Responsável: Luciano Mariante (Massa Criativa)

EDITORIALA Revista Legisla NEWS é uma publicação bimestral da DPM PN Publicações, com circulação no Estado do Rio Grande do Sul, dirigida a gestores públicos municipais, em especial vereadores e servidores que atuam junto às Câmaras Municipais.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem a citação da fonte, sujeitando os infratores às penalidades legais. As matérias/artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião da Revista Legisla NEWS.

ESPAÇO DO LEITORSugestões, releases, artigos e críticas podem ser enviados ao endereço eletrônico: [email protected], sempre acompanhados de nome e endereço do autor.

Lourenço de Wallau

O Poder Legislativo em Pauta

Mensagem ao leitor 04

Plano Diretor e Ordenamento do Espaço nas Cidades

Enunciados Técnicos

05

06

07

08

O Controle da Constitucionalidade e as Câmaras Municipais

21Ciclo Integrado de Planejamento e Orçamento

Marta Marques Avila22O Poder Legislativo e a Licitação

22Jurisprudências do TCU

23Anteprojeto de Resolução

24Convenções Regionais DPM 2013

25Calendários de Treinamentos EGP

Homenagem: Dia do Vereador

09

11

Ana Maria Janovik

Ana Maria Janovik

Verbetes 12

Rafael Edison RodriguesPáginas Azuis - Perguntas e Respostas 13

Técnica Legislativa: Entendendo a Estrutura daLei Municipal (Parte Preliminar)

15

Eduardo Luchesi

Estudo de Caso 1 - Servidores que exercem mandato eletivo de vereador concomitante a cargo público 16

Estudo de Caso 2 - Admissão de servidor sem cargo vago 18

O Procurador Municipal e a Atuação em AçõesDesfavoráveis ao Município ou a Ex-Cliente

Page 5: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

MENSAGEMAO LEITOR

Primeiramente, gostaríamos de agradecer a você que tem prestigiado nossa revista nos últimos meses. Não tenha dúvida de que se a Legisla NEWS chegou a sua terceira edição é graças ao espaço que tem conquistado junto à Administração Pública Municipal, que vem reconhecendo a credibilidade e relevância deste periódico.

Acreditamos fortemente que a seriedade e qualidade dos artigos e informações aqui publicados são re�lexo da instituição que está por trás de todo o projeto da Legisla NEWS, a Delegações de Prefeituras Municipais - DPM. Nesta edição, o trabalho desempenhado pela empresa está apresentado nas páginas 1, 2 e 26, bem como através dos depoimentos dos participantes das Convenções Regionais DPM, encontros promovidos em diversos municípios do Rio Grande do Sul com o objetivo de capacitar integrantes dos Poderes Legislativos para uma gestão pública de mais qualidade.

No mês em que se comemora o Dia do Vereador, a Legisla NEWS traz algumas novidades, dentre as quais destacamos uma seção dedicada à Jurisprudência do Tribunal de Contas da União e a apresentação de um Anteprojeto de Resolução, além das já consagradas seções de Perguntas e Respostas (Páginas Azuis), Artigos e Enunciados Técnicos, Jurisprudência Comentada e Verbetes.

Com o objetivo de nos aproximarmos ainda mais de nossos leitores e quali�icar cada vez mais nosso trabalho, mantemos um canal aberto com o público através de cartas e correio eletrônico ([email protected]). Agradecemos a todos os retornos já recebidos e convidamos para que sigam contatando-nos. A todos, uma ótima leitura.

Delegações de Prefeituras Municipais - DPM

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Caro leitor,

Page 6: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

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Jeferson Dytz Marin

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Plano Diretor e Ordenamentodo Espaço nas Cidades

O ordenamento do espaço urbano é um tema que assola os municípios da serra gaúcha há muito. Vítimas do crescimento desordenado constatado em boa parte das cidades de médio e grande porte do Estado e do País, diversos municípios, especialmente Bento Gonçalves e Gramado, agigantaram seus dotes turísti-cos e desenvolvimentistas à revelia de um plano urbano compatível com seu notável avanço.

Somada à ausência de tradição urbanística, a geogra�ia dos municípios da serra também representa um óbice ao alcance de uma cidade sustentável, que assegure bem estar aos cidadãos e também abrigue o desenvolvimento de um município que carrega consigo uma das maiores rendas per capita do Estado.

O certo é que registram problemas oriundos de um passado que não tratou com seriedade as ocupa-ções irregulares das áreas de preservação ambiental, não respeitou os recuos legais na construção dos imóveis e nem tampouco impôs uma lógica de organização que considerasse os distintos motes de ocupação do solo. Ainda há que se considerar o avanço evidente das di�iculdades de circulação do sistema viário, a ausência de vagas su�icientes de estaciona-mento, de vias alternativas e a concentração comercial do centro das cidades, que, aliás, tem intensi�icado sua ocupação imobiliária.

Em que pese os diversos estudos apresentados, não há uma política efetiva de combate ao histórico de omissões que consolidou o estado crítico do meio urbano que as cidades traduzem hodiernamente. As iniciativas do planejamento, �irmadas no rigor da concessão de licenças, na tentativa de regulação da poluição visual e nas propostas de reforma ao Plano Diretor não parecem se revelar su�icientes à busca efetiva de uma solução.

O Executivo deve registrar a coragem necessária para concretização de uma mudança de paradigma, �irmada na asseguração de uma cidade sustentável, que pense sobretudo nos homens e mulheres que nela residem, pois como assevera Eduardo Galeano, “As cidades não existem. Existem as pessoas que nelas respiram e que por elas caminham. Não me apego a edi�ícios. As pessoas, essas me fazem falta”.

As iniciativas de Jaime Lerner, hoje presidente da Associação Mundial de Arquitetos, perpetradas no plano de arborização e na organização de Curitiba são um retrato vívido de uma referência urbanística. Acrescenta-se a isso, claro, as bem sucedidas mudanças

do transporte coletivo de Porto Alegre e da própria capital paranaense.

O Estatuto da Cidade, notável norma de Direito Urbanístico, ofereceu ferramentas e�icazes na imple-mentação da organização do espaço urbano. Tais instrumentos aprimoraram o combate a problemas crônicos do mundo moderno, que vitimam, também, os municípios.

Uma delas é o IPTU progressivo e o uso de alíquo-tas diferenciadas, que se constituem em uma das mais e�icazes políticas tributárias extra�iscais de reorde-namento urbano. A utilização adequada desses instru-mentos através da aplicação dos princípios constitu-cionais da capacidade contributiva, da igualdade mate-rial e da proporcionalidade pode otimizar a qualidade de vida, a justiça social (através da socialização dos espaços urbanos e do combate à especulação) e o fomento ao desenvolvimento das cidades.

Em verdade, o texto constitucional trouxe inova-ção ao admitir a progressividade em função do valor dos imóveis, hipótese até então não aprovada pelo STF, que considerava ilegal este tipo de tributo, por levar em conta “o caráter pessoal do proprietário”, ou seja, o valor de suas posses, tido como incompatível com a natureza do IPTU, imposto considerado de natureza real.

É bom destacar, o Estatuto da Cidade não é instru-mento de aumento de arrecadação tributária. O que pretende o Estatuto é a promoção do desenvolvimento urbano de forma harmônica com os interesses sociais coletivos, reservando ao tributo mencionado – IPTU, tão somente a tarefa de incentivar o respeito a este princípio. É o que se chama de caráter extra�iscal do imposto.

O art. 182, § 4°, II da Constituição Federal, autoriza a progressividade relacionada ao cumpri-mento da função social da propriedade.

Dessa forma, hoje, um imóvel supervalorizado, com o claro propósito de especulação imobiliária, a partir da edição de lei municipal, poderá ter seu IPTU dobrado ano a ano, até o limite máximo de alíquota de 15%, com posterior desapropriação.

Além disso, é possível praticar alíquotas diferen-ciadas em razão do uso e da localização dos imóveis. Nesse sentido, permitida a cobrança de IPTU elevado nos imóveis localizados em regiões mais nobres, de terrenos baldios sem a devida capina e ainda diferen-ciar o tributo de áreas comerciais, industriais e residenciais, tudo, mediante a regulação da legislação municipal.

Assim, determinada região ou zona da urbe pode apresentar sérios problemas de tráfego; estar à beira da exaustão da capacidade de coleta de esgotos, que exigiria grandes investimentos públicos ou até mesmo apresentar concentração demasiada de pessoas ou edi�icações, recomendando o desestímulo de novos investimentos na área. Neste caso, a alíquota pode ser majorada, como instrumento e�icaz para limitar a expansão da área.

Tem-se, portanto, que o IPTU do Estatuto da Cidade visa principalmente o atendimento às necessi-dades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas.

A cidade sustentável deve amparar-se numa organização urbana que permita à sua população uma vida de boa qualidade. Deve, portanto, manter �irme vigilância sobre os agentes poluidores, assegurar o controle da expansão urbana, a arborização, a vedação da instalação de empreendimentos em locais de trânsito intenso e a garantia de uma cidade habitável. Nesse talante, o Plano Diretor assume um papel de suma importância. Destinado inicialmente a simples organização material da cidade, regulando o arrua-mento e o dimensionamento; depois incluindo a distri-buição das edi�icações segundo sua utilização e disci-plinando en�im o uso do solo urbano, passou, com o Estatuto da Cidade, a instrumento de gerenciamento do território municipal. Trata-se do meio de planeja-mento da sustentabilidade das cidades.

O Estudo de Impacto de Vizinhança representa um importante instrumento de ordenamento do meio urbano trazido pelo Estatuto da Cidade, pois re�lete a valorização da função social da propriedade, com o propósito de avaliação de possíveis efeitos negativos sobre as propriedades lindeiras, preservando-se a qualidade de vida como bem estar geral, declarado constitucionalmente.

Ademais, os instrumentos gerais de política urbana do Estatuto da Cidade deverão ser observados na constituição de um Plano Diretor adequado, superando-se a visão casuística que vigia até então, alicerçada num desenvolvimento desorganizado, sem critérios urbano-ambientais, levado pelos ventos dos compromissos pontuais dos gestores.

Advogado e Doutor em Direito, Professor do Mestrado em Direito da UCS, Membro Honorário da Academia Brasileira de Direito Processual Civil - ABDPC, Integrante do IEM - Instituto de Estudos Municipais-POA-RS

Page 7: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

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O ordenamento do espaço urbano é um tema que assola os municípios da serra gaúcha há muito. Vítimas do crescimento desordenado constatado em boa parte das cidades de médio e grande porte do Estado e do País, diversos municípios, especialmente Bento Gonçalves e Gramado, agigantaram seus dotes turísti-cos e desenvolvimentistas à revelia de um plano urbano compatível com seu notável avanço.

Somada à ausência de tradição urbanística, a geogra�ia dos municípios da serra também representa um óbice ao alcance de uma cidade sustentável, que assegure bem estar aos cidadãos e também abrigue o desenvolvimento de um município que carrega consigo uma das maiores rendas per capita do Estado.

O certo é que registram problemas oriundos de um passado que não tratou com seriedade as ocupa-ções irregulares das áreas de preservação ambiental, não respeitou os recuos legais na construção dos imóveis e nem tampouco impôs uma lógica de organização que considerasse os distintos motes de ocupação do solo. Ainda há que se considerar o avanço evidente das di�iculdades de circulação do sistema viário, a ausência de vagas su�icientes de estaciona-mento, de vias alternativas e a concentração comercial do centro das cidades, que, aliás, tem intensi�icado sua ocupação imobiliária.

Em que pese os diversos estudos apresentados, não há uma política efetiva de combate ao histórico de omissões que consolidou o estado crítico do meio urbano que as cidades traduzem hodiernamente. As iniciativas do planejamento, �irmadas no rigor da concessão de licenças, na tentativa de regulação da poluição visual e nas propostas de reforma ao Plano Diretor não parecem se revelar su�icientes à busca efetiva de uma solução.

O Executivo deve registrar a coragem necessária para concretização de uma mudança de paradigma, �irmada na asseguração de uma cidade sustentável, que pense sobretudo nos homens e mulheres que nela residem, pois como assevera Eduardo Galeano, “As cidades não existem. Existem as pessoas que nelas respiram e que por elas caminham. Não me apego a edi�ícios. As pessoas, essas me fazem falta”.

As iniciativas de Jaime Lerner, hoje presidente da Associação Mundial de Arquitetos, perpetradas no plano de arborização e na organização de Curitiba são um retrato vívido de uma referência urbanística. Acrescenta-se a isso, claro, as bem sucedidas mudanças

do transporte coletivo de Porto Alegre e da própria capital paranaense.

O Estatuto da Cidade, notável norma de Direito Urbanístico, ofereceu ferramentas e�icazes na imple-mentação da organização do espaço urbano. Tais instrumentos aprimoraram o combate a problemas crônicos do mundo moderno, que vitimam, também, os municípios.

Uma delas é o IPTU progressivo e o uso de alíquo-tas diferenciadas, que se constituem em uma das mais e�icazes políticas tributárias extra�iscais de reorde-namento urbano. A utilização adequada desses instru-mentos através da aplicação dos princípios constitu-cionais da capacidade contributiva, da igualdade mate-rial e da proporcionalidade pode otimizar a qualidade de vida, a justiça social (através da socialização dos espaços urbanos e do combate à especulação) e o fomento ao desenvolvimento das cidades.

Em verdade, o texto constitucional trouxe inova-ção ao admitir a progressividade em função do valor dos imóveis, hipótese até então não aprovada pelo STF, que considerava ilegal este tipo de tributo, por levar em conta “o caráter pessoal do proprietário”, ou seja, o valor de suas posses, tido como incompatível com a natureza do IPTU, imposto considerado de natureza real.

É bom destacar, o Estatuto da Cidade não é instru-mento de aumento de arrecadação tributária. O que pretende o Estatuto é a promoção do desenvolvimento urbano de forma harmônica com os interesses sociais coletivos, reservando ao tributo mencionado – IPTU, tão somente a tarefa de incentivar o respeito a este princípio. É o que se chama de caráter extra�iscal do imposto.

O art. 182, § 4°, II da Constituição Federal, autoriza a progressividade relacionada ao cumpri-mento da função social da propriedade.

Dessa forma, hoje, um imóvel supervalorizado, com o claro propósito de especulação imobiliária, a partir da edição de lei municipal, poderá ter seu IPTU dobrado ano a ano, até o limite máximo de alíquota de 15%, com posterior desapropriação.

Além disso, é possível praticar alíquotas diferen-ciadas em razão do uso e da localização dos imóveis. Nesse sentido, permitida a cobrança de IPTU elevado nos imóveis localizados em regiões mais nobres, de terrenos baldios sem a devida capina e ainda diferen-ciar o tributo de áreas comerciais, industriais e residenciais, tudo, mediante a regulação da legislação municipal.

Assim, determinada região ou zona da urbe pode apresentar sérios problemas de tráfego; estar à beira da exaustão da capacidade de coleta de esgotos, que exigiria grandes investimentos públicos ou até mesmo apresentar concentração demasiada de pessoas ou edi�icações, recomendando o desestímulo de novos investimentos na área. Neste caso, a alíquota pode ser majorada, como instrumento e�icaz para limitar a expansão da área.

Tem-se, portanto, que o IPTU do Estatuto da Cidade visa principalmente o atendimento às necessi-dades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas.

A cidade sustentável deve amparar-se numa organização urbana que permita à sua população uma vida de boa qualidade. Deve, portanto, manter �irme vigilância sobre os agentes poluidores, assegurar o controle da expansão urbana, a arborização, a vedação da instalação de empreendimentos em locais de trânsito intenso e a garantia de uma cidade habitável. Nesse talante, o Plano Diretor assume um papel de suma importância. Destinado inicialmente a simples organização material da cidade, regulando o arrua-mento e o dimensionamento; depois incluindo a distri-buição das edi�icações segundo sua utilização e disci-plinando en�im o uso do solo urbano, passou, com o Estatuto da Cidade, a instrumento de gerenciamento do território municipal. Trata-se do meio de planeja-mento da sustentabilidade das cidades.

O Estudo de Impacto de Vizinhança representa um importante instrumento de ordenamento do meio urbano trazido pelo Estatuto da Cidade, pois re�lete a valorização da função social da propriedade, com o propósito de avaliação de possíveis efeitos negativos sobre as propriedades lindeiras, preservando-se a qualidade de vida como bem estar geral, declarado constitucionalmente.

Ademais, os instrumentos gerais de política urbana do Estatuto da Cidade deverão ser observados na constituição de um Plano Diretor adequado, superando-se a visão casuística que vigia até então, alicerçada num desenvolvimento desorganizado, sem critérios urbano-ambientais, levado pelos ventos dos compromissos pontuais dos gestores.

ENUNCIADO nº 1: A vigência dos contratos que tenham por objeto o fornecimento de bens é limitada à vigência do respectivo crédito orçamen-tário, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, não podendo ser prorrogada (art. 57, caput, da Lei n.º 8.666, de 23 de junho de 1993).

ENUNCIADO nº 2: Exceto nos casos de expressa determinação contratual de que o reajus-tamento do valor só será realizado em havendo variação positiva do índice in�lacionário, deve o Município realizar a revisão do contrato, na data do seu aniversário, de acordo com o índice pactuado, ainda que a variação do período seja negativa. Resguarda-se, nesse caso, o direito do contratado ao reequilíbrio econômico-�inanceiro do ajuste, se atendidos os requisitos fáticos e legais para a sua concessão (art. 55, inciso III, art. 65, inciso II, alínea 'd', ambos da Lei n.º 8.666/1993, c/c art. 22, inciso II, da Lei n.º 9.069/1995).

ENUNCIADO nº 4: A chamada pública para aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para a alimentação escolar deve ter vigên-cia máxima de 6 meses, sem prejuízo do limite imposto no art. 57, caput, da Lei n.º 8.666/1993, para cumprir o artigo 23, § 5º, da Resolução nº 38/2009 do FNDE, sem ofensa ao art. 2º da Lei n.º 10.192/2001.

ENUNCIADO nº 5: Para �ins de enquadra-mento nos limites de valores das modalidades de licitação, constantes no inciso II do art. 23 da Lei n.º 8.666/1993, para a contratação de serviços de natureza continuada, deve ser considerado o total da despesa em um período de 60 meses (art. 23, §2º c/c o art. 57, inciso II, ambos da Lei n.º 8.666/1993).

Enunciados Técnicos DPM

Page 8: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

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Vivian Lítia Flores

O Controle da Constitucionalidadee as Câmaras Municipais

1. Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Malheiros Editores, 34ª edição, p. 50. 2. Barroso, Luís Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. Editora Saraiva, 5ª edição, p. 66.

Recorrente e consolidada a a�irmação dos doutri-nadores pátrios que o controle de constitucionalidade no Brasil é jurisdicional ou judicial, como queiramos. A�irmação incontestavelmente verdadeira, no que tange a Lei. Todavia, a Lei não nasce Lei. Embrionaria-mente, como nós, é um projeto. No caso um projeto de lei. Este é que vingando, tornar-se-á a LEI. Como nós que embriões, depois fetos, ao nascer, com vida, ganhamos uma certidão de nascimento, nosso primeiro número de tantos outros que virão.

Pois, para que nasçamos com vida e bem, durante a gestação são necessários cuidados médicos - o pré-natal -, cuidados com alimentação, cuidados �ísicos, dentre outros. Sem estes, vamos contar somente com a sorte, a exemplo do que ocorre com grande parte da população brasileira.

Neste momento os leitores estão se perguntando o que a concepção humana tem a ver com o tema controle de constitucionalidade e as Câmaras Munici-pais. A resposta é tudo. Como escreverei a seguir, sem pretensão técnica, mas, sim, de chamar atenção, de alertar para a importância das Casas Legislativas no processo de controle de constitucionalidade da Lei.

Quando se estuda a matéria constitucionalidade ou inconstitucionalidade (duas faces da mesma moeda), vamos encontrar o ensinamento, que o controle no sistema jurídico brasileiro é judicial ou jurisdicional, como a�irmam José Afonso da Silva e Luís Roberto Barroso . Corretíssimo ao tratarmos do controle legal.

Todavia, existe o controle prévio de constituciona-lidade, que, em tese, é feito dentro das casas legislati-vas. Digo em tese, por crer que de fato ele não é realizado da forma e com a profundidade que deveria o ser, em especial, dentro das Câmaras Municipais. Pela minha vivência pro�issional, acredito que não é realizado da forma que deveria por dois motivos. O primeiro motivo é a desvalorização desta forma de controle pelos pro�issionais da área jurídica no todo, tanto os doutrinadores como os operadores do direito. O segundo motivo é consequência do primeiro. É a falta de consciência de todos os envolvidos no processo legislativo, da importância fundamental do controle de constitucionalidade prévio que deve, com todo o esmero técnico-jurídico e político, ser realizado legis-lativamente, lá, no projeto de lei. Desta forma, quando nascer a LEI, recebendo o seu número, surtindo seus efeitos na vida dos cidadãos – nós, então, ele (projeto de lei), agora ela (lei), será completamente sã. Ou seja, sem o malfadado vício de inconstitucionalidade.

Como a gestação que recebeu todos os cuidados do pré-natal e proporciona maior probabilidade de nascimento de uma criança sã; o processo legislativo que tenha toda a atenção voltada para o exame da constitucionalidade dos projetos de lei proporciona maior probabilidade do nascimento de uma LEI sã. Assim, não haveremos de contar com a sorte.

Desta forma, embora toda a atenção seja voltada para o controle jurisdicional de constitucionalidade, há de se propagar a importância do controle prévio exercido no processo legislativo, sobre os projetos de lei dentro das Câmaras Municipais.

Os nossos Vereadores precisam tomar posse, como dos seus cargos, da importância da atividade que exercem neste assunto. Nossos Vereadores precisam se conscientizar que exercendo com todo rigor a atividade prévia de controle de constitucionalidade nos projetos de lei a necessidade de controle jurisdi-cional diminuirá, proporcionalmente. Precisam se conscientizar que só há necessidade do controle judicial, quando o primeiro controle falha e deixa entrar no mundo jurídico-social uma LEI doente.2

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Advogada, Especialista em Direito Público, Consultora Jurídica da DPM - Portal Legisla WEB

No momento que o controle prévio de constitucio-nalidade for rigorosamente realizado nas Câmaras de Vereadores estarão superadas a�irmações de grandes constitucionalistas, como a de Sahid Maluf : “O controle prévio, porém, visa ao projeto e não à lei mesma. O controle da lei, a posteriori, reveste-se de maior importância”.

Com todo respeito, ouso discordar do grande constitucionalista, pois no meu entender, só é dada maior importância ao controle posterior – o judicial –, em razão da falta de atenção ao direito e do excesso de atenção à política que as casas legislativas dispensam. A busca do equilíbrio entre a política e o direito é indis-pensável, em todos os Poderes.

Luís Roberto Barroso , ao tratar em sua obra, de direito e política, a�irma que a pretensão de autonomia absoluta do direito em relação à política é impossível de se realizar. A a�irmação do autor corrobora o que estou tentando expressar neste breve escrito, sem pretensão técnica alguma, de que as Câmaras de nossos Municípios devem deferir o mesmo patamar de importância que dão à política, ao direito, a �im de impedir que LEIS viciadas pela inconstitucionalidade entrem no ordenamento jurídico municipal.

O Legislativo Municipal não tem apenas uma oportunidade de exercer o controle prévio de constitu-cionalidade. Pode exercê-lo em vários momentos, tais como: pronunciamento da Comissão de Constituição e Justiça, discussão da matéria em plenário – onde Vereadores que não compõe a Comissão poderão apon-tar o vício-, na votação em plenário – onde o projeto inconstitucional será rejeitado-, na rejeição do veto do Prefeito, na aprovação de emenda superadora da inter-pretação judicial e na revogação da lei inconstitucional.

O papel do Legislativo na matéria é muito mais importante do que do que o próprio Legislativo se atribui. Não há boa política sem atenção ao direito. A palavra é equilíbrio.

Foto: Promulgação da Constituição da República de 1988

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Recorrente e consolidada a a�irmação dos doutri-nadores pátrios que o controle de constitucionalidade no Brasil é jurisdicional ou judicial, como queiramos. A�irmação incontestavelmente verdadeira, no que tange a Lei. Todavia, a Lei não nasce Lei. Embrionaria-mente, como nós, é um projeto. No caso um projeto de lei. Este é que vingando, tornar-se-á a LEI. Como nós que embriões, depois fetos, ao nascer, com vida, ganhamos uma certidão de nascimento, nosso primeiro número de tantos outros que virão.

Pois, para que nasçamos com vida e bem, durante a gestação são necessários cuidados médicos - o pré-natal -, cuidados com alimentação, cuidados �ísicos, dentre outros. Sem estes, vamos contar somente com a sorte, a exemplo do que ocorre com grande parte da população brasileira.

Neste momento os leitores estão se perguntando o que a concepção humana tem a ver com o tema controle de constitucionalidade e as Câmaras Munici-pais. A resposta é tudo. Como escreverei a seguir, sem pretensão técnica, mas, sim, de chamar atenção, de alertar para a importância das Casas Legislativas no processo de controle de constitucionalidade da Lei.

Quando se estuda a matéria constitucionalidade ou inconstitucionalidade (duas faces da mesma moeda), vamos encontrar o ensinamento, que o controle no sistema jurídico brasileiro é judicial ou jurisdicional, como a�irmam José Afonso da Silva e Luís Roberto Barroso . Corretíssimo ao tratarmos do controle legal.

Todavia, existe o controle prévio de constituciona-lidade, que, em tese, é feito dentro das casas legislati-vas. Digo em tese, por crer que de fato ele não é realizado da forma e com a profundidade que deveria o ser, em especial, dentro das Câmaras Municipais. Pela minha vivência pro�issional, acredito que não é realizado da forma que deveria por dois motivos. O primeiro motivo é a desvalorização desta forma de controle pelos pro�issionais da área jurídica no todo, tanto os doutrinadores como os operadores do direito. O segundo motivo é consequência do primeiro. É a falta de consciência de todos os envolvidos no processo legislativo, da importância fundamental do controle de constitucionalidade prévio que deve, com todo o esmero técnico-jurídico e político, ser realizado legis-lativamente, lá, no projeto de lei. Desta forma, quando nascer a LEI, recebendo o seu número, surtindo seus efeitos na vida dos cidadãos – nós, então, ele (projeto de lei), agora ela (lei), será completamente sã. Ou seja, sem o malfadado vício de inconstitucionalidade.

Como a gestação que recebeu todos os cuidados do pré-natal e proporciona maior probabilidade de nascimento de uma criança sã; o processo legislativo que tenha toda a atenção voltada para o exame da constitucionalidade dos projetos de lei proporciona maior probabilidade do nascimento de uma LEI sã. Assim, não haveremos de contar com a sorte.

Desta forma, embora toda a atenção seja voltada para o controle jurisdicional de constitucionalidade, há de se propagar a importância do controle prévio exercido no processo legislativo, sobre os projetos de lei dentro das Câmaras Municipais.

Os nossos Vereadores precisam tomar posse, como dos seus cargos, da importância da atividade que exercem neste assunto. Nossos Vereadores precisam se conscientizar que exercendo com todo rigor a atividade prévia de controle de constitucionalidade nos projetos de lei a necessidade de controle jurisdi-cional diminuirá, proporcionalmente. Precisam se conscientizar que só há necessidade do controle judicial, quando o primeiro controle falha e deixa entrar no mundo jurídico-social uma LEI doente.

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No momento que o controle prévio de constitucio-nalidade for rigorosamente realizado nas Câmaras de Vereadores estarão superadas a�irmações de grandes constitucionalistas, como a de Sahid Maluf : “O controle prévio, porém, visa ao projeto e não à lei mesma. O controle da lei, a posteriori, reveste-se de maior importância”.

Com todo respeito, ouso discordar do grande constitucionalista, pois no meu entender, só é dada maior importância ao controle posterior – o judicial –, em razão da falta de atenção ao direito e do excesso de atenção à política que as casas legislativas dispensam. A busca do equilíbrio entre a política e o direito é indis-pensável, em todos os Poderes.

Luís Roberto Barroso , ao tratar em sua obra, de direito e política, a�irma que a pretensão de autonomia absoluta do direito em relação à política é impossível de se realizar. A a�irmação do autor corrobora o que estou tentando expressar neste breve escrito, sem pretensão técnica alguma, de que as Câmaras de nossos Municípios devem deferir o mesmo patamar de importância que dão à política, ao direito, a �im de impedir que LEIS viciadas pela inconstitucionalidade entrem no ordenamento jurídico municipal.

O Legislativo Municipal não tem apenas uma oportunidade de exercer o controle prévio de constitu-cionalidade. Pode exercê-lo em vários momentos, tais como: pronunciamento da Comissão de Constituição e Justiça, discussão da matéria em plenário – onde Vereadores que não compõe a Comissão poderão apon-tar o vício-, na votação em plenário – onde o projeto inconstitucional será rejeitado-, na rejeição do veto do Prefeito, na aprovação de emenda superadora da inter-pretação judicial e na revogação da lei inconstitucional.

O papel do Legislativo na matéria é muito mais importante do que do que o próprio Legislativo se atribui. Não há boa política sem atenção ao direito. A palavra é equilíbrio.

Continua na próxima edição.

3. MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. Editora Saraiva, 29ª edição, 2009, p.212.4. BARROSO, op. Cit., p. 404.

Homenagem

Dia do Vereador Lei promulgada por D. Pedro I, no dia 1º de outubro de 1828, que estabeleceu a forma das eleições dos membros das Câmaras das cidades e vilas do Império e marcou as suas funções e a dos seus quadros, é a razão da escolha dessa data, instituída pela Lei Federal 7.212/1984, para homenagear o Vereador, homem público que através dos anos vem, decisivamente, colaborando para o desenvolvimento de suas cidades, exercendo, com dignidade e espírito público, as nobilíssimas funções que em nosso sistema constitucional lhe são atribuídas.

Delegações de Prefeituras Municipais - DPM

FIXAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DOS AGENTES

POLÍTICOS MUNICIPAIS: Interpretação conforme orientação dos Tribunais

Ana Maria Janovik

Bartolomê Borba

Júlio César Fucilini Pause

Publicações

BREVE LANÇAMENTO

Publicações

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Armando Moutinho Perin

O Procurador Municipal e a Atuaçãoem Ações Desfavoráveis aoMunicípio ou a Ex-Cliente

Advogado, Especialista em Direito Civil e em Direito Tributário,Conselheiro Seccional da OAB/RS desde 2004, Diretor e Consultor Jurídico da DPM - Portal Legisla WEB

1. Introdução

Nas atuais administrações, em decorrência da mudança do quadro diretivo das municipalidades, diversos advogados assumiram a procuradoria jurídica dos municípios, deparando-se não só com os desa�ios inaugurais da função, cada vez mais especializada, mas também com as seguintes situações: como proceder nas hipóteses de atuação em ações desfavoráveis ao Município ao qual atualmente vinculados, e como agir nas situações em que ex-cliente deve ser demandado pelo Poder Público que agora representam?

O objetivo deste breve estudo é identi�icar, perante a Lei n.º 8.906, de 4-7-1994, que “Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB”, e o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, os procedimentos que deverão ser observados, pelos procuradores munici-pais, nas situações referidas.

2. Exercício da Advocacia: limitações

2.1 Ao Estatuto da Advocacia

A Constituição da República de 1988, no art. 5º, inciso XIII, garante ser “livre o exercício de qualquer trabalho, o�ício ou pro�issão, atendidas as quali�icações pro�issionais que a lei estabelecer”.

A advocacia está regulada na Lei n.º 8.906, de 4-7-1994, denominada Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Dentre outras questões, o Estatuto estabelece que “O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consig-nados no Código de Ética e Disciplina”, que “(...) regula os deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro pro�issional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedi-mentos disciplinares” (art. 33 e parágrafo único). Grifado.

Desse modo, o advogado, no exercício pro�is-sional, deve atentar tanto para as regras de conduta previstas no Estatuto quanto para as normas de comportamento indicadas pelo Código de Ética e Disci-plina.

O Estatuto quali�ica como infração disciplinar “exercer a pro�issão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos”, “violar, sem justa causa, sigilo pro�issional” e “manter conduta incom-patível com a advocacia” (art. 34, incisos I, VII e XXV), sujeitas, as duas primeiras condutas, à penalidade de censura, e, a última, à suspensão do exercício pro�is-sional pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses (art. 36, inciso I; art. 37, inciso I e § 1º). No entanto, a reincidência em infração disciplinar passível de censura pode acarretar na aplicação da suspensão do exercício pro�issional (art. 37, inciso II), sendo relevante anotar que a incidência, por 3 (três) vezes, nessa sanção (suspensão), possui, com uma de suas consequências, a exclusão dos quadros da OAB (art. 38, inciso I).

2.2 Ao Código de Ética e Disciplina

O Código de Ética e Disciplina da OAB, que traz as regras deontológicas do exercício pro�issional,

consigna, no art. 2º, inciso II, como um dos deveres do advogado, “atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé”, e, no art. 4º, que “O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência”, de sorte que “É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente” (parágrafo único do art. 4º).

Prevê, ainda, o Código de Ética e Disciplina, que “O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicial-mente, deve resguardar o segredo pro�issional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido con�iadas” (art. 19), sendo certo que “O sigilo pro�issional é inerente à pro�issão, impondo-se o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa” (art. 25).

3. Atuação em ações desfavoráveis ao Município

Na hipótese de o procurador ter patrocinado interesses desfavoráveis ao Município, no polo ativo ou passivo, após a posse no cargo público respectivo, o caminho é a renúncia ao mandato outorgado, obser-vado o disposto no art. 45 do Código de Processo Civil e no art. 5º, § 3º, do Estatuto da Advocacia. No entanto, ainda que haja, na legislação, obrigação de o advogado continuar representando o mandante pelo prazo de 10 (dez) dias, na hipótese de assunção de cargo público, a renúncia deve ser seguida da nomeação imediata de outro advogado, pois inviável que, durante o decêndio, o pro�issional represente, concomitantemente, os interesses do cliente e da fazenda pública a que vincu-lado.

Viável, igualmente, o substabelecimento de poderes sem reserva, que somente produzirá efeitos, para essa �inalidade (desvinculação das ações desfa-voráveis ao Município), após a noti�icação, pelo advo-gado, do outorgante.

Havendo, posteriormente, a desvinculação do cargo, por qualquer motivo, o ex-procurador �icará inviabilizado de reassumir a condução da ação anterior, desfavorável ao município a que esteve ligado por determinado período, salvo se �icar demonstrado, cabalmente, que durante o exercício do cargo público, não teve acesso a qualquer informação acerca da matéria objeto da lide (art. 19, Código de Ética), prova de di�ícil produção, levando em conta que à procuradoria cabe a análise da quase totalidade das

questões administrativas.

4. Atuação desfavorável a ex-cliente

As limitações do exercício pro�issional constantes do item 2 acima, aplicáveis ao Município, são exten-síveis, evidentemente, a ex-cliente do advogado inves-tido no cargo de procurador municipal. Sendo assim, haverá impedimento na atuação do procurador, repre-sentando o Município, contra ex-cliente, ao menos em relação a assuntos dos quais tenha conhecimento em virtude da relação pro�issional de outrora, por idênti-cos fundamentos do Estatuto (art. 33 e parágrafo único, art. 34, incisos I, VII e XXV) e do Código de Ética e Disciplina da OAB (art. 2º, inciso II, art. 4º e parágrafo único, art. 19 e art. 25).

Nessa hipótese, em que houver o impedimento estatutário e/ou ético, inviabilizador da atuação do procurador como representante do Município contra interesse de ex-cliente, após a devida justi�icativa fundamentada, o patrocínio do interesse público respectivo deverá ser atribuído a outro advogado da municipalidade (desde que este possua, nas atribuições do cargo, a representação judicial) ou, na inexistência de outro advogado público, a advogado contratado especi�icamente para essa(s) situação(ões), observada a Lei n.º 8.666, de 21-6-1993.

E, nessa seara, por idênticas razões, os ex-procuradores do Município não podem patrocinar interesses contra a municipalidade ao qual estavam vinculados, ao menos no tocante as matérias que, pela condição de procurador, conheciam. Importante frisar, por �im, que não há, na legislação, previsão de prazo para essa limitação, que é vinculada, apenas, às infor-mações que o advogado detinha em decorrência do cargo ocupado.

5. Conclusão

A legislação que disciplina o exercício da advoca-cia, mais especi�icamente a Lei n.º 8.906, de 1994, o Estatuto da Advocacia, e o Código de Ética e Disciplina da OAB, limita, tanto sob o aspecto objetivo, quanto sob o viés deontológico, que o advogado represente contra interesse de ex-cliente, acaso detentor de infor-mações sobre a matéria colocada em discussão. E essa limitação de atuação pro�issional, que também se aplica ao Município, após o exercício do cargo, não está vinculada a prazo previamente determinado.

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1. Introdução

Nas atuais administrações, em decorrência da mudança do quadro diretivo das municipalidades, diversos advogados assumiram a procuradoria jurídica dos municípios, deparando-se não só com os desa�ios inaugurais da função, cada vez mais especializada, mas também com as seguintes situações: como proceder nas hipóteses de atuação em ações desfavoráveis ao Município ao qual atualmente vinculados, e como agir nas situações em que ex-cliente deve ser demandado pelo Poder Público que agora representam?

O objetivo deste breve estudo é identi�icar, perante a Lei n.º 8.906, de 4-7-1994, que “Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB”, e o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, os procedimentos que deverão ser observados, pelos procuradores munici-pais, nas situações referidas.

2. Exercício da Advocacia: limitações

2.1 Ao Estatuto da Advocacia

A Constituição da República de 1988, no art. 5º, inciso XIII, garante ser “livre o exercício de qualquer trabalho, o�ício ou pro�issão, atendidas as quali�icações pro�issionais que a lei estabelecer”.

A advocacia está regulada na Lei n.º 8.906, de 4-7-1994, denominada Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Dentre outras questões, o Estatuto estabelece que “O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consig-nados no Código de Ética e Disciplina”, que “(...) regula os deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro pro�issional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedi-mentos disciplinares” (art. 33 e parágrafo único). Grifado.

Desse modo, o advogado, no exercício pro�is-sional, deve atentar tanto para as regras de conduta previstas no Estatuto quanto para as normas de comportamento indicadas pelo Código de Ética e Disci-plina.

O Estatuto quali�ica como infração disciplinar “exercer a pro�issão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos”, “violar, sem justa causa, sigilo pro�issional” e “manter conduta incom-patível com a advocacia” (art. 34, incisos I, VII e XXV), sujeitas, as duas primeiras condutas, à penalidade de censura, e, a última, à suspensão do exercício pro�is-sional pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses (art. 36, inciso I; art. 37, inciso I e § 1º). No entanto, a reincidência em infração disciplinar passível de censura pode acarretar na aplicação da suspensão do exercício pro�issional (art. 37, inciso II), sendo relevante anotar que a incidência, por 3 (três) vezes, nessa sanção (suspensão), possui, com uma de suas consequências, a exclusão dos quadros da OAB (art. 38, inciso I).

2.2 Ao Código de Ética e Disciplina

O Código de Ética e Disciplina da OAB, que traz as regras deontológicas do exercício pro�issional,

consigna, no art. 2º, inciso II, como um dos deveres do advogado, “atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé”, e, no art. 4º, que “O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência”, de sorte que “É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente” (parágrafo único do art. 4º).

Prevê, ainda, o Código de Ética e Disciplina, que “O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicial-mente, deve resguardar o segredo pro�issional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido con�iadas” (art. 19), sendo certo que “O sigilo pro�issional é inerente à pro�issão, impondo-se o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa” (art. 25).

3. Atuação em ações desfavoráveis ao Município

Na hipótese de o procurador ter patrocinado interesses desfavoráveis ao Município, no polo ativo ou passivo, após a posse no cargo público respectivo, o caminho é a renúncia ao mandato outorgado, obser-vado o disposto no art. 45 do Código de Processo Civil e no art. 5º, § 3º, do Estatuto da Advocacia. No entanto, ainda que haja, na legislação, obrigação de o advogado continuar representando o mandante pelo prazo de 10 (dez) dias, na hipótese de assunção de cargo público, a renúncia deve ser seguida da nomeação imediata de outro advogado, pois inviável que, durante o decêndio, o pro�issional represente, concomitantemente, os interesses do cliente e da fazenda pública a que vincu-lado.

Viável, igualmente, o substabelecimento de poderes sem reserva, que somente produzirá efeitos, para essa �inalidade (desvinculação das ações desfa-voráveis ao Município), após a noti�icação, pelo advo-gado, do outorgante.

Havendo, posteriormente, a desvinculação do cargo, por qualquer motivo, o ex-procurador �icará inviabilizado de reassumir a condução da ação anterior, desfavorável ao município a que esteve ligado por determinado período, salvo se �icar demonstrado, cabalmente, que durante o exercício do cargo público, não teve acesso a qualquer informação acerca da matéria objeto da lide (art. 19, Código de Ética), prova de di�ícil produção, levando em conta que à procuradoria cabe a análise da quase totalidade das

questões administrativas.

4. Atuação desfavorável a ex-cliente

As limitações do exercício pro�issional constantes do item 2 acima, aplicáveis ao Município, são exten-síveis, evidentemente, a ex-cliente do advogado inves-tido no cargo de procurador municipal. Sendo assim, haverá impedimento na atuação do procurador, repre-sentando o Município, contra ex-cliente, ao menos em relação a assuntos dos quais tenha conhecimento em virtude da relação pro�issional de outrora, por idênti-cos fundamentos do Estatuto (art. 33 e parágrafo único, art. 34, incisos I, VII e XXV) e do Código de Ética e Disciplina da OAB (art. 2º, inciso II, art. 4º e parágrafo único, art. 19 e art. 25).

Nessa hipótese, em que houver o impedimento estatutário e/ou ético, inviabilizador da atuação do procurador como representante do Município contra interesse de ex-cliente, após a devida justi�icativa fundamentada, o patrocínio do interesse público respectivo deverá ser atribuído a outro advogado da municipalidade (desde que este possua, nas atribuições do cargo, a representação judicial) ou, na inexistência de outro advogado público, a advogado contratado especi�icamente para essa(s) situação(ões), observada a Lei n.º 8.666, de 21-6-1993.

E, nessa seara, por idênticas razões, os ex-procuradores do Município não podem patrocinar interesses contra a municipalidade ao qual estavam vinculados, ao menos no tocante as matérias que, pela condição de procurador, conheciam. Importante frisar, por �im, que não há, na legislação, previsão de prazo para essa limitação, que é vinculada, apenas, às infor-mações que o advogado detinha em decorrência do cargo ocupado.

5. Conclusão

A legislação que disciplina o exercício da advoca-cia, mais especi�icamente a Lei n.º 8.906, de 1994, o Estatuto da Advocacia, e o Código de Ética e Disciplina da OAB, limita, tanto sob o aspecto objetivo, quanto sob o viés deontológico, que o advogado represente contra interesse de ex-cliente, acaso detentor de infor-mações sobre a matéria colocada em discussão. E essa limitação de atuação pro�issional, que também se aplica ao Município, após o exercício do cargo, não está vinculada a prazo previamente determinado.

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Graziela Bellé Lange

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Breves Comentáriosà Jurisprudência

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL QUE ESTABELECE O AGENDA-MENTO TELEFÔNICO DE CONSULTAS PARA PACI-ENTES PREVIAMENTE CADASTRADOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CIDREIRA. Compete privativamente ao Prefeito Municipal dispor sobre a organização e o funciona-mento da administração municipal (art. 73 da Lei Orgânica do Município de Cidreira e art. 82, VII da CE). Tem-se invasão direta na competência priva-tiva do Prefeito, lei de iniciativa do Poder Legisla-tivo, que dispõe sobre agendamento telefônico de consultas médicas em Unidades de Saúde do Município. Ofende, também, a denominada reserva de administração, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da separação dos poderes (CF, art. 2º). Precedentes do STF e desta Corte. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. UNÂNIME. (Ação Direta de Inconsti-tucionalidade Nº 70053768081, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 19/08/2013)

Na decisão, cuja ementa foi acima transcrita, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul observou que a Lei que estabeleceu o agendamento telefônico de consultas para pacientes previamente cadastrados nas unidades de saúde do Município demonstra evidente vício de origem pela interfer-ência do Poder Legislativo na autonomia adminis-trativa do Poder Executivo, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da separação dos poderes (art. 2º da Constituição da República). Ainda, na íntegra da decisão, consta que tal Lei interfere também diretamente na organização do serviço, invadindo a competência privativa do chefe do Poder Executivo. Tendo, então, ocorrido afronta aos arts. 60, II, “d” e 82, VII da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, a Lei em questão foi declarada inconstitucional.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES. ARTIGO 24, § 1°, DA LEI MUNICIPAL N° 5.130, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2010 E ARTIGO 29, § 1°, DA LEI MUNICIPAL N° 5.386, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. CELEBRAÇÃO DE ACORDOS E CONVÊNIOS PELO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. ATO DE COM-PETÊNCIA PRIVATIVA. APROVAÇÃO PRÉVIA PELO PODER LEGISLATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2° DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ARTIGOS 5° E 10 DA CONSTITUIÇAO ESTADUAL. Questão resolvida sem discrepância na jurisprudência deste Órgão Especial e do Supremo Tribunal Federal, reputando-se ofensiva ao princípio da separação e independência dos Poderes a submissão à prévia aprovação do Legislativo de acordos e convênios em geral celebrados pelo Chefe do Poder Executivo. Ato de competência privativa do Chefe do Poder Execu-tivo, nos termos do artigo 84 da Constituição Federal e artigo 82, incs. II e XXI da Constituição Estadual. AÇÃO DIRETA DE INSCONSTITUCIONALI-DADE JULGADA PROCEDENTE. UNÂNIME. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 70048988349, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 12/08/2013)

Na situação acima, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul entendeu pela existên-cia de ofensa ao princípio da separação e independência dos Poderes quando da submissão de acordos e convênios em geral celebrados pelo Chefe do Poder Executivo à prévia aprovação do Legislativo. Segundo a citada Corte, a exigência de autorização formal do Legislativo é inconstitucio-nal, “na medida em que o ato é de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, nos termos do artigo 84 da Constituição Federal e artigo 82, incs. II e XXI da Constituição Estadual”. Refere, também, que na mesma linha de entendimento segue o Supremo Tribunal Federal em reiteradas decisões, rea�irmando que as normas que subordi-nam a celebração de acordos e convênios em geral, por órgãos do Executivo, à autorização prévia das Casas Legislativas, ferem o princípio da independência e harmonia dos poderes.

Advogada, Especialista em Práticas Jurídicas e Cidadania,Consultora Jurídica da DPM-Portal Legisla WEB

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Ana Maria JanovikAdvogada, Especialista em Direito do Estado, Mestranda em Direito Público,

Consultora Jurídica da DPM-Portal Legisla WEB

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VERB

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Verbetes

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REGIME DE GOVERNO

GOVERNO

De acordo com DI PIETRO (2007: 45), basica-mente são dois os sentidos em que a expressão “Administração Pública” é utilizada: o primeiro, sentido subjetivo ou formal, designa os entes que exercem a atividade administrativa como uma das três funções do Estado (administrativa, legislativa e judiciária), compreendendo assim as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes públicos incumbi-dos do exercício função administrativa, e, o segundo, sentido objetivo ou material, diz respeito à natureza da atividade exercida pelos referidos entes, acepção na qual a Administração Pública é a própria função administrativa, considerando-se a divisão tripartite das funções do Estado (administrativa, legislativa e judiciária), a qual é incumbência preponderante do Poder Executivo.

Assim, a expressão Administração Pública pode ser compreendida, em sentido amplo, como uma das manifestações do Poder Público na gestão ou execução de atos ou de negócios políticos, realizada por meio dos agentes e órgãos que compõem a estrutura do Poder Executivo.

Todavia, essa de�inição ampla de Administra-ção Pública se confunde com a própria função política do Estado, representando um sentido de governo. Essas duas expressões (administração pública e governo), embora tenham sentidos diver-sos, por vezes se entrelaçam de tal forma que não se pode fazer uma diferenciação exata entre os órgãos que estruturam o governo e as funções que eles desempenham. Entretanto, em signi�icando, o governo a totalidade de órgãos representativos da soberania, responsáveis pela direção suprema do Estado em seu conjunto e em suas unidades isola-damente consideradas, a administração pública, subordinada diretamente ao Poder Executivo, signi�ica apenas o complexo de funções que os órgãos deste Poder executam no desempenho de atividades que interessam ao Estado e ao seu povo.

Assim, em sentido estrito, pode-se de�inir Administração Pública como a direção ou gestão de negócios ou serviços públicos, realizados por todos os seus órgãos, departamentos ou setores especializados, com a �inalidade de prover as necessidades de ordem geral e coletiva.

A Administração Pública é federal quando se refere à direção dos negócios afetos ou próprios da União; estadual, quando se relaciona com os serviços e negócios públicos administrados pelos estados federados; municipal, quando representa o conjunto de serviços e negócios sob a administração dos Municípios.

É a organização da che�ia do Estado quanto ao modo de designação do titular e quanto à extensão temporal do exercício da função. Na monarquia, a che�ia de Estado é hereditária e vitalícia. Na república, eletiva e temporária.

Do latim gubernare, signi�ica conduzir, dirigir ou administrar uma série de fatos ou de coisas, razão pela qual se aplica a qualquer ramo da ciência da administração.

Em sentido estrito, governo expressa o complexo de regras ou princípios que orientam ou fundamentam os poderes e competências do gover-nante ou dos governantes, responsáveis pela execução das atividades administrativas do Estado. Politicamente, considera-se governo o conjunto de órgãos que realizam a administração pública.

Assim, o governo poderá ser monárquico, aristocrático ou democrático, quando instituído de acordo com as regras constitucionalmente estabe-lecidas para o exercício do poder político, ou tirânico, oligárquico ou demagogo, quando instituído pelas formas anormais ou corrompidas do poder político.

A autarquia é uma espécie de entidade da Administração Indireta, criada por lei pelo Poder Público para administrar ou realizar funções ou serviços de interesse coletivo. É dotada de personalidade jurídica própria, caracterizando-se como pessoa jurídica de direito público interno, com plena capacidade de autoadministração, inclusive em relação ao patrimônio e receitas que lhe são próprios.

Entretanto, apesar de compor um departamento economicamente autônomo, é vinculada à �iscalização do ente público ao qual se subordina, que realiza o controle e veri�icação dos seus resultados, a harmonia de suas atividades com a programação do Governo, a e�iciência da sua gestão e a manutenção da sua autonomia �inanceira e operacional, de acordo com os mecanismos instituídos na lei de sua criação.

AUTARQUIA

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PÁGINAS AZUIS Perguntas e Respostas

O que é o nepotismo?O termo nepotismo deriva do latim nepos, nepotis,

palavras que signi�icam neto e sobrinho, respectivamente, e teve seu conceito muito associado à atuação de reis e pontí�ices da Igreja Católica que, em determinado período histórico, concediam cargos e favores aos seus parentes mais próximos. Atualmente, no entanto, a palavra passou a ser utilizada no sentido de favorecimento, designando a conduta dos agentes públicos que fazem concessões a seus familiares, outorgando-lhes cargos e funções pelo simples fato de manterem com estes relações de parentesco, em frontal ofensa aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e probidade administrativa.

A Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Federal, que trata do nepotismo, é aplicável aos Poderes Executivo e Legislativo?

Sim. Por expressa disposição da referida Súmula, que possui efeito vinculante, a proibição do nepotismo alcança a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, vedando a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por a�inidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, che�ia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de con�iança, ou, ainda, de função grati�icada.

Qual o grau de parentesco que pode caracterizar a ocorrência de nepotismo?

Con�igura nepotismo a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau em linha reta (�ilhos, netos, bisnetos, pais, avós, bisavós), colateral (irmãos, sobrinhos, tios) ou por a�inidade (�ilhos, netos, bisnetos, pais, avós, bisavós, irmãos do cônjuge ou companheiro; NOTA: interpretações encontradas no âmbito do Poder Judiciário incluem,

ainda, o sobrinho e o tio do cônjuge ou companheiro).

Quais os instrumentos de que dispõe o Município para o planejamento e gestão dos recursos públicos?

A gestão de recursos públicos, considerando as �inalidades do Município, exige o estudo prévio sobre o montante da receita e da despesa necessárias à execução do plano de ação governamental. Em linhas gerais, o orçamento municipal serve para estabelecer o planejamento do Município em curto prazo (exercício �inanceiro – 1° de janeiro a 31 de dezembro) e médio prazo (Plano Plurianual – 4 anos), discriminando as ações, projetos e atividades que a Administração pretende realizar.

A concretização deste planejamento se dá por meio de três instrumentos de�inidos no art. 165 da Constituição da República: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

O que é e qual a �inalidade do Plano Plurianual (PPA)?

O PPA é um instrumento de planejamento orçamentário que de�ine a orientação estratégica do planejamento municipal. Apresenta-se na forma de Lei Ordinária que, uma vez aprovada, determinará as metas e as prioridades do Município ao longo de um período de 4 (quatro) anos, compreendidos entre o 2º ano de um mandato eletivo e o 1º ano do mandato

seguinte, quando um novo planejamento de médio prazo deverá ser realizado.

O que é e qual a �inalidade da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)?

A LDO é a norma que estabelece as diretrizes, prioridades e metas da Administração, orientando a elaboração da proposta orçamentária para o próximo exercício, compatibilizando as políticas, objetivos

e metas estabelecidos no Plano Plurianual com as ações previstas nos orçamentos, possibilitando sua consecução. Busca, também, promover um debate sobre a ligação e a adequação entre receitas e despesas públicas e as prioridades orçamentárias através da apresentação prévia, no Anexo de Metas Fiscais, do montante que se espera arrecadar, bem como dos dispêndios programados, indicando, também, o resultado necessário para a obtenção do equilíbrio das

contas públicas.

O que é e qual a �inalidade da Lei Orçamentária Anual (LOA)?

A LOA é a norma que compreende o orçamento dos órgãos e entidades da administração direta e indireta municipal, prevendo a receita e �ixando a despesa a serem realizadas dentro de um exercício �inanceiro (1° de janeiro a 31 de dezembro). Elaborada em compatibilidade com a programação orçamentária e com os objetivos e metas da Administração Municipal �ixados no Plano Plurianual e na lei de Diretrizes Orçamentárias.

Qual é a autoridade competente para iniciar o processo legislativo das leis que tratam do planejamento de gestão dos recursos públicos?

Cabe ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa privativa de leis que tratam do Plano Plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, as quais deverão ser discutidas com os cidadãos em audiências públicas, como condição prévia para a remessa e aprovação pelo Poder Legislativo.

O Poder Legislativo Municipal pode rejeitar o projeto de Lei Orçamentária Anual?

Em regra sim, de acordo com o que prevê o art. 166, § 8º, da Constituição da República. Entretando tal medida demandaria a existência de extrema distorção e incongruência do projeto de LOA, impossível de ser solvida mediante emendas.

O Poder Legislativo Municipal pode alterar o projeto de Lei Orçamentária Anual sem indicar a fonte de recurso?

Não. As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modi�iquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídos os que incidam sobre dotações para pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias constitucionais. As alterações promovidas no projeto de lei do orçamento anual sem atender a esses requisitos não podem ser aprovadas e, portanto, desobrigam o Poder Executivo de seu cumprimento, ainda que eventuais vetos sejam derrubados pelo Poder Legislativo.

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Rafael Edison RodriguesAdvogado, Filósofo, Especialista em Controladoria e Finanças, Consultor Jurídico da DPM-Portal Legisla WEB

O que é o nepotismo?O termo nepotismo deriva do latim nepos, nepotis,

palavras que signi�icam neto e sobrinho, respectivamente, e teve seu conceito muito associado à atuação de reis e pontí�ices da Igreja Católica que, em determinado período histórico, concediam cargos e favores aos seus parentes mais próximos. Atualmente, no entanto, a palavra passou a ser utilizada no sentido de favorecimento, designando a conduta dos agentes públicos que fazem concessões a seus familiares, outorgando-lhes cargos e funções pelo simples fato de manterem com estes relações de parentesco, em frontal ofensa aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e probidade administrativa.

A Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Federal, que trata do nepotismo, é aplicável aos Poderes Executivo e Legislativo?

Sim. Por expressa disposição da referida Súmula, que possui efeito vinculante, a proibição do nepotismo alcança a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, vedando a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por a�inidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, che�ia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de con�iança, ou, ainda, de função grati�icada.

Qual o grau de parentesco que pode caracterizar a ocorrência de nepotismo?

Con�igura nepotismo a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau em linha reta (�ilhos, netos, bisnetos, pais, avós, bisavós), colateral (irmãos, sobrinhos, tios) ou por a�inidade (�ilhos, netos, bisnetos, pais, avós, bisavós, irmãos do cônjuge ou companheiro; NOTA: interpretações encontradas no âmbito do Poder Judiciário incluem,

ainda, o sobrinho e o tio do cônjuge ou companheiro).

Quais os instrumentos de que dispõe o Município para o planejamento e gestão dos recursos públicos?

A gestão de recursos públicos, considerando as �inalidades do Município, exige o estudo prévio sobre o montante da receita e da despesa necessárias à execução do plano de ação governamental. Em linhas gerais, o orçamento municipal serve para estabelecer o planejamento do Município em curto prazo (exercício �inanceiro – 1° de janeiro a 31 de dezembro) e médio prazo (Plano Plurianual – 4 anos), discriminando as ações, projetos e atividades que a Administração pretende realizar.

A concretização deste planejamento se dá por meio de três instrumentos de�inidos no art. 165 da Constituição da República: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

O que é e qual a �inalidade do Plano Plurianual (PPA)?

O PPA é um instrumento de planejamento orçamentário que de�ine a orientação estratégica do planejamento municipal. Apresenta-se na forma de Lei Ordinária que, uma vez aprovada, determinará as metas e as prioridades do Município ao longo de um período de 4 (quatro) anos, compreendidos entre o 2º ano de um mandato eletivo e o 1º ano do mandato

seguinte, quando um novo planejamento de médio prazo deverá ser realizado.

O que é e qual a �inalidade da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)?

A LDO é a norma que estabelece as diretrizes, prioridades e metas da Administração, orientando a elaboração da proposta orçamentária para o próximo exercício, compatibilizando as políticas, objetivos

e metas estabelecidos no Plano Plurianual com as ações previstas nos orçamentos, possibilitando sua consecução. Busca, também, promover um debate sobre a ligação e a adequação entre receitas e despesas públicas e as prioridades orçamentárias através da apresentação prévia, no Anexo de Metas Fiscais, do montante que se espera arrecadar, bem como dos dispêndios programados, indicando, também, o resultado necessário para a obtenção do equilíbrio das

contas públicas.

O que é e qual a �inalidade da Lei Orçamentária Anual (LOA)?

A LOA é a norma que compreende o orçamento dos órgãos e entidades da administração direta e indireta municipal, prevendo a receita e �ixando a despesa a serem realizadas dentro de um exercício �inanceiro (1° de janeiro a 31 de dezembro). Elaborada em compatibilidade com a programação orçamentária e com os objetivos e metas da Administração Municipal �ixados no Plano Plurianual e na lei de Diretrizes Orçamentárias.

Qual é a autoridade competente para iniciar o processo legislativo das leis que tratam do planejamento de gestão dos recursos públicos?

Cabe ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa privativa de leis que tratam do Plano Plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, as quais deverão ser discutidas com os cidadãos em audiências públicas, como condição prévia para a remessa e aprovação pelo Poder Legislativo.

O Poder Legislativo Municipal pode rejeitar o projeto de Lei Orçamentária Anual?

Em regra sim, de acordo com o que prevê o art. 166, § 8º, da Constituição da República. Entretando tal medida demandaria a existência de extrema distorção e incongruência do projeto de LOA, impossível de ser solvida mediante emendas.

O Poder Legislativo Municipal pode alterar o projeto de Lei Orçamentária Anual sem indicar a fonte de recurso?

Não. As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modi�iquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídos os que incidam sobre dotações para pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias constitucionais. As alterações promovidas no projeto de lei do orçamento anual sem atender a esses requisitos não podem ser aprovadas e, portanto, desobrigam o Poder Executivo de seu cumprimento, ainda que eventuais vetos sejam derrubados pelo Poder Legislativo.

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Técnica Legislativa: Entendendoa Estrutura da Lei Municipal

A Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, alterada pela Lei Complementar nº 107, de 26 de abril de 2001, regulamentou o art. 59 da Constitu-ição da República, dispondo sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis. Essas disposições são conhecidas como próprias de técnica legislativa, que consiste no modo correto de elaborar normas jurídicas, com o objetivo de torná-las exequíveis e e�icazes.

Suas diretrizes alcançam todos os atos normati-vos, estando a ela sujeitas as emendas à Constituição, as leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos tanto legislativos quanto executivos, as resoluções e os demais atos de regulamentação expedidos pelos órgãos do Poder Executivo. Além disso, Estados, Municípios e Distrito Federal estão adstritos à sua observância, em razão de as regras de processo legis-lativo já terem sido sagradas, pelo Supremo Tribunal Federal, à condição e princípios constitucionais.

Ana Maria JanovikAdvogada, Especialista em Direito do Estado, Mestranda em Direito Público,

Consultora Jurídica da DPM-Portal Legisla WEB

De acordo com seus preceitos, a estrutura básica da lei obedecerá a seguinte disposição:

• Parte preliminar: abrange a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas.

• Parte normativa: compreendendo o texto das normas substantivas relacionadas com a matéria regulada.

• Parte �inal: abarca as disposições relaciona-das com as medidas necessárias à implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, e as cláusulas de vigência e de revogação, quando for o caso.

Continua na próxima edição

Neste primeiro esquema, trataremos da parte preliminar:

EPÍGRAFEDeve ser escrita em letras maiúsculas, contendo: título designativo da espécie normativa, número e ano de promulgação. (art. 4º da LC 95/1998)

RUBRICA OU EMENTADeve ser escrita em destaque, explicitando, em poucas palavras e na forma de título, o objeto da lei. (art. 5º da LC 95/1998

PREÂMBULOContém o nome da autoridade, o seu cargo e a atribuição legal para promulgar a lei. (art. 6º da LC 95/1998

ARTIGO 1ºDeve indicar o objeto da lei e seu âmbito de aplicação. (art. 7º da LC 95/1998)

LEI N.º 5.867, DE 16 DE SETEMBRO DE 2013.

Dispõe sobre a obrigatoriedade das agências bancárias e demais estabelecimentos de crédito colocar à disposição dos usuários pessoal suficiente no setor de caixas, para prestação de atendimento digno e profissional a seus clientes.

O PREFEITO MUNICIPAL Faço saber que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Ficam as agências bancárias e demais estabeleci-mentos de crédito do Município de Modelópolis obrigados a colocar à disposição dos usuários pessoal suficiente no setor de caixas, para que o atendimento seja feito em prazo hábil, respeitada a dignidade e o tempo do usuário.

(Parte Preliminar)

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DO D

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SO 1

Estudo de Caso 1

1. O Estudo de Caso 1 refere-se à Informação DPM nº 1.638/20132. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 278.

Solicito parecer acerca da situação de Servidor Municipal que acumula o cargo com o de Vereador e se ausenta do trabalho para eventos relacionados a vereança recebendo diárias pela Câmara e os dias não trabalhados remunerados na folha de pagamento como servidor. [sic]

Servidores que exercem mandato eletivo de vereador concomitante a cargo público. As ausências ao serviço público do servidor eleito vereador para participar de atividades no interesse do Poder Legisla-tivo devem ser consideradas faltas injusti�icadas, acarretando o desconto remuneratório e demais re�lexos previstos na legislação local. Precedentes Jurisprudenciais.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

1. Trata-se de questionamento referente à forma correta de atuação da Administração nas situações em que vereadores, também providos em cargos efetivos, ausentam-se do serviço público municipal, em decor-rência de viagens e outras atividades inerentes ao mandato eletivo. Conforme informado, a consulta

originou-se da ausência do servidor/vereador para sua ida em cursos e treinamentos, com retiradas de diárias no Poder Legislativo e sua participação em comissões camerárias no seu horário de expediente no Poder Executivo.

2. A matéria encontra respaldo no art. 38, III, da Constituição da República, pelo qual se estabelece a possibilidade de acumulação de cargo público com o exercício de mandato eletivo de vereador, desde que observada a compatibilidade de horários, nos seguintes termos:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacio-nal, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:[…] II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;III – investido no mandato de Vereador, havendo compati-bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilida-de, será aplicada a norma do inciso anterior; (grifamos)

Da análise dos dispositivos transcritos podemos concluir que, como bem resume Medauar , ao ser investido no mandato de vereador surgirá para o servidor duas diferentes situações: a primeira, em que há “compatibilidade de horários entre as sessões da Câmara Municipal e a jornada de servidor, caso em que exercerá os dois vínculos, recebendo pagamento por ambos”; e uma segunda, em que se veri�ica a “ausência de compatibilidade de horários, acarretando o afasta-mento do cargo, função ou emprego, com faculdade de optar pela sua remuneração”.

Se preenchido o requisito constitucional da compatibilidade de horários, portanto, mantendo-se para isso inalterada sua remuneração, o servidor possui a prerrogativa de exercer suas funções regular-mente, sem prejuízos da carga horária estabelecida por lei, limitando o exercício da vereança ao tempo que estiver fora do serviço público municipal. Caso contrário, poderá, inclusive, ser responsabilizado disciplinarmente, afastando-se qualquer exceção pelo fato de ser vereador.

3. Por outro lado, não se desconhece que a vereança exige do servidor mandatário a participação em cursos, seminários e outras atividades de aperfeiçoa-mento vinculadas ao Poder Legislativo. Contudo esta

Consulta Formulada:

Ementa:

Resposta:

Eduardo LuchesiAdvogado, Mestrando em Direito Público

Consultor Jurídico da DPM - Portal Legisla WEB

Servidores que exercem mandato eletivo de vereador concomitante a cargo público.

necessidade não é su�iciente para justi�icar sua ausên-cia no desempenho do cargo efetivo do qual não está afastado, por supostamente haver compatibilidade de horários, nos termos da Constituição.

Isso porque, além de estar entre os deveres inerentes ao provimento de cargo público o exercício com zelo e dedicação de suas as atribuições, como também ser assíduo e pontual ao serviço , o desempenho de atividades vinculadas à vereança dentro do horário de expediente da repartição pode ser considerado desempenho de atividade particular no serviço público , situações sujeitas às sanções disciplinares na forma prevista no Regime Jurídico Municipal, Lei Municipal nº 017-2001 .

Diante disso, entende-se que à Administração cabe apurar as ausências decorrentes do exercício da vereança e descontá-las, considerando-as como faltas injusti�icadas, inclusive com re�lexos no dia de repouso semanal remunerado do servidor, se for o caso, nos termos da legislação pertinente.

4. Nesse sentido, a Procuradoria Geral do Estado, por meio do Parecer nº 9909/93, manifestou que a ausên-cia do servidor do serviço público insurge no descum-primento de seus deveres funcionais, dentre os quais destaca a efetividade, a assiduidade e a pontualidade, como segue:

Exercício acumulado de cargo público municipal de mandato eletivo. Impossibilidade por ausente a compatibilidade de horários se o Edil deve afastar-se durante o horário de expedi-ente para comparecer a reuniões da Comissão que integra, no Poder Legislativo. […] “Essa autorização constitucional pressupõe a possibilidade de exercício pleno de uma outra posição, com observância rigorosa da efetividade, assiduidade e pontualidade.” (PARECER nº 8172) 2. Na hipótese da consulta presente, a compatibilidade de horários entre o exercício do mandato de vereador com o das atribuições dos cargos de Veterinário e Fiscal de Obras é inexistente, vez que o exercício da Vereança obriga o servidor público Edil, ao afastamento de seu local de trabalho, em horário de expedi-ente para atender as reuniões das Comissões que integra. […] 4. Quanto aos procedimentos a serem adotados diante das situações de afastamentos dos servidores públicos Edis, para participarem de eventos do interesse da Câmara de Vereadores, devem ser observadas as disposições legais locais disciplinadoras dos afastamentos desta ordem dos servidores públicos.

O mesmo entendimento pode ser encontrado no âmbito do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que já opinou expressamente que os dias de ausência do servidor para atender atividades envol-

vendo seu mandato eletivo devem ser considerados como faltas não justi�icadas, com os consequentes descontos remuneratórios e re�lexos estatutários cabíveis (férias, promoção, licenças, etc), nos seguintes termos :

No que tange ao apontado no item 1.4, referente a servidor, que também é Vereador, ter viajado pela Câmara e não ter esses mesmos dias descontados, no Poder Executivo, pela sua falta ao serviço, o Administrador alega que não houve o desconto porque o servidor possui banco de horas extras, motivo pelo qual seu afastamento na condição de edil foi suportado pela compensação. Não há como acolher os argumentos do Gestor, tendo em vista que o documento encaminhado para comprovar o crédito de horas do servidor além de não comprovar que as horas foram efetivamente prestadas, informa que o mesmo se encontrava a serviço do IPERGS, com o que as horas extras, se prestadas, não o foram ao Executivo Municipal, mas à autarquia estadual. Sendo assim, deve o Gestor assumir o ônus do ato que acarretou o débito impugnado ressarcindo ao erário o valor do prejuízo causado […]Assim, considerando que as falhas, em sua globalidade, não são de molde a levar a rejeição das contas, entretanto eviden-ciam a prática de atos contrários às normas de administração �inanceira e orçamentária, acolho a manifestação do ilustre Representante Ministerial, e voto:a)pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das contas dos Senhores José Antônio Ruwer e Elemar Antônio Dill, Chefes do Executivo Municipal de São Paulo das Missões no exercício de 2006, com fundamento no artigo 5º da Resolução 414/92 deste Tribunal;b)pela glosa dos seguintes valores: R$ […] relativo ao item 1.4, que trata do pagamento indevido à servidor, que também é Vereador e esteve viajando pela câmara e não teve esses mesmos dias descontados.

E, ainda, em outra oportunidade, a Corte de Contas inclusive entendeu pela responsabilização do Gestor ao abonar faltas de servidores, decorrentes do exercício da vereança, conforme se constata do excerto extraído do processo de prestação de contas nº 003188-02.00/06-5 :

item 6.2 (�ls. 148 e 603/604) - o servidor Jerri Adriano Paier, tendo em vista a compatibilidade de horários, exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador Municipal. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal. Não foi efetuado o desconto dos dias não trabalhados pelo servidor. O exercício de vereança não pode interferir no desempenho do cargo efetivo, portanto, os dias não trabalhados para participar de curso de interesse do Legislativo não podem ser considerados como faltas justi�icadas. O valor de R$ 203,67, referente aos dias não trabalhados, é passível de devolução aos cofres públicos; […]Do exposto, permanece o aponte e o respectivo indicativo de

glosa.Em relação aos itens a seguir elencados não houve qualquer tipo de manifestação ou esclarecimento por parte dos Responsáveis, com o que se impõe a �ixação de débito:[…]item 6.2 - servidor municipal exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal, não sendo efetuado o desconto dos dias não trabalhados, correspondente ao valor de R$ 203,67. (grifamos)

Corroborando os entendimentos referidos, encontramos junto ao acervo do Tribunal de Justiça do Estado o reconhecimento, em situação análoga, como ato de improbidade do Administrador permitir o afastamento do servidor do serviço público para participar de reuniões de comissões sem constar no registro do seu ponto a falta injusti�icada, bem como sem qualquer compensação de horário:

APELAÇÕES CÍVEIS E RECURSO ADESIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MUNICÍPIO DE BAGÉ. LEI N. 8429/92. ART. 10 E 11. ACÚMULO DE ATIVIDADES DE SERVIDOR MUNICIPAL E VEREADOR EM INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPRO-VAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO. OMISSÃO DO PREFEITO DIANTE DO ATO ILEGAL. PROVA DA PRÁTICA DOS ATOS DE IMPROBIDADE. […] Com efeito, as sessões da Comissão de Constituição e Justiça, integra-da pelo demandado Ricardo Cougo, tinham início dentro do horário em que o servidor municipal e também vereador deveria estar exercendo atividade, a exemplo dos documentos das �ls. 32, 78 e 196, o que comprova a ilegalidade praticada. Do exame dos cartões e livro ponto (�ls. 200-7), veri�ica-se que o preenchimento era feito sem qualquer alteração de horário, seja para maior ou para menor, o que mostra a má-fé do servidor que lançava alguns horários, sem correspondência com a realidade, o que, por si só é um ilícito .

5. Dessa forma, objetivamente concluímos que mantido o exercício do cargo efetivo do servidor, cumulativamente com o mandato eletivo de vereador, deverá observar-se a compatibilidade de horários nos termos da Constituição e o exercício regular das atividades do cargo, junto ao Poder Executivo munici-pal. Eventuais faltas em razão do mandato deverão ser consideradas injusti�icadas, com o desconto remuneratório correspondente e a incidência dos re�lexos disciplinares cabíveis em cada caso concreto.

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Vereador

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Estudo de Caso 1

3. Art. 129 - São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; […] X - ser assíduo e pontual ao serviço;4. Art. 130 - É proibido ao servidor qualquer ação ou omissão capaz de comprome-ter a dignidade e o decoro da função pública, ferir a disciplina e a hierarquia, prejudicar a e�ciência do serviço ou causar dano à Administração Pública, especialmente: [...]VIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho.5. Fonte: BLM do TCE/RS. 6. Processo nº 3988-0200/07-9 Natureza: Prestação de Contas Data da Sessão: 01-04-2008 Órgão Julgador: Primeira Câmara Relator: Conselheiro HELIO SAUL MILESKI. Disponível em: http://www.tce.rs.gov.br/ .7. Disponível em: http://www.tce.rs.gov.br/ .

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Solicito parecer acerca da situação de Servidor Municipal que acumula o cargo com o de Vereador e se ausenta do trabalho para eventos relacionados a vereança recebendo diárias pela Câmara e os dias não trabalhados remunerados na folha de pagamento como servidor. [sic]

Servidores que exercem mandato eletivo de vereador concomitante a cargo público. As ausências ao serviço público do servidor eleito vereador para participar de atividades no interesse do Poder Legisla-tivo devem ser consideradas faltas injusti�icadas, acarretando o desconto remuneratório e demais re�lexos previstos na legislação local. Precedentes Jurisprudenciais.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

1. Trata-se de questionamento referente à forma correta de atuação da Administração nas situações em que vereadores, também providos em cargos efetivos, ausentam-se do serviço público municipal, em decor-rência de viagens e outras atividades inerentes ao mandato eletivo. Conforme informado, a consulta

originou-se da ausência do servidor/vereador para sua ida em cursos e treinamentos, com retiradas de diárias no Poder Legislativo e sua participação em comissões camerárias no seu horário de expediente no Poder Executivo.

2. A matéria encontra respaldo no art. 38, III, da Constituição da República, pelo qual se estabelece a possibilidade de acumulação de cargo público com o exercício de mandato eletivo de vereador, desde que observada a compatibilidade de horários, nos seguintes termos:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacio-nal, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:[…] II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;III – investido no mandato de Vereador, havendo compati-bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilida-de, será aplicada a norma do inciso anterior; (grifamos)

Da análise dos dispositivos transcritos podemos concluir que, como bem resume Medauar , ao ser investido no mandato de vereador surgirá para o servidor duas diferentes situações: a primeira, em que há “compatibilidade de horários entre as sessões da Câmara Municipal e a jornada de servidor, caso em que exercerá os dois vínculos, recebendo pagamento por ambos”; e uma segunda, em que se veri�ica a “ausência de compatibilidade de horários, acarretando o afasta-mento do cargo, função ou emprego, com faculdade de optar pela sua remuneração”.

Se preenchido o requisito constitucional da compatibilidade de horários, portanto, mantendo-se para isso inalterada sua remuneração, o servidor possui a prerrogativa de exercer suas funções regular-mente, sem prejuízos da carga horária estabelecida por lei, limitando o exercício da vereança ao tempo que estiver fora do serviço público municipal. Caso contrário, poderá, inclusive, ser responsabilizado disciplinarmente, afastando-se qualquer exceção pelo fato de ser vereador.

3. Por outro lado, não se desconhece que a vereança exige do servidor mandatário a participação em cursos, seminários e outras atividades de aperfeiçoa-mento vinculadas ao Poder Legislativo. Contudo esta

necessidade não é su�iciente para justi�icar sua ausên-cia no desempenho do cargo efetivo do qual não está afastado, por supostamente haver compatibilidade de horários, nos termos da Constituição.

Isso porque, além de estar entre os deveres inerentes ao provimento de cargo público o exercício com zelo e dedicação de suas as atribuições, como também ser assíduo e pontual ao serviço , o desempenho de atividades vinculadas à vereança dentro do horário de expediente da repartição pode ser considerado desempenho de atividade particular no serviço público , situações sujeitas às sanções disciplinares na forma prevista no Regime Jurídico Municipal, Lei Municipal nº 017-2001 .

Diante disso, entende-se que à Administração cabe apurar as ausências decorrentes do exercício da vereança e descontá-las, considerando-as como faltas injusti�icadas, inclusive com re�lexos no dia de repouso semanal remunerado do servidor, se for o caso, nos termos da legislação pertinente.

4. Nesse sentido, a Procuradoria Geral do Estado, por meio do Parecer nº 9909/93, manifestou que a ausên-cia do servidor do serviço público insurge no descum-primento de seus deveres funcionais, dentre os quais destaca a efetividade, a assiduidade e a pontualidade, como segue:

Exercício acumulado de cargo público municipal de mandato eletivo. Impossibilidade por ausente a compatibilidade de horários se o Edil deve afastar-se durante o horário de expedi-ente para comparecer a reuniões da Comissão que integra, no Poder Legislativo. […] “Essa autorização constitucional pressupõe a possibilidade de exercício pleno de uma outra posição, com observância rigorosa da efetividade, assiduidade e pontualidade.” (PARECER nº 8172) 2. Na hipótese da consulta presente, a compatibilidade de horários entre o exercício do mandato de vereador com o das atribuições dos cargos de Veterinário e Fiscal de Obras é inexistente, vez que o exercício da Vereança obriga o servidor público Edil, ao afastamento de seu local de trabalho, em horário de expedi-ente para atender as reuniões das Comissões que integra. […] 4. Quanto aos procedimentos a serem adotados diante das situações de afastamentos dos servidores públicos Edis, para participarem de eventos do interesse da Câmara de Vereadores, devem ser observadas as disposições legais locais disciplinadoras dos afastamentos desta ordem dos servidores públicos.

O mesmo entendimento pode ser encontrado no âmbito do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que já opinou expressamente que os dias de ausência do servidor para atender atividades envol-

vendo seu mandato eletivo devem ser considerados como faltas não justi�icadas, com os consequentes descontos remuneratórios e re�lexos estatutários cabíveis (férias, promoção, licenças, etc), nos seguintes termos :

No que tange ao apontado no item 1.4, referente a servidor, que também é Vereador, ter viajado pela Câmara e não ter esses mesmos dias descontados, no Poder Executivo, pela sua falta ao serviço, o Administrador alega que não houve o desconto porque o servidor possui banco de horas extras, motivo pelo qual seu afastamento na condição de edil foi suportado pela compensação. Não há como acolher os argumentos do Gestor, tendo em vista que o documento encaminhado para comprovar o crédito de horas do servidor além de não comprovar que as horas foram efetivamente prestadas, informa que o mesmo se encontrava a serviço do IPERGS, com o que as horas extras, se prestadas, não o foram ao Executivo Municipal, mas à autarquia estadual. Sendo assim, deve o Gestor assumir o ônus do ato que acarretou o débito impugnado ressarcindo ao erário o valor do prejuízo causado […]Assim, considerando que as falhas, em sua globalidade, não são de molde a levar a rejeição das contas, entretanto eviden-ciam a prática de atos contrários às normas de administração �inanceira e orçamentária, acolho a manifestação do ilustre Representante Ministerial, e voto:a)pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das contas dos Senhores José Antônio Ruwer e Elemar Antônio Dill, Chefes do Executivo Municipal de São Paulo das Missões no exercício de 2006, com fundamento no artigo 5º da Resolução 414/92 deste Tribunal;b)pela glosa dos seguintes valores: R$ […] relativo ao item 1.4, que trata do pagamento indevido à servidor, que também é Vereador e esteve viajando pela câmara e não teve esses mesmos dias descontados.

E, ainda, em outra oportunidade, a Corte de Contas inclusive entendeu pela responsabilização do Gestor ao abonar faltas de servidores, decorrentes do exercício da vereança, conforme se constata do excerto extraído do processo de prestação de contas nº 003188-02.00/06-5 :

item 6.2 (�ls. 148 e 603/604) - o servidor Jerri Adriano Paier, tendo em vista a compatibilidade de horários, exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador Municipal. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal. Não foi efetuado o desconto dos dias não trabalhados pelo servidor. O exercício de vereança não pode interferir no desempenho do cargo efetivo, portanto, os dias não trabalhados para participar de curso de interesse do Legislativo não podem ser considerados como faltas justi�icadas. O valor de R$ 203,67, referente aos dias não trabalhados, é passível de devolução aos cofres públicos; […]Do exposto, permanece o aponte e o respectivo indicativo de

glosa.Em relação aos itens a seguir elencados não houve qualquer tipo de manifestação ou esclarecimento por parte dos Responsáveis, com o que se impõe a �ixação de débito:[…]item 6.2 - servidor municipal exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal, não sendo efetuado o desconto dos dias não trabalhados, correspondente ao valor de R$ 203,67. (grifamos)

Corroborando os entendimentos referidos, encontramos junto ao acervo do Tribunal de Justiça do Estado o reconhecimento, em situação análoga, como ato de improbidade do Administrador permitir o afastamento do servidor do serviço público para participar de reuniões de comissões sem constar no registro do seu ponto a falta injusti�icada, bem como sem qualquer compensação de horário:

APELAÇÕES CÍVEIS E RECURSO ADESIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MUNICÍPIO DE BAGÉ. LEI N. 8429/92. ART. 10 E 11. ACÚMULO DE ATIVIDADES DE SERVIDOR MUNICIPAL E VEREADOR EM INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPRO-VAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO. OMISSÃO DO PREFEITO DIANTE DO ATO ILEGAL. PROVA DA PRÁTICA DOS ATOS DE IMPROBIDADE. […] Com efeito, as sessões da Comissão de Constituição e Justiça, integra-da pelo demandado Ricardo Cougo, tinham início dentro do horário em que o servidor municipal e também vereador deveria estar exercendo atividade, a exemplo dos documentos das �ls. 32, 78 e 196, o que comprova a ilegalidade praticada. Do exame dos cartões e livro ponto (�ls. 200-7), veri�ica-se que o preenchimento era feito sem qualquer alteração de horário, seja para maior ou para menor, o que mostra a má-fé do servidor que lançava alguns horários, sem correspondência com a realidade, o que, por si só é um ilícito .

5. Dessa forma, objetivamente concluímos que mantido o exercício do cargo efetivo do servidor, cumulativamente com o mandato eletivo de vereador, deverá observar-se a compatibilidade de horários nos termos da Constituição e o exercício regular das atividades do cargo, junto ao Poder Executivo munici-pal. Eventuais faltas em razão do mandato deverão ser consideradas injusti�icadas, com o desconto remuneratório correspondente e a incidência dos re�lexos disciplinares cabíveis em cada caso concreto.

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Na administração anterior houve nomeações de concursados sem que existisse as vagas no quadro funcional. Este fato foi detectado pela auditoria do TCE que ira considerar estes atos nulos e sugeriu que regularizasse a situação criando as vagas, exonerando estes servidores e nomeando novamente, mediante a nova chamada, publicação de novo edital de nomea-ção, novo exame admissional,... É este o procedimento correto a ser adotado? Exonera num dia, readmite no outro? Ainda, segundo o TCE, este período trabalhado não poderá ser utilizado para contagem de vantagens (triênios, adicional de tempo de serviço, mudança de classe,...) pois o ato de nomeação será considerado nulo, só poderá ser utilizado como tempo de serviço para aposentadoria. Esta informação esta correta? [sic]

A nomeação de servidor sem existir cargo vago pode ser considerada ato anulável, suscetível de convalidação com a posterior criação da vaga, atendi-das determinadas condições, mediante lei, e a rati�ica-ção dos atos de admissão. Aplicação da Teoria Dual-ista das Nulidades. Precedentes. Considerações.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

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Estudo de Caso 2

8. Apelação Cível Nº 70028370740, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 01/07/2009.9. O Estudo de Caso 2 refere-se à Informação DPM nº 1615/2013.

Solicito parecer acerca da situação de Servidor Municipal que acumula o cargo com o de Vereador e se ausenta do trabalho para eventos relacionados a vereança recebendo diárias pela Câmara e os dias não trabalhados remunerados na folha de pagamento como servidor. [sic]

Servidores que exercem mandato eletivo de vereador concomitante a cargo público. As ausências ao serviço público do servidor eleito vereador para participar de atividades no interesse do Poder Legisla-tivo devem ser consideradas faltas injusti�icadas, acarretando o desconto remuneratório e demais re�lexos previstos na legislação local. Precedentes Jurisprudenciais.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

1. Trata-se de questionamento referente à forma correta de atuação da Administração nas situações em que vereadores, também providos em cargos efetivos, ausentam-se do serviço público municipal, em decor-rência de viagens e outras atividades inerentes ao mandato eletivo. Conforme informado, a consulta

originou-se da ausência do servidor/vereador para sua ida em cursos e treinamentos, com retiradas de diárias no Poder Legislativo e sua participação em comissões camerárias no seu horário de expediente no Poder Executivo.

2. A matéria encontra respaldo no art. 38, III, da Constituição da República, pelo qual se estabelece a possibilidade de acumulação de cargo público com o exercício de mandato eletivo de vereador, desde que observada a compatibilidade de horários, nos seguintes termos:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacio-nal, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:[…] II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;III – investido no mandato de Vereador, havendo compati-bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilida-de, será aplicada a norma do inciso anterior; (grifamos)

Da análise dos dispositivos transcritos podemos concluir que, como bem resume Medauar , ao ser investido no mandato de vereador surgirá para o servidor duas diferentes situações: a primeira, em que há “compatibilidade de horários entre as sessões da Câmara Municipal e a jornada de servidor, caso em que exercerá os dois vínculos, recebendo pagamento por ambos”; e uma segunda, em que se veri�ica a “ausência de compatibilidade de horários, acarretando o afasta-mento do cargo, função ou emprego, com faculdade de optar pela sua remuneração”.

Se preenchido o requisito constitucional da compatibilidade de horários, portanto, mantendo-se para isso inalterada sua remuneração, o servidor possui a prerrogativa de exercer suas funções regular-mente, sem prejuízos da carga horária estabelecida por lei, limitando o exercício da vereança ao tempo que estiver fora do serviço público municipal. Caso contrário, poderá, inclusive, ser responsabilizado disciplinarmente, afastando-se qualquer exceção pelo fato de ser vereador.

3. Por outro lado, não se desconhece que a vereança exige do servidor mandatário a participação em cursos, seminários e outras atividades de aperfeiçoa-mento vinculadas ao Poder Legislativo. Contudo esta

Consulta Formulada:

Ementa:

Resposta:

Júlio César Fucilini PauseAdvogado, Especialista em Direito Municipal, Diretor

e Consultor Jurídico da DPM - Portal Legisla WEB

Admissão de servidor sem cargo vago .

necessidade não é su�iciente para justi�icar sua ausên-cia no desempenho do cargo efetivo do qual não está afastado, por supostamente haver compatibilidade de horários, nos termos da Constituição.

Isso porque, além de estar entre os deveres inerentes ao provimento de cargo público o exercício com zelo e dedicação de suas as atribuições, como também ser assíduo e pontual ao serviço , o desempenho de atividades vinculadas à vereança dentro do horário de expediente da repartição pode ser considerado desempenho de atividade particular no serviço público , situações sujeitas às sanções disciplinares na forma prevista no Regime Jurídico Municipal, Lei Municipal nº 017-2001 .

Diante disso, entende-se que à Administração cabe apurar as ausências decorrentes do exercício da vereança e descontá-las, considerando-as como faltas injusti�icadas, inclusive com re�lexos no dia de repouso semanal remunerado do servidor, se for o caso, nos termos da legislação pertinente.

4. Nesse sentido, a Procuradoria Geral do Estado, por meio do Parecer nº 9909/93, manifestou que a ausên-cia do servidor do serviço público insurge no descum-primento de seus deveres funcionais, dentre os quais destaca a efetividade, a assiduidade e a pontualidade, como segue:

Exercício acumulado de cargo público municipal de mandato eletivo. Impossibilidade por ausente a compatibilidade de horários se o Edil deve afastar-se durante o horário de expedi-ente para comparecer a reuniões da Comissão que integra, no Poder Legislativo. […] “Essa autorização constitucional pressupõe a possibilidade de exercício pleno de uma outra posição, com observância rigorosa da efetividade, assiduidade e pontualidade.” (PARECER nº 8172) 2. Na hipótese da consulta presente, a compatibilidade de horários entre o exercício do mandato de vereador com o das atribuições dos cargos de Veterinário e Fiscal de Obras é inexistente, vez que o exercício da Vereança obriga o servidor público Edil, ao afastamento de seu local de trabalho, em horário de expedi-ente para atender as reuniões das Comissões que integra. […] 4. Quanto aos procedimentos a serem adotados diante das situações de afastamentos dos servidores públicos Edis, para participarem de eventos do interesse da Câmara de Vereadores, devem ser observadas as disposições legais locais disciplinadoras dos afastamentos desta ordem dos servidores públicos.

O mesmo entendimento pode ser encontrado no âmbito do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que já opinou expressamente que os dias de ausência do servidor para atender atividades envol-

vendo seu mandato eletivo devem ser considerados como faltas não justi�icadas, com os consequentes descontos remuneratórios e re�lexos estatutários cabíveis (férias, promoção, licenças, etc), nos seguintes termos :

No que tange ao apontado no item 1.4, referente a servidor, que também é Vereador, ter viajado pela Câmara e não ter esses mesmos dias descontados, no Poder Executivo, pela sua falta ao serviço, o Administrador alega que não houve o desconto porque o servidor possui banco de horas extras, motivo pelo qual seu afastamento na condição de edil foi suportado pela compensação. Não há como acolher os argumentos do Gestor, tendo em vista que o documento encaminhado para comprovar o crédito de horas do servidor além de não comprovar que as horas foram efetivamente prestadas, informa que o mesmo se encontrava a serviço do IPERGS, com o que as horas extras, se prestadas, não o foram ao Executivo Municipal, mas à autarquia estadual. Sendo assim, deve o Gestor assumir o ônus do ato que acarretou o débito impugnado ressarcindo ao erário o valor do prejuízo causado […]Assim, considerando que as falhas, em sua globalidade, não são de molde a levar a rejeição das contas, entretanto eviden-ciam a prática de atos contrários às normas de administração �inanceira e orçamentária, acolho a manifestação do ilustre Representante Ministerial, e voto:a)pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das contas dos Senhores José Antônio Ruwer e Elemar Antônio Dill, Chefes do Executivo Municipal de São Paulo das Missões no exercício de 2006, com fundamento no artigo 5º da Resolução 414/92 deste Tribunal;b)pela glosa dos seguintes valores: R$ […] relativo ao item 1.4, que trata do pagamento indevido à servidor, que também é Vereador e esteve viajando pela câmara e não teve esses mesmos dias descontados.

E, ainda, em outra oportunidade, a Corte de Contas inclusive entendeu pela responsabilização do Gestor ao abonar faltas de servidores, decorrentes do exercício da vereança, conforme se constata do excerto extraído do processo de prestação de contas nº 003188-02.00/06-5 :

item 6.2 (�ls. 148 e 603/604) - o servidor Jerri Adriano Paier, tendo em vista a compatibilidade de horários, exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador Municipal. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal. Não foi efetuado o desconto dos dias não trabalhados pelo servidor. O exercício de vereança não pode interferir no desempenho do cargo efetivo, portanto, os dias não trabalhados para participar de curso de interesse do Legislativo não podem ser considerados como faltas justi�icadas. O valor de R$ 203,67, referente aos dias não trabalhados, é passível de devolução aos cofres públicos; […]Do exposto, permanece o aponte e o respectivo indicativo de

glosa.Em relação aos itens a seguir elencados não houve qualquer tipo de manifestação ou esclarecimento por parte dos Responsáveis, com o que se impõe a �ixação de débito:[…]item 6.2 - servidor municipal exerce de forma cumulativa as funções do cargo efetivo de Inspetor Tributário e a função de Vereador. O servidor realizou duas viagens a Porto Alegre, com o objetivo de participar de encontros de interesse do Legislativo Municipal, não sendo efetuado o desconto dos dias não trabalhados, correspondente ao valor de R$ 203,67. (grifamos)

Corroborando os entendimentos referidos, encontramos junto ao acervo do Tribunal de Justiça do Estado o reconhecimento, em situação análoga, como ato de improbidade do Administrador permitir o afastamento do servidor do serviço público para participar de reuniões de comissões sem constar no registro do seu ponto a falta injusti�icada, bem como sem qualquer compensação de horário:

APELAÇÕES CÍVEIS E RECURSO ADESIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MUNICÍPIO DE BAGÉ. LEI N. 8429/92. ART. 10 E 11. ACÚMULO DE ATIVIDADES DE SERVIDOR MUNICIPAL E VEREADOR EM INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPRO-VAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO. OMISSÃO DO PREFEITO DIANTE DO ATO ILEGAL. PROVA DA PRÁTICA DOS ATOS DE IMPROBIDADE. […] Com efeito, as sessões da Comissão de Constituição e Justiça, integra-da pelo demandado Ricardo Cougo, tinham início dentro do horário em que o servidor municipal e também vereador deveria estar exercendo atividade, a exemplo dos documentos das �ls. 32, 78 e 196, o que comprova a ilegalidade praticada. Do exame dos cartões e livro ponto (�ls. 200-7), veri�ica-se que o preenchimento era feito sem qualquer alteração de horário, seja para maior ou para menor, o que mostra a má-fé do servidor que lançava alguns horários, sem correspondência com a realidade, o que, por si só é um ilícito .

5. Dessa forma, objetivamente concluímos que mantido o exercício do cargo efetivo do servidor, cumulativamente com o mandato eletivo de vereador, deverá observar-se a compatibilidade de horários nos termos da Constituição e o exercício regular das atividades do cargo, junto ao Poder Executivo munici-pal. Eventuais faltas em razão do mandato deverão ser consideradas injusti�icadas, com o desconto remuneratório correspondente e a incidência dos re�lexos disciplinares cabíveis em cada caso concreto.

1. Pertinente ao tema em tela é a lição de Bandeira de Mello:

[...] um dos interesses fundamentais do Direito é a estabili-dade das relações constituídas. É a paci�icação dos vínculos estabelecidos, a �im de se preservar a ordem; [...] Daí que a possibilidade de convalidação de certas situações – noção antagônica à de nulidade em seu sentido corrente – tem especial relevo no Direito Administrativo. Não brigam com o princípio da legalidade, antes atendem-lhe ao espírito, as soluções que se inspiram na tranquilização das relações que não comprometem insuprivelmente o interesse público, conquanto tenham sido produzidas de maneira inválida. É que a convalidação é uma forma de recomposição da legalidade ferida. Portanto, não é repugnante ao Direito Administrativo a hipótese de convalescimento dos atos inválidos.[...]A convalidação é o suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos. Este suprimento pode derivar de um ato da Administração ou de um ato do particular afetado pelo provimento viciado. Quando promana da Administração, esta corrige o defeito do primeiro ato mediante um segundo ato, o qual produz de forma consonante com o Direito aquilo que dantes fora efetuado de modo dissonante com o Direito. Mas com uma particularidade: seu alcance especí�ico consiste precisamente em ter efeito retroativo. O ato convalidador remete-se ao ato inválido para legitimar seus efeitos pretéritos. A providência corretamente tomada no presente tem o condão de valer para o passado . (grifamos)

2. Exprime o percuciente doutrinador, nos breves trechos acima transcritos, a conclusão de que os atos anuláveis são suscetíveis de convalidação, e que tal somente não ocorre com os nulos e os inexistentes.

A�irma mais:

É de notar que a convalidação, ou seja, o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido, em nada se incompatibiliza com interesses públicos. Isto é: em nada ofende a índole do Direito Administrativo. Pelo contrário . (grifamos)

3. Trata-se da Teoria Dualista das Nulidades, a que aderem, entre outros, Celso Antônio Bandeira de Mello, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Seabra Fagundes, Cretella Júnior, Sérgio de Andréa Ferreira, Lucia Valle Figueiredo e José dos Santos Carvalho Filho.

Para estes, segundo explica Carvalho Filho:

[...] é possível que o Direito Administrativo conviva com os

efeitos não só da nulidade como também da anulabilidade, inclusive, neste ultimo caso, com o efeito da convalidação de atos defeituosos .

Elucida ainda este último autor que na doutrina estrangeira vários são os adeptos da Teoria Dualista, citando Cassagne, Marcelo Caetano, Guido e Potenza, Renato Alessi, etc.

4. Tal envergadura é conferida à teoria da convalida-ção dos atos administrativos anuláveis que Bandeira de Mello, por exemplo, seguindo lição precisa de Weida Zancaner, ainda a�irma que a Administração, constatando a ocorrência de um ato administrativo suscetível de convalidação que não haja sido impug-nado pelo interessado, estará na obrigação de convalidá-lo:

I – sempre que a Administração esteja perante ato suscetível de convalidação e que não haja sido impugnado pelo interes-sado, estará na obrigação de convalidá-lo, ressalvando-se, como dito, a hipótese de vício de competência em ato de conteúdo discricionário ; (grifamos)

5. No caso concreto que nos é submetido à análise, o ato administrativo respectivo, qual seja de nomeação de servidor (perfectibilizado pela posse e pelo exercí-cio ), em cargo para o qual não havia vaga, nos parece enquadrar-se na categoria de ato anulável, passível de convalidação . Isso porque ocorreu, ao que supomos, para atender necessidade pública inequívoca e sem outras máculas formais.

O vício presente no caso da nomeação de servidor em cargo criado em lei, e cujos requisitos de admissão foram por este – o servidor – atendidos, mas cuja vaga é inexistente, é extrínseco ao próprio ato, motivo pelo qual se nos a�igura viável sua convalidação através da rati�icação, uma das três formas identi�icadas por Carvalho Filho . As outras duas são a reforma e a conversão.

6. Obviamente a rati�icação, a ser efetivada em ato próprio, somente pode ocorrer se, mediante lei de iniciativa do Prefeito, for criado mais um cargo – no caso o cargo para o qual foi originalmente nomeado o servidor –, ou seja, mais uma vaga. Se assim ocorrer, para o que devem concorrer todas as demais condições próprias, como as orçamentárias e �iscais, a

rati�icação da nomeação, bem como da posse e do exercício, suprimirá o vício do ato e o convalidará, permitindo que dele sejam extraídos todos os efeitos, inclusive para o cômputo de vantagens. Como a impressão de efeito retroativo às leis não é vedada pelo ordenamento jurídico, desde que respeitado o direito adquirido e o ato jurídico perfeito, e em que pese não seja regra, necessário, no caso concreto, que a lei de criação do cargo tenha efeito retroativo à data da nomeação.

7. Sem dúvida não há unanimidade quanto à aplicabilidade da Teoria Dualista, nem mesmo quanto à terminologia ou às formas de aperfeiçoamento dos atos administrativos. Não obstante, amparados em quali�icada doutrina, à qual alhures nos referimos, �iliamo-nos à corrente que defende a possibilidade de convalidação de determinados atos administrativos viciados e, entre eles, o referido na consulta, medida a qual se nos a�igura mais próxima do princípio da razoabilidade.

Em que pese a matéria não seja enfrentada com frequência, ao menos não envolvendo situações como a ora noticiada, dois precedentes reforçam a conclusão a que ora chegamos.

O primeiro é a decisão da 3º Câmara Cível do TJRS no Reexame Necessário nº 597263532, da qual transcrevemos trecho do voto do Des. Luiz Ari Azambuja Ramos:

Entretanto, sob a alegação de que foi nomeado para cargo inexistente, seguindo parecer do Tribunal de Contas (�l. 31), o impetrante foi sumariamente demitido, após mais de seis anos de serviço público. É evidente que o ato demissionário a�igura-se arbitrário e ilegal, merecendo a proteção judicial pela via mandamental.

Inclusive, como aduz o Parecer do M.P. cumpre ponderar que já foi sanada a irregularidade apontada pelo Tribunal de Contas, com a criação de mais cargos de operário especializado, através da Lei nº 1.547/95 (�l. 48), como está a reconhecer a própria administração. (grifamos.)

O segundo é a decisão do Pleno do Tribunal de Contas do Estado no julgamento do Recurso de Embargos nº 000161-02.00/97-4, cujo trecho que importa transcrevemos:

Voto [...] Quanto ao mérito, o cerne da questão está em se determinar a possibilidade ou a impossibilidade da nomeação

ilegal de servidor concursado em face da inexistência de cargo vago (criado em lei) ser convalidada pela edição de lei, posteriormente a tal ato, abrindo nova vaga. Neste particular, a Supervisora da Supervisão de Admissões, Pensões e Inativações ressalta que, tendo-se em conta o princípio da legalidade a simples criação do cargo geraria o provimento do presente Recurso (folha 15). O Ministério Público Especial, em seu Parecer, �irma que a decisão denegatória teve por fulcro, exclusivamente, o dado que, quando da admissão, inexistia o cargo respectivo. Sendo assim, comprovada a existência do cargo, o impedimento apresentado em sede de julgamento originário �ica afastado. Desta forma, na esteira do posicionamento adotado pelo Ministério Público Especial, entendo que a edição posterior de lei criando o cargo, no caso em exame, convalida a nomeação ilegal ao criar o cargo inexistente em 22 de março de 1993, data da nomeação, e voto, em conseqüência, pelo provimento deste Recurso de Embargos, alterando o item “g” da decisão recorrida a �im de determinar o registro do Ato de Admissão do servidor [...], no cargo de Tesoureiro. [...] (grifamos)

8. Resumo conclusivo:

8.1 A criação mediante lei – à qual se deve, no caso concreto, emprestar efeito retroativo – do cargo no qual foi nomeado o servidor de que trata a consulta, e a rati�icação dos atos de admissão, seguidos de nova informação ao Tribunal de Contas do Estado, poderá convalidar a admissão.

8.2 Se a convalidação não for feita, restará a Administração instaurar processo administrativo especial, assegurando o contraditório e a ampla defesa, com vistas a desconstituir a admissão, retornando o ex-servidor à lista de aprovados no concurso público. Neste caso, válido o certame, poderá ser novamente nomeado, após a criação do cargo, ato que deverá também ser novamente informado ao Tribunal de Contas do Estado.

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Na administração anterior houve nomeações de concursados sem que existisse as vagas no quadro funcional. Este fato foi detectado pela auditoria do TCE que ira considerar estes atos nulos e sugeriu que regularizasse a situação criando as vagas, exonerando estes servidores e nomeando novamente, mediante a nova chamada, publicação de novo edital de nomea-ção, novo exame admissional,... É este o procedimento correto a ser adotado? Exonera num dia, readmite no outro? Ainda, segundo o TCE, este período trabalhado não poderá ser utilizado para contagem de vantagens (triênios, adicional de tempo de serviço, mudança de classe,...) pois o ato de nomeação será considerado nulo, só poderá ser utilizado como tempo de serviço para aposentadoria. Esta informação esta correta? [sic]

A nomeação de servidor sem existir cargo vago pode ser considerada ato anulável, suscetível de convalidação com a posterior criação da vaga, atendi-das determinadas condições, mediante lei, e a rati�ica-ção dos atos de admissão. Aplicação da Teoria Dual-ista das Nulidades. Precedentes. Considerações.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

Estudo de Caso 2

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SO 2

10. Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo, 26ª edição, 2008, Editora Malheiros: São Paulo, p. 465-466.11. Celso Antônio Bandeira de Mello, ob. cit, p. 464.12. José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 9ª edição, 2002; Editora Lúmen Júris: Rio de Janeiro, p. 127.13. Celso Antônio Bandeira de Mello, ob. cit, p. 468.14. Que ocorreu, aliás, há razoável lapso de tempo, em 23-07-2010 (e não 2011, como indica a consulta).15. Já que não houve impugnação dos interessados, expressamente ou por resistência quanto ao cumprimento dos efeitos, nem tampouco ocorrência de prescrição, limitações que usualmente se opõem à convalidação, tal qual se opõem à invalidação.16. Ob. cit. P. 134.

1. Pertinente ao tema em tela é a lição de Bandeira de Mello:

[...] um dos interesses fundamentais do Direito é a estabili-dade das relações constituídas. É a paci�icação dos vínculos estabelecidos, a �im de se preservar a ordem; [...] Daí que a possibilidade de convalidação de certas situações – noção antagônica à de nulidade em seu sentido corrente – tem especial relevo no Direito Administrativo. Não brigam com o princípio da legalidade, antes atendem-lhe ao espírito, as soluções que se inspiram na tranquilização das relações que não comprometem insuprivelmente o interesse público, conquanto tenham sido produzidas de maneira inválida. É que a convalidação é uma forma de recomposição da legalidade ferida. Portanto, não é repugnante ao Direito Administrativo a hipótese de convalescimento dos atos inválidos.[...]A convalidação é o suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos. Este suprimento pode derivar de um ato da Administração ou de um ato do particular afetado pelo provimento viciado. Quando promana da Administração, esta corrige o defeito do primeiro ato mediante um segundo ato, o qual produz de forma consonante com o Direito aquilo que dantes fora efetuado de modo dissonante com o Direito. Mas com uma particularidade: seu alcance especí�ico consiste precisamente em ter efeito retroativo. O ato convalidador remete-se ao ato inválido para legitimar seus efeitos pretéritos. A providência corretamente tomada no presente tem o condão de valer para o passado . (grifamos)

2. Exprime o percuciente doutrinador, nos breves trechos acima transcritos, a conclusão de que os atos anuláveis são suscetíveis de convalidação, e que tal somente não ocorre com os nulos e os inexistentes.

A�irma mais:

É de notar que a convalidação, ou seja, o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido, em nada se incompatibiliza com interesses públicos. Isto é: em nada ofende a índole do Direito Administrativo. Pelo contrário . (grifamos)

3. Trata-se da Teoria Dualista das Nulidades, a que aderem, entre outros, Celso Antônio Bandeira de Mello, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Seabra Fagundes, Cretella Júnior, Sérgio de Andréa Ferreira, Lucia Valle Figueiredo e José dos Santos Carvalho Filho.

Para estes, segundo explica Carvalho Filho:

[...] é possível que o Direito Administrativo conviva com os

efeitos não só da nulidade como também da anulabilidade, inclusive, neste ultimo caso, com o efeito da convalidação de atos defeituosos .

Elucida ainda este último autor que na doutrina estrangeira vários são os adeptos da Teoria Dualista, citando Cassagne, Marcelo Caetano, Guido e Potenza, Renato Alessi, etc.

4. Tal envergadura é conferida à teoria da convalida-ção dos atos administrativos anuláveis que Bandeira de Mello, por exemplo, seguindo lição precisa de Weida Zancaner, ainda a�irma que a Administração, constatando a ocorrência de um ato administrativo suscetível de convalidação que não haja sido impug-nado pelo interessado, estará na obrigação de convalidá-lo:

I – sempre que a Administração esteja perante ato suscetível de convalidação e que não haja sido impugnado pelo interes-sado, estará na obrigação de convalidá-lo, ressalvando-se, como dito, a hipótese de vício de competência em ato de conteúdo discricionário ; (grifamos)

5. No caso concreto que nos é submetido à análise, o ato administrativo respectivo, qual seja de nomeação de servidor (perfectibilizado pela posse e pelo exercí-cio ), em cargo para o qual não havia vaga, nos parece enquadrar-se na categoria de ato anulável, passível de convalidação . Isso porque ocorreu, ao que supomos, para atender necessidade pública inequívoca e sem outras máculas formais.

O vício presente no caso da nomeação de servidor em cargo criado em lei, e cujos requisitos de admissão foram por este – o servidor – atendidos, mas cuja vaga é inexistente, é extrínseco ao próprio ato, motivo pelo qual se nos a�igura viável sua convalidação através da rati�icação, uma das três formas identi�icadas por Carvalho Filho . As outras duas são a reforma e a conversão.

6. Obviamente a rati�icação, a ser efetivada em ato próprio, somente pode ocorrer se, mediante lei de iniciativa do Prefeito, for criado mais um cargo – no caso o cargo para o qual foi originalmente nomeado o servidor –, ou seja, mais uma vaga. Se assim ocorrer, para o que devem concorrer todas as demais condições próprias, como as orçamentárias e �iscais, a

rati�icação da nomeação, bem como da posse e do exercício, suprimirá o vício do ato e o convalidará, permitindo que dele sejam extraídos todos os efeitos, inclusive para o cômputo de vantagens. Como a impressão de efeito retroativo às leis não é vedada pelo ordenamento jurídico, desde que respeitado o direito adquirido e o ato jurídico perfeito, e em que pese não seja regra, necessário, no caso concreto, que a lei de criação do cargo tenha efeito retroativo à data da nomeação.

7. Sem dúvida não há unanimidade quanto à aplicabilidade da Teoria Dualista, nem mesmo quanto à terminologia ou às formas de aperfeiçoamento dos atos administrativos. Não obstante, amparados em quali�icada doutrina, à qual alhures nos referimos, �iliamo-nos à corrente que defende a possibilidade de convalidação de determinados atos administrativos viciados e, entre eles, o referido na consulta, medida a qual se nos a�igura mais próxima do princípio da razoabilidade.

Em que pese a matéria não seja enfrentada com frequência, ao menos não envolvendo situações como a ora noticiada, dois precedentes reforçam a conclusão a que ora chegamos.

O primeiro é a decisão da 3º Câmara Cível do TJRS no Reexame Necessário nº 597263532, da qual transcrevemos trecho do voto do Des. Luiz Ari Azambuja Ramos:

Entretanto, sob a alegação de que foi nomeado para cargo inexistente, seguindo parecer do Tribunal de Contas (�l. 31), o impetrante foi sumariamente demitido, após mais de seis anos de serviço público. É evidente que o ato demissionário a�igura-se arbitrário e ilegal, merecendo a proteção judicial pela via mandamental.

Inclusive, como aduz o Parecer do M.P. cumpre ponderar que já foi sanada a irregularidade apontada pelo Tribunal de Contas, com a criação de mais cargos de operário especializado, através da Lei nº 1.547/95 (�l. 48), como está a reconhecer a própria administração. (grifamos.)

O segundo é a decisão do Pleno do Tribunal de Contas do Estado no julgamento do Recurso de Embargos nº 000161-02.00/97-4, cujo trecho que importa transcrevemos:

Voto [...] Quanto ao mérito, o cerne da questão está em se determinar a possibilidade ou a impossibilidade da nomeação

ilegal de servidor concursado em face da inexistência de cargo vago (criado em lei) ser convalidada pela edição de lei, posteriormente a tal ato, abrindo nova vaga. Neste particular, a Supervisora da Supervisão de Admissões, Pensões e Inativações ressalta que, tendo-se em conta o princípio da legalidade a simples criação do cargo geraria o provimento do presente Recurso (folha 15). O Ministério Público Especial, em seu Parecer, �irma que a decisão denegatória teve por fulcro, exclusivamente, o dado que, quando da admissão, inexistia o cargo respectivo. Sendo assim, comprovada a existência do cargo, o impedimento apresentado em sede de julgamento originário �ica afastado. Desta forma, na esteira do posicionamento adotado pelo Ministério Público Especial, entendo que a edição posterior de lei criando o cargo, no caso em exame, convalida a nomeação ilegal ao criar o cargo inexistente em 22 de março de 1993, data da nomeação, e voto, em conseqüência, pelo provimento deste Recurso de Embargos, alterando o item “g” da decisão recorrida a �im de determinar o registro do Ato de Admissão do servidor [...], no cargo de Tesoureiro. [...] (grifamos)

8. Resumo conclusivo:

8.1 A criação mediante lei – à qual se deve, no caso concreto, emprestar efeito retroativo – do cargo no qual foi nomeado o servidor de que trata a consulta, e a rati�icação dos atos de admissão, seguidos de nova informação ao Tribunal de Contas do Estado, poderá convalidar a admissão.

8.2 Se a convalidação não for feita, restará a Administração instaurar processo administrativo especial, assegurando o contraditório e a ampla defesa, com vistas a desconstituir a admissão, retornando o ex-servidor à lista de aprovados no concurso público. Neste caso, válido o certame, poderá ser novamente nomeado, após a criação do cargo, ato que deverá também ser novamente informado ao Tribunal de Contas do Estado.

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Na administração anterior houve nomeações de concursados sem que existisse as vagas no quadro funcional. Este fato foi detectado pela auditoria do TCE que ira considerar estes atos nulos e sugeriu que regularizasse a situação criando as vagas, exonerando estes servidores e nomeando novamente, mediante a nova chamada, publicação de novo edital de nomea-ção, novo exame admissional,... É este o procedimento correto a ser adotado? Exonera num dia, readmite no outro? Ainda, segundo o TCE, este período trabalhado não poderá ser utilizado para contagem de vantagens (triênios, adicional de tempo de serviço, mudança de classe,...) pois o ato de nomeação será considerado nulo, só poderá ser utilizado como tempo de serviço para aposentadoria. Esta informação esta correta? [sic]

A nomeação de servidor sem existir cargo vago pode ser considerada ato anulável, suscetível de convalidação com a posterior criação da vaga, atendi-das determinadas condições, mediante lei, e a rati�ica-ção dos atos de admissão. Aplicação da Teoria Dual-ista das Nulidades. Precedentes. Considerações.

Considerada a consulta formulada, opinamos:

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SO 2

Estudo de Caso 21. Pertinente ao tema em tela é a lição de Bandeira de Mello:

[...] um dos interesses fundamentais do Direito é a estabili-dade das relações constituídas. É a paci�icação dos vínculos estabelecidos, a �im de se preservar a ordem; [...] Daí que a possibilidade de convalidação de certas situações – noção antagônica à de nulidade em seu sentido corrente – tem especial relevo no Direito Administrativo. Não brigam com o princípio da legalidade, antes atendem-lhe ao espírito, as soluções que se inspiram na tranquilização das relações que não comprometem insuprivelmente o interesse público, conquanto tenham sido produzidas de maneira inválida. É que a convalidação é uma forma de recomposição da legalidade ferida. Portanto, não é repugnante ao Direito Administrativo a hipótese de convalescimento dos atos inválidos.[...]A convalidação é o suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos. Este suprimento pode derivar de um ato da Administração ou de um ato do particular afetado pelo provimento viciado. Quando promana da Administração, esta corrige o defeito do primeiro ato mediante um segundo ato, o qual produz de forma consonante com o Direito aquilo que dantes fora efetuado de modo dissonante com o Direito. Mas com uma particularidade: seu alcance especí�ico consiste precisamente em ter efeito retroativo. O ato convalidador remete-se ao ato inválido para legitimar seus efeitos pretéritos. A providência corretamente tomada no presente tem o condão de valer para o passado . (grifamos)

2. Exprime o percuciente doutrinador, nos breves trechos acima transcritos, a conclusão de que os atos anuláveis são suscetíveis de convalidação, e que tal somente não ocorre com os nulos e os inexistentes.

A�irma mais:

É de notar que a convalidação, ou seja, o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido, em nada se incompatibiliza com interesses públicos. Isto é: em nada ofende a índole do Direito Administrativo. Pelo contrário . (grifamos)

3. Trata-se da Teoria Dualista das Nulidades, a que aderem, entre outros, Celso Antônio Bandeira de Mello, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Seabra Fagundes, Cretella Júnior, Sérgio de Andréa Ferreira, Lucia Valle Figueiredo e José dos Santos Carvalho Filho.

Para estes, segundo explica Carvalho Filho:

[...] é possível que o Direito Administrativo conviva com os

efeitos não só da nulidade como também da anulabilidade, inclusive, neste ultimo caso, com o efeito da convalidação de atos defeituosos .

Elucida ainda este último autor que na doutrina estrangeira vários são os adeptos da Teoria Dualista, citando Cassagne, Marcelo Caetano, Guido e Potenza, Renato Alessi, etc.

4. Tal envergadura é conferida à teoria da convalida-ção dos atos administrativos anuláveis que Bandeira de Mello, por exemplo, seguindo lição precisa de Weida Zancaner, ainda a�irma que a Administração, constatando a ocorrência de um ato administrativo suscetível de convalidação que não haja sido impug-nado pelo interessado, estará na obrigação de convalidá-lo:

I – sempre que a Administração esteja perante ato suscetível de convalidação e que não haja sido impugnado pelo interes-sado, estará na obrigação de convalidá-lo, ressalvando-se, como dito, a hipótese de vício de competência em ato de conteúdo discricionário ; (grifamos)

5. No caso concreto que nos é submetido à análise, o ato administrativo respectivo, qual seja de nomeação de servidor (perfectibilizado pela posse e pelo exercí-cio ), em cargo para o qual não havia vaga, nos parece enquadrar-se na categoria de ato anulável, passível de convalidação . Isso porque ocorreu, ao que supomos, para atender necessidade pública inequívoca e sem outras máculas formais.

O vício presente no caso da nomeação de servidor em cargo criado em lei, e cujos requisitos de admissão foram por este – o servidor – atendidos, mas cuja vaga é inexistente, é extrínseco ao próprio ato, motivo pelo qual se nos a�igura viável sua convalidação através da rati�icação, uma das três formas identi�icadas por Carvalho Filho . As outras duas são a reforma e a conversão.

6. Obviamente a rati�icação, a ser efetivada em ato próprio, somente pode ocorrer se, mediante lei de iniciativa do Prefeito, for criado mais um cargo – no caso o cargo para o qual foi originalmente nomeado o servidor –, ou seja, mais uma vaga. Se assim ocorrer, para o que devem concorrer todas as demais condições próprias, como as orçamentárias e �iscais, a

rati�icação da nomeação, bem como da posse e do exercício, suprimirá o vício do ato e o convalidará, permitindo que dele sejam extraídos todos os efeitos, inclusive para o cômputo de vantagens. Como a impressão de efeito retroativo às leis não é vedada pelo ordenamento jurídico, desde que respeitado o direito adquirido e o ato jurídico perfeito, e em que pese não seja regra, necessário, no caso concreto, que a lei de criação do cargo tenha efeito retroativo à data da nomeação.

7. Sem dúvida não há unanimidade quanto à aplicabilidade da Teoria Dualista, nem mesmo quanto à terminologia ou às formas de aperfeiçoamento dos atos administrativos. Não obstante, amparados em quali�icada doutrina, à qual alhures nos referimos, �iliamo-nos à corrente que defende a possibilidade de convalidação de determinados atos administrativos viciados e, entre eles, o referido na consulta, medida a qual se nos a�igura mais próxima do princípio da razoabilidade.

Em que pese a matéria não seja enfrentada com frequência, ao menos não envolvendo situações como a ora noticiada, dois precedentes reforçam a conclusão a que ora chegamos.

O primeiro é a decisão da 3º Câmara Cível do TJRS no Reexame Necessário nº 597263532, da qual transcrevemos trecho do voto do Des. Luiz Ari Azambuja Ramos:

Entretanto, sob a alegação de que foi nomeado para cargo inexistente, seguindo parecer do Tribunal de Contas (�l. 31), o impetrante foi sumariamente demitido, após mais de seis anos de serviço público. É evidente que o ato demissionário a�igura-se arbitrário e ilegal, merecendo a proteção judicial pela via mandamental.

Inclusive, como aduz o Parecer do M.P. cumpre ponderar que já foi sanada a irregularidade apontada pelo Tribunal de Contas, com a criação de mais cargos de operário especializado, através da Lei nº 1.547/95 (�l. 48), como está a reconhecer a própria administração. (grifamos.)

O segundo é a decisão do Pleno do Tribunal de Contas do Estado no julgamento do Recurso de Embargos nº 000161-02.00/97-4, cujo trecho que importa transcrevemos:

Voto [...] Quanto ao mérito, o cerne da questão está em se determinar a possibilidade ou a impossibilidade da nomeação

ilegal de servidor concursado em face da inexistência de cargo vago (criado em lei) ser convalidada pela edição de lei, posteriormente a tal ato, abrindo nova vaga. Neste particular, a Supervisora da Supervisão de Admissões, Pensões e Inativações ressalta que, tendo-se em conta o princípio da legalidade a simples criação do cargo geraria o provimento do presente Recurso (folha 15). O Ministério Público Especial, em seu Parecer, �irma que a decisão denegatória teve por fulcro, exclusivamente, o dado que, quando da admissão, inexistia o cargo respectivo. Sendo assim, comprovada a existência do cargo, o impedimento apresentado em sede de julgamento originário �ica afastado. Desta forma, na esteira do posicionamento adotado pelo Ministério Público Especial, entendo que a edição posterior de lei criando o cargo, no caso em exame, convalida a nomeação ilegal ao criar o cargo inexistente em 22 de março de 1993, data da nomeação, e voto, em conseqüência, pelo provimento deste Recurso de Embargos, alterando o item “g” da decisão recorrida a �im de determinar o registro do Ato de Admissão do servidor [...], no cargo de Tesoureiro. [...] (grifamos)

8. Resumo conclusivo:

8.1 A criação mediante lei – à qual se deve, no caso concreto, emprestar efeito retroativo – do cargo no qual foi nomeado o servidor de que trata a consulta, e a rati�icação dos atos de admissão, seguidos de nova informação ao Tribunal de Contas do Estado, poderá convalidar a admissão.

8.2 Se a convalidação não for feita, restará a Administração instaurar processo administrativo especial, assegurando o contraditório e a ampla defesa, com vistas a desconstituir a admissão, retornando o ex-servidor à lista de aprovados no concurso público. Neste caso, válido o certame, poderá ser novamente nomeado, após a criação do cargo, ato que deverá também ser novamente informado ao Tribunal de Contas do Estado.

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Ciclo Integrado de Planejamento e Orçamento

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CICL

O IN

TEGR

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ENTO

Lourenço de WallauContador, Consultor Contábil da DPM - Portal Legisla WEB

PLANOS NACIONAISREGIONAIS E SETORIAIS

PLANO PLURIANUAL - PPA- Diretrizes, Objetivos e Metas para um período de quatro anos;- Definição dos programas governamentais e respectivas ações;

CONTROLE E AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA- Arts. 70 e 74 da Constituição Federal;- Art. 59 da LC. Nº 101/2000;- Arts. 75 a 80 da Lei Federal nº 4.320/64.

ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA- Estimativa da receita;- Fixação da despesa;- Autorização para a abertura de créditos suple-mentares e contratação de operação de crédito.

DISCUSSÃO, VOTAÇÃO E APROVAÇÃO DA LEI ORÇAMENTARIA ANUAL- Pareceres das comissões;- Apresentação de emendas de acordo com o art. 166, § 3º, da Constituição Federal;- Realização de audiência pública.

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS- LDO- Metas e prioridades para o próximo exercício financeiro;- Estimativa das metas fiscais de resultado primário, resultado nominal e montante da dívida pública;- Estimativa dos riscos fiscais;- Equilíbrio entre receitas e despesas;- Critérios e forma de limitação de empenho;- Normas para controle de custos e avaliação de resultados dos programas;- Condições para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;- Definição da política de pessoal;- Alterações na legislação tributária e renúncia de receita;- Definição das despesas de caráter irrelevante;- Autorização para custeio de despesas de competência de outros entes da Federação.

Despesa- Programação Financeira;- Licitação;- Empenho e contratação;- Liquidação da despesa;- Pagamento.

Receita- Lançamento;- Arrecadação;- Recolhimento.

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O Poder Legislativo e a Licitação

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Marta Marques AvilaAdvogada, Doutora em Direito Público,

Consultora Jurídica da DPM - Portal Legisla WEB

O Poder Legislativo Municipal desempenha funções típicas (legislar e �iscalizar) e funções atípicas (administrar e julgar). Dentre as atividades que envolvem a função de administrar está a de realizar procedimentos prévios para as suas contratações.

Assim, com base no artigo 37, inciso XXI, da Constituição da República de 1988 (CRFB), a Câmara Municipal deve realizar, em regra, licitação e, excep-cionalmente, contratação direta, nas situações especí-�icas previstas nos artigos 24 e 25 da Lei nº 8.666/1993.

Ainda, compete ao Poder Legislativo, ao proces-sar as suas contratações, seja para a aquisição de bens, seja para a prestação de serviços ou para as obras, observar, primeiramente, os princípios gerais de Administração (artigo 37 da Constituição da República) e, também, os princípios especí�icos às contratações (artigo 3º da Lei nº 8.666/1993), com o intuíto de atender a necessidade da Câmara Municipal e de buscar efetivamente a contratação mais vantajosa para o Poder Público.

O processo licitatório corresponde a uma sucessão de atos administrativos com o �im de apontar o objeto que o Poder Legislativo deve contratar para atender a sua demanda, de identi�icar a disponibili-dade do mercado e convocar os possíveis interessados do ramo pertinente, de analisar a regularidade de quem pretende contratar com a Administração e, por �im, de julgar o participante que, em consonância com os critérios previamente estabelecidos no edital, se sagrou o vencedor.

Portanto, as reiteradas realizações, pelas Câma-ras Municipais, de processos licitatórios corresponde à observância dos procedimentos estabelecidos pela Lei, que têm como �im, em última análise, a realização do interesse público.

Boas licitações a todos!

1. Boletim de Pessoal nº 001. Sessões: 2013 (até 08 de maio). Disponível em http://portal2.tcu.gov.br2. Idem3. Boletim de Pessoal nº 003. Junho/2013. Disponível em http://portal2.tcu.gov.br4. Boletim de Pessoal nº 005. Agosto/2013. Disponível em http://portal2.tcu.gov.br

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ACÓRDÃO 794/2013 Plenário

Denúncia. Admissão temporária de professor. Crité-rios de seleção.

Processo seletivo simpli�icado para contratação de professor temporário. Inexistência de critérios objeti-vos para análise de curriculum vitae dos candidatos. Os critérios de avaliação dos currículos devem ser previamente estabelecidos nos editais e devidamente divulgados, para que se dê aos interessados amplo conhecimento das regras previamente estabelecidas. Denúncia parcialmente procedente. Determinação para discriminação objetiva de todos os pesos a serem aplicados às notas e avaliações de cada fase do processo seletivo.

ACÓRDÃO 1008/2013 Plenário

Relatório de Auditoria. Acumulação de cargos e jornada de trabalho.

É possível o reconhecimento da licitude da acumula-ção com jornada de trabalho total superior a sessenta horas semanais, desde que devidamente compro-vadas a compatibilidade de horários e a ausência de prejuízo às atividades exercidas em cada um dos cargos acumulados.

ACÓRDÃO 1457/2013 Plenário

Auditoria. Acumulação de cargos. Licença sem venci-mentos.

O instituto da acumulação de cargos se dirige à titularidade de cargos, empregos e funções públicas, e não apenas à percepção de vantagens pecuniárias. Servidor em licença sem vencimentos. Impossibili-dade de posse em outro cargo ou emprego público não acumulável. Ilegalidade.

ACÓRDÃO 4794/2013 SEGUNDA CÂMARA

Pensão Civil. Concessão simultânea. Duas companhei-ras.

Impossibilidade de se reconhecer a simultaneidade de mais de uma união estável. Em situações em que há duas bene�iciárias na condição de companheira, o Tribunal tem decidido pela ilegalidade do ato de concessão.

Jurisprudências

Page 24: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

Anteprojeto de Resolução

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ANTE

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ETO

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ESOL

UÇÃO

Fone: (51) 3027.3400 - Fax: (51) 3027.3401 - 3027.3402 e-mail: [email protected] - [email protected]

Av. Pernambuco, 1001 - Bairro NavegantesPorto Alegre/RS - CEP 90240-004

w w w . d p m - r s . c o m . b r

0822

[...]1

Institui as datas de Ponto Facultativo da Cmara Municipal.

[...]2, de acordo com o dis-3 4,

promulga a seguinte

Art. 1o e-

I segunda-feira e terça-feira de Carnaval;

II quarta-feira de Cinzas, no turno da manh

III quinta-feira Santa, no turno da tarde;

IV

V 24 e 31 de Dezembro, no turno da tarde.

de Mesa, expediente normal em qualquer das

datas constantes deste artigo.

Art. 2o a-

as definidas no artigo anterior, por ocorrência de fato ou eventos especiais.

Art. 3o

1 Adaptar. 2 3 esidente

4 o motivam.

Page 25: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

24

CONV

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DPM

201

3

Convenções Regionais DPM 2013

Fone: (51) 3027.3400 Ramal 2270

CONFIRME SUA PARTICIPAÇÃO

[email protected]

Capacitação dos integrantes do Poder Legislativo para uma gestão com mais qualidade

Acompanhe as próximas Convenções Regionais em:

"Queremos externar o quanto foi impor-tante e gratificante o aprendizado obtido. O momento proporcionado gerou reflexão e motivação para aprofundarmos novos conhecimentos e futuramente buscarmos outros cursos de aperfeiçoamento, com esta renomada instituição, com o objetivo de qualificarmos nosso trabalho como agentes políticos, na nossa Região."

"Foi um privilégio ter participado da Convenção Regional da DPM/2013, considerando que o evento foi marcado pela discussão de temas de direito público de fundamental importância, aprimorando a minha atuação no mercado e ainda proporcionando a oportunidade de conhecer e trocar experiências com outros profissionais que atuam nos Legislativos da região.”

“Para desempenhar as funções de Vereador é preciso primeiramente conhecer e refletir sobre as finalidades do Poder Legislativo Municipal e neste sentido, não medimos esforços para estar presentes em encontros, cursos e capacitações que têm a Câmara de Vereadores como tema. Estivemos no Município de Marau participando de uma das etapas das Convenções Regionais DPM 2013 e voltamos satisfeitos afinal, é preciso somar conhecimentos para dividir experiências, como bem define o slogan desta entidade que atua há mais de 40 anos prestando consultoria aos Municípios Gaúchos e, neste momento, se volta com sabedoria e enfoque também para o Legislativo.”

Convenção Santa Maria/RS

Convenção Palmeira das Missões/RS

Convenção Pelotas/RS

Convenção Erechim/RS

Convenção Marau/RS

Maurício FrigoVereador de Nova Bassano/RS

“Saliento a relevância da formação e aperfeiçoamento constante dos Vereadores através de cursos promovidos por entidades sérias, como é o caso da DPM, que desde de o ano de 1966 vem atuando nas áreas de direito municipal e administrativo.”

Convenção Lajeado/RS

Convenção Bento Gonçalves/RS

Valdir Antonio ZottisPresidente do Legislativo de Liberato Salzano/RS

Ana DoninVereadora de Barão de Cotegipe/RS

“A vida é um constante aprendizado e o Vereador (a), sendo um agente fundamental na administração pública precisa buscar informação, qualificação e capacitação, por que estes são fatores determinantes para realizar um trabalho sério, com ética e dignidade propondo ações e projetos legisla-tivos. A minha homenagem a esta equipe que brilhantemente abriu-nos o caminho para o acesso a inúmeras orientações. Com todo conhecimento passado, aprendemos muito, para atuar com sabedoria na câmara. Parabéns a equipe da DPM e nosso abraço.”

Alexandra Marcela SchneiderAssessora Jurídica do Legislativo de Westfália/RS

“Aos 41 anos de vida pública, quando nela ingressei, conheci a gloriosa instituição DPM, entidade que presta assistência aos Executivos, Legislativos e outros órgãos públicos. Confesso, na condição de Ex-Vereador, Ex-Presidente de Câmara Municipal, Ex-Prefeito Municipal substituto que sem o apoio desta instituição difícil seria desempenhar os cargos que exerci e exerço na condição de Consultor Jurídico da Câmara Municipal do Rio Grande. Tenho participado dos encontros de Convenções Regionais, instrumento novo e atualizado, indispensável aos Gestores Públicos e seus Assessores, integrantes do Poder Legisla-tivo para uma gestão com mais qualidade.”

Julio RodriguesConsultor Jurídico do Legislativo de Rio Grande/RS

Silmar Roberto SantinPresidente do Legislativo de Sera�ina Corrêa/RS

Elisângela Piccoli DriVice-Presidente do Legislativo de Jaguari/RS e Presidente da Associação das Câmaras Municipais do Vale do Jaguari – ACAMVALE

www.legislaweb.com.br/rs

09/04

09/05

25/07

23/05

18/06

04/07

18/04

“Foi de extrema importância ter participado do evento ‘Convenções Regionais DPM’, como representante da Câmara de Vereadores de Nova Bassano e pelo fato de estar iniciando carreira na área da política. Prestigiando eventos como este, tem-se a oportunidade de esclarecer dúvidas, bem como questioná-las e sabermos mais sobre as atribuições que competem a cada um dos Poderes Executivo e Legislativo. Além de todas informações compartilhadas pela equipe da DPM, é uma oportunidade para troca de conhecimento e socialização com os demais representantes do legislativo da Serra Gaúcha.”

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2013

25

Calendário de Treinamentos EGP

CALE

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E TRE

INAM

ENTO

S EG

P

PALESTRA:

2013

28NOVEMBRO

DEZEMBRO11e12

TREINAMENTO:

16OUTUBRO

EGP Escola Potiguar de Gestão Pública

2013

TREINAMENTO:

2013

PALESTRA:

11e12NOVEMBRO

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768

41.106

11.764

DPM Educação em Números

Educação

janeiro a agosto2008 a 2012 2013Cursos de Extensão

Alunos

Horas/Aula

172

8.681

2.107

A DPM Educação tem seus cursos de extensão reconhecidos e certificados pelo Ministério de Educação e Cultura - MEC, devido à parceria acadêmica mantida com a FEMA - Faculdades Integradas Machado de Assis e autorizada pela Portaria Ministerial nº 833, de 27/04/2001, publicada no Diário Oficial da União de 30/04/2001.

Page 28: Revista Legisla NEWS RN - Ed 03

www.dpm-rs.com.br

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