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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 1 REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL MINAS GERAIS Nº 22 _________________________________________________________________ ABRIL/MAIO/JUNHO 1.996

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 1

REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL

DA FAZENDA ESTADUAL

MINAS GERAIS

Nº 22

_________________________________________________________________

ABRIL/MAIO/JUNHO

1.996

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 2

_________________________________________________________________

EDUARDO AZEREDO

Governador do Estado de Minas Gerais

JOÃO HERALDO LIMA

Secretário de Estado da Fazenda

ALBERTO GUIMARÃES ANDRADE

Procurador Geral da Fazenda Estadual

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 3

REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL

DIRETOR-PRESIDENTE

José Alfredo Borges

DIRETOR VICE-PRESIDENTE

Marcelo Cássio Amorim Rebouças

CONSELHO EDITORIAL

José Alfredo Borges (Presidente)

Alberto Guimarães Andrade

Carlos José da Rocha

Celso Cordeiro Machado

Celso de Oliveira Ferreira

Elisa Maria Lana Leite

Ilma Maria Corrêa da Silva

Luiz Ricardo Gomes Aranha

Marcelo Cássio Amorim Rebouças (Vice-Presidente)

Maurício Bhering Andrade

Maurício Ferreira de Carvalho

Mizabel Abreu Machado Derzi

Roberto Portes Ribeiro de Oliveira

Ronald Magalhães de Sousa

Sacha Calmon Navarro Coêlho

GERENTE-GERAL

Ricardo Sales Cordeiro

ASSISTENTE DE PESQUISA E REDAÇÃO

Márcia Antônia Géa Sampaio

COLABORADORES DESTE NÚMERO

Marismar Cirino Motta

Marcelo Lavocat Galvão

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 4

Rogério Marinho Leite Chaves

PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL

Divisão de Pesquisa e Documentação

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 5

Av. Álvares Cabral, nº 200 - 10º andar - Sala 1017

Fone: 217.6793

S U M Á R I O

Pág.

1. Doutrina:

1.1. Crimes Contra a Ordem Tributária no Âmbito do ICMS -

Comentários aos arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90 -

Marismar Cirino Motta .............................. 9

1.2. O Elemento Temporal do Fato Gerador do - ICMS -

Incidente Sobre a Importação de Mercadorias por

Pessoa Física - Marcelo Lavocat Galvão ............. 19

1.3. A Responsabilidade do Estado-Juiz - Rogério Marinho

Leite Chaves ....................................... 29

2. Decisões Judiciais ...................................... 43

3. Ementário de Jurisprudência ............................. 97

4. Índice Geral ............................................ 135

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 6

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 7

Os artigos de doutrina assinados refletem o pensamento dos Autores, mas

não, necessariamente, o da Procuradoria Geral da Fazenda Estadual.

_______________________________________________________________________

DOUTRINA

_______________________________________________________________________

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 8

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 9

* CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

NO ÂMBITO DO ICMS

Comentários aos arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90

MARISMAR CIRINO MOTTA

Procurador da Fazenda do Estado de Minas Gerais

1- INTRODUÇÃO

A necessidade do aumento da arrecadação do ICMS, considerado a viga

mestra dos Estados, exigiu medidas contra os crimes fiscais, previstos na

Lei 8.137/90.

O combate a tais crimes, por um lado, se deve aos efeitos danosos

deles resultantes, obrigando a exacerbação do ônus tributário, com o

consequente desrespeito aos princípios da igualdade e da capacidade

contribuitiva. Por outro lado, verifica-se a dura compressão da receita

tributária dos Estados, inviabilizando a atividade e serviços atribuídos

ao Poder Público.

Com efeito, em face da evasão fiscal, é manifesta a dificuldade

financeira dos Estados, o que enseja, no dizer de Manoel Pedro Pimentel1,

“um reforço normativo e sancionador para exigir condutas adequadas do

contribuinte ou de quem deva agir ou se omitir em relação aos bens de

interesse do fisco.”

Não obstante a revogação da Lei 4.729/65 pela Lei 8.137/90,

tornando mais rigorosa a pena na espécie, a reintrodução da extinção da

punibilidade pelo pagamento do tributo sonegado, através da Lei 9.249, de

27 de dezembro de 1995, abrandou o combate ao crime contra a ordem

tributária.

A constatação do crime, a seu turno, no caso de omissão de

recolhimento do ICMS, é feita através das informações prestadas ao Fisco

pelo Contribuinte. O procedimento fiscalizatório, entretanto, é o meio

comum de apuração da materialidade do crime fiscal.

Admite-se, a princípio, que a eficácia do combate aos crimes contra

a ordem tributária que afetam a arrecadação dos Estados deve passar,

* Tese apresentada no XXII Congresso Nacional de Procuradores de Estado - 18 a 21 de Novembro de 1996 - Belo

Horizonte - Minas Gerais. 1- Manoel Pedro Pimentel, Crime de Sonegação Fiscal, in Revista dos Tribunais nº 617, p. 258/266.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 10

necessariamente, pela compreensão dos tipos penais prescritos no art. 1º

e 2º da Lei 8.137/90. Essa referência é fundamental, pois as normas

penais que tipificam a fraude e a sonegação do ICMS estão contidas nos

dispositivos em tela.

A Lei 8.137/90 contém normas penais em branco, pois exigem a

incidência da legislação tributária, visando a caracterização do crime.

Por isto, Marco Aurélio Greco2 sustenta que, para saber se a conduta

configura crime, é preciso “ passar por um filtro conceitual tributário.”

Neste sentido, por força da natureza do crime fiscal, torna-se necessário

apresentar algumas considerações sobre o ICMS para se compreender as

infrações tributárias que são elevadas à condição de infrações penais.

Nesse comentário aos tipos penais, deverão ser especificadas as condutas

mais comuns que constituem o delito, abordando-se, igualmente, a autoria

e a materialidade.

2- NOÇÕES GERAIS SOBRE O ICMS

O ICMS é um imposto estadual, considerado como o sustentáculo das

finanças dos Estados. Esse imposto abrange as seguintes operações:

circulação de mercadorias, serviço de transporte intermunicipal e

interestadual e serviços de comunicação.

O contribuinte do imposto, por força da Lei, é qualquer pessoa,

física ou jurídica, que realize operação de circulação de mercadoria ou

prestação de serviços descritos como fato gerador.

Os princípios constitucionais tributários relativos aos tributos,

de modo geral, também são aplicados ao ICMS. Entretanto, interessa na

presente abordagem a compreensão do princípio da não-cumulatividade.

Pelo referido princípio, o contribuinte paga o imposto após a compensação

do crédito e débito. Ou seja, se o comerciante adquire uma mercadoria por

R$ 80,00 (oitenta reais) com débito do ICMS e a vende por R$ 100,00 (cem

reais), deve recolher o imposto sobre R$ 100,00 (cem reais), mas

deduzindo deste o valor do ICMS pago na aquisição. Esta é a grande

diferença do ICMS em relação ao IVC (Imposto sobre Vendas e

Consignações), cumulativo, extinto em dezembro de 1965 através da Emenda

nº 18 à Constituição de 1946, dando lugar ao antigo ICM.

O contribuinte do ICMS, assim como o contribuinte de modo geral,

deve cumprir a obrigação principal e as acessórias. Estas referem-se à

exigência de livros e outros documentos fiscais, devendo o contribuinte

manter no estabelecimento o Livro de Registro de Entrada de Mercadoria, o

de Registro de Saída, o Livro Registro de Controle de Produção e Estoque,

Livro de Registro de Impressão de Documentos Fiscais e de Termos de

Ocorrência, Livro Registro de Inventário e Livro Registro de Apuração do

ICMS.

A emissão regular de documentos está englobada nas obrigações

acessórias, ao passo que a obrigação principal consiste no pagamento do

imposto, tendo em vista o disposto no art. 3º, c/c o art. 113, parágrafo

1º, do Código Tributário Nacional.

2- Marco Aurélio Greco, Notas à Legislação sobre Crimes Fiscais, Caderno de Direito Tributário e Finanças Públicas nº

8, Revista dos Tribunais, p. 146.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 11

Ao analisar a lei que instituiu o ICMS do Estado de São Paulo, que

guarda manifesta identidade com as leis dos outros Estados, Zelmo Denari3

classificou as normas tributárias em formal e substancial. A infração

formal corresponde ao descumprimento de obrigação acessória, enquanto a

infração substancial refere-se à falta de recolhimento do ICMS.

Destarte, pode-se considerar que o descumprimento da obrigação

acessória, através de fraude, caracteriza crime formal. Tratando-se de

obrigação principal, entretanto, a hipótese é de crime material ou de

dano.

3- COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º E 2º DA LEI 8.137/90

3.1- ARTIGO 1º, CAPUT

“Art. 1º - Constitui crime contra a ordem

tributária suprimir ou reduzir tributo, ou

contribuição social e qualquer acessório,

mediante as seguintes condutas:”

O caput do dispositivo em tela revela que o núcleo do tipo é a

redução ou supressão do tributo, incluindo aí o ICMS.

O crime é de dano ou material, pois a sua consumação depende de

efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

De mencionar, desde já, que as condutas previstas nos incisos a

seguir são elementos instrumentais para a prática do crime, vale dizer,

não podem, por si só, configurar o delito do artigo 1º.

3.2- INCISO I:

“I - omitir informação, ou prestar declaração

falsa às autoridades fazendárias;”

a) - Sujeito ativo: o contribuinte. Na hipótese de ser o

contribuinte pessoa jurídica, a responsabilidade penal recairá sobre o

sócio gerente, o diretor ou funcionário competente, dependendo das

circunstâncias, pois o nosso ordenamento jurídico não permite, até o

momento, a responsabilidade criminal da pessoa jurídica.

b) - Sujeito passivo: o Estado, compreendendo a Fazenda Pública

Estadual.

c) - Objeto material: segundo Mirabete4, objeto material "é a pessoa

ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a

conduta delituosa atinge." O objeto material, no caso, é a própria

declaração escrita e falsa, ou o documento que comprove a omissão.

3- Zelmo Denari, Infrações Tributárias e Delitos Fiscais, São Paulo, Saraiva, 1995, p.78; obra em conjunto com Paulo

José da Costa Júnior. 4- Júlio Fabbrini Mirabete, Manual de Direito Penal, vol. 1, 6ª ed., São Paulo, 1991, p. 120.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 12

d) - Objeto jurídico: protege-se a arrecadação do tributo. Paulo

José da Costa Júnior5 entende que a “objetividade jurídica é a tutela do

erário público, preservando-o de manobras fraudulentas ou de falsidades.

Para Gustavo Miguez de Mello6, João Mestieri, Gabriel Lacerda Troianelli

e Rafael Atalla Medina, a Lei 8.137/90 “visa à proteção do patrimônio

público contra determinados danos financeiros.”

e) - Elemento subjetivo: exige-se o dolo específico, que constitui

na vontade de reduzir ou suprimir o tributo devido à Fazenda Pública.

f) - Consumação: a consumação ocorre com o não recolhimento do

tributo, no prazo legal. Não é possível a tentativa, uma vez que as

“circunstâncias elementares dos crimes de dano contra a ordem tributária

são também crime autônomo definido no art. 2º, I”, conforme Aristides

Junqueira7 .

g) - Lugar do crime: é o lugar onde se consumou a infração, via de

regra, o domicílio tributário do agente. No caso de transporte de

mercadoria desacobertada de nota fiscal ou com nota fiscal falsa, o lugar

do crime é o do flagrante.

h) - Fato concreto: deixar de prestar informação devida; fazer

declaração falsa.

Com efeito, foram analisados os elementos objetivos e subjetivos do

tipo, realçando-se a materialidade da infração penal.

3.3- INCISO II:

“II - fraudar a fiscalização tributária,

inserindo elementos inexatos, ou omitindo

operação de qualquer natureza, em documento ou

livro exigido pela lei fiscal.”

As considerações relativas ao sujeito ativo, sujeito passivo,

objeto jurídico, consumação e o lugar do crime aplicam-se,

invariavelmente, aos demais incisos, sendo, pois, desnecessário repeti-

las.

a) - Objeto material: livro ou documento fiscal em que recai a

fraude.

A fraude é a “ação consciente e voluntária do indivíduo tendente a,

por meios ilícitos, eliminar, reduzir ou retardar o pagamento de tributo

efetivamente devido”, no dizer de Antônio Roberto Sampaio Dória8.

5- Paulo José da Costa Júnior, Infrações Tributárias e Delitos Fiscais, São Paulo, Saraiva, 1995, p. 104; obra em

conjunto com Zelmo Denari. 6- Gustavo Miguez de Mello, João Mestieri, Gabriel Lacerda Troianelli e Rafael Atalla Medina, Crimes Contra a Ordem

Tributária, in Crimes Contra a Ordem Tributária, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995, p. 94; obra coletiva

coordenada por Ives Gandra da Silva Martins. 7- Aristides Junqueira, Crimes Contra a Ordem Tributária, in Crimes Contra a Ordem Tributária, São Paulo, Revista

dos Tribunais, 1995, p. 56; obra coletiva coordenada por Ives Gandra da Silva Martins. 8- Antônio Roberto Sampaio Dória, Elisão e Evasão Fiscal, São Paulo, Bushatsky editor, 1977, p. 38.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 13

b) - Fato concreto: falta de registro de nota fiscal com ou sem

lançamento de imposto; destaque indevido do ICMS em nota fiscal; falta

de escrituração ou ausência de livros fiscais; simulação, vício e

falsificação de documentos fiscais; uma venda transformada em comodato;

uma circulação de mercadoria rotulada de remessa para industrialização ou

beneficiamento, com o diferimento do ICMS; falsum na escrita contábil e

fiscal.

3.4- INCISO III:

“III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura,

duplicata, nota de venda, ou qualquer outro

documento relativo a operação tributável;”

Falsificar consiste em fabricar coisa falsa, alterar ou contrafazer

a verdade, por meio de ato material ou físico.

a) - Fato concreto: adulteração da primeira via da nota fiscal,

sem correção das demais vias; nota fiscal calçada, ou seja, aquela em

que se apõe um valor na primeira via em divergência com os demais valores

constantes das outras vias do documento.

3.5- INCISO IV:

“IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou

utilizar documento que saiba ou deva saber falso

ou inexato;”

Este inciso permite a punição dos donos de gráficas que, em co-

autoria com os sonegadores, imprimem notas falsas, sem a autorização da

Administração Fazendária. A norma permite também a responsabilização

penal do emitente da nota fiscal e de quem utiliza o suposto crédito.

Segundo Paulo José da Costa Júnior9 , quem adquire as notas fiscais,

seguidamente, “responderá pelo ilícito, de forma continuada,

conjuntamente com os responsáveis pela venda.”

a) - Fato concreto: notas frias, com destaque do ICMS; compra e

venda de notas fiscais.

3.6- INCISO V:

“V - negar ou deixar de fornecer, quando

obrigatório, nota fiscal ou documento

equivalente, relativa a venda de mercadoria ou

prestação de serviço, efetivamente realizada, ou

fornecê-la em desacordo com a legislação.”

9- Paulo José da Costa Júnior, Infrações Tributárias e Delitos Fiscais, São Paulo, Saraiva, 1995, p. 118; obra em

conjunto com Zelmo Denari.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 14

Pode-se afirmar que tal infração penal é a mais comum no Brasil,

devendo atingir sozinha o maior índice na evasão global.

a) - Fato concreto: saída de mercadoria sem a emissão de nota

fiscal; emissão de nota fiscal que não corresponde à efetiva saída do

produto nela descrito.

“Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,

e multa.”

A pena foi agravada em relação à Lei 4729/65, revogada pela Lei

8.137/90. O diploma legal revogado previa a pena máxima de 2 anos de

detenção, o que permitia benefícios como a fiança, no caso de flagrante,

e a suspensão condicional da pena - sursis, na hipótese de condenação.

A extinção da punibilidade pelo pagamento antes da denúncia,

reintroduzida no nosso ordenamento jurídico pela Lei 9.249, de 27 de

dezembro de 1995, não é medida salutar para o combate ao crime fiscal.

Não existirá o temor em praticar a sonegação fiscal, pois na hipótese de

se constatar o crime, basta tão somente efetuar o pagamento para que se

extinga a punibilidade.

3.7- PARÁGRAFO ÚNICO:

“Parágrafo único - A falta de atendimento da

exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez)

dias, que poderá ser convertido em horas em razão

da maior ou menor complexidade da matéria ou da

dificuldade quanto ao atendimento da exigência,

caracteriza infração prevista no inciso V.”

A exigência em questão deverá ser feita através de notificação

regular e pessoal ao contribuinte, com a fixação do prazo e especificação

dos documentos que se pretende apreciar. Vencido o prazo sem o

atendimento ao Fisco, configura-se o crime.

3.8- ARTIGO 2º, CAPUT:

“Art. 2º. Constitui crime da mesma natureza:”

Não obstante o caput consignar que o crime deste artigo é da mesma

natureza do artigo 1º, é forçoso reconhecer a classificação doutrinária

diversa. O crime do artigo 1º tem como núcleo a redução ou supressão do

tributo (material), ao passo que o crime do artigo 2º é classificado como

formal ou até mesmo de mera conduta.

Considerando como formal os crimes previstos no dispositivo em

questão, a análise será na forma do artigo anterior.

Cabe salientar que a Lei 8.137/90 adotou técnica legislativa

através da qual as circunstâncias elementares dos crimes do artigo 1º são

também crime autônomo do artigo 2º.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 15

Assim, não havendo redução ou supressão do tributo, não é caso de

desistência voluntária, arrependimento eficaz ou mesmo tentativa, mas a

configuração do crime descrito no artigo 2º, inciso I, que abrange todas

as condutas instrumentais dos incisos I a V, do art. 1º.

3.9- INCISO I:

“I - fazer declaração falsa ou omitir declaração

sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra

fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de

pagamento de tributo;”

No comentário ao artigo anterior foram apresentados os conceitos de

declaração falsa e fraude. Por isso, torna-se possível adentrar na

análise da materialidade.

a) - Fato concreto: a norma em tela abrange todos os fatos típicos

elencados no artigo 1º, incisos I a V, no caso do agente não alcançar a

redução ou supressão do ICMS.

Na hipótese do agente ser surpreendido antes do vencimento da

obrigação, inevitavelmente, a tipificação recairá no dispositivo ora

comentado.

3.10- INCISO II:

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de

tributo ou de contribuição social, descontado ou

cobrado, na qualidade de sujeito passivo de

obrigação e que deveria recolher aos cofres

públicos;

A interpretação da norma em questão, de um lado, conduz ao

entendimento de que o débito declarado e não pago, sem fraude, não

constitui crime. Essa exegese, de forma equivocada, é baseada, também, no

inciso LXVII, da Constituição, que não permite a prisão por dívida, salvo

na hipótese do depositário infiel e do inadimplemento inescusável de

obrigação alimentícia.

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por outro lado,

adotando posição contrária, vem denunciando os casos de omissão de

recolhimento, por entender que o fato encontra-se tipificado no

dispositivo ora comentado.

O Ministro José Carlos Moreira Alves, do Pretório Excelso, no 20º

Simpósio Nacional do Centro de Extensão Universitária em São Paulo, na

abertura, em 1995, sustentou a tipificação do omisso de recolhimento.

Vale registrar, aliás, o v. acórdão proferido em 1977, relatado

pelo Min. Moreira Alves10 , ementado a seguir:

“Apropriação indébita pelo não recolhimento do

imposto sobre produtos industrializados.

10- RTJ 86/408.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 16

Constitucionalidade do art. 2º, caput, do Dec.-

lei 326/67, porquanto, na realidade, não criou

ele nova modalidade de apropriação indébita, mas

apenas estabeleceu - o que se situa dentro do

âmbito do direito tributário - a posição jurídica

do responsável pelo pagamento do tributo em face

da coisa fungível (produto da cobrança do

imposto), vedando-lhe a utilização dela para

outro fim que não o seu recolhimento aos cofres

públicos na época própria, que é requisito

objetivo para que, com relação a coisa fungível,

possa ocorrer o crime de apropriação indébita,

aos precisos termos do caput do art. 168, do CP,

e não em decorrência de modalidade nova desse

delito.”

Com efeito, a omissão do Contribuinte implica na utilização do

produto do ICMS em finalidade diversa que não o recolhimento aos cofres

públicos, o que autoriza o enquadramento da conduta como crime.

3.11- INCISO V:

“V - utilizar ou divulgar programa de

processamento de dados que permita ao sujeito

passivo da obrigação tributária possuir

informação contábil diversa daquela que é, por

lei, fornecida à Fazenda Pública.”

O que se pretende com a norma em tela é coibir a existência do

caixa dois, agora através de processamento de dados, com maior

sofisticação. A norma prevê duas condutas: utilizar ou divulgar programa

que possa garantir a existência de controle contábil e fiscal paralelo,

com vistas à sonegação fiscal.

“Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)

anos, e multa.”

Tratando-se de crime formal, a pena passou a ser de 6 (seis meses)

a 2 (dois) anos, visto que a consumação independe do resultado, vale

dizer, da lesão efetiva aos cofres públicos.

4- CONSIDERAÇÕES SOBRE AUTORIA E MATERIALIDADE DO DELITO

O Fiscal, responsável pela instauração do procedimento

fiscalizatório, normalmente é o primeiro a constatar a existência do

crime, apurando os indícios da autoria e a materialidade.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 17

A autoria deverá recair sobre quem realizou o núcleo do tipo. O

criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira11 afirma que “três formas

de autoria são assinaladas pela doutrina: autor executor, autor

intelectual e autor mediato. O primeiro realiza materialmente a conduta,

total ou parcialmente. O autor intelectual determina a realização do

fato, sem dele participar materialmente. O mediato é aquele que usa um

inimputável para a prática delituosa e sem vontade de praticá-la.”

A individualização da responsabilidade penal nos crimes cometidos

por meio de Pessoa Jurídica é uma consequência natural do princípio

constitucional da legalidade e da ampla defesa.

A falta de individualização da conduta pode constituir “excesso

acusatório”, baseado na responsabilidade objetiva, além de inviabilizar a

aplicação do art. 11 da Lei 8.137/90.

Com efeito, tratando-se de responsabilidade subjetiva, com a

exigência do dolo, é forçoso a individualização da conduta, com a

comprovação de quem causou o resultado consistente na redução ou

supressão do ICMS, no caso do art. 1º da Lei. Relativamente ao artigo 2º,

basta individualizar a conduta, pois sendo o crime formal, independe de

resultado para a sua consumação.

A materialidade, por sua vez, é comprovada por meio de prova

documental e o depoimento do Fiscal que apurou a autoria e a infração

tributária, se o Ministério Público entender necessário.

5- CONCLUSÃO

Do exposto, pode-se elaborar as seguintes conclusões:

1º) - O combate ao crime fiscal deve tornar-se compromisso dos

Procuradores, por seus efeitos danosos para o Estado, que tem as suas

receitas reduzidas e as suas atividades prejudicadas, além das

consequências danosas para os contribuintes honestos;

2º) - A violação das normas substantivas tributárias implicam na

prática de crime material previsto no art. 1º, ao passo que infrações

formais tributárias correspondem aos tipos penais prescritos no art. 2º,

ambos da Lei 8.137/90;

3º) - O artigo primeiro não admite a tentativa, o arrependimento

voluntário ou eficaz, tendo em vista que as circunstâncias elementares

dos crimes contra a ordem tributária são também crimes autônomos

previstos no artigo 2º, I, da Lei 8.137/90;

11- Ricardo Mariz de Oliveira, Elisão e Evasão Fiscal, São Paulo, Ed. Resenha Tributária, 1988, p. 153/154; obra

coletiva coordenada por Ives Gandra da Silva Martins.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 18

4º) - A omissão de recolhimento do ICMS constitui crime previsto no

art. 2º, II, da Lei 8.137/90, uma vez que o não pagamento, no prazo

legal, revela que o contribuinte deu finalidade diversa ao produto do

imposto que deveria ser recolhido aos cofres públicos;

5º) - A individualização da conduta deve ser feita na notícia-crime

a ser apresentada ao Ministério Público, visto ser ela exigência do

princípio da legalidade, da responsabilidade subjetiva e da ampla defesa.

BIBLIOGRAFIA

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Tributária, obra coletiva coordenada por Ives Gandra da Silva Martins,

São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995.

2 - Carvalho, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, 6ª

edição, São Paulo, Saraiva, 1993.

3 - Denari e Costa Júnior, Zelmo e Paulo José da. Infrações

Tributárias e Delitos Fiscais, São Paulo, Saraiva, 1995.

4 - Derzi, Mizabel de Abreu Machado. Crimes Contra a Ordem

Tributária - Normas penais em branco e legalidade rígida, in Volume de

apoio ao Seminário sobre Crimes contra a Ordem Tributária realizado pela

IOB, em São Paulo, no dia 31.3.95.

5 - Dória, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e Evasão Fiscal, 2ª.

Ed., São Paulo, Bushatsky Ed., 1977.

6 - Emerenciano, Adelmo da Silva. Procedimentos Fiscalizatórios e a

Defesa do Contribuinte. São Paulo, Ed. Copola, 1995.

7 - Gomes, Luiz Flávio. Direito Penal Empresarial, obra coletiva

coordenada por Valdir de Oliveira Rocha, São Paulo, Ed. Dialética, 1995.

8 - Greco, Marco Aurélio. Notas à Legislação sobre Crimes Fiscais,

Caderno de Direito Tributário e Finanças Públicas nº 8, julho

setembro/94, São Paulo, Revista dos Tribunais.

9 - Mirabete, Júlio Fabbrini. Processo Penal, São Paulo, Atlas,

1991.

10 - Mirabete, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal, Vol. 1, 6ª

ed., São Paulo, Atlas, 1991.

11 - Oliveira, Antônio Cláudio Mariz de. Cadernos de Direito

Tributário e Finanças Públicas nº 12, julho-setembro de 1995, São Paulo,

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12 - Pimentel, Manoel Pedro. Crime de Sonegação Fiscal, São Paulo,

in Revista dos Tribunais nº 617, março de 1967.

13 - Silva, Pinheiro, Belluci, Clasivísio, Chimenti, Almada,

Fernandes, Souza, Carmen Lúcia da; José Gomes; Fábio; Henrique

Rodriguero; Ricardo Cunha; Izabel Cristina Modesto; Odmir; Roberto

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consumo, São Paulo, Revista dos Tribunais, vol. 13.

14 - Tenório, Igor. Direito Penal Tributário, São Paulo, Bushatsky,

1973.

15 - Troianelli, Mello, Mestieri, Medina, Gabriel Lacerda; Gustavo

Miguez de; João; Rafael Atalla. Crimes Contra a Ordem Tributária, obra

coletiva coordenada por Ives Gandra da Silva Martins, São Paulo, Revista

dos Tribunais.

16 - Villegas, Hector. Direito Penal Tributário, São Paulo, Ed.

Resenha Tributária, 1974.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 19

* O ELEMENTO TEMPORAL DO FATO GERADOR DO - ICMS - INCIDENTE

SOBRE A IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS POR PESSOA FÍSICA

MARCELO LAVOCAT GALVÃO

Procurador do Distrito Federal

I - INTRODUÇÃO

A questão envolvendo o momento da ocorrência do fato gerador do

ICMS incidente sobre a importação de mercadorias do exterior tem

frequentado o repertório jurisprudencial brasileiro com elevada

assiduidade nas últimas décadas.

Na atualidade judiciária brasileira, o tema tem vindo novamente à

balha, desta feita como corolário do conflito advindo da modificação

levada a efeito pelo Convênio/ICMS 66/88, que antecipou a ocorrência da

hipótese de incidência do tributo em se tratando de importação feita por

pessoa física.

O conteúdo do Convênio, que encerra flagrante divergência em

relação ao disposto no Decreto-lei nº 406/68, tem-se configurado em alvo

de inúmeras impugnações judiciais junto aos nossos Pretórios, que em sua

grande maioria têm proferido decisões desfavoráveis às Fazendas Públicas.

A controvérsia, é fora de dúvida, tem sua razão de ser.

Com efeito, vista a questão sob o prisma da abrangência eficacial

do indigitado Convênio, parece certo que, no particular, teria o acordo

estadual extrapolado as fronteiras de atuação limitadas pelas lacunas

decorrentes da mudança material endereçada ao tributo pela nova

Constituição, adentrando assim espaços preenchidos anteriormente pelo

Decreto-lei nº 406/68.

Sem embargo, a verdade é que a apreciação do tema não pode estar

adstrita tão-somente a requisitos formais atinentes à limitação do

Convênio como elemento normativo supletivo. Ao revés, há de ter presentes

os novos aspectos constitucionais respeitantes ao imposto, bem como à

evolução do perfil econômico-financeiro do Brasil, surgido com a

revolução democrática ocorrida no Leste Europeu ao final da década de 80.

O objetivo precípuo deste ensaio, pois, é o de consignar a

constitucionalidade da cobrança do ICMS no momento da entrada, em

território nacional, de mercadoria importada do exterior por pessoa

física, nos termos do artigo 1º do Convênio 66/88.

* Tese apresentada no XXI Congresso Nacional de Procuradores de Estado - 05 a 09 de Novembro de 1995 - Rio de

Janeiro - RJ.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 20

Para tanto, faz-se mister percorrer os pressupostos normativo-

materiais e o campo de atuação deste instrumento transitório de previsão

tributária, veiculado pela primeira vez na Constituição Federal de 1988.

A fonte de pesquisa e análise do trabalho, por sua pretensão

eminentemente prática, repousa na própria literatura jurisprudencial

pátria, trazida à colação nas diversas etapas em que se divide a

monografia, consoante se passa a demonstrar.

II - O PRESSUPOSTO CONSTITUCIONAL DE VALIDADE DO CONVÊNIO

A sustentação da tese a ser defendida neste trabalho demanda,

inicialmente, a compreensão exata do novel sistema tributário desenhado

pela Constituição em vigor.

Neste sentido, leitura perfuctória dos dispositivos pertinentes

demonstra, de per si, que ao tempo em que buscava aprimorar o sistema

fiscal, o Constituinte de 1988 se preocupou sobremaneira em regular os

conflitos que adviriam da intertemporariedade do direito em gênese,

notadamente no que tange ao sensível ramo dos tributos.

Bem por isso, imprimiram-se ao texto mecanismos jurídicos próprios,

que no porvir serviriam de alicerce para a transição tributária que se

descortinava com a promulgação da Lei Maior.

Assim é que, no artigo 34 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias, observam-se dispositivos provisórios de largo alcance

institucional, os quais inequivocamente visam a dar operacionalidade às

mudanças tributárias trazidas pelo texto. Dentre eles, ressaltam os

parágrafos 3º, 4º, 5º, 7º e 8º, este último prevendo a edição de Convênio

para regulamentar provisoriamente a instituição do ICMS, nos seguintes

termos:

“§ 8º. Se, no prazo de sessenta dias contados da

promulgação da Constituição, não for editada a lei

complementar necessária à instituição do imposto de que

trata o art. 155, I, b, os Estados e o Distrito

Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei

Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão

normas para regular provisoriamente a matéria.”

Revestidos dessa inesperada autoridade constitucional, cuidaram os

Estados e o Distrito Federal de desenhar o Convênio-ICMS nº 66, de

14.12.88, publicado no Diário Oficial da União de 15.12.88, Seção I, p.

24.595.

A aferição da legitimidade do Convênio veio ao empós, resultado de

sua submissão ao controle jurisdicional, inclusive à Suprema Corte, que

por diversas vezes consignou sua constitucionalidade, nada obstante a

vigência entre nós do princípio da legalidade tributária plena.

A título de ilustração, cita-se o leading case do tema,

consubstanciado no julgamento do Recurso Extraordinário nº 144.795-SP1,

relatado pelo Min. Ilmar Galvão perante a Primeira Turma, na oportunidade

em que apreciava a questão relativa à exigência do ICMS na operação de

1- In DJU, 12.11.93, p. 24.023.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 21

fornecimento de alimentos e bebidas por restaurantes e similares trazida

pelo Convênio.

Na ocasião, frise-se, a fim de verificar a constitucionalidade da

Lei Paulista nº 6.374, de 01.03.89, foi a Corte obrigada a proceder à

análise crítica do próprio Convênio, restando consignado no acórdão,

verbis:

“Para que os Estados possam exigir o tributo, todavia,

não basta a Constituição haver-lhes conferido a

necessária competência. Mister se faz a sua instituição

por meio de lei, na forma do art. 150, I, da Carta,

após a definição dos respectivos fatos geradores, bases

de cálculo e contribuintes por meio de lei

complementar, como preceituado no art. 146, III, a, do

Texto Fundamental.

Registre-se que, no sistema constitucional pretérito,

não cabia à lei complementar federal, e sim ao

legislador estadual, a definição dos elementos do

tributo. Daí, ter-se firmado a jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal no sentido de ser o antigo ICM

inexigível, enquanto essa providência não houvesse sido

cumprida em lei do Estado, notadamente no que concerne

a operações de fornecimento de alimentos e bebidas,

quando consumidas no próprio estabelecimento do

fornecedor, em relação às quais se assentou o

entendimento que acabou por cristalizar-se na Súmula nº

574, que sentenciou, verbis: “Sem lei estadual que a

estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de

circulação de mercadorias sobre o fornecimento de

alimentação e bebidas em restaurantes ou

estabelecimento similar.”

O Estado de São Paulo, por meio da Lei nº 5.886/87,

atendeu àquela exigência, dispondo expressamente que,

na hipótese de fornecimento de alimentos, bebidas e

outras mercadorias, em restaurantes, bares, cafés e

estabelecimentos similares, “a base de cálculo é o

valor total cobrado do adquirente”.

Estabelecida, no entanto, a exigência constitucional de

que a definição de fato gerador, base de cálculo,

alíquota e contribuinte deveria ser feita por meio de

lei complementar federal (art. 146, III, a, da CF/88),

às unidades federadas, enquanto no aguardo da

iniciativa do legislador federal, não restou outra

alternativa senão socorrerem-se, como se socorreram, da

faculdade, prevista no art. 34, § 8º, do ADCT/88, de

regular provisoriamente a matéria por meio de convênio

(nº 66/88), celebrado nos termos da Lei Complementar n.

24, de 7 de janeiro de 1975.

Na verdade, tratando-se de tributo de comum interesse

de todas as unidades federadas, e que, por isso,

haverá, sempre, de ser disciplinado de modo uniforme

para todas elas, no que tange aos seus elementos, é

fora de dúvida que não poderiam vir a ser submetidos a

normas gerais ditadas pelos Estados, de per si, no

exercício da competência supletiva prevista no art. 24,

§ 3º, da CF/88, o que, fatalmente, levou o constituinte

a ditar a regra provisória do referido art. 34, § 8º.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 22

Não há que se ver, nesse passo, por igual, nenhuma

contradição, aparente ou real, entre a disposição do

texto permanente e a do texto provisório, como quer a

recorrente.

Com apoio no indigitado convênio, editou o Estado de

São Paulo à nova Lei nº 6.374/89, por meio do qual

ficou habilitado à cobrança do tributo, sem deixar

espaço para arguições de inconstitucionalidade ou de

legalidade.

Decidindo por esse modo, não merece nenhum reparo o v.

acórdão recorrido.”

A importância do julgado, como se vê, avulta do fato de ter a

decisão baseado-se na validade do Convênio como suporte jurídico para a

instituição, no âmbito do ordenamento jurídico dos Estados e do Distrito

Federal, das linhas mestras do ICMS.

Ulteriormente, a mesma controvérsia acerca da legalidade do

Convênio foi levada à apreciação do Tribunal Pleno da Suprema Corte, onde

restou devidamente pacificada no julgamento do Recurso Extraordinário nº

171.808/SP2, da relatoria do em. Min. Marco Aurélio.

Da assentada, ressalta brilhante passagem do voto do em. Min. Celso

de Mello, que bem define o posicionamento jurídico do Convênio nº 66/88

em nosso ordenamento, verbis:

“O Convênio ICM nº 66/88, não obstante a provisoriedade

do regramento normativo que veicula, qualifica-se, nos

termos do art. 34, § 8º, do ADCT, como sucedâneo

constitucional da lei complementar exigida pelo art.

146, III, a, da Carta Política. Daí, a exata observação

de HUGO DE BRITO MACHADO (“Curso de Direito

Tributário”, p. 253, 7ª ed., 1993, Malheiros), no

sentido de que “...o constituinte federal substituiu a

lei complementar pelo convênio interestadual, para o

fim específico de viabilizar a instituição do ICMS”.

O Convênio em questão, enquanto instrumento normativo

de regência provisória da matéria pertinente ao ICMS,

empresta o necessário suporte jurídico à questionada

ação tributante do Estado, na medida em que, além de

identificar, de modo adequado, a base de cálculo do

imposto (“o valor total da operação, compreendendo o

fornecimento da mercadoria e a prestação do serviço” -

art. 4º, IV), define a hipótese de incidência do ICMS

nas operações de “fornecimento de alimentação, bebidas

e outras mercadorias, por qualquer estabelecimento,

incluídos os serviços prestados” (art. 2º, VII)”.

O decisum, sem dúvida, serviu para unificar o entendimento da Corte

quanto à aptidão jurídico-normativa do Convênio. Concomitantemente, deu

início à discussão sobre a própria delimitação dos lindes impostos à

atuação do instrumento em tela.

De fato, dos votos proferidos no julgado já se fazia sentir, em

respeito à essência do princípio da legalidade, uma tentativa de

limitação jurisprudencial do campo de criação tributária colocado à

2- Julgamento 20.10.94, Tribunal Pleno STF.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 23

disposição da iniciativa mediante Convênio. Neste sentido, o voto do

próprio Ministro-relator, verbis:

“Senhor Presidente, como Relator, tendo em vista a

questão suscitada pelo nobre Ministro Paulo Brossard,

entendo que a vinda à balha de uma disciplina,

considerado o teor do § 8º do artigo 34 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, dá-se com

projeção no tempo, ou seja, até que o legislador atue.

Tal como S.Exa., não admito que, uma vez regulada a

matéria pela via eleita neste preceito, tenham-se

modificações sucessivas. Há o esgotamento da atuação,

mas isto não implica retirar-se do cenário jurídico,

pela passagem do tempo, pela inércia do Legislativo, o

que foi disciplinado. Por isso, mantenho o voto que

proferi.”

As limitações, de fato, não tardaram.

Logo após a confirmação da legitimidade do Convênio, passou a

jurisprudência a voltar os olhos para a delimitação de sua abrangência

eficacial. E com o desenvolver do tema, conquanto sempre ressalvada a

valia do referido acordo estadual, peias surgiram para limitar o poder

dos Estados conveniados.

III - A ABRANGÊNCIA NORMATIVA DO CONVÊNIO 66/88

Com efeito, a existência de Lei federal anterior - Decreto-lei nº

406/68, com status de legislação complementar relativa ao ICM antigo,

ensejou desde logo a discussão acerca da necessidade da total

regulamentação do novel tributo.

A nosso ver, do modo como posto no artigo 34, § 8º, do ADCT, era de

se entender que o Convênio teria a responsabilidade de reformular por

completo os preceitos do imposto em questão. É que a Carta assevera

expressamente a necessidade da edição de nova lei complementar para

instituir o ICMS, cuja exigibilidade restaria regulamentada por Convênio,

enquanto não votada a nova norma.

Ocorre que os Tribunais pátrios, em especial o Supremo Tribunal e o

Superior Tribunal de Justiça, valendo-se do disposto no § 5º do mesmo

art. 34, ADCT, e adotando interpretação de natureza prático-jurídica,

entenderam recepcionados todos os artigos do Decreto-lei nº 406/68, desde

que compatíveis com as linhas do novo modelo fiscal, restringindo, assim,

o campo de atuação do concerto dos Estados.

Assim, cumpre afirmar que o precitado entendimento, segundo o qual

o Convênio só pode regular matérias não abrangidas pelo Decreto-lei

406/68, encontra-se pacificado no repertório jurisprudencial brasileiro,

dispensando maiores lucubrações a respeito.

Veja-se, neste sentido, a ementa que ostenta a decisão lançada pelo

Tribunal Pleno do Excelso Pretório no Recurso Extraordinário nº 149.922-

23:

3- Relator Min. Ilmar Galvão, in DJU 29.04.94, p. 9733.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 24

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. EXPORTAÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO. ICMS.

BASE DE CÁLCULO. QUOTA DE CONTRIBUIÇÃO DO IBC. DL

406/68, ART. 2º, § 8º. CONVÊNIO ICM 66/88, ART. 11, -

EDITADO SOB INVOCAÇÃO DO ART. 34, § 8º, DO ADCT.

PRINCÍPIO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA.

A competência delegada aos Estados, no art. 34, § 8º,

do ADCT, para fixação, por convênio, de normas

destinadas a regular provisoriamente o ICMS, limita-se

pela existência de lacunas na legislação.

Se a base de cálculo em referência já se achava

disciplinada pelo art. 2º, § 8º, do DL 406/68,

recepcionado pela nova carta com caráter de lei

complementar, até então exibido (art. 34, § 5º, do

ADCT), não havia lugar para a nova definição que lhe

deu o Convênio ICM 66/88 (art. 11), verificando-se, no

ponto indicado, ultrapassagem do linde cravado pela

norma transitória e consequente invasão do princípio

constitucional da legalidade tributária.

Acertado entendimento do acórdão impugnado, suficiente

para respaldar sua conclusão, dispensando-se, por isso,

o exame da tese da imunidade tributária, sem prejuízo

do registro de sua absoluta impertinência, já que não

se está diante de exigência fiscal dirigida a qualquer

dos entes de direito público beneficiários dessa

limitação ao poder de tributar.

Não-conhecimento do recurso, com declaração da

inconstitucionalidade do art. 11 do Convênio ICM 66/88,

de 14 de dezembro de 1988.”

Do voto condutor do aresto, a propósito, requer transcrição a

seguinte passagem, verbis:

“No caso específico do ICMS, nova denominação dada ao

anterior ICM, é bem de ver-se, encontrava-se em vigor o

Decreto-lei nº 406/68 que, com status de lei

complementar, “estabelece normas gerais de direito

financeiro aplicáveis aos impostos sobre operações

relativas à circulação de mercadorias e sobre serviços

de qualquer natureza”. Vale dizer que, no polifórmico

amontoado de hipóteses de incidência do ICMS, já se

acham regulamentadas, em grande parte, as alusivas à

circulação de mercadorias e a serviços não

especificados, restando, nesse passo, apenas as lacunas

decorrentes das inovações decorrentes das inovações

determinadas pelo novo Texto Fundamental; e no mais, a

disciplina da matéria tributável que lhe foi

acrescentada, a saber, os serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação, a

energia elétrica, os combustíveis líquidos e gasosos,

os lubrificantes e os minerais.

Da parte já regulamentada não poderia tratar o

Convênio, pois, como já ficou dito acima, tinha ele o

papel de substituto provisório.

O prefalado § 8º do art. 2º do Decreto-lei nº 406/68

insere-se nesse contexto, já que define a base de

cálculo do ICM, hoje ICMS, nas operações de exportação

de mercadorias. Trata-se de norma expedida pela União,

recepcionada pela nova Carta, na forma prevista no art.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 25

34, § 5º, do ADCT/88, cuja vigência, por isso, nos

termos do que ficou dito, não deixou espaço para o

Convênio previsto no § 8º do art. 34 do ADCT.”

O Superior Tribunal de Justiça, repise-se, tem trilhado o caminho

aberto pela Suprema Corte. No Recurso Especial nº 31.257/SP4, relator o

eminente Min. Gomes de Barros, deixou-se consignado:

“TRIBUTÁRIO - ICM - COBRANÇA ANTECIPADA DO ICM - DL

406/68 ART. 3º, § 1º.

A exigência de que o contribuinte recolha o ICM no

momento da ocorrência de cada fato gerador contraria o

preceito contido no Art. 3º, § 1º do Decreto-lei nº

406/68, que foi recebido pela atual ordem

constitucional.”

Os Tribunais Regionais Federais, por sua vez, também tem seguido a

mesma orientação5.

Deste modo, não pairam dúvidas de que, em relação ao ICMS, o

Convênio somente poderá prevalecer naquilo que modificado no perfil do

tributo pela Constituição, matérias até então imunes a regulamentação

pelo Decreto-lei nº 406.

IV - O MOMENTO DO FATO GERADOR DO ICMS INCIDENTE SOBRE A MERCADORIA

IMPORTADA POR PESSOA FÍSICA É A ENTRADA DO BEM EM TERRITÓRIO

NACIONAL

Assentada a legalidade do Convênio e definida sua competência

normativa, passa-se então a apreciar o núcleo do tema proposto.

Neste sentido, assinale-se que vetusta é a discussão acerca do

momento de ocorrência do fato gerador do Imposto Sobre Circulação de

Mercadorias, em se tratando de importação de mercadorias do exterior.

De fato, desde o advento do Decreto-lei nº 406/68, que, em linhas

gerais, assentou as hipóteses de incidência do tributo, exsurgiram as

mais diversas controvérsias envolvendo a questão da importação de

mercadorias e sua tributação, o que inclusive ensejou a edição do Verbete

nº 577 da Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, nos idos

de 1975.

Naquele momento, é certo, não se discutia a possibilidade de o fato

gerador do imposto se configurar no recebimento da mercadoria pelo

importador, ainda que fora do estabelecimento comercial.

Ao revés, a Súmula visava a espancar dúvidas quanto à possibilidade

de se cobrar o imposto instituído pelas diversas leis estaduais, ainda

que a importação tivesse sido autorizada anteriormente à entrada em vigor

das leis.

Tal conclusão de dessume da leitura atenta dos acórdãos que

embasaram o Verbete. Com efeito, no Recurso Extraordinário nº 79.626/SP6,

relator o Min. Leitão de Abreu, a questão restou assim ementada:

4- In DJU, 22.11.93. 5- TRF da 2ª Região - Súmula nº 7; TRF da 3ª Região - Súmula nº 3; TRF da 4ª Região - Súmula nº 6. 6- In DJU, 20.08.75.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 26

“EMENTA: ICM na importação de mercadorias estrangeiras.

Fato gerador. Configura-se no momento da entrada da

mercadoria no estabelecimento importador. Incidência,

nesse momento, da lei instituidora do tributo.

Inexistência de direito adquirido ao não pagamento do

tributo por haver a importação sido autorizada

anteriormente à edição da lei que o instituiu. Recurso

Extraordinário conhecido e provido. Cassação da

segurança.”

Outro não é o conteúdo da decisão proferida no Recurso

Extraordinário 81.123/SP7, tendo o Relator, o saudoso Min. Bilac Pinto,

assim desenhado a ementa do julgado, verbis:

“IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS. IMPORTAÇÃO DE

MERCADORIA. L. 91/72-SP. INCIDÊNCIA.

Aplicação da lei que determinou, como fato gerador do

ICM, a entrada da mercadoria vinda do exterior no

estabelecimento do importador, ainda que a operação

tenha sido iniciada antes da criação da mesma lei. -

Precedentes do STF - Recurso extraordinário não

conhecido.”

Guiado, decerto, pelo norte indicado pela referida Súmula, o poder

constituinte derivado de 1983 veio a cristalizar o entendimento no

próprio direito positivo, promulgando a Emenda Constitucional nº 23, a

qual acrescentou o § 11 ao artigo 23 da Carta pretérita, nos seguintes

termos:

“§ 11. O imposto a que se refere o item II incidirá,

também, sobre a entrada, em estabelecimento comercial,

industrial ou produtor, de mercadoria importada do

exterior por seu titular, inclusive quando se tratar de

bens destinados a consumo ou ativo fixo do

estabelecimento.”

Referida emenda, resssalte-se, visava a afastar as mesmas

tergiversações atingidas pela Súmula nº 577. Ademais, recepcionava em sua

inteireza o disposto no prefalado Decreto-lei, EM SE TRATANDO DE

IMPORTAÇÃO PERPETRADA POR PESSOAS JURÍDICAS.

Ocorre que a Constituição de 1988, ao reformular o ICM, modificou a

redação trazida pela Emenda nº 23, retirando do texto a expressão - em

estabelecimento comercial, industrial ou produtor.

Assim, a questão jurídica de hoje não se confunde com a

controvérsia do passado.

Com efeito, reside em saber-se se o Convênio/ICMS nº 66/88, tendo

em vista a modificação perpetrada pela Constituição, teria extrapolado os

limites estabelecidos no permissivo constitucional, alterando a definição

de fato gerador contida no Decreto-lei nº 406/68.

E na hipótese, impõe-se a resposta negativa.

7- In DJU, 18.06.75.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 27

De fato, equivoca-se a tese, por diversas vezes acolhida no

Judiciário, de que a inovação trazida interferiu no conteúdo do Decreto-

lei, que em seu artigo, 1º, II, estatui:

“Art. 1º - O imposto sobre operações relativas à

circulação de mercadorias tem como fato gerador:

...............................................

II - a entrada, em estabelecimento comercial,

industrial ou produtor, de mercadoria importada do

exterior pelo titular do estabelecimento.”

É que o indigitado Convênio, cogitando da importação de

mercadorias, no artigo 2º, I, de seu anexo único, traz o seguinte

mandamento:

“Art. 2º - Ocorre o fato gerador do imposto:

I - na entrada no estabelecimento destinatário ou

no recebimento pelo importador de mercadoria ou bem,

importados do exterior.”

Note-se que a primeira parte desse dispositivo - na entrada no

estabelecimento destinatário - está em perfeita harmonia com a redação do

Decreto, e se refere à importação praticada por comerciante.

As argüições de inconstitucionalidade apresentadas pelos

importadores têm por alvo a última parte do permissivo - no recebimento

pelo importador de mercadorias ou bens importados do exterior.

Neste particular, conquanto tenha o Decreto-lei sido recepcionado

pela Ordem Tributária em vigor, o certo é que em relação à importação

direta por particulares não-comerciantes houve mudança no tratamento

constitucional endereçado ao tema, e neste caso é o acordo estadual o

meio normativo adequado para reger a situação provisória, alvo futuro de

competente legislação complementar.

Ressalte-se que o atual ICMS, no ponto analisado, é insusceptível

de ser confundido com o extinto ICM, o qual era previsto na Constituição

de 1967, regulado pelo Decreto-lei nº 406/68.

De fato, como já mencionado, se se observarem os preceptivos

constitucionais do art. 155, inciso II, e § 2º, inciso IX, alínea “a”,

constata-se que os mesmos não mais cogitam da entrada em estabelecimento

comercial, industrial, ou produtor, mas a entrada de mercadoria importada

do exterior, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo.

Deste modo, alterados os elementos do tributo em questão,

revogaram-se as respectivas normas a ele referidas no Decreto-lei nº

406/68, passando a matéria a ser regulada em nova lei complementar ou, na

sua ausência, no bojo do Convênio 66/88, por expressa autorização

constitucional (art. 34, § 8º, ADCT).

E o Convênio nº 66/88, repita-se, estabeleceu, em seu art. 2º,

inciso I, que ocorre o fato gerador do ICMS na entrada do estabelecimento

destinatário ou no recebimento pelo importador de mercadoria ou bem,

importados do exterior.

Ao definir o contribuinte do imposto, do mesmo modo estabeleceu que

é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize operações de

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 28

circulação de mercadoria ou prestação de serviço descritas como fato

gerador do imposto.

Mais adiante, em seu parágrafo único, inciso I, do mesmo artigo,

inclui, entre os contribuintes do ICMS, o importador, o arrematante, ou o

adquirrente, o produtor, o extrator, o industrial e o comerciante.

Trata-se de interpretação que melhor se adapta ao quadro econômico-

institucional colhido no cotidiano de todos os países, inclusive no

Brasil.

Deveras, sopram hoje os ventos da chamada globalização da política

econômica mundial, que derrubam os muros que impossibilitavam um maior

intercâmbio dos produtos de consumo entre as nações.

Aliás, a questão da importação de mercadorias, antes vista como

atividade atentatória à própria soberania dos países, ora faz parte do

horizonte ordinário da maioria esmagadora dos povos, tornando-se, até por

isso, cada vez mais necessária uma legislação que preveja a tributação

eficiente das operações de troca de mercadorias alienígenas, que hoje

podem até ser praticadas com intermediação dos Correios oficiais.

Demais disso, impende ressaltar os prejuízos que advêm da cobrança

posterior do tributo em relação a pessoas físicas, que, como sói

acontece, dificilmente são encontradas pelo Fisco para efeito de cobrança

de imposto ocorrido anteriormente. Tal problema, é fato, não se verifica

na cobrança no desembaraço aduaneiro do tributo.

Diante desta iniludível constatação, afigura-se ainda mais

legitimada a norma conveniada que possibilita a cobrança do ICMS quando

do próprio desembaraço aduaneiro da mercadoria importada por pessoas

físicas, onde sequer pode-se falar em existência de estabelecimento

comercial receptador.

As decisões judiciais, data venia, não têm observado a sutil

diferenciação, enquadrando todos os feitos na vala comum, pelo que

sistematicamente tem declarado a inconstitucionalidade do Convênio.

Com este ensaio, é certo, busca-se o comprometimento das Fazendas

Estaduais com a tese de que é mister a modificação do entendimento

jurisprudencial ora predominante, a fim de que seja resguardada a

autoridade constitucional vigente, e alcançada a justiça fiscal tão em

voga nos últimos tempos.

V - CONCLUSÃO

Vê-se, portanto, não poder subsistir o entendimento de que o

Convênio haveria extrapolado os termos do Decreto-lei nº 406, ao inovar

na definição do fato gerador relativo à entrada de produtos importados do

exterior.

Em verdade, nada mais fez senão adequar o fato gerador da exação à

nova moldura constitucional dada ao Imposto Sobre a Circulação de

Mercadorias, que acolhendo aspectos da evolução sócio-econômica

brasileira, inovou acerca do processo de importação de mercadorias.

Flagrante, pois, a constitucionalidade do Convênio no particular.

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* A RESPONSABILIDADE DO ESTADO JUIZ

ROGÉRIO MARINHO LEITE CHAVES

Procurador do Distrito Federal

1 - INTRODUÇÃO

A evolução do Direito Público tem sido umbilicalmente ligada à

questão da responsabilidade do Estado. Da teoria da irresponsabilidade

absoluta, sob a égide da máxima do “The King can do no wrong”, passou-se

à teoria da culpa comum e desta à da responsabilidade objetiva do Estado.

Os limites e as condições dessa responsabilidade sempre despertaram o

interesse de juristas e magistrados.

Entre as múltiplas facetas do tema, encontra-se a da

responsabilidade do Estado por atos judiciais, que parece ser, sem

dúvida, a mais polêmica e complexa de todas elas. Assim o é porque o

problema nasce e deve ser resolvido no próprio mundo do Direito, que,

como sabemos, dificilmente apresenta unanimidade de teses e de

conceitos1.

Embora agasalhada em alguns países como a Itália, a França e a

Espanha, e mesmo assim de forma pouco extensa, a tese da responsabilidade

estatal por atos do Estado-Juiz ainda permanece alheia à jurisprudência

da maioria dos países, entre os quais o Brasil2, não obstante os esforços

da competente doutrina. Esse fato levou Yussef Cahali a afirmar que o

tema tratado “...constitui o último reduto da teoria da

irresponsabilidade civil do Estado”3.

Entretanto, mesmo ao cidadão leigo, o fato de um dano causado por

um serviço público ficar sem reparação parece causar espécie. Mormente

quando os ideais assegurados pelo Estado de Direito grassam por todo o

planeta, semeando o conceito solidarista da eqüitativa distribuição dos

ônus e encargos públicos entre todos os membros da comunhão política4.

Se é certo que há uma corrente doutrinária cada vez mais numerosa

que reconhece a existência de um dever estatal de indenizar os danos

advindos dos atos do Poder Judiciário, subsiste, por outro lado, a

corrente que nega tal possibilidade. Os principais argumentos de uma e

outra serão a seguir examinados.

2 - TEORIA DA IRRESPONSABILIDADE

* Tese apresentada no XXI Congresso Nacional de Procuradores de Estado - 05 a 09 de Novembro de 1995 - Rio de

Janeiro - RJ. 1- Cf. Mauro Benevides, Anais do Seminário “Plebiscito e Revisão Constitucional”, Brasília, 1992, pág. 19. 2- Ressalvadas as hipóteses de indenização por erro judiciário, exclusivamente na esfera penal, consagradas pelo art. 630

do Código de Processo Penal e art. 5º LXXV da Constituição Federal. 3- Responsabilidade Civil do Estado, Saraiva, São Paulo, 1982, pág. 201. 4- José Cretella Júnior, Responsabilidade do Estado por Atos Judiciais, separata da Revista da Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo, ano LXIV, 1969, pág. 90.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 30

A teoria da irresponsabilidade foi a que prevaleceu na primitiva

doutrina, predominando ainda hoje na jurisprudência brasileira5.

Resumidamente colocados, os principais argumentos de seus partidários são

os seguintes:

2.1. Soberania do Poder Judiciário

Durante muitos anos, os atos oriundos do Poder Judiciário estiveram

excluídos da incidência da responsabilidade do Estado, pois que eram

tidos como “manifestação da soberania estatal”.

Nos tempos atuais, o argumento não passa de uma peça de museu, como

acentuou Philippe Ardant. Soberania é atributo do Estado em suas relações

com outros países. Cada um dos Poderes possui apenas autonomia, não

soberania, sendo certo que a autonomia do Poder Judiciário não sofre

nenhuma violação quando responsabilizado por seus atos, da mesma forma

que também nunca houve infringência à autonomia do Poder Executivo quando

obrigado pelos atos de seus servidores. O argumento, como acentuou Duez,

não passa de um “verbalismo”6.

2.2. Independência da Magistratura

A instituição de uma responsabilidade do Estado por atos judiciais,

segundo os partidários da tese da irresponsabilidade, afetaria a

independência da magistratura, tolhendo com isso a necessária liberdade

criativa de que os magistrados necessitam no desempenho de seu mister

judicante.

Inicialmente, há que se acentuar que a independência da

magistratura é princípio que não comporta interpretação isolada, devendo

ser compatibilizado com o princípio da responsabilidade democrática. No

Estado Democrático, “...tanto maior a autoridade, tanto maior a

responsabilidade”, como acentuou Baleeiro7.

Se, como afirmou Augusto Dergint, “...é de suma importância que o

juiz possua certa autonomia na interpretação da norma jurídica...” esse

fato “...não justifica torná-lo, em defesa de sua independência,

irresponsável por suas decisões, principalmente se viciadas por erros

graves e inescusáveis...”8.

Acentue-se que a preconizada liberdade de consciência do magistrado

nada sofreria com a instituição da responsabilidade estatal, uma vez que,

já respondendo pessoalmente pelos danos causados (art. 133 do CPC), os

juízes não se veriam, naquela hipótese, acuados, pois a verba

indenizatória viria dos cofres públicos.

Deveras, ao contrário de intimidar, a responsabilidade substitutiva

do Estado, como lembra Cappelletti9, serviria para garantir a autonomia

5- Cf. principalmente STF, R.E. 70.121-MG. 6- Apud Augusto Dergint, Responsabilidade do Estado por Atos Judiciais, RT, São Paulo, 1994, pág. 133. 7- Voto proferido no R.E. 70.121-MG. 8- Op. cit., pág. 152. 9- Juízes Irresponsáveis?, Sérgio Antônio Fabris, Porto Alegre, 1989, pág. 54.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 31

dos magistrados, criando o que denominou de “efeito escudo” contra as

ações intimidatórias ou perturbatórias por parte dos litigantes

insatisfeitos ou maliciosos.

2.3. Ausência de Texto Legal

Outro argumento utilizado pelos partidários da tese da

irresponsabilidade é o de que falta texto expresso na legislação que

assegure e discipline a responsabilidade do Estado por danos ocasionados

por atos judiciais. A única hipótese prevista refere-se aos erros

judiciários penais (CPP, art. 630 e C.F., art. 5º, LXXV), sendo, pois,

limitada a responsabilidade do Estado-Juiz àqueles casos.

O argumento, no entanto, não prevalece. Em face do sistema

constitucional brasileiro, a regra é a responsabilidade do Estado, como

se dessume do art. 37 Par. 6º da Carta Magna. Como acentuou Ada

Pellegrini Grinover, embora se referindo ao sistema constitucional de

1969, “A responsabilidade do Estado por atos imputáveis ao juiz, assim

como aquele oriunda de defeitos do serviço judiciário...repousa...no

mesmo dispositivo constitucional”10.

Sobre ter o legislador constituinte lançado mão, na redação do art.

37, Par. 6º, do conceito amplo de “agentes” quis evidentemente se referir

às mais diversas categorias de servidores que atuam sob a égide do poder

estatal, não comportando distinções onde o constituinte não as fez.

Segundo ensinamento do saudoso Hely Lopes Meirelles, “Agentes públicos

são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente,

do exercício de alguma função estatal”11.

Ainda que se persista no argumento de não haver legislação

específica, não se poderá deixar conceder a indenização, pois, como

determina o art. 126 do CPC, deve o julgador, nos casos de lacuna ou

obscuridade da lei, socorrer-se da analogia, dos costumes e dos

princípios gerais de direito (cf. o art. 4º da Lei de Introdução ao

Código Civil).

2.4. Coisa Julgada

O mais sólido dos argumentos de que lançam mão os partidários da

tese da irresponsabilidade é o da coisa julgada. A res judicata, segundo

sustentam, é erigida com vistas à garantia da segurança das relações

jurídicas, evitando-se a insegurança das partes quanto à lide decidida.

Ainda que equivocada, a decisão transitada em julgado teria de ter tomada

por verdade inatacável, seguindo o brocardo res judicata pro veritate

habetur. Criando sua própria “verdade”, a decisão judicial trânsita em

julgado não pode, por isso, render ensejo à responsabilização do Estado.

Em razão disso, os partidários da irresponsabilidade, como lembra

Augusto Dergint, entendem que “a concessão de uma indenização por um

prejuízo causado por esse julgamento [danoso] implicaria em uma crítica

do julgado, uma inaceitável ofensa àquela presunção de verdade legal. Da

incontrastabilidade (irretratabilidade) da coisa julgada decorreria,

então, a irresponsabilidade do Estado. Admitir-se o contrário

10- Apud Augusto Dergint, op. cit., pág. 161. 11- Direito Administrativo Brasileiro, RT, São Paulo, 14ª ed., 1989, pág. 66.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 32

significaria perigosa ruptura do basilar princípio da ‘segurança

jurídica’12.

Como ressalta Duez, “O argumento, impressionante à primeira vista,

não resiste, entretanto, a uma análise mais profunda”13. Não passa de um

“mito”, uma “barreira” erigida para afastar-se a responsabilidade do

Estado.

A autoridade da coisa julgada, com efeito, não é obstáculo ao

reconhecimento do dever estatal de indenizar os danos causados por atos

judiciais, sendo, quando muito, um limite àquela obrigação. Entretanto, a

existência de um limite ao exercício de um direito não implica dizer que

ele não exista. Assim, por exemplo, pelo só fato de a ação rescisória

apresentar limite temporal, não se pode sustentar sua inexistência.

Na análise do problema, deve-se ter em conta que, nas mais das

vezes, os danos às partes são ocasionados por atos diversos das sentenças

de mérito, insusceptíveis, pois, de fazerem coisa julgada, como são as

medidas cautelares, os atos preparatórios, preventivos e de execução.14

Nesses casoos, não se há falar que a instituição da responsabilidade

estatal implica violação à res judicata.

Assim, o limite da responsabilidade estatal em face da coisa

julgada faz-se presente tão somente nos casos em que houver sentença de

mérito, única apta à transitar em julgado e, pois, a tornar-se imutável.

Nesse caso, como afirma Yussef Cahali, “...se há coisa julgada, enquanto

estiver de pé, isto se constitui em elemento inibitório da

responsabilidade civil do Estado...”15. Daí porque, nessa hipótese,

segundo aquele jurista, a reparação do dano ficará condicionada à prévia

rescisão da sentença; e havendo coisa soberanamente julgada o pleito

indenizatório torna-se inviável.

Muita vez, a concessão da indenização em razão de ato judicial

lesivo, antes de representar violação à autoridade da coisa julgada,

constitui-se em verdadeira homenagem a esse princípio. Como ilustra Duez,

“Imagine-se um julgamento absolutório: o indivíduo perseguido

judicialmente, que se beneficia desse julgamento, pede uma indenização.

No que há violação da coisa julgada? O requerente se funda, ao contrário,

sobre o julgamento absolutório para sustentar sua pretensão”16.

3. FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE

A idéia de responsabilidade do Estado por ato judicial danoso está

diretamente ligada à de responsabilidade do Estado por atos lesivos

acarretados pelo serviço público. Reside na premissa segundo a qual, no

Estado de Direito, o ideal de justiça não se compadece com existência de

injustos sacrifícios individuais em decorrência de serviços prestados a

toda a comunidade.

12- Op. cit., pág. 136 (colchetes nossos). 13- Apud Augusto Dergint, op. cit., pág. 139. 14- Cf. Juan Montero Aaroca, Responsabilidad Civil Del Juez y Del Estado Por La Actuación Del Poder Judicial,

Tecnos, Madrid, 1988, pág. 124. 15- Op. cit., pág. 210. 16- Apud Augusto Dergint, op. cit., pág. 139.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 33

A prestação jurisdicional, como espécie do gênero serviço público,

há de se sujeitar à regra geral da responsabilidade estatal. Se, como

lembrou Francisco Campos, o juiz nada mais é do que o próprio Estado

administrando a justiça17, nada há que justifique um tratamento

excepcional às atividades judiciais, sobrepondo-as ao próprio Direito.

Como acentuei em outra oportunidade18, o reconhecimento do dever

estatal de indenizar, nesses casos, é medida de justiça, pois como

lembrou Mário Guimarães, citado por H.D. Echandia, “si existe un servicio

público organizado por la colectividad, y falla, el perjuicio que por

esse motivo se cause a alguien no tiene por qué sufrirlo la víctima, y es

natural que sea repartido entre toda la colectividad”.

Se já no início da Década de 70, o saudoso Aliomar Baleeiro

advertia que “o ideal de justiça de nossa época...não se compraz com a

irresponsabilidade ilimitada de uma categoria de agentes públicos” o que

não dizer dessa responsabilidade nos dias de hoje, em que a Constituição,

através de seu art. 37, ampliou ainda mais as hipóteses em que o Estado

deve indenizar os atos lesivos causados por seus agentes?

Em última análise, o cidadão, considerado até mesmo em sua faceta

de consumidor, tem direito a receber do Estado um serviço eficiente e

isento de falhas, para o qual, aliás, é obrigado a contribuir, recolhendo

os impostos devidos.

4. ESPÉCIES E LIMITES DA RESPONSABILIDADE

Se a questão acerca da existência de uma responsabilidade estatal

por atos judiciais danosos já apresenta considerável complexidade, a

definição de seu alcance e seus limites segue caminho ainda mais

tortuoso. Além de extremamente casuística, adentrando verdadeira zona

cinzenta do direito, a matéria encontra-se permeada de conceitos

imprecisos, vagos e abstratos.

4.1. Na Legislação

A responsabilidade, em face do ordenamento brasileiro, está

limitada às hipóteses de revisão criminal, em que ficar reconhecido o

erro da decisão condenatória, quando este não for imputável ao próprio

réu (CPP, art. 630), ou ainda quando o condenado ficar preso além do

tempo fixado na sentença (C.F., art. 5º, LXXV). Isto é, cuida-se de

responsabilidade restrita à esfera penal.

Na França, a legislação concernente à responsabilidade estatal é

mais ampla, embora não admita conflito com a coisa julgada. Consagrada

desde o final do Século XIX, no que diz respeito ao erro judiciário em

matéria criminal (Lei de 8.6.1895), a responsabilidade do Estado-Juiz foi

estendida à matéria não criminal (Lei de 7.2.33, através do procedimento

do “prise à partie”, para os casos de dolo, concussão, denegação da

justiça ou “falta grave profissional” (“faute lourde professionelle) do

magistrado.

17- Apud Cretella Júnior, op. cit., pág. 76. 18- Rogério Marinho Leite Chaves, A Responsabilidade do Estado por Atos Judiciais, publicado no Suplemento Direito

& Justiça do Correio Braziliense, 4.9.95, pág. 5.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 34

Com relação à prisão preventiva, o modelo francês consagrou (Lei de

17.7.70) indenização nas hipóteses em que o acusado for absolvido, mas

desde que demonstre ter sofrido dano anormal ou grave em razão da prisão.

Posteriormente, o procedimento do “prise a partie” foi abolido pela Lei

de 5.7.72, que passou a reconhecer a responsabilidade direta do Estado,

na hipótese de funcionamento defeituoso da justiça, limitada aos casos de

“falta grave” e denegação de justiça, ressalvado o direito de regresso do

Estado19.

O modelo italiano não difere substancialmente do francês. A Lei n.

117 de 13.4.88 - embora de difícil aplicação prática, em face dos

obstáculos processuais - prevê a responsabilidade do Estado-Juiz na

hipótese de dolo ou culpa grave. Este último conceito (culpa grave), como

acentua Frederico Carpi20, vem definido na legislação como abrangendo os

seguintes casos: grave violação de lei resultante de negligência

inescusável, erro inescusável sobre fato da causa, e a emissão de

pronunciamento concernente à liberdade pessoal fora dos casos permitidos

em lei. O erro judiciário é indenizável na esfera penal (arts. 643 do

Código de Processo Penal italiano), admitindo-se ainda a reparação do

dano causado por prisão injusta (Código de Processo Penal italiano, art.

314 e 315) quando na sentença absolutória ficar comprovado que: o réu não

praticou o fato; o fato não existe; o fato não é previsto como crime; ou

quando a ordem de prisão foi ilegal.

O ordenamento espanhol, por sua vez, assegura, por intermédio da

Lei Orgânica do Poder Judicial de 1.7.85, a responsabilidade do Estado

por atos judiciais nas hipóteses de erro judicial penal, prisão

preventiva ou provisional, e, na esfera extra-penal, nas hipóteses de

“funcionamento anormal da justiça”, quando houver dolo ou culpa grave do

juiz.

4.2. Na Doutrina

Para grande parte da doutrina, a responsabilidade do Estado por

atos judiciais, embora reconhecida tanto na esfera penal como cível,

teria como um dos limites a coisa julgada. Advindo o dano de uma sentença

trânsita em julgado, qualquer pretensão indenizatória, embora de todo

admissível, estaria condicionada à prévia rescisão da sentença.

Nessa linha de entendimento, Juary Silva afirma que

“...entremostra-se inviável, em virtude do princípio lógico da não-

contradição, ter-se a sentença com atributo da coisa julgada e

simultaneamente pretender que o Estado seja responsável pelo dano que ela

ensejar a alguém”21.

Por outro lado, como acentua Cretella Júnior, se “a hipótese

for...de coisa soberanamente julgada, isto é, insusceptível já de

recursos e de procedimento rescisório, então a exceção é irremediável”22,

tornando inviável o pleito indenizatório. Este caso seria relacionado

sempre com Juízo cível uma vez que a sentença penal condenatória é sempre

passível de revisão.

19- Cf. Augusto Dergint, op. cit., pág. 83. 20- A Responsabilidade do Juiz, Revista Forense, São Paulo, vol. 329, pág. 75. 21- Juary C. Silva, A Responsabilidade do Estado por Atos Judiciários e Legislativos, Saraiva, São Paulo, 1985. 22- Op. cit., pág. 90.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 35

Há autores, no entanto, que defendem a existência de uma

responsabilidade estatal desvinculada da rescisão da decisão danosa.

Entende Augusto Dergint que “mesmo se prescrita a ação rescisória, é de

se admitir possa o prejudicado, pelo erro do Estado-Juiz, obter

indenização, ainda que mantido o julgamento transitado em julgado.

Atente-se para o fato de que na ação indenizatória não se busca a

desconstituição da sentença lesiva e não se vinculam as mesmas partes

(mas uma delas e o Estado). Assim sendo, a responsabilidade estatal não

se contrapõe à coisa julgada, sendo despicienda a desconstituição do ato

jurisdicional (através da ação rescisória)”23.

Citando Di Pietro, aduz Augusto Dergint que “...a condenação do

Estado a indenizar o dano causado pela decisão não significa sua

modificação. ‘A decisão continua a valer para ambas as partes a que

ganhou e a que perdeu continuam vinculadas aos efeitos da coisa julgada,

que permanece intangível. É o Estado que terá que responder pelo prejuízo

que a decisão imutável ocasionou a uma das partes, em decorrência de erro

judiciário’”24.

Discute-se, por outro lado, se o erro judiciário poderia render

ensejo à responsabilidade do Estado, e em que hipóteses. Como dissemos, a

legislação pátria assegura a indenização dos erros judiciários penais. Na

esfera cível, o erro judicial não recebe o mesmo tratamento, o que levou

Augusto Dergint a afirmar que “A situações materialmente idênticas, pois,

não se oferece o mesmo remédio jurídico, com evidente contrariedade à

sistemática constitucional”25.

Os países cujas legislações consagram a responsabilidade do Estado-

Juiz, como a França, esta, no aspecto do erro judiciário civil, é

limitada às hipóteses em que houver falta grave do magistrado, ou ainda

quando agir com dolo, fraude ou quando houver denegação de justiça, pela

demora na prestação judicial.

Parte da doutrina, no entanto, entende que a responsabilidade do

Estado-Juiz deve ser estendida a outras hipóteses. Assim, o erro

judiciário civil, de acordo com Edmir Netto de Araújo, “reconhecido pela

sentença rescisória, poderá, ao exame das circunstâncias de cada caso,

acarretar a responsabilidade do Poder Público pela sentença defeituosa,

podendo ainda determinar (em caso de dolo ou culpa) a ação regressiva

contra o magistrado causador do dano”26.

Mais liberal, Augusto Dergint entende que “As mesmas razões

teóricas que justificam a indenização das vítimas de erro judiciário

penal parecem justificar a indenização das vítimas de erro judiciário

civil”27. O erro judiciário, segundo ele, “...deve ser tido como um risco

inerente ao próprio exercício da função jurisdicional. Cabe, pois, ao

Estado assumi-lo, reconhecendo-se devedor, todas as vezes em que um ato

judicial provocar um dano injusto”28. De acordo com o autor, a

responsabilidade pode decorrer “...de culpa pessoal do juiz, de culpa

anônima do serviço, bem como exsurgir sem culpa”29.

23- Op. cit., pág. 144. 24- Op. cit., pág. 145. 25- Op. cit., pág. 166. 26- Responsabilidade do Estado Por Ato Jurisdicional, RT, São Paulo, 1981, pág. 118. 27- Op. cit., pág. 182. 28- Op. cit., pág. 184. 29- Op. cit., pág. 243.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 36

Se, no entanto, o erro judicial advier de erros e falhas causadas

pelas partes, entende Juary Silva30 que fica afastada a responsabilidade

do Estado: “O princípio basilar na matéria enfocada é o de que a falha

proveniente da parte, se decisiva para o ato judiciário, exclui

categoricamente a responsabilidade do Estado a respeito de atos lesivos”.

Outra limitação ao pleito indenizatório ocorre, segundo alguns

juristas, quando houver omissão da parte em oferecer recurso contra a

decisão lesiva, com o que evitaria a ocorrência do dano. Nessa linha de

entendimento, Juary Silva, citado por Cahali31, afirma que “a ação

reparatória não deve ser admitida se o vencido houver deixado, por

inércia, de interpor os recursos que ainda eram cabíveis”.

No que diz respeito aos erros judiciais na esfera penal, a doutrina

aponta para a existência de uma responsabilidade não apenas no caso em

que há condenação equivocada, senão também nos casos de prisão preventiva

e provisória. A hipótese, aliás, está prevista na Lei francesa de

17.7.70, onde é assegurada indenização àquele que, preso preventivamente,

venha a ser absolvido, mas desde que faça prova de ter sofrido prejuízo

grave ou anormal32.

Para Aguiar Dias, a prisão preventiva só rende ensejo à reparação

quando assume todos os riscos do erro judiciário, isto é, quando injusta.

Outros, no entanto, têm posição mais liberal. Derting, por exemplo,

citando Alcântra, entende que, nas hipóteses de absolvição por ausência

de prova ou inexistência de crime, é devida a indenização, ainda que não

tenha havido ilicitude na prisão cautelar, uma vez que, o indivíduo, em

razão da prisão, “...foi injustamente onerado pelas cargas públicas,

devendo portanto, em atenção ao princípio da igualdade dos cidadãos

perante os encargos e ônus públicos, ser indenizado pela coletividade que

lhe impôs este sacrifício”33.

5. CONCLUSÃO

Em razão do atual estágio de desenvolvimento do Direito Público,

que tem como um de seus princípios basilares, a repartição dos riscos e

dos ônus decorrentes da atividade estatal, parece haver cada vez menos

espaço para uma teoria que advogue a irresponsabilidade do Estado por

atos judiciais danosos e injustos.

Talvez imbuído desses princípios, tenha o legislador constitucional

optado por inserir no Texto Constitucional o termo jurídico amplo que é o

de “agentes” quando instituiu em seu art. 37, Par. 6º a responsabilidade

do Estado por danos causados a terceiros, o que torna possível a inclusão

dos atos dos juízes, agentes públicos que são.

30- Op. cit., pág. 159. 31- Op. cit., pág. 218. 32- Sobre o assunto, Vedel conclui que: “Il n’y a pas de différence substantielle entre le cas d’un individu retenu en

détention préventive pendant des mois (avec tout ce que ceci suppose de préjudices matériels et moraux) dans l’intérêt

d’un bon fonctionnement du service judiciaire et celui d’un autre citoyen qui, dans un intérêt général em pour les

besoins d’un service public administratif, subit um préjudice grave...rompant à son détriment l’égalité devant les charges

publiques (Droit Administratif, Presse Universitaires, Paris, 1973, pág. 425). 33 - Op. cit., pág. 179.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 37

Se a doutrina, em sua maioria, já adota esse entendimento, já é

hora de a jurisprudência caminhar no mesmo sentido, deixando de lado a

timidez com que o tema vem sendo tratado pelos tribunais, como aliás

sugerido por Debbash em obra que tem este sugestivo título: “Le juge

administratif et le service judiciaire: vers un prochain passage de la

timidité à l’audace”34.

Deve-se ter em conta que o reconhecimento de uma tal

responsabilidade não deve ser limitado aos conservadores limites impostos

pelo art. 630 do CPP e art. 5º, LXXV, da Constituição, que a restringe às

hipóteses de erro judiciário penal.

Admitindo-se, no entanto, um maior espectro da incidência da

responsabilidade do Estado-Juiz, a instituição de algumas balizas

limitadoras torna-se inevitável, a fim de evitar excessos.

A primeira dessas limitações, é, sem dúvida, a coisa julgada.

Enquanto houver uma decisão não susceptível a recurso, o pleito

indenizatório parece fora de cogitação, em face do princípio da não-

contradição. Como sublinhou Juary Silva, “As duas situações são

logicamente incompossíveis”35.

Outra limitação que parece salutar é o condicionamento do pleito

indenizatório à prévia utilização, por parte do lesado, de todos os

recursos possíveis para evitar-se a consumação do dano. Não parece

razoável que a parte desidiosa, vendo uma decisão danosa, deixe de

recorrer contando com a possibilidade de ajuizar, posteriormente, uma

ação indenizatória contra o Estado.

Por outro lado, admite-se uma responsabilidade do Estado em caso de

demora na prestação jurisdicional, quando não decorrente de comprovado

acúmulo de serviço. A parte, não apenas como cidadão, senão também como

consumidor, pois paga tributos, tem direito a receber um serviço público

não só justo como eficiente. O dano causado pelo juiz desidioso deve ser

reparado pelo Estado, por culpa in eligendo e in vigilando, por manter em

seus quadros um mau agente público. Nesse caso, a responsabilidade

substitutiva do Estado é preferível à responsabilidade pessoal do

magistrado, pois o Estado é sempre solvável.

Com relação aos eventuais danos decorrentes de prisão preventiva ou

provisória, compartilho o entendimento de que só se poderá falar em

indenização quando dela tiver decorrido dano e, como requisito

cumulativo, tenha sido injusta ou ilegal; isto é, quando determinada por

perseguição ou por motivos não expressamente consagrados na legislação.

Não creio que pelo só fato de ter advindo sentença absolutória, a

prisão preventiva renda ensejo à indenização. Todos os cidadãos, desde

que presentes indícios de materialidade, estão sujeitos à detenção

preventiva. Nesses casos, a prisão não passa de exercício regular de

direito do Estado, com vistas a assegurar não só a ordem pública e a paz

social, como também garantir a regular instrução processual (cf. art. 312

do CPP).

Dentre todas, a mais fluida das matérias relacionadas ao ato

judicial danoso parece residir no erro judicial, especialmente na esfera

34- Cf. voto do Min. Aliomar Baleeiro no R.E. 70.121-MG. 35- Op. cit., pág. 174.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 38

cível. O erro crasso, havido em casos que Frederico Carpi36 denominou de

“patológicos”, rende ensejo à responsabilização do Estado, assegurado o

direito de regresso contra o responsável. Deveras, não há com relação a

esse tipo de erro dúvidas quanto à existência, pois que verificáveis na

maioria dos casos primu oculi.

Menos tranqüila é admissão de uma responsabilidade do Estado quanto

ao erro judicial “não-crasso”. É certo, no entanto, que a própria idéia

do que seja erro judicial não é tarefa fácil. Como apropriadamente lembra

Aroca, “Em torno al error judicial se ha divagado mucho, más con ánimo

sentimentaloide que con precisión técnica. Se trata de uno de esos

conceptos que se sientem más que se expressan. A cualquiera que se le

pergunte que és el error judicial cree saberlo, pero a la hora de

explicarlo se pierde en lo obvio37.

O fato ganha em significado quando se sabe que em Direito, ciência

imperfeita e casuística, o limite entre o que é certo e o que é errado é

sensivelmente mais tênue do que nas ciências exatas. É preciso que se

tenha em conta, por exemplo, que a feitura de uma sentença não é um

simples processo silogístico, nem tampouco se equipara à construção de

uma obra onde tudo está matematicamente previsto.

Com efeito, no mundo do Direito não existem acertos ou erros

intemporais, no que se refere à interpretação das normas. Como lembra

Larenz, “‘Correção’ não significa aqui uma verdade intemporal, mas

correção para esta ordem jurídica e para este momento”38. Daí porque

alguns doutrinadores excluem dessa responsabilidade os erros de

interpretação39 e os relacionados à valoração de prova.

Em casos como tais, a instituição de uma responsabilidade do Estado

por erro judicial, além de fixar-se em termos indefinidos e pouco

precisos, poderia se tornar acima de tudo injusta, em face da

mutabilidade do conceito do que é certo e do que é errado.

A admissão da responsabilidade Estatal, nessas hipóteses, passaria

a representar um estorvo à necessária liberdade de atuação e de criação

dos magistrados, o que levou Canotilho a asseverar que: “Sob pena de se

paralisar o funcionamento da justiça e perturbar a independência dos

juízes, impõe-se aqui um regime particularmente cauteloso, afastando,

desde logo, qualquer hipótese de responsabilidade por actos de

interpretação das normas de direito e pela valoração dos factos e de

prova”40.

Assim, no que se refere aos erros judiciais extra-penais, filio-me

inteiramente ao entendimento do ilustre constitucionalista português41,

quando traça os limites da responsabilidade estatal: a) quando houver

grave violação da lei resultante de <negligência grosseira>; b) afirmação

de fatos cuja inexistência é manifestamente comprovada pelo processo; c)

36- Op. cit., pág. 76. 37- Op. cit., pág. 114. 38- Op. cit., pág. 379. 39- Frederico Carpi, op. cit., pág. 76. 40- Direito Constitucional, 6ª ed., Almedina, Coimbra, 1993, pág. 660. 41- Cf. op. cit., pág. 660.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 39

negação de fatos, cuja existência resulta indesmentivelmente dos atos do

proceso42.

Analisadas as teorias e os argumentos, conclui-se que o problema da

responsabilização do Estado-Juiz, como adverte Aguiar Dias43, “...se

reduz à procura de uma solução de equilíbrio entre a preocupação de

eqüidade, que não tolera fique a vítima do erro judiciário sem

compensação, e o interesse não menos imperioso de não perturbar o

funcionamento da justiça, inspirando aos juízes o enervante receio de

estar, possivelmente, com sua atuação, provocando futuras ações de

indenização contra o Estado”.

42- Outras hipóteses traçadas por Canotilho referem-se a casos não derivados de erros judiciais, como p.e. a denegação

da justiça, tema que tratamos em outra passagem. 43- Op. cit., pág. 703.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 40

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 41

_______________________________________________________________________

DECISÕES JUDICIAIS

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 42

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 43

RECURSO ESPECIAL Nº 17.776-0/RS - (REG.: 92/0002131-0)

RELATOR : O EXMO. SR. MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

RECORRIDOS: RICHARD TSE E OUTROS

E M E N T A

RECURSO ESPECIAL - PENAL - SONEGAÇÃO FISCAL - CONDIÇÃO DE

PROCEDIBILIDADE.

- O fato por si só, da haver sido ajuizada ação anulatória de

débito fiscal, precedida de depósito judicial, não constitui óbice

à procedibilidade da ação penal por sonegação fiscal se os fatos,

tal como descritos na denúncia revestem-se, em tese, de ilicitude

penal.

- Jurisprudência reiterada da Corte.

- Recurso provido para que se prossiga na ação penal.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e

lhe dar provimento para cassar o acórdão e determinar o prosseguimento da

ação. Votaram com o Relator os Ministros Assis Toledo, Edson Vidigal,

Jesus Costa Lima e José Dantas.

Brasília, 09 de novembro de 1994 (data do julgamento).

MINISTRO JESUS COSTA LIMA, Presidente.

MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI, Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 44

O EXMO. SENHOR MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI:

Trata-se de Recurso Especial, com fulcro no art. 105, III, alíneas

“a” e “c”, da Constituição Federal, interposto pelo órgão do Ministério

Público, de decisão proferida em habeas corpus, impetrado com o objetivo

de trancamento de ação penal, por crime de sonegação fiscal e formação de

quadrilha ou bando, cuja E. Câmara de Férias Criminal do Tribunal de

Alçada do Rio Grande do Sul, por maioria, concedeu a ordem, restando,

assim, ementado o r. acórdão (fls. 212):

“MINISTÉRIO PÚBLICO: PODER INVESTIGATÓRIO - PROMOTOR

NATURAL.

CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL.

CRIME DE FORMAÇÃO DE QUADRILHA OU BANDO.

A Constituição Federal, ao conferir ao Ministério

Público a faculdade de requisitar e de notificar, defere-lhe

o poder de investigar, no qual aquelas funções se subsumem.

A unidade e a indivisibilidade, princípios

institucionais que a Constituição Federal proclama como

características do Ministério Público, impõe que se empreste

ao princípio constitucional da independência funcional o

entendimento de que o último não retirou do Procurador-Geral

o poder de avocar procedimentos e de fazer designações

especiais, desde que observados os limites e as autorizações

legais.

Não há justa causa para a ação penal pela prática do

crime de sonegação fiscal enquanto for possível alterar, na

esfera administrativa, o montante do tributo devido.

Condição de procedibilidade decorrente do sistema jurídico

em vigor.

Não se configura o crime de formação de quadrilha ou

bando quando as pessoas se associam para a prática de uma

modalidade, apenas, de crime, ainda que na forma continuada.

Voto vencido.”

Alega o MP contrariedade ao art. 1º, I e II e art. 7º, § 1º, da Lei

4.729/65, que disciplina o crime fiscal e dá outras providências, e

dissídio jurisprudencial, quanto ao julgamento da inexistência de justa

causa para a ação penal pelo crime de sonegação fiscal.

Admitido o recurso somente pela letra “c”, subiram os autos e,

nesta Superior Instância, a douta Subprocuradoria Geral da República

opina pelo provimento do recurso.

É o relatório.

__________

V O T O

O EXMO. SENHOR MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI:

Sr. Presidente, fundamentou-se a decisão recorrida em entendimento

do eminente Min. Aliomar Baleeiro, que prelecionava pela exigência do

procedimento administrativo, cujo acórdão ficou assim ementado:

“MINISTÉRIO PÚBLICO: PODER INVESTIGATÓRIO - PROMOTOR

NATURAL.

CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 45

CRIME DE FORMAÇÃO DE QUADRILHA OU BANDO.

- A Constituição Federal, ao conferir ao Ministério Público

a faculdade de requisitar e de notificar, defere-lhe o poder

de investigar, no qual aquelas funções se subsumem.

- A unidade e a indivisibilidade, princípios institucionais

que a Constituição Federal proclama como características do

Ministério Público, impõe que se empreste ao princípio

constitucional da independência funcional o entendimento de

que o último não retirou do Procurador-Geral o poder de

avocar procedimentos e de fazer designações especiais, desde

que observados os limites e as autorizações legais.

- Não há justa causa para a ação penal pela prática do crime

de sonegação fiscal enquanto for possível alterar, na esfera

administrativa, o montante do tributo devido. Condição de

procedibilidade decorrente do sistema jurídico em vigor.

- Não se configura o crime de formação de quadrilha ou bando

quando as pessoas se associam para a prática de uma

modalidade, apenas, de crime, ainda que na forma

continuada.”

Resume-se, portanto, a quaestio na exigência ou não, de processo

administrativo fiscal, como condição de procedibilidade, para a ação

penal por crime de sonegação fiscal, matéria esta posta no memorial dos

recorridos.

Evidencia-se do entendimento esposado pelo eminente Ministro e

endossado pelo E. Tribunal de Alçada gaúcho, que o núcleo ensejador do

sobredito entendimento estava na regra do art. 2º da Lei 4.729/65, que

dispunha sobre extinção de punibilidade pelo pagamento antecipado do

tributo devido.

Conforme perfeitamente entendeu o Dr. Juiz Vice-Presidente do

Tribunal de Alçada, no r. despacho que inadmitiu o recurso pela alínea

“a” do inciso III, do art. 105 da Constituição em vigência, os artigos

1º, incisos I e II e 7º, § 1º, da Lei 4.729/65, não foram expressamente

ventilados na decisão recorrida, faltando-lhes o prequestionamento

obrigatório determinado pelas Súmulas 282 e 356 da Colenda Suprema Corte,

mas, como prossegue o r. despacho, ainda que se admita o

prequestionamento implícito, a razoável interpretação adotada pelo v.

acórdão, faz incidir os termos da Súmula 400 do STF, o que de qualquer

forma, o recurso não seria admitido pela alínea “a” do permissivo

constitucional.

Apenas como informação, em 30 de dezembro último, sobreveio a Lei

8.383, que em seu art. 98 revogou de modo expresso aquela discriminante

do art. 2º da Lei 4.729/65, inexistindo, atualmente, razão lógica para se

pretender existente referido pressuposto processual. No entanto, tal não

pode ser levado em conta pois não ventilada, a legislação citada, no v.

acórdão guerreado.

Assim, não conheço do recurso pela letra “a”, do artigo

constitucional invocado.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 46

Por outro lado, a meu ver, a decisão recorrida deu entendimento

diverso da que lhe atribui o E. Supremo Tribunal Federal, conforme

acórdão trazido à colação pelo recorrente.

Assim é que, no compreender do eminente Ministro Xavier de

Albuquerque, proferido no RHC 55.984-4/PR, in DJU de 25.4.78,

“Crime de sonegação fiscal - Ação Penal.

A apuração do débito fiscal, na instância administrativa,

não constitui condição de procedibilidade da ação penal, ou

condição objetiva de punibilidade.

Jurisprudência do STF.

Recurso de “habeas corpus” não provido.

No mesmo sentido, admitiu o extinto TFR, pelo acórdão proferido

pelo eminente Ministro José Dantas, na ACr 8.148-RN, in DJ de 05.12.88,

cuja ementa preconizava que,

“não importa à tipificação da sonegação fiscal a falta da

prévia inscrição da dívida tributária.”

Tal orientação manteve-se através dos tempos e, já na fase inicial

deste E. Superior Tribunal de Justiça, em decisão publicada no DJ de

19.08.1991, o eminente Ministro Carlos Thibau, relator para acórdão do

RHC 1145-MT, proferiu a seguinte ementa, verbis:

“PENAL - TIPICIDADE OU ATIPICIDADE DE CONDUTA EM CRIME DE

SONEGAÇÃO FISCAL.

I - No crime de sonegação fiscal como, de resto, nos demais

crimes, o depósito judicial da quantia alcançada para

posterior discussão da exigência tributária em ação civil,

como também, a reparação do dano, não elide a caracterização

da figura típica, caso ela for encontrada.

II - Encontrando-se os fatos, ainda, sob investigação

policial é prematuro o trancamento do inquérito, porque

depende de maior exame a suposta boa fé dos indiciados, que

não pode ser presumida pelo só fato de haver sido por eles

ajuizada ação anulatória de débito fiscal, precedida de

depósito judicial.

III - Recurso improvido.”

Tal orientação vem sendo mantida, pelos diversos julgados mais

recentes que neste E. Superior Tribunal se sucedem, haja visto as

seguintes ementas:

“PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL.

A apuração do débito fiscal, na instância administrativa,

não constitui condição de procedibilidade da ação penal.

Recurso conhecido e provido.” (REsp. 17766/RS, Rel. Min.

Costa Leite, DJ 17.08.92).

“PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL. FALTA DE

JUSTA CAUSA. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 47

Se os fatos descritos na denúncia revestem-se, em tese, de

ilicitude penal, não há falar em falta de justa causa para a

ação penal. O habeas corpus não é meio idôneo para o exame

aprofundado da prova.

A ação penal por crime de sonegação fiscal não se subordina

a prévio procedimento administrativo de apuração do débito

tributário.

Recurso improvido.” (RHC 1700/PR, Rel. Min. Costa Leite, DJ

03.08.92)

“PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL.

- Condição de procedibilidade. Reiterada orientação

pretoriana, sobre negar a exigência da apuração do débito

tributário, na instância administrativa, o caráter

condicional de procedibilidade da ação penal por sonegação

fiscal.” (RHC 1895/RS, Rel. Min. José Dantas, DJ 11.05.92)

“PENAL. PROCESSUAL. RECURSO DE HABEAS CORPUS. ART. 105,

INCISO II, LETRA “A”, DA LEX LEGUM. TRANCAMENTO DA AÇÃO

PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL. FATO TÍPICO. APURAÇÃO DO DÉBITO NA

ESFERA ADMINISTRATIVA. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE.

INOCORRÊNCIA. FRAUDE. APURAÇÃO.

I -Descrevendo a denúncia, em tese, fato típico, não havendo

dúvida quanto à participação dos denunciados, prossegue-se

com a ação penal.

II - O trancamento da ação penal, via habeas corpus, só é

possível, excepcionalmente, nos casos de atipicidade dos

fatos ou não participação evidente dos denunciados.

III - Consoante reiterada orientação pretoriana, não

constitui condição de procedibilidade, da ação penal por

infração de sonegação fiscal, a apuração do débito

tributário na instância administrativa.

IV - A aferição da existência ou não de fraude adentra no

meritum causae, o que só é possível no desenrolar da actio

poenale.

V - Recurso improvido.” (RHC 2399/RS, Rel. Min. Pedro

Acioli, DJ 02.08.93)

No mesmo sentido já se perfilha o E. TRF/1ª R., conforme

entendimento assim ementado:

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EX-DEPUTADO FEDERAL.

INFRAÇÕES COMETIDAS ANTES DA DIPLOMAÇÃO. COMPETÊNCIA. CRIME

DE SONEGAÇÃO FISCAL, AÇÃO PENAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO.

DESNECESSIDADE.

1. O ex-deputado federal não tem privilégio de foro, se o

fato que lhe é imputado ocorreu quando ainda não era

parlamentar.

2. A Lei nº 4729, de 1965, que define os crimes de sonegação

fiscal, não estabelece como pressuposto da instauração da

ação penal o prévio procedimento administrativo.”

(HC 106087/RO, Rel. Juiz Tourinho Neto, DJ 19.04.93)

Indiscutível, assim, a condição de procedibilidade penal contra os

recorrentes, caindo por terra suas teses de regularidade das operações

fiscais; da impossibilidade jurídica do crime de sonegação fiscal sem a

intenção - dolo - do agente, e da impossibilidade do crime sem crédito

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 48

tributário instituído, temas estes que são postos no alentado memorial

dos recorridos e que foram levados em consideração mas, desde que,

questões de ordem fiscal, ou administrativa, em absoluto interferem na

ação penal, que, pode ser instaurado caso se encontre, mesmo esfumaçada,

a figura típica descrita na denúncia, e que em tese, configura crime.

Por tais razões, não conheço do recurso pela letra “a”, mas, sim

pela letra “c”, pois demonstrado o inequívoco dissídio jurisprudencial

com a orientação seguida pelo Supremo Tribunal Federal, bem como por este

Superior Tribunal de Justiça, e assim, lhe dou provimento para cassar o

v. acórdão recorrido, determinando o prosseguimento da ação penal

instaurada.

É o meu voto.

__________

V O T O (VISTA)

O EXMO. SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL: Senhor Presidente, de início

ressalto que o atraso no retorno deste recurso a julgamento, se deu em

razão de constantes pedidos, pessoais e expressos, manifestados pela

defesa. O longo período que passou, entretanto, não permite mais atender

às solicitações dos réus, pelo que apresento o processo para que se

retome o julgamento.

Aduz o recorrente, quanto ao tema central do recurso, que o Acórdão

hostilizado, com apoio em jurisprudência superada do Supremo Tribunal

Federal, tem por obrigatório prévio e regular processo administrativo

fiscal, como condição de procedibilidade para a ação penal por crime de

sonegação fiscal em decorrência do sistema jurídico vigente, ante a

possibilidade de poder se alterar o montante do tributo devido. Assim,

diverge da orientação que vem sendo firmada no Pretório Excelso, no

sentido de que

“A operação do débito fiscal, na instância administrativa,

não constitui condição de procedibilidade da ação penal, ou

condição objetiva de punibilidade” (fl. 247)

A matéria já foi enfrentada nesta Corte, que em vários julgados,

seguindo a linha de raciocínio contida nos precedentes do Supremo

Tribunal Federal, colacionados pelo recorrente, assentou o entendimento

de não ter procedência a exigência de prévia inscrição da dívida, para

viabilizar a ação penal por crime de sonegação fiscal, haja vista,

consoante assinalou o em. Relator,

“questões de ordem fiscal, ou administrativa, em absoluto

interferem na ação penal, que pode ser instaurada caso se

encontre, mesmo esfumaçada, a figura típica descrita na

denúncia, e que em tese, configura crime.”

Com efeito, além de não existir norma legal, que obrigue a prévia

apuração do débito fiscal na instância administrativa, para se proceder à

ação penal, esta pode ser iniciada com a notícia crime apurada no regular

inquérito policial.

Dentre os precedentes da Corte, destaco:

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 49

RHC 1895 - RS, Rel. Min. José Dantas, RSTJ - 39/253:

“PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL.

- Condição de procedibilidade. Reiterada orientação

pretoriana, sobre negar a exigência da apuração do débito

tributário, na instância administrativa, o caráter

condicional de procedibilidaade da ação penal por sonegação

fiscal.”

RHC 2399 - RS, Rel. Min. Pedro Acioli, DJ 02.08.93:

“PENAL. PROCESSUAL. RECURSO DE “HABEAS CORPUS”. ART. 105,

INCISO II, LETRA “A”, DA “LEX LEGUM”. TRANCAMENTO DA AÇÃO

PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL. FATO TÍPICO. APURAÇÃO DO DÉBITO NA

ESFERA ADMINISTRATIVA. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE.

INOCORRÊNCIA. FRAUDE. APURAÇÃO.

I - Descrevendo a denúncia, em tese, fato típico, não

havendo dúvida quanto à participação dos denunciados,

prossegue-se com a ação penal.

II - O trancamento da ação penal, via “habeas corpus”, só é

possível excepcionalmente, nos casos de atipicidade dos

fatos ou não participação evidente dos denunciados.

III - Consoante reiterada orientação pretoriana, não

constitui condição de procedibilidade, da ação penal por

infração de sonegação fiscal, a apuração do débito

tributário na instância administrativa.

IV - A aferição da existência ou não de fraude adentra no

“meritum causae”, o que só é possível no desenrolar da

“actio poenale”.

V - Recurso improvido.”

RHC 1700 - PR, Rel. Min. Costa Leite, DJ 03.08.92:

“PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL. FALTA DE

JUSTA CAUSA. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE.

Se os fatos descritos na denúncia revestem-se, em tese, de

ilicitude penal, não há falar em falta de justa causa para a

ação penal. O “habeas corpus” não é meio idôneo para o exame

aprofundado da prova.

A ação penal por crime de sonegação fiscal não se subordina

a prévio procedimento administrativo de apuração do débito

tributário.

Recurso improvido.”

Assim, nos termos do voto do eminente relator, dou provimento ao

recurso, para que se dê prosseguimento à ação penal.

É o voto.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 50

RECURSO DE HABEAS CORPUS Nº 4.097-1 - DF - (94.0034220-9)

RELATOR : EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI

RECORRENTE: ANÍSIO TEODORO

RECORRIDO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

PACIENTE : EDUARDO JÚLIO DE FREITAS DONALD

E M E N T A

PROCESSUAL PENAL. TRIBUTÁRIO. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL.

I - Nos crimes contra a ordem tributária, definidos no art. 1º,

incisos I e IV, da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, a

consumação ocorre com a prestação da declaração falsa ou uso do

documento falso perante as autoridades fazendárias, com o resultado

ou efeito de suprimir ou reduzir tributo. Na declaração de

rendimentos (imposto de renda), a relação de doações e pagamentos

efetuados é desacompanhada de documentos que eventualmente poderão

ser solicitados pelo Fisco.

II - A comprovação da conduta incriminada encontra-se na declaração

de rendimentos devidamente assinada pelo paciente, estando

satisfeitas as condições da ação penal, havendo supedâneo

probatório suficiente à instauração da ação penal.

III - Recurso improvido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Egrégia Sexta Turma, do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos

votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade,

negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Votaram os Srs. Ministros Adhemar Maciel, Anselmo Santiago e Luiz Vicente

Cernicchiaro.

Brasília, 22 de novembro de 1994 (data do julgamento).

MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Presidente.

MINISTRO PEDRO ACIOLI, Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

O EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI:

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 51

Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus, fundado na letra

“a”, do inciso II, do art. 105, da Constituição, interposto por

Anísio Teodoro contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª

Região, cujo voto-condutor traz a seguinte fundamentação - f. 39:

“O paciente é mais um dos implicados com dedução de despesas

dentárias proveniente de profissional que concedeu a

centenas de pessoas falsos recibos de pagamento por serviços

não prestados.

Ora, a via estreita do habeas corpus não se presta para

exame aprofundado de prova, como está a exigir a hipótese em

exame.

Daí ser prematuro o trancamento da ação penal proposta,

havendo imprescindibilidade do juízo de instrução, como bem

lembrou o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

Assim, denego a ordem de habeas corpus.”

O Recorrente impetrou a ordem de habeas corpus visando trancar a

ação penal contra o paciente, Eduardo Júlio de Freitas Donald, dado como

incurso nos incisos I e IV, do art. 1º, da Lei n. 8.137/90, por ausência

de justa causa, devido a denúncia não trazer a prova material do delito.

Segundo a denúncia, o paciente prestou declaração falsa às

autoridades fazendárias, na declaração do Imposto de renda apresentada em

11/05/92, relativa ao ano-base de 1991, mediante aquisição de recibo

ideologicamente falso de tratamento dentário.

Afirma-se que o tratamento dentário foi realizado e o recibo não

teria sido comprovado. Diz que a denúncia é vazia, sem base de

sustentação, porquanto não trouxe o recibo falso comprado. Por fim,

esclarece que, devido a notificação da Receita Federal, o valor fiscal

exigido, para evitar aborrecimentos, acabou sendo pago - fls. 43/47.

Nesta instância, o Ministério Público Federal, opinando pelo

improvimento do recurso, resumiu a manifestação assim - fl. 51:

“RHC. Nos crimes contra a ordem tributária, definidos no

art. 1º, incisos I e IV, da Lei 8.137, de 27 de dezembro de

1990, sua consumação ocorre com a prestação de declaração

falsa ou uso de documento falso perante as autoridades

fazendárias, com o resultado ou efeito de suprimir ou

reduzir tributo. Na declaração de rendimento (imposto de

renda), a relação de doações e pagamentos efetuados é

desacompanhada de documentos que eventualmente poderão ser

solicitados pelo Fisco.”

É o relatório.

__________

V O T O

O EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI (RELATOR):-

Ab initio, faço questão de ler a denúncia oferecida pelo Parquet e

recebida pelo magistrado de 1º grau, à qual imputa-se a pecha de

estar despida de prova material - fls. 23/24:

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 52

“Na declaração do IRPF, apresentada em 11.5.92, relativa ao

ano-base de 1991, o denunciado prestou declaração falsa às

autoridades fazendárias, utilizando-se de documento, que

sabia falso, para tentar reduzir os valores, devidos ao

Fisco Federal, a título de Imposto de Renda.

Para tanto, o denunciado adquiriu do dentista Maglione Sales

do Nascimento um recibo de tratamento dentário,

ideologicamente falsos, pelo equivalente a 10% (dez por

cento) do valor nominal nele declarado.

A declaração falsa, formulada pelo denunciado, aloja-se, na

relação de doações e pagamentos efetuados constante da anexa

declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física.

Na ação penal nº 93.11822-6, em tramitação nesta 10ª Vara

Federal, o dentista Maglione Sales do Nascimento já foi

denunciado pela prática do crime de sonegação fiscal e

interrogado, tendo lá confessado a emissão dos recibos, sem

a devida contraprestação dos respectivos serviços dentários

(documento anexo).

No dia 2 de julho de 1993, a Receita Federal realizou

operação de fiscalização no consultório do aludido dentista,

na cidade satélite do Guará-DF, e apreendeu várias fichas de

tratamento dentário. Dentre estas, não constava a do

denunciado, que, aliás, não reside no Guará, mas alhures, à

grande distância do consultório do dentista.

A declaração de IRPF do denunciado foi glosada pela Receita

Federal e encaminhada ao MPF, em razão da apontada

irregularidade.

Estando, assim, incurso nas penas capituladas nos incisos I

e IV, do art. 1º, da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de

1990, requer o Ministério Público Federal a instauração de

processo-crime contra o denunciado, citando-o para todos os

seus termos, sob pena de revelia, e julgando, a final,

procedente esta denúncia.”

A denúncia veio acompanhada de cópia da declaração de rendimentos

do paciente e do interrogatório do dentista Maglione Sales do Nascimento.

No item 6 - Relação de doações e pagamentos efetuados, consta o nome do

mencionado dentista.

Está explícito, na peça acusatória, que a ficha de tratamento

dentário do paciente não foi encontrada no consultório do dentista, o

qual, frise-se, confessou judicialmente o fornecimento de recibos sem a

correspondente prestação do serviço.

Há prova bastante para o oferecimento da denúncia. Inconsistente a

mácula lançada como bem averbou o Parquet federal - fl. 53:

“A comprovação da conduta incriminada encontra-se na

declaração de rendimentos do exercício de 92, ano-base de

91, devidamente assinada pelo paciente (fls. 10 e v.),

constanto da relação de doações e pagamentos efetuados o

falso pagamento a MAGLIONE SALES DO NASCIMENTO, o qual, em

seu interrogatório, confessou o crime (fls. 11 e v.).

Assim, estando satisfeitas as condições da ação penal e

havendo supedâneo probatório suficiente à instauração de

ação penal, manifesta-se o MPF pelo improvimento do

recurso.”

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 53

Salienta que o postulante pode até ter feito o tratamento dentário,

apesar do seu nome não ter sido encontrado nas fichas do dentista, mas

tal prova há de ser coligida no fluir da ação penal e não aqui, na via

augusta do habeas corpus.

Ante tais considerações, nego provimento ao recurso.

É como voto.

__________

V O T O

O EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO ADHEMAR MACIEL:

Sr. Presidente, ouvi com atenção e observei que a preocupação maior

do eminente advogado é com a falta do “corpo de delito”. Ele diz que não

há, nos autos, o tal recibo que seria falso. Mas nem sempre a presença do

corpo de delito elide a ação penal.

Estou me lembrando, agora, de um caso clássico do nosso mestre

Nélson Hungria, referindo-se a fato relatado por IRURETA GOYENA - jurista

do Uruguai - que conta que pescadores estavam na margem do rio da Plata e

viram numa canoa dois sujeitos se digladiando, batendo num terceiro. Este

terceiro sumiu, e nunca se achou seu corpo. Pelas informações das

testemunhas, foi feito levantamento do ocorrido, mesmo na ausência do

corpo de delito direito, e os assassinos foram condenados.

Então, o fato de não haver o recibo não significa nada. O Sr.

Ministro Pedro Acioli foi muito preciso e feliz; pode ser até que o

paciente tenha feito o tratamento. Mas o trancamento da ação penal seria

um tanto temerário.

Acompanho o eminente Relator.

É como voto.

__________

V O T O - V O G A L

O EXMº SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO: Acompanho, também, o

Eminente Relator. O Código de Processo Penal, há de ser relido diante da

atual Constituição. Busca-se a verdade real. A Carta Magna,

expressamente, afirma que as partes podem se valer de ampla defesa e usar

de todos os meios em Direito permitidos, com uma só ressalva: desde que a

prova seja ilícita.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 54

RECURSO DE “HABEAS CORPUS” Nº 4117-0 - SP (REG.: 94.0035059-7)

RELATOR : O EXMO. SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL

RECORRENTES: CARLOS ALBERTO ARÃO E OUTRO

RECORRIDO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PACIENTE : MAURO CARLOS TAPARELLI

PACIENTE : DIETER FANTA

PACIENTE : ANTÔNIO PIRES PINHEIRO

PACIENTE : MILTON JOSÉ DO NASCIMENTO

E M E N T A

PENAL. PROCESSUAL. SONEGAÇÃO FISCAL. AUTORIA COLETIVA.

DENÚNCIA. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. INÉPCIA. “HABEAS CORPUS”.

RECURSO.

1. Nos crimes societários ou de autoria coletiva não é

imprescindível que a denúncia descreva a participação individual de

cada acusado.

2. Descrevendo a denúncia crime em tese, havendo, portanto,

materialidade e autoria, não se fala em inépcia para trancar Ação

Penal por falta de justa causa.

3. Recurso conhecido mas improvido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao

recurso. Votaram com o Relator, os Srs. Ministros Jesus Costa Lima, José

Dantas, Cid Flaquer Scartezzini e Assis Toledo.

Brasília-DF, 30 de novembro de 1994 (data do julgamento).

MINISTRO JESUS COSTA LIMA, Presidente.

MINISTRO EDSON VIDIGAL, Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 55

O EXMO. SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL: Responsáveis pela administração

da empresa Elevadores Otis Ltda., em São Paulo, Capital, os ora pacientes

foram denunciados por sonegação fiscal por não terem pago exatamente como

deviam ICM/ICMS entre 1988 e 1992.

A defesa pediu ordem de “habeas corpus” ao Tribunal de Justiça do

Estado alegando que o processo é nulo desde o início porque a denúncia

não descreveu a conduta típica de cada acusado, impossibilitando-lhes,

assim, o exercício do direito de defesa.

Mais: a denúncia apoiou-se em representação incompleta e frágil de

agente fiscal, que ignorou o Regulamento do ICMS, Art. 6596, Par. 1º que

circunstanciar o relatório das irregularidades, tendo o representante do

Ministério Público agido do mesmo jeito; o agente fiscal anotou no auto

lavrado a expressão “erro”, o que não foi considerado pela denúncia e que

esse detalhe, anotação de “erro” na apuração do imposto serve para

afastar a culpabilidade evidenciando-se a falta de causa para a ação

penal; os ora pacientes não são sócios da empresa mas sim empregados,

funcionários de carreira, não podendo, por isso, figurarem no pólo

passivo da relação processual; não ficou apurado, em inquérito policial,

a conduta dos pacientes e o dolo nas atuações. E sem o relatório

circunstanciado obrigatório e sem o inquérito policial, a denúncia

apoiou-se em prova frágil.

O Tribunal de Justiça do Estado entendeu que as condutas descritas

na denúncia são, em tese, típicas e antijurídicas, acrescentando que na

da Lei 8.137/90, Art. 11, eles foram considerados partícipes nos atos

fraudulentos descritos na denúncia do Ministério Público. Resumindo, a

denúncia no caso - diz o Acórdão - não se apresenta inepta e,

especificando os ilícitos e o proceder da pessoa jurídica, não cerceia a

defesa dos pacientes.

O Recurso reitera as alegações iniciais e o Ministério Público

Federal, nesta instância, lembrando jurisprudência predominante neste

Tribunal, opina pelo improvimento.

Relatei.

__________

V O T O

O EXMO. SR. MINISTRO EDSON VIDIGAL: Senhor Presidente, a denúncia

não é inepta; descreve os fatos tipificados como crime, deixando muito

claro de que os acusados devem se defender. Responsáveis pela

administração da empresa em que constatou-se sonegação fiscal devem se

defender da acusação que os enquadra nas Leis nº 8.137/90, Arts. 1º, I,

II, III e Par. Único, e 2º, I c/c o Art. 11 e Lei nº 4.729/65, Art. 1.

Não há o motivo alegado - falta de justa causa - para trancamento

da Ação Penal.

Em reforço ao Acórdão recorrido inúmeras decisões deste Superior

Tribunal de Justiça, dentre as quais:

“O crime de autoria coletiva não obriga a denúncia a

pormenorizar o envolvimento de cada réu, bastando a narrativa

genérica do delito, sem que tolha, evidentemente, o exercício da

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 56

defesa”. (STJ, 5ª Turma, RE 4615-RJ, Rel. Min. Flaquer

Scartezzini, DJU 03.06.91, pág. 7.434).

“No denominado crime societário ou coletivo a exigência da

individualização da conduta criminosa (art. 41, CPP) é

abrandada. No caso concreto, não se pode acoimar de inepta a

denúncia. A individualização da conduta do paciente foi

razoavelmente descrita dentro do contexto fático. Em tese, a

participação do paciente configura crime e a denúncia lhe

fornece elementos objetivos para se defender na ação penal.

Recurso improvido. (STJ, 6ª Turma, RHC nº 1961-3 RJ, Rel. Min.

Adhemar Maciel - DJ, 17.12.92, pág. 24.267).

Quanto ao demais das alegações, inclusive se houve dolo ou não,

incabível aferir em “habeas corpus” porque implicaria incursão

aprofundada de provas, no caso, aliás, controvertidas.

Por isso, mantendo o Acórdão recorrido por seus próprios

fundamentos, conheço do Recurso mas lhe nego provimento.

É o voto.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 57

RECURSO DE HABEAS CORPUS Nº 4118-8 - SP (94.0035060-0)

RELATOR : EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI

RECORRENTE: JÚLIO MARTIN AGUERO

RECORRIDO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PACIENTE : JÚLIO MARTIN AGUERO

E M E N T A

RECURSO DE HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ILÍCITO FISCAL.

TRANCAMENTO DE INQUÉRITO. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.

I- A instância penal e a administrativa são autônomas, embora se

intercomuniquem.

II- No crime de sonegação fiscal não é indispensável o prévio

exaurimento da via administrativa. Existência de crime em tese a

ser melhor apurado na instrução criminal.

III- Recurso improvido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Egrégia Sexta Turma, do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos

votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade,

negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Votaram os Srs. Ministros Adhemar Maciel, Anselmo Santiago, Vicente Leal

e Luiz Vicente Cernicchiaro.

Brasília, 12 de dezembro de 1994 (data do julgamento).

MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Presidente.

MINISTRO PEDRO ACIOLI, Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

O EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI:-

Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus, com supedâneo na

letra “a”, do inciso II, do artigo 105, da Constituição, interposto em

favor de Júlio Martins Aguero.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 58

Insurge-se o impetrante contra o acórdão da terceira Câmara

Criminal de Férias do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que por

unanimidade denegou a ordem, cujo o objetivo era o trancamento do

inquérito policial instaurado por requisição do Ministério Público para

apurar crime de sonegação fiscal contra o recorrente, na condição de

sócio cotista e administrador da firma, “JÚLIO MARTINS CONFECÇÕES LTDA.”.

Em suas razões, alega o recorrente, resumidamente - fl. 142:

“a) Em maio/93, a empresa antes referida foi autuada pelo

fisco estadual, por irregularidades no recolhimento do ICMS;

b) Irresignada, interpôs defesa administrativa junto ao órgão

próprio, o que ainda espera decisão definitiva;

c) Por essa razão, foi com surpresa que o paciente se viu

intimado pelo Delegado de Polícia da Divisão de Crimes contra

a Fazenda, para depor em autos de inquérito policial;

d) Alega que as reclamações e recursos administrativos sustam

a exigibilidade do crédito tributário, que, assim, não está

definitivamente constituído, não podendo compor, destarte, um

procedimento penal por sonegação fiscal, “se não há certeza do

conteúdo do auto de infração!” (fls. 8);

e) O inquérito policial está sendo usado como meio de coagir o

contribuinte a recolher impostos supostamente devidos, razão

pela qual se pleiteava, liminarmente, o trancamento do

apuratório.”

O Ministério Público opina pelo improvimento do recurso, editando a

seguinte ementa - fls. 141/144:

“RECURSO DE HABEAS CORPUS - PRETENSÃO DE TRANCAR INQUÉRITO

POLICIAL - CRIME EM TESE, A SER MELHOR APURADO NO

INVESTIGATÓRIO - INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS PENAIS E

ADMINISTRATIVAS.”

É o relatório.

__________

V O T O

O EXMO. SR. MINISTRO PEDRO ACIOLI (RELATOR):

Sustenta o Recorrente que tendo havido recurso administrativo

contra o auto de infração, suspensa está a exigibilidade do crédito, que

sequer existe a falta do lançamento. Por isso acrescenta, há mera

presunção de sua existência, daí porque não há que se falar em crime de

sonegação.

Não assiste razão ao Recorrente, pois não é pressuposto, condição

jurídica necessária, inclusive para oferecimento da denúncia, estar

esgotada a instância administrativa.

No caso em tela, como bem observou o Ministério Público de primeira

instância, há notícia da existência de um crime, em tese, acompanhada de

documentos, razão por que os fatos devem ser apurados através de

inquérito policial, sem que disso decorra constrangimento ilegal ao

paciente.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 59

O próprio Recorrente admite a prática do crime, quando em sua

defesa fiscal (fls. 22/23) reconhece a “justeza da acusação no que se

refere à falta da escrituração das notas fiscais nºs 214 e 406”,

protestando apenas quanto aos valores reclamados.

Assim, há descrição e reconhecimento de fraude, que poderá não ser

a incidência da norma especial. Entretanto, a fraude em si caracteriza o

ilícito penal.

A existência de recurso administrativo não impede que o Ministério

Público requisite a instauração do inquérito policial para apuração dos

fatos, sem que disso decorra constrangimento ilegal, conforme

entendimento do Egrégio Supremo Tribunal Federal.

“O procedimento administrativo-fiscal não constitui

pressuposto ou condição de procedibilidade da ação penal, ou

de instauração de inquérito policial para se apurar o delito

de sonegação fiscal” (R.T. 549/432).”

Também esta Turma tem decidido, verbis:

“RHC - PROCESSUAL PENAL - ILÍCITO FISCAL - DENÚNCIA -

INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA - As instâncias penal e

administrativa são autônomas, embora se intercomuniquem. A

primeira poderá repercutir de maneira absoluta na segunda. O

oferecimento da denúncia dispensa esgotar a via

administrativa. Esta não é pressuposto, nem condição jurídica

necessária para a imputação do Ministério Público.”

(RHC nº 3.064-0-PR, Rel. Min. Vicente Cernicchiaro, in DJ de

06.06.94).

“RECURSO DE HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CRIME DE

NATUREZA COLETIVA OU SOCIETÁRIA. SONEGAÇÃO FISCAL. FALTA DE

JUSTA CAUSA.

1 - Nos crimes societários a responsabilidade é, em princípio,

dos diretores da empresa, definida a participação de cada um

no curso da ação.

2 - No crime de sonegação fiscal não é indispensável o prévio

exaurimento da via administrativa

3 - Constitui-se matéria de prova apurar se os denunciados

administraram a empresa por ocasião dos fatos delituosos.

Negado provimento ao recurso.”

(RHC nº 3279-0-SC, Rel. Min. José Cândido, in DJ de

06.06.94).”

Em razão dessas considerações, nego provimento ao recurso.

É como voto.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 60

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 4.146-3/SP (REG.: 94/0037221-3)

RELATOR : EXMO. SR. MINISTRO JOSÉ DANTAS

REL. P/ACÓRDÃO: O EXMO. SR. MIN. CID FLAQUER SCARTEZZINI

RECORRENTE : ARNALDO MALHEIROS FILHO E OUTROS

RECORRIDO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

PACIENTE : GEORGE RICHARD WAGONER JÚNIOR

PACIENTE : ANDRÉ BEER

PACIENTE : NICOLAS WSEVOLOJSKOY

PACIENTE : JOSEPH HENRY DAMOUR

E M E N T A

RECURSOS EM HABEAS CORPUS - DENÚNCIA SEM INQUÉRITO POLICIAL -

POSSIBILIDADE - CRIME PREVISTO NO ART. 17 DA LEI 7.492/86 -

OCORRÊNCIA DE ERRO DE PROIBIÇÃO - TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

- A falta de inquérito policial não é óbice para o oferecimento da

denúncia, se atentarmos para o caráter subsidiário desta (CF/88,

art. 129, I e VIII e C.P.P., art. 12).

- A tipificação do delito do art. 17 da Lei 7.492, de 16 de junho

de 1986, na conduta dos diretores de consórcios, “emprestando”

numerário de seus recursos próprios, só pode ocorrer quando haja

consciência da prática de tal delito; contrario sensu, estaríamos

diante de um “erro sobre a ilicitude do fato” ou “erro de

proibição” de que trata o art. 21 do C.P., o que afasta a

culpabilidade do agente.

- Embora sabido que o “erro de proibição” é matéria que deve ser

comumente analisada juntamente com o mérito, já que diz respeito à

culpabilidade, no entanto, quando ictu ocoli, exsurge, clara e

patente, a falta de ilicitude dos acusados, em caráter

excepciconal, dela se pode conhecer, via remédio heróico.

- Recurso a que se dá provimento para determinar o trancamento da

Ação Penal, por falta de justa causa.

A C Ó R D Ã O

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 61

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráficas a seguir, por maioria, conhecer do recurso e lhe

dar provimento para trancar a ação penal. Os Ministros Assis Toledo e

Jesus Costa Lima votaram com o Ministro Cid Flaquer Scartezzini, que

lavrará o acórdão. Votou vencido o Ministro Relator. Ausente,

justificadamente, o Ministro Edson Vidigal.

Brasília, 15 de março de 1995 (data do julgamento).

MINISTRO JESUS COSTA LIMA, Presidente.

MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI, Relator p/acórdão.

__________

R E L A T Ó R I O

O SR. MINISTRO JOSÉ DANTAS:

No juízo de origem, a espécie foi assim relatada pela Juíza Ramza

Tartuce:

“Trata-se de ordem de “habeas corpus” impetrada por Arnaldo

Malheiros Filho, Ricardo Camargo Lima e Eduardo Pizarro Carnelós,

em favor de George Richard Wagoner Júnior, André Beer, Nicolas

Wsevolojskoy e Joseph Henry Damour, contra ato praticado pelo MM.

Juiz Federal da 1ª Vara Criminal de São Paulo. Afirmam que os

pacientes estão sendo processados como incursos nas penas do artigo

17, da Lei 7492/86, vez que, como procuradores do Consórcio

Nacional GM Ltda., teriam efetuado empréstimos a empresa General

Motors do Brasil Ltda., sócia gerente daquela e detentora da

maioria de suas quotas. Afirmam que o grupo empresarial administra

seus recursos de forma centralizada, de modo que o dinheiro

excedente de cada empresa do grupo é gerido de maneira unitária.

Dizem que os pacientes não agiram com dolo ao repassarem os valores

à sua controladora, tanto é que a constatação da irregularidade

pelo Banco Central ocorreu porque a empresa requereu a verificaçção

de pendências a serem sanadas, vez que pretendiam abrir novos

grupos de consorciados. E, verificada a irregularidade, as

transferências dos valores foram imediatamente revertidas. Afirmam

que nenhuma prova foi coligida no inquérito policial, tendo o

Ministério Público Federal oferecido denúncia, sem amparo legal,

deixando de individualizar as condutas que teriam sido praticadas

pelos pacientes, sem mencionar o dolo com que teriam eles agido,

motivo pelo qual tal peça se mostra inepta. Argumentam que o

paciente Joseph Henry Damour ainda não era procurador do consórcio

quando dos fatos e que o dinheiro transferido à empresa sócia-

gerente pertencia ao consórcio e não aos grupos, daí por que nenhum

prejuízo sofreram as consorciados. Reiteram a argumentação de que

os pacientes não agiram com dolo para a prática do ilícito penal,

invocando doutrina e jurisprudência em socorro de sua tese. Pedem a

concessão da ordem, para que se determine o trancamento da ação

penal.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 62

Processada sem liminar.

A autoridade impetrada sustentou a legalidade de seu ato,

afirmando existir justa causa para a ação penal, já que é abundante

a prova produzida no expediente oriundo do Banco Central. Diz que

os pacientes têm poderes de gerência e administração da empresa daí

por que são solidariamente responsáveis pela decisão do mútuo. Com

relação ao paciente Joseph Henry Damour, concorda com o fato de que

foi constituído procurador depois de já efetuados os empréstimos.

Afirma que a denúncia não está eivada de inépcia e que o exame

sobre a existência ou não do dolo só pode ocorrer em sede da ação

penal.

O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do Ilustre

Procurador Regional da República, Doutor Ranolfo Alves, opinou pela

denegação da ordem.” - fls. 173/174.

Denegou-se o habeas corpus, por fundamentos ementados nos seguintes

termos:

“EMENTA

“HABEAS CORPUS”. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DELITO PREVISTO NO

ARTIGO 17, DA LEI 7492/86. ARGÜIÇÕES DE FALTA DE JUSTA CAUSA,

INÉPCIA DA DENÚNCIA E INEXISTÊNCIA DE DOLO. ALEGAÇÕES

IMPROCEDENTES. ORDEM DENEGADA.

1 - Nos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, basta que

conste da denúncia a descrição da atuação conjunta dos agentes, a

caracterizar a co-autoria.

2 - Havendo prova da ilicitude do ato e indícios de sua autoria e

culpabilidade, a ação penal está legitimada.

3 - É dispensável o procedimento investigatório, quando convencido

o órgão acusador da existência do crime, havendo prova de sua

materialidade e indícios suficientes da autoria, em peças de

informação coligidas em processo administrativo.

4 - Inviável, em sede do “writ”, a análise do elemento subjetivo do

tipo penal, que demanda, sempre, o exame aprofundado da prova.

5 - Alegações improcedentes. Ordem denegada.” - fls. 181.

Daí que o presente recurso insiste nas afirmativas da inicial, com

destacadas críticas às asseverações do acórdão, à base de pareceres dos

Profs. Miguel Reale e Ariel Dotti, como se lê de fls. 197 a 211, para

concluir:

“Não é possível, E. Superior Tribunal de Justiça, que tantos

administradores de consórcio quantos quer o Ministério Público

sejam realmente criminosos!

A denúncia por fato que evidentemente não constitui crime,

tanto assim que o rigoroso Banco Central sequer instaurou processo

disciplinar, é abuso manifesto que o Judiciário não pode

convalidar, sob pena de se tornar mero caudatário da Acusação e não

Poder do Estado.

A Justiça que dessa Casa se pleiteia reside no reconhecimento

da manifesta intenção que os pacientes tiveram de não delinqüir.

Com efeito, são funcionários de multinacional de grande porte, que

pautam suas atividades pela rigorosa adequação de seus atos às leis

do País, que jamais praticariam qualquer ilícito se pudessem ter a

consciência disso.

Por isso é que se pede - após o regular processamento do

presente recurso - seu provimento para o fim de ser concedido

habeas corpus aos pacientes, para trancar a ação penal contra eles

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 63

instaurada por manifesta ausência de justa causa a caracterizar a

ilegalidade da coação a que estão submetidos.” - fls. 211/12.

Nesta instância, o parecer da Subprocuradora-Geral Áurea Lustosa é

contrário ao provimento do recurso, consoante razões assim sumuladas:

“Pelo conhecimento e não provimento do Recurso.

Equiparado a instituição financeira (Inc. I do Parágrafo único do

art. 1º da Lei nº 7.492/86), não pode consórcio dar empréstimo a

sociedade coligada.

Não transmudando o Equiparado ao Paradigma, não admite na

equiparação tenha o Equiparado a identidade do Paradigma, sob pena

de logicamentte passar a ter a natureza daquele e não as

consequências da equiparação.

Necessária apreciação da natureza do erro de proibição, sua

inescusabilidade ou não, em face do texto legal (art. 17 da citada

Lei). Deve prosseguir, pois, a Ação Penal.

Denúncia suficiente para possibilitar aos Réus o exercício da ampla

defesa constitucionalmente prevista (Inc. LV, art. 5º da CF).” -

fls. 276/77.

Relatei.

__________

V O T O

O SR. MINISTRO JOSÉ DANTAS (RELATOR): Senhor Presidente, no quanto

de suas respostas à inicial, a exaustiva fundamentação do v. acórdão

recorrido se dispensa a subsídios outros (lê - fls. 175/188).

E no que toca às postulações do recurso, covenha-se que o acórdão

foi melhor percebido em seus assertos pelo parecer do Ministério Público,

nestes tópicos:

“Trata-se de Recurso de Habeas Corpus visando o trancamento da

Ação Penal instaurada por infração do art. 17 da Lei nº 7492/86,

alegando, resumidamente:

I - necessidade de análise da conduta significativa do BACEN

ao não instaurar processo administrativo relativo à

conduta sob apuração;

II - inépcia da Denúncia por falta de descrição de condutas dos

Pacientes;

III - inépcia da Denúncia por falta de descrição do elemento

subjetivo do tipo.

A Denúncia, verbis:

“O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República

subscrito, no uso de suas atribuições, vem perante V. Exa. oferecer

DENÚNCIA contra GEORGE RICHARD WAGONER JÚNIOR, norte-americano,

casado, industrial, RNE nº 08505.022150/91-42, CIC 172.415.858-95;

ANDRÉ BEER, brasisleiro, casado, industrial, RG nº 2.597.846-SP,

CIC 016.544.388-04; NICOLAS WSEVOLOJSKOY, belga, casado,

administrador de empresas, RNE nº W667487-L, CIC 033.800.648-66 e

JOSEPH HENRY DAMOUR, norte-americano, divorciado, administrador de

empresas, RNE nº 121276-K, CIC 163.778.628-06, todos com endereço à

Alameda Santos, 647, nesta Capital de São Paulo, pelos seguintes

motivos e fundamentos:

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 64

Os denunciandos representam a General Motors Ltda. na qualidade de

sócia-gerente junto ao Consórcio Nacional GM Ltda. com endereço à

Alameda Santos, 647, 3º andar, com acesso também pela Avenida

Brigadeiro Luís Antônio, 2424, São Paulo/SP, figurando ainda como

sócio sem qualquer poder de decisão na empresa a pessoa física JOHN

GERARD BLHNIK, detentor de 0,01% das quotas.

Sob a denominação de Consórcio Nacional Chevrolet, a Sociedade gere

um fundo administrado pelos denunciados para aquisição de veículos

automotores produzidos pela General Motors do Brasil Ltda. na forma

da legislação em vigor.

O Banco Central do Brasil, no exercício regular de suas atividades

de fiscalização, procedeu a exame a escrita do Consórcio em questão

vindo a constatar que nos anos de 1991 e 1992 a empresa concedeu

empréstimos de dinheiro a sua controladora e sócia-gerente, General

Motors do Brasil Ltda. como discriminado às fls. 05, sendo:

a) Cr$ 4.200.000.000,00, em 02 de dezembro de 1991, através do

cheque Bradesco 0015447, conforme consta do extrato de fls. 26, da

correspondência de fls. 27 e da escrituração de fls. 28.

b) Cr$ 2.900.000.000,00, em 2 de abril de 1992, através do cheque

Bradesco 0022473, conforme o extrato de fls. 33, a correspondência

de fls. 31 e a escrituração de fls. 34.

c) Cr$ 3.500.000.000,00, em 30 de junho de 1992, valor esse

recebido da General Motors do Brasil Ltda. para integralização de

quotas de capital em igual valor, através do cheque nº 702072, do

Banco Francês e Brasileiro S.A. conforme a cópia fotostática

entranhada às fls. 48, e que retornou à emitente General Motors do

Brasil na mesma data em forma de mútuo, consoantte se vê na peça de

escrituração de fls. 49.

Os empréstimos foram efetivados em decorrência de pedido verbal,

não tendo a fiscalização do Banco Central do Brasil encontrado

contratos escritos a respeito, sendo certo que incidiu correção

monetária capitalizada mês a mês em todas operações, com base na

Taxa Referencial Diária (TRD), segundo as correspondências que

instruem os autos, bem como não foi acordado prazo para pagamento,

i.e. os empréstimos foram feitos por prazos indeterminados, mas

todos liquidados em 03 de novembro de 1992, através do depósito em

dinheiro no valor de Cr$ 55.978.172.567,31, na agência 0095-7 do

Bradesco, consoante fls. 57/58/59.

Ao concederem empréstimos a sua controladora e sócia-gerente

General Motors do Brasil Ltda, os denunciandos, na qualidade de

administradores do Consórcio Nacional GM Ltda. desfalcaram o

patrimônio da empresa e o mantiveram diminuído em prejuízo dos

consorciados, somente cessando tais irregularidades por instância

do Banco Central do Brasil.

Ante o exposto promove-se a presente ação penal em face de GEORGE

RICHARD WAGONER JUNIOR, ANDRÉ BEER, NICOLAS WSEVOLOJSKOY e JOSEPH

HENRY DAMOUR qualificados acima, que se encontram incursos nas

penas do art. 17 caput da Lei nº 7.492/86, c.c. o disposto no art.

14, I do Código Penal Brasileiro, requerendo sejam citados para os

interrogatórios e para acompanhamento do processo até final do

julgamento, sob as cominações legais, ounvindo-se as testemunhas

abaixo arroladas”. (fls. 27/30).

Dispõe a Lei nº 7492/86:

Art. 1º - Considera-se instituição financeira, para efeito

desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que

tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou

não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros

de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia,

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 65

emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração

de valores mobiliários.

Parágrafo único - Equipara-se à instituição financeira:

I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio,

consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos

de terceiros;

.............................................................

Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no

art. 25 desta Lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou

adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro

de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes

ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau,

consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela

exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos,e multa.

.............................................................

(Destacamos).

III

Apreciadas as questões do Recurso - sob a rubrica: “III -

SIGNIFICADO DA POSTURA DO BANCO CENTRAL”, trazidas pelos

Recorrentes questões sobre:

I - anterior admissibilidade pelo BACEN da conduta adotada

(“Plano de Contas”) - rubrica “1.8.8.85.00-4 - Valores a

Receber de Sociedades Ligadas”);

II - não instauração de processo administrativo pelo BACEN -

prejudicial à figura penal;

III - ultrapassada a prevalência do princípio da autonomia da

jurisdição penal;

IV - impossibilidade sem inquérito policial ou processo

administrativo - sem audência das partes - do

oferecimento de Denúncia.

Analisando as questões suscitadas no recurso, não nos parece

tenham razão os Recorrentes quanto às conseqüências das teses

levantadas sobre a falta:

I - de processo administrativo;

II - de inquérito policial.

No que pertine à falta de processo administrativo, a não

instauração do citado processo não se reveste de condição de

procedibilidade.

A figura do art. 17 da Lei nº 7492/86 diz respeito a ação

pública incondicionada.

Preliminarmente, convém deixar assinalado:

I - a impossibilidade de transmutação de conduta ilícita em

lícita, pela não instauração de processo administrativo;

II - não repercutir, em favor do particular, a omissão

administrativa citada; desencadeando a omissão, ao

contrário, conseqüência para o próprio agente

administrativo;

III - não importar o atendido do pedido do Consórcio (aumento

de grupos) em regularização de ilícita conduta anterior.

Impende consignar que - na espécie:

I - tem natureza de sanção administrativa - a determinação de

devolução de recursos;

II - ter havido atendimento pelo Consórcio da determinação

administrativa;

III - não ter - no Direito Brasileiro - o caráter de

perpetuidade a sanção imposta;

IV - possível juridicamente - após o cumprimento da

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 66

determinação - a obtenção do pleiteado pelo Consórcio.

A despeito de pretender o Recurso afastar a exigência de

condição de procedibilidade, na verdade a questão trazida envereda

substancialmente para este instituto.

Mesmo por que ao considerar ultrapassado implicitamente o

conceito de autonomia de instâncias, vão os Recorrentes além da

análise do valor social dos vários ilícitos: civil, administrativo

e penal.

No que diz respeito à falta de inquérito policial, pelo seu

caráter subsidiário, não absolutamente necessário para a

instauração da A. Penal.

Dispõe a CF/88, verbis:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério

Público:

I - promover, privativamente, a ação penal, na forma da

lei:

.............................................................

VIII - requisitar diligências investigatórias e a

instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos

jurídicos de suas manifestações processuais;

.............................................................

E o CPP:

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou

queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

Logo, não é absolutamente necessário a abertura de inquérito

policial.

De outro modo, a solicitação de abertura de inquérito policial

não vincula o Ministério Público dominus litis, pelo caráter de

subsidiariedade do mesmo inquérito.

De outro modo, não é o membro do Ministério Público agente

administrativo mas órgão de Instituição a quem deve caber a

independência para atuar de acordo com o indispensável.

Sobre não ser possível inquérito policial e processo

administrativo sem audiência das partes, merecem ser trazidas

2(duas) questões relativas:

I - ao atendimento sem maiores questionamentos da devolução

dos recursos;

II - ao não atendimento para prestar esclarecimento perante a

Autoridade Policial.

Quanto ao atendimento à determinação administrativa,

reconhecido pela Impetração e pelo Recurso.

E, não se pode decretar nulidade sem prejuízo.

De outro lado, conforme fl. 151, durante 1 (hum) semestre não

atendida providência reclamada pela Aut. Policial para o

desenvolvimento do Inquérito Policial.

Assim, pelas Informações da Autoridade Coatora:

“......................................................

Ora, o expediente oriundo do Banco Central do Brasil é

suficiente em elementos informativos para a deflagração da

actio, como se vê de fls. 08 a 69 dos autos. A Procuradoria da

República, entretanto, com louvável zelo, apesar da prova

documental abundante, pretendeu que os ora pacientes fossem

ouvidos, identificados e averiguada sua vida pregressa (artigo

6º, incisos V, VIII e II, Código de Processo Penal). Ocorre

que, intimados os então indiciados, não se deram ao trabalho

de comparecer à repartição policial (fls. 71 e verso dos

autos); novamente, o Dr. Delegado de Polícia Federal

determinou as intimações (fls. 76/83), que foram executadas

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 67

(fls. 89/95) e, outra vez, os executivos da multinacional não

prezaram o convite. Tudo isso se deu entre 06.07.93 e

07.12.93, um semestre inteiro de espera improfícua.

Então, o Ministério Público Federal, como existiam

elementos hábeis para arrimar a pretensão acusatória,

apresentou a denúncia, que veio a ser recebida (fls. 99), já

que presentes indícios de materialidade e autoria quantum

satis para o mero início da persecução.

Assim, a ilação não procede, porque a premissa é falsa:

o Ministério Público Federal, como dono da opinio delicti que

é, pode perfeitamente pretender obter mais dados, mesmo que os

existentes já sejam bastantes.

A justa causa para a ação deflui da prova contida nos

documentos idôneos, o que é cabal.

Por outro lado, a procuração existente nos autos (fls.

24/25) atribui aos acusados,

‘...amplos, gerais e ilimitados poderes para (...)

ADMINISTRAÇÃO, orientação e direção dos negócios

sociais (...) praticando todos os demais atos

necessários para GERÊNCIA e ADMINISTRAÇÃO da sociedade

(...)’

O instrumento de mandato não distribui os poderes, de

forma estanque, aos réus: todos podem tudo, isoladamente ou em

conjunto. É base mais que suficiente para a deflagração da

actio contra os mesmos. Se obedeciam estritamente a ordens de

algum mandante, não manifestamente ilegal, é matéria de prova,

que poderá ser produzida no seu locus próprio, a ação penal.

Na realidade, sendo a sócia-gerente uma pessoa moral,

controladora, tem que necessariamente atuar através de

procuradores, que são responsáveis, em sede penal, pelo atos

que vierem a perpetrar no exercício da administração que lhes

foi cometida, et pour cause, pelos empréstimos que vieram a

conceder a terceiros, contra a lei.

É absolutamente impossível, no âmbito de um gigante como

o Consórcio Nacional GM Ltda., minudenciar a atuação, passo a

passo, de cada um de seus dirigentes, restreando a conduta

discriminada de cada um deles. Não há Inquérito Policial que

consiga tal façanha.

A orientação do Egrégio Supremo Tribunal Federal sobre

os delitos societários é de salutar bom senso; querer-se o

revés, com a aplicação literal do artigo 41 da lei

instrumental, é querer-se a impunidade de qualquer imunidade

processual penal para os que obram no universo dos negócios,

os homens de terno e gravata.

In casu, há um consórcio, com seus administradores, que

emprestou à empresa controladora. Todos os administradores -

em fase da admissibilidade da ação. o.b. - são solidariamente

responsáveis pela decisão do mútuo.

No empate do contraditório, com sua dialética

depuradora, entretanto, os ora pacientes terão oportunidades

amplas de defesa para a demonstração de sua inocência ou, pelo

menos, para que seja destruída a certeza na culpa que esteja

em juízo de condenação.

O teste é a plenitude do direito de defesa. Se a

denúncia - como é o caso - descreve um fato delituoso e

atribui sua autoria a alguém de molde a permitir a atuação

defensiva, não há porque falar-se em inépcia da denúncia.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 68

Com respeito ao acusado JOSEPH HENRY DAMOUR, contudo, é

veraz que o mesmo foi nomeado procurador em 17 de agosto de

1992, tendo os 03 (três) empréstimos sido concedidos

anteriormente, em 02.12.91, 01.04.92 e 30.06.92 (fls. 10 e

24/24).

II. Inépcia da denúncia - origem dos recursos - cuida-se

de afirmar, na impetração, que os recursos emprestados eram

próprios e, não, produtos da coleta dos quinhões pagos, mês a

mês, pelos consorciados. Assim, não haveria crime a punir, o

que é opinião não comungada por todos.

De toda a sorte, tal asseveração deverá, sem dúvida, ser

provada no evolver da ação penal, não cabendo no âmbito de

habeas corpus.

III. Ausência de dolo - A manifestação de vontade, livre

e consciente, de afrontar a norma proibitiva, deflui da ação

típica. Para o juízo de admissibilidade presume-se a

existência de culpa, em sentido lato, como vem a

jurisprudência sábia e reiteradamente entendendo, a não ser

quando o elemento moral e iniludivelmente inexistente.

O tipo subjetivo é exteriorizado pelo tipo objetivo,

pelo menos em fase de formação de opinio delicti.

......................................................”

(fls. 150/153).

A questão relativa à previsão pela Autoridade Administrativa

do Plano de Contas sob a rubrica “1.8.8.85.00-4 - Valores a receber

de sociedades ligadas”, parece-nos deve ser analisada sob o ângulo

do “dolo”.

IV

Sobre inépcia da Denúncia por falta de descrição de condutas

dos Pacientes.

A Denúncia havia assinalado:

I - terem sido realizados os empréstimos em decorrência de

pedido verbal, não tendo sido encontrados contratos

não tendo sido encontrados contratos escritos;

II - representam os Denunciados a General Motors do Brasil

Ltda.;

III - na qualidade de administradores do Consórcio Nacional GM

Ltda. desfalcaram o patrimônio do Consórcio.

Assim, há suficiente descrição de condutas.

No que tange ao Paciente José Henry Damour, de acordo com as

Informações:

“Com respeito ao acusado JOSEPH HENRY DAMOUR, contudo, é veraz

que o mesmo foi nomeado procurador em 17 de agosto de 1992,

tendo os 03 (três) empréstimos sido concedidos anteriormente,

em 02.12.91, 01.04.92 e 30.06.92” (fls. 10 e 24/24).

Inobstante, conforme se vê de “fl. 61”, consta a assinatura

relativa ao “de acordo”, pela GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA - de

Joseph H. Damour, doc. de 02 de abril de 1992, cujos termos,

verbis:

“Ref.: Empréstimo no Valor de

Cr$ 2.900.000.000,00

Prezados Senhores:

Conforme verbalmente acordado, entregamos a essa empresa,

nesta data, o valor de Cr$ 2.900.000.000,00 (dois bilhões e

novecentos milhões de cruzeiros), a título de emppréstimo por

prazo indeterminado.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 69

Sobre o empréstimo concedido haverá incidência de correção

monetária, capitalizada mês a mês, baseada na variação da TRD

(Taxa Referencial Diária).

Solicitamos a aquiescência de V.Sas. quanto aos termos da

presente através da aposição do seu de acordo na cópia

respectiva.

Atenciosamente,

(ASS)

CONSÓRCIO NACIONAL GM LTDA

Nicolas Wsevolojskoy

De Acordo:

(ASS)

GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA

Joseph H. DaMour”

(fl. 36)

À “fl. 65”:

“Ref.: Empréstimo no Valor de

Cr$ 3.500.000.000,00

Prezados Senhores:

Conforme verbalmente acordados, entregamos a essa empresa,

nesta data, o valor de Cr$ 3.500.000.000,00 (três bilhões e

quinhentos milhões de cruzeiros), a título de empréstimo por

prazo indeterminado.

Sobre o empréstimo concedido haverá incidência de correção

monetária, capitalizada mês a mês, baseada na variação da TRD

(Taxa Referencial Diária).

Solicitamos a aquiescência de V.Sas. quanto aos termos da

presente através da aposição do seu “de acordo” na cópia

respectiva.

Atenciosamente,

(ASS)

CONSÓRCIO NACIONAL GM LTDA

Nicolas Wsevolojskoy

De acordo:

(ASS)

GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA

Joseph H. DaMour”

(fl. 40)

V

Sobre o elemento subjetivo:

I - possibilidade de sua apreciação em HC;

II - dever constar sua análise da Denúncia;

III - haver possibilidade de atuação dos Pacientes com erro,

têm razão os Recorrentes quanto à primeira tese; quanto à segunda,

parcialmente; quanto à terceira, fazendo a distinção entre erro de

proibição evitável e inevitável, admitida a existência deste (do

erro inevitável).

Convém, inicialmente, observar não haver o CP/84 adotado na

sua integralidade a “Teoria Finalista da Ação”.

Rigorosamente, a adoção de teorias deve ser objeto de

orientações jurisprudenciais, jamais constando de texto legal.

Adotada interpretação sistemática, verifica-se constar do CPP:

Art. 43. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;

O evidentemente aí previsto, adotando-se a Teoria Finalista,

importará em exclusão do tipo relativamente:

I - à narração de infração com dolo específico sendo

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 70

descrita conduta relativa a dolo genérico; ou

II - à descrição de conduta culpusa, exigido o dolo;

Não há, pois, asseverar a exclusão do dolo no processo de HC,

pelo simples fato de nos encontrarmos diante de fitura cujo

elemento subjetivo é o dolo genérico.

Além de que não vige em HC o princípio in dubio pro reo, cf.

HC 50376, Rel. Min. Luiz Galotti, RTJ 64/77.

Sobre a possibilidade de erro sobre a conduta dos Pacientes, a

questão parece-nos se situar sob o ângulo de erro de proibição.

A propósito o Prof. Francisco de Assis Toledo, em Princípios

Básicos de Direito Penal, SP, Saraiva, 1991, págs. 269/270, 280 e

284:

“f) Erro de proibição escusável, só quando inevitável.

248. Aceita-se, em doutrina, unanimemente, a afirmação

de que nem todo erro de proibição seja escusável. Isso é uma

conseqüência lógica das considerações feitas a propósito da

“consciência da ilicitude” (supra, n. 224 e 245). Com efeito,

sendo erro de proibição o resultado de um atuar sem a

consciência da ilicitude, será ele escusável na medida em que

essa falta de consciência da ilicitude também o for. Chega-se,

pois, ao conceito de inevitabilidade do erro de proibição -

ponto nevrálgico da questão sobre o qual ainda se debruçam os

penalistas - por um longo caminho, ou seja, pelo exame da

inevitabilidade da falta da consciência da ilicitude. E isso

se consegue com uma inversão do raciocínio, a saber:

conhecidos alguns critérios válidos para a identificação da

evitabilidade da consciência da ilicitude e, portanto, do

erro, chega-se, por exclusão, a inevitabilidade do erro de

proibição em concreto, a partir do exame das peculiaridades de

cada caso ocorrente.

.............................................................

(...) Daí a denominação “erro de proibição”, ou “erro sobre o

estar proibido”, para designar esta forma muito especial de

erro ou ignorância que se traduz numa espécie de cegueira para

com os preceitos fundamentais da convivência social que chegam

necessariamente ao conhecimento de todos e de cada um, na

maioria dos casos através dos usos e costumes, da escola, da

religião, da tradição, da família, da educação etc. Por isto é

que o erro de proibição só é escusável quando inevitável, isto

é, quando, apesar de tudo, não tiver sido possível ao agente

evitar a falta de compreensão do injusto de seu atuar.

.............................................................

(...) O erro de proibição anula a consciência da ilicitude

que, como se viu, está agora situada na culpabilidade. Por

isso é que o erro de proibição exclui, quando inevitável, a

culpabilidade. E, como não há crime sem culpabilidade, esta

forma de erro impede a condenação, seja por dolo, seja por

culpa. Se o erro for inevitável atenua a pena, mas a

condenação se impõe.

............................................................”

Assim, o CP, verbis:

Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro

sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se

evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o

agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 71

fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou

atingir essa consciência.

Não se pode, pois, exigir que em HC haja maior análise do

dolo, havendo Ação Penal, inclusive, para apreciá-lo.

Finalizando, podemos dizer:

I - a exigência do art. 158 do CPP - não importa em

inadmissibilidade de recebimento de Denúncia;

II - o tipo do art. 17 da Lei nº 7492/86, sendo de mera

conduta não exige tenha havido prejuízo para os

consorciados;

II.l - tem como objeto jurídico o Sistema Financeiro

Nacional, protegendo secundariamente o mercado

financeiro e o patrimônio dos donos de cotas;

III - daí a desnecessidade de maior avaliação contábil para

aferição do envolvimento do patrimônio próprio do

Consórcio/Patrimônio dos Consorciados.

A equiparação de consórcio a instituição financeira não

restringe a recursos de “terceiros” o objeto material do crime.

Pretendida equiparação deve ter em vista a proteção na Lei

7492/86.

Logo, desinfluente saber-se se os valores emprestados (da

contabilidade do consórcio) são:

I - valores de rentabilidade da administração do mesmo; ou

II - valores de terceiros (propriamente), destinados à aquisição

do bem.

Isto porque a equiparação a que se refere o Parágrado único do

art. 1º da Lei não importa em trazer para o Instituto Equiparado a

identidade do Instituto Paradigma, mas admitir-se as conseqüências

decorrentes da igualdade.

Sobre a culpabilidade, não se pode desconsiderar se encontrar

esta na Teoria Finalista na reprovabilidade da conduta.” - fls.

280/94.

Finalmente, em prestígio do v. acórdão recorrido, no pormenor da

alegação da atipicidade do fato denunciado, convenha-se na sua harmonia

para com acórdão da Eg. 6ª Turma, afirmativo de que:

“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. APURAÇÃO DE POSSÍVEL CRIME CONTRA

O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL COMETIDO POR ADMINISTRADORES DE

CONSÓRCIO DE AUTOMÓVEIS. IMPOSSIBILIDADE DE TRANCAR-SE INQUÉRITO

POLICIAL PROVOCADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ÀS INSTÂNCIAS DO

BANCO CENTRAL DO BRASIL. POR OUTRO LADO, A AÇÃO DE HABEAS CORPUS,

POR SUA NATUREZA, NÃO COMPORTA MAIORES INDAGAÇÕES QUANTO AOS FATOS

APONTADOS PELO BACEN, QUE, EM TESE, DESCREVE CONDUTA TÍPICA (LEI N.

7.492/86, ART. 17). RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.” - RHC 3.689-SP,

Rel. Min. Adhemar Maciel, in DJ de 01/08/94.

Pelo exposto, nego provimento ao recurso.

__________

V O T O - V I S T A

O EXMº SR. MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI:

Senhor Presidente: após o voto do eminente Ministro Relator pedi

vista dos autos pois confesso, fui assaltado por dúvidas quanto às

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 72

afirmações da douta Subprocuradoria Geral da República em seu parecer de

fls., transcrito pelo eminente Relator.

Em suma, dois são os pontos básicos em que se apoiou a douta

Subprocuradoria Geral da República para opinar pelo improvimento do

recurso que ora se examina: a possibilidade do MP oferecer denúncia, sem

que haja prévia instauração de inquérito policial e, mais importante, que

os “empréstimos” feitos à General Motors do Brasil pelo Consórcio

Nacional GM Ltda, ora recorrente, em tese configuraria a prática do crime

tipificado pelo artigo 17 da Lei 7.492, de 16 de junho de 1986.

Quanto ao primeiro ponto, não olvido de que a falta de inquérito

policial, não é óbice para a instauração da Ação Penal, e isto pelo que

dispõe a CF/88, no seguinte artigo e ítens:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério

Público:

I - promover, privativamente, a ação penal, na forma da

lei;

.......................................................

VIII - requisitar diligências investigatórias e a

instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos

jurídicos de suas manifestações processuais;”

E, o CPP, no seu artigo 12, dispõe:

“Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou

queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.”

É evidente, portanto, a desnecessidade de abertura de inquérito

policial, para o oferecimento da denúncia, considerado, sempre, seu

caráter subsidiário para esta.

No entanto, no caso dos autos, há que se destacar que o MP

requisitou a instauração do inquérito policial e, antes que qualquer

diligência fosse realizada, ou que se tomasse um único depoimento, o

representante do parquet, ao receber os autos para se manifestar sobre

pedido de dilação de prazo feito pela autoridade policial, justamente

para a realização das diligências, ofereceu denúncia contra os pacientes,

ora recorrentes.

Cabe, portanto, a afirmação de que, se o MP requereu a instauração

do IP, é porque não encontrou, pelo menos de imediato, elementos para o

oferecimento da denúncia, a qual não poderia ter vindo, assodadamente,

antes que as investigações se concluíssem, porque persistiam, motivos

anteriores. Isto é o que se pode, logicamente depreender.

Mas deixemos, por ora, a questão do Inquérito que, como visto, é

dispensável para o oferecimento da denúncia.

Passemos então á conduta, dita ilícita, pela denúncia.

Para isso, façamos uma breve exposição sobre o comportamento do

Consórcio Nacional GM Ltda., cujos procuradores são os pacientes-

recorrentes nesta ação.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 73

Por força de fatores como altas taxas de juros que inviabilizava a

compra de bens duráveis, financiados diretamente pelo vendedor ou

instituições financeiras e, a crise econômica que assolava o País,

dificultando, para a grande maioria da população conseguir, com recursos

próprios, tais bens, surgiram instituições que praticaavam

autofinanciamento e se dedicavam a administrar grupos de pessoas

interessadas, por este meio, adquirir os bens, que de outro modo não

seria possível. Isto é sabido.

Ciente também, que por falta de uma regulamentação especifica, por

vezes que se cometeram fraudes contra estes grupos e, para coibir as

impunidades, foi, em 1971, editada a Lei 5.768, que disciplinou a chamada

“distribuição gratuita de prêmios”, e, a partir de então, os

administradores de consórcios passaram a ser fiscalizados pela Secretaria

da Receita Federal.

Assim, a contar do advento da lei primeira, houve a obrigatoriedade

de, os consórcios, fazerem distinção nítida entre dinheiro de consorciado

e o seu próprio. Aquele, por imposição da Receita Federal, deveria ser

escriturado e depositado em separado, só podendo ser aplicado em títulos

públicos, designados pelo Banco Central e sua desvinculação só poderia

ocorrer para o cumprimento da obrigação de entrega do bem. Já o

proveniente da taxa de administração, era de livre disposição, sendo

usado para custeio de burocracia, publicidade, vendas e para a própria

remuneração dos administradores, já que o dinheiro era seu.

Assim, o Consórcio Nacional GM Ltda., pertencente à empresa General

Motors do Brasil, sua sócia-gerente, pois detentora da maioria das

quotas, atende, obviamente, as diretrizes traçadas pela mandante, que

era, em suma, centralizar todo o dinheiro excedente das empresas

pertencentes ao conglomerado na sede, a qual, geraria unitariamente e

proveria o montante necessário ao cumprimento das obrigações de cada

empresa.

E isto foi feito ao longo dos anos, repassando, o Consórcio

Nacional GM Ltda., os recursos de sua disponibilidade, à empresa mãe,

continuando tal comportamento através da vigência da Lei 7.492/86, sem

que a Receita Federal impusesse qualquer modificação no comportamento dos

consórcios.

Tal situação perdurou até o ano de 1991 quando adveio a Lei 8.177,

que transferiu as atribuições de fiscalização da Receita Federal para o

Banco Central, não importando com isso mudança na regulamentação, somente

com o obrigatoriedade, então, de uma padronização na escrituração dos

consórcios, e de um plano de contas, dele constando uma rubrica

denominada “valores a receber de sociedades ligadas”, que em última

análise, eram os repasses dos excedentes feitos à sócia-gerente, GM do

Brasil Ltda.

Apenas para ressaltar, o comportamento do Consórcio GM se fez

naturalmente durante anos, passando sob o crivo, primeiramente da Receita

Federal e, posteriormente, do Banco Central, e na vigência das Leis

5.768/71, 7.492/86 e 8.177/91, enviando sistematicamente os balancetes

exigidos pela Lei 8.177/91, neles constando, como já frisado, a rubrica

“valores a receber de sociedade ligada”, correspondente aos “empréstimos”

à sócia-gerente.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 74

Pois bem, em 15 de julho de 1992, o consórcio GM, pretendendo abrir

novos grupos de consorciados, solicitou autorização ao Banco Central

(Doc. de fls. 134/137), no que foi atendido, conforme Certificado de

Autorização (Doc. de fls. 138/139).

No entanto, o Banco Central verificando a existência daquela

malfadada rubrica “valores a receber de sociedade ligada”, e por

determinação do art. 28 da Lei 7.492/86, comunicou ao MP a ocorrência,

isto porque o art. 1º desta Lei considera instituição financeira para os

efeitos que determina, também os consórcios (parágrafo único, item I), os

quais, por força do art. 17, são impedidos de “tomar ou receber”,

...”direta ou indiretamente”, ...”empréstimo ou adiantamento” ou “deferi-

lo a controlador”.

De posse desta comunicação (fls. 34), como já dito, o MP determinou

a instauração do IP e, antes que este chegasse a termo, denunciou os ora

recorrentes.

Estes os fatos que, narrados sucintamente, servem de base ao meu

voto.

Pois bem, primeiramente cabe a transcrição de um trecho das razões

de recurso, pois se não, incorreríamos em repetição fatal, eis que um dos

pontos básicos de meu voto. É este, verbis:

“Antes de passar à demonstração da antijuricidade da

decisão recorrida, há um comentário a ser feito sobre o

comportamento da autarquia fiscalizadora com relação aos fatos

que a denúncia apresenta como se crime fossem.

Como já se viu, o Banco Central assumiu a posição de

responsável pela disciplina das administradoras de consórcio

de 1991, por força da Lei nº 8.177. É que, embora se pretenda

afirmar que desde a edição da Lei nº 7.492/86 essas empresas

já tivessem o status legal de “instituição financeira”,

durante os cinco primeiros anos de vigência desse diploma tal

fiscalização estava afeta à Secretaria da Receita Federal, que

“jamais” fez objeções à livre disposição dos recursos próprios

das administradoras.

Assumindo a inspeção, o Banco Central, mais aparelhado,

com pessoal mais qualificado para essa tarefa, passou a ser

presença mais constante nas administradoras, sem também

“jamais ter admoestado quem quer que fosse pela prática de

gerir os recursos próprios em conjunto com os da controladora,

desde que atendidas as exigências fiscais, que incluem a

contabilização da transferência como “empréstimo”, a despeito

de se poder questionar se essas transferências têm, de fato,

essa natureza econômica e, a fortiori, jurídica.

Muito ao contrário de se opor à prátioca já então

reiterada, o Banco Central a “regulamentava”, o que fez ao

inserir em seu Plano de contas de observância compulsória a

rubrica “1.8.8.85.00-4 - Valores a Receber de Sociedades

Ligadas” sob a qual deviam ser - e na espécie

inquestionavelmente foram - escrituradas as remessas de

dinheiro à controladora.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 75

Esse Egrégio Tribunal saberá valorar o seguinte fato

relevantíssimo: Mesmo depois de mudar seu entendimento,

passando a achar que a administradora de consórcio não pode

ter valor algum a receber de sociedade ligada, sob pena de

estarem seus diretores sujeitos às conseqüências da

comunicação do fato ao Ministério Público Federal, o Banco

Central não instaurou processo disciplinar contra ela.”

Este, no meu entendimento, um dos pontos cruciais do problema,

pois, diante da advertência feita pelo Banco Central quando das

diligências procedidas na empresa, de que esta era considerada

instituição financeira para fins penais, e não poderia repassar dinheiro

à sua controladora, os valores enviados foram revertidos, tendo este

comportamento sido comunicado ao Banco Central, conforme documento de

fls. 60, dos autos, datado de 21 de setembro de 1992.

Note-se que a autorização do Banco Central, a que nos referimos

(Doc. de fls. 138), deu-se em 28 de novembro do mesmo ano, posterior,

portanto, àquele fato, numa demonstração inequívoca de que o

comportamento do consórcio se dera dentro do mesmo espírito de lisura e

transparência, tal qual a comunicação feita à mesma autarquia, dos

“empréstimos” anteriormente realizados, não havendo, no meu entender, a

consciência de praticar ato ilícito, ao contrário, evidencia-se a

inexistência de tal circunstância, isto porque, foi o próprio consórcio

quem provocou a Autarquia, por solicitação feita por ele mesmo, quando

pretendia obter autorização para abertura de outros grupos, o que nos

leva a crer que se houvesse animus celandi ou violandi da lei, os

“empréstimos” teriam sido estornados antes da solicitação, e assim,

ocultados da ação fiscalizadora do Banco Central.

A meu ver, não se pode fugir de tal raciocínio, tanto que a douta

Procuradoria-Geral da República consagrou a tese segundo a qual a

administradora de consórcio somente é instituição financeira por

equiparação enquando gerenciadora de recursos de terceiros, o que

forçosamente leva ao entendimento de que os crimes da Lei 7.492/86

somente poderiam ser cometidos quando tivessem por objetivo material esse

dinheiro dos grupos, não acontecendo quando os consórcios gerissem

recursos próprios, e tanto é que o consórcio por anos, geriu seus

próprios recursos sem ser sequer admoestado pela Receita Federal,

primeiramente e, após, pelo Banco Central, tanto que no parecer da lavra

do Subprocurador-Geral da República, Dr. Cláudio Fontelles, emitido em 2

de março de 1994, a respeito da tipificação do delito do art. 17 da Lei

7492/86 na conduta de diretores de empresas de consórcios, emprestando

numerário a empresas coligadas, o Procurador-Geral, Dr. Aristides

Junqueira exarou seu “aprovo”, acrescendo a seguinte ressalva manuscrita:

“... considerando que o parecer acima diz respeito tão somente

a recursos dos consorciados e, não recursos próprios da

Administradora de Consórcio” (fls. 145)

posteriormente retificado este entendimento no parecer de fls. 162/166.

Forçoso, portanto, é admitir que no caso dos “empréstimos” narrados

na denúncia oferecida contra os pacientes, nenhum indício aponta os autos

de que tenha havido, por parte de qualquer um dos acusados, consciência

plena da ilicitude do fato. Ao contrário, pois, tão logo alertado pela

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 76

autoridade administrativa da irregularidade de seu ato, imediatamente o

desfez.

O artigo 21 do Código Penal trata exatamente deste tema, ou seja

“erro sobre a ilicitude do fato”, mais conhecido como “erro de

proibição”. Comentando tal artigo, Celso Delmanto afirma:

“O caput do art. 21 inicia-se com a declaração de que o

desconhecimento da lei é inescusável. Obedece, assim, ao

princípio da inescusabilidade do desconhecimento formal da

lei, que é indispensável sob os riscos das leis não seram

obedecidas. Em seguida, porém, preceitua a respeito do “erro

sobre a ilicitude do fato” (erro de proibição) e indica sua

relevância. Explica-se a diferença: se de uma lado ninguém

pode ignorar a existência formal da lei (que proíbe matar,

furtar, etc.), pode faltar ao sujeito o potencial conhecimento

da proibição contida, levando-o a atuar com desconhecimento do

“injusto”. Este é o “erro de proibição”, que incide na

ilicitude do fato. Portanto, para o CP são diferentes em suas

essências e efeitos o desconhecimento da lei e sua errônea

compreensão (erro de proibição).”

Também Damásio E. de Jesus, comentando o mesmo artigo, assim se

expressa:

“...se o sujeito não tem possibilidade de saber que o

fato é proibido, sendo inevitável o desconhecimento da

proibição, a culpabilidade fica afastada. Surge o erro de

proibição: erro que incide sobre a ilicitude do fato. O

sujeito, diante do erro, supõe lícito o fato por ele cometido.

Ele supõe inexistir a regra de proibição.” (In CP Anotado,

Saraiva, 1991).

“Assim, no erro sobre elementos do tipo (CP, art. 20), o engano

recai sobre elemento do tipo penal e exclui o dolo. No erro sobre a

ilicitude do fato (art. 21 do CP), o engano incide sobre a ilicitude do

comportamento do sujeito, refletindo na culpabilidade, de forma a excluí-

la ou atenuá-la” (Celso Delmanto, op. cit.).

Todo comportamento dos pacientes, como sobejamente visto, teve a

chancela da Receita Federal, secundada pelo Banco Central que a tudo

fiscalizaram e permitiram, tanto que a comunicação feita pelo consórcio

ao BC de que o dinheiro estava sendo estornado, deu-se em 21 de setembro

de 1992 (fls. 85), e a comunicação deste ao Sr. Procurador-Chefe da

Procuradoria da República em São Paulo, deu-se, somente em 11 de março do

ano seguinte (1993) (fls. 34). No entanto, a autorização para que o

Consórcio Nacional GM Ltda. constituísse novos grupos deu-se em 28 de

setembro do ano anterior (1992), exatamente 7 (sete) dias após a

comunicação do estorno dos “empréstimos”, numa demonstração inequívoca de

que o BC com tudo concordara, ou pelo menos, até aquela data.

Por isso, verifica-se a prima facie, o erro inevitável sobre a

ilicitude do fato por parte dos pacientes, excludente, assim, da

culpabilidade, pois agiram sempre escudados pela permissibilidade do

órgão fiscalizador.

Conclui-se que, desde a formação dos grupos de consórcios,

especificamente no caso do Consórcio Nacional GM Ltda., os chamados

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 77

“empréstimos” eram feitos à sócia-gerente, com o beneplácito da

fiscalização do governo, por um de seus órgãos.

Jamais foram feitos empréstimos com dinheiro dos consorciados,

tanto que o Banco Central deferiu a abertura de novos consórcios, aos

pacientes-recorrentes, exatamente por não constatar qualquer

irregularidade nas suas condutas, como já frisamos anteriormente.

Por outro lado, sabendo que em se tratando de erro de proibição, o

que se exclui é a culpabilidade, essa deveria ser analisada no mérito da

causa; no entanto, como é gritante, a meu ver, a falta de ilicitude dos

acusados, ora recorrentes, é imperioso que em caráter excepcional dela se

possa reconhecer, desde logo, através do remédio heróico.

Por tais motivos, e considerando que não estamos avaliando a prova

constante dos autos, mas sim constatando a existência do óbvio que

contraria a pretensão da peça acusatória, o rito pretendido se presta

para fazer cessar a coação ilegal.

E assim, verificado induvidosamente a insconsciência de delinqüir

por parte dos acusados, meu voto, data venia do eminente Ministro

Relator, é no sentido de conhecer do recurso e lhe dar provimento para

determinar o trancamento da ação penal instaurada contra os ora

recorrentes.

É como voto.

__________

RATIFICAÇÃO DE VOTO

O SR. MINISTRO JOSÉ DANTAS (RELATOR): Senhor Presidente, continuo

negando provimento ao recurso, pela consideração especial de que, na via

do habeas corpus, não é possível firmar-se juízo prelibatório de

recebimento da denúncia. As considerações tecidas em torno do erro de

proibição, tão ardentemente defendido pelos recorrentes, não permitem

antecipar-se a instância da instrução para o plano unilateral do habeas

corpus.

Assim, com a devida vênia do Sr. Ministro Cid Flaquer Scarterzzini,

mantenho o meu voto.

__________

V O T O

O SR. MINISTRO ASSIS TOLEDO: Sr. Presidente, a rigor, deveria pedir

vista desses autos, era essa a minha intenção; mas verifiquei que o

eminente Ministro Cid Flaquer Scartezzini fez exame aprofundado da

matéria fática existente nos autos, o que me permitiu formar convicção ao

longo do seu voto.

Passo, pois, ao meu voto.

Não vejo grande contradição entre os votos do Ministro-Relator e do

Ministro Flaquer Scartezzini, a não ser na conclusão.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 78

O Ministro-Relator não nega os fatos apontados pelo Ministro Cid

Flaquer Scartezzini. Apenas remete o exame dessa matéria para a sentença

final de mérito.

O Ministro Flaquer Scartezzini, ao contrário, verificando que os

fatos estão, de certa forma, reconhecidos pelo próprio Banco Central e em

parecer da Procuradoria-Geral, no qual se admite a distinção entre

“recursos próprios do consórcio” e os pertencentes aos consorciados, para

daí extrair efeitos jurídicos diversos, entende ser possível, desde logo,

dar-se uma solução ao caso.

Também penso que isso seja possível em situação extremada, onde as

provas documentais não sejam controvertidas e os debates concentrem-se

aos efeitos jurídicos.

Saber, diante dos fatos, se é possível um erro de proibição

escusável não é questão estranha ao habeas corpus.

É difícil isso ocorrer, porque o erro de proibição, como se sabe,

exclui a culpabilidade, e o tema desta, em regra, deve ser remetido para

a sentença final.

Mas, também, não se nega que o Direito Processual abre algumas

exceções a essa regra rígida. No tocante às causas de justificação, o

Código de Processo Penal prevê, em caráter excepcional, a absolvição

sumária, quando os elementos existentes nos autos revelem, de modo

indiscutível, a existência de uma causa de exclusão da ilicitude. A regra

é deixar-se para o júri a decisão, nos crimes dolosos contra a vida, mas

o próprio legislador anteviu a possibilidade de que os fatos sejam tão

incontroversos, tão evidentes que estejam a exigir uma decisão imediata,

em caráter excepcional.

No caso dos autos, impressiona-se a informação de ter sido o

Consórcio GM, inicialmente, submetido à fiscalização da Receita Federal,

e jamais se ter apontado qualquer irregularidade no fato de haver

transferência de recursos próprios, ou seja, aquilo que constitui a taxa

de administração do consórcio, para a empresa controladora.

Não chegaria ao ponto - como fez o parecer do Procurador-Geral da

República, citado pelo Relator - de admitir a utilização desses recursos,

provenientes da taxa de administração, para empréstimos a empresa do

próprio grupo. Parece-me que todos os recursos em poder do consórcio,

inclusive aqueles que pertencem aos próprio consórcio, estão submetidos à

proibição, assim como ocorre com todas as demais instituições

financeiras. Há, a meu ver, uma justificativa para tanto: é que a saúde

financeira de uma instituição não reside apenas no controle daquela

parcela de recursos de terceiros que ela detém em seu poder, mas também

na boa aplicação de seus próprios recursos.

A lei, portanto, proíbe de um modo geral. Mas, seja como for, está-

se diante de uma tese que se apresentava controvertida, tanto que a

Receita Federal, durante o período em que lhe incumbia fiscalizar a

gestão dos consórcios, não levantou dúvidas a respeito.

Também esclarece o Ministro-Relator, citando documentos, que o

Banco Central, assumindo depois a fiscalização dos consórcios, recebia

balanços, comunicações, o espelho da situação financeira dos consórcios,

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 79

com registro dessas transferências dos chamados recursos próprios, e

também não fez qualquer objeção ou qualquer exigência.

É justo, então, que se pense que, por se tratar de empresas que não

são propriamente instituições financeiras - só o foram a partir do

momento em que a lei, expressamente, as equiparou -, essa situação de

fato possa ter levado a administração desses consórcios a uma razoável

suposição de estarem agindo licitamente na utilização dos valores

relativos aos “recursos próprios”.

Registre-se que o fizeram, sem dissimulação, às escâncaras. E não

houve prejuízo a terceiros ou ao próprio consórcio.

Acho, portanto, muito plausível a conclusão do Ministro Flaquer

Scartezzini no tocante à ocorrência de um erro de proibição, no caso,

porque não se poderia exigir das empresas que fossem mais realistas do

que o rei, ou seja, conhecessem melhor as portarias e a complexa

legislação fiscal e financeira do que os órgãos fiscalizadores, do Banco

Central e da Receita Federal.

Com essas considerações, pedindo a máxima vênia ao eminente

Ministro-Relator, diante da evidência da documentação apresentada,

acompanho o eminente Ministro Flaquer Scartezzini, também concedendo a

ordem.

É o meu voto.

__________

V O T O

O EXMº SR. MINISTRO JESUS COSTA LIMA:

Srs. Ministros, a jurisprudência, tanto a do Supremo Tribunal

Federal quanto a nossa, especialmente desta Turma, tem sido no sentido do

voto do eminente Ministro JOSÉ DANTAS. Lembro-me de dois habeas corpus de

que fui Relator um do Paraná, em que se acusava o motorista de uma

camionete que estacionara à margem da estrada, na frente de outro

veículo, de ser o causador da morte de algumas pessoas, em decorrência de

uma batida no outro carro provocada por um caminhão em alta velocidade.

Chegamos à conclusão de que, se o carro dele estava na frente, não fora o

que dera causa ao acidente. Naquela hipótese, excepcionalmente,

entendemos de trancar a ação penal. O outro caso deu-se no meu querido

Ceará, onde se acusava o proprietário de uma fazenda, num dia em que caiu

uma tromba d’água que arrombou a barragem, em Pacuti - lembro-me agora do

município -, como responsável pela morte de uma criança. A Turma, também

mandou trancar a ação penal.

Portanto, tendo em conta as peculiaridades mencionadas pelo

Ministro Cid Flaquer Scartezzini, com a devida vênia do Ministro JOSÉ

DANTAS, voto pelo trancamento da ação.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 80

HABEAS CORPUS Nº 3.295-0 (95.009390-1) - PARANÁ

RELATOR : O EXMº SR. MINISTRO ADHEMAR MACIEL

IMPTETRANTES: JOSÉ SAULO PEREIRA RAMOS E OUTROS

IMPETRADO : PRIMEIRA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA

4ª REGIÃO

PACIENTES : ATILANO DE OMS SOBRINHO, MÁRIO CELSO PETRAGLIA,

GENNARO MORETTI, JAUNEVAL DE OMS E DI MARCO POZZO

E M E N T A

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO

RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DO STJ. CRIME CONTRA AS ORDENS

TRIBUTÁRIA E ECONÔMICA (LEI N. 8.137/90, ART. 1º, II, E ART. 2º,

I). DENÚNCIA ACOIMADA DE INEPTA. INOCORRÊNCIA. EXEGESE DO ART. 41

DO CPP À LUZ DA CONSTITUIÇÃO, QUE TEM SUAS VISTAS VOLTADAS PARA A

MACROCRIMINALIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INVIABILIDADE. ORDEM

DENEGADA.

I - Os pacientes, sócios de uma empresa, estão sendo acusados de

terem, entre 1988 e 1992, incluído na contabilidade da pessoa

jurídica notas fiscais de empresas fantasmas, lesando as ordens

tributária e econômica (Lei n. 8.137/90, art. 1º, II, e art, 2º,

I). Ajuizaram habeas corpus no TRF da 4ª Região, alegando inépcia

da denúncia por não descrever a atividade criminosa de cada

paciente (CPP, art. 41). Instaram na suspensão dos interrogatórios,

já marcados.

II - Habeas corpus substitutivo de recurso ordinário. Competência

do STJ.

III - Não é inepta a denúncia que, nos denominados “crimes de

autoria coletiva”, descreve, ainda que sem pormenores, a atividade

dos infratores. A nova ordem constitucional, preocupada com a

“grande criminalidade”, oferece ao juiz elementos exegéticos para

uma melhor inteligência do art. 41 do CPP. Precedentes do STJ e do

STF.

IV - Ordem denegada.

A C Ó R D Ã O

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima

indicadas.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 81

Decide a SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, denegar a ordem de habeas corpus e cassar a liminar, nos

termos do voto do Sr. Ministro Relator, na forma do relatório e notas

taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do

presente julgado. Votaram de acordo os Sr. Ministros Anselmo Santiago e

Luiz Vicente Cernicchiaro. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro

Vicente Leal.

Custas, como de lei.

Brasília, 18 de abril de 1995 (data do julgamento).

MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Presidente.

MINISTRO ADHEMAR MACIEL, Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

O EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO ADHEMAR MACIEL:

1.Os advogados José Saulo Pereira Ramos, Ronaldo Augusto Bretas

Marzagão e Luiz Carlos Bettiol impetram o presente habeas corpus em favor

de ATILANO DE OMS SOBRINHO, MÁRIO CELSO PETRAGLIA, GENNARO MORETTI,

JAUNEVAL DE OMS e DI MARCO POZZO. Apontam como autoridade coatora a

PRIMEIRA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO.

2. Os pacientes foram denunciados como incursos no art. 1º, II, e

no art. 2º, I, da Lei n. 8.137/90, c/c o art. 71 do Código Penal.

Recebida a denúncia pelo juiz federal da 2ª Vara da Seção Judiciária do

Paraná, com sede em Curitiba, foi ajuizado, perante o tribunal coator

habeas corpus, com pedido liminar de suspensão dos interrogatórios dos

pacientes, designados para o dia 9/3/95, até o julgamento final do writ.

Indeferida a liminar pleiteada, os impetrantes ingressaram com

agravo regimental, ao qual foi negado provimento pela 1ª Turma do TRF -

4ª Região, em acórdão assim ementado:

“PROCESSO PENAL. “HABEAS CORPUS”. AGRAVO REGIMENTAL. LIMINAR

PARA SUSPENDER INTERROGATÓRIO. CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL.

INÉPCIA DA INICIAL NÃO CARACTERIZADA. PRESCRIÇÃO.

1. O inquérito policial, meio de defesa do acusado, não se

configura constrangimento ilegal.

2. A liminar, na estreita via do “habeas corpus”, não se presta

a impedir o andamento da ação penal, quando presentes indícios

de autoria e materialidade.

3. Conforme orientação do Supremo Tribunal Federal, nos delitos

societários não é indispensável a individualização da conduta de

cada indiciado, uma vez que essa discriminação será objeto de

prova a ser feita na ação penal.

4. Se as notas fiscais utilizadas lograram produzir o resultado

apontado na denúncia, o prazo prescricional não é contado a

partir de sua emissão, porque o delito imputado é de sonegação

fiscal, iniciando-se assim a contagem do prazo a partir do

momento em que os fatos lesivos denunciados operaram os seus

efeitos.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 82

3. Alegam os impetrantes que a quase totalidade dos delitos

estariam cobertos pela prescrição, o que ensejaria o trancamento da ação

penal, por falta de justa causa. Aduzem, ainda, a inépcia da denúncia, em

face da não individualização da responsabilidade dos denunciados.

4. A medida de liminar foi concedida pelo Ministro ANSELMO SANTIAGO

(fl. 81).

5. As informações prestadas às fls. 84/86.

6. O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do Dr.

Raimundo Francisco Ribeiro de Bonis, foi pela denegação da ordem.

Pretende-se inverter a ordem processual, abordando-se questões de fato

relativas ao mérito, de grande complexidade, incomportáveis no âmbito do

writ, como condições prévias ao interrogatório dos pacientes.

É o relatório.

__________

V O T O

O EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO ADHEMAR MACIEL (RELATOR):

Segundo nos colocam a par as informações, prestadas pelo Juiz Ivo

Tolomini, relator do habeas corpus n. 950406902-9/PR e do agravo

regimental ora recorrido, os pacientes foram denunciados como incursos no

crime de sonegação fiscal e contra a ordem tributária (Lei n. 8.137/90,

art. 1º, II, e art. 2º, I), porque, como diretores da empresa “Inepar

S.A. Indústrias e Construções”, teriam, nos anos de 1988 a 1992, feito

incluir na contabilidade da firma notas fiscais inidôneas, supostamente

emitidas por “Tecnel Comércio e Representações de Materiais Elétricos

Ltda.”, firma fantasma. Os fatos são típicos e, em tese, há crime. A

omissão de rendimentos nas declarações de renda,

naqueles períodos, transferem a consumação do ilícito, de que trata o

artigo 1º, II, da Lei n. 4.729/65, para o ano em que foram prestadas

as declarações de rendimento, de sorte que o prazo prescricional

iniciar-se-ia no ano-base seguinte. Por essa razão, mesmo que

alcançados os fatos por aquela lei, as omissões de rendimentos

ocorridos nos exercícios de 1990, 1991 e 1992, não estariam alcançadas

pela prescrição, como assinalou a digna autoridade impetrada nas

informações prestadas.

“Em realidade, os ilustres impetrantes endereçam a essa Egrégia Corte

nova ordem, com revogação dos fundamentos deduzidos no writ

originariamente impetrado, o qual se encontra em andamento para o

trancamento da ação penal ou alternativamente, como ora postulado, a

suspensão da ação penal até julgamento final daquela impetração e o

recurso cabível. Vale dizer, almejam os impetrantes o mesmo objeto

contemporaneamente, com a mesma medida judicial em foros diferentes”.

Senhor Presidente, a denúncia de fls. 88/95 enquadrou os pacientes

nos arts. 1º, II, e art. 2º, I, da Lei n. 8.137/90, em combinação com o

art. 71 do CP.

Data venia, a denúncia descreve, dentro da complexidade do

denominado “crime de autoria coletiva”, fatos capazes de ensejar defesa.

Assim, não pode ser acoimada de inepta. Diz ela:

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 83

“Os denunciados, na qualidade de Diretores da firma INEPAR S/A

INDÚSTRIA E CONSTRUÇÕES, estabelecida nesta cidade, na Av.

Juscelino K. de Oliveira nº 11.400, Cidade Industrial, no

decorrer dos anos de 1988, 1989, 1990 e 1991, de forma

continuada, utilizaram, inserindo ou fazendo inserir, na

contabilidade da empresa, notas fiscais inidôneas, posto que

supostamente emitidas pela empresa TECNEL COMÉRCIO E

REPRESENTAÇÕES DE MATERIAIS ELÉTRICOS LTDA., empresa esta que a

fiscalização da Receita Federal apurou inexistir.

A conduta descrita implicou em majoração fraudulenta de

despesas, o que, em última análise, levou à omissão de receitas

nas declarações de rendimentos apresentadas pela firma que os

denunciados administram, nos anos de 1989, 1990, 1991 e 1992, e

respectivo pagamento a menor dos tributos federais devidos pela

firma nestes exercícios.

Assim é que os denunciados utilizaram-se de Nota Fiscal nº 363,

emitida em 02.04.91, no valor de Cr$ 15.245.404,00 (quinze

milhões, duzentos e quarenta e cinco mil e quatrocentos e quatro

cruzeiros) e da Nota Fiscal nº 364, emitida em 28.06.91, no

valor de Cr$ 23.967.805,00 (vinte e três milhões, novecentos e

sessenta e sete mil e oitocentos e cinco cruzeiros), cujas

cópias constam respectivamente, às fls. 77 e 80 dos autos, bem

assim das demais Notas Fiscais discriminadas às fls. 01/04 dos

autos, todas supostamente emitidas pela firma TECNEL COMÉRCIO E

REPRESENTAÇÕES DE MATERIAIS ELÉTRICOS LTDA.

A utilização das aludidas Notas está comprovada pelas cópias dos

livros Diários Auxiliadores de Fornecedores nº 34 - fls. 149 e

246 (fls. 114/115 dos autos), onde consta a escrituração das

Notas Fiscais de nºs 251 a 260; Livro nº 35 - fls. 66, 153, 154

e 265 (fls. 123/126 dos autos) onde consta a escrituração das

Notas Fiscais sob nºs. 276 a 293; Livro nº 36 - fls. 66, 151 e

231, onde aparece a escrituração das Notas Fiscais nºs 261 a 275

(fls. 118/120 dos autos); Livro nº 37 onde foram escrituradas as

Notas Fiscais nºs 294 a 305 (fls. 129/133 dos autos); Livro nº

38 - fls. 71, 170 - e 246, onde aparecem escrituradas as Notas

Fiscais nºs 306 a 317 (fls. 136, 138 e 139 dos autos); Livro nº

39 - fls. 69, 155 e 235, onde consta a escrituração das Notas

Fiscais nºs 319/340 (fls. 142/144 dos autos); Livro nº 40 - fls.

68 e 246 onde está registrada a escrituração das Notas Fiscais

nºs 341/351 (fls. 147 e 149 dos autos); Livro nº 41 - fls. 147 e

237, onde estão escrituradas as Notas Fiscais nºs 352 a 361

(fls. 154/155 dos autos); Livro nº 45 - fls. 169, onde está

registrada a Nota Fiscal nº 362 e Livro nº 46 - fls. 128 e 193,

onde aparece o registro das Notas Fiscais nºs 363 e 364 (fls.

171 e 172 dos autos).

Ainda comprova a utilização, pelos denunciados, das Notas

Fiscais em questão, a correspondência de fls. 111, onde o

contador da empresa admite que as mesmas foram contabilizadas

como custos da empresa no próprio ano da sua emissão.

Já a inexistência da firma TECNEL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES DE

MATERIAIS ELÉTRICOS LTDA., supostamente fornecedora das Notas

Fiscais de que ora se cuida, vem comprovada pelas declarações do

Sr. Eugênio Marcondes de Mattos, cujo termo consta às fls.

64/75, que atestam não haver registro da empresa perante a Junta

Comercial do Estado de São Paulo.

Os fatos narrados implicaram no pagamento a menor, nos

exercícios de 1989, 1990, 1991 e 1992, dos seguintes tributos

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 84

devidos pela empresa INEPAR S/A INDÚSTRIA E CONSTRUÇÕES à

Fazenda Federal, cujos valores, atualizados e acrescidos de

juros e multa até 30.06.93, correspondem às seguintes

quantidades de Unidades Fiscais de Referência: Imposto de Renda

Pessoa Jurídica: 11.762.782,42 UFIR (onze milhões, setecentos e

sessenta e dois mil, setecentos e oitenta e duas vírgula

quarenta e duas UFIR); PIS/FATURAMENTO: 12.384,17 (doze mil,

trezentos e oitenta e quatro vírgula dezessete UFIR);

Finsocial/Faturamento: 24.416,50 (vinte e quatro mil,

quatrocentos e dezesseis vírgula cinqüenta UFIR); Imposto de

Renda Retido na Fonte: 1.188.977,52 (um milhão, cento e oitenta

e oito milhões, novecentos e setenta e sete vírgula cinqüenta e

duas UFIR) e Contribuição Social: 5.147.086,56 (cinco milhões e

cento e quarenta e sete mil e oitenta e seis vírgula cinqüenta e

seis UFIR)”.

O STF, como mostram as emendas abaixo, tem-se manifestado pelo não

trancamento de ações penais relativas ao crime de autoria coletiva:

“DENÚNCIA. CO-AUTORIA.

Não há dúvida de que a denúncia deve conter a exposição do fato

criminoso com todas as suas circunstâncias (art. 41 do C.P.P.) e

que, em se tratando de autoria coletiva, é indispensável que a

peça inicial da ação penal descreva, ainda que resumidamente, a

conduta delituosa de cada um dos participantes (RE 75.401-SP,

relator Min. BILAC PINTO).

Todavia, o cumprimento dessas exigências formais pressupõe que

as indagações policiais forneçam ao órgão do Ministério Público

as mencionadas circunstâncias do fato criminoso ou da

participação individual dos seus co-autores. Nem por isso o

órgão do Ministério Público estará impedido de oferecer a

denúncia, visto que, para a instauração da ação penal, basta a

prova da existência do crime e indícios da autoria” (RHC n.

58.423-GO, Rel. designado Min. SOARES MUÑOZ, DJU de 19/12/80, p.

10.942.

***

“DENÚNCIA. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA. LATROCÍNIO.

Se o inquérito policial não possibilita a individualização de

conduta de cada um dos co-partícipes, não se pode acoimar de

inepta a denúncia que descreveu o fato criminoso de autoria

coletiva ou conjunta.

Recurso de habeas corpus improvido” (RHC n. 62.935/MT, Rel. Min.

SYDNEY SANCHES, DJU de 31/05/85, p. 8.509).

***

“CRIME DE DENÚNCIA COLETIVA. NARRAÇÃO GENÉRICA, MAS

PERFEITAMENTE APTA A POSSILIBITAR O EXERCÍCIO DA DEFESA. PENA-

BASE FIXADA NO LIMITE MÍNIMO, AQUÉM DO QUAL NÃO PODERIAM AS

ATENUANTES OPERAR. PEDIDO INDEFERIDO” (HC n. 64.870/DF, Rel.

Min. OCTÁVIO GALLOTTI, DJU de 24/04/87, p. 7.194).

***

“DENÚNCIA. Nos casos de autoria conjunta ou coletiva, e, em

especial, nos delitos praticados em sociedade, não se faz

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 85

indispensável a individualização da conduta específica de cada

agente (HC 58.802, RTJ 100/556 e HC 59.857, RTJ 104/1102).

Não é o recurso de habeas corpus, via adequada para o

trancamento da ação penal, quando só a prova produzida no curso

da ação penal poderia definir a participação da paciente.

Recurso de habeas corpus, a que se nega provimento” (RHC n.

62.968/SP, Rel. Min. OCTÁVIO GALLOTTI, DJU de 31/05/85, p.

8.509).

Quanto à Lei n. 8.137, de 27/12/90, - Lei dos Crimes Contra a Ordem

Tributária - ser posterior a alguns fatos, não tem o condão de trancar a

ação penal. A denúncia, como se viu de sua leitura, descreve fatos de

1991 e 1992. Aliás, tal ângulo não escapou ao Ministério Público Federal:

“E tão afoita pretensão se baseia em suposta prescrição quanto à

quase totalidade dos fatos. Quase totalidade, repita-se”.

Com essas observações, denego a ordem. Cassada, em decorrência,

fica a liminar.

É como voto.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 86

RECURSO ESPECIAL Nº 10.660-0 - MINAS GERAIS - 91.0008532-4

RELATOR : EXMO. SR. MINISTRO COSTA LEITE

RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECORRIDO : TATICO SUPERMERCADO LTDA.

E M E N T A

Falência. Fazenda Pública. Interesse.

Não há empeço legal a que a Fazenda Pública requeira a

falência de seu devedor. A Lei de Quebras somente exclui o credor

com garantia real, nos termos do art. 9º, III, “b”. Direito real de

garantia e privilégio creditório não se confundem. Recurso

conhecido e provido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso

especial e, por maioria, dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr.

Ministro Relator, vencido, nessa parte, o Sr. Ministro Cláudio Santos.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Nilson Naves, Eduardo

Ribeiro e Cláudio Santos.

Não participou do julgamento o Sr. Ministro Waldemar Zveiter (§ 2º,

art. 162, RISTJ).

Brasília, 12 de dezembro de 1995 (data do julgamento).

MINISTRO CLÁUDIO SANTOS - Presidente.

MINISTRO COSTA LEITE - Relator.

__________

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO COSTA LEITE:- Trata-se de recurso especial

manifestado pelo Estado de Minas Gerais, com fundamento nas alíneas “a” e

“c” do permissivo constitucional, contra acórdão da e. Quarta Câmara

Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, sob a alegação de que

contrariou o art. 2º, I, do Decreto-lei nº 7661/41, além de dissentir de

julgados de outros tribunais, ao não reconhecer à Fazenda Pública

legítimo interesse para requerer a falência de seu devedor.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 87

Processado e admitido o recurso, pela alínea “c”, subiram os autos,

neles oficiando o Ministério Público Federal, pelo conhecimento e

provimento.

É o relatório, Senhor Presidente.

__________

V O T O

O SENHOR MINISTRO COSTA LEITE (RELATOR):- O v. acórdão recorrido

apresenta-se alicerçado nos seguintes fundamentos:

“Ora, se à Fazenda Pública é conferido privilégio de tal

magnitude, absoluto, no fraseado de ALIOMAR BALEEIRO,

interesse não lhe socorre de requerer a falência do devedor

por tributos, já que dispõe de meios excelentemente eficazes

de realizar a satisfação de seus créditos, isto sem cogitar

dos percalços que as mais das vezes estorvam o processo

falencial.

Esse é o pensamento de CARVALHO NETO (‘Tratado das

Defesas Falimentares’, v. II, ed. 1967, p. 81, nº 130),

trazido pela própria apelante, embora recusado por J. NETTO

ARMANDO, e assim exposto:

‘No que tange à Fazenda Pública, seja ela federal,

estadual ou municipal, o veto persiste. Sendo como é,

‘ex vi legis’, credora privilegiada, gozando de

privilégio geral e preferente a todos os demais, a

Fazenda Pública só poderá requerer a falência dos seus

devedores comerciantes, dentro da técnica da atual lei

de quebras, se renunciasse a esse privilégio. Ora, como

isso não é possível (...), é lógico que não pode a

Fazenda Pública requerer a falência dos seus devedores.

Esse é, aliás, o ensinamento de BEDRAN (‘Falências e

Concordatas no Direito Brasileiro’, I, nº (57).

A nosso ver o entendimento de MIRANDA VALVERDE,

permissivo do procedimento falimentar por iniciativa da

Fazenda Pública, nos parece inaceitável.’

Merece registro a autorizada e respeitada opinião de

RUBENS REQUIÃO, em torno do tema, assim magnificamente

exposta:

‘De nossa parte, estranhamos o interesse que possa

ter a Fazenda Pública no requerimento de falência do

devedor por tributos. Segundo o Código Tributário

Nacional os créditos fiscais não estão sujeitos ao

processo concursal, e a declaração de falência não

obsta o ajuizamento do executivo fiscal, hoje de

processamento comum. À Fazenda Pública falece, ao nosso

entender, legítimo interesse econômico e moral para

postular a declaração de falência de seu devedor.

A ação pretendida pela Fazenda Pública tem isso

sim, nítido sentido de coação moral, dadas as

repercussões que um pedido de falência tem em relação

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 88

às empresas solventes’ (‘Curso de Direito Falimentar’,

1º vol., nº 72, pág. 95, 12ª edição).

Em suma, colhendo as doutas lições transcritas, que me parecem

ponderáveis e racionais, estou em que o requerimento de

falência por iniciativa da Fazenda Pública, não é forma de

cobrança de tributos, quando ela mesma dispõe de meios

processuais muito mais eficientes, seguros e ágeis para a

satisfação de seus créditos tributários, daí resultando que o

requerimento de falência, sobre representar desvio de sua

função específica, resvala para um constrangimento ilícito,

que o Judiciário não pode admitir.”

Em verdade, o tema é dos mais controvertidos na doutrina, o que se

reflete nos pretórios, apresentando-se o acórdão, como se viu, afinado

com o entendimento de expressiva corrente doutrinária. Tenho, porém, que

os acórdãos trazidos a cotejo estampam a melhor interpretação,

respaldada, por igual, por ilustres comercialistas, destacando-se Trajano

Valverde, J. Netto Armando e Fábio Konder Comparato.

Este último, após ressaltar que, ao criar o privilégio da

incolumidade concursual para a dívida ativa do Estado, o legislador

brasileiro não pretendeu coartar as possibilidades de sua cobrança

judicial, mas antes ampliá-las, podendo, pois, o crédito tributário ser

reclamado no processo falimentar, e demonstrar, outrossim, que a tutela

dos direitos creditórios na falência não se exaure na execução

patrimonial, enfrentou especificamente a objeção fundada na falta de

interesse da Fazenda Pública, nestes termos:

“Vemos, portanto, que a incolumidade concursual do

crédito fazendário não constitui óbice a que a Fazenda Pública

requeira a falência. Mas a outra qualidade essencial desse

crédito - o seu caráter privilegiado - não implica falta de

interesse para pedir a quebra do devedor?

Advirta-se, desde logo, que continuamos tratando aqui do

interesse processual, e não do ‘legítimo interesse econômico

ou moral’ (CC, ART. 76; CPC, art. 2º), que se confunde com o

próprio direito material invocado em juízo. O interesse

processual, como condição do direito de ação, diz respeito à

aparente necessidade em que se encontra o autor de pedir

aquele determinado provimento judicial, a fim de fazer valer

do direito substantivo de que se afirma titular.

No caso em exame, não se pode deixar de reconhecer que a

existência ou não do interesse de agir decorre unicamente do

sistema da lei, e não da natureza das coisas. Tanto isso é

verdade, que o Direito francês, por exemplo, sempre admitiu

que o credor preferencial, mesmo hipotecário, requeresse a

falência (cf. Ripert e Roblot, ‘Traité Élementaire de Droit

Commercial’, tomo 2, 6ª ed., 1970, n. 2867, pág. 353).

Ora, no vigente Direito brasileiro, o decreto-lei n.

7661 somente exclui o direito de pedir a quebra ao credor com

garantia real a menos que este a renuncie ou, querendo mantê-

la, prove que os bens objeto dessa garantia não chegam para a

solução do seu crédito (art. 9º, n. III, ‘b’). E no sistema da

lei, privilégio e garantia real não se confundem. Na

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 89

classificação dos créditos constantes do art. 102, a lei

separa em classes distintas os ‘créditos com direitos reais de

garantia’ (n. I), dos ‘créditos com privilégio especial sobre

determinados bens’ (n. II) e dos ‘créditos com privilégio

geral’ (n. III). Por outro lado, a lei excepciona a regra

geral de suspensão das ações e execuções individuais contra o

devedor falido em favor dos ‘credores por títulos não sujeitos

a rateio’ (art. 24, § 2º, n. I), que são aqueles garantidos

por direito real, deixando de fazê-lo em relação aos credores

privilegiaddos. Ademais, o parágrafo único do art. 26 ressalva

expressamente a fluência de juros, durante o processo de

falência, em benefício ‘das debêntures e dos créditos com

garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o

produto dos bens que constituem a garantia’. Finalmente,

permitiu ainda o legislador que na segunda fase da falência

apenas os credores hipotecários pignoratícios conservassem um

poder de iniciativa supletório para a excussão do objeto da

garantia (arts. 119 e 120).

A confusão entre privilégio creditório e direito real de

garantia existia, porém, no nosso antigo Direito Comercial,

persistindo, em matéria falimentar, até a vigente Lei de

Falências. Em seu art. 470, o Código Comercial declara que ‘no

caso de venda voluntária, a propriedade da embarcação passa

para o comprador de todos os seus encargos; salvo os direitos

dos credores privilegiados que nela tiverem hipoteca tácita’.

A Lei de Falências n. 2024, de 1908, dispunha que ‘o credor

privilegiado, inclusive o hipotecário, somente poderá requerer

a falência do devedor, declarando renunciar ao privilégio, ou,

se o quiser manter, provando que os bens, que constituem a sua

garantia, não chegam para a solução do crédito’. É bem verdade

que J. X. Carvalho de Mendonça, autor do anteprojeto dessa

lei, esclarecia, em comentários, que o legislador só tivera em

mira, ao assim dispor, a situação dos credores com garantia

real (cf. ‘Tratado de Direito Comercial Brasileiro’, cit.,

vol. VII, n; 237). Mas, de qualquer modo, a confusão

terminológica voltava a ser consagrada em lei, sendo mantida

pelo ulterior diploma falimentar de 1929 (Decreto n. 5746,

art. 9º, § 3º), mesmo depois do advento do Código Civil.

Tal confusão, na verdade, resultava da persistente

influência do Direito francês, no qual o privilégio, como

‘sureté réelle’, é direito real de garantia (cf. Ripert e

Boulanger, ‘Traité de Droit Civil’, tomo III, 1958, n. 125 e

segs.), tal como o privilégio especial do Direito italiano

(cf. CC de 1942, art. 2747, 2ª alínea).

No campo civil, porém, sempre nos mantivemos filiados à

tradição do Direito romano, no qual o privilégio era simples

prioridade ou prelação de um direito pessoal (cf. Lafayette

Rodrigues Pereira, ‘Direito das Cousas’, 2ª ed., Porto, pág.

650).

No estado atual do Direito positivo brasileiro, qualquer

confusão é inadmissível. O Código Civil compreendeu o penhor,

a anticrese e a hipoteca sob a expressão ‘direitos reais de

garantia’, subespécie de ‘direitos reais sobre coisas

alheias’, no gênero ‘direitos reais’ (Livro II, título III).

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 90

Tratou, ao contrário, dos privilégios no título IX do seu

Livro III, ‘Do direito das obrigações’, consagrado ao concurso

de credores. Como espécie do gênero direito real, a garantia

real apresenta a dupla característica da imediatez ou poder

direto sobre o bem que lhe constitui o objeto, e da seqüela. O

privilégio, ao revés, não é propriamente um direito, mas uma

qualidade que adjetiva o direito pessoal de crédito, e

consistente na preferência de pagamento em confronto com

outros créditos. A existência do privilégio não altera a

natureza pessoal do crédito, e por consequinte só se manifesta

relativamente a outros créditos. Não comporta uma incidência

direta e absoluta sobre os bens do devedor, mesmo tratando-se

de privilégio especial, o que significa que não dá seqüela.

A preferência estabelecida no art. 60, parágrafo único,

do decreto-lei n. 960, de 1938, e no art. 186 do CTN constitui

um privilégio e não uma garantia real. Não está, portanto

abrangida pela norma do art. 9º, n. III, ‘b’, da atual Lei de

Falências que, excluindo direitos, não se compadece com uma

interpretação extensiva.”

Entendendo irrepreensíveis tais fundamentos, conheço do recurso e

lhe dou provimento. É como voto, Senhor Presidente.

__________

V O T O - V I S T A

O EXMO. SR. MINISTRO CLÁUDIO SANTOS:

- O insigne Ministro Paulo Roberto COSTA LEITE, em seu voto de

relator, apoiado em pronunciamento do Prof. FÁBIO KONDER COMPARATO,

bastante citado nas discussões acerca do tema do recurso especial e

inclusive nestes autos, manifestou-se pela legitimidade da Fazenda

Pública para requerer a falência de comerciante em débito de natureza

tributária.

A tese, conforme relato de RUBENS REQUIÃO, mereceu, além daquele,

outro importante estudo, o segundo do também advogado paulista J. NETTO

ARMANDO, enfeixados os dois em publicação da Secretaria da Fazenda do

Estado de São Paulo intitulada “Falência de Contribuinte Promovida pelo

Fisco”.

Na senda daqueles sem, entretanto, acrescentar nada mais do que foi

alinhado naqueles pareceres, escritos no interesse da Fazenda Pública de

São Paulo, no ano de 1972, empenhada em constranger devedores relapsos,

encontrei, ainda, os trabalhos de ROMANO CRISTIANO, AMÉRICO RUGGIERO e

REJANE BRASIL FILIPPI, todos procuradores estaduais, os primeiros de São

Paulo, a última do Rio Grande do Sul.

A doutrina clássica não debateu a controvérsia, certamente porque,

antes da lei atual que já tem meio-século, de conformidade com princípio

assentado, somente as obrigações comerciais ensejavam o pedido de

falência. Tal questão não mais é controvertida, eis que se considera

falido o comerciante que não paga no vencimento obrigação líquida,

constante de título executivo, caracterizando-se também a falência se o

comerciante executado não paga ou não nomeia à penhora bens, dentro do

prazo legal (arts. 1º caput, e 2º, I, do Dec.-lei nº 7.661, de 1945).

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 91

Daí não se encontrar nenhuma referência sobre o tema em CARVALHO DE

MENDONÇA, BENTO DE FARIA, OCTÁVIO MENDES, ALMEIDA LEITE, WALDEMAR

FERREIRA, nem em SAMPAIO LACERDA.

Diz-se que TRAJANO MIRANDA VALVERDE e JOSÉ DA SILVA PACHECO teriam

sustentado, de passagem, que a Fazenda Pública poderia pedir a falência

de seu devedor. Na consulta que fiz, na primeira edição da obra de

VALVERDE e na quarta de PACHECO, não encontrei nenhuma afirmação clara, a

respeito, senão de que os credores com privilégio e preferência podem

requerer a falência do devedor, e com isso estou de acordo, pois, admito

que o credor trabalhista, portador de um título executivo judicial

(sentença líquida proferida em reclamação), protestado o título paraa

efeito de falência, possa requerê-la, assim como os debenturistas.

FÁBIO KONDER COMPARATO, no referido parecer (RT 442/48-54),

reconhece não haver, até então, a doutrina analisado o assunto em

profundidade, nem sido suscitado em nossos pretórios. A situação

permanece até hoje, muito embora algumas raras decisões da Justiça

Paulista tenham acolhido sua orientação.

Em autores que tive a oportunidade de examinar, com mais recentes

comentários sobre a lei de falências, encontrei as seguintes posições: a)

favorável à possibilidade de o credor tributário requerer a falência do

contribuinte comerciante - AMADOR DE PAES DE ALMEIDA, em “Curso de

Falência e Concordata”, 10ª ed., São Paulo, Saraiva, 1991, p. 59; b)

contrários a essa faculdade - CARVALHO NETO, em “Tratado das Defesas

Falimentares”, v. II, 1967, p. 81, nº 130; LUIZ TZIRULNIK, em “Direito

Falimentar”, 2ª ed., São Paulo, Ed. RT, 1991, p. 41; RUBEN RAMALHO, em

“Curso Teórico e Prático de Falência e Concordata”, 2ª ed., São Paulo,

Saraiva, 1989, p. 96; e RUBENS REQUIÃO, em “Curso de Direito Falimentar”,

1º vol., 13ª ed., São Paulo, Saraiva, 1989, ps. 94 e 95.

Por todos que se colocam na segunda vertente, reproduzo as razões

de REQUIÃO:

“A DISCUTIDA INICIATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. A fim de enfrentar com

mais severidade os devedores relapsos, andou o fisco estadual paulista

empenhado em constrangê-los a liquidar seus débitos fiscais, sob ameaça

de requerimento de falência. Passou-se, então, a indagar se o direito

falimentar brasileiro comportava tal iniciativa da Fazenda Pública.

A tese mereceu dois importantes estudos jurídicos, largamente

divulgados na imprensa e nas revistas especializadas, sendo inclusive

enfeixados numa publicação da Secretaria da Fazenda do Estado de São

Paulo. Opinaram afirmativamente os juristas J. Netto Armando e Fábio

Konder Comparato (Falência de Contribuinte Promovida pelo Fisco,

Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo).

De nossa parte, estranhamos o interesse que possa ter a Fazenda

Pública no requerimento de falência do devedor por tributos. Segundo o

Código Tributário Nacional os créditos fiscais não estão sujeitos ao

processo concursal, e a declaração da falência não obsta o ajuizamento do

executivo fiscal, hoje de processamento comum. À Fazenda Pública falece,

ao nosso entender, legítimo interesse econômico e moral para postular a

declaração de falência de seu devedor.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 92

A ação pretendida pela Fazenda Pública tem, isso sim, nítido

sentido de coação moral, dadas as repercussões que um pedido de falência

tem em relação às empresas solventes.” (Ob. cit.)

A alegação de abusividade da cobrança, através do pedido de

falência, feita por outros comentadores, é criticada por COMPARATO, que a

qualifica de lugar-comum, partindo o autor da certeza de que norma alguma

existe a impedir opte a Fazenda pela habilitação de seu crédito na

falência em lugar de executar o crédito tributário e, assim, conclui pela

sua legitimidade para o requerimento de falência.

O argumento não me parece exato, na atualidade, após a vigência da

Lei nº 6.830, de 22.9.80, que disciplina a cobrança judicial da Dívida

Ativa da Fazenda Pública. Com efeito, dispõe essa lei, em seu art. 38,

que a “discussão judicial da dívida ativa da Fazenda Pública só é

admissível em execução, na forma da lei, salvo as hipóteses de mandado de

segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato

declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor

do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora

e demais encargos.” HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, a analisar tal dispositivo,

da posição do contribuinte-devedor não hesita em declará-la restritiva de

direitos constitucionais, quando condiciona o ingresso em juízo à

garantia da instância (“Lei de Execução Fiscal”, 2ª ed., São Paulo,

Saraiva, 1986, ps. 88/90). Tem toda razão. Mas, no momento, o que importa

é outro aspecto da norma, ou seja a vinculação da Fazenda Pública: a

discussão judicial da dívida ativa só é admissível em execução, isto é,

na execução fiscal disciplinada na respectiva lei, à qual se aplica

subsidiariamente a lei processual civil comum (art. 1º: “A execução

judicial para cobrança da dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta lei

e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil”).

DARCY BESSONE, nas lições da disciplina por ele lecionada na

Faculdade de Direito da UMG, agora reunidas em livro intitulado

“Instituições de Direito Falimentar” (São Paulo, Saraiva, 1959), a

propósito da classificação dos créditos na falência, observa:

“Deve-se excluir da relação dos créditos privilegiados o da Fazenda

Pública (art. l.569, VI, do CC), porque a Lei nº 6.830 estabelece que “a

competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda

Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da

concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário” (art. 5º),

bem como que “a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não

é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata,

liquidação, inventário ou arrolamento” (art. 29).” (ps. 133/134)

Com essas achegas não pretendo reduzir a faculdade da Fazenda de

discutir em juízo seu crédito, exclusivamente, nas execuções fiscais. Em

qualquer ação contra ela proposta a discussão pode ser travada, mas é

inquestionável que a cobrança da Dívida Pública deve ser feita na

execução fiscal singular, sem prejuízo de seu direito às medidas

cautelares asseguradas no estatuto processual aplicável subsidiariamente.

Inexato, por outro lado, argumentar-se que a Fazenda Pública pode

renunciar aos seus direitos e privilégios, como credores de tributos,

para pretender assumir a posição de um credor comum, quirografário, em

concorrência com os demais credores e com isso vir a ter afirmado o

direito de requerer a falência do devedor. O tributo é cobrado mediante

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 93

atividade administrativa plenamente vinculada, de acordo com a definição

contida no art. 3º do Código Tributário Nacional, lei complementar do

Sistema Tributário Nacional, e, assim, outro caminho não tem o

administrador, salvo encaminhar a certidão da dívida para cobrança

através de execução fiscal, porque é no juízo competente que a questão

deve ser discutida e não no juízo falimentar.

A esses argumentos de natureza jurídica não são alheios outros de

ordem econômica, moral e política.

É consabido privilegiar nosso ordenamento constitucional a

igualdade, a liberdade de iniciativa, a livre concorrência, não sendo

compatíveis com esses princípios conferir-se ao Estado o direito de

destruir a empresa, segundo a livre determinação e escolha de seus

agentes administrativos, por força de impontualidade no pagamento de um

tributo. A legislação falimentar brasileira está em descompasso com a

realidade social e econômica, é atrasada e iníqua, ao considerar

presumidamente insolvente em benefício do credor um caso de simples mora

ou de mera impontualidade. A sua nova disciplina em tramitação no

Congresso Nacional atenua um pouco o rigor da lei em vigor e agasalha um

princípio de grande significação que é o interesse pela recuperação da

empresa e não pela liquidação de seu ativo para pagamento de suas

dívidas.

Conferir ao Estado uma medida judicial desse potencial aniquilador

é, sem dúvida, contrariar aqueles princípios orientadores da ordem

econômica no País, e consagrar uma coação reprovável pela moral e pela

política.

Por tudo, como já declarou a Corte local, falta à Fazenda interesse

econômico e moral para requerer a falência do devedor.

Com essas considerações, alinho-me, data vênia, na posição do

Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, para conhecer do recurso

pela dissidência jurisprudencial, mas negar-lhe provimento.

É como voto.

__________

V O T O

O SR. MINISTRO EDUARDO RIBEIRO: - Trouxe V.Exª, Sr. Presidente,

argumento ponderável, ao invocar o que se contém na Lei 6.830.

Tomado literalmente, o artigo 38 daquela Lei conduziria realmente à

conclusão de que a Fazenda só poderia colocar em juízo a discussão de sua

dívida ativa pela via da execução. Nem seria dado argumentar que a

falência tem conotação de execução coletiva porque a norma citada

explicita que a execução será a prevista na própria Lei.

Parece-me, entretanto, que, examinada essa disposição legal, tendo

em vista sua razão de ser, a objeção é superável.

Visou o legislador a conferir maior rigor à cobrança do crédito

fazendário, procurando, quanto possível, vedar a discussão judicial a seu

respeito, sem que houvesse garantia. Assim é que, ou se faria mediante

execução, em que há penhora, ou em ação anulatória, condicionada essa ao

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 94

prévio depósito da importância questionada. Não poderia impedir o uso do

mandado de segurança, em virtude de sua matriz constitucional, e o pedido

de repetição supõe, obviamente, tenha havido pagamento.

Certo que esse propósito não foi, em verdade, alcançado porque a

jurisprudência cuidou de amoldar o texto ao que se contém na

Constituição, de maneira a garantir a amplitude do acesso à jurisdição.

No Tribunal Federal de Recursos firmou-se o entendimento de que o

depósito só era necessário para evitar a execução, não constituindo

requisito indispensável para que se pudesse ajuizar a ação anulatória.

Entretanto, o objetivo da Lei foi, sem dúvida, o de dar maior garantia à

Fazenda.

Se assim é, creio que o dispositivo em exame não há de ser

compreendido de maneira a restringir as possibilidades de ingresso em

Juízo da Fazenda Pública, em detrimento daquilo que se pretendeu

assegurar. Ora, o pedido de falência pode a ela interessar e muito, data

venia das opiniões em contrário. A circunstância de o crédito ser

privilegiado e mesmo de ser possível o ajuizamento da execução, no curso

da falência, não afasta a conveniência de, em certas circunstâncias, se

pleitear seja decretada a quebra. Além de a falência propiciar uma

investigação mais abrangente da situação econômica do devedor, vale

assinalar que enseja, por exemplo, a ação revocatória que pode ser muito

importante para os credores.

No que diz com os efeitos drásticos que tem a medida, ainda que

fundada apenas na impontualidade, não é peculiar ao pedido feito pela

Fazenda. A empresa pode ser destruída, em virtude de dificuldade que

seria passageira, a pedido de qualquer credor.

O SR. MINISTRO CLÁUDIO SANTOS: - Penso que é difícil conferir-se a

um Procurador ou a um delegado do FISCO o direito de escolher: requerer a

falência de um e não de outro contribuinte. A Empresa fica na situação em

que a Lei caracteriza como falimentar em face de um mero atraso do

pagamento da dívida.

O SR. MINISTRO EDUARDO RIBEIRO: - Sim, mas a objeção de V.Exª,

ainda que muito forte, aplica-se a todos os credores. Por que apenas a

Fazenda é que não pode?

O SR. MINISTRO CLÁUDIO SANTOS: - Felizmente a Lei existe para

atenuar um pouco a situação do devedor e, como em outros países, só

considerar falido aquele que estiver insolvente e não o meramente

impontual. Assim, data venia, não se pode conferir direito a um

funcionário administrativo qualquer de fazer uma opção delicada, escolher

uma ou outra empresa para requerer falência, ainda que ela seja uma

devedora contumaz.

O SR. MINISTRO EDUARDO RIBEIRO: - A atividade do agente da

Administração supõe-se vinculada ao interesse público. Se se verificar

tratamento discriminatório haverá de ser reprimido. Não me parece,

entretanto se deva, com base em tal possibilidade, privar a Fazenda de

instrumento previsto em lei.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 95

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EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 96

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 97

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - AÇÃO CAUTELAR - DEPÓSITO DO

MONTANTE CONTROVERTIDO

A tutela típica do contribuinte, quando o Fisco subordina a

quitação do tributo ao pagamento de juros e de correção monetária, é a da

ação de consignação em pagamento (CTN, artigo 164, I). - Nos tributos

lançados pelo regime de homologação, o contribuinte também pode evitar a

cobrança dos juros e da correção monetária mediante medida liminar em

ação cautelar preparatória de ação principal (CTN, artigo 151, IV). - O

montante integral do crédito tributário, a que se refere o artigo 151,

II, do Código Tributário Nacional, é aquele exigido pela Fazenda Pública,

e não aquele reconhecido pelo sujeito passivo da obrigação tributária.

Hipótese em que o contribuinte, para se prevenir da cobrança de juros e

de correção monetária, depositou nos dias 25 de junho e 25 de julho de

1992, pelo valor nominal, o ICMS que, na forma do Decreto nº 34.677, do

Estado de São Paulo, era devido desde 03 de junho e 03 de julho de 1992;

o instituto previsto no artigo 151, II, do Código Tributário Nacional não

serve às hipóteses em que a tutela do contribuinte é incompatível com o

depósito integral do crédito exigido pela Fazenda Pública. Recurso

especial conhecido e provido.

(Recurso Especial 55.911 - SP - (94.32023-0) - Rel.: O Exmº Sr.

Min. Ari Pargendler. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recda.:

Metalúrgica Independência Ltda. 2ª Turma, STJ - 18-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.689.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - INCISO IX E ALÍNEAS D E E,

DO ART. 146, E O ART. 148, CAPUT, E PARÁGRAFO ÚNICO, DA

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, QUE INSTITUÍRAM HIPÓTESES

DE NÃO-INCIDÊNCIA E DE ISENÇÃO DO ICMS

Manifesta afronta, pelos dispositivos impugnados, à norma do art.

155, § 2º, XIII, g, da Constituição Federal, a qual, ao reservar à lei

complementar a regulamentação da forma como, mediante deliberação dos

Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais

serão concedidos e revogados, na verdade, consagrou o convênio, celebrado

pelos Estados e pelo Distrito Federal, previsto na lei complementar em

causa, como o único meio pelo qual poderão ser instituídas a não-

incidência, a incidência parcial e a isenção do ICMS. - Procedência da

ação.

(Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 84-5 - Origem: Minas

Gerais. Rel.: Min. Ilmar Galvão. Reqte.: Governador do Estado de Minas

Gerais. Reqda.: Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.

Decisão: Por votação unânime, o Tribunal julgou procedente a ação, nos

termos do voto do Relator. Votou o Presidente. Ausente, ocasionalmente, o

Ministro Néri da Silveira. (Ausente, justificadamente, o Ministro Marco

Aurélio). Plenário, 15.02.96 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 19-04-96 - Págs. 12.210/12.211.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 98

AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE DÉBITO - EXECUÇÃO FISCAL - CONEXÃO -

SUSPENSÃO

De regra, não se suspende execução fiscal embargada só pelo fato de

ter sido interposta ação anulatória de débito, sem depósito integral da

quantia exigida. - A conexão só se caracteriza quando entre duas ações

for comum o objeto ou a causa de pedir. - Não viola dispositivo legal a

decisão que nega suspensão de execução embargada até julgamento

definitivo de ação ordinária, em sede de recurso extraordinário, quando o

exame da discussão posta nas lides demonstra inexistência de identidade

entre o objeto e a causa de pedir de ambas. - Recurso improvido.

(Recurso Especial nº 85.320 - SP - (96.0001152-4) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. José Delgado. Recte.: Indústria Açucareira São Francisco S/A.

Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 18-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 15-04-96 - Pág. 11.505.

AÇÃO ORDINÁRIA EM FASE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA - FAZENDA MUNICIPAL

CONTRA FAZENDA ESTADUAL - LEVANTAMENTO PARCIAL DE DEPÓSITO -

PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DESNECESSIDADE

O princípio geral é o de que, na execução provisória, para garantir

os danos eventualmente causados ao devedor, o credor terá que prestar

caução, não podendo se esquivar destes ônus. Inteligência do artigo 588

do CPC. - Malgrado seja essa, a regra, deve ser aplicada com

temperamentos, em situações excepcionais, em que figura pessoa jurídica

de direito público como credora, a exemplo dos Municípios, não se

oferecendo os riscos e responsabilidades atribuídos aos demais credores.

No caso executado, justifica-se esse abrandamento, porquanto, a exeqüente

da Fazenda Pública, tem por impenhoráveis os bens, sendo, ainda, os

exeqüentes credores de parcelas remanescentes da condenação, suficientes

para permitir eventual compensação. - Recurso a que se nega provimento,

sem discrepância.

(Recurso Especial nº 81.827/SP (95.0064902-0) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdos.:

Município de Ipuá e outros. 1ª Turma, STJ - 15-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.213.

AÇÃO PENAL - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - CRIME CONTRA A

ORDEM TRIBUTÁRIA - PENA COMINADA INFERIOR A UM ANO - RECURSO

PENDENTE - LEI Nº 9.099/95 - APLICAÇÃO IMEDIATA

“Apelação criminal. Crime contra a ordem tributária (art. 7º, IX,

c/c parágrafo único e art. 10, ambos da Lei nº 8.137/90). Crime com pena

mínima cominada igual a 30 dias-multa. Condenação. Recurso pendente.

Entrada em vigor da Lei nº 9.099/95. Suspensão condicional do processo

(art. 89) - Matéria de cunho penal - Aplicação immediatu aos processos

pendentes - Não conhecimento do recurso. ‘A suspensão condicional do

processo penal, por dizer com a subsequente extinção da punibilidade e

suspensão do curso da prescrição, é norma de direito penal contida na Lei

nº 9.099/95, mais benéfica, retroagindo e incidindo sobre os processos em

andamento (art. 5º, XL, da CF e art. 2º, do CP), independentemente da

fase em que se encontrem, inclusive em grau de recurso no Tribunal.’ ‘Em

razão de sua natureza, a suspensão condicional do processo significa

poder-dever do Ministério Público, obrigando-o, sempre que sua denúncia

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 99

versar sobre crime cuja pena mínima não exceder um ano, a se pronunciar

sobre a suspensão, em sentido positivo ou negativo.’ (Ap. crim. nº

34.034, de São Carlos, Rel. Des. Nilton Machado Machado, j. em 5.12.95).”

(Ac. un. da 2ª C. Cr. do TJ SC - ACr 31.555 - Rel. Des. Jorge Mussi

- j. 19.12.95 - DJ SC 05.02.96, p. 14 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/11846 - ABRIL/1996 -

Pág. 114.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONSIGNATÓRIA - PERÍCIA CONTÁBIL - ART. 899

DO CPC - INSUFICIÊNCIA DOS DEPÓSITOS

Desnecessária se faz a prova pericial nas ações de consignação em

pagamento, em razão da nova sistemática processual imprimida a estas

ações. - A insuficiência de depósito não é mais causa para a

improcedência da ação de consignação em pagamento, já que há previsão de

liberação parcial do autor (art. 899 e seus parágrafos do CPC). - A

sentença que concluir pela insuficiência dos depósitos valerá como título

executivo, facultado ao credor promover a execução do saldo nos mesmos

autos.

(Agravo de Instrumento nº 95.04.12494-1/RS - Relª: Juíza Luiza Dias

Cassales. Apte.: Caixa Econômica Federal - CEF. Apdo.: Gilnei Aldir Souza

Leon. 5ª Turma, TRF/4ª Região - 21-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 10-04-96 - Pág. 23.170.

AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DENEGAÇÃO DE RECURSO ESPECIAL -

CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL A QUO - IMPOSSIBILIDADE -

COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RECLAMAÇÃO PROCEDENTE

O agravo de instrumento contra reprovação de recurso especial pelo

Tribunal a quo não se expõe ao controle de admissibilidade pela corte de

origem. A competência para tal controle é do Superior Tribunal de

Justiça. - A Lei 8.950/90 não derrogou o Art. 528 do CPC.

(Reclamação nº 349/SP (95/0056326-6) - Rel.: O Exmo. Sr. Min.

Humberto Gomes de Barros. Reclamante: Matilde da Conceição Pereira Mauá.

Reclamado: Desembargador Quarto Vice Presidente do Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo. 1ª Seção, STJ - 10-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.798.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - OBSTÁCULO AO SEU PROCESSAMENTO IMPOSTO PELO

JUÍZO RECORRIDO - IMPOSSIBILIDADE

Em face da Lei Processual (art. 528), o juízo de admissibilidade

não poderá negar seguimento ao agravo de instrumento, ainda que

interposto fora do prazo legal. - Uma vez interposto o agravo no prazo

consignado na lei, contra decisão indeferitória do processamento do

especial, as defecções porventura existentes no instrumento só podem ser

consideradas obstáculo ao seu conhecimento por esta egrégia Corte de

Justiça. - Reclamação que se julga procedente. Decisão unânime.

(Reclamação nº 357/MG (95.0060544-9) - Rel.: O Sr. Min. Demócrito

Reinaldo. Reclamante: Roberto Furtado Ciruffo e outros. Reclamado: Juiz

Presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. 1ª Seção, STJ - 10-

04-96).

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 100

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.657.

AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE INJUNÇÃO - TAXA DE JUROS REAIS

(ART. 192, § 3º, DA CF) - PEDIDO DE LIMINAR PARA SUSPENDER EXECUÇÃO

PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM

PARTICULARES

A decisão do relator que defere ou indefere medida liminar em

mandado de segurança, e também em mandado de injunção, não é atacável por

agravo regimental. Precedentes. - Apenas os entes públicos referidos no

art. 102, I, “q”, da CF, em mora na edição de normas regulamentadoras

previstas no art. 5º, LXXI, da CF, podem integrar o pólo passivo da

relação processual no mandado de injunção requerido perante esta Corte.

Precedentes. - A natureza e o objeto do mandado de injunção não permitem

a formação de qualquer espécie de litisconsórcio que tenha por fim

integrar particulares no pólo passivo da relação processual. - Agravo

regimental em mandado de injunção não conhecido.

(Agravo Regimental em Mandado de Injunção n. 331-0 - Origem: São

Paulo. Rel.: Min. Maurício Correa. Agtes.: Fazenda Caiua Agropecuária

Ltda. e outros. Agdo.: Congresso Nacional. Decisão: Por votação unânime,

o Tribunal não conheceu do agravo regimental. Votou o Presidente.

Ausentes, ocasionalmente, os Ministros Sydney Sanches e Marco Aurélio, e,

justificadamente, o Ministro Carlos Velloso. Plenário, 07-03-96 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 19-04-96 - Págs. 12.218/12.219.

BEM DE FAMÍLIA - IMPENHORABILIDADE - LEI 8.009/90 - PRECEITO DE

DIREITO PROCESSUAL - VIGÊNCIA IMEDIATA - INOCORRÊNCIA DE

RETROATIVIDADE - PRECEDENTE DO STF - RECURSO PROVIDO

A Lei 8.009/90, ao dispor sobre a impenhorabilidade do imóvel

residencial da entidade familiar, trata de matéria processual, uma vez

que não existe penhora fora do processo de execução. A manutenção da

penhora realizada sobre imóvel abrangido pela previsão legal, em época

posterior à sua vigência, sem a declaração de inconstitucionalidade da

norma, importa em negativa de vigência a dispositivo de lei federal, a

ser corrigida pela via do recurso especial.

(Recurso Especial nº 73.451 (95/0044148-9) - SP - Rel.: Min. Sálvio

de Figueiredo Teixeira. Rectes.: Marcílio Muniz e cônjuge. Recdo.: Banco

Sudameris Brasil S/A. 4ª Turma, STJ - 28-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 24-06-96 - Pág. 22.766.

CITAÇÃO PELO CORREIO - PESSOA FÍSICA - REQUISITOS - ART. 223, § 3º,

DO CPC

Para a validade da citação, não basta a entrega da correspondência

no endereço do citando; o carteiro fará a entrega da carta ao

destinatário, colhendo a sua assinatura no recibo. - Recurso especial

conhecido e provido.

(Recurso Especial nº 80068 (95.60928) - GO - Rel.: O Exmº Sr. Min.

Barros Monteiro. Recte.: Lázaro Delvair da Costa. Recdo.: Heber Clem

Alves da Costa. 4ª Turma, STJ - 09-04-96).

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 101

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 24-06-96 - Pág. 22.769.

COMPENSAÇÃO - ART. 66, DA LEI Nº 8.383/91 - INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO

LÍQUIDO E CERTO APURADO

O direito de compensar crédito tributário indevidamente pago,

conforme permitido pelo art. 66, da Lei 8.383/91, exige que se apure,

previamente, por via administrativa ou judicial, a sua liquidez e

certeza, homenageando-se o devido processo legal. - Iterativos

precedentes jurisprudenciais desta Corte no sentido acima exposto, a

saber: a) RMS nº 5.754-2-PB, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, in DJU

de 18.09.95; b) RMS nº 5.102-1-SP, Rel. Min. Américo Luz, in DJU de

02.06.1995; c) RMS nº 4.442-4-SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, in

DJU de 28.08.1995; d) RMS nº 4.513-7-SP, Rel. Min. Antônio de Pádua

Ribeiro, in DJU de 12.12.94; e) RMS nº 4.935-6-DF, 1ª T., Rel. Min.

Demócrito Reinaldo, in DJU de 10.10.94. - Recurso provido.

(Recurso Especial nº 88.475 - CE - (96.0010021-7) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. José Delgado. Recte.: Fazenda Nacional. Recdo.: Grandene do

Nordeste S/A. 1ª Turma, STJ - 23-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.460.

COMPENSAÇÃO - MEDIDA CAUTELAR - DESCABIMENTO

“Processual civil. Agravo Regimental. Suspensão de segurança.

Impossibilidade de deferimento de compensação tributária mediante

provimento cautelar. Ofensa à ordem econômica e pública. Agravo

Regimental improvido. 1. Descabe a compensação tributária mediante

provimento cautelar à vista da ofensa à ordem econômica e pública, esta

entendida por ordem jurídica. 2. Agravo Regimental improvido.”

(Ac. un. do TRF da 1ª R.-Pleno - AgRg na Susp. Seg. 95.01.17787-4-

MG - Rel. Juiz Leite Soares - j. 29.02.96 - Agte.: Asamar S/A; Agda.:

Fazenda Nacional - despacho de fls. 55/6 - DJU 2 1º.04.96, pp. 20.350/1

- ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9938 - JUNHO/1996 -

Pág. 277.

COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO - EXECUTIVO FISCAL - SUSPENSÃO DO

PROCESSO (L. 5.764/71, ART. 76) - IMPOSSIBILIDADE

A Lei de Execuções Fiscais (L. 6.830/80) discipina, por inteiro, o

procedimento da cobrança judicial dos créditos estatais. O Sistema por

ela consagrado só admite suspensão do processo executivo, na hipótese

prevista em seu Art. 40. - O Art. 76 da Lei 5.671/71 não se aplica ao

processo de execução fiscal.

(Recurso Especial nº 79.683/SP (95.0059885-0) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. Humberto Gomes de Barros. Recte.: Cooperativa Agrícola de Cotia -

Cooperativa Central - Em Liquidação. Recdo.: Estado de São Paulo (Fazenda

Estadual). 1ª Turma, STJ - 18-03-96).

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 102

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 13-05-96 - Pág. 15.532.

CORREÇÃO MONETÁRIA - ÍNDICE - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO

DE MERCADORIAS - LEI Nº 6.374/89, DO ESTADO DE SÃO PAULO - ÍNDICE

OFICIAL - CORREÇÃO MONETÁRIA - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE

CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS - INCIDÊNCIA - TERMO INICIAL - AUSÊNCIA

DE DÉBITO FISCAL - DELEGAÇÃO

A referência contida no § 1º do artigo 113 da Lei nº 6.374/89, do

Estado de São Paulo, a índice oficial, visando a atualização da unidade

fiscal do Estado de São Paulo - UFESP - não torna imprópria a adoção, por

decreto, do índice de preços ao consumidor levantado pela FIPE - Fundação

Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo. Recurso

extraordinário em que não demonstrado o desrespeito ao princípio da

legalidade. - Na dicção da ilustrada maioria, em relação à qual guardo

reservas, o disposto no artigo 109 da Lei nº 6.374/89 não implicou

delegação incompatível com a Carta de 1988, tampouco importando em

violência aos princípios da legalidade e da não-cumulatividade a previsão

sobre a incidência da correção monetária antes de o tributo tornar-se

exigível. Precedentes: recursos extraordinários nºs 154.273-0/SP e

172.394-7/SP, nos quais, como relator, fiquei vencido.

(Recurso Extraordinário n. 185.322-1 - Origem: São Paulo. Rel.:

Min. Marco Aurélio. Recte.: Cerâmica e Velas de Ignição NGK do Brasil e

outros. Recdo.: Estado de São Paulo. Decisão: Por unanimidade, a Turma

não conheceu do recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator. 2ª

Turma, 02.04.96 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-05-96 - Pág. 16.345.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO MOVIDA POR TERCEIRO

l. PREFERÊNCIA. A tutela do crédito tributário constitui norma

geral de direito tributário que só pode ser modificada por lei

complementar (CF, art. 146, III c/c CTN, art. 187), razão pela qual a

regra do art. 711 do CPC que, em concurso de créditos, manda observar a

anterioridade da penhora, lhe é inaplicável; parte dos chamados

privilégios e garantias do crédito tributário (CTN, arts. 191 a 193) foi

outorgada exatamente para compensar a demora da Fazenda Pública na

respectiva cobrança, de modo que, ao invés da valorização da iniciativa

do credor na cobrança, vige na espécie o princípio de que o crédito

tributário prefere independentemente dela. 2. PROCEDIMENTO. O concurso de

preferências não viabiliza a defesa do devedor, de modo que a

consideração pura e simples do crédito tributário sem a possibilidade de

que o sujeito passivo da obrigação tributária ou o responsável possam se

lhe opor, afronta o devido processo legal, implicando a atribuição de

caráter executório ao lançamento fiscal, que só é modalidade de ato

administrativo exequível. Já proposta a execução fiscal, a penhora deve

recair sobre o produto da arrematação obtido na execução ajuizada pelo

credor privado ou pelo credor público com preferência menor; dela

intimado o devedor, aguardar-se-á o prazo dos embargos respectivos; se

não forem opostos, o dinheiro será convertido em renda da Fazenda

Pública; se forem opostos, a destinação dele se dará secundum eventum

litis. Ainda não ajuizada a execução fiscal, a Fazenda Pública tem a seu

dispor a ação cautelar. O único procedimento inviável é o da espécie, em

que a Fazenda Pública se arrogou o direito de haver seu crédito em

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 103

execução proposta por terceiro sem o contraditório regular. Recurso

conhecido e provido.

(Recurso Especial 25.028 - SP - (92.18220-8) - Rel.: O Exmº Sr.

Min. Ari Pargendler. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.:

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. Interessado: Pirapel

Indústria Piracicabana de Papel S/A. 2ª Turma, STJ - 11-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 13-05-96 - Pág. 15.542.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - DELITO SOCIETÁRIO - DENÚNCIA -

NÃO-INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA - IRRELEVÂNCIA

“‘Habeas Corpus’. Denúncia. Crime societário. Contribuição

previdenciária descontada dos empregados e não recolhida aos cofres

públicos. Conduta delituosa. Descrição pormenorizada. Requisito que não

se mostra imprescindível. Pelo teor da peça acusatória verifica-se ser

ela formalmente apta ao fim a que se destina, atendendo às exigências do

art. 41 do CPP. Além de estar apoiada nos elementos constantes do

procedimento da fiscalização, retrata, com consistência, fatos

suficientes e conclusivos de modo a possibilitar a identificação da

prática do delito de apropriação indébita, explicitando a época dos

fatos, os valores que foram desviados e o meio empregado, circunstâncias

que abrem espaço ao exercício da mais ampla defesa. A constatação do

elemento subjetivo do delito é de ser melhor apreciada a partir da

realização dos atos de instrução procesual, onde poderá haver uma análise

valorativa da prova, sabido que na peça inicial acusatória só se indaga

se o relato se ajusta à figura típica de que se cuida. A alegação de que

nos delitos societários é necessário que a denúncia individualize a

participação de cada um dos acusados, não encontra apoio na orientação da

jurisprudência desta Corte, que não considera condição ao oferecimento da

denúncia a descrição mais pormenorizada da conduta de cada sócio ou

gerente, mas apenas que se estabeleça o vínculo de cada um ao ilícito.

‘Habeas Corpus’ indeferido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STF - HC 73.419-7-RJ - Rel. Min. Ilmar Galvão

- j. 12.03.96 - DJU 1 26.04.96, p. 13.116 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/12091 - JUNHO/1996 -

Págs. 198/197.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - DELITO SOCIETÁRIO - DENÚNCIA -

REQUISITOS

“Penal e Processual Penal. ‘Habeas Corpus’. Sonegação fiscal.

Concurso de pessoas. Requisitos da denúncia. 1. Havendo concurso de

pessoas, é necessário que a denúncia especifique a conduta atribuída a

cada partícipe, bem como a forma como contribuiu para o resultado danoso.

2. Nos crimes societários, contudo, em que seja impossível a

individualização dos comportamentos, tem a jurisprudência admitido como

suficiente uma descrição genérica, calcada em fatos, de que todos

participaram do delito. 3. É, todavia, imprescindível, nos termos do art.

41 do Código de Processo Penal, que haja, pelo menos a nível de indícios

objetivos, uma demonstração do nexo de causalidade entre a ação ou

omissão de cada um deles e o resultado obtido. 4. A descrição genérica

deve pautar-se em fatos, e não em suposições do órgão acusador. Não é

dispensada a indicação de elementos, pelo menos indiciários, de

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 104

culpabilidade. 5. Ordem de ‘habeas corpus’ concedida. Trancamento da ação

penal em relação ao paciente.”

(Ac. un. da 3ª T. do TRF da 1ª R. - HC 96.01.08265-4/MG - Rel. Juiz

Olindo Menezes - j. 15.04.96 - DJU 2 17.05.96, pp. 31.862/3 - ementa

oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/12090 - JUNHO/1996 -

Pág. 197.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - DENÚNCIA - DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA

DO FATO CRIMINOSO - INÉPCIA - INOCORRÊNCIA - TRANCAMENTO DA AÇÃO

PENAL - DESCABIMENTO

“Processual penal. Recurso de ‘Habeas Corpus’. Crime contra a ordem

tributária - Denúncia - Inépcia - Trancamento de ação penal - Falta de

justa causa. 1. Não é inepta a denúncia que descreve satisfatoriamente o

fato delituoso atribuído ao réu, possibilitando a ampla defesa. 2.

Inviável o trancamento da ação penal por falta de justa causa quando o

fato constitui crime, ao menos em tese. 3. Recurso improvido.”

(Ac. un. da 6ª T. do STJ - RHC 4306-7- RO - Rel. Min. Anselmo

Santiago - j. 05.12.95 - DJU 1 1º.04.96, p. 9.943 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/11997 - MAIO/1996 - Pág.

168.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO

ADMINISTRATIVO FISCAL - IRRELEVÂNCIA; PAGAMENTO DO TRIBUTO APÓS A

DENÚNCIA - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - INOCORRÊNCIA

“Penal. Crime contra a ordem tributária. Imposto de renda. Lei nº

8.137, de 1990. I - A ação penal instaurada em razão da prática de crime

contra a ordem tributária não depende da conclusão do procedimento

administrativo-fiscal para a apuração de débito. O prazo concedido nesse

processo é para o contribuinte se defender e, querendo, pagar

amigavelmente a dívida, evitando a cobrança judicial. II- Pagamento do

tributo realizado depois do oferecimento da denúncia, ao tempo em que, na

data da consumação do crime, vigia o art. 14 da Lei nº 8.137, de 1990.

Não ocorrência da extinção da punibilidade.”

(Ac. un. da 3ª T. do TRF da 1ª R. - ACr. 94.01.21855-2-DF - Rel.

Juiz Tourinho Neto - j. 04.12.95 - DJU 2 15.02.96, p. 7.609 - ementa

oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/11841 - ABRIL/1996 -

Pág. 112.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE

RECURSO ORDINÁRIO - IMPETRAÇÃO FORA DO PRAZO RECURSAL - INÉPCIA DA

DENÚNCIA

Crime contra a ordem tributária. Diretores de Sociedade Anônima.

Habeas Corpus substitutivo de recurso ordinário. Impetração fora do prazo

recursal: irrelevância, uma vez que o writ, um dos baldrames jurídicos da

civilização ocidental, deve ser de uso mais amplo possível. Inépcia da

denúncia, que se cinge a dizer que os pacientes eram diretores da

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 105

empresa. Materialidade comprovada. Prescrição e continuidade delitiva

afastadas. Denúncia anulada, sem trancamento da ação penal.

(Habeas Corpus n. 3.766 (95.037497-8) - Paraná - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. Adhemar Maciel. Impte.: Ronaldo Augusto Bretas Marzagão. Impdo.:

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Pacientes: Atilano de OMS

Sobrinho, Mário Celso Petraglia, Gennaro Moretti, Jauvenal de OMS, Di

Marco Pozzo. 6ª Turma, STJ - 19-09-95).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.916.

CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - ICMS - ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS -

CREDITAMENTO - FRAUDE

A fraude pressupõe vontade livre e consciente. Longe fica de

configurá-la, tal como tipificada no inciso II do artigo 1º da Lei nº

8.137, de 27 de dezembro de 1990, o lançamento de crédito considerada a

diferença das alíquotas praticadas no Estado de destino e no de origem.

Descabe confundir interpretação errônea de normas tributárias, passível

de ocorrer quer por parte do contribuinte ou da Fazenda, com o ato

penalmente glosado, em que sempre se presume o consentimento viciado e o

objetivo de alcançar proveito sabidamento ilícito.

(Habeas Corpus n. 72.584-8 - Origem: Rio Grande do Sul. Rel. p/o

Acórdão: Min. Marco Aurélio. Pactes.: Zeno José Keck, Carlos Alberto

Kieling Morsch, Luiz Carlos Blasczak e Frederico Guilherme Rocha Morsch.

Impte.: Hugo Mosca e outros. Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio

Grande do Sul. Decisão: Após os votos dos Senhores Ministros Maurício

Corrêa (Relator) e Francisco Rezek que deferiam em parte o habeas corpus

para que o regime inicial de cumprimento da pena seja o aberto,

assegurando aos pacientes Zeno José Heck e Frederico Guilherme Rocha

Morsch o cumprimento da pena em prisão domiciliar, e do Ministro Marco

Aurélio deferindo o habeas corpus para, na conformidade do parecer do

Subprocurador-Geral da República, restabelecer a sentença absolutória, o

julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista formulado pelo

Ministro Presidente. 2ª Turma, 03-10-95 - STF. - Decisão: Por empate na

votação, a Turma deferiu o habeas corpus para restabelecer a autoridade

da sentença absolutória, na conformidade do parecer do Subprocurador-

Geral da República. A Turma determinou, em consequência, a expedição de

alvará de soltura dos pacientes se por lá não houverem de permanecer

presos, vencidos os Senhores Ministros Maurício Corrêa (Relator) e

Francisco Rezek. Lavrará o acórdão o Senhor Ministro Marco Aurélio. 2ª

Turma, 17-10-95 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-05-96 - Pág. 13.900.

CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL - TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - FALTA DE

JUSTA CAUSA

O crime de sonegação fiscal não exige prévio procedimento

administrativo como condição ao exercício da ação penal, podendo ter

início com a notitia criminis. - Inadmissível o trancamento de ação penal

por alegada ausência de justa causa, quando a denúncia descreve, com

todos os elementos indispensáveis, a existência de crime em tese,

exigindo a conveniente apuração através do regular contraditório. -

Recurso improvido.

(Recurso em Habeas Corpus nº 4.793/DF (Reg. nº 95/0039124-4) -

Rel.: Exmº Sr. Min. Cid Flaquer Scarterzzini. Recte.: Antônio Dionísio

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 106

Lopes e outro. Recdo.: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

Territórios. Paciente: Cleuza Ferreira. 5ª Turma, STJ - 11-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 08-04-96 - Pág. 10.478.

DENÚNCIA FUNDADA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL -

PRESCINDIBILIDADE DE INQUÉRITO POLICIAL - HABEAS-CORPUS -

TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - FATOS CONTROVERTIDOS - DILAÇÃO

PROBATÓRIA - INIDONEIDADE DO WRIT

O inquérito policial, procedimento de natureza puramente

informativa, não é peça indispensável à promoção da ação penal, exigindo-

se tão-somente que a denúncia seja embasada em elementos demonstrativos

da existência do fato criminoso e de indícios de sua autoria. - Em sede

de habeas-corpus, não se tranca ação penal sob a alegação de falta de

justa causa se a mesma funda-se em denúncia que imputa ao réu fato em

tese definido como crime, salvo se demonstrado, de modo evidente, sem

discussão probatória, não ser o denunciado o autor do delito. - Recurso

desprovido.

(Recurso de Habeas-Corpus nº 5.129/RJ (Reg. 95.0065346-0) - Rel.:

Exmº Sr. Min. Vicente Leal. Recte.: Marcos Veríssimo Bandeira Bastos.

Recdo.: Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Pacientes: André Luiz

Bufoni. 6ª Turma, STJ - 06-02-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.742.

DEPÓSITO ELISIVO DA EXECUTORIEDADE DO DÉBITO TRIBUTÁRIO - SUA

LIBERAÇÃO

É jurisprudência assente nesta Corte que, as causas suspensivas da

exigibilidade do crédito tributário são as enumeradas no art. 151 do

Código Tributário Nacional. Uma vez acolhido o depósito de quantia para

esse fim (suspensividade da Execução), somente poderá ser levantado por

qualquer das partes, após o trânsito em julgado da sentença que julgar a

causa respectiva. - Não se prestam à caracterização do dissídio

pretoriano julgados de outros Colégios Judiciários que interpretam

legislação diversa daquela que serviu de embasamento das conclusões do

decisório impugnado. - Recurso a que se nega provimento. Decisão unânime.

(Recurso Especial nº 85.918/DF (96.0002442-1) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Lapsen S.A. Recda.: Fazenda Nacional. 1ª

Turma, STJ - 13-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.455.

DIREITO PROCESSUAL EM MATÉRIA FISCAL - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO -

MEDIDA LIMINAR INIBITÓRIA DA ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO -

INVIABILIDADE

“Tributário. Lançamento por homologação. Medida liminar inibitória

da atividade de fiscalização. Inviabilidade. No lançamento por

homologação, o contribuinte verifica a ocorrência do fato gerador, apura

o tributo devido e recolhe o montante correspondente sem qualquer

interferência da Fazenda Pública. A medida liminar que impede o Fisco,

ainda no prazo assinado para a constituição do crédito tributário, de

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 107

revisar essa modalidade de lançamento, sobre contrariar o sistema do

Código Tributário Nacional, é desnecessária, porque no processo fiscal

nada se exige do contribuinte até se esgotar administrativamente o

exercício do seu direito de defesa. Recurso ordinário improvido.”

(Ac. un. da 2ª T. do STJ - RMS 6.096-RN - Rel. Min. Ari Pargendler

- j. 06.12.95 - Recte.: Usina Estivas S/A; Recda.: Fazenda Nacional - DJU

1 26.02.96, p. 3.979 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9694 - ABRIL/1996 -

Págs. 154/153.

EMBARGOS DO DEVEDOR - EXECUÇÃO FISCAL - MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA

DE VERBA ADVOCATÍCIA

Na cobrança de crédito tributário em face de massa falida não se

aplicam os dispositivos da Lei de Falência, mormente o art. 208, § 2º. -

Regra a espécie o disposto no art. 187 do CTN, bem como o art. 20 do

Código de Processo Civil. - Honorários advocatícios devidos. - Recurso

conhecido e provido.

(Recurso Especial nº 87.954-SP - (96.0008917-5) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. José Delgado. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.:

Solamar Comércio de Plásticos e Resíduos Ltda. - Massa Falida. 1ª Turma,

STJ - 29-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.225.

EMBARGOS DE DEVEDOR - PRAZO (INÍCIO) - PENHORA SOBRE IMÓVEL -

INTIMAÇÃO DO CÔNJUGE

O prazo para oferecimento dos embargos de devedor contava-se da

data da intimação da penhora, antes da reforma do CPC, em 1994. -

Recaindo a penhora sobre bem imóvel de devedor casado, a intimação

somente se completa com a intimação do cônjuge, a partir de quando começa

a fluir o prazo para os embargos. Art. 669, parágrafo único, do CPC. -

Recurso provido.

(Recurso Especial nº 78.579-SC - (Reg. 95.569027) - Rel.: O Sr.

Min. Ruy Rosado de Aguiar. Recte.: Waldir Waldemeri. Recdo.: Banco do

Estado de Santa Catarina. 4ª Turma, STJ - 13-02-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 06-05-96 - Pág. 14.426.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - ACÓRDÃOS DE UMA MESMA TURMA - MUDANÇA DE

COMPOSIÇÃO - ADMISSIBILIDADE

A Jurisprudência tende a admitir embargos de divergência entre

arestos de uma só Turma, quando a composição do colegiado tenha sofrido

grande alteração, no período que mediou a produção dos Acórdãos em

confronto. - Verificada esta tendência, age bem o relator em admitir, no

juízo de prelibação os embargos de divergência.

(Agravo Regimental nos Embargos de Divergência em Recurso Especial

nº 29.521-0 - PR (95/0018912-7) - Rel.: O Exmo. Sr. Min. Humberto Gomes

de Barros. Agte.: Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. Agda.: F.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 108

Slaviero e Filhos S/A Indústria e Comércio de Madeiras. 1ª Seção, STJ -

30-05-95).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 22-04-96 - pÁG. 12.508.

EMBARGOS À EXECUÇÃO - PENHORA DE IMÓVEL - DEVEDOR CASADO - PRAZO

PARA EMBARGAR

Recaindo a penhora sobre imóvel de devedor casado, é indispensável

a intimação da mulher (art. 669, par. único do CPC), começando a correr o

prazo para seus embargos a partir da última intimação. - A outra

executada, pessoa jurídica, deveria ter oferecido seus embargos no prazo

de dez dias, a contar de sua intimação, pois os prazos são autônomos para

os diversos co-executados. - Recurso provido em parte.

(Recurso Especial nº 79.794-SP - (Reg. 95.600064) - Rel.: O Sr.

Min. Ruy Rosado de Aguiar. Rectes.: Habitalar Participações e

Empreendimentos Imobiliários Ltda. e outro. Recdo.: Banco Bradesco S/A.

4ª Turma, STJ - 12-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.716.

EMBARGOS À EXECUÇÃO - TERCEIRO ESTRANHO À EXECUÇÃO -

IMPOSSIBILIDADE

No sistema jurídico processual vigente, o processo de execução não

pode ser desencadeado contra quem não é parte. - O terceiro não tem

legitimidade para opor-se à execução, pela via dos embargos, ainda que se

declare responsável pelo débito exequendo. - Não figurando no pólo

passivo da relação processual, ao responsável tributário cabe manejar os

embargos de terceiro para impedir que se lhe intente execução, sem que,

nesta, seja demandado. - O uso da defesa (na forma de embargos) constitui

oposição no processo executório e a legitimação para o seu exercício

restringe-se ao executado. - In casu, a recorrente - como ela própria

afirma - não é responsável tributária pelos créditos de ICMS exigidos na

execução, faltando-lhe, portanto, legitimidade para opor-se ao processo

executivo, através de embargos do devedor. - Recurso improvido. Decisão

unânime.

(Recurso Especial nº 59.782-0/DF (95.0004084-0) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Stanley Home Produtos de Limpeza Ltda.

Recda.: Fazenda Pública do Distrito Federal. 1ª Turma, STJ - 11-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.813.

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - EXTINÇÃO LIMINAR POR INTEMPESTIVIDADE

- IMPUGNAÇÃO ATRAVÉS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - PRINCÍPIO DA

FUNGIBILIDADE - INAPLICABILIDADE

“Processual civil. Recurso. Embargos à Execução. Extinção liminar.

Agravo. Princípio da fungibilidade. Inaplicabilidade. I - À vista da

simplificação do sistema de recursos operada com o advento do Código de

Processo Civil de 1973, a moderna doutrina processual tem restringido a

possibilidade da aplicação do princípio da fungibilidade recursal,

admitindo-o tão somente nas hipóteses em que a dúvida em sua interposição

tenha origem em impropriedades técnicas da lei ou em casos de divergência

doutrinária e jurisprudencial acerca da exata definição da natureza do

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 109

provimento jurisdicional atacado. II - A decisão que indefere

liminarmente os Embargos à Execução, por intempestividade, consubstancia,

inequivocadamente, sentença, nos termos do art. 162, § 1º do CPC. Sua

impugnação através de agravo de instrumento configura erro grosseiro,

impossibilitando a aplicação do princípio da fungibilidade recursal. III

- Recurso não conhecido.”

(Ac. un. da 3ª T. do TRF da 3ª R. - AC 94.03.066514-9 - Rel. Juiz

Márcio Moraes - j. 13.12.95 - Apte.: Infibra S/A; Apda.: União Federal -

DJU 2 21.02.96, p. 8.513 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9837 - MAIO/1996 - Pág.

225.

EMBARGOS DE TERCEIRO EM EXECUÇÃO FISCAL - SÓCIO NÃO CITADO EM NOME

PRÓPRIO - CABIMENTO; AQUISIÇÃO DE COTAS DE SOCIEDADE DEVEDORA -

RESPONSABILIDADE

“Embargos de terceiro. Sócio não citado em nome próprio. Cabimento.

Responsabilidade por sucessão. Art. 133, CTN. 1. O sócio que não é citado

em nome próprio, tem legitimidade para opor embargos de terceiro, eis que

não figura como parte na relação processual. Preliminar rejeitada. 2. O

sócio que adquire cotas da sociedade devedora responde pela dívida fiscal

da empresa, nos termos do artigo 133 do CTN. Apelação improvida.”

(Ac. un. da 5ª T. do TRF da 3ª R. - AC 91.03.02545-4 - Rel. Juíza

Ramza Tartuce - j. 04.12.95 - Apte.: INSS; Apdo.: João Abel Sá Barros

Dias - DJU 2 13.12.95, p. 6.944 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9693 - ABRIL/1996 - Pág.

153.

EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA CONTRA PESSOA JURÍDICA - EFEITOS DA

INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO EM RELAÇÃO AO SÓCIO SOLIDÁRIO

A ordem de citação da pessoa jurídica interrompe a prescrição em

relação ao sócio solidário (art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830, de 1980 c/c o

art. 125, III, do Código Tributário Nacional); decorridos menos de cinco

anos desde o último ato praticado no processo, no caso, a citação da

pessoa jurídica, não se pode cogitar de prescrição intercorrente. Recurso

especial conhecido e provido.

(Recurso Especial 33.403 - SP - (93.7999-9) - Rel.: O Exmº Sr. Min.

Ari Pargendler. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.: Antônio

Carlos Medina Maurício. 2ª Turma, STJ - 23-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, de 17-06-96 - Pág. 21.472.

EXECUÇÃO FISCAL - ART. 26 DA LEI 6.830/80

Se a execução é extinta, a pedido da exequente, por reconhecer ter

o débito sido pago sem que o executado tenha interposto embargos de

devedor, não há honorários advocatícios devidos. - Os precedentes

jurisprudenciais do STJ sobre a interpretação do art. 26 da Lei nº

6.830/80, só determinam a responsabilidade da exequente pela verba

honorária quando há interposição de embargos à execução. - Recurso

conhecido e provido.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 110

(Recurso Especial nº 87.429-SP - (96.0007919-6) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. José Delgado. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.: Ja

Franze e Companhia Ltda. 1ª Turma, STJ - 02-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, de 03/06/96 - Pág. 19.223.

EXECUÇÃO FISCAL - BEM PENHORADO - PRODUTO DA ARREMATAÇÃO - MASSA

FALIDA - ENTREGA AO JUÍZO UNIVERSAL - CREDORES PRIVILEGIADOS -

PREFERÊNCIA

“Processual - Execução fiscal - Massa falida - Bens penhorados -

Dinheiro obtido com a arrematação - Entrega ao Juízo universal - Credores

privilegiados. I - A decretação da falência não paralisa o processo de

execução fiscal, nem desconstitui a penhora. A execução continuará a se

desenvolver, até à alienação dos bens penhorados. II - Os créditos

fiscais não estão sujeitos a habilitação no juízo falimentar, mas não se

livram de classificação, para disputa de preferência com créditos

trabalhistas (Dl. 7.661/45, Art. 126). III - Na execução fiscal contra

falido, o dinheiro resultante da alienação de bens penhorados deve ser

entregue ao juízo da falência, para que se incorpore ao monte e seja

distribuído, observadas as preferências e as forças da massa.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 84.884/MS - Rel. Min. Humberto

Gomes de Barros - j. 22.02.96 - Recte.: Estado de Mato Grosso do Sul;

Recda.: Irmãos Soares Ltda. - Massa falida - DJU 1 08.04.96, P. 10.459 -

ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9881 - JUNHO/1996 - Pág.

247.

EXECUÇÃO FISCAL - CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA - CTN, ART. 204 -

PRESUNÇÃO DE LIQUIDEZ E CERTEZA

“Processo civil. Constitucional. Defesa. Abuso. Execução fiscal.

Embargos à execução. Certidão de dívida ativa. Presunção de certeza e

liquidez (CTN, art. 204). Para tudo há de haver um limite. A Constituição

Federal assegura ampla defesa (art. 5º, inc. LV), mas não o abuso do

direito de defesa. A alegação de que para o credor promover a execução

fiscal, além da certidão da dívida ativa, tem de juntar de [sic]

‘documentos válidos e legítimos para configurar o seu direito de credor,

já que a certidão é um ato unilateral, não podendo, por si só, motivar em

liquidez e certeza do direito’, clama os céus. É desconhecer o art. 204

do Código Tributário Nacional.”

(Ac. un. da 3ª T. do TRF da 1ª R. - AC 96.01.00085-2- MG - Rel.

Juiz Tourinho Neto - j. 1º.04.96 - Apte.: Eletro Detinho Ltda.; Apdo:

INSS - DJU 2 30.04.96, p. 27.660 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9925 - JUNHO/1996 - Pág.

273.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 111

EXECUÇÃO FISCAL - CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA ENGLOBANDO IMPOSTO E

TAXA - EXCLUSÃO DO VALOR DO IMPOSTO - SUBSTITUIÇÃO DA CERTIDÃO -

DESNECESSIDADE

“Execução Fiscal - Certidão de Dívida Ativa - Exclusão da Parcela

Referente ao Valor do Imposto - Desnecessidade de Substituição da

Certidão para a Execução da Dívida Remanescente (taxas). CTN, art. 204 -

Lei 6.830/80 (art. 3º). 1. A exclusão do valor do imposto, por si, não

afeta a liquidez e certeza da dívida remanescente expressa em campo

autônomo apropriado às taxas. Desnecessidade de substituição da certidão,

uma vez que a dívida remanescente resulta de simples cálculo aritmético,

sem prejuízo à verificação pelas partes interessadas. 2. Recurso

improvido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 61.460-0-SP - Rel. Min. Milton

Luiz Pereira - j. 15.02.96 - Recte.: Companhia de Saneamento Básico do

Estado de São Paulo - SABESP; Recdo.: Município de São Paulo - DJU 1

25.03.96, p. 8.545 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9795 - MAIO/1995 - Pág.

205.

EXECUÇÃO FISCAL - CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA EXPRESSA EM UFIR -

ADMISSIBILIDADE

“1. Direito tributário. 2. Execução fiscal. Embargos. 3.

Comportando a UFIR expressão moratória, é admissível o seu emprego nos

termos e nas certidões da dívida ativa. 4. Apelação e remessa ‘ex

officio’ providas.”

(Ac. un. da 1ª T. do TRF da 4ª R. - AC 95.04.19038-3-RS - Rel. Juiz

Gilson Dip - j. 23.11.95 - Apte.: INSS; Apdo.: Flávio Roberto Tarrago

Koetz - DJU 2 22.02.96, p. 8.841 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9835 - MAIO/1995 - Pág.

225.

EXECUÇÃO FISCAL - DIREITO PATRIMONIAL - PRESCRIÇÃO - DECRETAÇÃO DE

OFÍCIO - IMPOSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 162 DO CÓDIGO

CIVIL E 128 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Consoante jurisprudência mansa e pacífica deste STJ, o Juiz não

pode, de ofício, decretar a prescrição de direitos patrimoniais, em

execução fiscal, só cabendo decidir sobre essa matéria, se alegada pela

parte a quem aproveita (arts. 162 do C.C. e 128 do CPC). - Recurso

provido, sem discrepância.

(Recurso Especial nº 72.536/MA (95.0042369-3) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Estado do Maranhão. Recdo.: Armazéns Fontes

das Pedras. 1ª Turma, STJ - 29-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.207.

EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS OPOSTOS POR EMPRESA PÚBLICA -

OBRIGATORIEDADE DE GARANTIA

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 112

“Agravo de Instrumento. Execução fiscal contra empresa pública.

Embargos à execução. Obrigatoriedade de garantia da execução para o seu

recebimento. I - As empresas públicas, como é a hipótese da Empresa

Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT - possuem a natureza jurídica

de empresa privada e, em conseqüêbcuam [sic] são regidas pelas normas

aplicáveis a esta última, segundo o preceito contido no art. 170, § 2º,

da Carta de 1967, com as alterações introduzidas pela Emenda

Constitucional nº 01/69, mantido na Lei Maior promulgada em 1988, em seu

art. 173, § 1º. II - O art. 12 do Decreto-Lei nº 509/69, ao outorgar a

uma empresa pública federal privilégios privativos da Fazenda Pública,

inclusive no tocante à impenhorabilidade de seus bens ou renda, violou o

princípio estabelecido nos referidos dispositivos constitucionais. III -

Nestas circunstâncias, os embargos à execução opostos pela ECT não

poderiam ter sido recebidos pelo MM. Juiz a quo sem a necessária garantia

da execução, na forma preconizada pelo art. 16 da Lei nº 6.830/80. IV -

Agravo provido.”

(Ac. un. da 4ª T. do TRF da 3ª R. - Ag. 91.03.15657-5/SP/5630 -

Rel. Juiz Theotônio Costa - j. 12.08.92 - Agte.: Prefeitura Municipal da

Estância Balneária de Caraguatatuba; Agda.: Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos - ECT - DJU 2 27.02.96, p. 9.863 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9793 - MAIO/96 - Pág.

205.

EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS - PRAZO - TERMO INICIAL

A Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830, de 1980) estabelece que a

garantia do juízo pode ocorrer mediante (I) depósito em dinheiro, à ordem

do juízo, em estabelecimento oficial de crédito, (II) oferecimento de

fiança bancária ou (III) indicação de bens à penhora (art. 9º), sendo

que, caso a indicação de bens recair sobre dinheiro, a penhora “será

convertida em depósito de que trata o inciso I do art. 9º” (art. 11, §

2º). Portanto, e em obediência ao art. 16, I, da Lei, em se tratando de

garantia em dinheiro, o prazo para embargar tem início na data do seu

depósito, seja esse feito diretamente, seja esse feito por conversão.

(Apelação Cível nº 91.04.23317-4/PR - Rel.: Juiz Teori Albino

Zavascki. Apte.: Pismel Veículos Automotores Ltda. Apdo.:

Superintendência Nacional do Abastecimento - SUNAB. 5ª Turma, TRF/4ª

Região - 14-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 10-04-96 - Pág. 23.177.

EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS DO DEVEDOR - ICMS - DÉBITO DECLARADO E

NÃO PAGO - DESNECESSIDADE DE PRÉVIA NOTIFICAÇÃO OU DE INSTAURAÇÃO

DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL - ANTECIPAÇÃO DO PRAZO DE

RECOLHIMENTO - CORREÇÃO MONETÁRIA - MATÉRIA NÃO SUJEITA A RESERVA

LEGAL

Em se tratando de débito declarado e não pago, a cobrança decorre

de autolançamento, sendo mesmo exigível independentemente de notificação

prévia, ou de instauração de procedimento administrativo fiscal.

Precedentes. - Conforme iterativa jurisprudência desta colenda Corte, é

da competência do Estado-membro disciplinar o ICMS, inclusive no que se

refere à atualização monetária, por isso que a edição de decreto

alterando o termo de vencimento de tributo não afronta o princípio da

legalidade. Precedentes. - Recurso especial a que se nega provimento.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 113

(Recurso Especial nº 72.472 - SP - (Reg. 95.0042261-1) - Rel.:

Exmo. Sr. Min. José de Jesus Filho. Recte.: Incorp Eletro Industrial

Ltda. Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 13-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, de 17-06-96 - Pág. 21.451.

EXECUÇÃO FISCAL - FRAUDE - PRÉVIA ALIENAÇÃO DO IMÓVEL - REGISTRO

SUPERVENIENTE - CARACTERIZAÇÃO

“Tributário, Civil e Processual Civil. Fraude à execução. Bem

imóvel alienado antes da execução mas posterior à sua transcrição no

registro imobiliário. Art. 185 do CTN. A propriedade imobiliária só se

transmite após a transcrição do título no registro de imóveis. A

presunção de fraude prevista no art. 185 do CTN é juris et de juris. Pode

sofrer constrição judicial o imóvel alienado, por escritura pública

firmada em data anterior à execução fiscal mas levado à transcrição no

registro imobiliário somente depois de seu ajuizamento, embora ainda não

efetivada a citação. Recurso provido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 67.083-SP - Rel. Min. César Asfor

Rocha - j. 13.12.95 - Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo; Recda.:

Maria Aparecida de Almeida - DJU 1 11.03.96, p. 6.574 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9792 - MAIO/1996 - Págs.

205/204.

EXECUÇÃO FISCAL - ICMS DECLARADO E NÃO PAGO - HOMOLOGAÇÃO FORMAL -

PRÉVIA NOTIFICAÇÃO - DESNECESSIDADE

“Tributário - ICMS - Débito Declarado e Não Pago - Desnecessidade

de Prévia Notificação Administrativa Para a Inscrição e Cobrança

Executiva da Dívida Fiscal - Artigos 147, § 1º e 150, CTN. 1. Tratando-se

de débito declarado e não pago pelo contribuinte, torna-se despicienda a

homologação formal, passando a ser exigível independentemente de prévia

notificação ou da instauração de procedimento administrativo fiscal.

Descogita-se, pois, de ofensa ao ‘devido processo legal’. 2. Precedentes

jurisprudenciais. 3. Recurso improvido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 60.631-4-SP - Rel. Min. Milton

Luiz Pereira - j. 13.12.95 - Recte.: Sentronics Eletro Eletrônica

Indústria e Comércio Ltda.; Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo - DJU

1 18.03.96, p. 7.523 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9791 - MAIO/1996 - Pág.

204.

EXECUÇÃO FISCAL - LEILÃO NEGATIVO - SUBSTITUIÇÃO DE BEM DE DIFÍCIL

COMERCIALIZAÇÃO - ADMISSIBILIDADE

“Agravo. Processo civil. Execução fiscal. Leilão negativo.

Substituição de bem penhorado. I - Admissível a substituição de bem

penhorado, quando o mesmo for de difícil comercialização e o leilão

resultar negativo. Aplicação dos artigos 15, II e 24, ambos da lei

6.830/80. II - Agravo provido.”

(Ac. un. da 1ª T. do TRF da 3ª R. - Ag. 94.03.041795-1 - Rel. Juiz

Pedro Rotta - j. 20.06.95 - Agte.: INSS; Agda.: Tecelagem Wiezel S/A -

DJU 2 19.03.96, p. 16.553 - ementa oficial).

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 114

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9831 - MAIO/1996 - Pág.

224.

EXECUÇÃO FISCAL - LEILÃO - SUSPENSÃO - DEPÓSITO DO PRINCIPAL -

NECESSIDADE

“Agravo. Execução fiscal. Leilão. Atualização da conta, sem o

depósito do principal. Suspensão incabível. I. Havendo legítimo interesse

do devedor em quitar a sua dívida e salvar o bem antes do leilão, deve

valer-se do pagamento imediato do valor principal, independentemente da

atualização monetária. Esta somente após o depósito deverá ser apurada

pelo contador. II. Agravo improvido.”

(Ac. un. da 1ª T. do TRF da 3ª R. - Ag. 90.03.12336-5 - Rel. Juiz

Pedro Rotta - j. 20.06.95 - Agte.: Alfredo Villanova S/A Indústria e

Comércio; Agdo.: IAPAS - DJU 2 05.03.96, pp. 11.844/5 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9830 - MAIO/1996 - Pág.

224.

EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA DE BEM OBJETO DE INVENTÁRIO JUDICIAL -

POSSIBILIDADE

“Processual civil. Execução fiscal. Penhora de bem objeto de

inventário judicial. Possibilidade. - Não há óbice à penhora de bem

objeto de inventário judicial na execução da dívida ativa da Fazenda

Pública. Inteligência do art. 29, caput, da Lei nº 6.830. - Ademais, in

casu, cuida-se de penhora precedente à ação de inventário. - Agravo

provido.

(Ac. un. da 1ª T. do TRF da 5ª R. - Ag. 5.316-PB - Rel. Juiz Castro

Meira - j. 27.02.96 - Agte.: INSS; Agdos.: Mendonça da Silva e Cia. Ltda.

e outros - DJU 2 22.03.96, p. 18.073 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9879 - JUNHO/1996 -

Págs. 247/246.

EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA DE BENS - BOXE PARA ESTACIONAMENTO -

INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 8.009, DE 1990

O boxe para estacionamento, quando individuado como unidade

autônoma no Registro de Imóveis (Lei nº 4.591/64, art. 2º, §§ 1º e 2º),

não é acessório da moradia para os efeitos do artigo 1º da Lei nº 8.009,

de 1990, sujeitando-se à penhora. Recurso especial conhecido e provido.

(Recurso Especial 32.284 - RS - (93.4167-3) - Rel.: O Exmº Sr. Min.

Ari Pargendler. Recte.: Estado do Rio Grande do Sul. Recdos.: Sérgio Luiz

Cervi e outros. 2ª Turma, STJ - 23-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.471.

EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA EM DINHEIRO

A penhora em dinheiro supõe a disponibilidade deste, não se

confundindo com a penhora do faturamento que exige nomeação de

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 115

administrador na forma do artigo 719 do Código de Processo Civil. Recurso

especial não conhecido.

(Recurso Especial 24.030 - São Paulo - (92.16234-7) - Rel.: O Exmº

Sr. Min. Ari Pargendler. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.:

Madepar Indústria e Comércio de Madeiras Ltda. 2ª Turma, STJ - 18-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.686.

EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA - EXECUTADO REGULARMENTE INTIMADO -

PUBLICAÇÃO - DISPENSA

“Processual Civil. Execução fiscal. Intimação da penhora. Desde que

o executado seja regularmente intimado da penhora fica dispensada a

publicação de que trata o art. 12 da Lei nº 6.830/80. Recurso improvido.

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 70.259-RS - Rel. Min. César Asfor

Rocha - j. 13.12.95 - Recte.: Ferragem Santa Maria S/A Comercial e

Importadora; Recdo.: Estado do Rio Grande do Sul - DJU 1 11.03.96, p.

6.577 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9829 - MAIO/1996 - Págs.

224/223.

EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA SOBRE FATURAMENTO - LEGALIDADE

“Execução Fiscal. ICMS. Penhora sobre o faturamento da executada.

Legalidade da medida. Recurso improvido.”

(Ac. un. da 1ª C. de Direito Público do TJ SP - Ag. 004.669-5/0 -

Rel. Des. Ruy Coppola - j. 26.03.96 - Agte.: Lunetier - Indústria e

Comércio Ltda.; Agda.: Fazenda do Estado de São Paulo - DJ SP 1

04.04.96, p. 31 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9878 - JUNHO/1996 - Pág.

246.

EXECUÇÃO FISCAL - REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO - PRESCRIÇÃO

A ordem de citação da pessoa jurídica interrompe a prescrição em

relação ao sócio quando se lhe imputa a responsabilidade solidária pelo

débito (CTN, art. 125, III). Recurso especial não conhecido pela letra

“a”, conhecido, mas improvido pela letra “c”.

(Recurso Especial 34.461 - São Paulo - (93.11404-2) - Rel.: O Exmº

Sr. Min. Ari Pargendler. Recte.: Edison Andreotti Domingos. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. Interessado: Estametal S/A Estamparias de

Metais. 2ª Turma, STJ - 23-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.472.

EXECUÇÃO FISCAL - REQUISIÇÃO JUDICIAL DE CÓPIA DE DECLARAÇÃO DE

BENS - OFÍCIO À RECEITA FEDERAL - CABIMENTO

“Processual civil. Execução. Expedição de ofício à Receita Federal

para obtenção de informações sigilosas. Cabimento. I - Configura-se

legítima a requisição judicial de cópias da declaração de bens,

apresentada pelos executados juntamente com sua declaração para fins de

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 116

imposto de renda, eis que constitui-se na única forma da agravante

propiciar o prosseguimento da execução subjacente, não se podendo olvidar

que tais informações estão protegidas pelo sigilo fiscal. Aplicação do

art. 198 e parágrafo único, do CTN. II - Agravo provido para determinar a

expedição da pretendida requisição junto à Delegacia da Receita Federal

competente.”

(Ac. un. da 1ª T. do TRF da 3ª R. - Ag. 95.03.080621-6/SP/30703 -

Rel. Juiz Theotônio Costa - j. 12.12.95 - Agte.: INSS; Agdo.: José Lameu

de Santana Filho - DJU 2 12.03.96, pp. 14.230/1 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9828 - MAIO/96 - Pág.

223.

EXECUÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUBSTITUIÇÃO -

SÓCIO-GERENTE - NÃO RECOLHIMENTO DE DÍVIDA FISCAL; CERTIDÃO DE

DÍVIDA ATIVA - AUSÊNCIA DO NOME - IRRELEVÂNCIA

“Tributário - Execução Fiscal - Penhora de Bens - Responsabilidade

do Sócio - Artigos 135 e 136, CTN. 1. O sócio responsável pela

administração e gerência de sociedade limitada, por substituição, é

objetivamente responsável pela dívida fiscal, contemporânea ao seu

gerenciamento ou administração, constituindo violação à lei o não

recolhimento de dívida fiscal regularmente constituída e inscrita. Não

exclui a sua responsabilidade o fato do seu nome não constar na certidão

de dívida ativa. 2. Multiplicidade de precedentes jurisprudenciais

(STF/STJ). 3. Recurso improvido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 63.257-9 - SP - Rel. Min. Milton

Luiz Pereira - j. 15.12.95 - Recte.: Supertap S/A Ferramentas de

Precisão; Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo - DJU 1 11.03.96, pp.

6.571/2 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9827 - MAIO/1996 - Pág.

223.

EXTINÇÃO DA EMPRESA - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS-

GERENTES

No sistema jurídico-tributário vigente, o sócio gerente é

responsável - por substituição - pelas obrigações tributárias resultantes

de atos praticados com infração à lei ou cláusulas do contrato social

(CTN, art. 135). - Obrigação essencial a todo administrador é a

observância do pagamento dos tributos, no prazo consignado na legislação

pertinente. Em se cuidando, no caso, de débito relativo a ICMS, é de

presumir que os gerentes da empresa, embora tenham recebido dos

consumidores finais esse imposto, nas operações realizadas, retardaram o

recolhimento aos cofres da Fazenda, com evidente infração à lei,

porquanto a sonegação de tributo constitui crime tipificado em legislação

específica. - É jurisprudência assente na Corte que as pessoas enumeradas

no art. 135, III, do CTN, são sujeitos passivos da obrigação tributária

(por substituição), podendo ser citados, com a penhora de seus bens,

ainda que os seus nomes não constem no respectivo título extrajudicial. -

Recurso provido. Decisão unânime.

(Recurso Especial nº 68.408-0/RS (95.0031020-1) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Estado do Rio Grande do Sul. Recda.:

Indústrias de Esponjas de Aço Ltda. - INEAÇO. 1ª Turma, STJ - 23-05-96).

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 117

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 24-06-96 - Pág. 22.736.

FALÊNCIA - FAZENDA PÚBLICA - INTERESSE

Não há empeço legal a que a Fazenda Pública requeira a falência de

seu devedor. A Lei de Quebras somente exclui o credor com garantia real,

nos termos do art. 9º, III, “b”. Direito real de garantia e privilégio

creditório não se confundem. Recurso conhecido e provido.

(Recurso Especial nº 10660-0 - Minas Gerais - 91.0008532-4 - Rel.:

Exmº Sr. Min. Costa Leite. Recte.: Fazenda Pública do Estado de Minas

Gerais. Recdo.: Tatico Supermercado Ltda. 3ª Turma, STJ - 22-12-95).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 10-06-96 - Pág. 20.319.

“HABEAS CORPUS”

Lei posterior que outorga eficácia extintiva da punibilidade de

crime ao pagamento de tributo se anterior ao recebimento da denúncia não

se aplica retroativamente a pagamento que, feito anteriormente à sua

entrada em vigor, só o foi depois do recebimento da denúncia. Precedente

do S.T.F.: HC 70.641. “Habeas corpus” indeferido.

(Habeas Corpus n. 72.857-0 - Origem: Rio Grande do Sul. Rel.: Min.

Moreira Alves. Pacte.: Hassan Baja. Impte.: Geraldino Rosa dos Santos.

Coator: Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Decisão: A Turma

indeferiu o pedido de habeas corpus. Unânime. 1ª Turma, 28.11.95 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 21-06-96 - Pág. 22.292.

“HABEAS CORPUS” - AÇÃO PENAL - TRANCAMENTO - OMISSÃO NO

RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS - AUSÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL -

CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA

O inquérito policial, procedimento de natureza puramente

informativa, não é peça indispensável à promoção da ação penal, exigindo-

se tão-somente que a denúncia seja embasada em elementos demonstrativos

da existência do fato criminoso e de indícios de sua autoria. - Em tema

de crime de sonegação de tributos, a responsabilidade, em tese, é dos

dirigentes da empresa, não se exigindo na peça acusatória inicial a

precisa individualização da conduta dos agentes, remetendo-se para a

instrução criminal a apuração completa da culpa, o que não acarreta

ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. - Recurso

desprovido.

(Recurso de Habeas-Corpus 5.094/RS - (Reg. 95.0063496-1) - Rel.:

Exmº Sr. Min. Vicente Leal. Rectes.: Cláudio Francisco Coelho e outro.

Recdo.: Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Pacientes: Cláudio

Francisco Coelho / Elizabeth Coelho. 6ª Turma, STJ - 11-12-95).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-04-96 - Pág. 16.742.

ICM - ALÍQUOTA DIFERENCIADA

ICM que decorre de alíquota diferenciada: o crédito na operação

seguinte só pode corresponder ao “quantum” recolhido. Impossibilidade,

assim, de o contribuinte creditar-se de ICM correspondente à diferença de

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 118

alíquotas relacionadas com operações interestaduais. - R.E. indeferido.

Agravo não provido.

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 153.951-9 - Origem:

Rio Grande do Sul. Rel.: Min. Carlos Velloso. Agte.: Arcal S/A Indústria

do Vestuário e Agropecuária. Agdo.: Estado do Rio Grande do Sul. Decisão:

Por unanimidade, a Turma negou provimento ao agravo regimental. 2ª Turma,

02-04-96 - STF).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 24-05-96 - Págs. 17.415/17.416.

ICMS - ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO - POSSIBILIDADE - LEI ESTADUAL

Não há qualquer ilegalidade no ato legislativo estadual que

antecipa a data do pagamento do ICMS. A fixação de prazo para solver

obrigação tributária não é matéria reservada à lei. Não está, assim,

caracterizada qualquer vinculação ao princípio da legalidade tributária.

- O prazo para pagamento do tributo é um dos elementos componentes da

obrigação tributária. - Recurso improvido.

(Recurso Especial nº 87.828/SP - (96/0008575-7) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. José Delgado. Rectes.: Sayerlack Indústria Brasileira de Vernizes

S/A e outros. Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 27-

05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.457.

ICM - BASE DE CÁLCULO - DEFLAÇÃO DO VALOR DA MERCADORIA - DECRETO-

LEI 2.284/86

O ICM é calculado à base do valor da mercadoria na data da

respectiva saída do estabelecimento do contribuinte, nada importando que

esse valor tenha sido mais tarde deflacionado. Recurso especial não

conhecido.

(Recurso Especial 21.649 - São Paulo - (92.10128-3) - Rel.: O Exmº

Sr. Min. Ari Pargendler. Recte.: Indústrias C. Fabrini S/A. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. 2ª Turma, STJ - 14-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 15-04-96 - Pág. 11.507.

ICMS - BASE DE CÁLCULO - PREÇO PAGO A PRAZO - VALOR DA OPERAÇÃO

Na forma disciplinada pelo art. 2º, I, do DL 406/68, a base de

cálculo do ICMS deve ser o valor da operação da mercadoria, em

decorrência do negócio jurídico firmado, no momento de sua saída do

estabelecimento do comerciante. - Se a mercadoria, por ter sido vendida

por preço ajustado para pagamento a prazo, teve o referido valor

acrescido para embutir a correção monetária futura e os ônus decorrentes

da transação, a base de cálculo sobre a qual incidirá o ICMS será o

quantum alcançado no momento em que saiu do estabelecimento comercial. -

A aplicação da correção monetária sobre a base de cálculo, critério

adotado na transação para não desvalorizar o capital empregado pelo

comerciante, não implica em majoração do tributo. Este há de ser cobrado

sobre uma realidade patrimonial, no caso, o verdadeiro valor que alcançar

a mercadoria no momento de sua saída da casa comercial ou industrial. -

Recurso improvido.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 119

(Recurso Especial nº 87.805 - SP - (96.0008523-4) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. José Delgado. Recte.: Dierberger Óleos Essenciais S/A. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 29-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Págs. 11.224/1l.225.

ICMS - BASE DE CÁLCULO - VENDAS COM CARTÃO DE CRÉDITO - ENCARGOS DO

FINANCIAMENTO - EXCLUSÃO

“Tributário. ICMS. Base de cálculo. Vendas com cartão de crédito.

Exclusão dos encargos relativos ao financiamento. Operação distinta da

que enseja a cobrança do imposto em tela. - Consoante proclamado em

precedentes da egrégia Primeira Turma, não se incluem na base de cálculo

do ICMS, nas compras efetuadas com cartão de crédito, os encargos

referentes ao financiamento do preço. - Recurso provido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 67.947-MG - Rel. Min. César Asfor

Rocha - j. 13.12.95 - Recte.: Globex Utilidades S/A; Recda.: Fazenda

Pública do Estado de Minas Gerais - DJU 1 25.03.96, p. 8.550 - ementa

oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9826 - MAIO/1996 - Pág.

223.

ICMS - CONTRIBUINTE - SEGURADORA - VENDA DE BENS SALVADOS DE

SINISTROS - INCIDÊNCIA - SÚMULA

“Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o

ICMS. Decreto-lei nº 406, de 31.12.68, art. 6º, § 1º, I. Decreto nº

17.727, de 25.09.81, arts. 453 e 464. EREsp. 45.911-SP (1ª S. 13.06.95 -

DJ 11.09.95); REsp. 45.911-SP (1ª T. 01.06.94 - DJ 27.06.94); REsp.

43.689-RJ (1ª T. 19.10.94 - DJ 07.11.94); REsp. 30.973-RJ (2ª T. 04.09.95

- DJ 30.10.95)”.

(Súmula da jurisprudência predominante nº 152, aprovada pela Primeira

Seção do Superior Tribunal de Justiça - DJU 1 29.03.96, p. 9.543).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9686 - ABRIL/1996 - Pág.

151.

ICMS - CRÉDITO LANÇADO E DECORRENTE DE EMPRESA INIDÔNEA - PROVA

SUFICIENTE PARA RESGUARDAR OS INTERESSES EM LITÍGIO - AUSÊNCIA DE

CERCEAMENTO DE DEFESA

A empresa que negocia com empresa inidônea, isto é, que teve a sua

matrícula fiscal cancelada, não pode se creditar do ICMS decorrente da

mencionada transação. - Não há cerceamento de defesa quando a decisão

entende que a prova depositada em juízo é suficiente para o deslinde da

questão e não se demonstra a imprescindibilidade da pretensão não

deferida. - O contribuinte, ao firmar negócio jurídico com pessoa que não

está habilitada a exercer o comércio e, consequentemente, impedida de

expedir nota fiscal, comete ato não provocador de direito ao crédito do

ICMS. - Recurso conhecido e improvido.

(Recurso Especial nº 78.637 - SP - (95.0056960-4) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. José Delgado. Recte.: Petricouros Comércio de Couros em Geral

Ltda. Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 06-05-96).

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 120

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.210.

ICMS - CRÉDITO DE PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS EMPREGADOS NO PROCESSO DE

INDUSTRIALIZAÇÃO - MATÉRIA FÁTICA CONSOLIDADA NO ACÓRDÃO

O auto-lançamento efetuado pelo contribuinte, ao se creditar de

ICMS, tardiamente, por produtos por ele considerados intermediários e

integrados do processo de industrialização do bem que fabrica e

comercializa, pode ser contestado pelo fisco, em sede de ação

declaratória, quando se pretende tornar reconhecida e legítima tal

relação jurídica, sob a forma indireta de se conseguir correção monetária

sobre as parcelas creditadas. - Assentado nas decisões de primeiro e

segundo graus que as mercadorias adquiridas pelo contribuinte (óleo

combustível, ferramentas, peças e acessórios de máquinas, tintas, enfim,

diversos produtos que, absolutamente, como no caso em exame) não se

integram ao produto final fabricado, torna-se sem amparo legal o auto-

lançamento de crédito de ICMS feito, a respeito, pelo contribuinte. -

Longe da proteção do princípio da legalidade o referido creditamento,

impossível gerar efeito para produzir direito à correção monetária, sob

argumento de ter sido feito tardiamente. - Sublimação da questão probante

soberanamente confirmada pelo segundo grau. - Recurso conhecido e

improvido.

(Recurso Especial nº 80.144-SP - (95/0061051-5) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. José Delgado. Recte.: Refinadora de Óleos Brasil Ltda. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 02-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.211.

ICM - DIFERIMENTO

O ICM é imposto multifásico que reparte a carga tributária entre as

diversas fases do ciclo de produção e comercialização; essa regra cede

nas hipóteses de diferimento, em que o tributo deixa de ser cobrado numa

operação para ser exigido na seguinte, cumulativamente. Recurso especial

não conhecido.

(Recurso Especial 35.655 - SP - (93.15625-0) - Rel.: O Exmº Sr.

Min. Ari Pargendler. Recte.: Antônio Minatel. Recda.: Fazenda do Estado

de São Paulo. 2ª Turma, STJ - 03-06-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 24-06-96 - Pág. 22.746.

ICMS - IMPORTAÇÃO DE AERONAVE PARA USO PRÓPRIO - PESSOA FÍSICA -

INCIDÊNCIA - SÚMULA

“‘O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para

uso próprio’. Referência - Constituição Federal, art. 155, parág. 2º, IX,

‘a’. Decreto-lei nº 406, de 31.12.68, art. 6º. Convênio 66, de 14.12.88,

arts. 2º, I, 21, parágrafo único, I, e 27, I, ‘d’. REsp. 37.648-SP (1ª T.

22.09.93 - DJ 11.10.93); REsp. 30.655-SP (1ª T. 19.09.94 - DJ 10.10.94);

REsp. 53.569-SP (1ª T. 09.11.94 - DJ 05.12.94); REsp. 21.559-SP (2ª T.

09.02.94 - DJ 14.03.94).”

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 121

(Súmula da Jurisprudência predominante nº 155, aprovada pela

Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - DJU 1 29.03.96, p.

9.546).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9733 - ABRIL/1996 - Pág.

179.

ICMS - IMPORTAÇÃO DE AUTOMÓVEL - USO PRÓPRIO DA PESSOA FÍSICA -

SUJEITO PASSIVO - LOCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR

“Tributário - ICMS - Importação de Automóvel para Uso Próprio -

Decreto-Lei nº 406/68 - Lei Estadual nº 6.374/89 - Convênio 66/88. 1. Na

importação de automóvel para uso próprio sujeito passivo da obrigação

fiscal é a pessoa física que realizou a operação de importação

(adquirente). O local da operação ou da ocorrência do fato gerador,

tipificado quando do recebimento do bem, é o do domicílio do importador.

2. Precedentes versando a mesma questão jurídica, embora pertencentes à

importação de aeronave para uso próprio. 3. Recurso improvido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 64.168-3-SP - Rel. Min. Milton

Luiz Pereira - j. 13.12.95 - Recte.: Jacob Leibovicius; Recda.: Fazenda

do Estado de São Paulo - DJU 1 18.03.96, p. 7.525 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9786 - MAIO/1996 - Pág.

203.

ICMS - INCIDÊNCIA - OURO EM BARRA OU LINGOTE - INDUSTRIALIZAÇÃO -

D.L. Nº 1038/69, ART. 2º, § 5º

O ouro, transformado em lingotes ou barras, mediante processo

metalúrgico de fundição que não altera sua identidade química, passa a

integrar o elenco de produtos industrializados, subordinando-se à

competência tributária do Estado e, por conseguinte, ao ICMS. - Recurso

não conhecido.

(Recurso Especial nº 841-0 - PR - (89/0010250-8) - Rel.: Exmo. Sr.

Min. Peçanha Martins. Recte.: Ouropar Distribuidora Paranaense de Metais

Ltda. Recdo.: Estado do Paraná. 2ª Turma, STJ - 21-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 29-04-96 - Pág. 13.401.

ICM - ISENÇÃO - INTERPRETAÇÃO

A regra de isenção deve ser interpretada restritivamente, só

alcançando as pessoas nela nominadas (CTN, artigo 111, II); a semelhança,

portanto, não é suficiente para o reconhecimento do favor fiscal. Recurso

especial conhecido e provido.

(Recurso Especial 21.225 - SP - (92.9221-7) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. Ari Pargendler. Recte.: Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.:

Jockey Club de São Paulo. 2ª Turma, STJ - 25-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.685.

ICM - MERCADORIA DESTINADA À EXPORTAÇÃO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO -

TRANSFERÊNCIA - MATÉRIA-PRIMA EM ESTOQUE

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 122

A transferência de créditos, permitida na Cláusula 2ª do Convênio

AE Nº 07/71, somente é possível após consumada a exportação. A simples

estocagem de material não basta.

(Recurso Especial nº 14.972 - RS - (91/0019729-7) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. Humberto Gomes de Barros. Recte.: Estado do Rio Grande do Sul.

Recdo.: J. A. Wirth e Cia. Ltda. 1ª Turma, STJ - 04-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 08-04-96 - Pág. 10.443.

ICMS - MERCADORIA IMPORTADA - RECOLHIMENTO PELO SISTEMA DE GUIA

ESPECIAL (DECRETO 33.118/91) - INOCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE

Inexiste ilegalidade na fixação do prazo para o pagamento do ICMS,

de que trata o Decreto 33.118/91, porquanto tal prazo de recolhimento não

se encontra ínsito no princípio da legalidade, previsto no artigo 97 do

CTN. É pacífico, no âmbito desta Corte, o entendimento no sentido de que

é legal a fixação do prazo de cinco (5) dias, por Decreto, para o

recolhimento do ICMS, em seguida à entrada da mercadoria no

estabelecimento do importador. - Recurso a que se nega provimento, sem

discrepância.

(Recurso Especial nº 87.924/SP - (96.0008771-7) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Inylbra S.A. Tapetes e Veludos. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 23-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.458.

ICM - OPERAÇÕES INTERESTADUAIS - ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS - EMENDA

23/83 - CTN, ARTS. 97 E 175, I

Não é admissível o creditamento do valor do ICM correspondente ao

diferencial das alíquotas, que não se confunde com isenção parcial.

Outrossim, não ocorre a quebra do princípio da não cumulatividade do ICM.

- Precedentes da jurisprudência. - Recurso provido.

(Recurso Especial nº 65.926-4 - Santa Catarina - (95.0023323-1) -

Rel.: O Sr. Min. Milton Luiz Pereira. Recte.: Estado de Santa Catarina.

Recda.: Davi Indústria Mecânica Ltda. 1ª Turma, STJ - 18-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 22-04-96 - Págs. 12.534/12.535.

ICMS - OPERAÇÕES INTERESTADUAIS - REMESSA DE PETRÓLEO E SEUS

DERIVADOS - CONSUMIDOR FINAL - INCIDÊNCIA

“Tributário. ICMS - Operações interestaduais - Remessa de petróleo

e seus derivados - Consumidor final - Incidência. Incide o ICMS nas

operações interestaduais envolvendo derivados de petróleo, se o

destinatário for o consumidor final.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 78.879/RS - Rel. Min. Humberto

Gomes de Barros - j. 23.11.95 - Recte.: Estado do Rio Grande do Sul;

Recda.: Ingrax Indústria e Comércio de Graxas Ltda. - DJU 1 04.03.96, p.

5.389 - ementa oficial).

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 123

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9732 - ABRIL/1996 - Pág.

179.

ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE - PEÇAS E ACESSÓRIOS -

MOENDA QUE FABRICA ÁLCOOL E AÇÚCAR - ÍNDICE ADOTADO (IPC) PARA

JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28%

A dedução do ICMS pago anteriormente só poderá ocorrer se se tratar

de insumos que se incorporarem ao produto final ou, não se incorporando,

são consumidos no curso de processo de industrialização, de forma

imediata e integral. - Peças e acessórios da máquina moedora de cana-de-

açúcar empregados para fabricar açúcar e álcool. Inexistência do direito

ao crédito do ICMS. - O índice IPC para o mês de janeiro de 89 é 42,72% e

não 70,28%.

(Recurso Especial nº 84.808 - SP - (96/0000506-0) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. José Delgado. Recte.: Usina Santa Bárbara S/A Açúcar e Álcool.

Recda.: Fazenda do Estado de São Paulo. 1ª Turma, STJ - 18-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-05-96 - Pág. 16.679.

ICMS - PRODUTOS SEMI-ELABORADOS - SUBSTITUIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR

POR CONVÊNIO - INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS -

MATÉRIA DO ÂMBITO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

“Constitucional e tributário. ICMS - Produtos semi-elaborados -

Substituição de Lei Complementar por Convênio - Interpretação do art.

155, § 2º, inciso I, alínea ‘B’, incisos X e XII da Constituição Federal

e art. 34, § 8º do ADCT. - A interpretação dos dispositivos

constitucionais, esclarecendo a competência dos Estados Federados para

elaborar convênio substitutivo de lei complementar definidora dos

produtos semi-elaborados, sujeitos à incidência do ICMS, é matéria do

âmbito do recurso extraordinário. - Recurso não conhecido.”

(Ac. un. da 2ª T. do STJ - REsp. 30.228-RS - Rel. Min. Peçanha

Martins - j. 06.12.95 - Recte.: Industrial Arte Técnica S/A; Recdo.:

Estado do Rio Grande do Sul - DJU 1 26.02.96, p. 3.983 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9685 - ABRIL/1996 - Pág.

151.

IMPENHORABILIDADE - LEI 8.009/90

Referindo-se a lei a imóvel destinado a residência do casal ou da

entidade familiar, não abrange o que seja ocupado apenas pelo devedor.

(Recurso Especial nº 57.391-2 - SP - (94.0036465-2) - Rel.: O Sr.

Min. Eduardo Ribeiro. Recte.: Avedis Karabachian. Recdo.: Francisco

Tambelli Filho. 3ª Turma, STJ - 21-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 17-06-96 - Pág. 21.485.

INVENTÁRIO E PARTILHA - DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS CÁLCULOS DE

LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 124

Cabe agravo de instrumento, e não apelação, da decisão que, em

autos de inventário e partilha, homologa os cálculos de liquidação do

imposto de transmissão mortis causa. - Recurso especial conhecido, mas

desprovido.

(Recurso Especial nº 34.895-3- PE (93.0012938-4) - Rel.: Sr. Min.

Antônio de Pádua Ribeiro. Recte.: Estado de Pernambuco. Recda.: Madalena

Maria Rodrigues. 2ª Turma, STJ - 21-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 08-04-96 - Pág. 10.463.

LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - MEDIDA LIMINAR

No lançamento por homologação, o contribuinte verifica a ocorrência

do fato gerador, apura o tributo devido e recolhe o montante

correspondente, sem qualquer interferência da Fazenda Pública, cujo prazo

para conferir a exatidão desse procedimento inicia na data da antecipação

do pagamento (CTN, art. 150, § 4°). A medida liminar que impede o Fisco,

ainda no prazo assinado para a constituição do crédito tributário, de

revisar essa modalidade de lançamento, desvirtua o sistema legal, o qual

legitima o procedimento fiscal ensejando ao contribuinte a mais ampla

defesa. Nessa linha, o acórdão recorrido deve ser mantido pela sua

conclusão, mas exclusivamente por essa motivação, e não por aquela que

desbordou dos limites da lide, decidindo desde logo matéria ainda não

examinada pelo MM. Juiz Federal. Recurso ordinário improvido.

(Recurso em Mandado de Segurança 6.511 - DF (95.65406-7) - Rel.: O

Exmº Sr. Min. Ari Pargendler. Recte.: Construtora Villela e Carvalho

Ltda. Recda.: Fazenda Nacional. T. Origem: Tribunal Regional Federal da

1ª Região. Impdo.: Juízo Federal da 15ª Vara da Seção Judiciária de

Brasília-DF. 2ª Turma, STJ - 14-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 15-04-96 - Pág. 11.506.

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - CÁLCULO - CORREÇÃO MONETÁRIA - DECISÃO QUE

CONSIDEROU LEGÍTIMA A APLICAÇÃO DA TR - IRRESIGNAÇÃO APENAS DE UMA

DAS PARTES, QUE SE INSURGE CONTRA A CORREÇÃO - RECURSO NÃO

CONHECIDO

Não se prestando a TR a atualizar a dívida, seria aplicável o

índice do IPC. - Diante, porém, do conformismo do credor, resta incólume

a decisão, porque incidente a correção sobre débitos resultantes de

condenação judicial.

(Recurso Especial nº 45.435 - SP - Reg. nº 94/0007410-7 - Rel.: Sr.

Min. Hélio Mosimann. Recte.: Metal Leve S/A Indústria e Comércio. Recda.:

Fazenda do Estado de São Paulo. 2ª Turma, STJ - 25-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 13-05-96 - Pág. 15.543.

MANDADO DE SEGURANÇA - ANTECIPAÇÃO DE DEFESA CONTRA EXECUÇÃO FISCAL

- MEIO INÁBIL

“Processual civil. Mandado de Segurança. Não é o meio próprio para

antecipar defesa contra execução fiscal, suprimindo um grau de

jurisdição, sem qualquer garantia do Juízo. Inexistente, nos autos, prova

pré-constituída, de natureza documental, dos fatos alegados, não há

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 125

direito líquido e certo a ser protegido. Mandado de Segurança que se

denega.”

(Ac. un. da 3ª T. do TRF da 2ª R. - MS 90.02.23049-4/RJ - Rel. Juiz

Arnaldo Lima - j. 24.10.95 - Imptes.: Melchisedech Afonso de Carvalho e

s/m; Impdo.: Juízo Federal da 15ª Vara-RJ - DJU 2 13.02.96, p. 6.707 -

ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9860 - JUNHO/1996 - Pág.

240.

MANDADO DE SEGURANÇA - AUTORIDADE COATORA - ERRO NA INDICAÇÃO -

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - LANÇAMENTO FISCAL -

ATO CONCRETO - IMINÊNCIA DE LANÇAMENTO FISCAL - AUTORIDADE COATORA

- SUBSTITUIÇÃO PELA DE NÍVEL HIERARQUICAMENTE SUPERIOR

Havendo lançamento fiscal, o mandado de segurança deve ser

impetrado contra ato da autoridade administrativa competente para decidir

a impugnação do sujeito passivo da obrigação tributária. - Por simetria,

também essa é a autoridade que deve ser indicada como coatora quando o

mandado de segurança é impetrado preventivamente, para evitar o

lançamento fiscal. - A substituição da autoridade coatora pela que lhe é

hierarquicamente superior só se dá por iniciativa desta, quando, nas

hipóteses em que pode fazê-lo, assume a responsabilidade pelo ato

impugnado; fora daí, a definição da autoridade coatora está vinculada à

respectiva responsabilidade funcional, medida pela competência que lhe

foi administrativamente atribuída. Recurso especial conhecido e provido.

(Recurso Especial 86.556 - RJ - (96.5121-6) - Rel.: O Exmº Sr. Min.

Ari Pargendler. Recte.: Município do Rio de Janeiro. Recda.: Casas

Sendas Comércio e Indústria S/A. 2ª Turma, STJ - 18-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.697.

MANDADO DE SEGURANÇA - COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS - LEI Nº 8.383/91 -

CRÉDITO TRIBUTÁRIO - NECESSIDADE DE CIRCUNSTANCIADO EXAME E DE

LIQUIDEZ E CERTEZA

“Mandado de Segurança - Processual Civil - Compensação de Tributos

- Liminar - Lei nº 8.383/91. 1. A natureza provisória da decisão liminar,

constituída com base em cognição incompleta, não pode contemplar a

compensação de tributos, pretensão dependente de circunstanciado exame,

inclusive no tocante à certeza e liquidez do crédito postulado. 2.

Multiplicidade de precedentes jurisprudenciais, 3. Recurso provido.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - RMS 6.099-PE - Rel. Min. Milton Luiz

Pereira - j. 22.11.95 - Recte.: Fazenda Nacional; Recda.: Indústrias

Alimentícias Patamute Ltda. - DJU 1 26.02.96, p. 3.936 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9673 - ABRIL/1996 - Pág.

148.

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL - EFEITO SUSPENSIVO A

RECURSO - LEI Nº 9.139/95 - CONSEQÜÊNCIA

“Agravo Regimental. Antecipação da tutela jurisdicional. Depósito

judicial. Lei 9.139/95. - Considerando que a Lei 9.139/95 permite ao

Relator suspender os efeitos da decisão agravada, é de entender que se

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 126

objetivou eliminar a impetração de mandado de segurança contra ato

judicial com o fim de atribuir efeito suspensivo a recurso recebido

apenas no efeito devolutivo. - Decisão que não se reveste de flagrante

ilegalidade. - Agravo Regimental improvido.”

(Ac. un. do TRF da 5ª R.-Pleno - AgRg no MS 53.126-CE - Rel. Juiz

Castro Meira - j. 13.03.96 - Agte.: União Federal; Agdo.: despacho de

fls. 30 - DJU 2 12.04.96, p. 23.777 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9907 - JUNHO/1996 - Pág.

268.

MANDADO DE SEGURANÇA - EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO DE INSTRUMENTO -

SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 9.139/95 - NÃO-CABIMENTO

“Processual civil. Mandado de Segurança para atribuir efeito

suspensivo a Agravo de Instrumento. Incabimento após o advento da Lei nº

9.139/95. O uso moderado do mandado de segurança para atribuir efeito

suspensivo a agravo de instrumento levou o Congresso Nacional a editar a

Lei nº 9.139 de 30 de novembro de 1995, acarretando profundas alterações

no Código de Processo Civil, dentre as quais a interposição do agravo

diretamente junto ao Tribunal e a possibilidade do próprio relator

atribuir efeito suspensivo ao recurso. A partir da vigência da referida

norma, torna-se incabível a impetração cujo objetivo seja, tão somente

atribuir efeito suspensivo a um recurso que já o possui. Indeferimento da

petição inicial.”

(Ac. do TRF da 5ª Região-Pleno - mv - MS 53.136-PE - Rel. Juiz

Ridalvo Costa - j. 14.02.96 - Impte.: INCRA Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária; Impdo.: Juízo Federal da 2ª Vara - PE -

DJU 2 15.03.96, p. 16.013 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9771 - MAIO/1996 - Pág.

198.

MANDADO DE SEGURANÇA - EXAÇÃO TRIBUTÁRIA - PORTARIA NORMATIVA -

PEDIDO DIRIGIDO AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA - ENCERRAMENTO DO PROCESSO

SEM JULGAMENTO DO MÉRITO

O Mandado de Segurança serve para atacar ato administrativo que

agride direito individual, não a norma em que este procura arrimo. -

Quando se cuida em evitar a cobrança de tributo, a Ordem de Segurança

deve ser dirigida ao agente arrecadador, não ao órgão que fixou as regras

da exação. - Se o Impetrante pede ao Tribunal de Justiça, Mandado de

Segurança contra Portaria de Secretário de Estado que estabeleceu regras

de lançamento do tributo, impõe-se o encerramento do processo, sem

julgamento do mérito.

(Recurso em Mandado de Segurança nº 6.521/SP - (95/0065950-6) -

Rel.: O Exmo. Sr. Min. Humberto Gomes de Barros. Rectes.: Dionízio

Ferreira e outros. T. Origem: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Impdo.: Secretário de Fazenda do Estado de São Paulo. Recdo.: Estado de

São Paulo (Fazenda Estadual). 1ª Turma, STJ - 13-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 10-06-96 - Pág. 20.278.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 127

MANDADO DE SEGURANÇA - LEI EM TESE - ATO NORMATIVO QUE DISCIPLINOU

O TRANSPORTE DE GADO E SUA EXPOSIÇÃO EM LEILÃO - IMPOSSIBILIDADE

(SÚMULA 266/STF)

Na ação de Mandado de Segurança, o Judiciário aprecia, diretamente,

a qualidade jurídica do ato que agride o direito do Impetrante. A

legalidade ou constitucionalidade da norma em que este se fomenta,

somente pode ser objeto de declaração incidente. - A Jurisprudência

assentou-se, no sentido de que não se concede Mandado de Segurança contra

lei em tese (Súmula 266 do Supremo Tribunal Federal).

(Recurso em Mandado de Segurança nº 6.500/GO - (95/0065394-0) -

Rel.: O Exmo. Sr. Min. Humberto Gomes de Barros. Recte.: C. A. L.

Promoções e Leilões Ltda. T. Origem: Tribunal de Justiça do Estado de

Goiás. Impdo.: Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de

Goiás. Recdo.: Estado de Goiás. 1ª Turma, STJ - 18-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.673.

MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO - SOFTWARE - PROGRAMAS DE COMPUTADOR

- TRIBUTAÇÃO PELO ISS OU PELO ICMS - ATIVIDADE INTELECTUAL OU

MERCADORIA - DISTINÇÃO - INVIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO MANDADO

DE SEGURANÇA PREVENTIVO

Os programas de computação, feitos por empresas em larga escala e

de maneira uniforme, são mercadorias, de livre comercialização no

mercado, passíveis de incidência do ICMS. Já os programas elaborados

especialmente para certo usuário, exprimem verdadeira prestação de

serviços, sujeita ao ISS. - Cumpre distinguir as situações, para efeito

de tributação, aferindo-se a atividade da empresa. Não, porém, através de

mandado de segurança, ainda mais de caráter preventivo, obstando qualquer

autuação futura.

(Recurso em Mandado de Segurança nº 5.934 - Rio de Janeiro - Reg.

nº 95/0032553-5 - Rel.: Sr. Min. Hélio Mosimann. Recte.: Pars Produtos de

Processamento de Dados Ltda. T. Origem: Tribunal de Justiça do Estado do

Rio de Janeiro. Impdo.: Secretário da Fazenda do Estado do Rio de

Janeiro. Recdo.: Estado do Rio de Janeiro. 2ª Turma, STJ - 04-03-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 01-04-96 - Pág. 9.892.

MEDIDA CAUTELAR - EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL -

DESCABIMENTO

“Processual Civil. Medida cautelar. Efeito suspensivo a Recurso

Especial. Descabimento. Somente em condições excepcionais, inocorrentes

na espécie, pode ser concedida medida cautelar para emprestar efeito

suspensivo a recurso que não o tenha. Medida cautelar julgada

improcedente.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - Medida Cautelar nº 246-PR - Rel. Min.

César Asfor Rocha - j. 05.02.96 - Reqtes.: Aurélio Zamarian e outros;

Reqdo.: Município de Sertaneja - DJU 1 1º.04.96, pp. 9.876/7 - ementa

oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/11969 - MAIO/1996 - Pág.

154.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 128

RECURSO DE HABEAS CORPUS - DENÚNCIA - INÉPCIA - CRIME SOCIETÁRIO -

SONEGAÇÃO FISCAL

Denúncia que atribui a responsável pela empresa a prática de

delitos tributários minuciosamente descritos. Se o Ministério Público

atribuiu a todos os acusados a autoria do fato, será aberta a via da

ampla defesa, já que ao acusador caberá provar que cada um dos

denunciados efetivamente praticou a conduto incriminada. Se não o fizer,

em relação a um ou a alguns, a absolvição será a consequência lógica, por

não se admitir em nosso sistema penal condenação sem culpa ou

reponsabilidade objetiva. - Alegação de inépcia da denúncia rejeitada. -

Recurso ordinário improvido.

(Recurso de “Habeas Corpus” nº 5.379 - SP - (96/12971-1) - Rel.: O

Sr. Min. Assis Toledo. Rectes.: Alberto Zacharias Toron e outro. Recdo.:

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Paciente: José Francisco

Rodrigues Troncoso. 5ª Turma, STJ - 16-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 20-05-96 - Pág. 16.722.

RECURSO DE HABEAS CORPUS - SONEGAÇÃO FISCAL - TRANCAMENTO DA AÇÃO

PENAL - FALTA DE JUSTA CAUSA - ALEGAÇÃO

Tratando-se de crime de sonegação fiscal, descabe o pedido de

trancamento da ação penal, por alegada falta de justa causa, vez que a

instauração da ação independe do procedimento de apuração de débitos

tributários, até porque diversos os seus fundamentos. - Precedentes. -

Recurso improvido.

(Recurso de Habeas Corpus Nº 4425-0 - SP - (Reg. 95/0011059-8) -

Rel.: O Exmo. Sr. Min. Anselmo Santiago. Recte.: Romualdo Devito. Recdo.:

Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Paciente: Marcus Vinicius de

Oliveira. 6ª Turma, STJ - 08-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.919.

“REFORMATIO IN PEJUS” EM REMESSA OFICIAL

O instituto da remessa “ex officio” consulta precipuamente o

interesse do Estado ou da pessoa jurídica de direito público interno,

quando sucumbente, para que a lide seja reavaliada por um colegiado e

expurgadas imprecisões ou excessos danosos ao interesse público. - Fere a

proibição de “reformatio in pejus” a decisão que, na remessa de ofício,

agrava a condenação impingida à Fazenda Pública, sabendo-se que o duplo

grau de jurisdição só a ela aproveita. - Se a parte vencedora no primeiro

grau de jurisdição deixou de recorrer, conclui-se que se conformou, “in

totum”, com o julgamento, não se lhe podendo beneficiar mediante um

recurso cujo interesse a tutela não é o seu. - Súmula nº 45-STJ. -

Recurso provido, por unanimidade.

(Recurso Especial nº 80.398/SP - (95.0061699-8) - Rel.: O Sr. Min.

Demócrito Reinaldo. Recte.: Fazenda Nacional. Recdo.: Jaqueta Móveis e

Máquinas Para Escritório Ltda. 1ª Turma, STJ - 22-02-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 08-04-96 - Pág. 10.453.

REMISSÃO - MICROEMPRESA

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 129

A remissão é modalidade de extinção do crédito tributário (CTN,

art. 156, IV), não podendo ser reconhecida fora dos casos previstos em

lei (CTN, art. 141). Hipótese em que a lei estadual cancelou débitos de

pessoas jurídicas que, antes da definição jurídica da microempresa, já

tinham economicamente esse perfil, não aproveitando o benefício a empresa

que, posteriormente, e para esse exclusivo efeito, se transformou em

microempresa; a transformação da pessoa jurídica não é modalidade de

extinção do crédito tributário (CTN, art. 132). Recurso especial não

conhecido.

(Recurso Especial 41.508 - Rio de Janeiro - (93.33961-3) - Rel.: O

Exmº Sr. Min. Ari Pargendler. Recte.: ECODIL - Empresa Comercial de

Matérias-Primas Ltda. Recdo.: Estado do Rio de Janeiro. 2ª Turma, STJ -

02-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.845.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE -

SÓCIO-GERENTE; ICMS - DECADÊNCIA - CTN, ARTS. 173 E 150 - TERMO

INICIAL

“Tributário - Sociedade - Dissolução irregular - Sócio gerente -

Responsabilidade tributária (CTN, art. 135, III) - ICMS - Constituição do

crédito tributário - Decadência - Prazo (CTN Art. 173). I - O sócio

gerente que dissolve a sociedade, irregularmente, sem cumprir as

obrigações tributárias, é responsável pelo respectivo pagamento (CTN Art.

135, III). II - O Art. 173, I do CTN deve ser interpretado em conjunto

com seu Art. 150, § 4º. III - O termo inicial da decadência prevista no

Art. 173, I do CTN não é a data em que ocorreu o fato gerador. IV - A

decadência relativa ao direito de constituir crédito tributário somente

ocorre depois de cinco anos, contados do exercício seguinte àquele em que

se extinguiu o direito potestativo de o Estado rever e homologar o

lançamento (CTN, Art. 150, § 4º). V - Se o fato gerador ocorreu em

outubro de 1974, a decadência opera-se em 1º de janeiro de 1985.”

(Ac. un. da 1ª T. do STJ - REsp. 69.308/SP - Rel. Min. Humberto

Gomes de Barros - j. 04.12.95 - Recte.: Nelson Bifano; Recdo.: Estado de

São Paulo/Fazenda Estadual - DJU 1 04.03.96, pp. 5.363/4 - ementa

oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/9723 - ABRIL/1996 - Pág.

176.

SONEGAÇÃO FISCAL - CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE

Reiterada orientação pretoriana, sobre negar à exigência da

apuração do débito tributário, na instância administrativa, o caráter

condicional de procedibilidade da ação penal por sonegação fiscal. -

Pagamento do tributo. Na vigência da Lei 8.137/90, a exclusão da

punibilidade da sonegação tinha por pressuposto necessário a efetivação

do pagamento antes do recebimento da denúncia.

(Recurso Especial nº 79.393 - DF - (95.0058711-4) - Rel.: O Sr.

Min. José Dantas. Recte.: Ministério Público Federal. Recdo.: Antônio

Carlos Macedo de Carvalho. 5ª Turma, STJ - 07-05-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.268.

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 130

SONEGAÇÃO FISCAL - HABEAS CORPUS - ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA

- TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL

Impossível o trancamento da ação penal, por alegada falta de justa

causa, se os fatos descritos na denúncia, além de constituírem crime, em

tese, dependem de profundo exame de provas, o que não se compadece com o

âmbito estreito do habeas corpus. - Ordem denegada.

(Habeas Corpus nº 3406-6 - RJ - (Reg. 95/0016955-0) - Rel.: O Exmo.

Sr. Min. Anselmo Santiago. Imptes.: Eduardo Vilhena Toledo e outro.

Impda.: Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Pacientes: Edson Luz Santana e Eugênio Nabuco dos Santos Filho. 6ª Turma,

STJ - 12-02-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 27-05-96 - Pág. 17.913.

SONEGAÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDADE PENAL - INDIVIDUALIZAÇÃO DA

CONDUTA; “HABEAS CORPUS” - TRANCAMENTO - MEIO INÁBIL; PARCELAMENTO

DA DÍVIDA - CRIME ANTERIOR À LEI Nº 8.383/91 - EXTINÇÃO DA

PUNIBILIDADE

“Processual Penal. Sonegação fiscal. Sócios-gerentes.

Responsabilidade penal. ‘Habeas-Corpus’. Ação penal. Trancamento.

Inviabilidade. - Em tema de crime de sonegação de tributos, a

responsabilidade, em tese, é dos dirigentes da empresa, não se exigindo

na peça acusatória inicial a precisa individualização da conduta dos

agentes, remetendo-se para a instrução criminal a apuração completa da

culpa, o que não acarreta ofensa aos princípios do contraditório e da

ampla defesa. - No âmbito estreito do ‘habeas corpus’, é inviável a

indagação sobre a presença de dolo na conduta dos denunciados e sobre a

existência de nexo de causalidade a ação dos mesmos e o resultado

criminoso, somente possível por meio de exaustivo exame de provas. -

Formulação de parcelamento de dívida tributária não equivale a pagamento,

não ensejando a extinção da punibilidade do crime fiscal no regime

anterior à edição da Lei nº 8.383/91, que aboliu tal benefício. - Recurso

desprovido.”

(Ac. un. da 6ª T. do STJ - RHC 5.153/SP - Rel. Min. Vicente Leal -

j. 26.02.96 - DJU 1 22.04.96, p. 12.645 - ementa oficial).

IN REPERTÓRIO “IOB” DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/12036 - JUNHO/1996 -

Pág. 181.

TDA - DEPÓSITO PARA SUSPENDER EXIGIBILIDADE DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O depósito em Títulos da Dívida Agrária não suspende a

exigibilidade do crédito tributário. Para tanto, é necessário o depósito

em moeda (CTN Art. 151, II).

(Recurso Especial nº 82.014 - SP (95/0065223-4) - Rel.: O Exmo. Sr.

Min. Humberto Gomes de Barrros. Recte.: União Federal (Fazenda Nacional).

Recdo.: Scorro S/A Indústria e Comércio. 1ª Turma, STJ - 29-04-96).

IN DOU - “DIÁRIO DA JUSTIÇA”, DE 03-06-96 - Pág. 19.213.

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 131

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 132

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 133

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ÍNDICE GERAL

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 134

ÍNDICE GERAL

Pág.

- DOUTRINA:

- CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA NO ÂMBITO DO ICMS - CO-

MENTÁRIOS AOS ARTS. 1º E 2º DA LEI 8.137/90 - Marismar

Cirino Motta ............................................. 9

- O ELEMENTO TEMPORAL DO FATO GERADOR DO - ICMS - INCIDENTE

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 135

SOBRE A IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS POR PESSOA FÍSICA -

Marcelo Lavocat Galvão ................................... 19

- A RESPONSABILIDADE DO ESTADO-JUIZ - Rogério Marinho Leite

Chaves ................................................... 29

- DECISÕES JUDICIAIS:

- RECURSO ESPECIAL - PENAL - SONEGAÇÃO FISCAL - CONDIÇÃO DE

PROCEDIBILIDADE.

- O fato por si só, de haver sido ajuizada ação anulatória

de débito fiscal, precedida de depósito judicial, não

constitui óbice à procedibilidade da ação penal por sone-

gação fiscal se os fatos, tal como descritos na denúncia

revestem-se, em tese, de ilicitude penal.

- Jurisprudência reiterada da Corte.

- Recurso provido para que se prossiga na ação penal. .... 43

- PROCESSUAL PENAL. TRIBUTÁRIO. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL.

I - Nos crimes contra a ordem tributária, definidos no

art. 1º, incisos I e IV, da Lei 8.137, de 27 de dezembro

de 1990, a consumação ocorre com a prestação da declaração

falsa ou uso do documento falso perante as autoridades fa-

zendárias, com o resultado ou efeito de suprimir ou redu-

zir tributo. Na declaração de rendimentos (imposto de

renda), a relação de doações e pagamentos efetuados é de-

sacompanhada de documentos que eventualmente poderão ser

solicitados pelo Fisco.

II - A comprovação da conduta incriminada encontra-se na

declaração de rendimentos devidamente assinada pelo paci-

ente, estando satisfeitas as condições da ação penal, ha-

vendo supedâneo probatório suficiente à instauração da

ação penal.

III - Recurso improvido. ................................. 50

- PENAL. PROCESSUAL. SONEGAÇÃO FISCAL. AUTORIA COLETIVA.

DENÚNCIA. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. INÉPCIA. “HABEAS

CORPUS”. RECURSO.

1. Nos crimes societários ou de autoria coletiva não é

imprescindível que a denúncia descreva a participação in-

dividual de cada acusado.

2. Descrevendo a denúncia crime em tese, havendo, portan-

to, materialidade e autoria, não se fala em inépcia para

trancar Ação Penal por falta de justa causa.

3. Recurso conhecido mas improvido. ...................... 54

- RECURSO DE HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ILÍCITO FIS-

CAL. TRANCAMENTO DE INQUÉRITO. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.

I - A instânccia penal e a administrativa são autônomas,

embora se intercomuniquem.

II - No crime de sonegação fiscal não é indispensável o

prévio exaurimento da via administrativa. Existência de

crime em tese a ser melhor apurado na instrução criminal.

III - Recurso improvido. ................................. 57

- RECURSO EM HABEAS CORPUS - DENÚNCIA SEM INQUÉRITO POLICIAL

- POSSIBILIDADE - CRIME PREVISTO NO ART. 17 DA LEI

7.492/86 - OCORRÊNCIA DE ERRO DE PROIBIÇÃO - TRANCAMENTO

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 136

DA AÇÃO PENAL.

- A falta de inquérito policial não é óbice para o ofere-

cimento da denúncia, se atentarmos para o caráter subsi-

diário desta (CF/88, art. 129, I e VIII e C.P.P., art.

12).

- A tipificação do delito do art. 17 da Lei 7.492, de 16

de junho de 1986, na conduta dos diretores de consórcios,

“emprestando” numerário de seus recursos próprios, só po-

de ocorrer quando haja consciência da prática de tal deli-

to; contrario sensu, estaríamos diante de um “erro sobre

a ilicitude do fato” ou “erro de proibição” de que trata o

art. 21 do C.P., o que afasta a culpabilidade do agente.

- Embora sabido que o “erro de proibição” é matéria que

deve ser comumente analisada juntamente com o mérito, já

que diz respeito à culpabilidade, no entanto, quando ictu

ocoli, exsurge, clara e patente, a falta de ilicitude dos

acusados, em caráter excepcional, dela se pode conhecer,

via remédio heróico.

- Recurso a que se dá provimento para determinar o tranca-

mento da Ação Penal, por falta de justa causa. ........... 60

- CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS-CORPUS SUBSTI-

TUTIVO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DO STJ. CRIME

CONTRA AS ORDENS TRIBUTÁRIA E ECONÔMICA (LEI N. 8.137/90,

ART. 1º, II, E ART. 2º, I). DENÚNCIA ACOIMADA DE INEPTA.

INOCORRÊNCIA. EXEGESE DO ART. 41 DO CPP À LUZ DA CONSTI-

TUIÇÃO, QUE TEM SUAS VISTAS VOLTADAS PARA A MACROCRIMINA-

LIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INVIABILIDADE. ORDEM

DENEGADA.

I - Os pacientes, sócios de uma empresa, estão sendo acu-

sados de terem, entre 1988 e 1992, incluído na contabili-

dade da pessoa jurídica notas fiscais de empresas fantas-

mas, lesando as ordens tributária e econômica (Lei n.

8.137/90, art. 1º, II, e art. 2º, I). Ajuizaram habeas

corpus no TRF da 4ª Região, alegando inépcia da denúncia

por não descrever a atividade criminosa de cada paciente

(CPP, art. 41). Instaram na suspensão dos interrogató-

rios, já marcados.

II - Habeas-corpus substitutivo de recurso ordinário.

Competência do STJ.

III - Não é inepta a denúncia que, nos denominaddos “cri-

mes de autoria coletiva”, descreve, ainda que sem porme-

nores, a atividade dos infratores. A nova ordem constitu-

cional, preocupada com a “grande criminalidade”, oferece

ao juiz elementos exegéticos para uma melhor inteligência

do art. 41 do CPP. Precedentes do STJ e do STF.

IV - Ordem denegada. ..................................... 80

- FALÊNCIA. FAZENDA PÚBLICA. INTERESSE.

Não há empeço legal a que Fazenda Pública requeira a

falência de seu devedor. A Lei de Quebras somente exclui o

credor com garantia real, nos termos do art. 9º, III,

“b”. Direito real de garantia e privilégio creditório não

se confundem. Recurso conhecido e provido. ............... 86

- EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA:

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 137

“A”

- AÇÃO CAUTELAR - DEPÓSITO DO MONTANTE CONTROVERTIDO - AÇÃO DE

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (STJ) ................................ 97

- AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - AÇÃO CAUTELAR - DEPÓSITO DO

MONTANTE CONTROVERTIDO (STJ) .................................. 97

- AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - INCISO IX E ALÍNEAS D E

E, DO ART. 146, E O ART. 148, CAPUT, E PARÁGRAFO ÚNICO, DA

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, QUE INSTITUÍRAM HIPÓTE-

SES DE NÃO-INCIDÊNCIA E DE ISENÇÃO DO ICMS (STF) .............. 97

- AÇÃO ORDINÁRIA EM FASE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA - FAZENDA MUNICI-

PAL CONTRA FAZENDA ESTADUAL - LEVANTAMENTO PARCIAL DE DEPÓSITO

- PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DESNECESSIDADE (STJ) .................. 98

- AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE DÉBITO - EXECUÇÃO FISCAL - CONE-

XÃO - SUSPENSÃO (STJ) ......................................... 97

- AÇÃO PENAL:

- Suspensão condicional do processo - Crime contra a ordem

tributária - Pena cominada inferior a um ano - Recurso

pendente - Lei nº 9.099/95 - Aplicação imediata (TJ SC) .. 98

- (Trancamento da ...):

- Alegação de falta de justa causa - Sonegação fiscal -

Habeas corpus (STJ) ................................. 130

- Descabimento - Crime contra a ordem tributária - De-

núncia - Descrição satisfatória do fato criminoso -

Inépcia - Inocorrência (STJ) ........................ 104

- Falta de justa causa - Alegação - Recurso de habeas

corpus - Sonegação fiscal (STJ) ..................... 128

- Falta de justa causa - Crime de sonegação fiscal

(STJ) ............................................... 105

- Fatos controvertidos - Dilação probatória - Inidonei-

dade do writ - Denúncia fundada em procedimento admi-

nistrativo fiscal - Prescindibilidade de inquérito

policial - Habeas corpus (STJ) ...................... 106

- Omissão no recolhimento de tributos - Ausência de in-

quérito policial - Cerceamento de defesa - Inocorrên-

cia - “Habeas corpus” (STJ) ........................ 117

- ACÓRDÃOS DE UMA MESMA TURMA - MUDANÇA DE COMPOSIÇÃO - ADMISSI-

BILIDADE - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA (STJ) ...................... 107

- AERONAVE PARA USO PRÓPRIO (IMPORTAÇÃO DE ...) - PESSOA FÍSICA -

INCIDÊNCIA - SÚMULA - ICMS (STJ) .............................. 121

- AGRAVO DE INSTRUMENTO:

- Consignatória - Perícia contábil - Art. 899 do CPC - In-

suficiência dos depósitos (TRF/4ª R.) .................... 99

- contra denegação de recurso especial - Controle de admis-

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 138

sibilidade pelo Tribunal a quo - Impossibilidade - Compe-

tência do Superior Tribunal de Justiça - Reclamação pro-

cedente (STJ) ............................................ 99

- (Efeito suspensivo a ...) - Mandado de segurança - Super-

veniência da Lei nº 9.139/95 - Não-cabimento (TRF/5ª R.-

Pleno) ................................................... 126

- (Impugnação através de ...) - Princípio da fungibilidade

- Inaplicabilidade - Embargos à execução fiscal - Extin-

ção liminar por intempestividade (TRF/3ª R.) ............. 108

- Obstáculo ao seu processamento imposto pelo Juízo recorri-

do - Impossibilidade (STJ) ............................... 99

- AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE INJUNÇÃO - TAXA DE JUROS REAIS

(ART. 192, § 3º, DA CF) - PEDIDO DE LIMINAR PARA SUSPENDER

EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER LITISCONSÓRCIO PASSIVO

COM PARTICULARES (STF) ........................................ 100

- ÁLCOOL E AÇÚCAR (MOENDA QUE FABRICA ...) - ICMS - PRINCÍPIO DA

NÃO CUMULATIVIDADE - PEÇAS E ACESSÓRIOS - ÍNDICE ADOTADO (IPC)

PARA JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28% (STJ) ................ 123

- ALIENAÇÃO DO IMÓVEL (PRÉVIA ...) - REGISTRO SUPERVENIENTE -

CARACTERIZAÇÃO - EXECUÇÃO FISCAL - FRAUDE (STJ) ............... 113

- ALÍQUOTA(S) DIFERENCIADA(S):

- ICM(S):

- (STF) .............................................. 118

- Creditamento - Fraude - Crime contra a ordem tri-

butária (STF) ...................................... 105

- Operações interestaduais - Emenda 23/83 - CTN,

arts. 97 e 175, I (STJ) ............................ 122

- ATO CONCRETO - IMINÊNCIA DE LANÇAMENTO FISCAL - AUTORIDADE

COATORA - SUBSTITUIÇÃO PELA DE NÍVEL HIERARQUICAMENTE SUPERIOR

- MANDADO DE SEGURANÇA - AUTORIDADE COATORA - ERRO NA INDICA-

ÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - LANÇA-

MENTO FISCAL (STJ) ............................................ 125

- ATO NORMATIVO QUE DISCIPLINOU O TRANSPORTE DE GADO E SUA EXPO-

SIÇÃO EM LEILÃO - IMPOSSIBILIDADE (SÚMULA 266/STF) - MANDADO DE

SEGURANÇA - LEI EM TESE (STJ) ................................. 127

- AUTOMÓVEL (IMPORTAÇÃO DE ...) - ICMS - USO PRÓPRIO DA PESSOA

FÍSICA - SUJEITO PASSIVO - LOCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR

(STJ) ......................................................... 121

- AUTORIDADE COATORA - MANDADO DE SEGURANÇA - ERRO NA INDICAÇÃO -

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - LANÇAMENTO FIS-

CAL - ATO CONCRETO - IMINÊNCIA DE LANÇAMENTO FISCAL - AUTORIDA-

DE COATORA - SUBSTITUIÇÃO PELA DE NÍVEL HIERARQUICAMENTE SUPE-

RIOR (STJ) .................................................... 125

- AUTORIDADE COATORA - SUBSTITUIÇÃO PELA DE NÍVEL HIERARQUICAMEN-

TE SUPERIOR - MANDADO DE SEGURANÇA - AUTORIDADE COATORA - ERRO

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 139

NA INDICAÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO -

LANÇAMENTO FISCAL - ATO CONCRETO - IMINÊNCIA DE LANÇAMENTO

FISCAL (STJ) .................................................. 125

“B”

- BASE DE CÁLCULO:

- ICM(S):

- Deflação do valor da mercadoria - Decreto-Lei 2.284/

86 (STJ) ............................................ 118

- Preço pago a prazo - Valor da operação (STJ) ........ 118

- Vendas com cartão de crédito - Encargos do financia-

mento - Exclusão (STJ) .............................. 119

- BEM(NS):

- de difícil comercialização (Substituição de ...) - Admis-

sibilidade - Execução fiscal - Leilão negativo (TRF/

3ª R.) ................................................... 113

- de família - Impenhorabilidade - Lei 8.009/90 - Preceito

de Direito Processual - Vigência imediata - Inocorrência

de retroatividade - Precedente do STF - Recurso provido

(STJ) .................................................... 100

- objeto de inventário judicial (Penhora de ...) - Possibi-

lidade - Execução fiscal (TRF/5ª R.) ..................... 114

- (Penhora de ...) - Boxe para estacionamento - Inaplicabi-

lidade da Lei nº 8.009, de 1990 - Execução fiscal (STJ) 114

- penhorado - Produto da arrematação - Massa falida - En-

trega ao Juízo universal - Credores privilegiaddos - Pre-

ferência - Execução fiscal (STJ) ......................... 110

- salvados de sinistros (Venda de ...) - Incidência - Súmula

- ICMS - Contribuinte - Seguradora (STJ) ................. 119

- BOXE PARA ESTACIONAMENTO - INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 8.009, DE

1990 - EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA DE BENS (STJ) ................ 114

“C”

- CÁLCULO - CORREÇÃO MONETÁRIA - DECISÃO QUE CONSIDEROU LEGÍTIMA

A APLICAÇÃO DA TR - IRRESIGNAÇÃO APENAS DE UMA DAS PARTES, QUE

SE INSURGE CONTRA A CORREÇÃO - RECURSO NÃO CONHECIDO - LIQUIDA-

ÇÃO DE SENTENÇA (STJ) ......................................... 124

- CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA

(DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS ...) - INVENTÁRIO E PARTILHA (STJ) 124

- CARTÃO DE CRÉDITO (VENDAS COM ...) - ENCARGOS DO FINANCIAMENTO

- EXCLUSÃO - ICMS - BASE DE CÁLCULO (STJ) ..................... 119

- CAUÇÃO (PRESTAÇÃO DE ...) - DESNECESSIDADE - AÇÃO ORDINÁRIA EM

FASE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA - FAZENDA MUNICIPAL CONTRA FAZENDA

ESTADUAL - LEVANTAMENTO PARCIAL DE DEPÓSITO (STJ) ............. 98

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 140

- CERCEAMENTO DE DEFESA (AUSÊNCIA DE ...) - ICMS - CRÉDITO LANÇA-

DO E DECORRENTE DE EMPRESA INIDÔNEA - PROVA SUFICIENTE PARA

RESGUARDAR OS INTERESSES EM LITÍGIO (STJ) ..................... 119

- CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA - “HABEAS CORPUS” - AÇÃO

PENAL - TRANCAMENTO - OMISSÃO NO RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS - AU-

SÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL (STJ) ............................ 117

- CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA:

- Ausência do nome - Irrelevância - Execução fiscal - Res-

ponsabilidade tributária por substituição - Sócio-gerente

- Não recolhimento de dívida fiscal (STJ) ................ 116

- CTN, art. 204 - Presunção de liquidez e certeza - Execu-

ção fiscal (TRF/1ª R.) ................................... 110

- englobando imposto e taxa - Exclusão do valor do imposto

- Substituição da certidão - Desnecessidade - Execução

fiscal (STJ) ............................................. 111

- expressa em UFIR - Admissibilidade - Execução fiscal (TRF

/4ª R.) .................................................. 111

- CF (ART. 192, § 3º, DA CF) TAXA DE JUROS REAIS - PEDIDO DE LI-

MINAR PARA SUSPENDER EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER

LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM PARTICULARES - AGRAVO REGIMENTAL EM

MANDADO DE INJUNÇÃO (STF) ..................................... 100

- CITAÇÃO PELO CORREIO - PESSOA FÍSICA - REQUISITOS - ART. 223,

§ 3º, DO CPC (STJ) ............................................ 100

- CÓDIGO CIVIL (INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 162 DO ... E 128 DO CÓ-

DIGO DE PROCESSO CIVIL) - EXECUÇÃO FISCAL - DIREITO PATRIMONIAL

- PRESCRIÇÃO - DECRETAÇÃO DE OFÍCIO - IMPOSSIBILIDADE (STJ) 111

- COMPENSAÇÃO:

- Art. 66, da Lei nº 8.383/91 - Inexistência de crédito lí-

quido e certo apurado (STJ) .............................. 101

- Medida cautelar - Descabimento (TRF/1ª R.-Pleno) ......... 101

- de tributos - Lei nº 8.383/91 - Crédito tributário - Ne-

cessidade de circunstanciado exame e de liquidez e certeza

- Mandado de segurança (STJ) ............................. 125

- COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RECLAMAÇÃO PROCE-

DENTE - AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DENEGAÇÃO DE RECURSO ESPE-

CIAL - CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL A QUO - IMPOS-

SIBILIDADE (STJ) .............................................. 99

- CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE - SONEGAÇÃO FISCAL (STJ) .......... 130

- CONEXÃO - SUSPENSÃO - AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE DÉBITO -

EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ......................................... 97

- CONSIGNATÓRIA - PERÍCIA CONTÁBIL - ART. 899 DO CPC - INSUFICI-

ÊNCIA DOS DEPÓSITOS - AGRAVO DE INSTRUMENTO (TRF/4ª R.) ....... 99

- CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (INCISO IX E ALÍNEAS D E

E, DO ART. 146, E O ART. 148, CAPUT, E PARÁGRAFO ÚNICO), QUE

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 141

INSTITUÍRAM HIPÓTESES DE NÃO-INCIDÊNCIA E DE ISENÇÃO DO ICMS -

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (STF) .................... 97

- CONSUMIDOR FINAL - INCIDÊNCIA - ICMS - OPERAÇÕES INTERESTADUAIS

- REMESSA DE PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS (STJ) .................. 123

- CONTRIBUINTE - ICMS - SEGURADORA - VENDA DE BENS SALVADOS DE

SINISTROS - INCIDÊNCIA - SÚMULA (STJ) ......................... 119

- CONVÊNIO (SUBSTITUIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR POR ...) - INTERPRE-

TAÇÃO DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS - MATÉRIA DO ÂMBITO DO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ICMS - PRODUTOS SEMI-ELABORADOS (STJ) 123

- COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO - EXECUTIVO FISCAL - SUSPENSÃO DO

PROCESSO (L. 5.764/71, ART. 76) - IMPOSSIBILIDADE (STJ) ....... 101

- CORREÇÃO MONETÁRIA:

- Decisão que considerou legítima a aplicação da TR - Irre-

signação apenas de uma das partes, que se insurge contra a

correção - Recurso não conhecido - Liquidação de sentença

- Cálculo (STJ) .......................................... 124

- Índice - Imposto sobre Operações de Circulação de Mercado-

rias - Lei nº 6.374/89, do Estado de São Paulo - Índice

oficial - Correção monetária - Imposto sobre Operações de

Circulação de Mercadorias - Incidência - Termo inicial -

Ausência de débito fiscal - Delegação (STF) .............. 102

- Imposto sobre Operações de Circulação de Mercadorias - In-

cidência - Termo inicial - Ausência de débito fiscal -

Delegação - Correção monetária - Índice - Imposto sobre

Operações de Circulação de Mercadorias - Lei nº 6.374/89,

do Estado de São Paulo - Índice oficial (STF) ............ 102

- Matéria não sujeita a reserva legal - Execução fiscal -

Embargos do devedor - ICMS - Débito declarado e não pago -

Desnecessidade de prévia notificação ou de instauração de

procedimento administrativo fiscal - Antecipação do prazo

de recolhimento (STJ) .................................... 112

- COTAS DE SOCIEDADE DEVEDORA (AQUISIÇÃO DE ...) - RESPONSABILI-

DADE - EMBARGOS DE TERCEIRO EM EXECUÇÃO FISCAL - SÓCIO NÃO CI-

TADO EM NOME PRÓPRIO - CABIMENTO (TRF/3ª R.) .................. 109

- CRÉDITO:

- lançado e decorrente de empresa inidônea - ICMS - Prova

suficiente para resguardar os interesses em litígio - Au-

sência de cerceamento de defesa (STJ) .................... 119

- líquido e certo apurado (Inexistência de ...) - Compensa-

ção - Art. 66, da Lei nº 8.383/91 (STJ) .................. 101

- de produtos intermediários empregados no processo de in-

dustrialização - Matéria fática consolidada no acórdão -

ICMS (STJ) ............................................... 120

- tributário:

- (Depósito para suspender exigibilidade de ...) - TDA

(STJ) ............................................... 131

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 142

- Execução movida por terceiro (STJ) .................. 102

- Necessidade de circunstanciado exame e de liquidez e

certeza - Mandado de segurança - Compensação de tri-

butos - Lei nº 8.383/91 (STJ) ....................... 125

- Transferência - Matéria-prima em estoque - ICM -

Mercadoria destinada à exportação (STJ) ............. 122

- CREDORES PRIVILEGIAGOS - PREFERÊNCIA - EXECUÇÃO FISCAL - BEM

PENHORADO - PRODUTO DA ARREMATAÇÃO - MASSA FALIDA - ENTREGA AO

JUÍZO UNIVERSAL (STJ) ......................................... 110

- CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA:

- Delito societário - Denúncia - Não-individualização da

conduta - Irrelevância (STF) ............................. 103

- Delito societário - Denúncia - Requisitos (TRF/1ª R.) .... 103

- Denúncia - Descrição satisfatória do fato criminoso -

Inépcia - Inocorrência - Trancamento de ação penal - Des-

cabimento (STJ) .................................. ....... 104

- Existência de procedimento administrativo fiscal - Irre-

levância; pagamento do tributo após a denúncia - Extinção

da punibilidade - Inocorrência (TRF/1ª R.) ............... 104

- Habeas corpus substitutivo de recurso ordinário - Impetra-

ção fora do prazo recursal - Inépcia da denúncia (STJ) 104

- ICMS - Alíquotas diferenciadas - Creditamento - Fraude

(STF) .................................................... 105

- Pena cominada inferior a um ano - Recurso pendente - Lei

nº 9.099/95 - Aplicação imediata - Ação penal - Suspensão

condicional do processo (TJ SC) .......................... 98

- CRIME SOCIETÁRIO - SONEGAÇÃO FISCAL - RECURSO DE HABEAS CORPUS

- DENÚNCIA - INÉPCIA (STJ) .................................... 128

- CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL - TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - FALTA

DE JUSTA CAUSA (STJ) .......................................... 105

“D”

- DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO - DESNECESSIDADE DE PRÉVIA NOTIFI-

CAÇÃO OU DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL -

ANTECIPAÇÃO DO PRAZO DE RECOLHIMENTO - CORREÇÃO MONETÁRIA - MA-

TÉRIA NÃO SUJEITA A RESERVA LEGAL - EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS

DO DEVEDOR - ICMS (STJ) ....................................... 112

- DÉBITO FISCAL (AUSÊNCIA DE ...) - DELEGAÇÃO - CORREÇÃO MONETÁ-

RIA - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS -

INCIDÊNCIA - TERMO INICIAL - CORREÇÃO MONETÁRIA - ÍNDICE - IM-

POSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS - LEI Nº

6.374/89, DO ESTADO DE SÃO PAULO - ÍNDICE OFICIAL (STF) ....... 102

- DECADÊNCIA - CTN, ARTS. 173 E 250 - TERMO INICIAL - RESPONSABI-

LIDADE TRIBUTÁRIA - DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE - SÓCIO-

GERENTE; ICMS (STJ) ........................................... 129

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 143

- DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO DE

TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA - INVENTÁRIO E PARTILHA (STJ) ........ 124

- DECISÃO QUE CONSIDEROU LEGÍTIMA A APLICAÇÃO DA TR - IRRESIGNA-

ÇÃO APENAS DE UMA DAS PARTES, QUE SE INSURGE CONTRA A CORREÇÃO

- RECURSO NÃO CONHECIDO - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - CÁLCULO -

CORREÇÃO MONETÁRIA (STJ) ...................................... 124

- DECLARAÇÃO DE BENS (REQUISIÇÃO DE CÓPIA DE ...) - OFÍCIO À RE-

CEITA FEDERAL - CABIMENTO - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) ....... 116

- DECRETO 33.118/91 (RECOLHIMENTO PELO SISTEMA DE GUIA ESPECIAL)

- INOCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE - ICMS - MERCADORIA IMPORTADA

(STJ) ......................................................... 122

- DECRETO-LEI 2.284/86 - ICM - BASE DE CÁLCULO - DEFLAÇÃO DO VA-

LOR DA MERCADORIA (STJ) ....................................... 118

- DEFLAÇÃO DO VALOR DA MERCADORIA - DECRETO-LEI 2.284/86 - ICM -

BASE DE CÁLCULO (STJ) ......................................... 118

- DELITO SOCIETÁRIO - DENÚNCIA - NÃO-INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA

- IRRELEVÂNCIA - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (STF) ........ 103

- DELITO SOCIETÁRIO - DENÚNCIA - REQUISITOS - CRIME CONTRA A OR-

DEM TRIBUTÁRIA (TRF/1ª R.) .................................... 103

- DENÚNCIA:

- Descrição satisfatória do fato criminoso - Inépcia - Ino-

corrência - Trancamento da ação penal - Descabimento -

Crime contra a ordem tributária (STJ) .................... 104

- fundada em procedimento administrativo fiscal - Prescindi-

bilidade de inquérito policial - Habeas-corpus - Tranca-

mento de ação penal - Fatos controvertidos - Dilação pro-

batória - Inidoneidade do writ (STJ) ..................... 106

- (Inépcia da ...) - Crime contra a ordem tributária -

Habeas corpus substitutivo de recurso ordinário - Impetra-

ção fora do prazo recursal (STJ) ......................... 104

- Inépcia - Crime societário - Sonegação fiscal - Recurso de

habeas corpus (STJ) ...................................... 128

- Não-individualização da conduta - Irrelevância - Crime

contra a ordem tributária - Delito societário (STF) ...... 103

- (Pagamento do tributo após a ...) - Extinção da punibili-

dade - Inocorrência - Crime contra a ordem tributária -

Existência de procedimento administrativo fiscal - Irrele-

vância (TRF/1ª R.) ....................................... 104

- Requisitos - Crime contra a ordem tributária - Delito so-

cietário (TRF/1ª R.) ..................................... 103

- DEPÓSITO(S):

- elisivo da executoriedade do débito tributário - Sua libe-

ração (STJ) .............................................. 106

- (Insuficiência dos ...) - Agravo de instrumento - Consig-

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 144

natória - Perícia contábil - Art. 899 do CPC (TRF/4ª R.) 99

- (Levantamento parcial de ...) - Prestação de caução -

Desnecessidade - Ação ordinária em fase de execução provi-

sória - Fazenda Municipal contra Fazenda Estadual (STJ) 98

- do montante controvertido - Ação de consignação em paga-

mento - Ação cautelar (STJ) .............................. 97

- do principal - Necessidade - Execução fiscal - Leilão -

Suspensão (TRF/3ª R.) .................................... 114

- para suspender exigibilidade de crédito tributário - TDA

(STJ) .................................................... 131

- DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA DO FATO CRIMINOSO - CRIME CONTRA A ORDEM

TRIBUTÁRIA - DENÚNCIA - INÉPCIA - INOCORRÊNCIA - TRANCAMENTO

DA AÇÃO PENAL - DESCABIMENTO (STJ) ............................ 104

- DEVEDOR CASADO - PRAZO PARA EMBARGAR - EMBARGOS À EXECUÇÃO -

PENHORA DE IMÓVEL (STJ) ....................................... 108

- DIFERIMENTO - ICM (STJ) ....................................... 120

- DILAÇÃO PROBATÓRIA - INIDONEIDADE DO WRIT - DENÚNCIA FUNDADA EM

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL - PRESCINDIBILIDADE DE IN-

QUÉRITO POLICIAL - HABEAS-CORPUS - TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL -

FATOS CONTROVERTIDOS (STJ) .................................... 106

- DIREITO PATRIMONIAL - PRESCRIÇÃO - DECRETAÇÃO DE OFÍCIO - IM-

POSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 162 DO CÓDIGO CIVIL E

128 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ....... 111

- DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE - SÓCIO-GERENTE; ICMS - DECA-

DÊNCIA - CTN, ARTS. 173 E 150 - TERMO INICIAL - RESPONSABILIDA-

DE TRIBUTÁRIA (STJ) ........................................... 129

- DÍVIDA (PARCELAMENTO DA ...) - CRIME ANTERIOR À LEI Nº 8.383/91

- EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - SONEGAÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDA-

DE PENAL - INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA; “HABEAS CORPUS” - TRAN-

CAMENTO - MEIO INÁBIL (STJ) ................................... 130

- D.L. Nº 1038/69, ART. 2º, § 5º - ICMS - INCIDÊNCIA - OURO EM

BARRA OU LINGOTE - INDUSTRIALIZAÇÃO (STJ) ..................... 121

“E”

- EFEITO SUSPENSIVO:

- a agravo de instrumento - Superveniência da Lei nº 9.139/

95 - Não-cabimento - Mandado de segurança (TRF/5ª R.-Ple-

no) ...................................................... 126

- a recurso - Mandado de segurança contra ato judicial - Lei

nº 9.139/95 - Consequência (TRF/5ª R.-Pleno) ............. 126

- a recurso especial - Descabimento - Medida cautelar (STJ) 128

- EMBARGOS OPOSTOS POR EMPRESA PÚBLICA - OBRIGATORIEDADE DE GA-

RANTIA - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) .......................... 111

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 145

- EMBARGOS - PRAZO - TERMO INICIAL - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/4ª R.) 112

- EMBARGOS DO DEVEDOR:

- Execução fiscal - Massa falida - Incidência de verba ad-

vocatícia (STJ) .......................................... 107

- ICMS - Débito declarado e não pago - Desnecessidade de

prévia notificação ou de instauração de procedimento admi-

nistrativo fiscal - Antecipação do prazo de recolhimento -

Correção monetária - Matéria não sujeita a reserva legal -

Execução fiscal (STJ) .................................... 112

- Prazo (início) - Penhora sobre imóvel - Intimação do côn-

juge (STJ) ............................................... 107

- EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - ACÓRDÃOS DE UMA MESMA TURMA - MUDANÇA

DE COMPOSIÇÃO - ADMISSIILIDADE (STJ) .......................... 107

- EMBARGOS À EXECUÇÃO:

- fiscal - Extinção liminar por intempestividade - Impugna-

ção através de agravo de instrumento - Princípio da fungi-

bilidade - Inaplicabilidade (TRF/3ª R.) .................. 108

- Penhora de imóvel - Devedor casado - Prazo para embargar

(STJ) .................................................... 108

- Terceiro estranho à execução - Impossibilidade (STJ) ..... 108

- EMBARGOS DE TERCEIRO EM EXECUÇÃO FISCAL - SÓCIO NÃO CITADO EM

NOME PRÓPRIO - CABIMENTO; AQUISIÇÃO DE COTAS DE SOCIEDADE DEVE-

DORA - RESPONSABILIDADE (TRF/3ª R.) ........................... 109

- EMENDA 23/83 - CTN, ARTS. 97 E 175, I - ICM - OPERAÇÕES INTE-

RESTADUAIS - ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS (STJ) .................... 122

- EMPRESA INIDÔNEA (CRÉDITO LANÇADO E DECORRENTE DE ...) - ICMS -

PROVA SUFICIENTE PARA RESGUARDAR OS INTERESSES EM LITÍGIO - AU-

SÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA (STJ) ......................... 119

- EMPRESA PÚBLICA (EMBARGOS OPOSTOS POR ...) - EXECUÇÃO FISCAL -

OBRIGATORIEDADE DE GARANTIA (TRF/3ª R.) ....................... 111

- ENCARGOS DO FINANCIAMENTO - EXCLUSÃO - VENDAS COM CARTÃO DE

CRÉDITO - ICMS - BASE DE CÁLCULO (STJ) ........................ 119

- ENCERRAMENTO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - MANDADO DE

SEGURANÇA - EXAÇÃO TRIBUTÁRIA - PORTARIA NORMATIVA - PEDIDO DI-

RIGIDO AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) ........................... 126

- ERRO NA INDICAÇÃO - AUTORIDADE COATORA - MANDADO DE SEGURANÇA -

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - LANÇAMENTO FIS-

CAL - ATO CONCRETO - IMINÊNCIA DE LANÇAMENTO FISCAL - AUTORIDA-

DE COATORA - SUBSTITUIÇÃO PELA DE NÍVEL HIERARQUICAMENTE SUPE-

RIOR (STJ) .................................................... 125

- EXAÇÃO TRIBUTÁRIA - MANDADO DE SEGURANÇA - PORTARIA NORMATIVA -

PEDIDO DIRIGIDO AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA - ENCERRAMENTO DO PRO-

CESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO (STJ) .......................... 126

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 146

- EXECUÇÃO FISCAL:

- ajuizada contra pessoa jurídica - Efeitos da interrupção

da prescrição em relação ao sócio solidário (STJ) ........ 109

- (Antecipação de defesa contra ...) - Meio inábil - Mandado

de segurança (TRF/2ª R.) ................................. 125

- Art. 26 da Lei 6.830/80 (STJ) ............................ 109

- Bem penhorado - Produto da arrematação - Massa falida -

Entrega ao Juízo universal - Credores privilegiados - Pre-

ferência (STJ) ........................................... 110

- Certidão de Dívida Ativa:

- CTN, art. 204 - Presunção de liquidez e certeza (TRF/

1ª R.) .............................................. 110

- englobando imposto e taxa - Exclusão do valor do im-

posto - Substituição da certidão - Desnecessidade

(STJ) ............................................... 111

- expressa em UFIR - Admissibilidade - Execução fiscal

(TRF/4ª R.) ......................................... 111

- Conexão - Suspensão - Ação ordinária de nulidade de débito

(STJ) .................................................... 97

- Direito patrimonial - Prescrição - Decretação de ofício -

Impossibilidade - Inteligência dos artigos 162 do Código

Civil e 128 do Código de Processo Civil (STJ) ............ 111

- Embargos:

- do devedor - ICMS - Débito declarado e não pago -

Desnecessidade de prévia notificação ou de instaura-

ção de procedimento administrativo fiscal - Antecipa-

ção do prazo de recolhimento - Correção monetária -

Matéria não sujeita a reserva legal (STJ) ........... 112

- de terceiro em ... - Sócio não citado em nome pró-

prio - Cabimento; aquisição de cotas de sociedade de-

vedora - Responsabilidade (TRF/3ª R.) ............... 109

- opostos por empresa pública - Obrigatoriedade de ga-

rantia (TRF/3ª R.) .................................. 111

- Prazo - Termo inicial (TRF/4ª R.) ................... 112

- Fraude - Prévia alienação do imóvel - Registro superveni-

ente - Caracterização (STJ) .............................. 113

- ICMS declarado e não pago - Homologação formal - Prévia

notificação - Desnecessidade (STJ) ....................... 113

- Leilão - Suspensão - Depósito do principal - Necessidade

(TRF/3ª R.) .............................................. 114

- Leilão negativo - Substituição de bem de difícil comercia-

lização - Admissibilidade (TRF/3ª R.) .................... 113

- Massa falida - Incidência de verba advocatícia - Embargos

do devedor (STJ) ......................................... 107

- Penhora:

- de bem objeto de inventário judicial - Possibilidade

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 147

(TRF/5ª R.) ......................................... 114

- de bens - Boxe para estacionamento - Inaplicabilidade

da Lei nº 8.009, de 1990 (STJ) ...................... 114

- em dinheiro (STJ) ................................... 115

- Executado regularmente intimado - Publicação - Dis-

pensa (STJ) ......................................... 115

- sobre faturamento - Legalidade (TJ SP) .............. 115

- Redirecionamento da execução - Prescrição (STJ) .......... 115

- Requisição judicial de cópia de declaração de bens - Ofí-

cio à Receita Federal - Cabimento (TRF/3ª R.) ............ 116

- Responsabilidade tributária por substituição - Sócio-ge-

rente - Não recolhimento de dívida fiscal; Certidão de Dí-

vida Ativa - Ausência do nome - Irrelevância (STJ) ....... 116

- EXECUÇÃO MOVIDA POR TERCEIRO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO (STJ) ....... 102

- EXECUÇÃO PROVISÓRIA (AÇÃO ORDINÁRIA EM FASE DE ..) - FAZENDA

MUNICIPAL CONTRA FAZENDA ESTADUAL - LEVANTAMENTO PARCIAL DE DE-

PÓSITO - PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DESNECESSIDADE (STJ) ........... 98

- EXECUTADO REGULARMENTE INTIMADO - PUBLICAÇÃO - DISPENSA - EXE-

CUÇÃO FISCAL - PENHORA (STJ) .................................. 115

- EXECUTIVO FISCAL - SUSPENSÃO DO PROCESSO (L. 5.764/71, ART. 76)

- IMPOSSIBILIDADE - COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO (STJ) ........... 101

- EXPOSIÇÃO EM LEILÃO (ATO NORMATIVO QUE DISCIPLINOU O TRANSPORTE

DE GADO E SUA ...) - MANDADO DE SEGURANÇA - LEI EM TESE - IMPOS-

SIBILIDADE (SÚMULA 266/STF) (STJ) .............................. 127

- EXTINÇÃO

- da empresa - Responsabilidade tributária dos sócios-geren-

tes (STJ) ................................................ 116

- liminar por intempestividade - Embargos à execução fiscal

- Impugnação através de agravo de instrumento - Princípio

da fungibilidade - Inaplicabilidade (TRF/3ª R.) .......... 108

- do processo sem julgamento de mérito - Lançamento fiscal

- Ato concreto - Iminência de lançamento fiscal - Autori-

dade coatora - Substituição pela de nível hierarquicamen-

te superior - Mandado de segurança - Autoridade coatora -

Erro na indicação (STJ) .................................. 125

- da punibilidade - Crime anterior à Lei nº 8.383/91 - Par-

celamento da dívida - Sonegação fiscal - Responsabilidade

penal - Individualização da conduta ; “habeas corpus” -

Trancamento - Meio inábil (STJ) .......................... 130

- da punibilidade - Inocorrência - Crime contra a ordem tri-

butária - Existência de procedimento administrativo fiscal

- Irrelevância; pagamento do tributo após a denúncia (TRF/

1ª R.) ................................................... 104

“F”

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 148

- FALÊNCIA - FAZENDA PÚBLICA - INTERESSE (STJ) .................. 117

- FATO GERADOR (LOCAL DA OCORRÊNCIA DO ...) - ICMS - IMPORTAÇÃO

DE AUTOMÓVEL - USO PRÓPRIO DA PESSOA FÍSICA - SUJEITO PASSIVO

(STJ) ......................................................... 121

- FAZENDA MUNICIPAL CONTRA FAZENDA ESTADUAL - LEVANTAMENTO PARCI-

AL DE DEPÓSITO - PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DESNECESSIDADE - AÇÃO

ORDINÁRIA EM FASE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA (STJ) ................ 98

- FAZENDA PÚBLICA - FALÊNCIA - INTERESSE (STJ) .................. 117

- FRAUDE - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - ICMS - ALÍQUOTAS DI-

FERENCIADAS - CREDITAMENTO (STF) .............................. 105

- FRAUDE - PRÉVIA ALIENAÇÃO DO IMÓVEL - REGISTRO SUPERVENIENTE -

CARACTERIZAÇÃO - EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ........................ 113

“G”

- GUIA ESPECIAL (RECOLHIMENTO PELO SISTEMA DE ...) (DECRETO

33.118/91) - ICMS - MERCADORIA IMPORTADA - INOCORRÊNCIA DE ILE-

GALIDADE (STJ) ................................................ 122

“H”

- “HABEAS CORPUS”:

- (STF) .................................................... 117

- Ação penal - Trancamento - Omissão no recolhimento de tri-

butos - Ausência de inquérito policial - Cerceamento de

defesa - Inocorrência (STJ) .............................. 117

- Alegação de falta de justa causa - Trancamento da ação pe-

nal - Sonegação fiscal (STJ) ............................. 130

- substitutivo de recurso ordinário - Impetração fora do

prazo recursal - Inépcia da denúncia - Crime contra a or-

dem tributária (STJ) ..................................... 104

- Trancamento - Meio inábil; parcelamento da dívida - Crime

anterior à Lei nº 8.383/91 - Extinção da punibilidade -

Sonegação fiscal - Responsabilidade penal - Individualiza-

ção da conduta (STJ) ..................................... 130

- Trancamento de ação penal - Fatos controvertidos - Dilação

probatória - Inidoneidade do writ - Denúncia fundada em

procedimento administrativo fiscal - Prescindibilidade de

inquérito policial (STJ) ................................. 106

- HIPÓTESES DE NÃO-INCIDÊNCIA E DE ISENÇÃO DO ICMS (INCISO IX E

ALÍNEAS D E E, DO ART. 146, E O ART. 148, CAPUT, E PARÁGRAFO

ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, QUE INSTITUÍ-

RAM ...) - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (STF) ......... 97

- HOMOLOGAÇÃO FORMAL - PRÉVIA NOTIFICAÇÃO - DESNECESSIDADE - EXE-

CUÇÃO FISCAL - ICMS DECLARADO E NÃO PAGO (STJ) ................ 113

“I”

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 149

- ICM/ICMS:

- Alíquota diferenciada (STF) .............................. 118

- Alíquotas diferenciadas - Creditamento - Fraude - Crime

contra a ordem tributária (STF) .......................... 105

- Antecipação do pagamento - Possibilidade - Lei Estadual

(STJ) .................................................... 118

- Base de cálculo:

- Deflação do valor da mercadoria - Decreto-Lei 2.284/

86 (STJ) ............................................ 118

- Preço pago a prazo - Valor da operação (STJ) ........ 119

- Vendas com cartão de crédito - Encargos do financia-

mento - Exclusão (STJ) .............................. 119

- Contribuinte - Seguradora - Venda de bens salvados de si-

nistros - Incidência - Súmula (STJ) ...................... 119

- Correção monetária - Incidência - Termo inicial - Ausência

de débito fiscal - Delegação - Correção monetária - Índice

- Imposto sobre Operações de Circulação de Mercadorias -

Lei nº 6.374/89, do Estado de São Paulo - Índice oficial

(STF) .................................................... 102

- Correção monetária - Índice - Lei nº 6.374/89, do Estado

de São Paulo - Índice oficial - Correção monetária - Im-

posto sobre Operações de Circulação de Mercadorias - Inci-

dência - Termo inicial - Ausência de débito fiscal - Dele-

gação (STF) .............................................. 102

- Crédito lançado e decorrente de empresa inidônea - Prova

suficiente para resguardar os interesses em litígio - Au-

sência de cerceamento de defesa (STJ) .................... 119

- Crédito de produtos intermediários empregados no processo

de industrialização - Matéria fática consolidada no acór-

dão (STJ) ................................................ 120

- Débito declarado e não pago - Desnecessidade de prévia no-

tificação ou de instauração de procedimento administrativo

fiscal - Antecipação do prazo de recolhimento - Correção

monetária - Matéria não sujeita a reserva legal - Execução

fiscal - Embargos do devedor (STJ) ....................... 112

- Decadência - CTN, arts. 173 e 150 - Termo inicial - Res-

ponsabilidade tributária - Dissolução irregular da socie-

dade - Sócio-gerente (STJ) ............................... 129

- declarado e não pago - Homologação formal - Prévia notifi-

cação - Desnecessidade - Execução fiscal (STJ) ........... 113

- Diferimento (STJ) ........................................ 120

- Importação de aeronave para uso próprio - Pessoa física -

Incidência - Súmula (STJ) ................................ 121

- Importação de automóvel - Uso próprio da pessoa física -

Sujeito passivo - Local da ocorrência do fato gerador

(STJ) .................................................... 121

- Incidência - Ouro em barra ou lingote - Industrialização -

D.L. nº 2038/69, art. 2º, § 5º (STJ) ..................... 121

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 150

- Isenção - Interpretação (STJ) ............................ 121

- Mercadoria destinada à exportação - Crédito tributário -

Transferência - Matéria-prima em estoque (STJ) ........... 122

- Mercadoria importada - Recolhimento pelo sistema de guia

especial (Decreto 33.118/91) - Inocorrência de ilegalidade

(STJ) .................................................... 122

- Operações interestaduais - Alíquotas diferenciadas - Emen-

da 23/83 - CTN, arts. 97 e 175, I (STJ) .................. 122

- Operações interestaduais - Remessa de petróleo e seus de-

rivados - Consumidor final - Incidência (STJ) ............ 123

- Princípio da não cumulatividade - Peças e acessórios - Mo-

enda que fabrica álcool e açúcar - Índice adotado (IPC)

para janeiro de 89 é 42,72% e não 70,28% (STJ) ........... 123

- Produtos semi-elaborados - Substituição de lei complemen-

tar por convênio - Interpretação de dispositivos constitu-

cionais - Matéria do âmbito do recurso extraordinário

(STJ) .................................................... 123

- (Tributação pelo ISS ou ...) - Mandado de segurança - Re-

curso - Software - Programas de computador - Atividade ou

mercadoria - Distinção - Inviabilidade na via estreita do

mandado de segurança preventivo (STJ) .................... 127

- IMPENHORABILIDADE - BEM DE FAMÍLIA - LEI 8.009/90 - PRECEITO DE

DIREITO PROCESSUAL - VIGÊNCIA IMEDIATA - INOCORRÊNCIA DE RE-

TROATIVIDADE - PRECEDENTE DO STF - RECURSO PROVIDO (STJ) ...... 100

- IMPENHORABILIDADE - LEI 8.009/90 (STJ) ........................ 124

- IMPORTAÇÃO DE AERONAVE PARA USO PRÓPRIO - PESSOA FÍSICA - INCI-

DÊNCIA - SÚMULA (STJ) ......................................... 121

- IMPORTAÇÃO DE AUTOMÓVEL - USO PRÓPRIO DA PESSOA FÍSICA - SUJEI-

TO PASSIVO - LOCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR (STJ) ........ 121

- IMPOSTO DE TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA (DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS

CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DO ...) - INVENTÁRIO E PARTILHA (STJ) 124

- ÍNDICE OFICIAL - LEI Nº 6.374/89, DO ESTADO DE SÃO PAULO -

CORREÇÃO MONETÁRIA - ÍNDICE - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCU-

LAÇÃO DE MERCADORIAS - CORREÇÃO MONETÁRIA - IMPOSTO SOBRE OPE-

RAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS - INCIDÊNCIA - TERMO INICI-

AL - AUSÊNCIA DE DÉBITO FISCAL - DELEGAÇÃO (STF) .............. 102

- INDUSTRIALIZAÇÃO - OURO EM BARRA OU LINGOTE - D.L. Nº 1038/69,

ART. 2º, § 5º - ICMS - INCIDÊNCIA (STJ) ....................... 121

- INÉPCIA:

- da denúncia - Crime contra a ordem tributária - Habeas

corpus substitutivo de recurso ordinário - Impetração fora

do prazo recursal (STJ) .................................. 104

- Denúncia - Crime societário - Sonegação fiscal - Recurso

de habeas corpus (STJ) ................................... 128

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 151

- Inocorrência - Denúncia - Descrição satisfatória do fato

criminoso - Crime contra a ordem tributária - Trancamento

da ação penal - Descabimento (STJ) ....................... 104

- INIDONEIDADE DO WRIT - DENÚNCIA FUNDADA EM PROCEDIMENTO ADMI-

NISTRATIVO FISCAL - PRESCINDIBILIDADE DE INQUÉRITO POLICIAL -

HABEAS CORPUS - TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - FATOS CONTROVERTI-

DOS - DILAÇÃO PROBATÓRIA (STJ) ................................ 106

- INQUÉRITO POLICIAL (PRESCINDIBILIDADE DE ...) - DENÚNCIA FUNDA-

DA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL - HABEAS-CORPUS -

TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL - FATOS CONTROVERTIDOS - DILAÇÃO PRO-

BATÓRIA - INIDONEIDADE DO WRIT (STJ) .......................... 106

- INTIMAÇÃO DO CÔNJUGE - PENHORA SOBRE IMÓVEL - EMBARGOS DE DEVE-

DOR - PRAZO (INÍCIO) (STJ) .................................... 107

- INVENTÁRIO E PARTILHA - DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS CÁLCULOS DE

LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA (STJ) ....... 124

- IPC (ÍNDICE ADOTADO PARA JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28%) -

ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE - PEÇAS E ACESSÓRIOS -

MOENDA QUE FABRICA ÁLCOOL E AÇÚCAR (STJ) ...................... 123

- ISENÇÃO DO ICMS (INCISO IX E ALÍNEAS D E E, DO ART. 146, E O

ART. 148, CAPUT, E PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS, QUE INSTITUÍRAM HIPÓTESES DE NÃO-INCIDÊNCIA E

DE ...) - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (STF) .......... 97

- ISENÇÃO - INTERPRETAÇÃO - ICM (STJ) ........................... 121

- ISS (TRIBUTAÇÃO PELO ... OU PELO ICMS) - MANDADO DE SEGURANÇA -

RECURSO - SOFTWARE - PROGRAMAS DE COMPUTADOR - ATIVIDADE INTE-

LECTUAL OU MERCADORIA - DISTINÇÃO - INVIABILIDADE NA VIA ES-

TREITA DO MANDADO DE SEGURANÇA ´PREVENTIVO (STJ) .............. 127

“J”

- JUROS REAIS (TAXA DE ...) ART. 192, § 3º, DA CF - PEDIDO DE LI-

MINAR PARA SUSPENDER EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER

LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM PARTICULARES - AGRAVO REGIMENTAL EM

MANDADO DE INJUNÇÃO (STF) ..................................... 100

“L”

- LANÇAMENTO:

- fiscal - Ato concreto - Iminência de lançamento fiscal -

Autoridade coatora - Substituição pela de nível hierarqui-

camente superior - Mandado de segurança - Autoridade coa-

tora - Erro na indicação - Extinção do processo sem julga-

mento de mérito (STJ) .................................... 125

- por homologação - Medida liminar (STJ) ................... 124

- por homologação - Medida liminar inibitória da atividade

de fiscalização - Inviabilidade - Direito processual em

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 152

matéria fiscal (STJ) ..................................... 106

- L. 5.764/71, ART. 76 (SUSPENSÃO DO PROCESSO) - IMPOSSIBILIDADE

- COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO - EXECUTIVO FISCAL (STJ).......... 101

- LEI Nº 6.374/89, DO ESTADO DE SÃO PAULO - ÍNDICE OFICIAL - COR-

REÇÃO MONETÁRIA - ÍNDICE - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CIRCULA-

ÇÃO DE MERCADORIAS - CORREÇÃO MONETÁRIA - IMPOSTO SOBRE OPERA-

ÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS - INCIDÊNCIA - TERMO INICIAL

- AUSÊNCIA DE DÉBITO FISCAL - DELEGAÇÃO (STF) ................. 102

- LEI 6.830/80 (ART. 26 DA ...) - EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ......... 109

- LEI 8.009/90 - BEM DE FAMÍLIA - IMPENHORABILIDADE - PRECEITO DE

DIREITO PROCESSUAL - VIGÊNCIA IMEDIATA - INOCORRÊNCIA DE RE-

TROATIVIDADE - PRECEDENTE DO STF - RECURSO PROVIDO (STJ) ...... 100

- LEI 8.009/90 - IMPENHORABILIDADE (STJ) ........................ 124

- LEI Nº 8.009, DE 1990 (INAPLICABILIDADE DA ...) - EXECUÇÃO FIS-

CAL - PENHORA DE BENS - BOXE PARA ESTACIONAMENTO (STJ) ........ 114

- LEI Nº 8.383/91 (ART. 66, DA ...) - COMPENSAÇÃO - INEXISTÊNCIA

DE CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO APURADO (STJ) ...................... 101

- LEI Nº 8.383/91 (CRIME ANTERIOR À ...) - EXTINÇÃO DA PUNIBILI-

DADE - SONEGAÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDADE PENAL - INDIVIDUALI-

ZAÇÃO DA CONDUTA; “HABEAS CORPUS” - TRANCAMENTO - MEIO INÁBIL;

PARCELAMENTO DA DÍVIDA (STJ) .................................. 130

- LEI Nº 8.383/91 - MANDADO DE SEGURANÇA - COMPENSAÇÃO DE TRIBU-

TOS - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - NECESSIDADE DE CIRCUNSTANCIADO EXAME

E DE LIQUIDEZ E CERTEZA (STJ) ................................. 125

- LEI Nº 9.099/95 - APLICAÇÃO IMEDIATA - AÇÃO PENAL - SUSPENSÃO

CONDICIONAL DO PROCESSO - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - PE-

NA COMINADA INFERIOR A UM ANO - RECURSO PENDENTE (TJ SC) ...... 98

- LEI Nº 9.139/95 - CONSEQUÊNCIA - MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA

ATO JUDICIAL - EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO (TRF/5ª R.-PLENO) .. 126

- LEI Nº 9.139/95 (SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº ...) - NÃO-CABIMENTO

- MANDADO DE SEGURANÇA - EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO DE INSTRU-

MENTO (TRF/5ª R.-PLENO) ....................................... 126

- LEI EM TESE - ATO NORMATIVO QUE DISCIPLINOU O TRANSPORTE DE GA-

DO E SUA EXPOSIÇÃO EM LEILÃO - IMPOSSIBILIDADE (SÚMULA 266/STF)

- MANDADO DE SEGURANÇA (STJ) .................................. 127

- LEI ESTADUAL - ICMS - ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO - POSSIBILIDADE

(STJ) ......................................................... 118

- LEILÃO - SUSPENSÃO - DEPÓSITO DO PRINCIPAL - NECESSIDADE - EXE-

CUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) ...................................... 114

- LEILÃO NEGATIVO - SUBSTITUIÇÃO DE BEM DIFÍCIL COMERCIALIZAÇÃO -

ADMISSIBILIDADE - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) ................. 113

- LEVANTAMENTO PARCIAL DE DEPÓSITO - PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DES-

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 153

NECESSIDADE - AÇÃO ORDINÁRIA EM FASE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA -

FAZENDA MUNICIPAL CONTRA FAZENDA ESTADUAL (STJ) ............... 98

- LIMINAR PARA SUSPENDER EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER

LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM PARTICULARES (PEDIDO DE ...) - AGRA-

VO REGIMENTAL EM MANDADO DE INJUNÇÃO - TAXA DE JUROS REAIS

(ART. 192, § 3º, DA CF) (STF) ................................. 100

- LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - CÁLCULO - CORREÇÃO MONETÁRIA - DECISÃO

QUE CONSIDEROU LEGÍTIMA A APLICAÇÃO DA TR - IRRESIGNAÇÃO APENAS

DE UMA DAS PARTES, QUE SE INSURGE CONTRA A CORREÇÃO - RECURSO

NÃO CONHECIDDO (STJ) .......................................... 124

- LIQUIDEZ E CERTEZA (NECESSIDADE DE CIRCUNSTANCIADO EXAME E DE

...) - MANDADO DE SEGURANÇA - COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS - LEI Nº

8.383/91 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO (STJ) ........................... 125

- LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM PARTICULARES (PEDIDO DE LIMINAR PARA

SUSPENDER EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER ...) - AGRAVO

REGIMENTAL EM MANDADO DE INJUNÇÃO - TAXA DE JUROS REAIS (ART.

192, § 3º, DA CF) (STF) ....................................... 100

“M”

- MANDADO DE SEGURANÇA:

- Antecipação de defesa contra execução fiscal - Meio inábil

(TRF/2ª R.) .............................................. 125

- Autoridade coatora - Erro na indicação - Extinção do pro-

cesso sem julgamento de mérito - Lançamento fiscal - Ato

concreto - Iminência de lançamento fiscal - Autoridade

coatora - Substituição pela de nível hierarquicamente su-

perior (STJ) ............................................. 125

- Compensação de tributos - Lei nº 8.383/91 - Crédito tribu-

tário - Necessidade de circunstanciado exame e de liquidez

e certeza (STJ) .......................................... 125

- contra ato judicial - Efeito suspensivo a recurso - Lei nº

9.139/95 - Consequência (TRF/5ª R.-Pleno) ................ 126

- Efeito suspensivo a agravo de instrumento - Superveniência

da Lei nº 9.139/95 - Não-cabimento (TRF/5ª R.-Pleno) ..... 126

- Exação tributária - Portaria Normativa - Pedido dirigido

ao Tribunal de Justiça - Encerramento do processo sem jul-

gamento do mérito (STJ) .................................. 126

- Lei em tese - Ato normativo que disciplinou o transporte

de gado e sua exposição em leilão - Impossibilidade (Súmu-

la 266/STF) (STJ) ........................................ 127

- Recurso - Software - Programas de computador - Tributação

pelo ISS ou pelo ICMS - Atividade intelectual ou mercado-

ria - Distinção - Inviabilidade na via estreita do mandado

de segurança preventivo (STJ) ............................ 127

- MASSA FALIDA - EXECUÇÃO FISCAL - BEM PENHORADO - PRODUTO DA AR-

REMATAÇÃO - ENTREGA AO JUÍZO UNIVERSAL - CREDORES PRIVILEGIADOS

- PREFERÊNCIA (STJ) ........................................... 110

- MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA DE VERBA ADVOCATÍCIA - EMBARGOS DO

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 154

DEVEDOR - EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ............................... 107

- MATÉRIA:

- do âmbito do recurso extraordinário - ICMS - Produtos se-

mi-elaborados - Substituição de lei complementar por con-

vênio - Interpretação de dispositivos constitucionais

(STJ) .................................................... 123

- fática consolidada no acórdão - ICMS - Crédito de produtos

intermediários empregados no processo de industrialização

(STJ) .................................................... 120

- não sujeita a reserva legal - Execução fiscal - Embargos

do devedor - ICMS - Débito declarado e não pago - Desne-

cessidade de prévia notificação ou de instauração de pro-

cedimento administrativo fiscal - Antecipação do prazo de

recolhimento - Correção monetária (STJ) .................. 112

- MATÉRIA-PRIMA EM ESTOQUE - ICM - MERCADORIA DESTINADA À EXPOR-

TAÇÃO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - TRANSFERÊNCIA (STJ) .............. 122

- MEDIDA CAUTELAR - COMPENSAÇÃO - DESCABIMENTO (TRF/1ª R.-PLENO) 101

- MEDIDA CAUTELAR - EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL - DESCA-

BIMENTO (STJ) ................................................. 128

- MEDIDA LIMINAR INIBITÓRIA DA ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO - INVIA-

BILIDADE - DIREITO PROCESSUAL EM MATÉRIA FISCAL - LANÇAMENTO

POR HOMOLOGAÇÃO (STJ) ......................................... 106

- MEDIDA LIMINAR - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (STJ) ............. 124

- MERCADORIA:

- (Atividade intelectual ou ...) - Distinção - Inviabilida-

de na via estreita do mandado de segurança preventivo -

Mandado de segurança - Recurso - Software - Programas de

computador - Tributação pelo ISS ou pelo ICMS (STJ) ...... 127

- (Deflação do valor da ...) - ICM - Base de cálculo - De-

creto-Lei 2.284/86 (STJ) ................................. 118

- destinada à exportação - Crédito tributário - Transferên-

cia - Matéria-prima em estoque - ICM (STJ) ............... 122

- importada - ICMS - Recolhimento pelo sistema de guia es-

pecial (Decreto 33.118/91) - Inocorrência de ilegalidade

(STJ) .................................................... 122

- MICROEMPRESA - REMISSÃO (STJ) ................................. 129

- MOENDA QUE FABRICA ÁLCOOL E AÇÚCAR - PEÇAS E ACESSÓRIOS - ÍNDI-

CE ADOTADO (IPC) PARA JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28% -

ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE (STJ) .................. 123

“N”

- NÃO-INCIDÊNCIA (INCISO E ALÍNEAS D E E, DO ART. 146, E O ART.

148, CAPUT, E PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MI-

NAS GERAIS, QUE INSTITUÍRAM HIPÓTESES DE ... E DE ISENÇÃO DO

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 155

ICMS) - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (STF) ............ 97

- NÃO-INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA - IRRELEVÂNCIA - CRIME CONTRA A

ORDEM TRIBUTÁRIA - DELITO SOCIETÁRIO - DENÚNCIA (STF) ......... 103

- NOTIFICAÇÃO (PRÉVIA) - DESNECESSIDADE - EXECUÇÃO FISCAL - ICMS

DECLARADO E NÃO PAGO - HOMOLOGAÇÃO FORMAL (STJ) ............... 113

- NULIDADE DE DÉBITO (AÇÃO ORDINÁRIA DE ...) - EXECUÇÃO FISCAL -

CONEXÃO - SUSPENSÃO (STJ) ..................................... 97

“O”

- OFÍCIO À RECEITA FEDERAL - CABIMENTO - REQUISIÇÃO JUDICIAL DE

CÓPIA DE DECLARAÇÃO DE BENS - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) ..... 116

- OMISSÃO NO RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS - “HABEAS CORPUS” - AÇÃO

PENAL - TRANCAMENTO - AUSÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL - CERCEA-

MENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA (STJ) .......................... 117

- OPERAÇÕES INTERESTADUAIS - ICM - ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS -

EMENDA 23/83 - CTN, ARTS. 97 E 175, I (STJ) ................... 122

- OPERAÇÕES INTERESTADUAIS - ICMS - REMESSA DE PETRÓLEO E SEUS

DERIVADOS - CONSUMIDOR FINAL - INCIDÊNCIA (STJ) ............... 123

- OURO EM BARRA OU LINGOTE - INDUSTRIALIZAÇÃO - D.L. Nº 1038/69,

ART. 2º, § 5º - ICMS - INCIDÊNCIA (STJ) ....................... 121

“P”

- PAGAMENTO DO TRIBUTO APÓS A DENÚNCIA - EXTINÇÃO DA PUNILIBILI-

DADE - INOCORRÊNCIA - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - EXIS-

TÊNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL - IRRELEVÂNCIA

(TRF/1ª R) .................................................... 104

- PARCELAMENTO DA DÍVIDA - CRIME ANTERIOR À LEI 8.383/91 - EXTIN-

ÇÃO DA PUNIBILIDADE - SONEGAÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDADE PENAL

- INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA; “HABEAS CORPUS” - TRANCAMENTO -

MEIO INÁBIL (STJ) ............................................. 130

- PARTILHA (INVENTÁRIO E ...) - DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DOS CÁLCU-

LOS DE LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO MORTIS CAUSA (STJ) 124

- PEÇAS E ACESSÓRIOS - MOENDA QUE FABRICA ÁLCOOL E AÇÚCAR - ÍNDI-

CE ADOTADO (IPC) PARA JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28% -

ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE (STJ) .................. 123

- PENA COMINADA INFERIOR A UM ANO - AÇÃO PENAL - SUSPENSÃO CONDI-

CIONAL DO PROCESSO - CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - RECURSO

PENDENTE - LEI Nº 9.099/95 - APLICAÇÃO IMEDIATA (TJ SC) ....... 98

- PENHORA:

- de bem objeto de inventário judicial - Possibilidade -

Execução fiscal (TRF/5ª R.) .............................. 114

- de bens - Boxe para estacionamento - Inaplicabilidade da

Lei nº 8.009, de 1990 - Execução fiscal (STJ) ............ 114

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 156

- em dinheiro - Execução fiscal (STJ) ...................... 115

- Executado regularmente intimado - Publicação - Dispensa -

Execução fiscal (STJ) .................................... 115

- de imóvel - Devedor casado - Prazo para embargar - Embar-

gos à execução (STJ) ..................................... 108

- sobre faturamento - Legalidade - Execução fiscal (TJ SP) 115

- sobre imóvel - Intimação do cônjuge - Embargos de devedor

- Prazo (Início) (STJ) ................................... 107

- PERÍCIA CONTÁBIL - ART. 899 DO CPC - INSUFICIÊNCIA DOS DEPÓSI-

TOS - AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONSIGNATÓRIA (TRF/4ª R.) ....... 99

- PESSOA FÍSICA:

- Citação pelo correio - Requisitos - Art. 223, § 3º, do

CPC -(STJ) ............................................... 100

- ICMS - Importação de aeronave para uso próprio - Incidên-

cia - Súmula (STJ) ....................................... 121

- (Uso próprio da ...) - ICMS - Importação de automóvel -

sujeito passivo - Local da ocorrência do fato gerador

(STJ) .................................................... 121

- PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS (REMESSA DE ...) - ICMS - OPERAÇÕES

INTERESTADUAIS - CONSUMIDOR FINAL - INCIDÊNCIA (STJ) .......... 123

- PORTARIA NORMATIVA - PEDIDO DIRIGIDO AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA -

ENCERRAMENTO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - MANDADO DE

SEGURANÇA - EXAÇÃO TRIBUTÁRIA (STJ) ........................... 126

- PRAZO:

- (Início) - Embargos do devedor - Penhora sobre imóvel -

Intimação do cônjuge (STJ) ............................... 107

- para embargar - Embargos à execução - Penhora de imóvel -

Devedor casado (STJ) ..................................... 108

- de recolhimento (Antecipação do ...) - ICMS - Débito de-

clarado e não pago - Desnecessidade de prévia notificação

ou de instauração de procedimento administrativo fiscal -

Correção monetária - Matéria não sujeita a reserva legal -

Execução fiscal - Embargos do devedor (STJ) .............. 112

- recursal (Impetração fora do ...) - Habeas corpus substi-

tutivo de recurso ordinário - Crime contra a ordem tribu-

tária - Inépcia da denúncia (STJ) ........................ 104

- Termo inicial - Execução fiscal (TRF/4ª R.) .............. 112

- PREÇO PAGO A PRAZO - VALOR DA OPERAÇÃO - ICMS - BASE DE CÁLCULO

(STJ) ......................................................... 118

- PRESCRIÇÃO:

- Decretação de ofício - Impossibilidade - Inteligência dos

artigos 162 do Código Civil e 128 do Código de Processo

Civil - Execução fiscal - Direito patrimonial (STJ) ...... 111

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 157

- Execução fiscal - Redirecionamento da execução (STJ) ..... 115

- em relação ao sócio solidário (Efeitos da interrupção da

...) - Execução fiscal ajuizada contra pessoa jurídica

(STJ) .................................................... 109

- PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO - DESNECESSIDADE - AÇÃO ORDINÁRIA EM FASE

DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA - FAZENDA MUNICIPAL CONTRA FAZENDA ES-

TADUAL - LEVANTAMENTO PARCIAL DE DEPÓSITO (STJ) ............... 98

- PRESUNÇÃO DE LIQUIDEZ E CERTEZA - EXECUÇÃO FISCAL - CERTIDÃO DE

DÍVIDA ATIVA - CTN, ART. 204 (TRF/1ª R.) ...................... 110

- PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE - INAPLICABILIDADE - EMBARGOS À EXE-

CUÇÃO FISCAL - EXTINÇÃO LIMINAR POR INTEMPESTIVIDADE - IMPUGNA-

ÇÃO ATRAVÉS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO (TRF/3ª R.) .............. 108

- PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE - ICMS - PEÇAS E ACESSÓRIOS -

MOENDA QUE FABRICA ÁLCOOL E AÇÚCAR - ÍNDICE ADOTADO (IPC) PARA

JANEIRO DE 89 É 42,72% E NÃO 70,28% (STJ) ..................... 123

- PRODUTO(S):

- da arrematação - Bem penhorado - Execução fiscal - Massa

falida - Entrega do Juízo universal - Credores privilegia-

dos - Preferência (STJ) .................................. 110

- intermediários empregados no processo de industrialização

(Crédito de ...) - ICMS - Matéria fática consolidada no

acórdão - ICMS (STJ) ..................................... 120

- semi-elaborados - ICMS - Substituição de lei complementar

por convênio - Interpretação de dispositivos constitucio-

nais - Matéria do âmbito do recurso extraordinário (STJ) 123

- PROGRAMAS DE COMPUTADOR - SOFTWARE - TRIBUTAÇÃO PELO ISS OU PE-

LO ICMS - ATIVIDADE INTELECTUAL OU MERCADORIA - DISTINÇÃO - IN-

VIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO

- MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO (STJ) ........................ 127

- PROVA SUFICIENTE PARA RESGUARDAR OS INTERESSES EM LITÍGIO - AU-

SÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA - ICMS - CRÉDITO LANÇADO E DE-

CORRENTE DE EMPRESA INIDÔNEA (STJ) ............................ 119

- PUBLICAÇÃO - DISPENSA - EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA - EXECUTADO

REGULARMENTE INTIMADO (STJ) ................................... 115

“R”

- RECURSO ESPECIAL (AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DENEGAÇÃO DE

...) - CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL A QUO - IMPOS-

SIBILIDADE - COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RE-

CLAMAÇÃO PROCEDENTE (STJ) ..................................... 99

- RECURSO ESPECIAL (EFEITO SUSPENSIVO A ...) - DESCABIMENTO - ME-

DIDA CAUTELAR (STJ) ........................................... 128

- RECURSO EXTRAORDINÁRIO (MATÉRIA DO ÂMBITO DO ...) - INTERPRETA-

ÇÃO DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS - SUBSTITUIÇÃO DE LEI

COMPLEMENTAR POR CONVÊNIO - ICMS - PRODUTOS SEMI-ELABORADOS

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 158

(STJ) ......................................................... 123

- RECURSO DE HABEAS CORPUS - DENÚNCIA - INÉPCIA - CRIME SOCIETÁ-

RIO - SONEGAÇÃO FISCAL (STJ) .................................. 128

- RECURSO DE HABEAS CORPUS - SONEGAÇÃO FISCAL - TRANCAMENTO DA

AÇÃO PENAL - FALTA DE JUSTA CAUSA - ALEGAÇÃO (STJ) ............ 128

- RECURSO - MANDADO DE SEGURANÇA - SOFTWARE - PROGRAMAS DE COMPU-

TADOR - TRIBUTAÇÃO PELO ISS OU PELO ICMS - ATIVIDADE INTELECTU-

AL OU MERCADORIA - DISTINÇÃO - INVIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO (STJ) ......................... 127

- RECURSO PENDENTE - LEI Nº 9.099/95 - APLICAÇÃO IMEDIATA - AÇÃO

PENAL - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - CRIME CONTRA A OR-

DEM TRIBUTÁRIA - PENA COMINADA INFERIOR A UM ANO (TJ SC) ...... 98

- “REFORMATIO IN PEJUS” EM REMESSA OFICIAL (STJ) ................ 128

- REMESSA OFICIAL (“REFORMATIO IN PEJUS” EM ...) (STJ) .......... 128

- REMESSA DE PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS - ICMS - OPERAÇÕES INTE-

RESTADUAIS - CONSUMIDOR FINAL - INCIDÊNCIA (STJ) .............. 123

- REMISSÃO - MICROEMPRESA (STJ) ................................. 129

- REQUISIÇÃO JUDICIAL DE CÓPIA DE DECLARAÇÃO DE BENS - OFÍCIO À

RECEITA FEDERAL - CABIMENTO - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/3ª R.) ..... 116

- RESPONSABILIDADE PENAL - SONEGAÇÃO FISCAL - INDIVIDUALIZAÇÃO DA

CONDUTA; “HABEAS CORPUS” - TRANCAMENTO - MEIO INÁBIL; PARCELA-

MENTO DA DÍVIDA - CRIME ANTERIOR À LEI 8.383/91 - EXTINÇÃO DA

PUNIBILIDADE (STJ) ............................................ 130

- RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA:

- Dissolução irregular da sociedade - Sócio-gerente; ICMS -

Decadência - CTN, arts. 173 e 150 - Termo inicial (STJ) .. 129

- dos sócios-gerentes - Extinção da empresa (STJ) .......... 116

- por substituição - Sócio-gerente - Não recolhimento de dí-

vida ativa - Ausência do nome - Irrelevância - Execução

fiscal (STJ) ............................................. 116

“S”

- SEGURADORA - VENDA DE BENS SALVADOS DE SINISTROS - INCIDÊNCIA -

SÚMULA - ICMS - CONTRIBUINTE (STJ) ............................. 119

- SEMI-ELABORADOS (PRODUTOS ...) - ICMS - SUBSTITUIÇÃO DE LEI COM-

PLEMENTAR POR CONVÊNIO - INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVOS CONSTITU-

CIONAIS - MATÉRIA DO ÂMBITO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO (STJ) .... 123

- SÓCIO(S):

- gerente - Responsabilidade tributária - Dissolução irregu-

lar da sociedade - ICMS - Decadência - CTN, arts. 173 e 150

- Termo inicial (STJ) ..................................... 129

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 159

- gerentes (Responsabilidade tributária dos ...) - Extinção

da empresa (STJ) .......................................... 116

- não citado em nome próprio - Cabimento; aquisição de cotas

de sociedade devedora - Responsabilidade - Embargos de

terceiro em execução fiscal (TRF/3ª R.) .................. 109

- solidário (Efeitos da interrupção da prescrição em relação

ao ...) - Execução fiscal ajuizada contra pessoa jurídica

(STJ) .................................................... 109

- SOFTWARE - PROGRAMAS DE COMPUTADOR - TRIBUTAÇÃO PELO ISS OU PE-

LO ICMS - ATIVIDADE INTELECTUAL OU MERCADORIA - DISTINÇÃO - IN-

VIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO

- MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO (STJ) ........................ 127

- SONEGAÇÃO FISCAL:

- Condição de procedibilidade (STJ) ........................ 130

- Habeas corpus - Alegação de falta de justa causa - Tranca-

mento da ação penaal (STJ) ............................... 130

- Recurso de habeas corpus - Denúncia - Inépcia - Crime so-

cietário (STJ) ........................................... 128

- Responsabilidade penal - Individualização da conduta; “Ha-

beas corpus” - Trancamento - Meio inábil; parcelamento da

dívida - Crime anterior à Lei nº 8.383/91 - Extinção da

punibilidade (STJ) ....................................... 130

- Trancamento da ação penal - Falta de justa causa - Alega-

ção - Recurso de habeas corpus (STJ) ..................... 128

- SUBSTITUIÇÃO:

- de bem de difícil comercialização - Admissibilidade - Exe-

cução fiscal (TRF/3ª R.) ................................. 113

- da certidão - Desnecessidade - Execução fiscal - Certidão

de Dívida Ativa englobando imposto e taxa - Exclusão do

valor do imposto (STJ) ................................... 111

- pela de nível hierarquicamente superior - Autoridade coa-

tora - Mandado de segurança - Autoridade coatora - Erro na

indicação - Extinção do processo sem julgamento de mérito

- Lançamento fiscal - Ato concreto - Iminência de lança-

mento fiscal (STJ) ....................................... 125

- SUJEITO PASSIVO - ICMS - IMPORTAÇÃO DE AUTOMÓVEL - USO PRÓPRIO

DA PESSOA FÍSICA - LOCAL DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR (STJ) 121

- SÚMULA - ICMS - CONTRIBUINTE - SEGURADORA - VENDA DE BENS SAL-

VADOS DE SINISTROS - INCIDÊNCIA (STJ) ......................... 119

- SÚMULA - ICMS - IMPORTAÇÃO DE AERONAVE PARA USO PRÓPRIO - PES-

SOA FÍSICA - INCIDÊNCIA (STJ) ................................. 121

- SÚMULA 266/STF (IMPOSSIBILIDADE) - MANDADO DE SEGURANÇA - LEI

EM TESE - ATO NORMATIVO QUE DISCIPLINOU O TRANSPORTE DE GADO E

SUA EXPOSIÇÃO EM LEILÃO (STJ) ................................. 127

- SUSPENSÃO:

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 160

- condicional do processo - Ação penal - Crime contra a or-

dem tributária - Pena cominada inferior a um ano - Recurso

pendente - Lei nº 9.099/95 - Aplicação imediata (TJ SC) .. 98

- Depósito do principal - Necessidade - Execução fiscal -

Leilão (TRF/3ª R.) ....................................... 114

- Execução fiscal - Conexão - Ação ordinária de nulidade de

débito (STJ) ............................................. 97

- do processo (L. 5.764/71, art. 76) - Impossibilidade -

Cooperativa em liquidação - Executivo fiscal (STJ) ....... 101

“T”

- TAXA (CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA ENGLOBANDO IMPOSTO E ...) - EX-

CLUSÃO DO VALOR DO IMPOSTO - SUBSTITUIÇÃO DA CERTIDÃO - DESNE-

CESSIDADE - EXECUÇÃO FISCAL (STJ) ............................. 111

- TAXA DE JUROS REAIS (ART. 192, § 3º, DA CF) - PEDIDO DE LIMINAR

PARA SUSPENDER EXECUÇÃO PROMOVIDA POR BANCO E PROMOVER LITIS-

CONSÓRCIO PASSIVO COM PARTICULARES - AGRAVO REGIMENTAL EM MAN-

DADO DE INJUNÇÃO (STF) ........................................ 100

- TDA - DEPÓSITO PARA SUSPENDER EXIGIBILIDADE DE CRÉDITO TRIBUTÁ-

RIO (STJ) ..................................................... 131

- TERCEIRO ESTRANHO À EXECUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - EMBARGOS À

EXECUÇÃO (STJ) ................................................ 108

- TERMO INICIAL:

- Ausência de débito fiscal - Delegação - Correção monetária

- Índice - Imposto sobre Operações de Circulação de Mer-

cadorias - Lei nº 6.374/89, do Estado de São Paulo - Índi-

ce oficial - Correção monetária - Imposto sobre Operações

de Circulação de Mercadorias - Incidência (STF) .......... 102

- Execução fiscal - Embargos - Prazo (TRF/4ª R.) ........... 112

- Responsabilidade tributária - Dissolução irregular da so-

ciedade - Sócio-gerente; ICMS - Decadência - CTN, arts.

173 e 150 (STJ) .......................................... 129

- TR (DECISÃO QUE CONSIDEROU LEGÍTIMA A APLICAÇÃO DA ...) - IR-

RESIGNAÇÃO APENAS DE UMA DAS PARTES, QUE SE INSURGE CONTRA A

CORREÇÃO - RECURSO NÃO CONHECIDO - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA -

CÁLCULO - CORREÇÃO MONETÁRIA (STJ) ........................... 124

- TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL:

- Descabimento - Crime contra a ordem tributária - Denúncia

- Descrição satisfatória do fato criminoso - Inépcia -

Inocorrência (STJ) ....................................... 104

- Falta de justa causa - Alegação - Recurso de habeas cor-

pus - Sonegação fiscal (STJ) ............................. 128

- Falta de justa causa - Crime de sonegação fiscal (STJ) ... 105

- Fatos controvertidos - Dilação probatória - Inidoneidade

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REVISTA JURÍDICA DA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 161

do writ - Denúncia fundada em procedimento administrativo

fiscal - Prescindibilidade de inquérito policial - Habeas

corpus (STJ) ............................................. 106

- “Habeas corpus” - Omissão no recolhimento de tributos -

Ausência de inquérito policial - Cerceamento de defesa -

Inocorrência (STJ) ....................................... 117

- Meio inábil - “Habeas corpus” - Sonegação fiscal - Respon-

sabilidade penal - Individualização da conduta - Parcela-

mento da dívida - Crime anterior à Lei nº 8.383/91 - Ex-

tinção da punibilidade (STJ) ............................. 130

- TRANSPORTE DE GADO E SUA EXPOSIÇÃO EM LEILÃO (ATO NORMATIVO QUE

DISCIPLINOU O ...) - IMPOSSIBILIDADE (SÚMULA 266/STF) - MANDADO

DE SEGURANÇA - LEI EM TESE (STJ) .............................. 127

- TRIBUTAÇÃO PELO ISS OU PELO ICMS - ATIVIDADE INTELECTUAL OU

MERCADORIA - DISTINÇÃO - INVIABILIDADE NA VIA ESTREITA DO MAN-

DADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO -

SOFTWARE - PROGRAMAS DE COMPUTADOR (STJ) ...................... 127

“U”

- UFIR (CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA EXPRESSA EM ...) - ADMISSIBILI-

DADE - EXECUÇÃO FISCAL (TRF/4ª R.) ............................ 111

“V”

- VALOR DA MERCADORIA (DEFLAÇÃO DO ...) - ICM - BASE DE CÁLCULO -

DECRETO-LEI 2.284/86 (STJ) .................................... 118

- VALOR DA OPERAÇÃO - ICM - BASE DE CÁLCULO - PREÇO PAGO A PRAZO

(STJ) ......................................................... 118

- VENDA DE BENS SALVADOS DE SINISTROS - ICMS - CONTRIBUINTE - SE-

GURADORA - INCIDÊNCIA - SÚMULA (STJ) .......................... 119

- VENDAS COM CARTÃO DE CRÉDITO - ENCARGOS DO FINANCIAMENTO - EX-

CLUSÃO - ICMS - BASE DE CÁLCULO (STJ) ......................... 119

- VERBA ADVOCATÍCIA (INCIDÊNCIA DE ...) - EMBARGOS DO DEVEDOR -

EXECUÇÃO FISCAL - MASSA FALIDA (STJ) .......................... 107

- ÍNDICE GERAL .................................................. 135

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PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA ESTADUAL 162