revista inox - ed. 37

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AÇO INOX EM CURVAS E FORMAS CRESCE O NÚMERO DE ARTISTAS PLÁSTICOS QUE OPTAM POR FAZER ESCULTURAS EM INOX NÚCLEO INOX 37 BAIXA MANUTENÇÃO ESPECIFICAÇÃO DO INOX REDUZ CUSTOS EM USINA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL EM SP CRITÉRIO TÉCNICO COM RECENTE DECRETO PAULISTA, INOX DEVE GANHAR MAIS ESPAÇO EM OBRAS PÚBLICAS INOX NA VILA DO AÇO OS DIVERSOS PRODUTOS E APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL BRILHAM EM EXPOSIÇÃO

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Revista Inox - Ed. 37

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AÇO INOX EM CURVAS

E FORMASCRESCE O NÚMERO DE

ARTISTAS PLÁSTICOS QUE OPTAM POR FAZER

ESCULTURAS EM INOX

NÚCLEOINOX

37

BAIXA MANUTENÇÃOESPECIFICAÇÃO DO INOX REDUZ CUSTOS EM USINA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL EM SP

CRITÉRIO TÉCNICOCOM RECENTE DECRETO PAULISTA, INOX DEVE GANHAR MAIS ESPAÇO EM OBRAS PÚBLICAS

INOX NA VILA DO AÇO OS DIVERSOS PRODUTOS E APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL BRILHAM EM EXPOSIÇÃO

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sumário

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Nesta edição, a Revista Inox traz uma matéria especial sobre os escultores e artesãos que têm um caso de amor com o inox. Entre as principais qualidades que orientam a escolha desses artistas estão a beleza, sua fácil conforma-bilidade, o brilho e a nobreza do material, além de sua dura-bilidade e resistência às intempéries.

As formas nascidas a partir daí são as mais belas e inu-sitadas. Um dos exemplos mais recentes é a escultura Lín-gua Afiada, do artista Marcello Dantas, exposta no Museu das Minas e do Metal, em Belo Horizonte. A escultura, com 650 quilos e 24 metros de comprimento, está instalada no segundo andar e é a protagonista do espaço.

Na opinião do artista plástico José Resende, por exem-plo, o inox reúne um conjunto de qualidades que se somam, como a resistência do material à oxidação, característica que permite a exposição do trabalho ao ar livre.

Cita também a qualidade reflexiva do material quan-do polido, além de suas propriedades estruturais que viabilizam soluções de dimensionamento muitas ve-

OBRAS DE ARTE ESCULPIDAS SÃO PROVA DA VERSATILIDADE DO INOXzes mais esbeltas comparadas às de outros metais.

Na indústria sucroalcooleira, o destaque é para a Usina Alta Mogiana, em Ribeirão Preto (SP), onde a substituição por inox nas tubulações e equipamentos de moagem pos-sibilitou a redução dos altos níveis de corrosão, diminuindo drasticamente as paradas para a manutenção e aumentan-do a produtividade da empresa.

Nesta edição conheça também os planos do novo presi-dente da Abinox – Núcleo Inox, Marco Aurélio Fuoco, consul-tor de marketing e relações institucionais da Aperam, que acaba de ser eleito. E veja como o Decreto 56565, do Esta-do de São Paulo, pode ampliar o mercado de obras públicas para o inox, levando em conta os critérios técnicos e de cus-to-benefício e não o de menor preço.

Acompanhe ainda o sucesso da exposição Vila do Aço, em São Paulo, montada num espaço de 1.400 m2, que exi-biu aplicações do inox em diversos setores, durante o 22o Congresso Brasileiro do Aço, entre outras notícias.

Boa leitura!

entrevista ............................... 6Novo presidente da Abinox quer enfatizar capacitação técnicaMarco Aurélio Fuoco, consultor de marketing e relações institucionais da Aperam, acaba de ser eleito para presidir a diretoria da Abinox – Núcleo Inox

legislação ................................... 11Decreto 56565 do Estado de São Paulo cria mercado para o inoxAço inoxidável deve ganhar mais espaço em obras públicas de SP, pois agora critérios técnicos e de custo-benefício se sobrepõem ao de menor preço ou pregão

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Publicação da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – Núcleo InoxAv. Brigadeiro Faria Lima, 1234 cjto. 141 – Cep 01451-913São Paulo/SP – Fone (11) 3813-0969 – Fax (11) [email protected]; www.nucleoinox.org.brConselho Editorial: Celso Barbosa, Francisco Martins,Osmar Donizete José e Renata SouzaCoordenação: Arturo Chao Maceiras (Diretor Executivo)Circulação/distribuição: Liliana BeckerEdição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de ComunicaçãoRua Desembargador Euclides de Campos, 20, CEP 05030-050, São Paulo-SP,Telefax (11) 3675-0809; [email protected]; www.ateliedetextos.com.brDiretora de redação e jornalista responsável: Alzira Hisgail (MTb 12326)Editora: Heloísa Medeiros; Repórter: Adílson Melendez

Comercialização: Sticker MKT Propaganda Ltda. Al. Araguai, 1293, cj. 701 -Centro Empresarial Alphaville – Barueri - SP – Cep 06455-000www.sticker.com.br; [email protected]: Antonio Carlos Pereira - [email protected]: Josias Nery Junior (11) 9178-0930 - [email protected] E. Giammusso Filho - (11) 9137-2516 - [email protected] anunciar: Tels.: (11) 4208-4447 / 4133-0415 - Dulce (11) 9178-0930 - Junior; (11) 9137-2516 - SalvadorEdição de arte e diagramação: Vinicius Gomes Rocha (Act Design Gráfico)Serviço de CTP e impressão: Estilo HumFoto da capa: Jormar Bragança (obra Língua Afiada, de Marcello Dantas)

A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.

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seção ........................................... 33Notícias Inox As novidades e realizações das empresas que compõem a cadeia produtiva do inox

indústria ................................................. 20Especificação do aço inox reduz custos em usina de açúcar e álcoolNa Usina Alta Mogiana, no interior de São Paulo, a opção pelo inox propiciou redução de custos de manutenção e resolveu problemas de corrosão

exposição ..................................................................................... 26Vila do Aço mostra aplicações do inox em diversos setoresConstruída num espaço de 1.400 m2, a mostra aconteceu durante o 22o Congresso Brasileiro do Aço e atraiu inúmeros visitantes nos três dias da exposição

artigo .......................................... 30As propriedades e aplicações das chapas expandidas de inoxCom alta resistência e durabilidade, as chapas expandidas de inox possibilitam a execução de diversos projetos e produtos, em razão de sua versatilidade, nobreza e economia

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entrevista

Novo presidente da Abinox quer enfatizar capacitação técnicaMarco Aurélio Fuoco, consultor de marketing e relações institucionais da Aperam (nova denominação da ArcelorMittal Inox Brasil), acaba de ser eleito para presidir a diretoria daAbinox – Núcleo Inox. Com 28 anos de experiência no mercadosiderúrgico, atua nas áreas comercial, marketing, desenvolvimento de mercado e produtos, logística, compras e planejamento estratégico. Conta com experiência nos mercados brasileiro e internacional. Formado em Administração de Empresas, fez pós-graduação em marketing e executive MBA, além de cursos de especialização no Brasil e exterior.

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Quais as realizações mais importantes para a cadeia produtiva do inox que o sr. pretende imple-mentar como presidente da Abinox?

Para esse novo momento, elaboramos projetos com foco em várias frentes, entre elas, a promoção do aço inox, a capacitação técnica das empresas e dos profissionais da área, a melhoria da competitivi-dade na cadeia produtiva em virtude da atual avalan-che de importação de insumos e produtos acabados e, não menos importante, a implementação de um modelo de governança corporativa na Abinox.

Por que há necessidade de divulgação do aço inoxidável?

Há necessidade de divulgar e capacitar as em-presas que processam o inox, pois muitas delas ainda possuem dificuldades e dúvidas. Para tanto, estamos elaborando desde treinamentos de capa-citação técnica, promovidos pela Abinox, em par-ceria com outras entidades, como o Senai, Senac e Sebrae, além de programas específicos com as uni-versidades em cursos de engenharia, arquitetura e design. Introduziremos também uma ferramenta de e-learning em nosso website, onde será disponibili-zado o Curso de Especialista em Inox. Traduzido do International Stainless Steel Forum (ISSF), contará com três módulos básicos que poderão ser cursa-dos por qualquer interessado sem conhecimento na área, e dois módulos avançados, para aqueles que desejam se aprofundar em temas como resistência à corrosão ou aspectos metalúrgicos.

Quais serão as próximas ações para promover o aço inoxidável?

O esforço de comunicação merece a nossa aten-ção sempre, já que o mercado precisa conhecer cada vez mais as propriedades e vantagens do aço inox, especialmente as empresas de pequeno e médio porte, que ainda não o utilizam por absoluto des-conhecimento. Realizamos um levantamento deta-lhado sobre os atributos e benefícios do aço inox em cada aplicação e segmento de mercado e, com base nele, estamos finalizando um plano específico de di-vulgação a ser implantado ainda em 2011. Utilizare-mos também os canais de mídia que dispomos hoje, como a Revista Inox, o website da Abinox e o Guia Inox, que já conta hoje com mais de 1.800 empre-sas cadastradas nos setores da indústria, comércio,

serviços e técnico. Promoveremos, nas próximas se-manas, a entrega do 1o Prêmio InovInox para os ga-nhadores do concurso 2010/2011, ocasião em que lançaremos sua segunda edição, que deverá ocorrer na Feinox 2012. Com tudo isso, a ideia é fortalecer a entidade, atraindo cada vez mais associados e con-solidar a representatividade da Abinox no cenário empresarial.

Diante do panorama econômico brasileiro, como será o desempenho do setor de aço inox para este ano e o próximo?

Observamos que o consumo aparente do aço inox no Brasil tem, em média, um crescimento próximo a duas vezes o PIB. Para o PIB brasileiro, estimado em 4,5% em 2011, o crescimento deve ser de aproxima-damente 9%. Entretanto, estamos otimistas diante do elevado nível de investimentos públicos e pri-vados que ocorrerão no Brasil, impulsionados pela Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016 e por projetos relevantes ligados à expansão da infraes-trutura do país, além do pré-sal e biocombustíveis. Estas são apenas algumas das oportunidades de ne-gócios para os próximos anos, sem perder de vista o efeito positivo do crescimento da economia brasilei-ra, que vem resultando na expansão dos setores de bens de capital e de bens de consumo em geral, am-bos importantes consumidores do aço inox.

Como a Abinox pretende promover o uso do aço inox em novos nichos de mercado?

Embora o aço inox esteja presente no cotidiano dos brasileiros, existe ainda um longo caminho a ser percorrido e muitas oportunidades a serem explora-das. Alguns mitos precisam ser superados e o princi-pal deles é de que o aço inox é caro. Naturalmente, o custo do inox como insumo pode – em alguns casos – ser superior ao de outros materiais. Entretanto, com base em estudos de custo-benefício estamos conseguindo demonstrar, com enorme sucesso,

“Vamos fortalecer a entidade, atrair mais

associados e consolidar sua representatividade no

cenário empresarial”

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para vários segmentos da indústria e da construção civil que, devido às suas características peculiares, o inox garante um significativo ganho financeiro, atra-vés da redução de peso e melhoria nos processos industriais, com ganhos de produtividade e redução de custos. Na arquitetura, além de garantir a dimi-nuição de custos com limpeza e manutenção, forne-ce um aspecto moderno às obras, integrando-se aos mais variados ambientes.

O que será feito para aumentar o consumo per capita de inox no país?

Trata-se de um desafio aumentar o consumo no Brasil. Isso passa pelo importante papel dos produto-res brasileiros do aço inox – Aperam em aço planos, Villares Metals e Gerdau em aços longos – no senti-do de continuarem desenvolvendo novos produtos para aplicações cada vez mais exigentes do merca-do. Isso já está acontecendo nos segmentos de óleo e gás, papel e celulose e automotivo. E será uma ten-dência cada vez maior, na medida em que inovação e tecnologia sejam essenciais para a diferenciação da competitividade da economia brasileira.

Quais os segmentos industriais em crescimento que estão demandando mais aço inox neste ano?

Precisamos dividir a análise em dois cenários. No primeiro caso, que trata do consumo de aço inox em aplicações do nosso cotidiano, vamos muito bem, especialmente por estar atrelado a segmentos que vêm mantendo um bom desempenho como os de linha branca, automotivo, utilidades domésticas e

construção civil. Já no segundo caso, que se refe-re aos segmentos industriais, o cenário difere um pouco. Há setores com importantes investimentos e ótimas perspectivas de consumo de inox, como na área de óleo e gás com produção e exploração de petróleo e a construção de novas refinarias. Em relação a papel e celulose há novas fábricas sendo construídas. E na área de bioenergia, os destaques são o segmento sucroalcooleiro e de biodiesel. Por outro lado, o setor de bens de capital está sofrendo o impacto do incremento das importações de equipa-mentos, com um alto nível de ociosidade.

Os níveis de demanda do inox deverão manter-se no país?

Para o futuro próximo, há a expectativa de que a demanda de aço inox para produtos de bens de con-sumo duráveis e não-duráveis mantenha seus níveis de crescimento orgânico e, com isso, o consumo apa-rente de aço inox no Brasil também deverá crescer. Mas o foco da Abinox, dos produtores de aço inox e dos demais atores da cadeia deverá também estar atrelado ao desenvolvimento de novos produtos e novas soluções, divulgação e incremento do conhe-cimento técnico e, principalmente, a otimização de custos para ganho de competitividade. Sem isso as-sistiremos uma enxurrada de produtos importados.

Como ficam as perspectivas de consumo do inox frente às Olimpíadas 2016, Copa 2014 e ne-cessidade de melhoria da infraestrutura?

Em decorrência dos investimentos a serem fei-tos pelo poder público e o setor privado por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas, certamente, surgirão muitas oportunidades para o crescimento do aço inoxidável. Em ambos os eventos esportivos, as características especiais de resistência à corro-são, higiene, durabilidade, reciclabilidade, facilidade de limpeza, além do apelo estético, fazem do inox o material adequado para projetos sustentáveis. O aço inox também será muito utilizado nas obras de infra-estrutura como aeroportos, portos, hotéis, hospitais,

“Estamos elaborando treinamentos para

capacitar as empresas que processam o inox”

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shoppings, metrôs e trens urbanos, sem falar nos no-vos estádios que terão o conceito de arena multiuso.

O aumento do poder de compra do brasileiro também influencia os negócios do setor?

Não temos dúvida que a recente expansão da massa salarial no Brasil está possibilitando que mais pessoas possam adquirir bens de consumo com aço inox. Este fenômeno é facilmente observado em al-guns segmentos como, por exemplo, os produtos de linha branca (fogões, refrigeradores, fornos de micro-ondas, coifas etc). A indústria brasileira atendeu a um antigo anseio dos con-sumidores, expandindo sua linha de produtos com aço inox, historicamente, restrita a um público de elevado po-der aquisitivo. Em sua gran-de maioria, eram produtos importados que a indústria “nacionalizava”, adequando-os às características do mercado brasileiro. Vemos isso com imensa satisfa-ção e além de ser um sucesso absoluto, contamos agora com uma maior gama de produtos em inox a preços acessíveis, assim como ocorre em países desenvolvidos. Seja por fatores de inovação tecno-lógica, para cumprimento de normas ambientais, ou mesmo para atender às necessidades dos consumi-dores, o fato é que a indústria brasileira vem aumen-tando cada vez mais a utilização do aço inox.

A carga tributária nacional interfere na aplica-ção do aço inoxidável? O que poderia melhorar nes-se aspecto?

A cadeia do aço inox está sendo fortemente im-pactada não só pela elevada carga de impostos, mas também pela guerra fiscal entre os Estados. Em es-tudo realizado recentemente por uma consultoria in-ternacional, a pedido do Instituto do Aço Brasil (IABr), ficou evidenciado que o aço brasileiro tem um custo de produção entre os mais competitivos do mundo. Entretanto, ao adicionar os efeitos dos impostos a situação muda radicalmente, passando a ser o mais caro entre os países analisados. A carga fiscal total, incluindo tributos sobre produção, vendas e investi-mentos, pode chegar a 51% em determinados produ-tos no Brasil, enquanto que na Alemanha, utilizando a mesma base de comparação, o impacto é de apro-

ximadamente 20%, nos Estados Unidos 22,5% e na China 26%. O resultado disso é que não só o aço, mas também os produtos em inox ficam mais caros, tendo como efeito direto um custo mais elevado e a inibição no crescimento do consumo.

E as importações de inox estão prejudicando os produtores e transformadores brasileiros?

Há uma exacerbada guerra fiscal entre os esta-dos que acaba por beneficiar as importações de pro-dutos e insumos, em condições mais competitivas que os produtos nacionais. Este é um tema que está

em discussão no STF e que requer medidas efetivas e imediatas para conter a perda de competitividade das empresas brasileiras. Embora complexo, é neces-sário que o governo promo-va urgentemente uma revi-

são permitindo isonomia tributária entre os Estados e em relação aos produtos importados.

O câmbio, com o real valorizado, também é um fator de redução da competitividade?

Sim, eu acrescentaria os efeitos negativos do câmbio, que mantém o real muito valorizado, além das elevadas taxas de juros e os gargalos na infra-estrutura. Todos esses fatores colocam em risco a competitividade das empresas brasileiras, levando à tão falada desindustrialização e à consequente que-da na geração de empregos. Com a desaceleração global, há um excesso de oferta de aço, de máquinas e equipamentos e produtos manufaturados.

Qual a importância dos distribuidores na cadeia produtiva do setor?

Elaboramos um plano de ação em conjunto com os distribuidores, que têm papel fundamental na ca-deia. Através de seus centros de serviços e estoques balanceados, essas empresas abastecem o merca-do no varejo, disponibilizando o aço inox em todo o território nacional e garantindo resposta rápida e de qualidade, prestando, ainda, suporte e orientação técnica. Os distribuidores têm também a importante característica de financiar os seus clientes, ajudan-do a fomentar o uso do aço inox, assim como a de dar suporte às ações de desenvolvimento de merca-

“Temos um plano específico de divulgação para o

aço inox a ser implantado ainda este ano”

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do promovidas pelas usinas siderúrgicas. A atuação ampla e massiva destes distribuidores garante anu-almente o atendimento a mais de 8 mil empresas consumidoras de aço inox. Dentro deste contexto, eles são um elo essencial para o abastecimento e fomento do consumo do aço inox no Brasil.

Quais as adequações a serem feitas em relação aos distribuidores?

Hoje, os distribuidores estão devidamente estru-turados e possuem estoques para atender os seg-mentos que têm seu consumo consolidado. Mas há necessidade de uma adequação em segmentos de produtos recentemente introduzidos pelas usinas brasileiras. Por não terem ainda uma demanda sig-nificativa e constante, os distribuidores não consi-deram economicamente viável manter estoques de determinados aços, como os duplex, 317L e 347, de-mandados pelas indústrias de óleo e gás e de papel e celulose. Por outro lado, já observamos evolução, especialmente com os aços 410 e 439 utilizados nos setores sucroalcooleiro, automotivo, de arquitetura e

de linha branca, que são encontrados com facilidade na distribuição. A melhoria desse processo virá com o aumento da demanda. Até lá haverá a necessidade de um melhor alinhamento entre usinas e distribui-dores, a fim de atender às novas demandas do mer-cado sem gerar aumento de custos à cadeia, evitando o risco de nos depararmos com usinas estrangeiras trazendo a solução para os clientes brasileiros.

Heloísa Medeiros

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Critérios como menor preço ou pregão estão proibidos de serem adotados na contratação de serviços de arquitetura e engenharia pelo poder público do estado de São Paulo. Com isso, o aço inoxidável deve ganhar mais espaço em obras públicas

governo do Estado de São Paulo criou uma diretriz inédita nas lici-tações de obras públicas. Com a

edição do Decreto no 56.565, publicado no Diário Oficial no dia 24 de dezembro do ano passado, a adoção dos critérios de menor preço, ou pregão, está proibi-da na contratação de serviços de arqui-tetura e engenharia pelo poder público estadual. Em resumo, o tão combatido parâmetro do menor preço, que não ga-rante a execução de um projeto ou obra de qualidade, ainda vigente pela Lei Ge-ral de Licitações 8666, de 1993, de cará-ter nacional, não vale para licitações de obras em São Paulo.

De acordo com a medida, adotada pelo ex-governador Alberto Goldman, serviços de engenharia e arquitetura são de natureza técnica, eminentemen-te intelectual, e, por isso, não podem ser aprovados ou contratados pelo menor preço ou pregão. A decisão, a primeira do gênero no país, deverá estabelecer um novo padrão técnico e de qualidade para

LICITAÇÕES COM CRITÉRIO TÉCNICO

obras e empreendimentos no Estado.A conquista deve-se ao empenho do

engenheiro José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco-SP (Sindicato da Arquitetura e Engenharia), que, de longa data, vem pleiteando esta mudança nas áreas de arquitetura e engenharia. O De-creto trará para os contratos públicos a garantia de obras e empreendimentos com melhor embasamento técnico, me-nor custo, maior durabilidade, além de menores custos de manutenção e parâ-metros de sustentabilidade.

Baseado no Decreto, o aço inoxidável, material reconhecido por sua grande du-rabilidade e resistência, poderá ganhar espaço nas especificações dos projetos de obras públicas de São Paulo, levando em conta o custo-benefício e o ciclo de produção, uso e manutenção, ou, em outras palavras, o custo global do em-preendimento.

Segundo Celso Barbosa, diretor de Tecnologia da Abinox – Núcleo Inox, de modo pioneiro no Brasil, a partir des-

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pacidade de resistência, chegando à ruptura da estrutura. Existem classes de agressividade de ambientes que in-fluenciam na corrosão das armaduras, que causa ainda o desplacamento do concreto, perda da durabilidade e até da segurança estrutural.

Barbosa informa que na Escola Po-litécnica da USP foi desenvolvida uma tese de doutorado de um aluno, sob a orientação do professor Paulo Helene, especialista em patologias do concreto, a respeito da aplicação do aço inox em armaduras, adaptando-a às condições brasileiras. “O estudo mostrou a com-pleta viabilidade do seu uso. No Reino Unido e EUA o vergalhão de inox garan-te maior vida útil para a obra, especial-mente em ambientes agressivos como concentrações industriais e na orla ma-rítima”, avalia.

sa lei o Estado de São Paulo contratará obras baseando-se na melhor técnica e preço. “A decisão deverá estabelecer um novo padrão de qualidade para obras e empreendimentos no Estado. Não será mais um pregão, onde só o menor pre-ço vence, mas sim prevalecerá o mérito técnico, avaliado de acordo com crité-rios específicos”, destaca ele.

PERSPECTIVAS PARA O INOXA cadeia produtiva do aço inoxidável

poderá se beneficiar com os novos crité-rios de compra do governo. A legislação abre amplas perspectivas de mercado para promover o uso do inox e dos prin-cipais produtos e sistemas fabricados com o material.

“De acordo com o decreto, entre os critérios técnicos que devem ser anali-sados, dois itens são plenamente atendi-dos quando o aço inoxidável é empregado como um material construtivo, especi-ficamente no que diz respeito à funcio-nalidade, segurança e durabilidade. Nos quesitos conservação e operação o aço inoxidável também sempre apresenta vantagens em relação a outras opções mais baratas”, explica Barbosa.

Frente a isso, segundo Barbosa, cabe à Abinox – Núcleo Inox criar ações para informar e esclarecer melhor os vários segmentos das compras públicas sobre as propriedades e vantagens do material. “Sem dúvida alguma, deveremos adotar ações mobilizadoras junto aos setores de engenharia e arquitetura, envolvendo o uso do material em obras públicas, tais como metrôs, aeroportos, mobiliário ur-bano, terminais de passageiros, prédios públicos, entre outras que exigem resis-tência ao vandalismo, facilidade de ma-nutenção e de limpeza”.

Um dos segmentos a serem traba-lhados será o de estruturas de concreto armado, com o uso de vergalhões de aço inoxidável para. Nos países desenvolvi-dos da Europa e nos Estados Unidos, a

aplicação do inox em vergalhões vem sendo cada vez mais procurada, pois evi-ta a pior patologia deste tipo de estrutura, que é a corrosão de armaduras. “Nesses países e, mais recentemente, na Ásia, a solução tem sido cada vez mais utilizada ano a ano. Das inúmeras tentativas para proteger as armaduras da corrosão, tais como a zincagem a fogo, revestimentos poliméricos e proteção catódica, a solu-ção de aço inoxidável vem se mostrando a mais confiável”, pondera.

Entre as principais patologias do con-creto, estão as provocadas por agentes químicos e ambientais que levam à cor-rosão de armaduras, à carbonatação, ataque de sulfatos, de soluções ácidas e ação de cloretos. Os sintomas des-sas doenças são, em geral, as fissuras, eflorescências, desagregação, lixivia-ção, manchas ou flechas excessivas e reação álcalis-agregado. Tudo isso pode fazer com que o concreto perca sua ca- Heloísa Medeiros

O aço inoxidável, material de alta durabilidade e resistência, deverá ganhar espaço nas especificações dos projetos de obras públicas de São Paulo

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A escultura foi executada pela Innova Soluções em Aço Inox que empregou chapas de aço inoxidável 304 para revestir a estrutura tubular. Jorge Durão Henriques, diretor da empresa, explica que, primeiro, foi preciso escolher uma estrutura que permitisse as alterações de forma e direção pretendidas pelo autor. “Assim, optamos por tubos redondos. Outro desafio a ser vencido era o revestimento. O artista queria a superfície de inox totalmente polida, quase espelhada, o que demandou um grande esforço na soldagem e no acabamento, bem como na calandragem dos tubos e das chapas”, descreve.

JARDIM DE NARCISO Cada artista desenvolve relação particular com o inox; uns

são mais fiéis e outros o tem como parceiro ocasional. Parte apresenta conhecimento técnico mais refinado sobre o mate-rial, enquanto que, para outros, esse saber não tem importân-cia. Certos autores manipulam o material até chegar à forma pretendida e alguns confiam o trabalho às empresas especia-lizadas em transformação do metal.

Também em Minas Gerais, mas na cidade de Brumadinho, próxima à capital onde fica o Instituto Cultural Inhotim, existe outra obra artística onde a autora, Yayoi Kusama, utilizou com maestria o aço inoxidável. Denominada Narcissus Garden, a peça – uma versão atualizada de importante escultura produ-zida pela artista japonesa na década de 1960 – é constituída por quinhentas esferas brilhantes de aço inox, que se man-têm à tona no espelho d’água da cobertura do Centro Educa-cional Burle Marx, um dos prédios do Inhotim.

A escultura foi adquirida da galeria de Nova Iorque que atende a artista. A obra original foi exibida pela primeira vez, clandestinamente, na Bienal de Veneza, em 1966, quando Yayoi instalou sobre o gramado 1500 esferas metálicas espe-lhadas, que eram vendidas a US$ 2,00 cada. Entre os globos, uma placa com a frase carregada de sarcasmo: “Seu narcisis-mo à venda”, ironia da artista à mercantilização e aos siste-mas de repetição da arte.

Yayoi criou diferentes versões de Narcissus Garden para exposições em museus e espaços públicos. A do Inhotim é a primeira existente no Brasil. O nome é uma referência à Narci-so, personagem da mitologia grega. No Inhotim, as esferas de aço inoxidável formam um grande espelho convexo que refle-te, de forma distorcida e fragmentada, porém multiplicada, a imagem de quem o contempla.

EXPRESSÃO EM INOXO artista plástico José Resende utiliza com constância o

aço inoxidável em suas produções. Uma de suas obras mais recentes com o material estava em exibição, desde a primeira

quinzena de junho, no Museu de Arte Moderna, no Rio de Ja-neiro. Trata-se de uma escultura com 450 quilos de tubos de aço inoxidável. Sobre o número de peças que criou usando o aço inoxidável, o artista brinca: “não me peça para fazer essa conta. Foram muitos”.

Resende conta que, quando começou a trabalhar com o inox, o acesso ao material era muito difícil. “Para aquisição em pequena quantidade havia apenas chapas. Porém só as de pequena espessura eram acessíveis. E, nada de tubos”, recorda. Por isso, explica ele, vários de seus trabalhos foram desenvolvidos com alumínio anodizado. “Por minha vontade teriam sido construídos com inox. Algumas dessas obras, e mesmo peças que originalmente haviam sido confecciona-das com o aço SAC 50, foram mais recentemente refeitas

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Narcissus Garden, escultura de Yayoi Kusama,no Instituto Cultural Inhotim, em Brumadinho (MG)

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com inox. Principalmente as que utilizavam tubos”, explica. “Na realidade, o inox possui um conjunto de qualidades

que se somam”, observa. Menciona a resistência do material à oxidação, característica que permite a exposição do trabalho ao ar livre, onde ele está sujeito às intempéries. Cita também a qualidade reflexiva do material quando ele é polido, além de suas propriedades estruturais que viabilizam soluções de di-mensionamento muitas vezes mais esbeltas comparadas às de outros metais.

Apesar de utilizar com freqüência o material, Resende ava-lia que a informação sobre as propriedades e qualidades técni-cas do inox dificilmente chegam aos profissionais de sua área. “Acredito que nem mesmo os arquitetos estejam suficiente-mente informados, embora o uso hoje ocorra em maior esca-la na construção civil”, opina. O artista também nota ser difícil

viabilizar compras em escalas meno-res destinadas à produção de peças únicas e às pequenas tiragens.

TESTEMUNHO NA ESQUINAPostada na esquina das avenidas

Brigadeiro Faria Lima com Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, des-de o final de 2009, Testemunho é uma criação de Dolly Moreno. Aproxi-madamente 18 meses após ser ins-talada, a peça, cuja altura alcança cinco metros e tem peso de uma to-nelada, permanece com a aparência inicial, em razão do material que a artista escolheu para a obra. “Queria fazer uma escultura com três vezes o meu tamanho, poderosa, que me dominasse”, conta a autora. “Não só

consegui, mas a montei com esse que é o mais lindo e forte material, o aço inox”, destaca.

Para ela, Testemunho representa uma postura aberta, re-fletiva e configura-se como presença marcante, calma e aco-lhedora, em meio à desordem da metrópole. “Por ser o inox um material extremamente durável, por inúmeras gerações Testemunho permanecerá intacta, tão jovem quanto o dia em que nasceu”, afirma Dolly. Na concepção da peça, a autora se-guiu seu costumeiro método de trabalho: suas esculturas já são concebidas tridimensionalmente.

“De início, faço uma versão ultrapequena para resolver os pontos críticos do projeto. Uma vez equacionados, desenvolvo outra maquete, dez vezes maior que a primeira, e procuro ob-servar o que não foi possível na dimensão anterior”, descreve. “Quando me senti pronta, com a maioria dos problemas resol-

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“Assim é se lhe parece”, em inox colorido, de Helena Netto, será exposta na Bienal de Arte de Florença

Escultura de José Resende, no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro

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vidos, Testemunho nasceu”, relata Dolly a respeito da escultu-ra da esquina do Jardim Europa.

Para executar Testemunho, a solução foi dividi-la em sete componentes que a própria Dolly cortou e soldou. Num certo momento, essas partes não mais cabiam na sua oficina. Foi então que Dolly passou a soldar as peças na calçada em fren-te ao imóvel. “Para deleite dos vizinhos e pedestres que pas-savam”, recorda. “Não usei engenharia, mas bom senso e o amor que acumulei nestes anos todos trabalhando com este material incrível, que é o inox”, completa. O aço inoxidável tem sido companheiro de inspiração e criação da artista nos últi-mos 30 anos.

ESCULTURA NA MARGINAL A enorme dimensão de Ascensão (são dez metros de al-

tura por cinco de largura), uma das mais recentes esculturas em inox do artista plástico Nicolas Vlavianos, somada à qua-lidade do trabalho, faz da composição um objeto de destaque na paisagem da capital paulistana. Localizada na marginal do rio Pinheiros, zona sul da cidade, nas proximidades do edifí-cio World Trade Center, Ascensão possui traços diagonais que contrastam com as linhas verticais dos edifícios vizinhos.

Vlavianos argumenta que a decisão de usar o inox se ba-seia no fato de o material proporcionar variações visuais du-rante o dia e à noite, dependendo da incidência da luminosi-dade e das variações climáticas. Ascensão é mais uma das experiências do autor com o inox, material que tornou-se su-porte para sua arte há quase quarenta anos e com o qual ele estima já ter executado mais de 500 peças. “Comecei a usar em 1963. E na minha exposição no Museu de Arte Moderna, do Rio de Janeiro, em 1966, apresentei uma grande escultura com o material”, recorda.

Desde então, soldando, aparafusando ou rebitando, Vlavia-nos deu ao aço inox as mais variadas configurações. “O ma-terial pode ser soldado e polido com facilidade e não se altera com o tempo. Pode ficar exposto no sol e na chuva e combina muito bem com outros metais e com peças pintadas. É um material da nossa época e o encontramos em objetos de uso cotidiano”, diz o artista explicando sua relação com o material. Vlavianos diz que escolhe o material pelo preço. “Não procuro especificações. Para meu trabalho qualquer aço inox é utilizá-vel”, conclui.

DE MINAS PARA FLORENÇAQuando embarcar em direção à Itália para participar da

Bienal de Arte Contemporânea de Florença (mostra que será realizada de 3 e 11 de dezembro de 2011 para a qual foi con-vidada e obteve patrocínio das empresas Inoxcolor e Comisa),

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Ascensão, de Nicolas Vlavianos, próximo ao World Trade Center em SP

Testemunho, de Dolly Moreno, na esquina da Faria Lima com Cidade Jardim, em SP

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Dom Quixote de La Mancha:peça em inox de Flávio Carvalho

Da esquerda para a direita, obras de Gustavo Monstro, Neuza Góes, Luana Taylor e Diana Fernandes, da Fultec

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Usina Alta Mogiana, localizada na Fazenda Santana, área rural de São Joaquim da Barra, em São

Paulo, produz além do etanol, açúcar cristal (destinado à indústria alimen-tícia); açúcar cristal peneirado (malha 30/60); e açúcar VHP (o tipo mais expor-tado pelo país). Também gera energia a partir da queima do bagaço da cana em caldeiras de alta pressão.

O aço inoxidável, presente em várias máquinas e equipamentos da usina, en-tra em contato em diversos momentos com a cana de açúcar, processada pela Alta Mogiana, para a produção de álcool e açúcar.

O “casamento” da usina de São Joa-quim da Barra com o inox teve início na

indústria

Opção pelo inox na Usina Alta Mogiana, no interior de São Paulo, propiciou redução de custos de manutenção. Até então, a empresa utilizava tubos de aço carbono e precisava parar para resolver os frequentes furos e vazamentos, em razão da corrosão.

INOX REDUZ CUSTOS EM USINA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL

primeira metade da década de 2000. Quem acompanha a trajetória dessa re-lação é José Roberto de Andrade, geren-te de desenvolvimento de mercado da Jatinox. Andrade conta que a iniciativa de adotar o aço inoxidável nos equipa-mentos partiu da própria empresa, por sugestão do diretor industrial da usina Fernando Vicente.

“A Alta Mogiana procurava conso-lidar uma postura ambientalmente correta, segura do ponto de vista ali-mentar, de proteção às pessoas, prio-rizando também o alto desempenho operacional”, explica. “Tudo isso, com baixo custo de manutenção, aspecto ao qual o inox responde muito bem”, acrescenta.

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“Na época, produzíamos etanol e o que nos levou a estudar a aplicação de aço inoxidável foi a questão da manu-tenção”, informa Vicente. Até então, a empresa utilizava tubos de aço carbono e, segundo o engenheiro, eram frequen-tes os furos e vazamentos, em razão da corrosão. “Era um constante tapar bura-cos, tubos ficarem finos e estourarem juntas”, relata. “Não tínhamos a garantia de executar toda a safra, sem que fos-se preciso substituir componentes dos equipamentos”, detalha.

As primeiras aplicações do aço inoxi-dável na Alta Mogiana aconteceram com tubos de 1,5 polegadas nas caixas aque-cedoras e evaporadoras, uso que depois se estendeu para todas as tubulações que transportavam o caldo da cana, material de alto potencial corrosivo. Mais adiante, quando a unidade passou também a fabricar açúcar – a produção de alimentos demanda condições de hi-giene mais severas para evitar qualquer tipo de contaminação – o material am-pliou sua presença na usina.

“Fomos fazendo substituição grada-tiva à medida que os componentes iam chegando ao ponto de troca. Hoje, toda a tubulação das caixas evaporadoras é de aço inoxidável”, informa Vicente. A es-pecificação do material nas instalações da Alta Mogiana tornou-se tão frequente que, na segunda quinzena de maio des-te ano, a unidade avaliava a possibilida-de de adotar o material até no telhado do seu armazém de açúcar – “além do aspecto estético, o objetivo é reduzir as operações de manutenção das instala-ções”, justifica Vicente.

CUSTO COMPETITIVOHoje o material é amplamente aceito

pela usina, mas o gerente da Jatinox, que naquele momento trabalhava para Acesita, que depois se transformaria em ArcelorMittal Inox Brasil, e na atual Aperam South America, conta que, em

2003, na primeira reunião realizada os técnicos da empresa mostravam-se reticentes quanto à adequação do aço ferrítico 444 (proposto pelo Centro de Pesquisas da Acesita) como alternativa ao aço inox 304. O ferrítico 444 apresen-tava-se mais competitivo em termos de custo, mais eficiente em relação à con-servação de energia, além de ser mais resistente à corrosão.

A substituição do aço carbono por inox foi gradativa. Hoje, toda a tubulação dos lavadores de gases é de aço inoxidável

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O aço inoxidável está presente em vários equipamentos da Usina Alta Mogiana sujeitos à corrosão

O produto fora desenvolvido pelo centro de pesquisas que estudara as condições de agressividade nas usinas, com realização de dezenas de visitas às plantas industriais de empresas do segmento para conhecer as caracterís-ticas técnicas e operacionais dos equi-pamentos que entrariam em contato com o aço inoxidável. “Com base nessas avaliações, os engenheiros da Alta Mo-giana se convenceram não apenas da adequação do 444, mas também de sua superioridade nas aplicações indicadas, além da vantajosa relação custo-benefí-cio em relação ao aço carbono”, informa Andrade.

Na Alta Mogiana, o inox ferrítico 444 foi inicialmente adotado no últi-mo efeito de evaporação, equipamen-to onde confirmou o alto desempenho verificado nos estudos. Com perfor-mance favorável, criou-se um ambien-te propício para estender a especi-ficação para outros equipamentos. Andrade lembra, porém, que, antes de ser utilizado no equipamento de eva-poração da Alta Mogiana, outra indús-tria do segmento (a Vale do Rosário, em Morro Agudo, SP), havia adquirido tubos de aço 444 para o aquecedor de

caldo (máquina presente em todas as usinas sucroalcooleiras).

USINA INOVADORAPara o gerente de desenvolvimento

de mercado da Jatinox, não foi só o de-sempenho do material que contribuiu para ampliar a especificação do aço inoxidável para outros equipamentos. Andrade também atribui a ocorrência ao fato de a Alta Mogiana ser uma empresa tecnicamente avançada e mostrar-se receptiva à inovações. Depois dos eva-poradores, o aço inox foi adotado nos aquecedores de caldo e, na sequência, indicado para laterais dos picadores e desfibradores, mesa alimentadora, redler, condensadores, lavador de ga-ses, tubulação para condução de caldo e elevador de caneca.

“Na Alta Mogiana, o uso nas mesas alimentadoras e nas laterais dos picado-res e desfibradores apresentou ganho imediato, pois foi aplicado aço inox mais barato que a alternativa até então ado-tada, com espessura menor e com vida útil maior. No redler, reduziram-se as paradas para substituição de peças”, de-talha Andrade. Ele lembra também que o inox apresenta maior vida útil com que-

O aço inox ferrítico foi o mais adequado à usina, diz José Roberto de Andrade, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Jatinox

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PERFIL INOVADOR

Boa parte da atividade econômica de São Joaquim da Barra, cidade do interior paulista, locali-zada na região norte do estado, a cerca de 400 km da capital, está vinculada à produção de açúcar e do álcool. A Usina Alta Mogiana se destaca entre as empresas do segmento sediadas no município, em função dos procedimentos técnicos que adota e também dos materiais empregados nos equipamentos de seu processo produtivo. “Temos um perfil inovador, no sentido de buscar novas tecnologias, experimentar e avaliar os seus benefícios”, afirma o engenheiro Fernando Vicente, que trabalha na empresa desde a sua fundação. Constituída em 1983 – oito anos, portanto, depois de o governo federal ter lançado as bases do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) – na sua primeira safra, em 1985, a Alta Mo-giana processou 228 mil toneladas de cana e produziu 17,8 milhões de litros de álcool hidratado. Hoje, fabrica também diversos tipos de açúcar. Ainda que não esteja presente diretamente na mesa dos brasileiros, a Alta Mogiana vende açúcar para o setor alimentício nacional, principalmente para indústrias de bebidas e alimentos como Coca-Cola, Bauduco, Arcor (biscoitos Aymoré e Triunfo são duas das suas marcas) e a Kraft Foods (proprietária das marcas Lacta e Bis), figuram na sua lista de clientes.

da de intervenções com manutenção, redução de pontos pretos e melhoria da qualidade do açúcar.

“O inox é um produto inerte, que não altera as características organolépticas [cor, sabor e odor], sendo seguro para armazenar, manipular e transportar ali-mentos”, exemplifica.

De forma geral, o aço inoxidável pode ser especificado em praticamente todos os equipamentos de uma usina de açú-car. Em todas as empresas do segmento que o adotaram, o material tem apresen-tado a melhor relação custo-benefício. Para que essa relação possa ser apro-fundada é necessário, porém, avaliar as condições operacionais e particularida-des de cada equipamento. “Recomenda-mos, como procedimento padrão, a con-sulta caso a caso para que consigamos desenvolver soluções que revertam em alta performance operacional”, acon-selha Andrade.

De acordo com as características co-muns à maior parte dessas usinas, os aços inoxidáveis mais recomendados para as suas operações são os tipos 316L, 304, 304L, 444 e 410D. Entre eles, há grande variação de preço em razão de sua composição. O melhor de-sempenho de cada um depende de um

bom entendimento das características do meio. Andrade vem constatando as mudanças ocorridas nas indústrias do segmento. “Hoje, o inox é quase sempre uma opção analisada e há maior abertu-ra e aceitação das usinas às nossas pro-posições”, constata.

Na opinião de Andrade, a disponibi-lização de treinamentos para a realiza-ção de soldagens poderia contribuir para o maior consumo do aço inox nas usinas de açúcar. “Nesse aspecto, a situação do setor não difere muito de outros seg-

São Joaquim da Barra

Especificação do material reduz as operações de manutenção e aumenta a produtividade

Caixa de evaporação com tubos de inox 444: melhor relação custo-benefício

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mentos industriais. A solução passa por disponibilizar treinamento permanen-te e pelo preparo dos fornecedores em orientar tecnicamente os usuários, a fim de que possam aplicar corretamente os produtos e obter o melhor rendimento em seus processos”, avalia.

APOIO NA ESPECIFICAÇÃOUma parte do fornecimento de aço

inoxidável para as usinas de açúcar e álcool no Brasil é feita pela Jatinox. Além da Alta Mogiana, onde o relacionamento comercial se estreitou nos últimos anos, diversas outras empresas do segmento compraram soluções da distribuidora. Ramon Rosso Garcia, diretor presidente da empresa, atribui a escolha ao fato de a Jatinox realizar constantes visitas aos usuários. “Procuramos apoiar suas en-genharias na especificação do produto, entendendo as características e peculia-ridades de seus processos”, detalha.

“A disponibilidade de aço para entre-ga imediata e a credibilidade adquirida através dos contatos feitos e dos forne-

cimentos realizados passam seguran-ça aos usuários quanto à adequação de seus produtos”, acrescenta Garcia. A Jatinox mantém em estoque, para pronta entrega, vários tipos de aços inox nas diversas bitolas demandadas pelas usinas, além de contar com pro-fissionais especializados no segmento, capazes de apoiá-las na adequada es-pecificação para as diversas etapas do processo de fabricação do açúcar, eta-nol e energia.

O fato de eles estarem mais sujeitos à corrosão recomenda a especificação de aço inoxidável nos principais equi-pamentos empregados na produção de açúcar e álcool, onde – apesar da relu-tância de algumas indústrias do setor – a especificação tem aumentado. “Na última década, a novidade é o potencial que o segmento passou a representar para o nosso setor”, analisa Frederico Ayres Lima, diretor comercial e logística da Aperam South America.

SAFRAS ADICIONAIS

A concepção original das usinas de açúcar e álcool se baseou no uso do aço carbo-no, o que potencializa a oxidação de vários desses componentes. A consequência é que precisam ser rapidamente trocados, uma vez que, na produção do açúcar, por exemplo, surgem pontos pretos. Alguns desses componentes duram apenas uma safra. “As aplicações de aço inoxidável nas usinas de açúcar mostraram-se eficientes em reduzir, ao longo do tempo, o custo de produção, uma vez que os equipamentos em inox são utilizados por cinco, seis safras ou mais”, assegura Frederico Ayres Lima.Lima reconhece que o custo inicial do aço inoxidável é maior. No entanto, o aumento da durabilidade viabiliza a especificação. E isso, observa Lima, sem contabilizar os custos das operações de instalação com as trocas mais constantes. Com a adoção do inox, as usinas melhoram a competitividade (menor custo ao longo do tempo), produtividade (menor necessi-dade de manutenção, com menos parada durante as safras) e melhoram a qualidade do produto final (no caso do açúcar, reduzem os pontos pretos oriundos da corrosão dos equipamentos).Para buscar ampliar a presença do aço inoxidável no setor sucroalcooleiro, os formadores da cadeia produtiva do inox têm procurado difundir o conhecimento, as vantagens do material e mostrar quais são os tipos de aço inox adequados a cada aplicação. “Essa difusão do conheci-mento gera melhor aplicação do produto e traz ganhos às usinas”, comenta Lima, acrescentando, porém, que ainda existem entraves a serem superados para que o material amplie sua presença no setor.“Nem todos os elos dela detêm o conhecimento necessário para especificar o aço ideal para cada aplicação”, avalia Lima. O acesso de todas as usinas às informações sobre desempenho de equipamentos de aço inoxidável e o mito de que o inox é caro e inacessível, estão entre os principais entraves para a expansão do uso nas usinas de açúcar e álcool.

Redler da usina produzido com aço inox 410 D

Adilson Melendez

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exposição

VILA DO AÇO DESTACA O INOX PARA USO EM EQUIPAMENTOS URBANOS

Espaço de exposição criadono ano passado para mostrar as aplicações do aço em geral e do aço inox, a Vila do Aço tem sua segunda edição realizada no 22o Congresso Brasileiro do Aço

presença do aço inox foi marcante na segunda edi-ção da Vila do Aço, realizada pelo Instituto Aço Brasil, durante o 22o Congresso Brasileiro do Aço & ExpoAço

2011, em junho. Lá foi possível conferir as diversas formas e aplicações do aço inox na construção civil e na arquitetura, na indústria automobilística, e de produtos de consumo em ge-ral. As soluções apresentadas se voltaram para equipamen-tos e mobiliário urbano, obras de infraestrutura, utilidades domésticas, objetos de decoração, eletrodomésticos e setor automotivo, entre outros. A Vila do Aço, montada como uma “minicidade”, em tamanho real, foi construída num espaço de 1.400 m2 a partir de produtos e insumos de aço, e atraiu

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Na Vila do Aço, com 1.400 m2, foram exibidas soluções em inox para mobiliário urbano, obras de infraestrutura, utilidades domésticas, objetos de decoração, eletrodomésticose setor automotivo

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O 22o Congresso Brasileiro do Aço contou com a presença de diversas autoridades nos painéis que discutiram os rumos da economia brasileira e do setor do aço, entre elas, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pi-mentel; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini; o presidente da Petro-bras, José Sérgio Gabrielli Azevedo; além dos presidentes da Abimaq, Luiz Aubert de Azevedo; da ABDIB, Paulo Godoy; da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão; e da Anfavea, Cledorvino Belini.O ex-ministro da Fazenda, o economista Antônio Delfim Netto; o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade; o presidente da Câmara de Política de Gestão, Desempenho e Competitividade, Jorge Gerdau Johannpeter; e o economista Robert Shiller também estiveram presentes, com palestras sobre o cenário econômico nacional e mundial.O ministro Tombini passeou pela Vila do Aço, em companhia do presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes; do presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, André Gerdau Johannpeter, entre outros congressistas. No Congresso Brasileiro do Aço, Delfim Netto ressaltou que o Brasil poderá crescer, pelos próximos 20 anos, a taxas entre 4,5 e 5%. “O Brasil sempre precisou enfrentar fatores que abortavam o seu crescimento, como crises de energia e dívidas. Isso é passado. Precisamos, agora, pensar no futuro e lembrar que em 2030 precisaremos gerar empregos para 150 milhões de pessoas”, ponderou.Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o Brasil tem um grande potencial, mas as mudanças relativas a impostos e juros pre-cisam ser adotadas com rapidez. “As reformas são urgentes. Todos conhecemos as necessidades do país, mas há muita demora na adoção de soluções para problemas, como a alta carga tributária, os juros elevados e o câmbio valorizado. Se fizermos as mudanças necessárias, o país terá um longo período de crescimento”, destacou.Já o presidente do Conselho de Administração da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, que recentemente assumiu a presidência da Câmara de Política de Gestão, Desem-penho e Competitividade do Governo, as perspectivas são positivas, mas o Brasil precisa aprender a gerenciar riquezas. “Necessitamos saber onde queremos chegar. Temos, por exemplo, que aproveitar essa oportunidade única, que vem com a explo-ração do pré-sal. E, para isso, é preciso coordenação política. Afinal, a tendência é gastar o dinheiro, como fazem muitas prefeituras hoje, com os recursos vindos do petróleo, e isso seria uma deseducação. É importante lembrar que já tivemos ciclos de muita prosperidade – café, algodão e o período pós-guerra –, e agora temos uma nova oportunidade”, lembrou.O economista e professor da Yale University, Robert Shiller, autor do livro Animal Spirits, falou sobre a última crise mundial e sobre as perspectivas para os próximos anos. “Os bancos centrais confiaram demais nos mercados e não houve liderança suficiente para restringir o movimento dos preços naquela época. Os dados do FMI, referentes à última década, mostram que, naquele episódio, todos os países sofreram, com destaque para a Rússia e o Japão. Foi uma crise maciça e global. E o mundo ainda sofre seus efeitos, refletidos em altas taxas de desemprego”, afirmou. No caso do Brasil, Shiller se mostrou preocupado com os altos preços dos imóveis nas grandes cidades, e alertou que a última crise mundial começou a partir do boom imobiliário nos Estados Unidos.

AUTORIDADES MARCAM PRESENÇA NO CONGRESSO

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Robson Braga de Andrade, CNI

Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda

Jorge Gerdau Johannpeter, Pres. da Câmara de Politica de Gestão, Desempenho e Competitividade

Governador Geraldo Alckmin fala na cerimônia de abertura

André Johannpeter, do IABr; Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Ind. e Comércio Exterior, e Marco Polo Lopes, Pres. do IABr – visitando a Vila do Aço

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inúmeros visitantes durante os três dias da exposição. Em inox foram apresentadas soluções como bebedou-

ros (IBBL); conversores catalíticos e silenciadores para automóveis (Magneti Marelli); caixas d’água (Metalosa); piso podotátil e elementos táteis (Mozaik); reservatório de aquecedor solar em inox (Heliotek); bancos para mobili-ário urbano em inox (Innova); mobiliário urbano esportivo (Muscle Beach); lixeiras, pias, panelas, coifas e utilidades domésticas (Tramontina); eletrodomésticos (Whirlpool); chapas metálicas em inox perfuradas, expandida e recal-cadas (Permetal); além de mesas e cadeiras; guarda-cor-pos; painéis para fachadas e catracas para edifícios corpo-rativos e metrô.

Além das soluções em inox, a Vila do Aço 2011 apresentou diversas aplicações dos aços em geral. Mostrou ainda as vá-rias formas de uso de coprodutos (subprodutos) provenien-tes do processo siderúrgico, que podem ser empregados na construção civil, pavimentação, indústria cerâmica, agricultu-ra e na fabricação de cimento. A grande vantagem é que esses resíduos siderúrgicos podem transformar um potencial pas-sivo ambiental, com problema de descarte na natureza, em ativo ambiental. Com seu reaproveitamento é possível reduzir

o consumo de recursos naturais não-renováveis, utilizados, por exemplo, na produção do cimento que utiliza escórias de alto-forno das siderúrgicas, além de cinzas volantes para con-ferir novas e importantes propriedades ao cimento. Em outros vários setores,os coprodutos podem ser usados também na correção de pH do solo, contenção de encostas e fabricação de fertilizantes fosfatados.

A Vila do Aço despertou interesse de arquitetos, engenhei-ros, construtores, empresários, professores universitários, alunos e profissionais interessados em conhecer melhor as aplicações do aço em geral e do aço inox. No ano passado, cerca de 21 mil pessoas puderam conhecer a Vila do Aço em cinco cidades brasileiras. A primeira montagem da Vila ocor-reu durante a 21a edição do Congresso Brasileiro do Aço & ExpoAço 2010, em São Paulo. A minicidade, patrocinada pelo IABr, com suporte do Centro Brasileiro de Construção em Aço (CBCA), foi levada depois a outros eventos, tais como a Confe-rência das Cidades, em Brasília; na Inovatec, em Belo Horizon-te; na ExpoAcabamento, em Porto Alegre; e na Rio Infraestru-tura, no Rio de Janeiro.

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Heloísa Medeiros

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artigo

CHAPAS EXPANDIDAS DE AÇO INOX

s chapas expandidas de inox são submetidas a um processo de corte e repuxo mecânico com facas especiais e transformadas em telas rígidas, inteiriças e uniformes. Proporcionam um menor custo por área de produto final, devido ao seu processo de fabricação, onde o material não sofre perdas, mesmo

ultrapassando muitas vezes a sua dimensão original. Com alta resistência e durabilidade, a chapa expandida de aço inoxidável possibilita a execução de diversos

projetos e produtos, em razão de sua versatilidade, nobreza e economia. Com grande variedade de malhas que vão desde a microexpandida, utilizada para elementos filtrantes, até as mais pesadas, empregadas em pisos industriais, as chapas expandidas podem ser usadas em várias aplicações, entre elas, grades, portões, pro-teção de equipamentos, cestos para lixo, porta-revistas, filtros, pisos, escadas, móveis e divisórias, bancos e componentes de móveis, guarda-corpos e sacadas, protetores de portas e janelas, dutos e calhas para cabos elétricos, tetos e forros em obras como aeroportos, shoppings e hospitais.

Já a chapa microexpandida, com aberturas mínimas de malha, é utilizada na filtragem de óleo, água e ou-tros líquidos que necessitem de um tratamento rigoroso e eficiente, e é indicada ainda para peneiras, classifi-cação e secagem de grãos, indústria de moinhos, mineração, aeração de silos, peneiras industriais etc.

As chapas expandidas são produzidas em grande variedade de malhas e espessuras diferentes com diver-sos tipos de furos, desde os redondos, quadrados e oblongos, até losangulares, hexagonais e retangulares. Estes tipos de malha conferem leveza e beleza estética aos mais variados projetos de decoração, telas de pro-teção, confecção de artigos decorativos etc. Indicadas para aplicações onde haja necessidade de grande resis-tência e segurança, as chapas de metal expandido proporcionam melhor custo-benefício.

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ESPECIFICAÇÃOAo escolher uma chapa de metal expandido, o

usuário deve estar seguro de que as especificações do material estejam rigorosamente dentro das medi-das e dos padrões, pois a qualidade do material ex-pandido, sua durabilidade e segurança estão direta-mente ligadas às suas características técnicas.

Principalmente em aplicações para pisos, passa-relas, plataformas e passadiços, entre outras onde a resistência às cargas são fatores fundamentais, a especificação deve levar em conta o tipo de material (aço inoxidável), a espessura da chapa, a dimensão (comprimento e largura), o diâmetro do furo e a dis-tância entre centro ou distância entre furo, a dis-posição dos furos e a dimensão das margens sem perfuração.

Para os pisos as chapas são desenvolvidas de acordo com princípios de segurança em áreas de cir-culação, seja para pessoas ou para veículos. Assim, as chapas expandidas, perfuradas ou recalcadas, além de grades eletrofundidas e ladrilhos indus-triais, possibilitam uma grande variedade de acaba-mentos e atendem às exigências de durabilidade e resistência de qualquer projeto, seja para aplicação no solo ou em pisos elevados (plataformas, passare-las e passadiços).

CAPACIDADE DE CARGAHá tipos de chapas específicas para cada uso que

levam em conta a capacidade de carga e modelos. Por exemplo, as grades para pisos (tipo pesado, aci-ma de 20,00 kg / m²) são indicadas para ambientes com grande solicitação de capacidade de carga, tais como tráfego intenso de veículos e sustentação de grandes cargas, com estrutura reforçada. Já as gra-des para pisos tipo médio, de 12,00 à 20,00 kg / m²) se destinam a aplicações com exigência de capaci-dade de carga moderada, como tráfego de pessoas em estruturas padrão, com vãos de aproximada-mente um metro.

Uma das grandes vantagens da aplicação das cha-pas expandidas em pisos é que permitem a passagem de luz, ar e líquidos, assegurando assim a visibilidade,

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Com grande variedade de malhas, as chapas expandidas podem ser empregadas em filtros, pisos industriais, fachadas, grades, portões, cestos para lixo e objetos de decoração, entre outros

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a ventilação e o escoamento. Sua superfície é antider-rapante e as aberturas dos furos evitam a passagem de objetos como ferramentas e outros materiais.

As grades para pisos com malhas padronizadas podem ser oferecidas em diversas configurações, que atendem às diferentes características de estru-turas para plataformas, passadiços, sustentação de equipamentos, entre outros. Sua aplicação deve ser avaliada de acordo com cada obra, de forma que o di-mensionamento da estrutura metálica a ser utiliza-da seja feito em conjunto com as características das chapas, sua espessura e tipo de malha. Para esco-lher o padrão ideal das grades em um projeto, devem ser avaliadas as diversas condicionantes.

Dependendo da obra, se é destinada ao tráfego de pessoas, suporte para equipamentos, deve-se levar em conta a alocação das cargas, se são concentra-das ou distribuídas e, também, a distância entre vãos e os tipos de suportes utilizados na estrutura. O dimensionamento e características da malha, tais como espessura, abertura, cordão, peso por m², tam-bém influenciam o projeto.

É necessário avaliar ainda o melhor custo-bene-fício na aplicação das grades, pois a escolha correta do modelo deve estar de acordo com as especifica-ções. Muitas vezes, a especificação de uma malha leve (com menor custo) para aplicação em estrutu-ras que necessitem de grande capacidade de carga, implica na necessidade de superdimensionamento da estrutura, o que leva a custos maiores.

PISOS Os pisos recalcados e perfurados, após o proces-

so de fabricação, apresentam superfície com relevos salientes geometricamente dispostos nos formatos quadrado, oblongo e jalos e podem também passar pelo processo de perfuração. As aplicações mais co-muns são em pisos em geral, pisos táteis, degraus, plataformas, passadiços e em projetos de arquitetu-ra e decoração. Além disso, são antiderrapantes e caracterizam-se pela segurança e fácil limpeza.

Usados em locais onde seja necessário o escoa-mento de líquidos e passagem de luz, sua aplicação é recomendada para áreas de circulação de pesso-as, carrinhos e empilhadeiras, em depósitos de ma-teriais, lojas, escadas e outros locais similares.

As chapas de metal expandido podem ser empre-gadas também em brises decorativos para fachadas,

Jorge Leal FilhoDepto. de Marketing / Vendas da Permetal

cumprindo o papel de proteção da estrutura princi-pal, redução da carga térmica e incidência solar, além de ocultar as passarelas e escadas de serviço técnico e limpeza. Podem ser utilizadas como reves-timento de edifícios comerciais e residenciais, e na modernização de fachadas em retrofits de prédios antigos. Como as chapas são perfuradas, sua colo-cação é executada sobre uma estrutura metálica de fácil instalação, tornando-se uma solução arquitetô-nica de baixo custo. Indicados para ambientes onde há necessidade de deflexão de luminosidade, as chapas expandidas tipo brise diminuem a incidência solar no ambiente, sem perder a visibilidade externa. O metal perfurado decorativo tipo brise está disponí-vel em diversos tipos de perfurações.

Chapa expandida de inox, aplicada em luminária decorativa

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A Petrobras lançou oficialmente, na sede da companhia, no Rio de Janeiro, o Programa Progredir, que viabiliza e pa-droniza a oferta de crédito em volume e condições competitivas para todas as empresas que integram a cadeia de for-necedores da estatal. A estimativa é de que o custo de captação de financiamen-to dos fornecedores caia, em média, 20%.

A iniciativa, desenvolvida em parceria com os seis maiores bancos de varejo do país – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, HSBC e Santander – e com o Programa de Mo-

Petrobras lança financiamento para cadeia de fornecedores

bilização da Indústria Nacional de Pe-tróleo e Gás Natural (Prominp), conta com o apoio da indústria e de entidades de classe. Segundo a empresa, o foco é o crescimento sustentável da cadeia de

fornecedores. A fase piloto do programa foi instalada em setembro de 2010. Nela, 15 empresas obtiveram financiamento junto aos bancos por meio da iniciativa, com volume total de R$ 137 milhões.

A Walter Tecnologias em Superfícies realizou um workshop sobre “Acaba-mento Superficial do Aço Inoxidável, No-vos Conceitos”, com o apoio da Abinox – Núcleo Inox e do Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo (Ciesp), no último dia 7 de junho. O treinamento foi ministrado por John Thompson, um

Walter promove workshop técnicodos maiores especialistas da área, que desenvolve trabalhos específicos sobre acabamentos em aço inoxidável nos Estados Unidos. Participaram do even-to empresas como Aperam Serviços, Air Liquide, Innova Engenharia, Meca-nochemie, Aperam Inox Brasil e Muscle Beach. Também estiveram presentes

o diretor executivo da Abinox – Núcleo Inox, Arturo Chao Maceiras; o diretor do Ciesp, Fábio Ferreira; e o presidente da Walter Tecnologias em Superfícies, Jor-ge Farsky.

O treinamento foi uma oportunidade para aprendizado e desenvolvimento de novos métodos, mais produtivos e com redução de custos, de acabamen-to escovado e espelhado para o setor industrial. “Contar com o apoio da Abinox e Ciesp foi de grande valia na dissemi-nação desse conhecimento”, destacou Jorge Farsky. A Walter Tecnologias em Superfícies é uma empresa multinacio-nal, fundada há cerca de 50 anos, em Montreal, no Canadá, que está presente em países como os Estados Unidos, Mé-xico, Brasil, Argentina, Chile, Alemanha e Suíça. A empresa fabrica desde abra-sivos de alta produtividade para corte, desbaste, limpeza e acabamento, até ferramentas químicas de qualidade.

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O Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, esteve presente, em junho, na 22a edição de Congresso Brasileiro do Aço & ExpoAço 2011. Na ocasião falou sobre a economia brasileira e o posicionamento do Brasil no novo cenário da economia mundial e confirmou o compromisso do governo federal com baixos índices de inflação a médio e longo pra-zos. “A inflação baixa é um compromisso do Governo da Presi-dente Dilma e isso é reafirmado não somente em discursos, mas também em ações”, disse. “Não há exemplo de país que tenha conseguido crescer com altas taxas de inflação”, com-pletou.

Tombini disse também que “a sociedade brasileira vive, hoje, os mais elevados índices de bem-estar das últimas dé-cadas, que demanda inflação baixa e que é dever do Banco Central mantê-la assim”. Tombini garantiu que o país continu-ará crescendo de forma sustentável, a taxas elevadas, e que o principal desafio é assegurar a inflação baixa. Citou ainda o

Presidente do Banco Central visita Congresso do Aço

PAC, o pré-sal e os eventos esportivos que o país sediará, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, como óti-mas oportunidades para o desenvolvimento do Brasil.

Dimensionada para atender às ne-cessidades do mercado da região sul do país, a filial do Centro de Distribuição da Villares Metals está localizada no Perini Business Park, em Joinville (SC), um dos maiores e mais modernos condo-mínios industriais do país. O local, situ-ado a cinco minutos da rodovia BR 101, garante facilidade de acesso e agilidade

Villares Metals inaugura Centro de Distribuição em Joinvillenas entregas para os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde estão localizados importantes pólos fer-ramenteiros do país.

Entre os principais produtos dispo-níveis para pronta-entrega, neste novo braço de operações, estão os aços para trabalho a quente e a frio, aços rápidos e aços para moldes de plásticos, uma

vez que a região também é reconheci-da pela grande quantidade de empresas voltadas para a fabricação de moldes. A nova unidade, instalada em uma área coberta de 1.300 m2, vai operar através de um moderno sistema de controle de dados centralizado em Sumaré (SP), onde fica a matriz da empresa, e estará apta a atender com maior rapidez todas as necessidades dos clientes daquela região.

“Nós temos o maior e mais diversifi-cado mix de aços ferramenta e rápidos em estoque para pronta-entrega no Bra-sil. Este é nosso diferencial”, explicou o gerente do Centro de Distribuição e Ser-viços da Villares Metals, Paulo Perez. A Villares Metals é a maior fabricante de aços especiais não planos de alta liga na América Latina, com capacidade ins-talada de 150 mil toneladas anuais de aço bruto e 100 mil toneladas anuais de produtos acabados.

Atendimento ao Cliente: 0800 707 0577e-mail [email protected] www.villaresmetals.com.br

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