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1 TEORIAS DA COMUNICAÇÃO

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Trabalho Interdiscipliar de Graduação minstrado pelo UNI-BH e desenvolvido pelo grupo de alunos do curso de Publicidade e Propaganda do 2º Período

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Teorias da comunicação

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prefácio um breve relaTo

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um breve relaToDesde o surgimento da comunicação, a partir dos relacionamentos interpessoais, grandes foram as transformações que contribuíram para o aperfeiçoamento e desenvolvimento da cultura humana.

A capacidade de se comunicar. e deixar registros atribuiu ao homem primitivo um legado que se es-tende até a atualidade. A capacidade de abstração permitiu ao homem criar e convencionar símbolos e normas que permitiram grandes agrupamentos sociais e a transposição de informações por gerações. Todavia, o surgimento da linguagem também trouxe divisão entre os povos e diferenciações sociais.

Durante séculos, a mídia impressa foi o instrumento usado por civilizações para divulgar informações para as massas. Com o surgimento da prensa de tipos móveis em 1447, inventada por Johann Guten-berg, foi inaugurado o livre intercâmbio de ideias e a disseminação do conhecimento, o que possibili-tou um grande avanço para o jornalismo e a publicidade de modo geral.

A invenção do telégrafo, do rádio e da TV foram acontecimentos que contribuíram para uma profunda mudança na forma de se pensar a comunicação. Outros sentidos começam a ser explorados, e tem-se início uma corrida rumo a massificação dos meios de comunicação. Não há feedback e a comunicação se torna unidirecional. Há um grande crescimento industrial.

Com a atual revolução tecnológica e a internet, surge a customização da informação. A internet passa a ser “terra de ninguém”: não tem dono, não representa uma família, um governo ou uma empresa. Todo mundo tem voz e espaço, é como o novo mundo, um lugar de refúgio que se tornou a vitrine dos outros veículos de comunicação. É a evolução do analógico para o digital; do contexto virtual; uma época de relacionamentos à distância, urgência e co-autoria.

A multiplicação dos meios de produção, transmissão e armazenamento de linguagens e informações vem dando à comunicação um papel central em todos os setores da vida social e individual. Como conseqüência, a comunicação como área de conhecimento está tomando o lugar de uma ciência piloto para cujas questões acabam convergindo muitas outras ciências.

A missão dos futuros comunicadores é entender e acompanhar essas transformações para sobrevive-rem e romperem com os paradigmas que estão impregnados em seus processos de construção pessoal e social, a fim de produzirem peças de comunicação que, de fato, funcionem na contemporaneidade.

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expedienTe

uni-bh | ano 1 | nº1 | jan. jun. 2010

Trabalho Interdiciplinar de Graduação

Projeto gráfico, capa e diagramação: Eduardo Queiroz e Lucas Ronesle

Fotografias: Giuliano Cretoiu

Redação: Eduardo Queiroz, Giuliano Cretoiu, Izabel Alves, Kellen Vieira, Lucas Ronesle

Revisão: Cynthia Freitas de Oliveira Enoque, Guilherme Del Giudice Torres Durate, Jaqueline Morelo

ediTorial

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Para entendermos a evolução da comunicação, precisa-mos, primeiro, entender a lógica do seu funcionamento.

Foi preciso associar uma ideia a um estímulo físico para dar significado às coisas a fim de produzir símbolos que simplifi-cariam a comunicação e permitiriam a concepção de um có-digo que fosse comum aos interlocutores, sem o qual não ha-veria a comunicação. A escolha do veículo correto se mostrou de fundamental importância para o sucesso da comunicação. Começando com os antigos desenhos rupestres, passando por códigos, vem a escrita por volta de 4000 a.c.

Com seu desenvolvimento ao longo dos anos e baseado em acontecimentos históricos, o homem dá um grande passo para o seu desenvolvimento social e tecnológico. Um grande marco é a chegada da família real portuguesa ao Rio de Ja-neiro, em março de 1808, que deu início ao desenvolvimento da comunicação publicitária no Brasil, já que trouxe consigo o desenvolvimento econômico, industrial e social. A invenção do telégrafo, do rádio e da TV também contribuíram para uma profunda mudança na forma de se pensar a comunicação. Outros sentidos começam a ser explorados, e tem-se início uma corrida rumo à massificação dos meios de comunicação. A “propaganda passou a ter um papel civilizatório”. Com a internet, a comunicação passa, talvez, por sua maior transfor-mação nos últimos séculos.

Após a globalização e utilização dos meios de comunicação em massa, a tecnologia foi acompanhando suas necessi-dades, favorecendo na ciência, meios de informação, ar-mazenamento de dados, estratégias comerciais, militares, políticas e inúmeras outras possibilidades. A comunicação favoreceu diretamente no uso da internet e da telecomuni-cação. Novos campos foram abertos para descobertas mú-tuas de conhecimento e interação da informação. Com o aparecimento das redes sociais, toma-se a partir daí, uma melhor noção sobre a publicação do conteúdo. Grupos que

antigamente eram definidos por classe social ou sexo, hoje são definidos por pequenos grupos com as mesmas prefe-rências pessoais.

Neste contexto, o que se vê hoje são novas tendências da comunicação, a partir de novas mídias. Projetos digitais são construídos, com o objetivo de levar informações em tempo real para os mais variados públicos. Redes de relaciona-mentos, sites especializados, diários virtuais e um mundo na tela do computador fazem com que dentro das máquinas o mundo virtual esteja preenchido de pessoas e coletivos. As relações são definidas por proximidade, afetividade e in-teresses. Podemos afirmar que diários virtuais, conhecidos como blogs, estão se tornando boas ferramentas para afinar o relacionamento dos meios de comunicação com seus pú-blicos, criar um universo de colaboração e interatividade.

Acompanhar a evolução da tecnologia e perceber quais no-vos meios ela pode oferecer pode parecer algo complicado pela forma acelerada que as coisas acontecem. Estudos fei-tos pelas maiores empresas de tecnologia já mostram for-mas que ultrapassam a tecnologia do multi-toque, por meio das quais, com seus próprios pensamentos, os usuários po-dem manipular informações ou objetos. O comunicador está entrando em um momento de experimentação de fórmulas comunicacionais baseadas neste ambiente tecnológico, no qual as possibilidades são infinitas. Até mesmo experimen-tos feitos com código binário têm trazido novas formas de publicação da informação, de forma muito mais inteligente do que as convencionais oferecidas por softwares.

A cada dia que passa, mais novidades chegam, promovendo mais oportunidades e estratégias não só no campo profis-sional, mas também no social, alimentando a curiosidade por novos meios de comunicação e desenvolvimento que facilitarão ainda mais as relações interpessoais.

Comunicação é uma palavra de sentido amplo e seu futuro é ambicioso.

“Definir um futuro exato e preciso seria audacioso. Pensar que trará mais benefícios do que riscos é quase uma certeza.”

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novos paradigmas da comunicação

A velocidade com que os avanços vêm acontecendo na comunicação de uma forma geral, muitas vezes pode

ser acompanhada pelo medo, já que não conhecemos a di-mensão do que realmente está acontecendo. A rede mundial de computadores não é o primeiro e nem o último avanço tecnológico da humanidade. Ela não veio para “destruir” os meios que já existiam, mas sim para aprimorar, melhorar e acrescentar, a exemplo de todos os outros avanços já viven-ciados pela humanidade.

Em nosso mundo há espaço para as coisas novas e as antigas também. Convivemos hoje com o analógico e o digital, a con-vergência de mídias, a interatividade, a bidirecionalidade e as redes sociais que são responsáveis pelas novas configurações culturais, sociais, antropológicas e psicológicas. Exploramos a multisensorialidade e caminhamos cada dia mais para a custo-mização que representa o fim da lógica da massificação.

A internet veio reduzir a distância entre autor e leitor criando um novo paradigma na comunicação, já que a comunicação passa a ser encarada não mais como um processo de trans-missão de mensagens emissor –> receptor, e sim, como uma relação entre diferentes agentes, ocorrendo simultane-amente por diversos canais e produzindo os mais variados tipos de informação ao mesmo tempo. O receptor passa agora a produzir conteúdo.

A tecnologia Wiki, apropriando-se do hipertexto, permitiu a interação simultânea entre diferentes usuários, oferecen-do uma base para a criação de sistemas colaborativos e de compartilhamento de recursos. Com isto, novas ferramentas surgiram o que favoreceu a construção coletiva de projetos e a participação de todos desde sua fase inicial de planeja-mento até a produção coletiva de conhecimentos e a coor-denação de atividades.

Cria-se uma nova relação de valores. Conteúdos e mais conteúdos alimentam a rede diariamente e talvez venha daí nosso sentimento de medo diante de um ambiente onde não temos como controlar nada, a não ser nossa capacidade de escolher por onde queremos navegar e se queremos fazer parte da construção deste novo universo.

Teorias da Cibercomunicação

Podemos definir a cibercomunicação como um processo de comunicação suportado por tecnologias digitais. Tal proces-so envolve diversas áreas como a Tecnologia da Informa-ção, a Ciência da Computação, a própria Comunicação e até mesmo o Design.

Hoje, para manter a sociedade informada, não basta apenas escrever algumas linhas, tirar fotografias ou filmar alguns minutos de vídeo. É preciso encantar, criar mecanismos ar-tísticos e dispositivos interativos para chamar a atenção de um público cada vez mais exigente.

Além dos recursos digitais encontrados na cibercomunica-ção, outros pontos merecem atenção. As informações na rede estão sempre conectadas a outras, são transmitidas em tempo real e são firmadas em uma estrutura virtual, mais conhecida como internet. Os antigos receptores se tornaram produtores de conteúdos e fazem parte de um coletivo que constrói enci-clopédias virtuais, conceitos e conhecimentos colaborativos.

Pela forma que a mídia trabalha hoje, é possível afirmar que a comunicação não se efetiva sem a tecnologia. Os veícu-los de comunicação, as agências e a própria divulgação do conteúdo produzido dependem integralmente das máqui-nas. Além de agilizar o trânsito das informações, a ciberco-municação torna possível ousar, criar e oferecer à sociedade muitas opções de entretenimento, conhecimento e aprimo-ramento de habilidades.

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Teorias

Pós-modernidade

A partir do pós-guerra, por volta da década de 1960, hou-ve um momento de desencanto que se instala na cultura, acompanhado da crise dos conceitos fundamentais do pensamento moderno tais como “Verdade”, “Razão”, “Le-gitimidade”, “Universalidade”, “Sujeito”, Progresso” etc. O efeito desta desilusão se manifestou principalmente em três esferas: a estética, a ética e a ciência, afetando diretamente os mais diversos campos de produção cultural, tais como a literatura, a arte, a filosofia, a arquitetura, a economia, a moral, etc. Seria a ruptura com a modernidade, o que cha-mariam de “pós-modernidade”.

O “pós-moderno” representa uma espécie de reação ou afas-tamento do “moderno”, algum tipo de transição. Segundo Krishan Kumar, o prefixo “pós”, de “pós-modernidade”, pode significar a seqüência de alguma coisa, ou pode ser usado como o post de post-mortem, sugerindo fim, término. Ha-bermas, já prefere compreender como um projeto inacabado. Segundo Ken Wilber, seria o desastre da modernidade.

Muitas expectativas foram criadas em torno das novas tec-nologias e com elas também surgiram dúvida sobre seus benefícios. O questionamento de que elas criariam uma dependência gradativa no indivíduo contribuiu para o surgi-mento da frustração, do relativismo e do niilismo.

Esse Desencanto na Cultura representa uma ampla perda de confiança na objetividade da Razão, trazendo a sensação de

Dali

- Mun

do

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caos, de perda de horizontes e de incertezas. Já não existe mais um “caminho seguro”. Segundo Bauman, a ciência se desqualifica e perde o poder de validar e invalidar, de legiti-mar e deslegitimar, gerando então a incerteza.

Baudrillard levanta a questão do “fascínio pelo espetacular” que, segundo ele, é a única coisa capaz de prender a atenção das massas. Outros teóricos dizem que vivemos a cultura da sociedade de consumo, na qual vale mais o prazer de comprar do que o próprio produto em si. A preocupação excessiva com o estilo de vida reflete o bombardeio de imagens e signos que exploram vários de nossos sentidos ao mesmo tempo, em uma espécie de colonização pela estética.

A pós-modernidade trás consigo fortes tendências ao irra-cionalismo, uma espécie de rejeição à tentativa de coloniza-ção pela ciência e da improcedência da certeza, o que leva ao individualismo (tendência cada vez maior à customiza-ção). O comportamento heterodirigido procedente do indi-vidualismo conduza o interlocutor à busca por comunidades onde ele encontre afinidade de ideias.

As novas ligações permitem a incorporação de textos ima-gens, estilos e a coexistência entre vários autores, o que cria um ambiente onde são aproveitos, alterados e incorpora-dos o velho e o novo, em um remix que permite uma nova roupagem ao discurso e o retorno aos antigos valores em detrimento do que a ciência tentou sufocar.

Segundo Bauman, “a pós-modernidade é a modernidade que atingiu a maioridade”, é a condição atual da moder-nidade. Sendo assim, o “pós” de “pós-modernidade” não poderia denotar ruptura ou esgotamento da modernidade, mas sim, sua transição. Deste modo, seria correto dizer que passamos por uma “crise na modernidade”, e não uma “cri-se da modernidade”.

Linguagens Híbridas (Santaella)

Linguagens híbridas são os novos processos de produção, armazenamento e circulação de linguagens, segundo Santa-ella. No início do século XX, a fotografia proporcionou uma

disseminação da “imagem”, substituindo a hegemonia do texto verbal escrito. No final do século, o computador assu-me o papel principal de meio da linguagem, através de seus processos de digitalização, compressão de dados, que é o estoque e a circulação da informação; independência de su-portes, no qual a qualidade é a mesma em qualquer mídia. Dando assim origem ao Hipertexto e à Hipermídia.

O Hipertexto consiste em documento com vínculo não-linear e não-hierárquico. Ou seja, trata-se do acesso a informação através da união entre um assunto e outro, sem vínculo hie-rárquico entre os tópicos, interligado por conexões concei-tuais, indicativas ou metafóricas.

A Hipermídia também é uma característica das linguagens híbri-das, nasceu da junção do Hipertexto com a Multimídia. Trata-se da integração de várias linguagens (textos, imagens, sons) em um suporte computacional (em um único ambiente de informa-ção digital), mensagens complexas, não sequenciais.

As mídas estão se convergindo, não mais convivendo. É pos-sível encontrar tudo em uma só mídia, por exemplo, o compu-tador, o telefone, a câmera de vídeo, o gravador de voz, a má-quina fotográfica concentram-se em apenas uma máquina.

A interação entre o hipertexto e a hipermídia, ocorrida devido a uso do computador, proporcionou ao ser humano tornar-se um publicador de linguagens, linguagens essas que se tornaram híbridas a partir das novas mídias. Conclui-se que a mudança não se dá pela mídia, mas sim pela linguagem que as mídias carregam.

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Mediação (Jesús Martín-Barbero)

Na teoria de Barbero, mediação seria o meio pelo qual ocorre a integração entre cultura e comunicação nas ações cotidianas, na qual o sentido (função que transcodifica as significações) permite o intercâmbio entre ambas.

Martín-Barbero propõe uma negociação de sentido entre diferentes blocos sociais, uma movimentação político-cultural cuja ênfase muda da produção para a recepção, circuito que recodificaria os sentidos sociais.

No final, nos oferece uma sociologia atenta aos fenômenos contemporâneos, onde o conceito de mediação aponta para a penetração disfarçada de significações não previstas nos produtos culturais.

O cruzamento entre a comunicação e a cultura, envolve elemen-tos da liturgia informacional: emissor, receptor, canal e mensa-gem, em contextos culturais, coordenados pela mediação.

Barbero acredita que entre o emissor e o receptor, existem me-diações que recodificam a mensagem, contrapondo o princi-pio de que entre um e o outro, o processo é linear, contínuo.

A mensagem ou informação proposta pode ter, inicialmen-te, significados e interpretações diferentes para o receptor. Uma vez que a cultura é responsável pela mediação da co-municação, ou seja, a cultura atua como elemento media-dor, em diferentes culturas e blocos sociais, a informação pode ter diferentes significados, e a compreen-são da informação pode ser diferente para cada pessoa.

Cultura das Mídias (Santaella)

Cultura das Mídias se define a partir de estudos das culturas nas épocas moderna e pós-moderna, nas quais acontece uma transição e aparecimento significativo de novas mídias. A tecnologia a favor da evolução, processos de produção, distribuição e consumo comunicacionais contribuiram para a evolução das culturas. Este processo foi definido como Cultura das Mídias, uma transição para a cibercultura.

Para facilitar o entendimento sobre essa transição, Santa-ella propõe seis formações culturais: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, cultura de massas, cultura das mídias e a cibercultura.

O grande transformador dessas culturas é o meio onde a comunicação é passada. Segundo McLuhan – “o meio é a mensagem” –, o importante é o meio que a mensagem é veiculada. Os veículos de comunicação não fazem sentido se não existir a mensagem. Os processos comunicativos e as formas de cultura que acontecem neste processo, pres-supõem as diferentes linguagens e signos que se configu-ram em cada veículo de acordo com seu potencial e suas linguagens híbridas e hipermídia como televisão e internet.

Compreendendo melhor a seqüência das culturas, devemos relevar que a mídia, em função dos processos de comunicação

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que propiciaram, favorece fundamentalmente para novas formas sociais, novos ciclos culturais, e de acordo com isso podemos estudar e separar as sociedades conforme sua forma cultural, partindo pela oralidade, depois pela escrita, mais tarde pela cultura eletrônica industrial hipermidiática.

Esse processo se dá de forma gradativa, sociedades e perío-dos caminham de forma a aglutinar situações e soluções em processos de mudança e adaptação, sem se desapegar do velho totalmente. Alguns exemplos fogem à regra que é o caso do papiro e o telégrafo que foram substituídos por outras formas de comunicação.

Na década de 80, após o surgimento das mídias rádio e televi-são, renovam-se as formas de se obter a informação com a che-gada de novas mídias. Copiadoras, videocassetes, gravadoras e máquinas fotográficas movimentam a indústria e o mercado da cópia e a comunicação de passa por um período de grande movimentação. Posteriormente, com a chegada da TV a cabo, do DVD, do mp3, as culturas começam a se tornar individuais.

A comunicação se torna cada vez mais ampla e híbrida, dei-xando de ser focada na massa para se direcionar à grupos sociais. O receptor se torna mais seletivo e escolhe a sua mensagem, a quantidade de meios e mídias aproximam cada vez mais os laços comunicacionais, e surge o que po-demos chamar na atualidade de cultura das mídias.

Considerado que os novos meios propiciaram a mudança da sociedade e que as mídias convergiram, pelo número de possibilidades que foram aplicadas a elas, a informação tornou-se disponível e vulnerável. Passou a ter valor, a ser a moeda corrente. Em favor disso, as mídias liberaram o acesso para maior obtenção de informação. As redes e a internet fa-voreceram em grande parte neste processo, o que massificou ainda mais as correntes de informação e os canais sociais.

O impacto que o computador teve sobre a cultura e a econo-mia, segundo Heim, tem dividido a sociedade em três tipos de reações: os realistas ingênuos, os idealistas das redes e os céticos. Os realistas ingênuos desprezam os novos ad-ventos e só acreditam naquilo que pode ser vivenciado. Os idealistas das redes são aqueles que acreditam piamente na

evolução da comunicação por meio das redes. E estes dois se agrupam como os dois lados da moeda.

Os céticos são os observadores, que ficam do lado de fora, só esperando pra ver o que vai acontecer. Existem também reações externas como o fato do próprio crescimento da tec-nologia que atualmente já esta enraizada no cotidiano da so-ciedade e que cresceu junto com as formações socioeconô-micas, políticas e do capitalismo globalizado. Reações estas que nos permitem chegar a duas hipóteses: ou a tecnologia nos salva com seus aparatos comunicacionais ou ela nos destrói com a desumanização e saturação tecnológica aca-bando com as fontes naturais.

Concluindo, para Santaella, a principal conclusão que se pode chegar é que ainda não estamos, de fato, em uma cultura to-talmente digital. Estamos na cultura das mídias, um estado de coisas que congrega aspectos da cultura de massas e digital, constituindo-se, portanto, em um período de transição.

Remediação Imediação e Hipermi-diação (Bolter e Grusin)O conceito de remediação se dá para a transição dos meios de comunicação ocasionados após a difusão de novas mí-dias. Um veículo ou meio novo, não é substituído totalmente pelo antigo ele passa por um processo de remodelagem, de releitura. Mas o teor conteúdo continuam os mesmos. Diz respeito também à contínua reorganização de todos os meios que vão se modificando sem que qualquer um

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deles desapareça. Um livro, uma pessoa e um dicionário, por exemplo, foi remediado pelo mesmo livro em hipertexto com hiperlinks e um mecanismo de busca na web.

Imediação é uma forma onde o meio utilizado não é no-tado pelo receptor da mensagem. A emissão é absorvida diretamente pelo receptor sem que ele perceba o meio, um bom exemplo é de um livro onde o leitor mergulha na leitura a ponto de não perceber que esta segurando o livro. Outro exemplo são os jogos 3D em 1ª pessoa que colocam o joga-dor em um estado a imaginar que está dentro da tela.

Hipermidiação, ao contrário da Imediação, valoriza o processo e o suporte utilizado no meio da mensagem e rompe a ilusão da representação realista. Ela tem o papel de multiplicar as formas de mediação por meio de hipertexto, hiperlinks, infor-mações, visuais e sonoras convergidas em uma hipermídia.

Interação Mútua e Reativa (Alex Primo)

Ao analizar o antigo paradigma da comunicação, vemos um processo desigual e mecânico no qual o receptor era total-mente passivo e lhe era permitido apenas dar um feedback da mensagem.

O avanço da tecnologia e, principalmente, com a interativida-de do meio online, fez com que o receptor pudesse se comu-nicar de forma mais direta e a participar mais ativamente.

Alex Primo destaca duas formas de interação: a reativa e a mútua. Segundo ele, a maioria ou até mesmo a totalidade das inte-rações homem-máquina ainda se dá de forma reativa.

Na interação reativa, não existe a troca, somente reações im-postas. Consequentemente, podemos notar que o sistema

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da mensagem não evolui já que o receptor não pode alterar o ambiente da comunicação e também não existem trocas de informações.

Nesse sistema, é esperado uma determinada resposta do receptor, uma vez que o processo de interação é totalmente baseado em mensagens e scripts pré-estabelecidos.

Por outro lado, a interação mútua tem o objetivo de bus-car a evolução e o desenvolvimento do processo. Ambas as partes são interdependentes e o ambiente é constantemente influenciado por suas contribuições. Essas partes estão em constante negociação e nesse ambiente de intercambio de informação, ambas as partes estão em um mesmo plano. Essas características fazem com que a mensagem possa ser entendida de formas diversas e imprevisíveis.

Com base nestas observações, podemos concluir que o modo reativo determina previamente os padrões de intera-ção e por outro lado, o modo interativo permite uma maior liberdade no ambiente.

Comunicação Praxiológica (Quéré)

L. Queré apresenta em sua teoria uma comunicação prática, presente no cotidiano das pessoas.

Nos anos 40, o chamado “paradigma clássico” colocava a comunicação em segundo plano, apenas auxiliando na transmissão da informação desejada. Esse modelo está presente até os dias de hoje, sendo usado como base para outros modelos e praticas de comunicação.

Mesmo estando ainda presente nos dias atuais, podemos perceber uma necessidade de um formato de comunicação mais dinâmico e orgânico. Quéré propôs uma sistematização de um novo paradigma da comunicação, dividindo-o em dois modelos: a comunicação epistemológica e a praxiológica.

Na comunicação epistemológica, Quere propõe uma racio-nalização da transferência da informação com o objetivo de transmiti-la de forma mais clara e objetiva. Já na comunica-ção praxiológica, Quéré propõe que a comunicação deixe de

pertencer à esfera do conhecimento e se insira na esfera da experiência humana de ação, intervenção.

Podemos notar claras diferenças entre os dois modelos. Com relação à natureza dos sujeitos, entre os modelos existe uma distinção entre o sujeito monológico (epistemológica), que fala sem a presença do outro e também do sujeito dialógico (praxiológica), que fala com o outro e para o outro.

Já com relação à natureza da linguagem, Quéré diferencia os dois modelos explicando que, no modelo epistemológico, existe uma concepção representativista da linguagem. Por outro lado, o modelo praxiológico aborda uma concepção expressiva e constitutiva da linguagem,

Num estudo mais aprofundado, Quéré cita que a comunica-ção acontece em dois planos simultaneamente, referindo-se a existência de uma mensagem e uma metamensagem. Ele nos diz que quando nos comunicamos, estamos dizendo algo e ao mesmo tempo estamos dizendo alguma outra coi-sa sobre o que dissemos.

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Teoria da Complexidade (Morin)

Segundo Edgar Morin, trata-se de uma visão que implica várias relações a respeito dos sistemas complexos adap-tativos, na complexidade das redes, na teoria do caos, no comportamento dos sistemas distanciados. Para ele, todo sistema vivo gera relações complementares e complexas. E nos convoca para uma sutil reforma no pensamento seme-lhante à produzida pelo paradigma coperniano.

A complexidade só poderá ser entendida tendo-se um pen-samento complexo (flexível e abrangente), nos ensinando a conviver com as incertezas.

Um “ponto” essencial do modelo complexo diz que a razão (pensamento mecânico e linear) vem da emoção (pensa-mento sistêmico), ou seja, nossos pensamentos surgem de emoções, só depois são transformados em ideias formando-se conceitos. Ambos “modelos mentais” andam sempre juntos, pois se completam. Sozinhos são insuficientes.

Segundo Edgar Morin, “O pensamento complexo resulta na complementaridade”, ou seja, tudo está ligado à tudo, toda ação tem um retorno (feedback) e todo retorno resulta em novas ações.

Por meio deste pensamento complexo, aprende-se que toda ação tem sua reação e efeitos colaterais e que até pequenas ações podem ter grandes resultados.

Virtualização (Pierre Lévy)

Segundo Pierre Lévy, “O fenômeno da virtualização, afeta os corpos, a economia, a sensibilidade e a inteligência das pessoas”, prova disso, é o acelerado crescimento de novas tecnologias comunicacionais no mercado de trabalho e na economia.

Afeta as pessoas devido à inteligência coletiva (troca cons-tante de conhecimentos que gera conhecimentos coletivos), afeta a economia devido à transações, negócios, acordos, etc, feitos de forma virtual, e por fim, afeta o nosso corpo por meio de cirurgias plásticas, transfusões de sangue e es-portes radicais.

Lévy defende que o virtual não se opõe ao real, e sim, ao atual, pois o virtual carrega uma potência de ser, enquanto o atual já é. É algo que não é físico, não é concreto e nem palpável, mas é conceitual, real e presencial.

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conclusão – Teorias da cibercomunicação

Tendo em vista as várias teorias da cibercomunicação, observa-mos que o modelo emissor <> receptor utilizado como base para a comunicação, tem sido repensado por vários teóricos na tentativa de construir algo mais próximo do que poderia ser um modelo que entendesse e representasse, da melhor maneira possível, a comunicação em sua condição de transição.

As mídias estão se convergindo, não mais convivendo. O re-ceptor se transformou em autor. A rede agora é um espaço em construção. O estático deu lugar ao movimento e provocou o interlocutor no sentido de querer sempre mais, de desejar par-ticipar de tudo.

A democratização das ferramentas de produção ajudou, de for-ma contundente, na evolução da mídia e hibridização da men-sagem, abrindo espaço para uma enorme teia no universo que é único e você pode compartilhar o que quiser com quem quiser. Vivemos onde gira a participação e a colaboração, vivemos a geração C (Conteúdo, Colaboração onde todos estão Conec-tados).

Em nossa condição atual, tudo é associativo, tudo é interdisci-plinar. A publicidade, as agências, os anúncios, o consumidor e até mesmo os relacionamentos são 2.0.

Você já é 2.0? Se sua resposta foi negativa, acho melhor procu-rar se atualizar, ou melhor, estar sempre por dentro do que virá de novo, já que no ambiente digital, as inovações já chegam superadas.

Leia muito, assista muitos filmes, navegue muito pela internet, articule-se nas redes sociais. No mundo 2.0, não há espaço para preconceitos e limites. É preciso experimentar e conhecer um pouco de tudo.

Em um mundo flexível, precisamos nos tornar profissionais fle-xíveis, pois não só o consumidor está em constante transforma-ção, mas todo ambiente e ferramentas de trabalho. Tudo muda e precisamos acompanhar estas mudanças.

Concluímos, então, que a troca entre emissor e receptor é fun-damental para o acompanhamento das transformações e exi-

gências vividas pela sociedade e pelo consumidor.

Consequentemente, o universo 2.0 contribuiu, paulatinamente, para a construção da mensagem e as interpretações das lin-guagens, facilitando o trabalho nas mídias, principalmente na Internet.

Ser 2.0 é buscar a total interação enquanto profissional e o dife-rente e exclusivo, enquanto consumidor.

referências

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NEVES, Alysson Lisboa. Questão de interesse. Acesso em: 4 de março de 2010. http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/03/04/noticia_tecnologia,i=150237/QUESTAO+DE+INTERESSE.shtml

TRIGUEIRO, Osvaldo. Estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos ensejados pela Escola latino-americana Acesso em: 5 de março de 2010. http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista6/artigo%206-3.htm

COSTA, Rogério da. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Acesso em: 5 de março de 2010. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-32832005000200003&script=sci_arttext&tlng=pt

CASAS, Juana. Redes sociais são chave para reencontrar familiares no Chile Acesso em: 5 de março de 2010. http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/03/04/redes-sociais-sao-chave-para-reencontrar-familiares-no-chile-915986056.asp

RECUERO, Raquel da Cunha. Um estudo do Capital Social gerado a partir de Redes Sociais no Orkut e nos Weblogs Acesso em: 5 de março de 2010. http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/composraquelrecuero.pdf

TEICH, Daniel Hessel. A publicidade também chegou com D.João. Assesso em: 12 de março 2010. http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0912/marketing/m0152086.html

STRAUBHAAR, Joseph; LAROSE, Robert – Comunicação, mídia e tecnologia Acesso em:14 de março 2010 http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=lang_pt&id=dUewZduJHIEC&oi=fnd&pg=PR13&dq=revolu%C3%A7%C3%A3o+tecnologica+e+comunica%C3%A7%C3%A3o&ots=0t5r0ZE_-y&sig=OiPiTvuyjpJvX2Hto8d#v=onepage&q&f=false

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anTropologia culTural

redes sociais: uma análise sobre o comporTamenTo da

Tribo de sKaTisTas

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O skate é um esporte inventado na Califórnia que consiste em deslizar sobre o solo e obstáculos equilibrando-se numa prancha, chamada shape, dotada de quatro pequenas rodas e dois eixos chamados de “trucks”. Com o skate executam-se manobras, com baixos a altos graus de dificuldade. Este espor-te é considerado radical, dado seu aspecto criativo, cuja proficiência é veri-ficada pelo grau de dificuldade dos movimentos executados. O praticante de skate recebe o nome de skatista e agora torna-se o foco da nossa atenção.

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Quando caminhamos pelos grandes centros urbanos, logo percebemos

uma imensa diversidade de personagens, comportamentos, hábitos, crenças e va-lores. Destacam-se diferentes formas de sociabilidade e cultura de grupos, em sua maioria de jovens, que compõem o cená-rio destes grandes centros: são as “tribos urbanas”. É neste contexto que podemos encontrar a tribo dos Skatistas.

A formação de tal tribo se dá a partir da transformação das relações humanas em atividades físicas e culturais de lazer que despertam interesses comuns e diferen-ciados que acabam reunindo indivíduos e estabelecendo diferentes comportamen-

tos, hábitos e relações de poder. É um retrato contemporâneo do pro-cesso civilizatório.

Ao analisamos uma comunidade de skatistas podemos perceber que existe uma relação entre o surgi-mento de tal grupo e seu processo de socialização, ou seja, a necessi-dade que cada indivíduo tem de se identificar com uma ideia ou ideal, de expor suas habilidades e de encon-trar um “espaço” para se manifestar a favor ou contra o sistema como um todo, com o objetivo final de aceita-ção social.

Este “espaço” pode ser dividido em dois termos que se opõe: o “dentro de casa” e o “fora de casa”. Podemos dizer que o espaço “dentro de casa” seria a zona de segurança, onde a fa-mília é a referência (festas de batiza-do, aniversário, casamento, etc.); já o espaço “fora de casa” seria tudo que vai além do domínio familiar, englo-bando locais de encontro e lazer (os bares, lanchonetes, pistas de skate, a internet, etc.), onde se está sujeito a algum tipo de forma de controle, do tipo exercido por gente que se conhece de alguma forma. Quando este “espaço” demarcado torna-se o ponto de referência para distinguir determinado grupo de frequentadores como pertencentes a uma rede de re-lações, ele passa a receber o nome de “pedaço”: espaço intermediário entre o privado e o público, onde se desenvolve uma sociabilidade bási-ca, mais ampla que a fundada nos

laços familiares, porém mais densa e significativa. Surgem então, as “re-des sociais”.

Podemos dizer que as redes sociais existem desde a pré-história, quando pequenos grupos se juntavam para fazer determinadas tarefas e afinida-des. Esse conceito, que não é novo, ganha novas dimensões em sua ver-são virtual em rede. A tribo de ska-tistas existe antes das comunicações em rede. Anteriormente à revolução digital, pessoas se agrupavam e na-quele meio se definia um contexto visual, musical, esportivo, e de atitu-des próprias, o que os definia como skatistas.

Para facilitar nossa compreensão so-bre o comportamento social de uma tribo de skatistas, foi preciso ingres-sar neste universo. Utilizamos como base de nosso estudo uma comuni-dade no Orkut intitulada Skateboard (com 165.358 membros). Iniciamos o processo de observação, e com muita felicidade constatamos o pro-gresso do skate, não só na evolução como esporte, como na expansão da cultura devido à utilização das redes sociais da internet. Constata-mos a diversidade de assuntos na comunidade, entre eles, a mecânica do skate, as manobras, os cuidados com segurança, os lugares mais fre-quentados pelos praticantes, as mú-sicas, os bailes, o estilo, dentre ou-tros aspectos que formam a cultura do skatista.

Pertencer a uma rede social implica

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Teorias da comunicação

no cumprimento de determinadas regras de lealdade que funcionam também como proteção, inclusive quando as pessoas se aventuram para o desfrute de lazer “fora de seu pedaço”, em pedaços diferentes, correm o risco de se depararem com o conflito e a hostilidade. Todo lugar fora do pedaço é aquela parte desconhecida do mapa e, portan-to, representa perigo.

Na linguagem dos jovens skatistas, a presença das gírias e palavras regionais acabou dificultando um pouco nossa compreensão e revelou uma maneira própria de se comunicarem. Notamos que a competitivi-dade é muito presente entre eles e que a disputa se dá, na constante postagem de vídeos de manobras, onde cada um procura mostrar o que faz de melhor com o objetivo nítido de demonstrar superioridade.

Nesta comunidade de skatistas participam pessoas de todo o Brasil e nem todos andam de skate. A faixa de idade também é bem ampla, o que dificultou a pesquisa, já que skatistas veteranos tendem a excluir os novatos. Seus ideais passaram por transformações de tradicional e alternativo para popular, graças à influência da mídias, que abriu espaço para o acesso de todos. Atualmente, muitos aderem ao es-porte por moda, outros já pensam em se tornar profissionais, mas a maioria apenas considera um hobby e os veteranos rejeitam os que se aventuram invadindo seu “pedaço”. Comprovamos este fato ao tentar-mos ingressar na comunidade. Por várias vezes fomos rejeitados nas conversas. Talvez isto advenha do fato de que durante muito tempo, os skatistas foram uma tribo marginalizada e muitas vezes relacionada a usuários de drogas.

Durante as conversas que acompanhamos, percebemos que muitos na comunidade vêem a questão do uso da droga como uma retaliação ao grupo. Para eles, isso é um preconceito, pois o skate é uma cultura alternativa na qual existem os que usam droga e fazem questão de dizer, assim como existem os que não usam drogas e levam uma vida normal. Segundo eles, esta questão está muito mais ligada à juventu-de como um todo, do que a uma tribo apenas. Várias opiniões foram postadas a respeito: “outras culturas também usam drogas e elas (as drogas) já existem há bastante tempo”. “O skate é um esporte, muitos não se dão bem, outros precisam fumar um baseado para praticar, mas muitos skatistas confundem as coisas e acabam levando isso como um estilo, o que naturalmente transparece para os que estão de pron-tidão para criticar”.

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Num passado próximo, os ideais, o es-

tilo de se vestir, o estilo musical e a for-

ma de agir eram compartilhados pelos

skatistas. Hoje, existem diversidades

entre os grupos. Percebemos que, em

regiões próximas, coexistem grupos de

skatistas com ideais positivos onde to-

dos participam numa competição sadia,

abertos a novos skatistas, e outros gru-

pos de pessoas que estão mais ligadas

às comunidades virtuais e tendem a ser

mais individualistas. Muitos andam de

skate sozinhos e se sentem muito bem

assim. Têm uma característica mais

egoísta, e se mostram fechados quanto

aos assuntos coletivos.

Apesar de tantas mudanças, os tradi-cionais, que sentem o esporte no san-gue, não oscilam de acordo com os vetores. A droga, a moda, a profissão, o esporte em si, não fazem diferença para eles. “Em contrapartida, muitos entram na tribo” atraída pela facilidade no uso de drogas ou simplesmente por moda; alguns acabam melhorando seu estado psicológico com a prática do esporte. As opiniões deixam claro que o motivo pelo qual estão ali varia muito.

Por outro lado, o grupo tem em co-mum o fato de estar bem informado sobre o uso de drogas e sobre o tipo de relacionamento social que melhor

se enquadra em seu perfil. Eles sabem

o que querem. As possibilidades são

inúmeras neste mundo virtual de co-

laboração. Na realidade o que importa

para essa tribo, independentemente

de modismo, é ter a real essência do

esporte no sangue, sentir o máximo de

adrenalina que o esporte pode oferecer

e compartilhar isso com o seu grupo.

Concluímos que nesse espaço virtual

se tece a trama do cotidiano, a troca de

informações e os inevitáveis conflitos

que acabam por construir um espaço

privilegiado para a prática do lazer e da

socialização do indivíduo.

LIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994b. HONORATO, Tony. A tribo skatista e a instituição escolar: o poder escolar em uma perspectiva sociológica. Piracicaba,

2005. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação. Universidade Metodista de Piracicaba. 208f. Disponível em: http://www.cienciadoskate.com/paper/0283.pdf. Acesso em: 5/4/2010

MAGNANI, José Guilherme C. & TORRES, Lilian de Lucca (Orgs.) Na Metrópole – Textos de Antropo-logia Urbana. São Paulo: EDUSP, 1996. Disponível em: http://www.n-a-u.org/QUANDOOCAMPOCAPI.

pdf. Acesso em 27/5/2010.

MAGNANI, José Guilherme C. Tribos urbanas: metáfora ou categoria? Disponível em: <http://www.n-a-u.org/magnani.html> Acesso em: 04/04/2010. Texto originalmente publicado em: São

Paulo: Revista Cadernos de campo, FFLCH/USP. Ano 2, n. 2, 1992. Skate: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Skate. Acesso em: 3/4/2010.

Skate: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Skate. Acesso em: 3/4/2010.

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=737279

referências

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Teorias da comunicação

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scraps

Existe o Skate esporte e o Skate tribo. Se eu faço par-te do Skate esporte, apenas como um hobby e ouço outros tipos

de músicas que não são nem vertentes de Rock, não posso andar de skate? Se eu for melhor que o cara que veste camisa larga e anda com o boné aba reta, mas me vestisse

‘normal’ eu sofreria preconceito dos próprios skatistas, que se dizem uma tribo. E se eu fosse da tribo, eu sofreria preconceito da sociedade...

fred

maTheus aTella

freedom!

crisTiane

porra eu gosto do skate pq agente encontra varias tribos dentro dele tipo o surf (EU ODEIIIIIIIIIIIIO PADRONIZAÇAO) o surf cara pra vc ser um ‘’surfistao’’ vc tem q ter cabelo loiro de parafina ser preto de praia comer sanduiche natural

e ter uma prancha SÓ n precisa nem surfar agora no skate nao todos skatistas sao diferentes vc acha skatista do rock do reagge do rap po e por isso q eu gosto e eu quero q se foda quem anda de modinha eu n vou ficar julgando pq eu n co-

nheço ninguem mas porra mlk se vc n anda de skate n começe :) nem fale q começou!Porra os mlks andam de skate uma vez por ano (ate ai tudo bem) mas eles fazem questao de que todo mundo saiba q eles andaram!

Eu fumo maconha >< e fico puto mesmo assim quando neguin vein fala que skatista e drogado antes de começar a andar eu ja fumava =] e maioria dos caras que eu do role nein fumao intao e tenso generaliza =] a manow vaum para com essas ideia de como e um skatista eu sou uma pessoa skate e meu amor nao uma regra que eu tenho que seguir todos nos somos

diferentes temos uma coisa em comun encontramos o skate nas nossas vidas porque pra min skate me salvou de muita merda e foi oque me ajudou a consiguir tudo que tenho hoje nao digo

materialmente fraga mais como pessoa =] intao nao generalize =D

skatista não usam drogas kellen eu sou skatista a 7 anos tenho 12 ando desde meus 5 anos de idade.nunnca usei drogas e sempre fui tranquila e os skatistas que eu ando

são rockeiros que nem eu e não usam drogas .nãotem nenhuma diferença de nós skatista com outras pessoas somos todos humanos, só por q voamos e fazes ollie flip, double fllip e etc.. q somos diferentes dos outros. tenho 12 anos sei muito bem disso

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legislação e ÉTica

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cidadania

O termo cidadania tem sua origem na Grécia, entre os sé-culos VIII e VII, e servia para designar os direitos relativos

ao cidadão, que dava enfoque na política e as próprias condi-ções de seu exercício. Com o passar do tempo, a prática e o conceito, passou a se alterar de acordo com as mudanças de cada época, e nos dias de hoje, ela abrange as classes sociais em busca de uma igualdade. O direito para uns se torna o dever de cidadania para outros, e mesmo com essa busca, a cidadania está um pouco longe de conseguir que os direitos e deveres sejam iguais para todos. O termo pressupõe então todas as implicações de uma vida em sociedade.

Para falarmos sobre cidadania, primeiramente precisamos entender o que vem a ser cidadão. Cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Para o edu-cador brasileiro Demerval Saviani, ser cidadão significa ser sujeito de direitos e deveres: “Cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, extensiva-mente, da vida da sociedade”. A cidadania é exercida pelos cidadãos, ou seja, ela é a expressão do conjunto de direitos e deveres que uma pessoa possui dentro de determinada sociedade.

O conceito de cidadania sempre esteve fortemente atrelado à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios pú-blicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto).

Além da definição de cidadão não podemos esquecer que a sociedade deixou de ser um grupo de pessoas com ob-jetivos em comum para se tornar um conjunto de vários grupos menores, com alguns objetivos em comum, mas

outros totalmente diferentes. Na sociedade, muitas vezes temos o relacionamento indireto e impessoal. A forma com que as pessoas se relacionam umas com as outras é a base da sociedade moderna, pois não só a qualidade dos rela-cionamentos, bem como a capacidade individual de mantê-los, são fatores determinantes de posicionamento social e qualidade de vida. Quando a individualidade de uma pessoa a impulsiona em busca de seus anseios coletivos (nesse esforço, nessa busca), tem-se o verdadeiro cidadão. Já quando a individualidade se sobrepõe aos anseios coletivos e é demasiadamente pessoal haverá conflitos com outros indivíduos.

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legislação e ÉTica

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redes sociais

O esforço e a busca pessoal por aceitação coletiva e defesa do bem comum proporcionou o surgimento de uma forma de representação dos relacionamentos afetivos ou profissio-nais dos seres entre si, o que viria a ser conhecido como rede social. A rede é responsável pelo compartilhamento de ideias entre pessoas que possuem interesses e objetivos em comum e também valores a serem compartilhados. Assim, um grupo de discussão é composto por indivíduos que pos-suem identidades semelhantes. Essas redes sociais estão hoje instaladas principalmente na Internet devido ao fato deste veículo de comunicação possibilitar rapidez e variadas formas das ideias serem divulgadas, além de permitir a ab-sorção de novos elementos em busca de algo em comum.

Segundo Fritjof Capra, “redes sociais são redes de comu-

nicação que envolvem a linguagem simbólica, os limites

culturais e as relações de poder”. As redes sociais são

capazes de expressar ideias políticas e econômicas inova-

doras com o surgimento de novos valores, pensamentos e

atitudes. Esse segmento que proporciona a ampla informa-

ção a ser compartilhada por todos, sem canais reservados

e fornecendo a formação de uma cultura de participação,

é possível, graças ao desenvolvimento das tecnologias de

comunicação e da informação, à globalização, à evolução

da cidadania e à evolução do conhecimento científico so-

bre a vida. Elas unem os indivíduos organizando-os de for-

ma igualitária e democrática e em relação aos objetivos

que eles possuem em comum.

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Teorias da comunicação

conclusão

Em qualquer lugar e atualmente, mais frequentemente nas grandes redes sociais, a conscientização é o caminho ne-cessário para a cidadania. Diálogos, mensagens, recados, anúncios e propagandas distribuindo conhecimento e infor-mação, buscam nos fazer cada dia mais conscientes de prá-ticas que ainda não são muito habituais, mas que realizadas em conjunto farão a diferença. São intercâmbios que trazem conhecimentos necessários para uma vida de maior qua-lidade em sociedade, estimulando o exercício da cidadania.

É importante ressaltar a importância das redes sociais na vida de muitas pessoas. Ferramentas como o Orkut, o Face-book e o mais recente Twitter, contribuem para criar relacio-namentos, dividir opiniões e nos despertar para conceitos pouco conhecidos. E é dessa forma que se torna possível unir os indivíduos para uma causa coletiva e fazer com que todos participem de questões ligadas ao bem comum.

As redes sociais conseguem divulgar os direitos e deveres dos cidadãos e reunir as mais diversas opiniões sobre o as-sunto. Além disso, com o auxílio destas inovações tecnoló-gicas se torna possível mobilizar a sociedade para expres-

sar ideias, tirar dúvidas e obter mais conhecimento sobre questões ligadas à vida em sociedade. O que se vê é uma contribuição das redes sociais para efetivar a importância do posicionamento social e da qualidade de vida. Hoje, sabe-se que o alcance das redes sociais é maior do que muitas ações de divulgação. Desta forma, percebe-se que ao invés de segregar mais as pessoas, as redes sociais estão orga-nizando indivíduos de forma democrática e igualitária. É a nova organização social que dá voz à sociedade por meio das telas dos computadores.

Mas devemos tomar cuidado; exercer o papel de cidadãos, pode não ser tão fácil como parece. Exercer a cidadania inclui participar da sociedade, visando à busca pelo bem comum, cumprindo todos os deveres e reivindicando os direitos de um todo. As redes sociais vieram para acrescentar pois, ao discutirmos em grupo, percebemos como as atitudes de um influenciam a vida de todos, fortalecendo, paulatinamente, o poder de cidadão enquanto praticante de cidadania.

Conclui-se então que, para que a sociedade caminhe rumo ao bom convívio, com consciência política, humana e so-cial, devemos nos unir em busca de sempre conquistar o direito à cidadania.

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Top 5 redes sociais

As Redes Sociais são ferramentas cada vez mais populares na internet, sua efici-ência e relevância são notáveis e comprovadas por seus usuários.

Existem hoje centenas de redes sociais cidadãs, elas são importantes,pois nelas a sociedade se manifesta de modo mais consistente os seus pontos de vista.

Elaboramos um ranking das 5 melhores redes sociais que envolve o tema cida-dania:

1º Lugar

Comunidade Banco do Planeta | (www.comunidadebancodoplaneta.com.br/)

Membros: 18.332

Esta Rede Social pertence ao Banco Bradesco. Seus usuários e colaboradores usufruem de informações, divulgação de ações e contribuição com soluções para os desafios socioambientais atuais. Por meio de fotos, vídeos, blogs e eventos, a Comunidade Banco do Planeta merece o primeiro Lugar devido o seu auto nível de interatividade, tornando-se umas das maiores Redes Sociais voltadas para a Cidadania.

2° Lugar

Voluntários Itaú Unibanco | (www.ivoluntarios.org.br)

Membros: 4.904

Esta pertence ao Grupo Itaú Unibanco, É uma rede social que reúne pessoas com disposição para agir e oportunidades de voluntariado. Nela, o voluntário publica seu perfil e tem autonomia para encontrar formas de entrar em ação ou divulgar seus projetos, em busca de colaboração.

3º Lugar

Voluntários Vale | (www.voluntariosvale.org.br)

Membros: 3.838

O Programa Voluntários Vale estruturou-se a partir de Redes locais de Voluntariado, Através dessa Rede, eles podem se comunicar, trocar experiências, receber notícias, material de referência e consultoria à distância. Trabalham junto a instituições de assistência social, campanhas de doação de sangue, ações voltadas à educação, projetos de apoio a crianças e adolescentes, socorro a vítimas de catástrofes naturais (especialmente enchentes), campanhas de preser-vação ambiental, ministram cursos de capacitação profissional, entre muitas outras atividades.

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legislação e ÉTica

referências

FILHO, Cyro de Barros Rezende; NETO, Isnard de Albuquerque Câmara. A evolução do conceito de cidadania. http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/aevolucao-N2-2001.pdf

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania Acesso em: 24 de abril de 2010

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social Acesso em: 27 de abril de 2010

Disponível em: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/politics/1957924-conceito-cidadania/ Acesso em: 26 de abril de 2010

Disponível em: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/1719968-cidadania/ Acesso em: 27 de abril de 2010

4º Lugar

Voluntários Instituto C&A (www.voluntarios.institutocea.org.br)

Membros: 2782

O Instituto C&A possui blog, comitês, ações corporativas e instituições. Por meio de muita interatividade, assuntos como arte, cultura, cidadania, desenvolvimento local, educação e meio ambiente são abordados nesta rede.

5º Lugar

Instituto HSBC Solidariedade (www.portaldovoluntariohsbc.com.br)

Membros: 2430

Neste espaço você encontra algumas orientações de como atuar de maneira proativa na sua comunidade, como conseguir apoio e compartilhar suas experiências com outros colegas. Por meio de projetos, entrevistas e ações, promovem o exercício da cidadania.

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