revista galileu junho 2011 - de onde vem o mal

91
NA ALEMANHA TEM UMA FABRICA DE PELE. DE GENTE. SERIO. HIPSTER (1999-2011) DESCUBRA 0 QUE E ANTES QUE ACABE. PEQUENAS EMPRESAS. GRANDES SACADAS: STARTUPs DO BRASIL. ~ o u o co o _J o ::i ui - _J :::J « l:) CIENTISTAS AFIRMAM: MALDADE E DOENC;A - E TEM CURA. SAIBA COMO ESSA IDEIA POLEMICA PODE REVOLUCIONAR ESCOLAS. EMPRESAS E ATE ACABAR COM AS PRISOES. E XE MP LA R DE ASSINANTE + MILHOES DE DOLARES EVOLUNTARios ~ VENDA PROIBIDA REUNIDOS COM A ESPERAN<;:ADE UM DIA JULH02011IN'240IRS9.90 ESCUTAR EXTRATERRESTRES.

Upload: giovani-fava-mariani

Post on 08-Jul-2015

362 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 1/91

 

NA ALEMANHA TEM UMAFABR ICA DE PELE.D E G EN TE . S ER IO .

HIPSTER (1999 -2011 )DESCUBRA 0 QUE EANTES Q UE ACABE .

P EQUENAS EMPRES AS .GRANDES S ACADAS :

STARTUPs DO BRASIL .

~ouocoo_J

o::iui

- _J

: : : J«l:)

C IENTISTAS AF IRM AM : M ALDADE E DOENC ;A - E TEM CURA.

SAIBA CO MO ESSA ID EIA PO LEM ICA PO DE REVO LUC IO NAR

ESC OLAS. EM PRESAS E ATE AC ABAR C OM AS PRISO ES.

EXEMPLAR DE ASSINANTE + M ILHO ES DE DOLARES E VOLUNTAR ios ~VENDA PROIBIDA REUNIDOS COM A ESPERAN<;:A D E UM DIAJULH02011IN'240IRS9.90 ESCUTAR EXTRATERRESTRES.

Page 2: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 2/91

 

ISO LAD O S E C ON GELAD O S

Cientistas trabalham noA1asca

te sta nd o n o va s te c no lo g ia s

FOTOD EC A P A : Fotomontagem Mana EOI scb re foto de Ricardo Correa

62A RAlZ DA MALDADEPe sq uisa dore s d esc ob rem q ueo m al te m e xp lkac ao b io l6g ic ae tra tam en to. D esc ub ra par quevoc e ta rnb ern pade se r c rue l

9 3 · i i · l Ih l H ' i JC E SA R IA N A S C O NT R IB U EM

C OM A O BE SID AD E

Marco Antonio Barbieri

ET AN Ol N AO E SUSTENTAvEl

Luc i a Cava l ie r i

IN Q UIS I< ;A O G ER OU D IT AD UR AS

T o by G r e e n

A TIV ID A DE F islC A N AO

SIG NIF IC A Q UA lID AD E D E V ID A

A n a lu cia P ad rilo d os S an to s

T OD D M UN DO E B OM E M M A TE M AT IC AKeith Devlin .

Page 3: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 3/91

 

Os primios

P

remio e born e a gente gosta. Ate quando "a gente" nao

e bern "a gente", porque os trabalhos premiados sao de

quando este que vos escreve nem estava aqui ainda, mas

enfim, sao da GALILEU. Vencemos (sente a carona) em

duas categorias do Prernio Editora Globo de Jornalis-mo 2010. Champagne no squeeze! - e uma piada interna, nosso

manual de redacao permite uma a cada 3 meses.Urn trofeu foi na categoria Ciencia, Tecnologia eMeioAmbiente,

para a reportagern "Este homem e alergico a tecnologia", escrita

por Felipe Pontes. 0 titulo nao e forca de expressao: falamos deurn ex-engenheiro sueco que passa mal perto de qualquer aparelho

eletronico - para garantir a saude, elemora no meio do mato. Nao

foi facil: as fotos do sujeito tiveram de ser feitas pela mulher dele

com uma camera analogica - e, claro, reveladas e enviadas pelocorreio. 0 outro Globinho (apesar do trofeu retangular, queremos

quepegue "Globinho") foina categoria Sociedade e Comportamen-to: "Quanta custa ser feliz",materia de capa do mesmo Felipe, do

editor-assistente Guilherme Pavarin e da editora Priscilla Santos.

Foi sucesso de critica e publico: uma das edicoes mais vendidas doano pass ado. Ambosas textos estiio dispo-

niveis em nosso site.

E dessa edicao, vo-

ce gostou? Escrevapra gente ("a gente"

pode ser eu mesmo),Nosso maior prernio

e sua satisfacao. GA-

LILEU, servindo bern

para servir sempre.

***Ap6s anos deGALI-

LEU, esta foi a ultimaedicao do designer,

ilustrador e ciclistaDaniel das Neves. Urn

abraco detodaa reda-<;aoe boa sorte.

Semmais,

EMILIANO URBIM

DIRETOR DE REDA9AO

[email protected]

@URBIM

PREMIADOS: Priscilla.

F e lip e e P a va rin

D IR ET OR G ER Al F re de ric ZOgha lb Kachar

D IR ET OR D E M ER CA DO A NU NC IA NT E G ilb erta c craz za

O IR ET OR D E A S SIN Aru RA S R en ata B arb osa F flh o

GALILEUD IR ET OR A E DIT OR IA L G RU PO F EM IN IN AS , IN TE RE SS ES E SP EC IA IS E Q U EM P au la M ag est e

D IR ET OR D E R ED AC AO : E milia no U rb im

D IR ET OR D E A R TE : R ic ar do M art in s

R ED AT OR A C HE FE : F ab ia na C or re a

E DIT OR ES : P ris cilla S an to s. T ia go M ali

E DIT OR A SS IS TE NT E: c uu ne rr re P av ar in

R EP OR TE RE S: F elipe P on te s. G uilh erm e R osa . L ulz Frenclsoc A. Senne

A RT E: D an ie l d as N eve s, F ab io Dies. Gustavo C. Monteiro

C OL AB DR AD OR ES : A le xa nd re P odr tg ue s. A rth ur G uirn arae s. B ru na F as an o. F elip e

M iJ an ez , F elip e T ur lc ni. G ab rie l P e nn a. G us ta vo H eid ric h. M ar le na S ga do ni, Naiara

M ag alh ae s, Iat ia ne R ib eiro, V an essa M in g, V an essa V ie ira (te xto), O ma r P elxe o.

S e nd i M o ra is . R ic ar do C or re a. R ic ar do Toscen l . V ic to r A f fa r o, S te fano Mart ini (toto).

A le xan dre A ffc ns o, E dua rd o A sta . G il T okio, M arc us P en na , N lk N eve s. N ilson C ardoso.

S am ue l R o dr ig u es . ttlustraeao). R ob erto M orga n L ope s (arte)

E S TAG I A. R IO S : E r ik a K o ka y{ te x to ), Andre Rei t z (arte)

CARTAS A REDACAo : geueueecgiobc . co rn. brA SS IS TE NT E D E R ED AI;: Ao : T ha tia na d a S ilv a M ir an da

G AL IL EU O N LI NE

EDITORA: Debora Nogueira

R EP OR TE R: D en is e D alla C olle tta

T EC N OL OG IA O N LI NE

G ER E NT E: C ar lo s E du ar do C ru z G a rc ia

C O OR O EN A DO R ; v elt er B lc ud o

D E SE N VO LV ED O RE S: F ab ia M a rc ia no , J ea n F e rn an de s, J ef er so n Nemonce . L ea nd ro P ab ao .

M a rc ia P im e n te l Espos i to

P E SQU IS A : C e oo c /G lo b op r es s

PUBLICIDADE

D IR E FO R IA D E P U BU C ID A DE C E NT R AU Z AD A S; A le xa nd re B ar so tt i; Ed ua rd o L ei te ;T Id a C un h a

E XE CU TIV OS D E N EG OC IO S: A nd re la S an ta ma ria , R av ia d e Almeida P ir es , L e ti ci a 0 1 L a ll a,

L uc ia na P aia to , M eg h 8 er tin elli. S an dr a M elD . T ha is E bo f H ad da d, J oa o M ey er . R afa el

Cataldi, Clntla C ris ti na P e re ir a d e O li ve ir a

D IR ET OR D E P ,U BlIC ID AD E D E S AO P AU LO : D em etrio A mona N etto

G ER EN TE S D E P UB LlC ID AO E D E sso P AU LO : L uc io D e! c euo. R osa rjg ela A pa re cida

Fernandes

EXEC UTIV OS D E N EG OC IO S D E S AO PAU LO : Ana Silvia C osta , A rm a Paola N ard i,

B r un o C a rv a lh o T e ix e ir a . C I ,a u dl o c a s - e u a a . E dw ;m iiJ R ac y, M an se d e S ou za , N eu si M ar ia

B ri ga no ,V ai qu rr ia B la s lo ll L e it e, V iv la ne V ie ir a D in iz , \ '\ bg ne r J os e d os S an to s

G ER EN TE D E P UB LIC ID AD E O NL IN E: S am ue l S ab ba g F erre ir a B ra ga

E XE CU TIV OS D E N EG OC IO S O NL IN E: C ar la C ris tin a D ub ln sk as M ar qu es , C ar los r cc eoo

Valverde. Fernando M on ts , P atn ce L ea l

O PE C O NU NE : E ve rton P arra . R od rig o S an ta na F . O live ira , C alq ue T ole do

E SC R IT O RI OS R E GJ ON AI S: M ar ce lo B ar bi er i ( di re to r) , C ar lo s M a nc e ! J r. [ ge re nt e)

R IO D E J AN E IR O :

E XE CU TIV OS D E N EG OC IO S: A le ssa ndra Y ou ng , A na C ar on na R om an o,

F la via P ar an ho s, M ar cia T or re s

O PE C: S on ia D ia s

BRASiLIA :

G ER EN TE : F ern an da R iqu en a

D IR ET OR D E P RO JE TO S E SP EC IA IS E E VE NT OS : R eg in aldo A nd rad e

G ER E NT E D E E V EN T OS : S ab rin a S al ga do

C OO DE NA DO RA D E E VE NT OS : P ao la M as sa ri

C OO RD EN AQ AO D E P UB LIC ID AD E: Jose S oa re s

ASSINATURAS

G ~R EN TE D E C AP TA CA O - P RE ST AD OR ES D E S ER VIC O:: R os em er y B rito

G ER EN TE D E V EN DA S C OR PO RA TIV AS : R eg in ald o M or eir a d a Sllva

G ER EN TE D E A TE ND IM EN TO A O C LIE NT E: A rle te M ed in a G re sp anG ER EN TE D E T ElE VE ND AS T ER CE IR IZ AD Aj N els on d e S ilv a G ue rr a.

C OO RD EN AD OR D E T EL EV EN DA S I NT ER NA S: R od rig o R oq ue

C OO RD EN AD OR A D E M AR KE TIN G D IR ET O: L uc ia na S au d Marb ne l

C OO RD EN AD OR A D E V EN DA S O NL IN E: A na c ar olin a S ole r

V EN D AS A VU lS AS

D IR ET OR A D E V EN DA S A VU LS AS : R eg in a B ue co

C OO RD EN AD OA A D E V EN DA S A VU LS AS : E liz a d e C am po s

MA N E Ram r l l P r P

G A LI LE U u m a p ll bt lc a v8 0 d a E D IT O RA G l0 80 S .A . - A v, J ag ua re , 1 .4 85 " S ao P au lo ( SP ),

CEP: 05346-902 - T e l. I I 376H716. D i st ri b ui do r e x cl us iv o p a ra t od o 0 B r as il : F e rn a nd o

Cll ina~ia O i st ri b ui d or a SA Im p re s s ao : Log & P r in t e r e r ce e tcgrstca SA Pu a JoanaForesta storani, 676 - CEP13280·00D, tns tn to Indus.r ia l, v lnnecc, SP.

_ _ _ _ _ m m l l , • • t 4 i 1 u F t · ti i .{ 1 1 . € I , ' l W _ _

D isp onive l d e se gu noa a se xta-fe lra . da s 8 as 2 0 h ora s. e

s ec e cc . d as 9 a s 15 he r e s.

~ In te rne t: www.editoragloDo.com.br/atendimento

~ Sao Paulo: U 3362·2000~. nemals local ldades: 4003-9393*

~ Fax: 113766·3755

* C usto d e n sac eo loc al. se rvc o n ao- dsp on lc er e m tc oc 0 B rasil.

P ara sa be r da disp onib ilid ad e d o se rvlc o e m sua c ca oe . c on su lte S Uq op era oc ra loc al

P ara a nu nc iar lig ue : S P: 113767-7700/3767-7500

RJ:213380-5924. e-mail .:pUbl lgal i [email protected]

P ara se C Ofre Sp ond er c om a R ed ~ao: E rd ere ca r c arte s 2 10 Dire tor d e R ed aG ao,

G All L EU . C ab a p os ta l 66011. CE P 05315-999 - S EO P au lo . S P. F ax : 113767-7707

e-mail: [email protected]

A s c artas d eve m se r e nc am in ha da s c om a ssln atu ras, e nd ere cos e te je ton e d o

r em e te nt e. G al il eu r es er va -s e 0 d ir e/ to d e s ele c lo ne -l as e r e sum i- Ia s p a ra o ut ac a ca o .

EdI~ante r1(]re s: 0 pe dico se ra ate nd ido pe r rne lo do jorreerc so pre co da etncaoe tu el. o es ce q ue h aJ a d is pon ib illd ad e d e e sto qu e.

. F a c e s eu p eo to o n a b an es m ais p rc xlr ra .

· 0 B u r e au v e n e e c er n sc e n on . c o m b a s e n o s p r o c e ss e s e p r oc e d lm a n to so e s cu o s n o s e uRela t6 r l odeVer i f i ca ! ; il o ,ado tando i .Jmnfv2 Ideccnf i i l r t qar i' l ~o !i l . 'e l .dEda_raque c Re!OIoorlodeInven t. !i no de rml ss ze so e n ases d eE fei to Es !u ta .1 ·d ej ul ho de 20 09 a 3 0 de ju nM de2 01 0.

daEaltoraGIObcepreciso.c:onIiOlvelellvredetliscrEp;1inclaJlU!erial,errooudlsto~oeeuma

~ r epr es en t; :! (; 3o a) ul la: i" < ld osGESda do sef n(o lm! lG il les .s obm op er fod od _e r Bf e~ nc la . p ar a a

~ e sc op c d eiin llJ o: tote la bc rc dc e m c on to rm ba oe c cm a ~18RISO 1,4064 . ·1 :2007 ."

() MISrO

"-.,,.) Papel plothwdc a partir

FSC de fontes responsavere

" _ " , c . FSC C023626

A toucremccc.ccnecente .casUiiresp,onsabl l idadearnlJlef l tal"s~dal.utilll"p",pe;S"D1l

cenncacorsc trcreststewar.dsrJp COJIlCil) para lmpressaooeste reilstB. ACertlficac;aoFSC

g a r a n t e qc e u m a m at e n a r r m a

n cr es ta rc rcesma ce om merejo

conalderadc sccralamblemal

e e cc nc rm cameme e se q cs oo .

I mp r es so n e l og & Prin t Gn1f lC3

eLDgfst i caSA-Ce f 'J i l ca<1anac aeeace ru s tooa - rs c

urcresse n a L Og & P r in t G r af lc a e L o gi st jc a SA Cert f f i-

c eo e n a c ec er a de cestona F S C o e lc B ur ea u v er na s.

Page 4: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 4/91

 

6_JULHO_2011

so 0dinhe iroG oste i d a m ate ria d e c ap a d o rre s d e

ju nh o . C on c or do m a s a c re d it o q ue ,

n o c h ao d e fa br ic a, 5 6 a re c om p en sa

f in a nce ir a r e so lv e a q u e st ao .

Mur i ro Evange li s ta , T ap ir atib a, S P

A ch ei m uito b oa a m ate ria d a c apa

sobre 0q ue n os mo tiv a. T a rn b er n c re io

q ue som os m ovid os pe la b usc a e m si

Nao n e ce ss ar iamen te p e la r e al iz a cao .

E isso 0q ue re alm e nte nos fa z qu ere r ir

rna is longe

F r an c ie le Ang e r

Fo~intemaLi 0a rtig o [ju nh o d e 2 01 1] e m q ue 0

c om p os ito r Ma rc e lo Y u ka c on ta c ois as

q ue fic ara m d ep ois d o a ss alto c om

resul tado inf e li z .56 q uem p assa p or

m om e nto s q ue le va m a se qu ela s e qu e

p od e fa la r so bre c om o so br ev iv er a u ma

e x pe rie n da t ao c ru e l.

Eric M. Guimaroes, Recife, PE

C og um elo d o b emEspe t acu la r a s p e sq u is as s ob r e 0

c og um e lo d o so l l e d 2 3 91 N o N ord es tea le is hm an io se e m u it o c om um . R e vo lt a

sa be r qu e na o h a p esqu isas sob re a

d oe nc a p or e la se r tip ic a d e p ar se s d e

b aix a r en da e n ao h a ve r in te re sse d a

industr ia farrnaceutka em i nv e st ir . Bom

sa be r qu e e sse fu ng o p od e a ju dar n a

l ei shman io se , A id s e ca nce r .

T a ti an a G rego r io , Silo P au lo , S P

Transpor te v it alMa t e ria i nc r iv e l s ob r e 0m etro e se u

f un c io nam e nt o n o m u nd o [s e~ ao

Numera lha , ed 2391 ln fo rma~6es como

p re c os e a q ua ntid ad e d e u su erio s

mostram 0quanto 0Bras il p rec isa

e volu ir n o q u e si to t ra n sp or te co le t iv o.

A r ia d ny T h eo d or a

N io iscomprasLi a ma te r ia 0neg6c io e dividir da

ed ir ;: ao d e ma io e en con tr e i s olu coe s

im por ta nte s p ara u m prob le ma q ue a

c a da d ia p ar ec e p io r: 0 consumo . P r ec isa

h a ve r m a io r d iv ulg a~ ao d e ss es s it es

d e c om pa rtilh am e nto, p ara q ue a m od a

p egu e e c ontr ib ua p ara a fun da ca o d e

v alo re s q ue sa o d e irn porta nd a p ara a

no ss a g e ra cao .

Isabella Gon~a lves

RETRATAC; :AO

No 5 e ~aOA s su n to s p a ra d is c ut ir am a n h d da e d i~ ao d e ju nh o f ed . 2 3 9 , p g .1 7 J,

pub l i camas urnc im a ge m d o b on ec o do Miche l in c om u rn c ig a rr o n o boca , se m

au t or ; z a~ do da emp r e sa . p a r a i lu s tr a r uma n o ta . Ga / il e u p e d e d e s c u lp a s c i

Miche l in e r e ssal ta qu e C 1 in te r te renc io n o i mo g em o ri gin a l d o m a rc o, q ue n a o

tern 0 tal cigarro. no o teve C 1 intenc ;oo de iaze: quaJQue r ju izQ de va lo r sabr e a

emp r e sa . F o ; a p en as u m a e sc olh a in ad e qu ad a .

all///////////////////#//#////#//#/#/////////////////////////////////////////////////////////////////#////&'////fl.

D IAGRAMA

TO P SEC RETTEM PO Q UE D O CU M EN TO S

SEC RETO S PO DEM SER

M A N TID O S E SC O N D ID O SDA POPULAC ;: AO

CHILE

10 anos

MEX ICO

12 anos

BRASILIX)

EUA50 anos

Page 5: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 5/91

 

gal i leu.globo.comI I ! ! i ' ! I

C r ia n c;a s do ma l?V eja n o nosso site um a e n tre v ista com 0

p siqu ia tro Fa bio Ba rb ira to sa bre a ma ldade

infanti/. Conii:« t ambem a in tegra do

converso co m 0 Ph.D. em p Sic olo gia S im o n

Ba ron -Cohen e assista 00 v id eo co m a

espeda/ ista em p sic op ata s H ild a M ora na

",'b'jlji.il . iiJ;l.i

Ser h ip ste r e . . .Leia a entrevista com Mark Greif,professor da

New School University, autor do l ivro 0que F ai 0

Hipster? U m a I nv es tig a~ ao S o cio lo gic a

Som en te a verdadeVeja conversa com 0jornalista autor de Sincero ,

que ficou 40 dias sem dizer uma 56 menti ra

P ERGUN TE A O L IN U S

C asam en to gayVeja °mapa com os parses que permitem a

uniao homossexual

EDNova

drogaEscute 0podcast

com a pslquiatra

Marta V az s ob r e

o ox ie ou ca 0

depoimento de

um usuano sabre

Gali leu P lay lis tE scu te n o site p rog ra mos c om Luws L ima , vowlis ta

do Fresno, e Monic a S a/m aso, ca nto ra d e MPS. O s

a rt is ta s c ome n tam <I S d e z m u sic as qu e na D param

d e to ea r emseump3 p layer

ENQUETE

TRATAMENTOSPODEM'CURAR A MALDADE'?

DNao, a indole de cada um ei rnutavel

m S im , e xp erle nd as p od emm udar que m som os

IIT alve z, c ada c aso e um c aso

m E p e rig os o, Qu em d e fin ir ia

qu em p re cisa da te rap ia ?

Responda pelo site galileu.globo.com

. . . . . ~..

_

.. . . . . . . t

o que s ign ific a

e ssa c oisa ?

o s simbolos pretos que voce

encontra espalhados pela re-

. j vista saohttp://www.phdmobl.com/

BT

L__________ ee -aggs,

Esses codigos sao reconheci-

dos pelo celular e levam vocediretamente para paginas da

web com conteudo cornple-

mentar das reportagens, Basta

instalar urn software para lei-

tura e apontar a Camera para

o c6digo que a navegacao ini-

cia automaticamente.

Como fundona

a B ee Tagg1. No navegador do seu celular,

acesse 0site

http://www.phdmobi.com

2, Fac;a0download do leitor de

tags cornpativel com 0modele

do seu aparelho

3.Abra 0aplicativo e aponte

a camera para a 8eeTagg

4.0 conteiido sera e~ibido

automaticamente. Simples assim!

RESULTADODAANTERIOR

Oque t emovea to m ar d e c i s o e s ?

17%~

Quanto \vouser

reconhecido

pel05

outros

24%

Quanto

vou crescerprofissional-

mente

IlU5TRA~i)ES: Samuel Rodrigues, Nilson carooso

Page 6: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 6/91

Page 7: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 7/91

 

FmnomedaO s

c a s t a r i h e i r o s m o r t o s n o P a r ap y o v a r a m q u e e Q O s s i v e l r i v e rC l a j l o r e s t a s e m uesruilu: M a s

pouca g e n t e e n t e n d e u a l i r a otil r l j ) F E L IP E M I LANEZ" , D E M A R A B A ( P A J

assentamento Praia

Alta Piranheira esta no.

lugar onde ja existiu 0

maior castanhal daAmazonia, na regiao de

Maraba, leste do Para.

Originalmente, era urnmilhao de hectares ocupados par povos

indigenas, apontado pelos estudiososcomo Iugar de origem da planta que da a

castanha-do-brasil. Pouco restou. Hoje,quase tudo foi desmatado para dar lugar

a pastagens, Foi nessa regiao que as cas-

tanheiros e ativistas Jose Claudio Ribeiro

e sua esposa, Maria do Espirito Santo,

ambos de 54 anos, tentavam preservar

urn dos ultimos resquicios da fioresta. Ela que funciona a reserva agroextrativistaemque trabalhadores rurais vivem da co-

leta dos produtos da mata para subsisten-

cia e geracao de renda - uma alternativa

ao desmatamento. Jose Claudio e Maria

ate aceitavam a venda de toras, desde que

respeitasse as leis de preservacao, "Nao

sou contra a exploracao de madeira. Sou

contra 0 modo ilegal, que extingue as

arvores", me disse Jose Claudio em uma

conversa em outubro do ana passado.

Par denunciar produtores de carvao,

madeireiros e fazendeiros que cornpra-yam irregularmente as terras dos assen-

tados, Jose Claudio e Maria do EspiritoSanto foram assassinados brutalmenteem uma manha do ultimo mes de maio,

numa emboscada armada dentro do pro-

prio assentamento em que viviam.

Durante as duas decadas quemoraram

e trabalharam ali, 0dia a dia do casal era

colher castanhas e fazer a semente render

produtos. Com a casca seca, faziam fari-nha. Osdois tambern preparavam urn de-

licioso suco de cupuacu e de acai. Quando

passava urn caminhao carregando umatara de madeira, Jose Claudio parava 0

veiculo e falava com 0motorist a para sa-

ber seu destine. E Maria fotografava tudo.

As demincias eram levadas ao Ibama eaoMinisterio Publico Federal. As opera-

coes de fiscalizacao do Ibama acabarampor fechar 9 serrarias de Nova Ipixuna

e multaram madeireiros. Alguns teriam

mandado matar Jose Claudio em agosto

do ana passado, de acordo comas relatosde sua esposa a epoca.A luta dos dais castanheiros era pa-

ra preservar 0 que restou dessa fioresta

rica em diversidade e com potencial deretorno economico em atividades sus-

tentaveis, como a coleta de frutos. Pa-ra se ter uma ideia, uma lata de 6leo de

castanha sai por R$ 150, enquanto uma

arvore inteira e vendida, ilegalmente, por

alga entre R$ 100 e R$ 200. Mas a regiao

pode ficar marcada par outros numeros,

como as de desmatamento e de violencia,Durante uma longa caminhada na mata,

em outubro do ana passado, em que Jo-

se Claudio foi meu guia, ele resumiu acausa desse problema, bern a seu jeito.

"0homem nao ve beleza na natureza, vebeleza no que faz.Verne desmata e planta

capim, essa e a beleza que ele quer."

fr F el ip e M i la M z ejomeusta e ctenttstapcuttcc. tr ab al ho u n a Funat e ne revtsta Na t iona l Geog r aph i c .C on h ec e u J o se C l au d io e M a ri a d o E sp ir it o S an to ne Am az on ia e m outubju do anopassado.

JULHO_2011_9

Page 8: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 8/91

 

TECNOLOG IA

Pesquisadores do Human

Media Lab da Queen Uni-

versity, em Vancouver, Ca-

nada, desenvolveram urn

celular dobravel, 0 PaperPhone.

Com uma tela de 9,5 cm em pape!

eletronico - dotado de urn fino

circuito sensivel ao manuseio -,

o prototipo tern todos os recursos

de urn smart phone. Dobrando ou

apertando sua superficie, e possi-vel fazer e receber ligacoes, consul-

tar a agenda, ouvir musica, assistir

a videos e ler textos.

o aparelho usa a tinta eletronica

E-Ink, a mesma de leitores como

o Kindle. Com tudo sendo aciona-

do par dobraduras e toques, nao

Celu larde

pa~l? E m u m aC l e c a d a , VOCe p o d e r ad o b r a r s e u t e l e f o n e eg u a r d a - l o na c a r t e i r a- 0p r o t 6 t i p o j a e x i s t e

1,2MM I

lO_ JULHO_2D l l FOTO: Dlvulg acao

ha bot6es para estragar, 0 Paper-

Phone tambern e mais resistente a

quedas e pode servir como bloco de

anotacoes - com uma caneta espe-

cial, voce po de escrever na tela.

o prototipo custou US$ 6 mil,

mas a equipe preve que 0 telefo-

ne chegue ao mercado por US$

100 dentro de 10 anos. Hoje, ele

ja representa urn avanco: trata-se

do primeiro computador inteira-

mente dobravel e 0 mais fino jaexistente. Os 8,8 mmde espessura

do iPad 2, 0 tablet mais fino do

mercado, equivalem a uma pilha

de 7 PaperPhones.

Nesse quesito pode estar a verda-

deira revolucao do gadget recem-

criado. E, como afirma 0diretor do

Human Media Lab, Roel Vertegaal,

a possibilidade de computadores

aindamais impressionantes: "Ima-

gine urn papel de parede que exibe

noticias. Escrit6rios poderao ter

a mao pilhas de documentos ele-

tronicos em vez das atuais c6pias

impressas", II AL EX A ND R E R O DR IG U ES

\

Page 9: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 9/91

 

•••

NUMERALHA

Cheio s e vazio s. E n q u a n t o 0m u n d o c r e s c e ,a l g u n s p o i s e s e x p l o d e m e o u t r o s m u r c h a m

• Popula~ao hoje • Popula~ao em 2100

·0a ma nh o d os c irc ulo s re pr ese nta a

popula~o

• • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• . . . . . . . . . . . . . . . . . . .• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • •• •••••••••••••••••••••• • • • • • • • • •

• • • • • • • • •. . . . . . . .••••

12_JULHO_2011

Page 10: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 10/91

 

~ BRUNA FASANO riEDU AR DO AST A

Que a mundo vai crescer, todo mundo sabe: ja somas 7 bilhfies. Mas a crescimento nao e parelhoem todas as coordenadas: nas pr6ximas decadas, enquanto a Africa e 0 Oriente Media explodem, 0

Leste Europeu vai ter nacoes perdendo metade da populacao. Veja os extremos dos dais lados.

Estonia-67% LetOnia

-60%pa is te m urna ta xa

de na ta lidad e m uito

ba ixa _ nesse pas so,

va i c h egar a 2100 com

1/3 d o s e s to n ia n os

deho j e

A lem da b a ixa taxa de

n asc im en to, a e xp ec -

ta tiva de v ida no pa is

v em c ain do , im pe din -

do a reposicao da po-

puacao

1,5 ~m ilh 6 e s •

. . . .••o

•. .

Ucrinia-52%U ma d as m aio re s

c ria s d a U nia o

S ov ie tic a, a U cra nia

pe rde popuiacao

desde a queda do

M uro d e B er l im

50mi l h6es

GeOrgia-55%Com rsgloes separa-

tist as e a rn ea ca da

p ela R us sia , a p re vis ao

e d e e r nig r ac a o

e m m assa

ViODI•••••••••••••••• ••••

••• ••••••• •

••••••. . . .•••• •••• ••. . . . . ..

•••••••••••••••••••••••••• • • • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • •. . . . . . . . . . . . . . . . • .• • • • • • • • • • • • • • • • • •

• • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • •••• • ••••••••••••••••

MAIS OU MENOST re s cam inh os para a

p op ula ca o m u nd ia l

8m~h6es

•••

••••••• PROJE~ciES

14 bllhoesPessimista

5.5 bilhoesOtimista

F o nt es : I BG E . B a nc o M u od ja J. O M S e O NU

2100040 2070

U IBulgir ia-50%o d ec lfn io v em

desdeo f imdo

comun ismo.

C om e r nig r ac a o

e m r na ss a, 0 pais

d ev e p er de r

m e tade da sua

populacao

ALTOSE BAIXOSB ra sil v ai c re sc e r

ed iminu i r

1ft. * em mill16es

1950Wde habitantes

1980~

2010~

JULHO_2011_13

Page 11: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 11/91

 

GASTRONOM IA

Arroz com fe ijao pon to com .R ede so c ia l a ju da qu em qu er p ro va r comida

ca se ira emqu alo ue r lu gu r

do m undo

Degustar uma paella espanhola feita

em casa, provar os sabores exoti-

cos da culinaria africana, desco-

brir como e uma comidinha caseira

em algum lugar do Oriente Medic. Essa e

a proposta do site Housefed.com, que reu-

ne anfitri6es dispostos a abrir suas casas a

viajantes interessados em provar pratos do

dia a dia. Em qualquer lugar do globo. "Aideia e conhecer gente do lugar, ver como

cozinham e comer com elas", diz 0fundador

da rede, 0 americana Emile Petrone, urn

ex-administrador que largou 0 emprego e

passou mais de 6 meses dedicando 13horas

diarias a missao de se tornar urn progra-

mador. A ideia era ele mesmo colocar 0 site

no ar. "Se voce nao tern 0 conhecimento

tecnico, fica dependente da habilidade e do

tempo de outras pessoas."

Lancado em marco passado, 0Housefed

ja conquistou associados em 20 paises - ealmeja chegar aos 20 mil ate 0 fim do ano.

Na pagina, os usuarios podem publicar urn

perfil, fotos dos seus pratos e ter sua repu-

tacao como cozinheiros avaliada por outros

participantes da rede, que podem deixar

cornentarios e eleger 0 melhor cardapio.

Os membros mais ativos da comunidade

tambem poderao oferecer as iguanas e abrir

suas casas para que os interessados facam

uma refeicao, 0 pagamento ao anfitriao e

feito pela internet e uma taxa adicional de

15% sobre 0valor da refeicao e cobrada peloHousefed. Ate fechar a reserva, os usuarios

trocam mensagens para se conhecer melhor.

"As refeicoes marc ad as off line sao apenas

uma extensao da atividade dos usuaries no

site." I /V A NE SS A V IE IR A

14_JULHO_2011

P RA TO D O D IA : E mile P etron e. fu nd ad or d o H ou se fe d. q ue ja te m a ssoc ia dos e m 2 0 p aise s

Page 12: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 12/91

 

OSMAISMAIS

DO HOUSEF ED

* As c in c o r ec el ta s

ma i s po pul a re s :

1 °) F lo re s d e a b o b rin h a

r e c hea da s (Po I6n ia )

2 °) T orta d e c h oc ola te c om

ma r s hma l low ( In g la t e rr a )

3 °) C oo kie s c om le ite e m p o

(E st a d os Un i do s )

4 °) T a co s v e ge ta ria no s c om

f e ij5 e s f ri to s ( C an a da )

5 °) S o pa v ie t nam it a a

b a se d e n oo dle s. fr an go e

c ama r5 e s ( E st ad o s U n id o s)

35

me a quan tid ad e d e

p a is e so n de o s u s ua ri e s

p o de r fio r e se r v ar uma

r e f e i~ a o c a s e ir a

FOOS: Dlvulg acao. ILU5TRA,aO: Daniel das Neves JULHO_2011_ I S

Page 13: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 13/91

 

ZUMZUMZUM

Aartedesa lvar

abe lhas .E m H o n g K o n g ,d e s i g n e r s ea p i c u l t o r e ss e u n e m p a r adivulgur u

imtor t imciad e s s e s inset os.S e m e l e s ,t o d emo s o tep assar fome

Ha urn ano, 0 que mais

chamava a atencao no

curriculo do designer de

produtos Michael Leung,

de Hong Kong, eram seus traba-

lhos para grandes marcas, como

Motorola e Louis Vuitton. Desde

entao, a hist6ria mudou. Ele vern

ganhando notoriedade mundo

afora como fundador da HK Ho-

ney, uma organizacao formada

por apicultores, designers e artis-

tas plasticos com uma bandeira

comum: preservar as abelhas e

conscientizar a populacao sabre a

importancia desses insetos para

18_JULHO_2011

APICULTORES URBANOS: 0 designer Michael

Leung (primeira foto abaixol dol oficinas de

crtacao de abel has para a comunidade.

Sua organizacao rnantern 10 apiaries em

tel had os espalhados por Hong Kong

o meio ambiente e para a cadeia

alimentar. "Elas polinizam plantas

que correspondem a urn terce de

tudo 0 que comemos", diz Leung,

que se tornou 0 primeiro dono de

urn apiario urbano em Hong Kong

no inicio do ana pass ado.

Criadores e cientistas vern aler-

tando sobre 0 fenomeno do desa-

parecimento das .abelhas. Urn re-

lat6rio divulgado pelo Programa

das Nacoes Unidas para 0Meio

Ambiente em marco relata que,

ao longo da ultima dec ada, houve

urn declinio no numero de colonias

de abelhas na Europa, Egito, Chi-

na, Iapao e EUA - nesse ultimo,

a populacao desses insetos teria

caido pela metade desde as anos

90. 0Brasil tambern esta vendo

a reducao de algumas especies de

abelhas. Fatores como a diminui-

c;aodas areas plantadas com flores,

pesticidas e poluicao podem estar

por tras do desaparecimento. Mas

ate sinais de celular sao suspeitos,

ja que as abel has os confundem

com alertas para abandonar a col-

meia, segundo urn estudo publica-

do em maio por urn ex-pesquisador

do Instituto Federal sutco de Tec-

nologia, Daniel Favre.

Page 14: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 14/91

 

FEITO DECERA: As velas

fabricadas pela HK Honey

sao vendidas em lojas e

cafes da cidade

Com a ideia de reverter esse qua-

dro, a HK Honey ensina as pesso-

as a criarem abelhas na cidade. A

organizacao rnantem 10 aptarios

urbanos, com 100 mil abelhas, no

telhado de fabric as , casas e cafes.

Tambem resgata enxames em are-

as dentro de Hong Kong. "0 gover-

no recomenda chamar 0 controle

de pestes para matar as abelhas.

Nos tentamos realoca-las em zonas

menos residenciais", diz Leung.o curioso nas acoes da HK Ho-

ney e a interacao entre apicultura

e arte. Designers e artistas locais

silo convidados pela organizacao

s o ro s : D i vu lg ac ; ~o

para desenvolver obras e objetos

a partir de cera de abelha. "A api-

cultura e uma atividade original-

mente de areas rurais, enquanto

arte e design sao urbanos", diz

Leung, que pretende unir essas

duas areas para dar visibilidade

a causa das abelhas. 0 resultado

pode ser conferido em exposicoes

e produtos - como velas, sabone-

tes e protetores labiais fabricados

a base de cera de abelha e mel -que estao it venda em lojas e cafes.

Recentemente, a organizacao foi

convidada a fabricar 50 velas para

representar os atuais desafios aos

direitos humanos para a mostra

de 50 anos da Anistia Internacio-

nal, que ficou em Hong Kong ate 0

mes pass ado. Foi urn dos maiores

reconhecimentos que a HK Honey

ja teve. Mas, para Leung, a grande

recompensa de seu trabalho ever

como as abelhas vern conseguindo

sobreviver it selva urbana. Quando

o grupo instalou as duas primeiras

colmeias na cidade, nao estava cer-

to de que elas resistiriam. "Depotsde 3 dias, os insetos tinham des-

coberto flores na vizinhanca e ja

estavam trazendo polen de volta e

produzindo mel." / lVANESSA VIEIRA

JULHO_2011_19

Page 15: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 15/91

 

Brilh an te ou opaco?Altos e baixos do rnes de junho PO R F EL IP E P ON TE S

~--- B il l G a te s .. Ano passado, 0 fu nd ad or d a M ic ro so ft p er de uo posto de h om em m ais r ic o d o m undo a p6s doar U S$

2 8 b ilh Be s p ara c ar ld ad e. A ln da c om u ma fo rtu na d e U S$5 6 b llh B e s. r ev e lo u a o jo rn a l Ooily Mail q ue n ao se ra ta ob on zln ho p ara su as filh as. d e 1 5.1 2 e 9 a nos. q ue d ev era oh e rd ar U S$ 10 m ilh Be s c ad a. "S ao criancas normais , teraoq ue a rra nja r u m e mp re go e lr t ra b al ha r" , d is se . V id a d ur a

MI -S . 0 s er vic e d e intellgenciabrltanico a doc ic ou a vid a d a A I-Q ae da a o u sa r h ac ke rs p araal terar 0c on te Od o d e u mar ev is ta d ig it al d os t er ro ris ta s. N olu ga r d as d ic as p ara c on st ru irb o mb a s c a se ir as , ha agora

r ec e it as d e d e lic io so s b o lin h osd e c h o c ol at e

M a qu ia ve l, E le n ao e ra n ad a p er ve rso ,se gu nd o u ma n ov a b io gr afia . N e la , 0 autorM ile s U n ge r r et ra ta 0p e ns ad or c om om a rid o e p ai c ar in h os o. P a ra e le , M a qu ia ve lesc reveu 0 P r in c ip e , r e pl e to d e t ru q u essu jo s p ar a g an ha r p od er, p or qu e e sta vare ss en tid o. H av ia s id e d em itid o e n aoim a gin a va q u e 0tra ta do v ie sse arecebe r tamanha atencao

.r:'>R ya n G ig gs . E m m a io , o s t a blo id es in gle se sn otic ia ra m q ue 0 jo ga do r d o M a nc h e st erU nite d tin ha u m c aso e xtra con ju ga l c omu ma e x-p ar tic ip an te d o B ig B ro th er d o p ais ,O ep ois, d esc ab rira m q ue e le d orm ia c ama c un ha da h a 8 an os, Agora . esta sendoac usa do par e la de te -la ob rlg ado a fa ze r uma borto , 1 550 sim e se r rnaquiavel lco

Mau neg6cio. 0 site

N e tE ase d iv ulg ou q ueu m e 5tu da nte c hin esd e 17 anos ve nde u se ur im por U S$ 3 m il pa rac om prar u m iPa d 2 ,E le fe z a c iru rg ia n umho s pit a l c la n d es ti no .A s a uto rid ad es f or ama visa da s p elo s p aisd o g aro to , c u.a s au dese de te riorou ap6s ap ro ce dim en to , m as a sresponsave is naG foram

encon t rados

J ac k W h it e, 0 r nu sic o s ed iv or cio u d a m od ele K ar enE ls on . a p 6s s eis a n osd e c as ad o, e o rg an iz ou

c om e la um a fe sta p aracornerrorar, No conv it e ,para amigos proximos,

c on sta va q ue 0even tot er ia " da n ca , m em 6r ia se drinques" como

c ele br ac ao d ofim d aq ue lau nia o, E v o ce , a in da s ea c h a r n od sr n ln h o ?

S m ur fs , S e gu nd o 0

so c i6 1ogo f r an c e sA n to in e B ue n o. 0d e se n h o d a s c ria tu rin h asa zu is e ra re ple to d ereferencias nazistase stalinistas. 0vilao

Ga r gam e l p e r so n if ic a v ao a ntis se m itis rn o p orter a nariz grande e

g ost ar d e o uro . 0Papa iS m ur f s im b oliz av a o sideals sovicticos par

se r a uto rita rio e s6 u sa rr ou p a s v e rm e l h as

E dm un do . E le g an h ou n a lu st .c a 0 d ir eit o d e r ec e be rR $ 4 0 0 m il d e V an de rle i L ux em bu rg o p or u ma a ntig ad iv id a, m as ta rn be rn fo i a ss om b ra do p elo p as sa do .T eve su a p rlsa o d ec re ta da a p6 s se r c on de na do e m1 999 a 4,5 an os por te r p rovoc ad o um a cide nte d e

carro com 3 m arte s e 3 fe r idos em 1995

OJ O rg an iz e. N a c orr er ia , nae da

p ara fic ar p ro cu ra nd o "a qu ela "

rnuslca, 0m ate ria l te rn que se r

a rru mad o p or ge ne ro, e poc a,

a r tis ta ou g rau de anl rnacao que a

r nu sic a v ai c au sa r

( 2) C on h e ~a 0pu blic o. S alb a de

ante rnao quem va l e se a ide ia e

a lg o tranq uilo ou b alad ao , N ao

a dia nta p re pa ra r son s a tu ais

b om bados se a fe sta e um fim de

ta rde pa ra gen te com m ais de 40

( 3 ) C a lc u le 0tem po. Um a boa m ed ida

e pe nsar Q ue um a h ora da pa ra 20

rn uslc as, E xp er im en te e m c asa fa ix as

que func ionam bem jun tas e te nh a na

m anga um a se le cao co ringa com h its

in f al iv e is . p a ra 0 c aso de tud o fa lh ar

IMAGENS: Divulgacao. Ag. 0 Globa. Getty Images. Shutter s to ck : I LUSTRAt Ao : Alexandre Affonso

Page 16: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 16/91

 

FAZ ALGUMA DIFERENCA LAVAR A CABECA DUASVEZ ES COMO INDICAM AS EMBALAGENS DE XAMPU?

R E

·NaO fiq ue de cabelo em pe, m as vo ce ja deve ter gasto litro s

.do pro du to

ato a . N a pr atic a, 0 que im po rta e 0 tem po de

perm anenc ia do xam pu no s fio s, e nao a q uantidade de aplicacoes, A a< _;ao

do s princ ipio s ativo s deve durar 3 m inu to s - .0 q ue tam bem nao depende

da espum a, q ue apenas da a sensac ao de lim peza. Q uando co mec ou essa

o rientac ao (na dec ada de 5 0), ate h avia uma raz ao para repetir,

ja q ue nao se lavava a c ab ec a c om freq uenc ia. S 6 que o s nD V OS

x ampu s S aDmais efic ientes e ninguem passa m ais de uma

sem ana sem u sa-lo s (q uer dizer, espero q ue vo c e nao passe).

A lias, lavar a c ab ec a dem ais e ruim,A lem de lim par a su jeira,

.0 pro du to retira um a cam ada de sebo e suo r q ue pro tege a

pele. T am bem po r isso e im po rtante u sar c ondic io nado r, q ue

aju da a pro du zir essa c am ada, eq uilib rando a perda

: - 1 1 : ) 1 :e

••••••••V eJ a a m ap a c om o sparses que perrnltern

au na o a u n i. 3 .o

homossexual em

gaWeu.g/obo.com OU

f ot ogr afe com 0 celular

o c6dig o acima

ILUSTRACAO: Nilson Cardoso

P ar a o nd e v ai 0 s ab or d o c h ic le te ?

RE: Voce nao e tonto 0 suficiente para

engolir 0chiclete. mas e para engolir

a sabar. 0 gasto da goma e sentida

quando 0 acucar do produto entra em

cantata com os sensores na boca. Esse

acucar vai se dissolvendo na saliva, e

voce engole ababa. 0 que estimula a

producao de mais saliva. 0 liquldo novo

dissolve mais acucar, que vai goela

abaixo ate que nao haja mais doce no

chiclete para ser identificado pelos

receptores na lingua. 0 tempo para que 0

sabor des apareca varia de acordo com a

concentracao de acucar do chiclete.

Onde e permit ido 0c asa me nto g ay7

RE: De quase 200 paises. s6 em 37 a

uniao entre pessoas do mesmo sexo e

legal. E mesmo assim, 0 neg6cio e mats

ou menos. Em 11 nacoes ela realmente

tem status de casamento. Outras 13 nao

dao 0 nome casamento, mas garantem

a maioria dos direitos - e 0 que ocorre

no Brasil desde a recente discussao no

Supremo Tribunal Federal. Nos 13 paises

que sobrararn. a lei e meia-bomba: nao

garante pensao alimenticia ou heranca.

e t em restricoes na dlvisao de bens. Na

pratica. tratam a uruao homossexual

como um neg6cio. Ha ainda os indecisos

Estados Unidos e Mexico, que permitem

a uniao 56 em deterniinadas regloes. Dooutro lade da moeda. temos os que nao

sairam do arrnar lo, Em 7 paises da Africa

e do Oriente Medio, como Sudao e Ira, ser

gay leva a pena de morte, e em mais de

50 outras nacees. e motivo para prlsao,

He '!a lg um a r az ao p ar a n ao h a ve r

ja ne la s n os b a nh e ir os d e a via o?

RE: Tem sim. E nao e para evitar que

algum passageiro de outro aviao

veja voce em momentos intimos. Os

banheiros ficam em locais estrategicos

- na frente. no fundo e t arnbern no

meio. Nesses pontos esta a jun~ao

reforcada da fuselagem da aeronave

com 0 bico, com a cauda e com as

asas. Perto dos sistemas hidraulicos e

eletricos, essas areas carregam um peso

bem grande. Uma janela ali signi ficaria

recortes desnecessarlcs e arriscados

na estrutura. que poderiam fragilizar a

aeronave e causar acidentes. Ou seja,

aquela baita vista na hora do xi x i nao

valeria a pena .

Fontes: Volnel Tita. professor de Engenharia Aeronauticaoa USP ; V al ci nir B e di n, p re si de n te d a S o ci ed ad e B ra si Je i-ra do Cabela; Mar ia Emi lia Gadelha Ser ra . o to rt tnclar tn -

gologlsta: AssocJa~ao lntemactcnal de Lesbicas, Gavs.a tssexuels. I ransgeneros e mtersexuais UlGA):GrasieJac r tsune C e li c h. a ut o ra d o liv re A Po ss ib l li d a d e Ju r id i r: a doCa sam e n to H omo af e tj l/ o n o Brasi l

JULHO_2011_2.:

Page 17: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 17/91

 

G A ll LE UDOMES

A cada edi,ao, apresentamos representantesdo espirito criativo e contestador do cientistaitaliano Galileu Galilei (1554-1542)

MED IC I NA

Umacuraparao

autismo.Bi6 logo brus i le i rotesta remediosco n tra a doenca ,que pode serconseuuencia d e u rn

c e r e b r a supe ra t i vo

aber mais sobre co-

mo os neuronios se

comportam ao longo

de nossa vida sempre

fascinou 0 biologo

Alysson Muotri. De-

pois do doutoradoem genetica na USP e uma passa-

gem por Harvard, Muotri passou 6

anos no Instituto Salk, na Calif6r-

nia, que ja abrigou premios Nobel

como 0 Ingles Francis Crick, urn

dos descobridores da estrutura do

DNA. Nesse periodo, se aprofundou

em como neuronios surgem no ce-

rebro adulto. Os estudos na area 0

levariam a uma explicacao inedita e

uma possivel cura para 0 autismo -

que atinge uma a cada 110 criancasnorte-americanas. "Conseguimos

abalar urn dos grandes dogmas da

neurociencia, aquele de que doen-

cas mentais nao tern cura."

2 2_ JU L HO _ 20 11

A grande revelacao cientifica

de Muotri, jii professor do Depar-

tamento de Pediatria e Medicina

Celular e Molecular da Universi-

dade da Calif6rnia, foi descobrir

que, em cerebros autistas, novos

neuronios se formam com mais

facilidade devido a uma mutacao

genetica. Em pessoas comuns, 0

surgimento desses neuronios na

fase adult a e possivel porque nosso

cerebro possui celulas-tronco (ca-

pazes de se diferenciar em diversas

estruturas de nosso corpo) ador-

mecidas, Quando estimuladas, por

exemplo por novas experiencias

e aprendizados, elas se transfor-

mam em neuronios. "Isso acontece

gracas a ativacao de determinadas

sequencias de genes, chamadas deelementos transponiveis."

Na maioria das pessoas, exerci-

tar a mente, seja lendo urn livro,

jogando xadrez ou aprendendo a

tocar urn instrumento, desperta

os tais elementos transponiveis.

Porern, os autistas nao precis a-

riam de tanto exercicio, Segundo

a pesquisa de Muotri, eles jii pos-

suem esse sistema naturalmente

mais ativo do que gente saudavel,

Em tese, isso seria born, jii que urncerebro dinamico pode gerar ha-

bilidades extraordinarias, como

uma supermem6ria ou destreza

em calculos maternaticos. Mas is-

so tambern multiplica a chance de

mutacoes que tornam os neuronios

autistas defeituosos. Por exemplo,

sao menores e tern menos capa-

cidade de completar sinapses, as

regioes de comunicacao entre as

celulas cerebrais.

o pesquisador e sua equipe reti-raram celulas da pele de pacientes

autistas e saudaveis, depois fize-

ram comque elas voltassem a ser

celulas-tronco e as submeteram a

IM ER SO E M P ES QU IS A: 0

biologo Alysson Muotri emseu

laboratorio na Universidade da

California, onde estuda drogas

que podem reverter 0 problema

urn ambiente similar ao do cerebro,

usando vitaminais e sais minerais.

"Assim, conseguimos que essas ce-

lulas se comportassem como neu-

ronios", diz Muotri. Acompanhan-

do sua evolucao, 0grupo observou

o surgimento dos defeitos nos neu-

ronios autistas. Com 0 tempo, elesse atrofiavam. 0 passe seguinte

foi testar varias substancias para

reverter 0problema. Duas delas -

o horrnonio Insulin Grow Factor 1

Page 18: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 18/91

 

TESTE DE

LABO RATO RIOO s experim en tos querevelaram um a das

causas da sfnd rom e. Ecomo eflrnina-la

Extrar;:aoCelulas de pele foram

retiradas de pacientes

autistas e saudaveis

(IGF1) e °antibi6tico Gentamicina

- provaram ser eficazes. "Em tese,

curamos ° autismo, mas ainda hi

varios testes para que essas drogas

possam chegar ao mercado."

Em carater experimental, uma

equipe de medicos do Children's

Hospital, em Boston, nos EUA, ja

usa as substancias em urn grupo de

10 criancas autistas. No entanto,

os efeitos colaterais ainda nao sao

completamente conhecidos. "Po-

de haver perda de mem6rias e ate

de conhecimentos adquiridos por

conta da reconfiguracao cerebral

provocada pelos medicamentos",

diz Muotri. Se essas barreiras fo-

rem ultrapassadas, os autistas nao

devem ser os iinicos beneficiados,

"No futuro, talvez possamos am-

pliar a inteligencia e a criatividade

ao acelerar 0 desenvolvimento de

neuronios em urn cerebro adulto,"

IIG U S TA V O H EID R IC H

Revital izar;:aoEmtestes, 0

ho rmon lo

IGFle 0

antibi6tico

Gentamicina

revertemaatrofia

FOTO:Divulga~ao; ILU5TRA,-Ao: Daniel da Neves

RegressaoElasforam

regredidas a

celulas-troncc.

capazes de se

transformar em

diversas celulas

docorpo

Redes neu ra isEm u r n a r nb l e nt e

que imita 0cerebro ,

por meio de vitaminas

e sais, celulas-tronco

viram neuronlos

Defe i toObserva-se que

os neurenios

vindos de celulas

deautistas se

atrofiam efazem

menos sinapses

NeuronioNo rma l

NeuronioAutista

JULHO_2011_23

Page 19: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 19/91

Page 20: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 20/91

 

C AR IN HA B ON ITA

Flashesec l iques.

F a c e b o o kut ing i r t i 0m a r c o de 100b i l h o e s d e l o t o s .Saibauuemmais p u b l i c a

Seguindo urn ritmo de 6

bilhoes de imagens novas

carregadas todo mes, ate

setembro 0Facebook deve

ter 100 bilhoes de fotos publicadas.

o dado e da Pixable, empresa dona

de urn aplicativo online que moni-

tora, busca e categoriza fotos de

usuaries da rede social. 'I'ambem

disponivel para iPhone e iPad, 0

aplicativo tern 700 mil usuarios

- destes, 35% sao americanos e

cerca de 67 mil sao brasileiros. "0

numero de fotos colocadas conti-

nuara a multiplicar por causa da

popularizacao dos smartphones",

diz Inaki Berenguer, co-fundador

da companhia. Confira ao lade

mais dados sobre uploads de fotos

no Facebook. Os dados, da Pixable,

vern de pesquisas com seus usua-

rios. If F E LIP E P O NT ES

IMAGENSDE PER FIL

c or re sp on de m a 1 0%

do tota l -

Uma fo to

d e p e rf il

no rma lmen te

te m 3 "curt ir" e2 comenta r ios

D esd e 20 06 , a c ada ano,

° nO mero de fotos de

perfi l tr lp l ica

o nu me ro d e fo tos no F ac eb ook ira ating ir 100 bllhiles a te se te mb ro deste ano

o usuario com um do F ace book te m 26 fo to s d e p er fil

[1n"[)[)J][)[)[)[)[1[)[)

[)[)[)[)[)[)[)[) [)[)[)[)[)

C ada p essoa te rn , e m

med ia . 3 45 am l go s . co m

28 2 fotos c ada . O u se ja ,

voce pod e t er ace sso a

97 m i l f ot os s om e n te

e m su a re de

GUERRA D O S SEXO S Ha40%ma ls

u plo ad s n os

f lna lsde

Assuntospara vocediscutiramanhd

FOTOS: D i v u l g a c a o : ILUSTRA~o: A l e x a n d r e A f f o n s o

@ME IABOMBASegundo pesqu isadores am ericanos. os

spam me rs p re c isam enviar 12 .5 m ilh 5e s de

e -rna ils inde se jados pa ra ve nde r U S$100

deViagra.k

@ VAl COM DEUS

D epois de qu inze anos de piadinh as. 0

site Hum or tade la . um dos pione iros do

h um or n a in te rne t b rasile ira . e nc errou

sua s a t iv id a d e s.

@DEVOTOS2.0

S e g un d o n e ur oc ie n tis ta s. 0 fanat ismo

por uma marca de te cno log ia ac iona as

me smas a reas do ce re b ra ativadas pe la

v isa o de u rn slm bolo re lig ioso.

@ M E ST RE D AS H QSA U nive rsidade de D unde e. na Esc6c ia.

anunc iou que da ra in ic io ao p rim eiro

m estrado voltado ao estudo das h ist6 rias

em q u ad rin h os .

JULHO_2011_2S

Page 21: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 21/91

 

B OM P RA V IS TA

O lh o d e Iaboratorio. C ien tista s c r ia mum u re tin a d e ra to sintetica. Em d o is un o s,d evem ch egur a s hum an as

Um grupo de pesquisadores

do Centro Riken de Bio-

Iogia do Desenvolvimen-

to, em Kobe, J apao, criou

as primeiras retinas de laborat6-

rio do mundo. As celulas-tronco

embrionarias de urn camundongo,

adicionaram protein as que as fi-

zeram se diferenciar em celulas

especificas da regiao dos olhos,

Apes 10 dias de cultivo em tubas

de ensaio, se formou espontane-

amente a calice 6ptico, uma es-

trutura embrionaria do olho que

da origem a retina. "Ficamos sur-

presos ao ver que urn tecido tao

complexo como esse havia tom a-

C O MO A RETIN A SE FO RM O U

1elulas-tronco ernbrionarias de urn

• camundongo foram cult ivadas por 7

dias em tuba de ensaio. Junto adicionou-

se um coquetel de protefnas para induzi-lasa se diferenciar em celulas do olho. Entre

as protefnas, est€. a larninina, que ajuda a

enrijecer estruturas formadas par celulas

2N o de cirno d ia , os aglomerados de celulas-

• tronco deram origem ao tecida do calice

optko espontaneamente, sem uso de malde

FORMA< ; :AO

DocAuCEOPTICOIN

VITRO

3

N o 24° d la , 0

• tecido jii tem umaestrutura semelhante

ao de retina natural,

com 6 camadas.

05 fotorreceptores

e neuronlos se

. organizararn sozinhos

26_JULHO 2011

do forma sozinho", afirma Yoshiki

Sasai, que liderou 0 estudo. Sem

nenhum molde, as estruturas tam-

bern se organizaram em camadas

semelhantes as da retina, a parte

do olho responsavel pela visiio.

A tecnica pioneira foi apre-

sentada em abril na revista de

divulgacao cientifica Nature. Re-

presenta urn grande avanco para

a medicina regenerativa, Ate en-

tao, s6 haviam sido criados em

laboratories orgaos de estruturas

relativamente mais simples como

rins, bexiga e vasos sanguineos.

Dentro de do is anos, 0 cientista

espera fazer retinas humanas. E

acredita que, em uma decada, ja

devem existir os primeiros trans-

plantes em testes clinicos, "Es-

tamos no caminho para termos

urn banco de retinas saudaveis",

diz Sasai. A descoberta tambem

sera uti! ao desenvolvimento de

medicamentos para doencas dos

olhos, como a retinite pigmento-

sa, que afeta uma em cada 3,5 mil

pessoas no mundo e nao tern cura,

levando gradualmenteacegueira.

Isso porque os cientistas poderao

estudar a progressao da patologia

e fazer testes de farmacos jii em

retinas humanas, criadas em tu-

bos de ensaio. I /FELIPE PONTES

celulas-tronco

OLHO EMBRIO NAR IOcom 24dias

laminina

I

NERvoOPnco -+\\

\\\

\

ILUSTRAI;AO: Mana E.D.I

Page 22: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 22/91

 

UM LA D UTRO cA

Soz inho sna r ed e .

Soc i6 loga

diz oue ate cn o lo gia n os

d eixa m aisca r en t e s e

distanies u n sdos ouiros

Quem nao conhece alguern que tenha centenas de amigos no Facebook e prefere publicar

frases em seu perfil a sair para encontrar essas pessoas? Para a sociologa e professora do

Massachusetts Institute of Technology (MIT) Sherry Turkle, pessoas assim sao 0 retrato de

como 0usa abusivo da tecnologia esta mudando, negativamente, nossos relacionamentos.

"Preferimos mandar mensagens a falar com alguern pessoalmente ou por telefone", diz. Segundo

Turkle, enviamos e recebemos cerca de 6 mil mensagens par mes por meio de aparelhos portateis,

A conclusao foi tirada apos urn estudo que incluiu analise de pesquisas com usuarios e 15 anos de

acompanhamento de jovens e aduItos americanos com seus apetrechos digitais. Os detalhes estao

em seu recem-lancado livro Alone Together (Sozinhos Juntos, ainda sem edicao para 0 Brasil), em

que a sociologa defende que a (mica saida para lidarmos com este excesso e nosdesconectar.

* Por que pass amos tanto

tempo conectados?

S h e r ry T u rk le : Em minha pesquisa

descobri que as pessoas gastam

de 80% a 90% do dia trocando

mensagens, seja numa rede so-

cial, celular ou e-mail. Vivemos

com a expectativa constante

de recebermos esses textos. A

maioria deles sao simples "oi",

"como voce esta?", "estou aqui",

Sao amaveis e passam a ideia de

que estamos juntos. As pessoas

querem sentir que nao estao 80-

zinhas. Por isso, arranjam cen-

tenas de "arnigos" com quem

somente trocam mensagens

FOTO: Jean Be ptls t e Paris

breves e de quem, na realidade,

estao bern distantes.* I E bom ficarmos

sozinhos?

Tu rk l e : Sim. Desconectar-se nao

significa que voce ira perder al-

go. Quando as pessoas desligam

seus computadores e celulares,

elas costumam se sentir isola-

das. Nao porque estao angustia-

das de fato, mas porque acredi-

tam que precis am dos amigos

na rede. E preciso perceber

esta distincao. Acredito que,

aos poucos, iremos encontrar

uma solucao inteIigente para

superarmos estes problemas,

descobrindo como dosar nossa

conectividade. ! !FELIPE PONTES

* Por que isso acontece?Turkle: Principalmente pela fa-

cilidade proporcionada pelos

gadgets. Quando estouna praia,

vejo muitas familias juntas, mas

com pais e filhos fucando nos

celulares em vez de interagirem

entre si. Nao acredito que esse eo futuro que gostariamos de ter.

Ternos tantas emergencias as-

sim? Elas existem, mas durante

a rnaioria do tempo poderiamos

prestar mais atencao as pessoas

que estao ao nosso redor.

GLossARIOASPALAVRAS

Q UE A G EN TE

EN C ON TR A PO R A I

BIBLIOAMNESIAO

a uta r a m e ric a na D a nn y

He i tman i n ven t ou

o termoper fe i to

p a ra d e sc r e ve r u rn

f e n6me n o r e c or re n te :

n em b e rn v o c e fe c h a

u rn l iv ro d e p ois d e

t e r li do s u as 6 1 ti m as

f ra s es , a lg u n s d e t a lh e s

c ome r ; am asum ir d a

cabeca Dep a is d e

u n s d ia s . jii f ic a d i fi d l

le m b ra r d e to do s o s

p e r s on ag en s : ( )a l i

a a lg u ns a n a s , v oc e

e n c on tr a a p u b llc a c ao

e n tr e a s s u as v e lh a r ia s

e n em le m bra se jii

le u a u nae - olivro

s im p le sme n te s um i u

d a s ua m em o ria .

JORNALISMO

CIENTi'FICO Na o. n ao

es t amas fa lando de

r e po rt ag e n s s ob r e

c ienc ia . E Que apes

r e v e la r d o c umen t os

s e cr et as d e varies

gove rnas . Ju l ian

A s sa n ge , lf de r d o

W i k iL ea ks , r e s ol veu

d e fe n de r u rn n ov o

e s ti lo d e jornalismo,

Qu e s ig a o s p re c e it os

d a d e nc la : " Se v oc e

p u b li c ar u r n es t u d o

s ob r e o DNA ,1 i

o b r ig a do p e l as

rev is tas c ien t ff icas

a t ar na r p ub lic os o s

d ad os u s ad os em s ua

p esqu is a ". A i de i a e que

o s j or n a li st a s f a c ;: amo mes r n o -c o r n s u a s

fo nte s, p ara q ue a s

le i to re s po ss a rn c h e c a r

t od a s a s i nf orma c ; :i 5e s .

JULHO_2011_27

Page 23: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 23/91

 

FALASERJO

Som en te a verd ad e.Iomalista alemuo p a s s o u 4 0d i a s s e m m e n t i r e u u u s e p e r d e ut o d o s o s s e u s r e la c io n a m e n t o s

Acena e comum entre os

casais que vao a lojas de

roupas: a mulher, aper-

tando a cintura, sai do

provador e pergunta se est a gorda.

E uma questao simples ao cerebro

masculino: caso queira manter a

relacao, a (mica resposta possivel e

urn elogio que pareca natural. Mas

em urn shopping de Munique, ana

passado, 0 jornalista alernao JiirgenSchmieder, 31 anos, contrariou as

convencoes, "Sua bunda parece

muito grande", respondeu para a

esposa. Grosseria? Pode ser, mas

com fundo cientifico. Schmieder

participava do desafio de ficar 40

dias sem contar mentiras para

escrever uma grande reportagem

sobre sua experiencia para 0jornal

Suddeutsche Zeitung. "Eu estava

desligando os filtros do meu cere-

bra e dizendo tudo 0 que passavapela minha cabeca", diz. 0 result a-

do foi catastr6fico. Alem de dormir

7 noites no sofa, apanhou porque

denunciou a "escapada" de urn

amigo, perdeu colegas por revelar

quem achava incompetente e, isola-

do, quase entrou em depressiio.

o jornalista comprovou urn es-

tudo de 1997 da Universidade da

Calif6rnia do SuI, que afirmava que

o ser humano mente, em media,

200 vezes ao dia. "Aquestao nao e

deixar ou nao de mentir, mas sim

de quantas mentiras precisamos",

diz Schmieder, que reuniu as expe-

riencias no livro Sincero (Record),

lancamento no Brasil. Para ele,

28_JULHO_2011

SINCERIDADE AGUc;ADA: Por

nao segurar a l ingua, Jurgen

Schmieder dormiu no sofa,

ganhou desafetos no trabalho e

quase caiu em depressao

precisamos de 50 mentiras diarias,

aquelas diplomaticas, feitas para

incentivar as pessoas ou nao ferir

alguem, como quando se diz a urn

pessimo aluno de rnatematica que

ele ira bern no teste de calculo, Ja as

mentiras que contamos a nos mes-

mos para nos livrar de responsabili-

dades ou nos sentirmos superiores a

outros devem ser descartadas. A lon-

go prazo, diz Schmieder, elas fazem

voce tao solitario quanto quem s6

fala a verdade. I IG U IL HE R M E P AV A RI N

·" " \ " , ..,-.., .. .. . . .,.

V eja c om o fo i a

c an ve rs a c om 0

jornalista Jilrgen

Schm i ede r , autor

d o l iv ro S in ce re e m

gali leu .globo.como u f o t og r a f e

co m 0 c e lu l ar 0

codigc ac ima

FISSURA

Oxi ldndia .N o v a d r o g au p a r e c e n ot e r r i t 6 r i odom inado p e l o

c r a c k . En iendao c a m i n h o q u e 0-" .

O X I p e r c o r r e n oc o r p o h u m a n o

O

oxi chegou ao Sudeste e

ganhou manchetes dos

jornais ha alguns meses.

Mas a droga, semelhante

as pedras de crack, era usada nas

regioes Norte e Nordeste do pais

ha alguns anos."Temos relatos

desde 2004 no Acre", diz Wagner

Souto, psico logo do Cratod (Centro

de Referencia em Alcool, Tabaco

e Outras Drogas). Assim como 0

crack, 0oxi e feito da pasta-base de

cocaina, Mas leva cal virgem e ga-

solina ou querosene como diluentes

no Iugar do bicarbonato de sodio

e amenia, usados no crack. "Saosolventes mais agressivos, atacam

o aparelho digestive."

Fora de Sao Paulo, uma pedra de

oxi custa R$ 2. A de crack chega a

R$ 10. "Em Sao Paulo nao e maisbarato, as pessoas usam oxi enga-

nadas. 0usuario so percebe porque

enjoa", conta Marta Jezierski, dire-

tora do Crated. Em urn estudo feito

pelo Centro, 220/0 de seus pacientes

consideram 0o xi pior do que 0crack

e outros 220/0 dizem que a droga edevastadora. "0 que era r uim , f ic o u

pior." /I D EN I SE D A LL A C O LL ET T A

*0 t ema dessa raportagem fo i suge I(J enor

B ru n o R ic ar d o, d e Sa o Pau lo . S f .

FOTO : Divulg ar ao: IlUSTRA~lo:52:- ce Rodr igues

Page 24: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 24/91

 

SISTEMA NERVOSO

o acumu lo de dopam ina no

cerebro c au sa p ra ze r in te nso.

o usuar io f ic a fam in to por

e la . C on se qu en cia s: e uf oria ,

f ot of ob ia , t aq u ic a rd ia ,

in q uie ta ca o. ir np ul sa o.

a gr es siv id ad e e p ar an oia

DENTES

Os so lven te s corroem . A

a ~ao vasoc onstritora da

coca ina a lte ra a sal ivacao e

provoca retracao gengival .

A d ro ga ta rnbern se

acum ula e m plac as en tre

den te s e gengiva

BOCA

Com 0 c alo r e v ap ore s

to x lc o s . la blo s . l ingua,

m u co sa s in te rn as , tra qu eia ,

c ord as v oc ais e e pig lote

s of re m f er im e n to s.

C o ns eq ue n cia s: in tl ar na c ao ,

ne crose , p erda de pa lada r

Mios

A pe dra a tinge a ltas

tem pe ra tu ras para se r

f um a da . C o ns eq us nc la s;

que im aduras, b o lh as e

am are lam ento da pe le

RINS

G a so lin a, q ue ro se n e

e c al sao a lta m en te

toxicos para os r ins,

C on se qu en cia s: e njo o,

t on tu ra e l ns ut ic ie n cia

r en al c r6 n ic a

SUGESTAoDO LEITOR

Voce manda e a gente faz! Indique umtema dereportagem acessando glo.bolgalileupautaSe ele for selecionado, saira na prox ima edicao

OLHOS

A furnaca que n te e toxica do

oxl p od e p ro vo ca r irritacao e

pe rda parc ia l da visao

RESPIRA~O

Particu las da coca ina a tin gem a

area de trocas gasosas do pu lm ao

e vao para 0sangue e cerebro.

Surgem dor no pe ito , tosse se ca

e fa l ta de ar. Consequencias:

b ron qu ite , h em orra gia , e de ma ,

en f i sema, hipertensao pu lmonar e

t ube rcu l ose

FlGADO

C oc ain a e a lc oa I f o rmam

o c oc ae ti le no, u m p rod uto

a in da m a is a gr es siv o.

C on se qu en cia s: h e pa tite

qu im ica , acu rnul o de

g ordura no 6rgao e c lr rose

SISTEMACIRCULATORIO

A um enta a pre ssao , c om prim e

vase s e aum enta a fre qu enc ia

c ard laca , G era sob re c arga de

sang ue e m ve ias e ar te rias.

C on se qu en cia s: tr om b os e,

a um en to do trab alh o c ard la co,

isquem ia e en fa r te do

m io ca rd ia . c ar dio pa tite , a rr itm ia .m ioc ard ite , A Ve

SISTEMA DIGESTIVO

Os so lven te s do ox i sao

m uito a gre ss ivos para e ssa

re giao. A lem de vorn ltos e

d ia rr eia . su rg em is qu em ia

g as tr oin te stin al. u ke ra s.

n e op la sia s. c o l it e. f is su ra s

F ON TE S ; U N ODC C P 2 0 10 : R e n a ld o L a ra n je lr a,pstqutatre, P a bl o Ro ig . pslcutatra: eo llvroT r a t amen toS" d o s U su Q r; os de Crack. o r gan t zado

po r Rona l do Laranleka e Ma~cefoRibeiro

JULHO_2011_29

Page 25: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 25/91

 

. . . . •V · · · · · I •••~

. ,. . ., •

CUBcTV BoxeeBoxe

um a c a ix in h a q ue s e rv e

p ar a v oc e in te ra gir c om to do s o s

c on te ud os d a in te rn et n a TV . E muito

s im p le s: v oc e c o ne c ta v ia HOM I, u s a a

c on e xa o o nlin e e e st a p ro nt o p ar a a c om p an h ar ,

n um a u nic a t ela , s e us s it es , f ilm e s e p ro gr am a s

fa vo ritos . 'T a is so a A pp le T V ja fa z', v oc e p od e

d i ze r .S im ,mas 0d if er en c ia l d e ste c u ba e quepo ss u i r e c ur so s e s pe c ia is p a ra 0consumidor

b r as ile i ro . F o ra o s 1 8 1 ca n ai s d e co nt e ud ointernacionais, e poss ive l a cessar ap li ca ti vos

e se rv ic e s p ara 0p u b lic o l oca l. E le s

c h eg am a uto ma tic am e nte n o

a p ar e lh o . Co is a t in a . P r e~o :

R$900

JULHD_2011_31

Page 26: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 26/91

 

E sc olh e r f on e s

d e o uv id o e como

com pra r um c arro. E mb ora. n a

te or ia , n ao c olo q ue m e m risc o n ossa s

v id as. p re cisa m os a na lis ar s e e le s c om b in am

m esm o com a ge nte . 0 ch am ativo Nixon

T rooper fa z a lin ha d os a uto m6 ve is a ve ntu re iros

urb an os: m ostra re slste nd a, form as arrojad as e

b oa p ote nd a, S e p ud essa rn os a rr isc ar q ua l se ria 0

p ub lic o-a lv o. d irf am os q ue s ao e sp or tis ta s ra dic ais

e usua rie s de transporte pu blic o. M otivo? B em . e le

e extrem am en te fle xfve l e pode se r dob rado em

q ua lq ue r g ave ta ou b olso . S ua s p ec ;:a s e fio s sa o

todos d esrnon ta ve ls, U ma b oa solu cao p ara

e con om iz ar e sp ac o e rn an te -lo se gu ro.

P re ~o : R $ 4 0 0

SOMDOBRAvEL

Page 27: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 27/91

 

AMIGODESHOW

S ua b an da

fa vor ita e sta n o p alco

e tudo que voce que r ia e ra uma

film ad ora d e b olso p ara re gistra r a qu ilo .

"E i, te m aq ue la c am era d o c elu lar!". d iz su a

c onsc ie nc ia . V oc e, e nta o, film a tu do e e nv ia pa ra

o Y ou Tu be . N in gu ern c urte . O s tro lls a in da c om en ta m

que 0a udio e sta te rr fve l. "P or qu e n ao u se i u m

ap are lh o c apa z d e g ra var 0 som c om d ois r nic ro fo ne s

con de nsa dore s? " V em n a sua c ab ec a 0gravador Zoom

Q3HD . que film a e m F ull H O (1080 p) e tem um e ditord e v id eos e mb utid o. Ind ica mos e ste p orq ue e le

tam bsrn ve m com e ntradas U SB . SO . m in i H OM I e

a te g ra va c on ve rsa s p re se nc ia is e te le f6 nic as

c om q ua lid ad e irn pe ca ve l, M e re ce c in co

e st re lin h as n o Y ou Tu be .

P re ~o : R $ l. O OO

Page 28: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 28/91

 

3 .lmat ion De fender H lDDPRE<;O : R $ 8 00 (50 0 GB)

S e f6sse mos le va r 0D efe nd er H 100

para 0cam po de fu te boL e le se ria

aque le zague iro durao que nao

b rinca pe rto da grande are a. Largo e

com aparenda ma is rustic a que os

c onc orre nte s, p assa se guran ca por

b ons fa tore s. P rim eiro, p orque sua

garan tia e de 5 anos, 0q ue e o tlr no ,

D ep ois, su a te cn olog ia d e e nc rip ta r

dados e um a das m ais avancadas e 0

re cu rso de c oloc ar se nh as de p rotsc ao

nas pastas ta rnoe m e b orn . Lado ru im :

nao te rn com patib ilidade c om USB 3 .0 .

M EM ORIAL D E BO LSONAO BASTA SER BONITINHO. 0 HD QUE CARREGA SUA VIDA DIGITAL TEM

QUE AllAR SEGURANC;A RESISTENCIA E VELOCIDADE. CONF IRA NOS50 TESTE:

l.lo meg a eG oPRE<;O : R $ 56 0 (1 T B)

B e rn c on st ru fd o e r es is te nt e, 0HD

exte rno da Iomega se desta ca por

usar a in te rfac e U SB 3 .0 para ob te r

m elh ore s taxas de transfe re nc ia , E

c on se gu e: q ua se d ob ra a v eloc id ad e

no novo padrao, Enquanto ne m todos

te rn e sta por ta de u ltim a ge racso. e le

tam b ern faz b orn trab alh o nas ve rs6e s

a nte riore s (U SB 2 .0 e 1 .lJ. C ha mou

ate ncao sua ve loc idade de e sc r ita , ou

se ja , transrn issao de dad os. P erde na

p or ta bilid ad e: 1 4 c m d e c om prim en to,

con tra 10 c m do m enor, da Sam sung.

3 4 _JU LHO _ 20 1 1

2 .Samsung Po rt ab le 52PRE<;O : R $ 3 50 (1 T B)

Com acabam ento de ace escovado e

apare nda de u rn b ela te le fone de luxo,

o Sam sung S2 Portab le faz b on ito

ta r rb ern na h ora de asse gurar se us

d ad os . E le e le v in h o ( 15 4 g ) e v er n

com boas opcoes de seguranca e de

b ac ku p. P ara ob te r m elh ore s re cursos

com o a c rip togra fia de dados, no

entan to , e re corn en da ve l q ue 0 usuario

b aixe a lguns program as. N a h ora de

tr an sfe rir d ad os, e le e ra pid o. m as p erd e

por a lguns se gundos pa ra os m ode los

r na is a tu ais . P re c is a s e r en ov ar .

Page 29: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 29/91

 

SEAGATE

F.A.GOFLEXPREC ;:O : R $ 400 (1TB)

E is u ma b ele zinh a d e H D qu e tra ta m uito b em

n osso s d ad os. C om d es ig n b ac an a, e le se d esta ca

p e la v e rs atilid ad e e 6 tim a r ap id e z. E compa t f ve l

c om F ireW ire , e S ata , a tra dic io na l U SB 2 .0 e a a tu al

U SB 3 .0 - m as, ne ste c aso, re que r um adap tador. F oi

m uito b em n os n ossos te ste s d e transfersncla dea rq uiv os . M o str ou , t arn b e rn n o p ad ra o U S B 2 .0 ,0

q ue p ro me tia : g ra vo u o s d ad os m a is ra pid o q ue

. t od o s 05 c on co rre nte s. D o ta m an ho d e u m a

c arte ira e m ais le ve q ue a m e dia , p ode se r

l evado p a ra q u alq u e r lu g ar . U n ic o

p ore rn e q ue se u c on ec to r er emov fve l .

NOSSA

ESCOLHA@@~@@

Page 30: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 30/91

Page 31: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 31/91

 

,IANH

MUN I I .

I I IANIZAGIIIIVIIIIII IE Mill

_U I I CAIIAII N I II

W I- 'I IEJA AIIIT I IE

TA E IIATU ITAIIEII _U E

II II

f §l G U IL HERME ROSA E PR ISC IL LA SANTOS m R IC ARDO TOSCAN I

E cada vez mais comum: voce est a caminhando pela rua e, de re-

pente, seu celular avisa: rede wi-fi disponivel. Voce tenta acessa-la,

mas descobre que precis a de senha. Provavelmente, tambern ja sa-

cou 0 laptop ou smartphone ao ler 0 aviso "zona de wi-fi" em urn

aeroporto, mas caiu em uma pagina de pagamento. Mesmo sendo

uma de nossas principais formas de relacionamento com 0mundo

hoje, a internet ainda nao e livre e irrestrita. Ainda.A ONU acaba de declarar 0 acesso a rede urn direito fundamen-

tal do ser humano - assim como saude, moradia e educacao, No

mundo todo, pessoas comecam a abrir seus sinais privados de wi-fi,

organizacoes e governos se mobilizam para expandir a rede para

espacos public os e regioes onde ela ainda nao chega, com acesso

livre e gratuito. Em meados de maio, voluntaries do NYCWireless,

grupo que trabalha pela internet aberta em Nova York, instalaram

os primeiros rote adores do recem-lancado plano da prefeitura paraconectar de vez a cidade. "Chegaremos ao ponto de abertura total

do wi-fi", diz Clotilde Perez, pesquisadora do Observat6rio de Ten-

dencias da USP. "Mas ainda ha urn caminho a ser feito." »

JULHO_2011_37

Page 32: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 32/91

 

Ate setembro de 2010, 3 vizinhos

do bairro Dirceu Arcoverde, 0

mais populoso de Teresina, Piaui,

compartilhavam uma assinatura

de banda larga, Como nenhum

poderia bancar sozinho a men-salidade de R$ 180, contrataram

uma conexao Oi/Velox e dividiam

o valor igualmente, Mas a Anatel

(Agencia Nacional de Telecomu-

nicacoes) nao gostou. Apreendeu

o equipamento e multou em R$ 3

mil 0 dono da assinatura. A alega-

c;ao e de que ele havia instal ado urn

provedor de internet ilegal- em-

bora nao tivesse lucro. "Em vez de

cobrarem 0barateamento de preco

e uma oferta abundante de banda

larga, penalizaram 0 cidadao que

estava se virando para acessar a

internet", diz 0 cientista politico e

membro do Comite Gestor da In-

ternet no Brasil, Sergio Amadeu.

Navegar na web nao e simples

por aqui. Menos de urn quarto da

populacao do pais tern internet em

casa ou no trabalho. Nossa banda

larga e uma das mais caras do mun-

do - media de R$ 70 por 500 MB,

enquanto no Mexico sai por me-

nos de R$ 30. No Reino Unido, urn

pacote de 3 GB custa cerca de R$

40. Para ajudar a espalhar internet

por ai, sem depender do govemo

ou da iniciativa privada, algumas

38_JULHO_2011

-

pessoas tern simplesmente tirado

as senhas de seus sinais de wi-fi,

"Sou a favor de uma reforma agra-

ria do ar. 0espaco eletrornagnetlco

e urn bern publico, comum a todos.

Infelizmente, acaba sendo loteadopara poucos que podem pagar", diz

a produtora cultural gaucha Elena-

ra Cariboni label, 47 anos.

Quem acha uma temeridade wi-

fi sem senha levanta 3 principais

argumentos, Primeiro, a queda na

velocidade de conexao. "Nunca tive

problema com isso. Se tivesse, es-

tabeleceria regras com meus vizi-

nhos para 0 compartilhamento do

sinal", diz 0cientista politico e pro-

gramador Pedro Belasco, 29 anos,

de Sao Paulo, que sempre deixou

sua rede escancarada. Muita gen-

te tambern receia que urn hacker

invada seu computador (0 que ele

poderia fazer mesmo se a rede tiver

senha) ou que alguern comet a urn

crime virtual, como acessar por-

nografia infantil, dentro da rede.

"Ai a investigacao comecara por

voce, que corre 0 risco de passar

por uma busca ou apreensao", diz

o advogado especializado em di-

reito digital Rony Vainzoff. "Risco

corremos ate ao atravessar a rua.

Mas sou contra 0 sistema como a

internet e distribuida e acho que

vale a pena", diz Pedro Belasco,

o criptografo americano Bruce

Schneier - urn dos maiores espe-

cialistas mundiais em seguranca

na internet, que ja foi reconhecido

pela revista The Economist como

urn guru da area - tambem diz nao

ligar para Esses perigos. Alegando

"boas maneiras", ele deixa a rede

wi-fi de casa aberta. "Se alguern

cometer urn crime em rninha co-

nexao, a melhor defesa sera 0 fato

de que ela era aberta."

Por via das duvidas, ha usuaries

que liberam sua internet, mas ten-

tam criar urn clima de intimidade

com quem a esta usando. 0desen-

volvedor de sistemas de inforrna-

Page 33: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 33/91

 

tica Eduardo de Brito Castro, 29

anos, de Sao Paulo, colocou seumi-mero de celular no nome da rede.

Ele nao fica em casa durante 0dia,mas deixa 0 sinal aberto para osoutros. Mais que seguranca, 0queo impulsionou a querer conhecer

quem esta usando seu wi-fi foi uma

especie de troca de favores. "Se urn

dia eu nao tiver rnais internet, porexemplo por nao poder pagar mais,

espero que quem estiver acessan-

do hoje passe a compartilhar tam-bern", diz. 0 que Eduardo propoe

de maneira informal e urn sistemaque s6 deve crescer no mundo da

internet livre: 0 de cooperativa.

Jun to s pe la webAbrir a redewi-fi para quem quiser

usa-la - e nao pensar duas vezes

antes de se conectar na rede alheia- foi apelidado nos EUA de wi-fi

squatting. Uma referencia aohabito

de se ocupar im6veis fora de usosem pedir autorizacao (em Ingles,squatting). Esta la, livre, voce ocu-

pa. Mas uma nova maneira de divi-dir a rede pode resolver temores de

velocidade e seguranca, Seu maior

representante e urn roteador criadopela ernpresa espanhola Fon quedivide 0 sinal em dois: urn privado

e outro (uma pequena parcela desua conexao) aberto a visitantes.

SEMTRAVAS:

o cientistapoliticoe programador

PedroBelascodeixaseuwi-fi

semsenha.livreparauso

S6 pode usar essa segunda linhaurn membro previamente registra-

do, 0 que aumenta a seguranca, A

ideia do Fon e compartilhar a co-nexao com quem tambern com-

partilha, criando uma especie decooperativa. H E 0 que chamamos

de crowdsourced wi-fi, porque e

construido por varias pessoas",diz jeri Allerson, chefe de comuni-

cacao da empresa, que ja chegou a150paises (planeja vir para 0Brasilem breve) e tern 3,5milhoes de ro-

teadores espalhados pelo mundo.Se 0modele vingar, poderemos ter

cidades rnais conectadas, comoacontece com T6quio, urn dos 10 -

cais commais adesao ao Fon. "Vo-

ce monta nuvens sobrepostas desinais e consegue ficar online em

varies pontos", diz Sergio Arnadeu.

A logica e parecida a do celular, em

que 0 sinal passa de uma antenapara outra e voce continua falandoquando se desloca.o prograrnador catarinense radi-

cado na Alemanha Alexandre Stru-be tern 6 roteadores Fon. "Nao ha

forca maior que urn geek sem aces-

so a internet. A ideia de ter umaconexao disponivel em qualquer

lugar era sedutora demais", diz,se referindo a grande vantagem do

sistema: poder se conectar a webmesmo fora de casa - e ate fora

do pais. Porem, urn Fon custa US$50 e e provavel que voce ja tenhaurn roteador em casa. Fica outraalternativa: a banda larga gratis em

espacos publicos,

Red e n a p rac ;aAtivistas pela internet livre aoredor

domundo vernbatendo nesta tecla:

levarwi-fi para parques, pracas, ro-doviarias e bibliotecas. Essa e uma

das causas da organizacao sem

fins lucrativos Wireless Toronto,no Canada, que tambem trabalhapara ajudar pequenos cornercios a

oferecer wi-fi livre para seus clien-tes e divulga em mapas as pon-»

JULHO_2011_39

Page 34: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 34/91

 

»tos de internet livre na cidade.

"Nos amamos os espacos publicos

e queremos ve-los sendo ocupado e

usado de novos modos", diz Gabe

Sawhney, fundador do grupo.

owi-fi aberto e gratuito em areas

verdes como 0Bryant Park, 0Madi-

son Square e 0Wagner Park ja sao

atrativos para quem mora ou passa

par Nova York. Em parte, graces ao

trabalho de organizacoes ativistascomo a NYCWireless, que instala

roteadores a pedido de quem quer

financiar wi-fi em uma area de uso

comum da cidade. Mas isso e ape-nas parte do trabalho. Outra impor-

40_JULHO_2011

tante parcel a e a atuacao politica.

"Transformamos a internet publi-

ca em uma questao primaria para

a administracao de Nova York", diz

Dana Spiegel, diretor do grupo.

Os membros da NYCWireless es-

tiveram envolvidos em discussoes

na Comissao Federal de Comunica-

<;iioe no Conselbo de Tecnologia da

Cidade. Mas a maior evidencia de

seu dialogo com0

governo foi0

con-vite para instalar, na regiao entre

as pontes Brooklyn e Manhattan,

os primeiros rote adores do plano

lancado pela prefeitura para tornar

Nova York a cidade digital numero

1dos EVA. 0 projeto foi anunciado

em meados de maio depois de uma

pesquisa revelando que os nova-ior-

quinos estavam sedentos por mais

internet aberta pel a cidade. Prove-

la seria urn papel do governo.

Prefe i tura.comNo ana passado, a Finliindia pas-

sou a distribuir internet gratis em

casa para todos os seus cidadaos.E a acao mais concreta de urn go-

verno no sentido de reconhecer 0

acesso a internet como direito fun-

damental do ser humano, por ser

uma ferramenta para a liberdade de

Page 35: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 35/91

 

LlGADOEM

POLiTICA:O

ativista Pedro

Markun acredita

que 0 governo

deve fornecer

internet para

seus cldadaos

expressao, como declarou a ONU

em maio. "0 direito a comunicacaoe urn direito humano. Se urn dia es-

teve ligado a imprensa, hoje passa

pela internet", diz Daniela Silva,

co-fundadora da Casa de Cultura

Digital, que reune projetos ligados

a tecnologia em Sao Paulo. A rede

tambern permite acesso a outros

direitos civis, como cultura e edu-

ca cao , "Nao queremos internet pa-

ra todos porque e bacana, mas por-

que e urn meio pelo qual as pessoas

se conectam, trabalham e realizam

coisas", diz Pedro Markun, da Casa

de Cultura Digital.

ACESSI iEIE t UM

'I FUIIIIMIIiTILIII. ILiM IIIII

LIIIIIIIEIITi

LilA

C IM I C U ~

Seguindo 0 caminho de paises

como Israel, EUA e Australia, 0

governo brasileiro tern se movi-

mentado para aumentar 0 alcance

da rede. No ana passado, lancou

o Plano Nacional de Banda Larga

com foco em levar sinal para as

areas menos favorecidas. A meta

ate 2014 e ter 100milhoes de aces-

sos a banda larga no pais. No final

de 2008, logo antes do inicio do

projeto, esse mimero nao ia muito

alem de 10 milhoes,

Cidades brasileiras tambem fize-ram seus pianos para expansao da

internet. Belo Horizonte tern hoje

25 locais de aces so fornecidos pe-

la prefeitura em pracas, parques e

rodoviaria. Santos (SP) tern 3 pon-

tos wi-fi na orla da praia. Mas isso

deve ser apenas parte do trabalho.

"Tambem e papel do governo levar

internet para a casa das pessoas.

Imagine ter que ir a urn banheiro

publico tomar banho, e a mesma

coisa", diz Pedro Markun. Nesse

sentido, 0Estado do Rio de Janeiro

foi alem: implantou redes gratui-

tas nao so na praia de Copacabana,

mas abriu 0 sinal de wi-fi para co-

brir bairros carentes como Santa

Marta, Cidade de Deus e Rocinha.

Da rua ou de casa e possivel se co-nectar livremente a internet - e

aos curs os profissionalizantes que

fazem parte do projeto. Hoje ja sao

800 mil acessos por mes. 0 pro-

ximo passo e chegar ao Morro do

Al emao , onde devem ser instal ados

280 radios para transmitir 0 sinal

para toda a comunidade.

Quando a internet aberta for di-

fundida em todos os cantos, a a~ao

de quem tira a senha do proprio

wi-fi, dos ativistas que colo cam

internet na praca e dos pianos da

administracao publica para ampliar

a rede terao se feito valer, "Quando

se rompe com 0 ideal do passado

de controle, fragmentacao e poder

sobre a inforrnacao, urn novo mundo

se abre", afirma Clotilde Perez. A

pesquisadora acredita que 0 ser hu-

mano e investigativo por natureza,

e com livre aces so ao conhecimento

pode fazer de tudo. : I t como 0meni-

no da comunidade carente carioca

que montou uma bicicleta de sucata

depois de baixar na internet urn tu-

torial feito por outro garoto na india.

"Aspessoas VaGusar a internet para

transformar a propria vida.,,@

JU LH O_ 20 11 _ 4 1

Page 36: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 36/91

Page 37: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 37/91

Page 38: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 38/91

 

DE FORA: Maquinas sao

isoladas dos cientistas para

evitar risco de contarninacao

nas novas celulas (a direita)

brace rob6tico leva os ingredientes de uma maquina

para a outra. Eles passam por uma linha de montagem,

onde sao filtrados e misturados ate se chegar ao pro-

duto final, pronto para a venda. Tudo automatizado,

comandado a distancia por urn operador. Poderia ser

a descricao de uma industria quirnica ou de alimen-

tos, mas e da fabrica de pele inaugurada neste ana

pelo Instituto Fraunhofer, na Alemanha, a primeira

do mundo a produzir tecido humane em escala. Ela

tern capacidade para entregar por mes 5 mil discos de

pele pouco menores que uma moeda de urn centavo,

ao preco de 50 euros (cerca de R$120) a unidade. Ok,

mas quem vai comprar isso?

o instituto, que aplica US$ 2,3 bilhoes por ana em

pesquisas de saude, energia e comunicacoes, mira urn

mercado que deve se expandir. A Uniao Europeia de-

cidiu proibir, depois de 2013, a venda de cosmeticos

testados em animais. A pele feita em laborat6rios e

urn dos procedimentos alternativos mais cotados pa-

ra substituir as cobaias nessa tarefa. Outros clientes

em potencial sao as companhias farrnaceuticas, ja que

tambern e melhor usar tecido humano para experi-

mentar novos remedies do que ratinhos e coelhos. "A

fabrica sera importante ainda para produzir pele em

transplantes", diz a bioquimica alema Heike Walles,

diretora do projeto no instituto. 0procedimento seria

util, por exemplo, na recuperacao de pacientes que

tiveram queimaduras graves.

A tecnologia de reproduzir partes de tecidos ja existe

em centros especializados, mas a fabricacao em grande

esc ala ainda nao era feita. "Ha poucas empresas no

mundo que fazem pele reconstituida para cosmeticos.

A maioria produz membranas, cuIturas celulares mais

simples. Fabricar em escala e urn passo consideravel",

diz 0bioquimico J adir Nunes, doutor pela Universidade

de Sao Paulo e conselheiro da Associacao Brasileira de

Cosmetologia. 0novo sistema alernao promete acelerar

e baratear esse tipo de producao,

44_JULHO_2011

Page 39: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 39/91

 

Lin ha d e mo n ta gemA fabricacao de pele e uma especie de replicacao ace-

lerada de tecidos obtidos com doadores voluntaries.De acordo com os cientistas, cada doacao de materialhumano e suficiente para 100 discos. Em urn laborat6rio

cereado por vidros para nao haver contaminacao, asmaquinas trabalham sozinhas, comandadas do lado deforapor urn especialista. Primeiro, picotam a amostra efiltram os pedacinhos. Depois, substancias import antes

para a replicacao sao extraidas emanipuladas, enquantoas celulas sao "alimentadas" (confira 0 process a completo

na proxima pagina). 0 resultado, a pele reconstituida, euma substancia esbranquicada, mas que tarnbem podeadquirir outras tonalidades. "Avida e de 6 dias dentro

da clinica", explica Michaela Kaufmann, pesquisadoraassistente do Instituto Fraunhofer.

Essa tecnologia deve produzir tecido humano emescala tambem para transplantes ate 0 final de 2012,o que dependera de adaptacoes e do aval da Uniao Eu-

ropeia. Uma decisao da entidade obrigou que organis-

mos criados fora do corpo humano sejam classificados

como instrumentos farmaceuticos, 0que significa quedevem passar pelos mesmos testes rigorosos aplicadosa remedies antes de serem liberados para uso medico.

Sera usado 0 mesmo sistema dos discos produzidospara as companhias de cosmeticos mas, em vez de

doadores, a pele vira do pr6prio receptor. "0 que vaiacontecer e urn autotransplante com a retirada de pele

do mesmo corpo que recebera depois 0material", diza diretora do Fraunhofer. Com isso, a possibilidade de

rejeicao diminui.

Para que a pele fabricada possa ser "colada" ao recep-tor, as maquinas serao programadas para estimular no

material coletado a producao da proteina fibronectina.Asubstancia fazparte das membranas celulares donos-so corpo, e e responsavel por estabelecer conex6es comoutras moleculas - como 0 colageno -, ativar a cir-culacao do sangue e ajudar na cicatrizacao. "Todos »

Foro : Rafael Kroet z/Fr aunhofer/Divulg acao JULHO_2011_4S

Page 40: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 40/91

 

A pele fe ita em esca la

pode ser usada em

testes de cosrneticos.

medicam e nto s e , em2012, pa ra tran sp lan tes

em hum anos. Em breve ,

o Brasil deve te r a sua

propr ia fabrica de tec ido .

h um a no , um a filia l d a

emp re sa a lem a

»poderao utilizar a pele e esse tipo de transplante

devera ser fundamental para pacientes que sofreram

fortes queimaduras ou tern algum ferirnento cronico",

afirma Walles. A escala deve trazer beneficios aos

transplantes. "Essa maquinaria pode ser importante

na producao de pele quando ha ferimentos em gran-

des superficies do corpo", diz Radovan Borojevic,professor de Biologia Celular da UFR], sobre a ajuda

que 0 sistema robotizado trara a quem precisa desse

tipo de cirurgia. "E urn tipo de pele muito dificil de

ser rnanipulado e extremamente fragil."

De acordo com Heike Walles, do Fraunhofer, 0

Brasil tambem pode ter producao de pele nesses mol-

des em breve. Os alemaes estao em negociacao com

duas empresas de perfumes e cosmeticos nacionais

(que preferem nao ter os nomes divulgados) e infor-

mam que cogitam abrir uma especie de filial aqui.

o objetivo e fazer testes de produtos para substituir

cobaias, mas, como na sede, 0 laborat6rio poderia

ser adapt ado para fabricar tecido humano destinado

a transplantes. A producao para cosmeticos usara

material coletado de doadores brasileiros - 0 que

elimina dificuldades de transporte e rnelhora a acei-

tacao da pele entre os pacientes locais.@

46_JULHO_2011

XEROX DE

TECIDOSV eja com o a fa bric a a le r n a ,

a p artir d e um a amo stra ,

produz l O C I d iscos de

pele reconsti tu fda

C A P T A C ; : A O

Umbraco

robotlco corta

apeleem

pedac inhos

D O A D O R

Comuma

blopsia,

ex tr a i- se u rn

pequeno peda co

depeledo

voluntar io

Page 41: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 41/91

 

F ILTRA~AOC om a ju da d e e nz im as. u ma

rn aq uln a s ep ara d ois tip os d e

celulas: os queratinocitos, das up e rf ic ie . e o s f ib ro b la sto s. q uecompeern a p arte in te rn a d a p ele

MULT IPL lCA~AO

DASCELULAS

OS d ois t ip os sa o

c ultiv ad os em

b io rr ea to re s e s er e plic am . A s c e lu la s

p roduzem co lageno ,p ro te fn a q ue a ju da

a u n ir e f or ta le c e r

os tec idos

Os f ib rob lastos

sao despe ja dos

e m fra sc os o nd eform am a d erm e .

N u tr ie n te s s ao

a d ic io n ad o s p a ra

a ju d ar n o p ro c e ss o

sao a c r e sc en t ados

os que ra t lnoc l tos ,

q ue a jud am a

fo rm a r a e p id e rm e

REPOUSO

F ic a tu do n um a in cub ad ora a 3 7°C a te a

p ele a dq uir ir a fo rm a fin al. 0 re su lta do te m

a s m e sm a s c am a da s q ue fo rm a m 0tec ido

h um an o: d e rm e e e p id e rm e e s ub d iv ls oe s

IlUSTRAl ;lo: Daniel das Neves JULHO_2011_47

Page 42: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 42/91

 

Na boc a do rovo para.

de -fin '! jo ve ns de v isual

extravagante 0hipster

ja te m se u fim de cre tado

pelos estudiosos

~ G UILH ER M E P AV AR IN

Afinal, 0 que e urn hipster? A duvida

percorreu por semanas a redacao da GA-

LILEU. Nao sabemos bern como comecou,

Quando nos demos conta, ja era tarde:

estavamos pelos corredores chamando

uns aos outros por essa palavra ianque

sem ter a certeza do que significava,

Suspeitavarnos que, para ser urn hipster,

o cara teria que usar roupas xadrez, DCU-

los de aro grosso, ter bigode (ou lenco no

cabelo, no caso das mulheres) e andar

de bicicleta ouvindo uma banda asiatica

num MP3. Depois de buscar referencias

mais conftaveis, percebemos que todos

que fugiam urn pouco do padrao eram

hipsters em potencial. »

Page 43: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 43/91

 

JULHO_2011_ 49

Page 44: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 44/91

 

»Vestiu calca apertada? Hipster, Olhar blase? Hipster. Cache col

em dias de calor? Muito hipster. Para nosso alivio, nao estavamos

sos. No jornal The New York Times, ana passado, aconteceu algo

parecido. 0 revisor, Phillip Corbett, mandou uma carta para aredacao avisando que 0 termo hipster havia sido escrito mais de

250 vezes no jornal ao longo de 2010. E que nao estava claro 0

que aquela palavra queria dizer,

Ate mesmo urn professor americana de literatura da New

School University, Mark Greif, que passou anos investigando as

caracteristicas dos hipsters para escrever urn livro, What Was

the Hipster? A Sociological Investigation, de 2010 (0 Que Foi 0

Hipster? Uma Investigacao Sociologica, sem edicao no Brasil),

tern ainda hoje dificuldade para definir do que se trata. A nosso

convite, numa tentativa de resumir em apenas uma frase, disse:

"E alguern que quer 0 lade cool da contracultura e da rebeldia

juntamente com os prlvilegios de riqueza e do consumo - que-

rendo sempre saber de tudo antes dos outros". Para chegar a

essa defmicao, Greif, com a ajuda de colaboradores pelo mundo,

tracou urn panorama do que 0hipster significava e descobriu que,

antes mesmo da sociedade compreender 0que era essa dita "con-

tracultura", ela ja estava morta. A principal razao e que 0 termo

havia ganhado uma Irreversivel conotacao pejorativa, Ninguem

por ai diz que e hipster. "Chamar uma pessoa de hipster e dizer

que ela se esforea muito para ser cool e se tornar visivel, 0 que e

uma ofens a para seu sentimento de superioridade cultural", diz

Greif. Para completar, parece que nao ha uma ideologia clara e

que ligue essas pessoas, como era 0caso do movimento punk ou

hippie, Assim acabou se tornando algo caricato e superficial.

Morte prematuraEste hipster de visual exotico que conhecemos hoje comecou

a dar as caras em 1999, na cidade de San Francisco, Califor-

nia, como consequencia do fen6meno que 0 soci6logo Richard

Loyd chamou de neo-boernia. Foi mais ou menos assim: com 0

avanco dos centros financeiros pela cidade, aspirantes a artistas

que tinham empregos durante 0 dia em bares e cafes acabaram

entrando em contato com jovens ricos empreendedores. Dessa

reuniao, surgtrarn profissionais de design, marketing e des envol-

vimento de web, que viviam pr6ximos aos mais bem-sucedidos,

mas mantinham uma postura mais despojada. Queriam mostrar

atitude ao mesmo tempo em que eram ativos na sociedade deconsumo, Ou seja, estavam no meio da tensao entre os riquinhos,

tambern cham ados de yuppies na epoca, e os subversivos. Dessa

mistura veio 0 visual, a postura calculadamente desleixada e a

ironia elitista como forma de expressao, No Brasil, nao por acaso,

aqueles que se assemelham ao hipster americana contemporaneo

tambern estao concentrados entre regtoes ricas de grandes cen-

tros urbanos. Em Sao Paulo, a cidade do pais que talvez mais se

aproxime da meca hipster mundial, San Francisco, eles frequen-

tam galerias de arte urbana e circulam entre bairros em que ha

urn claro cruzamento de tribos e gostos. "Nao conheco ninguem

que se denomina hipster, mas pelo que vejo eu sou e nem sei",

diz Victoria Flaksbaum, 18 anos, que it noite e DJ em uma boateno Baixo Augusta, regiao de bares e clubes noturnos da cidade,

e durante 0 dia trabalha em urn brecho.

A cultura hipster atual se popularizou com a chegada de vel-

culos especializados. 0 principal deles, a revista americana Vice,

50_JULHO_2011

ganhou fama na virada dos anos 2000 publicando

materias de tendencias alternativas. Mais de uma de-

cada depois, circula em 27 paises, inc1uindo 0Brasil.

"Nao cham amos mais nosso publico de hipster, mas

de antenado, que e mais justo", diz 0 espanhol Tony

Cebrian, publisher da Vice brasileira.

Com a ajuda da internet, os hipsters deixaram de

ser algo localizado e passaram a ser associados aos

fas de musica independente e llgados it arte urbana

(grafites, intervencoes e artes de influencia digital).Quanto ao visual, eles acabaram por adotar pecas que

ja fizeram parte do vestuario de tribos do passado-

o xadrez do grunge, 0 bone dos punks da dec ada de

80, bicicletas roda-fixa de ativistas etc. A coisa virou

Page 45: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 45/91

 

Se como cultura ou movimento 0hipster

esta condenado ao sumico, 0 consumo

inteligente e a vontade de dis seminar

tendencies vieram para ficar nessa mes-

rna geracao. E 0que se pode chamar de

pos-hipster: cultura que esta em forma-

c;iio.Algo parecido com 0 surgimento

do movimento hippie na decada de 60,

diz Greif. Hippie, que originalmente e

urn diminutive de hipster, servia para se

referir de modo negative aos jovens da

epoca que circulavam por North Beach,

na Calif6rnia, e Greenwich Village, em Nova York.

Eles desprezavam 0 jazz e a poesia que dominavam a cena

cultural da epoca para se aventurar no mundo da diversao e das

drogas. Em poucos anos, no entanto, todos esqueceriam esse

lado para assistir ao desenvolvimento de urn movimento de paz.

"Na epoca, os hippies deram significado positivo ao que antes era

apenas urn insulto vazio", diz Greif, que acredita que isso pode

estar pr6ximo de ocorrer com 0 hipster.

Em sua pesquisa, ele notou que jovens pr6ximos aos 20 anos

estao incorporando valores atribuidos a esses sujeitos moderni-nhos que surgiram na Calif6rnia e circular am pelo mundo nos

anos 2000. "Acho que ha definitivamente uma evolucao dessa

contracultura." E 0 hipster, seja la 0 que isso quer dizer, serviu

de abre-alas.~

•Lela a entrevtsta com Mark Greif, professor da New School University, autor do livre Wha t Was Th e

H ip st er ? A Soci%g ica ll nvest ig ati on. em gal l leu.globo.com ou fotografe com 0 celular 0 cod lgc acima

o que os criticos de arte chamam de pastiche: uma

imitacao que pega fragmentos de diversas outras

obras tentando parecer original. 0 pr6prio gosto e

os Iugares frequentados pelos tais hipsters contem-

poraneos tern a ver corn essa mistura de divers as

elementos. "Entre n6s existe a cabeca aberta para a

tolerancia", diz 0 publicitario paulistano Alexandre

Pessoa, de 23 anos.

Por essa mesma caracteristica de misturar tudo em

busca de identidade, muitos dos artistas preferidosdo grupo tarnbern sao aqueles que mesclam estilos.

E 0 caso da banda americana Animal Collective, que

resgatou a psicodelia dos anos 70 e adicionou doses

de folk e rock moderno. No cinema, 0 maior icone

FOTOS: Divulgacao

DEPOIS DOS BIGODES: 0

protesto do hipster esteve

l igado ao visual ir6nico.

Mas agora. surge uma

corrente que valoriza mais

a busca por bons e novos

conteudos, como e 0 caso

da OJVictoria Flaksbaum.de 18 anos (foto rnaior)

hipster eWes Anderson, diretor de fil-

mes como 0 Fantastico Senhor Raposo

e OsExcentricos Tenenbaums, que cos-

tuma usar tecnicas cinematograficas do

passado. Apolitica nao est a entre os as-

suntos prediletos, mas 0 crescimento dacultura hipster entre os jovens nos Esta-

dos Unidos esta diretamente associado

a invasao ao Iraque em 2003 e a outras

medidas do governo George W. Bush.

A seu modo, os hipsters chamavam a

atencao da sociedade para dizer que nao

compactuavam com 0 rumo do pais. Pa-

ra mostrar que nao queriam fazer parte

dos excessos consumistas, deixaram de

comprar carros novos e passaram a usar

bicicletas. Ainda que fossem bicicletas

no estilo vintage, com banco de couro

e pneus brancos.

Opes-hipster

JULHO_2011_51

Page 46: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 46/91

 

52_JULHO_2011

Page 47: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 47/91

 

@ C O ST AS P ES AD AS > Um membro do Applied Physics

Laboratory Ice Station 2011 caminha com uma broca

colossal sabre os om bros. Usada para perfurar 0gelo. a

peca deveria ser carregada pelo helicoptero, mas ° mautempo a impediu de voar. Azar dos pesquisadores

FOTO: Lucas Jackson / Reute rs

Page 48: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 48/91

 

@ ) QUEBRAN DO 0 GELO > E m u m d os e xe rc ic ios, a su bm arin o

USS Conne c tic u t Seawolf rom pe as p lac as de ge lo do

O ce an o A rtic o p ara te sta r 05 d ife re nte s n ive is de sina is das

te cn olo gia s so na re s de cornunicacao, U rn m em bra da m arinh a

am er ic ana se e nc arre ga de ch ec ar os m ed idore s e xte rnos

54_JULHO_2011

Page 49: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 49/91

 

-.

inca moradores. A

Baia de Prudhoe, no

estado do Alasca ,

possuia uma popu-

la~ao total de urncasal e 3 filhos ate 0

censo realizado ern

2000 nos Estados Unidos. Nao atoa: alern de 250/0 do territorio de

1, 5 mil km2 corresponder a agua,

as baixas temperaturas costumam

variar entre -35°C e 15 D C durante

o ano: A paisagern e de uma gigan-

tesca e desertica ilha de geleiras. So-

mente no inverno rigoroso, entre os

meses de dezembro e marco, quan-

do as placas de gelo ficam solidas aponto de aguentarem toneladas de

peso de grandes rnaquinas, que 0 lo-

cal ganha vida. Por la, nesta epoca,

mais de 2 mil pessoas trabalham em

pesquisas de campo. A mais repre-

sentativa delas e 0 chamado Applied

Physics Laboratory Ice Station, de

grupo ligado a marinha americana

que testa, quase todos os anos, no-

vas equipamentos de cornunicacao

submarina. Dessa vez 0objetivo era

analisar, ern condicoes extrernas,

futuras tecnologias para fins mili-

tares e controle ambiental que po-derao ganhar aplicacoes cotidianas

nos pr6xirnos anos. Na expedicao de

2011,50 pesquisadores passaram 27

dias numa rotina de transporte de

equipamentos, medicao de dados,

relat6rios e dezenas de exercicios

te6ricos. Mas, para tanto, como se

nao bastasse a solidao, os trabalha-

dores tiveram que enfrentar as difi-

culdades da regiao artica. Estamos

falando de geleiras que podem se

romper, de ursos polares famintose, claro, das tempestades e outras

surpresas do clima. "Por dias uma

densa neblina manteve nossos avi-

D es e helicopteros no chao, 0 que

tornou algumas tarefas muito mais

desafiadoras", dizo engenheiro me-

canico e gerente do acampamento,

Keith Van Thiel. Aboa noticia e que

ninguern saiu ferido da missao,

@ ENCAPSULADOS > Na sal a de controle do submarino

que trafega debaixo do gelo, empregados acompanham os

resultados das ondas acusticas e sinais s6nicos em suas

telas. Ali pass am tarnbern as imagens do periscopio de fibra

otica que capta as acces de quem esta do lado de fora

FOTOS: Lucas Jackson / Reuters

Page 50: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 50/91

 

@ CONECTAD05 50 ENTRE 51 > Dois pesquisadores da escola de graduacac da

marinha usam computadores para ouvir 0 equipamento sonar. Eles tambarn carregarn

pas para remover gelo e uma arma para 0 caso de ataque de urso polar (no alto)

COZ IN HA A BA IX O D E Z E RO > F unc ion arios cozinham 0 alrnoco no alojamento-

refeit6rio. No cardapio estao salsichas e molhos preparados a partir de congelados

56_JULHO_2011

Page 51: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 51/91

 

@ A CAMPAME N TO ART IC O > As casas aquecidas sao

construidas com madeira compensada. Seus habitantestemporaries se locomovem pela regiao usando trenos

eletricos. botes inflaveis e. para 0 caso de trans porte

de materiais pesados. helicopteros e rniniavioes

F OT OS : L UG as J ac kso n J Reuters

Page 52: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 52/91

 

FORA D A CURVA:

Redelmeier e excentrico

em seus objetos de estudo

e tambern na vida pessoal

Page 53: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 53/91

 

oC A C : : A D Q R

D E P A D R O E S

E S T R A N H O SQuem ganha 0Oscar vive mais,

entrevista de emprego e pior em dia de

chuva e enfarte mata mais no final de semana.

Conhe ca as conclus6es inusitadas do excentrico

medico Donald Redelmeier

( g J A R T H U R G U IM A R A E S

Page 54: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 54/91

 

Sao 10 da m anha em Toron to , no C anada . 0 m e dic o D ona ld

R ede lm e ie r a te nde ao te le fone de scon fiado. A re portage m pe rgun ta

se e le re ce beu os 3 e -m ails e nv iados. "Recebi" P or que , entao. nunca

re tornou os con ta tos? M as 0 dou tor lem b ra que aqu i e e le quem faz

as pe rgun tas. "S6 fa lo com a condicao de m e re sponde r a 3 questoes

1) Como fic ou sab endo de m im ? 2) Como encon trou m eu te le fone?

3 ) Q ue h oras sao no B rasil? ". A u ltim a e ra um a pegad inh a, pa ra ve r se

o in te rlocu tor nao e stava m en tindo. "Ach e i que fosse trote ."

AS OBSERVAC ;OESDE REDElME IER

1 ' . "C )l

t t

Urn dos principais cientistas mundiais da

area de economia comportamental (que es-

tuda fatores sociais, cognitivos e emocionais

nas tomadas de decis6es), Redelmeier e co-

nhecido pela excentricidade nao apenas na

vida pessoal. 0 pesquisador se especializou

em identificar padr6es estranhos que pare-

cern ter vindo de conversas de bar. Afirrna-

~6es como "quem ganha 0 Oscar vive mais

do que os atores que perdem" , "as pessoas

morrem mais em dias de jogo", ou "ser en-trevistado quando est a chovendo diminui as

chances de ser aceito" sao testadas por ele

com rigor cientifico e se transformam em

pesquisas inusitadas, Apesar da aparencia

de frivolidade, seus estudos sao bern recebi-

dos por publicacoes cientificas serias, como

a revista Nature, PLoS e 0 Journal of the

American Medical Association,

~ Em b ora p are c ;:a m a n da r

ma is r ap id o . os c arros d a

faixa d o la do andam na

r ne sr na v elo cid ad e q ue 0

se u. A se nsa ca o e ng an osa

ac ab a por au rne nta r os

r is co s d e a c id e nt e

M ed ico de Exce lHa quase duas decadas, 0doutor de 51 anos

trocou 0 estetoscopio pelas planilhas de da-

dos e testa hip6teses excentncas para der-

rubar mitos e trazer novos padr6es aos me-

dicos. "Me interesso pelo lado nao-biologico

da medicina", diz. A formacao original, no

entanto, ainda e usada em seu trabalho como

professor na Universidade de Toronto e nas

vezes que ainda atende nas salas de emer-

gencia de hospitais, que foram 0 ponto de

partida para varias das suas descobertas.

A principal foi em 1997, quando se tornou

o primeiro a mostrar que usar urn celular ao

volante e tao perigoso quanto dirigir bebado.

"Apos conversar com os pacientes que acom-

panhava rna emergencia do hospital], vi que

muitos diziam inforrnalmente ter perdido

o controle do veiculo enquanto estavam ao

telefone", afirma. Ao cruzar informacoes de

~ Quem te rn ataque

carcl iaco n os fin ais d e

se mana te rn m ais c hanc es

de m orre r que os que

sofre m e nfa rte e rn d ias

uteis . E que a qua lidade de

a te nd im e nto n os p la nto es em e no r, d es co briu -s e d ep ois

60_JULHO_2011 ILUSTRAt;AO: Samuel Rodrigues

orgaos de transite e fichas medicas, Redel-

meier concluiu que quem esta ao telefone

enquanto dirige tern 4 vezes mais chance

de bater. "Depois disso, mais de 40 paises

criaram leis para evitar 0 problema."

o transito, alias, e urn tema constante em

suas pesquisas. Em urn artigo publicado

na revista Nature, em 1999,0 medico des-

mistificou uma questao recorrente da vida

urbana. De acordo com ele, nosso cerebro

nos leva a ter a falsa impressao de que oscarros se movem mais rapido na outra faixa

de uma avenida durante urn congestiona-

mento, quando, na verdade, todos se movem

it mesma velocidade. Qual a importfincia

dis so? Mudar de faixas, mostra 0 medico,

triplica as chances de urn acidente. Em ou-

tros estudos, Redelmeier mostrou que tam-

bern no dia de eleicao nos Estados Unidos

ou no Super Bowl (final do campeonato de

futebol americano), os acidentes aumentam

significativamente (0 que seria explicado por

pessoas dirigindo em locais que nao estao

habituadas e usa rna is frequente de alcool),

o achado foi 0 ponto de partida de campa-

nhas do departamento de transite do pais.

O u tro o lh arA curiosidade de Redelmeier por fatores

aparentemente banais algumas vezes 0 le-

va bern longe da medic ina tradicional. Isso

aconteceu, por exemplo, em 2000, apes as-

sistir it cerimonia de premiacao do Oscar.

"Fiquei impressionado com as pessoas no

palco. E nao era efeito da maquiagem ou das

plasticas. Elas pareciam mais vivas." Com a

pulga atras da orelha, ele fez uma trabalhosa

analise dos dados de todos os vencedores da

premiacao, comparando-os aos atores que

nao foram escolhidos na selecao dos jurados.

Page 55: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 55/91

 

"Minhas•pesqutsas

podem parecer

esquisitas. massao um jeito de pensar

coisas que ninguem pensa:·

o result ado foi surpreendente. "Os ganha-

dores do Oscar vivem, em media, quase 4

anos a mais do que os outros."

Outra conclusao impar veio da comprova-

c;:aodo mau humor em dias feios. "Ternes

muitos dias de neve aqui, 0 que nos coloca

em urn astral negativo. Quis saber se is so ti-

nha algum impacto significative." Estudan-

do fichas de alunos entrevistados na prova

de admissao da Universidade de Toronto

entre 2004 e 2009, Redelmeier mostrou

que os candidatos que tiveram seus testes

aplicados em dias chuvosos recebiam no-

tas mais baixas do que os examinados em

dias de sol. A mesma curiosidade 0 levou a

analisar 231 mil casos de ataque cardiaco e

concluir que as pessoas que sofrem enfar-

te no fim de semana morrem mais do que

aquelas que enfartam em dias uteis.

Por tras da aparente falta de impor tanciados estudos, ha urn interesse profundo por

quest6es cotidianas relevantes. A pesquisa

do enfarte, por exemplo, serviu como aler-

ta da queda de qualidade do service nos

hospitais durante os plantces de sabado

e domingo. "Ele quase nunc a faz apostas

no escuro, conhece muito bern a literatura

medica. Ja se sabia que a felicidade traz

mais saude, por exemplo, mas nunca nin-

guern tinha verificado isso com relacao ao

Oscar", comenta Eldar Shafir, professor de

psicologia da Universidade de Princeton,nos Estados Unidos, com quem Redelmeier

desenvolveu uma serie de estudos.

Shafir conta que, alern do conhecimento

solido de medicina, Redelmeier tambern e

ajudado por urn senso met6dico exagera-

do. Extremamente organizado, 0 medico

so escreve e-mails por topicos, nunca usa

paragrafos, 0 que chega a irritar alguns

de seus colegas, "Ele nao gosta de es-

crever em linhas: anota todos os seus

pensamentos e da titulos e mimeros

para organizar suas ideias, mesmodentro de uma mesma frase,"

Solu~oesserlasEssa organtzacao incomum

aliada a criatividade foi a

que fez Redelmeier tra-

zer solucoes simples

para problemas

complexos, co-

mo 0 do cancer

colorretal.

Ha 9 anos,

varies cole gas medicos se queixavam a ele

de urn dos maiores dilemas da doenca (que

precis a de acompanhamento disciplinado):

poucas pessoas faziam os exames de preven-

c;:aona periodicidade correta. Os doutores

achavam que os pacientes eram afastados

pelo incomodo exa rne e a dor decorrente da

introducao de uma camera pelo reto.

Redelmeier descobriu que, se os medicos

responsaveis deixassem a sonda parada por

urn tempo extra dentro dos pacientes ap6s

o procedimento, sem movimento algum,

as pessoas voltariam a fazer 0 exame mais

vezes. A mudanca ajudaria a construir uma

mem6ria mais positiva do procedimento, 0

que nao acontecia se a camera fosse retirada

logo apes 0periodo de dor. "Ele e brilhante

e faz perguntas aos pacientes que os outros

nao fazern'', diz 0 psicologo israelense Da-

niel Kahneman, co-autor do estudo e premioNobel de Economia.

o resultado fez com que os medicos co-

memorassem taxas de retorno maiores no

exame. Amigo de Redelmeier, Kahneman,

junto com 0 americana Amos Tversky, e con-

siderado fundador da moderna economia

comportamental. 0 israelense, professor

da Universidade de Princeton e especia-

lista em estudos sabre a decisao humana,

foi determinante para encorajar a guinada

profissional de Redelmeier, 0descobridor de

padroes estranhos. "Ele pas sou alguns anoscomigo em Stanford, onde tivemos projetos

em conjunto. Donald e muito original. Sua

capacidade de trabalhar com grandes bases

de dados em assuntos nada usuais 0 fez urn

excelente pesquisador", diz.

A fama de excentrico nao agrada 0 me-

dico. "Minhas pesquisas podem parecer

estranhas, mas nao sao. E urn jeito espe-

cifico de ver 0que todos observam, mas

pensar coisas que ninguem pensa", diz

Redelmeier. Na sua carreira, for am

mais de 170 artigos publicados emperi6dicos cientificos, conven-

cendo os mais rigorosos cien-

tistas que suas investigacoes

valiam a pena. "Sou muito

orgulhoso dos temas em

que invisto. Apenas fi-

co triste de nao con-

seguir mostrar aos

outros que sao

assuntos per-

feitamente

normais." @

- - - . . . . . . . ./' \

/

I

/),(

I\

;

"

~ 0 S up er B ow l ( fin a l d o

c am pe on ato d e fu te bo l

am ericana ) aum enta a

ch anc e de ac ide nte s de

tra ns ite . N e sse s d ia s

as p essoa s, a le rn d e

c on su m ire m m a is a l coo l

pe rc orre m c am inh os a que

n ao e sta o a ca stu m ad as

~ As pe ssoas que faze m

e ntre vista d e e m pre go

e m d ias de ch uva sao p iora va lia da s.O p ro b lem a

e que 0 c e u c in z e nt o

p rovoc a m au h um or

~ V encedores do O scar

v ivem 4 an o s m ais que as

o u tr o in d ic a do s, c o la b o ra n do

pa ra a ide ia de que a

fe lic id ad e p ro lo ng a a v id a

JULHO_2011_61

Page 56: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 56/91

Page 57: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 57/91

Page 58: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 58/91

Page 59: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 59/91

 

Como resultado, a ciencia encontrou areas

cerebrais envolvidas no controle damaldade,genes relacionados a crueldade e situacoesem que ate mesmo osmais bondosos podem

se transformar em torturadores. Numa ami-lise do que aconteceu durante as torturas da

prisao deAbu Ghraib, por exemplo, cientistas

citam fatores como 0estresse dos soldados,

o tipo de comando e ate 0 calor excessivecomo alguns dos ingredientes de uma situ-

acao perfeita para que pessoas tidas como

"de bern" libertassem seu lade torturador.

Estudos tambem mostram que por tras da-quela dificuldade de se conter empartir para

a briga em discussoes pode estar uma falha

em algumas regioes cerebrais.

As descobertas, no entanto, ja inspiramtecnicas para "corrigir a mente" tao centro-

versas quanto as do filme. Entre elas, a oxi-

tocina, uma droga que age no cerebro paramelhorar 0comportamento moral, e terapias

preventivas com criancas que apresentam

risco de se tornarem psicopatas. Aspesquisasmostram que fazer 0mal pode nao ser uma

questao de livre-arbitrio. "Pessoas fizeram

atos de crueldade nao porque escolheram,

mas porque apresentaram uma deficiencia

no cerebro", sugere 0 Ph.D. em psicologiae professor da Universidade de Cambridge,

Simon Baron-Cohen, que acaba de lancar 0

livro S cien ce o f E vil (ACiencia doMal, ainda

sem edicao no Brasil), obra na qual revisamais de 300 estudos da area.

1 1 r n r f l T I f lPara saber 0 que sao essas deficiencias ce-rebrais, e preciso antes entender urn meca-

nismo apontado como valvula de segurancacontra a maldade. A empatia e a capacidade

natural que temos de identificar 0que outrapessoa esta pensando ou sentindo e respon-

der com uma emocao apropriada. Quandoalguern chora aover urn filme triste ou esboca

urn sorriso ao ouvir uma gargalhada, ativaa empatia. E tarnbern essa habilidade que

atua quando voce freia urn instinto de agrediralguem indefeso ou impede urn terceiro de

agir assim, prevendo 0 sofrimento da vitima."Maldade e falta de empatia. Vocecausa mala alguem porque nao esta preocupado se apessoa vai semachucar fisicamente ou emo-

cionalmente", diz0psiquiatra Fabio Barbira-to, da Santa Casa do Rio de Janeiro.

Naultima decada, estudos mostraram quea empatia nao e apenas urn conceito filosofi-co, mas pode ser localizada dentro da massa

cerebral. Ha consenso na neurociencia de que

I LUSTRAC;AO: M ana EO

pelo menos 10 regioes cerebrais, chamadas

por Baron-Cohen de "circuito da empatia",estao relacionadas com essa capacidade.

Quando ha lesao em areas como 0 cortex

pre-frontal medial, perdemos reacoes invo-luntarias que temos ao assistir a cenas fortes

como mutilacoes (aumento debatimento car-

diaco e suor nas rnaos), 0que sugere que a dor

do outro deixa de ser processada da mesmaforma dentro da gente. Ja outras areas, como

a parte anterior da insula, sao ativadas tanto

quando sentimos dor quanto no momento em

que vemos alguem sofrer urn estimulo dolo-roso. Hapelomenos 60 pesquisas mostrando

essas conexoes e sugerlndo urn mecanismedo cerebro que se ativa para que, de alguma

forma, tambern possamos sentir dentro de

nos as ernocoes que presenciamos.

l l S n O V I 1 Sr n O n r S S l l SC O T I T n n 1 1n n L D l 1 D r

c u n T o - c r n C U I T O

Conhec; :aos

medicamentos OU

te ra pia s q ue astao

sendo desenvolv idos

a p artir das no vas

descober ta s sob re 0

meca nisme d a c ru eld ad e

Esse mecanisme de identificacao nos leva

a considerar 0 sentimento dos outros ao to-

mar qualquer atitude. Voceve uma velhinhacheia de pacotes com dificuldades para»

CURA: 1

BONDADE IN ALAvELProduzido naturalmente pelo corpo humano. a oxitocina tam bern pode ser usadacomo droga. administrada de forma nasal. Estudos recentes apontam que 0

consumo da substancia aumenta a nivel de empatia do paciente .durante algumas

horas. diminuindo sua ansiedade e 0medo de contatos sociais. 0 efeito poderia

ser util no tratamento de pessoas que nao se sensibilizam com a sofrimento dos

outros. Sob a droga. 0 paciente tende a confiar e cooperar mais com estranhos.

JU LH 0_ 20 1 1 _6 5 ,

Page 60: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 60/91

 

66 JULHO 2011. . . ., -

CURA: 2

TERAPIA DE MENTALIZ ACAO,

Me to do d o p sic an alis ta h u ng ar o P e te r F o na gy p ar a tr ata r p e ss oa s c om

tr an sto rn o b o rd e rlin e (q ue g e ra a gr e ss iv ld ad e ), m a s q ue p od e s e r u sa do p ar a

a um e nta r a e m pa tia d e q ua lq ue r p es so a. A te ra pia 5e fo ea e m e xe rc lc ios

p ar a a um e n ta r a c ap ac id ad e d o p ac ie n te d e r ec on h e ce r 0 e sta do m e nta l d e

o ut ra p e ss oa . A o c on sts nte m e n te s e c olo ca r n o lu ga r d o o utr e, e le p as sa ria

a c om p re e n de r m e lh o r a s e rn oc oe s e os e s ta do s m e n ta is a lh e io s. R e su lta do s

p re ilm i na re s mo s tr am d im i nu i~ a o d e a g re s siv id a de a p e s 0t ra tamento .

»subir as escadas e sente vontade de ajuda-laoOuve 0seu irrnaozinho chorando e para

de brigar. So que nem sempre 0mecanismoesta a todo vapor. Fatores como estresse,

alcool e cansaco diminuem temporariamen-te a empatia. 0 sistema tambern e desliga-do quando estamos muito focados em nosmesmos. Seu cerebro pode nao perceber 0

sufoco da velhinha se voce esta as voltaspensando no namorado ou namorada que

esta lhe traindo, por exemplo.Aodiminuir a identidade com 0proximo,

urna pane da empatia tambem faz com quea pessoa nao sinta urn bloqueio ao pensar

em fazer algomalvado. "Quando alguem co-mete uma crueldade, esse circuito tern urnmau funcionamento, esta desligado", defen-de Baron-Cohen. Mas para que a vontade de

praticar uma maldade nao seja freada pelaperspectiva de sofrimento da outra pessoa, epreciso que a empatia esteja bern baixa, 0quenormalmente nao esta ligado apenas a fatores

demomento. E por isso que 0cientista Inglese outros especialistas criaram uma medida dofuncionamento desse sistema no cerebro, 0quocientede empatia, ou simplesmenteQE.A

avallacao e feitapor questionarios (v eja u rn n o

final desta materia), mas pode ser confirmada

medindo ondas cerebrais. Quanto maior 0

QE,mais altas as chances de frear impulsosde crueldade por "sentir" a dor do outro.Nos psicopatas, por exemplo, a empatia e

zero.Eles nao sao contagiados pelas emocoes

alheias e nao sofrem remorso. "Ha uma area

do cerebro abaixo da orbita do olho que in-tegra 0 carater, Nos psicopatas, individuosque tern defeito na empatia, essa area nao seformou direito", diz a especialista empsico-

patia Hilda Morana, doutora em psiquiatriapela Universidade de Sao Paulo. Mas eles

nao sao os unicos, Ha outros diagnosticosassociados ao nivel zero, entre eles 0 trans-

tome borderline, de pessoas desreguladasemocionalmente, com tendencia a compor-

tamentos agressivos - essas tambem ternpadroes diferentes no circuito da empatia.

Urnpouco acima do nivel zero estao pes-soas que podern ser capazes demachucar as

outras, mas sentirao remorso depois. E 0casodaqueles que explodem facilmente durantediscussoes, chegando a agressao, Nesse caso,

o circuito cerebral nao funciona suficiente-mente para inibir os impulsos violentos e apessoa nao percebe estar passando do limite.

Num nivel ligeiramente acima, a pessoa freiaa violencia, mas nao aquelas sltuacoes cons-

trangedoras em que alguern faz comentarioscomo "voce engordou", e nao percebe quepode deixar 0 outro chateado.

o nivel de empatia, no entanto, nao e de-terminado nomomenta do nascimento. "Hauma interacao de fatores sociais com causasgeneticas que ainda estao sendo investiga-das", diz 0 indiana Bhismadev Chakrabarti,

Ph.D. pela Universidade de Cambridge, elemesmo descobridor de 4 genes relacionados

a empatia. Junto comoutros pesquisadores, 0neurocientista mediu em 2009 0QE de 349

pessoas e fezurnmapeamento genetico de ca-

da uma delas.Alemdos genes, ele achou umaarea cerebral, 0giro frontal inferior, sempre

mais ativa em pessoas com alto QE. "J a hacerca de 20genes associados a questao, Teras variacoes geneticas nao significa automa-

ticamente que a pessoa sera empatica."

C U L F r O S F n l SApesar de cada vezmais descobertas geneti-cas, amaior parte das explicacoes para empa-

tia baixa nao esta no DNA. De 60% a 80%

das pessoas borderline, por exemplo, ternhistorico demaus-tratos, separacao precocedos pais ou rejeicao na infancia. De 40% a

70% do mesmo grupo sofreram abuso se-

xual quando criancas. Ou seja, a educacao

Page 61: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 61/91

 

importa, e muito. Ha imimeras pesquisas

que mostram que uma crianca, em uma casa

estruturada e com educacao de qualidade,

tende a ser menos agressiva. Mas como rela-

cionar isso ao "tilt" no cerebro> 0 psiquiatra

americano Paul Soloff mostra que pessoas

abusadas sexualmente na infancia, por exem-

plo, tern amigdalas cerebrais menores, menosmateria cinzenta no cortex temporal medial

e uma regiao chamada hipocampo menor.

Todas areas ligadas ao circuito de empatia.

Isso confirma uma relacao jii sabida na pratt-

ca de terapeutas. "{Ha mais chance de eruel-

dade em] familias onde ha abusos fisicos ou

psicol6gicos, onde a crianca nao consegue

falar das suas dificuldades", diz 0psiquiatra

Leandro Thadeu Reveles, da clinica Medicina

do Comportamento, em Sao Paulo.

,

I T I I 1 I D I O rMas se sao falhas do cerebro que permitem

que a maldade apareca, da para encontra-las

antes que alguern faca uma besteira? Em-

bora nao sejam 100% precisos, os testes de

Simon Baron-Cohen ja identificam pesso-

as com empatia abaixo do normal. Usa-los

no estilo do filme Minority Report, em que

os futuros criminosos eram identificados epresos antes de cometerem crimes, ou em

entrevistas de ernprego, porern, esbarra em

quest6es eticas. A maior e que empatia baixa

nao significa necessariamente que alguem

va cometer uma crueldade. "Mas deve ser

desejavel que enfermeiras e babas possuam

alto nivel de empatia. Po de se tornar parte

de urn processo de recrutamento."

Outra opcao que se abre, nao menos pole-

mica, e "consertar" os circuitos cerebrais que

nao funcionam. Estudos mostram que in alar

urn horrnonio chamado oxitocina pode fazercom que as pessoas aumentem 0nivel de em-

patia por algumas horas, agindo de forma

mais altruista. "Acho que no futuro iremos

alem, Mudaremos a pessoa, sua motivacao,

sua capacidade de responder de modo moral,

aumentando a empatia e diminuindo a agres-

sao", preve 0medico Guy Kahane, especialis-

ta do centro de Neuroetica da Universidade

de Oxford. Kahane, no entanto, faz questao

de ressaltar que as chances de melhorias, por

enquanto, sao pequenas.

oantidepressivo Citalopram e outra drogaque tern ganhado notoriedade por aumen-

tar a empatia. A substancia faz com que as

pessoas fiquem mais reticentes em agredir e

ajam de forma mais altruista. "Tenho visto

rna is drogas [com resultados ainda nao pu-

IlUSTRA~i\O: Mana cOl

blicados] capazes de mudar 0 modo como

as pessoas se comportam com outras, mas

seria err ado dizer que est amos perto de curar

o mal", diz Kahane. Se chegarmos la, usar

o rernedio pode ser uma decisao dificil. 0

medico e fil6sofo Tom Douglas, co-autor de

Enhandng Human Capacities (Aumentando

as Capacidades Humanas, sem edicao emportugues), lembra que nosso terrivel hist6ri-

co de lobotomias e implantes cerebrais contra

gays nos obriga a pensar bern antes de forcar

presos a tomar drogas, "Ha tambem 0 risco

de substancias serem usadas na contra-mao,

para que as pessoas ajam de forma amoral.

Urn ernpresario com excesso de escrupulos

poderia tomar uma droga que suprimisse

sua consciencia", diz Douglas, que estuda

etica medica em Oxford. Kahane sublinha a

questao polemic a de se mudar a personali-

dade de alguern, mas preve formas aceitaveisde usa das drogas. "Se alterarmos 0 cerebro

de alguern contra sua vontade, muitos pen-

sam que mudariamos a personalidade. Mas

os prisioneiros poderiam reduzir sentencaspor concordarem com 0 tratamento", diz. A

esperanca mais forte, por enquanto, e usar

as drogas junto com terapias, abreviando 0

tempo total de tratamento. })

CURA: 3

DA PRISAO AO HOSPITALA in ic ia tiv a D S P D ( pr og ra m a p ar a p e ss oa s c om s e ve r os t ra ns to rn os d e p e rs on alid ad e ) d o

g o ve r na b r it an ic o t ra ta p r e sk fl ar io s q u e t e n h am p s ic o pa ti a e o u tr as d is tu rb io s r ne n ta is .

O s c rim in os os fic a m em c e nt re s p sic u ia tr ic os d e s eg ur an c a m a x im a o n d e r ec e b em c a rg a

in te n siv a d e p sic ot er ap ia e d ro ga s. p ar a a pr e nd e r a c on tr ola r im p uls es v io le n to s. D e p ois d a

a lt a, s ao a co m pa nh a do s p or m e d ic os q ue a va lia m r e gu la rm e n te s e u e s ta do m e n ta l. O O S P D

ta rn b e rn t ra ta p re v e nt iv am e n te c ria nc a s c om r is co d e s e t ra ns fo rm a rem em p sic op ata s.

J UL H O 2 01 1 67

Page 62: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 62/91

 

~////////////////,

T I l l L S O C I l l L

quando crlanca, fatores pelosquais ela nao pode ser respon-

sabilizada. Empatia baixa pode

ser dita uma deficiencia. Quan-

do nos deparamos com indivi-duos que tenham deficiencla,

nossa reac;ao nao deveria serpunt-los, mas aluda-los,

A abordagem farrnacologica e bastante con-

test ada por outro grupo de especialistas que

estuda a questao, os psicologos sociais. Paraeles, 0mais importante nao esta dentro do

organismo, "Asituacao e que exerce a maiorinfluencia nos casos de crueldade", diz Phi-lip Zimbardo, Ph.D. em psicologia e profes-

sor emerito da Universidade de Stanford.

o ex-presidente da Associacao Americana

de Psicologia desenvolveu essa tese a partir

de urn dos experimentos mais polemicos da

area. Em 1971,ele simulou as condicoes de

um presidio num porao da Universidade de

Stanford e pegou 24 estudantes voluntaries(sem nenhum indicativo de empatia baixa)dividindo-os aleatoriamente entre guardas

e presos. Aos carcereiros, nao foi dada ne-nhuma instrucao. Eles estavam !ivres parafazer 0 que fosse necessario-para manter a

ordem. 0 estudo, programado para durar 2

semanas, terminou depois de 6 dias, comprisioneiros com depressao e descontrole

emocional apos serem vitimas do sadismo

dos guardas. Os presos foram obrigados a

ficar nus, eram acordados com apitos nomeioda madrugada, tiveram camas destruidas e

foram privados de banheiro, fazendo as ne-

cessidades em baldes.

Zimbardo mostrou com isso como cadaum de nos (e nao apenas os que tern pro-

blema de empatia baixa) pode ser levado a

cometer atrocidades. Outro experimentoclassico da area foi conduzido pelo falecido

psicologo Stanley Milgram em 1963.0 pes-

quisador pediu a voluntaries que bancassem

o professor e ensinassem a outro estudante(na verdade urn ator disfarcado) as respostas

certas das quest6es por meio de pequenoschoques, que deveriam aumentar a cada er-

rooEssa simples sugestao bastou para que65% das pessoas chegassem a aplicar 0 ni-

vel maximo de eletricidade, mesmo venda 0

ator estrebuchar ate parecer estar, no fim,

desacordado. "0 experimento mostra como

o ambiente pode levar as pessoas a serem

cruets. Nao e uma questao de ser born oumau, e a situacao", diz 0 psicologo InglesJerry Burger, que replicou 0estudo, obtendo

os mesmos resultados, em 2008.

Simon Baron-Cohen

" l 1 1 1 L D l l D E F O D E S E n U l 1 1 1D E r I C I E n C I I l C E I T r D I T l l L "

o judeu Simon Baron-Cohen. Ph.D. em psicologia por Cambridge.

cresceu querendo entender 0 que fez com que cidadaos alernaes

comuns se transformassem em torturadores sangulnarios durante

o Holocausto. Agora. ele acredita ter encontrado uma resposta.

o que ha por tras damaldade?

Atos de crueldade sao muitocomplexos, Ha fatores biol6-

gicos, ambientais, geneticos,sociais e politicos. A nova te-

oria em meu livro sugere que

urn mau funcionamento das

partes do cerebro ligadas a em-patia, por razoes biol6gicas ou

sociais, eo que esta por tras de

urn ato de cmeldade.

Pessoas com pouca

empatia sao crueis?

Nao necessariamente. Algu-

mas pessoas nessa condlcdo

simplesmente evitam0contatocom outras pessoas. 1 1 : 0 caso,

por exemplo, de autistas, que

nao cometem cmeldades.

Quanto da falta de

empatia e genetico?

1 1 : dificil separar, mas e umafrac;ao pequena. Estudos comgemeos identlcos, por exemplo,

sugerem que fatores geneticos

s6 contribuem em 300/0 paradeterminar 0 comportamento

de uma pessoa.

Se tudo e biologia e fator

social. os criminosos nao

sao responsavels pelos

seus atos?

oque sugiro

eque algumas pes-

soas fizeram coisas mins naoporque escolheram, mas porquetern empatia baixa, que pode ser

resultado da biologia da pessoa

ou da experiencia de vida dela

Mas seu livro diz que

nao sao apenas alguns

maldosos que nao tiveram

escolha. Seriam todos ...1 1 : verdade. 0 conceito de livre-

arbitrio, embora seja convenien-te para a sociedade, e filosofica-mente e cientificamente mnito

dificil de defender. Em termos

do que realmente aconteceu no

cerebro da pessoa no momentada cmeldade, e dificil dizer queela teve uma escolha.

E as prisoes?

A sociedade precisa de urn me-canismo para mostrar que desa-

prova certos comportamentos.

Olhar para 0problema sob aperspectiva da baixa empatia

nao implica necessariamente

soltar todos os presos, mas tal-vezpensar emmaneiras diferen-tes de lidar com eles, trata-los.

Maneiras mais cientificas?

Sim, mas tambem mais huma-

nas. Para que nao tenhamos

simplesmente que tranca-los

ou humllha-los. Para que ten-temos entender as pessoas e0

que de fato esta por tras de elas

cometerem crueldade.

D E S U T I l l I T O SAssim como a Ingles, dezenas de outroscientistas revelaram, com experiencias do

tipo, fatores que tendem a produzir 0 desli-

Page 63: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 63/91

 

garnento da empatia. "Estar em urna situa-

<;aonova sem saber como agir: a crueldade

parecer apenas urn pouquinho mais do que

o que e praticado em volta; a responsabili-

dade nunca parecer inteiramente sua; pouco

tempo para pensar [nas consequencias]",

lista Burger. Outras circunstancias comosentimento de pertencer a urn grupo, ordens

pouco especificas e estresse tambern colabo-

ram para 0 aparecimento de maldade. Todos

esses fatores e outros estavam presentes,

por exemplo, durante a tortura cometida

por sold ados americanos contra iraquianos

na prisao de Abu Ghraib em 2004, sugere

a pesquisadora americana Susan Fiske em

artigo na revista Science . Para ela, nao ape-

nas os torturadores, mas os comandantes

que permitiram que a situacao propicia para

a maldade fosse criada, deveriam ser res-

ponsabillzados. 0 problema em Abu Ghraib,

diz, nao era deficit de ernpatia: a maioria

das pessoas poderia ser levada a cometer

as mesmas crueldades.

Fiske, Ph.D. em psicologia pela Universi-

dade de Princeton, e uma das primeiras a

ver em scanners cerebrais marcas das influ-

encias situacionais. Desde 0fim da Segunda

Guerra, fi16sofos e sociologos afirmam que

os absurdos praticados durante 0Holocaus-

to s6 foram possiveis porque os agressores

viam nas suas viti mas apenas animais re-

pugnantes ou objetos. "As pessoas natural-

mente :i.nibem a violencia contra outros que

categorizam como seres humanos. Entao, epreciso que a outra pessoa seja 'desumaniza-

da' dentro da cabeca para que isso ocorra",

explica Fiske. Seus estudos, desde 2006,

tracam 0caminho disso no cerebro. Num

dos mais impressionantes, fotografias de

pessoas foram mostradas a voluntaries, en-

quanta os cerebros dos observadores eram

analisados com scanners. Quando os volun-

tarios viram individuos de baixo status so-

cial, como mendigos, viciados em drogas ouate imigrantes, ativaram padroes cerebrais

relacionados a visao de objetos e nao aqueles

ativados ao vermos seres humanos. Ou seja,

nesse caso, a empatia nso funcionaria para

prevenir uma agressao.

Para a psicologa, is so explica 0que aeon-

tece dentro da cabeca de pessoas que agri-

dem mendigos ou que se deixam levar por

urn preconceito estimulado pelo Estado para

praticar torturas e genocidios, Os discursos

e a opiniao do grupo dominante podem ser

influencias import antes nesse caso. "Nin-guern esta retirando a culpa dos praticantes

de atrocidades. Estamos mostrando que nao

e uma simples questao de ser mau. 0 am-

biente modifica a forma como as pessoas

percebem as outras", diz Fiske.

ll.tJ5TRA~AO: Mana Eol

I f i l l I f l I 1 E I 1 I ODo ponto de vista da psicologia social, por-

tanto, 0 importante e tratar a sociedade.

"Quando voce cresce no meio da pobreza,

nao adianta dar uma pilula contra maldade.

Tudo ao redor esta forcando os jovens a fazer

coisas mas", argumenta Zimbardo. Mas 0que

fazer, entao> Alem de reduzir a desigualdade,

ha outros meios de agir. Fiske, por exemplo,

conta com uma equipe de especialistas que

monitora grupos percebidos como "desu-

manizados" (e que, portanto, podem sofrer

crueldades) por cidadaos em 20 paises - 0

Brasil nao participa da pesquisa. Por meio de

avaliacoes, ela identifica estratos sociais que

estao se tornando vitimas de preconceito, 0

que pode ser util em acoes de prevencao. Ja

Zimbardo acha que 0 caminho e ensinar as

pessoas com empatia alta a se transformarem

em lideres para influenciar a situacao fazendo

outros se voltarem contra a crueldade. Ele esta

criando uma rede educacional com esse obje-

tivo, chamada Heroic Imagination Project.

Novas tecnicas de terapia tambem ten-

tam atacar 0 problema. Resultados posi-

tivos de diminuicao de agressividade e»

CURA: 4

U51NA DE HEROISA organizacao H e ro ic Im a g in at io n P ro je c t f oi f un da da p e lo p slc olo go P h ilip Z im b a rd o p ar ac ria r s itu ac oe s p ro pic ia s a o s urg im e nto d e h e r6 is . 0 p ro gra m a tre in a e stu da nte s p ar a ta m ar

a c; oe s h e r oic a s em mom e nt os c ru c ia is d e s ua s v id as . 0 r ne to do : u sa v id e os e e x e rc ic io s p ar a

e nsin ar c om o a p re ss ao s oc ia l p ad e a fe ta r a s eu c om p or ta m en to . e . a p art ir d is so , c o m o

resist ir a p re s sa o p ar a c om e te r r na ld ad e s, A in flu e nc ia d e ss e s a to re s n a s oc ie d ad e . a c re d it a

Z im b ar do . p od e m u da r c on ng ura co es d e u m m e io a rn bie nte q ue in ce nt iv e a v io h? nc ia .

JULHO_2011_69

Page 64: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 64/91

 

CURA:5

LEITURA FAC IAL D INAM ICADe s e nv olv id o c om 0 a ux flio d e S im o n B ar on -C oh e n . a tr ata m e nt o M in d R e ad in g f oi c ria do

p ar a c uid ar d e a utis ta s. m a s p od e s e r u sa do p or q ua Jq ue r p e ss oa c om d ific uld ad e em

re c on h ec er e e nte nd er a s e rn oc oe s a lh e ia s. c as o d e p ac ie nte s c om b aix a e m pa tia q ue

a ca ba m c om e te nd o c ru eld ad es . 0 m e tod a p re te nd e e nsin ar a re c on h ec er 05 sen t imen tos

d em on str ad os n as e x pr es so e s fa c ia ls , p or m e io d e lo go s e e x er cic io s. D is tr ib u id o n a

fo rm a d e u rn D V D . e le tr az 4 12 em o co es . c a d a u rn a in te rp re ta da p or 6 a to re s d ife re n te s .

»melhoria de empatia foram conseguidos

pelo psicanalista hungaro Peter Fonagy,

Ph.D. pelo University College de Londres.

"Parece haver urn mecanisme que desliga a

vontade de ser violento quando percebemos

a mente de outra pessoa. E mais facil matarcom uma arma a distancia do que com uma

faca", pondera 0 criador do Mentalization,

psicoterapia que envolve exercicios de irna-

ginacao, ~'Ajudamos 0 individuo a pensarem estados mentais dos outros mesmo

quando esta extremamente nervoso."

Caminho semelhante e trag ado pelo Pro-

grama para Pessoas com Severos Transtor-

nos de Personalidade (DSPD, na sigla em

Ingles) do governo britanico. Nurn projeto

piloto, 12 unidades comecaram a tratar e

vigiar criancas com graves disturbios de

conduta. A intencao e prevenir 0surgimento

de psicopatas, 0 que e bastante contestado

entre especialistas. "Sao pesquisados tam-

bern marcadores [genes ou substanciasl que

indicam predisposicao para a maldade. Mas

seria etico abordar a pessoa antes de se tor-

nar criminoso?", pergunta Guy Kahane.

o principal brace do programa DSPD ten-

ta provar que alterar a baixa empatia em

IlUSTRA(:AO: Mana EDI

70_JULHO_2011

criminosos e factivel. Presos com psicopatia

ou transtorno borderline sao separados e

tratados em 4 centros psiquiatricos de se-

guranca maxima com drogas e psicoterapia

intensiva. Apes serem soltos, medicos ava-

liam seu estado mental e seu perigo para a

sociedade periodicamente. De acordo com

Hilda Morana, essa separacao e positiva.

"Em qualquer lugar, 200/0 dos presos sao

psicopatas e 0 restante e bandido comum.

Se os dois estiverem juntos, e mais dificil de

o bandido comum ser recuperado."

o DSPD, no entanto, e questionado por

ser extremamente caro. Relatorios mostram

que 0 programa consumiu 0 equivalente a

quase meio bilhao de reais em 10 anos para

apenas 240 sociopatas em tratamento. E is-

so sem cornprovacao de eficacia, "Pesquisas

foram feitas, mas nao ha evidencias fortes

da efetividade. Seria preciso deixar metadesem tratamento ever quem comete mais cri-

mes apes ser solto, 0 que traz urn problema

etico", diz Roger Bowles, consultor ligado

ao Mtnisterio da Iustica britanico,

Mesmo com todas as criticas, especialis-

tas da area apontam a ideia do sistema como

urn exemplo do que deve ser buscado na luta

contra a crueldade: tratar em vez de apenas

punir. As novas pesquisas ja comecam a ser

usadas para questionar decis6es judicia is.

Zimbardo, por exemplo, testemunhou a favor

dos torturadores de Abu Ghraib, ernbasan-do 0 argumento pela reducao de pena, ja

que 0 ambiente ao qual os soldados foram

submetidos teve influencia decisiva para as

atrocidades. Mas a ideia de que nao se deve

responsabilizar uma pessoa pelas suas acoes

mas apenas comeca a ser discutida. Polemi-

cas como "devemos intervir em pessoas pre-

dispostas a crueldade?" ou "e etico obrigar

prisioneiros a tomar remedies que possam

mudar a personalldade?" estao no inicio.

Por enquanto, nenhuma das terapias sur-

gidas da compreensao dos mecanismos damaldade chega a ser uma resposta definitiva.

No entanto, de acordo com Baron-Cohen, e

preciso uma mudanca de mentalidade para

que formas mais eficazes sejam descobertas.

"Nos podemos nos fiar a antiga ideia de que

os criminosos precisam simplesmente ser

punidos, ou tentar entender como isso aeon-

teceu e tratar essas deficiencias com urn

approach mais cientifico", afirma 0cientista,

que teria motivos para preferir a primeira

opcao. [udeu, Baron-Cohen cresceu ouvin-

do historlas sobre as atrocidades que seus

parentes e os amigos de seus pais sofreram,

mas nao se refere a nazistas como sadicos

que optaram pela crueldade. Ele as consi-

dera doentes. "E hora de encarar a questao

de uma forma rna is IUcida."~

Page 65: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 65/91

." 

Q U l \ L 0 S E U Q U O C I E T I T E D E E n r l \ T I l \ ?LE lA AS F RASES ABA IXO E ASS IN ALE 0 Q UAN TO VO CE CO NC OR DA O U D ISCO RD A D E CADA UM A*

A) CON CORDO BASTAN TE B) CON CORDO UM POU CO C) DISCORDO U M POU CO D) DISCORDO BASTAN TE

e 1 . E u c on sig o p erc eb er fa cilm en te se m ais e 14) E u sou bom em p re ve r com o a lgue rn va i e 27) E u f ic o c ha te ado se ve jo p essoa s

a lgue rn dese ja en tra r num a c onve rsa . se se n t ir . sofre ndo em p rogram as de no tic ias.

e 2 . A ch o d if ic il e xp lic ar a ou tra s p essoa s e 15) E u sou rap id o pa ra p erc eb er qu an do e 28 ) M eu s a mig os n orm alm en te c on ve rsam

co isas que e u en te ndo fa c ilm e n te , m as e las a lgue rn em um g rupo e sta se se n tindo com igo sob re se us p rob lem as, po rque d iz em

nao e n te nde ram da p r im e ira ve z . de scon fo rtave l ou e stranh o. q ue so u m u ito c om p re e ns iv o.

e 3 . E u re al m e nte gosto de cu i d ar das ou tras e 16 ) S e e u d isse r a lgo que o f e nd a a ou tra e 29 ) E u consigo pe rc e b er quando estou m e

pessoas . pe ssoa . e u pen so que e prob lem a de le s, e in trom ete ndo, m esm o que a outra pe ssoa

nao rneu. na o m e c on te .

e4. E u a ch o d ific il sa be r 0que faze r em uma

s it ua c ao s oc ia l.

e17) S e a lgue rn m e pe rgun ta r se goste i d e seu

e3 0 ) A s ve ze s, as pe ssoas m e d izem que fu i

e 5. A s pessoas v ivem m e d izendo que e u fu ic or te d e c ab elo, e u d ire i a ve rd ad e, m esm o lo ng e d em ais c om a s p ro voc ac oe s.

longe dema is ao de fe nde r m eu pon to deq ue n ao te nh a g osta do .

e 3 1 ) M uita s ve ze s, as pessoas m e d izem que

v is ta e m u ma d isc ussa o. e 18 ) N em sem pre e u consigo ve r po r sou in se nsive l. m esm o que as ve ze s e u nao

e 6 . E u nao m e pre ocupo m uito se e stouque a lgue rn se se n tiu o f e n d ido por um ve ja 0porque .

co rnen ta r i o .a trasado pa ra um encon tro com um am igo. e 3 2 ) S e eu v ir um e stranh o em um g rupo, e u

e 7. A miz ad es e re la cion am entos sa o m uito e 19 ) Ve r a lgue rn ch ora r nao m e in com oda de pe nse qu e e d eve r d ele faz er um e sforc o

com plic ados. e ntao e u te ndo a nao m eve rdade . p ar a s e in te gr ar.

p re oc up ar m uito c om isso . e 2 0) E u sou m uito b ru sc o, 0 q u e m u it as e 3 3 ) E u c os tu m o fic ar e m oc io na lm e nte

pessoas con fundem com rude za , m esm o dis tan te qu an do ve jo u m film e.

e8 . M uita s v ez es, a ch o d ific il ju lg ar se a lg ue rn

qu and o n ao e intencional .a sta se ndo rud e ou e duc ado .

e3 4) E u consigo e nte nde r c om o a lgue rn se

e 9 . N um a conve rsa eu te ndo a me foca r em e 21 ) E u na o te ndo a ac har a s situa coe s s en te r ap id am e nt e e in tu it iv am e nt e.

m eus propr ios pe nsam entos, ao in ve s des oc ia is c o nf u sa s .

e 3 5) E u c on sig o fa cilm en te d esc ob rir 0

m e foca r no que m eu ouv in te pode e sta r e 22 ) O u tras pe ssoas m e d izem que sou bom a ss un to s ob re 0qu al ou tra p essoa p od e

pensando . em e nte nde r c om o e le s e stao se se n t in do e esta r que re ndo conve rsar .

e 10. Q uando eu e ra c r ia nc a . e u gosta va deo q ue e sta o p en sa nd o.

e 3 6) E u posse d ize r se a lg ue rn e sta

co rta r m inh ocas para ve r 0q u e a c on te c ia . e 23 ) Q uando fa lo com as pe ssoas. te ndo a esconde ndo suas ve rdade iras e rnocoe s.

fa la r rn ais sob re sua s e xpe rie nc ias d o q ue e1 1. C on sig o p erc eb er ra pid am en te se .sob re a s m in ha s p r6 pria s.

3 7) E u nao pe rc e bo consc ie ntem en te as

quando a lgue rn d iz a lgo . que r diz e r ou tra re g ras de ce r ta s s itua coes soc ia is.

coisa.

e2 4) In com od a-m e v er u m a nim al softe nd o.

e3 8 ) Sou b om em pre ve r 0q ue a lg ue rn ta ra .

e1 2. P ar a r nir n, e d ifk il e nte nd er po r q ue

e25) E u sou capaz de tom ar um a de c isao

e3 9) C ostu mo m e e nv olv er e mo cio na lm en te

a lgum as co isas in com odam tan to as se m se r in f lu en cia do pe los se ntim en tos da scom os p rob le mas de m eus am igos.

pe ssoas. pe ssoas.

e u.Eu ac h o fac il m e coloca r no lugar de e 26 ) E u posse d iz er fac ilm en te se a lg ue rn e 40 ) E u costum o le var em con ta 0pon to de

vis ta de ou tra s pe ssoas, m esm o que e u naooutra s pe ssoas. e sta in te re ssado ou en te d iado com a lgo q ue

conc orde c om e le s.e st ou d iz e nd o.

COMO CALCU LAR S EU Q UOCIEN TE SOM E OS PON TOS

M arque do is pon tos para cada um dos se gu in te s ite ns em que re spondeu

"C onco rdo b astan te ", ou um 56 ponto se re spondeu "Concordo um pouco":

1 .3 , 11 .1 3 .14 , 15 . 21 , 22 , 24. 2 6 , 27, 2 8 . 2 9 , 3 4 , 3 5 , 3 6 , 3 7, 3 8 , 3 9 e 40.

- 0 a 3 2 = ba ixo (m uitas pessoas com sind rom e de

A spe rge r ou au tism o ma rc am pe rto de 20 )

- 3 3 -52 = norm a l (a m a io r ia das mu lh e re s ma rc a 47 e a

m aior ia dos h om ens. 42 )

- 52 -6 3 = ac im a da m ed ia

- 64-80 = m uito a lto

-80=max imo

M arque do is pon tos pa ra os se gu in te s ite ns se re spondeu "D isco rdo

b astan te ", e um un ico pon to se re sponde u "D iscordo um pouco":

2 .4.5, 6 . 7 ,8 ,9 ,10 ,12 , 16 .17 .18 ,19 .2 0 , 23 , 25 , 3 0 , 3 1 , 3 2 e 3 3.

,.,Reproducac de teste etabcradc pelo prctesscr Simon Baron-Cohen. presente no livro Science of Evi l. Tradu~o livre, nao tern valor cienti fico

Page 66: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 66/91

 

~r--------------------------------,

7 2_ JU LH O _ 20 11

UM SOF TW AR E P AR A E NC ON TR AR P ETR OLE O EM A LT O-M AR .

D INHEIRO VIRTUAL E UM A SALA DE REUN IAO O NLINE CO M TUDO 0

QU E VOC E PRECIS A. E SP EC IA LIS TA S EM NOV AS EMPRE SA S A PONT AM

A S S TAR T-U PS BR ASILE IR AS M AIS P ROM ISS OR AS D O MOME NTO

r l i I GABR IEL PENNA

START-UPS sao pequenas empresas, espe-

cialmente na area de ciencia e tecnologia, que

nascem de urn projeto inovador. Em geral, a

hist6ria e assim: uma pessoa ou urn grupo

tern uma ideia genial que dificilmente encon-

traria espaco nas instituicoes tradicionais.

Algum investidor de capital de risco (que

sabe que pode ganhar muito ou perder tude)

ou mesmo urn fundo governamental aposta

na ideia e ai corneca a empresa. Esse tipo de

trajetoria, que se popularizou ha uma dec ada

no Vale do Silicio, nos Estados Unidos, com

as companhias de internet, vern se tornando

mais comum no Brasil. Ano passado, a Fi-

~ V IC TO R AF FAR O E STEF AN O M ARTIN I

nep, financiadora ligada ao Ministerio da Ci-

encia e Tecnologia, destinou cerca de R$ 120

milh6es a jovens empresas com esse perfil. 0

site de compras coletivas Peixe Urbano, por

exemplo, fechou urn acordo recente com dois

fundos americanos que tern participacoes no

Facebook e no Linkedin. "Existem oportu-

nidades fantasticas no Brasil", diz 0 inves-

tidor americana David McClure, que visitou

o pais em maio. Alern dele, ouvimos outros

12 profissionais cujo trabalho e identificar

projetos inovadores e ajudar a financia-los,

o resultado e uma selecao de empresas que

prometem despontar logo mais.

Page 67: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 67/91

 

MUNDO cuczva, 0

c ie ntista d a cornputacfio

Augusto C am argo e sua

aaTag. Bastara ancosta-la

e m u m se nsor para ass inar

um in form ativo ou c he caro horario d o o nib u s

M UlTO M AIS QUE

UMA ET IQU ETA

~

A p rop osta d a a a Ta g. fu nd ad a e m 2010, e que c ad a

p e ss oa an de c om um a e tiq ue ta p e rs on aliz ad a n a c ar te ir a,

n o b a ls a o u n o c e lu la r. N e la , s er ao a rm a ze n ad os d ad os

p es so ais c om o e -m a il. n ur ne ro d o c e lu la r e p e rfil n o F ac e bo ok

Q ue p o d em te r v ar la s fin alid ad e s. N o s up e rm e rc ad o, p or e x em p lo ,

a o a pr ox im a r s ua e tiq ue ta d e u m le ito r, 0d on o p as sa a re ce be r

um S MS c om 0b ole tim d e ofe rta s se m an ais. N a sa ld a, u sa a

m esm a ta g pa ra c om pra r um c afe na rnaou ina - c om c rad itos e md in h eir o q ue p od e in se rir n a e tiq ue ta . 0 u su ar io a in da p od e a de rir

a s erv ic es c om o p re visa o d o t em po o u h ora rios d e p as sa ge m

d os on ib us a o a p ro xim aro c elu la r d e u m le ito r in sta la do n o

p on to d o c ole tiv o. " A t ag to rn a 0mun do d ic a ve l" , d iz 0cient ista

d a c or np uta ca o e em pr ee n de d or p au lis ta A ug us to C am a rg o, 3 9

a no s. 0 p ro je to s e b as eia n a te c no lo gia R F ID (R a dio -F re qu e nc y

I de n tif ic a tio n) , q u e id e nt if ic a a ut oma tic ame nt e o s d a do s

a rm az en ad os e m ta gs p or m e io d e s in ais d e r ad io , a m e sm a

u sa da e m s erv ic es d e p ed ag io e c ar tiie s d e iln ib us. A o v en ee r

u m c on cu rso d e sta rt-u ps, A ug usto g an ho u u ma b ols a d e U S$

30 m il p ar a u rn c ur so d e tr es m e se s n a S in gu la rity U niv er sity ,

lnstitukao d e e n sin o d e t ec n olo gia s in ov ad or as f un d ad a hit doisa no s d en tr o d o c am p us d a N as a, n o V ale d o S ilic io , E U A. E n qu an to

a v ia gem n ao c h e ga , A ug us to te n ta c on ve n ce r tr es in ve stid or es

a d es embo ls a r 0 US $l.5 m ilh a o n ec e ss ar lo p ar a ir np la nt ar s eu

p roje to - 0q u e in c lu i p ar c er ia s c om e s ta b e le c im e n to s c ome r c ia is

e p ub lic os , o nd e d e vem s er in sta l a d os o s le ito re s d a e tiq ue ta .

ata ~

Page 68: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 68/91

 

74_JULHO_2011

PATRIMONIO

VIRTUALN ad a m e no s q ue 3 4 m ilh O es

d e b r as iie ir os p a rt ic ip am d e

r e de s s oc ia is c omo F a c e bo ok .

O rku t e T witte r. S e v oc e e u m

d ele s. ja d ev e te r jo ga do ou a o

m e n o s o uv id o f ala r d e g am e s

s oc ia is c om o F a rmV ille . em q u e

o in te rn au ta a dm in is tr a um a

f az e nd a. c uid a d e a nim a is e

p la nt ac oe s e p od e c om p ra r it en s

p a ra s ua p ro p rie d a de v ir tu a l. E s se s

jo gu in ho s se to rn ara m fe bre n a

re de e ja m ov im e nta m c erc a d e

R $ 2 00 m ilh iie s n o p ais . D e o lh o

n essa tu rm a q ue g asta p eq ue na sq u an tia s p a ra a d qu ir ir um t ra to r

n ov o o u um a a rm a m a is p od e ro sa .

e m m aio fo i la nc ad a a T utu do. A

e m pre sa o fe re ce u ma e sp ec ie d e

c a rt e ir a v ir tu a l q u e d is pe n sa 0 uso

d e c ar ta o d e c re d it o, E s imples : 0

u su ar lo v ai a te u m p on to d e v en da

( sa o 2 7 m il n o p a is . e n tr e f ar rn a cia s,

p ad ar ia s e b a n c as d e jo rn all. p ag a

a p artir d e R $ 5 e m d in he iro p or u m

c ar ta o. in se re um c 6d ig o n o s it e

e c arre ga su a c on ta . A i p o de u sa r

o s c re d it os p ar a a dq uir ir t od o t ip o

d e b e ns v ir tu ais . d es de o s e xt ra s

d o s jo gu in h o s a te r nu sic a s, v id e os

e a ss in at ur as d e c on te u do d ig it al.

'T ud o q ue n ao fo r p ro du to f isico.

q ue n ao te nh a q ue se r e ntre gu e.

p od era se r c om pra do c om o s

t u tu s ". d iz 0e m pr ee n de d or e m

s e rie P ie r re S c h u rm a n n ( da f am ilia

d e n a ve g a do re s e v e le ja d or e s

b r a si la ir os ), 4 3 anos . que i de a li zo u

o n eg 6c io a o la de d e M a ya ra

C am pos . e x -e x ec u tiv a d a V o st u,

d e se n vo lv e do ra d e jo g os s oc ia is

q ue h o je e p arc e ir a d a e m pr es a.

A T ut ud o s ur giu e m g ra nd e e st ilo ,

c om in ve stim en to d e u m fu nd a

am er ic an a (n aa d iv ulg ad o) e s ed e

n o e p ic e nt ro m u nd ia l d as s ta rt -

ups : 0Va le do S i li cio . n a Ca li f6 r n ia .

A em p re s a t ar nb e rn t em e s cr it 6r ia s

e m S ao P au lo e B elo H oriz on te . e

p re te n de a b rir f ilia is n o M e xic o e

C olo m bia a in da e st e a no .

Diagnostlco em esca laP ela p rim e ira v ez . um kitib a se d e a n ti co rp o s s in te ti co s p a ra d la g n 6s tic o se tra ta m en to s d e doen~s s eri fa b ric ad o em e sc ala in du stria l n o B ra sil. A

B io ap tu s. f un da da e ll 2 00 9 n a Un iv er sld ad e F e de ra l d e M in as G e ra is ( UFMG ).

d es en vo lv e. em p ar ce ria c om a Furdacao Oswa ldo C r uz . n o R io d e J ane ir o. k it

c ap az d e id en tific ar o s d ife re nte s tip os d e m e nin gite - c au sa da p or b ac te ria s

(malig n a) a u v ir us e sub s ta n cia s curnicas (b enign al - e a um en ta r a e fic ada

n o tratam en to d a d oe nc a, qu e m ata c erc a d e 6 00 p essoa s por a na n o p ais. 05

a ntic or po s s in te tic os s ao p ro du zid os c or n r no le c ula s d e DNA e RNA c o n str uid as

em la b or ato rio a p ar tir d e c ompon en te s d e p la nta s. A te c no lo gia q ue s ub st itu i

os a ntic orp as p rod uz id os c om a nim ais o u c elu la s h um an as fo i rr ia da e m 1 99 0

n os E UA e a pr im ora da n o B ra sil p elo b io qu rn c o L uiz A ug us to P in to. 3 7 a nos .

p es qu is ad or d a UFMG ."E ra m u it o a ca de rr ic o. r es oiv i t ra ns fo rm a r em p ro du to d e

m erc ad o" C erc a d e 9 9% dos artkorpos usados '10 B ra si l h o je s ao impor ta dose mu ito s c h eg am ja d eg ra da do s. A v er sa o s in te tic a ta m b er n p od e s er u sa da e m

d ia gn 6s tic o e tr ata ne nto d e d oe nc as c on e c an ce r. A id s e d ia be te s. A e m pr es a

fe ch ou p ar ce ria c om uma c om pa nh ia ame ric a a Em a go sto , v ai in au gu ra r u ma

fa br ic a p ar a amp iia r e m d ez ve ze s a p rod ec ao € arendertodo 0 me rcado na ti ona l.

Page 69: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 69/91

 

ATRAs DA MAR!::

o geologo Carlos

Beisl (a esquerda) e

o oceanologo Manlio

Mano (a dire ita)

monitoram correntes

maritimas para saber

onde hii petroleo

CA~ADORES DEOURONEGRO

~

Para encontrar petroleo no fundo do mar. as

empresas costumam se valer das pistas que a

natureza oferece. Por exemplo. pequenas manchas

de 61eo na superflcie da agua que escapam espontaneamente

apos leves abalos sismicos. Elas costumam aparecer em

imagens de satelite e ajudam as companhias a identificar

possiveis areas de reservator ios. No entanto. as correntes

maritimas podem levar as manchas para bem longe do

local de or igem do vazamento. Pensando nlsso, dois

pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ) desenvolveram uma tecnica que permite simular 0

trajeto inverso do oleo. desde a superficie ate 0ponto de

vazamento no fundo do mar. e diminui em ate 75 vezes a area

a ser investigada. Para lsso, cruzam as informa!;oes de locale data de uma mancha (identificada por satelite) com uma

base de dados que registra a movimenta!;lio das correntes e

mares nas ultimas duas decadas, e processam tudo lsso em

um computador de alto desempenho. 0 ocean61ogo Manlio

Mano, 36 anos, e 0geologo Carlos eeisl. 41 anos.levaram

trl!s anos testando a metodologia depois de etabora- la no

doutorado. No ano passado. aceitaram 0desafio de validar a

tecnica em uma area jii explorada pela Petrobras. Com 80% de

acerto. conquistaram seu primeiro cliente e decidiram fundar

a Oilfinder. "Somos a unica empresa no mundo que fornece

esse servic;o", diz Manl io. Desde outubro passado. a Oil finder

recebe apoio de uma incubadora da U F R J para transfonmar ainova!; lio em neg6cio rentavel.

1om po ne nte s org an ic os sa oe xtra id os d e p la nta s e c oloc ad os

e m um re atorqu im ic o p ara form arrno le cu la s de D NA e R NA . 0 p roc essoe re pe tid o d ez en as d e v ez es

2 A s rnole cu las sao m istu rad as auma p r ot e in a per e xe mp lo . d e

u rn v ir us (c om o 0d a m en ing ite l oude c anc er , d e ac ordo c om 0t ipo dee xa me q ue se d ese ja p rod uz ir

~.3A m i st u ra e sub me tida a um

c am po e le tr ico de 20 mi l vo lt s ,Assim e p os siv el s ele cio na r a pe na sos an tic orp os qu e se l ig aram n ap ro te in a e e lim in ar 0 res tante

4 0 m a te ria l e co l ocadoJ un to c om u ma e nz im a

q ue p ro du z b ilh 5e s d e c ap ia sid en tic as - e sc ala in du stria l- d os a ntic orp os sln te tic os

JULHO_2011_7S

Page 70: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 70/91

 

OSKYPE

QUE SE C UID E

~

Pega r u rn a v ia o ou e n fr en ta r 0t ra ns it e d a

ddade para ir a um a reuniao de t raba lho

M O e d as ta re fa s m ais ag radave i s , 0

P lig us . e s pe cie d e s ala d e r eu ni oe s v ir tu al. o fe re ce a

c ha nc e d e a ca ba r c om e ss e d es pe rd ic io d e t emp o.

e ne rg ia e d in he ir o. A ferramenta.lan~da para

t es te s em 200 9. p e rm i te r ea li za r v id e oc onf er il nc ia s

e m te mp o re al c om a te 2 0 p esso as. Q ue p od em .

a li m e smo . e dit ar f ot es . d es en ho s e ma pa s. t ro ca r

arqelvos, mo stra r su a t ela a o g ru po e e sc re ve r

te xto s e m c on ju nto . A n ov id ad e e u nir n um a m es ma

p la ta fo rm a o s r ec ur so s d e comunlcacao online. ja

disseminados por so ftwares co mo Sky pe e M SN ,

c om f erra me nta s d e tra ba lh o e colaboracao. Algo

p a re ci do c om 0G oo gle W av e.la nc ;a do e m 200 9 ea ba nd on ad o u rn a na d ep ois p or f alta d e p ub lic o.0

P lig us. p or su a v ez . te m m ais d e 6 m il usuar ies em

1 20 p ais es . f oi p rem ia do em competi~oesnadonais

d e sta rt -u ps e l ancou em f ev er eir o s ua v er sa o paga

(U S$ 19 p or m ils). E p en sa r Q ue 0e stu da nt e d e

publ ic id a de Gust avo Sc an fe rl a. 2 1 a n os . d e N i te r6 i.

ssquer s ab ia p ro gra ma r e m 2007 . Q ua nd o te ve a id eia

d e c ri ar um a f er ram en ta p ar a r eu ni r o s am ig os o nl in e.

Se m qualquer a ju d a t ec n ic a ou f in a nc ei ra . p a ss ou

meses a f re nt e d o c omp ut ad or pesqu isando em

s it es e b lo gs d e t ec no lo gia e e st ud an do li ng ua ge ns

de programacao. Par a u sa r0

P li gu s n a o e p re ci sof az er c ad ast ro n em b aix ar so ftw are s. B as ta e ntra r

n o s it e. c ria r um a s ala e e nv ia r 0 l in k pa ra conv ida r

o s c ole ga s. A lem d e a ju da r pequenas e med ia s

emp re sa s. a f er ramen t a ta rnbern p od e s er u sa da

p ara c urs os o nlin e e g ru po s d e e st ud o n a re de .

7 6_ JU LH O _ 20 11

E fe ito estu fa do be rnP ar a a p ro v ei ta r m e lh o r 0s ol c omo f on te e n er ge tlc a . u ma d up la d e f isic os d a U FR J

d es en voive u um p ain elso la r c om uma n an op elic ula q ue a bs or ve 1 20% m ais c alo r.

o p rc d oto . q ue deve c he ga r a o m erc ad o n o a na q ue ve rn e fe ito a p artir d e film es d e

a lu min io (a p la ca so la r e m si) c o be rto s p ar c am ad as a t6 mic as d e o xid es rnataicos como

z in c o, e romo e s ilic a a nt ir re fle xiv a. Q u an do a s r aio s d e 501 a tin gem a p la c a d e a lum in io .

a te nd en cia e q ue g ra nd e p ar te s e d iss ip e. N o e nta nto , a n an op elie ula fu ne io na c om o

um e sp elh o. re fle tin do e a pr is io na nd o e ss a e ne rg ia e ntre a s d ua s c am ad as. " E um a

e sp ec ie d e e fe ito e stu fa , s o q ue n um a e sc ala a to rn ica" diz 0F i si co Lu iz Ca rlo s L ima . 3 9

a nos. q ue , a o la do d a c ole ga M arta B ue no d e M ora ss. p esq uisa d esd e 2 00 4 a te cn ic a,in ed ita n o p ais. O s p ain els u sa do s h oje , F e ito s d e p la ca s d e a lu min io p in ta da s d e p re to ,

deixarn e sc ap ar a te 50% d a e ne rg ia q ue re ce be m . Em 2 00 9, a d up la d e p esq uis ad ore s

F un dou a e mp re sa N an o S ele ct. q ue va i re ce be r n este a na u r n in ve st im e nto d e R S 15

m ilh a o d o f un do b ra sile ir o C ria te c p ar a p ro du zir em e sc ala m d us tr ia l

1ent rode

u rnacamaraava cu o, u m film e de

a lu min io e c ob erto p orc am ad as a to rn ic as d e

z in co , c ro mo e s ilic a. a n ti rr e fi ex iv a . F o rm a -

se um a m em brana de2 00 n an 6m etros (2 00

m ile sim os d e m m)

C on su l to r es : A n a P a ul a Pessca.ex-diretcra de novosnegoclos d a I nf o gl o bo . c o n se lh e ir a d o V a lo r E c o n o m ic o . Z ap E B usk; Y ury G ~ p re sid en te d a i ncu ba do ra sceleradcra: AntonioBotelho, diretcr-presrdente do GiilJea Angels; Marcelo Cazado. olretcr c o Floripa Angels; Gustavo Bressan.coordenadcr de pl 'O j -c tos da F u n d ac ; :a o B i om i n as ; BEby Yang. fundadora da

Braailtnnovators:Le v indo San tos . ex-elretcr d o f un d o d e c a p it al S em e ot e N o va ru m Ioionelro n o B r as il ) e atualdirercr-execunvede m v es t; im e nt os d o H SB C no B ra si l; In cu b ad o ra d a

Page 71: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 71/91

 

2 A lu z in cid e s ab re a p la ca d e a lu min io.P arte s e d iss ip a. m as e re fle tid a d e

vo lta pe l a nanope lku la (que func iona c om oum e spe lh o), e fica pre sa e ntre as duasca mad as, E 9 0% da e ne rg ia e aprove i tada

ENERGIASOLAR

M ERC AD O LIVRE D O C ON HEC IM EN TOC olc ca r q ue m te rn a lg o a e nsin ar e m c on ta to d ire to c om q ue m q ue r a pre nde r. E sta e

a p ro po sta d o Ew ik s, la nc ;:a doem m ar co d este a no . 0 site o fe re c e u ma p la ta fo rm a d e

c orn erc io d e c urs os o nlin e em q ue q ua lq ue r p es so a p od e p ub lic ar e v en de r c oo te ud o

e du ca cio na l. B asta fa ze r u m c ad astr o e p re e nc h er u m a nu nc io g ra tu ita m en te . 0

s is te m a p erm ite p ro du zir e e dita r a s a ula s c om um a s erie d e r ec urs os m u ltim id ia ,

c omo v id e o, a ud io ; a nir na c oe s, s lid e s e t ex to s. 0 a ut or t ar nb e rn d e fin e 0 m e to do , a

c arg a h ora ria e 0va lor do c urso - e paga ao site um a c om issao pe la ve nda . 0 E wiks

e s ta d e se n vo lv e nd o um a plic a tiv o p ar a q ue p ro fe ss or es p ub liq uem s eu c on te u do

ta rn be rn em b lo gs e re de s s oc ia is . P a ra o s a lu no s, a van tagem e p od er p esq uisa r u m a

v arie da de d e c urs os e e stu da r d e o nd e e stiv er . 0 E w ik s fo i id ea liz ad o em 2 00 8 p elo

a dm in is tr ad or c u rit ib a no J os e R o do lp h o B e rn ar do ni q ue , c om a pe n as 2 6 a no s, ja t ev e

o utra s tre s em pre sa s, u m a d ela s ta rn be rn n a a re a e du ca cio na l. 'T iv e c on ta to c om

c e nte na s d e p ro fe ss ore s q ue m e d iz ia m te r m u ito c on te ud o. m a s n ao sa bia m c om o

pU b lic g r." Em n ov em br o, e le c o nv e nc e u um g ru po d e in ve st id or es d e C u rit ib a a a plic a r

R$ 500 m il n a id eia . A e xp ec ta tiv a e p ub lic ar 10 m il c u rs os a te 0 f im d o a no.

NANOPELi cULA

M A I S E N E R G I A P A R A

o S E U C E L U L A R

ENERGIAAPRIS IONADA

P ara a ta ca r u m d os pon tos fra cos d a

te cnologia m 6ve l - a rap ide z c om que

a m a io r p ar te d as b ate ria s d e te le fo ne s,

c am eras e lap tops ac ab a -, um grupo de

p e sq uis ad or es d a U n iv e rs id ad e F e d er ald e Pe r nambu co (UFPE) d e sen volv e u

u m c hip p ote nte e su ste nta ve l p ara q ue

v oc e p re c ise c ar re ga r m e no s 0celu lar .

o EHOl a ju da a tra nsfo rm ar to do tip o

d e e n e rg ia lim p a ( com o s ola r, e 6 l.ic a e

e le tr or na gn e tic a ) em e n e rg ia e le tr lc a c om

ma is e f ic ie n c ia . Pa ra co rn e ca r, g ra n de

p arte d os a pa re lh os e le tr on ic os c om

c a rr eg ad or e s s ola re s h o je n o m e rc a do

u sa va rie s c hips p ara fa ze r a c apta ca o d e

e n e rg ia . " N6 s u nim o s t od as a s f un c ;:o e s em

um . G r ac ; :a sa o a lg o ri tmo ma is e f ic ie n te ,e le aum en ta de 25% a 3 5% a cap tu ra de

e n e rg ia " d iz T ia go L in s, 3 0 a no s, d ir et or

d a S ilic on Re e f, e m pre sa fu nd ad a p or e le e

d ois c ole ga s n a in cu ba do ra d o C e ntro d e

E stu do s e S iste m as A va nc ;a do s d o R e cife

( Ce sa r) , em 2008. Ano pa ss ado , 0 tr io

f oi f in alis ta d e um con c ur so o rg an iz a do

p ela g ig an te C is co e 0 f un d o ame r ic a n a

DF J .H o je , n e go c ia um a po rt e d e d in h e ir o

p ara a c on du sa o e p rom oc ao d o produ to,

q ue se ra fa bric ad o n a A le m anh a e

c om e rc ia liz ad o a p ar tir d e 2 01 2.

PLACADEALUMiN IO

Coordena~aocos Prograrnas de Pos -Graduacac em Engen~aria d a UFRJ (C o p p e l; Marcia Fi lho , pesqctsedor do GVCepe e coer-d e na d or d o Desafio Bras i l ; P ier re Scburmann. sn ves tl dor -e nl c e emp reendedo r ;Ma t co5 Regueira. s 6c io d o f un d o F ir C a p it al ; E ri c~er. presidente dofundc Monashees: David McClure , dtretor d a i Jl cu t ;a d o ra S OOst a rt u ps , n o V a le d o S il ic io

JULHO_2011_77

Page 72: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 72/91

Page 73: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 73/91

 

=crc: Dr,'Seth Shostak/Science Photo library JULHO_2011_79

Page 74: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 74/91

 

Os anos 70 foram particularmente agitados no Vale do Silicic, na Calif6rnia.

Ali, jovens fascinados por tecnologia, chips e circuitos se reuniam nas

garagens de suas casas para construir maquinas estranhas e ineditas, que

viriam a ser conhecidas no futuro como computadores. 0engenheiro eletrico

Dan Werthimer participou do mais conhecido desses grupos, 0Homebrew

Computer Club. Quando sairam de suas garagens, os membros do clube

passaram a ditar os rumos do mundo. Steve Jobs e Steve Wozniak fundaram

a Apple. Adam Osborne lancou0

primeiro computador pessoal portatil,0

Osborne 1, e Jerry Lawson criou 0 primeiro videogame,

"T od os q ue sairam de Id f;caram muito rico s, m eno s eu . Eu e stava ma is

interessado em descobrir como usar aq ueles ch ips para desvendar

se ex iste vida in teli ente ora da Terra" , d iz D an .

Todo 0 trabalho do instituto e bancado por doacoes

privadas, vindas de pessoas que querem mante-lo fun-cionando. 0 maior telesc6pio do grupo e a menina dos

olhos das pesquisas do SETI, 0Allen Telescope Array,

foi construido gracas a doacao de US$ 25 milh6es dePaul Allen, co-fundador da Microsoft e conhecido fi-

lantropo americano. A lntencao era cobrir uma area

de urn hectare com 350 antenas, mas 0 dinheiro sopagou 42. Ospesquisadores SETI ja se acostumaram a

sofrer com a falta de recursos - nao recebem nenhum

dinheiro publico e pouco financiamento privado. Noultimo mes de abril, a falta de verbas levou ao fecha-

mento prematuro do tal telescopic.

Naquela epoca, Dan estudava radioastronomia para

construir seus proprios telescopios amadores. Hojeele usa os maiores telescopios da Terra em suas pes-

quisas. Ele e 0 cientista-chefe do projeto seti@home,

que vasculha os ceus atras de algum sinal enviado

por civilizacoes extraterrestres. Sua area de pesquisae conhecida como SETI (Busca de Inteligencia Extra-

terrestre em Ingles), e conta com aproximadamente

uma centena de cientistas ao redor do mundo.omais famoso grupo a reunir pesquisadores da area

eo SETI Institute, organizacao nao-Iucrativa sediadana California. Embora sejam normalmente levados aesse campo movidos pelo ideal romantico de desbra-

var 0 Cosmo, 0 dia a dia desses homens e mulheres

esta entranhado no rigor cientifico. 0 trabalho de SethShostak, urn dos astronomos mais antigos do instituto,

e urn exemplo dis so. Ele passa seus dias estudandoos sinais de radio captados pelas antenas do institu-to, tentando encontrar algum indicio de inteligencia,

Para diferenciar os sinais produzidos por civilizacoes

alienigenas de sinais que ocorrem naturalmente noUniverso, ele busca por estruturas que so poderiam

ser criadas de modo artificial. Se algum dia 0 sinalfor encontrado e confirmado por outras organizacoes

que pesquisam 0 assunto, a obrigacao do cientista eanunciar a descobert a ao mundo e disponibilizar ao

publico os dados envolvidos na deteccao.

Me n sa ge ns c 6sm ic asOs cientistas buscam por sinais de radio porque se-riam a maneira natural, pelo menos na visao dos ter-raqueos, de uma civilizacao transmitir sua cultura pelo

Universo. "As ondas de radio sao faceis de produzir,

necessitam de pouca energia e tern a velocidade da

luz", diz Shostak. Segundo os cientistas, qualquer ci-vilizacao descobriria essas caracteristicas do radio em

algum momento de seu desenvolvimento tecnol6gicoe 0 usaria para enviar mensagens.

Outros pesquisadores do instituto sao responsaveispelo estudo do SETI 6tieo. Eles vasculham as estrelas

atras depoderosos lasers, que poderiam ser usados pelos

80_JULHO_2011

Page 75: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 75/91

 

alienigenas para se comunicar conosco. 0 laser e capaz

de transmitir informacao numa velocidade maior que 0

radio. Seria urn born modo de duas civillzacoes em dife-

rentes planetas estabelecerem contato, pois e urn raio que

pode ser enviado de urn planet a a outro. J a0radio seria

util no caso de uma mensagem enviada aleatoriamente

para atingir uma civilizacao desconhecida.

Tambem conseguiriamos captar sinais de radio que

vazam de aIguma civilizacao, como frequencias de TVs

e radares. Infelizmente, 0 principia inverso e a mesmo.Uma civilizacao alienigena poderia receber indicios de

nossa existencia por conta de nossos meios de comu-

nicacao. Mas nao devemos nos preocupar com isso,

ainda. "So comecamos a transmitir nesse tipo de fre-

quencia depois da Segunda Guerra MundiaI. Hoje em

dia, elas atlngiram a distancia de 70 anos-luz da Terra,

e duvido que haja vida inteligente tao perto."

~OTO: David Parker/Science. P etc Library

E T. T E LE FO N E. M IN HA C AS A:

o projeto lideradoporDan

Werthimerusa a ajuda de

voluntarios para encontrar vida

alienigena.Basta instalar 0

programa seti@home(acima)

e ceder 0 tempo livrede seu

computador para analisar 05

dados da instituicao

Amado re s b em -in te n c io n a d osPor causa da falta de financiamento, as cientistas ca-

pazes de viver das pesquisas SETI sao muito poucos.

No entanto, alguns projetos contam com a ajuda de

urn nurnero maior de amadores. E 0 caso do experi-

mento dirigido por Dan Werthimer na Universidade

de Berkeley, na California. 0 seti@home per mite que

qualquer urn se junte a sua busca. "Nos pesquisamos

sinais muito fracos. Precisariamos de urn supercom-

putador que custaria centenas de milhares de d6lares

para fazer essa analise", diz Werthimer. A solucao foi

disponibilizar no site do projeto urn program a para

download, que permite a organizacao usar 0 tempo

livre do computador de voluntaries para analisar parte

dos seus dados. A intencao inicial era que ate 100 mil

pessoas colaborassem. No entanto, hoje eles ja consegui-

ram reunir 5,2 milhoes de voluntarios em 234 paises. »

JULHO_2011_Bl

Page 76: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 76/91

 

82_JULHO_2011

»Hoje, 0 projeto tern uma capacidade de processar 769

teraflops de inforrnacao, pouco menos da metade do

supercomputador mais rapido do mundo.

o SETI League e outro grupo que conta com a ajuda

de amadores. Os cientistas envolvidos no projeto inc en-tivam que os voluntaries construam sua propria antena

e estudem 0 Cosmo dire to do quintal de casa. Segundo

Paul Shuch, diretor honorario da liga, isso e apropriado

ja que sempre for am os amadores, e nao os astronomos

de profissao, que descobriram novos cometas e estrelas.

"Para participar da liga e necessario ter conhecimento

tecnico ou estar disposto a aprender", diz Shuch. Uma

das rnissoes dos 1,5 mil membros e ensinar aos novos

voluntaries a montar suas proprias estacoes (ver in/ogrt i-

fico a o la do ). No Brasil, a funcao de coordenador regional

do projeto ficou a cargo do engenheiro Fabio Branco. 0

paulistano, de 44 anos, trabalha no Instituto de Pesquisas

Energeticas e Nucleares (Ipen), onde ouviu falar pela pri-

meira vez do SET!. Fabio diz que os membros do projeto

fazem uma doacao mensal a instituicao e ajudam com as

pesquisas em seu tempo livre. "Agente faz 0

que pode. Eu mesmo nao tenho uma estacao,

porque ela custa entre R$ 10 mil e R$ 15mil

no Brasil", diz Branco. No pais, exist em 7

membros registrados e so urn deles conse-

guiu construir uma antena, em urn local nao

revelado do interior gaucho.

pelo Atlantico, elas so encontraram agua durante me-

ses." E insiste que avances tecnologicos facilitariam

a exploracao.

Ate 0 ana passado, Shostak calculava que encontra-

riamos sinais de vida inteligente ate 2025. Hoje eleprefere nao fazer estimativas. As doacoes as pesquisas

SETI comecaram a minguar a partir da ultima crise

economica, em 2007. Com 0 fechamento do Allen

Telescope Array em abril pass ado, alguns projetos

do instituto entrarao em hlbernacao, "E eles nao es-

tiio sozinhos nessa crise", diz Paul Shuch, do SETI

League. No entanto, Shuch defende que esse nao e

o fim do SETI, os projetos devem continuar sendo

tocados em menor escala. "Fizemos grande ciencia

antes de esse telescopic existir, e vamos continuar

fazendo depois", diz Shuch. Se os pesquisadores nao

encontrarem modos de financiar novas caravelas para

continuar a navegar pelo espaco, talvez tenham que

tentar a proeza de descobrir novas Americas mesmo

que usando apenas caiaques.@

Quem paga a con taNem todo mundo acha que 0SETI seja urnborn modo de gas tar os recursos destinados

a ciencia, E 0 caso de Ben Zuckerman, as-

tronomo responsavel por urn dos primeiros

projetos SETI, nos anos 70. "Obviamente

nao encontramos nada", afirma. Hoje ele

defende que nao adianta procurar sinais de

alienigenas pois eles nao estao la. "Se a vida

inteligente fosse comum no Universo, n6s i l l .teriamos feito contato. A unica explicacao

para isso e que os ETs nao existem. Ou sao

muito raros."

o diretor do SETI Institute, Seth Shos-tak, defende que 0 fato de nao termos acha-

do vida inteligente nao quer dizer que ela

nao exista. "Somos como exploradores.

Quando as caravelas de Colombo viajaram

Page 77: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 77/91

 

1 . A N TE NA R e c eb e

o s s in a is d o e s pa c o

e o s tr an sm ite p ar a

a a n ali se . P o dem

s e r u sa d as a n te n as

d e T V. m e d in do d e

3 a 5 m etros

de d la rne t ro

DESCAMPADO :

S eth S hosta k posa

e m fre nte ao A lle n

T e le sc op e A rr ay . a nte s

d e s eu f ec h am e n to

C OM O FUN CIO NA UMTELESCOP IO CASE IROo grupo SET I League ensinaseus membros a montarradiotelescopios. para instalarem seus quintais au chacaras

4 .COMPUTADOR

So ft wa re s c r ia d os

p e lo g ru p o d iv id em 0

so m e m 2 .048 cana is .

b u sc a nd o a lg um s in a l

de in te l ig enc ia

3 . R E C E P TORDE

M ICRO -ONDAs

S e le c io na uma p a rt e

d o e sp ec tr o d e ra dio

c ap ta do e 0 t ransfo rma

em s in ais d e a ud io

2 . P RE - AMP L IF I CADOR

Sua f u nc ao e ampl i f ica r

o s s in ais q ue fo re m m u it o

f ra c os . p a ra a ju d ar

a a n a li se p o st e ri or

••••

5 . S EM RESPOSTA

Nao de v e s e r en v ia d o

n e nh u m s in al a os

a l ien igenas

a nt es d e s e r ea liz ar

uma co n su lt a

in ternac iona l

r e fe r e nt e a o a ss un to

1 . A L E RT A A vis ar 0g ru po d o q ua l f a z p ar te .

O u tr os a st ro no rn os ir aQ p ro c ur ar 0 s in a l n a s

c oo rd e na da s q ue v oc e p as sa r,

S e n in g ue r n ma is e n c on tr ar 0 s ina l . a

pesqu isa e i nt e rr omp id a . P o de t e r s id o

u ma fa lh a n o c o m pu ta dor ou a nte na

2 .TR IANGULAC ; :AOCom 0 s ina l con f irmado

pe los as t rono rnos . e p os siv el fa ze r u m a

t ria n gu la c ao p a ra c a lc u la r d e q u e d ls ta n cia

a s in a l f oi e n via d o.

O s c alc ulo s p od em mo str ar q ue 0s ina l

v em d e p erto . P od e se r u rn sa te lite ou u m

t ra ns m is so r n o to po d e u m a m o nt an h a

3 . P R O TO COL O A p art ir d o p on to e m

q ue s e c om p rov a q ue 0s in al v em

d e for a d a T erra . e p re c is o s eg uir a

D e da ra ca o d e P rin cip io s R e fe re n te a s

A t iv id a d es Segu in t e s a D e te o;a o d e

In te lig e nc ia E xtr ate rr etr e. 0 r es to d a

c o rn u ni da d e SE T I d e ve s e r a v is ad a

4 . D IVULGAC ; :AO56 d epo is

q ue h o uv e r c e rte z a a b so lu ta

o s c ie n tis ta s d e vem in fo rm a r

o s g ov e rn os e a im p re n sa .

To das a s i nf or r na c o es

d e vem s er d iv ulg ad as a o

p ub lic o e m g era l. e to dos a s

d ad o s d e vem s er a b er to s

TO: Adam Har t-Davis/Sc.ence Photo Li brar y; INFOGAAFICO: Dani el das Neves JULHO_2011_83

Page 78: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 78/91

 

C o n t e u d o e d i t a d o

e x c l u siv am e n t e p a r a G a li l e u .

Page 79: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 79/91

 

PAINT IT BLACK - ROLLING STONES

o·K(

o-: : : >

a

~c,

W0:

,C la ro que 0 rock e ra um garoto re be lde . A ge rag80 que foi

ado le sc en fe nos anos 60 v iveu 0 cornsco do auge . Beach Boys,

.R oy O rb inson, R olling S tone s ... e e le s: os Bea tle s. O s garoto:;,

'd e L ive rp oo l n ao in ve nta ra m Q rock , m uito lonqe d isso. M as e le sinventaram 0 fe norneno pop, a fe pre , 0 am or incond ic iona l, as

produtos l icenciados, 0 a lbum com o ob ra c om p le te ... A adole s- .

c enc ia do rock cem scou tlm ida com 0 yeah yeah yeah e cu lm inou

na lib e rtacao sexua l dos anos 70 , na psicode lia do I? ink F loyd,

nas g[J ita rras do m eta l, nos te c lados e le troh icos do~ aR OS 8 0.

" • i4

. .~ f ~ .-

A."LEScENCIA'JSMELLS LIKE -':EE~ SPIRIT - NIRVANA

OS ' anos ~O ·r ea im e nte c h eir ar am a e sp ir ito .a do le sc en te .

E ram ~u fia fras ra ivosas, ba te r ias pesadas, le tras re volta -

das e oh eias de au top ie dade . Foi a nasc ime nto eo 'g runge . •

e ', 0 auge do ind ie . De um l ade , N irvana , Pe arl iam , Rage

Aga inst Th e M ach ine , Re d Hot G h ili P e ppe rs. Do outro,

R adioh ead, Sonic You th , Jesus and M ary Ch ain , Sm ash ing

Pumokrns e por a i va l. E , no m e io de tudo is§ora inda tinh a

o p unk, 0 skapunk, a anarqu la e d lscos m e rnorave ls de .

S i\ve rc h a lr , G reen Day, R anc id , NOFX , No Use F ,qr a tN am e ,

Pe nnyw ise ... F ol um a decade ag itada para 0 rock , cu jas .

b a tidas torte s te rn e fe itos se ntidos ate h ole .

.ill .

""E STROKES - S,9MEDAV> , •

A de cade a l)te rior t inh a sldo lao se nsa-

e io na l p ar a 0 rock que todos 0 h aviam

de c re tado m orto. F im de te sta ; e le

e stava la , jogad ~i num c anto, e nqya n-

to a ga le ra do R &B e dos e le tron icos

tom ava con ta da p fstc f. M as a ve rdade

e queo rock s6 sstava d~ressaca. Is

This It, d isc O d e 2001 d o S tr ~J <e s, e um

b am re su mo . vocalarrastado: bat idas

m arc ad as.l:~P are ce ,q Lie 0 tcckvoltou a

faze r aqu llo que sem pr~soL lb e , se rnse

rne xe r m uito pra nao doe r ~ cabeca.

o S troke s, 'jun to com bandas com o

W hite S tr ipe s, F ranz F erd inand , Th e

H ive s e po l' a l va i, re inve ntou 0 rock ,

m as nao e orn a l g 6 n ov o; a pe na s

requen tando aquilo que .se faz la anos

atras, playin' iJ sate , como dizem por a l,• #

ARCADE FI8E • WAKE UP

H oje 0 rock 's c rtanca

nova m en te ! E le nunca

te ve m uita vocacao p ra

se r adu lto, morreu aos 27

c om o 'Jan is, K urt e H en drix ,

m as re nasee e vive tndo,

d e n ovo. 0 in die g an h ou

e lem e nto s e le ro nlc os .

o g ru ng e, b atid as a fr ic a-

nas. E tudo ficou m ais le ve ,

m ais "c arp e:d je m". H oje ,

tod o n iu nd o e xp erim en ta

c om m en os p re con ce ito.

Tudo pode , tudo tem seu

puouco. E e assim que 0

r oc k c on se gu e s ob re viv er ,

se re inven tando de tem pos

e m te m po s. V id a_ lo ng a!'

Page 80: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 80/91

Page 81: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 81/91

 

PR ON TO PR A LU TA : para passar de m irrado (1) a supe rsoldado (2 ),

foram pre cisos rnu itc s c om putadore s. Para 0 c ra nio e xp osto d o vila o

C av eir a V erm e lh a (3 ), m uito s m aq uia do re s

CINEMA

...DESCOBRIR COM O

SE TRANSFORMA

UM RECRUTA ZERO

EM C A P IT A O A M E R IC A .

Baseado na HQ, 0 filme Capitiio America

corneca com Steve Rogers (Chris Evans)

impedido de lutar pelos EVA na Segunda

Guerra por falta de porte fisico. Ansioso por

servir a patria, Steve topa ser cobaia de urn

projeto secreto que gera supersoldados - e 0

resto e lenda. 0 filme e de Joe Johnston, dire-tor de aventuras nostalgicas como Rocketeer

(91) e Ceu d e Ou tu br o (99) e responsavel

pelos efeitos visuais da trilogia original de

G uerra n as E strelas - uma experiencia que

foi muito util. Como 0 ator Chris Evans era

forte e alto demais para interpretar 0 Steve

Rogers pre-Capitao America, a solucao foi

"murchar" 0ator usando uma tecnica suces-

sora da utilizada com Brad Pitt em Benjamin

Button (2008). No caso de recriar 0 cranio

expos to do vilao nazista Caveira Vermelha

(Hugo Weaving), 0 trabalho nao ficou por

conta dos computadores, mas dos rnaquia-

dores mesmo. Estreia 29/7. I IG U IL HERM E RO SA

Page 82: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 82/91

 

MUSlCA

...AN ALISAR 0 RAP N ERD

D E HO OD IE ALLEN .urn jovem que largou sua promissora carreira no

Google para se tornar urn astro das rimas. A te-

matica, claro: robes, novas tecnologias e dilemas

de quem sofreu nas maos dos populares na epoca

da escola. 0 segundo disco, L ea p Ye ar, sai este

mes na internet - de graca, I IG U IL HE R M E P AV A RI N

88_JULHO_2011

L1VROS

...AC RED ITAR NO AM IGO N ERD

QUE ELO GIA O S LlV RO SAS C R O N IC A S DE GELO E FOGO ,

QUE V IROU GAME OF THRONESNO CANAL HBO .

E melhor do que voce imagina - a saga tlui sem des-

cricoes enciclopedicas, mas bons dialogos e muita

ac;ao. 0 volume 3, A To rm en ta d as E sp tuias (Editora

Leya), sai no Brasil em setembro, mas 0 volume 5, A

Dan ce W ith D ra g on s (Uma Danca Com Dragoes), sera

lancado em 12/7 nos EUA e nas livrarias virtuais.

Ainda faltam dois livros - que "precisam" ser lanca-

dos ate 2016 pra nao empacar a serie de TV. 0 autor

ja afirmou que "njio quer dar uma de Lost" (frustrar

fas com final chocho), provo cando tuitadas raivosas

dos criadores do fin ado seriado. Nao se preocupe,

Martin: pra ser melhor que Lost, basta nao terminar

com uma mistura de "estavam todos mortos" e "foi

tudo um sonho". I IF E LI PE PO N TE S

SEM HO RA PRA ACABAR :

A serie de livros ainda

esta incompleta

2 0 0 0 2 0 1 10 0 5

Page 83: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 83/91

 

DVD

...IR AUDAC IOSAMENTE ONDENENHUM HO MEM JAM AIS ESTEVE.

Quem reconheceu a frase acima

afaste os dedos medic e anelar -

estamos falando de [ornada nas

Estrelas. A Paramount esta lan-

cando a lata com as 3 temparadas

da serie original, comemorando 45

anos de estreia na TV. Fenomeno

geek/cult, nao perde a atualidade-

se os efeitos ja nao sao especiais, os

roteiros continuam inteligentes.

Sim, a jornada nas estrelas e s6 0

primeiro nivel: na verdade, as via-

gens tratam de quest6es morais e

dilemas eticos, 0povo vulcano, do

senhor Spock, por exernplo, mui-

to violento no passado, aprendeu

com seus erros e tornou-se pacifi-

co. Altruista tambern era 0 clima

dominante da Federacao Unida

dos Planetas, uma especie de ONU

ideal. As aventuras da Enterprise

eram ambientadas em urn futuro

e espaco distantes, mas tratavam

de problemas bern terrenos como

a Guerra Fria, imperialismo, eco-

nomia, religiao e feminismo. Star

Trek quebrou ate barreiras raciais

com seu elenco multicultural e foi

o cenario do primeiro beijo inter-

racial da TV norte-americana.

E se voce acha que seu iPhone

e a coisa mais modern a que ha, de

uma olhadinha nos Tricorders do

capitao Kirk. I I DEN I SEDALLACOLLETTA

D A L AT A:

Aedi~ao

especial traz as

3 temporadas

completas da

serie original

'_ ~ __ - '- . ¥ 1 . .. .. . ~ . ..

. "~. "';'{J'"L -},,-:_--~" .. ~~~_ ...,...........

t< ~ "".-' :~ ~ ••

WEB

. . .MERGULHAR

NO FUNDODOS M ARES

COMOGOOGLEEARTHOCEAN VIEW.

Ele ja existe ha algum

tempo, mas agora esta

mais refinado, com mais

detalhes e videos de quem

ja est eve par lao Gracas it

parceria com 0Observa-

t6rio Lamon-Doherty da

Universidade de Colum-

bia, metade dos oceanos

ja estao catalogados. Vo-

ce pode baixar no site:

earth.google.com/ocean/

I lF E RN A N DO M A R TIN E S

SHOW

...CONTRIBUIR PARA A

VO LTA D OS AN OS 2000.

Faca cara de mau, coloque 0 bone virado

para tras e lembre como 0 rock na vir ada

do seculo era ... peculiar. Para ajudar, de

uma passada em urn dos shows que a banda

Limp Bizkit faz nos dias 23 de julho no Rio

de Janeiro e 26 em Sao Paulo. I IGR

FOlOS: Divulg acac. Reproducao JULHO_2011_89

Page 84: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 84/91

 

C I NEMA

...D ESVENDAR 0 THRILLERM AIS M ISTERIO SO D ATEM PO RAD A: SUPER 8,

D O D IRETOR J . J . ABRAMS.

E sobre urn grupo de criancas que, em 1979,

nos interior dos EUA, film a urn desastre de

trem que e mais do que parece. Em vez de

ficar comprando briga por causa de Lost,

como outros criadores da serie (ver prig. 88),

Abrams vern construindo uma carreira ba-

cana que mistura ficcao cientifica e muitos

segredos. Na hora de Iancar filmes como

Cloverfield (Z008) e Stark Trek (2009), ele

prefere revelar 0minima e sugerir 0maximo.

//DENISE D A LL A C O LL ET TA

QUADRINHOSE umahist6ria aparentemente

conectada com0enredo do filme.

e m q ue voce p o d e i n v en t a r 0

ultimo paine!.Voce pode ver aqui:

superScomiccontest.com

IsuperBcomic.pdf

Veja as estrategias de marketing viral desta vez:

MUSICA

TRAILERSSaovaries - e nenhum mostra 0

que diabos tern dentro dotrem! Pra

conferir nos cinemas brasileiros. epreciso esperar ate 1217.

APLICATIVOPara iPhone. onde e passivelgravar videos que imitam a

textura. ascores e asfalhas de

uma camera caseira Super S.

CH ICO H IPSTER :

au nao,

Descubra na

paglna 48

...EN TEN DER QUE A PRESSA COMPENSA:

VOCE PODE OUV IR 0 NOVO CHICO ANTES.

Depois de ensaiar 4 anos para lancar urn album, Chico Buarque resolveu

premiar os afoitos que adquirirem na pre-venda em chicobastidores.com.br.Eles ganharao uma senha para ouvir rmisicas online antes de receberem 0

disco e acompanharao, aos poucos, faixas, clipes e entrevistas com 0 cantor

e os nuisicos serem postados na pagina ate a data do lancamento, em 20

de [ulho, 0 preco divulgado pela gravadora e R$ 30. I I T M

FOTOS: D lv u fg a c ao . R e p ro d uc a o. Agencia 0 C lob o. A tq uivo E dito r a Globo

Page 85: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 85/91

 

WEB

...VOLTAR

AOTEMPO

EMQUESE

ENVIAVAM

CARTOES-POSTAIS -

AINDAQUE

VIRTUAIS.

o aplicativoPosta-gram transforma

suas fotos do Ins-

tagram, Facebook

ou album de seusmartphone em

cart6es postais fi-

sicos e envia para

qualquer lugar do

mundo par US$ 1

cada. 0 app e gra-tis e compativel

com iPhone e ce-

lulares Android.

I /DDC

C I N E M A

...DAR ADEUS A HARRY

POTTER. ACABOU!

Harry P otte r e as Reliq uias d a M orte - Parte 2,que estreia em 1517 , e a novo e ultimo filme daserie. Sim, acabou:par enquanto, nao tern mais

livroque vire filme.0 desfechoda saga sera em

clima de guerra, com muitos vil6es e her6is su-

cumbindo emuma batalha final. I I F P

JULHO_2011_91

Page 86: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 86/91

 

.&

~

"··.·~3·Es·o

': !

··~

S A U D E P U B L I C A

Cesar ianascon tr ib uem comaobes idadeA O P C ; : A O P E L O P A R TO C IR U R G IC O P O D E

S E R U M A D A S C A U S A S D O

S O B R E P E S O D A P O P U L A C ;: A O

A D U LT A p o r M a rc o A n to n io B a rb ie ri e equipe*

\

uem nasceu de parto cesariana tern 58%

mais chances de ser obeso, quando adulto,

do que aqueles que vier am ao mundo por

par to normal. Uma das explicacoes para

isso pode ser a alteracao no desenvolvi-

mento, ou na composicao da microbiota

intestinal, tambem conhecida como flora,

que e criancas que nascem de parto vaginal.

Isso porque, na cesariana, 0bebe nao tern nenhum contato

com a vagina materna, que concentra micro-organismos

importantes para a flora intestinal da cnanca. Este conta-

to parece ser importante para 0 desenvolvimento da flora

intestinal do recem-nascido, Algumas bacterias presentes

no canal do parto teriam efeito benefice por estimular 0

sistema imunologico do recem-nascido. Sem isso, a maneira

como acolhemos e armazenamos energia e afetada e ha urn

impacto sobre 0 surgimento da obesidade.

Isso e 0 resultado da pesquisa que concluimos ha pouco na

Faculdade de Medicina da USP de Ribeirao Preto. Usamos

inforrnacoes de urn grupo de bebes nascidos em Ribeirao

Preto, interior de Sao Paulo, entre junho de 1978 e maio

de 1979. No momenta do parto, foram coletados dados das

maes e dos filhos. De abril de 2002 a maio de 2004, ou seja,

quando os filhos ja tinham entre 23 e 25 anos de idade, usa-

mos dados de 2.057 deles e fizemos uma analise do estilo de

vida e avaliacao antropometrica (levando em conta a pratica

de exercicios fisicos e quest6es socioeconomicas),

A questao da obesidade nao e a (mica quando se relacio-

na a forma do nascimento com as caracteristicas futuras.

Outros estudos js. revelaram que alteracoes na microbiota

intestinal podem estar ligadas a algumas condicoes inflama-

torias cronic as comuns. Alem dapropria obesidade, doenca de Cro-

hn e ate a diabetes. Alguns estudos

tambern mostraram que a presen-

ca de bacterias intestinais durante

os 3 primeiros dias de vida foram

influenciadas pelo tipo de parto.

Ficou evidente uma ausencia subs-

tancial de bacterias que podem ter

urn impacte significativo sobre as

funcoes imunologicas do bebe.

Vale lembrar ainda que 0 au-

mento das taxas de cesariana ocorreu em paralelo como aumento das taxas de obesidade. Na Inglaterra, Suecia

e Estados Unidos, por exernplo, os indices de cesarianas

passaram de 60/0, 80/0 e 100/0, em 1975, para 210/0,160/0 e

24%, em 2001, respectivamente. Em Ribeirao Preto, a taxa

de cesariana aumentou de 30%, em 1978, para 510/0, em

1994. Hoje esta em tome de 60%. J a a taxa de obesidade

no Brasil aumentou de 4%, em 1974, para 11% em 2006.

Uma vez que a colonizacao intestinal pode ter urn efeito

duradouro na saude, concluimos que 0 aumento das taxas

de cesariana pode desempenhar urn papel fundamental na

~~i~~~i~ ~_~~_~~~~~~~_~~ _~~~~_~.~ _

Marco Antonio Barbieri (coordenador), Helena A1IakoSueno Goldani,

Heloisa Bettiol, Antonio Augusto Moura da Silva, Marilyn Agranonik,

Mauro Moraes eMarcelo Goldani, do Nuc!eo de Estudos da Saude

da Crianfa e do Adolescente da Faculdade de Medicina da USP de

Ribeiriia Preta

Parto naturaldiminuiaschances de seter diabetese doeneascronicascomunshojeemdia

Repcrtagem: T ia g o C o r de ir o e Ha r ia Reha v ia JULHO_2011_93

Page 87: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 87/91

 

p o r lu ci a C a va lie ri

substituicao dos derivados de pe-

tr6leo pelos chamados agrocom-

bustiveis - elaborados a partir da

biomass a vegetal - pode parecer a

solucao para a crise dos f6sseis no

mundo. Mas do jeito que vem sendo

executada vai causar uma serie de

problemas nos parses pobres que apresentam as con-

dicoes para a producao da biomassa. A producao do

etanol brasileiro camufla atividades e relacoes que nao

sao nada sustentaveis do ponto de vista social. Sem

contar a queima indiscriminada da cana-de-acucar,

processo conhecido como devastador ambiental.

Hi dezenas de pontos criticos na prcducao dos

combustiveis ditos "ecologicamente e politicamente

corretos". Centenas de rrrilhoes de hectares de terras

ferteis tern side e serao destinados a producao da

biomassa, milhoes de produtores rurais do campo

sao expulsos de suas terras de origem, a poluicao daagua e do meio, os problemas de saude com a chuva

de fuligern resultante da queimada da palha de cana,

a diminuicao da diversidade social e biologica por con-

ta do cultivo da cana. a potencial contaminacao dos

ecossistemas vizinhos par organismos geneticamente

modificados, as condicoes de trabalho degradunte dos

camponeses, proletarios, migrantes e sub-proletaria-

dos que trabalham na producao da biomassa.

M E I O A M B I E N T E

E rano l estalonge desersustentavelCONDI(O ES D EGRADANTES DE

TRABALHO , EXPROPR IA (OES ,

MONOPOLIOS E DEVASTA (AO

AMBIENTAL . TUDO ISSO DERRUBA

o M ITO DA ENERG IA LlM PA DO

AGROCOMBUSTIVEL

94 JULHO 2011

~~~

Page 88: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 88/91

 

o agronegocio da cana ocupa 0 primeiro lugar no

ranking de Iibertacoes de trabalhadores escravizados

no pais. Segundo a Comissao Pastoral da Terra, a

CPT, somente em 20.0.8 cerca de 2,5 mil trabalha-

dores deixaram uma condicao analoga a escravidao

nas lavouras. 0 indice cor responde a 49% do total

dos 5,2 mil trabalhadores libertos no pais. 0 agro-

cornbustivel sustenta ainda outro indice alarmante:

entre 20.0.5 e 20.0.6 foram 20. trabalhadores mortos,

possivelmente por exaustao, durante 0 corte da cana.

Hoje 0Brasil e 0maior produtor mundial de acucar e

o segundo maior exportador de etanol. Produzimos

cerca de 30.% do total de cana-de-acucar mundial e

18% do total de acucar, Mas os numeros sozinhos

nao demonstram as condicoes de producao e seus

reflexos politicos, econornicos e ambientais.

Na producao brasileira de alcool, a logica de ex-

pansao do capital casou com a logica territorial do

Estado numa uniao abencoada pelos latifundiarios epelo mercado internacional das commodities. 0casa-

mento, bern como a simpatia pela producao dos "bio"

combustiveis, nao sao indlspensaveis, mas com eles,

o risco do setor diminui. Como alternativa a queimados combustiveis f6sseis, a producao dos agrocom-

bustiveis mostra toda a sanha da producao do capital

que expropria os camponeses, monopoliza 0 territ6rio,

territorializa-se, impulsiona migracces e polui em

varies lugares do mundo.

Enquanto 0 agroneg6cio

discute uma agenda para

transformar 0 etanol emcommodity, 0 projeto poli-

tico e economico centrado

na exportacao de produtos

produzidos na logica do ca-

pital parece que continuara

monopolizando territ6rio.

Contrapondo-se as anali-

ses de muitos economist as e

Soem

zons.foramI ibertadas 2,5

mllpessoas

em situacaode escravidaonas l a vourasdecana

da midia, os movimentos sociais, alguns set ores da

academia e diversos ambientalistas organizam-se pa-

ra descortinar ao mundo a violencia dessa producao,

E questionam a continuidade de urn projeto centradona producao de combustivel para abastecer 0mercado

de autom6veis que se pauta no uso individual.

A atual demanda por forca de trabalho do setor faz

com que milhares de trabalhadores partam todos os

anos para Sao Paulo, muitos deles vindos do Vale do

Iequitinhonha (MG). Essa migracao, especificamente

para 0 setor sucroalcooleiro, tern provocado mudancas

significativas no modo de vida de milhares de familias

que contam com as remessas provindas do trabalho

executado pelos homens, que buscam sobreviver sem

a presenca do chefe de familia, marido e pai. Mais

urn custo que devemos colocar na conta do mito da

~~~~~~~~~~~~-~- - -- - -- - --------- --- --- --- ---- - - - -- -Lucia Cavalieri Ii doutora em Geografia pela USP

POLLTICA

Inquisi~ofo i a sem en te

dosreg imestotaIitarios(OM ELA FORAM INSTITUIDAS

PRAT ICAS DE ABUSOS , TORTURAS,

CONTROLES DE INFORMAC :AO E

L lMPEZA ETN ICA porTobyGreen

Com sua capacidade de

vigiar a vida dos ci-

dadaos, a Inquisicao

na Europa foi uma

precursora das organizacoes

que tornaram mais sombria

a vida dos seres humanos no

seculo 20.. Foi nada menos do

que a prime ira semente dos

governos totalitarios e da

institucionalizacao do abuso

racial e sexual. Os tribunaisda Inquisicao em Portugal e

na Espanha estavam longe de

serem controlados apenas pe-

la Igreja. Houve, claro, uma

tnquistcao medieval, conduzi-

da por bispos. Mas, quando a

nova inquisicao foi criada na

Espanha, em 1480., 0 rei Fer-

nando demitiu os inquisido-

res papais para substitui-los

com seus pr6prios nomeados.

Existem varios documentosque mostram que 0 papado

tinha muito pouco controle

sobre os inquisidores de Por-

tugal e Espanha. Portanto, a

Inquisicao representou clara-

mente tnstituicoes do Estado,

que apresentava urn crescente

poder centralizado.

Quando pens amos nos regi-

mes totalitarios do seculo 20.,

podemos lembrar de diversas

influencias da Inquisicao naEuropa. Na Espanha, a dita-

dura de Franco herdou os as-

pectos do modus operandi das

form as de repressao inquisito-

rial. Houve ali, por exemplo,

uma rede de informantes se-

cretos, urn incentivo a fofoca e

a delacao e a censura de livros.

A Alemanha nazista tambem

teve urn legado, por meio da

ideologia de pureza de sangue,

inquisit6ria.

A institucionalizacao da

discrirninacao por meio da

ideologia da limpeza racial e 0primeiro registro explicito de

lei que discriminava as pes so-as por conta de sua ancestra-

lidade. A Inquisicao teve urn

papel fundamental nesta ide-

ologia, na perseguicao etnica,

Em candidatos para empregos

de confianca, era comum uma

varredura em toda a sua gene-

alogia para verificacao de tra-

cos de "irnpureza de sangue"

durante 0 regime nazista. A

ideologia da limpeza etnica

posteriormente foi influenteno desenvolvimento do racis-

mo no entao chamado Novo

Mundo.

A Inquisicao foi, no final,

urn instrumento ideo16gico

para 0 desenvolvimento de

uma nacao e de uma cultura

"puras" a partir das "impure-

zas" que seriam a contraparte

ideologica da violencia da der-

rota dos mouros e da expulsao

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~~ ~ ~ ~ _ r _ ~ ~ ~ : ~Toby Green Ii jornCilista e professor

do King's College, em Londres, e

autor de Inquisicao: 0 Reinado do

Medo (Editora Objetiva)

JULHO_2011_95

Page 89: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 89/91

 

poderiam ser consideradas atividade fisica.

Entram ai atividades de trabalho, de cui-

dados com a casa, de lazer. Ou seja, nem

sempre e sinonimo de exercicio fisico ou

de pratica esportiva.

o segundo problema dessa relacao de cau-sa e efeito tern a ver com 0 pr6prio termo

qualidade de vida. Existe uma certa con-

cordancia que a qualidade de vida envolve

aspectos de bem-estar fisicos, materiais,

sociais e emocionais. Nos meios de comuni-

cacao aparecem inumeras ideias associadas

a isso. Para melhorar sua qualidade de vida,

de acordo com 0que se ve nos anuncios, por

exemplo, voce po de comprar urn certo tipo

de margarina ou usar determinado creme

para 0 corpo. A construcao de uma nova ro-

dovia, a implementacao de urn programa de

seguranca, ou 0 aumento de areas verdes nas

cidades tambem sao acoes associadas a essa

melhora. E, evidentemente, ha sempre uma

nova forma de fazer exercicios ou urn novo

modismo lancado por academia. 0 problema

e pensar que essas coisas, tao diferentes en-

tre si, podem causar urn impacto definitivo

na qualidade de vida das pessoas,

Pela logica que geralmente encontramos

na relacao entre atividade fisica e qualida-

de de vida, pessoas com profissoes que tern

grande gasto energetico, como e 0 caso de

pedreiros e estivadores, teriam excelentequalidade de vida. Mas sabemos que nem

sempre isso acontece. Alem disso, medicos

e profissionais de saude vivem repetindo a

necessidade de as pessoas aderirem a pro-

gramas de exercicios, 0que realmente e born

MALHAI;AO

AtMdadef i s i c a nios h ! n i f i c aqualidade d e vidaFO SSE ASSIM NAO HAVER IA TANTAS

DES ISTENC IAS EM ACADEM IAS

E ESTIVADORES TERIAM UMA

SAUDE EXCELENTEp ar A na Lu cia P ad rd o d os San tos

relacao entre a qualidade

de vida e a atividade fisica

parecia ser inquestiona-

vel nos dias de hoje. To-

do mundo fala que mexer

o corpo vai melhorar sua

saude ou a maneira como

voce vive - a tal qualidade de vida tao cul-

tuada em nosso tempo. Mas est a relacao

nao e tao clara assim.Do ponto de vista teorlco, ainda que

existam outras definicoes bern diferentes,

atividade fisica e definida como urn movi-

mento dos rrnisculos que resultam em gasto

energetico, Logo, varias tarefas cotidianas

5e for como a maioria

das pessoas, sera 6b-

vio para voce 0 que

significa fazer mate-

matica, Ainda que seja pres-

sionado a dar uma definicao

precisa, responder a com uma

ideia geral do que 0 tema en-

volve: mimeros, aritrnetica,

algebra, equacoes, geometria,

problemas sobre trens que dei-

xam estacoes, teoremas. Voce

nao tera nenhuma diftculdade

em dizer se e born nisso (a res-

posta geralmente e "nao" ou,as vezes, "nao multo") ou se

gosta do assunto.

Mas essa visao da mate-

matica e extremamente em-

pobrecida e nao representa a

disciplina em si. Os numeros

constituem apenas parte de

urn tipo particular de mate-

matica e, na verdade, nao ecom calculos aritmeticos que

a maioria dos matematicos

gasta a maior parte do tempo.

A matematica natural realiza-

da par seres vivos de outras

especies tambem nao se res-

tringe a numeros e aritmetica.

Ela trata de padroes. E e de

padroes que a vida e feita.

Os seres humanos nascem(ou adquirem logo depois do

nascirnento) corn urn senso

de numero que lhes permite

distinguir 1, 2 ou 3objetos ou

EDUCA~O

Tod omund oebomemmatematicaJA N ASCEMOS COM UM SEN SO

NUMER IC o. 0 QUE ATRAPALHA

E 0 JEITO Q UE AS

ESCOLAS ENSINAMA DISCIPL INA

p o r K e ith D e v lin

96 JULHO 2011

~

Page 90: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 90/91

 

para a saude. Mas se essa pratica vai trazertanta qualidade, por que e tao dificil conven-cer as pessoas a adota-las> E 0 que as levaa desistir destes programas tao facilmente?

Talvez seja 0momento de repensar como e

que esses exercicios sao propostos.Para completar 0 quadro, podemos ana-

lisar a vida dos atletas. Eles tambem estao

sempre em movimento e deveriam ter umaexcelente qualidade de vida. Mas e comum

ouvir dos pr6prios que e uma vida de sacri-ficios, Como, entao,

pode ser uma vida dequalidade?Nada disso prova

que a atividade fisica

nao melhora a quali-

dade de. vida, masmostra que a relacaoentre os dois concei-

tos nao e tao direta.A qualidade de vidapode ser entendi-

da como 0 senso de

Atletasvivemsesacrificando.Como, entao,

essa pode serconsideradaumavidadequa l idade?

bem-estar e satisfacao em areas da vida queuma pessoa considera importante. Assim,

antes de aderir a urn programs de atividade

fisica, e importante que cada urn avalie 0

que e importante para si em vez de seguir

apenas 0 senso comum. Assim a relacaoentre qualidade de vida e a atividade fisica

se transforma em uma verdade pessoal.

Ana Lucia Padrao dos Santos e projessora e pesqui-

sadoTa da Escola de Educarao Fisica eEsporte da

UniveTsidade de Sao Paulo

sons. Aos 4 meses sao capazes disciplina, precisaremos ava- Com esforco consideravel, po- R$ 27,99 significa algo, Mas

de saber (talvez inconscien- liar a forma e 0 contexto no demos aprender tabuadas e 27,99, nao, E s6 urn mimero.temente) que, quando se jun- qual ela e apresentada. 0 grau treinar para seguir urn peque- Trabalhar com aritrnetica

tam dois objetos isolados, 0 de sucesso de uma pessoa no no numero de procedimentos escolar nao envolve procedi-

resultado e urn conjunto de 2 dominio da maternatica es- aritmeticos. Mas mesmo ai 0 mentos mais dificeis do que

objetos, nao 1, nem 3. Sabem colar dependera, em grande significado e a chave. E duvi- podemos ver em uma crianca

que quando retiramos urn ob- parte, de quanto significado dose que ate mesmo 0cerebro de 9 anos de idade, precaria-

jeto de urn conjunto de 2, 0 ela conseguira atribuir aos humano seja capaz de efetuar mente instruida, numa barracaque sobra e urn objeto, nao 2, simbolos e as operacoes efe- uma operacao desprovida de de feira. Aunica diferenca e 0

tampouco nenhum. tuadas com eles. senti do. Amatematica de rua grau de significado envolvido.

o problema nao esta no fa- o cerebro humane evoluiu trata exatamente da execucao Uma vez que apreendemos 0

to de as pessoas nao conse- como urn dispositivo de busca de operacoes com significa- significado, a maternatica es-guirem usar maternatica. Na de significado. Nos vemos e dos enquanto a matematica colar fica muito mais facil.

eerdade, elas nao conseguem buscamos significado em toda escolar trata simplesmente ------------------------------

usar matematica escolar, uma parte. Urn computador pode das manipulacoes formais de Keith Devlin e professor do depar-

vez que ela e abstrata. 0 que ser prograrnado para seguir simbolos cujos significados, tamento deMatemcitica da

a evidencia mostra e que se regras sem ter nenhuma com- quando existem, nao estao Universidade de Stanford e autor

n6s quisermos aumentar a preensao de seu significado. representados nos simbolos. de 0 Instinto Matematico,

probabilidade de aprender a Mas as pessoas nao sao assim. Para a maioria das pessoas, do.Editora Record

JULHO_2011_97

Page 91: Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal

5/10/2018 Revista Galileu junho 2011 - De onde vem o Mal - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/revista-galileu-junho-2011-de-onde-vem-o-mal 91/91

 

o PROCEOIMENTO A SE R

SEGUIDO E SASICAMENTE 0

MESMO DE O UT RO S T lP OS

D E D ES AS TR ES •••

ROTEIRO: GUILHERME ROSA A R T F . GIL TOKIO. ESTUD IO P INGADO

A AULA D OS MOR TO S -V IV OS

o L A . 0 CENTRO D E CO NTR OlE DE D OENC AS DO

GOV ERNO AME R ICANOJ 0CD C. M E P EDIUPR A VIR AQ UI EN SIN AR VOCES COMO AGIR DURANTE

UM ATAQUE DE ZUMBIS.