revista - gaivota 2012

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Editorial _ 01 Lpis de cor _ 03 Fruir e matutar _ 13 Comentar e discorrer _ 45 Prata da casa _ 55 Fora de portas _ 71 Se olhas, V _ 79 Terra e mar _ 89 Modo tecno _ 95 Nunca mais sbado _ 101

Uma escola com rosto e com rostos... em cada umo espelho de um sentimento, personagens de uma vida real que dividem os seus dias entre folhas e livros, lpis e canetas, que cruzam sonhos e conversas e exteriorizam angstias e tristezas, alegrias e amizades. Lgrimas escondidas por olhos que no conseguem ocultar histrias de vida familiares, estampadas na personalidade de cada um, muitas delas o reflexo de um passado triste, da falta do que nunca tiveram, o desejo de ter e ser, de querer e poder desta forma que podemos caraterizar uma grande parte dos nossos alunos, produtos de um meio nem sempre fcil e onde a inocncia da idade se perde, para muitos deles, bastante cedo. com estes e com todos os outros alunos, que se faz uma escola, que se cumpre um dever e se d um direito. Do nada se fez muito, essa a nossa histria, das cadeiras que no tnhamos, dos livros que no podamos comprar, s a vontade de mudar e a insistncia em vencer, nos ensinou a voar...e voamos... voamos, tal como a gaivota que percorre o cu numa liberdade imensa... E chegamos at aqui, a mais um ano assinalado no calendrio da histria da nossa escola e a mais uma misso quase cumprida. O sentimento que nos move hoje o reconhecimento de muito trabalho e o de uma luta constante de combate s adversidades com as quais nos deparamos quase diariamente e que, inevitavelmente, partilham a sala de aula conjuntamente com os alunos, sem que muitos de ns possamos fazer alguma coisa para mudar essas situaes. Atualmente vivemos uma realidade que nos faz repensar no nosso

papel como instituio e investir no reforo no s de princpios e valores humanos de que tanto se fala, mas to pouco se cumpre, como tambm, nas exigncias cada vez mais evidentes e necessrias para um futuro competitivo e empreendedor. Hoje mais do que nunca, faz todo o sentido mostrar que as escolas, apesar das dificuldades sentidas no dia-a-dia, devido conjuntura01

atual, continuam a lutar para que o sucesso dos alunos nunca seja posto em causa e um bom exemplo disso a nossa revista Gaivota onde os alunos continuam a apresentar trabalhos que testemunham a vontade em continuarem a mostrar o seu valor, nem que seja na singularidade dos temas que escrevem, das visitas que realizam ou nas palavras mais tmidas ou mais ousadas com que descrevem as estrias e experincias vividas como alunos ou como jovens que vo amadurecendo a cada ano que passa. O caminho que pretendemos percorrer cada vez mais difcil, mas todos juntos conseguiremos trilh-lo, se a motivao renascer em cada dia e a mensagem de esperana for uma das prioridades transmitida aos jovens que, ano aps ano, temos nas nossas mos. Faz-los acreditar num futuro difcil mas promissor, ainda possvel e dever estar ao alcance de cada de ns saber faz-lo, porque isso que a sociedade espera de ns e essa a nossa obrigao. A escola incentiva e tenta formar todos sem discriminao, est atenta e tenta proteger os que de uma ou de outra forma se sentem mais fragilizados, no s pelo meio familiar onde esto inseridos, mas, e principalmente, por barreiras erguidas em torno deles prprios, muitas delas criadas pela fora da idade, o que nos leva a uma ateno redobrada e, na maior parte das vezes, a substituir o papel de educadores, pelo de confidentes e conselheiros.

Uma escola sem muros, despida de preconceitos, sempre disponvel para a funo que exerce, que procura estimular e fazer acreditar a quem a frequenta que os nossos objetivos so maiores que as redes que nos cercam, uma escola fisicamente degradada, mas com paredes pintadas de esperana, uma escola com fora, uma escola com rosto, uma escola com vida, uma escola real. a nossa escola! Bem haja a todos!

O Conselho Executivo

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A mulher em Ulisses

Do estudo da obra de leitura orientada, Ulisses, de Maria Alberta Menres, destapamos que os comportamentos e atitudes associados histria de Ulisses, envolvendo o sexo feminino, poderiam relacionar-se com o dia de hoje, Dia Internacional da Mulher. Desde sempre o casal foi fiel aos seus princpios e mantiveram-se unidos ao amor que os envolvia. Resistiram s tentaes e morte anunciada de Ulisses. Com efeito, as tentativas de seduo sofridas tanto por Ulisses, envolvendo mulheres, como por Penlope, envolvendo os seus pretendentes foram fracassadas. Na verdade, Ulisses tinha que cumprir a sua misso de salvar a rainha Helena, raptada pelo tirano Pris. Por sua vez, Penlope teria que ficar no lar zelando pelo bem estar de todos, p r i n c i p a l m e n t e p e l o f i l h o, e s p e ra n d o c o ra j o s a m e n t e o r e g r e s s o d o m a r i d o. Assim, Penlope cumpriu na ntegra o privilgio que a Natureza lhe concedeu: o poder do seu encanto maternal, da sua beleza, da sua nobreza, da sua inspirao, da sua pureza, da sua perfeio que ao olhar contemplamos as virtudes de Deus. tempo de cultivarmos este poder de amor incondicional entre todos os seres humanos - homens e mulheres.

Texto coletivo de opinio, da turma do 6C, baseado no estudo da obra de leitura orientada, Ulisses, de Maria Alberta Menres. Ilustrao: Pedro Ferreira

03

Lendas da Ribeira Brava

Nota explicativa: No ano letivo de 1994, participei, em conjunto com outros professores, no Projeto Educativo, d e s t a e s c o l a , i n t i t u l a d o, D a E s c o l a q u e t e m o s E s c o l a q u e q u e r e m o s . Para o efeito, criou-se um inqurito, Patrimnio Histrico-Cultural, constitudo por 8 questes, para ser trabalhado pelos alunos residentes no concelho. No ponto 6, pedia-se: Escolha um monumento e faa uma pequena histria sobre o mesmo indicando a origem, a utilidade, o fundador e a importncia histrica, que foi trabalhado pelos alunos residentes no concelho. Esta lenda foi o trabalho levado a cabo por uma aluna, no ano letivo de 1994-1995, da turma do 9 F, Cristina Alves, residente na freguesia do Campanrio. Sofreu algumas correes e aprofundadas referncias relevantes para o aperfeioamento da sua apresentao.Prof M Manuela Mendes Romano Snchez

O amor do pirata

Na freguesia do Campanrio, existe a quinta da Vigia. Assim se chama, porque ali funcionou uma das vigias, mandadas construir, aps os vrios ataques de corsrios e piratas, como era vulgar nas costas da Madeira, no sculo XVII e que traziam inquietos os habitantes e pescadores indefesos do local. Conta o povo que, certo dia, foi apanhado por ali e trazido ao capito-mor, o senhor da quinta, um pirata ferido. O capito procedeu com uma atitude de fidalguia e ordenou que levassem o ferido para um dos quartos da quinta, para que se curasse antes de o entregar justia. O Capito tinha uma filha muito formosa, chamada por quem sabe destas coisas, de Clara Branca Flor, que ficou encarregue de cuidar do ferido. Imaginem o que sentiu o pirata ao ver entrar pelo quarto em que estava prisioneiro uma princesa de beleza indescritvel! Diz-se que logo o seu corao lhe deu!

Vrios dias se passaram. O ferido melhorava pois a filha do capito dispensava-lhe os mais ternos cuidados. E j adivinharam? A filha do capito rendeuse beleza fsica do pirata que tambm era trovador. De dia, a princesa chorava do destino do seu amor. De noite, ele acordava e a sua guitarra gemia. Eram trovas de amor ardente, pelo qual se consumia. Ao capito carcereiro os dois apaixonados pediam a liberdade do pirata. Mas, em vo. O pai esperava o momento j combinado para o entregar justia. A donzela que era crente, implorou Virgem Santa, a libertao do seu amor. Em troca, mandaria construir uma capela em sua devoo. Passaram-se dias e noites mas o capito no cedia. A donzela implorava04

O capito no cedia. At que o milagre se deu! Aconteceu que, o capito carcereiro, num dia de nevoeiro, na densa serra do Campanrio, desapareceu. Os servos regressaram aflitos a dar a triste notcia. Foi um alvoroo para toda a populao. No para todos! A filha do capito correu a abrir a porta e libertou o seu amor. Mas este, em vez de aproveitar a liberdade que o seu amor lhe concede, agiu com uma coragem singular. Com determinao, seguiu os servos, rumo serra, procura do capito desaparecido.

uma ermida, pagando a ddiva que a Virgem Santa lhe concedeu. Ps o nome capela de Bom Despacho. Mandou esculpir a imagem de uma santa, com o menino Jesus, segurando esta uma pena de ouro na mo direita, e o Menino Jesus, um livro. Diz quem sabe deste assunto, que onde so lavrados os despachos, isto , o registo de pedidos que a f dos crentes chama de milagres. Talvez por isso se diz que esta devoo est relacionada com o despacho do destino das almas. Diz tambm quem sabe, que no ano de 1672, no ms de setembro, os dois apaixonados casaram-se na ermida do Bom Despacho. E q u e f o ra m m u i t o s d i a s d e f e s t a ! Que as portas da quinta abriram-se de par em par. Que todos os vizinhos da Vigia tomaram parte na festividade. Que a ermida e a quinta foram enfeitadas com as aucenas cor de rosa, flores que rompem a terra, logo aps as primeiras chuvas de outono, nas zonas altas da serra do C a m p a n r i o, perfumando a brisa e emprestando um colorido encantador na

E quis o destino que o encontrasse ferido e em agonia, quase morto, no fundo de uma ravina to tpicas nas serras da Madeira. O Capito deixou-se socorrer pelo seu inimigo. Este carregou-o, at casa, com a ajuda dos servos, num tabuado improvisada de galhos de pinheiro. Entregou-o me da sua amada, que chorava como uma santa Madalena. Abraou o salvador do seu esposo rendida a tanta bravura. Passavam-se os dias e o capito recuperavase das mazelas.

paisagem. Na atualidade, a festa Virgem do Bom Despacho comemora-se no ltimo fim de semana de setembro, de cada ano. Os pescadores, os agricultores, os homens e as mulheres, os emigrantes, que encontram ajuda nas horas de sofrimento, so os principais devotos, assim como os soldados, na poca da guerra.

Turma 6C:

Um dia, depois da matina, chamou o trovador aos seus aposentos e ofereceu-lhe a liberdade e permisso para casar com a sua filha, Clara Branca Flor e moradia na sua quinta da Vigia. Diz quem sabe, que Clara Branca Flor agradeceu aos cus, tamanha felicidade. Mandou de imediato, construir na propriedade,05

Andr, Catarina, Rubina, Ruben e Ronaldo Prof.: Manuela Romano Snchez

O mistrio do cabeo avermelhado da Serra de gua

Foi h muito tempo que sucedeu o que hoje contado. Numa chuvosa manh, aplanando uma frgil neblina, uma jovem acompanhada pelo seu ainda gil progenitor, caminhavam, com alguma dificuldade, por um carreiro talhado pelos homens, na necessidade e nsia de comunicao, ao longo de uma farta ribeira. s tantas, desviaram-se da vereda e embrenharam-se pela mata dentro, escalando a serra, cada vez mais alta, coberta com uma densa rea florestal.

Um cabeo isolado travou-lhes o avano. Estacaram, circundaram a enorme pedra avermelhada, espreitaram uma abertura na rocha e entraram. L ficaram o resto da tarde, pernoitaram, instalaram-se no dia seguinte e quedaram-se nos tempos Ao mesmo tempo, no fundo do vale, asfixiado pelas montanhas, um pequeno povoado crescia nas ilhargas da ribeira, habitadas por um punhado de agricultores que aproveitavam a terra, uma vez que o declive da encosta no permitia cultivar. Outros exploravam rudimentares engenhos mecnicos de gua nas margens da ribeira. As vastas e opulentas rvores das encostas das serras, a possibilidade de transform-las em matria-prima para uso domstico, levou os homens do lugar, de machados em punho, at ao cimo das serras. Um dia, deram-se de cara com esta famlia que habitava o cabeo vermelho que espelhava boa sombra, uma horta bem cultivada, apetecvel frutos e cereais em crescimento. Ficaram pasmados. No eram da ilha, tinham a certeza, pelo modo como faziam uso e aproveitamento da terra e os utenslios que utilizavam, assim como pela tonalidade das faces, trigueira e comprida e ento a fala, meia embrulhada, embora se06

percebendo o que diziam. Pararam para descansar. A convite do homem que ali vivia, entraram naquele habitao, s agora descoberta. Sentaram-se nuns bancos de pedras cavados na rocha, volta de uma mesa de tbuas entrelaadas. Saciaram-se com vrias iguarias que a donzela com elegncia e delicadeza ia colocando na mesa: taas de madeira cheias de leite, fatias de po, suco de amoras silvestres, nozes Um banquete! Aqueles pobres lenhadores ficaram encantados pela cortesia e educao daquela modesta, mas misteriosa famlia. Voltaram ali, quele abrigo da serra, muitas vezes.

Tambm a famlia do cabeo vermelho, desceram povoao do vale da ribeira e foi muito bem recebida. Eram boas pessoas, sossegadas, sabiam aproveitar as terras e as colheitas eram abundantes. Partilhavam tudo, os seus conhecimentos de cultivar, semear e aproveitar tudo o que a Natureza lhes dava, com os vizinhos do vale da ribeira. Espalhou-se pelo povoado que esta misteriosa famlia tinha como entretenimento favorito andar pelas serras falando das coisas do Cu, do sol, da lua, das estrelas, dos ventos, das chuvas, dos troves e amando as coisas da terra: os vizinhos, as plantas, as rvores, a gua, os animais Quem eram? Donde vinham? O que procuravam ali naquele cabeo isolado no alto da serra? O cabeo avermelhado existe. L est visvel na encosta de difcil acesso na Serra de gua. Tambm se diz que a pedra do mouro. Mistrio que at hoje sobrevive.

Turma 6C: Lusa, Mariana, Vanessa, Tnia e Tiago Prof: Manuela Romano Snchez 07

O Senhor So Bento

A populao da Ribeira Brava venera, desde os tempos mais antigos, o santo senhor so Bento. Diz quem sabe, que a deciso para a reconstruo de uma nova igreja e a mudana do cemitrio existente desde os sculos XV, foi dada pela presena constante do senhor so Bento, que era visto a baloiar-se feliz, nos ramos de um enorme cedro existente no centro do adro da antiga capela. A populao crente entendeu, como um sinal certo, aquele lugar para a reconstruo da nova igreja. Constou-se tambm, que na mudana dos restos mortais das pessoas sepultadas para o novo cemitrio, muitas encontravam-se intactos. Mais atributos honram este santo. Relaciona-se com o enfurecido e indomvel caudal da ribeira que desagua na vila, na poca das chuvas, muitas vezes causando grande sofrimento s populaes. Aconteceu, o que aqui se conta, num dia de imensa chuva. As pessoas comearam a afligir-se vendo o caudal enfurecido da ribeira a subir, a subir a evadir-se e a inundar a vila. Iniciou-se um ritual de promessas e rezas ao senhor so Bento. O proco de ento decidiu usar o basto do santo da igreja paroquial, o senhor so Bento, atirando-o para as guas enfurecidas da ribeira. E o despacho do santo no tardou a manifestar-se aos olhos do povo crente: a chuva parou e as guas serenaram. O mais surpreendente que o basto do santo do senhor so Bento apareceu na porta da igreja, sendo imaculadamente devolvido ao santo milagreiro. Ainda hoje, a f dos crentes locais e gente de toda a ilha, assim como os emigrantes assistem festa e procisso que sai da igreja matriz percorrendo as ruas at ao lugar chamado de Bagaceira onde se celebra uma missa em devoo ao santo padroeiro da parquia de so Bento, na Ribeira Brava. Turma 6C: Jeny, Pedro, Jacinta, Cludia. Nuno Prof: Manuela Romano Snchez

08

A Tabua - Tbua de salvao

As lendas no tm origem certa, nem espao, nem tempo Esta aconteceu numa tarde de chuva, de muita chuva que caa implacavelmente sobre um barquinho onde viajavam um homem, uma mulher e uma criana pequena. Este grupo vinha, no se sabe de onde. dios polticos e proibies de amores contrariados tinham atirado esta famlia para o mar sem fim. As ondas pareciam brincar com a frgil barca que prosseguia rasgando as ondas, envolta em espuma. A mulher apertava a filha contra o peito e olhava o marido deslumbrada com a coragem daquele homem, o seu amor

entusiasmado desejando contagiar a mulher e a filha. No sabiam o nome, ignoravam, mas detiveram-se afortunados por acharem-se ali. A criana sugeriu que deviam ficar ali, encostadas ao tronco de uma das rvores, que oferecia os seus ramos para os proteger do vento e da chuva. Assim fizeram. Comeram o que traziam, embrulharam-se nas mantas que escaparam da chuva e abraados agradeceram o milagre. Despertaram na manh seguinte com o sol sorridente Saciaram a fome com o que restava e andaram por ali. Deram-se de cara com um ancio que caminhava apoiado num bordo. Disse que era dono daquelas terras, mas precisava de as cultivar e produzir para criar um povoado. - Ora, volta destas rvores to bonitas podese construir uma povoao to bonita e to grande - insinuou o viajante pensando no futuro dos trs. - Bem pensado! Mas como havemos de a

Estavam ensopados, a fome torturava-os. O frio punha-lhes a boca gretada e a garganta seca. Precisavam de descansar. Mas aquela tempestade e o denso nevoeiro no ajudava nada. De sbito, bateram em qualquer coisa e o barco estacou. O homem tentou perceber o que aconteceu. As ondas eram mais pequenas. Parecia uma praia ou uma enseada. Ps o p fora do barco e sentiu rocha firme. Atreveu-se a dar mais uns passos e no queria acreditar. Gritou contente para a mulher: - Meu amor estamos em terra. Estamos numa pequena orla martima. Parece um lugar seguro. Ajudou a mulher e a filha a sarem do barco. - Olha que rvores! Que belas! Que majestosas! Olha aquela ali apontava o marido, todo09

construir? - sondou o velho. - Com boa amizade e paz Eu sou construtor, a minha mulher ajuda em tudo Se o senhor quisesse poderamos construir aqui um povoado, aproveitando o trabalho de todos, volta destas grandes rvores, usando-as a favor do desenvolvimento de todos.

E a construo daquele povoado iniciou-se. Assim, o casal de foragido sentiu que conquistara de novo a felicidade. Um dia, o velho cuidou em dar um nome aquela terra. Um nome bonito, sonante, que ficasse para a posteridade. Sugeriu o homem que veio de longe: - Bem parece-me que o melhor pr-lhe um nome que evoque estas rvores a que devemos to boa sombra que sempre aqui nos acompanham tal como o sol e como a lua, a chuva e a madeira para a construo das casas, dos mveis dos bancos do seu bordo e tornaram possvel o seu sonho de criar um povoado E a nossa tbua de salvao! - Muito bem! Na verdade devemos dar nossa terra o nome abenoado que tanto bem nos d, Atabua.

Chegada ilha encantada- Senhor, onde estamos, e que animais so estes? - perguntou um dos marinheiros. - No d para ver que estamos numa das ilhas encantadas? E que estes so os animais encantados? disse Machico. - Senhor, como foi voc a descobrir a ilha, acho que melhor arranjar um nome para ela afirmou um dos marinheiros que ainda estava a sair do barco. - Isso vai ser um problema, pois, no estou a ver o nome ideal respondeu Machico enquanto fazia festas a um lobomarinho. - Sugiro que avancemos para o interior da ilha, senhor, talvez encontremos alguma coisa que lhe sirva de nome sugeriu outro marinheiro. - Bela ideia! Vamos! disse Machico com clareza. - Senhor, acho que, como esta ilha tem muitas rvores, devia-se chamar Floresta - disse o marinheiro mais chegado a Machico - Tu deste-me uma ideia extraordinria, Floresta um nome muito vasto, por isso, que tal o nome Madeira?- disse Machico orgulhoso da sua ideia. - Que nome fantstico concordaram todos os marinheiros. Ainda hoje o nome Machico (freguesia) uma homenagem ao descobridor da ilha da Madeira segundo a lenda de Jaime Corteso (embora na realidade a ilha da Madeira tenha sido descoberta em 1419 por Tristo Vaz Teixeira e Joo Gonalves Zarco).Maria - 5A

E foi assim que, entre os anos de 1586, 1588 se chamou de Atabua, a povoao situada beira mar, banhada pelo oceano Atlntico, estendendo-se at ao alto das montanhas, sustentando-se da agricultura, da cana e da vinha.Com o correr dos tempos, a forma primitiva do vocbulo, foi alterada, comeando a escrever se de Tabua, a freguesia que hoje pertence ao Concelho da Ribeira Brava.

Turma 6C: Eva, Alfredo, Francisca, Diogo e Isidro Prof: Manuela Romano Snchez

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A melhor recordao do 1. ciclo

Venho da escola da Sede da RibeiraBrava e de l trago muitas boas recordaes, por isso difcil escolher a melhor, mas mesmo assim recordo os bons momentos que passei com os meus amigos. Lembro-me das vezes que enquanto brincvamos a brincadeira era, infelizmente, interrompida pelo toque. Tambm me lembro de brincar com a minha melhor amiga Joana, mas no final do 3 ano ela foi viver para Inglaterra. Eu sinto muito a falta dela e tenho a certeza que no sou a nica! Igualmente recordo com carinho quatro professoras: a professora Raquel de Curriculares, a professora Alexandra de Expresso Plstica, a professora Ftima de Ingls e a professora Emlia que a diretora e foi a minha professora no 1 e 2 anos. E estas so as melhores recordaes que trago do 1 ciclo: os amigos, as brincadeiras e os professores (no consigo escolher s uma)!Maria Gouveia de Olival Andr - 5A

A

minha melhor recordao do 1

ciclo foi a festa do final do ano da escola. Demormos muito tempo a preparar a festa, para que tudo estivesse bem. S tivemos trs dias para ensaiar mas, felizmente, tudo correu como espervamos! Na festa, tocmos flauta, danmos e fizemos uma pea de teatro. A festa de finalistas correu muito bem! Para mim, a parte mais engraada foi aquela em que danmos, porque muita gente bateu palmas e gostou. Gostei muito desta festa! E era bom que a pudssemos voltar a repetir. Recebemos um diploma, que era a lembrana da escola que nos foi entregue pela nossa professora. Quando acabou a festa, fomos jogar futebol pela ltima vez no campo da escola. Diverti-me muito com os meus colegas, porque s os ia ver no fim do vero. Depois, fomo-nos embora e recordo-me que o dia correu muito bem!Toms Costa e Correia Mendes - 5A

No dia vinte e cinco de Junho, eu fui ao Funchal com o meu professor de Biblioteca a um concurso chamado Triatlo Literrio do Ba de Leitura, nvel Regional graas escola EB1/PE do Campanrio que a minha escola. Enquanto no chegava a hora, eu tinha as pernas a tremer e a barriga cheia de borboletas. Depois de ter tocado as trs e meia no sino da igreja eu entrei. Passados alguns minutos, o responsvel veio e mandou-nos tirar uma bola e para minha surpresa calhou-me ser a primeira. Depois, o senhor mandou fazer trs provas: a prova da escrita, leitura e cultura geral. Quando acabamos o senhor anunciou o vencedor e para meu espanto fui eu! Fiquei felicssima e fui para casa com um porttil nas mos!Mnica Silva - 5A 11

As minhas leituras

Uma Aventura na Escola Ana Maria Magalhes e Isabel Alada Eu conheci este livro quando uma colega minha perguntou-me se eu o queria ler. Ela disse-me mais ao menos como era o livro. J no consegui deixar de pensar que tinha mesmo de l-lo. Eu fiquei curiosa, quis l-lo e em dois dias j tinha lido os 18 captulos. Cada captulo que lia sentia-me mais fascinada e apaixonada. Adorava cada captulo! As minhas personagens favoritas so as gmeas Teresa e Lusa. Elas so bonitas, engraadas, divertidas, aventureiras e corajosas. Este livro interessante porque o grupo dos 5 amigos ajudaram um senhor a encontrar as suas libras. As personagens que l existem sem ser as gmeas so: o Pedro, o Joo, o Chico e o Rui. Eu acho que este livro interessante, porque as personagens fazem aventuras, e esta histria at se passa na escola. O livro adequado nossa idade. Eu gostei do livro, porque alm de ser sempre unidos esto dispostos a desvendar todos os mistrios que aparecem, ajudam tambm pessoas e isso agradvel. Eles todos so: engraados, aventureiros, carinhosos e corajosos. Os 6 amigos na histria no s ajudaram um senhor e uma senhora tambm ajudaram a escola a desvendar os assaltos misteriosos. Ins Maria Costa Gouveia - 5 A

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A (des)propsito...

J percebi que o que as ilhas tm de mais belo e as completa a ilha que est em frenteRaul Brando

Se eu fosse Geppetto e pudesse fazer um filho f-lo-ia na turma 10 A: ele teria o corao, os sonhos e a poesia da Matilde, o carcter exigente, preciso e rigoroso da Milagros, a capacidade de sacrifcio e entrega ao trabalho da Ana Cludia, a preocupao da Tatiana e algum do pragmatismo, lcido e eficiente, do Carlos. Seria, tambm, to transparente, autntico e amigo como a Nicole, a Jssica e a Micaela. E, s vezes, seria to silencioso, discreto e contido como a Joana, outras mostraria tanta garra e vontade de vencer como a Lisa. E onde chegasse traria no rosto o sorriso tranquilo do Michael aliado inocncia, terna e resignada, dos olhos do Daniel, a iluminarem a sala toda. Mas o meu filho no seria verdadeiro, muito menos perfeito, se no tivesse alguma da errncia luntica - vamos chamar-lhe assim do Victor, pois possvel que no estejamos ss no Universo, e algum do vagar descuidado do Juvenal e da Graciela - amanh logo veremos se nos apetece fazer alguma coisa -, ou alguma da desfaatez do Lee, que nunca faz nada, so sempre os outros. Para as horas em que a vida se comporta como madrasta, o meu filho traria guardada no bolso alguma da arrogncia do Miguel e da irreverncia do Igor mas menos, muito menos. E, para que pudesse crescer, deixlo-ia, de vez em quando, fazer coisas emanuelinas como as que o Emanuel anda a fazer. E de mim gostaria que guardasse no corao a vontade de fazer da filosofia, do amor sabedoria, uma sabedoria ao servio do amor. Quem de entre ns no quereria ser professor do meu filho? Eu queria, certamente. Mas no quereria que o meu filho tivesse professores para quem o mais importante ter e parecer do que ser e dar. Eu no quereria que o meu filho tivesse professores que o humilhassem por no ter uma resposta to inteligente, to pronta, to rpida, quanto a de outros. Eu no quereria que os professores do meu filho o fizessem sentir, independentemente das suas notas, das suas capacidades ou incapacidades, fsicas ou intelectuais, algum sem o direito a ser, a existir, como qualquer outro. Mas quereria, tenho a certeza, que os seus professores lhe dissessem que est errado quando erra,13

que foi mal-educado e inconveniente quando o foi e que fez mal quando podia ter feito bem, ou que precisa trabalhar mais e respeitar mais os outros pessoas e animais se quiser ser gente. E quereria, ainda, que os professores do meu filho no o usassem para fazer o trabalho que deveria ser feito por eles, que no o utilizassem para desculpar as suas incapacidades, que no o trassem e enganassem, usando as suas debilidades, para esconder a sua irresponsabilidade. Quereria que os professores do meu filho o fizessem perceber que, independentemente de todas as circunstncias, ele como ns, deve procurar sempre ser justo e que o deve fazer, no com palavras, mas com aces. Quereria que os professores do meu filho o fizessem perceber que preciso denunciar e lutar contra todas as formas de sofrimento e injustia com que se venha a deparar na vida, quer contra ele prprio, quer contra outros, mas no porque isso fica bem na fotografia, mas porque sem isso nos tornmos seres humanos moralmente inapresentveis. Quereria que os professores do meu filho percebessem que o meu filho , agora, um adolescente, que o meu filho acredita que pode mudar o mundo. No quero ser eu, nem que sejam os seus professores, a dizerem-lhe que isso no possvel. H muito que no sou adolescente, mas continuo a acreditar que possvel mudar o mundo e que, para isso, basta sermos capazes de nos mudarmos a ns mesmos. Se mudarmos, o mundo muda. Se consertarmos o homem, o mundo ficar consertado. Comecemos, pois, por ns e por aqueles que nos so mais prximos em vez de lhes dizermos que as coisas so o que so e que no h nada a fazer. Porqu e para qu? Porque os nossos alunos so o futuro do homem, so ns e os nossos filhos. A maternidade, como a paternidade, muito mais do que apenas um conceito ou categoria biolgica, a maternidade, como a paternidade, , tambm, e antes de mais, um imperativo tico: responsabilidade para com o Outro pessoas e animais - presentes e futuros. Eu sou responsvel pelos meus alunos, eles so, tambm, meus filhos e tm um nome, chamam-se: Joo, Toms, Sofia, Rodrigo, Nuno, Maria, Carolina e, para alm de todos os j mencionados (10 A), Joana, Andreia, Brbara, Firmino, Daniela, Marisa, Estela, Filipa, Rui, Catarina, Lino, Bruno, Manuela, Leonel, Mariza, Tnia Ch-Ch, Tnia Pita, Beatriz, Carla, Cludia, Patrcia, Constana, Daniela, Emdio, Florentina, Jssica, Jeyson, Marta, Mitchel, Sara, Andreia, Betnia, Carlota, Ftima, Jeremias, Jssica Isabel, Jssica Solange, Diogo, Z, Marcelo, Margarida, Helena, Patrcia e Rosa. Gostava que os professores percebessem que o que fazem a cada um deles humanidade inteira que o fazem e, consequentemente, tambm a mim e que os pais compreendessem, de uma vez por todas, que os professores tambm amam.

Imaculada Pacheco Prof. de Filosofia14

Os 3Ds

Desemprego. Dinheiro. Desumanidade. Palavras que nos entram todos os dias por janelas atravs das quais o sol no se atreve a brilhar, e que nos vo corroendo at ao mago. Estes medonhos Ds, que infelizmente exprimem a triste realidade, servem muitas vezes, tambm, de Desculpas. Desculpas para o desleixo, para a falta de objetivos, para o abandono da educao. Assisto muitas vezes, e cada vez mais, ao uso destes falsos argumentos dentro das salas de aula. E revolta-me este desperdcio de oportunidade, sem a mnima noo do papel fundamental da educao e da escola na superao dos atuais problemas. dentro das salas de aula que se formam opinies, personalidades, metas. onde o saber nos torna Homens, conscientes da nossa liberdade e responsabilidade, capazes de mudar o mundo. A escola, que ostenta desde sempre um negro estatuto, torna-se agora a nossa arma mais poderosa no combate aos temveis Ds. preciso que ns, alunos, nos consciencializemos do poder que possumos, para que ele no se perca e se esfume. Contudo, s podemos usufruir dele se tivermos objetivos, lutarmos e trabalharmos rdua e diariamente por eles. Precisamos de acreditar em ns, na educao e no trabalho, e no nas iluses e exageros

que a caixa demonaca, a que chamamos TV, nos mostra. Por isso, deixo aqui um apelo a todos os professores: no nos deixem desistir de ns. Cabe-vos a grande responsabilidade de nos educar e formar, de ditar o nosso destino, porque em todos ns existe um pouco de vs. Contudo, no facilitem. De que serve educar de forma superficial e banal? Exijam-nos trabalho, elevem-nos ao nosso expoente mximo, mostrem que, muitas vezes, preciso ultrapassar dificuldades e fazer escolhas acertadas para atingirmos o que se deseja. E sobretudo, valorizem quem se esfora e se dedica, pois toda a recompensa assim o exige. atitude dura, sei que o , mas a nica maneira de nos mostrar e preparar para os Ds da vida. S assim sairemos conscientes de que nada fcil, e que para ultrapassar qualquer Dificuldade necessria coragem e empenho. Mas ensinem-nos tambm que existem outras letras sem ser o D, ensinemnos que existe Esperana para um Futuro Melhor.

Matilde Gonalves - 10A

Aluna

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A intemporalidade dos conflitos entre geraes

O comentrio que se segue foi redigido na sequncia do estudo, na disciplina de Literatura Portuguesa, do texto dramtico Farsa de Ins Pereira, de Gil Vicente, e da visualizao do filme Saraband, do realizador sueco Ingmar Bergman, este ultimo com o intuito de relacionar com o primeiro no que toca ao conflito existente entre geraes. Os conflitos geracionais sempre existiram, isto porque cada gerao tem uma mentalidade que difere de todas as outras. Atualmente, verifica-se a tendncia para as geraes seguintes terem uma mentalidade cada vez menos conservadora que as anteriores, de modo que os conflitos entre pais e filhos, avs e netos, tios e sobrinhos so inevitveis, por melhor que seja a relao que exista entre eles. Ao escrever a Farsa de Ins Pereira (texto dramtico do sculo XVI), Gil Vicente evidenciou o conflito existente entre Ins Pereira e sua me (embora o conflito entre geraes no seja o tema principal desta farsa). A me de Ins conservadora, submissa, paciente, trabalhadora, provinciana, pragmtica e experiente, ao passo que a filha totalmente o oposto, ou seja casadoira, ftil, preguiosa, interesseira, emancipada, traioeira, resmungona, convencida, desavergonhada, fingida. Isto para afirmar que este conflito est bem visvel quando me e filha dialogam acerca do marido ideal: a me satisfaz-se com um marido bronco, campnio, simples e com algumas posses, enquanto para a filha o que importa no so as posses, mas sim a questo do marido ser um homem discreto, isto , sensvel, atencioso e que saiba declamar poesia e tocar algum instrumento musical. Assim, tanto Ins como a sua me tm ideias muito distintas acerca do marido ideal e, por isso, as suas formas de encarar o mundo so discordantes. Em semelhana, o realizador Ingmar

Bergman com o filme Saraband (termo que designa uma pea musical de difcil interpretao, tal como manter boas relaes e evitar os conflitos entre geraes no fcil) pretende, sem sombra de dvida, demonstrar os conflitos existentes entre Johan/Henrik e Henrik/Karin, pais e filhos respetivamente. Assim, Johan, pai de Henrik e av de Karin, mostra-se, perante o seu filho, insensvel, cruel e irnico, ao passo que sua neta demonstra amizade, ternura e compreenso. Por sua vez, Henrik, devido problemtica relao com o pai (ausncia de afeto e carinho), deixa transparecer uma enorme angstia e insegurana, bem como dio, rancor e frieza para com o pai, o que acaba por se refletir na sua relao com a filha, no que toca aos afetos e emoes. Karin, que acaba por ser uma vtima da m relao entre av e pai, demonstra, igualmente, insegurana. Mas o que verdadeiramente curioso e fascinante no meio de tudo isto, o facto de av e neta se relacionarem to bem. Perguntamo-nos como que isto possvel se Johan nem consegue conversar pacificamente com o filho? Digamos que Johan, como no atribuiu afeto a Henrik durante a sua infncia, redimir-se inconscientemente, quis

demonstrando-o sua neta. Em concluso, tanto a Farsa de Ins Pereira, como o filme Saraband frisam muito bem a problemtica dos conflitos entre geraes, sendo que o filme enfatiza a importncia das relaes precoces, dos afetos e emoes na conceo de uma pessoa equilibrada em termos psicolgicos. Estes conflitos so intemporais (sempre existiram, existiam no sc. XVI, e ainda hoje, sc. XXI, existem) e quase certo que sempre existiro, digo isto porque, como diz o povo, o futuro a Deus pertence.Tiago Correia-10 E, atualmente,12 D Aluno de Literatura Portuguesa 16

Bilhardices : M lngua, imaturidade ou modernices? (Eis uma questo social....)

- Mas que raio de pessoas, mas que sociedade! No sabem viver a sua prpria vida? Ou ser que no sabem o que a privacidade? Passam horas a ver e a escutar Para mais tarde nos poderem difamar Aprendam a viver a sua vida E sobre a dos outros, parem de opinar! Cresam no esprito, cresam na maturidade Analisar a vida dos outros Mostra que tm 0 % de dignidade! Respeitar a vida das pessoas, Todos o deveriam de fazer Ser que no pensam que com todas essas coisas, S fazem os outros sofrer? Enfim, se no perceberam at agora Algum dia tero de o entender! Isso no se chama simpatia Isso saber viver!!!!

Lavnia Corte 12D Aluna de Sociologia

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Empreendedorismo ou emigrao, que futuro para os jovens?

Quando crescemos temos a noo que vamos perdendo a capacidade de iniciativa, e s vezes at nos esquecemos de sonhar. Perdemos aquele esprito que tnhamos na infncia, em que nos deixvamos levar pela imaginao e o cu era o limite Actualmente, Portugal vive uma crise econmica/financeira e social que se agrava de dia para dia. A dvida externa atinge um valor cada vez mais insuportvel, o desemprego aumenta, atingindo j quase um milho de pessoas. Vivemos uma situao lamentvel, esperando que um D.Sebastio venha salvar a ptria e devolver todo aquele bem-estar a que estvamos habituados. Deixemo-nos de iluses, a espera terminou temos de perceber que esse salvador somos ns prprios. Temos de ser empreendedores, inovar e investir nos nossos sonhos. Empreender uma atitude de vida, atitude que urgente pr em prtica na nossa sociedade. Aps as descobertas acomodamo-nos como se tivssemos cumprido a nossa misso no mundo, e que iria durar para sempre a nossa histria, e que essa histria nos alimentaria e nos daria o po, po esse to necessrio na maior parte das famlias de hoje. Com a passagem do tempo fomo-nos tornando neste povo que somos, que no sonha, que no se manifesta e que se fecha no seu prprio mundo, na esperana de um novo milagre que possa ocorrer em Portugal. Ns precisamos de gente com fibra, gente que invista, que sonhe e que corra riscos. Gente que ultrapasse os obstculos sem vontade de desistir. Gente que mesmo caindo tenha fora para se levantar e continuar a caminhar. Precisamos de recuperar as mentalidades dos descobridores que num acto de coragem seguiram os seus sonhos e partiram busca do desconhecido... Mas ns no queremos partir, queremos ficar e descobrir um novo Portugal, que est sem dvida nas mos da minha gerao. Qualquer deciso tem aspetos positivos e negativos, mas preciso que arrisquemos sem medo, mesmo que no resulte, porque se no der certo ao menos podemos dizer que tentamos. Aquilo que desejamos tem que ser superior ao medo que nos invade e que por vezes no nos deixa seguir em frente. A situao em que nos encontramos s melhorar quando deixarmos de nos fazer de vtimas das nossas prprias circunstncias e decidirmos fazer alguma coisa para melhorar. Precisamos de sonhar, porque ningum pode sonhar por ns, gostaria que no fosse preciso passarmos as fronteiras do nosso pas para podermos viver dignamente neste cantinho que, apesar de tudo, ainda nos faz felizes.

Ana Karina Lira Silva -12 D Aluna de Sociologia

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Obesidade Infantil

A obesidade um problema. Mas quando se fala em obesidade infantil, esse problema ganha contornos maiores. As crianas fazem aquilo que vm, a influncia no as levar a cometer erros? E de quem a responsabilidade? Da prpria criana ou dos que a rodeiam, incluindo os pais? Em primeiro lugar, h que perceber que so vrias as razes que levam uma criana obesidade, tais como: fatores genticos, falta de atividade fsica, padres de alimentao pouco saudveis, ou at mesmo, uma combinao de todos estes factores. Em casos raros, um problema do foro mdico, como uma desordem endcrina, pode levar a que uma criana se torne obesa. Tendencialmente, crianas cujos pais ou irmos tenham excesso de peso tm um risco acrescido de se tornarem elas prprias obesas. Apesar dos problemas de peso serem comuns no seio de algumas famlias, nem todas as crianas com uma histria familiar de obesidade tornam-se tambm obesas. Existem obviamente excees.

As crianas que se tornam obesas devem-no aos seus maus hbitos alimentares e em parte pouca atividade fsica que praticam. H inclusive, outras razes que conduzem ao estado de obesidade, nomeadamente, a crescente popularidade da televiso, computadores, consolas de vdeo e outros fenmenos tecnolgicos que contribuem para a inatividade fsica e sedentarismo. O tempo mdio que uma criana passa a ver televiso por semana 24 horas, tempo til que poderia ser passado a praticar um desporto ao ar livre ou mesmo de interior de um ginsio. Hbitos que tm de ser praticados desde cedo, de forma natural. cada vez mais urgente ajudar as crianas com excesso de peso. O primeiro passo comunicarlhes que elas esto bem e que h quem as ame, independentemente do seu peso. Os sentimentos das crianas sobre si prprias baseiam-se, muitas vezes, nos sentimentos dos prprios pais sobre elas. Se aceitarem a criana com qualquer peso, elas tendencialmente sentir-se-o bem consigo prprias. igualmente importante falar sobre a obesidade, evitar o assunto no parte da soluo. H que permitir criana partilhar as suas preocupaes, j que a criana quem melhor sabe que tem um problema de peso. Por estas razes, as crianas obesas necessitam de apoio e encorajamento por parte dos seus pais para melhorem esta situaoque pode levar a doenas graves.Lgia Almas - 12 D Aluna de Sociologia

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O degredo da juventude... arma mortfera da sociedade atual!

O aumento do consumo de drogas tem vindo a aumentar cada vez mais nos jovens e muito mais cedo, em idades muito precoces. Os jovens ao consumirem drogas no tem a noo das consequncias graves que estas podem provocar na sua sade, o momento e a descoberta, o mais importante para eles... A adolescncia caracteriza-se por ser uma fase complicada na vida dos jovens, os problemas da adolescncia, muitas vezes so a desculpa que faltava para o consumo e o vcio que se vai enraizando aos poucos, em cada jovem. O consumo de bebidas alcolicas ou de drogas como forma integrao num grupo social de amigos muito comum nos dias de hoje. Mas ser que necessrio um jovem penalizar-se tanto para ter esse tipo de amigos? A desinibio outra desculpa, mas, tambm ser plausvel? Ser que os outros no nos aceitam como somos? J algum questionou se sero estes o modelo perfeito desta fase da vida? por tudo isto, que os jovens nos dias de hoje usam e abusam do consumo de lcool e de drogas e isso provoca consequncias muito graves no seu organismo e na sociedade em geral. A ttulo de exemplo, o lcool o causador de inmeros acidentes rodovirios. Abuso no consumo de lcool nos jovens tambm lhes ir causar dependncia, e provocar leses em vrios rgos do corpo, principalmente, no fgado e no crebro. E a vida no importante? A famlia e a escola tm um grande papel aqui porque podem alertar para os riscos do excessivo consumo do lcool e as complicaes que podero ter no futuro. Mas ser que os jovens esto dispostos a ouvilos? Por tudo isto nunca demais falar deste tema, bem pelo contrrio, necessrio cada vez mais exp-lo, divulg-lo e, principalmente, combat-lo! Encaremos estas temticas, no como "conversas fora de moda", mas, como um assunto intemporal, debatido, at que todos o ouam e passem a gostar e a respeitar-se mais a si prprios. Por isso: Diz no s drogas, viva cada dia como s, e todos te aceitaro, no finjas o que no s, s porque ests sob o efeito de vrias substncias, porque quando te aperceberes, que vives num mundo de iluso, no encontrars mais a "porta", que te indicar a sada desse mundo e, nessa altura, j no ters foras para sozinho ultrapassares o teu dilema, e os que pensavas serem teus amigos, j te abandonaram h muito tempo. Pensa sempre se valer a pena, antes de experimentares" o degredo da juventude" ou a arma mortfera acionada por ti e dirigida a ti como alvo. Pensa nisso...Srgio - 12 D Aluno de Sociologia 20

Suicdio: Uma prtica cada vez mais comum

Suicdio o ato intencional de matar a si mesmo. A sua causa mais comum , um transtorno mental que pode incluir depresso, transtorno bipolar, esquizofrenia, alcoolismo e abuso de drogas. Dificuldades financeiras e/ou emocionais, tambm, desempenham um fator significativo. Mais de um milho de pessoas comete suicdio a cada ano que passa, tornando-se esta a dcima causa de morte no mundo. Trata-se de uma das principais causas de morte entre adolescentes e adultos com menos de 35 anos de idade. Entretanto, h uma estimativa de 10 a 20 milhes de tentativas de suicdios no-fatais a cada ano em todo o mundo. preciso no desesperarmos. Valorizemos dignamente a vida que nos dada, no devemos ser ns prprios a terminar a nossa estrada da vida". Vamos caminhando at haver percursos que nos faam seguir em frente e chegar ao final, com a dignidade que todos merecemos... Viver no deve ser uma escolha, uma realidade e por isso aproveitemos essa realidade... olhemos em frente, se a esperana move mundos... tambm pode mover apenas um indivduo! Valoriza-te, diz sim vida!Carolina Pestana 12 D Aluna de Sociologia

A Filosofia tem um valor prtico e um valor terico

O valor terico traduz-se no facto do filsofo ser capaz de construir um saber organizado metodicamente ou configurar uma concepo de vida e do mundo. O valor prtico traduz-se no esforo para viver em conformidade com a concepo do mundo e da vida construda reflexiva e responsavelmente. Liga-se assim necessidade de viver a vida com autenticidade, seguindo regras de harmonia com o sentido do dever. O objecto da filosofia a realidade porque atravs da realidade que a filosofia nos pode orientar e dar-nos um rumo na vida. O mtodo da filosofia o pensamento pois atravs do pensamento que a filosofia comunica connosco e nos abre os olhos para a realidade.Nance, 10. D 21

Bullying

O bullying um dos maiores fenmenos actuais que ocorrem nas nossas escolas, falar de violncia escolar falar, implicitamente, de bullying. Deste modo, este termo no apenas falado, mas essencialmente vivido e sentido pelas vtimas de maus-tratos no meios escolar... existe cada vez mais sofrimento e silncio. O bullying toda a violncia, no s a nvel fsico, como tambm a nvel psicolgico, ou seja, insultar, fazer piadinhas ou a gozar com os outros/jovens. Esta violncia uma forma de presso social, que provoca vrios danos, como traumas na vida das vtimas, que so sujeitos diariamente a este tipo de situao. A escola um dos contextos em que o bullying mais se faz sentir, uma vez que, se encontram num mesmo espao muitas crianas o que faz com que se torne ainda mais complicado, para os adultos vigiarem todos os comportamentos dos alunos. As crianas que so vtimas destes maus tratos tm uma forma de agir, nula, isto , recorrem ao isolamento; outras at pensam que merecem esta violncia, visto que, o agressor as faz crer que a culpa delas. O agressor pratica a violncia ou gozo por se achar o maior, qualquer uma das suas vtimas tem um defeito para ele, ou por ser gordo ou feio, ou por simplesmente, ser diferente. A vtima de bullying pode sofrer este tipo de maltrato, durante muito tempo sem que ningum perceba o que se est a passa, porque a vtima, simplesmente, no quer dizer aos pais por ter vergonha ou medo dos agressores. A maior parte deles ameaam as vtimas, incutindo-lhes medo com represlias, caso contem o que se passou a algum.

Porm, os pais e, at mesmo, os professores s notam que existe algum tipo de agresso quando as vtimas aparecem com marcas no corpo, quando notam um baixo rendimento escolar, ou quando dizem que no querem ir para a escola, porque esto doentes. A depresso uma das consequncias nestas vtimas. Muitas delas pensam em se suicidarem, pois para eles o medo superior ao gosto pela vida. Para ajudar as vtimas de maus tratos necessrio recorrer a um profissional, isto , a um psiclogo. O processo longo, porque apresenta um sofrimento emocional elevado. Os pais e professores tm que estar atentos a estas situaes, para assim, conseguirem impedir ou at mesmo evitar estes casos e por mais difcil que seja para as vtimas, so elas prprias que tm de dar o primeiro passo, informar o que se passa. Na nossa escola existe um projecto de combate ao Bullying, se te encontras numa situao de sofrimento, abuso, ameaa, ou gozo por parte dos teus colegas, recorre ao teu Director de Turma, ou aos Professores com os quais tens mais vontade ou ainda te podes dirigir ao Clube do Projeto Anti- Bullying, que te ajudaro a melhorar o teu dia-a-dia na escola. No tenhas vergonha, nem medo, faz algo por ti...

Brbara Soares- 12 D Aluna de Sociologia

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Amor camisola ou fanatismo?

Antigamente as claques eram consideradas como um colorido extra do futebol. Serviam acima de tudo, para apoiar a sua equipa e acompanh-la, nos vrios jogos deslocando-se mesmo at ao estrangeiro. Hoje em dia, o conceito de claque alterou-se. Estas agora so consideradas um problema do futebol, devido a violncia que causam e aos mtodos utilizados, existindo mesmo quem defenda a sua extino. Contudo, esta medida poder ser drstica, pois, muitas delas organizam coreografias e cnticos extraordinrios, fundamental no apoio s suas equipas. Muitas das vezes, as claques apoiam a sua equipa incondicionalmente, mesmo quando est a perder, dando motivao e fora aos jogadores para que

Um trovar contra as mgoasPara mim constantemente, Escrever uma qualidade, A vingana e a maldade Que se sepultem eternamente. Vou dar pouca importncia A este mundo de maldio, E encher o meu corao De momentos da minha infncia. Isto um apuramento, Soltarei a incerteza Abandonarei a tristeza Quererei o contentamento, Sonharei sem integrar E vou vivendo a trovar.

invertam o resultado. Este apoio permite que pessoas que no se conhecem de parte alguma, possam ser amigos e estejam a cantar cnticos socializando e estando em sintonia com vrias pessoas, que apoiam essa mesma equipa. Porm, no podemos deixar que a violncia das claques afaste o pblico dos eventos desportivos. Assim, necessrio mudar a atitude das claques no permitindo que exista tanta insegurana nos estdios. Um clube poder ter mais do que uma claque a apoiar a sua equipa, existindo uma grande rivalidade entre elas, pois todas querem que a sua seja a melhor. Como medida de segurana, deveria ser tomada uma deciso para a unio das claques de modo a acabar com a violncia. Em relao aos confrontos entre claques de clubes rivais, podemos considerar que a polcia portuguesa tem feito um trabalho extraordinrio em parceria com os clubes, pois apesar de ainda causarem destruio e feridos, o seu nmero no to elevado como noutros pases. Ainda assim, preocupante e

Carla Sousa 10 C Aluna de Literatura Portuguesa

necessrio continuar com este trabalho, pois s ser totalmente positivo quando no se registar qualquer tipo de confrontos.Fbio 12 D Aluno de Sociologia

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E-mails entre Cavernas

Caro Plato, desconheces tantas coisas. A minha Caverna tem imensas coisas que adorarias saber/ver! O que pensamos? Sabes, na minha Caverna para ns comermos preciso dinheiro para comprar comida. Por que sem comida ns no sobrevivemos. Muitas vezes o que nos passa pela cabea como vamos pr comida na mesa. O que fazemos? Trabalhamos trabalhamos trabalhamos para nos sustentar, para termos dinheiro para as nossas despesas. Como vivemos? Vivemos numa Caverna onde existe muita inveja, manias e tristezas. Mas, vamos l ser positivos. A maior alegria termos sade e termos um filho! V-lo crescer, a comer, a dar os primeiros passos. Enfim... O que nos impede de sermos mais livres e mais felizes o facto de existirem muitas regras. No podemos fazer tudo o que queremos. V l tu que at para comprar comida temos de fazer fila. Para tu veres como a Caverna onde vivo Plato!Ldia Martins, 10D

Plato, a nossa caverna no muito diferente da tua. Continuamos a pensar que sabemos tudo, no conseguimos muitas vezes nos aperceber de que erramos e quando nos apercebemos por vezes nos mantemos em silncio, se calhar pela vergonha ou at mesmo por no nos apercebermos o quanto ignorantes somos. Hoje em dia, as pessoas s se importam com o dinheiro, com os bens e com a sade. S pensam na ganncia e no se importam com os outros. Mas, como claro, algumas pessoas ainda so boas e ajudam os mais necessitados e cuidam das crianas abandonadas. Mas, com o passar do tempo, essas pessoas esto desaparecendo. Alguns de ns vivem com boas casas, bons carros, resumindo boa vida, mas muitas vezes no tm o mais importante: o amor. H pessoas que vivem com pouco, mas vivem felizes com a sua famlia. Ir haver sempre algo que nos impede de seremos felizes: por alguma doena, por sentirmos falta de algum, pois o ser humano nunca est completamente feliz. Quando quer algo, consegue, depois apercebe que falta outra coisa e volta a se sentir infeliz. Nunca nos sentiremos completamente livres, pois h sempre coisas que nos prendem a fazer algo: a nossa vida, os outros, as leis, os deveres, enfim, a lista no tem fim. Na nossa caverna actual o que vemos mais o desemprego e a pobreza. J no h quase nada que nos alegre. De madrugada at ao pr-do-sol as pessoas s falam e repetem as coisas tristes e ms. O ser humano s se importa com o dinheiro e o sucesso material. Meu amigo do passado, a Alegoria da Caverna ir continuar o seu caminho. Ns somos prisioneiros da ignorncia e o que nos torna ainda mais ignorantes no admitirmos que no sabemos.Susana Soares, 10.D 24

Cincia e Tecnologia

A cincia e a tecnologia so dependentes uma da outra, no existe cincia sem tecnologia e no existe novas tecnologias sem cincia ou seja tal como a cincia cria seres tcnicos novos, a tcnica cria novas linhas de instrumentos cientficos. Cada vez mais a tecnologia um instrumento importante para fazer cincia. O conhecimento da tecnologia passa, pelo menos, por trs vectores: os instrumentos, o know-how que, por outras palavras, quer dizer conhecimento processual, conhecimento de como executar algumas tarefas e, por fim, a investigao cientfica fundamental no sentido da teoria da investigao cientfica. As teorias cientficas so cada vez mais determinantes para a evoluo da tecnologia, onde nessa tecnologia est presente os prprios instrumentos utilizados em cincia. Esses objectos so, nada mais nada menos, que computadores, microscpios electrnicos, radiotelescpios, sondas espaciais, robots, termmetros entre outros Esta evoluo da cincia e da tecnologia tem alterado a maneira de viver e de pensar das pessoas. Nos tempos que correm impensvel viver sem electrodomsticos e sem as mquinas que a cincia desenvolveu como: telemveis, computadores, medicamentos, microondas, frigorficos, entre muitos outros, que s existem com o desenvolvimento da cincia e da tecnologia; at a nossa forma de alimentar se modificou com as tcnicas utilizadas para melhorar os sabores, a aparncia e a consistncia dos alimentos, que faz com que paream mais apetitosos, e com que o tempo de conservao seja mais longo e que a sua conservao mantenha os alimentos inalterveis. Com isto conclu que a tecnologia e a cincia funcionam juntas e do o nome de tecnocincia. Para a cincia evoluir necessrio que a tecnologia evolua tambm, mas para isso a cincia tem que descobrir novos objectos de tecnologia. A cincia e a tecnologia fazem parte do nosso dia-a-dia em tudo o que utilizamos neste presente, mudando a nossa maneira de viver e de pensar. H alguns anos atrs nem um computador existia e nem imaginavam que fosse possvel existir. Com o aparecimento desta mquina a forma de pensar mudou. Comearam a aproveitar esta novidade para fazer coisas que antes nunca teriam pensado. Esta evoluo boa, por um lado mas, por outro, poder ser prejudicial e cada vez mais as pessoas comeam a pensar mais nisso apesar de continuarem a fazer os mesmos erros.Andreia Correia, 11. F 25

Anlise comparativa entre o poema de Cesrio Verde, O Sentimento de um Ocidental (I Ave-Marias) e o poema Montras, de Pedro Campos (fado interpretado por Mariza)

Cesrio Verde, no seu poema O Sentimento de um Ocidental (I Ave-Marias) , fala da cidade de Lisboa no sculo XIX.

um desejo absurdo de sofrer.). Encontra-se oprimido, por sentir que aquele no o seu espao, pois a cidade um espao preocupante e desolador, onde h poluio (O gs extravasado enjoa-me, perturba-me;). A cidade industrializada, e tambm um lugar de grande movimento. Estes so dois

com viveiros, / As edificaes somente emadeiradas: ). ento que o sujeito potico observa o cais, onde se encontram os botes (Ou erro pelos cais a que se atracam botes.), entrando, depois, num momento de fantasia, onde imagina as grandiosas naus que partiram de Lisboa descoberta do mundo. Imagina, tambm, Cames a salvar o seu livro a nado (E evoco, ento, as crnicas navais: / Mouros, baixis, heris, tudo ressuscitado / Luta Cames no Sul, salvando um livro a nado!). Este um momento de evaso para o passado, com o objetivo de fugir da cidade que o sufoca. Depara-se, depois, com a realidade, e apercebe-se de que nunca ver essa poca gloriosa, que agora foi substituda por pequenos botes (Singram soberbas naus que eu no verei jamais!), o que faz com que sinta uma certa nostalgia. Encara depois os hotis da moda, fazendo uma crtica muito subtil burguesia, que se acomoda em luxos, voltando descrio da cidade, que fora interrompida pelo momento de fantasia, onde evocou o passado. V,26

Neste poema, Cesrio Verde descreve a cidade que o rodeia, num movimento deambulatrio, visto que o leitor sente que o sujeito potico caminha pela cidade e v tudo aquilo que descrito, atravs da adjetivao (O cu parece baixo e de neblina,; De jaqueto ao ombro, enfarruscados, secos;), fazendo com que o poema tenha um carter visualista, quase cinematogrfico. O sujeito potico comea por dizer que noite na cidade (Nas nossas ruas, ao anoitecer), e para ele, esta cidade ao crepsculo melanclica, soturnidade, (H h tal tal

fatores que contribuem para a opresso do sujeito potico (E os edifcios, com as chamins, e a turba). O sujeito potico chega a comparar a prpria cidade de Lisboa, uma cidade conhecida pela sua luz nica, monotonia da cidade de Londres, uma cidade cinzenta (Toldam-se duma cor montona e londrina.). Na rua, o sujeito potico v pessoas que se preparam para viajar de comboio, dizendo que essas pessoas so felizes (Levando viafrrea os que se vo. Felizes!), demonstrando o seu desejo de tambm viajar e sair daquele ambiente asfixiante que o da cidade de Lisboa. Descreve os edifcios, comparando-os com gaiolas que o aprisionam (Semelham-se a gaiolas,

melancolia), fazendo com que o eu lrico se encontre desintegrado do espao onde se insere (Despertam-me

de seguida, dois dentistas a conversarem na praa, (Num trem de praa arengam dois dentistas;), v algum em andas, (Um trpego arlequim braceja numas andas;), v as donas de casa a fazerem as suas tarefas domsticas (Os querubins do lar flutuam nas varandas;), v os lojistas aborrecidos s portas das suas lojas, talvez pela falta de clientes ( s portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!), v os operrios (Vazam-se os arsenais e as oficinas;), v o rio Tejo poludo (Reluz, viscoso, o rio, ), e v as varinas, mulheres fortes, que se deslocam atarefadas e em grupo, (E num cardume negro, hercleas, galhofeiras, / Correndo com firmeza, assomam as varinas.). So estas ltimas, as varinas, que despertam maior ateno do sujeito potico. Diz que elas esto descalas, e a t ra b a l h a r e m n u m l o c a l poludo (Descalas!). Estas trabalhadoras servem para que o sujeito potico critique essa mesma poluio, que est em toda a cidade, e o local de trabalho de muitas pessoas, que se sujeitam sujidade para ganharem o seu sustento (Descalas! Nas descargas de carvo, / Desde manh noite, a bordo das fragatas;27

/ E apinham-se num bairro aonde miam gatas, / E o peixe podre gera os focos de infeco!).

da cidade de Lisboa. O sujeito potico refere que o amor da cidade real, pois a cidade acolhe todos os seus visitantes e faz parte do quotidiano dos mesmos (S o teu amor to real / S o teu amor). O sujeito potico fala do trnsito da cidade, que circula apressado (E o trnsito / No pra ao sinal), e diz que

No fado Montras, cantado por Mariza, fala-se tambm da cidade de Lisboa mas, desta vez, na cidade de Lisboa no sculo XXI. Este poema de Pedro Campos, tem, tambm, um carter deambulatrio (Ando na berma) e grande descrio da cidade por parte do sujeito potico, provocando sensaes visuais no leitor. O sujeito potico comea por descrever uma rua da cidade de Lisboa, onde existe alguma confuso,(Ando na berma / Tropeo na confuso), mas ao contrrio do eu lrico do poema de Cesrio Verde, este sujeito potico bem acolhido pela cidade, no se sente oprimido ou deslocado do ambiente que o rodeia (E toda a cidade estende-me a mo). A multido anda apressada, ( a gente passa / Apressada, falando ). O rio est perto, e existem gaivotas a voarem no horizonte, transmitindo, ao leitor, uma viso ampla

so milhares de pessoas a viverem a sua realidade na cidade (So mil pessoas / Atravessando na vida real), uns so emigrantes, outros ciganos, ( emigrantes, ciganos) mencionando a diversidade de pessoas que se encontram em Lisboa, fazendo todos parte da realidade citadina, tal como a brisa do rio faz parte do final da tarde (Um dia normal, / Como a brisa que sopra do rio / Ao fim da tarde / Em Lisboa afinal.). Mais uma vez, o movimento da cidade evocado (Gente que passa / A quem se rouba o sossego), e existe uma outra realidade social a ser lembrada, o desemprego, que, nos nossos dias, infelizmente, faz parte da realidade de todos (Gente que engrossa / As filas do desemprego). Existem vendedores, polcias, bancas jornais . Nesta composio de Pedro Campos, toda a realidade da

cidade evocada, mas esta realidade no assusta nem aprisiona o sujeito potico, pois ele sabe que a cidade desta forma, e sabe aceitla, am-la, e receber o amor da cidade, que lhe estende a mo sempre que passa na rua.

dos trabalhadores da poca, que para se sujeitavam a condies mnimas de higiene poder t r a b a l h a r, no fado enquanto

aceitvel, talvez por no haver forma de o mudar drasticamente. Existe um certo conformismo, que no negativo, uma aceitao dos acontecimentos. Em O Sentimento de um Ocidental existem problemas que, c o m p r e e n s i ve l m e n t e , o sujeito potico no consegue aceitar, mas era a realidade da poca, que se alterou ao longo do tempo. Nestes dois poemas faz-se um retrato da cidade, mas, na minha opinio, faz-se tambm um retrato moral da sociedade e da realidade de cada poca. So duas vises distintas, provenientes de duas pocas distintas, mas h uma certa intemporalidade na medida em que existem, sempre, vrios problemas na vida quotidiana.

interpretado por Mariza, existe apenas uma exposio dos trabalhadores, apenas por estes serem parte importante O da cidade. de um O sujeito potico do poema Sentimento Ocidental, (I Ave-Marias) encontra-se deslocado da sociedade e do lugar que o rodeia. Sente-se oprimido e chocado com a realidade que o rodeia. Sente saudades do tempo que j foi, do tempo em que a sua gente era

gloriosa e aventureira, e mostra o desejo de sair daquele ambiente citadino.

Estes so dois poemas com vises diferentes da cidade, nomeadamente, de Lisboa, onde no poema de Cesrio Verde, a cidade um lugar opressor, de poluio, onde o sujeito potico no se consegue integrar, e no outro, o de Pedro Campos, a cidade um lugar de partilha, de amor, um lugar construdo por diferentes realidades sociais. A classe trabalhadora valorizada neste fado interpretado por Mariza, tal como no poema de Cesrio Verde, mas de maneira diferente. Em Cesrio Verde, vemos uma crtica realidade

J no fado interpretado por Mariza, o sujeito encontra-se mais do que integrado na cidade, de tal forma que chega a dizer que a cidade lhe estende a mo, e esta transmite-lhe um amor real. Fala de desemprego, uma situao, para mim, deprimente, mas isso no suficiente para deprimir o sujeito potico. Como j disse, isso faz parte da realidade da sociedade e tudo o que resta ao sujeito potico aceitar esse facto. Montras mostra um eu lrico que aceita aquilo que a cidade lhe d, tudo faz parte do quotidiano, e esse quotidiano

Liliana Catarina Silva Abreu 11D Aluna de Literatura Portuguesa

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Diversidade Cultural na Europa

Celebra-se a 9 de maio o dia da Europa. Este dia recordado devido ao pedido feito pelo senhor Robert Schuman (ex. ministro francs) ex-Repblica Federal da Alemanha e aos outros pases europeus para que se juntassem atravs da criao de uma comunidade de interesses pacficos. Estvamos no ano de 1950, e com este gesto, Robert Schuman permitiu que os adversrios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) pudessem pr de lado velhas rivalidades do passado e devolver prosperidade Europa. Este gesto hoje designado por Declarao Schuman e foi a p r i m e i ra p e d ra n a c o n s t r u o d a q u i l o q u e h o j e a U n i o E u r o p e i a ( U. E ) . Atualmente, e com a to falada crise econmica que afeta mais severamente alguns pases da zona euro, Portugal, Irlanda, Grcia e Espanha (PIGS), colocam-se dois cenrios Unio Europeia: o do aumento dos poderes de Bruxelas que implica perda de soberania por parte dos estados membros, ou ento a excluso de alguns pases da zona euro que poder ser o incio do fim da U.E e consequente separao dos estados constituintes. Com a ajuda de alguns alunos do 8.E, estudamos o exemplo de dois pases que representam as duas opes que se colocam U.E, a Espanha e a ex-Checoslovquia. No primeiro caso, as diferenas culturais e lingusticas tm sido ultrapassadas atravs do respeito pela diversidade, independentemente da dimenso e peso econmico das diferentes regies que compem este pas. No caso da ex-Checoslovquia, as diferenas culturais nunca foram ultrapassadas ao fim de quase setenta e cinco anos em que existiu como estado. A Unio Europeia tem 55 anos

A Checoslovquia. Breve descrio Pas formado em 1918 e dividido em 1992. Em 1991, a populao checoslovaca totalizava 15,6 milhes de habitantes, dos quais 54,1% de checos, 31% de eslovacos, 8,7% de morvios, 3,8% de hngaros, 0,7% de ciganos, 0,3% de silesianos e o restante distribudo entre, ucranianos, alemes, polacos e judeus. As principais lnguas da antiga Checoslovquia eram o checo e o eslovaco. As religies praticadas na antiga Checoslovquia eram o Cristianismo 43,9% (catlicos 39,1%, protestantes 4,3%, ortodoxos 0,2%, outros cristos 0,3%), sem filiao e atesmo 39,9% e outras religies 16,2%. Dissoluo da Checoslovquia A dissoluo deste pas foi um processo histrico que ps fim antiga Checoslovquia e criou dois novos pases, a Repblica Checa e a Eslovquia, a partir de 1 de Janeiro de 1993.29

A sua diviso ocorreu aps uma srie de protestos e reivindicaes populares, mas sem nenhum conflito armado, diferentemente dos pases da antiga Jugoslvia. Tambm conhecida como a Separao de Veludo ou o Divrcio de Veludo, por ter ocorrido de maneira pacfica, a exemplo da Revoluo de Veludo de 1989.

A Espanha: Unio da diversidade

A Espanha uma monarquia hereditria constitucional. A Constituio de 1978 consagra o respeito pela diversidade lingustica e cultural numa Espanha unida. O pas est dividido em 17 comunidades autnomas (regies) governadas por autoridades eleitas diretamente pela respetiva populao.

Para alm do castelhano (designado por espanhol) que a lngua oficial e falada por cerca de 90% dos espanhis existem outras lnguas oficiais, a saber; (9% da populao), oficial na e nas ; (5% da populao), oficial na ; (1% da populao), oficial no e norte de . Tambm se falam uma srie de lnguas ou dialetos que no tm estatuto de lngua oficial: o , falado nas , o leons, falado em , , o estremenho, falado em e , e o no norte de . De acordo com dados publicados em 2009 (Centro de Investigaciones Sociolgicas, julho de 2009), a principal religio praticada na Espanha o Cristianismo (Catolicismo Romano) com 76%, 13% dos espanhis declararam no ter qualquer religio e 7% dizem-se ateus Entre os 4% que professam outras religies h a destacar o islamismo, seguido por cerca de 800 mil pessoas. Perante estes dois exemplos e face realidade europeia cada um de ns pode agora refletir sobre o futuro do velho continente.

Marco Cardoso - Professor de Geografia Andr Andrade, Clsio Corte Filipe Orlando e Flix Pereira - 8E

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O Amor um Lugar Estranho (Lost in translation), de Sofia Coppola

Na aula de Literatura Portuguesa, vimos o filme O Amor um Lugar Estranho, e foi-nos pedido a ns, alunos, para o analisar e estabelecer uma comparao com o livro de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdio, no que diz respeito s dificuldades que os seres humanos sentem na construo de relaes interpessoais slidas e equilibradas. O filme tem duas personagens principais: Bob Harris e Charllotte, ambos americanos que se encontram em Tquio. Ele, um ator famoso que convidado a realizar uma publicidade de um whisky na cidade de Tquio, no Japo. Ela, recm licenciada em Filosofia e aspirante a escritora, est em Tquio apenas para acompanhar o seu marido que trabalha nesse pas como fotgrafo. Estas duas personagens conhecem-se no hotel onde esto hospedadas e encontram, um no outro, a possibilidade de desabafar e de expor aquilo que realmente sentem. Bob Harris casado j h mais de vinte anos, mas a chama que alimentava o seu casamento encontra-se apagada. Quando falam, no existe a normal cumplicidade que deveria existir entre um casal. As suas conversas so vagas, j no se importam tanto um com o outro, existe apenas um casamento sem amor. Charllotte casada apenas h dois anos, mas esses dois anos foram suficientes para que o marido mudasse de tal forma que Charllotte j no o reconhece. demasiado preocupado com o trabalho, e no d a devida ateno mulher como deveria. Esta personagem feminina, licenciada em filosofia, encontra-se num impasse: procura descobrir que carreira s e g u i r, no se consegue e n c o n t ra r espiritualmente. Quando se conhecem, Bob e Charllotte veem31

a possibilidade de poderem conversar, no s com palavras, mas tambm com o silncio, algo que no acontece nos seus casamentos. Vemos indcios de um sentimento amoroso, irrealizvel por serem ambos casados. Juntos, tentam fugir da futilidade que os rodeia, numa sociedade em que a aparncia que importante. As pessoas preocupam-se demasiado com o trabalho, em realizar tarefas, e esquecem-se, por vezes, dos sentimentos, do dilogo, da parceria e da inter-ajuda, impossibilitando, assim, a construo de relaes com bases slidas e inquebrveis. Tudo isto visvel nas conversas das pessoas que rodeiam os dois protagonistas, por serem conversas fteis, onde no existe nenhum tipo de transmisso de afeto ou de cultura. neste ambiente de banalidade que as personagens principais conseguem, com a ajuda do outro, equilibrar a tristeza que sentem por estarem to desajustados da sociedade cosmopolita que os rodeia, tal como a tristeza da relao frustrada que ambos vivem. A relao de uma pura amizade e de um amor platnico que nasceu no seio de uma cidade estranha, em circunstncias que no poderiam ser menos ideais realizao de um possvel amor, consegue criar uma esfera de felicidade por terem algum que os compreende mas, ao mesmo tempo, de desprazimento, por saberem que nunca vo ser capazes de levar essa felicidade avante, como desejariam. Mesmo sentindo algo mais do que uma amizade, no so capazes de trair, fisicamente, a pessoa com quem partilham o casamento, sendo fiis a estas, dando apenas um simples beijo na hora da despedida. Sabem controlar os seus desejos, ou nem chegam a senti-los, por no precisarem de nada mais do que uma pessoa

que os pudesse ouvir, sendo apenas isso, suficiente. No existe a necessidade de um amor fsico, por no ser o corpo que precise de amor, mas sim a alma dos dois que precisa de ser escutada, para poder encontrar alguma paz, que seria impossvel sem a ajuda do outro, ou impossvel no ambiente demasiado mundano que os rodeava.

So os preconceitos sociais de uma sociedade que valoriza as aparncias em detrimento dos afetos que impedem a relao entre Simo e Teresa, conduzindo-os, fatalmente, morte. No filme, Bob e Charlotte no conseguem estabelecer relaes satisfatrias com os seus companheiros devido incomunicabilidade e falta de cumplicidade nos seus relacionamentos Tanto o filme O Amor um Lugar Estranho como o livro Amor de Perdio facultam quele que contempla estas duas formas de arte (o cinema e a literatura), um momento de reflexo sobre os valores na sociedade do sculo XIX e do sculo XXI. Quais os nossos valores? Ser que a nossa sociedade est a caminhar para o abismo? Somos assim to materialistas ao ponto de no valorizarmos os sentimentos da forma que estes merecem? Ser que somos mesmo felizes como pensamos? So estas algumas das perguntas que surgiram enquanto lia o livro de Camilo Castelo Branco, e que se enfatizaram ainda mais enquanto visualizava o filme de Sofia Coppola. Ambos transmitem uma moral, que nos leva a valorizar o que temos de no material, e a comunicar verdadeiramente com aqueles que se encontram nossa volta, para criarmos uma sociedade onde conseguiremos ser realmente felizes.

Existem semelhanas entre este filme de Sofia Coppola e o livro de Camilo Castelo Branco Um Amor de Perdio, na medida em que ambos r e t ra t a m relaes amorosas irrealizveis, devido ao ambiente que rodeia as personagens principais. Esse ambiente diferente mas com semelhanas que so intemporais, como a falta de dilogo e de valorizao dos sentimentos. Simo e Teresa no realizam o seu amor devido s rivalidades familiares entre Domingos Botelho, pai de Simo, e Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa.32 Liliana Catarina Silva Abreu 11D Aluna de Literatura Portuguesa

As redes sociais. Um bem? Um mal?

O que so as redes sociais? Para que servem? A quem se destinam? So um meio de comunicao pelo computador ligado internet. Atualmente, existem vrios sites de rede social a nvel mundial, como as pginas da Web, Facebook, Myspace, Orkut, You Tube, Twitter, etc. Estas redes facilitam a ligao entre os membros de vrias localidades e o seu objectivo criar laos afetivos e profissionais com os mesmos interesses. A Importncia da Internet incontestvel na sociedade atual. Ela assume cada vez mais um lugar predominante em todos os setores. Podemos dizer que a internet liga a pessoa ao mundo e o mundo pessoa. Presentemente, estas redes tm milhes de usurios, alguns com vrias contas em diversos sites, que so visitados por milhes de jovens, todos os dias, durante vrias horas, frente do computador. Mas, como diz o povo, no h bela sem seno. A popularidade das redes sociais preocupante. Se, por um lado, estas ferramentas foram teis para promover o bem-estar de quem as usa, verdade tambm se diga, que quem tem inteno de praticar o mal, estas ferramentas no restringem a sua inteno e disponibilizam as mesmas condies. Crianas e jovens facilitam o trabalho a essas pessoas, fornecendo dados pessoais, como o nome, nmero do telemvel, morada, incluindo fotografias, a algum que conheceram na internet. Para os

jovens o que importa ser popular, ser o mais comentado, ainda que s falem asneiras, o que interessa a quantidade de amigos, mesmo que sejam apenas amigos virtuais, pois muitos destes jovens trocam o mundo real pelo mundo virtual. Os restantes meios de comunicao tm muita dificuldade em concorrer com as redes sociais. Nos ltimos anos as vendas de revistas sofreram queda acentuada, afastaram as audincias da televiso, enquanto o consumo de internet quadruplicou, o que demonstra a preferncia das pessoas. um resultado que no espanta ningum, uma vez que se torna mais barato aceder informao e comunicar com o exterior e numa lgica de mercado mais acessvel a um maior e vasto leque de clientes. Defendo o uso das redes sociais da internet, pois neg-las seria negar a cincia e retroceder no progresso. As redes sociais embora tenham aspetos negativos so de uma mais-valia e no h como negar o seu poder fantstico. Informam com uma rapidez nunca vista; so uma das formas mais populares de divulgao de informao e opinies; mobilizam multides com simples palavras; levam propaganda a todo o mundo; criam celebridades e nos mantm conectados numa rede de sons, vdeos e sentimentos. Graas s redes sociais, h criminosos encontrados, assim como crianas desaparecidas. Aconteceu com uma beb raptada, em que a prpria, aos 23 anos de idade, conseguiu se identificar atravs de uma foto colocada no Facebook. Da menina que desapareceu numa tempestade na Venezuela e, cerca de 12

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anos depois, a me reconheceu-a numa foto no Facebook. O caso do Rui Pedro, a criana portuguesa raptada h anos, a me conseguiu v-lo num site de pornografia infantil, confirmando que ele estava vivo, etc. Servem tambm divertir-se com os amigos ou at jogar. No entanto, as redes sociais, no tm s os aspetos positivos, tambm tem aspetos negativos, a mesma rede que serve para as coisas boas tambm servem para aliciar menores, roubar, raptar, violar, agredir, publicar falsidades e criar intrigas, difundir o dio e o preconceito. Ficamos ainda sujeitos propagao de spam e vrus, enviados atravs de invasores que podem ser de algum que se faz passar por nosso amigo, porque nunca se sabe quem est do outro lado e podem fazer uso indevido dos nossos dados pessoais como fotos, moradas, nmero do telemvel, emails e at se fazerem passar por ti para fins ilcitos. Ter a sua vida exposta perante milhes de usurios. Por exemplo, ao abrirem uma conta no Facebook e no criarem restries a quem pode aceder, tudo o que for publicado na pgina Web, automaticamente enviado a milhares de usurios sem o seu consentimento e isto no termina quando os usurios cancelam a sua conta. As suas fotos e informao permanecem na rede e no retirado nem mesmo depois da morte do usurio, permitindo que outros usurios possam publicar e observar comentrios sobre aquilo que j foi publicitado. No sou contra as redes sociais, principalmente se forem utilizadas para o bem, mas temos que enfrentar estes perigos. Devemos educar as crianas para uma utilizao da internet saudvel e segura, no sentido de no disponibilizarem dados pessoais, nem mesmo o seu nome verdadeiro, neste tipo de domnio informtico que so as redes sociais. Ensinarlhes a distinguir o virtual da realidade uma

medida que assegura ao jovem maior segurana. Os outros usurios ao acederem ao seu perfil em qualquer rede social, conseguem descobrir alguns hbitos, comportamentos e atitudes dessa pessoa, que dependendo da inteno de cada usurio pode ser usado para praticar o mal contra essa pessoa, pelo que devemos manter privado os nossos sites; selecionar muito bem a quem mostrar o contedo e de preferncia s aos amigos e familiares. No facultar o e-mail ou dados pessoais e fotos a desconhecidos; s aceitar amizades de conhecidos ou em caso excecional de algum interessante e que queiramos conhecer. No aceitar todos os pedidos, sem antes fazer uma averiguao do perfil e dos amigos comuns. No passar demasiado tempo no computador e controlar as nossas aes na net sem cair no exagero. Uma das razes para muitas pessoas no aderirem s redes sociais por acreditarem que vo ter a sua vida privada invadida por outras pessoas, mas no tem razo de ser porque cada pessoa tem que ter conscincia do que vai publicar e que outros usurios vo ter acesso a essa imagem ou informao. Por isso s devemos dar a conhecer o que queremos que conheam e no nos expor demasiado, principalmente a desconhecidos. Devemos repensar tudo aquilo que se coloca nas redes sociais. necessrio ter conscincia dos nossos atos e assumir com as consequncias, no entanto, os sites deviam ter uma melhor segurana, quer contra vrus ou invasores.

Sofia - 10. Ano

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Perda da Autonomia

O consumo das drogas Este trabalho sobre o consumo de drogas e baseia-se numa entrevista a um ex-aluno da Escola Bsica e Secundria Padre Manuel lvares. O toxicodependente cego face sua prpria psicopatologia, no se cr doente, no v nem deixa ver a sua ferida, quer livrar-se da substncia que o escraviza no se concebendo ele prprio como o que a deseja e procura. A famlia do toxicodependente , em muitos casos, distrada face ao problema do filho. Comea por no ver os primeiros consumos. S se apercebe mais tarde que o filho consome (quando ele j a consome h anos) e, quando, finalmente j no pode deixar de ver, continua na sua cegueira: Ele droga-se porque mau; ele droga-se porque anda com ms companhias... A sociedade tambm promove esta cegueira quando persiste em no querer ver a sua tremenda responsabilidade na degradao da qualidade de vida das famlias, como primeiro contexto relacional onde se cria o terreno psicolgico sobre o qual mais tarde, quase sempre na adolescncia, a droga encontra um terreno psicologicamente favorvel sua aco euforizante. A cincia tambm contribui com a sua parte ao no conseguir impor um discurso cientfico que parta, no de opinies, mas dos dados da realidade, tal como eles so verificados atravs do nico meio de que a cincia dispe: a investigao clnica.

EntrevistaNome: Annimo (Ex-aluno da EBSPMA) Idade: 18 Sexo: Masculino

Onde e atravs de quem teve a sua primeira experincia? A minha primeira experincia foi atravs da influncia dos amigos e foi feita em Cmara de Lobos. Por que experimentou? Foi deciso sua ou foi por influncia de algum?

Com quem vive? Vivo com a famlia, meus 2 irmos e meus pais. Quem o seu apoio? O meu apoio a minha famlia pois no tenho amigos de verdade.

Eu experimentei porque os meus amigos aliciaram-me, eu no queria, no sabia o que era mas l experimentei. Por que razo decidiu experimentar? Decidi porque tinha falta de juzo, por

Com que idade experimentou as drogas? Experimentei a droga aos 15 anos de idade.

ignorncia, curiosidade e porque era uma coisa nova. O que sentiu quando experimentou? Quando experimentei gostei inicialmente.

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Depois apanhei o vcio e tive de roubar a minha me, pedir na rua s pessoas dizendo que era para o autocarro. Quando j tinha dinheiro suficiente ia comprar mais droga. Depois de tomar sentia-me bem mas quando acabava e passava o efeito sentia-me nervoso, sem fora e para tomar a nova dose precisava de 30 euros. O txi at Cmara de Lobos custava 20 euros e a dose 10 euros. Era uma dose pequena que dava apenas para ajudar a passar os efeitos da dependncia. Para conseguir o dinheiro tinha obrigatoriamente de roubar ou de pedir s pessoas.

tratamento mas longo e doloroso. Tenho de me deslocar ao centro de sade todos os dias. J tive uma recada mas estou a tentar sair. A minha me e o mdico ainda acreditam em mim. Mas tambm ainda existem alguns rapazes e raparigas da nossa escola que andam a consumir, informa o entrevistado no revelando nomes. Quem est a ajud-lo a sair da droga? A me e o mdico esto a ajudar-me a sair do vcio. Que conselho gostava de deixar aos

Quando que comea essa dependncia? Inicia-se com umas ganzas que so fumadas. Depois esta dose deixa de ter efeito no bate mais, depois fuma-se da prata. Depois esta tambm deixa de fazer efeito. Iniciam-se as seringas, nesta ltima fase as pessoas ficam magras, perdem auto-estima, amigos, andam sujos e so descrimina-dos por toda agente mesmo os que julgam ser seus amigos: somos desprezados pela sociedade. Os vendedores da droga ficam ricos: tm bons carros, dinheiro para o resto da vida. Destroem a vida de uma pessoa mas no consomem, apenas vendem. Reala o entrevistado. Como se tornou a sua relao social aps a experincia? A minha relao com as pessoas degradouse, antes de experimentar tinha amigos, sentiame bem. Depois de experimentar comecei a roubar, no por vontade, mas porque precisava da droga para acabar com a ressaca e as dores. Os amigos e a famlia comearam a abandonar-me devido s coisas que fazia porque tambm os comecei a roubar. Estive prestes a ir preso por causa do vcio. Conseguiu deixar o vcio? Ainda no consegui deixar o vcio. Estou em

jovens em relao sua experincia? Digo que no uma vida que algum possa desejar, triste, dolorosa apesar de apetecer experimentar, embora cada vez mais a droga esteja a se espalhar no meio da sociedade. importante ter hobbies, passatempos para no pensar em experimentar a droga que este ou aquele nos oferece, pois pode apenas ser uma experincia que rapidamente se pode tornar num vcio. Alguns conselhos para os mais jovens: 1 - Nunca experimentar! 2 - No se deixar levar pelos amigos! 3 - No andar com ms companhias! 4 - No experimentar coisas cujos efeitos desconhecemos! Muito obrigado e que tudo corra pelo melhor. Obrigado pela conversa. Gostei de desabafar e alertar os futuros estudantes.

Mnica Gilberta Teles Fernandes, 12. G

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SentidosA vida passageira; Voa nas asas de um pssaro; Navega num mar distante; Sem sentido e rumo cintilante. Tudo o que se sabe; V-se nos olhos da verdade; No saber da saudade; Se vive e sente. Por mais que tudo acabe; E outros tentem destruir; H sempre uma sonhadora; Que ir resistir.Sara Jesus -10C Aluna de Literatura Portuguesa

Saudade nos olhos de quem a v; De momentos que no conseguimos esquecer; Alegria de criana num mundo que parecia no doer; Quando tudo se tornou difcil a valer. No me julguem pelo que sou, nem deixo de ser; Julguem-me pelo que fao e deixo de fazer; Quando o mundo est a acontecer; Ver as minhas qualidades e deixar ser quem eu querer.

O meu mundo sensvelEstrelas ao luar; Gosto de as ver a brilhar; Num mundo incasvel; Que me faz sonhar. Esta noite sem fim; Elas brilharam para mim; E eu sentirei assim; O mundo ao p de mim. O mar acalma minhas mgoas; Curando meu ser; A vida para mim bela; E to cedo no irei morrer.Sara Jesus -10C Aluna de Literatura Portuguesa

Incertezas embatem na minha vida; Mas no me deixarei vencer; Pois minha alma combater; As mgoas do meu ser; A felicidade o que pretendo alcanar; Nesta curta vida; Que muito me far sofrer; Sem nunca me fazer chorar. Meu ser questiona; O mundo que meu; Sem me deixar saber o que sou eu.

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A complexidade da verdade em Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado versus A verdade em Nietzsche

O excerto da obra Acerca da Verdade e da Mentira no Sentido Extramoral de Nietzsche apresenta-nos uma definio filosfica para a questo da verdade e, desta forma, faz-nos refletir sobre ela. De modo semelhante, Jorge Amado convida-nos a refletir sobre a verdade e a sua complexidade, no atravs de uma definio como fez Nietzsche, mas atravs de um romance, Os velhos Marinheiros. Assim, filosoficamente, Nietzsche afirma que a verdade um exerccio mvel de metforas, de metonmias, de antropomorfismos, numa palavra, uma soma de relaes humanas que foram potica e retoricamente intensificadas () as verdades foram iluses que foram esquecidas enquanto tais. Com isto, queria Nietzsche dizer que a verdade um ponto de vista, no , como o significado expresso, aquilo que est de acordo com a realidade, mas sim uma metfora gasta e esvaziada de sentido. Assim sendo, a verdade apresentada como metfora ser o mesmo que a verdade como um smbolo que a representa e, assim, esse smbolo ser o nosso ponto de vista, pois aquilo em que o ser humano, despido de preconceitos, isto , com vontade de crer que algo verdade, acreditar passar, para si, a s-lo (as verdades foram iluses que foram esquecidas enquanto tais). Estas verdades, como afirma Nietzsche, depois de um longo uso parecem a um povo fixas, cannicas e vinculativas , no entanto no passam de metforas, pontos de vista individuais que ao se tornarem invariveis tornam-nos cegos. Da mesma forma, as verdades da obra Os Velhos Marinheiros de Jorge Amado podem ser inferidas como pontos de vista, da a verdade ser apresentada de forma to complexa. De acordo com o anteriormente exposto, a verdade mais do que o significado que lhe intrnseco, aquilo que corresponde realidade, a verdade no 38

pertena exclusiva de ningum, mas, no entanto, como disse Kafka, a verdade essencial vida de todo o homem e este deve busc-la no seu ntimo. Assim, mesmo havendo vrias verdades na histria do comandante, como uma verdade mais objetiva que provm da perceo, por exemplo os instrumentos naticos que na realidade ele possua e que provariam o seu ttulo de comandante; tambm existe a verdade que extramos do ntimo, aquela em que acreditamos, o ponto de vista, por exemplo o amor do comandante por Dorothy, as suas histrias de aventuras, tempestades e nufragos; esta verdade advm da introspeo e exige que acreditemos nela sem preconceitos. Em suma, na minha opinio, a verdade uma adequao entre aquilo que acontece na realidade e aquilo que se passa na nossa mente. Por isso, a verdade de difcil definio, uma vez que surge com vus de fantasia, disfarada pela fantasia, escondida pelo sonho. Respondendo pergunta do narrador dOs Velhos Marinheiros, a verdade reside no sonho que nos dado para fugir de nossa triste condio, tal como os habitantes de Periperi acreditavam na histria fantstica do comandante para fugir mediocridade de suas vidas. A verdade est no imenso sonho humano. Quem a conduz pelo mundo? O nosso ponto de vista, a nossa mente repleta de fantasia e sonho como o comandante Vasco Moscovo de Arago e as suas histrias.

Ana Sofia Carvalho de Sousa - 12 D Aluna de Literaturas de Lngua Portuguesa

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Um dia com o meu heri

Vou recordar um dia, de muitos felizes, que vivi com o meu Av materno. Vivo na Madeira h sete anos, quase uma vida, mas sou natural de Vila Franca de Xira, Ribatejo e todas as frias de vero vou visitar a minha famlia a Vila Nova de Foz Coa (uma cidade portuguesa, pertencente ao distrito da Guarda, Regio Norte). Sinto-me particularmente feliz quando regresso ao Continente, pois gosto muito de voltar s minhas origens, minha terra, estar com a minha famlia, com os meus amigos estar na minha casa! Escolhi escrever sobre um dia passado com o meu Av, pois sinto necessidade de faz-lo. O meu Av o meu dolo. Agora, que faleceu, sei que j no lhe posso agradecer tudo o que me ensinou: as histrias que me contou, a experincia de vida que me deu a conhecer, as lies de vida e os conselhos que me transmitiu. Jamais poderei agradecer tudo o que fez por mim. Mas sinto que, ao escrever este texto para ele, onde quer que esteja, o vai ouvir e vai ficar muito orgulhoso de mim. Para a professora conhecer um pouco dos seres humanos fantsticos que eram os meus Avs, vou apresent-los. O meu Av chamava-se Lus Rosa de Figueiredo, ainda festejou 86 anos, nasceu no Sto (uma vila portuguesa no distrito de Viseu), era casado com a minha querida av Maria Jos Pereira, mais conhecida por Zzinha (por ser uma pessoa muito querida na terra). Tiveram nove filhos e foram industriais de padaria, onde trabalhavam, juntamente com os filhos, meus tios, e minha me. Toda a vida foram uns guerreiros. Nunca desistiram dos seus sonhos. Criaram e educaram os filhos, fizeram uma casa que em tempos foi cheia de gente e hoje nem uma alma l para, e deixaram na terra nove incrveis

seres humanos! Agora sim, posso recordar um momento passado e