revista g8 cplp

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Petróleo Africano Um recurso que gera desenvolvimento Pág. 16 Angola $4.5 Brasil $4.5 Cabo Verde $4.5 Guiné-Bissau $4.5 Moçambique $4.5 Portugal €3 São Tomé e Príncipe $4.5 Timor-Leste $4.5 N.º 01 OUT. 10 Mensal 14.º Aniversário do CPLP União na Diversidade Pág. 10 Em Foco Presidente do IPAD IPAD é o coordenador de toda a cooperação portuguesa Pág. 25 Entrevista Internacional Expo Xangai 2010 Montra internacional atrai países lusófonos Pág. 32

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1ª Edição da Revista G8 da CPLP

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Petróleo Africano Um recurso que gera desenvolvimentoPág. 16

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N.º 01OUT. 10Mensal

14.º Aniversário do CPLP

União na DiversidadePág. 10

Em Foco

Presidente do IPAD

IPAD é o coordenador de toda a cooperação portuguesaPág. 25

Entrevista

Internacional

Expo Xangai 2010

Montra internacional atrai países lusófonos Pág. 32

Outubro 2010 ~ G8 303

Editorial }

Destinadaaosoitopaísesquenomun-dofalamportuguês,arevistaG8queagoratemnassuasmãos,nascenumtempodi-fícil.Numtempodeindecisão,decontra-çãoeconómicainternacional,numtemposombrioecommuitasnuvens. Mas tal como dizem os otimistas,quandochoveéqueétempodevenderguarda-chuvas.Ou seja, énosmomen-tosemquetudopareceestarcontranós,quedevemosperceberparaqueladoso-praovento,poiséparaaíquenosdeve-mosdirigir. ArevistaG8temumobjetivo:tornar-se a publicação de referência na área daEconomia, Finanças e Negócios no es-paço da lusofonia.Quer isto dizer que aCPLPéonossoterritórionatural,aquelequequeremos servir, na certezaquepelanossafrentetemosalgoqueaindaestáporserverdadeiramenteexplorado:oMundodosNegóciosemPortuguês. A universalidade da língua que co-mummentenosune está longede ter ex-pressão na profusão de contactos quedeveríamoster.Seémaisfácilcomunicar-mosna línguaquenosécomum,porquenãoestabelecemosmaispontesentrenós? Paranosajudarnestepropósito, esta-belecemosumarededecontactosnosoitopaísesde línguaoficialportuguesa.Esco-lhemos para parceiros deste projeto enti-dadestãodiversascomoaCPLP(Comu-nidadedosPaísesdeLínguaPortuguesa),a UCCLA (União das Cidades CapitaisAfro-Américo-Asiáticas),eaOMS(Orga-nizaçãoMundialdeSaúde-Departamen-todeLínguaPortuguesa). Osnossosconteúdosterãoacolabora-ção do insuspeito Financial Times Busi-ness,comquemestabelecemosumacordopara publicação dematérias que tenhaminteressenoâmbitodaCPLP.Ecomeça-mos neste número com uma análise aopetróleoafricano,ondeAngolatempapel

de relevo, mas também com a previsívelinternacionalizaçãodabancabrasileira. Masacimade tudoonossoprojetoéoresultantedofactodepensarmosqueodesenvolvimento (e porque não a solida-riedade…) entre todos se constrói numaesferadecomumentendimento. As barreiras políticas estão hoje des-truídas, com os nossos oitos países arelacionarem-se entre si, num clima detotal liberdade, igualdade e fraternidade.Afastadososvelhosfantasmas,eliminadosos conflitos que assolaram algumas dasnossassociedades,énumclimadecoope-raçãoque juntospoderemosedeveremosrelacionar-nos. ComPortugalnaEuropa,aquesejun-taovigordoBrasilnaAmérica,oflorescerdeAngola,CaboVerde,Guiné,Moçambi-queeSãoToméemÁfrica,easpotencia-lidadesdeMacau eTimorna zonamaisorientaldomundo,todosseremossegura-mentecapazesdedescobrirosprocessoseoscaminhosemque,conjuntaeharmoni-camentehavemosdecrescer. Todos temos algo adar aosoutros, etodostemosareceberdecadaum.Assimconsigamosessedesiderato,comaRevistaG8, (redigida no português resultante doacordo ortográfico…), a ser o arauto daconquistadessesobjetivos.

Pedro Luiz de [email protected]

Pedro Luiz de Castro

Uma língua, oito países, muitos projetos!

Todos temos algo a dar aos outros, e todos temos a receber de cada um.

G8 ~ Outubro 2010 Outubro 2010 ~ G8

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. 22

G8 é um órgão de informação financeira, plu-ralista, que visa oferecer uma informação com-pleta sobre investimentos, projetos e desen-volvimento económico e cultural nos países de língua oficial portuguesa.

G8 respeita os direitos e deveres universais da Liberdade de Expressão e de Informação.

G8 é uma revista independente de governos, partidos políticos, grupos económicos, associa-ções e quaisquer grupos de pressão.

G8 rege-se por critérios jornalísticos de rigor, isenção, honestidade, e respeita todas as ten-dências, opiniões, religiões ou crenças. Rege-se, no exercício da sua atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas éticas e deontológicas do jornalismo.

G8 separa de forma clara factos e opiniões.

G8 compromete-se a ter um cuidado redobrado em não divulgar textos e imagens suscetíveis de induzir em erro ou distorcer factos, ou ainda que possam ser ofensivos para qualquer co-munidade onde a publicação seja oficialmente distribuída.

Os autores de peças jornalistas divulgadas no G8 comprometem-se em não usar em proveito próprio ou de terceiros, informações reservadas que tenham recebido, ou tenham tido acesso, no decorrer da sua atividade profissional.

04 05

Ficha Técnica } Estatuto Editorial }

Caderno Especial

Sumário }

Editor e ProprietárioDidier DachezAred - Agência de Relações Exteriores e de DifusãoRua Rodrigues Sampaio, 19 - 4 A 1150-278 - Lisboa PortugalTel. (+351) 213 182 000 • Fax. (+351) 213 182 009Tlm. (+351) 913 005 443 Email: [email protected]

Diretor Pedro Luiz de Castro

RedaçãoG8 - O Mundo em PortuguêsR. Prof. Aires de Sousa, 4 E • 1600-590 Lisboa • PortugalTel. (+351) 217 561 208 • Fax. (+351) 217 510 229Tlm. (+351) 960 009 797Email: [email protected]

Colaboradores Gilberto Sousa (Angola), Carlos Cardoso (Brasil); Ana Antunes (Moçambique); Miguel Silva (São Tomé): José Dias (Cabo Verde); Fernando Pereira (Guiné), Maria Wong (Macau) e Simone Rocha (Timor); Susete Sampaio (OMS)

Fotografia Getty Images, Patricia Lozano e Pedro Silva

Publicidade Ared - Agência de Relações Exteriores e de DifusãoRua Rodrigues Sampaio, 19 - 4 A1150-278 - Lisboa • PortugalTel. (+351) 213 182 0000 • Fax. (+351) 213 182 009Tlm. (+351) 913 005 443Email: [email protected]

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Publicação Mensal Tiragem deste número 10.000 exemplares

AssinaturasAred - Agência de Relações Exteriores e de DifusãoRua Rodrigues Sampaio, 19 - 4 A1150-278 - Lisboa • PortugalTel. (+351) 213 182 000 • Fax. (+351) 213 182 009Tlm. (+351) 913 005 443Email: [email protected]

Número de Depósito Legal ERC Nº 125900Apresentação 558 de 31/05/2010

Ban

cos Brasileiros • Pág. 39

CPLP • Pág. 10

Expo Xangai • Pág. 32

OM

S

• Pág. 13

IPAD • Pá

g. 2

5

25 EntrevistaAugusto Correia, Presidente do IPAD«Os países doadores de recursos devem exigir a sua correta aplicação»......

Domingos Simões PereiraSec. Executivo da CPLP«As organizações só conseguem crescer quando são capazes de enfrentar a rutura»...

16 Tema de CapaPetróleo AfricanoNovo capítulo de desenvolvimento...

42 NegóciosBancos BrasileirosInternacionalização?Sim, mas com cuidado....

03 Editorial

10 Em Foco

13 Saúde

Só em clima de cooperação os oito países da CPLP vencem...

CPLP faz 14 anosConsolidação cimenta-se na diversidade...

OMS tem 62 anos Em luta pela saúde de todos...

22 Tema de CapaPetróleo em AngolaUma estrela económica em ascensão...

32 InternacionalExpo XangaiUma arma de diplomacia económica...

Angola seduz China...

Os artigos com do Financial Times são de «The Financial Times Limited 2010». Todos os direitos reservados. A empresa Primeira Imagem apenas é responsável pelo fornecimento da tradução do conteúdo, e « The Financial Times Limited» é totalmente alheio e não aceita qualquer responsabilidade pela falta de precisão ou qualidade, da tradução.

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G8 ~ Outubro 2010 Outubro 2010 ~ G8

AempresaportuguesaMonteAdrianoganhouo concursopara a construçãodetrêsbarragensnailhadeSantiago,benefi-ciandodalinhadecréditode200milhõesde€disponibilizadaporPortugalparapro-jetosdeobraspúblicas. Comapresençadoprimeiro-ministrocabo-verdiano, JoséMaria Neves, na as-sinaturado contrato, confirma-se a cons-trução, de raiz, das barragens da Faveta,SalineiroeSaquinho,quesejuntarãoàjáconstruídadoPoilão,concluídaem2006,comfinanciamentodaChina. SegundoJoséMariaNeves,nospróxi-mosdoisatrêsanos,oGovernopretendeconstruirmais17barragens,comoobjeti-vode, até2015,mobilizar75milhõesdem3deágua,oquepermitiráalargaraáreairrigadadopaís,criarempregoereduzirosíndicesdepobreza.

As três barragens terão um impactofundamentalnaagricultura,poisevitarãoodesperdíciodemilhõesdemetroscúbi-cosdeáguanoarquipélagoduranteaépo-cadaschuvas,entreJulhoeNovembro. OGovernodecidiurecentementelan-çarumprogramaparaquetodososfurosde água no arquipélago sejam equipadoscomenergias renováveis, solar ou eólica,permitindoaosagricultoresteremacessoàáguaaumpreçomaiscompetitivo. Emtermosglobais,CaboVerdetemli-nhasdecréditodePortugalqueultrapassamos600milhõesde€,destinadosaprojetosde infraestruturas, mobilização de água eenergias renováveis, bemcomoparaapoioàsempresaseàconstruçãodehabitação. «Muita gente diz que esses projetosfinanciadospelaCooperaçãoPortuguesatêmaverapenas comaexportaçãoportuguesaparaCabo

Verde.EosganhossubstanciaisqueCaboVerdeestá a ter na construção dessas infraestruturas,dessasbarragens?”,questionounaocasiãooprimeiro-ministro. «O Governo português dá um contributofundamental na transformação e desenvolvi-mentodo arquipélago, porque, ao ladodas li-nhasde crédito,há tambémabonificaçãodosjuros, ajudando a modernizar Cabo Verde»,acentuouJoséMariaNeves. Oprimeiro-ministrorealçouarecenteaprovaçãodeumpacotedeconstruçãoe/ou reabilitação de estradas, destinado acontribuirnãosóparaodesenvolvimentodoarquipélagomastambémparapermitiroescoamentodosprodutosagrícolas. EmcausaestáofactotambémdeCaboVerdeestaraaproximar-seapassoslargosdolimitedeexploraçãodeáguapotávelnosubsolo,talcomoafirmouopresidentedaDirecçãoNacionaldaGestãodosRecur-sosHídricosdeCaboVerde. António Pedro Borges lembrou queCaboVerde tempotencialidades de águasubterrânea estimadas em 60milhões demetros cúbicos/ano e que a exploraçãoatualrondaos40milhões,advertindoque,até2020,comoritmodedesenvolvimen-todopaís,essanecessidadesubirápara90milhõesdemetroscúbicos/ano. CaboVerdetemdesenvolvidoaolongodas últimas duas décadas vários projetosde centrais dessalinizadoras de água domar,quetêmpermitidoatenuaraexplora-çãodoslençóisfreáticos.

O arquipélago de Cabo Verde tem tido uma ascensão meteórica, muito por causa da gestão pragmática e objetiva dos seus governos, aliada a uma estabilidade política de relevo. O turismo apresenta-se como o sector de maior vitalidade no que diz respeito a conquista de divisas. Exten-sos areais, e um clima de tipo «caribenho», fazem as delícias dos milhares de turistas, que todos os anos buscam estas paragens a três horas da Europa.

Cabo Verde

Três barragens na Ilha de Santiago

AMOTA-Engilestáareforçarosinves-timentos e as parcerias no Brasil. Depoisde recentemente ter anunciado uma par-ceria na área do ambiente, com a aquisi-çãode50%deumaempresaderesíduos,aMota-Engilvaientrarnaconstruçãocivil. Jorge Coelho, o CEO da companhiaafirmou estar a concluir «uma operação de“procurement”para entrarnuma empresabra-sileiranaáreadaconstrução».AempresaestásedeadaemS.Pauloeestemêspoderáha-verdecisões,poisestáprevistaadeslocaçãode vários elementos da administração daempresaàquelepaís.

Para JorgeCoelhooCampeonatodoMundo de Futebol de 2014 e os JogosOlímpicosde2016vãopotenciareste in-vestimento.«ÉnoBrasilquequeremoscentrarmuito a nossa actividade. Começámos por S.Paulo,masestamosaalargaranossaactivida-deaoutrosestados”,disse.Sublinhouqueasparceriassãoomodelopreferencialdene-gócionaestratégiadeinternacionalizaçãodaempresaportuguesa. A Mota-Engil tem investimentos decerca de 500milhões de € noBrasil. EmMaio último a empresa adquiriu metadedogrupoGeoVisionSoluçõesAmbientais

eEnergia,umaholdingdeempresasqueactua na área dos resíduos, sobretudoemS.Paulo.Estaoperação envolveu21milhões de €,mais umvalor futuro queresultará do acréscimo do EBITDA aolongo dos próximos quatro anos. Estaempresafacturou45milhõesde€noúlti-moexercício. Na senda da sua constante interna-cionalização,emJunhopassadoaMota-EngilanunciouaaquisiçãodeumaoutraconstrutoranaPolónia,concretamenteaPRD-MLublin,numacompraqueenvol-veuseismilhõesdeeuros.

0706

Breves }Breves }A pensar em 2014 e 2016

Mota-Engil quer entrar na construção no Brasil

A Camargo Corrêa, acionista dacimenteira Cimpor e um dos maioresgrupos privados brasileiros, anunciou aaquisiçãodeumacimenteiraemMoçam-bique, num investimento de cerca de 42milhõesde€. O grupo brasileiro adquiriu 51% dafábrica localizada em Nacala, no Nor-tedopaís, comcapacidadedeproduçãode350.000toneladasporano.Afábrica,inauguradanoanopassado,foicomprada

aogrupomoçambicanoInsitec,quecon-tinuaráadeter49%donegócio. Atualmente a Camargo Corrêa atuaemMoçambiqueno ramoda construçãocivil,noprojetodeumaminadecarvãodatambémbrasileiraVale,emMoatize,numinvestimentode1,3milmilhõesdedóla-res.NosetordeenergiaelétricaaCamargoCorrêadetémumcontratode1,5milmi-lhões deUSDpara construir a barragemmoçambicanadeMphandaNkuwa.

No início do ano o grupo brasileiroanunciou a construção de uma cimentei-ra emAngola, num investimento de 200milhõesdeUSD,emparceriacomaango-lanaGemaeaEscom,dogrupoEspíritoSanto. NoiníciodesteanoaCamargoCorrêaadquiriu33%departicipaçãonaCimpor,apósolançamentodeumaOperaçãoPú-blicadeAquisição(OPA)datambémbra-sileiraCSN. A Camargo Corrêa, que chegou naépocaaapresentarumapropostadefusãocomaCimpor,detémasmarcasdecimen-toCauê,noBrasil,eLomaNegra,naAr-gentina,ondelideraomercadolocal.

Moçambique

Camargo Corrêa compra cimenteira

Cabo Verde vai criar o Centro In-ternacional de Negócios onde incluiráas chamadas zonas francas industriais.SegundoaministradaTurismo,Indus-triaeEnergia,FátimaFialho,ogovernocabo-verdianoaprovoualgunsdiplomasquevãoterum«impactomuitograndeso-breaeconomiamas,sobretudo,nacompeti-tividadedaspequenasemédiasempresasnopaís.» Entre os diplomas, destaca-se acriaçãodeumregimedeconcessãode

incentivosaprojetosdeinvestimentosà internacionalização das empresascabo-verdianas, mas Fátima Fialhodissequeoexecutivoambicionacriarumquadrolegalinstitucionalquefaci-liteessamesmainternacionalização. Ogovernopretendecriar «umam-biente facilitador às empresas cabo-ver-dianas, atrair mais investimento diretoestrangeiro, bem como aumentar a basede exportação, através dos incentivos fis-cais e financeirosque irão ser concedidos

àsempresas»,explicouaministra. O governo foi autorizado a legislarsobre o regime jurídico da recuperaçãodas empresas em situação de falência.«Comaaprovaçãodeste diploma, o governopretendefazercomqueasempresasqueeste-jamemsituaçãodifícil,masquesejamecono-micamenteviáveis,possamser recuperadas»,disseFátimaFialho, acrescentandoque«também se cria um quadro de incentivosparaqueessasempresaspossamentrarnova-mentenocircuitoeconómicodopaís».

Cabo Verde cria Centro Internacional de Negócios

AEDPintegraumgrupode35empre-sas quenoBrasil vão reportar voluntaria-mente as suas emissõesde gasesquepro-vocam o efeito de estufa. Estas empresasparticipam numa iniciativa pioneira cha-madadeRegistoPúblicodeEmissõesGa-sesdeEfeitoEstufa,lançadaemSãoPaulo. Esteprimeiro registo estádivididoemtrêscategorias(Ouro,PrataeBronze)paraclassificarosdiferentes tiposde inventário

dasempresas.AEDPestáenquadradanacategoriaOuropordivulgaruminventáriocompleto e auditado, que contempla asdiversasoperaçõeseasemissõesdeCO2provenientesdasuacadeiadevalor. «Esta é uma iniciativa extremamenteséria, que exige práticas de gestão rigorosasemuita transparência na prestação da infor-mação»,afirmouopresidentedaEDPnoBrasil,AntónioPitadeAbreu.«Participar

doprogramaconstituiumademonstraçãocon-cretado compromisso comaadoçãodeaçõesnecessáriasparalidarcomaquestãodasalte-raçõesclimáticas»,sublinhou. Atualmente, o grupo EDP adota di-versas iniciativas que contribuem para adiminuição da emissão de gases, como oestímulo ao consumo racional de água,energia elétrica, combustíveis e de papel.NoBrasil,aEDPcontrolaatualmenteem-presasdedistribuição(BandeiranteeEscel-sa),decomercializaçãoedeproduçãodeenergia.

EDP reporta emissões de gases

G8 ~ Outubro 2010 Outubro 2010 ~ G8

UmaaliançaentreogovernodePor-tugal e a UIT (União Internacional dasTelecomunicações)vaipossibilitaroape-trechamentode20salasdeaulade20pa-íses commodernosequipamentos tecno-lógicos: computadores «Magalhães»mastambém servidores, quadros interativos,redes sem fios e variadas soluções infor-máticas. O acordo foi oficialmente assinadoentrePauloCampos,secretáriodeEstadoadjuntodasObrasPúblicas,eHamadounTouré, secretário-geral da UIT. A UITdesenvolveoprograma «ConnectaSchool,ConnectaCommunity»queprocurapôrfimàenormediscrepânciaentrepaísesricose

pobres,aoníveltecnológico.NoprocessodecolaboraçãoestãoaJPSáCouto-quefabricao«Magalhães»-eaESOPassimcomoassubsidiáriasportuguesasdaCis-co,InteleMicrosoft. Está assegurado que todos os paísesdaCPLPseencontramnogrupodebene-ficiadores desta ação.Domesmomodo,sedeparamoMéxico,aArgélia,oMalieoBangladesh.Ainiciativainsere-senoprograma eSchool International e uneoMinistériodasObrasPúblicas,Transpor-teseComunicaçõesaoUITnosentidodeexportaroknow-howtecnológicoecon-ceptualdosmodelosdeeducaçãoportu-guês. Por um lado, trata-se de uma açãode consciencialização social. Por outro,permite divulgar as notáveis ofertas tec-nológicas portuguesas no patamar daEducação, levando outros mercados esociedadesatomaremcontactocomelas.As empresas desta indústria portuguesa

têm mostrado um enorme espírito decolaboração.Nestepatamar,resideumaoportunidadede sucesso cultural e eco-nómicoquenãopoderá ser ignorada, eprova que a economia portuguesa podeincrementarassuasexportaçõeseinter-nacionalizaros seus sucessos tecnológi-cos. Segundo omodelo do governo por-tuguês, os progressos no patamar daEducação refletem-se na forma comooprogramae-escolavingou.Hátrêsanos,omodeloaatingirseriaodetentardis-ponibilizaracadaestudanteouprofessorum computador portátil com acesso àBandaLarga.Hoje,omodelodoe-esco-la é exportado levandonovos conceitoseducacionais para os países em desen-volvimento.Unindopaísesricosemenosricos, uniformizando as aproximaçõestecnológicasaomundoetambémosmé-todos de aprendizagem de crianças emtodooplaneta.

08 09

Breves }Breves }Difusão internacional das TIC realizada em projeto de cooperação

Computador Magalhães chega aos países da CPLP

São Paulo «chama» portugueses

OEstadodeSãoPaulovaicontinuara lançar concessões rodoviárias e contater empresas portuguesas a concorreraos concursos, como a Brisa (acionistada CCR) ou a Mota-Engil, através doconsórcioAscendi. Mauro Arce, secretário de EstadodosTransportesdeSãoPaulo,dissequevailançar«maisumaconcessão,paraoanelrodoviáriodeSãoPaulo.AparteSuljáestáconcluída e quem ganhar terá que construiro Leste».MauroArce lembra que desde1997 foram lançadas 18 concessões naregião em regime de parceria público-privada. Asempresasterãoqueseapresentaraoconcursopúblicoqueiráserlançado,mas ao contrário do que acontece emPortugal,ocritériodeescolhadovence-doréovalordaportagem,enãoocus-toda construção.Ou seja, ganhaquemapresentaropreçodeportagemmaisbai-xonumaconcessãoa35anos. Mauro Arce adiantou ainda que asconcessionáriaspagamumataxanoBra-silparaajudaràconservaçãodasrestan-tesviasrodoviáriasnopaís.Alémdisso,

o Estado de São Paulo quer lançar umprojetoparaumnovoaeroporto,quandoaregiãojácontacomosdeCongonhaseGuarulhos.Esteaeroportotambémseriaabertoàiniciativaprivada,«independente-mentedaCopadoMundo»,diz. O Brasil tem até 2104 projetos deinfraestruturasdaordemdos33milmi-lhões de € para apresentar às empresasportuguesas,naáreadasinfraestruturas,logística,concessõesetransportes. Maurício Muniz, Assessor EspecialdaCasaCivileCoordenadorExecutivodo PAC (Programa de Aceleração doCrescimento), revela que entre os pro-jetos brasileiros prioritários estão trêsconcessõesrodoviárias,trêsprojetosfer-roviários, incluindo a Alta Velocidade,aeroportoseprojetosdetransportes. Noquedizrespeitoàvertenterodo-viária, Mauricio Muniz revela projetosparaasestradasBR040,BR116eBR101,que totalizam 4,2 mil milhões de €. OPAC tambémprevê a reformulaçãodossistemas de transportes nas 12 cidadesqueirãoreceberoCampeonatodoMun-do de Futebol de 2014.A juntar a isso

hámais projetos demobilidade urbananovalordecercade8,1milmilhõesde€paraexecutaremtodoopaís. EntreosgrandesprojetosemcimadamesaparaaCopaestáoestádioMinei-rão, cuja recuperação está dividida emfases,equedeverácontarcomapartici-paçãodaportuguesaLusoarenas. SegundoLuísAntónioAthayde, ge-rente executivodaunidadeUPPdaSe-cretaria deEstado doDesenvolvimentoEconómico de Minas Gerais, este Es-tadoo vai entregar esta concessão a 25anos.«TivemosoprimeiroprojetodePPPdoBrasil»,explicou. RuiCézarMiranda, secretárioespe-cialdaCopa2014edasOlimpíadasde2016, revela projetos que deverão im-plicar investimentosvultuososnoBrasilparareceberosdoisgrandeseventos.OobjetivoéquemuitasdasinfraestruturasfiquemdepoisaserviroBrasil,sobretu-donoquedizrespeitoatransportes. Um dos grandes projetos é o com-boiodeAltaVelocidadequedeveráligarRiodeJaneiroeSãoPaulo.Aobraestáavaliadaem15,5milmilhõesde€.

Angola começou a plantar cana deaçúcarem2009naprovínciadeMalange,comopartedeumprojetodestinadoareto-maraproduçãodeaçúcarnopaís,umsetoremtemposprósperomasdevastadopor27anosdeguerra.No finaldopróximoanovaivoltaraterproduçãoprópriadeaçúcar,asseguraosóciobrasileirodoBiocom,umprojetoconjuntocomangolanos.

A Biocom é um projeto desenvolvidoem parceria pela brasileira Odebrecht, aestatalangolanaSonangoleogrupopri-vadoangolanoDamer. Marcelo Odebrecht, presidente dogrupo Odebrecht, disse que o primeirolote de açúcar processado estará pron-to no último trimestre de 2011. «Mas oprimeiro e essencial objetivo da Biocom é

satisfazer a procura internade açúcar emAngola»,disse. OprojetodaBiocomé tambémcon-siderado o primeiro passo para Angolacomeçar a produzir biofuel, reduzindoadependênciadopetróleo.Comanovalegislação, aprovadaemmarço,o etanolproduzidopoderá,emprincípio,passaraserusadoparaabastecerautomóveis.

Angola estáa concedervistosprivile-giadosde10anosainvestidoresestrangei-rosevailançarembreveuminstrumentoonlineparaaproximarempresáriosaLu-anda.«Depoisdeaprovadooprojetodeinves-timento, o investidor tem direito a um vistoprivilegiado,masparabeneficiardessevistopri-vilegiado,temnomínimo,querealizarocapital

declaradoaté80%»,disseOlimNeto,diretordaAgênciaNacionalparaoInvestimentoPrivado(ANIP). Esta foi uma forma encontrada peloGovernopararesolveroproblemadevis-toscomquesetemdebatido,eparafacilitaracomunicaçãocompotenciaisinvestidoresestrangeiros. Angola prepara-se também

paradisponibilizarumaferramentaon-linepara permitir troca de informações emtemporeal. «Estamos a concluir um link de interaçãocom os investidores.Não é necessário desloca-rem-se a Luanda.O investidor coloca as suasdúvidas e nós, na hora, respondemos», expli-couOlimNeto.

Angola volta a produzir açúcar…

… e concede vistos de 10 anos

Os dois grandes eventos desportivosque irão realizar-se no Brasil até 2016,estãoaserumdosmotivosparaolança-mentodeummega-programadeconstru-çãoereabilitaçãonopaís.Paralelamente,servemparacaptarointeressedeempre-sas estrangeiras no mercado brasileiro,que está em expansão, ao contrário doqueacontececomaEuropa. OMundialdeFutebol2014vaiserre-alizadoumpoucoportodoopaís,em12cidades: BeloHorizonte, Brasília,Cuia-bá, Curitiba, Fortaleza,Manaus,Natal,PortoAlegre,Recife,RiodeJaneiro,Sal-vadoreSãoPaulo.Entreos investimen-tosdemaiorvultoconta-seareabilitaçãodoMaracanã,noRiodeJaneiro,quevaiseralvodeumareformaquasecompleta.As obras no famoso estádio vão custar

325milhõesde€. QuantoaosJogosOlímpicos,noRio,implicam a construção de várias infraes-truturas,masacidadevaiaproveitarmui-tosdosespaçosquejátem.Se56%doqueé

necessáriojáexiste,cercade20%deinfra-estruturasserãoconstruídas,easrestantes24%serãodenaturezatemporária.OsjogosOlímpicosdecorrementre5e21deagostode2016.

Grandes Projetos no Brasil

O Estádio do Maracanã construído para o Mundial de 1950, já foi o maior do mundo. Atualmente recebe 82 000 espetadores e sofrerá importantes adaptações que o tornarão o palco perfeito para o Campeonato do Mundo de 2014, a disputar também no Brasil

G8 ~ Outubro 201010 Outubro 2010 ~ G8 11

caminhosparaaumaaçãocoletiva,mul-tilateral,nosmaisvariadossetoresdeativi-dade. No domínio daCooperação, um dosgrandeseixosdeatuaçãodaCPLP,conti-nuaasernecessáriaumamaiorapropria-çãodasiniciativasdecooperaçãoporpartedospaísesdaComunidade,cabendo-lhesainiciativadeproporedesenvolverprojetosdecooperação,noquadrodaComunida-de, de forma a consumar-se o verdadei-ro sentido da cooperação, constante dostextos fundadores da nossaOrganização.Porém, o dinamismo evidenciado nosúltimos anos neste vetor de atuação épordemais evidente, tendoo seumelhorexemplonosucessonoPlanoEstratégicodeCooperaçãoemSaúdedaCPLP(PECS2009/2010). A ação cultural e a defesa e promo-ção da Língua Portuguesa assumem-se,também,comoumdosvetoresemqueaCPLP promete intensificar as suas aten-ções.OInstitutoInternacionaldaLínguaPortuguesa (IILP) tem por objetivos aplanificaçãoe execuçãodeprogramasde

promoção,defesa,enriquecimentoedifu-sãodaLínguaPortuguesacomoveículodecultura,educação,informaçãoeacessoaoconhecimentocientífico, tecnológicoedeutilizaçãoemforainternacionais.ParaalémdoprometidoreforçodoILLP,o Conselho de Ministros da CPLP, reu-nidoemBrasíliaa31demarçode2010,emcumprimentoàsdecisões contidasna«DeclaraçãosobreaLínguaPortuguesa»,adotadanaVIIConferênciadeChefesdeEstadoedeGovernodaCPLP,emLisboa(Jul.08),decidiramreafirmaraassunçãode políticas partilhadas para a projeçãodalínguaportuguesacomolínguaglobal.Para tal, remetem à Cimeira de Luandaa adoção do «Plano deAção de Brasília

paraaPromoção,aDifusãoeaProjeçãodaLínguaPortuguesa».

Cidadania e circulação

Apesardeserumadasáreascomavançossubstanciais na Comunidades, as dificul-dadesemconcederdireitospolíticos,eco-nómicosesociais,cujaaplicaçãoestejaemconsonânciacomosatuaisordenamentosjurídicos, são enormes. Isto porque, cadaumdosEstados-membrosdaCPLP tam-bém está integrado noutras organizaçõesregionaisesub-regionaisqueimpõeregrasmaisestritas.Porém,oGrupodeTrabalhoAlargadosobreCidadaniaeCirculaçãonoEspaço da CPLP tem reunido com umabaseregular,paraanalisar➼

Em Foco }Em Foco }

AComunidadedosPaísesdeLínguaPortuguesa(CPLP)celebraoseu14ºani-versárioa17dejulho,nasvésperasdaVIIIConferênciadeChefesdeEstadoedeGo-verno.AgendadaparaLuanda,a23deju-lhode2010,estacimeiradaCPLPmarcaa passagemda presidênciapró-tempore dePortugalparaAngola. Sobotema«SolidariedadenaDiversi-dadenoEspaçodaCPLP»,escolhidopelapresidência angolana, a Comunidade vaicontinuaraconsolidar-se,refletindoavon-tadepolíticadosEstados-membros,asas-piraçõeseexpectativasdosseuscidadãos. Aofimde14anosdeorganização,aCPLPtemprogredidonosentidodeumaadaptaçãoevolutivadassuasestruturas,garantindouma concretizaçãomais efi-ciente e eficaz dasmetas traçadas paraos três vetores de atuação: concertação

político-diplomática,cooperaçãoemto-dososdomínios,epromoçãoedefesadaLínguaPortuguesa. Apesardaefetivaexiguidadederecur-sos de que dispõe, a vitalidade daCPLPrefleteflecte-senadefesadademocraciaeno elevado número de medidas conjun-tasqueosEstados-membrostêmadotadoparaharmonizarpolíticas,ativarprocedi-mentos comuns e cooperar em domíniostãoimportantescomoaJustiça,aEduca-ção,asForçasArmadas,AmbienteeMi-grações,entreoutros. AadaptaçãodaCPLPàsnovasexigên-ciasdecrescimento,derivadasdeummaiordinamismoda suaestruturanoscenáriosnacionais e internacional e nas políticasdosEstados-membros, tem sido acompa-nhada por sucessivas alterações dos esta-tutos. Este novo quadro legal permitiu o

reforçodaaçãodospontos focais,comaconversãodassuasreuniõesemórgãodaCPLP,acriaçãodosGruposdaCPLPnascapitaisenassedesdosorganismosinter-nacionais.Poroutroladoregulamentou-seaadesãodosEstadoscomoObservadoresAssociados,das instituiçõesda sociedadecivilcomoObservadoresConsultivos,eainstitucionalização peloXIIConselho deMinistros(Nov.07),deumanovadimen-são institucional na Comunidade com acriaçãodaAssembleiaParlamentar. O reforço e o aprofundamentode re-laçõescomasorganizaçõesda sociedadecivil dos países membros são outras dascomponentesdaação,queserevestemdamaior importância. A crescente solicita-çãodepedidosdoestatutodeObservadorConsultivo, permite à CPLP esperar quese criem novos espaços de cooperação e

CPLP faz 14 anos Consolidação cimenta-sena diversidade

Multiplas reuniões setoriais, adequam politi-cas e procedimentos entre os paises que in-tegram a CPLP

G8 ~ Outubro 201012 Outubro 2010 ~ G8 13

OMS ou Organização Mundial daSaúde foi oficialmente criada em 1948.No entanto, a ideia de uma organizaçãoespecializada e dedicada exclusivamenteaosproblemas sanitáriosqueultrapassas-semfronteiraseafetassemmaisdoqueumpaís,surgiulogoem1945apósofinalda

segunda guerra mundial, durante a reu-niãoquedeuorigemàsNaçõesUnidas. Noano seguinte, em1946,duranteaConferênciaInternacionaldeSaúdereali-zadaemNovaYork,61paísesdiscutiram,redigiram e assinaram a Constituição daOMS, que entraria emvigornodia 7 deabrilde1948.PorissonessediasecelebraanualmenteoDiaMundialdaSaúde. Hoje, aOMS representa 193Estadosmembros,temsedeemGenebranaSuíça,alémdeseisescritóriosregionais (Améri-ca,Europa,África,Mediterrâneooriental,SudesteasiáticoePacificoocidental),ere-presentaçõesem154paísesnomundo. O objetivo principal da OrganizaçãoMundialdaSaúdefoiecontinuasendoamelhoriadasaúdedetodosospovos.Paraisso,aOMScoordenaaçõesecampanhascom governos e autoridades nacionais.Alémdissoofereceassistênciatécnicaparafortalecer os sistemasde saúde, para queosgovernospossamdesempenharseupa-peldeassistência,prevenção,erradicação

dedoenças,estabelecimentodedadosepi-demiológicoseproteçãodapopulaçãodeseuspaíses. Comopassardotempo,ecomamaiorcompreensãodosproblemasdesaúdepú-blicaqueafetavamgrupospopulacionais,foram criados programas especializados,tais como: saúdematerna infantil, saúdemental,cuidadosprimáriosdesaúde,do-ençasinfeciosasenãoinfeciosas,tubercu-lose,malária,doençassexualmentetrans-missíveis,HIV/SIDA,entretantosoutros. Não tardou muito para que a OMStambémcolaborassecomoutrasagenciasespecializadas,amelhoriadoestadonutri-cional, saneamento básico, condições dehabitaçãoetrabalho,meioambiente,alémdedesenvolverpesquisassobreobemestarsocialeosdeterminantessociaisqueesta-riaminfluenciandoasaúde. Massobretudo,aOMStemumpapelreguladorenormativodeboaspráticasemsaúde pública definindo a criação de pa-drõesinternacionais.◗

acooperaçãoentreosEstados-membrosnaáreadaCidadaniaeCirculaçãonoEspa-çodaCPLP. Emtermosdecirculaçãodepessoas,os Estados-membros da CPLP produzi-ram jáumapreciável conjuntode instru-mentos facilitadores: O Acordo Sobre aConcessãodeVistosdemúltiplasentradasparadeterminadascategoriasdepessoas;oAcordosobreaConcessãodeVistoTem-porário para tratamento médico a cida-dãosdaCPLP;oAcordosobreaisençãodeTaxaseEmolumentosdevidosàemis-são e renovação de autorizações de resi-dênciaparaoscidadãosdaCPLP,oAcor-do sobreoEstabelecimentode requisitoscomunsparaaInstruçãodeProcessosdeVistodecurtaduraçãoeoAcordosobreo estabelecimento de balcões específicosnos postos de entrada e saída dos aero-portosparaoatendimentodecidadãosdaCPLP. NoâmbitodaCidadania,aCPLPjáreiterou o apoio de princípio aoProjetodeConvençãoQuadrorelativaaoEstatu-todoCidadãodaCPLP,quepoderáviraseradotado,cumpridasqueestejamasre-formaseformalidadeslegaisemcadaEs-tado-membro. Recomendou ao Secreta-riadoExecutivoque,emconsultacomosEstados-membros, elabore uma listagemdedireitospolíticos,económicosesociaiscuja aplicação esteja em consonância

com os atuais ordenamentos jurídicos equepossamvigorarnumafaseintermédiaatéaadoçãodaConvençãoQuadro. EmmatériadaCirculação,importaapostarnumavastadivulgaçãodosAcor-dossobreCirculaçãodePessoasnosPaí-ses daCPLP, assinados emBrasília, em2002,eaoseumelhorcumprimentopor

partedosserviçosnacionaisresponsáveis.OProjetodeAcordo sobreaConcessãodeVisto deEstudante, apresentado peladelegaçãodeAngola,deveráserumare-alidade dentro em breve, estando atual-menteosserviçosnacionaisresponsáveisdosEstados-membrosdaCPLPaestudarassuasimplicaçõestécnicas.◗

Em Foco }

Conferência de Chefes de Estado e de Governo - Reúne ordinariamente, de dois em dois anos,sendoainstânciadeliberativasuperiordaOrga-nização.Assuasdecisõessãosempretomadasporconsenso.

Conselho de Ministros - É constituído pelosministros dos Negócios Estrangeiros e dasRelaçõesExterioresdosoitopaísesmembros.Reúne,ordinariamente,umavezporanoe,ex-traordinariamente,quandosolicitadopordoisterçosdosEstadosmembros.

Assembleia Parlamentar - Órgãoque reúneasrepresentações de todos os Parlamentos daComunidade, constituídas na base dos resul-tados eleitorais das eleições legislativas dosrespetivospaíses.

Comité de Concertação Permanente -Reúneor-dinariamente, em Lisboa, na sede da CPLP,umavezpormêse,extraordinariamente,sem-pre que necessário. O Comité é coordenadopelorepresentantedopaísquedetémapresi-dênciadoConselhodeMinistros.

Secretariado Executivo - Principal órgão exe-cutivo da CPLP que tem por incumbênciaimplementarasdecisõesdos trêsórgãosdeli-berativos (Conferência, Conselho e Comité).ÉdirigidopeloSecretárioExecutivo,altaper-sonalidadedeumdospaísesmembros,eleitorotativamenteparaummandatodedoisanos,quepodeserrenovadoumaúnicavez.

Reuniões Ministeriais Sectoriais -EncontrosentreministrosesecretáriosdeEstadodosdiferentessetores governamentais de todos os Estados--membros. Nestas Reuniões Ministeriais são

coordenadas,aonívelministerialouequivalen-te,asaçõesdeconcertaçãoecooperaçãonosrespetivossetoresgovernamentais.

Reunião dos Pontos Focais da Cooperação -Con-grega asunidades responsáveis, nosEstados-membros,pelacoordenaçãodacooperaçãonoâmbito da CPLP. Compete-lhe assessorar osdemaisórgãosdaCPLPemtodososassuntosrelativosàcooperaçãoparaodesenvolvimentonoâmbitodaComunidade.OsPontosFocaisda Cooperação reúnem-se, ordinariamente,duasvezesporano.

Paramaisinformações,visitewww.cplp.org

Saúde }

OMS tem62 anos Em defesa da saúde de todos

Órgãos da CPLP

Colaboração de Susete Sampaio (OMS)

Recentemente a CPLP patrocinou na Guiné-Bissau um desfile sob o lema «Solidariedade em marcha»

G8 ~ Outubro 201014

A OrganizaçãoMundial da Saúde ce-lebrou recentemente os30anosdeerradicaçãodavaríola. Uma das doençasmaistemidasdahumanidade,conhecida desde 10 000 anosantesdeCristoeresponsávelpelamortedemilhõesdepessoas,foide-finitivamenteeliminadaem1980.

Trezeanosantes,quandoaOMSli-derouacampanhaparaaerradicaçãodavaríola,omundoregistravamaisdemilmilhões de casos da doença. Embora avacina já existissehámaisde170anos,haviamaisdedoismilhõesdemortes. Essa grande história de sucesso dasaúdepúblicamundialnão teveum ini-

cio fácil, já que alguns países du-vidavam de sua exequibilidadeconsiderando que nenhumadoençajamaistinhasidoer-radicada. No entanto 10anos,9meses,e26diasdepois,omundoco-memorava o fimdestadoença. Utilizandoumaestratégia

simples e universaldevacinar80%dapopu-

laçãoparaevitaradisseminação

do vírus, e um programa de vigilânciaparadetetarcasosdadoençalogoqueosprimeirossintomasdespontassem,foipos-sívelconteravaríolaeinterromperociclodacontaminação. Osucessodestacampanhaincentivouosprogramasdeimunizaçãoinfantiltaiscomo:paralisiainfantil,difteria,coquelu-che, tétano, sarampoeabriuocaminhopara outras iniciativas globais como ocombateamalária,tuberculose,bichodaGuiné,tracoma,HIV/SIDAentreoutrostantos. No entanto, até agora, nenhumaoutra doença foi totalmente erradicada.Paraintensificarosesforçosdecombateàparalisiainfantil,aOrganizaçãoMundialdaSaúde(OMS)eaUNICEFlançaramumplanoestratégicoglobaldecombateàpoliomielitepara2010/2012,eespera-sequeestadoençasejadefinitivamenteeli-minadaaté2015.

ePORTUGUÊSe

Nesta primeira década do milénio,podemosafirmarsemsombradedúvidaquenuncaemnossahistória,omundoestevetãointerligado. O avanço na área das telecomuni-caçõespermitequeacompanhemosemtemporeal,eventosdeenormespropor-çõesque repercutirameaindarepercu-tememtodosospovosdomundo.Esta década também foi importanteparaqueospaisesdesenvolvidosouemdesenvolvimento percebessemque ape-sardasenormesdiferençasemrecursos,acessoabensdeserviço,educação,saú-deeinformação,asnossasfronteirassãocada vezmenores e o que acontece deumladodomundorepercutenooutro.

ComaadoçãodaDeclaraçãodoMi-lénionoano2000,desencadeou-seumapletoradeiniciativas,programas,açõesglobaisedeclaraçõesváriascomainten-çãodediminuirasdiferenças,combatera extrema pobreza e dar esperança deumavidamelhoraumagrandeparceladapopulaçãomundial. Mulheres, crianças e todo o con-tinente africano passaram a ser o focodos lideresmundiais. Traçaram-seme-taseestratégiaseagênciasdecoopera-ção, fomento à pesquisa, doadores, or-ganismos internacionais, organizaçõesgovernamentais e não governamentaispassaramatrabalharemproldeumde-senvolvimentohumanoquebeneficiasseatodos. Em novembro de 2004, durante oFórum Global de pesquisa em saúde,emqueumdostemascentraisfoiain-clusão digital, a OrganizaçãoMundialda Saúde (OMS) comprometeu-se adisseminar o acesso à informação em

saúde em idiomas locais como umaforma de contribuir para este desafio.Desta forma, foicriadaem2005apla-taformaePORTUGUÊSecomointuitodeestabelecerumaredede informaçãoemsaúdenosoitoEstadosmembrosdelíngua portuguesa com o intuito forta-lecer a colaboração e criar parceriasnesses países. Veja em www.who.int/eportuguese Duranteestescincoanosdeexistên-cia, este programa vem investindo emdiversasmeiosdecomunicaçãoparafa-cilitar o acesso à informação para queprofissionais de saúde, mesmo aquelesqueseencontramemáreasruraisedis-tantesdosgrandescentrosurbanos,pos-sam receber e acessar informação emsaúde atualizada, relevante e baseadanasnecessidadeslocais.EmcadaediçãodaG8estaremosaquicomnotíciasdeinteresseemsaúdeedi-vulgandoosavançosnosoitopaisesdelínguaportuguesa.

Saúde }

Uma rede de informação e uma nova ferramenta

Erradicação da Varíola

G8 ~ Outubro 201016 Outubro 2010 ~ G8 17

Tema de Capa } Tema de Capa }

A produção de petróleo na Áfricasubsaarianaestáemascensão.Asdesco-bertasfeitasaolongodascostasociden-taisafricanas,desdeoGanaatéàSerraLeoa, iniciaramumadisputaao longodemaisde1100kms.Nacostaoriental,oUgandapodeterreservassuperioresa2milmilhõesdebarris. Com promessas de exploração naNamíbia, Zâmbia e em outros países,estes produtores emergentes estudamasinerentespromessasprofundasdede-senvolvimento. OpetróleodoUgandapoderágerar2milmilhõesdeUSDporano-doister-çosdoorçamentoanualdestepaís– eistonospróximos30anos.OpetróleoeogásdoGanapoderãogeraremmé-dia1,2milmilhõesdeUSDanuais,até2030.Sóqueoslíderesdestespaísesre-ceberamesta«sorte»comumotimismocontrolado. Opetróleodeixouumlegadopreo-cupantedepobreza,corrupçãoedegra-dação ambiental na Nigéria, Angola,Chade,Sudãoenoutrospaísesdoconti-nente.Asreceitastêm-seevaporadoeas

comunidadestêmsidodesalojadas. OpresidenteJohnAttaMills,indis-cutivelmenteumdoslíderesdareformapolíticaeestrutural emÁfrica,prome-teu publicamente que vai ser diferenteno Gana. Já o presidente do UgandaYoweri Museveni foi rápido a assegu-rarao seupaísem2006,quea recém-descoberta de petróleo foi «uma opor-tunidadeparaopaís, ao invésdeumamaldição». AmbososgovernosestãoaestudarosregimesdaNoruegaàMalásia,estu-dandopolíticasqueosajudemaatingirobjetivosmaisamplosparaodesenvol-vimentograçasaopetróleo. Nalguns casos as empresas estran-geiras são obrigadas a contratar umapercentagemde trabalho, bens e servi-çosaopaísanfitrião,politicasqueparaascomunidades locais se têmreveladoparticularmenteatraentes. ANoruegafoiapioneira,eoBrasil,tambémumgigantenaáreadopetróleo,temestaspolíticascomoprioridadedoseuplanodedesenvolvimento. «Ousodosmeioserecursos➼

Petróleo Africano Novo capítulo de desenvolvimento

A presença de petróleo em África, provou ser uma «bênção» para muitos países ao longo dos últimos anos. As políticas locais tornaram-se prioridade nos planos de desenvolvimento de muitos governos africanos, e na África subsaariana espera-se tirar o máximo partido das novas reservas encontradas.

Adam Robert Green (exclusivo FT Business)

G8 ~ Outubro 201018 Outubro 2010 ~ G8 19

locaiséamaneiramaisrápidaemaissus-tentáveldealcançarbenefíciosnosetordopetróleo e gás, demodoa que estes pos-sam reverter a favor de uma sociedade»,dizKevinWarr,antigochefedaequipadedesenvolvimento do mercado da energianaAgênciaNorteAmericanaparaoDe-senvolvimentoInternacional. Estaspolíticasgarantemempregosemsetores nucleares, - engenheiros, geólo-gos, administradores e afins -, e estimulacadeias de abastecimento doméstico, in-cluindoprodutosquímicos,barcosemeiosde formação e até catering, segurança etecnologiasdeinformação. Em 2005, a holandesa Royal DutchShellinvestiu9,2milmilhõesdeUSDembenseserviçosempaísesdebaixosemé-dios rendimentos.Em2008asaquisiçõesdaChevronchegarama45milmilhõesdeUSDemtodoomundo. A entrada de empresas estrangeirasnospaísesafricanos,permiteàsestruturaslocaisobteremnovos«meios»paraacon-trataçãoeformaçãodenovosfuncionários,alémdeacessoaocrédito. «Autilizaçãodemeioserecursoslocaissignificamenosdinheiroparaosgovernos,masmaisparaasempresaslocaisestrategi-camenteposicionadas»,dizMatthewLynchdos Engenheiros contra a Pobreza, uma

ONGespecializada.«Istotambémajudaacolmataralacunadebenefícioseconómi-cos - odesfasamento entre a extraçãoderecursosearecompensamaterial.» A existência de trabalho, tal como oqueapareceugraçasàconstruçãodeestra-das e caminhos de ferro oferecidos pelascompanhias petrolíferas chinesas e india-nas,resultouembenefícioparaascomuni-dadeslocaisdesdeoinício. Esteusodemeioserecursoslocaisnãoé novopara aÁfrica Subsariana.Depoisdoapartheid,oprogramaBlackEconomicEmpowerment, lançadoparacolmatarasdesigualdades, ofereceu formação e em-pregopreferencialàscomunidadesnegras,num programa que era essencialmenteuma política de uso demeios e recursoslocaisemlargaescala. Contudoalegislaçãoespecíficaparaopetróleoegásfoiapenasrecentementecria-da.Em2003,ogovernoangolanoaprovouumaleiexigindoqueaaquisiçãodebensbásicoseserviços relacionadoscoma in-dústriadepetróleo,deveriaserfeitaexclu-sivamenteaempresasangolanas.Umanodepois,aGuinéEquatorialaprovouasuaprópria lei regulando a participação nocapital de empresas nacionais porempresas internacionais de pe-tróleo.

Em 2005, o governo deObasanjo naNigéria ultrapassou essas exigências, di-zendoqueautilizaçãodecercade70%demeioserecursoslocaisaté2010,necessita-riadeobrasdeengenhariaespecíficasare-alizarnaNigéria,enofinalastecnologiasimportadas iriam tornar-se propriedadelocal. «Essa regulamentação estava adianta-danotempo»,dizMichaelHackenbruch,diretor de serviços de consultoria para aBusiness for SocialResponsibility, e con-sultordaExxon-Mobil,daGazdeFrance,BPedoBancoMundial.«Ogovernoquisenviarumamensagemforte». As políticas tiveram algum sucesso.OprojetodegásAkpoTotal,iniciadoem2005,gerou15milhõesdehorasdetraba-lholocal.OprojetoChevronAgbamiob-teveum lucrode7milmilhõesdeUSD,egeroumaismilpostosdetrabalholocal,comumretornodeinvestimentonacionalde1,8milmilhõesdeUSDparaosemprei-teirosesubempreiteiros. ANigériatambémentrounosetordotransportemarítimodepetróleoembruto

em colaboraçãocoma

Tema de Capa } Tema de Capa }DaewooShippingeaMarineEngineering.Noentanto,ousodemeioserecursoslo-cais só atingiu os 37%, este ano, ou sejacercademetadedonívelpretendido.En-tretantoemAngola,apesardasuapoliticacriarcentenasdepostosdetrabalhonafi-lialdaBPeChevron,nãoexisteumapro-duçãobaseestruturada-umindicador--chavedesucesso. A baixa alfabetização, a debilidadedossistemasdeensinosuperior,asinfra-estruturasprecárias eumapequenabaseindustrialcriamumabismoentreoqueasInternationalOil Companies (IOC’s) precisam e oqueospaísespodemoferecer.NaépocadaleideAngolade2003,porexemplo,ape-nas15%dapopulaçãoestavaempregadana indústria e serviços, em comparaçãocomosque trabalhamnaagricultura.«Aoferta de técnicos angolanos qualificadoseexperientescontinuareduzida»,dizTer-ryRaydaAngolaOilfieldSupplyService,um fornecedor de equipamentos para aChevron,TotaleBP. A«Total»gasta40milhõesdeUSDporano em formação treinando angolanos,emboratenhadetrazermuitosdoexterior.ÓscarCadete,de28anosdeidade,oriun-dodeLuanda,éumexemplo.«Naprima-verade2003,quandoestavaaterminarocursodeengenhariamecânicaemLisboa,ouvidizerqueaTotalestavaàprocuradeestudantesangolanosparabolsasdeestu-dosparadepois integrar as atividadesdaempresa»,diz. A candidatura de Óscar Cadete foiaceite.ATotal financiouoseumestrado,pagou-lheosestudosdefrancêsecolocou--o como engenheiro de campo submari-noemDalia,umdosmaioresprojetosdepetróleo em Angola. Mas o número deespecialistas que tiveram este percurso éobviamente reduzido,enãohánenhumagarantiadequeosconvidadosoptemporficarnoseupaísdeorigem. Aaquisiçãodebenseserviçoséafor-mamaispromissoraparacatalisarodesen-volvimento,mastambémaquioprogressoé lento. «Um dos principais desafios é aaptidãodas pequenas emédias empresaslocais, para responderem em termos decapacidade, pontualidade e qualidade»,diz Mouhamadou Niang, da divisão derecursosnaturais,indústriaseserviçosdodepartamentodosetorprivadodo➼

O angolano Botelho de Vasconcelos presidiu recentemente à OPEP, enquanto chineses mar-cam presença nos países africanos produto-res de petróleo.

ARGÉLIA2 .180,000

NIGÉRIA2. 169,000

ANGOLA2.015,000

LÍBIA1.875,000 EGIPTO

630,600

SUDÃO480,200

CHADE127,000

GABÃO247,800

GUINÉEQUATORIAL

359,000

RÉPUBLICADO CONGO

239,900

ÁFRICA DO SUL195,000

Países Africanos Produtores de petróleo

(barris por dia)

Fonte: Departamento de Informação sobre Energia (EUA)

Quer na Nigéria, quer em Angola, a exploração de petróleo «off-shore» implica a construção de plataformas no alto mar, que propiciam sempre fotos pouco habituais.

G8 ~ Outubro 201020 Outubro 2010 ~ G8 21

BancoAfricanodeDesenvolvimento.Para obter um fornecimento adequadode matérias-primas, pode ser necessárioprolongar a formação e o investimentofinanceironestes locais.As InternacionalOilCompanies(IOC’s),principaisrespon-sáveispelarentabilizaçãodascotasdeuti-lizaçãodemeioserecursoslocais,fizerambastante.Todosofereceramcursosdefor-maçãoemsegurançaparaosempreiteirosefornecedores.ABPparticipaemeventoscomerciaisemtodaaAngola,oferecendoorientações sobre licitações, contratos degestãoefinanças.ATotalreparteoscon-tratosparaseadequaràcapacidadelocal. AEGGNL,umasubsidiáriadaMara-thonOil,editaumboletimtrimestralparaaGuinéEquatorialdestinadoapromoveroportunidadesnacadeiadeabastecimen-to e ajudar as PME’s a preparar as suaspropostas de financiamento e gestão deempréstimos bancários para os fornece-doresselecionados,deacordocominfor-maçõesprestadasporDanEngel,diretor

comercialdestaempresa. Ogovernonigerianocriouo seupró-prio fundodecréditoespecialpara facili-taroacessodasPME’saofinanciamento.Apesar dos gastos, as Internacional OilCompanies(IOC’s)contabilizamagestãodemeioserecursoslocaiscomopartedaabordagemao«país. «Éumadasmelhoresmaneirasdein-tegraronossonegócioeanossaatividadeindustrialcomocontextosocialeeconó-mico do país», diz Manoelle Lepoutre,vice-presidenteexecutivoparaodesenvol-vimentosustentáveleambientenaTotal. Parafacilitarasrelaçõescomacomu-nidade,ousodemeioserecursoslocaisévistocomo«moedadetroca».Osgovernostendemaolhar commenosdesconfiançaparaasempresasqueoferecemestratégiasparaoempregonassuaspropostas. Osasiáticostrouxeramoscaminhosdeferro,masestesnãosãograndespromoto-res na criação de empregos.Na verdade,a chegadademuitosemigranteschineses

para trabalharem nessas infraestruturasgerou mal-estar entre os desempregadosafricanos,especialmenteemAngola. Os negócios são de si já difíceis nospaísesafricanosprodutoresdepetróleo–acrescente corrupção, a segurança ténue eaburocraciadesnecessária–equandoasInternacionalOilCompanies(IOC’s)nãoreconhecemcompetêncianasempresaslo-cais,osentimentodedesconfiançaédomi-nante. Em 2003, com a crescente pressãopara maximizar o emprego, a nigerianaPetroleumTechnologyAssociationdesco-briuquealgumasempresascriaramfiliais«fantasma» para falsificar os dados sobremeioserecursoslocais,eassimobtermaislucronoscontratosjuntodosfornecedoreslocais.Outrascontrataramnigerianosparapresidentesdassuasfiliaispara«camuflar»asuaproliferaçãonoseiodacomunidadelocal.Eestetipode«truques»nãoselimitaàNigéria. De acordo com Petter Nore, diretorda Agência Norueguesa de CooperaçãoparaoDesenvolvimento,algumasempre-sasrussasdefornecimento,natentativadecumprirosobjetivosdacomunidadelocal,chegaram a falsificar as etiquetas da ori-gemdasmercadoriasimportadas.Osmeioserecursoslocaispodemtambémampliar a corrupção e fortalecer a desa-provação. As National Oil Companies(NOC’s) pressionam por vezes as suascongéneres internacionais para que estascontratem empresas com as quais têmjointventures. UmestudorealizadopelaKPMG,en-comendadopeloMinistériodasFinançasdeAngolaem2003,concluiuquehaviaafortepossibilidadedaangolanaSonangolfazerexatamenteisso.OsministrospodempressionarasInternacionalOilCompanies(IOC’s)paraadquirirserviçosnasempre-sasemquetêmparticipações.Finalmente,umdosriscosdeusodemeioserecursoslocaiséumsentimentode«pos-se». «Quem vem para esta indústria temque trazer valor para a cadeia de abaste-cimento, e não apenas estar lá comoumsímbolo»,afirmaMouhamadouNiangdaAfDB. Apesar destas dificuldades, os gover-nosdoUgandaedoGanaestãoalevarousodemeioserecursoslocaismaisasério.OsprojetosdoGana,noâmbitodousode

Tema de Capa } Tema de Capa }

meiose recursos locaisedaparticipaçãolocalematividadespetrolíferas,estãoago-raemdiscussãonoparlamento.Estabele-cem como objetivo uma participação de90%em2020,exigindoqueaprimeiraes-colharecaianosoperadoresdoGanaparaaslicençasdeadjudicação,ouque5%docapitalrevertaparaasempresasdoGana. AsempresasdoGanadevemserpre-ferencialmente as escolhidas com forne-cedoras de produtos e serviços a menosquesejam10%maiscaras.Umaagênciadedicada - oComitéNacional deForne-cedoresLocais– teriade supervisionaraimplementação. «Osobjetivossãolouváveis,mas90%departicipaçãoétotalmenteirrealista»,dizemAccra,ElikemNutifafaKuenyehia,só-cio-gerentedaOxfordandBeaumontSoli-citors, consultoresdealgunsdosmaioresprojetosdeenergianoGana.A indústria transformadora inexistente,umsistemadeeducaçãosuperiorfraco,osmercados de capitais subdesenvolvidos einfraestruturasdeficienteslançamtodasasdúvidassobreaaspiração,dizele. Acurtoprazoserámelhorconcentrar--senosprincípiosmaisbásicosdeapoioàindústria,especialmentenaeducaçãoein-fraestruturas,doquetentarganhar«peso»em projetosmais complexos de petróleo–aTullowOil,umgrande investidorno

Gana, prevê apenas criar 200 postos detrabalhodiretos. OgásdoGana,destinadosobretudoàindústrianacional,ofereceummaiorpo-tencialdeemprego,deacordocomWillyOlsen,ex-assessornaempresadeenergianorueguesaStatoil. A construção de uma infraestruturanacionaldegásiriagerarinúmerascadeiasdeabastecimentoterrestresebeneficiarodesenvolvimentoindustrialatravésdofor-necimento de energia doméstica segura.Os delegados doGana viajaram recente-menteaTrindadeeTobago,natentativadeprosseguirestaestratégiacomsucesso.«OpetróleodoGanaapresentatalvezomaiordesafiodegestãoqueopaísenfrentadesdeasuaindependência»,afirmaUsaidWarr.Atéagora,ogovernopareceuenfrentarodesafio,decabeçaerguida. O governo do Uganda tem sidome-nos intervencionista.Os contratos recen-temente conhecidos revelaram o uso decomplexosesquemasporpartedasempre-saspetrolíferas,quepoderiamobterlucrostrêsvezesmaioresdoqueonormale in-crementaraumentosdospreçosdopetró-leo. Os dados a este respeito são surpre-endentes. O petróleo de Uganda é rela-tivamente barato de produzir, apesar dadelicadezadoambienteaoredordoLagoAlbertoedaáreaprotegidadeMurchisonFalls.Oclimapolíticoéestável,apesardascriticasdealgunsgruposdasociedadeci-vilfaceaossegredosdeEstado. « Ogovernoparecenãoestardispostoausaruma abordagem participativa para o de-senvolvimentodestesetor»,dizNellyBu-singye do Instituto de Energia Governa-mentaldeÁfricaemKampala. Localizado em terra, o potencial deemprego do petróleo do Uganda é maisóbviodoquenoGana-umestudoprevêque10milempregospodemsercriados. MasquandooassuntoémencionadonaPolíticaNacionaldePetróleoeGásdefevereiro de 2008, não há uma meta dequotasaatingir. Com base nos dados observados, hápoucas ofertas de empregonas empresasnosetordopetróleo,masoUgandaestáaenviarlicenciadosparaoIrãoeCubaparaformação,assimcomoestáapromoverodesenvolvimentodeuminstitutoespecífi-coparasoldadoresemecânicos.

KundhaviKadiresan, diretor regionalnoBancoMundialparaoUganda,dizqueo governo tem demonstrado boas inten-ções,masadmitequeasiniciativasdeusodemeioserecursoslocaisaindadevemserdelineadasnumquadromaisglobal.PetterNore emNorad concorda. «O go-vernodoUgandaestáabsolutamentecom-prometido com a criação de emprego»,diz.«Maselesestãoumpouco«perdidos»sobreaformacomoissodeveserfeito.» Umaestratégiamaisclarapoderásur-giralongoprazoquandoosagentesenvol-vidostiveremestabelecidooseumododeatuação.Amemóriaaindaestáfrescaso-breoacordocomaTulloweumaprovávelparceria comaChinaNacionalOffshoreOilCorporation. O governo pressionou todos os par-ticipantes a oferecer refinarias e oleodu-tos,numatentativadereduzirafaturadeimportação de combustível do Uganda,transformandoopaísnumfornecedorre-gional.TalcomoacontececomoGana,asinfraestruturas a jusante podem fornecerasmelhoresoportunidadesdemateriaisdeconstrução,gestãodeativosdetransporteeumainfinidadedeoutrosserviços. Comoambosospaísesavançamparaa fasedeprodução,asestratégiasdeem-pregoserãomais fáceisde identificar.«Ousodemeioserecursoslocaispodeserfa-seado»,recomendaKandehYumkella,di-retortor-geraldaOrganizaçãodasNaçõesUnidas para o Desenvolvimento Indus-trial.«Eogovernopodeserumparceiro.Podecriarfundosdeinvestimentocomascompanhiaspetrolíferaseutilizarasrecei-tasdopetróleoparaconstruirumabasedecompetênciaseempreendedorismoneces-sáriosparaqueaspessoaspossamaprovei-taressefacto». Durante as próximas duas décadas,90%dodesenvolvimentodosrecursosno-vosdopetróleoedogásserádomundoemdesenvolvimento, e grandeparte será emÁfrica. «Trata-se de uma oportunidade degrandedesenvolvimentoseforbemfeito,»dizMatthewLynchdosEngenheirosCon-traaPobreza.Osmeioserecursoslocaisnão são uma «bala de prata», mas umapartedeumasériedepolíticasquepodemajudaraescreverumnovocapítulonahis-tória,muitasvezessombriaatéagora,dopetróleoafricano.

A presença de petróleo em África, provou ser uma «bênção» para mui-tos países ao longo dos últimos anos. As políti-cas locais tornaram-se prioridade nos planos de desenvolvimento de muitos governos africa-nos, e na África subsa-ariana espera-se tirar o máximo partido das novas reservas encon-tradas.

Nos próximos 20 anos 90% dos novos

recursos em petróleo e gás, virão

do mundo em desenvolvimento

90% empregos podem

ser criados no Uganda através

da indústria do petróleo

10 milDois mil milhões de USD é o que o Uganda poderá

receber por ano (o equivalente a 2/3

do seu orçamento…), nos próximos 30 anos.

2 M USD

G8 ~ Outubro 201022 Outubro 2010 ~ G8 23

Tema de Capa } Tema de Capa }

Petróleo em AngolaUma estrela económica em ascensão

Angola tem vindo a aumentar a sua produção petrolífera e disputa atu-almente com a Nigéria a liderança da África sub-saariana. O que lhe tem permitido alavancar um ambicioso programa de reconstrução nacional.

Angolaéhojeconsideradaumaestrelaascendente na África Subsariana, prome-tendo,aprazomaisoumenoscurto,tornar-seumnovopaísemergente.Comexceçãode2009,aeconomiavemcrescendomuitoacimadamédiaanual,atingindoemanossucessivos os dois dígitos (em 2008, deacordocomaOCDE,superouos13%)).Oscapitaisafluemaopaíse,mesmonumanomarcadopelacrise,comofoi2009,issocontinuouasuceder. Este novo posicionamento internacio-nal deAngola, refletido no recente crédi-to «stand-by»de1,8milmilhõesdeUSDconcedidopeloFundoMonetárioInterna-cional(FMI)epelaboanotaçãoquelhefoiatribuídapelasprincipaisagênciasderatinginternacionais, ficaadever-seaogigantes-coprogramadereconstruçãotraçadopelo

Governo, que assim procura reabilitar asinfraestruturasdestroçadasportrêsdécadasdeguerracivil,aomesmotempoquepôsafuncionarummercadoconcorrencial. Aalavancafinanceiradanovarealidadeangolanachama-se«ouronegro»,emboraosetornãopetrolíferodaeconomiatenhalo-grado,nosdoisúltimosanos,registartaxasdecrescimentoquesuperamasdosetorpe-trolífero. Asautoridadesdopaístraçaramcomometaadiversificaçãodaatividadeeconómi-canacional,ultrapassandoasituaçãotípicade«economiadeenclave»,masaexporta-çãodepetróleocontinuaaserresponsávelpor 80%da receitanacional, e por cercademetadedoseuprodutointernobruto,ouseja,dariquezageradaanualmente. A produção petrolífera angolana tem

vindoacrescer,incessantemente,anoapósano,mesmoem2009,eapesardaretraçãoglobaldomercadoedafixaçãodequotaspelaOrganizaçãodosPaísesExportadoresde Petróleo (OPEP), que Angola integradesde2008eaquepresidiuem2009.

Quotas de produção Coma fixaçãode quotas à produçãodos respetivos membros, a produção pe-trolíferaangolananãoseressentiugrande-mente,muitoemboraaquedavertiginosadospreçosemrelaçãoa2008 tenha feitouma«mossa»considerávelnassuasreser-vas líquidas em relação ao exterior, quedecaíramdeumvaloracimade18milmi-lhõesdeUSDparacercade12milmilhõesdeUSD. Asautoridadesbaixaramconsideravel-menteas suas expectativasparaaprodu-çãopetrolíferade739,7milhõesdebarrispara693,6milhõesdebarris/dia e as re-ceitas provenientes da exportação de pe-tróleocaíamabruptamente,comoprimei-rosemestrede2008aregistarumaquebrade13,5milmilhõesdeUSD.Ousejaatéjulhode2008,areceitatotalordináriade-correntedaexploraçãodepetróleosituou-se nos 20,73milmilhões deUSD, e emigual períodode2009a receitaordináriaacumulada,incluindoadaconcessionáriaSonangol,ficava-sepelos7,07milmilhõesdeUSD. Foinestecontextodedeterioraçãoda

economia internacional e de quebra daprodução,dospreçose,consequentemen-te,dareceitadospaísesprodutoresdepe-tróleo,queAngolaseestreounapresidên-ciadaOPEP.Ocargocoubeaoministroangolano dos Petróleos, Botelho de Vas-concelos,queoexerceucomgrandehabi-lidadedemocrática,oque,decerto,ajudouaqueaorganizaçãomostrasseumagrandecompreensãoparacomasituaçãoangola-na. Assim,mesmonumano terrível paraaeconomiamundialeparaosprodutoresde petróleo como foi 2009, a produçãoangolanasuperouos1,8milhõesdebarrisdiariamente.Em2008,anoemqueopreçodopetróleoatingiuummáximohistórico(a11dejulho,oWTI(abreviaturaparaoWest Texas Intermediate, negociado emNova Iorque)atingiaos147,27USDporbarrileoBrentdoMardoNorte–petró-leodereferênciaparaaEuropa–os147,50USD por barril), a produção angolanachegouaatingiros1,87milhõesdebarrisdiários. Entretanto, a situação foi estabilizan-do,comofechodoúltimoanoacoincidircomumafrancarecuperaçãodopreçodobarril,indoaoencontro,aliás,dasestima-tivasformuladasporBotelhodeVasconce-los.Atémaiodesteanotudoindicavaqueopreçodobarrilirianovamentesubirparaníveisacimados80USD,jáque,noiníciodemaioseacercavados85USD.Masso-breveioacrisedoendividamentoeuropeu,despoletadapelo afundamentoda econo-mia grega e a recuperação internacionalvoltouamarcarpasso. Regressaramasnuvensdensasde2008e,nofinaldeummêsdemaioquecomeça-raauspiciosoparaospaísesexportadores,obarrildereferênciadaOPEPdesciaabai-xodos67USD.Desdeentãoomercado,mau grado os piores receios, não despe-nhou, deixando-se embalar porumaper-manente volatilidade, mas conseguindo«segurar-se»entreos70eos75USD.

Angola e OPEP Énessemercadomarcadopela incer-teza e instabilidade que Angola produzquase 1,9milhões de barris diariamente,impondo-se comoo8º produtor entreosmembrosdaOPEP,oprimeirofornecedordaChina(posiçãoqueconquistouàArá-biaSaudita),osextodosEstadosUnidose

disputandoaliderançadaproduçãoÁfricaSubsaarianaàNigéria. Entretanto foram feitas novas desco-bertas em blocos do offshore angolano eháanalistasqueestãoconvencidosqueaproduçãopotencialdopaíssesituapertodos trêsmilhõesdebarrisdiários.Aem-presaestataleconcessionáriadaexplora-çãopetrolífera,aSonangol,vemestabele-cendo uma significativa teia de parceriasestratégicas, nomeadamente com a suacongénerebrasileiraPetrobras,masigual-mentecomaportuguesaGalp,queatêmfeitomarcar pontos no plano internacio-nal. ASonangolestendeuasuainfluênciamuitoforadeportasearecenteadjudica-ção da exploração de um campo petrolí-feronoIraque,numdosmaisdisputadosconcursosinternacionaisdesempre,épro-va dissomesmo.Nos laços estabelecidoscom a Petrobras avulta a prospeção daságuasmuitoprofundasdooffshoreango-lano,odesignadopré-sal,quesecrêpossasertãoprofícuocomoopré-salbrasileiro. Quer a OPEP quer a Agência Inter-nacionaldeEnergia (AIE),entidadeque,basicamente, representa os países consu-midores,vêmmanifestandoumotimismomoderadoquantoaoconsumomundialdepetróleo.ParaaOPEPaprocuramundialcrescerá este ano, 0,95milhões de barrisdiários,umvalorquesuperaaestimativafeitapelaorganizaçãonoprimeirosemes-tredoano.AAIE,porseuturno,antevêum crescimento de 1,4%, fixando-se nos86,5milhõesdebarrisdiários. Tudo depende do ritmo de recupera-çãodaeconomiamundiale,emparticular,domodocomoosprincipais consumido-resdamatéria-primaenergéticaconsegui-rãoconciliarareduçãodosdéficesacumu-ladoscomorelançamentodaseconomias.E a retoma da economia internacionalresume-seessencialmenteaumaquestão:o crescimento dos países emergentes e,designadamente,daChina,ÍndiaeBrasilserásuficienteparacompensaraestagna-ção europeia, comoVelhoContinente abraçoscomumacrisedeendividamento? BotelhodeVasconcelos,ministro dosPetróleos de Angola e ex-presidente daOPEPestáotimistaejáafirmouestarcon-vencido que o barril do petróleo fechará2010emtornodos80USD.Oanopassa-do,noaugedacrise,acertou.◗

Gilberto de Sousa, em Angola

Os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, e de Angola, José Eduardo dos Santos assina-ram recentemente um acordo de cooperação em múltiplas áreas relacionadas com a indús-tria petrolífera.

G8 ~ Outubro 201024 Outubro 2010 ~ G8 25

Decorrentedoanteriormentedesigna-doInstitutodaCooperaçãoPortuguesa,oInstitutoPortuguêsdeApoioaoDesenvol-vimento (IPAD)coordenae supervisionaas políticas de Cooperação Portuguesa edeAjudaPúblicaaoDesenvolvimento.AsfunçõesdoIPADestãocentralmenteasso-ciadasaaçõesdeapoioaosPALOP’seaTimorLeste. Em entrevista ao Presidente doIPAD, o Eng.º Augusto Manuel GomesCorreia, apurámos quais são prioridades

destedepartamentoquedependedoMNEequeprecisaderesponderaimensasne-cessidadescomumorçamentodemasiadolimitado. A precedente experiência do Eng.ºAugustoCorreiacomoVice-PresidentedoICPecomoconsultoremdiversosproje-tosnosPALOP’stornou-oparticularmen-te sensível àsaçõesdaCooperaçãoeumconhecedordasrealidadesdaDiplomacia.Nodiálogotravado,abordaram-seasestra-tégiasdodepartamentoeassuasmetodo-logiasdeação,nãoignorandoquenaÁfri-ca Lusófona, a Língua Portuguesa podeserumfatordeunificaçãoeumessencialelementocultural.

P - Fala-se frequentemente de Cooperação e Desenvolvimento. As duas palavras confun-dem-se, são complementares ou também po-dem ser antagónicas?R - Pode suceder tudo o que disse. Nósprocuramos fundamentalmente que se-jam complementares. Cooperação paraoDesenvolvimento, não éCooperação eDesenvolvimento.ODesenvolvimentodizrespeitonormalmenteaoauxílioprestadoa paísesmenos desenvolvidos.ACoope-raçãoéumasituaçãobiunívocaentredoispaíses.

P - De qualquer modo, o IPAD, pelo menos na sua formulação, tem um modelo de Desen-volvimento e não tem o selo de Cooperação...

R - Sim.Masessaémaisumaquestãodeletrasdoquedeconteúdo.Atéhápouco,a siglanãoera IPADmas ICP.Umavezque o IPAD pertence ao Ministério dosNegóciosEstrangeiros,pensoqueInstitu-todaCooperaçãodefiniriamuitomelhorotrabalhoquenósdesenvolvemos.Nare-alidade,ascoisasacabamporseconfundir.Quando as pessoas querem agradecer aoIPADagradecemàCooperaçãoPortugue-sa.PorqueoIPADétambémocoordena-dordetodaaCooperaçãoPortuguesa.

P - Nesta Cooperação para o Desenvolvimento, há parceiros nacionais e internacionais?R - Temos fundamentalmente parceirosnacionais, quer institucionais querda so-ciedadecivil.Pordesideratodaestratégiadefinida para o IPAD, há cada vezmaisuma necessidade de envolvência comorganizações internacionais. Em paísesondehápoucosdoadores–possodar-lheo exemplo da Guiné-Bissau – acho quedevia haver uma concertação entre eles.Hásemanas,assineiumprotocolocomaUNICEF,naáreadaEducação,paraqueempaísesondehápoucosdoadoreshajaumaconcertaçãomaiscorreta.Háumca-minhoaseguir,háumesforçoquedeveserconjunto. TrabalhamosmaisnosPALOPseemTimormasestamosatentosaoscruzamen-tospossíveis comEspanhae comaAus-trália,nomeadamenteemTimor,naáreadodesenvolvimentorural.Háumabuscaincessantedeparceirosanívelinternacio-nal.MasaCooperaçãoemque trabalha-mos é feita com parceiros nacionais dosdiferentes ministérios e com instituiçõesdasociedadecivilqueassumemcadavezmaisumpapelimportante–éoexemplodeS.Toméondeorganizaçõesdasocieda-decivil sãode longeoprincipalparceirodoIPAD.

P - E em termos geográficos?R -EmtermosdoIPAD,diriaque95%donosso Orçamento vai para África e paraTimor.Osoutros5%vãoparaajudaasi-tuaçõesdecatástrofesnaturais.ACoope-raçãoéquantificadadeduasformas:peloIPADmastambémpelostermosdaorga-nizaçãointernacional–refiro-meaoCAD,ComitédeApoioaoDesenvolvimentoqueépolíciadaspolíticasdeajudapúblicaaoDesenvolvimento.➼

Entrevista }

Entrevista de Pedro Luiz de Castro em Lisboa

Augusto Correia, Presidente do IPAD «Os países doadores de recursos devem exigir a sua correta aplicação»

G8 ~ Outubro 201026 Outubro 2010 ~ G8 27

Háumhiatoentrevontadepolíticaecon-sequênciapráticanoterreno.Ogrossodaajudapública dá-se através dasnossas li-nhas de crédito.Outra parte significativadaajudapúblicatraduz-senasquotasnosnossosBancosdeDesenvolvimento.

P - E quanto às áreas de apoio?R - ACooperaçãodizrespeitoàcapacita-ção sobduas vertentes: a área da Justiçatécnico-policial,técnico-militaredeapoioaosTribunais, eocombateàpobrezanoquerespeitaàSaúdeeàEducação.

P - A sociedade portuguesa dá-se conta de que muitos dos estudantes que vieram estudar para Portugal com bolsas, não regressaram aos seus países. Essa situação foi corrigida?R -Tem sidodifícil saber oparadeirodamaior parte dos alunos quando acabamos cursos. Poderei dizer que, no caso daGuinéedeS.Tomé,muitaspessoasnãotêmnosseuspaísescondiçõesdetrabalhoeoptamporficaremPortugal.Contraria-mente,emCaboVerde,AngolaeMoçam-bique,aperceçãoquenóstemos–masnãopodereiquantificar–équeoêxitoestáasertotaleabsoluto. Adoptámos uma estratégia que temdado resultados. Alterámos a forma deatribuirbolsas,edecidimosapostarnofimdas bolsas para as licenciaturas.A partirdoúltimoanodalegislatura,iremosprivi-legiarapenaspós-graduações,mestradosedoutoramentos.Qualoresultado?Osalu-nosemvezdeestaremdezoudozeanosemPortugal,estãodois. Informamos depois algumas das em-presas portuguesas que trabalham nessespaíses dando-lhes conta de quem se for-mouemPortugal,parapoderemrequisitaressesquadrosqualificados.

P - A um nível mais político: Portugal no con-texto mais vasto da União Europeia suporta a sua quota-parte de Cooperação Europeia... Isso tem sido um problema?R - Não. Antes pelo contrário. Todos ospaíses da União Europeia estão obriga-dosaaceitarqueumapercentagemdoseuorçamento vá para ações deCooperaçãodaComunidadeEuropeia.Issoparanósépositivo.Compete-nosanósirbuscaressedinheiroeutilizá-loemaçõesespecíficas.O IPAD está certificado pela UE desdehádoisanos.Estamosacomeçaragorao

nossoprimeiroprojetoderecuperaçãode-legadacomdinheirosdaUniãoEuropeia.Istovaisendopossível...EmTimor,seráopróximoempreendimento.

P - Qual é o orçamento do IPAD?R -Édecercade42a45M€urosporano.ParaamanutençãoeparaosprojetosdaCooperação. A nossa estrutura é leve -temos150pessoas–egastamoscercadeseis, setemilhões.Ogrosso é fundamen-talmenteparaaCooperação.

P - Portugal gere, aplica e coordena dinheiros da União Europeia em nome da União Euro-peia?R - Exatamente. Desde há muito tempoéramos identificados por Moçambiquecomo os mais capacitados para fazer oapoio às polícias moçambicanas. Porisso, o IPADestá reconhecido e procedeàcapacitaçãodoMinistériodoInteriordeMoçambique,atrêsanos.OIPADpartici-pacom1,5M€eaUniãoEuropeiacom8M€.Dá-seaquiumcasamento.Omesmoirásucedercomaárearural,doTribunaldeContasedaComunicaçãoemTimor.Iremostentandonosdiferentespaísesche-gar ao dinheiro daUE para desenvolvermatériasdiversas.

P - Mas obviamente será pouco provável que a União Europeia peça ao IPAD para fazer a co-ordenação de uma ação na Argélia. Aí chamar-iam os franceses...R -Anossapreocupaçãoésermosomaiseficientes eomais transparentespossívelnas ações que assumirmos. Acho que aEducaçãoempaísesquefalamPortuguêsdeveriapassarforçosamentepornóseisso

àsvezesnãoacontecenumdesrespeitoto-talpelasoberaniadecertospaíses.ComoTimor,queéumexemplocrasso.Hááreasqueobviamente têma ver coma língua.Masoutrasáreas sãomais técnicas...Te-moséquenosmostrarpreparados.

P - E no que respeita às Nações Unidas, com tudo o que lhe está associado, a UNESCO, a OMS, a UNICEF... Quando estas entidades pre-tendem ajudar países da CPLP costumam pas-sar pelo IPAD? Em Moçambique ou na Guiné-Bissau, a ONU se quer empreender alguma ação, fala com o IPAD?R - Nãofala.OMundodoDesenvolvimen-toestádivididoentreonívelbilateraleomultilateral.Acreditoqueédaconjugaçãodestesdoisfatoresquepodevirobenefíciototalparaospaíses emviasdedesenvol-vimento. Sobre isso não tenho dúvidas.Tenhomuitasdúvidasédosatores.Omul-tilateral deve existir mas é normalmenteempreendidoporagênciasmuitocomple-xas,muitovolumosas,queestãofrequen-tementemais predispostas a defender osseus lobbies que propriamente a resolverosproblemasdospaísesemconcreto.

P - Em alguns países africanos, a corrupção está enraizada no sistema. E o narcotráfico afeta muito a Guiné, por exemplo. Como é que o IPAD lida com estas questões?R - Empreendemos ações em tudoo queseja a preparação e capacitaçãodaspolí-cias. Quanto à corrupção, o IPAD nãotemprotagonismointernacionalparalutarcontraacorrupção.Temosémecanismosinternos que somos obrigados a expor àUniãoEuropeiaparaqueasnossasverbasnãopossamserutilizadasdeformadetur-pada,ousejasesoubermosmostrarcomoé queodinheiro vai sendo gasto. Somosescrutinados de seis em seis meses. Emtermosdelongoprazo,háqueinvestirnaFormaçãoenaEducaçãodaspopulaçõesmaisjovensafavordaCoerênciaedaJus-tiça.

P - Interessa também que o dinheiro – nosso ou da UE – seja aplicado no terreno e não se disperse...R -Osdoadoresdevemsermaisexigentes.Embora nós trabalhemos normalmentecompaísespobres,hápaísescomosquaiscomeçamos a partilhar os custos. TemosumprogramacomAngolaquetemvindoa cumprir religiosamente as suas obriga-ções. Em projetos de grande dimensão,degrandesorganizações,perde-seorastodealgumdinheiroemtransaçõesdiversas.Comoéqueistosepodecontrolar?Sobopontodevistateórico,precisamosdeapu-raraeficáciadaajuda. Asoluçãoestánacomplementaridadeentreosdoadores,nadivisãodastarefas–quemfazoquê–eemfazercomqueos

maisapetrechadosparacertasmatériasasdesenvolvam.Do lado dos parceiros querecebem ajuda, há necessidade de umaenormetransparênciaedeumaprestaçãodecontas.QuempagaaCooperaçãosãoafinaloscontribuintesatravésdosimpos-tosedeve-se-lhesclarezaetransparência.

P - Nalguns países (Guiné), a questão da língua é um problema. Todos agradecem as emissões da RTP Internacional e da RDP Internacional mas não têm suportes para a leitura, não há possibilidade de associar o português que falam ao português que não leem...R -Éverdade.HámesesfizemosumaFeiradoLivronaGuiné-Bissau, levando livrosquasegratuitosàspessoas.Temosumpro-gramanovodeEducação,eaEscolaSu-periordeEducaçãodeVianaestáatraba-lharnareestruturaçãodaEscolaSuperiordeEducaçãodaGuiné-Bissau.Estamosatrabalharnosmanuais,também.Nãoseráodesejávelmastambémnãotemosgrandecapacidade, pois este ano gastámos 1M€urosnaFeiradoLivro.Nãotemosrecur-sosparaofazermostodososanoseosli-vreirosjáfazemumpreçoespecial.

P - A França e a Espanha escolhem uma so-fisticação política diferente: criam Centros Culturais nesses países...R - Existem excelentesCentrosCulturaisemMoçambique e S. Tomé.O ideal eracriarCentrosemtodasasgrandescidadesde todosospaíses.Masparaanossa ca-pacidadeissoéimpossível.Osjornaissãomateriaisescritosbastante lidos.OIPADenviajornaisdiáriosparaaGuinénofinal

da semana.NasOficinasdeLínguaPor-tuguesanaGuiné-Bissau,hápessoasqueleemreligiosamentejornaisdeseismesesatrás.Fazemosesforçopormandarjornaiserevistas.TrintajornaisemBissaupodemfazermuitadiferença. Jáparaasescolas,interessamlivrosin-fantis,histórias,contos…Hácriançasávi-dasde leitura!EmAngola,por exemplo,60%dapopulaçãoestáem idadeescolar.Éumatremendaoportunidade…

P - O Presidente José Eduardo dos Santos apresentou um discurso sobre a importância da aposta na Língua Portuguesa…R - Ele apostou na Língua Portuguesacomofatordeunificaçãodopaís.Éumaapostaganha,ehojeháumaaçãomuitogrande,querdoMinistériodaEducação,quer da parte da Igreja, na área da alfa-betização e no ensino do Português. AscriançasestãodenovoimbuídasdeLínguaPortuguesa,eestáéafinalumaresponsabi-lidadedetodosnós.◗

Entrevista }

«Diria que 95% do nosso orçamento vai para Áfri-ca e Timor. Os outros 5% vão para ajudar situa-ções de catástrofes natu-rais.»

«Em países onde há poucos doadores, (…) devia haver uma con-certação entre eles. (…) Há um caminho a se-guir, há um esforço que deve ser conjunto.»

Entrevista }

G8 ~ Outubro 201028 Outubro 2010 ~ G8 29

DepoisdaCimeiradeLuanda,umanovaeprometedora fasepodeestara terinícionaHistóriadaCPLP.Espera-sequeapresidênciaangolanatragaumanovadi-nâmicaàcooperaçãoentreospaíses.EmdebatenaCimeiraestiveramquestõesdeli-cadascomoopedidodeadesãodaGuinéEquatorial. NascidoemFarim,Guiné-Bissau,em1963,DomingosSimõesPereirafoiMinis-trodasObrasPúblicas,ConstruçõeseUr-banismoeMinistrodoEquipamentoSo-cial.O seu extenso curriculum evidenciamúltiplasexperiênciasprofissionaiscomoassistentetécniconoBancoMundialenaUniãoEuropeia. AssumiuvariadoscargosnasáreasdosTransportes Terrestres, Obras Públicas,Engenharia Civil e também no domínioda ação humanitária da Caritas Guiné-Bissau.Odiálogoqueregistámospermite-nos a clarificação de alguns aspetos cen-traisacercadosobjetivosdaCPLP,dasuaidentidadeedassuasestratégiasdeação,perspetivandoofuturoqueseavizinha.

Entrevista }P - Nesta entrevista, interessa-nos essencial-mente o estado atual da CPLP sobretudo no âmbito pós-Cimeira e Conferência de Chefes de Estado que sucedeu em Luanda. Como está a CPLP à luz das decisões que saíram de Lu-anda?R -NóssaímosdeLuandacomaconvic-çãodeestaremcriadasascondiçõesparaum aumento do peso da CPLP. Por umlado, são catorze anos de existência daorganização. Estou convencido de que amaturidade trazacapacidadede lutarnaarena multilateral. Temos desenvolvidoumconhecimentocomumdequestõesdesoberania.OfactodeserAngolaapresidirtrazalgodenovo.Semprenospareceuqueodiálogo,nopassado,eraadois,comPor-tugaleoBrasilaestabeleceremasagendaseosestadosadecidiremseapoiamoBrasilouseapoiamPortugal.EstasduasbasesdaorganizaçãosãomuitoimportantesmaséimportantequeumaterceirabasepossaserAngolacongregandotodosospaísesafri-canos.Numanovaperceçãoafricana.

P - Mas Angola vai mudar a CPLP? Em que sentido?R -OPresidentedeAngolafoimuitoescla-recedor.ACPLPéumespaçonãosócomumaligaçãoculturalmastambémpolítica.PensamosterconteúdosparaaagendaqueAngolaestápropondoequesãodegrandemudança.Tudoistonoespíritodaorgani-zação.Angolanomeouagoraumembai-xadorparaaCPLPelogopassámosateruminterlocutorprivilegiadoparaodebatedos temas que estão em agenda.Angolaassumeaorganização.Nãoésimplesmen-teumapresidêncianominativamaséumapresidência«defacto».OPresidenteJoséEduardo dos Santos deixou muito claroque vai requisitar muitas vezes a minhapresençaemLuandaparalherelataroquevaiacontecendonaCPLP.Nãopodemosencontrarmelhorformadoestadoangola-noexprimiroseuinteresse.

P - Mas do ponto de vista político a democracia vive-se de modo muito diferente nos países da CPLP…R - Um dos princípios estruturantes danossaorganizaçãoéadefesadeprincípiosde construção democrática. Isso exige oapoio a estruturas de condução das ins-tituições.Comono casodaGuiné,deS.Tomé... No ano passado, observámos as

eleições tantoemMoçambiquecomoemAngola.Éumprojetoquevaiapassoslar-gosparaasuaconsolidação.Estacimeiraaprovouumregulamentoespecíficosobreo acompanhamento de eleições.Assumi-mosjáessafunçãocombantantetranqui-lidade.Esseéumpormenorquejáestánanossaagendanormal:acompanharospro-cessoseleitoraisparaadefesadosestadosdemocráticos.

P - A questão da entrada da Guiné Equatorial foi uma questão bastante «quente»... Falou-se muito antes da Cimeira de Angola... R -OsEstadosmanifestaramassuasideiasemtotaleplenaliberdadee,nofinal,are-soluçãofoiaquelaquetodosnósconhece-mos.Gostariadepartilharcomosleitoresda revista G8, ser minha convicção queumaorganizaçãosócrescequandotemca-pacidadedeenfrentarsituaçõesderutura. AquestãodaGuinéEquatorialfoico-locada à mesa, sabendo-se que cada umdosestadostinhaumaposiçãodiferente.Oobjetivoeracriarumconsenso.ACimeira

deLuandaapresentoucondiçõesparaquefalassemosqueeramcontraeafavorqueaGuinéEquatorialentrasse.Considerou-sequeaCPLPnãopodevirarcostasàGuinéEquatorial.Issoseriaentrarnosentidoin-versodaquiloqueaHistóriarecomenda.Poroutrolado,aCPLPtambémégeridapor estatutos e princípios, requisitos quesãomuitoclaros.Osprincípiostêmavercom a construção do Estado do DireitoDemocráticoecomaobservânciadosdi-reitoshumanos.HouveumdebatemuitoesclarecedorcomasautoridadesdaGuinéEquatorial.Foimostradooapreçoqueto-dossentimospelointeresseemseaproxi-maremdaCPLP. Houve a aceitação do seu pedido deadesão.Agoraabre-seumprocessodeade-são. Esse processo poderá demorarmaisoumenostempoconsoanteaobservânciada Guiné Equatorial dos princípios ne-cessários.OqueseverificouemLuanda,é que, nestemomento, nãohá condiçõesparaumaadmissãoplena.Oquenãoquerdizerquesejaignoradoopedido➼

Domingos Simões Pereira, Sec. Executivo da CPLP«As organizações só conseguem crescerquando são capazes de enfrentar a rutura»Entrevista de Pedro Luiz de Castro em Lisboa

Entrevista }

O Secretário Executivo da CPLP, Engº Domingos Simões Pereira, e o representante da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento Portugal e Moçambique, Comendador Nazim Ahmad, na assinatura do Protocolo de Cooperação entre as duas organizações.

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da Guiné Equatorial. O SecretariadoinstruídopelaPresidênciadeAngolairáajudar aGuiné Equatorial a interpretaraquiloqueoestatutodiz,aquiloqueosprincípiosexpressameaquiloqueaGui-néEquatorial temparaoferecer, não sóaosestadosdaCPLPeaosseuscidadãosmastambémnocontributoàaberturade-mocrática interna que se pretende paraessepaís.

P - Os Jogos da CPLP não têm a visibilidade e projeção que se calhar merecem…R -OsJogosdaCPLPenglobamtodosospaísesmembrosmais alguns territórios-extraparticipantescomoMacaueoutrosterritórios que ainda não são membroslegítimos da CPLP. Esta iniciativa aju-daaimplementaraidentidadedaCPLPcomo organização. Organização quefuncionaefuncionabem.Nãosepodematribuirmuitas responsabilidades ao Se-cretariado,responsabilidadesqueelenãopoderá assumir. O trabalho é acompa-nhado pelos Comités Olímpicos Nacio-naisdecadaumdospaíses.Nogeralfaçoumaavaliaçãomuitopositivadotrabalhoquetemsidofeitoaessenível.ParaalémdoencontrodosMinistrosdoDesporto,queassimacontece,háessamanifestaçãomuito positiva.Mas tambémhá que teremcontaajuventude,osdebatesdosjo-vens.

P - Com a muito grande comunidade Isma-elita em Moçambique há aproximação espe-cial?R - Ospontos demaior implantaçãodaFundação Aga Khan no nosso espaçosão Portugal e Moçambique. Mas aca-bámostambémdechegaraumprotoco-lo deCooperação com aFundação quedeverá permitir alguma intervenção emoutrosestados.NósenquadramosissonadimensãoquetemosdesenvolvidocomoDiálogodasCivilizações,aorganizaçãoonde Jorge Sampaio tem tido umpapelpreponderante,queéuma iniciativadasNações Unidas e que surge depois dosacontecimentos nos Estados Unidos daAmérica.Entende-sequeocombateaoterrorismonão pode ser feito exclusivamente comrecurso à força. É preciso promover odiálogo entre civilizações, é preciso quesejamoscapazesdeconheceropróximo,

o semelhante,mas tambémdeconheceras diferenças. Com base nessas diferen-ças,éprecisodepoiscriaralgumníveldeentendimento. Quando isso foi feito, aexpressãoquesedeufoiodiálogoentreospaísesocidentaiseasoutras socieda-desdecarizmaisislamizada. Masessajáéumaformamuitorestri-tadepromoverodiálogo.Quando fala-mosdediálogo,precisamosdedefinirasdimensõesemqueelesevaiestabelecer.Éprecisoqueessediálogosejaconduzi-donãoporpessoascomsimplesvontadede dialogarmas por organizações e en-tidades conhecedoras dos mecanismosdessediálogo. Conseguimos durante este ano de2010 que todos os estadosmembros daCPLPaderissemaogrupodeamigosdaAliançadasCivilizações.Assinámosumprotocolo com o Presidente Jorge Sam-paio e agora assinámos este protocolocomaFundaçãoAgaKhan. Numacombinaçãoatrês,CPLP,Fun-daçãoAgaKhaneAliançadasCiviliza-ções, vamos difundir a consciência nos

nossos estados (aqueles que pertencemàCPLP)dequeéprecisovalorizarato-lerância;compreenderquenãopodemosharmonizar tudo, não podemos preten-dersertodosiguais.Nadiferençapodemestarentendimentoediálogo.AFunda-çãoAgaKhanpodetrazerrealmenteumcontributo importante.Apesarde serdecariz islâmico, a sua intervenção é fun-damentalnocontextosociale issopodeconstituir uma formapositiva de ajudaras nossas sociedades a percecionaremomundoeassuasdiferenças.◗

«O Presidente de Ango-la foi muito esclarece-dor. A CPLP é um es-paço não só com uma ligação cultural mas também política.»

G8 ~ Outubro 201032 Outubro 2010 ~ G8 33

Internacional } Internacional }

AExpo2010,dedicadaaotema“Bet-terCity,BetterLife”(MelhoresCidades,Maior Qualidade de Vida), decorre até31deoutubronumaáreade528hectares(dezvezesaExpo98emLisboa). É a maior exposição universal desempre,comcercade240paíseseorga-nizações internacionais, e pretende sertambémamaisconcorrida,ultrapassan-doo recordede64milhõesestabeleci-doshá40anospelaexposiçãodeOsaka(Japão). O pavilhão português – um edifíciode2000metrosquadrados, revestidodecortiça,queevidenciaos500anosdere-laçõescomaChinaeaatualapostanasenergias renováveis– já foivisitadopormaisummilhãodevisitantes.Ovisitanteum milhão, Meng Xianghong, foi pre-senteadocomumagarrafadevinhodoPorto,nodomingopassado. RolandoBorgesMartinséPresidentedoConselhodeAdministraçãodoParqueExpodesde2005.LicenciadoemGestãodeEmpresaspelaUNL,temestadoliga-doàorganizaçãodeExposiçõesUniver-saisdesde1993.AtualComissário-geral

dePortugalparaaExpoXanghai2010,RolandoMartins fala-nosacercada im-portantepresençaportuguesa,edoforta-lecimentoda competitividadeeatrativi-dadenacionalnosmercadosasiáticos.

Qual é a Imagem de Portugal nos mercados asiáticos?Existeumdeficitdeinformaçãoeconhe-cimentodopaísPortugal,emparticularnomercadochinês.Combasenestede-ficitdeinformação,pensoqueaimagemquepoderemosteretemosédealgumaforma uma imagem diluída num con-textoeuropeu.PortantofaltaapostarnadiferenciaçãodePortugalenquantopaíseuropeu na sua aproximação e relaçãocomospaísesasiáticos.

Como é que Portugal se pode diferenciar?Adiferenciaçãodeumpaís,nestescasos,deve passar pela apresentação dos seuspontosfortes.EospontosfortesdePor-tugal, passam pelas suas característicasendógenas, isto é, pela sua diversidadegeográfica,culturaleambientaldascida-desnacionais.➼

Expo Xangai 2010 Uma arma de diplomacia económica

Mais de 60 milhões de pessoas já visitaram a Expo 2010, em Xangai, mas os organizadores espe-ram atrair multidões ainda maiores durante as próximas férias escolares. O número global de visi-tantes duplicou desde o início de junho, indicando que o recorde de 70 milhões, prometido pelos orga-nizadores, poderá ser mesmo ultrapassado.

Entrevista de Geraldina Nunes em Lisboa

G8 ~ Outubro 201034 Outubro 2010 ~ G8 35

Passaaindapelasuaposiçãoemtermosgeográficos, e portanto pela sua relaçãoatlântica que Portugal privilegiadamentetem.Adiferenciaçãodonossopaíspassaainda pelo dinamismo próprio da nossaatividadeeconómica,pelossetoresemquedealguma formaPortugal já temumpa-pelpreponderante,epelossetoresquesãoas apostas estratégicas nacionais, como aquestãodasenergiasrenováveis. Portanto, a nossa diferenciação passatantopelascaracterísticasprópriasdonos-sopaís-equenósdevemossaberpotenciar.Portugaléumpaísdiversificado,acolhedoreagradável.Umpaíscomumpapelgeo-estratégicoimportantenarelaçãodaÁsiacomoAtlântico,ecomospaísesdasAmé-ricas.Éimportantefazerporaquiumapas-sagem,umaponteemtermoseuropeus. Podemos diferenciar-nos comos pro-dutos que já tradicionalmente colocamosláfora-quevãodesdeprodutosculturaiscomoo fado,aprodutosconcretoscomoacortiçaouovinho,anovasapostaseno-vosposicionamentosestratégicoscomoéocasodasenergiasrenováveis.

De que forma é que Portugal irá alcançar um incremento das trocas comerciais e fomentar o intercâmbio económico?Tendoanoçãoclaradoqueacabeidedes-crever,criámosumPavilhãoqueéexata-menteumespaçodepassagemedetrans-missãodestamensagem.ÉumespaçoquepelaprimeiraveztemumaáreareservadaparaaquiloquedesignamosdeCentrodeNegócios, criado para a demonstraçãoconcreta do setor empresarial português.Este tem o intuito de promover o inter-câmbioearelaçãocomomercadochinêseosseusparceirosoupotenciaisparceiroslocais.Pretende-sedestemodo incentivareincrementarasrelaçõescomerciaisein-dustriais.

No Centro de Negócios pode participar qualquer empresa portuguesa?Porviadeumaassociaçãoemqueestáin-tegradaouatravésdeumcontactodiretocom aAICEPou diretamente connosco,qualquer empresa portuguesa pode usu-fruirdoCentrodeNegócios.Omodeloélivreporquecadaempresapoderápreferirintegrarumconjuntodeempresasdoseusetor-porquedestaformapoderáconside-rarquetemmaiscapacidadedeseprojetar

- ou optar por ummodelo autónomo deapresentaçãodireta.Diriaqueéumtailormade,ouseja,ajustamosoCentrodeNe-góciosexatamenteàsempresasqueanóssedirigem.

Portugal terá privilégios pelas suas relações milenares com a China?Peloqueoqueconheçodaculturaorientaleemparticulardachinesa,eudiriaqueofactodesermosopovoeuropeucommaislongarelaçãocomaChinaeque,maisim-portanteainda,pelofactodeestarelaçãoter sido sempre pacífica e sem qualquerconflito, isto será um fator de referênciaparaasrelaçõescomerciais.Cria,semdú-vidas,umbomambienteparaorelaciona-mentoeumaboacondiçãodepartida.

A Expo Xanghai 2010 é uma grande aposta, com um orçamento de 10 milhões de €. Qual é o retorno de investimento esperado?Oretornoénaturalmentedenaturezain-tangível,namedidaemqueasExpossãosempreexercíciosdecomunicação,depo-sicionamentoedepotenciaçãoderelaçõesmasquenãosetraduzemnumretornodi-reto,nomeadamenteparaaOrganização.São sobretudo benefícios de Imagem, deconhecimento,edecontra-partidasdiretasparaosagenteseconómicosque,utilizan-do a presença portuguesa, tiram partidodireto mas cujos benefícios financeirosentramnassuasprópriascontabilidadesenãonadaParticipação.

No meio de 192 países, onde é que Portugal pode ser diferente e o que pode trazer de novo a esta Expo?OobjetivodeumpaísaoparticiparnumaExpo não é trazer necessariamente nada

Internacional } Internacional }denovo.É trazeralgode sipróprioparaum fórum onde cada país mostra a suamaneiradeser.EédessadiversidadeedapresençademúltiplospaísesqueasExposseconstituemcomoeventos interessantesevisitadospormilhõesdepessoas. Portugal apresenta-se como um paísmoderno, contemporâneo, europeu, comideias claras sobreoque é e sobreoquequerfazernofuturo.Efazemo-loemduasvertentes.Primeiro através do temageralque nos une: o tema das cidades, do ur-banismo e damelhor qualidade de vida.Fazemo-lo através de uma representaçãodo elemento urbano mais representativoportuguês que é a Praça e o Terreiro doPaçoemparticular. Depoistemosumasegundavertentedaapresentaçãocentradanaapostaestratégi-cadas energias renováveis quequeremosali apresentar comum destaque especialcomo sendo o nosso contributo e com-promissonacionalnamelhorvidaqueasenergias renováveis podem proporcionaraoscidadãos,eemparticularaosquevi-vem na cidade. E todos sabemos que járepresentam50%dapopulaçãomundial.

Qual a importância do envolvimento do Minis-tério da Economia?Étoda,namedidaemqueaparticipaçãoéoficialeéoMinistériodaEconomiaque,neste momento, mais diretamente inter-vém junto de nós e financia a operação.Há aqui uma aposta clara em usar estaparticipaçãocomoumaarmadediploma-ciaeconómica.

Quais são os mercados mais apetecíveis na China para os empresários portugueses?ÉomercadodeXangaiquedeveserequa-cionado no âmbito desta Expo. Não es-queçamosquePortugalelegeu2011comooanodePortugalnaChinaeentãohaverátodoumoutroconjuntodeapresentaçõesedepresençasportuguesasnoutras cida-desdaChina. Mas se nós pensarmos que a cidadedeXangai tem20milhõesdehabitanteseagrandeXangai100milhões,jáestáaliummercado que é per si suficientemen-te grande e interessante para qualqueragenteeconómicoportuguês.Éaliásumaquestão importante que devemos desta-car: pela sua escala, o mercado chinêsnunca pode ser visto em termos globaismasdevemosteraambiçãodeolharpararegiões e não para o país no seu todo,porquesenãonuncateremoscapacidadederesposta.

Xangai pode ser uma porta de entrada para a China?Xangai é já hoje em termos chineses ograndecentroeconómicodopaís.Portan-toénaturalmenteparaalique jáconver-giameconvergemtodososinvestimentosestrangeiros em primeiramão. E porqueétambémazonaculturalmentemaiscos-mopolitaemaisabertaaoexterior.Logo,Xangai é claramente a porta de entradapara omercado chinês e tem-no sido jános últimos anos para um conjunto deempresas.

Quais são as vantagens do mercado de Xan-gai para Portugal relativamente a outros mer-cados internacionais?Podendo dar uma resposta genérica, ésempreimportantedestacaraquestãodadimensãoterritorial.Mastambémtemosque ter presente,as taxasdecrescimentoanualqueazonadeXangaitemtido:8%,9%eàsvezes10%.Issosignificaaentra-dagradualeprogressivatodososanosdemilhões de novos consumidores a novosníveis e a novos patamares de consumo.Talvezhajaaquiumfatoradicional:apro-curaeogostopeloprodutoeuropeuepe-lasmarcasdereferênciaedequalidade. Éumaapostaque,emtermosdepro-dutosportugueses,deverá serperseguida.Éprecisoprocurarumposicionamentoemsegmentosmais altos e nunca entrar porsegmentosdemassmarket.Háalidefactoumaaspiraçãograndepormarcas,porno-meseporreferênciasemodeloseuropeus,ouocidentaismelhordizendo.

Os nossos produtos e a aposta nas energias renováveis serão o nosso chamariz para o mercado de Xangai?É possível ser atrativo tanto através dosprodutos tradicionais, como o vinho, osazeites,ouartigosfeitosapartirdacortiça,que estãoa entrarno léxicode consumodosasiáticosedoschinesesemparticular.Epodemossê-loatravésdasnovasapostasnacionais,namedidaemquesãotendên-cias globais e que traduzem uma maiorconsciênciaepreocupaçãoambiental,queaChinatambémjáressente.Daíaprópriaescolhadotemadaexposição«Melhorci-dade,Melhorqualidadedevida»quede-monstraapreocupaçãoemcriarmelhorescondiçõesdevidadentrodascidadesaní-velambiental,socialeeconómico.◗

«Portugal apresenta-se como um país moderno, contemporâneo, europeu, com ideias claras sobre o que é e sobre o que quer fazer no futuro»

O Pavilhão português é revestido a cortiça, e as novas tecnologias são uma das áreas em que Portugal apostou. E entre elas a energia eólica tem especial destaque.

G8 ~ Outubro 201036 Outubro 2010 ~ G8 37

Internacional } Internacional }

Angola espera que a Expo Xangaisejaamelhorexposiçãomundialdesem-pre para o seu país, e a julgar pelo queaconteceu nas primeiras semanas, esseobjetivo será atingido.Os visitantes têmelogiado a arquitetura moderna e arro-jadadopavilhão, inspiradanumaplantadodesertodenomeWelwitschiamirabilis,umaespécieraradoSuldeAngola. AconstruçãoedecoraçãodopavilhãoforamdaresponsabilidadedaSpiceIdeaedaLunatus,criadores tambémdeumadas salas demaior sucesso do pavilhão,aáreaAngola4D.Trata-sedeumespaçointerativoondeéexibidoumfilmeatrêsdimensõessobreaspaisagensdeAngolaequenarraahistóriadeumcasalchinêsque ganha uma viagem turística ao paíscomoprendade casamento. «Chamamos-lheAngola4Dporquetemumaquartadimen-sãosensorial.Oespetadorimaginaqueestánolocal.Porexemplo,quandosurgemasimagensdasquedasdeKalandula,ascadeirastrememeosespetadoressentemasgotasdeágua»,diz-nos Albina Assis, Comissária NacionalangolanaparaaExpoXangai2010. Além da interatividade, uma das

grandes apostas para esta exposição é acomponente dos negócios. O pavilhãotemumbusinesscenter,construídoempar-ceria comaANIP—AgênciaNacionalde Investimento Privado e aAssociaçãoIndustrial deAngola, onde os visitantesencontram diversa documentação sobreoportunidades de negócios em todo opaís. Ospotenciaisinvestidorestêmaopor-tunidadedevervídeospromocionaisquemostram o crescimento económico deAngola e as prioridades existentes paraparcerias,nomeadamenteemáreascomoa indústria,aagricultura,o turismoeasenergiasrenováveis.Esendootemades-taExpo focado nas cidades sustentáveis(«Better City, Better Life» —«MelhoresCidades, Melhor Qualidade de Vida»),a estratégia de comunicação para estecentro de negócios dá especial atençãoao setor imobiliário. Para dinamizar osinvestimentosestrangeirosnosetorforamelaboradas brochuras em três línguas—português,inglêsechinês—ondeconstatodaalegislaçãoangolanasobreurbanis-moehabitação.➼

Expo Xangai 2010 Angola seduz China

Quando a 30 de abril de 2010 as portas do Pavilhão de Angola se abriram na Expo Xangai, começava a maior participação angolana de sempre em exposi-ções mundiais. Um dos maiores destaques e que se tem revelado o espaço de maior sucesso é o Angola 4D, um local interativo e sensorial que mostra um pouco do país numa história simples. Mas não é só isso que os angolanos têm para mostrar ao mundo e há outros planos em curso para «seduzir» Xangai….

Jaime Fidalgo, Exame Angola

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Os engenheiros são conhecidospeloseurigorepaixãopelosnúmeros.AlbinaAssis é engenheira de formação e pas-sougrandepartedasuacarreiranosetordospetróleos.No inícioda sua carreirafoiprofessoradeFísico-Química.Esteveoito anos no Laboratório Nacional deSaúdePública.E foiengenheiradarefi-naria de petróleos da antiga Fina (hojeTotal),ondetrabalhoudurantedezanos. Oseutalentonãopassoudespercebi-doàSonangol,ondechegouapresidentedoconselhodeadministraçãoem1991.Em dezembro do ano seguinte, foi no-meadaministradosPetróleos,cargoqueexerceuduranteseisanos.Foiaprimeiramulhernomeadaministraparaumaáreatécnica.Noano2000,passouaassumiratuteladaIndústriaeapartirdaítornou-seconselheira do Presidente da Repúblicapara a Integração Económica e Regio-nal. A par dos cargos públicos, AlbinaAssisnuncaabandonouoseuvínculoaomundo académico. Estudou a fundo astemáticas relacionadas com o petróleo.Defendeu,comveemência,oaprofunda-mentodasrelaçõesdecooperaçãocomaNoruega,paisqueéconsideradoumcasoexemplardeboagestãodosrecursospe-trolíferos. «Aminhatesedemestradofoidesenvolvi-danaUniversidadeGetúlioVargas,noBrasil,

sobreotemadagestãosustentáveldopetróleobrutoangolano.Foiescritaem2005,quandoocasodaNoruegaaindanãoeratãoconhecido.Osnorueguesescolocampartedasreceitasdopetróleonumfundosoberanoquereverteparaas gerações futuras.Tantos anos, depoisAn-golavai finalmenteseguiresseexemplo»,dizsatisfeita.ExemploqueaNigéria,porsuavez,nãotemseguido.Opaísquepareciaestaremviasdesetornarumapotênciaeconómica regional estáhojemergulha-doemdificuldadeseconómicaseconfli-tosviolentos. Comumvastocurrículosempreasso-ciadoaáreastécnicas,pareceestranhoqueAlbinaAssis tenhasidonomeadacomis-sárianacionalparaasúltimastrêsexposi-çõesmundiaisemqueAngolaparticipou:Japão,EspanhaeagoraChina.Aligaçãoà cultura não é, no entanto, estranha aAlbina Assis, conhecida pela simpatia,profissionalismo e frontalidade com queencaraosdesafios.Confessaquegostadepoesiaechegouafazerteatronajuventu-de.Tambémgostamuitodemúsica.«Sou

fãdeCarlosBurity»,confessa. Asuaentradanomundodasexposi-çõessucedeuporacaso.«FuivisitaraExpodeHannover,naAlemanha,comoministradaIndústriaefiqueichocadapelofactodeAngolanãoestarrepresentada.» AprimeiraExpo,sobasualiderança,foiadoJapão.«Apesardeestarmosnumpa-vilhãocomum,tudocorreumuitobem.Ain-teraçãocomaorganizaçãofoimuitofácil.»Amelhor,noentanto,terásido,segundoAl-binaAssis,adeSaragoça:«Tivemosimensasorte. Ficámos numa zonamovimentada emfrenteàentradaprincipal,por isso, tivemos4milhõesdevisitantes.Claroquehaviamuitosangolanos,muitosdelesvindosdeLisboa,masamaiorpartedosvisitanteseramestrangeiros.Recordo que houve angolanos que choraramquandovisitaramonossopavilhão»,conta. Albina Assis gosta do trabalho quefaz,emborasequeixedealgumcansaço.Masasuadeterminaçãoéelogiadapelosmembros da sua equipa que destaca assuasartesdenegociadoraeacapacidadeparaobterconsensos.◗

Montra Mundial A cultura é, no entanto, o principalatrativo para as exposições mundiais enopavilhãodeAngolaessefactonãofoiesquecido. O Pavilhão está dividido emduasáreasprincipaisquemostramasori-gensdopaíseassuasperspetivasparaofuturo. Na «Angola Antiga», mostra-se aomundoqueAngolaéumpaís jádetinhacidadesorganizadaseumpovocomumaculturaforteediversificada,antesdache-gada dos colonos portugueses. Destaca-seaarterupestreeréplicadeumaigrejaancestral.«Trata-sedarepresentaçãoexatadaprimeira igreja erguida a sul doEquador, naÁfricaNegra»,esclareceAlbinaAssis. Na área seguinte, intitulada de «An-golaModerna», são expostas as grandesconstruçõeseinfraestruturasexistentesnopaís,muitasdelasfeitasemparceriacomtécnicoschineses,taiscomopontes,estra-

das,portos,aeroportosehospitais,oquedemonstraaligaçãocomercialjáexistenteentreosdoispaísesequeestapresençanaExpoXangaivisareforçar. Alémdestasduasáreasprincipais,nopavilhão deAngola há outras em desta-que, tais como uma galeria de arte, umrestaurantedecomidatradicional,umbareinúmerasatraçõesmusicaisaovivocomartistasangolanosquedecorremaolongodetodaaexposição.

Pavilhão em números Noseutodo,opavilhãodeAngolanaExpoXangaiocupa1000metrosquadra-dos (o dobro da Expo de Saragoça, em2008)eprevê-sequesejavisitadoporcercade4,8milhõesdepessoas(umacréscimode20%faceaos4milhõesregistadosemEspanha).Ovalordoinvestimentoquefoirealizado, segundo a comissária AlbinaAssis,rondaos10milhõesdeUSD. Quandoaofactodeesteseruminves-timento elevado, Albina Assis responde:«Não creio que seja caro.NaExpodo Japão,em2006,Angolaestavanumpavilhãocomum,aopassoqueaNigéria,porexemplo,construiuumrecintopróprionovalorde40milhõesdeUSD.EmSaragoça,em2008,jáconstruímosum pavilhão individual que custou cerca de4milhões deUSD.Agora, naChina, numaalturaemqueopaís temumaeconomiamaisforteequeestáaganharoutraprojeçãointerna-cional,Angolatinhadefazermaisemelhor.» Acomissáriatambémexplicaporquê:

«AChinaéumparceiroprivilegiadodeAngo-la.As relaçõesdeamizade e cooperação comoschineses têmproduzidoresultadosvisíveis.AExpoXangai é uma grande oportunidadeparadaraconheceropaísnavertentecultu-ral,económicaesocialeparapromoverari-quezaeadiversidadedoseupovo.» Além disso, esta participação traráinúmeros benefícios no âmbito da ima-gem externa deAngola. «NãopodemosesquecerquehojeAngolatemresponsa-bilidadesacrescidasaoníveldeÁfricaedomundo.Atítulodeexemplo,aSADC(Comunidade para o DesenvolvimentodaÁfricaAustral)pediu-nosparasermosnósaorganizarodiadessa instituição»,justifica.

Apoios financeiros Apresençanumaexposiçãomundialé um projetomuito exigente. «Nem tudocorrecomoplaneado.Éprecisoserdetermina-do,persistenteeumbomnegociador.Mas,porvezes, tambémépreciso terpaciência e saberlidar comas adversidades», diz-nosAlbinaAssis. Algumas dessas adversidades estãoporvezes relacionadascomorelaciona-mentodospaíses comaprópriaorgani-zação:«Muitospaísesfizeramqueixasdevidoaosproblemasnaconcessãodevistos,aoexces-sodezelorelativamenteàsegurançaeaoele-vadopreçodasconstruções.Masévisívelqueogovernochinêsestáfortementeempenhadonosucessodestaexposição»,esclarece. AcomissáriaAlbinaAssisrefereain-daasdificuldadesacrescidassentidasporAngola, uma vez que a participação noevento não foi planeada com a antece-dência devida: «Fizemos a nossa inscriçãotarde.Paraestaexposição,eunãodeveriaseracomissárianacional.Sóqueosprazoscome-çaramaderrapareeufuinomeadanovamen-te. Entrei oficialmente em funções em julhode2009,ouseja,dezmesesantesdainaugu-ração, o que foi um prazomuito curto paraplaneartodososdetalhes».Paralelamente, AlbinaAssis refere tam-bémasdificuldadessentidaspelaComis-são no que diz respeito à gestão do or-çamento. «Temos tido alguns problemasnopagamentoafornecedores,umavezqueaindasónos foi disponibilizado50%doorçamen-to»,acrescenta.«Apenasrecebemospatrocí-nios financeirosdaSonangol edaEndiama,que têm um espaço próprio no interior do

Internacional } Internacional }

É preciso ser determi-nado, persistente e um bom negociador. Mas, por vezes, também é preciso ter paciência e saber lidar com as adversidades.

pavilhão.Foramsolicitadospedidosdepatro-cínioaoutrasentidadeseempresasprivadasdasquaisnãoobtivemosresposta». Masapesardasdificuldades,acomis-sáriaangolanaencaraestedesafiodefor-ma positiva. À comissão que a acompa-nha(compostapormembrosdediversosorganismospúblicos)junta-seaindauma

equipadejovensquetrabalhadiretamenteno terreno,naprocuradenovassoluçõespara fazer destaExposição, omaior su-cessoangolanodesempre.AlbinaAssissógostavaquemaisangolanospudessemveroresultadofinalno«terreno»,masafalta de pacotes de viagens com preçoscompetitivos é uma das graves lacunas

existentes. Mas tais problemas serão por certoesquecidosnofimdemaisumaexposiçãomundial onde Angola promete deixar asuamarcadeoriginalidadeeriquezacul-tural.ApróximaserárealizadanaCoreia.ComAlbinaAssis?«Quemsabe»,dizaco-missáriacomumsorrisolargo.◗

Albina AssisComissária de Angola

A Dama de Xangai

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Internacional }

25 de MaioDia de África

AprimeiracaravanadeartistasparticipounaExposiçãoMun-dialdeXangaientreos18a29demaio,assinalandooDiadeÁfricanodia25demaio.EntreosartistaspresentesestiveramosmúsicosPauloFlores,BigNelo,Ary,Nanutu,AgreG,ogrupoKituxieaindaocabo-verdianoTitoPariseoguineenseManecasCosta.

1 de Junho Dia da Criança

Nestediahouveváriosmúsicosafazerafestaparaosmaisnovos,entreelesopequenokuduristaAlegria,osgruposdeviolinosKapossoka,daSamba,MaltadaPazedaAlegria,YoungGame,HelgaSantoseMilu.

31 de Julho Dia da Mulher africana

Paracomemorarestedia,ocer-tamecontoucomapresençadaministradaFamíliaePromoçãodaMulher,GenovevaLino.Váriosartistasanimaramafesta,taiscomoascantorasPérola,YolaSemedo,PatriceNgangula,NoiteeDia,GabrielTchiem-ba,MatiasDamásio,SembaMuximaeogrupofemininodeprecursãodaCelamar.

26 de SetembroDia de Angola

Nestediatãoespecial,estiverampresentesosmúsicosBonga,YuridaCunha,MargarethdoRosárioeDannyL,ogrupodedançaKilandukilo,AsGingasdoMaculusso,osmodelosdaagênciaStepModelseaestilistaLucréciaMoreira.

Orecintoocupa1000metrosquadradosetemumaprevisãoestimadade4,8milhõesdevisi-tantes.AconstruçãofoientregueàSpiceIdeaeadecoraçãofoidaresponsabilidadedaLu-natus, uma empresa espanhola especializadanestetipodeeventos.

Exterior do pavilhãoA arquitetura, moderna e arrojada, ondeabundamosfolhoscoloridos,foiinspiradanaWelwitschiamirabilis,umsímbolodeAngola.Aentradatempainéisgigantescomimagensdedunasnodesertoedaprópriaplanta.Naportaprincipal,destaqueaindaparaasduascolunascomasimponentesestátuasdaRainhaGingaedoReidoCongo.

Angola antigaOvisitantepodeobservarpainéisdearte ru-pestrequeprovamqueAngolaéhabitadades-dehámilhõesdeanos.Destaqueparaosreinosantigos,emespecialoCongoeoNDongo.

Catedral do KulumbimbiAréplicadasruínasdeumadascatedraismaisantigasdeÁfricaassinalaaentradanaáreada«AngolaModerna».

Zona institucionalInclui os dados essenciais sobre o país e osseusprincipaisórgãosdesoberania,emparti-cular,oPresidentedaRepública.

Campo e cidadeOcontrasteentreaAngolaruraleurbanaéumtemaemfoconestaparticipaçãodopaísnaExpoXangai.

Área económicaAquipodemosencontraradescriçãodasprin-cipais atividades e riquezas do país, desde aindústria, à agricultura, transportes, pescas eturismo.

Animação 4 DChama-se Angola 4D porque, além da pas-sagem do filme sobre as belezas naturais deAngolaem3D,ovisitanteteráumadimensãoadicional:adeseimaginardentrodofilmeedesentirasexperiênciascomoseestivessere-almentenolocal.

Stand’s Sonangol e EndiamaAsmaioresempresasnacionaisdedoissetoresimportantesdaeconomiaangolana-petróleoe diamantes – têm direito a uma zona pró-pria.NostanddaSonangolpodeficarasabertudosobrepetróleo.NostanddaEndiama,a

principalatraçãoéodiamantevirtual.

Business CenterConstruído com a colaboração da AgênciaNacional de Investimento Privado e da As-sociaçãoIndustrialdeAngola, fornecedocu-mentação atualizada sobre as oportunidadesdenegóciosemtodoopaís.

História da moedaDozimbo(búziodotamanhodeumbagodecafé,queserviucomomoeda)àmacuta(moedadecobre),aoangolar,aoescudoe,finalmente,aokwanza.

Responsabilidade SocialPainelsobreoqueasempresasfazemdeposi-tivopelosseustrabalhadores.

Natureza e ecologiaNesteespaçoencontraemdestaqueosesfor-çosfeitosparasalvarapalancanegragigante,símbolonacionaldeAngolaeumaespécieemriscodeextinção.

Galeria de arteObrasvariadas,comparticulardestaqueparaapinturaeescultura,daautoriadeartistasan-golanos.

Bar e restauranteEspaço de degustação de comida angolanapreparadapelochefedoMiamiBeach.

Área desportivaImagens de atletas conceituados emdiversasmodalidades,bemcomofotosdosquatrono-vosestádiosdefutebol.

Palco de diversõesVáriosartistasnacionaispromovemnestees-paçoafestaedivulgaçãodaculturaangolanaaolongodetodaaexposição.

Visita GuiadaExpo Xangai Pavilhão de Angola

Eventos Angolanos

Internacional }

Os países de língua portuguesacompramevendemmaisàChina,com-parandovaloresdosprimeirosoitome-sesde2010 com igualperíododoanopassado.Brasil,AngolaePortugalsãoosquemaisinteragemcomercialmentecom a China. O aumento do nível denegócios estabelecidos entre a CPLPeaChinaequivaleaumacréscimode60,52%. O valor global atingido noperíodoemcausa foide58,57milmi-lhõesdedólares(43,45milmilhõesde€uros). O Brasil é o principal país lusófo-no a realizar trocas comerciais com a

China.Negóciosnovalorde38,69milmilhões de dólares (28,70milmilhõesde€uros),noperíodoemcausa -mais52,40% do que entre janeiro e agostode 2009. Logo a seguir, sucedem-lheAngolaePortugal.AngolaregistouumacréscimodenegócioscomaChinanaordemdos86%.Portugalapresentaumacréscimode44,4%. Segundo estatísticas oficiais da al-fândegachinesa,aChina terávendidoaos países da CPLP mercadorias novalor de 18,59milmilhões de dólares(13,79 mil milhões de €uros) e feitocomprasnessemesmoespaçonovalor

de39,98milmilhõesdedólares(29,66milmilhõesde€uros).Estesdadosex-pressam uma subida das exportaçõespara aChina (70,83%) e das importa-çõesdaChina(56,14%). Deram-se notáveis acréscimos ne-gociais da China com Moçambiquee Timor Leste. Nestas transações, oespaço de Macau tem servido comoplataforma da cooperação económicadaChinacomospaísesdaLusofonia.Assimtemsidodesde2003,sendoqueosresultadosdasconversaçõesdenegó-ciossetêmintensificado.Comoosnú-merosoatestam.

Apesardosresultadossereminteres-santes no contexto da CPLP, JoséAn-tónio Barros presidente da AssociaçãoEmpresarialdePortugal(AEP)apontouo«enormepotencialdenegócios,aindapou-co explorado», entre aChina, Portugal eas empresas portuguesas, e destacou opapelqueMacaupodedesempenharnacooperaçãoempresarial. Segundo José António Barros, a«distância cultural» é o principal obs-táculo ao relacionamento empresarialentrePortugaleaChina,surgindoa«co-operaçãocomoutrasempresas»jápresentesnaChinacomoamelhorsolução.Nesteaspetoo territóriodeMacau «estáparti-cularmente bem posicionado para desempe-nharumpapeldegranderelevonestetipodeestratégiasdecooperação». «O conhecimento detido pelas empresasde Macau relativamente aos mercados doOriente, e emparticularaodaProvínciadeGuangdong,nãopodecontinuarasermenos-prezado pelos empresários portugueses que

pretendem relacionar-se com aChina e, emparticular, com esta província», afirmou opresidentedaAEP,queconsiderouqueo relacionamento bilateral entre Portu-galeMacau«nãodeixadedesiludir,dadaaimportânciamuitoreduzidaqueapresentanaestruturadocomércioexternoportuguês». «Em 2009 Macau foi o 72.º cliente dePortugal, compoucomaisde12milhõesde€uros exportados, e o 143.º fornecedor, comimportaçõesdeapenas350mil€uros.Aes-truturadasnossasexportaçõesparaMacau,comosprodutosalimentaresapesaremmaisdemetadedototal,mostrabemoquantooco-mérciobilateralestámarcadopelainérciadopassado»,sustentouJoséAntónioBarros,para quem estes números não refletemas potencialidades da economia portu-guesaedoseuposicionamento«enquan-toportadeentradanaEuropa,talcomonãoevidenciamaspotencialidadesdeMacauedoseu posicionamento como porta de entradanaChinaeemtodooOriente». Apesar de nos últimos cinco anos

asexportaçõesportuguesasparaaChi-na teremaumentadoauma taxaanualmédia de 17 %, tendo recentementeacelerado significativamente, ao pontodeaChinatersidoodestinoondesere-gistouamaisfortetaxadecrescimentodas exportaçõesportuguesas (32%),opresidentedaAEPsalientouque,«mes-moassim,nãochegamaindaa1%dototaldasexportaçõesportuguesas». «Olhandopelapositiva,diriaqueapre-sentesituaçãoéreveladoradeumavastidãodeoportunidadesdenegócioquenãopodempermanecerinexploradas»,considerou. Recentementeochefedadelegaçãoempresarial da província de Guang-dong,WuJun,destacouaimportânciaeconómica do Grande Delta do Riodas Pérolas (região que integra Ma-cau,HongKongeGuangdongeoutrascidades chinesas), cujo produto inter-no bruto (PIB) é 1/10 do PIB chinêse ondehá «umambiente de investimentomuitofavorável».

CPLP e China aumentam em 60% as suas transações comerciais

Negócios com Portugal podem crescer (muito) mais

G8 ~ Outubro 201042 Outubro 2010 ~ G8 43

o33ºlugarnorankingmundialeoBancoBradescovemna45ªposição.Tantoaeco-nomiabrasileiracomoosseusbancosestãoa emergir da crise de formabastante sau-dável.UmcrescimentodoProdutoInternoBrutoestimadopeloseconomistasemmaisde5%paraesteano,eumavalorizaçãoemaltadoReal,dáaosbancosbrasileirosumaimagemmaiscompetitivajuntodosmerca-dosfinanceiros. «AcotaçãoemaltadoRealproporcionatam-bémaosbancosbrasileirosmaiorcompetitividadenosmercadosparaacontrataçãodetalentosin-ternacionais»,explicaÁlvaroTaiar,parceiroprincipaldagestãodeserviços financeirosnos países latino-americanos da Pricewa-terhouseCoopers. «A perceção sobre as opor-tunidades em trabalhar em bancos brasileirosmudou»,acrescenta. Os resultados de 2009 mostram ape-nasalgunspercalços,aoinvésdomal-estare contestação experimentada por muitosbancosinternacionais.Asaçõesdosbancosrecuperaram,comobancoItaúUnibancoavalorizarcercade34%em12meses(até10defevereiro),apesardasperdasmaisrecen-tes.«Aimagemdosbancosbrasileiroséhojemaiseficaz,eficienteecapaz»,revelaCelinaVanset-ti-Hutchins,analistaséniordaMoody’s,emNovaIorque.

No caminho para… O Brasil está a tornar-se numa peçafundamentaldamecânicadaeconomiain-ternacional.«Nospróximos20anosoumais,oBrasilseráaquintamaioreconomiadomundo.Muitosdosbancosdeoutrasgrandeseconomiasjá atuamanível global.Logicamente, oBrasilvaiseguiromesmocaminho»,afirmaGrahamNye,daPricewaterhouseCoopers, emSãoPaulo. «A América Latina terá um crescimentomuitoacentuadoedentrodecincoadezanos,osbancos brasileiros terão umpapelmuitomaiornestaregião.AparticipaçãodoBrasilnaAmé-ricaLatinavaicontinuaracrescer»,acrescentaPlínioChapchap.Assim,muitasempresasbrasileiras,conscientesdocrescimentopre-vistonosmercados,jácomeçaramamovi-mentar-senessesentido. Algumas já são verdadeiramente glo-bais, incluindo as bebidas Ambev, o gi-gantedopetróleoPetrobraseosminériosVale. Outras estão a começar a emergirrapidamente,comoaJBSFriboi,umdosmaiores construtores de frigoríficos do

mundo, e a siderúrgica Gerdau. Outrastêmparajápresençaspontuaisnaregiãoeinternacionalmente,comoasempresasdeconstruçãoOdebrechteCamargoCorrêa. Osbancosbrasileirosnãoqueremper-der o negócio dessas empresas sólidas ecredíveisparaosplayers internacionaise,nessesentido,estãoainternacionalizarosseus serviços. «Houve uma transferência daatividadeinternacionaldasempresasbrasileirasparaosbancoslocaisemáreascomoaexporta-çãoefinanciamentoexterno»,afirmaMilenaZaniboni,diretorageralparaaelaboraçãode classificações de empresas e governosnaStandard&Poor’s,emSãoPaulo. Há ainda a crescente diáspora brasi-leira. Estima-se que poderá haver cercade 1,1milhões de brasileiros a viver nosEstadosUnidosemaisde1,5milhõeses-palhadospeloJapão,Paraguai,PortugaleReinoUnido.Osforteslaçosdeligaçãoaoseupaís,queseespelhanoenvioderemes-sasdedinheiroparaoBrasil,pressionaosbancosaexplorarnovosmercadose,nestemomento,oBancodoBrasiljátemdelega-çõesnoJapãoenosEstadosUnidos. Outramotivaçãoparaa internaciona-lizaçãoprende-secomadiversificação.Oselevadoslucrosanteriormentearrecadadospelosbancosbrasileirostiveramumretro-cesso com a queda das taxas de juros, acrescenteconcorrênciaestrangeiraea in-tensificaçãodaintervençãodogoverno. «Oquetemosvistonosúltimosanosnoslu-croséinsustentável.OBrasilestáagoranumní-veldeinvestimentoondeolucroseráconseguidodeformamaislenta.Alongoprazo,osbancosbrasileirosprecisamdediversificarassuasfon-tes de receita» explica Celina Vansetti-Hu-tchins.«Éofimdodinheirofácil»,acrescentaoutroanalista. Todasestasopiniõesestãoatentarcon-vencer os bancos que é fundamental ter,pelomenos,umaestratégiadefinidaparaaexpansãointernacional.Sóqueososban-cosestãoreticentesfaceàexpansãointer-nacional, devido às oportunidades que omercadointernocontinuaaproporcionar. Embora os spreads dos empréstimosbancários estejam em queda, ainda sãomuitoatrativosparaomercado.Segundoos dados do Banco Central do Brasil, ataxamédia cobrada por todos os bancospara clientes domercado retalhista e co-mercialfoide27,79%emdezembropas-sado.Osempréstimosconcedidosacurto

prazosubiramcercade159,08%,graçasa«chequesespeciais»,enoquedizrespeitoao financiamento para empresas, a mar-gemfoibemmenor,situando-senos16,55%. Além disso, o crescimento é rápido,comumaprevisãodecrescimentoparaoBancoBradescodecercade25%paraesteano. «Asituaçãoétãoboaqueosbancosnãoes-tão particularmente interessados em concorrerinternamenteentresi»,revelaCelinaVanset-ti-Hutchins.Muitosbancosacreditamquetêm um número satisfatório de clientes,queaindanãosãosuficientementeexplo-rados. «A principal estratégia dos bancos brasi-leirosestá focalizadanomercadointerno.Elesprecisam agora de focalizar a sua atenção naaquisiçãodemaiscapitalparapoderemacom-panhar a procura e afastar a concorrência in-terna»,acrescentaMilenaZaniboni.«Aex-pansãoparaoexteriorécara,arriscadaesemprovasdesucesso»,diz. Seos lucrosforadoBrasilnãosepo-demcompararaoslucrosobtidosinterna-mente, no caso dos bancos brasileiros, acautelanesteassuntoéacrescidadevidoaoambienteinstávelemqueatuaramduranteanosedevidoaosmuitos receios sobreasaúdefinanceiradosistemabancárioglo-bal.Tudoistofê-losrecuar. «Osbancosbrasileirosestãoasermuitocau-telososparanão investir embancos confronta-doscomproblemasescondidosouempréstimospouco claros, derivadosda crise», explicaÁl-varoTaiar.

Estratégias internacionais «A discussão sobre qual será amelhor es-tratégiaparaainternacionalizaçãodosbancossubiu de tom e provocou alguma polémica»revelaGregoryGobetti,daáreadeservi-çosfinanceirosdaErnst&YoungemSãoPaulo. «Vai ser um importante desafio paraosbancosdefinirosseusplanosparaesteano»,acrescenta. «Até à data, tem havido muitadiscussão,masnãomuitomovimento.Osban-cosbrasileirostêmpoucaexpressãonomercadoexterno em comparação com seus ativos totaisinternos.» «Os executivosde bancos brasileirosdizemque,paraprosseguircomainternacionalização,precisam de ter uma estratégia clara e desen-volvida, boas oportunidades e serem capazesdemanteronívelatualde lucro»,acrescentaGregoryGobetti.➼

Bancos brasileiros Internacionalização?Sim, mas com cuidado…

Os mais recentes rumores sobre a internaciona-lização dos bancos brasileiros sugerem que os principais players do mercado estão a pensar de forma arrojada. O Itaú Unibanco, em particular, tem sido associado a inúmeros negócios em todo o mundo, enquanto que se acredita que o Banco do Brasil considera expandir-se para a Argentina. No entanto, é provável que a realidade seja muito mais trivial.

John Rumsey (Exclusivo FT Business)

Negócios }Negócios }

Os grandes bancos brasileiros são emgeral muito cautelosos. Os anos de hiperealta inflaçãoproporcionaram-lhes lucrosmuitoapetecíveisoriundosdosinvestimen-tos em títulos do governo. Mais recente-mente, o enorme crescimento do créditoajudou a compensar a redução do rendi-mentonostítulos. Mas como os bancos brasileiros têmcrescido rapidamente e se tornaram cadavezmaissofisticadose focadosnocliente,aexpansãoparamercadosexternosestáatornar-semaisatrativa.Osmaioresbancosbrasileirosestãoagoraentreosmaioresdomundo. Deacordocomo«TheBanker’sTop1000WorldBanks»,obancoItaúUnibancoocupa

G8 ~ Outubro 201044 Outubro 2010 ~ G8 45

na,quandoosspreadssãotãoaltos,ataxadeacessoaserviçosbancáriostãobaixaeoserviçoderemessasdedinheiroparaoBrasiltãofraco»,afirmaGregoryGobetti. Emsegundolugar,asreservasestãoaesgotar-seejáfoiditoqueobancoqueriacrescer cerca de 10mil milhões de reais(5,36milmilhõesdeUSD)atravésdeumaemissãodetítulosque levemosníveisdecapitalBasileiaIIde13%paracercade15%. «Aquestãoquesecolocaé:qualéaneces-sidadedeinternacionalizaçãoagora?Setivésse-mosenormesexcedentesdecapitalfariasentido,mas isso não acontece. Estes planos parecemdemasiado extravagantes», afirma CelinaVansetti-Hutchins. Resta agora saber seo Banco está prosseguindo este caminhoparaenfatizaravalorizaçãoeplaneamen-toeconómico sustentávelouapenasparaaumentaroseuprestígio.

Bancos Privados Osdoisprincipaisbancosprivadosdo

Brasil escolheram estratégias diferentes.EnquantooBancoItaúUnibancojáestáadesenvolveratividadesnasregiõesperiféri-casdoBrasil,oBancoBradescomanteve-seomais«puramentebrasileiro»,entreosgrandesbancos. OBancoItaúUnibancojátemopera-çõesestratégicasnaAméricaLatina, ten-docompradoem1998oBancodelBuenAyre,naArgentina.DeseguidaexpandiuassuasoperaçõesaoChile,eem2006aoUruguai, quando comprou os ativos doBankBoston.OUnibancoalcançouoes-tatuto de segundomaior banco no Para-guai,quandooInterbancosefundiucomoItaú. Na época da fusão, o presidente doUnibanco, Pedro Salles, disse que umadas motivações para a fusão foi a cons-trução de um negócio internacional. Noentanto, o Banco Itaú não tem atingi-do esse objetivo nos últimos anos, ape-sar de todas as expectativas. O BancoItaú contratou um dos banqueiros mais

conhecidosdoBrasil,PedroMalan,pararedesenhartodaaestratégiainternacionaldo Banco e, mais recentemente, formouuma comissão de especialistas para con-tribuir com ideias sobre a forma comooBancodeveampliaredifundiroseunomenoexterior.➼

Negócios }Negócios } Essaéadificuldade:osbancosbrasilei-rosestãoentreosmaisrentáveisdomun-do, devido aos spreads elevados, com re-tornosobreopatrimóniolíquidoentreos15%eos20%.«Estesbancospensamassim:senosinternacionalizarmos,seremoscapazesdemanteromesmoníveldelucro?Esteéumdosprincipaisobstáculos»,declaraGregoryGo-betti. Os bancos brasileiros precisam tam-bémdemelhorarassuasplataformasemáreascomoagestãoeocontroloderiscos.«Bancos como o Santander e o Citigroup têmoperações,políticas,procedimentoseinstrumen-tosdegestãono exterior.Osbancosbrasileirosainda precisam de construir esta infraestrutu-ra»,afirmaGregoryGobetti. «Osbancosbrasileirosnãotêmumhistóricoemáreascomoagestãoderisco,eestãopreocu-padosporcausadisso,maselesestãoaresistiràcrisefinanceiraeasuaimagemfoireforçadagraçasaoseudesempenhorecente»,acrescentaGrahamNye. Oequilíbrio ténueentreaproveitarasoportunidades externas ou permanecerapenas no mercado interno, fazem an-tever que os bancos brasileiros não farãoaquisições de grandemontante,mas irãoaproveitarpequenasoportunidades,deumconjuntomaisvariadodeofertas. OmaiorfocoseránaAméricaLatina,ondeaculturaealínguasãosemelhantese onde os bancos brasileiros continuama estar sub-representados. Só mais tar-de, os bancos vão seguir a tendência dasempresas brasileiras, passando a oferecerumnúmerorestritodeserviçosbancáriosdestinadosapenasacomerciaiseretalhis-tas. Umdosnichosdemercadoavalorizarseráomercadodecapitais.Noanopassa-do,oíndiceBovespasubiu147%emUSD.«Omundo está interessadonomercadode ca-pitaisbrasileiro.Estaéumaboaoportunidadeparaosbancosbrasileiroscomeçaremapensarem estabelecer parcerias e em ampliar a suaexperiêncianomercadode capitais», certificaPlínioChapchap.

Bancos EstataisOsBancosEstataisestãoemalta.Depoisdedoisanosdesubidainternadastaxasdejuro,oBancodoBrasil consolidounova-menteasuaposiçãocomomaiorbancodoBrasil,eagoraésuaintençãoconquistaraquotademercadodosbancosprivadosno

exterior. «Numano de campanhas eleitorais,osbancosestataistêmsempregrandesplanos»,asseveraCelinaVansetti-Hutchins.Aselei-çõesbrasileirasestãoprevistasparaoutu-bro. A política de internacionalização doBancodoBrasilpodeserresumidacomo«Seguir a bandeira». O banco está foca-donas oportunidades em terras latinas eem alguns segmentos internacionais, es-pecialmente nos Estados Unidos, que setornouo«mercadodefuga»dosdepósitose investimentosbancáriosdasempresasecidadãos brasileiros durante a crise ban-cária global.Outromercadoprioritário éaArgentina,ondeoBancodoBrasilestáinteressadoemcompraroBancodaPata-gónia,oquartomaiorbancodopaís.Masnemtodososanalistasestãoconvencidosdisso. «Não vejo sentido nisso: porque é queprecisam da Argentina para se reforçarem?»questionaCelinaVansetti-Hutchins,acres-centando que a Patagónia não é umdosmercadosmaisatrativosequehaverásem-pre restrições a nível da propriedade quepoderãodeixarosbrasileiroscomumcon-trolosobreobancodeapenas49%. OutroanalistaquestionaseoBancodoBrasilestarámaisinteressadoemmanter-se ao nível dos seus concorrentes ou emdesenvolverestratégiassensatas.OBancoItaútemumagrandepresençanaArgen-tina.«Parasermuitocínico,opensamentodoBancodoBrasiléalgodotipo:SeoBancoItaútemoperaçõesnaArgentina,nósprecisamosdefazermelhor»,afirmaumanalistaqueprefe-remanteroanonimato. OBanco doBrasil tambémpediu nofinal de 2008 uma licença bancária paraoperarnosEstadosUnidos,emboraagorasedigaquepensacomprarcercade20%dosativosdoCitizensBank,propriedadedoRoyalBankof Scotland,oquelhedariaalicençabancáriapretendida. RecentementeoBancodoBrasiltam-bém criou um serviço de remessas mo-netárias, o BBMoney Transfers, que lhepermite explorar o crescente número debrasileirosqueenviamdinheiroparacasa.AllanToledo,vice-presidentedeoperaçõesinternacionais do Banco do Brasil, disseaosjornalistasqueoBancopensainvestir40 milhões de dólares na internaciona-lização das suas operações nos EstadosUnidos,comaaberturade5a10agências

paraservirosbrasileirosresidentesnaque-lepaís. A comunidade empresarial brasileiratemfortepresençanosestadosdonordestecomoemNewJersey,NovaIorque,Con-necticut e Massachusetts, bem como naFlorida, que são vistos como mercadosprioritários.Aestratégiaaseguirseráumamistura entre atividades focadas para oretalhoeocomérciobrasileiro, incluindotambémabancacomercial. No entanto, existem duas grandesquestõesquesecolocamsobreoposicio-namentodoBancodoBrasilnasuainter-nacionalização.Emprimeirolugar,comoé um banco estatal, cada passo é exami-nado compormenor.O governo preferiufocar a política do banco na redução despreadsnomercadointernoenaextensãodos serviços bancários para regiõesmaiscarentes,eolhaaexpansão internacionalde formaambígua. «Abatalha é feroz, comospolíticosbrasileirosaquestionaremoporquêdos contribuintes deverem investir naArgenti-

O Banco Itaú Unibanco já está a desenvolver atividades nas regiões periféricas do Brasil. O Banco Bradesco mante-ve-se o mais «puramen-te brasileiro», entre os grandes bancos.

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Negócios } Por enquanto, o crescimento doBancoItaúdesenvolve-sedeformamaisponderada em novos mercados, comooPeru e aColômbia, países paraondeoBanco acompanhouas empresas bra-sileiras. O Itaú Securities expandiu-separa zonas centrais comoNova Iorquee Tóquio, mas as suas atividades es-tão centradas principalmente no apoioàs empresas brasileiras, mais do quena competição com os grandes bancosmundiais. Um dos gerentes locais em NovaIorque disse ao jornal Valor Económi-co que esta expansão irá permitir pas-sar de uma equipa de 68 para 80 fun-cionários, investir mais 10 milhões deUSDem2010eaumentarasuaaçãodecobertura noutros países latino-ameri-canos. Plinio Chapchap acredita que aideia base é oferecer às multinacionaisbrasileiras mais produtos, estabelecerparcerias com bancos americanos ne-gociando dívidas e ações, bem comofacilitar o financiamento de empresasbrasileirasnomercadoamericano.

Bradesco cauteloso Quando o Banco Bradesco estava asondaromercadodabancaparaainter-nacionalização,fê-lodaformamaiscau-telosade todososbancosna suaexpan-são para osmercados estrangeiros. Esteano comprou o IbiMéxico, especialistadefinanciamentoaoconsumo,àempresasuíçaCofraHolding,umaempresaespe-cializadaemcartõesdecrédito. O negócio é de pequena dimensãopois,o IbiMéxico temapenas1milhãodecartõesemcirculação,emcomparaçãocomos88milhõesdoBancoBradesco.Oportfólio total da empresa mexicana decréditoédeapenas99milhõesdeUSD,em comparação com o total de emprés-timosdoBancoBradescoqueascendeos131milmilhõesdeUSD. OBanco temevitadoa expansão in-ternacional,comosexecutivosaafirmarqueoBradescovaicresceresteanomaisrapidamentenomercadointernoemser-viçosbancárioscorporativos,equeexisteumainfraestruturadeoportunidadesquevão surgir, especialmente com os pró-

ximos eventos previstos para oBrasil, ocampeonato do Mundo de Futebol em2014 e os JogosOlímpicos em2018. «OBanco Bradesco teria uma difícil adaptaçãoaosnegóciosnoestrangeiro,umavezque issonão faz parte da cultura doBanco», explicaPlínioChapchap.«Muitosdosdiretoresnãotêmumaexposiçãosignificativaaosmercadosestrangeiros»,acrescenta. Osbancosbrasileirosestãonumafaseemqueperceberamquedevemtermaiordimensãonoexterior.Osrecentesdesem-penhos positivos têm alimentado rumo-res sobre possíveis aquisições. Contudo,oconjuntodeoportunidadesparalucrosimediatosnomercadointernopareceterenfraquecidoasuavontadedeinternacio-nalização.Eagorasãocapazesdeenfati-zaropragmático, oportunista e relativa-mentelentocrescimentodoexterior. Alguns temem que os bancos brasi-leiros já tenhamperdido o «barco».Afi-nal, é poucoprovável que se repita, nospróximos tempos, a tendênciadepreçosbaixos,de2009,paracompradeativosdeinstituiçõesfinanceiras.

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