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Paróquia Santíssima Trindade | Nº 06 | Florianópolis/SC | 2012 De Francisco e Clara à Paróquia da Trindade um carisma que transforma realidades Venda Proibida Distribuição Gratuita Franciscanos Capuchinhos

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Revista Fraternos mês de setembro

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Page 1: Revista Fraternos

Paróquia Santíssima Trindade | Nº 06 | Florianópolis/SC | 2012

De Francisco e Clara à Paróquia da Trindadeum carisma que transforma realidades

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Franciscanos Capuchinhos

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Paróquia Santíssima Trindade | Nº 06 | Florianópolis/SC | 2012

De Francisco e Clara à Paróquia da Trindadeum carisma que transforma realidades

Primeira Folha

ESPECIALOs 50 anos da presença dos freis capuchinhos na Paróquia da Trindade

07 a 12

ÁRTIGO DO PÁROCO

5

ENTREVISTAProvincial do Paraná e Santa Catarina fala sobre trabalho missionário. 6

FUNDADORES HISTÓRIAConheça mais sobre a chegada dos freis capuchinhos no sul do Brasil 16 E 17

VOCAÇÃOO caminho vocacional

18

EXPRESSÃO

04NA REDE

05

CURIOSIDADES

12

CRONOLOGIA

10

No século XIII a Igreja Católica presenciou uma das suas maiores revoluções internas. O jovem filho da família Ber-nardone, que depois ficaria conhecido como São Francisco de Assis, iniciou, ainda que sem querer, um grande processo revolucionário.

A revolução do jovem de Assis não incluía armas, guerras, discursos metódicos ou utópicas ideologias. Na verdade, ele tinha um ideal – amar a Deus com a radicalidade evangélica.

O que parecia ser então a grande loucura, tornou-se depois fonte de atração para muitos outros. Hoje, 800 anos após a fundação da primeira ordem franciscana, ainda é crescente as inspirações a partir da vida do Santo.

Os freis capuchinhos, desde 1525, quando nasce essa ra-mificação dos Frades Menores, seguem o desejo de viver uma

vida mais estrita de oração e de pobreza, para estarem mais perto das intenções originais de São Francisco, como explica o site oficial da Ordem. É, portanto, imensurável o bem que esse grupo realiza através da simples vivência do Evangelho.

Além de ser para o mundo um sinal vivo de como é possível acreditar nos conselhos evangélicos – obediência, pobreza e castidade – as somas de obras sociais mantidas pelos capu-chinhos ratifica a importância que eles dão no cuidado aos pobres e necessitados.

Concluímos com uma frase do frei capuchinho Claudio Ser-gio de Abreu, que generosamente concedeu entrevista para esta edição da Fraternos, onde ele afirma: “A nossa meta é vi-ver a permanente missão da Igreja de anunciar o Evangelho”.

Boa leitura!

A certeza da radicalidade evangélica

15ObRAS SOCIAIS:

Os projetos a partir do carisma franciscano

50 anos na Paróquia: nossos frutos

13 e 14

Horários de Missas

Papa Bento XVI

Matriz - Trindade:De terça a sexta, 19h30;Sábado, 18h;Domingo, 08h, 10h, 18h e 20h.

São Bento - Itacorubi:Sábado, 19h30;Domingo, 08h e na primeira sexta do mês, missa da saúde, 15h.

Puríssimo Coração de Maria - Jd. Anchieta:Sábado, 18h.

São José - Serrinha:Sábado, 19h30.

Nossa Sra de Guadalupe - M. do Quilombo:Domingo, 09h30.

Santo Agostinho - Pantanal:Domingo, 18h.no horário de verão, 19h30.

Nossa Sra. Aparecida - M. da Penitenciária:Domingo, 08h30.

São Francisco de Assis - Poção:Terceira quarta do mês, 20h.

Templo Ecumênico - UFSC:Sexta, 12h15 (durante o período letivo)

Hospital Universitário - HU:Quarta, 15h.

"Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos os que fazemos uma festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós."

Terça – Quinta - feira: 9h as 11h e das 14h as 17h

Sexta - feira: 9h às 12h e das 14h às 20h

Horários de Con�ssão

Page 3: Revista Fraternos

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

“Ás vezes, nossa esperança parece um pedacinho de papel. A gente esquece no bolso da calça e põe pra lavar; ao final, abre aquele bolinho amarrotado, destruído e tenta colar os pedacinhos para ver se ainda está escrito ou se é apenas um papel e tinta: ininteligíveis...”Karine De Oliveira Souza (Florianópolis/SC)Postado no Mural, 29 de agosto, às 22:13

Expressão Espaço do Frei

Quando encontrei a Revista Fraternos na internet, logo me chamou a atenção pelo apelo “universitário”. Admirei muito

a iniciativa da Paróquia Santíssima Trindade em olhar para essa juventude. Produzir uma revista com temas realmente pertinentes a um acadêmico, com uma linguagem para esse público e com Deus na essência de tudo. Ao ler sobre os GOU’s senti a confirmação de Deus sobre meu chamado, pois ha algum tempo vinha no meu coração o desejo de montar um na universidade em que estudo em Chapecó (SC). Poder aliar a fé e a razão, assim como a matéria de capa mostrou que é possível, através das palavras iluminadas do Santo Padre João Paulo II. Enquanto não tenho uma revista assim na minha cidade, fico no aguardo da próxima edição da Fraternos Universitária online. Que o Espírito Santo continue sendo inspiração nessas ações de evangelização. Paz e benção!

Lydiana Rossetti, acadêmica de jornalismo, Chapecó – Santa Catarina.

N@ Rede

Em todo o mundo já são mais de 10 mil religiosos que fazem parte da Or-dem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap). Segundo dados de janeiro deste ano, os religiosos estão distribu-ídos em 106 países, localizados em sua maioria na Europa com a presença de mais de 4 mil frades.

Além dos sacerdotes, que formam a grande parte dos capuchinhos, sen-do quase sete mil, compõem também a ordem, os diáconos, os frades não clérigos – ou seja, que não receberam o sacramento da Ordem –, 88 bispos e um cardeal.

Com uma estrutura de ensino aos postulantes à vida religiosa, a OFMCap conta com mais de 8 mil professos so-lenes, que são os frades que já fizeram os votos perpétuos. Ainda, para favore-cer os estudos, a maioria das províncias reservam espaços para os estudos de filosofia e teologia aos postulantes e noviços que somam quase mil em todo o mundo.

Para conferir mais informações aces-se o Portal dos Frades Capuchinhos através do link www.ofmcap.org.

Detalhes*:613 - Postulantes375 - Noviços1.513 - Professos temporários8.851 - Professos solenes

Os Freis Capuchinhos trabalham em 106 países, assim distribuídos:- África: 1.321 frades;- America Latina: 1.720 frades;- America settentrionale: 662 frades;- Ásia e Oceania: 2.283 frades;- Europa: 4.378 frades.

* Informações de 1/1/2012.

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Carta do leitor

Dedicado a observar a tra-jetória dos irmãos desde os primeiros anos na

Trindade, percebi e admirei a força de trabalho dos freis, que usaram muito zelo e de-terminação para atrair o povo às celebrações religiosas, pois os paroquianos de então, encontravam-se dispersos, ausentes e desanimados. Ainda bem que existiam também famílias que estavam bem interessadas e animadas com a che-gada dos freis capuchinhos.

Naquela época a paróquia abran-gia três quintos da Ilha. Tudo era di-fícil e, inclusive, estes primeiros freis recebiam alimentos cedidos pela Pe-nitenciária.

A esforçada atuação dos capuchi-nhos foi coroada de êxito, pois ape-sar dos grandes problemas econô-micos, uniram-se e adquiriram, com recursos próprios, um belo terreno para a construção da nova Matriz.

Foi no ano de 1966 quando da pri-meira visita pastoral à Trindade, Dom Afonso Niehues, Arcebispo de Floria-nópolis, iniciou a Carta de Provisão. Daí, os resultados do sistema pasto-ral promovido pelos capuchinhos fo-ram acontecendo ano após ano.

Os paroquianos, fundamentados pelo trabalho dos freis, colaboravam na reconstrução espiritual da Matriz. Equipes foram criadas, além de se-rem intensificados os trabalhos apos-tólicos com as atenções especiais

Cheguei agora do encontro do Catecismo Jovem na Paróquia da Trindade. Muito abençoado e produti-vo cada momento!! Agora é descansar um pouco, e depois arrumar as malas, porque amanhã é o gran-de dia de por o Pé na Estrada rumo a Foz do Iguaçu,

para o Encontro Mundial de Jovens da RCC!!!Jonatan Felipe Schetz (Florianópolis/SC) Postado no Mural, 08 de julho, às 18:52

“A alma pura é uma bela rosa, e as Três Pessoas divinas descem do céu para poder respirar o seu

perfume.” São João Maria VianneyFelipe Tardelli (Florianópolis/SC)

Postado no Mural, 07 de agosto, às 10:43

Fraternos

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Franciscanos Capuchinhos

Paróquia Santíssima Trindade | Nº 05 | Florianópolis/SC | 2012

FÉRAZÃOE

A vida universitária não exclui um caminho de fé. Saiba como é possível preparar-separa o futuro profissional sem esquecerda espiritualidade.Pág 8 à 12

50 anos de esforço e dedicAção na TrindAde

OS CAPuChiNhOS no mundo

Frei Cácio Roberto, OFMcap

voltadas aos leigos. A criação de cursos de catequese, de liturgia, círculos bíblicos em Família e as mais diversas pastorais motivaram as famílias divididas e isoladas, não praticantes, a sentirem neces-sidade da união e da aproximação com a Igreja.

Várias Capelas foram sendo construídas e outras ampliadas e reformadas.

Assim, ano a ano, seguiram os freis capuchinhos trabalhando para o desenvolvimento religioso da Paróquia da Trindade.

Hoje, com muita alegria e ad-miração, observando a Igreja re-pleta de paroquianos interessados e atuantes e revendo a história desses bravos irmãos, tenho a consciência do grande esforço e reconheço a sua imensa dedicação ao promover a ascensão humana e social, evangelizando o povo da Trindade.

Mande Sua CaRta [email protected]! Coloque sempre no título do e-mail ou recado o nome desta seção: Carta do Leitor.

Nossa! morei uns 15 anos na Carvoeira e fui catequista na Paróquia!! Trabalhei nas festas...Sinto uma saudade imensa...ainda

costumo “fugir” da minha comunidade para participar da missa aos domingos: ontem,

por sinal a homilia do frei Cácio foi simples-mente maravilhosa, profunda e objetiva.

Agradecer é pouco...peço a Deus que ELE der-rame muitas bençãos a todos da Paroquia,

especialmente aos Freis que lideram com tanto talento, harmonia e alegria.

Dolores De Luca Lima 11 de Junho às 17:46

direção:FREI CÁCIO ROBERTO PETEKOV, OFMCap

rua prof. rosinha campos, 52,sala 02, abraão - FLORIANÓPOLIS/SC

FONE: 48 3365 [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVELKETLIN DA ROSA - SC02821 - [email protected]

diagramaçãoANDRÉ KINAL

tiragem: 3 mil

impressão: grá�ca COAN

[email protected]

texto / reportagensrOBERSON pINHEIRO

[email protected]

produção

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Determinação e missionariedadeNossa Ordem

Frei Claudio Sergio de Abreu é pro-vincial dos frades capuchinhos do Paraná e Santa Catarina, na Provín-

cia São Lourenço de Brindes. Durante três anos foi pároco da Igreja da Santíssima Trindade, em Florianópolis, e professor no Instituto Tecnológico de Santa Catarina (ITESC), atual Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC).

Fraternos – Como surgiu o convite para os frades capuchinhos assumirem a Paró-quia da Trindade?

Frei Claudio – O então arcebispo de Flo-rianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, fez um pedido ao nosso provincial para que os freis capuchinhos assumissem a Paróquia, já que na época haviam poucos padres na região, e era necessário incenti-var um trabalho nessa área da cidade.

Fraternos – Qual era a realidade en-contrada na região, quando chegaram os padres capuchinhos?

Frei Claudio – Era uma região muito pobre, sem dúvidas uma realidade física muito diferente da que existe atualmente. Havia apenas uma pequena Igreja e quase sem estrutura paroquial. Os freis tiveram muita dificuldade até mesmo para orga-nizar e projetar o trabalho a ser realizado, já que estavam localizados em uma área urbana um pouco diferente de outras rea-lidades administradas por nossa província.

Fraternos – E como se observa o tra-balho dos freis na Paróquia da Trindade nestes 50 anos?

Frei Claudio – Primeiro observamos a determinação e a missionariedade, prin-cipalmente, dos freis que iniciaram o tra-balho na paróquia. Aceitar o desafio de fazer desenvolver uma Paróquia é algo que motiva os freis de nossa ordem. Mas sem dúvidas, o diálogo com o povo é sempre o caminho. Acredito que os freis que passa-ram por ali sempre buscaram estabelecer a conversa com os paroquianos identifican-

Provincial conta um pouco sobre a passagem dos 50 anos da atuação dos capuchinhos na Trindade

do as necessidades locais e apresentando a proposta evangélica deixada por Cristo.

Fraternos – E qual seria a meta dos capuchi-nhos na Paróquia para os próximos 50 anos?

Frei Claudio – Nossa meta é cumprir a missão da Igreja que é anunciar o Evange-lho. Assim, em constante diálogo com o povo e de acordo com a realidade de cada tempo, vamos ir ao encontro das pessoas e com o nosso carisma tentar contribuir com o crescimento espiritual e humano delas.

Fraternos – Já que falamos em carisma, quais as principais características dessa or-dem franciscana?

Frei Claudio – A principal característica é

buscar viver o Evangelho na pobreza, obe-diência e castidade. Além disso, é muito marcante na ordem franciscana a frater-nidade, ou seja, sermos irmãos uns dos outros; a contemplação, que é estar em constante oração, onde reconhecemos que é difícil caminharmos se não temos uma via de intimidade com Deus; a pobreza, tendo uma vida simples, no uso apenas do necessário e no despojar-se inteiramente colocando nossos dons e talentos a servi-ço do próximo, da humanidade e da Igreja. Também, o se fazer presente na comunida-de, estar em meio aos pobres é uma marca muito evidenciada em nossa vocação.

Perfi

l

Claudio Sergio de Abreu é o segundo fi-lho do casal Jacira e Olívio de Abreu. Nas-ceu em 28 de janeiro de 1960, em Apucara-na (PR), e entrou para o seminário aos 17 anos. Seu encontro com o carisma capuchinho se deu primeiramente em seu colégio ao confes-sar-se com um padre da ordem franciscana. A partir disso, a vida religiosa começa a lhe encantar, mas somente depois de alguns anos no seminário é que ele opta por ingressar na Ordem dos Fran-ciscanos Menores. Em 15 de março de 1986 acontece sua ordena-ção sacerdotal. Desde então, passa a dedicar--se incessantemente a uma vida de missiona-riedade.

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

A história de Francisco e Clara que atrai as gerações atuais e que trouxeram para a ilha de Florianópolis seus ensinamentos e ações

Século XV: nascem os capuchinhos“Ao olhar para Francisco nos sentimos

atraídos pelo seu desejo de viver o Evan-gelho”, conta Frei Cácio Roberto quando se refere a sua vocação. A ordem dos frades menores dos capuchinhos, a qual pertence o frei da Paróquia da Trindade, nasce em 1525 em um cenário onde as pessoas olhavam para os ensinamentos do pobre de Assis e sentiam-se motiva-da s a entregarem-se intensamente aos moldes da obediência, pobreza e casti-dade.

Além do cuidado dos pobres e da constante vivencia da fraternidade, os capuchinhos tinham a missionariedade como outra coluna fundamental no ca-risma. Ir ao encontro dos que mais ne-cessitam e levar as pessoas a conhece-rem Jesus Cristo é meta segura desde a fundação dessa ordem.

Tal desejo de missão também estava intrínseco nas outras ordens da família

franciscana. De fato, tal motivação levou os frades franciscanos a ancorarem no Brasil no século XV junto com a carava-na real portuguesa. “De 1500 até 1549 os franciscanos foram os únicos missio-nários, até que chegaram os jesuítas, e mais tarde, também, os beneditinos e os carmelitas. Contudo, somente no ano de 1585 a Ordem Franciscana se estabe-leceu definitivamente no Brasil”, descre-ve o site do Seminário Frei Galvão.

A ordem dos capuchinhos se estabe-lece no país em 1642, quando três freis franceses são acolhidos em Olinda (PE). Segundo pesquisa do frei Rovílio Cos-ta, publicada na Província do Sagrado Coração de Jesus, estes primeiros mis-sionários estavam destinados à missão da Guiné. Porém, “foram aprisionados por corsários holandeses na ilha de São Tomé”, e então trazidos para o Bra-sil, onde conseguiram permissão para evangelizar. Em seguida, por volta de

Um cArismA qUe TrAnspAssou oito séculosEm 26 de setembro de 1182 nasce um dos

personagens mais marcantes da história da humanidade. Francisco, filho de Pie-tro Bernadone e Madonna Pica, é ainda

um jovem, em 1206, quando resolve renunciar aos bens paternos para viver na pobreza com o anseio de seguir a Deus.

Seu desejo de experimentar radicalmente o Evangelho se entrelaça com o da jovem Clara que, em 1212, decide juntar-se ao grupo de Francisco para consagrar sua vida.

“Clara e Francisco desejam constantemen-te encontrar Deus que é o Sumo Bem”, indi-ca Frei José Carlos Pedroso em seu artigo na página 16. Assim, mesmo após 800 anos da história desses santos, a aspiração expres-sada por eles ecoa por toda a humanidade.

A santidade almejada por estes santos se manifestava por meio do amor aos irmãos, da obediência, da castidade e da pobreza. “Para

Francisco e Clara, o que começava a fazer um franciscano ou franciscana era sentir dentro de si a inspiração para buscar a fraternidade”, ressalta Frei José Carlos. Tais elementos, considerados conselhos evangélicos, eram vividos de maneira tão pro-funda que até hoje são fonte de despertar vocacional.

1650, chegam mais alguns frades fran-ceses no Rio de Janeiro.

Século XX: o sul também é terra de missão

Continuando a expansão missionária, em 1920, o Estado do Paraná recebe um grupo de frades da Ordem Menor Capu-chinha – veja matéria completa nas pági-nas 14 e 16. Os desafios propostos pelo, então, bispo de Curitiba (PR), Dom João Francisco Braga, foram logo assumidos pelos freis que pretendiam fundar mais uma província no país.

Não tardou, e logo em 1968 foi constituída a Província São Lourenço de Brindes que abrangia os estados de Paraná e Santa Catarina. Nesta época, já eram muitos os projetos missionários nos dois estados brasileiros.

Tal trabalho de missão, havia inclu-sive alcançado a ilha de Florianópolis, quando em 1962 por decreto da Cúria Metropolitana de Florianópolis, a Paró-quia da Santíssima Trindade foi entre-gue aos padres capuchinhos. O convite tinha sido feito um tempo antes pelo então bispo de arquidiocese, Dom Joa-quim Domingues de Oliveira.

2012: bodas de ouroNo decorrer de 50 anos, os

freis trabalharam para fazer com que a Paróquia da Trindade cres-cesse na participação popular, no cuidado com os necessitados e, principalmente, na dimensão espiritual. Com isso, a revitaliza-ção da ação social, o desenvolvi-mento das capelas, a criação de novas pastorais foram tomadas como prioridade por toda a po-pulação paroquial.

“A esforçada atuação dos ca-puchinhos foi coroada de êxito, pois apesar dos grandes proble-mas econômicos, uniram-se e

Lema da ordenação: “Quanto a mim não aconteça gloriar-me a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Gal 6, 14a)

Nascimento: 17.04.1970, em Lacerdópolis/SCProf. perpétua: 14.09.2002, em Ponta Grossa/PR Ordenação presbiteral: 21.02.2004, em Ponta Grossa/PR

Frei Cácio Roberto Petekov, OFMCapPároco

Lema da ordenação: “Ai de mim se não evangelizar.” (1 Cor 9, 16)

Nascimento: 29.10.1950, em Ouro/SCVestição: 03.03.1974, em Ponta Grossa/PR

Prof. perpétua: 11.02.1978, em Ponta Grossa/PROrdenação presbiteral: 09.07.1978, em Ponta Grossa/PR

Frei Luiz Antonio

Frigo, OFMCap

Vigário

Frei Guilherme

João Potratz, OFMCap

Vigário

Frei Carlos Alberto David, OFMCap

Lema da ordenação: “Ninguém tem mais amor do aquele que dá a vida

por seus amigos.”(Jo, 15,13)

Nascimento: 24.06.1931, em Jaborá/SCProf. perpétua: 25.03.1960, em Curitiba/PR

Ordenação presbiteral: 21.12.1963, em Curitiba/PR

Freis da ParóqUia da trindade em 2012

Lema da ordenação:“O Senhor é meu Pastor” (Sl 22, 1)

Nascimento: 25.01.1961, em Ponta Grossa/PRProf. perpétua: 31/05/1992, em Londrina/PROrdenação presbiteral: 30.07.1994, em Ponta Grossa/PR

Lema da ordenação:“A minha alma engrandece o Senhor...” (Lc 1, 46)

Nascimento: 03.07.1952Prof. temporária: 20.01.1985Prof. perpétua: 15.08.1992

Frei Luiz Roberto Portella, OFMCapVigário

Aux. pastoral

adquiririam, com recursos próprios, um belo terreno para a construção na nova matriz”, enfatiza o atual pároco, Frei Cá-cio Roberto.

Mesmo assim, todo o avanço na melhora das estruturas paroquiais não seria adequado se não houvesse um cuidado em preservar características fundamentais do carisma franciscano. Esse cuidado é tido também como ca-ráter essencial para o desenvolvimento humano da região. A paroquiana Cle-lia lembra que “o que mais encanta na identidade dos freis capuchinhos são seu modo de vida e a radicalidade evan-gélica. Viver sem ter nada de próprio para ser livre para amar e servir e seguir os passos de Jesus Cristo como fez Fran-cisco de Assis, faz com que possamos experimentar, no cotidiano da vida em comunidade, o amor fraterno e o ardor missionário”.

Desde o século XIII até o ano de 2012, o desejo de Francisco e Clara em seguirem radicalmente a Deus tem per-petuado. Além da Paróquia da Trinda-de, muitas outras regiões do mundo po-dem vivenciar a força deste carisma que se mantém sobre os pilares da pobreza, obediência e castidade.

Page 6: Revista Fraternos

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

12 13Fundadores

fazer a vontade do pai A obediência

Frei José Carlos Corrêa Pedroso

Para São Francisco, a obediência é mais importante que a pobreza - porque ele a enxerga como a ati-

tude fundamental de Jesus. Para ele, a obediência é a consequência natural de ver a Deus como “Todo o Bem”.

Foi Jesus quem nos trouxe a reve-lação completa de que Deus é todo o Bem. Jesus é modelo de como nós de-vemos ser obedientes, porque acolheu o Bem sem reservas, e assim nos ensina a viver em plenitude. Essa é a boa nova.

Com Jesus, obedecer ao bemJesus mostrou como se obedece ao

Bem. Ele é modelo de como o homem devia ser antes do pecado. Ele é modelo do penitente depois da redenção.

Desde o primeiro encontro com o Cru-cificado em São Damião, Francisco quer ser obediente como Jesus, que morreu na cruz. Ele se impressionou com o Jesus que disse: “Eis que eu venho para fazer tua vontade” (Hb 10,5-9). E observou: “o Senhor nosso Jesus Cristo deu sua vida para não perder a obediência do Pai san-tíssimo” (CtFi 6, 56).

Ainda que se comova até as lágrimas diante do amor com que Jesus enfren-tou por nós as dores e humilhações da Paixão, o que mais toca Francisco, diante de Jesus Crucificado, é a sua de-monstração de obediência.

Obedecer ao bem nos IrmãosPara Francisco e Clara, o que co-

meçava a fazer um franciscano ou franciscana era sentir dentro de si a inspiração para buscar a fraternidade. Essa inspiração era um Bem de Deus que dava um irmão novo à fraternidade e uma fraternidade aos irmãos e irmãs que chegavam.

Responder ao Bem de Deus que está nos irmãos e nas irmãs é servi-los, vendo neles a expressão da vonta-de de Deus. Por isso mesmo, Francisco chamava a obediência franciscana de obediência caritativa.

Foi por confiarem que os irmãos e as irmãs estavam disponíveis “para a unção do Espírito Santo, que os instrui e instruirá em todas as coisas” (LP 61), que deixaram de dar prescrições meti-culosas, como faziam as regras anterio-res.

Diferentemente do que ensinavam outros movimentos religiosos, para eles a obediência não estava ligada à humildade, que fazia as pessoas se submeterem aos superiores, mas à ca-ridade, que as levava a descobrir Deus Amor e Bem uns nos outros.

“Eis que eu venho

para fazer tua vontade”

(Hb 10,5-9)

Mais sobre os capuchinhos

12/01 – São Bernardo de Corleone04/02 – São José de Leonessa21/04 – São Conrado de Parzham24/04 – São Fidélis de Sigmaringa11/05 – Santo Inácio de Láconi12/05 – São Leopoldo Mandic de Castelnuovo18/05 – São Félix de Cantalício19/05 – São Crispim de Viterbo02/06 – São Félix de Nicosia 08/06 – Beato Nicolau de Gésturi26/06 - Beato André Jacinto Longhin, bispo10/07 – Santa Verônica Giuliani21/07 – São Lourenço de Brindes, padroeiro da Província do Paraná e Santa Catarina28/07 – Beata Maria Teresa Kowalska, mártir da perseguição nazista na Polônia19/09 – São Francisco Maria de Camporosso22/09 – Santo Inácio de Santhià23/09 - São Pio de Pietrelcina12/10 – São Serafim de Montegranaro13/10 - Beato Honorato de Biala02/12 - Beata Maria Ângela Astorch

Alguns santos e beatosdo calendário litúrgicocapuchinho

O nome Capuchinho surgiu como um apelido dado aos frades devido ao capuz longo e pontiagudo dos seus trajes. Depois esse passou a ser o nome oficial da Ordem.

Por que capuchinhos?

O uso do nome Ordem Menor foi criado pelo próprio São Francisco de Assis que chamava sua congregação de Ordo Minorum (OMin.), isto é, Ordem dos Menores ou Frades Meno-res. Os primeiros seguidos de Francis-co também se chamavam de "peniten-tes de Assis”.

Ordem Menor

Existem três grupos da ordem francis-cana, que pertencem às mendicantes, são elas: a primeira ordem, de frades; a segunda ordem, de irmãs, chamada clarissas e a terceira ordem, de leigos.Da primeira ordem derivam três ramos: Ordem dos Frades Menores (da União Leonina), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e Ordem dos Frades Menores Conventuais.

As ordens franciscanas

Com informações dos sites franciscanos.org.br e db.ofmcap.org.

Page 8: Revista Fraternos

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

14 15Trindade Social

obras sociais: “Caridade concreta e prontidão em ser-

vir todo e qualquer irmão necessitado”, este é um dos pilares dos quais se apoiam a Ordem dos Frades Capuchinhos. Inspirados em São Francisco, que via em cada um que carece a oportunidade para amar, os freis caminham na busca de proporcionar digni-dade ao homem.

Apoiados nesse ideal, os frades desde que chegaram à Paróquia da Trindade desen-volvem uma série de obras de apelo social. Primeiramente, em 1970, inicia-se o trabalho de revitalização da Ação Social Paroquial, tra-çando novas metas e objetivos para a pasto-ral. A partir disso, muitos projetos são criados e a Creche São Francisco de Assis é um deles, inaugurada em 16 de janeiro de 1982.

Depois ainda vieram a Casa São José e a Casa da Criança, que juntas atendem quase 500 crianças de até 15 anos de idade e ge-ram oportunidades de conhecimento e de desenvolvimento humano. O trabalho com as crianças continua também no projeto Crescer com Amor, onde mais 40 meninos e meninas têm acesso a aulas de música, artes,

a presença de um carisma

Um conjunto de mãosLuzia Rosa de Oliveira é a coordenado-

ra da Pastoral da Solidariedade, que tem a responsabilidade de interligar os diversos trabalhos sociais da Paróquia da Trindade.

Para isso, elas contam com mãos amigas. Por exemplo, as integrantes do Apostolado da Oração organizam há mais de 40 anos, a Feira de Artesanato da Trindade (Fatri), que ocorre anualmente. As peças são produzi-das no decorrer de todo o ano, por diferen-tes pastorais e movimentos.

Parte do que é confeccionado ainda é distribuído para as mães que participam do grupo de gestantes da Paróquia. Elas tam-bém assistem às palestras com profissionais da saúde e de outras áreas que trazem refle-xões sobre o cuidado com os bebes e sobre

a própria saúde física e emocional da família.Mais do que apenas criar atividades so-

lidárias, os capuchinhos se preocupam em mobilizar a comunidade para dar prosse-guimento aos projetos. Com isso, mais de 150 voluntários compõem as equipes de trabalhos da Paróquia. Inclusive profissio-nais como psicólogos e assistentes sociais somam à equipe para favorecer melhores resultados.

Adaptados aos tempos de hoje, os fra-des capuchinhos buscam seguir as orienta-ções evangélicas dadas por Jesus Cristo e refletidas na vida de seu fundador – Fran-cisco de Assis – para assim serem fieis ao preceito da Ordem onde diz :“Caridade concreta e prontidão em servir todo e qual-quer irmão necessitado”.

idioma e artesanato.Em entrevista para a Revista Fraternos,

Frei Claudio Sergio de Abreu comenta que “se fazer presente na comunidade e estar em meio aos pobres é uma marca muito evidenciada nessa vocação” (veja entrevista completa na página 6).

Soma-se aos trabalhos com as crianças, o olhar sobre Idoso. Que possui duas frentes de trabalhos, distintas, mas importantes: a Pastoral da Pessoa Idosa, com suas visitas, e o Grupo de Experiência, que reúne senho-ras e senhores para atividades recreativas e momentos de interação.

Obedecer ao bem em todos os seres humanos

Clara e Francisco estavam cons-tantemente falando no desejo de en-contrar Deus, que é o Sumo Bem. Por isso, tinham “olhos do Espírito” para ver a presença desse Bem em todas as pessoas. A sua obediência não se limita aos irmãos e irmãs: abre-se para todas as criaturas humanas.

Como queriam obedecer sempre ao Altíssimo, professavam também estar submissos a toda criatura hu-mana, que é sempre imagem e se-melhança de Deus, é sempre uma presença viva de Jesus. Como a obe-diência é amor, expande-se para fora da fraternidade, como o Amor de Deus se expandiu chegando até nós.

Evidentemente, o que pensavam não era em levar o bem a todas as

p e s s o a s , como tantas vezes nós p e n s a m o s : eles iam des-cobrir o bem em todas as pessoas.

C o m o Deus não faz acepção de pessoas, en-c o n t r a v a m sua presença de bonda-de especial-

mente nos mais pequenos, que não costumam ser reconhecidos pelos demais porque são pobres, ignoran-tes ou excluídos. Estes até merecem atenção especial. Clara manda que se escutem e se elejam especialmen-te as “mais discretas” e Francisco diz que os frades deviam sentir-se feli-zes no meio dos mais pobrezinhos.

Mas obedecer a Deus em todas as pessoas não é só cuidar dos bens dos indivíduos. É saber descobrir os sinais da bondade de Deus nos acon-tecimentos, tanto nos cotidianos, como nos que vão fazendo história.

É essa atenção à vontade bondosa do Senhor que deve nos levar a trans-formar o mundo.

Pontos práticos1. Para ser obediente, mi-

nha primeira atitude tem que ser o cultivo da con-templação, capaz de ver a bondade de Deus em todas as pessoas, em todos os acon-tecimentos e até nos animais e nas coisas.

2. Também é fundamental a ati-tude evangélica de Jesus, que sabia observar e dar graças por todos os bens de Deus que ia encon-trando, mas também sabia ler neles a vontade do Pai.

3. Se a bondade leva o próprio Deus a se por a ser-viço de todas as criaturas, que é que eu posso fazer para que minha bondade também encontre sua realização servindo a to-dos e a tudo?

4. Deus me deu ir-mãos e irmãs. Será que eu conseguiria escre-ver a história de como a vida em fraternidade foi me transformando através dos anos? Essa seria a história de minha obediência, uma história que ainda não acabou e talvez tenha que tirar atrasos.

5. Como posso ser mais obediente? Como eu estou conhecendo cada dia melhor a von-tade de Deus em minha vida, o valor de meus irmãos (as pessoas que Deus coloca no meu cami-nho), o sentido do serviço a todas as criaturas?

www.franciscanos.net

Como Deus não faz acepção de pessoas, en-contravam sua presença de bondade especialmente nos mais pequenos

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

17Projeto de Vida Pessoal

E stamos em 1920, acaba de che-gar o primeiro grupo de frades da Ordem Menor Capuchinha

no Estado do Paraná. Frei Ricardo de Vescovana lidera os demais francisca-nos que vieram em missão a pedido de Dom João Francisco Braga, bispo de Curitiba (PR). Antes de chegarem à região do sul do país, os missioná-rios foram acolhidos por seus irmãos capuchinhos no Rio de Janeiro depois de terem viajado 18 dias de Veneza, na Itália, até o Brasil.

Enquanto estiveram no Rio, buscaram exercitar a língua portuguesa e iniciar o processo de aculturação, já que a reali-dade na América do Sul é bem distinta da europeia. Atualmente o Paraná é habitado por quase 700 mil habitantes, mas ainda há muito que ser desbravado nos quase 200 mil quilômetros quadra-dos que correspondem a esta região.

Primeiro períodoÉ desafiadora a realidade dos capu-

chinhos vênetos – nome dado aos origi-nados da província de Veneza – porque

são homens de conventos, acostumados com outra realidade de missão, mas de-monstram boa vontade e estão confian-tes na providência de Deus, tanto que já pensam na construção de um seminário para acolher os vocacionados nativos.

Quinze anos se passaram. Hoje, 2 de fevereiro, abre-se o ano de noviciado com os primeiros cinco noviços – fase de formação dos freis onde fazem os votos temporários – do Paraná. A pro-víncia cresce gradativamente. A região

de Jacarezinho já conta com novas mis-sões e paróquias administradas pelos capuchinhos, graças ao apoio de Dom

Fernando Taddei, primeiro bispo da nova diocese paranaense.

É amplo o espaço de missão nas ter-ras do sul. Mesmo com as dificuldades, pouco a pouco, os frades estão conquis-tando a simpatia dos paranaenses e, agora também, dos catarinenses. Recém o bispo de Lages (SC), Dom Daniel Hos-tim, ofereceu a Paróquia de Capinzal, no meio-oeste de Santa Catarina, para que seja administrada pelos capuchinhos. Para lá foram enviados os freis Constan-tino de Cellore, Beda de Gavello e Galdi-no de Vigorovéa.

Segundo períodoAs ampliações feitas no convento

das Mercês, em Curitiba, ajudaram para que os frades pudessem ter as aulas de filosofia e teologia do pós-noviciado. O aumento das vocações é significativo e, no Paraná, os primeiros sacerdotes são ordenados. Por outro lado, é possível sentir o clima de tensão em todo o mun-do devido a segunda guerra mundial. Inclusive desde 1940 que não foi mais possível receber grupos de missionários

de Veneza, já que os italianos enfrentam sérias dificuldades para sair de seu país.

Contudo, na Custódia Provincial do Paraná e Santa Catarina os freis têm se esforçado para crescer e organizar-se. Todos os aspectos da missão são reestru-turados, vive-se um período de sedimen-tação e consolidação. Ao que parece, o futuro é promissor.

Falando em promissor, grandes são as expectativas em torno das produções de

café no Paraná, já se ouve dizer até mesmo em um chamado ciclo do café. Para acom-panhar os desbravadores das matas, os freis têm criado novas frentes de apostolado.

O campo apostólico avança em passos largos tanto no Paraná quanto em Santa Catarina. As missões populares nas dioce-ses dos dois Estados ganham força e no-toriedade. Novos seminários estão sendo construídos e intensas atividades fazem parte agora da programação anual. Pode--se considerar que este é um dos períodos

de maior desenvolvimento e expansão em todos os setores da Província.

Terceiro períodoTamanho foi o crescimento dos úl-

timos anos que neste natal de 1957 já se pode comemorar a transformação da Custódia Provincial em Comissaria-do Provincial. Aparentemente é apenas uma mudança jurídica, mas na verdade representa um grande avanço para o go-verno local que passa a ter mais autono-mia de decisão nos assuntos atinentes à vida religiosa e eclesial na região.

Nestes próximos anos esperam-se também modificações significativas na própria Igreja Católica. Se vê movimen-tações em torno do Concílio Vaticano II e espera-se a renovação das Constitui-ções dos capuchinhos dentro da nova realidade da Igreja e da sociedade.

Quarto período9 de novembro de 1968. No final do

Capítulo extraordinário de revisão das Constituições dos Capuchinhos, o Comis-sário provincial, frei Agostinho José Sarto-ri, recebe do Definitório Geral o decreto que constituí a nova Província do Paraná e Santa Catarina, sob o patrocínio de São Lourenço de Brindes.

A partir de agora inicia um novo desafio. É necessário que já no primeiro Capítulo Pro-vincial seja atualizada as normas de vida de acordo com o Concílio Vaticano II e com as novas Constituições. Porém, acredita-se que através do trabalho e cuidado dos freis, a Pro-

víncia caminhará sob a luz das novas orienta-ções da Igreja, traduzindo o que foi discutido em metas e objetivos da vida religiosa.

“Ser testemunhas de vida fraterna mi-norítica, penitente e contemplativa, vi-vendo e anunciando profeticamente Jesus Cristo e seu Evangelho, abertos aos sinais dos tempos e aos clamores dos excluídos,

em comunhão eclesial, para edificar o Rei-no de Deus no Paraná e Santa Catarina”. Esta é a missão assumida pelos freis ca-puchinhos do Paraná e Santa Catarina, na Assembleia Provincial deste ano de 2011.

Nos dias atuais, os 148 freis capuchi-nhos da Província São Lourenço de Brin-des procuram viver a missão, assumida no ano passado, em suas 24 fraternida-des e paróquias espalhadas nos Estados do Paraná e Santa Catarina, no Paraguai com a formação de nova Custódia, no Amazonas onde trabalham dois freis, além das dioceses onde mais três frades nomeados bispos são responsáveis.

Baseado no artigo deFrei Bernardo Francisco Felipe,

OFMCap.

O avançar em um novo desafio

92 anos da criação da Província Paraná – Santa Catarina são marcados pela dedicação e trabalho dos freis capuchinhos

*O Concilio Vaticano II aconte-ceu de 1961 a 1965 através de 4 sessões que reuniu mais de 2000 autoridades católicas para discutir e regulamentar vários temas importantes da Igreja. As decisões estão descritas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e apro-vadas pelo Concílio.*Chama-se Custódia Provincial

quando um grupo de freis, que ainda dependem da Província de origem, possui determinado ter-ritório para o trabalho apostólico e são dirigidos por um superior como delegado do Superior da Província de origem.

*Capitulo Provincial é o encontro da fraternidade da Província, onde se reúnem os frades para discutir aspectos importantes do carisma franciscano, além de temas relevantes às atividades da região.

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18 Vocação

a juvenTude e a vocação religiosA e sAcerdoTAlNossa vida é feita de escolhas. No entan-

to, tanto as escolhas simples como as mais complexas precisam ser tomadas. A própria atitude de não escolher já é uma escolha, ruim por sinal. E cada escolha, seja ela sim-ples ou complexa, traz consequências para quem as toma. Sou livre para realizar mi-nhas escolhas, mas sou responsável por elas. Afinal, feita a escolha, as consequên-cias – boas ou más – virão.

Neste pequeno texto, queremos abordar as escolhas existenciais, as quais se apresen-tam de forma muito intensa na juventude. É neste período que o ser humano jovem se questiona, com maior profundidade, sobre o sentido da sua vida. Sente-se inquieto, provocado a descobrir e dar uma direção à sua existência, questiona-se sobre o “por-que” de estar neste mundo.

Se esse questionamento for realizado com sinceridade e abertura de coração, na escuta atenta, o jovem percebe-se chama-do para uma missão, a fim de concretizar algo para o qual foi sonhado por Deus, e que só ele pode realizar no mundo. Este chama-do interior que dá sentido e sabor à existên-cia humana a Igreja denomina vocação.

Vocação, portanto, é o chamado de Deus na vida de cada ser humano, que faz a vida valer a pena, que exige uma resposta e que confere uma missão. Este chamado se dá através de um encontro, de um diálogo íntimo com Deus, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo.

Por meio desses chamados, Deus pro-voca jovens a abraçarem a vocação à vida religiosa e à vida sacerdotal, dois estilos de vida, plenos de sentido e de realização.

O jovem consagrado, homem ou mulher – também chamado de religioso, religiosa ou frei, irmã – são pessoas que se sentiram chamadas, provocadas por Deus a viverem mais próximas e intimamente com Ele e a realizarem uma doação total de suas vidas para o bem da humanidade. Tornam-se “um” com o sagrado. Mediante os votos de pobreza, obediência e castidade, são pesso-as livres para seguir Jesus Cristo e ser um si-nal escatológico do Reino, já agora, em meio

à sociedade. Como os primeiros discípulos, vivem em comunidade, também chamada pelos franciscanos de fraternidade. Culti-vam a vida de oração, meditam a Palavra de Deus, buscam viver e anunciar o Evangelho.

Outra vocação para a qual Deus chama os jovens é a vocação à vida sacerdotal ou presbiteral. São pessoas ungidas para servir, para pastorear o rebanho de Cristo, a exem-plo do Bom Pastor (João 10). Participam in-timamente da missão de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei, buscam animar e organizar a comunidade, anunciam a Palavra de Deus, celebram a Eucaristia, a reconciliação, os ca-samentos, ungem os enfermos, visitam as famílias, orientam os fiéis.

Pode parecer contraditório, mas a esco-lha primeira não é feita pela pessoa e sim por Deus. É Ele quem escolhe e chama por primeiro. A pessoa sente-se chamada, pro-vocada por Deus, envolvida por seu amor.

E num dado momento, na escuta atenta desse chamado, escolhe seguir a vocação à qual Deus lhe convida.

A proximidade do mês vocacional pode ser uma oportunidade para que você, jovem, diante dos questionamentos da vida, medite sobre suas escolhas, abra espaço em seu co-ração também para a opção à vida religiosa e sacerdotal. Escute com atenção o chamado e as provocações que Deus lhe faz mediante a Palavra e a realidade à sua volta, e não se acovarde em responder ao convite do Senhor. Acredite! Sua escolha fará toda a diferença e dará um sabor incom-parável à sua vida.

Paz e bem!

Frei Evandro A.de Souza, OFMCap

caminho vocacional capuchinho

Aqueles que desejam o ministério ordenado devem, depois da profissão perpetua, tendo cumprindo o estudo de filosofia e teologia, exprimir seu desejo de ser ordenado presbítero.

Fonte: http://capuchinhosbc.blogspot.com.br

//ACOMPANHAMENTO VOCACIONAL: Processo de discernimento acompanhado por uma equipe de frades. Tem duração de um ano. Neste período já se estuda a espiritualidade fran-ciscana e se tem a convivência fraterna.

//POSTULANTADO: 1 ano e 7 meses de formação. Período de convivência fraterna e apro-fundamento da espiritualidade franciscana.

//NOVICIADO: Período mais intenso de aprofundamento na regra franciscana, no estudo e meditação dos Conselhos Evangélicos. Ao termino desse período o candidato faz os primei-ros votos de pobreza, obediência e castidade.

//PÓS-NOVICIADO: Após os primeiros votos, o frade, a cada ano, desejando esta forma de vida, renova seus compromissos (de três a seis anos, podendo ser prorrogado). Tempo tam-bém que se dedica ao estudo de filosofia e teologia.

//PROFISSÃO PERPERTUA OU SOLENE: O frade pede para fazer definitivamente os votos. Tendo professado, solenemente, o frade adentra na formação permanente.

Descubra em 20 de setembro de 2012.

(São Jerônimo)

PARÓQUIA SANTÍSSIMA TRINDADE

Page 11: Revista Fraternos

“Senhor, que queres que eu faça?”São Francisco de Assis

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