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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010 1

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Health & Medicine


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Revista nº 01 Abril 2010

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010 1

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2 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010

É com imensa alegria que lançamos o primeiro número da Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA.A leitura de estudos científi cos bem desenhados tornou-se obrigação para a boa prática fi sioterapêutica. Mais do que nos atualizarmos, aprendemos dia a dia com as revistas científi cas.Publica-se diariamente um número exorbitante de artigos científi cos na área da saúde. Como lermos todos eles? Que estudos devemos considerar para a leitura? Nossa eterna falta de tempo obriga-nos a escolher a leitura certa, o artigo certo. Temos que pensar, sobretudo, na qualidade de leitura.A Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA é uma publicação eletrônica semestral, com o objetivo de divulgar produção científi ca da área de fi sioterapia. Pretende incentivar fi sioterapeutas e outros profi ssionais da área da saúde ao aprofundamento científi co.A Revista recebe apoio e patrocínio da Faculdade Dom Bosco de Curitiba.

Sandra Mara Meireles AdolphResponsável editorial

Apresentação

Editores responsáveisSandra Mara Meireles Adolph (Doutora)Faculdade Dom Bosco

Salete do Rocio Cavassin Brandalize (Mestre)Faculdade Dom Boscofi [email protected]

Conselho editorialAriani Cavazzani Szkudlarek (Mestre)Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Faculdades Integradas Espírita

Cassio Preis (Mestre)Faculdade Dom Bosco e PUC-PR

Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (Mestre)Faculdade Dom Bosco

Cristiane Gonçalves Ribas (Mestre)Faculdade Dom Bosco e PUC-PR

Cristiane Regina Gruber (Mestre)Faculdade Dom Bosco e Unibrasil

Eduardo Bolisenha Simm (Mestre)Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Unibrasil

Francisco Ernesto H. Zanardini (Mestre)Faculdade Dom Bosco e Faculdades Integradas Espírita

Gerson Luiz Cleto Dal Col (Doutor)Faculdade Dom Bosco e Universidade Tuiuti do Paraná

Gilda Maria Grasse Luck (Doutora)Faculdade Dom Bosco

Isabel Cristina Bini (Mestre)Faculdade Dom Bosco

Marcia Maria Kulczycki (Mestre)Faculdade Dom Bosco

Maria Laura Aquino C Assunção (Mestre)Faculdade Dom Bosco

Raciele Ivandra Guarda (Mestre)Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná

Silvia Regina Valderramas (Doutora) Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná

Ano 1º, nº 1º, abril/2010

Revista

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Em sua edição inaugural, a Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA apresenta semestralmente à comunidade científi ca uma seleção de artigos voltados para a clínica em fi sioterapia, cujos estudos em humanos são considerados fundamentais à tomada de decisões terapêuticas.

O primeiro artigo discorre sobre prevenção de eventos cardiovasculares mediante exercícios. O desenvolvimento desse tema, extremamente atual em nossa cultura, procura demonstrar que exercícios simples podem aumentar a qualidade de vida e prevenir doenças importantes. O segundo artigo enfatiza a qualidade de vida. Os autores analisam o impacto da dança do ventre no dia a dia de mulheres e concluem que essa modalidade de atividade física é responsável por aumentar a qualidade de vida. O artigo seguinte novamente comprova a efi cácia dos exercícios para a saúde. Dessa vez na área dermatofuncional, os autores detectam que a isometria minimiza os efeitos do fi broedema geloide. O artigo da sequência abre um debate necessário e importante entre os que atuam na área da saúde em nosso país e aborda a necessidade de intervenção fi sioterapêutica na atenção primária ao organismo. Por último, um estudo de revisão sobre laser de baixa intensidade aponta lacunas que mostram a necessidade de novas pesquisas sobre o tema.

Esta edição ainda traz a seção acadêmica, em que Daniel Alberton Batista fala do valor do fi sioterapeuta de uma forma bastante intensa.

Esperamos que sua leitura seja bem proveitosa.

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Artigo - 1º................................................................................................... 5Atuação fi sioterapêutica preventiva no âmbito dacardiologia num grupo de mulheres sedentárias na faixa etária de 40-50 anosPreventive Cardiovascular Physical Therapy in a group of sedentarywomen between 40 and 50 years

Artigo - 2................................................................................................... 13Dança do ventre e qualidade de vidaBelly dance and quality of life

Artigo - 3................................................................................................... 18Estudo comparativo da utilização da corrente russa e do exercício isométrico no tratamento do fi broedema geloide em mulheres sedentárias da faixa etária de 18 a 25 anos da Faculdade Dom Bosco, de CuritibaComparative study of the use of the current russian and isometric exercise in the treatment of fi -broedema geloide sedentary women in the age group of 18 to 25 years of Dom Bosco School, of Curitiba

Artigo - 4................................................................................................... 25Necessidade de intervenção fi sioterapêutica na Unidade de Saúde São Pedro na cidade de Lages - SCNecessity of intervention physiotherapist in the Unit of Health São Pedro in the Lages City – SC

Artigo - 5................................................................................................... 33Laser de baixa intensidade e artrite reumatoideThe low power laser and rheumatoid arthritis

Seção do acadêmico................................................................................. 40

Normas para Apresentação de Artigos................................................. 41

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Artigo - 1º

Atuação fisioterapêutica preventiva no âmbito da cardiologia num grupo de mulheres sedentárias na faixa etária de 40-50 anosPreventive Cardiovascular Physical Therapy in a group of sedentary women between 40 and 50 years.

RESUMOObjetivo: estudar os efeitos proporcionados pela atuação fisioterapêutica no âmbito preventivo em mulheres sedentárias de Curitiba-Paraná, visando à melhora da aptidão física relacionada à saúde, englobando um nível satisfatório de potência aeróbia, força e flexibilidade. Métodos: estudo composto por 8 mulheres sedentárias na faixa etária entre 40-50 anos, que foram submetidas à intervenção de um programa de exercícios visando à melhora da qualidade de vida, conforme recomendação da American College of Sports Medicine (ACSM), aplicado três vezes por semana, totalizando 30 atendimentos. Foi realizado teste de caminhada de seis minutos (TC6min), associado

à aplicação das escalas de esforço e dispneia de Borg, para avaliar a capacidade funcional dos sujeitos, assim como o escore de Framingham, para avaliar a porcentagem de risco de ocorrência de eventos cardiovasculares em 10 anos, e a aplicação de questionário do perfil de estilo de vida individual (PEVI), para avaliar os hábitos comportamentais apresentados pelos sujeitos, todos aplicados no período pré e pós atendimentos. A distância predita, tida como valor de referência no TC6min, foi calculada a partir dos dados antropométricos dos sujeitos aplicados na fórmula de Enright e Sherrill. Os resultados obtidos foram organizados em gráficos e comparados pelo método bioestatístico não paramétrico Wilcoxon com p-valor < 0,05. Resultados: houve diferenças significativas em todos os valores analisados (p-valor < 0,05), incluindo os resultados do TC6min e das escalas de dispneia e esforço de Borg, escore de Framingham e do PEVI. Conclusão: os resultados encontrados mediante análise dos dados foram positivos, demonstrando melhora na capacidade funcional e na qualidade de vida dos sujeitos,

e redução do risco de ocorrência de eventos cardiovasculares em 10 anos. Palavras-chave: prevenção primária; eventos cardiovasculares; sedentarismo; cronograma de exercícios; qualidade de vida.

ABSTRACTObjective: to study

the effects provided by physiotherapy under preventive action in sedentary women of Curitiba, Parana, seeking an improvement in physical fitness related to health including a satisfactory level of aerobic power, strength and flexibility. Methods: study was composed by 8 sedentary women aged between 40-50 years who were subjected to the intervention of a program of exercises aimed at improving the quality of life as recommended by the American College of Sports Medicine (ACSM), applied three times attendances per week totaling 30. Was the test of a six-minute walk (TC6min) associated with the implementation of the scales of effort and Borg dyspnea, to assess the functional capacity of subjects, as well as the

Ariani Cavazzani Szkudlarek 1

Bruna Cristina Ordines 2Eric Flor Francisco 3

Katlin dos Santos 4

1-Mestre docente da faculdade Dom [email protected] da Faculdade Dom [email protected] da Faculdade Dom [email protected] da Faculdade Dom Bosco. [email protected]

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Framingham score to assess the percentage of risk for cardiovascular events in 10 years and the application of the questionnaire the profile of lifestyle individual (PEVI) to assess the behavioral habits presented by the subjects, all implemented in the period before and after care. The distance predicted, taken as a benchmark in TC6min, was calculated from the anthropometric data of the subjects used in the formula of Enright and Sherrill. The results were organized into charts and compared the method biostatistician with non-parametric Wilcoxon p-value <0.05. Results: there were significant differences in all tested values (p <0.05), including the results of TC6min and scores of dyspnea and effort of Borg, the Framingham score and the PEVI. Conclusion: the results found with the analysis of the data were positive, showing improvement in functional capacity and quality of life of individuals and reduce the risk for cardiovascular events in 10 years. Key words: primary prevention; cardiovascular events; sedentary; schedule of exercises; quality of life.

Introdução

O estilo de vida sedentário vem sendo considerado um sério problema de saúde pública nas sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo contemporâneo. Nas últimas décadas, devido às significativas mudanças sociais, que passaram a exigir do ser humano maior capacidade de adaptação física, mental e social, houve alterações nos hábitos de vida dos indivíduos, resultando num estilo de vida inadequado, que proporciona fatores prejudiciais a saúde – segundo a Organização Mundial da Saúde (2002)1, 1,9 milhão de mortes em nível global são atribuídas à diminuição da atividade física, destacando-se os eventos cardiovasculares como as principais causas de morte e comorbidades no mundo todo. Em 2004, segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná2, as doenças cardiovasculares levaram a óbito mais de 20 mil pessoas em todo o estado, sendo 54,2% de óbitos masculinos e 45,8% de óbitos femininos. O aumento regular e moderado do exercício físico, hábito considerado promotor de saúde, traz ampla gama de benefícios, inclusive a prevenção de eventos cardiovasculares, melhorando a aptidão física relacionada à saúde, reconhecida como a capacidade de os sistemas

do organismo (coração, pulmões, vasos sanguíneos e músculos) funcionarem de modo eficiente para resistir a doenças, e de participar de várias atividades sem sentir cansaço excessivo. Dentre as habilidades que integram a aptidão física, os componentes mais importantes incluem a aptidão cardiorrespiratória e a aptidão musculoesquelética3. Alguns autores destacam a capacidade funcional como importante habilidade da aptidão física, definindo-a como a capacidade de realizar tarefas que garantam uma vida independente e o bem-estar geral. Assim, a recomendação de programas de atividades físicas e exercícios é importante para o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, sendo preciso quantificar essas tarefas para o entendimento de sua contribuição para a saúde e para a capacidade funcional de indivíduos sedentários, buscando melhor qualidade de vida. As recomendações da ACSM para um programa de atividades que visem à melhora da qualidade de vida incluem exercícios para aperfeiçoar e manter a aptidão cardiorrespiratória e muscular, assim como a flexibilidade em adultos sadios4. O presente estudo buscou verificar os efeitos proporcionados pela atuação fisioterapêutica no âmbito preventivo em mulheres

Artigo - 1º

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sedentárias, visando à melhora da aptidão física relacionada à saúde, com o intuito de minimizar os riscos de ocorrência de eventos cardiovasculares.Dado que os fatores de risco para as doenças cardiovasculares são conhecidos e, em grande parte, evitáveis, fica evidente que o principal esforço a ser feito seja no sentido de ampliar ou aprimorar as ações de prevenção na área da saúde, com o intuito de diminuir esses fatores. Todos os hábitos de vida inadequados são passíveis de modificação por ações educativas em saúde, que devem nortear atividades preventivas, visando, além da remoção do fator de risco já instalado, a evitar sua instalação.

Métodos Em primeira instância, após a elaboração do projeto, este foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade Dom Bosco, sendo aprovado e registrado (CEP 0018.0.301.000-08). A partir daí, a pesquisa passou por uma revisão bibliográfica, de maio a outubro/2008.

SujeitosEstudou-se uma amostra não probabilística formada por um grupo homogêneo de 8 mulheres voluntárias que se enquadraram nos critérios de inclusão: idade entre 40 e

50 anos, morar em Curitiba, não apresentar doenças cardiovasculares, pulmonares e metabólicas, não praticar atividade física regular há pelo menos seis meses e ter plano de saúde para realizar exames laboratoriais para coleta dos dados necessários à pesquisa. Fatores como disponibilidade de tempo dos voluntários e espaço do local de realização da prática delimitaram o tamanho da amostra. Após realização de palestra para esclarecimento dos procedimentos e objetivos da pesquisa, os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para iniciar as etapas práticas.

Procedimentos técnicosEm data e horário previamente agendados na Clínica Escola da Faculdade Dom Bosco, os sujeitos foram submetidos às avaliações fisioterapêuticas iniciais compostas por medidas físicas como peso e altura. Realizou-se o primeiro TC6min para avaliar a capacidade funcional de cada sujeito, já que o TC6min é considerado um teste submáximo que avalia de forma global e integrada a resposta dos órgãos e sistemas envolvidos na atividade física5. Logo após o término do TC6min foi realizada a aplicação das escalas de Esforço (Escala CR-10) e de Dispneia (Escala RPE) de Borg6,

para monitorizar o grau de dispneia e a percepção de esforço dos sujeitos após o teste. O sujeito recebeu esclarecimentos sobre como preceder durante o teste e, em seguida, foram aferidas frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), PAS e saturação periférica de oxigênio (SpO2), por meio de um oxímetro de pulso fornecido antes da realização do teste, o qual foi realizado individualmente na quadra poliesportiva da Faculdade Dom Bosco, onde foi delimitada a distância a ser percorrida por uma faixa metricamente demarcada de 30 m sobre a qual o sujeito realizava o percurso de ida e volta. Os sujeitos também foram orientados a caminhar o mais rápido possível, porém sem correr, até que o examinador indicasse o momento de parada, quando transcorridos seis minutos. Durante a realização do teste, o examinador caminhava discretamente atrás do sujeito, proferindo palavras de incentivo a cada 1min e verificando a FC e a SpO2 no 2º, 4º e 6º minuto, por meio do oxímetro posicionado no indicador do sujeito durante toda a realização do teste. Ao final dos seis minutos, registrou-se a distância percorrida pelo sujeito.A partir dos dados antropométricos coletados na avaliação de triagem, calcularam-se as distâncias preditas para idade, sexo, altura e peso de cada voluntária, consideradas

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como valores de referência por meio da seguinte fórmula: mulheres/distância prevista (m) = (2,11 x altura cm) - (2,29 x peso kg) – (5,78 x idade) + 667 m7.Depois os sujeitos responderam ao questionário do perfil de estilo de vida individual proposto por Nahas (2003)8, que avalia componentes relacionados ao bem-estar individual, incluindo nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento social e estresse, sendo que cada um desses componentes apresenta três tipos de afirmação que podem ser classificadas numa escala de 0 a 3, em que 0 indica que a afirmação absolutamente não faz parte de seu estilo de vida e 3 indica que a afirmação é sempre verdadeira em seu comportamento. O valor pontual máximo a ser obtido é 45 e o mínimo 0, considerando que quanto mais próximo de 45 melhor é o estilo de vida apresentado pelo indivíduo. Para a coleta dos dados necessários para o escore de Framingham9 para mulheres, solicitou-se a cada sujeito que trouxesse exames laboratoriais recentes, de no máximo três meses, sendo que os sujeitos foram previamente avisados. Caso algum dos sujeitos não tivesse os exames pedidos, seria orientado a realizá-los. Os componentes do escore utilizado foram idade, colesterol total, tabagismo, HDL-C e PA sistólica, sendo

que neste último utilizou-se o valor mensurado com os sujeitos em total repouso. A pontuação para colesterol total e tabagismo varia conforme a idade.. No final da análise dos dados, os pontos adquiridos são somados, sendo que cada resultado corresponde a um porcentual de risco para a ocorrência de eventos cardiovasculares em 10 anos, fornecido pelo escore.

Procedimentos de intervençãoA intervenção realizou-se com frequência de três dias semanais na Clínica Escola da Faculdade Dom Bosco, durante 10 semanas consecutivas, totalizando 30 atendimentos, com duração média de 1 hora cada atendimento.Adaptou-se o programa de exercícios conforme as recomendações da ACSM, sendo divididos em 4 fases, conforme os objetivos específicos a serem alcançados descritos na literatura3,10,11,12,13:a) Fase de aquecimento com alongamentos estáticos envolvendo grandes grupos musculares, associados a ciclos respiratórios adequados, com duração de 10 (dez) minutos, com o objetivo de preparar músculos, articulações e ligamentos para o estresse adicional da sequência de exercícios. Durante todos os exercícios a coluna

torácica e a coluna lombar foram mantidas em sua curvatura normal, evitando compensações. b) Fase cujo objetivo consiste em manter ou aprimorar a força e endurance muscular, por meio de exercícios visando à contração isométrica submáxima de grupos musculares específicos, com duração total de 20 minutos. Todos os exercícios foram realizados com o quadril e os joelhos semifletidos para manter a pelve em posicionamento correto (ligeira retroversão), e consequentemente toda a coluna vertebral, principalmente evitando a hiperlordose lombar. Cada contração foi mantida durante a expiração prolongada por cerca de 6 a 10 segundos para evitar manobra de Valsalva, sendo realizadas 12 repetições seguidas com intervalo de 12 segundos entre elas. c) Condicionamento cardiorrespiratório com exercício puramente aeróbio realizado em esteira ou bicicleta ergométrica numa intensidade de treinamento predeterminada entre 65% a 70% conforme a FC de treinamento de cada sujeito, calculada pela fórmula de Karvonen. Teve duração de 15 minutos inicialmente, durante os 10 primeiros atendimentos, sendo o tempo elevado a partir do 10º atendimento para 17 minutos e 30 segundos e, a partir do 20º atendimento, para 20 minutos.

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d) Desaquecimento compreendendo o período de volta à calma realizado imediatamente após o treinamento cardiorrespiratório de cada atendimento, sendo composto de 7 minutos de exercícios respiratórios, relaxamento da musculatura respiratória, movimentos rítmicos dos tornozelos enfocando a planti e dorsiflexão (durante 40 segundos, mobilização ativa leve e rítmica dos MMII, finalizando com a realização do autoengrandecimento da coluna vertebral e posterior relaxamento.

Resultados Gráfico 1. Distância percorrida no TC6’

Fonte: Dados da pesquisa

A média da distância percorrida (DP) pelos sujeitos na avaliação foi 614,37 metros e, na reavaliação, 673,75 metros, observando-se um aumento de 10% em comparação com os valores médios. O p-valor Wilcoxon apresentou valor menor que 0,05, indicando que as diferenças entre os valores obtidos na avaliação e na reavaliação foram significativas.

Gráfico 2. Grau de dispneia referido

Fonte: Dados da pesquisa Gráfico 3. Grau de esforço referido

Fonte: Dados da pesquisa O grau de dispneia referido apresentou média de 2,1 na avaliação; na reavaliação apenas 37,5% dos sujeitos relataram dispneia, diminuindo o valor médio para 0,5, apresentando redução de 16%. O grau de esforço percebido apresentou média de 3,5 na avaliação, reduzindo-se para 1,2 na reavaliação. O p-valor Wilcoxon menor que 0,05. Gráfico 4. Questionário de perfil de estilo de vida individual

A média dos pontos na avaliação foi 19 pontos, aumentando para 33 na reavaliação, observando-se melhora de 31% entre as médias dos valores pontuais. O p-valor Wilcoxon menor que 0,05. Gráfico 5. Escore de Framingham para mulheres

Fonte: Dados da pesquisa Os valores foram obtidos com base nos itens idade e tabagismo, permanecendo constante a pontuação; em relação à PA sistólica a pontuação obteve mínimas diferenças. Em relação ao colesterol total houve redução entre as médias apresentadas pelos sujeitos, sendo a média na avaliação de 203 mg/dl e, na reavaliação, reduzindo para 190,3 mg/dl; as médias obtidas nos valores séricos de HDL-C foram 40 mg/dl na avaliação, aumentando para 45 mg/dl na reavaliação. Sendo assim, a média de risco cardiovascular entre os sujeitos na avaliação foi 5%, reduzindo para 1,6% na reavaliação. O p-valor Wilcoxon menor que 0,05.

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Fonte: Dados da pesquisa

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Discussão

Entre os hábitos inadequados de vida, que propiciam a ocorrência de eventos cardiovasculares, define-se o sedentarismo como a falta ou a grande diminuição da atividade física, que provoca desuso dos sistemas funcionais, aumentando o risco de doença coronariana e predispondo o indivíduo a adquirir outros fatores de risco como obesidade, dislipidemia, diabetes e hipertensão arterial sistêmica.Na reavaliação do TC6min observou-se um aumento na DP associado à diminuição do grau referido nas escalas de dispneia e de esforço de Borg, o que indica melhora na capacidade funcional dos sujeitos. Como o teste não identificou especificamente quais habilidades e/ou fatores contribuíram para o melhor desempenho dos sujeitos na reavaliação, acredita-se que tanto o sistema músculo-esquelético quanto o sistema cardiopulmonar estiveram envolvidos na melhora da capacidade funcional. Como a aplicação dos exercícios trabalhou o desempenho cardiorrespiratório e muscular, a maior DP associada a um menor esforço percebido pode ser resultado do trabalho muscular global no exercício aeróbio, como também do trabalho de contração isométrica dos determinados grupos musculares, já que os exercícios contra uma determinada resistência são

utilizados na prática diária com o objetivo de melhorar o sistema musculoesquelético, aumentar a força, a potência e a resistência muscular14.Estudos de Moreira, Moraes e Tannus (2001)15 avaliaram os resultados obtidos no TC6min de indivíduos portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), inseridos num programa de reabilitação pulmonar, em que foram observados 23 pacientes com DPOC, sendo dezoito do sexo masculino e cinco do sexo feminino. Observou-se, em relação ao primeiro TC6min, aplicado antes da inserção no programa de reabilitação pulmonar, um aumento médio de 76 m em relação à distância percorrida após o programa de reabilitação pulmonar, mostrando melhora da capacidade funcional desses indivíduos. O programa de exercícios que visem à melhora da qualidade de vida também teve respostas significativas em relação ao perfil de estilo de vida adotado pelos sujeitos, em relação à prática de atividade física, já que os sujeitos sentiram-se, no final dos atendimentos, mais estimulados a praticar atividade física regular devido aos resultados benéficos observados pelos próprios sujeitos. Houve também maior controle dos agentes prejudiciais a saúde, pois os sujeitos fumantes reduziram a quantidade de cigarros fumados ao dia, tanto pela diminuição

da ansiedade, quanto pela própria vontade de adquirir atitudes preventivas, o que pode demonstrar que esta pesquisa também teve caráter educativo. Constatou-se ainda redução no nível de estresse referido pelos sujeitos em comparação ao início da abordagem fisioterapêutica, pois o exercício provoca redução dos níveis de ativação simpática do organismo e dos níveis de catecolaminas circulantes16. O estudo de Kobe Magnusson e Teixeira (2008)17 teve por objetivo comparar o estilo de vida através da aplicação do questionário do perfil de estilo de vida individual segundo Nahas, em 23 idosos ativos que praticavam caminhadas e 21 idosos sedentários com idade média de 65 anos do município de Apucarana – Paraná. O estudo mostrou que os idosos ativos que praticavam caminhadas apresentaram um estilo de vida muito melhor em todas as dimensões avaliadas no questionário do perfil de estilo de vida individual em relação aos sedentários.A redução no percentual de risco para ocorrência de eventos cardiovasculares apresentada pelos sujeitos indica que a atividade física com a prática de exercício aeróbio é muito importante, podendo ser vista como prevenção primária em relação às doenças cardiovasculares, melhorando

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consideravelmente toda atividade vascular de um indivíduo, melhorando o condicionamento físico, influenciando na atividade das enzimas envolvidas no metabolismo das lipoproteínas, aumentando os níveis de HDL e diminuindo os níveis de LDL, aumentando a tolerância ao estresse, o retorno venoso e a eficiência cardíaca18.O estudo de Nunes et al (2006)19 mostra que, após um programa de condicionamento físico não supervisionado e acompanhado via internet por 6 meses, em 135 indivíduos divididos em dois grupos avaliados pelo escore de Framingham, o risco para ocorrência de eventos cardiovasculares reduziu em média 6% no grupo experimental e manteve-se em 10% no grupo controle. Tendo em vista os resultados obtidos na melhora da capacidade funcional cardiorrespiratória dos sujeitos, correspondendo à melhora na aptidão física relacionada à saúde e à qualidade de vida, este estudo sugere que o programa de exercícios fisioterapêuticos proposto diminui o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares em indivíduos previamente sedentários e estimula mudanças em seu estilo de vida, resultando na prevenção do aumento desse risco ao longo dos anos e controlando os fatores que levam a tais riscos.

Como limitação do estudo, encontrou-se dificuldade em obter um grupo controle por indisponibilidade dos voluntários, o que poderia ter aprimorado eventuais comparações. Outra limitação foi o local de prática, que portava baixo número de sujeitos, limitando uma amostra maior. Outra dificuldade foi não poder realizar um programa de exercícios para melhorar a resistência muscular de músculos específicos, por falta de tempo hábil.Em conclusão, os resultados reportados nesta pesquisa apontam evidências de que um programa de exercícios que visam à melhora da qualidade de vida é capaz de melhorar a capacidade funcional de indivíduos previamente sedentários, além de estimular mudanças em seu estilo de vida e reduzir o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares, podendo ser um recurso terapêutico viável no âmbito da prevenção primária em cardiologia. Sugerem-se novas pesquisas: com uma amostra maior; presença de um grupo controle para eventuais comparações; maior tempo hábil para realização do programa de exercícios; local para aplicação do programa de exercícios com espaço apropriado; outros protocolos de atendimento com enfoques diferenciados voltados à endurance, e/ou fortalecimento muscular, e/ou alongamento muscular;

ou ainda protocolos voltados a fatores de risco específicos. Referências bibliográficas 1- SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Promoção da Atividade Física “Agita Brasil”: atividade física e sua contribuição para a qualidade de vida. Revista de Saúde Pública, Brasília – DF, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v36n2/9222.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2008.2- SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ. Boletim Epidemiológico. Disponível em: <HTTP://www.saude.pr.gov.br/Vigiepi/boletimepidemiologico2004.htm>. Acesso em 9 jul. 2008.3- ROBERGS, A. R; ROBERTS, O. S. Fisiologia do exercício para aptidão desempenho e saúde. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2002.4- MCARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.5- PULZ, C; GUIZILINI, S; PERES, P. A. T. Fisioterapia em cardiologia: aspectos práticos. São Paulo: Atheneu, 2006.6- BORG, G. Escalas de Borg para a dor e o esforço percebido. 1. ed. São Paulo: Manole, 2000.

Artigo - 1º

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12 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010

7- ENRIGHT P. I.; SHERRIL, D. I. Reference equations for the six minute walk in healthy adults. Am J Respir Crit Care Med, 27 1998.8- NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina: Midiograf, 2003. 9- FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 10- ALLSEN, Philip E.; HARRISON, Joyce M.; VANCE, Joyce. Exercício e qualidade de vida: uma abordagem personalizada. 6. ed. Barueri-SP: Manole, 2001. 11- FOSS, M. L. KETEYIAN, S. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 12- POWERS, S. K; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. Rio de Janeiro: Manole, 2000. 13- SAMPAIO, E.; VELOZO, E. Fisiologia do esforço. 1. ed. Ponta Grossa-PR: UEPG, 2001. 14- NEGRÃO, C. E.; BARRETO, A. C. P. Cardiologia do exercício: do atleta ao cardiopata. 2. ed. Barueri-SP: Manole, 2006. 15- MOREIRA, M. A. C.; MORAES, M. R.; TANUUS,

R. Teste da caminhada de seis minutos em pacientes com DPOC durante programa de reabilitação. J Pneumol 27(6), nov./dez. 2001. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/jpneu/v27n6/a02v27n6.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2008. 16- MELLO, M. T.; TUFIK, S. Atividade física, exercício físico e aspectos psicobiológicos. São Paulo: Guanabara Koogan, 2004. 17- KOBE, A. P.; MAGNUSSON, T. A.; TEIXEIRA, D. C. Perfil do estilo de vida de idosos que praticam caminhadas sem supervisão com idosos sedentários. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd120/perfil-do-estilo-de-vida-de-idosos-que-praticam caminhadas.htm>. Acesso em: 9 jul. 2008. 18- MANIDI, M. J.; MICHEL, J. P. Atividade física para adultos com mais de 55 anos: quadros clínicos e programas de exercícios. São Paulo: Manole, 2001. 19- NUNES, O. B. A. P. et al. Efeitos de um programa de exercício físico não supervisionado e acompanhado a distância via internet. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2006; 86(4).

Artigo - 1º

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Dança do ventre e qualidade de vidaBelly dance and quality of life

RESUMO O presente estudo teve o objetivo de verificar a influência da dança do ventre na qualidade de vida de mulheres praticantes, comparada ao grupo de mulheres não praticantes. Foram avaliadas 20 mulheres nulíparas, com média de idade de 27,55 anos (±5,88), sendo 10 praticantes de dança do ventre e 10 não praticantes. Estas foram submetidas a uma avaliação para a quantificação da qualidade de vida através do Questionário de Qualidade de Vida (Short-Form Hearth Survey, SF-36). Os resultados encontrados demonstraram no SF-36 a distribuição de padrões diferentes, em que a maioria dos domínios apresentou resultados superiores entre as mulheres praticantes de dança do ventre, exceto para o domínio capacidade funcional, que apresentou escore maior para as mulheres não praticantes. Os resultados encontrados sugerem que a dança do ventre promove melhor qualidade de vida para as mulheres que a praticam.

Portanto a pratica da dança do ventre pode ser realizada não só com o intuito de desempenhar atividades físicas, mas também aprimorar a qualidade de vida.

Palavras-chave: qualidade de vida, força muscular, dança e fisioterapia. ABSTRACT This study aimed to determine the influence of Belly Dance in the quality of life of women practitioners, compared to the group of women who did not practice. We evaluated 20 nulliparous women with a mean age of 27.55 years (± 5.88), with 10 practitioners of Belly Dance and 10 non-practitioners. These were subjected to an evaluation to quantify the quality of life through the Quality of Life (Short-Form Hearth Survey, SF-36). The results demonstrated the SF-36 the distribution of different patterns, where most of the areas showed superior results among women practicing belly dancing, except for the domain functional capacity scores were higher for women who do not practice. The results suggest that belly dancing promotes better quality of life for women that practice it. Therefore, the practice of belly dance can be performed not only in order

to perform physical activities, but also improve the quality of life. Key words: quality of life, muscle strength, dances and physiotherapy.

Introdução Segundo Moro (1), a dança do ventre é uma arte milenar que surgiu no antigo Egito; era considerada uma arte sagrada, sendo praticada exclusivamente pelas sacerdotisas. Somente elas sabiam praticar os movimentos e expressar sentimentos através do corpo, que entrava em sincronia com a música. Dançar era permitir o alívio de tensões, era o relaxamento e a abertura para sentimentos.A dança do ventre é uma técnica completa que aborda os âmbitos somático e psicológico. Em sua prática, é possível adquirir sensibilidade e percepção, como, por exemplo, a música refina a audição e a prática dos movimentos refina o sentido cinestésico (2). Além de ser um exercício físico que proporciona alongamento, melhora a propriocepção e o fortalecimento muscular (principalmente de assoalho pélvico e musculatura abdominal) e, como qualquer atividade aeróbia, aprimora a capacidade cardiorrespiratória,

Mariana Cortiano 1

Raciele Ivandra Guarda Korelo 2

1-Fisioterapeuta formada pela Faculdade Dom Bosco2-Docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco

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Muitas vantagens da prática da dança do ventre são relatadas na literatura. Este estudo tem o objetivo de buscar e quantificar um desses benefícios, verificando a influência da dança do ventre na qualidade de vida das mulheres que a praticam, comparada ao grupo de não praticantes.

Materiais e métodos Quanto à natureza, este estudo trata-se de uma pesquisa aplicada de abordagem quantitativa. Do ponto de vista de seus objetivos, é descritiva, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionários e observação sistemática (5). Do ponto de vista dos vários procedimentos técnicos, pode ser definida como experimental, pois está sendo estudada a influência da prática da dança do ventre na qualidade de vida das mulheres.Por meio deste termo, fica declarado para os devidos fins que o pesquisador tem pleno conhecimento da resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, estando ciente de que a pesquisa deve respeitar a autonomia do indivíduo, a beneficência, a não maleficência, a justiça e a equidade. Sendo assim, declara-se que o pesquisador leu e conhece a resolução 196/96 MS, bem

como se compromete a respeitar suas determinações, garantindo o zelo das informações e o total respeito ao indivíduo pesquisado.As etapas experimentais ocorreram nas dependências da clínica-escola da Faculdade Dom Bosco, localizada na Rua Paulo Martins, 332, bairro Mercês, a qual ofereceu ambiente e equipamentos necessários à realização da pesquisa, com total segurança e apoio de profissionais da área. Foi realizada uma amostragem que, segundo Vieira (6), é do tipo probabilística, aleatória estratificada, tendo sido selecionados 20 sujeitos do sexo feminino, entre 20 e 35 anos, nulíparas, com vida sexual ativa, e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esses sujeitos foram divididos em dois grupos para a comparação da variável de estudo selecionada, valendo o critério de o grupo A não ser praticante de dança do ventre ou outra atividade física e o grupo B ter a prática da dança do ventre por mais de um ano. Estando assinado o termo de consentimento, as mulheres foram submetidas aos procedimentos de avaliação, que consistem no preenchimento de questionário para avaliação da qualidade de vida e outro para análise das características da amostra. O questionário SF-36 objetiva verificar a qualidade

de vida dos sujeitos em vários aspectos, desde suas atividades de vida diária à sua relação na sociedade. Ele engloba oito dimensões que avaliam diferentes áreas do estado de saúde: função, desempenho e dor física, saúde em geral, saúde mental, desempenho emocional, função social e vitalidade. Em termos individuais, a avaliação da qualidade de vida engloba aspectos subjetivos dependentes do estilo de vida atual, experiências anteriores, esperança, sonhos e ambições. Aplicando o SF-36, obtemos o escore do nível de qualidade de vida, de forma progressiva, ou seja, quando mais elevado o escore maior a qualidade de vida do sujeito. Baixos resultados indicam algias, alterações funcionais secundárias a distúrbios de ordem física e/ou emocional (7, 8).Foram analisados os dados obtidos nas avaliações mediante frequências simples, médias e desvio padrão. Não foi possível aplicar testes estatísticos, considerando os dados muito variáveis e a amostra insuficiente para a validade estatística significante.

Resultados e discussão Primeiramente, foram analisados os dados obtidos na Ficha de Avaliação Fisioterapêutica,

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demonstrado na Tabela 1.Tabela 1 - Características demográfi cas da amostra

O grupo controle, composto por mulheres que não praticam a dança do ventre (Grupo A) teve idade média de 23,7 anos, composto de 6 (60%) estudantes, 1 (10%) fi sioterapeuta, 1 (10%) técnica em desenho industrial, 1 (10%) artesã e 1 (10%) publicitária; 8 (80%) são brancas e 2 (20%) são mestiças. Em relação ao estado civil, 9 (90%) são solteiras e 1 (10%) é casada. Duas (20%) têm o segundo grau completo e 8 (80%) cursaram ou estão cursando o terceiro grau.Já o Grupo B, de praticantes de dança do ventre, apresentou idade média de 31,4 anos, composto de 4 (40%) professoras de dança do ventre, 2 (20%) fi sioterapeutas, 2 (20%) educadoras físicas, 1 (10%) assessora parlamentar e 1 (10%) promotora de eventos. Em relação ao estado civil, 5 (50%) são solteiras, 4 (40%) são casadas e apenas 1 (10%) é divorciada. Do total de voluntárias desse grupo, 9 (90%) são brancas e 1 (10%) é negra. A escolaridade se dá por 1 (10%) que concluiu apenas o ensino médio e 9 (90%) que cursaram ou estão cursando o terceiro grau.A Tabela 2 demonstra as características uroginecológicas da amostra, subdividida em Grupos A e B. Cem por cento, ou seja, 20 voluntárias da amostra têm vida sexual ativa, com a intercorrência de fl atus em 3 (15%) sujeitos. A média do grau do Stop Test foi de 3,8 no Grupo A e 4,7 no Grupo B; o intestino mostra-se solto em 1 (5%) voluntária, normal em 11 (55%) e obstipado

em 8 (40%). Não há relato de perda de urina na infância e a média de idade da menarca foi 11,9 anos no Grupo A e 12,9 anos no Grupo B.

Quanto ao questionário de qualidade de vida (SF-36), observa-se que houve média maior que 50 para todos os domínios, indicando boa qualidade de vida.O domínio de aspectos físicos foi o de maior escore no grupo de praticantes e o de capacidade funcional, no grupo das não praticantes. A dor, o estado geral e os aspectos sociais foram os domínios que obtiveram valores intermediários nos dois grupos, sendo, respectivamente, 72,5, 83,5 e 75,7 no Grupo A e 80, 90 e 88,8 no Grupo B.Os aspectos emocionais, a vitalidade e a saúde mental foram os valores que mais se distanciaram entre praticantes e sedentárias, a saber: a saúde mental quantifi cada em 18,2 nas praticantes e 58,2 nas não praticantes; a vitalidade com valores de 76 para as praticantes e 51 para as não praticantes; os aspectos emocionais apresentaram valores de 76,6 para as praticantes e apenas 50,9 para as não praticantes. Escores gerais: 557,9 no Grupo A e 684,1 no Grupo B.

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CARACTERÍSTICAS A-Não praticantes B-Praticantes

Idade Média, DPProfi ssão Professora de dança do ventre Estudante Fisioterapeuta Educador físico OutrasEstado civil Solteira Casada DivorciadaRaça Branca Mestiça NegraEscolaridade 3º incompleto/completo 2º completo

23,7 ± 4,52

6 (60%)1 (10%)

3 (30%)

9 (90%)1 (10%)

8 (80%)2 (20%)

8 (80%)2 (20%)

31,4 ± 4,43

4 (40%)

2 (20%)2 (20%)2 (20%)

5 (50%)4 (40%)1 (10%)

9 (90%)

1 (10%)

9 (90%)1 (10%)

FONTE: Dados da pesquisa (2007)

FONTE: Dados da pesquisa (2007)

CARACTERÍSTICAS A-Não praticantes B-Prati-

Vida sexual Ativa FlatusStop Test Média, DPIntestino Obstipado Normal SoltoMenarca

10 (100%)3 (30%)

3,8 ± 1,14

8 (80%)2 (20%)

10 (100%)

4,7 ± 0,48

9 (90%)1 (10%)

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Tabela 3 – Escores obtidos no SF-36

As voluntárias foram ainda questionadas quanto aos domínios que mais interferem na sua qualidade de vida, classifi cando-os na escala de 1 a 8, em que os maiores valores representam maior importância.A dor foi eleita como o domínio mais importante, seguido de capacidade funcional, estado geral, aspectos físicos, saúde mental, vitalidade, aspectos emocionais e aspectos sociais. No gráfi co 01, de forma mais objetiva, percebe-se a classifi cação quanto à incidência e importância dos resultados obtidos no SF-36.A maior importância está representada à direita do eixo x e a incidência, nos valores do eixo y.Gráfi co 01 – Dispersão dos escores em relação à incidência e importância, correlacionando valores de praticantes e não praticantes.

A ponderada, nesse gráfi co de dispersão, foi obtida do valor da incidência multiplicado pelo escore da importância dos respectivos domínios, classifi cados pelas voluntárias. Logo, o quadrante superior direito representa a predominância de melhor qualidade de vida entre as praticantes, considerando os domínios de maior importância eleitos pela amostra.Observou-se que, dos oito componentes analisados, apenas um domínio (aspectos físicos) obteve valor máximo, que é igual a cem, registrado no grupo das praticantes. O grupo das não praticantes teve valor próximo do máximo em apenas um aspecto (99 para capacidade funcional).O domínio de aspectos emocionais foi o que apresentou menores resultados nas não praticantes. Isso demonstra que os aspectos emocionais podem interferir de maneira negativa na qualidade de vida, seguido da vitalidade. As praticantes demonstraram valores mais baixos nos mesmos aspectos, mas ainda melhores que no grupo das não praticantes. Saúde mental, aspectos emocionais e vitalidade obtiveram valores melhores nas praticantes de dança do ventre e foram os que mais se distanciaram dos valores das não praticantes, concordando com Abrão e Pedrão (9), que afi rmam ser a dança do ventre maneira saudável de obter saúde mental e facilitar a formação de vínculos sociais e afetivos.Aspectos físicos e dor também se mostraram maiores nas praticantes, logo pessoas que praticam atividade física podem apresentar dores com maior frequência que sedentárias, mas melhores condições de manter

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Referência Incidência DP Incidência DP

A-Praticantes B-Não praticantes

Capacidade funcional 100Aspectos físicos 100Dor 100Estado geral 100Vitalidade 100Aspectos sociais 100Aspectos emocionais 100Saúde mental 100

94,5 9,26100 0,0080 1790 11,0676 17,6188,8 12,4376,6 38,7578,2 15,56

99 3,1667 37,2172,5 8,5883,5 14,9251 6,1575,7 24,5150,9 34,3358,3 15,31

Escore máximo 800 684,1 557,9

FONTE: Dados da pesquisa (2007)

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a função dos órgãos. Assim, a atividade física promove adaptações fisiológicas favoráveis, resultando em melhora da qualidade de vida (10).O escore final de qualidade de vida das praticantes de dança do ventre continuou obtendo valores superiores aos das não praticantes. Conforme Abrão e Pedrão (9), pode-se concluir que a dança do ventre é um método que possibilita mais condições de valorização da vida, melhora a saúde e a qualidade de vida de quem a pratica.

Considerações finais Com a pesquisa, cujo objetivo era verificar a influência da dança do ventre na qualidade de vida das mulheres praticantes, comparado ao grupo de mulheres não praticantes, podem-se apresentar as seguintes contribuições:A dança do ventre demonstrou que promove melhor qualidade de vida para as mulheres que a praticam, principalmente em relação a aspectos emocionais, vitalidade e saúde mental. Logo, a prática da dança do ventre pode ser realizada não só com o intuito de desempenhar atividade física, mas também de aprimorar a qualidade de vida, podendo contribuir para a promoção de saúde da população feminina.

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Estudo comparativo da utilização da corrente russa e do exercício isométrico no tratamento do fibroedema geloide em mulheres sedentárias da faixa etária de 18 a 25 anos da Faculdade Dom Bosco, de Curitiba

RESUMO Objetivo Comparar a utilização da corrente russa e do exercício isométrico no tratamento do fibroedema geloide em mulheres sedentárias da faixa etária de 18 a 25 anos da Faculdade Dom Bosco. Métodos Foram convidados a participar do estudo indivíduos voluntários do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco de Curitiba com o diagnóstico de fibroedema geloide graus I e II, durante os meses de junho a agosto de 2008. Foi feita entrevista seguindo o protocolo de avaliação para fibroedema geloide adaptado de Meyer et al16(2005).Resultados A análise gráfica foi realizada mediante as médias (em porcentagem)

dos resultados referentes aos itens tratamento através da contração isométrica, da corrente russa, verificando-se as fotos da região dos glúteos obtidas no início do tratamento e ao final, quando se totalizaram 18 atendimentos, e também a força muscular de cada sujeito.Conclusões Diante dos resultados obtidos neste estudo comparativo entre o exercício isométrico e a corrente de média frequência (corrente russa), observou-se que o exercício isométrico se mostrou mais eficaz que a corrente russa no tratamento do fibroedema geloide.

Palavras-chave Fibroedema geloide, contração isométrica, eletroestimulação de média frequência.

ABSTRACT ObjectiveTo compare the use of the current Russian and isometric exercise in the treatment of fibroedema geloide sedentary

women in the age group from 18 to 25 years of Dom Bosco college. Methods They were invited to participate in the study volunteers the course of Physiotherapy of the Dom Bosco college of Curitiba with the diagnosis of fibroedema geloide grades I and II during the months of June to August 2008, where the interview was made following the protocol of evaluation fibroedema to geloide adapted from Meyer et al16 (2005). Results The graphic analysis was performed by the average (in percentage) results for treatment items through isometric contraction, the current Russian, with the photos of the gluteal region obtained at the beginning and the end of treatment, when it totaled 18 attendances, and also the muscle strength of each subject.Conclusion Since the results obtained in this study comparing isometric exercise and the current average frequency

Andressa E TanakaI; Juliana A. E. SchuckI; Isalda M. Laurindo 1 Cláudia C. de O. Pellenz 2

1-Acadêmicas Faculdade Dom [email protected] da Faculdade Dom [email protected]

Comparative study of the use of the current russian and isometric exercise in the treatment of fibroedema geloide sedentary women in the age group of 18 to 25 years of Dom Bosco School, of Curitiba

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of (current Russian), it was noted that the isometric exercise is more effective than current treatment of the Russian fibroedema geloide.Key words: Fibroedema geloide, isometric contraction,electric stimulation of average frequency.

Introdução Segundo Pitanguy (1988); Souza Pinto et al (1999) apud MEYER et al16(2005), com a evolução da humanidade, o padrão de beleza sofreu várias alterações. Pela massificação das comunicações, surgiu um padrão de beleza pelo qual a adiposidade e as irregularidades da pele são inaceitáveis. Hoje, a mulher submete-se a uma série de sacrifícios como dieta, medicamentos, exercícios exaustivos e até mesmo intervenções cirúrgicas, na tentativa de aprimorar ou manter boa aparência estética. Com toda essa exigência social, muitas mulheres esquecem que devem pensar, primeiramente, na questão saúde e depois estética. Voltado para esse ponto, o seguinte trabalho visa a unir as duas questões, de modo a que as mulheres possam utilizar mecanismos voltados à estética, mas com total segurança à saúde. O fibroedema geloide não é simplesmente fator estético, visto que pode causar

algia quando comprime terminações nervosas, diminuindo atividades funcionais; é também uma questão psicossocial, pela cobrança dos padrões estéticos atuais, segundo MEYER et al16(2005), cujo estudo apontou 53,33% dos indivíduos apresentando algum distúrbio emocional. Tais perturbações levam ao aumento de catecolaminas, cujas altas concentrações, estimulam a lipogênese, causando excesso de gordura corporal16.O fibroedema geloide é uma patologia multifatorial, com alterações cutâneas, circulatórias (estase venosa) e até álgicas, tratando-se de problema microcirculatório com repercussão estética. Ele consiste em uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo, seguida de polimerização da substância fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz reação fibrótica consecutiva, sendo definido clinicamente como espessamento não inflamatório das capas subdérmicas14. As principais características são edema no tecido conjuntivo, aumento no tamanho e número de adipócitos, que comprimem o sistema venoso e linfático, mas não o arterial, causando dor à pressão e dando aspecto acolchoado pelo pregueamento cutâneo. O fibroedema geloide acomete cerca de 80 a 90% das mulheres após a puberdade14. As partes do corpo mais afetadas por essa

patologia são glúteos 59%, coxa 22% e abdome 19%19.Sua etiopatogenia, de acordo com Sandoval21(2003), pode ser decorrente de:- fatores hormonais, como puberdade, gravidez, menopausa ou uso de anticoncepcionais, pois os estrógenos e a progesterona afetam o tecido adiposo, aumentando o volume dos adipócitos. - fatores genéticos, como antecedentes familiares de obesidade e de fibroedema geloide. - fatores circulatórios, como insuficiência venosa em membros inferiores, pela estase sanguínea. - fatores tóxicos – tabagismo, álcool.- qualidade de vida – sedentarismo, depressão, ansiedade, estresse; os três últimos atuam no sistema hipotálamo-hipófise, alterando os níveis de estrógeno, o que resulta em retenção hídrica.- fatores nutricionais – dietas hipercalóricas favorecem o aumento do tecido adiposo.Com o sedentarismo, há diminuição do mecanismo de bombeamento muscular dos MMII, dificultando o retorno venoso e linfático. O fibroedema geloide pode, então, ser amenizado pelo fortalecimento muscular, visto que ele melhora o fluxo sanguíneo, impedindo que o processo do fibroedema geloide se consolide. O fortalecimento muscular

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neste trabalho se fez através de corrente russa e exercícios isométricos, realizando uma comparação entre os dois métodos e apresentando o recurso que obteve melhora significativa no tratamento dessa patologia.

Métodos Foram convidados a participar do estudo indivíduos voluntários do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco de Curitiba, com o diagnóstico de fibroedema geloide graus I e II, durante os meses de junho a agosto de 2008, que foram informados sobre o objetivo da pesquisa. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi feita a entrevista seguindo o protocolo de avaliação para fibroedema geloide adaptado de Meyer et al16(2005).Esses pacientes possuíam positividade no teste da casca de laranja e no de preensão ou pinch test. No primeiro, pressiona-se o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos, e a pele apresenta aparência rugosa, como casca de laranja. No segundo, após a preensão da pele junto com a tela subcutânea entre os dedos, promove-se um movimento de tração. A sensação dolorosa mais incômoda que o normal também é sinal de fibroedema geloide, considerando haver alteração da sensibilidade9.

Para a participação, os pacientes passaram pela avaliação médica do doutor Luiz Gustavo Candioto do Prado. Foram considerados critérios de exclusão sujeitos do sexo masculino, idade menor que 18 anos ou maior que 25 anos, praticantes de atividade física regular, fibroedema geloide grau III ou IV, alteração cardíaca, gravidez, câncer, obesidade ou obesidade mórbida.Os dados utilizados foram coletados por meio do protocolo de avaliação para fibroedema geloide adaptado de Meyer et al16 (2005). O instrumento continha questões referentes a aspectos pessoais (idade, sexo, estado civil, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, filhos, atividade física, medicamento anticoncepcional, adiposidade localizada, testes da casca de laranja e preensão, estágio da patologia), além de teste de força muscular para glúteos, segundo Filho e Lech8 (2002). O resultado foi classificado de acordo com Kendall13 (1995), de 0 a 5, realizado pelas pesquisadoras. As informações sobre o estágio da lesão, registradas na avaliação médica, foram anotadas na ficha da entrevista. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: a) realização de exercício isométrico; b) aplicação da corrente russa.Os exercícios isométricos do grupo A foram realizados em três séries de dez repetições,

com contração de sete segundos, de acordo com Colby e Kisner5 (2005) e Salgado20 (2008). Ao sujeito posicionado em decúbito ventral, foi solicitado que realizasse a contração. Todos os sujeitos do grupo B receberam eletroestimulação em região de glúteos, mais especificamente no glúteo máximo, em decúbito dorsal na maca e com os joelhos em posição anatômica. Os eletrodos foram posicionados nos pontos motores porque, segundo Borges (2006)3, o uso da corrente na região glútea possui algumas peculiaridades, sendo comum o acúmulo de tecido adiposo, o que dificulta a passagem da corrente da pele para o músculo, havendo necessidade da localização dos pontos motores, pois a resposta contrátil tende a ser maior quando os eletrodos estão nesse local.O estudo teve aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco de Curitiba, com protocolo nº 0007.0.301.000-08, de 9 de junho de 2008. Abordaram-se os achados como melhora pós-tratamento, utilização de anticoncepcional, presença de fibroedema geloide, teste de força muscular utilizando análise de porcentagem simples.

Resultados Do total de participantes, excluíram-se quatro sujeitos

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que não preenchiam os critérios de inclusão, permanecendo seis, de idade entre 18 e 25 anos. O grupo a foi formado por três sujeitos, que realizaram exercícios isométricos para glúteos. O grupo b constituiu-se de três sujeitos que receberam aplicação da corrente russa, havendo desistência de um durante a pesquisa.A análise gráfica foi realizada mediante as médias (em porcentagem) dos resultados referentes aos itens tratamento com contração isométrica e corrente russa, verificando-se as fotos da região dos glúteos obtidas no início do tratamento e ao final, quando se totalizaram 18 atendimentos, e também a força muscular de cada sujeito. No grupo a (contração isométrica), 25% dos sujeitos apresentaram melhora quando analisadas as fotos iniciais e finais; 75% não obtiveram resultados favoráveis (gráfico 1).

Gráfico 1- Comparação dos resultados obtidos com contração isométrica.

No grupo b (corrente russa), não houve porcentagem de melhora. Os sujeitos submetidos a essa técnica

tiveram as fotos avaliadas no início e fim do tratamento, sem apresentar resultado satisfatório (gráfico 2).

Gráfico 2- Comparação dos resultados obtidos com aplicação da corrente russa.

Dentre os sujeitos submetidos à contração isométrica, observou-se que 100% fazem uso de algum tipo de anticoncepcional, fator etiopatológico do fibroedema geloide, ainda de acordo com Sandoval21 (2003) (gráfico 3).

Gráfico 3- Incidência do uso de anticoncepcional no grupo A Em contrapartida, o sujeito submetido à aplicação da corrente russa não faz uso de anticoncepcional, mas possui fibroedema geloide no histórico familiar (gráfico 4).

Gráfico 4- Incidência do uso de anticoncepcional no grupo B

Gráfico 4- Incidência do uso de anticoncepcional no grupo B

Foi analisada também a porcentagem dos sujeitos, nos grupos a e b, com presença de fibroedema geloide no histórico familiar, resultando em 80% com fatores hereditários e apenas 20% sem (gráfico 5).

Gráfico 5- Incidência de fibroedema geloide no histórico familiar

Antes do início do tratamento do fibroedema geloide, foi realizado o teste de força muscular, com o objetivo de avaliar ganho de força muscular nos sujeitos, verificando-se neles grau 5 de força muscular, mantido até o final do tratamento, tanto com a contração isométrica quanto com a corrente russa (gráfico 6).

Gráfico 6 – Comparação dos resultados obtidos após o tratamento com contração isométrica e corrente russa

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Discussão O fibroedema geloide é conhecido com celulite, termo que, segundo Thomas22 (2000), vem do latim cella, que quer dizer câmara, e do grego itis, inflamação, utilizado erroneamente para designar os depósitos subcutâneos de gordura, quando de fato significaria inflamação do tecido celular ou conjuntivo que se dissemina, como no caso da erisipela.Fibroedema geloide, segundo Sandoval21 (2003), é o termo científico mais adequado para denominar a patologia, que se caracteriza por alteração do tecido subcutâneo, fibrose, com acúmulo de água, edema, e geloide, pela combinação de filamentos de proteoglicanos e líquido, que resulta em aspecto de gel no interstício.O fibroedema geloide é uma afecção multifatorial que, segundo Gravena10(2004), compreende uma desordem localizada no tecido dérmico e subcutâneo, apresentando alterações vasculares e lipodistrofia, seguida de resposta esclerosante. De acordo com Leite, Marqueti e Sant’ana14 (2007), trata-se de um espessamento não inflamatório das capas subdérmicas, pois ocorre infiltração do tecido conjuntivo, polimerização da substância fundamental, infiltrando-se nas tramas de fibras reticulares, com consequente reação fibrótica.

A atividade física tem grande importância para o tratamento de estados lipodistróficos, considerando que o sedentarismo pode levar ao agravamento do fibroedema geloide, porque ele pode diminuir a massa muscular e o mecanismo de bombeamento muscular dos membros inferiores, dificultando o retorno venoso e linfático. A atividade física melhora a circulação de retorno, a função cardiorrespiratória, o tônus muscular e aumenta o metabolismo11.Segundo Albert2 (1999), a isometria, do grego, significa isos- igual; metron- medida É difícil avaliar a progressão do treinamento isométrico, mas o desenvolvimento da força é altamente específico (Katch, Katch e McArdle12 1998). Segundo Colby e Kisner5 (2005), tem pouco ou nenhum impacto. Na isometria, as pontes cruzadas de miosina, segundo Costill e Wilmore6 (2001), são formadas, produzindo força externa muito grande e movendo os filamentos de miosina, não ocorrendo encurtamento, pois eles permanecem na posição normal.O efeito bomba nos vasos sanguíneos e linfáticos, proporcionados pela contração e relaxamento, incrementam o retorno venoso e linfático, mediante contrações rítmicas11. Além disso, de acordo com Pereira17 (2007), a corrente russa, apesar das

contraindicações, consegue trabalhar toda a musculatura, inclusive zonas consideradas de difícil alcance com a eletroestimulação convencional, como os glúteos.Em relação ao fortalecimento muscular com a corrente russa, esta pesquisa distingue-se da literatura quanto aos resultados. De acordo com Agne1 (2004), a corrente russa é capaz de produzir aumento de até 40% da força muscular, porém não foi o que ocorreu – não houve ganho de força muscular. Segundo Low e Reed15 (2001), a obtenção da força muscular ocorre com aplicação a longo prazo, e esta pesquisa se deu a curto prazo, em função do tempo para a coleta de dados, até porque se ganha 20 a 25% de força muscular em um mês, índice variável entre zero até 50%. Além dos diferentes procedimentos metodológicos, existem parâmetros manipuláveis clinicamente no uso da eletroterapia, tornando difícil comparar os resultados obtidos4.Com a contração isométrica, os achados mostraram-se semelhantes aos da literatura. Laughman et al apud Davini, Guirro e Nunes7 (2000) citam que, se comparada à eletroestimulação, a contração isométrica promove maior ganho de força muscular, sendo treinamento altamente específico que demonstra maior força, de acordo com Katch, Katch e McArdle12

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(1998).Brasileiro e Salvini4 (2004) afirmam que a estimulação elétrica neuromuscular não induz a qualquer alteração no ganho de força muscular, se comparada ao treinamento físico. Também citam que diversos experimentos mostraram que o uso isolado da corrente russa não consegue alcançar níveis necessários de contração para haver fortalecimento muscular. Tais níveis seriam de 50 a 60% da contração voluntária máxima, de acordo com Hortobábyi et al, apud Brasileiro e Salvini4 (2004).Este estudo comparou técnicas isoladas, não fazendo uso de associações. Ribeiro e Stefanello9 (2008), num estudo com associação da endermologia, corrente russa e massagem modeladora, obtiveram resultados satisfatórios. Eles indicam que uma única técnica possa não trazer resultados, visto tratar-se de patologia multifatorial. A escassez de estudos relacionados, especificamente quanto às variáveis investigadas nesta pesquisa, constitui-se em aspecto limitante à exploração das convergências e divergências com trabalhos desta natureza. Nesse sentido, optou-se, em alguns casos, pelo levantamento de hipóteses que pudessem sustentar os resultados obtidos. Apesar das limitações descritas, entende-se que os resultados do presente estudo

chamam a atenção para a necessidade de investigar a legitimidade do tratamento ofertado por clínicas de estética, que prometem a melhora do fibroedema geloide com uso de corrente russa em curto período de tratamento. Também a necessidade de determinar parâmetros para a aplicação da corrente russa, pois a discrepância do seu uso interfere no fornecimento de resultado fidedigno à pesquisa, contribuindo para os métodos de intervenção serem mais bem definidos. Os resultados encontrados permitiram observar que o exercício isométrico se mostrou mais eficaz que a corrente russa no tratamento do fibroedema geloide, não em relação ao fortalecimento muscular, mas à melhora do mecanismo de bomba muscular, à melhora da estase venosa, à diminuição do edema, ou seja, melhora das alterações microcirculatórias e, consequentemente, do aspecto acolchoado da pele. Tal fato demonstra os benefícios do exercício físico, principalmente em se tratando dessa patologia. Não houve constatação da superioridade da corrente russa no combate ao fibroedema geloide.

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5. COLBY, L.A.; KISNER, C. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. São Paulo: Manole, 2005. 82 p.

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9. FROHLINCH, D. A incidência de fibroedema geloide em mulheres que frequentam academia. Curitiba, 2006. (Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino – Ibrate. Pós-graduação)

10. GRAVENA, B.P. Massagem de drenagem linfática no tratamento do fibroedema geloide em mulheres jovens. 2004. Disponível em: <www.unioeste.br>. Acesso em: 16 jun. 2008.

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13. KENDALL, F.P.; McCREARY, E.K.; PROVANCE, P.G. Músculos, provas e funções. 4. ed. São Paulo: Manole, 1995. 188 a 189 p.

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15. LOW, J.; REED, A. Eletroterapia explicada. Princípios e prática. 3. ed. São Paulo: Manole, 2001. 57 a 151 p.

16. MEYER, P.F.; ALVES, M.C.R.; AVELINO, M.B.; LISBOA, F.L. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibroedema geloide. Fisioterapia em Movimento, 2005. v. 18, n. 1, 75 a 83 p.

17. PEREIRA, F. Eletroterapia sem mistérios, aplicações em estética facial e corporal. 3. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2007. 28 a 51 p.

18. REININGER, R.P. et al. Levantamento de casos de fibroedema geloide em clínicas de estética na cidade de Bagé, RS. 2007. Disponível em: <http://br.geocities.com/atlashisto/fibro_edema.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2008.

19. RIBEIRO, M.C.; STEFANELLO, T.D. Tratamento da LDG associando o uso de endermologia, corrente russa e massagem modeladora. Personalité, 2008. n. 55, 30 a 32 p.

20. SALGADO, A.F.S.I. Proposta de tratamento fisioterapêutico para fibroedema geloide (FEG) utilizando ultrassom de 3 Mhz, 2008. Disponível em: <http://fisioterapiasalgado.com.br>. Acesso em: 15 abr. 2008.

21. SANDOVAL, B. Fibroedema geloide subcutâneo: Qué conocemos desta entidad clinica? 2003. Disponível em: <http://www.bireme.br/php/index.php>. Acesso em: 6 jun. 2008.

22. THOMAS, C.L. Dicionário médico enciclopédico Taber. 17. ed. Barueri: Manole, 2000. 303 p.

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ResumoObjetivo: demonstrar a necessidade de intervenção fisioterapêutica em serviço de atenção primária em saúde e traçar o perfil socioeconômico e de alterações funcionais da população em estudo.Método: trata-se de estudo transversal descritivo exploratório, realizado na unidade básica de saúde São Pedro, cidade de Lages-SC. Foram entrevistados 131 usuários representando suas famílias (ou seja, 502 pessoas), escolhidos aleatoriamente,

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em visitas domiciliares acompanhadas pelos agentes comunitários de saúde – os usuários responderam a um questionário semiestruturado para análise do perfil socioeconômico, das alterações funcionais e possibilidades de custear um tratamento fisioterápico; e coletaram-se dados sobre o conhecimento e a necessidade dos usuários quanto ao serviço fisioterapêutico. Após, as informações foram agrupadas e analisadas.Resultados: das 502 pessoas, somente 204 possuem remuneração proveniente de atividade profissional. Encontraram-se as seguintes prevalências de alterações funcionais: disfunções osteomioarticulares (58%); outras disfunções incluindo hipertensão e diabetes (36,3%); disfunções neurológicas (5,6%). Dos usuários com alterações funcionais, 61% nunca realizaram tratamento fisioterápico; de 11,3% que possuíam prescrição médica para essa forma de tratamento, 7,5% não se interessaram e 3,8% não tiveram acesso ao serviço.Conclusões: o presente estudo evidenciou a necessidade de intervenção fisioterapêutica, principalmente na atenção primária à saúde, tendo em vista o alto índice de

prevalência de doenças osteomioarticulares, a fim de criar condições para o desenvolvimento da saúde.Palavras-chave: fisioterapia, saúde pública, PSF.

AbstractThe physiotherapist insertion in the public health modifies the existing model already, where the actions are only cure and individual. It has necessity of the approach to the primary attention to the health, aiming at promotion, protection and whitewashing to the individuals in its familiar environment, beyond the physical and financial conditions for the access to the physiotherapist service. Objective to demonstrate the necessity of the physiotherapist intervention in the São Pedro Unit of Health in the Lages-SC city. Its families, chosen were applied a questionnaire the 131 users, through folloied domiciliary visit of the communitarian agent of health of the area. The physiotherapist is apt to act in this context, creating necessary conditions so that the health if develops.

Key words: physical therapy, public health, PSF.

Necessidade de intervenção fisioterapêutica na Unidade de Saúde São Pedro na cidade de Lages - SCNecessity of intervention physiotherapist in the Unit of Health São Pedro in the Lages City – SC

Raciele I. Guarda Korelo 1Cíntia Heinzen Pereira 2Clarissa AraújoYared 3

1. Mestre em tecnologia em saúde pela PUC-PR; professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco e da Faculdade Evangélica do Paraná.

2. Especialista em fisioterapia ortopédica, traumatológica e desportiva pela Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar). 3. Especialista em fisioterapia ortopédica, traumatológica e desportiva pela Fepar.

Trabalho realizado para obtenção do título de especialista em fisioterapia ortopédica, traumatológica e desportiva da Fepar.

CorrespondênciaRaciele Ivandra GuardaRua José Carlos de Macedo Soares, 42081810-260 – Curitiba - [email protected] (41) 3345-3673 / 9955-8109

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Introdução O Sistema Único de Saúde (SUS) tem apresentado resultados positivos nos propósitos de universalização, descentralização e ampliação de cobertura dos serviços de saúde. O modelo assistencial está voltado para a atenção primária com enfoque interdisciplinar e multiprofissional. Para alcançar os objetivos almejados, entretanto, é preciso melhorar o acesso desses serviços à comunidade. O fisioterapeuta está capacitado a atuar nesse contexto, criando condições adequadas para o desenvolvimento da saúde. Milhares de usuários deste país, impedidos de usufruir seu direito constitucional de ir e vir, por estarem restritos aos seus leitos domiciliares devido à limitação funcional, necessitam do atendimento desse profissional.A atual proposta de saúde visa a uma atuação integral, voltada às famílias em que a assistência e a inclusão social das pessoas deficientes, incapacitadas ou até mesmo com pequenos distúrbios funcionais é uma meta, sendo o fisioterapeuta um dos principais responsáveis para alcançá-la.A maior parte da assistência à saúde está centrada em serviços de níveis secundário e terciário, enfatizando o atendimento ambulatorial, por vezes oneroso e pouco

efetivo. Percebe-se a necessidade de mudanças diante do quadro instalado, transformação que exige projetos, estudos, novas atitudes e treinamento em recursos humanos, pois os profissionais não são formados com prática em saúde pública. Diante disso, a intervenção da fisioterapia deve acontecer de forma preventiva no âmbito familiar, no contexto em que o indivíduo se encontra, de modo que seja analisado globalmente. Entende-se que para intervir no processo saúde-doença, o profissional deve utilizar uma das três estratégias técnicas e políticas para atenção em saúde: a promoção da sáude, a prevenção da doença ou o tratamento/reabilitação. Corroborando com Buss, a promoção de saúde engloba ações distintas de prevenir e tratar doenças. Entretanto, as ações derivadas de cada uma estão na maioria das vezes relacionadas para melhorar a saúde da população. 3Retirar o próximo. Promover a saúde é algo distinto de prevenir e tratar doenças. A clássica divisão entre as três principais estratégias para intervir no processo saúde-doença inclui: a) promoção da saúde, b) prevenção de doenças, acidentes, violências e seus fatores de risco, e c) seu tratamento e sua reabilitação. As ações derivadas de cada uma dessas estratégias estão com grande frequência imbricadas, pois são campos

complementares no esforço integrado para melhorar a saúde da população”3. Os sistemas de saúde, em nível mundial, vêm sendo profundamente afetados por uma série de mudanças nos campos político, econômico, social e ético, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, constituindo-se um enorme desafio para os técnicos envolvidos com o planejamento e a atenção em saúde, bem como para os órgãos formadores de recursos humanos para o setor1.“A saúde não é uma conquista, nem uma responsabilidade exclusiva do setor de saúde. Ela é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, que se combinam de forma particular em cada sociedade em conjunturas específicas”3. “O Programa Saúde da Família (PSF) foi criado pelo Ministério da Saúde em 1994, tendo como principal objetivo uma reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica e com definições de responsabilidades entre os serviços da saúde e a população”7.Segundo o ex deputado federal e médico do município de São Paulo, Arlindo Chinaglia4 (2003), “o Programa Saúde da Família está sofrendo ampliação das equipes e a composição destas não

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deve necessariamente ter uma formatação única. O trabalho interdisciplinar é imprescindível na área da saúde. Para cada realidade, instrumentos e composições de equipes diferentes e apropriadas podem e devem ser pensados, conforme cada situação e de acordo com os objetivos a atingir”. Segundo Ribeiro5 (2002), devido à forma como a fisioterapia se originou, primariamente no nível terciário, baseada na reabilitação, caracterizou-se a não inserção do fisioterapeuta na rede pública de saúde, acarretando, consequentemente, grande dificuldade de acesso da população a essa atividade. Muitas vezes, os indivíduos, sem condições físicas e/ou financeiras para deslocarem-se aos serviços de fisioterapia existentes, deixam de realizar o tratamento fisioterapêutico, podendo até agravar seu estado de saúde. Atualmente, a inserção da fisioterapia na Saúde Pública altera o modelo já existente, baseado apenas em ações curativas e individuais, para a realização de atividades com enfoque coletivo e que visam não somente à recuperação do indivíduo, mas à prevenção e à promoção da saúde, buscando a efetivação de um trabalho interdisciplinar e discutindo ações para melhoria da saúde da população. “A capacitação da equipe de fisioterapeutas deve ser centrada no entendimento das

transformações das políticas de saúde, na mudança do modelo assistencial tradicional (hospitalocêntrico, medicalizado, curativo...), para um modelo baseado em ações e serviços preventivos e curativos individuais e coletivos, no qual o indivíduo está inserido no contexto familiar, sendo avaliado como um todo”6.Analisando esse conjunto, verificou-se a importância da realização da pesquisa, visto que a maior parcela da prática fisioterapêutica ainda se concentra na atuação secundária e terciária. Há necessidade do enfoque à atenção primária à saúde, indo de encontro com o modelo assistencial preconizado pelo Programa de Saúde da Família, visando à promoção, proteção e reabilitação dos indivíduos em seu ambiente familiar, observando o cotidiano e o ser humano como um todo, além das condições físicas e financeiras para o acesso ao serviço fisioterapêutico. Nota-se a carência de fisioterapeutas na rede pública de saúde, e deficiência de conhecimento científico nesta, fomentando novos estudos nessa vivência. É a partir disso que se enfatiza o trabalho fisioterapêutico e se capacita o profissional para novas experiências no âmbito interdisciplinar.

OBJETIVOS Objetivo geral Demonstrar a necessidade da intervenção fisioterapêutica na Unidade de Saúde São Pedro na cidade de Lages-SC. Objetivos específicosTraçar o perfil socioeconômico da população estudada. Identificar as principais alterações funcionais (ortopédicas, neurológicas e outras) na população da área de abrangência da Unidade de Saúde São Pedro na cidade de Lages-SC. Conhecer o entendimento da população estudada, sobre fisioterapia. MetodologiaBuscando responder aos objetivos desta pesquisa e às questões levantadas em relação à assistência fisioterapêutica na Unidade de Saúde São Pedro na cidade de Lages-SC, optou-se pelo desenvolvimento de um método de pesquisa descritivo, de caráter exploratório, com abordagem quantitativa.Após realização de estudo de referencial bibliográfico sobre programas de saúde da família e fisioterapia, entrou-se em contato com a Secretaria Municipal de Saúde e a autoridade sanitária local da unidade de saúde para autorização da pesquisa.

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Realizou-se a pesquisa na área de abrangência da Unidade de Saúde São Pedro. Foram colhidas informações sobre os serviços prestados, a equipe integrante e a população estudada. Após a coleta desses dados, elaborou-se um questionário para ser aplicado à população da área de abrangência da Unidade de Saúde supracitada. O questionário (anexo um), composto por um roteiro de perguntas referentes aos objetivos da presente pesquisa, foi aplicado a 131 usuários representando suas famílias, escolhidos aleatoriamente, através de visita domiciliar acompanhada do agente comunitário de saúde da área. Teve por finalidade analisar o perfil socioeconômico da população estudada, levando em consideração o modo de vida familiar e da comunidade; conhecer as condições de locomoção e as possibilidades de custear um tratamento fisioterapêutico; detectar as principais alterações funcionais existentes (problemas na coluna, no joelho, ombro, problemas neurológicos e outras disfunções); além de obter dados sobre o conhecimento, a opinião, a necessidade e o interesse dos entrevistados quanto ao serviço fisioterapêutico. Após a coleta dos dados, as informações foram agrupadas, analisadas, tabuladas e discutidas para responder aos objetivos

propostos na pesquisa.

Análise e discussão dos resultadosOs resultados obtidos junto à Unidade de Saúde São Pedro do município de Lages, quanto ao perfil socioeconômico da população estudada, apresentam um diagnóstico da pesquisa frente à população. Esse perfil reflete a situação social e as representações a respeito da saúde e sua perda, revelando também uma pluralidade de concepções e explicações, que seguem a partir da cultura e da sociedade em que o indivíduo vive.O grupo de pessoas estudado possui características socioculturais e econômicas comuns aos estratos urbanos de pouca escolaridade, carentes de informações e com rendimento modesto. As questões levantadas através dos questionários apresentam situações vivenciadas pelos usuários, suas relações com a saúde e suas concepções a respeito dos sintomas das doenças.A Unidade de Saúde estudada apresenta um universo de 1 226 famílias atendidas pelo Programa Saúde da Família, com abrangência dos seguintes bairros: São Pedro, Gralha Azul, Morro do Posto e Vila Comboni. Foram aplicados 131 questionários a famílias escolhidas aleatoriamente, cujas respostas demonstraram o modo de

vida familiar e comunitário, as condições de locomoção, as possibilidades de custear um tratamento fisioterapêutico, as principais alterações funcionais existentes e o conhecimento sobre o serviço fisioterapêutico.Os resultados são apresentados a seguir, em gráficos que identificam o perfil das famílias estudadas e seu modo de vida.Os dados coletados transcrevem informações referentes a todos os membros das 131 famílias entrevistadas, residentes no local, ou seja, representam a situação da saúde de 502 pessoas. A média de moradores em cada residência é de 3,8 pessoas por família. Deste total, 161 crianças (0 a 14 anos) e 51 idosos (acima de 65 anos). Das 502 pessoas, somente 204 possuem remuneração proveniente de atividade profissional ativa, inativa e auxílio de entidade governamental. Isso significa que, excluindo o número de crianças do total, há ainda 137 pessoas sem remuneração numa dessas formas de renda – são estudantes, pessoas que trabalham informalmente, etc.

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Gráfico 1 – Porcentagem e estratificação da remuneração

Analisando esse gráfico, verifica-se que 45% das famílias recebem remuneração abaixo de R$ 400,00, sendo que esse valor representa a soma dos rendimentos dos membros da casa e é distribuído para todas as despesas da família. Isso demonstra as dificuldades sociais enfrentadas por essa população – nem todos têm casa ou carro próprio, e, até mesmo, há inúmeras dificuldades quanto às condições básicas para sobrevivência, como saneamento básico e alimentação. Então, como falar da possibilidade dessa parcela populacional custear algum tratamento em saúde? Ou, como ter acesso ao serviço de fisioterapia se este despende presenças constantes do usuário ao serviço? Como reduzir os custos de transporte para esse tratamento? Não seria aconselhável facilitar o acesso a esse serviço disponibilizando um profissional dessa área na própria Unidade de Saúde?

Gráfico 2 – Porcentagem do total de disfunções

Gráfico 3 – Porcentagem das disfunções osteomioarticulares questionadas

Sabe-se que o fisioterapeuta é o profissional de saúde habilitado a atuar em disfunções orgânico-funcionais, tendo papel crucial na sua prevenção e no seu tratamento. Por meio do questionário aplicado, verificou-se que pelo menos um dos membros da família apresentava quadro clínico compatível com alguma disfunção, nem sempre diagnosticado pelo médico, sendo que a mesma pessoa podia apresentar mais que uma disfunção. No total das famílias pesquisadas, evidenciam-se as disfunções osteomioarticulares, representando aproximadamente 58% (gráfico dois) – destes, 61% (gráfico três) apresentam disfunção em coluna, sugerindo ação fisioterapêutica preventiva,

tanto individual quanto coletiva, com orientação postural e ergonômica nas atividades da vida diária, de acordo com o contexto profissional e social em que essas famílias estão inseridas.Gráfico 4 – Porcentagem das disfunções neurológicas questionadas

A ação do fisioterapeuta nas disfunções neurológicas visa a melhorar as atividades funcionais do indivíduo, possibilitando maior grau de independência, e busca reinseri-lo na sociedade e na vida profissional. Patologias como doença de Parkinson (incidência de 17,6% na população estudada, demonstrado no gráfico quatro), paralisia cerebral (17,6%) e sequela de acidente vascular cerebral (11,8%) requerem intervenção fisioterapêutica adequada em busca desses objetivos.

A depressão muitas vezes está associada a doenças neurológicas – um sinal, uma consequência da patologia primária ou a própria doença –, restringindo o indivíduo de seu convívio social. A atuação do fisioterapeuta tem-se demonstrado importante no combate à depressão, por intermédio de grupos de atividades físicas que promovem benefícios mentais, físicos e

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sociais, melhorando a qualidade de vida desses indivíduos.

Gráfico 5 – Porcentagem de outras disfunções estudadas

Em relação às outras disfunções pesquisadas, o gráfico demonstra que 59% da população apresenta hipertensão arterial sistêmica e 17% diabetes, exigindo um controle efetivo. Além do tratamento farmacológico, há necessidade de medidas de controle e preventivas, incluindo acompanhamento nutricional, psicológico e fisioterapêutico, por meio da prática de exercícios físicos regulares supervisionados. A adoção dessas medidas diminui os índices de morbimortalidade acarretada por essas doenças.

Gráfico 6 – Porcentagem de pessoas que já fizeram fisioterapia

Gráfico 7 – Motivo de não ter realizado fisioterapia

Das famílias entrevistadas, 61% (gráfico seis) da população nunca fizeram fisioterapia. Destas, aproximadamente 89% (gráfico sete) não realizaram fisioterapia por não terem recebido prescrição médica. Isso ocorreu pela não procura por tratamento da sua disfunção, pela automedicação ou pela falta de encaminhamento fisioterapêutico pelo médico responsável.

Dos 11,3% que necessitavam de atendimento fisioterapêutico, possuindo prescrição médica, 7% não tiveram interesse e aproximadamente 4% (gráfico sete) não tiveram acesso ao serviço pela condição financeira reduzida, limitação física ou por não possuírem meio de locomoção (58% não possuem carro próprio). Apesar da área de abrangência da Unidade de Saúde ser localizada próxima ao serviço fisioterapêutico conveniado ao Sistema Único de Saúde, há barreiras arquitetônicas (terrenos acidentados) que dificultam o acesso.

Gráfico 8 – Local de realização da fisioterapia

Gráfico 9 – Porcentagem de pessoas que gostariam de receber atendimento fisioterapêutico em casa

Do número total de pessoas que fizeram fisioterapia (39% dos entrevistados), 84% receberam atendimento em clínica, 10% em hospital e 6% em domicílio (gráfico oito). O atendimento na clínica depende de deslocamento, repetidas vezes, exigindo esforço físico e gasto com transporte. O atendimento domiciliar facilita o acesso a esse tipo de serviço, porém não é oferecido pelo SUS no município. A maioria das pessoas, 94% (gráfico nove), preferiria receber atendimento em casa.

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Gráfico 10 – Porcentagem de pessoas que pagaram pelo atendimento fisioterapêutico

Gráfico 11 – Porcentagem de pessoas que gostariam de ter realizado fisioterapia

Apenas 8% (gráfico 10) procuraram atendimento particular (pela dificuldade ao acesso do serviço conveniado ou por motivos particulares) e 92% receberam atendimento pelo SUS, demonstrando que este, nessa população, é responsável pela maior parte do custeio do serviço.

Da população estudada, 80% conhecem de forma superficial o serviço de fisioterapia e 88% (gráfico 11) gostariam de realizar fisioterapia se houvesse necessidade – em seu entendimento demonstram que acreditam no sucesso e na evolução favorável com o tratamento fisioterapêutico.

Considerações finais Os dados mostram que a população estudada tem bom nível de entendimento quanto à fisioterapia e apresenta interesse em ser assistida pelo fisioterapeuta. Dentre as pessoas que necessitavam de fisioterapia, a maioria foi atendida pelo sistema de saúde conveniado, demonstrando a efetividade do SUS; outras não receberam atendimento, pois não tinham condições de acesso.

Os resultados obtidos nesta pesquisa revelam a necessidade de uma atuação em saúde preventiva individualizada ou em grupo, visando ao controle efetivo das doenças apresentadas. O grande número de casos de hipertensão, diabetes e disfunções osteomioarticulares, a exemplo dos problemas de coluna, sugere a conveniência de orientação postural e ergonômica à população. Confirma-se, com isso, a importância da inserção da fisioterapia nos serviços de atenção primária à saúde, bem como da construção interdisciplinar de atuação, voltada a ações de prevenção e proteção a questões relativas à saúde do cidadão. Tendo em vista esse novo modelo assistencial, cuja lógica é de priorizar a atenção primária, pressupõe-se a implementação de um profissional na equipe do Programa e a necessidade de conhecimento e pesquisas na área.

Collares e Moysés apud Barros (2002) afirmam que cabe aos profissionais de saúde o desafio de redirecionar sua própria

prática a fim de participar da construção de uma sociedade fundada efetivamente nos princípios da igualdade entre todos, da cidadania – o desafio de participar da construção de instituições sociais que se proponham a enfrentar os problemas, rompendo com a cultura de apenas resolver os conflitos sociais que decorrem dos problemas reais.

Considerando o papel social do fisioterapeuta nas diversas áreas de atuação, experiência vivenciada nesta pesquisa, é de suma importância sua presença em equipes interdisciplinares, intervindo no processo de saúde coletiva e na promoção do ser humano.

Anexo

Questionário realizado na Unidade Sanitária São Pedro, na cidade de Lages - SC

1. Quantas pessoas moram na casa?

2. Quantas crianças?

3. Quantos idosos? 4. Quantas pessoas têm remuneração? 5. Valor da remuneração mensal?

( ) Até R$ 240,00

( ) De R$ 241,00 a R$ 400,00

( ) De R$ 401,00 a R$ 700,00

( ) Mais de R$ 700,00

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32 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010

6. Moram em casa própria? ( ) Sim ( ) Não

7. Possuem carro? ( ) Sim ( ) Não

8. Quantas pessoas apresentam disfunções osteomioarticulares (dor nas costas, dor nos joelhos, dor nos ombros etc). Quais?

9. Quantas pessoas apresentam disfunções neurológicas (paralisia cerebral, AVC, plegias etc.). Quais?

10. Existem outras disfunções (diabetes, HAS, enfisema pulmonar, pneumonia, traumas etc.). Quais?

11. Sabe o que significa fisioterapia? ( ) sim ( ) não

12. Já fez fisioterapia? ( ) Sim ( ) Não (segue na pergunta 14)

13. Onde foi realizada a fisioterapia? ( ) Clínica ( ) Hospital ( ) Domicílio

14. Pagou pelo atendimento fisioterapêutico? ( ) Sim ( ) Não

15. Qual o motivo de não ter feito fisioterapia? ( ) Não foi prescrito pelo médico.

( ) Não teve acesso ao serviço (por quê?). ( ) Não houve interesse.

16. Gostaria de ter feito fisioterapia? ( ) Sim ( ) Não

17. Gostaria de receber esse atendimento em casa? ( ) Sim ( ) Não

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ResumoAtrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, de etiologia desconhecida, que compromete basicamente as articulações, de forma generalizada, simétrica, aditiva e habitualmente evolutiva. Essa afecção apresenta no quadro clínico, entre outros fatores, dor e funcionalidade alterada. O laser de baixa intensidade (LBI) vem sendo estudado desde os anos 70 quanto aos efeitos terapêuticos. A literatura sugere que ele apresenta efeitos analgésicos e anti-inflamatórios. Alguns estudos feitos em laboratório e em animais mostram que o LBI contribuiu para o tratamento de artropatias inflamatórias, porém estudos em humanos com AR apresentam resultados controversos. A grande parte dos autores pesquisados afirma que mais estudos controlados randomizados duplo-cegos devam ser feitos para comprovar a eficácia do LBI na AR

AbstractRheumatoid arthritis (RA) is a chronic inflammatory disease of unknown etiology

that basically compromises the joints in a generalized, symmetrical, additive and usually progressive manner. This clinical condition includes pain and altered functionality. Low-level laser therapy (LLLT) has been studied since the 1970s with regard to its therapeutic effects. The literature suggests that it offers analgesic as well as anti-inflammatory benefits. A number of studies carried out in the laboratory and on animals have shown that LLLT contributes toward the treatment of inflammatory joint disease. However, studies on humans with RA have yielded controversial results. A large part of the authors researched state that further randomized double-blind controlled studies should be carried out to prove the effectiveness of LLLT on RA.Há uma grande variedade no que se refere à indicação dos meios físicos para as doenças musculoesqueléticas, assim como muitas controvérsias nos resultados dessas aplicações1,2,3.Nicholas4 (1994) realizou uma revisão da literatura sobre modalidades físicas em reabilitação reumatológica no período de 1956 até 1992. Concluiu que o uso de meios físicos é menos frequente quando comparado a procedimentos médicos

e cirúrgicos e que algumas modalidades físicas parecem ser eficazes, como a neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS) em artrite reumatoide (AR) e osteoartrose (OA), porém sugerem que mais estudos controlados randomizados (ECRs) devam ser feitos a respeito do assunto, já que muitos profissionais usam esses recursos na prática diária.Poucos ECRs são encontrados na literatura sobre tal assunto. As opiniões dos especialistas não são divulgadas com frequência. Rush et al2 (1994) realizaram um estudo para detectar a opinião de cem especialistas em reabilitação (fisiatras) e cem reumatologistas sobre 11 modalidades físicas frequentemente usadas em doenças musculoesqueléticas. As condições incluídas foram: artrite aguda, rigidez articular, cervicalgia, lombalgia, tendinite, algoneurodistrofia e ombro congelado. A aplicação de todos os meios físicos pesquisados foi controversa na opinião dos especialistas. Os mais usados foram o gelo, o ultrassom e o TENS. O laser também foi citado para o tratamento dessas afecções.Baxter et al5 (1991) fizeram um estudo mostrando que 54,2% dos 397 fisioterapeutas entrevistados usavam o laser como método analgésico e

Laser de baixa intensidade e artrite reumatoideThe low power laser and rheumatoid arthritis

Sandra Mara Meireles Adolph

Doutora em Ciências; professora da Faculdade Dom Bosco.

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anti-inflamatório.Walker6 (1983) selecionou 36 pacientes com dor crônica e realizou um estudo duplo-cego com laser HeNe. As doenças apresentadas eram neuralgia do trigêmeo, neuralgia pós-herpes, OA, ciática e neuropatia diabética. Vinte e seis pacientes fizeram parte do grupo experimental (GE) e dez do grupo-controle (GC). Após 30 aplicações, 19 dos 26 pacientes do GE relataram alívio da dor (foi usada uma escala de dor para a avaliação). Seis meses depois, 15 dos 19 pacientes continuavam sem dor. Segundo esse autor, seu trabalho foi o primeiro estudo controlado sobre LBI e analgesia.Beckerman et al7 (1992) estudaram a eficácia da laserterapia nas doenças musculoesqueléticas e desordens da pele por meio de uma revisão sistemática, reunindo trabalhos controlados, randomizados, que se referiam a duas perguntas: “A laserterapia é melhor que o placebo?”; “A laserterapia é mais efetiva que outros tratamentos?” Apenas sete estudos foram considerados bons e todos se referiam à laserterapia para doenças musculoesqueléticas; em cinco deles, o resultado foi a favor do laser. Em quatro estudos dos sete, o tipo de laser usado foi o HeNe, conforme citado, mais usado para desordens da pele e com pouco poder de penetração. A dosagem utilizada variou entre os estudos. Os autores

concluíram que a literatura sugere a eficácia dessa terapia, principalmente nas doenças musculoesqueléticas, porém os estudos encontrados apresentaram baixa qualidade metodológica.O LBI tem sido aplicado nas doenças musculoesqueléticas desde os anos 1970. Mester et al8 (1985) realizaram uma revisão desses estudos e verificaram que os benefícios do LBI são muito questionados pelos pesquisadores, por dois principais fatores: o primeiro é não haver, ainda, evidência científica de que a luz do laser penetre em estruturas profundas em intensidade e comprimento de ondas sugeridos; o segundo fator é a qualidade inadequada dos artigos publicados a esse respeito.AR é uma das mais importantes doenças reumáticas, por suas características epidemiológicas e clínicas. É uma moléstia inflamatória crônica, comprometendo basicamente as articulações, de forma generalizada, simétrica, aditiva e habitualmente evolutiva. É uma doença autoimune de etiologia desconhecida, que pode acometer outros órgãos e sistemas. Os primeiros eventos da AR são lesões microvasculares, edema de tecidos e proliferação das células sinoviais. O processo continua com destruição de cartilagem articular, ligamentos, tendões e osso.

Ocorre um espessamento edematoso inflamatório inespecífico da sinóvia (pannus), que tem grande poder destrutivo e invasivo na articulação. O curso clínico da AR é muito variável, desde doença leve atingindo poucas articulações, até a poliartrite rapidamente destrutiva e progressiva. A AR pode afetar qualquer articulação diartrodial. Acometem mais comumente as pequenas articulações de mãos, radiocarpais, joelhos e pés9,10.Encontram-se na literatura estudos laboratoriais em animais, a favor da terapia por LBI na inflamação articular. Poucos estudos clínicos, no entanto, demonstram a indicação do uso do laser na AR.No que se refere a estudos laboratoriais, a avaliação histológica da membrana sinovial reumatoide, após irradiação com LBI, mostra que estão presentes mudanças no processo inflamatório e que danos da membrana sinovial podem ser revertidos. A exposição a esse método terapêutico tem revelado aumento da síntese de proteína nas células sinoviais reumatoides, normalização da permeabilidade da membrana sinovial, aumento da microcirculação regional11.Estudos in vitro demonstraram que a mudança no metabolismo das culturas celulares indica a possibilidade de um efeito

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imunomodulador do LBI12. A estimulação dos macrófagos, junto com a excitação de células sinoviais inflamadas, induzida pelo laser, podem resultar na remoção de imunocomplexos13.Young et al14 (1989) realizaram estudo in vitro com LBI, analisando seu efeito nos macrófagos. As células foram expostas à irradiação laser de 660 nm, 820nm, 870 nm e 880 nm. Os resultados indicaram que essa irradiação pode modificar sua habilidade de afetar a proliferação dos fibroblastos.Amano et al15 (1994) estudaram a histologia da membrana sinovial, previamente tratada com LBI, de pacientes com AR. Irradiaram, com LBI AsGaAl de 790 nm e 10 mW de potência, joelhos de pacientes que passariam por cirurgia. Durante o procedimento cirúrgico, retiraram amostras irradiadas e não irradiadas de membrana sinovial. O tratamento foi feito por seis dias antes da cirurgia. Resultados encontrados: 1 – achatamento, afrouxamento intercelular e picnose (degeneração do núcleo celular) das células epiteliais; 2 – diminuição da proliferação do vilo sinovial; 3 – compactação do estroma; 4 - espessamento da parede dos vasos sanguíneos e estreitameno dos lumens; 5 - diminuição da infiltração de células inflamatórias e folículos linfoides. Os avaliadores das amostras foram cegos e esses autores

concluíram que houve diferença estatisticamente significante entre as análises das membranas sinoviais, sugerindo que essa terapia tem efeitos anti-inflamatórios.Barberis et al16 (1996) analisaram a síntese de prostaglandina E2 (PGE2) in vitro em 12 amostras (por biópsia) de tecido sinovial de joelhos afetados pela AR. Os joelhos tinham sido irradiados com LBI do tipo HeNe de 632,8 nm e 5 mW de potência. Esses autores concluíram que houve a redução da síntese de PGE2 e que esse fato poderia estar associado à possível redução da dor nesses pacientes.Bjordal et al17 (2003) também comentam que estudos in vitro têm demonstrado diminuição da inflamação mediante redução da síntese de prostaglandinas em culturas celulares irradiadas com LBI.Alguns autores descrevem também estudos feitos em animais. Schultz et al18 (1985) notaram que a cartilagem de porco, quando exposta ao LBI, inicia o processo de regeneração articular apenas quatro semanas depois da irradiação. Inferiram que o controle do mecanismo mitótico está envolvido.O LBI aumentou proteoglicanos da cartilagem, colágeno, proteínas não colágenas e síntese do ácido desoxirribonucleico (DNA) em estudos animais19.Honmura et al20 (1992) estudaram o efeito anti-

inflamatório do LBI em ratos. A inflamação foi induzida por carragenina e os ratos foram tratados com LBI AsGaAl de 780 nm ou indometacina. Os resultados indicaram que os ratos tratados com LBI tiveram melhores resultados que os tratados com medicamento. Esses autores relataram que, em menos de dez minutos, a inflamação diminuiu de 20 a 30%.Ulugöl et al21 (1997) realizaram estudo em ratos com o objetivo de comprovar a ação anti-inflamatória do LBI. Induziram a inflamação em 40 patas de animais e dividiram as cobaias em quatro grupos: GC (sem tratamento), utilizou tenoxicam, usou LBI e foi tratado com LBI e tenoxicam. Os ratos foram tratados por dez dias e o LBI usado foi o HeNe com 4 mW de potência. Esses autores concluíram ter havido redução significante do edema nos três grupos experimentais, comparativamente ao controle, e que o melhor resultado ocorreu no grupo tratado com LBI e tenoxicam. Os autores sugerem que o LBI pode auxiliar em tratamentos anti-inflamatórios.Usuba et al22 (1998) realizaram estudo em ratos com o objetivo de comparar o efeito do LBI com o tratamento num turbilhão para a diminuição de rigidez articular. Vinte e oito ratos foram operados e foi feita uma sutura subcutânea femorotibial, mantendo o joelho a 150 graus. Após

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uma semana, os ratos foram divididos em quatro grupos e tratados com LBI de 810 nm em potência 40 mW, com LBI em potência 60 mW, com turbilhão e um GC sem tratamento. No turbilhão, os ratos nadavam em água quente por sete minutos. O LBI não teve resultados superiores aos exercícios em água quente, no entanto melhores, se comparados ao grupo sem tratamento.Guerino et al23 (2000) aplicaram LBI em 19 cobaias e constataram melhora do processo de reparo da cartilagem lesada com redução das células inflamatórias e danos teciduais.Castano et al24 (2007) fizeram um experimento em joelhos de ratos para verificar a eficácia do LBI na inflamação induzida. O laser usado foi de 810 nm. Esses autores testaram vários tempos de aplicação do laser e concluíram que tempos maiores e menores diminuíram a circunferência dos joelhos tratados; tempos maiores (doses maiores) foram mais eficazes.Alguns estudos também foram feitos em humanos. Minor et al25 (1999) publicaram um artigo de revisão, discutindo as principais modalidades físicas para reduzir a dor na artrite e referiram que os estudos sobre laser são feitos principalmente em AR e OA, geralmente nas mãos e com resultados controversos.

Brosseau et al26 (2005) relatam que a terapia com LBI foi introduzida, como tratamento não invasivo da AR, há mais de dez anos, porém sua efetividade continua duvidosa.Bliddal et al27 (1987) analisaram 17 pacientes com AR, visando a comprovar a eficácia do LBI nas mãos afetadas. A dor melhorou em ambas as mãos, sem diferença estatisticamente significante. Os autores concluíram que, apesar de os pacientes terem referido algum alívio na dor, o LBI não é eficaz para a AR.Walker et al28 (1987) avaliaram 72 pacientes com AR para verificar a eficácia do LBI nessa doença. Os pacientes tiveram alívio na dor no GE, com diferença estatisticamente significante, quando comparados ao GC; daí a conclusão dos autores de que o LBI auxilia no tratamento da AR.Palmgren et al13 (1989) estudaram 35 pacientes apresentando metacarpofalângicas (MCFs) e interfalângicas proximais (IFPs) afetadas por AR, para provar a eficácia do LBI. No grupo laser, a força e a flexibilidade melhoraram; o inchaço, a rigidez matinal e a dor diminuíram. Os autores concluíram que o LBI é um tratamento eficaz para pacientes com AR nas mãos.Heussler et al29 (1993) analisaram 28 pacientes com comprometimento de MCFs e IFPs em fase ativa da AR tratados com LBI

ou placebo. A maioria dos pacientes reportou alívio na dor, mas não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos placebo e laser.Gam et al30 (1993) realizaram um levantamento bibliográfico sobre laser nas doenças musculoesqueléticas. Os resultados apontaram 23 estudos, dentre os quais, dois eram sobre OA e cinco, sobre AR. Os autores detectaram diversas falhas metodológicas nesses estudos, porém, em 95% deles, havia um índice para medir dor, tendo a maioria indicado que a terapia com laser não diminuiu a dor desses pacientes. Os autores confirmam a controvérsia sobre o assunto.Hall et al31 (1994) analisaram 40 pacientes com AR classe funcional de Steinbrocker II e III, que apresentavam acometimento de MCFs ou IFPs em fase ativa (sinovite aguda). Os autores queriam provar a eficácia do LBI nesses pacientes. O laser usado foi o AsGaAl. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos experimental e controle.Johannsen et al32 (1994) avaliaram 22 pacientes com AR, que foram randomizados em dois grupos: laser e laser placebo. O estudo mostrou que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Os autores inferiram que a terapia com o LBI não é indicada para o tratamento de pacientes com

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010 37

AR nas mãos.Goats et al33 (1996) estudaram 35 pacientes com AR e articulações dos membros inferiores afetadas, com o objetivo de testar a eficácia do LBI. O estudo foi randomizado, controlado e duplo-cego. Para essas articulações, os autores concluem que o LBI não foi eficaz.Ottawa Panel34 (2004) publicou um guideline sobre meios físicos em AR. No que diz respeito ao LBI, encontraram cinco trabalhos controlados randomizados. A recomendação clínica foi que o laser pode ser aplicado em joelho, pé e mão, no caso de AR, para diminuir a dor. Os resultados do guideline foram encaminhados a cinco especialistas – dois concordaram com a recomendação, um não concordou e dois não responderam. Os autores sugerem que esse resultado está de acordo com revisões sistemáticas prévias e estudos sobre fisiologia humana e animal.Ottawa Panel34 (2004) também comentou que o laser é uma intervenção rápida e modelos portáteis disponíveis oferecem vantagens. Sugere que mais estudos devam ser feitos para determinar comprimento de onda, dosagem, técnica de aplicação, durações otimizadas para essa intervenção e também para identificar resultados a longo prazo em pacientes com AR.Brosseau et al26 (2005)

realizaram uma revisão sistemática para avaliar a eficácia da terapia por LBI em pacientes com AR, principalmente no que se refere à dor. Secundariamente eles queriam determinar a maior efetividade e administração do LBI, incluindo melhores dosagens, comprimentos de onda, técnica de aplicação e tempo de tratamento. Cento e noventa e um estudos foram selecionados e apenas seis preencheram os critérios de inclusão nesse estudo. A revisão mostrou diferenças estatisticamente significantes na dor (70% menor no GE), para flexibilidade dos dedos e rigidez matinal (27 minutos a menos no GE). Tal estudo sugere que a terapia por LBI, a curto prazo, minimiza a dor nos pacientes com AR e diminui a rigidez matinal; nenhum efeito colateral foi citado. Os autores relatam que, apesar da indicação do uso do LBI, os dados do estudo não são consistentes para conclusões sólidas.Christie et al35 (2007) apresentaram uma panorâmica das revisões sistemáticas sobre intervenções não medicamentosas em pacientes com AR. Entre outros achados, o LBI foi apontado como tratamento de qualidade de evidência moderada para essa doença.Apesar de a literatura científica ser limitada em quantidade e evidências de boa qualidade, existe a recomendação para o

uso do laser. A principal dificuldade em determinar a efetividade das intervenções em reabilitação é a falta de ECRs prospectivos bem-desenhados, com métodos mais rigorosos, como grupo placebo, duplos-cegos, randomização, grupos homogêneos e adequado tamanho de amostra.A maioria dos autores pesquisados afirmou que mais ECRs devem ser feitos para comprovar a eficácia do LBI na AR.

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Valor do fi sioterapeuta

Não há uma concordância entre as pessoas sobre o que acontece conosco quando sobrevém a morte física. Alguns acreditam que iremos para um lugar onde viveremos por toda a eternidade. Outros creem que reencarnaremos sucessivamente. Há ainda os que achem que, depois que o cérebro para, tudo acaba. Independentemente das crenças de cada um, há consenso de que tudo que fazemos e expressamos enquanto estamos aqui é feito e expresso através do corpo.

E é aí que reside a importância e a beleza do trabalho que escolhemos.

Que com o passar dos anos possamos confi rmar essa importância e essa beleza nas consequências da realização de nossas atividades.

Nos olhos e no coração aliviados de quem ama o ser sobre o qual derramaremos nosso trabalho.

No sorriso sereno de quem já não sente mais tanta dor.

No suspiro tranquilo de quem agora pode respirar um pouco mais profundamente dada a falta que sabemos que nos faz o ar.

Na segurança daqueles que não podem nos guardar na memória por ainda serem jovens demais.

Na garantia de acesso àqueles aos quais os

movimentos do corpo não mais acompanham o desejo de fazer.

Na dignidade daquele que não precisa mais de ajuda para comer ou se vestir.

No planejamento e na educação relacionados aos locais de trabalho, para que, após algumas décadas, trabalhadores saudáveis possam contar a seus fi lhos e netos como gastaram seu tempo sem gastar o corpo.

Nos ossos, nos músculos e no coração treinados dos atletas que levam o corpo a limites extremos e que nos lembram, a todo o tempo, de como nos colocamos aquém de nossos limites reais.

No respeito e na confi ança de nossos conhecidos, que refl etirão nossa competência, ética pessoal e coragem, que nos darão força em momentos quando, impelidos pela verdade, formos obrigados a olhar nos olhos de quem sofre para dizer “Eu não sei por onde”. E nesses momentos que nos secam a garganta, que o amor e a compaixão, refl exos de nossa maturidade pessoal, sejam nossas principais referências.

Que possamos ver um conhecimento que batalhamos por adquirir, desenvolver e consolidar multiplicado por cem na mente e nas mãos de nossos alunos e por dez mil na mente e nas mãos dos alunos deles.

Que possamos ver nosso trabalho na coluna ereta e nos atos justos dos bons

líderes dos quais este país e este mundo tanto precisam.

E peço que, ao cabo de vários anos, sejamos capazes de olhar para trás e perceber que iluminamos uma sociedade que precisava tanto da luz de algumas pessoas, como é o caso da sociedade em que vivemos hoje. E que neste ponto continuemos trabalhando, agora não mais por precisar, mas sim por querer e por poder.

Pois nós podemos muito.

Esse é o mínimo de que o mundo precisa, o mínimo que espero de cada um de nós, o mínimo que devemos valer.

Não me desapontem.

E que Deus nos ajude!

Tenho dito.

Seção do acadêmicoSeção do acadêmico

Daniel Alberton Batista

Acadêmico do 5º período do curso de Fisioterapia

Atividade desenvolvida na disciplina de Epidemiologia e Saúde Coletiva

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2010 41

NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE ARTIGOS

A revista Fisioterapia em Evidência, editada pelo curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco, publica artigos originais e de revisão, relatos de caso, editoriais e cartas ao editor.Originais que não estiverem de acordo com as normas desse gênero serão devolvidos aos autores para adequação, antes de ter o conteúdo examinado. Os que se enquadrarem serão submetidos à apreciação de dois editores, garantindo-se o anonimato de autores e editores. Dependendo dos pareceres recebidos, os autores poderão ser solicitados a fazer ajustes, ainda sujeitos à aprovação. Uma vez aceito, o texto será submetido à edição, podendo haver novamente solicitação de ajustes formais.

Responsabilidade e ética

O conteúdo e as opiniões expressas serão de inteira responsabilidade dos autores. Artigos de pesquisa envolvendo sujeitos humanos devem indicar expressa aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da instituição responsável. Pesquisas referentes a animais precisam da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais.

Formato e conteúdo Os textos deverão ser digitados em Word 97-2003, em tamanho A4, com espaçamento de linhas duplo e fonte 12 tipo Times New Roman. Exige-se o formato ABNT em todo o texto.

Página de rosto – deve conter:

a) título do trabalho e sua versão para o inglês; b) nome completo dos autores com indicação da titulação acadêmica e inserção

institucional, nome do departamento, curso ou laboratório dessa instituição, acompanhada de endereço completo, incluindo cidade, estado e país; c) título condensado (máximo de 50 caracteres) – running title; d) endereços eletrônico e postal do autor principal;

e) indicação de órgão financiador de parte ou todo do projeto de estudo, se for o caso.

Resumo – deve permitir visão panorâmica do trabalho, conter no máximo 250 palavras e versão em inglês. Para os artigos originais, o resumo deve ser estruturado em objetivos, métodos, resultados e conclusões.

Unitermos ou palavras-chave – máximo de seis, relacionados após o resumo e o sumário. Como guia, consulte descritores em ciências da saúde (http://decs.bvs.br).

Estrutura do texto

• Editoriais – a convite do editor, sob tema específico, devem conter no máximo duas mil palavras.

• Artigos originais – devem conter estruturalmente as partes introdução, objetivos, métodos, resultados, discussão e conclusão. São contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita, passíveis de ser replicados e/ou generalizados. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora, conter o máximo de cinco mil palavras; tabelas e figuras não podem exceder a sete.

• Relato de caso – com a mesma estrutura dos artigos originais – no máximo mil e quinhentas palavras e três tabelas. Recomenda-se não citar iniciais do paciente • Artigos de revisão – compreende avaliações críticas e ordenadas da literatura sobre determinado assunto, devendo conter objetivo (por que a revisão da literatura foi realizada, indicando se ela enfatiza

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Campinas, 28-30 maio 1997. Anais. Campinas: Ed. Unicamp, 1997. p. 447-52.

AgradecimentosQuando pertinentes, dirigidos a pessoas ou instituições que contribuíram para a elaboração do trabalho, são apresentados ao final das referências.

Apresentação eletrônica da versão finalApós comunicação do aceite ao artigo, o autor deverá proceder a eventuais ajustes sugeridos pelos editores, no prazo de cinco semanas. Com a versão final editada, o editor poderá solicitar novos ajustes e esclarecimentos. Neste caso, o prazo será de duas semanas.

Enviar artigos para [email protected].

algum fator em especial), fonte de dados (critérios de seleção de artigos e métodos de extração e avaliação da qualidade das informações), síntese dos dados (principais resultados quantitativos e/ou qualitativos da pesquisa) e conclusões (com as respectivas aplicações). Incluem-se os procedimentos adotados e a delimitação do tema. A extensão limita-se a três mil palavras.

• Cartas ao editor – comentários, discussões e críticas a artigos publicados recentemente nesta revista, relatos de pesquisas originais ou achados científicos significativos. Extensão limítrofe de mil palavras.

Referências

As referências devem seguir o modelo da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). Veja exemplos:

DAHER, S.; MATTAR, R.; SASS, N. Doença hipertensiva específica da gravidez: aspectos imunológicos. In: Sass N, Camano L, Moron AF, editores. Hipertensão arterial e nefropatias na gravidez. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 45-56.

BLIDDAL, H.; HELLESEN, C.; DITLEVSEN, P.; ASSELBERGHS, J.; LYAGER, L. Soft-laser therapy of rheumatoid arthritis. Scand. J. Rheumatol. 1987. 16(4):225-8.

HERZOG NETO, G.; CURI, R.L.N. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico eletrônico]. 2003 [citado 2006 jul. 22];62(1):[cerca de 5 p.]. Disponível em: <www.sboportal.org.br>.FREIRE, M. Exercícios aeróbicos e lombalgia [dissertação]. São Paulo: Disciplina de Reumatologia Universidade Federal de São Paulo Unifesp, 2000.

SACCO, I.C.N.; COSTA, P.H.L.; DENADAI, R.C.; AMADIO, A.C. Avaliação biomecânica de parâmetros antropométricos e dinâmicos durante a marcha em crianças obesas. In: VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,

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