revista fale mais sobre isso | 17ª edição

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Janeiro: o mês que diz muito sobre nós pag. 22 Como se fosse uma lupa, Janeiro amplia e revela a condição em que se encontra o nosso psiquismo. O que você descobriu sobre si mesmo nesse mês? Campanha em prol da Saúde Mental também ganha força nas redes sociais pag. 38 Janeiro Branco E a criatividade a serviço de uma humanidade com mais Saúde Mental pag. 08 O Psicólogo a serviço da criatividade pag. 12 Agressividade no trânsito Por que algumas pessoas se tornam tão agressivas ao dirigir? edição 17 | 2015

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Uma Revista dedicada ao universo da Saúde e, em especial, da Saúde Mental.

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Page 1: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

Janeiro: o mês que diz muito sobre nós

pag. 22

Como se fosse uma lupa, Janeiro amplia e revela a condição em que se encontra o nosso psiquismo. O que você descobriu sobre si mesmo nesse mês?

Campanha em prol da Saúde Mental também ganha força nas redes sociais pag. 38

Janeiro Branco

E a criatividade a serviço de uma humanidade com mais Saúde Mentalpag. 08

O Psicólogo a serviço da criatividade

pag. 12

Agressividade no trânsitoPor que algumas pessoas se tornam tão agressivas ao dirigir?

edição 17 | 2015

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Vegetarianose veganos

Grãos e sementes

MAENATUREZA.COM.BR

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sumário

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Mais da Fale Mais Sobre Isso:

Coordenação e Revisão Técnica: Leonardo Abrahão - Psicólogo (CRP/04 36232)

Diagramação: Miguel Neto

Comercial: 34 9966.1835 | 9221.6622

Tiragem: 1.000 unidades

Impressão e Pré Impressão: Gráfica Brasil - Uberlândia/MG

Distribuição: Entrega gratuita e dirigida | Udia/MG

EXPEDIENTE

08

12 16

2218

Fontes

Saúde Mental | Comportamento

Saúde Mental

Saúde Ampliada

Capa

Consultório

05 Notícias, descobertas e contribuições da Internet

Passado o mês de Dezembro e a sua avalanche de congraçamentos e confraternizações, mergulhamos de corpo e alma no mês de Janeiro e nos seus questionamentos a respeito do que faremos no ano que se inicia. Se Dezembro foi um mês terapêutico por conta dos seus simbolismos ligados ao fechamento de ciclos, Janeiro não deixa por menos com os seus simbolismos relacionados à abertura de novos projetos e novas possibilidades em nossas vidas. Se você quer se conhecer melhor, avalie, profundamente, tanto os seus sentimentos quanto os seus pensamentos ao longo do primeiro mês do ano – eles dirão muito sobre você, suas condições, seus limites e potenciais para os demais meses. Quer saber mais sobre isso? Essa é a discussão na página 22 desta edição! Passe por lá e boa leitura!

08 O Psicólogo a serviço da criatividade

20 Transtornos Alimentares: até que ponto vamos pela vaidade?28 Pensamentos e Saúde Mental: existe mesmo essa relação?

38 Janeiro Branco | 2015

22 Janeiro - o mês que revela

26 Ciranda30 Cinema: Cisne Negro e a Psicologia Junguiana34 Psicologia: Diferentes áreas de atuação

40 Fotografia: Sem afeto não há solução

12 Por que nos tornamos tão agressivos no trânsito?

16 Portal (EN)CENA: Saúde Mental e Psicologia nas relações de trabalho36 Veja o que diz quem fez psicoterapia

18 Música e Terapia: uma relação de prazer e saúde

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Notícias, descobertas e contribuições da Internet

Transmissão psíquica pode desencadear anorexia nervosa

CANABIDIOL SAI DA LISTA DE SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS DA ANVISA

Fontes05

PESQUISA realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP sugere que a transmissão psíquica de mães para filhas pode ser um fator que desencadeia e mantêm o transtorno do comportamento alimentar, mais particularmente a anorexia nervosa (AN). O resultado foi obtido pela psicóloga Élide Dezoti Valdanha em estudo realizado com seis famílias de pacientes diagnosticados com AN em tratamento no Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (GRATA) do HCFMRP. De acordo com o estudo, o legado recebido inconscientemente da geração anterior tende a ser transmitido, não deixando espaço para que as mães criem seu próprio estilo de maternidade. Para a pesquisadora,

“o conhecimento das vinculações familiares inconscientes que permeiam a vida da pessoa com transtornos alimentares precisa ser disseminado entre os membros de equipe de saúde especializada no tratamento”. Segundo ela, esses programas precisam “incorporar no plano terapêutico de forma sistemática e contínua” a atenção integral às famílias. Do contrário, alerta, “não é possível avançar no tratamento sem incluir a família como recurso de enfrentamento.”

A psicóloga conta que trabalhou com três gerações de mulheres, avós, mães e filhas e que observou que os “padrões distorcidos” eram transmitidos na maneira com as mães exercem os cuidados maternos “cheios de conflitos e ambivalência

A CLASSIFICAÇÃO DO CANABIDIOL (CBD) mudou no Brasil. A substância não é mais considerada proscrita no país. Extraído da planta da maconha, o produto ajuda crianças com

doenças raras a ter melhoras de crises epiléticas. A decisão foi tomada no dia 14 de janeiro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em reunião com a diretoria.

Os pais das crianças que utilizam o produto comemoram. “Estou maravilhada com a decisão. É um passo enorme nessa caminhada. Esperamos que esses avanços não fiquem só no papel e que facilitem a importação para todos. O que queremos é isso, que as mudanças

aconteçam e que sejam praticadas”, diz a dona de casa Aline Barbosa, mãe de Maria Fernanda 2 anos 8 meses (foto), que sofre com crises epiléticas de difícil controle e precisa usar o CBD.

Produto, agora, poderá ser comercializado em território nacional

Fonte: Agência USP de Notícias

Fonte: farmacianews.com.br

afetiva”. Eram cuidados primordialmente associados aos afazeres domésticos (cozinhar, lavar, passar roupa) e “cuidados concretos com o lar” (além da limpeza, aspectos financeiros e administrativos). Élide observou que esses cuidados eram valorizados em detrimento do cuidado emocional.

Pouco cuidado afetivo entre mães e filhas; restrição na expressão de emoções, limitação nos diálogos e pouca contenção de angústias. “Avós e mães prestaram os cuidados tal como os receberam, sem consciência de que as filhas os percebem como invasões emocionais”. Outra observação feita por Élide é que muitas vezes as filhas “se sentiam desamparadas em suas necessidades afetivas mais significativas”.

Conteúdos psíquicos não elaborados, conta a psicóloga, são muitas vezes problemáticos e podem acarretar sofrimento no núcleo familiar e até comprometer o amadurecimento emocional dos filhos. Porém, lembra que “não se pode afirmar que as heranças transgeracionais causam diretamente os sintomas de transtornos alimentares”. É que eles são resultados de múltiplas causas. “É no elo entre o que foi transmitido das gerações anteriores e sua atualização nas vivências atuais de cada família que são criadas as condições possíveis à emergência do sintoma”. diz. O sofrimento mental resulta das relações das ressonâncias do passado (não elaborado) no presente.

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Terapia com laser contra a dor tem eficácia comprovada

O LASER TERAPÊUTICO, ou fototerapia com laser de baixa

intensidade, acaba de ser comprovado cientificamente como um tratamento eficaz para a dor. Estudo pioneiro do Instituto de Física (IF) da USP mapeou, pela primeira vez, a ação terapêutica do laser e descobriu que ele age bloqueando a troca de sinais elétricos entre os neurônios. Assim, consegue reduzir drasticamente a sensação da dor. “A eficácia do laser no tratamento da dor já havia sido observada clinicamente, mas nosso trabalho foi pioneiro no esclarecimento dos mecanismos de ação da modulação da dor devido à interação de luz laser com neurônios”, diz Marcelo Victor Pires de Sousa, um dos responsáveis pela pesquisa. O uso da fototerapia com laser é um complemento ao uso de medicamentos para dor, principalmente para a dor crônica, já que esses remédios podem perder o efeito depois de algum tempo de uso. “Não existe um processo adaptativo para as terapias físicas, o paciente não vai criar resistência a elas”, diz.

PesquisaPara entender a ação do laser

terapêutico contra a dor, foi estudada a

região do córtex somestésico primário de camundongos – área do cérebro em que todas as informações sobre dor, em humanos e em animais, são interpretadas. Para fins comparativos, essa região do cérebro está para a terapia com laser do mesmo modo que a orelha está para a acupuntura — ou seja, reúne pontos que têm reflexo em todo o corpo. Quando a terapia a laser é aplicada nessa área, ela pode tratar a dor em qualquer parte do corpo.

Ao aplicar feixes de laser nessa região do cérebro, o pesquisador do Instituto de Física descobriu, então, que ele agia bloqueando a transmissão de impulsos elétricos entre os neurônios, reduzindo a propagação da dor. “Essa é uma técnica que deveria ser difundida e muito usada, porque só traz benefícios ao paciente”, diz Sousa.

Os resultados mostram ainda que após a terapia com laser, a sensação da dor foi reduzida em quatro vezes e o efeito anestésico demorou seis horas para passar. Além disso, não foram identificados marcadores de inflamação e queimadura – o que indica ausência de efeitos colaterais.

A BOA NOTÍCIA vem de um estudo realizado na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, e mostrou que o sexo regular funciona como exercício cardiovascular, aumenta as chances de combater o câncer e diminui os sintomas da menopausa e da TPM. No Reino Unido, pesquisadores da Universidade do Queens, provaram que quem faz sexo pelo menos duas vezes por semana vive mais do que quem faz apenas uma vez por mês. Durante dez anos, os pesquisadores acompanharam mil homens que entraram na terceira idade e que tinham condições de saúde parecidas. Quem fez mais sexo, viveu duas vezes mais.

Médicos ressaltam que o sexo faz com que o organismo libere endorfina, um hormônio que traz relaxamento muscular e mental. Eles explicam que a pressão alta agride o cérebro e o coração e com o relaxamento das artérias, depois do sexo, a pressão cai e melhora o fluxo sanguíneo.

Já para minimizar os sintomas da menopausa e da TPM, os médicos sugerem que as pacientes usem antidepressivos que aumentam a serotonina e a adrenalina. Vale ressaltar que o sexo também proporciona esses benefícios.

Ainda que o período seja marcado pela falta de libido, os sintomas se apresentam de forma e com intensidade diferentes para cada mulher. Por isso, quem mantém o sexo pelo menos duas vezes na semana pode aproveitar dos benefícios que a prática trará para a qualidade de vida.

FONTES

Fonte: otempo.com.brFonte: Agência USP de Notícias

Técnica apresenta vários benefícios e ausência de efeitos colaterais

SEXO REGULAR FAZ BEM AO CORAÇÃO E AJUDA NO

COMBATE AO CÂNCER

06

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Falta de afeto entre mãe e filho pode levar à obesidade na adolescência, diz estudo

A RELAÇÃO ENTRE MÃE, bebê e alimentação começa logo na gestação e tem influência pelo resto da vida. Afinal, os genes e os hábitos alimentares da família vão ditar as preferências da criança. Mas sabia que afeto entre você e o seu filho também interfere na maneira como ele vai lidar com a comida na adolescência? Tal suspeita foi comprovada recentemente por um estudo publicado na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, nos Estados Unidos.

Segundo a pesquisa, crianças que tiveram uma relação pouco afetuosa com as mães têm duas vezes mais chances de se tornar obesas aos 15 anos. Os pesquisadores sugerem que isso acontece porque em situações de estresse, a criança aprende a substituir a figura materna pela comida.

No estudo, os especialistas acompanharam mil crianças, com idade entre 15 meses e 3 anos, e analisaram o nível de sensibilidade das mães. Isso foi obtido a partir da observação de atividades monitoradas por vídeo. Os cientistas avaliaram a sensibilidade materna como a capacidade da mãe em reconhecer e atender as necessidades do filho. Eles também observaram se as crianças encaravam as mães como uma base segura e confortável ou não.

Nos casos em que a mães não corresponderam aos anseios dos filhos, as crianças se mostraram mais propensas ao estresse e ao acúmulo de peso.

Para a brasileira Maria Emília Albuquerque, nutricionista infantil do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), a obesidade pode mesmo surgir nos casos em que a comida se torna um escape. "A criança nesse sentido funciona como os adultos, se ela está estressada ou triste vai procurar algo que lhe dê prazer e a comida é um caminho simples para isso", explica a especialista.

A nutricionista atenta também para os casos em que os pais trabalham demais ou exercem muitas atividades diariamente. Nessas situações, é comum a criança ganhar doces ou fast-food como espécie de recompensa pela ausência, o que pode se tornar um péssimo hábito para os pequenos. "Se funcionar como um prêmio, a criança vai estabelecer um vínculo errado com a comida", alerta.

De acordo com previsões da OMS (Organização Mundial da Saúde)

feitas no século passado, em 2030 o mal seria responsável por 9,8% do total de anos de vida saudável perdidos para doenças. Pois esse índice foi atingido em 2010.

E as perspectivas de melhora não são nem um pouco otimistas, segundo Kofi Annan, ex-secretário geral das Nações Unidas, que abriu o seminário "The Global Crisis of Depression" (A crise global da depressão), promovido pela revista britânica "The Economist" e realizado em Londres em novembro.

"A depressão atinge hoje quase 7% da população mundial –cerca de 400 milhões

de pessoas", apontou ele. "Incapacita os atingidos pela doença, coloca enorme peso em suas famílias e rouba da economia a energia e o talento das pessoas."

Segundo ele, em 2010 os custos diretos e indiretos da depressão eram estimados em US$ 800 bilhões (mais de R$ 2 trilhões) no mundo todo. "E, de acordo com as previsões, esse custo deve mais do que dobrar nos próximos 20 anos", alertou ele.

Um estudo apresentado no evento pelo diretor do Instituto de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Technische Universitaet de Dresden, Alemanha, Hans-Ulrich Wittchen, sustenta esse cálculo.

A pesquisa analisou dados de 30 países de 2001 a 2011 para medir o tamanho das doenças mentais no continente e seu custo.

"Os males da mente são os mais prejudiciais e limitantes entre todos os grupos de doenças", disse ele. "E a depressão, individualmente, é a mais incapacitante das doenças, há muitas implicações para as vidas das crianças e das famílias, pois há a transmissão de comportamentos depressivos para os filhos. Há dados que mostram que isso pode acontecer até mesmo na gravidez", afirmou, citando dados da OMS e os que sua pesquisa levantou.

FONTES

Fonte:revistacrescer.globo.com

Pesquisadores afirmam que bebês que tiveram relações pouco carinhosas com as mães têm duas vezes mais chances de se tornar obesos aos 15 anos

DEPRESSÃO JÁ É A DOENÇA MAIS INCAPACITANTE, AFIRMA A OMS

Fonte:folha.uol.com.br

07

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O Psicólogo a serviço da criatividade

Em uma humanidade cada vez mais caracterizada pela padronização e neurotização dos seus processos sociais e produtivos, os psicólogos são imprescindíveis ao resgate da capacidade humana de criar soluções e alternativas promotoras de Saúde Mental.

08 SAÚDE MENTAL | COMPORTAMENTO

TEXTO Leonardo AbrahãoPsicólogo | [email protected]

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

NÃO É PRECISO nos esforçarmos muito para perceber-mos que a dinâmica social dos dias em que vivemos não é voltada para o amadurecimento emocional e cognitivo dos indivíduos.

Ao invés de se preocupar com o desenvolvimento, o forta-lecimento e aprimoramento da capacidade humana de pro-duzir emoções e os mais variados sentimentos e raciocínios, a maneira como a nossa sociedade está organizada acaba por levar os indivíduos a viverem experimentando um uni-verso muito restrito dessas possibilidades.

Como uma pianista pouquíssimo criativa, a nossa socieda-de tem insistido em usar apenas algumas poucas teclas do extraordinário piano que é o ser humano, levando-o a ser extremamente pobre em seu repertório mental e comporta-mental quando, em verdade, poderia estimulá-lo a explorar esse repertório de maneira infinita – inclusive, por ser, ele mesmo, infinito por natureza. Infinito? Sim, infinito.

Veja bem: somente nos últimos dois mil anos, a humanida-de desenvolveu e experimentou uma variedade incalculável de ideologias comportamentais, de modalidades alimenta-res, vestuais, comunicativas e relacionais, assim como uma quantidade inumerável de crenças, organizações políticas e projetos existenciais. Portanto, a história da humanidade que se estende atrás de nós somente pode ser descrita como a história da criatividade dos homens – criatividade sempre eclética, versátil e inesgotável. Contudo, os tempos nos quais vivemos são os tempos em que a organização econômica da sociedade avança no sentido da difusão e da predominância dos pressupostos e objetivos do chamado modo de produ-ção capitalista – modo que, em essência, resume-se a um só sentido: a multiplicação do capital. Em sendo assim, há pelo menos 500 anos a infinidade de possibilidades criativas da humanidade tem sido, gradativa e insensivelmente, reduzida, apenas, às possibilidades convenientes ao insaciável processo de multiplicação do capital.

Como um imenso censor preocupado somente consigo mesmo, esse processo capitalista aceita e fomenta apenas os procedimentos humanos interessantes aos seus objeti-vos. Os desinteressantes, ou inconvenientes, são desenco-rajados, marginalizados ou proibidos, produzindo, por con-seqüência, uma humanidade cada vez mais uniformizada, reprimida e neurotizada.

Tanto a uniformização, quanto a repressão e a neurotização da criatividade humana podem ser facilmente atestadas por meio de uns poucos e inquestionáveis exemplos: por conta da indústria e da lógica capitalistas ligadas às empresas de formatura, as colações de grau e os bailes de formatura não têm sido todos iguais? Por conta da indústria e da lógica capitalistas ligadas às empresas de casamentos, as festas de casamento não têm sido todas iguais? E, por fim, por conta da indústria e da lógica capitalista ligadas às empresas de educação, às empresas de saúde ou às empresas de esporte,

escolas, unidades hospitalares ou academias esportivas não são todas iguais, com propostas, procedimentos, expecta-tivas e filosofias bastante semelhantes, senão iguais? Essa lista poderia ser extensamente ampliada, passando pelas indústrias cinematográfica, televisiva, fonográfica, literária e, até mesmo, religiosa.

Como dito anteriormente, o tempo em que vivemos é o tempo da padronização – uma padronização que, na ânsia de multiplicar capitais, facilita e prioriza a venda de pro-dutos e serviços e, por conseqüência, coisifica os homens, empobrece os seus espíritos e favorece o adoecimento dos seus sistemas psíquicos. E é justamente por isso, por viver-mos em um tempo cujo sistema social prioriza a ampliação de capitais em detrimento do desenvolvimento e amadure-cimento das potencialidades emocionais e cognitivas dos homens, que o Psicólogo, com as suas habilidades e compe-

tências, apresenta-se como um profissional de fundamen-tal importância na promoção da saúde mental das pessoas.

Em toda e qualquer instituição social em que as capaci-dades criativas e operativas dos homens possam ser favo-recidas e potencializadas – como escolas, hospitais, espa-ços públicos, centros comerciais, empresas e comunidades, psicólogos podem atuar como agentes promotores daquilo que os seres humanos possuem de melhor e mais espe-cífico da espécie – a criatividade aliada à sensibilidade. Potencializando e favorecendo o desenvolvimento dessas capacidades humanas, não há dúvida de que os psicólo-gos podem, profissionalmente, contribuir para a evolução saudável das próprias sociedades: harmonizando relações, prevenindo desequilíbrios e patrocinando crescimentos espontâneos e criativos.

Em toda e qualquer instituição social em que as capacidades criativas dos homens possam ser favorecidas – como escolas, hospitais, espaços públicos, centros comerciais, empresas e comunidades –, Psicólogos podem atuar como agentes promotores de Saúde Mental

10 SAÚDE MENTAL | COMPORTAMENTO

Page 11: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

Page 12: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

TEXTO Caroline Kotani BragaPsicóloga | [email protected]

Por que nos tornamos tão agressivos no trânsito?

O trânsito é uma das dimensões sociais mais importantes para a moderna humanidade. Porém, em todo o mundo, sua agressividade é cada vez maior.Por que será que isso acontece?

SAÚDE MENTAL | COMPORTAMENTO12

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

TRÂNSITO É A AFLUÊNCIA ou circulação de pessoas; é o movimento de veículos, é o tráfego. A palavra tráfego se referia originalmente ao comércio e transporte de mercadorias. Esse significado se expandiu aos poucos para incluir as pessoas envolvidas nesse comércio e as transações entre as pessoas. Depois a palavra passou a significar o movimento em si. O curioso é que pensamos no tráfego como um agrupamento de coisas, em vez de uma coletânea de indivíduos.

Falamos sobre “evitar o tráfego” ou “preso no tráfego”, mas nunca falamos sobre “evitar pessoas” ou “presos em um mar de pessoas”.

Agora vem a pergunta: por que nos tornamos tão agressivos no trânsito? Walt Disney, em 1950, criou uma personagem que mostra de forma brilhante como as pessoas se comportam no trânsito. Este personagem é o amável cão Pateta, senhor Wa-lker (senhor Andante), um verdadeiro modelo de pedestre.

Ele é um bom cidadão, cortês, educado, daqueles que não faria mal a ninguém. Quando o senhor Walker se senta atrás do volante do seu carro, sua personalidade muda comple-tamente. Ele se transforma no Senhor Wheeler (Senhor Vo-lante), um monstro incontrolável, obcecado pelo poder, que aposta corrida com os outros carros e vê a estrada como se fosse uma propriedade pessoal, mas, ainda assim, se conside-ra um bom motorista.

Quando sai do carro, volta a ser o pacato senhor Walker. Para entendermos melhor porque tendemos a nos tornar um senhor Volante quando entramos num veículo é preciso falar sobre a linguagem. A linguagem é o nosso diferencial em relação aos animais. No trânsito nos esforçamos para continuarmos hu-manos, isso porque estar em um carro nos torna praticamente mudos e, de certa forma, invisíveis.

Em vez de vocabulários complexos e alterações sutis de expressão vocal e facial, a linguagem no trânsito é reduzida a uma variedade de sinais básicos, formais e informais, que transmitem apenas os significados mais simples.

Frustrados com a nossa incapacidade de conversar, às vezes acabamos por gesticular violentamente ou buzinamos de for-ma frenética. Essa mudez nos enlouquece. É como se ficásse-mos desesperados para dizer algo. O trânsito está repleto de assimetrias comunicativas, como poder ver, mas não poder ser ouvido ou visto. Os motoristas passam grande parte do tempo olhando para a traseira dos outros carros, uma atividade cul-turalmente associada com subordinação.

Isso tende a fazer a comunicação ser de mão única: você está olhando um monte de motoristas que não podem enxergá-lo. Os seres humanos não foram projetados para se comunicar desta forma. Nós temos necessidade de olhar para rostos hu-manos e reconhecer as suas expressões. O contato visual gera nas pessoas um sentimento de cooperação.

Os olhos ajudam a revelar o que gostaríamos; é uma con-fissão tácita de que não achamos que seremos prejudicados

ou explorados se revelarmos nossas intenções. Pelo fato de o contato visual ser tão raro no trânsito, quando ele aconte-ce a sensação pode ser de desconforto. Outra característica humana que se perde no trânsito é o senso de identidade dos indivíduos.

O motorista é reduzido, na melhor das hipóteses, à marca do carro ou a um número de placa. Nosso veículo acaba por se tornar nosso self e, assim, projetamos nosso corpo no veí-culo. É como se vestíssemos uma armadura. O anonimato no trânsito atua como uma poderosa droga, com vários efeitos colaterais curiosos. Pelo fato de sentirmos que ninguém está olhando, ou que ninguém que conheçamos nos verá, todo o es-paço interno do carro se torna um espaço de auto-expressão, onde as pessoas fazem coisas como comer, se maquiar, ouvir música alta, fazer a barba, ler jornal, e em alguns casos, não muito raros, podemos ver motoristas cutucando o nariz.

Outro efeito é o de que o anonimato aumenta a agressivida-de. Estar no trânsito é como estar em uma sala de bate-papo on-line usando um pseudônimo. É como se o alter-ego da pes-soa tivesse um espaço para se manifestar e agir da forma que bem entender, inclusive com agressividade.

Em pequenas cidades faz sentido ser educado no trânsito, pois você pode voltar a ver a pessoa, ou ela pode estar de al-guma forma relacionada a você. Mas na estrada ou em grandes cidades, os motoristas raramente se conhecem entre si.

Resumindo: retirando a identidade e o contato humano, pas-samos a agir de forma desumana. Recentemente eu estava di-rigindo pela avenida Rondon Pacheco na cidade de Uberlândia, numa tranquila manhã de terça-feira, quando me deparo com um veículo andando relativamente devagar na minha frente.

Eu também não estava correndo e nem estava com pressa, mas tive de pisar no freio e isso me gerou um leve sentimen-to de desconforto. E pensei comigo: “Bem que esse carro da frente poderia acelerar um pouco mais”. Fixei meu olhar para dentro do carro e pude ver a tampinha da cabeça de uma criança, provavelmente um bebê sentado numa cadeirinha no banco de trás. Pensei comigo novamente: “Puxa vida, essa moça tem um bebê dentro do carro! Por isso está dirigindo com tanto cuidado”.

A partir do momento que eu vi o bebê, não mais pensei naquele fato como um veículo que estava andando devagar, mas sim como uma mãe levando seu bebê de forma bastan-te cuidadosa. Nós, motoristas, quando conduzimos um veí-culo no trânsito, às vezes nos esquecemos de que aqueles outros veículos também contém seres humanos. Acredito que o caminho para melhorar as nossas relações no trânsito seja o de ver aquele outro veículo não como uma máquina em si, mas como um espaço onde existem outras pessoas, em semelhante situação. Olhando para o trânsito como um movimento de seres humanos, nos tornamos mais humanos uns com os outros.

SAÚDE MENTAL | COMPORTAMENTO 13

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

O PERÍODO DE CARNAVAL, no Brasil, pode ser uma boa oportunidade de investimento em Saúde Mental para diferentes tipos de pessoas, grupos e famílias. Aqueles que gostam de uma boa festa, muita animação, folia e descontração, podem aproveitar para liberar as energias, ouvir muita música, dançar até o dia clarear e curtir a festa mais popular do país, por exemplo, em Porto Seguro, Rio de Janeiro ou Recife.

Aqueles que não gostam da intensidade festiva ou das características do Carnaval, durante esse período também possuem ótimas oportunidades de ir ao encontro do descanso e da paz - no Brasil, mesmo

durante o Carnaval, oportunidades para experimentar a calmaria de um bom feriado não faltam. Como sugestão, esse pode ser o caso de Porto de Galinhas ou de um Cruzeiro pela costa brasileira. Fora do país, as opções podem ser Buenos Aires ou Cancun.

Seja por meio de festas e muita agitação ou, como se pode preferir, por meio de passeios mais calmos e introspectivos, o feriado de Carnaval ajuda as pessoas que desejam marcar os seus inícios de ano com experiências capazes de revigorar as suas forças. E uma coisa é verdade: mudar a rotina é uma ótima forma de favorecer o revigoramento das energias. Às vezes,

isso é tudo o que uma vida estressante pede: uma chance de extravasar as tensões acumuladas ao longo das horas sem fim de trabalho.

Programar uma viagem, então, pode ser uma forma muito válida de ir atrás dessas experiências. Nesse sentido, que tal ver a viagem que mais combina com você e as pessoas que você deseja levar consigo nessa oportunidade de iniciar o ano com mais animação ou introspecção no seu dia a dia?

Aproveite! Boa viagem e boas novas energias para o ano que se inicia (já que, por aqui, ele inicia depois do carnaval...).

Feriado de Carnaval: 17 de Fev. / 2015

O carnaval abre possibilidades de revigoramento das energias para todos os tipo de público e gostos. O que você prefere? Cair na folia ou partir para o descanso?

34 3255.0100 Av. Nicomedes Alves dos Santos, 3600 | Loja 03Gávea Business | Morada da Colinafworldtravelturismo worldtravelturismo

Carnaval: folia para quem gosta, descanso para quem não gosta

14 PUBLI-EDITORIAL | VIAGEM E SAÚDE MENTAL

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

34 3255.0100 Av. Nicomedes Alves dos Santos, 3600 | Loja 03Gávea Business | Morada da Colinafworldtravelturismo worldtravelturismo

Page 16: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

HISTORICAMENTE e sem perceber, o ser humano constituiu-se como produ-to ao produzir seu modo de vida. O sis-tema criou as necessidades mercadoló-gicas paralelas a nosso estilo de vida, e nós, as abraçamos sem pestanejar. Contudo, o capital nem sempre este-ve ligado ao trabalho, em seus moldes iniciais, ele era sinônimo da exploração um sobre a força do outro.

No homem contemporâneo, as constantes transformações no modo de vida, paralelas ao avanço tecnológico e ao ritmo cada vez mais acelerado do trabalho, resultam em uma sobrecar-rega física e psíquica. Esse ritmo de-senfreado e abusivo de produção e do trabalho tornaram-se – erroneamente - sinônimo de acúmulo de capital e me-lhoria de vida.

É por meio do trabalho que o ho-mem atribui significado à sua existên-cia. Contudo, nem sempre o trabalho cumpriu esse papel. Quando exercido de modo abusivo, ele resulta em doen-ças ligadas ao processo de trabalho. Como analisador, e de modo a intervir nesse estilo de vida do homem con-temporâneo, a psicologia passa a atuar dentro das organizações. Diante da rea-

lidade de vida desses trabalhadores, da desigualdade social e das mazelas de nosso país, os desafios para a profissão nesse contexto são muitos.

Culturalmente, criou-se uma visão deturbada do que viria a ser a felici-dade, e que esta estaria intimamente ligada à produtividade, por sua vez, as-sociada a salários cada vez melhores. Logo, a insatisfação do trabalhador, associada à sobrecarga de trabalho re-sultou em doenças ligadas ao trabalho, tais como: Estresse; Síndrome de Bu-noult; Síndrome do Pânico; LER/DORT etc. Isso sem mencionar os conflitos no ambiente de trabalho, gerados pelo desgaste físico e das relações superfi-ciais de convivência, pautadas apenas no ganho individual e atravessadas pela competitividade.

Segundo Cañete(2001), estes transtornos acompanharam a evolu-ção do processo de trabalho e chega-ram a nosso tempo acompanhando o processo de modernização do proces-so de trabalho, neste processo, alguns sofreram agravos, outros são novos. Condições como estresse, fadiga e es-gotamento se tornaram cada vez mais comuns no ambiente de trabalho, re-

sultando no aumento do uso de fár-macos como meio de mascarar esses sintomas, negligenciando o sofrimen-to na raiz do problema.

Outro fator preocupante de nosso tempo são os altos índices de aciden-tes de trabalho, cada vez mais comuns e que estão intimamente ligados ao baixo nível de instrução, de qualifica-ção profissional; e ao esgotamento fí-sico e psíquico.

Em sua história, nosso país carre-ga os traços de um modelo de saúde pautados nos princípios higienistas, que por muitas décadas fora imputa-da ao cidadão "goela abaixo", ao invés de ensinada. Questões de saúde sem-pre foram, ao longo de nossa história, priorizadas com o único fim de se evitar epidemias e prejudicar a produção das instituições, principalmente no período de industrialização do Brasil.

Contudo, é preciso salientar que esse quadro de empresários que não se responsabilizam pelo bem-estar de seus colaboradores tem mudado. Em-presas que visam desenvolvimento das suas instituições têm se conscientizado de que investir no trabalhador (capaci-

Saúde Mental e Psicologia nas relações de trabalho

A maneira como o mundo do Trabalho se organiza possui íntima relação com a Saúde Mental daquele que o habitam - e a Psicologia tem muito a dizer sobre isso.

16 ARTIGO | PORTAL (EN)CENA

TEXTO Hudson Eygo Psicólogo | Coordenador do Serviço de Psicologia – SEPSI do CEULP/ULBRA | Coordenador da Área de Psicologia do Portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento | Colunista do Blog Psicoquê[email protected]

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17ARTIGO | PORTAL (EN)CENA

tação, benefícios, valorização do tra-balho, aumento de salário, melhora no espaço físico etc.), reflete dire-tamente no progresso da empresa. Essa nova forma de gestão, preocu-pada com o colaborador, resulta em ganhos para ambas as partes.

A psicologia, no âmbito do tra-balho, atua prevenindo e promo-vendo a saúde mental do trabalha-dor. Ela age como um analisador do sistema de produção, não apenas no campo de trabalho, mas no meio social, como promotora de saúde,

buscando um equilíbrio entre em-prego/empregador, trabalho/traba-lhador, produção/produtor.

É bom esclarecer que o concei-to de Saúde Mental, nesse con-texto , abrange uma visão holís-tica do sujeito, logo, não busca apenas o estado de ausência de doença, tão pouco está ligada a uma instancia psíquica do sujei-to, mas, sim, em uma relação de interdependência de um com-pleto bem-estar biopsicossocial desse sujeito.Hudson Eygo

Questões de saúde sempre foram, ao longo

de nossa história, priorizadas com o

único fim de se evitar epidemias e prejudicar a

produção das instituições, principalmente no período

de industrialização do Brasil.

Como o Trabalho está organizado e como a pessoa trabalha: questões fundamentais à Saúde Mental de todo ser humano.

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

A MÚSICA sempre foi para mim uma terapia! Não só ouvi-la, mas principalmente cantá-la é sem dúvida um exercício catártico. Já diz o ditado: quem canta seus males espanta.

Outro dia recebi um convite para um Sarau de Canto e Tera-pia, e não imaginava o prazer que viria a experimentar ao assistir à apresentação do Projeto ‘Desafinados’, que propõe um trabalho de prática vocal para pessoas adultas (a partir de 18 anos) que possuem dificuldade de afinação e que queiram conhecer – e afinar! – seu próprio corpo como um instrumento a partir da am-pliação de sua percepção musical.

Segundo Maria Augusta Silvestre, psicóloga responsável por trazer este projeto de Uberaba para Uberlândia, tudo começou há quatro anos com o professor Daniel Lopes.

Formado em Música pela Universidade Federal de Minas Ge-rais, Lopes sempre esteve ligado à arte do canto através de pro-jetos com solistas e grupos corais adultos e infantis. Atualmente, ele é aluno da 2ª turma da Formação em Cantoterapia da Escola de canto Raphael, na Associação Sagres, em Florianópolis, e de-senvolve o projeto ‘Desafinados’ em parceria com a Alternativa Cultural, reconhecida hoje como o principal espaço privado de fomento às práticas culturais em Uberaba.

“Quando vi pela primeira vez, fiquei encantada e quis tra-zer, para Uberlândia, este projeto que não é simplesmente um trabalho de música, mas que envolve um processo de busca de identidade”, disse a psicóloga do Espaço CRIAR, Maria Au-gusta Silvestre.

O resultado das atividades, que foram desenvolvidas com a 1ª turma de ‘Desafinados’ de Uberlândia, ao longo de 15 encon-tros durante o 2º semestre de 2014, me emocionou durante o Sarau para o qual fui convidada.

Doze pessoas, bem diferentes umas das outras, cada qual ali por um motivo distinto, deram show de sentimento e, por incrível que pareça, de afinação também. O curso se mostrou um sucesso pela forma inédita como lida com a musicalidade presente em cada um.

Vale dizer que a nova turma de “Desafinados de Uber-lândia” está sendo formada agora. As inscrições estão aber-tas. Quem se interessar pode entrar em contato através do email: [email protected]. Desafinados, afinados e com muita saúde mental

Música e Terapia: uma relação de prazer e saúde

Considerado o mais democrático dos instrumentos musicais, a voz pode ser uma poderosa ferramenta terapêutica.

SAÚDE AMPLIADA | MUSICOTERAPIA18

TEXTO Michele Borges (Ciclo Assessoria de Imprensa)

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Daniela Borela em apresentação em Uberlândia-MG

CANTE! Uberlândia tem mais opção para quem gosta da ideia

SAÚDE AMPLIADA | MUSICOTERAPIA

Mais uma boa notícia para quem se interessa por música é que a cantora e professora de canto, Daniela Borela, também está desenvolvendo na cidade traba-lho semelhante.

Formada em Música – Canto, pela Universidade Fe-deral de Uberlândia, Borela atua há muitos anos como preparadora vocal de vários cantores e grupos artísti-cos de Uberlândia e região, com reconhecimento públi-co não só por seu profissionalismo como também pelo talento nato e primoroso que possui.

Dona de uma voz de veludo que embriaga até o mais sóbrio dos ouvintes, Dani Borela, como é carinhosa-mente conhecida, integra o Quarteto VagaMundo, com o qual se apresenta por todo o Brasil, e atua em carrei-ra solo também. Em seu CD homônimo, apresenta 12 faixas que perpassam a delicadeza do canto grave, do lirismo e da concepção de arranjos de base influencia-dos por gêneros como jazz, bossa nova e tropicalismo.

Agora, em função da crescente procura por suas au-las de canto e com a vivência de quem sente diaria-mente o bem que a música faz ao ser humano, Daniela Borela inaugura, em Uberlândia, o CANTE – Centro Ar-tístico e Núcleo Terapêutico, cuja proposta é atender não só aos profissionais da música que buscam um atendimento diferenciado, mas também pessoas em geral que apreciam e querem se beneficiar dos efeitos terapêuticos inerentes a esta arte.

“Tenho alunos de todas as faixas etárias, desde crianças de dois anos a pessoas com mais de 70 anos. A proposta é que no CANTE elas encontrem, além das aulas de música, atividades extras como oficinas de arte-terapia com psicólogos, encaminhamento para profissionais de saúde, como fonoaudiólogos e otorri-nos, visando um aprimoramento musical mais comple-to e seguro”, explica.

Ainda segundo Borela, em se tratando de saúde, os benefícios de uma aula de canto adequada vão além do relaxamento, do prazer e bem estar que podem proporcionar à mente e ao corpo. “A técnica e a pre-paração vocal ajudam, inclusive, a prevenir doenças, como calos nas cordas vocais etc”, acrescenta a canto-ra e diretora do CANTE.

A trajetória completa de Daniela Borela você confere em www.danielaborela.com.br. Interessados em saber mais também podem entrar em contato através do email: [email protected].

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CONSULTÓRIO | SAÚDE MENTAL20

A VAIDADE é o cuidado com a aparência e é saudável até o

momento que ela não gera sofrimento para o indivíduo e para o meio em que vive. Quando se torna exagerado, é provável que seja advindo do desejo muito grande de ser admirado, elogiado e até mesmo amado pelo outro - desejo, muitas vezes, causado por fatores como baixa autoestima e baixa autoconfiança.

A mídia também possui grande influência na vaidade exagerada, quando, por exemplo, se torna responsável em transmitir informações sobre o que está em alta em bens de consumo e até mesmo o padrão do corpo que é belo e admirável. Desta forma, as pessoas são instigadas a satisfazerem suas vontades e sua vaidade de acordo com o que será admirado pela maioria, dando início a uma busca constante pelo perfeito. E, no momento em que esse perfeito se refere ao corpo, meios nocivos à saúde frequentemente se tornam uma opção.

Quando o indivíduo trava uma luta entre o comer, a balança e o emagrecer, encontra-se propenso a dar início a um desses meios nocivos de se conseguir um corpo perfeito. Estamos falando dos transtornos alimentares. A ameaça encontra-se quando o desejo de ter um corpo saudável, com uma boa qualidade de vida, e, principalmente, se alimentando bem, passa ao exagero de querer “manter a forma” sem os

devidos cuidados com a saúde e, pior, a qualquer custo.

A Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa são as categorias principais dentro dos Transtornos Alimentares (TA). Em relação ao primeiro TA - a Anorexia Nervosa (AN) -, o indivíduo recusa-se a manter o peso corporal de acordo com a sua idade e altura, possui um temor intenso de engordar mesmo estando com um peso abaixo do normal (ideal), tem distorção na percepção de sua imagem corporal quanto à forma e ao tamanho (se vendo muitas vezes muito mais sobrepeso do que realmente está) e vive a negação, total ou parcial, do baixo peso corporal. Em mulheres pode ocorrer a amenorreia (interrupção ou suspensão do fluxo menstrual).

A perda de peso ocorre por comportamentos de redução ou anulação total da ingestão alimentar e algumas pessoas utilizam de autoindução ao vômito, uso indevido de laxantes, diuréticos e/ou exercícios excessivos.

A Bulimia Nervosa (BN), por sua vez, caracteriza-se por episódios de ingestão de alimentos em um período curto de tempo e em uma quantidade definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um mesmo contexto (hiperfagia). Além disso, o indivíduo faz uso de métodos compensatórios inadequados para evitar o ganho de peso, como, por exemplo, a indução ao vômito, o

uso de laxantes/diuréticos, a prática de jejum por um dia ou mais e/ou de exercícios físicos em quantidade exagerada. O indivíduo também pode ter a sensação de perda de controle sobre o ato de comer e/ou passar a controlar o tipo e a quantidade de alimentos ingeridos. Normalmente, o sujeito encontra-se dentro do seu peso normal, ao contrário dos sujeitos da NA. Os episódios de hiperfagia devem ocorrer pelo menos duas vezes por semana, ao longo de um período de três meses, para que o indivíduo satisfaça o diagnóstico.

Tanto a Anorexia quanto a Bulimia podem gerar sérios riscos à saúde, como, por exemplo: anemia, aumento de colesterol, perda de esmalte dental, amenorreia, hipotermia, secura na pele, sintomas depressivos, sintomas de ansiedade etc. Em casos extremos, o indivíduo pode necessitar de internação.

Caso um indivíduo se reconheça nas situações acima apresentadas, é fundamental que peça ajuda e procure um psicólogo. Com a psicoterapia, ele aprenderá a normalizar o comportamento alimentar, a adquirir novos recursos de enfrentamento à situação, a reestruturar os pensamentos sobre si mesmo e a reverter sua percepção distorcida em relação à própria imagem corporal.

Com a psicoterapia, o indivíduo possibilitará o fortalecimento da sua autoestima, da sua autoconfiança e, por fim, da sua qualidade de vida.

Transtornos Alimentares: até que ponto vamos pela vaidade?

Fernanda BlascoviPsicóloga CRP 35626/04

Especialista em Terapia [email protected]

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CAPA | SAÚDE MENTAL

O primeiro mês do ano - mês carregado de simbolismos, circunstâncias e

características culturais peculiares - pode ajudar muitas pessoas a olharem

para suas próprias condições psíquicas e existenciais, suas disposições

para a vida e para novos projetos. Pode, também, revelar as impotências

e as dificuldades dessas mesmas pessoas em relação às condições em

que vivem, pensam e sentem, funcionando, portanto, como uma espécie

de lupa que amplia e revela as realidades objetivas e subjetivas em que

estão vivendo (e aceitando viver).

TEXTO Leonardo Abrahão

Psicó[email protected]

Janeiro - o mês que revela

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

CAPA | SAÚDE MENTAL

SE O MÊS DE JANEIRO fosse um objeto, ele seria uns óculos ou uma lupa. Seria uma espécie de lente capaz de nos ajudar a enxergar a nossa realidade de forma mais clara. Veja bem: a nossa realidade. A realidade mais próxima de nós, dentro de uma infinidade de outras realidades, mas que, mesmo tão próxima e íntima, muitas vezes não a percebemos.

Janeiro, de alguma forma, nos ajuda a enxergar a realidade mais íntima que nos constitui: a realidade dos nossos pensamentos, sentimentos, desejos, afetos, emoções e comportamentos. Ajuda a enxergarmos a realidade do nosso psiquismo, das nossas maneiras de ser, agir, sentir e pensar - a realidade do que verdadeiramente somos, podemos e sabemos. Em uma só expressão, a realidade do nosso “eu”.

À realidade do “eu”, Janeiro corresponde com uma possibilidade ímpar: a possibilidade de fazermos uma profunda autoanálise das nossas vidas, dos caminhos que já percorremos e dos rumos que queremos tomar. Não há, no ano, oportunidade de tantas reflexões espontâneas sobre o nosso passado e nosso futuro como as proporcionadas pelas características culturais de Janeiro. Vejamos o porquê.

Fim de ano, explosão de sentimentos

Em Dezembro – último mês do ano –, os usos e costumes da nossa sociedade nos convidam a participar de festividades

e eventos com alto teor afetivo: congraçamentos e confraternizações nos ambientes profissionais-acadêmicos em que estamos inseridos e, mais intensamente ainda em função do Natal, as perspectivas e os planejamentos de mais congraçamentos e confraternizações junto aos nossos familiares e pessoas queridas.

Todos esses movimentos produzidos pela nossa cultura acabam por mobilizar incontáveis quantidades e qualidades de sentimentos-pensamentos em nossas cabeças e em nossos corações. Às vezes, mais do que apenas incontáveis sentimentos – talvez, também, impublicáveis.

Um ano sempre passa com várias circunstâncias razoáveis de mobilização afetiva ao longo dos seus dias, mas sempre se encerra com uma avalanche de possibilidades emocionais ligadas à raiz de nossas condições psíquicas: as questões familiares e sentimentais que nos acompanham, as conversas sobre como foi o ano em meio a grupos de estranhos e conhecidos, os balanços mentais que elaboramos a respeito das nossas realizações no ano que passou e os questionamentos que todos nos fazem em relação aos projetos para o ano novo.

Fim de ano, portanto, é um tempo que nos convoca às reflexões. A sabedoria intrínseca à humanidade escolheu esse momento para, com toda a força do seu simbolismo, informar a todos os homens sobre a face da Terra algumas condições fundamentais à sua Saúde Mental: de

tempos em tempos, faz-se necessário que paremos tudo o que estamos fazendo para reorganizarmos as nossas forças, que olhemos para as nossas raízes existenciais, que fechemos alguns ciclos e iniciemos outros.

Em qualquer lugar do mundo, a “virada de ano” sempre mexeu com os sentimentos humanos. Tanto por conta da quantidade de mobilização afetiva que Dezembro possibilita, quanto pela quantidade de percepções que Janeiro suscita. Falemos mais sobre elas.

Nossas percepções em Janeiro

Terminado o mês de Dezembro e a sua capacidade terapêutica de nos colocar frente a frente com os balanços gerais das nossas vidas (assim como com toneladas de sentimentos e pensamentos que esses balanços provocam), Janeiro, normalmente, começa conjugando duas grandes questões: por um lado, uma espécie de ressaca existencial (produto das profundas reflexões e imersões a que Dezembro nos convida-obriga) e, por outro lado, um misto de autocobrança, ansiedade e questionamentos em relação ao que faremos de nossas vidas.

Ao mesmo tempo em que estamos digerindo toda a mobilização afetiva experimentada em Dezembro, passamos, também, a nos ver às voltas com as questões relacionadas ao ano que se inicia. Por isso, Janeiro tem cara de domingo à tarde: clima de repercussão

" O que quero, o que posso e o que farei?", ótimas reflexões para se fazer em janeiros.

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de tudo o que vivemos nos últimos dias e apreensão - especialmente à noite - em relação a tudo o que virá pela frente.

Tal situação – o mergulho reflexivo e apreensivo que o mês de Janeiro nos possibilita –, por si só é capaz de favorecer a revelação de questões e características relacionadas às condições em que se encontra o nosso psiquismo. E, por isso, Janeiro pode ser comparado a uma lente capaz de nos ajudar a olhar para nós mesmos.

Vejamos um exemplo, considerando que a maior parte das pessoas entra em “férias” durante Janeiro: o que fazer nas férias, trabalhar nas férias, tédio nas férias, raiva do tédio nas férias, medo do tédio, com quem passar as férias, dificuldade em ficar com a família durante as férias, cansaço nas férias, ansiedade pelo fim das férias, desejo de que as férias não acabem nunca ou, ainda, desejo incontrolável de que as férias acabem logo, podem dizer muito sobre aspectos importantes da vida, dos pensamentos e dos sentimentos de uma pessoa.

Outro exemplo? Vejamos, então. Do latim januarius (também chamado principium deorum), Janeiro tem esse nome em referência ao deus Jano, considerado pelos romanos o “deus dos princípios”, o que “abria o ano”, o “porteiro do céu” (janua: porta), para o qual era oferecido o primeiro sacrifício do ano. Além disso, a representação

artística de Jano sempre o mostra com duas faces – uma virada para trás, outra virada para frente. Janeiro, desde o primeiro dos primeiros janeiros, carrega, em si, a simbologia daquilo que precisa (ou pede) para ser iniciado – mesmo que reiniciado. Janeiro propõe começos (e recomeços), propõe planos, perspectivas e preparações. Objetivos. E, para tanto, propõe análises (do passado, do presente e do futuro), propõe estudos, estratégias e recursos. Frente a tantas questões, dificilmente um psiquismo não se sente tentado a olhar para si mesmo e a verificar as suas possibilidades, os seus desejos, os seus limites e os seus potenciais.

Janeiro, assim, cheio de circunstâncias, ideias e simbologias, pode ser uma lupa por meio da qual ampliamos, para as nossas próprias considerações, as condições psíquicas e existenciais em que nos encontramos.

Exemplos disso não faltam: as férias começaram e não temos disposição psíquica ou condições materiais para aproveitá-las? O que fizemos das nossas vidas até aqui? O tédio e o marasmo dominaram as nossas férias? O que aconteceu conosco? O ano se inicia e o medo de que tudo se repita nos paralisa? O que houve com a nossa capacidade de transformar a realidade? A falta do trabalho está nos deixando deslocados perante os dias e as pessoas? O que aconteceu com as nossas vidas? Viagens, novidades, pessoas e lugares diferentes

não nos interessam mais? O que houve com a nossa disposição para a vida? Janeiro tem significado solidão, nada para fazer e ninguém com quem nos relacionarmos? O que fizemos das nossas relações sociais? Não tiramos férias, não descansamos e nem revigoramos, social e profissionalmente, nossos ânimos para o ano que se inicia? O que houve com a nossa capacidade de, minimamente, planejar a nossa própria vida? Um novo ano se abre à nossa frente, dezenas de novas possibilidades estão à espera das nossas iniciativas, mas, estranhamente, não conseguimos nos mobilizar para planejá-las e efetivá-las? O que houve com nossas motivações para a realização de projetos?

Desse modo, Janeiro e as suas prováveis questões acabam por nos colocar em contato com as nossas próprias dúvidas, angústias ou dificuldades psíquicas e existenciais. Aniversários também podem fazer isso? Sim. Datas comemorativas, como o Dia das Mães ou o Dia das Crianças também podem nos levar a mergulhos introspectivos e a reflexões sobre as nossas próprias vidas? Sim. Feriados prolongados também? Também. E uma tarde qualquer em que nos pegamos mais sensíveis ou dispostos a avaliar os anos, também pode nos suscitar autoanálises repentinas? Sim, pode. Então, o que é que Janeiro tem de especial?

A resposta não é tão complicada

Janeiro carrega, em si, a simbologia daquilo que precisa (ou pede) para ser iniciado – mesmo que reiniciado.

CAPA | SAÚDE MENTAL24

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Jano, o deus romano que olhava para frente e para trás ao mesmo tempo, todo ano nos pergunta: "o que fizemos e o que faremos das nossas vidas?"

CAPA | SAÚDE MENTAL 25

assim: Janeiro tem tempo de sobra para nos empurrar à reflexão (31 dias.. .), tempo recheado de simbolismos e circunstâncias com alto poder de nos convidar à vida (início de ano, todo resto do ano à frente, volta das férias...) e, principalmente, o fato de sabermos que não cabem mais as justificativas que usávamos para postergar novos projetos (como, por exemplo, “está todo mundo muito cansado”, “temos que esperar passar as festas de fim de ano”, “vamos esperar o ano começar e as coisas voltarem ao normal”).

Além disso – e como já foi dito -, Janeiro vem depois de uma enxurrada de congraçamentos e confraternizações afetivo-familiares de Dezembro – fenômeno que, por si só, provoca uma intensa e inescapável mobilização de sentimentos-pensamentos que podem deixar muitas pessoas em uma intensa “ressaca” existencial no início do ano (ainda mais em uma sociedade que caminha para a coisificação e a artificialização de todas as suas relações sociais).

Sim: Janeiro é uma lupa voltada para nós mesmos e nos oferece uma chance de escaparmos das automatizações comportamentais e intelectuais mecânicas às quais nos submetemos ao longo do ano. Mas.. . será que aproveitamos bem essa oportunidade?

Aproveitando a lupaAlguns de nós, sim. Muitos de nós,

não. Algumas pessoas conseguem

aproveitar as oportunidades que a vida lhes dá e, frente às circunstâncias que trazem informações sobre si mesmas, agarram-se a essas informações e procuram utilizá-las a seu favor. Janeiro, então, pode ser um mês terapêutico a essas pessoas. Suas circunstâncias e simbolismos levam-nos a olhar para dentro de nós mesmos e a vermos, de forma ampliada, como estamos organizados ou desorganizados, prontos ou incompletos para vários processos.

Às pessoas que não conseguem aproveitar a oportunidade que o mês de Janeiro lhes proporcionam, a sabedoria intrínseca à humanidade possibilitou que, sempre e de tempos em tempos, novos janeiros e novas oportunidades surgissem. As oportunidades são cíclicas, assim como também são cíclicas os momentos de certezas ou angústias pelos quais passamos. Nada obrigava a humanidade a criar a simbologia de que, a cada 365 dias, voltaríamos ao início de algo. Nada, absolutamente nada ocorre, novamente, da mesma forma como ocorreu um dia. O próprio Planeta Terra pode dar milhões de voltas em torno de si mesmo e cada volta ter uma história, uma condição e uma posição diferentes em um Universo em contínua expansão. Nenhum verão é igual ao outro, assim como, em todo aniversário, ninguém é igual – orgânica e psiquicamente – à pessoa que era no aniversário anterior.

Mas se temos novos janeiros – janeiros que sempre nos convidam a

novas vidas -, devemos agradecer ao inconsciente coletivo de uma humanidade que reconhece a importância da pausa, da introspecção e da autoanálise em nossas vidas de vez em quando. Carros precisam de revisão, aparelhos eletrônicos portáteis precisam ser recarregados, fatos e histórias precisam ser reinterpretados, o céu, periodicamente, precisa descarregar sua eletricidade e as terras precisam de contínuas aragens de tempos em tempos.

O Ser Humano, muito mais complexo e muito mais sensível, criou para si uma série de oportunidades para, também, descarregar suas tensões, arar suas ideias e seus sentimentos, recarregar suas energias e reinterpretar suas histórias de vida. Essas várias oportunidades estão espalhadas ao longo do ano e são os aniversários, os finas de semana, as datas comemorativas, os rituais de passagem e os grandes costumes, como casamentos e velórios.

Porém, as circunstâncias simbólicas de Janeiro talvez sejam de uma natureza mais extensa e inescapável – já que, de um mês, ninguém escapa. Assim como ninguém escapa de suas próprias condições existenciais e psíquicas - condições que o primeiro mês do ano, como uma lupa, tem o dom de evidenciar com a sua original capacidade de nos colocar frente a frente com a nossa própria consciência, apontar-nos o dedo e nos perguntar: o que a vida pode esperar de você no ano que se inicia?

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26 SAÚDE AMPLIADA | CIRANDA

Mais um Janeiro se vai e, como um barqueiro, vai levando as promessas de um ano melhor. O tempo é o senhor dos caminhos, responsável por amadurecer em nós as avaliações que fazemos do passado, do presente e, claro, os planos para o futuro. Por isso, mesmo que seja em Fevereiro, Março ou qualquer outro mês do ano, continuemos cultivando o desejo de melhorar sempre!

Fale mais sobre isso comigo. Meu email é [email protected]

Ciranda

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TEXTO Michele Borges

Uberlândia vai ganhar um novo shopping center neste ano, que vai gerar aproximadamente 2.700 vagas de trabalho. A obra do Praça Uberlândia está praticamente pronta. Agora, é o momento das marcas que garantiram espaço no empreendimento executarem seus projetos internos até meados do ano, para inauguração em Setembro.

Localizado na região leste na direção do Aeroporto, o shopping tem uma proposta diferente: com alamedas largas e aberturas no teto, sua arquitetura privilegia o uso da ventilação e da iluminação naturais, fugindo do modelo padrão de shoppings que muito se assemelha a ‘caixas fechadas’. A vista panorâmica da praça de alimentação também é algo que vai agradar muito além do comum. E ainda, o seu foco nas classes C e B está atraindo diversas marcas cujo lema é acessibilidade com qualidade. Veja detalhes no site www.pracauberlandiashopping.com.br

Novidade

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SAÚDE AMPLIADA | CIRANDA

Como sou mãe de duas criaturinhas e tenho muito que aprender sobre tudo, descobri outro dia um blog sobre Sexualidade que aborda não só o tema na infância, mas na adolescência, na escola e em diversos aspectos. Para os interessados no assunto, o endereço é: revistaescola.abril.com.br/blogs/educacao-sexual

No fim do ano passado, fui convidada para um Sarau de Música e Terapia, que me emocionou muito pela proposta e resultados. Na página 18 você poderá ler mais a respeito. Confira a reportagem que conta também com as opiniões da cantora e diretora do CANTE – Centro Artístico e Núcleo Terapêutico, Daniela Borela!

Beijo e até a próxima!

Música e Terapia

Atentados Sexualidade na infância

Pouco antes do atentado em Paris, assisti a um filme que revelou a mim muito mais do que eu poderia imaginar sobre as antagônicas visões de mundo que coexistem no Oriente Médio. Dirigido pelo francês Jean-Jacques Annaud, o ‘Príncipe do Deserto’ conta a história do nascimento da indústria do petróleo na península árabe dos anos 30, com uma atuação fantástica de Antônio Banderas e outros atores. Vale a pena ver!

É fantástico!

O Príncipe do Deserto

Todos sentimos muito pelos mortos no atentado terrorista ao jornal Charlie Hebdo, ocorrido no início do ano em Paris, mas sabemos que a repercussão que o fato ganhou não se deve ao número de mortos, nem à identidade das vítimas, e sim ao local onde ocorreu. Explosões de carros bombas ocorrem diariamente na Síria, Iraque ou Iêmen, e apesar de noticiadas não ganham tanta notoriedade, não é verdade?

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Page 28: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

Pensamentos e saúde mental: existe mesmo essa relação?

A importância dos pensamentos para a "razão" é bem conhecida desde estudos filosóficos antigos. O filósofo René Descartes decretou a máxima: "penso, logo existo",

demonstrando a importancia que os pensamentos têm para os comportamentos ditos racionais. Já a saúde mental foi por longo tempo associada tanto à racionalidade quanto à normalidade. Nessas concepções, uma gama de aspectos subjetivos e afetivos fundamentais ao ser humano foram desconsideradas. Mas os estudos sobre os pensamentos, emoções e saúde mental evoluíram e hoje sabe-se que estes três elementos caminham de mãos dadas. Então como ocorre essa relação?

Seriam os pensamentos positivos responsáveis pela saúde e os negativos responsáveis pelo sofrimento mental? Bem, a relação nao é tão simples. Embora muito divulgados pelas midias populares, os pensamentos positivos não são tão poderosos assim, a menos que eles sejam baseados em fatos reais. É fato que pensamentos modificam nosso estado afetivo, assim como estados afetivos modificam nossos pensamentos.

A relação é bidirecional e complexa, pois também envolve nossa interação com o ambiente - situações que vivenciamos e a forma como as compreendemos. Além disso, nossa fisiologia também entra em curso, pois um estado de alteração orgânica - hormonal, por exemplo - pode modificar tanto nossos pensamentos, quanto nossas emoções e comportamentos. E a saúde mental consiste em um estado de equilíbrio entre todos estes elementos: pensamentos, emoções, fisiologia, comportamentos e interação ambiental. Você pode estar pensando: "puxa, que complexo isso". Sim, de fato é complexo, mas ao longo de nossa vida desenvolvemos um padrão particular de funcionamento e, então, nosso organismo alia todos estes elementos automaticamente para conduzir-nos a um estado de equilíbrio. Porém, muitas vezes saimos deste equilíbrio e então pode ocorrer o sofrimento psiquico na forma de ansiedade, depressão, dentre outras.

Nessas situações vale a pena examinarmos nossos pensamentos e a forma como estamos percebendo a nós mesmos, aos outros e às situações em geral, pois percepções distorcidas podem conduzir a emoções negativas, o que, por sua vez, prejudica nossa interação com o ambiente, podendo

dar início a um processo de sofrimento psiquico. Uma tarefa terapeutica útil é você analisar o que está dizendo a si mesmo em situações de estresse e procurar entender as situações da forma mais realista possível, fugindo de armadilhas de pensamento, tais como: acreditar que as situações são piores ou mais difíceis do que de fato são; não reconhecer suas habilidades e potencialidades, julgando-se incapaz de lidar; acreditar que algo de ruim aconteceu só porque você estava envolvido na situação ou só porque pensou sobre coisas ruins; acreditar que se algo não aconteceu da melhor forma possível, então não tem valor; etc.

Enfim, com muita frequência essas armadilhas de pensamento ocorrem, tornando distorcida nossa forma de perceber o ambiente e isto pode ser o desencadeador de um processo de sofrimento. Por isso, é muito importante cuidarmos da qualidade de nossos pensamentos se quisermos cuidar de nossa saúde mental.

Até que ponto a qualidade dos nossos pensamentos afeta a qualidade da nossa saúde mental?

CONSULTÓRIO | SAÚDE MENTAL

Ana Carolina Rimoldi de Lima | CRP 30207/04Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental | Mestre em Psicologia da Saúde | Docente de Psicologia

34 9660.0217 / [email protected]

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Pensamentos modificam nosso estado afetivo, assim como estados afetivos

modificam nossos pensamentos.

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falemaissobreisso.com.br edição 17 2015

30 SAÚDE AMPLIADA | CINEMA

O Filme “Cisne Negro” é uma aula de psicologia e cinema, de poesia dramática e filosofia, indispensável ao estímulo do pensar sobre a vida.

Page 31: Revista Fale Mais Sobre Isso | 17ª edição

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A SOMBRA... elemento fantasmático, região do espaço cuja penumbra é provocada quando a luz é impedida de fluir por um objeto.. . a sombra possui os contornos do mesmo objeto, sendo sua projeção negativa, inevitavelmente ligada a ele.. . Na psicologia junguiana a sombra é a representação arquetípica de tudo o que temos, potenciais bons e maus, que não reconhecemos como sendo nosso, mas que nos segue onde quer que vamos e que geralmente projetamos em outras pessoas.. .

O psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) criou alguns dos conceitos de psicologia mais populares (apesar da resistência dos freudianos). Conceitos como “complexos”, indivíduos “introvertidos” e “extrovertidos” e “inconsciente coletivo” são de sua lavra. Ele também propôs que o comportamento humano possui linhas de reconhecimento universal e que são transcritas, metaforicamente, nos mitos e contos de todo o mundo, independente de tempo e cultura. A tendência do desenvolvimento de capacidades, dificuldades ou a possibilidade de uma clivagem polar que todos temos (bem e mal, sapiência e demência, etc.) são expressas figuradamente em histórias folclóricas, mitos, sagas religiosas e contos de fada.

Na história de “O Lago dos Cisnes”, que foi musicada e, assim, imortalizada pelo compositor russo Piotr Ilich Tchaikovsky (1843-1893), vemos essa polaridade na presença de Odette, a ingênua e romântica princesa que é transformada em um cisne branco, e Odile, sua irmã gêmea, a maliciosa, sedutora e malvada rainha dos cisnes, e que é o cisne negro. Uma e outra personagem são metáforas das polaridades internas extremas e dos potenciais que todos possuímos, mas que, aqui, se inserem mais na questão do desenvolvimento da psique feminina. A menina sonhadora que desperta para o desejo, à competitividade, ao processo de enfrentar desafios. Quanto mais conscientemente uma dessas polaridades é hipertrofiada, o mesmo ocorre com a outra, mas de modo inconsciente, o que pode causar um conflito psicológico que, em casos extremos, leva ao surto psicótico. Esta ocorrência,

que Jung tão bem estudou, foi transposta para as telas em um dos mais notáveis (e raros, dentro do padrão comercial hollywoodiano) filmes dos últimos tempos: Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky, com a esplêndida Natalie Portman no papel da, inicialmente, frágil bailarina Nina.

No filme, Nina é uma bailarina dominada pela mãe frustrada e que faz de tudo para se destacar no corpo de baile. Assim, quando surge a chance de interpretar as gêmeas opostas de “O Lago dos Cisnes”, Nina se entrega totalmente ao projeto. Super controlada pela mãe, insegura, emocionalmente reprimida e sem amigos, Nina dedica-se exclusivamente ao balé, buscando uma perfeição exagerada que se reflete no controle exacerbado da alimentação e do controle do corpo que ela trata como instrumento – a única forma de contato mais íntimo (e já sintoma neurótico da alienação que se estabeleceu entre o desejo consciente de perfeição e repressão dos sentimentos, que tentam gritar a partir do inconsciente) é a auto-mutilação que ela exerce inconscientemente sobre si mesma, por arranhões.

Pressionada por seu coreógrafo e diretor Thomas (Vincent Cassel), Nina será questionada, mais uma vez, a demonstrar suas capacidades, já que sua fragilidade ingênua - que é perfeita para o papel de Odette - comprometeria a interpretação de protagonista de “O Lago dos Cisnes”, pois Nina também deve desempenhar o papel da Rainha dos Cisnes, Odile. Nina, então, é desafiada pela própria vida, pelo seu próprio mundo, a entrar em um acordo com sua psique polarizada entre a “persona” consciente, o papel de menininha da mamãe, e a sua sombra: a mulher sedutora, violenta, que ela reprime no inconsciente. Nina é a atualização contemporânea da figura mítica de Perséfone: sua mãe é uma Démeter que tenta controlá-la e ver nela a bailaria que não foi e isso impede o desenvolvimento de Nina. Logo ela terá de enfrentar as forças psíquicas represadas em si, seu próprio Hades: Nina precisa integrar, reconhecer-se em sua própria profundidade, sentir seus elementos aparentemente

Cisne Negro: uma aula cinematográfica de Psicologia JunguianaTEXTO Carlos Antonio Fragoso Guimarães Professor da Universidade Federal de Campina Grande, psicólogo do Ministério Público (PB) e autor dos livros Carl Gustav Jung e os Fenômenos Psíquicos e Evidências da Sobrevivência.Autor do blog: oespiritualismoocidental.blogspot.com.br

31SAúde Ampliada | CINEMA

Por Cisne Negro, Natalie Portman ganhou Oscar de melhor atriz e o mundo todo ganhou um maravilhoso exemplo de como o Psiquismo, para o Cinema, é uma fonte inesgotável e riquíssima de poderosas reflexões.

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“negativos” se quiser atingir a perfeição (metáfora da individuação). Ela tem de desempenhar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia, sensualidade e maldade). Ou seja, Nina teria de unir, na prática, sua própria psique fraturada entre a “menina” meiga e passiva, cujo quarto é cheio de ursinhos de pelúcia, e a mulher que é/foi reprimida pela mãe e por ela mesma, Nina. O desafio da individuação, contudo, não é isento de perigos.

O Cisne Negro é, portanto, o desafio do encontro de Nina com sua própria sombra, ou seja, segundo Jung, com todos os elementos que possuímos mas que são reprimidos, que não reconhecemos como sendo nossos. A questão da projeção interna no meio externo fica sugerida várias vezes pela presença de espelhos sempre presentes ante Nina. Sua maior rival no corpo de baile, a sensual e desinibida Lily, papel desempenhado pela brilhante atriz Mila Kunis, é ao mesmo tempo seu alter-ego, a pessoa que estimula a eclosão do “Cisne Negro” em Nina. Na verdade, as duas belas bailarinas acabam sendo expressões de Odile o Odette ao nível da disputa real, embora, na mente conturbada de Nina, Lily acabe por apresentar traços mais fortes do que realmente possui.

Está claro que Aronofsky em seu filme discorre sobre a fragilidade e o tênue equilíbrio da mente humana, bem como as forças que se desencadeiam no palco psíquico quando uma perturbadora ambição a move em busca de um sonho, mas o faz de uma maneira ao mesmo tempo cruel e poética, o que mexe com

a psique da maioria das pessoas que assistem o filme, atingidas, inconscientemente, pelos elementos expostos e que repercutem na própria sombra, na própria polaridade consciente/inconsciente, na dualidade do bem/mal de cada um.

Na busca pela perfeição e na tentativa de provar a Thomas que é capaz de desempenhar o papel (e, inconscientemente, de integrar e expor seu lado mais selvagem), Nina é conduzida de tal forma pelo enredo e pela busca da perfeição que não consegue perceber que isso está liberando todo o seu mundo de elementos reprimidos, que explode de tal modo que ela já não consegue perceber mais os limites entre sonho e realidade. Aos poucos, seu destino se sobrepõe ao enredo de “O Lago Dos Cisnes”. A música de Tchaikovsky, dramática e bela, é quase como uma expressiva contrapartida de sua metamorfose, elemento sonoro envolvente que “narra” e expressa a tempestade íntima de Nina, e que é indispensável à trama.

A sombra de Nina, exemplificado pela essência de sua feminilidade, aflora e toma conta de sua personalidade sem que ela consiga controlá-lo. Dá-se inicio a uma metamorfose que expressa aquilo que acontece com muitas pessoas que sucumbem à emergência do material inconsciente pela psicose. No caso de Nina, vemos que tal emergência conduzirá a protagonista a conflitos que a levam a um destino perturbador e extraordinariamente poético, apesar de trágico, numa interpretação arrebatadora de Natalie Portman.

Em Cisne Negro, a protagonista trava uma luta contra as suas próprias sombras e o final desta batalha é impressionante.

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SAÚDE AMPLIADA | PSICOLOGIA34

Psicologia Escolar: Fonte: Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional

Psicólogos escolares e educacionais são profissionais que atuam em instituições escolares e educativas, bem como dedicam-se ao ensino e à pesquisa na interface Psicologia e Educação. As concepções teórico-metodológicas que norteiam a prática profissional no campo da psicologia escolar são diversas, conforme as perspectivas da Psicologia enquanto área de conhecimento, visando compreender as dimensões subjetivas do ser humano.

Algumas das temáticas de estudo, pesquisa e atuação profissional no campo da psicologia escolar são: processos de ensino e aprendizagem, desenvolvimento humano, escolarização em todos os seus níveis, inclusão de pessoas com deficiências, políticas públicas em educação, gestão psicoeducacional em instituições, avaliação psicológica, história da psicologia escolar, formação continuada de professores, dentre outros.

Psicologia Hospitalar: Fonte adaptada: Márcia Ebling (Psicóloga/PR)

A psicologia hospitalar se ocupa da compreensão e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecer. Não trata apenas das doenças com causas psíquicas ou psicossomáticas, mas dos aspectos psicológicos de qualquer doença,

buscando resgatar a subjetividade das situações relacionadas ao adoecimento em instituições de saúde. O objeto de trabalho da psicologia hospitalar se amplia para além do paciente, abrangendo também a dor da família, assim como as repercussões na equipe de saúde. Além do trabalho realizado em torno da doença, da internação e do tratamento, há o apoio à família e equipe, procurando também facilitar o diálogo entre todos os envolvidos.

Psicologia Clínica: Fonte adaptada: Artur Scarpato

(Psicólogo Clínico/SP)

São muitas as abordagens clínicas na Psicologia, contudo, em geral, o psicólogo clínico (psicoterapeuta) é um outro , com o olhar e a perspectiva de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível. Assim, a psicoterapia faz você parar para refletir sobre a própria vida. Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento da experiência de vida. O psicoterapeuta conhece teorias psicológicas e métodos de investigação que ajudam na compreensão do que ocorre com você e que tornam possível descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada ou a uma conversa comum com um amigo.

Psicologia Organizacional e do Trabalho:Fonte adaptada: Psicologia, Organização e Trabalho, de José Carlos Zanelli e Antonio V. B. Bastos (Ed. Artmed).

A denominação Psicologia Organizacional e do Trabalho inclui larga abrangência, uma vez que busca compreender o comportamento das pessoas que trabalham, tanto em seus determinantes e suas conseqüências, como nas possibilidades de construção produtiva das ações do trabalho, com preservação máxima da natureza, da qualidade de vida e do bem-estar humano.

As interfaces entre o comportamento, o trabalho e a organização constituem três subcampos dentro da Psicologia Organizacional e do Trabalho.

A interface entre comportamento humano e o trabalho constitui o subcampo denominado Psicologia do Trabalho.

O segundo subcampo emerge das interações entre comportamento no trabalho e a organização: a Psicologia Organizacional.

O terceiro subcampo surge da relação entre a ação humana e a organização propriamente dita, enfocando o conjunto de políticas e práticas que revelam a estratégia utilizada para organizar a ação individual e a coletiva de forma congruente com os seus objetivos e missão: as práticas de gestão de pessoas.

A Psicologia pode se dividir em diferentes áreas de atuação. Veja algumas delas:

A Psicologia não se resume apenas à Psicologia Clínica e o psicólogo pode ser valioso na promoção de Saúde Mental em vários contextos.

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*nomes fictícios, depoimentos enviados por leitores da revista.

Veja o que diz quem fez psicoterapia

36 DEPOIMENTOS | SAÚDE MENTAL

Henrique*, 16 anos Devo ao psicólogo da minha escola a força que me ajudou a repensar as escolhas que acabariam me levando às drogas. Ele conversava com a gente, às vezes em grupo, às vezes individualmente, e conseguiu mesmo me fazer pensar sobre o que eu queria e o que eu não queria para a minha vida.

Cláudio*, 22 anos Meu pai e minha mãe sempre usaram maconha, mesmo em casa. No começo da minha adolescência, passei a usar também. Quando fiz 20 anos, passei a usar outras drogas escondido deles. Quase morri no ano passado, precisando da ajuda de médicos e psicólogos para conseguir retomar a minha saúde. As sessões com o psicólogo me fizeram perceber que não preciso repetir as escolhas erradas das pessoas – nem quando elas são os meus pais.

Marco Antônio*, 34 anos Procurei um psicólogo quando quase perdi o meu emprego por causa do meu medo de usar aviões, usar o elevador antigo da empresa ou dirigir de madrugada nas viagens à negócio. O pânico me dominava. As técnicas que o psicólogo utilizou comigo me fizeram ter o controle da situação em menos de 4 meses. Consegui manter o emprego e hoje vejo a psicoterapia como um investimento mais importante do que as minhas próprias pós-graduações!

Susana, 54 anos* Fui estuprada quando tinha 17 anos. Desde então, minha vida sexual foi muito dolorosa, para não dizer inexistente. Perdi dois maridos e acho que

essas perdas têm a ver com a minha relação com o sexo em função do meu trauma. Há dois anos resolvi procurar ajuda de uma psicóloga. Posso dizer que deveria ter procurado, sem sombra de dúvidas, no dia seguinte à violência que sofri. Minha vida teria sido outra.

Cristiano*, 18 anos Tenho muitos problemas com a minha aparência, principalmente pelo fato de ter nascido sem uma orelha. Antes de ir ao psicólogo, pensei várias vezes em suicídio, pois ninguém sabe como é doloroso ser humilhado nas brincadeiras sem graça dos colegas de escola e nunca ter beijado uma menina. Mas o psicólogo tem me ajudado a ganhar mais confiança em mim mesmo, me fazendo perceber que é a falta de confiança, e não de uma orelha, que atrapalha a vida de uma pessoa.

Luriana*, 27 anos Quando eu tinha 16 anos eu saía com amigas para roubar pequenas coisas nos shoppings da minha cidade. Era um comportamento obsessivo, eu já saía de casa com uma vontade incontrolável de encher a minha bolsa de blusas, cds e batons. Na última vez que fizemos isso um segurança nos descobriu, fui parar na delegacia e só saí de lá quando o delegado percebeu que eu não era perigosa e que minha necessidade era de tratamento psicológico. A delegacia, no RS, tinha um psicólogo de plantão e a opinião dele pesou muito para o delegado. A psicóloga que tratou de mim conseguiu mudar o meu comportamento, e hoje não sinto mais compulsão em pegar as coisas que não são minhas.

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Janeiro Branco | 2015Campanha em prol da Saúde Mental, que já acontece nas ruas e instituições sociais, intensifica sua presença no universo virtual e é compartilhada por milhares de pessoas. Conheça alguns posts da campanha e compartilhe você também: facebook.com/janeirobranco

38 CONSULTÓRIO | SAÚDE MENTAL

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Canadá, 2011. Casal é atropelado pela polícia e, para acalmar a namorada atordoada e em prantos, rapaz a beija com açúcar e com afeto. Como já dizia Sarte, "não importa o que fazem a você - o que importa é o que você faz do que fizeram a você".

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Sem afeto não há soluçãoEm tempos de paz ou em tempos de guerra, o afeto é o melhor recurso que a humanidade possui para sobreviver a si mesma.

TEXTO Leonardo AbrahãoFOTOS Rich Lam

Georgia PanagopoulouLefteris Pitarakis

Rich

Lam

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Egito, 2011. "O amor é o objetivo último de quase toda preocupação humana; é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais". Viva Schopenhauer e a senhora que foi para as ruas armada de afeto para derrubar um ditador egípcio.

Grécia, 2011. Forças policiais usam de violência para reprimir os protestos contra a crise econômica que assola a Grécia e casal honra a máxima de Foucault: "onde há poder, há resistência".

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