revista estrafÊgue n.º 3

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES 3 Fevereiro / Março 2009 Fevereiro / Março 2009 Fevereiro / Março 2009 Fevereiro / Março 2009

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Revista ESTRAFÊGUE n.º 3

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Page 1: Revista ESTRAFÊGUE n.º 3

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

3 Fevereiro / Março 2009Fevereiro / Março 2009Fevereiro / Março 2009Fevereiro / Março 2009

Page 2: Revista ESTRAFÊGUE n.º 3

Nesta Edição . . . Nesta Edição . . . Nesta Edição . . . Nesta Edição . . .

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

Capa: Marc Chagall—”The Gift”.

Nesta 3ª edição da Revista ESTRAFÊGUEESTRAFÊGUEESTRAFÊGUEESTRAFÊGUE, fazemos uma pequena síntese das muitas actividades que têm sido desenvolvidas na nossa Escola, desde o início do ano lectivo até agora, e tentámos, ainda, diversificar a nossa oferta, apelando à colaboração de todos quantos fazem parte da Comunidade Educativa. As pessoas acederam ao nosso apelo e enviaram alguns trabalhos muito interessantes. Pena é que os nossos alunos não se sintam ainda suficientemente motivados para partici-parem mais na construção desta revista que, de acordo com a nossa vontade, poderá e deverá ser não só um espaço de divulgação de tudo quanto de positivo se faz por aqui, como também um espaço de reflexão e de crítica. De todos para todos.

Pág. The Spirit of Christmas ............................................................................................................................ 2 Dia de São Valentim ................................................................................................................................ 4 A Nossa Capa .......................................................................................................................................... 5 O AMOR ÀS ESCURAS ......................................................................................................................... 5 ENCONTROS COM A POESIA ............................................................................................................... 6 O Teatro Vem à Escola ........................................................................................................................... 7 NÚCLEO AMBIENTE XXI ....................................................................................................................... 8 O Projecto PREAA ................................................................................................................................ 9 Projecto: «Adolescência: soltar... Mas não largar» ............................................................................... 10 Notícias da APEEESO .......................................................................................................................... 11 JOSÉ PRETO (conto) ............................................................................................................................ 12 Centro de Novas Oportunidades .......................................................................................................... 16 Estudar compensa e receber prémios sabe bem! .............................................................................. 17 Á conversa com — NOVOS RUMOS (entrevista) ................................................................................. 18 Receber prémios sabe tão bem! (2) ...................................................................................................... 20 O Prazer de Estudar (crónica) ............................................................................................................... 21 Brevíssimas... do que se foi fazendo ..................................................................................................... 22 Actividades da BE/CRE ......................................................................................................................... 25 Brevíssimas… do que se foi fazendo (continuação) ............................................................................. 26 Mais notícias da APEEESO ................................................................................................................... 27 Passatempos e Curiosidades ................................................................................................................ 28 “Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és…” (receitas culinárias) .......................................................... 29 O Exercício da Cidadania em Ambiente Escolar (artigo de opinião) .................................................... 30 A CRISE INTERNACIONAL (entrevista a Miguel Portas) ..................................................................... 32 Saber ler, saber escrever ....................................................................................................................... 33

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Imbuídos do espírito natalício, os alunos do 11º C e 11º G incentivados pela professora Manuela Grazina, entraram no projecto “The Spirit of Christmas” que consistia em angariar uma série de brinquedos, jogos e livros para oferecer às crian-ças mais desfavorecidas que almoçam na nossa escola vindas da escola primária perto daqui. Alguns menos entusiasmados, outros mais, mas todos ajudaram e todos trouxeram brinque-dos para dar às crianças. Todos sabíamos que tínhamos uma missão, sabíamos que algumas crianças não iam receber mais nenhuma prenda para além da nossa. Isso tornou a nossa mis-são ainda mais rica. Trabalhámos todos juntos, tal e qual a fábrica do Pai Natal. Juntos numa sala, rodeados de imensos brinquedos, embrulhámos dezenas de brinquedos; éramos os verdadeiros ajudantes do Pai Natal, os duendes. A professora estava com receio de não alcançarmos o número de brinquedos indicado, mas a verdade é que no fim já tínhamos o dobro dos brinquedos necessários. Chegou a hora, havia dois turnos de crianças, o primei-ro às 12.30 e o segundo às 13.30. Todos os alunos estavam entusiasmados, pegámos nos presentes e fomos para o refeitó-rio. As crianças não sabiam de nada. A professora entrou pri-meiro e anunciou-nos como representantes do Pai Natal, por-que este não podia estar presente. Ao entrarmos com os típi-cos gorros do Pai Natal ouvimos gritos histéricos de crianças entusiasmadas. Infelizmente não pudemos agradar a todos, uns recebiam brinquedos gigantes e outros um livro, por isso, alguns dos presentes foram trocados. O segundo turno era de crianças mais carenciadas e ainda bem que assim foi, pois estes levaram cinco a seis pre-sentes para casa. Este grupo foi mais agradável, eram mais novos, simpáticos e não reclamaram, ficaram muito felizes e gostaram de tudo o que receberam. Depois de tudo acabar posso dizer que foi uma experiência bastante enriquecedora. Confesso que estava bastante entusiasmada e ansiosa e no fim de tudo isto senti-me uma pessoa melhor e mais leve. “The Spirit of Christmas” foi um projecto bastante entu siasmante, trabalhoso e enriquecedor. Foi bom ver o sorriso daquelas crianças. Ana Rita Teixeira (Aluna do 11º G)

Tendo como tema “The Spirit of Christmas”, título da obra de leitura extensiva a estudar em todas as turmas do 11º ano (ensino regular), decidiu o Grupo 330 da nossa Escola promover diversas actividades que envolvessem alunos e pro-fessores e fossem emblemáticas da época festiva a que se refe-riam. Assim, o Grupo levou a cabo a decoração do Bloco Novo, com especial destaque para as turmas de Alemão do professor Luís Marques que elaboraram cartazes e outros objectos ornamentais que alegraram as paredes e todo o espa

ço interior do edifício. As turmas C e G do 11º ano da professora Manuela Grazina recolheram brinquedos e livros que foram distribuí-dos por alunos transformados em empenhados Pais Natal, a crianças carenciadas do 1º Ciclo que, normalmente, almoçam no nosso refeitório. Os alunos da professora Estela Soares (11º F) levaram à cena a representação em mímica da obra “The Spirit of Christmas” que obteve assinalável sucesso. Docentes do Grupo 330 (Inglês / Alemão)

The spirit of ChristmasThe spirit of ChristmasThe spirit of ChristmasThe spirit of Christmas

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AMOR É…AMOR É…AMOR É…AMOR É… Um sentimento bonitoUm sentimento bonitoUm sentimento bonitoUm sentimento bonito

Um deus que todos nós devemos ter ou… Um deus que todos nós devemos ter ou… Um deus que todos nós devemos ter ou… Um deus que todos nós devemos ter ou… PartilharPartilharPartilharPartilhar

O que nos deixa sem razão, sem porquêsO que nos deixa sem razão, sem porquêsO que nos deixa sem razão, sem porquêsO que nos deixa sem razão, sem porquês Todos os sentimentos que se juntam e se misturam … Todos os sentimentos que se juntam e se misturam … Todos os sentimentos que se juntam e se misturam … Todos os sentimentos que se juntam e se misturam … É algo que não se vê mas senteÉ algo que não se vê mas senteÉ algo que não se vê mas senteÉ algo que não se vê mas sente----se. Amar = Amor ver-se. Amar = Amor ver-se. Amar = Amor ver-se. Amar = Amor ver-dadeirodadeirodadeirodadeiro

Fogo que arde sem se verFogo que arde sem se verFogo que arde sem se verFogo que arde sem se ver

Um sentimento perfeito de se sentir, algo inexplicável que, Um sentimento perfeito de se sentir, algo inexplicável que, Um sentimento perfeito de se sentir, algo inexplicável que, Um sentimento perfeito de se sentir, algo inexplicável que, por vezes, provoca dor mas no fim vale sempre a penapor vezes, provoca dor mas no fim vale sempre a penapor vezes, provoca dor mas no fim vale sempre a penapor vezes, provoca dor mas no fim vale sempre a pena

Amar e ser amado Amar e ser amado Amar e ser amado Amar e ser amado

(Comentários feitos a propósito do Dia de S. Valentim — Actividade da Biblioteca)

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

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Eles... e... Eles... e... Eles... e... Eles... e...

Elas…Elas…Elas…Elas…

Disseram... Disseram... Disseram... Disseram...

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A NOSSA CAPA… A NOSSA CAPA… A NOSSA CAPA… A NOSSA CAPA… «THE GIFT» ou «O PRESENTE» de Marc Chagall é a nossa escolha para a comemo-ração do dia 14 de Fevereiro, Dia de S. Valentim, ou seja, dia dos (e)namorados. MARC CHAGALL, um dos pintores maiores do século XX, nasceu em Vitebsk, na actual Bielorrússia, em 1887, e, aos vinte anos, pintou o seu primeiro quadro intitulado «Morte». Depois de ter frequentado a Escola Imperial de Belas-Artes de S. Petersburgo, prosseguiu os seus estudos em Paris, aonde chegou em 1910. Na “cidade luz”, tornou-se amigo de vários pintores e poetas, nomeadamente de Guillaume Apollinaire, ilustrou os «Poemas Elásticos» de Blaise Cendrars e, muito mais tarde, as «Fábulas» de La Fontaine. Embora seguindo as tendências dos movimentos artís-ticos vanguardistas, a obra de Chagall (que não esquece nunca a sua terra natal) é inconfundível, cheia de cor, de encanto e de poesia.

O AMOR ÀS ESCURAS…O AMOR ÀS ESCURAS…O AMOR ÀS ESCURAS…O AMOR ÀS ESCURAS… Para comemorar o Dia dos Namorados, nada melhor do que uma bela sessão de poesia!... E foi o que aconteceu na Biblioteca Municipal de Olhão, no dia 12 de Fevereiro: um belís-simo espectáculo de poesia dita e vivida por dois actores da Associação Andante. Uma perfor-mance poético-musical. Uma história linda, feita de encontros e desencontros, de músicas e de palavras. De gestos. De silêncios. Alguns alunos da nossa escola assistiram. Uns gostaram e aplaudiram. Enternecidos. Outros (poucos!...), para quem tudo nesta vida é uma verdadei-ra «seca», preferiram ignorar ou fazer de contas que aquele tipo de tretas nada tinha a ver com eles!... Por mim, adorei e fiquei feliz de ver que, afinal, muitos destes jovens continuam sensíveis às coisas belas da vida. À poesia. Ao amor. Obrigada aos actores. Obrigada aos alunos. Sobretudo àqueles que, confessando que não gos-tam de ler, adoraram o espectáculo. Obrigada pelo(s) encontro(s). Que aconteça POESIA. Que aconteça o AMOR. Que aconteça ALE-GRIA. Sempre. Mª do Carmo Loureiro (Professora)

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Momentos Momentos Momentos Momentos

Inesquecíveis... Inesquecíveis... Inesquecíveis... Inesquecíveis...

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SER POETA É… SER MAIS ALTO (Florbela Espanca)

Desde Outubro passado que todos os membros da comu-nidade educativa, nomeadamente os alunos, têm tido oportuni-dade de assistir a momentos únicos de poesia. A primeira ses-são de poemas ditos contou com a presença de José Fanha. Depois, foi a vez de Sónia Pereira, Paulo Pires e, mais recente-mente, de Afonso Dias. Estas iniciativas (as duas primeiras integradas no Mês Internacional da Biblioteca Escolar e promovidas pela Biblioteca Municipal de Olhão em parceria com as Bibliotecas Escolares

do concelho) visam acima de tudo contribuir para a criação de hábitos de leitura nos jovens. As sessões agradaram e decerto que muitos dos nossos alunos ficarão com estes momentos únicos, cheios de encanto e de magia, gravados para sempre na sua memória!

Por entre colunas de palavras (graves, agudas, esdrúxulas, esdrúxulas) a sardanisca entra no poema. Levanta a cabecinha. Olha as rimas, umas a chorar, outras a rir, outras a cantar. Sacode a cauda, afasta um advérbio. Com o focinho faz balançar uma cedilha. Um ão assusta-a. Encara substantivos. São coisas? Papa um til. Sai do poema para uma laje sobreaquecida. Adormece. É apanhada por uma pinça, metida numa caixa de fósforos mar-ca Pátria. Colecção. Alexandre O’Neill

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MARÇO E MAIO 2009

Pelo terceiro ano consecutivo, a Companhia de Teatro do Algarve — ACTA — virá à nossa Escola representar a sua actual peça de teatro dedicada ao público jovem. Mais uma vez, os temas abordados nos espec-táculos desta Companhia são actuais e acutilantes, não deixando ninguém indiferente. Acresce à rele-vância do tema da peça — «Bullying» — a dinâmica e a qualidade do trabalho de reconhecido mérito dos actores cujo impacto, em cada espectáculo, tem envolvido e encantado alunos e professores.

SINOPSE DA PEÇA

Trata-se de um espectáculo sobre a proble-mática da violência que tem vindo a obter dimen-são e relevância no meio escolar. O que se propõe com este trabalho — na linha

dos anteriores «O Longo Sono da Heroína» e o «Nexo dos Sexos» — é uma reflexão sobre tal pro-blemática enquadrada pelo jogo dramático a partir de situações tipo. Este jogo dramático, desenvolvi-do numa feição interactiva, permitirá ao aluno assumir a função de professor ou de pai, de contí-nuo ou de membro do Conselho Executivo, etc. Temáticas como a da agressão física, agres-são verbal ou indisciplina serão abordadas e desen-volvidas numa feição que visa promover a reflexão entre o próprio sujeito / objecto do fenómeno em causa. Este espectáculo foi concebido de forma a ser num espaço de dimensão de uma sala de aula. Tem a duração de 90 minutos e não podem assistir mais de 65 pessoas por sessão. Depois do início da acção Não são permitidas entradas na sala nem saídas antes do final, a não ser em caso de força maior. O espectáculo está classificado para maiores de 14 anos. A peça estará em cena a partir do dia 2 de Fevereiro e até ao dia 3 de Junho de 2009, às segundas, terças e quartas-feiras, durante as manhãs e tardes.

ACTA– Companhia de Teatro do Algarve apresenta a peça

«BULLYING»

De: Paulo Moreira, Glória Fernandes e Luís A. Miranda Encenação: Paulo Moreira Elenco: Elisabete Martins, Mário S p e n c e r , Pedro Mendes e Tânia Silva.

«A violência na escola realiza, de algum modo, um estranho retrocesso. Estranho dado que a violência é, por definição, a negação da palavra e do diálogo, sendo precisamente o que deveria permanecer fora da escola.» L. H. Silva, Século XXI: Qual Conhecimento? Qual currículo? «A educação supõe força e acção de uns sobre outros. Portanto, supõe autoridade e direc-ção. Elas podem ser impostas ou não. O que diferencia uma coisa de outra são as atitudes, os valores, a ética.» M. Gadotti, Escola Cidadã

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NÚCLEO AMBIENTE XXI

OLIMPIADAS DO AMBIENTE Na 1ª eliminatória, que decorreu no passado dia

8 de Janeiro, a nossa Escola conseguiu apurar cinco ilustres ‘atletas olímpicos ambientais’ (quase todos do 10º ano!), num total de quase 38 600 participantes a nível nacional, provenientes de todos os distritos e das regiões autónomas. A 2ª eliminatória decorreu já a 3 de Março e em breve saberemos se há algum «ecogénio» para a final a nível nacional...

«COASTWATCH EUROPE»

Como já vem sendo hábito, os nos-sos alunos dos Cursos Científico-Humanísticos participaram, mais uma vez, no passado dia 19 de Novembro, no «COASTWATCH» - Projecto Euro-peu de Educação Ambiental. Este pro-jecto, cujos objectivos são sensibilizar a população para a problemática da DEGRADAÇÃO DA FAIXA LITORAL DOS OCEANOS e melhorar o conhecimento ambiental do Litoral português, é um meio excelente para sensibilizar e consciencializar os jovens para os grandes desafios do Futuro, motivan-do-os para a ciência e para a defesa do meio ambiente. E é, também, um meio privilegiado de educar os jovens, incutindo-lhes os valores de uma verdadeira cidadania.

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COMEMORAÇÕES...

O PROJECTO PREAA A nossa Escola aderiu ao Projecto «Contos do Mago», no âmbito do Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte (PREAA), promovido pela Direcção Regional de Educação do Algarve (DREA). Este pro-grama surge integrado no «Ano Internacional do Planeta Terra» (AIPT), que decorre entre 2007 e 2009, e con-ta com o apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e da União Internacional das Ciências Geológicas (UGS). Na nossa Escola, os responsáveis pelo projecto serão os docentes Vanda Mendonça e Alberto Mascarenhas de Biologia e Paula Madureira de Artes.

Por iniciativa da docente de Biologia, Susana Viegas, comemorou-se, no passado dia 16 de Outubro, na nossa Escola, mais um DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO. Um

dos objectivos fundamentais deste

tipo de iniciativa é consciencializar os jovens e toda a comunidade edu-cativa para as questões da alimen-tação, levando-os a fazerem uma alimentação equilibrada e saudável

e, também, alertando-os para doenças como a bulimia ou a anorexia que, infelizmente, ameaçam muitas e muitos

jovens das sociedades deitas modernas.

O DIA DO NÃO FUMADOR também não foi esquecido e, no dia 17 de Novembro de 2008, hou-ve cartazes que, curiosamente, não condenavam os fumadores… Pelo contrário.

Felicitavam-se todos aqueles que não vão em modas e que resistem a este vício terrível!... Eficaz!

CONTOS/PERCURSO PEDESTRE POR CONCELHO

Vila do Bispo: O MAIOR PUZZLE DO MUNDO

Praia do Castelejo Silves: CHUVA DE NUTEJO

Castelo de Silves Lagos: CONCURSO DE SISMOS, TERRA-

MOTOS E ABALOS MENORES

Praia da Luz

Portimão: A SEREIA SEIXA

Praia da Rocha Lagoa: AS ASAS DE DONA LONTRA

BERNARDINA

Sítio das Fontes Tavira: NASCEM NUTEIXOS

Praia do Barril Olhão: A DANÇA DA DONA LUNA

Ilha da Armona V. R. Sto. António: A DANÇA DA DUNA LUNA

Península de Cacela Loulé: O CASO DO OCEANO REMENDADO

Minas de Sal-Gema e Rocha de Pena

«CONTOS DO MAGO»

“Contos do Mago” é um livro que resulta de uma compila-ção de um conto por concelho, cujo conjunto é uma ficção da cria-ção geológica do Algarve. Cada conto literário é criado sobre aspectos geo/biol/históricos locais, correspondendo a um per-curso pedestre. A partir da inter-pretação dos percursos e do con-to, abordam-se técnicas concretas de criatividade para os projectos escolares, em articulação com os conteúdos programáticos e fomen-tando a interdisciplinaridade. O projecto vai ser executa-do pelos alunos do 12º ano turma H, responsáveis pelas ilustrações, bem como pelas turmas A e B do 12º ano, que irão trabalhar prefe-rencialmente a área científica. Pretende-se que o produto final se traduza na elaboração, por parte dos nossos alunos, de um

pequeno livro “filho” criado sobre aspectos do património local, com ilustrações e actividades de des-coberta a serem executadas durante o percurso pedestre. O livro será posteriormente utilizado pelos professores das escolas básicas.

Este é o logótipo do nosso conto, “A Dança da Duna Luna”, cujo percurso pedestre vai ser na bonita Ilha da Armona, em plena Ria Formosa.

Vanda Mendonça (Professora)

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Projecto: «Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»«Adolescência: soltar… mas não largar»

A importância da participação dos pais na vida esco-lar dos filhos tem apresentado um papel importante no desempenho escolar. O diálogo entre a família e a escola tende a contribuir para um equilíbrio que conduz ao sucesso académico. A Educação Parental, conceptualizada como uma intervenção que engloba serviços disponibilizados ao nível dos sectores público e privado, a mães e pais de diversos níveis socioculturais e económicos, de natureza educativa e preventiva, ou como resposta a situações de crise, tem sido alvo de um interesse crescente, quer a nível internacional, quer designadamente no nosso país. Deste modo, quando se fala de intervenções preventivas focadas nos pais falamos de educação de pais ou de edu-cação parental. Actualmente, a educação de pais começa a ser con-cebida como «um conjunto de actividades educativas e de suporte que ajudem os pais ou futuros pais a compreen-derem as suas próprias necessidades sociais, emocio-nais, psicológicas e físicas e as dos seus filhos e aumente a qualidade das relações entre eles.» O grande objectivo é optimizar a qualidade das relações entre pais e filhos (Gaspar, F., 2003). O presente projecto tem por objectivo implementar um programa de Educação Parental, designado Adoles-cência: Soltar… Mas Não Largar. Este programa integra conceitos dos modelos teóricos reflexivo a adleriano, bem como de algumas abordagens que se enquadram no âmbito da Psicologia Positiva, especificamente nas temá-ticas do optimismo e estilo explicativo, inteligência emo-cional e bem-estar subjectivo. Espera-se desta forma que o programa tenha um impacto positivo junto das figuras parentais nas seguintes áreas: auto-estima; expressão de sentimentos positivos e auto-regulação de sentimentos negativos; atitudes de optimismo perante as dificuldades/adversidades e perante a vida/pessoas. As recentes mudanças ocorridas na estrutura social e familiar têm vindo a constituir-se como factores que incentivam o desenvolvimento de iniciativas de interven-ção neste domínio, em virtude dos desafios que acarre-tam para o desempenho das funções parentais nos dias de hoje. Também os contributos teóricos da Psicologia, concretamente nas áreas de estudo das relações preco-ces e dos estilos parentais, bem como da importância da família para o desenvolvimento e equilíbrio infanto-juvenil, vêm encorajar o crescente investimento nesta área de intervenção. A cultura educacional em que actualmente vivemos parece definir-se por características como o desânimo, o negativismo, o pessimismo e a pressão para o sucesso. O aumento da competitividade e de um sentido de indivi-dualismo, bem como o agravamento de fenómenos como o desemprego, abuso de substâncias, violência, doenças sexualmente transmissíveis, abandono escolar, são factores que caracterizam a sociedade actual e que, sem dúvida, trouxeram implicações para a forma como actualmente se educam as crianças. A esses aspectos estão associadas alterações na estrutura familiar, desig-nadamente o acréscimo de situações de divórcio e de famílias monoparentais e reconstruídas, assim como a

falta de apoio intergeracional que vieram igualmente repercutir-se na educação de seres mais jovens (Marujo & Neto, 2000). De facto, as mães e os pais, quer queiram ou não, quer estejam ou não cons-cientes desse facto, são agentes activos da formação da criança e preparam-na, melhor ou pior, para a vida. Contudo, quando a criança nasce, não traz consigo um livro de instruções. Poderá, efectivamente, constituir-se como uma incógnita para as figuras parentais o saber como estimular a maturação física ou o desenvolvimento psicológico da criança, e transfor-mar um ser frágil e dependente num adulto equilibrado, autónomo e feliz (Marujo, 1997). O desenvolvimento de iniciativas de Educação Parental poderá, pois, possibilitar respostas à desorien-tação que as figuras parentais eventualmente possam sentir, bem como contribuir para dissipar o tom emocio-nal negativo que caracteriza o actual clima educacional. Desta forma, este projecto de intervenção ao nível da prevenção, foca-se de forma privilegiada nas dimen-sões cognitiva e afectiva das funções parentais, no senti-do de prevenir práticas parentais pouco eficazes. Desti-na-se à população de pais em geral, independentemente das suas capacidades parentais. No entanto, também podem ter como alvo populações específicas, como pais adolescentes, pais adoptivos ou pais de nível socioeco-nómico carenciado, uma vez que estas populações se encontram em maior risco de desenvolver comportamen-tos abusivos e negligentes para com as suas crianças (Dore & Lee, 1999). Neste projecto, optou-se pelo formato de grupo uma vez que esta modalidade apresenta algumas vantagens, nomeadamente: revela-se mais eficaz a nível de custos; proporciona maiores possibilidades de apoio social, mediante a partilha de conselhos e ideias; permite apren-der com a experiência dos outros; promove a resolução mútua de problemas. Porém, deve ressalvar-se que este formato não é isento de limitações, uma vez que implica um grande dispêndio de tempo na organização e prepa-ração dos materiais e do equipamento necessários; por outro lado, pode tornar mais difícil a disponibilização de uma atenção individualizada, adequada às necessidades dos vários membros do grupo, para assim manter a moti-vação para a participação na intervenção (Iwaniec, 1995 e 1997; Wolfe 1991). A promoção de estilos parentais socializadores e altruístas conduz ao sucesso no desem-penho académico. A família, enquanto núcleo, é bem mais importante que o nível socioeconómico na influên-cia sobre o sucesso académico das crianças e jovens e, neste âmbito, o envolvimento dos pais é duas vezes mais preditivo do que a classe social de origem. Paula Caleça (Psicóloga)

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NOTÍCIAS DA APEEESO NOTÍCIAS DA APEEESO NOTÍCIAS DA APEEESO NOTÍCIAS DA APEEESO ( A ssociação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária de Olhão )

Projecto Educação Parental “Adolescência Largar … mas não soltar”

A APEEESO, em colaboração com a Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes e com o Município de Olhão, está a desenvolver um projecto de educação parental dirigido principalmente aos pais e encarrega-dos de educação, podendo participar todos os interessados, professores e educadores. Este programa tem como objectivos:

- Promover o estabelecimento de regras no dia-a-dia de cada jovem;

- Promover comportamentos assertivos e responsáveis face ao conflito;

- Prevenir comportamentos agressivos;

- Promover a melhoria dos relacionamentos familiares;

- Fomentar a compreensão da diversidade de atitudes face à violência;

- Promover capacidades de expressão de sentimentos e opiniões face à violência;

- Promover um maior envolvimento das famílias no processo educativo do aluno.

As sessões, que se iniciaram a 9 de Fevereiro, terão lugar à segunda-feira, entre as 18.30 h e as 19.30 h, no Auditório da Escola, e decorrerão até 20 de Abril, com excepção do dia 23 de Fevereiro, sendo que cada uma é dedicada a um tema. Pretende-se que esta acção assuma um carácter preventivo e promocional. Cen-tra-se nas interacções entre pais e adolescentes e na promoção de algumas competências com o objectivo de preparar os pais para lidarem com os problemas desta fase designada por adolescência. As sessões têm con-tado com cerca de 25 participações, entre pais e encarregados de educação e professores.

Temas das Sessões:

09/02: Apresentação do Programa de Educação Parental 16/02: Modelos Parentais 02/03: A Auto-estima 09/03: A Educação Emocional 16/03: Transmissão de Valores 23/03: Gestão de Conflitos 30/03: Estabelecimento de Regras 06/04: Bullying: O que é? 13/04: A Convivência e a Multiculturalidade 20/04: Avaliação das Sessões Paula Caleça (Psicóloga)

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

JOSÉ PRETO

Anarquista, contrabandista, mulherengo e muito mais

«Este conto foi ficcionado a partir de episódios da vida do meu bisavô e outros familiares. Estão na sua base fantasiadas lembranças de família, documentos, cartas, fotografias, mapas e postais que integram o respectivo espólio.»

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José Mendonça, mais conhecido por José Preto, foi um remediado proprietário rural de Mon-carapacho, no Barrocal Algarvio. No final do século XIX, emigrou como muitos portugueses para a Argentina sonhando com a fortuna. Obteve em 1898, com 23 anos de idade, a carta de “carrero” * emitida pela cidade de Bue-nos Aires para o “carro” número 8060, com quatro rodas e puxado por dois cavalos. Regressou a Portugal, comprou propriedades, construiu uma casa e casou-se com a sua prima Joaquina. Foi pai de um filho, o José Júnior, e de uma filha, a Palmira. No final da sua vida, adoeceu com uma dor ciática que o levou por várias vezes a tentar o sui-cídio, sem nunca o conseguir consumar. As consultas com o doutor Carralves, médico da aldeia, e os medicamentos que este lhe receitava de pouco serviam, apesar da confiança que nele deposi-tava enquanto médico e amigo. Esta era mais uma noite em que, como nas anteriores, ia tentar pôr fim à vida. Lá estava toda a família, de vigia, tentando evitar a consumação deste acto de desespero que só intentava pelo sofrimento insuportável e não por qualquer desagrado ou arrependimento da vida que tenha leva-do, não lamentando nenhuma das vicissitudes passadas. Era meia-noite e toda a família dormia. A Joaquina, sua mulher, desde que partira a perna e usava umas muletas, tinha o sono mais pesado, talvez também porque já lhe pesava a idade. A filha Palmira dormia no chão do corredor, em frente à porta do seu quarto, mas andava tão cansada com as viagens de e para Santa Catarina, onde vivia com o marido, que dela só se ouvia um forte e vigoroso ressonar. Era Verão e os netos que tinham vindo para ajudar nas lides do campo (era a apanha da amêndoa e da alfarroba), extenuados pelo trabalho do nascer ao pôr-do-sol, pareciam dominados pelo sono dos justos, espalhados pelos quatro cantos da sala. Quando abriu a porta e saiu para a rua, foi ao palheiro à procura de uma corda, pois todas tinham sido escondidas pela família… Encontrou, então, o único vigia que não dormia: o seu fiel amigo Landrú, cão rafeiro, que era simultaneamente cão de guarda e cão de caça. A dor era tão insuportável que mal conseguia respirar. Dirigiu-se, mais uma vez, para aquela oliveira centenária, de grande porte, que ficava junto ao valado da vizinha Belmira. Era ideal para os seus objectivos, pois subia ao valado, atava a corda numa forte pernada, dava o nó, punha-o no pescoço e saltava, acabando definitivamente com tamanho sofrimento. O cão acompanhava-o, lambendo-lhe as pernas como que a pedir-lhe que reconsiderasse tão drástica decisão. José Preto avança com passo decidido, pisando o restolho do trigo recentemente ceifado, cerrando os dentes e com um esgueirar de dor cada vez que se apoiava na perna onde tinha sido diagnosticada a ciática. Chegou ao limite da sua propriedade e sentou-se num cepo a fim de retem-perar forças que lhe permitissem tentar a subida do muro. Enquanto descansava, afagando a cabe-ça do Landrú que, entretanto, se apoiara nos seus joelhos, a sua vida começou a passar-lhe pela cabeça a uma velocidade vertiginosa como aqueles filmes que o Mariani*** passava aos domingos à noite na aldeia, no barracão do José Ladeira. As primeiras imagens que lhe surgem na memória são as da sua aventura em terras do hemisfério sul, a viagem na terceira classe do vapor com os demais emigrantes amontoados como gado, a sua chegada a Buenos Aires e o alojamento no bairro da Boca, com as suas casas colori-das de telhado de chapa onde se misturavam espanhóis, ingleses, italianos, portugueses e, em menor número, emigrantes de outras nacionalidades, e o trabalho como estivador e depois co-

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mo carroceiro, levando para a imensa cidade, mas especialmente para o mercado**** de Alabasto, as mercadorias que eram desembarcadas nas movimentadas instalações portuárias. Está a ouvir — com nitidez, saudade e emoção — a música “portenha”*****, o tango, que, na falta de mulheres, muitas vezes era dançado apenas por homens. A vida a fervilhar naquela grande cidade, desenha-da a régua e esquadro com as suas enormes avenidas, e a emoção de ir à praia, a Mar del Pla-ta******, quatrocentos quilómetros mais a sul. Com os acordes do tango, que parecem reais nos seus ouvidos, a maldita dor parece começar a diminuir, enquanto o filme da sua vida continua a passar em frente aos seus olhos, com mais nitidez, passando a câmara lenta nalguns episódios mais significativos. Revê o regresso ao seu Algarve, a compra de propriedades e a construção da sua casa com o dinheiro que, entretanto, amealhara. O seu namoro e casamento com a prima Joa-quina, o nascimento dos filhos e, depois da vida estabilizada, o seu interesse pela política, a que-da da Monarquia, o período conturbado vivido até ao fim da Primeira República e a implantação do regime ditatorial, pelo golpe militar de 28 de Maio de 1926. É, contudo, durante a guerra civil espanhola que começa a simpatizar com os ideais anarquistas e que, com mais alguns antifascis-tas, resolve embarcar na aventura de fabricar bombas artesanais para atentar contra o regime. Está a ver o especialista no fabrico de bombas de nacionalidade belga, que contrataram e que instalaram num casebre isolado, numa propriedade, no sítio dos Caliços. O pior foi quando o bel-ga, não se sabe bem como, fez explodir a “fábrica” e morreu no acidente. Recorda a fuga que empreenderam, ele e os amigos, durante a noite, a cavalo nas mulas para a casa do compadre Gago, que residia junto ao mar e que arranjaria maneira de poderem fugir para o estrangeiro, antes de serem apanhados pela PIDE. Chegaram de madrugada e assim aconteceu: pela manhã, embarcaram num “Caíque” ******* e rumaram a Gibraltar e depois, mais uma vez, a Buenos Aires onde começa a segunda aventura argentina. Agora, Buenos Aires já era outra cidade e a sua sorte também. O seu padrinho, João Nunes, que entretanto tinha feito fortuna, arranjara-lhe um empre-go como controlador de tráfego nas garagens da empresa de transportes públicos que possuía. Assim que soube que o assunto das bombas tinha sido arquivado por falta de provas, José regressa a Portugal. Os seus ouvidos estão deliciados. Na sua imaginação toca a maravilhosa música da grafonola que trouxera como presente para sua filha. Não se consegue esquecer do que entretanto aconteceu a duas das suas propriedades. Antes da fuga forçada, nunca autorizara a construção de uma estrada que lhe cortaria a Aparada e o Monte da Casinha pelo meio. O Chico Ladeira que, entretanto, era Regedor da freguesia apro-veitou-se da ausência e construíra a dita estrada, o que nunca lhe perdoou. Recorda os tempos da escassez de bens alimentares, da fome, da miséria e das senhas de racionamento. Foram tempos duros, quando apareciam inúmeras pessoas a oferecer a sua força de trabalho apenas a troco de comida. É nessa altura que se dedica ao contrabando. Compra fari-nha e fabrica pão que vende fora do circuito das referidas senhas. Recorda, ainda, a forma enge-nhosa como construíra uma jangada com barris que tinha a flutuar dentro da cisterna da água do subsolo, em cima da qual armazenava os sacos de farinha para não serem encontrados pela Guarda Nacional nas muitas inspecções que faziam à sua residência. Uma vez foi apanhado de surpresa com pão já fabricado, só lhe restando tempo para o guardar entre o colchão e os enxer-gões da cama da filha que nela se deitou, fingindo estar com grave doença. Salvou-se de mais uma aventura nos calabouços da Vila de Olhão, sede de concelho, porque o decoro dos guardas os levou a respeitar a doença da jovem Palmira, apesar do cheiro a pão fresco. A propósito do contrabando, a sua memória vagueia até ao Monte da Aparada onde manti-nha sacos de farinha escondidos debaixo das alfarrobeiras, servindo também outros propósitos, pois eram guardados pela prima Almerinda. Durante alguns anos, foi amante desta prima e esta situação foi ideal para camuflar o facto, quer da sua mulher quer do Francisco, o marido de Alme-rinda. Era a farinha mais importante que possuía, tantas eram as viagens de controlo e transporte da mesma. Todo o seu corpo ainda tremia a lembrar-se daquela frondosa alfarrobeira, debaixo da qual nasciam as rosas albardeiras. A outra amante, a Maria Pêra, coitada, muito sofreu naquele dia em que, estando dentro de um tonel a proceder à sua lavagem, ele, por descuido, lhe entornou um balde de água quente por cima. (continua)

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

Enquanto pensa nas mulheres da sua vida, até parece que a ciática se esquece de o massa-crar e consegue esboçar um sorriso, que partilha com o cão, quando se lembra da cena da cigana no palheiro. Ao contrário de outros proprietários da zona, sempre tra-tou bem a raça cigana. O Jerónimo, que tinha duas mulheres, duas famílias e um total de vinte e três filhos e muitos netos, costumava acampar com a família da sua mulher Penha, junto à sua residência debaixo das frondosas alfarrobeiras, na margem do ribeiro. Um dia, uma jovem e atraente cigana do acampamento pediu alguma palha para a burra. Levou-a ao palheiro onde, além de lhe dar a palha solici-tada, tentou obter os seus favores sexuais. A cigana, que não estava pelos ajustes, começou a gritar e a pedir socorro. A sua mulher, ao ouvir os gritos, apareceu para ver o que se passava. Ele, com maior desfaçatez, disse que não era nada, a cigana é que parecia que queria levar a palha toda, tendo esta retorquido que era mentira e que ele é que queria “atanchar o cegonho”. Como tinha sido paciente a Joaquina ao aturá-lo toda uma vida! Numa das vezes em que tinha estado preso, por motivos políticos ou de contrabando, um dos companheiros de cela, a quem fizera algumas confidências relacionadas com a sua vida, foi libertado algum tempo antes dele. Sabendo da existência de dinheiro em casa, foi visitar Joaquina dizendo que o marido tinha pedido que lhe desse uma determinada quantia para subornar os guardas e conseguir a sua liber-dade antecipadamente. A ingénua camponesa e crédula esposa apareceu, então, com as mãos a segurar o avental onde trazia uma “abada” de notas que entregou ao farsante, nunca mais visto no Reino dos Algarves. A propósito de farsantes, lembra-se daquela vez, no tribunal, onde tinha posto uma querela contra o tio Joaquim. Este, perante as perguntas do Juiz, fazia-se de surdo e dizia não as com-preender. Como raposa matreira, tirou do bolso algumas moedas e atirou-as para o chão. Ao ouvir-se o tilintar, o primeiro a olhar para trás foi o tio Joaquim comentando que alguém deixara cair dinheiro. Problema resolvido, pois, a partir desse momento, o tio Joaquim pareceu ter lavado os ouvidos e respondeu rapidamente ao restante interrogatório. Imaginava o filho na Argentina para onde emigrara anos atrás e do qual não tinha notícias. Este nunca aceitara a sua irmã Palmira nascida quinze anos antes de si. Dizia-se, até, que não era filha dele, mas sim fruto de uma aventura da Joaquina, o que não era de todo improvável com aquela fisionomia em nada condicente com os padrões familiares. Mas era a sua filha querida! Pena que se tivesse casado com seu genro Marçalo, aquele “pipi da tabela”, taberneiro, dançador de fandango, jogador de pau e de malha, mas alérgico ao trabalho. Não saíra ao pai, o compadre António, que, com as suas parelhas de mulas, ganhava a vida a transportar mercadorias de e para o Alentejo através daquela difícil serra algarvia. Vida dura aquela de ser almocreve de Verão ou de Inverno, chovesse ou fizesse sol! E o diabo do nome que o genro tinha dado a uma das filhas, a sua neta mais velha! Opétima, porque leu num livro que existiu uma princesa persa com esse nome. Felizmente, tinha feito um testamento de parte dos seus bens para seus netos com usufruto da filha. Alguma coisa sobraria sem ser vendido! Pensava, mas não conseguia imaginar o futuro das netas que já namoriscavam e do neto que ainda era um fedelho. Entretanto, a dor tinha cessado por completo e este suicídio estava condenado ao fracasso como as tentativas anteriores. Ainda bem! O José preto amava demais a vida para lhe pôr termo. Só o desespero provocado pela dor infernal o levava a tomar esta sombria iniciativa tão contra os seus princípios e as suas vivências. Lá continuava ele, o cão. Cão esperto, o Landrú! Até parecia ter mais juízo que muitas pes-soas. Ia à mercearia fazer compras com uma lista dentro do cesto. A senhora Glória, dona da mes-ma, aviava a lista e o animal voltava com o cesto pendurado na boca, todo lampeiro, à espera da merecida recompensa. O Landrú fazia com que o dono ganhasse muitas apostas, pois este afirma-va que ele sabia ler. O senhor José Preto lia, em voz alta, um papel que ia mostrando ao seu fiel amigo. Umas vezes, lia correctamente e outras de forma incorrecta, mostrando o papel ao fiel ami-go e, perante sinais imperceptíveis que só o cão decifrava, este movimentava a cabeça para baixo e para cima em sinal de acordo, ou para os lados, a indicar reprovação. O animal identificava cada um dos netos pelo seu nome e, quando estes eram mais peque-nos, ia buscar o que era referenciado pelo dono, agarrando com a boca as respectivas saias ou calças não os largando até à sua entrada em casa. E o carrinho que construíra para os netos e

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que era puxado pelo cão? Era uma alegria ver a satisfação das crianças rua abaixo, muitas vezes até ao tombo do carrinho que provocava um desassossego de todo o tamanho. Era tempo de voltar para casa. Uma casa com uma zona de habitação e um pátio interior onde ficavam os palheiros, as cabanas, a adega, o forno do pão e os armazéns dos produtos agrícolas. Só mandara construir as pocilgas no exterior por causa do seu cheiro pestilento. A parede norte do pátio era incrustada, no topo, por cacos de vidros por ser a menos protegida. Tinha sido por lá que, um dia, durante a tarde, com toda a família a trabalhar em frente de casa, os ladrões tinham entrado e levado tudo o que tinham querido, inclusive as roupas de cama. Repete-se novamente a mesma cena. Abre a porta de casa e acorda a família em tom de brincadeira, gracejando com a qualidade dos seus “guardas”, uma vez que, se não tivesse recuado nos seus intentos, teria tido tempo para se enforcar uma dúzia de vezes sem que nin-guém desse por isso. Bebe um copo de água, deita-se e apaga a luz. Mentalmente, começa a planear as tarefas que mandaria o pessoal executar pela manhã. Sabe que já ninguém o leva muito a sério, mas, mesmo assim, não desiste de comandar a sua vida, a vida dos seus, e de cuidar dos seus per-tences, conseguidos com o suor do seu rosto. O senhor José Preto faleceu na sua cama, rodeado pelos seus familiares, no dia vinte e seis de Junho de mil novecentos e cinquenta.

João Fontinha (Professor)

NOTAS: *“carrero”: carroceiro; ** carro: carroça; ***Mariani: italiano dono do cinema itinerante; **** “Abasto”: mercado abastecedor de Buenos Aires; ***** “portenha” : nome dado à música original de Buenos Aires; ****** Mar del Pla-ta: cidade onde fica a praia mais próxima de Buenos Aires; ******* Caíque: embarcação típica de Olhão.

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Porto de Buenos Aires

Casas coloridas de La Boca

Buenos Aires

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

O Centro Novas Oportunidades da Escola Secun-

dária Dr. Francisco Fernandes Lopes iniciou a sua

actividade no dia 1 de Setembro de 2008. Esta iniciativa pretende

melhorar o nível de qualificação de adultos que, por motivos

vários, não tenham concluído o ensino básico ou secundário.

O adultos maiores de 18 anos de idade que não

possuam o nível básico ou secundário de escola-

ridade poderão concluir o respectivo nível de ensino, desde que

tenham adquirido conhecimentos e competências através da sua

experiência de vida. Poderão, ainda, aceder ao nível secundário

de educação os adultos que tiverem entre 18 e 23 anos caso dis-

ponham, no mínimo, de três anos de experiência profissional devi-

damente comprovada.

A o inscrever-se no centro, e após o diagnóstico das

suas necessidades e perfil, o adulto poderá ser

encaminhado para um Percurso de Educação e Formação de

Adultos (Cursos EFA) ou outro percurso formativo ou ainda para o

Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação

de Competências (RVCC) tendo em conta a sua experiência

adquirida ao longo da vida. A certificação obtida através deste

sistema permite não só a sua valorização pessoal, social e profis-

sional, mas também o prosseguimento de estudos ou formação.

P resentemente, o Centro conta com cerca de 600

adultos inscritos: 150 ao nível do ensino básico e

450 ao nível do ensino secundário.

P ara qualquer informação, contacte-nos no Bloco

Sul da nossa escola.

Equipa a Técnica

Carla Silva – Profissional de RVC

Inês Azevedo – Técnica de Diagnóstico e

Encaminhamento

Rui Silva – Profissional de RVC

Sónia Evaristo – Profissional de RVC

Augusto Nascimento – Coordenador CNO

Idalécio Nicolau – Director CNO

CENTRO DE NOVAS OPORTUNIDADAES

Alguns dos membros da equipa técnica

D Dois dos nossos técnicos, na Feira Social, que teve lugar no Jardim do Pescador, em Outubro passado.

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O «DIA DO DIPLOMA»

Com o objectivo de reconhecer e de valorizar o mérito, a dedicação e o esforço no trabalho e desem-penho escolares, o Ministério da Educação atribui um prémio de mérito aos melhores alunos de cada esco-la que tenham concluído o ensino secundário no ano lectivo de 2007/2008 ou que o venham a concluir nos anos lectivos seguintes. Este prémio, com o valor pecuniário de 500 euros, é atribuído, em cada escola do ensino público ou privado, bem como em escolas profissionais, ao melhor aluno dos Cursos Científico-Humanísticos e ao melhor aluno dos Cursos Profissionais ou Tecno-lógicos. Na nossa Escola o prémio foi atribuído aos alunos: Olavo Guerreiro Viegas do Curso Científico-Humanístico e Tiago Daniel da Silva Cruz do Curso Tecnológico. A entrega do prémio ocorreu no passado dia 12 de Setembro, no Auditório da Escola. Aos galardoados, os nossos parabéns e os votos de um futuro pro-missor, cheio de suces-sos e de alegrias. Foram também entregues Diplomas a todos os alunos que, no ano lectivo anterior, concluíram o 12º ano.

QUADRO DE VALOR E EXCELÊNCIA

No dia 18 de Dezembro de 2008, no Auditório da nossa escola, realizou-se, pelas 16h 30m, uma pequena cerimónia de entrega de diplomas aos nos-sos melhores alunos, isto é, a todos aqueles que, no ano lectivo de 2007/2008, integraram o «Quadro de Valor e Excelência». Na cerimónia estiveram presentes os Alunos,

Pais e Encarregados de Educação, Professores e alguns amigos. Antes de entregar os Diplo-mas, o Presidente do Conselho Executivo proferiu um discurso onde, para além de felicitar todos os alunos distinguidos, apelou para a importância do trabalho e do estudo na vida dos jovens.

Em Janeiro de 2009, a jovem xadrezista Rafaela Vicen-te venceu o I Torneio Convívio Desporto Escolar 2009 em Xadrez, disputado entre alunos de cinco escolas algarvias. A estudante da nossa Escola contabilizou 5 pontos, batendo Daniel Afonso, da EBI Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva de Boliqueime, e Vlas Safronov da EB Dr. Joaquim Magalhães de Faro, que ficaram, respectivamente, em 2º lugar do pódio, com 4,5 pontos, e em 3º lugar, com 4 pontos. Além destes três alunos, participaram ainda estudantes do Colégio Bernardette Romeira (Olhão) e da EB 2,3 Dr. João Lúcio da Fuzeta. Para a escolha do logótipo das Franscisquíadas 2009, foi lançado um concurso a nível interno. Os alunos de Artes empenharam-se bastante e a escolha, que não foi nada fácil para os membros do Júri, recaiu no logótipo do aluno Armando Dourado da turma H do 12º ano. Os nossos parabéns a todos!

Estudar… compensa!...

E receber prémios sabe tão

bem!...

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

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À conversa com... À conversa com... À conversa com... À conversa com...

NOVOS RUMOS

A Educação em Portugal está prestes a enveredar por novos rumos. Além das alterações que são do conhecimento geral, temos a considerar agora, já no fim deste ano lectivo, a entrada em vigor do novo mode-lo de gestão escolar com a eleição do cargo de Director Executivo nas Escolas. Tudo indica que um ciclo se encerra para se inicie outro que será, com certeza, diferente. Em fim de mandato, quisemos conversar um pouco com o Presidente do Conselho Executivo, Professor Idalécio Nicolau, sobre o passado e o futuro que se avizinha, passando por saber o que é estar à frente de uma escola. Assim, em primeiro lugar, quisemos saber o que o tinha levado a candidatar-se, há já alguns anos, ao lugar que agora ocupa. Segundo nos disse, «tudo partiu de um desafio que lançou a [si] próprio, visto que já tinha feito parte de várias equipas em anteriores órgãos de gestão e que, para voltar, só o faria como presi-dente, cargo este que acarreta muito mais responsabilidade». Afirmou ainda que era «portador de um projec-to que se baseava no conhecimento da Escola, que passara por várias transformações e nas quais se sentia muito envolvido», adiantando que «apesar de já muito se ter feito nestes últimos anos, há ainda muitas coisas por fazer, com intervenções em vários campos, tais como a funcionalidade e a introdução de uma nova meto-dologia de trabalho». Quanto ao novo modelo de gestão das escolas, salientou que «o Director Executivo ideal deverá ser alguém com um determinado perfil, que domine as novas tecnologias e que tenha tacto e moderação nos contactos com o(s) outro(s). Deve saber gerir as relações humanas e saber contactar as pessoas certas para o lugar certo, ou seja, reconhecer as aptidões de cada pessoa para determinados cargos, nomeadamente com os seus colaboradores. Para além disto, o futuro Director deverá também ser alguém que saiba ouvir e ter uma relação de proximidade com toda a Comunidade escolar, evitando rupturas. Gerir pessoas não é nada fácil e nós atravessamos momentos particularmente difíceis, já que vivemos uma época conturbada e de mudança». Centrando a nossa atenção no tão falado problema da indisciplina e do ‘saber estar’ —- que é um dos problemas das escolas hoje em dia — disse-nos que, «de um modo geral, não se pode dizer que na nossa Escola haja indisciplina, tendo até havido uma melhoria substancial neste aspecto. Não é fácil, num universo tão diversificado e com um número tão elevado de alunos (actualmente temos uma grande variedade de cur-sos e de alunos de várias idades e proveniências), evitar que haja pequenos conflitos e uma ou outra coisa menos boa. São muitos adolescentes que convivem aqui diariamente, cada um com os seus problemas, a sua maneira de ser, as suas vivências. Todavia, o nível entre nós é muito satisfatório, embora não negue que pos-sa haver um ou outro caso pontual de indisciplina. Nestes casos, a solução pode / tem de ser encontrada com trabalho e empenho das partes envolvidas.» Passando à questão do Projectivo Educativo (que, pela primeira vez surgiu), referiu que a questão funda-mental era o «envolvimento da Escola na Comunidade em que está inserida, estabelecendo uma relação Escola / Meio que pudesse criar parcerias que fossem oportunas e benéficas, aliadas, do trabalho que se rea-liza aqui na Escola. No que diz respeito aos Cursos Profissionais, que serão cada vez mais, uma das princi-pais preocupações prende-se com a acessibilidade dos alunos a um estágio já que eles são formados espe-cialmente para o mundo do trabalho. Porém, uma das prioridades é, sem dúvida, a socialização destes alunos já que isso lhes poderá aumentar as hipóteses de serem mais facilmente recrutados por uma empresa. ‘Saber ser’ e ‘saber estar’ é fundamental e, às vezes, os alunos não estão preparados. Prevê-se que, nos próximos anos, 50% dos nossos Cursos sejam Profissionais. Temos de estar preparados para isso». Questionado ainda sobre a tão polémica questão da avaliação dos docentes, o Presidente referiu que, na sua opinião, «este modelo de avaliação não é o mais objectivo nem permite fazer a diferença tão pretendida pela tutela» e acrescentou ainda que «a fase inicial deste processo não correu bem, quer a nível de esclareci-mento, quer a nível de negociações e perderam-se muitas horas de trabalho inglório que não conduzem a nada e muito menos a uma melhoria do ensino». Por esse motivo é que «se está a viver agora uma situação de impasse que não [sabe] como acabará». Espera, no entanto, que «tudo isto tenha um desfecho positivo e que ninguém saia prejudicado». Por fim, e para acabar, deixou-nos os seguintes pontos de reflexão: «Face aos novos tempos que se avizinham, toda a comunidade se terá de adaptar aos desafios do futu-ro, por um lado, e, por outro, é preciso começar a olhar para a Escola com um olhar especial, gerindo as dife-renças dentro do sistema» e que, «tendo a Escola sido integrada no ‘Parque Escolar’, é importantíssimo defi-nir as linhas fundamentais de identificação/afirmação da mesma para os próximos anos. Ou seja, temos de saber, de facto, que escola queremos ser». P. Palmeiro (Professora)

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GOVERNO SUB18 No passado dia 19 de Fevereiro, um grupo de alunos (12º ano) da nossa Escola, liderado por uma Primeira Ministra, Cecília Sá, inteligente e cheia de garra, participou em mais um concurso para eleger o mais jovem governo de Portugal, promovido pela Revista Fórum Estudante. Este ‘governo’, composto por quatro ministros — Ambiente (Andreia Picoito), Educação (João Ramos), Finanças (António Fitas) e Juventude (Rui Fernan-des), para além da Primeira-Ministra — apostou desta vez no Ambiente (contrariamente ao que o nosso ami-go jornalista da Fórum Estudante entendeu!… - ver artigo seguinte), não descurando nenhuma das outras pastas. As capacidades oratórias da Cecília mereceram o aplauso de toda a assistência e o debate que se seguiu à apresentação dos diferentes programas de governo foi “quente”, diria mesmo, ‘escaldante’. Na verdade, a nossa Escola — vencedora do primeiro concurso realizado em 2008 — parecia inti-midar um pouco os outros concorrentes e talvez tam-bém por isso tenha sido o alvo preferido das diferen-tes equipas. No entanto, estes jovens políticos estive-ram à altura e responderam com argumentos fortes, mantendo sempre a calma e o decoro. Um belo exem-plo para muitos ‘seniores’ que por aí andam!... No final, conquistaram um mais que merecido e honroso 2º lugar e, embora tristes e decepcionados, revelaram ser bons perdedores. Parabéns, amigos! Contamos convosco num futuro próximo! Mª do Carmo Loureiro (Professora)

Os resultados foram os seguintes: 1º) Escola Secundária de Silves: 7 votos 2º) Escola Sec. Dr. Francisco F. Lopes: 6 votos 3º) Escola Secundária de Albufeira: 4 votos 4º) Escola Secundária de Lagos: 3 votos O QUE A FÓRUM ESTUDANTE ESCREVEU... Com um programa eleitoral muito direccionado para as Finanças e apostadas em renovar o Interior fronteiriço de modo a atrair consumidores espanhóis e fixar população nessas cidades, as meninas da Esco-la Secundária de Silves muito debateram as suas medidas… Tanto, que acabaram por vencer esta elei-ção! Decididos a «apertar» com as empresas a nível fiscal e ambiental, e com muita força no debate — força essa que foi necessária para defender a sua medida mais discutida que passava por acabar com as aulas de tarde no secundário — a Escola Secun-dária de Albufeira mostrou investimento e entusias-mo na sua participação. A Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes, com elementos muito fortes e com uma postu-ra muito correcta durante o debate (em que foi das escolas mais requisitadas), presenteou-nos com várias citações requintadas como «aproveitemos esta crise para renascer das cinzas». Ou fazendo da educação a sua bandeira e alertando para o facto de «o ensino ter sido relegado para segundo plano». Governo interessante! Uma medida curiosa, mas pouco ou nada debati-da, logo a abrir o ministério da Educação da Escola Secundária Gil Eanes (Lagos). Especializar as esco-las em determinadas áreas de ensino (ex: escola ‘A’ em Humanidades; escola ‘B’ na área científica). Origi-nal, parece-me. No debate, foram muito empenhados e dos mais activos, revelando-se incisivos na análise das medidas dos outros governos. F. Cotrim

Estudar… compensa!...

E receber prémios sabe tão

bem!...

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

CrónicaCrónicaCrónicaCrónica

O Lego gosta de hip-hop. Gostava de ouvir e improvisar no Rap, mas depois, sob a influência de um amigo DJ, soube mais sobre o hip-hop, criou uns passos de breakdance e até já arriscou uns grafites, altas horas da noite. O seu território é a rua da Madalena, perto de casa. Lá, reúnem-se multidões, aquilo ferve. O Lego mal consegue acreditar que o hip-hop é um movimento com mais de trinta anos. Acompanha os últimos gritos pelo Youtube, filmes, revistas, até um livro já leu sobre o assunto. Está tentado a criar um esti-lo próprio no breakdance, o Lego Style. O irmão dele, o Franja, esse é um ser convicto: não há asfalto, escada, coping, não há street style que os seus trucks não singrem. Big air, downhill slide, pool riding, half-pipe, tudo isto para o Lego é chinês, mas para o Fran-ja é estilo de vida. Até o cabelo dele é skater. A Mariana alinha mais com o Franja, no breakdance. Engraçado, ela que era, até há seis meses atrás, uma Emo, deixou tudo pelo breakdance… há quem diga que por causa do Lego… agora passa os dias com ele, dis-cutindo tribos, passos, culturas, modos de vida. O Mouse passa os dias a discutir Linux e até já criou um game com as próprias mãos. O Kaló não resiste a um enigma matemático. Diz ele que a matemática é magia pura, um mundo em que fazemos operações com coisas… mas sem as coisas. Já o Micas questio-na nada mais, nada menos, do que a origem de tudo. Diz ele que talvez o Big Bang não tenha sido a origem de tudo, que talvez a matéria seja eterna e infinita… anda a tentar entender a teoria das cordas, a pesquisar mais na net. O Migas, esse, diz que gosta é de química, que a química, filha da alquimia, é algo quase sobrenatural, dá o poder de enten-der a transmutação das substâncias. O Fred gosta é de animais… desde pequeno. É con-tra as touradas de morte, defende os direitos dos animais com unhas e dentes. Lê muito sobre o assunto. Fica maravilhado com a diversidade e os mistérios da natureza. Com o Ornitorrinco, por exemplo, um mamífero com bico de pato e que põe ovos. E o que dizer do Sérgio que passa os dias a discutir política? Ele acha que, sem espírito crítico, somos meros cordeirinhos e, não, nunca quis ser um mero cordeirinho. Lá está ele, na associa-ção de estudantes, lá vai ele naquela manifestação. A Lena gosta de poesia. Pega com cuidado de cirurgião num livro de Cecília Meireles e lê, quase como se rezasse:

“Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.

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Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento.” E fica, longos minutos, a contemplar o infinito, extasiada com as palavras. O que têm em comum todos estes amigos? O que estes amigos têm em comum é o facto de todos eles gostarem da vida, de conhecer mais, e de se entregarem a este conhecimento de corpo e alma. E quem diz conhecer, diz estudar, diz saber mais acerca das coisas, de aprender. O que faz o Franja, senão aprender, estudar o mundo do skate? E o Lego, com a sua sede de conhecimentos pelo hip-hop? Está a estudar… sim, a estu-dar este mundo que, há dois anos atrás, desconhecia por completo. Estudar é isto, é conhecer mais a vida, o mundo, as pessoas. É algo que nos eleva, que nos faz pulsar e vibrar por estarmos vivos. E há tantas perguntas acerca do mundo, há tanto por responder, tanto por descobrir. Sobre a vida, a sua origem, sobre o sentido da vida. Por isso, se um amigo destes disser algum dia “não gosto de estudar!” estará, sem querer e sem saber, a dizer uma mentira. Luís Gomes (Professor)

Ou Isto ou Aquilo Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... E vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo

Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles (1901-1964)

CECÍLIA MEIRELES por Arpad Szènes

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Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

A FEIRA SOCIAL DE OLHÃO

A nossa Escola marcou presen-

ça na Feira Social de Olhão, que decorreu no Jardim do Pescador,

entre 2 e 5 do passado mês de Outu-

bro. Assim, toda a comunidade olha-

nense pôde ver o que por aqui se vai

fazendo, desde os Cursos Profissio-

nais, à tão polémica Área de Projecto (12º ano do ensi-

no regular), passando pelo Centro de Novas Oportuni-

dades e pelo Gabinete de Apoio ao Aluno (GAA).

Nas nossas tendinhas a azáfama foi grande, mas

todos estavam divertidíssimos!...

O DIA DO PATRONO

Comemorou-se a 4 de Dezembro

o Dia do Patrono da nossa Escola, Dr.

Francisco Fernandes Lopes, e relem-

brou-se o que era a

escola há trinta anos

atrás. Para além de

uma exposição na

Expoteca, com verda-

deiras relíquias desse

passado, tivemos o pra-

zer de assistir a uma interessantíssi-

ma palestra proferida pelo Dr. Fernan-

do Cabrita sobre a insigne figura des-

se grande Homem que foi o Dr. Fran-

cisco Fernandes Lopes.

A «Estrafegue» também se asso-

ciou à efeméride e publicou um núme-

ro especial da responsabilidade das

promotoras da iniciativa com a cola-

boração técnica do professor Nuno.

Para finalizar a sessão, houve ain-

da um beberete servido a todos os

presentes, com muita simpatia e esmero, pelos alunos

da Escola João da Rosa.

FERNANDO PESSOA

Para assinalar os 120 anos do nasci-

mento do nosso mais conhe-

cido poeta do século XX,

esteve patente na nossa

Expoteca, entre 28 de Janei-

ro e 6 de Fevereiro, uma

exposição subordinada ao

tema “Fernando Pessoa e

seus heterónimos”.

Organizada pela Biblioteca, a

exposição pôde ser visitada por

todos, em particular pelos alunos e

professores do 12º ano, já que Fer-

nando Pessoa Ortónimo e Heteróni-

mos é objecto de estudo na discipli-

na de Português.

A par da exposição,

alunos e professores pude-

ram «fruir das palavras ditas

e reditas» deste «Drama em

gente» em duas sessões do

recital «Ser Pessoa — o poe-

ta das ficções» de Afonso

Dias.

VISITA DE ESTUDO

No dia 5 de Março reali-

zou-se uma visita de estudo aos

serviços/instalações do INEM –

Delegação de Faro, no âmbito da

disciplina de Saúde e Socorris-

mo, pela turma 12.ºJ. Nesta visita os alunos:

contactaram directamente com um serviço / pro-

fissionais de prestação de

socorro; aplicaram conhe-

cimentos adquiridos nas

aulas de Saúde e Socorris-

mo acerca do INEM; conhe-

ceram outros meios/

serviços de prestação de socorro do INEM, para

além do CODU e CIAV; observaram, uma ambu-

lância de socorro e os equipamentos disponí-

veis; e, dialogaram com socorristas do INEM,

tendo tido oportunidade de esclarecer algumas

dúvidas e satisfazer pequenas curiosidades.

Uma verdadeira visita de estudo.

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MENSAGENS DE NATAL

O Natal é tempo de partilha, de aceitação e de compreensão do(s) outro(s).

Este ano, por iniciativa das docentes de Portu-guês, Marsília Norte, Teresa Dumiense e Roseline Granja, houve mensagens de Natal de todos para todos e em várias línguas. Os cartões foram feitos pelos alunos e expostos na Sala de Professores.

( P rofessoras de Português ) ( P rofessoras de Português ) ( P rofessoras de Português ) ( P rofessoras de Português )

FIVE O’CLOCK TEA /

KAFFEE UND KUCHEN

Como já vem sendo hábito, os docentes de Inglês voltaram a realizar o já famoso «Five 0’clock tea», desta vez, um pouco mais rico, pois contou também com a colaboração dos docentes de Ale-mão. Foi bom, simpático e muito concorrido. Só faltou foi mesmo os convivas falarem inglês ou… alemão!...

Do you speak english?

Sprechen Sie Deutsch?

SIMULACRO Realizou-se no passado dia 5 de Março, por volta das 9h 30m, mais um exercício de evacuação da Escola em caso de catástrofe. Desta vez o cenário escolhido foi um sismo com a duração de 11 segun-dos.

O exercício contou, desta vez, com a presença da Protecção Civil da Câmara Municipal de Olhão, Bom-beiros Municipais, Polícia de Segurança Pública, Centro de Saúde de Olhão e Gabinete de Segurança da Direcção Regional de Educação do Algarve (DREA).

Pelos vistos, tudo correu bem e os alunos e profes-sores que se concentraram no campo de jogos ape-nas deram conta de dois bombeiros que por ali apa-receram equipados a rigor e do barulho das sirenes dos carros da Polícia e dos Bombeiros.

JANTAR DE NATAL

No último dia de aulas do primeiro período, 19 de Dezembro, realizou-se o habitual Jantar de Natal, organizado por uma equipa de docentes. O refeitório encheu e houve muitas pes-

soas que, infelizmente, não puderam partilhar da fes-ta por falta de… lugar! Antes do jantar, todos os pre-sentes puderam assistir a um pequeno espectáculo de dança pelos alunos e dançar, o que foi excelente para animar a noite que, apesar de fria, prometia ser divertida. O jantar, preparado por uma equipa de excelentes cozinhei-ras, sempre divertidas e bem-dispostas, estava uma verdadei-ra delícia. Antes de se passar ao ‘ataque’ da doçaria, o Presidente do Conselho Executivo tomou a palavra e aproveitou a ocasião para prestar homenagem a todos aqueles que, voluntária ou involuntariamente, se reformaram. A emoção era grande e todos proferiram um pequeno discurso de agradecimento e saudade. Alguns dos homenageados, infelizmente, não pude-ram estar presentes, mas não deixaram por isso de ser lembrados. No final do jantar, procedeu-se à distribuição dos presentes e a noite acabou tarde com uma sessão de

canções de Natal por um animado grupo de docentes. As vozes estavam afinadas e o ambiente caloroso e muito animado.

APEEESO

A Associação de Pais e Encarregados de Educa-ção da Escola Secundária de Olhão foi reactivada no início do presente ano lectivo e tem-se revelado, de então para cá, muito activa e dinâmica. Nesta edição damos conta de algumas das activi-dades desenvolvidas pela APEEESO (ver páginas 10/11 e 25) e aproveitamos a ocasião para a felicitar, desejando-lhe as maiores felicidades e sucessos. Só com a colaboração de todos poderemos con-seguir uma Escola e um Ensino melhores.

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Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

PALESTRAS SOBRE...

ENERGIAS RENOVÁVEIS

No passado dia 6 de Novembro, pelas 16h 50m, realizou-se no Auditório da Escola uma palestra sobre «Energias Renováveis», proferida pelos professores Nelson Sousa e Raul Lana da Escola Superior de Tec-nologia da Universidade do Algarve.

A palestra dirigida sobretudo aos alu-nos dos Cursos Profissionais e dos CEF’s de Instalações Eléctricas, pretendia sensibilizar os jovens para a utilização da energia solar na produção de água quente (painéis térmi-cos) e energia eléctrica (painéis fotovoltai-cos) como alternativa ao uso de combustí-veis poluentes.

O ENSINO NO MUNDO DIGITAL

Realizou-se no dia 4 de Feverei-ro, pelas 15 h, no Auditório da nossa Escola, uma palestra intitulada Ensino no Mundo Digital: recursos e possibilidades, pelo Dr. Paulo Izidoro da Rede de Bibliotecas Escola-res. Esta foi uma iniciativa da Rede Conce-lhia de Bibliotecas de Olhão. Estiveram pre-sentes cerca de 35 professores de todas as escolas do Concelho. Durante duas horas foram focados alguns dos recursos disponí-veis para um ensino digital: e-mails, platafor-mas de aprendizagem (moodle), blogues, wikis, sites, etc.

Os presentes consideraram muito útil esta palestra, tendo alguns professores sugerido a realização de um workshop de carácter mais prático.

O conteúdo da palestra pode ser encontrado em www.professordigital.wetpaint.com

CRISE INTERNACIONAL

O eurodeputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas, esteve no passado dia 13 de Fevereiro no Auditório da nossa escola para fazer uma palestra sobre a crise económica internacional que atra-vessamos. Embora a palestra fosse dirigida aos alunos do 12º ano de História e de Economia (áreas de Estu-dos Sociais e Humanos), o público acorreu em massa e a sala ficou superlotada. O orador, recorrendo às novas tecnologias e a dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), conseguiu mostrar alguns gráficos muito interes-santes que ajudaram a tornar a sua exposição clara e concisa, ao que também não foi alheia a sua capacidade comunicativa e a objectividade que caracterizam o seu discurso, não enquanto político mas enquanto orador para um público jovem. No final, houve um momento de debate caracterizado por inúmeras intervenções, quer de alunos quer de professores, com um nível de qualidade elevado, o que foi salientado pelo próprio Miguel Portas quan-do entrevistado (pp.30/31).

CAVALOS-MARINHOS: DOS MITOS AO PRESENTE No âmbito do trabalho de Área-Projecto de um grupo de alunos do 12.ºA, realizou-se uma palestra pelo Prof. Dr. Jorge Palma, investigador da UAlg, no auditório da nossa escola subordinado ao tema Cavalos-Marinhos: dos Mitos ao Presente. Esta palestra funcionou como elemen-to motivador para a concretização do projecto tendo sido feitos, de imediato, contactos com o investiga-dor e instituição para uma posterior visita ao pólo de investigação da UAlg — Ramalhete. Das curiosidades mais interessantes a salientar: a fecundação interna e desenvolvimento embrioná-rio é efectuada pelo macho e estes animais perten-cem à classe dos Peixes!...

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Actividades da BE/CRE Actividades da BE/CRE Actividades da BE/CRE Actividades da BE/CRE

Recital de Poesia No passado dia 27 de Outubro, pelas 21h, realizou-se, no Auditório, um Recital de Poe-sia no âmbito do Mês Interna-cional da Biblioteca Escolar. Durante a sessão, Sónia Perei-ra e Paulo Pires impregnaram a sala de palavras, verdadeiras pérolas arrancadas "às suas conchas puras", embaladas pela música do acordeão. Foi neste ambiente caloroso que o público (professores, alunos e comunidade local) fruiu a bele-za das palavras (re)ditas.

A Batalha dos LivrosBatalha dos LivrosBatalha dos LivrosBatalha dos Livros é um concurso de leitura, que incentiva a leitura autónoma reali-zada por alunos do 3º ao 10º ano de escolari-dade. Encoraja a leitura de bons livros e a

competição saudável entre pares. Este concurso é uma iniciativa da

Rede Concelhia de Bibliotecas de Olhão. A "BatalhaBatalhaBatalhaBatalha" processa-se em duas fasesduas fasesduas fasesduas fases, uma "local"local"local"local" ( durante a Semana da Leitura, em 4 de Março ) para apuramento da equipa vencedora de cada escalão / agrupamento e uma "concelhia" "concelhia" "concelhia" "concelhia" ( em Abril ) , que coloca em con-fronto as equipas vencedoras de cada agrupamento, para apura-mento dos vencedores concelhios. Até lá, organizem-se em equipas e comecem já a ler.

Para mais informações, consulta o site da Biblioteca ou diri-ge-te ao balcão de atendimento.

Feira do Livro

Enfeita o teu Natal com Livros! Enfeita o teu Natal com Livros! Enfeita o teu Natal com Livros! Enfeita o teu Natal com Livros!

Foi este o mote para mais Feira do LivroFeira do LivroFeira do LivroFeira do Livro, que decorreu na última semana de aulas, entre 15 e 17 de Dezembro, na Expoteca. Este ano, tivemos ainda, em parceria com o Grupo de Inglês, uma mini-feira de livros em língua inglesa. Todos os livros tinham 10% de desconto. Como sempre, as pessoas passaram e compraram!...

Vem Conhecer a Biblioteca! Durante o Mês de Outubro, a Biblioteca organizou várias sessões ( 1 5 no total ) sobre a BE junto das turmas do 10º ano. Esta iniciativa teve como objectivo promover o valor da BE na escola, motivar para a

sua utilização, esclarecer sobre a forma como está organizada e ensinar a utilizar os diferentes serviços.

Projecto “Manual solidário”

É um projecto que desafia os alunos a serem solidá-rios solicitando, entregando na BE os seus manuais (10º,11º e 12º anos), no final de cada ano escolar. Estes livros serão redistribuídos/emprestados, no próximo ano lec-tivo, aos alunos que, comprovadamente, revelem maiores dificuldades na aquisição de alguns manuais adoptados na escola. Este projecto será desenvolvido no âmbito do estágio dos alunos do 11º M (curso profissional de Animador Socio-cultural), em parceria com o Gabinete de Apoio ao Aluno, Biblioteca, SASE e Serviço de Psicologia e Orientação. Brevemente, haverá mais informações na página da escola. Estejam atentos!

Page 26: Revista ESTRAFÊGUE n.º 3

Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...Brevíssimas… do que se foi fazendo...

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

«OS CONTOS DO MAGO»

Na sequência da adesão da nossa Escola a mais um projecto no âmbi-to do Programa de Educa-ção Ambiental pela Arte (PREAA), promovido pela Direcção Regional de Edu-cação do Algarve (DREA) e inserido no «Ano Interna-cional do Planeta Ter-ra» (AIPT), decorreu, no passado dia 8 de Janeiro, no Auditório, uma sessão de esclarecimento sobre «Os contos do Mago» feita pela Dra. Helena Tapadinhas, responsável pelo PREAA, e destinada aos alunos e professo-res envolvidos. Esta agradável sessão contou também com a presença do senhor Director Regional de Educação do Algarve, Dr. Luís Cor-reia, e da representante do Município, Dra. Carla Caramujo. Pena foi que a nossa escola não tives-se sido avisada a tempo da presença de tão ilus-tres personalidades!...

EDUCAÇÃO SEXUAL

Como vem sendo hábito, o Gabinete de Apoio ao Aluno (GAA), em parceria com o Centro de Saúde de Olhão, vai realizar vários workshops sobre «A Sexualidade na adolescência: preven-ção da gravidez e das doenças sexualmente transmissíveis», destinados às turmas do 10º ano. As sessões têm lugar entre 20 de Fevereiro e 13 de Março e estarão a cargo da Enfermeira Ana Lam, do Centro de Saúde Olhão.

O CINEMA DE ANIMAÇÃO

A convite da Biblioteca Escolar, e no âmbito do apoio ao desenvolvi-mento curricular, os alunos de Artes Visuais puderam assistir, no Auditó-rio, a uma palestra intitulada «As ori-gens do cinema de animação» profe-rida pela Drª Marina Graça da Univer-

sidade do Algarve.

SEGURANET

Para comemoração do Dia Europeu da Internet Segura, a 10 de Fevereiro, os profes-sores Décio Viegas e Teresa Costa dinamiza-ram algumas actividades relacionadas com o uso esclarecido e seguro da Net, associando- se, deste modo, ao projecto Seguranet. Nesse dia, pelas 10h, duas turmas de Infor-mática assistiram, no Auditório, a uma trans-missão via Internet a partir das instalações da Equipa RTE-PTE, (Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular) para todas as escolas, sobre a temática da Segurança na Internet. Seguiu-se uma apresentação de dois tra-balhos realizados, no ano passado, pelos alunos Vladislav Shvedchikov e Zineb Naki da nossa escola no âmbito das Actividades Seguranet, havendo ainda lugar à entrega de um certificado de mérito a estes alunos. Seguidamente, o pro-fessor Décio fez a apresentação do 1º centro técnico especializado sobre Segurança na Internet na nossa escola — Academia Segu-ra@Net — com vista à promoção e conscien-cialização da utilização segura das Tecnolo-gias de Informação e Comunicação. Esta Aca-demia destina-se a todos os jovens que dese-jem qualificar-se na utilização esclarecida, crí-tica e segura das tecnologias, em geral, e da Internet, em particular, e funcionará à quarta-feira das 14h30 às 16h no novo Laboratório de Informática. Desenvolverá também um conjun-to de actividades cujo objectivo é preparar e qualificar os jovens para a obtenção dos seguintes níveis de certificação: Segur@Net Iniciante, Segur@Net Mestre e Segur@Net Especialista. Foi ainda feita, durante todo o dia, a dis-tribuição de um folheto com algumas Dicas para a Utilização Segura da Internet. Para mais informação, consultar a página da Escola.

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Mais notícias da Associação de Pais e Encarregados de Educação Mais notícias da Associação de Pais e Encarregados de Educação Mais notícias da Associação de Pais e Encarregados de Educação Mais notícias da Associação de Pais e Encarregados de Educação

da Escola Secundária de Olhão da Escola Secundária de Olhão da Escola Secundária de Olhão da Escola Secundária de Olhão

SEMINÁRIO EM FAROSEMINÁRIO EM FAROSEMINÁRIO EM FAROSEMINÁRIO EM FARO

Os novos papéis dos pais

na construção de uma escola de qualidade

Decorreu no dia 7 de Fevereiro no auditório da Escola Superior de Saúde, em Faro, um seminário organizado

pela FRAPAL e pela Direcção Regional de Educação, subordinado ao tema “Os novos papéis dos pais na constru-

ção de uma escola de qualidade”.

Contou com a participação dos pais, membros dos órgãos sociais das associações de pais e encarregados de

educação, pais representantes de turma, do Conselho Geral Transitório e do Conselho Pedagógico e constituiu

uma oportunidade de participação no mundo da educação dos nossos filhos.

Foram abordados vários temas relacionados com o papel dos pais na escola, conforme programa em anexo. O

início do seminário contou com a actuação do Curso Profissional de Música da Escola Secundária de Vila Real de

Santo António e no fim com a actuação do Curso Profissional de Dança da Escola Secundária de Tomás Cabreira

de Faro.

São os pais os primeiros e principais responsáveis pela educação dos filhos, sendo o seu envolvimento na

escola uma forma de investir na qualidade da educação dos filhos e no sucesso educativo e neste sentido foi cele-

brado um protocolo de colaboração com as autarquias aderentes relativamente à formação dos pais e encarrega-

dos de educação, tendo o mesmo, no caso do Município de Olhão, sido assinado pela Vice-Presidente da Câmara,

Dr.ª Margarida Magalhães.

O acordo celebrado tem como finalidade dinamizar uma relação de proximidade e de colaboração entre as

Escolas dos concelhos de todos os níveis de ensino, os Pais e os seus órgãos representativos e as autarquias

locais, sob o alto patrocínio da Direcção Regional de Educação do Algarve, tendo em vista o desenvolvimento de

acções conjuntas favoráveis à promoção do sucesso educativo dos alunos desta região e de uma melhor e mais

eficaz Escola e Educação.

Entre as várias acções conjuntas a desenvolver destacam-se a realização de Seminários temáticos; a realiza-

ção de um conjunto alargado de Acções de Formação dirigidas a pais, representantes dos pais com assento nos

órgãos consultivos das escolas, dirigentes de associações de pais, entre outros; bem como, a recolha de informa-

ção pertinente sobre esta problemática, como forma de melhor conhecer a realidade do distrito e sustentar uma

acção estratégica conjunta.

A APEEESO esteve presente no seminário, com as participações da presidente da direcção, Dina Correia, as

vogais, Domitília Matias, representante no Conselho Geral Transitório, e Ana Cristina Viegas e a sócia Amélia João.

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Passatempos e curiosidadesPassatempos e curiosidadesPassatempos e curiosidadesPassatempos e curiosidades

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ADIVINHA Nos altos montes habito, Do céu trago o meu candor, Sem estrondos cubro a terra, Toda a deixo numa cor. Bem vária em minha figura Conforme me agita o vento, Finjo às vezes estrelinhas, Outras flores represento. Do grã monarca das luzes, Tanto sou enamorada Que quando o vejo ou sinto, Fico toda liquidada. O que será? Resposta numa das páginas

desta edição.

POR QUE TEM A NUVEM DE UMA EXPLOSÃO ATÓMICA FORMA DE COGUMELO?POR QUE TEM A NUVEM DE UMA EXPLOSÃO ATÓMICA FORMA DE COGUMELO?POR QUE TEM A NUVEM DE UMA EXPLOSÃO ATÓMICA FORMA DE COGUMELO?POR QUE TEM A NUVEM DE UMA EXPLOSÃO ATÓMICA FORMA DE COGUMELO?

Ao contrário do que se possa acreditar, a famosa forma «nuvem em forma de cogumelo» não é específica das explosões nucleares. Na realidade, uma combustão volumosa provocada por explosivos químicos produziria precisamente o mesmo efeito. A bomba nuclear explode, distribui muito raios X que ionizam e aquecem o ar circundante. Disto resulta uma enorme bolha de ar incandescente. A «bola de fogo» sobe rapidamente gerando uma forte corrente de ar ascendente que “ chupa ” o material pulveri-zado pela explosão e que forma uma coluna à qual se chama «talo do cogumelo». No caso das poderosas “ bombas H ” , a bola de fogo alcança o limite entre a troposfera e a estratosfera. A troposfera está situada aproximadamente a 15 km sobre o nível de mar. A esta altitude a bola de fogo fica fria e não tem energia suficientemente para se expandir na estratosfera. A expan-são ocorre então para os lados, formando o «chapéu» do cogumelo. OLÍVIA GOMES ( Professora )

SABIA QUE… Quando se está rouco ou afó-nico, o melhor remédio é chupar uma rodelinha de gengibre fresco? Se precisar, experimente. É remé-dio santo!...

HORIZONTAIS: : : : 1. Ouve-se nos espectáculos; o maior escritor português do século XIX; 2. Regular; 3. Verbo ser no presente do indicativo; 4. Apelido de um dos maiores pintores do século passado; 5. Oferecem; Víscera dupla; 6. Alegra; 7. Agora no início; Saudá-vel invertido; 8. Gigante VERTICAIS: 1. Pronome pessoal; antes de Cristo; 2. Habitantes do País Basco; 3. Contrário de vir; forma do verbo haver; outra coisa; 4. Prémio Nobel da Literatura; 6. Muitos; 7. Aqui; citrino; 8. Espíritos

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Sabia que os cavalos-marinhos da Ria Formosa são monogâmicos? Pois, fique sabendo que a espécie que habita as nossas águas gosta de ser fiel ao seu par. E mais, quem «dá a luz» é o macho!... Curiosos estes bichinhos que, afinal, são mesmo PEIXES!

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DizDizDizDiz----me o que comes, dirme o que comes, dirme o que comes, dirme o que comes, dir----tetetete----ei quem és...ei quem és...ei quem és...ei quem és...

Litão à Moda de Olhão

Ingredientes (8 pessoas):

250 g de litão seco

3 a 4 cebolas

4 dentes de alho

2 pimentos verdes

4 tomates bem maduros

500 g de batata

1 folha de louro

0,5 dl de bom azeite

0,5 dl de vinho branco (facultativo)

Sal e pimenta q. b.

Preparação:

Lave o litão e deixe-o de molho durante um dia com algum sal.

Descasque as batatas e as cebolas e corte-as às rodelas. Corte os pimentos em

tiras. Pele o tomate e tire-lhe as sementes. Depois, num tacho, deite um pouco de azeite e

disponha os ingredientes em camadas. Comece pela cebola e alho picado, pimento,

tomate, salsa e um pouco de louro; a seguir, ponha rodelas de batata; e, por fim, o litão.

Repita a operação duas a três vezes. Tempere com sal e pimenta a gosto. Junte

um pouquinho de água ou, se quiser, de vinho branco, tape o tacho e leve a cozer em

lume brando. De vez em quando abane o tacho para não agarrar.

(Receita gentilmente cedida pela Professora Maria Assis Brito)

Legumes no Forno

Ingredientes: legumes variados (segundo o gosto e a disponibilidade) batata, batata

doce, beringela, curgete, cebola, cebola roxa, nabo, cenoura, talo de aipo, alho francês,

pimento (amarelo ou verde), dente(s) de alho, sal, pimenta, azeite e um fio de vinagre balsâ-

mico.

Preparação: Descasque os legumes, lave-os e corte-os aos cubos pequenos e às rodelas

ou tiras.

Ponha-os num prato de ir ao forno, regue com um pouco de azeite — não muito — e um

fio de vinagre. Tempere a gosto com sal e pimenta e leve a assar ao forno. Mexa de vez em

quando. Se quiser, pode juntar ervas a gosto (salsa, orégãos, cebolinho ou coentros, de pre-

ferência frescos).

São um óptimo acompanhamento para carne ou aves grelhadas / assadas.

Experimente! Coma legumes!...

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

O termo “cidadania” tem origem no termo civitate que significa cidade. O seu exercício compreende um amplo conjunto de deveres e direitos interligados que configuram um deter-minado estatuto político. O conhecimento, a consciencialização e a prática dos direitos e deveres, associados à interiorização e prática de valores como a democracia, os direitos humanos, a equidade social, a participação, a parceria, a solidarie-dade e a tolerância configuram o exercício de uma cidadania responsável, a qual abrange três dimensões: DIMENSÃO ÉTICA — traduz-se numa indissociabilidade em relação à ética, isto é, qualquer acção desenvolvida deve ser nortea-da por princípios aceites pela sociedade. DIMENSÃO NORMATIVA — traduz-se em respeito por um conjunto de regras de convivência definidas legalmente e que se destinam a integrar harmoniosamente os indi-víduos numa rede social. DIMENSÃO IDENTITÁRIA— traduz-se na preservação da memória, valores e heranças patrimoniais das cidades ou das ins-

tituições, isto é, tudo aquilo que as diferencia e individualiza como tais. O exercício de uma cidadania plena desenvolve-se em vários níveis: mundial, comunitário, nacional, local e institucional.

Todos nós, pelo menos, através da nossa relação com os meios de comunicação social, conhecemos o âmbito de cada um destes níveis. A participação na vida da cidade (nível local) e, consequentemente, na vida das suas

instituições (nível institucional), assume-se como um direito e, em simultâneo, como um dever, inscrevendo-se como um valor em todas as sociedades democráticas. Foca-se aqui o nível institucional, cen-trando a atenção sobre o caso particular da organização escolar. Cada escola é uma “mini-sociedade” com uma cultura própria, resultante de uma cons-trução social que ocorre através de um proces-so dialéctico entre a adaptação ao meio exte-rior e a integração de novos membros, assu-mindo primordial importância o simbolismo e a subjectividade. A cultura de escola ou ethos refere-se ao conjunto de crenças, valores, regras, rituais, conhecimentos, artefactos, símbolos, rotinas, formas de interacção e comunicação, práticas dos diferentes actores, linguagem, unidos por um significado comum. Pelo contrário, é per-meável a interacções exteriores, evoluindo continuamente, em resultado das interacções entre os seus actores. A organização escolar e a sua cultura deverão dar um forte contributo para o desen-volvimento da cidadania dos alunos. Tanto o currículo formal como o currículo oculto deverão contemplar situações de aprendiza-gem e exercício da cidadania, estimulando o desenvolvimento nos alunos de uma literacia política, de um pensamento crítico, de deter-minadas atitudes e valores, a par de uma moti-vação para a participação activa e positiva na organização escolar, em particular, e na socie-dade, em geral. Dada a permeabilidade da escola a inte-racções com o meio envolvente, as situações educativas promotoras da educação para a cidadania nos alunos, irão sofrer transforma-ções, sem, contudo, se alterarem os grandes objectivos educacionais. Consequentemente, os professores, no microcosmos que é a esco-la, terão também oportunidades de aperfei-çoamento não só em termos pedagógicos, mas também no que diz respeito ao exercício da sua cidadania, em muitas situações envol-vendo outros actores da comunidade escolar.

ARTIGO DE OPINIÃOARTIGO DE OPINIÃOARTIGO DE OPINIÃOARTIGO DE OPINIÃO

O EXERCÍCIO DA CIDADANIA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

EM AMBIENTE ESCOLAREM AMBIENTE ESCOLAREM AMBIENTE ESCOLAREM AMBIENTE ESCOLAR

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Entre as situações que requerem o exercí-cio de uma cidadania responsável, contam-se os actos eleitorais para os órgãos de governa-ção da escola, sejam eles unipessoais ou cole-giais e, ainda, a elaboração de regulamentação própria da escola. Trata-se de actos que reque-rem uma cidadania responsável por parte de todos os votantes e candidatos, uma reflexão e debate claro, com respeito pelo pensamento do outro, uma troca de ideias sérias sobre os prin-cípios a aplicar na governação da escola, numa procura sincera do melhor modo de atingir os grandes objectivos educacionais que justificam a existência da própria escola.

Aos professores cabe a maior fatia da tarefa de preparação para os actos eleitorais

acima referidos: além da auto-motivação e da reflexão partilhada, é desejável que consigam motivar os restantes actores escolares: alunos, pais e encarregados de educação, funcionários e auxiliares de acção educativa, representantes da autarquia. O conhecimento atempado a consciencia-lização do que se joga em cada acto eleitoral deverão conduzir à reflexão e à tomada de decisão. Não esqueçamos que a escola, além de ser uma organização com características muito peculiares, é uma comunidade educati-va que tem objectivos próprios a atingir. É uma comunidade que, para avançar, precisa que os seus actores o sejam de corpo inteiro, isto é, grandes. Grandes, segundo o conceito de Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa) expresso num seu poema que não resisto a transcrever: Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

Manuela Sabino (Professora)

PASSATEMPOS E CURIOSIDADES — SOLUÇÕES (p. 28) PALAVRAS CRUZADAS: Horizontais: 1. Bis; Eça; 2. Tarar; 3. És; 4. Chagall; 5. Doam; Rim; 6. Anima; 7. Ag; São; 8. Colosso.

Verticais: 1. Te; A.C.; 2. Bascos; 3. Ir; Há; Al; 4. Saramago; 6. Vários; 7. Cá; Limão; 8. Almas

ADIVINHA: É a neve.

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ENTREVISTA A MIGUEL PORTAS

Miguel Portas, deputado europeu eleito pelo Bloco de Esquerda, esteve na nossa Escola para fazer uma palestra sobre “ A situação internacional e a crise económica ” . Esta actividade, organizada…, era dirigida especialmente aos alunos da área de Economia. A sala esteve sempre cheia com um público muito atento e interessado e as questões colocadas por alunos e professores foram, na opinião do palestrante, muito interessantes e pertinentes. Depois da sessão Miguel Portas acedeu, amavelmente, a responder a algumas perguntas para a revista ESTRAFÊGUE. Imediatamente antes do jantar, num ambiente informal, a conversa aconteceu ( s im, porque as conversas são como as cerejas!.... crescem e pegam-se!... ) e o resultado aqui está. ESTRAFEGUE : Estas sessões nas escolas, porquê?Estas sessões nas escolas, porquê?Estas sessões nas escolas, porquê?Estas sessões nas escolas, porquê? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Porque é preciso explicar estas coisas aos jovens e os alunos devem ser tratados como adultos. Quando os alunos ( e os jovens em geral ) são tratados como adultos, eles entendem os assun- tos dos adultos. ESTRAFÊGUE: É importante, portanto, que as pessoas se apercebam do que se passa à sua volta, que É importante, portanto, que as pessoas se apercebam do que se passa à sua volta, que É importante, portanto, que as pessoas se apercebam do que se passa à sua volta, que É importante, portanto, que as pessoas se apercebam do que se passa à sua volta, que participem. Como acha que se pode conseguir uma maior participação dos cidadãos?participem. Como acha que se pode conseguir uma maior participação dos cidadãos?participem. Como acha que se pode conseguir uma maior participação dos cidadãos?participem. Como acha que se pode conseguir uma maior participação dos cidadãos? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Uma das formas mais eficazes é ter escolas que se abrem aos debates. Escolas que se abrem à sociedade, aos meios de comunicação e em que o que se faz lá fora entra na escola desen- volvendo o espírito crítico dos alunos. Uma boa escola é aquela que não se preocupa só em “ d ar a matéria ” . ESTRAFÊGUE: O contacto dos jovens com a política não é, hoje, uma ausência de contacto?O contacto dos jovens com a política não é, hoje, uma ausência de contacto?O contacto dos jovens com a política não é, hoje, uma ausência de contacto?O contacto dos jovens com a política não é, hoje, uma ausência de contacto? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: O que as sessões comprovam é que os alunos se interessam pelos temas de que a política trata. O que se verifica é que, muitas vezes, os responsáveis políticos não sabem falar com as pessoas, em particular com os jovens. A política diz respeito à vida das pessoas, mexe com ela,

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Porque é preciso explicar estas coisas aos jovens e os alunos devem ser tratados como adultos. Quando os alunos ( e os jovens em geral ) são tratados como adultos, eles entendem os

(continuação)

influencia-a, e foi isso que eu procurei demonstrar na sessão. ESTRAFEGUE: O Parlamento Europeu parece estar, também ele, longe dos cidadãos. Ou será que é O Parlamento Europeu parece estar, também ele, longe dos cidadãos. Ou será que é O Parlamento Europeu parece estar, também ele, longe dos cidadãos. Ou será que é O Parlamento Europeu parece estar, também ele, longe dos cidadãos. Ou será que é mútuo?mútuo?mútuo?mútuo? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Está porque reflecte, de forma imperfeita, os problemas dos cidadãos. Estes, por outro lado, estão longe do Parlamento Europeu porque entre Bruxelas e a Europa — que somos todos nós — se abriu um enorme divórcio. O que temos é uma enorme dificuldade de “ os de os de os de os de cima cima cima cima ” , da velha Europa iluminada, ouvirem “ os de baixoos de baixoos de baixoos de baixo ” e, por isso, estes confiam pouco neles. ESTRAFEGUE: Depois da sessão de hoje, parece ter ficado evidente que o papel dos políticos no CombaDepois da sessão de hoje, parece ter ficado evidente que o papel dos políticos no CombaDepois da sessão de hoje, parece ter ficado evidente que o papel dos políticos no CombaDepois da sessão de hoje, parece ter ficado evidente que o papel dos políticos no Comba te à crise é tão grande como a responsabilidade do seu contributo para ela. Concorda? te à crise é tão grande como a responsabilidade do seu contributo para ela. Concorda? te à crise é tão grande como a responsabilidade do seu contributo para ela. Concorda? te à crise é tão grande como a responsabilidade do seu contributo para ela. Concorda? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Esta crise nunca teria chegado se os governos que temos tido no primeiro mundo não tivessem sido irresponsáveis. Na verdade, esta crise não ocorreu porque alguns banqueiros, em Nova Iorque, tiveram mais olhos que barriga, mas porque os governos dos últimos vinte anos lhes disseram que podiam, e deviam, ter mais olhos que barriga. E isto a nível internacional!... ESTRAFEGUE: Assim sendo, podemos nós, cidadãos, confiar nos políticos?Assim sendo, podemos nós, cidadãos, confiar nos políticos?Assim sendo, podemos nós, cidadãos, confiar nos políticos?Assim sendo, podemos nós, cidadãos, confiar nos políticos? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Temos obrigação de perceber que assim como há bons e maus médicos, bons e maus profes- sores, bons e maus alunos, os políticos também não são todos iguais. ESTRAFEGUE: Então, na sua opinião, o que é fazer política hoje?Então, na sua opinião, o que é fazer política hoje?Então, na sua opinião, o que é fazer política hoje?Então, na sua opinião, o que é fazer política hoje? M. Portas: M. Portas: M. Portas: M. Portas: Entre outras coisas, é fazer o que eu acabei de fazer hoje nas escolas acreditando que, se se respeitar a inteligência das pessoas, elas são capazes de perceber que escolhas devem fazer.

Eurídice Gonçalves (Professora)

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FRANCISCO FERNANDES LOPES

«Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de

cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta.

Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer

o poema antes de conhecer a literatura. Eu era de facto tão nova que

nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que

eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas,

o nome deste mundo dito por ele próprio.»

Sophia de Mello Breyner Andersen, in Sophia de Mello Breyner Andersen, in Sophia de Mello Breyner Andersen, in Sophia de Mello Breyner Andersen, in ARTE POÉTICA VARTE POÉTICA VARTE POÉTICA VARTE POÉTICA V

POEMAS EM INGLÊSPOEMAS EM INGLÊSPOEMAS EM INGLÊSPOEMAS EM INGLÊS

My will, my hope, my soul

Everything was covered by a stole

My nightmares, my fears, my pains

Are drowning into my veins

My corpse will stay here

Standing still, enclosed by fear

No one will see, no one will care

Just because love is too rare

Because all my life is vain

I take this blade

And all the feelings of pain

Start to evade

Let it cut right

My sorrowful skin

Let it rip slight

My life of sin

Let it finally bring

The numbness of death

Let it pull the string

Of my last breath SARA SANTOS (Aluna do 11º E)

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SABER LER É SABER VER

«O tempo para ler, assim como o tempo para amar, aumenta o tempo de viver»

Daniel Pennac

Realizou-se entre 2 e 6 de Março a Semana da Leitura, integrada no Plano Nacional de

Leitura e promovida pela rede de Bibliotecas Escolares.

Os responsáveis na nossa Escola por mais esta iniciativa decidiram escrever uma

«Carta aberta aos Pais e Encarregados de Educação» na qual lhes davam alguns conse-

lhos para ajudarem os filhos / educandos a aprenderem a saber gostar de ler.

Aqui vos deixamos um excerto dessa carta:

«Caros Pais / Encarregados de Educação,

- A leitura é uma das capacidades mais importantes do ser humano.

- Dominar a leitura é condição de autonomia e de sucesso na vida.

- Ler bem e depressa torna o estudo mais fácil e produtivo

- Os bons leitores têm mais sucesso na escola e na vida.

Por tudo isto, contamos convosco para incentivarem os nossos jovens a

ler cada vez mais e melhor. Com gestos muito simples:

- incentivando os vossos filhos a frequentar a Biblioteca Escolar e a Muni-

cipal;

- oferecendo-lhes livros;

- conversando com eles sobre livros e histórias que leram;

- pondo os irmãos mais velhos a ler-lhes histórias;

- sendo um bom exemplo para eles, lendo.»

Saber Ler, Saber Escrever

Para que o FUTURO seja mais RISONHO e FELIZ!

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FICHA TÉCNICA Responsabilidade Geral Escola Secundária Dr. F. Fernandes Lopes Coordenadores Idalécio Nicolau M.ª Carmo Loureiro Revisão de Texto Mº Carmo Loureiro Eunice Pereira

Design Gráfico Mª do Carmo Loureiro Eunice Pereira Composição Mª do Carmo Loureiro Eunice Pereira Coordenação de conteúdos M.ª Carmo Loureiro Eunice Pereira

Colaboradores Professores: Plácida Ramires, Teresa Costa, Olívia Gomes, João Fontinha, Susana Viegas, Alberto Mascarenhas, Vanda Mendonça, Artur Barros, Manuela Sabino, Eurídice Gonçalves, Ermelinda Reis, Estela Soares, Manuela Grazina, Maria Assis Brito, Orlando Carvalho; Eunice Pereira, Nuno Cordovil, Teresa Dumiense, Roseline Granja, Marsília Norte; Luís Gomes, Décio Viegas, Professo-res do GAA Alunos: Ana Rita Teixeira, Sara Santos Outros Colaboradores: APEEESO, Paula Caleça (Psicóloga)