revista escada 02

32
número 02 | ano 01 março a maio 2010 Publicação Sinepe/PR BALANÇA MAS NÃO VAI Tudo que você precisa saber sobre as mudanças no ENEM MBA ou Pós-graduação Conheça as diferenças e descubra a melhor opção para continuar os estudos Idiomas do futuro Aprender línguas de países em destaque pode ser um grande diferencial Entrevista: Cristovão Tezza O escritor brasileiro aborda literatura e educação

Upload: editora-inventa

Post on 22-Mar-2016

232 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Revista do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Escada 02

número 02 | ano 01 março a maio 2010 Publicação Sinepe/PR

BALANÇA MAS NÃO VAI Tudo que você precisa saber sobre as mudanças no ENEM

MBA ou Pós-graduação Conheça as diferenças e descubra a melhor opção para continuar os estudos

Idiomas do futuro Aprender línguas de países em destaque pode ser um grande diferencial

Entrevista: Cristovão TezzaO escritor brasileiro aborda literatura e educação

Page 2: Revista Escada 02
Page 3: Revista Escada 02
Page 4: Revista Escada 02

O Sinepe/PR inicia 2010 com muitas expec-tativas e um novo olhar para o futuro. Com o ano letivo em andamento e a primeira edição da Escada deste ano chegando aos nossos leitores percebemos que as escolas particulares devem estar cada vez mais em sintonia com a sociedade.

Na segunda edição da Escada, você confere quais são as instituições privadas do Paraná que possuem o selo “Es-cola Legal” e atendem as exigências e critérios do governo. Na entrevista principal, Cristovão Tezza conta sua expe-riência como professor e escritor. Informações sobre as mudanças no ENEM, os idiomas do futuro, as diferenças entre pós-graduação e MBA e artigos preparados pelos colaboradores do Sinepe/PR completam esta edição.

Neste ritmo, também seguimos com o Portal da Escola Particular oferecendo diversos serviços e novidades para auxiliar você na busca das melhores instituições. No www.escolaparticularpr.com.br os pais podem encontrar a escola que melhor atende às suas necessidades por meio da ferramenta “Localizar Escolas”. As instituições se beneficiam com os documentos jurídicos disponíveis para as escolas. Outros serviços são: biblioteca atualiza-da com Legislação educacional, projetos realizados pelo Sindicato, notícias das regionais do Sinepe/PR. Você ainda pode acessar diariamente o Boletim On Line com notícias sobre educação e sobre as instituições associadas.

É nesta trajetória que contamos com a sua parti-cipação para conquistar a excelência na educação particular no Paraná!

Boa leitura e feliz 2010! Ademar Batista PereiraPresidente

Conselho Diretor gestão 2008/2010 Diretoria ExecutivaPresidente Ademar B. Pereira1.º Vice-Presidente Jacir José Venturi2.º Vice-Presidente Oriovisto GuimarãesDiretor Administrativo Ailton R. DörlDiretor Econômico/Financeiro Rosa Maria C. V. de BarrosDiretor de Legislação e Normas Maria Luiza Xavier CordeiroDiretor de Planejamento José Manoel de Macedo Caron Jr.

Diretoria de EnsinoDiretor de Ensino Superior José Antonio KaramDiretor de Ensino Médio/Técnico Gilberto Vizini VieiraDiretor de Ensino Fundamental Esther Cristina PereiraDiretor de Ensino da Educação Infantil Raquel Adriano Momm Maciel de CamargoDiretor de Ensino dos Cursos Livres José Luis ChongDiretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Jaime M. Marinero VanegasDiretor de Ensino das Academias Ilona Cristina Seyer

Conselheiros1.º Conselheiro Paulo Arns da Cunha2.º Conselheiro Pedro Roberto Wiens3.º Conselheiro Ir. Maria Zorzi4.º Conselheiro Irmão Frederico Unterberger5.º Conselheiro Wilson Picler 6.º Conselheiro Gilberto Paulo Zluhan7.º Conselheiro Edna Luiza Percegona8.º Conselheiro Emília Guimarães Hardy 9.º Conselheiro Renato Ribas Vaz10.º Conselheiro Magdal J. Frigotto11.º Conselheiro Segundo Daniel

Conselho FiscalEfetivos SuplentesJacinta Caron Roberto A. Pietrobelli MongruelMárcia E. Dequech Orlando SerbenaHenrique Erich Wiens Ada Pires de Oliveira (in memoriam)

Delegados Representantes - FenepAdemar B. Pereira José Manoel de Macedo Caron Jr. Diretorias regionaisSINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel)Diretor Presidente Adilson J. Siqueira Diretor Vice-Presidente Irmão Jose Egon KunrathDiretor de Ensino Superior Maria Debora Damaceno de Lacerda VenturinDiretor de Ensino Médio Irmã Mareli A. FernandesDiretor de Ensino Fundamental Irmã Luquia BanachDiretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza HilgertDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Denise Veronese Trivelado SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu)Diretor Presidente Artur Gustavo RialDiretor de Ensino Superior Fouad Mohamad FakinDiretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio KreftaDiretor de Ensino da Educação Infantil Larissa Jardim ZeniDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Márcia Nardi e Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão)Diretor Presidente Ivone Maria Pretto GuerraDiretor de Ensino Superior Hélio Jair dos SantosDiretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi DonadelDiretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu PastorelloDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa)Diretor Presidente Osni Mongruel JuniorDiretor de Ensino Superior Marco Antônio RazoukDiretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites BetDiretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco RodriguesDiretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins SINEPE/PR - Regional Central (Guarapuava/União da Vitória)Em processo de formação/eleição.

4

e.di.to.ri.aladj m+f

ex.pe.di.en.teadj m+f

Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR.

Editada pela IEME ComunicaçãoIEME Integração em Marketing, Comunicação e Vendas Ltda. Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR

Direção Taís Mainardes - [email protected] Redação Amanda Laynes, Bruno Reis, Isadora Hofstaetter, Marília BobatoProjeto gráfico e ilustrações D-Lab - www.dlab.com.brRevisão Mariana Leodoro

Comercialização Evelyn Bittencourt Almeida, Márcio Mocellin

Críticas e sugestões [email protected]

Comercial [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.

Conselho editorial Jaime Marinero, Jacir J. Venturi, José Manoel de Macedo Caron Jr., Márcio M. MocellinAprovação Ademar Batista Pereira

Tiragem 11 mil exemplaresImpressão e acabamento PosigrafLogística e Distribuição A&D Comercial

Page 5: Revista Escada 02

PÓS-PUCPR

E MAIS 200* OPÇÕES DECURSOS PARA SUA CARREIRA.

- MODERNA INFRAESTRUTURA -- CORPO DOCENTE QUALIFICADO -- 5 CÂMPUS EM TODO O ESTADO -- ESTACIONAMENTO gRATUITO -

- AMbIENTE wireless -

*Con

sidera

ndo t

odos

os C

âmpu

s.

De inÚmeras possibiliDaDes De cursosa infinitas possibiliDaDes profissionais.

www.pucpr.br

AF an 21x13,5 Cubo.indd 1 08.02.10 10:57:52

ins.ti.tu.cio.naladj

Com a missão de desenvolver e melho-rar a educação de alunos e professores o Sinepe atua no Paraná desde 1947. Hoje, o Sindicato mostra que atingiu a maturidade com um trabalho extenso realizado em prol da educação.

Mas, ainda há muito a fazer para obter maior representativi-dade das escolas particulares no estado. Por isso, o Sinepe/PR realiza periodicamente seminários, palestras e cursos com renomados profissionais que levam uma formação contínua e de qualidade aos educadores. Também desenvolve e pratica responsabilidade social com diversos projetos como o Amo Curitiba Ações Voluntárias, que reúne diversas escolas para ações conjuntas de voluntariado, e o Planeta Reciclável, que visa difundir o conceito de sustentabilidade para alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental.

O Sindicato conta ainda com um qualificado grupo de funcio-nários e assessorias - nas áreas jurídica, pedagógica, contábil e de imprensa – que oferecem serviços em cinco diretorias regionais assim denominadas: Sinepe/PR- Regional Oeste

(Cascavel), Sinepe/PR – Regional Cataratas (Foz do Iguaçu), Sinepe/PR- Regional Sudoeste (Pato Branco/FranciscoBel-trão), Sinepe/PR –Regional Campos Gerais (Ponta Grossa), Sinepe-PR- Regional Central (Guarapuava / União da Vitória), além da sede em Curitiba.

Mais informações e serviços: www.escolaparticularpr.com.br.

Page 6: Revista Escada 02

6

ín.di.cesm

08. Escola legal é sinônimo de tranquilidade

10. Desenhando a diferença

12. Quando chega a hora de mudar de escola

14/17. Entrevista: Cristovão Tezza

18/19. Idiomas do futuro

20/23. Balança mas não vai

24. Para continuar os estudos: MBA ou pós graduação?

26. Momento Cultural

27. Artigo. Raquel A. Momm Maciel de Camargo

28. Artigo. Jacir J. Venturi

29. Artigo. Esther Cristina Pereira

30. Artigo. Ademar Batista Pereira

Page 7: Revista Escada 02

( ) É dirigida e gratuita.( ) São 11 mil exemplares.( ) Distribuída em todas as escolas particulares e em pontos comerciais selecionados.( ) Está disponível para baixar e visualizar na internet.( ) Todas as alternativas estão corretas.

41 [email protected]

A próxima edição sairá em junho de 2010. Reserve já seu espaço!

Page 8: Revista Escada 02

8

T / Bruno Reis

Encontrar a escola para seu filho não é uma lição de casa muito fácil. Com tantas opções pedagógicas à disposi-ção, uma pesquisa extensa é extrema-mente necessária e recomendada.

É preciso conhecer as instalações, as propostas educacionais e também a qualificação dos professores. E, para facilitar um pouco a escolha, há 10 anos o SINEPE/PR criou o Selo Escola Legal para proporcionar aos pais a tranquili-dade de saber se a instituição de ensino atende a alguns requisitos legais.

O Selo Escola Legal atesta que a insti-tuição possui os seguintes documen-tos verificados: Alvará da Prefeitura, autorização da Secretaria da Educação e CNPJ do Ministério da Fazenda.

O SINEPE/PR emite o certificado todos os anos com cores diferentes para evitar que a escola fique desatu-alizada. Por isso, atenção pais na hora da matrícula! Apenas o 11° Selo Escola Legal na cor vinho é mais uma garantia para seu filho. Lembrando que o selo é distribuído apenas entre as escolas que são associadas ao Sindicato.

ESCOLA LEGAL É SINÔNIMO

Certificação do SINEPE/PR qualifica instituições de ensino que atendem a exigências e critérios do governo.

Conheça todas as escolas certificadas com o Selo Escola

Legal acessando o Portal da Escola Particular do Paraná:

www.escolaparticularpr.com.br.

Há 10 anos o SINEPE/PR criou o Selo Escola Legal para propor-

cionar aos pais a tranquilidade de saber se a instituição de en-

sino atende a alguns requisitos.

Page 9: Revista Escada 02

sa.ú.des.f.

A partir de março, começa o cronograma de vacinação dos grupos prioritários para prevenção da Gripe A (H1N1). Com o início das aulas e a queda da temperatura, as instituições privadas de ensino também devem aumentar os cuidados com a transmissão da Gripe A. O Sinepe/PR destaca a seguir algumas medidas de prevenção:

· Quando tossir ou espirrar: Cubrir o nariz e a boca com um lenço de papel e em seguida colocar o lenço usado no cesto de lixo; · Limpar sempre as mãos: Lavar/higienizar as mãos frequente-mente com água e sabão ou álcool gel. · Orientação médica: Caso receba, utilizar máscaras cirúrgicas para proteger os demais; · Não compartilhar: Talheres, copos, pratos, toalhas e objetos de uso pessoal.

É recomendado também disponibilizar aos alunos o acesso fácil a pias providas de água corrente, sabonete líquido, álcool gel, toa-lhas descartáveis e lixeiras adequadas. Principalmente os Centros de Educação Infantil e as Creches devem reforçar a higienização frequente com álcool gel dos brinquedos de uso comum, maçane-tas e carteiras escolares.

Alunos que apresentem os sintomas não deverão ser encaminha-dos para a escola e devem ser avaliados por médico. Alunos que desenvolvam os sintomas durante o período de aulas deverão ser mantidos isolados dos outros alunos, se possível usando máscara cirúrgica descartável, até a chegada dos pais, que devem levá-lo para avaliação médica, com retorno à escola, mediante apresenta-ção de atestado médico.

Para verificar o cronograma de vacinação do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br

SINEPE/PR orienta instituições em relação à transmissão da Gripe A (H1N1)

Page 10: Revista Escada 02

10

Estudantes de escolas particulares e públicas de diversas cidades do país foram submetidos a testes ao longo de 4 anos para identificar a diferença de conhe-cimento entre os alunos da rede privada e da rede pública. Os resultados mostram o óbvio: a vantagem dos alunos de escolas particulares é maior. A surpresa ficou por conta do fato de que a diferença já é grande no primeiro ano do Ensino Fundamen-tal e tende somente a crescer ao longo da vida escolar.

O estudo realizado pelo projeto Geres é inédito no Brasil por ter contemplado os mesmos alunos ao longo dos anos de estudo. Foram cerca de 20 mil de 303 escolas em Belo Hori-zonte, Campinas, Campo Grande, Salvador e no Rio de Janeiro que entre 2005 e 2008 tiveram os conhecimentos cognitivos de matemática e leitura testados por meio de provas periódicas. “As avaliações aconteceram todos os anos de forma que pudés-semos acompanhar a evolução do aprendizado dos estudan-tes”, explica Lina Katia Mesquita de Oliveira, pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenadora da equipe de matemática do Geres.

Os exames que eram aplicados até então não permitem essa comparação, já que geralmente são aplicados para alunos a partir da quarta série, e não de forma longitudinal como prevê o Geres, ou seja, que os mesmos alunos sejam avaliados ao longo das séries do Ensino Fundamental.

T / Amanda Laynes e Bruno Reis

DESENHANDO A DIFERENÇA

A diferença começa cedoUma das principais conclusões no relatório parcial do pro-jeto é que os alunos que ingressam nas escolas particulares chegam à primeira série com vantagem em relação às crianças da escola pública, contrariando a visão de que a diferença seria fruto dos primeiros anos da Educação Fundamental. Por isso, os coordenadores do projeto dizem que é preciso investir mais na Educação Infantil para diminuir essa desigualdade - creches e pré-escolas que formem melhor e deixem o início do Ensino Fun-damental para consolidar e aperfeiçoar as capacidades cognitivas.

Segundo Nigel Brooke, um dos coordenadores do Geres, a intenção principal é “identificar os fatores escolares que mais promovem a aprendizagem e mais reduzem as diferenças sociais”. Por isso, foram avaliados os mesmos alunos ao longo de 4 anos. Para o presidente do SINEPE/PR, professor Ademar Batista Pereira, a pesquisa merece muito respeito por ter conta-do com essa metodologia inédita até então. “Os dados mostram claramente o mérito do Ensino Infantil. É quando a pessoa desenvolve todas as habilidades que mais tarde irá aperfeiçoar, e por isso não cabe mais dizer que as pré-escolas servem apenas para divertir”, afirma. Até o final do ano, um relatório final será produzido com os resultados oficiais da pesquisa.

Educação Em FamíliaA diferença entre os alunos do sistema público de educação e os das escolas particulares tende a crescer ao longo da vida nos bancos escolares até a hora de prestar o vestibular. A surpresa do projeto, no entanto, é que já no primeiro ano do Ensino Fundamental a diferença é visível. Para o diretor do Colégio Alfa em Cascavel, professor Adilson José Siqueira, a família é um dos fatores que influencia na educação das crianças, especialmente nos primeiros anos. “Geralmente - lógico que não sempre - as famílias que estão pagando pela educação têm mais interesse em ver o desempenho do filho”, afirma. Os alunos destas escolas seriam mais motivados com o acom-panhamento constante dos pais e também dos professores. Outro fator é a cobrança dos mestres pela direção da escola. “No ensino particular, o professor é mais cobrado”, completa Adilson, “por isso os alunos acabam se esforçando mais”. E Adilson conhece bem sobre qualidade de educação.

Page 11: Revista Escada 02

11

Page 12: Revista Escada 02

12

T / Amanda Laynes

Angústia, medo, mãos suando, frio na barriga. Sintomas comuns nas crianças que estão prestes a entrar pela primeira vez na escola desconhecida. Sofrendo pelos filhos, os pais ficam ansiosos para levá-los ao primeiro dia de aula na nova escola, e apreensivos - afinal como eles irão se comportar?

Em 2009, Merly Regina Garprecht teve todas essas sensações. Acreditando na qualidade de ensino da escola particular, mudou seu filho Gabriel, de 11 anos, para uma instituição privada. Como temia a discriminação do meni-no, informou-se sobre todas as ações da escola e a maneira que a instituição poderia ajudar a evitar algum possível constrangimento da criança. “Mais do que conhecer a estrutura, procurei conversar com a pedagoga e a psicólo-ga da escola e também com os professores, até para passar mais segurança para o Gabriel”, conta.

O processo de adaptação foi realmente difícil. No primei-ro mês de aula, Gabriel se sentiu deslocado e receoso. “Os professores revisaram o conteúdo do ano anterior e eu fi-quei com medo porque não tinha aprendido nada daquilo ainda”, lembra o aluno. “Mas os professores se dedicaram e me ajudaram muito, e hoje eu consigo aprender com mais facilidade. Já não tenho muita dificuldade”, analisa.

Em casos assim, o papel do educador se torna impres-cindível. O contato entre aluno, pais e professores ajuda a identificar as reais necessidades do estudante, orientado o professor sobre qual caminho tomar. Para a professora do Ensino Fundamental do Colégio Anchieta, de Curitiba, Lenir Delfino Schneider, essa fase é complexa e exige do professor muita atenção para que o aluno se sinta aco-lhido. “A conversa prévia com os pais é importante, visto que podemos entender de que forma a criança vem sendo educada, possibilitando que o professor dê continuidade ao trabalho e não torne o momento da chegada um período traumático para o aluno”.

Seguindo o raciocínio da professora, a psicóloga Giovana Tessaro diz que o método como a família trata o assunto influencia muito na maneira como o filho vai encarar a situação. A família deve alertar os filhos sobre os reais motivos da mudança, envolvendo o estudante no processo de avaliação da escola desde o início. “É importante colocar a realidade para o filho e dizer por que ele está mudando de escola. Com a honestidade, a criança vai se sentir mais segura e confiar nos pais”, completa a profissional, alertando que mesmo que a criança seja pequena, é necessário manter esse laço de cumplicidade com ela.

Toda a experiência de Gabriel, filho mais velho de Merly, vai ajudar neste ano letivo, já que o filho mais novo, Matheus, de 10 anos, vai ingressar na mesma escola do irmão para cursar a 4ª série. “Vou poder ajudar meu irmão com as lições e acho que ele vai ter menos dificuldades do que tive, já que vou estar sempre por perto”, diz Gabriel, empolgado pela companhia do irmão na mesma escola.

QUANDO CHEGA A HORA DE

MUDANÇA DE CIDADEHá os casos em que o aluno não muda apenas de escola, mas também de cidade, o que pode tornar o processo de adaptação ainda mais difícil. Com todos os amigos distan-tes, o cuidado deve ser ainda mais especial, afirma a dire-tora da Escola Mundo da Criança e Mundial, de Francisco Beltrão, Maria Antonieta Silva Fernandes. “Na escola, as crianças criam vínculos. Elas chegam à instituição com outras referências e, por isso, os educadores trabalham para dar segurança ao aluno”.

Trabalhar a diferença é uma forma de educar não apenas o aluno que está chegando, mas toda uma turma. A psicó-loga Giovana Tessaro acredita que trabalhar as diferenças pode ser extremamente enriquecedor. O educador pode falar sobre os diversos sotaques presentes no Brasil e sobre regionalização, por exemplo. Ou mesmo sobre as diferen-ças da cidade com a cidade da criança recém-chegada. “É transformar a diferença em oportunidade de aprendiza-gem para todos”, conclui.

Page 13: Revista Escada 02
Page 14: Revista Escada 02

14

T / Bruno Reis

F / Artur Makos / Andrea Paccini

en.tre.vis.ta / Cristovão Tezzasf

Page 15: Revista Escada 02

15Foram 24 anos lecionando. As salas de aula tomaram a maior parte da vida deste escritor que curitibanou-se com o tempo e prestou o primeiro vesti-bular apenas aos 25 anos.

Quando voltou às carteiras na univer-sidade, escreveu textos, fez provas e acumulou conhecimento mais rápido do que consertava relógios em sua pequena oficina em Antonina, para onde se mudou logo que conclui a escola. Com a falência declarada em 1977 resolveu ir para o Acre cursar Letras e concluiu a graduação em Curitiba, em 1981. Uma história nada usu-al. Aliás, foi com essas mesmas histórias castas, únicas, que Cristovão Tezza se tor-nou um dos maiores escritores do Brasil.

O início na literatura foi com Monteiro Lo-bato. Começou aos 10, 11 anos e não parou mais, estimulado pela biblioteca do colégio e pelo impulso de seguir o sonho de se tor-

nar escritor. Os professores foram funda-mentais para a concretização deste sonho, segundo Tezza. Tudo o que se seguiu na vida do escritor foi em razão deste sonho, a própria profissão de professor escolheu por ser uma que lhe permitia escrever.

Cristovão Tezza também revela que a escola é passo fundamental e essencial. Não se pode substituir a escola de forma alguma e foi por este motivo que resolveu tardiamente prestar vestibular para o cur-so de Letras. Ainda que seja um escritor de destaque, suas aulas sempre foram de Língua Portuguesa e não de Literatura.

Em entrevista exclusiva à Revista Esca-da, o catarinense de nascimento revela que sempre gostou de dar aulas, ainda que 2010 marque sua aposentadoria das salas de universidade. Por que, então, a aposentadoria precoce? Você confere na entrevista a seguir.

SONHO DE

Page 16: Revista Escada 02

16

w

Revista Escada - Para começar, uma curiosidade: Cristóvão Tezza foi um bom aluno? Cristovão Tezza - Acho que sim, na maior parte da minha vida escolar. Mas sofri um trauma na vida: fui reprovado no antigo exame de admissão ao ginásio. Era o exame do Colégio Estadual do Paraná. A primeira prova foi de redação, elimi-natória, e fui reprovado. Tive de fazer o quinto ano primário no Grupo Escolar Zacarias. No ano seguinte, passei.

RE - 2010 será seu primeiro ano longe das salas de aula, dos estudantes. Vai dar saudades de ser professor?CT - Sempre gostei de dar aulas e posso dizer que jamais tive problemas com meus alunos na universidade - aliás, só dei aulas na universidade; não tenho ex-periência com o Ensino Médio. Foram 24 anos em sala de aula, predominantemen-te em turmas de Letras e de Comunicação Social. Foi uma ótima fase da minha vida, mas passou - agora o trabalho de escrever me absorve completamente.

RE - Quando você decidiu ser professor? CT - Entrei na universidade tardiamente - fiz vestibular só aos 25 anos. Como es-colhi Letras, já sabia que seria professor. Na verdade, estava atrás de uma profissão que me permitisse sobreviver para escre-ver. Sempre fui fundamentalmente um escritor. As opções para mim, na época, eram o jornalismo, a publicidade ou as aulas... Preferi as aulas e acho que acertei.

RE - Em que momento resolveu parar de lecionar? CT - Como comecei tarde, só iria me aposentar próximo dos 70 anos - e eu simplesmente não estava mais conse-guindo conciliar meu trabalho de escritor com o do professor. Fui entrando num processo de estafa e tive de escolher. De certa forma, apenas voltei integralmente ao meu projeto de infância.

RE - Os alunos, ao longo desses anos, têm mostrado mais interesse? O que mudou?CT - É difícil dizer - a análise dessas mudanças culturais e de comportamento necessita de dados estatísticos, pesqui-sas precisas. De certa forma, sempre trabalhei com alunos de bom nível, considerando a média brasileira - isto é,

o público das universidades federais, de cursos com grande procura, que passou pela peneira dura do vestibular. A sensa-ção que tenho é que o mundo da internet está gerando um outro tipo de estudante, com muito mais acesso à informação e, aparentemente, com menos armas para lidar com elas. E é claro que a democrati-zação do acesso ao ensino, sempre desejá-vel, vem provocando turbulências com as quais a escola terá de aprender a lidar.

RE - Com essas turbulências, o papel do professor mudou? CT - Acho que não. Não acredito muito em revoluções pedagógicas, milagres didáticos, altas tecnologias de ensino se ali na frente o aluno não contar com a referência concreta e a presença de um bom professor, que goste do que faça, seja bem informado, tenha segurança no trabalho e receba um salário digno. A velha utopia de sempre.

RE - A trajetória de um escritor é longa, com histórias únicas e algumas vezes inusitadas. Como foi o início da sua experiência com a literatura? CT - Comecei escrevendo poemas, como todo adolescente. Daí passei à prosa e em pouco tempo o ato de escrever passou a dominar a minha vida. Não parei mais.

RE - A escola o ajudou a construir as habilidades que o transformaram em um escritor?CT - Do ponto de vista artístico, acho que não - e nem é essa a função da esco-la. O que a escola me deu foi uma ótima formação básica geral - a escola abriu as portas da civilização para mim, digamos assim. Deu as condições para que eu pudesse escolher meu rumo. E, é claro, junto com todas as outras influências sociais que nos rodeiam - a escola não pode ser uma redoma isolada do mundo.

RE - Você já viajou por diversos países e cidades no Brasil. Como foi o retorno a Curitiba e o processo que o fez criar raízes na cidade?CT - Na verdade, sempre voltei a Curiti-ba - nunca deixei de fato de considerá-la minha cidade, desde que minha família veio para cá, em 1960. Nunca pensei sobre isso - apenas fui sendo formado pela cidade.

De certa forma, apenas

voltei integral-

mente ao meu

projeto de infância.

Page 17: Revista Escada 02

17

w

A escola abriu as portas da civilização para mim, digamos assim. Deu as condições para que eu pudesse escolher meu rumo.

RE - Pode-se dizer que você é um gra-duado na escola da vida, durante os anos em que passou em Antonina, na Europa e até uma experiência inicial na Marinha Mercante. A vida pode substituir a escola, ou a escola pode substituir a vivência? CT - Não, a vida não pode substituir a escola. A escola não é só um currículo e uma grade horária, é uma convivência social que deixa marcas profundas na vida cultural das pessoas. Ao mesmo tempo, é preciso que as pessoas desen-volvam sua autonomia. Nunca esperei que a escola me ensinasse a escrever literatura; pelo contrário, queria criar meu próprio caminho (como eu disse, resisti a entrar na universidade...). Mas seria tolice achar que hoje podemos prescindir da formação escolar.

RE - O que é fundamental que exista na educação escolar para a formação da pessoa?CT - Não há milagres. A escola pre-cisa proporcionar uma boa formação técnica e humanista aos estudantes. Num país como o Brasil, com carên-cias sociais terríveis, a escola tem um papel especialmente importante para civilizar o país.

RE - Leitor contumaz, sua lista de leitura era referência entre seus alunos, dos quais fui um. O que a literatura ensina sobre o processo de ensino? CT - A literatura é a linguagem não ofi-cial do mundo - um bom livro é sempre um olhar único, não pragmático, sobre os sentidos do mundo. A boa literatura também exige uma participação ativa do leitor - ela quebra expectativas. Lendo, todo leitor se transforma em narrador. O ensino sempre tem algo a aprender com a literatura, até para se repensar de tempos em tempos.

RE - Para finalizar, outra curiosidade: você poderia indicar os livros que mais lhe marcaram? CT - Sou péssimo conselheiro, em geral; no máximo, posso partilhar alguns livros e autores marcantes da minha história. Dos brasileiros, Memórias Póstumas de Brás Cubas, do Machado; São Bernardo, do Graciliano; antologias de Drummond, Bandeira e Cabral. Dos estrangeiros, vão alguns nomes pelo sabor da memória: Crime e Castigo, de Dostoiévski; A Morte de Ivan Ilitch, do Tolstói; O Estrangeiro, de Camus; Lord Jim, de Conrad; Luz em Agosto, de Faulkner; Reparação, de Ian McEwan - e esta lista não tem fim...

A LISTA DO TEZZANos primeiros dias de aula na universidade, começava a circular uma lista com sugestões de livros do professor Cristovão Tezza. A lista surgia ali, no início do semes-tre, e depois seguia durante toda a vida acadêmica dos alunos como um guia de referência sem igual. Algum dos livros da lista de 2005:

- O Vermelho e O NegroStendhal- Crime e CastigoDostoiévski- Apanhador no Campo de Centeio J.D. Salinger- Admirável Mundo NovoAldous Huxley- Laranja MecânicaAnthony Burgess- O Evangelho Segundo Jesus Cristo José Saramago- Fahrenheit 451 Ray Bradbury- Cem Anos de Solidão Gabriel García Marquez

Page 18: Revista Escada 02

18

T / Ivo Stankiewicz

I / Diego the kid

O dinheiro comanda o mundo e a busca por riqueza dita novas tendências. Com o constante crescimento da China no cenário econômico mundial e com as enormes reservas de petróleo no Oriente Médio, a procura por cursos de Manda-rim e Árabe vem aumentando significativamente nos últimos anos. A presença de uma dessas línguas no currículo está, aos poucos, passando de apenas um adicional curricular para requisito básico em algumas empresas. Isto graças ao grande interesse brasileiro em aumentar ainda mais o número de negócios realizados no oriente, onde o inglês é pouco falado e o domínio da língua local vale ouro.

Porém, idiomas como o Inglês e o Espanhol - sempre considerados indispensáveis para a pessoa que deseja um espaço no concorrido mercado de trabalho - não devem ser deixados de lado. “Acredito que o Inglês sempre será requisito básico. O Mandarim vem crescendo muito, mas ainda falta bastante para chegar a ter a mesma importância do Inglês”, afirma o professor José Luís Chong, que, além de Português e Cantonês (um dos dialetos da China), também estudou Mandarim, Alemão, Inglês e Francês. Com relação ao Espanhol, o professor diz que o Mandarim é praticamente equivalente. “O Espanhol hoje é importantíssimo, claro. Mas com o enorme crescimento da China, os dois idiomas estão no mesmo nível de importância, em minha opinião. Porém, o brasileiro tem muito mais facilidade de aprendizado com a língua de origem latina. Assim, ele pode terminar um curso de Espanhol mais rápido do que um de Mandarim”.

Apesar de não ter a mesma relevância que a Língua Chinesa, o Árabe não deixa de ser uma boa opção na hora aprender novos idiomas. Além da abundância de petróleo, o Oriente Médio possui outros grandes atrativos. Os emirados de Abu Dhabi e Dubai, as duas maiores riquezas dos Emirados Árabes Unidos, são enormes polos turísticos e comerciais. Além de arranha-céus e inúmeras construções consideradas por muitos mero exibicionismo, Abu Dhabi também possui um moderno autódromo recém-construído no meio do deserto, onde começaram a ser realizadas etapas da Fórmula 1. Por ser um mercado em expansão, é valido começar um curso do idioma Árabe, mas logicamente sem deixar de lado o Inglês.

18

IDIOMAS DO

Page 19: Revista Escada 02

19

CHINÊS Mandarim - 1.12 bilhões

INGLÊS - 480 milhões

ESPANHOL - 320 milhões

RUSSO - 285 milhões

FRANCÊS - 265 milhões

HÍNDI - 250 milhões

ÁRABE - 221 milhões

PORTUGUÊS - 188 milhões

BENGALI - 185 milhões

JAPONÊS - 133 milhões

ALEMÃO - 109 milhões

Quais as línguas mais faladas no mundo?

Apesar de ser mais fácil encontrar professores particulares de idiomas que não sejam Inglês e Espanhol, também existem algumas instituições que lecionam outras línguas.

Curitiba:

Celin UFPR - Centro de Línguas e Interculturalidade*

(41) 3363-3354 - Alemão, Árabe, Esperanto, Francês, Grego, Guarani, Hebraico,

Holandês, Inglês, Italiano, Latim, Mandarim, Japonês, Polonês, Russo, Ucraniano

e Yorubá (Língua Africana), além de Português para estrangeiros.

Cursos ofertados para o primeiro semestre de 2010.

CELEM - Centro de Línguas Estrangeiras Modernas do Paraná

(41) 3340-1500 - Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês, Polonês,

Ucraniano e Mandarim.

Ponta Grossa:

Delin UEPG - Departamento de Línguas Estrangeiras e Modernas

(42) 3220-3372 - Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano.

Eventualmente outras línguas poderão ser ofertadas.

Cascavel:

CELEM/CEEP - Cascavel

(45) 3226-2369 - Espanhol, Inglês e Italiano.

É o que afirma a professora Ane Cibele Palma, coorde-nadora do Núcleo de Línguas da PUCPR. “A priori-dade deve ser um curso de Inglês e Espanhol, e assim que tiver aprendido bem, deve-se pensar em outro idioma. A escolha do novo curso vai depender da pro-fissão da pessoa, da empresa em que ela trabalha, ou até mesmo de raízes familiares. É claro que é muito importante aprender uma língua nova como o Man-darim, por exemplo, mas o mundo todo fala Inglês, inclusive os chineses - e muito bem por sinal”.

Com relação ao nível dos cursos oferecidos e à possibili-dade de as escolas começarem a lecionar outras línguas além do Inglês e Espanhol, Ane conta que as aulas nos colégios não têm a mesma profundidade de um curso direcionado, mas que estão no caminho certo. “As escolas estão melhorando o nível das aulas, pesquisando bastante, mas ainda tem muito chão. Quando os alunos puderem se virar apenas com o Inglês do colégio, aí sim dá para pensar em novos idiomas”.

Para quem não tem condições de pagar por cursos de idiomas extracurriculares, vale a pena procurar por alter-nativas, como cursos gratuitos via internet ou até mesmo emprestar o material de algum conhecido. O Inglês ou o Espanhol são pré-requisitos básicos e o fato de se apren-der línguas de países em destaque, como o Mandarim e o Árabe, pode ser um grande diferencial.

(con

tand

o co

m p

esso

as q

ue tê

m i

diom

a co

mo

segu

nda

língu

a) F

onte

: ww

w2.

igna

tius

.edu

19

Page 20: Revista Escada 02

20 O novo Enem assustou alunos e professores que foram se acostumando com a ideia até que, poucos dias antes da prova, um vazamento provocou seu adiamento. Apesar dos balanços e tropeços, ao que tudo indica, o novo Enem veio para ficar e aqui você encontra tudo o que precisa saber sobre a prova que promete unificar o vestibular no Brasil.

O retrato do novo Enem. Sentado em sua carteira, pronto para realizar a primeira prova do novo Exame Nacional do Ensino Médio, Eduardo Santoro olha ao seu redor e se depara com uma sala que ficaria ainda mais vazia durante o segundo dia de provas. O cansaço no fim não seria apenas das questões longas, que exigem uma leitura apurada e detalhada além de uma resistência que seria no mínimo exemplar num país com os índices de educação que tem, especialmente nas escolas públicas. O cansaço também viria dos cerca de 12km que Eduardo percorrera desde sua casa até o local da prova. Mas, ainda assim, teve sorte, não foi como os milhares de alunos em todo o país que tiveram de fazer a prova em outra cidade.

Fracasso talvez fosse a palavra para resumir o novo modelo proposto para o Enem. No total, praticamente 40% dos inscri-tos não realizaram a prova e o vazamento de uma delas fez com que o exame fosse adiado em mais de um mês, prejudicando o processo seletivo de diversas universidades. Muitas delas simplesmente cancelaram o uso do Enem como parte da nota, como foi o caso da USP, Unicamp, FGV e, no Paraná, a UEPG. E quando tudo não poderia mais dar errado, com as provas finalizadas, o MEC divulga em seu site o gabarito errado.

T / Bruno Reis

I / Diego the kid

Eduardo Santoro resume a ópera: “Eu acho que não passei em parte por causa do

Enem”. Além das críticas em uníssono com a maioria dos estudantes que fizeram a prova,

para Eduardo, as questões não estavam muito bem elaboradas e pouco poderiam avaliar. Em seu

caso, realmente. Eduardo tentava a vaga em um curso de Medicina, o mais concorrido em todo o país.

Para o professor Frederico Ganem, diretor do Colégio Bertoni, de Foz do Iguaçu, a maior dificuldade da prova é separar os alunos em cursos altamente concorridos, como é o caso de Medicina. “O Enem é uma excelente prova para dizer quem são os bons alunos, mas ela não conseguiria dizer quem são os excelentes”, afirma. Por isso, em sua opinião, a prova pode funcionar como uma primeira fase durante os processos seletivos, mas não elimina a necessidade de testar com mais profundidade certos conhecimentos essenciais dos futuros acadêmicos e que variam de acordo com a área. “No caso dos alunos de Medicina, teríamos uma situação em que quase todos os concorrentes sérios tirariam 10”, completa.

No entanto, o professor Ganem concorda com muitos de seus pares ao dizer que a prova em si estava muito bem elaborada. “Ela valoriza muito a interpretação de texto e a maior dificul-dade é na quantidade de leitura, mas acredito que ela exige a qualificação mínima de um profissional”. O novo Enem valoriza a formação de base. No Colégio Bertoni, os alunos, desde o primeiro ano do Ensino Médio, precisam ler uma revista semanal para criar o hábito e dar subsídios na hora da redação. Aliás, a falta de textos de apoio na redação foi outra das maiores reclamações de alunos quanto à prova.

O novo Enem está no caminho certo ao exigir uma forma-ção de base mais sólida e mais familiaridade com leitura e conteúdo. Mas, ao torná-lo obrigatório para os alunos que desejam ingressar em universidades federais em todo o Brasil, não seria excluir os que possuem uma má formação no sistema público?

MAS NÃO VAI

Page 21: Revista Escada 02

21

UNIFICAÇÃO

A ideia do Ministério da Educação é utilizar o Enem como um vestibular único para as universidades federais e dessa forma democratizar o acesso ao Ensino Superior gratuito. Um aluno que vive no Nordeste, por exemplo, po-deria se aplicar para uma vaga no Sul ou Sudeste e vice-versa. Por meio de um sistema pela internet, que passou a funcionar no fim de janeiro, o aluno tem três chances para tentar uma vaga.

Para o professor Pedro Adriano Bran-dalize, do Colégio Acesso, de Curitiba, a prova pode ter algumas vantagens, mas certamente não ajuda a democra-tizar o Ensino Superior gratuito. “Se todo o ensino no Brasil fosse uniformi-zado, com o mesmo foco e os mesmos objetivos, a proposta do Ministério seria viável”, afirma. Como o Enem demanda um conteúdo que é pouco trabalhado na maioria das escolas pú-blicas, ele acaba se tornando uma prova extremamente fácil para alguns alunos e difícil para outros. O vestibular, por sua vez, seria mais democrático porque dá mais oportunidade aos que estudam exclusivamente o conteúdo da prova.

Prova fácil e básica. Foi a opinião da maioria dos alunos das escolas parti-culares. “O Enem cobra muito pouco conteúdo”, diz o futuro engenheiro ci-vil Lucas Mendes dos Santos, que fez a prova em 2007 e no ano passado, sendo que, em ambos os anos, foi aprova-do nos vestibulares da UFPR. “Nada mudou entre um ano e outro, apenas o número de questões foi maior em 2009”, afirma. “A ideia da prova é boa, mas deveriam cobrar um pouco mais”.

É por isso que o professor Pedro Adria-no acredita que um projeto ambicioso como o novo Enem não tem razão de existir sem um projeto conjunto que procure melhorar a educação no país.

UNIVERSIDADE

É com dificuldades que a reportagem da Escada consegue conversar com o professor Rubens Fustenberger Filho, do Curso Sepam, de Ponta Grossa. Na mesma hora, era divulgado o resultado da Universidade Estadual de Ponta Grossa que, por causa do atraso na di-vulgação dos resultados do Enem, não foi incluído o Exame em seu processo de seleção como previsto inicialmente. “Muitos alunos ficaram frustrados com o fracasso do Enem no ano passado”, comenta. “O projeto como um todo foi muito confuso, mas a ideia é boa, talvez não como uma forma de substi-tuir completamente o vestibular mas, certamente, pode ser utilizado como uma parcela da nota”.

Outra dificuldade apontada pelo professor do Sepam é a adequação das universidades ao calendário formulado pelo Ministério da Educação. Mui-tas cancelaram quando o Enem teve de ser adiado por mais de um mês, devido ao roubo que ocorreu na gráfica que imprimia as provas. Em 2010, as instituições que possuem um processo de seleção de inverno estão preocu-padas porque ainda não há definição se quando será realizado o Enem no primeiro semestre. A ideia agora é realizar um no início do ano e outro no fim. “Fica muito difícil para a univer-sidade depender completamente do Ministério”, afirma o Prof. Rubens.

ESCOLA

E se, apesar dos balanços, o Enem con-tinuar para eventualmente substituir o vestibular? Todos os professores en-trevistados concordam que o conteúdo em seus colégios já está mais alinhado com o que pede o Enem, não pela prova em si, mas como uma tendência no ensino de maneira geral. “No caso do Dom Bosco, já adotamos uma forma diferente de ministrar as aulas que são mais contextualizadas e voltadas para um entendimento maior do tema”, afir-ma Heliomar Rodrigues Pereira, Diretor Pedagógico da instituição. “Sem dúvida, se o Enem acabar substituindo os vestibulares, haverá uma mudança na maneira de se administrar o conteúdo para os alunos”, continua. Ainda assim, Heliomar não acredita que os cursinhos devem acabar, já que os cursos pré-ves-tibulares continuarão a ajudar aqueles que necessitam de mais estudos para entrar em uma universidade.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, informou no mês de março que o Enem será aplicado este ano apenas após o segundo turno das eleições presiden-ciais (31 de outubro). A justificativa é que pode haver a possibilidade de uso político de eventual fraude no exame novamente.

Haddad deve se reunir com os reitores das universidades federais para decidir se haverá uma nova rodada do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) em substituição aos vestibulares do segundo semestre. Para o primeiro semestre de 2010, 52 instituições públicas de ensino superior oferece-ram mais de 47,9 mil vagas pelo sistema.

Caso as instituições federais tenham interesse em selecionar seus alunos pelo modelo unificado para ingresso no segundo semestre, o processo deve ocorrer em maio e para disputar as vagas, os candidatos deverão utilizar as notas do Enem 2009.

“Nada mudou entre um ano e outro, ape-

nas o número de questões

foi maior em 2009”

ENEM 2010

Page 22: Revista Escada 02

22

Membro da equipe gestora do Enem, o professor Hélio Santos Santana esteve em Curitiba no final de 2009 para realizar uma palestra sobre a prova para diretores de escolas particulares de todo o Paraná. Na ocasião, a Revista Escada esteve lá e conversou sobre o Novo Enem. Revista Escada - O Enem pode vir a substituir todas as provas de vesti-bular tanto nas universidades federais quanto nas particulares?Prof. Hélio Santos Santana - A intenção é essa mesma, que o Enem acabe se consolidando, substituindo todas as provas diferentes que existem pelo Brasil, e que seja a grande maneira de os alunos serem selecionados do 3º para o curso universitário. É uma missão do Enem. Mas isso não acontecerá de forma autoritária ou arbitrária. Não é dessa maneira que o Enem quer se impor. O Enem quer respeitar a diversi-dade, respeitar as idiossincrasias de cada estado, de cada realidade, de cada contexto. Essa substituição vai ser paulatina, vai ser vagarosa. E será uma decisão tomada não pelo MEC e sim pelas próprias insti-tuições de Ensino Superior. Elas é que deverão tomar essa decisão de adotar o Enem como forma de seleção de seus futuros alunos.

RE - O senhor falou que a gente está numa fase de implementar. Então já se deve saber quais mudanças podem acontecer para o próximo ano.PHSS - A fase de implementação, por natureza, é uma fase transitória. Isso quer dizer que em 2010 já não é o Enem instalado, mas ainda esta-mos nesta fase de implementação, que se arrasta por algum tempo até que se chegue ao ponto ideal daquilo que nós queremos. Mas teremos algumas inovações, sim, e a mais clara será na área dois, de conheci-mento, que é a entrada dos idiomas estrangeiros modernos na prova. Das 180 questões, passaremos a ter 200 questões. Esta é a mudança que eu acredito mais ser a significativa para o ano de 2010.

RE - 200 questões em dois dias, mais a redação... Esta implementação se torna mais difícil ainda com essa barreira dos professores em aceitar ou até mesmo colaborar? É uma mudança considerável, ainda mais para cursinhos...PHSS - Veja, você pode reagir às mudanças de três maneiras. Uma é fingir que aceitou a mudança, mas manter os velhos hábitos e as velhas formas. A outra é aceitar integralmente a mudança e passar por um processo que podemos chamar de conversão. Você muda seu direciona-mento para aquilo que a gente quer fazer. E a outra é rejeitar completa-mente. O que nós precisamos entender é por que esta rejeição acontece - pode ocorrer por vários fatores. É claro que você está tocando num ponto que é essencial, é uma mentalidade, ou melhor, uma cultura, que é mais abrangente do que uma mentalidade. Uma forma de se fazer as coisas, uma visão de mundo, o que eu considero como aluno ideal, o que eu considero como conteúdo ideal? O que eu acho que meu aluno deve aprender? O que eu acho que eu devo ensinar? Então isso realmente pode se tornar ou um obstáculo pra qualquer tipo de mudança ou pode se tornar, parodiando o educador Ausubel, um subsunsor, uma âncora, uma base para que você possa produzir uma mudança mais sólida, mais firme, partindo da experiência que as pessoas já têm, do seu próprio conhecimento, ou melhor, da sua própria competência.

A fase de implementação é sempre uma incógnita. Você nunca sabe como isso vai acontecer. Você tem um conjunto de intenções e mobi-liza todos os seus recursos, todos os seus materiais, todos os seus ob-jetivos para alcançar aquela meta. Mas é preciso relativizar onde você está entrando. Por quê? Porque as dificuldades encontradas no Paraná

“Ainda esta-mos na fase

de imple-mentação

do Enem. Se tudo der

certo, ele deve substi-

tuir o vestib-ular em todo

o Brasil”.

Page 23: Revista Escada 02

23

podem não ser as dificuldades encon-tradas na Paraíba, por exemplo. E as dificuldades encontradas em Goiás po-dem não ser as dificuldades encontradas no Paraná. Então é preciso sempre uma análise ou uma interlocução com os ver-dadeiros sujeitos da educação. E quem são os verdadeiros sujeitos da educação? São as escolas, as direções, os professo-res, os coordenadores pedagógicos, os orientadores, os alunos, as famílias dos alunos, as autoridades ligadas às áreas de educação. É preciso ter esse diálogo. Só assim a gente pode alcançar os objetivos aos quais nos propomos.

RE -Existe uma análise nesse sentido?PHSS - Sim. Há estudos constantes desde o primeiro momento do Enem. Há um grupo de profissionais em todos os estados do Brasil recolhendo e registrando todas as informações que são necessárias ao Enem. As decisões não podem ser fruto de uma postura subjetiva das autoridades do governo. É preciso levantar dados, já que essa mudança é uma mudança científica. Ela não é uma simples reflexão. Eu acho que a tomada de decisão não pode se apoiar na reflexão, ela tem que se apoiar na investigação, na experi-mentação e não na experimentação como experiência, usando os alunos como cobaias. É na experimentação de processos, de práticas. É nisso que nós nos apoiamos. Aí sim, podemos tomar nossas decisões. Essas reuniões, como a que nós fizemos em Curitiba no fim do ano passado, são importantes e

servem de feedback, que é importan-te porque é impossível construir um projeto tão ambicioso como o Enem e ignorar justamente o público-alvo deste projeto.

RE - E com essas visitas já é possível saber qual região aceitou melhor e aquela que ainda não aceitou?PHSS - Não é possível porque o que há é uma amostra. Você monta um quadro de tendências, a rejeição em estado tal é maior, a aprovação em outro estado é melhor. A partir daí trabalhamos com esses dados, nunca apenas com opini-ões. A única opinião que tem valor é justamente a do público-alvo. A nossa opinião sem si não tem valor. Temos que trabalhar com dados, pois senão nossos argumentos caem por terra.

RE - Qual é o conteúdo ideal a ser cobrado?PHSS - Eu diria que o ideal seria a formação de competências e habilida-des. Fica um pouco complicado falar de conteúdo conceitual, procedimental ou de atitude. Estes dois últimos são mais fáceis porque dá pra cobrar um no Bra-sil inteiro, porque é a proposta e uma sociedade de uma nação inteira para ela mesma. Mas os conteúdos conceituais são bastante significativos em um lugar e em outros não tanto. A busca deve ser a de um conteúdo que complemente essas três formas que citei. Que seja conceitual procedimental e de atitude.

RE - Se bem implementado, o Enem deve mudar o perfil das escolas?PHSS - Das escolas, dos alunos, dos professores. O impacto vai ser signifi-cativo em toda a comunidade educa-cional. Se for adotado, implementa-do, executado e acompanhado, nós teremos essas mudanças.

RE - É possível que acabem os cursinhos?PHSS - Não. Porque o que faz o cur-sinho sobreviver não é o conteúdo ou um tipo de vestibular que é feito. O que mantém um cursinho é o aluno que teve dificuldade em passar no vestibular, que apresenta deficiências na sua aprendizagem. É o aluno que precisa de uma ajuda para poder entrar em uma universidade. Em qualquer época, momento, lugar desde que nós tenhamos uma prova como o vestibu-lar, sempre vamos precisar de pessoas que necessitam desta ajuda para poder passar por essa prova.

Page 24: Revista Escada 02

24

MBA OU PÓS-GRADUAÇÃO?

T / Bruno Reis

Ambos são cursos de especialização e, como vêm após a graduação, também são cursos de pós-graduação. Seguindo a tendência de um número cada vez maior de recém-formados, a arquiteta Gisela Carnasciali Miró começou, em 2008, a fazer um curso de pós-graduação em Gestão de Negócios, na FAE Business School, em Curitiba. “Durante a graduação, fiquei muito presa somente à arquitetura. Terminei o curso sem saber o que era um balan-ço”, conta. A ideia de seguir no curso de especialização surgiu de maneira natural. “É importante ter noções de administração, ainda mais porque abri meu próprio escritório”, completa.

É o que pensa também o professor Bel-miro Valverde Jobim Castor, para quem um curso de pós-graduação é de fato o caminho natural para o recém-formado no cenário profissional de hoje. “O processo de especialização, na verdade, continua a graduação, marcada por um ensino muito amplo e com pouca ênfase em áreas específicas”, afirma o professor da PUCPR. É exatamente o conheci-mento dessas áreas que diferencia o profissional dentro de uma empresa ou na hora de conseguir um emprego. No entanto, as diferentes nomenclaturas muitas vezes confundem os alunos. A própria arquiteta Gisela não soube dizer a diferença entre uma pós-graduação em Gestão Empresarial e um MBA. E ela não está sozinha. Aliás, em muitos casos,

não há mesmo nenhuma diferença, como veremos nas próximas linhas.“A prática fez com que os cursos de pós-graduação divergissem muito no Brasil, tanto em carga horária quanto em qualidade”, alerta o professor Valverde. “Eles variam dos mais básicos aos mais avançados, chegando ao ponto de exis-tirem MBAs menos completos do que outros cursos de pós-graduação”.

Mas, afinal, o que é um MBA? O pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade Positivo, professor Bruno Henrique Rocha Fer-nandes, explica que a maior diferença é o público que o Master in Business Administration (MBA) atende. “O termo foi cunhado em grandes escolas de negócio americanas e sua proposta inicial era a formação em alto nível para pessoas que estavam se preparan-do para ocupar - ou já ocupavam - car-gos estratégicos em grandes empresas”, esclarece. Por isso, o importante era a formação ampla em gestão, com um conhecimento sobre cada departa-mento, ao passo que outro curso de pós-graduação atenderia necessidades mais específicas de formação.

Da proposta original, os cursos de MBA guardam muito pouco e, apesar do nome, o MBA não é considerado um mestrado no Brasil. Assim, os cursos não são fiscalizados pelo CAPES, órgão do MEC que avalia e credencia instituições de ensino superior. “Hoje encontramos muitos cursos que se autodenominam MBA”, acrescenta o pró-reitor.

O próprio curso que a arquiteta Gisela está fazendo, por exemplo, poderia se chamar MBA se a instituição desejasse. Ainda assim, as instituições de renome geralmente mantêm a nomenclatura para os cursos que possuem um nível de exigência maior e que sejam voltados para um público diferenciado.

Para quem é recomendado o MBA? Não há muito consenso. Embora origi-nalmente o curso tenha sido criado para profissionais que já atuam há algum tempo no mercado e se preparam para ocupar cargos de gestão, já existem MBAs para áreas específicas. “Geralmente é indicado em duas situações: para o profissional que está mudando de área ou para o que quer se atualizar”, explica o professor do ISAE/FGV, José Carlos de Abreu. “Um médico que irá ocupar um cargo de gestão num hospital, por exem-plo, é um aluno em potencial de um MBA de Gestão Empresarial”, exemplifica.

O professor Bruno Henrique, da Uni-versidade Positivo, concorda e para os alunos recém-formados, como Gisela, recomenda outros cursos de pós-gradu-ação com especialização em alguma área específica porque são geralmente os que fazem o diferencial do profissional no iní-cio de carreira. “Isso também não impede que a pessoa venha a cursar, após uma maior bagagem profissional, um curso de MBA”, segue o professor José Carlos. Mas não se recomenda nem a pós-graduação e nem o MBA para quem queira seguir a carreira acadêmica. São cursos estrita-mente voltados ao mercado de trabalho.

Page 25: Revista Escada 02
Page 26: Revista Escada 02

26

Nos Embalos da Arca de Noé (música)

De uma coleção de caixinhas de música surge a sonoridade do CD Nos Embalos da Arca de Noé. Músicas de Vinicius de Moraes são compostas com o som de diversas caixas de músi-cas antigas, encontradas na coleção de Bia Guper. Durante três dias, uma equipe capturou o som de aproximadamente 30 caixinhas e depois de muito trabalho com o tratamento do áudio, o CD revela a delicadeza do material.

Ideal para quando é preciso colocar as crianças para dormir, o material foi produzido por Leão Leibovich e, apesar de não ser uma novidade - o CD foi lançado em 2006 -, vale a pena ser conferido e estar sempre à mão quando os pequenos não se entregam ao descanso.

Classificação: ideal para bebês

João e Maria (livro)

Na primeira quinzena de fevereiro, a bela história de João e Maria volta às livrarias do país com um charme especial dado

pela ilustradora Kveta Pacovská, uma tcheca que acredita que um livro ilustrado é a primeira galeria de arte visitada por uma criança.

As quinze ilustrações de Kveta encontradas no livro exploram pintura, design, escultura, colagens e muito contraste. Os desenhos dão espaço para diferentes interpretações e figuram-se realmente como porta de entrada para o surpreendente mundo da arte.

O texto dos irmãos Grimm já foi pano de fundo para as mais diversas adaptações e interpretações, figurando de filmes a parques (como o curitibano Bosque do Alemão).

A tradução desta nova edição é de Mônica Rodrigues da Costa e Jamil Maluf.

Classificação: a partir de 6 anos

Alice no País das Maravilhas

(livro e filme)

Lewis Carroll encantou e continua encantando gerações com a história nonsense da garotinha Alice. A cada espaço de tempo, que pode ou não ser cronometrado pelo coelho apressado que figura o livro, uma nova edição é lançada. Com acabamento diferente, em forma de filme, peça teatral ou mesmo com uma tradução inovadora, Alice no País das Mara-vilhas é sempre uma boa pedida e - o melhor - para todas as idades.

Entre dezembro de 2009 e março de 2010, os fãs de Alice ganham ótimos motivos para se orgulhar: uma edição belíssima da Cosac Naify com tradução de Nicolau Sevcenko e ilustrações de Luiz Zerbini chega a todo o país. Em março, a surpresa de Tim Burton, que encara Alice numa leitura em linguagem cinematográfica, promete dar o que falar.

Como o filme ainda não está disponível, foquemos no livro. Ou melhor, nos livros. A Cosac Naify publicou duas novas edições: uma especial e lim-itada focada em colecionadores e outra que só perde pela falta da caixinha em formato de baralho que acompanha a primeira. Duas obras de arte.

Zerbini, artista plástico paulista que ilustrou a publicação, criou cenários feitos de cartas de baralho das quais sal-tam os personagens por meio de recortes. As maquetes foram fotografadas com iluminação teatral, com direito a jogos de luz e sombra. Sevcenko, que é historiador e professor da Harvard (EUA) e da USP, caprichou na tradução - que é integral. O texto é gostoso de ler e um convite para as crianças sentarem ao redor e ouvirem. Não à toa, as duas edições são as publicações mais vendidas da Cosac Naify dos meses de dezembro de 2009 e janeiro de 2010.

Classificação: todas as idades

T / Isadora Hofstaetter

I / Divulgação

mo.men.to cul.tu.ralsm adj m+f

The Beatles (pen drive e livro)

Quer espaço, documentos raros e, de quebra, música boa? Essa edição limitada de um básico pen drive é muito mais que isso. Em formato de maçã, o pen drive é, na verdade, uma coletânea do The Beatles. Com capa-cidade de 16 GB, o gagdet une imagens raras da banda, 13 minidocumen-tários e 14 discos remasterizados, originais do box lançado no ano passado. Entre os sucessos: Love Me Do, She Loves You, Help, Yesterday, e Lucy in the Sky With Diamonds.

E os lançamentos baseados nos Beatles não param por aí. Imagine saber exatamente como cada canção surgiu e como a criatividade do quarteto era alimentada. O biógrafo Steve Tuner convida os leitores do The Beatles - A História por Trás de Todas as Canções para conhecer melhor como as ideias do grupo de Liverpool surgiam. O jornalista Caldão Volpato, convidado pela editora do livro no Brasil - Cosac Naify - para fazer uma resenha disse: ”as canções dos Beatles são como pessoas da família que ad-miramos e conhecemos desde o nascimento, com a diferença de que não morrem nunca”.

Classificação pen drive: todas as idadesClassificação livro: adulto

Page 27: Revista Escada 02

27

Sete anos de idade. Meus pais compra-ram uma enciclopédia Barsa. O resumo do saber do mundo cuidadosamente compilado em 16 luxuosos volumes. Sempre manuseado com cuidado, o material foi de utilidade incrível durante toda a minha formação básica.

Sete anos de idade. Minha filha ganhou um notebook. Através da internet, ela tem acesso à maior parte dos conteúdos de pesquisa solicitados pelos seus pro-fessores. No intervalo de tempo entre o início da nossa vida escolar e o de nossos filhos, aconteceram muitas mudanças. Muitas coisas tornaram-se mais acessí-veis, mais fáceis. Outras, nem tanto. Difícil mesmo, tornou-se identificar o que vale a pena investir para assegurar um bom desempenho na vida escolar de seus filhos.

Eu diria a você: escolha uma boa escola. E também invista num espelho grande, em diferentes folhas de papel, e num lá-pis bem macio para rabiscar... Não é uma visão simplista. Ao contrário, estrutural. Toda estrutura de pensamento que seu filho desenvolver irá necessariamente pas-sar pela visão que ele tem dele próprio. Da imagem que tem de seu próprio corpo.

Difícil é imaginar como a criança constrói uma imagem sobre seu próprio corpo, quando não tem um espelho para se ver de corpo inteiro. Quase irônico é pensar em milhares de famílias, insistin-do que seus filhos aprendam a escovar direitinho os dentes e o cabelo, quando sequer na pontinha dos pés os pequenos conseguem ver seu rostinho no espe-

lho - ou em escolas de Educação Infantil, onde não existe um espelho para o pequeno se ver de corpo inteiro.

A imagem do próprio corpo será inter-nalizada pela criança, pouco a pouco, com a ajuda de um adulto competente. Nomeando cada parte do corpo com ele - em frente ao espelho. Mostrando, repetindo. E depois reproduzindo.

É numa folha de papel, e com um lápis para rabiscar, que seu filho irá aos poucos estruturar o desenho do que ele entende dele próprio. Incentive seu filho a registrar no papel o que ele viu no espelho. Vale comemorar o primeiro cabeção... com olhos imensos, que ele registra no papel. Guarde para sempre aqueles desenhos incríveis, dos braços e pernas, diretamente ligados à cabeça... Parabenize. Cole na geladeira. E volte ao espelho. Diga com carinho: você já fez seus olhinhos e boca, agora vamos desenhar o nariz. Cada vez que ele conseguir sozinho, lembre de mais uma parte de seu corpo no desenho, elogie. E apresente uma nova parte do corpo: as orelhas, o cabelo.

De todo o processo, parece que o mais difícil é representar o corpo sem fazer as pernas e os braços diretamente ligados à cabeça. Por isso, a importância do espelho. Com tranquilidade, faça-o per-ceber toda a estrutura de seu corpinho. Em breve, uma barriga enorme - com o umbigo bem demarcado - irá fazer parte do seu gracioso desenho.É um tempo de crescimento. Mais que um desenho qualquer, a representação

do pró-prio corpo indica o grau de amadurecimento de uma criança. É através de seu próprio corpo que a criança irá relacionar-se com o mundo que a cerca.

O corpo é o ponto de referência para desenvolvimento da lateralidade e das noções espaciais. É através do próprio corpo que a criança vai aprender a distinguir a direita da esquerda. A partir daí, escrever da esquerda para a direita é possível. Compreender o que é em cima e embaixo também.

Você já se deu conta, que muitas letras são apenas uma bolinha com um risqui-nho? Pense na semelhança do b, d, p, q. São as noções de esquerda e direita, em cima e embaixo, que irão permitir à criança diferenciar cada uma delas. E é a imagem do próprio corpo que irá permi-tir criar essas estruturas.

Mas acho que esse é um papo técnico que não interessa a você. Quer investir em seu filho? Escolha uma boa escola. Mas compre também um espelho gran-de, muitas folhas de papel, e um lápis macio para ele rabiscar...

Um lápis para rabiscar...

T / Raquel A. Momm Maciel de Camargo - Diretora de Ensino da Educação Infantil do Sinepe/PR

ar.ti.gosm

Page 28: Revista Escada 02

28

ar.ti.gosm

Iniciamos este texto com uma metáfora: em 1833, Goethe, o maior literato alemão, já em seu leito de morte, pronunciou suas derradeiras palavras: Lich, mehr licht! Luz, mais luz!

Uma frase instigante, não apenas sob o aspecto histórico, mas, antes de tudo, sob um aspecto simbólico e atitudinal. Não há problema que se resolva sem que pro-jetemos alguma ou muita luz sobre ele. A droga ilícita é um limbo sombrio, enrusti-do, silente, mas com efeitos devastadores. Deve ser tratada como um problema policial, sim, mas também como um pro-blema social e de saúde pública, a exemplo do câncer, álcool, tabaco, Aids, gripe A, e com intensa participação da comunidade científica e civil, da mídia e das escolas.

Na década de 70 , o câncer era uma palavra maldita e impronunciável, e hoje o tema circula abertamente em qualquer ambiente, facilitando a prevenção e o diagnóstico. Nos anos 80, “ser aidético era sinônimo de pederasta” (homossexual). Um conhecido meu, colecionador de namoradas, fazia chiste: “se eu morrer de Aids, divulgue que eu era hemofílico”. A hemofilia era a única justificativa ante a homossexualidade. Tabu, vergonha extrema e preconceito pairavam sobre os infectados, a ponto de serem segregados como os leprosos - hoje hansenianos - do evangelho. O HIV saiu do armário escuro, as causas da transmissão são amplamente conhecidas. Hoje bem aceita, a camisinha era, no passado, rejeitada sob o argumento de que ao transar com camisinha perdia-se a libido, tal qual chupar bala com papel.

Projetava-se uma pandemia, e, no entan-to, o vírus navega em uma curva decres-cente, com queda de 17% nos últimos oito anos. Analogamente, embora não eivado de preconceito, o surto da gripe A se amainou quando todos os holofotes foram lançados sobre o problema e pela mudança de hábitos da população.

Há 20 anos, começa-ram as medidas anti-tabagistas por causa dos malefícios à saúde, à estética pessoal, ao fumante passivo. Paulatinamente, descons-truiu-se o glamour. Ou, numa apropriada síntese da revista Veja: “No apogeu, era símbolo das mais instintivas ambições humanas: a riqueza, o poder, a beleza. No caso, virou câncer, dor e morte”. O descenso no número de fumantes foi de 32% para 17% da população brasileira, atingindo-se um dos mais baixos índices do mundo. O número de ex-fumantes(26 milhões) já supera o de fumantes(24,6 milhões).

Mais um exemplo de que, no início do banimento do cigarro, o fogo gerou muito calor (embates) e, na sequência, muita luz. Atualmente, não há fumante que não se autopuna, e o seu remorso é maior que o prazer de suas baforadas. O tabaco é um vício poderoso. Deixá-lo - dizem - é mais difícil do que livrar-se do álcool, da maconha ou cocaína. Dados recentes da Senad (Secretaria Nacional sobre Drogas) indicam que cerca de 12% da população brasileira tem algum tipo de dependência em álcool ou outras drogas e que geram comportamentos de risco ou violência. Não se trata de advogar a total abstinên-cia da bebida, pois todos sabem - eviden-temente com temperança - dos benefícios da descontração e alegria de alguns copos de cerveja na companhia dos amigos ou do vinho na presença de quem se ama. Só para fazer blague: uma das maiores descobertas da ciência foi o resveratrol contido no vinho tinto, que é benéfico ao coração. Onde reside o problema? Evi-dentemente, há pessoas que não sabem beber, e “a diferença entre o veneno e o remédio é uma questão de dosagem”.

Em relação aos entorpecentes ilícitos, duas atitudes extremadas são comumen-te manifestadas em relação ao usuário:

como um delinquente ou então como um

coitadinho. Nada pior. Nada de marginalização

e tampouco de leniência ou lirismo,

uma vez que o usuário é coautor dos delitos praticados pelos traficantes.

Estamos iniciando mais uma década e vislumbro que poucos temas serão tão recorrentes quanto o álcool, a maconha, a cocaína, o crack e os alucinógenos.

Com o intuito de tornar a maconha mais atraente, os traficantes investiram pesadamente no incremento da potência da cannabis, a ponto de seus malefícios estarem próximos aos de outras drogas com origem em plantas, como a cocaína e a heroína. As drogas sintéticas - ecstasy e LSD - mais consumidas nas raves e na night podem ser facilmente adquiridas pela internet, nas baladas ou através dos colegas universitários. Ademais, alegando-se um suposto controle de qualidade na produção, fez-se com que o incremento de usuários aumentasse em 115%, desde 1990. O crack provoca dependência quase ins-tantânea, e seus efeitos são devastadores à saúde física, mental e moral. É apavorante o aumento no número de apreensões no Paraná: 1.110% nos últimos quatro anos.

Percorreu-se, e ainda se percorre, um espinhoso caminho na busca da redução dos danos causados pelo câncer, tabaco, Aids, gripe A e pelos preconceitos. Maior é o desafio no combate inclemente às drogas ilícitas, ao glamour e aos excessos da bebida. Cada problema com sua pecu-liaridade, sua fita métrica.

É imprescindível a intensa participação do governo, da comunidade científica e civil, da mídia e das escolas. Maior deve ser a energia nesse enfrentamento. Haja luz! Fiat lux, manifestou-se o Criador ante as trevas que cobriam a Terra.

DROGAS: LUZ, MAIS LUZ!

T / Jacir J. Venturi - Vice-presidente do Sinepe/PR

Page 29: Revista Escada 02

29A cada dia surgem ao nosso redor pesso-as mais abastadas, financeiramente falan-do, vivendo e criando seus filhos dentro de uma realidade de consumismo desenfrea-do. É uma realidade advinda da melhoria das condições econômicas do nosso país, com uma economia emergente.

Com o consequente aumento do padrão de vida, surge uma nova classe média, que frequenta shoppings, que compra coisas caras, que abastece o filho com o que tem de melhor, que troca a escola pública pela particular, que viaja para o exterior. Situações diferentes que não víamos anteriormente. É uma classe de pes-soas que batalhou e trabalhou muito para chegar onde está hoje, com a viabilidade da casa própria, mesmo sendo financiada, do carro próprio, mesmo sendo financiado, emprego estável, curso superior, valorizan-do acima de tudo o ter, o possuir.

São pessoas que partem do princípio dos antigos senhores de engenho, que exis-tem pessoas para servi-las, que é apenas pagar e o servimento ocorrerá, pensando que os serviçais ou os prestadores de serviço estão a seus pés, pois pagam por isso, como se o dinheiro valesse por

tudo. Um exemplo: frentistas de posto de gasolina, atendentes de panificadora, pessoas da escola, professores, coorde-nadores, porteiros, secretárias, empre-gados domésticos ou diaristas. Para muitos, esses profissionais são apenas serviçais, que estão à disposição de seus caprichos. Só que esquecem que nessas pessoas também batem corações. Que são humanos. Seres humanos.

Com esses exemplos quero mostrar que para muitos basta ter dinheiro. E lá se vai a boa educação (que o dinheiro pôde pagar!) e, não raras vezes, vem a arro-gância que normalmente o dinheiro traz. Uma pena.

É um tal de “pago para burlar normas, para aprovar meu filho na escola, pago e, portanto posso chamar o professor de incompetente, pago o direito a direitos que nem existem”. É essa a concepção da vida que essas pessoas têm. Como se as regras de bom convívio da humanidade tivessem mudado por conta de uma conta bancária mais abastada.

Ter uma conta bancária razoável não dá o direito a ninguém de pisar e tripudiar

em cima dos outros. É preciso que essas pessoas percebam a necessidade de vali-dar os conceitos de educação, humilda-de, honestidade e dignidade humana.

Nisso tudo e com isso tudo, estamos começando a colheita de crianças sem referenciais, ou com referenciais diferen-tes de vida, de concepção errônea do que realmente vale a pena.

O que vale a pena? Uma corrida diária pelo ter e um esquecer-se do que é o ser, o ser verdadeiro? Nós, pais e educadores, precisamos conceber o que mesmo vale-rá a pena na educação dos nossos filhos. O que é para toda a vida.

Não questiono que ter dinheiro é algo ruim, mas que dinheiro não compra res-peito e educação pelo outro, educação no trânsito, parcimônia na resolução de problemas, entendimento de regras, do certo e do errado, do verdadeiro e do falso, educação ao falar com as ou-tras pessoas, coisas que nossos filhos copiam de nós.

Vale a reflexão. Qual a verdadeira heran-ça que deixaremos para nossos filhos?

COMO AVALIAR UM PROCESSO DE PSEUDO-CLASSE MÉDIA?

ar.ti.gosm

T / Esther Cristina Pereira - Diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR

Page 30: Revista Escada 02

30

ar.ti.gosm

T / Ademar Batista Pereira - Presidente do Sinepe/PR

A maioria dos brasileiros com mais de 40 anos, de alguma forma, lutou pelo fim da ditadura, entendendo que num país democrático teríamos mais liberdade e melhores condições para produzir. Ledo engano!

Hoje, nos deparamos com uma ditadura mais cruel, mais dura, e que ataca a todos ou pelo menos a todos que precisem de alguma liberação do governo para produzir. É a DITADURA DOS FISCAIS. E são muitos! Temos diversos órgãos com poder ditatorial, que ata-cam sempre as empresas. Sejam elas pequenas, médias ou grandes, lá estão eles, com seu poder ilimitado para interpretar a lei, e AUTUAR.

1 - Fiscal do Corpo de Bombeiros;2 - Fiscal da Vigilância Sanitária;3 - Fiscal da Receita Estadual;4 - Fiscal da Receita Municipal;5 - Fiscal dos conselhos profissionais, de Educação Física, Nutrição, Contabilidade, Bibliotecários, dentre outros.

Anualmente, as empresas precisam renovar as vistorias, especialmente do Corpo de Bombeiros e da Vigilân-cia Sanitária, pois são documentos extremamente valiosos e têm duração de um ano. Para conseguir tais preciosidades, as empresas precisam recolher uma taxa, que muitas vezes chega à casa dos milhares de reais, e dar entrada à solicitação, aguardando ansiosa-mente pela presença do FISCAL.

Não sei se acontece somente com as escolas, mas é pra-ticamente impossível que se consiga a liberação na

primeira visita. De pranchetas na mão, os fiscais andam pelas empresas, anotam tudo e depois enviam, em um polpudo relatório, a NOTIFICAÇÃO de inúmeros problemas que precisam ser revolvidos.

Apenas depois, a empresa pode solicitar nova visita, onde será verificado se as orientações foram atendidas. Se sim, a liberação do precioso documento deve chegar após um processo que costuma demorar mais de 90 dias.

Atualmente, os empresários gastam mais de 50% do seu tempo buscando papéis, certidões e comprovando sua idoneidade. Tempo este que poderia utilizar para melhorar a qualidade de seus produtos ou serviços e atendendo melhor os seus clientes, ou seja, produzindo e gerando mais riqueza, IMPOSTOS.

Se não bastasse a fiscalização, o poder intangível e sobrenatural desses órgãos, em geral se concentra em profissionais sem preparo de relacionamento, desprovi-dos de qualquer bom senso, e que quando questionados respondem de forma direta e padronizada: “É a norma”.

Quando as autoridades governamentais tratarão o contribuinte como cliente? Quando as autoridades per-ceberão que podem matar a galinha dos ovos de ouro? Até quando teremos que suportar isso?

Se essa situação não começar a mudar, não tenham dúvida, em 10 ou 15 anos, teremos apenas dois tipos de em-presas no Brasil: as grandes e multinacionais e as informais.

DITADURA DOS FISCAIS

Page 31: Revista Escada 02
Page 32: Revista Escada 02