revista embrapa agroindústria tropical

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FLORES DO CEARÁ Como a pesquisa e o mercado transformaram o semiárido em um jardim AGROINDÚSTRIA T R O P I C A L Revista editada pelo Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical Fortaleza (Ceará) Dezembro - Janeiro | 2010 - 2011 | Nº 136

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Revista publicada a cada trimestre, especializada em assuntos ligados a trabalhos realizados na empresa.

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Page 1: Revista Embrapa Agroindústria Tropical

FLORES DO CEARÁ Como a pesquisa e o mercado transformaram

o semiárido em um jardim

AGROINDÚSTRIA T R O P I C A L

Revista editada pelo Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical Fortaleza (Ceará) Dezembro - Janeiro | 2010 - 2011 | Nº 136

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Agroindústria Tropical É uma revista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Elaborada pela Embrapa Agroindústria Tropical, situada na Rua Dra. Sara Mesquita 2270 - Pici CEP 60511-110 - Fortaleza/CE. Contato Telefone: (85) 3391.7100 E-mail: [email protected]: www.cnpat.embrapa.br/blogtwitter: @embrapacnpat

Jornalistas ResponsáveisRicardo Moura (DRTCE1681jp) Verônica Freire (MTB 01225jp) DiagramaçãoRebeca França | Ricardo Moura EstagiáriaAdriana Araújo

Impressão| TiragemGráfica Ronda | 4.000 exemplares

FotoCláudio NorõesArquivo de imagens Embrapa Ricardo MouraWilson Dias/ABr (Agência Brasil)

Chefe GeralVitor Hugo de Oliveira

Chefe-Adjunto de P&DAndréia Hansen Oster

Chefe-Adjunto de Administração Cláudio Rogério Bezerra Torres

Chefe-Adjunto de Inovação TecnológicaLucas Antonio de Sousa Leite

Supervisor de Assessoria de Comunicação SocialNicodemos Moreira

Sumário

Expediente

34

13

161214

FRASES E NÚMEROS

EMBRAPA&VOCÊ

REPORTAGEM DE CAPAComo o Ceará entrou no mapa nacionalPRODUÇÃO DE FLORES

ACONTECE

CLIQUE TROPICAL

Apresentação

Técnicos da Tanzânia e de El Salvador recebem capacitação na unidade

A produção wwem larga escala de flores tropicais e temperadas no Ceará é mais uma amostra da capacidade humana de superar desafios. O que era algo inimaginável há 30 anos, hoje é uma realidade bastante palpável. O Estado é líder nacional no cultivo de diversas espécies, além de ter conquistado consumidores em mercados exigentes como o europeu e o norte-americano. Certamente, a articulação entre práticas empreendedoras, inovação e a pesquisa científica tem

muito a dizer sobre esses resultados. Nesta edição da Revista Agroindústria Tropical, parte dessa história será contada na certeza de que o assunto está longe de ser esgotado. Como afirma o pesquisador José Luiz Mosca, o mercado de flores é muito dinâmico, e exige de seus protagonistas respostas novas, rápidas e eficazes. De permanente nesse mundo apenas a mudança contínua.

Oficina discute gestão do Multilab Química de Produtos Naturais

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A renda da agricultura familiar cresceu 33% desde 2003, três vezes mais que no meio urbano. Hoje, os brasileiros sabem que a agricultura familiar é um espaço de produção e de desenvolvimento econômico.

É preciso que os diversos setores da economia brasileira criem e desenvolvam suas próprias Embrapas, centros de excelência de pesquisa aplicada.

27US$

Bi

É uma responsabilidade que está no contracheque dos países que abraçam grandes causas no cenário internacional.

É o percentual de crescimento da produção

de grãos nos últimosoito anos no Brasil

Propostas de projeto da Embrapa Agroindústria Tropical foram aprovadas em 2010

Pessoas participaram de cursos e palestras na Unidade Didática Móvel da Embrapa Agroindústria Tropical em 2010

Frases&Números

Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Publicitário Nizan GuanaesEmbaixador brasileiro em Moçambique, Antônio Souza e Silva, sobre a cooperação técnico-científica entre o Brasil e os países africanos.

É o valor estimado das exportações do agronegócio em 2010, um novo recorde para o setor.

75 315

21%

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REPORTAGEM DE CAPA

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Elas estão por toda a parte. Em arranjos decorativos, jardins ou vasos dispostos pelo interior da casa. Seu simbolismo e sua beleza são celebrados desde o início da história humana. Não há quem resista a um belo ramalhete. Flores, aliás, são um presente que nunca sai de moda. Esse é o aspecto sentimental da floricultura. Do ponto de vista econômico, a produção de flores possui duas características relevantes que geram uma alta rentabilidade: ela pode ser desenvolvida em pequenas propriedades e seu produto tem elevado valor agregado. Engana-se quem pensa que as rosas são a única opção para quem quer comprar flores ou iniciar seu próprio negócio. O setor é bastante dinâmico. Variedade e novidade são suas palavras-chave. Graças a sua imensa biodiversidade, o Brasil leva vantagem nesses dois quesitos. Além disso, novas áreas para cultivo e exportação estão surgindo por meio de investimentos e de pesquisas. O semiárido nordestino é uma delas. Gerar renda e emprego por meio do cultivo de flores temperadas e tropicais no bioma caatinga parecia uma missão improvável há bem pouco tempo. Hoje, essa atividade tornou-se uma realidade bastante lucrativa. O Ceará produz rosas, gérbera, áster, helicônia, antúrio, crisântemo e uma infinidade de plantas ornamentais. Em termos de exportação, a participação da floricultura cearense saltou de US$ 825, em 1996, para US$ 4 milhões, em 2009, com um pico de US$ 4,9 milhões, em 2007. O biênio 2002/2003 marca uma guinada nas exportações, quando o valor obtido com a produção quase dobra: de US$ 535 mil para US$ 1,1 milhão. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Ceará (Seagri), a área de plantio de flores passou de 19 hectares, em 1999,

para 160 hectares cultivados, em apenas cinco anos. O Ceará possui atualmente cinco territórios com potencial para produção de flores no norte e ao sul do Estado, passando pela região metropolitana (ver mapa na página 10). São eles: Território Metropolitano José de Alencar, Território Baturité, Território Cariri, Território Vales do Curu e Aracatuaçu e o Território Ibiapaba. Um diagnóstico elaborado pelo Instituto Agropolos do Ceará revela que o Estado possui um papel de destaque no que se refere à produção de flores em escala nacional, tanto as de clima temperado quanto as de clima tropical. Seguem, abaixo, alguns indicadores:

Rosas: 1º lugar nas exportações

brasileiras

Bulbos, tubérculos vegetativos, em flor:

1º lugar nas exportações brasileiras

Bulbos, tubérculos, rizomas: 2º lugar nas

exportações brasileiras

Outras flores e seus botões e folhagens, folhas e ramos,

frescos: 3º lugar nas exportações

brasileiras

F l o r e sMade in Ceará

Por: Ricardo Moura

REPORTAGEM DE CAPA

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REPORTAGEM DE CAPA

Crisântemos e seus botões: único exportador

O mesmo documento enumera alguns fatores como responsáveis por esses bons resultados: três mil horas de sol por ano, com ausência de granizo e geadas; ecossistemas distintos, proporcionando o cultivo de grande variedade de espécies; rápido retorno do capital empregado; proximidade com os principais países importadores e um aeroporto internacional com câmara refrigerada. Nesta edição da Revista Agroindústria Tropical, veremos a contribuição da pesquisa agropecuária na produção de flores made in Ceará e a realidade dos produtores em um setor em plena expansão.

Aposta

O engenheiro Eudoro Santana era o secretário de Agricultura do Ceará em 1987. Naquela época, relembra, duas alternativas econômicas para o Estado passavam por sua cabeça: fruticultura e floricultura. Enquanto a primeira atividade teve uma boa recepção e o programa desenvolvido pelo governo tornou-se bem-sucedido, a segunda atividade foi alvo de resistências. “Havia uma descrença geral na produção de flores em escala comercial no Ceará. Pensava-se que a floricultura seria somente para lugares de clima frio e com altitude elevada. Não houve receptividade, mas fiquei pensando naquilo”, afirma.Anos depois, Eudoro Santana adquiriu algumas mudas e montou um experimento com flores em uma propriedade no município de Maranguape. Em 1995, ele obteve a primeira produção em larga escala de crisântemos em vasos. De lá para cá, novas variedades foram incorporadas e o negócio nunca mais parou. “Na verdade, não se produzia flores aqui porque não havia tecnologia.

Fomos experimentando, testando. Foi um grande aprendizado”, explica.

“Havia uma descrença geral na produção de flores em escala comercial no Ceará”, revela Eudoro Santana.Um dos passos decisivos para a comercialização das flores foi a conquista de espaço em uma grande rede de supermercados na Capital. Temendo prejuízos, a gerência impôs uma condição: o que não fosse vendido seria devolvido. Santana revela que, no início, o percentual de devolução era de 60%. Aos poucos, no entanto, o índice foi diminuindo e a aceitação do novo produto aumentando. “Tivemos coragem em assumir essa proposta. Como o mercado de flores em Fortaleza ainda é pequeno, a solução é diversificar os produtos. Cultivamos atualmente entre 30 e 40 espécies de flores e plantas ornamentais”, informa o produtor.

Desafios

Ampliar o mercado consumidor certamente é um dos grandes desafios para o setor de floricultura. Dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) revelam que a média anual de consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil é de US$ 10,00 por pessoa. A média europeia é de US$ 70 por habitante por ano. Os recordistas são a Noruega, com US$ 143 habitante/ano, e a Suíça, com gastos de US$ 170 anuais por pessoa. “Na Europa, as pessoas compram flores na feira e nos supermercados, juntamente com a alimentação. É algo cultural”, relata Eudoro Santana.

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REPORTAGEM DE CAPA

PersistênciaE x e m p l o d e

As instalações básicas para dar início ao cul-tivo de rosas podem custar até R$ 1 milhão. No entanto, com muito menos recurso, mas bastante esforço, é possível montar seu pró-prio negócio no ramo das flores. E ganhar um dinheirinho, claro. A história de Idelfonso Cos-mo, 30, é exemplar, nesse sentido. Residente em Pacoti (CE), ele trabalhava como camareiro em um hotel. Por intermédio de dois profes-sores da escola em que estudava, tomou co-nhecimento da produção de flores. Esse foi o ponto de partida para uma guinada que mu-dou a vida dele.Com o dinheiro da indenização após pedir as contas no hotel, Idelfonso comprou um terre-no no alto do morro e passou a produzir sa-mambaias. Por semana, o produtor obtinha cerca de R$ 20 de lucro. A distribuição era feita por meio de uma carona no caminhão de água mineral que ia para Fortaleza. De lá, ele seguia o resto da viagem de ônibus, realizando entre-

gas à clientela que começava a ganhar corpo. “Quando a gente começa a vender, começa a ficar conhecido”, afirma. Da samambaia, ele passou pelas ásters (flor bastante usada em buquês) até chegar aos crisântemos, cujos arranjos são bastante co-muns em funerais e velórios. Durante o reco-meço, obter informações sobre o plantio era uma tarefa árdua. “Quando eu comecei com o crisântemo, há oito anos, não tinha ninguém pesquisando essa planta. O mercado era fe-chado. Onde é que compra muda? Ninguém dizia. Com quem que eu compro? Ninguém falava. Consegui as mudas com um rapaz que vendia áster. Comecei a plantar sem saber de nada, mas com todo o cuidado”, relata.Uma doença conhecida popularmente como ferrugem arruinou a plantação de Idelfonso Cosmo e ele teve de reiniciar do zero. Desta vez, contudo, foi bem sucedido. Hoje, Idelfon-so Cosmo conta com seis empregados e fatu-

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ra mensalmente cerca de R$ 2 mil de salário com a venda das flores. A produção é escoada totalmente para Fortaleza. Perguntasdo sobre o motivo da mudança do cultivo da áster para o de crisântemo, o produtor revela em tom de brincadeira: “A áster vende muito bem no fim

Municípios de Produção de Flores no Ceará

do ano, em casamento... Mas quando chega na época do carnaval, só vende mais para de-coração. Crisântemo, não. Dá pra vender o ano todo. Morre gente todo dia”.

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Pesquisa impulsionaAs pesquisas com flores são recentes no Brasil. A primeira cultivar de ornamental no país – o antúrio Astral – foi produzida há menos de 15 anos, pelo Instituto Agronômico, em Campinas (SP). No Ceará, A Embrapa Agroindústria Tropical foi uma das pioneiras em ações nessa área. A Unidade realizou, em 1994, o primeiro curso de sensibilização para pesquisadores. Nos anos seguintes, foram tomadas outras medidas fundamentais para a consolidação da pesquisa em floricultura, algumas delas a partir de uma uma solicitação do Governo do Estado. Naquela época, o mercado cearense de flores dependia essencialmente de produtores de São Paulo e de Pernambuco para o fornecimento de mudas e plantas. Em 1997, um estudo realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com o Sebrae, traçou um diagnóstico acerca da atividade, até então ainda muito incipiente. O “Perfil Tecnológico da Floricultura na Região do Maciço

de Baturité”, nome dado ao levantamento, revelou que, na região de maior tradição no cultivo de flores no Ceará, os cultivos eram feitos de forma muito artesanal. As práticas eram as mesmas aplicadas no cultivo de fruteiras e hortaliças, não havendo um manejo específico para flores.De acordo com o perfil tecnológico, as poucas espécies que eram cultivadas no Estado, principalmente as flores tropicais, não apresentavam competitividade quando comparadas a produtos de outras regiões, haja vista sua “baixa qualidade e oferta irregular”. Segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fred Carvalho Bezerra, um dos autores do estudo, isso se devia à pouca capacitação dos produtores, que não dispunham de informações técnicas adequadas para a condução dos cultivos. Segundo Fred Bezerra, foi a partir de um projeto bancado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) que o cultivo das flores passou a

REPORTAGEM DE CAPA

m e r c a d o d e f l o r e s n o C E

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ser encarado de forma mais técnica. A partir desse primeiro financiamento, os pesquisadores puderam realizar experimentos para definir metodologias para a produção de mudas de flores tropicais e adaptar as tecnologias de produção de flores tropicais e não tropicais existentes para as condições da Região Nordeste. Para José Luiz Mosca, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, as microrregiões do Ceará permitem produzir quase todas as espécies de flores. “Temos o frio para o cultivo da rosa e o calor para o cultivo das flores tropicais. Esse é um grande fator a nosso favor”, explica. Para que isso ocorra, no entanto, acrescenta Mosca, diversas adaptações têm de ser feitas à medida que novas espécies são incorporados pelos produtores. “A Embrapa foi apontando algumas soluções, gerando um conhecimento a mais sobre cada cultura. A partir desse conhecimento, acabamos nos tornando uma referência sobre o assunto. Prova disso é a nossa participação na Câmara Nacional de Flores e na Câmara Setorial de Flores”, observa. Ainda de acordo com José Luiz Mosca, a experiência bem-sucedida do Ceará pode ser reproduzida em outros estados. Cursos, seminários e serviços de assistência técnica já foram realizados em Tocantins, Pará, Amazonas e Piauí. “O mercado de flores é muito dinâmico. Você não tem um ano para produzir sua pesquisa. Você tem de responder prontamente aquele problema que surge. Por causa disso, trabalhamos em ligação direta com o produtor. Temos um contato muito próximo”, garante.

“O mercado de flores é muito dinâmico. Você não tem um ano para produzir sua pesquisa. Você tem de responder prontamente aquele problema que surge”, afirma José Luis Mosca.

REPORTAGEM DE CAPA

Abacaxi ornamentalO protocolo de propagação in vitro do abacaxi ornamental (Ananas comosus var. erectifolius) é uma das mais bem-sucedidas experiências de integração entre pesquisa e mercado. Para tanto, adotou-se o processo convencional, por rebento (broto). Tal método, no entanto, trazia uma série de limitações, como a quantidade de mudas produzidas e a qualidade do material. Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu uma nova metodologia, na qual a multiplicação das mudas se dava via clonagem. Os resultados não tardaram a chegar. Segundo a pesquisadora Diva Correia, o novo método permitiu a produção de plantas mais sadias e uniformes. O protocolo para produção em larga escala do abacaxi ornamental foi publicado em 2006. A criação de jardins clonais, a partir da multiplicação

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REPORTAGEM DE CAPA

1.000Mudas podem ser geradas a partir de uma única matriz de abacaxi ornamental pelo

método de micropropagação.

in vitro do abacaxi ornamental, possibilitou a exportação do produto para países como Holanda, principal pólo irradiador da floricultura no mundo, Alemanha, Portugal e Estados Unidos. A pesquisadora da Ermbrapa Agroindústria Tropical, Ana Cristina Portugal, demonstra de forma clara as diferenças entre o modo tradicional de cultivo e a micropropagação. “Quando se utiliza a

micropropagação, o rendimento médio do abacaxi ornamental é de 500 a 1.000 mudas por matriz. Pelo método convencional, a média não passa de oito mudas por matriz”, compara. As pesquisas com o abacaxi ornamental prosseguem, tendo em vista a busca por novos mercados. A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas-BA) é a única instituição de pesquisa que possui um programa de melhoramento genético do abacaxi ornamental, visando ao lançamento em breve no mercado de novas variedades, tanto para o mercado interno quanto para o externo.

PI FloresCom a criação da Produção Integrado de Flores (PI Flores), José Luiz Mosca espera que as boas práticas de produção e o conceito de rastreabilidade sejam disseminados entre os floricultores. O programa foi lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e é coordenado pela Embrapa Agroindústria Tropical. O programa PI Flores prevê a adoção de normas mais avançadas de cultivo, monitoramento de pragas e doenças, utilização racional da água e análises de impacto ambiental. De acordo com Mosca, o PI Flores certifica a propriedade como um todo e não apenas o produto. O programa conta com dois produtores no Ceará, três em São Paulo, um no Pará, um no Rio Grande do Norte e, para este ano, um produtor de Alagoas deverá aderir. “O PI diminui o custo de produção, aumentando a margem de lucro do floricultor. Além disso, a certificação abre mercados”, destaca.

PerspectivasDe olho na velocidade do setor, algumas tendências já podem ser observadas. Uma delas é o retorno do cultivo de rosas perfumadas. As flores tropicais, como antúrios e helicônias, cada vez mais ganham espaço entre os consumidores. Do ponto de vista do produtor, o cultivo de folhagens - ou seja, as plantas que acompanham as flores nos arranjos - pode representar um nicho promissor, segundo o engenheiro agrônomo Alexandre Maia Alves, do Instituto Agropolos. As folhagens representam até 60% de um arranjo floral e possuem um ciclo rápido de produção. Em outra frente, a da inovação, uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical está estudando a viabilidade econômica do cultivo de flores e plantas ornamentais no litoral cearense. Conforme Fred Bezerra, experimentos têm sido realizados nesse sentido, com resultados favoráveis.

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Um laboratório dotado de equipamentos de alta performance, capazes de isolar e caracterizar quimicamente novos princípios ativos provenientes da biodiversidade brasileira. Assim será o Multilab Química de Produtos Naturais, o primeiro laboratório multiusuário da Embrapa, que deve ser inaugurado em 2011, em Fortaleza, na Embrapa Agroindústria Tropical.Embora esteja em construção na capital cearense, o laboratório não é de uso exclusivo da Embrapa Agroindústria Tropical. Apresenta abrangência nacional e deve ser demandado por todas as unidades da Embrapa que trabalham com química de produtos naturais, além de instituições públicas e privadas que desempenhem atividades na área. Essa nova concepção de laboratório multiusuário foi discutida durante a oficina de gestão do Multilab, realizada entre os dias 9 e 12 de novembro, na Embrapa Agroindústria Tropical.Participaram representantes de 17 unidades descentralizadas da Embrapa, além de sete universidades e institutos de pesquisa de todo o País. O assessor da presidência da Embrapa, Álvaro Eleutério da Silva, que coordenou o evento, mostrou-se satisfeito com o resultado das discussões e com a grande adesão de instituições dispostas a colaborar com a construção do modelo de gestão do laboratório. “Nós entendemos que quando se fala de inovação em química de produtos

naturais, é difícil chegar ao sucesso trabalhando só”, afirmou.Álvaro Eleutério disse ainda que o novo laboratório é importante para o Brasil e estratégico para o Nordeste. Segundo ele, a nova estrutura pode ser um instrumento de desenvolvimento para região, além de descentralizar as pesquisas nessa área, já que muitas competências e equipamentos estão concentrados na região Sudeste.O chefe geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Vitor Hugo de Oliveira, destacou o trabalho desenvolvido na Unidade de Fortaleza nessa área. Segundo ele, desde 2003, são executados projetos de pesquisa que visam usar a química de produtos naturais como ferramenta de agregação de valor à biodiversidade.O novo laboratório preencherá uma lacuna existente no desenvolvimento de novos produtos a partir de princípios ativos naturais. Para o chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroindústria Tropical, Lucas Leite, o grande diferencial desse laboratório é justamente a atuação nas primeiras etapas do processo de desenvolvimento de produtos com propriedades bioativas. Estariam nessas primeiras etapas, por exemplo, a identificação de partes de uma planta com maior concentração de um determinado princípio ativo; da melhor forma de produção dessa planta e das substâncias presente.

OFICINA DISCUTE GESTÃO DO MULTILAB QUíMICA DE PRODUTOS NATURAIS

Page 13: Revista Embrapa Agroindústria Tropical

Acontece

O pesquisador Francisco das Chagas Oliveira Freire foi homenageado na categoria pesquisa com o Prêmio Caju de Ouro, do VII Caju Nordeste. Contratado em 1974, quatro meses após a fundação da empresa, ele é o empregado mais antigo da Embrapa lotado no Ceará. Seu primeiro local de trabalho foi a Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA). Em, sua carreira de pesquisador, Freire contabiliza 250 trabalhos publicados, além da identificação de 70 novas espécies de fungos e dezenas de novas doenças descritas, como a resinose do cajueiro, em 1991).

TéCNICOS DA TANzâNIA E DE EL SALVADOR RECEBEM CAPACITAÇÃO NA UNIDADE

RECONHECIMENTO

Novidades da Embrapa Agroindústria Tropical

uatro técnicos do Ministério da Agricultura, Segurança Alimentar e Cooperativas do Governo da Tanzânia, país localizado

na África Oriental, participam de treinamento organizado pela Embrapa Agroindústria Tropical entre os dias 16 e 26 de novembro. Eles buscam informações sobre cajucultura, sobretudo pós-colheita e processamento agroindustrial da castanha e do pedúnculo. Conforme Louis Kasuga, coordenador da Rede Regional de Aperfeiçoamento de caju para a África Oriental e Austral (Recinesa), a Tanzânia tem grandes desafios com relação ao processamento da castanha e do pedúnculo do caju. Entre os principais estão controle de qualidade, tecnologias pós-colheita, armazenamento e embalagem. Além disso, segundo ele, as variedades de caju locais apresentam forte gosto adstringente, o que também é um gargalo a ser superado na agroindustrialização do pedúnculo. Atualmente a produção de castanhas na Tanzânia chega a 100 mil toneladas e é menor que a obtida

nos anos 1970. Em 1974, por exemplo, a produção chegou a 145 mil toneladas, mas foi caindo até chegar ao patamar de 16.400 toneladas em 1987. A retomada do crescimento da produção se deveu, segundo Louis Kasunda, a um programa de melhoria da produção implantado pelo governo da Tanzânia entre os anos de 1990 e 1996. A Unidade recebeu ainda três representantes da Sociedad Cooperativa Productos de Marañon – SCPM (Sociedade Cooperativa de Produtos de Caju) de El Salvador (América Central). O grupo é apoiado pela CARE Centroamérica. O objetivo da visita foi conhecer tecnologias e processos de produção na cajucultura, tanto na parte agrícola, quanto em beneficiamento de pedúnculo e castanha. Os salvadorenhos juntaram-se à missão da Tanzânia em programação que incluiu capacitação sobre colheita, pós-colheita, processamento da castanha e do pedúnculo de caju, além de visitas técnicas. Os visitantes conheceram o Campo Experimental da Embrapa, em Pacajus (CE), e participaram do VII Caju Nordeste, em Beberibe.

Q

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Nome CientíficoCaryocar coriaceum (presente na Chapada do Ara-ripe). Porém, a espécie mais estudada é a Caryocar brasiliense (presente no Cerrado do Planalto Cen-tral).

Local de OrigemO pequizeiro é uma árvore nativa do cerrado bra-sileiro, embora haja também relatos de ocorrência de algumas espécies em savanas (tipo de vege-tação semelhante ao cerrado brasileiro) da Costa Rica ao Paraguai.Principais característicasO fruto do pequizeiro, o pequi, é uma drupa que apresenta epicarpo (casca) de coloração verde-clara quando maduro e endocarpo (parte comes-tível) espinhoso coberto por uma camada de pol-pa amarelada de natureza lipídica (oleaginosa). Os espinhos muito finos o distinguem da maioria dos frutos, sendo uma característica do gênero. No

P E Q U IR A I O - X

Seu espaço para obter informações técnicas e tirar dúvidas

Embrapa&Você

interior do caroço há uma amêndoa cuja polpa é semelhante a um coquinho. Mas, a sua maior ca-racterística se deve ao seu aroma e sabor que são inconfundíveis.Quais são suas variedades? Em se tratando de pequi, não se pode falar em variedades, mas das espécies, haja vista ser uma árvore nativa de exploração predominantemente extrativista, ainda não domesticada. O Pequi (C. coriaceum) pertence a familia Cariocaraceae, gê-nero Caryocar que possui 16 espécies, das quais 12 encontradas no território brasileiro entre elas C. brasiliense, C. coriaceum, C. villosum e C. edu-lis. Frutos de diversas espécies do gênero são co-nhecidos popularmente pelos nomes de pequi, piqui, piquiá-bravo, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, pequiá, pequiá-pedra, pequerim, suari e piquiá. Tal diversidade pode ser explicada pelo fato de o Brasil ser o centro de dispersão desse gê-nero.

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Publicações

Todas as publicações podem ser adquiridas pelo telefone (85) 3391.7188, pelo endereço eletrônico: [email protected] ou, ainda, na Livraria Virtual da homepage da Embrapa Agroindustria Tropical: www.cnpat.embrapa.br.

Ferramentas da C&T para a Segurança dos Alimentos

Produção Integrada de Melão

Preço: R$ 30,00 Páginas: 336

Preço: R$ 30,00 Páginas 438

No Brasil, onde o fruto é mais comum? A área de maior ocorrência se encontra no Planal-to Central brasileiro (principalmente Minas Gerais e Goiás). No sul do Ceará, na região do Cariri, os municípios de Crato, Barbalha e Jardim se desta-cam como os maiores produtores do fruto na re-gião nordeste.

O que pode ser feito com o pequi em termos de alimentação? Diversas são as formas de utilização do pequi na culinária regional, independentemente da espé-cie. O pequi é consumido com feijão ou arroz, na forma de pequizada, galinhada (galinha com pe-qui), farofa de pequi etc. O óleo da polpa é utiliza-do em saladas e também para fabricação de bolos, biscoitos. A polpa é utilizada na produção de ge-leias, doces etc. Da polpa fermentada é produzido um tipo de licor bastante apreciado em algumas regiões do país. A criatividade é o fator primordial na utilização do pequi na gastronomia.

Como ele pode ser aproveitado? O pequi pode ser aproveitado para fabricação de óleo (polpa e amêndoa) para uso tanto na culiná-ria como também na indústria de cosméticos (cre-mes, xampus), de limpeza (sabões) e na indústria de fármacos (pomadas), etc.

Do que se trata o projeto desenvolvido pela Em-brapa Agroindústria Tropical em relação a esse fruto? O projeto “Alternativas tecnológicas para agrega-ção de valor ao pequi da Chapada do Araripe-CE” se propõe a elaborar, caracterizar e avaliar a estabi-lidade da pasta de pequi durante armazenamento à temperatura ambiente, visando obter um novo produto à base do fruto.

O livro aborda questões técnicas e sistemas de gestão que são reconhecidos mundialmente para garantir a segurança de alimentos, considerando sua importância para a preservação da saúde pública. Os temas explorados passam por sistema de gerenciamento de produção de alimentos seguros, processamento, ciência e análises de alimentos e têm como objetivo contribuir para a informação de profissionais envolvidos no setor.

Visando divulgar dados a respeito da produção de melão, este livro é resultado do trabalho conjunto de técnicos do setor público e privado e de produtores dos principais segmentos envolvidos com pesquisa, desenvolvimento e inovação da cultura do melão no Brasil. O livro contém informações tecnológicas para o cultivo do meloeiro, tendo como foco a produção de frutos de alta qualidade, preservação ambiental, limites máximos de resíduos de agrotóxicos em frutos e competitividade nos mercados

Page 16: Revista Embrapa Agroindústria Tropical

Clique Tropical

ozando de excelente saúde, força e esperança este é o senhor Raimundo Patrício da Silva, mais conhecido por Raimundo Chico. Aos 75 anos, ele ainda trabalha na agricultura familiar, plantando culturas de subsistência como feijão, milho e mandioca. A atividade foi herdada

do seu pai e repassada aos filhos e netos. Residente no distrito de Caroatai (Olinda), em Tianguá (CE), Raimundo Chico é casado, pai de quatro filhos e avô de 14 netos.

Foto e texto: Leto SaraivaAssistente da Embrapa Agroindústria Tropical

G

Um exemplo de vigor